Medicina Alternativa Sensata
Medicina Alternativa Sensata
Medicina Alternativa Sensata
GUIA DA SAÚDE
Dicionário de fitoterapia,
medicinas alternativas, culinária
e cosmética naturais
Nosso organismo é uma das mais complexas e perfeitas máquinas existentes. São bilhões de células
constituindo diferentes órgãos que trabalham em estreita harmonia. Mesmo quando dormimos, uma
verdadeira cidade de células opera ininterruptamente para nos manter vivos. Enquanto os intestinos refinam
combustível a partir dos alimentos ingeridos, os pulmões separam o oxigénio do ar. Um órgão líquido — o
sangue — encarrega-se de transportar combustível e oxigénio para que todas as células se alimentem,
cresçam e se reproduzam. Uma possante bomba — o coração — mantém o sistema circulatório em
permanente funcionamento.
Além de permitir a liberação de energia por meio de reações químicas dos combustíveis com o
oxigênio, o sangue absorve os poluentes que todas as células liberam (como se fossem fábricas) ao longo
desse processo. Esses poluentes são eliminados pêlos pulmões (gás carbônico), pela pele (através do suor) e
por outros laboratórios naturais, como o fígado (que os decompõe quimicamente) e os rins (que os filtram e
os transformam em urina).
Essa incrível indústria química e mecânica capaz de realizar centenas de milhares de
tarefas simultâneas é tão perfeita que está programada para reproduzir-se de forma sexuada, gerando novas
máquinas que combinam características transmitidas pelo pai e pela mãe. E a produção de novos seres vai se
diversificando, de acordo com as mudanças do meio ambiente com o qual Interagem. São fabricas vivas tão
perfeitas que estão programadas para morrer como Indivíduos e sobreviver como espécie. Assim, os modelos
velhos dessas máquinas vão desaparecendo e são substituídos por novos, com ligeiras variações que os
tornam mais adaptados às mudanças do tempo, evitando a obsolescência.
Dicionário de fitoterapia,
medicinas alternativas, culinária
e cosmética naturais
Os remédios para fazer a pessoa parar de beber – tipo Antietanol e Antabuse – são perigosos e só
devem ser usados por iniciativa própria de quem está se tratando Derivados do enxofre, esses antagonistas do
álcool fazem com que ele não seja digerido pelo fígado. Como conseqüência, a pessoa se sente mal e tem
enjôos, dor de cabeça, vômitos e outras indisposições provocadas pela intoxicação geral do organismo pelo
álcool. Se a pessoa usar esses antagonistas de álcool e continuar bebendo, pode morrer intoxicada.
Esses medicamentos até podem ser úteis em certos casos, que precisam ser avaliados por médico.
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Mas primeiro a pessoa precisa se convencer de que é alcoólatra e de que só terá a ganhar se libertar desse
hábito. Então, ela pode conscientemente usar um desses remédios lendo atentamente a bula. Se tiver vontade
de beber, no primeiro trago vai se sentir mal. Mas, sabendo que tomou remédio, não repetirá a dose e pode
acabar perdendo o gosto pelo álcool como efeito de uma espécie de reflexo condicionado.
Com certeza, o melhor remédio para parar de beber é a decisão. Depois de tomada, é importante a
pessoa se analisar, para saber o que a leva a beber. Aí é que ela pode ser ajudada pelos chás da medicina
popular, pelos remédios homeopáticos ou até pelos alopáticos, como os antidepressivos prescritos por
psiquiatras e psicoterapeutas, conforme o caso.
Falta de ar, asma, bronquite, irritação nos olhos, coceira, eczemas, inchaço, diarreia, cólicas e dor de
cabeça. Esses são alguns dos sintomas da alergia que os médicos definem como distúrbio imunológico
relacionado com a liberação exagerada de histamina - uma substância que incha os tecidos. Trata-se de um
aumento da resistência atípica do organismo - isto é, seu sistema imunológico trabalha em demasia, reagindo
à simples poeira com uma inflamação dos tecidos.
As substâncias que provocam alergia podem estar no ar ou em objetos de uso cotidiano, como co-
bertores (pós, pólen de flores, inseticidas, pêlos, algodão, lã, ácaros, fungos, bactérias ou perfumes), na
comida (farinhas, ovo, leite, peixes, crustáceos, nozes, amendoim, chocolate, carne de porco, temperos), nos
remédios (antibióticos, soros, sulfas, analgésicos, quinina), na água (cloro) ou em outros itens do meio am-
biente. Podem também ser produzidas por picadas de insetos. A pessoa alérgica deve consultar um
médico, localizar o tipo de substância que lhe faz mal e afastar-se dela. Em caso de dúvida, podem ser feitos
exames de sangue.
Em situações graves, costuma-se indicar remédios anti-histamínicos - mas é bom não abusar deles,
pois têm muitos efeitos colaterais (causam sonolência e podem predispor a outras doenças). Há casos de pes-
soas que têm alergia até por remédios antialérgicos.
Alguns conselhos aos alérgicos: evitar cortinas, tapetes, almofadas, cobertores de lã e tecidos
sintéticos (preferir o algodão); afastar-se de animais domésticos; e passar uma solução de ácido fênico a 5%
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no chão e nas paredes uma vez por semana. Um jejum de sólidos com bastante suco de laranja, durante
alguns dias, pode ser útil Choque alérgico - Pode ocorrer depois de picadas de insetos ou injeção
(principalmente penicilina e as feitas com soro de cavalo, como antitetânicas e contra picadas de cobras e
aranhas). Certos remédios tomados por via oral também podem provocar choque. A pessoa fica pálida ou
arroxeada, sente coceira, frio ë dificuldade para respirar; seu coração bate rápido, ela tem tremores e sua
pressão cai, podendo ocasionar desmaio. E preciso levá-la imediatamente a um hospital, pois ela corre risco
de vida.
Qualquer remédio que provoca uma reação alérgica fraca (como coceira ou inchaço), quando tomado
pela primeira vez, deve ser evitado, pois poderá produzir reação mais intensa ou choque quando for usado de
novo. Isso acontece porque o organismo produz anticorpos contra ele. No caso de uma pessoa alérgica
precisar de uma injeção de soro antitetânico ou contra picadas de
Ferro - É o componente ativo da cobra, aranha ou escorpião, ela deverá tomar, 15 minutos antes, uma
injeção intramuscular de anti-histamínico misturado com corticóide: 50mg de prometazina com 500 mg de
hidrocortisona para adultos, e metade da dose para crianças.
Se depois de tomar uma injeção, a pessoa entrar em choque alérgico, ela deverá tomar, imediatamente,
uma injeção subcutânea de adrenalina (1/2ml para adultos e 1/4 para crianças) e uma intramuscular de
hidrocortisona (como indicado anteriormente). Um médico precisa ser chamado, ou a pessoa levada a um
hospital rapidamente.
Homeopatia - A homeopatia tem se revelado muito eficaz no tratamento e na cura de alergias, asmas
e bronquites que não reagem aos remédios alopáticos.
Baseada no princípio de que "o semelhante cura o semelhante", ela utiliza as mesmas substâncias que
causam alergia para dessensibilizar o organismo.
A diferença é que essas substâncias são diluídas em água destilada em altíssimas proporções. Essa ex-
trema diluição faz com que as substâncias tóxicas percam a capacidade de envenenar, mas permite que
deixem uma espécie de "memória química" na água, capaz de transmitir mensagens ao nosso sistema
imunológico. Segundo os adeptos da homeopatia, isso faz com que o próprio organismo fabrique seus
remédios contra as doenças e reformule aqueles que está fabricando errado (caso das alergias). Um exemplo
desse tipo de tratamento pode ser dado pelas pessoas alérgicas a pêlos de gato, que se curam tomando, várias
vezes ao dia, algumas gotas ou cápsulas de um preparado homeopático feito com pêlos de gato triturados e
dinamizados em água destilada.
Quem tem alergia precisa proteger os pulmões e o fígado da presença de histamina em quantidade
exagerada no sangue. Pode aconter na pele, que coça e fica inflamadas, nos pulmões, que se molham e
endurecem, quase não deixando entrar ar, ou até nos intestinos, provocando diarréia.
É também aconselhável às pessoas alérgicas usarem a fitoterapia para tonificarem o fígao, facilitando
a digestão com chás de folhas de boldo ou carqueja (mesma dosagem da indicação anterior). Comprovou-se
que muitos casos de alergia melhoram quando os problemas digestivos são resolvidos. A dermatite dos bebês
é um exemplo: os recém-nascidos nunca têm dermatite enquanto mamam no seio das mães. Quando lhes dão
leite de vaca, as dermatites aparecem, porque seu organismo não está preparado para metabolizar as
proteínas desse outro tipo de leite, o que lhe provoca má-digestão.
Quando o problema é na pele, são recomendáveis as compressas ou banhos de água fria e chá de
camomila bem forte (1 xícara de chá de ingredientes para cada 2 litros de água, fervendo por 3 minutos),
compresas de água de aveia (ferver 4 colheres de sopa de aveia em 1 litro de água, deixar esfriar e coar),
polvilho ou maisena (diluídos em água fria, sem ferver).
Outras plantas que aliviam coceira e curam eczemas alérgicos são a guaçatonga (Casearia sylvestris),
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cujas folhas são usadas em chás e tinturas para indicação externa o interna simultaneamente; as folhas do
saião (Kalanchoe brasiliensis), também conhecida por bálsamo e da qual se faz igualmente uso interno e
externo; as raízes do confrei; as flores da calêndula; e o chá de fumo de corda com álcool.
Também costumam ser úteis no combate às alergias os depurativos do sangue, como chá de folhas de
salsaparrilha e cascas de ipê-roxo, e o uso de purgantes duas vezes por semana – pela manhã e à noite, uma
colher de chá de óleo de rícino ou 1 colher de sopa rasa de sal amargo (sulfato de magnésio, que tem ação
dessensibilizante) diluída em meio copo de água.
A indicação para chás é de 3 xícaras por dia durante duas semanas. Se não houver melhora, um
médico deve ser consultado.
ALIMENTAÇÃO E SAÚDE
Uma boa alimentação é a chave da saúde e também a base da eficácia de qualquer tratamento médico.
Mais da metade das energias do nosso organismo é gasta no esforço da digestão, que é uma atividade
orgânica extremamente complexa e trabalhosa. Por isso os tratamentos hospitalares submetem os pacientes a
jejuns e alimentação leve e existem tratamentos naturopatas baseados no jejum de sólidos. Nesse tipo de
jejum, a pessoa pára de comer alimentos sólidos e durante alguns dias toma só sucos de frutas, muito chá
adoçado com mel e caldos de verduras. Isso diminui o esforço do organismo com a digestão e deixa sua
energia imediatamente livre para os processos de desintoxicação e de combate às doenças. Mas é bom
advertir que os tratamentos que envolvem jejum devem sempre ser acompanhados por médico.
Os mesmos vegetais usados no tratamento de jejum de sólidos são importantes para a dieta diária de
manutenção da saúde. É recomendável o consumo diário de saladas, frutas (inteiras e sob a forma de sucos),
cereais (arroz integral, feijão, milho, trigo moído, grão-de-bico, lentilha etc.), amêndoas oleaginosas (nozes,
castanhas-do-pará, castanhas-de-caju, amêndoas, avelãs etc.), ovos, leite e derivados pouco industrializa dos
(ricota, queijo-minas etc). Como os sais minerais das plantas se concentram em áreas diferentes, é importante
que as saladas contenham três ingredientes principais: raiz (cenoura, batata, nabo, beterraba etc.), folhas
(alface, couve, chicória, agrião, acelga etc.) e frutos (tomate, pimentão, jiló, abobrinha, berinjela etc.).
É bom ter certa moderação no uso de ovos, derivados do leite e amêndoas oleaginosas, que devem
fazer parte do cardápio cotidiano, mas em quantidade limitada (quatro ovos por semana, por exemplo, por
causa do alta quantidade de colesterol presente nas gemas). Outra dica de saúde é beber bastante água, pura
(filtrada ou fervida e de preferência tratada com cloro e flúor) e sob a forma de chás. Se a pessoa tiver uma
doença crônica, deve usar nesses chás as plantas medicinais indicadas para o caso (como quebra-pedra e
"cabelo" de milho para quem sofre dos rins ou tem problemas cardíacos; camomila, erva-doce e hortelã para
quem tem úlcera; stévia e almeirão para os diabéticos etc.).
Muitos médicos naturopatas são contrários ao consumo de qualquer tipo de carne, mas é sempre
melhor comer carne (de preferência frango e peixe fresco), se a pessoa não tiver condições de seguir uma
dieta que contenha proteínas (cereais, amêndoas, ovos, leite e derivados). A maioria dos médicos, entretanto,
recomenda o consumo de 35 gramas diárias de carne, devido à quantidade e à qualidade de suas proteínas.
As carnes de ave e de peixe são mais saudáveis porque têm menos gorduras saturadas, que podem
aderir às paredes das artérias. Um tipo de gordura presente nos alimentos de origem animal (parte gorda das
carnes, gema de ovo, peles e couros de ave, principalmente fritos e torrados, camarão) é o colesterol, uma
gordura altamente nociva quando em altas doses no sangue, pois entope veias e artérias, provocando enfartes
e derrames.
As carnes bovinas magras também têm menos colesterol, devendo, como as outras, ser preparadas
com pouco óleo. Embora não pareça, a gema de ovo contém grande quantidade de colesterol, por isso deve
ser consumida moderadamente por quem tem problemas cardiovasculares.
Um erro de alimentação que praticamente todos os médicos condenam é o consumo exagerado de sal
(que aumenta a pressão e faz mal para o sistema cardiovascular) e de frituras (elas engordam e aumentam a
taxa de colesterol do sangue). Muitos são também contrários ao excesso de açúcar refinado, que é um veneno
para os diabéticos. Mesmo para os não-diabéticos, há médicos que propõem a substituição, na maior medida
possível, do açúcar refinado por mel e açúcar mascavo.
Os refrigerantes também são condenados (devido ao açúcar, aos corantes, aos conservantes e à cafeína
presentes em alguns, como os que têm a palavra "cola" no nome). O mesmo acontece com o café e o chá-
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mate: seu consumo excessivo entope o organismo de cafeína, um estimulante cujo abuso prejudica o coração
e o sistema digestivo.
Também são reprovados pelos médicos os embutidos tipo salame, salsicha e linguiça e os ali mentos
muito industrializados, como os enlatados, principalmente carnes - pois todos contêm corantes e
conservantes de ação duvidosa no organismo, além de gerarem altíssima quantidade de radicais livres ao
serem metabolizados. Os produtos defumados de origem animal são os que mais geram radicais livres entre
os embutidos.
Como o colesterol é útil em pequenas doses e também é produzido por nosso próprio organismo, no
fígado, há pessoas com disfunção na produção de colesterol que são capazes de ter altos índices dessa
gordura, mesmo sem comer nada que a contenha. Nesses casos, o médico deve receitar algum remédio
alopático, que sempre será acompanhado de regime de restrição de alimentos que contenham colesterol.
Higiene é básica
Outro aspecto importante na alimentação é a higiene - que vai desde lavar bem as mãos para cozinhar
e para comer até a lavagem e a desinfecção de saladas e alimentos crus, que devem ser primeiramente
lavados e depois deixados de molho em água com vinagre ou algumas gotas de água sanitária por pelo
menos 15 minutos, sendo em seguida lavados novamente. Isso evita muitas doenças que podem ser
transmitidas pela comida, como a cólera e as verminoses.
A maneira como a pessoa come também tem influência na sua saúde: um horário para as refeições
principais deve ser respeitado, e as pessoas têm de fazê-las com calma, em ambiente não barulhento,
aproveitando a hora de ir à mesa para dar férias a seus problemas cotidianos. Também faz parte da maneira
saudável de comer o fato de mastigar bem os alimentos, pois isso melhora a qualidade do bolo alimentar (que
desce mais triturado e misturado com as enzimas digestivas da saliva, dando menos trabalho para os órgãos
do aparelho digestivo), além de acentuar o desfrute do sabor da comida.
Carências alimentares
Já a carência de alguns componentes alimentares específicos causa doenças nutricionais também
específicas, que começam na infância e podem comprometer a saúde do indivíduo para o resto da vida. A
falta de proteínas atrofia os músculos e os órgãos, tornando a pessoa esquelética. Já uma doença chamada
pelagra é causada pela falta de vitaminas em geral e principalmente do complexo B (presente em dietas
variadas que incluem pão, arroz, leite, ovos, fígado, carne, verduras e cereais). A pelagra é conhecida como
doença dos três D: dermatite - pele áspera com lesões, diarréia e deficiência mental.
A carência de vitamina B1 (presente em maior quantidade na semente de abóbora, no gérmen de trigo,
na castanha-do-pará, no amendoim e na gema de ovo) provoca o beribéri, caracterizado por debilidade e
vómitos, enquanto a falta de vitamina C (frutas cítricas, caju, kiwi, pimentão) predispõe ao escorbuto
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(hemorragias, infecções, fragilidade de músculos e ossos) e a problemas respiratórios em geral.
Outra doença da má alimentação é o raquitismo (degenerescência dos ossos), e resulta da falta de
cálcio e vitamina D (que é fabricada pelo próprio organismo a partir de alimentos ricos em vitamina A,
combinados com exposição moderada ao sol). A protovitamina A (que se transforma em vitamina A no
organismo) está presente em alimentos como o agrião, óleo de fígado de bacalhau, azeitona, cenoura, couve,
repolho e salsa, entre outros, sendo comum nos alimentos de cor amarela ou vermelha. Já o cálcio ocorre em
géneros alimentícios como açúcar mascavo, acelga, agrião, amêndoa, caruru, couve-flor, espinafre, feijão,
iogurte, leite, lentilha, rabanete, soja, etc.
Algumas formas de anemia também resultam da carência alimentar: falta de ferro e de vitaminas do
complexo B.
Problemas de pele e visão podem ser causados pela carência das vitaminas A e B2 (leite, fígado, carne,
ovos, alguns cereais etc.), enquanto a falta de vitamina B6 (trigo, verduras frescas, vísceras de animais, gema
de ovo, levedura de cerveja etc.) também prejudica a pele e provoca doenças no aparelho digestivo.
Além de causar anemia, a falta de ferro na alimentação das crianças até os dois primeiros anos de vida
pode enfraquecer sua saúde para sempre. Os principais alimentos que contêm ferro são: leite, beterraba,
castanha-do-pará, espinafre, feijão, fígado, laranja, soja, lentilha, taioba e vagem, entre outros.
A falta de cálcio também prejudica o desenvolvimento do cérebro, assim como a carência das
vitaminas BI, B6 e B12, zinco e ácido glutâmico - todos presentes em alimentos como semente de abóbora,
gérmen de trigo, amêndoas, castanha-do-pará, amendoim, gergelim e gema de ovo. Outros alimentos im -
portantes contêm parte desse conjunto: lentilha, farinha integral, grão-de-bico, arroz integral.
As pessoas que querem ter boa saúde também devem tomar cuidado com o excesso de sal, de açúcar e
de gorduras e frituras. Ó açúcar predispõe ao diabete ou o agrava, gerando trombose e problemas de coração,
por exemplo. O mesmo acontece com o excesso de sal e de gorduras.
Certos hábitos, como o sedentarismo (falta de exercícios e atividades físicas) também fazem mal ao
organismo, especialmente quando associados a alimentação inadequada. Mais nocivos ainda são os hábitos
classificados como vício ou dependência de drogas: licitas (cigarro, álcool etc.) ou ilícitas (maconha,
cocaína, cola de sapateiro etc.). O consumo imoderado de álcool, por exemplo, destrói o fíga do, as células
cerebrais e outros órgãos. E o cigarro entope veias e artérias, além de irritar os pulmões, predispondo ao
câncer.
As doenças crônicas em geral também exigem restrição de algum item alimentar. A pessoa com gota ou
artrite, causadas por excesso de ácido úrico no organismo, por exemplo, melhora quando evita frutas ácidas,
carnes e alimentos com muitas proteínas, como o feijão. Chás de plantas medicinais diuréticas também
ajudam a eliminar o ácido úrico. Dois desses remédios naturais muito comuns são a planta quebra-pedra
(Phyllanthus niruri) e o "cabelo de milho", que devem ser consumidos em grande quantidade: pelo menos
três xícaras por dia, usando 2 plantas inteiras de quebra-pedra e/ou cabelos de 6 espigas de milho para cada
meio litro de água, com fervura de 5 minutos.
Tanto as restrições alimentares como a inclusão de algum alimento que está fazendo falta ao
organismo devem ser prescritas por médicos, pois a maioria das doenças citadas aqui exige diagnóstico,
acompanhamento e tratamentos médicos paralelos, além da boa alimentação.
Veja também CARNES, SAIS MINERAIS, VEGETAIS, VITAMINAS
ANSIEDADE E ESTRESSE
A ansiedade é uma das causas do vício em drogas, da pressão alta, dos problemas cardíacos e até das
úlceras estomacais. A pessoa tem pensamentos e sentimentos de apreensão, insegurança, medo e pânico.
Vive agitada, mas não consegue resolver seus problemas e muitas vezes come demais para compensar suas
frustrações.
"Um bom tratamento para a ansiedade é mudar de vida" - aconselha o professor Sylvio Panizza. "A
pessoa deve aprender a guiar-se pelo bom senso e tornar-se atuante em sua própria vida. A ansiedade é
comum nos executivos, porque muitos deles não têm controle sobre si mesmos: quem manda neles é a
empresa para a qual trabalham."
O fato de as farmácias venderem muitos tipos de calmantes e remédios antiansiolíticos comprova que
a tensão da vida afeta praticamente todas as pessoas. "Os psicotrópicos foram um dos ramos da indústria far-
macêutica que mais cresceu nos últimos tempos, acenando com o controle químico da mente"- revela o
professor. "Paralelamente ao comércio ilícito de drogas psicotrópicas, o mercado lícito cresceu muito,
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origina-se dos grandes laboratórios multinacionais e é controlado pêlos governos, que estabelecem
exigências, como a receita médica retida nas farmácias."
Mas o professor explica que os psicotrópicos sintéticos - como barbitúricos e antidistônicos, que
diminuem a atividade do sistema nervoso central, relaxando os músculos do corpo - têm muitos efeitos
colaterais danosos, como a dependência (vício) e a tolerância (necessidade de doses cada vez maiores para
obter o mesmo efeito, até que seja atingida a dose mortal da droga).
"Em certos casos, os remédios de farmácia são necessários, principalmente na ansiedade ligada a
doenças mentais como psicose, esquizofrenia e depressão, para as quais existem bons remédios alopáticos de
última geração" - pondera Sylvio. Mas ele acha que as pessoas usam calmantes fortes em excesso: "Os remé-
dios cuja receita fica retida nas farmácias, tipo Dienpax, Lorax, Vallium e Frisium, só devem ser usados em
períodos de crise, com consulta de retorno ao médico que os prescreveu".
Um remédio popular para as crises agudas de ansiedade, em que a pessoa perde o controle emocional,
é a água com açúcar, revela Sylvio. "A pessoa toma um copo de água com uma colher de sopa de açúcar e
isso lhe dá energia que lhe permite controlar a crise. Mas é óbvio que esse remédio não serve para os
diabéticos nem para os obesos" - adverte o professor.
Para controlar a ansiedade, Sylvio recomenda vários chás de plantas medicinais que não têm os efeitos
colaterais dos produtos de farmácia. Um bom exemplo é a valeriana (Valeriana officinalis); muito eficaz
como calmante. Espécie arbustiva comum na Europa, ela tem flores parecidas com as da erva-doce e seus
princípios calmantes ficam na raiz, que tem cheiro desagradável e intenso, podendo ser usada em chás e
macerações a frio (deixar de molho na água por 12 horas).
Outras plantas calmantes são o maracujá (flores e folhas das trepadeiras do género Passiflora), o anis
(sementes da Pimpinella anisum), a erva-cidreira (folhas e flores picadas da Melissa officinalis), o capim-
limão (folhas e raízes da Cymbopogon citratus), a artemísia (raízes da Artemisia vulgaris), a lípia (folhas da
Lippia alba), a verbena (folhas da Verbena odorata), a tília (folhas da Tuia cordata), o tomilho (sementes da
Thymus vulgaris) e as flores de laranjeira.
O professor Sylvio recomenda que as pessoas nervosas comam saladas de alface (que também pode
ser usada em chás) e explica que a camomila (flores da Matricaria chamomilla) e as sementes de erva-doce
também podem funcionar como calmantes, embora sua principal ação seja a de cicatrizantes das vias diges-
tivas.
Diferindo dos produtos químicos sintéticos, os chás de plantas calmantes começam a fazer efeito
depois que são tomados por dois ou três dias seguidos. Para que o organismo não se acostume muito com
eles, reduzindo seu efeito, o professor Sylvio recomenda que esses chás sejam alternados (uma semana com
valeriana e outra com maracujá, por exemplo, interrompendo o tratamento por quinze dias e voltando à
valeriana).
BOCA E GARGANTA
As infecções crônicas da boca e da garganta podem ser combatidas com recursos caseiros e algumas
plantas medicinais.
A mucosa da boca e a da garganta são bons termómetros de nosso estado imunológico: quando nossas
células de defesa não estão funcionando bem ou encontram-se enfraquecidas por doenças ou estados
emocionais negativos, surgem dores de garganta e infecções nas amígdalas" o professor Sylvio Panizza, do
Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo. E sua mulher, a farma cêutica Maria Helena,
complementa: "E o caso, por exemplo, do surgimento de sapinhos, que são infecções da mucosa da boca e da
garganta causadas por fungos e reveladoras de fraqueza devida a doenças ou à má-alimentação".
Os "sapinhos" são manchas esbranquiçadas e doloridas que se espalham pela mucosa das bochechas e
das gengivas e podem atingir os canais respiratórios e digestivos, causando falta de ar e dificuldade para
engolir, nos casos mais graves. Comuns em crianças pequenas, essas irritações são sinal de queda na
capacidade imunológica quando ocorrem em adultos. Para tratar os "sapinhos", Maria Helena recomenda
gargarejos com l xícara de água morna e l colher de sopa rasa de bicarbonato de sódio. "É bom colocar
também uma pitada de bicarbonato na língua a cada duas horas, para mudar a acidez da boca, tornando-a
hostil aos fungos" - explica ela.
Mas o professor Sylvio adverte: "Se a presença de sapinhos for acompa nhada de febre e inchaço no
pescoço, nas axilas ou nas virilhas, a pessoa deve consultar um médico, pois isso pode ser sinal de uma
infecção mais séria". O bicarbonato serve também para clarear os dentes, especialmente dos fumantes,
quando polvilhado na escova de dentes, junto com a pasta dental, e usado todos os dias.
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Outro problema é a inflamação das amígdalas, que em muitos casos melhora com gargarejos de água
morna, sal (l colher de sopa rasa para cada xícara) e algumas gotas de limão. Mas, para a maioria dos casos
de inflamação das amígdalas e dor de garganta em geral, a farmacêutica recomenda duas plantas: a
guaçatonga (Casearia sylvestris: pôr 10 folhas picadas em meio litro de água, ferver por 5 minutos, deixar
amornar tampado, coar e fazer gargarejos) e a guiné (Petineira olliacea: pôr l pedaço de raiz e 5 folhas
grandes numa xícara de chá de água, ferver por 5 minutos e fazer gargarejos quando estiver morno).
"É possível também fazer gargarejos com 10 gotas de tintura de guaçatonga dissolvidas em l copo de
água" - explica Maria Helena, lembrando que essa tintura tem efeito cicatrizante.
Outra planta muito utilizada para tratar problemas da garganta é o carajuru (Arrabidaea chica), uma
trepadeira amazônica empregada pelos índios. "Em Campos, no norte do Rio de Janeiro, de onde eu vim,
minha família ferve 4 ou 5 folhas de carajuru por 2 minutos numa xícara de água e faz gargarejos com o chá
morno. E muito eficaz" - lembra o professor José Américo Motta Pessanha, diretor do Centro Cultural
Vergueiro, em São Paulo. "Já vi casos graves de dor de garganta crônica serem curados pelo gargarejo com
carajuru" - explica ele.
Também são úteis para os casos de dor de garganta as seguintes plantas, usadas em gargarejos: a
malva (Malva silvestris: l colher de sopa de folhas e l colher de sopa de flores em l xícara de chá de água.
Ferver 2 minutos e usar quando estiver morna), a zedoária (Curcuma zedoaría: l colher de sopa de raiz bem
lavada e picada em l xícara de chá de água. Ferver 2 minutos) e a calêndula (Celendula officinalis: l colher
de sopa de flores em l xícara de chá de água. Ferver 2 minutos).
Muitas pessoas tratam com sucesso sua dor de garganta fazendo gargarejos com suco de limão e
bastante açúcar (2 colheres de sopa para cada meio limão) ou com água oxigenada de 5 ou 10 volumes (l
xícara de café misturada com igual quantidade de água fervida morna e l colher de café de sal). Para os casos
crônicos, é bom alternar os gargarejos de qualquer das plantas citadas com inalações de eucalipto (Eucaliptus
globulus: l xícara de chá de folhas em l litro de água. Ferver e aspirar os vapores), para aumentar a circulação
no local e intensificar o efeito do tratamento.
Maria Helena sugere ainda outra técnica que aumenta a irrigação na área da garganta e favorece a
cura: "colocar compressas quentes no pescoço, evitando tomar vento". A farmacêutica lembra também que as
pessoas com tendência a ter dores de garganta devem evitar bebidas geladas, pois a mudança brusca de
temperatura debilita as defesas. E ela faz mais duas observações: "É importante que as pessoas tratem os
dentes e não fiquem com cáries, que são focos de infecção da boca, da garganta e até dos ouvidos, fossas
nasais e outras áreas do corpo. Nos casos de dor de dente, é possível anestesiar a região da cárie colocando
nela um algodão embebido em óleo essencial de cravo ou de hortelã, comprado nas farmácias, enquanto não
chega a hora de ir ao dentista, que nunca deve ser adiada. Outro conselho é para as pessoas não pincelarem a
garganta, pois isso espalha a infecção. Quando usamos colutórios, que são tinturas alcoólicas misturadas com
óleo, devemos pulverizar o líquido na garganta com auxílio de bombas de plástico apropriadas" - finaliza a
farmacêutica.
Os pulmões são muito sensíveis às deficiências alimentares da pessoa e ao seu estado de ânimo. Para
combater gripes e resfriados, a alimentação precisa conter vitamina C (presente em frutas ácidas, como
laranja, limão, tangerina, kiwi, acerola, caju e em hortaliças como o pimentão) e vitaminas do complexo B
(fígado malpassado, leite, ovos). Certas saladas e temperos também têm efeito antibiótico nos pulmões,
como é o caso do agrião e do alho, assim como o própolis e o próprio mel.
Nos casos de resfriados que "entopem" as vias nasais, pode-se usar o eucalipto (Eucaliptus globulus)
para fazer inalações e xaropes. É só ferver 20 folhas soltas em meio litro de água por l minuto e inalar os
vapores. Depois acrescenta-se meio quilo de açúcar ao líquido coado e mistura-se bem, deixando ferver por 5
minutos. Tomar l colher de chá a cada 2 horas. Outro expectorante caseiro eficaz é o leite fervido com canela
(4 pauzinhos para cada xícara) e adoçado com mel.
Para combater a tosse e a bronquite, a farmacêutica Maria Helena Tinoco Panizza recomenda o guaco
(Mikania glomerata), uma trepadeira "que todo mundo deveria ter em casa". Essa planta serve para fazer chá
(ferver 3 paus de canela e 6 folhas de guaco em 2 xícaras de chá de água por 3 minutos e beber em goles
quando estiver morno, adoçando com mel) e xarope (acrescentar 8 colheres de sopa cheias de açúcar ao chá
coado e ferver por mais 5 minutos. Quando estiver morno, colocar 6 colheres de sopa de mel e 15 gotas de
tintura de própolis, mexer bem e tomar l colher de sopa a cada 2 horas).
Outra planta recomendada por Maria Helena contra asma e bronquite é o confrei (Symphytum
offïcinale): "Mas a parte mais ativa dessa planta é a raiz grossa do meio, que tem cor escura e deve ser bem
lavada" - explica ela, que sugere o seguinte chá: lavar 2 centímetros de raiz, cortar em rodelas finas, pôr
numa xícara de chá de água e ferver por 5 minutos, coando depois de morno.
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O confrei também pode ser usado com o guaco para fazer xarope. É só incluir 2 centímetros de raiz
picada no início da preparação do chá de guaco. Segundo alguns pesquisadores, o suco de beterraba com
laranja e confrei (2 centímetros de raiz para cada copo) ajuda no tratamento de enfisema e de certos tumores
dos pulmões, tomado todos os dias pela manhã e à noite, como complemento dos remédios receitados pelo
médico.
