Currículo e Novas Tecnologias
Currículo e Novas Tecnologias
Currículo e Novas Tecnologias
Resumo:
Neste ensaio discutimos arranjos epistemológicos que supostamente inscrevem
o campo dos estudos curriculares em uma agenda cosmopolita de reflexão. Além
disso, analisamos como os estudos curriculares, sob a premissa do diálogo com
o fenômeno da globalização, colocam-se a produzir metáforas, epítetos e jargões
curriculares cada vez mais alegóricos. Nessa direção, refletimos também sobre o
reenquadramento dos estudos curriculares enquanto lugar de práticas de signi-
ficação, bem como acerca do caráter ambivalente que o processo de digressão
sobre a globalização possibilita no próprio campo. No perscrutar desses sentidos,
adotamos como lócus de reflexão os híbridos contextos curriculares do Brasil e de
Portugal na expectativa de problematizar uma questão basilar: a equivalência se-
mântica das propaladas “novas tecnologias educacionais” a veículos da globaliza-
ção imaginariamente habilitadas à “atualização” do currículo escolar. Nesse fazer,
adotamos como questões referenciais a relação entre currículo e globalização de
modo a refletir sobre alguns dos argumentos que têm sido utilizados para inter-
rogar o campo dos estudos curriculares frente aos ensejos de propagandeadas
tecnologias capazes de promover o trânsito entre o local e o global.
Palavras-chave: Currículos. Globalização. Tecnologia da Informação.
*
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da (PPGE/
UDESC). Professor do Departamento de História da Universidade da Região de Joinville
(UNIVILLE).
**
Doutora em Educação: História, Política e Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC/SP). Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
***
Doutor em Desenvolvimento Curricular pela Universidade do Minho/Portugal. Pós-dou-
torado em Estudos Curriculares pela University of British Columbia/Canadá. Professor
na Universidade do Minho e investigador do Centro de Investigação em Educação.
Notas
1 A este propósito ver Moreira e Pacheco (2006).
2 Neste ensaio utilizamos o referencial de “novas tecnologias educa-
cionais” emanado de políticas nacionais de educação brasileiras e
portuguesas. Nessas, o “novo” não é dado pelo caráter de inovação
e/ou de ruptura com aquilo que foi historicamente acumulado nos e
pelos fazeres da cultura escolar, mas pela configuração de oposições
técnicas, materiais e operacionais ao que nela existe e é exercitado como
tecnologias do aprender.
3 “Carnavalização da teoria” foi uma expressão empregada, na década
de 1980, por Martín-Barbero (2001, p. 300) para discutir a necessidade
de redesenharmos o mapa de conceitos que instrumentalizam análises
sobre os processos comunicativos que atravessam o social.
4 “Currículos nômades”, segundo Corazza (2008, p. 56), são transmutações
curriculares provenientes da “chegada do pensamento da Diferença na
Educação”. Segundo ela, “já não é mais possível operar com qualquer tipo
de currículo; a não ser com currículos plurais, que podemos chamar por
diferentes nomes, como Currículos-nômades”. Tendo como característica
a perambulação, eles não se fixam em um ponto específico e apresentam
variações e variabilidades indetermináveis.
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