Metodos e Tecnicas de Pesquisa em Historia
Metodos e Tecnicas de Pesquisa em Historia
Metodos e Tecnicas de Pesquisa em Historia
Métodos e Técnicas de
Pesquisa em História
1ª EDIÇÃO
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
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Ministro da educação Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Cid Gomes Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor de educação a Distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do Departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do Departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do Departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Como Fazer Pesquisa em História? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Construção do Projeto de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Apresentação
Prezado(a) Acadêmico(a),
O presente caderno de Métodos e Técnicas da Pesquisa em História é parte constituinte dos
materiais fundamentais da sua formação em História pela UAB/Unimontes.
Este material didático foi produzido, tendo em vista que o seu processo de formação como
pesquisador não se esgota apenas neste instante do curso. Por isso, esteja atento (a) à configu-
ração da matriz curricular do nosso curso, notadamente à disciplina Trabalho de Conclusão do
Curso (TCC), a qual você cursará a partir do 6º módulo.
Você deve estar se perguntando qual é o motivo de falar de uma disciplina que sequer foi
vista e que pertence ao sexto módulo. Podemos responder a você que as disciplinas do seu curso
estão todas interligadas e não seria diferente com Métodos e Técnicas de Pesquisa.
9
UAB/Unimontes - 4º Período
ções, etc.), nós, também, assim procederemos! Construiremos o nosso projeto de pesquisa em
História na segunda unidade. Para tanto, dividimos a segunda unidade nos seguintes tópicos:
2.1 Apontamentos gerais
2.2 Delimitação do tema
2.3 Especificação do quadro teórico
2.4 Procedimentos metodológicos e fontes de investigação
2.5 Construindo seu cronograma de atividades
2.6 Cuidados com a redação científica
2.7 Partes constituintes do projeto de pesquisa
Esses itens contribuirão para a construção de seu projeto. Revelarão escolhas, como a do fa-
moso historiador italiano Carlo Ginzburg que, em entrevista recente ao Jornal Folha de São Paulo
(2008), declarou:
Assim como Ginzburg, você já encontrou resposta para seu interesse pela História? A curio-
sidade, a investigação, os detalhes, o desafio, o desvendar das tramas, etc. são aspectos que po-
dem compor a sua resposta. Certamente você elencará diversos outros. Ginzburg, por exemplo,
não conseguiria fazer outra coisa, senão produzir, pensar e sentir a história. Sabe como ele che-
gou a essa conclusão? “Desvendando os caminhos da pesquisa histórica” à luz de muito estudo e
de uma sólida formação. Algo semelhante à mensagem contida na figura.
Figura 2: Fim do ►
mundo.
Fonte: Disponível em
<http://micromacropu-
zzle.blogspot.com/200
9_06_01_archive.html>.
Acesso em 24 abril 2010.
10
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Bom estudo!
Dayse Lúcide Silva Santos
11
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Unidade 1
Como Fazer Pesquisa em
História?
1.1 Introdução
O conhecimento do passado consistirá, então, em sua interpretação e organização a partir
de problemas e através de conceitos. O resultado final é um passado que o presente tem neces-
sidade de conhecer. O tempo reconstruído da história-conhecimento está, e isto é explicitado, a
serviço do presente.
Bom estudo!
13
UAB/Unimontes - 4º Período
Figura 3: Passeata ►
Fonte: Disponível
em <http://rogelio-
casado.blogspot.
com/2009_07_01_archi-
ve.html>. Acesso em 26
jan. 2010.
ATIVIDADE
Na figura 03 (retirada de um blog da internet), podemos perceber diversos aspectos de uma
Discuta no fórum a dada realidade. Um deles, por exemplo, são as formas de protestos dos trabalhadores que fazem
imagem constante na fi-
gura. Cada um de vocês uma “marcha” e a divulgam na internet. Chartier será o historiador que nos ajudará a pensar so-
interpretará a seu modo bre a relação do pesquisador e seu objeto de estudo cujos temas sejam dos dias atuais, pois
a mensagem da figura
03. Descubram quantos [...] o historiador do tempo presente é contemporâneo de seu objeto e, portanto,
olhares são possíveis partilha com aqueles cuja história ele narra as mesmas categorias essenciais, as
sobre ela. Esse será um mesmas referências fundamentais. Ele é, pois, o único que pode superar a des-
exercício de percepção/ continuidade fundamental que costuma existir entre o aparato intelectual, afeti-
impressão de uma dada vo e psíquico do historiador e o dos homens e mulheres cuja história ele escreve.
realidade sob muitos [...] Para o historiador do tempo presente, parece infinitamente menor a distância
olhares. entre a compreensão que ele tem de si mesmo e (CHARTIER, 1996, p. 216).
[...] a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos
gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais entre plantas e
galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios,
nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa
matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto
não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta as
pessoas e as coisas que não têm voz (FERREIRA GOULLAR, 1930).
14
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
“O nosso canto” pode ir além. O historiador não mais se fartará de histórias de grandes ho-
mens presos em suas decisões de gabinete. É preciso “ir onde o povo está” e desvendar as mais
diversas formas histórico-culturais da expressão humana. Todavia, esteja sempre atento para não
cair em armadilhas da nossa racionalidade. A investigação histórica exige que o pesquisador se
afaste da noção de subordinação das dimensões do social, de visões dicotômicas da realidade so-
GLOSSÁRIO
cial, de hierarquização ou compartimentação do saber e das diversas dimensões da vida. Ainda, é
fundamental perceber que o processo histórico deve ser apreendido longe de olhares preconcei- Método Científico: um
instrumento utilizado
tuosos e com a capacidade de romper com a noção de linearidade, de progresso e evolução.
pela Ciência na sonda-
Desse modo, você, que construirá o seu projeto de pesquisa neste momento, poderá evi- gem da realidade, mas
denciar o sentido das ações, das omissões, das estratégias de homens, mulheres e as mais di- um instrumento for-
versas instituições, notadamente a ação dos atores sociais até pouco tempo não contemplados mado por um conjunto
pela História. As possibilidades de interpretação, de olhar, de sentir, de perceber, são múltiplas. de procedimentos,
mediante os quais os
Caberá a cada indivíduo/pesquisador lapidar o seu olhar para perceber a complexidade das di-
problemas científicos
mensões da vida. Sendo assim, a História não tem um sentido único, inevitável, linear. Antes, ao são formulados e as
contrário, ela possui sentidos múltiplos e multifacetados, dependendo da subjetividade de quem hipóteses científicas são
olha, o que olha, como olha e quando olha. examinadas (GALLIANO,
Agora é com você! Mas, como fazer a pesquisa histórica? Iniciemos na definição de método 1986, p. 32).
e metodologia.
◄ Figura 4: Charge
métodos científicos
Fonte: Disponível em
<http://lusodinos.
blogspot.com/2008/12/
mtodo-cientfico-vs-cria-
ATIVIDADE
cionista.html>. Acesso Analise a figura 4 sobre
em 24 abril 2010. O Método Científico e
discuta no fórum desta
disciplina:
“Quais são os diferentes
modos para chegarmos
ao conhecimento?”
A palavra método vem do grego methodos, composta de meta: através de, por
meio de, e de hodos: via, caminho. Usar um método é seguir regular e ordenada-
mente um caminho através do qual uma certa finalidade ou um certo objetivo é
alcançado. No caso do conhecimento, é o caminho ordenado que o pensamento
segue, por meio de um conjunto de regras e procedimentos racionais, com três
finalidades:
1. conduzir à descoberta de uma verdade até então desconhecida;
2. permitir a demonstração e a prova de uma verdade já conhecida;
3. permitir a verificação de conhecimentos para averiguar se são ou não verda-
deiros.
O método é, portanto, um instrumento racional para adquirir, demonstrar ou ve-
rificar conhecimentos. (CHAUÍ, 2000, p.199).
15
UAB/Unimontes - 4º Período
DICA Agora que esclarecemos a ideia de “método”, certamente devemos nos perguntar como é
que essa lógica se apresenta nas Ciências Humanas, área na qual está inserido o conhecimento
histórico.
Não podemos nos esquecer de que a História pretende compreender e interpretar o sentido
das ações humanas, bem como os seus diversos modos de expressão e representação expressos
na cultura, nos desejos, nos comportamentos, nas transformações históricas, enfim, em toda ex-
pressão, criação e invenção humana ao longo do tempo.
Ainda, é importante distinguir metodologia de método. Assim, podemos afirmar que a me-
todologia é o conjunto de procedimentos empregados na realização/execução de um estudo/
pesquisa. Sendo assim, o método é responsável pela cientificidade do trabalho do historiador no
ofício de desvendar e interpretar as complexas teias que constituem a História.