Muitas pessoas com asma ou bronquite reagem bem ao chá de gengibre (Zingiber zingiber): ferver por
5 minutos 2 colheres de sopa de raiz bem lavada e cortada em rodelas finas numa xícara de chá de água, coar
e beber morno). Mas Maria Helena explica que existe uma planta parente do gengibre e ainda mais eficaz: é
a zedoária (Curcuma zedoária), da qual também são utilizadas as raízes, da mesma forma que para o chá de
gengibre. Maria Helena adverte que esse chá não deve ser tomado por mulheres grávidas, pois afeta a
circulação do bebê.
Duas outras plantas boas para os pulmões são o assa-peixe (Vernonia polyanthes: ferver 2 folhas bem
picadas em l xícara de chá de água por meio minuto e coar depois de morno) e a embaúba (Cecropia
glaziovix: ferver 2 colheres de sopa de raiz lavada e picada em l litro de água por l minuto e coar).
Apesar de, atualmente, estar na moda criticar o consumo de carne, mui tos estudos confirmam que
tanto as carnes vermelhas magras (bovina) como as carnes brancas (peixes e aves) fazem bem à saúde. O
problema das carnes são seu consumo em excesso e as gorduras. Também se tornou um mito dizer que um
suculento bife é prejudicial devido à grande quantidade de colesterol.
Na verdade, esse bife tem menos colesterol do que o camarão e o queijo. Cada l00g de carne
bovina cozida possui um índice de colesterol de 86mg, enquanto esse índice sobe a 108mg para a mesma
quantidade de queijo cheddar, chegando a 160mg no camarão. Na mesma proporção, o frango assado tem
90mg de colesterol, o porco cozido l00mg e o frango frito 107mg. Além disso, as carnes possuem os cinco
elementos que são essenciais na alimentação: proteínas, gorduras, glicídios, vitaminas e sais minerais.
Cada l00g de carne bovina magra assada possuem 198 calorias (o centro do contrafilé possui
229,4 calorias), 12g de gorduras (incluindo os 86mg de colesterol), 22g de proteínas, vitaminas (todas as do
complexo B nas carnes de músculo, além das vitaminas A, C e D nos miúdos como o fígado) e sais minerais:
ferro (4mg), cálcio (8mg), fósforo (200mg), potássio (370mg) e magnésio (25mg), além de sódio, cobre,
enxofre, flúor, molibdênio, selênio, zinco e cobalto (componente da vitamina B12, também chamada de
cobalamina).
As carnes também produzem o efeito de sinergia. O organismo humano consegue absorver até
cinco vezes mais o ferro existente nas carnes do que o dos vegetais. As vitaminas e os sais minerais estão
presentes em maior quantidade nas vísceras como o fígado. Cada l00g de fígado bovino cru equivale a 130
calorias e contém 20g de proteínas, 5,5g de gorduras e sais minerais: potássio (243mg), cálcio (8mg) e ferro
(12,lmg). Nessa composição também entram as vitaminas A (3,20mcg), B1 (235mcg), B2 (2,40mcg), B3
(16,68mg), C (20mg), D, complexo B e vitamina B12, além de outros sais minerais importantes como cobre,
magnésio, selênio e zinco.
Segundo o médico Américo Luís Petrarolli, parte das vitaminas e dos sais minerais do fígado
perde-se devido ao calor da fritura ou do cozimento. Deve-se precaver para não se consumir fígado de
animais doentes ou intoxicados. Sendo esse órgão uma espécie de filtro que retém as toxinas do sangue,
qualquer fígado com aparência ou odor estranho deve ser evitado. Para compensar eventuais
desbalanceamentos na dieta alimentar, recomenda-se um cardápio diário variado à base de cereais, verduras
e frutas.
Questão ética
As pessoas que preferem uma alimentação vegetariana acham ilusórios os dados que mostram o
valor nutritivo da carne, pois eles são anulados pelas substâncias tóxicas do organismo animal. Além disso,
muitas pessoas também alegam questões éticas e mesmo filosóficas para se posicionarem contra o consumo
da carne. Segundo elas, a sobrevivência do homem não justifica a matança indiscriminada de animais indefe -
sos, pois existem outras opções alimentares bem mais saudáveis.
Quem compartilha desse ponto de vista é o empresário João Leonel. Depois de assistir ao
sofrimento de muitos animais nos matadouros, ele tornou-se um vegetariano convicto, arrendando sua
fazenda no Paraná e transferindo-se para São Paulo, onde vive atualmente. "No futuro, quando os animais e o
próprio homem forem mais respeitados, as pessoas acharão uma época de barbárie estes tempos em que se
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sacrificam bois, porcos, cabritos e coelhos nos matadouros" - prevê o empresário.
Afora argumentações humanitárias como esta, existem razões técnicas que desaconselham o
consumo da carne. Em estado de choque e sofrimento, o organismo do animal libera cargas extras de
hormônios e substâncias de defesa como a adrenalina e a noradrenalina. Tais substâncias aumentam os
batimentos cardíacos e as respostas cerebrais, porém, em excesso, elas intoxicam o organismo.
"O sofrimento do animal provoca descargas negativas em seu organis mo que envenenam as
pessoas que consomem sua carne. É como se fosse uma vingança" - observa Leonel.
Por outro lado, o médico Petrarolli diz que os principais problemas da carne são a ausência de fibras e a
gordura. "Devido à falta de fibras, as carnes quase não formam fezes, pois elas são, em grande parte, ab-
sorvidas pelo organismo. As dietas com muita carne paralisam os intestinos e provocam irritações crônicas
que desenvolvem tumores cancerígenos" - explica ele.
Quanto ao problema causado pela gordura, Petrarolli é incisivo: "Em pequena quantidade, a
gordura é útil para o organismo. Em excesso, porém, ela se deposita nas veias e acaba provocando problemas
cardiovasculares."
Essa é a razão de a incidência de cardiopatias ser maior em pessoas obesas, pois seu organismo
não consegue metabolizar toda a gordura.
O médico também desaconselha o consumo de carnes industrializadas. Igualmente, devem-se evitar a
carne de porco, o sebo da carne bovina, os embutidos (linguiça e salsicha) e as carnes enlatadas.
A cólera continua se espalhando e já matou cerca de 130 pessoas no País.Por que é difícil controlar
a doença? O ataque da cólera começa repentinamente e logo torna a pessoa desidratada, podendo matá-la em
poucos dias. Os principais sintomas são diarréia, cólicas, dores no corpo (cãibras), às vezes acompanhadas
por vômitos. A diarréia é contínua e as fezes saem líquidas e esbranquiçadas, como água de arroz. Os
vômitos podem ser um mau sinal, pois indicam fase avançada de desidratação. Também representam perigo
o surgimento de manchas roxas na pele (cianose) e o suor pegajoso — indícios de que o organismo já está
muito debilitado. A cólera é uma doença tropical, causada por uma microscópica bactéria que recebe o nome
de vibrião, devido a seu formato torto. Originária da Ásia (índia e Bangladesh, onde se mantém endémica
desde tempos imemoriais), a doença começou a se espalhar pelo mundo no século 15, quando os europeus
descobriram o caminho marítimo para o Oriente. E desde então tem provocado epidemias mundiais
(pandemias), em que ela se espalha, para depois desaparecer-principalmente porque o vibrião acaba desaloja-
do pêlos microorganismos típicos das regiões que invadiu. Antes da atual pandemia, os últimos surtos de
cólera fora do Oriente ocorreram ao século 19 e atingiram a África, a Europa e as Américas, cau sando
grande mortandade (600 mil pessoas na França, por exemplo).
Foi nesse período que se criou um cemitério só para vítimas da doença em Belém do Pará, no
Brasil. A doutora Dilma Scalla Gelli, bióloga do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, explica que o surto
atual de cólera data do começo dos anos 90 e chegou ao Brasil através do Peru, onde se registraram cerca de
140 mil casos da doença durante o ano de 1991, com mais de mil mortes. Depois de se espalhar pela região
Norte (quase 2 mil casos, até meados de maio deste ano), a cólera acabou atingindo todas as outras regiões
do País, principalmente o Nordeste (cerca de 5.200 casos, no mesmo período), somando um total de cerca de
7.200 ocorrências confirmadas, com mais de 130 mortes. O estado mais atingido é a Paraíba, seguida por
Pernambuco e Rio Grande do Norte.
"A pessoa que sente sintomas de cóle ra deve procurar imediatamente um hospital ou centro de
saúde, pois, além de antibióticos, precisará tomar soro na veia para combater a desidratação" -alerta a
bióloga. Os antibióticos mais usados são a tetraciclina ou o cloranfenicol (cápsulas de 500 miligramas de 6
em 6 horas). Esses remédios, entretanto, só devem ser dados por médicos ou pessoal especializado, com a
pessoa internada, pois têm muitos efeitos colaterais. A tetraciclina, por exemplo, não pode ser ministrada a
crianças ou a mulheres grávidas, e o cloranfenicol pode causar choque alérgico, sendo muito perigoso para
os recém-nascidos.
Como a pessoa que está com cólera tem diarréia contínua, é necessário dar-lhe soro caseiro (mistura
de uma colher de sopa de açúcar e uma colher de café de sal para cada litro de água fervida), enquanto ela
não for medicada com antibiótico e soro na veia no hospital ou no centro de saúde. A quantidade de soro oral
dada à pessoa deve ser maior que a dos líquidos eliminados.
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"Existe vacina contra a cólera"-comenta a bióloga —, "mas ela não é eficaz porque demora três
meses para fazer efeito e só imuniza 50% das pessoas em quem é usada. Além disso, essa imunidade dura
apenas três meses." As revistas médicas relatam que estão sendo pesquisadas novas vacinas mais eficientes,
mas, como a cólera é uma doença de países pobres, essas vacinas não despertam grande interesse nos
cientistas e nos laboratórios do Primeiro Mundo, que teriam mais condições de produzi-las.
As pesquisas de saúde pública na América do Sul mostram que o núme ro de casos fatais da doença
varia entre 1% e 1,5% das pessoas que manifestam os sintomas de forma grave (casos relatados às autorida -
des de saúde). A maior parte das mortes acontece com crianças, velhos e pessoas subnutridas ou
enfraquecidas por outras doenças.
O mecanismo da transmissão
Dilma Gelli aconselha as pessoas a se esclarecerem melhor sobre a doença, "pois não basta só
ferver a água e ingerir alimentos cozidos ou esterilizados e lavados, sendo muito importante a higiene
pessoal e a limpeza da cozinha e de seus utensílios". E ela explica que a cólera é uma doença de transmissão
complexa: "Basicamente, o vibrião é expelido pelas fezes e permanece vivo no meio ambiente (água dos
esgotos, por exemplo). A partir daí, ele contamina peixes, verduras irrigadas com essa água e outros ali -
mentos, onde se multiplica. Mas pode contaminar também objetos ou a própria pele das pessoas, que depois
acabam entrando em contato com alimentos. Quando a pessoa ingere algum alimento conta minado, fecha o
ciclo que se iniciou na expulsão das bactérias pelas fezes de outra pessoa, que pode estar a quilômetros de
distância".
A bióloga explica que o vibrião não morre por congelamento, permitindo a contaminação através de
gelo ou suco de frutas que tenha sido congelado. "Mas essa bactéria não suporta a fervura, possibilitando que
os aumentos cozidos estejam livres dela."
A complexidade da transmissão, entretanto, permite que a pessoa se contamine, mesmo que se
preocupe em ferver os alimentos. "É o caso de um peixe contaminado"-exemplifica Dilma. "A pessoa que o
limpa fica com as mãos contaminadas - e passa as invisíveis bactérias para os panos de cozinha e outros
utensílios, por exemplo. Assim, mesmo que as bactérias do peixe tenham sido exterminadas pelo cozimento,
ele pode voltar a se contaminar depois de Mo através das mãos da pessoa. Ou até uma salada ou uma
inocente salsinha para guarnição podem sofrer esse tipo de contágio."
Por isso Dilma chama a atenção para os cuidados com a higiene na cozinha, que devem ser
redobrados: "Aconselho a lavar os panos de prato e utensílios com sabão sempre que forem usados. A pessoa
que cozinha deve tomar cuidado com a reinfecção dos alimentos, lavando as mãos sem pre que for manusear
um género alimentício diferente".
A bióloga explica que, para cada doente grave, existem 25 a 100 pessoas que se contagiaram, mas
não desenvolveram a doença, permanecendo infectantes por algum período de tempo. Diante desse fato, ela
estima que o número de pessoas contaminadas no País já passa dos 70 mil. "E com isso a maior parte das
pessoas infectadas nem sabem que são portadoras da bactéria e que a estão excretando através das fezes."
Devido ao grande número de portadores assintomáticos, a bióloga faz uma advertência quanto ao
uso do banheiro e à higiene pessoal. "É muito importante lavar bem as mãos depois de defecar, e o papel
higiénico usado deve ser jogado no vaso sanitário, puxando-se a descarga. Se ele cai no chão, por exemplo,
poderá deixar partículas que são pisadas e atingem outras dependências da casa, como a cozinha, através das
solas dos sapatos. Quando algum utensílio cai no chão, contamina-se."
Se o sistema de esgoto da casa não permite jogar papel no vaso, é impor tante usar sacos de lixo num
cesto grande, de preferência com pedal para abrir a tampa, tendo-se o cuidado de jogá-los fora bem fechados
antes que fiquem cheios. Eles não devem ser esvaziados ao serem postos no lixo, e a pessoa que os manipula
deve lavar bem as mãos.
"Além de só utilizar na cozinha água tratada com cloro ou fervida e conservar frutas e saladas inteira -
mente mergulhadas por meia hora numa solução de uma parte de hipoclorito de sódio (água sanitária) para
cada dez partes de água, as pessoas só devem guardar os alimentos que depois podem ser aquecidos" -
adverte a bióloga. "Nada de fazer maionese em grande quantidade, por exemplo, guardando-a para o dia
seguinte, pois ela pode ser contaminada por mãos e utensílios."
Dilma acha difícil conter a expansão da doença, pois "80% das pessoas que traba lham comem fora,
por exemplo, e não têm controle sobre a higiene na preparação de seus alimentos". Mas, segundo ela, a causa
principal dos surtos de cólera no Brasil é a falta de saneamento básico e de uma política nacional de saúde
pública. "No Nordeste, por exemplo, só 26% dos municípios possuem rede coletora de esgoto, número que
diminui para 12% na região Centro-Oeste e 8% na região Norte - em contraste com o índice de 90%
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encontrado na região Sudeste. Á cólera é uma doença da pobreza e do desamparo da população." Felizmente,
segundo a doutora, a ação do homem combatendo a doença através da higiene tem como aliada a própria
natureza: "O vibrião da cólera, que vive tanto na água doce como na água salgada, acaba sendo combati do
por outros microorganismos locais que, na disputa por alimento, terminam por criar mecanismos contra ele.
É o que eu espero que já esteja acontecendo".
COSMÉTICA
Creme básico
Cremes e leites hidratantes também são úteis, principalmente nos casos de pele seca. E as pessoas po-
dem incrementá-los, acrescentando uma cápsula oleosa de vitamina E para cada duas colheres de sopa de
leite de aveia comprado em farmácia. E possível, também, fazerem casa um bom creme básico (cold cream)
para limpeza de pele, fervendo, num recipiente de louça em banho-maria, 300 gramas de óleo de amêndoas
doces, 50 gramas de espermacete ou lanolina, e 40 gramas de cera de abelha, mexendo continuamente com
uma espátula. Misturar bem e deixar esfriar, acrescentando 150 gramas de suco de pepino fresco, batendo
numa batedeira até ficar espumoso e leve. Para tratar de problemas específicos, pode-se usar metade da
quantidade de suco de pepino misturada ao chá de alguma erva até completar 150 gramas. Apli ca-se à noite,
massageando até desaparecer e depois retirando o excesso com um chumaço de algodão.
Pele oleosa
Agrião (passar suco fresco como loção e lavar depois de meia hora), alecrim (aplicações locais do
chá), alcachofra (tomar duas xícaras de chá das folhas por dia, durante l0 dias), alimentação (evitar frituras e
alimentos gordurosos), barbatimão (Stryphnodendron barbadetiman: aplicar chá da casca por 10 minutos,
lavando em seguida), couve (usar água da cozedura, misturada com água de rosas), cratego (Crataegus
oxyacanta: ferver um punhado de folhas em meio litro de leite, deixar amornar, coar num pano e aplicar na
pele, guardando na geladeira), hortelã (aplicar chá concentrado das folhas), pepino (bater com casca no
liquidificador, com um pouco de água de rosas, formando uma pasta; ou misturar suco de um pepino com
uma clara de ovo batida em neve e aplicar, deixando por meia hora), pedra-ume (pulverizar, dissolver em
água e pingar cinco gotas de glicerina por xícara de chá).
Pele seca
Abacate (bater uma xícara de chá de polpa madura com cinco colheres de sopa de mel e aplicar no
local, lavando depois de meia hora), amêndoas oleaginosas (nozes, avelãs, castanhas-do-pará, sementes de
abóbora ou girassol: comer quatro ou cinco por dia, durante 20 dias), cenoura (aplicar suco fresco da raiz),
farinhas (aveia, trigo, milho: fazer uma papa com água ou leite frio e aplicar; deixar meia hora e lavar com
água morna. Existem, nas farmácias, alguns cremes hidratantes industrializados de aveia de boa qualidade),
leite fresco (fazer compressas por meia hora e lavar com água fria, enxugando sem esfregar), óleos (azeite de
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oliva e óleo de amêndoas doces: passar no corpo todo, meia hora antes do banho).
Sardas (manchas escuras, principalmente no rosto, no pescoço, nos ombros, os braços e nas mãos).
Agrião (passar no local o suco das folhas e dos talos à noite, antes de dormir, e lavar pela manhã),
camomila (Matricaria chamomila: passar, à noite, o chá das flores misturado com igual quantidade de suco
de agrião fresco; lavar pela manhã), cebola (ralar crua sobre um prato fundo com um cálice de vinagre de
maçã; amassar até formar uma pasta e aplicar à noite, em compressas, deixando por meia hora), dente-de-
leão (Taraxacum officinale: aplicar suco fresco e chá das folhas), salsa (passar, à noite, o suco dos talos e das
folhas, lavando pela manhã).
Nos anos 70, pesquisadores norte-americanos e escoceses descobriram que nosso sistema nervoso
produz moléculas semelhantes às de drogas psicotrópicas que viciam, como os opiáceos (ópio, morfina e
outros derivados, como codeína e heroína). Esta família de drogas pesadas age em nosso organismo como
poderoso analgésico que alivia dores e traz intensas sensações de prazer. Como ocorre com outros
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psicotrópicos, essas substâncias provocam vício e acabam por destruir nossa mente e nosso organismo.
Agora os cientistas sabem a razão disso.
Os opiáceos, por exemplo, encaixam-se em nossas células nervosas receptoras de um tipo de
neurotransmissor natural: as endorfinas. Quando os opiáceos chegam ao sistema nervoso, inundam-no com
similares de endorfinas e geram ordens para que elas parem de ser produzidas. Com isso, quando o efeito da
droga passa, o sistema nervoso não está mais produzindo endorfinas e a pessoa sente desprazer e
desconforto. Para melhorar, ela se vê tentada a tomar mais drogas e em maior quantidade, gerando um
circulo vicioso que pode comprometer irremediavelmente os mecanismos de produção de
neurotransmissores. Por isso o vício em drogas pode se tornar difícil de ser abandonado e leva os indivíduos
a uma crescente escravização que lhes traz danos físicos, psicológicos e morais. Além dos opiáceos, outras
drogas-psicotrópicas também interferem na produção de neurotransmissores, como ocorre com o álcool
(interação com calmantes naturais como o ácido gama-aminobutírico), a nicotina dos cigarros (endorfinas), a
maconha (acetilcolina) e a cocaína (dopamina e noradrenalina). Estas drogas podem causar dependência
física ou psíquica em maior ou menor grau, de acordo com o organismo e a personalidade de quem a usa.
Todas essas drogas prejudicam o metabolismo normal do sistema nervoso e todas são dispensáveis,
pois nosso organismo é capaz de produzir substâncias semelhantes a elas, sem efeitos colaterais. O uso
recreativo de qualquer psicotrópico é, portanto, muito perigoso, pois interfere nas trocas que nossa mente faz
com o mundo que nos cerca. E impede nosso organismo de produzir ele mesmo o próprio prazer de viver.
Quando fazemos exercícios físicos regulares, quando namoramos ou nos reunimos com amigos, quando
aceitamos e vencemos os desafios do estudo e do trabalho, sentimos bem-estar decorrente de uma produção
natural de neurotransmissores de prazer. Ao substituir essas fontes naturais, as drogas nos afastam do maior
prazer da vida que é viver.
Ver ALCOOLISMO; ANSIEDADE E ESTRESSE
ESTÔMAGO E DIGESTÃO
Na área do estômago e da digestão, as plantas medicinais podem ser usadas para várias finalidades,
conforme explica a farmacêutica Maria Helena Tinoco Panizza. "Existem plantas que abrem o apetite, outras
que o aumentam e outras que o diminuem, sem falar nas que facilitam a digestão e nas que podem ser
usadas no tratamento de úlceras e gastrites, pois contêm substâncias cicatrizantes e antibióticas que agem
nas vias digestivas."
Para diminuir o apetite, no caso dos regimes de emagrecimento, podem-se fazer macerações a frio de
valeriana (Valeriana offïcinalis: deixar de molho, durante uma noite, 25 gramas de raízes frescas e bem
lavadas em um quarto de litro de água. Beber l copo 10 minutos antes das duas refeições principais). Para
abrir o apetite, uma boa pedida são os vinhos de losna (Artemisia absinthium: pôr 40 gramas de folhas de
flores secas em l xícara de chá de aguardente 28° e deixar macerar uma semana. Depois adicionar l litro de
vinho branco e deixar repousar mais uma semana. Feito isso, coar e engarrafar, utilizando l cálice antes das
refeições. Esse vinho abre o apetite, facilita a digestão e expulsa vermes, mas nunca deve ser consumido em
grande quantidade, pois seu excesso pode fazer mal) e melissa (Melissa offïcinalis, também chamada erva-
cidreira verdadeira: 20 gramas de folhas e flores em l litro de vinho branco. Ferver por 3 minutos, deixar
esfriar e coar depois de 2 horas. Tomar l cálice antes das refeições).
Para aumentar o apetite pode-se tomar chá de lúpulo (Humulus lupulus: l colher de chá de flores numa
xícara de café de água. Esquentar até levantar fervura, apagar o fogo e dei xar esfriar tampado. Depois coar,
adoçar com mel e tomar 10 minutos antes das refeições). Também chá de orégano (Origanum vulgare: 20
gramas de folhas e flores em l litro de água. Ferver por 2 mi nutos, coar e tomar 2 xícaras de chá ao dia). In-
cluir flores de chagas (Tropaeolum majus, uma bela planta rasteira também chamada capuchinha) nas
saladas aumenta o apetite e elas agem ainda como cicatrizantes das vias digestivas e respiratórias, além. de
combater o raquitismo. O consumo de verduras mineralizantes como o espinafre e a couve também combate
a fraqueza e melhora o apetite, assim como o uso regular de comprimidos de levedura de cerveja, venolidos
nas farmácias.
Até há pouco tempo, os médi cos davam remédios antitérmicos, logo que notavam que seus
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pacientes estavam com febre (estado em que o corpo aumenta sua temperatura acima dos 37°C, podendo
chegar até 42°C em casos extremos e perigosos). Hoje, essa atitude está mudando, porque a ci ência
descobriu que as febres moderadas em geral causam mais benefícios do que males ao organismo. A elevação
da temperatura provocada pela febre aumenta o metabolismo celular e a ação das células de defesa, ajudando
a conter infecções. Ela também amplia a ação dos antibióticos. Outro efeito do aumento da temperatura
corporal é a diminuição das taxas de ferro e zinco na corrente sanguínea, substâncias vitais para a multipli-
cação das bactérias.
Um estudo realizado com voluntários infectados pelo vírus da gripe mostrou que as pessoas que
combateram a febre tomando aspirina ficaram mais vulneráveis à doença. Mas, se não devemos nos apavorar
diante da febre, também não devemos ignorá-la. Ela geralmente é um sintoma de que o organismo está com
alguma doença ou substância estranha. Mas, em certas pessoas, ela também pode aparecer durante exercícios
físicos, estresse psicológico ou menstruação.
A febre é causada pêlos monócitos, um tipo de glóbulo branco que é atraído por corpos estranhos
no sangue (vírus, bactérias, toxinas ou outros micróbios). Ao encontrá-los, os monócitos passam a atacá-los
produzindo um hormônio - o pirogênio endógeno -, que se dilui na corrente sanguínea e aciona o hipotálamo,
a área do cérebro que controla a temperatura do corpo, avisando-o para aumentá-la.
"Quando a pessoa sente que está com febre, deve repousar e prestar atenção em outros eventuais
sintomas"- recomenda o clínico geral Américo Luiz Petrarolli. "Quer se trate de um simples resfriado, que
desaparece sozinho, ou de outro mal-estar, sempre é bom consultar um médico, se a febre aumentar ou durar
mais de um dia."
Febres perigosas
Convulsões - A febre alta, que passa dos 41°C, pode causar convulsões, principalmente em crianças
e idosos, e pode lesar seus tecidos cerebrais.
Nas crianças, as convulsões febris, na maior parte das vezes, não deixam sequelas e dispensam o uso
de remédios anticonvulsivos. Apenas um terço das crianças que tiveram convulsão febril volta a sentir o
problema e apenas 10% destas últimas evoluem para epilepsia, necessitando tomar remédios anticonvulsivos.
A pessoa com febre alta deve ser rapidamente levada a um pronto-socorro. Enquanto são tomadas
as providências, a pessoa, em repouso, deve vestir roupas leves e abrigar-se do vento. Em seus braços e
pernas devem ser aplicadas compressas de água fria misturada com 1/4 de álcool de cana.
Doenças graves
Quem sente febre constante deve procurar um médico, pois ela é um dos primeiros sintomas de
certas doenças graves como câncer ou abscessos internos.
Remédios
Alguns remédios como antibióticos (penicilina), sulfas, barbitúricos e compostos de iodo podem
provocar febre. Nesse caso, é bom não usa-los, porque eles estão confundindo o sistema imunológico,
podendo causar autolesões.
Infecções
A maioria das infecções provoca febre, desde uma simples gripe até uma pneumonia. Pelo tipo de
febre, é possível, inclusive, diagnosticar doenças como Aids (febre baixa intermitente durante meses e,
depois, febre alta).
Veja como são os sintomas da febre em algumas doenças graves que precisam de médico:
• malária: sobe de dia e baixa de noite. febre tifóide: sobe a cada dia durante uma semana ou mais.
• hepatite: é baixa e constante, mas diminui, quando os olhos ficam amarelos.
• pneumonia: sobe a cada dia e atinge mais de 40°C.
• febre reumática: sobe quando a pessoa tem dor de garganta e recomeça depois de duas semanas,
quando a pessoa sente dores nas articulações.
• brucelose: sobe à tarde e cai à noite.
febre puerperal: começa um ou mais dias depois do parto e sobe rapidamente, piorando conforme a
infecção se espalha pelo corpo.
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FÍGADO: AS AMARGAS QUE CURAM
Uma pessoa com problemas no fígado pode sentir enjôos, ter má-digestão, dor de cabeça, suores
frios, tonturas, pele amarela e até terríveis dores (cólicas causadas por pedras na vesícula biliar). Nesses
casos, é sempre bom consultar um médico e fazer exames, principalmente se o problema for crônico.
Uma curiosidade que vem desde os antigos gregos é o fato de muitas plantas amargas servirem
justamente para tratar o fígado, órgão onde fica a amarga bílis. Daí vem a teoria das assinaturas de Paracelso,
alquimista do século 16 segundo o qual Deus teria impresso nas suas próprias criaturas o indicativo de sua
serventia para os homens. Assim, os bulbos do cólquico, usados para tratar gota, se assemelhariam às
joanetes produzidas por essa doença, assim como os finos fios da avenca serviriam para combater queda de
cabelo, enquanto as retorcidas nozes seriam boas para tonificar o cérebro humano, de que parecem
miniaturas. O salgueiro (Salix salicilata), fornecedor do ácido salicílico da aspirina que cura os resfriados,
também costuma vegetar em pântanos e lugares úmidos, que transmitem resfriados. Na verdade um artifício
de memorização, a teoria das assinaturas chama a atenção para o aspecto das plantas como fator indicativo
de sua utilidade.
Geralmente componentes do grupo químico dos alcalóides, os ingredientes amargos das plantas
que estimulam o fígado podem ser ingeridos mais agradavelmente sob a forma de tinturas ou comprimidos
de extrato seco de alcachofra, boldo, carqueja, zedoária, jurubeba, caapeba ou losna, comprados em
farmácias de produtos naturais. Também pode-se fazer uso de chás quentinhos e garrafadas frias. Ou de um
bom vinho digestivo, a ser tomado moderadamente (um cálice às refeições).
Os problemas hepáticos são os mais variados e vão de doenças causadas pelo abuso do álcool
(como a cirrose, que é mortal) ou por micróbios (como a hepatite, causada por toxinas, vírus ou bactérias) até
a lerdeza do funcionamento do fígado (causadora de má-digestão), passando pelas cólicas da vesícula - que
são tratadas com chás que combatem a formação de pedras, como o de assa-peixe (folhas da Vernonia
poyanthes) e o de zedoária (raízes da Curcuma zedoária).
Nos casos de abuso do álcool (alcoolismo), recomenda-se que a pessoa faça tratamento e use
estimulantes e protetores hepáticos, como suco de couve, chás e vitaminas do complexo B (principalmente
B12).
A hepatite também exige cuidados, como repouso, abstenção de óleos e gorduras e aumento do uso
de alimentos doces (passas e frutas secas), de preferência feitos com frutose (à venda nas farmácias) e não
com açúcar comum.
Fura-paredes, dente-de-leão
Mas existem chás para problemas hepáticos específicos, como o de fura-paredes (Parietaria
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offïcinalis, que alivia as inflamações, usado na mesma dosagem que o de boldo) e o de dente-de-leão
(Taraxacum officinale, que age como desintoxicante, na proporção de l colher de sopa de raízes lavadas e
picadas em meio litro de água, fervendo por 3 minutos).
Vinhos digestivos
Apesar do efeito tóxico do álcool para o fígado, ele é tolerado em pequena quantidade e pode
servir de solvente para os componentes amargos das plantas que tratam problemas do fígado e da digestão.
Com elas, podem-se fazer vinhos digestivos: meia xícara de folhas picadas de plantas como carqueja, boldo-
do-chile, jurubeba (ou raízes de zedoária), que ficam de molho em l litro de vinho branco durante 7 dias.
Depois de coado, toma-se l cálice antes das refeições. Para temperar esses vinhos tônicos usa-se erva-doce,
louro ou canela, ou combinações de plantas, como carqueja, louro e erva-doce, ou losna, zedoá ria (raízes
picadas) e cravo (flores secas). É importante respeitar as doses, pois as plantas para o fígado podem ser
tóxicas, se ingeridas em grande quantidade, como acontece com a losna.
Você já reparou que os gatos e cachorros procuram plantas para comer quando estão doen tes? Eles as
escolhem pelo cheiro, ingerindo aquelas mais adequadas para combater o incómodo que os aflige. De fato, as
plantas são as grandes farmácias da natureza, que os animais usam por instinto. Os animais e o ser humano,
pois a maioria dos remédios que compramos nas farmácias deriva de substâncias que primeiro foram
encontradas nas plantas. São os chás e poções do tempo da vovó que ainda hoje podem ser encontrados nas
farmácias de ervas e até em feiras livres e locais onde se reúnem ambulantes.
A partir do século 19, com os progressos da química orgânica, os cientistas acabaram isolando as subs-
tâncias ativas das plantas e começaram a produzi-las de forma artificial. Foi o caso do ácido acetilsalicílico,
que existe no chorão (Acalypha poiretü) e tem efeito analgésico.Os cientistas pesquisaram os
ingredientes dos chás feitos das folhas e galhos dessa árvore e isolaram o ácido acetilsalicílico. Sabendo sua
fórmula, conseguiram reproduzi-lo em laboratório, juntando moléculas de carbono (fornecidas pelo carvão
mineral e pelo petróleo) com pequenas quantidades de outros ingredientes. E assim che garam ao ácido
acetilsalicílico sintético que compramos nas farmácias sob a forma de aspirina, cibalena, AAS e outros
nomes comerciais. E uma substância artificial que imita p princípio ativo do chá de chorão, mas na verdade é
feita de petróleo. O mesmo acontece com muitos remédios sintéticos.
