Diversidade e Cultura Organizacional
Diversidade e Cultura Organizacional
Diversidade e Cultura Organizacional
1ª Edição
Brasília/DF - 2020
Autores
Verônica Brito Aguiar
Revisora
Andréia Lins Ribas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5
Introdução...............................................................................................................................................................................7
Capítulo 1
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional.............................................................................................9
Capítulo 2
Comportamento Organizacional............................................................................................................................ 24
Capítulo 3
Cultura Organizacional.............................................................................................................................................. 39
Capítulo 4
Funções e Criação da Cultura Organizacional................................................................................................... 54
Capítulo 6
Desafios e oportunidades......................................................................................................................................... 75
Referências........................................................................................................................................................................... 92
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
5
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Gotas de Conhecimento
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Este Livro Didático apresenta uma breve reflexão sobre a Diversidade e Cultura
Organizacional. Tal temática é tratada de modo a promover a formação de gestores e
atores sociais, com visão crítica sobre as demandas sociais e o respeito ao diverso.
Além disso, é destacada a importância de refletir sobre os direitos da minorias e seus
impactos na gestão das mais diversas organizações.
Objetivos
7
» Explicar a relação da cultura com a aprendizagem organizacional, bem como
descrever as fases e o desafio da gestão da mudança.
8
CAPÍTULO
DIVERSIDADE CULTURAL NO
CONTEXTO ORGANIZACIONAL 1
Introdução do capítulo
A proposta desta leitura é sensibilizar ao fato de que nossas diferenças não devem ser
instrumentos de segregação, mas de construção de uma sociedade plural e com potenciais
intangíveis.
O tema diversidade é um dos principais desafios que marcam esse início de século.
Uma vez que a globalização a impulsiona enquanto as instituições devem se adaptar
e, mais do que isso, manejar o capital humano de modo a se desenvolver. Para tanto, é
importante refletir sobre as normas institucionais impostas e lançar um olhar sobre as
necessidades das minorias, de modo a promover uma gestão justa e promissora. Por isso,
as políticas corporativas, apesar de seu caráter generalista, devem prever o respeito e o
suporte à diversidade, assim como o combate aos preconceitos.
A ideia central é preparar o gestor para a atuação ética e desperta. Por isso, serão
a p re s e n t a d o s a l g u n s d o s c o n c e i t o s q u e n o r t e i a m o d e b a t e s o b re d i v e r s i d a d e,
alguns exemplos de ações afirmativas desenvolvidas no Brasil e alguns
m o d e l o s d e atuação com foco no diferencial estratégico que pode ser emanado
pelas empresas ao utilizarem-se positivamente da diversidade de suas equipes.
Objetivos
9
CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
A função primária desta leitura é compreendermos que não somos todos iguais. Tal
ideia parece óbvia, entretanto, precisamos estar atentos ao fato de que muitas das
normas que regulam nossa sociedade e, consequentente, muitos sistemas gerenciais
tratam os sujeitos com igualdade e desconsideram individualidades.
Saiba mais
» Segundo o dicionário Michaelis, equidade pode ser definida como uma justiça natural; mais especificamente, é
a disposição para reconhecer o direito de cada um em suas reais especificidades. Em resumo, o comportamento
equitativo significa reconhecer que todos precisam de atenção, mas não necessariamente têm as mesmas
demandas.
» Para Rawls (2002), equidade é uma ação ou política pública que corrige determinada norma igualitária ou
universal, na medida em que essa regulamentação não alcança plenamente seus objetivos.
» Equidade, portanto, consiste na adaptação do sistema de regras e gestão à realidade concreta, observando-se
critérios de imparcialidade e justiça.
Logo, apenas por meio do reconhecimento das diferenças e das necessidades diversas
dos sujeitos sociais que se pode alcançar a igualdade efetiva.
10
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Importante
Repare que, apesar de a diversidade permear o modelo de gestão corporativo, este constructo também inclui a
gestão de questões pessoais da equipe de trabalho, de modo mais pontual. Esse olhar para o colaborador exige que o
líder, nas rotinas de trabalho diárias, possua uma capacidade refinada para aceitar as demandas específicas de cada
trabalhador, acolher suas respectivas limitações, respeitar crenças e valores, e, além disso, aproveitar o potencial
criativo de cada membro para otimizar a produção.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/diverse-group-business-people-entrepreneurs-office-1303856080.
Acesso em: 20 abr. 2020.
11
CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
inclusão se relaciona à forma que as pessoas percebem que são tratadas no contexto
organizacional. Em outras palavras, a inclusão nas organizações se manifesta em
termos de tratamento justo, igualdade de oportunidades e representação de todos
os grupos sociais em todas as funções e níveis organizacionais, dentre outras
práticas.
Repare que a diversidade e a inclusão são as metas finais quando se busca a eliminação da
opressão institucionalizada nas organizações e na própria sociedade.
Atenção
Os Direitos Humanos são um conjunto de princípios e diretrizes que buscam resguardar todos os seres humanos,
sem exceção, de injustiças.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que os direitos humanos incluem os direitos à vida, à liberdade de
locomoção, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre outros. Por isso, os direitos
humanos não podem ser alvo de discriminação de qualquer espécie.
Podemos dizer que Direitos Humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos
e podem ser segmentados didaticamente em três gerações:
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Saiba mais
São direitos civis e políticos: o direito à vida, à propriedade, à liberdade de pensamento, de crença, à igualdade
formal (ou seja, perante a lei), aos direitos à nacionalidade, a participar do governo (podendo votar e ser votado),
entre outros.
São direitos econômicos, sociais e culturais: direito ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social, à moradia,
à distribuição de renda, entre outros fundamentados no valor igualdade de oportunidades.
São direitos difusos e coletivos: o direito à paz, ao progresso, à autodeterminação dos povos, à inclusão digital, o
direito ambiental, os direitos do consumidor, entre outros, fundamentados no valor fraternidade.
A inclusão de tais direitos na Carta Magna da nação exige do Estado brasileiro uma
posição ativa no combate a qualquer condição degradante e desigual. E para que esse
processo de equilíbrio social seja efetivado, é importante que o governo seja promotor
de ações de equiparação às minorias.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Cuidado
A palavra minoria, nesse caso, não se refere a um número reduzido de pessoas, mas, sim, a uma situação de
desvantagem social. Ou seja, para que uma população possa ser considerada uma minoria deve haver relações de
dominação entre os diferentes subgrupos na sociedade.
» Condições de vulnerabilidade, para a qual não há amparo legal ao grupo na legislação vigente, ou, se há, não
respeita suas reais necessidades.
» Identidade em formação, ou seja, a minoria tem de se afirmar a todo momento perante a sociedade e suas
instituições, reivindicando seus direitos.
» Luta contra privilégios de grupos dominantes, que, em geral, lhes furtam a dignidade e a liberdade.
Após compreender mos que justiça e equidade são indissociáveis dos direitos
h u m a n o s é impor tante saber como enfrentar as desigualdades. No contexto
g ove r n a m e n t a l , u t i l i z a m - s e a ç õ e s d e i n c l u s ã o, q u e c o m b a t e m a s c o n d i ç õ e s
degradantes. Na base dessas ações estão as ações afirmativas:
Vale citar que tais ações, quando vistas grosso modo, vão de encontro com as medidas
do liberalismo econômico e o livre comércio. Entretanto, ao analisar de modo mais
crítico, percebe-se a importância da regulação do Estado no combate às violências e
às injustiças, de modo, inclusive, a preservar a democracia, as relações de consumo e a
vida digna e equilibrada.
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Afrodescendentes
A discriminação étnico-racial no Brasil é uma questão que permeia os primórdios
da nossa história. A cultura escravagista colocou os afrodescendentes à margem da
sociedade e lhe tolheu direitos básicos, que incluem a vida e a dignidade. Após a lei
de abolição da escravatura, a sociedade passou a amargar números expressivos de
negros em nível de miséria e com dificuldade de ascensão social.
Esse é um problema que ainda se reflete no nosso contexto. Uma vez que os negros
seguem tendo acesso a menos opor tunidades de estudo, assumem, em geral,
subempregos e levam a vida tentando condições mínimas de sobrevivência.
Tais ações minimizam injustiças sociais, mas ainda são insuficientes para cessar as
violências diárias que essas pessoas vivenciam. É preciso formação humana da
sociedade brasileira, no sentido de eliminar diferenças de oportunidades e promover
a sensibilização das maiorias para a condição humana dos diversos povos.
Saiba mais
Segundo o dicionário Aurélio, sexo significa o conjunto das características que distinguem os seres vivos, com relação
à sua função reprodutora.
Porém, apesar de o conceito de sexo tratar da função biológica, este não explica ou determina a orientação sexual do
sujeito. Por isso, é preciso refletir sobre a construção social do sexo: o gênero.
O tema gênero, atualmente, é objeto de estudo de diversas disciplinas: Sociologia, Psicologia, Antropologia. Pois,
segundo Maria Luiza Heilborn (1994, p. 5), apesar de haver a condição binária de macho e fêmea no meio natural,
qual “a qualidade de ser homem e ser mulher é condição realizada pela cultura”. Ou seja, o papel atribuído aos
gêneros varia entre as diferentes sociedades e também no tempo.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Mulheres
Você sabia que em pleno século XXI as mulheres no Brasil ainda ganham menos do que os
homens, mesmo quando ocupam as mesmas funções deles? Esse fenômeno revela a
falta de reconhecimento às contribuições femininas nos meios corporativos. Além dessa
questão de discriminação, ressaltamos que ainda vivenciamos casos de extrema violência
contra as mulheres, tanto em casa como nas ruas.
