Apostila Linha Transmissao
Apostila Linha Transmissao
Apostila Linha Transmissao
APOSTILA
Campinas, SP
2012
1
2. LINHA DE TRANSMISSÃO
2
Devemos observar que ondas com configurações de campo mais complicadas que as ondas
TEM podem se propagar ao longo dos tipos de linha de transmissão descritos acima quando a
separação entre os condutores é maior que uma determinada fração do comprimento de onda de
operação – tais modos serão detalhadamente estudados no decorrer deste curso.
Iniciaremo este capítulo mostrando que a solução das equações de Maxwell para a onda
TEM, suportada por uma estrutura formada por placas paralelas, leva diretamente a um par de
equações de propagação que podem se generalizar facilmente para linhas de transmissão de
qualquer geometria. Tais equações são escritas em termos de tensão e corrente ao longo da linha e
podem ser representadas através de um modelo circuital distribuído, ou seja, em termos de
resistência, condutância, indutância e capacitância por unidade de comprimento. No restante do
capítulo nos concentraremos no estudo do modelo circuital distribuído obtido, tanto nos domínios
do tempo e freqüência.
Seja o guia construído por placas perfeitamente condutoras separadas por um dielétrico de
espessura d e características µd e ε d , vist em corte transversal na Figura 2.1(a).
y
y
V µd , ε d
z V ( z)
⊗
x
w x⊗
z
(a) (b)
Figura 2.1: Guia de placas condutoras paralelas. (a) corte transversal; (b) corte longitudinal.
Vamos considerar, sem perda de generalidade, que essa linha é alimentada por uma fonte de tensão
v ( t ) = V0 cos (ωt ) , ilustrado na Figura 2.2. As leis de Faraday e Ampère para a região dielétrica
entre as placas (região sem fontes), podem ser escritas, respectivamente, na forma integral:
3
y
x z
~ v = V0 cos (ωt )
∂B
∫ E ⋅ dl = −∫ ∂t ⋅ ds ,
C S
(2.1)
∂D
∫ H ⋅ dl = ∫ ∂t ⋅ ds .
C S
(2.2)
Usando como referência o sistema cartesiano de coordenadas mostrado na Figura 2.2, vamos
considerar uma onda eletromagnética que se propaga segundo a direção z . Além disso, vamos
assumir que as soluções da onda eletromagnética são do tipo TEM, isto é, possuem, de maneira
geral, apenas as componentes dos campos transversais à direção de propagação. Assim, tomando
um caminho C num plano qualquer paralelo ao plano x − y (z = constante), e assumindo que na
solução proposta E z = H z = 0 (condição TEM), as Eqs. (2.1) e (2.2) podem ser reescritas, tal que:
∫ E ⋅ dl = 0 ,
C
(2.3)
∫ H ⋅ dl = 0 .
C
(2.4)
As Eqs. (2.3) e (2.4) indicam que os campos elétrico e magnético, da solução TEM, são campos
conservativos no plano x − y e, portanto, análogos aos campos estáticos estudados na disciplina
EE521. Assim, devido à característica conservativa do campo elétrico, cada placa para z=cte.
coincide com uma equipotencial, e consequentemente ao medirmos a tensão entre um ponto
qualquer na placa inferior e um ponto qualquer sobre a placa superior, com ambos pontos sobre o
mesmo plano z=cte., observaremos que a diferença de potencial entre esses dois pontos será sempre
4
a mesma. Isto não ocorreria se existisse campo magnético axial. Além disso, dos conceitos da
eletrostática lembramos que, uma vez aplicada uma diferença de potencial entre dois condutores,
surgirá um campo elétrico normal às placas condutoras. Como as placas são consideradas
perfeitamente condutoras, analisando as condições de contorno observamos as componentes do
campos elétrico tangenciais tangenciais às placas são nulos, isto é, E x = 0 . Similarmente, a
componente de campo magnético nornal às placas deve ser nula, isto é, H y = 0 . Dessa forma, os
E = $yE y , (2.5)
$ ,
H = xH (2.6)
x
y z
d x
w
Figura 2.3: Linha de transmissão de placas condutoras paralelas de largura w e separadas por uma distância d .
5
E = $yE y = $yE0 exp ( −γ z ) , (2.7)
$ = − x$ E0
H = xH x exp ( −γ z ) , (2.8)
ηd
γ = j β = jω µ d ε d , (2.9)
µd
ηd = . (2.10)
εd
Et = 0 , (2.11)
Hn = 0 , (2.12)
$y × H = J , (2.14)
Sl
e, assim:
ρ Sl = ε d E y = ε d E0 exp ( − j β z ) , (2.15)
E
J Sl = − $zH x = z$ 0 exp ( − j β z ) . (2.16)
ηd
− $y ⋅ D = ρ Su , (2.17)
6
− $y × H = J Su , (2.18)
portanto:
ρ Su = −ε d E y = −ε d E0 exp ( − j β z ) , (2.15)
$ = − z$ E0 exp ( − j β z ) .
J Su = zH x (2.16)
ηd
∇ × E = − jωµ H , (2.17)
∇ × H = jωε E . (2.18)
Como E = $yE y e H = xH
$
x possuem apenas variação segundo a direção z , então:
dE y
= jωµd H x , (2.19)
dz
dH x
= jωε d E y . (2.20)
dz
d d
d
dz ∫0
E y dy = jωµ d ∫ H x dy .
0
dV ( z ) d
= jωµd J Su ( z ) d = jω µd J Su ( z ) w ,
dz w
dV ( z )
= jω LI ( z ) , (2.21)
dz
onde,
d
V ( z ) = ∫ E y dy = − E y ( z ) d ,
0
7
é a diferença de potencial, ou tensão, entre as placas inferior e superior, indicada na Figura 2.4. A
corrente total que flui na direção + z na placa superior é dada por:
y
I ( z)
B
d
+
µd , ε d V (z) E ( z ) = $yE y ( z )
−
x⊗
A z
I ( z)
B
V ( z ) = VB − VA = − ∫ E ⋅ dl
A
w
I ( z ) = ∫ J su ⋅ dxx$ = J Su ( z ) w ,
o
onde,
d
L = µd [ H/m ] , (2.22)
w
w w
d
dz ∫0
H x dx = jωε d ∫ E y dx ,
0
ou,
dI ( z ) w
− = − jωε d E y ( z ) w = jω ε d − E y ( z ) d ,
dz d
dI ( z )
− = jωCV ( z ) , (2.23)
dz
onde,
w
C = εd [ F/m] , (2.24)
d
8
é a capacitância por unidade de comprimento da linha de transmissão de placas paralelas.
As Eqs. (2.21) e (2.23) constituem o par de equações harmônicas, relacionando os fasores
tensão e corrente ao longo da linha de transmissão, como ilustra a Figura 2.4. Essas equações
podem ser combinadas para gerar equações diferenciais de segunda ordem para tensão ou corrente,
isto é:
d 2V ( z )
+ ω 2 LCV ( z ) = 0 , (2.25)
dz 2
d 2I ( z)
+ ω 2 LCI ( z ) = 0 . (2.26)
dz 2
As soluções das Eqs. (2.25) e (2.26), supondo as placas paralelas infinitas, são ondas propagantes na
direção + z na forma:
V ( z ) = V0 exp ( − j β z ) , (2.27)
I ( z ) = I 0 exp ( − j β z ) , (2.28)
onde,
V0 = − E0 d , (2.29)
E0
I0 = − = H0w , (2.30)
ηd
β = ω µd ε d [ rad/m] , (2.31)
V ( z ) V0 L d
Z0 = = = = ηd [ Ω ] . (2.32)
I ( z ) I0 C w
ω 1 1
up = = = [ m/s] . (2.33)
β LC µd ε d
9
2.2. Linhas de Transmissão de Placas Paralelas Dissipativas
I A
d µd , ε d , σ d
na Figura 2.5, pode ser facilmente determinada quando a capacitância entre os dois condutores é
conhecida. Assim,
σd
G= C. (2.34)
εd
Se as as placas condutoras têm condutividade σ c finita, então, pela lei de Ohm na forma pontual
temos que:
10
J = σ cE ,
presença de uma componente axial não-nula do campo elétrico, E z = $zEz e, portanto, a onda deixa
de ser puramente TEM.
A impedância total (EE540) em um comprimento ∆z , de uma placa, pode ser calculada
como sendo:
∆z
Zi = Z S , (2.35)
w
onde
Ez E
ZS = = z = RS + jX S , (2.36)
J Su H x
e,
1 π f µc
RS = X S = = . (2.37)
σ cδ σc
Z S RS X Z
= +j S = i . (2.37)
w w w ∆z
2Z S 2 RS 2XS
= +j = R + jX ′ [ Ω/m ] , (2.38)
w w w
onde
2 RS
R= [Ω/m ] , (2.39)
w
é a resistência total por unidade de comprimento, responsável pelas perdas ôhmicas nas placas.
σc
Convém ainda, observar que para bons condutores X ′ << ω L , visto que >> 1 . Além disso, da
ωε c
11
Eq. (2.39) observamos que a resistência total da linha é diretamente proporcional à frequencia de
operação, isto é:
2 π f µc 2 πµc
R= = f ,
w σc w σc
R=K f ,
2 πµc
onde K = é uma constante.
w σc
Z ∆z = ( R + jω L + jX ′ ) ∆z
Y ∆z = ( G + jωC ) ∆z
∆z
Figura 2.6: Modelo circuital de uma seção de linha de transmissão de placas paralelas de comprimento ∆z .
A partir da modelagem feita nas seções anteriores, a Figura 2.7 mostra o modelo de linha de
transmissão (LT) baseado em parâmetros distribuídos, onde as grandezas elétricas R (ambos
condutores), G (ambos condutores), L e C são tomadas por unidade de comprimento. Aplicando a
lei de Kirchoff das tensões na malha da Figura 2.7, temos:
∂i ( z , t )
v ( z, t ) − R∆z i ( z , t ) − L∆z − v ( z + ∆z, t ) = 0 ,
∂t
12
v ( z + ∆z , t ) − v ( z , t ) ∂i ( z, t )
− = R i ( z, t ) + L .
∆z ∂t
i ( z, t ) N i ( z + ∆z, t )
+ +
R ∆z L ∆z
v ( z, t ) G ∆z v ( z + ∆z , t )
C ∆z
− −
Figura 2.7: Circuito equivalente de comprimento diferencial ∆z de uma linha de transmissão de dois
condutores ou TEM – LT.
Fazendo ∆z → 0 , temos:
∂v ( z , t ) ∂i ( z , t )
− = R i ( z, t ) + L . (2.40)
∂z ∂t
“Existe queda de tensão com a distância z na linha devido à passagem da corrente nos
elementos distribuídos R e L em série.”
Similarmente, aplicando a lei de Kirchoff das correntes no nó N , temos:
∂v ( z + ∆z , t )
i ( z, t ) − G ∆z v ( z + ∆z , t ) − C ∆z − i ( z + ∆z , t ) = 0 ,
∂t
∂i ( z, t ) ∂v ( z , t )
− = Gv ( z, t ) + C , (2.41)
∂z ∂t
O par de equações diferenciais de primeira ordem (2.40) e (2.41), são chamadas de equações
gerais das LT’s ou também equações do telegrafista. Contudo, é possível obtermos as equações
diferenciais da linha, expressas apenas em tensão ou apenas em corrente. Para a tensão, por
13
exemplo, pode-se diferenciar (2.40) em relação à z e a (2.41) em relação à t , a fim desacoplar as
equações e eliminar a variável i ( z, t ) , obtendo-se:
∂ 2v ( z, t ) ∂i ( z, t ) ∂ 2i ( z , t )
− = R + L , (2.42)
∂z 2 ∂z ∂z∂t
∂ 2i ( z , t ) ∂v ( z, t ) ∂ 2v ( z, t )
− =G +C . (2.43)
∂z∂t ∂t ∂t 2
∂ 2v ∂ 2v ∂v
2
− LC 2 − ( RC + LG ) − RGv = 0 . (2.44)
∂z ∂t ∂t
Da mesma maneira, pode-se obter uma equação diferencial parcial só em corrente, isto é:
∂ 2i ∂ 2i ∂i
2
− LC 2
− ( RC + LG ) − RGi = 0 , (2.45)
∂z ∂t ∂t
As equações (2.44) e (2.45) são equações duais e identificadas como equações diferenciais parciais
de onda.
