Universidade Federal Do Rio de Janeiro Instituto de Pesquisa E Planejamento Urbano E Regional
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Universidade Federal Do Rio de Janeiro Instituto de Pesquisa E Planejamento Urbano E Regional
2
F866d Freitas, Viviani de Moraes.
Das trevas às luzes? : transformações de uso e propostas
de reestruturação do bairro de São Cristóvão no Rio de
Janeiro / Viviani de Moraes Freitas. – Rio de Janeiro:
UFRJ, 2003.
xiv, 211 p. : il. (algumas color.), mapa; 30 cm.
CDD: 711.4098153
3
DAS TREVAS ÀS LUZES?
TRANSFORMAÇÕES DE USO E PROPOSTAS DE
REESTRUTURAÇÃO DO BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO
NO RIO DE JANEIRO
Aprovada por:
___________________________________
Prof.o Dr. Mauro Kleiman (orientador)
Doutor em Arquitetura e Urbanismo – FAU/ USP
(Estruturas Ambientais Urbanas)
___________________________________
Prof.a Dra. Ana Clara Torres Ribeiro
Doutora em Sociologia - USP
___________________________________
Prof.o Dr. Pablo Benetti
Doutor em Arquitetura e Urbanismo – FAU/ USP
(Estruturas Ambientais Urbanas)
4
AGRADECIMENTOS
A banca examinadora formada pela professora Ana Clara Torres Ribeiro e pelo professor
Pablo Benetti pela preciosa contribuição intelectual.
Ao corpo docente deste instituto, em especial aos professores Jorge Natal e Fania
Fridman pelas sugestões que fizeram em relação a esta pesquisa no decorrer de suas
aulas e, ainda, pela disponibilidade e interesse em ajudar que sempre demonstraram.
À Alberto de Oliveira, Luiz Alberto de Souza, Raquel Garcia Gonçalves, Valcir Bispo dos
Santos, Luiz Mauro do Carmo Passos e Paulo Sérgio de Almeida Seabra pelas preciosas
críticas, comentários, sugestões e trocas de experiência.
À todos os funcionários e técnicos deste instituto, pelo ambiente familiar e agradável com
que sempre me acolheram, além das demais instituições, associações e bibliotecas em
que desenvolvi parte da pesquisa, pelo conhecimento, competência, disposição e
atenção no atendimento.
À minha avó Maria, aos meus tios, primos, amigos e, em especial, à Francirene da Mota
Soares e sua família, pela preciosa amizade e consideração.
À minha irmã Valéria, ao Alex e a querida Mariana pela paciência, compreensão, carinho
e por saber que posso sempre contar com o apoio de vocês.
Por fim, agradeço e dedico esta conquista aos meus pais, Valdemar de Freitas, cuja doce
lembrança se faz sempre presente em meus pensamentos, e Airtes de Moraes Freitas,
que com seu amor e dedicação me encoraja e me dá forças para prosseguir.
5
É possível que a periferia do centro seja não somente um vestígio
do passado, o presente que não se realizou conforme o modelo
previsto, mas também um início do futuro. Perceber, investigar e
planejar a multiplicidade típica dos bairros ao redor do centro,
tendo em vista a proximidade universalmente almejada de
moradia e trabalho, é uma tarefa a ser executada (VAZ;
SILVEIRA, 1994, p. 105).
6
RESUMO
O processo de urbanização atravessou diferentes momentos e prerrogativas
no Brasil, destacando-se, no período recente, os novos modelos de planejamento e de
gestão da cidade influenciados, entre outros elementos, pelo Estatuto da Reforma
Urbana, pela Constituição de 1988, pelos Planos Diretores, pelo Estatuto da Cidade e por
toda uma discussão sobre a questão urbana iniciada nas décadas de 70 e 80.
7
ABSTRACT
The urbanization process crossed different moments and prerogatives in
Brazil, being distinguished, in the recent period, the new models of planning and
management of the city influenced by, among other elements, for the Statute of the Urban
Reformation, for the Constitution of 1988, for the Managing Plans, for the Statute of the
City and for all a quarrel on the urban question initiated in the 70`s and 80`s.
The proposals drawn in this new model of urban intervention, many times
associate the physic-urban degradation situation of an area with the social-economic
emptiness, establishing homogeneous diagnostic for areas that can present excellent
particularities, being able to São Cristóvão suburb to configure this occurrence, therefore
even so it presents relative aspects to the physic-urban degradation, there are indications
that its economic and real estate dynamics does not present negative performance of the
same weight and measure.
In this context is inserted the objective of this work, that is to describe the
presupposes that guide the actions and proposals of urban intervention that have been
elaborated for São Cristovão, selecting the variables to be inferred, over all the question
of the economic and real estate emptiness to, from there, undertake a new look at on the
suburb and to display the reversion possibilities that these strategies consider, together
with the difficulties that the new model of urban revitalization finds in making compatible
the inherent rationalities the concepts of management - normative, democratic and
strategically.
8
LISTAS DO MATERIAL SUPLEMENTAR
LISTA DE FOTOS
Foto 1 - Capa da dissertação. Vista aérea do bairro de São Cristóvão. Fonte: Projeto Rio
Cidade Campo de São Cristóvão. Fonte: Empresa Municipal de Urbanismo - RIOurbe.
Foto 2 - Panorama do bairro com alguns dos principais marcos. Fonte: Concurso
Urbanismo/ Arquitetura. El modelo Europeo de Ciudade................................................. 95
MAPA
LISTA DE TABELAS
9
particulares permanentes, Estado do RJ, município do RJ e bairro São Cristóvão – 2000.
Fonte: IBGE – Censo 2000 .............................................................................................. 76
Tabela 12 - Domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento nominal
mensal da pessoa responsável pelo domicílio, segundo as Mesorregiões, as
Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros - Rio de Janeiro.
Fonte: IBGE – Censo 2000 .............................................................................................. 77
Tabela 13 - Porcentagem das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes, por grupos de anos de estudo, segundo as Mesorregiões, as
Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros - Rio de Janeiro.
Censo 2000....................................................................................................................... 78
Tabela 14 - Número de estabelecimentos por setor de atividade econômica – 1996 e
2000. Fonte: Ministério do Trabalho/ RAIS (tabulação especial) ..................................... 78
Tabela 15 - A posição da VII RA São Cristóvão no Município do Rio de Janeiro, segundo
a arrecadação de ICMS – 1996 e 1998 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros
do Município do Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ..................................................... 80
Tabela 16 - A posição de São Cristóvão dentre os maiores bairros, segundo a
arrecadação de ICMS – 1996 e 1998 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros
do Município do Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ..................................................... 82
Tabela 17 - Arrecadação do Imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e serviços – ICMS, por atividade econômica (indústria, comércio atacadista,
comércio varejista, armazenamento, serviços e outras atividades), na VII Região
Administrativa e bairros – 1996 e 1998 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros
do Município do Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ..................................................... 83
Tabela 18 - A posição de São Cristóvão dentre os maiores bairros, segundo a
arrecadação de ISS – 1996 a 1998 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do
Município do Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 .......................................................... 84
Tabela 19 - A posição da VII RA São Cristóvão no Município do Rio de Janeiro, segundo
a arrecadação de ISS – 1996 a 1998 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros
do Município do Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ..................................................... 86
Tabela 20 - A posição de São Cristóvão entre os maiores bairros segundo o número de
estabelecimentos residenciais. Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do
Rio de Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ................................................................................ 88
Tabela 21 - Número de estabelecimentos residenciais (casas/ sobrados/ apartamentos)
nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ..... 89
Tabela 22 - Número de estabelecimentos comerciais/ serviços (lojas/ sobrelojas/ salas)
nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ..... 90
Tabela 23 - Número de estabelecimentos industriais (indústrias/ galpões/ telheiros) nos
bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ............ 91
Tabela 24 - Número de imóveis territoriais nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano –
1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ................................................................................ 92
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Declaração de ICMS – Indústria - VII Região Administrativa e bairros - 1996
(em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de Janeiro.
IPLANRIO, jul. 1999 ......................................................................................................... 79
Gráfico 2 - Declaração de ICMS – Comércio Atacadista - VII Região Administrativa e
bairros - 1996 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de
Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ........................................................................................... 79
Gráfico 3 - Declaração de ICMS – Comércio Varejista - VII Região Administrativa e
bairros - 1996 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de
Janeiro. IPLANRIO, jul. 1999 ........................................................................................... 79
Gráfico 4 - Declaração de ICMS – Armazenamento - VII Região Administrativa e bairros -
1996 (em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de Janeiro.
IPLANRIO, jul. 1999 ......................................................................................................... 79
Gráfico 5 - Declaração de ICMS – Serviços - VII Região Administrativa e bairros - 1996
(em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de Janeiro.
IPLANRIO, jul. 1999 ......................................................................................................... 79
Gráfico 6 - Declaração de ICMS – Outros - VII Região Administrativa e bairros - 1996
(em R$). Fonte: Potencial Econômico dos Bairros do Município do Rio de Janeiro.
IPLANRIO, jul. 1999 ......................................................................................................... 79
Gráfico 7 - Número de estabelecimentos residenciais (casas/ sobrados/ apartamentos)
nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ..... 90
Gráfico 8 - Número de estabelecimentos comerciais/ serviços (lojas/ sobrelojas/ salas)
nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ..... 91
Gráfico 9 - Número de estabelecimentos industriais (indústrias/ galpões/ telheiros) nos
bairros da VII RA São Cristóvão por ano – 1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ............ 92
Gráfico 10 - Número de imóveis territoriais nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano –
1991 a 2000. Fonte: Cadastro IPTU ................................................................................ 93
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
Problemática ...................................................................................................................... 1
Aspectos metodológicos .................................................................................................... 7
12
3.1.1.1 Área de Projeto 1 - Área de integração Campo de São Cristóvão/
Quinta da Boa Vista/ Complexo do Maracanã ............................................ 105
3.1.1.2 Área de Projeto 2 - a) Área objeto do Rio Cidade Benfica/ São
Cristóvão que corresponde ao eixo da Rua São Luiz Gonzaga – entre os
Largos Pedro Lobianco e Pedregulho; b) Área objeto do Rio Cidade
Suburbana ................................................................................................... 107
3.1.1.3 Área de Projeto 3 - a) Favela-Bairro Mangueira; b) Favela-Bairro
Tuiuti; c) Favela-Bairro Barreira do Vasco e; d) Favela-Bairro Vila Arará/
Parque Erédia de Sá/ Parque Horácio Cardoso Franco ............................. 109
3.1.1.4 Área de Projeto 4 - Área do Clube de Regatas Vasco da Gama .... 111
3.1.1.5 Área de Projeto 5 - Área do Projeto Ambiental Quinta da Boa Vista
...................................................................................................................... 113
3.1.1.6 Área de Projeto 6 - Área ocupada pela Companhia Estadual de Gás –
CEG ............................................................................................................. 115
3.1.1.7 Área de Projeto 7 - Área ocupada pela Cooperativa Central dos
Produtores de Leite Ltda. - CCPL ............................................................... 117
3.1.1.8 Área de Projeto 8 - Rua Bela ........................................................... 118
3.1.1.9 Área de Projeto 9 - Área do Projeto Benfica ................................... 119
3.1.1.10 Áreas de Especial Interesse Social (AEIS): a) Favela da Mangueira/
Telégrafo/ Parque Candelária; b) Favela do Tuiuti; c) Favela Barreira do
Vasco e; d) Favelas Vila Arará/ Parque Erédia de Sá/ Parque Horácio
Cardoso Franco ........................................................................................... 120
3.1.1.11 Áreas de Especial Interesse Turístico (AEIT): a) Quinta da Boa Vista;
b) Campo de São Cristóvão e; c) Corredor Imperial ................................... 122
3.1.2 Outros projetos para o bairro ......................................................................... 124
3.1.2.1 Projeto Rio Cidade Pavilhão ............................................................ 124
3.1.2.2 Projeto Nova Estação São Cristóvão da Supervia .......................... 126
3.1.2.3 Obras de melhoria da Avenida Brasil .............................................. 127
3.1.2.4 Proposta de transformar o CADEG em um shopping center 24 horas
...................................................................................................................... 127
13
INTRODUÇÃO
Problemática
14
imagem” serão os que terão maiores chances nessa competição (ASCHER, 1994, p. 85,
86).
São Cristóvão tem seus vazios urbanos, de acordo com alguns diagnósticos
elaborados para a área, produzidos em virtude do confinamento e dos impactos
negativos decorrentes das infra-estruturas de transportes, configurando um processo de
desestruturação do bairro através dos “viadutos, elevados, linhas ferroviárias e
metroviárias, Av. Brasil, Ponte Rio-Niterói e o intenso transporte de cargas”, somado à
“ausência de políticas públicas, além do crescimento das favelas (hoje, com algumas em
processo de requalificação), da poluição ambiental e da legislação urbanística restritiva”
(OLIVEIRA, 2000)2, o que “contribui para explicar seu papel como área de passagem,
que determinou a sua configuração urbana e seu conteúdo social e atividades
econômicas” (MONTEIRO, 1998, p. 39). E, ainda, que “a área tem convivido com o
desinteresse da construção civil, com o fechamento e o abandono de galpões industriais,
com a retração do comércio e dos serviços e com a previsão de saída de seu território de
áreas militares e institucionais” (Rio de Janeiro (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de
Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 8).
1
Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc058/texto.asp>.
2
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/smu/paginas/noticias_caderno_ed2-6.htm>.
15
Entretanto, Portas (2000)3 ressalta a ambigüidade4 da expressão vazio
urbano ao afirmar que “a terra pode não estar literalmente vazia, mas encontrar-se
simplesmente desvalorizada com potencialidades de reutilização para outros destinos,
mais ou menos cheios”, localizando-se, muitas vezes, em áreas consolidadas da cidade
e, portanto, valorizáveis, em detrimento de outros “vazios”, menos valorizáveis, os das
periferias incompletas ou fragmentadas e, ainda, que em função da idéia de que devem
ser enchidas, podem até vir a agravar as condições ambientais e das infra-estruturas
existentes.
Supõe-se que essa ambigüidade deve ser destacada nesse estudo sobre São
Cristóvão, que resgata a investigação intra-urbana, ou seja, o arranjo interno do espaço
urbano, ao analisar as transformações de uso e ocupação do solo do bairro e os
resultados obtidos nos diagnósticos (leituras do espaço a partir de determinados
processos e variáveis) apresentados pelas propostas de reestruturação urbana
elaboradas para o bairro, na medida em que estes apontam para a necessidade de
revitalizá-lo, por considerar a área em processo agudo de deterioração física-urbanística
e de esvaziamento social, econômico e imobiliário.
3
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/smu/paginas/noticias_caderno_ed2-1.htm>.
4
Idem 1. Segundo Solà-Morales (1996), “a noção de ‘terrain’ como a de ‘vague’ contém uma ambigüidade e
uma multiplicidade de significados que é o que faz desta expressão um termo especialmente útil para
designar as categorias urbana e arquitetônica com que aproximamos os lugares, territórios ou edifícios que
participam de uma função dupla. Por uma parte ‘vague’ no sentido de vacante, vazio, livre de atividade,
improdutivo, em muitos casos obsoleto. Por outra parte ‘vague’ no sentido de impreciso, indefinido, vago, sem
limites determinados, no horizonte do futuro”.
16
sobretudo, quanto à questão do esvaziamento econômico e imobiliário apresentado nos
diagnósticos da área, de modo a empreender um novo olhar sobre o bairro.
2) Quais são os diagnósticos que vêm sendo trabalhados e de que forma eles
se apresentam?
17
JACOBS, 1997). Esse procedimento (adaptado para as cidades) busca identificar os
pontos fortes (que devem ser potencializados) e os pontos fracos (que devem ser
minimizados), ambos características internas de um local, assim como, suas principais
oportunidades e ameaças externas à localidade. Com isso, determinam-se as metas e os
objetivos a serem atingidos e traçam-se as ações estratégicas e os projetos prioritários
necessários para que os resultados desejados sejam alcançados”, utilizando-se como
ponto de partida o cenário da “cidade desejada” (GONÇALVES, 2001).
18
Nesse sentido, pode-se chegar a outras hipóteses: i) que a oferta do mercado
formal de moradias permanece estável pela falta de novos empreendimentos5, não sendo
verificado um esvaziamento imobiliário e, sim, uma proliferação das favelas no entorno de
São Cristóvão e, ii) que, nos últimos tempos, galpões fechados e/ou abandonados têm
sido ocupados por grupos de famílias que, ou não conseguiram se estabelecer no
mercado informal das favelas, em função do alto preço dos imóveis, ou que, talvez,
estejam procurando uma outra opção de moradia para fugir da violência e da falta de
segurança que dominam essas áreas. Além desse tipo específico de ocupação, São
Cristóvão vem sendo descoberto por alguns artistas que alugam temporariamente os
imensos galpões do bairro, sempre que precisam de um lugar maior que seus ateliês
para abrigar seus trabalhos (O Globo, Rio de Janeiro, 27 out. 2002).
5
Segundo Silva (1990, p. 4), “muitos dos casarões e sobrados do bairro atraem a construção civil, pois
ocupam áreas capazes de abrigar modernos edifícios. Somente a crise econômica atual impede, em muitos
casos, que as demolições tomem curso. Porque sendo São Cristóvão um bairro sem status residencial, o
investimento nesse tipo de atividade possui, atualmente, muitos riscos devido ao seu alto custo e baixa
perspectiva de retorno”. No entanto, sabe-se que a atual crise econômica não é a única causa da inexistência
de lançamentos imobiliários em São Cristóvão, devendo-se levar em conta a gama de intencionalidades
subjacentes a essa questão, em especial, a partir da elaboração do Projeto de Estruturação Urbana – PEU-
São Cristóvão (1999) e da previsão de implantação do Rio Cidade São Cristóvão.
19
Aspectos metodológicos
20
São Cristóvão, onde, além do estádio de futebol do Vasco da
Gama, situam-se o Observatório Nacional e o Museu de
Astronomia (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria
Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p.
12).
21
Strohaecker (1989), que investiga em que medida o bairro pode ser considerado como
parte da zona periférica do centro do Rio de Janeiro, através dos processos de
permanência e mudança de uso do solo; Pereira (1976) que, por sua vez, estuda o
Campo de São Cristóvão e adjacências, compondo um histórico dessas áreas,
levantando os moradores e os usos, e fornecendo uma descrição desses últimos nas
áreas públicas do Campo; Santos (1978), que trata da evolução do uso do solo em São
Cristóvão; Machado (1988) que faz indagações a respeito dos efeitos da Linha Vermelha,
então em construção, sobre os espaços urbanos do bairro e, para finalizar; Silva (1990),
que trata do desenvolvimento urbano e industrial de São Cristóvão no período de 1920 a
1985.
22
disponíveis no Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro, nos Censos
Demográficos, no Cadastro do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana -
IPTU, no Cadastro Industrial da FIRJAN – Edição de 2000/ 2001, na publicação da
Associação e Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro com apoio do IPLAN-
Rio (atual Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos - IPP), intitulado o Potencial
Econômico dos Bairros do Rio de Janeiro, de 1999, e no Relatório do Ministério do
Trabalho/ Relação Anual de Informações Sociais - RAIS (tabulação especial).
23
CAPÍTULO 1
O PAPEL DAS CIDADES, OS NOVOS MODELOS DE
PLANEJAMENTO, O RETORNO AOS PROJETOS
URBANOS E A REVITALIZAÇÃO URBANA
24
O papel das cidades, os novos modelos de planejamento e o retorno aos
projetos urbanos (planos/ programas/ projetos integrados ao desenho urbano) e a
revitalização urbana, tratam-se de temas cuja abordagem servirá de pano de fundo
teórico para uma melhor compreensão de São Cristóvão no contexto da produção dos
espaços regional e intra-urbano contemporâneos.
25
foco e ampliar a discussão sobre a necessidade da diferenciação entre as investigações
regionais e intra-urbanas.
26
1.1 Economia, Estado e Sociedade: os impactos sobre a gestão do
urbano
A crise financeira e fiscal dos anos 80, cujos efeitos se estenderam pela
década seguinte, reforçaram e justificaram a adoção de medidas econômicas nitidamente
liberais, num clima de instabilidade e restrições fiscais do setor público, fatores que
contribuíram para a “passagem [...] de políticas urbanas, cujo objetivo prioritário era a
organização espacial urbana, para a consolidação de políticas urbanas subordinadas à
lógica do crescimento econômico e da geração de emprego local (LE GALES, 1991)”
(ABRAMO, 1995, p. 543; ASCHER, 1994, p. 84, 85), formuladas a partir de novas
diretrizes de gestão urbana e regional, nas quais predominam aspectos como eficiência e
competitividade para a promoção urbana.
27
O processo de desregulamentação, articulado à concorrência urbana, é “em
grande parte incitado pelas crises fiscais urbanas e pelo desengajamento do Estado de
suas políticas gerais de infra-estrutura e serviços urbanos” (ABRAMO, 1995, p. 543), que
passa a desempenhar, a partir da crise do keynesianismo e do welfare state, um papel
assistencialista e concedente de subsídios, ao invés do de promotor, regulador e
distribuidor da riqueza, só intervindo nos segmentos que o capital privado não estivesse
interessado, fato que, de um lado, reduziu a contribuição proveniente dos recursos
públicos e, de outro, transferiu responsabilidades à iniciativa privada (ASCHER, 1994, p.
85; ABRAMO, 1995, p. 543).
28
principalmente, criar empregos, renda e qualidade de vida para seus habitantes
(ASCHER, 1994, p. 85; SILVA, 1999, p. 236).
29
1.2 Os paradigmas do novo urbano
30
inspiração americana, o modelo de planejamento estratégico, voltado à revitalização
urbana (a partir dos anos 90), que se constitui no novo paradigma de desenvolvimento
(RIO, 1993, p. 55).
A autora aponta uma nova geografia dos centros urbanos e de suas periferias
a partir do surgimento das regiões urbanas globais (cidades globais) e que, ao resgatar a
centralidade do lugar, a cidade passa a ocupar um papel relevante na atual economia
mundial, por ser o lugar da diversidade, ou seja, da concentração do poder econômico,
das funções de comando/ controle das empresas que atuam nos mercados globais e dos
centros de produção para prestação de serviços avançados (SASSEN, 1998;
FERNANDES, 1999, p. 80).
31
E conclui, que a globalização não se constitui apenas em termos de finanças
internacionais, telecomunicações, fluxo de informação, ou seja, do capital e da nova
cultura corporativa internacional, mas também em termos das pessoas e das culturas não
corporativas, existindo uma estrutura composta de baixos salários, empregos e atividades
não profissionais que constituem parte fundamental da economia corporativa (SASSEN,
1998; FERNANDES, 1999, p. 80).
Os autores sugerem uma nova postura para a gestão local moderar nos
princípios do desenvolvimento sustentável, que seria, assim, uma nova relação dinâmica
e criativa erigida entre o local e o global, resgatando a importância estratégica do local
como um centro de gestão para o global no novo sistema tecnoeconômico nos campos
da produtividade econômica/ competitividade, integração sócio-cultural/ representação
política e gestão democrática da cidade, esta última configurando o único meio de
32
permitir a governança (busca de eficiência, eqüidade, transparência e accountability no
exercício do poder público) e propõem, além disso, que novos desafios sejam
enfrentados pela ação integrada e articulada das parcerias entre governo e sociedade na
construção e no desenvolvimento da cidade, buscando novas formas de planejamento e
gestão urbana para a mobilização de recursos (BORJA; CASTELLS, 1997;
FERNANDES, 1999, p. 80).
33
Trata-se de um complexo feixe de relações comerciais que
incidem na configuração do espaço político para o qual os
governos, através de estratégias trans-escalares nas políticas
urbanas, assumem um caráter regulador, sob diversos aspectos:
a) ideológico, mediante a difusão das estratégias dos organismos
internacionais, construção de representações, imagens e
discursos associados à reprodução do modus operandi das
chamadas ‘cidades-modelo’, venda das cidades enquanto
mercadoria; b) prático, através do caráter instrumental do espaço
e dos meios de ação utilizados, o estado submete o espaço a uma
logística que atende a interesses de mercado e; c) tático-
estratégico, com a subordinação dos recursos do território urbano
aos objetivos políticos de valorização e reordenamento dos
diferentes mercados que incidem no lugar (SÀNCHEZ GARCIA,
2001, p. 256).
Como visto, a nova estrutura produtiva impõe duas forças opostas na estrutura
espacial das cidades: a dispersão e a centralização. Enquanto os avanços tecnológicos
possibilitam a dispersão geográfica, a globalização e as redes criam novas centralidades
urbanas, ou seja, lugares estratégicos dotados de enormes concentrações de infra-
estrutura e mão-de-obra especializada que, por sua vez, conduzem ao “fenômeno da
marginalização e exclusão sócio-espacial de algumas áreas não incluídas no sistema de
redes globais e de dispersão de outras fortemente incluídas no sistema de redes” (SILVA,
1999, p. 238).
34
América Latina são grandes”, em função da sua economia, da sua população, de seus
recursos naturais e de sua riqueza cultural (REZENDE; LIMA, 1999, p. 11; VILLAÇA,
1985, p. 484).
