Slides Aula III - o Que É Intevenção Psicossocial

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Técnicas de Intervenção Psicossocial

O que é intervenção psicossocial?

Embora as necessidades psicossociais tenham


sempre existido nos indivíduos, grupos e
sociedades, é relativamente recente a
constituição de uma área específica da psicologia
que dê suporte teórico e metodológico para a
realização de intervenções psicossociais.
(NEIVA, 2010, p. 13)
O que é intervenção psicossocial?

As primeiras referências ao termo trazem as


ideias de mudança, transformação, pesquisa e
ação. (NEIVA, 2010, p. 13)

“Tanto é uma metodologia prática de mudança


como uma metodologia de pesquisa”
“A atividade de pesquisa confundir-se-á, pois,
com o esforço mais enérgico e mais determinado
de transformação do grupo”. (PAGÈS, 1976 p.
433 apud NEIVA, 2010, p. 13)
O que é intervenção psicossocial?

A intervenção psicossocial como área de estudo


surgiu na segunda metade do século XIX, na
interface da Psicologia Clínica com a Psicologia
Social.
(NEIVA, 2010, pp. 13-14)
O que é intervenção psicossocial?

O método psicanalítico quebrou a


compartimentação entre a pesquisa
fundamental e básica.
O conceito de pesquisa ativa, introduzido por
Lewin, reforçou a necessidade da
complementaridade entre pesquisa e ação e a
importância de se pesquisar sobre as situações
da vida corrente, saindo dos laboratórios.
(PAGÈS, 1976 apud NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

Os experimentos de Lewin e seguidores

Seus experimentos e de seus seguidores que


realizaram intervenções em grupos foram
fundamentais para o desenvolvimento da
psicossociologia.
(NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

As ideias de Moreno

Foram também de grande contribuição para o


desenvolvimento da área.
A sociometria além de permitir o estudo das
interrelações no grupo, é uma técnica que
facilita as mudanças sociais, unindo a pesquisa e
a intervenção.
(LAPASSADE, 1977 apud NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

Outros autores que contribuíram para


compreender os processos grupais e propor
novas formas de atuação e desenvolvimento dos
grupos:
Bion (1975)
Pichon-Rivière (1988)
Rogers.
(NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

Psicologia institucional

Compreensão e análise das instituições e


organizações
Lapassade (1977)
Bleger (1984)
Baremblitt (2002)
(NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

Influências dos movimentos sociais ocorridos na


realidade brasileira, principalmente a partir da
década de 1970
Provocaram o aumento importante de pesquisas
científicas sobre o tema, a criação de ONGs, e a
formação de inúmeras associações visando o
desenvolvimento comunitário e social.
Pesquisa participante de Paulo Freire e os
pojetos de desenvolvidos pelas comunidades
Eclesiais de Base
(NEIVA, 2010, p. 15)
O que é intervenção psicossocial?

Machado (2004, p. 15) define:


A pesquisa de intervenção psicossocial como um
trabalho de produção de conhecimento sobre os
grupos, organizações, instituições, comunidades
e movimentos sociais, fundado nas reflexões
teóricas e descobertas da psicologia social e da
psicossociologia, e simultaneamente, um
conjunto de praticas clínicas de consulta voltadas
ao tratamento desses diferentes conjuntos
sociais e meios abertos
(NEIVA, 2010, p. 14)
O que é intervenção psicossocial?

Machado (2004, p. 15) define:


A pesquisa de intervenção psicossocial como um
trabalho de produção de conhecimento sobre os
grupos, organizações, instituições, comunidades
e movimentos sociais, fundado nas reflexões
teóricas e descobertas da psicologia social e da
psicossociologia, e simultaneamente, um
conjunto de praticas clínicas de consulta voltadas
ao tratamento desses diferentes conjuntos
sociais e meios abertos.
(NEIVA, 2010, p. 16)
O que é intervenção psicossocial?

De acordo com Sarriera e colaboradores (2000,


p. 32),
O objetivo principal da intervenção psicossocial é
“possibilitar melhores condições humanas e de
qualidade de vida”.
A intervenção psicossocial visa assim ao
processo de interação sujeito-meio social e pode
abranger diferentes áreas: saúde mental,
política, economia, educação, etc.
(NEIVA, 2010, p. 16)
Intervenção Psicossocial
Uma frase de Karl Marx (1974, p. 59) pode ser
identificada com a ideia matriz da intervenção
psicossocial:
"Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo.
Diferentemente, cabe transformá-lo".