Podemos afirmar que os tipos de pesquisa, quanto a sua natureza, são: qualitativa e quan-
titativa. Já, quanto às modalidades da pesquisa em História, essa classificação pode ter a seguin-
Figura 5: Capa do Livro te especificação: pesquisa descritiva, pesquisa documental, pesquisa bibliográfica. Ainda, vale
Os Métodos da História destacar que o método utilizado na pesquisa histórica necessita das Ciências Sociais e Humanas
Fonte: Disponível em e pode ser denominado de: método de história oral, método indiciário, método de montagem,
<http://pesquisaecia.blo-
gspot.com/2008_05_01_ método de descrição densa, etc.
archive.html>. Acesso em
29 jan. 2010.
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
o termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que
constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visí-
veis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível (CHIZZOTTI, DICA
2006). Em História, é comum
encontrarmos estudos
Vale ressaltar que: quantitativos na cha-
• A pesquisa qualitativa fornece uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais, mada História Demo-
gráfica.Vamos conhecer
apoiados no pressuposto da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social, visto que um trabalho histórico
foca fenômenos complexos e/ou fenômenos únicos. realizado segundo esse
• A pesquisa qualitativa pode ser aplicada em três diferentes situações: pressuposto? Acesso
• A evidência qualitativa substitui a simples informação estatística relacionada a épocas atuais o site: http://www.
e/ou passadas; cedeplar.ufmg br/pes-
quisas/td/TD%20310.
• A evidência qualitativa é usada para captar dados psicológicos que são reprimidos ou não pdf e retire o texto do
facilmente articulados, como atitudes, motivos, pressupostos, quadros de referência, etc.; pesquisador Dr. Mar-
• A evidência qualitativa foca, por meio da observação, indicadores do funcionamento de es- celo Magalhães Godoy
truturas e organizações complexas que são difíceis de mensurar quantitativamente (VALEN- (2007) O primado do
TIM, 2008). mercado interno: A
proeminência do espa-
ço canavieiro de Minas
Sobre a pesquisa quantitativa, destacamos que: Gerais no último século
• A pesquisa quantitativa supõe uma população de objetos de observação comparável entre de hegemonia das ativi-
si; dades agroaçucareiras
• A pesquisa quantitativa enfatiza os indicadores numéricos e percentuais sobre determinado tradicionais no Brasil.
Leia e debata com seus
fenômeno pesquisado; colegas o modo como o
• A pesquisa quantitativa apresenta gráficos e tabelas, comparativas ou não, sobre determina- autor analisou os dados
do objeto/fenômenos pesquisados. quantitativos.
• A pesquisa quantitativa pode ser aplicada juntamente com a pesquisa qualitativa. Fonte: Disponível em
<http://www.cedeplar.
ufmg .br/pesquisas/
Vejamos exemplos de textos que trabalharam o processo de pesquisa por meio de levanta- td/TD%2031 0.pdf.>.
mentos de dados trabalhados quantitativamente: Acesso 29/01/2010.
BOX 1
Exemplo de texto resultante de levantamentos quantitativos:
Minas Gerais foi durante o século XIX e início da centúria seguinte, o mais importante
espaço canavieiro do Brasil. Para a década de 1830, estima-se a existência em Minas Gerais
de quase que 4.150 unidades produtivas com transformação da cana-de-açúcar. Provavel-
mente, a soma de todos os engenhos do litoral nordestino, do norte fluminense e do planalto
paulista, as principais regiões produtoras de açúcar para mercados externos, não alcançava a
metade do número de engenhos mineiros. Para este mesmo período, estima-se que aproxi-
madamente 40% da força de trabalho escrava de Minas, mais de 85.000 cativos, era empre-
gada, sazonalmente, na fabricação de açúcar, rapadura e aguardente. É grande a probabili-
dade de que em nenhum outro espaço canavieiro, em qualquer período da história do Brasil
escravista, tenha sido empregado contingente desta magnitude. Ainda para a quarta década
do Oitocentos, estima-se que Minas produzia em torno de 33.200 toneladas de açúcar e rapa-
dura e mais de 22 milhões de litros de aguardente. As informações disponíveis indicam que
a produção paulista de açúcar não superava 8.500 toneladas e a de Pernambuco estava em
torno de 27.000. As exportações de açúcar da Bahia não perfaziam 30.000 toneladas, as do Rio
de Janeiro não alcançavam e Alagoas e Sergipe exportavam juntas menos de 6.000 toneladas
“(GODOY, 2004: 525-557).
Fonte: GODOY, Marcelo Magalhães. No país das minas de ouro a paisagem vertia engenhos de cana e casas de
negócio – Um estudo das atividades agroaçucareiras tradicionais mineiras, entre o Setecentos e o Novecentos, e do
complexo mercantil da província de Minas Gerais. São Paulo: FFLCH/USP, 2004. Tese de doutorado.
17
UAB/Unimontes - 4º Período
BOX 2
Exemplo de texto resultante de pesquisa qualitativa utilizando jornais.
Para a mulher, D. João também se preocupou em orientar sobre o seu papel na vivência
conjugal. Assim, elas deveriam:
1º Amar o marido;
2º Respeitá-lo como seu chefe;
3º Obedecer-lhe com afeto e prontidão;
4º Adverti-lo com discrição e prudência;
5º Responder-lhe com toda a mansidão;
6º Servi-lo com desvelo;
7º Calar quando o vir irritado;
8º Tolerar com paciência seus defeitos;
9º Não ter olhos, nem coração para outro;
10º Educar catolicamente os filhos;
11º Ser muito atenciosa e obediente para o sogro e sogra;
12º Benévola com os cunhados;
13º Prudente e mansa, paciente e carinhosa com toda a família.
Quando se observa o papel definido pelo Bispo para a esposa, em relação ao marido, res-
salta-se o papel de subordinação que cabia à mulher. Logo no parágrafo segundo, enquanto
cabia ao marido “respeitar a esposa como companheira”, o mesmo respeito era cobrado da
mulher, mas numa posição de sujeição, devido à condição de chefe do núcleo familiar ocu-
pado pelo marido. Foram também acrescidos mais dois pontos importantes em relação aos
deveres do marido: tratar bem o sogro, a sogra e ser benévola com os cunhados, subordinan-
do a mulher aos interesses do clã marital. Cabia à mulher o sustento ideológico e afetivo do
núcleo familiar, por meio de deveres que exigiam das mesmas: mansidão, recato, fidelidade,
prudência e subordinação. Em ambas as obrigações, o amor conjugal vem em primeiro lugar,
denunciando a parceria entre amor e convivência dos casais para construir um lar feliz. Mas ao
homem estava destinado o mando e a liderança do lar, à mulher, a obediência, a resignação e
o servilismo.
18
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Esse projeto moralizador implementado pelo clero diamantinense, desde a época do Bis-
po D. João Antônio dos Santos (1863), teve continuidade com o Arcebispo D. Joaquim Silvé-
rio de Souza (1905) e utilizou-se do argumento de que, em Diamantina, assistia-se à perigosa
“transição dos costumes”, com o intuito de diminuir as transgressões às normas instituídas. Tal
projeto deveria estender-se às comunidades que estavam sob os cuidados da Mitra de Dia-
mantina. Os Jornais e as Visitas Pastorais tornaram-se peças importantes nesse processo.
Fonte: Adaptado de: SANTOS, Dayse Lúcide. O padrão idealizado de família e de mulher em Diamantina e região.
UNIMONTES Científica, v. 5, p. 57-25, 2003.
Observe que a pesquisa que trabalha com dados quantitativos se preocupará em analisar
esses dados de modo a explicá-los, interpretá-los, tendo em vista o conhecimento histórico. No
primeiro exemplo, o autor precisou levantar dados quantitativos para proceder à sua análise e as
relações por ele realizadas. No segundo exemplo, de modo geral, ficou patente a análise do dis-
curso veiculado em jornais, os quais nada têm de “inocentes” e representam o modo de pensar
de uma dada instituição social.
Feita essa distinção, passemos adiante na discussão quanto às modalidades da pesquisa.
a) Pesquisa Descritiva
Nessa modalidade de pesquisa você irá observar, registrar, correlacionar e descrever fatos
ou fenômenos relativos a uma dada sociedade/realidade. Esse tipo de pesquisa é ideal para o
estudante que tem como problema aspectos da realidade social atual.
A grande característica dessa pesquisa é o procedimento de seleção de porções aleatórias
da população/sociedade estudada, objetivando alcançar conhecimentos empíricos da sociedade
atual. Sendo assim, em geral, não haverá a necessidade de você trabalhar com a totalidade da
sociedade objeto de sua análise, mas com porções desta.