35
1.3 A dinâmica de transformação das cidades
36
A tradicional ocupação do espaço urbano e metropolitano das grandes
cidades, até a década de 80, as apresentava como centros dinâmicos, nos quais se
concentravam os postos de trabalho e os principais centros de comércio e de serviços e
uma periferia distante, onde morava a classe trabalhadora e localizavam-se as grandes
indústrias.
Após esse período, a periferia tradicional vai deixando de ser apenas local de
dormitório e passa a oferecer opções de comércio e de serviços, gerando novas
centralidades metropolitanas. Estes processos de reestruturação acarretam uma
defasagem das normas urbanísticas de uso e ocupação do solo e interferem na dinâmica
imobiliária da cidade, necessitando, com isso, de ações urbanísticas para integrar o
ambiente construído ao tecido sócio-econômico de forma eficiente e competitiva.
37
obsoletos decorrentes das transformações na produção e refletidas nas novas escalas
espaciais (BARANDIER, 1996).
Nesse sentido, Tsiomis (1996) ressalta que, hoje, não se pode trabalhar com
modelos cristalizados, não se deve importar e nem exportar modelos e, sim, comparar
lógicas e processos. Crítica semelhante é levantada por Portas (1996) ao afirmar que, os
planos municipais não têm que ficar amarrados à rigidez e à homogeneidade abstrata
devendo apresentar diferentes graus de predeterminação e regulação, dada às
especificidades e singularidades locais.
38
1.4 Do planejamento racional/ funcionalista ao planejamento estratégico de
cidades
6
Com exceção de Karl Marx e Engels que vêem nessa dicotomia uma nova ordem.
39
produtivas e reprodutivas, comandando investimentos maciços em infra-estrutura e
serviços públicos”. Tal domínio sobre o planejamento era traduzido nos planos diretores e
nos planos de longo prazo, baseados em previsões sobre o crescimento sócio-econômico
e urbano e, também, sobre o comportamento dos agentes sociais e econômicos, partindo
de uma visão global para o local e utilizando-se do zoneamento funcional, o seu
instrumento básico para o controle dos usos e das tipologias arquitetônicas, via legislação
(SILVA, 1999, p. 242).
40
Tal fato dificulta a conciliação desses conceitos com aqueles da gestão
democrática, baseados na participação popular, através de fóruns de debate e do
orçamento participativo, estando voltados ao atendimento das demandas sociais, à
construção da cidadania e à democratização da gestão e, não, ao desenvolvimento
econômico urbano, através de parcerias entre os setores público e privado, como é o
caso do planejamento estratégico, que se não for conduzido de forma séria e com um
alto grau de comprometimento, pode acabar por reafirmar e legitimar os interesses de
grupos dominantes, ou seja, os atores com “condições de atuar” geralmente com
recursos políticos e financeiros.
41
[...] à atual complexidade do desenvolvimento urbano, aos
objetivos dos poderes públicos e seus meios, às novas relações
entre atores públicos e privados, devendo as cidades ser dotadas
de novos instrumentos que lhes permitam simultaneamente
formular projetos a médio e longo prazos, bem como gerir o curto
prazo, ou seja, fazer face ou tirar partido de toda a sorte de
imprevistos ou de oportunidades, de reagir às transformações do
meio ambiente, de levar em conta as lógicas de múltiplos
parceiros (ASCHER, 1994, p. 91).
Leis de zoneamento rígidas, que mantém-se por décadas, não se constituem,
atualmente, no instrumento mais apropriado (ROLNIK, 2001; SIRKIS, 2001),
configurando o primeiro dos três aspectos que resumem os entraves enfrentados na
prática administrativa da gestão urbana:
42
1.5 O retorno aos projetos urbanos e a revitalização
Para Portas (1996), “desenho urbano é uma expressão que não deseja um
processo, mas, sim, uma habilidade, uma capacidade, um tipo de atividade, criativa e
técnica, que pode ter aplicação generalizada, enquanto o projeto é um produto, fruto do
desenho, mas não só” (PORTAS, 1996, p. 35).
43
O plano, segundo o autor, “só tem sentido na medida em que haja que
responder a um alto grau de incerteza”, já que vive desta, e “da sua capacidade de a
reduzir”, tendo que estabelecer desde o princípio qual o seu programa, ou seja, qual a
sua estratégia em relação à incerteza, embora não a elimine (PORTAS, 1996, p. 33).
Tsiomis (1996) esboça uma outra definição de projeto urbano na qual retoma
a idéia de processo, embora utilize o termo procedimento:
44
- é um urbanismo de articulação. Ele articula o antigo e o novo, o
social e o espacial;
- é um urbanismo localizado e um urbanismo de contexto. Cada
lugar demanda um tratamento particular. Por isso é um urbanismo
que recusa modelos formais;
- trata-se de um urbanismo temático, quer dizer, que desenvolve
temas sociais e espaciais abstratos, mas temas que se
transcrevem sempre no espaço;
- trata-se de um urbanismo de atores, de participação em termos
de confrontação, negociação e parceria. Quer dizer, trata-se de
um urbanismo de ações coordenadas e também de expressão
contraditória de estratégias divergentes, de um urbanismo de
expressão das diferentes estratégias dos diferentes atores, mas
também de definição de uma estratégia global;
- projeto urbano é um urbanismo que considera a duração do
tempo. Ele hierarquiza as ações no tempo – o urgente, o médio, o
longo prazo. Para negociar é preciso tempo e o tempo é
estratégia;
- enfim, trata-se evidentemente de um urbanismo de coordenação
das ações públicas e privadas (TSIOMIS, 1996, p. 27).
45
seguem uma metodologia ou, ainda, procedimentos complexos, baseados em diferentes
parâmetros, envolvendo vários atores públicos e privados e buscando alcançar múltiplos
resultados, entre eles uma boa imagem urbana, a partir de estratégias divergentes,
porém integrados a uma estratégia global.
7
Modelo inspirado nas intervenções urbanas do Barão de Haussmann, prefeito de Paris sob Napoleão III, de
1853 a 1870 (RIO, 1993, p. 55).
8
No modelo voltado ao embelezamento as novas práticas econômicas eram representadas pelo mercado
imobiliário e pelo capital industrial e no modelo atual, permanece o mercado imobiliário e surge o capital
financeiro.
46
Diferença, de fato, encontra-se na forma pela qual se davam as mudanças
nas estruturas existentes, pois no modelo de planejamento voltado ao embelezamento e
ao saneamento, estas ocorriam através da renovação, “que sempre pressupunha um
processo ‘destrutivo’ precedente ao ‘construtivo’ em busca de um ‘princípio de ordem’ e
de uma ‘totalidade racional’ (FERRARA, 1988)”, enquanto o modelo de planejamento
estratégico, voltado à revitalização, apresenta-se “com um conceito abrangente que
incorpora práticas anteriores, mas é mais que sua simples adição, pois as excede e
supera na busca por uma nova vitalidade (econômica, cultural e físico-espacial). Esse
modelo urbanístico se distancia tanto dos processos traumáticos de renovação, quanto
das atitudes exageradamente conservacionistas” (RIO, 1993, p. 58, 59).
47
1.6 A experiência urbanística carioca
De acordo com a sua evolução política, a cidade foi capital da Colônia e sede
do Vice-Reino do Brasil (1763-1808), capital da Colônia e sede do Governo Português
(1808-1821), capital do Primeiro Reinado (1822-1831), sede da Regência (1831-1840)9,
capital do Segundo Reinado (1840-1831), capital da República (1889-1960)10, capital do
Estado da Guanabara (1960-1975) e capital do novo Estado do Rio de Janeiro (1975 em
diante)11.
9
Em 1834, surge o Município da Corte ou Neutro.
Disponível em: <http://www.portalbrasil.eti.br/brasil_cidades_riodejaneiro.htm>.
10
Em 1891, transformou-se em distrito Federal. Idem 4.
11
Transforma-se o Estado da Guanabara em Município do Rio de Janeiro, com a fusão do antigo Estado do
Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara. Idem 4.
48
Pretende-se, aqui, destacar algumas tendências, ou ainda, os modelos
urbanísticos de desenvolvimento apropriados por determinadas administrações para, a
partir da observação da experiência urbana carioca, compreender de forma mais
abrangente, o ideário subjacente ao novo modelo de planejamento/ revitalização utilizado
na última década pelos representantes do poder público-administrativo: César Maia
(1993–1996), Luiz Paulo Fernandes Conde (1996–2001) e César Maia (a partir de 2001),
para inserir o caso de São Cristóvão neste contexto, período que coincide com
importantes acontecimentos na história brasileira representados pela abertura política (a
partir de 1985), seguida da abertura econômica e do avanço liberal (anos 90).
Ao final do século XIX, o Rio de Janeiro, então capital federal, é marcado pela
multiplicação das indústrias na cidade e por uma série de crises: nos transportes, devido
ao adensamento acentuado das áreas já servidas pelas companhias de bondes e à falta
de renovação do seu equipamento (é o período da abertura, em 1892, do atual Túnel
Velho, que dava acesso à Copacabana); na habitação, em função do término do período
escravista, do declínio da atividade cafeeira e do grande afluxo de imigrantes
estrangeiros e; na saúde, pelas epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica
(ABREU, 1987).
49
Industrial, às péssimas condições de vida urbana e moradia”. No entanto, “revelou-se
especialmente adaptável à repetição burocrática inconsciente e aos sobre-lucros do
capitalismo (CASTEX et al., 1977)” (RIO, 1993, p. 57).
13
Segundo Pinheiro (1986, p. 188), “de 1950 em diante expande-se a industrialização sob a hegemonia do
parque automobilístico e instaura-se na cidade a fase rodoviária, com a construção de verdadeiras auto-
estradas e de grandes viadutos. Rompe-se de vez o precário equilíbrio espacial do centro da metrópole. A
escala dos edifícios parece ser guiada pela velocidade da visão motorizada. As calçadas são estreitadas, as
ruas novamente alargadas e, sobre os despojos do velho casario as construções se verticalizam. A economia
se expande e se concentra nos grandes centros urbanos. No núcleo do Rio constroem-se prédios de
aparência internacionalizada e pouco diversificada”. Para aprofundar-se nesse tema, ver Abreu (1987), Rio
(1993) e Monteiro (1998).
14
Para aprofundar-se nesse tema, ver Rio (1993) e Vaz; Silveira (1999).
15
O Projeto Corredor Cultural, cuja lei tramitou pela Câmara dos Vereadores, desde 1979, em trabalho junto
com a comunidade, “tem contribuído para melhorar os procedimentos técnicos e para fazer com que os
proprietários passem a ter uma relação mais afetiva com seus imóveis e se incorporem à tarefa de
recuperação do centro da cidade, participando, inclusive, como elementos de difusão das idéias de
preservação” (PINHEIRO, 1986, p. 201).
50
que se refere à edificação, ao uso e à ocupação do solo, ao licenciamento e à
fiscalização (SOARES, 2000, p. 161), visando distribuir mais justamente os recursos
aplicados na cidade.
Como visto, apesar dessa carta de princípios ter por objetivo reduzir as
desigualdades econômicas e sociais nas cidades, esta vem sofrendo várias críticas e
apresentando dificuldades em sua implementação.
51
da metodologia de elaboração dos PEUs pelo Instituto Brasileiro de Administração
Municipal - IBAM, o que tornou o processo mais complexo e, conseqüentemente, a sua
implementação mais demorada.
16
São dessa época: a construção da Linha Vermelha (1994), “via expressa que segue em grande parte
quase em paralelo à Avenida Brasil, e que cruza em viadutos em dois níveis junto a São Cristóvão, [...]
concebida nos anos sessenta, dentro de um plano viário [...] para descongestionar o acesso norte da área
metropolitana do Rio de Janeiro” (MACHADO, 1988), ao mesmo tempo, que interliga direta e expressamente
as Zonas Norte e Sul, através do Túnel Rebouças (MONTEIRO, 1998, p. 38); a construção da Linha Amarela,
importante via de ligação entre a Zona Norte e a Zona Oeste e a implementação dos programas Favela-
Bairro e Rio Cidade.
52
2001, pelo Presidente da República, o Estatuto da Cidade, adaptado às particularidades
das cidades brasileiras, constando o documento de:
O Estatuto da Cidade tem por objetivo possibilitar uma ação mais vigorosa
por parte das prefeituras, no sentido de atender à pressão social de acesso à terra, à
habitação e à regularização fundiária e urbanística17. No entanto, ainda encontra
obstáculos à sua implementação.
17
No texto da lei é possível encontrar uma formulação inédita para a história do Brasil urbano, largamente
marcado, como o mundo rural, pela tradição patrimonialista. Trata-se da limitação ao direito de propriedade
imobiliária, contrariado pela função social da propriedade e função social da cidade, figuras absolutamente
centrais no texto das diretrizes gerais da lei. Para implementar essas figuras, porém, é preciso que a lei saia
do papel. Se foi difícil aprová-la, não menos difícil será aplicá-la, já que os grandes proprietários imobiliários
sempre tiveram importância muito grande na política municipal (MARICATO, 2001, p. 6).
53
Esse capítulo pretendeu reunir os elementos necessários ao entendimento
das propostas de desenvolvimento urbano em curso no Rio de Janeiro e que impactaram,
particularmente, em São Cristóvão. A exposição ressaltou que, do ponto de vista intra-
urbano, a temática da localização ocupa posição fundamental, enquanto a comunicação,
diferentemente do que ocorre na análise regional, não tem um peso tão significativo.
54
propõem, juntamente com as dificuldades que o novo modelo de planejamento voltado à
revitalização encontra em compatibilizar as racionalidades inerentes aos modelos de
gestão normativa, democrática e empresarial, nele presentes.
55
CAPÍTULO 2
O CASO DE SÃO CRISTÓVÃO
E O SEU LUGAR NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
56
São Cristóvão vem sendo alvo de inúmeros projetos e propostas de
intervenção urbana pontuais inseridos no ideário da revitalização urbana e baseados em
diagnósticos (leituras do espaço) que caracterizam a área como esvaziada, obsoleta,
decadente, com um grau crescente de deterioração social, econômica e espacial, carente
de transformações na estrutura existente e com precária utilização, além de apontarem a
falta de vontade política como um dos principais fatores responsáveis pela configuração e
morfologia espacial do bairro, assim como, pelo seu processo de desenvolvimento
considerado lento e pela presença de grande número de vazios urbanos nas últimas
décadas.
18
Os conceitos de gestão estratégica de intervenções pontuais têm a reversão da decadência econômica e
social e da degradação física e urbanística, através do marketing, das parcerias entre os setores público e
privado e do projeto urbano, como as suas principais bandeiras.
57
Todos esses aspectos, por configurarem matérias complexas e intrigantes no
contexto geral da cidade, suscitam estudos no intuito de compreender os processos que
regem a sua estruturação interna.
58
2.1 Um pouco de história
São Cristóvão foi parte integrante da Sesmaria Iguaçu, que se estendia do Rio
Comprido a Inhaúma e, que foi doada aos jesuítas por Estácio de Sá, em 1565, como
estratégia de ocupação e conquista do recôncavo da Guanabara para a formação da
Cidade do Rio de Janeiro, através da instalação de engenhos e fazendas que abasteciam
a cidade com gêneros alimentícios (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento
Geral do Patrimônio Cultural, 1991, p. 21, 22).
São Cristóvão teve por marco inicial a Igreja de mesmo nome, edificada pelos
jesuítas, em 1627, junto à praia de São Cristóvão e configurando, assim, um limite do
antigo litoral aterrado (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de
Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, 1998).
A escolha de São Cristóvão para tal fato levou o bairro a abrigar a aristocracia
de então e a sediar um significativo patrimônio histórico e arquitetônico, em parte
preservado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN (federal),
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC (estadual) e pelo Departamento
Geral do Patrimônio Cultural - DGPC, como a já citada Igreja de São Cristóvão (1627), o
Hospital Frei Antônio e o Complexo de Quartéis Militares (início do século XIX), o Museu
Nacional e a Quinta da Boa Vista (1818), o Solar da Marquesa de Santos – hoje, Museu
do 1o Reinado (1822), o Observatório Nacional (1827), a Estação Ferroviária Barão de
Mauá (1927), a Avenida Francisco Bicalho e o Canal do Mangue (início do século XX) e,
ainda, a Avenida Pedro II (em meados do século XIX) (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
59
Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos.
Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000).
60
metade do século XX, em função das vantagens que o lugar proporcionava, como por
exemplo: a disponibilidade de casarões servidos de infra-estrutura para a instalação
desse tipo de atividade; a proximidade com o centro da cidade e com o cais da Igreja de
São Cristóvão, na praia, até 1893, quando do aterro da área praieira de São Cristóvão
para a construção da Av. Central e Beira Mar, além dos eixos ferroviários dos subúrbios
mais próximos, através da Av. Rodrigues Alves ou Av. do Cais; a abundância de energia
elétrica produzida pela Light e a entrada em funcionamento do novo porto do Rio de
Janeiro, em 1909, além dos aterros dos rios locais e da canalização do rio Iububuracica,
na Av. Francisco Bicalho (STROHAECKER, 1989; PEREIRA, 1976; SILVA, 1990).
Tabela 1
2
População residente, taxa de crescimento demográfico e densidades demográficas brutas por km
segundo as freguesias
1906 e 1920.
2
Freguesias População Var. Habitantes/Km Var.
1906 1920 (%) 1906 1920 (%)
Freguesias Urbanas 619.648 790.823 28 3.928 4.808 22
Candelária 4.454 3.962 -11 14.748 11.005 -25
São José 44.878 27.714 -38* 41.118 18.618 -55
Santa Rita 45.929 38.164 -17* 41.295 42.765 4
Sacramento 24.612 27.370 11 43.196 25.805 -40
Glória 59.102 68.330 16 29.320 36.988 26
Santana 79.315 40.632 -49 1.617 1.407 -13
Santo Antônio 42.009 49.325 17 10.105 11.991 19
Espírito Santo 59.117 77.798 32 3.976 7.442 87
Engenho Velho 91.494 48.948 -46** 362 449 24
Lagoa 47.992 57.558 20*** - 2.816 -
São Cristóvão 45.098 59.332 32 29.114 31.659 9
Engenho Novo 62.898 41.727 -34** 27.718 29.689 7
Gávea 12.750 15.270 20 12.872 16.579 29
Santa Teresa 8.326 9.202 11.969 30
Copacabana 22.761 5.853 7.580 30
Gamboa 50.699 3.177 5.291 67
Andaraí 84.171 190 283 49
Tijuca 11.484 3.430 5.033 47
Méier 57.252 2.488 4.124 66
Freguesias Suburbanas 185.687 356.776 92 191 357 87
Irajá 27.410 99.586 263 1.568 3.059 96
Jacarepaguá 17.265 19.751 14 212 770 264
Inhaúma 68.557 131.886 92 69 91 32
Guaratiba 17.928 23.609 32 127 200 57
Campo Grande 31.248 52.405 68 99 127 28
Santa Cruz 15.380 16.506 7 139 129 -7
Ilha do Governador 5.616 8.785 56 2.087 2.666 28
Paquetá 2.283 2.916 28 194 304 57
Outras ilhas 1.332 348 301 -14
Total 805.335 1.147.599 42 721 986 37
Fontes: MORTARA, Giorgio. Um enigma resolvido: a população do Brasil. Estudos Brasileiros de Demografia, Rio de
Janeiro, v.1, n. 7, p. 72, 73, jul. 1947. Apud, LOBO, Eulália M. Lahmeyer, op. Cit. Vol. 2, p. 828. Recenseamento de
192019.
19
* Parte do acréscimo verificado deve-se a desmembramento.
** Grande parte do acréscimo verificado deve-se a desmembramento.
61
Os anos vinte são responsáveis pela consolidação da atividade industrial em
São Cristóvão, pelo desenvolvimento de um comércio voltado para os trabalhadores
assalariados, pelo crescimento das favelas, pela queda da qualidade de vida no bairro e
pelo deterioramento do patrimônio histórico, preparando-se as condições para o grande
avanço da Indústria verificado na década seguinte (SILVA, 1990).
Tabela 2
População do Distrito de São Cristóvão, segundo as profissões e sexo
1920
Profissões/ Sexo Total Masculino (%) Feminino (%)
Exploração do Solo e Subsolo 882 864 97,96 18 2,04
Indústria 8.764 6.532 74,53 2.232 25,47
Transportes 1.843 1.780 96,58 63 3,42
Comércio 3.611 3.498 96,87 113 3,13
Força Pública 495 495 100,00 0 0,00
Administração 1.903 1.814 95,32 89 4,68
Profissões Liberais 1.236 738 59,71 498 40,29
Diversos 40.598 13.522 33,31 27.076 66,69
Total 59.332 29.243 49,29 30.089 50,71
Fonte: Recenseamento de 1920.
62
De acordo com o Recenseamento de 1920, no período de 1906 a 1920, o
acréscimo relativo do número de habitantes (32%) e o aumento proporcional do número
de prédios (49%) e domicílios (47%) são suficientes para explicar a baixa da densidade
predial e domiciliária verificada no Distrito de São Cristóvão, fato que não configura um
esvaziamento da área (Recenseamento de 1920).
Tabela 3
Densidade predial e domiciliária no Distrito Federal e no Distrito de São Cristóvão
1906 e 1920
1906 1920
Distrito Federal São Cristóvão Distrito Federal São Cristóvão
População 805.335 45.098 1.147.599 59.322
o
N de prédios 84.375 4.133 129.632 6.152
No de domicílios 83.686 4.085 128.961 5.990
Densidade predial 9,54 10,91 8,85 9,64
Densidade imobiliária 9,62 11,04 8,90 9,91
Fonte: Recenseamento de 1920.
20
Como não houve Censo Demográfico de 1930, não serão apresentados dados sobre essa década.
63
A década de 40 é marcada pelo surgimento do Comércio da Feira do
Nordeste ou Feira dos Irmãos Nordestinos no Campo de São Cristóvão, pela instalação
do Jardim Zoológico do Rio na Quinta da Boa Vista (1945), pela ocupação das favelas:
Parque Horácio Cardoso Franco, Parque Mineiros e Morro do Tuiuti e pela inauguração
da Avenida Brasil (1946), possibilitada pelos aterros e que, por sua vez, gerou grandes
impactos no bairro, tais como: a saída das grandes indústrias para áreas mais distantes
da cidade (processo que se iniciou na década de 20), em função da forte valorização dos
terrenos, que impossibilitava a expansão física de suas plantas; a transferência de
indústrias pequenas e médias (indústrias leves) para o bairro e, ainda, a consolidação de
passagem deste por essa avenida, do centro da cidade à Zona Norte e, em seguida, à
Oeste, interligando expressamente áreas extremas da metrópole, ao mesmo tempo em
que se liga a rodovias que acessam outros municípios dentro e fora do estado e da
região metropolitana da Baixada (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral
do Patrimônio Cultural, 1991; ______. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto
Municipal de Urbanismo Pereira Passos, 1998; STROHAECKER, 1989; PEREIRA, 1976;
MACHADO, 1988; MONTEIRO, 1998). Em síntese, houve uma transformação do bairro
de São Cristóvão em uma espécie de eixo de ligação entre regiões metropolitanas e uma
mudança na composição e no porte das indústrias do bairro, com ênfase nas indústrias
pequenas e médias (indústrias leves).
Tabela 4
Densidade predial e domiciliária com número de pavimentos no Distrito de São Cristóvão
1940
Total 1 pavimento 2 pavimentos 3 ou + pavimentos s/ declaração
População 71.917 48.495 20.982 2.367 73
Unidades 10.116 8.423 1.569 101 23
Densidade 7,11 5,76 13,35 22,76 3,17
Fonte: Censo Demográfico de 1940.
64
Zona Rural (Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz), que também apresentaram a
mesma participação no total.
Tabela 5
População residente no Município do Rio de Janeiro por Circunscrição Censitária
1940
Circunscrições População 1940 Circunscrições População 1940
Censitárias No (%) Censitárias No (%)
Centro 49.852 3 Engenho Velho 37.796 2
Candelária 1.812 0 Tijuca 64.499 4
São José 9.256 1 Andaraí 95.666 5
Santa Rita 15.987 1 Zona Suburbana I 588.532 34
São Domingos 7.498 0 Engenho Novo 78.631 5
Sacramento 7.858 0 Méier 68.685 4
Ajuda 7.441 0 Inhaúma 72.350 4
Área Periférica Central 196.381 11 Piedade 84.269 5
Santana 20.290 1 Irajá 77.905 4
Gamboa 38.791 2 Madureira 111.333 6
Espírito Santo 42.440 2 Penha 95.359 6
Rio Comprido 61.957 4 Jacarepaguá 71.425 4
Santo Antônio 32.903 2 Zona Suburbana II 182.461 10
São Cristóvão 70.984 4 Pavuna 56.173 3
Santa Teresa 61.476 4 Anchieta 35.891 2
Zona Sul 246.445 14 Realengo 90.397 5
Glória 61.728 4 Zona Rural 70.825 4
Lagoa 54.992 3 Campo Grande 35.035 2
Gávea 55.592 3 Guaratiba 14.644 1
Copacabana 74.133 4 Santa Cruz 21.146 1
Zona Norte 197.961 11 Ilhas 22.935 1
Total 1.759.277 100
Fonte: Censo Demográfico de 1940 (ABREU, 1987).