Entenda que, no Brasil, até 1932, as mulheres não podiam sequer votar, uma vez que a
sociedade as via como seres inferiores sob domínio da hegemonia masculina.
» Cotas para mulheres no Legislativo, Lei no 12.034, assim como maior tempo para
propaganda eleitoral e maior participação das mulheres na destinação do Fundo
Partidário;
» Regulamentação da Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher (Lei no 11.340/2006);
16
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
No que tange às ações afirmativas destinadas a esse grupo, podemos citar o sistema de
cotas para ingressar no serviço público (20% das vagas devem ser destinadas para este
fim); já a Lei n o 8.213/1991 prevê planos de benefícios da previdência social e reserva
de vagas no mercado de trabalho; além disso, pessoas com deficiência possuem isenção
de alguns impostos, entre outras medidas.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/thinking-exchange-idea-partnership-business-
communication-378437224. Acesso em: 11 mai. 2020.
Segundo Torres e Pérez (2014), no Brasil, o estudo do tema se iniciou nos anos 1990
com o movimento de desenvolvimento nacional e a incorporação da globalização no
chão das fábricas do País.
18
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
E , p a r a c r i a r u m a m b i e n t e i n c l u s i v o, é i m p re s c i n d í v e l e s t a b e l e c e r p r o c e s s o s
q u e i n c e n t i ve m d i á l o g o s d i f í c e i s, e s t i m u l e m a t i t u d e s q u e l e va m à d i ve r s i d a d e,
e d e s e n v o l v a m f o n t e s d e t re i n a m e n t o / e d u c a ç ã o.
Todavia, ainda há muito a ser feito no cenário brasileiro. Uma vez que, ao mesmo
tempo em que o Brasil está entre as maiores economias globais e permanece com
indicadores sociais de uma das sociedades mais desiguais do mundo (INSTITUTO
ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2010). Além disso, mesmo sendo
referência mundial em diversidade cultural, o campo de estudos em diversidade ainda
é embrionário e possui raras práticas implementadas na área de Gestão de Pessoas
( JABBOUR et al., 2011).
A l é m d i s s o, s ã o va n t a g e n s o r i u n d a s d a g e s t ã o d a d i ve r s i d a d e : o a u m e n t o d a
satisfação dos colaboradores e grupos institucionais, a redução da rotatividade, a
economia com custos de pessoal por adoecimento e o alcance de uma convivência
saudável.
Atenção
Entenda que a gestão da diversidade reduz a rotatividade, conflitos interpessoais e os problemas na comunicação.
19
CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Saiba mais
De modo a apresentar casos práticos dos temas tratados, apresentamos o caso de sucesso da empresa IBM.
Figura 4. IBM.
A companhia desenvolveu um amplo programa de fomento à inclusão de pessoas com deficiência, ofertando acesso
e treinamentos internos. O diferencial da empresa, no entanto, está no Reverse Mentoring, na qual representantes de
grupos de diversidade da organização, inclusive pessoas com deficiência, realizam sessões de mentoria com gestores.
A ideia era fazer com que as lideranças se sensibilizassem.
Destaca-se que a diversidade e a inclusão fazem parte da cultura IBM desde sua fundação. E, na prática, a ação
inclusiva está presente desde o processo seletivo dos candidatos até o acompanhamento e concessão da estrutura
(física e emocional) necessária para o colaborador desempenhar suas funções.
20
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Já mostramos que, apesar de a diversidade ser um fator potencial para alguns choques
culturais, as organizações têm percebido as diferenças como um meio de gerar a vantagem
competitiva. Por isso, agora vamos nos aprofundar nessa discussão e apresentar os
meios pelos quais os gestores podem trabalhar para que a diversidade sirva como uma
alavanca para o desenvolvimento organizacional.
21
CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Saiba mais
O exemplo prático da Accor Live Limitless (ALL) pode lhe ajudar a compreender como a diversidade pode se tornar
uma vantagem estratégica.
Figura 6. ALL.
Para refletir
Entenda que a ética é o maior valor do homem livre e significa “respeitar e venerar a vida”.
22
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Dentro das corporações, a gestão da ética perpassa pelo olhar da Gestão de Pessoas, uma
vez que este setor cuida do empreendimento humano. Logo, sua responsabilidade ética
torna-se ainda mais latente. E, por isso, os profissionais do setor de Gestão de Pessoas,
assim como as chefias da corporação, devem estar atentos ao respeito às condições de
trabalho e à promoção de equidade e justiça no sistema de reconhecimento e recompensas
da equipe de trabalho. Além disso, na transformação do contexto da corporação para
um ambiente mais ético o líder ocupa papel de destaque, uma vez que é o responsável
por guiar as pessoas para a criação, inovação, motivação e atitude ética.
Garcia (2003, p. 46) afirma que “o caminho mais curto para que a ética passe da
teoria à prática é fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas
opiniões não são apenas ouvidas, mas, também, valorizadas e aplicadas sempre que
conveniente”.
Os líderes necessitam conquistar a boa vontade dos empregados, de modo que eles
ponham seus talentos a serviço dos objetivos da empresa. Para isso, os funcionários
devem ser tratados com respeito.
Sintetizando
» que o termo minorias não necessariamente se refere a um quantitativo/coletivo de poucas pessoas, mas abarca a
condição de grupos marginalizados pela sociedade;
O comportamento ético dos gestores motiva comportamentos éticos das equipes de trabalho e promovem
desenvolvimento organizacional.
23
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO
2
Introdução do capítulo
Objetivos
24
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Saiba mais
De modo mais espetífico, Robbins (2005, p. 141) define o comportamento organizacional como:
25
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
As habilidades técnicas são necessárias, mas insuficientes para o sucesso das atividades
de gestão. Hoje, com um ambiente de trabalho cada vez mais competitivo e exigente,
os executivos não podem depender apenas de suas habilidades técnicas.
Figura 7. Habilidades.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/man-woman-business-organization-circle-gear-1500471572.
Acesso em: 23 abr. 2020.
Saiba que, como futuros gestores, é importante que estejamos atualizados e atentos às
possíveis intervenções no contexto corporativo capazes de gerar resultados éticos e
positivos.
26
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Psicologia
Atenção
Mais recentemente, sua contribuição expandiu-se para incluir estudos sobre aprendizagem, motivação, percepção,
personalidade, emoções, treinamento, eficácia de liderança, satisfação com o trabalho, processos de tomada de
decisões, avaliação de desempenho, mensuração de atitudes, técnicas de seleção de pessoal, planejamento do
trabalho e estresse profissional. As contribuições da Psicologia têm foco no indivíduo.
Sociologia
Enquanto a Psicologia foca suas atenções sobre o indivíduo, a Sociologia estuda as pessoas
em relação umas às outras. Assim, a contribuição dos sociólogos foi no estudo do
comportamento dos grupos dentro das organizações, especialmente aquelas formais
e complexas.
Atenção
As contribuições da Sociologia são: dinâmicas de grupo, trabalho em equipe, comunicação, poder, conflitos,
comportamentos intergrupais, teoria da organização formal, tecnologia organizacional, mudança organizacional e
cultura organizacional. As contribuições da Sociologia têm foco no grupo e no sistema organizacional.
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CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Psicologia Social
A Psicologia Social é uma área dentro da Psicologia que combina conceitos desta ciência
e da Sociologia. A ênfase é a influência de um indivíduo sobre o outro. Um dos temas
mais investigados pela Psicologia Social é a mudança – como implementá-la e como
reduzir as barreiras de sua aceitação.
Atenção
As contribuições da Psicologia Social são: mudança comportamental, mudança de atitude, comunicação, processos
grupais e tomadas de decisões em grupo. As contribuições da Psicologia Social têm foco no grupo.
Antropologia
Atenção
Ciências Políticas
Atenção
As contribuições das Ciências Políticas são: conflito, políticas intraorganizacionais e poder. As contribuições das
Ciências Políticas têm foco no sistema organizacional.
28
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Aprendizagem,
personalidade
comportamento
organizacional,
Psicologia Indivíduo
liderança, qualidade
de vida, satisfação,
seleção
Dinâmica de grupo,
trabalho em equipe,
comunicação,
Grupo
conflitos, poder
Sociologia
Teoria da
organização formal, Sistema
cultura e mudança organizacional
organizacional
Atitude,
Psicologia Social comunicação, Grupo
processos grupais,
tomada de decisão
Valores
compartilhados, Grupo
análise multicultural
Antropologia
Política
Ciências intraorganizações, Sistema
Políticas conflitos, poder organizacional
29
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
» Facilita a comunicação;
Importante
Entenda que os líderes, por sua capacidade de influenciar e modelar comportamentos, agregam grande destaque na
disseminação de políticas institucionais e são a mola propulsora para que comportamentos e atitudes em favor da
diversidade e da saúde corporativa sejam observados no cotidiano de produção.