Consideramos uma linha não-dissipativa, também chamada de ideal ou sem perdas, onde
R = G = 0 . Nessa situação as Eqs. (2.44) e (2.45) se simplificam tal que:
∂ 2v ∂ 2v
− LC = 0, (2.46)
∂z 2 ∂t 2
∂ 2i ∂ 2i
− LC = 0. (2.47)
∂z 2 ∂t 2
14
Podemos mostrar, facilmente, que (2.46) e (2.47) admitem solução do tipo f z ± t / LC . Para ( )
tanto, substituindo essa função em (2.46) ou (2.47), temos:
∂2 ∂2
∂z 2 ( ) (
f z ± t / LC − LC 2 f z ± t / LC =
∂t
)
∂ ∂ ∂ ∂
∂z ∂z
(
)
f z ± t / LC − LC f z ± t / LC =
∂t ∂t
( )
∂ ∂ ∂ ∂
∂z
(
f ′ z ± t / LC
∂z
) ( ∂t
) (
z ± t / LC − LC f ′ z ± t / LC
∂t
) (
z ± t / LC =
)
∂ ∂
f ′ z ± t / LC − LC (±1/ LC ) f ′ z ± t / LC =
( ) ( )
∂z ∂t
( ) (
f ′′ z ± t / LC − LC (±1/ LC ) 2 f ′′ z ± t / LC = 0 . )
formato arbitrário propagando-se em uma linha de transmissão, conforme ilustrado na Figura 2.8,
onde ξ = z − t / LC .
f (ξ )
hp P
ξ
ξp
Figura 2.8: Onda f (ξ ) lançada na linha de transmissão a fim de se observar seu comportamento ao longo
da linha.
15
mantenha constante todo o tempo, isto define a trajetória de P, que será dada pela
equação: ξ P = z P − t P / LC , ou seja:
z1 − t1 / LC = z2 − t2 / LC = ξ p = cte ,
t2 − t1
z2 − z1 = .
LC
(
f z1 − t1 / LC )
(a)
hp P
t = t1 z
(b) (
f z2 − t2 LC )
t = t2 > t1 P1 ( z1 , t1 ) P2 ( z2 , t 2 )
z
∆z
z1 z2
( )
Figura 2.9: Propagação de uma onda f z − t / LC , se propagando no sentido + z . (a) onda no instante
z2 − z1 1
= ,
t2 − t1 LC
∆z 1
= .
∆t LC
Fazendo ∆t → 0 , vemos que o pulso se propaga com uma velocidade de propagação u , tal que:
dz 1
u= = [m/s] . (2.48)
dt LC
16
Analogamente, a perturbação (onda) f z + t / LC ( ) se propaga na direção − z , com velocidade
1
u= . Temos na linha, portanto, ondas de tensão e corrente na forma:
LC
(
v ( z , t ) = V ± z ± t / LC , )
i ( z, t ) = I± (z ±t / LC ) ,
onde o sinais sobrescrito ( + , − ) significam propagação no sentido ( − , + ). Assim, para uma onda
V + deve existir uma onda I + , tal que:
V+
I+ = .
K+
Aqui, K + é uma constante com dimensões de ohms. Derivando a equação anterior em relação à t ,
∂ I+ 1 ∂ V+
∂t
( z − t / LC = +)
K ∂t
z − t / LC , ( )
∂ V+ 1 ∂ V+
−
∂z
( )
z − t / LC = L +
K ∂t
z − t / LC ,
( )
′ 1 ∂ V+
− V + z − t / LC = L − +
( ) z − t / LC , ( )
K LC ∂t
L L
K+ = , K + = Z0 = = R0 [Ω]
LC C
V+
I+ = . (2.49)
Z0
intrduzida em (2.32). De forma similar, para uma onda V − deve existir uma onda I − , tal que:
17
V−
I− = .
K−
K − = −Z0 ,
logo,
1 −
(
I − z + t / LC = − ) Z0
(
V z + t / LC . ) (2.50)
Assumindo que uma solução geral admite a combinação das soluções ( + ) e ( − ), podemos
escrever:
( ) (
v ( z , t ) = V + z − t / LC + V − z + t / LC , ) (2.51a)
i ( z, t ) = I ( z − t /
+
LC ) + I ( z + t
−
LC , ) (2.51b)
1 +
i ( z, t ) = V z − t / LC − V − z + t / LC ,
( ) ( ) (2.51c)
Z0
L
Z0 = , (2.51d)
C
1
u= . (2.51e)
LC
Consideremos, agora, uma LT sem perdas, terminada numa carga puramente resisitiva,
Z L = RL , mostrada na Figura 2.10.
R0 vL RL
18
1
iL = I +L + I −L =
R0
( VL+ − VL− ) ,
Na carga,
VL+ + VL−
Z ( zc arg a , t ) = RL = ,
1 +
( VL − VL )
−
R0
RL VL+ + VL−
= .
R0 VL+ − VL−
V − ( z + ut )
Γ ( z, t ) = + . (2.52b)
V ( z − ut )
R0 2 V+ 2
= + −1 = −1,
Z ( z, t ) V + V 1 + ( V− V+ )
−
R0 2
= − 1,
Z ( z , t ) 1 + Γ( z , t )
1 R0 1
+ 1 = ,
2 Z ( z, t ) 1 + Z ( z, t )
2Z ( z, t )
1 + Γ( z , t ) = ,
Z ( z, t ) + R0
Z ( z , t ) − R0
Γ ( z, t ) = , (2.53a)
Z ( z, t ) + R0
19
A Eq. (2.53a) mostra o coeficiente de reflexão em função da impedância ao longo da LT.
Particularizando (2.53a) na carga, temos:
RL − R0
ΓL = . (2.53b)
RL + R0
O coeficiente de reflexão, definido em (2.52b), (2.53a) existe em uma determinada faixa de valores,
que pode ser determinada a partir das duas situações limites para a impedância de uma linha de
transmissão: (a) linha curto circuitada em z = z1, ou seja, Z ( z1 , t ) = 0 ; (b) linha aberta em z = z1, ou
−1 ≤ Γ( z , t ) ≤ +1 .
Observamos que se em algum ponto z = z1, temos Z ( z1 , t ) = R0 , nesse ponto, Γ( z1 , t ) = 0 . Se
O coeficiente de reflexão em (2.52b) foi definido como a razão das tensões refletida e transmitida,
poderíamos, porém, ter adotado as correntes em lugar das tensões, assim:
I − ( z + ut )
Γ′ ( z , t ) = .
I + ( z − ut )
De (2.49) e (2.50), obtemos facilmente que os coeficientes de tensão, Γ( z , t ) , e corrente, Γ′( z , t ) ,se
relacionam por: Γ′( z , t ) = −Γ( z, t ) .
Analisemos, agora, o caso simples da Figura 2.11, onde uma fonte DC é aplicada em uma
linha de transmissão (LT) com carga RL = R0 .
20
Rg
+ V0 RL Rg
− R0
+ V0 R0
−
z =0 z = z1 z =l (b)
(a)
Figura 2.11: (a) Chave fechada para t = 0 ; (b) Representação elétrica da LT no instante t = 0 .
Quando t = 0 a linha da Figura 2.11(a) pode ser representada conforme ilustrado na Figura
2.11(a). A LT nesse instante se “apresenta” para a fonte como se fosse infinita, portanto, a
impedância “sentida” pela onda lançada na LT é a impedância característica.
v ( z1 , t )
V1+
z1
t
u
R0
V1+ = V0 ,
R0 + Rg
degrau ilustrado na Figura 2.12. A corrente no ponto z = z1 apresenta a mesma forma, porém com o
21
+
Rg R0 RL VL
+ V0
− −
z =0 z =l
tensão igual a V1+ . Se, contudo, tanto Rg e RL são diferentes de R0 , como na Figura 2.13, a
situação é mais complicada. Assim, para t = 0 a fonte envia uma tensão de magnitude,
R0
V1+ = V0 , (2.54)
R0 + Rg
na direção + z com velocidade u = 1 LC . Como no caso anterior, pulso V1+ não “conhece” o
comprimento da linha e nem a carga e, portanto, se propaga como se a linha fosse infinita; quando
t = T = l u , onde T é o tempo de trânsito da LT, esta onda atinge a carga, no ponto z = l . Aqui,
como RL ≠ R0 , surge uma onda refletida que viajará na direção − z com magnitude,
RL − R0
ΓL = . (2.56)
RL + R0
A onda refletida na carga atinge a entrada da linha no tempo t = 2T , onde é refletida, pois Rg ≠ R0 .
Uma nova onda com magnitude V2+ , viajando na direção + z , surge com amplitude
22
V2+ = Γ g V1− = Γ g Γ L V1+ , (2.57)
sendo,
Rg − R0
Γg = ,
Rg + R0
ondas refletidas podem ter amplitudes negativas; segundo, exceto para o circuito aberto ou fechado,
Γ L e Γ g < 1 . Isto significa que as magnitudes das sucessivas ondas refletidas se tornam menores a
cada reflexão até atingirem um valor convergente. Este processo, para RL = 3R0 ( Γ L = 1 2) e
VL = V1+ (1 + Γ L + Γ g Γ L + Γ g Γ 2L + Γ 2g Γ 2L + Γ 2g Γ 3L + L)
VL = V1+ (1 + Γ g Γ L + Γ 2g Γ 2L + L) + Γ L (1 + Γ g Γ L + Γ 2g Γ 2L + L)
1 ΓL
VL = V1+ + ,
1 − Γ g Γ L 1 − Γ g Γ L
1+ ΓL
VL = V1+
1 − Γ Γ
. (2.58)
g L
23
V0 1 1 9 3
Para o exemplo em questão: V1+ = , Γ L = e Γ g = , logo: VL = V1+ = V0 quando t → ∞ .
3 2 3 5 5
v( z, t )
V1+
z
0 l
(a)
v( z,t )
V1−
+
V 1
z
0 l
(b)
v( z, t )
V2+
V1+
V1+ + V1−
z
0 l
(c)
Figura 2.14: Transiente de tensão na LT da Figura 2.12 para RL = 3 R0 e Rg = 2 R0 . (a) pulso de tensão de amplitude
V0 V+ V
V1+ = , em 0 < t < T ; (b) pulso de tensão de amplitude V1− = 1 = 0 , em T < t < 2T ; (c) pulso de tensão
3 2 6
V −
V
de amplitude V2+ = 1 = 0 , em 2T < t < 3T .
3 18
24
i ( z,t )
I1+
z
0 l
(a)
i ( z,t )
I1+
I1−
z
0 l
(b)
i ( z, t )
I 2+
I1+ + I1−
z
0 l
(c)
Figura 2.15: Transiente de corrente na LT da Figura 2.12 para RL = 3R0 e Rg = 2 R0 . (a) pulso de corrente de amplitude
V1+ V V− V
I1+ = = 0 , em 0 < t < T ; (b) pulso de corrente de amplitude I1− = − 1 = − 0 , em T < t < 2T ; (c)
R0 3R0 R0 6 R0
V2+ V
pulso de corrente de amplitude I +2 = = 0 ,em 2T < t < 3T .
R0 18 R0
1 − Γ L V1+
IL =
1 − Γ Γ R
,
g L 0
ou seja,
3 V1+ V
IL = = 0 .
5 R0 5 R0
25
Rg = 2 R0
V0 +− RL = 3R0
velocidade u = 1 LC .
t
Γ 2g Γ 2L V1+
P5
t5
4T
t4
P4
Γ g Γ 2L V1+
3T
P3 Γ g Γ L V1+
t3
2T
t2 P2
Γ L V1+
V 1
+
P1
t1
z
0 z = z1 l
Figura 2.17: Diagrama de reflexão de tensão para a LT ilustrada na Figura 2.13.
