Estrangeirismo - Análise Da Letra Samba Do Approach
Estrangeirismo - Análise Da Letra Samba Do Approach
Estrangeirismo - Análise Da Letra Samba Do Approach
SAMBA DO APPROACH
(Zeca Pagodinho & Zeca Baleiro)
Refrão:
Refrão:
Refrão:
Refrão
uando aprendemos uma língua não descobrimos apenas um sistema de signos. Aprendemos
também que esses signos carregam significados culturais. A leitura de um texto nos aproxima de
hábitos, costumes, conceitos e pontos de vista de povos e culturas diferentes. Ao preparar uma aula
de leitura, o bom professor estimula os alunos a verbalizar expectativas, utilizar o conhecimento
textual, lingüístico e de mundo e desvendar as pistas formais que o autor fornece. O exercício
requer o domínio de habilidades de decodificação, para um compartilhamento mínimo de referências
simbólicas que permitam a interlocução. Para tanto é importante os alunos aprenderem estratégias
que dinamizem a interação de leitor e texto.
Objetivo
Ensinar os alunos a usar diferentes estratégias de leitura para se aproximar da intenção do autor. Ao ler,
podemos ter diferentes intenções. Aqui importa atribuir sentido ao uso que o compositor Zeca Baleiro faz
de palavras de origem inglesa e francesa no Samba do Approach. As atividades propostas enfocam o
caráter cultural do signo lingüístico e pretendem mostrar como usar adequadamente o dicionário.
Primeira aula
Durante a leitura:
Leia a canção em voz alta. Faça pausas e pergunte o que a turma entendeu. Motive os estudantes
a rever perspectivas e conceitos equivocados. É provável que muitos não compreendam palavras
estrangeiras.
Proponha uma leitura silenciosa com o objetivo de apontar outras palavras estrangeiras além de
approach.
Convide os alunos a dizer o que encontraram e como entendem o que cada termo quer dizer.
Sugira que procurem as definições no dicionário.
Entregue os dicionários inglês-português e encomende uma pesquisa sobre as palavras que não
foram encontradas na atividade anterior. Proponha que os grupos façam anotações e depois
comparem com o que produziram os colegas de outros grupos. Importante: mesmo dicionários
inglês-português não oferecem algumas das respostas. Questione a classe sobre os motivos que
levam um vocábulo a ser dicionarizado.
Pergunte, então, por que incorporamos ao nosso vocabulário palavras de outros idiomas.
Encarregue os alunos de tomar nota das próprias hipóteses, já que a discussão terá continuidade.
Segunda aula
Propor uma análise coletiva da definição que o Novo Dicionário Aurélio oferece para brunch: "Ing.
br(eakfast) + ( l )unch, refeição farta e substanciosa, ingerida especialmente nos fins de semana e
feriados, e que substitui o desjejum e o almoço". Ressalte que não existe uma palavra em português
com o mesmo significado, o que impossibilita a existência do verbete em dicionários português-
inglês. Outro aspecto que merece atenção: algumas camadas sociais no Brasil já incorporaram o
costume de substituir o café da manhã e o almoço por uma refeição só — principalmente nos fins de
semana — e a chamam de brunch.
Agora tome a expressão happy hour. A prática de se reunir no final da tarde para beber e comer
algo leve já existia entre nós quando passamos a usar a expressão em inglês para nomear esse
momento, certo?
Chegou a hora de pedir que os alunos pesquisem o verbete brunch no dicionário inglês-inglês. Eles
verão uma descrição similar à oferecida pelo Novo Aurélio, só que em inglês.
Pergunte, então, por que alteramos nossos hábitos de tempos em tempos e criamos palavras. Se
houver oportunidade, defina estrangeirismo e explique que muita gente considera "sofisticado" e
"elegante" empregar vocábulos importados mesmo quando há equivalentes em português. Discuta a
Lei 1.676/99, do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), que tenta reduzir o estrangeirismo na
mídia.
Por fim, sugira que todos releiam o texto e tentem traduzir a intenção do autor ao chamar sua obra
de Samba do Approach. Que hábitos ele descreve no texto? Que grupos sociais se identificam com
essa linguagem? Peça que os adolescentes retomem suas anotações para debater em grupo.
Observe que Zeca Baleiro mescla palavras recentes na nossa cultura a outras mais antigas, como
ferryboat, macho man e pop star.
Trocando em miudos
Há três termos usados no início deste plano de aula que merecem um olhar mais atento. Signo, para os
lingüistas, designa o conjunto formado pela palavra e o que ela quer dizer. Mais adiante aparece
decodificação. Leve em conta que toda língua é um código cheio de sinais que só fazem sentido para
seus usuários. Decodificar é traduzir esse código. É ler ou ouvir uma palavra e entendê-la. A proposta de
aula também cita referências simbólicas. O termo referências, no caso, indica conhecimento. E
simbólicas, aqui, tem a ver com o sentido não literal das palavras. Referências simbólicas, portanto, são o
conhecimento de mundo necessário para perceber as entrelinhas de um texto.
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/samba-approach-423467.shtml