12F - Manual
12F - Manual
Manuel Fiolhais
Carlos Fiolhais
José António Paixão
Rogério Nogueira 12.º ano
Carlos Portela Física
2 2
1
1.2.4 Lei da Conservação do Momento
Linear. Colisões 88
Resumo 95
AL 1.3 Colisões 96
MECÂNICA + Questões 98
2
e considerações energéticas 53
Resumo 57
6
1.1 CINEMÁTICA E DINÂMICA
DA PARTÍCULA A DUAS
DIMENSÕES
No nosso dia a dia vemos movimentos por todo o lado. Por isso é importante
analisá-los, sendo a cinemática o domínio da mecânica que os estuda sem se
preocupar com as causas que os originam ou que os alteram.
Como já sabemos, são as interações entre os corpos, descritas por forças,
que permitem explicar a origem e as alterações dos movimentos. A parte da
mecânica que estuda a relação entre as forças que atuam num corpo e as carac-
terísticas do seu movimento é a dinâmica.
Tal como no 11.o ano, analisaremos movimentos de corpos que se possam
reduzir ao seu centro de massa (ou seja, a uma partícula) usando grandezas
cinemáticas como a posição, o deslocamento, a velocidade e a aceleração.
8
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
y
r
ey Fig. 2 Movimento curvilíneo descrito pelo
0 ex x x centro de massa de um carrinho numa
pista e respetivo vetor posição, r», definido
por duas coordenadas cartesianas, x e y,
r» = x e»x + y e»y e pelos dois vetores unitários e»x e e»y .
r r r
r
r
Fig. 4 Representação estroboscópica
r
do movimento de uma partícula com trajetória
r curvilínea: os vetores posição são representados
a intervalos de tempo iguais.
x
9
1. MECÂNICA
A posição, como qualquer grandeza vetorial, pode ser indicada pela respetiva
expressão vetorial, r»(t), ou pelas projeções escalares das componentes do vetor
(x, y e z).
Posição, r»
r = 兩r»兩 = 3x 2 + y 2 + z 2
e indica a distância da partícula à origem do referencial (este módulo não é
Movimento curvilíneo: pode ser descrito suficiente para definir a posição, pois vetores diferentes podem ter o mesmo
como a composição de movimentos módulo).
retilíneos.
10
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
A equação da trajetória de uma partícula obtém-se a partir das equações Equação da trajetória: obtém-se
paramétricas do movimento por eliminação do parâmetro t. a partir das equações paramétricas
por eliminação da variável tempo, t.
No exemplo da Fig. 6, se as equações paramétricas forem x(t) = 10t e
y(t) = 5 – 5t2, extraindo o parâmetro t na equação x(t) e substituindo-o na equa-
2
冢 冣
ção y(t) obter-se-á y = 5 – 5 x , o que indica que a trajetória é uma parábola.
10
11
1. MECÂNICA
Questão resolvida 1
y y
r»c
rr
x x
15 cm 20 cm 15 cm
A figura mostra um modelo de uma pista de comboios, a) Pela figura, observa-se que o ângulo que o vetor r»r faz
uma locomotiva e nos centros dos troços circulares com o eixo dos xx é 45o. Como o raio da trajetória semi-
dois bonecos: um cavalo e um rapaz. No instante da circular é 0,15 m, no referencial com origem no rapaz as
fotografia, o centro de massa da locomotiva tinha aca- coordenadas são iguais:
bado de descrever um quarto do semicírculo. Conside- y = x = 0,15 cos 45o + 0,11 m
re dois referenciais com origens no cavalo e no rapaz; As coordenadas nos eixos dos yy são iguais em ambos os
referenciais. Então:
eixo dos xx com direção da linha que une o cavalo e o
r»r = 0,11 e»x + 0,11 e»y
rapaz, com sentidos positivos do cavalo para o rapaz;
e
eixos dos yy perpendiculares aos eixos dos xx no plano
r»c = (0,11 + 0,20) e»x + 0,11 e»y = 0,31 e»x + 0,11 e»y
da pista e com sentido para cima.
b) Para obter a equação da trajetória deve extrair-se o
a) Para o instante da figura, escreva as expressões tempo, t, das equações. Como neste caso as equações
cartesianas dos vetores posição do centro de massa paramétricas têm cossenos e senos, é conveniente
da locomotiva em cada um dos referenciais. recordar que 1 = sin2 θ + cos2 θ.
Modificando as expressões das coordenadas paramétri-
b) Considerando o referencial com origem no cavalo,
cas, obtém-se:
durante um certo intervalo de tempo as equações
y 0,20 – y
paramétricas do movimento do centro de massa da = cos 2t e = sin 2t
0,15 0,15
locomotiva são: 2 2
冢 冣 冢 冣
x 0,15 – y
logo, = cos2 2t e = sin2 2t
x = 0,20 + 0,15 sin 2t e y = 0,15 cos 2t 0,15 0,15
ou
Encontre a equação da trajetória para este intervalo
2 2
de tempo.
冢 冣 冢 冣 ⇔ 0,15
0,20 – y x 2
1= + = (0,20 – y)2 + x2
0,15 0,15
QUESTÕES p. 64
12
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
O deslocamento de uma partícula, simbolizado por Δr», descreve a variação Deslocamento, Δr» : vetor com origem
da sua posição num dado intervalo de tempo. Se ela se mover de uma posição A na posição inicial e extremidade
na posição final da partícula.
para uma posição B, o deslocamento será um vetor com origem em A e extremi-
Tem-se s = |Δr»| apenas se o movimento
dade em B (Fig. 8). Se traçarmos os vetores posição de A, r»A, e de B, r»B, a regra da
for retilíneo e sem inversão de sentido.
soma de vetores permitirá escrever r»B = r»A + Δr», que é equivalente a:
y A
s
A velocidade média de uma partícula, v»m , é o quociente entre o seu desloca- Velocidade média, v»m: indica a rapidez
com que uma partícula muda de posição
mento entre duas posições e o correspondente intervalo de tempo:
num dado intervalo de tempo. Tem
a direção e o sentido do deslocamento.
⌬r»
v»m =
⌬t
Esta grandeza indica se a partícula muda mais ou menos rapidamente de
posição num dado intervalo de tempo. Como Δt tem sempre um valor positivo, a
direção e o sentido da velocidade média são as do vetor deslocamento.
y A ∆r B
∆r B
rA Fig. 9 O deslocamento Δr» torna-se cada
rB ∆r vez menor à medida que B se aproxima
B de A e apoia-se numa reta secante
à trajetória. Quando B se aproxima muito
de A, Δr» tende a ficar sobre a reta
tangente à trajetória em A.
x
13
1. MECÂNICA
O deslocamento Δr» = r»B – r»A é cada vez menor, assim como o intervalo de
tempo Δt = tB – tA. Quando o ponto B se aproxima tanto de A que praticamente
coincide com ele, ou seja, quando o intervalo de tempo, Δt, é praticamente zero
(o que se exprime matematicamente por Δt " 0) a velocidade média dá lugar à
velocidade instantânea ou, simplesmente, velocidade.
dr»
v» =
dt
Ou seja, a velocidade é a derivada temporal do vetor posição (a derivada de
df
uma função f(t), em ordem à variável t, representa-se por f’(t) ou por ).
dt
Na Fig. 9 (página 13) verifica-se que os vetores deslocamento se apoiam em
retas secantes à curva. Mas, quando B está muito próximo de A, essas retas
secantes tendem para a reta tangente à curva em A. Por isso a velocidade é um
vetor tangente à trajetória (Fig. 10), que aponta no sentido em que a partícula se
move. O módulo da velocidade, v = 兩v»兩, indica a rapidez da partícula.
y
A v
dr» dx dy dz
v» = = e» + e» + e»
dt dt x dt y dt z
df
f (t) = k =0 Por isso, a velocidade é uma função do tempo e escreve-se na forma
dt
14
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Questão resolvida 3
O movimento de um inseto é descrito pelas seguintes a) Qual é a velocidade média no terceiro segundo de
equações paramétricas: movimento?