26
Esta onda está representada pela linha reta associada a V1+ , tendo esta linha uma inclinação positiva
1
igual à (tangente). Quando a onda V1+ atinge a carga, em z = l , uma onda refletida V1− = Γ L V1+
u
surge, caso RL ≠ R0 . A onda V1− (representada no diagrama por uma linha reta direcionada,
1
associada a Γ L V1+ , com tangente negativa igual à − ) viaja na direção − z , incide na fonte em
u
t = 2T , gerando uma onda refletida V2+ = Γ g V1− = Γ g Γ L V1+ , representada no diagrama por uma
1
segunda linha direcionada com tangente positiva . Este processo continua indefinidamente.
u
O diagrama de reflexão de tensão pode ser usado convenientemente para determinar a
distribuição de tensão ao longo da linha de transmissão em um determinado instante de tempo,
assim como, a variação da tensão como função do tempo em um ponto arbitrário da linha. Assim,
suponhamos que queiramos saber a distribuição de tensão ao longo da linha para t = t4 , com
2. Trace uma linha horizontal a partir de t 4 , intersectando a linha direcionada associada com
Γ g Γ 2L V1+ em P4 . Observe que todas as linhas direcionadas acima de P4 são irrelevantes ao nosso
significado de z1 é que no intervalo 0 < z < z1 (à esquerda da linha vertical) a tensão tem o valor
igual à V1+ + V1− + V2+ = V1+ (1 + Γ L + Γ g Γ L ) , e no intervalo z1 < z < l (à direita da linha vertical) a
tensão é: V1+ + V1− + V2+ + V2− = V1+ (1 + Γ L + Γ g Γ L + Γ g Γ 2L ) . Existe, portanto, uma descontinuidade em
z = z1 , igual a Γ g Γ 2L V1+ ;
A seguir, vamos achar a variação da tensão como uma função do tempo no ponto z = z1 e,
para tanto, usaremos o seguinte procedimento:
27
1. Trace uma vertical em z1 , intersectando as linhas direcionadas nos pontos P1 , P2 , P3 , P4 , P5 e
v ( z , t4 )
V1+ (1 + Γ L + Γ g Γ L ) Γ g Γ 2LV1+
V1+ (1 + Γ L )
V1+
z
0 z = z1 l
1 1 V0
ΓL = Γg = V1+ =
2 3 3
2. A partir desses pontos (intersecções), trace linhas horizontais intersectando o eixo vertical
(eixo t ) em t1 , t 2 , t3 , t 4 , t5 e assim por diante. Estes são os instantes para os quais uma nova onda
3. A tensão em z = z1 , como uma função de t , pode ser lida do diagrama de reflexão de tensão,
28
4. O gráfico de V ( z1 , t ) é apresentado na Figura 2.19 para Γ L = 1 2 e Γ g = 1 3 . Quanto t
3
o valor V0 .
5
v ( z1 , t )
Γ g Γ 2LV1+
3V0
5
Γ 2g Γ 2LV1+
Γ LV1+
V0 Γ g Γ LV1+
3
t
0 t1 T t2 2T t3 3T t4 4T t5
O diagrama de reflexão da corrente é similar. A diferença essencial é o sinal negativo das ondas
viajando na direção − z , como observamos na Eq. (2.50). O gráfico de I ( z1 , t ) é mostrado na
Figura 2.20.
i ( z1 , t )
V0
3R0
Γ L I1+ Γ g Γ L I1+ Γ 2g Γ 2L I1+
V0
5 R0
Γ g Γ 2L I1+
t
0 t1 T t2 2T t3 3T t4 4T t5
1 1 V0 V0
ΓL = Γg = I1+ = I ( z1 , ∞ ) =
2 3 3R0 5 R0
29
a. Quando RL = R0 (carga casada, Γ L = 0 ), tanto a tensão como a corrente apresentarão nos seus
diagramas de reflexão apenas uma linha direcionada no intervalo 0 < t < T , independente do valor
de Rg ;
vg ( t ) = V0 U ( t ) , (2.59)
0, t<0
U (t ) = . (2.60)
1, t>0
vg ( t ) = V0 U ( t ) − U ( t − T0 ) . (2.61)
Se o sinal vg ( t ) , descrito na Eq. (2.61), for aplicado a uma LT, a resposta transiente é
simplesmente a superposição dos resultados obtidos devido a uma tensão DC, V0 , aplicada em
30
vg ( t )
V0
t
0 T0
Exemplo 2.1:
vg ( t ) [ V ]
15
Rg
R0 = 50 Ω
vg ( t ) +−
t [ µs]
0 1 0 200 m 400 m
Figura 2.22: (a) Pulso retangular de 15 V e duração de 1 µ s ; (b) Modelo elétrico da LT.
Solução:
25 − 50 1
RL = 0 ⇒ Γ L = −1, Γg = =− ,
25 + 50 3
vg ( t ) = 15 U ( t ) − U ( t − 10−6 ) ,
c 3 ×108
u= = = 2 ×108 m s ,
εr 2, 25
Em t = 0 , e z = 0:
31
Rg = 25 Ω
+
15 V− R0 = 50 Ω
50
V1+ = 15 = 10 V ,
50 + 25
l 400
T= = =2 µ s ,
u 2 × 108
onde V1+ é a tensão inicial na LT e T o tempo de transito.
O diagrama zig-zag para a tensão é mostrado na Figura 2.23, onde as linhas cheias (sólidas)
correspondem aos +15 V aplicados no instante t = 0 , e as linhas tracejadas aos −15 V
aplicados em t = 1 µ s . As tensões associadas ao degrau negativo estão entre parêntesis.
pode ser lida das intersecções da vertical com as linhas direcionadas sólidas, veja va ( t ) na
Figura 2.24(a). Já a tensão devido à −15 U ( t − 10 −6 ) é tirada das intersecções com as linhas
t [ µs]
+1 9
9
8 ( + 1 3)
−1 3 7
( −1 3) 6
5 +1 3
4 ( +1)
−1 3
( −1) 2
1 +1
0 z [ m]
0 200 400
32
va ( t )
(a)
V1+ V1+ 3
t [ µ s]
0 1 2 3 4 5 6 7 8
vb ( t )
1 2 3 4 5 6 7 8
(b) 0 t [ µ s]
V1+ V1+ 3
v ( 200, t )
3 4 7 8
(c )
0 t [ µ s]
1 2 5 6
Figura 2.24 – Transiente em uma LT com os terminais curto-circuitados. (a) tensão no ponto médio da LT devido ao degrau
positivo; (b) tensão no ponto médio da LT devido ao degrau negativo; (c) tensão total no ponto médio da LT.
Exemplo 2.2:
Uma LT sem perdas, sem dielétrico entre os seus condutores, em circuito aberto, R0 e comprimento
Solução:
Para t = 0 e z = 0,
+ R0 V
(V1′) =− V0 = − 0 .
R + R0 2
l +
Em t= , (V1′) atinge o extremo aberto, onde Γ L = 1 , e surge a onda refletida
c
− + V0 2l
(V1′) = (V1′) = − . Esta onda volta na entrada, quando t = e é totalmente transmitida ( Γ g = 0 ),
2 c
+
porém, somando-se com a tensão na entrada – (V1′) .
33
+
(a) R V0 R0
z=0 z =l
IR
I LT +
+ +
VLT′ R0
(V1′) R0
t =0
− R VR VLT −
R VR VLT +
+ V0
V0 −
−
(b) (c )
Figura 2.25 – Modelo da LT; (a) LT com os terminais em aberto; (b) LT carregada modelada como uma fonte de tensão V0
VLT′ ( 0, t ) ′ ( 0, t )
I LT
2l 2l
= 2T
c c
0 t 0 t
V1− V
V V I1− = = 0
− 0 − 0 R0 2 R0
2 2 R0
−V0
(a) (b)
VR ( t ) IR (t )
V0 V0
2 2 R0
0 t 0 t
2l 2l
c c
(c) (d )
Figura 2.26 – Modelo da LT; (a) LT com os terminais em aberto; (b) LT carregada modelada como uma fonte de tensão V0
34
Temos, portanto, uma forma de gerarmos um pulso retangular através do descarregamento de
uma LT, com largura ajustável de acordo com o comprimento l da linha, como mostra a
Figura 2.26.
Exemplo 2.3:
Rg R0 RL
Vg +
−
t =0
I0
Γg = 1 ΓL > 0
Γ′g = −1 Γ′L < 0
Figura 2.28 – Modelo equivalente LT carregada
i ( z, t ) = i′ ( z , t ) + I 0
l l
v , t = v′ , t + V0
2 2
35
l
i′ , t
2
T 2 T 3T 2 2T 5T 2 3T 7T 2 4T 9T 2
t
ΓL I0
Γ 2L I 0
−I0
l
i ,t
2
I0
ΓL I0
Γ 2L I 0
t
T 2 T 3T 2 2T 5T 2 3T 7T 2 4T 9T 2
l
v′ , t
2
T 2 T 3T 2 2T 5T 2 3T 7T 2 4T 9T 2
t
V1+ = − I 0 R0
V1+
V1+ Γ L
V1+ Γ L
V1+ Γ 2L
V1+ Γ 2L
−V0
l
v ,t
2
V0
t
T 2 T 3T 2 2T 5T 2 3T 7T 2 4T 9T 2
36
v′ ( z, ∞ ) = V + + 2V + Γ L + 2V + Γ 2L + 2V + Γ3L + L ,
v′ ( z, ∞ ) = V + + 2V + Γ L (1 + Γ L + Γ 2L + L) ,
1
v′ ( z, ∞ ) = V + + 2V + Γ L ,
1− ΓL
2Γ L + 1+ ΓL + RL
v′ ( z , ∞ ) = V + 1 + =V =V ,
1 − ΓL 1− ΓL R0
V + = I + R0 = − I 0 R0 ,
Vg
I0 = − ,
Rg + RL
RL
V0 = Vg ,
Rg + RL
R RL
v ( z , ∞ ) = v′ ( z, ∞ ) + V0 = − I 0 R0 L + Vg ,
R0 Rg + RL
Vg RL Vg RL
v ( z, ∞ ) = − + = 0.
Rg + RL Rg + RL
Vamos considerar o circuito mostrado na Figura 2.29(a), cuja chave é fechada no instante
V0
t = 0 . Nesse momento, uma onda de tensão V1+ = viaja pela LT até atingir a carga no tempo
2
l
t= = T , a onda refletida V1− ( t ) é gerada devido ao descasamento de impedância na carga.
u
Precisamos achar a relação entre as tensões V1− ( t ) e V1+ . Em z = l , as relações abaixo valem para
t ≥T ,
37
iL
R0 R0 LL vL
V0 +
− −
z = z0 z =l
(a)
R0 iL
+
2V1+ + LL vL
−
z =l
(b)
Figura 2.29 – Cálculo de transitente para uma LT sem perdas com uma terminação indutiva. (a) circuito de uma LT com
terminação indutiva; (b) circuito equivalente para a carga, t ≥ T .
1
iL ( t ) = V1+ − V1− ( t ) , (2.63)
R0
d
vL ( t ) = LL iL ( t ) . (2.64)
dt
A Eq. (2.65) descreve a aplicação da Lei de Kirchoff ao circuito da Figura 2.29(b), o qual é de fato
o circuito equivalente na carga para t ≥ T . Combinando (2.64) e (2.65), temos, para t ≥ T :
d
LL iL ( t ) + R0iL ( t ) = 2V1+ , (2.66)
dt
cuja solução,
38
2V1+ R0
iL ( t ) = 1 − exp − ( t − T ) , (2.67)
R0 LL
2V1+
mostra que iL (T ) = 0 (CA) e iL ( ∞ ) = (CC). A tensão na carga, via (2.64), é:
R0
d R
vL ( t ) = LL iL ( t ) = 2V1+ exp − 0 ( t − T ) . (2.68)
dt LL
R 1
V1− ( t ) = 2V1+ exp − 0 ( t − T ) − (2.69)
LL 2
iL ( l , t ) V1− ( l , t )
2V1+
V1+
R0
t
T
t −V1+
T
(a) (c)
vL ( l , t )
v ( z , t1 )
2V1+ 2V1+ z1
t1 = 2T −
u
V1+
t t
z1 l
T
(b) (d )
Figura 2.30 – (a) corrente na carga indutiva como função do tempo; (b) tensão na carga indutiva como função do tempo; (c)
tensão refletiva na carga como função do tempo; (d) tensão ao longo da LT para T < t1 < 2T .
