Reajuste de 28 86% Par 0382-2021.Rldn. Sef - Militar Reajuste 28,86

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DO EXÉRCITO
NÚCLEO DE ASSUNTOS MILITARES

PARECER n. 00382/2021/CONJUR-EB/CGU/AGU

NUP: 64689.001135/2021-16
INTERESSADOS: COMANDO DO EXÉRCITO - SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS - SEF
ASSUNTOS: MILITAR. REAJUSTE 28,86%. DECISÕES JUDICIAIS. CLÁUSULA REBUS SIC
STANTIBUS.

DIFERENÇAS REAJUSTE 28,86%. EXTENSÃO AOS MILITARES DE DIFERENTES


POSTOS POR DECISÕES JUDICIAIS. ABSORÇÃO POR REAJUSTES REMUNERATÓRIOS
POSTERIORES. CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS . ALTERAÇÕES FÁTICAS E/OU
JURÍDICAS. APLICAÇÃO DE TEMA FIRMADO EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL (RE
nº 596.663)
1. Concedidas as diferenças concernente ao reajuste de 28,86% aos militares por
decisões judiciais, estas parcelas devem ser absorvidas por posteriores reajustes
remuneratórios, sejam estes por progressão funcional nas carreiras castrenses
ou alteração legislativa;
2. Tratando-se de relação jurídica de trato sucessivo e diante da aplicação da
cláusula rebus sic stantibus e conforme precedentes do STF (Tema de Repercussão
Geral nº 494 - RE nº 596.663; MS 33449; MS 32435; MS 25430), não há ofensa à coisa
julgada e não se vislumbra a necessidade de intervenção judicial para a gradativa
absorção do percentual de 28,86%, podendo ocorrer administrativamente.
Desnecessidade de ação rescisória ou revisional. Orientação SGCT (NUP
00400.007120/2009-71) e Acórdão n.º 1614/2019 TCU - Plenário;
3. Decisões judiciais expressas quanto à não absorção do reajuste de 28,86% por
posteriores acréscimos salariais. Não recomendação de atuação administrativa,
sponte propria , para a supressão dos valores. Entende-se que a melhor alternativa seja o
acionamento dos órgãos de contencioso da AGU competentes para a avaliação de cada
caso;
4. Nos casos de absorção dos valores administrativamente, entende-se
necessário assegurar ao interessado a garantia do contraditório e da ampla
defesa;
5. Tratando-se de matéria que pode provocar impacto na atuação administrativa das
três Forças, sugere-se o encaminhamento destes autos à Consultoria Jurídica do
Ministério da Defesa.

Excelentíssimo Senhor Consultor Jurídico,

I - RELATÓRIO

1. Trata-se de consulta encaminhada pelo Subsecretário de Economia e Finanças a esta


Consultoria Jurídica Adjunta ao Comando do Exército por meio do DIEx nº 59-ASSE1/SSEF/SEF, de 09 de
março de 2021, "para conhecimento e orientação quanto aos procedimentos a serem adotados pelo
CPEx e pelas UG, no tocante às respostas acerca dos questionamentos do TCU em razão de implantação
das diferenças salariais decorrentes do reajuste dos 28,86%, bem como, se for o caso, informar o Gab
Cmt Ex para que também se manifeste acerca do tema".

2. Para tanto, vem os autos instruídos, no que importa, com os seguintes documentos:

DIEx nº 59-ASSE1/SSEF/SEF, de 09 de março de 2021, da Secretaria de Economia e


Finanças (fls. 02/03);
DIEx nº 369-SJ.Ch/SecJur/CPEx, de 16 de novembro de 2020, do Centro de Pagamento do
Exército (fls. 04/06);
DIEx nº 412-SJ.Ch/SecJur/CPEx, de 7 de dezembro de 2020, do Centro de Pagamento do
Exército (fls. 07/12);
Fichas financeiras (fls. 13/78);
Sentença judiciais que concedem o percentual de 28,86% (fls. 79/91).

3. É o relatório.

II - PRELIMINARMENTE: DA FINALIDADE, ABRANGÊNCIA E LIMITES DO PRESENTE


PARECER

4. A presente manifestação jurídica tem o escopo de assistir a Autoridade assessorada no


controle interno da legalidade administrativa de atos a serem praticados (inciso V do art. 11 da LC nº 73,
de 1993).

5. Importante salientar que o exame dos autos processuais se restringe aos seus
aspectos jurídicos, excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica. Em relação a estes, parte-se da
premissa de que a Autoridade competente se municiou dos conhecimentos específicos imprescindíveis
para a sua adequação às necessidades da Administração, observando os requisitos legalmente
impostos. Ademais, também refoge ao âmbito de atribuições desta unidade de assessoria jurídica uma
avaliação sobre a conveniência e oportunidade do quanto pretendido.