Δr»
a) A velocidade média é v»m = . O terceiro segundo de No instante t = 1 s, as componentes escalares da velo-
Δt
movimento corresponde ao intervalo [2, 3] s e, por isso, cidade tomam os valores: vx = −4 m s–1, vy = 1 m s–1 e
Δr» = r»(3) – r»(2). vz = 2 m s–1 e o seu módulo é
Ora r»(3) = 10 e»x + 2 e»y + 6 e»z (m) e r»(2) = –3 e»x + 4 e»y + 4 e»z (m) v = √(–4)2 + 12 + 22 = 4,6 m s−1
Logo, Δr» = r»(3) – r»(2) = 13 e»x – 2 e»y + 2 e»z (m)
c) No instante em que for maior a velocidade instantânea.
A velocidade média é o quociente deste deslocamento
Em t = 2 s, as suas componentes escalares tomam os
pelo intervalo de tempo, que é 1 s.
valores:
Logo, v»m = 13 e»x – 2 e»y + 2 e»z (m s−1), sendo o seu módulo
vx = 4 m s−1, vy = −1 m s−1 e vz = 2 m s−1
igual a 13,3 m s−1.
dx dy dz O módulo é v = √42 + (–12) + 22 = 4,6 m s−1.
b) Como vx = , v = e vz = , aplicando as regras de
dt y dt dt
Como o módulo da velocidade neste instante é o mesmo
derivação obtém-se
que no instante anterior, a posição do inseto está a variar
vx = 6t2 – 10 t (m s−1), vy = –2t + 3 (m s−1) e vz = 2 m s−1 com igual rapidez nos dois instantes.
A aceleração média num dado intervalo de tempo é o quociente entre a Aceleração média, a»m: indica
variação de velocidade e o respetivo intervalo de tempo: a rapidez com que uma partícula muda
de velocidade num dado intervalo
de tempo.
⌬v»
a»m =
⌬t
O vetor Δv» entre duas posições A e B pode ser obtido geometricamente por
uma soma de vetores (Fig. 11), pois Δv» = v»B – v»A = v»B + (–v»A).
y
vB
B −vA
∆v vB
15
1. MECÂNICA
Aceleração, a»: é a derivada temporal Para conhecer a aceleração num dado instante, procedemos como fizemos
do vetor velocidade. na determinação da velocidade instantânea: partimos da definição de acelera-
Indica a rapidez com que a partícula muda
ção média e consideramos o ponto B tão próximo quanto possível de A (Fig. 11,
de velocidade num dado instante.
É um vetor que aponta sempre para página 15), isto é, Δt " 0. A aceleração instantânea ou, simplesmente, acele-
o interior da curva descrita. ração, é expressa por
Δv»
a» = lim
Δt " 0 Δt
ou
dv»
a» =
dt
sendo:
a
v
a
v
a
a v
a
Fig. 12 Vetores velocidade e aceleração v
num movimento curvilíneo acelerado. v
16
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Atividade 1
É através da visão que nos apercebemos do movimento e Existem programas específicos com a finalidade de anali-
identificamos algumas das suas características. Porém, sar movimentos em vídeo e criar as correspondentes fun-
o nosso sistema visual, que inclui os olhos, o nervo ótico ções matemáticas como, por exemplo, o Tracker – Video
e o cérebro, tem limitações. Por exemplo, não é possível Analysis and Modeling Tool (http://physlets.org/tracker/).
distinguir duas imagens quando o intervalo de tempo que Registe em vídeo um movimento e faça a sua análise
as separa é inferior a 0,1 s. E as imagens ficam-nos na com, por exemplo, o Tracker.
memória, podendo ser recordadas mas não analisadas.
Antes de produzir o vídeo, não se esqueça de que a aná-
Atualmente, existe uma variedade de dispositivos que lise de movimentos em vídeo também é limitada e que
podem gravar imagens e vídeos, como câmaras fotográ- a produção do vídeo deve obedecer a alguns cuidados e
ficas, telemóveis, câmaras em computadores, etc. Os requisitos. Por exemplo, estará a câmara em movimen-
vídeos registados por estes dispositivos podem ser anali- to? Quantas dimensões do movimento podem ser anali-
sados repetidamente. sadas? Qual é a melhor perspetiva para filmar? São ne-
cessários fundos contrastantes com os objetos? Quais as
O vídeo é um registo de imagens tomadas a intervalos de
características das câmaras de filmar (resolução, núme-
tempo regulares e, conhecida a escala das imagens, ne-
ro de fotogramas por segundo, velocidade de abertura)
las podem identificar-se posições. Logo, podem obter-se
mais adequadas a cada situação? Partindo de posições
posições em função do tempo.
e tempos, de que forma o software calcula velocidades?
17
1. MECÂNICA
Questão resolvida 4
x y vx vy
t t t t
QUESTÕES p. 65
Δv» v»(1) – v»(0)
c) A aceleração média é a»m = =
Δt 1
Mas v»(1) = –20e»x + 10e»y (m s–1) e v»(0) = –20e»x – 2e»y (m s−1). Por isso,
18
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
F v
v v
D
v C Fig. 14 Movimento de uma patinadora
B E
e trajetória do seu centro de massa entre
v os pontos A e F, onde se notam variações
da velocidade, tanto em módulo como
v em direção.
A
Efeito da força resultante na velocidade do centro de massa de um corpo Fig. 15 Efeito da força resultante
na velocidade.
F»R tem a direção de v»: F»R não tem a direção de v»:
a trajetória é retilínea. a trajetória é curvilínea.
O movimento será acelerado, Se F»R e v» forem perpendiculares, o movimento
se F»R e v» tiverem o mesmo será uniforme; será acelerado se fizerem um
sentido, ou retardado se tiverem ângulo inferior a 90o; será retardado se esse
sentidos opostos. ângulo for superior a 90o.
Num movimento curvilíneo, como o vetor aceleração está dirigido para o in-
terior da curva, pela Segunda Lei de Newton, F»R = ma», concluímos que o mesmo
acontece com o vetor força resultante, F»R , pois este tem a direção e o sentido Fig. 16 Componente tangencial
e componente normal da força
da aceleração. Por vezes, é conveniente decompor a força resultante em duas resultante e respetivos efeitos
componentes (Fig. 16). na variação da velocidade.
19
1. MECÂNICA
Note-se que a força centrípeta não é uma força nova que surge nos movi-
mentos curvilíneos, mas simplesmente a componente normal da força resultante!
Componentes da aceleração
Componente normal da aceleração, a»n (ou componente
Componente tangencial da aceleração, a»t:
centrípeta, a»c): relaciona-se com a variação da direção da
relaciona-se com a variação do módulo da velocidade.
velocidade.
v
v C
at
an
B
v
B an
A an
v
at v
A
É tanto maior quanto mais rapidamente variar o módulo da É tanto maior quanto mais rapidamente variar a direção da
velocidade. velocidade (maior em B do que em C).
É diferente de zero desde que o módulo da velocidade varie, É diferente de zero em movimentos curvilíneos, pois há
quer o movimento seja retilíneo ou curvilíneo. variação da direção da velocidade.
É zero em movimentos uniformes, retilíneos ou curvilíneos, pois É zero em movimentos retilíneos, pois a direção da velocidade
o módulo da velocidade é constante. é constante.
20
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
v
at
C θ a
an
v
at
θ a
B
an
an
v θ Fig. 18 A aceleração, a», é a soma vetorial
da componente tangencial, a»t,
a e da componente normal, a»n, em qualquer
A ponto da trajetória. A velocidade é sempre
tangente à trajetória.
at
at = a cos
Note-se que, se o ângulo for maior do que 90°, a componente tangencial da
aceleração será negativa, o que significa que o movimento será retardado.
21
1. MECÂNICA
v2
an =
r
em que o símbolo r representa o raio de curvatura (e não módulo da
posição!).
an = a sin
22
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
en a
a»= a t e»t + a n e»n
an
»
Posição: r(t)
v» e F»R v» e F»R
têm a têm a» = a»t + a»n ⇔ a» = at e»t + an e»n a = at2 + an2
mesma direções
direção diferentes
dv v2
at = an =
dt r
at = 0 at = constante an = 0 an ≠ 0
23
1. MECÂNICA
Questão resolvida 5
Uma bola atirada num plano inclinado moveu-se, rela- c) Partindo da determinação do ângulo entre a veloci-
tivamente a um sistema de eixos, de acordo com as se- dade e a aceleração, calcule as componentes tangen-
guintes equações paramétricas: cial e normal da aceleração.
x = 0,02 + 0,17t – 0,030t2 e y = 0,04 + 0,31t – 0,12t2 (SI) d) Determine o raio de curvatura da trajetória da bola
a) Determine as componentes escalares da velocidade e para o instante t = 0,6 s.
da aceleração no instante t = 0,6 s. e) Visualize o gráfico do módulo da velocidade na cal-
b) Apresente um esboço dos vetores velocidade e acele- culadora gráfica. Usando as funções para cálculo da
ração no instante t = 0,6 s. Use um sistema de eixos derivada num ponto, determine a componente tan-
paralelo ao inicial com origem na posição da bola gencial da aceleração no instante t = 1,2 s. Calcule
nesse instante. Conclua qual foi o tipo de movimento ainda a componente normal da aceleração.
da bola nesse instante.