"Os remédios sintéticos diferem dos obtidos das plantas porque nessas eles estão sempre misturados
com outras substâncias com as quais atuam em harmonia, o que diminui ou aumenta seu efeito" - explica o
professor Sylvio Panizza, do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo. "Produzidas em
laboratório, essas substâncias perdem as ressonâncias químicas naturais e ganham outras, resultantes de
impurezas geradas durante seu processo de fabricação artificial e capazes de provocar os indesejáveis efeitos
colaterais dos remédios de farmácia."
Um exemplo são os antiinflamatórios sintéticos, que quase sempre irritam a mucosa do estômago,
ocasionado gastrites e úlceras. "Depois de dez anos de pesquisa, conseguimos isolar um antiinflamatório
natural, a artemetina, obtido da arteme-baleeira (Cárdia verbenaceae), uma planta muito utilizada por índios
e por populações rurais para combater reumatismo e gota" - anuncia o professor Sylvio. "E mais um exemplo
de que a tradição da medicina popular tem muito a nos ensinar, pois a artemetina não tem efeito irritante."
Apesar de ter dedicado toda a vida à pesquisa dos remédios naturais obtidos de plantas, o professor Sylvio
não é contra a indústria farmacêutica. "Só acho que as pessoas tomam remédios artificiais em demasia e que
pagam caro pêlos remédios sintéticos, pois eles incluem em seu preço o direito autoral dos químicos que os
inventaram" — reclama o professor. "Se alguém tem pressão alta ou problemas cardíacos, por exemplo,
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deveria tomar chá de cabelo de milho e de outras plantas diuréticas. Com isso ele precisará de menos
quantidade de remédios de farmácia, que, no caso dos cardíacos, são indispensáveis, pois os que existem nas
plantas cardiotônicas como a dedaleira (Digitalis purpúrea) são venenosos se forem tomados em doses
erradas. Como as doses que as plantas produzem não podem ser controladas e dependem da época do ano, do
solo, do regime de chuvas e até da hora da colheita, as plantas tóxicas como a dedaleira só devem ser usadas
pelas indústrias farmacêuticas, que têm condições de controlar as doses. Os remédios com plantas não são
inócuos: muitos são venenos, dependendo da dosagem."
"É possível cultivar em qualquer casa ou apartamento alguns vasinhos com plantas medicinais" -
recomenda o professor Sylvio. "Sempre sobra algum cantinho ensolarado perto da janela e isso é suficiente."
Outra alternativa é comprar essas plantas em farmácias e casas de ervas, tomando o cuidado para não ser
enganado. Como os nomes variam de região para região, é importante não comprar gato por lebre. Outro
item a considerar são as partes da planta a serem usadas, pois os ingredientes ativos podem se concentrar nas
folhas (como no caso da erva-cidreira), nas flores (camomila), no caule (canela) ou na raiz (confrei).
"Como acontece com os remédios da farmácia, na natureza existe um núme ro limitado de princípios
ativos e várias plantas diferentes que contêm esses princípio,s" - explica o professor. "E o caso da erva-
cidreira e do capim-limão, que possuem tanino e citral como principais princípios ativos." O professor Sylvio
agrupa as substâncias medicinais das plantas em seis classes principais: alcalóides, glicosídeos cardiotônicos,
óleos essenciais, bioflavonóides, taninos e mucilagens.
Princípios ativos
Os alcalóides são remédios fortes, de gosto relativamente amargo, que possuem ação sobre o sistema
nervoso. E o caso do café e do guaraná, que possuem um estimulante chamado cafeína, e do jaborandi
(Pilocarpus jaborandi), que fornece a pilocarpina, uma substância usada na fabricação de colírios contra
glaucoma. Também possuem alcalóides a papoula (Papaversomniferum), de cujas cápsulas florais se extrai a
morfina, um poderoso e perigoso anestésico, capaz de provocar vício, e a orelha-de-macaco ou maxixe-
selvagem (Datura stramonium), que produz uma substância analgésica usada na fabricação do remédio
buscopan.
Os glicosídeos cardiotônicos existem em plantas como a dedaleira e servem para fazer remédios para
tratar o coração. As versões artificiais desses glicosídeos não são tão eficien tes como as substâncias obtidas
diretamente das plantas, o que obriga os laboratórios que fabricam remédios para o coração a cultivarem
essas espécies.
Os óleos essenciais se caracterizam pelo cheiro forte e têm propriedades antibióticas, cicatrizantes,
analgésicas e relaxantes. É o caso da valeriana (Valeriana officinalis), da qual se aproveitam as raízes como
calmante, da hortelã (Mentha piperita) e do eucalipto (Eucalyptus globulus), cujas folhas atuam como
desinfetantes e descongestionantes das vias respiratórias. Outro exemplo é a alfazema (Lavandula
officinalis), usada para combater cólicas estomacais, cicatrizar queimaduras de pele e fazer perfumes.
Os bioflavonóides ocorrem em plantas que produzem flores amarelas e podem ter ação anti-reumática
e antiinfiamatória, como ocorre com a erva-baleeira. Existem também bioflavonóides estimulantes, como a
hesperidina, que é obtida da casca das laranjas (e dá um ótimo chá para espantar o sono) e do pólen do trigo-
sarraceno (Fagopyrum esculentum).
Os taninos têm sabor amargo e ação adstringente. Eles podem ser percebidos nas frutas verdes, que
"amarram" a boca. Servem para curtir couros e alguns deles são medicinais, agindo como antibióticos e
combatendo diarreias. É o caso do chá de folhas de barbatimão (Stryphnodendron barbadetiman) e do pó de
banana (obtido de bananas verdes cortadas em fatias finas, que são postas para secar na sombra e batidas no
liquidificador, sendo depois misturadas com papa de arroz, açúcar e suco de limão para formar um mingau
que corta a diarréia em crianças e adultos).
Já as mucilagens são substâncias viscosas com propriedades laxantes, expectorantes, antibióticas e
protetoras das mucosas, como acontece com a raiz do confrei (Symphytum officinales), utilizada em casos de
tosse, bronquite e outros problemas pulmonares. Também possuem mucilagens as folhas da malva
(Malva silvestris), usadas em bochechos e gargarejos para tratamento de dor de garganta.
As preparações
"As plantas medicinais devem ser usadas em doses suaves várias vezes ao dia por um longo período de
tempo. Em certos casos podem ser usadas junto com os remédios tradicionais para apressar a cura e permitir
a diminuição das doses" orienta o professor Sylvio. Os principais preparados com as plantas são os chás, que
se dividem em infusões e decocções. No primeiro tipo as partes da planta são colocadas dentro de um
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recipiente no qual se derrama água fervendo-o, deixando-o repousar fechado por 10 minutos. Já as decocções
são obtidas colocando as partes da planta num recipiente com água fria e deixando ferver por 5 a 10 minutos.
Existem também tinturas ou alcoolaturas de plantas, xaropes, compressas e cataplasmas. As tinturas e
alcoolaturas são feitas mergulhando as plantas frescas em álcool ou vinho e deixando repousar em recipiente
tampado e em lugar escuro durante alguns dias. No caso do vinho, toma-se um cálice e, no caso do álcool,
deve-se pingar algumas gotas em água. Já os xaropes são feitos cozinhando as partes da planta em água e
depois acrescentando açúcar (50 a 100 gramas da planta fresca para cada litro de água, acrescentando-se 250
gramas de açúcar depois que a mistura ferveu por pelo menos 10 minutos). As compressas são feitas
umedecendo um pedaço de pano limpo ou uma gaze numa decocção feita com a planta e aplicando-a na pele.
Já os cataplasmas são feitos com as partes da planta picada ou reduzidas a pó e misturadas com água, vinho
ou leite, junto com farinha de mandioca ou fubá. Deve-se aquecer a mistura e aplicar ainda quente sobre a
pele, tapando-a com um pedaço de pano. Os cataplasmas são indicados para torções e luxações sem
ferimentos externos, e as compressas, para curar feridas.
FRATURAS E PANCADAS
O esqueleto é uma milagrosa obra de engenharia feita de ossos curtos e longos, curvos e retos, e
de todos os tamanhos, que se reúnem não só para dar sustentação e equilíbrio ao conjunto, mas também para
proteger órgãos vitais mais sensíveis.
Os ossos se interligam numa complexa rede de articulações, permi tindo os movimentos. São
capazes de auto-regeneração e emitem uma espécie de "solda" que os religa quando se quebram.
Em todas as áreas de articulações ocorre um estreitamento, onde predominam os tecidos duros
(como ossos, cartilagens e tendões). Os músculos e os tecidos gordurosos das coxas, quando se aproximam
dos joelhos, por exemplo, cedem lugar aos tendões, cartilagens e ossos mais grossos. Só embaixo dos joelhos
é que os músculos voltam a "engordar".
Esses lugares menos vascularizados e submetidos à tração constante têm mais probabilidade de apresentar
problemas que o resto do corpo.
Quando a pessoa fala que "caiu de mau jeito" ou "levou uma pancada de mau jeito",
provavelmente está se referindo a deslocamentos (luxações) ou torceduras (entorses).
Deslocamentos
As luxações consistem num estiramento anormal dos ligamentos das juntas, acompanhado do
deslocamento de suas extremidades ósseas. O local dói e fica inchado e roxo. O problema ocorre em
consequência de batidas violentas, ou quando a articulação das juntas é forçada além de seus limites. Há
possibilidade de fraturas (ver adiante). Enquanto a pessoa espera a ajuda médica, podem-se aplicar
compressas frias:
Torceduras
Também chama das de entorses, constituem distensões dos músculos ou ligamentos que os separam
dos ossos da articulação, sem deslocar as extremidades ósseas. O local incha e fica muito sensível ao toque.
Os músculos vizinhos ficam tensos, dificultando os movimentos. As entorses mais comuns são as dos
tornozelos, joelhos, punhos e ombros. Deve-se massagear. suavemente o local, aplicar compressas frias ou
bolsa de gelo e enfaixar o membro atingido para imobilizá-lo por alguns dias. Casos mais graves requerem
médico. Entorses maltratadas podem acostumar a pessoa a uma postura errada, gerando, com o tempo, outros
problemas como os de coluna (ver).
Maus jeitos
Entorses, deslocamentos e outras lesões também podem ser provocadas pela maneira como a
pessoa move o corpo. Para levantar um peso do chão, por exemplo, o certo é dobrar os joelhos e nunca
curvar a coluna com as pernas esticadas."As plantas medicinais também são úteis para os casos de maus
jeitos e inflamações", acrescenta o professor Sylvio Panizza. Segundo ele, "um dos remédios mais podero sos
da tradição popular para traumatismos é o caroço de abacate com álcool". Rale um caroço num recipiente
com meio litro de álcool de farmácia (nunca use metanol). Deixe macerando, tampado, por três a cinco dias.
Depois coe, acrescentando dois tabletes de cânfora ou uma xícara de café de salicilato de metila. Faça
massagens locais e aplique compressas.
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Outro remédio natural recomendado é o mastruço (Coronopus dydimus), também chamado de mentruz,
planta rasteira da família do agrião que forma pequenos tufos redondos e é consumida em sala das. "É só
lavar bem a planta, amassá-la e colocá-la sobre uma gaze, aplicando no local com a massa da planta voltada
para a pele", ensina Sylvio Panizza. Depois, cobre-se o local com plástico, deixando por algumas horas.
Fraturas
Já as quebras de osso (fraturas) acontecem devido a acidentes (que das e pancadas), esforços
exagerados ou repetidos e doenças ósseas. São sinais de fratura a angulação ou curvatura anormal da parte
atingida, inchaço e descoloração do lugar, dor que aumenta com toque ou incapacidade de fazer movimentos.
Uma pessoa nunca deve ser levada ao hospital com o membro fraturado balançando, pois terá dores e
complicações mais sérias do que a própria fratura (hemorragias, rasgamento dos músculos e da pele, ou corte
de nervos).
A região fraturada precisa ficar imobilizada até chegar o socorro médico. A imobilização deve
ser feita no próprio local. Eventuais hemorragias devem ser estancadas com garrote feito por pessoa que
tenha conhecimento.
É necessário imobilizar as jun tas, acima e abaixo da fratura. Não adianta enfaixar um antebraço,
por exemplo, se as juntas do pulso e do cotovelo ficarem livres. Se o problema for nos membros (ver
desenhos), é importante fazer talas, utilizando tábuas, calhamaços de jornal, revistas grossas, galhos retos ou
até o próprio corpo da pessoa (enfaixar a perna quebrada na perna sadia esticada ou o braço quebrado sobre o
tórax, por exemplo).
Em seguida, a pessoa deve ser encaminhada para o pronto-socorro de um hospital ou centro de saúde, pois
será necessário tirar um raio X da fratura e engessar ou enfaixar o membro sob a surpervisão de um médico-
ortopedista.
Para estimular a formação de calo ósseo, Sylvio Panizza recomen da alguns remédios da tradição
popular: tomar, três vezes ao dia, chá de raízes de confrei ou folhas (talos) de cavalinha. Usar uma colher de
chá de ingredientes picados para cada xícara de chá de água, fervendo por três minutos.
GOTA E ARTRITE
O nome reumatismo designa mais de cem doenças diferentes, que devem ser identificadas (diag-
nosticadas) por médicos" aconselha o médico Américo Luís Petrarolli. Com ele concorda o botânico e
farmacêutico Sylvio Panizza, alertando também para o fato de que as tradicionais receitas da medicina po-
pular e alternativa podem ser eficazes em muitos casos (ver tabela à página ao lado). Em qualquer caso,
porém, o diagnóstico médico é muito importante, pois determina o tratamento mais adequado.
A artrite e a gota, por exemplo, que provocam dor e deformações nas juntas e articulações (podendo
atingir pés, mãos, membros e até a espinha), dependem basicamente de uma dieta rigorosa, pois são causadas
por excesso de proteína no organismo.
Os remédios alopáticos contra gota e artrite consistem principalmente em antiinflamatórios esteróides
(à base de cortisona) e não-esteróides, além de analgésicos, como o ácido acetilsalicílico (AAS, por
exemplo), cujos comprimidos devem ser tomados durante as refeições ou com meio copo de água onde se
diluiu uma pitada de bicarbonato de sódio, para evitar ulceração nas vias digestivas.
Um dos remédios mais eficazes para gota até hoje usados é a colchicinha, ingrediente extraído da
batata de um pequeno lírio venenoso europeu chamado cólquico (Colchicum autumnale, que produz belas
flores rosadas). Existem também outras substâncias farmacêuticas que ajudam o organismo a eliminar o
ácido úrico, como o alopurinol, existente em remédios tipo Zyloric. Mas é muito importante consultar um
médico e fazer exames durante o tratamento, pois esses remédios têm muitos efeitos colaterais perigosos e o
ácido úrico pode ser satisfatoriamente eliminado, através de um rigoroso regime.
Regime rigoroso para eliminar ácido úrico.
As pessoas que têm artrite, gota e ácido úrico devem fazer exames de sangue periódicos e evitar
alimentos ricos em purinas (que se transformam em ácido úrico, quando não são corretamente digeridas pelo
organismo, cristalizando-se como agulhas em juntas e articulações). Exemplos desses alimentos proibidos:
bebidas alcoólicas, café. chá mate ou preto, carnes vermelhas e gordas, gorduras animais, mariscos e outros
frutos do mar, leite, ovos (a albumina se transforma em ácido úrico), queijos, feijão, ervilha e outras
leguminosas secas, além de frutas ácidas, como o limão e o tomate (que, no entanto são úteis em outros casos
de reumatismo e em certas ocorrências de ácido úrico. Por isso, a pessoa deve verificar se essas frutas pioram
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ou melhoram seu estado).
A alimentação de quem tem gota ou artrite deve ser basicamente vegetariana, com folhas verde-
escuras cruas e cozidas, legumes e frutas frescas, além de muita água (mais de 2 litros por dia, para limpar o
sangue). Alguns alimentos indicados: abóbora, aipo (salsão), alcachofra (usar abundantemente o fruto e o chá
das folhas), alho, couve, rabanetes com folhas, maçã, milho, morango, nêspera, uva e vagem de feijão verde.
Incluir também as carnes brancas, como as de frango ou peixe (filé fresco cozido). Nesses regimes, são úteis
também as amêndoas oleaginosas frescas, como castanhas-do-pará, nozes, amêndoas e avelãs, ingeridas em
pequena quantidade (uma por dia, apenas). Um jejum de sólidos durante dois ou três dias seguidos pode ser
muito eficiente.
Barro
Cava-se, numa área ocupada por mata virgem (longe de pastos e habitações humanas e de animais),
um buraco com 50 centímetros de largura e 50 de profundidade, jogando-se essa terra fora. Depois, retira-se
a terra que ficou no fundo, que deve secar ao sol durante 2 aias. Em seguida, ela é esfarelada e guardada em
recipientes de pano ou madeira. Na hora de usar, é só fazer uma massa com água ou chá forte de camomila,
chapéu-de-couro ou erva baleeira. Aplica-se uma camada de cerca de l centímetro de espessura sobre a área
afetada e por cima coloca-se um pano fino e uma bolsa de água quente, deixando-a por l hora e trocando a
água a cada 20 minutos (receita da doutora Catharina Walzberg).
Calor
Aplicar lâmpada de infravermelho durante 15 minutos no local, duas vezes por dia, mantendo
distância de 30 centímetros ou a recomendada pelo fabricante. Aplicar bolsa de água quente durante 30
minutos, duas vezes por dia (trocar a água a cada 10 minutos). Aproximar a parte afetada de um forno
quente, seguindo os mesmos procedimentos da lâmpada de infravermelho (não usar lenha ou carvão, pois
seus vapores são tóxicos: o fogão tem de ser a gás ou elétrico). Colocar compressas de água quente,
enxugando em seguida, para evitar friagens.
Remédios naturais
Colágeno (uso interno e externo: tomar l cápsula e fazer leves massagens no local, com creme, uma
vez por dia; interromper uma semana por mês, durante a qual toma-se l cápsula de vitaminas do complexo B
por dia; acompanhar com médico), estimulantes hormonais (nos casos de artrite causada por deficiência de
hormônio, que devem ser diagnosticados por médico), plantas medicinais. Outras dicas para gota e artrite:
aplicações locais de alho amassado (compressas cobertas com um plástico, sobre o qual se coloca bolsa de
água quente por 20 minutos, trocando a água a cada 10 minutos), tomar chá de cascas de sabugueiro
(Sambaucus nigra), quina (Cinchona quina), sucupira ou canela-sassafrás (1 colher de sopa em 1 xícara de
chá de água, ferver 3 minutos e tomar 2 xícaras de café por dia, durante um mês), chás de folhas de
alcachofra, chá-de-bugre (Cordia salicifolia), salsaparrilha (Smilax salsaparilla), chá fraco dos frutos da
trepadeira taiuiá (Cayaponia tayuya, também conhecida como purga-de-gentio, pois tem efeito laxante e
depurativo. Usar 1/4 da dose indicada para as cascas de sabugueiro). Utiliza-se, também, chá de flores e
raízes da primavera (Bougainvillea spectabilis, conhecida como três-marias) ou chá de raízes de pfáfia
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(Pfafia panicullata, o ginseng brasileiro), nas mesmas quantidades indicadas para o chá de cascas de
sabugueiro.
A água nos lava por dentro (diluindo as toxinas do nosso sangue) e por fora (é o material de limpeza
que mais usamos por ser um solvente universal). Poucas substâncias não se diluem em água, embora isso não
seja problema, pois sempre há algum solvente capaz de diluir qualquer substância, mesmo as mais teimosas:
óleo, álcool, parafina, acetona, querosene e uma infinidade de outros. Infelizmente, a maioria desses
solventes é tóxica para o homem, as plantas e os animais.
A água também é o principal vetor de doenças e epidemias nas comunidades humanas, animais e
vegetais. Um dos sinais mais claros de civilização é justamente o tratamento da água, que impede a
infestação da população por verminoses e outras doenças graves, como diarréia infecciosa, cólera e
leptospirose.
1. Beber bastante água diariamente, longe das refeições e sempre aos pequenos goles (mínimo de 2
litros ou 8 copos americanos, sem contar a água que existe no leite, nos sucos e nas frutas e nos
refrigerantes em geral); É importante que a água da casa seja tratada e filtrada. A caixa de água deve
ser limpa regularmente, tanto para não ter aberturas que permitam a entrada de mosquitos
transmissores de doenças como para ficar livre de algas e musgos. Se a água da região não for
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tratada, é preferível fervê-la e guardá-la em recipientes fechados, como filtros e moringas, limpando-
os por dentro uma vez por semana com uma solução de água sanitária (1 colher de sopa para cada
litro de água).
2. Beber água à temperatura ambiente ou água de moringa. O costume de usar água gelada deve ser
evitado, principalmente em crianças, pois facilita inflamações nas vias aéreas superiores. A água da
geladeira é um martírio para as amígdalas e os dentes, cuja superfície se trincacom o contraste de
temperatura, abrindo caminho para as cáries.
3. Usar outras fontes saudáveis de água. Tomar, também à temperatura ambiente ou só um pouco
gelados, leite, iogurte, sucos de frutas e chás (de preferência sem açúcar ou adoçados com mel), pois
esses líquidos fazem bem e são constituídos por água de boa qualidade. Outra fonte saudável de
água, calorias, proteínas, vitaminas e sais minerais são as sopas feitas com ingredientes naturais.
Para uma pessoa obesa ou de mais idade, uma sopa com saladas e torradas pode substituir o jantar.
1. O consumo de água não-tratada expõe as pessoas a 80% das doenças transmissíveis. Eis alguns
exemplos corriqueiros de algumas doenças transmitidas pela água: a maioria das diarréias, a cólera, a
hepatite, certas dores de garganta e alguns tipos de verminose.
2. Beber água ou qualquer outro líquido nas refeições principais também é um erro grave. A água dilui
o suco gástrico e chega a engordar a pessoa, pois modifica seu processo de digestão. O leite também
causa problemas porque, tomado às refeições, diminui a absorção do ferro presente nos alimentos.
3. Beber refrigerantes, em lugar da água, para mater a sede, é outro mau hábito. Os refrigerantes
contêm muito açúcar e sais minerais, além de substâncias químicas (como adoçantes, acidulantes,
conservantes, aromatizantes e corantes) capazes de conservar até uma múmia egípcia. O consumo
imoderado dos refrigerantes adoçados com açúcar têm o efeito agravante de estragar os dentes e
poder causar obesidade e diabetes. Já no caso dos refrigerantes com adoçante, a vítima não são os
dentes nem a silhueta da pessoa, mas continua sendo seu organismo, que sofre uma alteração no
delicado equilíbrio dos sais minerais, principalmente por causa do excesso de potássio. Pelas
mesmas razões, evitar os refrescos em pó e as sopas de pacote, axceto as de vegetais desidratados
sem aditivos químicos, que são consideradas uma boa indicação pelos nutricionistas. Geralmente as
grandes empresas que fazem cereais em barra também industrializam sopas de vegetais e legumes
desidratados.
4. Embora o cheiro de cloro da água tratada seja um bom sinal, é bom decantar um pouco a água para
que o cloro evapore. Beber água que contém muito cloro acaba prejudicando a saúde. Isso sem falar
na presença de outros sais minerais decompostos dos encanamentos ou provenientes de
contaminação da rede de abastecimento. Para alguns médicos homeopatas, essas microdoses de
substâncias químicas diluídas na água são dinamizadas pela agitação dentro dos encanamentos e
acabam potencializando os venenos. Isso quer dizer que pequeníssimas doses de chumbo, até
toleradas pelos padrões internacionais, poderiam, pela agitação da água, tornar-se uma espécie de
venenos homeopáticos.
Filtro medicinal
Os filtros domésticos ajudam a retirar da água as impurezas e o excesso de cloro, retendo os
micróbios, sais e outros elementos prejudiciais, eenergizando-a. Um bom exemplo são os filtros caseiros de
areia, pedras e carvão, que podem ser feitos com garrafões de água mineral, de preferência verdes ou
pintados de verde para evitar a formação de algas na água. O carvão absorve os sais e gazes da água,
purificando-a. E o melhor carvão é o ativado, isto é, o recém-feito e bem seco.
O carvão deve ser picado em três diferentes tamanhos de grão: fino (como os grãos de arroz), grosso
(do tamanho de uma azeitona) e “pedras maiores” de carvão (do tamanho de um ovo).
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Uma sugestão é envolver o carvão num pano limpo e usar um martelo para picá-lo, separando os três
tamanhos de grão. O pó muito fino de carvão deve ser desprezado porque turva a água e não é indicado para
esse tipo de filtragem. Esses critérios devem ser observados na escolha das areias e das pedras de rio.
As areias (que podem ser de vários tipos) têm função medicinal, pois aleram o pH da água (índice
químico de acidez). Geralmente tornam a água mais alcalina, podendo, porém, torná-la mais ácida também.
Além disso, liberam na água pequeníssimas quantidades de sais minerais (como o magnésio das areias
magnesianas vendidas em lojas de produtos para aquários), que podem ser a chave da cura de muitas
doenças.
É conveniente esterilizar a areia (da qual já terão sido descartadas as partículas muito finas, que
turvam a água) e as pedras, fervendo-as por uma hora em bastante água e colocando-as no filtro só depois de
frias, com as mãos recém-lavadas. Esse filtro deve ser limpo por dentro e refeito com uma mistura nova a
cada ano, recomendam especialistas. É muito importante que o carvão não esteja contaminado por pesticidas
ou adubos, sendo preferível fazê-lo no quintal por causa da pequena quantidade requerida.
Preparados os ingredientes, é só colocar uma torneira na parte de baixo de um garrafão de plástico e
com auxílio de funis e varetas, ir colocando as camadas do filtro: a debaixo deve ser de pedras grossas de
carvão, seguida por carvão grosso e depois por areia grossa. Sobre ela vai uma camada de carvão fino e outra
de areia fina, com pedras na camada de cima, de onde provém a água.
1. Cortar na parte de cima um garrafão plástico de água mineral com capacidade para 20 litros. Colocar
uma torneira embaixo, vedando com cola própria. Enchê-lo com seis camadas simples ou 12 duplas,
de 8 a 10 centímetros de espessura cada uma, de acordo com o garrafão.
2. Depois que o garrafão estiver cheio, tampá-lo com um “chapéu” de alumínio, barro ou zinco, por
onde deve passar a mangueira que sai o filtro da torneira. Quando for usar esse filtro pela primeira
vez, deixe as duas torneiras abertas por duas horas. Depois, é só fechar primeiro a torneira do filtro
debaixo, até enchê-lo de água. A partir daí, regular as torneiras nos dois filtros para ter o de baixo
sempre cheio.
A percepção de que algumas fontes de água têm propriedades curativas vem desde a Antiguidade,
pois egípcios, gregos e romanos erigiam templos em áreas onde brotava água mineral. Certas cidades, como
Vichy na França, ou São Lourenço e Araxá (MG), Caldas Novas (GO) ou Águas de Lindóia (SP) cresceram
graças ao turismo de saúde, pois nelas surgiram hotéis que hospedam interessados em desfrutar do clima e
das águas dessas regiões privilegiadas. Nos parques de águas de cidades como essas, é até possível encontrar
dezenas de fontes de águas minerais diferentes, uma próxima da outra, no trajeto de uma curta caminhada. O
que caracteriza as águas minerais é o fato de terem sais dissolvidos. Os veios de água e o lençol freático
subterrâneo passam pelos mais diferentes tipos de rocha (calcária, vulcânica etc.) e acabam diluindo seus
sais. Dentre os sais diluídos pela água e alguns deles ativos até em pequeníssima quantidade por nosso
organismo, encontra-se o próprio ouro. Os antigos imperadores chineses bebiam água em recipientes de
ouro, para assimilar as propriedades do precioso metal.
Há médicos homeopatas que recomendam cuidado com a água proveniente das torneiras, pois
segundo eles o cloro e outras substâncias usadas em seu tratamento, além dos sais diluídos das tubulações
das cidades, mesmo em pequenas doses, seriam dinamizados pelo movimento da água nas tubulações,
tornando-a venenosa ao longo do tempo.
Pelo mesmo princípio, as águas minerais consideradas curativas costumam fazer mais efeito que a simples
mistura de água e sais minerais que as constituem, o que se explicaria por essa dinamização homeopática nos
próprios lençóis freáticos.
Outro exemplo de água mineral é a água do mar. Embora pura seja concentrada demais, produzindo
efeito danoso pelo excesso de sal, diluída em gotas na água potável comum, a água do mar pode ter efeito
benéfico no organismo.
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Acídulas-gasosas
São aquelas em que predomina o gás carbônico. Indicadas para combater as dores de estômago,
ativar o sistema imunológico, estimular a menstruação e combater problemas renais. Uso interno (meio litro
por dia) e externo (banhos). Exemplos de fontes: Lambari, Três Lagoas, Campanha, Caxambu, Cambuquira e
Contendas (MG), e Pajeú de Flores (Pernambuco).
Alcalinas
Ricas em bicarbonato de sódio, são um pouco salobras e espumam levemente. Tonificam o sistema
digestivo, combatendo úlceras, gastrites e problemas do fígado. Têm ação ligeiramente laxante. Uso interno
(meio litro por dia) e externo (banhos). Exemplos: Caxambu (MG), Caldas Novas (GO), Águas da Prata (SP)
e Vichy (França).
Sulfatadas
As águas minerais sulfatadas podem ser cálcicas, sódicas, mistas ou magnesianas, de acordo com a
concentração desses diferentes sais. Aumentam a vitalidade geral e estimulam o sistema imunológico.
As águas minerais sulfatadas cálcicas ou calcíficas são purgativas e empregam-se nos processos de
desintoxicação do organismo e para combater problemas de fígado, gota, vesícula e rins. Fontes brasileiras:
São Lourenço (MG).
Ferrosas
Indicadas para tratamento de anemia e amenorréia (falta de menstruação), as águas minerais ferrosas
não devem, porém, ser ingeridas em excesso (um copo por dia durante uma semana um mês, com intervalos
de mesma duração). Fontes: Tijuca, Andaraí, Lagoa Rodrigo de Freitas, Laranjeiras, Morro de São Lourenço
(RJ), Cambuquira e Lambari (MG), Monte Serrat (Santos, SP), São Borja e São Gabriel (RS).
Sulfurosas
O cheiro e o sabor desagradáveis das águas sulfurosas se devem à diluição de pequenas quantidades
de enxofre. Para uso interno (fazer inalações e beber poucas colheres por dia), mas principalmente externo
(banhos). Servem para o tratamento de reumatismo e afecções da garganta e da pele. Devido ao fato de
estimularem o sistema imunológico, desincham gânglios, dissolvem catarros dos pulmões e combatem a
asma. Fontes: Poços de Caldas, Caxambu, Monte Sião e São Lourenço (MG), São João da Boa Vista, Serrito
e Itapetininga (SP), Santarém (PA), Colônia Teresa (PR) e Apodi (RN).
Salinas
As águas salinas têm sabor amargo ou picante, por causa da diluição de pequenas quantidades de
magnésio, cloreto de sódio e cloreto de cálcio. Indicadas para uso interno (algumas colheres por dia) e
externo (banhos). São purgativas e combatem a icterícia, os catarros dos pulmões, os cálculos biliares e
outros problemas do fígado, além de aliviarem as doenças de pele e gastrite crônica.
Água do mar
É altamente mineral, mas muito carregada de sais. Possui variadas concentrações de ácido
carbônico, cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto de magnésio, ioduretos e brometos. Deve ser colhida
em praias não-poluídas. Indicada para problemas de úlcera, fígado, problemas de pele, combate a fraqueza
geral dos órgãos pelo estímulo do sistema imunológico. Sem diluição, é muito indicada para uso externo,
proporcionando excelentes banhos medicinais. Juntamente com os raios ultravioleta do sol, a que devemos
nos expor com moderação e sempre usando filtros solares tendo como fator mínimo de proteção o 15, a água
do mar é muito eficaz para combater problemas de pele, como a psoríase.
Águas taninosas
Freqüentemente confundidas com as águas ferrosas, por causa da cor, as águas de nascentes e
riachos situados no alto das serras e chapadões brasileiros, (como as usadas para matar a sede pelos
caminhantes que percorrem as trilhas da Chapada Diamantina, na Bahia, ou da Chapada dos Veadeiros, em
Goiás), são na verdade águas taninosas, isto é, que possuem grande quantidade de tanino diluída. O tanino é
fornecido à água pela mata ciliar que acompanha os riachos e pelos musgos que recobrem as pedras (turfa).
São na verdade folhas secas que vão se decompondo na água e a purificam, a ponto de ela poder ser bebida,
isto é, ser potável, durante seu trajeto pelas serras. Além de potável, a água taninosa das fontes de serra,
possui as propriedades medicinais proporcionadas pelo tanino, que é antioxidante e adstringente,
combatendo diarréias e má-digestão.