39
2.6.2. Carga Capacitiva
Como ilustra a Figura 2.31, o circuito para uma LT carregada com carga capacitiva é similar ao
problema anterior (carga indutiva), logo a análise é similar. Aqui, entretanto, usaremos a relação:
d
iL ( t ) = C L vL ( t ) . (2.70)
dt
d 1 2
CL vL ( t ) + vL ( t ) = V1+ , (2.71)
dt R0 R0
V0
com V1+ = . A solução de (2.71), para t ≥ T , é:
2
iL
R0 R0 CL vL
V0 +
− −
z = z0 z =l
(a)
R0 iL
+
2V1+ + CL vL
−
z =l
(b)
Figura 2.31 – Cálculo de transitente para uma LT sem perdas com uma terminação capacitiva. (a) circuito de uma LT com
terminação capacitiva; (b) circuito equivalente para a carga, t ≥ T .
40
( t − T )
vL ( t ) = 2V1+ 1 − exp − . (2.72)
R0CL
2V1+ (t − T )
iL ( t ) = exp − . (2.73)
R0 R0CL
1 (t − T )
V1− ( t ) = 2V1+ − exp − . (2.74)
2 R0C L
vL ( l , t ) V1− ( l , t )
2V1+ V1+
T
t
t −V1+
T
(a) (c)
iL ( l , t )
v ( z, t1 )
2V1+ 2V1+ z1
t1 = 2T −
R0 + u
V1
t z
z1 l
T
(b ) (d )
Figura 2.32 – (a) tensão na carga capacitiva como função do tempo; (b) corrente na carga capacitiva como função do tempo;
(c) tensão refletiva na carga como função do tempo; (d) tensão ao longo da LT para T < t1 < 2T .
41
2.7. Análise das Linhas de Transmissão no Domínio da Freqüência
Para a análise da linha com dependência temporal harmônica, usaremos uma representação
fasorial, tomando a função cosseno como referência. Deste modo, podemos escrever a tensão e
corrente instatâneas na linha sob a forma:
onde, V ( z ) e I ( z ) são funções da coordenada espacial z e ambas podem ser funções complexas.
d
− V ( z ) = ( R + jω L ) I ( z ) , (2.77)
dz
d
− V ( z ) = ( R + jω L ) I ( z ) . (2.78)
dz
d2
− V ( z ) = γ 2V ( z ) , (2.79)
dz 2
d2
− I ( z) = γ 2I ( z) , (2.80)
dz 2
onde,
42
empregada é análoga àquela usada no estudo da propagação de ondas planas em meios com perdas
(disciplina EE540). Essas quantidades não são totalmente constantes e, em geral, dependem da
freqüência de forma complicada.
A solução para as Eqs. (2.79) e (2.80) serão:
V ( z) = V + ( z) +V − ( z) ,
respectivamente. As amplitudes (V0+ , I 0+ ) e (V0− , I 0− ) estão relacionadas através das Eqs. (2.77) e
V0+ V0− R + jω L
= − = . (2.84)
I 0+ I 0− γ
Para uma linha infinita (realmente uma LT semi-infinita com a fonte na entrada) os termos
contendo o fator exp ( −γ z ) devem se atenuar até desaparecer. Como não existem ondas refletidas, a
linha suportará somente ondas viajando na direção + z . Assim, a tensão e corrente na LT podem ser
escritas sob a forma:
I ( z ) = I 0+ exp ( −γ z ) . (2.86)
R + jω L γ R + jω L
Z0 = = = . (2.87)
γ G + jωC G + jωC
43
Note que γ e Z 0 são propriedades características da LT, independente de seu comprimento. Tais
γ = α + j β = ω 2 µε
%%
µ% ,
η=
ε%
com,
µ% = µ ′ + j µ ′′
.
ε% = ε ′ + jε ′′
1. LT sem perdas ( R = 0 , G = 0 ):
a. Constante de Propagação:
γ = α + j β = jω LC , (2.88)
α =0, (2.89)
b. Velocidade de Fase:
ω 1
up = = ( constante ) (2.91)
β LC
c. Impedância Característica:
L
Z 0 = R0 + jX 0 = (2.92)
C
44
L
R0 = (2.93)
C
X0 = 0 (2.94)
a. Constante de Propagação:
1/ 2 1/ 2
R G
γ = α + j β = jω LC 1 + 1 + jωC .
jω L
Usando a expansão,
1/ 2 x
(1 + x ) = 1+ + θ ( x 2 ) , para x << 1 ,
2
temos,
R 1 R 1
γ = jω LC 1 + + θ 2 1 + + θ 2 ,
j 2ω L ω j 2ωC ω
1 R G 1
γ = jω LC 1 + + + θ 2 ,
j 2ω L C ω
1 R G 1
γ= LC + + jω LC + θ ,
2 L C ω
1 C L
γ ≅ R +G + jω LC . (2.95)
2 L C
1 C L 1 R
α ≅ R +G = , (2.96)
2 L C 2 R0
e,
45
R G
Na Eq. (2.96) assumimos que >> . Esta relação se aplica na maioria das LTs práticas, por
L C
exemplo, para linhas telefônicas bifilares típicas temos:
R = 25 Ω km ,
G = 0,3 µS km ,
L = 2,5 mH km ,
C = 5 pF km ,
1
Rd = = 3,33 × 106 Ω ,
G
e, portanto,
C L
= 0, 016666 e = 10−4 .
G R
Assim:
R L
= 166, 66 ,
GC
atendendo a condição R L >> G C . Para cabos coaxiais essa relação é da ordem de 104.
b. Velocidade de Fase:
ω 1
up = ≅ ( aproximadamente constante ) .
β LC
c. Impedância Característica:
1/ 2 −1/ 2
L R G
Z 0 = R0 + jX 0 = 1+ 1 + jωC ,
C jω L
L 1 R G 1
Z0 = 1 + j 2ω L − C + θ ω 2 ,
C
L L 1 R G
Z0 ≅ −j − . (2.98)
C C 2ω L C
Assim,
46
L
R0 ≅ , (2.99)
C
L 1 R G
X0 ≅ − − ≅ 0 , (2.100)
C 2ω L C
R G
3. LT sem distorção = :
L C
a. Constante de Propagação
( R + jω L )
RC
γ = α + jβ = + jωC ,
L
C
γ= ( R + jω L ) . (2.101)
L
Assim,
C
α =R ≠ 0, (2.102)
L
b. Velocidade de Fase
ω 1
up = = ( constante ) . (2.104)
β LC
c. Impedância Característica
R + jω L L
Z 0 = R0 + jX 0 = = , (2.105)
G + jωC C
L
R0 = ( constante ) , (2.106)
C
X0 = 0 . (2.107)
47
Obs.: Neste caso, exceto pelo fato da constante de atenuação ser não-nula, as características de
uma LT sem distorção são as mesmas de uma linha de transmissão sem perdas.
Um fenômeno conhecido como dispersão surge quando existe dependência da velocidade de
fase ( u p ) com a freqüência. A condição u p constante é satisfeita pela LT sem perdas e é
aproximadamente satisfeita pela linha com baixas perdas. Numa linha de transmissão com perdas as
amplitudes das ondas serão atenuadas, e a distorção surgirá quando as diferentes componentes de
freqüência atenuam-se diferentemente, mesmo quando as mesmas viajam com a mesma velocidade.
Em geral, uma LT com perdas é dispersiva, da mesma forma que um dielétrico com perdas.
Exemplo 2.4:
de 0,1 [ nF/m ] .
Solução:
R G
a) Para a LT sem distorção, = .
L C
L
R0 = = 50
C
Por outro lado, sabendo que α dB = 8,868α Np ,
α = R C = 0, 01/ 8, 686 = 1,15 ×10 −3
L
R
α= ⇒ R = α R0 = 0, 057 [ Ω/m ]
R0
2
C R
α 2 = R2 ⇒ L = C = 0, 25 [ µ H/m ]
L α
48
RC R
G= ⇒ G= = 22,8 [ µS/m ]
L R02
1
b) up = = 2 ×108 [ m/s ]
LC
V2
c) = exp ( −γ z )
V1
V2
z = 1 km ⇒ = exp ( −1,15 ) = 0,317 ⇒ 31, 7%
V1
V2
z = 5 km ⇒ = exp ( −5, 75 ) = 0, 0032 ⇒ 0, 32%
V1
α = Re {γ } = Re { ( R + jω L )( G + jωC )} .
V ( z ) = V0 exp − (α + j β ) z , (2.108)
V0
I (z) = exp − (α + j β ) z . (2.109)
Z0
1
P(z) = Re {V ( z ) I * ( z )} ,
2
então,
49
2
V0
P( z) = 2
R0 exp [ −2α z ] . (2.110)
2 Z0
Como a potência média por unidade de comprimento, PL , pode ser calculada por,
∂
PL = − P (z) , (2.111)
∂z
então,
PL ( z ) = 2α P ( z ) ,
E, assim:
PL ( z ) Np
α= . (2.112)
2 P ( z ) m
Exemplo 2.5:
a. Calcule α em função de R , L , G e C .
Solução:
Considerando uma LT casada:
1
R I ( z) + G V ( z)
2 2
PL ( z ) =
2
2
V0
PL ( z ) =
2 Z0
2 ( R + G Z ) exp [−2α z ]
0
2
α=
1
2 R0
(
R + G Z0
2
) Np
m
R G
b. Para uma LT com baixas perdas e, considerando >> :
L C
L
Z 0 ≅ R0 = , logo:
C
50
1 C L 1 R
α ≅ R +G ≈ ,
2 L C 2 R0
onde,
L
R0 = .
C
O resultado acima coincide com os resultados para altas freqüências, onde R << ω L e
G << ωC
R G
c. Para uma LT sem distorção = :
L C
L
Z 0 = R0 = e,
C
1 L R C
α= R+G = =R ,
2 R0 C R0 L
visto que,
L
R=G .
C
com,
V0+ V−
+
= − 0− = Z 0 , (2.115)
I0 I0
51
onde V0+ exp ( −γ z ) representa a onda se propagando à direita e V0− exp ( γ z ) a onda se propagando à
esquerda. Além disso, conforme visto anteriormente, para ondas lançadas em linhas infinitas (ou LT
casadas), não temos ondas refletidas.
Para uma LT com carga arbitrária, conforme ilustrada na Figura 2.33, as Eqs. (2.82) – (2.83)
podem ser escritas como função dos parâmetros de carga, isto é, V0+ e V0− como função de VL , I L e
ZL .
Zg IL
+
Vg (γ , Z0 ) VL ZL
−
− V VL
= = ZL
I z =l I L
z z′ = l − z
z=0 z =l
z ′ = −l z′ = 0
Figura 2.33: LT finita terminada com uma carga de impedância arbitrária Z L .
V ( l ) = VL ,
I (l ) = IL ,
temos:
V0+ V−
IL = exp ( −γ l ) − 0 exp ( γ l ) .
Z0 Z0
1
V0+ = (VL + I L Z 0 ) exp (γ l ) , (2.116)
2
1
V0− = (VL − I L Z 0 ) exp ( −γ l ) . (2.117)
2
52
Lembrando que, VL = I L Z L , os coeficientes V0+ e V0− podem ser reescritos:
IL
V0+ = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ l ) , (2.118)
2
IL
V0− = ( Z L − Z 0 ) exp ( −γ l ) . (2.119)
2
Observando, ainda, que z′ = l − z , a tensão e a corrente na linha de transmissão podem ser escritas
como função da coordenada z′ , medida a partir da carga.Assim:
IL
V ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ z ′ ) + ( Z L − Z 0 ) exp ( −γ z ′ ) , (2.120)
2
IL
I ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ z ′ ) − ( Z L − Z 0 ) exp ( −γ z ′ ) . (2.121)
2Z0
as Eqs. (2.120) e (2.121) podem ser reescritas na forma hiperbólica, sob a forma:
IL
I ( z′) = Z L senh ( γ z ′ ) + Z 0 cosh ( γ z′ ) . (2.123)
Z0
A impedância da onda na linha, em um ponto z′ qualquer, pode ser derivada diretamente das Eqs.