QUESTÕES p. 66
24
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Num referencial cartesiano fixo, cujos vetores unitários são e»x , e»y e e»z , a
Segunda Lei de Newton pode ser escrita usando as componentes escalares da
força resultante, F»R , e da aceleração a». A equação vetorial será
Equações das
componentes escalares F»y
num referencial fixo:
e»z F»x N
Fx = max Fa
e»y y
e»x
Fy = may P
P
x
Fz = maz P
Numa situação concreta, as equações escalares serão apenas uma ou duas, Fig. 25 Corpo sujeito a forças de direção
se o movimento for a uma ou a duas dimensões, respetivamente. constante.
25
1. MECÂNICA
a» = at e»t + an e»n
Equações das
componentes escalares
num referencial ligado
à partícula: y
ez
Ft = m at Fn Ft
en
Fn = m an x
et
Fz = 0
Questão resolvida 7
QUESTÕES p. 67
26
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Um corpo no qual atua uma mesma força resultante pode adquirir movimen-
tos com trajetórias diferentes. A razão está no facto de, apesar de a força re-
sultante ser a mesma, as condições iniciais – ou seja, a posição e a velocidade
iniciais – serem diferentes.
Fig. 28 Imagem estroboscópica de uma atleta
Vejamos o exemplo de uma bola que roda, presa a um fio, numa trajetória
num salto: o centro de massa, sujeito a uma
circular num plano vertical. Suponhamos desprezável a resistência do ar. Se força constante (peso), descreve uma trajetória
o fio romper, como a bola tem uma certa velocidade no instante da rutura, ela curvilínea.
passará a ter um movimento em queda livre pois a única força que nela atua
será o seu peso. Contudo, a forma da trajetória que a bola descreverá vai depen-
der da posição no instante de rutura do fio, pois em diferentes posições existirão
diferentes velocidades do centro de massa da bola, como se mostra na Fig. 29.
Note-se que corpos com a mesma velocidade inicial mas sujeitos a uma força
resultante diferente também descrevem trajetórias diferentes, ou seja, a traje-
tória depende simultaneamente da força resultante e da posição e velocidade
iniciais.
v
≈
C
≈
≈ v
B
v
A
A velocidade inicial da bola tem direção A velocidade inicial da bola tem direção A velocidade inicial da bola tem direção
horizontal e o seu peso tem direção vertical: oblíqua e o seu peso tem direção vertical: a vertical, tal como o seu peso: a trajetória
a trajetória em queda livre é curvilínea. trajetória em queda livre é curvilínea. em queda livre é retilínea.
27
1. MECÂNICA
Questão resolvida 8
28
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Uma boa escolha do sistema de eixos facilita a escrita destas equações. Por
regra, o mais simples é escolher um eixo com a direção da velocidade ou com a
direção da força resultante.
A resolução do sistema de equações paramétricas permite concluir que um Trajetória parabólica: trajetória
movimento plano de uma partícula sob a ação de uma força resultante constan- descrita pelo centro de massa
de um corpo sob a ação de uma força
te faz-se ao longo de uma trajetória parabólica.
resultante constante.
Questão resolvida 9
Um objeto de 500 g desliza sobre o tampo de uma mesa constante de 10 N que faz 30o com a velocidade. Indique
horizontal onde o atrito é desprezável. Quando se encon- as equações paramétricas do movimento após a força
tra na posição r» = 2,0 e»x + 3,0 e»y (SI), num referencial liga- começar a atuar e determine o módulo da velocidade ao
do ao tampo da mesa, e a velocidade é 2,0 m s−1 dirigida fim de 1,0 s da atuação da força.
no sentido positivo do eixo dos xx, fica sujeita a uma força
jetória da figura.
Componentes escalares da força resultante: Substituindo nas equações
Fx = F cos 30o e Fy = F sin 30o 1 1
x = x0 + v0xt + a t2 e y = y0 + v0yt + axt2
2 x 2
Componentes escalares da aceleração:
e derivando em ordem ao tempo, obtém-se, no SI:
F cos 30o F sin 30o
ax = = 17 m s–2 e ay = = 10 m s–2 x = 2,0 + 2,0t + 8,5t2 e y = 3,0 + 5,0t2
m m
(movimentos uniformemente variados nas direções x e y). vx = 2,0 + 17t e vy = 10t
29
1. MECÂNICA
ax = 0 e ay = –g vx vx vx vx
y Condições iniciais:
vo vy
x0 = 0 e y0 = h
vx
v0x = v0 e v0y = 0 vy
vy
h vy
Equações: v
1 2 vy
x(t) = v0t e y(t) = h – gt
0 x 2
vx = v0 e vy(t) = –gt Direção horizontal: movimento uniforme.
Direção vertical: movimento uniformemente
sendo v = √vx2 + vy2 acelerado.
30
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
t= 2h
g
de onde o corpo é lançado; não depende
da velocidade inicial.
O alcance do projétil, que é a distância máxima percorrida horizontalmente, Alcance do projétil: distância máxima
obtém-se substituindo o tempo de queda na equação x(t) = v0t, obtendo-se: percorrida horizontalmente.
xmáx = v0 2h
g
Esta expressão permite concluir que, para a mesma altura de queda, quanto
maior for a velocidade inicial maior será o alcance (Fig. 35).
v0A v0B
31
1. MECÂNICA
Questão resolvida 10
ax = 0 e ay = –g
y
vy v Condições iniciais:
x0 = 0 e y0 = 0
vx v0x = v0 cos θ e v0y = v0 sin θ
ս
Equações
x 1 2
x(t) = v0 cos θ t e y(t) = v0 sin θ t – gt
2
Direção horizontal: movimento uniforme. vx = v0 cos θ e vy = v0 sin θ − gt
Direção vertical: movimento uniformemente retardado na
subida e movimento uniformemente acelerado na descida. sendo v = 3vx2 + v2y
32
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Consideremos o caso particular de um projétil que regressa ao plano ho- Tempo de voo: tempo em que o projétil
rizontal de onde foi lançado. O tempo de subida é igual ao tempo de descida, permanece em queda livre.
por isso o tempo de voo – tempo que o projétil permanece no ar – é o dobro do
tempo de subida:
v0 sin θ
tvoo = 2
g
20o
Fig. 38 Alcance, altura máxima e tempo de voo num lançamento oblíquo em que a partícula sai e regressa ao mesmo plano horizontal.
33
1. MECÂNICA
Também o ângulo para o alcance máximo deixa de ser 45°: por exemplo, no
caso de uma bola de golfe, onde o efeito da resistência do ar não é desprezável,
o alcance máximo ocorre para o ângulo de lançamento de 38°.
y
Questão resolvida 11
Rar desprezável
Uma nadadora salta de uma prancha, situada a 3,0 m do nível da água, com
uma velocidade de módulo 5,0 m s−1 e segundo um ângulo de 14° com a
Rar não
desprezável direção vertical.
x
Fig. 39 Lançamento oblíquo quando
a resistência do ar não é desprezável:
a trajetória não é parabólica.
(continua)
34
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
(continuação)
Atividade 2
35
1. MECÂNICA
Mas há corpos que estão ligados a outros, havendo forças que estabelecem
essas ligações. Estas forças chamam-se mesmo forças de ligação.
36
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula
p a duas dimensões
Estas forças de ligação − tensão e força normal − não têm necessariamente Forças
ç de ligação ç : restringem
intensidades constantes durante o movimento. As suas intensidades dependem a trajetória de um corpo. As suas
intensidades dependem das forças
das intensidades das forças aplicadas e, em situações de movimento, dependem
aplicadas e das características
também de características do movimento, como a velocidade, como veremos. do movimento. Exemplos: tensão, força
Devemos distinguir as forças aplicadas, como o peso, cuja intensidade é bem normal, força de atrito.
definida, das forças de ligação, como a tensão, a força normal e a força de atrito,
cujas intensidades dependem das circunstâncias em que o movimento se realiza.
