Livro - Projetos Arquitetônicos

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INTRODUÇÃO

AO PROJETO
ARQUITETÔNICO

Tiago Giora
Ergonomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir ergonomia.
 Avaliar a necessidade de adequação nos projetos de arquitetura.
 Reconhecer a importância da ergonomia nos projetos.

Introdução
Vários fatores ergonômicos influenciam a criação do mobiliário e das
edificações. Por meio do estudo da antropometria, análise das tarefas e
dos fatores culturais e sociais referentes ao uso e à acessibilidade universal,
buscamos criar objetos e espaços melhor adaptados ao ser humano, de
modo a facilitar sua interação com o mundo.
Neste capítulo, você vai estudar uma etapa do projeto que se preo-
cupa com as medidas humanas, define espaços de acordo com padrões
de proporções harmoniosas, levando em consideração as articulações e
os movimentos do corpo humano, assim como padrões antropométricos,
fatores étnicos e culturais que influenciam a criação arquitetônica, a
construção e os usos.

O que é ergonomia?
A ergonomia é um campo do conhecimento inserido nas dinâmicas do projeto
arquitetônico que estuda os parâmetros de conforto. A adaptação do ambiente
projetado de acordo com necessidades físicas específicas do ser humano
envolve, além da ergonomia, o conforto térmico, a iluminação (natural e
artificial) e a acústica.
A estuda o relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamentos e
ambiente. Seu objetivo é promover sensações de segurança, conforto, saúde
e bem-estar no indivíduo durante a realização de suas atividades de trabalho
e em seu relacionamento com sistemas produtivos.
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A antropometria – palavra de origem grega em que o termo antropo (ou án-


thropos) traduz-se como homem, e o termo metro (ou métron), como medida –
também está relacionada ao tema estudado. Assim, o estudo e a aplicação
de padrões antropométricos visa assegurar medições precisas do corpo hu-
mano, de forma a descrever de maneira realista as características do grupo
ou indivíduo para quem se está projetando determinado produto. Na Figura 1,
confira um exemplo de adaptação das medidas do mobiliário às dimensões
e aos movimentos do corpo.

Tudo o que o homem cria é destinado ao seu uso pessoal. As dimensões do


que fabrica devem, por isso, estar intimamente relacionadas com as do seu
corpo. Assim, escolheram-se durante muito tempo os membros do corpo
humano para unidades de medida. (...) Devem conhecer o tamanho dos obje-
tos que o homem usa, para poder determinar as dimensões convenientes dos
móveis ou das peças destinadas a contê-los. Devem conhecer o espaço que
o homem necessita entre os vários móveis para trabalhar com comodidade e
sem espaços desperdiçados. (...) Além disto, o homem não é apenas um corpo
vivo que ocupa e utiliza um espaço; a parte afetiva não tem menos importân-
cia. Seja qual for o critério ao dimensionar, pintar, iluminar ou mobiliar um
local, é fundamental considerar a “emoção” que ele cria em quem o ocupa
(NEUFERT, 2013, p. 18).

Figura 1. Exemplo de adaptação das medidas do mobiliário às dimensões e aos movi-


mentos do corpo.
Fonte: adaptada de Alystin/Shutterstock.com.
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Estudo das proporções


Olhando para a história da nossa civilização, podemos observar que, desde suas
origens na Grécia antiga, relações de proporcionalidade e medidas harmoniosas
sempre incitaram associações profundas, de cunho simbólico, filosófico ou
religioso, que determinavam as formas projetadas como elementos de ligação
entre o homem e o mundo, com noções de perfeição divina e com o mundo
ideal das ideias. Essas proporções foram estudadas e codificadas em forma
de equações que expressam a vontade de compreender as leis de criação do
mundo e de aproximar a obra humana dos planos mais elevados da existência.
São exemplos dessas razões métricas idealizadas a proporção áurea, a lei de
Fibonacci, a regra dos terços, além dos princípios de organização espacial
por meio de eixos, simetria, permutações de quadrados, circunferências e
triângulos.
A proporção áurea, encontrada na natureza e no corpo humano, foi re-
presentada geometricamente pelo escultor grego Fídias no século V a.C., e é
representada pela letra grega ɸ (phi, usada para substituir o número zero e para
representar o diâmetro). Matematicamente, trata-se de um número irracional
(sem repetição, sem fim) (Figura 2):