Metodologicamente, é fundamental pensar alguns passos:
• 1º: Realizar busca na literatura sobre o seu tema, visando aprofundá-lo e/ou compreendê-lo
melhor;
• 2º: Levantar informações coletadas na realidade observada;
• 3º: Lançar mão de diversos instrumentos de coleta de dados, tais como questionários, ob-
servação, entrevista, registro fotográfico, etc.
• 4º: Explicitar as razões que levaram você a escolher uma dada sociedade para análise, logo, a
sua amostra para estudo deve ser relevante;
• 5º: Analisar os dados coletados à luz da literatura vigente, de modo a refletir sobre a socie-
dade, tecendo comparações, críticas e análises, aprofundando o seu problema de pesquisa.
As pesquisas em geral possuem técnicas diversas que nos fazem chegar até uma dada infor-
mação. Podemos destacar os questionários, a observação e a entrevista.
Por fim, podemos realizar os seguintes destaques para a pesquisa descritiva:
• observa, registra, correlaciona e descreve fatos ou fenômenos de uma determinada realida-
de sem manipulá-los.
• procura conhecer e entender as diversas situações e relações que ocorrem na vida social,
política, econômica e demais aspectos que ocorrem na sociedade.
• caracteriza-se pela seleção de amostras aleatórias de grandes ou pequenas populações su-
jeitas à pesquisa, visando obter conhecimentos empíricos atuais.
• O objetivo é trabalhar com dados relativos à atualidade, observando uma determinada rea-
lidade para explicar um determinado objeto e o(s) fenômeno(s) relacionados à problemática
da pesquisa.
19
UAB/Unimontes - 4º Período
b) Pesquisa Documental
Em geral, definimos a pesquisa documental como sendo aquela que utilizará documentos
que, para o historiador, constituem as fontes de seu estudo, as pistas e os indícios pelos quais
vai perseguir as respostas para suas indagações. Você já visitou arquivos municipais e estaduais,
igrejas, museus, sindicatos e bibliotecas públicas? Nesses locais, encontra-
mos diversos documentos que podem ser analisados. Tais documentos es-
tão inseridos em determinados contextos e fornecem informações sobre os
mesmos, sendo, portanto, de suma importância para o historiador.
Os mais diversos processos históricos vivenciados pela sociedade dei-
xaram pistas, traços, pegadas sobre as quais o historiador debruça-se para
compreender/interpretar uma sociedade em estudo, contextualizando-a,
problematizando-a.
Você deve estar se perguntando como proceder para efetivar uma pes-
quisa documental. Podemos destacar alguns passos fundamentais, a saber:
• 1º: identificação das fontes ligadas ao seu projeto de pesquisa;
• 2º: conhecimento, ao máximo, de informações referentes às fontes uti-
lizadas, desde sua procedência à fabricação, datação, enfim, dados mais ob-
▲ jetivos;
Figura 6: O historiador • 3º: seleção de documentos mediante levantamento anterior.
dispõe de certos meios • 4º: reflexão constante sobre os dados/informações que encontrar ao longo da pesquisa
científicos para alcançar guiado também pela literatura sobre a temática pesquisada.
conhecimentos e, além Diversos são os lugares de pesquisa onde o historiador pode “beber” para produzir o seu
disso, serve-se de certa “mel”. Vejamos.
sistematização, ou
seja, põe em ordem os
resultados obtidos pela BOX 3
pesquisa Fontes de pesquisa do Historiador
Fonte: Disponível em
<http://fscastro.blogspot.
com/2007/04/o-estudo- Arquivos do Poder Executivo, cuja documentação em geral é encontrada nos Arquivos
-histórico-começa-quan- Públicos Municipais, Estaduais ou no Arquivo Nacional. [...] Mais oportuno para estudos regio-
do-os.html>. Acesso em 27
jan. 2010.
nais são os Arquivos Municipais e Estaduais, primeiro passo para situar a documentação perti-
nente ao objeto de estudo.
Arquivos do Poder Legislativo, nos quais Atas e Registros guardam a legislação origi-
nal e debates em torno das aprovações ou não de leis [...]. Arquivos do Poder Judiciário, em
que Inventários e Testamentos são imprescindíveis para o conhecimento e dimensão do rol
de pertences e objetos que figuravam no cotidiano que se pretende recuperar. Arquivos Car-
toriais, nos quais Notas e Registro Civil dão conta de propriedades e respectivas descrições
físicas.
ATIVIDADES
Acervos institucionais, a exemplo dos antigos acervos dos Departamentos de Obras Pú-
Acesse o endereço da blicas, que guardam toda a sorte de plantas, mapas e projetos arquitetônicos do Governo do
Revista Brasileira de His-
tória e Ciências Sociais,
Estado ou do Município. Arquivos Eclesiásticos, responsáveis por registros paroquiais, pro-
Ano I - Número I - Julho cessos e correspondências da Igreja Católica, que ganham particular importância para o histo-
de 2009 riador do patrimônio (também, da família e outros), em especial para os bens da Colônia e do
http://www.rbhcs. Império. [...]
com/index_arquivos/ Arquivos privados, que reúnem documentos particulares de indivíduos e famílias, por
Page973.htm
Baixe o artigo intitula-
vezes alocados em Memoriais ou Fundações, e que facilitam enormemente o conhecimento
do: Pesquisa documen- de um personagem, de políticas de seu tempo e mesmo de uma época. É o caso da coleção
tal: pistas teóricas e de fotografias de Marc Ferrez, hoje de propriedade do Instituto Moreira Sales [...].
metodológicas Museus, que reúnem documentos pertinentes às suas temáticas, permitindo a visão con-
Leia atentamente o tex- textualizada e abrangente de determinados temas, assuntos e/ou objetos de estudos de inte-
to e discuta com o seu
professor a ideia central
resse patrimonial. [...]
do artigo no fórum de
discussão. Fonte: Adaptado de MARTINS, A.L. Uma Construção Permanente. In: PINSKY, C.B e LUCA, T.R. (orgs). O historiador e
suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 293-5.
Vale ainda lembrar que, para além dos lugares de pesquisa descritos, é obrigatória a refe-
rência a uma gama de documentos de que o historiador lança mão para construir a interpreta-
ção histórica. Sendo assim, os cartões postais, os diários íntimos, os livros de literatura, os filmes,
as fotografias em álbuns de família, cartas, anotações de memórias, caderno escolar, desenhos,
20
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
pinturas, músicas, poesias, projetos arquitetônicos, contos, casos, depoimentos, selos, notas, cari-
catura, técnica de construção de bens culturais, etc. são fontes que informam sobre os homens e
mulheres na experiência da vida. Vejamos um fragmento de texto acadêmico produzido a partir
da análise de jornais:
BOX 4
Texto acadêmico produzido através de fragmentos de jornais
As elites juiz-foranas buscaram adequar-se ao modelo de vida proposto pelas elites da
Corte, o Rio de Janeiro. A imprensa local noticiava com frequência os eventos relativos à boa
sociedade juiz-forana, destacando os laços que uniam as famílias mais prestigiadas da região.
O Pharol, por exemplo, cuidava em que as ocasiões especiais na vida dos membros das famí-
lias mais destacadas da cidade fossem divulgadas. Lindolpho de Assis, que substituiu Dupin à
frente do jornal em 1885, estabeleceu uma coluna intitulada Correio das Salas, onde eram no-
ticiados os aniversários dos líderes locais e de seus familiares. Antes dele Dupin já fazia ques-
tão de destacar os feitos dos filhos da elite, como quando se bacharelou “em sciencias sociaes
e juridicas o illustrado academico Sr. José Miranda Ribeiro” (Pharol, 18/11/1877); Lindolpho
louvou a aprovação, no segundo ano da Faculdade de Direito do Recife, do Sr. Luiz Penna, que
passava suas férias em Juiz de Fora (Pharol, 10/04/1886). Feitos mais singelos, como a doa-
ção de uma talha d’água para a escola do sexo masculino, feita pela “menina Almerinda Silva”,
filha de 10 anos de Alberto Henrique Corrêa e Silva, eram igualmente exaltados (Pharol, 20-
21/01/1887). No novo século republicano, a prática foi mantida: Consórcio // Realizou-se sáb-
bado, conforme noticiamos, o casamento do sr. dr. Oscar Vidal Barbosa Lage, digno vereador
pela cidade, com a gentil senhorita Maria Violeta Belfort de Arantes, dilecta filha do sr. coronel
Alexandre Belfort de Arantes, importante lavrador e capitalista neste município. // O acto civil
effectuou-se às 4 ½ horas da tarde na fazenda de Salvaterra, de propriedade do pae da noiva
e do sr. coronel João Gualberto de Carvalho. Presidiu a esse acto o 1º. juiz de paz da cidade, sr.
commendador Manoel José Pereira da Silva, servindo de escrivão o sr. Herculano Gopnçalves
da Silva. // Foram testemunhas por parte da noiva, o sr. coronel João Gualberto de Carvalho e
sua exma. sr.a Anália de Campos Carvalho, e por parte do noivo, o sr. dr. Carlos de Figueiredo
Rimes. [segue a descrição da festa]. (Jornal do Commercio, 09 /01/1906).