Diante desses achados, é importante que cada empresa olhe para seu próprio modus
operandi e reflita como a estrutura organizacional, o modelo de gestão aplicado, as
políticas, valores e a cultura interna impactam no comportamento de cada um de seus
colaboradores. Deste modo, é possível que a direção pense junto com o corpo de gestores
intervenções e estratégias de desenvolvimento corporativo.
A ideia central é que esse é um campo de estudo que auxilie na maneira como executivos
podem modificar o comportamento humano no trabalho e impulsionar a produtividade
de modo criativo e saudável. Logo, ao conhecer as variáveis intrincadas nessa relação,
é possível traçar estratégias e modelos de gestão de pessoas para gerar satisfação,
30
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Figura 9. Valores.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/core-values-responsibility-ethics-goals-company-1065609320.
Acesso em: 23 abr. 2020.
Importante
Tradicionalmente, os fundadores de uma empresa são os que têm maior impacto sobre a cultura inicial da
organização e sobre a forma como os órgãos corporativos se inter-relacionam.
Porém, além dos fundadores, outra fonte de formação e transformação de cultura são os líderes corporativos (formais
e informais). Isso porque eles são o meio de implantação de todas as políticas de gestão de pessoas e são fonte de
transmissão de informação. Ademais, esses atores são elementos fundamentais, já que possuem a capacidade de
influenciar as atividades de um grupo organizado na direção de um objetivo (via autoridade ou persuasão).
31
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/working-together-young-cheerful-afro-american-1496490071.
Acesso em: 11 mai. 2020.
32
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Importante
Lembre-se de que a satisfação dos colaboradores e o compromisso real da corporação com as aspirações de suas
equipes fortalece as relações de vínculo. Desse modo, os trabalhadores tendem a confiar nas decisões da liderança
e resistir menos a mudanças. Ademais, os índices de afastamento e rotatividade (por desligamento de técnicos da
empresa) tendem a baixar, o que, consequentemente, reduz os custos para a organização e promove longevidade à
corporação.
33
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Saiba mais
No campo da ciência, a análise de um fenômeno qualquer requer uma correlação entre variáveis, para que se
saiba como se dá o fluxo ou a cadeia de fatores que fazem determinado resultado acontecer. Ou seja, a relação de
causalidade é a descrição de como um evento A, sob determinadas condições, determina o resultado B. A essa cadeia
dá-se o nome de relação de causa e efeito.
Entendemos, assim, que há impacto de uma variável “A” sobre outra variável “B” que gera um resultado. Em outras
palavras, a variável independente determina a variável dependente.
Entenda o conceio de cada uma das variáveis mais a fundo:
» Variável dependente: aquilo que se pretende explicar ou prever, resultado oriundo de um evento, um fenômeno
resultante de uma conjuntura. Ou seja, depende que algo aconteça para que seja evidenciada. É o fator que
aparece, desaparece, aumenta ou diminui à medida que o pesquisador modifica a variável independente.
» Variável independente: é fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou
consequência.
34
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Sabe-se que, para que uma estratégia organizacional ser alcançada, os recursos
humanos são essenciais. Por isso, com os conhecimentos da relação de causa e
efeito no campo de estudo do comportamento organizacional e com o diagnóstico
realizado na corporação, cabe à área de Gestão de Pessoas orientar a equipe de
t ra b a l h o e i n f l u e n c i a r o c o m p o r t a m e n t o i n d i v i d u a l , e, c o n s e q u e n t e m e n t e, o
organizacional.
Nesse sentido, Mascarenhas (2008) cita que é necessário que a área de recursos
humanos extrapole os limites das práticas tradicionais de gestão de pessoas,
tornando-se uma área menos operacional por meio da adoção de práticas e atividades
focadas nos objetivos e na estratégia da organização. Segundo o autor, para que
a área de Gestão de Pessoas torne-se estratégica, é necessário que não se atenha
apenas ao alinhamento sistêmico, mas, também, tenha consciência da complexidade
existente na relação entre o indivíduo e o sistema de trabalho.
35
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
A Teoria da Equidade de Adams explica que pessoas são motivadas a alcançar uma
condição de igualdade ou justiça nas relações com outras pessoas e com as organizações.
Assim, é interessante que líderes sejam exemplos no que tange aos comportamentos
esperados dos colaboradores. Entende-se que a responsabilidade em seus atos irá
impactar na ação responsável dos seus colaboradores em uma relação de reciprocidade.
Tal fenômeno ocorre uma vez que os colaboradores percebem as condições impostas
pelo ambiente de trabalho e respondem com reciprocidade.
36
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Chiuzi (2006) diz que a organização, para ser considerada positiva, deve oferecer
suporte e atuar de forma justa nas relações com seus empregados.
Mas, fique atento, se a injustiça motiva a equipe a buscar o estado de justiça, é possível
que a Gestão de Pessoas se utilize dessa teoria no sentido inverso: fazendo com que
os colaboradores se sintam mais motivados. Ou seja, dentro dessa visão teórica, os
indivíduos também fazem escolhas baseadas em ideais de recompensa não obtidos
ainda; as recompensas devem estar inseridas em um período de tempo médio para
que haja relação desempenho-recompensa e esta deve ser justa; e, por fim, o indivíduo
sabe o que se espera dele e passa a se comportar da maneira esperada. Neste caso, o
padrão produtivo do empregado se eleva para que ele seja merecedor dos benefícios
oferecidos.
Logo, mais uma vez, você, como profissional, deverá trabalhar para que o bem-estar seja
alcançado e o nível produtivo seja, ao mesmo tempo, salutar e recompensador.
Saiba mais
A seguir, apresentamos um caso aplicado que demonstra o papel do executivo no contexto institucional. Conheça o
caso da Alcoa:
37
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
A Alcoa, líder mundial em produtos de bauxita, alumina e alumínio contava com muitos colaboradores expostos a
atividades perigosas, e a quantidade de acidentes chamou a atenção dos investidores, que reagiram negativamente.
Logo a empresa entrou em estado crítico.
Nesse momento, um novo líder foi convidado a assumir a gestão da instituição e o foco da nova gerência centrou-se
na segurança no trabalho.
Como tática de mudança de cultura, o gestor demonstrou à equipe como a ação descuidada anterior acarretava
prejuízos humanos e financeiros. Logo, alinhou o discurso com a equipe de trabalho e rearranjou os esforços da
empresa na busca de um novo objetivo estratégico: ser referência em segurança. Assim, além de informar todos
sobre a nova postura da Alcoa, capacitou a equipe para o trabalho e sensibilizou todos para a meta de índice zero de
acidentes no trabalho.
Em menos de um ano após as mudanças houve recordes nos lucros da organização. Antes de o novo líder se
aposentar, o faturamento líquido anual da empresa era cinco vezes maior do que antes de ele fazer parte da empresa.
O executivo sabia que precisava transformar a cultura da multinacional. Sabendo que as pessoas são resistentes a
mudanças, ele começou por um único fator, e essa alteração se alastrou pela empresa, causando novas mudanças de
comportamento.
Alguns hábitos, conhecidos como angulares, possuem o poder de iniciar uma reação em cadeia, alterando outros. Foi
isso que aconteceu com a mudança que o novo líder incentivou.
Sintetizando
» O comportamento organizacional ganhou destaque nos estudos do mundo corporativo a partir dos achados de
Mayo e as demandas do mercado.
» O campo de estudos sobre o comportamento organizacional abarca diversos campos do saber, uma vez que podem
ser analisados enfoques distintos na maneira como as corporações influenciam e são influenciadas pelo meio e por
seus colaboradores.
» A análise do comportamento organizacional pode ser segmentada nos níveis micro, meso e macro-organizacional.
38
CULTURA ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO
3
Introdução do capítulo
Este capítulo dedica-se a descrever o que é e quais são os elementos e níveis da cultura
organizacional. Sabe-se que o agrupamento de pessoas em torno de um fim específico
determina um modo de trabalho e um sentido de atuação que gera as bases sólidas da
cultura de uma empresa, por isso é importante conhecer o conceito e delimitar de que
modo a cultura impacta no comportamento dos colaboradores e no desenvolvimento
institucional.
Objetivos
É importante notar que trabalhamos a diversidade, uma vez que as organizações são
constituídas de pessoas e as diferenças e talentos de cada sujeito agregam valor às
entregas corporativas e favorecem a relação com o mercado de consumo. Logo, a tentativa
é compreender como a gestão pode orientar e otimizar a produção, através da análise
e da gestão do comportamento interno.
39
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Mas, note que todas essas interações são mediadas por um conjunto de regras e
experiências próprias de cada organização. Por isso, é importante estudarmos o contexto
no qual se desenvolvem os processos de trabalho, ou seja, a cultura organizacional.
40
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Logo, sabemos que a cultura, sob a missão e a visão corporativas, impacta diretamente
nos processos de gestão de pessoas, de comunicação, de liderança, de organização do
trabalho, entre outros. Robbins (2005) cita que a cultura organizacional desempenha
funções diversas, dentre as quais: a definição de fronteiras e limites, a criação de um
41
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Mas, note que autores como Chiavenato (1999) e Vergasta (2001) indicam que, apesar
de ser mais estática e enraizada, a cultura organizacional pode sofrer mudanças ao
longo do tempo, mesmo que se deparando com a resistência dos funcionários. Até
porque não se pode falar em cultura institucional sem influência do ambiente externo
ou amadurecimento do seu corpo de colaboradores.