• Desenhar uma figura que represente a situação descrita a direção do movimento; se o movimento for circular,
no enunciado, identificando claramente o corpo (ou cor- utilizar um referencial ligado à partícula.
pos) cujo movimento se pretende analisar. • Aplicar a Segunda Lei de Newton (nomeadamente nas
• Traçar, no centro de massa do corpo (ou de cada corpo, suas componentes escalares), de acordo com o tipo de
que deve ser analisado em separado dos restantes), as referencial escolhido (fixo ou ligado à partícula), tendo
forças que atuam sobre o corpo. Chamamos a este de- em atenção os sinais atribuídos às componentes esca-
senho o diagrama de forças. Quando se estuda a dinâ- lares das forças: positivo se a projeção da força apontar
mica de um corpo, só interessam as forças sobre ele e, no sentido positivo do eixo ou negativo no caso contrá-
por isso, não se devem traçar as forças que ele exerce rio.
sobre outros corpos! Se não se conseguir identificar o • Resolver as equações, sem substituir valores, de modo
corpo que exerce uma dada força (como a Terra, fio, pes- a determinar expressões para as grandezas físicas pe-
soa, etc.), a força traçada provavelmente não existe… didas no enunciado do problema. Substituir depois os
uma vez que as forças resultam sempre de interações valores nestas expressões para calcular os valores das
entre corpos! grandezas pedidas.
• Selecionar um referencial onde as equações escalares • Avaliar os resultados obtidos, verificando se são razoá-
sejam as mais simples: se o movimento for retilíneo, veis; por exemplo, um sinal negativo terá significado
utilizar um referencial fixo em que um dos eixos tenha físico?
37
1. MECÂNICA
F
Exemplo 1 – Movimento retilíneo de um sistema de corpos
Analisemos o movimento de dois esquiadores, ligados por uma corda (ou fio),
sendo um puxado por uma corda com uma força constante F» sobre uma super-
fície onde é desprezável a força de atrito (Fig. 42).
B A A Fig. 43 mostra a situação anterior em esquema. Há três corpos em movi-
Fig. 42 Dois esquiadores A e B, ligados mento: o corpo A, o corpo B e o fio que os une. Se a massa do fio for desprezável,
por um fio, movem-se sob a ação de uma
força constante exercida no esquiador A. isto é, muito menor do que a massa dos restantes corpos, poderemos ignorar o
peso do fio. Na Fig. 43 mostram-se os diagramas das forças que atuam em cada
corpo e a respetiva identificação.
B A F
B A
y F NB NA F Fio
B A TB TA θ T’B T’A
x
PB PA
F»: força com que é puxado T»B: força com que o fio T»’A: força
o corpo A. (que liga os corpos) puxa exercida no fio
P»A: peso de A, exercido pela o corpo B. pelo corpo A
Terra. P»B: peso de B, exercido pela (constitui um par
Terra. ação-reação
N»A: força normal, exercida
com T»A).
pelo plano de apoio. N»B: força normal exercida
pelo plano de apoio. T»’B: força
T»A: força com que o fio
exercida no fio
(que liga os corpos) puxa
pelo corpo B
o corpo A.
(constitui um par
ação-reação
Fig. 43 Diagrama das forças que atuam
nos corpos A e B e na corda. com T»B).
Se o peso do fio for desprezável, as únicas forças que atuam sobre ele serão
T»’A e T»’B (Fig. 44), que são simétricas, respetivamente, de T»A e T»B .
38
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Concluímos que, sempre que a massa de um fio (ou corda) for desprezável, Tensão ao longo de um fio: num fio
a tensão ao longo do fio tem a mesma intensidade. Essa conclusão pode ser de massa desprezável, a intensidade
da tensão é sempre a mesma ao longo
verificada experimentalmente: cortando a corda e unindo as duas extremidades
do fio.
por um dinamómetro, este marcará sempre o mesmo valor independentemente
do sítio do corte.
Assim, num problema em que a massa dos fios (ou cordas) seja desprezável,
podemos ignorá-los, analisando apenas os restantes corpos.
TB = TA = T (com mfio ≈ 0)
A
Corpo A:
y NA F
⎧ Fx = max ⎧ F cos θ – T = mAa TA θ
⎨ ⇒ ⎨ x
⎩ Fy = 0 ⎩ F sin θ + NA – PA = 0
PA
B
Corpo B:
y NB
⎧ Fx = max ⎧ T = mBa TB
⎨ ⇒ ⎨ x
⎩ Fy = 0 ⎩ NB – PB = 0
PB Fig. 45 Aplicação da Segunda Lei
de Newton aos corpos A e B.
⎧ F cos θ – T = mAa
⎨
⎩ T = mBa
F cos θ mB
a= e T= F cos θ
mA + mB mA + mB
39
1. MECÂNICA
Questão resolvida 12
15O
NA T
A
A TB
y
B
x PA 15O
y
15O PB
com três incógnitas: T, a e PB. Ora, como se pretende saber o valor mínimo da
massa de areia, basta impor o valor mínimo para a aceleração, que é zero, ou
seja, o sistema inicia o movimento mantendo depois constante essa veloci-
dade arbitrariamente pequena. As equações anteriores reduzem-se a:
⎧T − PA sin θ = 0
⎨
⎩PB – T = 0
Eliminando T, obtemos: PB = PA sin θ ⇔ mB = 52 × sin 15° = 13,5 kg.
Como a massa do balde é 1,00 kg, a massa mínima de areia é 12,5 kg.
40
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
NA
A
P
D
r
ND
P
C
NC
R
P
NB
B
Fig. 46 Movimento de um carrinho numa
montanha-russa quando se desloca por A,
P B, C e D sucessivamente.
t
Posição A:
NA n
⎧ Ft = mat ⎧0 = mat ⎧ at = 0 A
⎨ ⇒ ⎨ v A2 ⇒ ⎨ v A2
⎩ Fn = man ⎩P – NA = m r ⎩ NA = P – m r P Fig. 47 Aplicação da Segunda Lei
de Newton na posição A do carrinho.
41
1. MECÂNICA
v2 v2
NA > 0 ⇒ P − m rA > 0 ⇔ mg > m rA ⇔ vA < √rg
Posição B: n
NB t
⎧ Ft = mat ⎧0 = mat ⎧ at = 0 B
⎨ F = ma ⇒ 2
⎨N – P = m v B ⇔ 2
⎨N = P + m v B
n
⎩ n ⎩ B R ⎩ B R P
Fig. 49 Aplicação da Segunda Lei
de Newton na posição B do carrinho.
42
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Posição C: t
C n
NC
⎧ Ft = mat ⎧ – P = mat ⎧ at = –g
⎨ ⇒ ⎨ 2 ⇔ ⎨ 2
P
⎩ Fn = man ⎩ NC = m v C ⎩ NC =m v C Fig. 51 Aplicação da Segunda Lei
R R
de Newton à posição C do carrinho.
t
Posição D:
n
D
⎧ Ft = mat ⎧ 0 = mat ⎧ at = 0
⎨ ⇒ ⎨ v2 ⇔ ⎨ v D2
⎩ Fn = man ⎩ ND + P = m D ⎩ ND = m –P ND
R R P Fig. 52 Aplicação da Segunda Lei
de Newton à posição D do carrinho.
v D2 v2
ND > 0 ⇔ m – P > 0 ⇔ m D > mg ⇔ vD > √Rg
R R
43
1. MECÂNICA
Quando um corpo está numa curva num plano horizontal onde o atrito é des-
prezável (como numa superfície gelada), o peso e a força normal anulam-se. Não
há, assim, nenhuma força a puxar o corpo para o centro da curva (a força resul-
Fig. 56 Bobsled: corrida em pistas
geladas, a grandes velocidades, cuja tante não tem componente centrípeta), e o corpo não faz a curva! No bobsled a
segurança é facilitada pela inclinação curva faz-se sobre uma rampa e, como veremos, existe componente centrípeta
do plano das curvas.
da força resultante, o que permite ao corpo descrever a curva.
z
2
N
v ս N cos ս
⎧ Fn = man ⎧N sin θ = m
⎨ ⎨ R R
Fig. 57 Diagrama das forças que atuam ⇒
⎩ Fz = 0 ⎩N cos θ – P = 0 C n N sin ս
sobre um corpo que descreve uma curva
numa rampa e equações da Segunda Lei
ս P
de Newton.
mg
A segunda equação permite calcular o módulo da força normal: N = .
cos θ
Velocidade permitida numa curva num
A primeira equação permite concluir que, quanto maior for N sin θ, que é a
plano com inclinação: será tanto maior
quanto maior for o raio e a inclinação componente centrípeta da força resultante, maior será a aceleração centrípeta
da curva. e, para o mesmo raio, maior poderá ser a velocidade na curva.
v = 兹R g tan θ
Ou seja, maior raio de curvatura e maior inclinação da rampa permitem maio-
res velocidades.
