Construção de Modelo de Jogo
Construção de Modelo de Jogo
Construção de Modelo de Jogo
Porto Alegre
Agosto de 2014
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Porto Alegre
2014
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RESUMO
Faz muito tempo que o Futebol não se limita as barreiras do esporte, tornando-
se um fenômeno cultural extremamente popular. Diversas maneiras de se entender
esse esporte são identificadas quando observamos sua prática ao redor do mundo.
Algumas delas podem nos trazer mais benefícios do que outras. Pensando nisso
elaboramos um estudo no qual pretendemos verificar as possibilidades de
desenvolver o jogo ofensivo e evidenciar algumas de suas implicações. O objetivo
do presente trabalho baseia-se em fornecer uma lógica de entendimento do jogo
através da perspectiva sistêmica; evidenciando a necessidade da criação de um
modelo de jogo para guiar o processo de treino; além de identificar as ideias
responsáveis pela construção de um futebol ofensivo aplicando-as na dinâmica
específica do jogo de futebol. Trata se de uma revisão de literatura que fundamenta
uma proposta metodológica para o ensino da modalidade. Como resultado surge o
Futebol que apresenta a ofensividade como guia de desenvolvimento, trazendo
benefícios efetivos a realidade da Organização que o adotar.
1. INTRODUÇÃO
ainda como subsistema da equipe e como agente de um sistema maior que é o jogo.
Portanto entender as coisas sistematicamente significa colocá-las dentro de um
contexto, estabelecendo a natureza das suas relações.
2.1 GLOBALIDADE
Uma unidade coletiva não se reduz á justaposição dos seus elementos porque
adquire uma identidade global, que é superior a soma das suas partes constituintes
(Morin,1997). Os elementos dessa unidade são “ligados” por uma regra ou lei, ou
seja, com uma determinação lógica, por isso tem uma existência relacionada
enquanto parte dessa unidade. (Kaufmann;Quéré,2001).
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Mourinho acredita que a melhor equipe não é a que tem melhores jogadores; é
aquela que joga como uma equipe. Mais importante do que ter um conjunto de
jogadores, é que estes se relacionem de modo que criem uma unidade coletiva de
jogo.
2.2 INTERAÇÃO
(Morin,1990)
(Silva, 2008)
mas são sobreconfiguradas por regras coletivas que os levam a optar por
determinadas escolhas em detrimento de outras. (Silva,2008)
2.3 ORGANIZAÇÃO
2.4 FINALIDADE
É fundamental que o treinador saiba muito bem aquilo que pretende da equipe
e do jogo, que tenha ideias muito concretas relativamente aos padrões que pretende
que a sua equipe manifeste. Só desta maneira os jogadores terão possibilidade de
compreender as ideias do treinador. É também fundamental que os jogadores
compreendam as suas ideias, ou seja, a sua filosofia de jogo para que deste modo,
possam ter comportamentos ajustados ao que pretende. (Guilherme Oliveira, 2004)
(Azevedo, 2011)
É importante que o treinador saiba muito bem aquilo que pretende para a
equipe, para que possa gerir todo o processo em um determinado sentido.
(Azevedo,2011) A modelação pode ser utilizada para promover a identificação de
relações entre os eventos de jogo e os fatores que afluem para a efetividade das
equipes, isto é, na configuração de padrões de jogo que estejam associados aos
fatores de sucesso e insucesso nas equipes. (Garganta,1997)
O Modelo de Jogo tem a ver com as ideias que o treinador tem para a equipe.
Essas ideias tem de estar relacionadas com os jogadores que tem pela frente e com
o que entendem de jogo. Deve estar relacionado com o clube onde está, com a
cultura desse clube, pois existem clubes com culturas completamente diferentes.