Saiba mais
O estudo da cultura corporativa perpassa a análise da relação de grupos, o entendimento das diversidades, a
compreensão de rituais e modelos de poder, assim como culturas de um povo ou de um país. Mas, neste caso, o
objeto de análise são os limites da instituição.
Por isso, Barreto et al. (2013, p. 35) afirmam que “O estudo sobre cultura organizacional está fundamentado em
paradigmas oriundos da Antropologia, da Sociologia, da Psicologia e das Ciências Políticas.”
Segundo Allaire e Firsirotu (1984, apud BARRETO et al., 2013), em termos didáticos, há
duas formas de compreender a cultura de uma empresa:
Logo, a cultura tem caráter descritivo, uma vez que pode ser descrita, constatada (seu
formato, força, conteúdos ou flexibilidade, entre outros), mas não avaliada, com
aspectos positivos ou negativos.
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Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/core-values-responsibility-ethics-goals-company-1169240917.
Acesso em: 13 mai. 2020.
Muitos aspectos da cultura organizacional são percebidos com facilidade e são denominados
formais e abertos, enquanto outros são de difícil percepção e são denominados aspectos
informais e ocultos. Tal como um iceberg, os aspectos formais ficam na parte visível
e envolvem as políticas e diretrizes, métodos e procedimentos, objetivos, estrutura
e tecnologia adotada. Os aspectos informais envolvem as percepções, sentimentos,
atitudes, valores e interações grupais.
Cuidado
Clima Organizacional é, basicamente, o sentimento positivo ou negativo dos colaboradores sobre a organização
do trabalho na instituição. É o modo como os trabalhadores avaliam as condições impostas, as trocas realizadas, a
qualidade das trocas e valores internos em um período de tempo.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/love-thermometer-valentines-day-card-element-557882785.
Acesso em: 13 mai. 2020.
Em outras palavras, o clima refere-se a um conjunto de percepções, opiniões e sentimentos que se expressam
no comportamento de um grupo ou uma organização, em determinado momento ou situação, sendo, portanto,
passageiro e superficial.
Caracteriza-se como um fenômeno geralmente de caráter menos profundo e que pode mudar com maior velocidade.
43
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Diferente da cultura, o clima é avaliativo e descritivo, uma vez que, além de poder ser descrito, pode ser avaliado
quanto ao grau de intensidade dos itens que o compõem, por meio da pesquisa de clima organizacional.
Segundo George Litwin (apud LUZ, 2003, p. 10), clima organizacional “é a qualidade ou propriedade do
ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o seu
comportamento”.
Por exemplo, Schein (1990), afirma que a cultura é caracterizada por três níveis, a
serem aprofundados adiante:
44
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Artefatos
observáveis
Valores
compartilhados
Pressupostos
básicos
45
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Trata-se do que a empresa entende como atitudes primordiais para o sucesso. É tida como a
Valores essência da filosofia da empresa e promove o direcionamento comum aos funcionários. Temos
como exemplo a credibilidade, a satisfação do cliente, a transparência etc.
Refere-se ao que é tido como verdadeiro pela empresa, às percepções de mundo, que são validadas
Crenças
com o tempo.
Ambiente São os objetos materiais fabricados por pessoas para facilitar as atividades culturalmente
Físico expressivas.
É a maneira particular por meio da qual os membros de um grupo usam sons vocais e sinais
Linguagem escritos para transmitir significados para os outros. Pode ser mais formal ou mais informal, além
disso, pode ser mais ou menos burocratizada.
É a narrativa dramática de eventos imaginados, usada para explicar origens ou transformações das
Mito coisas. É também uma crença inquestionável a respeito de benefícios práticos de certas técnicas e
comportamentos que não são sustentados pela demonstração dos fatos.
Relativamente elaborado, dramático; é um conjunto de atividades planejadas que consolidam
várias formas de expressões culturais em um só evento, executado por meio das interações
Rito sociais, geralmente para o benefício de uma audiência. Os ritos podem ter pequenas ou maiores
proporções. Por exemplo: eventos de premiação e reconhecimento do funcionário do mês ou
reunião mensal com a presidência para conhecer novos líderes e reafirmar valores e compromissos.
Qualquer objeto, ato, evento, qualidade ou relação que sirva de veículo de um significado é um
símbolo. Geralmente representa algo além daquilo que é em si. Pode ser material ou não. Ex.:
Símbolo estacionamento especial para chefias, elevador privativo, motoristas e salas amplas, bandeiras
máximas, hinos, logomarca etc. representam um modo de interação, não são apenas espaços ou
objetos desprovidos de carga semântica.
Trata-se das pessoas que fizeram e/ou fazem história dentro da organização por meio de ações que
a fortaleceram. Podem ser tanto personagens reais quanto imaginários. São aqueles que, mesmo
Heróis ausentes, deixaram uma marca, fixaram uma forma de pensar, seja positiva ou negativa. São eles
que personificam os valores adotados pela empresa. Podemos citar diversos exemplos de heróis:
Antônio Ermínio de Moraes; Henry Ford e Bill Gates etc.
É tudo o que é tido como não permitido dentro da empresa. Existem organizações, por exemplo,
Tabus
que vetam a contratação de pessoas da mesma família, namoro entre colegas de trabalho etc.
São as regras escritas que ditam o comportamento considerado correto pela empresa e que deve
Normas
ser seguido pelos seus funcionários. Ex.: Código de Ética, regulamento interno etc.
46
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Todas as organizações desenvolvem uma cultura, uma vez que são aglomerados de
sujeitos com histórias e valores simbólicos. E a transmissão da cultura para os novos
colaboradores, ou novos entrantes, depende do processo de ensino e aprendizagem.
Desta maneira, há uma adaptação do empregado ao meio de convivência.
Atenção
Partindo da ideia de que as culturas são padrões que modulam o comportamento dos atores sociais e que, por
meio do controle formal, formam poderosos meios de gestão, há diversas instituições desenvolvendo a cultura
organizacional orientada à inovação. Para isso, de acordo com Claver et al. (1998), uma organização precisa possuir
uma cultura forte, compartilhada e orientada, para competir por meio do desenvolvimento de inovações.
Mas, é importante esclarecer que essa cultura forte não exige necessariamente rigidez ou inflexibilidade, mas um
conjunto de princípios, valores e artefatos enraizados na conduta diária. É preciso que os colaboradores assumam os
valores nas pequenas ações produtivas e no modo de pensar a tomada das decisões.
Segundo Maximiano (2010), para que a cultura seja mais bem entendida, é necessário
identificar desde componentes facilmente observáveis até aqueles que demandam
um olhar mais atento. Esses elementos podem estar segmentados em três níveis.
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CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Cuidado
Apesar de parecer semelhante, Maximiano (2010) entende os níveis da Cultura Organizacional conforme uma
denominação distinta de Schein (1990). Entenda:
Maximiano Schein
Nível mais superficial: artefatos, hábitos, Artefatos: produtos visíveis como linguagem,
linguagem. vestimentas, hábitos, rituais.
Nível intermediário: histórias, mitos e heróis. Valores: experiências, medos, estratégias.
Nível profundo: valores e crenças. Pressupostos básicos: relações informais, hábitos e
costumes.
No mais alto nível estão elementos que se podem observar diretamente: os artefatos, a
linguagem e os comportamentos habituais, as vestimentas. Trata-se dos itens visíveis
das organizações. Já no nível mais profundo, estão os valores e as premissas. Esses
componentes que se situam nos níveis mais profundos não são facilmente revelados e
são os mais difíceis de analisar. De todo modo, todos os elementos que compõem uma
cultura organizacional estão estritamente relacionados entre si.
A figura a seguir exemplifica os itens que cada nível de análise da cultura abarca:
Figura 19. Níveis da cultura, segundo Maximiano.
Artefatos,
História, Linguagem,
Mitos, Hábitos
Valores e
Crenças Heróis
Note, assim, que cada cultura pode conter especificidades em cada uma dessas
dimensões e que cada um desses aspectos pode ter força e impactos distintos no
modo como se arranjam.
48
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Ideológica
Material
Psicossocial
Atenção
As três dimensões formadoras da cultura organizacional – ideológica, material e psicossocial – não são
necessariamente equivalentes. Uma ou outra pode predominar na vida organizacional, pode ter maior expressão,
atuar com mais força. Há organizações eminentemente voltadas para as questões materiais, outras mais ideológicas,
outras ainda que são mais intensas nas relações psicossociais. Desse modo, tem-se a individualidade nos sistemas de
funcionamento de cada instituição ou até entre os núcleos de trabalho de cada instituição.
Note que se uma organização der maior importância às questões materiais, as decisões serão mais voltadas à
acumulação de capital, à identidade visual, ou à economicidade, a depender dos valores pregados nessa dimensão.
Tudo isso servirá de base para o desenho do plano estratégico e necessariamente fará a modulação de como líderes
impulsionam o comportamento de seus liderados.
