Reajuste de 28 86% Par 0382-2021.Rldn. Sef - Militar Reajuste 28,86
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Reajuste de 28 86% Par 0382-2021.Rldn. Sef - Militar Reajuste 28,86
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DO EXÉRCITO
NÚCLEO DE ASSUNTOS MILITARES
PARECER n. 00382/2021/CONJUR-EB/CGU/AGU
NUP: 64689.001135/2021-16
INTERESSADOS: COMANDO DO EXÉRCITO - SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS - SEF
ASSUNTOS: MILITAR. REAJUSTE 28,86%. DECISÕES JUDICIAIS. CLÁUSULA REBUS SIC
STANTIBUS.
I - RELATÓRIO
2. Para tanto, vem os autos instruídos, no que importa, com os seguintes documentos:
3. É o relatório.
5. Importante salientar que o exame dos autos processuais se restringe aos seus
aspectos jurídicos, excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica. Em relação a estes, parte-se da
premissa de que a Autoridade competente se municiou dos conhecimentos específicos imprescindíveis
para a sua adequação às necessidades da Administração, observando os requisitos legalmente
impostos. Ademais, também refoge ao âmbito de atribuições desta unidade de assessoria jurídica uma
avaliação sobre a conveniência e oportunidade do quanto pretendido.
7. Finalmente, ressalte-se que a atividade de assessoramento jurídico exercida pela AGU “se
realiza mediante exteriorização de manifestação voltada a conferir segurança jurídica à
atuação administrativa", cf. Manual de Boas Práticas Consultivas, 4ª. ed. 2016, p. 58. Assim, impõe-se
salientar que determinadas observações são feitas sem caráter vinculativo, mas em prol da
segurança da própria Autoridade assessorada a quem incumbe, dentro da margem de
discricionariedade que lhe é conferida pela lei, avaliar e acatar, ou não, tais ponderações .
Não obstante, as questões relacionadas à legalidade serão apontadas para fins de sua correção. O
prosseguimento do feito sem a observância destes apontamentos será de responsabilidade
exclusiva da Administração.
10. Diversas categorias de servidores, além dos próprios militares, requereram perante o
Judiciário que o referido reajuste fosse estendido a eles no mesmo percentual. A demanda chegou ao
Supremo Tribunal Federal, conforme RMS nº 22.307, restando decidido que as diferenças
remuneratórias quanto ao índice de 28,86% seriam devidas, o que logo foi concedido de forma
praticamente generalizada por decisões judiciais em todo o país.
11. Mencionado RMS nº 22.307, do STF, paradigma sobre o tema, restou assim ementado, bme
como no julgamento dos embargos declaratórios, que esclareceram melhor a questão da necessidade
de compensação dos reajustes já percebidos por outras categorias:
Julgamento de mérito:
13. Os autos foram instruídos com as seguintes decisões judiciais pelo Chefe do CPEx ( DIEx nº
412-SJ.Ch/SecJur/CPEx), a título meramente exemplificativo :
15. A peculiaridade da consulta ora posta diz respeito à existência de decisões judiciais (a
maioria provavelmente já transitadas em julgado, considerando o tempo que tramitaram tais demandas)
no sentido da implantação das diferenças concernentes ao reajuste de 28,86%, outrora concedido às
mais altas patentes militares por decorrência das Leis nº 8.622/93 e nº 8.627/93, com determinação de
extensão para os mais diversos postos castrenses, bem como aos servidores civis, com base no princípio
da isonomia.
16. Nesse momento, cabe examinar se tais decisões judiciais devem permanecer produzindo
seus efeitos, em que pese a alteração dos pressupostos fáticos e/ou jurídicos que antes existiam quando
da sua prolação, especialmente tendo em vista outros aumentos remuneratórios concedidos aos
militares beneficiários das mencionadas ordens judiciais.
17. Conforme se extrai dos autos, as diversas decisões judiciais que beneficiaram os militares
para fins de extensão do reajuste de 28,86% foram proferidas em momento anterior às alterações
remuneratórias ocasionadas por progressão funcional ou leis posteriores que majoraram os soldos ou
parcelas remuneratórias dos militares. Ou seja, após prolatadas as sentenças, houve modificação fática
e/ou legislativa, alterando-se os pressupostos jurídicos vigentes à época.
18. Nesse caso, aplica-se à situação em análise a regra rebus sic stantibus, em que uma
situação excepcional autoriza a perda da eficácia da coisa julgada ante a alteração da situação fática ou
jurídica. É por esse motivo que não se vislumbra violação à coisa julgada quando é exarado ato
administrativo que entenda de modo diverso do que estabelecido em decisão judicial cujos elementos
fáticos ou jurídicos foram modificados.
19. A questão em referência já foi decidida em sede de repercussão geral pelo Supremo
Tribunal Federal, conforme RE nº 596.663, em que se entendeu pela ausência de ofensa à coisa julgada
quando, nas relações jurídicas de trato continuado, há alteração nos pressupostos fáticos ou jurídicos
que embasaram a sentença quando da sua prolação. Confira-se a ementa do julgado em referência:
20. A tese referente ao Tema de Repercussão Geral nº 494 restou assim redigida: " a
sentença que reconhece ao trabalhador ou servidor o direito a determinado percentual de
acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente incorporação
definitiva do referido percentual nos seus ganhos".