6. Nesse sentido o Enunciado de Boas Práticas Consultivas BPC nº 07 da Advocacia-Geral da


União estabelece que “o Órgão Consultivo não deve emitir manifestações conclusivas sobre
temas não jurídicos, tais como os técnicos, administrativos ou de conveniência ou
oportunidade”.

7. Finalmente, ressalte-se que a atividade de assessoramento jurídico exercida pela AGU “se
realiza mediante exteriorização de manifestação voltada a conferir segurança jurídica à
atuação administrativa", cf. Manual de Boas Práticas Consultivas, 4ª. ed. 2016, p. 58. Assim, impõe-se
salientar que determinadas observações são feitas sem caráter vinculativo, mas em prol da
segurança da própria Autoridade assessorada a quem incumbe, dentro da margem de
discricionariedade que lhe é conferida pela lei, avaliar e acatar, ou não, tais ponderações .
Não obstante, as questões relacionadas à legalidade serão apontadas para fins de sua correção. O
prosseguimento do feito sem a observância destes apontamentos será de responsabilidade
exclusiva da Administração.

III - ANÁLISE JURÍDICA

III.1. Contextualização. Do reajuste de 28,86% e os militares

8. Na situação em tela, requer a Secretaria de Economia e Finanças análise jurídica acerca da


implantação das diferenças salariais decorrentes do reajuste de 28,86% em cumprimento de decisões
judiciais, especialmente tendo em vista indícios levantados pelo Tribunal de Contas da União no sentido
da absorção dos referidos índices por aumentos remuneratórios concedidos posteriormente por leis
posteriores.

9. Conforme narrado pelo Centro de Pagamento do Exército ( DIEx nº 369-


SJ.Ch/SecJur/CPEx e DIEx nº 412-SJ.Ch/SecJur/CPEx), a situação tem origem em reajustes remuneratórios
concedidos a servidores civis e militares de forma diferenciada nos termos das Leis nº 8.622/93 e nº
8.627/93, sendo que até entre os militares, a depender dos postos e graduações, referidos aumentos
foram escalonados, onde os cargos mais altos alcançaram reajuste de 28,86%.

10. Diversas categorias de servidores, além dos próprios militares, requereram perante o
Judiciário que o referido reajuste fosse estendido a eles no mesmo percentual. A demanda chegou ao
Supremo Tribunal Federal, conforme RMS nº 22.307, restando decidido que as diferenças
remuneratórias quanto ao índice de 28,86% seriam devidas, o que logo foi concedido de forma
praticamente generalizada por decisões judiciais em todo o país.

11. Mencionado RMS nº 22.307, do STF, paradigma sobre o tema, restou assim ementado, bme
como no julgamento dos embargos declaratórios, que esclareceram melhor a questão da necessidade
de compensação dos reajustes já percebidos por outras categorias:

Julgamento de mérito:

RECURSO ORDINÁRIO - PRAZO - MANDADO DE SEGURANÇA - SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL. O silêncio da legislação sobre o prazo referente ao recurso ordinário contra
decisões denegatórias de segurança, ou a estas equivalentes, como é o caso da que tenha
implicado a extinção do processo sem julgamento do mérito - mandado de segurança nº
21.112-1/PR (AGRG), relatado pelo Ministro Celso de Mello, perante o Plenário, cujo acórdão
foi publicado no Diário da Justiça de 29 de junho de 1990, à página 6.220 - é conducente à
aplicação analógica do artigo 33 da Lei nº 8.038/90. A oportunidade do citado recurso
submete-se à dilação de quinze dias. REVISÃO DE VENCIMENTOS - ISONOMIA. "a
revisão geral de remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre
servidores públicos civis e militares, far-se-á sempre na mesma data" - inciso X - sendo
irredutíveis, sob o ângulo não simplesmente da forma (valor nominal), mas real (poder
aquisitivo) os vencimentos dos servidores públicos civis e militares - inciso XV, ambos do
artigo 37 da Constituição Federal.
(RMS 22307, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/02/1997, DJ 13-06-
1997 PP-26722 EMENT VOL-01873-03 PP-00458 RTJ VOL-00163-01 PP-00132)

Julgamento dos embargos de declaração:


EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDORES DO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.
REAJUSTE DE VENCIMENTOS DE 28,86%, DECORRENTE DA LEI Nº 8.627/93 .
DECISÃO DEFERITÓRIA QUE TERIA SIDO OMISSA QUANTO AOS AUMENTOS DE
VENCIMENTOS DIFERENCIADOS COM QUE O REFERIDO DIPLOMA LEGAL CONTEMPLOU
DIVERSAS CATEGORIAS FUNCIONAIS NELE ESPECIFICADAS. Diploma legal que, de efeito,
beneficiou não apenas os servidores militares, por meio da "adequação dos
postos e graduações", mas também nada menos que vinte categorias de
servidores civis, contemplados com "reposicionamentos" (arts. 1º e 3º), entre as
quais aquelas a que pertence a maioria dos impetrantes. Circunstância que não se
poderia deixar de ter em conta, para fim da indispensável compensação, sendo certo
que a Lei nº 8.627/93 contém elementos concretos que permitem calcular o percentual
efetivamente devido a cada servidor. Embargos acolhidos para o fim explicitado.
(RMS 22307 ED, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ILMAR GALVÃO,
Tribunal Pleno, julgado em 11/03/1998, DJ 26-06-1998 PP-00008 EMENT VOL-01916-01 PP-
00016 RTJ VOL-00167-01 PP-00109)