Não adotamos um Modelo de Jogo, nós criamos um Modelo de jogo. O Modelo de
jogo é uma coisa muito complexa e muitas vezes as pessoas são muito redutoras no
entendimento deste conceito de Modelo porque pensam que o Modelo de Jogo é
apenas um conjunto de comportamentos e ideias que o treinador tem para transmitir
a determinados jogadores. É evidente que quando um clube contrata um treinador,
contrata ideias de jogo porque sabe que vai jogar dentro de determinadas ideias,
mas também o treinador quando chega a um clube tem de compreender que vai
para um clube com uma determinada história, em um país com determinadas
características. O Modelo de Jogo tem de envolver tudo isso. Se não se envolve
com tudo isso, o que vai acontecer é que, por mais qualidade que possa ter, pode
não ter o mesmo sucesso do que se tudo isso tiver relacionado. (Guilherme Oliveira,
2006)
Específica com E maiúsculo representa a particularidade do contexto e de uma forma de jogar relativa
às ideias do treinador e ao entendimento pelos jogadores.
Tudo começa em ter ideias coerentes com o lugar e a cultura onde se está
inserido. Ideias possíveis de serem desenvolvidas a partir do que interpretamos das
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pessoas com quem iremos trabalhar. São os pilares para desenvolvermos o nosso
Modelo Jogo.
Percebemos que estas fases estão separadas uma da outra, já que uma
equipe tem a posse de bola e ataca com o intuito de marcar o gol, enquanto a
defesa apenas procura a recuperação da bola, sendo desta forma, abandonada logo
após o objetivo concretizado. Desta maneira parece existir uma sequência lógica
repetível da passagem de uma fase para a outra (Azevedo, 2011). De acordo com
Guilherme Oliveira (2006) não basta só defender ou só atacar, é imperativo ligaestes
dois momentos, no sentido de potenciá-los para um rendimento superior com base
num entendimento global do jogo.
(Valdano,2008)
Princípios Fundamentais
Princípios específicos
1. Penetração
2. Cobertura ofensiva
3. Mobilidade
4. Espaço
Os da defesa são:
1. Contenção
2. Cobertura defensiva
3. Equilíbrio
4. Concentração
(Guardiola)
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Os meias interiores no espaço do extremo quando este baixa é uma ação tática
que não deve acontecer. Eles devem jogar por dentro para tocar, para fazer
coberturas ofensivas aos extremos e para atacarem a área. Não queremos que
estes baixem para pedir a bola aos zagueiros (ficando com toda a equipe adversária
entre a bola e a goleira). Eles devem no mínimo tentar receber entre a linha
avançada e a linha média adversária. (Maciel*,2011)
O extremo é o único jogador que tem direito de perder a bola porque está
obrigado a jogar o 1x1 sempre que poder. Se a perde, o risco que a equipe sofre em
um contra ataque é limitado e; além disso, permite começar a pressão próximo da
área rival. Para um meia central, um extremo sempre é um amigo. (Maciel*,2011)
(Manna*, 2012).
(Guardiola)
adversário pressiona o zagueiro com bola, este tentará passar a bola para outro
zagueiro central. Com o avançado batido, o zagueiro central com bola torna-se
agressivo ofensivamente, conduzindo bola, atacando o espaço e provocando/fixando
um adversário. Nesta fase é provável que seja um meia adversário a ter que sair
começando assim a desestabilizar a estrutura defensiva adversária, provocando
espaços livres. O conceito repete-se e a partir daí as vezes que forem necessárias.
(Maciel*,2011)
Manna (2008) acredita que sair jogando é priorizar o passe desde o início da
construção do jogo. A saída desde o fundo ou a participação dos zagueiros deve
garantir isso. Uma bola perdida por onde se movem os zagueiros centrais pode ser
terrível. Muitos evitam fazer o que deve ser priorizado: riscos que permitem facilitar o
ciclo de jogo que sempre se intencionará construir desde trás. Johan Cruyff (2010)
conta que os jogadores mais importantes para que uma equipe jogue bem com a
bola em seu poder são seus zagueiros. Cruyff acredita que aquilo que equilibra o
jogo é a bola. Se perde muitas bolas será uma equipe desequilibrada, perde poucas
e será o equilíbrio.