Entretanto, caso a força da cultura da instituição esteja mais apoiada na dimensão ideológica, pode ser que, por
vezes, lucros sejam deixados em segundo plano para que ações sociais ou afirmações políticas sejam alcançadas.
De todo modo, é importante saber que não há um modelo mais ou menos adaptado à realidade moderna, mas há o
modo operacional de cada corporação, que deve ser pensado conforme a razão de ser de cada uma.
49
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
50
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Outro exemplo de influência indireta da geografia está nas vestimentas adotadas pelos
colaboradores ou nas formas de celebração elegidas pelas equipes, que carregam consigo
valores culturais da região na qual a matriz corporativa está instalada. Assim sendo,
o ambiente interno de uma fábrica multinacional na África diverge do ambiente
da fábrica da mesma instituição na Europa. E isso tudo deve ser identificado pelos
gestores e modulado conforme os valores e a ética corporativa, de modo a impulsionar
a produção conforme a diversidade e o potencial de cada localização.
51
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Saiba mais
Para que possamos contextualizar os saberes apresentados, vamos analisar o seguinte case:
Em 1985, a Coca-Cola cometeu um erro de marketing. Após 99 anos de sucesso, deixou de lado sua antiga regra “não
mexa com a Mãe Coca”, e mudou a fórmula da Coca-Cola original. Surgiu a New Coke, com um gosto mais doce e
suave.
A princípio, em meio à grande divulgação, o novo produto vendeu bem. Mas as vendas logo caíram e a empresa
recebeu cartas e ligações de consumidores insatisfeitos. Um grupo chamado Old Cola Drinkers iniciou protestos. E,
após apenas três meses, a Coca-Cola trouxe a antiga fórmula de volta.
Uma reação rápida salvou a empresa de um desastre em potencial. Ela aumentou seus esforços em favor da Coke
Classic e reduziu a New Coke a um papel secundário. Então, por que a New Coke foi introduzida? O que deu errado?
Muitos analistas culpam uma pesquisa de mercado mal feita. Isso porque no começo dos anos 1980, embora a Coca-
Cola ainda fosse a líder do mercado, ela estava lentamente perdendo espaço para a Pepsi. A solução imediata parecia
ser mudar o seu sabor.
Logo, a corporação começou a pesquisa para um novo produto e gastou mais de dois anos e quatro milhões de
dólares em pesquisas. Mas analisando os dados, podemos ver que a pesquisa de mercado da Coca-Cola foi conduzida
de maneira errônea. A pesquisa procurava saber, unicamente, a reação das pessoas ao sabor; não se preocupou em
explorar os sentimentos dos consumidores diante da ideia de que eles deveriam abandonar a velha Coca e substituí-
la por uma nova versão. A pesquisa não levou em consideração os dados intangíveis – o nome da Coca-Cola, sua
história, embalagem, sua herança cultural e sua imagem.
Note que a Coca-Cola tem um dos mais avançados departamento de pesquisa de mercado dos EUA. Mas a pesquisa
de mercado está longe de ser uma ciência exata. Os consumidores são cheios de surpresas. E, neste caso, o peso
cultural e o valor da marca possuem um valor agregado que rende o sucesso da instituição e milhões me lucros.
52
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Sintetizando
» A cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças e tecnologias que mantém unidos os mais diferentes
membros de uma instituição e modela os comportamentos para o alcance dos objetivos corporativos, conforme os
valores internos.
» A cultura organizacional desempenha funções como a definição de fronteiras e limites; a criação de um senso de
identidade; a sensação de pertencimento, a qual gera comprometimento por parte da equipe.
» A cultura, apesar de ser enraizada, pode sofrer mudanças ao longo do tempo, mesmo que se deparando com a
resistência dos funcionários.
» O conceito de cultura diverge da concepção de clima, sendo o primeiro descritivo e o segundo avaliativo.
» Os elementos centrais da cultura propostos por Schein (1990) são os artefatos observáveis, os valores e os
pressupostos básicos.
» A gestão das corporações precisa ponderar os valores culturais na tomada de decisão e no respeito à diversidade
dos subgrupos.
53
CAPÍTULO
FUNÇÕES E CRIAÇÃO DA CULTURA
ORGANIZACIONAL 4
Introdução do capítulo
Este capítulo apresenta o modo como se dá a criação da cultura e como, com o tempo e
as mudanças externas, os gestores podem conduzir a corporação para o desenvolvimento
tecnológico e a inovação. Sabe-se que a cultura organizacional é fator de diferencial
estratégico. Entretanto, é preciso que as instituições saibam se adaptar ao contexto
externo, por isso, convém que a inovação e o desenvolvimento sejam promovidos pela
gestão institucional.
Objetivos
54
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Saiba mais
Tradicionalmente, os fundadores de uma empresa são os que têm maior impacto sobre a cultura inicial da
organização. Eles têm uma visão daquilo que a organização deve ser. O tamanho pequeno, que também costuma
caracterizar empresas novas, facilita a transmissão da visão de seu fundador sobre todos os membros da organização.
É importante compreender que a cultura formal é aquela que é professada pela cultura
oficial, ou seja, é aquela que é comunicada por meio de treinamentos e publicações
internas e que é expressa pelos dirigentes. Ao contrário, a cultura informal representa
os valores efetivamente praticados, ainda que não estejam previstos nos documentos da
empresa. Por exemplo: uma organização pode divulgar valores como a aprendizagem e
inovação constante, mas não abrir possibilidades concretas para a execução desses valores.
Logo, os colaboradores, por meio dos processos de aprendizagem e de interpretação,
entenderão que esta não é uma prioridade central, mas que serve de guia para ações
futuras ou mero adorno mesmo.
Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-hierarchy-ranking-strategy-concept-chess-682456528.
Acesso em: 15 mai. 2020.
55
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Perceba que quando a empresa tem sucesso, toda a personalidade dos fundadores se
torna uma parte integrante da cultura da organização.
Saiba mais
Para reforçar o que foi dito, apresentamos o caso da Microssoft, a qual é mediada, inclusive nos dias atuais, pelos
valores e pela presonalidade de Bill Gates, um grande exemplo de fundador contemporâneo que teve impacto na
cultura de sua organização.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/milan-italynovember-18-2004-microsoft-founder-247513390.
Acesso em: 15 mai. 2020.
Saiba que muitas das práticas de recursos humanos reforçam a cultura organizacional.
O processo de seleção, os critérios de avaliação de desempenho, as atividades de
treinamento e desenvolvimento de carreira e os procedimentos de promoção asseguram
que os contratados se ajustarão à cultura, recompensando quem a adota e penalizando
aqueles que a desafiam.
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Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
» Ações dos dirigentes: estabelece um clima geral que define quais comportamentos são
aceitáveis e quais não são.
Dirigente
Filosofia dos Cultura
Critério de
fundadores da Organizacional
seleção
organização
Socialização
57
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
» reter talentos, por permitir que líderes alinhem os valores dos funcionários aos da
empresa;
Cultura Organizacional
Comportamentos
Diante disso, reforça-se a ideia de que a cultura de uma empresa ajuda a moldar a sua
atuação no mercado. Por isso, saber fortalecer a cultura organizacional pode gerar
diferencial, pois guia as atitudes, promove valores que estão alinhados com os dos
colaboradores e, com isso, orienta as equipes em busca de objetivos comuns.
58
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Entretanto, cabe ressaltar que nenhum outro departamento converge tanta importância
na análise da cultura organizacional quanto o da gestão de pessoas, pois este setor
desenvolve funções estratégicas perante os recursos humanos, ao promover a aceitação,
consolidação, manutenção e implementação de mudanças culturais. Para isso, são
desenvolvidos processos como:
59
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/young-person-thinking-office-problems-concept-1542508142.
Acesso em: 15 mai. 2020.
Atenção
Os relacionamentos, base para o clima organizacional, estão em constante mudança. Por isso, segundo Rachel e
Salomão (2011, p. 11), cabe ao gestor:
lidar com múltiplas realidades, papéis e identidades, e múltiplas lealdades dos
indivíduos. É necessário, então, ter uma habilidade cognitiva para analisar e
interpretar fenômenos complexos, visualizando novos padrões de relacionamentos;
persuasão para qualificar o trabalho em equipe, tolerando ambiguidades e
incertezas; descentralização a fim de suscitar aprendizagem de suas intervenções; e
pensamento crítico e de autocrítica, para aprender com os erros, se desenvolvendo
continuamente.
Ou seja, entender como é a configuração de uma organização permite saber sobre a forma com a qual ela pode ser
administrada.
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Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
61
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Importante
É necessário que a alta direção, com base no plano estratégico, conheça os elementos inerentes ao esforço do
Desenvolvimento Organizacional (DO):
» A orientação deve ser pensada para o longo prazo, uma vez que exige um complexo campo de aquisição e
internalização de conhecimentos e comportamentos.
» O envolvimento de esforços para a eficácia deve ser global. Ou seja, todos os colaboradores de todos os níveis
organizacionais devem ser compreendidos no processo.
» Os passos de diagnóstico e de intervenção devem ser desenvolvidos conjuntamente entre os gerentes de linha e o
consultor. Assim, as demandas de cada setor podem ser respeitadas e o trabalho ganha sustentabilidade e maior
chance de sucesso.