a ÷ b = 1,618… b ÷ a = 0,618…

A sequência em que a soma dos termos adjacentes equivale ao termo


seguinte é chamada de sequência de Fibonacci. Assim, podemos representá-
-la da seguinte forma: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 521...
Outra propriedade torna essa progressão divina, pois o quociente entre o
sucessor e o antecessor se aproxima, gradativamente, do número de ouro.
Assim, podemos concluir que, com essa sequência, poderíamos formar um
retângulo áureo.
A sequência de Fibonacci é encontrada nas formas da natureza, e sua
conexão com o retângulo áureo teria sido interpretada como um sinal da
harmonia divina expressa nessas relações de proporção que, por esse mo-
tivo, foram amplamente empregadas na arte e na arquitetura (ALONSO
PEREIRA, 2010).
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Figura 2. Seção áurea e sua lei de geração.


Fonte: chuhastock/Shutterstock.com.

Estudos teóricos, como as leis da Gestalt e a semiótica, determinam que a regularidade,


o equilíbrio das proporções e as referências com a geometria plana estabelecem formas
naturalmente agradáveis aos olhos humanos. Essas teorias, criadas na era moderna,
eliminam a conotação religiosa, mas seguem dando extrema importância ao estudo
de proporções no contexto de projetos de arquitetura, arte ou design. Estudos teóricos,
como as leis da Gestalt e a semiótica, determinam que a regularidade, o equilíbrio das
proporções e as referências com a geometria plana estabelecem formas naturalmente
agradáveis aos olhos humanos. Essas teorias, criadas na era moderna, eliminam a
conotação religiosa, mas seguem dando extrema importância ao estudo de proporções
no contexto de projetos de arquitetura, arte ou design.
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A necessidade de adequação nos


projetos de arquitetura
A execução de um projeto de arquitetura passa, geralmente, pela definição de
um programa de necessidades. Para isso, é preciso elencar todas as tarefas
a serem realizadas no espaço a ser projetado. O passo seguinte é fazer a
análise de tarefas, a fim de estabelecer o espaço necessário para cada uma
das atividades listadas no programa. Finalmente, cabe ao arquiteto definir o
mobiliário adequado às tarefas e verificar as interferências entre as áreas de
circulação e de realização. Para todas essas definições, o dado mais importante
que precisa ser coletado diz respeito às medidas do corpo e aos movimentos
previstos do público usuário do espaço ou do mobiliário projetado. Essas
medidas são obtidas estatisticamente, e seus parâmetros de coleta e aplicação
têm mudado ao longo dos anos.
Até a década de 1940, as medidas antropométricas visavam determinar
apenas algumas grandezas médias da população, como pesos e estaturas.
Hoje, o interesse maior se concentra no estudo das diferenças entre grupos
e na influência de certas variáveis como etnias, alimentação e saúde. Com
o aumento do volume do comércio internacional, estudiosos já pensam em
estabelecer padrões mundiais de medidas antropométricas para a produção
de produtos universais, adaptáveis a usuários de diversas etnias, e aqui temos
um problema: produtos exportados para outros países sem considerar as
necessidades de adaptação aos usuários.