Kurt Lewin reescreve essa frase, afirmando:


"Se você realmente deseja conhecer alguma
coisa, tente transformá-la" (Lewin, 1951, citado
por CDBS, 2008).
(AFONSO, 2011, p. 446)
A proposta de associar conhecimento e
intervenção, em um mesmo processo, exige o
aprofundamento de questões sobre o sujeito e
os contextos da intervenção bem como sobre a
ética dos processos de mudança.
(AFONSO, 2011, p. 446)
Intervenção Psicossocial

Assistencialismo x intervenção
Mas devemos compreender que há projetos
sociais assistencialistas que ajudam por um
determinado tempo, mas como resultado não há
nenhum impacto às pessoas
O projeto de intervenção por outro lado visa
modificar a realidade, levando em consideração
o capital social e as habilidades encontradas nos
grupos sociais.
A intervenção psicossocial e a ideia de
autonomia
A proposta de uma intervenção sobre a
sociedade é tão antiga quanto o Estado. Mas a
ideia de uma intervenção psicossocial
desenvolvida junto com os sujeitos sociais surge
no contexto das lutas por autonomia da
sociedade diante do Estado.
(AFONSO, 2011, p. 446)
No século XX, a teoria da mudança social foi alvo
de acirrado debate que colocava em questão:

a sobredeterminação histórica dos sujeitos e


a sua capacidade de romper com formas
instituídas,
criando formas instituintes em processos
participativos.
Ou seja, estava em cheque a questão da
autonomia.
(AFONSO, 2011, pp. 446-447)
Como prática da Psicologia social, que
consideramos um campo interdisciplinar, a
intervenção psicossocial também deve ser
interdisciplinar.
Orienta-se para processos de mudança, em
contextos diversos, com base na demanda dos
sujeitos envolvidos e na análise crítica das
relações sociais no cotidiano dos grupos,
instituições e comunidades.
(AFONSO, 2011, p. 447)
Em texto clássico, Jean Maisonneuve (1977)
argumenta que a intervenção psicossocial pode
ser classificada como:

 autoritária (ou tecnocrática)


 demiúrgica (ou, poderíamos dizer, populista)
 democrática (ou maiêutica)
(AFONSO, 2011, p. 447)
Autoritária (ou tecnocrática)

na qual especialistas julgam saber e determinam


como deve ser a mudança social, à revelia dos
sujeitos nela envolvidos;

(AFONSO, 2011, p. 447)


Demiúrgica (ou, poderíamos dizer, populista),

em que especialistas se limitam a tentar


responder às encomendas explícitas feitas pelos
sujeitos, sem preocupação com a sua
elaboração.
(AFONSO, 2011, p. 447)
Democrática (ou maiêutica),

quando, em uma relação que busca diluir as


hierarquias, existe o respeito pela demanda e
uma proposta reflexiva visando à elaboração,
com os sujeitos, da sua demanda, dos sentidos,
projetos e estratégias de mudança.
(AFONSO, 2011, p. 447)
André Lévy (2001) entende que as práticas de
intervenção psicossocial de cunho democrático e
participativo envolvem
(1) produção de conhecimento do grupo-sujeito
sobre si mesmo e sobre o seu contexto com a
cooperação do sujeito-analista; e
(2) produção de ação sobre o mundo, por meio
de escolhas dos sujeitos individuais e
coletivas sobre como agir no contexto
histórico-social. Assim, a intervenção
psicossocial produz reflexão ao mesmo
tempo em que visa à ação.
(AFONSO, 2011, p. 447)
Finalmente é preciso lembrar, conforme
Machado (2004), que o principal objetivo da
intervenção psicossocial não é um projeto
predefinido de mudança pautado em uma
racionalidade técnica e sim o desenvolvimento
da autonomia dos sujeitos.
(AFONSO, 2011, p. 447)
Mesmo quando referenciado em conhecimentos
técnicos, a mudança é um processo que deriva
do desejo de autonomia e que deve oferecer
condições para o seu desenvolvimento.