65
Tabela 6
População do Distrito de São Cristóvão, segundo as profissões e sexo
1940
Setor econômico Total Masculino (%) Feminino (%)
Agricultura, pecuária e avicultura 101 94 93,07 7 6,93
subsolo extrativas
Indústrias 557 553 99,28 4 0,72
Indústrias de transformação 9.603 7.869 81,94 1.734 18,06
Comércio de mercadorias 4.609 4.188 90,86 421 9,14
Comércio de imóveis, etc. 325 291 89,54 34 10,46
Transportes e comunicações 2.676 2.557 95,55 119 4,45
Administração pública, etc. 2.003 1.685 84,12 318 15,88
Defesa nacional/ segurança pública 2.200 2.180 99,09 20 0,91
Profissões liberais, etc. 594 424 71,38 170 28,62
Serviços e atividades sociais 4.621 2.996 64,83 1.625 35,17
Atividades domésticas e escolares 23.410 3.521 15,04 19.889 84,96
Total de ativos 50.699 26.352 51,98 24.341 48,02
Total de inativos 6.955 3.340 48,02 3.615 51,98
Fonte: Censo Demográfico de 1940.
66
Desta população ativa 31,1% estavam na Indústria, em 335 estabelecimentos, e 13,6%
no Comércio, em 578 estabelecimentos.
Tabela 7
População residente no Município do Rio de Janeiro por circunscrição censitária
1950
Circunscrições População 1950 Circunscrições População 1950
o o
Censitárias N % Censitárias N %
Centro 37.809 1 Engenho Velho 41.721 2
Candelária 1.069 0 Tijuca 80.011 3
São José 6.684 0 Andaraí 116.180 5
Santa Rita 9.567 0 Zona Suburbana I 826.361 35
São Domingos 3.521 0 Engenho Novo 122.977 5
Sacramento 5.865 0 Méier 84.601 3
Ajuda 11.103 0 Inhaúma 86.163 4
Área Periférica Central 181.392 11 Piedade 110.962 5
Santana 14.911 1 Irajá 123.234 5
Gamboa 31.324 2 Madureira 157.796 7
Espírito Santo 37.227 2 Penha 140.628 6
Rio Comprido 70.979 4 Jacarepaguá 107.093 4
Santo Antônio 26.951 2 Zona Suburbana II 324.906 14
São Cristóvão 76.604 4 Pavuna 98.594 4
Santa Teresa 71.733 4 Anchieta 75.600 3
Zona Sul 359.681 14 Realengo 150.712 7
Glória 82.563 4 Zona Rural 111.832 5
Lagoa 59.460 3 Campo Grande 59.752 3
Gávea 88.409 3 Guaratiba 20.516 1
Copacabana 129.249 4 Santa Cruz 31.564 1
Zona Norte 237.912 11 Ilhas 39.957 2
Total 2.375.280 100
Fonte: Censo Demográfico de 1950 (ABREU, 1987).
67
A população das favelas na Circunscrição Censitária São Cristóvão, na
década de 50, era de 14.289 pessoas distribuídas em 5 favelas, correspondendo a
18,6% da população residente no bairro (ABREU, 1987) e 8 % da população total
favelada da cidade do Rio de Janeiro, ao lado da Circunscrição Zona Norte (Tijuca e
Andaraí), também, com 5 favelas detentoras de 11% do total dessa população.
Tabela 8
Número de favelas na cidade do Rio de Janeiro, segundo as circunscrições censitárias
1950
Circunscrições Favelas População
Censitárias No % No %
Centro 1 2 2.840 2
Área Periférica Central 6 10 17.121 10
Gamboa 1 2 4.567 3
Rio Comprido 5 8 12.554 7
São Cristóvão 5 8 14.289 8
Santa Teresa 3 5 2.823 2
Zona Sul 25 42 43.098 25
Glória 5 8 1.799 1
Lagoa 3 5 3.115 2
Gávea 9 15 24.469 14
Copacabana 8 14 13.715 8
Zona Norte 5 8 18.606 11
Tijuca 3 5 12.531 7
Andaraí 2 3 6.075 4
Zona Suburbana 13 22 64.590 38
Engenho Novo 4 7 38.896 23
Méier 3 5 7.182 4
Madureira 1 2 2.071 1
Irajá 2 3 6.106 4
Penha 3 5 10.335 6
Realengo 1 2 5.938 4
Total 59 100 169.305 100
Fontes: PARISSE, Lucien. Favelas do Rio de Janeiro: evolução e sentido. Rio de Janeiro: CENPHA, 1969. p. 107, 108
(ABREU, 1987).
68
dos terrenos e da densificação dos espaços vazios; pela erradicação das favelas
localizadas ao longo da Av. Brasil, cedendo lugar aos estabelecimentos fabris, à mesma
época em que se generaliza o processo de erradicação de favelas na cidade, em especial
na Zona Sul; pela criação da Região Administrativa de São Cristóvão e da sociedade civil
do Conselho de Associações e Entidades de São Cristóvão - CAESC (1961); pela
construção da Rodoviária Novo Rio (1965), próxima ao cais do porto e da Região
Administrativa de São Cristóvão; pela instalação da favela Ataulfo Alves, para servir de
moradia aos desalojados e; pela construção do viaduto de mesmo nome (ABREU, 1987;
RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral do Patrimônio Cultural, 1991;
SILVA, 1990).
69
Tabela 9
População residente no Município do Rio de Janeiro por circunscrição censitária
1960
Circunscrições População 1960 Circunscrições População 1960
o o
Censitárias N % Censitárias N %
Centro 25.196 1 Engenho Velho 45.304 2
Candelária 435 0 Tijuca 107.074 3
São José 4.696 0 Andaraí 139.547 4
Santa Rita 9.388 1 Zona Suburbana I 1.057.869 32
São Domingos 2.149 0 Engenho Novo 145.796 4
Sacramento 3.196 0 Méier 103.957 3
Ajuda 5.332 0 Inhaúma 106.207 3
Área Periférica Central 177.740 5 Piedade 128.119 4
Santana 10.835 0 Irajá 182.818 6
Gamboa 29.017 1 Madureira 208.200 6
Espírito Santo 31.515 1 Penha 182.772 6
Rio Comprido 83.896 3 Jacarepaguá 193.792 6
Santo Antônio 22.477 0 Zona Suburbana II 564.425 17
São Cristóvão 78.002 2 Pavuna 183.027 6
Santa Teresa 83.215 3 Anchieta 139.800 4
Zona Sul 556.145 17 Realengo 241.598 7
Glória 114.293 4 Zona Rural 203.479 6
Lagoa 70.494 2 Campo Grande 126.982 4
Gávea 131.011 4 Guaratiba 27.120 1
Copacabana 240.347 7 Santa Cruz 49.377 1
Zona Norte 291.925 9 Ilhas 68.643 2
Total 3.300.431 100
Fonte: IBGE. Conselho Nacional de Estatística. Características demográficas e sociais da Guanabara. Rio de Janeiro:
IBGE, 1966. p. 10, 11 (ABREU, 1987).
70
DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral do Patrimônio Cultural, 1991; ______.
Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos,
1998; STROHAECKER, 1989; MONTEIRO, 1998; SILVA, 1990).
71
2.1.3 Da década de 1990 em diante
21
O recorte espacial foi representado aqui pela unidade de análise empírica Região Administrativa – RA, que
corresponde aos bairros de São Cristóvão, Mangueira, Benfica e Vasco da Gama.
72
2.2 O lugar e os usos de São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro
Mapa 1
Desenho de referência - Localização e sistema viário
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
73
Urbanismo Pereira Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de
Janeiro, 2000).
74
Burgess é denominada zona de transição e de degradação e apelidada por Le Corbusier
como os “cinturões piolhentos de nossas cidades” (VAZ; SILVEIRA, 1994).
24
Central Business Districts, centros históricos e periferias de usos mistos (VAZ; SILVEIRA, 1999).
75
benefícios que esse tipo de intervenção é capaz de gerar, tais como: a atração de
investimentos, sobretudo, imobiliários; o aumento do número de empregos; a valorização
do espaço urbano enquanto mercadoria e; o aumento da acumulação capitalista.
76
Com a desaceleração e a crise da economia cafeeira (FASE I), no início do
século passado, os excedentes ali produzidos são gradualmente transferidos para as
atividades industriais que começam a despontar no país, motivadas pela elevação da
taxa de câmbio, encarecendo os produtos importados e, com isso, tornando possível a
internalização de parte das importações.
77
com a gradativa substituição das grandes chácaras por galpões e casas proletárias, fato
que foi, aos poucos, alterando a feição do bairro.
De forma mais precisa, foi a partir dos anos 30 que se iniciou a Revolução
Industrial Brasileira, propiciada pela depressão mundial do período entre-guerras, quando
o Brasil passa a suprir suas carências de manufaturas por via da substituição de
importações e a incentivar a Indústria Metalúrgica, em função da construção da
Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, em 1941 (SILVA, 1990), sendo tal situação
consolidada pelo Decreto 6.000 de 1937, que transforma São Cristóvão em Zona
Industrial – ZI (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo.
Coordenação de Planejamento, 1999, p. 17), medida responsável:
78
avançando) e; o excedente do seu café (injetado no setor imobiliário, ao invés do setor
industrial), impediram que o estado caísse numa crise econômica significativa,
permanecendo, até 1960, como o principal centro comercial e financeiro do país,
ocupando um importante papel no cenário nacional.
79
depositário da Indústria nacional e o polarizador do desenvolvimento nas demais regiões
do país, fato responsável por:
80
criada para servir de apoio à Zona Portuária, graças à sua proximidade com o Centro e
às facilidades quanto aos transportes ferroviários e rodoviários (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999;
SILVA, 1990).
81
condição de São Cristóvão como o bairro mais poluído do Rio de Janeiro. Tal questão
ambiental foi a principal motivação para a primeira modificação de legislação específica
da área, que através desse decreto, buscou resgatar o antigo caráter residencial do
bairro, passando as indústrias a sofrer sérias restrições e a ZIC a ser substituída por
zonas residenciais – ZR – 3A e ZR - 3B e ZR – 5A e ZR – 5B (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999,
1999, p. 17). Nos anos seguintes e, sobretudo, na década de 90, com a abertura política
e econômica brasileira, a reestruturação produtiva e o retorno do capital estrangeiro para
o país, novas perspectivas se abriram no mapa do desenvolvimento nacional,
significando um retrocesso da dinâmica de desconcentração observada no período
anterior.
Na medida em que o mercado nacional se integrava, a indústria
buscava novas localizações, desenvolvendo-se em vários locais
das regiões menos desenvolvidas do país, especialmente, nas
suas áreas metropolitanas. Em 1990, o Sudeste caíra para 69%
seu peso na indústria do Brasil, São Paulo recuara sua
importância relativa para 49%, enquanto o Nordeste passava de
5,7% para 8,4% seu peso na produção industrial brasileira, entre
1970 e 1990. O mesmo movimento de ganho de posição relativa
acontecia com o Sul, Norte e Centro-Oeste. Os efeitos da
desconcentração das atividades agrícolas, portuárias e industriais
afetaram o terciário, que também tendeu à desconcentração
(ARAÚJO, 1997, p. 1070).
82
2.2.2 Legislação de uso e ocupação do solo em São Cristóvão
83
2.3 Dos diagnósticos para São Cristóvão a um outro diagnóstico
25
Cidade com capacidade de inserir-se no mercado de cidades e atrair investimentos, devido ao meio
ambiente privilegiado, ao potencial existente de qualidade de vida, à infra-estrutura (sobretudo, de
telecomunicações) e à sua imagem, com o intuito de tornar a cidade empreendedora e competitiva, com
qualidade de vida, com capacidade para ser um centro de pensamento e de geração de negócios, aberta
para o mercado externo, ou seja, uma cidade como pólo infra-estruturado que articula as redes e fluxos
internacionais de mercadorias, capitais e informação (FERREIRA, 2000).
84
diante de riscos e oportunidades do ambiente, e uma análise externa (análise do entorno)
e, a partir destas definiram-se os temas críticos que foram aprofundados pelos grupos de
diagnóstico, estabelecendo-se o objetivo central e as linhas estratégicas consensuais,
para os grupos de análise, então, apontarem propostas, ações, projetos e programas
para cada linha estratégica e suas prioridades, que foram sistematizados pela equipe
técnica e pelos consultores, resultando no PECRJ (GONÇALVES, 2001; FERREIRA,
2000) 26.
26
Os principais atores envolvidos no Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro (PECRJ) foram: o
prefeito César Maia, o secretário municipal de urbanismo Luiz Paulo Conde, técnicos especialmente
contratados para elaboração (Comitê Executivo), consultores, técnicos do Executivo Municipal, técnicos de
outros órgãos de governo (municipal, estadual e federal), representantes de entidades dos setores: industrial,
comercial/ serviços, turístico/ hoteleiro, imobiliário/ shoppings, financeiro, do setor de educação e produção
científica, do setor cultural e religioso, de sindicatos (patronais e de trabalhadores), do movimento popular
(associações), da imprensa, etc.
85
Planejamento (AP). Por último, um grupo de técnicos fez a junção entre os relatórios
temáticos e as diretrizes de uso do solo (FERREIRA, 2000)27.
27
Os atores envolvidos no Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro (PDDCRJ) foram: o prefeito
Marcelo Alencar, técnicos do Executivo Municipal; técnicos de outros de governos; vereadores;
representantes de entidades técnico-científicas; do setor empresarial (principalmente da Construção Civil e
dos Transportes); do movimento popular (constituição de um Fórum Popular de Acompanhamento do Plano
Diretor).
28
Os principais atores envolvidos no Projeto de Estruturação Urbana - PEU-São Cristóvão foram: o prefeito
Luiz Paulo Fernandes Conde; a secretária municipal de urbanismo Hélia Nacif Xavier; técnicos da Prefeitura -
da Coordenação de Planejamento – U/CPA e da Coordenação de Projetos de Alinhamento e de Urbanização
– U/CPU; colaboradores - Coordenação de Planejamento, Coordenadoria de Parcelamento e Edificações e
Coordenadoria de Ação Urbanística; técnicos contratados para elaboração de pesquisas sobre parcelamento
e uso do solo, mercado imobiliário, infra-estrutura; além de representantes da comunidade e instituições -
Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, Câmara Comunitária de São Cristóvão, Associação de
Moradores do Largo da Cancela e Adjacências – AMALCA, Associação de Moradores e Amigos de São
Cristóvão – AMA São Cristóvão, Conselho das Associações e Entidades de São Cristóvão – CAESC; e
indiretamente, a Associação de Proteção aos Nordestinos – APN, a Associação Industrial e Comercial da
Grande São Cristóvão – ASSINCO e a Associação dos Dirigentes de Empresas Imobiliárias do Rio de
Janeiro – ADEMI/RJ.
86
nesses quatro bairros (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de
Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 8)29.
29
“Podem ser citadas como causas mais prováveis para o aparecimento desses espaços: 1) o confinamento
da área pela estrutura rodo-metro-ferroviário que a circunda; 2) a degradação de espaços em função da
passagem de grandes obras viárias; 3) a degradação de áreas em função da proximidade de grandes favelas
(agora já em processo de requalificação); o esvaziamento econômico da área; a legislação urbanística em
vigor, bastante restritiva e inibidora do desenvolvimento dos bairros” (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 8).
30
Para aprofundar-se no tema, ver Rezende (1982).
31
Idem 11.
87
2.4 Um novo diagnóstico para São Cristóvão
88
Tabela 10
População residente, por espécie do domicílio e tipo do domicílio particular permanente, segundo as
Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros - Rio de
Janeiro
2000
População residente
Mesorregiões,
Microrregiões, Total Espécie do domicílio
Municípios, Domicílio particular
Distritos, Permanente Unidade
Subdistritos e de
Bairros habitação
(1) Total Total Casa Apto. Cômodo Improvisado em
domicílio
coletivo
Total 14 391 282 14 338 129 14 295 985 11 596 943 2 550 128 148 914 42 144 53 153
Rio de
Janeiro 5 857 904 5 826 054 5 807 426 3 793 100 1 942 297 72 029 18 628 31 850
São
Cristóvão 38 334 36 618 36 352 22 313 12 537 1 502 266 1 716
Total 100,0 99,6 99,3 80,6 17,7 1,0 0,3 0,4
Rio de
Janeiro 100,0 99,5 99,1 64,8 33,2 1,2 0,3 0,5
São
Cristóvão 100,0 95,5 94,8 58,2 32,7 3,9 0,7 4,5
Fonte: IBGE – Censo 2000.
Tal situação ajuda a explicar, pelo menos parcialmente, o menor nível de rendimentos registrado em São Cristóvão. O rendimento
médio nominal dos chefes de domicílio residentes no local, em 2000, correspondia a 64,0% do que ganhava o conjunto da
população da cidade (R$ 867,34 e R$ 1.354,31, respectivamente).
Tabela 11
Valor do rendimento nominal médio mensal, valor do rendimento nominal mediano mensal das
pessoas com rendimento, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, Estado do RJ,
município do RJ e bairro São Cristóvão
2000
89
Tabela 12
Domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento nominal mensal da pessoa
responsável pelo domicílio, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos,
os Subdistritos e os Bairros - Rio de Janeiro
Tabela 13
Porcentagem das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por grupos de
anos de estudo,segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os
Subdistritos e os Bairros - Rio de Janeiro
90
que, embora possam contar com algumas vantagens em relação a outros bairros do
subúrbio e a outras áreas da periferia do Rio de Janeiro, estão longe de usufruir os
privilégios, em termos de infra-estrutura e equipamentos, presentes nas áreas mais
abastadas da cidade.
Tabela 14
Declaração de ICMS, por atividade econômica, na VII Região Administrativa São Cristóvão e bairros
1996 (em R$)
91
cidade. Já o setor de Serviços, exclusivamente em termos de arrecadação de ICMS,
apresenta percentuais mais modestos de esforço fiscal para o conjunto do Rio de Janeiro
(0,66%).
Fonte: INSTITUTO DE PLANEJAMENTO MUNICIPAL (RIO DE JANEIRO, RJ). Potencial Econômico dos Bairros do
Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, jul. 1999.
92
Tabela 15
Número de estabelecimentos por setor de atividade econômica no bairro de São Cristóvão
1996 e 2000
Setor de atividade econômica 1996 2000 Variação
1. Indústria
Indústrias de transformação 284 274 -3,5%
Outras indústrias 6 6 0,0%
2. Construção civil
Construção 46 61 32,6%
3. Comércio
Comércio atacadista e varejista 640 705 10,2%
4. Serviços
4.1. Serviços de apoio às atividades econômicas (produção)
Transporte, armazenagem e comunicações. 46 50 8,7%
Intermediação financeira 18 28 55,6%
Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às 139 210 51,1%
4.2. Serviços coletivos
Ensino 14 14 0,0%
Saúde e serviços sociais 21 30 42,9%
Administração pública, defesa e seguridade social 5 7 40,0%
Outras atividades de serviços coletivos, sociais e pessoais 101 94 -6,9%
4.3. Serviços ligados ao consumo individual
Alojamento e alimentação 132 144 9,1%
4.4. Outros serviços 42 5 -90,5%
Total 1494 1628 9,0%
Fonte: BRASIL. Ministério do Trabalho/ RAIS (tabulação especial).
93
bairro e suas modificações ao longo do tempo, assim como os novos bairros originados a
partir desse hipotético desmembramento32.
32
A partir da segunda metade do século XIX São Cristóvão sofreu fortes modificações, tais como:
inauguração da estação ferroviária de São Cristóvão em 1861 (uma das 5 estações da Estrada de Ferro D.
Pedro II); sistema de iluminação a gás (1863); bondes – tração animal (1870); rede de esgoto (1875);
construção do reservatório do Pedregulho (1877), elemento importante para completar o sistema de
abastecimento da cidade e instalações industriais. Benfica era, nessa época, um próspero povoado que
abastecia a corte de gêneros da pequena lavoura e que beneficiado pela linha de bondes e pela estrada de
ferro Rio D’Ouro se transforma em bairro tendo como centro o Largo de Benfica. Desde o final do século XIX
o Morro do Telégrafo é ocupado por cocheiros e capatazes do Paço de São Cristóvão e no começo do século
XX o Morro da Mangueira começa a ser ocupado, em geral por empregados do comércio local e o Parque da
Candelária (em terrenos da Irmandade Nossa Senhora da Candelária) por soldados que serviam nos
batalhões da área, era o início da ocupação do atual bairro da Mangueira. [...] Vasco da Gama, o bairro mais
novo (criado em setembro de 1998) e constituído de uma área anteriormente pertencente ao bairro de São
Cristóvão, onde além do estádio de futebol do Vasco da Gama situam-se o Observatório Nacional e o Museu
de Astronomia (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de
Planejamento, 1999, p. 11, 12).
94
Saskia Sassen (1998)), também, estariam presentes na área, tais como: os serviços
ligados ao transporte aéreo (de 16 para 19 estabelecimentos) e as atividades de
informática (de 14 para 17 estabelecimentos) que apresentaram variações positivas entre
1996 e 2000.
Quanto aos serviços coletivos, cuja evolução está geralmente associada aos
componentes demográficos, registrou-se um quadro de relativa estabilidade em São
Cristóvão, com destaque, apenas, para um crescimento mais acentuado na área de
saúde. O mesmo pode ser dito quanto aos serviços ligados ao consumo individual, que
apresentaram crescimento de 9,1% no segmento de alojamento e alimentação.
A importância de São Cristóvão no conjunto do Rio de Janeiro pode ser,
também, observada através da arrecadação do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza). Ainda que a posição do bairro tenha decrescido do quarto para o oitavo lugar,
entre as áreas com maior arrecadação desse imposto no Rio de Janeiro, no período entre
1996 e 1998, cumpre observar que o valor arrecadado no bairro não difere
substancialmente daqueles registrados em áreas valorizadas da cidade como a Barra da
Tijuca e Copacabana.
Tabela 16
A posição de São Cristóvão entre os maiores bairros, segundo a arrecadação do ISS
1996 a 1998 (em R$)
1996 1997 1998
(01) Centro 27.716.814 (01) Centro 262.523.268 (01) Centro 276.169.662
(02) Botafogo 60.069.972 (02) Botafogo 66.250.183(02) Botafogo 75.488.697
(03) Jardim Botânico 21.988.465 (03) Jardim Botânico 26.066.098 (03) Jardim Botânico 26.179.823
(04) São Cristóvão 15.192.403 (04) Barra da Tijuca 18.383.331 (04) Cidade Nova 21.078.952
(05) Barra da Tijuca 15.004.066 (05) Copacabana 18.149.195(05) Copacabana 19.906.072
(08) São Cristóvão 14.403.076 (08) São Cristóvão 14.108.352
VII RA São Cristóvão 8.082.856 VII RA São Cristóvão 7.757.177 VII RA São Cristóvão 6.582.268
(%) 2,92 (%) 2,54 (%) 2,23
DEMAIS Ras 616.291.023 DEMAIS RAs 679.967.310 DEMAIS RAs 727.452.807
(%) 97,08 (%) 97,46 (%) 97,77
RJ 618.099.879 RJ 697.724.487 RJ 744.035.075
Fontes: INSTITUTO DE PLANEJAMENTO MUNICIPAL (RIO DE JANEIRO, RJ). Potencial Econômico dos Bairros do
Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, jul. 1999.
95
Tabela 17
A posição de São Cristóvão entre os maiores bairros, segundo a arrecadação do IPTU
1996 e 1997 (em R$)
1996 1997
(01) Centro 103.109.656(01) Centro 111.475.076
(02) Barra da Tijuca 85.403.619 (02) Barra da Tijuca 88.260.866
(03) Copacabana 53.741.705 (03) Copacabana 54.595.496
(04) Botafogo 43.103.423 (04) Botafogo 43.786.268
(05) Tijuca 39.289.247 (05) Tijuca 40.594.216
(10) São Cristóvão 13.004.565 (12) São Cristóvão 13.019.790
VII RA São Cristóvão 16.574.217 VII RA São Cristóvão 16.251.695
(%) 2,15 (%) 2,01
DEMAIS RAs 755.116.001 DEMAIS RAs 793.083.383
(%) 97,85 (%) 97,99
RJ 771.690.218 RJ 809.335.078
Fonte: INSTITUTO DE PLANEJAMENTO MUNICIPAL (RIO DE JANEIRO, RJ). Potencial Econômico dos Bairros do
Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, jul. 1999.
96
se aos dados da RAIS para que se pudesse entender como as transformações na
economia geraram impactos sobre a demanda de mão-de-obra no bairro. Para tanto,
buscou-se avaliar as mudanças na composição setorial e no estoque de empregos
formais em São Cristóvão.