As estradas devem ter curvas com uma inclinação correta, chamadas cur-
Fig. 58 Uma curva com relevé aumenta
vas com relevé (Fig. 58), que asseguram maior segurança rodoviária. Veremos
a componente centrípeta da força adiante que o atrito também contribui para que haja componente centrípeta,
resultante.
aumentando a segurança.
44
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Ou seja, o movimento numa curva será tanto mais seguro quanto maior for
a componente centrípeta da força resultante, a qual pode ser originada, por
exemplo, por forças de atrito, pela força normal ou por tensões.
Fig. 59 O condutor inclina-se para que
a força normal contribua para aumentar
a componente centrípeta da força
resultante.
Questão resolvida 13
QUESTÕES p. 70
45
1. MECÂNICA
As forças de atrito estão presentes por todo o lado, sendo muito importantes
no nosso dia a dia. Algumas vezes queremos minimizá-las, mas noutras elas são
indispensáveis.
Mas o atrito, que em geral atua como uma resistência ao movimento, é, por
Fig. 60 O atrito atua como resistência vezes, o responsável pelo próprio movimento: é ele que possibilita a aceleração
aos movimentos, como nas engrenagens
de um automóvel e nos permite caminhar, correr e trepar (Fig. 60).
das máquinas ou nas articulações
dos ossos, mas é ele que nos permite
Foi o artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (Fig. 61) quem primeiro estu-
caminhar.
dou o atrito nas máquinas que criou, no século XVI, tendo as suas ideias sido
aprofundadas mais tarde.
46
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Quando a força de atrito impede que o corpo deslize, permanecendo em Força de atrito estático: existe quando
repouso apesar de solicitado a mover-se, designa-se por força de atrito está- as superfícies em contacto não deslizam
uma em relação à outra (repouso).
tico. Quando o corpo está em movimento chama-se força de atrito cinético.
F ac = μcN
• Para o mesmo par de materiais, a força de atrito cinético é geralmente infe-
rior à força de atrito estático máxima, pois μc < μe.
47
1. MECÂNICA
F P P
Repouso Movimento Repouso Movimento
N N N
Fae F Fac F
Questão resolvida 14
Sobre um bloco de madeira de 3,4 kg, assente numa mesa Interprete o que ocorre com o bloco, calculando a inten-
também de madeira, exerce-se uma força F» horizontal. sidade da força de atrito se a intensidade da força apli-
Os coeficientes de atrito estático e cinético do par de cada sobre ele for sucessivamente igual a:
materiais em contacto são, respetivamente, 0,60 e 0,40. a) F = 0 N b) F = 10 N c) F = 21 N d) F = 16 N
a) O bloco está em repouso e não há atrito, pois não há força c) O bloco começa a mover-se, pois a intensidade da força é
a puxá-lo. superior à máxima intensidade da força de atrito estático.
b) Temos de saber se a intensidade da força que solicita o d) Como o bloco já se move, temos de ver se a força apli-
bloco a mover-se é ou não superior à intensidade máxima cada é suficiente para igualar ou superar a força de atrito
da força de atrito estático. cinético e manter o movimento, isto é, se F ⱖ Fac (se a
máx
Como F ae = μeN = μemg = 0,60 × 3,4 × 10 = 20 N, o bloco força fosse inferior à força de atrito cinético, o corpo
estará em repouso para intensidades da força aplicada abrandaria até parar). Como Fac = μcN = μcmg = 0,40 ×
inferiores a 20 N e F = Fa. Logo, neste caso, Fa = 10 N. × 3,4 × 10 = 13,6 N e F = 16 N, o bloco move-se com ace-
leração: F – Fac = ma ⇒ 16 – 13,6 = 3,4a ou a = 0,7 m s–2.
48
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Uma superfície que nos parece polida à vista desarmada é sempre mais ou
menos rugosa quando vista microscopicamente (Fig. 65). No contacto de duas
superfícies formam-se uma espécie de pequenas «soldas» devido às interações
eletromagnéticas entre os respetivos átomos ou moléculas. Quando se aplica
uma força, as saliências e as reentrâncias das superfícies em contacto adquirem
novas configurações, o que origina a força macroscópica de atrito.
Na realidade, a superfície de apoio exerce apenas uma única força sobre o Superfície de apoio: exerce sobre
corpo, R» = N» + F»a (Fig. 66), cuja componente vertical é a força normal, N», e cuja um corpo uma força que é a soma da força
normal e da força de atrito.
componente horizontal é a força de atrito, F»a.
borracha – asfalto 0,8 – 1,1 0,4 – 0,7 0,7 – 0,9 0,2 – 0,5
49
1. MECÂNICA
Mas por que razão a força de atrito não depende da área de contacto?
Sabemos que, se caminharmos sobre uma superfície muito polida, por exem-
plo, um chão encerado, os pés tendem a escorregar, o que não acontece se o
fizermos sobre um tapete.
50
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
51
1. MECÂNICA
Atividade 3
Questão resolvida 15
Um automóvel descreve uma curva circular de raio R, vista dinâmico, indicando se há ou não atrito (estático ou
num plano horizontal, mantendo o valor da velocida- cinético) e identificando as grandezas que condicionam a
de lido no velocímetro. Analise a situação do ponto de velocidade do automóvel.
QUESTÕES p. 72
52
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Vejamos o exemplo do movimento de uma pessoa num baloiço (Fig. 72). Por
razões de segurança, é necessário conhecer a intensidade máxima da tensão
sobre as cordas nos baloiços. Como determiná-la?
A
T P h
B
Fig. 72 Forças sobre um baloiço.
A intensidade máxima da tensão ocorre
P no ponto mais baixo.
Num baloiço, a intensidade máxima da tensão exercida pela corda sobre o Tensão máxima exercida pela corda
corpo (tomemos uma só corda por simplicidade), e que é igual à intensidade da no baloiço: ocorre na posição mais baixa
da trajetória.
tensão exercida pelo corpo sobre a corda, ocorre no ponto mais baixo da trajetória.
vB2 v2
Fn = man ⇒ TB − P = m ⇔ TB = P + m B
ᐉ ᐉ
Tomando em conta considerações energéticas, e supondo que no movimen-
to entre os pontos A e B há conservação de energia mecânica, tem-se:
1 1 1 1
mvA2 + mghA = mvB2 + mghA ⇔ mvA2 + mg(hA – hB) = mvB2
2 2 2 2
ou
1 1
mvA2 + mgh = mvB2
2 2
53
1. MECÂNICA
Questão resolvida 16
n n t
A θ TC
TB t P TD
θ n
t
P P
C
B B C D
O movimento é circular, de raio igual ao comprimento do fio, ᐉ, e a tra-
jetória está contida num plano vertical. Em qualquer posição, as únicas
forças que atuam sobre a pedra são o peso e a tensão. Utilizando os
eixos tangencial e normal, a Segunda Lei de Newton escreve-se:
Em B: Ft = mat ⇔ 0 = mat ⇔ at = 0
e
v 2B v 2B
Fn = man ⇔ TB − P = m ⇔ TB = P + m
l l
(continua)
54
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
(continuação)
Logo, v C2 = 兹3 gl
vC2
Substituindo em TC = P cos 30° + m , obtém-se:
l
TC = mg cos 30° + 兹3 mg = 0,100 × 10 × (cos 30° + 兹3) = 2,6 N
hA = 0, hD = l, vDmin = 兹gl
1 1
Obtém-se, então: mvA2 = mgl + mgl ⇔ vAmin = 兹3gl
2 2
55
1. MECÂNICA
Questão resolvida 17
De uma rampa, com 25° de inclinação, largou-se do pon- a) Determine o coeficiente de atrito cinético entre as
to A, a uma altura de 17 cm em relação à base, um bloco superfícies em contacto.
de 87 g. O módulo da velocidade do bloco no ponto B foi
b) Se a massa do bloco fosse maior também o seria a
0,46 m s–1.
velocidade com que chegaria a B? Justifique.