conceito foi desenvolvido para facilitar a saída de jogo. Trata-se de uma saída
arriscada devido às consequências que podem vir de uma imprecisão ou de um bom
“pressing” do adversário. Existe um alto risco nessa saída, porém, na fase ofensiva a
equipe ganha muita amplitude. Ao mesmo tempo em que facilita às linhas interiores
de recepção do primeiro passe, habilita a zona de aceleração com o segundo e
sucessivos passes. Formam-se assim diversas linhas horizontais e verticais de
passe, oferecendo apoios e coberturas constantes. Primordial é então, o princípio
ofensivo de coberturas permanentes. Desta maneira pretende-se superioridade
numérica com essa saída. (Perarnau,2012)
(Guardiola)
(Manna*,2012 )
(Guardiola)
(Guardiola)
(Guardiola)
(Cruyff, 2002)
Arrigo Sacchi soube recorrer a uma coisa que já havia sido feita, a zona,
incorporando nela o “pressing”. Assim criou uma zona agressiva que provocou uma
mudança importante, a zona pressionante.
De acordo com Michels, assim que a sua equipe perdesse a posse de bola,
cada jogador deveria rapidamente aproximar-se do adversário que estivesse mais
próximo de si para marcá-lo. Isto deveria acontecer com cada um dos adversários
de modo a que, quando a bola fosse dirigida para um deles, um jogador seu
pudesse interceptar a bola e de imediato reiniciar as ações ofensivas. (Amieiro,2004)
A zona passiva de retrocesso e espera foi dando lugar a uma zona agressiva
com a qual se procura impedir a construção do jogo adversário. (Caneda Pérez
1999) A diferença está na defesa adiantada e na pressão.
Alguns autores nos sugerem que a única condição de uma defesa equilibrada é
a constante compactação da equipe, independente da zona do campo. Garganta
(1997) afirma que restringir o espaço para jogar significa diminuir o tempo para agir
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pois o jogo consiste numa luta incessante pelo tempo e pelo espaço. Colaborando
com essa afirmação, Frade (2002) acredita que quando defende a equipe deve fazer
campo pequeno, reduzindo o espaço de jogo à equipe adversária. A ideia é ter os
setores próximos entre si e conseguir superioridade numérica junto à bola. Uma
equipe com um bom funcionamento comporta-se como uma unidade compacta na
hora de defender. É possível pressionar rapidamente o portador da bola, conseguir
apoio mútuo entre os jogadores e concentrar vários jogadores nas proximidades da
bola. (Bangsbo; Peitersen 2002)
Cruyff afirma que o aspecto mais importante no futebol são as linhas. Se elas
não se movimentarem corretamente, a equipe nunca consegue ter um bom
posicionamento em campo. As linhas que se encontram atrás da linha da bola
devem reduzir os espaços entre si para provocar uma grande densidade defensiva
que dificulte a progressão do jogo ofensivo adversário e favoreça a recuperação da
bola. (Lopez, 2003)
(Maturana,1999)
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-Deter linhas de passe sobre zonas contrárias a aquelas onde se perdeu a posse e
sobre espaços interiores do bloco defensivo (intervalos entre estruturas móveis e
fixa);
-Retrair em caso de não obter êxito na recuperação imediata da bola, para recompor
o bloqueio defensivo e facilitar o desenvolvimento do momento de organização
defensiva.
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A partir do momento que a equipe adversária tem a bola, tudo está relacionado
com estragar qualquer ação cadenciada. A progressão do adversário deve ser
dirigida sobre os espaços menos conflitivos, anulando aquelas linhas de passe de
maior lógica para avançar, se liberam de seus oponentes diretos para ir roubar a
bola, aparecendo por fora do campo visual do adversário. (Garganta,2011) As
cooperações defensivas são constantes em todos os espaços, provocam inúmeros
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erros de passe, diminuem o tempo da tomada de decisão do jogador que tem que
realizar a operação mais conveniente.