12. Especificamente quanto aos militares, informou o Centro de Pagamento do


Exército (CPEx) que aqueles passaram a postular o pagamento das diferenças do reajuste de 28,86%,
tendo surgido decisões judiciais favoráveis tanto no sentido de concessão dos índices, mas com
limitação do pagamento das diferenças ao advento da MP nº 2.131, de 28 de dezembro de 2000, bem
como outras sem qualquer limite temporal determinado, o que se entendeu que os valores seriam
incorporados permanentemente aos soldos.

13. Os autos foram instruídos com as seguintes decisões judiciais pelo Chefe do CPEx ( DIEx nº
412-SJ.Ch/SecJur/CPEx), a título meramente exemplificativo :

Processo nº 2003.709718-0 - Foi julgado parcialmente procedente o pedido, determinado


que a União: "1) reajuste e incorpore aos vencimentos da parte autora o índice de
28,86%, a partir de 01.01.93, compensando-se apenas os reposicionamentos porventura
ocorridos pela aplicação da Lei 8.627/93; (...)" e acrescentando que, " no tocante à
compensação, deverá à Ré, quando da elaboração dos cálculos: a) considerar,
unicamente, os reposicionamentos decorrentes da Lei 8.627/93, correlacionando-os com
os respectivos meses de verificação, desconsiderando as movimentações funcionais
oriundas de promoções ou de outras normas legais";
Processo nº 1999.83.00.13092-4 - Foi julgado parcialmente procedente o pedido,
condenando a União a "reajustar os vencimentos dos autores, apenas, aplicando o índice
de 28,86% (vinte e oito inteiros e oitenta e seis centésimos percentuais) sobre os seus
soldos, descontado-se os percentuais já, eventualmente, aplicados no mesmo período,
bem como ao pagamento de todas diferenças, devidamente corrigidas (...)";
Processo nº 2005.43.00900187-8 - Foi julgado procedente o pedido autoral, a fim de
condenar a União a "incorporar, a partir de 01/01/93, observando-se o prazo prescricional
já aludido (anterior a cinco anos antes da propositura da ação), aos vencimentos do Autor
o reajuste de 28,86%, deduzindo-se de tal percentual eventuais reajustes específicos
concedidos a ele pelas Leis nºs 8.622/93 e 8.627/93, inclusive sob a forma de
reposicionamento, tendo como limite temporal a MP 2131 de 28 de dezembro de 2000,
reeditada até a MP 2215-10, de 31 de agosto de 2001" (fl. 91).

14. Nesse sentido, questiona-se se o entendimento do TCU, no sentido da absorção gradativa do


percentual de 28,86%, todas as vezes em que haja reajuste dos vencimentos da carreira, o que teria por
base interpretação da Súmula Vinculante nº 51 do STF, ao indicar que "o reajuste de 28,86%, concedido
aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder
executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos
pelos mesmos diplomas legais", seria aplicável aos militares, considerando ainda as peculiaridades dos
postos castrenses, que apresentam diferenças e critérios para ascensão funcional, distintos dos
servidores civis.

III. 2 - Da aplicabilidade da cláusula rebus sic stantibus. Absorção das diferenças


referentes ao reajuste de 28,86%

15. A peculiaridade da consulta ora posta diz respeito à existência de decisões judiciais (a
maioria provavelmente já transitadas em julgado, considerando o tempo que tramitaram tais demandas)
no sentido da implantação das diferenças concernentes ao reajuste de 28,86%, outrora concedido às
mais altas patentes militares por decorrência das Leis nº 8.622/93 e nº 8.627/93, com determinação de
extensão para os mais diversos postos castrenses, bem como aos servidores civis, com base no princípio
da isonomia.

16. Nesse momento, cabe examinar se tais decisões judiciais devem permanecer produzindo
seus efeitos, em que pese a alteração dos pressupostos fáticos e/ou jurídicos que antes existiam quando
da sua prolação, especialmente tendo em vista outros aumentos remuneratórios concedidos aos
militares beneficiários das mencionadas ordens judiciais.

17. Conforme se extrai dos autos, as diversas decisões judiciais que beneficiaram os militares
para fins de extensão do reajuste de 28,86% foram proferidas em momento anterior às alterações
remuneratórias ocasionadas por progressão funcional ou leis posteriores que majoraram os soldos ou
parcelas remuneratórias dos militares. Ou seja, após prolatadas as sentenças, houve modificação fática
e/ou legislativa, alterando-se os pressupostos jurídicos vigentes à época.