B C
a) Como a força de atrito é não conservativa, o trabalho b) A dedução seguinte mostra que a velocidade com que
por ela realizado é igual à variação de energia mecânica. o bloco chega a B não depende da sua massa. Assim, a
Como WF»a = [(Ec(B) + Ep(B)) – (Ec(A) + Ep(A))] = Ec(B) – Ep(A), velocidade em B seria sempre a mesma.
dado que a velocidade em A é nula e se toma com 1 1
WF»a = mvB2 – mghA ⇔ –sμcN = mvB2 – mghA ⇔
referência para as energias potenciais a base da rampa, 2 2
1
WF»a = mvB2 – mghA =
2
⇔ –m s μcg cos 25° = m
1 2
2 B 冢
v – ghA ⇔ 冣
= 0,5 × 0,087 × 0,462 – 0,087 × 10 × 0,17 = –0,139 J 1
⇔ –s μcg cos 25° = vB2 – ghA
2
O trabalho da força de atrito pode calcular-se por c) Mantendo-se o tipo de superfícies, mantém-se o coefi-
WF»a = –sFa, sendo s a distância percorrida pelo bloco so- ciente de atrito.
bre a rampa.
Tem-se Fa = μcN = μcmg
De acordo com o diagrama das forças do esquema, para
o plano inclinado tem-se:
1 1 1
N = P cos 25° = 0,087 × 10 × cos 25° = 0,789 N WF»a = mvC2 – mvB2 ⇔ –sFa = – mvB2
2 2 2
e P sin 25° – Fa = m a
e
h
Como Fa = μc N e s = = 0,402 m, resulta que: 1 2 0,5 × 0,462
sin 25° s μcg = vB , logo, s = = 0,024 m
2 0,44 × 10
WF»a = –sFa ⇔ –0,139 = –0,402 μc × 0,789 ⇒ μc = 0,44
N
x Fa A
N
B C
P Fa
o
25
QUESTÕES p. 73
56
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
RESUMO
• Posição, r»: vetor que parte da origem do referencial e tem a extremidade na
partícula. Num movimento a três dimensões é dado por r» = x(t)e»x + y(t)e»y +
+ z(t)e»z, sendo x = x(t), y = y(t), z = z(t) as equações paramétricas do movi-
mento. Se estas forem do 1.o grau, do 2.o grau ou grau superior a 2, em t, o
movimento é, respetivamente, uniforme, uniformemente variado ou variado
na direção do eixo considerado.
57
1. MECÂNICA
58
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Lançamento horizontal
Um atirador olímpico dispara a sua pistola horizontalmente (Fig. 73).
A que altura acima do nível do alvo deve colocar a saída da bala para, a uma dada
distância, acertar no alvo?
59
1. MECÂNICA
Material: rampa apoiada sobre uma mesa, esfera ou berlinde com diâmetro superior
a 1,5 cm, célula fotoelétrica com ligação a um cronómetro digital, uma craveira, uma
fita métrica e um alvo (caixa com areia ou papel químico e folha de papel branco).
Fig. 75 Montagem experimental Faça a montagem da Fig. 75 e ligue a célula fotoelétrica. Utilize um fio-de-prumo (ou
para o estudo do lançamento massa marcada suspensa de um fio) para registar no solo a posição da vertical de
horizontal.
saída da esfera da base da rampa.
Questões pós-laboratoriais
1. Complete a tabela de dados determinando, para 4. Noutra experiência, obteve-se a reta de regressão
cada altura inicial da esfera: y = 0,314x – 0,017 para o gráfico de A = f(v0).
• o tempo mais provável da passagem da esfera a) Qual seria o alcance da esfera se o módulo da
pela célula e a velocidade; velocidade de lançamento fosse 2,0 m s–1?
• o alcance mais provável. b) Qual seria o módulo da velocidade inicial se o
alcance fosse 1,2 m?
2. Identifique eventuais erros experimentais.
5. Uma pistola de tiro olímpico dispara uma bala a
3. Elabore o gráfico de pontos do alcance, A, em fun-
1600 km/h. Suponha desprezável a resistência do ar.
ção do módulo da velocidade com que a esfera sai
da base da rampa, v0. Determine a reta que melhor a) Qual será o alcance se o disparo for feito a 1,6 m
se ajusta ao conjunto de pontos experimentais e a do solo?
respetiva equação. b) Um alvo encontra-se a 50 m. De que altura, acima
a) Que relação pode estabelecer entre as variáveis? do nível do alvo, se deve disparar para acertar no
Qual é o significado do declive da reta? alvo?
60
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Questões pré-laboratoriais
1. Um automóvel, de massa m, está estacionado numa 3. Suponha que tem disponíveis blocos paralelepipé-
rampa de inclinação θ0 e fica na iminência de desli- dicos, com faces revestidas de materiais diferentes
zar para um ângulo θmáx. e faces com áreas diferentes, e diversas massas
a) Que forças atuam sobre o automóvel quando a marcadas. Na montagem da Fig. 76, A é um desses
inclinação é θ0? Obtenha uma expressão para as blocos e B uma ou mais massas marcadas.
respetivas intensidades tendo em conta a massa
do automóvel, m, o ângulo da rampa, θ0, e o coe- A
ficiente de atrito estático, μe.
b) A inclinação da rampa aumenta desde θ0 até θmáx.
i) Indique, justificando, como variam as inten-
sidades da força normal e da força de atrito
estático. B
ii) Mostre que o coeficiente de atrito estático, μe,
Fig. 76 Os dois corpos, ligados por um fio, estão
é igual a tan θmáx. em repouso devido à força de atrito.
61
1. MECÂNICA
Nesta atividade investiga-se a dependência da força de atrito com as restantes forças que
atuam sobre um corpo assente num plano, com o tipo de materiais em contacto e com
a área de contacto, e determinam-se coeficientes de atrito estático e de atrito cinético.
Material: plano inclinado, calha, blocos paralelepipédicos com faces de áreas diferen-
tes e revestidas de materiais diferentes, sensor de força, sensor de movimento, fio,
massas marcadas, roldana com atrito reduzido, fita métrica e balança.
Cada grupo poderá estudar a dependência da força de atrito estático ou cinético com
uma dada variável: força normal, área de contacto ou tipo de materiais em con-
tacto. Cada medida deverá repetir-se pelo menos três vezes. As superfícies de apoio
dos blocos devem ser do mesmo tipo. Após interpretar o procedimento, deve ser ela-
borada uma tabela para registar os dados experimentais.
62
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
Questões pós-laboratoriais
Os grupos devem apresentar os seus resultados à turma atrito estático e cinético para os pares de materiais
e discuti-los. Para cada variável em estudo devem ana- em contacto.
lisar os resultados experimentais: Adequam-se ao
3. Determinação do coeficiente de atrito estático:
modelo teórico? Que situações, ou alteração das con-
a) Determine o valor médio do ângulo do plano incli-
dições experimentais, podem ter conduzido a erros
nado para o qual o bloco ficou na iminência de
experimentais?
deslizar e obtenha o coeficiente de atrito estático.
1. Dependência da força de atrito com a força normal: Compare este valor com o obtido pelos outros
a) Complete a tabela com os valores das massas, das grupos.
intensidades das forças de atrito estático máximas, b) Usando os dados do procedimento da montagem
das forças de atrito cinético e da força normal. da Fig. 76, elabore o gráfico que relaciona as
b) Para a situação do plano horizontal, relacione grafi- massas do corpo suspenso e do conjunto bloco
camente: i) a intensidade da força de atrito estático + sobrecarga. A partir dele, determine o coefi-
máxima com a da força normal; e ii) a intensidade ciente de atrito estático. Compare este valor com
da força de atrito cinético com a da força normal. o anteriormente obtido.
A partir das linhas de ajuste aos pontos experi-
4. Determinação do coeficiente de atrito cinético:
mentais, determine os coeficientes de atrito está-
Complete a tabela com as massas do bloco e do corpo
tico e cinético para os pares de materiais usados.
suspenso, e com as acelerações. Determine o coefi-
2. Dependência da força de atrito com o tipo de mate- ciente de atrito cinético e compare-o com o coeficiente
riais das superfícies em contacto e com a área de de atrito estático determinado pelos outros grupos.
contacto: a) Será mais fácil empurrar um objeto em movi-
Complete a tabela com os registos das forças de mento ou tirá-lo do repouso? Justifique.
atrito estático máximas e das forças de atrito ciné-
b) Conclua qual de dois corpos do mesmo mate-
tico para as faces de igual área e diferente reves-
rial, mas de massas diferentes, largados de um
timento, e para as faces com diferentes áreas e o
mesmo nível de um plano inclinado, chegará pri-
mesmo revestimento. Calcule os coeficientes de
meiro à base do plano.
