Livro - Projetos Arquitetônicos
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AO PROJETO
ARQUITETÔNICO
Tiago Giora
Ergonomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir ergonomia.
Avaliar a necessidade de adequação nos projetos de arquitetura.
Reconhecer a importância da ergonomia nos projetos.
Introdução
Vários fatores ergonômicos influenciam a criação do mobiliário e das
edificações. Por meio do estudo da antropometria, análise das tarefas e
dos fatores culturais e sociais referentes ao uso e à acessibilidade universal,
buscamos criar objetos e espaços melhor adaptados ao ser humano, de
modo a facilitar sua interação com o mundo.
Neste capítulo, você vai estudar uma etapa do projeto que se preo-
cupa com as medidas humanas, define espaços de acordo com padrões
de proporções harmoniosas, levando em consideração as articulações e
os movimentos do corpo humano, assim como padrões antropométricos,
fatores étnicos e culturais que influenciam a criação arquitetônica, a
construção e os usos.
O que é ergonomia?
A ergonomia é um campo do conhecimento inserido nas dinâmicas do projeto
arquitetônico que estuda os parâmetros de conforto. A adaptação do ambiente
projetado de acordo com necessidades físicas específicas do ser humano
envolve, além da ergonomia, o conforto térmico, a iluminação (natural e
artificial) e a acústica.
A estuda o relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamentos e
ambiente. Seu objetivo é promover sensações de segurança, conforto, saúde
e bem-estar no indivíduo durante a realização de suas atividades de trabalho
e em seu relacionamento com sistemas produtivos.
2 Ergonomia
a ÷ b = 1,618… b ÷ a = 0,618…
Medidas humanas
Inicialmente, pode parecer ao estudante de arquitetura que o melhor caminho
seria tomar as medidas exatas dos clientes para os quais se está projetando e,
então, dimensionar o espaço especificamente para esse público, mas essa não
é a solução mais prática, pois certo grau de padronização se faz necessário de
projeto para projeto, e a customização total do espaço e do mobiliário elevaria
muito os custos da construção. Tampouco seria eficaz tomar como referência
dimensional padrões médios, pois podem não atender ao perfil dos usuários
para os quais o projeto será concebido. Assim, não é recomendado utilizar
o homem médio como padrão dimensional, pois ele atende apenas à metade
da população.
Assim, a recomendação atual é utilizar dados antropométricos para projetar
com base em percentis extremos. No projeto de arquitetura e urbanismo,
exclui-se os cinco percentis menores e os cinco percentis maiores, resultando
em 90 percentis que serão contemplados no projeto. Dessa maneira, garante-
-se que o projeto atenda a um grande espectro de população, e aponta para
a adaptabilidade universal. Além disso, é necessário considerar o tipo de
atividade para a qual o projeto se destina.
Os conceitos de alcance e passagem são instrumentais na definição dos
percentis que devem ser utilizados. Por exemplo, se estamos projetando uma
prateleira aérea, devemos considerar os percentis mais baixos, referentes à
estatura dos usuários dentro do universo considerado, determinando que,
quando os mais baixos alcançarem, os mais altos também conseguirão. Já
para calcular um vão de passagem, as medidas limites são as maiores da
curva – onde os maiores passarem, também passam os menores (LIDA,
2005).
Confira as proporções humanas e os modelos de posições e proporções
humanas nas Figuras 3 e 4.
Ergonomia 7
Segurança no trabalho
A Norma Regulamentadora nº 17 tem como objetivo estabelecer os parâmetros que
permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar máximo conforto, segurança e desempe-
nho. O subitem 17.1.2 da Norma Regulamentadora nº 17 estabelece o seguinte: para
avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, ou
AET, devendo abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme especifica a
norma regulamentadora nº 17.
A NR-17 é de grande importância, já que muitas doenças de trabalho são desenvol-
vidas a partir da exposição ao risco ergonômico, por exemplo: trabalhos realizados
em pé durante toda a jornada; esforços repetitivos (LER); levantamentos de cargas;
monotonia. O desconforto no trabalho, que está relacionado à saúde do trabalhador,
pode gerar também baixa produtividade para as empresas. Portanto, ao final das
contas, o não cumprimento dessa norma não é vantajoso em nenhuma circunstância.
Fonte: Instituto Brasileiro de Educação Profissional (2017).
