Administração Pública
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Orçamento Público
Material Teórico
Administração Pública e a Contabilidade aplicada ao Setor Público
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Administração Pública e a Contabilidade
aplicada ao Setor Público
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Entender os aspectos históricos e conceituais do setor público no
Brasil, bem como os modelos de prestação de serviços públicos e a
origem da Contabilidade Aplicada ao Setor Público no país.
ORIENTAÇÕES
Esta Disciplina tem como propósito apresentar as técnicas sobre a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público, sua obrigatoriedade e sua aplicação
nas entidades de direito público e nas entidades de direito privado de interesse
público, oferecendo-lhe contato com as discussões mais recentes dessa área;
além de lhe proporcionar momentos de leitura – textual e audiovisual – e
reflexão sobre os temas que serão aqui discutidos, contribuindo com sua
formação continuada e trajetória profissional.
UNIDADE Administração Pública e a Contabilidade aplicada ao Setor Público
Contextualização
A administração de um Estado democrático de direito requer habilidades dos
gestores em diversas áreas, como: saúde, educação, segurança pública, obras de
infraestrutura, dentre outras. Cada uma delas possui especificidades muito particulares,
que acabam inviabilizando um conhecimento aprofundando em todas elas.
Mas para que o Estado adquira bens ou serviços, é necessário que haja uma série
de etapas anteriores. É preciso, por exemplo, que o ente federativo (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) tenha aprovado sua Lei Orçamentária Anual (LOA).
Sim, o Orçamento Público é uma lei! Portanto, para que haja gasto de qualquer
entidade de direito público e, em alguns casos, para as empresas estatais, é preciso
a autorização do Poder Legislativo. Mas, o art. 2º da Constituição Federal de 1988
não fala de independência e harmonia entre os Poderes?
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aplicada ao Setor Público
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Conforme Reale (2000), o Estado surge quando um povo, alcançando certo
grau de evolução, ou certo estádio de integração social, declara-se livre, afirma,
perante os outros povos, a sua personalidade, e se provê de meios capazes de
traduzir essa afirmação no domínio concreto dos fatos.
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Explor
O filme “A Firma”, de Sydney Pollak, baseado no livro de John Grisham, mostra um advogado
recém-formado que recebe uma proposta milionária para trabalhar em uma firma de
advocacia. À medida que o tempo vai passando, ele percebe que a empresa, na verdade,
serve de fachada para lavar dinheiro da máfia, e que todos os advogados que saíram, ou
tentaram sair da firma, morreram de forma misteriosa. Ele é pressionado por investigadores
que contam as atividades irregulares da sua firma. Mas se cooperar perderá seu registro de
advogado por quebrar seu sigilo profissional.
Organização Público-Administrativa
A Administração pública brasileira é dividida em Administração Direta ou
Centralizada e em Administração Indireta ou Descentralizada.
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A Praça dos Três Poderes em Brasília representa os poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário. Ela foi projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. No entorno estão
localizados o Palácio do Itamaraty, o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça,
o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, o Panteão da Liberdade e
Democracia e ainda o Espaço Lúcio Costa.
Há, ainda, as Fundações Públicas, entidades de direito público, que também fazem
parte da Administração Indireta ou Descentralizada, assim como as autarquias,
mas, diferentemente destas, as fundações as leis autorizam a criação, enquanto
nas autarquias a própria lei as institui. Entretanto, as fundações públicas não têm
caráter regulatório, como têm as autarquias de natureza especial.
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Serviços públicos
O Estado pode, através de uma autorização específica, a pedido de uma pessoa
física ou jurídica, autorizar a prestação de serviços de interesse público, denominados
autorizados, para atender interesses coletivos instáveis ou emergências transitórias.
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titularidade de um serviço público, não transfere apenas a execução. O Ente que
realizou a outorga não pode retomar o serviço outorgado, a não ser por nova lei.
Faz-se através de lei e só pode ser retirada através de lei.
Leia o artigo “Nem privado nem estatal: em busca de uma nova estratégia para a provisão
Explor
de serviços públicos” de autoria de Carlos Antonio Morales abre espaço para uma reflexão
sobre a necessidade e o financiamento de serviços públicos.
MORALES, C. A. Nem privado nem estatal: em busca de uma nova estratégia para a provisão
de serviços públicos. Revista do Serviço Público. V. 49 n. 4 p. 115-147, 1998.
Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/1559
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O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários
informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária,
econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas
mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação
de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social
(Resolução CFC nº 1.128/2008).
Por fim, a função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir,
sistematicamente, o ciclo da administração pública para evidenciar informações
necessárias à tomada de decisões, à prestação de contas e à instrumentalização
do controle social (Resolução CFC nº 1.128/2008). Ou seja, a sociedade deve
fiscalizar as ações governamentais (onde são gastos os tributos arrecadados),
inclusive através da participação popular nas decisões governamentais.