Água de flores
Embora seja terapêutica, não é propriamente mineral, pois possui diversas substâncias orgânicas
diluídas, como é o caso das águas taninosas (veja). As águas de flores caracterizam-se pelos óleos, essências
e resinas perfumadas nelas diluídas. É o caso da água de rosas usada na cosmética e na culinária em todo o
Oriente Médio há milênios, e que é obtida da diluição dos óleos essenciais de pétalas de rosas persas na água.
Também é possível fazer água de flores de laranjeira ou alfazema, e de folhas e flores de melissa, hortelã e
menta. Também é possível usar algumas gotas de laranja, limão e raspas de casca de limão ou cascas como a
canela para fazer água ligeiramente aromatizada. Misturar 2 xícaras (chá) cheias de ingredientes recém-
picados em 5 litros de água filtrada e deixar de molho por dois dias. Depois coar e guardar em recipiente
escuro e tampado (de preferência moringa de barro colocada em lugar fresco), fazer banhos e tomar até meio
litro por dia.
Água digestiva
Dissolver 1 grama de ácido cítrico em 100 mililitros de água. Em outro recipiente, dissolver 1
grama de bicarbonato de sódio. Tomar as duas soluções juntas: 1 colher de sopa de cada mistura de hora em
hora. Serve para combater vômitos, enjôo e mal-estar de origem estomacal.
Os médicos da idade média consideravam a hidroterapia uma ciência magna e colecionavam receitas
vindas desde a Antiguidade. Afinal, a água, além de ser um solvente que absorve toxinas, tanto retira
impurezas do nosso organismo, pela urina, fezes e suor, como traz remédios para dentro dele por meio de
chás e substâncias medicinais de que pode ser veículo. Além disso, a água serve também para levar frio ou
calor a qualquer parte do organismo, podendo ser usada para regular desequilíbrios de temperatura entre os
órgãos. Para saber a temperatura da água usa-se um termômetro comum de farmácia, desses empregados
para avaliar febre, pois a temperatura da água para banhos ou ingestão deve ser no máximo de 42º C.
A seguir, alguns exemplos de tratamentos com água para uso externo.
Duchas
As duchas são jatos de água fria ou quente sobre o corpo todo ou parte dele. Podem ser feitos em casa,
deitando-se numa esteira de plástico debaixo do chuveiro e mudando a temperatura na chave elétrica.
. Quentes: aliviam as dores, têm efeito calmante, combatem a insônia e fortalecem o fígado
(acompanhar com chá de boldo, caapeba, zedoária ou alcachofra e com compressas de água quente sobre o
órgão). A temperatura não deve ultrapassar 42º C e o tempo deve ser de 3 minutos. Repetir mais duas ou três
vezes, alternando com banhos de água morna (3 minutos a 25º C ou 30º C).
. Frias: são estimulantes, têm a fama de “cortar” o efeito do álcool, ativam a circulação e energizam
o corpo. Diminuem a febre e a sensação de frio. Deixar todo o corpo debaixo da água, virando-se para atingir
o rosto, o peito e as costas e permanecendo por 30 segundos. Esfregar o corpo com esponja ou bucha macia.
Repetir algumas vezes. São ótimas como banho matinal (este só deveria ser usado na ducha quente à noite,
porque dissolve a vitamina D natural da pele).
. Alternadas: combatem a má-circulação, artrites, artroses, dores dos nervos e dos músculos, e
reumatismos. Começando com água quente, alternar com água fria em banhos de 30 segundos cada. Períodos
maiores de água quente alternados com períodos curtos de água fria servem para estimular a circulação,
aliviar dores e combater úlceras e anemias: ficar 4 minutos debaixo de água quente e, em seguida, tomar
ducha fria durante meio minuto, retomando o ciclo umas cinco vezes.
Banhos de tronco
Os banhos de tronco são feitos em bacia funda ou tina. A água deve cobrir as coxas, as nádegas e as
parte debaixo das costas, onde se localizam os rins. Podem ser quentes, mornos, frios ou alternados.
. Quentes: para combater crises de hemorróidas, menstruação atrasada, dores vaginais, problemas no
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fígado e nos rins, ciática, cistite, aumento da próstata e cólicas em geral. Ficar 10 minutos em água a 42º C,
abastecendo com água quente a cada 3 minutos para manter a temperatura. Ao mesmo tempo, aplicar
compressas frias na testa.
. Mornos: contra cólicas e febre. Ficar durantes 15 minutos em água com temperatura em torno de
32ºC.
. Frios: combatem prisão de ventre, dores de cabeça, corrimento vaginal, urina solta, problemas de
próstata e de vesícula. Fazer de manhã por 10 minutos, massageando o corpo com esponja ou bucha macia.
Manter os pés quentes, mergulhando-os em água a 42º C.
Banhos de assento
Os banhos de assento podem ser feitos em bacia de alumínio ou plástico, de forma a mergulhar
apenas a região pélvica, parte das coxas e o baixo ventre. Podem ser quentes, frios ou alternados e o
tratamento deve durar 20 dias.
. Quentes: combatem cólicas, doenças venéreas (como coadjuvantes do tratamento com
antibióticos sob acompanhamento médico, que é obrigatório), corrimentos vaginais (acrescentar algumas
colheres de sopa rasas de bicarbonato de sódio à água), crise de hemorróidas ou ejaculação precoce, pois
atuam como calmantes. Facilitam a recuperação pós-parto (feitos a partir de uma semana depois do parto).
Usar chás de nabo branco japonês, cascas de barbatimão, folhas de Artemísia ou raízes de gengibre.
Acrescentar água quente para manter a temperatura em 42º , permanecendo por 20 minutos.
. Alternados: para controle das hemorróidas (não fazer nas crises), inflamações crônicas ou
doenças malignas do baixo ventre. Usar duas bacias – uma com água a 12º C e outra a 42º C -, alternando 4
minutos de água quente com 1 minutos de água fria por dez vezes.
Água do mar
O banho de água do mar é indicada no tratamento de úlcera, gastrite, males do fígado e doenças de
pele. Estimula o metabolismo. Entrar no mar várias vezes, ficando pelo menos 15 minutos na água e depois
deixando a pele secar ao vento. Em casa, fazer banho de banheira de 20 minutos a meia hora em água morna
(36º C a 38º C), despejando 4 ou 5 litros de água do mar (recolhida em praias limpas e guardada em garrafas
escuras, limpas e arrolhadas).
Sais alcalinos
Os banhos de água mineral alcalina são indicados para tratar e combater reumatismo, gota e
processos inflamatórios. Dissolver meio quilo de bicarbonato de sódio numa banheira com água morna e
ficar imerso por 20 minutos.
Sais sulfurosos
Os banhos de água sulfurosa fazem bem para o cabelo e para a pele, por causa da ação do
enxofre.
Sais “salinos”
As águas de sais “salinos” são indicadas para banhos mornos para tratar paralisias provocadas
por derrame, contrações musculares e reumatismo crônico.
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Banhos de plantas medicinais
Como regra geral, os banhos com chás de plantas devem ser feitos na seguinte proporção: ferver
500 gramas de planta em 4 litros de água por 5 minutos e despejar na banheira quente ou morna, imergindo
por 20 minutos).
. Contra cansaço e desânimo: alecrim, alfazema, menta, hortelã. Pela manhã, fazer 20 minutos
de ducha alternada e depois tomar esse banho de imersão frio ou levemente morno por 5 a 10 minutos.
. Contra celulite: ferver 500 gramas folhas e galhos de hera-trepadeira (Hedera helix) em 4 litros
de água durante uma hora em fogo brando. Coar e misturar ainda quente na água da banheira. Fazer banhos
de imersão. Quem não tiver banheira pode adaptar um saco de estopa ou algodão ao bocal do chuveiro e
fazer passar a água quente pela mesma quantidade de folhas picadas para um banho de 10 a 15 minutos,
esfregando bem o corpo com bucha ou escova macia.
. Para emagrecer: ferver por 10 minutos 2 xícaras de chá de uma alga chamada fucus,
acrescentando 1 kg de sal marinho no final. Devem-se fazer banhos quentes e alternados.
. Contra hemorróidas: fazer banhos quentes de tronco ou assento num chá forte de galhos,
folhas e sementes de erva-de-bicho. O banho de assento também pode ser feito com chá forte de folhas de
confrei ou tintura de hamamélis.
. Casos de nervosismo e insônia: fazer chás fortes de folhas de melissa, maracujá ou malva,
flores de marmeleiro, camomila ou laranjeira ou raízes de valeriana. Tomar banhos quentes ou mornos de
cerca de 20 minutos.
. Auxiliar no tratamento de reumatismo: fazer chá forte com rizomas de samambaia-domato,
também conhecida como feto-macho, folhas de manjericão, flores de aquiléia (também conhecida por mil-
folhas ou cibalena). Para banhos quentes e alternados.
Banhos localizados
Pedilúvio quente
Mergulhar os pés numa bacia ou tina de água quente é uma forma de hidroterapia muito eficaz
contra câimbras nas pernas, insônia e prisão de ventre (aplicar compressas frias simultaneamente), cólicas
menstruais, problemas de garganta, torcicolo, reumatismo, gota, gripes e resfriados. Mergulhar as pernas
num balde ou tina funda com água a 36º C e ir acrescentando água quente até chegar a 45º C (calor
suportável). Ficar pelo menos meia hora e acrescentar água quente a cada dez minutos para manter a
temperatura. Para eliminar certos tipos de dor de cabeça é só aplicar simultaneamente compressas frias na
cabeça e no pescoço.
Pedilúvio frio
O pedilúvio frio combate cansaço, varizes, catarro e sinusite. Mergulhar os pés em água fresca e
massageá-los levemente durante 15 minutos.
Pedilúvio alternado
A alternância de água fria e quente, em dois baldes, serve para combater dor de cabeça, dor de
dente, pés frios, varizes e nevralgias. Também tonifica o coração, ativando a circulação. Usam-se dois
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baldes: um com água a 12ºC e outro a 45ºC. Mergulhar, primeiro, os pés na água quente durante cinco
minutos e, depois, na água fria por meio minuto. Repetir cinco vezs, terminando com água fria.
Cabelos
Os tratamentos cosméticos para melhorar os cabelos incluem banhos e compressas com toalha embebida
em água ou chá quente, durante 20 minutos por dia, renovando a compressa a cada cinco minutos para
manter a temperatura. Algumas sugestões de banhos cosméticos que afinam e suavizam os cabelos são os de
água de cauim (caolim) ou enxofre: dissolver 1 colher de café dos ingredientes em pó em 5 litros de água e
banhar os cabelos, massageando por cinco minutos e abafando com toalha quente por mais dez minutos. Para
combater queda de cabelos usar chá de folhas de jaborandi (1 xícara de ingredientes secos para cada 2 litros
de água, ferver por cinco minutos e coar depois de amornado. Para eliminar a caspa, recomenda-se o banho
de limão, que é fungicida: despejar um quilo e meio de limões sicilianos picados em 4 litros de água
fervente, apagar o fogo, deixar amornar tampado e coar.
Pele
Cataplasmas frios de farinha de sementes de mostarda misturada com água podem ser usados
para amadurecer furúnculos e abscessos, fazendo com que exsudem o pus. Para combater cravos e espinhas,
usar compressas quentes de chá de pétalas de calêndula ou folhas de sálvia.
Embora os tratamentos com água sejam lentos (precisam ser feitos durante um mês, pelo menos),
eles têm se mostrado bastante eficientes nos casos crônicos, como reumatismo, resfriados constantes etc.
Nestas páginas, abordamos os banhos de vapor, ou suadores e alguns tratamentos locais.
Sauna
Feita uma ou duas vezes por semana, é ótima para desintoxicar o organismo, limpar a pele e
ativar a circulação; também previne gripes e resfriados. Tomar um banho morno, e, sem se enxugar, ficar dez
minutos na câmara da sauna (seca ou a vapor). Sair para uma rápida ducha fria e voltar para a sauna por mais
dez minutos. Continuar por cerca de uma hora.
O calor da sauna traz o sangue para a superfície da pele e estimula as glândulas sudoríferas,
que eliminam toxinas. Como a ducha fria leva o sangue de volta para dentro do corpo, a alternância tem um
efeito de massagem nos nervos e pequenos músculos das veias e artérias, pois elas se relaxam com o calor e,
depois, se contraem com o frio.
A sauna, porém, não é indicada para cardíacos e pessoas com problemas de pressão ou
pacientes muito debilitados, para os quais são mais recomendáveis as duchas segundo alguns naturopatas.
Suador caseiro
Fazer um pedilúvio quente e tomar, simultaneamente, uma xícara de chá quente de sabugueiro,
alfavaca ou carqueja. Em seguida, deitar-se num colchonete forrado com plástico e enrolar-se num lençol
recém-molhado em água quente. Em seguida, colocar uma bolsa de água quente enrolada numa toalha fina
nos pés e cobrir todo o corpo com um plástico, pondo sobre ele alguns cobertores. Permanecer meia hora.
Para baixar a febre, molhar o lençol em água fria.
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Suador de sol
Passar em todo o corpo, inclusive ombros e rosto, um protetor solar fator 15 ou maior, colocar
roupa de banho e levar um balde de água fria e um cobertor a um local onde bata bastante sol. Esfregar água
fria no corpo com uma bucha macia e deitar-se no sol por cinco minutos, enrolando-se em seguida no
cobertor por mais cinco minutos. Em seguida, levantar-se e esfregar mais água fria no corpo, repetindo o
ciclo umas cinco vezes.
Compressas quentes
Dobrar um pano, de algodão ou flanela, em forma de tira e mergulhar o meio numa panela com
água quente e tintura de arnica (uma colher de sopa por litro) ou chá de raízes de gengibre bem quente.
Torcer até parar de pingar e aplicar sobre o local, cobrindo com uma bolsa de água quente. Receita para
tratar reumatismo, problemas de fígado, dores em geral e espasmos musculares: aplicar compressas quentes
de arnica ou gengibre nos locais afetados. Depois de dez minutos, cobrir a compressa com uma bolsa de água
quente enrolada numa toalha e deixar por mais 20 minutos. Para combater problemas respiratórios, aplicar
bolsa de água quente envolta em toalha sobre o peito durante meia hora, renovando o calor depois de 15
minutos.
Compressas frias
Mergulhar uma tira de pano em água fria e aplicar durante 20 minutos, renovando a cada cinco
minutos. Serve para tratar asma e outros problemas pulmonares.
Inalações
Uma receita dos naturopatas para acabar com a sinusite é fazer saunas semanais e inalações
diárias com folhas de eucalipto. Receita para inalações: colocar água e dois punhados de folhas de eucalipto
numa panela no chão, na frente de uma cadeira, mergulhar por cima um ebulidor e ligá-lo na tomada. Logo
que começar a ferver, sentar-se na cadeira e cobrir a cabeça com uma toalha ou cobertor, formando uma
tenda sobre os vapores. Fazer inalações de meia hora, evitando tomar friagem depois. Desligar o ebulidor da
tomada antes de tirá-lo da água.
Cristéis e lavagens
A água também serve para lavagens vaginais e intestinais (cristéis). No primeiro caso,
pode ser feita em banho de assento ou com ducha ginecológica, usando chás de casca de barbatimão, flores
de camomila ou beijo-branco (balsamina). Banhos quentes e alternados aliviam as inflamações locais. Já as
lavagens intestinais são feitas com água morna e bisnaga de plástico ou aparelho de cristel, lubrificando a
ponta com vaselina. Deve-se pedir orientação a médicos ou profissionais de saúde, para evitar ferimentos no
ânus. Esses cristéis ajudam a desintoxicar o organismo e podem ser feitos, de manhã e à noite, em
tratamentos de uma semana por mês. Usar 2 litros de chá morno de camomila ou cavalinha para fazer os
cristéis.
JEJUM MEDICINAL
Fazer jejuns curtos pode ser saudável para as pessoas que se alimentam bem, principalmente para
as obesas, que se alimentam em demasia, e para as que enfrentam algumas doenças crônicas" - sugere o
doutor José Garbin, clínico geral adepto da medicina natural.
Ele recomenda um dia de jejum de sólidos por semana. Nesse dia, a pessoa não come nada mastigável,
mas ingere constantemente sucos, água e chás. "É melhor que a pessoa esteja de folga e possa descansar e se
dedicar a si mesma" - aconselha.
"Quando a pessoa fica sem comer sólidos, a energia que o organismo normalmente gasta com a
digestão é desviada para os processos de limpeza e desintoxicação" - esclarece o médico.
No dia de jejum e repouso, ele recomenda tomar um copo grande de suco de frutas a cada 3 horas (por
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exemplo: de manhã, às 7 e 10 horas, à tarde, às 13 e 16 horas, e à noite, às 19 e 22 horas), bebendo bastante
água e chás nos intervalos. Tanto as frutas como os chás podem ser adequados para tratar dos problemas
crônicos e pontos fracos do organismo da pessoa (ver tabela).
Para a manhã e a noite, é preferível usar frutas leves, que contenham bastante líquido. Elas são batidas
no liquidificador, misturadas com água, e, se a pessoa quiser, temperadas com algumas folhas, como hortelã
ou menta. Depois é só coar e ingerir o suco logo que é feito.
O suco da hora do almoço deve ser um pouco mais reforçado, como o de cenoura (meio quilo), que
pode ser combinado com 4 ou 5 folhas grandes de couve, usando-se centrífuga (sem água) ou liquidificador
(adicionar meio copo de água e coar, espremendo num pano limpo).
Não se deve usar açúcar, mas a pessoa pode adoçar os sucos com frutose comprada em farmácia,
estévia (Stevia rebaudina: fazer um chá forte com 3 colheres de sopa por xícara de água, fervendo por 5
minutos e utilizando 4 ou 5 colheres de sopa desse chá para cada copo de suco) ou mel puro (sempre
utilizando pequenas quantidades).
Quem tem problemas de acidez, úlcera ou gastrite não pode usar frutas ácidas, como o limão e as
laranjas em geral (exceto as Umas). Nesse caso, é melhor consumir frutas cicatrizantes, como figo, caju,
goiaba, e tomar água-de-coco. As frutas ácidas, entretanto, podem e devem ser usadas por quem tem ácido
úrico, reumatismo ou gota.
O doutor Garbin recomenda que esse jejum seja feito apenas um dia por semana, podendo-se passar o
dia seguinte com mais sucos e chás, além de sopas, pão torrado, saladas, verduras cozidas, fibras e cereais -
evitando carnes e alimentos muito industrializados. Jejuns mais prolongados (de uma semana ou mais) po-
dem ser benéficos para a saúde, se feitos com acompanhamento médico, de preferência em clínicas especia-
lizadas. Nesses casos, pode ser necessário fazer lavagens intestinais diárias (clisteres), pois o intestino
costuma ficar preguiçoso.
Como exemplo, o doutor Garbin sugere um "cardápio" de jejum que estimula o fígado e os rins. Pela
manhã, sucos de laranja e limão, e chás de cabelo de milho com quebra-pedra e capim-limão. Na hora do
almoço, suco de cenoura com couve e, à tarde, suco de abacaxi batido no liquidificador com algumas folhas
de hortelã e chás de boldo-do-chile, capim-limão e quebra-pedra. À noite, suco de maçã e de laranja lima,
com chás de camomila e de flores e folhas de maracujá.
Nesse "cardápio", os chás diuréticos (quebra-pedra e cabelo de milho) ajudam a desintoxicação através
dos rins e o boldo-do-chile fortalece o fígado, enquanto o capim-limão, a camomila e o maracujá atuam
como digestivos e calmantes.
Os sucos e os chás
Anemia - cenoura, beterraba, couve, erva-doce espinafre, jenipapo, laranja, maçã, morango, uva.
Asma e bronquite - acerola, agrião (suco), anis (chá das sementes), avenca (chá), confrei (chá e suco
de uma raiz), figo, graviola, guaçatonga (chá das folhas), laranja, limão, louro (chá das folhas), madressil-
va (chá das flores), uva, violeta (chá das raízes).
Calmantes - caju, camomila (chá das flores), capim-limão (chá), laranja e maracujá (suco da fruta e
chá das flores e rolhas), erva-cidreira (chá), valeriana (chá das raízes)
Coração - aquiléia ou mil-folhas (chá), cabelo de milho (chá), erva-cidreira (chá), maçã, melão,
morango, quebra-pedra (chá).
Diabetes - caju (fruto e chá das cascas), capim-limão (chá), carqueja (chá), estévia (chá), morango,
pitanga.
Diarréia - banana, goiaba (suco do fruto e chá das folhas), limão, pêra, jabuticaba.
Digestão - abacaxi, ameixa, anis (chá), camomila (chá), capim-limão (chá), couve (suco), hortelã
(chá), caqui, laranja, maçã, mamão.
Esclerose - abacaxi,caju, alcachofra (chá), hortelã (chá e folhas batidas nos sucos), limão, arterial
maçã, milho (suco de grãos verdes), uva.
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Fígado - abacaxi, alcachofra (chá das folhas), alecrim (chá das flores), boldo ou boldo-do-chile (chá),
jenipapo, maçã.
Gastrite e úlcera - cajá-manga, bicarbonato de sódio (gargarejas), camomila (chá), confrei (chá das
raízes), figo, goiaba, norteia (chá), maracujá (fruto e chá das flores e folhas), romã.
Gripes e resfriados - acerola, angélica (chá das folhas, flores e raízes), caju, figo, laranja, limão,
pêssego (o suco combate a tosse).
Laxantes (contra a prisão de ventre) - ameixa, amora, damasco, figo, mamão, melão, pêssego, uva.
Pele (Tônicos) - abacaxi (tomar o suco e passar as cascas amassadas nas lesões), alface, alho-poró
(suco), cenoura, couve, graviola, laranja, limão, marmelo, tomate.
Pressão alta - alface (acrescentar 4 folhas no suco de fruta), camomila (chá), laranja, limão, morango,
pêra, quebra-pedra (chá).
Reumatismo (também contra gota, artrite e ácido úrico) - abacaxi, canela (chá), carqueja (chá), couve,
limão, maçã, melão, milho (suco de grãos verdes), pêra, pitanga, tomate, uva.
Rins (diuréticos) - abacaxi, água de coco, amora, cajá-manga, caqui, couve, damasco, melancia,
melão, pêssego, pitanga, quebra-pedra (chá), uva.
Tônicos gerais - água-de-coco, ameixa, chicória, cenoura, couve, figo, jurubeba (chá), sálvia (chá).
Vermes - abacaxi, cenouraf couve, erva-de-santa-maria (chá), hortelã (chá), limão (suco do fruto e chá
das folhas e flores), laranja, losna (chá), menta (chá), pêssego, romã, tomilho (chá).
Vômitos - pêra.
Maior médico da Antiguidade, que nos legou o Juramento dos Médicos, o grego Hipócrates nasceu
na ilha de Cós em 460 a.C. e morreu na Tessalia, entre 375 ac. e 351 a.C. Descendente de Esculápio de
Tessália, pertencia a uma linhagem de médicos que vinha desde os tempos homéricos e se julgavam
descendentes de um primeiro Esculápio, que seria o deus da medicina. Seu antepassado que acabou virando
deus teria vivido no ano de 1.200 antes de Cristo e deixou uma frase lapidar: “Primeiro a palavra, depois a
planta e só por último a faca”, que hoje faz parte do pulverizado legado de fragmentos deixado pelos
chamados filósofos pré-socráticos. Os livros e a atuação médica de Hipócrates, descendente do ilustre
Esculápio, marcam o fim da medicina mágica e o começo da medicina científica, na medida em que baseia
suas conclusões na observação dos fatos clínicos. Dos 53 tratados em 72 livros atribuídos a Hipócrates, são
considerados autênticos apenas 12, dentre eles os Aforismos, que tem citações de efeito como a célebre frase:
“O que remédio não cura, o ferro cura; o que o ferro não cura, o fogo cura; o que o fogo não cura é
incurável.”
“Juro por Apolo, médico, por Esculápio, por Higéia e Panacéia, por todos os deuses e deusas
tomados como testemunhas, que cumprirei, no limite das minhas forças e capacidade, o seguinte juramento e
compromisso: colocarei meu mestre no nível de meus pais, dividirei com ele o meu haver e proverei às suas
necessidades, quando for o caso. Terei seus filhos como irmãos e lhes ensinarei medicina, se o desejarem,
sem remuneração ou recompensa. Por preceitos, lições orais e todo outro meio de instrução, transmitirei o
conhecimento dessa arte a meus filhos, aos filhos do meu mestre e a discípulos ligados por compromisso e
juramento segundo as leis da medicina, mas a ninguém mais. Seguirei o regime que for mais benéfico para
os doentes, segundo minhas luzes e meu critério, abstendo-me de todo mal e injustiça. Não administrarei
veneno quem quer que o peça, nem tomarei a iniciativa de sugerir seu uso; da mesma forma, não darei a
mulher alguma pressário abortivo. Viverei minha vida e exercerei minha arte na pureza e na inocência. Não
praticarei operações para extração de cálculo, deixando-as ao que disso se ocupam. Entrarei nas casas para
bem dos enfermos, preservando-me de qualquer ato voluntário de maldade e corrupção, sobretudo da
sedução de mulheres e rapazes, livres ou escravos. No exercício de minha arte ou fora dele, silenciarei sobre
tudo o que ir e ouvir em sociedade e que não precise tornar-se público, considerando sempre a discrição
como um dever. Que me seja dado gozar da vida e da profissão, honrado entre os homens, se bem cumprir
este voto; se o violar e perjurar, que tenha a sorte adversa.”
Alimentos contra prisão de ventre: fibras de trigo, aveia, cevada, iogurte, leite puro e alguns frutos
"viscosos", como o mamão, o figo, a ameixa, a amora, o quiabo e o tamarindo. São também usados como
laxantes o óleo de rícino (extraído dos frutos da mamona — Ricinus communis), o azeite de oliva e o óleo
mineral (com menos efeitos colaterais). Devem ser consumidos em pequenas doses (l colher de chá depois
das refeições), podendo ser substituídos por chás, como o de folhas de serralha (Sonchus oleraceus) ou de
cáscara-sagrada (cascas secas de Rhamnus purshiana), na dosagem de l colher de sopa da planta picada para
cada xícara de chá de água, fervendo por 10 minutos.
Além de serem as "janelas da alma", como diziam os antigos, os olhos revelam o nosso estado de
saúde. Esta já é uma afirmação dos médicos e terapeutas iridologistas, que se especializaram no exame da
íris do olho para fazer diagnósticos e estabelecer tratamento e acompanhamento. (A íris é a parte colorida do
globo ocular que envolve a pupila.) Para os seguidores dessa medicina alternativa, todos os órgãos
correspondem a locais específicos da íris. (Veja ilustrações abaixo.) Isso permite traçar mapas iridológicos.
"Iridologia é uma ciência e uma arte que revelam o estágio de infla mação dos órgãos e tecidos, bem
como seus pontos fracos" - define o iridologista Adálton ViIhena Stracci, um dos poucos discípulos bra-
sileiros de Bernard Jensen, o cientista que aperfeiçoou os mapas iridológicos, criados em 1820 pelo cientista
húngaro Ignacio von Peckezeli.
Stracci garante que a iridologia revela também o grau de intoxicação do corpo (provocada por má ali-
mentação, hábitos impróprios ou efeitos colaterais de remédios), o nível de estresse e a constituição
hereditária (pontos fracos herdados de antepassados).
Embora o desenvolvimento desse ramo da medicina seja relativamen te recente, há registros de
diagnóstico através do globo ocular em textos chineses da época do Imperador
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articulações — sódio
baço - cobre
cabelos — silício e outras
substâncias
coluna - cálcio
estômago - sódio e cloro
fígado - cobalto
glândula pituitária - cálcio
As pessoas que fumam envelhecem mais rápido. O mesmo acontece com quem se alimenta
exclusivamente de comidas cozidas, como arroz, feijão e bife, e faz uso exagerado de produtos
industrializados, frituras e bebidas alcoólicas. Também se tornam velhas mais cedo as pessoas submetidas a
estresse intenso ou contínuo - o que explicaria o inesperado envelhecimento por ocasião de traumas e
grandes dissabores, o abatimento físico das pessoas permanentemente deprimidas ou daquelas que têm
comportamento sempre agressivo. O envelhecimento prematuro e as causas que o desencadeiam já eram
conhecidos dos cientistas pela simples observação. Mas só recentemente está se comprovando que existe um
elo entre essas diferentes causas. Trata-se de um fenómeno químico que acontece em nosso or ganismo, ou
seja, a formação de radicais livres.
"Os radicais livres são resíduos do metabolismo do oxigénio, formados por átomos ou moléculas que
possuem um elétron solitário na camada externa" - define a professora Sílvia Berlanga de Moraes Barros, da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo). Esse elétron solitário faz o
átomo ou a molécula que o contêm reagirem rapidamente com as moléculas vizinhas, que se desorganizam,
provocando defeitos nas paredes das células (membranas) ou em seus componentes internos.
O oxigênio captado pêlos nossos pulmões, através da respiração, é levado pelo sangue a todas as célu -
las, para as quais serve de combustível. Nesse processo, ele forma água e fornece energia, permitindo a vida
e a multiplicação das células. Mas uma pequena parte desse oxigénio (cerca de 5%) acaba formando molé -
culas instáveis, portadoras de radicais livres, que são eliminadas por processos naturais de defesa (enzimas
protetoras produzidas pelas próprias células e por substâncias presentes nos alimentos vegetais crus, como as
vitaminas C, A, E e B, além de sais metálicos como zinco, cobre e selênio).
Com o tempo ou devido a hábitos errados, a quantidade de radicais livres aumenta no organismo - e
isso parece estar relacionado com mais de 50 diferentes problemas de saúde. Um deles seria o envelheci -
mento - que, segundo uma teoria, resulta do enfraquecimento dos mecanismos antioxidantes do organismo.
Outros problemas ligados ao enferrujamento (oxidação) dos órgãos e tecidos seriam as artrites, a cata-
rata, as doenças cardíacas e o câncer (desorganização do núcleo das células que desencadearia sua mul -
tiplicação desordenada).
Uma teoria que explica o envelhecimento químico do organismo prevê a existência de um relógio
biológico genético, responsável pela programação dos órgãos e tecidos do nosso corpo (que teriam um tempo
de vida útil).
As glândulas endócrinas, por exemplo, diminuiriam a produção de hormônios, como os do cresci-
mento e os sexuais (falta de estrógeno na mulher depois da meno pausa pode provocar osteoporose, por
exemplo).
Os estudiosos dos radicais livres consideram que hábitos errados (oxidantes) aumentariam a quan-
tidade de radicais no organismo, enquanto outros (antioxidantes) a reduziriam, permitindo um aumen to da
vida útil de células e tecidos. Uma nova especialidade, a medicina ortomolecular, que surgiu a partir das
pesquisas do bioquímico norte-americano Denhan Harman, nos anos 50, descobriu alguns desses hábitos
oxidantes, a partir de exames de sangue e de fios de cabelo, que revelam a quantidade de metais pesados no
organismo - como excesso de ferro acompanhando o aumento de hemoglobina que engrossa o sangue dos fu-
mantes.
Cada tragada de cigarro leva para dentro do organismo mais de 200 trilhões de radicais livres. E é um
verdadeiro milagre o fato de a maior parte deles ser destruída. Além do cigarro, são responsáveis pela
formação de radicais livres a poluição do ar; os alimentos muito industrializados (enlatados, embutidos, pós
artificiais para refrescos etc.); os conservantes e corantes artificiais (usados nos enlatados e nas gelatinas e
refrescos); o excesso de sal e o açúcar refinado de cana. Também são oxidantes as gorduras animais, as
carnes vermelhas (que possuem excesso de ferro e outros metais pesados), as frituras (que utilizam
temperaturas muito altas, desestabilizando as moléculas), os refrigerantes escuros (excesso de fosfato), o
álcool, muitos inseticidas domésticos, a exposição exagerada ao sol e o contato com radiações.
Devido à ação oxidante dos metais pesados, devem ser evitadas as panelas de ferro ou alumínio,
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dando-se preferência às de barro ou revestidas com tefal e às colheres de pau. O ferro não pode ser evitado
nos casos em que faz falta (anemia).
O número de radicais livres diminui no organismo, se a pessoa evitar esses alimentos e os substituir
por antioxidantes, compondo uma dieta mais saudável e equilibrada.
Segundo alguns estudos, certos hormônios produzidos pelo organismo de uma pessoa permanente-
mente estressada (adrenalina e catecolamina, fabricados na glândula supra-renal) também parecem formar
moléculas instáveis, o que torna indicado para esse caso o uso de chás calmantes, como o de raiz de valeriana
e de folhas de maracujá, junto com chás antioxidantes (ver tabela abaixo). É o caso de certas plantas
popularmente indicadas para problemas de fígado, como a pariparoba, estudada pela professora Sílvia
Berlanga. Essa espécie tem ação antioxidante no fígado, combatendo radicais livres que aí provocam lesões,
presumindo-se que aja da mesma forma em outros órgãos e tecidos.