(2.120) – (2.121) ou (2.122) – (2.123). Assim, na forma hiperbólica a impedância pode ser escrita:
V ( z′) Z + Z 0 tanh ( γ z′ )
Z ( z′) = = Z0 L [Ω] . (2.124)
I ( z′ ) Z 0 + Z L tanh ( γ z′ )
53
Na fonte, z′ = l , o gerador “olhando” em direção à carga “vê” uma impedância de entrada
Z i , como ilustrado na Figura 2.34, tal que:
Zg IL
+
Vg Zi VL
z′ = l Z L + Z 0 tanh ( γ l )
Zi = Z = Z0 . (2.125)
z = 0 Z 0 + Z L tanh ( γ l )
Obs.: Para outra posição na LT o circuito equivalente da Figura 2.33 não se aplica.
Zi
Vi = Vg , (2.126)
Z g + Zi
e,
Vg
Ii = . (2.127)
Z g + Zi
1
( Pav )L = Re {VL I L* } ′ ,
2 z =l , z = 0
54
2
1 V 1 2
( Pav ) L = RL L = RL I L , (2.128)
2 ZL 2
1
( Pav )i = Re {Vi I i* } , (2.129)
2 z = 0, z ′ =l
Para o caso particular onde Z L = Z 0 , a impedância em um ponto z′ qualquer é constante, tal que:
Z ( z′) = Z 0 . (2.131)
Nesse caso, a tensão e a corrente, definidas em (2.120) e (2.121), respectivamente, podem ser
escritas como:
Como podemos observar as Eqs. (2.132) e (2.133) correspondem a um par tensão/corrente que
propaga na LT no sentido + z (gerador para carga), sem a presença de ondas refletidas da carga.
Esta situação diz-se que a linha de transmissão está casada, simulando uma linha infinita.
Exemplo 2.6:
55
é de 2,5 × 108 [ m/s ] . Para uma carga casada, determine: (a) as expressões instantâneas da tensão e
corrente em um ponto qualquer da linha; (b) as expressões instantâneas para a tensão e a corrente na
carga; (c) a potência transferida à carga.
Solução:
Z g = Rg = 1 [ Ω ]
Z 0 = R0 = 50 [ Ω]
ω = 2π ×108 [ rad/s ]
l = 4 [ m]
{ }
v ( z , t ) = Re 0, 294 exp j ( 2π ×108 t − 0,8π z ) =0,294cos ( 2π × 108 t − 0,8π z ) [ V ]
56
b. Na carga z = l = 4 [ m ] . Assim:
v ( 4, t ) = 0,294cos ( 2π ×108 t − 3, 2π ) [ V ]
i ( 4, t ) = 0,0059cos ( 2π ×108 t − 3, 2π ) [ A ]
1
( Pav ) L = ( Pav )i = Re {V ( z ) I * ( z )}
2
1
( Pav ) L = ( Pav )i = ( 0, 294 × 0, 0059 )
2
( Pav ) L = ( Pav )i = 8, 7 ×10−4 [ W ]
As linhas de transmissão, além de serem utilizadas como guias de ondas para transferir
informação e potência entre dois pontos podem, na faixa UHF (freqüências na faixa
300 [ MHz ] a 3 [ GHz ] e comprimentos de onda entre 1 [ m ] a 0,1 [ m ] ), serem utilizadas como
elementos de circuitos.
Como discutimos anteriormente, para uma LT sem perdas temos que: γ = j β e Z 0 = R0 .
Lembrando que:
Z L + jR0 tan ( β l )
Zi = R0 . (2.134)
R0 + jZ L tan ( β l )
57
Levando a condição Z L → ∞ na Eq. (2.134),
R0
Z i = jX i = − j = − jR0 cot ( β l ) . (2.135)
tan ( β l )
Lembrando que β l = 2π l λ , a Eq. (2.135) mostra que a impedância de entrada de uma linha sem
perdas, terminada em circuito aberto, é puramente reativa, podendo ser tanto indutiva como
capacitiva, dependendo de seu comprimento l , visto que −∞ < cot ( β l ) < ∞ . A Figura 2.35 mostra
( indutiva )
( capacitiva )
Figura 2.35: Reatância de entrada para uma seção de LT com os terminais em aberto.
Assim:
R0 LC 1
Zi = jX i ≅ − j =−j =−j ,
βl ωl LC ωCl
e,
1
Xi = − . (2.136)
ωCl
58
2.9.2. Terminação em Curto – Circuito ( Z L = 0 )
Assim como para a terminação em aberto, a Eq. (2.137) mostra que a impedância de entrada de uma
LT sem perdas, terminada em curto-circuito, é puramente reativa, podendo ser tanto indutiva como
capacitiva, dependendo de seu comprimento l , uma vez que −∞ < tan ( β l ) < ∞ . A Figura 2.36
L
Z i = jX i ≅ jR0 β l = jωl LC = jω Ll ,
C
e,
X i = ω Ll . (2.138)
λ
l = ( 2n − 1) , n = 1, 2, 3, L
4
então,
59
( indutiva )
( capacitiva )
Figura 2.36: Reatância de entrada para uma seção de LT com os terminais em curto-circuito.
2π λ π
βl = ( 2n − 1) = ( 2n − 1) .
λ 4 2
Lembrando que:
π
tan ( β l ) = tan ( 2n − 1) → ±∞ ,
2
R02
Zi = . (2.139)
ZL
A Eq. (2.139) mostra que uma linha de transmissão sem perdas, de comprimento múltiplo ímpar de
quarto de comprimento de onda, transforma a impedância da carga para a entrada como sua inversa
multiplicada pelo quadrado da resistência característica, sendo denominado transformador de
quarto-de-onda. Assim,
Carga em curto-circuito ( Z L = 0 ) ⇒ Z i → ∞ .
60
Em geral como R0 ≠ 0 , quando Z L = 0 a impedância Z i é muito alta, similar a de um circuito
paralelo ressonante.
Lembrando que,
Zi = Z L . (2.140)
A Eq. (2.140) estabelece que uma seção de meio comprimento de onda transfere a impedância de
carga para os terminais de entrada. Convém observar que, segundo a Eq. (2.125), para uma linha
de meio comprimento de onda com perdas a igualdade será válida somente se Z L = Z 0 .
Medindo a impedância de entrada de uma LT qualquer, com os terminais de carga em curto
e em aberto, podemos determinar a impedância característica e a constante de propagação na
linha. Usando a Eq. (2.125) obteremos, para os terminais de carga em aberto ( Z L → ∞ ) ,
61
Multiplicando as Eqs. (2.141) e (2.142), e resolvendo para Z 0 , temos:
Z 0 = Z ia Z ic . (2.143)
1 Z
γ = tanh −1 ic . (2.144)
l Z ia
As Eqs. (2.143) e (2.144) se aplicam a qualquer linha de transmissão, com ou sem perdas.
Exemplo 2.7:
e Zic = j103 [ Ω] , respectivamente. (a) Calcule Z 0 e γ ; (b) Sem mudar a freqüência de operação,
Solução:
a. Z 0 = Z ia Z ic = 54, 6 ×103 = 75 [ Ω ]
1 Z 1 j103 j
γ = tanh −1 ic = tanh −1 = tan −1 (1, 373) = j 0, 628 [ rad/m ]
l Z ia 1, 5 − j 54, 6 1,5
62
75
Zia = Z 0 coth ( γ l ) = j = j 24,35 [ Ω] ⇒ impedância indutiva
tan (1,884 )
λ
Dos resultados acima podemos concluir que: 1,5 < < 3, 0 [ m ] .
4
( indutiva )
( capacitiva )
Figura 2.37: Reatância de entrada para uma seção de LT com os terminais em curto-circuito.
2π 2π
Como λ = = = 10 [ m ] , então:
β 0, 628
λ 10
l = ( 2n − 1) = ( 2n − 1) , para n = 1, 2, 3,L
4 4
l = 2,5 + 5 ( n − 1) [ m ]
Vamos, agora, analisar uma seção de linha de transmissão com perdas de comprimento
l e com os terminais curto-circuitados. Nesse caso, a impedância de entrada será:
63
senh (α + j β ) l senh (α l ) cos ( β l ) + j cosh (α l ) sen ( β l )
Z i = Z 0 tanh ( γ l ) = Z 0 = Z0 . (2.145)
cosh (α + j β ) l cosh (α l ) cos ( β l ) + j senh (α l ) sen ( β l )
λ
Para l = n , β l = nπ e senh ( β l ) = sen ( β l ) = 0 . Dessa forma, a Eq. (2.145) reduz-se a,
2
Zic = Z 0 tanh (α l ) .
Assumindo uma LT com baixas perdas (contudo, não nulas), isto é, α l << 1 , então:
onde Z ic é pequeno, porém não-nulo. Assim, para l = n λ 2 temos um circuito ressonante em série,
como ilustra a Figura 2.38(a), onde, na ressonância,
Zi = R .
I
I
R
R C L
L
C
Zi
Zi
(a) (b)
Figura 2.38: (a) Circuito ressonante em série; (b) circuito ressonante paralelo.
64
Z0 Z
Zic = ≅ 0. (2.147)
tanh (α l ) α l
λ
Como mostra a Eq. (2.147), para uma seção de comprimento l = ( 2n − 1) a impedância Z ic é
4
grande, porém finita, o que caracteriza um circuito ressonante em paralelo, Figura 2.38(b). Esse
circuito é, portanto, um circuito seletivo em freqüência e, sendo assim, podemos determinar seu
fator de qualidade – Q, determinando sua largura de banda de meia potência ou largura de banda.
Em um circuito ressonante paralelo a largura de banda, ∆f , é definida como:
∆f = f 2 − f1
onde,
∆f
f1 = f 0 − ,
2
∆f
f 2 = f0 + ,
2
1 1
Zic = = ,
G + j X G − j 1 − ωC (2.148)
ωL
1 2
Pav = I Re {Z ic } ,
2
e que,
65
1
Re {Zic } =
2
( Zic + Zic* ) ,
1 2G
Re {Z ic } = ,
2 G2 + X 2
2 1 2
Re {Z ic } = G Z ic = Z ic , (2.149)
R
então:
1 2 2
Pav = I Zi~c . (2.150)
2R
Assim, conforme mostra a Eq. (2.150), em um circuito paralelo potência média é diretamente
proporcional à impedância de entrada Z ic e, portanto, podemos determinar a largura de banda da
2
seção de LT diretamente da curva Z ic × f , como mostra a Figura 2.39.
2π f 2π ( f 0 + δ f )
βl = l= l.
up up
2
Zic
2
Zic max
2
Z ic max
2
∆f
f [ Hz ]
f1 f0 f2
Figura 2.39: Variação da impedância de entrada versus frequencia em um circuito ressonante paralelo.
Tomando,
66
λ
l=n , para n = 1, 3, 5, L ,
4
então,
nπ nπ δ f
βl = + , para n = 1, 3, 5, L . (2.151)
2 2 f0
2π f 0 ω0 2π δ f
Lembrando que = = = β 0 , e assumindo << 1 , temos:
u u λ f0
nπ δ f nπ δ f
cos ( β l ) = − sen ≅ − , (2.152)
2 0
f 2 f0
nπ δ f
sen ( β l ) = cos ≅ 1 . (2.153)
2 f0
j
Z ic ≅ Z 0 ,
cos ( β l ) + j tanh (α l )
j Z0
Z ic ≅ Z 0 = ,
cos ( β l ) + jα l − j cos ( β l ) + α l
Z0
Z ic = ,
nπ δ f (2.154)
αl + j
2 f0
e,
2
2 Z0
Zic = 2
.