As antigas máquinas e locomotivas exportadas para a Índia pelos ingleses não se


adaptavam aos operadores indianos. Durante a guerra do Vietnã, os soldados vietna-
mitas, com altura média de 160,5 cm, tinham muita dificuldade em operar as máquinas
bélicas fornecidas pelos norte-americanos, projetadas para a altura média de 174,5 cm.
Na área da arquitetura, essas diferenças podem acarretar sérios problemas de dimen-
sionamento, com consequências que vão desde o desconforto físico dos usuários até a
inviabilização do projeto. Por isso, o universo da população atendida em cada projeto
deve ser definido considerando as diferenças métricas entre etnias, nacionalidades e
sexos, informações que, em grande parte, já se encontram catalogadas e compõem
as normas de ergonomia presentes na legislação.
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Medidas humanas
Inicialmente, pode parecer ao estudante de arquitetura que o melhor caminho
seria tomar as medidas exatas dos clientes para os quais se está projetando e,
então, dimensionar o espaço especificamente para esse público, mas essa não
é a solução mais prática, pois certo grau de padronização se faz necessário de
projeto para projeto, e a customização total do espaço e do mobiliário elevaria
muito os custos da construção. Tampouco seria eficaz tomar como referência
dimensional padrões médios, pois podem não atender ao perfil dos usuários
para os quais o projeto será concebido. Assim, não é recomendado utilizar
o homem médio como padrão dimensional, pois ele atende apenas à metade
da população.
Assim, a recomendação atual é utilizar dados antropométricos para projetar
com base em percentis extremos. No projeto de arquitetura e urbanismo,
exclui-se os cinco percentis menores e os cinco percentis maiores, resultando
em 90 percentis que serão contemplados no projeto. Dessa maneira, garante-
-se que o projeto atenda a um grande espectro de população, e aponta para
a adaptabilidade universal. Além disso, é necessário considerar o tipo de
atividade para a qual o projeto se destina.
Os conceitos de alcance e passagem são instrumentais na definição dos
percentis que devem ser utilizados. Por exemplo, se estamos projetando uma
prateleira aérea, devemos considerar os percentis mais baixos, referentes à
estatura dos usuários dentro do universo considerado, determinando que,
quando os mais baixos alcançarem, os mais altos também conseguirão. Já
para calcular um vão de passagem, as medidas limites são as maiores da
curva – onde os maiores passarem, também passam os menores (LIDA,
2005).
Confira as proporções humanas e os modelos de posições e proporções
humanas nas Figuras 3 e 4.
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Figura 3. Proporções humanas.


Fonte: Curso de desenho dinâmico (c2018, documento on-line).

Figura 4. Modelos de posições e proporções humanas – Modulor – Le Corbusier.


Fonte: Le Corbusier (c2018, documento on-line).
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Segurança no trabalho
A Norma Regulamentadora nº 17 tem como objetivo estabelecer os parâmetros que
permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar máximo conforto, segurança e desempe-
nho. O subitem 17.1.2 da Norma Regulamentadora nº 17 estabelece o seguinte: para
avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, ou
AET, devendo abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme especifica a
norma regulamentadora nº 17.
A NR-17 é de grande importância, já que muitas doenças de trabalho são desenvol-
vidas a partir da exposição ao risco ergonômico, por exemplo: trabalhos realizados
em pé durante toda a jornada; esforços repetitivos (LER); levantamentos de cargas;
monotonia. O desconforto no trabalho, que está relacionado à saúde do trabalhador,
pode gerar também baixa produtividade para as empresas. Portanto, ao final das
contas, o não cumprimento dessa norma não é vantajoso em nenhuma circunstância.
Fonte: Instituto Brasileiro de Educação Profissional (2017).

A ergonomia nos projetos


O estudo e aplicação dos princípios da ergonomia busca propor relações e
condições de ação e de mobilidade, além de definir proporções e estabelecer
dimensões em condições específicas, em ambientes naturais e construídos.
Para isso, levantamentos métricos e análises de comportamento humano são
tomados como base. As atividades humanas para as quais o projeto arquite-
tônico cria condições devem ser previstas e decompostas em movimentos,
e esses movimentos são analisados em termos de sua amplitude, duração e
posição do corpo.
O corpo humano ocupa lugar no espaço, e existem áreas de maior eficiência
para a realização de atividades cotidianas. Assim, é importante que o ato de
projetar leve em consideração os seguintes aspectos (PANERO E ZELNIK,
2002):
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 Áreas de maior acuidade visual e de alcance: são as áreas preferenciais


para concentração e foco. Primeira escolha do arquiteto ao determinar
um desenho de layout.
 Espaços de atividades máximos e mínimos: são definidos pela so-
breposição de atividades em uma área restrita do projeto. O objetivo do
arquiteto é fazer um aproveitamento eficiente dos espaços máximos,
reduzindo, ao mesmo tempo, a ocorrência de áreas residuais.
 Interferências entre áreas de circulação e de realização de tarefas:
muitas vezes, as dimensões do espaço exigem que ocorram sobreposi-
ções entre áreas de passagem e o espaço de execução de uma atividade
específica. É atribuição do arquiteto garantir que essas sobreposições
não diminuam a eficiência dos movimentos do usuário.