Alimentação
Dar preferência aos alimentos crus e aos cozidos em banho-maria, vapor ou forno de microondas
durante curtos períodos de tempo, compondo uma alimentação natural e balanceada. Usar sucos de fruta em
lugar de refrigerantes e refrescos, e preferir gelatina em folha com suco de fruta, a gelatina em pacote.
Consumir carnes brancas (fornecem proteínas com baixo teor de ferro); legumes (vitamina C: pimentão;
complexo B: maioria dos outros); folhas verdes cruas (vitamina A e complexo B: brócolis, alface, agrião e
rúcula); frutas (vitamina C: goiaba, acerola, caju e cítricas, como limão e laranja; complexo B: a maioria das
outras frutas); amêndoas, sementes oleaginosas (nozes, castanhas-do-pará e sementes de girassol frescas) e
germe de trigo (vitamina E); cereais integrais (centeio, trigo e arroz) e levedo de cerveja (complexo B);
raízes (vitamina A: cenoura, mandioca e inhame); sementes leguminosas (complexo B: ervilha, feijão e
lentilha).
Consumir diariamente pelo menos algum produto que contenha zinco (ovos cozidos, leite, queijo
branco, atum, sardinha, carne de frango, ervilha, castanha-do-pará); cobre (nozes, rins e outros miúdos
animais, cereais, legumes, cogumelos, abacate) e selênio (farelo de trigo, cereais integrais, peixe fresco).
Plantas protetoras
Tomar duas vezes ao dia, duas semanas por mês: chás de folhas de pariparoba (Potomorphe umbellata,
também conhecida como caapeba), boldo ou alcachofra (l colher de sopa de ingredientes para cada xícara de
chá de água, ferver 3 minutos e deixar amornar); chá da parte branca das cascas da laranja (separar a parte
branca e picar; despejar l xícara de água fervendo sobre duas colheres de sopa desse ingrediente, deixar
amornar e tomar em seguida); chás de folhas de erva baleeira, assa-peixe ou folhas e flores da mil-folhas (2
colheres de sopa de ingredientes picados para cada xícara de chá de água, ferver 3 minutos e deixar
amornar).
Parar de fumar
Se a pessoa for viciada, tomar água toda vez que sentir vontade de fumar, espaçando os cigarros, até
conseguir abandoná-los. Mascar alcaçuz (raízes secas vendidas em farmácias) ajuda a combater a vontade de
fumar, assim como tomar café, mas sem abusos.
MENSTRUAÇÃO
A palavra menstruação vem do latim menstruo, que significa mês. De fato, o ciclo menstrual das
mulheres normalmente repete-se a intervalos de cerca de um mês (28 dias). A menstruação consiste num
sangramento irregular que em geral dura de quatro a cinco dias e representa a expulsão do óvulo não
fecundado e da camada externa da mucosa do útero, através do rompimento de pequenos vasos sanguíneos.
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Os ciclos menstruais da mulher podem ocasionar-lhe problemas de saúde ou sofrer alterações que
indicam doença, gravidez ou distúrbios em outros órgãos. Pode decorrer da menstruação a anemia, resultante
da perda de sangue (que normalmente é de 50 a 200 gramas). Por isso as mulheres devem ter uma
alimentação variada, que inclua ingredientes que possuem sais de ferro (constituinte importante do sangue):
carnes em geral, feijão, espinafre, castanhas, ostras etc.
Outro cuidado que as mulheres devem ter é com a higiene, pois o sangue da menstruação serve de ali-
mento para fungos e outros micróbios, que podem se instalar em suas vias urinárias. Para combatê-los, é
importante fazer lavagens vaginais ou banhos de assento com água morna (temperatura do corpo), pelo me-
nos duas vezes por dia: de manhã e à noite. As lavagens ou os banhos podem ser feitos com chás fortes de
plantas (como flores de beijo ou folhas de alecrim), acrescidos de pequenas quantidades de suco de limão,
vinagre ou bicarbonato de sódio.
Se a menstruação cessar (falta de regras) antes da menopausa (que em geral ocorre entre 45 e 55 anos,
indicando o término da fertilidade), é bom consultar um médico, pois isso pode ser indício de gravidez ou de
algum problema. Mas em geral a menstruação só cessa devido à gravidez ou à menopausa. O que geralmente
ocorre são irregularidades em seu ciclo (intervalos mais curtos ou mais longos) e na quantidade de san gue
(menstruação escassa ou abundante), além de cólicas (dores menstruais).
Essas irregularidades devem ser relatadas a um médico e podem resultar de problemas emocionais,
como estresse ou nervosismo. Se for esse o caso, é bom tomar chás de plantas calmantes, como a valeriana
(Valeriana officinalis) e a erva-cidreira (Melissa offïcinalis), e mudar a atitude perante a vida. Para os casos
de menstruação escassa (menos de 50 gramas de sangue), o professor Sylvio Panizza recomenda chás de
sementes de erva-doce ou anis, galhos de alecrim (Rosmarinus offïcinalis) ou folhas de sálvia (Salvia
offïcinalis). Esses chás devem ser tomados nos dias que antecedem a menstruação e feitos com uma colher
de sopa do ingrediente escolhido para cada xícara de água, fervendo por cinco minutos.
Outra planta que ajuda a menstruação a descer é a arruda (Ruta graveolens: amassar um ramo num
copo de água e deixar de molho durante uma noite, coando a seguir). Mas o professor alerta para o fato de
essa planta ser tóxica, pois pode trazer sérios perigos para a saúde se for ingerida em grande quantidade
(mais de dois copos desse preparado por dia). E para os casos de menstruação abundante, Sylvio recomenda
o chá de folhas de hamamélis (Hamamelis virginiana) ou de hidraste (Hydrastis canadensis), que devem ser
comprados em farmácias especializadas, pois essas plantas só ocorrem no hemisfério Norte. Também
funcionam para esses casos as lavagens ou banhos de assento com chás forte de barbatimão (casca da árvore
Stryphnodendron barbadetiman), que não podem ser ingeridos, pois essa planta é venenosa para as vias
digestivas.
Já as cólicas menstruais são combatidas com remédios beladonados vendidos nas farmácias.
Esses remédios são obtidos de uma planta venenosa, a beladona (Atropa beladona), que é comum na Europa
e possui uma parente no Brasil: a trombe-teira ou saião-branco (Datura. suaveolens). Embora seja mais
seguro comprar remédios beladonados nas farmácias (pois suas doses são con troladas nos laboratórios), é
possível fazer um bom remédio caseiro com a trombeteira, que elimina as cólicas e não faz mal, se a dose
utilizada não exceder às indicações: esmagar uma ou duas folhas da planta em sete colheres de sopa de água,
deixando de molho durante uma noite; depois, coar com um pano, espremendo bem, e tomar dez a 15 gotas
a cada quatro horas. Essa receita só pode ser utilizada por adultos. Também funcionam como reguladores
dos fluxos menstruais (escassez ou excesso) os chás de folhas de artemísia (Artemísia vulgaris) ou de
algodoeiro (Gossipium herbaceum), seguindo a dosagem de uma colher de sopa de folhas picadas por xícara
de água e fervendo por cinco minutos, na dosagem de duas a três xícaras de café por dia. Além de regularem
a menstruação, essas duas plantas combatem cólicas e não são tóxicas, nas quantidades indicadas.
Os açúcares (diversas formas de glicose) são o principal combustível de nosso organismo, pois
fornecem energia para todas as células. O mais comum dos açúcares é a sacarose (açúcar de cana ou de
beterraba branca), mas existem também outras formas de açúcar, como a frutose (açúcar das frutas) e os
amidos (carboidratos existentes nas farinhas, no arroz, na batata, na banana e em outros alimentos, que em
geral não têm gosto doce, mas se transformam em glicose no processo da digestão). Alguns amidos são
transformados em glicose por processos industriais, fornecendo produtos de gosto parecido com o mel. Mas
o mel verdadeiro é constituído por uma mistura de frutose e glicose em partes iguais.
Em nosso organismo, todas as formas de açúcar precisam se transformar numa substância chamada
glicogênio para serem aproveitadas pelas células. E isso acontece através da ação da insulina, um hormônio
produzido pelo pâncreas. O glicogênio é armazenado pelo fígado e se espalha pelo corpo através do sangue.
Os açúcares não tratados com insulina são filtrados pêlos rins e eliminados pela urina.
Sem a insulina, a maioria dos açúcares deixa de ser útil e se transforma em veneno, pois sobrecarrega
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os rins, corrói o sistema circulatório e pode provocar problemas cardíacos, úlceras de pele, sapinho,
trombose, derrames cerebrais, cegueira e outras doenças, muitas delas potencialmente graves e mortais.
Numa pessoa normal, a dose de açúcar no sangue é de cerca de l grama por litro (80 a 120 miligramas nos
exames de sangue). Quando essa quantidade aumenta, a pessoa está com diabetes, uma grave doença que
decorre da falta ou insuficiência de insulina.
As pessoas que têm diabetes desde crianças devem tomar injeções de insulina diariamente. Já as que
adquirem a doença ao longo da vida podem às vezes controlá-la com alimentação e comprimidos tipo
Diabinese. Mas em todos os casos de altas taxas de glicose, é fundamental fazer consultas periódicas ao
médico e realizar exames de sangue e urina (glico-fita) regularmente, para ter a diabetes sob controle. Junto
com o câncer e a pressão alta, a diabetes é a doença que mais mata nos dias de hoje.
"Uma regra fundamental para os diabéticos é cortar o açúcar de cana e evitar as farinhas brancas (pão,
macarrão etc.) e as gorduras, pois estas aumentam a produção de glicose a partir de amidos existentes nos
alimentos" - avisa o professor Sylvio Panizza. "Mesmo que a pessoa não coma açúcar, ela terá altas taxas de
glicose se abusar do pão, do macarrão, das carnes gordas, de frituras e de óleo." Sylvio é contra os adoçantes
artificiais, pois explica que os diabéticos também precisam da energia fornecida pêlos açúcares - e podem en-
trar em coma (desmaio profundo) tanto por excesso de glicose (situação perigosa, que pode matar a pessoa
em menos de dois dias, se ela não receber insulina) como por falta de glicose (situação menos perigosa, que
pode ser resolvida pela ingestão de água com açúcar, mas também pode matar, se persistir por vários dias).
Esses casos de coma devem ser levados imediatamente a um hospital, pois qualquer providência errada pode
ser fatal.
"Os diabéticos devem usar frutose comprada em farmácias como adoçante, pois o açúcar das frutas
não precisa de insulina para transformar-se em glicogênio" - recomenda o professor. "Também é importante
para eles o consumo de frutas que não tenham amido, como laranja, melancia, melão, jambo, caju, graviola,
acerola e alimentos como beterraba vermelha, couve, abóbora, centeio, alcachofra, alho-poró, almeirão,
cenoura, chuchu, nozes, vagem, ervilha, milho, nabo, quiabo, carnes brancas e pão de glúten (máximo de três
fatias por dia), além de mel verdadeiro (máximo de uma colher de sopa por dia), pois ele fornece energia."
Sylvio recomenda também que os diabéticos usem chás de algumas plantas, como as folhas da estévia
(Stevia rebaudiana), que são um excelente adoçante sem açúcar e reduzem a taxa de glicose do sangue (usar
uma colher de sopa de folhas secas para cada xícara de chá de água, fervendo por dois minutos). Um chá de
estévia mais forte pode ser usado para adoçar leite, café e sucos de frutas. Curiosamente, explica o professor,
o pó de estévia vendido em farmácias não reduz as taxas de glicose, porque algumas substâncias das folhas
foram eliminadas no processo industrial. Apesar disso, esse adoçante é bom para os diabéticos, porque não
contém nenhum açúcar e não tem efeito cancerígeno.
Outras plantas que diminuem as taxas de açúcar e fortalecem o pâncreas são a pata-de-vaca verdadeira
(Bauhinia forfica) ferver 3 folhas duplas da planta com 3 folhas de estévia picadas numa xícara de chá de
água), os grãos de café crus (amassar 7 sementes num copo de água, deixar repousar uma noite, coar e tomar
em jejum, pela manhã), o chá de casca do cajueiro-roxo (Anacardia acidentalis: 2 colheres de sopa por
xícara de água, fervendo por cinco minutos), o de casca de pau-ferro (Caesalpinia ferrea: 2 colheres de sopa
para cada xícara de água), o de raiz de bardana (Arctium lappa: 4 colheres de sopa por xícara de água), o de
raiz de dente-de-leão (Taraxacum offïcinalle: 1 colher de chá para cada xícara de água) e o de folhas de
carqueja (Baccharis trimera: l colher de sopa por xícara de água). Esses medicamentos podem ser tomados
três vezes ao dia e adoçados com chá de estévia.
OBESIDADE
Diversos problemas dos três órgãos citados no título acima podem ser tratados com plantas medicinais
e em muitos casos o resultado é melhor que o dos remédios comprados nas farmácias.
Comecemos pêlos olhos. É importante consultar um oculista ou procurar um posto de saúde de vez em
quando para saber se a vista anda boa, pois muitas pessoas que frequentemente sentem tonturas e dor de
cabeça na verdade estão precisando usar óculos.
As irritações mais comuns dos olhos são a conjuntivite (inflamação da parte branca do globo ocular "e
da parte interna das pálpebras) e o terçol (espécie de pequeno furúnculo que surge na pálpebra). A
conjuntivite pode ser provocada por alergia, pela presença de poeira e corpos estranhos ou por lentes de
contato mal lavadas ou usadas por tempo muito prolongado.
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Segundo o professor Sylvio Panizza, do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo, um
bom tratamento para a conjuntivite é aplicar compressas de água boricada em solução de 1%. "As plantas
medicinais também são eficazes, usadas em compressas sob fornia de chás mornos, que devem ser tampados
enquanto estão amornando e depois coados num pano limpo" - explica o professor. Para tratar dos olhos são
indicadas a arruda (Rutagraveolens: colocar 2 colheres de sopa de folhas em meio litro de água, ferver por 2
minutos e desligar o fogo), a camomila (Matricaria chamomilla: pôr l xícara de café de flores em meio litro
de água e desligar o fogo quando levantar fervura), e a malva (Malva silvestris: colocar l colher de chá de
folhas e flores frescas e picadas em l xícara de chá de água e desligar o fogo quando começar a ferver). Mas
o professor Sylvio adverte que as pessoas que fazem compressas com arruda não devem tomar sol, pois
poderão sofrer queimaduras na pele. "É melhor fazer essas compressas de noite e lavar bem a região pela
manhã" - ensina. Nos casos de terçol, pode-se apressar o amadurecimento do furúnculo, aplicando no local o
sumo de folhas de manjericão (Ocimum basilicum) ou de manjerona (Majorana hortensis), que devem ser
espremidas num pano limpo até umedecê-lo. E, para cicatrizar o terçol já amadurecido, podem ser aplicadas
no local compressas com chás de arruda, malva, camomila (como já foi indicado) e outras plantas
cicatrizantes, como a cineraria (Senecio cineraria: colocar 2 colheres de chá de folhas e flores em l xícara de
chá de água e levar ao fogo até levantar fervura).
São também eficazes para tratar as irritações dos olhos as compressas com chá de pétalas de rosas
brancas (pôr l xícara de chá de pétalas em meio litro de água e ferver por 2 minutos). Tanto o chá de rosas
brancas como o de camomila servem também para suavizar as olheiras (escurecimento da pele sob a pálpe-
bra inferior).
Ouvidos e nariz
Para combater a dor de ouvidos, vale a pena repetir uma receita tradicional: amassar um galho de
arruda numa colher de sopa e enchê-la com óleo de cozinha, esquentando a mistura com um fósforo aceso
sob a colher. Depois é só amornar, espremer bem num pano e pingar duas gotas no ouvido dolorido,
repetindo a cada 2 horas. A farmacêutica Maria Helena, esposa do professor Sylvio, conta que também vem
obtendo sucesso com outra receita: "Para tratar dor de ouvido, eu misturo l colher de sopa de tintura de
guaçatonga (Casearia sylvestris) com a mesma medida de óleo de cozinha e pingo no local. Se a pessoa não
dispuser da tintura dessa planta, pode pôr, em banho-maria, durante l hora, 10 folhas picadas de guaçatonga e
2 centímetros de raiz de confrei (Symphytum officinale), bem lavada e picada, em l xícara de chá de óleo de
cozinha, coando depois de frio em um pano limpo e utilizando a dose de 2 gotas para pingar nos ouvidos".
Já o nariz costuma enfrentar dois problemas muito comuns: a obstrução das fossas nasais e a
inflamação de suas cavidades. Para desobstruir o nariz pode-se fazer inalações com eucalipto (Eucalyptus
globulus: pôr l xícara de chá de folhas picadas numa panela, acrescentar l litro de água e deixar ferver,
colocando em seguida a panela sobre uma mesa para inalar os vapores, respirando-os profundamente).
Isso serve também para a inflamação das vias nasais e para a sinusite, mas a planta mais eficaz nesses
casos é a buchinha-do-norte (Luffa operculata), uma trepadeira trazida pêlos escravos e tradicionalmente
usada em inalações (meio fruto seco, sem pele e sem sementes, em l litro de água. Deixar ferver e inalar os
vapores). Maria Helena explica que esse chá de buchinha é venenoso e não pode ser ingerido, pois causa
graves hemorragias. "Em certos casos, até as inalações podem ser perigosas e provocar inchaço na garganta,
com perigo de sufocação, pois a planta é muito forte" — adverte. Uma forma mais segura de utilizar a
buchinha é fazer o mesmo chá usado em inalações, apagar o fogo quando levantar fervura, deixar esfriar
tampado, coar, acrescentar l colher de sopa cheia de sal de cozinha, mexer bem e pingar 2 gotas em cada
narina a cada 4 horas, durante 3 dias.
Maria Helena e o professor Sylvio estudam a planta há anos e a farmacêutica já desenvolveu um
remédio para sinusite com dosagens de buchinha controladas em laboratório que é o único no mercado e tem
sido muito procurado. "Estou fabricando vários remédios com ingredientes obtidos das plantas. Garanto que
eles são mais eficazes e muito mais baratos que os sintéticos" - certifica Maria Helena, que coloca seu
telefone - (011) 815-9727 - à disposição dos leitores de FAMÍLIA CRISTÃ para esclarecer dúvidas e trocar
experiências.
Uma em cada três mulheres com mais de 45 anos irá de senvolver a osteoporose, principalmente se for
magra e baixa com pele clara. Essa doença atinge as mulheres depois da menopausa e aumenta sua
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incidência na velhice, quando também passa a afetar os homens. Uma de suas mais graves consequências são
as fraturas de ossos, como o colo do fémur e a bacia, que podem até matar a pes soa idosa ou deixá-la
inválida. A osteoporose é o enfraquecimento dos ossos provocado pela perda de cálcio. Essa perda está
relacionada à falta de hormônios sexuais que influenciam no metabolismo do cálcio (estrogênio nas mulheres
depois da menopausa e testosterona nos homens depois dos 65 a 70 anos). As estatísticas mostram que cer ca
de 15 milhões de brasileiras poderão desenvolver osteoporose. Segundo o ginecologista Eduardo Bechara
Patah, do Hospital e Maternidade São Paulo, também contribuem para a osteoporose os hábitos de vida
errados como o sedentarismo, a alimentação deficiente, o fumo e o excesso de café. Certos remédios como a
cortisona (corti-cóides) e alguns diuréticos também contribuem para o enfraquecimento dos ossos.
"Aos 20 anos de idade, já temos constituídos 90% da massa óssea de nosso corpo. Os restantes 10% são
completados até os 35 anos e, a partir dessa idade, nosso organismo começa a perder cálcio, podendo
necessitar de reposição.
A prevenção do problema deve ser feita por meio da alimentação, dos exercícios físicos e da exposição ao
sol por, pelo menos, uma hora por dia. Isso contribui para a fixação do cálcio. Leite e derivados, frutas secas,
peixes de água salgada (incluindo sardinhas em lata) e verduras escuras são as principais fontes de cálcio" -
explica Patah.
Um dos exames mais precisos de que se dispõe no momento é a densitometria óssea. As mulheres, depois
dos 40 anos de idade, devem consultar um ginecologista para a prevenção dos problemas de climatério e
osteoporose.
“A pele é um termómetro da nossa digestão” - avalia o professor Sylvio Panizza. For isso, segundo
ele, as pessoas com problemas de pele devem experimentar fazer tratamentos para os rins (chás diuréticos,
como o de quebra-pedra e cabelo de milho), tomar laxantes suaves e depurativos do sangue (como chás de
bardana, salsa-parrilha, ruibarbo e jurubeba), além de tónicos para o fígado (como chás de alcachofra, boi do
e boldo-do-chile).
Sylvio explica que a pele também reflete o estado geral do organismo, ressentindo-se das noites
maldormidas, dos estados de tensão emocional, de possíveis infecções de outros órgãos e de desequilíbrios
hormonais. Estes últimos são comuns nos adolescentes e se refletem no sistema imunológico e no aparelho
digestivo, traduzindo-se em cravos, espinhas (entupimento dos poros e das glândulas sebáceas) e micoses
(manchas descoloridas na pele ou lesões nas virilhas e nos dedos dos pés).
Uma pele ressecada pode ainda indicar falta de vitaminas, principalmente a E (presente, por exemplo,
nas amêndoas oleaginosas frescas, como nozes, avelãs e castanhas-do-pará). Outras vitaminas que fazem
bem à pele são a A (azeite-de-dendê, cenoura, couve e salsa, por exemplo), a C (acerola, couve, kiwi,
pimentão e salsa, entre outros) e a D (sintetizada pela pele exposta à luz do sol, a partir de ingredientes pre -
sentes em alimentos como cenoura, amêndoas e óleo de fígado de bacalhau). Banhos muito quentes devem
ser evitados, assim como sabões e sabonetes ácidos, pois ressecam a pele.
Tomar sol moderadamente (pela manhã antes das 10 horas, por exemplo) também é bom para a pele.
Mas é preciso protegê-la do excesso com bronzeadores, tendo muito cuidado com as fórmulas caseiras, pois
existem plantas que fazem a pele ter reações alérgicas quando exposta ao sol. E o caso do limão (excetuando-
se o siciliano, que não tem efeito fotos-sensibilizante), das folhas da figueira, da arruda e da cibalena
(também conhecida como aquiléia ou mil-foIhas), que não devem ser usados na pele que vai se expor ao sol.
Um bom bronzeador caseiro pode ser feito com azeite-de-dendê misturado com igual quantidade de suco de
cenoura e uma pitada de urucum.
O professor Sylvio conta que existem inúmeras plantas úteis para os vários problemas de pele (ver
COSMETICOS). Como regra geral, as quantidades para os chás de uso interno (duas xícaras por dia, em
jejum) podem ser de uma a duas colheres de sopa rasas de ingredientes para cada xícara de chá de água,
fervendo por 5 minutos e deixando amornar tampado. Para uso externo (duas aplicações locais ao dia), os
chás devem ser mais concentrados: uma a duas colheres de sopa cheias de ingredientes para cada xícara de
chá de água. Ver também SABONTETES E XAMPUS.
Existem cada vez mais pessoas com problemas de coluna e há quem atribua isso aos colchões. O
doutor Carlos Eduardo Oliveira, da Escola Paulista de Medicina, discorda: "Isso não passa de uma pro-
paganda enganosa. Os colchões não são os principais causadores de problemas nessa área, porque o corpo se
ajusta durante o sono. Se deformarem, podem causar desconforto, mas dificilmente atacam a coluna" -
esclarece. "O índio costuma dormir em rede e não tem problemas de coluna. Os melhores colchões ainda são
os de mola. Os de espuma sintética logo fazem buracos e causam desconforto."
Os problemas de coluna são responsáveis por 30% das queixas num pronto-socorro geral e por
40% das reclamações no setor de ortopedia. Segundo o doutor Oliveira, a principal causa desses problemas
está na postura. "A grande culpada por isso é a civilização, que nos trouxe movimentos de repetição
imutáveis, como o de ficar muito tempo sentado ou em pé numa mesma posição, ou fazendo movimentos
repetitivos."
Segundo o médico, posições inadequadas de trabalho (que não deixam as costas retas e apoiadas no encosto
da cadeira ou que distanciam muito os teclados das mãos, exigindo posição corcunda com a cabeça para trás)
ou de descanso (sentar-se esparramado na beirada da poltrona para ver televisão, com as costas recurvadas
para a frente e o pescoço para trás) são as principais responsáveis pêlos problemas da coluna. Mas existem
outros casos de má postura crônica, como os das pessoas que curvam o corpo para andar ou que engordam e
criam barriga. "Cada quilo que a pessoa engorda representa 3kg de tração a mais para a coluna" - alerta o
doutor Oliveira.
Também adquire má postura quem "larga" o corpo e nunca faz exercícios físicos. "As pessoas têm obrigação
de caminhar ou andar de bicicleta pelo menos uns 10 minutos por dia" — avisa o médico. "Isso é tão natural
e saudável como escovar os dentes." Outra dica importante é a natação, que mantém a coluna reta, enquanto
exercita os músculos do tronco e dos membros.
PRESSÃO ALTA
Um dos sintomas mais comuns, é a dor de cabeça constante, principalmente ao lado do ouvido, que
pode até zumbir. Outros são as tonturas e a falta de fôlego depois de pequenos esforços, como subir escadas.
A respiração fica curta, o pulso acelera e a pessoa sente fraqueza. É a pressão alta, um problema que muita
gente tem e nem se dá conta, porque não visita o médico regularmente nem dá atenção aos sintomas.
Se não for tratada a tempo, entretanto, a hipertensão resulta em graves problemas para o coração, os
rins ou o sistema vascular (derrames, tromboses, cegueira etc.). E, de fato, muita gente se torna cardíaca
porque convive com a pressão alta, sem tomar providências.
"As pessoas deveriam medir a pressão com mais frequência" - aconselha o botânico Sylvio Panizza.
"Assim ficaria mais fácil prevenir problemas cardíacos, que são a principal causa de morte da população
acima dos 40 anos."
O professor avisa que, quando a pessoa tem pressão alta e começa a sentir dores no ombro ou no peito
esquerdos, isso é um sinal de perigo que já pode estar indicando algum comprometimento do coração.
Sylvio cita como exemplo de prevenção o caso de sua mulher, a farmacêutica Maria Helena, que tem
tendência à pressão alta. Atualmente fazendo regime para perder alguns quilos (quanto mais obesa for a
pessoa, maior sua tendência à hipertensão), Maria Helena cortou o sal da comida, substituindo-o por
temperos naturais que, garante ela, melhoraram o sabor de sua alimentação (ver tabela). Só essa mudança
alimentar e o uso do chá de folhas de rauvólfïa em semanas alternadas foram suficientes para regularizar sua
pressão, que ela mede de tempos em tempos ou quando sente algum sintoma estranho, como tontura. Mas
Maria Helena observa que sempre é bom consultar um médico nos casos de pressão, pois as causas podem
ser diferentes de pessoa para pessoa. "Quem fuma, por exemplo, engrossa o sangue e se candidata à pressão
alta e às arterioscleroses. Em muitos casos, é só livrar-se desse vício para que a pressão diminua." Con -
sideram-se indicadoras de pressão alta as medições acima de 14 por 9 (140 por 90mm de mercúrio).
Também ajudam a baixar a pressão o relaxamento (evitar estresse) e os exercícios físicos regulares,
principalmente os respiratórios. Mas a alimentação é mesmo a chave de qualquer tratamento para quem tem
pressão alta ou tendência à hipertensão. Além do sal, a pessoa deve cortar ou diminuir muito o consumo de
refrigerantes, pimentas, gorduras e frituras, álcool, açúcar refinado e massas. Cortar ainda os enlatados e
embutidos (que têm excesso de radicais livres, sal e potássio). Evitar azeitonas (devido ao sal), café e chá
preto ou mate, que devem ser substituídos por chás de plantas diuréticas ou hipotensoras. Comer à vontade
frutas, gelatina (dietética ou em folhas, sem açúcar), carnes e peixes. A alface e o suco de limão têm efeito
hipotensor.
Os seguintes chás agem diminuindo a pressão e devem ser tomados como coadjuvantes do tratamento
prescrito por um médico. Qualquer um deles pode ser usado na dosagem de 2 xícaras de chá por dia (l de
manhã e outra à tarde).
• Cratego (Crataegus oxyacantha) - 1 colher de sopa das flores moídas para cada xícara de chá de água
fervendo.
• Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) - picar cinco folhas, junto com duas de assa-peixe (Vernonia
polyanthes), e colocar num recipiente com meio litro de água fervendo. Apagar o fogo e amornar tampado.
• Plantas diuréticas (mesmos procedimentos indicados para o chá de camomila) - tomar, todos os dias,
chás de cabelo de milho, folhas de abacate, capim-limão, erva-cidreira, maracujá, quebra-pedra, pata-de-
vaca, cana-de-acúcar (usam-se as folhas e os nós do caule), guaçatonga, folha-da-fortuna ou raízes de
zedoária (Curcuma zedoária: usa-se o pó das raízes, na quantidade de l colher de sopa rasa dividida em duas
vezes ao dia. Tem efeito diurético e diminui o colesterol).
• Rauvólfía (Rauwolfia serpentina) — acrescentar l xícara de chá de água fervente sobre uma folha
grande picada; tampar por 10 minutos. E um dos mais eficientes hipotensores oferecidos pela natureza. Dela
os laboratórios farmacêuticos obtêm a reserpina, usada em remédios para abaixar a pressão.
• Valeriana (Valeriana offïcinalis) macerar durante uma noite 3 colheres de sopa de raiz picada em
meio litro de água. Diminui a pressão, pois age como calmante.
Alecrim – depurativo de estimulante do fígado; dá excelente molho para temperar carnes, peixes e
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frutos do mar.
Cebola – estimulante, diurética e depurativa do sangue; pode ser usada como prato principal ou como
tempero em saladas, carnes, peixes e cereais.
Cebolinha – tem protovitamina A e vitamina C; indicada para molhos salgados, omeletes e sopas.
Erva-doce – cicatrizante e antiácida. Combate cólicas e diarréias. Utilizar em carnes grelhadas (além
de nos tradicionais e bolos, como o de fubá).
Gergelim – fonte de proteínas, as sementes são usadas para dar sabor à massas ou amassadas sem sal
formando um molho ou patê que os árabes chamam de tahine e que combina muito bem com carnes e
saladas.
Hortelã – diurética e estimulante, combina com sucos de frutas como abacaxi e melão. Quanto aos
pratos salgados, combina com carnes e saladas.
Orégano – antiinflamatório; combina com salada de tomates, filé à parmegiana, molho de macarrão
e pizzas.
Raiz-forte – desinfetante, diurética e levemente laxante, deve ser usada com moderação e combina
com carnes, peixes e sopas.
Salsa (salsinha) – rica em protovitamina A e vitamina C, serve para temperar molhos, saladas, sopas e
carne.
Salsão (aipo) – digestivo, contém grande quantidade de vitamina C; utilizar na maionese com
frango, em sopas e saladas.
Sálvia – tônica e depurativa, serve para temperar pães, molhos, carnes, peixes e frutos do mar.
A incidência de câncer de próstata, estreitamente relacionada com a idade, está aumentando nos dias
de hoje, juntamente com o crescimento da expectativa de vida da população. A conclusão é de uma pesquisa
recente, que mostra que o câncer de próstata vitimou cerca de 14 mil homens no Brasil em 1995, mais do que
os tumores de pulmão e de intestino, sendo superado apenas pela incidência de câncer de pele (45.400 casos)
e de estômago (15.480 casos).
A próstata é uma pequena glândula, do tamanho de uma azeitona, que só existe nos homens e tem a
forma de uma maçã. Ela fica logo abaixo da bexiga, adiante do reto, e envolve totalmente a porção inicial da
uretra, o tubo pelo qual é eliminada a urina. Esse órgão é o responsável pela produ ção do esperma, um
líquido espesso que contem os espermatozóides gerados nos testículos e que permite a sobrevivência destes
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para que ocorra a fecundação.
A partir dos 45 ou 50 anos, a ação dos hormônios sexuais masculinos (androgênios) começa a
prejudicar a próstata, que pode aumentar de volume. Esse "inchaço" na maior parte das vezes não é perigoso
(hiperplasia benigna), embora cause desconforto para urinar e em muitas situações necessite de tratamento
médico. Em certos casos, porém, o inchaço evolui para câncer.
Revisão necessária - Quanto mais avançada a idade, maiores são as chances de surgir o câncer de próstata.