2 nπ δ f (2.155)
(α l ) +
2 f0
2
Em f = f 0 , δ f = 0 e, portanto, Z ic max
será:
67
2
2 2 Z0
Z ic max
= Z ic = 2
.
f = f0
(α l )
Desta forma,
2
Z ic Pav 1
2
= = 2
.
Z ic max
( Pav )max nπ δ f (2.156)
1+
2α l f 0
∆f nπ δ f
Quando δ f = ± temos = 1 e, dessa forma, as freqüências f1 e f 2 são chamadas
2 2α l f 0
nπ
freqüências de meia potência. Como = β 0 , nas freqüências de meia potência podemos escrever,
2l
nπ ∆f β 0 ∆f
= = 1, para n = 1, 3, 5, L . (2.157)
2α l 2 f 0 2α f 0
Desde modo, o fator de qualidade, Q , de um circuito ressonante paralelo, de uma seção de linha de
transmissão com perdas e de comprimento múltiplo ímpar de quarto-de-onda, será:
f0 β0
Q= = . (2.158)
∆f 2α
β 0 = ω LC ,
e
1 C L
α = R +G ,
2 L C
R G
observando, ainda, que >> , temos:
L C
68
1 C GL
α= R+ ,
2 L C
1 C R G
α= L + ,
2 L L C
1 C R
α≅ R= .
2 L 2 R0
ωL
Q= . (2.159)
R
Exemplo 2.8:
O coeficiente de atenuação de uma linha coaxial, medida em 400 MHz , é 0, 01 dB/m . Determine a
o fator de qualidade, Q , e a largura de banda, ∆f , uma seção de quarto-de-onda com terminação
curto-circuitada.
Solução:
f 0 = 4 ×108 [ Hz ]
c 3 × 108
λ= = = 0, 75 [ cm ]
f 0 4 × 108
2π
β= = 8, 38 [ rad/m ]
λ
69
dB 0, 01 Np
α = 0, 01 = = 0, 0012
m 8, 69 m
β 8,38 × 8, 69
Q= = = 3641 ,
2α 2 × 0, 01
f0
∆f = = 0,11 [ MHz ] ou 110 [ kHz ]
Q
V − ( z′ )
V ( z ′ ) = V + ( z ′ ) 1 + + = V ( z ′ ) 1 + Γ ( z′ ) ,
+
V ( z′)
IL
V ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ z ′ ) + ( Z L − Z 0 ) exp ( −γ z ′ )
2
IL
V ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp (γ z′ ) 1 + Γ L exp ( −2γ z′ ) ,
2
IL
V ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ z′ ) 1 + Γ ( z′ ) , (2.160)
2
70
onde,
Γ ( z′ ) = Γ L exp ( −2γ z′ ) , (2.161)
Z L − Z0
ΓL = Γ (0) = = Γ L exp ( jθ Γ ) . (2.162a)
Z L + Z0
1 + ΓL
Z L = Z0 (2.162b)
1 − ΓL
IL
I ( z′) = ( Z L + Z 0 ) exp ( γ z′ ) 1 + Γ′ ( z′ ) , (2.163)
2Z0
onde,
Γ′ ( z ′ ) = −Γ ( z′ ) , (2.164)
IL
V ( z′) = ( Z L + R0 ) exp ( j β z′ ) 1 + Γ L exp ( − j 2β z′ ) ,
2
IL
V ( z′) =
2
{
( Z L + R0 ) exp ( j β z′ ) 1 + Γ L exp j (θ Γ − 2β z′ ) , }
ou,
IL
V ( z′ ) = ( Z L + R0 ) exp ( j β z′ ) 1 + Γ L exp ( jφ ) , (2.166)
2
e,
71
IL
I ( z′) = ( Z L + R0 ) exp ( j β z′ ) 1 − Γ L exp ( jφ ) , (2.167)
2 R0
onde,
φ = θ Γ − 2β z′ . (2.168)
IL
I ( z′ ) = Z L senh ( γ z ′ ) + Z 0 cosh ( γ z ′ ) . (2.170)
Z0
Para uma linha sem perdas, lembrando que cosh ( jθ ) = cos (θ ) , senh ( jθ ) = j sen (θ ) e
considerando VL = I L RL , temos:
VL
I ( z ′ ) = I L cos ( β z′ ) + j sen ( β z ′ ) . (2.172)
R0
2
R
V ( z′ ) = VL cos ( β z ′) + 0 sen 2 ( β z ′ ) ,
2
(2.173)
RL
2
R
I ( z′) = I L cos ( β z ′ ) + L sen 2 ( β z ′ ) .
2
(2.174)
R0
onde R0 = L C .
Analogamente ao caso das ondas planas, podemos definir a razão entres os máximos e
mínimos (tensão e/ou corrente) na linha de transmissão. Assim:
72
Vmax I 1+ Γ
S= = max = , (2.175)
Vmin I min 1 − Γ
A Tabela 2.3 apresenta, a partir das Eqs. (2.175) e (2.176), os resultados comparativos para três
cargas.
Obs.: Quando S é grande isso indica que existe um descasamento grande na carga (grande
diferença entre a impedância característica e a impedância de carga), o que é indesejável.
Tabela 2.3 – Coeficiente de reflexão e TOE para três tipo de carga em LT sem perdas.
CARGA ZL ΓL S
casada Z0 0 +1
curto 0 −1 ∞
aberto ∞ +1 ∞
Examinando as Eqs. (2.166) e (2.167), observamos que Vmax e I min ocorrem quando,
73
θ Γ − 2β zm′ = − ( 2n + 1) π , para n = 0, 1, 2, 3, L . (2.179)
As relações apresentadas nas Eqs. (2.178) e (2.179) podem ser facilmente retiradas da representação
fasorial, ilustrada na Figura 2.40 para tensão e/ou corrente na linha como função de θ Γ e z ′ .
θΓ
−2 β z ′
Vmin , I max Vmax , I min
Para uma LT sem perdas e com carga resistiva, isto é, Z 0 = R0 e Z L = RL , podemos reescrever a Eq.
(2.162), tal que:
RL − R0
ΓL = . (2.180)
RL + R0
Nesse caso, o coeficiente de reflexão é puramente real, e dois casos são possíveis:
a. RL > R0 − aqui Γ L > 0 e, portanto, θ Γ = 0 . No ponto z′ = 0 a condição (2.178) é satisfeita
74
A Figura 2.41 ilustra o padrão de onda estacionária típico para uma carga resistiva, obtido
diretamente das Eqs. (2.173) e (2.174), respectivamente. Assim, para RL > R0 ,
V ( z ′ ) para RL > R0
I ( z ′ ) para RL < R0
I ( z′ ) para RL > R0
V ( z′ ) para RL < R0
λ 3λ 4 λ 4 λ 4 0 z′
2π 3π 2 π π 2 0 β z′
Figura 2.41: Padrão de onda estacionária de tensão e corrente para uma linha sem perdas e com carga resistiva.
então,
R0 R
Vmin = VL e I max = L I L , (2.182)
RL R0
Para RL < R0 ,
O padrão de onda estacionária para uma carga em aberto é similar ao padrão para uma carga
RL > R0 , exceto pelo fato de que as curvas V ( z′ ) e I ( z ′ ) são funções senoidais da posição z′ .
75
Assim, tomando as Eqs. (2.173) e (2.174) e fazendo RL → ∞ , temos:
V ( z ′ ) = VL cos ( β z′ ) , (2.185a)
VL
I ( z′) = sen ( β z′ ) . (2.185b)
R0
De forma similar, padrão de onda estacionária para uma carga curto-circuitada, ilustrado na Figura
2.42, é similar àquele apresentado para uma carga RL < R0 , sendo as curvas V ( z ′ ) e I ( z ′ )
V ( z′ ) = I L R0 sen ( β z′ ) , (2.186a)
I ( z ′ ) = I L cos ( β z ′ ) . (2.186b)
A partir de (2.185) podemos verificar que para terminais de carga em aberto ( RL >> 1) ,
I (0) = I L .
Exemplo 2.9:
determinado a partir da medida de S ; (b) Qual a impedância da linha “vista em direção à carga”, a
uma distância z′ = λ 4 ?
Solução:
(a.1) Se RL > R0 , então θ Γ = 0 e, portanto Vmax e I min ocorrem para β z ′ = 0 , enquanto Vmin
76
V ( z ′ ) para circuito aberto
I ( z ′ ) para curto circuito
λ 3λ 4 λ 2 λ 4 0
Figura 2.42: Padrão de onda estacionária para uma LT sem perdas com terminais em curto e em aberto.
Vmax = VL e I min = I L ,
R0 RL
Vmin = VL e I max = IL .
RL R0
Assim,
Vmax I R
S= = max = L ,
Vmin I min R0
RL = SR0
R0
Vmin = VL e Vmax = VL ,
RL
RL
I max = I L e I min = IL ,
R0
e,
77
Vmax I R R0
S= = max = 0 , RL =
Vmin I min RL S
VL
V ( λ 4 ) = jI L R0 e I ( λ 4 ) = j , logo,
R0
V ( λ 4 ) I L R02 R02
Zi ( λ 4 ) = = =
I (λ 4) VL RL
R02
Zi ( λ 4 ) = .
RL
RL < R0 . Nesta seção analisaremos uma situação geral, quando a linha é terminada com uma carga
arbitrária, discutindo o que acontece na linha quando a carga não é puramente resistiva. Vamos
assumir que uma impedância de carga Z L = RL + jX L , gerando o padrão de onda estacionária
mostrado na Figura 2.42. Como podemos observar, sobre a carga, em z′ = 0 , não há máximo ou
mínimo de tensão. Considerando a característica periódica do padrão de onda estacionária, se
assumirmos que este se prolonga por uma distância lm à direita da carga, então alcançará um
mínimo de tensão, conforme ilustra a parte pontilhada do padrão de onda estacionária mostrado na
Figura 2.42, caso a carga Z L fosse substituída por uma seção de LT de comprimento lm e com
78
terminação Rm , ( Rm < R0 ). Convém observar que a distribuição de tensão na linha, à esquerda do
V ( z′ )
z′
ZL
Z 0 = R0
zm′ z′ = 0
lm
Z 0 = R0 Rm < R0
zm′ z′ = 0
λ 2
Figura 2.40: Padrão de onda estacionária de tensão para uma LT sem perdas com carga arbitrária e linha equivalente
com seção de comprimento lm e terminal resistivo.
Segundo a Eq. (2.125), a impedância de uma seção de uma LT sem perdas, de comprimento
lm , e terminada com carga Rm , será:
Rm + jR0 tan ( β lm )
Zi = Z L = R0 . (2.187)
R0 + jRm tan ( β lm )
Sabendo que
R0
Rm = , (2.188)
S
então,
1 + jS tan ( β lm )
Zi = Z L = R0 . (2.189)
S + j tan ( β lm )
79
Como,
λ
lm = − zm′ , (2.190)
2
1 − jS tan ( β zm′ )
Zi = Z L = R0 . (2.191)
S − j tan ( β zm′ )
termos da razão de onda estacionária ( S ) na linha e a distância da carga ao primeiro mínimo ( zm′ )
pode ser realizado experimentalmente. A seguir apresentamos os passos para tal procedimento:
S −1
Γ = .
S +1
θ Γ = 2 β zm′ − π .
1 + Γ exp ( jθ Γ )
Z L = RL + jX L = R0 . (2.192a)
1 − Γ exp ( jθ Γ )
1+ Γ
Z L = R0 (2.192b)
1− Γ
80
onde Γ = Γ exp ( jθΓ ) . Conforme comentado anteriormente, o valor de Rm pode ser determinado a
procedimento pode ser adotado tomando como referência o primeiro máximo de tensão ( Rm > R0 ) à
esquerda da carga. Para tanto, basta observar que, para Rm > R0 , zm′ + lm = λ 2 e Rm = SR0 .
Os resultados descritos anteriormente podem ser generalizados para uma situação arbitrária.
Para demonstrar tal propriedade, vamos considerar o circuito da Figura 2.43. A partir da Eq.