21
UAB/Unimontes - 4º Período
Fonte: GOODWIN Jr., James William. As Cidades de Papel: Imprensa, Progresso e Tradição. Diamantina e Juiz de Fora,
MG (1884-1914). Dissertação de Doutorado em História Social. Orientadora: Profa. Dra. Inez Garbuio Peralta. Programa
de Pós-Graduação em História Social. São Paulo, FFLCH/USP, 2007, p. 55-7 (mimeo).
c) Pesquisa Bibliográfica
Sendo assim, o grande objetivo desse tipo de pesquisa é levantar informações (opiniões) as
mais diversas em livros, dissertações, teses, artigos, dossiês, relatórios, etc. sobre o tema e proble-
ma de pesquisa que você utilizará em seu projeto.
Você precisa ser perspicaz, atencioso (a), cuidadoso(a) em suas anotações sobre a literatura
consultada. Esse tipo de pesquisa requer sistematização, disciplina e capacidade de aprofundar
e correlacionar as diferentes opiniões sobre o tema em estudo. Ao proceder à leitura, grifos, re-
lacionar as obras lidas e proceder a anotações pessoais sobre um dado estudo, procure sempre
estabelecer as correntes teóricas e as concepções veiculadas nos estudos dos pesquisadores, as
suas posições, suas fontes, o método utilizado, assim como os autores em que eles se apoiam.
Alguns passos que contribuirão com o seu trabalho:
• 1º: Definir o tema e o problema de sua pesquisa;
• 2º: Identificar e selecionar a literatura pertinente à pesquisa;
• 3º: Identificar as contribuições do seu estudo para o campo científico da História;
• 4º: Delimitar com clareza o alvo da pesquisa, buscando evitar, desse modo, dúvidas e “des-
vios” da pesquisa desejada;
• 5º Ler, anotar, comparar todos os livros, artigos, teses, etc. selecionados. Analisar os argu-
mentos apresentados pelo autor e posicionar-se em sua pesquisa;
• 6º Defender sua argumentação com propriedade, ou seja, utilizar argumentos passíveis de
verificação e comprovação e/ou indícios fortes.
BOX 5
Texto produzido a partir de pesquisa bibliográfica
As fazendas primitivas, de caráter misto, lavoura de cereais e criação de gado, se destina-
vam a suprir os mercados locais. Conforme narrava o Marques do Lavradio, Vice-rei do Brasil,
no relatório de 1779, o verdadeiro sistema da Capitania era trabalharem uns nas lavras e des-
cobertos e outros nas roças, a fim de não faltarem os meios de subsistência.
Não praticamos, por isso, em Minas, no século do ouro, a monocultura. Mesmo depois,
com o advento do plantio do algodão, da cana, do fumo e finalmente do café, não tivemos fa-
zendas exclusivas de um desses produtos. Prevaleceu a tradição das fazendas mistas de agri-
cultura e pecuária, de acordo, aliás, com a mais moderna técnica agronômica.
Enganam-se, por conseguinte, os escritores que colocam a agricultura mineira no quadro
geral da estrutura agrária do Brasil com três caracteres fundamentais: grande propriedade,
monocultura e trabalho escravo(1).
22
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Fonte: Adaptado de FERNANDES, A.C. O Turíbulo e a Chaminé. Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte, FAFICH/
UFMG, Julho/2005, p. 46-9.
23
UAB/Unimontes - 4º Período
Figura 7: Método ►
Científico
Fonte: Disponível em
<http://www.esb.ucp.
pt/twt/pepino/MyFi-
les/MyAutoSiteFiles/
TrabalhoExperimen-
tal313788688/samorais/
Metodo_Cientifico.JPG>.
Acesso em 27 jan. 2010.
Sendo assim, a figura nos lembra o quanto é importante pensar livremente de modo crítico
e criativo, relacionando evidências e explicações, confrontando diferentes perspectivas de inter-
pretação científica. Para isso sugere-se que os estudos realizados devam ter por base a observa-
ção direta, utilizando todos os sentidos, a seleção de amostras, bem como a experimentação, e
é importante que, desde o início, você faça registros das suas observações, de forma a que você
construa um método de trabalho e de observação (ALMEIDA, 1998). Sempre deve haver planeja-
mento de investigação; devem-se proporcionar situações de aprendizagem centradas na resolu-
ção de problemas, com interpretação de dados, formulação de problemas e hipóteses, previsão e
avaliação de resultados.
a) Os métodos
24
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
b) As técnicas
◄ Figura 8: Índios
botocudos, 1909
Fonte: Fotografia de Wal-
ter Carbe. Disponível em
<http://imagenshistoricas.
blogspot.com/2009/11/
indios-do-brasil.html>.
Acesso em 27 jan. 2010.
O pesquisador que lança mão do estudo de campo desloca-se pessoalmente para realizar o
trabalho, buscando-se aproximar da experiência direta da comunidade que estuda.
A partir das figuras, você pode imaginar que há a necessidade de o pesquisador se ocupar
em estudar os índios ou os quilombolas, por exemplo. O pesquisador terá que permanecer o má-
ximo de tempo possível junto à comunidade estudada, pois a imersão em tal realidade facilita a
apreensão e o entendimento de regras, costumes, escolhas, etc. que fazem parte da vida cotidia-
na de um dado grupo social em estudo. As análises são feitas a partir da observação no caderno
de campo, das gravações, entrevistas, etc.
Outra técnica de pesquisa muito utilizada nas investigações em geral e também na História
é o estudo de caso. Tal tipo de estudo individual permite aprofundar a compreensão sobre um
dado processo sócio- histórico. Em geral, o uso do estudo de caso serve para o pesquisador que
deseja realizar comparações, contextualizações e informações sobre um dado fenômeno. Tome-
mos um exemplo bem simples.
25
UAB/Unimontes - 4º Período
26
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
27
UAB/Unimontes - 4º Período
Nesse sentido, devemos entender o documento no seu sentido lato. Todas as manifestações
humanas tornam-se objeto do historiador que as busca por meio dos vestígios mais diversos: es-
critos, objetos, palavras, música, literatura, pintura, arquitetura, fotografia.
Entretanto, o documento não fala por si. Ele deve ser indagado pelo historiador. A intencio-
nalidade do historiador é vista num duplo sentido: a intenção do agente histórico presente no
documento histórico e a intenção do pesquisador ao escolher os documentos. O ponto de par-
tida da investigação passa do documento para o problema. Tudo isso para que possamos perce-
ber que a História é construída por homens reais, vivendo as relações mais diversas em todas as
dimensões do real.
É por isso que hoje utilizamos os mais diversos documentos que aqui procuramos categori-
zar do seguinte modo:
a) fontes documentais
b) fontes orais
c) fontes imagéticas
BOX 6
Texto produzido a partir de análise de um processo criminal
Em junho de 1913, estando Álvaro, 24 anos, casado, lavrador, na casa do também lavra-
dor Vicente de Paula e Silva, numa festa de casamento da filha mais jovem de Vicente, assistiu
à tentativa de sua amante, Maria Eutália de Jesus, de ser chamada para dançar uma valsa com
Cândido Matias, 24 anos, lavrador, solteiro. Insatisfeito com a situação, Álvaro pegou a sua gar-
rucha e disparou em Eutália.(1) A prisão em flagrante foi realizada. Entretanto não foi possível
precisar o tempo que o réu permaneceu na cadeia, pois dez anos depois do ocorrido, o Ga-
binete de capturas da polícia recebeu o mandato de prisão para Álvaro. Após esse despacho
passaram-se mais quatro anos para que o processo fosse finalmente arquivado (1934). Tam-
bém não existem detalhes do caso, senão informações curtas e incompletas.
O fato que saltou aos olhos nesse caso foi uma carta que a vítima escreveu para o advo-
gado de defesa, procurando justificar a inocência do réu no processo. Assim,
Nesta carta de Maria Eutália de Jesus, percebe-se claramente alguns dos artifícios utiliza-
dos na tentativa de inocentar o amante e conseguir que ele fosse solto da cadeia. Ao afirmar
que o réu estava embriagado, Maria pretendia com isso atenuar ou justificar um ato impen-
sado de ofensa física grave praticado contra ela por parte de Álvaro. Tanto os homens quan-
to as mulheres utilizaram-se desse argumento obtendo relativo sucesso. Entretanto, as teste-
munhas do caso afirmaram que Álvaro nada tinha bebido naquela noite. Apesar do réu ser
casado, sobre a sua vida familiar, nenhum comentário foi anotado no processo. Ao que tudo
indica, era um casamento praticamente desfeito (talvez o caso de abandono do lar) ou pelo
menos assim desejava Maria Eutália1. Desta maneira, era preciso que o mesmo saísse da ca-
deia e resolvesse a sua separação judicial, para então poder viver maritalmente com a mesma.