Se for diagnosticado a tempo, esse tipo de câncer é tratável com cirurgia e remédios. "O grande problema é
que os homens não estão acostumados a prevenir essa forma de câncer" - alerta o oncologista Renan
Guimarães, do Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo.
"O curioso é que os homens costumam levar seus carros para fazer revisão a cada dez mil
quilômetros, mas descuidam completamente quando se trata de sua saúde" - lembra o doutor Guimarães, que
chama a atenção sobre a importância de os homens, a partir dos 45 anos, procurarem um urologista e
fazerem anualmente o exame de toque retal para diagnosticar qualquer aumento de volume ou
endurecimento na próstata. O médico explica que, em muitos casos, os tumores não provocam problemas
urinários no começo e só podem ser percebidos no toque retal. Esse é um exame indolor e permite que o
médico verifique a parte interna do reto e a próstata. Quando é detectado algum problema, dois outros
exames podem ser feitos: um de sangue, chamado PSA(antígenoprostático específico) e outro obtido através
da ultra-sonografia transretal, que mostra se existe alguma área tumoral na próstata). Confirmada a existência
do tumor, são feitas biópsias por ultrasom, com a retirada de pequeníssimos fragmentos de áreas diferentes
da próstata, que são analisados por um patologista para determinar se o tumor é maligno ou não.
"O câncer de próstata é diferente dos outros tipos de câncer porque tem uma evolução muito lenta'
— explica Guimarães. Esses tumores malignos evoluem durante anos sem serem percebidos e se espalham
pelos órgãos vizinhos, o que pode impossibilitar sua retirada cirúrgica. No começo, não há sintomas ou eles
são muito sutis, resumindo-se a certa dificuldade para urinar. Quando surgem dores intensas, isso é sinal de
que o câncer já está muito avançado.
O médico conta que muitos casos de tumores malignos de próstata, em homens de idade
avançada, nem são diagnosticados e essas pessoas acabam morrendo devido a outras doenças. "Na autópsia,
descobre-se que havia um câncer instalado lá."
O radiestesista José Eduardo de Souza Franco, especialista na localização e manipulação dos fluxos de
energia sutil do corpo humano, há mais de 20 anos trata pessoas com problemas pulmonares crônicos e acha
que "os sentimentos negativos, como a angústia, a depressão, a mágoa, o ódio e o medo são capazes de
debilitar os pulmões", sufocando os brônquios. "Como os especialistas em acupuntura, lido com as energias
espirituais do corpo, cujo desequilíbrio causa doenças crônicas"- explica José Eduardo.
O radiestesista chama de "energia espiritual" aos fluxos eletromagnéticos que constituem os
meridianos da acupuntura e chegam a ser registrados em aparelhos como o de eletrocardiograma e de
eletroencefalograma, embora em sua maioria ainda não sejam bem conhecidos pela ciência tradicional. Nós
mesmos podemos alterar esses fluxos através da concentração mental. Ele não usa agulhas: "faço exercícios
mentais de cromoterapia (tratamento através de cores) com a pessoa e lhe peço para se concentrar, fechando
os olhos e imaginando luzes coloridas".
Para tratar os pulmões, a pessoa deve começar visualizando uma luz verde clara que se espalha por
dentro de seu tórax, tomando inteiramente os pulmões, e depois se transforma em azul brilhante e se
concentra na área do coração (meio do peito). Em seguida, imagina que a luz se tor na violeta forte (roxo
vivo) e volta a se espalhar pelo tórax. E depois passa para o laranja claro, para em seguida ir descendo e se
concentrando na parte de cima central da barriga, onde a luz imaginária deve mudar para a cor vermelha. Os
exercícios duram l minuto para cada cor e são repetidos todos os dias.
Segundo o radiestesista, esses exercícios relaxam as pessoas e as fazem ter maior controle do corpo, men-
talizando as próprias energias e corrigindo os desequilíbrios. Também acho importante fazer orações, pois
elas além predisporem aos sentimentos positivos, equilibram as energias espirituais.
Muitas pessoas respiram de maneira errada e vivem sofrendo suas consequências: asma, problemas
respiratórios, fraqueza, indisposição, angústia e uma série de distúrbios físicos e mentais.
É que a respiração é uma atividade básica para o homem e para as plantas e animais superiores. Por meio
dela, o ar entra em nossos pulmões, vindo do nariz ou da boca, e desce pelo tubo formado pela larin ge
(situada na garganta) e por sua continuação, a traquéia (parte debaixo do pescoço e começo do peito). No
peito, esse tubo se divide em dois ramos, os brônquios, que terminam em muitos "galhos" finos, chamados
bronquíolos. Esse par de estranhas "árvores de cabeça para. baixo" constitui os nossos pulmões e é todo
forrado de pequenos balões infláveis que parecem folhas, os alvéolos, que são atravessados por minúsculas
artérias, permitindo o contato do sangue com o ar. Os pulmões de uma pessoa adulta têm cerca de 300
milhões de alvéolos, formando uma superfície que, se fosse contínua, teria 70m 2 (área equivalente a uma
casa de dois quartos). Isso permite que o sangue entre em contato com a maior quantidade possível de ar (5 a
7 litros de ar por minuto num adulto em repouso). Em casos de esforços muito intensos, essa taxa pode
chegar a 150 ou 200 litros por minuto.
Em contato com o ar, o sangue libera gás carbónico e absorve oxigênio, que irá alimentar o
metabolismo celular. Os dois gases se misturam no sangue, porque "aderem" às moléculas de uma substância
nele presente, a hemoglobina, que lhe confere a cor vermelha. O sangue sai dos pul mões carregado de
oxigénio: cada l00ml de sangue arterial contém, em média, 20ml de oxigénio.
Nas paredes dos vasos sanguíneos, como a aorta (situada na parte superior do coração) e as carótidas (nos
lados do pescoço), existem quimioreceptores que medem as quantidades de oxigénio e gás carbónico
circulantes no sangue. Esses receptores transmitem mensagens para o bulbo, a parte do cérebro que, situada
na nuca, comanda a respiração. Se for detectado muito gás carbónico, o cérebro faz com que,
automaticamente, a respiração acelere e se aprofunde. Caso contrário, ela se tor na mais lenta. Essa
regulagem automática acontece durante o tempo todo, sem que nos apercebamos, pois trata-se de
movimentos involuntários.
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Bomba respiratória
"A caixa torácica funciona como uma bomba respiratória", explica o professor Luzimar Teixeira,
da Escola de Educação Física da USP (Universidade de São Paulo). "Para que os pulmões se encham de ar, o
tórax se expande, enquanto se contrai o músculo do diafragma (que fica embaixo dos pulmões, na parte de
cima da barriga)."
Devemos inspirar (trazer o ar para dentro dos pulmões) sem pre pelo nariz, inflando a barriga e
estufando o peito. Em seguida, a expiração (saída do ar) deve ser feita pela boca, contraindo a barriga e
relaxando os músculos do peito.
Segundo Teixeira, existem doenças obstrutivas, como a asma, que alteram o padrão respiratório da pessoa e
chegam a deformar seu tórax e até a arcada dentária. "Nesses casos, a pessoa tende a respirar só com a parte
superior do tórax, utilizando basicamente a musculatura acessória. Além de não garantir a ventilação dos
pulmões, isso acaba deformando o peito da pessoa." Por isso, é que os pais devem prestar atenção no corpo
de seus filhos e na maneira como eles respiram, corrigindo eventuais distorções antes que se agravem.
O professor também chama a atenção para o efeito prejudicial de uma postura incorreta: "Existem
pessoas que assumem uma postura curva, encolhendo para a frente os ombros e a cabeça. Isso diminui a
quantidade de ar que elas conseguem obter pela respiração."
As atividades físicas, como caminhadas, exercícios de desbloqueio torácico e natação, ajudam a melhorar a
respiração. "Qualquer pessoa se sente melhor quando pratica alguma atividade física e isso certamente
prolonga sua vida, dando-lhe mais bem-estar" - explica Teixeira.
Os exercícios de manutenção da saúde devem ser feitos diariamen te. "É impossível que a pessoa
não tenha tempo de tirar meia hora para dar umas voltas no quarteirão." Outro bom exercício, é subir
escadas: "Em vez de se usar elevador, não custa perder uns minutinhos a mais e subir três ou quatro andares
pelas escadas, fazendo, em seguida, uns exercícios respiratórios durante 10 minutos." Além do sedentarismo,
outro problema que prejudica a respiração é o cigarro: "Fumar encurta a vida, contaminando os delicados
alvéolos dos pulmões, veias e artérias. Isso diminui a resistência do organismo e o predispõe ao câncer."
"Se a pessoa fuma e tem vida sedentária, é uma forte candidata a ter problemas sérios de saúde"
- alerta o professor. "Os riscos aumentam muito, se ela tiver pré-disposição genética a doenças respiratórias
ou cardiovasculares."
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Reumatismo infeccioso
Algumas formas dessa doença estão relacionadas com micróbios de outras doenças - sífilis, gonorréia
ou até tuberculose malcuradas, por exemplo. É o caso, também, do chamado reumatismo infeccioso ou febre
reumática, que começa na infância ou adolescência e, além de atacar as juntas, com o tempo, lesa outros ór -
gãos, como o coração, encurtando a vida da pessoa. Atualmente está sendo pesquisada uma vacina contra
essa doença, mas seu lançamento ainda não havia sido anunciado no final do ano de 2002.
O reumatismo infeccioso geralmente começa com dor de garganta, causada por bactéria. Como
acontece com outras infecções, o organismo logo produz anticorpos, que se espalham pelo sangue e destroem
a bactéria, fazendo a dor de garganta sarar. Mas, em algumas pessoas (5% da população, segundo
estimativas), os anticorpos confundem essas bactérias com as células de certas estruturas do corpo
(articulações e válvulas cardíacas, principalmente), que também são atacadas. Assim, cada vez que a pessoa
tem dor de garganta ou volta a contrair a bactéria, seu reumatismo piora, pois criam-se mais anticorpos, que
continuam atacando o organismo. A febre reumática se caracteriza por febre, dores nas jun tas (que podem
ficar inflamadas), manchas na pele (costas e coxas), gânglios inchados (caroços nas axilas, nas virilhas, nos
cotovelos ou nos tornozelos) e, às vezes, movimentos involuntários (braços, pernas, e até face e língua).
O tratamento padrão para febre reumática são injeções mensais de penicilina, que impedem a
proliferação de bactérias. As vezes, o tratamento se estende por muitos anos ou por toda a vida.
Alimentação
Os tratamentos tanto de reumatismo, como de gota e artrite, são beneficiados por uma alimentação
adequada ao problema específico, o que exige sempre o diagnóstico de um médico. De modo geral, pessoas
com reumatismo ou artrite devem evitar álcool e alimentos gordurosos. Se o caso não for de gota nem ácido
úrico, a pessoa pode e deve comer frutas ácidas, como o limão e o abacaxi. Beber bastante água (2 litros por
dia). Outros alimentos indicados: cebola, aipo (salsão), tomate, vagem de feijão, carnes magras e carnes
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brancas, alface, abóbora (a polpa é antiinflamatória) e suco de capim comum (braquiária, grama: lavar bem a
planta inteira e bater na centrífuga ou no liquidificador, com água, espremendo num pano; tomar l copo por
dia).
Parte dos aparelhos urinário e genital humanos, os rins podem ter doenças parecidas com as de
regiões vizinhas, como a próstata (infecções), os órgãos de reprodução (infecções que necessitam de
tratamento médico e podem ser adquiridas em relações sexuais, como a gonorréia, ou não sexualmente
adquiridas, como certos corrimentos nas mulheres) e a vesícula biliar (que pode cristalizar pedras, como os
rins).
Como filtram o sangue para deles extrair impurezas (média de 1.500 litros a cada 24 horas), os rins
também podem se contaminar por infecções existentes em áreas distantes do organismo, como a garganta.
Para ajudar a dissolver pedras nos rins, recomendam-se chás de plantas como quebra-pedra
(Phyllanthus niruri - usar a planta com as raízes, lavada em água corrente), folhas de abacateiro (Persea
americana), de jatobá (Hymenaea courbaril), de parietária (Parietaria officinalis) e de assa-peixe (Vernonia
polyanthes), além de cabelo-de-milho (pistilos da espiga de milho não muito madura) e raízes lavadas e
picadas de zedoária (Curcuma zedoária).
Existe uma tradição popular de tratar pedras na vesícula com os mesmos chás que dissolvem as
pedras renais, tomados alternadamente com chás bons para o fígado, como o de raiz de zedoária, ou os de
folhas de alcachofra (Cynara scolymus), jurubeba (Solanum pani-culatum), pariparoba (Pothomorphe
umbellata, também conhecida como caapeba) e, em certos casos, erva-baleeira (Cordia verbenacea).
A tradição popular de receitas para pedras nos rins e na vesícula se baseia no fato de esses chás se
completarem enquanto remédios: Alguns deles são diuréticos (os citados para os rins) e ajudam a limpar o
organismo, enquanto outros agem como antibióticos (caso da zedoária), e outros, ainda, como anti-
inflamatórios (erva-baleeira). Para diminuir a dor das cólicas dos rins ou da vesícula, a pessoa pode tomar
também chá de flores secas de sabugueiro (Sambucus nigra - ingerir no máximo três vezes ao dia, usando
duas colheres de sopa de flores por xícara) ou ingerir preparações com folhas de trombeteira (Datara
suaveolens — esmagar uma ou duas folhas e deixar de molho em 7 colheres de sopa de água - 100 ml
durante um dia, tomando de 10 a 15 gotas a cada 4 horas).
Com exceção dos chás para dor, que não podem ser dados a crianças, nem ingeridos além das
quantidades prescritas, todos os outros chás citados podem ser feitos usando-se um punhado de cada um dos
ingredientes para cada litro de água, apagando o fogo l minuto depois que levantar fervura e deixando esfriar
tampado. Esses chás devem ser tomados em grande quantidade (um litro ou mais), com doses distribuí das ao
longo do dia.
Tratamentos alternativos
Outro tratamento recomendado para problemas de próstata, rins e vesícula é o banho de assento em
bacia funda ou tambor de madeira cortado ao meio na altura. Recomenda-se que a pes soa fique com a cintura
mergulhada por meia hora em água quente (39 a 40 graus), onde podem ser dissolvidos 4 litros de chá bem
forte de flores de camomila (Matricaria chamomilla -usar, para o banho, 4 punhados por litro, e ferver
durante l minuto, deixando amornar tampado).
Os evangelhos narram que Cristo curou um cego pondo terra em seus olhos. O gesto é significativo
e tem alto valor simbólico, pois constatou-se muitos séculos depois que a terra é capaz de matar gonococos
causadores de cegueira.
Os rins reagem bem ao tratamento com terra, que pode ser feito com a pessoa deitada numa maca
ou cama forrada com plástico. A terra para tratamento dos rins deve ser vermelha, argilosa e obtida em terre-
nos virgens (sem agricultura ou criação de animais, que contaminam a terra com seus excrementos). Essa
argila deve ser escavada 60 centímetros abaixo da superfície do solo, cavando-se um fosso de meio metro de
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largura, para escolher a terra que estiver debaixo. Depois, é preciso secá-la no sol, pulverizá-la com a mão
limpa ou usando pilão, e guardá-la em recipientes secos de madeira.
Quando for usar a terra, a pessoa deve transformá-la em barro, acrescentando chá de camomila
forte. Depois, espalhar uma camada de cerca de l centímetro desse barro num pano limpo e fervido, e o
aplicar na parte de baixo das costas (rins) ou no lado direito do centro da barriga (fígado e vesícula).
A terra deve ficar em contato com a pele. Sobre ela, um pano coberto por uma bolsa de água quente
(pouco mais de 40 graus centígrados). O tratamento pode ser feito duas vezes ao dia, em sessões de l hora,
trocando a bolsa para manter a água quente. Esse cataplasma ‘puxa’ toxinas, dilata tecidos e aumenta a
circulação no local, ajudando o organismo a combater seus problemas com os remédios que a natureza
fornece, muitos deles eficazes, mas ainda não convenientemente estudados, como o barro.
SABONETES E XAMPUS
A pele e os cabelos são áreas que, em geral, comprovam facilmente a eficácia das plantas medicinais.
"A babosa, por exemplo, hidrata e fortalece os tecidos" - observa a farmacêutica Maria Helena Panizza.
"E há outras plantas que produzem substâncias anti-sépticas, anestésicas, cicatrizantes ou
antiinflamatórias (frequentemente combinadas) junto com alguns estimulantes do desenvolvimento dos
tecidos, como sais minerais e vitaminas" - complementa o botânico Sylvio Panizza, marido de Maria Helena.
Ele dá como exemplo a cânfora (resina da casca), a zedoária (raízes) e as folhas de mastruço, capuchinha,
guaçatonga, erva baleeira, hortelã, eucalipto, bálsamo ou menta, usadas em compressas (aplicação de chás,
tinturas ou sucos frescos embebidos num pano) ou cataplasmas (folhas picadas), para os casos de contusões,
inflamações ou irritações da pele.
Os efeitos das diferentes plantas variam de forma sutil. Descobriu-se, por exemplo, que funcionam
mais contra as inflamações que dão coceira (alergias) as plantas que possuem determinadas substâncias anti-
alérgicas, como a calêndula (compressas com chá das flores e raízes), a fumaria (Fumaria officinalis: uso in-
terno e externo do chá das folhas), a saponária Sapona • ria officinalis: compressas com chá da raiz), o
confrei ou a guaçatonga (compressas com chá das folhas).
Da mesma forma, são mais eficientes nas irritações provocadas por queimaduras o suco de folhas
frescas de babosa ou de couve e o chá frio das flores de camomila (especialmente indicado nas queimaduras
de sol). Contra erisipelas (inflamações com febres recorrentes), por exemplo, a tintura de guaçatonga, as
compressas de alteia (raízes, folhas e flores) e de chá de flores de sabugueiro (Sambucus nigra) alcançam
ótimos resultados. E algumas plantas têm uso bastante específico, como a celidônia (Chelidonium majjus),
cujas folhas esmagadas secam calos e verrugas, se forem neles aplicadas durante cerca de dez noites
seguidas, cobrindo o local com plástico, enfaixando e lavando-o com água fria pela manhã. Sylvio
recomenda às pessoas com algum problema crônico (incluindo os de pele) que anotem seus sintomas e os
efeitos dos tratamentos, explicando o que usaram, em que quantidade e por quanto tempo. Além de chás,
compressas e cataplasmas, as plantas medicinais podem ser utilizadas também em cremes, loções, sabonetes,
xampus e até pastas de dente.
Celulite
Centela asiática (aplicar chá ou tintura em compressas ou usá-los como ingredientes de creme ou gel),
hera (Hedera fie/wc usar como a centeio), verbena (Verbena odorato: picar as folhas frescas com igual
quantidade de folhas de hera e aplicar sobre a pele, deixando por l hora), valeriana (Valeriana officinalis:
tomar chá das raízes duas vezes por dia, dez dias por mês). São também úteis suco de limão fresco e chás de
folhas de orégano, dente-de-leão (taraxaco) e alcachofra.
Desodorante
Amieiro (Alnus glutinosa: passar chá das cascas nos pés e nas axilas), bicarbonato de sódio (diluir l
colher de sopa em l xícara de chá de vinagre de maçã e passar no local), cavalinha ( Equisetum arvense:
tomar l xícara de chá duas vezes ao dia para diminuir a quantidade de suor), cloridróxido de alumínio
(misturar com um creme básico, na proporção de até 44%, para obter um creme desodorante; misturar com
álcool e glicerina, para fazer sob a forma de líquido. Em ambos os casos, acrescentar algumas gotas de
essência aromática ou óleo essencial), feno-grego (Trigonella foenum graecum: polvilhar as regiões do corpo
afetadas, utilizando o pó das sementes).
Rugas
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Alecrim (fazer compressas no rosto e no pescoço com chá das folhas, galhos e flores todas as noites),
colágeno elastina (proteína animal que forma a pele e outros tecidos do nosso corpo: encomendar creme em
farmácia de manipulação), reticulina (encomendar creme em farmácia de manipulação), óleo de silicone
(encomendar em farmácia de manipulação), óleo de rosa mosqueta (aplicar puro ou misturado a uma loção
ou um creme básico).
Queda de cabelos
Agrião (comer em saladas e fazer massagens no couro cabeludo com o suco fresco todos os dias),
babosa (Aloe vera: picar 10 centímetros de folha, amassar e massagear os cabelos com essa pasta, aplicando
uma toalha quente por meia hora, lavando depois com água fria; pode-se acrescentar suco de maçã. para os
cabelos oleosos, ou glicerina, se forem secos), jaborandi (Pilocarpus microphyllus: massagear com chá forte
ou com uma loção - despejar l xícara de chá de folhas picadas em 1 litro de álcool de cereais e deixar
repousando uma semana em lugar escuro e tampado. Depois, coar num pano limpo, espremendo bem.
Acrescentar l xícara de água destilada, 2 colheres de sopa de glicerina e algumas gotas de óleo essencial
aromático. Misturar bem e usar em massagens), LCD (sigla de ingrediente antiqueda encontrado em
farmácias de manipulação: encomendar um xampu ou uma loção a 2%), pantotenato de cálcio (encomendar,
numa farmácia de manipulação, seguindo a mesma dosagem do LCD). A fórmula da loção de jaborandi pode
ser usada com outras plantas tónicas para os cabelos, como folhas de avenca, alecrim, capuchinha e
guaçatonga; flores de arnica (ou tintura alcoólica vendida nas farmácias) ou de calêndula; ou cascas de quina
(Cinchona succirubra).
"Não é vantagem fazer em casa a pasta do sabonete, pois isso requer soda, cáustica e uma complicada
fervura" - alerta Maria Helena. "Mas pode-se colocar ingredientes medicinais num sabonete já pronto." Basta
picar sabonetes de glicerina, acrescentar um pouco de água e derretê-los em banho-maria. Em seguida,
colocam-se 80 gramas de açúcar ou, de preferência, mel, para cada quilo de sabonete, mexe-se bem e
desliga-se o fogo. Quando estiver morno, acrescenta-se, para cada xícara de chá de sabonete, l xícara de café
de tintura de alguma planta. Pode-se, também, usar chá bem forte no lugar da tintura e acrescentar algumas
gotas de essência aromática. Depois é só colocar em formas. Assim podem ser feitos sabonetes de algas
(contra celulite), de aveia (hidratantes), de calêndula (cicatrizantes), de camomila (suavizantes), de centela
(celulite e estrias), de guaçatonga (herpes e feridas), de óleo de rosa mosqueta (contra rugas) ou de mel e
própolis (acne e feridas), entre outros.
Já os xampus seguem a mesma receita básica: l xícara (sempre de chá) de sabonete de glicerina
derretido, l xícara de água e l xícara de chá forte da planta, podendo-se também incluir tinturas ou sais
minerais. Por exemplo: para combater a caspa, podem ser usados avenca (Adiantum capillus veneris: ferver,
durante 10 minutos, l xícara de chá de folhas em l litro de água, deixar esfriar e massagear o couro cabeludo
todos os dias), coaltar (massagear pela manhã e à noite com solução de 2%) e peridionato de zinco
(encomendar, numa farmácia de manipulação, um xampu ou uma solução a 2%).
Cobalto
Só existe nos alimentos de origem animal e somente é absorvido pelo organismo em presença da
vitamina B12. Sua falta pode causar anemia, prejudica o funcionamento da tireóide e está relacionada com
algumas alergias.
Fontes: fígado, rim e frutos-do-mar.
Cobre
Protege contra problemas cardíacos e pulmo nares, ajuda a formar a hemoglobina do sangue (junto com
o ferro) e participa na formação de ossos, cabelos, artérias, tecidos nervosos e tendões. A carência de cobre é
muito difícil, pois ele é usado em excesso como fungicida (calda bordalesa) em quase todas as plantações.
Mas doses excessivas causam pressão alta, envelhecimento precoce, anemia, problemas cardíacos, náuseas e
vómitos.
Fontes: fígado, rim, mariscos, amêndoas oleaginosas (principalmente nozes), uva, beterraba, espinafre,
abacate, cereais, legumes e cogumelos.
Enxofre
Ajuda no tratamento da epilepsia, da psoríase (escamas secas e claras na pele), mantém a elasticidade
da pele e das articulações (combatendo a artrite e o reumatismo), fortalece os cabelos e as unhas e retarda o
processo de envelhecimento.
Fontes: alho, cebola, couve-de-bruxelas, lentilhas, germe de trigo, ovos, proteínas de origem animal.
Ferro
É o componente ativo da hemoglobina do sangue, que transporta oxigênio para as células e delas
recolhe o gás carbônico. Cansaço, perda de peso, tontura e falta de ar podem ser sintomas tanto da falta como
do excesso de ferro. O excesso também está relacionado com casos de autismo em crianças, piora os casos
de esquizofrenia e artrite e pode até ser fatal nas pessoas com cirrose (o ferro se acumula no fígado) e mal de
Parkinson.
Já a insuficiência é comum nas mulheres, devido à perda de sangue na menstruação e pode provocar
anemia. Aumentos que contêm vitamina C ajudam a absorção de ferro, enquanto o leite, tomado nas
refeições, diminui essa absorção.
Fontes: leite, carnes de boi, fígado, frango, peixes, frutos do mar, gema de ovo, melaço, levedura de
cerveja, amêndoas oleaginosas (nozes, amendoim cru, castanha-do-pará, castanha de caju etc.), frutas secas
em geral, batata, jaca, espinafre, couve, brócolis, agrião, acelga, escarola, cereais integrais (trigo e arroz) e
feijão detêm as maiores concentrações.
Flúor
Sua falta torna os ossos mais frágeis e os dentes propensos às cáries. Seu excesso, porém, é
prejudicial, podendo provocar manchas nos dentes, calos ósseos na coluna vertebral (que doem como os
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bicos-de-papagaio) e má-formação dentária nas crianças. Não deve ser tomado em altas doses.
Fontes: água potável fluorada, peixes, frutos do mar, carnes em geral, cereais, chás (preto e verde),
verduras (maiores concentrações no aspargo) e frutas.
Fósforo
Faz as células liberarem energia e estimula o sistema nervoso. Junto com o cálcio e a vitamina D,
participa do desenvolvimento e da renovação dos ossos. Entra também na composição das fibras musculares.
Mas o excesso de fósforo pode impedir a absorção do cálcio, prejudicando ossos e dentes. Muitos remédios
antiácidos reduzem a quantidade de fósforo no organismo - podem provocar debilidade, perda de apetite e
mal-estar nas pessoas que fazem tratamento contra úlceras e azia.
Fontes: cereais (trigo, milho e derivados, além de arroz, feijão mulatinho, ervilha seca verde, lentilha),
legumes e verduras (couve-flor, batatinha, cenoura, vagem, alface repolhuda), frutas (banana, maçã,
carambola), peixes e outros alimentos de origem animal, como carne, gema de ovo, leite e queijos.
Iodo
É um importante componente dos hormônios produzidos pela tireóide, que aumenta de tamanho
quando ele falta (bócio). Durante a gravidez, sua ausência pode resultar em retardo mental da criança. A falta
de iodo também causa obesidade, aumenta as taxas de colesterol, diminui o apetite sexual, aumenta a pressão
sanguínea e provoca fadiga.
Fontes: sal marinho iodado artificialmente, peixes de água salgada, óleo de fígado de bacalhau, algas
marinhas, frutos do mar, agrião, alcachofra, alface, alho, cebola, cenoura, couve, couve-flor, ervilha, aspargo,
espinafre, fava, feijão, rabanete e tomate.
Magnésio
Geralmente, atua junto com o cálcio e o fósforo. Participa da produção de enzimas, do
desenvolvimento dos ossos e dos dentes, das contrações musculares, das reações dos nervos e da adaptação
do corpo às baixas temperaturas. Baixa a pressão sanguínea e reduz os níveis de colesterol. E muito
importante durante a gravidez, pois evita a toxemia (intoxicação do sangue). Funciona também como
antidepressivo.
Fontes: banana, arroz integral, amêndoas oleaginosas, espinafre, leite desnatado, aveia, frutos do mar,
carne bovina.
Manganês
Estimula o sistema nervoso, a formação dos ossos e as funções reprodutivas. Tonifica o fí gado, do
pâncreas e as glândulas supra-renais. Em excesso, provoca tremores nas mãos, dificuldade de falar e paralisia
facial. Já a falta (raríssima) causa lesões na pele, perda de peso e queda de cabelos.
Fontes: amêndoas oleaginosas, cereais (principalmente o feijão), legumes, cenoura, folhas de
beterraba, abacaxi.
Molibdênio
A insuficiência do molibdênio está relacionada com o acúmulo de ácido úrico e com as ocorrências de
gota. Mas o excesso também causa problemas, pois diminui a absorção de cobre, provocando distúrbios nos
ossos, tendões, tecidos nervosos, artérias, coração, pulmões e cabelos.
Fontes: fígado, leite, grãos, legumes em geral e folhas verde-escuras.
Potássio
Atua junto como sódio, o cloro e o bicarbonato e está relacionado com as contrações musculares
(inclusive do coração), a transmissão dos impulsos nervosos e a geração de energia nas células.
Tanto a falta como o excesso de potássio podem estar relacionados com problemas de pressão ou do
coração, dores de cabeça, enxaquecas e doenças renais. Quem sofre dos rins geralmente tem excesso de
potássio e deve limitar seu uso, cozinhando carnes e verduras e desprezando o liquido. Deve também evitar
enlatados e refrigerantes.
Já os diabéticos graves, as pessoas que usam constantemente diuréticos ou laxantes e os cardíacos em
tratamento com remédios digitálicos geralmente sofrem de um problema contrário - a deficiência de potássio
-, que deve ser suprido pelos alimentos.
Fontes: caldo de carne, carnes brancas e vermelhas, frutas (como coco-da-baía, abacaxi, abacate,
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banana, figo, tâmara, tomate, uva), verduras (aipo, acelga, alface, beterraba, couve-nabo, espinafre, nabo,
salsa), leguminosas (ervilha, fava, lentilha), cereais (arroz integral, por exemplo) e a maioria dos turbérculos.
Selênio
Previne enfartos e aumenta a resistência do coração. Provavelmente devido à sua ação antioxidante,
mostra-se capaz de neutralizar certos tumores cancerígenos na fase inicial (intestino grosso, reto, estômago,
pâncreas, pele e próstata).
Fontes: alho, farelo de trigo, cereais integrais, leite, queijo, coalhada, iogurte, peixe fresco, frango,
miúdos e carne de boi.
Sódio
Age sempre em conjunto com o potássio. Enquanto este último atua dentro das células, o sódio age
nos interstícios delas. O desequilíbrio sódio/potássio afeta a passagem de água pelas paredes celulares,
fazendo as células "inchar" ou "murchar".
Quando a quantidade de sódio é maior que a de potássio, a pressão sanguínea aumenta. Se ocorre o
contrário, a pressão cai.
O excesso de sódio, devido ao consumo exagerado de sal de cozinha (cloreto de sódio), é o principal
agente causador de pressão alta e dos consequentes problemas cardíacos.
Fontes: sal de cozinha, bicarbonato, carnes, leite, ovos, verduras e legumes.
Zinco
Estimula a produção de células brancas pelo sistema imunológico e atua também na síntese de proteínas e na
divisão celular. Funciona ainda como antidepressivo.
Fontes: ovos, leite, frutos do mar, atum, sardinha, carnes brancas e vermelhbas, ervilha e castanha-do-
pará.
O sangue doado por mulheres tem vantagens sobre o dos homens, pois apresenta menos doenças
infectocontagiosas na triagem, o que lhe garante um nível de aproveitamento maior. A informação é de um
dos mais importantes bancos de sangue do Brasil, a Fundação Pró-Sangue/Hemo-centro de São Paulo, que
faz uma média de 18 mil coletas mensais de sangue, garantindo o abastecimento da rede hospitalar pública.
Entretanto, desse total de doações, apenas 17% são feitas por mulheres.
"A pequena participação das mulheres deve-se basicamente à falta de informação, pois muita gente
acredita, erroneamente, que a perda de sangue resultante da menstruação incapacita as mulheres como
doadoras" - explica o médico Marcelo Cliquet, chefe da divisão transfusional da Fundação Pró-Sangue. Isso
não é verdade. A mulher pode doar sangue normalmente durante o período menstrual e também na
menopausa, desde que tenha entre 18 e 60 anos, peso superior a 50 quilos, não esteja grávida e não seja
portadora de doenças infectocontagiosas"- esclarece.
Outro mito que envolve a doação de sangue é achar que quem doou uma vez precisa doar sempre, pois
ficaria com "excesso de sangue". "Isso também não é verdade" - rebate o doutor Cliquet. "A medula óssea
sempre repõe o sangue retirado na medida certa."