(2.125), a impedância no ponto l1 pode ser determinada, conhecendo-se a impedância no ponto l2 , o
comprimento da seção e seus parâmetros característicos (impedância característica e constante de
propagação). Portanto, para uma linha sem perdas:
Z ( l2 ) + jR0 tan β ( l1 − l2 )
Z ( l1 ) = R0 . (2.193)
R0 + jZ ( l2 ) tan β ( l1 − l2 )
Z ( l1 ) Z ( l2 )
GERADOR CARGA
( Z0 )
z ′ = l1 z ′ = l2
Z ( l1 ) + jR0 tan β ( l2 − l1 )
Z ( l2 ) = R0 . (2.194)
R0 + jZ ( l1 ) tan β ( l2 − l1 )
81
Entretanto,
tan β ( l2 − l1 ) = − tan β ( l1 − l2 ) ,
l1 − l2 = d ,
logo,
Z ( l2 ) + jR0 tan [ β d ]
Z ( l1 ) = R0 , (2.195a)
R0 + jZ ( l2 ) tan [ β d ]
Z ( l1 ) − jR0 tan [ β d ]
Z ( l2 ) = R0 . (2.195b)
R0 − jZ ( l1 ) tan [ β d ]
Exemplo 2.10:
A taxa de onda estacionária de uma LT sem perdas de 50 [ Ω] , em cujos terminais de carga está
conectada uma carga desconhecida, é igual a 3, 0 . A distância entre dos mínimos de tensão
20 cm
zm′ = 5 cm
ZL
z′ = 0
Solução:
82
S −1
(a) λ = 2 × 0, 2 = 0, 4 [ m ] , Γ = = 0,5 , θ Γ = 2β zm′ − π = −0,5π [ rad ] , logo:
S +1
1 − j 0,5
(b) Usando a Eq. (2.192) temos que: Z L = 50
1 + j 0,5
Z L = 30 − j 40 [ Ω]
lm = 0,15 [ m] .
Rm = 16,7 [ Ω]
Outra solução pode ser encontrada considerando o primeiro máximo à direita. Assim, sabendo
que zm′ + lm′ = λ 4 , então, lm , a distância da carga ao primeiro máximo à direita, será:
lm′ = 0, 05 [ m ]
Rm′ = 150 [ Ω ]
Até aqui nossa análise em regime estacionário tem considerado apenas uma das condições
de contorno para a solução geral (2.113) – (2.114), a condição de contorno da carga, VL = I L Z L ,
cuja solução fechada é apresentada nas Eqs. (2.120) – (2.121). Entretanto, a solução em regime
estacionário para tensão e corrente em uma linha de transmissão pode, também, ser apresentada a
partir de sua segunda condição de contorno, os efeitos do gerador sobre a linha de tranmissão.
83
Zg Ii
+
+ Vi
Vg ZL
−
−
Zi
Vi = Vg − I i Z g . (2.196)
IL
Vi = ( Z L + Z 0 ) exp (γ l ) 1 + Γ L exp ( −2γ l ) , (2.197a)
2
IL
Ii = ( Z L + Z 0 ) exp (γ l ) 1 − Γ L exp ( −2γ l ) (2.197b)
2Z0
IL ZV 1
( Z L + Z 0 ) exp (γ l ) = 0 g , (2.198)
2 Z g + Z 0 1 − Γ g Γ L exp ( −2γ l )
Z g − Z0
Γg = . (2.199)
Z g + Z0
84
Substituindo (2.198) nas Eqs. (2.160) e (2.163), temos,
Vg 1 − Γ L exp ( −2γ z′ )
I ( z′) = exp ( −γ z ) , (2.200b)
Z g + Z0 1 − Γ g Γ L exp ( −2γ l )
onde z = l − z ′ .
As Eqs. (2.200) são expressões fasoriais que descrevem a variação de tensão e corrente na
linha de tranmissão como função dos parâmetros do gerador e, embora não sejam expressões
simples, podem ser utilizadas para uma interpretação do fenômeno transmissão que ocorre nas
LT’s. Para tal análise tomaremos da tensão na linha, descrita pela Eq. (2.200a), como objeto de
estudo e, obviamente, a análise da corrente, através da Eq. (2.200b), é similar. Desta forma,
−1
assumindo que Γ g Γ L < 1 , podemos expandir o fator 1 − Γ g Γ L exp ( −2γ l ) em uma série
1
= 1 + Γ g Γ L exp ( −2γ l ) + Γ 2g Γ 2L exp ( −4γ l ) + L . (2.201)
1 − Γ g Γ L exp ( −2γ l )
Z 0Vg
V ( z′ ) = exp ( −γ z ) 1 + Γ L exp ( −2γ z′ ) 1 + Γ g Γ L exp ( −2γ l ) + Γ 2g Γ 2L exp ( −4γ l ) + L ,
Z g + Z0
Z 0Vg
V ( z′) =
Z g + Z0
{exp ( −γ z ) + Γ L }
exp ( −γ l ) exp ( −γ z′ ) + Γ g Γ L exp ( −2γ l ) exp ( −γ z ) + L (2.202)
A Eq. (2.202) pode ser reescrita de forma compacta, em termos das ondas propagantes na linha (nas
direções + z e − z ), como ilustra a Figura 2.45, tal que:
85
Zg
V2+
+ V1−
Vg Z0
V1+
z z′ = l − z
z=0 z =l
z′ = l z′ = 0
Figura 2.45: Circuito da linha de transmissão e as ondas propagantes.
onde,
V1+ = VM exp ( −γ z ) , (2.204a)
M
e,
Z 0Vg
VM = . (2.204d)
Z g + Z0
Exemplo 2.11:
(b) As tensões Vi e VL . (c) a taxa de onda estacionária na linha. (d) a potência média entregue à
carga.
86
Solução:
Vg = 10∠0o [ V ] , Z g = 50 [ Ω] f = 108 [ Hz ]
Z 0 = 50 [ Ω ] Z L = 35,36∠45o [ Ω] l = 3, 6 [ m]
ω 2π × 108 2π
β= = = [ rad/m ] β l = 2, 4π [ rad ]
c 3 × 108 3
Z L − Z0
ΓL = = 0, 447∠116, 6o = 0, 447∠0, 648π
Z L + Z0
2π 2
V ( z ) = 5 exp − j z + 0, 447 exp j z − 0,152 π [ V ]
3 3
Vi = V ( 0 ) = 7, 06∠ − 8, 43o [ V ] em z = 0
VL = V ( l ) = 4, 47∠ − 45,5o [ V ] em z = l
1+ Γ
(c) VSWR = = 2, 62
1− Γ
2
1 VL
(d) Pav = RL
2 ZL
2
1 4, 47
Pav = × 25 = 0, 2 [ W ]
2 35,36
Vg
VL = Vi = = 5 [V] .
2
87
Dessa forma, a potência máxima transferida à carga será:
VL2 52
Pav = = = 0, 25 [ W ] ,
2 RL 2 × 50
que é maior que a potência média calculada para uma linha descasada, pois, para uma linha de
transmissão sem perdas, com carga casada no gerador,
Pav 2
1− = Γ L , ou 1 + T = R
Pav max
Pav 2
onde T = e R = Γ L . Assim, a diferença entre a potência máxima e a potência entregue
Pav max
Pav max
− Pav = 0, 05 [ W ]
88
Normalizando a impedância de carga Z L , com relação à impedância característica Z 0 , temos:
Z L RL X
zL = = + j L = r + jx , (2.206)
Z0 Z0 Z0
zL − 1
Γ L = Γ r + jΓ i = , (2.207)
zL + 1
(1 + Γ r ) + jΓi .
zL = r + jx = (2.208)
(1 − Γ r ) − jΓi
Multiplicando (2.208) por seu complexo conjugado e separando as partes reais e imaginárias,
obtemos:
1 − Γ 2r − Γ i2
r= 2
, (2.209)
(1 − Γ r ) + Γi2
2Γ i
x= 2
. (2.210)
(1 − Γ r ) + Γi2
2 2
r 2 1
Γr − + Γi = . (2.211)
1+ r 1+ r
89
A Eq. (2.211) representa, no plano Γ r × Γ i , o lugar geométrico para r constante – circunferência de
Γi
1
r =0 r = 0, 5 r =1 r=2
Γr
−1
90
2 2
2 1 1
(2.212)
( Γ r − 1) + Γi − = .
x x
A Eq.(2.212) descreve o lugar geométrico para a reatância normalizada, x , constante, sendo uma
equação de circunferência de raio 1 x , com centro nos pontos Γ r = 1 e Γ i = 1 x . Assim, diferentes
valores da reatância normalizada x geram circunferência com diferentes raios, todas centradas em
(1,1 x ) . A família de circunferências, geradas a partir da Eq. (2.212), está ilustrada na Figura 2.47
(curva pontilhada) para alguns valores de x .
Assim, como no caso anterior, convém observar algumas características dessa família de curvas:
1. Os centros de todas as circunferências estão localizados na reta Γ r = 1 . As circunferências
associadas aos valores x > 0 (reatância indutiva) estão localizadas acima do eixo Γ r , enquanto
as circunferências associadas aos valores x < 0 (reatância capacitiva) estão localizadas abaixo
do eixo Γ r ;
91
3. As circunferências tornam-se progressivamente menores com o aumento de x ;
A carta de Smith é uma carta de impedâncias, composta pela superposição dos lugares
geométricos para r e x constantes, ilustrados individualmente nas Figuras 2.46 e 2.47,
respectivamente, para Γ ≤ 1 . A Figura 2.48 apresenta um modelo da carta elaborada por P. H.
Smith. Pode ser provado que as circunferências r e x são ortogonais entre si em qualquer ponto. A
intersecção uma circunferência r e uma circunferência x define um ponto P que representa uma
impedância normalizada z = r + jx . Como o módulo do coeficiente de reflexão é constante, em uma
LT sem perdas, este pode ser representado na carta de Smith como uma circunferência de raio
Γ = Γ L . Observe ainda que a carta possui quatro escalas (raias) externas indicando os ângulos dos
coeficientes de transmissão e reflexão (em graus), além das distâncias medidas do gerador para a
carga e da carga para o gerador (normalizadas em relação em ao comprimento de onda).
Até aqui baseamos nossa discussão e a construção da carta de Smith na definição do
coeficiente de reflexão de tensão na carga. Entretanto, sabendo que a impedância medida a uma
distância d da carga é a razão entre V ( d ) e I ( d ) , usando as Eqs. (2.166) e (2.167) para z′ = d ,
temos que:
1 + Γ exp ( − j 2 β d )
Z ( d ) = Z0 . (2.213)
1 − Γ exp ( − j 2 β d )
Z ( d ) 1 + Γ exp ( − j 2 β d )
z= = ,
Z0 1 − Γ exp ( − j 2 β d )
ou
1 + Γ exp ( jφ )
z= , (2.214)
1 − Γ exp ( jφ )
onde,
φ = θ Γ − 2β d . (2.215)
92
A Eq. (2.175) mostra a relação entre as tensões máxima e mínima em uma LT descasada, onde:
1+ Γ
S= . (2.216)
1− Γ
Fazendo φ = 0 na Eq. (2.214) e comparando com (2.216), vemos que a taxa de onda estacionária
93
Exemplo 2.12:
Use a carta de Smith para determinar a impedância de entrada de uma seção de LT sem perdas de
50 [ Ω] , de comprimento igual a um décimo de comprimento de onda curto-circuitada em seus
terminais de carga.
l
Solução: Z L = 0 [ Ω] Z 0 = 50 [ Ω ] = 0,1
λ
Marcamos na carta de Smith a interseção das curvas r = 0 e x = 0 (ponto PSC no extremo
esquerdo da carta – veja a Figura 2.49;
Percorremos, ao longo do perímetro da carta ( Γ = 1 ), a distância 0,1λ no sentido “em
Zi = Z 0 zi = 50 ( j 0, 725 ) = j 36,3 [ Ω]
2π
Z i = jZ 0 tan ( β l ) = j 50 tan 0,1λ
λ
Zi = j 50 tan ( 0, 2π ) = j36,3 [ Ω]
Exemplo 2.13:
característica 100 [ Ω ] , possui em seus terminais uma carga Z L = 260 + j180 [ Ω ] . Encontre: (a) o
94
coeficiente de reflexão de tensão na entrada; (b) a taxa de onda estacionária, (c) a impedância de
entrada, (d) a localização do(s) máximo(s) de tensão na linha.
