Excertos Auswchitz

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Para refletir… a dura realidade dos Campos de Concentração…

A Bibliotecária de Auschwitz

“Em Auschwitz, a vida humana vale menos que nada, tem tão pouco valor que já nem se fuzila
ninguém, pois uma bala é mais valiosa do que um homem. Há câmaras comunitárias onde se
usa o gás Zyklon, porque torna mais barato os custos, e com um único barril dá para matar
centenas de pessoas. A morte tornou-se uma indústria.

Nessa fábrica de destruição de vidas que é Auschwitz-Birkenau, onde os


fornos funcionam dia e noite com um combustível de corpos, o 31 é um
barracão atípico, uma raridade, uma anomalia. Em Auschwitz, não há
pássaros. Eles morrem eletrocutados nas cercas.

Ninguém em Auschwitz tocava num fio de cabelo dos gémeos, pois o


doutor Josef Mengele colecionava-os para as suas experiências. Ninguém
os trataria como ele, em macabras experiências genéticas para averiguar
como fazer para que as alemãs dessem à luz gémeos e assim
multiplicassem os nascimentos arianos. Esse homem é o demónio. Dizem
que ele abre a barriga das grávidas com um bisturi, sem anestesia. Depois,
também abre os fetos. Injeta bactérias do tifo em pessoas saudáveis para
observar como a doença se desenvolve. Submeteu um grupo de freiras
polonesas a sessões de raios X até queimá-las. Contam que ele obriga pares de irmãs gémeas a
ter relações sexuais com irmãos gémeos para saber se assim irão gerar gémeos.

A primeira lição que qualquer veterano dá a um recém-chegado, é ter um objetivo muito claro:
sobreviver. Sobreviver mais umas horas e assim acumular mais um dia, que somado a outros
poderá transformar-se em mais uma semana. E assim sucessivamente: nunca fazer grandes
planos, nunca ter grandes objetivos, apenas sobreviver a cada momento. Viver é um verbo que
só se conjuga no presente.

— Com todo o respeito, sr. Hirsch, tenho 14 anos. O senhor acredita mesmo que, depois de ver
todos os dias que o panelão do nosso café da manhã, cruza com o carrinho dos mortos e que
dezenas de pessoas entram nas câmaras de gás ler um romance pode impressionar-me?

Fecham as câmaras de gás, que tem uns chuveiros, para que ninguém desconfie e continuem a
acreditar que vão tomar banho. Depois… abrem a tampa do depósito, e um SS derrama uma
lata de gás Zyklon. Depois é só esperar 15 minutos, talvez menos... Depois, o silêncio. Primeiro
um suspiro, depois uma olhada para o céu. Quando se entra, encontra-se uma montanha de
cadáveres em cimas uns nos outros. Com certeza muitos morrem por esmagamento e asfixia.
Quando esse veneno entra, o corpo deve ter uma reação horrível, de sufocamento,
convulsões. Os cadáveres ficam cobertos de excrementos. Têm os olhos sem órbitas, o corpo
sangrando, como se o organismo tivesse rebentado por dentro. E os braços contraídos, como
garras, presos noutros corpos, num gesto de desespero. Os pescoços tão esticados para cima
pois devem ter procurado ar.

A minha função ali… Eu tenho que cortar o cabelo, principalmente os mais compridos e as
tranças. Depois é recolhido num camião. Como a minha tarefa é mais rápida, às vezes revezo
com outros colegas para arrancar os dentes de ouro. E também para arrastar os cadáveres até
o monta-cargas que os erguem até ao crematório. É horrível arrastá-los. Primeiro, temos que
soltar os corpos uns dos outros. Puxamos os corpos pelas mãos, que estão molhadas. Pouco
depois, já estamos com as mãos tão viscosas que não conseguimos segurar nada. Por fim,
usamos as bengalas dos idosos que morreram e os puxamos pela nuca. É a melhor maneira, e
no crematório, são queimados.
Contudo todos os dias chegam camiões de inválidos, doentes e gente muito idosa… esses
camiões param logo em frente ao crematório, vira o basculante e atira toda aquela gente para
o chão como se fossem pedras! Despi-los e enfiá-los na câmara de gás seria muito trabalhoso.
O que temos que fazer é levantar um por um pela orelha e pelo braço, e um SS dá-lhes um tiro
na cabeça. De quantos assassinatos por dia estamos a falar? — Quem sabe? Há um turno de
dia e outro à noite, nunca se para. Pelo menos duzentas ou trezentas pessoas em cada sessão,
e isso só no nosso crematório. Às vezes, há uma sessão por dia, em outras, duas. Com
frequência, os crematórios não chegam para queimar os corpos e por essa razão é-nos pedido,
que levemos os cadáveres para uma clareira do bosque. Colocamo-los todos numa camionete
e depois temos que descarregá-los outra vez. Os corpos são borrifados com gasolina e
queimados. Depois, é preciso recolher as cinzas com pás e coloca-las num camião. Acho que
são usadas como adubo.”

O Tatuador de Auschwitz

Esta é a história assombrosa do tatuador de Auschwitz e da mulher que conquistou o seu


coração - um dos episódios mais extraordinários e inesquecíveis do Holocausto.

Em 1942, Lale Sokolov chega a Auschwitz-Birkenau. Ali é incumbido da


tarefa de tatuar os prisioneiros marcados para sobreviver - gravando uma
sequência de números no braço de outras vítimas como ele - com uma
tinta indelével. Era assim o processo de criação daquele que veio a tornar
-se um dos símbolos mais poderosos do Holocausto.

À espera na fila pela sua vez de ser tatuada, aterrorizada e a tremer,


encontra-se Gita. Para Lale, um sedutor, foi amor à primeira vista. Ele está
determinado não só a lutar pela sua própria sobrevivência, mas também
pela desta jovem.

Um romance baseado em entrevistas que Heather Morris fez ao longo de


diversos anos a Ludwig (Lale) Sokolov, vítima do Holocausto e tatuador
em Auschwitz-Birkenau. Uma história de amor e sobrevivência no meio dos horrores de um
campo de concentração, que agradará a um vasto universo de leitores, em especial aos que
leram A Lista de Schindler e O Rapaz do Pijama às Riscas, e que nos mostra de forma pungente
e emocionante como o melhor da natureza humana se revela por vezes nas mais terríveis
circunstâncias.

“A tatuagem foi-lhe feita em segundos, mas, para Lale, o choque é tal que o tempo parece ter
parado. Segura o braço e fica a olhar o número. Como pode alguém fazer isto a outro ser
humano? Pergunta-se se, pelo resto da sua vida, seja ela curta ou longa, será definido  por
aquele momento, por aquele número mal desenhado: 32407. 

- Bom, Lale, um homem que ensina a respeito de impostos e de taxas de juro acaba por se
envolver na política do seu país. A política ajuda-nos a entender o mundo até deixarmos de o
entender e, nessa altura, atiram connosco para um campo prisional. O mesmo acontece  com a
religião. 

- O que faz dela uma heroína. Tu também  és, querida. As duas escolheram sobreviver; isso já é
resistir a estes malvados nazis. Escolher viver é um ato de desafio, é uma forma de  heroísmo.”

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