Mula Como Barriga de Aluguel

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MULA COMO BARRIGA DE ALUGUEL

Uma técnica inédita desenvolvida pelo veterinário mineiro Marcelo Melo


tem permitido a utilização de mulas (animal estéril) como barriga de
aluguel de embriões originados do cruzamento entre éguas e jumentos.
A técnica,batizada de transferência de embriões extra-específicos,
consiste noTransplante in vitro de embriões originários de éguas
fecundadasartificialmente pelo sêmen de jumentos em mulas, ou seja, a
mula faz agestação do embrião de uma possível nova mula (fêmea) ou
um burro(macho). O veterinário explica que, embora a mula não possa
gerar, ela tem o aparelho reprodutivo completo, permitindo o
desenvolvimento dos filhotes dentro dela. Uma grande vantagem desse
processo está relacionada à preservação da égua doadora - geralmente
top de linha - que poderá disponibilizar vários embriões, cerca de cinco
ou mais ao ano, aumentando o plantel da propriedade sem desgastar o
animal. Outro benefício diz respeito à maior valorização da mula
receptora, que passa de simples burro de carga a uma fonte de renda
adicional com seus filhotes. E o maior deles, segundo o estudo, é a
eliminação do risco de contaminação do feto por anticorpos agressores
presentes somente no leite da égua e causadores da doença isoeritrólise
neonatal – mal que atinge cerca de 10% da população de muares
(filhotes de jumento com éguas). A ingestão do leite da égua
contaminado provoca no filhote a perda expressiva de sangue através
da urina, levando à morte por anemia. “Eliminamos totalmente o risco
dessa contaminação na medida em que o animal gerado será uma mula,
que irá se alimentar do leite produzido por outra mula. Isso, por si só, já
garante que o resultado do transplante será um sucesso depois de
parido o filhote”, explica Melo, que já entrou com pedido de patente
para o método. O procedimento é um dos cinco primeiros no mundo, e
inédito no Brasil. Além do pioneirismo da técnica, descobriu-se uma
aptidão das mulas para a função de mãe, nunca antes documentada.
Elas cuidam melhor das crias do que as próprias éguas, na medida em
que são animais mais rústicos e com menor exigência alimentar
comparando as éguas. Para o veterinário, isso pode aumentar o valor
final dos animais, num mercado que já movimenta milhões de reais por
ano. A nova técnica foi testada em um projeto piloto realizado na
Fazenda Santa Edwiges, no município de Lagoa Dourada (MG),
resultando no nascimento de dois burros. Segundo o proprietário da
fazenda, Tarcísio Resende, a observação leva a crer que essas crias
serão ainda mais fortes que a geradas por processo natural.
“Acreditamos que os animais resultantes dessa experiência serão
melhores, uma vez que não precisam se preocupar com sua
sobrevivência já que as mulas são excelentes mães e protetoras”,
analisa. Segundo Melo, essa aptidão para ser mãe é bem maior nas
mulas do que nas
éguas. “Classifico como excelente a condição de mãe desses animais.
Elas são mais atenciosas, cuidadosas e permitem um melhor
desenvolvimento dos filhotes. Este não era o objetivo principal da
pesquisa, mas foi uma agradável surpresa. Isso porque possibilita que
os embriões, que já eram selecionados, tenham mais um diferencial,
como forma de melhorar ainda mais o plantel da propriedade na qual a
transferência for realizada”, analisa. Com investimento de
aproximadamente R$1.500,00 é possível implementar todo o processo.
“Uma mula de qualidade, segundo os últimos leilões que presenciei,
chega a valer R$ 80 mil. Isso demonstra que o custo-benefício do
processovale a pena”, enfatiza Melo, que ainda ministra aulas de
Tecnologias da reprodução em equinos no interior do estado.

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