Tabela 18
Evolução do número de empregados, segundo setor de atividade econômica
Bairro de São Cristóvão
1996-2000
35
Cumpre advertir, no entanto, que as informações fornecidas pelo Ministério do Trabalho (RAIS) embora
sejam de inequívoca importância para a análise dos movimentos setoriais e do contingente de empregados,
posto que são praticamente os únicos que podem ser desagregados para as esferas urbana e intra-urbana,
têm como limitante o fato de captar apenas a dinâmica do mercado de trabalho formalizado. Tendo em vista
que a piora das condições econômicas tem aprofundado o processo de precarização das condições de
trabalho, não apenas no Rio de Janeiro, mas no conjunto do país, é lícito supor que parte do número de
empregos reduzidos na Indústria tenha sido contrabalançada pelo aumento do emprego sem carteira
assinada e pelo trabalho autônomo. O mesmo pode estar acontecendo, em intensidade ainda maior, no setor
Terciário que, tradicionalmente apresenta condições de trabalho menos favoráveis que na Indústria. Desde
há muito e, particularmente, nas duas últimas décadas, as atividades comerciais e de Serviços tem servido
como amortecedor do crescimento do desemprego. Por isso, não seria surpresa que, no período em análise,
o número de ocupações informais tenha superado o declínio registrado no estoque de empregos com carteira
assinada do Terciário, em São Cristóvão.
97
que pode indicar a permanência de uma mão-de-obra mais qualificada, embora em uma
escala reduzida.
Tabela 19
Número de empregados por divisão de atividade no bairro de São Cristóvão
1996 e 2000
Divisão de Atividade 1996 2000 Variação
1. Indústria
Extração de petróleo e gás natural 0 28 -
Extração de outros minerais 407 371 -8,8%
Fabricação de produtos alimentares e bebidas 872 695 -20,3%
Fabricação de produtos têxteis 97 178 83,5%
36
É preciso levar em conta, entretanto, que os dados disponíveis englobam o auge do Plano Real, quando a
abertura econômica e a valorização cambial implicaram na elevação da concorrência com os produtos
externos atingindo, principalmente, as indústrias de pequeno porte.
98
Confecção de artigos do vestuário e acessórios 1616 1769 9,5%
Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 531 388 -26,9%
Fabricação de produtos de madeira 106 39 -63,2%
Fabricação de pastas, papel e produtos de papel 154 150 -2,6%
Edição, impressão e reprodução de gravações 1021 1129 10,6%
Fabricação de produtos químicos 712 439 -38,3%
Fabricação de artigos de borracha e plástico 1041 578 -44,5%
Fabricação de produtos de minerais não metálicos 45 50 11,1%
Metalurgia básica 205 63 -69,3%
Fabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos 98 119 21,4%
Fabricação de máquinas e equipamentos 393 243 -38,2%
Fabrç. de máquinas para escritório e equipamentos de informática... 57 74 29,8%
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 61 91 49,2%
Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 55 33 -40,0%
Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos médico-hospital.... 27 54 100,0%
Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceri... 43 66 53,5%
Fabricação de outros equipamentos de transporte 9 5 -44,4%
Fabricação de móveis e indústrias diversas 260 229 -11,9%
Reciclagem 0 13 -
Eletricidade, gás e água quente 856 424 -50,5%
Captação, purificação e distribuição de água 8 1 -87,5%
2. Construção Civil
Construção 3172 3129 -1,4%
3. Comércio
Venda, manutenção e reparação de veículos automotores, motocicletas... 1245 1190 -4,4%
Com. por atacado e intermediários do com., exceto de veículos auto.... 2026 1874 -7,5%
Com. varejista, exceto com. de veículos automotores, motocicletas..... 3025 2986 -1,3%
4. Serviços
4.1. Serviços de apoio às atividades econômicas
Transporte terrestre 1303 526 -59,6%
Transporte aéreo 12 1 -91,7%
Atividades anexas e auxiliares do transporte e agências de viagem 979 334 -65,9%
Correio e telecomunicações 13 608 4576,9%
Intermediação financeira, exceto seguros e previdência privada 582 644 10,7%
Seguros e previdência privada 86 57 -33,7%
Atividades imobiliárias 125 154 23,2%
Aluguel de veículos, máquinas e equipamentos sem condutores ou op..... 288 223 -22,6%
Atividades de informática e conexas 134 198 47,8%
Pesquisa e desenvolvimento 1 0 -100,0%
Outras atividades empresariais 4231 4825 14,0%
Administração pública, defesa e seguridade social 1096 1049 -4,3%
4.2. Serviços Coletivos
Ensino 412 263 -36,2%
Saúde e serviços sociais 448 331 -26,1%
Coleta de lixo e águas residuais, esgoto doméstico e industrial e..... 604 48 -92,1%
Atividades associativas 262 444 69,5%
Atividades recreativas, culturais e desportivas 791 1515 91,5%
4.3 Serviços ligados ao consumo individual
Alojamento e alimentação 1120 821 -26,7%
Serviços pessoais de outros tipos 133 139 4,5%
4.4 Outros serviços
Não informado 1349 21 -98,9%
Total 32111 28609 -10,9%
Fonte: BRASIL. Ministério do Trabalho/ RAIS (tabulação especial).
Esse fato mostra que no setor de Serviços existe uma dinâmica diferenciada
em São Cristóvão. O setor de Transportes se apresenta em queda significativa, com as
maiores perdas de postos de trabalho [1303, em 1996, e 526, em 2000, no transporte
terrestre e 12, em 1996, e 1, em 2000, no transporte aéreo]. Por outro lado, as atividades
de serviços ligadas aos setores tecnologicamente mais avançados, tais como, o de
Telecomunicações e Intermediação Financeira, são os que apresentam as maiores taxas
de aumento de emprego.
99
Esses dados indicam uma situação um pouco semelhante ao que ocorre na
Indústria, com a permanência de serviços com maior qualificação técnica e tecnológica,
embora com escala reduzida de empregos.
37
Ver Tabela 7.1.2. Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo – SMU.
38
Ver Tabela 7.1.3. Fonte: Secretaria Municipal de Fazenda – SMF, Coordenação do IPTU – Cadastro
Imobiliário, Bases Estatísticas e de Apoio à Gestão da Cidade do Rio de Janeiro. Tabulação, Metodologia e
Cálculos: Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP, Diretoria de Informações da Cidade – DI C.
100
Tabela 20
A posição de São Cristóvão entre os maiores bairros, segundo o número de
estabelecimentos residenciais.
Colocação Estabelecimentos
do Bairro residenciais
(01) Copacabana 74.603
(02) Tijuca 55.512
(03) Campo Grande 42.965
(04) Bangu 37.955
(05) Barra da Tijuca 36.998
(48) São Cristóvão 8.365
Fonte: INSTITUTO DE PLANEJAMENTO MUNICIPAL (RIO DE JANEIRO, RJ). Potencial Econômico dos Bairros do
Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, jul. 1999.
Nota: Dados de 1997
101
formulação do Projeto de Estruturação Urbana – PEU-São Cristóvão (1999), ainda em
votação e que define áreas de projeto, onde a legislação pode ser flexibilizada. Tal
hipótese suscita outras perguntas, tais como: A que tipo de imóveis tal flexibilização na
legislação se destina? Seriam imóveis residenciais? Para que classe social ou faixa de
renda está voltada? Tais mudanças estariam restritas a alguma área específica ou
podem significar uma transformação no uso e na ocupação do solo em São Cristóvão?
Tabela 21
Número de estabelecimentos residenciais (casas/ sobrados/ apartamentos) nos bairros da VII RA São
Cristóvão por ano
1991 a 2000
BAIRROS/ 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
São 7.832 7.969 8.139 8.134 8.173 8.184 8.231 6.664 6.683 6.704
Cristóvão
Mangueira 390 419 420 396 396 397 399 401 402 404
Benfica 2.745 2.782 2.804 2.779 2.811 2.820 2.835 2.806 2.827 2.825
Vasco da 0 0 0 0 0 0 0 1.644 1.651 1.654
Gama
VII RA São 10.967 11.170 11.363 11.310 11.380 11.401 11.465 11.515 11.563 11.587
Cristóvão
(%) 1,15 1,14 1,14 1,13 1,12 1,11 1,10 1,09 1,07 1,05
DEMAIS 942.93 966.45 987.40 990.19 1.003.8 1.011.7 1.033.9 1.048.7 1.072.8 1.090.2
(%) 98,85 98,86 98,86 98,87 98,88 98,89 98,90 98,91 98,93 98,95
RJ 953.89 977.62 998.77 1.001.5 1.015.1 1.023.1 1.045.4 1.060.2 1.084.4 1.101.7
Fonte: Cadastro IPTU.
39
De acordo com Abramo (2002), com relação ao mercado informal de favelas, o metro quadrado mais caro
39
do Rio de Janeiro fica em São Cristóvão , fato que distancia a idéia de esvaziamento do bairro.
102
Gráfico 7 - Número de estabelecimentos residenciais (casas/ sobrados/
apartamentos) nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano
- 1991 a 2000.
9.000
8.000
7.000
6.000 São Cristóvão
5.000 Mangueira
Benfica
4.000
Vasco da Gama
3.000
2.000
1.000
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Tabela 22
Número de estabelecimentos comerciais/ serviços (lojas/ sobrelojas/ salas) nos bairros da VII RA São
Cristóvão por ano
1991 a 2000
BAIRROS/
ANOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
São
Cristóvão 1.553 1.414 1.629 1.655 1.660 1.668 1.730 1.486 1.516 1.533
Mangueira 13 15 16 16 16 16 16 16 16 16
Benfica 1.025 1.038 1.054 1.058 1.062 1.063 1.072 1.081 1.083 1.082
Vasco da
Gama 0 0 0 0 0 0 0 275 279 268
VII RA São
Cristóvão 2.591 2.467 2.699 2.729 2.738 2.747 2.818 2.858 2.894 2.899
(%) 2,16 2,05 2,07 2,06 2,05 1,89 1,92 1,91 1,86 1,79
DEMAIS RAs 117.194 120.502 127.523 129.818 130.818 143.179 143.920 146.635 152.619 159.251
(%) 97,84 97,95 97,93 97,94 97,95 98,11 98,08 98,09 98,14 98,21
RJ 119.785 122.969 130.222 132.547 133.556 145.926 146.738 149.493 155.513 162.150
Fonte: Cadastro IPTU.
103
Gráfico 8 - Número de estabelecimentos comerciais/ serviços (lojas/
sobrelojas/ salas) nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano
- 1991 a 2000.
2.000
1.800
1.600
1.400
São Cristóvão
1.200
Mangueira
1.000
Benfica
800
600 Vasco da Gama
400
200
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Tabela 23
Número de estabelecimentos industriais (indústrias/ galpões/ telheiros) nos bairros da VII RA São
Cristóvão por ano
1991 a 2000
BAIRROS/ ANOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
São Cristóvão 566 480 609 623 652 646 658 490 502 524
Mangueira 16 18 22 19 17 17 20 19 18 18
Benfica 227 233 247 254 259 242 265 258 268 274
Vasco da Gama 0 0 0 0 0 0 0 163 169 171
VII RA São
Cristóvão 809 731 878 896 928 905 943 930 957 987
(%) 8,94 8,08 8,93 8,94 9,00 8,63 8,79 8,47 8,56 8,41
DEMAIS RAs 8.231 8.316 8.957 9.123 9.380 9.584 9.783 10.050 10.224 10.743
(%) 91,06 91,92 91,07 91,06 91,00 91,37 91,21 91,53 91,44 91,59
RJ 9.040 9.047 9.835 10.019 10.308 10.489 10.726 10.980 11.181 11.730
Fonte: Cadastro IPTU.
104
Gráfico 9 - Número de estabelecimentos industriais (indústrias/ galpões/
telheiros) nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano - 1991 a 2000.
700
600
500
São Cristóvão
400 Mangueira
300 Benfica
Vasco da Gama
200
100
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Tabela 24
Número de imóveis territoriais nos bairros da VII RA São Cristóvão por ano
1991 a 2000
BAIRROS/ 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANOS
São 555 576 603 594 585 606 598 581 576 586
Cristóvão
Mangueira 231 240 247 246 247 246 246 245 244 245
Benfica 131 135 137 139 138 138 136 128 126 128
Vasco da 0 0 0 0 0 0 0 29 29 29
Gama
VII RA São 917 951 987 979 970 990 980 983 975 988
Cristóvão
(%) 0,57 0,56 0,56 0,56 0,55 0,57 0,57 0,57 0,57 0,57
DEMAIS 161.028 167.354 174.769 174.972 174.381 172.320 171.927 169.742 170.723 171.920
RAs
(%) 99,43 99,44 99,44 99,44 99,45 99,43 99,43 99,43 99,43 99,43
RJ 161.945 168.305 175.756 175.951 175.351 173.310 172.907 170.725 171.698 172.908
Fonte: Cadastro IPTU.
105
Gráfico 10 - Número de imóveis territoriais nos bairros da VII RA São
Cristóvão por ano - 1991 a 2000.
700
600
500
São Cristóväo
400
Mangueira
Benfica
300
Vasco da Gama
200
100
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Por fim, cumpre lembrar que bairro de São Cristóvão conta, no que tange à
cultura, com a Feira do Nordeste no Campo de São Cristóvão, com o Museu Histórico do
Primeiro Reinado (antigo Solar da Marquesa de Santos) - Av. Dom Pedro II no 293, o
museu de artes de História em Quadrinhos – Rua General Almério de Moura no 302, os
museus de ciências Nacional – Quinta da Boa Vista s/no, de Astronomia e Ciências Afins
– Rua General Bruce no 586, da Fauna – Quinta da Boa Vista s/no e o museu militar
Conde de Linhares – Av. Pedro I no 383, além de outros 6 dos 79 museus do Rio de
Janeiro
106
Escola Municipal Nilo Peçanha – Av. Pedro II no 363 (bem municipal) e Escola Municipal
Gonçalves Dias – Campo de São Cristóvão no 115 (bem municipal).40
40
Ver nos Anexos quadros 5.5.2, 5.5.3 e 5.5.5. Fontes: Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro
– Riotur. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP. Diretoria de Informações da Cidade – DIC.
Secretaria Municipal de Cultura e Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural – INEPAC.
41
Ver Quadro 5.6.2. Fontes: Secretaria de Obras e Serviços Públicos – Fundação Parques e Jardins,
Diretoria de Planejamento – FPJ – SMAC. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP, Diretoria
de Informações da Cidade – DIC.
107
Foto 2
Panorama do bairro com alguns dos principais marcos
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
Mais do que isso, a análise histórica mostrou que o bairro vem acompanhando
as transformações do Rio de Janeiro que, em última estância, refletem o papel da cidade
no contexto das transformações econômicas e sociais em curso no país. Depois de
observar a transformação do bairro de sítio residencial (início do século XIX) para
industrial (nos anos 50) e daí para um misto de indústria leve e de atividades do Terciário
(nos anos 90), fica difícil imaginar um quadro de decadência para o bairro que, ao
contrário, parece demonstrar a vitalidade que vem permitindo sua sobrevivência em meio
à adversidade que caracterizou as últimas décadas.
108
A ambigüidade do conceito de “esvaziamento”, como defende Portas (2000),
fica nítida quando se observa a diversidade de atores que participaram nos diferentes
planos (com seus respectivos diagnósticos) que foram produzidos para a cidade (com
impactos em São Cristóvão). Essa idéia de esvaziamento, sugerida pela existência de
equipamentos ociosos, sobretudo galpões, pode, também, estar travestida na idéia de
que determinados segmentos, que, provavelmente não fazem parte dos quadros
estatísticos da população do bairro, podem estar mantendo esses espaços ociosos ou
sub-aproveitados como reserva de valor, apostando na possibilidade de investimentos
públicos e privados como resultado dos projetos de revitalização e na esperança de
auferir (elevados) ganhos de especulação.
109
estabelecimentos, ao lado de uma atividade comercial relativamente dinâmica e
consolidada42. Nesse sentido, a análise estatística destacou o peso relevante dos
Serviços de Apoio às Atividades Produtivas que, obviamente, demonstram a interação
existente entre esse setor e a Indústria local. Cumpre ressaltar, além disso, o crescimento
do número de estabelecimentos, seja nas atividades tidas como tradicionais (como
transporte e armazenagem), seja naquelas identificadas com os setores dinâmicos
(telecomunicações, intermediação financeira, transporte aéreo e informática). Tal
raciocínio parece ganhar força tendo em vista a relativa estabilidade dos indicadores
econômicos vinculados ao Setor Terciário, a despeito de não ter havido nenhum
lançamento imobiliário no bairro de São Cristóvão desde a fundação da ADEMI, nos anos
80 (ADEMI/RJ, 2002).
42
O local é conhecido na cidade como referência para a compra de peças e acessórios automotivos, além de
outros produtos, sobretudo, àqueles vinculados às Indústrias de Borracha e Plástico que também estão
presentes na região.
110
CAPÍTULO 3
MOMENTOS DE INTERVENÇÃO URBANA
EM SÃO CRISTÓVÃO
111
O tradicional bairro de São Cristóvão, no que diz respeito à sua evolução
urbana, vem historicamente, desde o tempo do Império, sofrendo a ação interventora do
Estado, podendo sua trajetória ser brevemente resumida em três momentos:
112
Tal mudança de uso, voltada à produção, restringiu a atividade residencial no
bairro, o que contribuiu para a proliferação das favelas compostas, em sua maioria, por
funcionários das indústrias do local e por nordestinos, que fizeram de São Cristóvão a
porta de entrada da cidade, configurando uma população com enormes carências e
graves problemas sócio-econômicos.
113
urbanística restritiva” (OLIVEIRA, 2000)43. E, ainda, que “a área tem convivido com o
desinteresse da Construção Civil, com o fechamento e o abandono de galpões
industriais, com a retração do comércio e dos serviços e com a previsão de saída de seu
território de áreas militares e institucionais” (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria
Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 8).
43
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/smu/paginas/noticias_caderno_ed2-2.htm>.
44
Ver entrevistas em anexo.
114
3.1 Apresentação e análise das propostas e dos projetos para a área
Tal modelo atende, como visto anteriormente, se não a todos, a pelo menos
importante parte dos desafios que se colocam aos grandes projetos de intervenção
urbana para a formação do novo espaço da cidade que, segundo Castells e Borja
(1997a), são: “intensificar a acessibilidade e a mobilidade dos centros intra-urbanos já
existentes, incentivar a criação de novos centros e contribuir para a reconversão ou
revitalização das áreas deterioradas, proporcionar uma forte imagem de modernidade ao
território” e, ainda, “que as intervenções urbanas sejam pautadas pelos conceitos de
competitividade econômica, integração social e sustentabilidade a fim de alcançarem os
objetivos de integração e desenvolvimento econômico”.
45
Os Projetos de Estruturação Urbana (PEUs) surgiram como conceito, nos anos de 1976-77, com a
elaboração do Plano Urbanístico Básico do Rio de Janeiro, o PUB-Rio, criado na esfera municipal através do
o
Decreto n 1269 de 29/10/1977, dividindo o planejamento físico da cidade por Unidades Espaciais de
Planejamento (UEPs), com recomendações de prioridade de ações em cada área, numa época em que
experimentava-se no país uma prática de planos hierarquizados a partir da escala nacional. Surgiu como
resposta à política urbana elaborada em âmbito federal, que havia editado o II Plano Nacional de
Desenvolvimento, o II PND, que pretendia controlar o crescimento de cidades como o Rio de Janeiro, e na
estadual com o I Plan Rio que dava destaque ao planejamento metropolitano. Pela proposta original seriam
objeto de PEUs: áreas de centros e sub-centros funcionais, existentes ou em potencial; áreas remanescentes
à execução de obras civis de porte; áreas em processo de renovação ou remanejamento urbano; áreas
constituídas por vazios urbanos e áreas de expansão periférica (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1994; FREIRE;
OLIVEIRA, 2002).
46
Concebidos como projetos específicos para bairros ou conjuntos de bairros agrupados pelas suas
peculiaridades, os PEUs se contrapunham à prática de pensar globalmente a cidade, sem distinguir valores e
diferenças, articulando-se, mesmo que em tese, a uma hierarquia de planos tecnoburocráticos e
respondendo às necessidades cada vez maiores de se abordar as especificidades dos bairros, atentando
para o universo da micro-escala local, e aperfeiçoando os instrumentos de controle e de gestão do
desenvolvimento urbano (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto
Brasileiro de Administração Municipal, 1994).
115
Vasco, Vila Arará e Parques Erédia de Sá e Horácio Cardoso Franco; 4) Área do Clube
de Regatas Vasco da Gama; 5) Área do Projeto Ambiental (Quinta da Boa Vista); 6) Área
ocupada pela Companhia Estadual de Gás – CEG; 7) Área ocupada pela Cooperativa
Central dos Produtores de Leite Ltda. - CCPL; 8) Área correspondente à extensão da
Rua Bela e 9) Área do Projeto Benfica. Além dessas áreas, o PEU – São Cristóvão prevê
Áreas de Especial Interesse Social (AEIS) nas favelas: da Mangueira, Telégrafo, Parque
Candelária, Morro do Tuiuti, Barreira do Vasco, Vila Arará e Parques Erédia de Sá e
Horácio Cardoso Franco e, ainda, Áreas de Especial Interesse Turístico (AEIT): Quinta
da Boa Vista, Campo de São Cristóvão e Corredor Imperial.
47
Na prática, o PEU, como instrumento de planejamento local, será aplicado como resposta às reivindicações
das associações de moradores contra os efeitos do novo Regulamento de Zoneamento, o Decreto no 322 de
03/03/1976 e às preocupações dos técnicos com a descaracterização da cidade, estabelecendo legislações
locais, que atendessem às pressões da comunidade ou à necessidade de preservar áreas com
características especiais (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto
Brasileiro de Administração Municipal, 1994). Dessa forma, os PEUs tornam-se importantes instrumentos
políticos, na medida em que criam a oportunidade de participação da sociedade civil e permitem a
o
estruturação de áreas da cidade em prazos relativamente curtos. Em São Cristóvão, o novo Decreto n
322/76 cria a Zona de Indústria e Comércio, reforçando os usos industriais e restringindo os residenciais,
sendo determinante na evolução do uso das edificações no bairro e, em decorrência, na paisagem (RIO DE
JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos, 1998; STROHAECKER, 1989; MONTEIRO, 1998).
116
JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Brasileiro de
Administração Municipal, 1994).
117
3.1.1 Projeto de Estruturação Urbana – PEU-São Cristóvão (Bairros de
São Cristóvão, Mangueira, Benfica e Vasco Da Gama)
Apresentação:
Situação Atual
118
Este projeto foi substituído pelo Projeto Rio
Cidade Pavilhão da Empresa Municipal de
Urbanismo – RIOurbe, devendo-se fazer
algumas emendas no documento do PEU-
São Cristóvão (1999), relativas à alteração de
gabaritos e outros parâmetros.
119
Com relação ao desenvolvimento econômico da área, este não está restrito
apenas aos novos usos propostos para o Campo de São Cristóvão. Muito além, dessa
intervenção pontual, que, também, serviria como um ponto notável à imagem de
desenvolvimento físico-urbanístico e de modernidade de São Cristóvão, caso este projeto
tivesse sido implementado com sucesso, e, após a planejada “limpeza” do local, nada
mais adequado aos interesses dos produtores do espaço urbano, do que a mudança do
uso industrial, do trecho compreendido entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil, para
os usos comercial, residencial e de lazer.
Apresentação:
120
Situação Atual:
Os projetos Rio Cidade Benfica/ São Cristóvão e Rio Cidade Suburbana foram
concluídos, porém não chegaram a ser executados. Na área correspondente ao primeiro
projeto, existe um grupo da Prefeitura denominado Equipe Foco Local, criado no final de
2001, que, juntamente com a participação da comunidade local, tem buscado a sua
implementação. Com relação ao segundo projeto, a maior parte da área encontra-se na
AP3, estando apenas um pequeno trecho na AP1, relativo ao bairro de Benfica.
Para tanto, de acordo com tal estratégia, busca-se “fortalecer a vida no bairro,
valorizando o espaço público, convertendo-o em eixo de atividades coletivas, além de
eliminar as barreiras arquitetônicas” (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria
Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 77).
121
apenas os conceitos relativos à gestão estratégica empresarial, à medida que tais
intervenções possibilitarão a valorização dos estabelecimentos comerciais e de serviços
situados ao longo dos dois eixos viários, podendo, até mesmo, a partir desse movimento,
expulsar parte dos pequenos empresários do local, que por não conseguirem mais se
estabelecer, entre outras, em função das restrições econômicas, poderão vir a se
deslocar para outras áreas menos nobres do bairro, mas que, de certa forma,
apresentam algum tipo de vantagem de locacional e/ou de infra-estrutura.
Apresentação:
122
( ) em elaboração ( ) arquivado
( ) paralisado ( ) substituído
( ) concluído ( ) outros
( ) em andamento
48
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
123
Primeiro, é preciso dar ao favelado os instrumentos para ele
subir, melhorar a sua condição; depois, dar-lhe condições de
participar nas decisões relativas ao planejamento da área. É claro
que todos gostamos de uma área limpa, cuidada. Mas até que
ponto as pessoas estão comprometidas com aquele projeto?
Quais os papéis designados para os favelados naqueles
projetos? É isso. Há algum conselho de moradores, alguma
comissão, alguma diretoria capaz de ser o intermediário entre os
moradores e a administração? (RIOS, 2002, p. 77).
