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12F - Manual

Este documento apresenta o índice de um livro de Física do 12o ano. O índice inclui tópicos sobre mecânica, campos de forças, e física moderna. A mecânica aborda cinemática, dinâmica, colisões, fluidos e sistemas de partículas. Os campos de forças discutem os campos gravitacional, elétrico e magnético. A física moderna introduz tópicos sobre física quântica, núcleos atómicos e radioatividade

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12F - Manual

Este documento apresenta o índice de um livro de Física do 12o ano. O índice inclui tópicos sobre mecânica, campos de forças, e física moderna. A mecânica aborda cinemática, dinâmica, colisões, fluidos e sistemas de partículas. Os campos de forças discutem os campos gravitacional, elétrico e magnético. A física moderna introduz tópicos sobre física quântica, núcleos atómicos e radioatividade

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Graça Ventura

Manuel Fiolhais
Carlos Fiolhais
José António Paixão
Rogério Nogueira 12.º ano
Carlos Portela Física
2 2

Graça Ventura • Manuel Fiolhais • Carlos Fiolhais


José António Paixão • Rogério Nogueira • Carlos Portela
ÍNDICE

1
1.2.4 Lei da Conservação do Momento
Linear. Colisões 88
Resumo 95

AL 1.3 Colisões 96
MECÂNICA + Questões 98

1.1 Cinemática e dinâmica da 1.3 Fluidos


partícula a duas dimensões 1.3.1 Fluidos, massa volúmica,
densidade relativa e pressão 107
1.1.1 Posição, equações paramétricas
do movimento e trajetória 8 1.3.2 Forças de pressão em fluidos 112
1.1.2 Deslocamento, velocidade média, 1.3.3 Lei Fundamental da Hidrostática 113
velocidade e aceleração 13 1.3.4 Lei de Pascal 118
1.1.3 Componentes tangencial e normal 1.3.5 Impulsão e Lei de Arquimedes;
da aceleração 19 equilíbrio de corpos flutuantes 121
1.1.4 Segunda Lei de Newton 1.3.6 Movimento de corpos em fluidos;
em referenciais fixos e ligados viscosidade 124
à partícula 25
Resumo 126
1.1.5 Movimentos sob a ação de uma
força resultante constante 27 AL 1.4 Coeficiente de viscosidade
1.1.6 Movimentos de corpos sujeitos de um líquido 127
a ligações 36
+ Questões 129
1.1.7 Forças de atrito entre sólidos 46
1.1.8 Dinâmica da partícula

2
e considerações energéticas 53

Resumo 57

AL 1.1 Lançamento horizontal 59


CAMPOS
AL 1.2 Atrito estático e atrito cinético 61
+ Questões 64
DE FORÇAS

1.2 Centro de massa 2.1 Campo gravítico


2.1.1 Leis de Kepler 139
e momento linear 2.1.2 Lei de Newton da Gravitação
de sistemas de partículas Universal 141
1.2.1 Centro de massa de um sistema 2.1.3 Campo gravítico 145
de partículas 79 2.1.4 Energia potencial gravítica;
1.2.2 Velocidade e aceleração do centro conservação da energia no campo
de massa. Segunda Lei de Newton gravítico 148
para um sistema de partículas 82
Resumo 152
1.2.3 Momento linear e Segunda Lei
de Newton 85 + Questões 153
2.2 Campo elétrico
3 FÍSICA
MODERNA
3.1 Introdução à física quântica
2.2.1 Interações entre cargas 3.1.1 Emissão e absorção de radiação:
elétricas e Lei de Coulomb 159 Lei de Stefan-Boltzman
2.2.2 Campo elétrico 162 e deslocamento de Wien 227
2.2.3 Condutor em equilíbrio eletrostático. 3.1.2 A quantização da energia segundo
Campo elétrico à superfície Planck 231
e no interior de um condutor 3.1.3 Efeito fotoelétrico e teoria
em equilíbrio eletrostático. dos fotões de Einstein 232
Efeito das pontas 167 3.1.4 Dualidade onda-corpúsculo para
2.2.4 Energia potencial elétrica. a luz 238
Potencial elétrico e superfícies
equipotenciais 171 Resumo 239
2.2.5 Condensadores. Descarga de um + Questões 240
condensador num circuito RC 179

Resumo 183 3.2 Núcleos atómicos


AL 2.1 Campo elétrico e superfícies e radioatividade
equipotenciais 185 3.2.1 Energia de ligação nuclear
e estabilidade dos núcleos 247
AL 2.2 Construção de um relógio
logarítmico 187 3.2.2 Processos de estabilização dos
núcleos: decaimento radioativo.
+ Questões 189 Propriedades das emissões
radioativas α, β e γ 251
3.2.3 Reações de fissão nuclear
2.3 Ação de campos e de fusão nuclear 256
3.2.4 Lei do Decaimento Radioativo;
magnéticos sobre cargas atividade de uma amostra
e correntes elétricas radioativa; período de
semidesintegração 259
2.3.1 Ação de campos magnéticos
3.2.5 Radioatividade: efeitos biológicos,
sobre cargas em movimento 199
aplicações e detetores 261
2.3.2 Ação simultânea de campos
magnéticos e elétricos Resumo 263
sobre cargas em movimento 206 + Questões 264
2.3.3 Ação de campos magnéticos
sobre correntes elétricas 212
Anexos 268
Resumo 215
Respostas 279
+ Questões 216 Índice remissivo 303
1
MECÂNICA
O
FASCINANTE
DA
MUNDO
MECÂNICA
No estudo dos movimentos, que foi feito nos 10.o e 11.o anos, ficou
clara a relevância da mecânica no desenvolvimento da ciência. Foi com
o estudo dos movimentos, primeiro por Galileu e depois por Newton, que
Fig. 1 Nos Principia, Isaac Newton estabeleceu a física ficou estabelecida como uma disciplina científica no século XVII,
as bases da mecânica.
sobretudo depois da publicação dos Principia de Isaac Newton. As leis da
física descreviam numerosos fenómenos naturais, em particular os mo-
vimentos de corpos, por equações matemáticas. Este conhecimento da
Natureza, que permite efetuar previsões, revelou-se determinante para
o progresso das sociedades.

No 12.o ano vamos aprofundar o estudo da mecânica, designadamen-


te estudando movimentos de uma partícula num espaço a duas dimen-
sões e também movimentos de sistemas de partículas. Se conhecermos
as forças que atuam sobre uma partícula, ou sobre um sistema de partí-
culas, e soubermos a sua posição e a sua velocidade num dado instante,
poderemos, aplicando as leis de Newton, conhecer essas grandezas em
qualquer outro instante. Um dos exemplos onde esse conhecimento in-
teressa ocorre no desporto de alta competição: no atletismo, na natação,
no futebol, no ténis, etc. A melhoria de um recorde ou a vitória num tor-
neio podem ser ajudadas com a análise minuciosa dos movimentos dos
Fig. 2 A mecânica é importante na melhoria atletas e da bola, que se pode fazer a partir de registos vídeo.
dos resultados desportivos.
Estudaremos, em particular, movimentos realizados em fluidos. No
nosso planeta, todos as pessoas e veículos se movem no seio de fluidos.
É o caso do atletismo e da natação, pois os atletas correm atravessan-
do o ar e os nadadores competem atravessando a água. E é também
o caso de veículos motorizados que se movem na terra, na água ou no
ar, como automóveis, comboios, navios, submarinos e aviões. O ar e a
água oferecem resistência ao movimento, sendo a diminuição dessa re-
sistência crucial não só para ir mais rápido mas também para poupar no
combustível. Nos navios e submarinos é a água que fornece a impulsão,
força que contraria o peso. E, nos aviões, é o ar que permite que o veículo
permaneça suspenso, fornecendo a chamada força de sustentação, que
também contraria o peso.

Em suma, os conhecimentos da mecânica têm permitido e vão de-


Fig. 3 O peso de um icebergue é equilibrado certo continuar a permitir desenvolvimentos tecnológicos que ajudam o
pela impulsão que a água exerce sobre ele.
ser humano.

6
1.1 CINEMÁTICA E DINÂMICA
DA PARTÍCULA A DUAS
DIMENSÕES

1.1.1 Posição, equações 1.1.5 Movimentos sob a ação


paramétricas do movimento de uma força resultante
e trajetória constante
1.1.2 Deslocamento, velocidade 1.1.6 Movimentos de corpos sujeitos
média, velocidade a ligações
e aceleração 1.1.7 Forças de atrito entre sólidos
1.1.3 Componentes tangencial 1.1.8 Dinâmica da partícula
e normal da aceleração e considerações energéticas
1.1.4 Segunda Lei de Newton AL 1.1 Lançamento horizontal
em referenciais fixos AL 1.2 Atrito estático e atrito cinético
e ligados à partícula
1. MECÂNICA

No nosso dia a dia vemos movimentos por todo o lado. Por isso é importante
analisá-los, sendo a cinemática o domínio da mecânica que os estuda sem se
preocupar com as causas que os originam ou que os alteram.
Como já sabemos, são as interações entre os corpos, descritas por forças,
que permitem explicar a origem e as alterações dos movimentos. A parte da
mecânica que estuda a relação entre as forças que atuam num corpo e as carac-
terísticas do seu movimento é a dinâmica.
Tal como no 11.o ano, analisaremos movimentos de corpos que se possam
reduzir ao seu centro de massa (ou seja, a uma partícula) usando grandezas
cinemáticas como a posição, o deslocamento, a velocidade e a aceleração.

1.1.1 Posição, equações paramétricas


do movimento e trajetória

A trajetória do centro de massa de um corpo pode ser retilínea ou curvilínea.


Vimos no 11.o ano que, se a trajetória for retilínea, bastará um único eixo carte-
siano para descrever o movimento. Generalizamos agora essa descrição para
movimentos curvilíneos no plano (movimentos a duas dimensões, cuja descri-
ção requer dois eixos) e no espaço (movimentos a três dimensões, cuja descri-
ção requer três eixos).

A posição de uma partícula depende do referencial no qual o movimento é


0 P
r descrito, e pode ser representada por um vetor, de símbolo r», que tem a sua ori-
ex x
x gem na origem do referencial e a sua extremidade sobre a partícula.
r = x ex
Num movimento retilíneo, como o de um carrinho que desliza numa calha e
Fig. 1 Movimento retilíneo de um carrinho
e vetor posição do seu centro de massa, r», que, num dado instante, está num ponto P de coordenada x (Fig. 1), a posição do
definido por uma só coordenada cartesiana, centro de massa pode escrever-se como r» = x e»x, sendo e»x o vetor unitário cuja
x, e pelo vetor unitário e»x .
direção é a do eixo dos xx, apontando no sentido positivo desse eixo.

8
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Se o movimento for curvilíneo como, por exemplo, o do centro de massa de um


carrinho numa pista (Fig. 2), para descrever a sua posição serão necessárias duas
coordenadas, x e y, ou seja, um referencial cartesiano com dois eixos. Definem-se
os vetores unitários, e»x e e»y , que apontam nos sentidos positivos dos eixos dos xx
e dos yy, respetivamente, decompondo-se o vetor r» nestes eixos: r» = x e»x + y e»y.

y
r
ey Fig. 2 Movimento curvilíneo descrito pelo
0 ex x x centro de massa de um carrinho numa
pista e respetivo vetor posição, r», definido
por duas coordenadas cartesianas, x e y,
r» = x e»x + y e»y e pelos dois vetores unitários e»x e e»y .

Um movimento mais complexo é o movimento curvilíneo a três dimensões,


como o do centro de massa de um drone como o da Fig. 3, em que já são neces-
sárias três coordenadas, x, y e z, para o descrever, sendo o vetor posição dado
por r» = x e»x + y e»y + z e»z .

Fig. 3 Movimento curvilíneo descrito pelo


z r
centro de massa de um drone e vetor
posição, r», definido por três coordenadas
y
cartesianas, x, y e z, e pelos vetores
x unitários e»x , e»y e e»z .
0

Num movimento, o vetor posição varia ao longo do tempo. A Fig. 4 mostra


a trajetória curvilínea de uma partícula e a sua posição em intervalos de tem-
po iguais – a chamada representação estroboscópica do movimento – assim
como os respetivos vetores posição.

r r r
r
r
Fig. 4 Representação estroboscópica
r
do movimento de uma partícula com trajetória
r curvilínea: os vetores posição são representados
a intervalos de tempo iguais.
x

A variação do vetor posição r» traduz-se na variação das coordenadas x, y e z,


da posição da partícula. Por isso, o vetor posição é função do tempo, r» = r»(t), e as
suas coordenadas são funções do tempo:

x = x(t), y = y(t), z = z(t)

9
1. MECÂNICA

Estas três equações, que indicam a variação de cada coordenada com o


tempo, são designadas por equações escalares ou paramétricas do movi-
mento (escalares porque representam componentes escalares das proje-
ções do vetor posição e paramétricas porque as coordenadas dependem do
parâmetro tempo, t).

A posição da partícula ao longo do tempo, também designada por lei do mo-


vimento, pode então ser representada por

r»(t ) = x (t ) e»x + y (t ) e»y + z(t ) e»z

A posição, como qualquer grandeza vetorial, pode ser indicada pela respetiva
expressão vetorial, r»(t), ou pelas projeções escalares das componentes do vetor
(x, y e z).

O módulo ou norma de um vetor escreve-se 兩r»兩 ou, simplesmente, r (em ma-


temática, a norma de um vetor representa-se por 兩兩r»兩兩).

Podemos resumir as características do vetor posição:

Posição, r»

• Vetor com origem na origem do referencial e extremidade na partícula;


depende do referencial em que é definido.
• A sua expressão vetorial (designada por lei do movimento) é dada por:
r»(t ) = x (t ) e»x num movimento retilíneo;
r»(t ) = x (t ) e»x + y (t ) e»y num movimento curvilíneo no plano;
r» = x (t ) e»x+ y (t ) e»y + z(t ) e»z num movimento curvilíneo no espaço.
• As suas projeções escalares, x, y e z, podem variar ao longo do tempo,
tomando valores positivos, negativos ou nulos, sendo as funções
x = x (t ), y = y (t ), z = z(t )
designadas por equações paramétricas do movimento.
• O seu módulo (positivo) é dado por

r = 兩r»兩 = 3x 2 + y 2 + z 2
e indica a distância da partícula à origem do referencial (este módulo não é
Movimento curvilíneo: pode ser descrito suficiente para definir a posição, pois vetores diferentes podem ter o mesmo
como a composição de movimentos módulo).
retilíneos.

Qualquer movimento curvilíneo pode ser descrito como a composição de


movimentos retilíneos em dois eixos (movimento num plano) ou em três eixos
(movimento no espaço).

Exemplifiquemos com o movimento do centro de massa de uma bola lançada


horizontalmente em queda livre, como se representa na Fig. 5. Este movimento
Fig. 5 Lançamento horizontal de uma bola curvilíneo, que se realiza num plano, pode ser visto como a composição de um mo-
do cimo de uma mesa.
vimento segundo um eixo horizontal e um movimento segundo um eixo vertical.

10
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

A representação estroboscópica no gráfico y(x) permite decompor o movi-


mento nos dois eixos e caracterizar o movimento em cada eixo como uniforme,
acelerado ou retardado, comparando as distâncias percorridas entre posições
sucessivas em intervalos de tempo iguais. Os movimentos em cada eixo são des-
critos pelas respetivas equações paramétricas, sendo possível representá-los
em gráficos posição-tempo (Fig. 6).

Lançamento horizontal: movimento curvilíneo num plano


Representação
estroboscópica do Movimento
movimento e sua Movimento uniforme
uniformemente acelerado
decomposição em dois no eixo horizontal:
no eixo vertical:
movimentos: um no eixo x(t) = x0 + vt 1
horizontal e outro no eixo y(t) = y0 + v0t + at2
2
vertical

Gráfico y(x) Gráfico x(t) Gráfico y(t)


y
x y

Fig. 6 Um lançamento horizontal


de um corpo pode ser descrito como
a composição de um movimento uniforme
na direção horizontal e um movimento
uniformemente acelerado na direção
x t t vertical.

No exemplo anterior distingue-se o gráfico da trajetória, y(x), onde se repre-


senta a partícula sobre a trajetória, dos gráficos posição-tempo, x(t) e y(t), que
representam a variação das coordenadas x e y no tempo e onde não tem signifi-
cado representar a partícula.

A forma das equações paramétricas dos movimentos retilíneos em cada eixo


permite a sua caracterização, como se exemplifica na Fig. 7.

Equações paramétricas: equações do movimento retilíneo ao longo de um eixo


Movimento uniforme A coordenada de posição é uma função polinomial
(aceleração nula) do 1.o grau em t. Exemplo: x(t) = 5 – 10t.

Movimento uniformemente A coordenada de posição é uma função polinomial


variado (aceleração constante) do 2.o grau em t. Exemplo: y(t) = –2 + 10t – 5t2.

Fig. 7 Caracterização dos movimentos


Movimento variado A coordenada de posição é uma função polinomial
conforme a forma das equações
(aceleração variável) de grau superior a 2 em t. Exemplo: x(t) = 2 – 10t3. paramétricas.

A equação da trajetória de uma partícula obtém-se a partir das equações Equação da trajetória: obtém-se
paramétricas do movimento por eliminação do parâmetro t. a partir das equações paramétricas
por eliminação da variável tempo, t.
No exemplo da Fig. 6, se as equações paramétricas forem x(t) = 10t e
y(t) = 5 – 5t2, extraindo o parâmetro t na equação x(t) e substituindo-o na equa-
2

冢 冣
ção y(t) obter-se-á y = 5 – 5 x , o que indica que a trajetória é uma parábola.
10

11
1. MECÂNICA

O resultado anterior é geral: se as equações paramétricas de um movimento


forem uma do primeiro grau em t e outra do segundo grau em t, a trajetória será
uma parábola.

Questão resolvida 1

y y

r»c
rr

x x

15 cm 20 cm 15 cm

A figura mostra um modelo de uma pista de comboios, a) Pela figura, observa-se que o ângulo que o vetor r»r faz
uma locomotiva e nos centros dos troços circulares com o eixo dos xx é 45o. Como o raio da trajetória semi-
dois bonecos: um cavalo e um rapaz. No instante da circular é 0,15 m, no referencial com origem no rapaz as
fotografia, o centro de massa da locomotiva tinha aca- coordenadas são iguais:
bado de descrever um quarto do semicírculo. Conside- y = x = 0,15 cos 45o + 0,11 m
re dois referenciais com origens no cavalo e no rapaz; As coordenadas nos eixos dos yy são iguais em ambos os
referenciais. Então:
eixo dos xx com direção da linha que une o cavalo e o
r»r = 0,11 e»x + 0,11 e»y
rapaz, com sentidos positivos do cavalo para o rapaz;
e
eixos dos yy perpendiculares aos eixos dos xx no plano
r»c = (0,11 + 0,20) e»x + 0,11 e»y = 0,31 e»x + 0,11 e»y
da pista e com sentido para cima.
b) Para obter a equação da trajetória deve extrair-se o
a) Para o instante da figura, escreva as expressões tempo, t, das equações. Como neste caso as equações
cartesianas dos vetores posição do centro de massa paramétricas têm cossenos e senos, é conveniente
da locomotiva em cada um dos referenciais. recordar que 1 = sin2 θ + cos2 θ.
Modificando as expressões das coordenadas paramétri-
b) Considerando o referencial com origem no cavalo,
cas, obtém-se:
durante um certo intervalo de tempo as equações
y 0,20 – y
paramétricas do movimento do centro de massa da = cos 2t e = sin 2t
0,15 0,15
locomotiva são: 2 2

冢 冣 冢 冣
x 0,15 – y
logo, = cos2 2t e = sin2 2t
x = 0,20 + 0,15 sin 2t e y = 0,15 cos 2t 0,15 0,15
ou
Encontre a equação da trajetória para este intervalo
2 2
de tempo.
冢 冣 冢 冣 ⇔ 0,15
0,20 – y x 2
1= + = (0,20 – y)2 + x2
0,15 0,15

Questão resolvida 2 Ver Anexo 1, página 268

QUESTÕES p. 64

12
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

1.1.2 Deslocamento, velocidade média,


velocidade e aceleração

O deslocamento de uma partícula, simbolizado por Δr», descreve a variação Deslocamento, Δr» : vetor com origem
da sua posição num dado intervalo de tempo. Se ela se mover de uma posição A na posição inicial e extremidade
na posição final da partícula.
para uma posição B, o deslocamento será um vetor com origem em A e extremi-
Tem-se s = |Δr»| apenas se o movimento
dade em B (Fig. 8). Se traçarmos os vetores posição de A, r»A, e de B, r»B, a regra da
for retilíneo e sem inversão de sentido.
soma de vetores permitirá escrever r»B = r»A + Δr», que é equivalente a:

⌬r» = r»B – r»A


A Fig. 8 mostra que o módulo deste vetor, 兩Δr»兩, não é igual à distância per-
corrida sobre a trajetória, s, entre A e B, dada pelo comprimento do arco AB. Só
quando a trajetória é retilínea e não há inversão de sentido do movimento é que
o módulo do deslocamento coincide com a distância percorrida.

y A
s

∆r Fig. 8 Trajetória de uma partícula


rA B
e vetores posição, r»A e r»B , vetor
rB deslocamento, Δr», e distância percorrida
sobre a trajetória, s.
x

A velocidade média de uma partícula, v»m , é o quociente entre o seu desloca- Velocidade média, v»m: indica a rapidez
com que uma partícula muda de posição
mento entre duas posições e o correspondente intervalo de tempo:
num dado intervalo de tempo. Tem
a direção e o sentido do deslocamento.
⌬r»
v»m =
⌬t
Esta grandeza indica se a partícula muda mais ou menos rapidamente de
posição num dado intervalo de tempo. Como Δt tem sempre um valor positivo, a
direção e o sentido da velocidade média são as do vetor deslocamento.

Como se obtém a velocidade num dado instante? Imaginemos o ponto B da


Fig. 9 cada vez mais próximo do ponto A.

y A ∆r B

∆r B
rA Fig. 9 O deslocamento Δr» torna-se cada
rB ∆r vez menor à medida que B se aproxima
B de A e apoia-se numa reta secante
à trajetória. Quando B se aproxima muito
de A, Δr» tende a ficar sobre a reta
tangente à trajetória em A.
x

13
1. MECÂNICA

O deslocamento Δr» = r»B – r»A é cada vez menor, assim como o intervalo de
tempo Δt = tB – tA. Quando o ponto B se aproxima tanto de A que praticamente
coincide com ele, ou seja, quando o intervalo de tempo, Δt, é praticamente zero
(o que se exprime matematicamente por Δt " 0) a velocidade média dá lugar à
velocidade instantânea ou, simplesmente, velocidade.

Velocidade, v»: é a derivada temporal A velocidade exprime-se matematicamente por


do vetor posição. O seu módulo indica
Δr»
a rapidez da partícula num dado instante. v» = lim
Δt " 0 Δt
É um vetor tangente à trajetória,
em cada ponto. que é equivalente a

dr»
v» =
dt
Ou seja, a velocidade é a derivada temporal do vetor posição (a derivada de
df
uma função f(t), em ordem à variável t, representa-se por f’(t) ou por ).
dt
Na Fig. 9 (página 13) verifica-se que os vetores deslocamento se apoiam em
retas secantes à curva. Mas, quando B está muito próximo de A, essas retas
secantes tendem para a reta tangente à curva em A. Por isso a velocidade é um
vetor tangente à trajetória (Fig. 10), que aponta no sentido em que a partícula se
move. O módulo da velocidade, v = 兩v»兩, indica a rapidez da partícula.

y
A v

Fig. 10 O vetor velocidade é tangente


à trajetória, em cada ponto.
x

Atendendo às regras de derivação da soma e do produto, e uma vez que os


vetores unitários e»x , e»y e e»z são constantes no tempo, a derivada da posição
num referencial cartesiano, r»(t) = x(t) e»x + y(t) e»y + z(t) e»z , é dada por

dr» dx dy dz
v» = = e» + e» + e»
dt dt x dt y dt z
df
f (t) = k =0 Por isso, a velocidade é uma função do tempo e escreve-se na forma
dt

df v»(t) = vx e»x + vy e»y + vz e»z


f (t) = kt =k
dt com as componentes escalares da velocidade dadas por
df
f(t) = kt2 = 2kt
dt dx dy dz
vx = vy = vz =
f(t) = kt n
df
= nkt n – 1 dt dt dt
dt

Tab.1 Derivadas de funções polinomiais.


A Tab. 1 indica derivadas de funções polinomiais.

14
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Questão resolvida 3

O movimento de um inseto é descrito pelas seguintes a) Qual é a velocidade média no terceiro segundo de
equações paramétricas: movimento?

x = 2t3 – 5t2 + 1, y = –t2 + 3t + 2 e z = 2t (SI) b) Qual é o módulo da velocidade no instante t = 1 s?

c) Em que instante o inseto varia de posição mais rapida-


mente, em t = 1 s ou em t = 2 s? Justifique.

Δr»
a) A velocidade média é v»m = . O terceiro segundo de No instante t = 1 s, as componentes escalares da velo-
Δt
movimento corresponde ao intervalo [2, 3] s e, por isso, cidade tomam os valores: vx = −4 m s–1, vy = 1 m s–1 e
Δr» = r»(3) – r»(2). vz = 2 m s–1 e o seu módulo é
Ora r»(3) = 10 e»x + 2 e»y + 6 e»z (m) e r»(2) = –3 e»x + 4 e»y + 4 e»z (m) v = √(–4)2 + 12 + 22 = 4,6 m s−1
Logo, Δr» = r»(3) – r»(2) = 13 e»x – 2 e»y + 2 e»z (m)
c) No instante em que for maior a velocidade instantânea.
A velocidade média é o quociente deste deslocamento
Em t = 2 s, as suas componentes escalares tomam os
pelo intervalo de tempo, que é 1 s.
valores:
Logo, v»m = 13 e»x – 2 e»y + 2 e»z (m s−1), sendo o seu módulo
vx = 4 m s−1, vy = −1 m s−1 e vz = 2 m s−1
igual a 13,3 m s−1.
dx dy dz O módulo é v = √42 + (–12) + 22 = 4,6 m s−1.
b) Como vx = , v = e vz = , aplicando as regras de
dt y dt dt
Como o módulo da velocidade neste instante é o mesmo
derivação obtém-se
que no instante anterior, a posição do inseto está a variar
vx = 6t2 – 10 t (m s−1), vy = –2t + 3 (m s−1) e vz = 2 m s−1 com igual rapidez nos dois instantes.

A variação da velocidade é descrita pela grandeza aceleração.

A aceleração média num dado intervalo de tempo é o quociente entre a Aceleração média, a»m: indica
variação de velocidade e o respetivo intervalo de tempo: a rapidez com que uma partícula muda
de velocidade num dado intervalo
de tempo.
⌬v»
a»m =
⌬t

O vetor Δv» entre duas posições A e B pode ser obtido geometricamente por
uma soma de vetores (Fig. 11), pois Δv» = v»B – v»A = v»B + (–v»A).

y
vB
B −vA

∆v vB

Fig. 11 A aceleração média tem a direção


A x e sentido da variação de velocidade
vA Δv» = v»B – v»A

15
1. MECÂNICA

A direção e o sentido de a»m são os mesmos que os de Δv», pois Δt é sempre


positivo. Repare-se que Δv» e, consequentemente, a»m apontam para o interior da
curva descrita pela partícula.

Aceleração, a»: é a derivada temporal Para conhecer a aceleração num dado instante, procedemos como fizemos
do vetor velocidade. na determinação da velocidade instantânea: partimos da definição de acelera-
Indica a rapidez com que a partícula muda
ção média e consideramos o ponto B tão próximo quanto possível de A (Fig. 11,
de velocidade num dado instante.
É um vetor que aponta sempre para página 15), isto é, Δt " 0. A aceleração instantânea ou, simplesmente, acele-
o interior da curva descrita. ração, é expressa por
Δv»
a» = lim
Δt " 0 Δt
ou

dv»
a» =
dt

que é a derivada temporal da velocidade.

A aceleração, que é uma função do tempo, vem dada por:

a»(t) = ax e»x + ay e»y + az e»z

sendo:

dvx dvy dvz


ax = ay = az =
dt dt dt

Como a aceleração média aponta para o interior da trajetória curvilínea,


também a aceleração aponta sempre para dentro dessa trajetória. No caso das
trajetórias retilíneas, a aceleração tem sempre a direção da velocidade, que é
também a direção da trajetória.

Na Fig. 12 mostram-se, numa representação estroboscópica, os vetores ace-


leração e velocidade do centro de massa de um automóvel que segue uma traje-
tória curvilínea: o aumento da distância percorrida em intervalos de tempo iguais
e o aumento do módulo da velocidade mostram que o movimento é acelerado.

a
v

a
v
a

a v
a
Fig. 12 Vetores velocidade e aceleração v
num movimento curvilíneo acelerado. v

16
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Podemos caracterizar as trajetórias retilíneas e curvilíneas por meio dos ve-


tores velocidade e aceleração (Fig. 13):

Trajetórias retilíneas Trajetórias curvilíneas

a» e v» têm sempre a mesma direção, a» e v» nunca têm a mesma direção:


que coincide com a direção da trajetória a» aponta sempre para o interior da curva
(podem ou não ter o mesmo sentido). e v» é sempre tangente à curva em cada
ponto. Fig. 13 Vetores velocidade e aceleração
em trajetórias retilíneas e curvilíneas.

Atividade 1

É através da visão que nos apercebemos do movimento e Existem programas específicos com a finalidade de anali-
identificamos algumas das suas características. Porém, sar movimentos em vídeo e criar as correspondentes fun-
o nosso sistema visual, que inclui os olhos, o nervo ótico ções matemáticas como, por exemplo, o Tracker – Video
e o cérebro, tem limitações. Por exemplo, não é possível Analysis and Modeling Tool (http://physlets.org/tracker/).
distinguir duas imagens quando o intervalo de tempo que Registe em vídeo um movimento e faça a sua análise
as separa é inferior a 0,1 s. E as imagens ficam-nos na com, por exemplo, o Tracker.
memória, podendo ser recordadas mas não analisadas.
Antes de produzir o vídeo, não se esqueça de que a aná-
Atualmente, existe uma variedade de dispositivos que lise de movimentos em vídeo também é limitada e que
podem gravar imagens e vídeos, como câmaras fotográ- a produção do vídeo deve obedecer a alguns cuidados e
ficas, telemóveis, câmaras em computadores, etc. Os requisitos. Por exemplo, estará a câmara em movimen-
vídeos registados por estes dispositivos podem ser anali- to? Quantas dimensões do movimento podem ser anali-
sados repetidamente. sadas? Qual é a melhor perspetiva para filmar? São ne-
cessários fundos contrastantes com os objetos? Quais as
O vídeo é um registo de imagens tomadas a intervalos de
características das câmaras de filmar (resolução, núme-
tempo regulares e, conhecida a escala das imagens, ne-
ro de fotogramas por segundo, velocidade de abertura)
las podem identificar-se posições. Logo, podem obter-se
mais adequadas a cada situação? Partindo de posições
posições em função do tempo.
e tempos, de que forma o software calcula velocidades?

17
1. MECÂNICA

Questão resolvida 4

Um carrinho telecomandado move-se sobre o solo. As equações pa-


ramétricas do seu movimento são x(t) = 5 – 20t e y(t) = –1 – 2t + 6t2 (SI).

a) Faça uma previsão para a trajetória da partícula.

b) Caracterize o movimento ao longo de cada eixo coordenado e esboce


os respetivos gráficos posição-tempo e velocidade-tempo.

c) Qual é a aceleração média no primeiro segundo de movimento? E a


aceleração em t = 1 s? O que conclui dos resultados?

a) Já vimos que um movimento descrito por uma equação do 1.o grau em t


e uma equação do 2.o grau em t tem uma trajetória parabólica. Se intro-
duzirmos as equações na calculadora no modo paramétrico, poderemos
confirmar essa previsão.
b) As equações x(t) = 5 – 20t e y(t) = –1 – 2t + 6t2 indicam que o movimento
é uniforme na direção x e uniformemente variado na direção y. Por isso,
o gráfico da função x(t) é uma reta com ordenada na origem igual a 5 e
declive negativo igual a −20; e o gráfico da função y(t) é uma parábola
cuja ordenada na origem é −1 e cuja concavidade está voltada para cima,
dx dy
pois o coeficiente de t2 é positivo. Como vx = e vy = , obtém-se
dt dt
vx(t) = –20 m/s e vy(t) = –2 + 12t (SI): o gráfico da função vx(t) é uma
reta horizontal (a velocidade é sempre constante) e o gráfico da função
vy(t) é uma reta com ordenada na origem igual a −2 e declive igual a
+12, ou seja, a velocidade nesta direção varia linearmente com o tempo.

x y vx vy

t t t t

QUESTÕES p. 65
Δv» v»(1) – v»(0)
c) A aceleração média é a»m = =
Δt 1

Mas v»(1) = –20e»x + 10e»y (m s–1) e v»(0) = –20e»x – 2e»y (m s−1). Por isso,

[–20 –(–20)]e»x + [10 – (–2)]e»y


a»m = = 12e»y (m s−2)
1
Por outro lado, as componentes da aceleração são:
dvx dvy
ax = = 0 e ay = = 12 m s−2, ou seja, a» = 12e»y (m s−2)
dt dt

Esta é a aceleração em t = 1 s ou em qualquer outro instante. A acelera-


ção é constante, pelo que coincide com a aceleração média.

18
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

1.1.3 Componentes tangencial e normal


da aceleração

As variações da velocidade de um corpo são provocadas por forças, que são


estudadas na dinâmica.

A variação da velocidade pode ocorrer em módulo ou em direção ou, no caso


mais geral, como no movimento do centro de massa de uma patinadora (Fig. 14),
simultaneamente em módulo e direção.

F v

v v
D
v C Fig. 14 Movimento de uma patinadora
B E
e trajetória do seu centro de massa entre
v os pontos A e F, onde se notam variações
da velocidade, tanto em módulo como
v em direção.
A

Relembremos o efeito da resultante das forças na velocidade (Fig. 15).

Efeito da força resultante na velocidade do centro de massa de um corpo Fig. 15 Efeito da força resultante
na velocidade.
F»R tem a direção de v»: F»R não tem a direção de v»:
a trajetória é retilínea. a trajetória é curvilínea.
O movimento será acelerado, Se F»R e v» forem perpendiculares, o movimento
se F»R e v» tiverem o mesmo será uniforme; será acelerado se fizerem um
sentido, ou retardado se tiverem ângulo inferior a 90o; será retardado se esse
sentidos opostos. ângulo for superior a 90o.

Num movimento curvilíneo, como o vetor aceleração está dirigido para o in-
terior da curva, pela Segunda Lei de Newton, F»R = ma», concluímos que o mesmo
acontece com o vetor força resultante, F»R , pois este tem a direção e o sentido Fig. 16 Componente tangencial
e componente normal da força
da aceleração. Por vezes, é conveniente decompor a força resultante em duas resultante e respetivos efeitos
componentes (Fig. 16). na variação da velocidade.

Componente tangencial da força resultante, F»t : tem a direção da velocidade


FR (é tangente à trajetória), o mesmo sentido ou sentido oposto, e provoca uma variação
Fn Ft no módulo da velocidade.
v

FR = Fn + Ft Componente normal da força resultante, F»n (também designada por força


FR
Fn centrípeta, F»c ): é normal (perpendicular) à velocidade, aponta para o centro
v da curva (é centrípeta), e provoca uma variação da direção da velocidade. Apenas
existe nos movimentos curvilíneos, pois só nestes a direção da velocidade varia.
Ft

19
1. MECÂNICA

Note-se que a força centrípeta não é uma força nova que surge nos movi-
mentos curvilíneos, mas simplesmente a componente normal da força resultante!

Como as variações da velocidade são descritas pela aceleração, a», e aten-


dendo à Segunda Lei de Newton, também podemos decompor a aceleração em
duas componentes, a componente tangencial, a»t , e a componente normal, a»n
(também designada por aceleração centrípeta, a»c):

a»= a»t + a»n


Estas componentes relacionam-se com as componentes tangencial e nor-
mal da força resultante atendendo à Segunda Lei de Newton:

F»t = ma»t e F»n = ma»n


Fig. 17 Características das componentes
da aceleração e relação com tipos Vejamos as características das componentes da aceleração e a sua relação
de movimentos. com os tipos de movimentos (Fig. 17).

Componentes da aceleração
Componente normal da aceleração, a»n (ou componente
Componente tangencial da aceleração, a»t:
centrípeta, a»c): relaciona-se com a variação da direção da
relaciona-se com a variação do módulo da velocidade.
velocidade.

v
v C
at
an
B
v

B an

A an
v
at v
A

Tem a direção da velocidade.


Terá o sentido da velocidade se o movimento for acelerado (B) e É perpendicular à velocidade e aponta para o interior da curva.
sentido oposto se for retardado (A).

É tanto maior quanto mais rapidamente variar o módulo da É tanto maior quanto mais rapidamente variar a direção da
velocidade. velocidade (maior em B do que em C).

É diferente de zero desde que o módulo da velocidade varie, É diferente de zero em movimentos curvilíneos, pois há
quer o movimento seja retilíneo ou curvilíneo. variação da direção da velocidade.

É zero em movimentos uniformes, retilíneos ou curvilíneos, pois É zero em movimentos retilíneos, pois a direção da velocidade
o módulo da velocidade é constante. é constante.

Nos movimentos curvilíneos uniformes coincide com a


Nos movimentos retilíneos, coincide com a aceleração: a»t = a».
aceleração: a»n = a».

20
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

A Fig. 18 representa, em três pontos da trajetória, o vetor velocidade e o vetor


aceleração, assim como as respetivas componentes tangencial e normal.

v
at
C θ a
an

v
at
θ a
B

an

an
v θ Fig. 18 A aceleração, a», é a soma vetorial
da componente tangencial, a»t,
a e da componente normal, a»n, em qualquer
A ponto da trajetória. A velocidade é sempre
tangente à trajetória.
at

A Fig. 18 permite concluir que, quando o movimento é retardado, como no


ponto A, o ângulo ␪ entre os vetores aceleração e velocidade é superior a 90o;
quando o movimento é acelerado, como nos pontos B e C, o ângulo ␪ entre os
vetores velocidade e aceleração é inferior a 90o.

No caso do movimento curvilíneo uniforme, como só há componente normal


da aceleração, pois o módulo da velocidade é constante, o ângulo entre a veloci-
dade e a aceleração tem de ser 90o.

Como se podem calcular cada uma destas componentes da aceleração?

A componente tangencial da aceleração, como mede a variação do módulo Componente tangencial


da velocidade num dado instante, é a derivada temporal do módulo da velocidade: da aceleração, a»t:
é a derivada temporal do módulo do vetor
dv velocidade.
at = Não confundir com a aceleração, a», que é
dt a derivada temporal do vetor velocidade:
dv dv»
A Fig. 18 mostra que pode ainda ser calculada pela expressão: at = ≠ a» =
dt dt

at = a cos ␪
Note-se que, se o ângulo ␪ for maior do que 90°, a componente tangencial da
aceleração será negativa, o que significa que o movimento será retardado.

A componente tangencial da aceleração permite classificar os movimentos


em uniformes, uniformemente variados e variados (Fig. 19).

Movimentos uniformes at = 0 (o módulo da velocidade não varia)

Movimentos uniformemente at = constante (o módulo da velocidade tem


variados variação uniforme com o tempo)
Fig. 19 Classificação dos movimentos
at ≠ constante (o módulo da velocidade varia de com base na componente tangencial
Movimentos variados
forma não uniforme com o tempo) da aceleração.

21
1. MECÂNICA

A componente normal da aceleração é dada pela expressão

v2
an =
r
em que o símbolo r representa o raio de curvatura (e não módulo da
posição!).

A Fig. 18 (página 21) mostra que a componente normal da aceleração


pode também ser calculada pela expressão:

an = a sin ␪

Mas o que é o raio de curvatura?


Raio de curvatura: está sempre a variar Numa trajetória circular, o raio de curvatura, r, coincide com o raio
em trajetórias curvilíneas não circulares. da circunferência. Nas outras curvas, para cada ponto define-se raio
de curvatura como o raio do arco circular que mais se aproxima da
curva nesse ponto (Fig. 20). O raio de curvatura é pequeno para curvas
«fechadas» e grande para curvas «abertas», tendendo para infinito se
a trajetória se aproximar de uma reta.

Fig. 20 O raio de curvatura é menor numa curva mais


apertada, como na posição A.
B
rB
A rA

O raio de curvatura tem de ser considerado no desenho de certas


estruturas. Por exemplo, para evitar grandes variações da aceleração,
o que seria incómodo para os passageiros, não deve haver mudanças
bruscas de curvatura nas linhas férreas (Fig. 21). Também os perfis das
asas de um avião não devem ter mudanças bruscas de curvatura para
que o ar se escoe facilmente ao longo das asas do avião.
v2
A expressão da aceleração normal, , indica que, quanto maior for
r
a velocidade com que um automóvel descreve uma curva, maior será a
sua aceleração normal.

Se a curva for apertada (menor raio), a aceleração normal também


será maior para o mesmo valor da velocidade. Por isso, terá de ser
maior a componente normal da força resultante (força centrípeta), que
é a força de atrito, como veremos. Se essa força não for suficientemen-
te intensa, o automóvel não descreverá a curva.
Fig. 21 As linhas férreas devem ter curvaturas Assim, também no projeto de estradas se tem em conta o raio de
adequadas.
curvatura e as velocidades adequadas à segurança rodoviária.

22
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Como as componentes tangencial e normal da aceleração permitem inter-


pretar o tipo de movimento, é conveniente definir dois eixos perpendiculares
com origem na partícula, um com a direção da velocidade (eixo tangencial) e
outro com a direção perpendicular e dirigido para o centro de curvatura (eixo
normal), cujos vetores unitários são, respetivamente, e»t e e»n.

Neste sistema de eixos ligado à partícula, e que a acompanha (Fig. 22), a


expressão do vetor aceleração é: at
et

en a
a»= a t e»t + a n e»n
an

sendo o respetivo módulo dado por:

Fig. 22 Eixos tangencial e normal ligados


a=兹 at2 + an2 a uma partícula e componentes tangencial
e normal da aceleração.

As grandezas estudadas e as suas relações estão esquematizadas na Fig. 23.

»
Posição: r(t)

Equações paramétricas Velocidade Deslocamento


x = x(t) dr» Δr» = r»B − r»A
v» =
y = y(t) dt
z = z(t) Velocidade média:
Se v constante:
movimento Δr»
v»m =
Equação da trajetória uniforme Δt

Trajetória Trajetória Aceleração: Aceleração média:


retilínea curvilínea dv» Δv»
a» = a»m =
dt Δt

v» e F»R v» e F»R
têm a têm a» = a»t + a»n ⇔ a» = at e»t + an e»n a = —at2 + an2
mesma direções
direção diferentes
dv v2
at = an =
dt r

at = 0 at = constante an = 0 an ≠ 0

Movimento Movimento Movimento Movimento


uniforme uniformemente retilíneo curvilíneo
variado

Fig. 23 Grandezas que descrevem um movimento e relações entre elas.

23
1. MECÂNICA

Questão resolvida 5

Uma bola atirada num plano inclinado moveu-se, rela- c) Partindo da determinação do ângulo entre a veloci-
tivamente a um sistema de eixos, de acordo com as se- dade e a aceleração, calcule as componentes tangen-
guintes equações paramétricas: cial e normal da aceleração.
x = 0,02 + 0,17t – 0,030t2 e y = 0,04 + 0,31t – 0,12t2 (SI) d) Determine o raio de curvatura da trajetória da bola
a) Determine as componentes escalares da velocidade e para o instante t = 0,6 s.
da aceleração no instante t = 0,6 s. e) Visualize o gráfico do módulo da velocidade na cal-
b) Apresente um esboço dos vetores velocidade e acele- culadora gráfica. Usando as funções para cálculo da
ração no instante t = 0,6 s. Use um sistema de eixos derivada num ponto, determine a componente tan-
paralelo ao inicial com origem na posição da bola gencial da aceleração no instante t = 1,2 s. Calcule
nesse instante. Conclua qual foi o tipo de movimento ainda a componente normal da aceleração.
da bola nesse instante.

a) As componentes escalares da velocidade calculam-se • ângulo entre a aceleração e a velocidade:


derivando em ordem ao tempo as respetivas equações θ = 14 + 51 + 90 = 155o
paramétricas:
at = a cos θ = √0,062 + 0,242 × cos 155o = –0,22 m s–2
dx
vx = = 0,17 – 0,060t ⇒
dt an = a sin θ = √0,062 + 0,242 × sin 155o = 0,10 m s–2
⇒ vx (0,6) = 0,17 – 0,06 × 0,6 = 0,134 m s–1
Ou, aplicando o produto escalar aos vetores velocidade
dy e aceleração, vem:
vy = = 0,31 – 0,24t ⇒
dt
ax × vx + ay × vy
⇒ vy (0,6) = 0,31 – 0,24 × 0,6 = 0,166 m s–1 cos θ = =
a×v
Derivando as expressões das componentes da velocidade
–0,06 × 0,134 + (–0,24) × 0,166
obtêm-se as componentes da aceleração: = = –0,91 ⇒
dvx dvy √0,062 + 0,242 × √0,1342 + 0,1662
ax = = –0,060 m s–2 e ay = = –0,24 m s–2
dt dt ⇒ θ = 155o
b) O ângulo entre a velocidade e a ace- y
leração é superior a 90o, pelo que, v2 0,1342 + 0,1662
d) an = ⇔ 0,10 = ⇒ r = 0,46 m
neste instante, o movimento da bola v r r
é curvilíneo e retardado. e) (Com TI 84) Pressionando Y=, introduz-se na calcula-
c) Podem calcular-se os ângulos que a a x dora a expressão v = √(0,17 – 0,060t)2 + (0,31 – 0,24t)2 .
velocidade e aceleração fazem com
Em seguida, pressionando 2nd Calc, seleciona-se a opção
um dos eixos e depois o ângulo que
a aceleração e a velocidade fazem entre si. Assim: 6:dy/dx e o instante 1,2 s. O valor da derivada 冢 dvdt 冣 dá a
• ângulo que a aceleração faz com o eixo dos yy:
componente tangencial da aceleração: –0,11 m s–2.
a –0,06
tan α = x = = 0,25 ⇒ α = 14o Usando a expressão a2 = a 2t + a n2, calcula-se a componente
ay –0,24
normal da aceleração:
• ângulo que a velocidade faz com o eixo dos xx:
vy 0,166 an = √a2 – at2 = √(0,0602 + 0,242) – (–0,11)2 = 0,28 m s–2
tan β = = = 1,24 ⇒ β = 51o
vx 0,134

Questão resolvida 6 Ver Anexo 2, página 273

QUESTÕES p. 66

24
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

1.1.4 Segunda Lei de Newton em


referenciais fixos e ligados à partícula

As expressões que envolvem vetores são válidas para diferentes referenciais.


Por este motivo, o referencial escolhido deverá ser o que simplifica o estudo
de cada sistema físico. Assim, a expressão da Segunda Lei de Newton F»R = ma»
pode ser escrita para um referencial fixo ou para um referencial ligado a uma
partícula, conforme a conveniência.

Num referencial cartesiano fixo, cujos vetores unitários são e»x , e»y e e»z , a
Segunda Lei de Newton pode ser escrita usando as componentes escalares da
força resultante, F»R , e da aceleração a». A equação vetorial será

»x + Fy e»y + Fz e»z = max e»x + may e»y + maz e»z


Fx e

que é equivalente a um conjunto de equações escalares (Fig. 24).

Fig. 24 Segunda Lei de Newton


Segunda Lei de Newton: e respetivas equações escalares
F»z num referencial fixo.
F»R = ma»
z

Equações das
componentes escalares F»y
num referencial fixo:
e»z F»x N
Fx = max Fa
e»y y
e»x
Fy = may P
P
x
Fz = maz P

Numa situação concreta, as equações escalares serão apenas uma ou duas, Fig. 25 Corpo sujeito a forças de direção
se o movimento for a uma ou a duas dimensões, respetivamente. constante.

O uso de um referencial fixo é conveniente quando as forças têm direção


constante, como um objeto que rola numa mesa e acaba por cair dela (Fig. 25).

Mas, se as forças variarem em direção, como no caso de um corpo que des-


creve trajetórias circulares (Fig. 26), as projeções das forças poderão ser dadas
por expressões complicadas usando um referencial fixo.
T T
Se a partícula descrever uma trajetória curvilínea será mais simples utilizar
um referencial ligado à partícula, isto é, um referencial cuja origem está na P P
partícula e que se move com ela. Então, escolhemos o eixo definido pelo vetor
unitário e» t (eixo tangencial) e o eixo definido pelo vetor unitário e» n (eixo normal);
o eixo perpendicular ao plano definido por aqueles dois vetores será definido Fig. 26 Corpo sujeito a uma força
de direção variável.
pelo vetor unitário e»z (Fig. 27, página 26).

25
1. MECÂNICA

Designemos as componentes escalares da força resultante por Ft, Fn e Fz


neste sistema de eixos. Atendendo à expressão da aceleração,

a» = at e»t + an e»n

a Segunda Lei de Newton, F»R = ma», pode escrever-se

Ft e»t + Fn e»n + Fz e»z = mat e»t + man e»n

que é equivalente a um conjunto de equações escalares (Fig. 27).

Fig. 27 Segunda Lei de Newton


e respetivas equações escalares num Segunda Lei de Newton:
referencial ligado à partícula. Na coluna
da direita indica-se o sistema de eixos fixo F»R = m a» z
e o sistema de eixos ligado à partícula.

Equações das
componentes escalares
num referencial ligado
à partícula: y
ez
Ft = m at Fn Ft
en
Fn = m an x
et

Fz = 0

Questão resolvida 7

Um automóvel descreve uma curva numa pista circular. A figura mos-


tra as forças aplicadas no seu centro de massa, para além do peso e da
força normal que a estrada exerce sobre ele. Escreva a expressão da շ F1
componente tangencial e da componente normal da força resultante.
F2
Nota: Usámos a expressão «normal» com dois significados. Quando
falamos em força normal da estrada sobre o automóvel, trata-se da
força vertical que a estrada exerce sobre o automóvel. A força normal é
também perpendicular à trajetória.

Consideremos as direções tangencial e normal (a primeira tangente à tra-


jetória com o sentido do movimento e a segunda dirigida para o centro da
curva) e um eixo perpendicular ao plano da estrada a apontar para cima,
et
com a direção do peso e da força normal. A força resultante pode ser շ F1
escrita F»R = Ft e»t + Fn e»n.
Determinando as projeções das forças ao longo dessas três direções, F2
en
obtemos:
Ft = F1 cos β – F2, Fn = F1 sin β e Fz = P – N = 0

QUESTÕES p. 67

26
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

1.1.5 Movimentos sob a ação de uma força


resultante constante

No 11.o ano estudámos movimentos retilíneos de corpos sobre os quais atua-


vam forças constantes.

Vamos agora estudar movimentos de corpos atuados também por forças


constantes, mas cujas trajetórias são curvilíneas. São exemplos movimentos do
nosso dia a dia tais como os dos centros de massa de atletas em atividades des-
portivas (Fig. 28) ou de objetos que são lançados.

Um corpo no qual atua uma mesma força resultante pode adquirir movimen-
tos com trajetórias diferentes. A razão está no facto de, apesar de a força re-
sultante ser a mesma, as condições iniciais – ou seja, a posição e a velocidade
iniciais – serem diferentes.
Fig. 28 Imagem estroboscópica de uma atleta
Vejamos o exemplo de uma bola que roda, presa a um fio, numa trajetória
num salto: o centro de massa, sujeito a uma
circular num plano vertical. Suponhamos desprezável a resistência do ar. Se força constante (peso), descreve uma trajetória
o fio romper, como a bola tem uma certa velocidade no instante da rutura, ela curvilínea.

passará a ter um movimento em queda livre pois a única força que nela atua
será o seu peso. Contudo, a forma da trajetória que a bola descreverá vai depen-
der da posição no instante de rutura do fio, pois em diferentes posições existirão
diferentes velocidades do centro de massa da bola, como se mostra na Fig. 29.

Note-se que corpos com a mesma velocidade inicial mas sujeitos a uma força
resultante diferente também descrevem trajetórias diferentes, ou seja, a traje-
tória depende simultaneamente da força resultante e da posição e velocidade
iniciais.

As condições iniciais (posição e velocidade) e a força resultante definem a forma da trajetória

Rutura do fio na posição A: Rutura do fio na posição B: Rutura do fio na posição C:

v

C

≈ v
B
v
A

A velocidade inicial da bola tem direção A velocidade inicial da bola tem direção A velocidade inicial da bola tem direção
horizontal e o seu peso tem direção vertical: oblíqua e o seu peso tem direção vertical: a vertical, tal como o seu peso: a trajetória
a trajetória em queda livre é curvilínea. trajetória em queda livre é curvilínea. em queda livre é retilínea.

Fig. 29 Importância das condições iniciais na forma da trajetória.

27
1. MECÂNICA

Questão resolvida 8

Uma nave espacial move-se no espaço, na ausência de interações gravíti-


cas, com movimento retilíneo e uniforme entre duas posições A e B. Em
A B
B, ligam-se os motores, sendo a força resultante perpendicular à trajetória
inicial, e a nave move-se até uma posição C como mostra a figura. A partir C
de C, os motores são novamente desligados. Esboce a trajetória do veículo
entre B e C e a partir de C. Fundamente a sua resposta.

O movimento é retilíneo e uniforme entre A e B, pois a resultante das forças é


nula (os motores estão desligados). Em B a nave tem a velocidade represen-
A Bv
tada na figura, perpendicular à força propulsora dos motores. Como a trajetória
encurva para C, a força resultante tem, necessariamente, de ser dirigida para F
C
baixo. Como a força não tem a direção da velocidade, a trajetória deve ser cur- v
vilínea entre B e C. A partir de C a força resultante passa a ser nula (os motores
são desligados) e, pela Primeira Lei de Newton, a nave passa a mover-se com
velocidade constante (trajetória retilínea).

Para obter as equações paramétricas do movimento de um corpo sujeito a


uma força resultante constante recorremos à Segunda Lei de Newton e às equa-
ções gerais de movimento, conhecidas a posição e a velocidade iniciais.

Como a força resultante é constante, as suas componentes escalares tam-


bém o são. Se uma componente escalar for nula, o movimento será uniforme na
direção correspondente; se não for, o movimento será uniformemente variado
nessa direção, uma vez que a aceleração será constante.

Estudaremos apenas movimentos planos (duas dimensões) de corpos sujei-


tos a forças resultantes constantes. Num referencial fixo xOy, sejam Fx e Fy as
componentes escalares da força resultante, v0x e v0y as componentes escalares
da velocidade inicial, e x0 e y0 as componentes escalares da posição inicial. As
componentes escalares da aceleração são ax e ay . A Fig. 30 mostra como se ob-
têm as equações paramétricas desses movimentos planos.

28
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Equações paramétricas de movimentos se a força resultante for constante


Grandezas Movimento no eixo dos xx Movimento no eixo dos yy
Fx Fy
Aceleração ax = = constante ay = = constante
m m

Velocidade vx = v0x + axt vy = v0y + ayt


Fig. 30 Equações paramétricas
1 1 de movimentos de corpos sob a ação
Posição x = x0 + v0xt + a t2 y = y0 + v0yt + a t2
2 x 2 y de uma força resultante constante.

Uma boa escolha do sistema de eixos facilita a escrita destas equações. Por
regra, o mais simples é escolher um eixo com a direção da velocidade ou com a
direção da força resultante.

A resolução do sistema de equações paramétricas permite concluir que um Trajetória parabólica: trajetória
movimento plano de uma partícula sob a ação de uma força resultante constan- descrita pelo centro de massa
de um corpo sob a ação de uma força
te faz-se ao longo de uma trajetória parabólica.
resultante constante.

Questão resolvida 9

Um objeto de 500 g desliza sobre o tampo de uma mesa constante de 10 N que faz 30o com a velocidade. Indique
horizontal onde o atrito é desprezável. Quando se encon- as equações paramétricas do movimento após a força
tra na posição r» = 2,0 e»x + 3,0 e»y (SI), num referencial liga- começar a atuar e determine o módulo da velocidade ao
do ao tampo da mesa, e a velocidade é 2,0 m s−1 dirigida fim de 1,0 s da atuação da força.
no sentido positivo do eixo dos xx, fica sujeita a uma força

Antes de a força começar a atuar, como o peso e a força F


y/m 30o
normal se anulam, a trajetória era retilínea e o movimento
3
uniforme, com o módulo da velocidade 2,0 m s−1. Depois, a v
2
força passou a ser a força resultante; a trajetória passou
a ser parabólica, pois a força resultante é constante e não 1
tem a direção da velocidade inicial. E, como a força tem de
apontar para o interior da trajetória, o corpo descreve a tra- 1 2 x/m

jetória da figura.
Componentes escalares da força resultante: Substituindo nas equações
Fx = F cos 30o e Fy = F sin 30o 1 1
x = x0 + v0xt + a t2 e y = y0 + v0yt + axt2
2 x 2
Componentes escalares da aceleração:
e derivando em ordem ao tempo, obtém-se, no SI:
F cos 30o F sin 30o
ax = = 17 m s–2 e ay = = 10 m s–2 x = 2,0 + 2,0t + 8,5t2 e y = 3,0 + 5,0t2
m m
(movimentos uniformemente variados nas direções x e y). vx = 2,0 + 17t e vy = 10t

Componentes escalares da posição inicial: Para t = 1,0 s:


x0 = 2,0 m e y0 = 3,0 m
vx = 19 m s−1, vy = 10 m s−1 e v = √192 + 102 = 21 m s–1
Componentes escalares da velocidade inicial:
v0x = 2,0 m s–1 e v0y = 0 m s–1

29
1. MECÂNICA

Um caso particular de um corpo sujeito a uma força constante é um corpo


apenas sujeito ao seu peso, a que chamamos vulgarmente projétil.

Um projétil também está sujeito à resistência do ar, mas analisaremos ape-


nas exemplos em que essa resistência é desprezável, ou seja, movimentos de
queda livre. É o caso de movimentos de pequenos corpos que são lançados,
como uma bola ou chispas numa soldadura, ou os movimentos do centro de
massa de corpos maiores, como os saltos de pessoas e animais (Fig. 31).

Consideremos os casos em que a velocidade inicial não tem a direção do


Fig. 31 Exemplos de projéteis. peso (não é vertical), ou seja, em que a trajetória é curvilínea.

Como só existe força resultante na direção vertical – o peso –, a aceleração


vai ter essa direção. Neste caso, é mais simples descrever o movimento segundo
as direções horizontal e vertical e obter as respetivas equações paramétricas
num dado referencial fixo (Fig. 32).

Movimento de um projétil em queda livre com trajetória curvilínea

• Direção horizontal: Fx = max ⇒ ax = 0 y

movimento uniforme: x = x0 + v0xt


–P
• Direção vertical: Fy = may ⇒ ay = = –g
m
1 2 x
movimento uniformemente variado: y = y0 + v0yt – gt
2

Fig. 32 Movimento curvilíneo de um projétil:


composição de um movimento horizontal
uniforme e de um movimento vertical Concretizemos para dois movimentos comuns: o lançamento horizontal e o
uniformemente variado. lançamento oblíquo.

Num lançamento horizontal o projétil tem velocidade inicial horizontal. É o


caso de uma bola que cai quando lançada do tampo de uma mesa.
Lançamento horizontal: projétil com
velocidade inicial horizontal. Na Fig. 33 escrevem-se as equações paramétricas do movimento no referen-
cial indicado e as componentes escalares da velocidade, e representam-se ima-
gens estroboscópicas do movimento.

ax = 0 e ay = –g vx vx vx vx
y Condições iniciais:
vo vy
x0 = 0 e y0 = h
vx
v0x = v0 e v0y = 0 vy
vy
h vy
Equações: v
1 2 vy
x(t) = v0t e y(t) = h – gt
0 x 2
vx = v0 e vy(t) = –gt Direção horizontal: movimento uniforme.
Direção vertical: movimento uniformemente
sendo v = √vx2 + vy2 acelerado.

Fig. 33 Lançamento horizontal.

30
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Note-se que a componente escalar vertical aumenta pois o movimento é uni-


formemente acelerado nesta direção, enquanto a componente escalar horizon-
tal se mantém pois o movimento é uniforme na direção horizontal.

Se eliminarmos a variável t nas equações paramétricas, obteremos a equa-


1 x 2
ção da trajetória, y = h –
2
g
v0  
, que é a equação de uma parábola.
1
O tempo de queda obtém-se da equação y(t) = h – gt2 fazendo y = 0: Tempo de queda no lançamento
2
horizontal: só depende da altura

t=  2h
g
de onde o corpo é lançado; não depende
da velocidade inicial.

Esta expressão mostra que o tempo de queda depende da altura de queda, h,


mas não da velocidade inicial, v0. Por isso, uma bola lançada horizontalmente ou
deixada cair da mesma altura demora o mesmo tempo a atingir o solo, pois os
movimentos na direção vertical são iguais (Fig. 34): a componente escalar verti-
cal da posição, em cada instante, é a mesma.

Fig. 34 O tempo de queda de uma bola


lançada ou deixada cair da mesma altura
é igual (sem resistência do ar).

O alcance do projétil, que é a distância máxima percorrida horizontalmente, Alcance do projétil: distância máxima
obtém-se substituindo o tempo de queda na equação x(t) = v0t, obtendo-se: percorrida horizontalmente.

xmáx = v0  2h
g

Esta expressão permite concluir que, para a mesma altura de queda, quanto
maior for a velocidade inicial maior será o alcance (Fig. 35).

v0A v0B

A B Fig. 35 Num lançamento horizontal,


o alcance será tanto maior quanto maior
for a velocidade inicial para a mesma
x altura de queda.

Note-se que as equações apresentadas só são válidas no referencial indi-


cado! Mudando o referencial, mudam os valores numéricos das equações. Por
isso, é sempre necessário indicar o referencial usado na resolução de um pro-
blema.

31
1. MECÂNICA

Questão resolvida 10

Uma carrinha de caixa aberta transporta um caixote quando trava brus-


camente. O caixote cai do estrado da carrinha, que está a 1,0 m do solo,
com uma velocidade horizontal cujo módulo é 8,0 m s–1.
Determine, para o movimento do centro de massa do caixote:

a) a equação da trajetória; c) o módulo da velocidade ao atingir


o solo.
b) o alcance;

a) Consideremos um referencial ligado ao solo e com origem neste, com o


eixo dos xx dirigido no sentido do movimento do caixote e o eixo dos yy
dirigido para cima. Neste caso tem-se, no SI:
ax = 0 e ay = −g; x0 = 0 e y0 = 1,0 m; v0x = 8,0 m s–1 e v0y = 0

As equações paramétricas são x = 8,0t e y = 1,0 − 5t2. Extraindo o valor de t


x 2
da primeira equação e substituindo na segunda obtém-se y = 1,0 – 5
8,0 冢 冣
(parábola).

b) Quando chega ao solo, y = 0 , ou seja, 0 = 1,0 – 5t2 ⇔ t = 0,45 s. O alcance


é x = 8,0 × 0,45 = 3,6 m.
dx
c) Derivando as equações paramétricas, obtém-se vx = = 8,0 m s-1
dt
dy
e vy = = –10t. Quando atinge o solo: vx = 8,0 m s–1, vy(0,45) = –10 × 0,45 =
dt
= –4,5 m s–1, sendo o módulo da velocidade 9,2 m s–1.

Consideremos agora o lançamento oblíquo de um projétil, ou seja, aquele


Fig. 36 Imagem estroboscópica em que a velocidade inicial é oblíqua, fazendo um certo ângulo, θ, com a direção
de uma bola lançada obliquamente.
horizontal. É o caso do movimento da bola da Fig. 36.

Ao contrário do lançamento horizontal, neste lançamento a velocidade inicial


tem duas componentes, uma horizontal e outra vertical.

A Fig. 37 mostra o esquema do movimento e respetiva imagem estroboscópi-


ca, e escrevem-se as equações paramétricas do movimento no referencial indi-
Fig. 37 Lançamento oblíquo.
cado, assim como as componentes escalares da velocidade.

ax = 0 e ay = –g
y

vy v Condições iniciais:
x0 = 0 e y0 = 0
vx v0x = v0 cos θ e v0y = v0 sin θ
ս
Equações
x 1 2
x(t) = v0 cos θ t e y(t) = v0 sin θ t – gt
2
Direção horizontal: movimento uniforme. vx = v0 cos θ e vy = v0 sin θ − gt
Direção vertical: movimento uniformemente retardado na
subida e movimento uniformemente acelerado na descida. sendo v = 3vx2 + v2y

32
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Como mostra a Fig. 37, o módulo da componente escalar vertical da velocida-


de, vy, diminui na subida e aumenta na descida, anulando-se no ponto de altura
máxima. Fazendo vy = 0 na equação vy = v0 sin θ – gt obtém-se o tempo de subida
do projétil:
v0 sin θ
tsubida =
g

Consideremos o caso particular de um projétil que regressa ao plano ho- Tempo de voo: tempo em que o projétil
rizontal de onde foi lançado. O tempo de subida é igual ao tempo de descida, permanece em queda livre.
por isso o tempo de voo – tempo que o projétil permanece no ar – é o dobro do
tempo de subida:
v0 sin θ
tvoo = 2
g

Podemos determinar uma expressão para a altura máxima: substitui-se o


v sin θ 1 2
tempo de subida, tsubida = 0 , na equação y(t) = v0 sin θ t – gt e obtém-se:
g 2
v02 sin2 θ
ymáx =
2g

Também se determina uma expressão para o alcance do projétil substi-


v sin θ
tuindo o tempo de voo, tvoo = 2 0 , na equação x(t) = v0 cos θ t, obtendo-se
g
v02 sin 2θ
A=
g

As expressões anteriores permitem-nos tirar algumas conclusões para este


tipo de projétil (Fig. 38).

Projétil lançado obliquamente que sai e regressa ao mesmo plano horizontal

Para a mesma velocidade inicial, v0: y


v20 2
sin θ
• a altura máxima, ymáx = , aumenta com o ângulo de
2g
lançamento θ ;
75o
v0 sin θ
• o tempo de voo, tvoo =2 , aumenta com o ângulo de 45o
g
lançamento θ . 15o
x

v20 sin 2θ y 70o


O alcance, A = :
g
• tem o valor máximo quando sin 2θ = 1 ⇒ 2θ = 90° ⇒ θ = 45°,
60o
ou seja, para o ângulo de lançamento de 45°;
• é igual para ângulos de lançamento complementares (isto é,
cuja soma é 90°): por exemplo, 20° e 70°, ou 30° e 60°, pois o
45o
seno toma o mesmo valor. 30 o

20o

Fig. 38 Alcance, altura máxima e tempo de voo num lançamento oblíquo em que a partícula sai e regressa ao mesmo plano horizontal.

33
1. MECÂNICA

Quando os efeitos da resistência do ar não são desprezáveis, as trajetórias


deixam de ser parabólicas e tanto o alcance como a altura máxima são inferiores
aos correspondentes valores sem resistência do ar (Fig. 39).

Também o ângulo para o alcance máximo deixa de ser 45°: por exemplo, no
caso de uma bola de golfe, onde o efeito da resistência do ar não é desprezável,
o alcance máximo ocorre para o ângulo de lançamento de 38°.

y
Questão resolvida 11
Rar desprezável

Uma nadadora salta de uma prancha, situada a 3,0 m do nível da água, com
uma velocidade de módulo 5,0 m s−1 e segundo um ângulo de 14° com a
Rar não
desprezável direção vertical.

x
Fig. 39 Lançamento oblíquo quando
a resistência do ar não é desprezável:
a trajetória não é parabólica.

Para o movimento do centro de massa da nadadora, que se situa inicial-


mente a 1,2 m acima da prancha, determine:

a) o tempo que demora a atingir a altura máxima e o valor dessa altura


relativamente ao nível da água da piscina;

b) o tempo de descida e o alcance;

c) o módulo da velocidade ao chegar à água;

d) em qual dos instantes, t = 0,40 s ou t = 1,0 s, a velocidade varia mais


rapidamente em direção e em módulo;

e) o raio de curvatura da trajetória para t = 1,0 s.

a) No referencial da figura e em unidades SI temos:


ax = 0 e ay = −10 m s–2;
x0 = 0 e y0 = 4,2 m; v0x = 5,0 sin 14° = 1,21 m s–1 e v0y = 5,0 cos 14° = 4,85 m s–1.
Equações paramétricas: x = 1,21t e y = 4,2 + 4,85t −5,0t2.
Derivando cada uma delas em ordem ao tempo, obtém-se vx = 1,21 m s–1
e vy = 4,85 −10t.
Na altura máxima vy = 0 ⇒ t = 0,485 s e y(0,485) = 5,4 m.

(continua)

34
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

(continuação)

b) Tempo de descida = tempo de voo – tempo de subida. O tempo de voo cal-


cula-se a partir da condição y = 0, ou seja, quando a nadadora chega à água:
0 = 4,2 + 4,85t − 5,0t2 ⇔ t = 1,52 s. Por isso, o tempo de descida foi 1,04 s.
O alcance é a coordenada x no instante em que a nadadora atinge a água:
x(1,52) = 1,8 m.
c) Ao chegar à água, como t = 1,52 s, vem vx = 1,21 m s–1 e vy(1,52) = −10,4 m s–1,
pelo que o módulo da velocidade é v(1,52) = √1,212 + (–10,4)2 = 10,5 m s–1.
d) A velocidade varia mais rapidamente em módulo no instante em que a
componente tangencial da aceleração é maior. O módulo da velocidade é
dv
v(t) = √1,212 + (4,85 – 10t)2 e como at = , traçando o gráfico de v(t) e
dt
calculando a derivada nos referidos instantes, obtém-se at (0,40) = −5,7
m s–2 e at (1,0) = 9,7 m s–2 (processo que pode ser feito na calculadora
gráfica). Conclui-se que a velocidade varia mais rapidamente em módulo
no instante t = 1,0 s.
A componente normal da aceleração calcula-se a partir da expressão
a = √a2t + a2n, donde 10 = √a2t + a2n, obtendo-se para os instantes referidos
an (0,40) = 8,2 m s–2 e an (1,0) = 2,3 m s–2. Ou seja, a velocidade varia mais
rapidamente em direção no instante t = 0,40 s.
v2 v2 5,292
e) Como an = , vem r = = = 12 m.
r an 2,27
QUESTÕES p. 68

Atividade 2

Os computadores e os programas informáticos per- existem diversas aplicações disponíveis na internet. Há


mitem criar e testar modelos físicos que se ajustem a também software disponível para testar e criar modelos
situações reais. Até é possível criar modelos com leis próprios.
diferentes das do nosso mundo, prevendo o comporta-
Recorrendo ao software Modellus (http://modellus.
mento dos sistemas físicos de acordo com essas leis.
co/index.php?lang=pt), elabore um modelo onde possa
Usando as leis dos movimentos de corpos sujeitos analisar os efeitos da mudança de parâmetros nas leis
a uma força constante, em particular dos projéteis, dos projéteis.

Na Atividade Laboratorial 1.1, «Lançamento horizontal», investigar-se-á a


relação entre o alcance de um projétil lançado horizontalmente, de uma certa
AL 1.1 p. 59
altura, e a sua velocidade inicial.

35
1. MECÂNICA

1.1.6 Movimentos de corpos sujeitos


a ligações

Estudámos movimentos de corpos sujeitos a uma força resultante constante


e, em particular, movimentos de projéteis que apenas estão sujeitos ao seu peso.

Mas há corpos que estão ligados a outros, havendo forças que estabelecem
essas ligações. Estas forças chamam-se mesmo forças de ligação.

É o caso, por exemplo, de corpos suspensos de correntes, como num baloiço


gigante (Fig. 40). Considerando que o conjunto de correntes é equivalente a um
só fio, a força que esse fio exerce sobre a cadeira, cuja direção coincide com a
do fio, é a tensão, T». Esta força assegura a ligação entre a cadeira e o fio: diz-
-se que a tensão é uma força de ligação. A sua intensidade depende do peso
do conjunto que roda (pessoa + cadeira): quanto maior for o peso, maior será
a tensão.

Fig. 40 Baloiço gigante num parque


de diversões: a força exercida pelo fio
sobre a cadeira (a tensão) restringe
a trajetória desta.

Usa-se, muitas vezes, a designação de «tensão de um fio», que não é muito


adequada pois sugere que a tensão pertence ao fio. Ora, uma força resulta
da interação entre corpos, pelo que deve dizer-se tensão exercida pelo fio
sobre o corpo ou tensão exercida pelo corpo sobre o fio (formam um par
ação-reação).

Outro exemplo de força de ligação é a força exercida sobre um corpo por um


plano (horizontal, inclinado, etc), perpendicularmente a este: a força normal,
N». Esta força condiciona a trajetória do corpo, impedindo o movimento do corpo
na direção perpendicular ao plano de apoio. É o caso da força normal exercida
num carrinho de uma montanha-russa (Fig. 41). A intensidade da força normal
depende, tal como a da tensão, do peso do corpo.

36
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula
p a duas dimensões

Fig. 41 Montanha-russa de um parque de diversões: a força normal exercida pela superfície


de apoio no carrinho restringe a trajetória deste.

Estas forças de ligação − tensão e força normal − não têm necessariamente Forças
ç de ligação ç : restringem
intensidades constantes durante o movimento. As suas intensidades dependem a trajetória de um corpo. As suas
intensidades dependem das forças
das intensidades das forças aplicadas e, em situações de movimento, dependem
aplicadas e das características
também de características do movimento, como a velocidade, como veremos. do movimento. Exemplos: tensão, força
Devemos distinguir as forças aplicadas, como o peso, cuja intensidade é bem normal, força de atrito.
definida, das forças de ligação, como a tensão, a força normal e a força de atrito,
cujas intensidades dependem das circunstâncias em que o movimento se realiza.

Vamos analisar alguns movimentos retilíneos e circulares sujeitos a ligações,


na ausência de forças de atrito, de modo a calcular, entre outras grandezas, as
intensidades da tensão, T», e da força normal, N».

A abordagem destes movimentos faz-se no quadro das leis de Newton.


Recomenda-se o seguinte procedimento geral:

• Desenhar uma figura que represente a situação descrita a direção do movimento; se o movimento for circular,
no enunciado, identificando claramente o corpo (ou cor- utilizar um referencial ligado à partícula.
pos) cujo movimento se pretende analisar. • Aplicar a Segunda Lei de Newton (nomeadamente nas
• Traçar, no centro de massa do corpo (ou de cada corpo, suas componentes escalares), de acordo com o tipo de
que deve ser analisado em separado dos restantes), as referencial escolhido (fixo ou ligado à partícula), tendo
forças que atuam sobre o corpo. Chamamos a este de- em atenção os sinais atribuídos às componentes esca-
senho o diagrama de forças. Quando se estuda a dinâ- lares das forças: positivo se a projeção da força apontar
mica de um corpo, só interessam as forças sobre ele e, no sentido positivo do eixo ou negativo no caso contrá-
por isso, não se devem traçar as forças que ele exerce rio.
sobre outros corpos! Se não se conseguir identificar o • Resolver as equações, sem substituir valores, de modo
corpo que exerce uma dada força (como a Terra, fio, pes- a determinar expressões para as grandezas físicas pe-
soa, etc.), a força traçada provavelmente não existe… didas no enunciado do problema. Substituir depois os
uma vez que as forças resultam sempre de interações valores nestas expressões para calcular os valores das
entre corpos! grandezas pedidas.
• Selecionar um referencial onde as equações escalares • Avaliar os resultados obtidos, verificando se são razoá-
sejam as mais simples: se o movimento for retilíneo, veis; por exemplo, um sinal negativo terá significado
utilizar um referencial fixo em que um dos eixos tenha físico?

Vejamos alguns exemplos, na página seguinte.

37
1. MECÂNICA

F
Exemplo 1 – Movimento retilíneo de um sistema de corpos

Analisemos o movimento de dois esquiadores, ligados por uma corda (ou fio),
sendo um puxado por uma corda com uma força constante F» sobre uma super-
fície onde é desprezável a força de atrito (Fig. 42).
B A A Fig. 43 mostra a situação anterior em esquema. Há três corpos em movi-
Fig. 42 Dois esquiadores A e B, ligados mento: o corpo A, o corpo B e o fio que os une. Se a massa do fio for desprezável,
por um fio, movem-se sob a ação de uma
força constante exercida no esquiador A. isto é, muito menor do que a massa dos restantes corpos, poderemos ignorar o
peso do fio. Na Fig. 43 mostram-se os diagramas das forças que atuam em cada
corpo e a respetiva identificação.

B A F

B A
y F NB NA F Fio
B A TB TA θ T’B T’A
x

PB PA

F»: força com que é puxado T»B: força com que o fio T»’A: força
o corpo A. (que liga os corpos) puxa exercida no fio
P»A: peso de A, exercido pela o corpo B. pelo corpo A
Terra. P»B: peso de B, exercido pela (constitui um par
Terra. ação-reação
N»A: força normal, exercida
com T»A).
pelo plano de apoio. N»B: força normal exercida
pelo plano de apoio. T»’B: força
T»A: força com que o fio
exercida no fio
(que liga os corpos) puxa
pelo corpo B
o corpo A.
(constitui um par
ação-reação
Fig. 43 Diagrama das forças que atuam
nos corpos A e B e na corda. com T»B).

Vamos estabelecer uma relação entre as intensidades de T»A e T»B.

Se o peso do fio for desprezável, as únicas forças que atuam sobre ele serão
T»’A e T»’B (Fig. 44), que são simétricas, respetivamente, de T»A e T»B .

Fig. 44 Diagrama das forças que atuam


T’B T’A
num fio de massa desprezável.

Só existe aceleração na direção do movimento, ou seja, na do eixo dos xx, e a


aceleração de A tem de ser igual à aceleração de B. De facto, se A se movesse
mais depressa do que B, a corda poderia romper, e, se A se movesse mais deva-
gar do que B, a corda deixaria de estar esticada.

38
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Aplicando a Segunda Lei de Newton vem, Fx = ma e Fy = 0. Como não há for-


ças segundo o eixo dos yy e mfio ≈ 0, obtém-se:

Fx = mcorda ax ⇒ T ’A – T’B = 0 ⇔ T’A = T’B (com mfio ≈ 0)

Concluímos que, sempre que a massa de um fio (ou corda) for desprezável, Tensão ao longo de um fio: num fio
a tensão ao longo do fio tem a mesma intensidade. Essa conclusão pode ser de massa desprezável, a intensidade
da tensão é sempre a mesma ao longo
verificada experimentalmente: cortando a corda e unindo as duas extremidades
do fio.
por um dinamómetro, este marcará sempre o mesmo valor independentemente
do sítio do corte.

Assim, num problema em que a massa dos fios (ou cordas) seja desprezável,
podemos ignorá-los, analisando apenas os restantes corpos.

Podemos então escrever T ’B = T’A = T. Mas, como T» ’B e T» ’A formam pares


ação-reação com, respetivamente, T» A e T» B, também podemos escrever

TB = TA = T (com mfio ≈ 0)

Como só existe aceleração na direção xx, tem-se a = ax. Na Fig. 45 escreve-se


a expressão da Segunda Lei de Newton para os corpos A e B:

A
Corpo A:
y NA F
⎧ Fx = max ⎧ F cos θ – T = mAa TA θ
⎨ ⇒ ⎨ x
⎩ Fy = 0 ⎩ F sin θ + NA – PA = 0
PA

B
Corpo B:
y NB
⎧ Fx = max ⎧ T = mBa TB
⎨ ⇒ ⎨ x
⎩ Fy = 0 ⎩ NB – PB = 0
PB Fig. 45 Aplicação da Segunda Lei
de Newton aos corpos A e B.

As segundas equações de cada sistema permitem calcular a intensidade das


respetivas forças normais: NA = PA – F sin θ e NB = PB.

As equações restantes formam o sistema:

⎧ F cos θ – T = mAa

⎩ T = mBa

o qual permite obter a aceleração, a, com que se move o conjunto e o valor da


tensão, T, a partir da intensidade da força, F, que puxa o corpo A e do ângulo θ
(cujos valores são conhecidos):

F cos θ mB
a= e T= F cos θ
mA + mB mA + mB

39
1. MECÂNICA

Questão resolvida 12

Para elevar um bloco de 50,0 kg para o estrado de uma camioneta co-


loca-se o bloco num carrinho de 2,00 kg que subirá uma rampa de in-
clinação 15°. Enche-se um balde com areia, como mostra a figura, até o
carrinho começar a mover-se. A massa do balde é 1,00 kg.
Qual é o valor mínimo da massa de areia despejada no balde? Despreze
o atrito entre as superfícies assim como as massas do fio e da roldana.
Esta é uma maneira engraçada de elevar um bloco pesado: enchendo um
balde com areia!

15O

O sistema é equivalente a dois corpos em movimento: o corpo A, que repre-


senta o conjunto carrinho + bloco, e o corpo B, que representa o conjunto
balde + areia. Esquematizam-se a seguir os diagramas das forças que atuam
em A e B. Estão traçados referenciais, para cada corpo, em que um eixo coin-
cide com a direção e sentido do movimento (o referencial escolhido não tem
de ser o mesmo para os dois corpos!).

NA T
A
A TB
y
B
x PA 15O
y
15O PB

Como a tensão ao longo do fio tem sempre o mesmo módulo, TA = TB = T.


Aplicando a Segunda Lei de Newton, obtemos:
Corpo A: Fx = max ⇔ T − PA sin θ = mAa e Fy = 0 ⇔ NA − PA cos θ = 0
A segunda equação permite calcular a intensidade da força normal exercida
pela rampa sobre A: NA = PA cos θ = 52 × 9,8 × cos 15° = 492 N.
Corpo B: Fx = 0 e Fy = mBa ⇔ PB – T = mBa
Ficamos com o sistema de duas equações,
⎧T − PA sin θ = mAa

⎩PB – T = mBa

com três incógnitas: T, a e PB. Ora, como se pretende saber o valor mínimo da
massa de areia, basta impor o valor mínimo para a aceleração, que é zero, ou
seja, o sistema inicia o movimento mantendo depois constante essa veloci-
dade arbitrariamente pequena. As equações anteriores reduzem-se a:
⎧T − PA sin θ = 0

⎩PB – T = 0
Eliminando T, obtemos: PB = PA sin θ ⇔ mB = 52 × sin 15° = 13,5 kg.
Como a massa do balde é 1,00 kg, a massa mínima de areia é 12,5 kg.

40
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Exemplo 2 – Movimento circular num plano vertical: a montanha-russa

Estudemos o movimento de um carrinho numa montanha-russa, supondo


que não existe um mecanismo de segurança que impeça a projeção do carrinho.

Quais são as condições exigidas para a segurança dos passageiros? Por


que razão o carrinho não cai quando passa no cimo do looping? Será que
pode ter qualquer velocidade?

Analisemos o movimento nas posições A, B, C e D (Fig. 46), supondo que as


últimas três posições estão sobre o mesmo arco de circunferência. As forças que
se exercem sobre o carrinho são sempre as mesmas: o peso, que é uma força de
intensidade constante, e a força normal, que é variável em direção e intensidade
(por isso as forças normais serão representadas por símbolos diferentes).

NA
A

P
D
r
ND
P
C
NC
R

P
NB
B
Fig. 46 Movimento de um carrinho numa
montanha-russa quando se desloca por A,
P B, C e D sucessivamente.

Mas como sabemos que a intensidade da força normal varia ao longo do


movimento?

Como a trajetória é circular, devemos utilizar um referencial ligado à partí-


cula. Para cada posição, temos de considerar três eixos: o tangencial, designado
por t, o normal, designado por n (que aponta sempre para o centro de curvatura!),
e outro perpendicular a estes dois, designado por z. Como não há nenhuma força
na direção do eixo dos zz, ou seja, perpendicular à folha de papel, das três equa-
ções escalares da Segunda Lei de Newton, Ft = mat, Fn = man e Fz = 0, só preci-
samos das duas primeiras.

Vamos escrever estas equações para cada posição do carrinho atendendo ao


raio de curvatura, que é r para a posição A e R para as posições B, C e D.

Para a posição A, vem (Fig. 47):

t
Posição A:
NA n
⎧ Ft = mat ⎧0 = mat ⎧ at = 0 A
⎨ ⇒ ⎨ v A2 ⇒ ⎨ v A2
⎩ Fn = man ⎩P – NA = m r ⎩ NA = P – m r P Fig. 47 Aplicação da Segunda Lei
de Newton na posição A do carrinho.

Da primeira equação, concluímos que a aceleração tangencial é nula em A.

41
1. MECÂNICA

A segunda equação permite:

• calcular a intensidade da força normal, N», conhecida a velocidade em A;


• verificar que tem de existir a condição NA < P, pois o segundo membro da
v2
equação, m rA , é sempre positivo.

Uma curva só é descrita quando há uma componente centrípeta da resul-


tante das forças a apontar para o centro de curvatura. Por isso, a intensidade
da força que aponta para o centro de curvatura tem de ser maior do que a
intensidade da força que aponta para fora!

Como as equações evidenciam, a intensidade da força normal depende não


só da força aplicada, o peso, mas também da velocidade naquela posição.

Como a intensidade (ou módulo) da força normal é sempre positiva, NA > 0,


o caso limite ocorre para NA = 0, ou seja, quando o plano não exerce força sobre
o corpo. Neste caso, o corpo fica prestes a entrar em voo de projétil, porque
apenas atua o seu peso. Por isso, e a fim de garantir a segurança em A, tem de
se verificar:

v2 v2
NA > 0 ⇒ P − m rA > 0 ⇔ mg > m rA ⇔ vA < √rg

Fig. 48 Um veículo entra em movimento


Ou seja, a condição de segurança em A é que o módulo da velocidade seja
de projétil numa lomba se a força normal
se anular. inferior a √rg , ou seja, o raio de curvatura é determinante.

Se deixar de atuar a força normal, N», o carrinho passará a mover-se como um


projétil, o que ocorre quando um veículo salta numa lomba de estrada (Fig. 48).

Para a posição B, as equações são (Fig. 49):

Posição B: n
NB t

⎧ Ft = mat ⎧0 = mat ⎧ at = 0 B
⎨ F = ma ⇒ 2
⎨N – P = m v B ⇔ 2
⎨N = P + m v B
n
⎩ n ⎩ B R ⎩ B R P
Fig. 49 Aplicação da Segunda Lei
de Newton na posição B do carrinho.

Da primeira equação concluímos que a aceleração tangencial é nula em B.


A segunda equação permite:

• calcular a intensidade da força normal, N», conhecida a velocidade em B;


• verificar que a força normal nesta posição é sempre maior do que o peso, pois
v B2
P+m é sempre positivo. Então, a segurança está garantida na posição
R
B (Fig. 50). Contudo, se a velocidade for demasiado elevada, a força normal
poderá ter uma intensidade tão grande que incomoda os passageiros.
Fig. 50 Na posição mais baixa
da montanha-russa, a segurança
dos carrinhos está garantida porque
existe sempre força normal.

42
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Para a posição C, as equações são (Fig. 51):

Posição C: t
C n
NC
⎧ Ft = mat ⎧ – P = mat ⎧ at = –g
⎨ ⇒ ⎨ 2 ⇔ ⎨ 2
P
⎩ Fn = man ⎩ NC = m v C ⎩ NC =m v C Fig. 51 Aplicação da Segunda Lei
R R
de Newton à posição C do carrinho.

Na posição D, as equações são (Fig. 52):

t
Posição D:
n
D
⎧ Ft = mat ⎧ 0 = mat ⎧ at = 0
⎨ ⇒ ⎨ v2 ⇔ ⎨ v D2
⎩ Fn = man ⎩ ND + P = m D ⎩ ND = m –P ND
R R P Fig. 52 Aplicação da Segunda Lei
de Newton à posição D do carrinho.

A segunda equação permite obter a condição de segurança em D, pois tem


de se verificar:

v D2 v2
ND > 0 ⇔ m – P > 0 ⇔ m D > mg ⇔ vD > √Rg
R R

Ou seja, na posição de altura máxima do arco, o carrinho tem de ter uma


velocidade mínima para não cair, que depende do raio de curvatura.

Repare-se que a posição D pode parecer igual à posição A, mas não é! Em A,


o carrinho move-se por cima de um arco (é como se fosse uma lomba), enquanto
em D fá-lo no interior de um arco (Fig. 53). Por isso, as forças normais têm sen-
tidos contrários.
Fig. 53 Na altura máxima, o carrinho deve
ter uma velocidade mínima para não cair.
Embora a análise anterior contenha aproximações (desprezou-se o atrito),
ela permite concluir que a construção dos arcos de uma montanha-russa tem de
obedecer a apertados critérios de segurança: os passageiros são sempre presos
às cadeiras para maior segurança (pode ocorrer uma situação que leve a uma
imprevista travagem!) e os carrinhos têm rodas por cima e por baixo do carril
(Fig. 54).

A Fig. 55 resume as condições de segurança anteriores.

Movimento numa superfície curva no plano vertical

Posição Condição de segurança

Fig. 54 Rodas de segurança


v < 兹rg de um carrinho numa montanha-russa.

v > 兹rg Fig. 55 Condições de segurança


no movimento sobre uma superfície curva.

43
1. MECÂNICA

Exemplo 3 – Movimento circular num plano horizontal: o bobsled

No bobsled, corrida de trenós em pistas geladas (Fig. 56) em que equipas de


duas ou quatro pessoas viajam nos veículos, podem atingir-se velocidades de
140 km/h. Quando há curvas, o condutor orienta o trenó de modo a que ele suba
uma rampa gelada, o que permite descrever a curva com grande velocidade.
Mas como é a curva descrita em segurança?

Quando um corpo está numa curva num plano horizontal onde o atrito é des-
prezável (como numa superfície gelada), o peso e a força normal anulam-se. Não
há, assim, nenhuma força a puxar o corpo para o centro da curva (a força resul-
Fig. 56 Bobsled: corrida em pistas
geladas, a grandes velocidades, cuja tante não tem componente centrípeta), e o corpo não faz a curva! No bobsled a
segurança é facilitada pela inclinação curva faz-se sobre uma rampa e, como veremos, existe componente centrípeta
do plano das curvas.
da força resultante, o que permite ao corpo descrever a curva.

A Fig. 57 (à direita) mostra as forças que atuam no trenó (desprezam-se as


forças de atrito) e um sistema de eixos ligado ao corpo. A força normal N» faz um
certo ângulo com a direção vertical, ou seja, tem uma componente na direção do
raio da curva, que é descrita num plano horizontal. Esta componente é a com-
ponente centrípeta da força resultante. A outra componente da força normal N»
é anulada pelo peso.

Como não há forças na direção tangencial à trajetória, bastam as equações


escalares Fn = man e Fz = 0 para caracterizar esta situação (Fig. 57):

z
2
N
v ս N cos ս
⎧ Fn = man ⎧N sin θ = m
⎨ ⎨ R R
Fig. 57 Diagrama das forças que atuam ⇒
⎩ Fz = 0 ⎩N cos θ – P = 0 C n N sin ս
sobre um corpo que descreve uma curva
numa rampa e equações da Segunda Lei
ս P
de Newton.

mg
A segunda equação permite calcular o módulo da força normal: N = .
cos θ
Velocidade permitida numa curva num
A primeira equação permite concluir que, quanto maior for N sin θ, que é a
plano com inclinação: será tanto maior
quanto maior for o raio e a inclinação componente centrípeta da força resultante, maior será a aceleração centrípeta
da curva. e, para o mesmo raio, maior poderá ser a velocidade na curva.

Podemos calcular a velocidade permitida numa curva circular de raio R e


inclinação θ : resolvendo o sistema de equações em ordem a v, obtemos

v = 兹R g tan θ
Ou seja, maior raio de curvatura e maior inclinação da rampa permitem maio-
res velocidades.

As estradas devem ter curvas com uma inclinação correta, chamadas cur-
Fig. 58 Uma curva com relevé aumenta
vas com relevé (Fig. 58), que asseguram maior segurança rodoviária. Veremos
a componente centrípeta da força adiante que o atrito também contribui para que haja componente centrípeta,
resultante.
aumentando a segurança.

44
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Os corredores de motas procuram uma inclinação adequada (Fig. 59) para


que a força exercida pela estrada, em vez de ficar perpendicular à estrada,
fique inclinada e, deste modo, aumente a componente centrípeta da força re-
sultante.

Ou seja, o movimento numa curva será tanto mais seguro quanto maior for
a componente centrípeta da força resultante, a qual pode ser originada, por
exemplo, por forças de atrito, pela força normal ou por tensões.
Fig. 59 O condutor inclina-se para que
a força normal contribua para aumentar
a componente centrípeta da força
resultante.

Questão resolvida 13

Numa feira, um baloiço gigante, com um braço de sus-


pensão de 3,0 m de comprimento, tem movimento cir-
L
cular uniforme. Uma corda de 2,0 m faz um ângulo de
30° com a vertical, quando a massa do conjunto é 55 kg. l
ս
a) O ângulo que a corda faz com a vertical dependerá do
peso da pessoa? Justifique. R

b) Qual é o módulo da tensão exercida pela corda sobre


a cadeira?

c) Quantas voltas completas dá o baloiço num minuto?

a) O esquema representa as forças aplicadas ao sistema. v2 ω2 R


equação tan θ = , obtemos tan θ = ; mas, como
Como o movimento é uniforme, não há componente tan- Rg g
gencial da força. Assim, bastam as equações Fn = man e 4π2 f 2 R
Fz = 0 para analisar o movimento. Tem-se ω = 2 π f, a expressão anterior fica tan θ = , donde
g
v2
Fn = man ⇔ T sin θ = m
R
e Fz = 0 ⇔ T cos θ – P = 0
f=
1
2π  g tan θ
R
=
1
2π  10 tan 30°
4,0
=

Resolvendo este sistema de equações e eliminando a va- = 0,19 s–1 = 11 min–1


2
v Por isso, o baloiço dá 11 voltas completas num minuto.
riável T, obtemos tan θ = , ou seja, o ângulo só depen-
Rg
de do raio de curvatura e da velocidade.
L
b) A equação T cos θ – P = 0 permite concluir que
l
mg 55 × 10 ս
T= = = 6,4 × 102 N
cos θ cos 30°
T
c) O raio de curvatura é R
R = L + l sin θ = 3,0 + 2,0 sin 30° = 4,0 m C l sin ո
P
Recordando do 11.o ano que o módulo da velocidade z
num movimento circular uniforme é igual ao produto da
velocidade angular pelo raio, v = ωR, e substituindo na n

QUESTÕES p. 70

45
1. MECÂNICA

1.1.7 Forças de atrito entre sólidos

As forças de atrito estão presentes por todo o lado, sendo muito importantes
no nosso dia a dia. Algumas vezes queremos minimizá-las, mas noutras elas são
indispensáveis.

Por exemplo, o atrito no motor de um automóvel fá-lo perder cerca de 20%


da sua potência, razão por que se lubrificam as peças para minimizar o atrito.
Nas nossas articulações existe um líquido viscoso lubrificador – o líquido sinovial
– que também serve para diminuir o atrito.

Mas o atrito, que em geral atua como uma resistência ao movimento, é, por
Fig. 60 O atrito atua como resistência vezes, o responsável pelo próprio movimento: é ele que possibilita a aceleração
aos movimentos, como nas engrenagens
de um automóvel e nos permite caminhar, correr e trepar (Fig. 60).
das máquinas ou nas articulações
dos ossos, mas é ele que nos permite
Foi o artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (Fig. 61) quem primeiro estu-
caminhar.
dou o atrito nas máquinas que criou, no século XVI, tendo as suas ideias sido
aprofundadas mais tarde.

As forças de atrito manifestam-se quando um corpo se move, ou quando


tem tendência a mover-se em relação a outro apesar de continuar em repouso,
por exemplo, entre dois sólidos em contacto.

Iremos analisar as forças de atrito entre sólidos.

Vejamos o que se observa quando empurramos um corpo, por exemplo um


armário. Analisemos as forças que atuam sobre ele e apliquemos as leis de
Newton de modo a determinar a intensidade da força de atrito (Fig. 62).

Fig. 61 Leonardo da Vinci


(1452-1519), o artista e inventor F F F
italiano que estudou o atrito,
ainda antes de Newton chegar
ao conceito de força. Fa Fa Fa
Repouso Repouso Movimento

Forças de atrito: atuam quando Empurra-se o armário Aumenta-se Aumentando mais


um corpo se desloca sobre outro ou é mas ele permanece em progressivamente a a força exercida no
solicitado a mover-se mas permanece repouso: a força resultante intensidade da força sobre armário, este começa
em repouso. é nula. o armário mas ele continua a mover-se.
em repouso.
Como o peso é anulado A intensidade da força A intensidade da força
pela força normal, então de atrito também vai de atrito é então inferior
a força de atrito é anulada aumentando, mas continua à intensidade da força
pela força aplicada, a verificar-se a seguinte aplicada:
pelo que têm a mesma condição:
intensidade:
Fig. 62 A intensidade da força de atrito
Fa = F Fa = F Fa < F
varia à medida que se empurra um corpo.

46
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

As observações anteriores mostram que a intensidade da força de atrito vai


aumentando quando aumenta a intensidade da força aplicada até atingir uma
intensidade máxima. Curiosamente, após entrar em movimento, até é mais
fácil empurrar o corpo, o que indica que a intensidade da força de atrito diminui
quando se passa a um estado de movimento.

Quando a força de atrito impede que o corpo deslize, permanecendo em Força de atrito estático: existe quando
repouso apesar de solicitado a mover-se, designa-se por força de atrito está- as superfícies em contacto não deslizam
uma em relação à outra (repouso).
tico. Quando o corpo está em movimento chama-se força de atrito cinético.

Como interpretar as observações anteriores? Força de atrito cinético: existe quando


há movimento de uma superfície
Sabemos que é mais fácil empurrar o armário quando ele está vazio, assim em relação à outra.
como empurrá-lo sobre um chão encerado do que sobre alcatifa. Isso deve-se às
características da força de atrito verificadas experimentalmente:

Forças de atrito entre sólidos deslizantes ou na iminência de deslizar


As forças de atrito dependem do material e do polimento das superfícies em
contacto, mas não dependem da área das superfícies em contacto.

Forças de atrito estático


• São paralelas às superfícies em contacto, com sentido oposto ao da
velocidade se o corpo se mover, ou sentido oposto ao da força que solicita
o corpo a mover-se se ele permanecer em repouso.
• A força de atrito estático, F»ae, que só existe quando o corpo é solicitado
a mover-se, varia de zero a um valor máximo, tendo intensidade igual à da
força aplicada, F», que o solicita a mover-se: Fae = F.
• A intensidade máxima da força de atrito estático é proporcional à intensidade
da força normal
máx
F ae = μeN
sendo a constante de proporcionalidade, μe, designada por coeficiente
de atrito estático.

Forças de atrito cinético


• A força de atrito cinético, F»ac, é independente da velocidade (se esta não
for muito elevada) e a sua intensidade é proporcional à intensidade da força
normal:

F ac = μcN
• Para o mesmo par de materiais, a força de atrito cinético é geralmente infe-
rior à força de atrito estático máxima, pois μc < μe.

47
1. MECÂNICA

Interpretemos, então, o que observamos na Fig. 62 (página 46). Quando um


corpo está assente numa superfície horizontal e é solicitado a mover-se por uma
força horizontal F», paralela ao plano, e continua em repouso, tem-se N = P
e Fae = F. Aumentando a força aplicada, aumenta a força de atrito estático até
máx
atingir a máxima intensidade dada por Fae = μeN. Um novo aumento da força
aplicada faz o corpo mover-se: a intensidade da força de atrito, agora cinético,
diminui e passa a ser praticamente constante (Fig. 63).
Fig. 63 Variação da intensidade da força Fa
de atrito com a intensidade da força
Faemáx = ȝeN
aplicada. Fac = ȝcN
Fae = F
N N
Fae F Fac F
FR = 0 FR = F – Fac

F P P
Repouso Movimento Repouso Movimento

A Fig. 64 resume as conclusões anteriores.

Forças de atrito entre sólidos em deslizamento ou na iminência de deslizar

Repouso: atrito estático Movimento: atrito cinético

N N N
Fae F Fac F

Fig. 64 Características das forças


de atrito entre sólidos em deslizamento P P P
ou na iminência de deslizar. Fae = 0 Fae = F e máx
F ae = μeN Fac = μcN

Questão resolvida 14

Sobre um bloco de madeira de 3,4 kg, assente numa mesa Interprete o que ocorre com o bloco, calculando a inten-
também de madeira, exerce-se uma força F» horizontal. sidade da força de atrito se a intensidade da força apli-
Os coeficientes de atrito estático e cinético do par de cada sobre ele for sucessivamente igual a:
materiais em contacto são, respetivamente, 0,60 e 0,40. a) F = 0 N b) F = 10 N c) F = 21 N d) F = 16 N

a) O bloco está em repouso e não há atrito, pois não há força c) O bloco começa a mover-se, pois a intensidade da força é
a puxá-lo. superior à máxima intensidade da força de atrito estático.
b) Temos de saber se a intensidade da força que solicita o d) Como o bloco já se move, temos de ver se a força apli-
bloco a mover-se é ou não superior à intensidade máxima cada é suficiente para igualar ou superar a força de atrito
da força de atrito estático. cinético e manter o movimento, isto é, se F ⱖ Fac (se a
máx
Como F ae = μeN = μemg = 0,60 × 3,4 × 10 = 20 N, o bloco força fosse inferior à força de atrito cinético, o corpo
estará em repouso para intensidades da força aplicada abrandaria até parar). Como Fac = μcN = μcmg = 0,40 ×
inferiores a 20 N e F = Fa. Logo, neste caso, Fa = 10 N. × 3,4 × 10 = 13,6 N e F = 16 N, o bloco move-se com ace-
leração: F – Fac = ma ⇒ 16 – 13,6 = 3,4a ou a = 0,7 m s–2.

As características indicadas referem-se apenas a sólidos que deslizam uns


sobre os outros. Mas há exceções, pois o fenómeno do atrito é complexo. As
características referidas baseiam-se na experiência, não havendo uma teoria
completa que as justifique.

48
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Mas qual é a origem do atrito?

Uma superfície que nos parece polida à vista desarmada é sempre mais ou
menos rugosa quando vista microscopicamente (Fig. 65). No contacto de duas
superfícies formam-se uma espécie de pequenas «soldas» devido às interações
eletromagnéticas entre os respetivos átomos ou moléculas. Quando se aplica
uma força, as saliências e as reentrâncias das superfícies em contacto adquirem
novas configurações, o que origina a força macroscópica de atrito.

Fig. 65 As superfícies em contacto,


P à escala microscópica, apresentam muitas
Corpo
saliências, havendo forças atrativas entre
Superfície de apoio elas de natureza eletromagnética.

Na realidade, a superfície de apoio exerce apenas uma única força sobre o Superfície de apoio: exerce sobre
corpo, R» = N» + F»a (Fig. 66), cuja componente vertical é a força normal, N», e cuja um corpo uma força que é a soma da força
normal e da força de atrito.
componente horizontal é a força de atrito, F»a.

N R N Fig. 66 Um corpo é empurrado sobre


uma superfície. Esta exerce sobre ele
Fa F
uma força R» que se decompõe em duas
Fa componentes: a força normal N » e a força
P de atrito F»a.

Se as superfícies forem lubrificadas ou menos rugosas haverá uma menor


força de atrito, uma vez que os coeficientes de atrito são menores.
Os coeficientes de atrito são grandezas expressas como números (adimen- Coeficientes de atrito: em geral são
sionais), uma vez que se obtêm dividindo as intensidades de duas forças: μ = Fa / menores do que um, sendo o coeficiente
de atrito estático maior do que
N. A Tab. 2 indica alguns valores para pares de materiais. o coeficiente de atrito cinético.
Superfícies lubrificadas têm menores
Coeficiente de atrito Coeficiente de atrito coeficientes de atrito.
estático cinético
Materiais em contacto
Secos Lubrificados Secos Lubrificados

borracha – asfalto 0,8 – 1,1 0,4 – 0,7 0,7 – 0,9 0,2 – 0,5

madeira – madeira 0,6 0,4

vidro – vidro 0,94 0,35 0,40 0,04 – 0,09

aço duro – aço duro 0,74 0,57

gelo – gelo (0 °C) 0,05 – 0,15 0,02

gelo – gelo (−20 °C) 0,2 0,05

alumínio – aço 0,61 0,47


Tab. 2 Valores experimentais
teflon – teflon 0,04 0,02 – 0,04
de coeficientes de atrito para pares
articulações dos ossos 0,01 0,003 de materiais.