62
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
» Avaliação: é a etapa que fecha o processo que funciona como um circuito fechado.
Diante desses passos, a corporação pode fazer a gestão da inovação sem impactar
bruscamente na cultura organizacional. Deste modo, a equipe de trabalho compreende
a necessidade de implementação de processos e soluções criativas, mas respeita os
valores institucionais.
Saiba mais
Para que possamos contextualizar os saberes apresentados, vamos analisar o caso de uma organização com cultura
definida como seu diferencial competitivo:
A empresa de varejo Magazine Luiza é conhecida como um dos cases de maior sucesso do Brasil. Com começo de
operação em 1957, no interior de São Paulo, essa rede passou por diversos momentos, até que, 1991, iniciou uma
nova fase.
Sua forma de gestão inovou, quebrando com o modelo departamental e instaurando uma forma horizontalizada de
agir. Além disso, a cultura organizacional do Magazine Luiza é conhecida por todos os funcionários.
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CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
O sucesso da varejista é tamanho que merece destaque internacional, com estudo realizado por Harvard. Tudo isso
atribuído à cultura organizacional, que foca nas pessoas. Os funcionários são engajados, resultado de uma política
constante de reafirmação dos valores da empresa.
Para garantir o sucesso, o Magazine Luiza busca desde o processo seletivo inserir seus valores, alinhando a
contratação com o perfil de colaboradores ideais. Tudo pautado pela ética e pela prática e não por resultados e pela
teoria.
Perceba como a cultura institucional ajudou as corporações a se desenvolverem e a se diferenciarem das demais
concorrentes. Suas atitudes frente ao mercado e o modelo de pensamento interno foram determinantes para que o
diferencial competitivo as fizesse alcançar o sucesso institucional.
Tais exemplos demonstram a importância do olhar da gestão para a cultura institucional e a necessidade de tomadas
de decisões que promovam o desenvolvimento organizacional conforme a visão corporativa.
Sintetizando
» As estratégias que podem ser usadas para a manutenção e fortalecimento da cultura organizacional.
64
CAPÍTULO
GESTÃO DA CULTURA E MUDANÇA
ORGANIZACIONAL 5
Introdução do capítulo
Logo, trataremos da mudança, o que vem a ser, e das fases que essa mudança em geral
enfrenta. Além disso, serão oferecidos exemplos de atuação prática que auxiliem no
entendimento e a sensibilização para a importância da gestão da mudança.
Objetivos
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CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
De acordo com Aguiar (2013), gestão é um termo abrangente, o qual apresenta diversas
dimensões não necessariamente vinculadas especificamente ao trabalho de liderança
em si, tais como: gestão de tempo, de pessoas, das organizações, das finanças, de
informações etc. Vale complementar, então, que o termo gestão tem suas bases nas
demandas presentes no sistema e nas ações humanas; visando à transformação de uma
realidade em outra almejada.
Importante
Chanlat (2000) afirma que os modos de gestão são práticas administrativas conjugadas pela direção de uma empresa
no intuito de atingir objetivos por ela pré-fixados.
Ou seja, toda mudança deve ser abarcada nesse processo de análise e gestão de pessoas, para que obtenha sucesso.
De modo complementar, Barros (2003, p. 69) define os modos de gestão como “as
maneiras como se produzem realidades e jeitos de se produzir os estados de coisas”.
Costa (2011) cita, ainda, que a gestão do trabalho abarca a própria gestão dos processos
de subjetivação, uma vez que as atividades laborais não se limitam a modos operatórios,
mas tratam também da criação, das experiências vividas no ambiente produtivo.
66
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Saiba mais
É importante ponderar que Liderança não é sinônimo de gerenciamento. O gerenciamento requer uma visão dos
métodos de trabalho, dos processos e procedimentos, enquanto a liderança tem o olhar nos objetivos estratégicos.
Assim, a liderança, independentemente dos métodos ou das funções de trabalho a serem emanados na gestão da
mudança ou na produção rotineira em si, visa à utilização dos potenciais humanos para promover motivação e
soluções criativas.
Entretanto, ao falarmos do papel do gestor na condução da mudança, neste capítulo, estamos trabalhando gestão de
modo amplo. O importante é perceber que é preciso um condutor, um agente capaz de orientar para a mudança e
modificar comportamentos das equipes para que o alvo seja atingido.
67
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
gestores devem atuar como pontos focais para que novas opiniões sejam formadas e,
também, para que dúvidas e incertezas por parte dos colaboradores sejam acolhidas e
sanadas, de modo a convergir para o bem de todos e o desenvolvimento organizacional.
Entenda que a mudança é necessária para a evolução, mas ela deve ser conduzida de
modo a não corromper a sobrevivência operacional. Além disso, a mudança impacta
progressivamente nas facetas da cultura organizacional, entretanto caso as inovações
impactem na essência dos valores corporativos, pode haver um colapso na relação com
parceiros ou com mercado de consumo. Por isso, é ideal que a instituição esteja preparada
para as fases de adaptação e de olho nas novidades do mercado.
Importante
Burtonshaw-Gunn e Salameh (2010) afirmam que as mudanças são um componente diário das empresas, uma vez
que há o desejo contínuo de melhoria no desempenho.
Porém, é impor tante citar que, embora a necessidade de transfor mações seja
reconhecida pelas equipes de trabalho, ainda assim ela gera um estranhamento e
uma resistência na adoção de novos modelos de trabalho, de comunicação ou de
padrão decisório. Os geradores dessa dificuldade de transmutação são variados.
Entre eles estão: o fato de a mudança alterar o poder e a hierarquia organizacional;
questões relacionadas ao indivíduo, como o requerimento de novas capacidades para
o trabalho ou diferentes interações com colegas de trabalho; e, ainda, a alteração
na própria forma de enfrentar a rotina de produção.
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Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Por isso, promover atitudes positivas em relação ao processo e evitar resistência à mudança
parece ser o grande propósito da gestão da mudança.
Atenção
Pode haver reações diversas quanto às propostas de mudança, entre elas estão: motivação, compromisso, dúvidas
etc. Mas a mais comum e prejudicial é a resistência. Segundo Motta (1999), a mudança sofre com dificuldade de
aceitação, pois tira os trabalhadores do comportamento viciado e da zona de conforto. Isso significa que, nesse
contexto, é necessário que o trabalhador reveja sua maneira de pensar, agir, comunicar, se inter-relacionar e criar
significados para a sua própria vida.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-safely-inside-shield-dome-during-1332205487.
Acesso em: 8 jun. 2020.
Neiva e Paz (2012) relatam que os resultados e o êxito alcançados com a transmutação
são diretamente afetados pelas atitudes dos indivíduos frente às mudanças. Por
isso é necessária a mediação do gestor entre os riscos, as demandas e a capacidade
institucional em se articular e desenvolver.
Por fim, é importante esclarecer que, em razão das características únicas dos
talentos que compõem uma organização assim como as próprias especificidades da
corporação (personalidade, cultura, valores etc.) não é possível elaborar fórmulas
e modelos fechados e prontos sobre como lidar com a reação dos empregados
às mudanças. De todo modo, sabe-se que gestores preparados e com condutas
69
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
Por isso, é preciso pensar a mudança de modo sistêmico. Além disso, é preciso transparência
na condução e apoio da equipe na adesão de novos comportamentos. Sabe-se que,
conforme o modelo de Kurt Lewin (1947), esse processo de mudança de padrões abarca
três etapas: descongelamento, mudança em si e recongelamento:
70
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
De posse desse conhecimento é possível que o gestor aja de modo mais sábio e
articulado com as demandas dos colaboradores. Logo, a literatura aponta estratégias
para que cada uma das etapas seja mais bem gerida e para que o ciclo de mudança
seja respeitado e, mais do que isso, alcance sucesso.
Antes de mais nada, é importante que o corpo diretor da instituição saiba claramente
os rumos das mudanças desejadas e aponte a coerência dessas mudanças com o
plano estratégico da corporação. Outro fator a se considerar na gestão da mudança
é a urgência com que cada processo deve ser implementado. Esse fator também
deve ser ponderado considerando fatores externos à corporação (como a política, a
tendência do mercado de consumo, a qualidade das entregas dos concorrentes etc.).
Após esse momento, é preciso estabelecer práticas para descongelamento da equipe.
Ou seja, inicia-se o processo de mudança com a sensibilização para a importância
de transmutar.
71
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/abstract-animal-background-agamidae-wildlife-cute-777835606.
Acesso em: 8 jun. 2020.
72
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Essas ferramentas podem ser utilizadas pelos líderes e diretores da corporação para
que suas equipes sejam atraídas a colaborar com as mudanças e, mais do que isso,
sintam-se parte do processo de aprendizagem e desenvolvimento organizacional
galgado pelas inovações e adoção de novos modelos de produção e relacionamento
com os clientes.
Saiba mais
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/milan-italyfebruary-14-2017-microsoft-logo-581369848.
Acesso em: 8 jun. 2020.