O médico conta que 80% dos doadores que se apresentam nos hospitais são doadores de reposição, que
atendem ao pedido de algum amigo ou parente que está internado e precisou de transfusão e, depois, nunca
mais voltam. "Desses 80%, descartamos uma média de 20% das doações, por apresentarem algum problema"
— explica o médico.
Doadores habituais
Os outros 20% que se apresentam são doadores sistemáticos, que vão aos hospitais duas ou três vezes
por ano para doar sangue. A vantagem de a pessoa doar sangue sistematicamente, a cada três meses, por
exemplo, é social. O sangue dos doadores sistemáticos é de melhor qualidade que o dos esporádicos, porque
já foi aprovado numa bateria de testes quando foi feita a primeira doação.O índice de descarte também costu-
ma ser muito baixo nas mulheres, mesmo quando elas são doadoras pela primeira vez: cerca de 1%.
Cliquet acha que a situação crítica dos bancos de sangue poderia ser facilmente resolvida com a maior
participação das mulheres nas doações e a volta das pessoas que já doaram sangue alguma vez e não foram
descartadas. "É um sangue bom que a gente está perdendo, pois não faz falta para as pessoas que doam e
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pode fazer muita falta para quem está internado num hospital para fazer transplante, tratamento de câncer em
geral ou cirurgia que envolva perda de sangue" -explica. "Doar sangue é um ato de cidadania que envolve
solidariedade e participação."
O doador também recebe resultados de exames para Aids, doença de Chagas, sífilis, hepatite e outras
doenças, além de sua tipagem sanguínea. Quem é ou foi portador de alguma dessas doenças não deve doar
sangue. Também está impedido de doar sangue quem pertence aos grupos de risco da Aids: homossexuais,
bissexuais, prostitutas e pessoas que mantêm contato com elas, quem tem mais de cinco parceiros(as) sexuais
por ano, ex-presidiários e usuários de drogas injetáveis. A pessoa que vai doar sangue não deve estar em
jejum nem ter ingerido bebida alcoólica durante as 12 horas antes da doação.
As plantas vendidas por comerciantes de ervas para tratar doenças venéreas não funcionam na maioria
dos casos e podem até mascarar as enfermidades, tornando-as crônicas. O alerta é do professor Sylvio
Panizza. Ele explica que essas plantas têm uma ação fraca e o problema exige antibióticos mais fortes. "O
que se pode fazer é usar as plantas tradicionalmente indicadas para doenças venéreas como depurativas do
sangue" - aconselha o professor. "Elas podem permitir até a redução das doses de antibióticos, pois ampliam
os seus efeitos."
Para esses casos, Sylvio recomenda três xícaras de chás medicinais por dia, que devem ser tomados
junto com o tratamento com antibióticos.
É recomendável continuar usando os chás por 20 dias depois de o tratamento com antibióticos ter
terminado. As principais indicações são as folhas de salsaparrilha (Smilax salsaparilla), taiuiá (Cayaponia
tayuya), as folhas e raízes de guiné (Petineria oleacea) e as cascas do ipê-roxo (Tabebuia speciosa).
Essas plantas também estimulam o sistema imunológico, assim como alguns alimentos, como a
beterraba. No caso da Aids, foram comprovados efeitos positivos dessas plantas imunoestimulantes, do uso
de vegetais crus e bem lavados na alimentação e de alguns chás que tratam problemas específicos dos
aidéticos, como o de aruca (Calea pinaticida) e raiz de zedoária (Curcuma zedoaria), para combater a
amebíase e outros vermes intestinais; glicerrizina (açúcar extraído do alcaçuz -Clycerryzia glabra - que,
usado na alimentação, possui propriedades antibióticas); raiz de confrei (Symphytum officinalis) e folhas de
guaco ou eucalipto (Eucalyptus globulus), para fortalecer as vias respiratórias; ipê-roxo e quebra-pedra (sob
a forma de drágeas de extrato, indicados para diminuir a velocidade de reprodução dos vírus, efeito que
também está sendo estudado em outra planta, uma espécie de canela-de-ema chamada Vellozia nanuza, e em
certos tipos de fungos). O professor Sylvio explica que a grande característica das doenças venéreas é elas
serem transmitidas por micróbios que em geral morrem quando expostos ao ar e passam de um corpo para o
outro atrvcés da transferência de líquidos (como o esperma e o muco vaginal).
"Todas as religiões fazem alguma restrição ao sexo, principalmente o permissivo, porque são tentati-
vas de salvação do indivíduo que reúnem todo o saber de uma época, inclusive procedimentos de higiene e
saúde pública" - filosofa Sylvio Panizza. "Vejam que o sexo sem controle frequentemente é causa de des-
graças, como comprovam as doenças venéreas. No Brasil, tem gente que morre de sequelas da sífilis, porque
não sabe tratar a doença. Ou que pega Aids por ignorância." Também são transmitidas por relações sexuais
doenças como hepatite, câncer genital (colo do útero e próstata), muitas outras viroses e infecções.
Para o professor, a relação sexual equivale a uma transfusão de sangue e por isso ele recomenda que o
risco seja diminuído, evitando-se bordéis, pessoas que têm vários parceiros e os viciados em drogas.
O principal no que se refere ao sexo, segundo o professor, é o bom senso. "A pessoa precisa estar
informada e ser consciente de sua responsabilidade em relação às outras pessoas e a seu próprio corpo."
Aids
Mortal e incurável, é provocada pelo vírus H1V. Só no estado de São Paulo, que concentra 70% dos
casos, calcula-se que existam 700 mil pessoas infectadas que ainda não desenvolveram a doença e estão
contaminando outras. Os sintomas, muito variados, geralmente se combinam (no começo, febre baixa e
irregular, gânglios inchados no pescoço, axilas ou virilhas, dor de garganta, dor de cabeça, extremo cansaço,
diarreia incontrolável, emagrecimento rápido, anemia, feridas na pele, sapinho na boca em adultos, feridas
nos lábios e dentro da boca, língua branca; nas fases mais avançadas, pneumonia e infecções graves).
O remédio específico mais eficaz para a Aids é o caríssimo AZT (batizado comercialmente como
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Retrovir), mas ele apenas diminui a velocidade de reprodução dos vírus. Com o tempo (média de um ano),
eles criam resistência e a doença progride, devastando a pessoa. O próprio AZT é muito tóxico e pode
provocar anemia profunda. Outro remédio utilizado (em combinação com o AZT) é o DDI. Atualmente,
começam a ser estudadas algumas plantas antivirais e imunoestimulantes (ver coquetel).
Bubão
É o linfogranuloma venéreo, causado por bactérias. Ataca os gânglios da virilha, que incham, ficam
escuros e eliminam pus. Pode aparecer sob a forma de fendas no ânus, que doem e purgam.
Os médicos costumam receitar comprimidos de sulfadiasina ou tetraciclina de seis em seis horas,
durante 20 ou 30 dias.
Clamidíase
Provocada pela mesma bactéria causadora do tracoma (infecção ocular), tem sintomas parecidos com
os da gonorréia. Se não tratada, espalha-se pelo aparelho reprodutor e pode causar infertilidade. uma única
dose de um novo antibiótico lançado nos Estados Unidos, a azitromicina, será a medicação clássica para o
caso. Enquanto não chega ao mercado brasileiro, o antibiótico doxiciclina continua sendo o remédio de
excelência para o tratamento-padrão de sete dias.
Gonorréia
E causada por gonococos e mais fácil de ser percebida no homem do que na mulher (dificuldade de
urinar e corrimento de pus, às vezes acompanhados de dor ou febre). Se não tratada, pode provocar inchaços
duros e doloridos nas juntas, uma espécie de reumatismo infeccioso, dores nos rins e infertilidade. A mãe
pode passar gonorréia para os olhos do nenê na hora do nascimento, cegando-o.
Como tratamento, aplica-se uma injeção de penicilina procaína (4,8 milhões de unidades) numa única
vez, injetando metade da dose em cada nádega.
Cuidado: algumas pessoas são alérgicas à penicilina (ficam com urticária, coceira, inchaço ou
dificuldade para respirar). Mais raramente, pode ocorrer choque alérgico, que leva à morte. Os sintomas são
pele pálida ou acinzentada, suor frio, pulso rápido e fraco, coração rápido, falta de ar e desmaio.
Se a pessoa nunca tomou penicilina, o farmacêutico deve deixá-la em observação por meia hora depois
da aplicação. Se aparecerem sinais de choque alérgico, deve dar imediatamente uma injeção subcutânea de
adrenalina (meio mililitro para adultos e um quarto para crianças) e aplicar também uma dose de corticóide
(dexametasona: 2 miligramas para pacientes de até l ano, 4 miligramas, de 1 a ó anos, ou 10 miligramas, para
adultos ou crianças acima de 6 anos). Um médico deve ser chamado.
As pessoas alérgicas à penicilina podem se tratar de gonorréia, ingerindo 2,5 g de tianfenicol de uma
única vez.
Sífilis
Produzida por uma bactéria, provoca sequelas irreversíveis, se não for tratada (lesões no coração ou no
cérebro). O primeiro sinal (sífilis primaria) é o surgimento de uma feridinha, chamada cancro, na área genital
(menos frequentemente nos lábios, nos dedos, no ânus ou na boca). A feridinha logo some e, semanas ou
meses depois, aparecem dor de garganta, febre baixa, feridas na boca, queda de cabelos, erupção em forma
de carocinhos no corpo todo ou feridinhas nos pulsos, tornozelos ou plantas das mãos e dos pés: é a sífilis
secundária. Essa fase da doença também desaparece sozinha, mas a sífilis continua e, depois de alguns anos,
entra na fase terciária - a das lesões irreversíveis a órgãos internos, que causam danos como cardiopatias,
loucura ou cegueira. O tratamento mais indicado para a sífilis é tomar de uma a quatro injeções de penicilina
benzatina 2.400.000 em dias alternados. Quem for alérgico à penicilina ou não melhorar com ela pode tomar
tetraciclina ou eritromicina (comprimidos de 500 miligramas, quatro vezes ao dia, durante 15 dias). Mas é
bom consultar um médico e fazer exames de sangue.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Enquanto milhões de seres brigam entre si pela posse de território e alimentos, um verdadeiro
exército divide tarefas para combatê-los. Essa é uma guerra que acontece minuto a minuto dentro do nosso
próprio corpo
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Como nosso organismo combate as doenças? Essa pergunta demorou muito tempo para ser
respondida pela ciência, pois foi preciso criar instrumentos como o microscópio e desenvolver reagentes
químicos que nos permitem saber o que está acontecendo num mundo infinitamente pequeno, que está su-
jeito às mesmas leis da ecologia, que se baseia no equilíbrio das populações de seres vivos.
"Numa pessoa com saúde, os micró bios que atacam o organismo ou tentam circular dentro dele são
combatidos por células do sistema imuno-lógico, que constituem os glóbulos brancos do sangue e do sistema
linfático" - explica Paulo Andrade Lotufo, diretor da Divisão de Saúde da USP (Universidade de São Paulo).
As redes linfáticas se espalham pelo corpo, interligadas com as veias e as artérias, formando pequenos
reservatórios localizados em áreas como o pescoço, as axilas e as virilhas, que às vezes incham e doem
quando a pessoa está com alguma infecção.
As células de defesa atuam de forma coordenada, como um exército, e atacam os micróbios de várias formas.
Umas os identificam, outras encarregam-se de engoli-los, outras usam armas químicas e lhes atiram venenos
e outras, ainda, limpam os restos do combate. E todas essas células que circulam no sangue e nos vasos
linfáticos comunicam-se entre si, pois são avisadas de focos de infecção através de mensagens químicas que
as fazem acorrer para esses locais.
Mas, como explica o doutor Lotufo, milhões de micróbios acabam convivendo pacificamente com o exército
do nosso sistema imunológico. É o caso de bactérias, bacilos, fungos e vírus microscópicos, que formam co -
lónias em certas áreas específicas de nosso corpo. Muitos micróbios vivem normalmente no interior de
nossos intestinos, por exemplo. O exército de defesa só os ataca se eles tentam passar para outros órgãos do
corpo. E eles acabam se limitando a alimentar-se das fezes. Trata-se de uma relação de simbiose, em que
nosso organismo permite que alguns micróbios se reunam em certas partes onde encontram alimento. Em
troca esses micróbios produzem toxinas (venenos específicos) que matam outros, às vezes causadores de
doenças. Isso acontece em nossos intestinos e em outras cavidades, como o nariz, a boca, as terminações
excretoras e outras.
Equilíbrio ecológico
Para o doutor Lotufo, é possível abordar esse mundo de micróbios com auxílio de alguns conceitos da
ecologia. Os micróbios devoram partes ou produtos de nosso organismo e também se alimentam uns dos ou-
tros, além de em geral multiplicarem-se rapidamente, formando colónias com milhões de indivíduos. Mas
nosso sistema imunológico destrói os micróbios em excesso, mantendo as populações em equilíbrio. Alguns
microorganismos, entretanto, não convivem bem com o organismo e o atacam, provocando doenças. É o
caso de infecções como gripe, pneumonia, sarampo, paralisia infantil, tétano, sífilis, Aids, malária e outras,
causadas por micróbios que conseguem burlar o exército do sistema imunológico e lesam os órgãos e tecidos
onde se instalam.
Por isso o equilíbrio das populações de micróbios no organismo é muito importante para combater agentes
nocivos. Paulo Lotufo revela que a desnutrição, por exemplo, pode romper esse equilíbrio porque pode pri-
var o sistema imunológico das proteínas necessárias para seu bom funcionamento. E com isso a pessoa tem
mais chances de contrair doenças. "O sistema imunológico dessas pessoas é como um exército sem munição,
pois as proteínas são a matéria-prima principal das armas químicas que ele dispara: os anticorpos" - compara.
Também se relacionam com disfunções do sistema imunológico os desequilíbrios ecológicos causados pelo
aumento exagerado do número de micróbios úteis, que então se tornam nocivos, como certas bactérias que
ajudam a digestão, mas em excesso causam diarréias e podem se espalhar pelo corpo e atingir outros órgãos,
levando à morte.
As pesquisas da medicina mostram que nosso corpo possui várias barreiras mecânicas contra os micróbios. A
primeira é a pele, que "forra" nosso organismo e impede a entrada desses seres. Mas ela possui brechas,
como os cortes e escoriações, mesmo microscópicos, além de poros, bases de pêlos e muitas glândulas (como
as sebáceas e sudoríparas), que se comunicam com o meio externo e podem deixar os micróbios entrar.
As cavidades de entrada e saída do corpo são revestidas por mucosas, como acontece na boca, na uretra, na
vagina e nos intestinos. Essas mucosas comumente secretam musgo viscoso com substâncias antibióticas,
como a saliva, que contém uma substância chamada lisozima. Se não forem tratadas, as infecções e irritações
da pele e das mucosas funcionam como portas de entrada para os micróbios. Por isso é importante tratar
esses locais feridos ou irritados.
Também é fundamental manter hábitos de higiene, como lavar as mãos depois de ir ao banheiro, lavar
aumentos como saladas, frutas e verduras e só comer carnes bem cozidas. Outra providência importante é
utilizar sempre água tratada e clorada, pois 80% das doenças se transmitem através de água contaminada.
Nas regiões não servidas por água tratada, é fundamental fervê-la ou esterilizá-la com hipoclorito de sódio
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nas quantidades indicadas pêlos postos de saúde. Alem de tomar cuidado com a água e com a comida, é
preciso ainda andar sempre calçado, principalmente nas regiões rurais, pois muitos microorganismos
penetram nas pequenas fissuras da pele dos pés.
Exército de defesa
Quando os micróbios conseguem vencer as barreiras naturais de nosso organismo e os outros microorganis-
mos que os atacam, encontram ainda outro obstáculo poderoso: o exército de leucócitos (células brancas). O
doutor Lotufo explica que eles somam de 4 mil 10 mil por milímetro cúbico de sangue, numa pessoa em
condições normais de saúde. Quando esse número se apresenta aumentado, isso significa que está havendo
uma infecção. Mas a diminuição exagerada de seu número também indica problemas, pois nesse caso o
organismo está exposto à ação dos micróbios.
Lotufo revela que uma grande porcentagem de leucócitos atua como soldados. São os neutrófilos e
macrófagos, que identificam e devoram micróbios e corpos estranhos. Mas suspeita-se que alguns vírus
conseguem sobreviver dentro dessas células, como acontece com o agente causador da herpes. Aprisionados,
eles se multiplicam lentamente e não conseguem fazer mal ao organismo. Quando o equilíbrio de forças se
altera, devido a estados depressivos, de desnutrição ou a outras doenças, que enfraquecem o sistema
imunológico, os vírus aprisionados voltam a se multiplicar e escapam dos macrófagos, provocando doenças.
Outras células brancas atuam numa hierarquia superior à dos soldados e lhes transmitem ordens, como
acontece com os eosinófïlos e com os basófilos, que produzem substâncias químicas, provocando inchaço
nos locais infectados para aumentar a quantidade de sangue e o número de soldados. Mas existem também
tropas de elite, que atuam como generais. São os linfócitos, que analisam os micróbios aprisionados pêlos
macrófagos e elaboram venenos (anticorpos) específicos para cada micro-organismo. Os linfócitos também
avaliam as forças em combate e ordenam o aumento da produção dos outros tipos de células, quando isso se
faz necessário. Além de anticorpos e mensagens químicas, eles produzem ainda substâncias especiais, como
o interferon e a interleucina 2, que combatem vírus e destroem células cancerosas, numa espécie de quimio-
terapia produzida pelo próprio organismo. São justamente as variantes sintéticas dessas substâncias naturais
que são usadas nos tratamentos de quimioterapia.
Quando uma doença prejudica a produção de linfócitos, como acontece com a Aids, o organismo deixa de
produzir essas substâncias anticân-cer, o que explica o desenvolvimento de tumores malignos nas pessoas
aidéticas.
Para tonificar o aparelho digestivo e combater a anemia, Maria Helena recomenda a jurubeba
(Solanum paniculatum: ferver por 2 minutos, 3 centímetros de raiz lavada e picada em l xícara de chá de
água. Coar e misturar com o suco de meio limão, tomando 2 ou 3 xícaras por dia). Ela ex plica que a babosa
(Aloe vera) também serve para tonificar o estômago: ferver 2 centímetros da ponta da folha picada em meio
litro de água durante 5 minutos, coar e tomar l xícara antes das refeições.
Para facilitar a digestão, Maria Helena indica chás de erva-doce (sementes), hortelã (Mentha piperita),
camomila (flores secas da Matricaria chamomilla), melissa ou capim-limão (Cymbopogon citratus ou falsa
erva-cidreira, que também serve para baixar a febre, combate o reumatismo, age como calmante e evita gases
intestinais). Devem ser fervidos durante 3 minutos e usados na dosagem que a pessoa quiser, de preferência
sem açúcar ou adoçados com mel.
Já nos casos de gastrite ou úlcera é necessário consultar um médico e utilizar plantas mais "fortes",
como a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia: ferver 30 gramas de folhas secas em 2 xícaras de chá de água
durante l minuto. Deixar esfriar tampado, coar e beber 2 xícaras de chá ao dia). O uso constante de chá de
camomila também ajuda no tratamento das úlceras e gastrites. Outras plantas indicadas para esses casos são a
milfolhas (Achillea millefolium, também chamada popularmente de cibalena: ferver 2 colheres de sopa de
flores em l litro de água por 5 minutos. Coar e tomar l xícara de café pela manhã em jejum e outra à noite,
antes de deitar); a folha-da-fortuna (Bryophyllum calycimum: bater l folha fresca em l xícara de chá de leite
no liquidificador e tomar 2 vezes por dia, em jejum); o confrei (Symphytum offícinale: ferver, por 5 minutos,
3 centímetros de raiz lavada e picada em l xícara de chá de água. Coar e tomar 3 xícaras de chá ao dia, longe
das refeições); e a guaçatonga (Casearia sylvestris: ferver, por 5 minutos, 5 folhas dessa planta junto com 2
folhas de tília - Tília cordata - em 2 xícaras de chá de água. Coar e tomar 2 vezes ao dia em jejum). Outra in-
dicação para as pessoas que têm úlcera ou gastrite é comer figos frescos e maduros, pois essa fruta é
cicatrizante.
Como começar
Alguns médicos recomendam que quem quiser começar uma dieta vegetariana (de preferência, incluindo
ovos e leite), deve fazê-lo gradualmente, para evitar distúrbios digestivos. Em primeiro lugar, devem-se
cortar as carnes gordurosas (porco). A seguir, as vermelhas (boi, cabrito etc.). Depois, as brancas (aves) e,
por último, os peixes e frutos-do-mar. Há quem recomende uma mudança brusca e, na maioria das vezes,
precedida por alguns dias de jejum de sólidos. De três em três horas, a pessoa deve tomar sucos de frutas e,
nos intervalos, muita água e chás (ver matéria em FAMÍLIA CRISTÃ 681 set.1992). Esta técnica é utilizada por
Catharina Walzberg, diretora do Retiro de Recuperação da Saúde, em Itapecerica da Serra, SP.
"Além dos vegetais, eu adoto o leite, o iogurte, a coalhada, a ricota, o queijo-de-minas e os ovos, mas em
quantidades controladas"- explica Catharina.
As proteínas das carnes eliminadas devem ser, ao mesmo tempo, substituídas por proteínas vegetais,
contidas nos cereais, legumes e verduras, sem se esquecer das que existem nos ovos e no leite e seus deriva-
dos. A variação é essencial para se evitar a carência de vitaminas como a B12, presente só nos alimentos de
origem animal e, ainda assim, em pequeníssimas quantidades.
Alguns vegetarianos se sentem melhor tomando suplementos vitamínicos de farmácia que con têm
B12, pelo menos durante uma semana por mês. Entretanto, quem quiser incluir as vitaminas de far mácia na
dieta deve, antes, consultar um médico. Veja o quadro sobre o valor nutritivo dos alimentos.
Cardápio vegetariano
Este cardápio é do tipo ovo-lácteo-vegetariano e faz parte de um trata mento de desintoxicação e
revitalização do organismo, desenvolvido pelo Retiro de Recuperação da Saúde. Ele requer que a pessoa
deixe de fumar e beber álcool, tomando de ó a 8 copos de líquidos por dia (água, chás e sucos). Veja as
receitas na seção Cozinha. Catharina Walzberg frisa, que é muito importante o consumo de vegetais crus e
uma salada completa deve conter, ao menos, três partes:
Esta tabela reúne dados de composição dos 63 alimentos mais facilmente encontrados na natureza,
que são muito mais ricos em substâncias nutritivas do que os alimentos industrializados.
Nota: o sódio e o potássio encontram-se em todos os alimentos. Por isso, na maior parte das vezes, a tabela
cita apenas o elemento predominante (em média de 2 a 6 vezes a mais do que o outro). Quando a proporção
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entre os dois elementos é mui semelhante ou desigual, suas quantidades foram mencionadas.
Nota: o sódio e o potássio encontram-se em todos os alimentos. Por isso, na maior parte das
vezes, a tabela cita só o elemento predominante (média de2a6 vezes a mais do que o outro). Quando a
proporção é muito semelhante ou diferente, damos as duas quantidades.
Receitas vegetarianas
A dieta vegetariana tem que compensar as proteínas das carnes com o uso de leite, queijo e
pequena quantidade de ovos (três por semana). Também é preciso variar os vegetais e consumir suas
proteínas, contidas principalmente nos grãos e cereais.
Leite de soja
Deixe 1 xícara (chá) de feijão de soja de molho por 24 horas. Deixe-o escorrer e moa-o no
liquidificador com 6 copos de água. Ferva-o em fogo brando por 20 minutos, mexendo de vez em quando.
Coe-o num pano limpo. Tempere-o com uma pitada de sal iodado, uma colher (café) de mel e uma gota de
baunilha.
Pão integral
ingredientes:
750 gr de farinha de trigo refinada
750 gr de farinha de trigo integral grossa
3 copos de água morna
2 colheres (sopa) cheias de açúcar
mascavo
1 colher (sopa) rasa de sal
1/2 xícara (chá) de óleo de soja
S colheres (sopa) de fermento de padaria ou fermento caseiro (ver receita nesta página). Modo de preparar:
dissolva o fermento num copo de água morna com 1 colher (sopa) de açúcar mascavo. Deixe crescer por 15
minutos. Misture as farinhas numa vasilha grande, faça uma cova no meio e coloque o fermento crescido, o
restante da água morna, o sal, o óleo e o açúcar mascavo. Misture e sove bem por 10 minutos. Cubra a
vasilha com um pano felpudo e deixe-a num lugar da cozinha onde não haja correntes de ar. Espere a massa
crescer até dobrar de volume. Amasse-a novamente e coloque-a em três ou quatro formas para pão. Deixe-a
crescer de novo até dobrar de volume. Asse-a por cerca de uma hora em forno médio preaquecido. Tire das
formas antes de esfriar e cubra-a com um pano úmido. Nota: no lugar da farinha integral, pode-se usar a
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mesma quantidade de aveia integral, fubá, centeio, glúten, trigo moído para quibe (demolhado de véspera) ou
purê de batata ou de batata-doce.
Ricota
Coloque um ou dois litros de leite numa vasilha grande. Acrescente o suco de meio limão, tampe com
um pano e guarde em lugar quente até coalhar. Quando a coalhada estiver firme, esquente-a em banho-maria,
usando fogo fraco até que saia um soro esverdeado. Passe-a, então, num pano limpo, escorrendo-a bem. Está
pronta a ricota, que deve ser guardada em geladeira.
Para fazer cremosos molhos e patês, ótimos para passar no pão do café da manhã, passe a ricota no
liquidificador com um pouco de leite e iogurte. Azeitonas picadas e temperos, como tomate, orégano e raiz
forte permitem fazer excelentes molhos para canapés. Além dos temperos vegetais (como salsa, cebolinha,
coentro, cebola, etc.), a ricota também pode levar rodelas finas de tomate, orégano, pimentão e rabanete crus
e picadinhos para recheio de sanduíches ou acompanhamento de batatas cozidas. Também pode ser usada
como sobremesa, acrescentando frutas, mel e gotas de baunilha.
Iogurte
Ferva 1 litro de leite B e deixe-o esfriar até chegar aos 40 SC. Coloque-o numa jarra de plástico,
usada só para esse fim, previamente escaldada com água fervente. Junte uma colher bem cheia de iogurte
natural comprado. Misture bem, tampe e cubra com um pano felpudo, conservando em local aquecido (como
as proximidades do fogão). Em quatro ou cinco horas, estará pronto o iogurte. Conserve-o na geladeira e use-
o para fazer o próximo iogurte. Se quiser um iogurte mais firme, acrescente 2 ou 3 colheres (sopa) cheias de
leite em pó ao leite fervido, antes de misturá-lo ao iogurte.
Bife de castanha-do-pará
Ingredientes:
6 xícaras (chá) de purê de batatas
2 xícaras (chá) de castanha-do-pará picadas
1 ovo batido
farinha de castanha-do-pará e sal
Modo de preparar: misture as castanhas picadas com o purê, temperando-os com uma pitada
de sal. Faça bifes e passe-os em ovo batido e depois na farinha de castanha. Asse em forno moderado por uns
20 minutos.
Salada colorida
Ingredientes:
4 cenouras médias 3 beterrabas médias 6 rabanetes 2 cebolas médias 1 pimentão 3 tomates
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200 gr de folhas novas de espinafre 4 rábanos 1 abacate pequeno azeite de oliva.
Modo de preparar: fatie as cebolas, pingue um pouco de azeite e coloque-as na geladeira, em
recipiente fechado, por 2 horas. Rale as beterrabas, as cenouras, os rabanetes e o rábano. Pique o espinafre.
Corte, em rodelas, o pimentão e o tomate e, em tiras compridas, o abacate. Numa travessa grande, coloque as
verduras em montinhos separados, acrescentando cebolas a cada um deles. Enfeite com o pimentão e o
abacate. Sirva com molho em tigela separada (porção para seis pessoas).
Panquecas integrais
Ingredientes:
1 xícara (chá) de farinha de trigo integral fina e peneirada 1 xícara (chá) de farinha de trigo
branca peneirada
1 ovo
2 xícaras (chá) de leite
2 xícaras (chá) de água
uma pitada de sal
se quiser, 1 colher de sopa cheia de açúcar mascavo
Recheio: bananas cozidas e doces caseiros.
Modo de preparar: misture os ingredientes (menos o recheio) e deixe-os descansar por uma
hora. Aqueça uma frigideira tefal untada com algumas gotas de óleo e acrescente meia xícara (chá) de massa,
dourando-a dos dois lados. A seguir, recubra as panquecas com uma camada de doce de banana, morango ou
laranja caseiros. Coloque as que estiverem prontas no forno, para mante-las quentes enquanto faz as outras.
Pode-se também enrolar em cada panqueca uma banana cozida em frigideira tefal com algumas gotas de óleo
e, depois, polvilhada com coco ou castanha-do-pará ralados. Regue com mel.
Molho de iogurte
Misturar 1 xícara de iogurte, 1 colher (sopa) de cebola picada, 1 colher (sopa) de salsinha e
cebolinha picadas, 1 colher (chá) de azeite, 1 colher (sopa) de suco de limão, uma pitada de sal. Bata no
liquidificador com tomate, pimentão e batata ou cenoura cozidas para engrossar.
Molho de abacate
Bater no liquidificador meio abacate pequeno com 1 xícara de soro de leite, 2 colheres (sopa) de
suco de limão, a casca ralada de um limão maduro, meia cebola e 2 colheres (sopa) de salsa e cebolinha
picadas.
Biscoitos de aveia
Ingredientes:
2 copos grandes de aveia
3 ovos
1 colher (café) de sal
2 colheres (sopa) de farinha de trigo integral
1 copo pequeno de melado
1/2 copo de óleo
1 colher (sopa) de canela em pó
1/2 xícara (chá) de uva-passa
1 copo pequeno de coco ralado
castanhas-do-pará, nozes ou avelãs picadas para enfeitar
Modo de preparar: misture os ingredientes e coloque a massa, às colheradas, num tabuleiro
untado e esfarinhado. Enfeite cada um dos biscoitos com as amêndoas picadas. Asse em forno bem quente,
previamente aquecido, por cerca de 15 minutos.
Os problemas nas veias são um alerta do organismo e em geral indicam que a pessoa está se
alimentando mal" -revela o professor Sylvio Panizza. "Quem abusa da carne e da gordura e quase não come
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frutas e fibras está muito mais sujeito a varizes e hemorróidas do que as pessoas que se alimentam de forma
mais equilibrada" - exemplifica.
O sistema vascular forma uma rede que percorre todo o corpo, levando sangue oxigenado aos pulmões
(artérias) e trazendo sangue carregado de gás carbônico (veias). A cada batimento, o coração lança na aorta e
na artéria pulmonar cerca de 65 gramas de sangue, constituindo a chamada pressão arterial. Já a circulação
de retorno, feita nas veias, é impulsionada por pequeníssimos músculos e por válvulas existentes em suas
paredes internas.
Quando o sangue tem excesso de gordura e de outras impurezas, essas paredes vão perdendo a elastici-
dade e as válvulas acabam "entupindo". As veias então ficam dilatadas, com suas funções prejudicadas. São
as varizes. Como o sangue passa das artérias para as veias através de uma intrincada rede de finíssimos tubos
capilares, as veias próximas daquela que está ficando entupida acabam assumindo suas funções. Mas podem
também ir entupindo até formar um conjunto de vasos dilatados e disformes, que pode se inflamar e
infeccionar, provocando dor e incómodo.
As varizes podem ocorrer em várias partes do corpo, como o reto e o ânus (hemorróidas), os testículos
(varicoceles, caracterizadas pela dilatação das veias do escroto), o esôfago (que podem fazer a pessoa
vomitar sangue) e a vulva (principalmente durante a gravidez). Mas elas são mais frequentes nas pernas,
onde as veias ficam salientes ou aparecem na pele sob a forma de manchas azuladas. A pessoa sente peso no
local, que pode ficar inchado e dolorido.
Em alguns casos, há sangramento, provocando perigosas hemorragias. Como esse problema indica má
circulação, quando a área afetada sofre um corte ou ferimento, a cicatrização em geral é difícil. O local
(principalmente as pernas) corre o risco de se transformar numa ferida contami nada por bactérias, que dói
muito e vai necrosando os tecidos (trombo-flebite), podendo evoluir para gangrena e matar a pessoa. Por isso
é sempre fundamental consultar um médico quando as varizes formam feridas.