49
1. MECÂNICA

Mas por que razão a força de atrito não depende da área de contacto?

Temos de distinguir a área de contacto aparente – a que vemos macroscopi-


camente – da área real de contacto, ou seja, à escala microscópica. A área real
de contacto é sempre inferior à observada macroscopicamente porque os corpos
apenas se tocam em alguns pontos. Se colocarmos um livro sobre uma mesa
apoiado em faces diferentes, as áreas aparentes de contacto serão diferentes.
Mas o peso é sempre o mesmo. Assentando o livro numa superfície maior, há
muitas zonas de contacto, mas cada uma com pequena área (Fig. 67, à esquerda).
Se o livro estiver apoiado na face menor, existirão menos zonas de contacto, mas
cada uma com área grande (Fig. 67, à direita). A área real de contacto é aproxima-
damente a mesma nos dois casos.

Fig. 67 A área aparente de contacto


do livro com a mesa é diferente nas duas
situações, mas a área real de contacto
é aproximadamente a mesma.
Baixa pressão Alta pressão

Terá a força de atrito sempre sentido contrário ao do movimento do cen-


tro de massa do corpo? Nem sempre!

Sabemos que, se caminharmos sobre uma superfície muito polida, por exem-
plo, um chão encerado, os pés tendem a escorregar, o que não acontece se o
fizermos sobre um tapete.

Quando caminhamos ou corremos, empurramos o chão para trás e o chão


empurra-nos com uma força simétrica (Terceira Lei de Newton), R», que se
decompõe na força normal, N», e na força de atrito, F»a (Fig. 68). A força normal
equilibra o nosso peso. Numa fase da passada, empurramos o chão para trás,
mas a força de atrito impede os nossos pés de deslizarem, empurrando-nos para
a frente. Ela continua a opor-se à tendência de deslizamento entre as superfí-
cies, embora, neste caso, tenha o sentido do movimento do centro de massa
do corpo. É ela, afinal, a responsável pelo movimento!

Fig. 68 Numa fase da passada


empurramos o chão para trás e este N
R Fa
empurra-nos para a frente ( R» e –R» são
um par ação-reação). A força de atrito é –R
a componente horizontal de R», que nos
empurra para a frente.
R» = N» + F»a

50
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Numa outra fase da passada ou da corrida, quando o pé toca o solo, este


tende a deslizar para a frente e, por isso, a força de atrito aponta para trás
(Fig. 69). Mas, em seguida, e sobre o mesmo pé, a situação volta a ser a da Fig. 68.

Fig. 69 Numa outra fase da passada,


Fa a força de atrito aponta para trás.

Se a intensidade da força de atrito for suficiente, quando andamos ou corre-


mos assentamos os pés no chão sem eles deslizarem, sendo a força de atrito
alternadamente para a frente num certo intervalo de tempo, e para trás noutro
intervalo de tempo. Como o pé não desliza, o atrito é estático. Mas, se empurrar-
mos o chão com uma força que exceda a intensidade máxima da força de atrito
estático, o pé deslizará a ponto de haver desequilíbrio. Por isso, a sola do calçado
deve ser adequada para não se escorregar (Fig. 70)!

Se deslizarmos, o atrito será cinético e a força de atrito cinético terá sempre


sentido oposto ao do movimento do centro de massa do corpo.

Também o que faz acelerar um automóvel são as forças de atrito exercidas


pelo chão nas rodas com tração, que têm o sentido do movimento do centro de
massa do automóvel (Fig. 71). As rodas com tração empurram o solo para trás
enquanto este as empurra para a frente. Um automóvel, por muito potente que
seja, só consegue acelerar se houver atrito. Caso contrário, as rodas patinam e Fig. 70 Se a intensidade da força de atrito
o automóvel não avança. O problema pode ser resolvido colocando um objeto for suficiente, andaremos sem deslizar
e a força de atrito é estática.
por baixo das rodas com tração cuja superfície assegure o atrito.

Fig. 71 As forças de atrito que atuam


sobre as rodas de tração de um automóvel
são responsáveis pela aceleração
Fa do veículo.

Normalmente, as rodas do automóvel rolam em vez de deslizar, pelo que o


atrito é estático, uma vez que as superfícies em contacto não deslizam uma so-
bre a outra. No entanto, se houver deslizamento, o atrito passará a ser cinético.

Quando há uma travagem, as forças de atrito nas rodas apontam em sen-


tido oposto ao do movimento do centro de massa do automóvel. Mas, como
as rodas continuam a rolar, embora mais lentamente, o atrito continua a ser
estático. Contudo, numa travagem brusca, as rodas bloqueiam e passa a haver
uma força de atrito cinético, cuja intensidade é menor. As travagens serão mais
longas e o condutor poderá então perder o controlo do automóvel. O ABS (Anti-
lock Breaking System) é um sistema que impede que as rodas bloqueiem e
deslizem, permitindo um melhor controlo do automóvel.

51
1. MECÂNICA

Concluindo: a força de atrito cinético tem sempre sentido oposto ao do


movimento do centro de massa do corpo. A força de atrito estático pode ter
sentido oposto ou o mesmo sentido desse movimento, mas, em qualquer caso,
opõe-se à tendência de deslizamento entre as superfícies.

Na Atividade Laboratorial 1.2, «Atrito estático e atrito cinético», verificar-


AL 1.2 p. 61 -se-ão experimentalmente certas características das forças de atrito.

Atividade 3

O calçado usado em cada


modalidade de desporto tem
materiais e formas adequa-
das a essa modalidade.

Faça uma pesquisa sobre di-


ferenças no calçado usado e
justifique-as.

Questão resolvida 15

Um automóvel descreve uma curva circular de raio R, vista dinâmico, indicando se há ou não atrito (estático ou
num plano horizontal, mantendo o valor da velocida- cinético) e identificando as grandezas que condicionam a
de lido no velocímetro. Analise a situação do ponto de velocidade do automóvel.

Se o automóvel descreve uma curva com velocidade de


módulo constante tem necessariamente aceleração cen-
trípeta e aceleração tangencial nula. Logo, a força resultante
apenas tem componente centrípeta. Como o peso anula a z
força normal, terá de haver uma força, que é a força de atrito,
a puxar o automóvel para o centro da curva. Como o auto- N
móvel não desliza na direção desta força, o atrito é estático.
Fa
Traçando o diagrama de forças e aplicando a Segunda Lei
n
de Newton vem:
v2 P
Fn = man ⇔ Fa = m e Fz = 0 ⇔ N = P
R
Como a força de atrito máxima é F amáx = μeN, resolvendo o
v2máx
sistema, obtemos μemg = m , o que permite determinar
R
a velocidade máxima permitida ao automóvel para descre-

ver a curva, ou seja, vmáx = 兹μeRg.

QUESTÕES p. 72

52
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

1.1.8 Dinâmica da partícula e considerações


energéticas

Como vimos, para os movimentos curvilíneos no plano vertical as forças de


ligação podem depender da velocidade do corpo. Porém, em geral, esses movi-
mentos são variados, não uniformemente, e o cálculo da velocidade num ponto
da trajetória a partir das leis do movimento é complexo. Assim, nestas situações,
em conjunto com a descrição dinâmica, é conveniente ter em conta considera-
ções energéticas.

Vejamos o exemplo do movimento de uma pessoa num baloiço (Fig. 72). Por
razões de segurança, é necessário conhecer a intensidade máxima da tensão
sobre as cordas nos baloiços. Como determiná-la?

A
T P h
B
Fig. 72 Forças sobre um baloiço.
A intensidade máxima da tensão ocorre
P no ponto mais baixo.

Num baloiço, a intensidade máxima da tensão exercida pela corda sobre o Tensão máxima exercida pela corda
corpo (tomemos uma só corda por simplicidade), e que é igual à intensidade da no baloiço: ocorre na posição mais baixa
da trajetória.
tensão exercida pelo corpo sobre a corda, ocorre no ponto mais baixo da trajetória.

Seja ᐉ o comprimento da corda. Na posição mais baixa (ponto B da Fig. 72) só


há forças a atuarem na direção do raio do arco de circunferência descrita, pelo
que, aplicando a Segunda Lei de Newton, obtém-se:

vB2 v2
Fn = man ⇒ TB − P = m ⇔ TB = P + m B
ᐉ ᐉ
Tomando em conta considerações energéticas, e supondo que no movimen-
to entre os pontos A e B há conservação de energia mecânica, tem-se:

Ec(A) + Ep(A) = Ec(B) + Ep(B)

1 1 1 1
mvA2 + mghA = mvB2 + mghA ⇔ mvA2 + mg(hA – hB) = mvB2
2 2 2 2

ou
1 1
mvA2 + mgh = mvB2
2 2

Conhecidas a velocidade em A e altura, h, de A relativamente a B, pode cal-


cular-se a velocidade em B. Por exemplo, se o ponto A for o de altura máxima, a
velocidade será nula nesse ponto e o módulo da velocidade em B será vB = 兹2gh.

53
1. MECÂNICA

Pode assim determinar-se o valor da tensão máxima:


2gh
Tmáx = mg + m

Não só em movimento curvilíneos, mas também em movimento retilíneos,


mesmo sendo uniformes ou uniformemente variados, a descrição dinâmica,
em conjunto com as considerações energéticas, é muito útil, como já vimos no
11.o ano.

Questão resolvida 16

Uma pedra de 100 g, suspensa por um fio de massa desprezável, roda


num plano vertical, descrevendo um movimento circular. Este sistema é
o chamado pêndulo gravítico ou pêndulo simples. A pedra é largada com
o fio esticado na posição horizontal.

a) Qual é o módulo da tensão exercida pelo fio quando a pedra está na posi-


ção mais baixa e na posição em que o fio faz 30° com a direção vertical?
b) A pedra conseguirá descrever uma circunferência completa? Em caso
negativo, em que condições o faria? Justifique.

a) Observemos o esquema que representa a situação descrita: A é a posição


em que o pêndulo é largado e a velocidade é nula. Em B, a pedra passa na
posição mais baixa. Na posição C, o fio faz 30° com a direção vertical. D é
a posição mais alta: se a pedra passar por lá, descreve uma circunferên-
cia completa. Em cada posição traçam-se os eixos tangencial e normal.

n n t
A θ TC
TB t P TD
θ n
t
P P
C
B B C D
O movimento é circular, de raio igual ao comprimento do fio, ᐉ, e a tra-
jetória está contida num plano vertical. Em qualquer posição, as únicas
forças que atuam sobre a pedra são o peso e a tensão. Utilizando os
eixos tangencial e normal, a Segunda Lei de Newton escreve-se:
Em B: Ft = mat ⇔ 0 = mat ⇔ at = 0
e
v 2B v 2B
Fn = man ⇔ TB − P = m ⇔ TB = P + m
l l

Em C: Ft = mat ⇔ −P sin 30° = mat ⇔ at = –g sin 30°


e
v 2C v 2C
Fn = man ⇔ Tc − P cos 30° = m ⇔ TC = P cos 30° + m
l l
O movimento da pedra é acelerado na descida e retardado na subida.
O módulo da tensão diminui à medida que a pedra sobe.

(continua)

54
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

(continuação)

Da primeira equação calculamos o valor da aceleração tangencial. Da


segunda podemos calcular o módulo da tensão se conhecermos a velo-
cidade. Mas, neste caso, a energia mecânica conserva-se, uma vez que a
tensão não realiza trabalho (é sempre perpendicular à trajetória) e o peso
é uma força conservativa. Por isso, podemos escrever:
1 1
EmA = EmB, ou mghA + mvA2 = mghB + mvB2
2 2
Supondo o nível de referência, para a energia potencial, na posição B, tem-
-se hA = l, hB = 0, vA = 0. A expressão anterior fica:
1
mgl = mvB2
2
donde vB2 = 2gl
v2B
Substituindo em TB = P + m , obtém-se:
l
TB = 3mg = 3P = 3 × 0,100 × 10 = 3,0 N
1 1
Também EmA = EmC, ou mghA + mvA2 = mghC + mv C2
2 2

Supondo o mesmo nível de referência para a energia potencial, vem:


兹3 2 – 兹3

hA = l, hC = l – l cos 30° = l 1 –
2 冣= 2
l e vA = 0

Logo, v C2 = 兹3 gl
vC2
Substituindo em TC = P cos 30° + m , obtém-se:
l
TC = mg cos 30° + 兹3 mg = 0,100 × 10 × (cos 30° + 兹3) = 2,6 N

b) Se a pedra sair da posição A com velocidade nula, atendendo à conserva-


ção da energia mecânica só poderá atingir uma posição à mesma altura
da inicial, ou seja, com o fio novamente na posição horizontal.
Para descrever a circunferência teria de passar por D. Neste ponto, as
equações de Newton são:
Ft = mat ⇔ 0 = mat ⇔ at = 0
vD2 vD2
e Fn = man ⇔ TD + P = m ⇔ TD = –P + m
l l
Como o módulo da tensão tem de ser positivo, vem:
vD2
–P + m > 0 ⇔ vD > 兹gl
l
Consideremos vD = 兹gl a velocidade mínima no ponto D. Aplicando a con-
servação da energia mecânica entre A e D, podemos obter a velocidade
mínima que a pedra deveria ter em A:
1 1
EmA = EmD ou mghA + mvA2 = mghD + mvD2
2 2
Supondo o nível de referência para a energia potencial em A, vem:

hA = 0, hD = l, vDmin = 兹gl
1 1
Obtém-se, então: mvA2 = mgl + mgl ⇔ vAmin = 兹3gl
2 2

55
1. MECÂNICA

Questão resolvida 17

De uma rampa, com 25° de inclinação, largou-se do pon- a) Determine o coeficiente de atrito cinético entre as
to A, a uma altura de 17 cm em relação à base, um bloco superfícies em contacto.
de 87 g. O módulo da velocidade do bloco no ponto B foi
b) Se a massa do bloco fosse maior também o seria a
0,46 m s–1.
velocidade com que chegaria a B? Justifique.

c) Qual foi a distância entre B e C, considerando que em


A C o bloco parou.

B C

a) Como a força de atrito é não conservativa, o trabalho b) A dedução seguinte mostra que a velocidade com que
por ela realizado é igual à variação de energia mecânica. o bloco chega a B não depende da sua massa. Assim, a
Como WF»a = [(Ec(B) + Ep(B)) – (Ec(A) + Ep(A))] = Ec(B) – Ep(A), velocidade em B seria sempre a mesma.
dado que a velocidade em A é nula e se toma com 1 1
WF»a = mvB2 – mghA ⇔ –sμcN = mvB2 – mghA ⇔
referência para as energias potenciais a base da rampa, 2 2
1
WF»a = mvB2 – mghA =
2
⇔ –m s μcg cos 25° = m
1 2
2 B 冢
v – ghA ⇔ 冣
= 0,5 × 0,087 × 0,462 – 0,087 × 10 × 0,17 = –0,139 J 1
⇔ –s μcg cos 25° = vB2 – ghA
2
O trabalho da força de atrito pode calcular-se por c) Mantendo-se o tipo de superfícies, mantém-se o coefi-
WF»a = –sFa, sendo s a distância percorrida pelo bloco so- ciente de atrito.
bre a rampa.
Tem-se Fa = μcN = μcmg
De acordo com o diagrama das forças do esquema, para
o plano inclinado tem-se:
1 1 1
N = P cos 25° = 0,087 × 10 × cos 25° = 0,789 N WF»a = mvC2 – mvB2 ⇔ –sFa = – mvB2
2 2 2
e P sin 25° – Fa = m a
e
h
Como Fa = μc N e s = = 0,402 m, resulta que: 1 2 0,5 × 0,462
sin 25° s μcg = vB , logo, s = = 0,024 m
2 0,44 × 10
WF»a = –sFa ⇔ –0,139 = –0,402 μc × 0,789 ⇒ μc = 0,44

N
x Fa A

N
B C
P Fa
o
25

QUESTÕES p. 73

56
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

RESUMO
• Posição, r»: vetor que parte da origem do referencial e tem a extremidade na
partícula. Num movimento a três dimensões é dado por r» = x(t)e»x + y(t)e»y +
+ z(t)e»z, sendo x = x(t), y = y(t), z = z(t) as equações paramétricas do movi-
mento. Se estas forem do 1.o grau, do 2.o grau ou grau superior a 2, em t, o
movimento é, respetivamente, uniforme, uniformemente variado ou variado
na direção do eixo considerado.

• Equação da trajetória: obtém-se a partir das equações paramétricas por eli-


minação da variável tempo, t.

• Deslocamento, Δr»: vetor com origem na posição inicial e extremidade na


posição final da partícula. O seu módulo é igual ou menor do que a distância
percorrida sobre a trajetória.
Δr»
• Velocidade média: v»m = ; define-se num intervalo de tempo e tem a dire-
Δt
ção e o sentido do deslocamento.
dr»
• Velocidade: v» = ; define-se num instante e o seu módulo indica a rapidez
dt
com que a partícula se desloca nesse instante; é tangente à trajetória, em
cada ponto, e tem o sentido do movimento.
Δv»
• Aceleração média: a»m = ; define-se num intervalo de tempo; tem a dire-
Δt
ção e o sentido da variação da velocidade.
dv»
• Aceleração: a» = ; define-se num instante; numa trajetória retilínea tem
dt
a direção da velocidade e o mesmo sentido (no movimento acelerado) ou
sentido oposto (no movimento retardado); numa trajetória curvilínea existe
sempre, pois há mudança de direção da velocidade, apontando sempre para
dentro da curva.

• Componente tangencial da força resultante, F»t: tem a direção da veloci-


dade e o mesmo sentido ou sentido oposto; provoca variação do módulo da
velocidade.

• Componente normal da força resultante, F»n (ou força centrípeta, F»c): é


perpendicular à velocidade, apontando para o centro da curva; provoca varia-
ção na direção da velocidade; existe em todos os movimentos curvilíneos.

• Aceleração, a», num sistema de eixos ligados à partícula: a» = at e»t + an e»n.


dv
• Componente tangencial da aceleração: at = ; está associada à variação
dt
do módulo da velocidade; tem a direção da velocidade e o mesmo sentido ou
sentido oposto; é nula em movimentos uniformes (retilíneos e curvilíneos);
é constante em movimentos uniformemente variados; e é variável em movi-
mentos variados.

57
1. MECÂNICA

• Componente normal da aceleração, a»n (ou componente centrípeta, a»c):


v2
an = , sendo r o raio de curvatura; está associada à variação da direção da
r
velocidade; é perpendicular à velocidade, apontando para o centro da curva;
existe em todos os movimentos curvilíneos.

• Equações escalares da Segunda Lei de Newton, F»R = m a», num referencial


fixo: Fx = max, Fy = may, Fz = maz.

• Equações escalares da Segunda Lei de Newton, F»R = ma», num referencial


de eixos ligados à partícula: Ft = mat, Fn = man, Fz = 0; usam-se, por exem-
plo, para descrever movimentos circulares.

• Trajetória parabólica: é descrita pelo centro de massa de um corpo sob a


ação de uma força resultante constante cuja direção é diferente da veloci-
dade inicial.

• Movimentos curvilíneos de queda livre: são descritos como a composição


de um movimento retilíneo uniforme na direção horizontal (com velocidade
inicial igual à velocidade inicial naquela direção) e um movimento retilíneo uni-
formemente variado na direção vertical (com velocidade igual à velocidade
inicial naquela direção e aceleração igual à aceleração gravítica). A trajetória
é parabólica.

• Lançamento horizontal: resulta em movimento curvilíneo de queda livre


cuja velocidade inicial tem direção horizontal (perpendicular à força graví-
tica). A velocidade inicial influencia o alcance do projétil, mas não o seu tempo
de queda.

• Lançamento oblíquo: movimento curvilíneo de queda livre cuja velocidade


inicial não é perpendicular à força gravítica.

• Forças de ligação: tensão, força normal, força de atrito; restringem a traje-


tória de um corpo; dependem das forças aplicadas e das características do
movimento.

• Forças de atrito entre sólidos em deslizamento: dependem do material e do


polimento das superfícies em contacto mas não dependem da área das super-
fícies em contacto. Diminuem de intensidade em superfícies lubrificadas.

• Força de atrito estático entre sólidos com tendência a deslizarem um


sobre o outro: existe quando as superfícies em contacto não deslizam uma
em relação à outra mas são solicitadas a moverem-se. Tem a direção da força
que solicita um dos corpos a mover-se, mas sentido oposto.

• Força de atrito cinético entre sólidos que deslizam um sobre o outro:


existe quando há movimento de uma superfície em relação à outra. Tem a
direção da velocidade do corpo que desliza, mas sentido oposto.
máx
• Intensidade máxima da força de atrito estático entre sólidos: F ae = μeN;
μe: coeficiente de atrito estático (depende dos materiais em contacto).

• Intensidade da força de atrito cinético entre sólidos em deslizamento:


Fac = μcN; é proporcional à intensidade da força normal; μc: coeficiente de
atrito cinético (depende dos materiais em contacto); em geral, para o mesmo
máx
par de materiais, Fc < F ae , pois μc < μe.

58
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.1

Lançamento horizontal
Um atirador olímpico dispara a sua pistola horizontalmente (Fig. 73).

A que altura acima do nível do alvo deve colocar a saída da bala para, a uma dada
distância, acertar no alvo?

Questões pré-laboratoriais Fig. 73 Adelino Rocha, do Clube de Tiro


de Fervença, nos Jogos Paralímpicos
do Rio de Janeiro, 2016 (Federação
1. O que significa dizer que um projétil é disparado horizontalmente? Portuguesa de Tiro).

2. Um movimento deste tipo é a composição de dois movimentos: um


segundo a horizontal e outro segundo a vertical. Caracterize o movi-
mento, indicando como varia a componente escalar da velocidade
com o tempo, e apresente a expressão da coordenada de posição em
função do tempo:
a) para a direção horizontal.
b) para a direção vertical.

3. No estudo do lançamento horizontal de um projétil pode usar-se uma


rampa, apoiada sobre uma mesa. Uma esfera, após ser abandonada
de uma certa altura na rampa, atinge a sua base e sai horizontalmente
desta como mostra a Fig. 74.
a) Indique duas vantagens deste dispositivo para o estudo do lança-
mento horizontal de um projétil.
b) Esboce a trajetória de queda livre da esfera após ela sair da base
da rampa.
c) A esfera é abandonada sucessivamente de duas posições, uma mais
acima na rampa, e outra mais abaixo. Relacione, qualitativamente:
i) as velocidades de saída da base da rampa;
ii) as distâncias, medidas na horizontal (alcance), a que atinge o solo; Fig. 74 Lançamento horizontal de projétil
após movimento numa rampa.
iii) os tempos que demora a chegar ao solo.

4. Considere que a esfera é lançada com uma velocidade horizontal v0


de uma altura h em relação ao solo. Deduza a expressão que relaciona
o alcance, A, a velocidade de saída, v0, e a altura de lançamento em
relação ao solo, h.

5. Pretende determinar-se experimentalmente a velocidade de uma


esfera. Um equipamento que pode ser usado para este fim é uma
célula fotoelétrica. Que outro equipamento é necessário utilizar?
Como se deverá proceder?

59
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.1 (cont.)


Trabalho laboratorial

Nesta atividade pretende obter-se, para um lançamento horizontal de uma certa


altura, a relação entre o alcance de um projétil e a sua velocidade inicial.

Material: rampa apoiada sobre uma mesa, esfera ou berlinde com diâmetro superior
a 1,5 cm, célula fotoelétrica com ligação a um cronómetro digital, uma craveira, uma
fita métrica e um alvo (caixa com areia ou papel químico e folha de papel branco).

Fig. 75 Montagem experimental Faça a montagem da Fig. 75 e ligue a célula fotoelétrica. Utilize um fio-de-prumo (ou
para o estudo do lançamento massa marcada suspensa de um fio) para registar no solo a posição da vertical de
horizontal.
saída da esfera da base da rampa.

1. Meça o diâmetro da esfera com


uma craveira. Registe o resultado da
3. Abandone a esfera de uma certa
altura na rampa (de modo a prever a posi-
medida tendo em conta a incerteza abso- ção onde vai cair é conveniente experimen-
luta de leitura do instrumento. tar uma vez, sem recolha de dados). Execute
este procedimento para, pelo menos, cinco

2. Meça a altura de lançamento hori-


zontal da esfera. Registe o resul-
alturas diferentes na rampa e, para cada
altura, repita-o três vezes. Em todos os pro-
cedimentos registe o tempo de passagem
tado da medida, tendo em conta a incer- da esfera pelo feixe de luz, 6t, e o alcance, A,
teza absoluta de leitura do instrumento. construindo uma tabela com os dados.

Questões pós-laboratoriais

1. Complete a tabela de dados determinando, para 4. Noutra experiência, obteve-se a reta de regressão
cada altura inicial da esfera: y = 0,314x – 0,017 para o gráfico de A = f(v0).
• o tempo mais provável da passagem da esfera a) Qual seria o alcance da esfera se o módulo da
pela célula e a velocidade; velocidade de lançamento fosse 2,0 m s–1?
• o alcance mais provável. b) Qual seria o módulo da velocidade inicial se o
alcance fosse 1,2 m?
2. Identifique eventuais erros experimentais.
5. Uma pistola de tiro olímpico dispara uma bala a
3. Elabore o gráfico de pontos do alcance, A, em fun-
1600 km/h. Suponha desprezável a resistência do ar.
ção do módulo da velocidade com que a esfera sai
da base da rampa, v0. Determine a reta que melhor a) Qual será o alcance se o disparo for feito a 1,6 m
se ajusta ao conjunto de pontos experimentais e a do solo?
respetiva equação. b) Um alvo encontra-se a 50 m. De que altura, acima
a) Que relação pode estabelecer entre as variáveis? do nível do alvo, se deve disparar para acertar no
Qual é o significado do declive da reta? alvo?

b) Estarão os resultados obtidos de acordo com o


previsto?

60
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.2

Atrito estático e atrito cinético


Por que razão pode, na mesma rampa, um corpo ficar em repouso e outro desli-
zar? E se a inclinação da rampa aumentar, pode o corpo em repouso entrar em
movimento?
Por que razão é mais fácil manter um corpo em movimento do que retirá-lo do
repouso?

Questões pré-laboratoriais

1. Um automóvel, de massa m, está estacionado numa 3. Suponha que tem disponíveis blocos paralelepipé-
rampa de inclinação θ0 e fica na iminência de desli- dicos, com faces revestidas de materiais diferentes
zar para um ângulo θmáx. e faces com áreas diferentes, e diversas massas
a) Que forças atuam sobre o automóvel quando a marcadas. Na montagem da Fig. 76, A é um desses
inclinação é θ0? Obtenha uma expressão para as blocos e B uma ou mais massas marcadas.
respetivas intensidades tendo em conta a massa
do automóvel, m, o ângulo da rampa, θ0, e o coe- A
ficiente de atrito estático, μe.
b) A inclinação da rampa aumenta desde θ0 até θmáx.
i) Indique, justificando, como variam as inten-
sidades da força normal e da força de atrito
estático. B
ii) Mostre que o coeficiente de atrito estático, μe,
Fig. 76 Os dois corpos, ligados por um fio, estão
é igual a tan θmáx. em repouso devido à força de atrito.

2. Observe a Fig. 76: os corpos A e B, de massas mA e


mB, respetivamente, estão ligados por um fio inex-
Indicando as variáveis que deverá manter constan-
tensível que passa numa roldana. O atrito no eixo
tes, planeie uma experiência de modo a concluir se
da roldana e a massa da roldana são desprezáveis.
a força de atrito estático máximo depende:
a) Represente as forças que atuam sobre A e sobre B.
a) da massa do bloco A;
b) Enquanto o corpo A não deslizar, qual é a intensi-
b) da área de contacto entre o bloco A e a superfície
dade da força de atrito que atua sobre ele?
de apoio;
c) O corpo A fica na iminência de deslizar quando
c) do tipo de materiais em contacto.
se aumenta a massa de B até um valor máximo,
mB,máx.
4. Para uma massa do bloco B superior a mB,máx, os
i) Obtenha a expressão para o coeficiente de blocos A e B entram em movimento. Classifique
atrito estático, μe, em função de mA e mB,máx. esse movimento e obtenha uma expressão para o
ii) Se a massa de A aumentar, mB,máx varia. Que coeficiente de atrito cinético, μc, em função da ace-
gráfico traduz essa variação? leração do sistema e da massa dos blocos.

61
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.2 (cont.)


Trabalho laboratorial

Nesta atividade investiga-se a dependência da força de atrito com as restantes forças que
atuam sobre um corpo assente num plano, com o tipo de materiais em contacto e com
a área de contacto, e determinam-se coeficientes de atrito estático e de atrito cinético.
Material: plano inclinado, calha, blocos paralelepipédicos com faces de áreas diferen-
tes e revestidas de materiais diferentes, sensor de força, sensor de movimento, fio,
massas marcadas, roldana com atrito reduzido, fita métrica e balança.
Cada grupo poderá estudar a dependência da força de atrito estático ou cinético com
uma dada variável: força normal, área de contacto ou tipo de materiais em con-
tacto. Cada medida deverá repetir-se pelo menos três vezes. As superfícies de apoio
dos blocos devem ser do mesmo tipo. Após interpretar o procedimento, deve ser ela-
borada uma tabela para registar os dados experimentais.

1. Dependência da força de atrito


com a força normal
b) Com o bloco em repouso, assente numa
superfície horizontal por uma face re-
Procedimento usando um sensor de força e vestida com um tipo de material, exerça
um sistema de aquisição de dados (Fig. 77): uma força de intensidade crescente até
o bloco entrar em movimento e mante-
a) Meça a massa de um bloco paralelepi-
nha depois essa velocidade. Registe o
Fig. 77 Medição de forças com
pédico.
tipo de material da face apoiada. A par-
um sensor de força. b) Com o bloco em repouso sobre uma su- tir dos dados obtidos (gráfico e tabelas)
perfície horizontal, exerça uma força de in- registe a intensidade da força de atrito
tensidade crescente até o bloco entrar em estático máxima e determine a intensi-
movimento, mantendo depois a sua velo- dade média da força de atrito cinético.
cidade. A partir dos dados obtidos (gráfico
c) Repita o procedimento da alínea b)
e tabelas), registe a intensidade da força de
apoiando o bloco:
atrito estático máxima e determine a inten-
i) por uma face de igual área, mas re-
sidade média da força de atrito cinético.
vestida com material diferente;
c) Mantendo a mesma face apoiada na su-
ii) por uma face com o mesmo material de
perfície, coloque sucessivamente massas
revestimento, mas com área diferente.
marcadas sobre o bloco, utilizando pelo
menos cinco conjuntos bloco + sobre-
cargas, e, para cada um, repita o proce-
dimento da alínea b).
3. Determinação do coeficiente de
atrito estático
a) Procedimento usando um plano incli-

2. Dependência da força de atrito


com o tipo de materiais das superfícies
nado (Fig. 78):
Coloque o bloco na mesma superfície
horizontal e apoiado na mesma face
em contacto e com a área da superfície que em 1. Incline a superfície progressi-
de contacto vamente até o bloco ficar na iminência
Procedimento usando um sensor de força e de deslizar. Repita o procedimento mais
Fig. 78 Medição do coeficiente um sistema de aquisição de dados (Fig. 77): duas vezes registando as medidas.
de atrito estático utilizando a) Meça a massa de um bloco paralelepi- b) Procedimento usando a montagem da
um plano inclinado.
pédico. Fig. 76:

62
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

Coloque o bloco na mesma superfície


horizontal e apoiado na mesma face que
4. Determinação do coeficiente de
atrito cinético
em 1. Registe a sua massa. Suspenda Procedimento usando um sensor de
massas marcadas até o bloco ficar na movimento e um sistema de aquisição de
iminência de deslizar e registe a respe- dados (Fig. 79).
tiva massa (se não tiver massas marcadas Após medir a massa do bloco, coloque-o na
adequadas pode usar um recipiente ao mesma superfície horizontal e apoiado pela
qual vai juntando areia). Adicione suces- mesma face que em 1. Suspenda massas
sivamente massas marcadas sobre o marcadas que ponham o sistema em movi-
bloco, utilizando pelo menos cinco con- mento. Segure no bloco e, após acionar o
juntos bloco + sobrecargas, e, para cada sensor, largue-o. A partir do gráfico velo- Fig. 79 Medição da velocidade
um, repita o procedimento. Registe as cidade-tempo obtenha as acelerações do e determinação da aceleração
usando um sensor de movimento.
massas do conjunto e do corpo suspenso. bloco no movimento acelerado e retardado.

Questões pós-laboratoriais

Os grupos devem apresentar os seus resultados à turma atrito estático e cinético para os pares de materiais
e discuti-los. Para cada variável em estudo devem ana- em contacto.
lisar os resultados experimentais: Adequam-se ao
3. Determinação do coeficiente de atrito estático:
modelo teórico? Que situações, ou alteração das con-
a) Determine o valor médio do ângulo do plano incli-
dições experimentais, podem ter conduzido a erros
nado para o qual o bloco ficou na iminência de
experimentais?
deslizar e obtenha o coeficiente de atrito estático.
1. Dependência da força de atrito com a força normal: Compare este valor com o obtido pelos outros
a) Complete a tabela com os valores das massas, das grupos.
intensidades das forças de atrito estático máximas, b) Usando os dados do procedimento da montagem
das forças de atrito cinético e da força normal. da Fig. 76, elabore o gráfico que relaciona as
b) Para a situação do plano horizontal, relacione grafi- massas do corpo suspenso e do conjunto bloco
camente: i) a intensidade da força de atrito estático + sobrecarga. A partir dele, determine o coefi-
máxima com a da força normal; e ii) a intensidade ciente de atrito estático. Compare este valor com
da força de atrito cinético com a da força normal. o anteriormente obtido.
A partir das linhas de ajuste aos pontos experi-
4. Determinação do coeficiente de atrito cinético:
mentais, determine os coeficientes de atrito está-
Complete a tabela com as massas do bloco e do corpo
tico e cinético para os pares de materiais usados.
suspenso, e com as acelerações. Determine o coefi-
2. Dependência da força de atrito com o tipo de mate- ciente de atrito cinético e compare-o com o coeficiente
riais das superfícies em contacto e com a área de de atrito estático determinado pelos outros grupos.
contacto: a) Será mais fácil empurrar um objeto em movi-
Complete a tabela com os registos das forças de mento ou tirá-lo do repouso? Justifique.
atrito estático máximas e das forças de atrito ciné-
b) Conclua qual de dois corpos do mesmo mate-
tico para as faces de igual área e diferente reves-
rial, mas de massas diferentes, largados de um
timento, e para as faces com diferentes áreas e o
mesmo nível de um plano inclinado, chegará pri-
mesmo revestimento. Calcule os coeficientes de
meiro à base do plano.

63
1. MECÂNICA

QUESTÕES
Nota 4. Uma pessoa percorre 5,0 m numa direção que faz 37o
Na resolução das questões, considere g = 10 m s−2. com a linha oeste-este, para o lado do norte. Desloca-se
depois 10,0 m numa direção que faz 60o com a linha sul-
-norte para o lado poente.
Determine a distância percorrida e a que distância ficou
da posição de partida no final do percurso.
1.1.1 Posição, equações paramétricas
5. Um automóvel move-se numa porção retilínea de uma
do movimento e trajetória
autoestrada, sendo o movimento do seu centro de massa
1. Uma folha descreve a trajetória representada na figura, descrito por x(t) = 90 + 72t + 1,8t2 (SI).
passando pelos pontos A, B, C, D e E. Qual dos gráficos pode representar a sua trajetória?

A C
y
y y
C B
E
A O x O x

D B D
y y
O x

No referencial representado, faça corresponder cada


um dos pontos a um dos seguintes vetores posição, em O x O x
unidades arbitrárias.
6. A posição de um corpo pode variar ao longo do tempo
I. r» = 2,3e»x + 2,8e»y
de modo diverso, descrevendo o corpo diferentes traje-
II. r» = –0,5e»x + 1,5e»y
tórias. Considere os movimentos I, II e III descritos pelas
III. r» = 0,75e»x + 2,8e»y
seguintes equações:
IV. r» = –2,3e»x + 2,3e»y
I. xI = 8t – 2t2 yI = 4t
V. r» = –0,5e»x + 0,6e»y 2
II. xII = –2,0t + 0,5t yII = 6,0 – 4,0t + t2
3
2. Num referencial com origem num canto de uma sala, III. xIII = 0,2t + 0,01t yIII = 7 + 0,1t2
um inseto voa, ocupando, em instantes diferentes, as a) Classifique o movimento em cada eixo.
posições r»1 = 5e»x , r»2 = –2e»x + 4e»y e r»3 = 2e»x – e»x + 2e»z, b) Para o movimento II, qual dos gráficos representa
em unidades SI. Em que posição está o inseto mais dis- yII(t) nos primeiros 4 s de movimento?
tanciado desse canto da sala?
A C
3. Um ciclista percorreu 300 m para norte, em seguida y y
400 m para nordeste e, finalmente, 500 m para este.
A distância a que se encontra do ponto de partida no
final do percurso, em metros, é: O t O t

(A) √(300)2 + (400)2 + (500)2


B D
(B) 300 + 400 + 500 y y

(C) √(500 + 400 cos 45o)2 + (300 + 400 sin 45o)2


O O
(D) √5002 + (400 cos 45o)2 + 3002 + (400 sin 45o)2 t t

64
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

c) Qual dos gráficos seguintes pode representar a tra- y


jetória nos primeiros 4 s do movimento II? A

A C B
y y

O x O x 1,0 m x
B D
y y a) Represente os vetores posição para os pontos A e B
e o vetor deslocamento entre esses dois pontos.
b) Apresente as expressões dos vetores posição para
O x O x os pontos A e B, no referencial representado, e, a
partir delas, mostre que o vetor deslocamento
7. A figura mostra uma imagem de uma parte de Coimbra
resulta da diferença entre esses dois vetores.
obtida no Google Earth. Nessa imagem assinalou-se o
c) Determine a velocidade média entre A e B e o res-
edifício do Departamento de Física da Universidade,
petivo módulo.
ponto A, e colocou-se um sistema de eixos com origem
no Largo da Portagem. 9. Os três primeiros segundos de movimento de um pás-
saro são descritos pelas seguintes equações:
y A
⎧ x = 2t2 – 5t
⎨ 3 2 (SI)
⎩ y = t – 3t + 6
Qual das expressões traduz, no SI, a velocidade do pás-
saro em função do tempo?
x
(A) v»(t) = (4t – 5)e»x – (3t2 – 6t + 6)e»y
0 200 m
(B) v»(t) = (4t – 5)e»x + (3t2 – 6t)e»y
(C) v»(t) = (2t – 5)e»x + (3t – 6t)e»y
a) Na escala e sistema de eixos indicados, determine
(D) v»(t) = (2t – 5)e»x + (t2 – 3t)e»y
o vetor posição do Departamento de Física e a sua
distância à origem do referencial. 10. O centro de massa de um pequeno barco tem um movi-
b) Durante 10 s, um automóvel desloca-se ao longo de mento definido pelo seguinte vetor posição:
uma avenida que sai do Largo da Portagem, sendo o r» (t) = (t + 1)e»x + 4t2e»y (SI)
movimento do seu centro de massa descrito por a) Para os primeiros 5 s, esboce uma representação
x = 50 + 8,0t + 0,2t2 e y = 50 – 4,0t – 0,1t2 estroboscópica para o movimento em cada eixo e
i) Indique o tipo de movimento em cada eixo. trace os gráficos x(t) e y(t).
ii) Indique, justificando, a trajetória do automóvel. b) Que trajetória descreve o barco?
c) Qual é o deslocamento do barco nos dois primeiros
segundos? O seu módulo será maior ou menor do
1.1.2 Deslocamento, velocidade média, que a distância percorrida?
velocidade e aceleração d) No SI, a velocidade média nos dois primeiros segun-
dos é:
8. A figura mostra uma parte da trajetória do centro de
(A) e»x + 8e»y (B) e»x + 16e»y (C) 1,5e»x + 8e»y (D) 3e»x + 16e»y
massa de um pequeno barco. O ponto B foi alcançado
4,0 s depois do ponto A. e) Compare, justificando, a velocidade e a aceleração
nos instantes t = 1 s e t = 3 s.

65
1. MECÂNICA

11. O movimento de um carrinho telecomandado é des- a) A cada ponto associe um dos esquemas seguintes,
crito por r»(t) = 2(t – 1)e»x + (4t3 + 2)e»y (SI). em que se representa a velocidade e a aceleração.
a) Indique as equações paramétricas e esboce a traje- A C
tória com o auxílio da calculadora gráfica. v=0
a
b) O movimento em cada eixo é: a v
(A) uniforme no x e uniformemente variado no y.
(B) uniformemente variado em ambos os eixos. B D
v
(C) retardado no x e acelerado no y. a a
v
(D) uniforme no x e acelerado não uniformemente
no y.
b) Indique, justificando, um ponto onde o movimento seja
c) Esboce os gráficos das componentes escalares da acelerado.
velocidade em função do tempo e determine os res-
petivos valores nos instantes t = 0 s e t = 2 s. 14. Indique uma situação (se existir) em que:
d) Indique, justificando, se a posição do carrinho varia A. a velocidade é sempre perpendicular ao vetor posi-
mais rapidamente em t = 0 s ou t = 2 s. ção.
e) Qual é a aceleração média nos dois primeiros B. o movimento tem aceleração mas o módulo da
segundos? velocidade é constante.
C. o movimento é acelerado e a velocidade é constan-
f) Apresente a componente escalar da aceleração nos
te.
instantes t = 0 s e t = 2 s.
D. a velocidade é nula num dado instante mas a ace-
leração não é.
E. a aceleração é nula num dado instante mas a velo-
1.1.3 Componentes tangencial e normal cidade não é.
da aceleração F. a velocidade e a aceleração são ambas nulas num
dado instante.
12. Na tabela seguinte, a cada tipo de movimento associe
G. a velocidade é constantemente perpendicular à
as respetivas componentes da aceleração.
força resultante.
H. a força resultante só faz variar a direção da veloci-
I. Circular e uniforme A. at = 0 an = 0
dade.
II. Retilíneo e uniforme B. at = 0 an ≠ 0 I. a força resultante só faz variar a rapidez do movi-
III. Retilíneo uniformemente acelerado C. at ≠ 0 an ≠ 0 mento.
IV. Curvilíneo uniformemente retar- D. at ≠ 0 an = 0 J. a força resultante faz variar a velocidade.
dado
15. Nas situações seguintes, caracterize as componen-
13. A figura representa a trajetória de um pássaro, onde se tes tangencial e centrípeta da aceleração, indicando a
assinalaram os pontos A, B, C e D. orientação da velocidade em relação à aceleração.
A. Um automóvel segue na autoestrada A23 com
y
velocidade constante.
C
B. Um automóvel descreve uma curva, marcando o
B velocímetro um valor constante.
C. Um automóvel faz uma travagem numa curva.
A
D D. Uma patinadora no gelo descreve curvas na pista,
O x ora acelerando ora travando.

66
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

16. Nas situações seguintes indique, justificando, qual é a 19. O centro de massa de um barco tem um movimento
curva descrita onde é maior o desconforto para o pas- definido pelo seguinte vetor posição:
sageiro do automóvel.
r»(t) = (t + 1)e»x + 8 t3e»y (SI)
A. O automóvel descreve uma curva com o velocíme- 3
Para o instante t = 1 s determine:
tro a marcar um certo valor e a seguir outra igual
com o velocímetro indicando o dobro. a) o ângulo entre os vetores velocidade e aceleração.
B. O automóvel descreve duas curvas de raios r1 e r2, b) as componentes tangencial e normal da aceleração e
com r1 > r2, marcando o velocímetro o mesmo valor. o vetor aceleração em função dessas componentes.
c) o raio de curvatura da trajetória.
17. A figura representa a velocidade e a aceleração de um
ciclista no instante em que se move a 18 km/h e o raio
de curvatura é 80 m. 1.1.4 Segunda Lei de Newton em referenciais
fixos e ligados à partícula
20. Comente as seguintes afirmações:
v
a A. A componente normal (centrípeta) da força re-
sultante só existe quando um corpo descreve um
movimento circular e uniforme.
60° B. A componente tangencial da força resultante só
existe em trajetórias retilíneas e a componente
normal só existe em trajetórias curvilíneas.
a) Determine o módulo da componente normal da C. A componente normal da força resultante tem
aceleração. sempre a direção perpendicular à velocidade,
apontando para dentro ou para fora da curva des-
b) O módulo da aceleração pode ser calculado pela
crita, enquanto a componente tangencial tem
expressão:
sempre a direção e o sentido da velocidade.
2
(A) v cos 60o (C) v2
r r sin 60o 21. Um automóvel de 1,0 t parte do repouso e segue numa
2
(B) v sin 60o (D) v2 estrada circular de raio 100 m. Suponha que a rapidez do
r r cos 60o automóvel aumenta uniformemente até aos 72 km/h em
c) Indique, justificando, qual é a variação do módulo da 10 s. Neste instante os módulos das componentes tan-
velocidade por unidade de tempo. gencial e normal da força resultante são, respetivamente:
(A) 2,0 × 103 N e 4,0 × 103 N
18. Num carrossel, uma criança de 40,0 kg descreve traje-
tórias circulares, de 5,00 m de diâmetro, com velocidade (B) 4,0 × 103 N e 4,0 × 103 N
de módulo constante, dando duas voltas em 20,0 s. (C) 4,0 × 103 N e 2,0 × 103 N
a) Que distância percorre nesse intervalo de tempo? (D) 1,0 × 103 N e 2,0 × 103 N
b) No intervalo de tempo em que dá duas voltas, o
22. Um automóvel de 900 kg descreve um movimento
módulo da sua velocidade média é, no SI:
circular, no plano horizontal, numa rotunda com raio
π π 8,0 m. O módulo da velocidade do seu centro de massa
(A) (B) 4π (C) (D) 0
2 4
aumenta uniformemente 0,60 m s–1 em cada segundo.
c) Caraterize, em cada instante, a velocidade da crian- Escreva a expressão vetorial da força resultante num
ça, a sua aceleração e a força resultante que atua referencial ligado à partícula para o instante em que o
sobre ela. velocímetro marca 36 km h–1.

67
1. MECÂNICA

26. Da janela de um apartamento, a 20,0 m de altura, lança-


1.1.5 Movimentos sob a ação de uma força
-se horizontalmente um objeto que toca o solo a 5,0 m
resultante constante
da base do prédio. É desprezável a resistência do ar.
23. Um carrinho de 200 g move-se com velocidade a) Indique o tipo de trajetória e o tempo de voo.
v» = 3,0e»y (m s–1). Quando se encontra na posição b) Determine o módulo da velocidade no instante inicial
r» = 0,3e»x (m) é atuado por uma força resultante e quando atinge o solo.
F» = 0,5e»x (N) durante 10 s.
c) Determine o raio de curvatura quando o objeto se
a) Escreva as equações paramétricas do movimento, encontra a 10,0 m do solo.
após a atuação da força.
d) Se o objeto fosse largado e não lançado da janela,
b) Faça um esboço da trajetória e represente sobre ela demoraria mais ou menos tempo a chegar ao solo?
os vetores indicados para o instante inicial. Justifique.
c) Determine a expressão do módulo da velocidade em
função do tempo. 27. A figura mostra a trajetória de uma bola de ténis que
passa sucessivamente pelos pontos X, Y e Z, sendo Y a
d) Indique para que instante, t = 2 s ou t = 5 s:
posição da altura máxima. É desprezável a resistência
i) varia mais rapidamente o módulo da velocidade. do ar.
ii) varia mais rapidamente a direção da velocidade. y
x
z
iii) é maior o raio de curvatura.

24. Um avião de socorro viaja horizontalmente a uma


altura de 100 m, a 144 km h–1. Pretende deixar-se cair
um pacote para atingir um ponto a 200 m da sua verti-
cal. Verifique se aquelas condições permitem alcançar
o objetivo. É desprezável a resistência do ar. Para cada ponto, que opção representa o vetor:
a) velocidade? X Y Z
25. Um projétil foi lançado duas vezes, a partir do mesmo

ponto, com velocidade inicial de igual módulo mas (A) K zero L
ângulos diferentes. É desprezável a resistência do ar. (B) L J L
Qual das opções pode representar as velocidades do (C) N J P
projétil à altura correspondente à linha a tracejado?
(D) N zero P
A C b) força? X Y Z
(A) N L P
(B) K zero K
(C) L L L
(D) N zero P

c) aceleração? X Y Z
B D
(A) N L P
(B) K zero K
(C) L L L
(D) N zero N

68
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

28. Um atleta efetua um salto em comprimento segundo 32. Num teste de tiro, um cruzador dispara simultanea-
um ângulo de 20° com a horizontal e velocidade de mente dois tiros para dois navios, A e B, com veloci-
módulo 11 m s-1. O movimento do seu centro de massa dade de igual módulo. O navio B está duas vezes mais
é, aproximadamente, o de um projétil. É desprezável a distante do cruzador do que o navio A. É desprezável a
resistência do ar. Determine: resistência do ar.
a) o tempo de voo e o alcance do salto.
b) a altura máxima atingida e a velocidade nesse ponto.

29. Um jogador de futebol dá um pontapé numa bola, ao A B


nível do solo, a 36 m de um muro com 2,5 m de altura. A
bola parte com velocidade inicial de módulo 72 km h–1 Sendo, respetivamente, tA e tB os tempos que as balas
e segundo um ângulo de 53° com a horizontal. É des- demoram até aos navios, A e B, verifica-se que:
prezável a resistência do ar. (A) tA = tB (C) tB = 2tA
a) Mostre que a bola passa por cima do muro e averi- (B) tA > tB (D) tB = √2 tA
gue se é quando sobe ou quando desce.
b) Se existir vento, os resultados alterar-se-ão? Porquê? 33. Três projéteis A, B e C, foram lançados no mesmo ins-
tante e do mesmo ponto do solo com velocidades, no
c) Verifique se a bola atingiria o muro se fosse pontapea-
SI, iguais a v»A = 4e»x + 3e»y , v»B = 6e»x + 2e»y e v»C = 3e»x + 4e»y .
da a 40 cm do solo, com metade do módulo da velo-
É desprezável a resistência do ar. Indique, justificando,
cidade e segundo um ângulo de 32o com a horizontal.
qual das afirmações seguintes é verdadeira.
30. Quando uma nadadora salta de uma prancha, a distân- A. O alcance horizontal de A é inferior ao de C.
cia mínima a que deve passar por ela ao cair é 1,0 m, B. O projétil B atinge o solo antes do projétil A.
por razões de segurança. A nadadora faz o salto proje-
C. O projétil que atinge maior altura é o A.
tando o corpo segundo um ângulo de 14o com a verti-
D. O projétil C é o primeiro a tocar no solo.
cal e atinge uma altura máxima de 1,3 m relativamente
à prancha. Considere o movimento do seu centro de
34. Uma esfera de 250 g move-se verticalmente para
massa. É desprezável a resistência do ar. Verifique se
baixo, com velocidade v»A = –2,0e»y (m s–1), quando, para
o salto é seguro.
além da força gravítica, fica sujeita à ação de uma força
exterior F» = 3,0e»x + 2,5e»y (N) devido a uma rajada de
31. A figura representa as trajetórias de dois projéteis, A e
vento. Considere g = 10 m s–2. Indique, justificando, que
B, lançados do mesmo ponto, e que atingem o solo na
gráfico traduz a variação da coordenada de posição y,
mesma posição.
ao longo do tempo, no intervalo de tempo em que atua
y a força F».
B
A C
A y y
O x

Indique, justificando, que opção pode representar as


O O t
velocidades iniciais, no SI, de A e de B. t
B D
(A) v»A = 8e»x + 6e»y ; v»B = 6e»x + 8e»y y y
(B) v»A = 8e»x + 6e»y ; v»B = 4e»x + 12e»y
(C) v»A = 8e»x + 6e»y ; v»B = 8e»x + 12e»y
(D) v»A = 16e»x + 6e»y ; v»B = 8e»x + 6e»y O t O t

69
1. MECÂNICA

1
35. Um projétil foi lançado obliquamente para cima com 37. Dois blocos 1 e 2, de massas m1 e
velocidade de módulo v0, a partir de um ponto ao nível m2, respetivamente, estão ligados
do solo. É desprezável a resistência do ar. por um fio como mostra a figura.
a) Qual dos gráficos seguintes pode representar o O fio e a roldana são ideais e as for-
2
módulo da sua velocidade em função do tempo? ças dissipativas são desprezáveis.
Mostre que o módulo da aceleração do sistema é infe-
A C
v v rior ao da aceleração gravítica.

38. Dois corpos A e B estão ligados por


A
um fio como mostra a figura.
O t O t O corpo A, de 500 g, está B
ș
B D sobre uma rampa de 20,0°
v v
de inclinação e o corpo B, de 300 g, está suspenso da
outra extremidade do fio. O fio e a roldana são ideais e
são desprezáveis as forças dissipativas.
O t O t a) Após largados os corpos, conclua, justificando, se o
corpo B sobe ou desce.
b) Qual dos gráficos seguintes pode representar a compo-
b) Qual é o módulo da velocidade de A e B ao fim de
nente tangencial da aceleração em função do tempo?
2,00 s, partindo do repouso?
A C
at at c) Que força exerce o fio no corpo A?

39. Na figura seguinte, os blocos 1 e 2


têm a mesma massa, m. O fio 2
O O 1
t t e a roldana são ideais e são des- 60° 30°
B D prezáveis as forças dissipativas. A B
at at
a) Quando se largam os dois blocos, em que sentido
se move cada um? Caracterize o seu movimento e
determine a aceleração.
O t O t
b) Suponha que os blocos 1 e 2 são mantidos em
repouso e à mesma altura em relação à base AB.
1.1.6 Movimentos de corpos sujeitos O fio é cortado.

a ligações i) A relação entre os módulos das velocidades


quando chegam à base é:
36. Numa calha de ar, inclinada, colocou-se um deslizador o
sin 30o
(A) v1 = sin 30 (C) v1 =
(bloco suspenso sobre almofada de ar). v2 sin 60o v2 sin 60o
a) Que opção representa as forças no deslizador? o
(B) v1 = sin 60 (D) v1 = 1
o
A B C D v2 sin 30 v2
ii) A relação entre os intervalos de tempo que demo-
ram a chegar à base é:
o
b) Imprimindo-se ao deslizador uma velocidade de (A) t1 = sin 30 (C) t2 = sin 30o
módulo 4,6 m s–1, a sua velocidade aumenta para t2 sin 60o t1 sin 60o
o
4,8 m s–1 após percorrer 1,5 m. (B) t1 = sin 60 (D) t1 = 1
o
Determine a inclinação da calha. t2 sin 30 t2

70
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

40. Na figura, um pêndulo gra- 43. Observe a figura: um automóvel, de massa m, move-
vítico é largado da posição -se com velocidade de módulo constante v na lomba de
J, ficando a oscilar entre uma estrada cujo perfil longitudinal corresponde a um
J M
as posições J e M. Na po- arco de circunferência de raio r. Considere g o módulo
K
sição assinalada por L, o fio L da aceleração gravítica.
tem a direção vertical. São
A C
desprezáveis as forças dis- r
sipativas.
M
K
Fr
Qual das opções repre- Fr
a) O módulo da força normal exercida sobre o automó-
B D
senta a resultante das for- vel pela estrada, no instante em que este passa no
ças que atuam no pêndulo, ponto mais alto da trajetória, é:
L L
F»r? 2
Fr Fr = 0 (A) m v (C) mg
r
2 2
(B) mg + m v (D) mg – m v
r r
41. Um pêndulo gravítico oscila entre duas posições extre- b) O valor mínimo do módulo da velocidade do automó-
mas A e C, passando em B pela posição vertical. vel para que, ao passar no ponto mais alto, perca o
contacto com a estrada é:
a) Selecione a afirmação correta.
(A) Na posição B o peso é maior do que a tensão (A) √gr (C) √g
exercida pelo fio. (B) √2 gr (D) g r
(B) A componente normal da aceleração é maior na
44. Um motociclista desloca-se numa superfície com o
posição B e nula nas posições A e C.
perfil da figura. Passa na posição L a 18,0 km h-1, cuja
(C) A componente tangencial da aceleração é maior
superfície tem 40,0 m de raio de curvatura, e, poste-
na posição B e nula nas posições A e C.
riormente, na posição M a 54 km h-1, que tem 80 m de
(D) A tensão exercida pelo fio é máxima nas posi- raio de curvatura. A massa do conjunto motociclista +
ções A e C. mota é 160 kg.
b) Esboce o gráfico que traduz a variação da energia ciné-
tica, no movimento de B para C, em função da altura.
L
42. Quando se põe a girar, com a mão, uma pequena pedra M
presa a um fio, a pedra descreve um movimento circu-
lar uniforme com trajetória num plano horizontal.
Justifique a veracidade das afirmações seguintes. a) Mostre que o motociclista não perde o contacto com
A. A força resultante que atua sobre a pedra é dirigida o solo em L.
para o centro da trajetória. b) Calcule a intensidade da força normal que o solo
B. A velocidade da pedra é independente da sua massa. exerce sobre o conjunto no ponto M.
C. Aumentando o comprimento do fio e mantendo o
ângulo do fio com a vertical, aumenta a velocidade 45. Numa roda gigante de um parque de diversões, um
da pedra. passageiro descreve um movimento circular uniforme,
D. Aumentando o ângulo do fio com a vertical, aumen- num plano vertical, estando sobre uma balança-
ta a velocidade angular. -dinamómetro. Mostre que a balança não marca sem-
E. É impossível o fio fazer 90° com a vertical. pre o mesmo valor.

71
1. MECÂNICA

46. A figura mostra um automóvel, 49. Um paralelepípedo, de arestas L, 2L e 3L e com faces


de massa m, que descreve um de igual revestimento, está sobre uma mesa. Quando
arco de circunferência, de raio r, apoiado sobre diferentes faces, fica na iminência de
r
ș
numa curva inclinada, com incli- deslizar por ação de forças horizontais, F»1, F»2 e F»3.
nação θ, e as forças aplicadas no automóvel. O módulo A relação entre as intensidades das forças é:
da velocidade do automóvel é constante e o atrito des- (A) F3 = 1,5F2 = 3F1 (C) F1 = 1,5F2 = 3F3
prezável. Considere g o módulo da aceleração gravítica.
(B) F3 = 2F2 = 1,5F1 (D) F3 = F2 = F1
Estabeleça a correspondência entre as colunas I e II.
50. Um bloco de 2,0 kg, inicialmente em repouso num
I II
plano horizontal, é puxado por uma força horizontal
A. Força normal I. m g tan θ F». Os coeficientes de atrito estático e cinético entre as
mg superfícies são, respetivamente, 0,4 e 0,3.
B. Aceleração II.
cos θ
a) Se F = 0 N, a intensidade da força de atrito é:
C. Módulo da velocidade III. Nula
(A) 8 N (B) 20 N (C) 6 N (D) 0 N
D. Aceleração tangencial IV. g tan θ
b) Se F = 8 N, a intensidade da força de atrito é:
E. Intensidade da resultante das
forças
V. √r g tan θ (A) 8 N (B) 20 N (C) 6 N (D) 0 N
c) Se F = 20 N, a intensidade da força de atrito é:
(A) 8 N (B) 20 N (C) 6 N (D) 0 N
1.1.7 Forças de atrito entre sólidos 51. Um bloco, de massa m, sobe uma rampa com 30° de
inclinação, com velocidade constante, por ação de uma
47. Sobre a força de atrito estático, quais das frases são
força F» paralela ao plano e com sentido ascendente.
verdadeiras?
Sendo g o módulo da aceleração gravítica, sin 30o = 0,50
A. Só existe se o corpo onde atua, considerado pon-
e cos 30o = 0,87, a intensidade da força de atrito é dada por:
tual, estiver em movimento.
(A) F + 0,50 mg (C) F + 0,87 mg
B. Existe em todas as situações do corpo em repouso.
(B) F – 0,50 mg (D) F – 0,87 mg
C. Existe em repouso, sendo a sua intensidade igual
ao produto do coeficiente de atrito estático pela 52. Um automóvel viaja a 80 km h–1 e faz uma travagem brusca.
intensidade da força normal. Supondo o movimento retilíneo e uniformemente retar-
D. Em repouso, a sua intensidade aumenta até um dado, compare a distância mínima percorrida na travagem
valor limite. com o piso molhado (μ = 0,1) e com o piso seco (μ = 0,6).
E. A sua intensidade varia com a área de contacto do
corpo e com os materiais em contacto. 53. Um bloco é comprimido contra uma parede
por uma força F» de direção horizontal.
48. O bloco da figura, de massa m, é arrastado horizontal- Sejam P, Fa, N e μ respetivamente, o peso do F
mente com velocidade constante. bloco, a força de atrito e a força normal exer-
cidas pela parede, e o coeficiente de atrito
F
estático. Se μ < 1, a intensidade mínima da
Į
força que mantém o bloco em repouso é:
(A) F = Fa (B) F = μN (C) F = P (D) F > P
Sendo μ o coeficiente de atrito cinético e g o módulo da
aceleração gravítica, as intensidades da força normal e da 54. Um caixote está sobre a caixa de uma carrinha. Se a carri-
força de atrito exercidas pelo solo são, respetivamente: nha se mover em linha reta, com aceleração constante de
(A) mg – F sin α e F cos α (C) mg + F sin α e F cos α módulo a, qual deverá ser o coeficiente de atrito mínimo
dos materiais em contacto para que o bloco não deslize?
(B) mg – F cos α e μ F sin α (D) mg + F sin α e μ F sin α

72
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

b) Em L, o quadrado do módulo da velocidade é:


1.1.8 Dinâmica da partícula e considerações
energéticas (A) 2g ᐉ (B) √2g ᐉ (C) 1 g ᐉ (D) 1 g ᐉ
2 4
c) O módulo da tensão é igual a … na posição…
55. Um carro, de peso P, desloca-se sobre um troço de uma
montanha-russa, contido num plano vertical, como (A) 1 mg … K (C) zero … M
4
mostra a figura.
(B) 3 mg … L (D) mg … L
A 2
C
vA
57. Um pequeno bloco desliza ao longo de uma calha
rB 40,0 m fazendo um looping circular de raio r, como mostra a
figura. São desprezáveis as forças dissipativas.
B Solo
L
O carro passa nos pontos A, B e C com velocidade de
módulo igual, respetivamente, a 4,8 m s–1, 28,2 m s–1
H
e 2,0 m s–1. O ponto C está num troço circular de raio
40,0 m e o ponto B num outro de raio 36,0 m. h
J I
a) Mostre que não é desprezável o atrito entre as r
superfícies em contacto.
b) Determine, em função do peso do carro, P, as inten- G
sidades das forças verticais aplicadas sobre ele,
a) Qual é o valor mínimo da altura h de que deve ser
pelo solo, nos pontos B e C.
largado o bloco para descrever o looping?
56. A figura mostra um pên-
(A) 3 r (B) 7 r (C) 2r (D) 5 r
dulo gravítico, de massa l 2 2 2
m e comprimento ᐉ, que K
b) O bloco é largado de uma altura h superior à altura
1
é afastado da sua posi-
M h=
4
l
mínima para descrever o looping.
ção de equilíbrio, L, para L
i) A componente centrípeta da aceleração do bloco,
a posição K, que se encontra a uma altura h = 1 ᐉ ao passar na posição G, é:
4
em relação a L. Em seguida, o corpo é libertado, pas- (A) 2 gh (B) gr (C) gh (D) g
sando a oscilar entre K e M. São desprezáveis as forças r h 2r
dissipativas. ii) Quais das seguintes afirmações são verdadeiras?
O gráfico representa o módulo x A. A componente tangencial da aceleração na
de uma grandeza física, X, em posição I é igual à aceleração da gravidade.
função do tempo, no interva- B. A aceleração na posição H é igual à acelera-
lo de tempo necessário para o ção da gravidade.
pêndulo se deslocar entre as t C. A aceleração na posição H tem direção verti-
duas posições extremas. cal e sentido de cima para baixo.
D. A aceleração é constante em módulo quando
a) Essa grandeza física é:
o bloco executa o looping GIHJ.
(A) a componente tangencial da aceleração.
E. A componente centrípeta da aceleração na
(B) o módulo da velocidade do corpo. posição H é nula.
(C) o módulo da tensão exercida pelo fio. F. A aceleração em H é simétrica da aceleração
(D) a componente normal da aceleração. em G.

73
1. MECÂNICA

58. Na figura, um pequeno corpo de 200 g, ligado a um fio Atividades laboratoriais


inextensível e de massa desprezável de 40 cm de com-
primento, descreve uma trajetória circular num plano 60. Pretendendo obter-se a relação entre o alcance de um
vertical. Quando passa no ponto mais alto da trajetória, projétil lançado horizontalmente e a sua velocidade
C, o corpo tem a velocidade mínima necessária para inicial, montou-se o dispositivo da Fig. 75 (página 60).
descrever essa trajetória circular. São desprezáveis as A altura da saída da esfera em relação ao solo foi
forças dissipativas. 178,00 cm. Mediu-se o diâmetro da esfera com uma
craveira, cujo nónio se mostra na figura.
C

2 3 4 5 6

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

B Numa primeira largada, para um alcance, A, de


30°
93,00 cm, mediram-se os seguintes tempos de inter-
A rupção do feixe da fotocélula na passagem da esfera:

t / ms 14,840 14,804 14,679


a) O módulo da tensão exercida pelo fio em B é:
(A) mg cos 30o
(B) mg cos 30o + 2,5mv B2 Repetiu-se o procedimento mais cinco vezes, medindo-
-se o módulo da velocidade horizontal, v0, à saída da
(C) mg cos 30o – 2,5mv B2 rampa, e o respetivo alcance, A. A tabela seguinte
apresenta os resultados.
(D) mg (0,4 + 0,4 cos 30o)
b) Determine o módulo da velocidade em A. v0 / m s–1 0,538 0,884 1,027 1,246 1,467

c) Ao passar por A, um gume corta o fio. Sendo 0,40 o A/m 0,253 0,443 0,548 0,682 0,798
coeficiente de atrito cinético entre o corpo e a super-
fície, determine, usando considerações energéticas,
Considere g = 9,8 m s–2.
a distância percorrida pelo corpo.
a) Indique o resultado da medição do diâmetro da
59. Um carrinho descreve um movimento circular num esfera, incluindo a incerteza de leitura.
plano vertical dentro de uma calha de 0,50 m de raio,
b) Apresente o resultado da medição do tempo da pri-
sendo o atrito desprezável. Na posição mais baixa a
meira passagem da esfera pela fotocélula em fun-
força normal exercida pela superfície tem uma intensi-
ção da incerteza relativa e no SI.
dade que é tripla da intensidade do peso.
c) Qual foi o módulo da velocidade do primeiro lança-
a) Qual é o módulo da velocidade nessa posição?
mento para o alcance de 93,00 cm?
b) Averigue se o carrinho descreve uma volta completa.
d) Elabore o gráfico do alcance em função do módulo
da velocidade inicial e encontre a equação da reta
que melhor se ajusta aos pontos.
i) O resultado está de acordo com o esperado?
ii) Qual seria o alcance se o módulo da velocidade de
lançamento fosse 2,0 m s–1?

74
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões

61. Colocou-se um bloco paralelepipédico de massa 206 g A partir do gráfico da intensidade da força de atrito
sobre uma superfície horizontal. Sobre ele colocaram- em função da intensidade da força normal, determi-
-se massas marcadas de 2,236 kg. Em seguida, ligou- ne os coeficientes de atrito estático e cinético.
-se ao bloco um sensor de força e exerceu-se uma c) Mantendo o bloco apoiado pela mesma face e na
força horizontal de intensidade crescente até o con- mesma superfície, foi-se inclinando progressiva-
junto se começar a mover. Tal ocorreu cerca de 4,2 s mente essa superfície. A partir de que ângulo de
após o início do registo e o movimento manteve-se com inclinação o bloco entrou em movimento?
velocidade constante. O gráfico seguinte representa a
d) O bloco ligou-se por um fio, que passava numa rol-
intensidade da força exercida em função do tempo para
dana, a um corpo suspenso na vertical. O que se
os dados recolhidos. Considere g = 9,8 m s–2.
observou quando se aumentou a massa do corpo
F/N suspenso? Justifique.
9,0 e) Segurou-se o bloco, assente na superfície horizontal,
8,0
7,0
quando a massa do corpo suspenso era 118 g. Após
6,0 se largar o bloco, e com um sensor de movimento,
5,0 registou-se o gráfico seguinte.
4,0
3,0 v/m s −1
2,0 1,2
1,0 1,0
0,0 t/s
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 0,8
0,6
a) Da análise do gráfico:
0,4
i) Que conclusão se retira quanto às diferenças 0,2
entre as forças de atrito estático e cinético?
0,0
ii) Como se poderão determinar as forças de atrito 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
t/s
estático? E as forças de atrito cinético? Quais são
as intensidades dessas forças? Determine, a partir das acelerações do bloco no mo-
vimento acelerado e no movimento retardado, o
iii) Indique, justificando, o que se pode concluir sobre
coeficiente de atrito cinético. Justifique eventuais dife-
a facilidade de empurrar um objeto em movi-
renças nos valores obtidos a partir de cada movimento.
mento ou tirá-lo do repouso.
f) Mudando-se o tipo de superfície da base do bloco,
b) Colocando-se sucessivamente massas marcadas
ou a sua área, procurou investigar-se se as forças de
sobre o bloco, repetiu-se a recolha das intensida-
atrito dependiam desses fatores. A tabela seguinte
des das forças, mantendo-se as outras condições.
mostra os dados obtidos para três situações.
A tabela mostra os dados obtidos.
Material da base
m/kg Fae,máx./N Fac/N A/cm2 m/kg Fae,máx./N Fac/N
do bloco
0,827 3,241 2,650 48,0 Madeira polida 2,188 6,22 4,43
1,670 5,833 4,737 48,0 Feltro 2,188 7,46 6,54
2,225 7,466 5,950 32,0 Madeira polida 2,188 5,98 4,37
2,442 7,895 6,234
2,793 8,878 7,052
Determine os coeficientes de atrito, estático e ciné-
tico, das superfícies em contacto. Conclua, a partir
3,239 10,167 8,156
dos dados experimentais, se as forças de atrito de-
3,793 12,198 9,242 pendem da área de contacto e do tipo de materiais.

75
1. MECÂNICA

Questões globais b) Da marca da grande penalidade, a 11 m da baliza, o joga-


dor chutou a bola obliquamente para cima, segundo
62. «Consideremos um caçador num safari em África que um ângulo de 20° com a linha OP, imprimindo-lhe a
dispara uma bala contra um animal distante – por exem- velocidade de 90 km h-1. Se for desprezável a resistên-
plo, um rinoceronte que está a 500 m de distância. A cia do ar, poderá o chuto originar golo? Justifique.
espingarda está apontada precisamente na horizontal.
Será que a bala chega a atingir o animal? Não. Pode o 64. Um carrinho de 200 g, redutível a uma partícula, é lar-
rinoceronte ficar tranquilo, porque a física não se destina gado na posição A, atingindo as posições B, C, novamente
a eliminar pobres bichos indefesos. Um valor máximo B, e D, onde entra em movimento de projétil, caindo em
para a velocidade inicial de uma bala é 3600 km/h, o triplo E. O módulo da velocidade atingida pelo carrinho em D
da velocidade do som no ar, que é cerca de 1200 km/h.» é de 8,0 m s–1. São desprezáveis as forças dissipativas.
in Física Divertida, de Carlos Fiolhais A
a) Considere que a altura de saída da bala relativa- y C D
h
mente ao chão é 1,60 m e que o corpo do rinoce- R
2,0 m
x B 30°
ronte se encontra 50 cm acima do solo. Mostre que
R = 1,5 m E
a afirmação do texto é correta e que, neste caso, o
a) Determine a altura h de onde saiu o carrinho.
rinoceronte pode ficar descansado.
b) Justifique por que razão o carrinho passou pela posi-
b) Determine a componente tangencial da aceleração
ção C sem cair.
no instante 0,20 s.
c) Determine a intensidade da força que a calha exer-
c) Que gráfico melhor representa a componente tan-
ceu no carrinho na posição C.
gencial da aceleração em função do tempo?
d) Considere o movimento de projétil do carrinho.
A
at
Ba
t
C
at
Da
t
Indique a afirmação correta.
(A) A componente horizontal da velocidade do carri-
nho varia, no SI, entre 0 e 8,0 cos 30°.
O t O t O t O t
(B) O carrinho tem velocidade igual à da posição D,
63. Um campo de futebol tem 100 m de comprimento e quando volta a passar, na descida, pelo plano em
balizas com 2,44 m por 7,32 m. Um jogador faz treino que se situa essa posição.
de drible e de marcação de penálti. (C) A aceleração do carrinho diminui na subida e
a) Saindo com a bola do meio do campo (ver aumenta na descida.
figura), avança 26,0 m segundo um ângulo de (D) A aceleração tangencial é nula na posição mais
60° com a linha que une o meio do campo, O, alta porque a velocidade é mínima.
ao centro da baliza, P; percorre depois 16,0 m
65. Um bloco de 1,0 kg desliza sobre P
numa direção para- y
uma superfície esférica, de raio Q
lela a essa linha e,
80 cm, como mostra a figura, 37°
R
em seguida, vira a
partindo do repouso do ponto
45°, de modo a apro-
P. No ponto R perde o contacto
ximar-se da baliza, O
O P com a superfície. São desprezá-
andando 18,0 m. x
veis as forças dissipativas.
A que distância ficou 60°
do centro da baliza? a) Determine a intensidade da força exercida pela
45° superfície sobre o bloco no ponto Q.
b) Prove que o ângulo POR é 48o.
^

76
1.2 CENTRO DE MASSA
E MOMENTO LINEAR
DE SISTEMAS
DE PARTÍCULAS

1.2.1 Centro de massa de um sistema 1.2.3 Momento linear e Segunda Lei


de partículas de Newton
1.2.2 Velocidade e aceleração do centro 1.2.4 Lei da Conservação do Momento
de massa. Segunda Lei de Newton Linear. Colisões
para um sistema de partículas AL 1.3 Colisões
1. MECÂNICA

Temos estudado a cinemática e a dinâmica de um corpo, como um automóvel


ou uma bola, representando-o por um só ponto: o seu centro de massa. Mas, em
geral, um corpo tem de ser estudado como um sistema de partículas.

Uma partícula pode mover-se entre duas posições quaisquer descrevendo


uma trajetória retilínea ou curvilínea, mas, como não tem dimensões, esse movi-
mento é sempre de translação.

Um sistema de partículas (como um corpo extenso) terá movimento de trans-


lação se as suas partículas descreverem igual trajetória, que pode ser retilínea
(Fig. 1, à esquerda) ou curvilínea (Fig. 1, à direita) e, no mesmo instante, todas
tiverem igual velocidade.

Fig. 1 Corpo com movimento


v2
v2
de translação retilínea (à esquerda)
e com movimento de translação curvilínea
(à direita): as partículas têm a mesma v1 v2
v1 v2
trajetória e, no mesmo instante, têm igual
velocidade. v2
v1 v2 v1

v1 v1

Sistema de partículas: pode ter Um sistema de partículas pode ter simultaneamente um movimento de
movimento de rotação e/ou de translação. translação e outro de rotação. Quando tem só movimento de rotação (diz-se ro-
Para ser reduzido a uma partícula, terá de
tação pura), há partículas fixas – as que estão sobre o eixo de rotação – e partícu-
possuir apenas movimento de translação.
las móveis, que rodam em torno desse eixo. Estas últimas descrevem trajetórias
circulares de diferentes raios. A sua velocidade depende da distância ao eixo de
rotação: será tanto maior quanto maior for o raio da trajetória circular (Fig. 2).
Fig. 2 Rotação pura: quanto mais
afastadas estão as partículas do eixo
de rotação, maiores são as circunferências
descritas e maiores são as suas
velocidades.

Muitos movimentos são uma combinação de translação e de rotação. Por


exemplo, a Terra tem um movimento de rotação em torno de um eixo e este tem
uma translação curvilínea em torno do Sol; numa roda de bicicleta (Fig. 3) há uma
translação retilínea do centro de massa e uma rotação em torno do eixo que
passa pelo centro de massa.

Num sistema de partículas que só tem movimento de translação basta es-


Fig. 3 O movimento da roda pode ser visto
como a combinação de um movimento
tudar uma só partícula, pois todas têm igual movimento. Se, simultaneamente,
de translação do seu centro de massa com forem desprezáveis as variações de energia interna do sistema, então o sistema
outro de rotação em torno dele.
será redutível a uma partícula.

78
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

1.2.1 Centro de massa de um sistema


de partículas

No nosso quotidiano deparamo-nos com numerosos corpos em que a distância


entre duas quaisquer partículas é constante, independentemente do seu movi-
mento ou das interações a que está sujeito: diz-se um corpo indeformável ou
rígido. É o caso do tampo de uma mesa, de um martelo (Fig. 4), de uma caneta, etc.

De facto não há corpos totalmente rígidos: quando pressionamos um dedo


sobre o tampo de uma mesa, o dedo e o tampo deformam-se; contudo, como a
deformação do tampo não é percetível, dizemos que ele é rígido.

Mas, por exemplo, um sistema formado por um barco e pelos seus ocupantes
já não é rígido (é deformável), pois as distâncias entre os seus constituin-
(Fig. 4)
tes podem variar.

Iremos estudar movimentos de corpos rígidos e de sistemas deformáveis,


que têm apenas movimento de translação.

Neste caso não é necessário estudar cada partícula, pois todas têm o mesmo
movimento. Podemos, por isso, reduzir um objeto extenso e complexo a um só Fig. 4 Exemplos de corpos rígidos
ponto, o chamado centro de massa (CM) do sistema, que se move, em cada (em cima) e não rígidos (em baixo).

instante, com velocidade igual à de cada partícula do sistema (Fig. 5).

Corpo rígido: sistema de partículas


em que a distância entre elas se mantém
v» constante.
CM

v» v»
v» Fig. 5 Um corpo só com movimento
de translação pode ser representado pelo
v» seu centro de massa, cuja velocidade
é a velocidade das partículas.

Podemos, então, definir o centro de massa (Fig. 6).

Centro de massa de um sistema de partículas F»1


Ponto ao qual se associa a massa do sistema e onde se considera aplicada
F»4
a resultante das forças exercidas sobre o sistema.
CM
CM

F»R F»3
F»2
F»R = F»1 + F»2 + F»3 + F»4

Fig. 6 Centro de massa de um sistema de partículas.

79
1. MECÂNICA

E onde se localiza o centro de massa?


Sistemas com elevada simetria: Nos sistemas com elevada simetria, e cuja massa esteja uniformemente
o centro de massa coincide com o centro distribuída (sistema homogéneo), o centro de massa localiza-se no centro geo-
geométrico; não tem de estar localizado
métrico do corpo. É o caso de uma esfera maciça e homogénea. Neste caso, o
sobre o corpo.
centro de massa localiza-se no corpo.

Mas nem sempre isso acontece: numa bola oca, num pneu ou num anel, com
a massa homogeneamente distribuída, o centro de massa é o centro geométrico,
mas já não se localiza no corpo (Fig. 7).

CM CM
Fig. 7 Centros de massa de uma bola
maciça e de um anel. No segundo caso,
o centro de massa não se localiza
no corpo.

Se o sistema não tiver simetria, o centro de massa estará na região onde


estiver a maior parte da massa.

Para qualquer sistema de massa m contendo N partículas de massas m1, m2,


…, mN, e vetores posição r»1, r»2, …, r»N num dado referencial, a posição do centro de
massa, r»CM, é a média, ponderada pelas massas, da posição de todas as partícu-
las (ponderada significa que as partículas com maior massa contribuem mais).

Posição do centro de massa (CM)

N
 mi r»i
m1 r»1 + m2 r»2 + … + mN r»N i = 1 3
1 N z 2
r»CM = ᎏ ᎏ ᎏ ᎏ= N =  m r»
m i=1 i i
m1 + m2 + … mN
 mi r3 4
i=1 1 r2

m1, m2, …, mN: massa das partículas r1 r4

r»1, r»2, …, r»N: posição das partículas 0 y


N
m =  mi : massa total do sistema x
i=1

As coordenadas da posição do centro de massa


são dadas pelas equações escalares:

m1 x1 + m2 x2 + ... mN xN 1 N z CM
x CM = ᎏ ᎏ ᎏ x CM =  mi xi
m1 + m2 + ... mN m i=1
rCM
m1 y1 + m2 y2 + ... mN yN 1 N
yCM = ᎏ ᎏ ᎏ yCM =  mi yi
m1 + m2 + ... mN m i=1

0 y
m1 z1 + m2 z2 + ... mN zN 1 N
z CM = ᎏ ᎏ ᎏ z CM =  mi zi
m1 + m2 + ... mN m i=1 x

80
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Como determinar, experimentalmente, a posição do centro de massa (CM)


de um corpo rígido? Se o objeto tiver espessura uniforme, o procedimento será
simples. Pendura-se o objeto por um ponto qualquer da sua periferia e marca-se
a linha vertical que passa por esse ponto (por exemplo, o ponto A da Fig. 8).

Fig. 8 Procedimento para determinar


B a posição do centro de massa
A de um objeto de espessura uniforme.

C A
C
B A

C
B

Pendura-se depois o objeto por um outro ponto, B, e marca-se a linha vertical


que passa por B. A interseção das duas linhas indica a posição do centro de massa
(claro que o centro de massa está no interior do objeto e não na sua superfície!).

Para confirmar, pode escolher-se outro ponto, C, e pendurar de novo o objeto,


traçando a linha vertical que passa por C. Essa linha tem de intersetar as outras
duas no mesmo ponto (CM). Pendurando o objeto de qualquer outro ponto, e
procedendo da mesma maneira, todas as linhas se intersetarão no CM.

A localização do centro de massa é determinante para a estabilidade de um


Fig. 9 Dispositivo de laboratório escolar,
corpo. Por exemplo, o objeto da Fig. 9, cuja forma se pode variar porque não é cuja forma se pode variar. Há estabilidade
rígido, só se mantém sem cair quando a vertical que passa pelo seu centro de sempre que o fio vertical caia na base
de sustentação do objeto.
massa (coincidente com o fio suspenso) cai dentro da sua base de sustentação.

Questão resolvida 1

Numa bandeja circular de 0,300 kg é coloca-


Para a bandeja não se desequilibrar, a mão deve ser colocada por
da uma garrafa de 2,200 kg e três copos, cada
baixo do centro de massa do sistema constituído pela bandeja,
um com 0,200 kg, tal como mostra a figura.
três copos e garrafa. No referencial da figura as coordenadas
Um empregado de mesa quer transportar
da posição do centro de massa de cada um destes corpos são,
a bandeja. Onde deve colocar a mão para a em centímetros: garrafa (–5, 0); copo 1 (0, –5); copo 2 (5, 0), copo
manter equilibrada? 3 (5, 5); bandeja (0, 0). Usando as expressões para as coordena-
das cartesianas do centro de massa, vem:
1 N
y / cm xCM =  mx =
mi=1 i i
2,200 × (–5) + 0,200 × 0 + 0,200 × 5 + 0,200 × 5 + 0,300 × 0
= =
5 2,20 + 0,200 + 0,200 + 0,200 + 0,300
= –2,90 cm
–5 5 x / cm
–5 De igual forma se obtém yCM = 0,00 cm (a distribuição de mas-
sas é simétrica na coordenada y).
As coordenadas do centro de massa são (–2,90; 0,00) cm.

QUESTÕES p. 98

81
1. MECÂNICA

1.2.2 Velocidade e aceleração do centro


de massa. Segunda Lei de Newton
para um sistema de partículas
N
1
Velocidade do centro de massa de um A posição do centro de massa, r»CM = mi r»i, não tem de ser constante, pois
sistema de partículas: média, ponderada
mi=1
as posições de cada partícula dependem, em geral, do tempo. Se as partículas
pelas massas, das velocidades
das partículas. que constituem o sistema tiverem massa constante, encontraremos, derivando
ambos os membros da expressão anterior em ordem ao tempo, a expressão da
velocidade do centro de massa:
N N
dr»CM 1 dr»
v»CM = =  mi i = 1  mi v»i
dt m i = 1 dt m i = 1

Ou seja, a velocidade do centro de massa é a média das velocidades das par-


tículas, ponderada pelas respetivas massas:

1 N
v»CM = m  mi v»i
i=1

Aceleração do centro de massa de um A aceleração do centro de massa obtém-se derivando, em ordem ao tempo,
sistema de partículas: média, ponderada a velocidade do centro de massa:
pelas massas, das acelerações
das partículas. N N
dv»CM 1 dv» 1
a»CM = =  m i =  mi a»i
dt m i = 1 i dt m i=1

Ou seja, a aceleração do centro de massa é a média das acelerações das


partículas, ponderada pelas respetivas massas:

1 N
a»CM = m  mi a»i
i=1
N
A expressão  mi a»i é uma soma de parcelas, cada uma delas igual ao pro-
i=1
duto da massa de uma partícula pela aceleração dessa partícula, mi a»i , que é a
força resultante que atua sobre a partícula: F»i = mi a»i (Segunda Lei de Newton).
Assim, a aceleração do centro de massa é dada por:
N
 F»i
i=1 F»R
a»CM = =
m m

Como F»R é a resultante de todas as forças que atuam nas partículas do sis-
tema, a Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas é

Forças interiores: forças exercidas


F»R = ma»CM
entre as partículas de um sistema.
De todas as forças que atuam num sistema, designamos por forças inte-
Forças exteriores: forças exercidas pela riores as forças que as partículas exercem umas sobre as outras, e por forças
vizinhança sobre o sistema. exteriores as forças exercidas pela vizinhança sobre o sistema.

82
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Vejamos o exemplo da Fig. 10 que mostra as forças que atuam sobre duas
partículas carregadas que estão num campo gravítico.

B
FA/B –

FB/A PB CM Fig. 10 Sistema de duas partículas


A com cargas elétricas sujeitas ao campo
+ gravítico e forças sobre cada uma
P das partículas (à esquerda). A resultante
das forças exteriores aplica-se no centro
PA de massa do sistema (à direita).

Sobre a partícula A atua a força que a partícula B exerce sobre ela, F»B/A , e
o peso, P»A: a primeira é uma força interior pois é exercida por uma partícula do
sistema; a segunda é uma força exterior que resulta da interação com a Terra
(que não pertence ao sistema).

Sobre a partícula B atua a força que a partícula A exerce sobre ela, F»A/B , que
é uma força interior, e o peso, P»B , que é uma força exterior.

De acordo com a Terceira Lei de Newton, F»A/B = – F»B/A , pelo que a resultante
das forças interiores é nula. Então, a resultante das forças no sistema é igual à
resultante das forças exteriores, P» = P»A + P»B , que se aplica no centro de massa
do sistema (Fig. 10).

A conclusão anterior é válida qualquer que seja o número de partículas do Forças interiores num sistema
sistema: como as forças interiores existem aos pares (pares ação-reação), a de partículas:

resultante das forças interiores é sempre nula, F»int = 0». Ou seja, a resultante a sua resultante é sempre nula, F»int = 0»,
de acordo com a Terceira Lei de Newton.
das forças sobre um sistema coincide com a resultante das forças exteriores:
Forças exteriores que atuam
num sistema de partículas:
F»R = F»int + F»ext ⇒ F»R = F»ext (F»int = 0
») a sua resultante é responsável pela
aceleração do sistema.

Podemos, então, reescrever a Segunda Lei de Newton para um sistema de


partículas:

Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas

F»ext = m a»CM
A aceleração do centro de massa de um sistema, a»CM, é igual à de uma partícula,
a que se atribui a massa do sistema, m, e onde se aplica a resultante de todas as
forças exteriores, F»ext.

Portanto, só as forças exteriores são responsáveis pela aceleração do sis-


tema. Por exemplo, o centro de massa de um projétil em que só atue a força
gravítica descreve uma trajetória parabólica com a mesma aceleração, por mais
extenso que seja o corpo e por mais complexo que seja o seu movimento (Fig. 11).

83
1. MECÂNICA

Fig. 11 Fotografia
estroboscópica do salto
em comprimento de um atleta
e linha (a verde) que representa
a trajetória parabólica
do seu centro de massa:
a aceleração deste só
depende da força exterior,
o peso do atleta.

Questão resolvida 2

Duas partículas, A e B, respetivamente de massas (A) nula.


100 g e 300 g, movem-se com as seguintes veloci- (B) v»CM(t) = (–8t – 10)e»x + (–6t + 12)e»y (m s–1)
dades:
(C) v»CM(t) = (8t – 10)e»x + (6t – 12)e»y (m s–1)
–1
v»A(t) = (4t – 5)e»x + (3t – 6)e»y (m s )
(D) v»CM(t) = (–2t + 2,5)e»x + (–1,5t + 3)e»y (m s–1)
–1
e v»B(t) = (–4t + 5)e»x + (–3t + 6)e» y (m s )

A velocidade do seu centro de massa é: 100 × (4t – 5) + 300 × (–4t + 5)


(D) vx(CM) = = (–2t + 2,5) m s–1
100 + 300

100 × (3t – 6) + 300 × (–3t + 6)


vy(CM) = = (–1,5t + 3) m s–1
100 + 300

Questão resolvida 3

y/m
Observe a figura: duas partículas A e B, respetivamente, de massas 4,0 kg e 2,0 kg, F»A

movem-se num plano horizontal. Num dado instante, e no referencial considerado na


A
figura, as velocidades das partículas são v»A = – 2,0e»x (m s–1) e v»B = 4,0e»x (m s–1) e as
forças que nelas atuam são F»A = 6,0e»x + 12,0e»y (N) e F»B = 6,0e»x – 8,0e»y (N).
x/m
a) No instante considerado, a velocidade do centro de massa é, no SI, B

(A) 1,0e»x (B) 2,0e»x (C) 3,0e»x (D) nula.


F»B

b) Determine as acelerações de cada partícula e a do centro de massa nesse instante.

4 × (– 2) + 2 × (4) F»ext (6,0 + 6,0)e»x + (12 – 8)e»y


a) (D) v»CM = e»x = 0» a»CM = = =
4+2 m 4+2

b) a» = ; aA = 1,5e»x + 3,0e»y (m s–2) e a»B = 3,0e»x – 4,0e»y (m s–2) = 2,0e»x – 0,67e»y (m s–2)
m

QUESTÕES p. 99

84
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

1.2.3 Momento linear e Segunda Lei


de Newton

Se um automóvel e um camião viajarem à mesma velocidade (Fig. 12) e cho-


carem contra um obstáculo idêntico, o camião provocará mais danos no obs-
táculo. Mas se o automóvel tiver velocidade muito superior à do camião pode
provocar mais estragos do que este. Ou seja, os efeitos da colisão dependem da
massa e da velocidade do corpo. Por isso, define-se a grandeza momento linear,
p», de uma partícula:

Momento linear de uma partícula, p»

p» = m v» –1
kg m s–1 kg m s
• Tem a direção e o sentido da velocidade.
• Tem módulo igual ao produto da massa, m, pelo módulo da velocidade, v.

A unidade de momento linear obtém-se multiplicando a unidade de massa


pela unidade de velocidade. O momento linear é também designado por quanti-
dade de movimento.

Se variar o momento linear de uma partícula, de massa constante, variará Fig. 12 Um automóvel e um camião,
viajando à mesma velocidade, provocarão
também a sua velocidade. Mas tal só será possível se a resultante das forças efeitos diferentes se colidirem com
não for nula. Ou seja, há uma relação entre o momento linear da partícula e obstáculos idênticos.
a resultante das forças que nela atuam, que se obtém derivando a expressão
p» = m v» em ordem ao tempo. Para uma partícula de massa constante, vem:

dp» dv»
=m = ma» = F»R
dt dt
A expressão anterior não é mais do que a Segunda Lei de Newton aplicada
à partícula mas reescrita noutra forma:

Segunda Lei de Newton para uma partícula

A resultante das forças que atuam sobre uma partícula é igual à derivada tempo-
ral do seu momento linear:

dp»
F»R =
dt
Se F»R for constante, a variação do momento linear com o tempo será também
constante e a expressão anterior poderá escrever-se:

Δp»
F»R =
Δt

85
1. MECÂNICA

Em certas situações, as forças exercidas não são constantes e atuam durante


intervalos de tempo muito curtos, podendo atingir intensidades elevadas, como
nas colisões de veículos (Fig. 13). Nesse caso podemos tomar como resultante
das forças a força média, F»R = F»média , e escrever:

Δp» = F»média Δt
Fig. 13 Teste de colisão: as forças
na colisão do automóvel com o obstáculo Se um corpo (redutível a uma partícula) colidir com outro, acabando por
atuam num intervalo de tempo muito
curto e têm intensidade variável, que pode parar, a expressão Δp» = F»média Δt mostra que quanto maior for o momento linear
ser muito elevada. inicial (maior velocidade) mais difícil será parar o corpo num mesmo intervalo de
tempo, pois maior terá de ser a força média nele exercida.

Intensidade média das forças numa A expressão anterior mostra também que, para a mesma variação de
colisão: será tanto maior quanto menor momento linear, pode minimizar-se a intensidade média das forças numa coli-
for o intervalo de tempo da colisão, para são aumentando o tempo de paragem do corpo (ou seja, as grandezas são inver-
a mesma variação de momento linear.
samente proporcionais). É o que mostram os gráficos da Fig. 14.

5,00 1,00

Fig. 14 O módulo da força máxima


Força (N)

Força (N)
é maior quando o intervalo de tempo
da sua atuação é menor, para o mesmo
momento linear inicial do corpo. Note-se
que as escalas verticais são diferentes
nos dois gráficos.
–15,00 –4,00
0 Tempo (s) 0,500 0 Tempo (s) 0,500

O resultado anterior tem inúmeras aplicações. Os airbags dos automóveis


(Fig. 15) são um bom exemplo. Quando um veículo se imobiliza subitamente
devido a uma colisão, a força que se exerce sobre os ocupantes será tanto menor
quando maior for o tempo que eles demoram a imobilizar-se. A interposição de
uma almofada entre o passageiro e o volante (airbag), que é insuflada de gás
numa colisão, aumenta o tempo de imobilização do ocupante.

Também o cinto de segurança, devido à sua flexibilidade, faz aumentar o


tempo de imobilização do ocupante, diminuindo a força que atua sobre ele. Além
disso, distribui a força por uma maior área do corpo, diminuindo a pressão sobre
ele, e impede que seja projetado para fora.

A Fig. 16 mostra como varia a componente escalar da força que atua num
Fig. 15 Os airbags, conjuntamente com passageiro numa colisão, com e sem cinto de segurança, ao longo do tempo (o
o cinto de segurança, aumentam o
tempo de imobilização dos passageiros, sentido positivo é o da velocidade do veículo, pelo que a componente escalar da
diminuindo a intensidade média das forças força é negativa): sem cinto de segurança, a força é muito mais intensa, uma vez
exercidas sobre eles.
que o tempo de imobilização é menor.

F / kN
0,05 0,10
t/s
–10
Com cinto
–20 de segurança
–30
Fig. 16 A intensidade da força que atua
sobre um passageiro de um veículo –40
Sem cinto
em colisão, ao longo do tempo, é muito –50 de segurança
diferente com e sem cinto de segurança. –60

86
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Também se define o momento linear para um sistema de partículas como a


soma dos momentos lineares de cada uma delas. Sendo o momento linear de
cada partícula p»i = miv»i (mi e v»i são, respetivamente, a massa e a velocidade da
partícula i), o momento linear de um sistema de N partículas é:
N N
p»sist = m1v»1 + m2v»2 + m3v»3 + … + mNvN ⇔ p»sist =  mi v»i =  p»i
i=1 i=1

N
1
Como a velocidade do centro de massa é v»CM =  mi v»i , então:
mi = 1
N
mv»CM =  mi v»i
i=1

Ou seja, o momento linear do centro de massa é igual ao momento linear do Momento linear de um sistema
sistema: de partículas: é igual ao momento linear
do centro de massa. Só varia por ação
p»sist = p»CM = mv»CM de forças exteriores de resultante não
nula.
Se derivarmos o momento linear do sistema em ordem ao tempo, obtemos:
N N
dp»sist dp»
=  i =  F»i
dt i = 1 dt i = 1

sendo F»i, a resultante das forças (interiores e exteriores) sobre a partícula i.


N
Como a resultante das forças interiores é nula, então F»ext =  F»i . Pode, por
i=1
isso, reescrever-se a Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas nou-
tra forma:

Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas

A resultante das forças externas que atuam sobre um sistema de partículas é


igual à derivada temporal do momento linear do sistema:

dp»sist dp»CM
F»ext = ⇔ F»ext =
dt dt
sendo o momento linear do sistema, p»sist, dado por: QUESTÕES p. 99
N
p»sist = m1v»1 + m2v»2 + m3v»3 + … + mNv»N ⇒ p»sist =  mi v»i = p»CM
i=1

Se as forças exteriores forem constantes, a resultante toma a forma:

Δp»sist Δp»CM
F»ext = ⇔ F»ext =
Δt Δt

Conclui-se que só as forças exteriores podem variar o momento linear de um


sistema. Por exemplo, se quisermos pôr um automóvel em movimento empurran-
do-o, não o faríamos estando no seu interior: as forças exercidas seriam interiores
Fig. 17 A resultante das forças exercidas
ao sistema automóvel + pessoas e não alterariam o momento linear desse sistema. por elementos exteriores ao sistema
Mas, se empurrarmos o automóvel pela parte de fora (Fig. 17), as forças exercidas automóvel fazem variar o momento linear
do veículo, alterando a sua velocidade.
já serão exteriores ao sistema «automóvel» e alterarão o seu momento linear.

87
1. MECÂNICA

1.2.4 Lei da Conservação


do Momento Linear. Colisões

Vimos que só as forças exteriores podem variar o momento linear de


um sistema. Mas, em muitas situações, a resultante das forças exterio-
res é nula.

Por exemplo, uma canoa com pessoas está em repouso num lago
calmo. Se as pessoas se moverem dentro da canoa (Fig. 18), as forças
que exercem são interiores ao sistema canoa + pessoas, pelo que não
fazem variar o momento linear deste. Embora as partes do sistema (as
pessoas e a canoa) possam mudar de posição, o centro de massa do
sistema vai permanecer em repouso pois o seu momento linear não
varia.
Δp»sist
De facto, a expressão F»ext = mostra que, se F»ext = 0» , então
Δt
Δp»sist »
Fig. 18 As pessoas movem-se dentro de uma = 0 e Δp»sist = 0» , ou seja, o momento linear do sistema é constante.
canoa, inicialmente em repouso, num lago calmo: Δt
a velocidade do centro de massa do sistema não Tal resultado exprime a Lei da Conservação do Momento Linear para
se altera, pois não atuam forças exteriores.
um sistema de partículas:

Lei da Conservação do Momento Linear para um sistema de partículas

Se a resultante das forças exteriores que atuam num sistema for nula,
não haverá variação do seu momento linear (manter-se-á constante).

Se F»ext = 0» ⇒ 6 p»sist = 0» ⇔ p»sist é constante

Como p»sist = p»CM = mv»CM , a velocidade do centro de massa também se


manterá constante.

Já no tempo de Newton se tinha concluído, por via experimental, que


havia conservação de momento linear na colisão de corpos (Fig. 19).

Se duas bolas (redutíveis a partículas) colidirem, a resultante das


forças exteriores sobre o sistema formado pelas bolas será nula, pois o
peso e a força normal anulam-se e a força de atrito é desprezável. Por
isso, os momentos lineares do sistema, antes e depois da colisão, são
iguais: p»sist = p»’sist (Fig. 20).

v1 v2 v’1 v’2
m1 m2

1 2 1 2
Antes da colisão Depois da colisão
Fig. 19 Na colisão entre as bolas de snooker
o momento linear do sistema conserva-se. Fig. 20 O momento linear do sistema das duas bolas é igual antes e depois da colisão.

88
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

A conservação do momento linear do sistema das duas bolas é uma conse-


quência das Leis de Newton, como se mostra na Fig. 21.

A conservação do momento linear como consequência das Leis de Newton

Colisão que ocorre no intervalo de tempo Δt:

F1 F2

1 2

Pela Segunda Lei de Newton: Pela Terceira Lei de Newton: F»1 = –F»2
• variação do momento linear da bola 1: Δp»1 Δp»2
Então: Δt = – Δt ⇔ Δp»1 = – Δp»2 ⇔
Δp»1 = F»1 Δt
» ⇔ Δp»sist = 0
⇔ Δp»1 + Δp»2 = 0 »
• variação do momento linear da bola 2:
Δp»2 = F»2 Δt Ou: p»sist (antes da colisão) =
Fig. 21 A conservação do momento linear
= p»sist (depois da colisão)
resulta das leis de Newton.

A conservação do momento linear não se verifica só nas colisões mas em


todas as situações em que é nula a resultante das forças exteriores sobre o sis-
tema, ou em que é pequeno o produto do módulo da resultante pelo intervalo de
tempo. É o caso de explosões, tiros, lançamento de foguetes, etc.

A Lei da Conservação do Momento Linear e a Lei da Conservação da


Energia constituem dois grandes princípios da física, pois são aplicáveis em Lei da Conservação do Momento
todos as escalas, desde a macrofísica à microfísica. Linear: é um dos pilares da física,
juntamente com a Lei da Conservação
Por exemplo, no início do século passado, os físicos que estudaram uma da Energia.
emissão radioativa beta – processo no qual um neutrão se transforma num pro-
tão e num eletrão (Fig. 22) – ficaram intrigados, pois essas duas leis de conserva-
ção não se aplicavam. Então, o italiano Enrico Fermi propôs a existência de uma
nova partícula, também emitida no processo, a que chamou neutrino (hoje sabe-
-se que é um antineutrino). Essa partícula, prevista em 1930, viria a ser detetada
experimentalmente em 1955. Ou seja, foram as leis de conservação que levaram
à descoberta da partícula, por via teórica.

Eletrão

Neutrão Protão
Fig. 22 Um neutrão desintegra-se num
Antineutrino protão, num eletrão e num antineutrino.

A conservação de momento linear poder ocorrer quando os movimentos são


descritos a uma, duas ou a três dimensões. Aqui abordaremos apenas situações
de movimentos a uma dimensão.

89
1. MECÂNICA

Por exemplo, o recuo de uma espingarda, quando é dis-


parada uma bala, é explicada com base na conservação do
momento linear do sistema espingarda + bala. O disparo resulta
de uma explosão que origina forças interiores no sistema. Como
a explosão ocorre num intervalo de tempo muito curto, a varia-
ção do momento linear do sistema devido às forças exteriores
(peso) é praticamente nula, podendo aplicar-se a conservação
do momento linear e determinar a velocidade de recuo da espin-
garda (Fig. 23).

v1
v2
Fig. 23 O recuo de uma espingarda explica-se
pela conservação do momento linear.

Sistema espingarda + bala

Antes do disparo: o sistema está em repouso, pelo que,


p»sist = 0» .

Depois do disparo:
Bala: massa m1 e velocidade v»1 .
Espingarda: massa m2 e velocidade v»2 .

p»'sist = m1v»1 + m2v»2


m
Como p»sist = p»'sist ⇒ 0» = m1v»1 + m2v»2 ⇔ v»2 = – 1 v»1
m2

A velocidade de recuo da espingarda tem sentido oposto ao


da velocidade da bala, dependendo o seu módulo da relação
entre as massas da bala e da espingarda.

A conservação do momento linear também está na base de


funcionamento de aviões a jato e de foguetões (Fig. 24).

Nos aviões a jato, as turbinas absorvem o ar à sua frente e


lançam-no com grande velocidade para a retaguarda. A massa
ejetada pode ser pequena, mas sai a grande velocidade, o que
obriga o avião a deslocar-se para a frente, verificando-se a con-
servação do momento linear do sistema avião + gases. Nos
gases há vapor de água que, devido ao rápido arrefecimento,
passa a cristais de gelo, deixando marcas no céu.

A progressão de um foguete ou de um foguetão tem pre-


cisamente a mesma explicação física: os gases resultantes da
combustão misturados com ar são expelidos para trás a grande
velocidade, obrigando o foguete a deslocar-se em sentido
oposto.

Fig. 24 Os aviões a jato e os foguetões baseiam-se


na conservação do momento linear.