Apresentação:
Situação Atual:
124
A área de Projeto 4 referente à área do Clube de Regatas Vasco da Gama
está associada à estratégia Rio, Pólo Regional, Nacional e Internacional do Plano
Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro, que busca “desenvolver projetos com efeitos
sobre a imagem da cidade nos campos da atividade cultural, do esporte e de eventos, de
modo a se tornar um pólo de atividade regional, nacional e internacional”. Para tanto,
estaria diretamente ligado aos seguintes objetivos:
125
Além dessa proposta elaborada pelo Projeto de Estruturação Urbana – PEU-
São Cristóvão (1999), existe um novo projeto para a área, referente à construção de uma
Praça que, caso venha a ser realizada (fato que depende da aprovação do prefeito César
Maia), chamar-se-á Praça Almirante Vasco da Gama.
Apresentação:
126
Situação Atual:
49
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
127
3.1.1.6 Área de Projeto 6 - Área ocupada pela Companhia Estadual de
Gás – CEG
Apresentação:
Situação Atual:
128
bairro, valorizando o pertencimento e a integração, desprivatizar o espaço público,
convertendo-o em eixo das atividades coletivas, e eliminar as barreiras arquitetônicas”
(RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo, [199_ ])50.
50
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
51
Disponível em: <http://www.ademi.org.br/web/article.php?sid=2265>.
129
3.1.1.7 Área de Projeto 7 - Área ocupada pela Cooperativa Central dos
Produtores de Leite Ltda. - CCPL
Apresentação:
A proposta do PEU é que após a desocupação total pelo uso atual a área seja
integrada à malha urbana a partir da nova ocupação. A proposição inicial é a da ocupação da
área por equipamentos ou atividades de grande porte, de acordo com os usos permitidos por
essa lei para a zona em que se insere. A legislação hoje em vigor prevê a reutilização por uso
similar ao atual, no entanto estão sendo feitos estudos e articulações objetivando uma maior
flexibilização, com o objetivo de facilitar a re-ocupação e evitar a formação de um vazio urbano
(RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de
Planejamento, 1999, p. 87).
Situação Atual:
Atualmente a área foi invadida por famílias que estão loteando o terreno e
construindo uma espécie de “condomínio fechado” como aqueles que vêm se
proliferando nas indústrias abandonadas, nos galpões e nos terrenos vazios ao longo da
Avenida Brasil.
130
3.1.1.8 Área de Projeto 8 - Rua Bela
Apresentação:
Situação Atual:
52
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
131
3.1.1.9 Área de Projeto 9 - Área do Projeto Benfica
Apresentação:
Situação Atual:
53
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
132
Nessa proposta, assim como, no Projeto 8 para a Rua Bela, a questão social é
deixada de lado, destacando-se apenas a questão econômica.
Apresentação:
133
Situação Atual: Favela da Mangueira/ Telégrafo/ Parque Candelária;
Favela do Tuiuti; Favela Barreira do Vasco e; Favelas Vila Arará/ Parque Erédia
de Sá/ Parque Horácio Cardoso Franco
134
outra opção de moradia para fugir da violência e da falta de segurança que dominam
essas áreas.
Apresentação:
O projeto ‘São Cristóvão imperial’ por exemplo, deve criar novas oportunidades de
lazer e cultura para a cidade, resgatar o patrimônio histórico e cultural do bairro de São
Cristóvão, desenvolver uma agenda de eventos de programação contínua que possa
transformá-lo em um atraente ponto de atração turística e dar novos usos aos espaços
urbanos revitalizados (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de
Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999, p. 92).
135
De acordo com a Coordenadoria de Ação Urbanística, a proposta das áreas
de Especial Interesse Turístico não foi iniciada e, embora, já tenha sido citada na
legislação em vigor, não encontra-se regulamentada, cabendo, no entanto, à Secretaria
Especial de Turismo criar meios para usufruir as facilidades que o PEU oferece.
54
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico>.
136
3.1.2 Outros projetos para o bairro
Apresentação:
137
“O Rio Cidade Pavilhão abrange uma área de 76.000,00 m2 e tem como objetivo
principal a requalificação urbanística do entorno do pavilhão de São Cristóvão. A
implantação do projeto proporcionará uma melhor circulação de veículos e pedestres e criará
a infra-estrutura de apoio necessária para o funcionamento do Centro de Tradições
Nordestinas, novo pólo de atração de pessoas e investimentos para a região. As
interferências existentes entre as alças da Linha Vermelha, a circulação de ônibus, veículos
pesados e carros de passeio, serão minimizadas, distribuindo-se de forma racional o trânsito
que circula pelo bairro do fluxo de veículos que acessará os cinco estacionamentos
regulamentados projetados para atender ao novo Complexo Turístico.
O Projeto criará seiscentas e seis novas vagas para estacionamento de veículos,
que atenderão, tanto ao público do Centro de Tradições Nordestinas, que funcionará dentro
do Pavilhão, quanto aos usuários do comércio e escritórios das proximidades do Campo de
São Cristóvão. Serão construídos cinco estacionamentos controlados por guaritas e
protegidos por gradis semelhantes aos existentes nos estacionamentos do Parque do
Flamengo. Serão reservadas duas áreas para carga e descarga de mercadorias, uma área
privativa para estacionamento de ambulâncias, carro do Corpo de Bombeiros e Polícia, além
da criação de baias para táxis, vans, ônibus de turismo, entre outros. As calçadas receberão
nova pavimentação com placas de concreto e panos em piso intertravado, dando unidade
visual ao conjunto. Serão plantadas cerca de 187 novas árvores criando áreas sombreadas e
cerca de 24 palmeiras imperiais que marcarão as duas entradas principais do público do
Pavilhão. A via existente junto aos prédios, no Campo de São Cristóvão, no prolongamento
da Rua Escobar, terá sua geometria corrigida e receberá nova pavimentação em
paralelepípedo. Serão criadas baias para ônibus, e baias para estacionamento ao longo de
seu lado esquerdo, ficando os pilares da Linha Vermelha, que hoje se localizam dentro da
pista de rolamento, posicionados sobre as caçadas projetadas. A circulação nessa via será
destinada aos usuários locais e para a passagem das linhas de ônibus. Complementado o
sistema de circulação viária, serão criadas duas novas vias, uma, pavimentada em asfalto,
com o intuito de receber o fluxo de veículos pesados que circundam o Pavilhão, e a outra,
em paralelepípedo, destinada a atender os usuários dos estacionamentos projetados.
O projeto prevê um pátio reservado para a Administração da Linha Vermelha, onde
ficarão os reboques a carros acidentados. Será criada uma praça com área de convivência,
quiosque de flores, bancos, jardineiras e telefones públicos para dinamizar a paisagem, e
ainda, uma área com pérgola, jardins e playground, complementando o projeto da Creche,
que está sendo construída dentro do Centro de Tradições Nordestinas. O Rio Cidade
Pavilhão, coordenado pela Diretoria de Planejamento e Projetos da Riourbe, contou com a
parceria de outros órgãos da Prefeitura, e com a colaboração de diversas Concessionárias
de Serviços na elaboração de seus projetos complementares de iluminação pública,
drenagem, sinalização viária, geometria das vias, paisagismo, telefonia, esgotamento
sanitário, abastecimento de energia, entre outros.
A Riourbe elaborou o Projeto de Iluminação Pública, com a criação de iluminação
diferenciada para as vias, calçadas, estacionamentos, praças, playground, áreas de carga e
descarga, acessos principais, assim como uma iluminação cênica para valorizar a fachada
da monumental edificação do Pavilhão de São Cristóvão, que contará, ainda, com uma nova
bubestação de energia interna de 1.500 KVA, incluída neste escopo de serviços; A CetRio,
juntamente com a CGP/SMO planejaram as melhorias na circulação e no traçado das novas
vias, a Fundação Rio Águas elaborou o projeto de drenagem. Complementando o Projeto do
Centro de Tradições Nordestinas, implantaremos o Projeto de Comunicação Visual, interna e
externa, que constará de painéis estruturados frontlight e placas variadas” (Release Rio
Cidade Campo de São Cristóvão).
Situação Atual:
138
( ) em elaboração ( ) arquivado
( ) paralisado ( ) substituído
( ) concluído ( ) outros
(X) em andamento
139
Apresentação:
Situação Atual:
140
Como visto, o projeto pode ser
perfeitamente relacionado à estratégia Rio
Integrado do Plano Estratégico da Cidade do
Rio de Janeiro nas ações: melhorar o sistema
de circulação; melhorar o sistema de gestão
dos transportes de massa; racionalizar o uso
do ônibus; estruturar e fortalecer o sistema
metro-ferroviário e; desenvolver centralidades.
141
Como visto, a partir da análise das propostas e projetos para São Cristóvão,
voltados para o seu desenvolvimento econômico, social e físico-urbanístico, verifica-se
que a maior parte não foi implementada e encontra-se aguardando a aprovação do
Projeto de Estruturação Urbana – PEU-São Cristóvão (1999) pela Câmara, documento
que cria bolsões no tecido urbano, onde o zoneamento, instrumento característico do
planejamento racional/ funcionalista, pode ser alterado através da flexibilização da
legislação. Tal fato restringe a análise do alcance dessas intenções de empreendimentos
ao campo das hipóteses.
142
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OS LIMITES E AS PERSPECTIVAS
143
Este trabalho buscou contribuir para a discussão da produção do espaço
urbano contemporâneo e de seus impactos físicos, econômicos e sociais, tomando por
referência as transformações em curso no caso concreto de São Cristóvão, espaço
tradicional do Rio de Janeiro, que vem sendo alvo de disputa pela apropriação de seus
espaços físico-urbanísticos por grupos interessados, entre outros fatores, em suas
vantagens locacionais e na infra-estrutura existente.
144
Entretanto, existem enormes dificuldades em compatibilizar as racionalidades
inerentes aos três modelos identificados, destacando-se no conjunto os conceitos do
modelo de planejamento e gestão estratégica no processo de transformação das
estruturas urbanas existentes em razão da crise financeira do Estado, que passa de
promotor do desenvolvimento a subsidiador do capital privado. Tal fato remete-se à
necessidade comum às décadas de 60 e 70 referente ao controle da especulação
imobiliária, embora apresente uma diferença: se antes era preciso controlar a expansão
da malha urbana, hoje, a preocupação volta-se à apropriação e ao adensamento dos
espaços urbanos já servidos de infra-estrutura e, portanto, potencialmente valorizáveis,
apresentando-se como uma garantia de retorno de investimentos.
57 57
Nessa perspectiva, os pontos tidos como fortes no bairro (atuais e potenciais) são atrelados (em forma de
projetos) às ações e projetos específicos de quatro das sete estratégias do Projeto de Estruturação Urbana –
PEU-São Cristóvão: o Rio Integrado, o Rio Acolhedor, o Rio Competitivo e o Rio Pólo Regional, Nacional e
Internacional.
58
Strenghts (pontos fortes); Weaknesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades) and Threats
(ameaças)
145
elitização do bairro, contribuindo para os interesses, entre outros, do capital imobiliário e
do comercial?
146
entendimento da produção urbana que se pretende delinear em São Cristóvão, uma vez
que os dados apontaram para uma situação diferente do esvaziamento, em especial,
econômico e imobiliário registrado no diagnóstico do Projeto de Estruturação Urbana –
PEU-São Cristóvão (1999), na medida que o bairro, apesar das mudanças decorrentes
dos impactos produzidos pelos processos encaminhados no Rio de Janeiro, continua
participando de forma ativa na economia do Município.
147
PEU-São Cristóvão (1999) pode gerar em termos de valorização do espaço enquanto
mercadoria, tais como: os bônus urbanísticos59 oferecidos à Indústria da Construção Civil
ou, ainda, a implementação do Projeto Rio Cidade São Cristóvão, que propõe a melhoria
da infra-estrutura urbana do bairro.
59
O PEU-São Cristóvão (1999, p. 96) oferece o seguinte bônus urbanístico: “a substituição de galpão
existente na ZR2-SC por edificações residenciais multifamiliares ou mistas (com parte ocupada para o uso
residencial) beneficiará o empreendimento em 2 (dois) pavimentos e em 0,5 de IAT adicionais aos previstos
para o local”. A partir dessas premissas é possível identificar a que tipo de utilização plena o documento se
refere, mas resta saber a que segmento da sociedade se destina.
60
Com relação à ocupação de galpões vazios e/ou abandonados por famílias de baixa renda, Kleiman (2002)
sustenta que, assim como as camadas de renda alta, “as camadas de baixa renda também almejam, e tem
direito, a um local de moradia seguro com infra-estrutura e serviços. A observação da existência de um
número de galpões abandonados [...], tendo entre uma de suas motivações exatamente a violência na região,
levou moradores de Favelas que não tinham mais condições de pagar aluguel [...] a organizaram-se para
ocupar os galpões ociosos”.
148
discurso dominante prega que a requalificação de São Cristóvão pretende combater o
aspecto de abandono/ deterioração do bairro, fruto de anos de descaso com o entorno e
com seus usuários. No entanto, a despeito dos eventuais benefícios que as propostas
contidas no PEU-São Cristóvão (1999) possam oferecer ao bairro (atrair investimentos,
elevar a produtividade econômica e, em conseqüência, gerar empregos e a melhoria de
vida da população das cidades), vale a pena ponderar os eventuais efeitos negativos
embutidos nessas propostas.
149
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166
ANEXOS
167
168
169
170
171
172
173
O bairro de São Cristóvão está localizado na AP-1 da VII RA, tendo por
limites: do entroncamento da Rua Chantecler (incluída) com a Rua São Luiz Gonzaga;
por esta (excluída, excluindo o Largo do Pedregulho) até a Rua Marechal Aguiar; por esta
(excluída); Rua Marechal Jardim (incluída) até a Rua Ferreira de Araújo e (excluída) da
Rua Ferreira de Araújo até a Rua Prefeito Olímpio Melo; por esta (incluída) até a Avenida
Brasil; por esta (incluído apenas o lado ímpar) até a Rua Monsenhor Manuel Gomes até o
canal do Mangue; pelo leito deste (incluindo as passagens sobre este) até o desvio do
ramal Leopoldina da RFFSA, e pelo leito deste, passando pelas estações Barão de Mauá
(excluída) e Francisco Sá (excluída) até encontrar o ramal principal da RFFSA; pelo leito
deste, passando pelas estações de São Cristóvão, Maracanã (excluída) até a Avenida
Bartolomeu de Gusmão; por esta (excluída) e pelos limites das áreas sob jurisdição
militar e da Quinta da Boa Vista, ao final da Rua Sinimbu (incluída); daí, em linha reta
perpendicular à Rua Sinimbu, até a Rua São Luís Gonzaga; por esta (incluída) ao ponto
de partida.
61
Idem 1.
174
Ruas São Cristóvão, Escobar e Figueira de Melo – Comerciais - O comércio
mais significativo do bairro e sua vizinhança mais imediata, concentra-se hoje nas ruas
São Cristóvão, Escobar e Figueira de Melo, destacando-se pela importância como pólo
de atração de moradores de toda a cidade.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
62
RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos.
Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
175
Este museu tem como temática
principal a história do período do
primeiro reinado, quando o país
foi governado pelo Imperador D.
Pedro I, filho do então rei de
Portugal D. João VI. Esta
construção é um Palacete com
características neoclássicas, e foi
residência da Marquesa dos
Santos. O palacete fica situado na
Av. D. Pedro II, e como outras
edificações usadas pela aristocracia no período, procuraram as cercanias da Quinta da
Boa Vista e o Bairro de São Cristóvão, face à proximidade com a Corte.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000.
176
Esta igreja possui um valor histórico, pois foi ela
que deu o nome ao bairro. Sua locação marca o
limite da antiga Praia de São Cristóvão e a boca
do Saco de São Diogo. Sua volumetria e a do
entorno ainda mantêm uma relação de proporção
que permite a manutenção da ambiência original
da época de sua construção.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
177
Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos.
Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000).
Esta avenida foi aberta juntamente com a criação do aterro do Mangal de São
Diogo, por ocasião das obras de construção do, então, Novo Porto do Rio de Janeiro,
juntamente com os planos de embelezamento do início do século 20. Mesmo com as
descaracterizações feitas ao longo dos anos, mantêm as qualidades paisagísticas que
fizeram desta avenida um “boulevard”, muito utilizado na época de sua inauguração para
passeios de famílias, que buscavam desfrutar sua proximidade com o mar. É, ainda hoje,
uma das principais vias de entrada do Rio de Janeiro para quem se dirige às zonas
centro, norte e sul da cidade. Possuindo um fluxo de veículos alto para suas dimensões
transformou-se em um dos principais pontos de estrangulamento do trânsito na cidade
(RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto
Municipal de Urbanismo Pereira Passos. Instituto dos Arquitetos do Brasil. Departamento
do Rio de Janeiro, 2000).
Quartéis Militares
Avenida Pedro II
Esta é a avenida que liga a Avenida Francisco Bicalho com o Bairro de São
Cristóvão, e vice versa. Está incluída na área de proteção do ambiente cultural que tem
como objetivo a proteção e valorização do ambiente construído de São Cristóvão,
formado por diversos imóveis que datam do período que vai de meados ao fim do século
19. São construções neoclássicas e ecléticas, que perderam parte de suas
características, pelas diversas alterações de uso por que passaram. Este corredor faz
parte do eixo principal que conecta-se com o portão de características históricas de
acesso à Quinta da Boa Vista, o principal bem patrimonial tombado na área. Nela estão
178
localizados o Palacete da Marquesa dos Santos, Museu do Primeiro Império, a entrada
principal para o Museu Nacional e Quinta da Boa Vista, e os Quartéis Militares que datam
do período do Brasil Império (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de
Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. Instituto dos Arquitetos do
Brasil. Departamento do Rio de Janeiro, 2000).
Reservatórios
179
importância histórica como impulsionadora do crescimento físico e econômico e, também,
como memória urbana da cidade.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
Coreto
180
Os coretos eram construídos em praças e
utilizados como palanques em campanhas
políticas, cerimônias religiosas ou cívicas.
Serviam, na maioria do tempo, entretanto,
como lugar de retretas para pequenas
bandas e no período do carnaval
centralizavam a animação dos subúrbios.
Com a modernização urbana veio a
decadência e desaparecimento da maioria
dos coretos da cidade, sendo o de São
Cristóvão um dos poucos que persistem nos dias de hoje.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
181
O prédio é projetado pelo arquiteto Alfredo
Burnier e foi construído por contrato com Rossi
Batista – contrato lavrado em 1921 e pago com
apólices municipais. A edificação que foi
residência de Floriano Peixoto foi adquirida
(por iniciativa do grêmio Floriano Peixoto) e
transformada em escola. Em 1925 o prédio era
sede da primeira escola mista.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Coordenação de Planejamento, 1999.
182
APÊNDICES
183
Datas São Cristóvão
1627 Edificação da Igreja de São Cristóvão (marco inicial do bairro), junto à praia de
mesmo nome, onde ancoravam barcos e canoas comuns ao transporte nessa época,
dados os obstáculos encontrados no deslocamento por terra (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos, 1998).
Ligação das áreas alagadiças do bairro às terras firmes do interior pelo Caminho
de São Cristóvão, localizado próximo à Igreja (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 25).
Fins do Aumento do fluxo entre o porto do Rio de Janeiro e o sertão em função do crescimento
século XVII do número de engenhos e fazendas no processo de conquista do recôncavo da
Guanabara (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio
Cultural, 1991, p. 25).
Surgimento do Campo de São Cristóvão, um rocio próximo ao caminho de São
Cristóvão, configurando um lugar de comércio entre a cidade e o interior.
1759 Expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, incorporação de todos os seus bens à
Coroa Portuguesa e divisão da sesmaria Iguaçu em grandes chácaras, o que
permitiu ocupar a área de forma mais eficaz (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 27).
1792 Construção do Palacete da Quinta da Boa Vista por Antônio Elias Lopes em uma
chácara localizada entre o Saco de São Diogo e o de Inhaúma, que será, poucos anos
após a sua conclusão, a residência da família real (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 27, 28).
1808 Transferência dos doentes do Hospital dos Lázaros (Hospital Frei Antônio) para a Ilha
das Enxadas em função da instalação da família real no bairro de São Cristóvão
(STROHAECKER, 1989, p. 61, 78).
1818 Criação do Museu Nacional por decreto de D. João VI (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos, 1998).
o
1822 Construção do Solar da Marquesa de Santos, hoje Museu do 1 Reinado (RIO DE
JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de
Urbanismo Pereira Passos, 1998).
184
1840 Prolongamento da Estrada de São Cristóvão até a praia, configurando o principal
eixo de crescimento do bairro (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal
de Urbanismo. Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1994).
Implantação do Cemitério Público do Caju (o primeiro implantado em São Cristóvão),
de responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia, hoje São Francisco Xavier
(MONTEIRO, 1998, p. 34; STROHAECKER, 1989, p. 79).
1841 Aterro do Campo de São Cristóvão (Campo D. Pedro I), então um charco (PEREIRA,
1976).
Até essa época, existia somente uma ponte estreita para passagem de gado, que ligava-
se à Rua São Cristóvão, pela lateral do campo (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Brasileiro de Administração Municipal,
1994; STROACKER, 1989).
1850 Aterro do Saco de São Diogo, expansão da cidade e melhoria da Quinta da Boa
Vista (ABREU, 1997; MONTEIRO, 1998, p. 34).
Construção da Estação de Ferro D. Pedro II (atual Central do Brasil) (RIO DE
JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de
Urbanismo Pereira Passos, 1998).
1853 Transferência do Matadouro Municipal da rua de Santa Luzia, no Centro, para São
Cristóvão, o que muito contribuiu para a perda de “status” da área (STROHAECKER,
1989, p. 78, 79).
1856 Calçamento das ruas centrais com paralelepípedos a partir desse ano
(STROHAECKER, 1989, p. 72).
185
1868 Introdução dos bondes à tração animal a partir desse ano (STROHAECKER, 1989, p.
72).
1875 Embelezamento da Quinta da Boa Vista, pelo paisagista e botânico francês Glaziou,
que estava na cidade também para reformar o Passeio Público e o Campo de Santana,
já sob o reinado de D. Pedro II (BURLE-MAX; TABACOW, [198_ ]).
1877/1880 Captação das águas dos rios São Pedro, Santo Antônio e D’ouro e conclusão da
construção do reservatório do Pedregulho em São Cristóvão, que terá o papel
importante de completar o sistema abastecedor formado pelos reservatórios dos morros
São Bento (1877) e da Viúva (1878). Este novo sistema de abastecimento é inaugurado
em 1880, mas com o crescimento urbano, logo torna-se obsoleto (RIO DE JANEIRO
(RJ). Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 69).
1888 Fundação da Fábrica de Tecidos São Lázaro, localizada na praia próxima à Ponta do
Caju e que fabricava meias, camisas de meia, algodão e lã (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 82).
1890 Perda de status de São Cristóvão para Botafogo em função da procura cada vez
maior desse bairro para a instalação de indústrias e da difusão da ideologia que
associava o estilo de vida “moderno” a localização residencial à beira mar. Atrás
desse movimento estavam as mais variadas unidades do capital, destacando aí a
Companhia Jardim Botânico, interessada em estender o território sobre o qual tinha
monopólio de transporte (ABREU, 1987, p. 47).
Requisição do Campo como local para instalação de mercados, dada a facilidade
que o cais da Igreja de São Cristóvão, na praia, proporcionava ao desembarque das
mercadorias para os cultivadores do interior, que tinham um acesso fácil ao Campo,
através da rua São Luís Gonzaga, antiga estrada real para o interior, para São Paulo e
Minas Gerais e, ainda por São Cristóvão ser o ponto de partida da Estrada de Ferro Rio
D’ouro e caminho da Tijuca, de onde desce para o mercado grande quantidade de
gêneros de toda espécie (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de
Patrimônio Cultural, 1991, p. 100,e 102).
1893 Transformação da Quinta da Boa Vista em Museu Nacional, com acervo oriundo do
Campo de Sant’Ana (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de
Patrimônio Cultural, 1991, p. 99).
Construção da Av. Central e Beira Mar, fato que leva a perda gradual da área praieira
do bairro (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo.
Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, 1998).
1893
Produção de habitações em grande escala para atender a demanda crescente da
classe média (militares, profissionais liberais, funcionários públicos e pequenos
comerciantes) que buscam o bairro em função das vantagens locacionais e articulação
da zona industrial emergente de São Cristóvão e dos eixos ferroviários nos
subúrbios mais próximos através da Avenida Rodrigues Alves ou a Avenida do
Cais que atendia às necessidades de circulação ligadas ao funcionamento do
porto (STROHAECKER, 1989, p. 89,e 92).
186
1894 Destruição da antiga capela de São Cristóvão e substituição por uma de estilo
moderno (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio
Cultural, 1991, p. 99).
Primeira Afastamento dos trapiches do mar em função das obras de aterro e do porto,
metade do multiplicação das fábricas e definição de todas as ruas transversais e paralelas do
bairro constituídas por palacetes no estilo Art-Nouveau e Neo-Clássico (PEREIRA,
século XX 1976, p. 13, 14).
Transformações profundas na estrutura urbana, econômica e social de São Cristóvão
com a transformação dos casarões em manufaturas e fábricas para atender às
necessidades do capital (STROHAECKER, 1989, p. 12, 13).
