Fichamento - As Regras Do Metodo Sociologico
Fichamento - As Regras Do Metodo Sociologico
Fichamento - As Regras Do Metodo Sociologico
Capítulo I
“Antes de procurar qual método convém ao estudo dos fatos sociais, importa saber
quais fatos chamamos assim. ” [...]. Todo indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a
sociedade tem como todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente. (P. 1).
“Esses fatos constituem, portanto, uma espécie nova, e é a eles que deve ser dada e
reservada a qualificação de sociais. [...]. Sendo hoje, incontestável, porém, que a maior parte
de nossas ideias e de nossas tendências não é elaborada por nós, mas nos vem de fora, elas só
podem penetrar em nós impondo-se; eis que tudo o que significa nossa definição. [...] mas
existem outros fatos que, sem apresentar essas formas cristalizadas, têm a mesma objetividade
e a mesma ascendência sobre o indivíduo. É o que chamamos de correntes sociais. [...].
Somos então vítimas de uma ilusão que nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o que se
impôs a nós de fora. ”. (P. 4).
“Aliás, pode-se confirmar por uma experiência a definição do fato social: basta
observar a maneira como são educadas as crianças. Quando se observam os fatos tais como
são e tais como sempre foram, salta aos olhos que toda educação consiste num esforço
contínuo para impor a criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não teria
chegado espontaneamente. [...]. Essa pressão de todos os instantes que sofre a criança é a
pressão mesma do meio social que tende a modelá-lo à sua imagem e do qual os pais e os
mestres não são senão os representantes e os intermediários. [...]. Assim não é sua
generalidade que pode servir para caracterizar os fenômenos sociológicos. Um Pensamento
que se encontra em todas as suas consciências particulares, um movimento que todos os
indivíduos repetem nem por isso são fatos sociais. ”. (P. 6).
“Mas, ainda que se deva, em parte, à nossa colaboração direta, o fato social é da
mesma natureza. Um sentimento coletivo que irrompe numa assembleia não exprime
simplesmente o que havia de comum entre todos os sentimentos individuais”. (P. 9).
“Um fato social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de
exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder se reconhece, por sua vez, seja pela
existência de alguma sanção determinada, seja pela resistência que o fato opõe a toda tentativa
individual de fazer-lhe violência. ”. (P. 10).
“A primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas. ” [P.
15].
“No momento em que uma nova ordem de fenômenos torna-se objeto de ciência, eles
já se acham representados no espírito, não apenas por imagens sensíveis, mas por espécies de
conceitos grosseiros formados [...] O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a
respeito delas ideias, de acordo com as quais regula sua conduta. ” [P. 15].
"Sentimos sua resistência quando buscamos libertar-nos delas. Ora, não podemos
deixar de considerar como real o que se opõe a nós. Tudo contribui, portanto, para que
vejamos nelas a verdadeira realidade social." [P. 19].
"Em toda ordem de pesquisas, com efeito, é somente quando a explicação dos fatos
está suficientemente avançada que é possível estabelecer que eles têm um objetivo qual é esse
objetivo" [P.25].
“...os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisa [...] é trata-los na
qualidade de data que constituem o ponto de partida da ciência. [...]considerar fenômenos
sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-
los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. ” (P.
28).
“...mesmo que eles não tivessem afinal todos os caracteres da coisa, deve-se primeiro
trata-los como se os tivessem. Essa regra aplica-se, portanto, à realidade social inteira, sem
que haja motivos para qualquer exceção. [...]. O caráter convencional de uma prática ou de
uma instituição jamais deve ser presumido. ” [P. 29].
“Toda investigação cientifica tem por objeto um grupo determinado de fenômenos que
correspondem a uma mesma definição. O primeiro procedimento do sociólogo deve ser,
portanto, definir as coisas de que ele trata, a fim de que se saiba e de que ele saiba bem o que
está em questão. [...] Além do mais, visto ser por essa definição que é constituído objeto
mesmo da ciência, este será uma coisa ou não, conforme a maneira pela qual essa definição
foi feita. Para que ela seja objetiva, é preciso evidentemente que exprima os fenômenos, não
em função de uma ideia do espírito, mas de propriedades que lhe são inerentes. ” [P. 35].
“Não possuímos nenhum outro critério que possa, mesmo parcialmente, suspender os
efeitos precedentes. Donde a seguinte: Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo
de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes são comuns, e
compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa definição. ” [P. 36].
“Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma
imediatamente contato com a realidade. Com efeito, o modo como os fatos são assim
classificados não depende dele, da propensão particular de seu espirito, mas da natureza das
coisas. ” [P. 37].
“...elas são o primeiro e indispensável elo da cadeia que a ciência irá desenrolar a
seguir no curso de suas explicações. [...]. Visto ser pela sensação que o exterior das coisas nos
é dado, pode-se, portanto, dizer, em resumo: a ciência, para ser objetiva, deve partir, não de
conceitos que se formaram sem ela, mas da sensação. É dos dados sensíveis que ela deve
tomar diretamente emprestados os elementos de suas definições iniciais. [...]. Mas a sensação
é facilmente subjetiva. Assim é de regra, nas ciências naturais, afastar os dados sensíveis que
correm o risco de ser demasiado pessoais ao observador, para reter exclusivamente os que
apresentam um suficiente grau de objetividade. ” [P.44]
“Pode-se estabelecer como princípio que os fatos sociais são tanto mais suscetíveis de ser
objetivamente representados quanto mais completamente separados dos fatos individuais que
os manifestam. [...]. De fato, uma sensação é tanto mais objetiva quanto maior a fixidez do
objeto ao qual ela se relaciona; pois a condição de toda objetividade é a existência de um
ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser relacionada e que
permite eliminar tudo que ela tem de variável, portanto, de subjetivo. ” [P. 45].