Exceto pela catalítica presença de suas formas primárias concretas, Ando está
particularmente interessado no sujeito da experiência a quem ele caracteriza
com o termo shintai, a palavra japonesa para corpo. Este aparentemente
intraduzível conceito que parece ser mais vivo em suas conotações que seu
equivalente em português, adquire um significado particularmente intenso
na visão do arquiteto visto que esta alude ao reflexo receptivo\reativo que
a edificação induz no sujeito. Assim, em seu ensaio “Shintai e espaço” de
1988, ele escreveu:
Quando eu percebo o concreto como algo frio e duro, eu reconheço o corpo
como algo quente e macio. Desta maneira o corpo, em sua relação dinâmica
com o mundo, se torna o shintai. Neste sentido é apenas o shintai que constrói
ou entende arquitetura. O shintai é um ser sensível que responde ao mundo.
Quando alguém se coloca em um lugar que está ainda vazio, ele pode algu-
mas vezes ouvir a terra expressar a necessidade de um prédio. A velha ideia
antropomórfica do genius loci foi o reconhecimento deste fenômeno.
A via de mão dupla pela qual o corpo é afetado e que corresponde à arquitetura
é observável na maneira como o arquiteto trabalha os materiais e as alternâncias
entre espaços de permanência e de trânsito. O uso do concreto e da madeira
crua, assim como a incorporação de outros elementos naturais, como o vento e
a água, são pensados de modo a interagir com todos os sentidos, não somente
a visão. Os sons produzidos ao longo do tempo e da passagem das estações, a
luz filtrada e refletida correspondendo a diferentes horas do dia, as texturas,
os movimentos e até mesmo os odores entram no projeto e no dia a dia dos
lugares, descritos por Ando em tom de poesia aplicada à uma concepção quase
ritualística do fazer arquitetônico (FRAMPTON, 2002, p. 305).
12 Ergonomia
https://youtu.be/mhx6usoTgcs
Ergonomia e acessibilidade
A ergonomia também deve considerar os estudos da antropometria infantil, dos
idosos e dos deficientes físicos no dimensionamento dos projetos dos edifícios
e da cidade, tendo em vista as atividades desenvolvidas em cada âmbito.
Em relação às crianças, devemos estar atentos à inexistência de padrões
ergonômicos que definam cronologicamente, com precisão, a distinção entre
crianças e adolescentes, tendo em vista a dificuldade em definir a linha que
determina essa divisão. Para a psicologia, a população infantil vai do nas-
cimento aos 11 anos, os pré-adolescentes, dos 11 aos 15, e os adolescentes,
dos 15 aos 18 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo
2, define: “considera-se criança, para efeito desta lei, a pessoa até 12 anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade”.
O espaço projetado sem considerar os aspectos ergonômicos da criança
pode transmitir sensações negativas, além de gerar riscos. Quando em fase
de crescimento, a criança é propensa a acidentes. Portanto, o projeto correto é
importante porque garante maior rendimento das atividades envolvidas, além
de facilitar aspectos relacionados com o crescimento da criança e evitar vícios
de postura. Funções sensoriais, corporais e mentais devem ser trabalhadas no
espaço. A aplicação de dados antropométricos deve estabelecer exigências,
como:
janelas;
rampas;
quinas vivas;
instalações elétricas, hidráulicas e prevenções de incêndios.
corrimão;
arquibancadas;
minianfiteatro;
portas;
altura da mesa criança em pé;
altura da mesa criança sentada;
largura da mesa de trabalho para criança sentada;
largura dos assentos;
lavatórios e bebedouros coletivos;
banheiros (altura da pia, box, chuveiro).
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LE CORBUSIER. Modulor [Internet]. c2018. Disponível em: <https://www.pinterest.es/
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LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. rev. e amp. São Paulo: Edgard Blucher,
2005. Disponível em: <https://issuu.com/editorablucher/docs/issuu_ergonomia_
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NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 18. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores. Barcelona:
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TOP 10 interior design mistakes. Disponível em: <http://www.decorgirl.net/top-10-
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Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério do Trabalho. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora
n. 17. Brasília: MTE/SIT, 2002. Disponível em: <http://www.ergonomia.ufpr.br/MA-
NUAL_NR_17.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2018.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2017.
COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1977.
INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. Ergonomia (NR-17): o que é e
para que serve? 2017. Disponível em: <http://blog.inbep.com.br/saiba-mais-sobre-
-a-nr-17-ergonomia/>. Acesso em: 26 abr. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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