90
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Atividade 1

Com materiais caseiros, construa um dispositivo que ilus- uma bomba de encher pneus de bicicleta. O aumento da
tre o movimento de um foguete. pressão no interior da garrafa provocará a saída da tampa
Pode usar-se uma garrafa onde se introduz alguma água e também da água a grande velocidade. A garrafa é pro-
e se rolha. Inverte-se a garrafa e introduz-se na rolha jetada para cima.
uma agulha de válvula de encher bolas à qual se liga

Questão resolvida 4

Duas bolas de snooker sofrem uma colisão frontal, mo- bolas passa a ter velocidade simétrica da que tinha ini-
vendo-se em sentidos contrários, com velocidades de cialmente. Como se moverá a outra bola?
módulos 10 m s−1 e 4 m s−1. Depois da colisão, uma das

O movimento é a uma só dimensão e no eixo dos xx, por isso cidades, antes e depois da colisão, e indicar os dados e os pedidos.
a conservação do momento linear exprime-se por Substituindo os valores da figura na expressão da conservação
mv1x + mv2x = mv’1x + mv’2x . do momento linear, 10 m + (– 4) m = mv’1x + 4 m, obtém-se
Deve desenhar-se uma figura, escolhendo um sentido positi- v’1x = 2 m s–1. O sentido positivo indica que a bola 1 se vai mover
vo, para se escreverem as componentes escalares das velo- para a direita, ou seja, no sentido da bola 2.

v1 x = 10 m s–1 v2 x = –4 m s–1 v’1 x = ? v’2 x = 4 m s–1

1 2 1 2
x x
Antes da colisão Depois da colisão

Questão resolvida 5

Num anúncio futurista, lê-se: vA vB


«Quando for para o espaço, leve uma caneta
no bolso para se mover!».
Qual é a base para esta sugestão?

Um astronauta, na sua nave, está numa situação de mi- do momento linear, isto é, 0» = mav»a + mcv»c, obtendo-se
crogravidade e tem dificuldade em mover-se de um lado ma
v»c = – v»a . Ou seja, o astronauta adquire velocidade com
para o outro! Mas, se tiver consigo um objeto como uma mc
caneta, bastará atirá-lo para logo adquirir movimento em a mesma direção mas sentido oposto ao da caneta. Se o
sentido contrário (situação semelhante à da espingarda). astronauta tiver 70 kg de massa, a caneta 6,0 g e, se esta
Inicialmente, o sistema está em repouso e o momen- for lançada com velocidade de módulo 5,0 m s–1, então,
to linear é nulo. Após o lançamento, o sistema divide-se vc = –4,3 × 10–4 m s–1 (o sinal menos indica sentido negativo,
em duas partes: o astronauta, de massa ma e velocidade uma vez que foi tomado como positivo o sentido do movi-
v»a, e a caneta, de massa mc e velocidade v»c. Como a re- mento da caneta). A velocidade é pequena. Mas isso é ótimo,
sultante das forças exteriores é nula, há conservação pois, assim, o astronauta não sai disparado!

91
1. MECÂNICA

Em física, designa-se por colisão uma interação entre partículas num inter-
vB
valo de tempo muito curto, sendo a intensidade das forças exercidas pelas partí-
culas umas sobre as outras muito superior à das forças exteriores.
vA Uma colisão pode ocorrer à escala macroscópica, por contacto direto entre
objetos – como nas bolas de snooker –, mas também à escala microscópica, por
interações à distância entre partículas.
Fig. 25 Colisão frontal: os movimentos
iniciais dos centros de massa têm lugar Vamos estudar as colisões em que os centros de massa dos corpos que vão
sobre a mesma reta. colidir se movem sobre uma mesma linha reta (Fig. 25). São chamadas colisões
frontais.

Em todas as colisões verifica-se a conservação do momento linear do sistema.


Como o movimento ocorre a uma dimensão, a equação vetorial da conservação
do momento linear do sistema, p»sist = p»’sist , pode ser escrita na sua forma escalar.

Em certas colisões também há conservação de energia cinética do sistema,


Ec = E’c. São chamadas colisões elásticas. A Fig. 26 mostra um exemplo.

Fig. 26 Exemplo de uma colisão


elástica: dois objetos aproximam-se com
velocidades de igual módulo e afastam-se Antes da colisão Depois da colisão
com velocidades também de igual módulo.

Uma colisão elástica é caracterizada pelas seguintes equações:

Colisão elástica
⎧ p»sist = p»’sist ⇒ m1v1x + m2v2x = m1v ’1x + m2v ’2x

⎨ 1 1 1 1
⎪ Ec(sist) = E’c(sist) ⇒ m1v 21 + m2v 22 = m1v ’21 + m2v ’22
⎩ 2 2 2 2

À escala macroscópica, o «berço de Newton» (Fig. 27) permite observar coli-


Fig. 27 No dispositivo, chamado sões entre esferas que são praticamente elásticas.
«berço de Newton», as colisões são
aproximadamente elásticas. Numa colisão elástica há deformações dos corpos durante a colisão, trans-
formando-se a energia cinética inicial em energia potencial elástica. Em seguida
a energia potencial elástica é transformada novamente em energia cinética,
adquirindo os corpos a sua forma original. Por isso, há conservação da energia
cinética do sistema.

Mas, de um modo geral, a energia cinética do sistema diminui após a colisão,


que se diz inelástica, e o sistema não recupera a sua forma inicial. É a colisão
mais comum no dia a dia (Fig. 28).

Nas colisões inelásticas, a energia cinética do sistema diminui, mas a ener-


gia interna aumenta, verificando-se aquecimento e deformações permanentes
Fig. 28 Uma bola cai no solo e não
ressalta até à altura de onde caiu: do sistema. Também há colisões com aumento de energia cinética, mas não as
a colisão é inelástica. vamos estudar.

92
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Quando dois corpos colidem e a energia cinética final é a mínima possível


(compatível com a conservação do momento linear), estamos em presença de
uma colisão perfeitamente inelástica.

Neste caso, os corpos seguem juntos após a colisão, ou seja, com a mesma
velocidade (Fig. 29): v»’1 = v»’2 = v»’. Ou seja:

Colisão perfeitamente inelástica

p»sist = p»’sist ⇒ m 1v»1 + m 2v»2 = (m 1 + m2) v»’

Durante a colisão, os corpos deformam-se e essa deformação mantém-se


após a colisão, pelo que a energia cinética do sistema diminui. Se os corpos tive-
rem inicialmente momentos lineares opostos, acabarão por se imobilizar (Fig.
29). Mas, se o momento linear inicial do sistema não for nulo, os objetos seguirão
juntos com momento linear igual ao inicial.

Fig. 29 Colisão perfeitamente inelástica:


os corpos seguem juntos após a colisão.
Antes da colisão Depois da colisão

Indicam-se a seguir as características dos vários tipos de colisão:

Colisão elástica Colisão inelástica

p»sist = p»’sist p»sist = p»’sist


Ec(sist) = E ’c(sist) Ec(sist) ≠ E ’c(sist)
Após a colisão, os corpos fi- Após a colisão, os corpos ficam deformados.
cam com a forma inicial. Se os corpos tiverem igual velocidade após a coli-
são, esta diz-se perfeitamente inelástica.

Questão resolvida 6

Uma partícula, com velocidade de módulo 10,0 m s–1, no mesmo sentido com velocidade de módulo 5,0 m s–1.
colide frontalmente com outra de massa dupla, inicial- A colisão foi elástica ou inelástica?
mente em repouso. Depois da colisão a primeira move-se

Aplicando a Lei da Conservação do Momento Linear, obtém-se Energia cinética do sistema após a colisão:
a componente escalar da velocidade da segunda partícula: 1 1 1 1
–1
E’c = mv’ 21 + 2mv’ 22 = m × 52 + 2m × 2,52 =
mv1 = mv’1 + 2mv’2 ⇔ 10 = 5 + 2v’2 ⇔ v’2 = 2,5 m s 2 2 2 2
= 18,8 m (J)
Energia cinética do sistema antes da colisão:
1 1 Não houve conservação da energia cinética do sistema, pelo
Ec = mv 21 = × m × 102 = 50 m (J)
2 2 que a colisão foi inelástica.

93
1. MECÂNICA

Questão resolvida 7

Uma bala de 5,0 g é disparada contra um pêndulo em repouso


na posição de equilíbrio. O pêndulo é constituído por um bloco de
madeira de massa 2,0 kg suspenso por uma haste de massa des-
prezável. A bala fica incrustada no bloco de madeira que sobe até
à altura de 26 cm. h
a) Com que velocidade a bala atinge o pêndulo?
b) Que tipo de colisão ocorre?
c) Que percentagem de energia cinética o sistema perde na colisão?
Como se manifesta essa energia?

a) Imediatamente após a colisão da bala com o bloco, os Substituindo os valores obtemos:


dois movem-se com a velocidade comum, v’. Designando
(2,0 + 5,0 × 10–3)
por v a velocidade inicial da bala e por m1 e m2 as massas v= × 兹2 × 10 × 0,26 =
5,0 × 10–3
da bala e do bloco, respetivamente, e como o movimento
= 9,1 × 102 m s–1 = 3,3 × 103 km h–1
se faz a uma dimensão, da conservação do momento
linear vem: b) A colisão da bala com o pêndulo é um exemplo típico de
(m1 + m2) um choque perfeitamente inelástico, pois o sistema fica
m1 v = (m1 + m2) v’, ou seja v = v’ com a mesma velocidade após a colisão. Ocorre a maior
m1
dissipação de energia compatível com a conservação do
A partir do instante em que a bala para dentro do bloco,
momento linear.
a energia cinética do bloco com a bala incrustada irá
c) A energia cinética do sistema antes da colisão é
transformar-se em energia potencial gravítica, até o
1 1
conjunto atingir a altura máxima, h. Aplicando a con- Ec = m v 2 e depois da colisão E’c = (m1 + m2)v’2.
2 1 2
servação da energia mecânica, durante o processo de
m1 m1
subida do pêndulo: Usando v’ = v, obtemos E’c = E ,
m1 + m2 m1 + m2 c
1
(m1 + m2)v’2 = (m1 + m2)g h, logo, v’ = 兹2gh pelo que E’c < E c . Substituindo os valores m1 = 5,0 g e
2
0,005 Ec
m2 = 2,0 kg , obtemos E’c = E = , ou seja, a
Combinando este resultado com o anterior, a velocidade 2,005 c 401
inicial da bala será: energia mecânica final é apenas 0,25% da inicial! A ener-
gia restante – que é 99,75% da energia cinética inicial da
m1 + m2
v=
m1
兹2gh bala − dissipou-se durante o processo de incrustação da
bala no bloco (aumentou a energia interna do sistema
formado pela bola e bloco, o que se traduz num aumento
das temperaturas da bala e do bloco).

AL 1.3 p. 96

A Atividade Laboratorial 1.3, «Colisões», permitirá investigar a conservação


do momento linear em colisões elásticas e inelásticas e determinar o coeficiente
QUESTÕES p. 100
de restituição na colisão de um carrinho com um alvo fixo.

94
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

RESUMO
• Sistema de partículas: conjunto de várias partículas. O movimento do sis-
tema reduz-se ao do seu centro de massa se as partículas tiverem a mesma
velocidade (o sistema tem só movimento de translação) e não ocorrerem
variações da energia interna. O sistema será um corpo rígido se as distâncias
entre as partículas se mantiverem constantes.

• Centro de massa de um sistema de partículas: ponto a que se associa a


massa do sistema e onde se considera aplicada a resultante das forças exer-
N
1
cidas sobre ele. A sua posição é dada por r»CM =  mi r»i .
mi=1
N
1
• Velocidade do centro de massa de um sistema de partículas: v»CM = mi v»i.
mi=1
N
1
• Aceleração do centro de massa de um sistema de partículas: a»CM = mi a»i.
mi=1
• Forças interiores, F»int: forças exercidas entre si pelas partículas de um sis-
tema; anulam-se aos pares (Terceira Lei de Newton ou Lei da Ação-Reação).

• Forças exteriores F»ext: forças exercidas pela vizinhança sobre as partículas


do sistema; a sua resultante é responsável pela aceleração do sistema.

• Momento linear de uma partícula: p» = mv». Unidade SI: kg m s–1.


N
• Momento linear de um sistema de partículas: p»sist =  mi v»i ; é igual ao
i=1
momento linear do centro de massa: p»sist = p»CM = mv»CM.

• Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas: F»ext = ma»CM ou


dp» dp»sist Δp»CM
F»ext = CM ou F»ext = ; para forças exteriores constantes: F»ext = .
dt dt Δt
• Lei da Conservação do Momento Linear de um sistema de partículas: se
F»ext = 0» ⇒ Δp»sist = 0» ⇔ p»sist é constante (v»CM será constante se a massa for
constante); por isso, se F»ext = 0», o momento linear do sistema antes e depois
de uma interação é igual: p»sist = p»'sist .

• Colisão elástica: há conservação do momento linear do sistema e da energia


cinética do sistema, ou seja, p»sist = p»'sist e Ec(sist) = E'c(sist).

• Colisão inelástica: há conservação do momento linear do sistema mas há


variação da energia cinética do sistema, ou seja, p»sist = p»'sist e Ec(sist) ≠ E'c(sist).

• Colisão perfeitamente inelástica: colisão inelástica em que os corpos


ficam com a mesma velocidade após a colisão (a perda de energia cinética
é máxima).

95
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.3

Colisões
As colisões ocorrem em todas as escalas: entre objetos comuns, entre estre-
las e galáxias, mas também entre partículas elementares nos aceleradores de
partículas.
À nossa escala, se dois carrinhos colidirem frontalmente, como se moverão após
a colisão? E de que dependerão as suas velocidade após a colisão?

Questões pré-laboratoriais

1. Considere uma calha horizontal (Fig. 30) onde se a) Que grandezas se devem medir para determinar
movem dois carrinhos, sendo desprezável o atrito os momentos lineares e as energias cinéticas de
no eixo das rodas, ou, em alternativa, dois desliza- cada corpo antes e após a colisão? Como se pode-
dores a moverem-se numa calha de ar. Os carrinhos rão medir?
(ou deslizadores) colidem. b) Construa uma tabela para registar os valores des-
sas grandezas, antes e após a colisão.

4. A elasticidade dos materiais de dois corpos em


colisão, 1 e 2, pode ser avaliada por um parâmetro
designado por coeficiente de restituição (símbolo
e). Em colisões frontais, define-se como a razão
entre a diferença das componentes escalares das
velocidades dos corpos após a colisão, (v'2 – v'1)
Fig. 30 Carrinhos (em cima) e deslizadores (em baixo) (velocidade de afastamento), e essa diferença antes
que se movem numa calha e colidem.
da colisão, (v 1 – v 2) (velocidade de aproximação):
v'2 – v'1
a) Que forças atuam sobre cada corpo na colisão? e= . Verifica-se que 0 ≤ e ≤ 1, tendo valor
v1 – v2
Quais são responsáveis pela interação entre eles?
nulo numa colisão perfeitamente inelástica e 1
Justifique.
numa colisão elástica.
b) Pode aplicar-se a Lei da Conservação do Momento
a) Um carrinho colide frontalmente com um corpo
Linear a cada um dos corpos? E ao sistema dos
fixo e, após a colisão, recua. Mostre que o coefi-
dois corpos em colisão? Justifique.
ciente de restituição dos materiais em colisão é
v'1
2. Que tipos de colisões podem ocorrer? Caracterize-as e=  
v1
.
quanto à conservação do momento linear e da ener-
gia cinética do sistema. b) Na situação anterior, o carrinho passa por uma
célula fotoelétrica. Sejam t' e t os tempos de pas-
3. Um carrinho (ou deslizador), colocado sobre uma sagem, respetivamente, após a colisão e antes da
calha horizontal (ou calha de ar), colide frontal- v'1
mente com outro parado (Fig. 30). Após a colisão,
colisão. Mostre que a equação e =   v1
é equiva-
t
seguem juntos. O carrinho é lançado cinco vezes e, lente a e = .
t'
de cada vez, altera-se a sua massa ou a massa do
outro inicialmente parado.

96
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Trabalho laboratorial

Nesta atividade investigam-se colisões a uma dimensão. Conclui-se se a resultante


das forças exteriores sobre o sistema é, ou não, nula, avaliando-se a conservação de
momento linear; determina-se a variação de energia cinética em colisões inelásticas e
coeficientes de restituição numa colisão frontal com um alvo fixo.

Material: balança, massas marcadas, régua, craveira, calha e carrinhos (ou calha de
ar e deslizadores), duas células fotoelétricas com cronómetro digital (ou sistema de
aquisição de dados), ou sensor de posição.

1. Efetue uma montagem semelhante


à da Fig. 31 (em alternativa às fotocélulas
3. Altere a montagem, usando apenas
uma célula fotoelétrica (ou o sensor de movi-
pode usar um sensor de posição na extremi- mento) e fixando uma peça na extremidade
dade da calha). da calha (Fig. 32). Nessa peça, diferentes gru- Fig. 31 Um carrinho colide
pos poderão colocar um elástico, um íman ou frontalmente com outro
outro material onde o carrinho irá embater. em repouso.

2. Lançando um carrinho, com velo-


cidades moderadas, sobre outro parado,
proceda de tal forma que, após a colisão, os
dois sigam juntos. Repita mais quatro vezes,
4. Usando velocidades moderadas, lance
o carrinho sete vezes contra a peça fixada na
mudando a massa do carrinho lançado ou extremidade da calha. Procure variar, em cada
a massa do que estava parado. Use a tabela lançamento, a velocidade do carrinho. Registe
já construída para registar as grandezas que os tempos de interrupção da célula pela tira
lhe permitirão avaliar eventuais variações opaca, antes e depois da colisão, numa tabela
de momento linear do sistema ou da sua (ou as velocidades no caso de usar um sensor
energia cinética. de movimento). Fig. 32 Um carrinho colide
frontalmente com um corpo fixo.

Questões pós-laboratoriais

1. Complete a tabela com o cálculo dos momentos 4. Para a situação da colisão do carrinho com a peça fixada
lineares e das energias cinéticas. Avalie se houve na extremidade da calha, trace um gráfico do tempo de
conservação do momento linear e da energia ciné- passagem na célula antes da colisão, t, em função do
tica do sistema. Se houve diferenças, determine a tempo de passagem depois da colisão, t'. A partir da
respetiva variação percentual. linha de ajuste aos pontos experimentais, determine o
coeficiente de restituição dos materiais em colisão.
2. Indique, justificando, que conclusões pode retirar
sobre a resultante das forças sobre o sistema dos 5. Os valores dos coeficientes de restituição são
carrinhos durante a colisão. importantes em diversos desportos. Por exemplo,
o coeficiente de restituição de uma bola de fute-
3. Avalie as condições experimentais: identifique fon-
bol não pode ser inferior a um dado valor para que
tes de erro e apresente explicações para as varia-
possa ser classificada como bola oficial. Qual é esse
ções detetadas.
valor? Faça uma pesquisa que permita saber como
esse valor é determinado.

97
1. MECÂNICA

QUESTÕES
Nota 3. A figura representa uma molécula de água. As massas
Na resolução das questões, considere g = 10 m s−2. atómicas relativas do oxigénio e do hidrogénio são, res-
petivamente, 16,0 e 1,0.

O
1.2.1 Centro de massa de um sistema 96 pm
de partículas
104°
1. Sobre o centro de massa de um sistema de partículas, H H
x
quais das frases são corretas?
A. É um ponto onde se supõe estar a massa do sis- As coordenadas do centro de massa no sistema de ei-
tema e onde se aplicam as forças exteriores que xos indicado são, em pm:
atuam sobre ele.
(A) (48,0; 52,5)
B. Só tem movimento de translação.
(B) (59,1; 59,1)
C. Só se define para corpos rígidos.
D. Pode estar em repouso e diversas partes do siste- (C) (48,0; 59,1)
ma estarem em movimento. (D) (75,6; 52,5)
E. Tem aceleração constante se a resultante das
forças exteriores for constante. 4. Mostre que o centro de massa do sistema Terra-Lua
F. Localiza-se sempre num ponto onde haja matéria se localiza no interior da Terra, cujo raio é 6,4 × 106 m.
de um corpo rígido. Considere que a luz demora 1,28 s da Terra à Lua e que
a massa da Terra é 81 vezes a massa da Lua.
2. Na figura representam-se três partículas, A, B, e C,
sobre uma superfície. 5. Observe as figuras seguintes. Em A representa-se
y/m uma chapa homogénea de espessura constante. Em
20 kg B representa-se uma chapa circular homogénea, de
C
4,0 dm de raio, onde se fez um orifício circular de raio
5
1,0 dm e cujo centro dista 2,0 dm do centro da chapa.
Determine a posição do centro de massa de cada chapa
no referencial indicado.
−5 5
y y
x/m 4 cm
B
12 kg
8 cm
A
18 kg −5 x
2 cm
8 cm x
As coordenadas do centro de massa do sistema no re-
ferencial indicado são: A B

(A) (1,44; 0) m (C) (1,44; 0,48) m


(B) (4,0; 0) m (D) (3,0; 3,0) m

98
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

b) Determine a posição do centro de massa passados


1.2.2 Velocidade e aceleração do centro
2,0 s de as partículas ocuparem as posições indica-
de massa. Segunda Lei de Newton
das na figura.
para um sistema de partículas
6. Três partículas em movimento, A, B e C, de massas 1.2.3 Momento linear e Segunda Lei
1,0 kg, 1,0 kg e 2,0 kg respetivamente, têm as suas de Newton
posições descritas, em unidades SI, por:
r»A(t) = 2te»x + 3e»y 9. Explique fisicamente as seguintes situações:
r»B(t) = t2e»x + (2t + 2)e»y A. Após um salto, procura cair-se com as pernas fle-
r»C(t) = te»x + t2e»y tidas, e no salto em altura os atletas caem sobre
colchões de espuma.
Determine, para um instante qualquer, a posição, a B. Uma garrafa cai numa carpete sem se partir, mas
velocidade e a aceleração do centro de massa e o parte ao cair num mosaico.
módulo da força resultante que atua no sistema.
10. Um comboio de mercadorias em manobras colide com
7. Duas partículas, A e B, respetivamente de massas um vagão. Compare as variações de momento linear do
100 g e 300 g, movem-se com velocidades (em m s–1) comboio e do vagão, as forças que um exerce sobre o
dadas por: outro e as acelerações adquiridas por cada um deles.
v»A(t) = (4t – 5)e»x + (3t – 6)e»y
e v»B(t) = (–4t – 5)e»x + (–3t + 6)e»y 11. Fez-se um teste de impacto com um veículo de 1,25 t.
O veículo embateu num muro a 40,0 km h–1 e, imedia-
Determine a velocidade e a aceleração do centro de tamente após o impacto, moveu-se a 6,0 km h–1 em
massa e a resultante das forças exteriores sobre o sentido contrário. O tempo do impacto foi 80 ms.
sistema. a) O módulo da variação de momento linear, na unidade
SI, foi:
8. Observe a figura: duas partículas A e B, respetivamente
de massas 1,0 kg e 2,0 kg, movem-se numa superfície (A) 1,2 × 104 (C) 1,6 × 104
horizontal, onde o atrito é desprezável, com velocida- (B) 5,8 × 104 (D) 4,3 × 104
des simétricas de módulo 1,0 m s-1, atuando sobre elas b) Determine a intensidade da força média que atuou
forças simétricas de intensidade 20 N. sobre o veículo no impacto.

y/m 12. Um patinador de 75 kg move-se a 10,0 m s–1 e colide


B com outro que está parado. Após a colisão, que demo-
5 vB
rou 100 ms, seguem juntos com a velocidade de
FB 5,0 m s–1. Verifique se houve danos físicos, sabendo que
a intensidade da força média exercida sobre cada um
−5 5
não pode exceder 4500 N.
x/m
FA
13. Dois carrinhos, A e B, respetivamente de massas m e
vA
A 2m, estão em repouso em calhas horizontais, sendo
−5
o atrito desprezável. Durante 3 s são empurrados por
forças horizontais iguais. Após esses 3 s, o momento
a) Determine a velocidade e a aceleração do centro de linear de A é … de B.
massa do sistema e verifique que a resultante das (A) duas vezes o (C) igual ao
forças exteriores é nula. (B) metade do (D) quatro vezes o

99
1. MECÂNICA

14. Um corpo de massa 2,0 kg, move-se no sentido nega- A C


tivo de um eixo, a 36 km h–1, quando sobre ele atua uma v = 2,0 m/s v = 1,5 m/s
força com a direção da velocidade, cuja componente
3,0 kg 6,0 kg
escalar varia como mostra a figura. Êmbolo Êmbolo

F/N B D
v = 3,5 m/s v = 1,0 m/s
10,0
2,0 kg 5,0 kg
Êmbolo Êmbolo

5,0 A relação entre os tempos de paragem é:


(A) tD < tC < tA < tB (C) tB < tA < tD < tC
(B) tA < tB < tC < tD (D) tD < tA < tB < tC
0
2 4 6 8
t/s

1.2.4 Lei da Conservação do Momento Linear.


−5,0
Colisões
16. Uma espingarda de 4,0 kg, inicialmente em repouso,
Que gráfico traduz o momento linear do corpo em dispara uma bala de 50 g com velocidade de módulo
função do tempo? 792 km h–1. Indique, justificando, quais das seguintes
afirmações são verdadeiras.
A C
Imediatamente após o disparo,
p/kg m s -1

p/kg m s -1

20 20 A. o módulo do momento linear da bala é


10 10 3,96 × 104 kg m s–1.
0 0 B. a energia cinética da bala é 1,21 × 103 J.
2 4 6 8 2 4 6 8
t/s t/s C. o módulo do momento linear da espingarda é
−10 −10
11,0 kg m s–1.
−20 −20
D. a bala e a espingarda ficam com igual energia cinética.
E. o momento linear da espingarda é igual ao da bala.
B D
17. Dois andares de um foguetão, 1 e 2, de massas respeti-
p/kg m s -1

p/kg m s -1

20 72

10 36 vamente 4,50 × 104 kg e 1,20 × 105 kg, movem-se uni-


dos com velocidade de módulo 2,50 × 103 km/h. Num
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
t/s t/s certo instante, uma pequena explosão provoca a sepa-
−10 −36
ração dos andares. Imediatamente após a explosão, o
−20 −72 andar 1 move-se na mesma direção, mas diminui a sua
velocidade em 60 km/h.
Desprezando a interação gravítica, após a explosão o
15. Numa experiência pretende investigar-se o tempo andar 2 move-se a:
necessário para parar uma camioneta de brincar. São
(A) 2,52 × 103 km/h e no mesmo sentido.
realizadas quatro experiências, A, B, C e D, em que se
varia a velocidade e a massa da camioneta (ver figura). (B) 4,35 × 103 km/h e no mesmo sentido.
Esta é parada por um êmbolo que aplica, nos quatro (C) 2,66 × 103 km/h e em sentido contrário.
casos, a mesma força média. (D) 1,57 × 104 km/h e em sentido contrário.

100
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

18. Num teste de colisão, fez-se embater um automóvel A. A bola bate na placa, volta para a mão e é nova-
a 50,0 km h–1 contra um muro. Imediatamente após mente atirada, repetindo-se sucessivamente o
a colisão, o veículo moveu-se em sentido contrário a movimento.
4,0 km h–1. No veículo colaram-se sensores para medir B. A bola bate na placa e cai na base do carro.
as forças de impacto e também um boneco de teste
com sensores. A massa total do sistema automóvel + A
+ carga era 1200 kg e o tempo do impacto foi 0,200 s.
Indique, justificando, quais das seguintes afirmações
são verdadeiras para o automóvel. B
A. O módulo do momento linear era 1,67 × 104 kg m s-1
antes da colisão.
B. O módulo da variação de momento linear foi
6,48 × 104 kg m s–1.
C. Devido à colisão, a energia cinética diminuiu
1,15 × 105 J. O carro:
D. A intensidade da força média exercida sobre o
veículo foi 3,24 × 105 N. (A) vai permanecer imóvel porque o sistema é isolado.
E. A energia cinética inicial era 1,16 × 105 J. (B) vai mover-se para a esquerda apenas na situação
A, pois a bola colide elasticamente com a placa.
19. A figura mostra três colisões que são perfeitamente (C) vai mover-se para a esquerda apenas na situação
inelásticas. B, pois a colisão da bola com a placa é inelástica.
I (D) vai mover-se alternadamente para a direita e para
ȣ
a esquerda na situação A.
Muro de tijolo
m
21. Dois astronautas da ISS trocam uma bola entre si. Os
II
ȣ − 0,5 ȣ astronautas mover-se-ão? Justifique.

m 2m
22. Dois blocos, A e B, de massas 1,0 kg, deslocam-se no
mesmo sentido e colidem. Imediatamente antes da
III
ȣ colisão, vA = 3vB. Após a colisão, os blocos seguem
−2ȣ
juntos. O atrito entre as superfícies é desprezável e o
m 0,5 m
intervalo de tempo da colisão é 3,0 ms.
Após a colisão, o automóvel da esquerda: a) Qual das afirmações é correta?
(A) fica parado apenas em I. (A) A velocidade do centro de massa do sistema é
(B) fica parado em I, II e III. constante.
(C) fica parado apenas em II e III. (B) Na colisão, a variação do momento linear de A é
(D) não para. igual à variação do momento linear de B.
(C) Na colisão, a força que A exerce em B é igual à
20. Uma pessoa está num carro em repouso que se pode força que B exerce em A.
mover numa superfície horizontal de atrito desprezá- (D) O momento linear do sistema diminui após a colisão.
vel (ver figura). Num dado instante atira uma bola con-
b) Classifique o tipo de colisão.
tra uma placa montada rigidamente na base do carro.
Considere duas situações com dois tipos de bolas de c) Compare, justificando, a velocidade final do sistema
igual massa: com a velocidade inicial de B.

101
1. MECÂNICA

23. Numa calha de ar, um carrinho de massa m e veloci-


dade v» colide com outro de massa 2m e velocidade –v». A
a) Determine a velocidade do centro de massa do sistema. 1 2
b) Esboce, justificando, o gráfico da posição do cen-
tro de massa em função do tempo, após a colisão,
supondo que a posição inicial do centro de massa é a
origem do referencial. B 1

24. Duas bolas, uma de pingue-pongue e outra de bowling,


movem-se retilineamente com o mesmo momento
a) Na parte A, em diferentes lançamentos variou-se
linear. Para as parar exerce-se uma mesma força cons-
a massa do carrinho 1 ou a massa do carrinho 2.
tante em sentido contrário ao do movimento. Indique,
A tabela seguinte apresenta as massas dos carri-
justificando, quais das afirmações são verdadeiras.
nhos e os intervalos de tempo de interrupção do feixe
A. A bola de bowling, de maior massa, demora mais
antes da colisão, t1, e após a colisão, t2.
tempo a parar e percorre maior distância até parar.
B. As bolas demoram o mesmo tempo a pararem. m1 /g m2 /g t1 /ms t2 /ms
C. As bolas percorrem a mesma distância até pararem
502,5 502,3 28,9 56,9
porque têm o mesmo momento linear inicial e final.
D. A bola de pingue-pongue percorre uma menor dis- 976,3 502,3 34,7 49,9

tancia até parar. 502,5 976,1 29,5 85,4


E. Sendo iguais as forças necessárias para parar as 1500,4 502,3 36,6 47,2
bolas, são iguais as energias despendidas para as 72,3
502,5 1500,2 18,4
parar.

25. Uma bala de massa m colide com um pêndulo gravítico i. Determine, em unidades SI, as velocidades do carri-
de massa M e comprimento l, continuando a mover-se no nho 1 e do sistema dos dois carrinhos após a colisão.
mesmo sentido mas com a velocidade reduzida a metade. ii. Avalie se houve conservação de momento linear e
Qual deve ser a velocidade mínima da bala para que o da energia cinética do sistema.
pêndulo dê uma volta completa? iii. Poderá concluir-se que, durante a colisão, a resultante
das forças sobre os carrinhos foi nula? Justifique.
b) Da parte B da experiência registaram-se os dados da
Atividade laboratorial tabela seguinte:

26. Numa experiência A, um carrinho 1, colocado numa t1/ms 19,7 16,6 38,0 31,1 26,5 31,0 27,2
calha, foi lançado contra outro carrinho 2, que se t2/ms 24,8 20,3 48,5 38,5 31,6 37,7 32,4
encontrava parado na mesma calha, seguindo os dois
colados após a colisão. Sendo v1 e v' 1, respetivamente, os módulos das
Noutra experiência B, o carrinho 1 foi lançado contra velocidades do corpo antes e após a colisão, o coe-
um obstáculo fixado na extremidade da calha.
ficiente de restituição é dado por e = v'1 . Mostre que
Em ambas as experiências mediram-se os tempos v1
t
pode ser calculado por e = 1 e, a partir do respe-
que uma tira opaca de largura 2,0  cm, colada a cada
t2
carrinho, interrompeu os feixes de luz de fotocélu-
tivo gráfico, determine o coeficiente de restituição
las antes e após a colisão. A figura esquematiza as
dos materiais em colisão.
experiências A e B.

102
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas

Questões globais 30. Um homem de 70 kg e um rapaz de 35 kg estão sobre


um ringue de gelo. Um empurra o outro, movendo-se o
27. A figura mostra uma superfície onde se encontram três
homem a 1,0 km h–1. O empurrão demorou 0,10 s.
partículas A, B, e C, de massas respetivamente 0,18 kg,
a) A que distância se encontram um do outro 3,0 s após
0,12 kg e 0,20 kg. Para o instante indicado, as velocida-
a colisão?
des das partículas, no SI, são:
b) Que força média exerce o homem sobre o rapaz?
v»A(t) = –4,0e»y y/m

v»B = 4,0e»x – 4,0e»y 31. Um corpo A colide elasticamente com outro corpo B, da
vC
5
v»C = 4,0e»y A mesma massa, que estava em repouso, ficando A em
C
vA repouso. Noutra situação, A colide com B (inicialmente
em repouso) e ficam juntos após a colisão. Compare as
−5 5 x/m velocidades de A e de B antes e depois da colisão, em
B
vB cada um dos casos.

−5
32. Uma pessoa encontra-se no meio de um lago gelado e
quer chegar a terra firme. Indique possíveis formas de
a) A posição do centro de massa no instante indicado na
se aproximar da margem e discuta a sua exequibilidade.
figura, em metros, é:
(A) –0,4e»x + 2,6e»y (C) 0,0e»x + 6,0e»y 33. Por que razão, em algumas corridas de automóveis, se
(B) –1,0e»x + 2,0e»y (D) –0,8e»x + 0,0e»y colocam pneus velhos nos bordos da pista?

b) Qual é a velocidade do centro de massa?


34. No pêndulo balístico, uma bala de massa m é dispa-
c) O momento linear do centro de massa do sistema de rada contra um bloco de massa M suspenso de um fio.
partículas, em kg m s–1, é: A bala fica incrustada no bloco e o conjunto sobe a uma
(A) 0,32e»x – 1,28e»y (C) 0,48e»x – 0,40e»y altura h, tal como mostra a figura.
(B) 2,00e»x – 2,00e»y (D) 0,04e»x – 0,04e»y

28. Na figura representa-se uma vassoura, suspensa por


um fio, na posição horizontal. As duas partes da vas-
soura, A e B, de um e do outro lado do ponto de suspen-
são, possuem massas iguais? Justifique. h

A B

Na tabela seguinte, associe cada grandeza à respetiva


expressão.

29. Observe a figura, que representa dois I. Módulo da velocidade


A. (m + M) gh
do conjunto após a colisão
círculos.
Determine o valor de h, referente à II. Módulo da velocidade da bala B. √2g h
posição do centro de massa, supon- CM

do que a figura representa: III. Energia cinética após a colisão C. m + M


m
√2g h
h
a) uma chapa homogénea, de raios
IV. Energia cinética da bala D. M (m + M) g h
4,0 cm e 2,0 cm. m
2
b) um boneco de neve constituído por V. Energia dissipada na colisão E. (m + M) g h
duas partes esféricas, de raios 40 cm e 20 cm. m

103
1. MECÂNICA

35. Uma pessoa está em repouso na extremidade de um 36. Uma pancada numa bola de golfe, de massa 50 g, ini-
carro, de comprimento L, que inicialmente também cialmente em repouso, submete-a a uma força variável.
está em repouso, tal como mostra a figura A. Ao des- A força antes do contacto é nula e com a deformação
locar-se para a outra extremidade, verifica-se que o da bola aumenta até um valor máximo. Após a defor-
carro também se desloca. Quando chega à outra extre- mação máxima, a força decresce de novo até se anular,
midade, a situação é a da figura B. quando a bola perde contacto com o taco. A bola está
em contacto com o taco durante 0,50 ms, e tem veloci-
y dade de 180 km h–1 quando esse contacto cessa.

mp a) Qual foi o módulo da variação do momento linear da


A
bola?
mc b) Determine as intensidades das forças médias, em
P kN, que atuaram na bola e no taco.
L x
37. Uma bala de massa 10 g move-se horizontalmente
B quando colide com um pêndulo de massa 990 g e com-
d primento 1,0 m, inicialmente em repouso, ficando incrus-
tada nele. A velocidade do sistema, imediatamente após
o choque, tem o valor mínimo que lhe permite dar a
volta completa numa trajetória circular. Considere des-
As massas da pessoa e do carro são, respetivamente, prezável a resistência do ar e o peso do fio. Determine:
m P e m C . Considere que o carro é homogéneo e
a) o módulo da velocidade mínima do sistema imedia-
despreze todos os atritos e as dimensões da pessoa.
tamente após a colisão e o módulo da velocidade da
Indique, justificando, quais das afirmações são verda-
bala imediatamente antes da colisão.
deiras.
b) a percentagem de energia dissipada na colisão.
A. Após a pessoa iniciar o movimento, o centro de
massa do sistema carro + pessoa move-se com
38. Uma bola cai de 1,50 m de altura do solo e ressalta a
velocidade constante.
1,20 m. A massa da bola é 200 g e a duração do choque
B. A pessoa andou sobre o carro uma distância L,
com o solo é 10,0 ms. Despreze a resistência do ar.
mas em relação ao exterior apenas se deslocou
L – d. a) Numa colisão frontal de um corpo contra uma super-
mC fície fixa, define-se coeficiente de restituição dos
C. A abcissa da posição final da pessoa é L.
mp + mC materiais por e = v'1 , sendo v1 e v'1, respetivamente,
v1
D. A distância d, percorrida pelo carro, desde que
os módulos das velocidades do corpo antes e após a
a pessoa iniciou o movimento até que chegou à
colisão. Determine o coeficiente de restituição para
mC os materiais em colisão.
outra extremidade, é dada por d = L.
mp + mC
b) Determine o módulo da variação de momento linear
E. O centro de massa do sistema carro + pessoa des-
da bola e a intensidade média da resultante das for-
mp
loca-se de d = L. ças que atuam na bola.
mp + mC
c) Verifique se houve variação de energia cinética e con-
clua sobre o tipo de colisão ocorrida.

104
1.3 FLUIDOS

1.3.1 Fluidos, massa volúmica, 1.3.5 Impulsão e Lei de Arquimedes;


densidade relativa e pressão equilíbrio de corpos flutuantes
1.3.2 Forças de pressão em fluidos 1.3.6 Movimento de corpos
1.3.3 Lei Fundamental em fluidos; viscosidade
da Hidrostática AL 1.4 Coeficiente de viscosidade
1.3.4 Lei de Pascal de um líquido
1. MECÂNICA

Estamos rodeados de fluidos, termo que designa líquidos e


gases, como é o caso dos oceanos e da atmosfera (Fig. 1).

A nossa sobrevivência depende de fluidos: da água que bebe-


mos, do ar que respiramos, do sangue que circula no nosso corpo.

O termo fluido está associado a substâncias que tendem a


escapar por uma abertura no recipiente onde estão contidos,
como os líquidos e os gases.

Por exemplo, a água num coador escapa pelos seus orifícios e


um perfume tende a espalhar-se pelo espaço que tem disponível.
Este comportamento não se observa nos sólidos, pois as forças
de ligação entre as suas partículas são, normalmente, mais for-
tes do que nos líquidos e gases (Fig. 2).

Fig. 1 A interpretação dos fenómenos atmosféricos requer


conhecimentos sobre fluidos.

Fluidos: líquidos e gases.

Fig. 2 Os líquidos e gases tendem a escapar do recipiente que


os contém por as ligações entre as partículas serem fracas.
Sólido Líquido Gás

A mecânica dos fluidos divide-se em duas grandes áreas: a


estática de fluidos, normalmente designada por hidrostática, e a
dinâmica de fluidos, designada por hidrodinâmica.

Apesar do prefixo «hidro», de origem grega, que significa


água, a hidrostática e a hidrodinâmica estudam quaisquer fluidos.
A hidrostática analisa fluidos em equilíbrio estático e a hidrodinâ-
mica estuda fluidos em movimento.

O estudo dos fluidos começou muito cedo, nos tempos do


sábio grego Arquimedes (Fig. 3), que estabeleceu uma lei para a
Fig. 3 Selo italiano que homenageia o grego Arquimedes flutuação dos corpos em água.
(séc. III a.C.), que estudou a flutuação dos corpos.
Estudaremos aspetos fundamentais da hidrostática, desig-
nadamente certas grandezas que caracterizam os fluidos, assim
como algumas leis que descrevem o seu comportamento em
repouso.

Estudaremos também movimentos de corpos no seio de


fluidos.

O estudo dos fluidos é importante em áreas diversas, desde a


meteorologia à engenharia ou medicina (Fig. 4), para além de per-
mitir explicar fenómenos comuns como, por exemplo, a pressão
atmosférica, a flutuação dos corpos em líquidos ou a sustentação
Fig. 4 Exame clínico (angiografia por ressonância dos aviões.
magnética) que mostra o sangue nas artérias (a vermelho)
e nas veias (a azul).

106
1.3 Fluidos

1.3.1 Fluidos, massa volúmica, densidade


relativa e pressão

No estudo de corpos sólidos utilizamos sobretudo as grandezas massa e


força. Nos fluidos é mais conveniente usar a massa volúmica e a pressão.

Para um corpo homogéneo de massa m e volume V, a massa volúmica (ou


densidade) do material que o constitui, ρ, é o quociente

m
ρ= V
A sua unidade SI é o quilograma por metro cúbico (kg m–3) .

Os gases têm massas volúmicas menores do que os líquidos e do que os Fig. 5 Quando a água solidifica, a garrafa
parte-se porque a água aumenta o seu
sólidos, por as partículas constituintes estarem mais afastadas. volume, passando a ter menor massa
volúmica.
A Tab. 1 indica massas volúmicas de alguns materiais. A massa volúmica do
gelo é uma exceção à regra anterior: é menor do que a da água líquida. Isso expli-
ca por que razão uma garrafa cheia de água colocada no congelador acaba por
partir: a mesma massa passa a ocupar um volume maior, pois a densidade do
gelo é menor (Fig. 5). O mercúrio é o líquido mais denso. A densidade dos gases é
medida à pressão de 1 atm (1,013 × 105 Pa) e à temperatura de 0 oC.

Tab. 1 Massas volúmicas de alguns


Sólidos Líquidos Gases materiais. Os valores para os gases
referem-se à temperatura de 0 oC
Material ρ / kg m–3 Material ρ / kg m–3 Material ρ / kg m–3 e à pressão atmosférica normal.

Ouro 19,3 × 103 Água (a 4 oC) 1,00 × 103 Ar seco 1,293

Ferro 7,9 × 103 Álcool etílico 0,79 × 103 Azoto 1,251 Densidade relativa: indica se
um material é mais ou menos denso
Alumínio 2,7 × 103 Azeite 0,92 × 103 Hélio 1,179
do que um material padrão.
Gelo (a 0 oC) 0,92 × 103 Mercúrio 13,6 × 103 Hidrogénio 0,090

Cortiça 0,24 × 103 –––––– –––––– Oxigénio 1,429

Define-se também densidade relativa de um material, d, como a razão entre


a massa volúmica do material e a massa volúmica de um material padrão:

ρ
d=
ρpadrão
A expressão mostra que a densidade relativa não tem unidades. Para os sóli-
dos e líquidos, o material padrão é a água a 4 oC e à pressão atmosférica normal.
Para os gases é o ar, nas mesmas condições de pressão e temperatura do gás.

Dizer, por exemplo, que a densidade relativa do ferro é 7,9 significa que é mais Fig. 6 Líquidos imiscíveis: a densidade
denso do que a água 7,9 vezes. A separação de líquidos imiscíveis num recipiente relativa aumenta sucessivamente
do líquido superior para o líquido inferior.
permite ordenar as respetivas densidades relativas (Fig. 6).

107
1. MECÂNICA

Se um corpo for não homogéneo, ou seja, tiver valores diferentes de massa


volúmica para diferentes partes, pode definir-se a massa volúmica média como
o quociente da massa total pelo volume total:

m
ρm =
V
Questão resolvida 1

Uma estrela de neutrões é um objeto astronómico com-


4 3
pacto cuja massa é da ordem de grandeza da massa do a) O volume de uma esfera de raio r é V = πr
3
Sol, cerca de 2 × 1030 kg, mas cujo raio é muito menor,
2 × 1030
cerca de 10 km. Estrela de neutrões: ρen = ≈ 1018 kg m–3
4
3
π × (104)3
a) Compare as ordens de grandeza da massa volúmica
2 × 10–27
de uma estrela de neutrões e da massa volúmica de Neutrão: ρn = ≈ 1018 kg m–3
4
3
π × (10–15)3
um neutrão (ou de um protão), cuja massa e raio são,
respetivamente, m ≈ 2 × 10–27 kg e r ≈ 10–15 m. A ordem de grandeza é a mesma.

b) Compare as ordens de grandeza da massa volúmica 1018


b) = 1035: 35 ordens de grandeza maior;
deste astro e da massa volúmica de um vácuo obtido 10–17

no laboratório (10–17 kg m–3) e do espaço interestelar 1018


= 1039: 39 ordens de grandeza maior.
(10–21 kg m–3). 10–21

Questão resolvida 2

Um cubo de 1,00 dm de aresta não é homogéneo, sendo e 2,70 × 103 kg m–3.


constituído por volumes iguais de ferro e de alumínio cujas Determine a sua massa volúmica média.
massas volúmicas são, respetivamente, 7,87 × 103 kg m–3

A definição de massa volúmica, aplicada a cada parte, malumínio = ρalumínio × Valumínio =


permite calcular a massa dessa parte, sendo o respetivo = 2,70 × 103 × 0,500 × 10–3 = 1,350 kg
(1,00 dm)3
volume igual a = 0,500 × 10–3 m3 A massa total é 5,285 kg e o volume total é 1,00 × 10–3 m3
2
mferro = ρferro × Vferro = 7,87 × 103 × 0,500 × 10–3 = 5,285
logo, ρm = = 5,29 × 103 kg m–3
1,00 × 10–3
= 3,935 kg

Atividade 1

Conta a lenda que o rei de Siracusa, intrigado so-


bre a verdadeira constituição de uma coroa suposta-
mente de ouro, pediu ao sábio Arquimedes que lhe
resolvesse o problema. Faça uma pesquisa sobre o
raciocínio de Arquimedes.

108
1.3 Fluidos

Ao comprimir um fluido, a sua massa volúmica varia, pois a mesma massa


passa a ocupar um volume menor. Essa variação é grande nos gases (são
muito compressíveis), mas pequena em muitos líquidos (são pouco compres-
síveis). Um líquido ideal é incompressível, ou seja, a sua massa volúmica
não varia.

Comprimir significa aumentar a pressão, conceito presente no dia a dia: regu-


lamos a pressão numa caldeira de aquecimento de água, medimos a pressão
dos pneus ou a nossa pressão sanguínea, chamada tensão arterial (Fig. 7).

Mas como se define a pressão?

Se um corpo estiver sobre uma superfície exercendo sobre ela uma força
perpendicular, como os pés da bailarina da Fig. 8, essa força, de intensidade F,
distribuir-se-á pela superfície de contacto, de área A (Fig. 8). A pressão será a
intensidade da força exercida por unidade de área:
Fig. 7 Mede-se a pressão do ar
dos pneus dos veículos e a pressão
F sanguínea (tensão arterial).
p= A

No caso da bailarina da Fig. 8, a intensidade da força exercida, estando a bai-


larina em repouso, é igual à intensidade do peso. Mas a pressão exercida na
superfície será maior se a área de contacto for menor, ou seja, quando a bailarina
se apoiar na ponta dos pés.

A unidade SI de pressão é o pascal (símbolo Pa): 1 Pa é a pressão exercida


por uma força de intensidade 1 N que atua perpendicular e uniformemente sobre
uma superfície de área igual a 1 m2.

E se a força for exercida obliquamente na superfície como, por exemplo, a


que exerce o pé direito da bailarina da Fig. 9? Nesse caso, decompõe-se a força F»
em duas componentes, a componente paralela à superfície, F»||, e a componente
perpendicular, F»⊥ , mas apenas esta última contribui para a pressão. A

Podemos, então, definir a grandeza pressão (que é uma grandeza escalar!), F»


supondo que a força se exerce uniformemente na superfície:
Fig. 8 A pressão exercida pela bailarina
no solo é a intensidade da força por
unidade de área.
Pressão

Intensidade da componente perpendicular


da força exercida numa superfície por uni- A
dade de área: F
N
F⊥
p=
A
Pa m2
F
Se a força for exercida perpendicularmente: F
F = F⊥ ⇒ p = F
A Fig. 9 O pé direito exerce uma força
F» = F»|| + F»⊥ não perpendicular à superfície: apenas
Para a mesma força, a pressão é inversamen-
a componente perpendicular contribui
te proporcional à área. para a pressão exercida no solo.

109
1. MECÂNICA

No dia a dia aumentamos muitas vezes a pressão diminuindo a área de con-


tacto: pregamos um prego pela sua extremidade pontiaguda, afiamos as facas
para melhor cortarem e usamos pneus com estrias para obter mais segurança
na estrada (Fig. 10). As estrias dos pneus novos não só aumentam a pressão
sobre o solo como permitem a infiltração da água nos seus rasgos (nos pneus
lisos, a água não tem onde se infiltrar e forma uma camada entre o solo e o pneu,
que diminui o atrito).

Além do pascal, que é a unidade SI de pressão, são comuns outras unidades.


É o caso do bar, da atmosfera e do milímetro (ou do centímetro) de mercúrio
(Tab. 2), cuja origem será adiante indicada.

Nome da unidade Símbolo Valor

Bar bar 1 bar = 105 Pa

Fig. 10 A diminuição da área de contacto 1 atm = 1,013 × 105 Pa


das superfícies faz aumentar a pressão. Atmosfera atm 1 atm = 760 mmHg
1 atm = 76 cmHg

Milímetro de mercúrio (ou torr) mmHg (ou Torr) 1 mmHg = 133,322 Pa


r
Força Centímetro de mercúrio cmHg 1 cmHg = 1333,22 Pa

Tab. 2 Unidades de pressão.

Amostra
A pressão no centro da Terra é cerca de 350 GPa (3,5 × 1011 Pa), ou seja, é
3,5 milhões de vezes superior à pressão atmosférica normal. Mas em labora-
tório já se conseguiram atingir pressões de 1 terapascal (1012 Pa). Foi usado
Força
um dispositivo que é uma espécie de tenaz: a amostra é comprimida entre dois
Fig. 11 Pontas de diamante em dispositivo pequenos diamantes (diâmetro entre 10 e 20 μm) onde se exerceram forças
para se obter altas pressões.
enormes (Fig. 11).

Questão resolvida 3

O que exerce mais pressão: uma pessoa de 80 kg,


A força exercida no solo é o par ação-reação da força normal,
em repouso sobre o solo e com sapatos, de área
cuja intensidade é igual à do peso.
250 cm2 cada um, ou um gás contido num cilindro
F
(como na figura) que exerce uma força de 50 N Como há dois sapatos e p = , vem:
A
sobre um êmbolo de área 10 dm2?
mg 80 × 10
p= = = 1,6 × 104 Pa
A 500 × 10–4

A pressão média exercida pelo gás sobre o êmbolo é


F 50
p= = = 5,0 × 102 Pa
A 10 × 10–2

Conclui-se que a pessoa exerce mais pressão sobre o solo do


Gás
que o gás sobre o êmbolo.

110
1.3 Fluidos

Num gás, a pressão tem origem nas colisões constantes das moléculas com
as superfícies em contacto (Fig. 12).

A Terra é envolvida por uma camada de gases, a atmosfera, a qual exerce


pressão sobre a sua superfície: a pressão atmosférica. Esta é considerada
normal quando, medida ao nível do mar, é 1,013 × 105 Pa (1 atm), o que equi-
vale a dizer que sobre 1 m2 da superfície há uma camada de ar com o peso de Fig. 12 Num gás, a pressão nas paredes
1,013 × 105 N. do recipiente deve-se às colisões
das moléculas com essas superfícies.

A pressão atmosférica diminui com a altitude (Fig. 13), pois a atmosfera é

Altitude / km
30
cada vez mais rarefeita. Essa diminuição é sentida nos nossos ouvidos quando
subimos ao cimo de uma serra ou quando andamos de avião (apesar de neste 25

haver pressurização que minimiza esse efeito).


20 Monte Everest
8,85 km
250 mmHg
A meteorologia usa mapas de pressão para fazer previsões, como o da Fig. 14, 15
onde se visualizam linhas, chamadas linhas isobáricas, que unem zonas de igual
pressão. O vento desloca-se das altas pressões para as baixas pressões. 10 Pressão atmosférica
ao nível do mar
760 mmHg
5

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Pressão atmosférica / mmHg
Fig. 13 A pressão atmosférica decresce
com a altitude.

Fig. 14 Mapas de pressão atmosférica:


«L» assinala uma zona de baixa pressão
e «H» uma zona de alta pressão.

Foi o italiano Evangelista Torricelli que mostrou, em 1643, que existia pressão Pressão atmosférica normal:
atmosférica. Onze anos depois, o alemão Otto von Guericke realizou uma expe- 1,013 × 105 Pa = 1 atm = 760 mmHg
riência que não deixou dúvidas sobre a sua existência. Colocou topo a topo dois
hemisférios metálicos e extraiu o ar das suas cavidades. Por efeito da pressão
atmosférica, os hemisférios aderiam tão bem um ao outro que não se separa-
ram ao serem puxados em sentido oposto por oito cavalos de cada lado (Fig. 15)!
A experiência, realizada na cidade alemã de Magdeburgo, ficou conhecida por QUESTÕES p. 129
«experiência dos hemisférios de Magdeburgo».

Fig. 15 Von Guericke colocou dois


hemisféricos topo a topo e fez o vazio
no seu interior. Nem mesmo a força
de muitos cavalos os conseguiu separar.

111
1. MECÂNICA

1.3.2 Forças de pressão em fluidos

Quando nadamos debaixo de água sentimos uma certa pressão nos tímpa-
nos, resultante das forças exercidas pela água sobre eles. Estas forças desig-
nam-se por forças de pressão.

E como atuam essas forças? Se tivermos um líquido em repouso (diz-


se em equilíbrio hidrostático) num recipiente com orifícios, o líquido sairá
numa direção perpendicular às paredes do recipiente (Fig. 16). Tal facto per-
mite concluir que as forças de pressão exercidas pelo líquido nas paredes do
recipiente são perpendiculares a estas. Também sobre um corpo imerso num
líquido em repouso atuam forças de pressão perpendiculares às suas super-
Fig. 16 As forças de pressão do líquido
sobre o recipiente são perpendiculares
fícies (Fig. 17).
às suas paredes, pelo que a água sai
horizontalmente pelos orifícios.
A intensidade da força de pressão, F, que um líquido exerce em qualquer
pequena superfície de área A (Fig. 17), obtém-se da definição de pressão:

Forças de pressão: num fluido


em repouso exercem-se F=pA
perpendicularmente nas superfícies.
F=pA

Fig. 17 Um líquido em repouso exerce


forças de pressão perpendiculares
às superfícies de um corpo nele imerso.
A

Como as forças exercidas por um líquido nas paredes do recipiente são per-
F» pendiculares a estas, as forças exercidas pelas paredes no líquido serão simé-
tricas, pela Terceira Lei de Newton (Fig. 18). Se assim não fosse o líquido estaria
sujeito a forças com componentes tangenciais que o obrigariam a mover-se,
Fig. 18 O recipiente exerce forças
no líquido perpendicularmente contrariando a hipótese de estar em repouso.
às suas paredes.
E que forças são exercidas numa pequena porção de um líquido em repouso?
Se medirmos a pressão num ponto do líquido com um sensor verificaremos que
é a mesma qualquer que seja a orientação do sensor. Então, nesse ponto, as for-
ças de pressão exercem-se em todas as direções com a mesma intensidade (Fig.
19), sendo nula a sua resultante (se não fosse, o líquido deslocar-se-ia, deixando
de estar em repouso).

Portanto, um líquido exerce forças de pressão nos pontos do seu interior, nas
paredes do recipiente e em qualquer corpo nele imerso.
Fig. 19 Líquido em repouso: é nula
a resultante das forças de pressão sobre
uma pequena porção do fluido. QUESTÕES p. 129

112
1.3 Fluidos

1.3.3 Lei Fundamental da Hidrostática

Medições feitas com sensores de pressão mostram que a pressão no interior


de um líquido aumenta com a profundidade e é igual à mesma profundidade.
Um mergulhador apercebe-se bem deste facto: quanto mais fundo estiver, maior
pressão sentirá, sobretudo nos ouvidos (Fig. 20). Fig. 20 Quanto maior for a profundidade,
maior será a pressão sobre o mergulhador.
Para explicar o aumento da pressão com a profundidade analisemos um Por isso, os praticantes de mergulho
em águas profundas usam fatos especiais.
líquido homogéneo, de massa volúmica constante, ρ, em repouso, ou seja, em
equilíbrio hidrostático. Nesse fluido isolemos uma porção com forma de um
cilindro de altura h e área da base A (Fig. 21).

F2
A A
p1
h
p2 F1
Fig. 21 O pequeno volume cilíndrico
P
no interior do fluido está em repouso:
a resultante das forças que atuam sobre
ele é nula.

F»1 + F»2 + P» = 0»

Como a porção de líquido está em repouso, a força resultante que nela atua
é nula. As forças de pressão horizontais anulam-se, mas as forças de pressão
verticais não se anulam pois têm de compensar o peso da porção de líquido. Seja
F»1 a força de pressão exercida na face superior, F»2 a força de pressão exercida na
face inferior e P» o peso da porção de líquido. Então, vem:

F»1 + F»2 + P» = 0» ⇒ F1 – F2 + P = 0

Sendo p1 e p2 a pressão respetivamente no topo e na base do cilindro, as


intensidades das forças de pressão verticais são dadas por:

F1 = p1A e F2 = p2A

A intensidade do peso é dada por:

P = mg = ρVg com V = Ah ⇒ P = ρAhg

Logo:

F1 + P = F2 ⇒ p1A + ρAhg = p2A ⇒ p2 = p1 + ρgh

Repare-se que a área A da base do cilindro não aparece no resultado. Também


a porção de fluido poderia ter uma forma qualquer de altura h.

113
1. MECÂNICA

A equação anterior generaliza-se a dois pontos quaisquer, A e B, do interior


de um líquido cuja distância na vertical é h (mesmo sem estarem na mesma
linha vertical):

pB = pA + ρgh ⇔ pB – pA = ρgh ⇔ ∆p = ρgh

Estas expressões traduzem a Lei Fundamental da Hidrostática, ou Lei de


Stevin (em homenagem ao trabalho do belga Simon Stevin no séc. XVII):

Lei Fundamental da Hidrostática (ou Lei de Stevin)

Num líquido incompressível e em repouso, a diferença de pressão entre dois pontos


no seu interior é a exercida pela coluna de líquido de altura igual ao desnível vertical
dos dois pontos: –2
A
ms
Δp = ρ gh m h

Pa kg m–3 B

ou
pB = pA + ρgh
6p
Declive = ρ g
• A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido é diretamente proporcional
ao desnível entre eles, dependendo a constante de proporcionalidade da massa vo-
lúmica do líquido.
• A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido é independente da forma do
recipiente que o contém. h
• Pontos do líquido ao mesmo nível (h = 0) têm pressões iguais. Maior massa volúmica
• A pressão aumenta com a profundidade no líquido. ⇒ maior declive da reta

Num líquido incompressível (massa volúmica constante) e em repouso


p0
(como, aproximadamente, a água numa piscina), a pressão na superfície livre do
líquido é a pressão atmosférica, que designaremos por p0. Se h for a distância
h
vertical entre um ponto do líquido e a sua superfície livre (ou seja, a profundidade
p = p0 + ρ gh do ponto), e estando o recipiente aberto para a atmosfera (Fig. 22), a pressão
nesse ponto, chamada pressão absoluta, será dada por:
Fig. 22 A pressão será tanto maior quanto
maior for a profundidade. p = p0 + ρgh
A pressão devida apenas ao líquido, dada pela parcela ρgh, chama-se pres-
p
são hidrostática ou pressão manométrica. Pode, então, escrever-se:

pabsoluta = patmosférica + pmanométrica


Declive = ρ g
p0
com

h pmanométrica = ρgh
Fig. 23 Variação da pressão absoluta
com a profundidade.
A pressão absoluta varia linearmente com a profundidade no líquido (Fig. 23).

114
1.3 Fluidos

A independência da pressão com a forma dos recipientes explica o compor- Vasos comunicantes: o líquido fica
tamento de um líquido num sistema de vasos comunicantes. A Fig. 24 mostra ao mesmo nível em todos os recipientes,
qualquer que seja a sua forma.
um exemplo: tubos de formas diferentes comunicam entre si de modo que um
líquido neles contido sobe exatamente à mesma altura em todos eles. Como,
pela Lei Fundamental da Hidrostática, os pontos ao mesmo nível têm de ter a
mesma pressão, as alturas a que subirão nos tubos terá de ser a mesma.

Fig. 24 Sistema de vasos comunicantes


e sua explicação com base
A E na Lei Fundamental da Hidrostática
(Lei de Stevin).
h

B C D

Lei de Stevin:
pA = pE = p0
pB = pC = pD = p0 + ρgh

Questão resolvida 4

Duas barragens são projetadas para dois rios que ficarão, Qual dos paredões deverá ser mais resistente, o da albu-
depois de cheias as albufeiras, com a mesma profundi- feira comprida ou o da mais pequena?
dade perto do paredão. Contudo, as albufeiras terão com- A espessura do paredão deve ser a mesma de cima até
primentos muito diferentes. baixo?

Os paredões devem ter a mesma resistência pois a pressão não da sua quantidade. Mas, em ambas as situações, o
num e no outro é a mesma, independentemente da exten- paredão deve ter uma espessura que aumente de cima para
são da albufeira. Essa pressão só depende da profundidade baixo, pois a pressão a que está submetido aumenta com a
da água, que é a mesma, como se representa na figura, e profundidade.

Questão resolvida 5

Um mergulhador está submerso num lago,


De p = p0 + ρgh, vem 2p0 = p0 + ρgh ou p0 = ρgh.
onde a pressão atmosférica é 1,0 × 105 Pa.
Então, 1,0 × 105 = 1,0 × 103 × 10h, donde h = 10 m.
A que profundidade se deve encontrar para es-
Ou seja, uma coluna de água com 10 m de altura exerce uma
tar a uma pressão dupla da pressão atmosféri-
pressão igual à pressão atmosférica.
ca, supondo que é constante a massa volúmica
da água? Considere que a massa volúmica da
água é ρ = 1,0 × 103 kg m–3.

115
1. MECÂNICA

E como se mede a pressão?

Foi o italiano Evangelista Torricelli (Fig. 25) quem, no século XVII, reconheceu
a existência de pressão atmosférica e a mediu, construindo o primeiro aparelho
de medida de pressão atmosférica – o barómetro.

A Fig. 26 ilustra o procedimento de Torricelli: encheu de mercúrio um tubo de


vidro, de cerca de 1 m. Tapando a sua abertura, inverteu-o numa tina com mer-
cúrio e destapou-o em seguida. Verificou que o mercúrio desceu no tubo mas não
escorreu todo para a tina, permanecendo uma coluna de mercúrio, de altura h,
com vácuo por cima. A altura de mercúrio era cerca de 76 cm.

Vácuo

Hg

Fig. 25 Evangelista Torricelli mediu pela h


primeira vez a pressão atmosférica.

Fig. 26 Experiência de Torricelli. Hg

Barómetro: mede a pressão atmosférica. Se repetirmos a experiência e inclinarmos o tubo, verificaremos que se man-
tém inalterada a altura da coluna de mercúrio (Fig. 27). E os resultados serão
semelhantes se o diâmetro do tubo for diferente.

Fig. 27 Para qualquer inclinação do tubo,


a altura de mercúrio mantém-se.

É a pressão atmosférica que impede que o tubo se esvazie até o fim. Há um


equilíbrio das forças de pressão: as exercidas pela atmosfera, e que comprimem
a superfície exposta do mercúrio, e as exercidas pelo mercúrio que ficou no tubo
(Fig. 28). A Lei Fundamental da Hidrostática permite explicar a razão pela qual a
altura de mercúrio dá a medida da pressão atmosférica:

pB = 0 (vácuo)
B Pela Lei Fundamental da Hidrostática:
pA = pC = p0
h
pA = pB + ρHg gh ⇔ pA = ρHg gh

A C ou
Fig. 28 A altura de mercúrio no tubo dá
a medida da pressão atmosférica. p0 = ρHg gh

116
1.3 Fluidos

Quando se indica a pressão atmosférica em milímetros ou centímetros de


mercúrio (mmHg ou cmHg), está-se a identificar a altura de mercúrio num baró-
metro. Convencionou-se que a pressão atmosférica normal corresponde a uma
altura de mercúrio de 760 mm, que é 1 atm. Esse valor na unidade SI é:

p0 = ρHg gh ⇒ p0 = 13,6 × 103 × 9,8 × 0,760 = 1,013 × 105 Pa

O uso de mercúrio na experiência deve-se à sua elevada massa volúmica,


o que permite ter barómetros com tubos até 1 metro. Se fosse usada água, a
altura de água no tubo que equilibraria a pressão atmosférica teria de ser 13,6
vezes maior, pois a sua massa volúmica é 13,6 vezes inferior à do mercúrio.

Há dois tipos de barómetros: os de mercúrio, baseados na experiência de


Torricelli, e os metálicos que usam deformações provocadas pela pressão
atmosférica numa cápsula metálica, as quais são transmitidas a um ponteiro
que se desloca sobre uma escala graduada em aparelhos que registam a pres-
Fig. 29 Barómetro de mercúrio
são (Fig. 29). e barómetro de metal que regista
a pressão (barógrafo).
Quando medimos a pressão dos pneus, ou a tensão arterial, o que medimos
é apenas a pressão manométrica do fluido, ou seja, o excesso de pressão do
fluido relativamente à pressão atmosférica. Um aparelho como este chama-se Manómetro: mede a pressão
manómetro de tubo aberto. manométrica, ou seja, o excesso
de pressão do fluido relativamente
A Fig. 30 mostra um exemplo e o seu fundamento: o fluido cuja pressão se à pressão atmosférica.
quer medir comunica com um tubo em U, que contém mercúrio e tem a outra
extremidade aberta para a atmosfera. Se a pressão do fluido exceder a pressão p0
Fluido
atmosférica, o mercúrio sobe na parte aberta do tubo. O desnível nos dois ramos p
do tubo, h, mede a pressão manométrica. h

Pela Lei de Stevin A B


pA = pB
pA = pfluido
Fig. 30 Manómetro de tubo aberto: mede
pB = p0 + ρHg gh ou pB – p0 = ρHg gh a diferença entre a pressão do fluido
e a pressão atmosférica através do
ou 6p = ρHg gh desnível do mercúrio nos ramos do tubo.

Atividade 2

A pressão atmosférica e as diferenças de pressão explicam alguns fenómenos


do nosso quotidiano.
1. Coloque uma folha de papel liso sobre um copo totalmente cheio de água,
de modo a não haver ar entre a água e o papel. Vire cuidadosamente a boca
do copo para baixo. Interprete o que observa.
2. Um modo de tirar gasolina do depósito de um automóvel (para abastecer
outro) é utilizar um tubo que funcione como sifão. Pesquise o que é um
sifão e explique o seu modo de funcionamento. Construa um sifão em casa
e ponha-o a funcionar tal como mostra a figura.

QUESTÕES p. 129

117
1. MECÂNICA

1.3.4 Lei de Pascal

Quando se dá uma injeção, é preciso pressionar o êmbolo da seringa para que o


líquido nela contido saia pela agulha (Fig. 31). Sobre o êmbolo exerce-se uma pressão
que vai ser transmitida a todos os pontos do líquido, o que o obriga a sair pela agulha.
Fig. 31 A pressão exercida no êmbolo
Este comportamento dos fluidos exemplifica a ideia do francês Blaise Pascal
da seringa é transmitida ao líquido.
(Fig. 32),
que, com base nas suas experiências e mesmo sem conhecer a Lei
Fundamental da Hidrostática, formulou o que é hoje conhecido por Lei de Pascal.

Lei de Pascal
Uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido em repouso trans-
mite-se a todos os pontos do fluido e às paredes que o contêm.

A Lei de Pascal é uma consequência da Lei Fundamental da Hidrostática,


como se mostra na Fig. 33:

Fig. 32 A Lei de Pascal deve-se


ao francês Blaise Pascal (séc. XVII).

p0
p0 + Δp

hA
hB hB
A A
B B

Pressões nos pontos A e B: Ocorreu uma variação de pressão


6p no cimo do recipiente. As novas
pA = p0 + ρghA
Fig. 33 A variação de pressão no êmbolo pressões nos pontos A e B são:
transmite-se a todos os pontos do fluido. pB = p0 + ρghB
p’A = p0 + Δp + ρghA = pA + Δp
p’B = p0 + Δp + ρghB = pB + Δp

Questão resolvida 6

Uma piscina está quase cheia de água mas sem banhistas. O que prevê para a
pressão no fundo da piscina quando vários banhistas se põem a boiar na piscina?

A atmosfera exerce pressão sobre a superfície da água. A piscina, a pressão passa a ser p’ = p0 + ρgh + 6p.
pressão no fundo da piscina, com água até a uma altura h, será Podemos chegar à mesma conclusão se pensarmos que o
p = p0 + ρgh. Se os banhistas boiarem, exercem uma pres- nível da água sobe quando os banhistas entram na piscina.
são adicional sobre a água, 6p, que é transmitida a todos os Como a altura de água é maior, será também maior a pressão
pontos da água de acordo com a Lei de Pascal. No fundo da no fundo da piscina.

118
1.3 Fluidos

Atividade 3

Arranje um balão, faça furos nele e tape-os com plasticina. Encha o


balão com água. Adapte uma seringa à boca do balão e empurre o seu
êmbolo. Interprete o que observa.

A Lei de Pascal tem aplicações que se baseiam no facto de se poder obter a


mesma pressão exercendo forças diferentes num fluido. Para isso basta que as
forças atuem em êmbolos de áreas diferentes, em contacto com o fluido, como
se mostra nos exemplos da Fig. 34. A pressão exercida nos êmbolos é transmi-
tida a todos os pontos do fluido.

F = 1000 N
F = 10 N

A = 1 m2
A = 0,01 dm2

Fig. 34 A mesma pressão pode ser obtida


com diferentes forças que atuam
em êmbolos de áreas diferentes.

F 1000 F 10
p= = = 1 × 103 Pa p= = = 1 × 103 Pa
A 1 A 0.01

Uma das aplicações mais comuns da Lei de Pascal é a prensa hidráulica, Prensa hidráulica: atua como
que é um sistema de vasos comunicantes: dois recipientes cilíndricos, de diâ- um «multiplicador de forças» porque
as forças exercidas sobre cada êmbolo
metros diferentes e que comunicam entre si, são preenchidos por um líquido
são diretamente proporcionais
viscoso (normalmente óleo) e tapados por êmbolos (Fig. 35). às respetivas áreas.
Se for aplicada uma força de intensidade F1 no êmbolo menor, de área A1,
de uma prensa hidráulica (Fig. 35), esta força será transmitida ao fluido, fazendo
F
surgir neste o acréscimo de pressão de 6p = 1 .
A1
Pela Lei de Pascal, esse acréscimo de pressão será transmitido a todos os
pontos do fluido e das paredes, incluindo o êmbolo maior. Este ficará, por isso, F»2
sujeito a uma força adicional de intensidade F2 = A2 6p, capaz de o pôr em movi-
A2 A1
mento. Substituindo na expressão F2 = A2 6p o valor de 6p, vem:
F»1
F1 F2 F A
= ou 1 = 1
A1 A2 F2 A2
Fig. 35 Esquema de prensa hidráulica: F»1
Como o quociente F/A é constante, as intensidades das forças exercidas em
é a força exercida sobre o êmbolo menor,
cada êmbolo serão diretamente proporcionais às respetivas áreas. Por exemplo, sendo igual à força que este exerce sobre
se a razão entre as áreas dos êmbolos for 100, a força exercida pelo fluido no o fluido; F»2 é a força exercida pelo fluido
sobre o êmbolo maior.
êmbolo maior será 100 vezes maior do que a exercida no êmbolo menor.

119
1. MECÂNICA

A prensa hidráulica atua, pois, como «multiplicador de forças».

Os elevadores hidráulicos de automóveis das oficinas têm uma prensa hidráu-


lica: exerce-se uma pequena força no êmbolo menor e o fluido exerce uma força
muito superior no êmbolo maior, capaz de o pôr em movimento (Fig. 36).

Fig. 36 Elevador hidráulico de automóveis F2


e respetivo esquema.

A1 A2
Óleo F1

Óleo

Este sistema também se usa nos travões e embraiagens de muitos veículos.


Fig. 37 Esquema de um sistema No caso de um automóvel, a força exercida no pedal é «amplificada» devido a
de travões.
um circuito hidráulico num tubo de secção com área variável (Fig. 37).

Questão resolvida 7

Um elevador hidráulico de uma oficina é acionado por um a) Qual é a intensidade da força exercida no êmbolo
cilindro de 30 cm de diâmetro. menor capaz de elevar o automóvel?
O elevador funciona por aplicação de uma força num outro b) Mostre que os deslocamentos dos êmbolos são inver-
cilindro de 10 cm de diâmetro. samente proporcionais às respetivas áreas.
Um automóvel de 1,0 t é elevado a velocidade constante.
c) Determine a energia necessária para elevar o automóvel
Despreze o peso dos êmbolos.
10 cm, e verifique que a «economia de força» não se
traduz em «economia de energia», pois são iguais os
trabalhos das forças exercidas nos êmbolos.

a) A intensidade da força exercida pelo fluido no êmbolo V = Ad (A é a área e d o deslocamento de cada êmbolo);
maior é igual ao peso do automóvel (a resultante das então, A1d1 = A2d2, relação que traduz a proporcionalidade
forças sobre o êmbolo é nula porque este se move com inversa.
velocidade constante): F2 = P = 1000 × 10 = 1,0 × 104 N. c) A energia é dada pelo trabalho da força que o fluido exerce
F2 F1 1,0 × 104 no êmbolo maior, F»2, e que eleva o automóvel:
Aplicando a expressão = , obtém-se =
A2 A1
冢 冣
2
0,30 WF»2 = 1,0 × 104 × 0,10 x cos 0o = 1,0 × 103 J
π×
2
O deslocamento do êmbolo menor é:
F1 1,0 × 104 F1
= ⇔ = ⇔ F1 = 1,1 × 103 N A1d1 = A2d2 ⇒ π0,052 d1 = π0,152 × 0,10 ⇒ d1 = 0,90 m
0,302 0,102
冢 冣
2
0,10
π× O trabalho da força sobre o êmbolo menor é
2
b) Como o líquido é incompressível e o volume de fluido des- WF»1 = 1,1 × 103 × 0,90 × cos 0o = 1,0 × 103 J
locado junto de cada êmbolo é o mesmo, vem V1 = V2, com Logo, WF»1 = WF»2

QUESTÕES p. 131

120
1.3 Fluidos

1.3.5 Impulsão e Lei de Arquimedes;


equilíbrio de corpos flutuantes

Conta a lenda que Arquimedes descobriu a lei que ficou com o seu nome
quando, no banho, sentiu que o seu peso parecia menor (Fig. 38). De facto, o peso
Fig. 38 Segundo a lenda, Arquimedes
é o mesmo, mas quando um corpo se encontra imerso num líquido fica sujeito a (séc. III a.C.) chegou à lei com o seu nome
outra força vertical, dirigida de baixo para cima: a impulsão (símbolo I» ). É esta durante o banho.

força que explica, por exemplo, a flutuação dos corpos (Fig. 39).

Qual é a origem desta força? I

A impulsão é a resultante das forças de pressão exercidas pelo fluido sobre


um corpo nele imerso, parcial ou totalmente (Fig. 40). Só haverá impulsão se a
superfície inferior do corpo for banhada pelo fluido, pois só assim existirá uma
resultante vertical a apontar para cima. P

A intensidade da impulsão depende do volume de fluido que é deslocado pelo


corpo, que é igual ao volume imerso do corpo, Vi (Fig. 40).

A intensidade da impulsão é igual à intensidade do peso de fluido deslocado Fig. 39 Um corpo pode flutuar devido
à impulsão exercida pelo fluido.
pelo corpo. Como a intensidade do peso de um corpo homogéneo de massa volú-
mica ρc e volume Vc é dada por
P = mg = ρcVc g

o peso do fluido deslocado terá uma expressão semelhante. Se ρf for a massa


volúmica do fluido e Vi o volume imerso do corpo (igual ao volume de fluido por
ele deslocado), a intensidade da impulsão será

I = ρfVig

Podemos, então, caracterizar a impulsão e enunciar a Lei de Arquimedes:

Impulsão, I»: resultante das forças de pressão



que um fluido exerce sobre um corpo nele imerso

Lei de Arquimedes
Qualquer corpo total ou parcialmente imerso num fluido sofre por parte deste
uma força vertical, dirigida de baixo para cima, de intensidade igual à do peso
do fluido deslocado pelo corpo:

N I = ρf Vi g m s–2 Vi
kg m–3 m–3

ρf: massa volúmica do fluido Vi: volume imerso do corpo

Quanto maior for a massa volúmica do fluido e o volume imerso do corpo, Fig. 40 A impulsão, I» , é a resultante
das forças de pressão sobre o corpo
maior será a impulsão.
e depende do volume imerso do corpo.

121
1. MECÂNICA

A intensidade da impulsão pode ser determinada com uma experiência sim-


ples (Fig. 41). Enche-se um recipiente, que tem uma saída lateral, com água até
ao nível dessa saída; introduz-se um corpo no seu interior e recolhe-se a água
que sai do recipiente. Com uma balança, mede-se a massa dessa água e calcula-
-se a intensidade do seu peso, que é igual à intensidade da impulsão.

Fig. 41 Procedimento experimental para medir a intensidade da impulsão.

Numa situação de equilíbrio, como a flutuação dos corpos (Fig. 42), o peso
equilibra a impulsão, verificando-se a condição: P» + I» = 0
» ⇒ P = I.

Mesmo corpos com elevado peso, como um icebergue ou um grande navio,


podem flutuar, bastando que o volume imerso proporcione a impulsão neces-
sária para equilibrar o peso. Os icebergues têm 90% do seu volume debaixo de
água. A forma do corpo é importante: para aumentar o volume imerso à medida
que a carga aumenta, os navios mercantes têm um casco com forma de cunha.

O que ocorre quando um corpo é largado na superfície livre de um líquido?


Pode afundar, manter-se em equilíbrio dentro do líquido ou subir até ficar a flu-
tuar à sua superfície, dependendo da relação entre as intensidades do peso e
Fig. 42 Navio e casas flutuantes: o peso da impulsão, a qual está relacionada com as massas volúmicas do fluido e do
é equilibrado pela impulsão.
corpo, como se mostra na Fig. 43.

O corpo afunda O corpo flutua


totalmente imerso
I» I»
P > I ⇔ ρcVc g > ρfVi g P = I ⇔ ρcVc g = ρfVi g
P» P»
Como Vc = Vi, Como Vc = Vi,
vem: ρc > ρf vem: ρc = ρf

O corpo sobe Inicialmente, a impulsão tem uma O corpo sobe até à superfície e emerge parte dele até se verificar
no líquido acabando intensidade superior à do peso a condição de flutuação: P = I.
por flutuar à sua e o corpo sobe no líquido:
superfície I
P < I ⇔ ρcVc g < ρfVi g
P
Como Vc = Vi, vem:
ρc < ρf I

Fig. 43 Comportamento de corpos quando largados à superfície de um líquido e relação entre


as massas volúmicas do corpo e do líquido.

122
1.3 Fluidos

As conclusões anteriores podem aplicar-se em situações diversas. Por exem-


plo, para saber se um ovo está fresco basta pô-lo em água: se ele se afundar sig-
nifica que a sua massa volúmica média é maior do que a da água, pois está bem
cheio, ou seja, é fresco; um ovo estragado flutua na água (Fig. 44). Fig. 44 Só os ovos frescos afundam
na água.
Os corpos podem flutuar num só líquido ou simultaneamente em dois
(Fig. 45), desde que a impulsão (ou soma das impulsões) equilibrem o seu peso.

Os crocodilos abocanham pedras para se afundarem na água e deitam-nas


fora para virem à superfície da água, alterando assim o seu peso. Os submarinos
funcionam de modo semelhante: têm depósitos onde se faz entrar água, ou de
onde se retira água, com o auxílio de bombas (Fig. 46). Quando entra água no
submarino a intensidade do seu peso fica superior à da impulsão e o submarino
submerge. Quando se remove a água, ocorre o contrário e o submarino emerge
até que a impulsão equilibre o peso.

Fig. 45 Corpos a flutuar em líquidos


imiscíveis: o corpo vermelho sofre
impulsão por parte de dois líquidos.

Fig. 46 Os submarinos alteram o seu


peso para se moverem verticalmente.

Note-se que um barco pode não flutuar mesmo que o peso e a impulsão se
anulem. O peso está aplicado no centro de massa do corpo, mas a impulsão está
aplicada no centro de massa da porção do líquido deslocado. E esses pontos,
geralmente, não coincidem. O barco permanece estável quando os dois pontos
estão na mesma vertical e o centro de massa está abaixo do ponto de aplicação
da impulsão, equilibrando-se o peso e a impulsão (Fig. 47).

I I P Fig. 47 A igualdade das intensidades


P do peso e da impulsão não garante
o equilíbrio de um barco.

Questão resolvida 8

Mostre que os icebergues são um perigo para a navegação a partir da determinação da sua
fração do volume imerso. A massa volúmica da água salgada é 1,024 × 103 kg m–3 e a do gelo
é 0,92 × 103 kg m–3.

Se o icebergue está a flutuar, a resultante das forças é nula: P» + I» = 0


» ⇒ P = I.
Como P = ρcVcg e I = ρfVfg, então, ρcVcg = ρfVfg ou ρcVc = ρfVf . A fração de volume imerso é
Vf ρc 0,92 × 103
= = = 0,90 = 90%
Vc ρf 1,024 × 103
Ou seja, 90% do seu volume está escondido debaixo de água!

QUESTÕES p. 131

123
1. MECÂNICA

1.3.6 Movimento de corpos em fluidos;


viscosidade

Já estudámos movimentos de corpos em fluidos, como a queda de corpos,


geralmente desprezando a força de resistência do ar. Mas um corpo que se
move dentro de um fluido pode sofrer por parte deste uma força de resistência
apreciável em percursos grandes (Fig. 48). No 11.o ano analisámos o movimento
de um paraquedista, com e sem paraquedas, e vimos que sem essa força seria
impossível a prática de paraquedismo.

Fig. 48 A atmosfera oferece uma força


Quando um corpo se move num fluido fica sujeito a uma força de resistên-
de resistência ao movimento de um corpo. cia que depende da velocidade do corpo. Se o corpo for pequeno e se mover
com velocidade baixa através de um fluido, a força de resistência que o fluido
exerce sobre ele opor-se-á à direção da velocidade, sendo a sua intensidade dire-
Força de resistência exercida num tamente proporcional ao módulo da velocidade:
corpo em movimento num fluido: opõe-se
à velocidade do corpo e depende desta. F»resist = –kv» ⇒ Fresist = kv (velocidades baixas)
A constante k depende de características do corpo, como a forma e dimen-
sões, e do fluido, como a viscosidade. O óleo dos automóveis (Fig. 49), por exem-
plo, é mais viscoso do que a água. Um fluido muito viscoso oferece uma maior
força de resistência ao movimento de um corpo do que outro menos viscoso,
para a mesma velocidade.
Foi o britânico George Stokes quem primeiro estudou as forças de resistência
ao movimento em fluidos para pequenas velocidades, no século XIX. Concluiu
que, para uma pequena esfera que se move num fluido, a intensidade da força
de resistência depende do raio da esfera, r, do módulo da velocidade, v, e do cha-
mado coeficiente de viscosidade do fluido, η:

Fresist = 6 π r ηv
Lei de Stokes: expressão da força de A expressão anterior é conhecida por Lei de Stokes. A Tab. 3 indica os coefi-
resistência exercida por um fluido numa cientes de viscosidades de alguns fluidos, cuja unidade é o pascal segundo (Pa s).
esfera pequena que se move através dele.

Substância Temperatura / oC Coeficiente de viscosidade / Pa s


Água 10 1,31 × 10–3
Água 20 1,00 × 10–3
Água 100 0,28 × 10–3
Sangue 37 3 × 10–3 a 4 × 10–3
Plasma 37 1,5 × 10–3
Ar 20 0,018 × 10–3
Óleo lubrificante 30 80 × 10–3 a 200 × 10–3
Glicerina 20 1,41
Glicerina 25 0,934
Glicerina 30 0,612
Fig. 49 O óleo dos automóveis é um
fluido mais viscoso do que a água. Tab. 3 Coeficiente de viscosidade de alguns fluidos.

124
1.3 Fluidos

Quando uma pequena esfera cai num fluido viscoso sobre ela atuam o peso,
»
P, a impulsão, I» (cuja intensidade é inferior à do peso, uma vez que o corpo cai), e
I
a força de resistência exercida pelo fluido, F»res (Fig. 50). Fres
r
À medida que a esfera cai vai adquirindo maior velocidade e aumenta a inten-
sidade da força de resistência, por ser diretamente proporcional à velocidade. v
P
Por isso, a resultante das três forças passa, a certa altura, a ser nula:

P» + I» = F»res = 0
» ⇒ P = I + Fres

O movimento passa a ser uniforme e a velocidade diz-se terminal. Fig. 50 Forças sobre uma esfera
em queda num fluido viscoso.
No caso de corpos de maiores dimensões ou que se movam no ar com veloci-
dades elevadas, como gotas de chuva, um paraquedista ou um automóvel (Fig. 51),
a intensidade da força de resistência é proporcional ao quadrado da velocidade:

Fres = k 'v 2 (velocidades elevadas)

A constante k’ depende de características do corpo e do fluido.

As gotas de chuva que caem de nuvens a vários quilómetros de altura estão


sujeitas à resistência do ar. Se não fosse essa força atingiriam a superfície ter- v Rar
restre com velocidades enormes e causariam graves danos. Mas a velocidade
terminal das gotas de chuva é relativamente pequena: para uma gota de 1 mm
de diâmetro o módulo da velocidade terminal é cerca de 4,3 m s–1.
Rar v

Questão resolvida 9

A força de resistência sobre um paraquedista varia com o quadrado da Fig. 51 A resistência do ar é diretamente
velocidade, de acordo com Fres = k’v2. proporcional ao quadrado da velocidade
dos corpos quando estes se movem com
Calcule o valor da constante de proporcionalidade, sabendo que a primeira velocidades elevadas.
velocidade terminal de um paraquedista de 70 kg é 180 km h–1.

Podemos desprezar o efeito da impulsão do ar que é muito menor do que


o peso do paraquedista.
Quando se atinge a velocidade terminal tem-se
» , ou seja, mg = k’v2term
P» + F»resist = 0

Como 180 km h−1 = 50 m s−1 vem


mg 70 × 10
k’ = = = 0,28 kg m–1
v2term 502

QUESTÕES p. 132

A Atividade Laboratorial 1.4, «Coeficiente de viscosidade de um líquido»,


AL 1.4 p. 127
permitirá determinar o coeficiente de viscosidade de um fluido.

125
1. MECÂNICA

RESUMO

m
• Massa volúmica de um material: ρ = ; unidade SI: kg m –3.
V
• Densidade relativa de um material, d: compara a massa volúmica do mate-
ρ
rial com a de um material padrão, ou seja, d = ; não tem unidades.
ρpadrão
• Pressão, p: intensidade da componente perpendicular da força exercida numa
F
superfície por unidade de área, ou seja, p = ⊥ ; unidade SI: Pa.
A
• Forças de pressão: F = pA; num fluido em repouso (equilíbrio hidrostático),
essas forças exercem-se perpendicularmente nas superfícies.

• Lei Fundamental da Hidrostática (Lei de Stevin): num líquido incompressí-


vel e em repouso, a diferença de pressão entre dois pontos no seu interior é
a exercida pela coluna de líquido de altura igual ao desnível vertical dos dois
pontos, sendo dada por Δp = ρgh; essa diferença de pressão é independente
da forma do recipiente; pontos do líquido ao mesmo nível têm pressões iguais;
a pressão aumenta com a profundidade do líquido.

• Pressão absoluta: p = p0 + ρgh, sendo p0 a pressão atmosférica e ρgh a pres-


são devida exclusivamente ao fluido, chamada pressão manométrica. Esta
pressão diz-se manométrica porque é medida por manómetros.

• Barómetro: mede a pressão atmosférica; um barómetro de mercúrio baseia-


-se na experiência de Torricelli, aplicando-se a Lei Fundamental da Hidrostá-
tica.

• Vasos comunicantes: recipientes que contêm um líquido e que comunicam


entre si; o líquido fica ao mesmo nível em todos eles qualquer que seja a sua
forma, de acordo com a Lei Fundamental da Hidrostática.

• Lei de Pascal: uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido


em repouso transmite-se a todos os pontos do fluido e às paredes do reci-
piente que o contém.

• Prensa hidráulica: sistema de vasos comunicantes; atua como um «multi-


plicador de forças»: as forças exercidas sobre cada êmbolo são diretamente
F1 A1
proporcionais às respetivas áreas, ou seja, = .
F2 A2
• Impulsão, I»: resultante das forças de pressão que um fluido exerce sobre um
corpo nele imerso; a sua intensidade depende da massa volúmica do fluido, ρf,
e do volume imerso do corpo, Vi, sendo dada por I = ρf Vi g.

• Força de resistência exercida num corpo em movimento num fluido: opõe-


-se à velocidade do corpo e depende desta. No caso de uma esfera depende
do raio da esfera, r, da sua velocidade, v, e da viscosidade do fluido, η, sendo a
sua intensidade dada por Fresist = 6 π r η v (Lei de Stokes).

126
1.3 Fluidos

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.4

Coeficiente de viscosidade de um líquido


A viscosidade de um líquido torna-o mais ou menos apropriado para certos
fins.

Como determinar a viscosidade de um líquido deixando cair esferas nesse


líquido? Que relação há entre a velocidade terminal dessas esferas e a visco-
sidade do líquido?

Questões pré-laboratoriais

1. Uma esfera de metal (como respetivamente, e η o coeficiente de viscosidade


as esferas de rolamento) cai do líquido. Admita que a intensidade da força de
num líquido viscoso, contido resistência do fluido é dada pela Lei de Stokes:
numa proveta grande, após Fres = 6 π r η v.
ter sido largada à sua super-
fície (Fig. 52). 3. Como poderá determinar experimentalmente as
massas volúmicas do metal e do fluido?
a) Que forças atuam sobre a
esfera?
4. Após a esfera atingir a velocidade terminal, como
b) Como variam essas forças Fig. 52 Uma esfera poderá medi-la?
de rolamento cai num
quando a velocidade da
líquido viscoso.
esfera aumenta? 5. Pretende determinar-se experimentalmente o coe-
c) Preveja o tipo de movimento da esfera desde que ficiente de viscosidade de um líquido, com base na
é largada até atingir o fundo da proveta, indicando expressão da velocidade terminal de esferas que se
como variam qualitativamente os módulos da largam nesse líquido. Possuem-se conjuntos de três
resultante das forças e da aceleração. esferas, com seis diâmetros diferentes, que suces-
sivamente se vão largar. Construa uma tabela que
2. Num líquido viscoso, a esfera pode acabar por atingir lhe permita registar e tratar os dados.
a velocidade terminal no seu movimento de queda.
6. Por que razão se deve medir a temperatura do
a) Por que razão a esfera atinge a velocidade termi-
líquido a que se realiza a experiência?
nal?
b) Mostre que a expressão da velocidade terminal 7. Nos automóveis, nas regiões frias, usa-se um óleo
de uma esfera de raio r é v = 2(ρm – ρf)g r 2, sendo menos viscoso no inverno e um óleo mais viscoso
9η no verão. Formule uma hipótese que permita funda-
ρm e ρf as massas volúmicas do metal e do fluido, mentar esta prática.

127
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.4 (cont.)


Trabalho laboratorial

Nesta atividade determina-se, por análise gráfica, o coeficiente de viscosidade de um


fluido viscoso, largando-se esferas de diferentes raios nesse fluido e calculando-se as
respetivas velocidades terminais.
Material: proveta de 2 l (ou recipiente com mais de 45 cm de altura e mais de 6 cm de
diâmetro, que possa conter, no mínimo, 1 l de um líquido muito viscoso, como glice-
rina ou detergente de loiça); esferas de rolamentos, do mesmo aço, com pelo menos
seis diâmetros diferentes (os mais pequenos que existirem, por exemplo, de 1,0 mm a
Fig. 53 Material para a 6,0 mm de diâmetro); cronómetro digital; fita adesiva; provetas pequenas (25 ml ou 50
determinação do coeficiente ml); balança; régua ou fita métrica; craveira; termómetro; íman (para puxar as esferas
de viscosidade de um líquido.
do fundo da proveta no final da experiência); pinça (Fig. 53).

1. Faça as medições necessárias para


determinar as massas volúmicas das esferas
3. Meça os diâmetros das esferas com
uma craveira. Faça as medições necessárias
e do líquido. para calcular a velocidade terminal de cada
esfera: meça três vezes o tempo (use três

2. Largue a esfera maior no líquido (o


mais perto possível do eixo da proveta, evi-
esferas iguais) para minimizar a incerteza
experimental. Repita o procedimento para
todas as esferas. Registe os valores na tabela.
tando que toque nas paredes) e, quando lhe
parecer que o movimento é uniforme, assi-
nale com fita adesiva essa posição na pro-
veta. Faça outra marca próxima do fundo da
proveta. Para que servirão estas marcas? 4. Meça a temperatura do líquido.

Questões pós-laboratoriais

1. Complete a tabela com os dados registados e com 5. A temperatura do líquido influencia o valor da veloci-
os valores da velocidade terminal de cada esfera. dade terminal de uma determinada esfera. Preveja,
justificando, como deverá variar a velocidade termi-
2. Que conjunto de esferas atingiu mais rapidamente a
nal das esferas com o aumento da temperatura.
velocidade terminal? Porquê?
6. Se as esferas tivessem sido deixadas cair na água, a
3. Justifique a escolha da posição das marcas na pro-
sua velocidade terminal seria maior. Porquê?
veta para determinar a velocidade terminal.
7. Considere que a outra temperatura a viscosidade
4. Construa um gráfico que relacione a velocidade ter-
diminui para metade, mantendo-se a sua densidade.
minal com o raio das esferas, de modo a ter uma
Determine o aumento percentual da velocidade
relação linear, e obtenha a reta de regressão.
terminal de uma esfera nesse líquido a essa tem-
a) O que representa o declive dessa reta? Obtenha, a
peratura, comparada com a velocidade terminal nas
partir dele, o coeficiente de viscosidade do líquido.
condições da experiência.
b) Compare o resultado obtido com os dos outros
grupos, assim como a precisão das medições.

128
1.3 Fluidos

QUESTÕES
Nota c) Qual é a força exercida pelo ar no chão do quarto?
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: Quantos elefantes, de 5,0 t, teriam um peso equiva-
ρágua = 1,0 g cm–3 lente a essa força?
ρmercúrio = 13,6 g cm–3
1 atm = 1,01 × 105 Pa
d) Se aquele número de elefantes pudesse entrar no
quarto, o chão colapsaria. Explique por que razão o
chão do quarto não colapsa apenas devido à força de
pressão.
1.3.1 Fluidos, massa volúmica, densidade
e) Imagine o mesmo quarto completamente cheio de
relativa e pressão
água. Que pressão seria exercida sobre o chão ape-
nas devido ao peso da água?
1. A maior parte do corpo humano é água, embora a sua
percentagem varie com a idade. Portanto, é uma boa
aproximação supor que a massa volúmica do nosso 1.3.2 Forças de pressão em fluidos
corpo é semelhante à da água. Considere uma pessoa
4. A força de pressão que um fluido em repouso exerce
de 70 kg.
em qualquer superfície de área é:
a) Que volume, em litros, ocupa a pessoa?
(A) perpendicular a essa superfície.
b) O sangue, de densidade 1060 kg m–3, corresponde a
(B) paralela a essa superfície.
cerca de 7% da massa de um ser humano. O volume
de sangue daquela pessoa é, em dm3, cerca de: (C) independente da área A.
(D) inversamente proporcional à área A.
(A) 1,060 (C) 0,07 × 1,060
0,07 × 70 70
5. De um recipiente aquecido, deixou-se sair algum vapor.
(B) 0,07 × 70 (D) 70 Após arrefecer, para retirar a tampa lateral, de área
1,060 0,07 × 1,060 200 cm2, é necessário exercer uma força de 80 N.
2. A massa volúmica do ferro é 7,9 g cm–3. Considere a pressão atmosférica normal, 1 atm. Qual é
a pressão do ar, em Pa, no interior da caixa?
a) A densidade do ferro, em kg m–3, é:
(A) 7,9 × 103 (C) 7,9 × 109
(B) 7,9 × 10–3 (D) 7,9 × 10–9 1.3.3 Lei Fundamental da Hidrostática
b) Qual é a densidade relativa do ferro e o que significa
6. A densidade de um líquido pode considerar-se cons-
esse valor?
tante. Classifique, justificando, as seguintes afirma-
c) A massa de um cubo oco de ferro, com 4,0 cm de aresta, ções como verdadeiras ou falsas.
é 0,20 kg. Qual é o volume da parte oca do cubo? A. A pressão num ponto de um líquido ideal em
equilíbrio cresce linearmente com a profundidade
3. Um quarto num segundo andar tem dimensões 4,0 m
mas não varia ao longo de um plano horizontal.
por 4,5 m e altura 3,0 m. O ar do quarto está à pressão
B. As forças exercidas pela parede do recipiente num
atmosférica normal, 1 atm, e a 25 oC. Nessas condi-
líquido ideal em equilíbrio nele contido são parale-
ções, a densidade do ar é 1,18 kg m–3.
las à própria parede.
a) Qual é a massa de ar dentro do quarto? Explicite as C. A diferença de pressão entre dois pontos de um
aproximações realizadas. líquido ideal em equilíbrio é diretamente propor-
b) Um elefante adulto tem uma massa de 4,0 a 6,0 t. cional ao desnível entre eles.
Determine a área do chão do quarto em que o ar exerce D. A pressão num ponto de um líquido ideal em
uma força igual ao peso de um elefante de 5,0 t. equilíbrio depende apenas da profundidade.

129
1. MECÂNICA

7. Se a densidade do líquido referido na questão anterior 10. Um mergulhador faz imersões no oceano. Suponha que
aumentasse com a profundidade, as afirmações dessa a densidade da água é constante e igual a 1,0 g cm–3.
questão teriam o mesmo valor lógico? Justifique. a) A que profundidade terá de mergulhar para que o
aumento de pressão seja igual à pressão atmosférica
8. A experiência de Torricelli permitiu, pela primeira vez,
normal, 1 atm?
reconhecer a pressão atmosférica. Torricelli encheu
b) Respirando por um tubo, cuja extremidade superior
com mercúrio um tubo de vidro, de cerca de 1 m (ver
está à superfície do oceano, não pode mergulhar a
figura); tapou a abertura, inverteu-o numa tina com mer-
mais do que 6,0 m, pois os pulmões não aguentam
cúrio e destapou novamente
B a diferença de pressão. Explique essa diferença e
a abertura; o mercúrio desceu
determine-a.
no tubo mas não escorreu todo
h
para a tina, permanecendo uma
11. Uma zona de moradias pode ser alimentada pela água
coluna de mercúrio de altura
de um reservatório cujo nível superior está a 70 m de
h, com vapor de mercúrio por A C altura. Os canos só suportam pressões de 4,0 atm e
cima, a uma pressão quase
um barómetro marca 75,0 cmHg. Poderá fazer-se a
nula.
ligação?
a) A altura h não depende da:
(A) densidade do mercúrio. 12. A figura mostra líquidos não miscíveis em equilíbrio em
vasos comunicantes.
(B) aceleração da gravidade.
A
(C) área de secção reta do tubo. E
(D) pressão atmosférica. 2 h2
B h1
1
b) A pressão em A é:
C D
(A) maior do que a pressão em C.
(B) menor do que a pressão atmosférica.
a) Os líquidos 1 e 2 têm massas volúmicas ρ1 e , respe-
(C) maior do que a pressão em B. ρ
tivamente, sendo 1 = 1,8. Determine h1 .
(D) nula. ρ2 h2
c) Convencionou-se designar por pressão atmosférica b) Qual dos gráficos traduz a pressão exercida apenas
normal a que corresponde a h = 76,0 cm, num local pelo líquido com a profundidade, quando se percor-
onde o módulo da aceleração gravítica seja 9,81 m s–2. rem sucessivamente os pontos A, B, C, D e E da
Determine, em Pa, a pressão atmosférica normal. figura anterior?

I III
9. Numa transfusão de sangue, insere-se uma agulha p p
numa veia onde a pressão é superior em 2,00 kPa à
pressão atmosférica. Considere a densidade do san-
gue 1,06 g cm–3 e o módulo da aceleração gravítica
9,8 m s–2. A B C D E AB C D E

a) Qual é a altura mínima, em cm, acima da veia, onde II


p
IV
p
se deve colocar o nível máximo do sangue na bolsa?
b) Determine a pressão na veia em mmHg (1 mmHg é
a pressão exercida por uma coluna de mercúrio de
1 mm de altura). AB C D E AB C D E

130
1.3 Fluidos

a) Calcule os módulos das forças que atuam na esfera


1.3.4 Lei de Pascal
antes de entrar na água e quando está nela total-
13. Os êmbolos de uma prensa hidráulica, de peso des- mente imersa.
prezável, têm áreas de 4,0 cm2 e 120,0 cm2. Aplica-se b) Qual dos gráficos pode traduzir a impulsão que atua
uma força F» de módulo 40 N no êmbolo menor, ficando sobre a esfera, em função do tempo, desde que é lar-
um homem em equilíbrio sobre o outro êmbolo. gada até ficar em equilíbrio à superfície da água?

A I C I

t t
a) Relacione as variações de pressão nos êmbolos
como resultado da aplicação da força F». B I D I
b) Determine a massa do homem.
c) Se o líquido da prensa fosse mais denso, a intensidade da
força F» para manter o homem em equilíbrio seria maior,
igual ou menor do que 40 N? Fundamente a resposta. t t

c) Qual é a resultante das forças de pressão exercidas na


1.3.5 Impulsão e Lei de Arquimedes; bola quando está em equilíbrio à superfície da água?
equilíbrio de corpos flutuantes d) Qual é o volume imerso da bola após ficar em equilí-
brio à superfície da água?
14. Uma gota de óleo de 0,365 g e volume 0,400 cm3 está
imóvel no interior de um líquido X, com o qual não se 16. Na Serra de Estrela, uma rapariga de 50,0 kg pretende
mistura. colocar-se sobre uma placa cúbica gelada que flutua
a) O módulo da impulsão exercida sobre a gota de óleo é: na Lagoa de Viriato. Considere ρgelo = 0,92 g cm–3.
(A) maior do que o peso da gota de óleo. a) Que percentagem do volume da placa está imersa
(B) igual ao peso de 0,400 cm3 de água. antes de a rapariga ficar sobre ela?
(C) igual ao peso de 0,400 cm3 do líquido X. b) Qual deve ser o volume mínimo da placa para a rapa-
(D) maior do que o peso de 0,400 cm3 de óleo. riga ter segurança?

b) Qual é a massa volúmica do líquido X? 17. Numa balança de braços iguais suspendeu-se uma
c) Uma pequena esfera de aço, com o mesmo volume esfera grande e oca numa extremidade da alavanca e um
da gota de óleo, é introduzida no líquido X, afun- pequeno corpo metálico na outra, de modo a equilibrar a
dando-se. A impulsão exercida sobre a esfera de aço: balança. O sistema foi colocado no interior de uma cam-
(A) é menor do que a exercida na gota de óleo. pânula de onde se extraiu o ar com uma bomba de vácuo.
(B) não depende da profundidade. Preveja, fundamentando, o que deverá ter ocorrido.