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Até 2015 foram editados 38 pronunciamentos internacionais de contabilidade
para o setor público pela IFAC, entretanto o Pronunciamento nº 15 foi substituído
em 2009 pelos Pronunciamentos 28, 29 e 30 que tratam mais especificamente de
Instrumentos Financeiros. Portanto, temos 37 normas vigentes.
No Brasil foi instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) um Comitê
Gestor da Convergência, através da Resolução CFC n° 1.103/2007 e tem como
objetivo identificar e monitorar as ações a serem implantadas para viabilizar a
convergência das Normas Contábeis e de Auditoria, a partir das Normas Brasileiras
de Contabilidade editadas pelo próprio CFC.
Cada um dos pronunciamentos editados pelo IFAC trata de um assunto
específico. Como exposto anteriormente, os normativos vigentes antes da Lei
Complementar nº 101/2000, ou Lei de Responsabilidade Fiscal, tratavam
somente do Orçamento Público, portanto, a contabilidade executada pelas
diversas entidades do setor público era dispersa e com falta de objetividade,
apenas para cumprir uma exigência legal.
A edição das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
(NBCASP), em 2008, reforça a adoção de boas práticas contábeis que fortalecem
a credibilidade da informação, facilita o acompanhamento e a comparação da
situação econômico-financeira e do desempenho dos entes públicos, bem como
possibilita a economicidade e eficiência na alocação de recursos públicos.
Quadro 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
Norma Ementa
NBC T 16.1 Conceituação, objeto e campo de aplicação
NBC T 16.2 Patrimônio e sistemas contábeis
NBCT 16.3 Planejamento e seus instrumentos sob o enfoque contábil
NBC T 16.4 Transações no setor público
NBC T 16.5 Registro contábil
NBC T 16.6 Demonstrações contábeis
NBC T 16.7 Consolidação das demonstrações contábeis
NBC T 16.8 Controle interno
NBC T 16.9 Depreciação, amortização e exaustão
NBC T 16.10 Avaliação e mensuração de ativos e passivos em entidades do setor público
NBC T 16.11 Sistema de informação de custos do setor público
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Princípio da Entidade
Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto
da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da
diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto
de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o
patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários,
no caso de sociedade ou instituição.
Princípio da Continuidade
Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará
em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos
componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.
Princípio da Oportunidade
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração
e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações
íntegras e tempestivas.
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Perspectivas do Setor Público
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Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor original
dos componentes patrimoniais.
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para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das
transações originais (art. 7º), é necessário atualizar sua expressão
formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente
corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência,
o do patrimônio líquido;
Princípio da Competência
Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das
transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se
referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Princípio da Prudência
Art. 10 O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor
para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre
que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação
das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
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O PCASP é dividido em 8 classes, sendo as contas contábeis classificadas
segundo a natureza das informações que evidenciam:
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Gestão pública contemporânea
CASTRO, Ana Cristina de; CASTRO, Claudia Osório. Curitiba: InterSaberes, 2014.
ISBN 978-85-443-0069-5. Capítulo 4 – Governabilidade, governança, accountability
e ética na gestão pública.
Leitura
Manual de contabilidade aplicada ao setor público
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: Secretaria
do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de
Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. Parte IV – Plano de Contas
Aplicado ao Setor Público
http://goo.gl/xjYTge
Parcerias na administração pública
GROTTI, Dinorá Adelaide Musetti.
https://goo.gl/mtnR3H
Administração pública contemporânea: política, democracia e gestão
SANABIO, Marcos Tanure; SANTOS, Gilmar José dos; DAVID, Marcus Vinicius
(Org). Juiz de Fora: UFJF, 2013. ISBN 978-85-767-2166-6. Capítulo 2 - Modelos de
Administração Pública
http://goo.gl/vWfkne
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Referências
ARAÚJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. O essencial da
contabilidade pública: teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos.
São Paulo: Saraiva, 2009.
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___. Resolução CFC nº 1.130, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.131, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.4 – Transações no Setor Público. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.132, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.5 – Registro Mercantil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.133, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.6 – Demonstrações Contábeis. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.134, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T
16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.135, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T
16.8 – Controle Interno. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.136, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.137, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC
T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor
Público. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 2008.
___. Resolução CFC nº 1.366, de 25 de novembro de 2011. Aprova a NBC
T 16.11 – Sistema de Informação de Custos no Setor Público. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, 02 dez. 2011.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
IFAC. Handbook of International Public Sector Accounting Pronuncements –
Volume I. New York: The International Federation of Accountants – IFAC, 2015.
Disponível em < http://www.ifac.org/system/files/publications/files/IPSASB-
2015-Handbook-Volume-I.pdf>.
___ . Handbook of International Public Sector Accounting Pronuncements –
Volume II. New York: The International Federation of Accountants – IFAC, 2015.
Disponível em <http://www.ifac.org/system/files/publications/files/IPSASB-
2015-Handbook-Volume-II.pdf>.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 32. ed. São Paulo:
Malheiros, 2006.
NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 1. ed. 7. reimp. São Paulo: Atlas, 2009.
REALE, M. Teoria do Direito e do estado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
SILVA, L. M. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 9. ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
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