1909 Fundação do São Cristóvão Atlético Clube, conhecido como o clube dos “cadetes”
(STROHAECKER, 1989, p. 103).
Restauração da Quinta da Boa Vista de acordo com as características do projeto
original de Glaziou na presidência de Nilo Peçanha (PEREIRA, 1976, p. 23).
Início da construção do Observatório Nacional, na Rua General Bruce, paralela ao
Campo, em seu ponto mais elevado – o Morro São Januário – (PEREIRA, 1976, p. 25).
Intensificação da atividade fabril, que também se beneficiava, agora da abundância
de energia elétrica (produzida pela Light) e da entrada em funcionamento do novo porto
do Rio de Janeiro (ABREU, 1987, p. 80).
1924 Prolongamento do cais do porto até o Caju com o aterro da praia de São Cristóvão
e a abertura do trecho inicial da Avenida Guanabara (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira
Passos, 1998).
187
1927 Inauguração do Estádio São Januário, com a presença do presidente da República,
Washington Luís, e diversas personalidades (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 127).
1937 Surgimento do Decreto-lei 6.000/37, que definiu pela primeira vez uma zona
industrial na cidade (o Estado passa a intervir no processo de localização
industrial), incluindo São Cristóvão e outros bairros do subúrbio.
Transferência ou fechamento das tradicionais fábricas da zona sul para outros
locais em função da valorização dos terrenos que as impossibilitava de expandir-
se (ABREU, 1987, p. 100, 101).
1941 Ocupação do Parque dos Mineiros em terrenos particulares que são alugados pela
própria proprietária (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de
188
Patrimônio Cultural, 1991, p. 93).
1943 Mudança de nome do clube São Cristóvão Atlético Clube para São Cristóvão
Futebol e Regatas após fundir-se com Clube de Regatas de São Cristóvão
(STROHAECKER, 1989, p. 104).
1946 Inauguração da Avenida Brasil que constituiu um dos fatores decisivos para a
transferência de indústrias pequenas e médias para o bairro e, conseqüentemente,
a consolidação desse uso industrial na área (STROHAECKER, 1989, p. 13).
Consolidação da função de passagem do bairro pela Avenida Brasil, do centro da
cidade à zona norte e em seguida, à oeste, interligando expressamente áreas
extremas da metrópole, ao mesmo tempo em que se liga a rodovias que acessam
outros municípios dentro e fora do estado e a região metropolitana da Baixada
(MACHADO, 1988; MONTEIRO, 1989, p. 35).
Anos 50 Erradicação das favelas localizadas ao longo da Avenida Brasil, que passaram a
ceder lugar a estabelecimentos fabris a partir de meados dos anos sessenta,
época em que se generalizou o processo de erradicação de favelas na cidade,
notadamente daquelas situadas na zona sul (ABREU, 1987, p. 125).
Surgimento do Parque Erédia de Sá, do Parque Vitória, da Vila Arará, da
Comunidade Retiro Saudoso e da Comunidade Ferreira Araújo.
Anos 60 Transferência das grandes indústrias de São Cristóvão e arredores para a periferia
urbana devido, principalmente, à valorização dos terrenos e a densificação dos
espaços vazios impossibilitando, dessa maneira, novas ampliações.
Instalação de indústrias de pequeno e médio porte devido às vantagens
locacionais da área como a proximidade do centro, o sistema de transporte
eficiente, a abundância de mão-de-obra e a existência de prédios antigos e
espaçosos que permitiam a ocupação imediata sem grandes reformas e a custos
bastante convenientes em relação ao núcleo central (STROHAECKER, 1989, p. 13).
189
Existência de sedes de praticamente todos os ramos fabris em São Cristóvão e,
ainda, o estabelecimento na região de trapiches, depósitos e indústrias leves
como, p. serrarias, gráficas, companhias transportadoras, firmas de materiais de
construção, comércio de gêneros alimentícios e bancários. Quanto ao comércio
de automóveis e seus subsídios, estes fortaleceram-se, localizando-se nas áreas
próximas ao Campo, em edifícios residenciais adaptados (RIO DE JANEIRO (RJ).
Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 95, 112).
Fundação da “Associação de Proteção ao Nordestino da Guanabara”, que, a partir de
então, passou a dirigir a feira.
Construção da Rodoviária Novo Rio, próxima ao cais do porto e da Região
Administrativa de São Cristóvão, para onde os ônibus – substitutos dos caminhões “pau-
de-arara”, que, antes, estacionavam e faziam ponto final em São Cristóvão, se
transferiram (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio
Cultural, 1991, p. 96).
Instalação da Favela Ataulfo Alves (1967), para servir de moradia aos desalojados
pela construção do viaduto de mesmo nome (RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura.
Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991, p. 93, 95).
O Pavilhão teve uma obra demorada e com problemas, passando a abrigar algumas
exposições, porém ficando na maior parte do tempo fechado e ocioso. Inicialmente
configurou uma concessão do Governo Federal a grupos privados para a realização de
Exposições, sendo depois retomado, em 1969, pelo governo estadual, que passa a
promover eventos como festivais e exposições (PEREIRA, 1976).
Desabamento da cobertura do Pavilhão e fechamento do mesmo em meados dos
anos oitenta (MONTEIRO, 1998, p. 45).
Anos 80 Elaboração do Decreto 5849/ 86, que transforma a ZIC em cinco zonas
residenciais, restringe o uso industrial nas restantes e que melhora, inclusive, as
condições ambientais do bairro (MONTEIRO, 1998, p. 36).
190
decorrentes das infra-estruturas de transportes, p. viadutos, elevados, linhas
ferroviárias e metroviárias, Av. Brasil, Ponte Rio Niterói e o intenso transporte de cargas.
A este quadro soma-se a ausência de políticas públicas por muitos anos, além do
crescimento das favelas (hoje com algumas em processo de requalificação), da
poluição ambiental e da legislação urbanística restritiva.
Fontes: Burle-Max, Roberto; Tabacow, [198_]; MACHADO, Denise Barcellos Pinheiro. Linha Vermelha: a limited solution to
the complex problem of the transport system in Rio de Janeiro, 1988; MONTEIRO, Patrícia Menezes Maya. Espaços livres
públicos de São Cristóvão: padrões espaciais e sociais. 1998. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) - Programa de Pós-
Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro;
RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Departamento Geral de Patrimônio Cultural. Departamento Geral de Documentação e
Informação Cultural. São Cristóvão: um bairro de contrastes. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e
Esportes, 1991. (Coleção Bairros Cariocas, v. 4); ______. Secretaria Municipal de Urbanismo. Instituto Brasileiro de
Administração Municipal. Centro de Estudos e Pesquisas Urbanas. Projetos de Estruturação Urbana da Cidade do Rio de
Janeiro: avaliação e revisão da metodologia para a sua elaboração. Rio de Janeiro, v. 1, 1994; ______. Instituto Municipal
de Urbanismo Pereira Passos. Rio Cidade II: Benfica/ São Cristóvão. Rio de Janeiro, 1998; STROHAECKER, Tânia
Marques. O bairro de São Cristóvão: de arrabalde aristocrático à periferia do Centro. 1989. Dissertação (Mestrado em
Ciências) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Winnie Emily Fellows; Alice
Amaral dos Reis, [200_].
191
Entrevista 01
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
A do ar é evidente, devido ao tráfego intenso. A visual também é marcante, embora existam áreas
bastante agradáveis como a Quinta da Boa Vista e os trechos mais elevados do bairro São
Januário, sem esquecer do bairro Santa Genoveva e das ruas Frolick e Mineira.
Metropolitana.
192
Muito pouco.
Sabão Português.
Entrevista 02
193
Há quanto tempo vivencia o bairro de São Cristóvão?
50 anos.
anos e, hoje, exerço o cargo de Presidente do Conselho Deliberativo desse mesmo clube e, ainda,
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Sonora e visual.
muito escuras.
194
0
As lojas comerciais estão fechando, pois o bairro deixou de ser residencial. Éramos o 1 bairro em
arrecadação do ICMS do estado. Hoje não sei onde estamos. Enfim, o bairro mudando. Só com a
liberação das construções prediais de até 8 andares é que tudo será resolvido.
bairro sobreviver.
Entrevista 03
195
Empresa: Hospital de Clínicas Dr. Aloan Ltda.
Cargo que ocupa: Chefe de Recepção
End.: Rua Chaves Farias, 64 CEP.: 20910-140
Tel./ Fax: 3860-4002/ 3860-4006 e-mail: -
Outros Dados:
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Há alguns anos atrás, o bairro foi considerado o mais poluído. Hoje, no entanto, a situação
melhorou um pouco.
cinema, teatro e, se quisermos algumas dessas coisas, temos que nos deslocar até o Centro ou a
Zona Sul.
cantos.
durante o dia.
196
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Temos muitos jovens e idosos. Classe social média, muitos portugueses e, até, angolanos.
aos empregos.
Entrevista 04
197
Há quanto tempo vivencia o bairro de São Cristóvão?
25 anos.
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Todas elas juntas.
198
Pontos fortes – Restaurantes e churrascarias. Pontos Fracos – Violência e lazer.
Entrevista 05
199
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Residente: classe média elevada, casais com crianças e poucos velhos desocupados.
Transitórios: trabalhadores, maioria homens, idade adulta.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
Considero pouco aproveitado economicamente, até que não muito deteriorado e estavam
começando obras no período.
Quais os marcos existentes no bairro?
A Quinta, o Pavilhão abandonado e a CEG.
Como o bairro é popularmente conhecido?
Bairro meio vazio, coadjuvante do centro da cidade.
Como percebe o bairro, ou seja, quais as suas impressões ao vivenciá-lo?
Eu gostava do bairro, na hora do almoço pode-se resolver coisas de serviço, como correio, Banco.
O bairro é meio sem vida, as pessoas estavam lá de passagem.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Pontos fortes: acesso, prédios históricos, preços baixos de aluguéis, trânsito não muito complicado
(alternativa a Praça de Bandeira). Pontos fracos: deserto, mal aproveitado, falta de respeito e
manutenção com patrimônio histórico.
Acredita que intervenções urbanísticas pontuais podem gerar um movimento de ocupação,
renovação e requalificação do bairro?
Acho que sim, pelo o que se vê acontecer em outros bairros da cidade. Seria uma ótima saída
para o bairro.
Sugestões para melhorar a qualidade de vida do bairro.
Não me vejo capacitado para sugerir, mas queria acrescentar que o comércio do bairro é
bastante diversificado, ao mesmo tempo que há grandes empresas de construção, projetos,
tem-se o Quinta D’oor, a CEG, lojas de peças de carros, bancos e muitos botecos, biroscas,
mercadinhos, ou seja, altas tecnologias junto a comércios mais populares.
Entrevista 06
200
Considero a localização ótima e a infra-estrutura péssima.
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Todas juntas.
Considera o bairro bem servido de opções de lazer e áreas livres?
Não.
Sente-se seguro em suas ruas qualquer hora do dia?
Não, nem mesmo no trabalho.
Quais os lugares que costuma freqüentar ou evitar no bairro?
Freqüento a Quinta da Boa Vista e evito qualquer lugar depois das 21:00 hs.
Como classificaria o bairro hoje (residencial, comercial ou industrial)?
Comercial e industrial.
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
Aumentou mais o comércio.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Classe social média baixa, faixa etária composta por todas as idades e todo o tipo de
escolaridade.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
Os dois.
Entrevista 07
201
Cargo que ocupa: Professor I de História – Função de Diretora
End.: Campo de São Cristóvão, no. 115 CEP.: 20921-440
Tel./ Fax: 2580-7078 e-mail: -
Outros Dados:
202
Tenho conhecimento do bairro como um todo, isto é, os aspectos positivos e negativos.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Pontos fortes: os museus e o zoológico. Ponto fraco: a violência que ocorre no bairro oriunda das
favelas.
Acredita que intervenções urbanísticas pontuais podem gerar um movimento de ocupação,
renovação e requalificação do bairro?
Sim, pois toda mudança traz revolução de idéias em todos os sentidos.
Sugestões para melhorar a qualidade de vida do bairro.
Combater a violência amparando as crianças mais humildes, não com ações demagógicas
e, sim, com aquelas que levam ao desenvolvimento do humanismo.
Entrevista 08
203
Não vivenciei.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
A população residente é tradicional no bairro com forte ligação afetiva ao lugar. Já a população em
trânsito é composta, na sua maioria, por funcionários das grandes empresas do local.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
Não considero o bairro esvaziado economicamente, mas sim deteriorado urbanisticamente.
Quais os marcos existentes no bairro?
A Quinta da Boa Vista, o Colégio Pedro II e a Feira do Nordeste.
Como o bairro é popularmente conhecido?
Como um bairro desprovido de qualquer atrativo de beleza.
Como percebe o bairro, ou seja, quais as suas impressões ao vivenciá-lo?
Percebo que o bairro tem grandes possibilidades comerciais em função da grande concentração
de empresas, porém há falta de investimentos, o que pode ser comprovado pelos poucos
estabelecimentos comerciais de padrão mais elevado.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Ponto forte: boa localização. Ponto fraco: comércio voltado somente para as camadas mais
pobres.
Acredita que intervenções urbanísticas pontuais podem gerar um movimento de ocupação,
renovação e requalificação do bairro?
Sim, em função da localização do bairro.
Sugestões para melhorar a qualidade de vida do bairro.
Investimentos voltados ao embelezamento do bairro, para um comércio de bom nível que
atenda as necessidades das pessoas que trabalham na área e, ainda, na construção civil.
Entrevista 09
204
Em termos de localização é perfeita. O bairro é central, porém limitado em transportes,
supermercados e outros serviços.
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
A do ar melhorou muito e a sonora é forte em função da feira nordestina aos sábados e domingos.
Considera o bairro bem servido de opções de lazer e áreas livres?
Faltam opções, principalmente aos jovens, tais como cinema e shopping.
Sente-se seguro em suas ruas qualquer hora do dia?
Não, porque as ruas são escuras e o patrulhamento é esporádico.
Quais os lugares que costuma freqüentar ou evitar no bairro?
Freqüento a Quinta da Boa Vista, a Cancela e o Campo de São Cristóvão.
Como classificaria o bairro hoje (residencial, comercial ou industrial)?
De tudo um pouco.
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
As transformações foram grandes. Houve a saída de grandes indústrias e a entrada de pequenas
e médias.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Aparecimento de moradores de rua e invasão de espaços com a formação de cortiços. A grande
maioria da população de São Cristóvão é composta por assalariados e verifica-se que uma grande
parcela que saiu do bairro para outras áreas, depois de um certo tempo, retornou.
205
Entrevista 10
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Principalmente a sonora, pelo grande número de veículos que transitam pelas vias expressas do
local.
Considera o bairro bem servido de opções de lazer e áreas livres?
Sim. Falta apenas atividade cultural como teatro e cinema, o que não lhe tira o encanto.
Sente-se seguro em suas ruas qualquer hora do dia?
Sim. Apesar da violência reinante no mundo todo, estamos trabalhando duro para dar mais
tranqüilidade aos moradores e usuários.
Quais os lugares que costuma freqüentar ou evitar no bairro?
Não evito nenhum. Costumo freqüentar a Quinta da Boa Vista.
Como classificaria o bairro hoje (residencial, comercial ou industrial)?
Híbrido entre residencial, comercial e, em menor escala, industrial.
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
Não observado.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Temos classe de A à C (grandes empresários, políticos até a população pobre). A faixa etária é
a
composta por um número maior de adolescentes e 3 idade.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
206
Sim. Muitas indústrias deixaram o bairro (existem vários galpões vazios que são utilizados por
famílias inteiras ou desocupados). Este é o bairro real do Brasil. Deve-se investir nos monumentos
históricos e nas tradições do bairro.
Quais os marcos existentes no bairro?
Museu Nacional, Quinta da Boa Vista, Supremo Conselho do Brasil, Observatório Nacional, etc.
Como o bairro é popularmente conhecido?
____
Como percebe o bairro, ou seja, quais as suas impressões ao vivenciá-lo?
População carinhosa e receptiva. Bairro provinciano, apesar de estar incrustado dentro da cidade.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Pontos fortes: história e tradições desde a época do Brasil Colônia e transporte urbano. Pontos
fracos: medidas sociais para as comunidades carentes.
Acredita que intervenções urbanísticas pontuais podem gerar um movimento de ocupação,
renovação e requalificação do bairro?
Sim. A revitalização deve partir e ter sempre como ponto de apoio os monumentos históricos, o
padrão de construção e o seu relacionamento com a arquitetura moderna, evitando a explosão
populacional.
Sugestões para melhorar a qualidade de vida do bairro.
Urbanização e serviços sociais mais funcionais nas comunidades carentes, eventos
culturais mais ativos e revitalização do Campo de São Cristóvão (já em fase de execução).
Entrevista 11
207
Com a debandada de muitas indústrias, a poluição do ar melhorou, restando a visual e a sonora.
Considera o bairro bem servido de opções de lazer e áreas livres?
Sinceramente, não existe lazer algum. Em relação às áreas livres, o bairro conta com apenas a
Quinta da Boa Vista, que não investe em shows, apresentação teatral, etc.
Sente-se seguro em suas ruas qualquer hora do dia?
Não. Como todo bairro do Rio, falta segurança noturna. E quem mora nas redondezas da Quinta,
tem que conviver com a prostituição e os assaltos.
Quais os lugares que costuma freqüentar ou evitar no bairro?
Freqüento todos os lugares. Tanto os chamados “do asfalto” como também as comunidades do
Tuiuti, Barreira do Vasco e Caju. Evito a Quinta da Boa Vista à noite.
Como classificaria o bairro hoje (residencial, comercial ou industrial)?
Residencial e comercial. A maioria das indústrias se mudaram.
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
Aumentaram as ocupações nas favelas e os chamados “cortiços”.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
A população residencial aumentou muito nas classes C e D. Faixa etária de 13 à 18 anos de idade
e escolaridade 1o grau incompleto. A população em trânsito é composta pelas classes B e C com
idade de 19 a 30 anos.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
Os dois. Com o gabarito atual, os investimentos diminuíram muito até mesmo na área imobiliária.
Urbanisticamente existem muitos projetos, mas nenhum concretizado.
Quais os marcos existentes no bairro?
A Quinta da Boa Vista, a Casa da Marquesa de Santos, o primeiro teatro do Brasil, entre outros,
que devem ser preservados.
Como o bairro é popularmente conhecido?
Apenas por pontos de referência. Para falar do bairro de São Cristóvão tem que indicar: perto do
Pavilhão, perto da Cancela, perto da Quinta da Boa Vista, etc.
Como percebe o bairro, ou seja, quais as suas impressões ao vivenciá-lo?
O mais importante é mudar o gabarito para obtermos maiores investimentos imobiliários, pois a
população flutuante é maior do que a fixa.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Ponto forte: sinceramente nenhum. Ponto fraco: pequena participação dos moradores nas
questões referentes aos interesses do bairro.
Acredita que intervenções urbanísticas pontuais podem gerar um movimento de ocupação,
renovação e requalificação do bairro?
Com certeza. Na gaveta da Secretaria de Urbanismo se encontram vários projetos e nenhuma
concretização, a não ser o Favela-Bairro.
Sugestões para melhorar a qualidade de vida do bairro.
O “carro-chefe” é a transformação do Pavilhão de São Cristóvão em um shopping, criando
vários empregos para o morador, maiores investimentos no comércio local e maior
arrecadação de impostos, fazendo o bairro crescer economicamente e, assim, com maiores
opções de lazer, melhorando a qualidade de vida e trazendo mais segurança.
208
Entrevista 12
209
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
Não percebi.
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
Eu diria em classe D e C, faixa etária de mediana para jovens e escolaridade média.
Considera o bairro esvaziado economicamente e/ou deteriorado urbanisticamente?
Esvaziado economicamente, e por conseqüência deteriorado, pois notamos uma grande
quantidade de empresas que encerraram suas atividades e abandonaram as suas sedes.
Quais os marcos existentes no bairro?
O campo de São Cristóvão e o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Como o bairro é popularmente conhecido?
São Cristóvão.
Como percebe o bairro, ou seja, quais as suas impressões ao vivenciá-lo?
Percebo um bairro com potencial de crescimento enorme, mas talvez leve algum tempo, mas
atualmente estão sendo feitas.
Destaque seus pontos fortes e fracos.
Ponto forte: destaco o policiamento e ser um bairro bastante conservador a nível de moradia.
Ponto fraco: no transporte que deixa muito a desejar.
Entrevista 13
210
Fui Presidente da Associação de Moradores por duas vezes e ocupo atualmente o cargo de
Presidente da Associação de Mulheres e o de Diretora Social da Associação Industrial e
Comercial de São Cristóvão.
O que acha de sua localização e infra-estrutura?
O bairro fica muito bem localizado, mas com péssima infra-estrutura.
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Infelizmente, todas elas juntas.
Considera o bairro bem servido de opções de lazer e áreas livres?
Não. Nos faltam opções.
Sente-se seguro em suas ruas qualquer hora do dia?
Há pouco tempo atrás sim, porém hoje não há quem se sinta seguro.
Quais os lugares que costuma freqüentar ou evitar no bairro?
Durante o dia freqüento qualquer lugar do bairro, mas à noite não freqüento a Quinta da Boa Vista
e nem as áreas próximas às favelas.
Como classificaria o bairro hoje (residencial, comercial ou industrial)?
O bairro é misto.
Percebeu ao longo dos anos mudanças de uso e ocupação do solo no bairro?
Sim.
211
Entrevista 14
quando nele foram instaladas desordenadamente inúmeras indústrias, até o final do governo do
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Qualquer lugar de muitas ruas e praças predomina a poluição dos veículos que geram gás
212
Quais as características da população residente e daquela em trânsito pelo bairro (classe
social, faixa etária, escolaridade, etc.)?
1/3 da população é de residentes e 2/3 é flutuante.
Cristóvão Imperial, Caixa D’água do Tuiuti, Observatório Nacional, Coreto do Campo, etc.
Depoimento do Sr. Francisco Rainho da Silva Carneiro sobre o bairro de São Cristóvão em
complemento à entrevista aplicada em 11/09/2002.
Eu nasci na Rua Mariz e Barros, esquina da praia de Icaraí e vim para São Cristóvão com 1 ano
de idade. Hoje tenho 85 anos.
São Cristóvão é um bairro tradicional porque quando a família imperial portuguesa veio de
Portugal, conseqüentemente, para o Brasil, eles vieram para São Cristóvão e ali foram instalados
na Quinta da Boa Vista que era uma área doada pelo comerciante Elias Antônio Lopes [...] com
[...] vastíssima área de mais de 700.000 m2 e a família ficou ali vários anos governando. [...] São
Cristóvão [...] tornou-se um bairro aristocrático e [...] nós pretendemos que volte, hoje, a ser
porque é rico em história do Brasil. [...] Os republicanos largaram totalmente na era da República o
bairro [...], onde existem os melhores e os mais belos monumentos e quartéis do Exército e das
Forças Armadas.
[...] A Quinta, hoje, foi partilhada em vários setores. Nela [...] se instalou um pequeno Jardim
Botânico, [...] o Departamento de Parques e Jardins, o Jardim Zoológico (única coisa que merecia
213
realmente ser ali instalada) e tinha um stand de tiros das Forças Armadas. Eles retalharam a
Quinta toda e fizeram uma avenida a circundando [...] e essa [...] é cheia de veículos.
O bairro ultimamente foi relegado a um plano secundário. Aliás, em toda a história da República,
ele vem sendo relegado a um plano inferior. [...] Era um bairro puramente residencial e possuía
(possui) grandes praças como a Quinta da Boa Vista e o Campo de São Cristóvão Imperial que foi
feito por D. Pedro I e, onde os oficiais do 1o Regimento Divisionário de Cavalaria (que o General
Figueiredo foi comandante) [...] faziam jogos de pólo [...]. Hoje não existe mais nada disso. É um
abandono completo.
[...] No número 173 (do Campo de São Cristóvão Imperial), existia o Clube de São Cristóvão
Imperial (hoje Imperial, porque antes era Clube de São Cristóvão) e mais outros dois Clubes
existiam: o São Cristóvão Atlético Clube e o São Cristóvão de Futebol, que depois fizeram fusão.
2
O São Cristóvão Imperial, hoje, está num belo prédio com piscina, salão de 800 m , uma cozinha
2 2
de 91 m , uma boate de 391 m , após ter ficado por 10 anos parado em virtude, se podemos dizer
em virtude, em face da desapropriação pelo Governo do General Gaspar Dutra que era sócio do
São Cristóvão. Mas ele foi ludibriado: [...] atendeu a um pedido do Sr. Vandique Londres da
Nóbrega, que era do Colégio Pedro II diretor e assinou a desapropriação como Campo de São
o
Cristóvão n 173. Só mais tarde ele veio a saber desse engano. Com isso o clube parou 11 anos,
até que eu crescendo, já rapaz, resolvi restaurar o Clube de São Cristóvão. Formado em
advocacia com outros colegas intentei uma ação e recebi 14 milhões e 400 mil do governo. Adquiri
a casa do Sr. Comendador José Rainho da Silva Carneiro, que era meu tio, na Rua General José
o
Cristino n 19 e ali construí o que está hoje lá, uma belíssima sede.