28
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
A mulher, neste caso, preferiu utilizar-se de uma arma interessante: perdoar e dizer-se ar-
rependida por ter dançado com outro homem, fato que teria desagradado Álvaro. Almejava,
assim, convencer as pessoas que ele não estava errado, pois tentara defender a sua “amada”.
Percebe-se uma variação entre submissão e artimanha: uma arte de explorar condições favo-
ráveis para alcançar seus objetivos. Teria Eulália se amasiado com Álvaro? Indagação de difícil
resposta. O certo é que o réu não moveu nenhum processo de separação judicial, nem de nu-
lidade de casamento ou ainda de divórcio eclesiástico, contra a sua primeira mulher. A prática
mais comum (que poderia ter sido o caso de Álvaro) entre homens e mulheres era a de deixar
a esposa e filhos (caso houvessem) e constituir outra família à revelia das vias legais.
Fonte: SANTOS, Dayse Lúcide. Entre a Norma e o Desejo. Dissertação de Mestrado em História Social da Cultura.
Orientadora: Profª Drª Júnia Ferreira Furtado. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, Outubro/2003, p.162-4.
No exemplo 2, você observou que o processo criminal foi analisado em seus discursos. Veja
que os dizeres da vítima, do réu, dos advogados, do juiz enfim, todos os testemunhos que figu-
ram num processo criminal articulam opiniões que são do interesse do pesquisador. Mesmo que
o processo criminal tenha como objetivo maior punir ou inocentar alguém, portanto possui uma
intencionalidade, ainda assim é uma fonte de pesquisa valiosíssima para o historiador.
É impossível ter certeza do que realmente aconteceu ao pesquisarmos em processos crimi-
nais, ainda que tenhamos o desfecho daquele “caso” analisado. Mas é possível utilizar essa fonte
documental, sabendo que as pessoas se expressam de modo a demonstrar suas representações,
suas intencionalidades, de acordo com o seu interesse, suas omissões, suas mentiras, suas verda-
des, etc.
Mesmo assim, essa fonte ainda é fundamental para estudarmos a sociedade, pois ali per-
cebemos os diferentes discursos, padrões de comportamento, noções sociais de certo e errado,
enfim, expressões e práticas sociais que apontam para escolhas de determinados segmentos so-
ciais sobre os diferentes modos de viver, punir, permitir, etc.
As fontes documentais são diversas e permitem uma gama de indagações, de cruzamentos
de informações. Permitem tantas indagações quanto a capacidade do historiador em questionar
a fonte para construir sua interpretação do passado histórico.
Os registros de batismo, nascimento, óbito, casamento fornecem muitos dados para o his-
toriador trabalhar. Vejamos o caso do registro civil de casamento quanto às informações que
podem ser trabalhadas a partir dessa fonte:
BOX 7
Informações fornecidas pelo registro civil de casamento:
• Data, local, nome dos cônjuges, filiação, idade, naturalidade, residência, profissão.
• Nome dos pais dos cônjuges, data de nascimento, profissão, domicílio e residência.
• Dados das testemunhas, como nome, idade, residência, assinatura a “rogo” da testemu-
nha (quando não sabem ler e escrever).
• Informações gerais sobre os filhos que, por acaso, tenham antes do casamento, nome,
idade dos mesmos; se viúvo, nome do cônjuge falecido.
Aos dez de Agosto de mil novecentos e três nesta Cidade de Campinas, distrito de Santa
Cruz em a sala do Cartorio de Paz a rua Sacramento numero cinco as quatro horas da tarde
perante o Juiz de Casamento Dr João de Assis Lopes Marins comigo Escrivão e Official seu car-
go e satisfeitas as exigências legaes ao acto receberam-se em matrimonio segundo a regimen
cmmum os contraentes Jose Gonçalves da Cunha e Augusta da Silva Gomes, aquelle portugês
com 25 annos de idade, negociante e esta com vinte e dois annos brasileira, natural desta ci-
dade, ambos solteiros e reidentes neste districto de Paz, ambos filhos legítimos o primeiro de
Antônio Gonçalvez da cunha e de Maria Carolina Paes e a segunda de Antonio da Silva Gomes
e Maria das Dores Gomes, falecidos.
29
UAB/Unimontes - 4º Período
Modalidades: história oral de vida, história oral temática e tradição oral (em geral, o seu ob-
jeto de pesquisa exigirá uma dessas modalidades). Vejamos o texto como exemplo dessas moda-
lidades:
BOX 8
Texto produzido a partir da história oral
MIGRAÇÃO: a migração, bem como a imigração, é um dos campos mais vastos que serve
tanto para história oral de vida como para temática e tradição oral.
Em se tratando de história oral de vida, o registro do trajeto do imigrante deve obedecer
também, no possível, ao critério cronológico, devendo considerar a vida pretérita da pessoa e
do grupo antes da saída do lugar de origem, a motivação para a viagem, o trânsito e a chega-
da ao lugar de destino, a adaptação e o desenvolvimento da integração como metas primor-
diais do registro.
No caso de estudos temáticos, deve-se considerar a busca de especificidades que se per-
dem na generalização. Se, por exemplo, como um ano de 1958, na situação do nordeste bra-
sileiro, como um ano de fundamental importância, e se quisermos relacionar essa onda imi-
gratória ao contexto nacional do governo JK, à ação dos padres que propunham a reforma
agrária, às ligas camponesas e a outros fatores que direta ou indiretamente estavam atuando
na época, teremos de fazer uma leitura atenta daquele tempo e proceder a um questionário
apurado, compatibilizando os fatos contextuais com os específicos de cada grupo.
30
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Fonte: MEIHY, J.C.S.B. Manual de História Oral. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1996, p. 56-7.
Destacamos para você uma situação voltada para as modalidades de história oral. Vale ana-
lisarmos uma entrevista, mesmo que de modo rápido, para que possamos destacar alguns cuida-
dos necessários com os depoimentos. Vejamos:
BOX 9
Exemplo de uma transcrição de Depoimentos
Ficha Técnica
Tipo de entrevista: história de vida
Entrevistador(es): Ignez Cordeiro de Farias; Lucia Hippolito Levantamento de dados: Ig-
nez Cordeiro de Farias; Lucia Hippolito pesquisa e elaboração do roteiro: Ignez Cordeiro de
Farias; Lucia Hippolito
Conferência da transcrição: Ignez Cordeiro de Farias Técnico de gravação: Clodomir Oli-
veira Gomes Local: Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Data: 24/11/1983 a 13/02/1984 Duração: 20h 30min
Fitas cassete: 21
Páginas: 351
FRANCISCO TEIXEIRA
(depoimento, 1983/1984)
31
UAB/Unimontes - 4º Período
Fonte: Adaptado de TEIXEIRA, Francisco. Francisco Teixeira (depoimento, 1983/1984). Rio de Janeiro, CPDOC, 1992.
351 p. dat. Disponível em <http://www.fgv.br/cpdoc/historiaoral/arq/Entrevista102.pdf>. Acesso em 27 abril 2010.
Você deve ter cuidados com essa fonte, pois todos os testemunhos, intencionalmente ou
não trazem a sua visão, sua interpretação dos fenômenos que vivenciou. Sendo assim, os de-
poimentos que você tiver em mãos são sempre interpretações que os sujeitos demonstram ter
sobre uma época em que viveram. Em nosso exemplo, que trata do período militar, precisamos
32
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
saber que outros testemunhos devem ser arrolados, pois senão teremos uma visão unilateral do
fenômeno, objeto de estudo numa dada pesquisa.
Procure sempre cruzar informações de diferentes fontes, construa uma rede de interpreta-
ção com informações cruzadas, enriquecidas pela sua capacidade de observação e percepção,
construindo a História a partir de questões de seu tempo.
33
UAB/Unimontes - 4º Período
Nossa próxima etapa é compreender os passos da pesquisa. Tal situação é melhor apreendi-
da através da construção do projeto de pesquisa. É isso que faremos na unidade seguinte.
Referências
ALMEIDA, A. M., Papel do trabalho experimental na Educação em Ciências, Revista Comuni-
car Ciência, Lisboa, Ano I, nº1, pag. 4-5, Outubro/ Dezembro, 1998. Disponível em <http://www.
esb.ucp.pt/twt4/motor/display_texto.asp?pagina=TrabalhoExperimental313788688&bd=pepi-
no>. Acesso em 27 jan. 2010.
CHARTIER, R. A visão do historiador modernista. In: FERREIRA, M. e AMADO, J. (orgs.) Usos &
Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996.
GALLIANO, A. G. Método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, c1986. 200 p.
GINZBURG, C. O queijo e os vermes. São Paulo: Cia das Letras, 2008, 309p.
GODOY, Marcelo Magalhães. No país das minas de ouro a paisagem vertia engenhos de cana
e casas de negócio – Um estudo das atividades agroaçucareiras tradicionais mineiras, entre o
Setecentos e o Novecentos, e do complexo mercantil da província de Minas Gerais. São Paulo:
FFLCH/USP, 2004. Tese de doutorado.
GOODWIN Jr., James William. As Cidades de Papel: Imprensa, Progresso e Tradição. Diamantina
e Juiz de Fora, MG (1884-1914). Dissertação de Doutorado em História Social. Orientadora: Profa.
Dra. Inez Garbuio Peralta. Programa de Pós-Graduação em História Social. São Paulo, FFLCH/USP,
2007. (mimeo)
MARTINS, A.L. Uma Construção Permanente. In: PINSKY, C. B e LUCA,T.R. (orgs). O historiador e
suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 279- 308.
BASSANEZI, Maria Sílvia. Os eventos vitais na reconstituição da História. In: In: PINSKY, C. B e
LUCA, T.R. (orgs). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p.141-172.
MEIHY, J.C.S.B. Manual de História Oral. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1996.
REIS, J.C. A Escola dos Annales: a inovação em História. São Paulo: Paz e Terra, 2000, 200p.
SANTOS, Dayse Lúcide. Entre a Norma e o Desejo. Dissertação de Mestrado em História So-
cial da Cultura. Orientadora: Profª Drª Júnia Ferreira Furtado. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, Ou-
tubro/2003, p.162-4.
TEIXEIRA, Francisco. Francisco Teixeira (depoimento, 1983/1984). Rio de Janeiro, CPDOC, 1992.
351p. Disponível em <http://www.fgv.br/cpdoc/historiaoral/arq/Entrevista102.pdf>. Acesso em
27 abril 2010.
34
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo e outros. A pesquisa em História. 4. ed. São Paulo: Ática, 1998.
35
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Unidade 2
Construção do Projeto de
Pesquisa
2.1 Introdução
Nosso desafio agora é maior. É chegado o momento de construirmos o nosso projeto de
pesquisa. Com este objetivo, subdividimos esta unidade em sete pontos, a nosso ver fundamen-
tais, que articulam os principais itens constituintes de um projeto.
Bom estudo!
DICA
Procure conhecer sobre
a Pesquisa Social e
sua utilização como a
pesquisa-ação e pesqui-
sa-participantes como
técnica de pesquisa.
Estas técnicas caracte-
rizam-se pelo envolvi-
mento dos pesquisa-
dores e pesquisados no
processo de pesquisa.
Exemplo: Aulas de
música e dança como
Após termos feito as considerações sobre as fontes, os tipos de pesquisa e o seu papel como
pesquisador, vamos projetar a sua pesquisa. Sendo assim, o que tanto ouvimos durante o curso
faremos nesse instante: o projeto de pesquisa.
Vale destacar que o seu trabalho será original. Original? Mas isso não seria uma tese? Escla-
receremos, calma!
37
UAB/Unimontes - 4º Período
Sistematizando...
• “o que” vou pesquisar = objeto da pesquisa
• “por que” vou pesquisar = justificativa da pesquisa
• “para que” pesquisar = objetivos da pesquisa
• “como” pesquisar = metodologia da pesquisa
• “quando” pesquisar = cronograma da pesquisa
Pense sobre esses pontos. Tenha sempre em mãos o seu caderno de anotação, para que
você possa registrar as mais diversas ideias que forem surgindo ao longo dessa aula. O projeto
que você construirá não é uma “camisa de força”, todavia, você deve construí-lo com acuidade
para que ele seja o seu guia de planejamento o mais próximo possível do que você executará.
Vejamos agora os passos da pesquisa. Definiremos os pontos essenciais do projeto e, ao fi-
nal, forneceremos a você informações sobre as partes constituintes de um projeto de pesquisa.
38
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
ATIVIDADE
Poste no Fórum da dis-
ciplina: Delimitação de,
pelo menos, um tema
de pesquisa, relacio-
Você deve se perguntar: o que é um tema de pesquisa? nando a esse tema, o
Vamos pensar por meio de exemplos? problema e a hipótese.
Área: História Cultural Comente a delimitação
de tema feita pelos
Tema: Prostituição ou Migrações rural-urbanas; Trabalho e Greves; Festas Populares, etc. seus colegas, apresente
Feito isso, é fundamental delimitar a abrangência de seu tema. Ou seja, delimitá-lo de modo sugestões.
claro. Lembre-se de que, se você escolher um tema muito amplo, pode perder em profundidade. A intenção dessa
atividade é socializar/
Exemplo: circular, na turma,
diversas ideias. Quem
A condição de dos no interior de Minas nos anos 1980 sabe você não escolherá
trabalho e as trabalhadores Gerais alguma delas para o seu
trabalho?
ações grevistas têxteis
Objeto Sujeitos Dimensão do espacial, Dimensão do tempo, período
lócus da pesquisa de abrangência da pesquisa.
Vale ainda destacar, segundo Minayo (1999), que você precisa responder a si mesmo como
pesquisador, as seguintes questões:
• Ainda que seja “interessante”, o tema escolhido é adequado para mim?
• Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?
• Existem e/ou exigem-se recursos financeiros para o estudo?
• Há tempo suficiente para investigar tal questão?
Delimitado o tema, ou seja, sabendo sobre o que você vai estudar, agora temos que demar-
car qual é o nosso problema de pesquisa. Certamente você já vem pensando nisso. Afinal, qual é
o problema (ou a pergunta) que você quer responder em seu estudo? Lembre-se de que a ciên-
cia progride porque os homens e mulheres sempre lançam questionamentos sobre o mundo
que o cerca, buscando novos problemas e abordagens para interpretações da História.
Sendo assim, você pode elaborar seus problemas de pesquisa com base em questionamen-
tos, ou melhor, indagações em torno de um tema, de um fato (questão social). A isso chamamos
de problematização ou problema da pesquisa. Você pode lançar mão de interrogativos, tais
como: o quê? por quê? para quê? onde? quando? como? quais razões?
Segundo Salomon (2001, p. 284-5), podemos nos guiar pela seguinte orientação:
40
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Os objetivos de um projeto de pesquisa são também fundamentais. Em geral, eles são divi-
didos em Objetivos Gerais e Específicos.
O objetivo geral corresponde à meta ampla que você almeja alcançar ao término da investi-
gação. Os específicos são objetivos complementares necessários para alcançar o objetivo maior,
ou seja, o geral.
Objetivos são sempre expostos no projeto de pesquisa por meio de verbos, como no exemplo:
• analisar...
• discutir...
• refletir ...
• identificar...
• compreender...
BOX 10
OBJETIVO GERAL
41
UAB/Unimontes - 4º Período
Fonte: SANTOS, Dayse Lúcide. Múltiplos Olhares. Projeto de Doutorado de Dayse Lúcide Silva Santos, 2009. (mimeo).
42
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
2º: Ao fichar ou resumir os textos, esteja atento(a) ao modo como os diferentes historiadores
dialogam com outros historiadores. Será algo assim que você fará. Ou seja, você dialogará no seu
projeto com a literatura histórica sobre o seu tema de pesquisa. Falará das escolhas, conceitos e
pressupostos escolhidos pelos historiadores em diferentes trabalhos. Todavia, não se esqueça de GLOSSÁRIO
que o texto não deve ser solto, deve ser articulado com a sua proposta de pesquisa. Relato de Experiên-
3º: Ainda, procure selecionar informações como: quais conceitos o autor aplicou? O que cia: Estudo que revela
cada autor lido por você propõe como hipótese? Qual o espaço e o tempo estudado pelos dife- as ações do indivíduo
rentes historiadores que você leu? Por exemplo, um dado autor pode ter utilizado o conceito de como agente humano
e como participante da
circularidade cultural e representação (obs.: reveja os seu material da disciplina Teoria da História vida social. O informan-
Cultural e Social; Unidade 2) ao fazer as análises das telas do pintor e desenhista francês Jean te conta sua história,
-Batiste Debret (1768-1848) que, no século XIX, realizou diversas pinturas sobre o Brasil Imperial. e o pesquisador pode
Esteja atento para perceber o modo como analisaram as imagens para tecerem as suas interpre- desvendar os aspectos
tações. subjetivos da cultura e
da organização social,
Concluindo, para especificar o quadro teórico-conceitual, você deverá das instituições e dos
• ler diversos textos sobre a temática a ser desenvolvida; movimentos sociais.