63
1. MECÂNICA
QUESTÕES
Nota 4. Uma pessoa percorre 5,0 m numa direção que faz 37o
Na resolução das questões, considere g = 10 m s−2. com a linha oeste-este, para o lado do norte. Desloca-se
depois 10,0 m numa direção que faz 60o com a linha sul-
-norte para o lado poente.
Determine a distância percorrida e a que distância ficou
da posição de partida no final do percurso.
1.1.1 Posição, equações paramétricas
5. Um automóvel move-se numa porção retilínea de uma
do movimento e trajetória
autoestrada, sendo o movimento do seu centro de massa
1. Uma folha descreve a trajetória representada na figura, descrito por x(t) = 90 + 72t + 1,8t2 (SI).
passando pelos pontos A, B, C, D e E. Qual dos gráficos pode representar a sua trajetória?
A C
y
y y
C B
E
A O x O x
D B D
y y
O x
64
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
A C B
y y
O x O x 1,0 m x
B D
y y a) Represente os vetores posição para os pontos A e B
e o vetor deslocamento entre esses dois pontos.
b) Apresente as expressões dos vetores posição para
O x O x os pontos A e B, no referencial representado, e, a
partir delas, mostre que o vetor deslocamento
7. A figura mostra uma imagem de uma parte de Coimbra
resulta da diferença entre esses dois vetores.
obtida no Google Earth. Nessa imagem assinalou-se o
c) Determine a velocidade média entre A e B e o res-
edifício do Departamento de Física da Universidade,
petivo módulo.
ponto A, e colocou-se um sistema de eixos com origem
no Largo da Portagem. 9. Os três primeiros segundos de movimento de um pás-
saro são descritos pelas seguintes equações:
y A
⎧ x = 2t2 – 5t
⎨ 3 2 (SI)
⎩ y = t – 3t + 6
Qual das expressões traduz, no SI, a velocidade do pás-
saro em função do tempo?
x
(A) v»(t) = (4t – 5)e»x – (3t2 – 6t + 6)e»y
0 200 m
(B) v»(t) = (4t – 5)e»x + (3t2 – 6t)e»y
(C) v»(t) = (2t – 5)e»x + (3t – 6t)e»y
a) Na escala e sistema de eixos indicados, determine
(D) v»(t) = (2t – 5)e»x + (t2 – 3t)e»y
o vetor posição do Departamento de Física e a sua
distância à origem do referencial. 10. O centro de massa de um pequeno barco tem um movi-
b) Durante 10 s, um automóvel desloca-se ao longo de mento definido pelo seguinte vetor posição:
uma avenida que sai do Largo da Portagem, sendo o r» (t) = (t + 1)e»x + 4t2e»y (SI)
movimento do seu centro de massa descrito por a) Para os primeiros 5 s, esboce uma representação
x = 50 + 8,0t + 0,2t2 e y = 50 – 4,0t – 0,1t2 estroboscópica para o movimento em cada eixo e
i) Indique o tipo de movimento em cada eixo. trace os gráficos x(t) e y(t).
ii) Indique, justificando, a trajetória do automóvel. b) Que trajetória descreve o barco?
c) Qual é o deslocamento do barco nos dois primeiros
segundos? O seu módulo será maior ou menor do
1.1.2 Deslocamento, velocidade média, que a distância percorrida?
velocidade e aceleração d) No SI, a velocidade média nos dois primeiros segun-
dos é:
8. A figura mostra uma parte da trajetória do centro de
(A) e»x + 8e»y (B) e»x + 16e»y (C) 1,5e»x + 8e»y (D) 3e»x + 16e»y
massa de um pequeno barco. O ponto B foi alcançado
4,0 s depois do ponto A. e) Compare, justificando, a velocidade e a aceleração
nos instantes t = 1 s e t = 3 s.
65
1. MECÂNICA
11. O movimento de um carrinho telecomandado é des- a) A cada ponto associe um dos esquemas seguintes,
crito por r»(t) = 2(t – 1)e»x + (4t3 + 2)e»y (SI). em que se representa a velocidade e a aceleração.
a) Indique as equações paramétricas e esboce a traje- A C
tória com o auxílio da calculadora gráfica. v=0
a
b) O movimento em cada eixo é: a v
(A) uniforme no x e uniformemente variado no y.
(B) uniformemente variado em ambos os eixos. B D
v
(C) retardado no x e acelerado no y. a a
v
(D) uniforme no x e acelerado não uniformemente
no y.
b) Indique, justificando, um ponto onde o movimento seja
c) Esboce os gráficos das componentes escalares da acelerado.
velocidade em função do tempo e determine os res-
petivos valores nos instantes t = 0 s e t = 2 s. 14. Indique uma situação (se existir) em que:
d) Indique, justificando, se a posição do carrinho varia A. a velocidade é sempre perpendicular ao vetor posi-
mais rapidamente em t = 0 s ou t = 2 s. ção.
e) Qual é a aceleração média nos dois primeiros B. o movimento tem aceleração mas o módulo da
segundos? velocidade é constante.
C. o movimento é acelerado e a velocidade é constan-
f) Apresente a componente escalar da aceleração nos
te.
instantes t = 0 s e t = 2 s.
D. a velocidade é nula num dado instante mas a ace-
leração não é.
E. a aceleração é nula num dado instante mas a velo-
1.1.3 Componentes tangencial e normal cidade não é.
da aceleração F. a velocidade e a aceleração são ambas nulas num
dado instante.
12. Na tabela seguinte, a cada tipo de movimento associe
G. a velocidade é constantemente perpendicular à
as respetivas componentes da aceleração.
força resultante.
H. a força resultante só faz variar a direção da veloci-
I. Circular e uniforme A. at = 0 an = 0
dade.
II. Retilíneo e uniforme B. at = 0 an ≠ 0 I. a força resultante só faz variar a rapidez do movi-
III. Retilíneo uniformemente acelerado C. at ≠ 0 an ≠ 0 mento.
IV. Curvilíneo uniformemente retar- D. at ≠ 0 an = 0 J. a força resultante faz variar a velocidade.
dado
15. Nas situações seguintes, caracterize as componen-
13. A figura representa a trajetória de um pássaro, onde se tes tangencial e centrípeta da aceleração, indicando a
assinalaram os pontos A, B, C e D. orientação da velocidade em relação à aceleração.
A. Um automóvel segue na autoestrada A23 com
y
velocidade constante.
C
B. Um automóvel descreve uma curva, marcando o
B velocímetro um valor constante.
C. Um automóvel faz uma travagem numa curva.
A
D D. Uma patinadora no gelo descreve curvas na pista,
O x ora acelerando ora travando.
66
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
16. Nas situações seguintes indique, justificando, qual é a 19. O centro de massa de um barco tem um movimento
curva descrita onde é maior o desconforto para o pas- definido pelo seguinte vetor posição:
sageiro do automóvel.
r»(t) = (t + 1)e»x + 8 t3e»y (SI)
A. O automóvel descreve uma curva com o velocíme- 3
Para o instante t = 1 s determine:
tro a marcar um certo valor e a seguir outra igual
com o velocímetro indicando o dobro. a) o ângulo entre os vetores velocidade e aceleração.
B. O automóvel descreve duas curvas de raios r1 e r2, b) as componentes tangencial e normal da aceleração e
com r1 > r2, marcando o velocímetro o mesmo valor. o vetor aceleração em função dessas componentes.
c) o raio de curvatura da trajetória.
17. A figura representa a velocidade e a aceleração de um
ciclista no instante em que se move a 18 km/h e o raio
de curvatura é 80 m. 1.1.4 Segunda Lei de Newton em referenciais
fixos e ligados à partícula
20. Comente as seguintes afirmações:
v
a A. A componente normal (centrípeta) da força re-
sultante só existe quando um corpo descreve um
movimento circular e uniforme.