Além do mais, São Cristóvão possui nessas praças uma variedade grande de áreas de lazer, mas
que, hoje, as autoridades não ligam. É norma geral de todos os governos, sem nenhuma crítica,
nomearem administradores para São Cristóvão que nunca foram de São Cristóvão ou moraram
em São Cristóvão. Só um único foi de São Cristóvão. Os outros, até hoje, não. Então, não há,
assim,um amor às instituições.
[...] As águas do mar vinham até o Campo de São Cristóvão. Os barcos aportavam na igrejinha da
Praça Padre Sève e ali desembarcavam as pessoas.
[...] Transformaram o bairro com o decorrer dos anos em um bairro industrial por uma falta total de
visão dos governos da época que chamaram um renomado arquiteto francês, prof.o Alfred Agache,
que sucedeu a Glaziou, que fez as obras do Museu Nacional, que [...] tomou as seguintes medidas
(porque era moda na Europa): transformou o bairro em industrial, transferiu todas as indústrias
existentes no [...] centro da cidade (Cinelândia, etc.) e fez com que as famílias saíssem do bairro
porque cada qual que tinha seu palacete via, logo depois, surgir uma indústria ao lado. Assim, o
bairro foi se esvaziando.
Novas contribuições negativas acrescentaram os dirigentes do Rio de Janeiro, quando fecharam a
Rua Figueira de Melo, que era a garganta de São Cristóvão. Ela [...] ligava o bairro até a Praça da
Bandeira [...] Posteriormente, outro governo [...], e esse mais recente, recentíssimo, fechou a Rua
São Cristóvão que desemboca justamente na Praça da Bandeira. A rua está fechada por um muro
de tijolo. Por absurdo que pareça, que eu saiba, é o único país do mundo que fechou uma rua com
tijolo. Vendeu a rua e está fechada até hoje e não se atende aos reiterados pedidos que são feitos
para que ela seja aberta.
Assim, com o estrangulamento dessas zonas comerciais, o bairro começou a se esvaziar. Tem um
comércio razoável, mas não o que deveria ser, porque na época do grande presidente Dr. Getúlio
Vargas, São Cristóvão foi o bairro que mais arrecadava impostos no Rio de Janeiro. Isso foi
relegado. Não se faz mais nada por São Cristóvão.
[...] E, assim, se conta as coisas de São Cristóvão, onde havia bonde de burro, depois veio o
bonde de luz elétrica São Januário, São Luis Durão, Alegria, o Cancela, etc. E o Largo da
Cancela, que é histórico, onde existia um coreto, um abrigo de passageiros de bonde que veio da
Bélgica todo de metal e ali o pessoal se abrigava nos dias de chuva para tomar e descer dos
bondes. Isso sumiu, como também sumiram os monumentos existentes no Campo de São
Cristóvão. Os chafarizes em número de quatro sumiram. Nós sabemos onde estão e já indicamos
às autoridades, mas nada.
214
As estátuas, os monumentos em ferro, todos vindos da França, que devem, não sei se ainda
estão, mas estavam no depósito da prefeitura [...] (quem vai pela Av. Brasil é logo a primeira à
direita após o cemitério e a rua passa nos fundos do cemitério). Então, estavam guardados lá, o
chafariz mais bonito que ficava defronte à Intendência do Exército, no Campo de São Cristóvão e
que foi dali retirado e instalado na Cinelândia e outros e outros [...], mas restou o Coreto, onde as
bandas da polícia e do exército tocavam nos sábados e nos domingos [...] nos desfiles. Isso
acabou, ninguém fala mais.
Os prédios de São Cristóvão são maravilhosos. O prédio do Asilo São Luis em São Cristóvão é
uma obra maravilhosa de um português [...]. Ali tem edifícios maravilhosos: a casa da Rua São
Januário, em frente à Rua General Bruce; a Praça Argentina, onde tem a Escola Floriano Peixoto;
a Praça Pinto Peixoto logo a seguir da Rua Manuel Cabrita; o grande reservatório de água do
Morro do Tuiuti, defronte a sede do estádio do Vasco da Gama, é hoje simbólico e está coberto de
capim. Essa obra de engenharia é tão interessante, que o reservatório de água é todo coberto por
terra [...] e agente pode andar livremente por várias pontes. É uma obra de engenharia formidável,
porque naquele tempo não havia o cimento e eles fizeram aquela obra que dura até hoje. [...]
Existe, em cima desse reservatório de água que abastece São Cristóvão, parte Tijuca, Praça da
Bandeira até a Praça XI, Saúde, um vastíssimo campo de futebol. Está lá para quem quiser. Mas
hoje, ninguém joga futebol porque está cheio de capim. Tem capim lá com mais de dois metros de
altura. É isso que está aí. É o retrato. O que eles fizeram mais? Tem uma coisa mais interessante
ainda, que ninguém fala, ninguém publica: não há turismo em São Cristóvão, ninguém vai à São
Cristóvão. Para os governos, no meu modo de ver, só existe Rio de Janeiro da Praça XI para a
Zona Sul. O resto corre a vontade do povo.
Instalaram em São Cristóvão um cemitério, acabaram com a Praça do Caju, em todo o litoral
fizeram a Avenida Brasil, que era toda de praia, que eu mesmo como rapaz tomava banho ali
quando não existia o Cais do Porto. Era até a Ilha da Pompeba, a tal ilha que ainda tem lá defronte
à Estação Rodoviária. Eram 800 metros para nadar. [...] Eu brinquei muito na minha mocidade ali
[...]. Então, em todo esse apanhado, existia em São Cristóvão 5 moinhos: [...] o chamado Moinho
da Luz, que foi do Dr. Mário de Oliveira por aquisição ao meu pai Francisco Luis da Silva Carneiro
(aquilo tudo era um lodaçal); existia o moinho Fluminense e existia a Companhia de Luz Esteárica,
na Rua São Cristóvão com esquina de Rua Benedito Ottoni. Tudo isso foi relegado, esquecido.
No Caju (a caminho do Caju), tínhamos (temos) o Arsenal de Guerra que, por interessante, a
construção passava por cima da rua em forma de arco e até hoje existe. Tinha a praia do Caju que
era muito freqüentada. Tudo isso foi abandonado, não existe mais.
O Museu Imperial da Quinta da Boa Vista, se não fosse o patrocínio, não sei se ainda existe, do
Dr. Roberto Marinho, não existia mais. Ele é que consertou aquilo várias vezes. Várias vezes às
expensas dele ou da organização que ele dirige. E, assim, se vê em São Cristóvão um propósito.
Na Quinta da Boa Vista também existia um clube de pessoas, era a Sociedade Hípica de São
Cristóvão.
Getúlio Vargas abriu a Rua Visconde de Niterói que parava na Quinta e deu a volta, lá por cima do
Morro da Mangueira, tornando exeqüível a inda e vinda do Morro da Mangueira. Hoje não há mais
nada. Se não fosse o Vasco da Gama, o Clube São Cristóvão de Futebol e o Clube São Cristóvão
Imperial, que, hoje, tem magnífica sede, sem nenhum auxílio do governo, o bairro de São
Cristóvão já teria sucumbido. Mas, quis o Homem poderoso lá de cima que isso não acontecesse.
A Estação de Metrô de São Cristóvão merece gargalhada. Quando eu passo lá e leio Estação de
São Cristóvão eu começo a rir. Porque de estação não tem nada. Tem um barraco velho lá que
eles deram o nome de estação. E é verdade, pode passar lá para ver.
Depois veio o Hospital da Quinta que a Ordem de N. S. do Carmo negociou com o Hospital Quinta
D’oor do Dr. Jorge Mao e ele fez um moderníssimo hospital lá. Mas isso é uma aberração.
Hoje, chegou-se ao ponto em São Cristóvão e, disso, eu mantenho as autoridades informadas por
escrito, de [...] na Av. Pedro II, onde existe um prédio que foi a residência da Marquesa de Santos,
que ao invés de dizerem os benefícios que ela fez ao Brasil, se limitam a dizer que ela era amante
de D. Pedro I, tanto que tem um túnel do Museu para o palácio da Marquesa de Santos. É mentira,
não tem túnel nenhum. Eu fui lá ver em todos os lugares. Não existe isso. Isso é mentira. É para
depreciar as pessoas públicas. [...] Ainda tem isso.
215
Tem o Quartel do Batalhão de Guardas, onde queriam agora [...], no governo que findou o
mandato, [...] instalar [...], simplesmente o IML, o Instituto Médico Legal, e eu publiquei, fiz uma
carta a ele dizendo que o melhor lugar para instalar o IML (era o Sr. Conde o governador), [...] era
na Gávea Pequena, num belo palacete que tem lá. Evidentemente foi deboche, porque o palacete
é a residência de verão do governador do Estado. Eu disse para ele colocar lá o fedor de defunto
e de ácido clorídrico (aquelas coisas) lá perto da casa dele. Conversei com o Coronel Amendola e
fiz expor porque ele queria mudar a Guarda Civil para lá. Eu disse: mas Coronel, como é que os
oficiais e os soldados vão respirar todo dia aquele fedor de defunto embalsamado?
Ainda presentearam São Cristóvão com outro presente de grego, grego perto dessa gente que
maltratou São Cristóvão é pinto. Sabe o que eles fizeram e a Igreja Católica aceitou? [...]
Instalaram em São Cristóvão um crematório. O sujeito morre, vai para São Cristóvão, queima, o
fedor se espalha, o ácido clorídrico toma conta do nariz de todo o mundo e, é na esquina, junto ao
Cemitério do Carmo.
Esse é um apanhado geral do que é São Cristóvão. Existe um livro, está escrito. Estou
presenciando a você, Viviani, porque eu sou um historiador e o historiador é obrigado a saber tudo
e ter opinião própria. Restauremos São Cristóvão, mas é preciso que se obedeça ao binômio
bairro histórico e residencial. Não queremos indústrias em São Cristóvão.
Os inúmeros edifícios e palacetes existentes em São Cristóvão, eu os conheço todos [...], agora
quero ressaltar o seguinte: a existência em São Cristóvão do Museu Nacional, que não devia se
chamar Museu Nacional, devia se chamar Museu do Brasil, que é um prédio lindo na rua General
Bruce.
Esses desatinos todos em cima do bairro de São Cristóvão refletiram, essencialmente, na situação
que o bairro se encontra. Existe um grande número, mas um número muito grande mesmo, de
lojas, fábricas e casas de comércio fechadas. Isso é visto ali nas redondezas do Largo da
Cancela.
Em Benfica, aonde existe o HCE - o Hospital Central do Exército, também tem muitas lojas. Eu fui
advogado de vários industriais e comerciantes, tendo um que até pode ser entrevistado, o Sr.
César Alves Teixeira, que tinha uma indústria grande, um prédio de dois andares (e, ainda tem)
que está lá [...] e ele não consegue alugar [...]. O prédio era alugado para a antiga fábrica de
bolsas Poquet, quando eles fecharam a indústria deles que era a Indústria Gerim de Bebidas,
muito bem instalada. A fábrica do Sr. Carlos Pereira de sabonetes era na Rua São Januário,
esquina de Carneiro de Campos que está fechada. A fábrica Beija-flor na Rua São Januário (que é
um monumento) e, hoje, está cedida ao Instituto da Previdência para depósito de papel está
fechada (ela tinha mais de 1000 empregados).
E, assim, vai por todos os lugares de São Cristóvão. Só [...] no Largo da Cancela existe mais de
20 lojas fechadas (Cancela, Rua da Liberdade, Rua da Quinta). Por que até hoje não se
desmanchou na Rua da Quinta que liga a Quinta da Boa Vista ao Largo da Cancela [...] um
galpão? [...] Esse galpão do tempo do Império ainda está lá e só tem telha nova lá porque (a
antiga) quebrou ou arranhou ou qualquer coisa, já que as telhas ainda são antigas e o lixo que
está lá também é antigo. Então eles não derrubaram esse galpão para aumentar a entrada da Rua
da Quinta, que aumentaria muito o Largo da Cancela e, naturalmente, um maior número de lojas
ali. Não existe mais nada no Largo da Cancela, a não ser o Banco Itaú que é uma grandiosidade.
Diminuiu muito porque a dificuldade de transporte é muito grande. Melhorou um pouco, porque o
Sr. Antônio Soares Calçada, um dos presidentes do Vasco, ele conseguiu com uma firma de
amigos colocar dois ônibus para o Vasco: [...] uma Linha Vasco da Gama – Leme e Vasco da
Gama – Copacabana que vai até o fim da praia. [...] O resto é o 603 que vai para a Ilha do
Governador e que dá uma volta enorme, mas nenhum ônibus faz o circuito de ligação dos bairros
São Cristóvão, Praça da Bandeira, Maracanã, Vila Isabel, Grajaú, Andaraí, Tijuca e Rodoviária.
Não existe isso. Por quê? Porque as autoridades não visitam São Cristóvão. Agora que estão indo
uns e outros em tempos de eleição, só. Mas depois não fazem nada.
A realidade é essa. Não sei se tem gente que ficou zangada ou vai ficar zangada com o que eu
disse, mas eu digo e repito e torno a dizer e escrever: o bairro se tiver um cuidado especial [...]
2
voltará a ser o que era porque ninguém tem um parque de 800 m , ninguém tem um Campo de
2
São Cristóvão que tem 400 m , ninguém tem uma Praça Pinto Peixoto, ninguém tem uma Praça
Floriano Peixoto (chamada de Praça Argentina) e outras praças. E nós queremos fazer a Praça
Almirante Vasco da Gama, em frente ao Vasco da Gama que acabou de comprar todas as casas
216
em volta, 43 casas compradas [...] pelo Sr. Dr. Eurico Miranda e essas casas já foram derrubadas
e o Vasco hoje é dono de um quarteirão inteiro. Aí nós poderemos fazer o maior estádio do mundo
e ele sabe que nós fazemos.
Entrevista 15
Quanto à questão da poluição, qual é mais evidente no bairro (do ar, sonora, visual ou
todas elas juntas)?
Há uns 10 ou 15 anos era poluição do ar, mas nesse tempo, várias indústrias reduziram suas
atividades, algumas colocaram filtros em suas chaminés e outras saíram para outros lugares.
Hoje, seria a poluição visual em razão das pixações que aumentaram muito. Existem quatro
grupos que colocaram nosso bairro em primeiro lugar de pixações, tanto que quando a Comissão
Internacional Olímpica veio para escolher a cidade para 2004, entre cinco razões negativas que
colocaram estavam essas pixações, especialmente em nosso bairro, que não tinham visto em
outros países.
217
Quase. Nós podemos ter mais alguma coisa para completar. Porque nós temos sede de vários
clubes famosos, esportivos de futebol e outros e nós temos além disto, em várias ruas
emplacadas pequenas quadras poli-esportivas e nós estamos com vários outros pedidos em
andamento para completar essas e, inclusive, no projeto do Largo da Cancela, onde será
São Luiz Gonzaga, a Rua São Januário, a Rua Chaves Faria, a Avenida do Exército, mas até o
anoitecer e excluindo o sábado e o domingo, porque sábado o perigo já aumenta mais nas ruas e
domingo aumenta muito mais e nesse dia a noite nem se fala, em parte em função da feira e em
parte em função do tráfico de drogas. Nas paradas de ônibus se rouba e assalta muito nos finais
de semana. Os moradores do bairro nesses dois dias ficam encolhidos em suas casas, indo no
máximo ao supermercado, caso não tenham feito suas compras durante a semana. Agora, quem
aflui pelas ruas são aqueles que não moram no bairro vêm para cá para a feira, a Quinta, o
Museu, etc.
entrada na Quinta. Evito passar à noite em qualquer rua, em qualquer esquina deserta.
zonas estritamente residenciais e outras que são mistas residenciais e comerciais e outras zonas
casos, proibida por lei. Aqueles que já existem são, de certa forma, facilitados, mas a lei é muito
218
população escolar porque o bairro tem muitas escolas e atrai alunos de bairros vizinhos para cá.
Em segundo lugar ficam os funcionários que trabalham nas grandes empresas e em terceiro lugar,
bairro, mas entram outras. De repente, um ou dois galpões aparecem para alugar, onde existiam
firmas muito bem funcionando, que não se espera que vão acabar, mas em seguida surgem
outras. O bairro ainda atrai algumas empresas, mas nem tanto. Contudo, quando realizarmos o
projeto, arrumando o centro do bairro, esperamos atrair muito mais empresas e, nós queremos
que o PEU do bairro se modifique em favor de aumentar o gabarito do bairro em alguns lugares
que não são perto dos marcos históricos para não dar desequilíbrio panorâmico na vista, para
atrair incorporadoras que com um maior número de andares e unidades de apartamentos podem
ressarcir o valor gasto na compra do terreno. Nós estamos para ter uma reunião, talvez definitiva
para a correção desse PEU em favor do progresso do bairro, mas tem uma vertente que não
entende bem até onde é o limite de um marco histórico e onde acaba e não precisa mais do valor
dele. Quando é mais afastado e num lugar razoável para ter mais andares, achamos que é bom.
Mas essas pessoas que acham que não deve permitir fazer nada em lugar nenhum e tudo deve
continuar pequeno, feio e desorganizado do jeito que está. Hoje, o bairro encontra-se
Cristóvão e a Rua Figueira de Melo e por cima passa um viaduto. Lá nas imediações existem mais
Benfica (lustres) será criado um centro, uma espécie de shopping a céu aberto de peças e auto-
219
Economia com 5 m de altura por 2 m de largura dando idéia de peças e auto-peças. Como os
donos das lojas são em sua maioria portugueses, em cima do portal serão colocadas duas
todos os feirantes que vão ocupar um lugar lá dentro e são quase 700 unidades, são procedentes
de municípios vizinhos, onde têm os seus próprios negócios. Eles vem nos finais de semana aqui,
não tanto para fazer negócios, mas mais para matar a saudade e ver seus conterrâneos e esse
empreendimento só vai funcionar dois dias, porque nos outros dias úteis, ninguém tem tempo de ir
para lá. Vai ficar deserto e para eles atenderem o eventual público que pode aparecer por lá, terão
que pagar um funcionário porque não vão querer deixar seus negócios em São João de Meriti, em
Duque de Caxias e outros lugares mais. Nós pensamos que esse é um projeto precipitado, feito
sem pensar nas conseqüências mais profundas e pode ele mesmo sucumbir nele mesmo, dentro
animais no Jardim Zoológico e dos residentes. Como você acha que o Vasco da Gama conseguiu
ampliar seu terreno? Porque o Vasco criou condições insuportáveis de sobrevivência dos
moradores vizinhos ao clube, que vendiam suas casas por qualquer preço, só para sair de lá. Aí,
eles compravam barato. Foi ainda roubada uma parte de São Cristóvão e implantado um novo
bairro que se chama Vasco da Gama e, para isso, não foi ninguém consultado, não fizeram uma
pesquisa ou um abaixo-assinado. Isso foi feito por um vascaíno, braço direito do Eurico Miranda,
jornalista que colocou na Câmara dos Vereadores, sem que os vereadores nem soubessem
exatamente do que se tratava e votaram em cordialidade ao clube, já que a sua maioria era
torcedora do Vasco. Agora nós queremos que ou volte a integrar o bairro de São Cristóvão ou, na
pior das hipóteses, passe a se chamar bairro Almirante Vasco da Gama para não dizer que é
Vasco da Gama em razão do clube esportivo, mas por causa do nome original.
220
Tornar o centro do bairro mais atraente e melhorar o PEU no sentido de aumentar o interesse das
construtoras e incorporadoras. Isso vai influir muito, temos certeza que vai chegar o progresso
econômico porque muito mais firmas vão querer investir no bairro. São Cristóvão é conhecido e é
um dos maiores arrecadadores do imposto municipal e estadual em razão das muitas firmas que
bairro mais próximo do Centro da cidade e é interesse deles, mais próximo do porto e da estrada
de ferro e mais próximo da rodoviária. Por todas essas razões, São Cristóvão pode ter um melhor
futuro, mas só preparando esse início para poder dar essa arrancada para o futuro.
221
Durante todo esse tempo, os imigrantes nordestinos chegavam de carona em caminhões “pau-de-
arara” que faziam transportes para o comércio e, na maioria dos casos, eram descarregados perto
de uma Igreja na Av. Presidente Vargas, próxima ao final do bairro de São Cristóvão e início da
Zona da Leopoldina. Aos poucos, esses nordestinos principiavam algumas virações, não tendo já
trabalho e alguns trazendo artigos do nordeste, iniciando, há uns trinta ou quarenta anos atrás,
uma pequena feira nordestina, não com aquela importância que é agora, daquele tamanho, mas
como um pequeno núcleo de camelôs, que, aos poucos, começaram a se organizar, tanto que
permaneceu uma tradição entre eles de nos finais de semana fazer a feira lá. Mas não foi só para
fazerem algum comércio ou negócio, mas para matarem a saudade da terra natal deles, se
encontrarem e ver amigos, misturado com músicas nordestinas, forró e essas outras coisas
características da cultura deles, etc.
Com a crise econômica, a migração do nordeste para o Rio e São Paulo foi muito maior, de modo
que essa feira tomou um grande vulto aqui em São Cristóvão. Existem dois tipos de gente que
encara essa feira: uns que acham que a feira é uma feira de São Cristóvão, nem pensam que é
nordestina. Eles acham por ignorância ou falta de informação que a feira é de São Cristovenses e
ela não é nada de São Cristóvão. É uma feira intrusa pelos nordestinos e barraqueiros de
municípios vizinhos até menos da própria Guanabara, do próprio Rio de Janeiro, mas que funciona
aqui, vamos dizer Feira Nordestina de São Cristóvão e tem outros mais radicais que não permitem
isso e dizem Feira Nordestina em São Cristóvão.
No decorrer do tempo, em épocas pré-eleitorais, os organizadores da feira conseguiram, na
Assembléia Legislativa, alguns decretos em favor deles que fixam com mais garantia para
ninguém poder tirá-los de lá, porque tem uma tradição cultural por muitos anos, mas que, por outro
lado, aqueles se são contra estão dizendo o seguinte: - Nós temos pena de nossos co-irmãos
nordestinos, vendo eles todo o sábado montando aquelas lonas pesadas, as amarrando em
árvores (que também é contra a ecologia, no caso, mas que vamos colocar isso em segundo
plano), pegando fortes chuvas de verão e o sol de mais de 40 graus e, logo depois de dois dias,
outra vez desmontando tudo, outra vez embarcando tudo nos caminhões, outra vez tendo
despesas de transporte e tudo para levar as mercadorias de volta. Nós queríamos para esses
nordestinos uma solução mais humana, mais tecnológica, mais moderna. Para tanto, existem
várias opções nas proximidades de São Cristóvão onde podiam ser entre a Av. Brasil e a
Companhia de Gás. Tem uns três lugares, no mínimo, bons.
O Sr. Agamenon que ultimamente tomou a liderança da feira (que antes estava com uma outra
gente que não se preocupava muito) que estava sendo criticada por ser muito selvagem e com
pouca cultura, tentou amenizar tudo isso o máximo possível e acredito que se for pelo desejo dele
seria mais ainda, mas isso é difícil, pois mesmo como Presidente, ele não consegue dominar toda
essa gente (todos eles andam com uma peixeira grande nas costas). Eu trabalhei com o
Agamenon numa Instituição de Assistência Brasileira e sei das boas intenções dele. Ele é
contador de profissão e desde que tornou-se presidente da feira, ele anda de chapéu de couro
para caracterizar mais com aquela gente, a autoridade dele.
Eles pegaram na nova gestão do governo César Maia a estrutura do secretariado de governo
desprevenida nos primeiros dias e, então, a Prefeitura sem se consultar com as outras entidades
do bairro, que são, nesse caso, mais competentes para dar opinião sobre um assunto desse, eles
conseguiram como uma ação relâmpago, precipitada da Prefeitura para dizer que naquele
pavilhão abandonado lá e etc. seria bom para colocar a feira nordestina e a Prefeitura achou bom,
pois seria uma obra de vulto que iria mostrar a sua dedicação. E o prefeito foi convidado na
inauguração do início das obras e então vi uma faixa de agradecimento para César Maia e pensei:
esta é uma solução que já será melhor do que aquilo que está agora, mas nós outros, quer dizer,
a Associação Comercial e Industrial de São Cristóvão, Lions Clube e Rotary Clube, Conselho de
Entidades e Associações de São Cristóvão, Câmara Comunitária de São Cristóvão, Associação de
Moradores e Amigos de São Cristóvão, todos eles não concordam com isso, porque isso vai
descaracterizar o bairro imperial, vai introduzir uma nova caracterização a ele que não tem nada
com a sua origem, que é a do cordel nordestino e da cultura nordestina. Tudo bem, sendo todo
mundo de um país só, todos têm direito a todas as coisas, mas sempre dentro de um ambiente
centralizado urbanisticamente, adequado à cada característica, mas não tudo misturado,
sobreposto uma coisa em cima da outra, sem ver os interesses de outros. Isso não.
Nós somos a favor de humanizar e melhorar isso, mas não concordamos que seja nesse lugar,
porque pensamos que isso significa que nas paradas de ônibus, sábado e domingo, vai ter mais
222
gente que assalta, mais gente que rouba. Essa feira é conhecida por aparecer muitas vezes, na
madrugada, dois ou três cadáveres em poças de sangue mortos com peixeiras, sem dar um tiro
nem nada.