18. Nesse caso, aplica-se à situação em análise a regra rebus sic stantibus, em que uma
situação excepcional autoriza a perda da eficácia da coisa julgada ante a alteração da situação fática ou
jurídica. É por esse motivo que não se vislumbra violação à coisa julgada quando é exarado ato
administrativo que entenda de modo diverso do que estabelecido em decisão judicial cujos elementos
fáticos ou jurídicos foram modificados.

19. A questão em referência já foi decidida em sede de repercussão geral pelo Supremo
Tribunal Federal, conforme RE nº 596.663, em que se entendeu pela ausência de ofensa à coisa julgada
quando, nas relações jurídicas de trato continuado, há alteração nos pressupostos fáticos ou jurídicos
que embasaram a sentença quando da sua prolação. Confira-se a ementa do julgado em referência:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA AFIRMANDO DIREITO À DIFERENÇA DE


PERCENTUAL REMUNERATÓRIO, INCLUSIVE PARA O FUTURO. RELAÇÃO JURÍDICA DE TRATO
CONTINUADO. EFICÁCIA TEMPORAL. CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS. SUPERVENIENTE
INCORPORAÇÃO DEFINITIVA NOS VENCIMENTOS POR FORÇA DE DISSÍDIO COLETIVO.
EXAURIMENTO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA. 1. A força vinculativa das sentenças sobre
relações jurídicas de trato continuado atua rebus sic stantibus : sua eficácia
permanece enquanto se mantiverem inalterados os pressupostos fáticos e
jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provimento
sentencial. A superveniente alteração de qualquer desses pressupostos (a)
determina a imediata cessação da eficácia executiva do julgado,
independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas hipóteses previstas
em lei, de ação revisional, razão pela qual (b) a matéria pode ser alegada como matéria
de defesa em impugnação ou em embargos do executado. 2. Afirma-se, nessa linha de
entendimento, que a sentença que reconhece ao trabalhador ou servidor o direito a
determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da
superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos. 3. Recurso
extraordinário improvido. (RE nº 596.663, Tribunal Pleno, Rel. Marco Aurélio, Red. Acórdão
Teori Zavascki, DJ de 26/11/2014)

20. A tese referente ao Tema de Repercussão Geral nº 494 restou assim redigida: " a
sentença que reconhece ao trabalhador ou servidor o direito a determinado percentual de
acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente incorporação
definitiva do referido percentual nos seus ganhos".

21. Considerando não haver, s.m.j., disposição legal que exija ação revisional para casos como
o tratado nestes autos, referente a reajuste salarial, depreende-se que não é necessária intervenção no
âmbito da ação judicial para a gradativa absorção do percentual do 28,86% à medida que o soldo dos
militares é reajustado, considerando alterações ocasionadas tanto pelo âmbito fático, como
promoções/progressões de postos, ou pela esfera legal, com aumentos condidos por normas
posteriores. Dessa forma, basta ato administrativo fundamentado da Organização Militar no sentido de
efetivar a mencionada exclusão.

22. Saliente-se que a Secretaria-Geral de Contencioso, órgão responsável por emitir orientações
para atuação da Advocacia-Geral da União no âmbito das decisões do Supremo Tribunal Federal, já
exarou manifestação sobre o panorama do Recurso Extraordinário nº 596.663, nos termos do NUP
00400.007120/2009-71, sendo proferido o Parecer n. 00005/2019/DAE/DRG/SGCT/AGU (Seq 5) e a
Nota n. 00025/2019/DAE/SGCT/AGU (Seq 28). Nesta última, restou expresso que "extrai-se do julgado
que a qualquer momento pode ser invocada a cláusula rebus sic stantibus, qual seja, a superveniente
"alteração dos pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo
provimento sentencial", independentemente de ação rescisória, ou, salvo em estritas hipóteses
previstas em lei, de ação revisional".

23. A Suprema Corte, nos precedentes abaixo colacionados, entendeu legal a atuação
administrativa sem a necessidade de ação revisional em face da regra rebus sic
stantibus, especialmente em casos como o estudo dos autos, referente a diferenças concernentes a
percentual de reajuste salarial que devem ser absorvidos por aumentos posteriores do valor nominal da
remuneração. Confira-se, in verbis :

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. REVISÃO


DE APOSENTADORIA: EXCLUSÃO DE PARCELA DECORRENTE DE DECISÃO JUDICIAL.
ALEGADA CONTRARIEDADE AOS LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA E DE
DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA: NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.(MS 33449 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN
LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 30/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-197 DIVULG
10-09-2019 PUBLIC 11-09-2019)

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. APOSENTADORIA.


EXAME. DECADÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DIREITO À DIFERENÇA DE PERCENTUAL
REMUNERATÓRIO DE 28,86%, INCLUSIVE PARA O FUTURO, RECONHECIDO POR
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. PERDA DA EFICÁCIA VINCULANTE DA
DECISÃO JUDICIAL, EM RAZÃO DA SUPERVENIENTE ALTERAÇÃO DOS
PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS QUE LHE DERAM SUPORTE. SUBMISSÃO À
CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À GARANTIA DA COISA
JULGADA. 1. Conforme entendimento da Corte, o procedimento administrativo complexo de
verificação das condições de validade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão não se sujeita à regra prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. 2. A força
vinculativa das sentenças sobre relações jurídicas de trato continuado atua rebus sic
stantibus: sua eficácia permanece enquanto se mantiverem inalterados os
pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido
pelo provimento sentencial. A superveniente alteração de qualquer desses
pressupostos determina a imediata cessação da eficácia executiva do julgado,
independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas hipóteses previstas
em lei, de ação revisional. 3. No caso, após o trânsito em julgado da sentença que
reconheceu o direito à diferença de 28,86% nos vencimentos do servidor,
sobreveio, além da sua aposentadoria, substancial alteração no estado de
direito, consistente na edição da MP 1.704/1998, que estendeu o aumento
inicialmente concedido aos servidores militares aos servidores civis, e de leis
posteriores reestruturadoras da Carreira de Magistério Superior (Lei 10.405/2002,
que alterou a tabela de vencimentos dos professores de 3º grau, a Lei 11.344/2006, que
reestruturou a carreira dos professores de 3º grau, e a Lei 11.784/2008, que instituiu a
Gratificação Temporária para o Magistério - GTMS e a Gratificação Específica do Magistério
Superior – GEMAS, dentre outras). Por força dessa superveniente mudança do quadro
fático e normativo que dera suporte à condenação, deixou de subsistir a eficácia
da sentença condenatória. 4. Agravo regimental provido.(MS 32435 AgR, Relator(a):
Min. CELSO DE MELLO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma,
julgado em 04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 14-10-2015 PUBLIC 15-
10-2015)

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. APOSENTADORIA.


EXAME. DECADÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DIREITO AO PAGAMENTO DA UNIDADE DE
REFERÊNCIA E PADRÃO – URP DE 26,05%, INCLUSIVE PARA O FUTURO,
RECONHECIDO POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. PERDA DA EFICÁCIA
VINCULANTE DA DECISÃO JUDICIAL, EM RAZÃO DA SUPERVENIENTE ALTERAÇÃO
DOS PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS QUE LHE DERAM SUPORTE. SUBMISSÃO
À CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS . INEXISTÊNCIA DE OFENSA À GARANTIA DA COISA
JULGADA. PRECEDENTES. 1. No julgamento do RE 596.663-RG, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel.
para o Acórdão Min. Teori Zavascki, DJe 26.11.2014, o Tribunal reconheceu que o
provimento jurisdicional, ao pronunciar juízos de certeza sobre a existência, a inexistência
ou o modo de ser das relações jurídicas, a sentença leva em consideração as circunstâncias
de fato e de direito que se apresentam no momento da sua prolação. 2. Tratando-se de
relação jurídica de trato continuado, a eficácia temporal da sentença permanece
enquanto se mantiverem inalterados esses pressupostos fáticos e jurídicos que
lhe serviram de suporte (cláusula rebus sic stantibus ). 3. Inexiste ofensa à coisa
julgada na decisão do Tribunal de Contas da União que determina a glosa de
parcela incorporada aos proventos por decisão judicial, se, após o provimento, há
alteração dos pressupostos fáticos e jurídicos que lhe deram suporte. 4. Ordem
denegada.(MS 25430, Relator(a): Min. EROS GRAU, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 26/11/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-095 DIVULG
11-05-2016 PUBLIC 12-05-2016)

24. A doutrina pátria se posiciona de igual modo, conforme abaixo colacionado:

A alteração do status quo tem, em regra, efeitos imediatos e automáticos. Assim,


se a sentença declarou que determinado servidor público não tinha direito a adicional de
insalubridade, a superveniência de lei prevendo a vantagem importará imediato
direito de usufruí-la, cessando a partir daí a eficácia vinculativa do julgado,
independente de novo pronunciamento judicial ou de qualquer outra
formalidade. Igualmente, se a sentença declara que os serviços prestados por
determinada empresa estão sujeitos a contribuição para a seguridade social, a norma
superveniente que revogue a anterior ou que crie isenção fiscal cortará sua força
vinculativa, dispensando o contribuinte, desde logo, do pagamento do tributo. O
mesmo pode ocorrer em favor do Fisco, em casos que, reconhecida por sentença,
a intributabilidade, sobrevier lei criando tributo: sua cobrança pode dar-se
imediatamente, independentemente de revisão do julgado anterior.
No que se refere à mudança no estado de fato, a situação é idêntica. A sentença que, à
vista da incapacidade temporária para o trabalho, reconhece o direito ao benefício de
auxílio doença tem força vinculativa enquanto perdurar o status quo. A superveniente cura
do segurado importa imediata cessação dessa eficácia. Nos exemplos citados, o
interessado poderá invocar a nova situação (que extinguiu, ou modificou a relação jurídica)
como matéria de defesa, impeditiva da outorga da tutela pretendida pela parte contrária.
Havendo execução da sentença, a matéria pode ser alegada pela via de embargos, nos
termos art. 741, VI, do CPC. Tratando-se de matéria típica de objeção, dela pode conhecer
o juiz até mesmo de ofício, mormente quando se trata de mudança do estado de direito,
quando será inteiramente aplicável o princípio jura novit curia.
(...)
Convém repetir e frisar, todavia, que a ação de revisão é indispensável apenas
quando a relação jurídica material de trato continuado comportar, por disposição
normativa, o direito potestativo antes referido. É o caso da ação de revisão de
alimentos, destinada a ajustá-los à nova situação econômica do devedor ou às
supervenientes necessidades do credor, e da ação de revisão de sentença que tenha fixado
valores locatícios, para ajustá-los a novas condições de mercado (arts. 19 e 68 da Lei
8.245/1991). Afora tais casos, a modificação do estado de fato ou de direito
produz imediata e automaticamente a alteração da relação jurídica, mesmo
quando esta tiver sido certificada por sentença com trânsito em julgado,
conforme anteriormente assinalado.
(ZAVASCKI, Teori Albino Zavascki. Eficácia das Sentenças na Jurisdição Constitucional, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 3ª Ed. 2013, p. 106-108) (grifou-se)

Não é de hoje que, sempre forte na lição de Liebman, venho asseverando que a
autoridade da coisa julgada material sujeita-se sempre à regra rebus sic
stantibus, de modo que, sobrevindo fato novo, "o juiz, na nova decisão, não altera o
julgado anterior, mas, exatamente para atender a ele, adapta-o ao estado de fato
superveniente".
(DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. 6ª edição, Tomo II,
Editora Malheiros - São Paulo, 2010, p. 1170/1171.)

25. Note-se que a superveniência de alterações do contexto fático decorrente de


reestruturações em carreiras/ reajustes salariais motivaram a prolação do Acórdão n.º 1614/2019 TCU -
Plenário no qual se determinou o recadastramento de ações no SIGEPE pelo Ministério da Economia, nos
seguintes termos:

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,


ante as razões expostas pela relatora, e com base no art. 45 da Lei 8.443/1992 e no art.
237, inciso I, do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la procedente;
9.2. fazer determinação à Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do
Ministério da Economia (SGP) , na qualidade de gestora do Sistema Integrado de
Administração de Pessoal (Siape) , que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da
ciência desta deliberação, sob os fundamentos que sustentam o RE 596.663/RJ, red.
Acórdão min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, DJe 26/11/2014; a Súmula TCU 241; a Súmula
TCU 276; o REsp 1284292/RS, julgado em 8/4/2014, STJ, DJe 23/4/2014; o MS 25.552-DF,
rel. min. Cármen Lúcia, maio/2008; os Acórdão 2161/2005 - TCU - Plenário e 3.624/2013-
TCU-Plenário, com base em parecer de força executória emitido pela AGU, absorva ou
elimine da estrutura remuneratória dos servidores públicos federais, conforme o
caso, o pagamento das seguintes rubricas judiciais: a) Plano Bresser (reajuste de
26,06%, referente à inflação de junho de 1987) ; b) URP de abril e maio de 1988 (16,19%) ;
c) Plano Verão (URP de fevereiro de 1989, com o índice de 26,05%) ; d) Plano Collor (1990,
com o índice de 84,32%) ; e) incorporação de horas extras; f) vantagem pessoal do art. 5º
do Decreto 95.689/1988, concedida com o fito de evitar o decesso remuneratório em razão
do reenquadramento de docentes e técnicos administrativos no Plano Único de
Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos; g) percentual de 28,86%, referente
ao reajuste concedido exclusivamente aos militares pelas Leis 8.622/1993 e
8.637/1993, posteriormente estendido aos servidores civis pela Medida
Provisória 1.704/1998; h) percentual de 3,17%, em função de perda remuneratória
decorrente da aplicação errônea dos critérios de reajuste em face da URV (referente ao
Plano Real) ; e i) percentual de 10,8%, concedido exclusivamente para proventos de
aposentadoria e pensão civil;

26. Ressalte-se, ainda que a decisão acima tenha sido proferida expressamente para servidores
públicos civis, o raciocínio se aplica igualmente para os militares, vez que as sentenças proferidas no
sentido da extensão do reajuste de 28,86% se deu sob o mesmo fundamento, qual seja, a aplicação
da revisão geral anual prevista constitucionalmente e o princípio da isonomia. Além disso, posteriores
promoções e alterações nos soldos dos militares também ocorreram, da mesma forma que em relação
aos servidores civis, a justificar a absorção do mencionado reajuste.

27. Dessa forma, conclui-se, s.m.j., que é possível a total absorção das diferenças
referentes ao percentual de 28,86%, na via administrativa, mesmo que concedidas mediante
decisões judiciais, haja vista os posteriores reajustes dos soldos dos militares ocasionados
por promoções a outros postos na carreira e/ou aumentos proporcionados por alterações
legislativas, isto tendo em vista a eficácia temporal das sentenças em relações de trato sucessivo
(cláusula rebus sic stantibus), segundo inclusive estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal em tese
firmada no Tema de Repercussão Geral nº 494 (RE nº 596.663), bem como outros precedentes
daquela Corte (e.g.: MS 33449, MS 32435 e MS 25430).

28. Impende ainda uma última análise no que tange especificamente às decisões judiciais que
concedem as diferenças de 28,86%, sendo expressas no sentido da perpetuidade dessa rubrica, mesmo
que haja posteriores recomposições salariais.
29. Sobre esse ponto, calha citar o que discutido no NUP 19975.113049/2019-51, no qual
exarada a NOTA n. 02998/2019/PGU/AGU, aprovada pelo DESPACHO n. 17832/2019/PGU/AGU e pelo
DESPACHO Nº 17846/2019/PGU/AGU (Seq 17 a 19), em que a Procuradoria-Geral da União, ao se
manifestar sobre a necessidade de elaboração de parecer de força executória em casos relacionados ao
cumprimento do Acórdão nº 1614/209-TCU-Plenário, supracitado, lançou as seguintes orientações:

a ) Hipótese de processo arquivado/baixado: desnecessária a elaboração de parecer de


força executória, razão pela qual o ente administrativo interessado deverá:
a. 1) verificar, pelo teor da decisão judicial cuja cópia consta dos seus arquivos,
se há alguma vedação para a absorção da rubrica. Se houver vedação expressa
para a absorção da rubrica, não se deve proceder à absorção. Por outro lado, se a
decisão for omissa quanto à possibilidade de absorção em razão de
fator superveniente ou, ainda, admiti-lo expressamente, a Administração deverá
proceder à absorção; e
a.2) atender a exigência do inciso VII do art. 3º Portaria Normativa nº 6, de 11.10.2016,
mediante a inclusão do parecer de força executória existente ou, caso não exista, com a
inclusão da presente NOTA n. 02998/2019/PGU/AGU, quando se tratar de decisão abrangida
pelo Acórdão nº 1614/2019-TCU-Plenário.

b ) Hipótese de processo não arquivado/baixado: necessária a elaboração de parecer de


força executória, razão pela qual o ente administrativo interessado deverá ser articular com
a competente Procuradoria da União para:
b.1) comunicar a superveniente alteração dos pressupostos de fato e de direito que
embasaram o título judicial transitado em julgado, a fim de que seja veiculada
como matéria de defesa em impugnação à execução ou qualquer outro meio adequado
ao momento processual; e
b.2) solicitar a elaboração do respectivo parecer de força executória com esclarecimentos
sobre a possibilidade ou não de absorção das rubricas, nos termos do RE 596.663/RJ e do
Acórdão nº 1614/2019-TCU-Plenário (art. 6º, § 10, da Portaria PGU nº 1547/2008).

30. Portanto, nas hipóteses em que decisões judiciais são expressas no sentido de que
não se deve proceder à absorção das diferenças em testilha por posteriores alterações na
carreira ou salariais, não se recomenda que a Administração proceda à absorção
sponte propria, mas acione os órgãos competentes do contencioso da AGU para que avaliem
se há alguma medida judicial cabível para a reversão da decisão judicial em testilha.

31. Finalmente, nas situações em que o órgão consulente, ao analisar cada caso de concessão
judicial do reajuste de 28,86%, perceba a absorção da parcela, podendo procedê-la administrativamente,
entende-se necessário assegurar ao militar a garantia do contraditório e da ampla defesa de modo
que a supressão da rubrica deve ser precedida de instauração de competente processo administrativo.
Neste, deverá ocorrer a notificação do interessado para apresentação de defesa, seguida de decisão
administrativa fundamentada na qual se explicitará, se for o caso, em que momento teria ocorrido
sua absorção por nova estrutura remuneratória, e da qual será intimado para interposição de eventual
recurso.