Para tomar conhecimento sobre como funciona a Gestão da Mudança no mercado, leia o case a seguir:
A Microsoft, corporação especializada em soluções tecnológicas, vem fazendo gestão de mudanças há anos. E tudo
começou por volta de 2005, com o trabalho da sua equipe sobre estratégia de negócios, a qual se dedicou a trabalhar
com executivos de modo a conhecer quais soluções poderiam ser adotadas nas ferramentas da Microsoft para que
o trabalho desses clientes fosse facilitado. Essa condição que despertou a corporação, entre 2009 e 2010, para a
importância de mudanças que lhe agregariam vantagem competitiva.
Nesse contexto, a empresa criou uma equipe que, desde então, trabalha especificamente com a gestão de mudanças.
Esses colaboradores levantam demandas com clientes e padronizam serviços com parceiros. Além disso, a Microsoft
se envolveu com associações da indústria de gestão de mudanças em todo o mundo.
Perceba que a mudança foi um novo valor incorporado à cultura organizacional que se efetivou com a criação de
funções específicas sobre a gestão de mudanças, mudanças de paradigmas, adoção de parcerias e capacitações etc.
» A maioria das pessoas dedicadas ao atendimento do consumidor passou por treinamento e ganhou acesso a
ferramentas de gestão de mudanças para que possa esclarecer nesse espaço as reais necessidades dos seus clientes;
» Foi adicionado conteúdo sobre gestão de mudanças em portais voltados para o cliente;
» Foi fornecido um manual de gestão de mudanças e implementados para os parceiros, que permitiu a padronização
da prestação de serviços.
73
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
Sintetizando
» A mudança organizacional é um processo inerente a qualquer organização. E pode se dar de modo mediado ou
não.
» A gestão da mudança deve ser orientada de modo a convergir com os objetivos corporativos e aprendizagem
corporativa.
» Os gestores são figuras centrais para a gestão da mudança, uma vez que são o ponto de contato entre a alta gestão e
as equipes de trabalho.
» Pode haver resistência a mudança e, para enfrentar isso, é preciso uma análise situacional e o amparo de processos
de comunicação e programas de reforço à evolução da equipe.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES
CAPÍTULO
6
Introdução do capítulo
Este capítulo final visa conectar todos os assuntos estudados até o momento com o
potencial de inovação e de enfrentamento de crises pelas corporações. É necessário
pensar a diversidade, a cultura e o comportamento organizacional como fatores de
gestão que promovem justiça social, atuação ética e, também, eficiência.
Além disso, vamos falar das características do mercado moderno que exigem que as
corporações se tornem mais flexíveis e trabalhem interconectadas e em um modelo de
rede, dispondo de parceiros e equipes remotas para absorver as demandas do consumo.
Por fim, vamos tratar das ferramentas de comportamento organizacional que podem
ser utilizadas como apoio à gestão para análise e condução das mudanças tratadas.
Deste modo, líderes e gerentes tendem a voltar um olhar mais humano e que promova
sustentabilidade e sobrevivência corporativa, além de qualidade de vida no trabalho.
Objetivos
75
CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
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Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Assim, é importante notar que o capital intelectual é o fator-chave de sucesso, uma vez
que é a fonte primária da inovação. Por isso, a valorização do pessoal, a análise do clima
e da cultura internos, o desenvolvimento de espaços de debate de ideias são a fonte da
mudança, do aperfeiçoamento de processos, da criação de novos produtos, tecnologias
e serviços.
Saiba mais
A criatividade está ligada à capacidade de compreender o mercado e propor soluções que valorizem a marca.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/sanktpetersburg-russia-may-10-2018-airbnb-1088739581.
Acesso em: 10 jun. 2020.
A empresa foi formada em razão da análise de mercado básica e da experiência dos fundadores. Isso, pois, durante a
realização de uma grande conferência em San Francisco, três amigos que dividiam uma residência, diante da lotação
dos hotéis da cidade, notaram que estes estavam lotados e decidiram alugar um espaço na própria casa para abrigar
os turistas em colchões infláveis. Além disso, foi oferecido café da manhã e foi daí que surgiu o nome Airbnb: Air bed
and breakfast.
Atualmente, o Airbnb oferece 300 mil espaços cadastrados para locação incluindo quartos, apartamentos, mansões e
até castelos e ilhas particulares. E perceba que o foco nunca deixou de ser a promoção da hospitalidade por meio de
uma comunidade confiável ao redor do mundo.
Vale citar que, em 2011, a empresa já estava avaliada em US$ 1 bilhão e entrou para a lista das empresas mais
inovadoras do mundo, posto que ainda ocupa. E, recentemente, a instituição ganhou destaque no relatório do Fórum
Econômico Mundial por ter sido reconhecida como pioneira no ramo.
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CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
E uma das crises que o mercado corporativo pode enfrentar é certamente a escassez
de mão de obra ou a falta de pessoal qualificado para determinada função. Para
enfrentar essa situação, podem ser tomadas duas atitudes: a revisão do processo de
produção e a capacitação da equipe de trabalho para desempenhar o trabalho ou
para gerar inovação.
É importante saber que, em tempo de crise de mão de obra, bons salários e benefícios
não serão suficientes para encontrar e manter profissionais talentosos. Isso porque o
mercado externo aos campos da instituição estará preparado para absorver a mão de
obra com ofertas melhores e mais favoráveis ao trabalhador, o que gera uma grande
rotatividade.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/innovation-banner-web-icon-business-inspiration-1116938060.
Acesso em: 10 jun. 2020.
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Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
» Di s s e m i n a r a c u l t u ra d a i n ova ç ã o c o m o re s p o n s a b i l i d a d e d e t o d o s
os colaboradores, incluindo todos os níveis organizacionais, pois todo o
capital humano tem potencial criativo e acrescenta no desenvolvimento
organizacional.
» Extrapolar os limites do avanço tecnológico, uma vez que da mesma forma que
a inovação abarca todos os níveis hierárquicos da oraganização, ela inclui todos
os setores da produção, assim como todos os campos do saber.
Por fim, entenda que a mesma estratégida de pensar de modo inovador pode ser eleita
quando a crise é de oferta de empregos.
Saiba mais
79
CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
Saiba mais
A palavra vem do termo em inglês empower, que significa o ato de entregar poder e a autoridade para algum sujeito.
Empowerment, em alguns casos também conhecido como empoderamento, refere-se a uma estratégia de
capacitação e desenvolvimento de funcionários. Esse modelo requer a adoção de um modelo de gestão mais
descentralizado.
Em termos didáticos, o objetivo do empowerment é a delegação de novas responsabilidades a alguém, por meio
do enriquecimento do cargo com novas funções, tarefas ou atribuições. Além disso, não é possível falar em
empoderamento sem promover autonomia, que permite que os trabalhadores tomem decisões, desenvolvam
habilidades e tornem-se capazes de alcançar cargos maiores dentro da organização.
O e m p ow e r m e n t p e r m i t e q u e o s f u n c i o n á r i o s t e n h a m a c e s s o a i n f o r m a ç õ e s
gerenciais para que seus trabalhos e suas decisões possam ser tomadas de modo
ra c i o n a l e c o n s c i e n t e. L o g o, a e q u i p e d e t ra b a l h o t o r n a - s e m a i s re s p o n s á v e l
p e l o s u c e s s o e p e l o f ra c a s s o d a i n s t i t u i ç ã o. E s s a c u l t u ra p a r t i c i p a t i va a g re g a
i m p o r t â n c i a a o t r a b a l h a d o r e p r o m ov e s a t i s f a ç ã o e m o t i v a ç ã o, a s s i m c o m o
e n g a j a m e n t o e m e l h o r s i n e rg i a e n t re e q u i p e s.
80
Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businesspeople-drawing-symbolizing-power-team-284148389.
Acesso em: 6 jun. 2020
Logo, podemos dizer que, para ser incluído nas organizações, o empowerment deve
se guiar pelas seguintes bases:
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CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-woman-drawing-global-structure-
networking-1006041130. Acesso em: 15 jun. 2020.
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Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Saiba mais
As organizações em rede podem ter qualquer tamanho, desde que contem com alianças para atuar integralmente no
mercado. Além disso, vale citar que as conexões entre organizações ou entre organizações e pessoas são flexíveis a
definir do momento.
Além disso, não há hierarquia entre os atores da rede. Diferente do que acontece internamente aos limites
institucionais. Isso diferencia a rede das multinacionais. Nesse último caso, há integração e formalização das relações
de trabalho.
Uma organização em rede pode contar com serviços terceirizados ou encadeados. Por exemplo, uma fábrica que
produz para-brisas de carros pode estar em rede com diversas montadoras de carros e cada uma colabora na
produção do carro no total. Então, ambas têm interesse na venda de carros pelas concessionárias. Esse é um exemplo
de rede.
Mas vale citar que organizações em redes precisam, antes de mais nada, estar
interconectadas internamente. Ou seja, os funcionários podem comunicar-se e trabalhar
juntos, mesmo que estejam fisicamente distantes. Além disso, deve haver convergência
entre as ações internas, ainda que o processo de trabalho não seja centralizado e que
não aconteça fisicamente no mesmo espaço ou no mesmo país.