Solução:
l
Z L = 260 + j180 [ Ω ] Z 0 = 100 [ Ω ] = 0, 434
λ
95
Com um compasso centrado no ponto O , (1, 0 ) , traçamos uma circunferência de raio
Traçamos uma linha reta OP2 , estendendo-a até o ponto P2′ , onde lemos 0, 220 na
escala “comprimentos de onda para o gerador”. O ângulo de fase do coeficiente de
reflexão pode ser lido diretamente: θ Γ ≅ 21o . Assim:
S = 4.
o ponto de entrada na LT será determinado no ponto P3′ , onde lemos 0,154 na escala
“comprimento de onda para o gerador”.
Traçamos uma reta OP3′ , e no ponto onde essa reta intercepta a circunferência de raio
Γ L = 0, 60 , marcamos o ponto P3 ;
96
Exemplo 2.14:
Solução:
a. No semi-eixo real-positivo OPOC , localizamos o ponto PM , definido por r = S = 3, 0 ,
como mostra a Figura 2.50. Assim, o segmento OPM define o módulo do coeficiente de
Como zm′ = 0, 05 / 0, 4 = 0,125 , a partir do ponto PSC , nos deslocamos 0,125 na escala
Traçamos uma reta OPL′ , que intercepta a circunferência Γ = 0,5 em PL . Este ponto
Γ = 0, 5∠ − 90o = − j 0,5 .
A impedância de carga é lida diretamente a partir do ponto PL , pois:
zL = 0, 60 − j 0,80 . Assim:
Z L = 30 − j 40 [ Ω] .
c. O comprimento de seção equivalente e assim como sua carga resistiva para que sua
impedância de entrada seja igual a Z L pode ser determinado facilmente:
λ
lm = − zm′ = 0, 2 − 0, 05 = 0,15 [ m ] ,
2
R0 50
Rm = = = 16, 7 [ Ω ] .
S 3
97
Figura 2.50: Cálculos na carta de Smith para o exemplo 2.14.
Na discussão da seção anterior, nos cálculos utilizando a carta de Smith consideramos uma
linha sem perdas. Para uma seção de linha dissipativa de baixas perdas ( α << 1 ), de comprimento
d , se o fator de atenuação 2α d não puder ser desprezado quando comparado com a unidade, o
módulo do coeficiente de reflexão no ponto qualquer z′ = d pode ser calculado diretamente da Eq.
(2.161), tal que,
Assim, a Eq. (2.214) deve ser corrigida para levar em conta as perdas na linha. isto é,
98
1 + Γ L exp ( −2α d ) exp ( − j 2 β d )
z= .
1 − Γ L exp ( −2α d ) exp ( − j 2 β d )
ou, como
onde φ é dado pela Eq. (2.215). A Eq. (2.218) mostra que para encontrar a impedância normalizada
cálculo auxiliar faz-se necessário para determinar o valor do módulo do coeficiente de reflexão no
ponto z′ = d . É fundamental observar, ainda, que na carta de Smith as distâncias são normalizadas
em função do comprimento de onda de operação λ .
Exemplo 2.15:
Solução:
a. O curto-circuito é marcado na carta no ponto PSC (ponto extremo esquerdo na carta de
Smith).
Marcamos zi1 = 0, 60 + j 3, 0 na carta de Smith, indicado pelo ponto P1 (veja Fig.
2.51);
Traçamos uma linha reta a partir do ponto O , através de P1 , até do ponto P1′ ;
1 1 1
α= ln = ln (1,124 ) = 0, 029 [ Np/m ] ;
2l 0,89 4
99
Figura 2.51: Cálculos na carta de Smith uma LT com perda – exemplo XV.
Observando que o arco PSC P1′ é igual a 0, 20 (na escala “comprimento de onda para o
0,8π 0,8π
β= = = 0, 2π [ rad/m ] .
2l 4
Traçamos uma linha reta a partir do ponto O , através de P2 , até do ponto P2′ , onde na
100
Com o auxílio de um compasso traçamos uma circunferência centrada no ponto O e
com raio OP2 ;
onda para o gerador”, até o ponto P3′ , onde lemos 0,364 + 0, 20 = 0,564 ou 0, 064 ;
Sabendo que OPi OP3 = exp ( −2α l ) = 0,89 , marcamos o ponto Pi sobre a reta OP3′ ;
Zi = 48, 0 + j 20,3 [ Ω ] .
pequeno comprimento quando comparado ao comprimento de onda (da ordem de 106 [ m ] ) e, por
este motivo, as linhas de potência são analisadas em termos de uma rede equivalente a parâmetros
concentrados.
101
Como vimos na seção 2.9.3, um método simples para o casamento de uma carga resistiva
Z L = RL com uma LT sem perdas de característica Z 0 é a inserção de um transformador de quarto-
λ
4
Z0 Z 0′ ZL
Zi
Zi
(Z′ )
= 0 ,
ZL
Z 0′ = Z i Z L ,
e, sendo
Zi = Z 0 ,
Z 0′ = R0′ ,
então:
R0′ = R0 RL . (2.219)
Exemplo 2.16:
102
Solução: RL1 = 64 [ Ω] RL 2 = 25 [ Ω] R0 = 50 [ Ω]
λ 4
RL1 = 64 [ Ω ]
′
R02
R0 = 50 [ Ω ]
′
R01
RL 2 = 25 [ Ω ]
λ 4
Zi
′ = Ri 2 RL 2 = 100 × 25 = 50 [ Ω ] .
R02
de ondas estacionárias nas duas seções de linhas são calculadas como segue.
Seção 1:
′
RL1 − R01 64 − 80
Γ1 = = = −0,11 ,
RL1 + R01 64 + 80
′
1 + Γ1 1 + 0,11
S1 = = = 1, 25 .
1 − Γ1 1 − 0,11
Seção 2:
103
′
RL 2 − R02 25 − 50
Γ2 = = = −0,33 ,
′
RL 2 + R02 25 + 50
1 + Γ 2 1 + 0,33
S2 = = = 1, 99 .
1 − Γ 2 1 − 0,33
d
a
yi yB yL
R0 ZL
yS
b
R0
104
1
Yi = Y0 = . (2.220b)
R0
Em termos de admitâncias normalizadas, a Eq. (2.220a), combinada com (2.220b), pode ser escrita
como:
1 = y B + yS , (2.221)
yB = 1 + jbB , (2.222)
e,
yS = − jbB , (2.223)
onde bB pode ser positivo ou negativo. Nosso objetivo é, então, encontrar o comprimento d tal que
1. Localizar yL na carta;
2. Caminhar na carta em direção ao gerador até interceptar, em dois pontos, a circunferência
g B = 1 . Nesses pontos yB1 = 1 + jbB1 e yB 2 = 1 + jbB 2 – ambas são soluções possíveis;
respectivos comprimentos l1 e l2 .
105
Exemplo 2.17:
Solução: Dados:
R0 = 50 [ Ω] ,
Z L = 35 − j 47,5 [ Ω] ,
zL = 0, 70 − j 0,95 .
Figura 2.54: Cálculos na carta de Smith para casamento com toco simples – exemplo 2.17.
106
Marcamos zL na carga se Smith, indicado pelo ponto P1 na Figura 2.54;
Traçamos uma linha reta a partir do ponto P1 , passando pelo ponto O , até o ponto
intersecta o círculo g = 1 :
Em P3 : yB1 = 1 + j1, 2 = 1 + jbB1 ,
107
prática, uma vez que a conexão LT/toco pode ocorrer em um ponto indesejável do ponto de vista
mecânico. Além disso, é muito difícil construir uma linha com comprimento variável e impedância
característica constante. Em tais casos uma técnica alternativa pode ser usada, utilizando dois tocos
curto-circuitados conectados à linha principal em posições fixas, como ilustrado na Figura 2.53,
onde a distancia d 0 é fixa e escolhida arbitrariamente ( λ 16 , λ 8 , 3λ 16 , 3λ 8 , etc.) e os
comprimentos dos dois tocos ( l A , lB ) são ajustados para casar uma determinada impedância de
carga Z L com a linha principal. Esta técnica é conhecida como método do toco-duplo (double-stub
method) para casamento de impedância.
No arranjo mostrado na Figura 2.55 o toco de comprimento l A está conectado diretamente
d0
B A
yi yB yA ySA
R0 ySB ZL
B′ A′
R0 R0
lB lA
1
Yi = Y0 = = YB + YSB . (2.224)
R0
108
1 = yB + ySB . (2.225)
yB = 1 + jbB , (2.226)
e
ySB = − jbB , (2.227)
Convém observar que tais exigências são as mesmas para o casamento com toco-simples.
Na carta de Smith de admitância, o ponto representando yB deve estar contido na
carga”, isto é, o ponto representando y A , nos terminais A − A′ , deve estar contido na circunferência
ySA de um toco curto-circuitado é puramente imaginária, a parte real de y A deve ter apenas a
onde y A = g L + jbA ;
representando y A e yL ;
109
7. Determinar o comprimento lB do toco conectado nos terminais B − B′ a partir da distância
Exemplo 2.18:
Z L = 80 + j80 [ Ω] . Um sintonizador com toco-duplo espaçado por λ 8 é usado para casar a carga
à linha, como mostra a Figura 2.55. Determinar os comprimentos dos tocos curto-circuitados.
Solução: Dados:
R0 = 50 [ Ω] ,
Z L = 60 + j80 [ Ω] ,
yL = 0,30 − j 0, 40 .
A partir desses dados seguiremos os procedimentos descritos anteriormente, usando a
carta de Smith como uma carta de admitância.
Traçamos a circunferência g = 1 (veja Figura 2.56);
Em PA1 lemos: y A1 = 0, 30 + j 0, 29 ,
Em PB 2 lemos: yB 2 = 1 − j 3,5 .
110
( ySA )1 = y A1 − yL = j 0, 69 , l A1 = ( 0, 096 + 0, 250 ) λ = 0,346λ (ponto A1 ),
Figura 2.56: Construção do casamento de impedância por toco-duplo usando carta de Smith.
Um exame da construção da solução pela carta de Smith, ilustrado na Figura 2.56, mostra que se o
ponto PL (representando a impedância normalizada yL = g L + jbL ) estiver contido na circunferência
111
g = 2 (se g L > 2 ), então a circunferência g = g L não intersecta a circunferência rotacionada g = 1
e não existe solução para toco-duplo espaçado de d 0 = λ 8 . A região onde não há solução possível
varia com a escolha da distância d 0 entre os tocos. Em tais casos, o casamento de impedância pela
técnica de toco-duplo pode ser obtido inserindo uma seção de linha entre a carga Z L e os termanais
A − A′ , como ilustra a Figura 2.57.
d0 dL
B A
R0 ZL
B′ A′
R0 R0
lB lA
Figura 2.57: Casamento de impedância com toco-duplo adicionando uma linha seção de linha entre a carga e os
terminais A − A′ .
112
Apêndice A – Coeficiente de Reflexão de Corrente
O coeficiente de reflexão de corrente ( Γc ) ao longo da linha de transmissão pode ser
t I ( z − t u)
−
Γc z − = + . (A.01)
u I ( z − t u)
t V+ + V− I+ − I−
Z z − = + − = R0 + − , (A.02)
u I +I I +I
Assim,
Z I + − I−
= + 1−1 ,
R0 I + + I −
Z 2 I+
= + − −1,
R0 I + I
Z 2
= −1.
(A.03)
R0 1 + I −
( I) +
Z 2
+1 = ,
R0 1 + Γc
e, assim,
2
Γc = −1 ,
Z + R0
R0
2 R0
Γc = −1,
Z + R0
2 R0 − Z − R0
Γc = ,
Z + R0
113
t Z ( z − t u ) − R0
Γc z − = − . (A.04)
u Z ( z − t u ) + R0
t t
Γ z − = −Γ c z − . (A.05)
u u
114