(C) é simétrica do seu peso.


(D) não depende da densidade do líquido X.

15. Uma esfera de plástico de 30 dm3 pesa 70 N. Imerge-se


a bola numa piscina, larga-se e ela sobe até à superfí-
cie da água.

131
1. MECÂNICA

18. Observe a figura seguinte (que não está à escala): dois Atividade laboratorial
corpos maciços de igual massa, X e Y, são mergulha-
dos totalmente em água quando estão suspensos de 21. Um grupo de alunos determinou o coeficiente de visco-
dinamómetros, os quais marcam os valores indicados. sidade da glicerina a partir da medição da velocidade
terminal de pequenas esferas em queda nesse líquido,
procedendo do seguinte modo:
2,0 N
2,8 N – encheu uma proveta de 1,5 l com glicerina e mediu a
temperatura, 20 oC;
– deixou cair na proveta esferas de raios, r, diferentes,
do mesmo aço de densidade 7,85 g cm–3, e mediu
X Y o intervalo de tempo, Δt, que cada esfera levou a
percorrer a distância d = 0,350 m entre duas marcas
Água Água
onde as esferas pareciam cair com velocidade cons-
a) Pode concluir-se que: tante de módulo vt;
(A) a força gravítica exercida sobre X é menor do que – determinou a densidade da glicerina, medindo a
a exercida sobre Y. massa de 20 ml de glicerina: 24,59 g.
(B) a impulsão exercida sobre X é maior do que a Os resultados foram registados na tabela:
exercida sobre Y. r / mm Δt / s vt / m s–1
(C) a resultante das forças que atuam em Y é maior 1,60 14,51 14,08 14,16 X
do que a resultante das forças que atuam em X. 2,45 5,03 5,27 5,40 0,0669
(D) as forças exercidas pelos fios sobre X e Y são 3,20 3,28 3,11 3,04 0,1115
iguais.
3,90 2,06 2,12 2,01 0,1699
b) Qual é a diferença, em cm3, entre os volumes de X 4,95 1,47 1,58 1,39 0,2365
e de Y?
O valor tabelado para o coeficiente de viscosidade da
c) O corpo X é de alumínio, cuja densidade é 2,7 g cm–3.
glicerina a 20 oC é 1,41 Pa s.
Determine a densidade do material que constitui Y.
a) Qual é densidade da glicerina, no SI?
b) Qual é o valor mais provável de X (velocidade termi-
1.3.6 Movimento de corpos em fluidos; nal de uma esfera de raio 1,60 mm)?
viscosidade c) Antes de atingir a velocidade terminal, a aceleração
da esfera:
19. Descreva o movimento de uma gota de chuva
caracterizando: (A) mantém-se constante.

a) as forças que atuam sobre ela. (B) aumenta ao longo do tempo.

b) a aceleração. (C) diminui ao longo do tempo.

c) o tipo de movimento. (D) é nula.


d) Considerando que a força de resistência ao movi-
20. Determine a velocidade terminal de uma esfera de mento de uma esfera de raio r, que se move com
ferro, de raio r = 1,0 mm, que cai num líquido com velocidade constante de módulo v num líquido com
coeficiente de viscosidade η = 0,20 Pa s e densidade coeficiente de viscosidade η, é Fresist = 6 π η r v, mos-
ρ = 1,2 × 103 kg m–3. Considere que a força de resistência tre que o módulo da velocidade terminal da esfera, vt,
ao movimento da esfera que se move com velocidade de 2(ρaço – ρglicerina)gr 2
é dada por vt = .
módulo v é Fresist = 6 π η r v e que ρferro = 7,9 g cm–3. 9η

132
1.3 Fluidos

e) A partir da equação de regressão linear que traduz a d) Preveja, justificando, o que deverá suceder ao volume
velocidade terminal em função do quadrado do raio, de ar no interior da campânula à medida que ela desce.
calcule o coeficiente de viscosidade da glicerina e o
respetivo erro percentual. Considere g = 9,8 m s–2. 24. Um cubo de madeira de 10,0 cm de aresta flutua com-
pletamente imerso num recipiente que contém água e
óleo, cuja massa volúmica é 0,91 g cm–3. A face inferior
Questões globais do cubo está mergulhada em água até a uma altura de
2,0 cm.
22. Explique as seguintes situações: a) Qual é a densidade relativa da madeira?
A. Os crocodilos abocanham pedras para se afunda- b) Determine a pressão exercida ao nível da face inferior
rem na água. do cubo exclusivamente devida aos líquidos, sabendo
B. Uma chaleira deve ter o bico de saída à altura da que a face superior do cubo está a rasar a superfície
sua parte superior. livre do óleo.
C. Um caixote dentro de uma canoa fá-la-ia afun-
dar-se, por isso é transportado debaixo de água 25. Um cubo, de densidade 8,0 × 102 kg m–3, encontra-
preso à parte inferior da canoa. -se preso por um fio ao fundo de um lago com água.
D. O ar consegue sustentar objetos muito pesados, A superfície superior do cubo encontra-se a 5,0 m
tais como os dirigíveis. de profundidade. O módulo da tensão no fio é 250 N.
Considere a pressão atmosférica 1,01 × 105 Pa.
23. Uma campânula cilíndrica de aço, sem fundo, é imersa
em água, a partir da superfície, tal como mostra a
figura. O diâmetro da base da campânula é 1,0 m.
O desnível entre os pontos A e C é 5,0 m e entre os
pontos B e C é 2, 0 m. A pressão atmosférica é 1,0 atm.
5,0 m

1,0 m
5,0 m
B
a) Determine a pressão na face superior do cubo.
D E 2,0 m
b) Determine o volume do cubo.
C c) Corta-se o fio e o cubo sobe ficando em equilíbrio à
superfície do lago.
i) Como varia a impulsão durante a subida do cubo?
a) Selecione a opção correta.
ii) Quanto tempo demoraria o cubo a atingir a super-
(A) pC = pE (B) pD > pC (C) pA > pB (D) pD = pE fície se fosse desprezável a força de resistência
b) Determine a resultante das forças de pressão exer- da água?
cidas na superfície superior da base da campânula. iii) Que fração do volume do cubo ficará fora de água
c) Qual é a impulsão exercida sobre a campânula? ao ficar em equilíbrio?

133
2
CAMPOS DE FORÇAS
O
FASCINANTE
DOS S /N

MUNDO S /N

CAMPOS DE FORÇAS
Dizemos que existe um campo quando está presente uma força numa
certa região do espaço. Vivemos no seio do campo gravítico terrestre,
pois caminhamos sobre a Terra e qualquer objeto que seja largado cairá
Fig. 1 A sonda Juno, da NASA, e o planeta para a superfície da Terra. Já na física do 11.o ano estudámos o campo
Júpiter.
gravítico, assim como outros, como o campo elétrico e o campo magné-
tico. A Terra tem à sua volta, além de um campo gravítico, um campo
magnético, que é revelado pela agulha de uma bússola.

O campo gravítico da Terra é revelado, por exemplo, por uma maçã,


que cai para a Terra porque esta a atrai. O nosso planeta cria um campo
gravítico em seu redor e a força gravítica sobre a maçã é o resultado do
campo criado pela Terra. O campo gravítico em todo o Sistema Solar é
o resultado da ação do Sol, dos planetas e dos satélites. O campo num
dado ponto varia porque os astros estão em movimento. Como conhe-
cemos as leis físicas que permitem obter o campo gravítico num dado
ponto do espaço em qualquer instante, podemos, por exemplo, planear
uma missão de uma sonda espacial da Terra até Júpiter, como é o caso
da sonda Juno.
Fig. 2 Michael Faraday, que propôs a noção
de campo.
A noção de campo foi proposta por Faraday na segunda década do
século XIX no contexto do estudo dos fenómenos elétricos e magnéticos.
Ele pretendia compreender uma interação à distância. Uma partícula
com carga elétrica atrai ou repele uma outra partícula, também com car-
ga elétrica, situada na sua proximidade. Mas essas forças já serão meno-
res se a segunda partícula estiver mais afastada. Faraday concebeu que
a primeira carga modificava as propriedades do espaço à sua volta, ao
criar um campo elétrico variável no espaço. A segunda carga «sentia»
esse campo e, em consequência, ficava sujeita a uma força.

O efeito dos campos elétricos sobre cargas elétricas, por exemplo,


eletrões, é hoje bem conhecido, o que permite todas as tecnologias as-
sociadas a circuitos elétricos. Também um íman atrai ou repele outros
ímanes à sua volta porque cria um campo magnético. A Terra é um gi-
gantesco íman que faz mexer o pequeno íman que é a agulha de uma
bússola. Um circuito elétrico pode funcionar como um íman e, de facto,
o campo magnético terrestre deve-se à circulação de correntes elétricas
Fig. 3 O campo magnético terrestre tem
no interior do nosso planeta.
origem em correntes elétricas no seu
interior.
Vamos «mergulhar» nos campos.

136
2.1 CAMPO GRAVÍTICO

2.1.1 Leis de Kepler


2.1.2 Lei de Newton da Gravitação
Universal
2.1.3 Campo gravítico
2.1.4 Energia potencial gravítica;
conservação da energia
no campo gravítico
2. CAMPOS DE FORÇAS

Uma maçã cai para a Terra devido à força gravítica. Também a Lua roda em
volta da Terra devido à força gravítica. A força gravítica é, portanto, uma força
que se exerce à distância.

Forças gravíticas: foram explicadas A Lei da Gravitação Universal foi expressa por Isaac Newton (Fig. 1) em lin-
por Newton e Einstein. A teoria de Einstein guagem matemática. Mas há hoje uma forma de descrever melhor as forças
explica um maior número de fenómenos.
gravíticas. Na segunda década do século XX, Albert Einstein (Fig. 1) formulou
uma teoria, chamada Teoria da Relatividade Geral, que explica as forças graví-
ticas com base na deformação do espaço-tempo (Fig. 2), uma entidade formada
pela junção do espaço e do tempo.

Fig. 1 Newton e Einstein, autores


das principais teorias das interações
gravitacionais.

A teoria de Einstein não eliminou as ideias de Newton, que continuam a apli-


car-se num certo limite, em particular para a generalidade dos fenómenos que
ocorrem perto de nós.

A Lei da Gravitação Universal de Newton explica bem, por exemplo, as intera-


ções entre a maçã e a Terra, entre a Lua e a Terra, ou ainda entre o Sol e os plane-
tas do Sistema Solar. Mas falha na descrição dos primeiros instantes do Universo
e na previsão da evolução de estrelas compactas, como as estrelas de neutrões
e os buracos negros. Nestes casos é necessária a Teoria da Relatividade Geral
de Einstein. As ondas gravitacionais (Fig. 3), cuja deteção foi anunciada em 2016,
Fig. 2 Na Teoria da Relatividade Geral, foram previstas com base na Teoria da Relatividade Geral cem anos antes.
as forças gravíticas são explicadas com
base na deformação do espaço-tempo,
Assim como, há cerca de cem anos, Einstein melhorou as ideias de Newton,
aqui representada em visão artística.
pode ser que alguém, um dia, melhore as de Einstein. De facto, os físicos traba-
lham hoje para criar uma teoria melhor…

Seguindo uma abordagem histórica, vamos aprofundar as ideias de Newton


sobre a gravitação, já introduzidas em anos anteriores.

Fig. 3 Colisão de dois grandes buracos negros originando ondas gravitacionais (simulação).

138
2.1 Campo gravítico

2.1.1 Leis de Kepler

Fig. 4 Galileu e Kepler, os «gigantes»


a cujos ombros Newton subiu.

Foi com base nos trabalhos de Galileu e Kepler (Fig. 4) que Newton, no século
XVII, chegou à Lei da Gravitação Universal. O próprio reconheceu a sua dívida
para com Galileu e Kepler ao afirmar que «se pude ver mais longe foi porque es-
tava aos ombros de gigantes». Newton foi ele próprio um «gigante», aos ombros
de quem Einstein haveria de subir no século passado.

Galileu, baseado nas suas observações astronómicas, defendeu que a Terra


não estava no centro do Universo. A ideia do Sol como centro do mundo tinha
sido proposta pelo polaco Nicolau Copérnico (Fig. 5). Uma das razões que le-
varam Copérnico a formular o seu sistema heliocêntrico, no século XVI, foi a
simplicidade que resultava na descrição dos dados da observação. O sistema
heliocêntrico opunha-se ao sistema geocêntrico do grego Ptolomeu (Fig. 6), pro-
posto no século II com base em ideias anteriores.

No século XVI, o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe efetuou numerosas ob-


servações das posições de estrelas e de planetas ao longo de mais de vinte anos
(sem dispor de telescópio, que ainda não tinha sido inventado), mas morreu sem
ter estudado todos os seus registos. Coube essa tarefa ao seu discípulo Johannes
Kepler, astrónomo alemão, que confirmou o sistema heliocêntrico e chegou a
conclusões corretas sobre os movimentos dos planetas do Sistema Solar.
Fig. 5 O polaco Nicolau Copérnico
formulou um sistema heliocêntrico,
As leis que se aplicam ao movimento dos planetas em torno do Sol são co-
no séc. XVI, contrariando o sistema
nhecidas por Leis de Kepler. geocêntrico de Ptolomeu.

Fig. 6 Sistema geocêntrico de Ptolomeu


(à esquerda) e sistema heliocêntrico
de Copérnico (à direita).

139
2. CAMPOS DE FORÇAS

Leis de Kepler: descrevem os movimentos dos planetas à volta do Sol

1. Lei das Órbitas: a órbita de um planeta 2. Lei das Áreas: o vetor posição do
é elítica, ocupando o Sol um dos focos planeta, com origem no Sol, «varre» áreas
da elipse. iguais em intervalos de tempo iguais.

Δt2 A2 A1 Δt1
R
Sol Sol

Δt1 = Δt2 A1 = A2

3. Lei dos Períodos: o cubo do semieixo maior da elipse e o quadrado do período do


movimento do planeta são diretamente proporcionais, o que pode exprimir-se por:

m R3 = K m3 s–2
s T2

(K é uma constante para todos os planetas do Sistema Solar)

Estas leis foram igualmente confirmadas para os movimentos das luas mais
próximas de Júpiter descobertas por Galileu.

Foi Newton quem explicou a causa dos movimentos descritos pelas Leis de
Kepler: a força da gravidade.

Questão resolvida 1

A distância entre a Terra e o Sol é cerca de 150 milhões de quilóme-


tros, ou uma unidade astronómica (símbolo ua). A distância média
de Plutão ao Sol é cerca de 40 ua.

Qual é a duração do ano naquele planeta-anão?

Sabendo que TT = 1 ano, RT = 1 ua e RP = 40 ua, se aplicarmos Substituindo valores, determina-se


3 3
a Terceira Lei de Kepler,
R
T2
= K , podemos escrever: TP = 1 × 冢 401 冣 = 2,5 × 102 anos
3 3 3 De facto, o valor exato é 248,4 anos (note-se que tomámos a
RT RP
T T2
= 2 ⇔ TP = TT
TP
冢 RR 冣
P
T distância média de Plutão ao Sol em vez do comprimento do
semieixo maior da órbita elíptica).

QUESTÕES p. 153

140
2.1 Campo gravítico

2.1.2 Lei de Newton da Gravitação


Universal

A excentricidade da órbita da Terra, tal como a da generalidade dos planetas v


do Sistema Solar, é pequena. Em boa aproximação, a Terra move-se ao longo a = 0,0027 m s–2
de uma órbita circular (uma elipse com eixos iguais é uma circunferência), com
movimento uniforme. Também a Lua tem uma órbita praticamente circular em
torno da Terra, sendo o seu movimento uniforme. R = 3,84 x 108 m

A aceleração no movimento circular uniforme só tem componente centrí-


v2 g = 9,8 m s–2
peta. Newton calculou o valor dessa componente para a Lua a partir de a =
R
RT = 6,37 x 106 m
(com v o módulo da velocidade da Lua e R é a distância entre entre os centros
da Terra e da Lua). Como o módulo da velocidade da Lua é constante,
2π R
designando por T o período da Lua, tem-se v = e o módulo da sua acele-
T
4π2 R
ração é a = .
T2

Newton fez os cálculos e obteve para o módulo da aceleração (nas atuais Fig. 7 A aceleração da Lua é muito inferior
à dos corpos que caem perto da superfície
unidades SI) a = 2,7 × 10–3 m s–2, muito inferior a 9,8 m s–2, o módulo da ace- da Terra.
leração gravítica junto da superfície terrestre, que já era conhecido na época
(Fig. 7). Esta diferença entre os valores das acelerações levou Newton a pensar
que a aceleração e, portanto, a força que a Terra exercia sobre os objetos, depen-
dia da distância, quer eles estivessem junto ou longe da Terra!

Procurou então relacionar as forças exercidas pelo Sol sobre os planetas


com os raios das respetivas órbitas que, por simplicidade, considerou circulares
(Fig. 8). Partindo da Segunda Lei de Newton e substituindo a expressão da ace- P
Planeta
leração centrípeta, a intensidade da força que o Sol exerce sobre um planeta
qualquer de massa m é:
4π2 R Sol R
F=m
T2
onde R é o raio da órbita do planeta e T o seu período.
R3
Com basa na Terceira Lei de Kepler, = K (sendo K uma constante), subs-
T2 Fig. 8 As órbitas dos planetas são
tituindo T 2 por R3/K, a intensidade da força vem: aproximadamente circulares.

m
F = 4π2 K
R2

Esta expressão mostra que a intensidade da força exercida pelo Sol é pro-
porcional à massa do planeta e ao inverso do quadrado da distância entre os
astros. A constante K tem o mesmo valor para todos os planetas do Sistema
Solar, mas depende do astro central que exerce a força: o Sol, no caso dos pla-
netas do Sistema Solar, a Terra no caso da Lua, Júpiter para as suas luas, etc.

141
2. CAMPOS DE FORÇAS

A expressão anterior pode ser generalizada para a força que um objeto A, de


massa mA, exerce sobre um objeto B, de massa mB, que está à distância r (Fig. 9):

mB
FA/B = 4π2KA
r2

FB/A FA/B
A B
Fig. 9 As forças F»B/A e F»A/B formam
um par ação-reação r

Da mesma maneira, a força que B exerce sobre A é dada por:


mA
FB/A = 4π2 KB
r2

Mas, de acordo com a Terceira Lei de Newton, FB/A = FA/B, donde:

4π2 KB 4π2 KA 4π2 KB 4π2 KA


mA = mB ou =
r2 r2 mB mA

4π2 K
Daqui se conclui que tem o mesmo valor para quaisquer dois cor-
m
4π2 KA 4π2 KB
pos em interação gravítica. Este valor comum, G = = chama-se
mA mB
constante de gravitação universal.

A intensidade da força de atração entre dois corpos, que é a força gravítica, é


então expressa pela Lei de Newton da Gravitação Universal:

mA mB
Fg = G
r2
Esta expressão foi já apresentada em anos anteriores mas, como se mostrou,
obtém-se a partir da Terceira Lei de Kepler seguindo o raciocínio de Newton.

Questão resolvida 2

Um dia, o ser humano chegará a Marte. Relacione as intensidades das


forças que Terra e Marte exercem sobre um astronauta quando ele se
encontra à superfície desse planeta. A massa de Marte é 0,107 vezes a
massa da Terra e o seu raio é 0,53 vezes o raio da Terra.

mT m
A força à superfície da Terra é Fg = G
RT2
À superfície de Marte, é
mM m 0,107 mT m 0,107 mT m
Fg' = G =G = G ⇒ Fg' = 0,38 Fg
R M2 (0,53 RT)2 0,281 R 2T

142
2.1 Campo gravítico

Constante de gravitação universal e experiência de Cavendish

Os dados obtidos depois de Newton confirmavam a dependência da força


com o inverso do quadrado da distância, mas faltava determinar o valor da cons-
tante de gravitação universal, G. Não era possível obter o valor de G a partir
unicamente da constante K que aparece na Terceira Lei de Kepler.

Só no final do século XVIII é que o inglês Henry Cavendish confirmou experi-


mentalmente a Lei da Gravitação Universal de Newton (Fig. 10).

Cavendish usou um dispositivo constituído por uma haste muito leve, na


extremidade da qual estavam duas pequenas esferas metálicas de massas
iguais (m = 0,780 kg). A haste, de dois metros, ficava horizontal, suspensa por
um fio, podendo todo o sistema rodar, torcendo o fio (Fig. 11). Estando o sistema
em equilíbrio, fixou outras duas esferas de massas iguais mas muito maiores
(M = 158 kg) e mediu a distância entre cada uma das esferas pequenas e a Fig. 10 Réplica do dispositivo usado por
grande mais próxima (Fig. 11). Verificou que a haste rodava de um certo ângulo e Henry Cavendish para determinar o valor
da constante de gravitação universal, G.
mediu-o.

Fig. 11 Esquema da experiência


r de Cavendish. Quando o sistema roda,
o fio torce.
m

F
M

M Constante de gravitação universal:


foi determinada por Cavendish, permitindo
confirmar a Lei da Gravitação Universal.
m

Essa rotação devia-se às forças de atração gravítica entre cada esfera


pequena e a esfera grande mais próxima (Fig. 11). O valor da força sobre cada
uma das bolas presas à haste podia ser medido diretamente a partir da torção
do fio.
mM
Por outro lado, esse valor teria de ser igual a Fg = G , de acordo com
r2
a Lei da Gravitação Universal. Para além do valor de Fg, Cavendish conhecia os
valores de M, m e r, o que lhe permitiu confirmar no laboratório a dependência
da força com a distância e com as massas e obter o valor de G.

A constante de gravitação universal vale, no SI:

G = 6,67 × 10–11 N m2 kg–2

A Fig. 12 mostra um dispositivo moderno para realizar a experiência de Fig. 12 Dispositivo moderno para realizar
a experiência de Cavendish.
Cavendish num laboratório escolar.

143
2. CAMPOS DE FORÇAS

Conhecido o valor de G, os dados astronómicos permitiram obter a massa


do Sol, dos planetas, das luas, etc., por aplicação direta da Lei da Gravitação
Universal. Este é, aliás, o método hoje usado para determinar as massas de
muitas estrelas. Também a massa da Terra foi obtida a partir do valor de G, da
aceleração da gravidade, g, e do raio da Terra. De facto, se igualarmos a força
m m
de atração exercida pela Terra sobre um corpo, Fg = G Terra , ao peso desse
R2Terra
corpo, P = mg, encontraremos:

mTerra
g=G
R 2Terra

Esta expressão permite obter a massa da Terra, conhecendo os valores das


restantes grandezas. Foi assim que Cavendish determinou, pela primeira vez, a
massa da Terra: aproximadamente 6 × 1024 kg.

Questão resolvida 3

A massa de um corpo celeste pode ser determinada com base nas características
do movimento orbital de qualquer um dos seus satélites (período de translação e
raio da órbita) e no valor da constante de gravitação universal,

G = 6,67 × 10–11 N m2 kg–2

Determine a massa do Sol com base no movimento de translação da Terra.


Considere o movimento de translação da Terra circular com raio 1,496 × 108 km.

mT mS v2 mS
A Terra, de massa m T , move-se em torno de Sol, de massa Fg = mTa ⇒ G 2 = mT ⇒G = v2 ⇒
r r r
mS, numa órbita aproximadamente circular, de raio r, sujeita
2
4π2r 3
冢 2πr
T 冣
unicamente à força gravítica exercida pelo Sol de intensi- r
⇒ mS = × ⇒m S =
dade Fg. Numa órbita circular, a resultante das forças – a G GT 2
força gravítica – é centrípeta e, portanto, o módulo da veloci- em que T é o período do movimento de translação da Terra.
dade, v, é constante (como a força gravítica é perpendicular Substituindo os valores numéricos na expressão anterior,
à velocidade não existe componente da resultante das for- determina-se a massa do Sol:
ças na direção da velocidade).
A massa do Sol pode obter-se da aplicação da Segunda Lei 4π2 (1,496 × 1011)3
mS = = 1,99 × 1030 kg
de Newton ao movimento da Terra em torno do Sol: 6,67 × 10–11 × (365,25 × 24 × 60 × 60)2

Atividade 1

A partir de dados relativos à Terra, confirme, a partir da a vários planetas do Sistema Solar e a estrelas de vários
expressão de g acima, que a aceleração da gravidade é, tipos (do Sol às estrelas de neutrões) e determine a ace-
aproximadamente, 9,8 m s–2. Encontre os dados relativos leração da gravidade à sua superfície.

QUESTÕES p. 153

144
2.1 Campo gravítico

2.1.3 Campo gravítico

Sabemos por que razão uma maçã, ao desprender-se da macieira, cai: a Terra
exerce uma força gravítica sobre ela. Podemos compreender esta força à distân-
cia como uma interação local, usando a noção de campo, que já surgiu no 11.o
ano a propósito de interações magnéticas e elétricas.

Recordemos que um íman atrai certos objetos. Podemos pensar que o íman
cria à sua volta um campo magnético que é uma espécie de «mediador» entre o
íman e os objetos que com ele interagem. Em redor do íman, o campo magnético
será tanto maior quanto maior for a força que se exerce sobre um dado objeto.
Também as cargas elétricas criam no espaço um campo elétrico. Uma carga
elétrica colocada numa região onde exista um campo elétrico fica sujeita a uma
Fig. 13 Representação do campo
força elétrica. Podemos representar os campos elétricos e magnéticos através magnético (em cima) e do campo elétrico
de linhas de campo (Fig. 13). (em baixo) por linhas de campo.

De um modo análogo, consideremos uma partícula de massa M fixa num


ponto do espaço. Se colocarmos uma partícula de massa m perto dela, a pri-
meira partícula exerce uma força gravítica sobre a segunda (Fig. 14). Dizemos que
m
a segunda partícula «sente» o campo gravítico criado pela primeira.
P
A força gravítica que a partícula de massa M exerce sobre a partícula de Fg
r
massa m, colocada num ponto P à distância r (Fig. 14), é dada por
er
Mm
F»g = –G 2 e»r M

r Fig. 14 Força gravítica que a partícula


de massa M exerce sobre a partícula
onde e»r é o vetor unitário na direção e sentido do vetor posição r» . O sinal negativo de massa m colocada no ponto P.
indica que a força tem sentido oposto a e»r , ou seja, é atrativa.

Para caracterizar a ação gravítica da partícula de massa M, independente-


mente da massa m das partículas que sofrem a força, define-se o campo graví-
tico como:

» F»g
F=
m

A unidade de campo gravítico é, por isso, e no SI, newton por quilograma


(N kg–1). O campo gravítico é diferente na Terra e na Lua (Fig. 15).

Fig. 15 A Terra e a Lua.

145
2. CAMPOS DE FORÇAS

O campo gravítico representa a interação local, pois define-se em cada ponto.


Como a massa é uma grandeza sempre positiva, os vetores F» e F»g têm sempre a
mesma direção e sentido (Fig. 16).

m
Fig. 16 Força gravítica que a partícula Fg
de massa M exerce sobre a partícula Ᏻ
P P
de massa m (à esquerda) e campo gravítico,
no ponto onde se situa a massa m, criado r
pela partícula de massa M (à direita). r
M M

Note-se que o campo gravítico não depende da massa m sobre a qual se


F»g »
exerce a força gravítica, pois, se substituirmos, na equação F» = , Fg pela
m
expressão da Lei da Gravitação Universal obtemos:

M
F» = –G 2 e»r
r
Conhecendo o campo gravítico num dado ponto podemos calcular a força
gravítica exercida sobre uma partícula de massa m aí colocada pela expressão
F»g = m F» .

Caracterizemos então o campo gravítico:

Campo gravítico
O módulo do campo gravítico criado por uma partícula de massa M é:

F = G M2
kg
N kg–1
r m
N m2 kg–2

• É definido num ponto.


• Depende apenas da massa que cria o campo e da sua distância ao ponto.
Ᏻ • É diretamente proporcional a essa massa (no mesmo ponto) e inversamente
proporcional ao quadrado da distância da massa ao ponto (para uma massa
constante).
• Manifesta-se pela força gravítica exercida sobre partículas, de massa m, colo-
cadas no ponto: F»g = m F».

A expressão anterior aplica-se ao campo gravítico criado por um planeta, à


sua superfície e no seu exterior, sendo r a distância ao centro do planeta (Fig. 17).
RT r
Sendo a força gravítica a resultante das forças, F»R = F»g, segue-se da Segunda
Fig. 17 O campo gravítico terrestre é
inversamente proporcional ao quadrado Lei de Newton que F»g = m g», em que g» é a aceleração gravítica. Assim, próximo
da distância ao centro da Terra para da superfície da Terra, F» coincide com a aceleração gravítica g» (a sua unidade SI
distâncias superiores ao raio da Terra.
é o metro por segundo quadrado, equivalente a newton por quilograma).

146
2.1 Campo gravítico

Tal como para os campos elétrico e magnético, é útil representar grafica-


mente o vetor campo gravítico criado por uma massa pontual como na Fig. 18.

Outra maneira de representar o campo gravítico é através das linhas de


campo, que indicam a direção e o sentido do campo em cada ponto. A Fig. 19
mostra o campo criado por uma partícula pontual: as linhas são radiais e apon-
tam para o centro.

As características das linhas de campo já foram estudadas para os campos


elétrico e magnético no 11.o ano:
Fig. 18 Representação do campo gravítico
criado por uma partícula em vários pontos.
Linhas de campo gravítico
• São sempre tangentes ao vetor campo gravítico e orientadas segundo o seu
sentido.
• Nunca se cruzam.
• Terão maior densidade onde o campo for mais intenso (o número de linhas
que atravessa uma superfície plana de área unitária perpendicular ao campo
é proporcional à intensidade do campo nesse ponto).

Numa região limitada próxima da superfície da Terra, as linhas de campo


gravítico são aproximadamente paralelas e o campo é uniforme: tem sempre o
mesmo módulo e aponta sempre na mesma direção. Quer dizer, a aceleração
gravítica não varia de ponto para ponto numa região próxima da superfície ter- Fig. 19 Linhas do campo gravítico criado
por uma partícula.
restre (Fig. 20).

ey
0 Fig. 20 Globalmente o campo gravítico
é radial, mas localmente pode ser
considerado uniforme: as linhas de campo
são paralelas e igualmente espaçadas.
Ᏻ = g = -g ey

Questão resolvida 4

Um satélite artificial de Marte está a uma altura da sua superfície de


6000 km. A massa de Marte é de 6,42 × 1023 kg e o seu raio é 3390 km.
Qual é o módulo do campo gravítico a essa altitude?

Como o raio da órbita é r = (6,000 + 3,390) × 106 m, então:


mM –11 6,42 × 1023
F=G 2 ⇒ F = 6,67 × 10 = 0,486 N kg–1
r (9,390 × 106)2

QUESTÕES p. 154

147
2. CAMPOS DE FORÇAS

2.1.4 Energia potencial gravítica;


conservação da energia no campo
gravítico

No 10.o ano associámos aos corpos uma energia potencial gravítica por esta-
rem num campo gravítico. De facto, a energia não pertence apenas ao corpo mas
refere-se ao sistema corpo-Terra porque resulta da interação gravítica entre o
corpo e a Terra.

Campo gravítico: é conservativo (a força O campo gravítico diz-se conservativo porque o trabalho da força gravítica
gravítica é conservativa). entre dois pontos quaisquer não depende da trajetória entre eles mas apenas
Energia potencial gravítica: das posições inicial e final. Se o campo gravítico for uniforme, o peso (identifi-
a expressão Epg = mgy só é válida para cado aqui com a força gravítica) será constante e a energia potencial gravítica
campos gravíticos uniformes. será dada por:

Epg = mgy

em que m é a massa do corpo, g o módulo do campo gravítico e y a posição sobre


o eixo vertical relativamente a um nível de referência onde se toma a energia
potencial nula.

Mas, no caso geral (campo não uniforme), a expressão anterior não é válida.
A energia potencial de interação entre duas partículas, uma de massa M e a outra
de massa m, separadas por uma distância r, tem uma referência que vamos fixar
do seguinte modo: a energia potencial é nula (Epg = 0) quando a separação entre
as partículas é infinita (r → ∞). Mas a escolha da referência para a energia poten-
cial é arbitrária.

Podemos, então, caracterizar a energia potencial gravítica:

Epg
Energia potencial gravítica de interação entre duas partículas

Define-se para duas partículas, de massa EP


M e m, separadas de r, do seguinte modo:
Mm r
Epg = – G
R
• É sempre negativa.
RT r
• Aumenta à medida que as partículas se
afastam (será nula quando estiverem
infinitamente afastadas).
mT m
–G
RT

Fig. 21 Energia potencial gravítica


do sistema corpo-Terra em função A Fig. 21 mostra como varia a energia potencial do sistema corpo-Terra para
da distância ao centro da Terra.
distâncias superiores ao raio da Terra.

148
2.1 Campo gravítico

A Fig. 22 resume, para um campo de forças gravíticas uniforme e radial, as linhas


de força e as respetivas expressões da força e da energia potencial gravíticas.

Campo uniforme Campo radial

Mm
Força F»g = m g e»y F»g = –G 2 e»r
r

Linhas de
campo

Fig. 22 Força gravítica e energia potencial


Energia potencial Mm gravítica para os campos gravíticos
Epg = m g y Epg = –G
gravítica r uniforme e radial.

A força gravítica é uma força conservativa. Por isso, o trabalho realizado ao


longo de um percurso qualquer entre dois pontos é simétrico da variação de
energia potencial entre esses dois pontos:

WFg = – ΔEpg
Se um corpo tiver um movimento num campo gravítico, sujeito apenas às for-
ças gravíticas, como estas são conservativas, a energia mecânica conservar-se-á:
Em = Ec + Ep = constante
sendo:
1 Mm
Em = mv 2 – G
2 r

Questão resolvida 5

Um satélite, de massa m considerada constante, ligado a b) Mostre que para um corpo de massa m, próximo da
um foguetão, está inicialmente em órbita terrestre à alti- superfície da Terra, a energia potencial gravítica pode ser
tude h, passando depois para a altitude 2h. escrita como mgh, em que g é o módulo do campo graví-
a) Determine o trabalho da força gravítica. tico e h a altura em relação a um nível de referência.

a) A força gravítica é conservativa: o trabalho desta força é h seria muito pequena quando comparada com o raio da
igual ao simétrico da variação da energia potencial: Terra, h < RT. Neste caso, os h no denominador da expres-

  
G mT m G mT m G mT mh são anterior podem ser desprezados, passando simples-
WFg = –ΔEpg = – – – – =– 2
RT + 2h RT + h (RT + h) (RT + 2h) mente a escrever-se (RT + h)(R T + 2h) ≈ R T . Fica então:
b) Se, em vez de um satélite, estivéssemos a estudar o movi- Gm
ΔEpg ≈ 2 T mh = mgh
mento de um corpo próximo da superfície da Terra, a altura RT

149
2. CAMPOS DE FORÇAS

Terra 11,2
Velocidade de escape e velocidade de um satélite em órbita

Lua 2,4 Se lançarmos um corpo verticalmente para cima ele subirá mas tornará a
descer. E se quiséssemos que ele escapasse à atração gravítica? Teríamos de
Sol 618
o lançar com uma velocidade mínima, chamada velocidade de escape (velo-
Júpiter 60 cidade mínima para o corpo subir mas não voltar a descer). Esta é a velocidade
com que se deve lançar um corpo (na ausência de resistência do ar) para que ele
Marte 5,0
atinja um ponto no infinito com energia cinética nula.
Vénus 10,4
A energia mecânica no infinito é nula, uma vez que a energia potencial é nula.
Tab. 1 Valores da velocidade de escape,
para vários astros, em km s–1.
Aplicando a conservação da energia mecânica, vem

1 Mm
mv 2escape – G =0
2 R

donde se obtém a velocidade de escape:

2GM
vescape =
R
A Tab. 1 indica valores de algumas velocidades de escape.

Os valores da velocidade de escape à superfície de um planeta influenciam


a existência ou não de atmosfera e a sua composição (Fig. 23). A energia cinética
média das moléculas de um gás depende da temperatura do gás. As mais leves,
como as de hidrogénio e hélio, atingem velocidades mais elevadas do que as
Fig. 23 A existência de atmosfera
de um planeta é influenciada pela mais pesadas, como as de oxigénio e azoto. Para que um gás não escape da atra-
velocidade de escape. ção gravítica de um planeta é necessário que as suas moléculas tenham uma
velocidade média bastante inferior à velocidade de escape nesse planeta. É por
isso que a Lua não tem, praticamente, atmosfera e a atmosfera da Terra não tem
hidrogénio e hélio, enquanto a atmosfera de Júpiter tem bastante hidrogénio.

Os satélites não são lançados por foguetões com a velocidade de escape


(Fig. 24),
mas com velocidades inferiores, pois ficam a orbitar a Terra.

A Segunda Lei de Newton e a Lei da Gravitação permitem determinar o


módulo da velocidade do satélite em órbita, vórbita. Como a força resultante tem
apenas componente centrípeta, que é a força gravítica, podemos escrever

v 2órbita M m
m = G T2
r r

sendo r o raio da órbita do satélite (r = RT + h, com RT o raio da Terra e h a altitude


da órbita).
O módulo da velocidade em órbita vem:

Fig. 24 A velocidade de lançamento


GM T
dos foguetões é inferior à velocidade
vórbita =
de escape. r

150
2.1 Campo gravítico

A energia mecânica de um satélite em órbita (Fig. 25) é sempre negativa devido


à escolha do zero da energia potencial no infinito. A qualquer órbita fechada cor-
responde uma energia mecânica negativa. Se a energia fosse positiva, o corpo
escaparia para longe...

As grandezas definidas para o campo gravítico estão resumidas no quadro


da Fig. 26:

Campo gravítico
Fig. 25 A energia mecânica
Força gravítica: grandeza vetorial que se define para duas Mm de um sistema Terra + satélite (como
massas. Fg = G 2 a ISS – Estação Espacial Internacional)
r
é sempre negativa.

Campo gravítico criado por uma massa: grandeza vetorial M


que se define num ponto. F=G
r2

Energia potencial gravítica: grandeza escalar que se define Mm


Epg = –G Fig. 26 Grandezas definidas para o campo
para duas massas. r gravítico.

Questão resolvida 6

a) Mostre que a energia mecânica de um satélite, de massa constante m, em


órbita circular é negativa.
b) Determine a expressão algébrica do módulo da velocidade com que deve ser
lançado um satélite, à superfície da Terra, para ele ficar em órbita de raio r.

Designe a massa da Terra por mT e o seu raio por RT. Despreze a resistência
QUESTÕES p. 155
do ar.

1 2 m m
a) A energia mecânica do sistema satélite-Terra é Em = mv órb –G T .
2 r
GmT 1 m m m
Vimos que vórb = . Portanto, Em = mG T –G T ,
r 2 r r
1 m m
ou seja, Em = – G T , que é uma quantidade negativa.
2 r
b) A velocidade que é necessário imprimir a um corpo na superfície da Terra
para que ele atinja uma órbita de raio r > RT pode obter-se a partir da conser-
vação da energia mecânica.

1 m m
À superfície da Terra: Em = mv2 –G T
2 r
1 m m
Em órbita: Em = – G T
2 r
1 m m 1 mT m
Igualando as duas energias, mv2 –G T = – G , obtém-se
2 RT 2 r

GmT
v= (2r – RT)
rRT
Nota: Desprezámos a energia cinética do satélite, quando é lançado, devida à rotação
da Terra. Na realidade, esta energia é importante e, por isso, os satélites são, em geral,
lançados próximo do equador e não dos polos.

151
2. CAMPOS DE FORÇAS

RESUMO
• Leis de Kepler: descrevem os movimentos dos planetas à volta do Sol.
Primeira Lei – Lei das Órbitas: a órbita de um planeta é elíptica, ocupando o
Sol um dos focos da elipse. Segunda Lei – Lei das Áreas: o vetor posição do
planeta, com origem no Sol, «varre» áreas iguais em intervalos de tempo
iguais. Terceira Lei – Lei dos Períodos: o cubo do semieixo maior da elipse
(para uma órbita circular, o raio, R) é diretamente proporcional ao quadrado
3
do período, T, do planeta, ou seja, R = K.
2
T
m m
• Lei de Newton da Gravitação Universal: Fg = G A 2 B ; as forças gravíticas
r
são sempre atrativas e têm origem na massa dos corpos.

• Campo gravítico, F» : define-se num ponto; tem origem na massa de um corpo,


M, dependendo a sua intensidade dessa massa e da sua distância, r, ao ponto

onde se define: F = G M ; manifesta-se pela força gravítica exercida sobre


r2
uma partícula, de massa m, colocada no ponto: F»g = mF» ; é um vetor que
aponta sempre para a massa M que cria o campo gravítico; F» coincide com a
aceleração gravítica g». Unidade SI: newton por quilograma (N kg –1).

• Linhas de campo gravítico: são tangentes ao vetor campo gravítico e têm o


seu sentido; nunca se cruzam; têm maior densidade onde o campo for mais
intenso.

Mm
• Energia potencial gravítica de interação entre duas partículas: Epg = –G ;
r
depende da massa das partículas e da distância entre elas; é sempre negativa
e aumenta quando essa distância aumenta (é nula quando as partículas esti-
verem infinitamente afastadas).

• Campo gravítico: é um campo conservativo, pois a força gravítica é con-


servativa, pelo que, WF»g = –ΔEpg, e a energia mecânica conserva-se, ou seja,
1 Mm
Em = mv2 – G = constante.
2 r
• Velocidade de escape: velocidade mínima de lançamento de um corpo
à superfície de um planeta para que ele escape da sua atração gravítica;
2GM . A existência
depende da massa, M, e do raio, R, do planeta: vescape =
R
de atmosfera num planeta depende do valor da velocidade de escape nesse
planeta.

GM
• Velocidade de um satélite em órbita circular: vórbita = ; depende da
r
massa, M, do planeta e do raio, r, da órbita; não depende da massa do satélite.

152
2.1 Campo gravítico

QUESTÕES
Nota 3. Quando a Terra está mais próxima do Sol (no chamado
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: periélio) tem maior velocidade do que quando está mais
g = 10 m s−2 e G = 6,67 × 10–11 N m2 kg–2. longe (no chamado afélio). Justifique esta propriedade
com base nas Leis de Kepler.

4. A distância média de Júpiter ao Sol é 5,22 vezes a dis-


2.1.1 Leis de Kepler tância da Terra ao Sol. Considere a distância média
de Júpiter ao Sol aproximadamente igual ao semieixo
1. Johannes Kepler descobriu um conjunto de regularida- maior da elipse descrita por este planeta em torno do
des no movimento dos planetas do Sistema Solar que Sol. Qual é, em anos, o período de translação de Júpiter?
hoje são conhecidas por Leis de Kepler.
A Primeira Lei de Kepler, ou Lei das Órbitas, diz res- 5. Os maiores satélites naturais de Júpiter – Europa,
peito ao tipo de trajetória de um planeta em redor do Ganimedes, Io e Calisto – foram descobertos por
Sol, bem como à posição que este ocupa. Galileu Galilei sendo, por isso, designados por luas
galileanas. Das luas galileanas, Io é a que tem menor
a) Que tipo de órbita têm os planetas e que posição
período orbital, 1,77 d, e Calisto a que tem maior, 16,69
ocupa o Sol?
d. Admitindo órbitas circulares, Io com raio r Io e Calisto
b) Indique o significado da seguinte afirmação: «A
com raio rCalisto, pode concluir-se que o quociente dos
excentricidade das órbitas dos oito planetas do rCalisto
raios das suas órbitas, , é cerca de:
Sistema Solar é muito pequena.» r Io
(A) 4,46 (C) 29,0
2. A figura representa uma órbita elíptica de um cometa (B) 9,43 (D) 88,9
em torno do Sol, que se encontra num dos focos da
elipse, F.
O cometa é representado em quatro posições, A, B, C
2.1.2 Lei de Newton da Gravitação Universal
e D, coincidentes com as extremidades dos eixos da
elipse. As regiões sombreadas, numeradas de 1 a 7,
são áreas «varridas» pelo segmento de reta que une o 6. A Lei da Gravitação Universal é uma das maiores con-
Sol ao cometa em intervalos de tempos iguais. quistas da ciência.
a) Porque é tão importante essa lei?
D
b) Quem a descobriu e como o fez?
3
2
7. O cientista britânico Henry Cavendish realizou, em 1797-
F 1
4 -1798, uma famosa experiência que permitiu determi-
A C nar a massa da Terra, mT.
7 a) Explique, sucintamente, como é que Cavendish
5 6 determinou a constante de gravitação universal.
b) Obtenha uma expressão algébrica para a massa da
B
Terra, mT, em função do módulo da aceleração da
a) Relacione as áreas das regiões sombreadas. gravidade à superfície da Terra, g, do raio da Terra,
b) Justifique, com base na Segunda Lei de Kepler, o RT, e da constante de gravitação universal, G.
facto de o movimento do cometa não ser uniforme. c) O valor da constante de gravitação universal obtido
c) Conclua, justificando, em que parte da elipse, das por Cavendish foi 6,64 × 10–11 N m2 kg–2. Qual foi o
sete regiões numeradas, é menor a velocidade média erro relativo, expresso em percentagem, cometido
do cometa. por Cavendish?

153
2. CAMPOS DE FORÇAS

8. Dois satélites, A e B, orbitam a Terra em trajetórias 11. O campo gravítico na Lua é um sexto do da Terra e o
circulares com velocidades de módulos vA e vB, res- raio da Lua é 0,27 vezes o raio da Terra. Determine a
petivamente. O satélite A orbita a Terra a uma altitude relação entre as massas volúmicas médias da Terra e
hA = 2RT e o satélite B a uma altitude hB = 4RT, onde RT da Lua.
é o raio da Terra.
12. Qual dos gráficos traduz corretamente a dependência
a) Justifique, sem efetuar cálculos, a seguinte afirma-
entre o módulo do campo gravítico, F, criado por uma
ção: «As acelerações destes satélites são menores
massa pontual num ponto P, e a distância r de P à
do que 10 m s–2.»
massa pontual?
b) Relacione os módulos das acelerações dos dois
A C
satélites. Ᏻ Ᏻ
c) Qual é o quociente dos módulos da velocidade destes
v
satélites, A ?
vB
5
(A) √2 (C)
3
0 r2 0 r
B D
5 Ᏻ Ᏻ
(B) 2 (D)
3
d) Mostre, a partir da Lei da Gravitação Universal e da
Segunda Lei de Newton, que o quadrado da veloci-
0 1 0 1
dade angular orbital de um satélite da Terra é inver- r2 r
samente proporcional ao cubo do raio da sua órbita.
13. O planeta Júpiter, de raio 7,15 × 107 m e massa
1,90 × 1027 kg, apresenta um período de translação em
torno do Sol igual a 11,86 anos. O seu centro encon-
tra-se a uma distância média do centro do Sol igual a
2.1.3 Campo gravítico 7,78 × 1011 m. Despreze a excentricidade da órbita de
Júpiter.
9. Duas estrelas de neutrões iguais, de massa 3,0 × 1030 kg
a) Determine o módulo do campo gravítico:
e raio 8,0 × 103 m, estão separadas de 1,0 × 1010 m.
i) de Júpiter, num ponto à sua «superfície».
a) Caracterize as forças de atração gravítica a que estão
ii) do Sol, num ponto da órbita de Júpiter.
sujeitas.
b) Se o planeta Júpiter tivesse a mesma massa e a
b) Determine o módulo do campo gravítico à superfície
mesma órbita, mas fosse mais denso, qual das
das estrelas de neutrões.
seguintes grandezas se alteraria?
10. Considere um satélite geoestacionário. A massa da (A) Aceleração centrípeta no movimento de
Terra é 5,97 × 1024 kg e o seu raio 6,4 × 106 m. translação de Júpiter.
a) Determine a altitude desse satélite. (B) Velocidade orbital de Júpiter.
b) Qual é o módulo do campo gravítico a essa altitude? (C) Campo gravítico à «superfície» de Júpiter.
c) Que força atua sobre um corpo de 50 kg aí colocado? (D) Força gravítica exercida sobre Júpiter pelo Sol.

154
2.1 Campo gravítico

14. Procure uma simulação na internet que permita 17. A atmosfera da Lua é tão rarefeita que, se a compa-
visualizar o tipo de trajetórias possíveis de um corpo rarmos com a atmosfera da Terra, podemos conside-
sujeito à gravitação do Sol, consoante a velocidade rar que se trata de vácuo. O gás mais abundante dessa
inicial comunicada ao corpo. Verifique que há traje- atmosfera é o árgon, cuja massa molar é 40 g mol–1
tórias circulares ou elípticas e que, se a velocidade (a constante de Avogadro é 6,02 × 1023 mol–1).
for demasiado elevada, as trajetórias deixarão de A temperatura da Lua oscila consoante a região é, ou
ser fechadas, passando a ser abertas (parábolas ou não, iluminada pelo Sol, mas a face iluminada pode
hipérboles). atingir 400 K. À temperatura T, a energia cinética
média, Ec, m, dos átomos de árgon é, em unidades SI,
dada pela expressão:
2.1.4 Energia potencial gravítica; conservação Ec, m = 2,07 × 10–23 T (T em kelvin)
da energia no campo gravítico
A uma determinada temperatura, nem todos os áto-
15. A energia potencial gravítica de um corpo de massa mos têm a mesma velocidade e os mais rápidos
m sujeito à força gravítica de um planeta de massa podem escapar para o espaço se a sua velocidade for
M depende da distância r entre o corpo e o centro do maior do que a velocidade de escape.
planeta. Qual dos gráficos representa corretamente a Verifica-se que a maioria dos átomos se escapará da
energia potencial gravítica do sistema corpo-planeta, atmosfera de um planeta se a velocidade «média» for
Epg, em função da distância, r? Considere que r é maior maior do que 15% da velocidade de escape.
do que o raio do planeta. A massa da Lua é 7,35 × 1022 kg e o seu raio 1,74 × 106 m.
A C
Tendo em conta a informação anterior, fundamente o
E pg E pg facto de a atmosfera na Lua ser praticamente inexis-
0 0 tente.
r r

18. Represente graficamente, em função da distância do


centro da Terra a um satélite, a energia cinética desse
satélite, em órbita circular, assim como as energias
B D
E pg E pg potencial gravítica e mecânica do sistema satélite-Terra.
0 0
r r 19. No romance de Júlio Verne, «Da Terra à Lua» (1865),
três aventureiros são disparados por um canhão em
direção à Lua. Considere desprezável a resistência do
ar. Determine uma expressão algébrica, em função
da constante de gravitação universal G, da massa da
16. Um corpo, de massa m, a uma determinada distância
Terra, mT, e do seu raio, R T, para o módulo da veloci-
r do centro de um planeta de massa M, fica sujeito ao
→ dade, v0, com que deveriam ser disparados para:
campo gravítico desse planeta, F , e tem uma determi-
nada velocidade de escape, ve. A velocidade de escape, a) atingirem uma altitude igual ao raio da Terra.
ve, não depende de: b) ficarem em órbita a essa altitude.

(A) m (B) r (C) M (D) F c) escaparem da ação do campo gravítico terrestre.

155
2. CAMPOS DE FORÇAS

Questões globais 24. Marte tem dois satélites: Fobos, que se move numa órbita
circular de raio 9377 km e tem um período de 7,66 h,
20. Suponha que o centro de massa da Lua descreve um e Deimos, que tem órbita circular de raio 23 460 km.
movimento circular uniforme em torno da Terra. Nestas Determine o período de Deimos.
condições, pode afirmar-se que:
25. O CoRoT-7b é um exoplaneta rochoso, uma espécie de
(A) O momento linear é constante.
«super-Terra». Estima-se que a sua massa seja cinco
(B) A aceleração e a energia cinética são constantes.
vezes a massa da Terra e que o seu raio seja 60% maior
(C) O campo gravítico é nulo num ponto equidistante do que o raio terrestre. Estabeleça uma relação numé-
dos centros de massa da Terra e da Lua. rica entre:
(D) A energia potencial gravítica do sistema Lua-Terra a) o módulo do campo gravítico na superfície da Terra
é constante. e o módulo do campo gravítico na superfície do
CoRoT-7b.
21. Um projétil é lançado verticalmente da superfície de b) a energia potencial do sistema corpo-Terra e a ener-
um planeta de massa M e raio R com velocidade de gia potencial do sistema corpo-CoRoT-7b quando
GM o mesmo corpo é colocado à superfície de cada
módulo . Determine a distância máxima ao cen-
R planeta.
tro do planeta, em função de R, a que ele subirá. c) o módulo da velocidade de escape na Terra e o
módulo da velocidade de escape no CoRoT-7b.
22. Um corpo orbita a Terra, com movimento circular uni-
forme, a uma altitude igual ao raio da Terra. 26. Um satélite de 750 kg encontra-se, inicialmente, em
órbita circular em torno da Terra (mT = 5,97 × 1024 kg e
a) Que trabalho realiza a força gravítica quando o corpo
RT = 6,37 × 103 km) a uma altitude de 400 km. Devido
descreve uma órbita completa?
às forças de resistência do ar, acaba por cair na Terra
b) Se o corpo passasse a mover-se numa órbita a uma
com velocidade 3,0 km s–1.
altitude três vezes maior, que alteração existiria:
a) Justifique, sem efetuar cálculos, a seguinte afirma-
i) na força gravítica que atuaria sobre ele?
ção:
ii) na sua velocidade orbital? «A energia mecânica inicial do sistema satélite-Terra
iii) no seu período? é negativa.»
iv) na energia potencial gravítica do sistema corpo- b) Determine a energia dissipada durante a queda (con-
-Terra? sidere o satélite uma partícula).

23. Um corpo orbita a uma altitude igual a dois raios ter- 27. Faça uma pesquisa sobre o modo como são lança-
restres. Determine uma expressão algébrica, em fun- dos os satélites.
ção da constante de gravitação universal G, da massa Apresente os resultados à turma, recorrendo às tecno-
da Terra, mT, do seu raio, RT, e da massa do corpo, m : logias de informação e comunicação.
a) para a energia cinética que é necessário fornecer ao
corpo, à superfície da Terra, de modo que ele fique
nessa órbita.
b) para o trabalho realizado pela força gravítica quando
o corpo passa dessa órbita para outra cuja altitude é
apenas um raio terrestre.

156
2.2 CAMPO ELÉTRICO

2.2.1 Interações entre cargas 2.2.4 Energia potencial elétrica.


elétricas e Lei de Coulomb Potencial elétrico
2.2.2 Campo elétrico e superfícies equipotenciais
2.2.3 Condutor em equilíbrio 2.2.5 Condensadores.
eletrostático. Descarga de um condensador
Campo elétrico à superfície num circuito RC
e no interior de um condutor AL 2.1 Campo elétrico e superfícies
em equilíbrio eletrostático. equipotenciais
Efeito das pontas AL 2.2 Construção de um relógio
logarítmico
2. CAMPOS DE FORÇAS

A descrição mais antiga de fenómenos elétricos deve-se ao filósofo grego


Tales, que viveu em Mileto, na atual Turquia, nos séculos VII e VI a.C. Tales ob-
servou que, quando friccionava um pedaço de uma resina fóssil, o âmbar, numa
pele animal, ela atraía pequenos corpos leves como cabelos, tufos de algodão ou
penas (Fig. 1). Hoje observa-se o mesmo fenómeno com objetos de uso corrente,
como um pente ou uma esferográfica: se esfregarmos um destes objetos numa
peça de lã ou de seda, ele atrairá pequenos pedaços de papel ou de esferovite
(Fig. 1).

Sabemos hoje que a carga elétrica de um corpo se deve à troca, com outros
corpos, de partículas de carga negativa, os eletrões, que são partículas funda-
mentais da matéria. A sua descoberta foi feita pelo físico inglês Joseph John
Thomson em 1897. A carga elétrica do eletrão (designada por –e) foi determi-
nada em 1909, numa experiência famosa, pelo físico norte-americano Robert
Millikan (Fig. 2). Millikan mostrou que a carga elétrica de uma pequena gota de
óleo é sempre múltipla do módulo da carga do eletrão, ou seja, a gota de óleo
pode receber ou ceder carga elétrica, mas sempre de forma descontínua.

Fig. 1 Um pedaço de âmbar friccionado


numa pele atrai corpos leves, como
uma pena, tal como um pente previamente
friccionado atrai pequenos pedaços
de papel.

Fig. 2 Robert Millikan e o aparelho


que serviu para realizar a sua experiência
da gota de óleo. Millikan recebeu o Prémio
Nobel da Física em 1923.

Carga elétrica: em módulo é A unidade de carga elétrica no SI é o coulomb (C). A carga de um protão,
um múltiplo da carga elementar, e. simétrica da do eletrão, e = 1,602 × 10–19 C, é a carga elementar.

Ao contrário do eletrão, um protão não é uma «partícula elementar» pois


é constituída por três partículas: os quarks. Os quarks têm cargas fracionárias

u u
d
u
d
冢 1 2

– e, + e mas, até hoje, nunca foram observados isolados. Por isso, a carga
3 3
d livre que existe na natureza, nos objetos carregados, é múltipla da carga ele-
Neutrão mentar. O neutrão também é constituído por três quarks (Fig. 3). A carga do pro-
Protão 2 1
冢 1
冣 2
tão é 2 × e – e = e e a carga do neutrão é 2 × – e + e = 0 (Fig. 3).
3 3 3 3
Fig. 3 Estrutura do protão, com dois
quarks up (u, carga 2 e), e um quark down
A conservação da carga elétrica é um facto experimental. O Princípio da
3 Conservação da Carga Elétrica afirma que a carga elétrica de um sistema iso-
(d, carga – 1 e), e de um neutrão com um
3 lado (soma algébrica das cargas positivas e negativas) é constante. Mas esse
quark up e dois quarks down.
princípio não proíbe a criação de cargas elétricas num sistema isolado: se for
criada uma carga positiva, deverá aparecer no sistema uma carga negativa,
Princípio da Conservação da Carga
Elétrica: a carga elétrica de um sistema
simétrica da primeira. Por exemplo, um fotão (partícula de luz que é neutra) de
isolado (soma de todas as cargas) alta energia pode, em certas condições, criar um par de partículas com cargas
é constante. simétricas, como um eletrão e um antieletrão (ou positrão).

158
2.2 Campo elétrico

2.2.1 Interações entre cargas elétricas


e Lei de Coulomb

No século XVIII estava já confirmada a existência de dois tipos de carga elé-


trica, que viriam a ser designados de positiva e negativa. Sabia-se também que
cargas do mesmo tipo se repeliam e cargas de tipos diferentes se atraíam.

No final desse século, o físico francês Charles Coulomb (Fig. 4) determinou


a dependência da força elétrica entre duas cargas elétricas, consideradas pon-
tuais e em repouso, com os módulos dessas cargas e a distância entre elas.

Utilizando uma balança de torção (Fig. 5), semelhante à que Cavendish usaria
para verificar a Lei da Gravitação Universal, Coulomb mostrou que a intensidade
da força de atração ou de repulsão entre dois pequenos corpos carregados com
cargas q e q’ é proporcional ao módulo dessas cargas e inversamente proporcio-
nal ao quadrado da distância entre elas, r, afirmação que passou a ser conhecida Fig. 4 Charles Coulomb, físico francês
do século XVIII, formulou a lei de interação
por Lei de Coulomb. entre cargas elétricas, que hoje tem
o seu nome.

q r
q’
Fig. 5 Balança de torção de Coulomb
(Museu da Ciência da Universidade
de Coimbra) e respetivo esquema.

Consideremos duas cargas pontuais de sinais opostos, q e q’, a uma distância


r, e as forças elétricas entre elas, que constituem um par ação-reação (Fig. 6).

q F»B/A F»A/B q' Fig. 6 As forças entre duas cargas


A B pontuais, F»A/B e F»B/A , formam um par
e»r r» = re»r
ação-reação.

Se a posição da carga q’, colocada em B, em relação à carga q, colocada em


A, for definida pelo vetor r», a força que q exerce sobre q’ será dada por

qq'
F»A/B = k 2 e»r
r
onde e»r é o vetor unitário que aponta de A para B e k uma constante.

A sua intensidade é dada pela expressão

|q||q'|
FA/B = FB/A = k
r2

159
2. CAMPOS DE FORÇAS

Verifica-se experimentalmente que a constante de proporcionalidade, k,


depende do meio onde se encontram as cargas. No vazio k = 9,0 × 109 N m2 C–2,
sendo no ar aproximadamente igual.
Permitividade elétrica, ε : característica No SI, em vez de k usa-se muitas vezes a permitividade elétrica, ε, uma
do meio; tem o valor mínimo no vazio. característica do meio que é inversamente proporcional a k:
A permitividade elétrica relativa, εr, indica
quantas vezes a permitividade de um meio 1
material é superior à do vazio. k=
4πε
A unidade SI de permitividade elétrica é o farad por metro (F m–1), que é
2 –1 –2
Meio ε/C N m εr / ε0 equivalente a C2 N–1 m–2 (veremos que o farad é a unidade SI da grandeza física
Vácuo 8,8542 × 10–12 1,0000 capacidade). A permitividade elétrica dos meios materiais é sempre superior à
do vazio, que é ε 0 = 8,9 × 10–12 F m–1 . Por isso, a constante na Lei de Coulomb, k,
Ar 8,8595 × 10–12 1,0005
tem nesses meios valores inferiores ao do vazio, o que significa que as mesmas
Polietileno 20 × 10–12 2,26 cargas colocadas à mesma distância, num meio e no vazio, ficam sujeitas a for-
ças mais fracas no primeiro caso.
Etanol (25 oC) 2,2 × 10–10 24,9
Para comparar facilmente as permitividades elétricas de um meio e do vazio,
Água (25 oC) 7,1 × 10–10 80,2
ε
Tab. 1 Permitividade elétrica define-se a permitividade elétrica relativa, εr = ε (Tab. 1).
0
e permitividade elétrica relativa
de alguns meios.
As conclusões anteriores são descritas pela Lei de Coulomb:

Lei de Coulomb
• A intensidade das forças de atração ou de repulsão entre duas cargas elétri-
cas, q e q´, à distância r uma da outra, é dada por

C C
|q||q'|
N F=k
2 –2
r2
Nm C m

É diretamente proporcional aos módulos das cargas (para a mesma distân-


cia) e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas (para as
mesmas cargas).
• A constante de proporcionalidade, k, depende do meio. No vazio (e, aproxima-
damente, no ar) k = 9,0 × 109 N m2 C–2.

A Fig. 7 mostra um dispositivo moderno para medir a força elétrica entre duas
pequenas esferas com cargas simétricas.

Note-se que o átomo existe devido às forças elétricas de atração entre ele-
trões e núcleo. No núcleo, as forças elétricas de repulsão entre protões são muito
intensas, pois a distância média entre eles é muito pequena. Contudo, os núcleos
existem porque, a esta distância da ordem de 10–15 m, estão também presentes as
forças nucleares fortes. Estas são fortemente atrativas, sendo a sua intensidade
muito superior à das forças elétricas de repulsão, o que assegura a coesão nuclear.

Fig. 7 Dispositivo para medir a força Quando comparamos as leis de Coulomb e de Newton, deparamos com
elétrica entre duas pequenas esferas semelhanças entre as duas. A Fig. 8 resume essas semelhanças mas também
com cargas simétricas.
as diferenças entre a Lei de Coulomb e a Lei de Newton da Gravitação Universal.

160
2.2 Campo elétrico

Força gravítica Força elétrica

Tem origem na massa Tem origem na carga elétrica

Diferenças Não depende do meio Depende da permitividade elétrica do meio

É sempre atrativa Pode ser atrativa ou repulsiva

Varia inversamente com o quadrado


Varia inversamente com o quadrado da distância entre as cargas
Semelhanças da distância entre as massas

É diretamente proporcional às massas É diretamente proporcional ao módulo das cargas

As semelhanças entre as duas leis levaram alguns físicos a pensar que a Fig 8 Diferenças e semelhanças entre as
forças gravítica e elétrica.
força gravítica e a força elétrica obedeceriam a um princípio comum, isto é,
podiam ser «unificadas». Faraday estava convencido de que assim era e, por
isso, levou a cabo experiências com vista a gerar eletricidade a partir da queda
de corpos. Não teve êxito. Também Einstein passou muitos anos da sua vida à Teoria unificada: apesar
procura de uma teoria unificada que englobasse a gravitação e o eletromagne- das semelhanças entre as forças elétricas
e gravíticas, Faraday e Einstein tentaram,
tismo. Os seus trabalhos foram inconclusivos. Contudo, eles abriram caminho sem sucesso, construir uma teoria
para que outros continuassem essa busca da unificação. A questão ainda hoje que as unificasse, uma questão ainda hoje
não está resolvida: é um assunto de investigação atual. não resolvida.

Questão resolvida 1

Num átomo de hidrogénio, a distância média entre o protão módulo da carga destas partículas é 1,6 × 10–19 C . Compare
e o eletrão é 5,3 × 10–11 m. As massas do protão e do ele- as forças de atração elétrica e gravítica entre um protão
trão são, respetivamente, 1,7 × 10–27 kg e 9,1 × 10–31 kg e o e um eletrão no átomo de hidrogénio. Que conclusão tira?

Pela Lei da Gravitação Universal, vem: Conclui-se que a força elétrica é


mpme 9,1 × 10–31 × 1,7 × 10–27 8,20 × 10–8
Fg = G 2 = 6,7 × 10–11 = = 2,2 × 1039
r (5,3 × 10–11)2 3,69 x 10–47
= 3,69 × 10–47 N vezes mais intensa do que a força gravítica!
Pela Lei de Coulomb, vem No átomo de hidrogénio (e em todos os átomos), a força
e2 (1,6 × 10–19)2 gravítica é desprezável face à força elétrica, podendo ser
Fe = k 2 = 9,0 × 109 = 8,20 × 10–8 N
r (5,3 × 10–11)2 ignorada quando se estuda a estrutura atómica da matéria.

Questão resolvida 2

A permitividade elétrica da água é cerca de 80 vezes razão o sal de cozinha (NaCl) se dissolve facilmente em
superior à do ar. Com base neste dado, indique por que água.

O sal de cozinha é um composto iónico, isto é, formado a constante k é inversamente proporcional a ε, conclui-se
por iões de cargas contrárias. A coesão dos cristais de que a interação entre iões numa solução aquosa de NaCl é
NaCl deve-se à forte interação elétrica entre os iões posi- cerca de 80 vezes mais fraca do que no ar, o que facilita a
tivos (Na+) e negativos (Cl–). Como a permitividade elé- dissolução dos cristais de NaCl na água.
trica da água, ε, é cerca de 80 vezes superior à do ar, ε0, e

QUESTÕES p. 189

161
2. CAMPOS DE FORÇAS

2.2.2 Campo elétrico

Tal como para a interação gravítica, também é útil interpretar a força elétrica
recorrendo ao conceito de campo. Neste caso falamos de campo elétrico.

Quando colocamos duas cargas elétricas próximas uma da outra, estas exer-
cem forças à distância uma sobre a outra. Tal como definimos o campo gravítico
num ponto dividindo a força gravítica pela massa que colocamos nesse ponto,

F» = , também definimos campo elétrico num ponto dividindo a força elétrica
m
que se exerce sobre uma carga q, colocada nesse ponto, por essa carga (força
por unidade de carga):


E» = q

No SI, o campo elétrico mede-se em volt por metro (V m–1). O newton por
Fig. 9 Uma esfera eletrizada é atraída coulomb (N C–1), força por unidade de carga, é uma unidade SI equivalente.
para uma de duas placas metálicas devido
a um campo elétrico entre elas. Um campo elétrico pode ser identificado pela força elétrica exercida sobre
uma carga colocada num ponto, uma vez que F» = qE» (Fig. 9). Vamos obter uma
expressão para o campo elétrico, supondo a interação entre duas cargas pon-
tuais Q e q, positivas, à distância r uma da outra. A carga Q exerce sobre a carga
q uma força descrita pela Lei de Coulomb

Qq
F» = k 2 e»r
r
onde e»r é o vetor unitário que aponta de Q para q (Fig. 10, à esquerda).

F E
Fig. 10 Força elétrica que a partícula
q q
de carga Q, positiva, exerce sobre a partícula
de carga q, positiva (à esquerda). Campo r r
er er
elétrico, no ponto onde se situa a carga q,
criado pela partícula de carga Q (à direita). Q Q

Qual é o campo elétrico criado por Q no ponto onde está a carga q? Aplicando a

definição de campo elétrico, E» = q , obtém-se (Fig. 10, à direita):

Q
E» = k 2 e»r
r
Esta expressão permite concluir que, se a carga Q for positiva, E» apontará na
direção e sentido de e»r , ou seja da carga para o ponto onde se define o campo. Se
a carga Q for negativa, E» apontará no sentido contrário.

162
2.2 Campo elétrico

Podemos representar graficamente o campo elétrico criado por uma carga


pontual (Fig. 11): os vetores campo elétrico e as linhas de campo elétrico diver-
gem da carga que cria o campo se esta for positiva, e convergem para a carga
se esta for negativa.

Q –Q

Q –Q
Fig. 11 Campos criados por uma carga
pontual positiva e por uma carga pontual
negativa (em cima) e respetivas linhas
de campo elétrico (em baixo).

Caracterizemos, então, o campo elétrico:

Campo elétrico

• É definido num ponto: é a força elétrica por unidade de • Depende da carga que cria o campo, da sua distância ao
» ponto e do meio onde se encontra a carga.
carga E» = F .
冢 冣
q
• É diretamente proporcional a essa carga (no mesmo
• O módulo do campo elétrico criado por uma partícula de ponto) e inversamente proporcional ao quadrado da dis-
tância da carga ao ponto (para uma carga constante), no
carga Q num ponto a uma distância r dessa carga é
mesmo meio.

| |C • Manifesta-se pela força elétrica exercida sobre partícu-


N C–1 E = k Q2 las com carga, q, colocadas no ponto: F» = qE». Os vetores
2 –2
r m F» e E» têm a mesma direção; têm o mesmo sentido se
Nm C
q > 0 e sentidos opostos se q < 0.
E
• O vetor campo elétrico criado por uma partícula de carga
Q aponta para essa carga se Q < 0, ou em sentido contrá-
rio se Q > 0.

• As linhas de campo elétrico divergem das cargas positi-


vas e convergem para as cargas negativas.

163
2. CAMPOS DE FORÇAS

Verifica-se experimentalmente o Princípio da Sobreposição do campo elé-


trico: o campo elétrico criado por várias cargas pontuais (Q1, Q2, …) é a soma
vetorial dos campos criados separadamente por cada uma das cargas indivi-
duais (Fig. 12):

E» = E»1 + E»2 + …

Q2 > 0
E»3

E»1 P E»

E»2

Q1 < 0
Fig. 12 O campo criado pelas cargas
Q1, Q2 e Q3 no ponto P é a soma vetorial
dos campos E»1 , E»2 e E»3 criados
separadamente por cada uma delas.
Q3 > 0

Linhas de campo: divergem sempre A Fig. 13 mostra as linhas de campo criadas por distribuições de cargas pon-
das cargas positivas e convergem sempre tuais. Verifica-se que as linhas divergem sempre das cargas positivas e conver-
para as cargas negativas.
gem sempre para as cargas negativas.

No caso das cargas serem iguais ou simétricas (caso A e B), existe simetria na
disposição das linhas. O sistema de duas cargas pontuais simétricas, a pequena
distância uma da outra, designa-se por dipolo elétrico (caso A da Fig. 13).

+Q
+Q

–Q

+Q

B
+Q

–2Q
Fig. 13 Campo criado por duas cargas
simétricas (A, dipolo elétrico), por duas
cargas iguais positivas (B) e por duas
cargas de sinais contrários e de módulo
diferente (C).
C

164
2.2 Campo elétrico

Questão resolvida 3

A Terra possui um campo elétrico. Caracterize o campo elétrico num ponto


próximo da superfície da Terra onde uma pequena partícula com massa
2,00 g e carga –0,100 mC se mantém em equilíbrio.

A força elétrica, F» , deve equilibrar o peso da partícula.


Logo, F» = –P» = – mg» = –0,00200 × (–10 e»y) = 2 × 10–2 e»y, (N) , onde Oy é um eixo
vertical, dirigido para cima. O campo elétrico no ponto onde está a partícula é:
F» 2 × 10–2 e»y
E» = = = –2 × 102 e»y (N C–1)
q –0,100 × 10–3

Questão resolvida 4

Duas cargas, uma de 3,0 nC e outra de –4,0 nC, são colocadas no ar à dis-
tância de 20 cm uma da outra.
a) Determine o campo elétrico criado no ponto médio, P, do segmento que
as une?
b) Caracterize a força que atuaria num eletrão que se encontrasse no ponto
P. O módulo da carga do eletrão é 1,6 x 10–19 C.

a) A distribuição de cargas está representada na figura. A carga 3,0 nC cria um

campo de módulo E1 = k | 21| e a carga de –4,0 nC cria um campo de módulo


Q
d1
E2 = k | 22| . Neste caso, d1 = d2 = d = 0,10 m. O campo criado no ponto médio
Q
d2
P é E = E»1 + E»2. Como os dois vetores têm o mesmo sentido e direção, aten-
»
k
dendo ao sistema de eixos definido, vem E» = (|Q1|+|Q2|)e»x
d2
9,0 × 109
Substituindo valores, obtemos E» = (3,0 × 10–9 + 4,0 × 10–9)e»x =
3 » 0,102
= 6,3 × 10 e x (N).

E = E1 + E2
y E1
E2
x
P
Q1 = 3,0 nC d1 d2 Q2 = –4,0 nC

b) A força elétrica que atua no eletrão de carga q = –1,6 × 10–19 C colocado no


ponto P onde existe um campo elétrico E» = 6,3 × 103e»x (N C–1) é:
F» = qE» = –1,6 × 10–19 × 6,3 × 103e»x = –1,0 × 10–15e»x (N)
É exercida sobre o eletrão uma força de 1,0 × 10–15 N na direção do eixo dos
xx e no sentido negativo deste eixo (a força elétrica tem sentido oposto ao
campo, visto o eletrão ter carga negativa): esta força resulta do campo que
as cargas Q1 e Q2 criam no ponto P.

165
2. CAMPOS DE FORÇAS

O campo elétrico pode ser uniforme numa dada região do espaço: neste
caso, tem o mesmo módulo, direção e sentido em todos os pontos.

Para criar um campo uniforme basta eletrizar duas placas metálicas com
cargas +Q e –Q (distribuídas uniformemente na respetiva placa) e aproximá-
-las uma da outra, paralelamente, de tal modo que a separação entre elas seja
pequena comparada com o seu comprimento e largura. Este dispositivo chama-
-se condensador (Fig. 14).

+Q

Fig. 14 Campo elétrico uniforme entre


as placas de um condensador. –Q

Experiência da gota de óleo: foi A experiência de Millikan, já antes referida – experiência da gota de óleo –,
realizada por Millikan, permitindo-lhe consistiu em pulverizar gotas de óleo, de densidade conhecida ρóleo, que entra-
concluir que a carga elétrica de cada gota
vam através de um orifício numa região de campo elétrico uniforme, de módulo
era um múltiplo do módulo da carga
do eletrão. E, criado por placas planas e paralelas (Fig. 15). Um feixe de raios X ionizava as
gotas, eletrizando-as positivamente com carga q. Era possível criar um campo
elétrico tal que a força elétrica sobre uma gota equilibrava o seu peso, a força
de impulsão exercida pelo ar, de densidade ρar, e a força de resistência do ar
ao movimento. A partir das velocidades das gotas, Millikan mediu as respetivas
cargas. Fez centenas de medições e chegou à conclusão de que as cargas q
medidas eram múltiplas do módulo da carga do eletrão.

Fig. 15 Esquema da experiência Pulverizador


de Millikan.

+
Isolador
Raios X
Microscópio

Saída de ar

As forças elétricas são importantes no dia a dia. A tecnologia de impressão


nas fotocopiadoras e nas impressoras laser e de jato de tinta tira partido das
forças elétricas.

O mesmo ocorre nos precipitadores eletrostáticos usados em chaminés


industriais. O fumo, antes de sair para o exterior, passa por um condensador
(fio central envolto por uma armadura cilíndrica) onde existe um campo elé-
Entrada de ar trico muito forte (Fig. 16). As poeiras, embora eletricamente neutras, polarizam-
Poeiras -se quando passam no condensador e são atraídas (tal como os papelinhos são
Fig. 16 Esquema de precipitador
atraídos por um pente eletrizado) e recolhidas. Por este processo podem reco-
eletrostático usado em fábricas para lher-se, numa só fábrica, toneladas de metais e outros resíduos que, de outra
diminuir a poluição.
forma, contribuiriam para a poluição atmosférica.
QUESTÕES p. 190

166
2.2 Campo elétrico

2.2.3 Condutor em equilíbrio eletrostático.


Campo elétrico à superfície e no
interior de um condutor em equilíbrio
eletrostático. Efeito das pontas

Suponhamos que carregamos negativamente um condutor. Podemos, por


exemplo, friccionar em lã uma barra de ebonite (material produzido a partir da
borracha) e tocar com a barra no condutor: um certo número de eletrões é trans-
ferido da ebonite para o condutor, o qual fica carregado negativamente.

Os eletrões em excesso desse condutor tendem a ficar o mais afastados uns


dos outros de modo a minimizar as repulsões entre eles. Por isso, eles distri-
buem-se na superfície exterior do condutor, cessando depois o seu movimento,
alcançando o que se designa por equilíbrio eletrostático.

Num condutor em equilíbrio eletrostático, a carga em excesso (qualquer que


seja o seu sinal) distribui-se na superfície exterior do condutor (Fig. 17).

Podemos verificar experimentalmente esta conclusão. Suponhamos que


temos uma taça metálica carregada negativamente como a da Fig. 18: se tocar-
–– ––
mos com uma esfera metálica (ligada a um cabo isolador) no exterior da taça, – –– –

alguns eletrões passarão da taça para a esfera, ficando esta eletrizada tam- –– –
– –
bém negativamente. Se, em seguida, aproximarmos a esfera de um eletroscópio – –
– –
(Fig. 18, à direita), sem lhe tocar, os eletrões da esfera repelirão os eletrões do –
–– –
botão metálico do eletroscópio, e estes deslocar-se-ão para as suas folhas na ––– – ––
parte inferior. Como essas folhas ficam com excesso de eletrões, repelem-se, – – – –
Fig. 17 Condutores em equilíbrio
afastando-se uma da outra. Embora globalmente a carga total do metal do ele- eletrostático: o excesso de carga elétrica
troscópio seja nula, houve uma redistribuição das cargas. Diz-se que o eletros- distribui-se na superfície exterior
do condutor, ficando em repouso.
cópio sofreu influência elétrica.

Mas se a esfera tocar na face interna da taça e, de seguida, se aproximar do


eletroscópio, já não se observará o afastamento das suas folhas (Fig. 19). Das
duas experiências conclui-se que só a face externa da taça estava eletrizada.

– – – –
– ++
– – – –– + –
– – – –
– – – –
– – – –
– – – –
– – – – –


–– ––

Fig. 18 Taça em equilíbrio eletrostático: a carga em excesso está Fig. 19 A superfície interior da taça não está eletrizada, pelo
distribuída na superfície externa. Uma esfera metálica que toque que uma esfera metálica que toque nessa superfície não fica
nessa superfície fica eletrizada. eletrizada.

167
2. CAMPOS DE FORÇAS

Como é o campo elétrico nos condutores em equilíbrio eletrostático?

Se colocarmos uma carga no interior de um condutor, ela deslocar-se-á para


a superfície, a fim de minimizar a repulsão. Essa redistribuição de cargas demora
um pouco e, durante esse curto intervalo de tempo, o campo elétrico no interior
E» = 0»
do condutor não é nulo. Porém, após se alcançar o equilíbrio eletrostático, o
campo elétrico no interior do condutor anula-se (Fig. 20). Se assim não fosse, o
campo elétrico obrigaria os eletrões do condutor a moverem-se e o condutor não
estaria em equilíbrio eletrostático!
– – –– ––
– –– –
– – O campo elétrico é perpendicular à superfície de um condutor em equilíbrio
– –
– eletrostático em qualquer ponto (Fig. 21 – A) e, consequentemente, também as
– E» = 0» –
– linhas de campo (Fig. 21 – B). Se assim não fosse, existiria uma componente do

–– – campo elétrico tangencial à superfície do condutor: os eletrões do condutor
––– – ––
– – – – mover-se-iam e ele deixaria de estar em equilíbrio! Mesmo que a superfície do
Fig. 20 O campo elétrico é nulo no interior condutor tenha uma forma irregular, ou que o condutor apresente uma cavidade
de um condutor em equilíbrio eletrostático.
(Fig. 21 – C), o campo elétrico no interior continua a ser nulo.


90o
90o 90o

90o 90o E» = 0»
Fig. 21 Condutor em equilíbrio E» = 0»
E» = 0» 90o
eletrostático: o campo elétrico é
perpendicular à superfície (A), assim como
as linhas de campo (B). Num condutor com 90o 90o
cavidade, estas propriedades mantêm-se (C).
A B C

Podemos, então, resumir as propriedades de um condutor em equilíbrio


eletrostático:

Condutor em equilíbrio eletrostático

Qualquer que seja o condutor, maciço ou oco, e a sua forma:


• a carga elétrica em excesso distribui-se na superfície externa do condutor,
de forma a minimizar a repulsão elétrica;
• não há movimento orientado de cargas;
• no interior do condutor o campo elétrico é nulo;
• o campo elétrico é perpendicular à superfície exterior do condutor em cada
ponto.

Se for depositada uma carga elétrica numa superfície interna de um condutor


eletrostático, essa carga transferir-se-á totalmente para a superfície exterior,
quer esta já esteja ou não eletrizada.

Esta propriedade é usada na construção do gerador de Van de Graaff. Este


gerador, existente em alguns laboratórios escolares, permite demonstrações
espetaculares. Por exemplo, uma pessoa que toque na sua cúpula quando ele
Fig. 22 Os cabelos orientam-se segundo está ligado, ficará eletrizada: os seus cabelos ficarão «em pé» segundo a direção
as linhas de campo elétrico.
das linhas de campo elétrico (Fig. 22).

168
2.2 Campo elétrico

+ + +
+ +
No gerador de Van de Graaff (Fig. 23), uma correia de + +
material isolante é colocada em movimento quando, +
+ +
por exemplo, se gira uma manivela. No seu movimento, +
+ +
+ + +
por frição com outros materiais, a correia adquire car- + +
gas elétricas que transporta até uma esfera condutora +
(a cúpula do aparelho), transferindo as cargas para a +
superfície exterior da esfera condutora. Deste modo,
pode acumular-se muita carga elétrica na cúpula do
gerador.

O facto de o campo elétrico ser nulo no interior de Fig. 23 Modelo de gerador de Van de Graaff e esquema de funcionamento.
um condutor em equilíbrio eletrostático foi demons-
trado por Faraday: ele construiu uma «gaiola» com rede
Fig. 24 No interior da gaiola o campo
metálica, colocada sobre suportes isolantes; colocou-se elétrico é nulo.
dentro da gaiola, que a seguir foi eletrizada, e nada lhe
aconteceu, pois dentro da gaiola o campo elétrico era
nulo! A gaiola ficou conhecida por gaiola de Faraday.

Pode verificar-se experimentalmente que o campo


elétrico no interior de uma gaiola é nulo (Fig 24): enrola-
-se uma rede metálica dando-lhe a forma cilíndrica e
coloca-se sobre uma superfície isoladora. Prendem-se
pequenos fios com bolas de esferovite no interior e no
exterior da rede. Liga-se a rede a um gerador de Van de
Graaff, eletrizando-a. Observa-se que os pêndulos colo-
cados no exterior são repelidos pela rede, pois ficam
eletrizados com carga do mesmo sinal. Os pêndulos
colocados na parte interior permanecem imóveis, pois
aí o campo elétrico é nulo, não ocorrendo eletrização.

Alguns dispositivos tiram partido desta propriedade,


a qual explica também alguns fenómenos elétricos
(Fig. 25). Por exemplo, quando há uma descarga elétrica
na atmosfera, o interior dos veículos e dos aviões está
protegido, pois aí o campo elétrico é nulo: as suas estru-
turas metálicas constituem gaiolas de Faraday. Pelo
mesmo motivo, o rádio de um automóvel funciona mal
sem uma antena exterior.

Também se protegem aparelhos de campos elétri-


cos envolvendo-os por uma capa metálica (por exemplo,
uma folha de alumínio) ou colocando-os no interior de
uma rede metálica. Esta proteção constitui uma blinda-
gem eletrostática. Um exemplo são os cabos coaxiais
usados nas transmissões de sinais (antenas, ligações
de áudio e de redes de computadores, etc.): uma rede Fig. 25 Réplica da experiência de Faraday, avião sob descarga elétrica
metálica protege o condutor interior da ação de campos e rede metálica num cabo coaxial: no interior das «gaiolas» o campo
elétrico é nulo.
elétricos (Fig. 25).

169
2. CAMPOS DE FORÇAS

E» A distribuição de carga à superfície de um condutor em equilíbrio eletrostá-


E» tico não é, em geral, uniforme. A carga tende a aglomerar-se nas regiões mais
pontiagudas do condutor, havendo aí mais carga por unidade de área.
E» Se um corpo possuir extremidades muito afiadas, o campo elétrico será aí

muito intenso (Fig. 26), podendo até provocar uma descarga elétrica. Chama-se


a este fenómeno o efeito das pontas ou o poder das pontas.
E» O efeito das pontas explica por que razão o ar seco, que é isolador, se torna
E» E»
condutor para campos elétricos superiores a cerca de 3 × 106 N C–1 (chamado
Fig. 26 A carga tende a acumular-se
campo de disrupção elétrica do ar). Campos elétricos de valor superior ionizam
nas regiões onde a superfície é mais
pontiaguda, sendo aí o campo elétrico as moléculas do ar, sendo os eletrões e iões fortemente acelerados pelas forças
mais intenso. elétricas. No seu trajeto ionizam mais átomos e moléculas do ar. É este processo
em cadeia que provoca uma descarga elétrica, normalmente acompanhada de
Efeito das pontas: a carga tende emissão de luz e de um estampido seco.
a acumular-se nas regiões pontiagudas
de um condutor em equilíbrio eletrostático, O efeito das pontas dos condutores tem uma aplicação muito prática: os para-
sendo aí mais intenso o campo elétrico. -raios, que protegem os edifícios das descargas elétricas quando há trovoadas.

As trovoadas resultam da acumulação de carga elétrica nas nuvens. A des-


carga elétrica ocorre quando o campo elétrico na região entre duas nuvens, ou
entre uma nuvem e a terra, excede o campo de disrupção elétrica do ar, dando-
-se preferencialmente onde o campo elétrico for mais intenso.

Um para-raios é uma haste metálica ligada à terra que se coloca por cima de
edifícios com o objetivo de os proteger das descargas elétricas. Se a nuvem esti-
ver carregada com um certo tipo de carga, positiva, por exemplo, ela atrairá car-
gas de sinal contrário nos objetos que estiverem próximos. Estas cargas induzi-
das pela nuvem carregada têm, portanto, sinal contrário ao da nuvem. Quando
há uma trovoada, as cargas induzidas na ponta do para-raios estão em elevada
concentração, pois a sua ponta é afiada. Deste modo, graças ao intenso campo
elétrico então criado, os raios são atraídos para a ponta do para-raios. A des-
Fig. 27 Para-raios e descarga elétrica carga faz-se, então, sem qualquer dano no edifício, através de um cabo metálico
na atmosfera.
ligado à terra (Fig. 27).

Atividade 1

Uma rede metálica constitui uma blindagem a campos telemóvel e verifique se o sinal chega ao telemóvel. Repita
elétricos e a ondas eletromagnéticas de comprimen- a experiência envolvendo o telemóvel com redes metáli-
tos de onda superiores aos orifícios da rede. Envolva um cas com malhas mais ou menos fechadas. Interprete o que
telemóvel com folha de alumínio da cozinha; ligue para o observa em cada caso.

Atividade 2

Observe o torniquete elétrico da figura. Quando colocado numa zona onde o campo
elétrico é intenso (por exemplo, ligando-se a haste do torniquete a um dos terminais
de um gerador de Van de Graaff), ele roda. Procure explicar o seu funcionamento.

QUESTÕES p. 191

170
2.2 Campo elétrico

2.2.4 Energia potencial elétrica.


Potencial elétrico e superfícies
equipotenciais

O campo elétrico, tal como o campo gravítico, é um campo conservativo: o Campo elétrico: é conservativo (a força
trabalho realizado pela força elétrica no transporte de uma partícula carregada elétrica é conservativa).
entre dois pontos, situados numa região onde existe um campo elétrico, não
depende da trajetória (Fig. 28) mas apenas das posições inicial e final.

Por isso, podemos definir uma energia potencial elétrica, que resulta da
interação dessa carga com a carga ou cargas que criam o campo. A
O trabalho realizado pela força elétrica no transporte de uma partícula carre-
B
gada num percurso qualquer entre dois pontos é simétrico da variação da ener-
gia potencial elétrica entre esses pontos:
Fig. 28 O trabalho realizado pela força
W = – ΔEp elétrica que atua sobre uma partícula com
carga, quando esta se desloca de A para B,
Ou seja, a diferença de energia potencial Ep(A) – Ep(B) = – ΔEp é igual ao trabalho é sempre o mesmo, qualquer que seja
a trajetória.
da força elétrica quando a carga é transportada de A para B:

Ep(A) – Ep(B) = W A→B

Então, a energia potencial elétrica no ponto A é:

Ep(A) = Ep(B) + W A→B

Tal como no campo gravítico, costuma tomar-se para zero da energia poten-
cial elétrica um ponto no infinito: Ep(∞) = 0. Por convenção, a energia potencial
de uma carga q, colocada num ponto A, é igual ao trabalho realizado pela força
elétrica no transporte dessa carga do ponto A para o infinito (ponto B), qualquer
que seja a trajetória (Fig. 29), ou seja:

Ep(A) = W A→ ∞

Consideremos uma carga pontual Q e o campo elétrico E» por ela criado, e


uma carga pontual, q, à distância r da primeira (Fig. 29). Chama-se à carga q car-
ga de prova, porque ela experimenta o campo: a carga sofre uma força elétrica,
provando que o campo existe.

Para determinar a energia potencial elétrica associada à interação entre B


estas duas cargas, teríamos de calcular o trabalho realizado pela força elétrica
quando a carga q se desloca para o infinito. O resultado é: E»
q
Qq A
Ep = k
r
Mm r
A expressão é semelhante à da energia potencial gravítica, Epg = –G . Q
r
Nos dois casos, a energia potencial é inversamente proporcional à distância Fig. 29 Uma carga q colocada em A tem
entre as partículas. Só há que trocar a constante G por k, e as massas M e m uma energia potencial elétrica resultante
da interação com a carga Q que cria
pelas cargas Q e q. Mas, enquanto a energia potencial gravítica é sempre negativa o campo. Essa energia é igual ao trabalho
porque a interação gravítica é sempre atrativa, a energia potencial elétrica pode realizado pela força elétrica no transporte
da carga q de A até ao infinito.
ser negativa ou positiva já que a interação elétrica pode ser atrativa ou repulsiva.

171
2. CAMPOS DE FORÇAS

Podemos, pois, caracterizar esta grandeza:

Energia potencial elétrica


Resulta da interação de uma carga com as cargas que criam o campo elétrico.
Energia potencial elétrica de um sistema de duas cargas, Q e q, à distância r :

Qq
Ep= k
r

EP EP
r

r r
Q>0 q>0 Q>0 q<0

r r
Q<0 q<0 Q<0 q>0

Cargas do mesmo sinal: Ep > 0 Cargas de sinais contrários: Ep < 0


(Ep diminui quando r aumenta) (Ep aumenta quando r aumenta)

Se dividirmos a energia potencial elétrica, Ep, associada a uma partícula de


carga q num campo elétrico, pela carga, obtemos o potencial elétrico no ponto
onde se localiza essa carga q:

Ep
V= q

A unidade SI de potencial elétrico é o volt (V), nome que homenageia o físico


italiano Alessandro Volta (Fig. 30). Esta unidade é equivalente ao joule por cou-
lomb (1 V = 1 J C–1).

Pode deduzir-se a expressão do potencial num ponto associado ao campo


produzido por uma só carga pontual, Q. Partindo da definição de potencial,
Ep Qq
V= , e da expressão da energia potencial elétrica, Ep = k (r é a distância
q r
do ponto à carga Q que cria o campo), obtém-se
Fig. 30 Alessandro Volta, físico italiano
dos séculos XVIII e XIX que construiu Q
a primeira pilha elétrica. V =k r

172
2.2 Campo elétrico

O potencial não depende da carga q mas da carga Q que cria o campo. É o


sinal da carga Q que determina se o potencial é positivo ou negativo. O potencial
elétrico é uma grandeza escalar relacionada com o campo elétrico, que é uma
grandeza vetorial. Ambas se definem num ponto e não dependem da carga aí
colocada. O potencial elétrico criado por uma distribuição de cargas é a soma
dos potenciais criados individualmente por cada uma delas:
V = V1 + V2 + …

Podemos resumir as características desta grandeza:

Potencial elétrico
Define-se num ponto: é uma energia potencial elétrica por unidade de carga
E
(V = p ). Exprime-se em volt (V) no SI.
q

Potencial elétrico criado por uma Potencial elétrico criado por uma
carga pontual Q, num ponto à distân- distribuição de cargas pontuais:
cia r :

V=k Q
V = V1 + V2 + … ⇒

r Q1 Q
⇒V=k +k 2 +…
r1 r2
V > 0 se Q > 0 V < 0 se Q < 0

Questão resolvida 5

Quatro partículas com igual carga, de 0,10 μC, estão colo- Determine o potencial elétrico e o campo elétrico no cen-
cadas nos vértices de um quadrado de 5,0 cm de lado. tro do quadrado.

O potencial elétrico é a soma dos potenciais criados por uma delas ao centro do quadrado é a mesma, o módulo
cada uma das cargas: V = V1 + V2 + … Como as cargas são Q
dos vários vetores campo são iguais a E = k r . Por isso,
todas iguais e estão a igual distância do centro, então:
Q Q Q Q Q o campo elétrico no centro do quadrado é nulo, E» = 0 »,
V = k + k + k + k = 4k embora o potencial não o seja!
r r r r r
ᐉ2 + ᐉ2 2ᐉ Q3 Q4
Mas r = = , sendo ᐉ o lado do quadrado. Logo,
2 2
Q 0,10 × 10–6 E»1
V = 8k = 8 × 9,0 × 109 × = 1,0 × 105 V
2ᐉ 2 × 0,050 E»2
O campo elétrico é a soma dos campos criados pelas várias x
y E»4
cargas. Considerando o referencial da figura, vem: E»3
E» = E1 e»y + E2 e»x – E3 e»y – E4 e»x
Mas como as cargas são iguais e a distância de cada Q2 Q1

Pode exprimir-se o trabalho realizado pela força elétrica no transporte de


uma carga q de um ponto A para um ponto B através dos potenciais dos respe-
tivos pontos. Vimos que:

W A→B = –ΔEp = –[Ep(B) – Ep (A)] = Ep (A) – Ep(B)

173
2. CAMPOS DE FORÇAS

Ep (A) Ep (B)
Como os potenciais em A e B são VA = e VB = , respetivamente,
q q
vem:
W A→B = q(V A – V B)

Os campos elétrico e gravítico são campos vetoriais: são caracterizados


por uma grandeza vetorial definida num ponto cujas características podem ser
representadas pelas linhas de campo. Mas a cada ponto também se pode asso-
ciar uma grandeza escalar: o potencial elétrico para o campo elétrico e o poten-
cial gravítico para o campo gravítico.

Para representar o potencial elétrico usam-se as superfícies equipoten-


ciais, formadas pelos pontos de igual potencial. Na Fig. 31 representam-se
linhas azuis (a tracejado) que resultam da interseção das superfícies equipoten-
ciais no espaço tridimensional com o plano do papel – são curvas equipotenciais
(são linhas semelhantes às linhas isobáricas que unem pontos de igual pressão).

Fig 31 Curvas equipotenciais (a azul)


e linhas de campo elétrico (a vermelho)
num campo criado por uma carga pontual
(à esquerda) e por um dipolo elétrico
(à direita).

Na Fig. 32 visualizam-se as curvas equipotenciais do campo elétrico criado por


uma carga positiva e por uma carga negativa e as respetivas linhas de campo.
Verifica-se que as linhas de campo são, em cada ponto, perpendiculares às
linhas equipotenciais e, em qualquer caso, apontam no sentido dos potenciais
decrescentes (dos potenciais maiores para os potenciais menores).

1V –1 V

2V –2 V
3V –3 V
4V –4 V
5V –5
5V

Fig 32 As linhas de campo apontam


no sentido dos potenciais decrescentes
e são perpendiculares, em cada ponto,
às linhas equipotenciais.

Note-se que, se A e B forem dois pontos quaisquer de uma superfície equi-


potencial, como VA = VB, o trabalho da força elétrica no transporte de uma
carga q sobre essa superfície, ao longo de qualquer trajetória entre A e B, será
nulo: WA→B = q(VA – VB) = 0. Como o trabalho só é nulo quando a força é perpendi-
cular ao deslocamento, e como a força elétrica tem a direção do campo elétrico,
o campo terá de ser perpendicular, em cada ponto, à superfície equipotencial.

174
2.2 Campo elétrico

Podemos resumir as características das superfícies equipotenciais:

Superfícies equipotenciais num campo elétrico

• São formadas por pontos de igual potencial elétrico.


• São perpendiculares, em cada ponto, às linhas de campo elétrico.
• As linhas de campo elétrico apontam no sentido dos potenciais
decrescentes.
• O trabalho realizado pela força elétrica no transporte de uma carga elétrica
sobre uma superfície equipotencial é nulo.

No quadro da Fig. 33 faz-se um resumo das grandezas vetoriais e escalares


definidas para o campo elétrico.

Campo elétrico

Grandezas vetoriais Grandezas escalares

Força elétrica, F», entre duas cargas pontuais, Energia potencial elétrica, Ep, de duas cargas pontuais:
|Q||q| Qq
em módulo: F = k 2 Ep = k
r r

Campo elétrico, E», criado por uma carga pon- Potencial elétrico, V, criado por uma carga pontual Q
tual Q (define-se num ponto), (define-se num ponto):
|Q| Q
em módulo: E = k V=k
r2 r

Campo elétrico, E», criado por uma distribuição Potencial elétrico, V, criado por uma distribuição de
de cargas pontuais Q1, Q2, Q3, … cargas pontuais Q1, Q2, Q3, …
E» = E»1 + E»2 + E»3 + … V = V1 + V2 + V3 + …

Força elétrica, F», exercida na carga q, e campo Energia potencial elétrica, Ep, associada à carga q, e
elétrico, E», no ponto onde está essa carga: potencial elétrico, V, no ponto onde está essa carga:
F» = q E» Ep = q V

Trabalho da força elétrica no transporte de uma carga q Fig. 33 Grandezas


vetoriais e escalares
de um ponto A para um ponto B: definidas para o campo
WA→B = q (VA – VB) elétrico.

Atividade 3

As contrações do músculo cardíaco, que A figura mostra curvas equipotenciais (em


bombeia o sangue, são devidas a impul- mV) num dado instante no peito de uma
sos elétricos periódicos. Colocando elé- pessoa, devidas à atividade elétrica do
trodos no peito registam-se pequenas coração. Faça uma pesquisa em grupo
diferenças de potencial na região toráci- sobre esta técnica (chamada eletrocardio- 0
ca devidas à atividade elétrica do coração. grafia) e apresente-a à turma.
0,5 mV

175
2. CAMPOS DE FORÇAS

Apliquemos os conceitos anteriores ao estudo do campo elétrico uniforme.


A Fig. 34 mostra as linhas de campo e as curvas equipotenciais num campo uni-
forme criado por duas placas condutoras.

Fig. 34 Linhas de campo e linhas – – – – – – – – – – –


equipotenciais entre duas placas
condutoras muito próximas, com
cargas de sinal contrário. O campo
é aproximadamente uniforme, exceto + + + + + + + + + + +
junto às bordas.

Determinemos o trabalho da força elétrica no transporte de uma carga pon-


tual e positiva q que se desloca entre dois pontos A e B nesse campo (Fig. 35).

Como o campo elétrico é conservativo, o trabalho é independente da traje-


tória escolhida: podemos deslocar a partícula de A para C, segundo uma linha
equipotencial, e depois de C para B, segundo uma linha de campo. O trabalho de
B
A para C é nulo (linha equipotencial): WA→C = 0. Então vem:

WA→B = WA→C + WC→B


d
WA→B = 0 + Fd cos 0o = q E d

Mas o trabalho da força elétrica também é dado pela expressão:


A C
WA→B = q (VA – VB)
Fig. 35 O trabalho realizado pela força Logo,
elétrica no transporte de uma partícula
carregada entre dois pontos, A e B, VA – VB
q Ed = q (VA – VB) ⇒ E =
é independente da trajetória (o campo d
é conservativo).
Designando por U o módulo da diferença de potencial, |VA – VB| = U e sendo
d a distância entre as linhas equipotenciais em que se situam os pontos A e B, a
expressão anterior pode escrever-se como:

U
E=
d
A expressão generaliza-se para qualquer campo elétrico: o módulo do campo

elétrico é dado por E =



ΔV
Δx
, sendo Δ x uma pequena distância segundo uma
linha de campo a que corresponde a diferença de potencial ΔV. Esta expressão
AL 2.1 p. 185
justifica a unidade SI de campo elétrico: volt por metro (V m–1).

A Atividade Laboratorial 2.1, «Campo elétrico e superfícies equipotenciais»,


permitirá determinar as características de um campo elétrico uniforme.

176
2.2 Campo elétrico

Quando uma partícula com carga se move num campo elétrico fica sujeita ao + –
seu peso e à força elétrica, que são ambas forças conservativas. Se não atuarem
+ –
mais forças ou atuarem forças não conservativas mas que não realizem traba-
lho, haverá conservação da energia mecânica no movimento. + –

No movimento de um eletrão podemos desprezar o seu peso. Por exemplo, + –

se um eletrão estiver num campo elétrico uniforme criado por um par de placas + –
carregadas ficará sujeito apenas à força elétrica. Se a diferença de potencial
+ –
entre as placas for 1 V e o eletrão sair da placa negativa, a 0 V, ele será acelerado
até à placa positiva para onde é atraído pela força elétrica. Que energia cinética + –

adquire ao chegar à placa positiva, cujo potencial é 1 V (Fig. 36)? +1 V 0V


Fig. 36 Um eletrão acelerado por
Aplicando o Princípio da Conservação da Energia entre as posições inicial (i) uma diferença de potencial de 1 V
adquire uma energia de um eletrão-volt.
e final (f) do eletrão, vem:
Eci + Epi = Ecf + Epf

Como parte do repouso, tem-se:


E cf = E pi – E pf

Sendo e o módulo da carga do eletrão e como Ep = qV , a expressão anterior Eletrão-volt (eV): unidade de energia;
pode escrever-se: 1 eV é a energia adquirida por um eletrão
quando acelerado por uma diferença de
Ecf = Epi – Epf = –e(Vi – Vf) = – 1,6 × 10–19 (0 – 1) = 1,6 × 10–19 J potencial de 1 V;
1 eV = 1,6 × 10–19 J.
A esta energia dá-se o nome de eletrão-volt (eV): 1 eV = 1,6 × 10–19 J.

Os movimentos de eletrões em campos elétricos são comuns nos tubos de


raios catódicos, conhecidos por CRT – cathode ray tube (Fig. 37), existentes em
modelos antigos de televisão e osciloscópios. Os raios catódicos são feixes de
eletrões emitidos por um cátodo (daí o nome «catódicos»), sendo atraídos para
um ânodo, acelerados pela diferença de potencial entre o ânodo e o cátodo.

Numa televisor antigo, um feixe de eletrões é produzido num filamento de


tungsténio aquecido (o cátodo), sendo depois acelerado por uma diferença de
potencial da ordem de 10 keV (10 000 eV). Em seguida, o feixe de eletrões é
defletido nas direções horizontal e vertical por ação de campos elétricos pro-
duzidos por um par de placas paralelas vertical e outro par horizontal ou, em
alternativa, por campos magnéticos produzidos por dois pares de bobinas. Este
processo ocorre no «canhão de eletrões» do tubo (Fig. 38). O feixe de eletrões Fig. 37 Tubo de raios catódicos: o ar
é rarefeito no seu interior e um metal
acaba por colidir com um ecrã fluorescente do tubo produzindo nele um ponto aquecido (cátodo) emite eletrões que são
luminoso. É o varrimento do feixe de eletrões nesse ecrã que origina a imagem. acelerados, produzindo pontos luminosos
ao bater num ecrã florescente.
Por exemplo, num ecrã de 100 Hz o varrimento faz-se 100 vezes por segundo, o
que origina melhor imagem do que num ecrã de 60 Hz.

Canhão de eletrões Canhão de eletrões Fig. 38 Canhão de eletrões


de um tubo de raios catódicos:
o feixe de eletrões emitido
por um filamento aquecido
Placas de é acelerado
acel por uma diferença
varimento de potencial
pot e defletido por
Filamento campos
camp elétricos.
Cátodo

1.o ânodo
2.o ânodo

177
2. CAMPOS DE FORÇAS

Questão resolvida 6

Entre as placas de um condensador, que estão a uma dis- a) Um eletrão parte do repouso da placa negativa.
tância de 1,00 cm uma da outra, aplica-se uma diferença Qual é a intensidade do campo elétrico aplicado?
de potencial de 2,5 × 103 V . Que tipo de trajetória descreve?
O módulo da carga do eletrão é e = 1,6 × 10–19 C e a sua Com que velocidade chega à outra placa?
massa é me = 9,1 × 10–31 kg. b) Um eletrão é lançado paralelamente às placas com
velocidade de módulo v = 1,2 × 107 m s–1.
Que tipo de trajetória descreve o eletrão?
A que distância se aproxima da placa positiva, após ter
percorrido 5,0 mm na direção paralela às placas?

a) O módulo do campo é dado por b) Usando o referencial da figura e a Segunda Lei de Newton
vem:
U 2,5 × 103
E= = = 2,5 × 105 V m–1 –F –eE
d 1,00 × 10–2 ax = 0 e ay = =
m me
vx = v e vy = 0
Como o eletrão parte do repouso e é atraído para a placa
positiva pela força elétrica, que é constante, tem movi- y
mento retilíneo uniformemente acelerado. Como o campo
é conservativo –

1
E pe i = mev2 + E pe f v» x
2

ou +

1 1
qVi = mev2 + qVf ⇔ q(Vi – Vf) = mev2 As equações do movimento são:
2 2
x = vt (movimento uniforme)
1
Como q = –e, vem –e(Vi – Vf) = mev2 , ou seja: eE 2
2 y=– t (movimento uniformemente variado)
2me
2e(Vf – Vi) A trajetória é parabólica.
v=
me Substituindo os valores e = 1,6 × 10–19 C, me = 9,1 × 10–31 kg,
E = 2,5 × 105 V m–1, v = 1,2 × 107 m s–1 e x = 5,0 × 10–3 m
Como Vf – Vi = 2,5 × 10 V, vem
3
obtém-se:

⎧ x = 1,2 × 10 t
7
2 × 1,6 × 10–19 × 2,5 × 103 ⎪
v= = 3,0 × 10 m s
7 –1 ⇒
9,1 × 10–31 ⎨ 1,6 × 10–19 × 2,5 × 105 2
⎪y=– t
⎩ 9,1 × 10–31
(10% da velocidade da luz!).
⎧ 5,0 × 10–3 = 1,2 × 107 t
⇒⎨ ⇒
⎩ y = –4,40 × 1016 t2

⎧ t = 4,17 × 10–10 s
⇒⎨ ⇒
⎩ y = –4,40 × 1016 × (4,17 × 10–10)2 m

⎧ _____
⇒⎨
⎩ y = –7,7 × 10–3 m

Portanto, o eletrão aproxima-se 7,7 mm da placa positiva.

QUESTÕES p. 192

178
2.2 Campo elétrico

2.2.5 Condensadores. Descarga


de um condensador num circuito RC

Num condutor em equilíbrio eletrostático o campo elétrico é perpendicular à


sua superfície exterior. Se deslocarmos uma carga sobre essa superfície, como
a força elétrica tem a direção do campo elétrico, o trabalho da força elétrica no
deslocamento dessa carga será nulo (a força é perpendicular à superfície em
cada ponto da trajetória).

Sejam dois pontos A e B dessa superfície. Podemos então escrever

W A→B = q(VA – VB) = 0 ⇒ VA = VB

Conclui-se que os pontos da superfície de um condutor em equilíbrio Condutor em equilíbrio eletrostático:


eletrostático estão ao mesmo potencial elétrico, ou seja, a superfície do condu- a superfície exterior do condutor
tor é equipotencial. é equipotencial. Todos os pontos
do condutor estão ao mesmo potencial
Mas, como o campo elétrico no interior do condutor é nulo, é nula a força elétrico.
elétrica e, consequentemente, também é nulo o trabalho da força elétrica no
deslocamento de uma carga elétrica pelo interior do condutor (e não apenas
sobre a sua superfície!). Assim, todos os pontos de um condutor em equilíbrio
eletrostático estão ao mesmo potencial elétrico. Pode, então, atribuir-se um
potencial elétrico a um condutor em equilíbrio eletrostático.

Experimentalmente verifica-se que há uma razão constante entre a carga, Q, Capacidade elétrica de um condutor
de um condutor isolado (ou seja, longe de outros condutores) e o seu potencial, isolado: relaciona a carga que o condutor
armazena com o seu potencial elétrico.
V, que é a capacidade elétrica do condutor:
A sua unidade SI é o farad (F).
Q
C=
V
A unidade SI de capacidade elétrica é o farad (F), em homenagem ao físico
Michael Faraday. O farad é equivalente ao coulomb por volt (C/V). Uma capaci-
dade de 1 F é muito grande, e dificilmente realizável na prática! As capacidades
dos condutores são normalmente expressas em submúltiplos do farad, como o
picofarad (pF), nanofarad (nF) e o microfarad (μF).

Questão resolvida 7

O potencial de uma esfera condutora isolada de raio R Verifique que um condutor esférico isolado de capacidade
Q 1 F teria de ter um raio superior à distância Terra-Lua
com carga Q é dada por V = k , ou seja, igual ao poten-
R (384 400 km).
cial criado pela mesma carga pontual à distância R.

Q
Como V = k , a capacidade da esfera vem: Substituindo valores,
R
Q R R
C= = 1= ⇔ R = 9,0 × 109 m > 3,844 × 108 m
V k 9,0 × 109

179
2. CAMPOS DE FORÇAS

A capacidade de um condutor aumenta se estiver muito próximo de outro


+Q condutor. Esta característica é usada na construção de condensadores. Um
condensador é um sistema de dois condutores próximos – placas ou armadu-
–Q ras – separados por um meio isolador (também chamado meio dielétrico), por
exemplo, o ar. Quando está carregado, as cargas nas armaduras são simétricas.
O condensador armazena carga e, portanto, energia potencial elétrica (Fig. 39).

Para carregar um condensador estabelece-se uma diferença de potencial


entre as suas armaduras, por exemplo, ligando-as diretamente aos polos de
Fig. 39 Esquema de um condensador uma pilha. O movimento de eletrões que se gera no circuito leva a que cada
(em cima) e respetivo símbolo (em baixo). armadura fique ao potencial do polo do gerador a que está ligada (Fig. 40). No
meio isolador entre as armaduras existe então um campo elétrico.
Condutores
Condensador: sistema de dois condutores (placas ou armaduras)
próximos, com cargas simétricas,
separados por um meio isolador onde − −



existe um campo elétrico. Armazena carga − −
− −

e energia potencial elétrica. − −
− − −
− −

− Meio isolador

Fig. 40 Um condensador carrega-se + −
quando se liga a uma pilha.

Quando se desliga o condensador da pilha, as cargas ficam armazenadas


nas armaduras, e há entre elas uma diferença de potencial igual à da pilha.
Verifica-se que o módulo da carga elétrica armazenada em cada armadura,
Q, é diretamente proporcional à diferença de potencial U entre as armaduras.
A constante de proporcionalidade é a capacidade elétrica do condensador:

Q
C=
U
Os condensadores típicos têm capacidades que variam entre 1 μF e 1 pF e as
suas formas e tamanhos podem ser variados (Fig. 41).

O condensador mais simples é o condensador plano, cujas armaduras são


duas placas metálicas paralelas muito próximas (Fig. 39): a capacidade depende
da área das placas e da distância entre elas. A introdução de material dielétrico
entre as placas de um condensador faz diminuir a diferença de potencial entre
elas, aumentando a sua capacidade. Em resumo:

Capacidade elétrica de um condensador, C

• Mede a capacidade de armazenar carga e energia potencial elétrica.


• Depende da geometria do condensador (forma das armaduras e separação
entre elas); quanto maiores forem as armaduras e menor a distância entre
elas, maior será a capacidade (para o mesmo meio isolador).
• Depende do meio isolador (ar ou outro dielétrico como papel, mica, plástico,
Fig. 41 Condensadores de diferentes vidro, material cerâmico, etc.): a maior permitividade elétrica do meio, ε,
tamanhos e capacidades (em cima)
corresponde maior capacidade.
e interior de um condensador (em baixo).

180
2.2 Campo elétrico

Se a diferença de potencial entre as armaduras de um condensador ultra-


passar um certo limite (chamada tensão de disrupção), produzir-se-á uma
faísca entre elas e o condensador descarrega abruptamente, podendo ficar
danificado.

Os condensadores têm numerosas aplicações, nomeadamente em eletrónica.

Os pacemakers (Fig. 42), por exemplo, usam condensadores: a sua descarga


permite obter uma corrente elétrica.

Também certos circuitos elétricos requerem correntes elétricas muito eleva-


das que não podem ser facilmente fornecidas por uma fonte de tensão normal:
é o caso do flash de uma máquina fotográfica. Essas correntes podem ser forne- Fig. 42 Um pacemaker utiliza um circuito
RC.
cidas através de descargas de condensadores.

Já estudámos circuitos elétricos em que a corrente, I, tinha um valor cons-


tante, como num circuito alimentado por uma pilha. Quando se usa um conden-
sador como fonte de energia, ele descarrega-se mas a corrente produzida, I, não
é constante ao longo do tempo.
Circuito RC : circuito com resistência
Analisemos a descarga de um condensador que ocorre quando as suas e condensador.
armaduras são ligadas diretamente a um condutor com resistência: é o cha-
mado circuito RC (Fig. 43).

+Q 0
R I C
–Q 0
Fig. 43 Condensador carregado ligado
a uma resistência. Depois de se fechar
o interruptor, circula na resistência R
uma corrente I no sentido indicado.

O condensador, inicialmente carregado com a carga Q0, é ligado a um condu-


tor com resistência R, o que origina uma corrente elétrica cujo sentido é do polo
positivo para o polo negativo do condensador. Durante a descarga, a carga do
condensador e a corrente diminuem ao longo do tempo.

Como o condensador e a resistência têm os mesmos terminais, a diferença


Q
de potencial nos terminais do condensador, U = , é igual, em qualquer ins-
C
tante, à diferença de potencial nos terminais da resistência, U = RI, ou seja:

Q
= RI
C
Como o condensador descarrega, a carga Q vai diminuindo. Mas, como I é
dQ
positivo, a corrente é dada por I = – . Substituindo a expressão de I na equa-
dt
ção anterior, obtém-se

Q dQ dQ 1
= –R ⇔ =– Q
C dt dt RC

181
2. CAMPOS DE FORÇAS

A derivada da função Q(t) é a própria função multiplicada pelo fator


1
– , o que significa que a solução da equação anterior é uma função
RC
exponencial, ou seja, a carga do condensador decresce exponencial-
mente com o tempo:
t

RC
Q(t) = Q0 e

Q Consequentemente, o mesmo ocorrerá com a corrente:


Q0 t

RC
I(t) = I0 e
t

0,37 Q 0 O expoente da função exponencial e RC é adimensional, pelo que o
0,14 Q 0 numerador e o denominador têm a mesma dimensão; assim,
0 RC 2 RC t τ = RC
Fig. 44 Descarga de um condensador em função tem a dimensão de tempo e é designada por constante de tempo. Esta
do tempo: ao fim de um tempo igual a duas vezes
indica o tempo necessário para que a carga, ou a corrente, diminuam
a constante do tempo, o condensador já só tem cerca
de 14% da sua carga inicial. 1
para = 0,37, ou seja, para 37% dos respetivos valores iniciais (Fig. 44).
e
Uma constante pequena significa que a descarga será rápida. Podemos
resumir as ideais principais sobre a descarga de um condensador:

Descarga de um condensador

A carga e a corrente decrescem exponencialmente com o tempo:

t t
Q (t ) = Q0 e– RC e I (t ) = I0 e– RC
τ = RC é a constante de tempo:
• indica o tempo que a carga (ou a corrente) diminui para 37% do
valor inicial;
• quanto menor for, mais rápida será a descarga do condensador;
• será tanto maior quanto maior for a capacidade do condensador e
maior for a resistência.

Os circuitos com condensadores do tipo dos que analisámos têm


várias aplicações. Por exemplo, o limpa para-brisas de um automóvel
(Fig. 45) tem um circuito RC. A escolha da velocidade do limpa para-
-brisas (normalmente tem três velocidades) corresponde à seleção de
uma resistência naquele circuito.
Os condensadores também são utilizados em automóveis elétricos:
Fig. 45 O limpa para-brisas de um automóvel carrega-se o condensador do automóvel numa tomada elétrica que
é controlado por um circuito RC: cada velocidade
pode até ser em nossa casa!
corresponde a um valor de R.

AL 2.2 p. 187 A Atividade Laboratorial 2.2, «Construção de um relógio logarít-


mico», permitirá estudar a descarga de um condensador, reconhecer
que este processo pode servir para medir o tempo, e obter o valor da
QUESTÕES p. 194
capacidade do condensador.

182
2.2 Campo elétrico

RESUMO
• Lei de Coulomb: a intensidade da força de atração ou de repulsão entre duas
|q||q’|
partículas com carga elétrica, q e q’, é dada por F = k ; k é uma cons-
r2
1
tante que depende do meio, dada por k = , sendo ε a permitividade elé-
4πε
trica, característica do meio, que tem o valor mínimo no vazio.

• Campo elétrico, E»: é originado pela carga elétrica, Q, de uma partícula e


define-se em cada ponto. A sua intensidade depende da carga e do quadrado
|Q|
da distância, r, da carga ao ponto onde se define o campo: E = k 2 ; E» aponta
r
para a carga Q que cria o campo elétrico se Q < 0, ou em sentido contrário se
Q > 0; E» manifesta-se pela força elétrica sobre partículas com carga, q, colo-
cadas no ponto: F» = qE» (F» e E» têm igual direção e sentido se q > 0, mas senti-
dos opostos se q < 0). Unidade SI: volt por metro, V m –1 (equivalente a N C–1).

• Campo elétrico criado por várias cargas: E» = E»1 + E»2 + … (soma vetorial dos
campos produzidos individualmente por cada carga).

• Linhas de campo elétrico: divergem sempre das cargas positivas e con-


vergem sempre para as cargas negativas; são tangentes, em cada ponto, ao
vetor campo elétrico; terão maior densidade onde o campo elétrico for mais
intenso.

• Condutores em equilíbrio eletrostático: a carga elétrica num condutor em


equilíbrio eletrostático distribui-se na sua superfície exterior; o campo elé-
trico é nulo no interior do condutor e é perpendicular à superfície exterior,
em cada ponto; a gaiola de Faraday é uma aplicação: no seu interior, o campo
elétrico é nulo, protegendo os corpos lá colocados, ou seja, a gaiola promove
a blindagem eletrostática do seu interior.

• Efeito das pontas: a carga tende a acumular-se nas regiões pontiagudas de


um condutor em equilíbrio eletrostático, sendo aí mais intenso o campo elé-
trico. O para-raios fundamenta-se neste efeito.
Qq
• Energia potencial elétrica de interação entre duas cargas: Ep = k ;é
r
negativa se as cargas tiverem sinais opostos e positiva se tiverem o mesmo
sinal; tende para zero quando aumenta a distância entre as cargas.

• Potencial elétrico, V: define-se num ponto; é uma energia potencial elétrica


Ep
por unidade de carga: V = ; o potencial elétrico criado por uma carga pon-
q
Q
tual Q, num ponto à distância r, é dado por V = k : é positivo se Q > 0, nega-
r
tivo se Q < 0, e tende para zero quando aumenta a distância r. Unidade SI: volt
(V).

183
2. CAMPOS DE FORÇAS

• Potencial elétrico criado por várias cargas: V = V1 + V2 + … (soma dos


potenciais produzidos por cada carga); as linhas de campo elétrico apontam
sempre no sentido dos potenciais decrescentes.

• Superfícies equipotenciais: são formadas por pontos com igual potencial


elétrico; são perpendiculares, em cada ponto, às linhas de campo elétrico.

• Campo elétrico: diz-se conservativo porque a força elétrica é conservativa.

• Trabalho da força elétrica no transporte de uma carga q entre dois pon-


tos: é independente da trajetória entre os pontos pois a força elétrica é con-
servativa; relaciona-se com os potenciais desses pontos pela expressão
W A→B = q(VA – VB); é nulo quando a carga é transportada sobre uma superfície
equipotencial.

• Campo elétrico uniforme: é criado por duas placas metálicas planas e para-
lelas, muito próximas, com cargas simétricas; as linhas de campo são retilí-
neas e perpendiculares às placas, apontando da placa positiva para a placa
U
negativa; a sua intensidade é dada por E = , sendo U o módulo da diferença
d
de potencial elétrico entre duas quaisquer linhas equipotenciais e d a distân-
cia entre elas.

• Condensador: sistema de dois condutores próximos (placas ou armaduras),


com cargas simétricas, separados por um meio isolador (meio dielétrico) onde
existe um campo elétrico. Armazena carga e energia potencial elétrica. Pode
ser carregado ligando-se as suas armaduras aos terminais de uma pilha.

Q
• Capacidade elétrica de um condensador: é dada por C = ; o módulo da
U
carga elétrica armazenada em cada armadura, Q, e a diferença de potencial,
U, entre as armaduras são diretamente proporcionais, sendo a capacidade, C,
a constante de proporcionalidade; depende da geometria do condensador e
do meio isolador. Unidade SI: farad (F).

• Circuito RC: circuito com resistência e condensador; permite a descarga de


um condensador.

• Descarga de um condensador: a carga e a corrente elétrica decrescem


t

RC
exponencialmente com o tempo, de acordo com as expressões Q(t) = Q0 e
t

RC
e I(t) = I0 e ; a constante de tempo, τ = RC, indica o tempo para a carga (ou
a corrente) diminuir para 1/e 37% do seu valor inicial (quanto menor for a
constante de tempo, mais rápida será a descarga do condensador).

184
2.2 Campo elétrico

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.1

Campo elétrico e superfícies equipotenciais


A deteção de um campo elétrico permite que alguns peixes localizem outros peixes.

Como determinar, com um voltímetro, a forma das linhas de campo elétrico e


das superfícies equipotenciais entre placas paralelas carregadas com cargas
simétricas? Como medir o módulo do campo elétrico entre as placas?

Questões pré-laboratoriais

Duas placas planas, colocadas paralelamente a uma 5. A Fig. 46 mostra uma montagem com uma tina,
distância muito menor do que os seus comprimentos, uma folha de papel milimétrico na sua base, duas
têm cargas elétricas simétricas. placas metálicas paralelas ligadas a uma fonte de
tensão contínua e um voltímetro digital.
1. Que tipo de campo elétrico é criado entre as pla-
a) O terminal comum (COM) do voltímetro é ligado à
cas? Quais são as formas das linhas de campo e das
placa negativa. Se deslocar a ponta de prova entre
superfícies equipotenciais?
as placas, o que medirá o voltímetro?
2. Suponha que uma placa (A) está ao potencial V e a b) Para verificar a sua previsão sobre a forma das
outra (B) ao potencial nulo. superfícies equipotenciais, como deve mover a
a) Represente as linhas de campo e as linhas equi- ponta de prova?
potenciais na região entre as placas, e num plano c) Que utilidade poderá ter a folha de papel milimé-
que lhes é perpendicular. trico colocada no fundo da tina?
b) Indique como varia o potencial ao longo de uma d) Se pretender investigar como varia a diferença de
linha de campo. potencial entre dois pontos da mesma linha de
3. Suponha constante a diferença de potencial elétrico campo com a distância entre eles, como deverá
entre as placas. O campo elétrico será mais intenso deslocar a ponta de prova? E se quiser determinar
com as placas mais próximas ou mais afastadas? o módulo do campo elétrico a partir de um gráfico,
Justifique. que medidas deverá realizar? Elabore uma tabela
para registo dessas medidas.
4. Se a distância entre as placas se mantiver cons-
tante, assim como a diferença de potencial elétrico
entre elas, como variará o módulo da diferença de
potencial entre quaisquer dois pontos, ao longo de
uma linha de campo, com a distância entre eles?
Que gráfico representará essa variação? Que gran-
deza pode ser calculada a partir desse gráfico?

Fig. 46 Montagem experimental


para o estudo de um campo
uniforme.

185
2. CAMPOS DE FORÇAS

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.1 (cont.)


Trabalho laboratorial

Nesta atividade cria-se um campo elétrico entre duas placas metálicas planas e paralelas.
Medindo-se diferenças de potencial elétrico entre uma das placas e pontos entre elas, inves-
tiga-se a forma de superfícies equipotenciais e determina-se o módulo do campo elétrico.
Material: fonte de tensão contínua; recipiente de fundo transparente colocado sobre papel
milimétrico; água; duas placas metálicas planas e idênticas; voltímetro; fios de ligação; papel
milimétrico para registos.

1. Faça a montagem da Fig. 46. Posicione


as placas metálicas paralelamente. Adicione
procurando os pontos que permitam medir uma
das diferenças de potencial elétrico escolhidas.
água à tina até cerca de um centímetro de Assinale a posição desses pontos no papel mili-
altura. Ligue as placas à fonte de tensão e o métrico de registo. Repita o procedimento para
terminal COM do voltímetro à placa ligada ao as outras diferenças de potencial elétrico.
V polo negativo do gerador (Fig. 47).

0V
2. Desenhe a posição das placas no papel
5. Desloque a ponta de prova ao longo da
linha perpendicular às placas e que passa no
Fig. 47 Esquema milimétrico de registo para reproduzir o que meio delas. Meça, sucessivamente, diferenças
de dispositivo para estudo vê na tina. de potencial elétrico a distâncias regulares à
de um campo uniforme. placa ligada ao polo negativo. Faça, pelo menos,

3. Pretende encontrar-se, pelo menos,


cinco linhas equipotenciais na região entre
sete medições, registando-as numa tabela.

as placas. Tendo em conta o valor da tensão


selecionado na fonte, escolha cinco valores de
6. Ligue o terminal COM do voltímetro à
placa positiva. Colocando sucessivamente a
tensão intermédios igualmente espaçados. ponta de prova em três dos pontos assinala-
dos anteriormente com diferentes diferenças

4. Ligue o gerador. Desloque a ponta


de prova do voltímetro, sempre na vertical,
de potencial, meça as diferenças de potencial
elétrico à placa positiva e também a diferença
de potencial da placa negativa à positiva.

Questões pós-laboratoriais

1. No papel milimétrico de registo, trace as linhas equi- 3. A diferença de potencial entre superfícies equipo-
potenciais para os valores escolhidos e três linhas tenciais dependerá da placa de referência?
de campo elétrico. As linhas equipotenciais são
4. Elabore o gráfico da diferença de potencial em fun-
compatíveis com as superfícies equipotenciais pre-
ção da distância à placa de referência. Determine o
vistas? As linhas de campo têm a posição e orienta-
módulo do campo elétrico entre as placas.
ção previstas? Explique eventuais diferenças.
5. Se tivesse elaborado o gráfico da diferença de poten-
2. Que diferenças se encontraram nas linhas equipo-
cial elétrico em relação à placa positiva em função
tenciais quando o terminal COM do voltímetro, ini-
da distância a essa placa, que diferença encontraria?
cialmente conectado à placa ligada ao polo nega-
E como determinaria o módulo do campo elétrico?
tivo, foi conectado à placa ligada ao polo positivo?

186
2.2 Campo elétrico

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.2

Construção de um relógio logarítmico


A descarga de um condensador é usada como temporizador em inúmeras apli-
cações no dia a dia.

Como é feita essa utilização?

Como se poderá medir o tempo com um condensador, uma resistência e um


voltímetro?

Questões pré-laboratoriais

1. Estabelece-se uma diferença de potencial elétrico U nos terminais de


uma associação de duas resistências elétricas em série, R1 e R2.
a) Como se relaciona U com as diferenças de potencial nos terminais
de cada resistência?
b) Se as resistências forem iguais, como se relaciona a diferença de
potencial nos terminais de cada resistência com U?

2. O que é um circuito RC? Porque se chamam correntes transitórias às


correntes elétricas nestes circuitos?

3. Que aplicações pode ter a descarga de um condensador?

4. Na descarga de um condensador, a sua carga elétrica diminui exponen-


t
cialmente no tempo, ou seja, Q(t) = Q0 e– RC .
a) Que nome se dá ao produto RC? Qual é o seu significado?
b) Se quisermos um condensador que demore muito tempo a descarre-
gar, o produto RC deve ser grande ou pequeno?
c) Mostre que, durante a descarga de um condensador, a diferença de
t
potencial elétrico entre os terminais é U(t) = U0 e– RC . Como varia esta
diferença de potencial à medida que o condensador descarrega?
d) Mostre que a equação anterior também se pode escrever na forma
t
ln U = ln U0 – .
RC
e) Determine, em função de R e de C, o tempo ao fim do qual a diferença
de potencial nos terminais do condensador passa a metade do valor
inicial.
f) Quando se elabora o gráfico de ln U em função do tempo, t, verifica-
-se que a melhor linha de ajuste é uma reta. Qual é o significado
físico do seu declive?

187
2. CAMPOS DE FORÇAS

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.2 (cont.)


Trabalho laboratorial

Nesta atividade determina-se a resistência interna de um multímetro e, a partir


da curva de descarga de um condensador num circuito RC, determina-se a capa-
cidade do condensador e reconhece-se que essa descarga funciona como um
relógio logarítmico.
Material: condensador de poliéster de 10 μF, multímetro digital, fios de ligação,
resistência de 10 MΩ, pilha de 9 V, interruptor (Fig. 48).

Pretende construir-se um circuito RC em que R é a resistência interna de um


multímetro digital quando funciona no modo voltímetro.
Fig. 48 Material para descarga
de um condensador num circuito RC.

1. Meça a diferença de poten-


cial nos terminais da pilha e regis-
3. Para traçar a curva de descarga
do condensador, U = U(t), ligue em para-
te-a. lelo o condensador, o multímetro e a pilha
(Fig. 49-B).
V V
9V 9V C

A B
2. Ligue o voltímetro em série
com a resistência de 10 MΩ e com
4. Após desligar a pilha usando o inter-
ruptor, o condensador descarregará através
Fig. 49 Esquemas de circuitos para a pilha de 9 V (Fig. 49-A). Registe a da resistência do voltímetro. Registe numa
estudar a descarga de um condensador.
medição do voltímetro. tabela os valores marcados no voltímetro,
em intervalos de tempo de 15 s, até o con-
densador ficar praticamente descarregado.

Questões pós-laboratoriais

1. Considere o circuito esquematizado na Fig. 49-A. melhor linha de ajuste é uma reta. Comparando-a
t
a) Quantas vezes é menor a diferença de potencial com a equação ln U = ln U0 – , obtenha a cons-
RC
no voltímetro do que a diferença de potencial na tante de tempo RC.
pilha?
4. Determine a capacidade do condensador e compa-
b) Que relação existe entre a resistência do voltíme- re-a com o valor nominal. Calcule o erro percentual
tro e a resistência com ele associado em série? associado, tendo como referência o valor indicado
Qual deverá ser, por isso, a resistência interna do pelo fabricante.
voltímetro?
5. Ao fim de quanto tempo é que a diferença de poten-
2. Para a descarga do condensador, elabore o gráfico cial nos terminais do condensador decresce para
da diferença de potencial em função do tempo. metade do valor inicial? E para um quarto?
Investigue e conclua se uma curva exponencial se
6. Por que razão a descarga de um condensador pode
ajusta aos pontos experimentais.
funcionar como um «relógio logarítmico», podendo
3. Construa o gráfico do logaritmo da diferença de ser usada na medição do tempo?
potencial em função do tempo. Verifique que a

188
2.2 Campo elétrico

QUESTÕES
Nota 5. Selecione o gráfico que pode representar a intensidade
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: da força elétrica, F, entre duas cargas, em função:
g = 10 m s−2 e k = 9,0 × 109 N m2 C–2
a) da distância, r, que as separa.
1
b) do inverso do quadrado da distância, , entre elas.
r2
A C
F F

2.2.1 Interações entre cargas elétricas


O O
e Lei de Coulomb
B D
1. As partículas que constituem um átomo (eletrões, pro- F F

tões e neutrões) são elementares? Justifique.

2. Numa notícia diz-se que foi descoberta uma nova partí-


cula elementar com a carga de 9,00 × 10–19 C. Indique, O O

justificando, o que há de estranho nessa notícia.


6. Duas pequenas esferas condutoras iguais têm cargas
3. Duas esferas condutoras isoladas idênticas, A e B, q e 3q, repelindo-se no ar com forças de intensidade
estão carregadas com cargas 3,0 μC e 1,0 μC, respeti- 4,00 × 10–5 N quando pousadas num plano horizontal
vamente. Colocam-se as esferas em contacto. isolador.

a) Determine a carga final de cada esfera. a) As esferas são depois postas em contacto e nova-
mente levadas às posições iniciais. Caracterize a
b) Qual das duas esferas ganha eletrões?
força entre elas.
c) Quantos eletrões são transferidos de uma esfera
b) Se as esferas fossem colocadas num meio cuja per-
para a outra?
mitividade elétrica relativa é 8, as forças de repulsão
4. Duas cargas, Q e q, colocadas à distância r uma da teriam intensidade diferente? Justifique.
outra, atraem-se com uma força de intensidade F.
7. Qual dos gráficos pode representar o módulo da força
a) Em que condições se pode afirmar que a intensidade
elétrica, F, exercida sobre uma carga, q, colocada num
da força elétrica entre duas cargas é diretamente
ponto de uma região onde há um campo elétrico, em
proporcional ao produto dos módulos das cargas?
função do módulo dessa carga, |q|?
b) Se a distância entre essas cargas aumentasse 200%, A C
a intensidade da força de uma carga sobre a outra F F
seria igual a:

(A) F (B) F (C) F (D) F


2 3 4 9
O |q| O |q|
c) A que distância devem ser colocadas duas cargas,
B D
Q' e q', de módulos duplo e triplo das cargas Q e q,
F F
respetivamente, para se atraírem com uma força de
intensidade F?
r
(A) √6r (B) 62r (C) (D) r
√6 62 O |q| O |q|

189
2. CAMPOS DE FORÇAS

8. Os iões presentes no sal de cozinha estão muito ligados 11. Uma carga pontual Q cria um campo elétrico.
na rede cristalina, mas adquirem mobilidade quando o Dos gráficos seguintes, selecione o que pode repre-
sal é dissolvido em água. Porquê? sentar o módulo do campo elétrico, E:
a) num dado ponto em função do módulo da carga |Q|.
9. Duas pequenas esferas, 1 e 2, com cargas q1 = 5,00 μC
b) em função da distância r a uma certa carga.
e q2 > 0, estão no ar à distância de 5,00 m uma da outra.
Entre essas duas esferas e a 2,00 m da esfera com c) em função do inverso do quadrado da distância à
carga q1 coloca-se uma esfera 3, carregada com uma 1
carga, .
carga q3, que fica em equilíbrio. r2

A C
5,00 m
E E

1 3 2

2,00 m
O O
a) A força elétrica exercida pela esfera 3 sobre a esfera
1 é: B D
(A) igual à força elétrica exercida pela esfera 2 sobre E E
a esfera 1.
(B) simétrica da força elétrica exercida pela esfera 2
sobre a esfera 1.
O O
(C) igual à força elétrica exercida pela esfera 2 sobre
a esfera 3.
(D) simétrica da força elétrica exercida pela esfera 2
12. Duas cargas iguais, cada uma de 5,00 μC, estão em
sobre a esfera 3.
dois dos vértices de um triângulo equilátero de lado
b) Determine a carga elétrica da esfera 2, q2. 0,40 m, como se representa na figura.

2.2.2 Campo elétrico


y
10. Selecione o gráfico que representa o módulo do campo
elétrico, E, criado por uma carga pontual Q num certo O x
ponto P em função da distância r de P a essa carga.
A C
E E
+ +

a) Em que ponto é nulo o campo elétrico criado por


O r O r estas duas cargas?
B D b) Determine o campo elétrico no outro vértice do triân-
E E gulo. Utilize o referencial da figura.
c) Se uma carga de 3,00 μC, for colocada no outro vér-
tice, qual será o módulo da força elétrica que atuará
sobre ela?
O r O r

190
2.2 Campo elétrico

13. Duas partículas carregadas, com cargas de módulo Q e


2.2.3 Condutor em equilíbrio eletrostático.
9Q, estão a 10 cm de distância.
Campo elétrico à superfície e no
a) No ponto A entre as cargas (ver figura), o campo elé-
interior de um condutor em equilíbrio
trico é nulo. Relacione o sinal das cargas e determine
eletrostático. Efeito das pontas
d1
a razão entre as distâncias d1 e d2, .
d2
16. Indique, justificando, o valor lógico das seguintes
Q 9Q
afirmações.
A
(A) Os eletrões distribuem-se no condutor, de modo a
minimizar a repulsão entre eles.
d1 d2
(B) O excesso de carga distribui-se por todo o volume
b) Se as cargas forem –Q e 9Q, sendo Q = 2,0 μC, em do condutor.
que ponto será nulo o campo elétrico? (C) No interior do condutor, o campo elétrico pode ter
um valor qualquer.
14. Uma partícula de massa 3,00 g e carga negativa está (D) O campo elétrico é perpendicular à superfície do
em equilíbrio numa região onde, além do campo graví- condutor, qualquer que seja a forma deste.
tico terrestre, há um campo elétrico uniforme terrestre
(E) O excesso de carga distribui-se à superfície do con-
de 150 N C–1.
dutor, acumulando-se nas regiões mais suaves.
a) Determine a carga elétrica da partícula.
b) Quais são a direção e o sentido do campo elétrico? 17. O condutor da figura está em equilíbrio eletrostático e
c) Trace as linhas de campo elétrico na região consi- a sua carga elétrica é negativa.
derada. C
d) Considerando desprezável a resistência do ar, pode
concluir-se que uma partícula de massa 2,00 g, com B D A
a mesma carga elétrica, mover-se-ia, nessa região,
no sentido:
(A) ascendente, com movimento acelerado.
(B) ascendente, com movimento uniforme.
a) Qual das afirmações é correta?
(C) descendente, com movimento acelerado.
(A) A superfície do condutor é uma superfície equi-
(D) descendente, com movimento uniforme. potencial.
(B) Na superfície do condutor, o campo elétrico é
15. A figura mostra dois pêndulos em equilíbrio, de massa
nulo porque a soma das cargas do condutor é
2,00 g e cargas simétricas de módulo 0,30 μC, suspen-
zero.
sos do mesmo ponto por fios de comprimento 20 cm
e imersos num campo elétrico uniforme. Determine a (C) As cargas elétricas distribuem-se uniforme-
intensidade do campo elétrico. mente por todo o volume do condutor.
(D) As cargas elétricas movem-se ao longo da
superfície exterior do condutor.
60°
b) Indique um ponto onde o campo elétrico seja nulo e
um ponto onde o campo elétrico seja máximo.
− +
c) Trace o vetor campo elétrico em B.

191
2. CAMPOS DE FORÇAS

18. No gerador de Van de Graaff, uma correia móvel é fric- ii) numa nuvem, com 2,0 C de carga e uma diferença
cionada contra um pente metálico. A carga gerada é de potencial de 100 milhões de volts relativa-
transportada pela correia até uma esfera condutora, mente ao solo.
onde é armazenada. Se o corpo eletrizado não tivesse b) Haverá razão para as pessoas não se importarem de
forma esférica, o que poderia acontecer? tocar no gerador de Van de Graaff, mas terem medo
de trovoadas?
19. Durante uma forte trovoada uma pessoa está dentro de
um automóvel no campo. 23. Numa região onde existe um campo elétrico, uma
a) O que são faíscas e como se originam? carga pontual de 8,0 μC é transportada de um ponto
b) Será seguro procurar abrigo por baixo de um pinheiro P até um ponto muito distante (onde o campo é nulo),
alto? Justifique. a velocidade constante, tendo a força elétrica realizado
um trabalho de 20 J.
c) Indique, justificando, se será mais seguro sair do
automóvel ou ficar dentro dele. a) Determine a energia potencial elétrica do sistema
quando a carga está em P e o potencial elétrico
20. Um aluno a trabalhar no laboratório verificou que um nesse ponto.
condutor eletrizado perturbava os aparelhos elétricos b) Qual é o trabalho realizado pelas forças exteriores no
junto dele. Envolveu esse condutor com uma rede metá- transporte da carga?
lica descarregada. Explique por que é que este procedi-
c) As linhas de campo apontam no sentido de P para o
mento não resolve o problema identificado pelo aluno.
ponto distante ou ao contrário? Justifique.

24. Três cargas elétricas, de módulo igual a 3,0 μC, são


2.2.4 Energia potencial elétrica. Potencial colocadas nos vértices A, B e C de um quadrado de
elétrico e superfícies equipotenciais 10 cm de lado (ver figura). Determine o trabalho reali-
zado pela força elétrica no transporte de uma carga de
21. Classifique, justificando, as seguintes afirmações como –90 nC do vértice C para o centro do quadrado.
verdadeiras ou falsas.
A B
(A) Os campos elétrico e gravítico são conservativos. +q −q
(B) A energia potencial elétrica de um par de cargas só
depende da soma das cargas. +q
(C) A energia potencial elétrica é diretamente propor- C D
cional ao inverso da distância entre duas cargas.
25. Os pontos A, B e C da figura situam-se num campo elé-
(D) Quando uma partícula se desloca numa região onde
trico criado pelas cargas Q1 e Q2, cujo módulo é 5,00 μC.
existe um campo elétrico, a sua energia potencial
elétrica e a sua energia cinética podem variar. y
C

(E) Quando se aproximam duas partículas que se repe-


lem, a energia potencial elétrica do conjunto diminui. O x

22. A energia potencial elétrica resulta da força elétrica 5 cm


Q1 Q2
entre cargas, que é uma força conservativa.
+ −
a) Calcule a energia potencial elétrica acumulada: 4 cm A 4 cm B 4 cm

i) numa esfera carregada de um gerador de Van a) Determine o campo elétrico no ponto A e a força
de Graaff que, quando ligada à terra, descarrega exercida sobre uma carga de –2,00 μC aí colocada.
1,0 μC, sendo 1,0 × 105 V a diferença de potencial. Utilize o referencial da figura.

192
2.2 Campo elétrico

b) Qual é o potencial elétrico nos pontos A e C? b) Determine a carga elétrica de uma partícula de
c) O trabalho realizado pela força elétrica que atua 2,00 g que entra na região entre as placas do con-
sobre uma carga transportada de A para B: densador e permanece com velocidade constante.

(A) é o mesmo na trajetória ACB e diretamente de A


28. Num campo uniforme criado por duas placas planas e
para B.
paralelas separadas de uma distância d, cuja diferença
(B) é maior na trajetória ACB do que diretamente de de potencial é U, abandona-se um eletrão e um protão
A para B. a meia distância entre as placas. As massas do ele-
(C) não depende do módulo da carga transportada, |q|. trão e do protão são 9,11 × 10–31 kg e 1,67 × 10–27 kg,
(D) não depende do sinal da carga. respetivamente.

d) Calcule o trabalho realizado pela força elétrica que a) Descreva o movimento de cada uma das partículas
atua sobre uma carga de –2,00 μC se a transportar- (não considere a interação entre elas nem a intera-
mos de A para C seguindo a trajetória ABC. ção gravitacional).
b) Qual delas adquiriu maior energia cinética? Justifique.
26. A figura mostra uma carga pontual Q, fixa no ponto D,
c) Exprima a energia cinética com que o eletrão atinge
linhas circulares S1 e S2 com centro em Q e linhas L1 e
uma das placas em função de U, de d e da carga ele-
L2 perpendiculares a S1 e S2. Quando uma carga nega-
mentar e.
tiva, q < 0, é transportada de A para C a força elétrica
d) Qual das partículas demorou menos tempo a atingir
realiza um trabalho positivo.
a respetiva placa? Justifique.
S2
L1 e) Determine a relação entre os tempos do protão e do
S1
eletrão para atingir a respetiva placa.
C L2
29. Um eletrão move-se horizontalmente ao longo de
A uma linha de um campo elétrico uniforme. Num dado
Q B
D ponto A, o módulo da sua velocidade é 8,0 × 106 m s–1
e, após deslocar-se 3,0 mm, num ponto B, passa a ser
3,0 × 106 m s–1. A massa do eletrão é 9,11 × 10–31 kg e
Qual das afirmações é correta? a carga elementar 1,602 × 10–19 C.
(A) O trabalho realizado pela força elétrica quando a) Qual é a variação da energia potencial do eletrão
q se move de A para C é maior do que quando se neste campo?
move de A para B.
b) Determine a diferença de potencial entre B e A.
(B) S1 e S2 são linhas de campo elétrico.
c) Caracterize o campo elétrico e as linhas equipoten-
(C) A carga Q é uma carga positiva. ciais.
(D) Quando q se move de B para A, a energia potencial d) Que distância percorre o eletrão, a partir de A, até
elétrica do sistema diminui. inverter o sentido do seu movimento?

27. Entre as placas horizontais de um condensador plano, se- e) Após a inversão do sentido do movimento, o eletrão
paradas por 5,00 cm, é aplicada uma diferença de poten- volta a passar em A com:
cial de 2,00 kV, sendo negativa a carga na placa superior. (A) a mesma energia cinética.
a) Qual é a diferença de potencial entre dois pontos dis- (B) menor energia cinética.
tanciados de 2,00 cm se estiverem situados: (C) a mesma velocidade.
i) na mesma linha de campo? (D) menor aceleração.
ii) na mesma linha equipotencial?

193
2. CAMPOS DE FORÇAS

30. Num campo elétrico uniforme de intensidade


2.2.5 Condensadores. Descarga de um
1,00 × 103 V m–1, produzido por placas planas e parale-
condensador num circuito RC
las separadas de 2,00 cm, um eletrão é lançado, com

velocidade v 0, como mostra a figura. A massa do ele- 31. Estabelece-se a diferença de potencial de 100 V entre
trão é 9,11 × 1031 kg e a sua carga é –1,60 × 10–19 C. as armaduras de um condensador de capacidade
5,0 μF.
−−−−−−−−−−−−−−−−−− a) Como se carrega um condensador?
Q»0 b) Determine a carga em cada armadura.
c) A capacidade de um condensador, com uma certa
30o
geometria e um determinado dielétrico entre as suas
++++++++++++++++++ armaduras,
(A) aumenta com a diferença de potencial elétrico
entre as armaduras.
a) Qual é a diminuição máxima da energia cinética do (B) depende da diferença de potencial elétrico entre
eletrão, de modo a que não atinja a placa superior? as armaduras e da carga em cada uma delas.
b) A aceleração do eletrão é: (C) aumenta com a carga elétrica em cada armadura.
(A) perpendicular às placas e aponta da placa posi- (D) não depende da diferença de potencial elétrico
tiva para a negativa. entre as armaduras, nem da carga em cada uma
(B) perpendicular às placas e aponta da placa nega- delas.
tiva para a positiva.
(C) paralela à velocidade inicial do eletrão e com o 32. Um condensador de capacidade 2,0 μF foi carregado
mesmo sentido desta. ligando-se as suas armaduras a uma fonte de tensão.
Cada uma delas ficou com cargas de módulo 3,0 × 10–4
(D) paralela à velocidade inicial do eletrão e com
C e à distância de 4,00 mm.
sentido oposto.
a) Qual é a diferença de potencial entre as placas e o
c) Determine o módulo da velocidade máxima de lan-
módulo do campo elétrico?
çamento, de modo a que não atinja a placa superior.
→ b) Estando o condensador ligado à fonte de tensão,
d) Um eletrão é lançado com velocidade v 0, de módulo
afastaram-se as placas para o dobro da distância ini-
2,0 × 106 m s–1.
cial. Que alteração ocorre:
i) Determine o tempo que demora a colidir com a
i) na diferença de potencial entre as placas?
placa positiva.
ii) no campo elétrico entre as placas?
ii) Qual é o seu deslocamento desde o instante inicial
até colidir com a placa positiva? 33. O primeiro condensador foi a chamada garrafa de
Leyden. Faça uma pesquisa sobre essa invenção e o
seu funcionamento.

194
2.2 Campo elétrico

Atividades laboratoriais t/s U/V


0 8,93
34. Duas placas compridas de cobre, ligadas a um gerador
40 5,98
de tensão, estão mergulhadas numa solução condu-
80 3,91
tora. A placa ligada ao polo negativo do gerador tam-
bém está ligada ao polo negativo de um voltímetro, ao 120 2,62
qual se atribui o potencial zero. A ponta de prova ligada 160 1,70
ao terminal positivo do voltímetro move-se ao longo 200 1,17
da solução perpendicularmente às placas. Mede-se o 240 0,74
potencial em diversos pontos da solução e a distância
280 0,52
da ponta de prova à placa positiva. Os valores obtidos
320 0,31
estão registados na tabela seguinte.
360 0,22

d / cm 0,0 2,0 4,0 8,0 12,0 a) Por que razão a descarga do condensador é tão rápida?
V/V 5,94 5,17 4,51 3,23 2,03 b) Fundamente teoricamente o procedimento que per-
mite determinar a capacidade do condensador.
c) Calcule o valor experimental da capacidade do con-
a) Que tipo de campo elétrico é criado entre as placas? densador.
b) Estabeleça a equação da reta de ajuste ao gráfico do d) Preveja em que instante a diferença de potencial nos
potencial V em função da distância d. terminais do condensador é metade do valor inicial.
c) Determine o valor mais provável do módulo do e) Selecione o valor mais provável da diferença de
campo elétrico a partir do gráfico V(d). potencial nos terminais do condensador no instante
d) Qual é a distância entre as placas? t = 20 s.
e) Que alteração ocorre na leitura do voltímetro quando (A) 8,19 V (C) 7,32 V
a ponta de prova se move paralelamente às placas? (B) 7,46 V (D) 6,03 V
Justifique.
f) Se fosse tomada como referência a placa positiva,
quais seriam os potenciais da ponta de prova para as
Questões globais
mesmas distâncias da ponta de prova à placa posi-
36. Duas cargas elétricas pontuais, de igual módulo, estão
tiva? E que diferenças teria a equação da reta de
colocadas nos pontos P e T, como mostra a figura.
ajuste? Fundamente a sua resposta.
q>0 q>0

35. Um condensador de 10 μF foi carregado com uma pilha P Q R S T


de 9,0 V. Em seguida, procedeu-se à sua descarga uti-
PQ = QR = RS = ST
lizando um circuito RC, constituído pelo condensador e
por um voltímetro cuja resistência interna é 10,0 M1. Qual das relações entre diferenças de potencial é cor-
Medindo-se o tempo de 40 s em 40 s, obteve-se a reta?
seguinte tabela de dados. (A) VQ – VS > 0 (C) VQ – VR < 0
(B) VQ – VS = 0 (D) VR – VS > 0

195
2. CAMPOS DE FORÇAS

37. Um pêndulo com carga q e massa 39. A figura representa o campo elétrico criado por uma
m está imerso num campo elétrico carga elétrica pontual.
uniforme, sendo as linhas de campo ș

perpendiculares à direção da ace- −40 V

leração da gravidade de módulo g.


O pêndulo fica em equilíbrio para um B

ângulo de suspensão θ entre o fio e a


vertical (ver figura). A C
1
a) Obtenha a expressão para o módulo do campo, E, em
P
função de q, m, g e θ. 2

b) Determine o ângulo para o qual a força elétrica exer-


cida sobre o pêndulo é metade do seu peso.
a) Identifique o sinal da carga, as linhas traçadas e qual
c) O ângulo θ que o fio faz com a vertical: dos vetores, 1 ou 2, pode representar o campo elé-
(A) aumenta com a massa m. trico em P.
(B) aumenta com a carga q. b) Qual das afirmações é correta?
(C) não depende da aceleração da gravidade. (A) Quando uma carga negativa se move de B para
(D) não depende do campo elétrico. C, o trabalho realizado pela força elétrica é
d) Num determinado instante, corta-se o fio. negativo.

i) Caracterize, justificando, o movimento do corpo a (B) A intensidade do campo elétrico é maior em C


partir desse instante. do que em A.

ii) Determine o módulo da aceleração do corpo em (C) Quando uma carga se move de B para C, fica
função de g e θ. sujeita a uma força elétrica constante.
(D) Quando uma carga negativa se move de B para
38. Duas cargas simétricas, Q1 e Q2, estão fixas nos vérti- A, o trabalho da força elétrica é negativo.
ces de um quadrado (ver figura).
40. Um campo elétrico uniforme é produzido por duas
B Q1 < 0
placas planas e paralelas, sujeitas a uma diferença de
potencial 90 V e distanciadas 5,0 cm. Na figura repre-
sentam-se três linhas equipotenciais: I, II e III.
Q2 > 0 A
P I
Qual das afirmações é correta?
1,0 cm
(A) O potencial elétrico criado pelas duas cargas no Q II
vértice A é negativo. 1,0 cm
R
(B) A diagonal AB do quadrado representa uma parte III
de uma linha equipotencial.
(C) A energia potencial elétrica do sistema de cargas
é positiva. a) Determine a diferença de potencial VQ – VR.
(D) A energia potencial elétrica do sistema de cargas b) Uma gota de óleo de 3,6 × 10–8 kg, eletricamente car-
aumenta se as cargas passarem a ocupar vértices regada, fica em equilíbrio entre as placas. Determine
consecutivos do quadrado. o módulo da carga da gota, em nC, e o respetivo sinal.

196
2.3 AÇÃO DE CAMPOS
MAGNÉTICOS SOBRE
CARGAS E CORRENTES
ELÉTRICAS

2.3.1 Ação de campos magnéticos


sobre cargas em movimento
2.3.2 Ação simultânea de campos magnéticos
e elétricos sobre cargas em movimento
2.3.3 Ação de campos magnéticos
sobre correntes elétricas
2. CAMPOS DE FORÇAS

A C A ação de campos magnéticos sobre magnetes já era co-


nhecida na antiga civilização chinesa, através do uso da bús-
sola: o desvio da agulha, que é um pequeno magnete, deve-se
ao campo magnético terrestre, manifestado na força magné-
tica que faz mover a agulha.

Atualmente vivemos rodeados de magnetes. Estima-se


que em cada lar europeu exista, em média, cerca de uma cen-
tena deles espalhados por micro-ondas, televisores, frigorífi-
B cos, computadores, rádios, telefones e telemóveis, motores,
leitores de CD ou MP3, altifalantes, microfones, etc.
Fig. 1 Os trabalhos
efetuados por Ampère (A) Sabemos do 11.o ano que um campo magnético pode ser
e Faraday (B) permitiram a criado por magnetes, mas também por cargas elétricas em
eletricidade e o magnetismo,
fornecendo as bases movimento. Foi o dinamarquês Hans Christian Oersted quem
da teoria eletromagnética observou, em 1820, que uma corrente elétrica num fio con-
formulada por Maxwell (C).
dutor perturbava uma bússola na vizinhança do fio. Esta
primeira manifestação de uma relação entre eletricidade e
magnetismo viria a ser confirmada em trabalhos experimen-
tais por Ampère, em França, e por Faraday, em Inglaterra
(Fig. 1).

Faraday introduziu a noção de campo para descrever as


interações eletromagnéticas e descobriu, em 1831, o fenó-
meno da indução eletromagnética. Em 1865, o escocês James
Clerk Maxwell (Fig. 1) sintetizou, em linguagem matemática,
os resultados das experiências anteriores, formulando a teo-
ria do campo eletromagnético. Maxwell não só unificou a ele-
tricidade e o magnetismo como descobriu uma relação entre
campo eletromagnético e luz: afirmou que o campo eletro-
magnético se propagava sob a forma de ondas – as ondas ele-
tromagnéticas – à velocidade da luz, sugerindo que a luz era
essa onda. O alemão Heinrich Hertz viria, em 1887, a compro-
Fig. 2 O planeta é protegido das partículas cósmicas
pela ação de forças magnéticas associadas ao campo var essa ideia, produzindo ondas de rádio.
magnético terrestre (imagem artística).
Um magnete (como a agulha de uma bússola) colocado
num campo magnético fica sujeito a uma força magnética.
Também partículas com carga elétrica e em movimento,
ou fios percorridos por corrente elétrica (que são partículas
com carga em movimento), imersos num campo magnético,
podem ficar sujeitos a forças magnéticas. São essas forças
que protegem a Terra de partículas cósmicas de alta energia
(Fig. 2) e estão na base de funcionamento de certos aparelhos
elétricos de medida (analógicos) e de motores de corrente
contínua (Fig. 3).

Vamos caracterizar as forças magnéticas que atuam sobre


partículas carregadas em movimento e ver algumas das suas
Fig. 3 As forças magnéticas fazem mover os ponteiros
de certos aparelhos elétricos de medida e provocam aplicações.
rotações em motores elétricos.

198
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

2.3.1 Ação de campos magnéticos


sobre cargas em movimento

Tal como os campos gravítico e elétrico, o campo magnético B» (também Força magnética: só atua sobre
designado, de forma mais rigorosa, por campo de indução magnética) é identi- partículas com carga e em movimento
quando a sua velocidade não tem
ficado pela força magnética, F»m, que exerce sobre uma partícula. No entanto,
a direção do campo magnético.
para haver força, a partícula tem de ter carga elétrica, q, e estar animada de uma
certa velocidade, v». Verifica-se experimentalmente que a intensidade da força
magnética depende dessas grandezas:

Intensidade da força magnética, Fm, sobre uma partícula com carga e em movimento

Depende do módulo da carga da


partícula, |q|, e do módulo da sua
• A força será máxima se v» e B» forem
velocidade, v, assim como do mó-
perpendiculares:
dulo do campo magnético onde q B
está imersa a partícula, B, e do (α = 90o ⇒ sin α = 1):
v
ângulo α entre os vetores v» e B». Fm = |q|vB
É dada pela expressão:
T
Fm = |q| v B sin α
N C m s–1 • A força será nula se v e B tiverem
q v
a mesma direção:
q B B
(α = 0o ou α = 180o ⇒ sin α = 0): v
ն
v Fm = 0

A força magnética, F»m, é sempre perpendicular a v» e a B» , ou seja, ao plano


que contém estes dois vetores. O sentido desta força pode ser obtido a partir de
uma das seguintes regras:

Regra da mão direita Regra do saca-rolhas

Curvam-se os dedos no sentido de v» para B», Roda-se um saca-rolhas no sentido de v» para B»,
tendo os dois vetores o mesmo ponto tendo os dois vetores o mesmo ponto de aplicação:
de aplicação: B
• o sentido da sua progressão será o sentido de F»m
ն
• o polegar apontará no sentido de F»m se a carga for positiva;
se a carga for positiva; v • o sentido contrário ao da sua
• o polegar apontará no sentido progressão será o sentido
Fm
contrário ao de F»m se a carga de F»m se a carga
for negativa. q B for negativa. q B
+ −
ն ն
v Fm v

199
2. CAMPOS DE FORÇAS

As características anteriores da força magnética podem ser obtidas direta-


mente da expressão

F»m = q v» × B»
onde o sinal × indica não uma multiplicação normal, mas sim uma operação
entre dois vetores chamada produto vetorial. Nesta expressão, q é a carga da
partícula, positiva ou negativa, e não o seu módulo!

Caracterizemos o produto vetorial de dois vetores a» e b» (Fig. 4):

Produto vetorial entre dois vetores a» e b»:


Simboliza-se por a» × b».
O seu resultado é um vetor c» com as seguintes características:
c» • módulo c = ab sin α (a e b são os módulos de a» e b», respetivamente, e
b» α é o ângulo entre a» e b»);

Į
• direção perpendicular ao plano que contém a» e b» (e, portanto, perpendicular
também a a» e a b» );
• sentido dado, por exemplo, pela regra da mão direita (curvando os dedos da
c» = a» × b»
mão direita no sentido de a» para b», o polegar aponta no sentido de c»).

Fig 4 Produto vetorial de dois vetores.

Muitas vezes representam-se os vetores v» , B» e F»m do seguinte modo: dese-


nham-se no plano do papel o vetor v» e um dos outros dois vetores (B» ou F»m).
O terceiro vetor, perpendicular aos vetores no plano do papel, simboliza-se por
x ou por • conforme aponta para trás ou para a frente do plano do papel, respe-
tivamente (Fig. 5).

ou ou
Fig. 5 Símbolos para indicar o sentido de
Vetor aponta para trás Vetor aponta para a frente
um vetor perpendicular ao plano do papel.
do plano do papel do plano do papel

Na Fig. 6 apresentam-se dois exemplos de marcação de vetores quando v» e


»
B são perpendiculares.

B» B»
v» v»
q>0 F»m F»m q>0

Fig. 6 Exemplos de marcação dos


vetores v», B» e F»m quando um deles é v» e B» estão no plano do papel: v» e F»m estão no plano do papel:
perpendicular ao plano do papel. »
Fm é perpendicular ao plano do papel. B» é perpendicular ao plano do papel.

200
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Como a força magnética exercida sobre uma partícula carregada é sempre Trabalho realizado pela força
perpendicular à sua velocidade, a força não altera o módulo da velocidade, mas magnética: é nulo, pois a força é sempre
perpendicular à velocidade; a energia
apenas a direção, qualquer que seja a trajetória da partícula.
cinética da partícula é constante.
Como se mantém o módulo da velocidade, conclui-se que a energia cinética
da partícula não é alterada pela ação do campo magnético, ou seja, o trabalho
realizado pela força magnética é nulo.

A unidade SI de campo magnético é o tesla (T).

Um campo magnético com a intensidade de 1 T é muito forte. Para compara-


ção, a intensidade do campo magnético terrestre varia de 20 μT a 60 μT (Fig. 7).

Os campos produzidos pelos eletromagnetes mais potentes disponíveis em


laboratório não excedem 20 T. Campos da ordem da centena de teslas só podem
ser produzidos na Terra durante tempos muito curtos. Porém, alguns corpos
celestes como os pulsares possuem campos magnéticos muito mais intensos
do que os produzidos em laboratório.
Fig 7 Mapa da intensidade do campo
A Tab. 1 mostra a ordem de grandeza de alguns campos magnéticos que magnético terrestre: varia de 20 μT (azul)
a 60 μT (vermelho). A medição foi feita
encontramos na Natureza e nos laboratórios de física. pelos três satélites da missão SWARM
da Agência Espacial Europeia (ESA).

Fonte do campo magnético Intensidade do campo (T)

Pulsar 1011

Eletromagnete pulsado 102

Eletromagnete supercondutor contínuo 101

Eletromagnete de laboratório 10 –2 a 102

Eletromagnete supercondutor usado em Imagiologia


1
por Ressonância Magnética

Magnete em forma de barra 10 –4 a 10 –2

Superfície do Sol 10 –4 a 10 –2
Tab 1 Intensidades típicas de campos
Superfície da Terra 10 –4 a 10 –5 magnéticos.

Cérebro humano 10–13

Um campo pode ser reconhecido pela ação que exerce. A expressão da força
magnética representa essa ação, tal como as expressões equivalentes já estu-
dadas para os campos gravítico e elétrico.

No entanto, o campo magnético tem uma característica muito diferente dos


campos elétrico e gravítico. Enquanto as forças gravíticas e elétrica têm a dire-
ção do respetivo campo, a força magnética é perpendicular ao campo magné-
tico! O quadro seguinte sumaria a relação das forças com os respetivos campos.

Força gravítica Força elétrica Força magnética

F»g = m π» F»e = q E» F»m = q v» × B»

201
2. CAMPOS DE FORÇAS

Questão resolvida 1

A figura representa quatro situações de uma partícula B» B»


carregada, de carga q, que se move com velocidade v» num v» q<0
campo magnético B». Na situação C, a velocidade da partí- v»
q>0
cula faz um ângulo α com o campo magnético.

A B
Determine, para cada uma delas, a força magnética que
B» B»
se exerce sobre a partícula, considerando o referencial y
indicado. v» v»
q>0 q>0
x
z

C D

Utilizamos a regra da mão direita, tendo o cuidado de aplicar é positiva, a força tem o sentido indicado pelo polegar.
os vetores v» e B» no mesmo ponto. Uma vez que v» e B» não são perpendiculares, a força é
A. A velocidade e o campo magnético têm a mesma direção, F»m = – |q|vB sin α e»z, sendo α o ângulo entre v» e B».
pelo que a força magnética é nula. D. Como B» é perpendicular ao plano do papel e aponta no
B. A força é perpendicular ao plano do papel. Curvando sentido positivo do eixo dos zz, a força tem de estar no
os dedos no sentido de v» para B», o sentido é horário e o plano do papel. E, como a velocidade tem a direção do
polegar aponta para trás do plano do papel. Mas, como eixo dos yy, a força (que é perpendicular a v» e a B») tem a
a carga é negativa, a força aponta para cá do plano do direção do eixo dos xx. Curvando os dedos no sentido de v»
papel. Uma vez que v» e B» são perpendiculares, a força é para B», o que é o mesmo que girar o eixo dos yy para o eixo
F»m = |q| v B e»z. dos zz, o polegar aponta no sentido positivo do eixo dos xx.
Como a carga é positiva, a força tem o sentido indicado
C. A força é perpendicular ao plano do papel. Curvando os
pelo polegar. Uma vez que v» e B» são perpendiculares, a
dedos no sentido de v» para B» , o sentido é horário e o pole-
força é F»m = |q| v B e»x.
gar aponta para trás do plano do papel. Como a carga

Atividade 1

1. A imagem num ecrã de um televisor antigo (CRT) é


produzida por um feixe de eletrões que varre um ecrã
fluorescente (material que emite luz quando excitado
pelo feixe eletrónico). Verifique a ação de um campo
magnético aproximando um magnete do ecrã de um
televisor (que tem de ser velho, pois os danos causa-
dos pelo campo magnético podem ser irreversíveis!):
observe a distorção da imagem resultante do desvio
da trajetória do feixe por ação de forças magnéticas.
2. Os campos magnéticos fortes podem causar a levi-
tação de objetos e de seres vivos (tais como sapos!).
Investigue essa possibilidade.

202
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Que tipo de trajetória terá uma partícula carregada, de massa m e carga


q, numa região onde existe um campo magnético uniforme B» ?

Suponhamos que a massa da partícula é tão pequena que o seu peso é des-
prezável: a força resultante sobre a partícula será apenas a força magnética.
Vejamos os três casos possíveis, de acordo com a orientação da velocidade e
do campo magnético.

1. Partícula lançada num campo magnético com a mesma direção do campo

Como v» e B» têm a mesma direção, F»m = 0». Pela Primeira Lei de Newton, a
partícula move-se com movimento retilíneo e uniforme.

2. Partícula lançada num campo magnético numa direção perpendicular


ao campo

Neste caso a força magnética tem o seu valor máximo, Fm = |q|Bv, sendo os
vetores v» , B» e F»m perpendiculares entre si. Como a força resultante coincide
com a força magnética e esta é perpendicular à velocidade, tem apenas compo-
nente centrípeta, apontando sempre para o centro da trajetória! Como o plano
definido pela velocidade e pela força magnética se mantém constante, a partí-
cula adquire um movimento circular uniforme, cujo sentido depende do sinal da
carga (pois esta determina o sentido da força magnética), podendo obter-se o
raio da trajetória (Fig. 8).

Movimento circular uniforme

S
N
v R
Fm
Fm
v
Fig. 8 Movimento circular uniforme
de uma partícula com carga positiva
B B lançada perpendicularmente a um campo
magnético uniforme e sua representação
S no plano do papel. O raio da trajetória
N B» depende de características da partícula
e do campo magnético.

v2
Como Fm = m (Segunda Lei de Newton) e Fm = |q|Bv, então
R
mv2 mv .
|q|Bv = ⇔ R=
R |q|B
O raio da trajetória:
• é diretamente proporcional ao momento linear da partícula, p = mv, para uma
partícula carregada que se mova num campo magnético B» ;
• é inversamente proporcional à intensidade do campo magnético para uma partí-
cula carregada que se mova com uma certa velocidade v».

203
2. CAMPOS DE FORÇAS

A Fig. 9 mostra a trajetória circular de um feixe de eletrões num campo mag-


nético uniforme, produzido numa ampola de vidro por um par de bobinas. A inte-
ração dos eletrões com um gás existente no interior da ampola permite ver a
trajetória circular desse feixe. O campo magnético é paralelo ao eixo das bobinas
e perpendicular à trajetória dos eletrões.

3. Partícula lançada num campo magnético numa direção que não coincide
com a do campo magnético nem lhe é perpendicular

Neste caso, v» e B» formam um ângulo α diferente de 0o, 90o e 180o e o módulo


da força magnética é Fm = |q|Bv sin α.

Podemos decompor a velocidade inicial em duas componentes (Fig. 10), uma


paralela e a outra perpendicular ao campo magnético. Sobre a componente
Fig. 9 Trajetória circular de um feixe
de eletrões num campo magnético paralela atua uma força magnética nula, que não altera essa componente: o
uniforme, revelada pela luminescência movimento é retilíneo uniforme na direção de B». A componente perpendicular
do gás existente na ampola de vidro.
origina um movimento circular uniforme num plano perpendicular a B». A sobre-
posição dos dois movimentos origina uma trajetória helicoidal (em forma de
hélice), de raio constante, que segue a direção de B».


v» v» B»

Movimento circular uniforme


v»Y ➡ Trajetória helicoidal
num plano perpendicular a B» de raio constante

Fig. 10 Trajetória helicoidal de uma v»ii ➡


Movimento retílineo unifor- ➞ cujo eixo é a direção
de B»
partícula com carga positiva num campo me na direção de B»
magnético uniforme.

O raio da hélice descrita é constante quando o campo magnético é uniforme.

Quando o campo magnético não é uniforme (como o campo magnético ter-


restre) a hélice descrita tem um raio variável, que é maior onde o campo é menor.
Essa propriedade explica o comportamento das partículas cósmicas (que têm
carga) muito energéticas vindas das estrelas ao atingirem as altas camadas da
atmosfera: as forças magnéticas fazem-nas descrever hélices de raio variável
em torno das linhas de campo (Fig. 11). Como há inversão de sentido do movi-
mento nos polos, verifica-se um movimento de vaivém entre os dois polos, o que
faz com que as partículas fiquem aprisionadas pelo campo. Sem esta «blinda-
Fig. 11 As partículas cósmicas descrevem
movimentos em hélice, de vaivém entre gem magnética», a vida seria impossível na Terra.
os polos, em torno das linhas de campo
magnético terrestre.

204
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Questão resolvida 2

a) Prove que a frequência, f, do movimento circular de partículas de massa


m e carga q, lançadas com velocidade v» no mesmo campo magnético
uniforme, B», não depende da sua velocidade mas sim da razão |q| .
m
b) Se a partícula for um eletrão (me = 9,11 × 10–31 kg e |q| = 1,60 × 10–19 C),
qual será o tempo de uma volta completa num campo magnético de
intensidade 100 mT?
c) Que trabalho realizará a força magnética que atua sobre o eletrão da
alínea anterior quando este dá uma volta completa?
E qual será a variação da sua energia cinética?

a) No movimento circular uniforme, v = ω R. Pela Segunda Lei de Newton,

v2 v2 |q|BR . Então, ω R = |q|BR , ou


Fm = m ou |q|vB = m , donde v =
R R m m

seja, ω =
|q|B . Como ω = 2πf, vem f = 1 |q| B. Para um dado campo
m 2π m
magnético, a frequência só depende, portanto, da razão |q| / m .
b) O tempo de uma volta completa é um período (que é o inverso da fre-
quência): T = 2π
m .
|q|B
O período de um eletrão que se move num campo B = 100 mT = 0,100 T
9,11 × 10–31
é T = 2π × = 3,58 × 10–10 s.
1,60 × 10–19 × 0,100
c) Como a força magnética é sempre perpendicular à velocidade em qual-
quer ponto da trajetória, o trabalho por ela realizado é nulo. Como a força
resultante coincide com a força magnética, o trabalho da força resultante
é nulo e, pelo Teorema da Energia Cinética, será nula a variação da ener-
gia cinética da partícula.

Atividade 2

As auroras polares são fenómenos óticos naturais cuja origem é o campo


magnético terrestre.
Faça uma pesquisa que dê resposta às seguintes questões:
– O que são auroras polares? Como se formam? Quando são mais frequen-
tes? Em que zonas ocorrem mais frequentemente?
– O que é a cintura de Van Allen?
QUESTÕES p. 216
– As auroras polares são exclusivas do nosso planeta?

205
2. CAMPOS DE FORÇAS

2.3.2 Ação simultânea de campos


magnéticos e elétricos
sobre cargas em movimento

Quando atuam simultaneamente um campo elétrico E» e um campo magné-


tico B» sobre uma partícula carregada, ela fica sujeita à resultante das forças
elétrica e magnética, a chamada força de Lorentz:

F»em = q E» + q v» × B»
Vejamos algumas aplicações.

1. Seletor ou filtro de velocidades

Seletor ou filtro de velocidades: Num seletor de velocidades há um campo magnético, B», e um campo
permite filtrar partículas de igual elétrico, E», uniformes mas cruzados, isto é, perpendiculares (Fig. 12). O campo
velocidade através da ação conjunta
elétrico pode ser criado por um condensador de placas paralelas e o campo
de um campo elétrico e de um campo
magnético perpendiculares. magnético por um íman apropriado.


Fonte
de iões E»
F»m

F»e v» O

Fig. 12 Esquema de um seletor


de velocidades.

Um ião de peso desprezável e carga q positiva, proveniente de uma fonte de


iões, entra no condensador com velocidade v», paralela às placas, ou seja, per-
pendicular a cada um dos campos. O ião fica sujeito a duas forças simétricas:

• força elétrica, F»e = q E» ;

• força magnética, F»m = q v» × B» , com a mesma direção da força elétrica mas


sentido oposto e de módulo Fm = |q| v B.

Como as forças se equilibram, vem:

F»e + F»m = 0 ⇒ Fe = Fm ⇔ |q|E = |q| v B ⇔ v = E


B
A trajetória das partículas depende da sua velocidade à entrada do conden-
sador:

v= E v> E v< E
B B B
As partículas não sofrem desvio, As partículas são desviadas As partículas são desviadas
saindo pela abertura O, pois para a placa de cima, pois para a placa de baixo, pois
Fe = Fm Fm > Fe Fe > Fm

206
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Se os iões lançados pela fonte tiverem todos a mesma velocidade, podere-


mos medi-la selecionando uma combinação de campos E» e B» de tal modo que
não haja desvio das partículas.

Se os iões forem lançados com diferentes velocidades, poderemos usar o


aparelho como filtro ou seletor de velocidades, uma vez que só sairão pela aber-
tura O os iões com velocidade v = E .
B
Nestes aparelhos é comum que o módulo de B» seja constante e que o campo
E» seja variável (varia-se este campo regulando a diferença de potencial elétrico
entre as placas do condensador).

Questão resolvida 3

Num seletor de velocidades, o campo magnético tem a intensidade de


200 mT. A distância entre as placas do condensador é 5,0 cm e a tensão
aplicada às placas é 500 V.
Determine o módulo da velocidade das partículas que passam pelo seletor
de velocidades sem sofrerem desvio.

O módulo do campo elétrico entre as placas é:

E=
U = 5,00 × 102 = 1,00 × 104 V m–1
–2
d 5,0 × 10

Se desprezarmos o peso das partículas, a força resultante será nula, pelo


que as forças elétrica e magnética serão simétricas, tendo, por isso, o
mesmo módulo:
Fe = Fm ⇔ |q|E = |q| v B ⇔

⇔v=
E = 1,00 × 104 = 5,0 × 104 m s–1 = 180 000 km h−1
B 0,200

2. Espetrómetro de massa

Outra aplicação da ação de campos elétricos e magnéticos é o espetrómetro


de massa (Fig. 13), instrumento que permite identificar substâncias através do
seu comportamento nestes campos.

O seu funcionamento fundamenta-se na separação de iões com base na


razão carga/massa. Se os iões tiverem a mesma carga e esta for conhecida, o
espetrómetro poderá ser usado para medir a massa.

O material a analisar num espetrómetro é inicialmente evaporado e depois


ionizado através do bombardeamento de eletrões, o que ocorre na chamada
fonte de iões. Deste processo resultam iões positivos.

Estes iões são primeiro acelerados por um campo elétrico intenso, entrando Fig. 13 A análise química de uma
depois com grande velocidade numa câmara onde existe um campo magnético substância pode ser realizada
com um espetrómetro de massa.
uniforme.

207
2. CAMPOS DE FORÇAS

Espetrómetro de massa: iões A Fig. 14 mostra, em esquema, um espetrómetro de massa e a orientação


de igual carga descrevem trajetórias dos vetores B» , v» e F»m.
semicirculares de raio proporcional
à sua massa. Fonte
de iões

m2 m1 P F»m
R1 v»
R2

Fig. 14 Espetrómetro de massa: iões com B»
a mesma carga descrevem trajetórias
semicirculares, cujo raio será tanto maior
quanto maior for a sua massa. R2 > R1 m2 > m1

Como a velocidade v» à entrada do campo magnético é perpendicular a B»,


os iões descrevem trajetórias semicirculares de raio R = mv , acabando por
|q|B
chocar com uma película fotográfica P. Se v for igual para todos os iões, o raio
dependerá apenas da razão m .
|q|
Nos aparelhos modernos, a película fotográfica é substituída por um ou mais
detetores. Para que a velocidade seja a mesma para todos os iões, intercala-se
um seletor de velocidades entre a fonte de iões e a câmara (Fig. 15).

m3 m2 m1 B»1

Fig. 15 Espetrómetro de massa equipado B»2


com seletor de velocidades.

Um feixe de iões entra, através de fendas, no seletor de velocidades onde E e


B1 são as intensidades dos campos elétrico e magnético perpendiculares entre
si. Assim, só entrarão no espetrómetro os iões com velocidade v = E .
B1
Se B2 for a intensidade do campo magnético no espetrómetro, então
R = mv . Substituindo o valor de v, tem-se:
|q|B2
|q| = E
m R B1 B2

Conhecendo as intensidades dos três campos (E, B1 e B2) e medindo o raio da


trajetória, R, obtém-se |q| .
m

208
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Foi o inglês Francis Aston (Fig. 16) quem inventou o espetrómetro, em 1919.
O aparelho logo serviu para revelar a existência de isótopos (átomos com a
mesma carga nuclear – mesmo número de protões – mas diferente massa), pois
descreviam arcos de circunferência de raio proporcional à respetiva massa.

Os espetrómetros de massa conseguem realizar, em menos de uma hora,


uma análise completa de uma grande lista de substâncias. A espetroscopia de
massa é uma técnica poderosa que é usada em análise química, por exemplo na
deteção de poluentes e no controlo antidoping.

Porque é necessário o controlo antidoping? Os esteroides anabolizantes


(como a testosterona) aumentam a massa muscular, os analgésicos e os nar-
cóticos (como a morfina) permitem ultrapassar lesões e os estimulantes (como
Fig. 16 O inglês Francis Aston,
a cafeína) aumentam temporariamente a resistência. Hoje em dia, a diferença Prémio Nobel da Química
entre uma medalha de ouro e uma de prata decide-se, em alta competição, por em 1922, foi o inventor
da espetroscopia de massa.
uma fração de segundo. Há, por isso, quem seja tentado a ingerir substâncias
que aumentem o rendimento desportivo – o chamado doping. O Comité Olímpico
Internacional exige análises antidoping cada vez mais precisas. A espetroscopia
de massa em cromatografia gasosa tem-se tornado a técnica preferida (Fig. 17),
pois permite detetar, com grande precisão, esteroides anabolizantes na urina.

Espetro de massa da molécula de testosterona


100

80
Abundância relativa

OH
60

40
0
20
Fig. 17 Espetro de massa (m é a massa
0 de um ião XZ+) da testosterona,
0 50 100 150 200 250 300 representada no lado direito.
m /z

Questão resolvida 4

Dois iões, com a mesma carga q, de


massas m1 e m2 (peso desprezável) É necessário calcular o módulo da velocidade, v, do ião à entrada no espetró-
são acelerados a partir do repouso metro. No campo elétrico, tem-se:
num campo elétrico uniforme, subme- 1 2|q|U
WF» = ΔEc ⇒ |q|U = mv2 ⇔ v =
tidos a uma diferença de potencial U. 2 m
Entram depois num espetrómetro. mv2 mv
No campo magnético, pela Segunda Lei de Newton: |q|vB = ⇔ R=
Determine a razão entre os raios das R |q|B
trajetórias semicirculares descritas. 2mU
Substituindo v, obtém-se R = .
|q|B2

R1 m1
Como os isótopos têm a mesma carga, vem = .
R2 m2

209
2. CAMPOS DE FORÇAS

Questão resolvida 5

Nos finais do século XIX, o interior da matéria era ainda um mistério.


Contudo, em 1897, o físico inglês J. J. Thomson identificou o eletrão e
e
determinou, pela primeira vez, a razão carga/massa do eletrão: (e é
me
o módulo da carga do eletrão e me a sua massa). A sua experiência tornou-
-se um marco no conhecimento da estrutura atómica, valendo-lhe o Prémio
Nobel da Física em 1906.
A determinação de e pode fazer-se em laboratórios escolares com o dis-
positivo da figura, que usa um método diferente do de Thomson. No inte-
rior da ampola há um gás nobre a baixa pressão. Um canhão de eletrões
ejeta eletrões, que são acelerados entre as placas de um condensador
onde está aplicada uma tensão de 320 V. Os eletrões entram perpendi-
cularmente a um campo magnético de intensidade 6,0 × 10–4 T, descre-
vendo uma trajetória circular de raio 10,0 cm, bem visível pela luminosi-
dade dos átomos do gás nobre.
e
Calcule a razão a partir deste método.
me

Como a velocidade dos eletrões é perpendicular ao campo magnético, estes


têm movimento circular e uniforme. O raio da trajetória obtém-se a partir da
Segunda Lei de Newton:
v2 mev
Fm = mea ⇒ |q|vB = me ⇒ R=
R eB

O módulo da velocidade, v, pode ser calculado a partir da diferença de poten-


cial U aplicada ao condensador:
1 2eU
WF» = ΔEc ⇒ |q|U = mev2 ⇔ v =
2 me

me 2eU
Combinando as duas equações, resulta R = , obtendo-se:
eB me

e 2U e 2 × 320
= , logo, = = 1,8 × 1011 C kg–1
me B2R2 me (6,0 × 10–4)2 × 0,1002

210
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

Atividade 3

Os aceleradores de partículas usam campos elétricos e


magnéticos: o campo elétrico acelera as partículas com
carga e o campo magnético encurva a sua trajetória.
O primeiro acelerador de partículas foi o ciclotrão cons-
truído por Ernest Lawrence na Universidade da Califórnia,
nos Estados Unidos, em 1931. Por esta invenção, que foi
importante para o avanço de uma área então emergente – a
física de partículas –, recebeu o Prémio Nobel da Física em
1939. A primeira figura mostra Lawrence junto a um ciclo-
trão, montado no centro de um grande eletromagnete, e a
segunda figura apresenta o primeiro protótipo de ciclotrão.
Este acelerador enfrentava alguns problemas previstos
pela Teoria da Relatividade Restrita de Einstein. Na cons-
trução de um outro tipo de acelerador, o sincrotrão, leva-
ram-se em conta efeitos relativistas.
O sincrotrão do ESRF (European Synchrotron Radiation
Facility – terceira figura) está situado em Grenoble, França.
Este sincrotrão é utilizado por equipas de cientistas,
incluindo portugueses, para realizar diversas experiências
de física, química, biologia e medicina.

1. Faça uma pesquisa sobre os vários tipos de acelerado-


res de partículas (incluindo a constituição e princípios de
funcionamento).
Averigue a importância da investigação que se realiza no
ESRF.

2. O Large Hadron Collider – LHC (figura em baixo) é o maior


acelerador de partículas do mundo e utiliza protões e
núcleos mais pesados. Inaugurado em 2008, a sua cons-
trução é já considerada um grande feito do século XXI.
Faça uma pesquisa sobre os resultados já obtidos com
este acelerador, em particular sobre a descoberta do
bosão de Higgs.

QUESTÕES p. 218

211
2. CAMPOS DE FORÇAS

2.3.3 Ação de campos magnéticos


sobre correntes elétricas

O campo magnético manifesta-se por forças sobre partículas com carga e


em movimento. Como a corrente elétrica é formada por cargas em movimento,
os fios atravessados por corrente elétrica sofrem a ação de campos magnéticos,
manifestada pelas forças magnéticas exercidas sobre eles.

Vejamos o exemplo da Fig. 18: um fio, enrolado num íman em U, está ligado a
uma fonte de tensão contínua. Quando se fecha o circuito, o fio «salta», pois fica
sujeito, para além do seu peso, a uma força magnética dirigida para cima.

Fig. 18 A força magnética


atua sobre um fio percorrido
por corrente elétrica
fazendo-o «saltar».

Verifica-se experimentalmente que a intensidade dessa força magnética


depende de características do fio condutor e do campo:

Intensidade da força magnética, Fm, sobre um fio percorrido por corrente contínua

Depende da corrente elétrica, I,


do comprimento do fio, ᐍ, assim • A força será máxima se B» for

como do módulo do campo mag- perpendicular ao fio: I

nético onde está imerso o fio, B, e (θ = 90o ⇒ sin θ = 1)


do ângulo θ entre o vetor B» e o fio Fm = I ᐍB
condutor.

Fm = I ᐍB sin θ
N Am T • A força será nula se B» tiver B»
a mesma direção do fio: I

I o o
e (θ = 0 ou θ = 180 ⇒ sin θ = 0)
Fm = 0

212
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

E qual é a direção e o sentido dessa força? Para os definirmos, introduzimos


um vetor S» com as seguintes características:
• tem direção coincidente com o fio retilíneo percorrido pela corrente;
• tem sentido igual ao sentido convencional da corrente elétrica;
• tem módulo igual ao comprimento S do fio percorrido por corrente.

A Lei de Laplace, definida a partir de um produto vetorial, permite não só


obter a intensidade da força magnética sobre um fio condutor (conhecida por
força de Laplace), como também obter a direção e o sentido dessa força:

Força magnética, F»m, sobre um fio percorrido por corrente contínua

F»m = I ᐍ» × B»
Intensidade: Fm = I ᐍB sin θ.

Direção: perpendicular a ᐍ» (ou seja, ao fio) e a B».

Sentido dado por uma das regras:

• regra da mão direita: quando se curvam os dedos no sentido de B


Fm
ᐍ» para B» (tendo os dois vetores o mesmo ponto de aplicação), o + l
polegar aponta no sentido de F»m; –

• regra do saca-rolhas: quando se roda o saca-rolhas no sentido de


ᐍ» para B» (tendo os dois vetores o mesmo ponto de aplicação), o
sentido da sua progressão indica o sentido de F»m.

A força de Laplace pode ser medida experimentalmente com uma balança


muito sensível usando, por exemplo, a montagem da Fig. 19: o sentido da cor-
rente contínua é tal que o fio fica sujeito a uma força magnética vertical e dirigida
para baixo, o que é detetado na balança.

Fig. 19 A força magnética exercida


num fio percorrido por corrente contínua
e colocado entre ímanes pode ser medida
com uma balança muito sensível.

213
2. CAMPOS DE FORÇAS

A força de Laplace é equivalente à força magnética exercida sobre uma carga


em movimento. Como a corrente é I = Q , sendo Q a carga que passa no inter-
Δt
valo de tempo Δt (por exemplo, o tempo que essa carga demora a percorrer o
fio) e como S» = v»d Δt (v»d é chamada velocidade de deriva dos eletrões), então
I S» = Q v»d Δt = Qv»d. Ou seja, a força magnética, F»m = Q v»d × B», é equivalente à
Δt
força de Laplace, F»m = I S» × B».

Fig. 20 Uma espira circular percorrida As espiras circulares também sofrem a ação de forças magnéticas quando
por corrente contínua fica sujeita a uma percorridas por corrente elétrica (Fig. 20).
força magnética que a faz rodar.
Os galvanómetros (Fig. 21, à esquerda), que medem correntes muito peque-
nas, baseiam-se neste efeito. Num galvanómetro há um íman fixo, que cria o
campo magnético, e uma bobina móvel. Quando esta é percorrida por corrente
surgem forças magnéticas que fazem rodar a bobina. Um ponteiro ligado à
bobina sofre um desvio, para um lado ou para outro, consoante o sentido da
corrente. Este desvio será tanto maior quanto maior for a corrente. Também um
motor de corrente contínua (Fig. 21, à direita), como o motor de arranque de um
automóvel, se baseia no mesmo efeito: forças magnéticas simétricas obrigam
uma espira a rodar.
B

Fig. 21 À esquerda: esquema N S


de galvanómetro. À direita: esquema
−F
de motor elétrico de corrente contínua.
N S
+ −

Questão resolvida 6

Os comboios de levitação magnética Maglev (esta palavra vem de magnetic


levitation), que são usados em Xangai, podem atingir grandes velocidades.
A levitação resulta da força magnética exercida sobre correntes elétricas
fortes que percorrem fios condutores montados no comboio com origem
num campo magnético criado por ímanes instalados no solo.
Suponha um fio retilíneo condutor percorrido por uma corrente de 50 A, no
sentido de oeste para este, colocado numa região onde existe um campo
magnético intenso de 1,20 T, dirigido para nordeste. Caracterize a força
magnética que atua sobre 1,00 m de fio.

O ângulo entre o fio e o campo magnético é 45o. A força magnética é N


NE
Fm = I SB sin θ, ou seja, Fm = 50 × 1,00 × 1,20 × sin 45o = 42 N. B
Como mostra a figura, os vetores S» e B» estão num plano paralelo ao I 45o
solo, pelo que a força magnética tem de ser perpendicular ao solo. O E
Curvando os dedos da mão direita no sentido de S» para B», o polegar
aponta para cima: a força é vertical e aponta para cima. Por isso, ela S
equilibra um peso igual a 42 N por cada metro de fio condutor.

QUESTÕES p. 219

214
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

RESUMO
• Força magnética sobre uma partícula, F»m: atua sobre uma partícula car-
regada, de carga q, quando está sob ação de um campo magnético, B», e com
velocidade, v», de direção diferente de B»; é dada por F»m = q v» × B»; a sua intensi-
dade é Fm = |q| BV sin α (α é o menor ângulo entre v» e B»); tem direção perpen-
dicular ao plano definido por v» e B» e sentido definido pela carga da partícula
e pela regra do saca-rolhas (ou da mão direita).

• Trabalho realizado pela força magnética: é nulo (a força é sempre perpendi-


cular à velocidade), sendo, por isso, constante a energia cinética da partícula.

• Trajetória de uma partícula carregada, de massa desprezável, num


campo magnético uniforme: será retilínea e o movimento será uniforme se
v» e B» tiverem a mesma direção (F»m é nula). Será circular e o movimento será
uniforme se v» e B» tiverem direções perpendiculares (F»m aponta para o centro
da trajetória), sendo o raio da trajetória dado por R = mv . Será helicoidal se
|q|B
a direção da velocidade não coincidir com a do campo magnético nem lhe for
perpendicular: consiste na sobreposição de um movimento retilíneo uniforme
na direção de B» e de um movimento circular uniforme num plano perpendi-
cular a B».

• Força de Lorentz: traduz a ação simultânea de um campo elétrico e de um


campo magnético sobre uma partícula carregada e em movimento; é dada
por F»em = q E» + q v» × B». Aplicações: seletor de velocidades, espetrómetro de
massa, aceleradores de partículas, etc.

• Seletor ou filtro de velocidades: filtra (seleciona) partículas de igual veloci-


dade através da ação conjunta de um campo elétrico e de um campo magné-
tico perpendiculares.

• Espetrómetro de massa: separa iões de igual carga mas diferente massa


pois as trajetórias semicirculares que descrevem têm raio proporcional à res-
petiva massa.

• Força magnética sobre um fio percorrido por corrente contínua, F»m (força


de Laplace): atua sobre um fio percorrido por corrente contínua, com cor-
rente elétrica I, imerso num campo magnético B» cuja direção não é a do fio;
é dada por F»m = I S» × B», sendo S» um vetor com a direção do fio e sentido igual
ao sentido convencional da corrente elétrica; a sua intensidade é dada por
Fm = I SB sin θ (θ é o menor ângulo entre S» e B»); tem direção perpendicular ao
plano definido por S» e B» e sentido definido pela regra do saca-rolhas (ou da
regra da mão direita).

215
2. CAMPOS DE FORÇAS

QUESTÕES
5. Conclua, justificando, se as seguintes afirmações são
verdadeiras ou falsas.
(A) A força magnética, tal como a elétrica, atua sobre
qualquer partícula carregada.
(B) A força magnética que atua sobre uma partícula
carregada, em movimento num campo magnético,
é sempre perpendicular à sua velocidade e a esse
campo.
(C) Uma partícula carregada, de massa desprezável,
2.3.1 Ação de campos magnéticos sobre lançada perpendicularmente a um campo magné-
tico uniforme, tem movimento circular uniforme,
cargas em movimento
apontando a força magnética para o centro da
trajetória.
1. A eletricidade e o magnetismo nem sempre estiveram
unificados. Sintetize as principais descobertas que (D) Num espetrómetro de massa, as partículas carre-
levaram ao desenvolvimento da teoria eletromagnética gadas descrevem órbitas semicirculares num plano
e os cientistas envolvidos. definido pelo campo magnético e pela velocidade.

2. O que distingue as linhas de um campo elétrico das 6. Num espetrómetro de massa, as partículas carregadas
linhas de um campo magnético? descrevem órbitas semicirculares num plano definido
pelo campo magnético e pela velocidade.
3. Um eletrão (carga –e) entra numa região em que existe Quatro partículas, a, b, c e d, que podem, ou não, ter
→ →
um campo magnético B , com uma velocidade v (ver carga elétrica, entram numa região onde existe um
figura). Caracterize a força magnética que atua sobre o campo magnético, como se indica na figura.
eletrão no instante em que entra nessa região. × × × × × × × × × ×
a
y
× × × × × × × × × ×

× × × × × × × × × ×
b c d
B

v x
a) Indique, justificando, quais das seguintes afirmações
z
são verdadeiras.
(A) A carga da partícula a é negativa e a carga da
4. Observe a figura: um protão entra pelo orifício P1 numa partícula b é positiva.

câmara onde há um campo magnético uniforme, B , (B) Se as partículas c e d forem iguais, d terá maior
descreve uma semicircunferência com movimento uni- velocidade do que c.
forme e sai pelo orifício P2. Caracterize o campo mag-
→ (C) As partículas c e d têm cargas do mesmo sinal.
nético B .
(D) Se as partículas a e b têm velocidades iguais em
P1 P2
módulo, o módulo da carga de a é maior do que o
módulo da carga de b.
v
b) Conclua, justificando, qual seria a direção do campo
magnético para que nenhuma das partículas fosse
Câmara desviada.

216
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

7. Num campo magnético uniforme de módulo B é lan- b) Relacione as ordens de grandeza dos raios das traje-
çada uma partícula, de massa m e carga q, passando a tórias I e III. Considere que as partículas β se movem
descrever uma circunferência de raio R. cerca de 10 vezes mais depressa do que as partícu-
a) Determine uma expressão para: las α.

i) o módulo da velocidade da partícula. c) Conclua, justificando, sobre o sentido do campo


magnético.
ii) o tempo que a partícula demora a descrever duas
voltas completas.
9. Uma partícula com 0,040 g e carga elétrica –2,0 μC
iii) a frequência do movimento. desloca-se com movimento retilíneo uniforme numa
iv) o trabalho realizado pela força magnética na pri- região onde existe um campo magnético de 0,80 T, per-
meira meia volta. pendicular ao campo gravítico. Considere desprezável
v) a energia cinética da partícula ao fim de uma volta. a resistência do ar. Determine o módulo da velocidade
da partícula e indique uma orientação para o campo
b) Em que situação se obtém uma trajetória com o
magnético, e a direção do movimento, compatíveis com
mesmo raio?
as condições do problema.
(A) Duplicando os módulos da velocidade e do
campo. 10. Duas partículas 1 e 2, com a mesma carga e com mas-
(B) Duplicando o módulo da velocidade e reduzindo o sas diferentes, penetram numa região do espaço onde

campo para metade. existe um campo magnético uniforme B . Sob a ação
(C) Reduzindo o módulo da velocidade para metade e deste campo, as partículas passam a descrever traje-
mantendo o campo. tórias circulares, de raios, respetivamente, r1 = 2,00 m
e r2 = 0,40 m. O módulo do momento linear da partícula
(D) Reduzindo o campo para metade e mantendo a
2 é 6,68 × 10–22 kg m s–1.
velocidade.
a) A partir destes dados pode concluir-se que o ângulo
8. Observe a figura: uma substância radioativa emite, na entre a velocidade das partículas e o campo magné-

mesma direção, partículas α (núcleos de átomos de tico B :
hélio com dois protões e dois neutrões), partículas β (A) varia de 0o a 180o.
(eletrões) e radiação eletromagnética γ, que entram no
(B) varia de 0o a 90o.
mesmo campo magnético uniforme perpendicular ao
(C) é 0o ou 180o.
plano da figura. O protão e o neutrão têm aproximada-
mente a mesma massa, cerca de 1,8 × 103 vezes maior (D) é 90o.
do que a do eletrão. b) Relacione a direção da força magnética que atua
sobre cada uma das partículas com a direção da
II velocidade.
c) Determine o módulo do momento linear da partícula
1.
III d) Sabe-se que a partícula 2 é um protão. A massa
I
e a carga de um protão são, respetivamente,
1,67 × 10–27 kg e 1,60 × 10–19 C.
i) Caracterize a aceleração da partícula 2.
a) Associe I, II e III às respetivas emissões radioativas.
ii) Determine a intensidade do campo magnético.
Considere que as velocidades das partículas α e β
têm ordem de grandeza próxima. Justifique.

217
2. CAMPOS DE FORÇAS

13. A figura representa uma partícula carregada positiva-


2.3.2 Ação simultânea de campos magnéticos
mente, com massa m e carga q, a entrar, com veloci-
e elétricos sobre cargas em movimento →
dade v , numa região onde existem um campo elétrico
→ →
11. Um feixe de eletrões passa por um seletor de veloci- E e um campo magnético B 1 perpendiculares, ambos
dades, dispositivo onde existe um campo magnético uniformes, seguindo com velocidade constante. Em
de 0,02 T e, perpendicular a este, um campo elé- seguida, entra noutra região onde apenas existe um

trico de 50 kV m–1. A massa e a carga do eletrão são campo magnético B 2, constante.
9,11 × 10–31 kg e –1,60 × 10–19 C, respetivamente.
B1
a) A força magnética que atua sobre cada um dos ele- v
trões desse feixe é:
E
(A) igual à força elétrica que atua num eletrão.
(B) simétrica da força elétrica que atua num eletrão.
(C) igual ao peso de um eletrão.
B2
(D) simétrica do peso de um eletrão.
b) Determine a energia cinética de um eletrão, em eV,
quando passa nesta região.

c) A velocidade de uma partícula selecionada no sele- a) Caracterize o campo B 1.
tor de velocidades:
b) Esboce a trajetória da partícula quando sobre ela

(A) depende da carga elétrica da partícula, mas não apenas atua o campo B 2 e descreva o movimento.
depende da sua massa.
c) Qual dos gráficos pode representar o raio da t rajetó-
(B) depende da massa da partícula, mas não depende ria descrita, r, em função do módulo do campo mag-

da sua carga elétrica. nético B 2?
(C) aumenta com o campo elétrico.
(D) aumenta com o campo magnético. A C
r r

12. Um eletrão entra numa região entre duas placas (ver


→ →
figura), onde coexistem dois campos uniformes, E e B ,
descrevendo um movimento retilíneo uniformemente
O O
acelerado. B2 B2

R
y B D
E r r
v0 O x
S

Qual das afirmações é correta?


(A) A placa R está a um potencial inferior ao da placa S. O B2 O B2
(B) Sobre o eletrão atuam a força elétrica e a força
magnética, que têm a mesma direção e sentido.
(C) O campo magnético tem a direção do eixo dos yy.
(D) O campo magnético tem a direção do eixo dos zz.

218
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

16. A barra condutora da figura está suspensa entre os


2.3.3 Ação de campos magnéticos sobre
polos de um íman em ferradura, onde o campo magné-
correntes elétricas
tico é aproximadamente uniforme.
14. A figura mostra um troço de um condutor retilíneo,
percorrido por uma corrente contínua I, e imerso num N

campo magnético uniforme B que lhe é perpendicular.
Caracterize a força magnética, por unidade de com-
S
primento, que atua no fio, considerando o referencial
representado.
a) Que alteração se observará na barra quando se fechar
y o interruptor? Despreze as interações gravíticas.
b) Se a polaridade da fonte de tensão for invertida, que
B
O x alteração se deverá fazer no íman em ferradura para
I que o desvio da barra continue a dar-se no mesmo
sentido? Justifique.

15. Os condutores da figura, de 40 cm de comprimento, 17. Na figura, um fio condutor de comprimento 6L per-


são percorridos por uma corrente de 5,0 A e estão corrido por uma corrente I, como indica a figura, está

imersos num campo magnético uniforme. imerso num campo magnético uniforme B .

A B C B L
I 2L
I
L
I

a) Determine a resultante das forças magnéticas que



atuam sobre o fio quando B é perpendicular ao plano
do fio e aponta para cá.
B B D B
b) Conclua, justificando, qual deveria ser a direção do
campo magnético para que a resultante das forças
I que atuam no fio fosse nula.
I
30° →
c) Sendo B perpendicular ao plano do fio, que forma
geométrica deveria assumir o fio para que a resul-
tante das forças que nele atuam fosse máxima?

a) Caracterize a força magnética sobre cada condutor A C


se a intensidade do campo magnético for 8,0 mT.
b) Se o fio em A fosse de cobre, ρCu = 8,96 g cm–3, e
tivesse 10,5 mm2 de secção reta, qual deveria ser o
módulo do campo magnético para ficar em equilíbrio B D
no campo gravítico terrestre?

219
2. CAMPOS DE FORÇAS

Questões globais A massa do eletrão é 9,1 × 10–31 kg e a sua carga é


– 1,6 × 10–19 C.
18. Uma partícula de massa desprezável e com carga elé- a) Determine:
trica fica sujeita a uma força magnética quando imersa
i) o sentido do campo magnético.
num campo magnético. Essa força:
ii) a intensidade da força que atua sobre o eletrão
(A) existe porque a velocidade da partícula tem a dire-
no ponto O.
ção do campo magnético.
iii) a distância d entre os pontos O e P.
(B) nunca altera o módulo da velocidade da partícula.
iv) o tempo que o eletrão permanece na câmara.
(C) depende da massa da partícula.
v) o trabalho realizado pela força magnética de O a
(D) obriga a partícula a descrever uma trajetória heli-
P.
coidal se a sua velocidade for perpendicular ao
b) Qual seria o campo elétrico a aplicar dentro da
campo magnético.
câmara para que o eletrão entrasse em O e seguisse
19. Um protão entra na região entre os polos de um íman com movimento retilíneo uniforme?
em armadura numa direção que faz um ângulo θ, dife- c) Se fosse um protão (massa 1,8 × 103 maior do que a
rente de 90o, com a direção das linhas de campo mag- do eletrão) a entrar em O com a mesma velocidade,
nético (ver figura). qual deveria ser a intensidade do campo magnético
de modo a descrever a mesma trajetória entre O
e P?
N v Ƨ S
4
21. Um núcleo de hélio, 2He+2, descreve um movimento cir-
cular uniforme de 4,0 cm de raio por ação de um campo
O protão descreve um movimento: →
magnético uniforme, B , demorando 1,0 m s a dar 10
(A) circular e uniforme.
voltas completas.
(B) helicoidal e com aceleração de módulo variável. mneutrão . mprotão = 1,67 × 10–27 kg
(C) helicoidal e uniforme. qprotão = 1,6 × 10–19 C
(D) circular, com aceleração de módulo constante. y
R
20. A figura representa uma câmara onde existe um

campo magnético uniforme B , perpendicular à r
câmara, de intensidade 2,4 × 10-5 T. Um eletrão entra
S
na câmara pela abertura O, com velocidade de módulo O Q x
4,0 × 104 m s–1, e sai da câmara pela abertura P após
descrever meia circunferência.
P
P
a) Determine a força magnética que atua sobre o ião
d
quando passa no ponto S.

b) Determine o campo magnético B .
v
O c) Um protão descreve um movimento idêntico, sendo
o módulo da velocidade igual ao do ião. Determine
a razão entre os raios das trajetórias do protão e do
ião.

220
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas

22. O ciclotrão, um dos primeiros aceleradores de partícu- b) Qual dos gráficos pode representar a energia cinética
las, é constituído por duas câmaras semicirculares, em do ião, Ec, em função do tempo, t, no intervalo de tempo
forma de «D», D1 e D2, que se encontram numa região em que o ião descreve quatro semicircunferências?

onde existe um campo magnético uniforme, B , perpen- A C
dicular às câmaras. Entre os dois «D» existe um campo Ec Ec

elétrico, E , muito intenso, que inverte periodicamente
o seu sentido.

O t O t
B

D1 B D
R Ec Ec
D2

O t O t
E
c) Para que o ião seja acelerado, ao passar de D1 para D2
U e vice-versa, o campo elétrico tem que mudar perio-
dicamente de sentido, o que exige que a frequência
do campo elétrico coincida com a do movimento dos
iões.
D1 D2
Mostre que a frequência do movimento de uma par-
tícula numa região com um campo uniforme não de-
B B pende da sua velocidade.
d) Determine a energia cinética de um ião ao sair de um
Um ião positivo é lançado de modo a que a força elé- ciclotrão em função de R (raio máximo da trajetória
trica o acelere sempre que passa entre os dois «D». do ião), q, carga do ião, m, massa do ião, e B.
Ao entrar em D1 com uma certa velocidade, o ião des-
creve um movimento circular uniforme com um cer- 23. Um fio é percorrido por uma corrente contínua I,

to raio. Quando sai de D1 e entra no campo elétrico, a estando imerso num campo magnético uniforme B ,
força elétrica acelera-o, fazendo-o entrar em D2 com como mostra a figura. Determine a força magnética
maior velocidade. Volta a descrever novamente uma que atua, por unidade de comprimento, em cada troço
trajetória semicircular, mas de raio maior porque tem do fio: (1), (2) e (3).
maior velocidade. O processo é repetido, quando o ião y
sai de D2 e entra em D1, e assim, sucessivamente, po- I (1)
dendo o ião atingir, desta forma, velocidades próximas
das da luz. Para minimizar as perdas de energia por (2) B
colisões com o ar, deve fazer-se o vácuo na zona onde
os iões circulam.
(3)
a) Explique por que razão o raio das semicircunferên- Į
O x
cias descritas pelo ião aumenta sempre que passa
entre os dois «D».

221
3
FÍSICA MODERNA
O
FASCINANTE
DA
MUNDO
FÍSICA MODERNA
Os extraordinários desenvolvimentos da física (da mecânica, da
termodinâmica e do eletromagnetismo) ao longo do século XIX não só
melhoraram a nossa compreensão do mundo como deram origem a
um conjunto de tecnologias que tornaram a vida humana mais cómoda.
Com o avanço da chamada Revolução Industrial ocorreu uma notável
melhoria da qualidade de vida das sociedades. Foram sendo construí-
das máquinas a vapor, motores de combustão e motores elétricos cada
Fig. 1 Lord Kelvin antes de surgir a física vez mais potentes, usados em fábricas para produção de bens e em
moderna: havia duas pequenas «nuvens»…
veículos para circulação de pessoas e bens. Por outro lado, no final do
século XIX, as comunicações telefónicas com e sem fios aproximavam
as pessoas.

Este triunfo da ciência levou alguns cientistas, no final do século XIX,


a acreditar que a física estava a chegar ao fim, uma vez que pouco mais
haveria a descobrir. Um deles foi Lord Kelvin, mas ele próprio reconhe-
ceu que havia duas pequenas «nuvens» que toldavam essa visão. Uma
tinha a ver com a propagação da luz no vazio, sem que existisse um meio,
tal como acontece com o som. Mas esse meio, o éter, não foi detetado.
A outra dizia respeito à distribuição de energia radiada pelo chamado
Fig. 2 Muitas técnicas de imagiologia médica
corpo negro, um corpo emissor de luz. Não existia uma descrição correta
assentam em tecnologias de base quântica.
das ondas eletromagnéticas emitidas por esse corpo.

Estes dois fenómenos, que contrariavam a visão ingénua do fim da


física, estiveram na origem da física moderna. O primeiro levou à teo-
ria da relatividade de Einstein e o segundo à teoria quântica de Planck,
Einstein, Bohr e outros. Em vez de chegar ao fim, a física encontrou novos
rumos. As «nuvens» de Kelvin deram lugar não apenas a novos conhe-
cimentos, como a um conjunto de novas tecnologias que, à semelhança
do que já tinha acontecido, mudaram a vida humana. O avanço da me-
dicina muito deve à física moderna. Os transportes e as comunicações
progrediram extraordinariamente e esse progresso não parou: veículos
sem condutor, que se orientam por GPS e sensores, estão atualmente
em fase de teste (o GPS usa a teoria quântica e a teoria da relatividade).

Achamos hoje imprescindíveis algumas tecnologias de base quântica


com que lidamos no nosso dia a dia – por exemplo, computadores e tele-
móveis – sem nos lembrarmos que elas são o fruto dos desenvolvimen-
Fig. 3 Os transístores e os circuitos integrados,
cujo desenvolvimento se deveu à física quântica, tos da física moderna, no século XX, que ninguém conseguiu prever no
estão hoje por todo o lado. século anterior. Que mais nos trará a física do século XXI?

224
3.1 INTRODUÇÃO
À FÍSICA QUÂNTICA

3.1.1 Emissão e absorção de radiação: 3.1.3 Efeito fotoelétrico e teoria


Lei de Stefan-Boltzmann dos fotões de Einstein
e deslocamento de Wien 3.1.4 Dualidade onda-corpúsculo
3.1.2 A quantização da energia para a luz
segundo Planck
3. FÍSICA MODERNA

Física moderna: área da física, A física quântica é um dos pilares da física moderna, juntamente com a teo-
desenvolvida no início do século XX, ria da relatividade formulada por Einstein.
que inclui a física quântica e a teoria
da relatividade. A física quântica aplica-se a sistemas cujas dimensões sejam da escala mo-
lecular, atómica e subatómica. Na descrição dos fenómenos reconhece-se, as-
sim, que se dá um «salto» quando se passa de uma escala que podemos desig-
nar por macroscópica (ou seja, a do nosso dia a dia) para a escala microscópica
(a dos átomos e das moléculas).

É por isso que podemos explicar os movimentos comuns do dia a dia usando
a mecânica clássica. Mas é a física quântica e a teoria da relatividade que se
aplicam aos constituintes de toda a matéria.

Neste subdomínio descreveremos os factos que estiveram na base da formu-


lação da física quântica, sem entrarmos na descrição do seu posterior desenvol-
vimento, o que se fará no ensino superior.

A teoria quântica surge noutros sítios do ensino secundário. Por exemplo,


nas aulas de química fez-se alusão ao spin, que é uma grandeza própria da física
quântica, e reconheceu-se a existência de níveis de energia bem definidos para
os eletrões nos átomos, que é um resultado puramente quântico. Para descrever
o movimento do eletrão em torno do núcleo atómico viu-se que apenas é possí-
vel indicar a probabilidade de o encontrar, o que está na origem do conceito de
nuvem eletrónica (Fig. 1). O movimento do eletrão não é descrito, como se faz em
mecânica clássica, recorrendo ao vetor posição, devido à natureza quântica des-
ta partícula, uma vez que o eletrão é, ao mesmo tempo, onda e partícula. Houve,
pois, necessidade de formular uma nova mecânica, a mecânica quântica, para
descrever o movimento do eletrão e de outras partículas subatómicas.

Que descobertas científicas estiveram na origem do desenvolvimento da me-


cânica quântica? A resposta começou a ser dada no final do século XIX quando
Planck encontrou uma solução verdadeiramente revolucionária para a explica-
ção da radiação emitida pelos corpos. Vieram depois os trabalhos de Einstein e
de vários outros cientistas.

Neste subdomínio, partindo do estudo da emissão e da absorção de radiação,


chegaremos à noção de quantização da energia proposta por Planck. Abordare-
Fig. 1 A descrição
ç do movimento mos depois a explicação do efeito fotoelétrico dada por Einstein e chegaremos
dos eletrões em torno do núcleo atómico à noção de dualidade onda-partícula para a luz, a qual se pode generalizar para
só é possível usando a mecânica quântica.
todas as partículas, como, por exemplo, o eletrão.

226
3.1 Introdução à física quântica

3.1.1 Emissão e absorção de radiação:


Lei de Stefan-Boltzmann
e deslocamento de Wien

Todos os corpos emitem e absorvem energia por radiação. Vamos ver por Ondas
que radiam energia e por que motivo a explicação deste fenómeno deu origem à eletromagnéticas
mecânica quântica.

Os constituintes dos corpos – átomos ou moléculas – têm partículas com


carga elétrica e estão em permanente agitação térmica. Mas sabemos que as
cargas elétricas produzem campos elétricos e que as correntes elétricas (resul-
tantes do movimento de cargas) produzem campos magnéticos.

Devido à agitação desses átomos e moléculas produzem-se campos eletro- Ondas


magnéticos e, em consequência, os respetivos corpos emitem ondas eletromag- eletromagnéticas
néticas (Fig. 2), ou seja, radiação. Fig. 2 Um átomo que oscila produz ondas
eletromagnéticas.
As frequências e as amplitudes das ondas eletromagnéticas emitidas depen-
dem das frequências e das amplitudes das vibrações dos átomos e moléculas,
e essa agitação depende da temperatura dos corpos. Ora, a uma mesma tem-
peratura, nem todas as partículas oscilam com a mesma frequência, havendo,
contudo, uma frequência média e uma amplitude média de oscilação que serão
tanto maiores quanto maior for a temperatura do corpo.

O resultado é a emissão de radiação segundo um espetro contínuo, desig- Radiação: é emitida por todos os corpos
nado por espetro da radiação térmica, como o da Fig. 3. Nele se representa a em consequência da agitação térmica
intensidade da radiação emitida por unidade de comprimento de onda (ou dos seus átomos ou moléculas.

radiância espetral), representada pelo símbolo J, em função do comprimento


de onda, λ. O gráfico da Fig. 3 mostra que o máximo de emissão de um corpo,
à temperatura de 5800 K, ocorre para um comprimento de onda de cerca de Espetro da radiação térmica:
500 nm. espetro contínuo resultante da emissão
de radiação por um corpo. Depende
A forma desta curva corresponde à da emissão do chamado corpo negro. da temperatura do corpo.

T = 5800 K

Fig. 3 Espetro da radiação térmica


de um corpo negro cuja temperatura
é 5800 K. Representa-se a radiância
espetral em função do comprimento
de onda.
0 500 1000 1500 2000 Ȝ/ nm

227
3. FÍSICA MODERNA

Mas o que é um corpo negro? Imaginemos um corpo oco com um peque-


no orifício por onde pode entrar radiação, mas de onde, após várias reflexões
e absorções nas paredes interiores da cavidade, ela terá muita dificuldade
em sair, como se mostra na Fig. 4. A cavidade com o pequeno orifício com-
porta-se como um corpo negro. Um corpo negro absorve (e também emite)
radiação e tem as seguintes características:

Corpo negro
Corpo ideal que absorve toda a radiação que nele incide (absorsor perfeito).

• A radiação que emite depende da sua temperatura e, a essa temperatura, é o


corpo que mais radiação emite: é um emissor perfeito.

• A radiação que emite não depende da sua constituição e forma.

• Tem uma intensidade máxima de emissão para um comprimento de onda


Fig. 4 Uma caixa com um orifício, onde bem definido, o qual depende da sua temperatura.
a radiação que por ele entra praticamente
não sai, é um exemplo de corpo negro. • A intensidade de emissão tende para zero para comprimentos de onda pe-
quenos e também para comprimentos de onda grandes.

A designação «corpo negro» traduz a ideia de que toda a luz é absorvida,


seja qual for o material que constitua o corpo. Em particular, as estrelas são
uma boa aproximação de um corpo negro. Em geral, qualquer corpo aque-
cido tem um espetro semelhante ao de um corpo negro. Para determinar
a intensidade total da radiação (símbolo I), emitida por um corpo negro
a uma dada temperatura, temos de ter em conta a radiância espetral em
todos os comprimentos de onda. Essa intensidade é dada pela «área» por
baixo da curva no espetro de radiação térmica (Fig. 5).
J

T = 5800 K

I = mT 4
Fig. 5 A «área» por baixo da curva dá
a intensidade total da radiação emitida,
cujo valor é obtido a partir da Lei
de Stefan-Boltzmann.
0 500 1000 1500 2000 Ȝ/ nm

A intensidade total da radiação emitida por um corpo negro – que é a po-


tência total emitida por unidade de área do corpo – é dada pela Lei de Stefan-
Boltzmann, em homenagem a dois físicos que viveram no final do século XIX
e início do século XX (Fig. 6).

Lei de Stefan-Boltzmann
A intensidade total da radiação emitida por um corpo negro, I, só depende da sua
temperatura absoluta, T, e é proporcional à quarta potência dessa temperatura:
K
W m–2 I = σ T–2 4–4
Wm K
Fig. 6 Joseph Stefan (esloveno) e Ludwig –8 –2 –4
Boltzmann (austríaco).
sendo σ = 5,67 × 10 W m K a constante de Stefan-Boltzmann.

228
3.1 Introdução à física quântica

Do mesmo modo que um corpo emite radiação, também absorve radiação Lei de Stefan-Boltzmann: descreve
pelo processo inverso ao da emissão: as suas partículas oscilam quando recebem a emissão e a absorção de radiação
por um corpo.
radiação. A Lei de Stefan-Boltzmann também se aplica à absorção de radiação.

Mas um corpo real emite e absorve menos energia do que um corpo negro
em idênticas condições, pois a emissão e a absorção não dependem só da tem-
peratura mas também de características da superfície do corpo.
P
Como a intensidade da radiação é a potência por unidade de área I =
A冢 ,a 冣
Lei de Stefan-Boltzmann para um corpo pode ser apresentada na seguinte forma:

Emissão e absorção de radiação por um corpo

K
e: emissividade – número entre 0 e 1 (0 ≤ e ≤ 1); depende da constitui-
W P = e σ A T4 ção da superfície do corpo; e = 1 só para um emissor e absorsor ideal
W m–2 K–4 m2
(corpo negro).
σ: constante de Stefan-Boltzmann.
A: área da superfície do corpo.
T: temperatura da superfície do corpo (na emissão de radiação); ou
temperatura da vizinhança do corpo (na absorção de radiação).

Como e < 1 para corpos reais, estes radiam menos do que um corpo negro à
mesma temperatura e com a mesma área superficial. Por exemplo, o aço muito
polido é quase um refletor perfeito pois e = 0,07: o aço absorve pouca radiação
(porque reflete muita), ou seja, é um mau absorsor e também emite pouca ra-
diação. Mas a tinta negra «mate» (uma tinta não brilhante) é quase um absorsor
perfeito, pois e = 0,97: absorve muita radiação e também emite muita radiação.
Um bom emissor de radiação é, pois, um bom absorsor de radiação.

E como mudará o espetro de radiação térmica da Fig. 3 se variar a tempera-


tura do corpo negro? Quanto maior for a temperatura do corpo mais agitados
estarão os seus átomos e moléculas: as amplitudes e as frequências das suas
oscilações serão, em média, maiores, e o corpo radiará mais energia. Por isso o Fig. 7 Alteração do espetro de emissão
espetro de emissão térmica modifica-se, o que permite retirar algumas conclu- térmica de um corpo negro quando varia
a sua temperatura. Assinalam-se as zonas
sões (Fig. 7). do visível, ultravioleta e infravermelho.

• O valor máximo da radiância espetral (máximo da curva) será tanto maior quan- J
6000 K
to maior for a temperatura.
• Quanto maior for a temperatura, maior será a intensidade total da radiação emiti-
da (a curva correspondente à maior temperatura tem por baixo uma maior área).
5000 K
• Quando a temperatura aumenta, o máximo da curva desloca-se para menores
4000 K
comprimentos de onda, facto designado por deslocamento de Wien. 3000 K
UV IV Ȝ

229
3. FÍSICA MODERNA

Wilhelm Wien (Fig. 8) foi um físico alemão que, ao estudar o corpo negro, re-
lacionou a temperatura desse corpo negro com o comprimento de onda em que
é máxima a emissão de radiação, formulando a Lei do Deslocamento de Wien:

Lei do Deslocamento de Wien (ou Lei de Wien)


No espetro da radiação térmica de um corpo negro, a temperatura absoluta é in-
versamente proporcional ao comprimento de onda em que é máxima a emissão
de radiação:
λT = B
mK mK

Fig. 8 Wilhelm Wien recebeu, em 1911, sendo B = 2,898 × 10–3 m K a constante de Wien.
o prémio Nobel da Física pelo seu trabalho
sobre a radiação do corpo negro.

Este resultado tem várias aplicações. Por exemplo, a partir da análise do


espetro de radiação térmica pode conhecer-se a temperatura superficial de uma
estrela, ou a temperatura de um corpo com um termómetro de radiação, e inter-
pretar imagens de termogramas (Fig. 9).

Fig. 9 Pode conhecer-se a temperatura


superficial de um corpo analisando o seu
espetro de radiação térmica.

Questão resolvida 1

O espetro da radiação emitida por corpos à


temperatura ambiente (300 K) é do tipo dos a) À temperatura ambiente, que é cerca de 300 K, aplicando a Lei do
espetros da Fig. 7 (página 229) mas a emis- Deslocamento de Wien calcula-se o comprimento de onda para o
são dá-se na região não visível. qual se dá o máximo de emissão:
a) Mostre que o máximo de emissão ocorre 2,898 × 10–3
λ T = B, ou seja, λ = = 9,66 × 10–6 m = 9,66 × 103 nm
predominantemente no infravermelho. 300
Este comprimento de onda situa-se na zona do infravermelho
b) A temperatura superficial de uma pessoa,
cuja área superficial é cerca de 2,0 m2, (a zona visível situa-se entre 400 nm e 700 nm).
é 35 oC. A sua pele tem uma emissividade b) Como E = P Δt, e usando a Lei de Stefan-Boltzmann, tem-se:
média de 0,50. Faça uma estimativa da E = e σ A T4 Δt ou
energia que a pessoa emite por radiação
E = 0,50 × 5,67 × 10–8 × 2,0 × (35 + 273,15)4 × 60 ⇔ E = 3,1 × 104 J
em 1,0 min.
c) Como a temperatura absoluta e o comprimento de onda de máxima
c) Se um pedaço de metal for aquecido para
emissão são inversamente proporcionais, se a temperatura abso-
o dobro da temperatura absoluta, como
luta duplicar o comprimento de onda passará a metade.
variará o comprimento de onda para o
qual ocorre o máximo de emissão?

QUESTÕES p. 240

230
3.1 Introdução à física quântica

3.1.2 A quantização da energia segundo


Planck

No final do século XIX procurou explicar-se a radiação emitida por um corpo


negro com a teoria eletromagnética de Maxwell, mas os cálculos conduziram a
um resultado em desacordo com os dados experimentais.

A Fig. 10 mostra a curva experimental (semelhante à da Fig. 3, página 227)


para um corpo negro, a 2000 K, e a curva prevista pela teoria clássica. A enorme
diferença entre os resultados experimentais e a previsão teórica ficou conhecida
por catástrofe do ultravioleta, por essa diferença se observar na zona do ultra-
violeta (a dos menores comprimentos de onda).

A curva prevista pela teoria eletromagnética:

J / W cm – 2 ȝm –1
50
Experiência T = 2000 K
• aproxima-se da curva experimental na zona dos grandes comprimentos de onda, 40
tendendo ambas as curvas para zero quando aumenta o comprimento de onda; 30
Teoria
• difere da curva experimental na zona dos pequenos comprimentos de onda (ca- 20 clássica
tástrofe do ultravioleta): quando o comprimento de onda diminui a radiância es- 10
petral aumenta. Experimentalmente verifica-se que a radiância espetral tem um
máximo e tende para zero para pequenos comprimentos de onda. 0 1 2 3 4 5 6
Ȝ/ ȝm

Fig. 10 Catástrofe do ultravioleta:


Em 1900, o físico alemão Max Planck (Fig. 11) encontrou a solução para resol- expressão por que ficou conhecida
a discrepância entre a curva para
ver a discrepância. Planck supôs que a radiação era emitida por um conjunto de a radiação do corpo negro prevista
osciladores eletromagnéticos (cargas elétricas que oscilam, Fig. 2, página 227) pela teoria eletromagnética
e a curva experimental.
cuja energia não podia ser qualquer, mas sim um múltiplo de uma energia ele-
mentar. Ou seja, a energia seria quantizada (só admitia certos valores):

Postulado de Planck: quantização da energia


Há uma energia elementar do oscilador eletromagnético, chamada quantum
de energia, que é proporcional à frequência de oscilação:

E0 = hf com h = 6,626 × 10–34 J s a constante de Planck


Os osciladores eletromagnéticos só podem ter energias que sejam múltiplos
inteiros da energia elementar:

E = nE0 ou E = nhf com n = 1, 2, 3, ...


Em consequência, os osciladores só podem radiar quantidades discretas de
energia, chamadas quanta (plural de quantum) de energia.

A hipótese de Planck evitava a catástrofe do ultravioleta: o valor não nulo


de h permitia descrever corretamente a curva de radiância espetral na região
dos pequenos comprimentos de onda, ou seja, descrever com notável precisão Fig. 11 Max Planck, Prémio Nobel
da Física em 1918, alemão, postulou
a emissão do corpo negro, e ainda deduzir a Lei de Stefan-Boltzmann e a Lei que a radiação é emitida de uma forma
do Deslocamento de Wien. A ideia dos quanta de energia revolucionou a física, descontínua (discreta), os quanta,
revolucionando a física.
mostrando-se muito poderosa!
QUESTÕES p. 241

231
3. FÍSICA MODERNA

3.1.3 Efeito fotoelétrico e teoria


dos fotões de Enstein

No século XVII, Newton defendeu que as fontes luminosas emitiam pequenos


corpúsculos, em todas as direções, a grandes velocidades. Esta teoria (Fig. 12),
conhecida por Teoria Corpuscular da Luz, só permitia explicar fenómenos óticos
mais comuns como a reflexão e a refração.
Um contemporâneo de Newton, o holandês Christian Huygens, defendeu, pelo
contrário, que a luz era uma onda, criando assim a Teoria Ondulatória da Luz, a
qual explicava outros fenómenos, como a interferência.
Em 1803, o físico inglês Thomas Young (Fig. 13) fez prevalecer a Teoria Ondu-
Fig. 12 Newton admitiu que a luz era
constituída por pequenos corpúsculos. latória em resultado da chamada experiência de Young: a luz incidia numa dupla
fenda, sendo geradas, em cada fenda, ondas que se propagavam e interferiam
umas com as outras; formavam-se zonas claras, resultantes de interferências
construtivas, e zonas escuras, resultantes de interferências destrutivas, criando-
-se um padrão de claro e escuro. A Fig. 14 mostra, no lado esquerdo, uma expe-
riência semelhante à de Young feita com água numa tina de ondas. No lado direito
representa-se o padrão de claros e de escuros que se observa no caso da luz.
Este fenómeno, chamado difração, só podia ser explicado usando a Teoria On-
Fig. 13 Thomas Young, físico inglês dulatória. A Teoria Ondulatória acabou, assim, por se revelar mais adequada do
dos séculos XVIII e XIX que explicou que a Teoria Corpuscular.
a difração da luz através da teoria
ondulatória. O caráter ondulatório da luz veio a ser confirmado pelas equações do eletro-
magnetismo de Maxwell: estas mostraram que a propagação de uma perturba-
ção do campo eletromagnético se faz por uma onda que se propaga à velocidade
da luz, confirmando os resultados das experiências de interferência e difração.

Escuro

Claro

Escuro

Claro

Escuro

Claro

Escuro

Fig. 14 Experiência de Young feita com ondas numa tina com água (à esquerda). A experiência
feita com luz mostrou o caráter ondulatório desta (à direita).

232
3.1 Introdução à física quântica

Apesar de a natureza ondulatória da luz parecer firmemente estabelecida,


um fenómeno descoberto ainda no século XIX haveria de mudar a nossa com-
preensão da luz. O alemão Heinrich Hertz observou, em 1887, a emissão de ele- e−
e−e−
trões da superfície de um metal quando nele incidia luz de uma certa frequência.
e− e− −
Este fenómeno é chamado efeito fotoelétrico (Fig. 15). e−
e

Para a maioria dos metais, a emissão de eletrões só ocorre por incidência de Fig. 15 Efeito fotoelétrico: emissão
luz ultravioleta ou luz ainda mais energética, ou seja, o efeito fotoelétrico depen- de eletrões por um metal quando nele
incide luz de frequência adequada.
de da frequência da luz.

Observemos a Fig. 16: podemos iluminar um metal com luz muito intensa
mas de pequena frequência sem que haja emissão de eletrões; contudo, o mes-
mo metal pode ser iluminado com luz menos intensa mas de maior frequência
e observar-se a remoção de eletrões do metal. Estes resultados permitem con-
cluir que não é a intensidade da luz incidente mas, sim, a sua frequência que
determina se há ou não emissão de eletrões pelo metal.

e− e− e−

f1 f2

Luz muito intensa mas de pequena Luz menos intensa mas de maior
Fig. 16 É a frequência da luz incidente
frequência: frequência (f2 > f1):
e não a sua intensidade que determina se
não há efeito fotoelétrico. há efeito fotoelétrico. há ou não emissão de eletrões pelo metal.

Na Fig. 17 representa-se uma célula fotoelétrica e o que ocorre quando é


aplicada uma diferença de potencial elétrico, U, entre um elétrodo com poten-
cial positivo (ânodo) e um elétrodo com potencial negativo onde incide luz (cha-
mado fotocátodo).

Uma luz monocromática de frequência f passa através Quando se fecha o circuito, os eletrões emitidos pelo fotocátodo, D, são atraí-
de uma janela transparente e incide numa placa dos para o ânodo, C, uma vez que a diferença de potencial entre C e D é positiva.
metálica (fotocátodo), e este emite eletrões: Se esta for suficientemente elevada, todos os eletrões emitidos chegarão
ao ânodo e a corrente elétrica estabelecida no circuito atingirá um valor
limite (chamada corrente de saturação).

Se a polaridade no gerador de tensão for invertida, a diferença de potencial


entre C e D é negativa, os eletrões que saem do fotocátodo serão repelidos
D C pelo elétrodo C, diminuindo a corrente elétrica. Aumentando a diferença
A de potencial, a corrente elétrica acabará por se anular para uma diferença
V de potencial igual a –U0 (sendo U0 > 0), que é designada por potencial de
U paragem. Neste caso, apenas os eletrões mais energéticos chegarão pró-
Cátodo – + Ânodo
ximo do elétrodo C.

Fig. 17 Célula fotoelétrica para o estudo experimental do efeito fotoelétrico.

233
3. FÍSICA MODERNA

Como a energia cinética máxima dos eletrões é igual à energia potencial elé-
trica inicial, Ec = eU0, o potencial de paragem permite medir esta energia cinéti-
ca. Só se os eletrões saírem do fotocátodo com energia cinética superior a eU0
é que atingirão o outro elétrodo (Fig. 18).
V A Fig. 19 mostra as curvas da corrente elétrica em função da tensão aplicada,
A I(U), obtidas experimentalmente, e as conclusões que delas podemos retirar:

I I

Luz mais intensa


f Luz menos intensa
V
f f 2 > f1
f2
A f1

–U 0 U –U’0 –U 0 U
Fig. 18 Se os eletrões tiverem energia
cinética suficiente para «vencer»
o potencial de paragem, atingirão o ânodo Fazendo incidir luz da mesma frequência Fazendo incidir luz de frequência
(em cima); caso contrário, não passará mas com intensidades diferentes, diferente, mas com igual intensidade,
corrente elétrica no circuito (em baixo). o potencial de paragem, U0, é igual mas, o potencial de paragem é maior
quanto mais intensa for a luz, maior será para a luz de maior frequência:
a corrente de saturação. f2 > f1 ⇒ U0' > U0

Fig. 19 Curvas características para uma A corrente elétrica aumenta com a diferença de potencial aplicada aos elétrodos,
célula fotoelétrica. até atingir um valor constante (corrente de saturação).

Quando se representa o potencial de paragem, U0, em função da frequên-


cia f da luz incidente, obtém-se um gráfico linear como o da Fig. 20. Em 1916,
o físico norte-americano Robert Millikan efetuou medidas cuidadosas do
efeito fotoelétrico, mostrando que o declive dessas retas é igual para todos
os metais!

Infravermelho Visível Ultravioleta


3,0

2,0
U0 / V

1,0

f0

Fig. 20 Potencial de paragem em função


da frequência da luz incidente no metal 0
0 4 6 8 10
sódio, segundo os dados de Millikan. f / (1014 Hz)

234
3.1 Introdução à física quântica

Os estudos experimentais feitos sobre o efeito fotoelétrico estavam em con- Efeito fotoelétrico: não era explicado
tradição com as previsões da teoria clássica. Na Fig. 21 apresentam-se as princi- pela teoria ondulatória da luz. Só foi
explicado por Einstein.
pais diferenças encontradas.

Previsões da teoria clássica Resultados experimentais

Desde que ocorra efeito fotoelétrico, o


O número de eletrões emitidos
número de eletrões emitidos será tanto
será tanto maior quanto maior for a
maior quanto maior for a intensidade da
intensidade da luz.
luz incidente.

O potencial de paragem e a energia


Aumentando a intensidade da luz
cinética máxima dos eletrões não
incidente, aumenta a energia transferida
dependem da intensidade da luz
para os eletrões, aumentando a sua
incidente, mas apenas da sua frequência
energia cinética máxima.
e do metal onde a luz incide.

A luz de qualquer frequência deverá Há uma frequência mínima da luz


remover eletrões da superfície do metal incidente abaixo da qual não há emissão
desde que a sua intensidade seja elevada de eletrões.
ou se espere tempo suficiente para que o Se essa frequência aumentar, o potencial
eletrão acumule energia. de paragem aumentará linearmente.

Os eletrões demoram a acumular


A emissão dos eletrões é praticamente
energia para se libertarem do metal, Fig. 21 Previsões da teoria clássica
instantânea: a corrente de eletrões
sendo maior o tempo para luz menos para o efeito fotoelétrico e resultados
estabelece-se mal haja incidência de luz.
intensa. experimentais.

Das previsões da teoria clássica indicadas, só a primeira foi confirmada pela


experiência! A solução para o problema foi encontrada por Albert Einstein (Fig. 22).

Enquanto Planck, na sua teoria da radiação do corpo negro, tinha suposto


que a emissão e absorção de radiação se faziam por quantidades discretas de
energia, Einstein foi mais longe, afirmando que a própria radiação (luz) só pode
ter valores discretos de energia, isto é, múltiplos de uma quantidade elemen-
tar. Esta quantidade ou «pacote» de energia elementar estava associada a uma
partícula de luz, mais tarde designada por fotão. A luz tinha, pois, uma natureza
corpuscular.

A teoria dos fotões, segundo Einstein


A luz existe em quantidades discretas: quanta de radiação ou fotões.
A energia de um fotão é dada pela relação de Planck

Efotão = hf
A energia de um feixe de luz (fotões) é

E = nhf com n = 1, 2, 3, ... (número de fotões)

A intensidade de uma fonte de luz depende do número de fotões emitidos por Fig. 22 Albert Einstein, Prémio Nobel
unidade de tempo e de área. da Física em 1921 pela explicação
do efeito fotoelétrico.

235
3. FÍSICA MODERNA

Função trabalho, W : energia mínima A partir desta hipótese, Einstein explicou, em 1905, o efeito fotoelétrico.
necessária para remover o eletrão mais Supôs que um fotão de luz incidente colidia com um eletrão da superfície do
energético da superfície de um metal.
metal, transferindo a sua energia para este. Se essa energia fosse superior à
energia necessária para remover o eletrão mais energético do metal, designada
por função trabalho, W, o eletrão seria removido da superfície, ou seja, ocorreria
efeito fotoelétrico.

Efeito fotoelétrico

Emissão de um eletrão pela superfície de um metal onde A energia cinética máxima, Ecmáx, do eletrão removido do
incide luz, de frequência f, resultante do choque de um fo- metal é a diferença entre a energia do fotão incidente,
tão da luz incidente com um eletrão do metal. Efotão, e a função trabalho, W :

Ecmáx = Efotão – W
Eletrões
1
Luz ou mev 2máx = hf – W
2
incidente

• Só haverá efeito fotoelétrico se a energia do fotão inci-


dente for superior à função trabalho, que é característi-
ca do metal: hf ≥ W.

Superfície do metal • A energia mínima do fotão que pode remover um eletrão


é igual à função trabalho, W = h fmin, sendo a frequência
Efotão = hf W
mínima dada por fmin = .
h
1 • A energia cinética máxima só depende, para uma dada
Ecmáx = mev 2máx
2 superfície metálica (mesmo W ), da frequência da luz in-
cidente e não da sua intensidade.
• O número de eletrões emitidos é proporcional ao núme-
ro de fotões incidentes: luz mais intensa produz emissão
de mais eletrões.

A Fig. 23 representa o gráfico da energia cinética máxima do eletrão removido


em função da frequência da luz incidente para três metais diferentes, M1, M2 e M3.
Em cada caso, f0 é a frequência mínima da luz para que ocorra efeito fotoelétrico
nesse metal. Por outro lado, verifica-se que as retas têm igual declive: a equação
que descreve o efeito fotoelétrico permite concluir que esse declive é igual à cons-
tante de Planck, h.

Ec
máx

Ec = hf – W
máx

M1 M2 M3
Declive = h
Fig. 23 Energia cinética máxima do eletrão
removido em função da frequência da luz
incidente para três metais: o declive
das retas é igual à constante de Planck. f0 f0 f0 f
1 2 3

236
3.1 Introdução à física quântica

A Tab. 1 indica as frequências mínimas da luz para que ocorra efeito Metal fmin / Hz
fotoelétrico em alguns metais.
Césio 4,5 × 1014
A interpretação revolucionária que Einstein fez da natureza da luz
Potássio 5,4 × 1014
não foi bem aceite pela maioria dos físicos da época, incluindo o próprio
Planck. Foi, aliás, por estar convencido de que Einstein estava errado que Sódio 5,7 × 1014
Millikan planeou e efetuou medidas muito precisas do efeito fotoelétrico
Zinco 8,1 × 1014
numa série de metais. Mas os resultados vieram dar razão a Einstein,
que viria a receber o Prémio Nobel da Física em 1921 pela sua explica- Prata 11,1 × 1014
ção do efeito fotoelétrico. Tab. 1 Frequência mínima da luz incidente
para que ocorra efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico tem muitas aplicações, como, por exemplo, na em alguns metais.
abertura automática de portas, no funcionamento de alarmes, na medi-
ção da intensidade da luz em máquinas fotográficas e de câmaras de ví-
deo, etc. As fotocélulas são também usadas para ligar automaticamente
as luzes da rua ao anoitecer, quando a intensidade da luz está abaixo de
um certo valor, e para as desligar ao amanhecer (Fig. 24). Sensores óticos
que se baseiam no efeito fotoelétrico são usados para ler as faixas de
som escritas em películas cinematográficas.

Um outro aparelho que se baseia neste efeito é o fotomultiplicador:


tubo de vidro onde se fez o vácuo e onde existem um fotocátodo e uma
série de elétrodos (Fig. 25). Um fotão que entra na janela do fotomultipli-
cador emite um eletrão do fotocátodo, que é acelerado para o primei-
ro elétrodo. Ao atingi-lo, esse eletrão faz emitir vários eletrões que são
acelerados para o segundo elétrodo e assim sucessivamente, gerando-se
uma multiplicação do número de eletrões. No último elétrodo podere-
mos ter vários milhões de eletrões que foram gerados por um único fotão!
Com a ajuda de um fotomultiplicador é possível contar fotões um a um.

Questão resolvida 2

Uma luz monocromática, de 500 nm, incide sobre uma superfí-


cie metálica de césio. São emitidos eletrões cuja energia cinéti-
ca máxima é 1,0 × 10–19 J.
Calcule o valor da função trabalho para o césio e a frequência
mínima da luz capaz de produzir efeito fotoelétrico nesse metal. Fig. 24 A intensidade da iluminação é
controlada por células fotoelétricas.

c
Como f = e Ecmáx = hf – W ⇒ W = hf – Ecmáx, vem
λ
+200 V +600 V +1000 V +1400 V
3,0 × 108
W = 6,626 × 10–34 × – 1,0 × 10–19 = 3,0 × 10–19 J
500 × 10–9 Vácuo
A frequência mínima da luz incidente obtém-se para uma energia
cinética nula dos eletrões:
Ecmáx = hf – W ⇒ 0 = hfmin – W ⇒
W 3,0 × 10–19 +1200 V +1600 V Contador
⇒ fmin = = = 4,5 × 1014 Hz 0 +400 V +800 V
h 6,626 × 10–34
Contador
Fig. 25 É possível contar fotões com
um fotomultiplicador.

QUESTÕES p. 242

237
3. FÍSICA MODERNA

3.1.4 Dualidade onda-corpúsculo


para a luz

O comportamento ondulatório da luz aparece de modo evidente em fenó-


Comportamento ondulatório da luz:
menos de interferência e de difração da luz (por uma fenda ou múltiplas fendas
manifesta-se nos fenómenos
de interferência e difração da luz. como numa rede de difração). Contudo, a radiação do corpo negro só pode ser
explicada supondo que a energia é emitida em quantidades discretas de energia
e não de forma contínua, como ocorre numa onda.
Comportamento corpuscular da luz: Também no efeito fotoelétrico, em que há interação da luz com a matéria, a
manifesta-se em certas interações explicação baseia-se na hipótese de que a luz surge na forma de corpúsculos, os
da luz com a matéria, como no efeito
fotões, que, segundo Einstein, têm uma energia quantizada. Ou seja, este fenó-
fotoelétrico.
meno revela o comportamento corpuscular da luz.

Mas a intensidade de uma fonte de luz depende do número de fotões, n, emitidos


por unidade de tempo e de área, pois E = nhf. Por um lado, essa contagem tem implí-
cita a noção de corpúsculo, mas por outro, a energia depende da frequência da luz,
f, grandeza que só faz sentido para uma onda! Então a luz será onda ou partículas?
Comportamento dual da luz: pode Na realidade, a luz pode comportar-se como onda ou como partículas, ou
comportar-se como onda ou como seja, tem um comportamento dual. A dualidade onda-partícula é evidente na
partícula.
experiência de Young, uma vez que há um padrão de interferência da luz que
atravessa as duas fendas (Fig. 26).

Medindo a intensidade da fonte de luz com um fotomultiplicador, verificamos


que a corrente não é contínua, mas aparece em pulsos. Cada um destes pulsos
corresponde à entrada de um fotão no fotomultiplicador. Fazendo um varrimento
lento do padrão de interferência e contando o número de pulsos em cada po-
sição, podemos fazer um gráfico do número de pulsos em função da posição.
O gráfico assemelha-se ao da intensidade calculada supondo que a luz é uma
onda eletromagnética. No entanto, a luz é registada no fotomultiplicador como
pequenos impulsos, ou seja, como pequenas quantidades discretas de energia –
precisamente os fotões!
Fig. 26 O padrão de interferência na A insuficiência das teorias clássicas na explicação da radiação do corpo
experiência de Young pode ser registado por
um fotomultiplicador, que conta os fotões. negro e do efeito fotoelétrico está na origem da criação de uma nova era na
física – a era da física quântica. Foi graças aos trabalhos de Planck e de Einstein
que novas ideias começaram a germinar e que, continuadas por outros, viriam a
Planck e Einstein: precursores da física ter como consequência a formulação, já nos anos 20 do século XX, da mecânica
quântica. quântica numa versão mais avançada.

A mecânica quântica tem passado todos os testes experimentais! As tecno-


logias que se baseiam direta ou indiretamente em fenómenos quânticos invadi-
ram o nosso quotidiano. Num leitor de CD, a emissão de luz laser que lê a infor-
mação gravada no disco é um fenómeno quântico. Também os semicondutores
dos circuitos integrados têm por base fenómenos que apenas se compreendem
recorrendo à mecânica quântica. Sem o desenvolvimento da mecânica quântica
não existiriam discos compactos, nem computadores, nem muita da tecnologia
com que lidamos todos os dias!
QUESTÕES p. 243

238
3.1 Introdução à física quântica

RESUMO
• Espetro da radiação térmica: espetro contínuo resultante da emissão de
radiação por um corpo. Depende da sua temperatura.

• Corpo negro: corpo ideal que absorve toda a radiação que nele incide (é um
absorsor perfeito). A intensidade e o espetro da radiação que emite apenas
dependem da sua temperatura: é o corpo que mais radiação emite a essa
temperatura (é um emissor perfeito).

• Lei de Stefan-Boltzmann: a intensidade total (potência por unidade de área:


P/A) da radiação emitida por um corpo negro é diretamente proporcional à
quarta potência da sua temperatura absoluta, T, ou seja, I = σ T 4 (σ : constante
de Stefan-Boltzmann); potência emitida: P = Aσ T 4 (A: área superficial do corpo).

• Emissividade de uma superfície, e: relaciona-se com a emissão de radiação


pela superfície, dependendo da sua constituição; 0 ≤ e ≤ 1; a emissividade é
máxima para um corpo negro: e = 1.

• Emissão e absorção de energia por um corpo: é sempre inferior à que ocorre


num corpo negro. Potência emitida: P = σ e A T 4 (A: área superficial do corpo;
e: emissividade da superfície; T: temperatura absoluta da superfície). Potência
absorvida: P = σ e A T 4, sendo T a temperatura absoluta da vizinhança do corpo.

• Lei do deslocamento de Wien: no espetro da radiação térmica, o compri-


mento de onda, λ , em que é máxima a emissão de radiação do corpo negro,
é inversamente proporcional à temperatura absoluta, T, do corpo: λT = B
(B: constante de Wien).

• Catástrofe do ultravioleta: discrepância entre a curva para a radiação do


corpo negro prevista pela teoria eletromagnética e a curva experimental.

• Postulado de Planck (quantização da energia): a energia elementar (quan-


tum de energia) de um oscilador eletromagnético é proporcional à frequência,
f, de oscilação, E0 = hf (h: constante de Planck); a energia emitida pelo osci-
lador não é qualquer, tem de ser um múltiplo inteiro da energia elementar:
E = nhf.

• Teoria dos fotões de Einstein: a luz existe em quantidades discretas, os


quanta de radiação ou fotões, sendo a energia de um fotão dada por Efotão = hf;
a energia de um feixe de luz de dada frequência é um múltiplo inteiro da energia
do fotão: E = nhf.

• Efeito fotoelétrico: emissão de eletrões por um metal em consequência da


incidência de luz de frequência adequada. Só ocorre se a energia do fotão
incidente for superior à função trabalho, W (energia mínima para remover
o eletrão ao metal); não depende da intensidade da luz incidente. A energia
cinética máxima dos eletrões emitidos é Ecmáx = Efotão – W.

• Dualidade onda-partícula para a luz: o comportamento ondulatório da luz


manifesta-se nos fenómenos de interferência e difração; o comportamento
corpuscular manifesta-se em certas interações da luz com a matéria, tal
como no efeito fotoelétrico.

239
3. FÍSICA MODERNA

QUESTÕES
Nota 4. Qual das opções completa a seguinte frase?
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: «Uma barra de alumínio é aquecida. À medida que a
σ = 5,67 × 10–8 W m–2 K–4 ; B = 2,898 × 10–3 m K sua temperatura aumenta, o comprimento de onda da
1 eV = 1,60 × 10-19 J; h = 6,626 × 10–34 J s
radiação emitida de máxima intensidade … e a potência
c = 3,00 × 108 m s–1
da radiação emitida pela sua superfície … .»
(A) diminui ... aumenta
3.1.1 Emissão e absorção de radiação: (B) diminui ... diminui
Lei de Stefan-Boltzmann (C) aumenta ... diminui
e deslocamento de Wien (D) aumenta ... aumenta

1. A radiação eletromagnética emitida por um corpo: 5. A figura mostra o espetro de quatro corpos negros às
(A) é designada por radiação térmica e não depende da temperaturas de 3000 K, 4000 K, 5000 K e 6000 K.
temperatura do corpo.
J
(B) é independente da frequência com que oscilam os
seus átomos e moléculas.
(C) tem origem nas oscilações das cargas elétricas no A

corpo.
B
(D) apresenta um espetro de emissão descontínuo.
C
D
2. Um corpo negro:
100 500 1000 1500 2000 2500
(A) reflete toda a radiação que nele incide. Ȝ / nm
(B) absorve toda a radiação que nele incide, não emi-
tindo nenhuma radiação. a) Associe as temperaturas a cada curva.
(C) absorve e emite radiação, cuja intensidade depende b) Indique, justificando, que corpo tem maior intensi-
da sua constituição e forma. dade total de radiação emitida.
(D) é o corpo que melhor absorve radiação e que mais c) Relacione numericamente a potência total emitida por
emite radiação a uma dada temperatura. unidade de área do corpo a 6000 K e do corpo a 3000 K.
d) Faça uma estimativa da cor dos corpos.
3. Qual das seguintes afirmações é verdadeira?
e) Um corpo negro E tem uma temperatura abso-
(A) De acordo com a Lei de Wien, o comprimento de
luta que é o dobro da de A. Faça uma estimativa
onda para o qual se dá o máximo de emissão é dire-
do comprimento de onda onde será máxima a sua
tamente proporcional à temperatura absoluta.
emissão.
(B) De acordo com a Lei de Wien, o comprimento de
onda para o qual se dá o máximo de emissão é di- 6. Um corpo negro, à temperatura de 300 K, emite
retamente proporcional à quarta potência da tem- 1,00 × 105 J durante 100 s. Determine:
peratura absoluta.
a) a intensidade total da radiação emitida e a área do
(C) De acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a intensi- corpo.
dade total da radiação emitida é diretamente propor-
b) o comprimento de onda para o qual é máxima a emis-
cional à quarta potência da temperatura absoluta.
são de radiação.
(D) De acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a inten-
sidade total da radiação emitida é inversamente 7. Diga, justificando, se a seguinte afirmação é verdadeira:
proporcional à temperatura absoluta. «Um corpo à temperatura de 0 oC não emite radiação».

240
3.1 Introdução à física quântica

8. O Sol, cuja superfície está a 5778 K, tem o máximo da 13. Os animais de menor dimensão têm, na proporção com
emissão térmica na zona do verde. o seu volume (ou a sua massa), uma área superficial
a) Qual é a frequência da radiação em que é máxima a relativamente maior do que os animais de maior porte
emissão? e, por isso, têm necessidade de comer muitas vezes.
Encontre uma razão para este facto.
b) Por que razão o Sol tem cor amarelada?
c) Qual seria a cor do Sol se fosse uma estrela mais 14. Sendo a temperatura média da superfície da Terra pra-
fria? E se fosse mais quente? ticamente constante (as suas variações devem-se ao
efeito de estufa), que relação há entre a intensidade
9. Os microprocessadores utilizados nos computadores
da radiação absorvida pelo planeta e a emitida para o
radiam a uma taxa aproximada de 30 watts por cen-
espaço?
tímetro quadrado. A que temperatura está um corpo
negro com o mesmo poder radiativo?

10. Duas estrelas, A e B, têm uma emissão máxima para


comprimentos de onda respetivamente iguais a 400 nm
e 700 nm. Relacione:
3.1.2 A quantização da energia segundo Planck
a) as suas temperaturas à superfície.
b) as potências totais emitidas por unidade de área. 15. Assinale a opção que completa a seguinte frase:
«De acordo com a teoria formulada em 1900 pelo físi-
11. Um objeto ficou ao sol numa estrada, tendo atingido o co alemão Max Planck, os corpos emitem ou absorvem
equilíbrio térmico com a sua temperatura superficial a radiação de forma …, emitindo ou absorvendo quanta,
30 oC. O asfalto da estrada atingiu-o a 50 oC. Supondo cuja energia é diretamente proporcional à … da radia-
que a emissividade do asfalto é dupla da emissividade ção.»
do objeto, quantas vezes a energia emitida pelo asfalto,
(A) contínua … amplitude         
por unidade de área e unidade de tempo, é superior à
(B) contínua … frequência
do objeto?
(C) descontínua … amplitude             
12. Numa viagem no espaço intergaláctico, um acidente (D) descontínua … frequência     
destrói o veículo espacial, expondo os astronautas a
temperaturas próximas do zero absoluto. Suponha a 16. A hipótese de Planck:
área superficial de um astronauta cerca de 2,00 m2, a (A) explica a radiação emitida por um corpo negro,
temperatura da sua pele 34,0 oC e a sua emissividade admitindo que a energia dos osciladores eletro-
0,50. magnéticos é qualquer.
a) Indique, justificando, se se pode desprezar a transfe- (B) afirma que a energia de um oscilador eletromagné-
rência de energia das vizinhanças para o astronauta. tico é múltipla de hf.
b) Que energia perde o astronauta em cada segundo? (C) afirma que a energia de um oscilador eletromagné-
c) Como varia a temperatura do astronauta? tico só pode ser hf.
d) A transferência de energia do astronauta para a sua (D) descreve corretamente a curva de radiância espe-
vizinhança faz-se sempre com a mesma rapidez? tral na região dos grandes comprimentos de onda,
Justifique. o que não era feito pela teoria clássica.

241
3. FÍSICA MODERNA

20. A energia necessária para dissociar os átomos de uma


3.1.3 Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões
molécula de monóxido de carbono é 11,0 eV. Verifique
de Einstein
que a frequência mínima da radiação incidente capaz
de quebrar a ligação química corresponde a luz ultra-
17. O efeito fotoelétrico, descoberto por Hertz em 1887, não
violeta (a zona da luz visível situa-se entre 400 nm e
era explicado pela teoria ondulatória. O que é o efeito
700 nm).
fotoelétrico? Qual foi a explicação dada por Einstein?
21. A função trabalho do lítio é 2,13 eV.
18. Sobre o efeito fotoelétrico, quais das afirmações são
a) Verifique que o comprimento de onda máximo da
verdadeiras?
radiação que arranca eletrões a este metal está na
(A) Maior intensidade da luz incidente pode produzir a
zona do visível (entre 400 nm e 700 nm).
emissão de maior número de fotões.
b) Qual é a energia cinética máxima dos eletrões emiti-
(B) A energia cinética máxima dos eletrões ejetados
dos, em eV, se a luz incidente tiver um comprimento
depende do número de fotões da luz incidente.
de onda de 500 nm?
(C) A energia cinética máxima dos eletrões ejetados é,
para uma certa frequência de luz incidente, inde- 22. Um metal só emite eletrões se nele incidir luz com
pendente da intensidade dessa luz mas depen- frequência mínima de 4,80 × 1014 Hz. Uma luz de
dente do tempo de exposição do metal à luz. 6,50 × 1014 Hz incide sobre o metal. A emissão de ele-
(D) A energia cinética dos eletrões ejetados será tanto trões é detetada através de uma corrente elétrica.
maior quanto maior for a frequência da radiação a) Determine a função trabalho do metal e a energia
incidente e menor a função trabalho do metal. cinética máxima dos eletrões emitidos.
(E) Para o mesmo metal, se ocorrer efeito fotoelétrico b) Se aproximássemos mais a fonte de luz incidente do
com luz verde, também ocorrerá com luz UV. metal, produzir-se-ia uma corrente elétrica:
(F) Para metais diferentes e para a mesma luz inci- (A) mais intensa, tendo os eletrões a mesma energia
dente, a energia cinética máxima dos eletrões emi- cinética máxima.
tidos será tanto maior quanto menor for a função (B) mais intensa, tendo os eletrões maior energia
trabalho para o metal. cinética máxima.
(C) menos intensa, tendo os eletrões a mesma ener-
19. Qual das afirmações é correta?
gia cinética máxima.
(A) Quanto mais ligados estiverem os eletrões num
(D) menos intensa, tendo os eletrões maior energia
metal, maior terá de ser o comprimento de onda da
cinética máxima.
luz incidente para produzir efeito fotoelétrico.
c) Se usássemos luz incidente com maior frequência,
(B) Uma luz verde arranca menos eletrões a um metal
mas mais distanciada do metal, produzir-se-ia uma
do que uma luz vermelha com o mesmo número
corrente elétrica:
de fotões.
(A) mais intensa, tendo os eletrões a mesma energia
(C) Para luz incidente do mesmo comprimento de onda
cinética máxima.
e da mesma intensidade com capacidade para ioni-
zar dois metais, o número de eletrões emitidos será (B) mais intensa, tendo os eletrões maior energia
maior no metal que tiver menor função trabalho. cinética máxima.

(D) Uma luz violeta pouco intensa pode arrancar ele- (C) menos intensa, tendo os eletrões a mesma ener-
trões a um metal, tendo cada um deles maior gia cinética máxima.
energia cinética do que os arrancados por luz azul (D) menos intensa, tendo os eletrões maior energia
muito intensa. cinética máxima.

242
3.1 Introdução à física quântica

23. O gráfico representa curvas características para uma 27. Ilumina-se um metal com feixes de luz de diferentes fre-
célula fotoelétrica: representa-se a intensidade da luz quências, f1 e f2. As velocidades máximas dos eletrões
incidente em função da diferença de potencial elétrico emitidos têm módulos respetivamente iguais a v1 e v2‚
aplicada nos terminais da célula. Associe as curvas a com v1 = 2v2. Sendo h a constante de Planck, mostre
feixes de luz incidente: que se verifica a seguinte relação entre as frequências
A. ultravioleta pouco intensa. 3mv 22
B. violeta pouco intensa. f 1 – f2 =
2h
C. violeta muito intensa.
I
a
3.1.4 Dualidade onda-corpúsculo para a luz
b
c 28. Indique a opção que completa a frase:
Quando a luz atravessa uma fenda, cuja dimensão
é da ordem do seu comprimento de onda, ocorre
U _______ que é resultado do comportamento _______
da luz. Mas quando a luz incide num metal e há emis-
24. Que fonte de luz emite mais fotões num segundo? são de eletrões por parte deste, ocorre _______ , que
(A) Uma fonte de luz de comprimento de onda 633 nm resulta do comportamento _______ da luz.
emitida por um laser de hélio-néon, utilizado num (A) refração … ondulatório … efeito fotoelétrico …
laboratório escolar, com potência de saída de corpuscular
0,50 mW. (B) refração … corpuscular … difração … ondulatório
(B) Uma lâmpada de 100 W, com uma eficiência de (C) difração … ondulatório … efeito fotoelétrico …
apenas 10%, que emite luz com comprimento de corpuscular
onda médio de 500 nm.
(D) difração … corpuscular … efeito fotoelétrico …
ondulatório
25. Por que razão uma queimadura pode ser mais perigosa
quando originada com luz ultravioleta do que com luz
visível, mesmo sendo a da luz visível mais intensa?
Questões globais
26. A tabela seguinte indica a frequência da luz incidente
29. Uma estrela de cor azul tem uma temperatura
num metal e a energia cinética máxima dos eletrões
superficial:
arrancados a um metal por efeito fotoelétrico.
(A) superior à do Sol, de acordo com a Lei de Stefan-
14 –20
f / (10 Hz) Ec / (10 J) -Boltzmann, sendo maior a intensidade total da
radiação emitida.
5,5 0,66
5,6 1,33 (B) superior à do Sol, de acordo com a Lei do desloca-
mento de Wien, sendo maior a intensidade total da
5,7 2,00
radiação emitida.
5,8 2,60
(C) inferior à do Sol, de acordo com a Lei de Stefan-
5,9 3,30 -Boltzmann, sendo menor a intensidade total da
6,0 4,01 radiação emitida.
Determine a constante de Planck e a função trabalho (D) inferior à do Sol, de acordo com a Lei do Desloca-
para esse metal. Consultando a Tab. 1 (página 237), mento de Wien, sendo menor a intensidade total da
identifique o metal. radiação emitida.

243
3. FÍSICA MODERNA

30. Uma cafeteira com água previamente aquecida foi 35. O gráfico representa a energia cinética máxima dos
abandonada sobre uma bancada até a água ficar à eletrões emitidos por vários metais – potássio, sódio,
temperatura ambiente. Conclua, justificando, se a taxa zinco, tungsténio e platina – em função da frequência
temporal de transferência de energia como calor, atra- da luz incidente sobre cada um deles.
vés das paredes da cafeteira, aumentou, diminuiu ou se
manteve constante, desde o instante em que se aban- Ec/eV
donou a cafeteira com água sobre a bancada até ao K Na Zn W Pt
instante em que a água ficou à temperatura ambiente.
2,0
31. Um esquiador, cuja temperatura superficial é 35,0 oC,
está no seu quarto e, antes de vestir o equipamento, fica
1,0
sem roupa durante 1,0 min. A temperatura do quarto é
25,0 oC. Que energia perde o esquiador por radiação,
por unidade de área superficial, nesse minuto, supondo 0,0
0,5 1,0 1,5 f / (1015 Hz)
a sua emissividade igual a 0,90?

32. O que se designou por «catástrofe do ultravioleta»? Y


Qual foi o seu impacto na física no início do século XX?

33. Pretende escolher-se um metal para uma fotocélula a) Indique, justificando, o significado físico:
que irá operar com luz visível. Dos seguintes materiais, i) do módulo da ordenada Y do gráfico;
quais devem ser escolhidos?
ii) do declive das retas do gráfico.
A. Tântalo: W = 4,2 eV
b) Para que metal é necessária menor energia para
B. Tungstênio: W = 4,5 eV
remover um eletrão?
C. Alumínio: W = 4,08 eV
D. Bário: W = 2,5 eV c) Verifique se ocorre efeito fotoelétrico quando luz visí-
E. Lítio: W = 2,3 eV vel, de 500 nm, incide no zinco.
d) Para a platina, determine:
34. Em 2005 comemorou-se o Ano Internacional da Física
i) o comprimento de onda máximo capaz de produ-
em homenagem aos trabalhos de Albert Einstein, em
zir efeito fotoelétrico.
particular o da explicação do efeito fotoelétrico em 1905.
ii) a função trabalho.
a) Segundo essa explicação, de que depende:
ii) a velocidade do eletrão emitido se o metal fosse
i) a energia de um fotão da radiação incidente?
iluminado com luz de frequência 2,0 × 1015 Hz (a
ii) o número de eletrões emitidos pelo metal? massa do eletrão é 9,109 × 10-31 kg).
b) Em que ideia fundamental se apoiou Einstein para iv) a energia cinética máxima de 1,0 mol de eletrões
explicar o efeito fotoelétrico? emitidos, na unidade SI, se o metal fosse ilumi-
c) Por que razão se pode atribuir uma frequência, que nado com luz de frequência 2,0 × 1015 Hz; quan-
é uma característica de uma onda, a uma partícula tos fotões teriam colidido com o metal nestas
como o fotão? circunstâncias?

244
3.2 NÚCLEOS ATÓMICOS
E RADIOATIVIDADE

3.2.1 Energia de ligação nuclear 3.2.4 Lei do Decaimento


e estabilidade dos núcleos Radioativo; atividade de uma
3.2.2 Processos de estabilização amostra radioativa; período
dos núcleos: decaimento de semidesintegração
radioativo. Propriedades das 3.2.5 Radioatividade: efeitos
emissões radioativas α, β e γ biológicos, aplicações
3.2.3 Reações de fissão nuclear e detetores
e de fusão nuclear
3. FÍSICA MODERNA

O físico Ernest Rutherford (Fig. 1), nascido na Nova Zelândia e naturalizado


britânico, concluiu, em 1911, que o átomo era constituído por um pequeno núcleo
central, de carga positiva, e por eletrões à sua volta, de carga negativa. Essa
conclusão baseou-se numa experiência em que uma fina folha de ouro foi bom-
bardeada por partículas muito energéticas conhecidas por «partículas alfa» (Fig.
2). Uma partícula α é um núcleo de um átomo de hélio.

Fig. 1 Ernest Rutherford realizou uma


experiência que revelou a existência
do núcleo atómico.

Fig. 2 Esquema da experiência


de Rutherford. Mostra-se em ampliação
o desvio das partículas alfa quando estas
passam junto ao núcleo atómico
ou colidem com ele.

Partículas α: núcleos de átomos Segundo o modelo atómico aceite na altura – o modelo atómico de Thomson
2+
de hélio (He ). do «pudim de passas» –, o átomo seria uma esfera com carga positiva, estando
os eletrões distribuídos uniformemente dentro dela. De acordo com este modelo,
na experiência de Rutherford as partículas α deveriam atravessar as folhas
de ouro sem sofrerem grandes desvios. Isso ocorria, de facto, para a maioria
das partículas. Contudo, algumas partículas eram muito desviadas, chegando
mesmo a voltar para trás (Fig. 2). Tal resultado levou Rutherford a concluir que
a carga positiva não estava distribuída em todo o volume do átomo, mas antes
localizada no seu centro, que passou a ser designado por núcleo atómico, onde
também estava concentrada quase toda a massa do átomo.

Mais tarde concluir-se-ia que o núcleo atómico era constituído por pro-
tões e neutrões. O protão tem carga simétrica da do eletrão, mas a sua massa
(1,6726 × 10–27 kg) é 1836 vezes superior. O neutrão, partícula sem carga des-
coberta experimentalmente em 1932 (embora tivesse sido prevista antes), tem
uma massa (1,6750 × 10–27 kg) praticamente igual à do protão.

Estabilidade nuclear: existe quando Os neutrões não contribuem para a carga dos núcleos (por serem neutros),
as forças nucleares fortes, que são mas contribuem para a sua massa e para a estabilidade nuclear.
atrativas entre protões e neutrões,
predominam sobre as forças de repulsão Os protões e os neutrões (chamados nucleões) exercem entre si uma atração
elétrica entre protões. Se essa condição muito forte, devido à força nuclear forte, que compensa a força de repulsão elé-
não se verificar, os núcleos serão instáveis. trica entre protões que também existe. Quando os núcleos se tornam maiores,
a força de repulsão entre protões, que tem longo alcance, começa a dominar
sobre a força nuclear forte, que tem curto alcance, ficando, assim, comprome-
tida a estabilidade nuclear.

A instabilidade dos núcleos pode manifestar-se na emissão espontânea


Radioatividade: emissão espontânea de partículas ou de radiação. Esses núcleos dizem-se radioativos e o fenómeno
de partículas ou de radiação por núcleos designa-se por radioatividade. Ele será objeto do nosso estudo, assim como
atómicos instáveis. algumas suas aplicações no dia a dia.

246
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

3.2.1 Energia de ligação nuclear


e estabilidade dos núcleos

Um elemento químico é caracterizado pelo número atómico, que é o número


de protões no núcleo, Z. Sendo N o número de neutrões, o número de massa,
A, é o número de nucleões: A = Z + N. Um átomo de um elemento, com símbolo
químico X, representa-se por ZA X.

Todos os núcleos de um dado elemento químico têm o mesmo número de


protões, Z, mas podem ter diferente número de neutrões, N. Os núcleos do mes-
mo elemento com diferente número de neutrões designam-se por isótopos: é o
caso do carbono-12 e do carbono-14, representados respetivamente por 126C e
14
6C (o primeiro é estável, mas o segundo não).

Antes de abordarmos a formação de um núcleo atómico, consideremos a for-


mação do átomo mais simples, que é o de hidrogénio: um protão e um eletrão Fig. 3 Um átomo de hidrogénio tem
estão ligados devido à interação eletromagnética. Mas a massa do átomo (massa massa menor do que a soma das massas
de um protão e de um eletrão separados
do protão e do eletrão ligados) é menor do que a soma das massas do protão e do (a balança é imaginária!).
eletrão quando separados (Fig. 3). Portanto, a formação do átomo, que é mais está-
vel do que as partículas separadas, é acompanhada de um decréscimo de massa.

Essa diferença de massa está relacionada com uma diferença de energia, de


acordo com a relação estabelecida por Einstein em 1905, e que é, sem dúvida,
a equação mais conhecida da física. Sendo c a velocidade da luz, a fórmula de Equivalência massa-energia
Einstein que relaciona energia, E, e massa, m, estabelecendo a equivalência de Einstein: permite concluir que
a uma diferença de massa, na formação
entre massa e energia ou equivalência massa-energia, é:
de átomos ou de núcleos atómicos,
E = m c2 corresponde uma diferença de energia.

Então, à diferença de massa Δm corresponde uma diferença de energia ΔE:

ΔE = Δm c 2
Esta expressão mostra que, mesmo que a diferença de massa seja muito
pequena, a diferença de energia correspondente é ampliada pelo valor elevado
da velocidade da luz, c (3,00 × 108 m s–1 no vazio).

Na formação de um átomo, essa diferença de energia chama-se energia


de ligação atómica, que se exprime normalmente em eletrões-volt
(1 eV = 1,60 × 10–19 J). No caso do hidrogénio, 11H, essa energia é 13,6 eV. Um
átomo de hidrogénio tem menor energia do que um eletrão e um protão separa-
dos e tem também menor massa (Fig. 4).

+
Eletrão Protão Fotão Fig. 4 Na formação do átomo
de hidrogénio a partir de um eletrão
e de um protão, a massa (ou energia)
diminui, sendo emitida radiação.

Hidrogénio

247
3. FÍSICA MODERNA

Também na formação de um núcleo atómico há diminuição de massa.


Quando os constituintes de um núcleo (com Z protões e N neutrões) estão
separados uns dos outros a sua massa total é Z mp + N mn. Mas, quando
estão ligados no núcleo, a massa do núcleo, M, é menor. A diferença de
massa é:
Δm = Z mp + N mn – M
Núcleo atómico: é sempre mais estável Portanto, quando protões e neutrões se juntam para formar um núcleo, há
do que os seus nucleões separados. uma diminuição de massa a que corresponde uma diminuição de energia. Isso
significa que o núcleo atómico é sempre mais estável, pois tem menor energia
do que os seus nucleões separados.

Energia de ligação nuclear: diferença Essa diferença de energia, designada por energia de ligação nuclear e sim-
de energia entre os nucleões separados bolizada por B (do inglês binding, que significa ligação), relaciona-se com a dife-
e os nucleões ligados no núcleo.
rença de massa pela fórmula de Einstein:
É a energia necessária para separar
os constituintes do núcleo.
É cerca de um milhão de vezes superior B = [Z mp + N mn – M ] c 2
à energia de ligação atómica.
Vista de outra forma, a energia de ligação nuclear é a energia necessária
para o núcleo atómico se desagregar nos seus nucleões. Portanto, é igual
à energia libertada quando protões e neutrões se agregam formando um
núcleo.

A energia de ligação nuclear é cerca de um milhão de vezes superior à


energia de ligação atómica: é da ordem do megaeletrão-volt (símbolo MeV).
Por exemplo, o núcleo do deutério, que é o isótopo de hidrogénio 21H, tem a
energia de ligação nuclear mais baixa: 2,2 MeV. Mas, para o bismuto-209
(20893 Bi), o isótopo estável com número de massa maior, a energia de ligação
nuclear é naturalmente ainda mais elevada: 1640 MeV.

Como calcular uma energia de ligação nuclear?

Unidade de massa atómica unificada: A massa das partículas constituintes do átomo e a do próprio átomo é dada,
1 muitas vezes, na unidade de massa atómica unificada, cujo símbolo é u.
é da massa do átomo de carbono-12.
12 1
Por definição, uma unidade de massa atómica unificada é da massa do
12
átomo de carbono-12, no estado fundamental. É por isso que a massa do átomo
de carbono-12 é exatamente 12 u, ou seja, um número inteiro!

Na Tab. 1 indicam-se as massas do protão, neutrão e eletrão em unidades de


massa atómica unificada, assim como o valor desta na unidade SI.

Massa do protão 1,007 28 u

Massa do neutrão 1,008 67 u

Massa do eletrão 0,000 55 u

1 u = 1,660 54 × 10–27 kg

Tab. 1 Massas de partículas em unidades de massa atómica unificada e valor desta na unidade SI.

248
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

Calculemos, por exemplo, a energia de ligação nuclear para um átomo de


carbono-12.

Tendo em conta os valores da Tab. 1, a soma das massas de todos os consti-


tuintes de um átomo de carbono-12, quando separados, é:

6mp + 6mn + 6me = 12,099 00 u

Como a massa deste átomo é 12 u, a diferença de massa é:

Δm = 0,099 00 u = 0,099 00 × 1,660 54 × 10–27 kg = 1,643 93 × 10–28 kg

A correspondente diferença de energia é:


1,480 × 10–11
ΔE = 1,643 93 × 10–28 × (3,00 × 108)2 = 1,480 × 10–11 J = eV = 92,5 MeV
1,60 × 10–19

A energia calculada é a soma da energia de ligação nuclear e da energia de


ligação atómica. Mas aquela energia é aproximadamente a energia de ligação
nuclear, pois a energia de ligação atómica é da ordem do milhão de vezes inferior
à energia de ligação nuclear.

A energia de ligação nuclear aumenta com o número de massa. Por isso, é


habitual estudar-se a energia de ligação por nucleão, ou seja, o quociente da
B
energia de ligação, B, pelo número de massa, A: . Na Fig. 5 apresenta-se a
A
B
energia de ligação por nucleão, , em função do número de massa, A. Eis a sua
A
interpretação:

Energia de ligação por nucleão

• é máxima para o níquel-62, ferro-58 e ferro-56 (8,8 MeV / nucleão), pelo


B/A / MeV

que esses núcleos são mais estáveis; Fe


O Hg
8
• é mínima para o deutério (hidrogénio-2), pelo que é relativamente fácil C
He U
separar os seus nucleões;
6
• tem um valor médio de 8 MeV / nucleão (linha vermelha na Fig. 5);
4
• é quase constante para A > 30;
• decresce suavemente para A > 56 (núcleos pesados); 2
2
1H
• cresce rapidamente até A = 20 (núcleos leves), embora se observe um
comportamento irregular; a partir daí, cresce suavemente até A = 56. 50 100 150 200 A

Fig. 5 Energia de ligação por nucleão


em função do número de massa.
Os valores da energia de ligação por nucleão justificam a libertação de ener-
gia em reações em que há formação de núcleos mais estáveis.

As reações em que há transformações de núcleos, e que envolvem eleva-


das energias, chamam-se reações nucleares (recorde-se que as reações quí-
micas são apenas transformações de substâncias, envolvendo só eletrões de Reações nucleares: transformações
valência). de núcleos envolvendo elevada energia.

249
3. FÍSICA MODERNA

Fusão nuclear: núcleos com baixa Como mostra a Fig. 5 (página 249), os núcleos mais leves têm baixas energias
energia de ligação por nucleão (núcleos de ligação por nucleão. Para esses núcleos é favorável um processo que, a partir
leves) originam um núcleo com maior
deles, leve à formação de um núcleo mais pesado e, de acordo com a Fig. 6, mais
energia de ligação por nucleão e, portanto,
mais estável. estável, ou seja, com maior energia de ligação por nucleão. A este tipo de reação
nuclear dá-se o nome de fusão nuclear. Como se formam núcleos mais estáveis,
liberta-se energia. É uma reação deste tipo que ocorre quando dois núcleos de
deutério formam um núcleo de hélio (Fig. 6).

Fissão (ou cisão) nuclear: um núcleo Por outro lado, também os núcleos pesados (como o urânio-235) podem cin-
pesado pode cindir-se e originar núcleos dir-se originando núcleos mais estáveis, ou seja, mais leves (de massas seme-
de massas semelhantes com maiores
lhantes) e com maior energia de ligação por nucleão. Uma reação nuclear deste
energias de ligação por nucleão
e, portanto, mais estáveis. tipo é designada por fissão ou cisão nuclear (Fig. 6). Neste caso também há liber-
tação de energia.

Região de maior
estabilidade
Fusão Fissão
Energia de ligação por nucleão / MeV

56Fe
9 31P

16O 81Br
120Sn
8 12C 157Gd 239Pu
197Au
4He
227Ac
7
7Li
6

Fig. 6 A fusão nuclear ocorre com núcleos 2


leves, enquanto a fissão nuclear ocorre
2H
com núcleos pesados, de modo a obterem- 1
-se núcleos mais estáveis, ou seja, com
maior energia de ligação por nucleão. 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Número de nucleões

160
Número de neutrões, N

A estabilidade do núcleo atómico resulta do balanço das repulsões entre pro-


140
tões, devido à força elétrica, e das atrações entre protões e neutrões, devido à
120 força nuclear forte.
100
A Fig. 7 mostra o número de neutrões em função do número de protões para
80 núcleos estáveis e a curva correspondente aos núcleos estáveis.
60 Para os núcleos mais leves, a estabilidade verifica-se quando há, aproxima-
N=Z
40 damente, um número igual de protões e de neutrões: N = Z.

20 Mas, para os núcleos maiores, a estabilidade exige maior número de neu-


0 trões, N > Z. O maior número de neutrões contribui para aumentar as forças
0 20 40 60 80 100 de atração (através da força nuclear forte) já que a repulsão elétrica também
Número de protões, Z
aumenta por haver maior número de protões.
Fig. 7 Número de neutrões em função
do número de protões e curva Os núcleos que estejam acima ou abaixo da curva de estabilidade da Fig. 7
de estabilidade (em cima).
são instáveis, tendendo a desintegrar-se, libertando energia.
QUESTÕES p. 264

250
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

3.2.2 Processos de estabilização


dos núcleos: decaimento radioativo.
Propriedades das emissões
radioativas α, β e γ

Certos núcleos instáveis tendem a estabilizar emitindo espontaneamente


parte da sua energia na forma de partículas carregadas ou de radiação, origi-
nando outros núcleos. Tais núcleos instáveis dizem-se radioativos.

As emissões radioativas foram detetadas pela primeira vez, em 1896, pelo


físico francês Henri Becquerel (Fig. 8, em cima).

No ano anterior, o alemão Wilhelm Roentgen tinha detetado os raios X a par-


tir da fluorescência produzida em determinados materiais (a fluorescência é um
processo de absorção de luz com uma certa frequência e sua reemissão com
outra frequência). Becquerel, ao investigar um processo inverso – emissão de
raios X a partir da fluorescência de sais de urânio –, notou que estes sais emitiam Fig. 8 Henri Becquerel e o casal Pierre
uma radiação penetrante, mesmo sem influência externa. Depois de investigar o e Marie Curie partilharam o Prémio Nobel
da Física, em 1903, pela descoberta
fenómeno, concluiu que outros compostos de urânio e o próprio urânio emitiam da radioatividade.
o mesmo tipo de radiação.

Também o casal de franceses Pierre e Marie Curie, sendo Marie mais conhe-
cida por Madame Curie (Fig. 8, em baixo), se dedicou à descoberta de materiais
com esse comportamento, concluindo que o tório se comportava como o urânio.
Marie Curie chamou «radioatividade» ao fenómeno de emissão espontânea de
radiação pelo urânio e pelo tório. A investigação dos Curie levou à descoberta de
novos elementos: o rádio (nome dado por ser muito mais radioativo do que o urâ-
nio) e o polónio (nome que homenageia a terra natal de Madame Curie, a Polónia).

Na natureza existem núcleos radioativos, sendo, por isso, naturais. Podem


também produzir-se núcleos radioativos em laboratório através de colisões nu-
cleares, que, por isso, são artificiais.

Foi o casal Frédéric Joliot e Irène Joliot-Curie (filha do casal Curie) quem, em
1934, anunciou a produção dos primeiros núcleos radioativos artificiais (Fig. 9).

A produção de núcleos radioativos artificiais tem permitido obter elemen-


tos químicos desconhecidos na Natureza: estes têm vida extremamente curta,
por serem fortemente radioativos, e convertem-se rapidamente em elementos
Fig. 9 O casal Frédéric Joliot e Irène
naturais. Produzem-se isótopos radioativos artificiais, chamados radioisótopos, Joliot-Curie, que partilhou o Prémio Nobel
com várias utilizações, em particular em medicina, tanto no diagnóstico como da Física, em 1935, pelos seus trabalhos
sobre radioatividade artificial.
na terapêutica.

Designa-se por decaimento radioativo, ou emissão radioativa, a emissão de Decaimento radioativo: emissão
de partículas com carga ou de fotões de alta
partículas com carga ou de radiação eletromagnética de alta energia (fotões) energia, por núcleos instáveis, originando-se
por núcleos instáveis. O núcleo resultante tem energia mais baixa do que o ini- outros núcleos estáveis ou ainda radioativos
cial, podendo ser estável ou ainda radioativo. mas de mais baixa energia.

251
3. FÍSICA MODERNA

Na Natureza, todos os elementos com Z > 83 são radioativos. Mas também


em numerosos elementos com números atómicos menores se observam decai-
mentos radioativos, como, por exemplo, no trítio (hidrogénio-3), no carbono-14,
no potássio-40, etc. Na Fig. 10 apresentam-se os tipos de decaimento radioativos
identificados nos estudos iniciais sobre radioatividade, para os quais Rutherford
contribuiu: emissão de partículas α (decaimento α), emissão de eletrões (decai-
mento β–) e emissão de fotões de energia elevada (decaimento γ).

Núcleos

Estáveis Instáveis (radioativos)

Excesso de energia emitida

Fig. 10 Os núcleos instáveis Na forma de ondas eletromagnéticas Na forma de partículas carregadas


(radioativos) libertam energia emitindo (fotões, decaimento a)
espontaneamente partículas. Um exemplo
Emissão de partículas _ Emissão de eletrões
são emissões α, β– e γ.
(decaimento _) (decaimento `–)

Vejamos na Fig. 11 o que são e o que distingue as partículas emitidas.

Emissões α, β– e γ

Papel Aço Chumbo Alvo

_ B»
_
a
` Fontes radioativas
alfa, beta e gama `
a

Partículas α: são núcleos de hélio.


• Têm pequeno poder de penetração: são facilmente detidas por uma folha de papel ou de
metal; penetram apenas na superfície da pele e cerca de 5 cm no ar.
• Têm grande poder ionizante; no caso de contaminação interna (ingestão, inalação, entrada na
circulação sanguínea) é a emissão radioativa mais danosa para as células.
• São ligeiramente defletidas por um campo magnético por terem carga elétrica.

Partículas β–: são eletrões.


• Têm maior poder de penetração do que as partículas α (penetram 1 cm ou 2 cm nos tecidos
humanos e alguns metros no ar).
• Têm poder ionizante menor do que o das partículas α.
• São fortemente defletidas por um campo magnético por terem carga elétrica e menor massa
do que as partículas α.
Fig. 11 Comparação entre
características das emissões α, β– Radiação γ : radiação eletromagnética de muito alta frequência.
e γ quanto ao poder de penetração • Tem elevado poder de penetração: só é absorvida por espessas placas de chumbo.
em materiais e capacidade
• Tem poder ionizante inferior ao das partículas α e β–.
de os ionizar, e comportamento
em campos magnéticos. • Não é defletida por campos magnéticos porque é eletricamente neutra.

252
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

A Tab. 2 indica outras propriedades das emissões α, β– e γ. A diferença de


massa e de carga das partículas α e β– permite explicar a diferença na deflexão
a que são sujeitas quando são lançadas, com a mesma velocidade, perpendi-
cularmente ao mesmo campo magnético, uma vez que o raio da sua trajetória
circular é R = mv .
|q|B

Decaimento α Decaimento β– Decaimento γ

Núcleos de hélio
Natureza Eletrões Fotões
(2 protões e 2 neutrões)

1
Massa 2 mp + 2 mp = 4 u me ≈ 冢 1836 冣 u —

Carga +2e –e —

Velocidade ≈ 2 × 107 m s–1 ≈ 2 × 108 m s–1 ≈ 3 × 108 m s–1

Capacidade de Tab. 2 Propriedades das emissões


1 ≈ 100 ≈ 1000
penetração relativa α, β– e γ.

Um decaimento radioativo pode ser descrito por uma equação (como uma Decaimento radioativo: pode ser
equação química) em que há conservação da carga elétrica e do número de descrito por uma equação onde se verifica
a conservação da carga elétrica
massa. Na escrita destas equações utiliza-se a notação ZA X para simbolizar um
e a conservação do número de massa.
núcleo: A indica o número de nucleões e Z a sua carga elétrica. Para representar
as partículas subatómicas usa-se uma notação semelhante, em que se iden-
tifica o símbolo, a massa e a carga da partícula, tal como se indica na Tab. 3:
o índice superior esquerdo é o número de massa e o índice inferior esquerdo
indica a carga elétrica da partícula.

Partículas Símbolo Notação


1
Protão p 1p ou 11H
1
0n
Neutrão n

Eletrão e– ou β– 0 –
–1e ou –10β–

Positrão e+ ou β+ 0 +
1e ou 01β+

ν 0
Neutrino 0ν
Tab. 3 Partículas subatómicas, símbolos
Antineutrino ν– 0–

e respetiva notação.

A Tab. 3 indica as partículas que surgem nos decaimentos radioativos α, β– e γ.


Os positrões, e+, são partículas em tudo semelhantes aos eletrões, mas com
carga elétrica positiva. Previstos teoricamente nos anos vinte do século XX, só
mais tarde foram detetados experimentalmente.

O neutrino, ν, e o antineutrino, ν–, não têm carga elétrica e a sua massa é


extremamente pequena. O neutrino foi previsto cerca de 25 anos antes de ser
detetado experimentalmente, em 1955, pois só a emissão de uma partícula
como o neutrino poderia garantir a conservação de momento linear e de energia
nos processos radioativos β.

253
3. FÍSICA MODERNA

Nas primeiras descobertas sobre radioatividade detetaram-se as emissões


α, β– e γ. Mais tarde detetou-se uma emissão semelhante à β–, designada por β+.
Na Fig. 12 apresentam-se esses decaimentos radioativos e respetivas equações.

Decaimento α Partícula
A A–4 4 A A–4
alfa
ZX → Z–2 Y + 2 He ou ZX → Z–2 Y +α

Um núcleo origina outro com número de massa diminuído de quatro unidades e


número atómico diminuído de duas unidades, emitindo um núcleo de hélio. É um
decaimento vulgar em núcleos pesados. Urânio

Exemplo: 238
92 U →
234
90 Th + 42 He Tório

Decaimento γ
A
ZX* → AZ X + γ
a
Um núcleo passa de um estado de energia mais alta, X*, para um estado de energia
mais baixa, X, sem alteração do número de massa e do número atómico (processo
semelhante ao que ocorre quando um átomo passa de um estado excitado para o
estado fundamental emitindo um fotão, mas, neste caso, o fotão tem uma energia
um milhão de vezes superior). Este decaimento é acompanhado normalmente de
outros decaimentos.
87 87
Exemplo: 38 Sr* → 38 Sr +γ

Decaimento β–
Eletrão
A
→ A 0 – 0–
ou A
→ A –
+ β– + ν
ZX Z+1 Y + –1 e + 0ν ZX Z+1 Y
Antineutrino
Um núcleo origina outro com igual número de massa e número atómico aumentado
de uma unidade, emitindo um eletrão e um antineutrino.
Chumbo
Exemplo: 210
82 Pb → 210
83 Bi + β + ν–

Ocorre quando o núcleo inicial tem excesso de neutrões; um neutrão transforma-se Bismuto
num protão emitindo um eletrão e um antineutrino: p
β–
1
0n → 11 p + –10 e– + 00 –ν ou n → p + β– + ν– n ν

Decaimento β+

A
ZX → A
Z– 1 Y + +10 e+ + 00 ν ou A
ZX → Z –1A Y + β+ + ν Positrão

Um núcleo origina outro com igual número de massa e número atómico diminuído de Neutrino
uma unidade, emitindo um positrão e um neutrino. Carbono

10 10
Exemplo: 6C → 5B + e+ + ν
n Boro
Ocorre quando o núcleo inicial tem excesso de protões; um protão transforma-se
+
num neutrão emitindo um positrão e um neutrino: β
p ν
1
1p → 01 n + +10 e+ + 00ν ou p → n + β+ + ν

Fig. 12 Decaimentos α, β e γ e respetivas equações.

254
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

Enquanto a força nuclear forte é responsável pela estabilidade do núcleo, a


força nuclear fraca é responsável pelos decaimentos β.

Atualmente conhecem-se outros tipos de emissões radioativas: captura ele-


trónica, emissão de neutrões, de protões, de deuterões, etc.

O núcleo instável inicial é, muitas vezes, designado por «núcleo-mãe», e o


núcleo resultante da transformação, que pode ser estável ou ainda radioativo,
designa-se por «núcleo-filho».

Em todos os decaimentos radioativos liberta-se energia, pois o núcleo-mãe Decaimentos radioativos: há sempre
é instável: transforma-se num núcleo-filho mais estável, ou seja, de menor ener- libertação de energia, pois
os núcleos-filho são sempre mais estáveis
gia. Essa energia libertada obtém-se, pela famosa fórmula de Einstein, a partir
do que os núcleos-mãe.
da diferença de massa entre o núcleo-mãe e o núcleo-filho.

Questão resolvida 1

Recorrendo à Tabela Periódica, escreva as equações a) emissão α pelo tório-229.


das seguintes reações nucleares, identificando os b) emissão β– pelo rádio-225.
núcleos-filho:
c) emissão β+ pelo germânio-68.
d) emissão γ pelo tálio-203.

a) Decaimento do tório-229: c) Decaimento do germânio-68:


229 225 4 229
90 Th → 88 Ra + 2 He ou Th → 225 Ra + 4He 68 68 +
32 Ge → 31 Ga + e + ν ou
68
Ge → 68 Ga + e+ + ν
(o núcleo-filho é o rádio-225) (o núcleo-filho é o gálio-68)
b) Decaimento do rádio-225: d) Decaimento do tálio-203:
225
88 Ra → 225 Ac + e– + ν– ou
89
225
Ra → 225
Ac + e + ν–
– 203
→ 203
81 Tl* 81 Tl + γ ou
203
Tl* → 203 Tl + γ
(o núcleo-filho é o actínio-225) (o núcleo-filho é o tálio-203 no estado
de mais baixa energia)

Atividade 1

e,
Após pesquisar, faça um relato histórico sobre aspetos da radioatividade,
destacando:
• as investigações que estiveram na base da descoberta da radioativi- vi-
dade natural e artificial, os cientistas envolvidos e as condições do seu
eu
trabalho;
• o grande impacto social dessas descobertas, traduzido na oferta dos
os
mais diversos produtos e terapias milagrosos com «radioatividade de
adicionada».

QUESTÕES p. 264

255
3. FÍSICA MODERNA

3.2.3 Reações de fissão nuclear


e de fusão nuclear

Na experiência de Rutherford, as partículas α não tinham energia suficien-


te para atingir os núcleos atómicos da folha de ouro: eram desviadas devido à
repulsão entre a sua carga positiva e a carga positiva dos núcleos. Mas em ex-
periências posteriores, fornecendo mais energia às partículas α, Rutherford con-
seguiu que estes entrassem no núcleo-alvo. Realizou, assim, a primeira reação
nuclear, processo em que são removidos ou adicionados protões ou neutrões a
um núcleo. Em 1919, através do bombardeamento com partículas α, Rutherford
conseguiu transformar nitrogénio em oxigénio:
14
7N + 42He → 17
8O + 11 H

A descoberta de Rutherford levou à investigação das reações nucleares com


a finalidade de obter energia. Nascia, assim, a era da física nuclear.

Uma reação nuclear logo estudada, e que esteve na origem da bomba atómi-
Fig. 13 O físico italiano Enrico Fermi ca, foi a fissão ou cisão nuclear: um núcleo pesado cinde-se em dois núcleos
desenvolveu o primeiro reator nuclear.
mais estáveis, com massas semelhantes, libertando elevada energia.

Foi o italiano Enrico Fermi (Fig. 13) quem, em 1934, começou por bombardear
urânio com neutrões, tentando obter outro núcleo. Quatro anos depois, os ale-
mães Otto Hahn e Fritz Strassman cindiram o urânio-235 bombardeando-o com
neutrões e obtiveram o bário, de número atómico muito menor do que o urânio.
A explicação do processo foi dada pelos austríacos Lise Meitner (Fig. 14) e Otto
Frisch. Uma das reações que ocorre na cisão nuclear do urânio é a da Fig. 15.
1 235 139 94
0n + 92 U → 56 Ba + 36 Kr + 3 01 n

139
Fig. 14 O químico alemão Otto Hahn 56
Ba
e a física austríaca Lise Meitner n
investigaram a cisão nuclear, em Berlim. n

n
235
92
U
Fig. 15 Bombardeamento de um núcleo 94 n
36
Kr
de urânio-235 por um neutrão.

Neste processo, o núcleo de urânio-235 absorve um neutrão, começa a vibrar


e forma um «pescoço», o qual acaba por se partir em dois fragmentos (Fig. 16).
n

235
92
U

139 94
56
Ba 36
Kr
Fig. 16 Cisão do núcleo de urânio
ao absorver um neutrão.
3n

256
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

Os neutrões emitidos podem cindir outros núcleos de urânio, ocorrendo uma


reação em cadeia (Fig. 17).

Fig. 17 Reação em cadeia na cisão


nuclear do urânio.

Em média, são produzidos 2,5 neutrões em cada reação de cisão, o que torna Fig. 18 As reações de cisão nuclear
muito rápida a reação em cadeia. Por cada núcleo que cinde, liberta-se elevada foram usadas nas bombas atómicas
de Hiroshima e Nagasaki.
energia. A velocidade da reação em cadeia pode ser controlada com materiais,
como o cádmio ou o boro, que absorvem neutrões sem se cindirem. A falta de
controlo desta velocidade faz com que a energia se liberte muito rapidamente,
com um potencial destruidor, como na bomba atómica (Fig. 18).

É uma reação de cisão nuclear que ocorre nas centrais nucleares (Fig. 19): a
energia libertada na cisão de urânio ou plutónio é usada para mover as turbinas
de modo a produzir-se energia elétrica.

Outra reação nuclear com elevada libertação de energia é a fusão nuclear:


dois núcleos leves instáveis originam um núcleo mais pesado e mais estável.

A fusão nuclear ocorreu por todo o lado nos primeiros minutos do Universo e Fig. 19 Central nuclear: obtém-se energia
ainda hoje ocorre nas estrelas. No Sol, fabrica-se hélio a partir da fusão nuclear, a partir de reações de cisão nuclear
do urânio ou do plutónio.
como mostra a Fig. 20. A energia libertada garante a nossa vida na Terra.

Dois protões originam e+


um deuterão:
p 2
H
3
He a
2p → 21 H + e+ + ν p
A colisão do deuterão com p p
4
um protão produz hélio-3: v He
2
1H + p → 32 He + γ v
p p
3
A colisão de dois núcleos de He
p
hélio-3 produz o hélio-4, sendo a
libertados dois protões: p
2
H
3 3 4 +
2 He + 2 He 2 He + 2p
→ e

Fig. 20 Reações de fusão nuclear no Sol, com formação de hélio.

257
3. FÍSICA MODERNA

As reações de fusão nuclear produzidas na Terra usam os isótopos hidrogé-


nio-2 (deutério) e hidrogénio-3 (trítio).

No futuro a longo prazo, as centrais nucleares usarão provavelmente reato-


res de fusão nuclear, que têm vantagens relativamente aos atuais reatores de
cisão nuclear:

• a matéria-prima é abundante na Terra: o deutério pode ser extraído da água


e o trítio pode ser obtido a partir do lítio, que existe com abundância na
crosta terrestre;

• não há produção de resíduos radioativos de longa duração, o que, em caso


de acidente, não traz consequências, que podem ser devastadoras para os
seres vivos, como as dos reatores de cisão nuclear.

Está em construção perto de Marselha, França, o International Thermonuclear


Experimental Reactor, ITER (palavra que em latim significa «caminho»), um gran-
de reator de fusão nuclear internacional, que servirá para investigação. As reações
de fusão que aí se produzirão serão diferentes das que ocorrem no Sol (estas são
lentas e, portanto, desaconselhadas para produzir energia). Para se obter energia
de forma controlada, são mais indicadas as seguintes reações nucleares:
2
1H + 21 H → 32 He + 01 n (libertação de 3,3 MeV)
2
1H + 21 H → 31 H + 11 H (libertação de 4,0 MeV)
2
1H + 31 H→ 42 He + 01 n (libertação de 17,6 MeV)

Uma reação nuclear é dificultada pela força elétrica: os núcleos repelem-se


devido à sua carga positiva, que será tanto maior quanto mais próximos eles
estiverem. Mas, se a distância se reduzir suficientemente, entrarão em jogo as
forças nucleares fortes, mais intensas do que a força de repulsão elétrica.

As reações de fusão nuclear exigem que os dois núcleos tenham energias


cinéticas suficientes para vencer a repulsão elétrica. Para se atingirem essas
energias, tem de se aquecer o combustível nuclear (pelo menos a cem milhões
de graus Celsius), formando um plasma (eletrões e núcleos separados). Esse
plasma tem de permanecer isolado das paredes do recipiente que o contém –
por exemplo, a câmara de um tokamak (Fig. 21) –, o que se consegue aplicando
Fig. 21 O tokamak é um reator de fusão campos magnéticos muito fortes.
nuclear particular. Partículas carregadas
(iões e eletrões) estão confinadas num No entanto, há muitos problemas técnicos a resolver antes que as centrais
anel a uma temperatura da ordem de cem de fusão nuclear rentáveis fiquem operacionais. Sendo otimistas, prevê-se que
milhões de graus Celsius.
entrem em funcionamento ainda durante o século XXI.

Atividade 2

Elabore um trabalho que sistematize os seguintes aspetos da física nuclear:


1. Impacto das tecnologias nucleares atualmente disponíveis na produção de
energia: vantagens relativamente às fontes tradicionais; riscos associados.
2. Reator de fusão ITER: finalidade e etapas de construção.
QUESTÕES p. 265

258
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

3.2.4 Lei do Decaimento Radioativo;


atividade de uma amostra radioativa;
período de semidesintegração

Os decaimentos radioativos são processos estatísticos: não se pode saber Atividade de uma amostra radioativa:
quando é que um certo núcleo radioativo vai sofrer um decaimento, apenas se número de decaimentos por unidade
de tempo. É diretamente proporcional
pode conhecer a probabilidade de ocorrência desse processo. Para medir a ra-
ao número de núcleos da amostra.
pidez do decaimento, ou seja, o número de decaimentos por unidade de tempo, A sua unidade SI é o becquerel (Bq).
define-se a atividade de uma amostra radioativa (símbolo A). Se N for o núme-
ro de núcleos na amostra, a atividade num dado instante é simétrica da derivada
temporal do número de núcleos da amostra:
dN
A=–
dt
O sinal menos aparece na expressão anterior para a atividade ser positiva, pois
a derivada é negativa, uma vez que o número de núcleos diminui ao longo do tempo.

A unidade SI de atividade é o becquerel (símbolo Bq): 1 Bq é 1 decaimento


por segundo. Se a atividade de uma amostra for, por exemplo, 3,15 × 1015 Bq,
significa que, nesse instante, ocorrem 3,15 × 1015 decaimentos por segundo. Ve-
rifica-se experimentalmente que a atividade num dado instante é proporcional
ao número de núcleos existente na amostra nesse instante:
dN
A=λN ou – =λN
dt

A constante λ, chamada constante de decaimento, é uma característica do Constante de decaimento:


núcleo: representa a probabilidade, por unidade de tempo, de ocorrência de um é uma característica do núcleo.
certo processo radioativo. Está relacionada com o período de semidesintegração Está relacionada com o período
de semidesintegração.
(ou tempo de meia-vida), simbolizado por T1/2, que é o tempo ao fim do qual o
número de núcleos se reduz a metade.
dN
A função N(t), solução da equação – = λ N, tem como derivada temporal
dt
a própria função, a menos do fator –λ . Só a função exponencial satisfaz esta
exigência. Obtém-se assim a Lei do Decaimento Radioativo:

N
Lei do Decaimento Radioativo N0
O número de núcleos de uma amostra radioativa, N, diminui exponencialmente
com o tempo:
N0: número inicial de núcleos
–λt
N (t ) = N e
0 λ: constante de decaimento
N0 /2

Período de semidesintegração ou tempo de meia-vida, T 1/2: tempo ao fim do


qual o número de núcleos se reduz a metade. N0 /4
N0 /8
N0 N0 ln2 N0 /16
Se t = T1/2, então N = : = N0 e–λT1/2 ⇒ T1/2 =
2 2 λ T1/2 2T1/2 3T1/2 4T1/2 t

259
3. FÍSICA MODERNA

dN
Tempo Como A = – e A = λN, e sendo A0 = λN0 a atividade no instante inicial,
Radioisótopo dt
de meia-vida
então também a atividade decresce exponencialmente com o tempo:
Polónio-215 1,8 × 10–3 s
A(t) = A0 e–λt
Tecnécio-99 6,0 h
Radão-222 3,8 dias Os tempos de meia-vida são muito variados, como se mostra na Tab. 4.
Iodo-131 8,0 dias O tempo de meia-vida é essencial quando se tem de escolher núcleos radioa-
tivos para utilização em aplicações práticas como, por exemplo, em medicina.
Cobalto-60 5,3 anos
Por exemplo, o iodo-131, utilizado em terapia da tiroide, possui um tempo de
Hidrogénio-3 12,26 anos meia-vida de oito dias. Decorridos oito dias, o número de núcleos será reduzido
Rádio-226 1,6 × 103 anos para metade. Passados mais oito dias, será um quarto do número inicial e assim
sucessivamente. Após 80 dias (10 meias-vidas), o número de núcleos é 1000 vezes
Carbono-14 5,73 × 103 anos
menor do que o número inicial (e a atividade também se reduziu do mesmo fator).
Plutónio-239 2,4 × 104 anos
Urânio-235 4,5 × 109 anos
Atividade 3
Tab. 4 Radioisótopos e respetivos tempos
de meia-vida.
A idade de certos materiais pode ser determinada a partir da atividade de
isótopos neles contidos. O carbono-14, isótopo radioativo do carbono com
um tempo de meia-vida de 5730 anos, é um emissor β–, transformando-
– . Medindo a atividade do car-
-se em nitrogénio-14: 146 C → 147 N + e– + ν
bono-14 presente na madeira velha de uma casa, e comparando-a com a ati-
vidade da madeira nova da região, pode conhecer-se a idade da construção.
Recolha informação sobre esta técnica de datação e sobre outros isótopos
utilizados em datação e respetivas escalas de tempo.

Questão resolvida 2

A atividade devida ao carbono-14 de restos de madeira encontrados em


Conimbriga é 10,8 decaimentos por segundo por grama de material.
A madeira nova do mesmo tipo tem uma atividade de carbono-14 de 13,5
decaimentos por segundo por grama. O período de semidesintegração do
carbono-14 é 5730 anos.
a) Determine a constante de decaimento deste isótopo.
QUESTÕES p. 266
b) Em que época foi usada a madeira?

ln2 ln2
a) A constante de decaimento é λ = = = 1,21 × 10–4 ano−1.
T1/2 5730
b) Admitamos que a atividade da madeira nova na altura em que a madeira
encontrada foi utilizada é igual à atividade da mesma madeira nos nossos
dias: A0 = 13,5 Bq. Então, para 1 g de material vem A(t) = A0 e–λt sendo
A(t) = 10,8 Bq. Portanto (com t em anos):

13,5 冣
冢 10,8
–4t
10,8 = 13,5 e–1,21 × 10 ⇔ ln = –1,21 × 10 –4
t

donde t = 1844 anos. A madeira foi usada na segunda metade do século II.

260
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

3.2.5 Radioatividade: efeitos biológicos,


aplicações e detetores

As emissões radioativas ionizam átomos e moléculas dos organismos vivos,


danificando as células. Esse efeito ionizante depende da energia transferida para
o organismo vivo por unidade de massa, do tipo de emissão (emissões diferentes
com a mesma energia por unidade de massa têm diferente poder ionizante) e do
tipo de tecido vivo que é atingido.
Os efeitos biológicos da radioatividade manifestam-se a curto prazo (náu-
seas, perda de apetite, febre, hemorragias, etc.) e a longo prazo (efeitos ge-
néticos, com mutações nas células reprodutoras, e efeitos somáticos, como o
aparecimento de doenças cancerígenas). Há organizações internacionais que
Fig. 22 Símbolo que identifica zona
estabelecem as doses máximas permitidas de radiação e fiscalizam o respeito com níveis elevados de radiação.
por esses valores. Os espaços onde haja ou possa haver valores elevados de
radiação têm de estar sinalizados com o símbolo da Fig. 22.
O corpo humano está sujeito a emissões radioativas naturais e artificiais.
Como fontes naturais de radioatividade há os solos e rochas, os raios cós-
micos e mesmo o próprio corpo humano. Por exemplo, um adulto tem 2 g de
potássio por cada quilograma, e 0,01% desse potássio tem uma atividade de 60
Bq por quilograma (o potássio radioativo é o potássio-40).
O radão, gás radioativo proveniente do decaimento do urânio e do rádio,
está presente em muitas rochas e solos, como são exemplo as zonas graníti-
cas. Embora a sua concentração seja normalmente baixa num espaço aberto,
em espaços fechados (caves, casas) pode atingir concentrações elevadas e ser
nocivo. O radão decai originando outros elementos radioativos que, quando ina-
lados, podem fixar-se nos brônquios, aumentando o risco de cancro no pulmão.
Como fontes artificiais de radioatividade existem os isótopos radioativos utili-
zados na agricultura, na indústria, nos reatores nucleares e em medicina.
Na agricultura, utilizam-se marcadores radioativos para estudar o metabolis-
mo das plantas e a ação dos adubos e pesticidas.
Na indústria, usam-se isótopos radioativos para esterilizar produtos alimentares
e farmacêuticos, pois não alteram a sua qualidade nem deixam produtos tóxicos.
Usam-se ainda para detetar defeitos em materiais e verificar desgaste de peças.
Em arqueologia usa-se o carbono-14, que é radioativo, na datação de fósseis
(Fig. 23). Todos os organismos vivos absorvem e perdem uma pequena quanti-
dade de carbono-14. Após a sua morte, o carbono-14 que decai já não é subs-
tituído. Sendo o tempo de meia-vida do carbono-14 de 5730 anos, medindo a
atividade deste radioisótopo pode determinar-se a idade da amostra.
Em medicina nuclear, para terapêutica e diagnóstico de doenças, usam-se fontes
radioativas com emissões gama com tempos de meia-vida relativamente curtos.
Na terapêutica de doenças cancerígenas, a energia da radiação foca-se numa
região limitada, poupando os tecidos vizinhos sãos. É usado, muitas vezes, o co-
balto-60. Outro radioisótopo, o samário-153, cuja meia-vida é de 1,9 dias, é inje- Fig. 23 Amostra arqueológica de osso
humano para datação por carbono-14.
tado em metástases ósseas como paliativo para a dor.

261
3. FÍSICA MODERNA

Em diagnóstico clínico, os isótopos radioativos usam-se como «marcado-


res». Exemplos são o iodo-131 e o tecnécio-99 que se introduzem no doente de
modo que as radiações sejam detetadas no exterior (Fig. 24). Esse exame permite
mapear o organismo do doente.
Uma técnica de diagnóstico médico que também usa emissores radioativos
é a Tomografia por Emissão de Positrões (sigla PET, da designação em inglês),
a qual permite obter imagens de uma certa zona do corpo (Fig. 25) a partir da
Fig. 24 Câmara gama: deteta
«marcadores» radioativos. deteção de fotões. São administrados emissores β+ (positrões) ao doente, com
tempos de meia-vida de 2 a 100 minutos. Os positrões emitidos aniquilam-se
com eletrões de acordo com a reação

e+ + e– → 2γ

Neste processo são emitidos dois fotões, ambos com energias iguais a
511 keV, mas em sentidos opostos. Os isótopos usados têm de ser produzidos
próximo dos centros clínicos onde são utilizados. Por isso, junto aos hospitais
centrais funcionam aceleradores necessários à sua produção.
O organismo do doente elimina os isótopos radioativos após algumas horas
através das secreções, mas os radioisótopos continuam o seu decaimento até
que a sua atividade se extinga.
Os profissionais de saúde que trabalham na terapia ou diagnóstico com isóto-
pos radioativos estão sujeitos a riscos e os danos podem ser irreparáveis se não
tomarem os devidos cuidados e proteção adequada (usam aventais de chumbo e
mantêm-se afastados dos equipamentos).
Fig. 25 Imagem PET: cérebro de um
paciente com depressão (em cima) As emissões radioativas são detetadas por aparelhos próprios. Um exemplo
e cérebro saudável (em baixo). é um contador Geiger (Fig. 26). É constituído por um tubo metálico, contendo um
gás nobre a baixa pressão, e um fino fio metálico no seu interior. O tubo exterior e
o fio central são as armaduras de um condensador entre os quais se estabelece
uma diferença de potencial da ordem de 103 V. As emissões radioativas podem
ionizar os átomos e as moléculas do gás do tubo. Formam-se iões positivos,
sendo emitidos eletrões cuja energia e número depende da energia da radiação
ionizante. Estes eletrões provocam novas ionizações e o gás torna-se condu-
tor, originando uma corrente elétrica. O sinal elétrico produzido pode traduzir-se
num sinal sonoro ou na oscilação de um ponteiro.

Fig. 26 Contador Geiger.

Atividade 4

Se existir um detetor de Geiger e fontes radioativas ionizantes continuam a ser detetadas, embora em
na escola, realize medições usando diferentes fontes. menor número.
Interponha entre o contador e as fontes vários mate- As fontes radioativas escolares são de baixa atividade;
riais (papel, vidro, metal, etc.), a diferentes distâncias, o seu manuseamento, sob a supervisão do professor e
e avalie o poder penetrante de cada emissão radioativa. respeitando as regras de segurança do equipamento,
Verifique que, mesmo longe das fontes, as partículas não oferece perigo!

QUESTÕES p. 266

262
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

RESUMO
• Estabilidade nuclear: deve-se ao facto de as forças nucleares fortes, que
são atrativas entre nucleões, predominarem sobre as forças elétricas de
repulsão entre protões.

• Massa do núcleo atómico: é sempre menor do que a massa de todos os seus


nucleões separados.

• Equivalência massa-energia de Einstein: ΔE = Δm c2; à diferença de massa


na formação de um núcleo atómico corresponde uma diferença de energia.

• Energia de ligação nuclear: diferença entre a energia dos nucleões separa-


dos e dos nucleões ligados formando um núcleo. É a energia necessária para
separar os nucleões.

• Energia de ligação por nucleão: será tanto maior quanto mais estável for o
núcleo atómico.

• Reações nucleares: transformações de núcleos envolvendo elevada energia.


Exemplos: fissão nuclear e fusão nuclear. São descritas por equações onde
se verifica a conservação da carga elétrica e a conservação do número de
massa.

• Fusão nuclear: núcleos com baixa energia de ligação por nucleão (núcleos
leves) originam um núcleo com maior energia de ligação por nucleão (mais
estável). Há emissão de energia neste processo. Ocorre nas estrelas e será
a base dos futuros reatores nucleares de fusão para produção de energia
elétrica.

• Fissão (ou cisão) nuclear: um núcleo pesado pode cindir-se e originar núcleos
de massas semelhantes com maiores energias de ligação por nucleão (mais
estáveis). Há emissão de energia neste processo. Ocorre nos reatores nuclea-
res de fissão das atuais centrais nucleares para produção de energia elétrica.

• Decaimento radioativo ou emissão radioativa: emissão espontânea de par-


tículas com carga, ou de fotões de alta energia, por núcleos instáveis (núcleos
radioativos), originando núcleos estáveis ou ainda radioativos mas de mais baixa
energia. Há libertação de energia. Há núcleos radioativos naturais e artificiais.

• Decaimento α (núcleos de hélio): Z X →


A
Z–2 Y
A–4
+ 42 He.

• Decaimento β– (eletrões): Z X →
0 – 0– –.
n → p + β– + ν
Z+1 Y + –1 e + 0ν ;
A A

• Decaimento β+ (positrões): Z X → p → n + β+ + ν.
0 + 0
Z–1 Y + +1 e + 0ν;
A A

• Decaimento γ (radiação eletromagnética): Z X* → Z X + .γ


A A

• Atividade de uma amostra radioativa, A: número de decaimentos por unidade


de tempo. É diretamente proporcional ao número de núcleos: A = λ N (λ é a cons-
tante de decaimento, característica da amostra). Unidade SI: becquerel (Bq).

• Lei do Decaimento Radioativo: N(t) = N0e –λt ou A(t) = A0e –λt.


• Período de semidesintegração ou tempo de meia-vida, T1/2: tempo ao fim
In2
do qual o número de núcleos (ou a atividade) se reduz a metade; T1/2 = .
λ

263
3. FÍSICA MODERNA

QUESTÕES
Nota 5. A diferença de massa na formação do núcleo de hélio
Na resolução das questões considere os seguintes valores: 4
2H é Δm = 0,030 377 u e na formação do núcleo de
1 u = 1,660 54 × 10–27 kg; nitrogénio 147 N é Δm = 0,112 35 u.
1 eV = 1,60 × 10–19 J;
c = 3,00 × 108 m s–1.
a) Qual das afirmações é correta?
(A) Há um ganho maior de massa na formação do
núcleo de nitrogénio do que do núcleo de hélio.
3.2.1 Energia de ligação nuclear (B) Liberta-se mais energia na formação do núcleo
e estabilidade dos núcleos de hélio do que na formação do núcleo de
nitrogénio.
1. Que importância teve a experiência de Rutherford? (C) É necessário mais energia para desagregar o
núcleo de nitrogénio do que o núcleo de hélio.
2. Classifique as seguintes afirmações como verdadeiras
(D) A energia envolvida na formação dos núcleos é da
(V) ou falsas (F).
ordem da respetiva energia de ligação atómica.
A. Um núcleo é tanto mais estável quanto maior for a
b) Determine a energia de ligação nuclear, em MeV,
sua energia de ligação por nucleão.
para cada núcleo.
B. A estabilidade nuclear deve-se à força eletromag-
c) Verifique que a energia de ligação nuclear por nucleão
nética.
é semelhante.
C. Para desagregar um núcleo é necessário fornecer-
-lhe energia, da ordem dos MeV, enquanto para desa- 6. Qual das opções completa a seguinte frase?
gregar um átomo bastam energias da ordem dos eV. A fusão nuclear ocorre com núcleos … , ao contrário
D. À formação de um núcleo a partir dos seus cons- da cisão nuclear, havendo nos dois casos … de energia
tituintes está associada uma energia que se rela- e formação de núcleos com … energia de ligação por
ciona com o decréscimo de massa através da fór- nucleão.
mula da massa-energia de Einstein. A. leves … absorção … maior
B. pesados … absorção … menor
3. Indique a opção que completa a frase seguinte.
C. pesados … libertação … maior
Quando se forma um núcleo a partir dos seus nucleões,
a massa do núcleo é: D. leves … libertação … maior
(A) igual à massa dos nucleões separados, libertando-
7. Indique duas diferenças entre reações químicas e rea-
-se energia na sua formação.
ções nucleares.
(B) igual à massa dos nucleões separados, absor-
vendo-se energia na sua formação.
(C) menor do que a massa dos nucleões separados,
libertando-se energia na sua formação.
(D) menor do que a massa dos nucleões separados, 3.2.2 Processos de estabilização dos núcleos:
absorvendo-se energia na sua formação. decaimento radioativo. Propriedades
das emissões radioativas α, β e γ
4. A energia de ligação por nucleão do néon-20 é
8,04 MeV. Qual é a diferença de massa na formação 8. Por que são mais instáveis os núcleos maiores?
desse núcleo? Como se manifesta essa instabilidade?

264
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

9. Quais das afirmações são verdadeiras? 13. O urânio-238 decai originando o tório-234, e este decai
A. Quando há uma emissão radioativa forma-se outro originando o protactínio-234. Os decaimentos são
núcleo que é sempre estável. representados pelas equações seguintes:
238
B. Em todos os decaimentos radioativos há emissão 92 U → 234
90Th + ...
de partículas. 234
→ 234
90 U 91Pa + ...
C. Em todos os decaimentos radioativos há libertação
a) Complete as equações, identificando as partículas
de energia.
emitidas.
D. Numa emissão radioativa forma-se obrigatoria- b) Qual é o núcleo que tem maior energia de ligação por
mente um elemento diferente. nucleão? Justifique.
E. Numa emissão radioativa há conservação da carga
e do número de nucleões. 14. Consultando a Tabela Periódica, escreva as equações
para as seguintes reações de decaimento:
F. Só existem núcleos radioativos naturais.
a) β− do hidrogénio-3.
10. Considere as emissões alfa, beta e gama. b) β+ do cálcio-39.
a) Ordene-as por poder ionizante crescente. c) γ de um núcleo de cobalto-60 excitado.
b) Ordene-as por poder de penetração decrescente. d) α do polónio-210.
c) Indique a afirmação correta.
15. Uma supernova é a explosão de uma estrela supergi-
(A) A radiação gama é defletida por campos magné- gante. Uma reação nuclear que então ocorre é:
ticos por ter carga elétrica. 61 61
26 Fe → 27Co + ...
(B) A partícula alfa tem menor massa do que a beta
e, por isso, é menos defletida por um campo Qual das afirmações é correta?
magnético. (A) Um protão transforma-se num neutrão com emis-
(C) A partícula alfa é facilmente detida por um são β+.
metal, tal como a radiação gama. (B) Um neutrão transforma-se num protão com emis-
(D) A partícula alfa é a mais ionizante e a mais peri- são β−.
gosa para os tecidos humanos quando ingerida (C) O núcleo inicial tem excesso de protões e há emis-
ou inalada. são β−.
(D) O núcleo inicial tem excesso de neutrões e há
11. Justifique por que razão as partículas alfa são emissão β+.
menos desviadas do que as partículas beta por um
campo magnético perpendicular à velocidade dessas
partículas. 3.2.3 Reações de fissão nuclear e de fusão
nuclear
12. Em 2011 comemorou-se o Ano Internacional da
16. Uma reação nuclear é representada por:
Química, no centenário do Prémio Nobel de Química
235
concedido a Marie Curie pela descoberta dos elementos 92 U + n → 144 n
56Ba + mX + 3n

radioativos rádio e polónio. No decaimento do rádio-224 a) Indique o valor de m e n do elemento químico repre-
em radão-220 e do polónio-216 em chumbo-212 há, sentado por X.
respetivamente, emissões: b) Identifique o tipo de reação nuclear e indique uma
(A) α e α (B) α e β (C) β e β (D) β e α aplicação.

265
3. FÍSICA MODERNA

17. No big bang, formou-se hélio-3 a partir do deutério 23. Um contador Geiger indica que o número de decaimen-
(hidrogénio-2) com emissão de radiação gama. Escreva tos por unidade de tempo cai para metade em cerca
a respetiva equação. de 10 h. Qual é a diminuição percentual do número de
núcleos radioativos após 30 h?
18. As reações de fissão nuclear envolvem núcleos:
(A) leves, como o urânio, e ocorrem em centrais nucleares. 24. Um contador Geiger, a uma certa distância de uma
amostra radioativa, regista 1300 contagens/minuto.
(B) pesados, como o plutónio, e ocorrem nas estrelas.
Sem alterar a sua posição, voltou a fazer-se nova medi-
(C) leves, como o hélio, e ocorrem nas estrelas.
ção passadas 4,0 h, tendo sido registadas 124 conta-
(D) pesados, como o plutónio e o urânio, e foram usa- gens/minuto. Qual é, em horas, o tempo de meia-vida
das para fazer bombas atómicas. da amostra?

25. A atividade, A, de um isótopo radioativo desconhecido


3.2.4 Lei do Decaimento Radioativo; atividade foi registada em intervalos de tempo de 24,0 horas,
de uma amostra radioativa; período obtendo-se os seguintes valores, em MBq:
de semidesintegração
32,1 27,2 23,0 19,5 16,5
19. O tempo de meia-vida de um isótopo radioativo é 1 d.
Passados três dias a sua atividade é:
a) A partir da Lei do Decaimento Radioativo, mostre que
(A) 1/2 da inicial. (C) 1/8 da inicial. A0
(B) 1/4 da inicial. (D) 1/16 da inicial.
ln 冢 A 冣 = λt.
A0
20. O ouro-198 é um emissor β− com o tempo de meia-vida b) Construa o gráfico ln 冢 A 冣 em função de t e, a partir
de 2,7 d.
da reta de ajuste aos dados, determine o tempo de
a) Consultando a Tabela Periódica, escreva a equação meia-vida.
do decaimento.
b) Uma amostra tem inicialmente uma atividade de
7,0 MBq. Qual é a sua atividade após uma semana?

21. O isótopo radioativo fósforo-32 é usado em medicina


3.2.5 Radioatividade: efeitos biológicos,
nuclear para localizar tumores no cérebro e metásta- aplicações e detetores
ses ósseas. Tem um tempo de meia-vida de 14,3 d e é
26. Que características deve ter um núcleo radioativo
um emissor β−, o que requer muitos cuidados no seu
para diagnóstico médico quanto ao seu poder de pene-
manuseamento.
tração, poder ionizante e tempo de meia-vida?
a) Ao fim de quantas horas a sua atividade decresce Faça uma pesquisa sobre os núcleos radioativos mais
5%? utilizados em diagnóstico médico e a razão da sua utili-
b) Consultando a Tabela Periódica, escreva a equação zação. Verifique que o tecnécio-99 num estado excitado
do decaimento. tem as características exigidas.

22. Num centro de diagnóstico usa-se, para um exame ao 27. Será perigoso transportar numa pasta uma amostra
coração, o isótopo radioativo telúrio-201, cujo tempo radioativa que emite partículas α?
de meia-vida é aproximadamente 3,0 d. Num dado ins-
tante há 18,0 g desse isótopo. Que massa haverá após 28. Procure saber o que designa a expressão «lixo ató-
48 h? mico» e quais as suas implicações.

266
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade

29. Uma técnica de diagnóstico por imagem é o PET – To- (C) Na fusão nuclear, a massa do núcleo formado é
mografia por Emissão de Positrões (Positron Emission maior do que a soma das massas dos núcleos
Tomography) – que permite mapear a atividade cere- iniciais.
bral. O doente ingere uma solução contendo o isótopo (D) Na fissão nuclear, a soma das massas dos núcleos
radioativo flúor-18, que tem uma meia-vida de 110 min resultantes com a dos neutrões emitidos é menor
e decai emitindo um positrão. Os positrões emitidos, ao do que a massa do núcleo que sofreu a fissão.
encontrarem eletrões, sofrem aniquilação e emitem
fotões de elevada energia que permitem depois obter 32. O roentgénio é um elemento radioativo produzido em
a imagem do cérebro. Se não houvesse eliminação da laboratório com um tempo de meia-vida muito curto
solução pelo organismo, que percentagem de flúor-18 (cerca de 15 ms). Alguns dos decaimentos radioativos
da quantidade ingerida ainda permaneceria no doente que ocorrem são os seguintes:
6,0 h após a ingestão? 272
→ 268
→ 264
111Rg 109Mt 107Bh

a) Que partículas são emitidas nos decaimentos


representados?
Questões globais
b) Indique, justificando, que comportamento apresen-
30. Em 1945, na cidade japonesa de Hiroshima foi lançada tam essas partículas se a emissão for feita na pre-
uma bomba de urânio-235 e em Nagasaki uma de plu- sença de um campo magnético perpendicular à velo-
tónio-239, as quais originaram mais de cem mil mortes cidade das partículas.
imediatas e milhares de outras em consequência das c) Quem, pela primeira vez, sintetizou isótopos radioa-
emissões radioativas. Uma das reações que teve lugar tivos artificiais?
foi a do plutónio-239 com um neutrão, descrita pela
equação seguinte, onde X não é um símbolo químico: 33. O cobalto-60 e o césio-137 são usados para esteriliza-
239 97
ção de certos produtos alimentares (chamada irradia-
94 Pu +n → 39Y + AZX + 5n
ção de alimentos). O tempo de meia-vida do cobalto é
Nesta reação há libertação de 207,1 MeV por cada 5,3 anos e o do césio é 30 anos.
núcleo de plutónio que reage. a) O cobalto é mais usado por ser mais rentável e facil-
a) Determine A e Z para o elemento X. mente encapsulado, e ter maior poder penetrante.
b) Identifique o tipo de reação nuclear. Atendendo ao tempo de meia-vida, o césio terá
c) Por que razão se liberta energia nesta reação nuclear? alguma vantagem sobre o cobalto? Justifique.

d) O tempo de meia-vida deste isótopo de plutónio é b) O cobalto-60 emite radiação γ. Seria mais vantajoso
2,4 × 104 anos. Ao fim de quanto tempo apenas res- utilizar núcleos com emissões α ou β–? Justifique.
tará 1/16 do número de núcleos numa amostra? c) Ao fim de quanto tempo o número de núcleos de uma
amostra de cobalto-60 diminui 80%?
31. Qual das afirmações é correta? d) Faça uma pesquisa e elabore um pequeno trabalho
(A) Na fissão nuclear, um núcleo divide-se em núcleos sobre benefícios da irradiação de alimentos e o modo
mais leves mas menos estáveis. como se processa.
(B) Na fusão nuclear, dois núcleos originam um núcleo
mais pesado, absorvendo energia.

267
ANEXOS

ANEXO 1 Questão resolvida 2 (p. 12)

Os procedimentos mencionados na Com a calculadora gráfica no modo paramétrico, introduza as seguintes


descrição das atividades e questões equações paramétricas (com valores em unidades SI) e verifique a trajetória
referem-se às calculadoras TEXAS correspondente:
TI-84 PLUS, CASIO FX-CG20 e Texas
a) x = 2 – 15t + 10t 2 e y = 5 + 10t 2 , nos primeiros 2 s de movimento. Carac-
Instruments TI-Nspire CX . Porém, outras
calculadoras poderão ser usadas. terize o movimento ao longo de cada eixo. Quais são as coordenadas no
instante t = 0,05 s?
b) x = 2t 3 – 5t 2 + 1 e y = –t 2 + 3t + 2, nos primeiros 3 s. Caracterize o movi-
mento ao longo de cada eixo. Indique o instante em que a coordenada x
tem o valor mínimo.
c) x = 2 sin (2t ) e y = 2 cos (2t ), com o ângulo expresso em radianos, nos
primeiros 3,2 s. No ZOOM, utilize a opção ZSquare para as escalas verti-
cal e horizontal serem iguais. A trajetória é conhecida?

A – Procedimento para a TEXAS TI-84 PLUS


Para visualizar trajetórias, introduzem-se as equações no modo paramétri-
co, sendo necessário pressionar previamente a tecla MODE e ativar, na quinta
linha, a opção PARAMETRIC (Fig. A.1).
a) O movimento é uniformemente variado nos dois eixos. Introduzem-se as
equações na calculadora. Na tecla WINDOW escolhe-se a melhor escala
para ver a trajetória para 2 s: por exemplo, escolhe-se um passo (Tstep)
de 0,05 s – a máquina realiza então os cálculos de 0,05 em 0,05 s
Fig. A.1 Configuração da – e os valores mínimo e máximo de x e y adequados àquele intervalo
máquina no modo paramétrico. de tempo. Pressionando GRAPH obtém-se uma curva e pressionan-
do TRACE obtêm-se as coordenadas espaciais em qualquer instante
(Fig. A.2). Para chegar às coordenadas mais rapidamente para um ins-
tante t, carrega-se em 2nd [CALC], opção 1: value, indica-se o instante
e aparecem de imediato as coordenadas. Para t = 0,05 s, obtém-se
x = 1,275 e y = 5,025.

Fig. A.2 Equações paramétricas, escala escolhida e trajetória respetiva.

268
b) O movimento é variado segundo x e uniformemente variado segundo y.
Seguindo os procedimentos anteriores, obtém-se a trajetória indicada na
Fig. A.3, sendo x mínimo em t = 1,67 s (pode estudar-se a função x (t) no
modo função – FUNC).

Fig. A.3 Escala escolhida


e trajetória de uma partícula.

c) Neste caso deve ter-se o cuidado de configurar a máquina para radianos,


utilizando a tecla MODE. E, para que as escalas vertical e horizontal sejam
iguais, deve utilizar-se o ZSquare no ZOOM. A curva obtida é uma circun-
ferência de raio 2 e centro na origem do referencial (Fig. A.4).

Fig. A.4 Escala escolhida


e trajetória de uma partícula.

B – Procedimento para a CASIO FX-CG20


a) Para construir o gráfico da trajetória, pressiona-se MENU e seleciona-se
GRAPH. Deve alterar-se o tipo de função pressionando a tecla F3 (TYPE)
e novamente F3 (PARM). Escrevem-se as expressões e pressiona-se EXE
para memorizar e passar à seguinte (Fig. A.5).

Fig. A.5 Procedimentos para introduzir as equações paramétricas.

269
A janela de visualização deve ser configurada (Fig. A.6). Para ajustar o gráfico à
escala pretendida, utiliza-se o V-Window, ou seja, pressiona-se SHIFT seguido
de F3 e introduzem-se os valores. Confirma-se sempre com EXE. Para regres-
sar ao ecrã anterior, pressiona-se EXIT. Com a janela «Graf Func» no ecrã,
pressiona-se F6 (DRAW).

Fig. A.6 Configuração


da escala e trajetória.

Pressionando F1 (Trace), visualizamos o gráfico (Fig. A.7), a função e os


valores das coordenadas.

Fig. A.7 Trajetória, função


e valores das coordenadas.

Para encontrar as coordenadas de um ponto (Fig. A.8), pressiona-se SHIFT


seguido de F5 (G-Solv), roda-se a barra de ferramentas pressionando F6 e
escolhe-se a opção F1 (Y-CAL). Introduz-se o valor de t e pressiona-se EXE.

Fig. A.8 Determinação das coordenadas de um ponto.

b) Procedimento análogo ao da alínea anterior.


c) Introduzem-se as expressões. Para estudar o movimento é necessário
configurar a máquina para radianos (Fig. A.9): pressiona-se SHIFT segui-
do da tecla MENU (SET UP). Percorre-se a lista até encontrar a opção
«Angle» e escolhe-se radianos pressionando a tecla F3 (Rad).

Fig. A.9 Configuração para


radianos.

270
Depois, seguem-se os procedimentos anteriores para configurar a janela de
visualização (Fig. A.10) (SHIFT + F3) e para desenhar (F5 – DRAW).

Fig. A.10 Configuração


da escala e trajetória.

Com o gráfico desenhado, pressiona-se F2 (Zoom), roda-se o menu (F6) e


seleciona-se F2 (SQR) – ver Fig. A.11.

Fig. A.11 Adequação


da escala.

C – Procedimento para a Texas Instruments TI-Nspire CX

a) Pressionar ON e abrir um novo documento com a aplicação Gráficos.


Para introduzir as equações paramétricas do movimento, premir
sucessivamente MENU, 1:Ações, 3:Introdução/Edição de gráficos e
4:Paramétrica. Introduzir as equações, definir o domínio da variável t
(0 ≤ t ≤ 2), o respetivo incremento (tstep=0,05) e premir ENTER. Definir
uma janela adequada, para uma boa visualização do gráfico, pressionan-
do MENU, 4:Janela/Zoom, 1:Definições da janela e OK (Fig. A.12).

Fig. A.12 Configuração no modo paramétrico, equações paramétricas, escala e trajetória.

Para obter as coordenadas no instante t = 0,05 s, pressionar sucessivamen-


te MENU, 5:Traçar, 1:Traçado do gráfico e mover o cursor para o instante
pretendido. Obter-se-á, para t = 0,05 s, x = 1,275 e y = 5,025 (Fig. A.13).

Fig. A.13 Determinação das


coordenadas de um ponto.

271
Em alternativa, podem obter-se as coordenadas para qualquer instante,
pressionando MENU, 7:Tabela e 1:Tabela de ecrã dividido. Na tabela,
pressionar MENU, 2:Tabela de valores, 5:Editar definições da tabela e,
na janela da variável Independente, alterar o modo Auto para Perguntar.
Agora é só digitar o valor de t e obter as respetivas coordenadas.

b) Repetindo os procedimentos da alínea anterior, obtém-se a trajetória


indicada na figura (A.14). Para obter um incremento mais fino da variá-
vel t, posicionar o cursor sobre a curva, pressionar CTRL e MENU e sele-
cionar 7:Traçar, 3:Definições do traçado e, em incremento do traçado,
introduzir 0,01 e OK. Para alterar o número de dígitos apresentado nas
coordenadas, pressionar MENU e 9:Definições. Obter-se-á x mínimo para
t = 1,67 s. Pode ainda obter-se este valor através da tabela ou por deter-
minação do mínimo da função x(t), no modo de gráficos de funções.

Fig. A.14 Trajetória


e coordenadas de um ponto.

c) Verificar se a aplicação gráficos está configurada para calcular ângulos


em radianos, pressionando MENU e 9:Definições. Repetindo os proce-
dimentos das alíneas anteriores, obtém-se a trajetória indicada na figu-
ra (A.15). Para obter uma simetria da trajetória, face à distorção do ecrã,
pressionar MENU, 4:Janela/Zoom, B:Zoom - Quadrado e OK.

Fig. A.15 Configuração


da escala e trajetória.

272
ANEXO 2 Questão resolvida 6 (p. 24)
Uma partícula move-se durante 3 s, de acordo com as seguintes equações
paramétricas: x = 5,00 + 4,00t – 3,50t2 e y = –1,00t + 2,00 (SI).
a) Preveja o tipo de trajetória e determine a expressão do módulo da veloci-
dade para um instante qualquer.
b) Introduza a função anterior na calculadora e veja como varia a velocidade
da partícula, caracterizando o movimento. Em que instante é mínima a
velocidade? E qual é o respetivo módulo? E em que posição se encontra
a partícula?
c) Em que instante o módulo da velocidade está a variar mais rapidamente,
em t = 0,3 s ou t = 1,6 s? Justifique.
d) Em que instante a direção da velocidade está a variar mais rapidamente,
em t = 0,3 s ou t = 1,6 s? Justifique.
e) Em que instante, t = 0,3 s ou t = 1,6 s, o raio de curvatura da trajetória
é maior? Justifique.

A – Procedimento para a TEXAS TI-84 PLUS


a) A partícula descreve uma trajetória parabólica, pois há uma equação
paramétrica do primeiro grau em t e outra do segundo grau em t. As
equações da velocidade são: vx = 4,00 – 7,00t e vy = –1,00, e o módulo é
v = √(4,00 – 7,00t)2 + 1,00 (m s–1).
b) Verifica-se que o módulo da velocidade diminui até um valor mínimo e
depois aumenta. Por isso, o movimento é inicialmente retardado e depois
acelerado. A velocidade é mínima para t = 0,57 s e o respetivo módulo é
1,00 m s–1 (Fig. A.16). Fig. A.16 Gráfico do módulo da
velocidade em função do tempo
Para saber a posição, substitui-se o valor 0,57 s nas equações paramétricas e determinação do mínimo.
ou introduz-se essas equações no modo Function da calculadora e deter-
minam-se os respetivos valores. Ou, introduzindo-se as equações paramé-
tricas no modo Par, não só se vê a trajetória nos 2 s como se determinam
as coordenadas em t = 0,57 s (Fig. A.17): x = 6,14 m e y = 1,43 m.
c) O módulo da velocidade varia mais rapidamente quando a aceleração tan-
gencial for maior. Como esta é a derivada do módulo da velocidade, basta
aceder ao gráfico do módulo da velocidade em função do tempo (Fig. A.16)
e calcular a derivada através da opção 2nd [CALC]. Para t = 0,3 s , obtém-
-se at = –6,19 m s–2 e, para t = 1,6 s, obtém-se at = 6,93 m s–2. Por isso, o
módulo da velocidade varia mais rapidamente em t = 1,6 s.
d) Varia mais rapidamente quando a aceleração normal for maior. Como
an = √a2 – a 2t e a = 7 m s–2 , obtém-se an = 3,27 m s–2 para t = 0,3 s e
an = 0,99 m s–2 para t = 1,6 s. Por isso, varia mais rapidamente em t = 0,3 s.
v2
e) Como R = a , obtém-se R = 1,4 m para t = 0,3 s e R = 53,4 m para Fig. A.17 Gráfico da trajetória
n da partícula e coordenadas
t = 1,6 s. O gráfico da trajetória valida estes resultados, pois a curva torna- da posição no instante em que
a velocidade é mínima.
-se mais aberta à medida que o tempo avança.

273
B – Procedimento para a CASIO FX-CG20
b) Tal como foi feito anteriormente na questão resolvida 2, entra-se no menu
GRAPH. Deve alterar-se o tipo de função pressionando a tecla F3 (TYPE)
e novamente F1 (FUNC). Escreve-se a expressão e pressiona-se EXE para
memorizar e passar à seguinte (Fig. A.18).

Fig. A.18 Procedimento para


introduzir a função.

A janela de visualização deverá ser configurada: pressiona-se SHIFT seguido


de F3 (V-Window) e introduzem-se os valores mínimos e máximos de x e de y,
confirmando com a tecla EXE. Para regressar ao ecrã anterior, pressiona-se
EXIT e para desenhar o gráfico pressiona-se F5 (DRAW), tal como se mostra
na Fig. A.19.

Fig. A.19 Configuração


da escala e traçado do gráfico.

Com o gráfico desenhado, para ter acesso às coordenadas dos pontos, pres-
siona-se SHIFT + F1 (Trace). Pressionando as setas do cursor para a direita ou
para a esquerda, podem visualizar-se os diversos pontos da função (Fig. A.20).
Para encontrar o mínimo da função, pressiona-se SHIFT seguido de F5
(G-Solv). Escolhe-se a opção MIN com a tecla F3. Encontra-se não só o mínimo
Fig. A.20 Visualização
da velocidade, como o instante em que ocorre (Fig. A.21).
das coordenadas da função.

Fig. A.21 Determinação


do mínimo da velocidade.

c) Para determinar as derivadas nos diversos pontos do gráfico, pressiona-se


SHIFT + MENU (SET UP) e coloca-se «On» a opção «Derivative». Com a
combinação das teclas SHIFT + F1 (Trace), será exibido o valor da deriva-
da no(s) ponto(s) selecionado(s) (Fig. A.22).

Fig. A.22 Determinação


da componente tangencial
da aceleração.

274
C – Procedimento para a Texas Instruments TI-Nspire CX

a) A partícula descreve uma trajetória parabólica, o que pode ser verificado


obtendo o gráfico da trajetória.

Pressionar ON e abrir um novo documento com a aplicação Gráficos.


Repetindo os procedimentos da questão 2, obtém-se a trajetória indicada
(Fig. A.23) (o incremento foi alterado para 0,01).

Fig. A.23 Trajetória


parabólica descrita pela
partícula.

a) O módulo da velocidade em qualquer instante é dado por


v(t) = √(4,00 – 7,00t)2 + 1,00 m s–1

b) Acrescentar uma nova página (CTRL e DOC) com a aplicação Gráficos.


Introduzir a expressão de v(t), restringida ao intervalo 0 ≤ x ≤ 3 segundos
(após digitar a expressão, pressionar CTRL e =, selecionar o segmento ver-
tical, digitar o referido intervalo e fazer ENTER). Selecionar uma escala
adequada para uma boa visualização do gráfico. Pode concluir-se que a velo-
cidade é mínima para t = 0,57 s e o respetivo módulo é 1,00 m s–1 (Fig. A.24).

Fig. A.24 Determinação


do mínimo da velocidade.

Para saber a posição naquele instante, acrescentar uma nova página com
a aplicação Calculadora, digitar a variável x1(0,57) e ENTER e repetir
para a variável y1. Obter-se-ão as coordenadas x = 6,14 m e y = 1,43 m.

c) O módulo da velocidade varia mais rapidamente quando a aceleração


tangencial for maior. Voltar à página do gráfico v(t) e pressionar suces-
sivamente MENU, 5:Traçar, 1:Traçado do gráfico e com o cursor em
qualquer parte da curva pressionar ENTER; obter-se-á um ponto sobre
a curva e as respetivas coordenadas. Em seguida, determinar a derivada
nesse ponto, premindo MENU, 6:Analisar gráfico, 5:dy/dx, e, posicio-
nando o cursor sobre o ponto, premir ENTER, obtendo, assim, o valor da
aceleração tangencial. Pôr o cursor sobre o valor da variável independen-
te e, pressionando duas vezes ENTER, alterar o valor para os instantes

275
pretendidos. Para t = 0,3 s, obtém-se at = – 6,19 m s–2 e para t = 1,6 s,
obtém-se at = 6,93 m s–2. Assim, o módulo da velocidade varia mais rapi-
damente em t = 1,6 s (Fig. A.25).

Fig. A.25 Determinação


da componente tangencial
da aceleração.

d) A direção da velocidade varia mais rapidamente quando a aceleração nor-


mal for maior. Como an = √a2 – a 2t e a = 7 m s–2, obtém-se an = 3,27 m s–2
para t = 0,3 s e an = 0,99 m s–2 para t = 1,6 s. Por isso, a direção da veloci-
dade varia mais rapidamente em t = 0,3 s.

v2
e) Como R = a , tem de se calcular a velocidade nos instantes pretendi-
n

dos. Assim, na página 1.3 com a aplicação Calculadora, digitar f1(valor)


e ENTER. Obtém-se, para t = 0,3 s, v = 2,147 m s–1 e R = 1,41 m, e para
t = 1,6 s, v = 7,269 m s–1 e R = 53,37 m. O gráfico da trajetória confir-
ma estes resultados, pois a curva torna-se mais aberta à medida que o
tempo avança.

276
ANEXO 3 Tabela Periódica
GRUPO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
PERÍODO
 . .HZLZ5VIYLZ
 .
1 H  He
/PKYVNtUPV 
4L[HPZ(SJHSPUVZ
4L[HPZ(SJHSPUV
;LYYVZVZ
4L[HPZ /HSVNtULVZ /tSPV
 :  :  :  :  .  . .  .
2 Li Be :LTPTL[HPZ B C N O F Ne 
       
3x[PV )LYxSPV )VYV *HYIVUV (aV[V 6_PNtUPV -S‚VY 5tVU
 :  : 5qVTL[HPZ  :  :  :  :  .  .
3 Na Mg  Al Si P S Cl Ar
          
:}KPV 4HNUtZPV (S\TxUPV :PSxJPV -}ZMVYV ,U_VMYL *SVYV ÍYNVU
 :  :  :  :  :  :  :  :  :  :  :  :  3  :  :  :  3  .
4 K Ca  Sc Ti V Cr Mn   Fe Co   Ni Cu Zn Ga   Ge  As Se Br Kr
                   
7V[mZZPV *mSJPV ,ZJoUKPV ;P[oUPV =HUmKPV *Y}TPV 4HUNHUvZ -LYYV *VIHS[V 5xX\LS *VIYL APUJV .mSPV .LYToUPV (YZtUPV :LStUPV )YVTV *YxW[VU
 :  :  :  :  :  :   :  :  :  :  :  :  :  :  :  :  .
5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru  Rh   Pd  Ag  Cd  In Sn  Sb  Te I Xe 
              
9\IxKPV ,Z[YUJPV Ð[YPV APYJ}UPV 5P}IPV 4VSPIKtUPV ;LJUtJPV 9\[tUPV 9}KPV 7HSmKPV 7YH[H *mKTPV ÐUKPV ,Z[HUOV (U[PT}UPV ;LS‚YPV 0VKV ?tUVU
 3  :  :  :  :  :  :  :  :  :  3  :  :  :  :  :  .
 :
6 Cs   Ba  Hf Ta   W Re  Os   Ir Pt Au    Hg  Tl Pb  Bi Po At Rn
*tZPV )mYPV
La  

/mMUPV ;oU[HSV

=VSMYoTPV 9tUPV ÔZTPV
 
0YxKPV
 
7SH[PUH 6\YV 4LYJ‚YPV

;mSPV *O\TIV
 
)PZT\[V
 
7VS}UPV

(Z[H[V

9mKVU
 3  : 3HU[oUPV              
7 Fr 
Ra 
  : Rf Db Sg 
Bh 
Hs 
Mt 
Uun  Uuu Uub Uut  Uuq Uup Uuh  Uuo 
 
-YoUJPV 9mKPV Ac 
9\[OLYM}YKPV +‚IUPV :LHI}YNPV )}OYPV /mZZPV 4LP[UtYPV <U\UUxSPV <U\U‚UPV <U‚TIPV <U\U[YPV <U\UX\mKPV <U\UWLU[PV <U\UOt_PV <U\U}J[PV

(J[xUPV

 :   :  :   :  :  :  :  :  :  :   :  :  :
Ce  Pr  
Nd  Pm  Sm Eu   Gd Tb   Dy  Ho   Er 
Tm   Yb  Lu  
 
*tYPV 7YHZLVKxTPV 5LVKxTPV 7YVTtJPV :HTmYPV ,\Y}WPV .HKVSxUPV ;tYIPV +PZWY}ZPV /}STPV iYIPV ;‚SPV 0[tYIPV 3\[tJPV
 :  :  :           
Th  Pa  U Np Pu Am  Cm  Bk Cf Es Fm Md No Lr
          
;}YPV 7YV[HJ[xUPV <YoUPV 5LW[‚UPV 7S\[}UPV (TLYxJPV *‚YPV )LYX\tSPV *HSPM}YUPV ,PUZ[vPUPV -tYTPV 4LUKLSt]PV 5VItSPV 3H\YvUJPV
277
1. ?

ANEXO 4 Tabelas de constantes

Constantes físicas

Aceleração da gravidade g = 9,81 m s–2

Constante de gravitação universal G = 6,67 × 10–11 N m2 kg–2

Permitividade elétrica do vácuo ε0 = 8,85 × 10–12 N–1 C2 m–2


1 / (4␲ ε 0 ) k0 = 9,0 × 109 N m2 C–2

␮0 = 1,26 × 10–6 T m A–1


Permeabilidade magnética do vácuo
␮0 / (4␲) = 1,0 × 10–7 T m A–1

Velocidade da luz no vácuo c = 3,00 × 108 m s–1

Carga elementar e = 1,602 × 10–19 C

Massa do eletrão me = 9,11 × 10–31 kg

Massa do protão mp = 1,67 × 10–27 kg

Constante de Planck h = 6,626 × 10–34 J s

Alguns dados astronómicos

Raio médio da Terra 6,37 × 106 m

Raio médio da Lua 1,74 × 106 m

Raio médio do Sol 6,96 × 108 m

Massa volúmica média da Terra 5,52 × 103 kg m–3

Distância média Terra-Lua 3,84 × 108 m

Distância média Terra-Sol 1,50 × 1011 m

Massa da Terra 5,97 × 1024 kg

Massa da Lua 7,35 × 1022 kg

Massa do Sol 1,99 × 1030 kg

Período de rotação da Terra 0,997 dias

Período de translação da Lua em volta da Terra 27,3 dias

Período de translação da Terra em volta do Sol 365,25 dias

Alguns dados relativos à água, ao ar e ao mercúrio Valor em unidades SI

Massa volúmica da água (20 oC) 999 kg m–3

Massa volúmica do gelo (0 oC) 917 kg m–3

Massa volúmica do ar (PTN) 1,293 kg m–3

Massa volúmica do mercúrio (PTN) 13 595 kg m–3

278
RESPOSTAS
1. Mecânica Na escala indicada obtém-se, Gráficos posição-tempo:
aproximadamente, x = 347 m e y = 293 m, 7
x/m
1.1 Cinemática e dinâmica da logo, 6r»1 = 347e»x + 293e»y; a distância 6
5
partícula a duas dimensões à origem é r = 3472 + 2932 = 454 m. 4
b) i) Movimento uniformemente acelerado 3
1.1.1 (pág. 64) 2
em qualquer um dos eixos (velocidade
1. A-II. B-I. C-III. D-V. E-IV. e aceleração, em cada eixo, sempre do 1
0
2. A distância à origem do referencial mesmo sinal). ii) Multiplicando a equação 0 1 2 3 4 5 6
é igual ao módulo do vetor posição. É a de y(t) por 2 e somando membro a membro t/s
posição 1, pois r1 = 5 m, r2 = 4,5 m e r3 = 3 m. com a equação de x(t), obtém-se a equação y/m
120
x 100
3. (C). Os deslocamentos são 6r»1 = 300e»y, da trajetória: x + 2y = 150 ou y = – + 75;
2 80
6r»2 = 400 cos 45oe»x + 400 sin 45oe»y e
o automóvel descreve uma trajetória 60
6r»3 = 500e»x; 40
retilínea.
a soma é 6r» = (500 + 400 cos 45o)e»x + 20
+ (300 + 400 sin 45o)e»y . 0
1.1.2 (pág. 65) 0 1 2 3 4 5 6
4. Distância percorrida: s = 15 m. t/s
Deslocamentos: 6r»1 = 5 cos 37oe»x + 5 sin 37oe»y 8. a) b) Parabólica: de x(t) = t + 1, resulta
e 6r»2 = –10 cos 30oe»x + 10 cos 60oe»y ; a soma t = x – 1; substituindo em y(t), obtém-se
é 6r» = –4,7e»x + 8,0e»y (m), por isso ficou a y A y = 4x2 – 8x + 4, que é a equação de uma
uma distância do ponto de partida igual a parábola. c) Fazendo 6r» = r»(2) – r»(0),
Δr
|6r»| = 9,3 m. rA B obtém-se 6r» = 2e»x + 16e»y (m). O módulo
5. (A). A trajetória é retilínea. deste deslocamento é inferior à distância
percorrida sobre a trajetória porque esta
6. a) I: em x é uniformemente variado rB
é curvilínea.
(primeiro uniformemente retardado
6r» 2e»x + 16e»y
e depois uniformemente acelerado); d) (A). v»m = = = e»x + 8e»y (m s–1).
6t 2
em y é uniforme. II: em x é uniformemente x
e) Tem-se, no SI, vx = 1 m s–1 e vy = 8t;
variado (primeiro uniformemente retardado
e depois uniformemente acelerado); vx (1) = 1 m s–1 e vy (1) = 8 m s–1, logo,
b) r»A = 3e»x + 6e»y e r»B = 9e»x + 4e»y;
em y é uniformemente variado (primeiro v(1) = 8,1 m s-1; vx (3) = 1 e vy (3) = 24, logo,
uniformemente retardado e depois 6r» = r»B – r»A = (9 – 3)e»x + (4 – 6)e»y = 6e»x – 2e»y , v(3) = 24 m s−1. A velocidade é maior no
uniformemente acelerado). tal como se representa na figura da alínea instante 3 s. Como ax = 0 e ay = 8 m s−2,
III: em x é acelerado; em y é uniformemente a). tem-se a = 8,0 m s−2 em qualquer instante.
acelerado. b) (B): parábola com 6r» 11. a) x = 2(t – 1), y = 4t3 + 2.
c) v»m = = 1,5e»x –0,5e»y m s–1
concavidade voltada para cima, com 6t
posição inicial positiva e com um mínimo
correspondente à inversão de sentido. e vm = 1,52 + 0,52 = 1,6 m s–1.
c) (D). No intervalo de tempo considerado, dr»
9. (B): v» = = (4t – 5)e»x + (3t2 – 6t)e»y (SI).
xII(t) toma valores negativos e nulos nos dt
extremos do intervalo: xII(0) = xII(4) = 0. 10. a) Movimento uniforme segundo
A variação de posição em y é dupla da o eixo x e movimento uniformemente
variação de posição em x. Logo, o gráfico acelerado segundo o eixo y. dx dy
b) (D). c) vx = = 2 m s–1 e vy = = 12t2 (SI).
é linear. Ou: multiplicando a equação de Representação estroboscópica: dt dt
x(t) por –2 e somando membro a membro O gráfico da função vx (t) é uma reta
com a equação de y(t), obtém-se a equação y horizontal com ordenada 2 e o gráfico de
de uma reta: y – 2x = 6 ou y = 2x + 6. vy (t) é uma parábola com origem (0, 0) e
7. a) O vetor posição tem origem no largo concavidade voltada para cima.
e extremidade no edifício.
vx/m s−1 2,5
y
A
2
1,5
x
1
x 0,5
0
0 200 m 0 1 2 3 4 5 6
t/s

279
vy/m s−1 350 c) A aceleração tangencial é 21. (A). A aceleração tangencial é
300
250 v2 6v 20
at = a cos 60o = cos 60o = 0,18 m s–2. constante e igual a at = = = 2,0 m s–2
200 r sin 60o 6t 10
150
O módulo da velocidade varia 0,18 m s–1 em 202
100 e an = = 4,0 m s–2.
50 cada segundo. 100
0
0 1 2 3 4 5 6 18. a) s = 2 × 2 πR = 31,4 m. b) (D). As As respetivas componentes da força
t/s
posições inicial e final coincidem, pelo obtêm-se multiplicando estes valores pela
vx(0) = vx(2) = 2 m s–1 e vy(0) = 0 que o deslocamento é nulo. c) Módulo da massa do automóvel.
e vy (2) = 48 m s–1 . 31,4 22. A aceleração tangencial é at = 0,60 m s–2
velocidade: v = = 1,57 m s–1; módulo
d) Muda mais depressa de posição no 20,0 102
e a normal é an = = 12,5 m s–2. Logo,
instante em que a velocidade for maior. v2 8,0
da aceleração: a = ac = = 0,986 m s–2;
Como vx = 2 m s–1 e vy = 12 t2 (SI), tem-se r a» = 0,6e»t + 12,5e»n (m s–2). A força, F» = ma»,
módulo da força resultante: F = ma = 39,4 N.
v»(0) = 2e»x, ou seja, v(0) = 2 m s–1, é F» = 5,4 × 102e»t + 1,1 × 104e»n (N).
A força e a aceleração têm a mesma
e v»(2) = 2e»x + 48e»y, donde v(2) = 48 m s–1.
direção e sentido, apontando para o centro 1.1.5 (pág. 68)
Por isso, é aos 2 s. da trajetória, e são perpendiculares, em
v»(2) – v»(0) cada instante, à velocidade, que é sempre 23. a) Condições iniciais: x0 = 0,3 m, y0 = 0 m,
e) a»m = = 24e»y m s–2.
2 tangente à trajetória em cada ponto. v0x = 0 e v0y = 3,0 m s–1. Como Fx = 0,5 N e
dv x dv x Fy = 0 N, então ax = 2,5 m s–2 e ay = 0 m s–2.
f) ax = = 0 e ay = = 24t; logo, 19. a) Para qualquer instante, e no SI:
dt dt v»(t) = e»x + 8t2e»y e a»(t) = 16te»y. Portanto, Logo, x = 0,3 + 1,25t2 e y = 3,0t.
» e a»(2) = 48e» m s–2. b) A trajetória é parabólica tal como se
a»(0) = 0 v»(1) = e»x + 8e»y (m s–1) e a»(1) = 16e»y (m s–2).
y representa na figura para os primeiros 10 s.
O produto escalar dos dois vetores é
Indica-se a velocidade inicial e a força que
1.1.3 (pág. 66) v»(1) • a»(1) = 128 m2 s–3. Os módulos da
atua no carrinho.
velocidade e da aceleração são, respetivamente,
y/m 35
12. I-B, II-A, III-D, IV-C. v(1) = 65 m s–1 e a(1) = 16 m s–2. 30
13. a) I-D, II-A, III-C, IV-B. (A velocidade é Como v»(1) • a»(1) = v(1) a(1) cos α, sendo α 25
tangente à trajetória, anulando-se quando o ângulo entre os dois vetores, podemos 20
há inversão na trajetória; a aceleração 128 15
aponta para o interior da curva). concluir que cos α = e α = 7,1o. 10
4 65 v
b) Ponto D, pois o ângulo entre a 5 F
(Ou, como a aceleração tem a direção 0
velocidade e a aceleração é menor que 90o. 0 20 40 60 80 100 120 140
e sentido do eixo y, e o ângulo que a
14. (A): movimento circular uniforme. (B): x/m
velocidade faz com o eixo dos y calcula-se a
movimento circular uniforme. (C): nunca 1 c) Como vx = 2,5t e vy = 3,0 m s–1, então
se verifica. (D): movimento uniformemente partir de tan α = , conclui-se que α = 7,1o).
8 v = (2,5t)2 + 9 (SI). d) i. O módulo da
variado, com aceleração constante, dv velocidade varia mais rapidamente onde
quando há inversão de sentido. (E): b) A aceleração tangencial é at = ,
dt for maior a aceleração tangencial; como
qualquer movimento em que a aceleração sendo v = 1 + 64t 4 , dv 2 × 2,5t × 2,5 2,52t
é nula ou se anule (o corpo mantém a 4 × 64t 3 128t 3 at = = = ,
pelo que at = = dt 2 (2,5t)2 + 9 (2,5t)2 + 9
sua velocidade). (F): corpo em repouso
2 1 + 64t 4 1 + 64t 4 então at(2) = 2,14 m s–2 e at (5) = 2,43 m s–2,
num certo referencial. (G): movimento e at(1) = 15,9 m s–2. Como a2 = a2n + a2t, a
circular uniforme. (H): movimento circular é no instante t = 5 s. ii. A velocidade varia
uniforme. (I): movimento retilíneo acelerado aceleração normal é an = a2 – a2t = 1,98 m s–2 mais rapidamente em direção onde a
ou retardado. (J): qualquer movimento, Então a»(1) = 16e»t + 1,8e»n m s–2. Ou: a aceleração centrípeta for maior; como
retilíneo ou curvilíneo, com aceleração. componente tangencial da aceleração é a = 2,5 m s–2 e an = a2 – a2t , então
15. (A): at = 0, an = 0. (B): at = 0, an ≠ 0 a sua projeção na direção da velocidade, an (2) = 1,29 m s–2 e an(5) = 0,59 m s–2, logo,
(velocidade perpendicular à aceleração). at = a cos 7,1o = 15,9 m s–2, e a componente
é no instante t = 2 s. iii. O raio de curvatura é
(C): at ≠ 0, an ≠ 0 (a velocidade faz um normal é an = a sin 7,1o = 1,98 m s–2.
5,832 12,852
ângulo obtuso com a aceleração). v2 v2 R(2) = = 26 m e R(5) = = 280 m,
c) Como an = ⇒r= , logo, 1,29 0,59
(D): at ≠ 0, an ≠ 0 (a velocidade faz um r an
ou seja, é maior para t = 2 s.
ângulo obtuso com a aceleração quando a 65
r(1) = = 4,1 m. 24. As equações paramétricas, num
bailarina trava e um ângulo agudo quando 15,9
referencial convencional ligado ao solo,
ela aumenta o módulo da sua velocidade). 1.1.4 (pág. 67) são: x = 40t e y = 100 – 5t2 e a equação
v2 x 2
冢 冣
16. (A). Como an = , no segundo caso 20. (A) Falsa. A componente centrípeta
r da trajetória parabólica é y = 100 – 5 .
existe sempre que a velocidade muda 40
há maior aceleração e, portanto, maior de direção. (B) Falsa. A componente Quando atinge o solo, y = 0 e t = 4,5 s;
desconforto. (B). O desconforto será maior tangencial pode existir qualquer que seja a logo, x = 180 m, ficando, pois, a 20 m do
no caso da curva de menor raio (r2), pois a trajetória (retilínea ou curvilínea) desde que ponto pretendido.
aceleração centrípeta será maior. varie o módulo da velocidade. (C) Falsa. A 25. (B). Pela conservação da energia
v2 52 componente centrípeta aponta sempre para mecânica, o módulo das quatro velocidades
17. a) an = = = 0,31 m s–2. b) (C). Da
r 80 dentro da curva e a componente tangencial representadas tem de ser o mesmo,
figura conclui-se que an = a cos 30o = a sin 60o, tem a direção da velocidade, mas pode ter pois está-se sempre ao mesmo nível
v2 o mesmo sentido (movimento acelerado) ou relativamente ao dos lançamentos feitos
pelo que a = .
r sin 60o sentido oposto (movimento retardado). com velocidades de módulo igual.

280
26. a) As equações paramétricas, num significa que o alcance do projétil é inferior energia mecânica permite escrever
referencial convencional ligado ao solo, à distância ao muro (também fazendo 1 1
mv 2i + mghi = mv 2f + mghf , donde
são: x = v0t e y = 20,0 – 5t2, por isso, a y = 0 se verifica que o tempo de voo é 1,1 s, 2 2
trajetória é parabólica. b) Quando y = 0, ou seja, menor do que 4,24 s). v 2 – v 2i
tem-se t = 2,0 s. Como x = 5,0 m, obtém-se 30. As equações paramétricas, num 6h = hf – hi = f . Introduzindo os dados,
2g
v0 = 2,5 m s–1 e x = 2,5t. Se vx = 2,5 m s–1 e referencial convencional ligado à prancha, obtém-se 9,4 cm. A inclinação do plano
vy = 1,0t (SI), então v»(2) = 2,5e»x – 20e»y (m s–1) são x = v0 sin 14o t e y = v0 cos 14o t – 5t2. 9,4
e v(2) = 20 m s–1. c) Quando y = 10,0 m, Quando a altura máxima é atingida, vy = 0, é tal que tan θ = , de onde se conclui
o
150
tem-se t = 2 = 1,41 s. Como ou v0 cos 14o – 10t = 0 e, nesse instante, que θ = 3,6 .
v = 2,52 + 100t2 , vem v(1,41) = 14,4 m s–1; y = 1,3 m. Resolvendo o sistema, obtém-se 37. A Segunda Lei de Newton, aplicada a
sendo v0 = 5,26 m s–1 e t = 0,51 s. Quando volta 1 e 2, permite escrever T = m1a e
dv 2 × 100t 100t a passar pela prancha passou o dobro do m2g – T = m2a, respetivamente. Resolvendo
at(t) = = = ,
dt 2 2,52 + 100t2 2,52 + 100t2 tempo e x = 1,3 m, que é superior a 1,0 m; m2
o sistema, obtém-se a = g. Como
logo, at(1,41) = 9,85 m s–2. A aceleração por isso, o salto é seguro. m1 + m2
31. (A). Se a velocidade inicial for igual em m2
normal é an(1,41) = 102 – 9,852 = 1,74 m s-2. < 1, então a < g. Ou: a resultante
módulo e os ângulos de lançamento forem m1 + m2
v2
Portanto, R = = 118 m. Ou: quando complementares, o alcance, dado por das forças sobre os dois blocos é o peso do
an
y = 10 m, tem-se t = 1,41 s; a aceleração v 2 sin 2θ bloco B; como a massa do conjunto é maior
A= 0 , será o mesmo. Na situação do que a do bloco B, a aceleração é menor
tem a direção vertical e o ângulo que g
a velocidade faz com a direção vertical (A), os módulos das velocidades são iguais: do que a gravítica.
v 2,5 v0A = v0B = 10 m s–1. Os ângulos de 38. a) O corpo B puxa o outro no sentido do
calcula-se por tan α = x = , logo v
vy 14,1 lançamento, dados por tan θ = vy , são seu peso, com PB = 3,00 N, e o corpo A puxa
α = 10o; a componente tangencial da x o B no sentido da componente do seu peso na
aceleração é a sua projeção na direção complementares: θA = 36,9o e θB = 53,1o. direção do plano, PAx = 5,00 sin 20o = 1,7 N.
da velocidade, at= a cos 10° = 9,85 m s–2; a 2v 0 sin θ Como PB > PAx, B desce e A sobe. b) As
32. (B). O tempo de voo é tvoo = .
componente normal é an= a sin 10°= 1,74 m s–2, g tensões são iguais em módulo (T1 = T2 = T )
v2 Como θA > θB, então terá de ser tvoo,A > tvoo,B. e as acelerações são iguais em módulo
logo, R = = 118 m. d) O mesmo tempo,
an 33. (B). Pode demonstrar-se que o alcance (a1 = a2 = a), tal como as velocidades.
pois o movimento segundo a vertical seria 2v v A Segunda Lei de Newton permite escrever:
exatamente o mesmo. é dado por A = 0x 0y , o tempo de voo por PB – T = mBa para B; T – PA sin 20o = mAa
g
27. a) (C). b) (C). c) (C). 2v0y v2 e N = PA cos 20o para A. O sistema de
tvoo = e a altura máxima por ymáx = 0y .
28. a) Equações paramétricas num g 2g equações conduz a a = 1,625 m s–2
referencial convencional ligado ao solo: Portanto, atendendo, aos valores das e T = 2,51 N. Logo, v = at = 3,25 m s–1, que
x = 11 cos 20o t e y = 11 sin 20o t – 5t2; componentes escalares da velocidade, vem: é igual para A e B. c) T = 2,51 N, tal como
equações para a velocidade: vx = 11 cos 20o para a altura máxima, ymáx,C > ymáx,A > ymáx,B; se calculou em b).
e vy = 11 sin 20o – 10t. Fazendo y = 0, para o tempo de voo, tvoo,C > tvoo,A > tvoo,B; 39. a) Sobre o bloco 1 atuam o peso, a
obtemos o tempo de voo, t = 0,75 s e o para o alcance, AA = AB = AC. força normal e a tensão (T»1) e sobre o bloco
alcance é x = 7,8 m. b) O tempo de subida é 2 atuam o peso, a força normal e a tensão
34. (A). A força resultante é F» = P» + F»;
(T»2). As tensões são iguais em módulo.
R
metade do tempo de voo, logo, ymax = 0,71m;
a sua componente segundo y é nula, pois
vx = 10 m s–1 e vy = 0, logo, v» = 10e»x (m s–1). Fy = –0,25 × 10 + 2,5 = 0. Logo, o movimento A componente do peso na direção da linha
29. a) As equações paramétricas, num segundo y é uniforme, ou seja, mantém-se de maior declive de cada plano inclinado é
referencial convencional ligado ao solo, são a velocidade inicial, vy = –2,5 m s–1, que é maior em 1 do que em 2: P sin 60o > P sin 30o.
x = 20 cos 53ot e y = 20 sin 53ot – 5 t 2. Para Logo, o bloco 1 desce e o bloco 2 sobe, com
igual ao declive da reta do gráfico A.
atingir o muro, tem de ser x = 36 m; neste aceleração de igual módulo e movimento
35. a) (A). O módulo da velocidade primeiro uniformemente acelerado. A Segunda Lei
caso obtém-se t = 2,99 s e y = 3,50 m, por
decresce (até ao ponto de altura máxima) permite escrever, para 1 e 2:
isso, passa por cima do muro. Para saber
e depois aumenta, sem nunca se anular. P sin 60o – T = ma e T – P sin 30o = ma,
se é na subida ou descida, podemos, por
b) (D). Inicialmente, a aceleração tangencial logo, a = 0,183 g. b) i) (D). Quando se corta
exemplo, ver o sinal de vy naquele instante:
é negativa (o vetor tem sentido oposto ao o fio, os blocos descem os planos com
v y (2,99) = 20 sin 53o – 10 × 2,99 = –13,9 m s–1;
da velocidade e o módulo da velocidade acelerações diferentes: a1 = g sin 60o e
como é negativo, está a descer. Ou podemos
diminui), anula-se no ponto de altura a2 = g sin 30o. Pela Lei de Conservação
determinar o tempo de subida, v y = 0, o que
máxima, e depois passa a positiva e aumenta de Energia Mecânica, e como partem da
ocorre para t = 1,6 s, sendo este tempo
à medida que a velocidade cresce em mesma altura ao solo, têm de chegar com
inferior ao anterior. b) Se a força exercida
módulo (o vetor tem o sentido da velocidade). velocidades iguais em módulo. ii) (A).
pelo ar não for desprezável, este já não
descreverá rigorosamente uma parábola. Como v = at e v1 = v2, a razão dos tempos
1.1.6 (pág. 70) t a sin 30o
Por isso, pode ou não passar por cima do de descida é 1 = 2 = .
muro, dependendo da orientação do vento. 36. a) (C). Só atuam o peso e a força t2 a1 sin 60o
c) Neste caso, as equações paramétricas normal. O peso aponta para baixo e a força 40. (A). Só há componente tangencial da
são normal é perpendicular à calha (inclinada força resultante: a componente centrípeta
x = 10 cos 32ot e y = 0,40 + 10 sin 32ot – 5t2. relativamente ao plano horizontal). b) A é nula, pois a velocidade é nula na altura
Para atingir o muro, tem de ser x = 36 m, questão pode ser resolvida mais facilmente máxima. Para os outros pontos, a
obtendo-se t = 4,24 s e y = –67 m, o que considerando a energia. A conservação da resultante aponta para o interior da curva.

281
v2 mv2
41. a) (B). Como ac = , em B a velocidade 45. No ponto mais baixo tem-se N – P = , mantém o corpo em repouso. Como
R R
F amáx = μN, então μN = P ou μF = P, logo,
é máxima e em A e C é nula. b) Há mv2
ou seja, N = P + e, no ponto mais alto, P
conservação da energia mecânica que é, R F= > P, pois μ < 1.
no ponto B, igual à energia cinética, Ec,b. 2 2
μ
mv mv
Num ponto qualquer entre B e C, tem-se: P–N= , ou seja, N = P – : a força 54. Para o bloco não deslizar em relação
R R
Ec + Ep = Ec,B ⇒ Ec + mgh = Ec,B ou à carrinha tem de ter a aceleração dela.
normal tem menor intensidade no ponto
Ec = Ec,B – mgh, sendo h a altura A força que o mantém em repouso é
mais alto. Essa força e a força que atua
relativamente ao nível de B (ver figura). a força de atrito, que aponta no sentido
na balança formam um par ação-reação,
O gráfico é uma reta como mostra a figura: do movimento da carrinha, pois impede
pelo que esta indica a intensidade da força
a energia cinética diminui de um máximo, o bloco de se mover em sentido contrário.
normal.
no ponto B, até se anular na altura máxima. Por isso, Fa = ma. Como F amáx = μN e N = mg,
46. A-II. B-IV. C-V. D-III. E-I.
então a = μg. Logo, o coeficiente de atrito
Ec mínimo é μ = a / g.
Ec = Ec,B − mgh 1.1.7 (pág. 72)
47. (A) Falsa. A força de atrito estático que 1.1.8 (pág. 73)
atua num objeto pontual só existe, como 55. a) Havendo conservação de energia
o próprio nome sugere, se este estiver mecânica, o módulo da velocidade
h em repouso. (B) Falsa. Pode existir em em C deveria ser o mesmo do que
42. As equações para o movimento são situação de repouso se o corpo estiver a em A, e é menor: vC < vA. Relativamente
mv2 ser solicitado a mover-se por outras forças. ao ponto B, no caso de haver
T sin θ = e T cos θ = mg, sendo θ (C) Falsa. As forças de atrito estático conservação de energia mecânica,
R
o ângulo do fio com a vertical e R = L sin θ, podem ter módulo entre zero e um valor 1 1 2
máximo dado pelo produto do coeficiente mghA + mv 2A = mv' 2B ⇒ v'B = v A + 2gh =
com L o comprimento do fio. A. Verdadeira, 2 2
pois, como o módulo da velocidade é de atrito estático pelo módulo da força
= 28,4 m s–1. Ora, a velocidade real é
constante, só há componente normal da normal. (D) Verdadeira. (Ver justificação
anterior.) (E) Falsa. As forças de atrito não 28,2 m s–1 pelo que há atrito entre A e B.
força resultante. B. Verdadeira, pois das
dependem da área de contacto aparente. b) Ponto B:
duas primeiras equações, v = Rg tan θ .
v2 v2
C. Verdadeira, porque a expressão anterior 48. (A) Na direção vertical atuam o peso,
a força normal e a componente da força: rB 冢 rB 冣
NB – P = m B ; NB = m g + B = 32,1m < 3,2P.
também se escreve v = Lg sin θ tan θ . N – P + F sin θ = 0, logo, N = mg – F sin θ. Ponto C:
D. Verdadeira, porque v = ωR e a expressão O movimento é uniforme porque a força v C2 v2
da velocidade também se pode escrever de atrito anula a componente da força P – NC = m
rC 冢 冣
; NC = m g – C = 9,9m < 0,99P.
rC
g tan θ na direção horizontal.
ωR = Rg tan θ , ou seja, ω = ou 56. a) (A). A componente tangencial
R 49. (D). A intensidade das forças de atrito da aceleração é máxima nas posições
g não depende da área de contacto. extremas e anula-se em L, onde o módulo
ω= ; quando θ aumenta, cos θ
L cos θ 50. a) (D). Não havendo força a solicitar da velocidade é máximo.
diminui e a velocidade angular aumenta. o movimento do corpo, não existe b) (C). Conservação da energia mecânica:
E. Verdadeira, pois nesse caso a equação força de atrito. b) (A). A força de atrito 1 l 1
mv 2 = mgh ⇒ v 2 = 2g = gl.
T cos θ = mg seria impossível, ou seja, estático máxima é 8 N e, neste caso, tem 2 4 2
não haveria uma componente vertical da intensidade igual à da força aplicada. 1
c) (B). Na alínea anterior viu-se que v 2 = gl
tensão que anulasse o peso. c) (C) Como a força tem intensidade 2
43. a) (D). A resultante das duas forças que superior à força de atrito estático máxima, para a posição L, e o raio é l. Como
atuam no automóvel, peso e força normal, é o corpo entra em movimento e o atrito é v2 3
cinético, sendo a força de atrito cinético 6 N. T – mg = ⇒ T = mg. Na posição
a componente centrípeta da força resultante: r 2
v2 51. (B). A resultante das forças é nula; extrema, a componente do peso na direção
P – N = mac ⇒ N = mg – m . b) (A).
R assim, F – P sin θ – Fa = 0 ou do fio anula a componente da tensão:
A velocidade que, no limite, ainda garante Fa = F – mg sin θ = F – 0,50 mg.

contacto do automóvel com a estrada 52. Como –Fa = ma e N = mg, obtém-se ᐉ–
4 3
corresponde a N = 0. Para velocidades a = –μg. Pelas equações do movimento, T = P cos θ. Por outro lado, cos θ = = .
ᐉ 4
superiores, o automóvel perde o contacto obtém-se a distância de travagem: 3
Portanto, em K, T = mg.
com a estrada. Fazendo N = 0 na expressão 1 4
da alínea a), obtém-se v = gr . x = v0t + (–μg)t2 e 0 = v0 + (–μg)t, donde
2 57. a) (D). Em H, a velocidade tem de ser
44. a) A perda de contacto poderia ocorrer v2 tal que garanta que N > 0. No ponto H
no ponto L se a força normal se anulasse. x = 0 ; num dia húmido o coeficiente v2 v2
2μg tem-se mg + N = m ou N = m – mg;
v2 r r
De P – N = m , concluiu-se que de atrito é seis vezes menor, por isso a
R distância percorrida é seis vezes maior: v2
como N > 0, vem m ≥ mg ⇒ v 2 ≥ gr.
冢 冣
v2 52 252 m (piso molhado) e 42 m (piso seco). r
N = mg – m = 160 × 10 – > 0, ou
R 40
v' 2 53. (D). Estando o bloco em repouso, tem- A velocidade mínima é vmín = gr.
seja, não é nula. b) Ponto M: N' – P = m -se Fa = P e F = N. A força de atrito estático A conservação da energia mecânica permite
R'
é máxima quando a força de compressão 1 5
冢 冣
152
e N' = 160 × 10 + 3
= 2,05 × 10 N. escrever mgh = mv2mín + mg2r ⇒ h = r.
80 tiver intensidade mínima que ainda 2 2

282
v2 d) Fa /N Estático Cinético
b) i) (A). Como ac = e, da conservação da
r 14
A/m
1 12 y = 0,3005x + 0,8076
energia mecânica, mgh = mv2 ⇒ v2 = 2gh, 1,0
2 10
2gh 0,8 8
obtém-se ac = . ii) (A) e (C). y = 0,598x - 0,072
r 0,6 6
R2 = 0,999
4 y = 0,2256x + 0,9241
58. a) (B). A tensão no fio é tal que 0,4 2
v2 0
T – mg cos 30o = m B ou 0,2
rB 0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0 N/N
T = m g cos 30o + 2,5 m v 2B (SI), pois 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
v2 v0 /m s−1 c) Como μe = tan θ, vem θ = tan–1 μe = 16,8o.
r = 0,4 m. b) No ponto C, P + N = e, como
rB d) Inicialmente permanece em repouso até
i) Como o objeto é lançado sempre da
a velocidade mínima em C corresponde a a força de atrito estático atingir um valor
mesma altura h, o tempo de voo é o mesmo
N = 0, obtém-se vC = rg . A conservação máximo, pois a tensão exercida pelo fio vai
para todos os lançamentos:
da energia mecânica permite escrever aumentando. A partir de uma certa massa
1 2h
de y = h – gt2 e y = 0 resulta tvoo = . suspensa, o bloco entra em movimento.
1 1 1 1 2 g
mv C2 + mg2r = mv A2 ou rg + 2rg = v A2 e) O gráfico mostra as retas de ajuste aos
2 2 2 2 Substituindo em x = v0t, o alcance é pontos experimentais.
ou v A = 5rg , obtendo-se vA = 4,5 m s–1.
2h v / m s−1
c) Nesse percurso, a resultante das forças A= v : há uma proporcionalidade
g 0 1,2
é aforça de atrito. Aplicando o teorema da direta entre o alcance e o módulo da 1,0
energia cinética, vem velocidade inicial, o que é evidenciado no
0,8
1 gráfico obtido experimentalmente. Usando
0– mv A2 = μcNd cos 180o e, como 0,6
2 2h
v A2 o declive da reta, tem-se 0,598 = , 0,4
N = mg, obtém-se d = = 2,5 m. g
2gμc 0,2
obtendo-se h = 1,75 m. Este valor tem um
59. a) A resultante das forças é igual à sua ligeiro desvio percentual relativamente 0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
componente centrípeta: ao medido em 1,7%. ii) Extrapolando a t/s
v2 v2 equação A < 0,598 v0 para a velocidade
N–P=m ⇒ 3P – P = m ⇒ v = 2gR , Quando a velocidade aumenta, o declive da
r r 2,0 m s–1, obtém-se A = 1,2 m.
6v 1,08 – 0
obtendo-se v = 3,2 m s–1. b) Pela conservação 61. a) i) A força de atrito estático tem reta é a = = = 1,80 m s–2.
6t 1,15 – 0,55
da energia mecânica, no ponto mais alto a uma intensidade igual à da força exercida
1 1 Quando a velocidade diminui, o declive é
velocidade é: mv'2 + mg2r = mv2 ⇒ v'2 = e aumenta até um valor máximo que
6v 0,20 – 0,72
2 2 corresponde ao início do movimento a' = = = –2,60 m s–2.
6t 1,6 – 1,4
= v2 – 4 gr. Neste caso, v'2 = 2gr – 4gr < 0, do corpo. A força de atrito cinético é
que é uma condição impossível, logo, não aproximadamente constante. ii) A força No movimento retardado tem-se
chega ao topo. Ou: no ponto mais alto o de atrito estático é igual à medida pelo –Fa = mblocoa' ou –μmblocog = mblocoa', donde
corpo perde o contacto se N = 0, ou seja, sensor enquanto o corpo permanece em a'
μc = – . Introduzindo o valor experimental,
v' 2 repouso. O seu valor máximo determina-se g
N + mg = m ⇒ v' = gr ; aplicando a a partir do máximo da força medida, que é, obtém-se μc = 0,27. No movimento
r
aproximadamente, 8,0 N. A força de atrito uniformemente acelerado tem-se, para
conservação da energia para este valor
cinético é também igual à força medida o bloco, T – μc mblocog = mblocoa e, para o
limite, e, como v = 2gR , obtém-se pelo sensor (desde que o corpo permaneça
corpo suspenso, mg – T = ma (m é a massa
1 1 1 3 em movimento com velocidade constante).
mv'2 + mg2r = mgr ⇒ mv'2 = – mgr, do corpo suspenso). As duas equações
2 2 2 2 Como existem pequenas oscilações na
permitem concluir que
que é uma equação impossível. medida da força, a força de atrito cinético
mg – ma – μcmblocog = mblocoa e, portanto,
pode determinar-se calculando o valor
médio para o intervalo de tempo de mg – (m + mbloco)a
Atividades laboratoriais (pág. 74) μc = . Introduzindo
movimento com velocidade constante; mblocog
60. a) (24,75 ± 0,05) mm. Como a régua neste caso é, aproximadamente, 5,0 N. os valores, obtém-se μc = 0,28. Este valor
principal está graduada em milímetros iii) É mais fácil mantê-lo em movimento, é ligeiramente mais elevado que
(menor divisão da escala) e como o nónio pois a força de atrito cinético é menor do o anterior. Neste procedimento é maior
tem 20 divisões, estabelece-se como que a força de atrito estático máxima. o erro cometido: supõe-se que a roldana
incerteza de leitura o quociente entre b) Fae,máx = μeN e Fac = μcN. A força normal e o fio têm massa desprezável, condição
a menor divisão da escala principal pelo é N = gm. O gráfico mostra as forças de que é aceitável se as massas do bloco e
número de divisões do nónio. Neste caso atrito em função do módulo da normal. do corpo suspenso forem muito maiores
é 1mm/20 = 0,05 mm. b) Fazendo a média Em ambos os casos há uma dependência do que as do fio e da roldana; desprezou-se
dos três valores, encontra-se 14,774 ms; linear, sendo os declives das retas os também o atrito no movimento da roldana.
o módulo do maior dos desvios é 0,095 ms. coeficientes de atrito. Obtém-se Estes erros experimentais não existem
Portanto, t = 14,774 × 10-3 s ± 0,64%. μe = 0,30 e μc = 0,23. no movimento retardado, pois o fio já não
24,75 × 10–3 exerce tensão sobre o bloco, sendo a força
c) v0 = = 1,675 m s–1. de atrito a resultante das forças sobre o
14,774 × 10–3

283
bloco. f) Os coeficientes de atrito, obtém-se t = 0,468 s. Logo, y = 2,9 m, valor 1.2 Centro de massa
F F superior à altura da baliza: a bola passa por e momento linear
μe = aemáx e μc = ac , estão calculados cima da trave.
mg mg de sistemas de partículas
na tabela seguinte: 64. a) Pela conservação da energia mecânica,
1.2.1 (pág. 98)
1 v 2D
A/ Material da base
μe μc
mghA = mv 2D + mghD ⇒ hA = hD + , 1. Verdadeiras: A, B, D, E. Falsas: C, F.
cm2 do bloco 2 2g
2. (C).
48,0 Madeira polida 0,290 0,207 logo, hD = 5,2 m. b) Velocidade em C: pela –4 × 18 + 2 × 12 + 6 × 20
conservação da energia mecânica, tem-se xCM = = 1,44 m;
48,0 Feltro 0,348 0,305 50
1
mv 2C + mg2R = mghA ⇒ vA = 2g(hA – 2R) , –4 × 18 – 2 × 12 + 6 × 20
32,0 Madeira polida 0,279 0,204 2 yCM = = 0,48 m.
ou seja, vC = 6,6 m s–1. A velocidade em C a 50
partir da qual o corpo perde o contacto com 3. (D). Os três átomos formam um
Os coeficientes de atrito, estático e cinético,
triângulo isósceles, sendo de 38o cada um
dependem dos materiais em contacto v C2
a rampa obtém-se com NC = 0: P = m ou dos ângulos entre a direção do eixo dos xx
(a tabela mostra valores significativamente R e a que une cada hidrogénio ao oxigénio.
diferentes), mas não dependem da área 2
v C,min = gR = 3,9 m s .–1
Portanto:
da superfície em contacto (a tabela mostra
valores semelhantes). Como vC = 6,6 m s–1 > 3,9 m s–1, o carrinho 1 × 0 + 16 × 96 cos 38o + 1 × (96 cos 38o) × 2
xCM = =
passa por C sem cair. c) Como 18
v C2 = 75,6 pm
P + NC = m , obtém-se NC = 3,8 N. d) (D). 1 × 0 + 16 × 96 sin 38o + 1 × 0
Questões globais (pág. 76) R yCM = = 52,5 pm
dv 18
Uma vez que at = , quando v é mínimo
62. a) Equações paramétricas do dt 4. Seja d a distância entre os centros da
movimento: x = 1000 t e y = 1,60 – 5,0t2. (ou máximo), a aceleração tangencial é nula. Terra e da Lua. Sendo a massa da Terra
Da primeira equação obtém-se o tempo 65. a) Representam-se as forças sobre o cerca de 81 vezes a massa da Lua, e
para o qual x = 500 m, que é t = 0,5 s. corpo em Q: tomando como origem do referencial o
A ordenada para este instante é centro da Terra, as coordenadas são (0, 0)
P N
y = 0,350 m (a bala passa por baixo). para a Terra e (0, d ) para a Lua. Logo,
b) Equações para a velocidade: mLd
Q xCM = = 0,012d e yCM = 0.
vx = 1000 m s–1, vy = –10t e
mT + mL
v= 10002 + 100t2 . Aceleração tangencial: 37°
P A distância média Terra-Lua é cerca
dv 102t de d = 1,28 × 3,00 × 108 = 3,84 × 108 m,
at = = Então
dt 10002 + 102t2 logo, xCM = 4,6 × 106 m < RT, ou seja, o
O centro de massa está no interior da Terra.
at(0,20) = 0,0200 m s–2. c) (D). No instante
inicial (módulo da velocidade mínimo) 5. Chapa A: consideremos a porção
a aceleração tangencial é nula; aumenta A componente centrípeta da força resultante é retangular de base 4 cm e altura 2 cm;
quando a velocidade aumenta, tendendo mv2Q mv2Q a primeira partição da chapa tem uma
P cos 37o – NQ = ⇒ P cos 37o – = NQ.
para o módulo da aceleração gravítica R R massa quatro vezes superior à segunda;
102t A velocidade em Q obtém-se pela o centro de massa de cada uma das
(para t pequeno, at < = 0,1t, conservação da energia mecânica: partições está no seu centro geométrico:
10002
ou seja, a aceleração tangencial é 1 r»1 = 2e»x + 4e»y (cm) e r»2 = 6e»x + e»y (cm). Portanto,
mghP = mghQ + mv2Q , sendo
aproximadamente linear em t; para t 2 (4m × 2 + m × 6)e»x + (4m × 4 + m × 1)e»y
grande, a aceleração tangencial tende para r»CM,A = =
hP = R e hQ = R cos 37o, logo, 5m
2
10 t 1 = 2,8e»x + 3,4e»y(cm).
a da gravidade, at < = 10 m s–2). mgR – mgR cos 37o = mv2Q ⇒
102t2 2 Chapa B: o orifício corresponde a uma
Este limite nunca chega a ocorrer porque a ⇒ 2gR (1 – cos 37o) = v2Q ; substituindo na porção de chapa que é subtraída. Como o
bala bate no chão. raio do círculo maior é quatro vezes maior do
equação anterior, obtém-se
que o do menor, a área e, portanto, a massa,
63. a) O vetor posição na posição final, 2gRm (1 – cos 37o)
P cos 37o – = NQ ⇒ é 16 vezes maior. Então, segundo a direção
relativamente à origem (o centro do campo,
R 0 × 16m – 2,0 × m
que é o ponto de partida) é r» = r»1 + r»2 + r»3, xx, xCM = = –0,13 dm.
⇒ P cos 37o – 2 P (1 cos 37o) = NQ ⇒ 15m
com r»1 = 26 cos 60oe»x – 26 sin 60oe»y, r»2 = 16e»x
⇒ P (3 cos 37o – 2) = NQ, logo, NQ = 4,0 N. Por simetria, yCM = 0.
e r»3 = 18 cos 45oe»x + 18 sin 45oe»y. Portanto,
b) Se, na equação da força normal (ver
r» = 41,7e»x – 9,79e»y. Como o vetor posição do 1.2.2 (pág. 99)
alínea anterior), o ângulo para uma posição
centro da baliza é r»b = 50e»x, a diferença é qualquer for θ, teremos: P (3 cos θ – 2) = NR;
冢 冣 冢 冣
1 2 5 1 1
r»d = (50 – 41,7)e»x + 9,79e»y pelo que o jogador 6. r»CM = t + t e»x + + t + t 2 e»y.
para o bloco perder o contacto com a 4 4 2 2
ficou a |r»d| = 12,8 m do centro da baliza. superfície, NR = 0, logo, P (3 cos θ – 2) = 0 ⇒ Derivando, obtém-se
b) O módulo da velocidade inicial é ⇒ 3 cos θ = 2 e θ = 48o.
冢 冣 冢 冣
1 1
v0 = 25 m s–1 e as equações paramétricas v»CM = 1 + t e»x + + t e»y;
2 2
do movimento são x = 25 cos 20o t
e y = 25 sin 20o t – 5t2. Para x = 11 m, 1
derivando novamente, a»CM = e»x + e»y.
2

284
A força é F»res = 2e»x + 4e»y e Fres = 4,5 N. 13. (C). Como 6p = F6t e a força e o 20. (D). O centro de massa do sistema não
intervalo de tempo são os mesmos para muda de posição, pois a resultante das
7. Todos os resultados estão no SI:
A e B, 6pA = 6pB. Como pAi = pBi = 0, então forças exteriores é nula. Quando a bola sai
100v»A + 300v»B
冢 冣
5 15 pAf = pBf. da mão, indo para a esquerda, o resto do
v»CM = = t – –3t – e» +
400 4 4 x sistema (carro + pessoa) desloca-se para
14. (B). Como 6p» = F»6t, tomando
a direita. Quando a bola bate na parede
冢 冣
3 6 9 18 componentes escalares tem-se pf = pi + F6t,
+ t– – t+ e» = (–2t – 5)e»x + e passa a ter velocidade com sentido
4 4 4 4 y que se pode aplicar aos intervalos de
contrário, o resto do sistema desloca-se
tempo sucessivos:
冢 冣
3 3 para a esquerda. Em A, a bola executa
+ – t + 3 e»y; derivando, a»CM = –2e»x – e»y; [0, 2] s: pf = –2 × 10 + 10 × 2 = 0 kg m s–1;
2 2 movimentos repetidos e o carro tem
[2, 4] s: pf = 0 + 2,5 × 2 = 5 kg m s–1; movimento de vaivém continuado.
a força resultante é F» = –0,8e» – 0,6e» .
res x y
[4, 6] s: pf = 5 + 0 = 5 kg m s–1; Em B, a bola cai no chão e o carro para
8. a) F»res = F»A + F»B = 0». Logo, a»CM = 0». [6, 8] s: pf = 5 – 5 × 2 = –5 kg m s–1. quando a bola parar sobre o carro.
A velocidade do centro de massa é 15. (D). Sendo F o módulo da força, o 21. Não atuam forças exteriores sobre
constante e dada por tempo de travagem, t, será tanto maior o sistema astronautas + bola. Por isso,
m v» + mBv»B 1 quanto maior for o módulo da variação do cada vez que um recebe a bola, move-
v»CM = A A = – e»y = –0,33e»x (m s–1). -se no sentido da velocidade desta; e, ao
mA + mB 3 6p» |p» |
momento linear: 6t = = i . Como atirá-la, move-se em sentido contrário
b) Como a velocidade do CM é constante, F F
|p»i| = m|v»i|, vem pi,A = 6,0 kg m s–1, ao da bola (só assim há conservação do
o movimento é retilíneo uniforme, por isso,
momento linear). Então, os astronautas vão
r»CM (t) = r»CM (0) + v»CMt; sendo pi,B = 7,0 kg m s–1, pi,C = 9,0 kg m s–1 e
afastando-se um do outro, embora o centro
–4 + 2 × 6 –4 + 2 × 6 pi,D = 5,0 kg m s–1. Logo, tD < tA < tB < tC. de massa do sistema não mude de posição.
r»CM (0) = e»x + e»y =
3 3 22. a) (A). A resultante das forças
1.2.4 (pág. 100)
8 6 exteriores é nula, a aceleração do centro
= (e»x + e»y) (m), vem r»CM (2) = e»x + e»y = 16. A. Falsa. pbala = 0,050 × 220 = 11,0 kg m s–1.
3 3 3 de massa é nula e a sua velocidade é
= 2,0e»x + 2,7e»y (m). B. Verdadeira. constante. b) Perfeitamente inelástica (os
1 corpos seguem com a mesma velocidade
Ec,bala = × 0,050 × 2202 = 1,21 × 103 J.
2 após a colisão). c) Conservação do
1.2.3 (pág. 99)
C. Verdadeira. Como 0» = p»esp. + p»bala, então momento linear: mAvA + mBvB = (mA + mB)v',
v»f – v»i
9. Uma vez que F» = m e não se |p»esp.| = |p»bala| = 11,0 kg m s–1. ou seja: a velocidade final é dupla da inicial,
6t tendo o mesmo sentido.
1 p2esp.
pode alterar a massa ou a velocidade do D. Falsa. Ec,esp. = mesp.v esp. 2
= = 15,12 J
corpo que colide, só resta um modo de 2 2mesp. 23. a) A velocidade do centro de massa
minimizar as forças de impacto: aumentar (diferente da energia cinética da bala). mv» + 2m (–v» ) 1
é v»CM = = – v». Como a
o tempo de colisão. Em (A), o tempo de E. Falsa. p»esp. = –p»bala (só em módulo os dois m + 2m 3
colisão aumenta com a flexão das pernas momentos lineares são iguais). resultante das forças exteriores é nula, a
ou com a utilização de colchões de espuma; velocidade do centro de massa é constante,
17. (A). Conservação do momento linear:
em (B), o tempo de colisão é maior quando sendo o seu movimento retilíneo uniforme.
(m1 + m2) v = m1v'1 + m2v'2 ou
o chão não é duro, ou seja, com a carpete. b) A posição do centro de massa, depois da
(m1 + m2) v – m1v'1 v
10. Quando colidem um com o outro, colisão, é dada por xCM = – t, cujo gráfico
v'2 = = 2,52 × 105 km h–1; 3
exercem entre si forças com intensidades m2 está representado na figura.
iguais mas simétricas (par ação-reação) o andar 2 move-se no mesmo sentido, pois
XCM
6p» v'2 > 0.
e, como F» = e o tempo de colisão é o
6t 18. A. pi = 1200 × 13,9 = 1,67 × 104 kg m s–1
mesmo, as variações de momento linear (afirmação verdadeira). t
dos corpos são simétricas e, por isso, B. |6 p»| = m|v»f – v»i| = 1,80 × 104 kg m s-1
iguais em módulo. Mas as acelerações são (afirmação falsa).
diferentes pois, como as forças são iguais
1
em módulo, terá maior aceleração o corpo C. 6Ec = m (v 2f – v 2i) = 1,15 × 105 J 24. A. Falsa. A variação do momento
de menor massa (Segunda Lei de Newton), 2
(afirmação verdadeira). linear, 6p, é igual para as duas bolas. Como
ou seja, o vagão. 6p = F6t e F é o mesmo, também 6t é o
6p
11. a) (C). 6p = m|v»f – v»i| = 1,25 × 103 × D. F = = 9,0 × 104 N (afirmação falsa). mesmo. B. Verdadeira (ver A.). C. Falsa.
6t
× [6 – (–40)]/3,6 = 1,6 × 104 kg m s–1. 1
1 A distância percorrida é 6x = v06t – a(6t)2;
6p E. Ec,i = mv 2i = 1,16 × 105 J (afirmação 2
b) F = = 2,0 × 105 N. 2
6t v0
verdadeira). de v = v0 – a6t conclui-se que 6t = e,
12. Aplicando a conservação do momento 19. (C). Se a colisão for perfeitamente a
2
linear, tem-se mv1x + mv2x = mv'1x + mv'2x, v0 F p
inelástica, a velocidade final dos objetos portanto, 6x = . Como a = e v0= ,
ou seja, 75 × 10 = (75 + m) × 5; logo, a que colidem será a mesma. Na situação I, 2a m m
massa do outro patinador é também 75 kg. p2
m vem 6x = . Como F e p são os
v» – v» mv = (m + mmuro)v'. Logo, v' = v.
Aplicando F» = m f i a cada um deles m + mmuro 2Fm
6t Nas situações II e III, o momento linear mesmos, a distância de travagem será
obtém-se F = 3750 N e, por isso, não há inicial é nulo, pelo que a velocidade final maior quando for menor a massa m,
danos físicos. do conjunto é nula. ou seja, para a bola de pingue-pongue.

285
vA
D. Falsa (ver C.). E. Falsa. A energia o tempo de passagem da tira antes da mvA + 0 = 2mv', donde v' = e tanto A como
2
despendida é igual ao trabalho realizado colisão, em função do tempo de passagem
B ficam com metade da velocidade inicial
pela força, o qual é, em módulo,W = F6 x. depois da colisão. O coeficiente de
de A (colisão perfeitamente inelástica).
Como a distância de travagem é diferente restituição é o declive da reta, e = 0,773.
nos dois casos, também a energia o é. 32. Como não atuam forças exteriores,
t1/ms
40,0 y = 0,773x + 1,328 o centro de massa do homem não se
25. Aplicando a conservação do momento R2 = 0,990 move. Para haver movimento de uma
linear, Mv1x + mv2x = Mv'1x + mv'2x , tem-se 30,0
parte do sistema num sentido é preciso
mv mv 20,0
mv = Mv'1x + e v'1x = . Ora, para que a parte restante se mova em sentido
2 2M 10,0 contrário (de acordo com a conservação
o pêndulo dar uma volta completa deverá
0,0
do momento linear). O homem pode lançar
ter no topo uma velocidade mínima que 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 objetos em sentido contrário àquele em
satisfaça v2 = gl (ver subdomínio 1.1). Para t2/ms que pretende deslocar-se e será melhor
que tal aconteça, v'1x tem de ser tal que sucedido quanto maior for a velocidade
Questões globais (pág. 103) de lançamento dos objetos e/ou a sua
1 1
m v' 2 = mtotalg2l + mtotalgl 27. a) (A). massa. Se tiver consigo muitos objetos,
2 total 1x 2
conseguirá deslizar e talvez atingir o seu
(conservação da energia mecânica). mAr»A + mBr»B + mCr»C
r»CM = = –0,4e»x + 2,6e»y (m). objetivo…
Portanto, só dará a volta completa se mA + mB + mC
33. Em caso de colisão, para minimizar
v'1x = 5 gl . Substituindo na equação anterior mAv»A + mBv»B + mCv»C
b) v»CM = = a força de impacto deve aumentar-se o
mv mA + mA + mC tempo de colisão. Com os pneus velhos
para esta velocidade, vem 5 gl = , ou
2M = 0,96e»x – 0,80e»y (m s–1). (ou outros materiais flexíveis) consegue-se
5gl esse objetivo.
v = 2M . c) (C). p»CM = (mA + mB + mC)v»CM =
m 34. Designando por v a velocidade da bala
= 0,48e»x – 0,40e»y (kg m s–1).
antes do choque e por v’ a do conjunto bala
Atividade laboratorial (pág. 102) 28. Não. Os centros de massa das partes + bloco logo após o choque, a conservação
A e B, respetivamente xA e xB, são tais que do momento linear no choque e a
26. a) mAxA + mBxB conservação da energia mecânica após o
v1 /m s–1 v2 /m s–1
pi / pf / = 0. Como |xA|>|xB|, conclui-se
E / J Ec,f / J
kg m s–1 kg m s–1 c,i mA + mB choque permitem escrever: mv = (m + M )v'
que mA < mB. 1
0,69 0,35 0,35 0,35 0,12 0,06 e (m + M)v'2 = (m + M)gh. Desta última
29. a) O raio da chapa pequena (chapa 1) 2
0,58 0,40 0,57 0,59 0,16 0,12 equação resulta v' = 2gh . Usando este
é metade do da grande (chapa 2). Como
0,68 0,23 0,34 0,34 0,12 0,04 a massa de cada chapa é proporcional à resultado na outra equação, vem
0,55 0,42 0,83 0,84 0,23 0,18 área do círculo e esta é proporcional ao m+M
v= 2gh . Têm-se, pois, as
quadrado do raio, conclui-se que m1 = m m
1,09 0,28 0,55 0,56 0,30 0,08 seguintes correspondências: I – B e II – C.
e m2 = 4m. O centro de massa está à altura
m1y1 + m2y2 10,0m + 4,0 × 4m O cálculo da energia cinética da bala antes
i. A tabela indica as velocidades dos h= = = 5,2 cm. do choque, a energia cinética do conjunto
m1 + m2 5m
carrinhos nas duas primeiras colunas, depois do choque e a diferença destas
’ b) O raio da esfera pequena (esfera 1) é
obtidas a partir de v = , onde ’ = 2,0 cm duas energias cinéticas, que é a energia
metade do da grande (esfera 2). Como a
t dissipada, é imediato. Encontram-se as
massa de cada esfera é proporcional ao
é a largura da tira e t é o tempo de seguintes correspondências:
volume da esfera e esta é proporcional ao cubo
passagem. ii. Na terceira e quarta colunas III – A, IV – E e V – D.
do raio, conclui-se que m1 = m e m2 = 8m.
da tabela indicam-se, respetivamente, 35. (A) Falsa. O centro de massa
os momentos lineares inicial e final do O centro de massa está à altura
permanece em repouso porque a
sistema: pi = m1v1 e pf = (m1 + m2)v2. m1 y1 + m2 y2 100m + 40 × 8m
h= = = 46,7 cm. resultante das forças exteriores é nula.
Verifica-se que os valores são compatíveis, m1 + m2 9m (B). Verdadeira. (C) Verdadeira. A posição
dentro dos erros experimentais, com pi = pf, 30. a) Como não atuam forças exteriores do centro de massa é, na situação inicial,
ou seja, confirma-se a conservação do ao sistema homem + rapaz, há conservação mCL
momento linear. Na quinta e na sexta xCM = . Esta é também a posição
do momento linear, sendo 0» = mV» + M v»; 2(mP + mC)
colunas indicam-se as energias cinéticas
por isso, a velocidade do rapaz é 2 km h−1, na situação final:
antes e depois da colisão. Verifica-se
mas em sentido contrário à do homem. L
que há uma grande diminuição da
energia cinética após a colisão, pois esta
Como se movem com velocidade constante 冢 2 – d冣
mP(L – d) + mC
(o atrito é desprezável), o homem desloca- xCM = . Igualando as
é perfeitamente inelástica. iii. Sim, pois (mP + mC )
-se 0,278 × 3 m e o rapaz 0,556 × 3 m para
há conservação do momento linear. b) O duas expressões e resolvendo em ordem
o outro lado; por isso, ficam à distância de
v' mPL
coeficiente de restituição é dado por e = 2,5 m. b) Aplicando a expressão
v a d, obtém-se d = . A abcissa da
(v e v’ são, respetivamente, os módulos v» – v» (mP + mC)
F» = m f i ao rapaz, obtém-se F = 194 N.
das velocidades do carrinho antes e após a 6t posição final da pessoa é
’ ’ 31. Na primeira situação tem-se mCL
colisão). Como v = e v’ = , em que ’ é xP = L – d = . (D) Falsa. Ver
t1 t2 mvA + 0 = 0 + mv'B, v'B = vA, e B fica com (mP + mC)
t
a largura da tira, podemos escrever e = 1 , velocidade igual à velocidade inicial de A resposta C. (E) Falsa. O centro de massa
t
ou seja, t1 = e t2. O gráfico representa 2
(colisão elástica). Na segunda, permanece na mesma posição.

286
36. a) Δp = m(vf – vi) = 2,5 kg m s–1. 3. a) m = ρarV = 1,18 × 4,0 × 4,5 × 3,0 = 64 kg. mais elevada. A diferença entre elas é
b) A força sobre o taco e a força sobre b) Fg = mg = pA, logo, Δp = ρgh = 6,0 × 104 Pa.
a bola constituem um par ação-reação 1,01 × 105 A = 5,0 × 103 × 10 ou A = 0,50 m2. 11. Pressão atmosférica de 75,0 cmHg:
(são simétricas) e o seu módulo é p0 = ρgh = 13,6 × 103 × 10 × 0,750 =
c) F = pA = 1,01 × 105 × 4,0 × 4,5 = 1,8 × 106 N;
6p = 1,0 × 105 Pa, ou seja, cerca de 1 atm. Nos
F= = 5,0 × 103 N = 5,0 kN. como F/Fg = 36, serão 36 elefantes. d) Não
6t canos, a pressão é p = p0 + ρgh. Mas cada
colapsa, pois a face inferior também está
37. a) Sendo l o comprimento do fio, sujeita à pressão atmosférica: as forças de 10 m de altura de água faz aumentar a
a velocidade mínima do conjunto pressão na face superior e na face inferior pressão em cerca de 1 atm (ver questão
bala + pêndulo no ponto mais alto é equilibram-se, sendo a sua resultante nula. 10), logo p = 8 atm e os canos não
F F suportam esta pressão.
v 2
P = m min ou vmin = gl . Pela conservação e) Como P = = g , tem-se 12. a) Dois pontos no mesmo líquido e no
l A A
da energia mecânica, no ponto mais baixo mg Ahρg gρh mesmo plano horizontal estão à mesma
p= = = = 3,0 × 104 Pa.
da trajetória a velocidade do conjunto (após A A pressão. Escolhendo o ponto B e um ponto
na mesma horizontal e no mesmo líquido
a colisão) é v' = 5gl = 7,1 m s–1. 1.3.2 (pág. 129)
no outro vaso, B´, então pB = pB', ou
Pela conservação do momento linear, 4. (A). Num líquido em repouso, as p0 + ρ2gh2 = p0 + ρ1gh1; por isso, ρ2h2 = ρ1h1,
mbv = (mb + mp )v', a velocidade inicial da bala forças de pressão são perpendiculares à h ρ
m + mp superfície onde se exercem. logo, 1 = 2 = 0,56. b) Como as
év= b v' = 100 5gl = 7,1 × 102 m s–1. h2 ρ1
mb 5. A força de pressão é devida à diferença pressões em A e E são iguais a p0, os
1 1 de pressão entre o exterior e o interior
b) Ediss = |Ec,f – Ec,i | = mb v2 – (mb + mp) v' 2 = gráficos I e IV estão excluídos; como o
2 2 do recipiente:
80 líquido 2 é menos denso do que o líquido 1,
= 2,52 × 103 – 25,2 = 2,49 × 103 J. F = Δp A ⇒ Δp = = 4,0 × 103 Pa. a inclinação da reta de A para B tem de ter
E 200 × 10–4
Percentualmente, tem-se diss × 100 = 99%. menor declive do que a da reta de B para C.
Ec,i Como Δp = pext. – pint., vem pint. = 0,97 × 105 Pa.
Logo, é o gráfico II.
38. a) Os módulos das velocidades com 1.3.3 (pág. 129)
que a bola chega ao solo e com que a
1.3.4 Lei de Pascal (pág. 131)
6. (A) Verdadeira, pois, pela Lei de Stevin, 13. a) No mesmo plano horizontal e no
bola abandona o solo podem ser obtidas
p2 = p1 + ρgh; numa superfície horizontal mesmo líquido, as pressões são iguais. Se a
por aplicação da conservação da energia
h = 0 e p2 = p1. (B) Falsa; um líquido pressão variar do lado esquerdo, ela variará
mecânica no percurso da bola no ar, na
em equilíbrio exerce forças de pressão da mesma forma no lado direito. b) Da
descida e na subida, sendo dadas por
perpendiculares às paredes e, como estas igualdade de pressões, pA = pB, resulta
v = 2gh e v' = 2gh', onde h é a altura constituem pares ação-reação com as
inicial e h’ a altura que atinge após o FA F
forças exercidas pelas paredes sobre = B , obtendo-se FB = 1200 N.
o fluido, então todas estas forças são AA AB
h'
ressalto no solo. Portanto, e = = 0,894. perpendiculares às paredes. (C) Verdadeira Portanto, m = 120 kg. c) Seria igual. O que
h
pois, pela Lei de Stevin, Δp = ρgh. (D) Falsa, é importante é a diferença de pressão que
b) Considerando um eixo vertical com sentido
pois depende também da densidade do tem origem na aplicação da força de 40 N;
positivo para cima, a variação do momento
líquido, uma vez que p2 = p1 + ρgh. o fluido apenas transmite essa variação de
linear da bola é Δp = m(vf – vi). Obtém-se
pressão de um lado para o outro da prensa.
Δp = 0,2 × [4,90 – (–5,48)] = 2,08 kg m s–1. 7. As afirmações (A) e (C) deixariam de ser
6p verdadeiras porque p2 = p1 + ρgh só é válida 1.3.5 (pág. 131)
O módulo da força é F = = 208 N. c)
6t se a densidade do fluido for constante. 14. a) (C). A impulsão é igual ao peso do
Como v' < v, então Ec' < Ec. A colisão é 8. a) (C). b) (C). A pressão em A e em C é volume de líquido deslocado, líquido X, e,
inelástica. igual à pressão atmosférica: p0 = ρHggh. se a gota está imóvel no interior do líquido,
c) p0 = ρHggh = 13,6 × 103 × 9,81 × 0,76 = P = I. b) Como a gota está completamente
1.3 Fluidos = 1,01 × 105 Pa. imersa e P = I, vem ρgotagV = ρXgV; X tem
densidade igual à do corpo:
9. a) Como Δp = ρgh, vem 2,00 × 103 =
1.3.1 (pág. 129) 0,365
= 1,06 × 103 × 9,8 h ou h = 0,019 m = 19 cm. ρX = ρgota = = 0,913 g cm–3.
b) Como p = ρHGgh, vem 2,00 × 103 = 13,6 × 0,400
m 70 c) (B). A impulsão sobre a esfera é
1. a) V = = = 70 × 10–3 m3 = 70 L. × 103 × 9,8 h ou h = 0,015 m = 15 mm.
ρ 1,0 × 103 independente da profundidade, só depende
A pressão corresponde a 15 mmHg.
msangue 0,07 × 70 da densidade do líquido e do volume
b) (B). Vsangue = 0,07 = m3 = 10. a) Como p2 = p1 + ρgh, teríamos
ρsangue imerso, que é, neste caso, igual ao volume
1060 2p0 = p0 + ρgh e, sendo p0 = 1 atm, obtém-se
da esfera: I = ρXgVesfera (admite-se que o
0,07 × 70 h = 10 m. Ou seja, por cada 10 m que se
= dm3. líquido é incompressível, ρX constante e
1,060 descem há um aumento de pressão de uma
ρFe atmosfera. Este valor é realista, mas, com também Vesfera é constante).
2. a) (A). b) dFe = = 7,9: a densidade do o aumento da profundidade, a densidade 15. a) O peso é 70 N. A outra força que atua
ρágua
da água vai variando e a expressão anterior na bola aplicada pela mão que a segura é
ferro é 7,9 vezes superior à da água a 4 oC. deixa de ser rigorosamente válida. b) simétrica do peso. A densidade da bola é
c) Volume do cubo: O ar que entra na boca do mergulhador,
Vtotal = (4,0 × 10–2)3 = 6,4 × 10–5 m3. Volume m 7,0
como vem da superfície, está à pressão ρ= = = 0,233 × 103 kg m–3.
m V 0,03
do ferro: VFe = = 2,5 × 10–5 m3. Volume da atmosférica e, a 6,0 m de profundidade, o Esta densidade é inferior à da água, pelo
ρ
seu corpo vai estar sujeito a uma pressão que a bola flutua. Quando fica totalmente
parte oca: V = 3,9 × 10–5 m3 = 39 cm3.