21. Considerando não haver, s.m.j., disposição legal que exija ação revisional para casos como
o tratado nestes autos, referente a reajuste salarial, depreende-se que não é necessária intervenção no
âmbito da ação judicial para a gradativa absorção do percentual do 28,86% à medida que o soldo dos
militares é reajustado, considerando alterações ocasionadas tanto pelo âmbito fático, como
promoções/progressões de postos, ou pela esfera legal, com aumentos condidos por normas
posteriores. Dessa forma, basta ato administrativo fundamentado da Organização Militar no sentido de
efetivar a mencionada exclusão.
22. Saliente-se que a Secretaria-Geral de Contencioso, órgão responsável por emitir orientações
para atuação da Advocacia-Geral da União no âmbito das decisões do Supremo Tribunal Federal, já
exarou manifestação sobre o panorama do Recurso Extraordinário nº 596.663, nos termos do NUP
00400.007120/2009-71, sendo proferido o Parecer n. 00005/2019/DAE/DRG/SGCT/AGU (Seq 5) e a
Nota n. 00025/2019/DAE/SGCT/AGU (Seq 28). Nesta última, restou expresso que "extrai-se do julgado
que a qualquer momento pode ser invocada a cláusula rebus sic stantibus, qual seja, a superveniente
"alteração dos pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo
provimento sentencial", independentemente de ação rescisória, ou, salvo em estritas hipóteses
previstas em lei, de ação revisional".
23. A Suprema Corte, nos precedentes abaixo colacionados, entendeu legal a atuação
administrativa sem a necessidade de ação revisional em face da regra rebus sic
stantibus, especialmente em casos como o estudo dos autos, referente a diferenças concernentes a
percentual de reajuste salarial que devem ser absorvidos por aumentos posteriores do valor nominal da
remuneração. Confira-se, in verbis :
Não é de hoje que, sempre forte na lição de Liebman, venho asseverando que a
autoridade da coisa julgada material sujeita-se sempre à regra rebus sic
stantibus, de modo que, sobrevindo fato novo, "o juiz, na nova decisão, não altera o
julgado anterior, mas, exatamente para atender a ele, adapta-o ao estado de fato
superveniente".
(DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. 6ª edição, Tomo II,
Editora Malheiros - São Paulo, 2010, p. 1170/1171.)
26. Ressalte-se, ainda que a decisão acima tenha sido proferida expressamente para servidores
públicos civis, o raciocínio se aplica igualmente para os militares, vez que as sentenças proferidas no
sentido da extensão do reajuste de 28,86% se deu sob o mesmo fundamento, qual seja, a aplicação
da revisão geral anual prevista constitucionalmente e o princípio da isonomia. Além disso, posteriores
promoções e alterações nos soldos dos militares também ocorreram, da mesma forma que em relação
aos servidores civis, a justificar a absorção do mencionado reajuste.
27. Dessa forma, conclui-se, s.m.j., que é possível a total absorção das diferenças
referentes ao percentual de 28,86%, na via administrativa, mesmo que concedidas mediante
decisões judiciais, haja vista os posteriores reajustes dos soldos dos militares ocasionados
por promoções a outros postos na carreira e/ou aumentos proporcionados por alterações
legislativas, isto tendo em vista a eficácia temporal das sentenças em relações de trato sucessivo
(cláusula rebus sic stantibus), segundo inclusive estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal em tese
firmada no Tema de Repercussão Geral nº 494 (RE nº 596.663), bem como outros precedentes
daquela Corte (e.g.: MS 33449, MS 32435 e MS 25430).
28. Impende ainda uma última análise no que tange especificamente às decisões judiciais que
concedem as diferenças de 28,86%, sendo expressas no sentido da perpetuidade dessa rubrica, mesmo
que haja posteriores recomposições salariais.
29. Sobre esse ponto, calha citar o que discutido no NUP 19975.113049/2019-51, no qual
exarada a NOTA n. 02998/2019/PGU/AGU, aprovada pelo DESPACHO n. 17832/2019/PGU/AGU e pelo
DESPACHO Nº 17846/2019/PGU/AGU (Seq 17 a 19), em que a Procuradoria-Geral da União, ao se
manifestar sobre a necessidade de elaboração de parecer de força executória em casos relacionados ao
cumprimento do Acórdão nº 1614/209-TCU-Plenário, supracitado, lançou as seguintes orientações:
30. Portanto, nas hipóteses em que decisões judiciais são expressas no sentido de que
não se deve proceder à absorção das diferenças em testilha por posteriores alterações na
carreira ou salariais, não se recomenda que a Administração proceda à absorção
sponte propria, mas acione os órgãos competentes do contencioso da AGU para que avaliem
se há alguma medida judicial cabível para a reversão da decisão judicial em testilha.
31. Finalmente, nas situações em que o órgão consulente, ao analisar cada caso de concessão
judicial do reajuste de 28,86%, perceba a absorção da parcela, podendo procedê-la administrativamente,
entende-se necessário assegurar ao militar a garantia do contraditório e da ampla defesa de modo
que a supressão da rubrica deve ser precedida de instauração de competente processo administrativo.
Neste, deverá ocorrer a notificação do interessado para apresentação de defesa, seguida de decisão
administrativa fundamentada na qual se explicitará, se for o caso, em que momento teria ocorrido
sua absorção por nova estrutura remuneratória, e da qual será intimado para interposição de eventual
recurso.
IV - CONCLUSÃO
À consideração superior.
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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DO EXÉRCITO
GABINETE
DESPACHO n. 0604/2021/CONJUR-EB/CGU/AGU
NUP: 64689.001135/2021-16
INTERESSADOS: COMANDO DO EXÉRCITO - SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS - SEF
ASSUNTO: MILITAR - REAJUSTE 28,86% - DECISÕES JUDICIAIS. CLÁUSULA REBUS SIC
STANTIBUS
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