Essa concepção defensiva, lida com a intenção dos atacantes, faz com que
esses andem mais atentos com o que fazem do que com o que os adversários
podem fazer com a bola. Acaba por ser complicado encontrar algum jogador com
vantagens posicionais, além do que quando adquirida, seu companheiro portador da
bola tem verdadeiros problemas para relacionar-se com ele, já que está impedido de
receber se move, ficando excluído do jogo.
(Guardiola)
1ª linha (atacante)
-Evitar recepções dos meias, premeditando a recepção da bola pelos laterais para
facilitar a organização para a recuperação da bola.
-Pressionar em circulação para evitar que o futuro receptor acabe orientado de frente
para a nossa goleira.
Para isso, os zagueiros centrais devem buscar conectar o jogo com os meias
avançados, jogadores encarregados de conferir sentido à organização ofensiva da
equipe. (Maciel*, 2011) Estes jogadores buscam espaços desocupados, ou atrás da
linha adversária mais avançada ou aproveitando áreas desocupadas pela oscilação
coletiva dos adversários. Seu posicionamento deve ser escalonado. Em caso de não
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Cada vez que algum zagueiro central abandona seu posto específico para
atacar o espaço é o meia recuado (volante) que se encarrega de acolher suas
responsabilidades enquanto o central se ausenta.
Outro dos recursos originados pelas chuteiras dos zagueiros centrais é o passe para
o extremo mais afastado de sua posição, que espera situado em largura máxima
(abertos e profundos). Com esta relação busca-se diminuir a eficácia da basculação
defensiva do adversário, buscar o lado fraco do sistema defensivo do adversário.
Durante a manifestação dessa ação ofensiva busca-se abrir intervalos entre
unidades defensivas, derivadas de possíveis desajustes na basculação, algo
geralmente aproveitado pelos meias adiantados e pelo atacante para penetrar
nesses espaços. A intenção primária não é outra que superar as primeiras estruturas
de oposição por meios de recepções pelo interior do próprio esqueleto defensivo.
(Moreno,2009)
Desmarques que possibilitem receber a bola pelo interior do bloco defensivo para
facilitar o posterior desequilíbrio através de passes curtos laterais.
Sendo coerente com esse pensamento, sugerimos que essa forma de pensar o
futebol deva fundamentar a metodologia aplicada nas categorias de formação dos
clubes de futebol, pois visa o desenvolvimento das capacidades específicas dos
jogadores podendo ampliar o leque de habilidades do jogador nos aspectos
relacionados à competição.
Pensamos que a maneira mais produtiva deva ser desenvolver o jogo de forma
objetiva, procurando assegurar a posse da bola em todo o momento para com ela
buscar o gol.
Em etapas iniciais, passamos por clubes que não podem nos proporcionar
condições mínimas para o desenvolvimento do trabalho, porém realizar o exercício
de criar respostas para essas dificuldades podem nos trazer experiências que
tornam o repertório do treinador mais completo, nos aproximando de oportunidades
melhores.
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Por fim, a partir das ideias aqui expostas, esperamos ter condições de
desenvolver a habilidade de conduzir a construção do modelo de jogo estimulando a
reflexão nos jogadores envolvidos, aumentando assim suas capacidades de
treinamento e competição.
REFERÊNCIAS
MACIEL, J. Não o deixes matar o bom Futebol e quem o joga. Pelo Futebol
adentro não é perda de tempo! Porto. Chiado Editora,2011
*MACIEL, J. Não o deixes matar o bom Futebol e quem o joga. Pelo Futebol
adentro não é perda de tempo! Anexo 6- Entrevista com Guardiola por Nuno
Amieiro. Porto. Chiado Editora,2011
MCsports,2008.
Anexo I.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO
2.1 GLOBALIDADE
2.2 INTERAÇÃO
2.3 ORGANIZAÇÃO
2.4 FINALIDADE
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS