Determinação Do Ponto Isoelétrico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

PAULO GILDÂNIO FERREIRA TEIXEIRA


WILLIAN ALVES NASCIMENTO

DETERMINAÇÃO DO PONTO ISOELÉTRICO DE MINERAIS: método de Mular e


Roberts

CRATEÚS, 2019
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PAULO GILDÂNIO FERREIRA TEIXEIRA


WILLIAN ALVES NASCIMENTO

DETERMINAÇÃO DO PONTO ISOELÉTRICO DE MINERAIS: método de Mular e


Roberts

Relatório técnico apresentado para composição da


nota final da disciplina Processamento Mineral III.

Professora. Tiany Guedes Cota.

CRATEÚS, 2019
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RESUMO

A flotação é atualmente um dos principais métodos de concentração na


indústria mineral. Sua rápida aceitação na indústria se deve a sua ampla
aplicabilidade, tendo em vista que ela permite induzir uma característica
diferenciadora nos minerais. Contudo, para o sucesso do processo de flotação deve-
se ter um amplo conhecimento das propriedades físico-químicas dos minerais. Para
tal, é necessário uma ampla caracterização das espécies visando a obtenção de
parâmetros importantes. Um desses parâmetros é o ponto isoelétrico (pie). O intuito
deste trabalho é calcular o ponto isoelétrico de uma amostra de hematita compacta
por meio do Método de Mular e Roberts. Esse método, é uma forma simplificada
para efetuar-se a determinação do ponto isoelétrico em óxidos. Com a conclusão do
procedimento foi realizada a comparação do valor obtido com a literatura disponível
e conclusões a respeito da proximidade dos valores poderão ser tomadas.

Palavras-chave: Flotação Ponto Isoelétrico. Método de Mular e Roberts.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................
5
2 DESENVOLVIMENTO..................................................................................
6
2.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................
6
2.1.1 Objetivos específicos.................................................................................
6
2.2 METODOLOGIA............................................................................................
6
2.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS........................................................
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2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................
11
3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................
13
REFERÊNCIAS.............................................................................................
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1 INTRODUÇÃO

A flotação é um processo de concentração de minerais em suspenção no


qual as partículas minerais são forçadas a percorrer um determinado percurso e em
um certo momento os minerais que se deseja concentrar tomam trajetórias
diferentes, tomando um rumo ascendente (LUZ; SAMPAIO; FRANÇA, 2010).
Segundo Baltar (2010), o rápido e indiscutível sucesso da flotação no meio
industrial se deve a sua vasta aplicabilidade, pois ela permite modificar as
propriedades da superfície de basicamente todos os minerais por meio de
reagentes, fazendo com que seja possível induzir uma propriedade diferenciadora
entre as espécies minerais.
No Brasil, uma das principais aplicações da flotação se encontra no
processo de concentração do ferro, em especial a hematita (Fe2O3) já que esse
óxido é o principal mineral-minério de ferro lavrado no Brasil (HENRIQUES et al.,
2009).
Contudo, para o sucesso do processo de flotação deve-se ter um amplo
conhecimento das propriedades físico-químicas dos minerais envolvidos e das
interfaces formadas em solução. Para tal, é necessário uma ampla caracterização
das espécies visando a obtenção de parâmetros importantes. Um desses
parâmetros é o ponto isoelétrico (pie).
De acordo com Baltar (2010), o ponto isoelétrico de uma superfície mineral é
atingindo quando o potencial zeta é nulo, logo é o ponto onde a movimentação das
partículas não gera um potencial, acarretando na ausência de repulsão eletrostática
o que garante uma enorme agregação.
O presente relatório tem como objetivo realizar a medição do ponto
isoelétrico de uma amostra de hematita compacta (abaixo de 38 mícron) por meio do
procedimento empírico de Mular e Roberts afim de comparar os resultados com a
literatura disponível.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVO GERAL

Determinar o ponto isoelétrico (pie) de uma amostra de hematita compacta pelo


método de Mular e Roberts.

2.1.1 Objetivos específicos

 Aplicar os conceitos teóricos de maneira prática durante o experimento


 Simular o cotidiano de um laboratório de tratamento de minérios
 Construir um entendimento prático do método de Mular e Roberts
 Realizar a comparação entre os resultados obtidos no experimento e a
literatura disponível

2.2 METODOLOGIA

A metodologia aplicada nesse trabalho é o Método de Mular e Roberts. Esse


método, é uma forma simplificada para efetuar-se a determinação do ponto
isoelétrico em óxidos, baseando-se no fato do potencial elétrico nulo sempre
coincidir com o ponto isoelétrico em óxidos. O procedimento, que será melhor
descrito na seção a seguir, consta da preparação de soluções contendo um mineral
óxido pulverizado e um eletrólito posteriormente adicionado e dissolvido obtendo-se
assim duas medições de pH e portanto, uma variação como é mostrado na equação
1 a seguir.

∆ p H=( p H ) i− ( p H ) f (1)
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2.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Para a realização do experimento foram pesadas 4 amostras de 1 g de


hematita compacta com o auxílio da balança de precisão, uma espátula e um vidro
de relógio. Esse procedimento é ilustrado na figura 1 a seguir.

Figura 1 - Procedimento de pesagem da hematita compacta

Fonte: Autoria própria.

Em seguida as amostras foram dispostas em 4 erlenmeyer’s previamente


marcados com os pH’s teóricos que se desejava medir, 4, 6, 8 e 10 no caso. O
resultado desse procedimento é mostrado na figura 2.
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Figura 2 – Erlenmeyer’s contendo a hematita compacta

Fonte: Autoria própria.

Posterior a essa etapa foi adicionado aos erlenmeyer’s 100ml de um eletrólito,


no caso sal, com uma concentração de 10-2 mol/L. Esse volume foi aferido com o auxílio de
uma proveta graduada. Em seguida, com o auxílio do pHmetro de bancada tentou-se chegar
o mais próximo possível dos pH’s teóricos estipulados para a prática. O aumento e a
diminuição do pH das soluções, para fins de ajuste, foi realizado por meio do gotejamento
de um ácido (HCl) e uma base (NaOH). A figura 3 ilustra essa etapa do experimento.
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Figura 3 – Ajuste e aferição do pH com o pHmetro de bancada

Fonte: Autoria própria.

Com o fim dessa etapa os valores de pH foram anotados, obtendo-se assim o


pH inicial das soluções.
Para a próxima etapa do experimento foi necessário adicionar uma massa de
eletrólito para aumentar a concentração dez vezes. Ou seja, era necessário partir de
uma concentração inicial de 10 -2 mol/L para uma concentração de 10 -1 mol/L. Para se
chegar a esse valor de massa foi usado a equação 2, que representa a
concentração molar de uma solução.

C=( Vn )=( MmV )                                                                                                                                                                                 (2)

Em seguida explicitamos o valor da massa (m) e calculamos a massa molar


da sal Na = 23 somado a Cl = 35,5 resultando em M = 58,5. E por último calculamos
a massa necessária de NaCl para se atingir as concentrações exigidas no
experimento e subtraímos o valor da massa referente a maior concentração da
massa referente a menor concentração, para obter a massa que deve ser
10

adicionada nas soluções para o aumento de concentração e volume especificado V


= 100mL.

∆ m=100   x  10−3   x  58,5   x   ( 10−1−10−2 )≈ 0,53   g

De posse desse valor, foi realizado a pesagem do NaCl sólido com o auxílio
da balança de precisão, espátula e um vidro de relógio. A figura 4 ilustra esse
procedimento.

Figura 4 – Procedimento de pesagem do NaCl

Posterior a pesagem o NaCl foi adicionado as soluções e decorrido um tempo de 5


Fonte: Autoria própria.
minutos o pH dessas soluções foram medidos novamente, com o auxílio do pHmetro
de bancada, obtendo-se assim o pH final das soluções.

2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO


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Os resultados das medidas de (pH)i e (pH)f obtidas a partir das soluções com
pH’s teóricos iniciais de 4, 6, 8, e 10 são mostrados na tabela 1 a seguir.

Tabela 1. Resultados das medições do pH das amostras


Amostra pH (inicial) pH (final) ΔpH
Amostra (pH4) 4,14 4,48 -0,34
Amostra (pH6) 6,15 5,97 0,18
Amostra (pH8) 8,07 6,55 1,52
Amostra (pH10) 9,33 7,06 2,27

De posse dos dados de pH inicial, pH final e variação de pH foi possível


elaborar um gráfico de ΔpH vs pH final com a intenção de estimar de maneira
visual o ponto isoelétrico da hematita compacta. O gráfico é mostrado na figura 5
a seguir.

Figura 5 - Gráfico da variação do pH vs pH final

Fonte: Autoria própria.


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Em seguida foi traçada uma reta partindo do ponto ΔpH = 0 até o ponto de
encontro com a curva gerada pela união dos pontos, obtendo dessa forma uma
estimativa visual para o ponto isoelétrico da hematita. O gráfico ilustrando esse
procedimento é mostrado na figura 6.

Figura 6 – Determinação visual do ponto isoelétrico da hematita Po


r

Fonte: Autoria própria.

Fonte: Autoria própria.

inspeção visual o valor do ponto isoelétrico é aproximadamente 5,8. Na


caracterização realizada por Henriques (2012), na sua tese de doutoramento, o
ponto isoelétrico aferido pelo método de Mular e Roberts, em média, para a hematita
compacta com o eletrólito NaCl ficou em torno de 6,1.
A dupla ficou satisfeita com a proximidade dos resultados, pois mesmo
havendo um diferença superior a 5% entre os pontos isoelétricos obtidos nesse
trabalho e a referência citada, foi ponderada a inexperiência dos estudantes com a
utilização do pHmetro de bancada, o pouco tempo disponível para a completa
solubilização dos matérias sólidos na solução e principalmente a granulometria do
material que não era a mais adequada para o ensaio o que pode ter impedido uma
perfeita solubilização. Por se tratar de hematita compacta (sem impurezas silicosas)
a dupla não acredita que uma das razões do menor valor do ponto isoelétrico esteja
associado a presença de SiO2, que como citado por Henriques (2010) tende a
diminuir o ponto isoelétricos dos materiais.
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3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Com a realização do experimento a dupla chegou as seguintes conclusões:

 o método empírico de Mular e Roberts se mostrou relativamente confiável e


de fácil execução;
 a determinação exata das grandezas relacionadas aos fenômenos de
superfície na interface sólido/líquido é de grande importância para o sucesso
do processo de flotação;
 um amplo conhecimento das propriedades das interfaces formadas pelos
minerais e pela água é extremamente necessário para o sucesso da
concentração;
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REFERÊNCIAS

BALTAR, Carlos Adolfo Magalhães. Flotação no Tratamento de Minérios. 2. ed.


Recife: Editora Universitária UFPE, 2010. 240 p.

HENRIQUES, Andreia B. et al. Caracterização de hematita e estudo do Potencial


Zeta. In: ENCONTRO NACIONAL DE TRATAMENTO DE MINÉRIO E
METALURGIA EXTRATIVA, 23., 2009, Gramado. Anais... . Gramados: ENTMME,
2010. p. 15 - 22.

HENRIQUES, Andréia Bicalho. Caracterização e estudo das propriedades


eletrocinéticas dos minerais de ferro: hematita, goethita e magnetita. 2012. 223 f.
Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Minas, Engenharia Metalúrgica e de
Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.

LUZ, Adão Benvindo da; SAMPAIO, João Alves; FRANÇA, Silvia Cristina Alves.
Tratamento de Minérios. 5. ed. Rio de Janeiro: Cetem/mct, 2010. 963 p.
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