• perceber os conceitos utilizados pelos diferentes historiadores e avaliar a aplicabilidade em Levantamento de ne-
seu estudo; cessidades: O pesqui-
• escrever o quadro teórico-conceitual, dialogando com a literatura histórica sobre a temática; sador coleta dados para
avaliar as necessidades
• Por tudo discutido até o momento, faz-se necessário entender outro item fundamental de de grupos, comunida-
seu projeto de pesquisa: os procedimentos metodológicos e fontes de investigação. Veja- des ou Organizações.
mos. Pesquisa quanti-quali-
tativa: Método que as-
socia análise estatística
à investigação dos sig-
Metodológicos e Fontes de
do tema a ser estuda-
do, facilitando assim a
interpretação dos dados
Investigação
obtidos.
Pesquisas Explora-
tórias: Trata-se de
pesquisas que geral-
mente proporcionam
O que denominamos comumente como procedimento metodológico num trabalho de pes- maior familiaridade
quisa é o mesmo que responder às indagações: como? com quê? com o problema, ou
A metodologia da sua pesquisa é um planejamento detalhado e sequencial de métodos e seja, tem o intuito de
torná-lo mais explícito.
técnicas científicas, as quais serão executadas ao longo do seu estudo de pesquisa. A consequên- Seu principal objetivo
cia de uma metodologia bem feita é condição para atingir os objetivos previstos com eficácia e é o aprimoramento de
confiabilidade nas informações e interpretações do pesquisador. ideias ou a descoberta
As fontes de investigação devem ser bem definidas. Você deve descrever as suas fontes, de intuições. Na maioria
informar onde elas estão localizadas e, substancialmente, explicitar a contribuição das mesmas dos casos, são pesquisas
que envolvem: levan-
para o projeto em questão. tamento bibliográfico,
Vamos organizar o “como desenvolver” nosso estudo por meio da análise de um exemplo. entrevista com pessoas
Vejamos então a metodologia do projeto “Múltiplos olhares: Fotografia e sociedade em Diaman- que tiveram experiên-
tina de 1902 a 1955”, de autoria de Dayse Lúcide. cias práticas com o
problema pesquisado
e análise de exemplos
BOX 11 que “estimulem a com-
Procedimentos Metodológicos e Fontes de Investigação preensão”.
a) Procedimentos Metodológicos
A metodologia a ser adotada neste trabalho será a da descrição indiciária, baseada em
Carlo Ginzburg, em que se observa que o historiador deve atentar para os pequenos indícios
a serem perseguidos, como as pegadas de um caçador, ou os sinais que despertam a imagi-
nação de um detetive, de modo a decifrar o enigma que é proposto por uma obra, utilizando
muito o “faro, o golpe de vista, a intuição”.(1)
43
UAB/Unimontes - 4º Período
b) Fontes de investigação
O processo de levantamento e de análise documental dos acervos necessários à execu-
ção deste projeto exigirá o estudo das fontes abaixo relacionadas, construindo um diálogo
entre mesmas. Vejamos.
O Acervo Fotográfico Chichico Alkmim é a principal fonte desse projeto de tese. Para
tanto, a pesquisa se baseará nos 5349 negativos em vidro da cidade de Diamantina. O Acervo
Fotográfico Chichico Alkmim foi doado por sua família à Faculdade de Filosofia e Letras – Fafi-
dia/Fevale em 1998/99 por ocasião da construção do Centro de Memória da FAFIDIA, em Dia-
mantina. O acervo de imagens do fotógrafo Chichico Alkmim é datado de, aproximadamente
1902 a 1955, sendo composto por imagens em negativos de vidros. Essas imagens retratam
diversos momentos da vida social na cidade e até mesmo na região no entorno de Diaman-
tina, sendo divididas – atualmente – nos seguintes fundos: montagem, arquitetura, grupo de
pessoas, mulher, paisagem, festa, criança, etc.
Os Jornais produzidos na cidade também serão analisados. Nesse caso, serão consulta-
dos os jornais do período de 1902 a 1955,buscando informações ligadas aos fotógrafos, à fo-
tografia, à cidade e à sociedade diamantinense nessa época. Utilizarei os jornais: “Pão de San-
to Antônio”, “A Estrela Polar”, “O Município”, “O Piruruca”, “Voz de Diamantina”, “A Idéia Nova”, “O
Norte”, “Diamantina”, “Voz do Norte” e “O Jequitinhonha”. Tais jornais fazem parte do acervo do
Arquivo da Biblioteca Antônio Torres/IPHAN, do Centro de Memória Cultural do Vale do Jequi-
tinhonha (atual sala dos acervos da Coordenação de Pesquisa da Fafidia) e o Museu do Pão de
Santo Antônio.
Vale ressaltar que, como as fotografias, o jornal também não é um espelho da realidade.
Segundo James William Goodwin Jr, o jornal “é um produto histórico, construído diretamente
pelas mãos e interesses de várias pessoas, como também pelas representações de poder, nem
sempre explicitadas, mas sempre atuantes, tencionando o tecido social”. Qualquer estudo
deve levar em consideração o caráter declarado da sua intencionalidade. (4)
Trata-se de uma vasta documentação, ainda muito pouco explorada pelos historiadores,
o que aumenta a responsabilidade do pesquisador. Resta colocar as mãos na “massa” e pro-
cessar a documentação, tarefa que será facilitada, pois boa parte dos jornais já está catalo-
gada por mim ou faz parte do material de pesquisa do Centro de Memória Cultural do Vale
do Jequitinhonha, da FAFIDIA/UEMG, especialmente de um projeto de Indexação dos jornais
diamantinenses do século XIX, financiado pela FAPEMIG e sob a coordenação do Prof. James
William Goodwin Jr., isso facilitará bastante a leitura dos jornais focada na busca de dados re-
levantes para o objeto dessa pesquisa.
No exemplo, você pode observar que foram seguidos os seguintes passos na estruturação
do texto:
44
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
a. Metodologia adotada: autores que sustentam a metodologia escolhida como a mais ade-
quada ao estudo;
b. Postura do pesquisador. Observe como foi dito, o modo como o historiador irá agir quando
DICA
for realizar a pesquisa;
c. Como o pesquisador irá agir ao trabalhar com as fontes; Faça uma reflexão da
citação abaixo.
d. Descrição das fontes;
Fazer pesquisa é, de
e. Cuidados com as fontes a serem utilizadas. alguma forma, tecer
uma malha: sempre há a
Como você observou, o texto é simples. O que vai definir a construção da metodologia de possibilidade de tramar
seu trabalho e sua consequente aplicação com sucesso será a clareza que você deve ter sobre a novos fios com outras
cores e espessuras e,
pesquisa que fará. Outras orientações ainda são válidas para você ir pensando no modo como
assim, entrelaçar novos
poderá construir a metodologia do seu projeto. Tenha em mente o seguinte: pontos aos já urdidos.
1º: defina qual é o tipo de pesquisa que o seu trabalho exigirá. Todavia, ainda continua-
(Pesquisa qualitativa? Pesquisa quantitativa? Ambas? Será documental?) mos o trabalho de tecer
2º: defina os procedimentos técnicos de que você lançará mão em seu estudo. (Pesqui- a malha e, devagar,
ponto a ponto, vamos
sa bibliográfica? Levantamentos de textos e sua leitura? Fará estudo de campo? Fará estudo de
dando forma à urdi-
caso? Quais motivos você escolheu: pesquisa de campo ou de caso? Por que uma dada popula- dura. Isso porque, na
ção? caminhada investigati-
3º: defina o método pelo qual você irá caminhar, seguir. Qual será o seu método de va, descobrimos outros
abordagem e de procedimentos? (Método de abordagem: método de montagem? Método in- modos de operar com
os dados empíricos,
diciário? Método da História Oral? Micro-história? Método de procedimento: comparativo? Esta-
trabalhando-os tanto
tístico?). em relação ao objeto
4º: delimite o universo de sua pesquisa e explique o conjunto de fenômenos que você quanto à problemática
irá analisar. indagada. Construímos
5º: defina quando, como e onde você fará a coleta dos dados e quais os instrumentos um jeito próprio de ela-
borá-los, já que, seguin-
que utilizará. (Leitura de livros, revistas, jornais, sites; questionários, entrevistas, observação).
do o pensamento de
Pierre Bourdieu (1989,
Ficou fácil, não é mesmo? p.27), no que tange ao
Falta apenas lembrar a você que as fontes utilizadas pelo historiador são fundamentais. A fazer pesquisa, esta não
sua interpretação dos fatos será baseada nelas, sem, obviamente, repetir, em seu texto final, as é uma atividade que
“se produza de uma
informações já contidas nessas fontes, porém apresentando uma visão nova, contextualizada,
assentada”, mas que se
como todo pesquisador competente faz. Volte à Unidade 1 (fontes orais, documentais e imagéti- “realiza pouco a pouco,
cas) e reveja as fontes utilizadas pelo historiador. por retoques sucessivos
Após isso, concentre-se no tema e objeto de estudo definido em sua pesquisa. De quais fon- (DALPIAZ, 2006, p.1).
tes você lançará mão para realizar a sua pesquisa?