IV - CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, pode-se concluir o seguinte:

Concedidas as diferenças concernente ao reajuste de 28,86% aos militares por


decisões judiciais, estas parcelas devem ser absorvidas por posteriores
reajustes remuneratórios, sejam estes por progressão nas carreiras castrenses ou
alteração legislativa;
Tratando-se de relação jurídica de trato sucessivo e diante da aplicação da cláusula
rebus sic stantibus, tendo em vista precedentes do STF (Tema de Repercussão
Geral nº 494 - RE nº 596.663; MS 33449; MS 32435; MS 25430), não há ofensa à
coisa julgada e não se vislumbra a necessidade de intervenção judicial para a
gradativa absorção do percentual de 28,86%, podendo ocorrer
administrativamente, sendo desnecessário o ajuizamento de ação rescisória ou
revisional (Orientação SGCT - NUP 00400.007120/2009-71, e Acórdão n.º 1614/2019 TCU -
Plenário);
Nos casos específicos de decisões judiciais expressas quanto à não absorção do
reajuste de 28,86% por posteriores acréscimos salariais, não se recomenda a
atuação administrativa, sponte própria, para a supressão dos valores. Em tais
situações, entende-se como alternativa mais adequada o acionamento dos órgãos de
contencioso da AGU competentes para a avaliação de cada caso, quanto à possibilidade
de ingresso com medidas judiciais competentes;
Nas situações de absorção dos valores administrativamente, entende-se
necessário assegurar ao interessado a garantia do contraditório e da ampla defesa.
32. Por fim, tendo em vista tratar-se de matéria que pode provocar impacto na atuação
administrativa das três Forças, sugere-se o encaminhamento destes autos à Consultoria Jurídica
do Ministério da Defesa, órgão da Advocacia-Geral da União com competência para unificar a
interpretação da temática em referência.

À consideração superior.

Brasília, 13 de abril de 2021.

REGINA LOPES DIAS NUNES


ADVOGADA DA UNIÃO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 64689001135202116 e da chave de
acesso adb6e0f4

Documento assinado eletronicamente por REGINA LOPES DIAS NUNES, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
611453257 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a):
REGINA LOPES DIAS NUNES. Data e Hora: 13-04-2021 16:53. Número de Série: 17485368. Emissor:
Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DO EXÉRCITO
GABINETE

DESPACHO n. 0604/2021/CONJUR-EB/CGU/AGU

NUP: 64689.001135/2021-16
INTERESSADOS: COMANDO DO EXÉRCITO - SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS - SEF
ASSUNTO: MILITAR - REAJUSTE 28,86% - DECISÕES JUDICIAIS. CLÁUSULA REBUS SIC
STANTIBUS

1. Aprovo o PARECER Nº 0382/2021/CONJUR-EB/CGU/AGU, que concluiu assim concluiu:

"Concedidas as diferenças concernentes ao reajuste de 28,86% aos militares por


decisões judiciais, estas parcelas devem ser absorvidas por posteriores
reajustes remuneratórios, sejam estes por progressão nas carreiras castrenses ou
alteração legislativa;
Tratando-se de relação jurídica de trato sucessivo e diante da aplicação da cláusula
rebus sic stantibus, tendo em vista precedentes do STF (Tema de Repercussão
Geral nº 494 - RE nº 596.663; MS 33449; MS 32435; MS 25430), não há ofensa à
coisa julgada e não se vislumbra a necessidade de intervenção judicial para a
gradativa absorção do percentual de 28,86%, podendo ocorrer
administrativamente, sendo desnecessário o ajuizamento de ação rescisória ou
revisional (Orientação SGCT - NUP 00400.007120/2009-71, e Acórdão n.º 1614/2019 TCU -
Plenário);
Nos casos específicos de decisões judiciais expressas quanto à não absorção do
reajuste de 28,86% por posteriores acréscimos salariais, não se recomenda a
atuação administrativa, sponte própria, para a supressão dos valores. Em tais
situações, entende-se como alternativa mais adequada o acionamento dos órgãos de
contencioso da AGU competentes para a avaliação de cada caso, quanto à possibilidade
de ingresso com medidas judiciais competentes;
Nas situações de absorção dos valores administrativamente, entende-se
necessário assegurar ao interessado a garantia do contraditório e da ampla defesa."

2. À Secretaria para as anotações de praxe, com sequente restituição à autoridade militar


assessorada via SPED, com a ressalva de que os autos estarão sendo enviados à apreciação da
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa (CONJUR-MD), via SAPIENS, para eventual
uniformização de entendimento entre as Forças Armadas, consoante sugerido no item 32 do opinativo
que ora se aprova.

Brasília, 13 de abril de 2021.

(assinado eletronicamente por certificação digital)


WILSON DE CASTRO JUNIOR
CONSULTOR JURÍDICO
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DO EXÉRCITO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 64689001135202116 e da chave de
acesso adb6e0f4

Documento assinado eletronicamente por WILSON DE CASTRO JUNIOR, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
613758961 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a):
WILSON DE CASTRO JUNIOR. Data e Hora: 13-04-2021 17:31. Número de Série: 17466756. Emissor:
Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.

Você também pode gostar