Dessa maneira, a ergonomia se configura como um estudo das ações


e influências mútuas entre o ser humano (receptor) e o espaço (fonte de
estímulos), por meio de interfaces recíprocas. O espaço arquitetônico
bem projetado será capaz de organizar as ações do indivíduo, mantendo
distâncias mínimas e máximas compatíveis com os limites corporais da
pessoa, permitindo que a vida discorra sem obstáculos, promovendo efi-
ciência e conforto.
A sensação de conforto é estabelecida segundo a percepção individual de
qualidades, influenciada por valores de conveniência, adequação, expressivi-
dade, comodidade e prazer. Então, conclui-se que o conforto e, por extensão,
a ergonomia são áreas do conhecimento que combinam fatores técnicos ou
estatísticos, como as medidas e os padrões corporais, com fatores humanos
muito mais variáveis e dependentes de contextos específicos. Contribuem
para os objetivos da ergonomia na arquitetura fatores psicológicos, socio-
culturais, ambientais e físicos, entre os quais podemos citar: a consciência
interna, as relações interpessoais, as experiências externas, as posturas e os
movimentos. As Figuras 5 e 6 proporcionam uma comparação de exemplos
de interiores em que foram aplicadas as mesmas variáveis de intensidade
de luz, variação e combinação de materiais de formas diferentes, causando
sensações contrastantes.
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Figura 5. Percepção e conforto – qualidades do espaço projetado em termos


de luz, dimensões e materiais.
Fonte: Donadussi (2016).

Figura 6. Exemplo de interior em que as mesmas variáveis de intensidade de


luz, variação e combinação de materiais não foi bem equacionada no projeto,
produzindo sensação de desconforto.
Fonte: Top 10 interior design mistakes (2018).
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No ensaio crítico Corporeal experience in the architecture of Tadao Ando,


de Kenneth Frampton, o arquiteto é apresentado como um criador de espa-
cialidades ao nível do corpo. Frampton (2002) menciona um significado para
a arquitetura, em preparação para um discurso, que nos trará não somente o
indivíduo em sua concretude corporal e profundidade psicológica, mas também
buscará os elementos da construção de uma paisagem total, que podemos
associar com as ideias da Gestalt na percepção da arquitetura. A passagem
introduz um eixo importante da pesquisa: como trazer o corpo para o núcleo
significativo da arquitetura, estudando sua interação com a matéria e as formas
do espaço? A seguir, um trecho do ensaio no qual Frampton analisa a tentativa
de fusão entre corpo e arquitetura empreendida por Ando em sua definição
e aplicação do conceito de shintai.

Exceto pela catalítica presença de suas formas primárias concretas, Ando está
particularmente interessado no sujeito da experiência a quem ele caracteriza
com o termo shintai, a palavra japonesa para corpo. Este aparentemente
intraduzível conceito que parece ser mais vivo em suas conotações que seu
equivalente em português, adquire um significado particularmente intenso
na visão do arquiteto visto que esta alude ao reflexo receptivo\reativo que
a edificação induz no sujeito. Assim, em seu ensaio “Shintai e espaço” de
1988, ele escreveu:
Quando eu percebo o concreto como algo frio e duro, eu reconheço o corpo
como algo quente e macio. Desta maneira o corpo, em sua relação dinâmica
com o mundo, se torna o shintai. Neste sentido é apenas o shintai que constrói
ou entende arquitetura. O shintai é um ser sensível que responde ao mundo.
Quando alguém se coloca em um lugar que está ainda vazio, ele pode algu-
mas vezes ouvir a terra expressar a necessidade de um prédio. A velha ideia
antropomórfica do genius loci foi o reconhecimento deste fenômeno.
A via de mão dupla pela qual o corpo é afetado e que corresponde à arquitetura
é observável na maneira como o arquiteto trabalha os materiais e as alternâncias
entre espaços de permanência e de trânsito. O uso do concreto e da madeira
crua, assim como a incorporação de outros elementos naturais, como o vento e
a água, são pensados de modo a interagir com todos os sentidos, não somente
a visão. Os sons produzidos ao longo do tempo e da passagem das estações, a
luz filtrada e refletida correspondendo a diferentes horas do dia, as texturas,
os movimentos e até mesmo os odores entram no projeto e no dia a dia dos
lugares, descritos por Ando em tom de poesia aplicada à uma concepção quase
ritualística do fazer arquitetônico (FRAMPTON, 2002, p. 305).
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Assista ao vídeo disponível no link e no código a seguir