Construa um texto explicando as fontes que utilizará, onde elas se encontram, quais as
suas características e seu potencial de análise/contribuição para o tema que você desenvolve-
rá em sua pesquisa. Como no exemplo, você observou que foram utilizadas fotografias e jornais
para compreender a sociedade de Diamantina, na primeira metade do século XX.
Agora, faz-se necessário estabelecer quando você fará cada ação definida ao longo do pro-
jeto. Vamos ver, então, como estruturar o cronograma do nosso projeto de pesquisa?
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UAB/Unimontes - 4º Período
Obs: Sugerimos três capítulos para, posteriormente, você desenvolver a sua monografia. Isto
é uma sugestão. Sendo assim, caso você precisar de mais capítulos, acrescente-os.
Vale fazer algumas observações aos itens acima destacados. Sugerimos que você proceda a
constantes revisões das normas da ABNT, para evitar refacções. Assim, todas as vezes que utilizar
um livro, ou que fizer citações, anote todas as informações nos devidos lugares do texto, certo?
Ainda, você deve ter observado que sugerimos um “sumário provisório”, e este deve ser re-
feito sempre que julgar necessário, pois o seu trabalho está em construção e comporta ajustes.
Todavia, é fundamental ter demarcadas as partes de seu estudo, ou seja, a divisão dos capítulos,
esclarecendo o que será discutido no corpo do seu trabalho.
Procedendo desse modo, você deve ter observado que sugerimos a construção da Introdu-
ção e da Conclusão do trabalho após a escrita dos capítulos. Desse modo, acreditamos que have-
rá mais clareza para você sobre o trabalho a ser desenvolvido. Entretanto, existem pessoas que
optam em escrever a introdução do trabalho antes da escrita dos capítulos, acreditando em sua
capacidade de estruturação mental do que será definido mais adiante. É certamente mais difícil
esse caminho, por isso sugerimos a escrita desses itens após escrever os capítulos e, portanto,
situá-los desse modo em seu planejamento dentro do projeto de pesquisa.
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
O esquema nos aponta para a necessidade de construir um texto lógico, estruturado e com
informações bem elaboradas, para que o leitor do seu trabalho não se perca “em idas e vindas”
desnecessárias.
Tenha sempre em mãos um “caderninho” para anotações de ideias, para que estas não sejam
esquecidas ou que se percam no desenvolvimento do pensamento e correria do dia a dia. Sendo
assim, coloque sempre prazos para você fazer as suas atividades de construção do seu projeto de DICA
pesquisa. Assim, você terá a ideia do “todo” de que precisa realizar. Se hoje vivemos a era
Todos os conceitos que utilizar, esclareça-os. Faça sempre citação dos trabalhos que usar, to- da informação e do
davia, não deixe de transparecer claramente a sua contribuição com o estudo que realiza. conhecimento, torna-se
Procure evitar construir textos em que a situação da charge da Mafalda possa ser percebida: inevitável a constatação
de que a escrita técnica
terá forçosamente de se
adaptar às exigências
desses novos tempos,
◄ Figura 19: Charge
em que os avanços
Quino
notáveis da informática
Fonte: Disponível em propiciaram a expansão
<http://www.gabriel-
e a democratização do
perisse.blogger.com.br/
estrangeirismo-1.JPG>. conhecimento.
Acesso em 31 jan. 2010.
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UAB/Unimontes - 4º Período
Agora, passemos para a compreensão do trabalho que você, ao final da disciplina, construirá
para o seu professor: o projeto de pesquisa.
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
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50
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
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UAB/Unimontes - 4º Período
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Após concluir a escrita do seu projeto de pesquisa, faça você mesmo uma rápida revisão de
sua estruturação e partes constituintes. Perceba a adequação dos itens a cada parte, enfim, ana-
lise se o seu trabalho se apresenta “redondinho”. Para tanto sugerimos alguns itens que podem
auxiliá-lo nessa revisão.
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UAB/Unimontes - 4º Período
54
Fonte: Adaptado de diversas tabelas apresentadas por SALOMON (2001).
História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Agora, é “arregaçar as mangas” e colocar “mãos à obra”! Boa sorte nessa produção. Conduza
seu estudo utilizando a lente da história, quiçá das Ciências Humanas e Sociais, para leitura deste
mundo. Encerraremos esta unidade lembrando a você, como assim fez Carlos Drummond Andra-
de (1998), na poesia A verdade.
BOX 12
A verdade
Referências
DALPIAZ, Saionara Goulart. A prática teórico-metodológica da história oral e a construção
da pesquisa com memórias. UNIrevista, vol. 1, n° 2. Abril/ 2006.
MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCI-
TEC/ABRASCO. 1999.
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SANTOS, Dayse Lúcide. Múltiplos Olhares. Projeto de Doutorado de Dayse Lúcide Silva Santos,
2009. (mimeo)
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UAB/Unimontes - 4º Período
NARRADORES DE JAVÉ
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
CÓDIGO DAVINCI
Título no Brasil: O Código Da Vinci País de Origem: EUA
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 152 minutos Ano de Lançamento: 2006 Estreia no Brasil: 19/05/2006
Site Oficial: http://www.ocodigodavinci.com.br
Estúdio/Distrib.: Buena Vista
Direção: Ron Howard
Sinopse
O filme é uma ficção muito interessante que nos lembra a incessante busca de informação.
Quanto às incorreções de conteúdo histórico... ora, é um filme! Tem liberdade de criação e inven-
ção! O debate em torno disso gerou livros, artigos e processos na justiça. Entretanto, assista ao
filme com o intuito de perceber, por meio de pistas, detalhes, o aprimoramento da nossa percep-
ção e montagem de um dado conhecimento.
Resumo
Chegamos ao final de nossa viagem pela busca de “o mundo de Clio”. Nesse instante, é im-
portante rever brevemente o que foi falado nas duas unidades desta disciplina.
Na unidade 1, Propomos a indagação de como fazer pesquisa em História. Para tanto, dis-
cutimos pontos importantes quanto ao papel do pesquisador, aos métodos e à metodologia que
este utiliza para conseguir fabricar o seu mel, de modo a buscar compreender o sentido da arte
de viver.
Falamos de diferentes tipos de pesquisa, as quais você precisa compreender para, então,
aplicar em seu estudo, isto é, definir qual caminho você trilhará, de modo a atingir os objetivos
que melhor responderão ao seu problema de pesquisa.
O modo como tratará as fontes é também ponto fundamental a destacarmos. O olhar que
você debruçará sobre os vestígios do passado, segundo o tema delimitado por você, dará o tom
do conhecimento histórico produzido em nossa época. Ainda, evidenciará o modo como enxer-
gamos o passado e com ele nos relacionamos, visando compreender o presente.
Na unidade 2, falamos bastante sobre a construção do projeto de pesquisa. Assim, a deli-
mitação do tema e a especificação do quadro teórico são aspectos fundamentais de seu projeto.
Soma-se a isso a metodologia do projeto que deve ser também clara, objetiva. Relacionando as
duas unidades, você perceberá que a primeira “fundamenta” a segunda.
Nesse sentido, os cuidados com a definição de seu cronograma de trabalho/pesquisa é fator
que dará a você melhor condição de mensurar o seu tempo e as atividades que lhe são funda-
mentais para desenvolver o projeto de pesquisa, base do trabalho de conclusão de curso.
Não deixe de participar dos fóruns, de visitar sites das universidades e assistir aos filmes su-
geridos. Essas ações ampliarão o seu olhar crítico, tão importante ao historiador.
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Referências
Básicas
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<http://www.cultec.uerj.br/moodle/course/view.php?id=10>
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met05.htm>
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História - Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
Atividades de
Aprendizagem - AA
Nas Atividades de Aprendizagem (AA), você deverá escrever partes do projeto de pesquisa,
seguindo os seguintes passos:
Veja bem, você escreverá o seu projeto de pesquisa e entregará ao seu professor formador
na data marcada para receber as AAs. Deverá encaminhar ao seu professor formador o projeto,
ou melhor, o seu pré-projeto de pesquisa. Siga as orientações desse material, e no que tange à
forma, veja especificamente o item “Partes constituintes do seu projeto de Pesquisa”.
Aproveite os espaços on line para discussão com o professor e com os seus colegas.
Bom Trabalho!!!
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