Outro problema que pode ocorrer nas veias é a perigosa trombose, causadora de amputações de
membros. O local mais atingido são as pernas, pela obstrução da veia femural ou das que ficam entre o
joelho e o pé devido a coágulos que se soltam de suas próprias paredes. Os sintomas são dor intensa ao longo
da veia ocluída e arroxeamento da pele. A pessoa precisa ser levada imediatamente a um pronto-socorro,
pois pode ser necessário operar a região num prazo de seis horas ou dar soro na veia com remédios
vasodilatadores. Os problemas mais comuns rias veias, como explica o professor Sylvio, são as varizes e
hemorróidas, que podem ser tratadas e curadas com receitas caseiras e plantas medicinais.
No caso das varizes, ele recomenda usar meias elásticas, não ficar muito tempo de pé ou sentado com
as pernas dependuradas e deitar com as pernas mais altas que o corpo (elevando os pés da cama com tijolos).
O professor lembra que algumas receitas caseiras são úteis até no tratamento de úlceras varicosas, para as
quais indica compressas mornas de chá de folhas de guaçatonga com sal ou banhos mornos de imersão em
salmora (de 15 minutos cada, três vezes ao dia).
Para tratar de hemorróidas, Sylvio sugere tomar chás de algumas plantas (ver tabela) e fazer banhos
mornos de assento (que acalmam as dores e podem incluir chá concentrado de plantas e um punhado de sal
na água). Outra indicação para as hemorróidas são os supositórios, que podem ser comprados nas farmácias
ou feitos em casa (ver tabela). Se as hemorróidas sangram frequentemente, é importante consultar um mé-
dico, pois isso pode gerar um quadro de anemia.
Mas, tanto no caso de varizes como de hemorróidas, o professor adverte para a necessidade de uma
dieta alimentar (não comer carne todos os dias e evitar gorduras e pimenta-do-reino, consumindo, em
contrapartida, maior quantidade de folhas, cruas e cozidas, legumes, frutas, cereais e fibras, como farelo de
trigo e bagaço de laranja).
Varizes
Chás: tomar, duas vezes por dia, chás de plantas que contêm tanino e flavonóides (1 xícara de chá de
ingredientes picados em 1 litro de água, ferver por 2 minutos e deixar amornar tampado), como
hamamélis (Hammamelis virginiana) - folhas e cascas. Pode-se também utilizar l colher de sopa de tintura ou
extrato fluido em meio copo de água para substituir o chá. Os chás podem ser feitos, também, com galhos,
folhas e sementes de erva-de-bicho (Polygonum hydropiper); barbatimão (Sphnodendron barbadetiman) - l
xícara de café das cascas para cada litro de água; castanheiro-da-índia -mesmas dosagens do barbatimão;
folhas ou tintura de guaçatonga (Casearya silvestris); folhas de malva (Malva silvestris); raízes de
confrei (Symphitum ofíicinalis); folhas e flores de sabugueiro (Sambucus nigra) ou cipreste (Tuia vulgaris)-
"agulhas" e sementes frescas amassadas na mesma dosagem do barbatimão.
Compressas: fazer, duas vezes ao dia, compressas locais com chá de alguma das plantas acima
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(principalmente hamamélis, erva-de-bicho e castanheiro-da-índia) ou com chá de folhas novas de mamona
(Ricinum communis) ou babosa (Aloe vera).
Hemorróidas
Chás: tomar algum dos chás indicados para varizes.
Banhos de assento: fazer banhos de assento mornos de 10 minutos duas vezes ao dia (ou mais, nos
casos de dor) com l litro de chá concentrado para cada 2 litros de água (o dobro dos ingredientes indica dos
para varizes). Usando para isso folhas e cascas de hamamélis, galhos de erva-de-bicho, folhas novas e frescas
de mamona, cascas de barbatimão, cascas e sementes de castanheiro-da-índia, babosa, folhas de videira ou
parreira (Vitis vinifera) , folhas de malva, sabugueiro, folhas e flores de mil-folhas ( Achilea millefolium) ou
folhas e flores de dente-de-leão (íaraxacus officinalis), trombeteira (Datura suaveolens; esmagar l xícara de
chá de folhas picadas da em 1 litro de água e ferver 2 minutos; somente para uso externo). Em caso de
sangramento, usar folhas de guaçatonga ou raízes de confrei.
Supositórios: derreter, em banho-maria, 1 xícara de café de manteiga de cacau e misturar com 1 colher
de chá de extrato ou suco de erva-de-bicho, hamamélis, castanheiro-da-índia, guaçatonga ou confrei. Utilizar
como molde uma seringa descartável pequena, cortando sua ponta. Enchê-la com a mistura morna e levar à
geladeira. Retirar pressionando com o êmbolo da seringa e cortando um pedaço de 2 centímetros com uma
faca bem limpa. Lavar-se depois de cada evacuação e em seguida aplicar o supositório.
Procedimentos: fazer dieta de restrição de proteínas e gorduras animais, mas rica em frutas e fibras;
tomar laxantes suaves, se necessário; evitar permanecer muito tempo sentado.
VIAS URINÁRIAS
Muitas infecções dos órgãos do aparelho urinário-reprodutor originam-se em sua parte externa. Às
vezes essas doenças surgem espontaneamente, outras resultam da falta de higiene. Mas também podem
decorrer de contato sexual (aids, sífilis, gonorréia, herpes genital, hepatite B, verrugas genitais provocadas
por papilomavírus, certos tipos de câncer, infecções por fungos e muitas outras), pois os líquidos dos órgãos
genitais são muito contagiosos.
No caso das doenças venéreas, a indústria farmacêutica tradicional tem os melhores remédios e
tratamentos. Embora haja plantas listadas por nossos avós para tratar doenças como a sífilis e a gonorréia,
elas não têm a eficiência da penicilina e de suas alternativas atuais.
Quando a pessoa suspeita de alguma doença venérea - e tem dor; feridas, inchaço, pus ou
corrimentos estranhos nos órgãos sexuais -, deve procurar rapidamente tratamento médico. Para esses casos,
as plantas medicinais podem não funcionar, e só devem ser usadas como coadjuvantes de tratamentos
clássicos com antibióticos. Chás de casca de ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa) ou de folhas de salsaparrilha
(trepadeiras do gênero Smilax) para depurar o sangue enquanto a pessoa toma antibióticos, por exemplo.
Todos no hospital suspeitavam que aquele jovem de 22 anos estava com Aids. Apesar de os exames de
HIV darem negativos, ele tinha pneumonia, sapinho, diarreia, herpes - tudo ao mesmo tempo. Numa
conversa com esse paciente, entretanto, o médico conseguiu fechar o diagnóstico em tempo. Não era Aids.
Era excesso de vitamina D, que o teria matado, se não fosse descoberto.
O garoto estava tomando um complexo vitamínico comprado numa loja de produtos veterinários. O pó
indicado para cavalos era mais barato que os remédios de farmácia e a bula trazia enorme lista de vitaminas,
em grandes concentrações. Quando passou a se sentir doente, aumentou a quantidade do remédio.
Com exceção das vitaminas B e C, que são solúveis em água e elimi nadas pelos rins, todas as outras
se acumulam no organismo, ficando armazenadas no fígado e em certos tecidos, para posterior aproveita-
mento. Por isso os especialistas em nutrição alertam para o fato de uma boa alimentação variada e com
diversos vegetais já conter as doses de vitaminas necessárias, podendo ser danoso o excesso de algumas
delas, principalmente fornecido em quantidades industriais por remédios de farmácia.
As vitaminas são substâncias orgânicas que agem, em diminuta quantidade, como catalisadores,
possibilitando as reações químicas dos organismos vivos. Algumas delas, entretanto, são contra-indicadas em
altas doses, pois se acumulam no organismo. É o caso das solúveis em gordura (lipossolúveis), que são a A, a
D, a E e a K. Por isso, é necessário consultar um médico, para fazer uso das vitaminas de farmácia, nunca se
esquecendo de ler atentamente as bulas.
Vitaminas A, D, E e K, as lipossolúveis
Veja a seguir as principais características químicas dessas vitaminas lipossolúveis, que não podem ser
ingeridas em excesso porque se acumulam no fígado. A lista de vitaminas traz também os alimentos que as
contêm, além dos principais sintomas provocados pelo excesso de cada uma delas.
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Vitamina A
Conhecida pelo nome químico axeroftol, é fornecida pêlos vegetais sob a forma de uma substância
chamada betacaroteno, que se transforma em vitamina A no processo de digestão do homem e dos animais.
Está presente em alimentos de origem animal (fígado bovino, leite e derivados, gema de ovo), folhas verde-
escuras (espinafre, salsa, agrião, beterraba etc.) e vegetais de coloração alaranjada (cenoura, tomate amarelo,
manga, abóbora, caju).
O excesso de vitamina A sintética pode provocar lesões no fígado, perda de cabelos, visão borrada e
dores de cabeça.
Vitamina D
Conhecida pelo nome químico calciferol, existe em alguns alimentos, mas é principalmente produzida
pelo nosso próprio organismo, através da pele exposta aos raios solares. As pessoas mais velhas
(principalmente mulheres depois da menopausa) sofrem mais carência de vitamina D, porque sua pele vai
perdendo a capacidade de produzi-la. Por isso, devem tomar sol pela manhã, antes das 10 horas, e à tarde,
depois das 16 horas, incluindo também em seu cardápio diário alimentos que contenham cálcio e vitamina D,
de preferência com acompanhamento médico.
A vitamina D pode ser encontrada nos seguintes alimentos: gema de ovo, leite integral e seus
derivados, óleo de fígado de certos peixes (como bacalhau), carnes de peixe em geral. Mas é preciso não
esquecer de que a maior parte da vitamina D de que precisamos é sintetizada por nossa própria pele, quando
exposta diariamente a algumas hora de sol ameno.
O excesso de vitamina D na forma sintética pode provocar aumento dos níveis de cálcio, causando
distúrbios musculares e cardíacos, e disfunções imunológicas.
Vitamina E
Também chamada tocoferol, a vitamina E só está presente nos vegetais. É um tipo de óleo que aparece
em maior concentração nas amêndoas oleaginosas não torradas (amendoim cru, avelã, castanha, castanha-do-
pará, noz, noz pecã, noz macadâmia e outras), germe de trigo, óleos vegetais (mi lho, soja ou girassol),
margarinas e verduras de folhas verde-escuras.
Vitamina K
É destruída por remédios anticoagulantes. Por isso, quem se trata com eles deve ingerir diariamente
alimentos que contenham vitamina K. Está presente em maior concentração nos seguintes alimentos: agrião,
alface (e outras verduras de folhas grandes), aspargo, brócolis, couve, ervilha, espinafre, feijão, leite integral
e derivados, nabo, repolho.
O excesso de vitamina K sintética provoca uma forma de anemia.
Aparelho circulatório – a vitamina E ajuda a prevenir as doenças do coração, pois combate o acúmulo
de colesterol (gordura no sangue) e os radicais livres (partículas oxidantes, causadoras do enrijecimento das
artérias). Estimula a recuperação dos enfartados. Ajuda a dissolver coágulos e previne a arteriosclerose.
Câncer – a vitamina A inibe a formação de alguns tipos de tumores. Já a E previne o câncer de mama e
os cistos nessa região. Em combinação com a vitamina C, a E evita a formação de certos tumores
(principalmente nas vias digestivas).
Ossos – a vitamina D é responsável pela fixação e pelo aproveitamento do cálcio contido nos
alimentos para renovação dos ossos do organismo. Só para dar uma idéia de sua importância, é só saber que
todo o cálcio velho dos ossos do nosso corpo é substituído três vezes por ano, pelo cálcio fornecido pelos
alimentos. Em combinação com a vitamina D, a vitamina K também ajuda na absorção de cálcio e na
renovação da estrutura óssea. Tomar sol nas horas mais amenas do dia, sempre usando filtro solar de fator
mínimo 15, ajuda na fixação do cálcio.
Osteomalácia – a falta de vitamina D faz com que os ossos sejam produzidos com pouco cálcio,
tornando-os fracos e quebradiços.
Osteoporose – devido à carência de vitamina D, os ossos se tornam mais finos e menores. Isso é
comum nas pessoas mais velhas e explica sua redução de tamanho quanto mais envelhecem.
Pele – a vitamina A tonifica as camadas internas da pele, combate a caspa, a pele seca e a psoríase,
e age contra a acne. Em uso interno e externo, a vitamina E acelera o processo de cicatrização de
queimaduras. Previne o ressecamento da pele, tornando-a mais lubrificada e elástica. Ajuda no tratamento de
alguns tipos de herpes.
Poluição – a vitamina E protege contra intoxicações e radicais livres produzidos pela poluição
ambiental.
Raquitismo – a vitamina D, principalmente sintetizada a partir dos raios solares, cura o raquitismo,
doença que enfraquece os ossos das crianças.
Visão – a vitamina A combate a cegueira noturna, fortalece a retina e alivia o glaucoma e a secura
dos olhos (xeroftalmia). A vitamina E é capaz de prevenir ou interromper o desenvolvimento de cataratas.
Vitaminas do complexo B
Dois importantes grupos de vitaminas são solúveis em água (hidrossolúveis), o que permite a rá-
pida eliminação do excesso pelo próprio organismo. São elas o complexo B (ver tabela) e a vitamina C.
Mesmo assim, existem casos de pessoas alérgicas a algumas vitaminas do complexo B (principalmente a B1
e a B12 sintéticas, que, nessas pessoas, podem desencadear reações de queimadura na pele).
É sempre preferível usar as vitaminas que existem nos alimentos, pois sua composição química é
mais eficiente que a dos produtos sintetizados em laboratório. Além disso, a parcimônia com que são
fornecidas pela natureza (os seres vivos as produzem e utilizam em doses muito pequenas) impede o risco de
superdosagem, muito comum nos remédios de farmácia, em que os ingredientes são artificialmente con-
centrados.
Vitamina B1 (tiamina) - existe, em maior quantidade, nos cereais integrais (como arroz e trigo não-
beneficiados, e pão integral), nas amêndoas oleaginosas (nozes, avelãs, castanhas-do-pará) e nas folhas
verde-escuras. Também está presente nas carnes, principalmente no fígado, e em algumas frutas.
Vitamina B2 (riboflavina) - a maior concentração está nas vísceras (principalmente fígado), na gema
de ovo, no leite integral e em seus derivados, nos vegetais amarelos, na levedura de cerveja e nos grãos de
leguminosas.
Vitamina B6 (piridoxina) - existe nas leguminosas, nas carnes, nos ovos, no fígado, em cereais
integrais e em algumas frutas, como a goiaba.
Vitamina B12 (cobalamina) - não é sintetizada pelo homem, nem pêlos animais nem pelas plantas
superiores, sendo produzida apenas por alguns microorganismos que vivem em simbiose com plantas e
animais. É incorporada ao organismo pelo processo digestivo e armazenada no fígado, que, malpassado, é a
maior fonte exterior dessa vitamina. Também existem concentrações de B12 nos ovos, no leite e na carne de
peixe.
As pessoas que não usam produtos de origem animal devem aumentar a produção de B12 em seu
organismo ingerindo iogurte, produtos com lactobacilos e bebendo um copo de água pela manhã, antes de
escovar os dentes (bochechar a água e engoli-la, para ingerir os micróbios que se multiplicaram na boca,
durante a noite). Os vegetarianos ortodoxos devem também consumir cápsulas de spirulina - um tipo de alga
que é uma das poucas fontes de B12 no reino vegetal. Em caso de carência comprovada de B12, é preciso
tratamento com orientação médica.
Ácido pantotênico - presente principalmente nos rins, no coração, no fígado, em cereais integrais, no
amendoim, nos ovos e na levedura de cerveja.
Ácido fólico - é encontrado nos vegetais de folhas escuras, nas nozes, na levedura de cerveja, nos rins,
em cereais integrais, no fígado e nas leguminosas.
Biotina - é produzida por bactérias da flora intestinal e está presente em carnes de aves, peixes (prin-
cipalmente sardinha), no fígado (principalmente de boi e de aves) e na levedura de cerveja.
Colina - presente na gema de ovo, na soja, nos miolos, no fígado e nos rins.
Beribéri - a vitamina B1 cura essa doença, caracterizada por palidez, náuseas, inchaço nas pernas,
inflamação aos nervos e atrofia muscular.
Cabelos - os ácidos pantotênico e fólico fortalecem, dão brilho e recuperam a cor dos cabelos.
Coração - a vitamina B6 inibe a formação dos coágulos que entopem as veias ao coração e provocam
o enfarto.
Digestão - a vitamina B6 facilita o metabolismo das proteínas e os ácidos fólico e pantotênico aliviam
problemas gastrintestinais, combatendo diarreias.
Esclerose - o inositol e as vitaminas B1 e B12 estão sendo usados com sucesso em certos casos de
esclerose.
Estresse - a vitamina B12 e os ácidos fólico e pantotênico combatem o estresse pela ativação das
glândulas supra-renais.
Mucosa orofaríngea - a vitamina B2 combate a saborra (dilatação das papilas da língua, que fica
grossa e esbranquiçada) e a mononucleose crônica (causada por vírus, como o de Epstein Barr, e também
chamada síndrome de fadiga crônica - SFC).
Pelagra - a vitamina B3 combate a pelagra, que torna a pele ressecada, com manchas marrons, e causa
falta de apetite, fraqueza e depressão.
Pele - a vitamina B2 elimina manchas, rachaduras, descamações e combate o herpes labial; a vitamina
B12 também combate o herpes e age contra a caspa e a psoríase; e o ácido pantotênico evita a descamação e
a despigmentação da pele.
Vitamina C
Também chamada ácido ascórbico, é a vitamina C que dá aquele gostinho azedo às frutas que a
contêm. Ela retarda o envelhecimento, fortalece os capilares do sangue, aumenta a absorção de ferro pelo
intestino e ajuda o organismo a sintetizar ácido fólico, que acelera a produção de células brancas e vermelhas
do sangue.
Nossas necessidades diárias de vitamina C não passam de 60 miligramas, quantidade existente numa
salada de couve crua, em duas laranjas ou numa única acerola - fruta saborosa do tamanho de uma pitanga.
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As frutas e saladas que contêm vitamina C devem ser comidas cruas e frescas, pois perdem grande parte do
ácido ascórbico quando cozidas, congeladas ou trituradas em liquidificador.
Frutas
A seguir, principais frutas ricas em vitamina C, com sua quantidade em miligramas em cada 100
gramas de fruta: acerola (3.500 mg); araçá (cerca de 300 mg); kiwi (265 mg); caju (os de casca ama rela
possuem 200 mg, enquanto os de casca vermelha, apenas 35 mg); goiaba (as brancas têm 80 mg con tra 30
mg das vermelhas); morango (70 mg); abacaxi (25 mg). As frutas cítricas (apesar de serem sinôni mo de
vitamina C) possuem essa substância em menor quantidade que as frutas anteriores: os limões e as laranjas
do tipo seleta têm 45 mg em cada 100 gramas e as tangerinas, 40 mg; manga (40 mg); mamão (23 mg);
carambola (32 mg), fruta-do-conde (28 mg), melão (29 mg); maçã (6 mg).
Verduras
Veja a seguir as principais verduras que fornecem vitamina C e a quantidade dessa vitamina
presente em cada 100 gramas de cada verdura: rúcula, 151 mg; rabanete, 66 mg; mostarda, 55 mg; folhas de
nabo, 66 mg; salsa, 180 mg; beterraba, 50mg; salsão, 90 mg; couve, 108 mg; couve-flor, 72 mg; espinafre,
15 mg; agrião, 44mg; repolho, 40 mg; catalônia, 40 mg; alface, 15 mg; acelga, 42 mg; escarola, 6 mg). Outra
hortaliça importante é o fruto do pimentão (140 mg).
Arteriosclerose – baixa o colesterol do sangue e dilui coágulos que se formam na circulação entre o
fígado e os intestinos.
Escorbuto – a falta crônica de vitamina C provoca o escorbuto (doença caracteriada por sangramento
das gengivas, quea dos dentes, hemorragias cutâneas, fraquea, debilidade óssea e diarréia).
Fadiga – a vitamina C tem efeito estimulante e protetor, aumentando a resistência dos músculos à
fadiga. Melhora o desempenho dos esportistas e outras pessoas que fazem esforços físicos prolongados.
Pele – o uso interno e externo protege a pele contra rachaduras e ação de substâncias irritantes, como
produtos de limpeza. Cremes para renovação celular com base em vitamina C tornam a pele muito sensível
aos raios solares e por isso só devem ser usados à noite, sob supervisão de um médico dermatologista.
Vício em drogas – diminui os efeitos da síndrome de abstinência nas pessoas que param de usar
drogas como álcool, cigarros, maconha ou cocaína.
Sem querer, seu melhor amigo pode fazer você correr sérios riscos de vida. Ou cau sar-lhe graves
transtornos durante muito tempo e até fazer você ir parar num hospital. Mas às vezes pode ocorrer o
contrário. E nesse caso você causará sérios danos ao seu amigo, danos às vezes fatais. Tudo isso pode
acontecer se seu amigo for um animal. Desses de quatro patas, como os cachorros, os gatos e as tartarugas,
ou até de duas, como os canários e papagaios. Existem muitas doenças de animais (zoonoses) que podem ser
transmitidas ao homem. E muitas doenças humanas que podem passar para os animais. E, como não
reclamam, sua doença pode passar despercebida durante muito tempo, expondo os que convivem com eles à
contaminação.
Um agravante desse problema é o fato de os médicos e os veteriná rios em geral quase não trocarem
experiências. "A veterinária sempre caminhou paralela e separada da medicina, devido ao fato de mui tas
doenças dos animais serem diferentes das que ocorrem no homem", explica a doutora Sidnéia Sinhorini,
médica do Hospital Veterinário da USP (Hovet). "Mas a medicina acabou se interessando por estudar alguns
animais que são vetores de doenças, como os mosquitos, que transmitem dengue, febre amarela, malária, e os
caramujos aquáticos, que hospedam o agente causador da esquistossomose. A medicina também procurou
estudar algumas doenças que os animais transmitem ao homem, como a raiva (que afeta cães, gatos,
morcegos e animais silvestres) e é
uma doença mortal e incurável, tanto para a maioria deles como para o homem", explica a médica
veterinária.
"Isso não quer dizer que todas as doenças dos animais sejam transmissíveis ao homem, pois muitas
são causadas por micróbios que se especializaram num tipo de animal, como acontece com a cinomose, que é
uma espécie de Aids canina e debilita as células de defesa do cachorro, expondo-o a doenças oportunistas,
além de afetar seu sistema nervoso, podendo em muitos casos levá-lo à morte", completa a doutora Sidnéia.
Ela explica que a cinomose canina é também diferente da que atinge os gatos, pois em cada um desses
animais é causada por micróbios específicos. Mas adverte para o fato de existi rem outras zoonoses causadas
por bactérias, fungos e parasitas que também podem atingir o homem.
Dentre as doenças que os animais transmitem ao homem, destacam-se a raiva (muito perigosa, pois
precisa ser prevenida com vacina ou tratada com soro antes da completa manifestação dos sintomas), a
toxoplasmose (que afeta os gatos e causa febre e perda da visão no homem), a leptospirose (que é transmitida
pela urina dos ratos e mais raramente de cães e gatos, podendo provocar formas fatais de meningite), a sarna
(cujo contágio para o homem pode se dar através de cães, gatos e outros animais), a leishmaniose visceral
(que vem do cão e de outros canídeos silvestres, como o lobo e a raposa, e atinge o aparelho digestivo
humano, com altos índices de mortalidade) e a ornitose (que ocorre em todos os pássaros e em alguns
mamíferos e causa graves e perigosas pneumonias no homem).
Higiene
"Como o sistema imunológico e a própria história do homem são diferentes dos animais, acho im-
portante tomar medidas de higiene em relação aos animais domésticos", avisa a doutora Diane Iunes, outra
médica veterinária do Hovet. "É a mesma coisa que acontece no contato entre homens brancos e ín dios, que
pode resultar em doenças para as quais o sistema imunológico e os tratamentos médicos de uma das partes
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não estão preparados."
"Recomendo que os animais domésticos sejam submetidos a consultas periódicas em veteriná rios e
que sejam vacinados, quando for o caso. Para cães e gatos, por exemplo, são necessárias as vacinas contra a
raiva e a tríplice, que combate cinomose, toxoplasmose e leptospirose. Essas vacinas devem ser renovadas
iodos os anos. E uma maneira de prevenir a raiva, que é mortal e não tem cura ou tratamen to e se transmite
pela saliva de animais contaminados em contato com a corrente sanguínea humana (mordeduras, lambidas
em locais esfolados da pele etc.)", alerta Diane Lues.
Ela explica também que devem ser tomadas medidas de higiene em relação aos animais, como manter
limpos seus locais de moradia e suas "caminhas" e evitar contato muito íntimo com eles (deixar o cachorro
lamber nosso rosto ou segurar sementinhas nos lábios para o papagaio pegar, por exemplo). As vasilhas para
alimentos e água dos animais devem ser sempre limpas e ficar fora do alcance das crianças pequenas. Não se
deve permitir que os animais disputem pipocas e guloseimas com os humanos, enfiando a língua nas vasilhas
do lado das pessoas distraídas na sala da televisão, por exemplo. Também é necessário impedir que os
animais lambam pratos e utensílios de cozinha usados pelas pessoas. Outra medida preventiva de doenças é
evitar andar descalço em lugares onde os animais são criados soltos, pois sua urina e suas fezes podem
transmitir verminoses e outras doenças.
Segundo Diane, o comércio de animais silvestres, como macacos, esquilos e quatis, que os põe em
risco de extinção, também deveria ser evitado. Eles podem portar doenças pouco conhecidas e eventualmente
transmissíveis ao homem.
Aproximação polêmica
Até bem pouco tempo, o professor de Medicina Veterinária Carlos Eduardo Larsson era motivo de gozação
por parte de seus colegas de medicina humana, por propor que houvesse uma maior aproximação entre os
médicos humanos e os veterinários, para fazer um estudo comparativo das doenças e estabelecer um
intercâmbio de tratamentos. Baseado no que vinha acontecendo em outros países, ele propôs que as
dermatoses dos animais (zoodermatoses) tivessem o mesmo procedimento clínico das dermatoses humanas.
A gozação começou a diminuir em 1985, quando foi criado o serviço de Dermatologia Comparativa da
Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, do qual Larsson é hoje
diretor. "No começo, o pessoal achava graça no que eu dizia. Agora os auditórios ficam lotados", constata o
professor, que comprova o acerto de sua posição com algumas estatísticas. Uma pesquisa feita pela FMVZ
mostrou que uma amostra de 205 cães portadores de sarna (escabiose) contaminou 12,5% do total de
proprietários ou pessoas que conviviam com esses animais, índice que subiu para 34% numa amostra de 32
gatos portadores da mesma doença (escabiose felina).
Depois de ter sido alvo de piadas e de desinteresse por parte de pessoas que acham a veterinária uma ciência
separada da medicina humana, o professor Larsson já conseguiu ser aceito como membro da Sociedade
Brasileira de Dermatologia (humana), e participou de dois congressos nacionais dessa entidade.
A dermatologia comparativa tornou-se uma especialidade. Mas, no Brasil, apenas a USP da capital paulista e
a Universidade Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no campus de Botucatu, criaram disciplina específica. Este
ano, pela primeira vez, a FMVZ ministrou um curso de pós-graduação em Clínica Vete rinária que faz
estudos comparativos entre homens e animais.
A equipe do professor Larsson alua em intercâmbio com os setores de dermatologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP e da Escola Paulista de Medicina. Isso permite, seguindo o professor,
"uma relação de mutualismo, com ganhos tanto para a veterinária como para a medicina humana". Tanto os
seres humanos como os animais saíram beneficiados dessa associação. Muitos remédios hoje usados em
tratamentos de doenças de animais, como a cinomose canina, por exemplo, são os mesmos utilizados pelo
homem e encontrados nas farmácias, como alguns imunoestimulantes e vitaminas do complexo B
(principalmente a B12).
E muitas doenças que ocorrem nos seres humanos passaram a ser identificadas também nos animais, como a
microbacteriose, causada por bactérias, e a pitiriosporose, provocada por fungos. Embora nesse caso não haja
contágio entre homens e animais — porque os agentes causadores dessa doença se especializaram em
organismos específicos —, o parentesco dos micróbios permitiu o desenvolvimento de tratamentos para os
animais baseados na medicina humana. Antes essas zoonoses eram diagnosticadas como alergia e os animais
sofriam com tratamentos que não os curavam, tomando remédios à toa.
Outro exemplo da importância da inter-relação entre a medicina humana e a veterinária é dado pela doutora
Sidnéia, que se lembra de um cachorro que pegou tuberculose de seus donos e acabou morrendo. "Os
registros e exames laboratoriais desse caso estão guardados aqui na USP e comprovam um caso de
contaminação de animal pelo homem."
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Doenças de pele
Muitas doenças de pele de animais são transmissíveis ao homem, como a sarna e as micoses cutâneas e
subcutâneas. E a falta de contato com a veterinária faz com que muitas vezes o médico identifique a doença
de seus pacientes como alergia, quando na verdade ele é portador de uma zoodermatose. É claro que nesse
caso o tratamento não dará certo e a doença se tornará crônica.
O professor Larsson chama a atenção para as dermatofitoses, que são doenças causadas por fungos. O
Microsporum canis (que provoca queda de pêlos nos cães) e o sporotrix scheuckii (causador da esporotricose
ou "doença dos floristas e lavradores") são dois exemplos de agentes causadores de enfermidades no homem
transmitidos por animais. Segundo dados do Serviço de Dermatologia Comparada da FMVZ, esses fungos
provocaram quatro surtos de doenças de pele em São Paulo, num período recente de três anos.
Larsson explica que as dermalofitoses são doenças que as pessoas nem notam em seus bichinhos de
estimação até que elas mesmas sejam contaminadas pêlos fungos. O professor conta que em alguns casos
essas doenças podem deixar a pessoa incapacitada por até dois meses, com ínguas no pescoço, axilas e
virilhas (resultantes do inchaço dos gânglios linfáticos), febre, mal-estar, dor de cabeça e úlceras na pele que
demoram a cicatrizar. Nesse caso, o diagnóstico pode demorar até que o médico perceba que se trata de uma
dermatofitose e pode pôr em risco a vida do paciente, se ele estiver debilitado por outra doença, por exemplo.
Novo tipo de vírus
O número 351 da revista inglesa Nature, deste ano, formula a hipótese de que um grande número de viroses
humanas relativamente raras, mas muito perigosas, seria semelhante ao de algumas doenças de animais e
poderia até ter se originado delas, como aconteceu com a Aids, segundo acham alguns cientistas, que a
atribuem à adaptação ao organismo humano de um vírus que parasita os macacos-verdes africanos. Seria o
caso das chamadas "viroses lentas", como a esclerose múltipla de placas (uma doença que progressivamente
vai deixando a pessoa paralisada e sem controle da urina e das fezes) e outras encefalites e infecções
degenerativas do sistema nervoso central relacionadas ao descontrole do sistema imunológico, que começaria
a atacar o próprio organismo, lesando células nervosas. Esse rol de enfermidades incluiria também a
síndrome de Parkinson-demência, outras formas de esclerose e até a doença de Alzheimer.
Segundo cientistas como Gajdusek, citado na revista, essa família de doenças se caracterizaria por períodos
lentos de incubação (3 a 6 anos) e seria produzida por vírus ainda desconhecidos. Em 1966, ele fez
experiências com uma doença mortal que afeta os nativos de Nova Guiné, a kuru, e conseguiu contagiar um
chimpanzé com células extraídas do cérebro de homens mortos pela doença. O cientista a aparentou com
patologias consideradas exclusivas de animais, como a scrapie (que causa letargia, deficiência motora, lesões
de pele e mata em menos de 6 meses) e a encefalopatia da visão (que leva à cegueira). Depois foi
comprovada a transmissão experimental em macacos de outra enfermidade humana grave e rara, a doença de
Creutzfeldt-Jakob (CJ), que, como a kuru, causa demência, paralisia e leva à morte poucos meses depois da
manifestação dos primeiros sintomas.
A possibilidade de infecção de animais com doenças humanas levou à hipótese de que o inverso
também ocorreria, levando inclusive à especialização do micróbio e à sua adaptação ao organismo humano.
Mas faltava identificar o agente causador dessas doenças, que continuava desconhecido. Um passo
importante foi dado em 1977, quando Prusioner utilizou processos bioquímicos para isolar, do cérebro de
animais contaminados por scrapie, frações de altíssimo poder contagioso, mas menores que qualquer vírus
conhecido. Esse microvírus, sem capa proteica, mas feito de proteína, foi chamado de prion (small
proteinaceous infectious particle) e associado a várias doenças do sistema nervoso central do homem e de
algumas espécies animais, como certos macacos e outros mamíferos. É mais um exemplo de que o estudo
comparativo entre as doenças humanas e de animais pode abrir novas perspectivas para a medicina e para a
própria veterinária.