e reflita sobre a aplicação da norma técnica NR-17 nos
projetos de arquitetura e engenharia, bem como em
nossos espaços de vida. Em sua opinião, o que falta para
garantir ambientes mais saudáveis em nossas cidades e
em nossos interiores públicos e privados?

https://youtu.be/mhx6usoTgcs

Ergonomia e acessibilidade
A ergonomia também deve considerar os estudos da antropometria infantil, dos
idosos e dos deficientes físicos no dimensionamento dos projetos dos edifícios
e da cidade, tendo em vista as atividades desenvolvidas em cada âmbito.
Em relação às crianças, devemos estar atentos à inexistência de padrões
ergonômicos que definam cronologicamente, com precisão, a distinção entre
crianças e adolescentes, tendo em vista a dificuldade em definir a linha que
determina essa divisão. Para a psicologia, a população infantil vai do nas-
cimento aos 11 anos, os pré-adolescentes, dos 11 aos 15, e os adolescentes,
dos 15 aos 18 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo
2, define: “considera-se criança, para efeito desta lei, a pessoa até 12 anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade”.
O espaço projetado sem considerar os aspectos ergonômicos da criança
pode transmitir sensações negativas, além de gerar riscos. Quando em fase
de crescimento, a criança é propensa a acidentes. Portanto, o projeto correto é
importante porque garante maior rendimento das atividades envolvidas, além
de facilitar aspectos relacionados com o crescimento da criança e evitar vícios
de postura. Funções sensoriais, corporais e mentais devem ser trabalhadas no
espaço. A aplicação de dados antropométricos deve estabelecer exigências,
como:

 mobiliário de acordo com a escala da criança;


 utensílios, brinquedos e objetos de uso;
 equipamentos de banheiro de acordo com a escala da criança;
 portas de vidro amplas para jardins privativos;
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 janelas;
 rampas;
 quinas vivas;
 instalações elétricas, hidráulicas e prevenções de incêndios.

Pontos importantes para escolas e espaços públicos destinados a crianças:

 corrimão;
 arquibancadas;
 minianfiteatro;
 portas;
 altura da mesa criança em pé;
 altura da mesa criança sentada;
 largura da mesa de trabalho para criança sentada;
 largura dos assentos;
 lavatórios e bebedouros coletivos;
 banheiros (altura da pia, box, chuveiro).

Em contrapartida, no que se refere à população idosa, devemos atentar


para outros elementos de projeto, como:

 Não utilizar tapetes no chão, principalmente os pequenos; caso sejam


necessários, os tapetes devem ser fixados ao chão.
 O piso deve ser antiderrapante, principalmente no banheiro e no boxe.
 Os degraus devem ser substituídos por rampas de inclinação leve.
 As tomadas devem estar na mesma altura dos interruptores, a fim de
evitar que o idoso tenha que se abaixar muito para alcançá-las.
 Os móveis devem ser seguros para utilização, sem riscos de provocar
acidentes, como o sofá com braços largos, por exemplo, para facilitar
o sentar e o levantar.
 A altura dos assentos deve estar entre 42 cm e 46 cm, e devem ser
revestidos com material impermeável.
 As prateleiras devem estar em uma altura de fácil acesso, para evitar
que o idoso tenha que se esticar ou se abaixar para pegar algo.
 A altura da cama deve estar entre 50 cm e 55 cm.
 Manter junto à cabeceira da cama sempre um copo, para acondicionar
água fresca, e uma sineta (campainha), para uso do idoso em eventual
emergência.
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 Barras de apoio devem ser instaladas no banheiro, tanto perto do vaso


sanitário como no boxe, pois são fundamentais para evitar quedas.
 A porta do banheiro deve ter uma fechadura que possua o sistema de
abertura por dentro e por fora.
 Ao lado da cama, deve ser instalado um interruptor ao alcance do idoso,
para que ele possa utilizá-lo sem ter que se levantar no escuro.
 A porta do quarto deve estar sempre sem chaves.
 É expressamente vetado o uso de beliches e de cama de armar, bem
como a instalação de divisórias improvisadas.