Não se trata de definir qual é a “mudança certa”


para um dado grupo social e sim de construir
com ele as possibilidades de transformação que
ampliam e desenvolvem a sua autonomia.
(AFONSO, 2011, p. 447)
A mudança social não pode ser meramente
resultado de um planejamento racional por
parte do Estado ou das pressões do mercado.
É necessária a participação dos sujeitos sociais
(Touraine, 2009a, p. 213-245)
(AFONSO, 2011, p. 447)
O abandono de um paradigma determinista
(a ideia de que a estrutura determina o sujeito)
exige cada vez mais que se pense na relação
entre os indivíduos (os seres humanos
individuais), o ator social (o agente de
mudanças) e o sujeito (a instância de
autonomia, um si mesmo capaz de reflexividade
e escolhas).
Assim, quando se fala no sujeito, é impossível
separá-lo da sua situação social
(AFONSO, 2011, p. 447)
Como define Lévy (2001), a intervenção
psicossocial assume o interesse pela mudança
social e pelas escolhas dos sujeitos, como
processos grupais e coletivos, com efeitos de e
sobre a linguagem, sendo que o próprio discurso
é um lugar de mudança.
Essa mudança é do social e dos sujeitos e
precisa estar associada aos seus processos de
autonomia.
(AFONSO, 2011, p. 447)
Na intervenção psicossocial, há uma
triangulação teórica entre:
sujeito, discurso e práxis social.
Acreditamos que, nos processos de intervenção,
torna-se importante conseguir analisar essa
triangulação.
Isso equivaleria a indagar, no campo político e
social, quem são os sujeitos dos processos de
intervenção psicossocial, seus interesses, suas
relações, seus conflitos, seus projetos, suas
possibilidades e seus recursos.
(AFONSO, 2011, p. 447)
o campo de intervenção,

Ora, a intervenção apresenta uma série de passos


que têm de ficar bem explicitados.
São passos ideais, aos quais deveríamos prestar
atenção, tratar em separado a cada um deles
durante a intervenção:
se houvesse tempo,
se houvesse calma,
se houvesse dinheiro,
se houvesse todas as
condições necessárias para fazer as coisas de
maneira confortável.
o campo de intervenção, Baremblit

Em geral essas condições não existem, então


pulam-se e misturam-se passos, e age-se, mais
ou menos, "como é possível".
Se vocês querem um exemplo corriqueiro,
conhecer esses passos e executá-los é como em
algumas épocas gloriosas da etiqueta, quando
nos ensinavam a caminhar de maneira elegante
e, então, se nos diziam:
calcanharplanta-ponta, calcanhar-planta-ponta...
Ora, ninguém caminha assim.
Mas acontece que caminhar assim resulta num
andar elegante.
Depois, a gente não vai mesmo pensar nisso, e
simplesmente caminha mais ou menos, tão
elegantemente como pode.
Ou como quando a
gente aprende a nadar, que consiste primeiro em
levar o braço direito, depois o braço esquerdo, e
bater as pernas coordenadamente, e a cabeça se
volta para esse ou aquele lado...
Quando a gente nada assim, só pensando nessas
regras, se afoga, apesar de ser a maneira mais
correta de fazê-lo...
(BAREMBLITT, 2002, p. 94)
O que é intervenção psicossocial?

A intervenção psicossocial tem um caráter de


pesquisa ação que visa facilitar o bem estar
psicossocial de indivíduos, grupos, instituições,
organizações e/ou comunidades.
(NEIVA, 2010, p. 16)
Caráter científico, unindo pesquisa a ação

(NEIVA, 2010, p. 14)


Texto básico:
NEIVA, Kátia Maria. Intervenção Psicossocial: aspectos teóricos ,
metodológicos e experiências práticas. São Paulo: Vetor, 2010.

Textos complementares:
AFONSO, Maria Lucia. Notas sobre sujeito e autonomia na intervenção
psicossocial. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 17, n. 3, p. 445-464,
dez. 2011

BAREMBLITT, Gregorio. Compêndio de análise institucional e outras


correntes: teoria e prática, 5ed., Belo Horizonte, MG: Instituto Felix
Guattari, 2002.

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