Isso tudo descaracteriza o bairro. O bairro de São Cristóvão foi por algum tempo um pouco
abandonado e deixado de ser preservado e, agora, nós queremos voltar a preservá-lo e dar-lhe
aquele esplendor que tinha, no mínimo, na medida do possível. Desse modo, nós estamos só
atrapalhados nas nossas intenções. Estamos com mais um problema que nós não sabemos como
superar. Mas, já que a Prefeitura decidiu-se por instalar no Pavilhão a feira e temos interesse
nesta em fazer a urbanização da Cancela e sua integração panorâmica com a Quinta da Boa
Vista, estamos sendo diplomatas e vamos esquecer um pouco esse problema e deixar que corra
da mesma forma como está correndo. Não vamos nos colocar nem pró e nem contra para poder
animar os altos escalões da Prefeitura para essa outra coisa que para nós significa muito mais
para organizar o bairro imperial outra vez, por que nós temos no Largo da Cancela, um dos largos
mais feios desse município, tudo desorganizado, sem estilo, sem gabarito, sem tamanhos (alturas
e larguras) iguais, sem nada, tudo diferente. Nós queremos com isso, fazer com que seja, ao
máximo possível, urbanisticamente organizado. E, depois, nós temos atrás da pequena Rua do
Meinardo, quatro instituições do bairro imperial, das doze que temos aqui, porque São Cristóvão é
um grande centro de escolaridade que nenhum bairro do Rio tem e várias outras coisas como os
quatro museus e diversos outros marcos históricos.
Para nós colocarmos tudo em ordem, teremos que em primeiro lugar urbanizar a Cancela e para
conseguirmos fazer com que a Prefeitura faça isso para nós, teremos que engolir essa “coisa” de
Feira Nordestina. Não vamos falar nada porque senão vamos ser mal vistos por eles e aí não
farão nada e ficarão ofendidos por nós estarmos criticando eles.
Estamos lutando por essa urbanização da Cancela há 14 anos. A primeira vez foi lançada a
proposta no Museu de Astronomia numa reunião de lideranças comunitárias e população num
total de 400 pessoas.
Realizei um projeto mostrando a perspectiva do centro do bairro, da Cancela, como está agora e,
outra de mesmo ângulo, como seria, tal como, no nosso pensamento, deveria ser: com um grande
shopping e com a saída da companhia telefônica de lá, para transformarmos a Rua Meinardo em
duas pistas com jardins no meio, com espelhos d’água, com chafarizes e várias coisas bonitas.
Seria previsto, eventualmente, em uma área próxima ao shopping, uma lanchonete turística de
grande porte (tipo um Mc Donalds) e, talvez, um outro supermercado para fazer concorrência com
o único existente no bairro. Por fim, o Sr. Arthur Sendas, presidente da Associação de Comércio
do Rio de Janeiro, estava interessado na idéia e pediu a seus arquitetos para firmarem tudo e me
pediu que os mostrasse tudo no local, indo depois ao Instituto Pereira Passos apanhar mais
informações, ficando sabendo que seria muito difícil porque o terreno, na maior parte do complexo,
em torno de três quartos, pertencia na época à Companhia Telefônica Brasileira, passando depois
para a Telerj. Quando estava nas mãos da primeira, eu viajei duas vezes à Brasília para falar na
Central do IPHAN de Memória e na Presidência da República e em outros lugares para o
Presidente ceder essa parte ao Município para ele poder urbanizar de acordo com suas
necessidades e de acordo com o passado imperial do bairro. E, quando eu já estava quase
conseguindo, a Companhia Telefônica Brasileira foi parcelada pelos estados e transformada em
TELERJ – Companhia Telefônica do Estado do Rio de Janeiro e, aí, tudo o que eu havia iniciado
em Brasília, já não tinha mais valor e, a nova companhia mostrou-se muito dura às nossas idéias.
Nós tentamos várias vezes, mas nunca conseguimos.
O Prefeito da época de Conde havia lhes oferecido um terreno na Avenida Brasil quatro vezes
maior que este e eles acharam que mesmo que fosse dez vezes maior valia menos do que este
aqui e não queriam fazer permuta. Mas nesse tempo, surgiu uma oportunidade boa para nós: a
TELERJ foi vendida e agora é particular, é da TELEMAR, e, para esta, nós temos pela legislação
o direito de desapropriação e para o Governo do Estado nós não tínhamos esse direito. Nós
podíamos por razões urbanísticas muito importantes tentar, mas não seria com tanta autoridade.
Eles poderiam se defender e alegar que não queriam dar. Mas agora, como é da TELEMAR, pela
Constituição do Estado e o Regulamento entre o Estado e o Município é automático, não tem
recurso para se negar. Então, a sugestão do Secretário de Trânsito, Dr. Luis Paulo Corrêa da
Rocha, quando numa reunião com ele explicávamos nossas necessidades, ele nos chamou
atenção que, agora, de particular, pelo regulamento e leis, a prefeitura pode fazer a
desapropriação de forma muito mais fácil e, a partir daí, começamos a pressionar o Prefeito,
223
escrevendo várias cartas de apelo, explicando nossas razões, até que este, em novembro do ano
passado, publicou um decreto no Diário Oficial, dizendo que o bairro de São Cristóvão, embora
conhecido como tradicional, não tem um centro dinâmico, por isso eu crio com esse decreto um
grupo local de São Cristóvão e uma equipe que vai tratar disso. Cada secretaria que vai participar
de qualquer coisa na urbanização do Largo da Cancela e outras coisas vai dar como
representante um funcionário da prefeitura para juntar todos eles para formar essa equipe. Dessa
forma, juntaram-se representantes de 11 secretarias porque uma é de esgoto, outra é de água,
outra é de luz, outra é de paisagismo, outra é de monumentos históricos, etc.
Houve uma reunião na Subprefeitura do Rio, no Centro, na Rua da Constituição, e lá foi criada
essa equipe, cujas principais secretarias foram as de Economia e Tecnologia do Dr. Ayrton Xerez,
Secretaria de Trânsito do Dr. Luis Paulo Corrêa da Rocha e outra seria a Secretaria de Obras do
Dr. Eider Dantas, responsável por autorizar e fazer grandes obras da Prefeitura no Município. E,
então, automaticamente, seria incluído o Sr. Sirkis, que não tem escolaridade universitária (não é
arquiteto ou urbanista) e é Secretário de Urbanismo do Rio de Janeiro.
Antes da passagem da TELERJ para TELEMAR nós havíamos alterado o projeto em função da
dificuldade que nos era imposta em desapropriar todo o terreno, já que precisaria de muito
dinheiro e a prefeitura não iria querer. Mas desejávamos, no mínimo, a urbanização do Largo da
Cancela e sua integração panorâmica com a Quinta. Esse projeto, assim reduzido, foi protocolado
no Instituto Pereira Passos há quase 7 anos atrás, mas na época de Conde, juntamente com
aquelas idéias de Plano Diretor do Rio, ele e Sérgio Bernardes tinham uma outra idéia: eles
queriam urbanizar, não o centro coração de nosso bairro, não estavam sensibilizados,
esqueceram que ele existe, eles queriam fazer uma coisa mirabolante, queriam urbanizar desde o
edifício do Jornal do Brasil, na Zona Portuária, até o Campo de São Cristóvão, passando para a
Praça a da Bandeira, subindo para Triagem, para Benfica, para o Caju e voltar para a Zona
Portuária, num complexo enorme de periferias e áreas adjacentes à São Cristóvão e nada para o
centro do bairro.
No final, quando falamos sobre isso, Sérgio Bernardes fez um outro projeto mirabolante para o
centro do bairro que ele imaginava ser o Campo de São Cristóvão, já que ele não sabia que o
centro do bairro era a Cancela. Que grande arquiteto! E, para salvar o Pavilhão que estava
desativado, ele queria criar quatro torres de hotéis em volta dele e encostado nele. Um seria de
cinco estrelas, outro de quatro estrelas, outro de três estrelas e outro de duas estrelas. Nenhum de
uma estrela e, ainda, um grande estacionamento de carros.
Anterior a esse projeto, Sérgio Bernardes, juntamente com Conde e Pelé haviam proposto o
projeto da Arena Multiuso no Pavilhão. Contra ele, surgiu o problema urbano das favelas, já que o
projeto visava que aquelas ao redor do bairro descessem para o asfalto, para o centro do bairro, o
que seria prejudicial e traria o mesmo problema que enfrentamos com os feirantes nordestinos.
Nós queremos até cooperar para o apoio cultural, mas no lugar deles e, não aqui.
Quanto a essa questão da cultura e do turismo, existe um plano de itinerário turístico no Rio de
Janeiro e a Prefeitura marcou essa trajetória, deixando à disposição ônibus turísticos especiais
para grupos de turistas, da Praça XV, para os Arcos da Lapa, para a Glória, para Copacabana,
para Urca, Pão de Açúcar Jardim Botânico e Corcovado, mas São Cristóvão não existe nesse
plano, embora seja muito importante em termos de turismo, é um bairro imperial que tem, no
mínimo, doze grandes e indiscutíveis marcos históricos dos quais os outros bairros se têm alguma
coisa para colocar na balança, tem um, dois, no máximo três. Nenhum tem tanto quanto São
Cristóvão. Então, quando reclamos com a Prefeitura a respeito disso, esta abandonou aquele
projeto, querendo implantar esse dos quatro hotéis, mas nós provamos que estes, em tempo de
um até dois anos, vão sucumbir, vão à falência e, se sobrar algum deles, vai servir só para o
tráfico e para a prostituição e, nada mais.
A prefeitura agora ponderou sobre essas questões e nós entramos com um novo projeto,
aproveitando da situação psicológica, mas a cúpula do Instituto Pereira Passos considerou o
projeto muito custoso, já que o terreno ainda não estava nas mãos da TELEMAR, estava ainda na
época da TELERJ. Achavam que seria difícil, como havíamos pensado, conseguir o terreno desta
e que o estado não iria querer cooperar em cede-lo ao Município, sendo necessário comprar uma
parte. Dessa forma, sugeriram alargar a Rua Meinrado em apenas 29 metros em lugar dos 44
metros estabelecidos no projeto, utilizando apenas 15 metros em extensão do terreno da TELERJ
e esvaziando minha idéia principal que é ligar o Largo Cancela com a Quinta, onde tem, além
224
desta (Antiga Corte Imperial), o Museu Nacional, o Jardim Botânico e o Instituto Botânico. Apesar
da idéia de grande vulto desse projeto, eles inventaram que esse seria apenas um pequeno
detalhe de um grande projeto que se chama Urbanização da Rua São Luiz Gonzaga, desde o
Campo de São Cristóvão até o Pedregulho, mais de 2 Km, o Rio Cidade II – Benfica/ São
Cristóvão, e apresentaram a todo mundo o “enorme” projeto de mais de 2 Km, onde não há nada a
se fazer, não há nada importante para o nosso bairro, já que o que tem que ser feito encontra-se
aqui. Nós não somos contra. Eventualmente poderia ser ou não ser em segundo plano, mas é
coisa de pequena importância. Nós queremos urbanizar o coração do bairro que é o seguinte:
desde o início da Rua São Luiz Gonzaga, onde acaba o Campo de São Cristóvão, passando pela
Cancela e indo, não para o Pedregulho, mas indo para a Quinta. Esse é o coração do bairro, é
essa área que nós queremos urbanizar o máximo possível e se sobrar tempo e dinheiro,
concordamos com todo o resto que se queira fazer. No entanto, eles não gostaram.
Numa época bastante remota, há uns setenta ou oitenta anos atrás, foi feito um plano de trânsito
para São Cristóvão, àquela época, muito bom e, até hoje, considerado o melhor. Todos os
motoristas que vêm da Rua Rotary Internacional e querem se dirigir para São Cristóvão, São
Januário (Vasco), Rua São Luiz Gonzaga, os subúrbios, Baixada Fluminense, Leopoldina e Centro
da Cidade têm que passar por um portão histórico com somente 6 ou 7 metros de largura, ou seja,
têm de fazer uma passagem de três pistas (Rua Rotary Internacional) para apenas uma (Rua do
Meinardo). Esse plano foi bem pensado, pois propôs dividir o trânsito em duas partes: a primeira
relativa aos que se dirigem para São Januário e Rua São Luiz Gonzaga, que vai pela Rua do
Meinardo (que não seria tão grande) e a outra referente aos que vão para a Cidade, Leopoldina ou
para outras partes de São Cristóvão, passando pela Avenida do Exército.
Nessa Avenida havia uma árvore no meio que foi plantada pela Princesa Isabel e por D. Pedro II
e, então, nesta árvore um rapaz ao bater com o carro morreu e seu pai, em uma noite, despejou
cinco galões de thiner para mata-la, até que suas raízes foram enfraquecendo e esta ficou
infestada de cupim, até que caiu. A Prefeitura, então, prometeu plantar uma nova no local, mas
como medida provisória, iria asfaltar o lugar e depois disso feito, nunca mais plantou. Já faz uns 5
anos que isso ocorreu.
Uma arquiteta da Prefeitura propôs uma mudança no trânsito concentrando todo ele na Rua
Meinardo, que teria o seu fluxo invertido, não levando em consideração a largura da rua e o portão
histórico que nela se encontra, o que nós não concordamos. Assim, O Secretário de Trânsito Luis
Paulo Corrêa da Rocha foi ao Instituto Pereira Passos e pediu o material que eles tinham para São
Cristóvão e, numa reunião com mais de 30 lideranças comunitárias a respeito do problema de
trânsito no Largo da Cancela, falou que eles lhe forneceram o projeto que foi dado início há uns 6
ou 7 anos pelo Sr. Arsen, no qual fizeram uma “pequena” modificação, mas que a idéia principal
continuava aquela e que agora iriam desengavetá-lo e incluir nele essas melhorias que estávamos
debatendo. Entramos, assim, contra isso com um recurso exigindo o projeto original.
A antiga Rua do Meinardo encontra-se com árvores pesadas, já há muitos anos plantadas, e que
escondem o panorama da rua, além de algumas residências e lojinhas. Nós estamos pedindo a
Prefeitura para desapropriar ou fazer permuta com a TELEMAR de mais ou menos 1/3 da área do
terreno, uma área mais ociosa que eles nem usam, com uma espécie de telheiro existente desde
a época em que o terreno era ocupado pela LIGHT e, mais antigo ainda, quando era ocupado
pelos bondes, feito com pilares de madeira e telha Marselha em número de três. Dessa forma o
corte seria feito a partir de uma loja de materiais ao lado desse telheiro ampliando a rua para 44
metros, proporcionando uma visão panorâmica e fazendo com que o centro do bairro ressurgisse
outra vez, com outra vida, com estética, com tudo. Todo mundo ficaria mais animado e atrairia as
construtoras e incorporadoras que hoje não querem investir em São Cristóvão e todos gostariam
mais do bairro.
No projeto apresentado, foi introduzida uma quadra poliesportiva que nós concordamos, mas
queremos anexar à ela uma sala grande com uma pequena secretaria onde será reservada uma
outra sala para a Associação de Moradores e um salão para debates, palestras e outros, já que
pelo regulamento municipal, toda Região Administrativa tem que ter. Como a VII RA ocupa, hoje, o
último pavimento de um prédio de 18 andares e paga aluguel ao Governo do Estado em razão
deste pertencer a UERJ, a Prefeitura, para se livrar disso, pensa em fazer uma sede própria.
Na Rua Euclides da Cunha, muito antigamente, funcionava a Administração Regional que foi
abandonada por vários problemas, inclusive porque era um prédio estreito e alto, de quatro
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andares e tinha um elevador que disseram que não funcionava mais, com capacidade de 50 cv,
que vale muito dinheiro, e que sumiu e nunca mais foi recuperado. Então, nunca mais funcionou
como Região Administrativa transferindo-se para cá para pagar aluguel. Naquela época,
encontrava-se nesse mesmo prédio, a Defensoria Pública, normalmente colocada perto da
Administração Regional, mas que quando da transferência para o outro prédio, foi transferida para
Vila Isabel e não tomaram conhecimento de que não existia nenhum ônibus que ligasse São
Cristóvão à esse bairro. Supondo-se que a Defensoria Pública é destinada àqueles mais carentes,
é lógico que essas pessoas vão de ônibus, não andam de táxi ou de carro próprio, e para eles
irem para lá têm que pegar duas conduções, porque não existe condução para lá, embora nós
lutamos para essa linha logo ser realizada, mas, ainda, não conseguimos, embora estejamos
próximos à sua realização.
Embora o Sr. Antônio Soares Calçada tenha conseguido duas linhas de ônibus ligando o bairro à
Zona Sul, isso resolve apenas parte dos problemas, pois existem em São Cristóvão muitos alunos
do Colégio Pedro II e de outras escolas do bairro que moram em Vila Isabel e Grajaú e que não
tem condução que passe por aqui. Têm muitos estudantes do lado de lá que querem visitar algum
museu, algum evento ou, até mesmo, o campo esportivo do Vasco da Gama no fim de semana
porque são torcedores de lá e, não têm como vir para cá.
O problema que animou o projeto de ampliação da Rua Meinrado foi em razão do grande fluxo de
veículos que passam pela Rua Catalunia, uma pequena rua estreita de apenas 7 metros de
largura, por onde todo o trânsito que vem da Rua São Luiz Gonzaga e da Baixada Fluminense
entra na Rua Chaves Faria e nesta rua para, em seguida, entrar na Rua Rotary Clube
Internacional para ir para a Tijuca. Os moradores dessa rua reclamaram que esta rua não suporta
tanta condução grande e constante, um carro atrás do outro e caminhões e ônibus estremecendo
tudo e, então, pediram para resolver de outro modo e a solução está nesse projeto, que ao invés
dos carros entrarem na Rua Chaves Faria, eles entrariam na Rua Meinrado (já alargada com 44
metros e em mão dupla), com um passeio público implantado no meio, com chafarizes, jardins e
outras coisas bonitas, ao lado a quadra poliesportiva onde nós sugerimos também a implantação
da sede administrativa. Esse seria um complexo urbano criado do bairro, centralizado e seria
natural que a sede se localizasse perto e eu já fiz o seu projeto. Eles gostaram, mas disseram que
já contrataram uma firma para recuperar o prédio antigo e fazer dois elevadores. Então entramos
na Secretaria de Economia, com o Dr. Xerez, dizendo que isso não é econômico para a Prefeitura
porque vão pagar só para dois elevadores tanto quanto custa toda a execução do projeto e, assim,
ele está tratando com o Prefeito para que desfaçam o contrato e executem a obra aqui.
Vários políticos e cabos eleitorais, sempre que se aproximam as eleições, inventam ruas de lazer,
onde ninguém pediu e nunca se pensou em lazer. Assim, nós temos exemplos nas proximidades
da Quinta e na Rua Cadete Ulisses, uma rua muito importante para o trânsito, que será fechada
nos finais de semana para lazer e que vai atrapalhar o fluxo de veículos em São Cristóvão, porque
todo o trânsito que esgota por aquela rua não se sabe por onde vai esgotar. Na época falamos
com a CET-RIO, com o arquiteto Sr. Modesto e outros, que o bairro não necessita dessas ruas de
lazer, já que somos vizinhos da Quinta.
O shopping inicialmente previsto no projeto teve a sua idéia abandonada em razão das
dificuldades que se apresentaram, mas o Sr. Arthur Sendas falou que se um dia houver
possibilidades e um preço razoável, ele se interessará em abrir uma filial no local.
Após nossas denúncias, de que o bairro seria prejudicado com as mudanças impensadas no
trânsito propostas pelo subprefeito, saiu em 22/08/2002 no Dário Oficial a desapropriação de todo
o terreno da TELEMAR pela Prefeitura e o projeto poderá, enfim, ser implementado, após uma
nova reivindicação de retirar a delegacia que foi implantada durante todo o processo no local e
que agora vai atrapalhar a integração panorâmica com a Quinta.
Em Ramos, a prefeitura desapropriou uma porção de casas velhas, muitas delas feitas
irregularmente, outras sem higiene, outras sem canalização boa, num total de aproximadamente
50 casas, tendo sido o terreno todo terraplanado, e, passando por lá, vi uma enorme placa da
Prefeitura, não informando a obra que será feita lá, mas dizendo uma coisa muito importante, que
nós deveríamos ter feito o mesmo aqui: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro – Área de futura
intervenção. É proibido... Se uma placa dessas tivesse sido utilizada no Largo da Cancela,
integrantes da TELEMAR e do Governo de Garotinho saberiam que existia algo em vista para o
local e procurariam saber o que é.
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Quando se trata de problemas de grandes complexos urbanos, não é que prevalece o Estado por
ser maior que o Município, continua prevalecendo a Prefeitura por ser a “síndica do condomínio”.
Ela é quem arruma a cidade e, não, o Estado. Este é responsável pelos rios, canais, portos,
florestas e outras coisas, mas a parte urbana quem arruma é a Prefeitura.
A delegacia que fizeram aqui deveria ter entrado com planta na Prefeitura pedindo licença, mas
não fizeram nada porque não sabiam. Pensaram que por serem maiores, poderiam fazer o que
quisessem e, assim, recorri ao Coronel Amêndola que foi Comandante da Guarda Municipal na
primeira gestão de César Maia, continuando na gestão de Conde, tendo sido fundador do BOP
(Grupo Especial da Polícia Militar) e comandante por dois anos, depois foi chamado para ser
comandante da Guarda Municipal, tendo por função criar sua estrutura, sendo requisitado depois
de sair da Guarda, novamente para a Polícia Militar, tornando-se braço direito de Josias Quental.
O Coronel Amêndola atendendo ao meu pedido, marcou um encontro com Josias Quental e mais
30 lideranças comunitárias para pedir o favor de deslocar a delegacia ou colocá-la em outro local,
em proveito do projeto, e este alegou não saber da existência de tal projeto e que se soubesse
haveria de ter me procurado para chegarmos a um meio termo, tendo já contratado uma
construtora que transformaria o galpão em uma delegacia, que deveria ser inaugurada dentro de
trinta dias, prazo estipulado pelo governador, tendo sido gasto o dinheiro e não havendo mais. E
pediu que fôssemos com Amêndola ao local e conversássemos com o delegado nomeado e o que
Amêndola resolvesse comigo e com o outro, ele estaria de acordo.
O delegado afirmou que não utilizaria todo o galpão porque este era muito comprido e que dessa
forma poderia deslocar o galpão para trás, mas ao conversarmos com o engenheiro da construtora
responsável pela obra, descobrimos que toda a instalação hidráulica encontrava-se na frente,
onde sugerimos que fosse a entrada, e que não havia verba para a construção de novos sanitários
no outro lado. Por fim, firmou-se a promessa de que quando a Prefeitura iniciasse as obras, eles
cortariam o galpão no ponto combinado e que construiriam no final o que precisar ser retirado.
Eles ficaram tão intimidados com as nossas cartas que não desapropriaram 1/3 do terreno e, sim,
todo o terreno da TELEMAR e, agora, estamos lutando para que voltem os 44 metros do projeto
original, já que agora tem terreno disponível. Fomos chamados pelo arquiteto Sérgio Belo, diretor
do IPP, para reunião de cúpula, na qual queriam nos impor o projeto deles, mas como já
esperávamos por isso, sem eles saberem, tivemos duas reuniões com todas as arquitetas da
cúpula da Prefeitura (Sandra, Pilar, Ernestina, Olga, ...) e fizemos com que conhecessem nosso
projeto e todas concordaram conosco. Assim, na reunião, falei que podiam pedir opinião de todos
os setores da Prefeitura e todos vão dizer que a mudança é um absurdo e já que está tudo na
nossa mão, porque não fazer de uma vez o projeto completo com a rua com 44 metros, porque se
fizerem com apenas 29 metros, essa coisa feia permanecerá por séculos aqui e nosso projeto vai
atender o fator principal que é a parte estética do bairro imperial, centro dele e tudo. Contudo,
alegaram que já tinham tido muito trabalho desenhando e detalhando o projeto, para refazerem
outra vez as plantas. E, então, argumentei que era melhor pensarem um pouco mais a respeito,
para resolvermos amigavelmente a questão, porque senão iríamos para os jornais e a televisão
contra o Instituto Pereira Passos e, até, contra a Prefeitura, pois nós continuaremos com essa
idéia.
Agora a questão é convencer os técnicos do IPP e para tanto convidamos para um jantar os cinco
secretários mais fortes e mais importantes nesse assunto para nós combinarmos com eles que
pressionem o Prefeito a convencer o IPP a implantar o projeto da forma que nós queremos. No
entanto, esse encontro não vingou em função dos diversos compromissos eleitorais que cada um
deles já estava envolvido e, no final, percebemos que estamos perdendo tempo, já que
encaminharam o projeto para o Setor de Orçamento para estudar o valor da obra, que será
publicada no Diário Oficial e, então, será tarde demais.
Após tudo isso, recorri a Xerez e Dantas, sendo que o primeiro se comprometeu a falar com o
Prefeito sobre a nossa situação. Nesse momento, só nos resta aguardar...
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