No cálculo de espaços de passagem, o projetista deve levar em conta a largura do


corpo, uma dimensão estática. Já na criação de utensílios ou itens de mobiliário, deve
ser considerado o movimento em toda a sua amplitude, que se soma às medidas
padronizadas e acrescenta em complexidade. É nesse momento que a ergonomia
se torna uma disciplina menos técnica, podendo se aproximar de um estudo de
comportamentos e tradições humanas, com fatores que variam bastante de acordo
com o contexto espaço-temporal em que o projeto se insere.

1. O que é ergonomia? 2. Que alternativa contém apenas


a) O estudo das medidas humanas tipos de projeto que aplicam
aplicadas ao desenho de móveis. padrões ergonômicos?
b) O ato de estudar e definir a) Projetos de
medidas de espaços e objetos. mobiliário, design gráfico
c) A atividade do profissional e edificações.
que mede os espaços b) Arquitetura de interiores,
antes do projeto. desenho industrial e
d) O mesmo que antropometria. instalações hidrossanitárias.
e) O estudo dos movimentos e c) Desenho urbano, projeto
das medidas humanas com o elétrico e design de moda.
objetivo de servir ao projeto. d) Desenho industrial,
arquitetura e web design.
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e) Mobiliário, interiores, desenho c) As normas de ergonomia e


urbano e desenho industrial. a legislação vigente, além
3. Em que estágio do projeto se das adaptações necessárias
insere a análise da ergonomia? nas alturas e nos materiais.
a) Depois de concluídas d) Medidas dos móveis que o
as fundações. cliente quer reaproveitar.
b) Juntamente com as definições e) Minha criatividade e
de estrutura e materialidade. estilo arquitetônico.
c) No momento da criação da 5. De que maneira é feito o cálculo
forma e da volumetria. que define a população atendida
d) No princípio, tomando suas pelo projeto em termos de “medidas
definições como referências corporais máximas e mínimas”
para os próximos estágios. que utilizarão com conforto o
e) No momento da confecção espaço ou objeto construído?
das pranchas. a) Com medidas estatísticas
4. Que parâmetros de referência atualizadas e locais abrangendo
você usaria para adequar percentis de 5% até 95%.
ergonomicamente um b) Com a média da
dormitório para idosos? população mundial.
a) A beleza dos acabamentos, c) Com as medidas específicas
o gosto do cliente e a de cada cliente.
harmonização com o d) Com a recomendação
ambiente da casa. dos marceneiros.
b) As medidas que o e) Com dados coletados em
cliente solicitou. entrevista com o cliente.

ALONSO PEREIRA, J. R. Introdução à história da arquitetura: das origens ao século XXI.


Porto Alegre: Bookman, 2010.
Curso de desenho dinâmico [Internet]. c2018. Disponível em: <http://cursodesenho-
dinamico.blogspot.com.br/p/blog-page_28.html?m=0>. Acesso em: 25 abr. 2018.
DONADUSSI, M. Cores e estampas em um apartamento vibrante. 2016. Disponível
em: <https://casavogue.globo.com/Interiores/apartamentos/noticia/2015/11/clima-
-despojado-em-apartamento-clean.html>. Acesso em: 25 abr. 2018.
FRAMPTON, K. Corporeal experience in the architecture of Tadao Ando. In: DODDS,
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Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério do Trabalho. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora
n. 17. Brasília: MTE/SIT, 2002. Disponível em: <http://www.ergonomia.ufpr.br/MA-
NUAL_NR_17.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2018.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2017.
COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1977.
INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. Ergonomia (NR-17): o que é e
para que serve? 2017. Disponível em: <http://blog.inbep.com.br/saiba-mais-sobre-
-a-nr-17-ergonomia/>. Acesso em: 26 abr. 2018.
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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