287
imersa em água e é largada, atuam o peso, e a impulsão (que apontam para cima); No gráfico representam-se os pontos
70 N, e a impulsão: I = ρáguagV = 300 N. a força de resistência do ar aumenta com experimentais e a respetiva reta de
A resultante das forças é 230 N dirigida a velocidade, sendo uma força variável; regressão:
para cima, o que faz subir a bola. b) (C). também a impulsão é variável, pois a 0,3000
vt/m s−1
Como I > P, a esfera sobe e, enquanto densidade do ar (onde está imersa a gota) 0,2500
y = 9694,1x + 0,0084

estiver totalmente imersa, a impulsão vai variando à medida que ela desce. A 0,2000

é constante. Quando chega à superfície, partir de certo instante o peso é equilibrado 0,1500
0,1000
à medida que o volume imerso diminui, pela impulsão e força de resistência:
0,0500
a impulsão decresce até que I = P. atinge-se, então, a velocidade terminal. 0,0000
c) A resultante das forças de pressão Por isso, as gotas de chuva não atingem 0,00E + 00 1,00E + 05 2,00E + 05 3,00E + 05

é a impulsão, tendo-se I = P = 70 N. velocidades elevadas e a sua queda não é r2/m2


d) Em equilíbrio, I = P, mg = ρáguagVi, donde perigosa. A aceleração é variável (e cada 2(ρaço – ρglicerina)g
Vi = 0,0070 m3 = 7,0 dm3. vez menor) e o movimento é acelerado O declive da reta é = 9694,
(mas não uniformemente acelerado). 9η
16. a) No equilíbrio, Pgelo = I ou daqui resultando η = 1,49 Pa s.
20. A resultante das forças é nula
V ρ Erro percentual
ρgelogVgelo = ρgelogVimerso ou imerso = gelo = 0,92. P» + I» = F»resist = 0» , ou seja, P = I + F , com
Vgelo ρ resist |ηtabelado – ηexperimental|
água
4 3 4 (%) = × 100 (%) = 5,7%
A placa tem 92% do seu volume debaixo de P = π r ρFe g, I = π r 3ρg e ηtabelado
3 3 (por excesso).
água. b) Para haver equilíbrio, tem-se
PR + Pgelo = I; tomando para volume máximo Fresist = 6 π r η vterm. Logo,
2g Questões globais (pág. 133)
imerso o volume total do bloco (a parte vterm = (ρ – ρ)r 2 = 0,074 m s–1 = 7,4 cm s–1.
superior do bloco fica a rasar a água), vem 9η Fe
22. (A) Ao abocanharem pedras estão
50,0g + ρgelogV = ρáguagV ou Atividade laboratorial (pág. 132) a aumentar o peso de modo a que P > I
V = 0,625 m3 = 625 dm3. e possam afundar-se. (B) Há um sistema
21. a)
24,59 × 10–3 de vasos comunicantes e, como a pressão
17. A balança pende para o lado da esfera ρglicerina = = 1,23 × 103 kg m–3.
grande. A força exercida por cada braço da 20 × 10–6 é a mesma no mesmo líquido e no
balança, de módulo F, juntamente com a b) A média dos três tempos é mesmo plano horizontal, o líquido tem
impulsão, equilibra o peso: I + F = P ou — 14,51 + 14,08 + 14,16 = 14,25 s. obrigatoriamente de estar à mesma altura
6t = nos dois ramos. Se o bico de saída fosse
F = P – I. Como F é igual para as duas 3
esferas (a balança está equilibrada) e a mais baixo do que a boca da chaleira,
d não a poderíamos encher. (C) Ela afunda-se
impulsão é maior na esfera grande (tem Portanto, vt = — = 0,0246 m s–1.
6t porque se aumentou o peso, a canoa
maior volume imerso no ar), então esta c) (C). Inicialmente, a resultante das forças
terá de ser também a mais pesada. Quando afundou-se mais, mas o aumento de
e, consequentemente, a aceleração, têm impulsão (devido ao aumento de volume
se extrai o ar deixa de haver impulsão e a valor máximo e apontam para baixo.
balança desequilibra para o lado do corpo imerso) não foi suficiente para equilibrar
À medida que a velocidade aumenta, o peso total. Mas, se o caixote tiver um
mais pesado, ou seja, da esfera grande. a força de resistência também aumenta grande volume, ao transportarmos o
18. a) (B). O peso é igual, pois têm até que a resultante das forças se anula caixote debaixo de água o peso é o mesmo
a mesma massa. A resultante das forças (a aceleração é, então, nula). A aceleração que no caso anterior, mas há um aumento
é nula pois os corpos estão em equilíbrio. decresce até o corpo atingir a velocidade da impulsão (maior volume imerso), o que
Para o corpo X e para o corpo Y, tem-se, terminal. d) Considerando positivo o pode equilibrar o peso total. (D) Devido ao
respetivamente, FX + IX = PX e FY + IY = PY, sentido para baixo, o equilíbrio das três grande tamanho desses dirigíveis, o volume
sendo F a força exercida pelo dinamómetro forças que atuam na esfera – peso, deslocado de ar é muito grande e, por isso,
e registada por ele, I a impulsão e P o peso. impulsão e força de resistência – exprime- também é grande a impulsão exercida pelo
Como o peso é o mesmo, tem-se -se por P = Fresist + I. Esta equação pode ar; por outro lado, utiliza-se o ar quente para
FX + IX = FY + IY: quanto maior for F, menor ainda escrever-se na forma encher o balão (o ar quente é menos denso
será I. Como FX < FY, então IX > IY. Neste 4 4 e, portanto, mais leve do que o ar frio).
ρaço g π r3 = 6 π η r vt + ρglicerinag π r 3. Daqui
caso: 2,0 + IX = 2,8 + IY ou IX = 0,8 + IY (N). b) 3 3 23. a) (A). A pressão do ar aprisionado na
Como IX – IY = 0,8, vem ρáguagVX – ρáguagVY = 0,8 4 campânula é igual em todos os pontos
resulta 6 π η r vt = (ρaço – ρglicerina)g π r 3
(V é o volume do corpo imerso que é igual 3 (e igual à pressão do líquido ao nível de
ao volume do corpo). Portanto, 2(ρaço – ρglicerina)gr 2 C, pois a coluna de ar é muito pequena).
e, finalmente, vt = . b) A pressão em B (superfície exterior da
0,8 9η
VX – VY = = 8,0 × 10–5 m3 = 80 cm3. e) A tabela seguinte mostra os valores do campânula) é devida à pressão atmosférica
ρáguag
raio ao quadrado e da velocidade terminal: e à coluna de água com altura de 3 m:
c) Corpo X: pB = p0 + 3gρ = 1,31 × 105 Pa.
FX + IX = PX ou 2,0 + ρáguagVX = ρAlgVx, logo, r 2/ mm2 vt / m s–1
A força de pressão é
VX = 11,8 × 10–5 m3. Portanto, VY = 3,8 × 10–5 m3.
2,56 0,0246 F = pBA = pBπ r2 = 1,03 × 105 N. c) I = ρgVi,
Como a massa dos corpos é a mesma,
em que Vi é o volume do ar encerrado no
V 6,00 0,0669
ρYgVY = ρAlgVX ou ρY = ρAl X = 8,4 g cm–3. interior da campânula (desprezando as
VY 10,24 0,1115 dimensões das paredes desta). Portanto,
1.3.6 (pág. 132) 15,21 0,1699
I = 1,0 × 103 × 10 × π × 0,52 × 2,0 = 1,6 × 104 N.
19. Sobre a gota atuam o peso (que aponta d) O volume diminui. À medida que a
24,50 0,2365 campânula desce, a pressão na parte
para baixo), a força de resistência do ar

288
superior da água que aprisiona o ar é uniforme. c) A velocidade média, v»m, é o conhecidas m e m', a uma determinada
(equivalente ao ponto C) aumenta, 6r» distância r entre si (o que realmente foi
deslocamento por unidade de tempo, .
comprimindo esse mesmo ar. 6t medido foi o período de oscilação do
24. a) Há dois líquidos e o cubo flutua Assim, considerando iguais intervalos de pêndulo que depende da força F).
com uma parte imersa em água (2,0 cm tempo, a menor velocidade corresponderá Do conhecimento dessa força gravítica,
de altura) e outra parte no óleo (8,0 cm de à situação em que o deslocamento, 6r» m m'
F = G 2 , obtém-se a constante de
altura). Supondo que a área da base é A, a (vetor que une as posições inicial e final r
equação P = I permite escrever: no intervalo considerado), for menor, o que Fr 2
gravitação universal G = .
ρcgVc = ρáguagVi água + ρóleogVi óleo, ou ainda acontece nas regiões 1 e 7. m m'
3. A Segunda Lei de Kepler afirma que, b) Um corpo de massa m, à superfície
ρchcA = ρáguahi águaA + ρóleohi óleoA. Obtém-se
num mesmo intervalo de tempo, o vetor da Terra, sujeito apenas à força gravítica
ρc = 0,93 g cm–3, ou seja, a densidade posição de um planeta em relação ao de intensidade Fg, cai com a aceleração
relativa é 0,93. b) A pressão na face inferior Sol varre áreas iguais. Às mesmas áreas g, portanto:
devida aos líquidos é correspondem comprimentos dos arcos m m gR2
Fg = mg ⇒ G T2 = mg ⇒ mT = T .
p = ρáguaghágua + ρóleo ghóleo = 928 Pa. diferentes: no periélio, o arco é maior rT G
do que no afélio, logo, a velocidade é maior c) O erro percentual, em módulo, é
25. a) p = p0 + 5,0gρ = 1,01 × 105 + 5,0 × 104 =
no periélio.
= 1,51 × 105 Pa. b) A impulsão equilibra a |6,64 × 10–11 – 6,67 × 10–11|
4. Designando por R a distância média de × 100% = 0,4%;
tensão e o peso: 6,67 × 10–11
I = T + P ⇒ ρáguagV = ρcubogV + T, de onde se um planeta ao Sol e por T o seu período de
translação, vem, de acordo com a Terceira assim, pode afirmar-se que Cavendish
T cometeu um erro de 0,4% por defeito em
obtém: V = = 0,125 m3. c) R 3T R 3J
(ρágua – ρcubo)g Lei de Kepler, 2 = 2 , em que os relação ao valor atualmente aceite.
TT TJ
i) A impulsão mantém-se constante até 8. a) A força gravítica que a Terra exerce
índices T e J se referem à Terra e a Júpiter, sobre um corpo diminui à medida que a
o cubo emergir, pois o volume imerso é
respetivamente. distância desse corpo ao centro da Terra
constante, tendo maior intensidade do que
Da relação anterior obtém-se aumenta. Em consequência, a aceleração
o peso. Nessa altura, e à medida que o
T J2 R 3J (5,22 RT)3 gravítica (aceleração de um corpo sujeito
volume imerso diminui, a impulsão diminui = 3 ⇒ T J2 = T T2 ⇒
2
também até a sua intensidade final ficar TT RT R 3T apenas à força gravítica) também diminui
igual à do peso. ii) A aceleração seria quando a distância ao centro da Terra
⇒ TJ = 5,223 TT ⇒ TJ = 11,9 a, uma vez
I–P ρágua – ρcubo g aumenta. Verifica-se que a aceleração
a= = g = . O movimento que TT = 1 a. gravítica não depende da massa do corpo.
m ρcubo 4
3
r Calisto 2
T Calisto Como à superfície da Terra (altitude nula) o
seria uniformemente acelerado e o tempo 16,692 3
5. (A). = 3
⇒ r Calisto = r ⇒ módulo da aceleração gravítica é
de subida obtém-se a partir de r 3
T 2
1,772 Io
Io Io
10 m s–2, pode concluir-se que para estes
1 2 × 5,0 3 r Calisto
satélites, que estão mais afastados do
h = at2 ⇒ t = = 2,0 s. ⇒ r Calisto = 88,91 r Io ⇒ = 4,46.
2 2,5 r Io centro da Terra, a sua aceleração será
iii) A condição de equilíbrio é I = P, ou menor. b) A intensidade da força gravítica
seja, ρáguagVi = ρcubogV. A fração de volume
2.1.2 (pág. 153) que a Terra, de massa m T , exerce sobre
imerso é Vi = 0,8V. O cubo ficaria com 20% 6. a) A Lei da Gravitação Universal foi a um corpo de massa m a uma distância r do
do seu volume fora de água. primeira lei obtida para uma das interações m m
fundamentais: a força gravítica. O seu centro da Terra é Fg = G T2 . Da Segunda
r
estabelecimento permitiu unificar numa Lei de Newton pode obter-se a aceleração
descrição matemática única a força de um corpo, a, sujeito apenas à força
2. Campos de forças gravítica exercida sobre os corpos à gravítica da Terra (aceleração gravítica):
superfície da Terra e a força responsável
2.1 Campo gravítico pelo movimento dos planetas e satélites,
m m
Fg = ma ⇒ G T2 = ma ⇒ a = G 2T .
m

mostrando-se, assim, que as Leis da r r


2.1.1 (pág. 153) Assim, o quociente do módulo da aceleração
Dinâmica de Newton se aplicam não só
de A e do módulo da aceleração de B é:
1. a) Os planetas movem-se em órbitas aos movimentos na Terra, mas a todo o
elípticas, ocupando o Sol um dos focos Universo. b) A Lei da Gravitação Universal m
G T
da elipse. b) Significa que as órbitas são foi descoberta por Isaac Newton. As Leis de aA rA2 r B2 R + 4RT 2 25
quase circunferências. Kepler, nomeadamente a Lei dos Períodos,
aB
=
mT
= 2 = T
rA 冢 冣
R T + 2R T
=
9
< 2,78

2. a) As áreas das regiões sombreadas tiveram uma influência importante G 2


rB
são iguais, dado que, de acordo com a nesta descoberta, pois, consideradas
Segunda Lei de Kepler, o vetor posição do conjuntamente com as Leis da Dinâmica (a aceleração de A é 2,78 vezes maior do
corpo que orbita o Sol, com origem no Sol, de Newton, permitiram concluir que a força que a de B). c) (C). Numa órbita circular,
varre áreas iguais em intervalos de tempo gravítica era diretamente proporcional a resultante das forças, a força gravítica,
iguais. b) De acordo com a Segunda Lei de ao produto das massas dos corpos em é centrípeta e, portanto, também a
Kepler, as áreas sombreadas de 1 a 7 são interação e inversamente proporcional ao aceleração (daí o módulo da velocidade,
iguais, dado serem varridas em intervalos quadrado da distância entre eles. v, ser constante). A velocidade de um
de tempo iguais. Todavia, o deslocamento 7. a) Cavendish utilizou um dispositivo satélite, de massa m, que orbita a Terra,
do cometa associado a cada uma dessas muito preciso, balança de torção, que de massa mT, numa trajetória circular
áreas é diferente, logo, o módulo da sua permitia determinar indiretamente a força de raio r pode obter-se da aplicação
velocidade varia, ou seja, o movimento não gravítica, F, entre esferas, de massas da Segunda Lei de Newton e da Lei da

289
Gravitação Universal: 4 14. (Análise e interpretação da informação
ρp × π R P3 obtida com base na exploração de
m m v2 mT mp 3
Fg = ma ⇒ G T2 = m ⇒v= G . raio Rp é: F = G =G = simulação adequada.)
r r r Rp2 Rp2
Assim, o quociente do módulo da velocidade 4
de A e do módulo da velocidade de B é: = π GρpRp em que ρp é a massa volúmica 2.1.4 (pág. 155)
3
m 15. (D). A energia potencial gravítica,
G T média do planeta. Da relação anterior
vA rA rB RT + 4RT m m'
= = = = 3F Epg = –G , é sempre negativa.
vB mT rA RT + 4RT segue-se que ρp = , logo, o r
G 4π GRp Considerando que Epg = – y1 para um certo
rB
quociente das densidades médias da Terra
valor r1 da distância, então para uma
5 3F T y
= < 1,29 (a velocidade de A é 1,29 distância n vezes maior, nr1, Epg = – 1 .
3 ρT 4π GRT F R n
vezes maior do que a de B). d) A relação e da Lua é: = = T L =
ρL 3F L F LR T 16. (A). A velocidade de escape é a menor
entre o módulo da velocidade angular, ω,
4π GRL velocidade com que se deve lançar um
de um satélite, de massa m, que orbita a
F T × 0,27RT corpo, desprezando-se a resistência do
Terra, de massa mT, e o raio r pode obter-se
= = 6 × 0,27 = 1,6 (a Terra é, em ar, para que ele atinja um ponto no infinito
da aplicação da Segunda Lei de Newton: 1
G R com energia cinética nula. Aplicando-se
m m
Fg = ma ⇒ G T2 = mω2r ⇒ ω 2r 3 = 6 T T a conservação da energia mecânica,
r média, 1,6 vezes mais densa do que a Lua). determina-se a velocidade de escape:
= GmT ⇒ ω 2r 3 = constante (ω 2 é
12. (B). O módulo do campo gravítico, F , Mm 1 2
inversamente proporcional a r 3, dado que o Em,r = Em,∞ ⇒ –G + mv e = 0 ⇒
criado por uma massa pontual M num R 2
seu produto é constante).
ponto P, a uma distância r de P à massa 2M
⇒ ve = G (a velocidade de escape
r
冢 冣
2.1.3 (pág. 154) M 1
pontual é F = G 2 = GM 2 : esta última
r r depende da massa do planeta e da
9. a) As estrelas exercem uma sobre
expressão mostra que F é diretamente distância ao centro do planeta, mas não
a outra forças de atração cuja direção é
depende da massa do corpo lançado).
a da reta que une os centros das estrelas e
冢 冣
1 1
proporcional a , ou seja, o gráfico F 2 Reescrevendo em função do campo
m m' r2 r
de intensidade Fg = G 2 = 6,67 × 10–11 × M
r é uma reta de declive GM que passa na gravítico: ve G 2r = 2Gr
r2
3,0 × 1030 × 3,0 × 1030 origem (y = GMx).
× = 6,0 × 1030 N. (a velocidade de escape depende do campo
(1,0 × 1010)2 13. a) i) O módulo do campo gravítico à gravítico do planeta).
b) O módulo do campo gravítico à «superfície» de Júpiter, F J, de massa
17. Aplicando a conservação da energia
superfície das estrelas de neutrões é: mJ mecânica, determina-se a velocidade de
M 3,0 × 1030 mJ e raio RJ é: F J = G = 6,67 × 10 –11
×
G = G 2 = 6,67 × 10–11 × = RJ2 escape na Lua:
R (8,0 × 103)2
1,90 × 1027 Mm 1 2
= 3,1 × 1012 N kg–1. × = 24,8 N kg–1. ii) O módulo do Em,r = Em,∞ ⇒ –G + mv e = 0 ⇒
(7,15 × 107)2 R 2
10. a) Para um satélite geoestacionário,
campo gravítico do Sol num ponto da órbita 2M
o período orbital, T, é 24 h. Aplicando ⇒ ve = G =
F R
a Segunda Lei de Newton e a Lei da de Júpiter, de massa mJ, é F S = S/J em
Gravitação Universal obtém-se o raio, r, mJ 2 × 7,35 × 1022
= 6,67 × 10–11 × =
m m que FS/J é a intensidade da força gravítica 1,74 × 106
dessa órbita: Fg = ma ⇒ G T2 = mω2r ⇒
r que o Sol exerce sobre Júpiter. Como F»S/J = 2,37 × 103 m s–1.
é a força resultante que atua sobre Júpiter, A velocidade «média» de um átomo de
GmT GmTT 2
⇒ r3 = ⇒r= 3
= segue-se que este campo gravítico é igual árgon, várgon, pode ser determinada a partir
4π2
冢 2Tπ 冣
2
à aceleração de Júpiter no seu movimento 1
da energia cinética: Ec = mv 2 ⇒ várgon =
F m a 2
de translação: F s = S/J = J = a = ω 2r =
6,67 × 10–11 × 5,97 × 1024 × (24 × 3600)2 mJ mJ 2Ec 2 × 2,07 × 10–23 × 400
=3 = = = =
4π 2 2 m 40 × 10–3
冢 11,86 × 365,25 × 24 × 3600 冣

= 4,22 × 107 m. A altitude é h = r – RT = = × 7,78 × 6,02 × 10 23

= 4,22 × 107 – 6,4 × 106 = 3,6 × 107 m, ou = 5,0 × 102 m s–1.


× 1011 = 2,2 × 10–4 N kg–1. b) (C). Tendo
seja, cerca de seis raios terrestres. Comparando as velocidades, verifica-se
Júpiter a mesma massa e maior
b) O módulo do campo gravítico num ponto v 5,0 × 102
densidade, segue-se que tem menor que árgon = = 0,21 > 0,15, ou
m volume, logo, menor raio e, em ve 2,37 × 103
da órbita deste satélite é: G = G 2T =
r consequência, maior campo gravítico. seja, a velocidade «média» é maior do que
5,97 × 1024 A velocidade orbital e a aceleração 15% da velocidade de escape.
–11
= 6,67 × 10 × = 0,224 N kg–1. centrípeta apenas dependem do raio
(4,22 × 107)2 mT m
da órbita e da massa do Sol, que são 18. Epg = –G ; a velocidade orbital
c) A força gravítica exercida sobre um corpo r
constantes. A força gravítica exercida pode calcular-se a partir de
de 50 kg é Fg = mF = 50 × 0,224 = 11 N. sobre Júpiter pelo Sol apenas depende do
m m v2 m
11. O módulo do campo gravítico à raio da órbita e das massas de Júpiter e G T2 = m ⇒ v2 = G T , portanto,
r r r
superfície de um planeta de massa mp e do Sol, que se mantêm constantes.

290
1 1 m m m 1 22. a) Trabalho nulo, pois a força gravítica 2G × 5 mT
Ec = mv 2 = m G T = G T = – Epg; é conservativa. O trabalho nulo também v'escape = no CoRoT-7b.
2 2 r 2r 2 1,6RT
m m pode ser visto como resultado de a força
1 1 vescape
Em = Epg + Ec = Epg – Epg = Epg = –G T . gravítica ser sempre perpendicular à 1,6
2 2 2r m m Portanto, = = 0,57.
v'escape 5
velocidade. b) i) Como F = G Terra , se
Ep r2 26. a) Como, inicialmente, o satélite se
RT F' 2 2
1 move em redor da Terra numa órbita
r = 2R e r' = 4R, então = = .
r F 42 4 circular, a sua velocidade é menor do que
G mTerra a velocidade de escape nessa posição,
ii) Como v = , se r = 2R e pois caso contrário o satélite afastar-se-ia
r
sempre da Terra. Portanto, a sua energia
Ec v' 2 1 cinética e, em consequência, a energia
r' = 4R, então = = .
v 4 2 mecânica do sistema satélite-Terra é
RT r 2πr 3 também menor do que correspondente
iii) Como T 2 = , se r = 2R e r' = 4R,
mTerra à de uma sonda, da mesma massa, que
conseguisse escapar à gravidade terrestre.
T' 43
então = = 8. Para a velocidade de escape, a energia
Em T 23 mecânica é nula (no infinito a energia
RT m m
iv) Como Ep = –G Terra , se potencial é nula e, para a velocidade de
r r escape, o corpo atinge um ponto no infinito
Ep' 2 com energia cinética nula), logo, a do
r = 2R e r' = 4R, então = = .
Ep 4 2 satélite, sendo menor, é negativa.
19. Desprezando a resistência do ar, a b) Inicialmente, o satélite orbita a Terra
23. a) Conservação da energia mecânica:
única força que atua sobre os aventureiros, numa trajetória circular de raio
Ec + Ep = E'c + E'p, onde o membro esquerdo
de massa m, é a força gravítica, portanto, ri = (6,37 × 106 + 400 × 103) m. A velocidade
há conservação da energia mecânica. a) Na se refere à superfície da Terra e o direito à orbital pode calcular-se a partir de
altura máxima, h = RT, a velocidade é nula. órbita a uma distância ao centro da Terra
m m v2 m
m m 1 2 de r' = 3RT, tendo então o corpo velocidade G T2 = m ⇒ v 2 = G T . A energia
Em, superfície = Em, h = R ⇒ –G T + mv 0 = r r r
T RT 2 GmT
orbital v' = . Então mecânica do sistema satélite-Terra é:
mT m mT 3RT m m
= –G ⇒ v0 = G . 1
RT + RT RT 1 GmT GmT m Em,i = Ep,i + Ec,i = – G T + mv 2 =
Ec = E'c + E'p – Ep =
m – + ri 2
b) Na altura máxima, a velocidade, de 2 3RT 3RT m m 1 m m m
módulo v, é a orbital calculada a partir de GmT m 5 GmT m = –G T + mG T = –G T =
m m m + = . ri 2 ri 2ri
v2 RT 6 RT
G T2 = m ⇒ v2 = G T . 5,97 × 1024 × 750
r r r = –6,67 × 10–11 × ,
b) O trabalho realizado pela força gravítica é
mT m 1 2 × (6,37 × 106 + 400 × 103)
Em, superfície = Em, h = R ⇒ –G + mv 20 = o simétrico da variação da energia potencial:
T RT 2 obtendo-se Em,i = –2,206 × 1010 J. Ao cair na
W = –(Ep,final – Ep,inicial) =
mT m mT 3mT Terra, a distância ao centro da Terra é
1 mT m mT m mT m
⇒ v0 = G 2R .
= –G
RT + RT 2
+ mG
RT + RT T 冢
= – –G
2RT
+G
3RT 冣=G 6RT
. rf = 6,37 × 106 m, e a energia mecânica é:
m m 1
mT m 1 Em,f = Ep,f + Ec,f = –G T + mv 2 = –6,67 ×
c) Em, superfície = Em, h = ∞ ⇒ –G + mv 20 = 24. Aplicando diretamente a Terceira Lei rf 2
RT 2 T 2D r D3
de Kepler, 2 = 3 , vem 5,97 × 1024 × 750 1
2mT TF rF × 10–11 × + × 750 ×
= 0 ⇒ v0 = G 6,37 × 106 2
RT

r D3 × (3,0 × 103)2, obtendo-se Em,f = –4,351 × 1010 J.
冢 239377
3
460
TD = TF = 7,66 × = 30,3 h.
r F3 A energia dissipada é
Questões globais (pág. 156)
Edissipada = Em,i – Em,f = –2,206 × 1010 –
25. a) A massa e o raio do CoRoT-7b são
20. (D). A energia potencial do sistema – (–4,351 × 1010) = 2,15 × 1010 J.
mC = 5mT e RC = 1,6RT. Os módulos do
Lua-Terra depende das massas destes
campo gravítico na Terra e em CoRoT-7b 27. (Aplicação das aprendizagens a novas
planetas e da distância entre eles, que se
m situações e comunicação de descobertas
mantém constante (trajetória circular). são, respetivamente, G T = G 2T e e soluções de problemas utilizando
O momento linear e a aceleração não são RT
a linguagem científica, com auxílio
constantes, pois variam em direção. 5mT GT 1,62
GC = G , pelo que = = 0,51. de tecnologias digitais.)
21. A conservação da energia mecânica 1,62 R2 G 5
T C
1 Mm Mm mT m 5mT m
permite escrever mv 2 –G
2 R
= –G
r
,
b) Tem-se Ep = –G e E'p = –G 2.2 Campo elétrico
RT 1,6RT
sendo m a massa do projétil e r a distância
ao centro do planeta do ponto de altura
Ep 1,6 2.2.1 (pág. 189)
pelo que = = 0,32. c) O módulo da
M E'p 5 1. Os eletrões são partículas elementares,
máxima. Como v 2 = G , a expressão da
R velocidade de escape é dado por mas os protões e os neutrões não são
conservação da energia mecânica fica partículas elementares. Os protões e
GM GM GM 2GmT neutrões são constituídos por quarks, que
– =– , de onde se obtém r = 2R. vescape = na Terra e por
2R R r RT são partículas elementares cuja carga

291
q1|q3| q2|q3| 9q
elétrica é
2e e
ou – (e é a carga elétrica escreve-se F = k|Q||q|x. Portanto, o gráfico F1,3 = F2,3 ⇒ k =k ⇒ q2 = 1,
3 3 de F = F (x) é uma linha reta, de declive 2,002 3,002 4
do protão). k|Q||q|, que passa na origem. 9
assim q2 = × 5,00 = 11,3 μC.
2. Todas as partículas surgem na 6. a) Inicialmente, a intensidade da força 4
Natureza com carga elétrica que é um exercida em cada uma das esferas é
múltiplo inteiro de e = 1,602 × 10–19 C; ora, 2.2.2 (pág. 190)
3q × q q2
9,00 × 10–19 F = k0 ⇒ 4,00 × 10–5 = 3k0 2 .
= 5,62 não é um número r 2
r 10. (D). A intensidade de um campo
1,602 × 10–19 Após o contacto e separação, cada uma elétrico, E, criado por uma carga num ponto
inteiro. Apesar de os quarks terem carga das esferas fica com a mesma carga, é inversamente proporcional ao quadrado
elétrica fracionária, nunca se observou um 3q + q da distância, r, à carga criadora: quando a
quark livre (a carga dos quarks é múltipla = 2q, sendo a intensidade da força distância duplica, o campo elétrico diminui
2
e exercida em cada uma das esferas quatro vezes.
de e a carga apresentada não é múltipla
3 2q × 2q q2 11. O módulo do campo elétrico criado
F' = k0 = 4k0 2 . A partir das equações por uma carga pontual Q num ponto, à
e r 2
r
de ).
3 anteriores, a relação entre as duas forças é |Q|
distância r da carga, é E = k 2 em que k é
3. a) Como o sistema das duas esferas é F' F' 4 r
= = ⇒ F' = 5,33 × 10–5 N. k
isolado, a carga elétrica total permanece F 4,00 × 10–5 3 uma constante. a) (C). Como E = 2 |Q|, a
constante: QA + QB = 3,0 + 1,0 = 4,0 μC. b) A força seria oito vezes menor (a r
Como as esferas são idênticas, e a carga constante da Lei de Coulomb é inversamente função E = E(|Q|) para r constante, é uma
elétrica pode circular entre elas por serem proporcional à permitividade elétrica). k
reta, de declive 2 , que passa na origem.
condutoras, no final devem apresentar a 2q × 2q r
mesma carga, portanto, Nesse meio teríamos Fmeio = kmeio = k|Q|
r2 b) (A). Como E = 2 , o módulo do campo
4,0 r
QA = QB = = 2,0 μC. b) A esfera que 1 4q2 1 1 4q2
2 = × 2 = × × 2 = elétrico, E = E(r), para Q constante, diminui
4π × 8ε0 r 8 4πε0 r com o quadrado da distância r à carga,
ganha eletrões é a que fica menos positiva,
a esfera A: ΔQA = 2,0 – 3,0 = – 1,0 μC. 1 4q2 Far tendendo para zero quando a distância
= × k0 2 = .
8 r 8 tende para infinito (no gráfico B, E também
c) Houve transferência de –1,0 μC da esfera
B para a esfera A, ou seja, 7. (C). Como F = E|q|, sendo E o módulo do diminui, mas a variação é linear, o que
–6 campo elétrico, a função F = F(|q|) é uma não é compatível com uma variação com
–1,0 × 10 C o inverso do quadrado). c) (C). Se Q for
= 6,2 × 1012 eletrões. reta, de declive E, que passa pela origem.
–1,602 × 10–19 C constante e como k é uma constante, então
4. a) Duas grandezas são diretamente 8. A quebra das ligações quando o produto k|Q| é uma constante, por isso
proporcionais se o seu quociente for se dissolve sal em água leva a um
1
constante. Assim: afastamento médio muito maior entre os E e 2 são diretamente proporcionais
r
|Q||q| F k iões Cl– e Na+, com consequente acentuada
冢 冣
F=k ⇒ = 2 é uma 1
|Q||q| diminuição da força de atração média E = k|Q| 2 : o gráfico é uma reta cujo
r2 r r
entre iões, o que justifica o aumento da sua
constante se as cargas estiverem sempre declive é k|Q|.
mobilidade.
à mesma distância r uma da outra.
b) (D). Como a distância aumenta 9. a) (C). As forças exercidas entre 1 e 2 12. a) O campo elétrico é nulo no ponto em
200% (r' = r + 2r = 3r), segue-se que não têm uma relação bem definida com as que os campos elétricos criados por cada
forças exercidas sobre 3, pois as primeiras uma das duas cargas forem simétricos:
|Q||q| 1 |Q||q| 1 mesmo módulo, mesma direção e sentidos
F' = k = k= = F. não dependem de q3 e as segundas
(3r2) 9 r2 9 opostos. Como as cargas são idênticas, tal
dependem de q3. De acordo com a Lei da
c) (A). As forças têm a mesma intensidade: Ação-reação, a força que 3 exerce sobre verifica-se no ponto médio do segmento de
|Q||q| 2|Q| × 3 |q| 1 é simétrica da força que 1 exerce sobre reta que une os vértices onde se encontram
F = F' ⇒ k =k ⇒ r'2 = as cargas.
r2 r' 2 3. Como 3 está em equilíbrio, a força que
= 6r2 ⇒ r' = 6 r. 2 exerce sobre 3 é simétrica da força b) O campo criado no vértice por cada uma
que 1 exerce sobre 3. Pode, portanto, Q
5. A intensidade da força entre duas cargas concluir-se que a força que 3 exerce sobre das cargas é, em módulo, E1 = E2 = k 2 =
elétricas, Q e q, à distância r uma da outra, r
1 é idêntica à força que 2 exerce sobre 3. 5,00 × 10–6
|Q||q| Na figura exemplifica-se, considerando = 9,0 × 109 × = 2,81 × 105 N C–1.
éF=k em que k é a constante 0,402
r2 q3 > 0 (se o sinal de q3 mudar, as forças
elétrica do meio em que as cargas se O campo resultante, E»1 = E»1 + E»2, tem
exercidas por 1 e 2 sobre 3 mudam ambas
encontram. a) (A). Na função F = F (r) a de sentido, mantendo-se o equilíbrio), componentes segundo x que se anulam e
intensidade da força, F, diminui com o as forças de interação entre as cargas componentes segundo y que se somam, logo,
quadrado da distância, tendendo para zero (os vetores a azul têm todos o mesmo E = E1y + E2y =
quando a distância tende para infinito (no módulo). = 2 × 2,81 × 105 × cos 30o = E = E1 + E2
gráfico B, F também diminui mas a variação = 4,86 × 105 N C–1.
F3,1 F2,3 F1,3 F3,2 30° 30°
é linear, o que não é compatível com a 1 3 2 O campo tem módulo
dependência com o inverso do quadrado). F2,1 F1,2 E1 E2
4,9 × 105 N C–1, direção
1 2,0 m 3,0 m
b) (C). Se fizermos x = 2 , a expressão do eixo y e sentido
r b) Como 3 está em equilíbrio, as forças positivo deste eixo.
1 exercidas por 1 e 2, sendo simétricas, têm o
da intensidade da força, F = k |Q||q| 2 , mesmo módulo:
r

292
c) O módulo da força é de atração exercida pela outra partícula 18. Se a forma não fosse arredondada, mas
F = |q|E = 3,00 × 10–6 C × 4,86 × 105 N C–1 = carregada, F»2. A figura representa tivesse zonas pontiagudas, acumular-se-
= 1,5 N. o diagrama de forças para a partícula -iam mais cargas nessas pontas e o campo
13. a) Os campos em A, produzidos por da esquerda (semelhante ao da direita). seria aí muito intenso (poder das pontas).
cada carga, têm a mesma direção e Haveria constantemente descargas para
sentidos opostos, pois a soma é nula; por o solo a partir dessas zonas, sendo mais
isso, as cargas têm de ter o mesmo sinal difícil armazenar carga na cúpula do
(ambas positivas ou ambas negativas). 30° gerador.
Então, as intensidades dos campos T 19. a) Quando um corpo descarrega
produzidos por cada carga têm de ser iguais: rapidamente, pode produzir uma faísca. Tal
d1 F2
9Q Q F1 acontece quando o campo produzido é de
k 2 =k 2 ⇒ = 3 . b) Neste caso, o
d1 d2 d2 P tal modo intenso que um material isolador
campo anula-se num ponto que não pode pode tornar-se condutor, como é o caso do
A resultante das forças é nula, logo, ar (o que depende da humidade). O campo
situar-se entre as cargas. Como uma carga
T cos 30o = mg e T sin 30o + F2 = F1; por isso, elétrico origina ionizações, excitações
tem menor módulo do que a outra, o ponto
terá de situar-se mais próximo da carga de q2 atómicas e moleculares. Os átomos e as
F1 – F2 = mg tan 30o, logo, F1 = k + moléculas ao desexcitarem-se produzem
menor módulo, como mostra a figura: l2
o –2 a faísca. b) Uma nuvem carregada induz
P −Q 9Q + mg tan 30 = 3,18 × 10 N (a distância
E2 E1 carga elétrica no solo. Esta acumula-se
entre as partículas é igual ao comprimento,
essencialmente nas regiões mais altas e
l, de cada fio, dado que a linha que une
x 0,10 m pontiagudas, criando-se aí campos mais
as cargas e os fios formam um triângulo
intensos (poder das pontas). Por isso é
As intensidades dos campos têm de ser iguais, equilátero). A intensidade do campo
provável que a nuvem descarregue sobre
Q 9Q elétrico é
E1 = E2 ⇒ k 2 = k ⇒ (x + 0,10)2 = as árvores (origina-se uma corrente
x (x + 0,10)2 F1 3,18 × 10–2 N
E= = = 1,1 × 105 N C–1. elétrica entre a nuvem e a árvore), o que
= 9x2 ⇒ x = 0,050 m. O campo anula-se |q| 0,30 × 10–6 C as torna perigosas. c) O automóvel tem
num ponto situado a 5,0 cm da carga de uma caixa metálica que atua como uma
menor módulo. 2.2.3 (pág. 191) gaiola de Faraday: o campo no seu interior
14. a) Como há equilíbrio, a força elétrica e a 16. (A) Verdadeira. Os eletrões têm é nulo, havendo uma blindagem das ações
força gravítica são simétricas, portanto, têm mobilidade no metal, deslocando-se até elétricas exteriores. Logo, é mais seguro
a mesma intensidade: Fg = Fe ⇒ mg = |q| E, atingirem estabilidade máxima, a que ficar dentro do automóvel.
obtendo-se corresponde a configuração de energia 20. Não resolveu o problema porque uma
mg 3,00 × 10–3 × 10 mínima. (B) Falsa. A carga distribui-se à rede metálica (gaiola de Faraday) tem um
|q| = = = 2,0 × 10–4 C. superfície, pois essa distribuição minimiza
E 150 efeito de blindagem relativamente a efeitos
Como a carga é negativa, conclui-se que a repulsão elétrica e, por isso, minimiza elétricos exteriores e não o contrário.
q = –2,0 × 10–4 C. b) O campo elétrico é a energia do sistema. (C) Falsa. O campo Por isso, deveria ter envolvido os outros
elétrico é nulo no interior do condutor em aparelhos para os proteger de efeitos

E» = e , tendo a mesma direção de F»e, equilíbrio eletrostático, pois se assim não elétricos exteriores.
q
fosse haveria força sobre eletrões e estes
vertical; como q < 0, E» tem sentido oposto
deslocar-se-iam (contrariando a hipótese 2.2.4 (pág. 192)
ao de F»e, apontando para baixo. c) As de o condutor estar em equilíbrio).
linhas de campo são as indicadas na figura: 21. (A) Verdadeira. O trabalho da força
(D) Verdadeira. Se houvesse componente
têm a direção e sentido do campo e são elétrica ou gravítica é o mesmo entre dois
tangencial do campo haveria força
equidistantes dado o campo ser uniforme. pontos, qualquer que seja a trajetória. (B)
tangencial sobre as cargas e movimento
Falsa. Depende do produto das duas cargas
destas (contrariando a hipótese de o
(para a mesma soma existe uma infinidade
Fe condutor estar em equilíbrio). (E) Falsa.
de produtos diferentes). (C) Verdadeira.
A acumulação de cargas ocorre nas regiões
冢 冣
Fg E mais pontiagudas. 1 1
Como Ep = kQq , a função Ep = Ep para
r r
17. a) (A). Todos os pontos do condutor
determinadas cargas, Q e q, é uma reta, de
(interior e superfície) estão ao mesmo
declive hQq, que passa na origem. Pode,
d) (A). Sobre a partícula atuam duas forças, potencial quando este se encontra em
pois, concluir-se que a energia potencial
a elétrica, que é a mesma pois a carga e o equilíbrio eletrostático. O facto de as linhas
elétrica, Ep, é diretamente proporcional
campo elétrico não se alteram, e a gravítica, de campo elétrico serem, em cada ponto,
ao inverso da distância entre duas cargas,
que é menor dado a partícula ter menor perpendiculares à superfície, indica que
1
massa. Assim, a resultante das forças terá a esta é uma superfície equipotencial. . (D) Verdadeira. Em geral, a energia
direção e o sentido da força elétrica, vertical b) Campo elétrico máximo: ponto A (o mais r
potencial varia de ponto para ponto (tal
para cima, e, portanto, a aceleração terá pontiagudo); campo elétrico nulo: ponto D como no campo gravítico, a conservação
também essa direção e esse sentido: (ponto no interior do condutor). da energia mecânica impõe que também
Fe – Fg c)
FR = Fe – Fg = ma ⇒ a = . a energia cinética possa variar). (E) Falsa.
m C
Qq
15. Cada partícula fica sujeita a quatro E Como Ep = k , se as cargas, Q e q,
B D A
r
forças: o peso, P», a tensão exercida pela tiverem o mesmo sinal (Qq > 0), a energia
corda, T», a força elétrica devida ao campo potencial será positiva e tanto maior quanto
elétrico uniforme, F»1, e a força elétrica menor for a distância, r, entre as cargas.

293
Q1 Q
22. a) Ep = qV. V(C) = V1 + V2 = k + k 2 = 9,0 × 109 × desloca-se no sentido da placa positiva e
r1C r2C
i) Ep = 1,0 × 10–6 × 1,0 × 105 = 0,10 J. o protão no sentido da placa negativa), em
5,00 × 10–6 –5,00 × 10–6
ii) Ep = 2,0 × 100 × 106 = 2,0 × 108 J. × 冢 2
0,08 + 0,05 2
+
0,042 + 0,052
冣= d
módulo . Segue-se que os trabalhos da
2
b) Sim, porque a energia na descarga de
uma nuvem é muitíssimo maior: nove = –2,3 × 105 V, em que resultante das forças que neles atuam são
ordens de grandeza superior r1C = 0,082 + 0,052 m e também iguais, logo, também a energia
à descarga de um Van de Graaff d
r2C = 0,042 + 0,052 m são, respetivamente, cinética adquirida: ΔEc = WF» = F cos 0o.
2,0 × 108 2
冢 0,10
= 2,0 × 109 ∼ 109 . 冣 as distâncias das cargas Q1 e Q2 ao ponto C.
c) (A). O trabalho da força elétrica que atua
c) O eletrão é atraído para a placa positiva.
A diferença de potencial entre a placa
23. a) Como Ep(P) – Ep(∞) = W P → ∞ ⇒ numa carga q não depende da trajetória, positiva e o ponto médio entre as placas é
⇒ Ep(P) – 0 = 20 J ⇒ Ep(P) = 20 J. O mas depende da carga, dado que esta
influencia a força elétrica. d) O trabalho U eU
U' = , então ΔEp = –eU' = – . A variação
potencial em P é 2 2
da força elétrica que atua na carga q não
E (P) 20 de energia mecânica é nula (a força elétrica
V(P) = p = = 2,5 × 106 V. depende da trajetória seguida entre A e C,
q 8,0 × 10–6 sendo função dos potenciais desses pontos eU
é conservativa), pelo que ΔEc = –ΔEp = .
b) O trabalho da resultante das forças e da carga elétrica q transportada entre 2
é nulo pois não há variação da energia esses pontos: WA→C = q(VA – VC) = –2,00 × Como o eletrão parte do repouso, esta é
cinética. Por isso, o trabalho da força × 10–6 × [5,63 × 105 – (–2,26 × 105)] = –1,6 J. a energia cinética com que atinge a placa
exterior é simétrico do trabalho da força positiva.
26. (C). Se WA→C = q(VA – VC) > 0, como
elétrica: –20 J. c) As linhas apontam de P d) O módulo da aceleração de cada partícula
para o ponto distante pois o trabalho da q < 0, então (VA – VC) < 0, ou seja, VA < VC ;
F eE U
então, como o potencial elétrico diminui éa= = , mas, como E = , então
força elétrica sobre uma carga positiva é m m d
positivo. com a distância à carga Q, esta terá
F eU
de ser positiva. O trabalho entre linhas a= = .
24. O potencial em C é a soma dos equipotenciais (S1 e S2) não depende da m md
potenciais criados por cada carga: trajetória entre elas, pois a força elétrica é Esta expressão mostra que a partícula de
q q (–q) menor massa tem maior aceleração, irá
VC = k + k + k = 9,0 × 109 × conservativa. Se o trabalho for positivo de
l l 2l A para C, terá de ser negativo de C para A percorrer a mesma distância em menos
(ou de B para A), logo, a variação da energia tempo. Como a massa do eletrão é menor
3,0 × 10–6 1
×
0,10
× 2– 冢 2

= 3,49 × 105 V. potencial elétrica é positiva. Por isso, a do que a do protão, o tempo de voo do
eletrão é menor do que o do protão.
energia potencial elétrica aumenta de B
No centro do quadrado, o potencial é e) Como o movimento é uniformemente
para A: Ep,A – Ep,B = –W B→A > 0.
q q (–q) acelerado e cada partícula percorre a
V0 = k +k +k = 9,0 × 109 × 27. a) O campo elétrico tem módulo
冢 冣
2 2 2 d d 1 eU 2
l l l U 2,00 × 103 distância , vem = t obtendo-se
2 2 2 E= = = 4,00 × 104 V m–1. 2 2 2 md
d 5,00 × 10–2 m
2 3,0 × 10–6
× × = 3,82 × 105 V. O i) Ao longo de uma linha de campo vem t=d (o tempo de voo é diretamente
2 0,10 eU
U = Ed = 4,00 × 104 × 2,00 × 10–2 = 800 V.
trabalho é W C→O = q(VC – V0) = – 90 × 10–9 × proporcional à raiz quadrada da massa da
ii) 0 V, porque estão ao mesmo potencial. partícula).
× (3,49 × 105 – 3,82 × 105) = 3,0 × 10–3 J.
b) A resultante das forças que atuam O quociente entre os tempos do protão e do
25. a) Em A, os campos elétricos criados sobre a partícula é nula, dado que a sua eletrão para atingir a respetiva placa é:
por Q1 e por Q2 têm a direção do eixo dos xx velocidade é constante. Assim, as forças mprotão
e o sentido positivo desse eixo: elétrica e gravítica são simétricas, portanto, d
tprotão eU mprotão
|Q | |Q | têm a mesma intensidade: mg = |q|E ⇒
冢r1 r2 冣
E»(A) = E»1 + E»2 = k 21 + 22 e»x = 9,0 × 109 ×
mg 2,00 × 10–3 × 10
teletrão
=
d
meletrão
=
meletrão
=

⇒ |q| = = = 5,0 × 10–7 C. eU


–6 –6 E 4,00 × 104
冢 冣e» =
5,00 × 10 5,00 × 10
× + 1,67 × 10–27
0,042 0,082 x A força elétrica tem sentido oposto à = = 42,8 (o protão demora
gravítica, sendo, por isso, dirigida para 9,11 × 10–31
= 3,5 × 107e»x (N C–1).
cima. Como a placa superior é negativa, cerca de 43 vezes mais do que o eletrão a
A força elétrica exercida sobre uma carga q a carga da partícula tem de ser positiva: atingir a respetiva placa).
colocada em A é: q = 5,0 × 10–7 C. 29. a) A variação de energia cinética é:
F» = qE» (A) = –2,0 × 10–6 × 3,5 × 107e»x = – 70e»x (N) 28. a) O eletrão desloca-se para a placa 1 1 1
(a força tem sentido oposto ao campo ΔEc = mv2f – mv2i = × 9,11 × 10–31 ×
positiva e o protão para a negativa, ambos 2 2 2
porque a carga de prova é negativa). com movimento retilíneo uniformemente
b) Potencial em A: × [(3,0 × 106)2 – (8,0 × 106)2] = –2,5 × 10–17 J.
acelerado (partem do repouso e estão Como a variação da energia mecânica é
Q Q sujeitos a uma força constante).
V(A) = V1 + V2 = k 1 + k 2 = 9,0 × 109 × nula (o campo elétrico é conservativo), vem:
r1A r2A b) Os módulos das cargas do eletrão e ΔEc = –ΔEp, ou seja, ΔEp = 2,5 × 10–17 J.
do protão são iguais; assim, os módulos
5,00 × 10–6 –5,00 × 10–6 b) A diferença de potencial é
× 冢 0,04
+
0,08
= 5,6 × 105 V,冣 das forças elétricas que neles atuam é
também o mesmo: F = |q|E = eE. Como
ΔEp 2,51 × 10–17
VB – VA = = = –1,6 × 102 V
em que r1A = 0,04 m e r2A = 0,08 m são, são colocados a meia distância entre as –e –1,602 × 10–19
respetivamente, as distâncias das cargas placas vão sofrer o mesmo deslocamento (uma vez que a energia cinética do eletrão
Q1 e Q2 ao ponto A. Potencial em C: até atingirem a respetiva placa (o eletrão diminui, tal significa que se está a aproximar

294
1 2(–ΔEc)
da placa negativa, movendo-se, portanto, v0 = . Substituindo os determinado condensador tem uma
sin 30o m
no sentido dos potenciais decrescentes). Q
valores nesta expressão determina-se capacidade, C = , constante: o módulo
c) O campo elétrico tem módulo U
V – VA 1,56 × 102 1 2 × 3,20 × 10–18 da carga em cada uma das armaduras, Q,
E= B = = 5,2 × 104 V m–1, v0 = =
sin 30 o 9,11 × 10–31
d 3,0 × 10–3 é diretamente proporcional à diferença de
direção horizontal e sentido dos potenciais = 5,3 × 106 m s–1. potencial, U, entre elas.
decrescentes, ou seja, de A para B. As Ou: 32. a) A diferença de potencial elétrico
linhas equipotenciais são perpendiculares O eletrão fica sujeito à força elétrica entre as placas é
constante, dirigida para baixo, cujo módulo é:
ao campo. d) O eletrão inverte o sentido Q 3,0 × 10–4
quando a sua velocidade se anular, a que F = eE = 1,60 × 10–19 × 1,00 × 103 = U= = = 1,5 × 102 V.
C 2,0 × 10–6
corresponde uma variação de energia cinética = 1,60 × 10–16 N (esta força é 1013 maior do
que a força gravítica, que se pode, portanto, O módulo do campo elétrico na região
1 1
ΔEc = 0 – mv2i = – × 9,11 × 10–31 × desprezar). Logo, ax = 0 e entre as placas é
2 2 U 150
× (8,0 × 106)2 = –2,92 × 10–17 J. Assim,
–F –1,60 × 10–16 E= = = 3,8 × 105 V m–1.
ay = = = –1,76 × 1014 m s–2. d 4,00 × 10–3
a inversão ocorre num ponto C, cujo m 9,11 × 10–31
b) i) A diferença de potencial entre as
potencial em relação a A é Tomando o referencial habitual, no ponto
placas é igual à da fonte da tensão,
ΔEp mais alto verifica-se vy = 0, donde
2,92 × 10–17 mantendo-se constante desde que o
VC – VA = = = –182 V. 1
– e –1,602 × 10–19 ⎧ Δy = v0yt + ayt
2 condensador esteja ligado à fonte.
Como o campo é uniforme, segue-se que ⎨ 2 ⇒ ii) O módulo do campo elétrico é E = ,
U
⎩ 0 = v0y + ayt d
V – VA 182
d= C = = 3,5 × 10–3 m = v v2 sendo U a diferença de potencial entre as
E 5,2 × 104 ⎧ Δy = – v0y 0y + 1 ay 0y2 placas e d a distância entre elas. Como U
= 3,5 mm. e) (A). Como a energia mecânica ⎪ ay 2 ay
⇒ ⎨ permanece constante e d duplica, conclui-se
é constante, o eletrão numa determinada v
⎪ t = – 0y que E diminui para metade (o campo
posição tem a mesma energia potencial ⎩ ay elétrico é, para uma determinada diferença
e, em consequência, a mesma energia Da primeira equação obtém-se v0y = –2ayΔy. de potencial, inversamente proporcional à
cinética. Passa em A após inverter o sentido distância d entre as placas).
do seu movimento, por isso, com uma Ao atingir a outra placa, Δy = 2,00 cm,
o que permite determinar o módulo da 33. Trabalho de pesquisa.
velocidade simétrica da inicial. A resultante
das forças, a força elétrica, é constante, velocidade inicial:
Atividades laboratoriais (pág. 195)
logo, a aceleração é também constante. – 2 × (–1,76 × 1014) × 2,00 × 10–2
v0 = = 34. a) O campo elétrico criado entre as
30. a) A variação de energia mecânica é sin 30o
= 5,3 × 106 m s–1. d) i) Ao voltar à placa placas é um campo uniforme de direção
nula (a força elétrica é conservativa), pelo
perpendicular às placas.
que ΔEc = –ΔEp = –(–e)(Vf – Vi). 1
positiva, Δy = 0, donde v0yt + ayt2 = 0, b) A equação da reta de ajuste aos dados,
No limite, o eletrão atinge a placa 2 expressos no SI, é V = –32,3d + 5,857.
negativa com velocidade paralela a essa equação que admite duas soluções: o c) O declive da reta de ajuste corresponde,
placa, portanto, a componente do seu –2v0y em módulo, à diferença de potencial
deslocamento na direção perpendicular às instante inicial t = 0 e t = .
ay por unidade de distância medida
placas é igual à separação d = 2,00 cm das Obtém-se U
–2 × 2,0 × 106 × sin 30o perpendicularmente às placas, ,
placas: ΔEc = e(–Ed) = –eEd = –1,60 × 10–19 × t= = 1,1 × 10–8 s. |ΔdI
× 1,00 × 103 × 2,00 × 10–2 = –3,20 × 10–18 J. –1,76 × 1014 portanto, ao módulo do campo elétrico
b) (B). A aceleração tem a direção e o ii) O deslocamento tem apenas entre as placas: E = 32 V m–1. d) Como
sentido da resultante das forças, a força componente paralela às placas, uma vez se mede o potencial em relação à placa
elétrica: perpendicular às placas (a direção que Δy = 0: negativa, tomando como referência
do campo elétrico) e, dado o eletrão ter Δx = v0xt = 2,0 × 106 × cos 30o × 1,14 × 10–8 = a distância à placa positiva, V = 0
carga negativa, o sentido da placa negativa = 0,020 m = 20 mm. corresponde a um ponto da placa negativa:
para a positiva. c) No limite, o eletrão 0 = –32,2d + 5,857 ⇒ d = 0,181 m = 18,1 cm.
atinge a placa negativa com velocidade 2.2.5 (pág. 194) e) A leitura do voltímetro praticamente
paralela a essa placa, v = vx , tomando não se altera, pois as linhas de
31. a) Ligam-se as armaduras do condensador potencial constante (equipotenciais) são
o referencial habitual, nesse ponto, a
a uma bateria ou outra fonte de tensão. perpendiculares às linhas de campo e, por
componente da velocidade na direção
b) A diferença de potencial elétrico, U, entre isso, paralelas às placas.
perpendicular às placas, a do eixo dos yy, é
as armaduras no condensador carregado f) Os potenciais seriam simétricos aos
nula. Assim, a variação de energia cinética é:
é igual à da fonte de tensão: 100 V. Então, apresentados na tabela. A equação da
1 1 1
ΔEc = mv2f – mv2i = m [v2x – (v20x + v20y)] = o módulo da carga das armaduras é reta de ajuste teria declive e ordenada na
2 2 2 Q = UC = 100 × 5,0 × 10–6 = 5,0 × 10–4 C. origem simétricos à apresentada na alínea
1 1 As cargas das armaduras são simétricas: b): V = 32,3d – 5,857 (o módulo do declive,
= mv20y = – mv 20 sin2 30o, uma vez que
2 2 5,0 × 10–4 C e –5,0 × 10–4 C. igual ao módulo do campo elétrico, não
na direção do eixo dos xx o movimento é c) (D). A capacidade de um condensador se altera dado depender apenas da fonte
uniforme (a resultante das forças, a força é uma propriedade do condensador que de tensão e da distância entre as placas,
elétrica, é perpendicular às placas). depende das características geométricas parâmetros que não foram alterados).
Da equação anterior obtém-se o módulo da do condensador e do material isolador 35. a) Como o condensador descarrega
velocidade máxima de lançamento, entre as armaduras (dielétrico). Um sobre a resistência do voltímetro,

295
calculando o produto RC, que é a constante Da segunda equação conclui-se que 2.3 Ação de campos
de tempo τ, obtém-se mg tan θ
τ = RC = 10,0 × 106 × 10 × 10–6 = 100 s, E= . magnéticos sobre
|q| cargas e correntes
o que significa que, ao fim deste tempo, a P
carga do condensador já só é 37% do valor Tx
F 2 1 elétricas
– τ b) tan θ = = = = ⇒ θ = 26,6o.
inicial: e RC = e–1 = 0,37. Ty P P 2
2.3.1 (pág. 216)
b) A descarga de um condensador é F |q|E
– t c) (B). Como tan θ = = , logo, o 1. A primeira evidência de uma relação
descrita pela expressão U(t) = U0e RCque P mg
entre eletricidade e magnetismo foi
1 ângulo θ aumenta com o quociente entre
é equivalente a: In U = – t + In U0. Por observada por Oersted: uma corrente
RC a força elétrica e o peso, ou seja, aumenta
elétrica perturbava uma bússola. Esta
isso, se representarmos graficamente In U com o aumento da carga q e do campo
relação foi confirmada por Ampère e
em função do tempo t, obteremos um elétrico E» e com a diminuição da massa m por Faraday, que descobriu o fenómeno
gráfico a que se ajusta uma reta, sendo e da aceleração da gravidade g». da indução eletromagnética. Maxwell
o inverso do produto RC igual ao módulo d) i) Ao cortar-se o fio apenas atuam duas sintetizou os resultados das experiências
do declive da reta, o que permite calcular forças sobre o corpo: a força elétrica F» anteriores, formulando a teoria do campo
a capacidade. e o peso P», cuja resultante é constante e eletromagnético que conduziu à descoberta
c) A reta de ajuste à função In U (t) é tem a direção que o fio tinha antes de ser de que este campo se propagava sob
In U = –1,035 × 10–2t + 2,198. Com base a forma de ondas à velocidade da luz,
cortado (ou seja, a direção de T»). Como
no declive determina-se a capacidade do sugerindo que a luz era essa onda. Hertz
estas forças são constantes e o corpo se
–1 viria a comprovar essa ideia produzindo
condensador = –1,035 × 10–2 ⇒ encontra inicialmente em repouso, desce
RC com movimento retilíneo uniformemente experimentalmente ondas de rádio.
1 2. As linhas de campo magnético são
⇒C= = acelerado (aceleração constante) numa
10,0 × 106 × 1,035 × 10–2 direção que faz um ângulo θ com a vertical. sempre fechadas. As linhas de campo
= 9,66 × 10–6 F = 96,6 μF. FR elétrico têm origem nas cargas positivas
F 2 + P2 (P tan θ)2 + P 2
U0 ii) a = = = = e terminam nas negativas.

冢 冣
m m m
U – t 1 3. Intensidade: Fm = evB sin 90o = evB,
d) =e RC ⇒ In 2 = – t⇒ mg tan θ + 1 2
1 g direção do eixo z e sentido negativo:
U0 U0 RC = =g =
m cos2 θ cos θ F»m = –evBe»z.
⇒ –ln 2 = –1,035 × 10–2t ⇒ t = 67 s.
38. (B). Todos os pontos sobre a linha AB 4. Como o movimento é circular uniforme,
e) (C). O valor mais provável da diferença
estão a potenciais elétricos zero. Como a a força resultante, que é igual à força
de potencial aos terminais do condensador
energia potencial elétrica do sistema de magnética (a força gravítica é desprezável),
no instante t = 20 s determina-se com base
cargas é negativa, quando a distância entre aponta para o centro da trajetória. No ponto
na equação da reta de ajuste:
elas diminui a energia potencial também P1 representam-se a força resultante e
ln U = –1,035 × 10–2 × 20 + 2,198 = 1,991,
diminui. a velocidade: o vetor campo tem de ser
logo, U = e1,991 V = 7,32 V.
39. a) Como o potencial elétrico é perpendicular ao plano que contém a força
Questões globais (pág. 195) negativo, a carga é negativa; as linhas são e a velocidade, ou seja, perpendicular ao
equipotenciais; o campo aponta para a plano do papel; como a carga é positiva,
36. (B). Se d for a distância entre pontos carga (vetor 1) por esta ser negativa. aponta para o lado de lá do papel.
q q 4 q b) (D). W B→A = –(EpA – EpB) = q(VB – VA).
sucessivos, virá VQ = VS = k + k = k P1 Fm P2
d 3d 3 d Como o vetor campo (vetor 1) aponta no
q q q sentido dos potenciais decrescentes, então
e VR = k + k = k , portanto, VR < VS = VQ. v
2d 2d d VA < VB ⇒ VB – VA > 0 e, como q < 0, então B
37. a) Sobre o corpo atuam três forças – o W B→A < 0. A intensidade do campo elétrico
peso, P», a tensão, T», e a força elétrica, diminui com a distância à carga. Ao longo Câmara
F» = qE», representadas na figura – que se da linha equipotencial que passa em B e
anulam (o pêndulo está em equilíbrio): em C, a direção da força elétrica varia. 5. (A) Falsa. Só existe força magnética
F» + P» + T» = 0». 40. a) De U = Ed obtém-se o módulo do campo se a partícula estiver em movimento
Projetando as forças no sistema de eixos U 90 e se a direção da sua velocidade não
elétrico: E = = = 1,8 × 103 V m–1. coincidir com a do campo magnético.
indicado obtém-se (a 1.a equação é a do d 0,050
(B) Verdadeira. A força magnética é
eixo dos xx e a 2.a a do eixo dos yy): Portanto, |VQ – VR| = 1800 × 0,010 = 18 V.
sempre perpendicular à velocidade e
⎧ F – Tx = 0 ⎧ |q|E – T sin θ = 0 Como as linhas de campo apontam no
⎨ ⇒ ⎨ ⇒ ao campo magnético. (C) Verdadeira.
sentido dos potenciais decrescentes, então
⎩ Ty – P = 0 ⎩ T cos θ – mg = 0 A força gravítica é desprezável (massa
VQ < VR , logo, VQ – VR = – 18 V.
desprezável), assim, a resultante
⎧ |q|E b) A força elétrica tem de ser igual e oposta das forças é a força magnética que
⎪T =
⎪ sin θ y ao peso da gota, ou seja, dirigida para cima. é perpendicular à velocidade, daí o
⇒ ⎨ E
⎪ |q|E ș Como o campo aponta para cima, a carga movimento ser uniforme. Como a
⎪ cos θ – mg = 0 da gota, q, tem de ser positiva. Como a
⎩ sin θ velocidade, v», é perpendicular ao campo,
T F resultante das forças é nula, tem-se: B», e, por sua vez, a força magnética, F»m,
mg 3,6 × 10–8 × 10
x qE = mg ⇔ q = = = também é perpendicular a B», segue-se que
P E 1800
= 2,0 × 10 C = 20 nC.
–10 o plano definido por F»m e v» é perpendicular

296
a B». A partícula move-se nesse plano numa do intervalo de tempo considerado. v) O F»m, tem de ser oposta e de módulo igual ao
mv movimento sob a ação da força magnética peso da partícula, P», para que a resultante
trajetória de raio constante, r = ,
|q| B é sempre uniforme, o que significa que a das forças que atuam sobre ela seja nula:
dado que o módulo da velocidade, v, é energia cinética é constante: F»m + P» = 0
» . Como F» é vertical, e tem de ser
m
|q| B r 2 q2 B2 r2
冢 冣
constante. (D) Falsa. A velocidade das 1 1 perpendicular à velocidade, conclui-se que
Ec = mv2 = m = .
partículas, v», é perpendicular ao campo, 2 2 m 2m a velocidade da partícula terá de ser num
assim como a força magnética, F»m, logo, o mv plano horizontal, tal como mostra a figura.
b) (A). Como r = , duplicando os
plano do movimento das partículas (plano |q| B O campo magnético, B», para ser
definido por F»m e v») é perpendicular ao módulos da velocidade e do campo perpendicular ao campo gravítico, tem
magnético o raio mantém-se o mesmo. de estar nesse mesmo plano horizontal.
campo magnético.
8. a) I-β. II-γ. III-α. A radiação γ é Se escolhermos o campo com a direção
6. a) (A) Falsa. Como a não é desviada, é
eletromagnética, constituída por fotões que e sentido indicados na figura, e a fazer
eletricamente neutra (a força magnética
não possuem carga elétrica. Assim, não é 90o com a velocidade, a força magnética
sobre a é nula), b é positiva dado que
desviada (II). As partículas α e β têm cargas de módulo dado por Fm = |q|vB aponta
ao entrar na região onde existe o campo
de sinais opostos, daí serem desviadas para cima (notar que a carga é negativa!).
magnético é desviada para a esquerda na
em sentidos opostos. As partículas α são Igualando os módulo do peso e da força
direção e sentido do produto vetorial de v» as que descrevem uma circunferência de mg
e de B» (curvando os dedos da mão direita maior raio (III), uma vez que o raio aumenta
magnética, conclui-se que v =
|q|B
. De notar
no sentido de v» para B», o polegar aponta com a massa, r =
mv
: que há outras orientações possíveis para o
para a esquerda). (B) Verdadeira. O campo |q| B campo B». Se designarmos por θ o ângulo
magnético é perpendicular à velocidade, a partícula α, constituída por dois protões entre a velocidade e o campo, a velocidade
assim Fm = |q|vB sin 90o = |q|vB, logo, e dois neutrões, é cerca de 4 × 1,8 × 103 mg
da partícula teria de ser v = .
|q|vB = m
v2
, obtendo-se para o módulo
vezes (quatro ordens de grandeza) mais |q|B sin θ
r pesada do que a partícula β (I), que é um No caso representado na figura
|q| B r eletrão; a carga de α é dupla da de β.
da velocidade v = (a partícula que 0,040 × 10–3 × 10
m b) A força magnética é sempre (θ = 90o), v = =
descreve a circunferência de maior raio r, perpendicular à velocidade, sendo, por isso, 2,0 × 10–6 × 0,80
a partícula d, tem maior velocidade). centrípeta. A expressão do raio obtém-se = 2,5 × 102 m s–1.
(C) Verdadeira. Como c e d se desviam da Lei Fundamental da Dinâmica:
Fm
no mesmo sentido, a força magnética que v2 mv
Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒ r = .
nelas atua ao entrar na região considerada r |q| B
tem o mesmo sentido e, portanto, as A razão entre os raios de α e β é
cargas têm o mesmo sinal. (D) Falsa. A mα vα v
B
carga de a é nula (a é neutra), portanto,
rα qβ B m v q  P
menor do que o módulo da carga de b. = = α α β =
b) Para que as partículas não fossem rβ mβ vβ mβ vβ qα
desviadas a força magnética deveria ser qβ B
nula, o que aconteceria se o campo magnético, 10. a) (D). Sendo o movimento circular,
4 × 1,8 × 103 mβ vα |qβ|
B», fosse paralelo à sua velocidade: = = 3,6 × 102. segue-se que o campo magnético é
mβ 10vα 2|qβ| perpendicular à velocidade da partícula.
Fm = |q|vB sin 0o = 0. Assim, a direção de
A ordem de grandeza do raio da trajetória b) A força magnética que atua sobre a
B» deveria ser a do movimento inicial das partícula é perpendicular à sua velocidade.
III (α) é duas ordens de grandeza maior
partículas na região considerada, ou seja, c) Da Lei Fundamental da Dinâmica:
do que a do raio da trajetória I (β). c) As
coincidente com a direção do movimento v2
partículas de carga positiva, trajetória III, Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒
de a. r
são desviadas para a direita, portanto,
7. a) i) Sendo o movimento circular, segue- este é o sentido em que aponta o polegar ⇒ |q|Br = mv ⇒ p = |q|Br (o raio e o
-se que o campo magnético é perpendicular da mão direita curvando os restantes momento linear de partículas da mesma
à velocidade da partícula. A força magnética carga, q1 = q2,
dedos no sentido de v» para B», o que, neste
é sempre perpendicular à velocidade, assim, são diretamente proporcionais):
v2 mv caso, implica que B» aponte para fora da
Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒ r = . figura. p1 |q1|Br1 2,00
r |q|B = = = 5,0, logo,
ii) O tempo de duas voltas completas é p2 |q2|Br2 0,40
Δt = 2T em que T é o período (tempo de J p1 = 5,0 × 6,68 × 10–22 = 3,3 × 10–21 kg m s–2.
uma volta completa): B
d) i. A aceleração do protão é
r = m v ⇒ v = |q| B r ⇒ 2π r = |q| B r ⇒ perpendicular à velocidade (radial),
|q| B m T m D centrípeta e de módulo:
2 π m 4π m E p 2
⇒T= ⇒ Δt =
|q| B |q| B
.
v v v 2冢 冣 m p2 (6,68 × 10–22)2
iii) A frequência é o inverso do período: a= = = 2 = =
r r m r (1,67 × 10–27)2 × 0,40
Fm Fm
f = 1 = |q| B . iv) A força magnética = 4,0 × 1011 kg m s–2.
T 2π m p
é sempre perpendicular à velocidade, 9. Sendo o movimento retilíneo e uniforme, ii. p = |q|Br ⇒ B = =
portanto o trabalho realizado por essa |q|r
a resultante das forças que atuam sobre a
força é sempre nulo, independentemente partícula é nula. Assim, a força magnética, 6,68 × 10–22
= = 1,0 × 10–2 T.
1,60 × 10–19 × 0,40

297
2.3.2 (pág. 218) dedos da mão direita no sentido de v» para perpendicular ao plano do papel e aponta
B»1, o polegar aponta para a direita (sentido para «cá». b) A força magnética, F»m, tem
11. a) (B). O peso de um eletrão é
desprezável dada a ordem de grandeza da de F»m). de ser oposta e de módulo igual ao peso do
sua massa. Num seletor de velocidades, fio, P», para que a resultante das forças seja
a resultante das forças é nula, por isso, v
B1 nula: F»m + P» = 0». Tendo o mesmo módulo,
a força magnética, F» , e a força elétrica, mg
m I lB = mg, então B = .
E Il
F»e, são simétricas: F»m + F»e = 0
» ⇒ F» = –F» .
m e A massa do fio determina-se a partir da sua
b) Para as partículas selecionadas, as densidade: m = ρV = ρlA em que A é a área
que têm movimento retilíneo e uniforme, de secção reta do fio. Obtém-se:
a força resultante é nula. Assim, a força B2
ρlAg ρAg
magnética, F»m, tem de ser oposta e de B= = = 0,19 T.
Il I
módulo igual ao da força elétrica, F»e, para
16. a) Sofre um desvio, deslocando-se
que a resultante das forças que atuam b) A partícula ao entrar na região 2 é numa direção perpendicular ao plano
sobre ela seja nula: F» + F» = 0
m e
» ⇒ F» = –F» .
m e desviada para a esquerda: o campo do papel e para «cá», consequência da
Uma vez que, em módulo, a força elétrica é magnético, B»2, é «para cá» do plano do força nela exercida, F»m = I l» × B». O sentido
igual à magnética: Fm + Fe ⇒ |q|vB = |q|E, papel: curvando os dedos da mão direita no da corrente é o do polo positivo para o
E sentido de v» para B»2, o polegar aponta para negativo, na barra é para a esquerda, este
pelo que v = , pelo que a energia cinética: é o sentido de l», e B» aponta do polo norte
B a esquerda (sentido de F»m). O movimento
para o sul, para baixo: curvando os dedos
1 mE 2 9,11 × 10–31 × (50 × 103)2 é circular (a velocidade da partícula é
Ec = mv 2 = = = da mão direita no sentido de l» para B», o
2 2B 2 2 × 0,0202 perpendicular a B»2) e uniforme (a força
polegar aponta para «cá» do plano do
1 magnética é sempre perpendicular à
= 2,85 × 10–18 J = 2,85 × 10–18 × = papel. b) Deverá também inverter-se o
1,60 × 10–19 v2 íman, trocando as posições dos polos norte
= 18 eV. c) (C). A velocidade não depende velocidade). Como m = qvB2, então o raio
r e sul. Se os sentidos da corrente, logo de l»,
da massa e também não depende da mv
da trajetória descrita é r = . e do campo, B», se inverterem, o sentido da
carga elétrica, uma vez que quer as forças qB2 força magnética não se altera:
magnética e elétrica variam do mesmo mv
modo com a carga: c) (D). Como r = , para uma F»m = I l» × B» = I(– l») × (–B»).
qB2
F»m = –F»e ⇒ qv» × B» = – qE» ⇒ v» × B» = – E». 17. a) No troço 1 a força vale 2ILB e é
determinada velocidade, o raio, r, é para a esquerda. Nos troços 3 e 5 a força
E inversamente proporcional ao módulo do
Da relação anterior, obtém-se v = , vale ILB, em cada um deles, e é para a
B campo magnético, B2. direita. A soma das forças nos troços 1, 3
relação que mostra que o módulo da e 5 é nula. Nos troços 2 e 4 a força é para
velocidade, v, aumenta com o aumento 2.3.3 (pág. 219) baixo e vale, em cada um, ILB. Conclui-se
do campo elétrico, E», e diminui com o que a força resultante aponta para baixo:
14. A intensidade da força magnética
aumento do campo magnético, B». F»m = –2ILBe»y (considerou-se e»y para cima).
é ILB, sendo L o comprimento do fio;
12. (C). Dado que o eletrão acelera, logo, a intensidade da força por unidade
a força elétrica nele exercida tem o de comprimento será IB. Tem direção 5
sentido positivo do eixo y, sendo a sua perpendicular ao plano definido pelo 4
1
carga negativa; segue-se que a placa campo e pelo fio, ou seja, perpendicular ao
R é positiva, estando a um potencial plano do papel e aponta para lá deste, ou 3
superior. Como a força magnética é seja, no referencial representado será
sempre perpendicular à velocidade e a
F»m/L = – IBe»z. 2
trajetória é retilínea, então não existe
força magnética, concluindo-se que a 15. a) A força magnética é F»m = I l» × B» b) A resultante das forças é nula se a
velocidade e o campo magnético têm a (l» com a direção do fio, o sentido da corrente direção do campo magnético, B», coincidir
mesma direção. com as dos troços 2 e 4. Nesse caso,
e comprimento igual ao do fio). Escolhendo
13. a) Na região 1, a resultante das forças a força nos troços 2 e 4 será nula, por
um sistema tal que e»x aponta para a direita,
que atuam sobre a partícula é nula. Para ficarem paralelos a B». Considerando, por
e»y para cima e e»z para «cá», tem-se:
que se anulem, as forças magnética e exemplo que B» apontava para a direita,
elétrica têm a mesma direção, sentidos (A) F»m = 5,0 × 0,40e»x × (–8,0 × 10–3e»z) = –1,6 ×
a força no troço 1 aponta para «fora da
opostos e o mesmo módulo: qvB1 = qE, × 10–2e»x × e»z = –1,6 × 10–2 (–e»y) = 1,6 × 10–2e»y (N), folha» e vale 2ILB e as forças nos troços
donde o módulo do campo magnético é a força magnética aponta para cima; 3 e 5 valem, cada uma, ILB, apontando
E (B) F»m = –1,6 × 10–2e»z × e»x = 1,6 × 10–2e»y (N), para «dentro da folha». Assim, estas
B1 = . Sendo a carga positiva, a força
v
a força magnética aponta para cima; forças anulam-se. Conclui-se que B»
elétrica, F»e, tem o sentido do campo deve ser paralelo aos troços 2 e 4.
(C) F»m = –1,6 × 10–2 e»y × e»z = –1,6 × 10–2e»x (N),
elétrico, E», para a esquerda, logo, a c) (C). Em (C) o módulo da força
a força magnética aponta para a esquerda; magnética exercida sobre o fio é 6ILB,
magnética, F»m, é para a direita. Em (D) O módulo da força magnética é pois como o fio é retilíneo as forças
consequência, o campo magnético, B» , é 1 Fm = I lB sin θ = 5,0 × 0,40 × 8,0 × 10–3 × exercidas sobre todas as porções de fio
«para lá» do plano do papel: curvando os × sin 30o = 8,0 × 10–3 N, a direção é têm a mesma direção. Nas restantes

298
opções existem forças exercidas em 21. a) O módulo da velocidade é 3. Física moderna
diversas porções que se cancelam: em (A) 10 × 2π r
v= = 2,5 × 103 m s–1. A massa do
e em (B) a força magnética resultante é 1,0 × 10–3 3.1 Introdução à física
nula, em (D) o módulo da força magnética
resultante é 2ILB.
ião (dois protões e dois neutrões) é quântica
m = 6,68 × 10–27 kg. A força magnética é a

Questões globais (pág. 220) v2 3.1.1 (pág. 240)


força centrípeta: F = m = 1,0 × 10–18 N;
r
18. (B). Como a força magnética é sempre no ponto S, a força magnética, sendo 1. (C). A radiação emitida por um corpo
perpendicular à velocidade, pois centrípeta, tem a direção e o sentido apresenta espetro contínuo, depende da
temperatura do corpo e tem origem nas
F»m = qv» × B», o trabalho da força magnética positivo do eixo dos xx. b) A carga é a soma
das cargas dos dois protões e, como oscilações das cargas elétricas presentes
é sempre nulo e a partícula sujeita à ação
no corpo.
dessa força nunca varia a sua energia v2
Fm = qvB = m tem-se que 2. (D). O corpo negro é o melhor dos
cinética – o módulo da sua velocidade r
mantém-se. mv emissores e dos absorsores (absorve toda
B= = 1,3 × 10–3 T; B» tem a direção e o a radiação que nele incide).
19. (C). A velocidade tem componente na qr
direção perpendicular ao campo, o que sentido negativo do eixo dos zz. c) Como 3. (C). Lei de Stefan-Boltzmann, I = σT4; Lei
origina uma força magnética perpendicular mv m v de Wien: λT = B.
r= , tem-se, para o protão, rp = p e
simultaneamente à velocidade e ao campo qB qp B 4. (A). [Ver justificação da questão 3.]
magnético, o que origina um movimento 4mp v rião
para o ião rião = ⇒ = 2. 5. a) A: 6000 K, B: 5000 K, C: 4000 K,
circular uniforme. Mas a velocidade tem 2qp B rp D: 3000 K. b) Para o corpo A: a área por
também uma componente na direção 22. a) O ião, de massa m e carga q, com baixo da curva é maior para este caso.
do campo que se mantém ao longo do velocidade, v», perpendicular ao campo c) Pela Lei de Stefan-Boltzmann, I = σT4.
movimento, pois não há força nessa magnético, B», descreve um movimento Como a temperatura de 6000 K é dupla
direção. A combinação do movimento de 3000 K, a intensidade total da estrela
mv
circular uniforme com o movimento circular uniforme de raio r = . Sempre
qB a 6000 K é 24 vezes maior, ou seja, 16
retilíneo uniforme na direção do campo vezes maior. d) A cor não é a da radiação
magnético dá origem a um movimento que passa entre os dois «D», o ião é
acelerado pelo campo elétrico; assim, emitida com maior intensidade mas, sim, a
helicoidal com velocidade de módulo que resulta da mistura das várias cores na
constante. o raio da semicircunferência descrita
aumenta como consequência do aumento região visível das radiações emitidas pelos
20. a) i) Aponta para o lado de «lá» (notar corpos. O máximo da curva para o corpo
de velocidade. b) (A). A energia cinética
que o eletrão tem carga negativa). A situa-se no verde-azulado; mas como
aumenta sempre que o ião passa entre os
ii) Fm = |q|vB = 1,6 × 10–19 × 4,0 × 104 × 2,4 × há bastante emissão no vermelho, a cor
dois «D», mas é constante em cada uma
× 10–5 = 1,5 × 10–19 N. iii) A força magnética resultante vai ser amarela (um pouco mais
das semicircunferências. c) Aplicando a Lei
é a força centrípeta, pelo que esbranquiçado do que o Sol); o corpo B tem
Fundamental da Dinâmica, determina-se o
v2 2mv2 período, T, do movimento: uma tonalidade mais alaranjada; o corpo C
Fm = m , ou seja: d = = 1,9 × 10–2 m.
d/2 Fm v2 tem uma cor mais próxima do vermelho
πd Fm = man ⇒ qvB sin 90o = m ⇒ e o corpo D será levemente avermelhado
iv) O eletrão percorre a distância com r
2 (o máximo de emissão deste corpo situa-
2π r 2π m -se no infravermelho). e) Pela Lei de Wien,
velocidade de módulo v, pelo que o tempo ⇒ qBr = mv ⇒ qBr = m ⇒T= .
de permanência na câmara é T qB a temperatura absoluta é inversamente
πd A expressão anterior permite concluir que proporcional ao comprimento de onda
t= = 7,5 × 10–7 s. v) O trabalho da força o período não depende nem da velocidade da máxima emissão. Se E tem uma
2v
magnética é nulo, pois é igual à variação nem do raio do movimento, logo, a temperatura dupla, o seu comprimento
de energia cinética, que é nula. frequência também não depende dessas de onda é metade do de A, ou seja, cerca
b) A força resultante seria nula, tendo-se qBr de 300 nm.
grandezas. d) Como v = , segue-se que
E m 6. a) A intensidade total da radiação
Fm = Fe ⇒ |q|vB = |q|E, ou seja, v = . Para a energia cinética máxima é emitida é:
B
1 1 q2 B 2 R 2 I = σT4 = 5,67 × 10–8 × 3004 = 459 W m–2.
冢 冣
o eletrão manter a sua velocidade, o campo qBR
Ec = mv2 = m = . A potência é
2 2 m 2m
elétrico deverá ter intensidade P 1,00 × 105
v2 23. Como F = I ᐉ» × B», a força no troço 1, por P= = = 1,00 × 103 W. Como
E = vB = 0,96 V m–1 c) De qvB = m Δt 100
r unidade de comprimento, tem módulo P
mv F1 I = , A = 2,18 m–2. b) Pela Lei de Wien,
conclui-se que B = . Para se ter o = IB, é perpendicular ao papel e aponta A
qr
ᐉ λT = B, logo, λ = 9,66 × 10–6 m.
mesmo raio, a mesma velocidade, e sendo para «cá». No troço 2 a força é nula, pois o
igual o módulo da carga do eletrão e do 7. Afirmação falsa. De acordo com a Lei
campo tem a direção da corrente. No troço
protão, o novo campo magnético será de Stefan-Boltzmann, I = σT4 e 0 oC
3 a força por unidade de comprimento é
m correspondem à temperatura absoluta de
B' = p B = 4,3 × 10–2 T. O novo campo F3
273,15 K.
me = IB cos α, é perpendicular ao papel e
ᐉ B 2,898 × 10–3
deverá ter a mesma direção do anterior aponta para «lá». 8. a) Como λ = = , obtém-se
mas sentido oposto (perpendicular ao T 5778
papel mas apontando para «cá»). c
λ = 5,016 × 10–7 m e f = = 5,98 × 1014 Hz.
λ

299
b) A cor de um corpo devida à emissão que nos referimos à energia por unidade tivessem maior energia cinética máxima,
térmica resulta da sobreposição das de massa e não à energia total; esta é mas, como a fonte de luz incidente estava
radiações emitidas na região do visível. No obviamente maior para os animais maiores! mais afastada, era menos intensa, ou
caso do Sol, o máximo de emissão ocorre 14. São iguais. Se uma fosse maior do seja, arrancava menos eletrões ao metal
para a cor verde que, combinada com que a outra (em média), a temperatura do e a intensidade de corrente produzida era
o vermelho e o alaranjado que também planeta não se manteria aproximadamente menor.
aparecem com grande intensidade, resulta constante. 23. A – b, pois o potencial de paragem
na cor amarela. c) Seria vermelha. No é o maior em módulo; B – c; C – a, pois o
seu período de evolução, o Sol será uma potencial de paragem tem o mesmo valor
3.1.2 (pág. 241)
estrela mais fria e de maior dimensão, mas a corrente máxima é maior para a
passando então a ter a cor vermelha. Se o 15. (D). A emissão e absorção faz-se radiação mais intensa.
Sol fosse mais quente, seria uma estrela por quanta de energia, ou seja, de forma
esbranquiçada porque haveria menos descontínua, sendo a energia de cada hc E
24. (B). Sabe-se que E = nhf = n e P= .
radiação na região do vermelho e mais na quantum hf. λ Δt
região azul. Se a temperatura aumentasse Para o laser, a energia emitida por segundo é
16. (B). Um oscilador eletromagnético tem
mais ainda, o vermelho deixaria de Eλ
energia nhf, em que n é um número inteiro. 0,50 mJ, logo, n = = 1,6 × 1015 fotões/s.
aparecer, o que conferiria à estrela uma cor hc
azulada. Para a lâmpada, a energia por segundo é
3.1.3 (pág. 242) 100 J, mas, como a eficiência é apenas
9. A intensidade é I = 3,0 × 105 W m–2.
17. O efeito fotelétrico consiste na emissão 10%, a energia é 10 J, obtendo-se
Usando a Lei de Stefan-Boltzmann,
de eletrões de um metal por incidência n = 2,5 × 1019 fotões/s.
I = σT4, encontra-se para a temperatura
T = 1,5 × 103 K = 1,2 × 103 oC. de luz. Einstein explicou essa emissão 25. Como a luz ultravioleta tem frequência
Os microprocessadores têm de ser admitindo que a luz é constituída por maior do que a luz visível, os fotões de
arrefecidos para funcionarem. fotões, os quais, quando incidem num luz ultravioleta são mais energéticos,
metal, colidem com os seus eletrões, podendo arrancar eletrões às moléculas
10. a) Pela lei de Wien. transferindo-lhes energia. Esta energia tem
T dos constituintes da pele (ionização). Uma
700 de ser suficiente para arrancar o eletrão ao
λATA = λBTB ⇒ A = = 1,75. b) Pela fonte de luz ultravioleta, mesmo pouco
TB 400 metal e a restante aparece como energia intensa, pode ser perigosa; enquanto a
Lei de Stefan-Boltzmann, admitindo que as cinética do eletrão. radiação visível, ainda que mais intensa,
duas estrelas são corpos negros (ou, pelo 18. (A), (D), (E) e (F). A afirmação (B) é não tem energia suficiente para ionizar as
menos, que têm a mesma emissividade), falsa porque a energia cinética máxima moléculas.
IA σ T A4 7 2
IB
=
σ T B4 冢 冣
=
4
= 9,38.
dos eletrões ejetados apenas depende da
frequência dos fotões e da função trabalho
26. Nas figuras representam-se o gráfico
de dispersão e a reta de ajuste, assim como
do metal. A segunda parte da afirmação a equação respetiva:
11. A intensidade da radiação emitida é
(C) é falsa, pois o processo de emissão é y = 6,65 × 10–34 x – 3,59 × 10–19.
I = eσT4. Temperatura do objeto:
instantâneo; o tempo de exposição apenas Comparando com E máx. = h f – W, conclui-se
T = 273 + 30 = 303,15 K; temperatura c
determina o número de eletrões ejetados, que a constante de Planck é o declive da
do asfalto: T ’= 323 K; a razão entre as
não a sua energia cinética. reta (hexp = 6,65 × 10–34 J s) e a função
intensidades emitidas é
I eσT4 2 × 3234 19. (D). A grandeza física determinante trabalho é o módulo da ordenada na origem
= = = 2,6. para a ocorrência do efeito fotoelétrico é a
I' e'σT' 4 3034 (W = 35,9 × 10–20 J = 2,24 eV). A frequência
frequência da luz e não a sua intensidade mínima para haver efeito fotoelétrico neste
12. a) Como a temperatura do espaço (que apenas determina se há mais ou W
intergaláctico é muito baixa, a transferência menos fotões). metal é f0 = = 5,4 × 1014 Hz. O metal é
de energia por radiação do espaço para o h
E c o potássio.
astronauta é praticamente desprezável. 20. f = = 2,66 × 1015 Hz; como f = ,
h λ
Mas o mesmo já não acontece com a
transferência de energia do astronauta tem-se λ = 113 nm < 400 nm, portanto UV.
para o espaço (a temperatura dele é 307 K). 21. a) W = hfmín , donde
b) A intensidade da radiação é 252 J s–1 m–2. W hc
A energia perdida por segundo é 504 J. fmín = ⇔ λmáx. = = 5,83 × 10–7 m =
h W
c) Vai diminuindo porque ele transfere
energia para a vizinhança. d) Não, cada = 538 nm. Visível. b) E máx.
c
= hf – W =
vez se faz mais lentamente porque, se c
= h – W = 5,66 × 10–20 J = 0,35 eV.
ele transfere energia, a sua temperatura λ
diminui, mas, pela Lei de Stefan- 22. a) W = h fmín. = 3,18 × 10–19 J = 1,99 eV e
Boltzmann, como a temperatura é menor,
E máx. = hf – W , donde
a intensidade da radiação emitida é c

também menor. Logo, a temperatura E máx.


c
= 1,13 × 10–19 J = 0,71 eV. b) (A). A
diminui cada vez mais lentamente. intensidade da luz era maior e, portanto, 27. Para cada caso tem-se,
eram arrancados mais eletrões ao metal, 1
13. A energia (por unidade de massa) respetivamente, hf1 = mv 21 + W e
produzindo uma corrente de maior
perdida pelos animais de pequeno porte 2
intensidade, mas ficando os eletrões com
é maior do que a energia perdida pelos 1
a mesma energia cinética máxima. c) (D). hf2 = mv 22 + W. Subtraindo as duas
animais de maior porte, devido à sua maior 2
A luz incidente com maior frequência
área superficial (em proporção). Note-se equações membro a membro,
faria com que os eletrões arrancados

300
1 1 ii) e h é o declive da reta. b) Potássio, a que B 105
hf1 – hf2 = mv 21 – mv 22, pois a função = = 7,50 MeV ≈ 7,10 MeV.
2 2 corresponde a menor ordenada na origem A 14
trabalho é igual nos dois casos. em módulo (ou a que corresponde a menor 6. (D).
3mv 22 frequência para a emissão de um eletrão).
Como v1 = 2v2 , f1 – f2 = . c) Não há efeito fotoelétrico, pois 7. As reações químicas envolvem eletrões
2h de valência, havendo transformação
3,00 × 108
f= = 6,00 × 1014 Hz, que é de substâncias mas mantendo-se os
500 × 10–9 elementos químicos. As reações nucleares
3.1.4 (pág. 243)
inferior à frequência mínima para haver envolvem transformações de núcleos,
28. (C). emissão. d) i) Do gráfico pode ler-se podendo ou não haver formação de novos
fmín. = 1,75 × 1015 Hz. Logo, elementos químicos, e a energia envolvida
c é cerca de um milhão de vezes maior do
Questões globais (pág. 243) λmáx. = = 1,71 × 10–7 m.
fmín. que nas reações químicas.
29. (B). O comprimento de onda de máxima ii) W = hfmín. = 1,16 × 10–18 J, equivalente a
emissão é menor para uma estrela azul 1
do que para o Sol; logo, a temperatura 7,25 eV. iii) Como m v 2 = hf – W, vem 3.2.2 (pág. 264)
2 e
da estrela azul é maior.
2(hf – W ) 8. À medida que aumenta o número de
30. Diminui: I = eσ (T4 – T4amb), sendo T a v= = 6,0 × 105 m s–1.
me protões nos núcleos, as forças elétricas
temperatura da água e Tamb a temperatura iv) Para se formar uma mole de eletrões de repulsão aumentam mais do que as
exterior. Como T diminui, I também diminui teve de haver colisão de uma mole de forças nucleares fortes, que são atrativas
(até se anular quando T – Tamb). Portanto, fotões, ou seja 6,022 × 1023 fotões. mas têm menor alcance do que as forças
a potência transferida por unidade de área A energia cinética de um mole de eletrões é elétricas. A instabilidade manifesta-se
diminui. na emissão de partículas ou radiação,
1
m v 2 NA = (hf – W) NA = 6,022 × 1023 × 6,626 × designada por decaimento radioativo.
31. Tem-se I = eσ(T4 – T4amb) = 2 e
9. (A) Falsa; o núcleo formado pode ser
= 0,90 × 5,97 × 10–8 (3084 – 2984) = 59,9 W m–2. × 10–34 × (2,0 – 1,75) × 1015 = 9,98 × 104 J.
também radioativo. (B) Verdadeira; a
Em 60 segundos, a energia transferida por
radiação gama pode ser vista como a
unidade de área é 3,6 × 104 J m–2. emissão de um fotão, que é uma partícula
3.2 Núcleos atómicos
32. Catástrofe do ultravioleta foi a e radioatividade de luz. (C) Verdadeira; há sempre emissão
designação por que ficou conhecida a de partículas (logo diminuição de energia)
discrepância entre a curva para a radiação que têm energia cinética. O núcleo após
do corpo negro prevista pela teoria
3.2.1 (pág. 264) a emissão tem menor energia do que o
eletromagnética e a curva experimental. 1. A experiência de Rutherford permitiu núcleo inicial. (D) Falsa; na emissão gama
Essa discrepância ocorria na zona dos concluir que existia um núcleo atómico de não há alteração de elemento químico,
pequenos comprimentos de ondas (ou, carga positiva, com dimensão muito menor apenas um núcleo num estado excitado
equivalentemente, do ultravioleta). Esta do que o átomo, e onde estava concentrada passa para um estado de energia mais
«catástrofe» levou Planck a admitir a praticamente toda a massa deste. baixa. (E) Verdadeira; o número de protões
quantização da energia, o que permitiu não 2. Verdadeiras: A, C, D. Falsas: B; a e neutrões pode mudar mas não o número
só explicar essa discrepância como viria estabilidade nuclear deve-se à força forte. total. (F) Falsa: podem obter-se núcleos
a dar origem a uma nova teoria – a teoria 3. (C). A massa do conjunto dos nucleões radioativos artificiais em laboratório
quântica – que revoluciou a física. agregados num núcleo é menor do que através de reações nucleares.
33. Para que haja efeito fotoelétrico, a soma das massas desses nucleões 10. a) Gama, beta, alfa. b) Gama, beta,
1 separados, razão pela qual o núcleo é alfa. c) (D). Apesar de terem pequeno
m v2 = hf – W > 0, ou seja, a energia
2 e máx. estável. poder de penetração, as partículas alfa
do fotão tem de ser superior à função 4. A energia de ligação por nucleão é são muito energéticas, tendo um grande
8,04 MeV. Como o número de massa é 20, poder destrutivo das células nos seres
trabalho. Como, para a luz visível a energia de ligação é vivos.
4,0 × 1014 < f < 7,5 × 1014 (Hz), a energia do B = 8,04 × 20 = 160,8 MeV ou 11. O desvio é determinado pela razão
quantum de luz visível em eletrões-volt é B = 160,8 × 106 × 1,60 × 10–19 = 2,573 × 10–11 J. carga/massa, pela velocidade e pela
1,66 < hf < 3,11(eV). Podem ser escolhidos Como intensidade do campo magnético, pois o
o bário e o lítio. ΔE raio da trajetória circular descrita é dado
Δm = 2 , obtém-se Δm = 2,859 × 10–28 kg
34. a) i) Da sua frequência. ii) Do número c mv
de fotões com energia superior à função por R = . Para partículas com a mesma
ou Δm = 0,172 u. qB
trabalho do metal em que incidem. b) Na
5. a) (C). Para desagregar o núcleo é velocidade sujeitas ao mesmo campo
ideia da quantização da energia de Planck:
necessário fornecer a energia Δm c2, que é magnético, sofre maior desvio (ou seja, tem
a radiação existe em quantidades discretas,
maior para o nitrogénio do que para o hélio. menor raio a trajetória circular) a partícula
os fotões, e a energia de um fotão é dada
b) Hélio: de menor relação massa/carga, que, neste
pela relação de Planck, E = hf. c) Porque
Δm = 0,030377 u = 5,04422 × 10–29 kg; caso, é a emissão beta (menor carga mas
a luz pode apresentar comportamento de
ΔE = Δmc2 = 4,54 × 10–12 J = 28,4 MeV. muito menor massa do que as alfa).
partícula ou de onda, ou seja, tem uma
Nitrogénio: 12. (A). Na emissão alfa, o novo núcleo tem
natureza dual.
Δm = 0,11235 u = 1,8656 × 10–28 kg; menos quatro nucleões do que o original
35. a) Como Ec,máx = hf – W, i) o módulo da ΔE = Δmc2 = 1,68 × 10–11 J = 105 MeV. (na emissão beta, o número de nucleões
ordenada da origem é a função trabalho; B 28,4 no núcleo original e no final é o mesmo).
c) Hélio: = = 7,10 MeV; Nitrogénio:
A 4

301
238 234
13. a) 92 U→ 90 Th + α (partícula alfa); ao fim de 10 h há metade dos núcleos, ao do corpo e aí permanecer muito tempo,
234
Th → 234 – partícula beta menos
Pa + β – + ν fim de 20 h há um quarto e ao fim de 30 h há destruindo os tecidos nessa região.
90 91
um oitavo. Como 1/8 equivale a 12,5%, então 28. Resposta aberta (o «lixo atómico» é
e antineutrino). b) É o núcleo 234
91 Pa, porque decaíram 87,5% dos núcleos iniciais. material radioativo produzido nas centrais
após o decaimento radioativo formam-se nucleares, laboratórios e hospitais, e que
A
núcleos mais ligados, ou seja, com maior 24. Como A(t) = A0e–λt ou = e–λt, então
A0 deixa de ter utilidade, mas é necessário que
energia de ligação por nucleão, mais seja devidamente guardado por constituir
estáveis. 124 124
= e–λ 4 × 60 ou ln = –240 λ, um risco para as os seres vivos).
–.
14. a) 3 H → β – + 3 He + ν 1300 1300
1 2 A
39
donde λ = 0,00979 min . Como
–1
29. Como A(t) = A0 e–λt ou = e–λt e
b) 20 Ca → β + + 39 60 60
19 K + ν. c) 27 Co* → 27 Co + γ . A0
ln 2
(o asterisco indica um núcleo num estado T1/2 = = 70,8 min = 1,2 h. ln 2
λ λ= = 0,00630 min–1 então
excitado). d) 210 206 4
84 Po → 82 Pb + 2 He.
110
25. a) Da expressão A = A0e–λt resulta A A
15. (B). A reação nuclear para este A = e–0,00630 × 6,0 × 60 ou = 0,10 = 10%.
冢 冣
A
decaimento é 2661 61
Fe → 27 Co +β + + ν = e–λt ou ln 0 = λt. b) Se fizermos A0 A0
A0 A
(o cobalto-61 tem mais um protão e menos A0
um neutrão do que o ferro-61). y = ln冢 冣A
, a expressão toma a forma Questões globais (pág. 267)
y = λt, ou seja, graficamente a representação 30. a) 239
94
Pu + 10n → 97
39
Y + AZ X + 510n; por isso,
3.2.3 (pág. 265) de y em função de t é uma reta. A partir 239 + 1 = 97 + A + 5 e 94 = 39 + Z, logo,
235
dos dados fornecidos, constrói-se a tabela. A = 138 e Z = 55. O elemento X é o
16. a) Sendo 92 U + 01 n → 144
56 Ba + mn X + 3 01n, césio. b) Fissão nuclear. c) A soma das
t /dias 0 1 2 3 4
tem-se 235 + 1 = 144 + n + 3 e 92 = 56 + m, massas dos núcleos que se formam depois
logo, n = 89 e m = 36. b) Reação de cisão A0 de processos de fissão (ou de fusão)
nuclear; ocorre nos reatores das centrais y = ln 冢A冣 0,000 0,166 0,333 0,498 0,665 nuclear é menor do que a massa total dos
nucleares que geram eletricidade. núcleos iniciais. Esta diferença de massa
O gráfico da função y = λ t é uma reta de é equivalente à energia que se liberta
17. 21 H + 11 p → 32 He + γ
declive λ = 0,166 d–1. O tempo de meia-vida na reação, de acordo com ΔE = Δmc 2, e
18. (D). As chamadas bombas atómicas ln 2 que aparece como energia cinética dos
usam reações de fissão nuclear, ou seja, é T1/2 = = 4,18 dias. produtos finais e como radiação. Nas
λ
reações em que núcleos pesados são reações nucleares conserva-se a energia:
cindidos. a energia inicial (que inclui a massa dos
3.2.5 (pág. 266) reagentes) é igual à energia final (que
3.2.4 (pág. 266) 26. Deve ter um poder ionizante baixo, para inclui a massa dos produtos). d) Ao fim de
não danificar as células, e poder penetrante um tempo médio de vida, resta metade
19. (C). Como a meia-vida é o tempo ao fim
elevado; por isso, a radiação gama é a dos núcleos iniciais; ao fim de dois tempos
do qual a atividade se reduz a metade, ao
mais conveniente. Além disso, o seu médios de vida, resta 1/4; ao fim de três
fim de 3 dias reduziu-se 23 = 8 vezes.
tempo de meia-vida deve ser curto para tempos médios de vida, resta 1/8; ao fim de
198
Au → β – + 198 – quatro tempos médios de vida, resta 1/16;
20. a) 79 80 Hg + ν. não permanecer no doente. Mas nem todo
ln 2 o decaimento se faz dentro do corpo do por isso, é ao fim de 4 × 2,4 × 104 anos =
b) Como λ = = 0,26 d–1, logo, = 9,6 × 104 anos.
2,7 doente, pois ele vai eliminando os núcleos
A(7) = 7,0 e–0,26 × 7 = 1,1 MBq. radioativos através do seu metabolismo 31. (D). A massa total dos núcleos
(transpiração, urina, fezes); este fator, resultante tem de ser menor do que a
ln 2 eliminação mais rápida do organismo, é massa total inicial quando se liberta
21. a) Como A(t) = A0e–λt e = 0,0485 d–1,
T1/2 também importante na escolha desses energia, pois à energia libertada
A núcleos. O tempo de meia-vida pode até corresponde uma massa equivalente e a
então = e–0,0485t; se decresce 5%, ainda
A0 nem ser muito pequeno, mas, se houver massa-energia conserva-se.
uma eliminação rápida do organismo, o 32. a) Partículas alfa, 42He (o número
fica 95%, logo, 0,95 = e–0,0485t; vem, então, núcleo é apropriado para diagnóstico.
ln 0,95 = –0,0485 t e, portanto, atómico diminui duas unidades e o de
Algumas fontes radioativas mais usadas massa quatro unidades). b) São defletidas
t = 1,06 d = 25,4 h. b) 32 32 –
15 P → β + 16 S + ν.

são o iodo-131 (tempo de meia-vida de 8 pelo campo magnético, descrevendo uma
dias) e o tecnécio-99 (tempo de meia-vida mv
22. Sabe-se que m = nM =
N
M (n é a de 6 h). Este último usa-se no diagnóstico trajetória circular de raio R = .
NA qB
de doenças em várias partes do corpo
quantidade de matéria, M a massa molar e c) O casal Frédéric Joliot e Irène Joliot-Curie.
humano.
NA a constante de Avogadro). Então, 33. a) Como tem um tempo de meia-vida
27. Não é perigoso transportar a amostra
M mais elevado, protege durante mais tempo
m= N, ou seja, a massa é diretamente na mala por o poder penetrante ser
NA a integridade dos alimentos. b) Não, porque
fraco, mas é muito perigoso ingerir a
têm um poder ionizante maior e causariam
proporcional ao número de átomos. Logo, amostra. As amostras radioativas devem
transformações nos alimentos. c) Como
também se pode escrever m(t) = m0e–λt. ser consideradas perigosas e a sua
ln 2 A
ln 2 manipulação requer alguns cuidados. A(t) = A0 e–λt e λ = , então = e–0,13t;
Como λ = = 0,231 d–1 e 48 h = 4 d, vem T1/2 A0
T1/2 Apesar de a radiação alfa ser a menos
penetrante, as fontes alfa são, em geral, as como resta 20%, tem-se 0,20 = e–0,13t, vem
m(2) = 18,0 e–0,231 × 2 = 11,3 g.
de maiores tempos médios de vida e, uma ln (0,20) = –0,13t e t = 12,4 anos.
23. O tempo de meia-vida é 10 h, por isso, vez ingeridas, podem alojarse numa parte d) Resposta aberta.

302
ÍNDICE REMISSIVO
Aceleração, 15, 20 Espetrómetro de massa, 207 Neutrão, 89, 108, , 158, 246, 253, 254,
Atividade de uma amostra radioativa, Experiência de Millikan, 158, 166, 234 256
259 Experiência de Rutherford, 246, 256 Núcleo, 160, 211, 226, 246-252, 254, 257
Aurora polar, 205 Experiência de Thomson, 158, 210
Para-raios, 170
Blindagem eletrostática, 169 Fluido, 106 Partícula, 8-10, 13
Força centrípeta, 19, 22 Partículas alfa, 254
Campo elétrico, 162-164, 167, 168 Força de atrito, 46-51 Partículas beta, 254
Campo gravítico, 145-147, 149 Força de Laplace, 213 Pêndulo gravítico, 54
Campo magnético, 199, 206, 212 Força de Lorentz, 206 Período de semidesintegração, 259
Capacidade elétrica, 179-181 Força de pressão, 112, 116, 121 Permitividade elétrica, 160, 180
Carga elementar, 158 Força elétrica, 159, 161-163, 166, 171, Peso, 27, 30, 36, 46
Catástrofe do ultravioleta, 231 175, 201, 206 PET, 262
Cavendish, 143 Força gravítica, 83, 136, 142-145 Posição, 8-13, 27
Centro de massa, 8, 51, 79-81 Força magnética, 206, 212, 213 Positrão, 158, 253, 254
Ciclotrão, 211 Força nuclear forte, 246 Potencial elétrico, 171-175, 179
Cisão nuclear, 250, 257 Força nuclear fraca, 255 Pressão, 106-110, 113, 116, 117
Coeficiente de atrito cinético, 47, 49 Fusão nuclear, 256, 257 Princípio da Conservação da Carga, 158
Coeficiente de atrito estático, 47, 49 Projéteis, 30-33
Coeficiente de restituição, 96, 97 Gaiola de Faraday, 169 Protão, 89, 108, 158, 161, 246, 247, 253,
Colisões elásticas, 92 Geiger, 262 257
Colisões inelásticas, 93 Gerador de Van de Graaff, 168, 169
Componente tangencial da aceleração, Radiação, 227-231, 235, 238, 251
19, 21 Impulsão, 121-125 Radiação alfa, 252-254
Componente normal da aceleração, 19, Isótopos, 209, 247, 251, 258 Radiação beta, 89, 252-254
22 Radiação gama, 252-254
Condensador, 166, 179 Lei da Conservação do Momento Linear, Radiação ionizante, 262
Condensador plano, 180 88 Radioatividade, 246, 251-254
Constante de gravitação universal, 142, Lei da Gravitação Universal, 138- Radioisótopos, 251, 260, 262
143 -143, 159 Raio de curvatura, 22, 41-43
Constante de tempo de um condensador, Lei de Arquimedes, 106, 121 Raios X, 166, 251
182 Lei de Coulomb, 159-162
Corpo negro, 227,228 Lei de Decaimento Radioativo, 259 Seletor de velocidades, 206-208
Lei de Deslocamento de Wien, 230 Superfícies equipotenciais, 171,
Decaimento radioativo, 251, 253 Lei de Pascal, 118, 119 174-176, 185
Densidade relativa, 107 Lei de Stefan-Boltzmann, 227-229
Deslocamento, 13 Leis de Kepler, 139, 140 Tempo de meia-vida, 259-262
Diferença de potencial, 176, 180 Lei do Movimento, 10 Tensão, 36, 39, 53 54, 181, 186, 212
Distância percorrida, 13 Lei Fundamental da Hidrostática, 113- Trajetória, 8, 11-13, 17, 21, 23, 27, 30, 37,
Dualidade onda-corpúsculo, 238 116, 118 84, 148, 171, 201
Linhas de campo, 145, 147, 149, 163, Tubo de raios catódicos, 177
Efeito das pontas, 170 168, 174-176, 185, 204
Efeito fotoelétrico, 317-322 Unidade de massa atómica unificada,
Einstein, 136, 292, 301, 307, 310, 320 Magnetismo, 198, 248
Eletroscópio, 178 Massa volúmica, 107-109
Emissividade, 229 Maxwell, 198, 231, 232 Velocidade, 13, 14, 17, 23, 199
Energia de ligação nuclear, 247-249 Momento linear, 85- 89, 93, 96, 253 Velocidade de escape, 150
Energia potencial elétrica, 171-173 Movimento retilíneo e uniforme, 28, 203 Velocidade de um satélite em órbita,
Energia potencial gravítica, 148, 149, 151 Movimento uniforme, 11, 23, 30, 141 150
Equilíbrio eletrostático, 167-170, 179 Movimento uniformemente variado, 11, Velocidade média, 13, 14, 23
Equivalência energia-massa, 247 23, 30 Velocidade terminal, 125, 127, 128

303
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