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CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
O trabalho típico dos anos 1960 e 1970 consistia em jornada diária fixa, de segunda a
sexta-feira, em horário e local definidos, o que possibilitava delimitar claramente o
tempo dedicado ao trabalho e vida pessoal. O surgimento de organizações globais,
tecnologia, informática e comunicação, hoje, possibilita que funcionários trabalhem
em casa ou em qualquer outro local e a exigência das empresas para que funcionários
trabalhem mais tempo, fez com que esse panorama mudasse. A linha divisória entre
o trabalho e a vida pessoal tornou-se obscura para muitos funcionários, o que gera
conflitos pessoais, estresse e dificulta às pessoas conciliarem compromissos domésticos,
conjugais e sociais. As organizações estão diante do desafio de conseguir ajudar seu
pessoal a atingir o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal sob pena de não atrair
e perder funcionários capazes e motivados.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/partner-business-trust-teamwork-partnership-industry-568024666.
Acesso em: 15 jun. 2020.
Não quer dizer que as questões éticas não fossem importantes anteriormente, mas
significa que na conjuntura atual é preciso que as bases da ação justa e ética estejam
incorporadas nas formas de atuação de todos os colaboradores, ainda que não esteja
no mesmo ambiente físico que seus gestores ou sob controles severos.
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Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Importante
Toda essa necessidade de atuação transparente e responsável, conforme os valores institucionais, decorrem do
desenvolvimento organizacional – que busca a aprendizagem corporativa pela incorporação da flexibilidade e
mudança, e, também, do empowerment – uma vez que os colaboradores serão encorajados a agregar processos
decisórios à sua rotina de trabalho, assim como orperar em espaço global e virtual.
Existe uma grande necessidade de se criar um clima saudável para que os funcionários
possam trabalhar com produtividade, harmonia e confiança. E a construção desse
ambiente de trabalho tem origem na cultura organizacional estudada e na atuação
transparente dos líderes da corporação.
Saiba mais
Para conhecermos o que os estudiosos modernos falam sobre o tema, é transcrita a seguir uma entrevista realizada
pelo Congresso Ambima com o acadêmico Mário Sérgio Cortela:
Não. A ética propicia uma condição de vida saudável e decente. É um valor de vida.
Não há diferenciação do que é um cuidado ético e o que é decência. A ética não é
universal, mas também não é individual. Uma pessoa jurídica, uma empresa é feita
de pessoas físicas, por isso é importante a ética nos negócios. Em uma organização,
partilhamos valores éticos, caso contrário não estaríamos ali. Não há fosso entre
indivíduo e corporação.”
Repare na importância que o estudioso dá à ética no universo corporativo, assim como na vida privada de cada
colaborador!
85
CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
Entenda que cada ser humano é único e irrepetível, assim como as organizações, uma
vez que cada uma possui exclusividade de identidade e cultura, conforme aliança de
sua equipe de trabalho. Por isso a ética é o fator central da convivência humana
e, consequentemente, da sobrevivência corporativa. Note que cada instituição
possui uma missão, e essa missão, com base na atuação humana, é necessariamente
o desenvolvimento. Entretanto, é preciso primar pelo ambiente que circunda a
organização para que esse desenvolvimento seja real e agrege valor. Por isso, é preciso
entender a ética como fator de diferencial.
L o g o, p a r a f i n a l i z a r m o s n o s s o s e s t u d o s , v a m o s n o s d e d i c a r a c o m p re e n d e r
as v a r i á v e i s d o c o m p o r t a m e n t o o r g a n i z a c i o n a l , p a ra q u e n e s s e c o n t e x t o d e
i n sti tu i çõ e s int erc onec t a da s e que t ê m p o r b a s e a co la b o ra çã o cr ia t iva d e ca d a
t ra b a l h a d o r, v o c ê s e j a c a p a z d e a n a l i s a r c o n t e x t o s i n s t i t u c i o n a i s e i d e n t i f i c a r
pontos de intervenção no ambiente de produção conforme a ética e a alta
p e r f o r m a n c e.
Atenção
Falar sobre comportamento organizacional significa ir além de ditar regras ou fórmulas prontas. Ou seja, diante das
características de cada instituição, não é possível desenvolver um manual de bons modos que se aplique a todos os
casos e condições. Essa é a importância de estudar e gerenciar o comportamento organizacional.
Entenda, então, que o comportamento organizacional é uma análise das atitudes e dos
comportamentos dos colaboradores. E, a partir disso, é possível desenvolver condutas
e hábitos para melhorar diversos pontos da corporação. Logo, vamos analisar os níveis
do indivíduo, dos grupos e da corporação como um todo para entender os fatores de
influência no comportamento humano e no comportamento institucional final.
Mas vale destacar que nesse sistema de análise existem variáveis no ambiente que
servem de gatilhos para respostas comportamentais, as quais chamamos variáveis
dependentes. São aquelas que pelo simples fato de comporem o ambiente produtivo
86
Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Atenção
O potencial da organização está diretamente relacionado ao potencial dos seus colaboradores e envolve toda a
organização na sua forma de se portar.
E n t ã o, c o m o i d e n t i f i c a r o q u e i n f l u e n c i a o c o m p o r t a m e n t o o r g a n i z a c i o n a l ?
A s e g u i r, s ã o d e l i n e a d a s a s c o r r e l a ç õ e s e n t r e a s v a r i á v e i s i n d e p e n d e n t e s
( d e t e r m i n a n t e s e “ i m u t á v e i s” ) e a s v a r i á v e i s d e p e n d e n t e s ( d e t e r m i n a d a s e
“m u t á ve i s” ) :
87
CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
Variáveis Independentes
Organização:
Desenho e cultura
organizacional; e
Processos de
Trabalho
Grupos e equipes:
Equipes e
empowerment
Variáveis Dependentes/
Dinâmica de grupos Comportamentais
e entre grupos
Desempenho
Indivíduos
Engajamento
Diferenças
individuais Fidelidade
Percepção e
atribuição Satisfação
Motivação e Cidadania
satisfação Organizacional
Saiba mais
Além das ferramentas citadas, outras devem ser levadas em consideração na análise do comportamento
organizacional. São elas:
» Acompanhamento do índice de rotatividade alinhado com entrevistas demissionais que levantem os motivos das
demissões e os pontos a serem desenvolvidos na corporação.
» Pesquisas de Satisfação para avaliar o quão bem o trabalhador se sente colaborando com a instituição.
» Análise dos resultados institucionais e comparação com as metas traçadas, de modo a identificar o potencial
institucional e os motivos que podem ter desviado a corporação ou setores específicos da entrega ideal com os
projetos realizados, incluindo iniciativa pessoal, motivação e apresentação de sugestões e soluções individuais e
por equipes, considerando participação, engajamento, atendimento aos prazos, entrega de tarefas e entrosamento
geral.
88
Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Variáveis Comportamentais
Variáveis básicas Desempenho
Nível Ambiental Engajamento
Nível Organizacional Fidelidade
Nível Individual Satisfação no Trabalho
Cidadania Organizacional
Variáveis Intermediárias
Variáveis Resultantes Produtividade
Alcance dos Objetivos Organizacionais Adaptabilidade
Valor Econômico agregado Flexibilidade
Renovação Organizacional Qualidade
Crescimento Organizacional Inovação
Satisfação do Cliente
Por isso, é importante notar que todas as facetas da corporação tendem a impactar a
forma como os colaboradores vão cooperar entre si e colaborar com a instituição. Mais
do que isso, o conjunto integrado dos níveis micro, meso e macro-organizacionais vão
responder o modo como a instituição vai lidar com o ambiente, de modo a ser reativa e
a evoluir perante as mudanças e os rearranjos entre as redes que ela integra.
89
CAPÍTULO 6 • Desafios e oportunidades
Saiba mais
A Puma é uma empresa alemã de equipamentos desportivos e atualmente integra o ranking das empresas mais
éticas do mundo, segundo a consultora britânica Eiris. Isso se dá em razão da gestão ambiental, da igualdade de
oportunidades entre os colaboradores e da transparência na sua atuação.
De acordo com a consultoria, a companhia apresenta estruturados sistemas de gestão ambiental como ferramentas
de produção. Além disso, os esforços em envolver a cadeia de fornecedores e outros parceiros comerciais também
somam valor em seu modelo de atuação. Isso não significa que a empresa não tenha fatores internos a serem
melhorados e discutidos, mas significa que há um compromisso com sua equipe e meio social.
Esse modo de atuar no mercado coloca à disposição da empresa parcerias diferenciadas e análise por parte dos
consumidores que promovem a alavancagem das vendas e a economicidade do processo produtivo.
Por isso, entenda a importância da atuação ética. Pequenos desvios e comportamentos antiéticos que visam sanar
de modo pontual demandas da empresa ou dos colaboradores retiram o potencial de uma análise mais ampla do
sucesso e das trocas equitativas com o meio ambiente e com a sociedade.
Esperamos que o universo das corporações e da inclusão social tenha lhe alcançado
e lhe despertado reflexões sobre como podemos construir uma sociedade melhor
através de nosso trabalho e do empenho das empresas das quais fazemos parte.
Desejamos sucesso!
90
Desafios e oportunidades • CAPÍTULO 6
Sintetizando
» O estímulo à inovação é uma busca constante que deve integrar as rotinas da organização de modo a promover
bons resultados e diferencial estratégico.
» A corporação precisa investir em sua equipe e promover a criatividade para superar momentos de crise.
» No mercado moderno as organizações estão interconectadas e operam como uma rede na forma de atender ao
mercado.
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