60° B. A componente tangencial da força resultante só
existe em trajetórias retilíneas e a componente
normal só existe em trajetórias curvilíneas.
a) Determine o módulo da componente normal da C. A componente normal da força resultante tem
aceleração. sempre a direção perpendicular à velocidade,
apontando para dentro ou para fora da curva des-
b) O módulo da aceleração pode ser calculado pela
crita, enquanto a componente tangencial tem
expressão:
sempre a direção e o sentido da velocidade.
2
(A) v cos 60o (C) v2
r r sin 60o 21. Um automóvel de 1,0 t parte do repouso e segue numa
2
(B) v sin 60o (D) v2 estrada circular de raio 100 m. Suponha que a rapidez do
r r cos 60o automóvel aumenta uniformemente até aos 72 km/h em
c) Indique, justificando, qual é a variação do módulo da 10 s. Neste instante os módulos das componentes tan-
velocidade por unidade de tempo. gencial e normal da força resultante são, respetivamente:
(A) 2,0 × 103 N e 4,0 × 103 N
18. Num carrossel, uma criança de 40,0 kg descreve traje-
tórias circulares, de 5,00 m de diâmetro, com velocidade (B) 4,0 × 103 N e 4,0 × 103 N
de módulo constante, dando duas voltas em 20,0 s. (C) 4,0 × 103 N e 2,0 × 103 N
a) Que distância percorre nesse intervalo de tempo? (D) 1,0 × 103 N e 2,0 × 103 N
b) No intervalo de tempo em que dá duas voltas, o
22. Um automóvel de 900 kg descreve um movimento
módulo da sua velocidade média é, no SI:
circular, no plano horizontal, numa rotunda com raio
π π 8,0 m. O módulo da velocidade do seu centro de massa
(A) (B) 4π (C) (D) 0
2 4
aumenta uniformemente 0,60 m s–1 em cada segundo.
c) Caraterize, em cada instante, a velocidade da crian- Escreva a expressão vetorial da força resultante num
ça, a sua aceleração e a força resultante que atua referencial ligado à partícula para o instante em que o
sobre ela. velocímetro marca 36 km h–1.
67
1. MECÂNICA
c) aceleração? X Y Z
B D
(A) N L P
(B) K zero K
(C) L L L
(D) N zero N
68
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
28. Um atleta efetua um salto em comprimento segundo 32. Num teste de tiro, um cruzador dispara simultanea-
um ângulo de 20° com a horizontal e velocidade de mente dois tiros para dois navios, A e B, com veloci-
módulo 11 m s-1. O movimento do seu centro de massa dade de igual módulo. O navio B está duas vezes mais
é, aproximadamente, o de um projétil. É desprezável a distante do cruzador do que o navio A. É desprezável a
resistência do ar. Determine: resistência do ar.
a) o tempo de voo e o alcance do salto.
b) a altura máxima atingida e a velocidade nesse ponto.
69
1. MECÂNICA
1
35. Um projétil foi lançado obliquamente para cima com 37. Dois blocos 1 e 2, de massas m1 e
velocidade de módulo v0, a partir de um ponto ao nível m2, respetivamente, estão ligados
do solo. É desprezável a resistência do ar. por um fio como mostra a figura.
a) Qual dos gráficos seguintes pode representar o O fio e a roldana são ideais e as for-
2
módulo da sua velocidade em função do tempo? ças dissipativas são desprezáveis.
Mostre que o módulo da aceleração do sistema é infe-
A C
v v rior ao da aceleração gravítica.
70
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
40. Na figura, um pêndulo gra- 43. Observe a figura: um automóvel, de massa m, move-
vítico é largado da posição -se com velocidade de módulo constante v na lomba de
J, ficando a oscilar entre uma estrada cujo perfil longitudinal corresponde a um
J M
as posições J e M. Na po- arco de circunferência de raio r. Considere g o módulo
K
sição assinalada por L, o fio L da aceleração gravítica.
tem a direção vertical. São
A C
desprezáveis as forças dis- r
sipativas.
M
K
Fr
Qual das opções repre- Fr
a) O módulo da força normal exercida sobre o automó-
B D
senta a resultante das for- vel pela estrada, no instante em que este passa no
ças que atuam no pêndulo, ponto mais alto da trajetória, é:
L L
F»r? 2
Fr Fr = 0 (A) m v (C) mg
r
2 2
(B) mg + m v (D) mg – m v
r r
41. Um pêndulo gravítico oscila entre duas posições extre- b) O valor mínimo do módulo da velocidade do automó-
mas A e C, passando em B pela posição vertical. vel para que, ao passar no ponto mais alto, perca o
contacto com a estrada é:
a) Selecione a afirmação correta.
(A) Na posição B o peso é maior do que a tensão (A) √gr (C) √g
exercida pelo fio. (B) √2 gr (D) g r
(B) A componente normal da aceleração é maior na
44. Um motociclista desloca-se numa superfície com o
posição B e nula nas posições A e C.
perfil da figura. Passa na posição L a 18,0 km h-1, cuja
(C) A componente tangencial da aceleração é maior
superfície tem 40,0 m de raio de curvatura, e, poste-
na posição B e nula nas posições A e C.
riormente, na posição M a 54 km h-1, que tem 80 m de
(D) A tensão exercida pelo fio é máxima nas posi- raio de curvatura. A massa do conjunto motociclista +
ções A e C. mota é 160 kg.
b) Esboce o gráfico que traduz a variação da energia ciné-
tica, no movimento de B para C, em função da altura.
L
42. Quando se põe a girar, com a mão, uma pequena pedra M
presa a um fio, a pedra descreve um movimento circu-
lar uniforme com trajetória num plano horizontal.
Justifique a veracidade das afirmações seguintes. a) Mostre que o motociclista não perde o contacto com
A. A força resultante que atua sobre a pedra é dirigida o solo em L.
para o centro da trajetória. b) Calcule a intensidade da força normal que o solo
B. A velocidade da pedra é independente da sua massa. exerce sobre o conjunto no ponto M.
C. Aumentando o comprimento do fio e mantendo o
ângulo do fio com a vertical, aumenta a velocidade 45. Numa roda gigante de um parque de diversões, um
da pedra. passageiro descreve um movimento circular uniforme,
D. Aumentando o ângulo do fio com a vertical, aumen- num plano vertical, estando sobre uma balança-
ta a velocidade angular. -dinamómetro. Mostre que a balança não marca sem-
E. É impossível o fio fazer 90° com a vertical. pre o mesmo valor.
71
1. MECÂNICA
72
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
73
1. MECÂNICA
2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
c) Ao passar por A, um gume corta o fio. Sendo 0,40 o A/m 0,253 0,443 0,548 0,682 0,798
coeficiente de atrito cinético entre o corpo e a super-
fície, determine, usando considerações energéticas,
Considere g = 9,8 m s–2.
a distância percorrida pelo corpo.
a) Indique o resultado da medição do diâmetro da
59. Um carrinho descreve um movimento circular num esfera, incluindo a incerteza de leitura.
plano vertical dentro de uma calha de 0,50 m de raio,
b) Apresente o resultado da medição do tempo da pri-
sendo o atrito desprezável. Na posição mais baixa a
meira passagem da esfera pela fotocélula em fun-
força normal exercida pela superfície tem uma intensi-
ção da incerteza relativa e no SI.
dade que é tripla da intensidade do peso.
c) Qual foi o módulo da velocidade do primeiro lança-
a) Qual é o módulo da velocidade nessa posição?
mento para o alcance de 93,00 cm?
b) Averigue se o carrinho descreve uma volta completa.
d) Elabore o gráfico do alcance em função do módulo
da velocidade inicial e encontre a equação da reta
que melhor se ajusta aos pontos.
i) O resultado está de acordo com o esperado?
ii) Qual seria o alcance se o módulo da velocidade de
lançamento fosse 2,0 m s–1?
74
1.1 Cinemática e dinâmica da partícula a duas dimensões
61. Colocou-se um bloco paralelepipédico de massa 206 g A partir do gráfico da intensidade da força de atrito
sobre uma superfície horizontal. Sobre ele colocaram- em função da intensidade da força normal, determi-
-se massas marcadas de 2,236 kg. Em seguida, ligou- ne os coeficientes de atrito estático e cinético.
-se ao bloco um sensor de força e exerceu-se uma c) Mantendo o bloco apoiado pela mesma face e na
força horizontal de intensidade crescente até o con- mesma superfície, foi-se inclinando progressiva-
junto se começar a mover. Tal ocorreu cerca de 4,2 s mente essa superfície. A partir de que ângulo de
após o início do registo e o movimento manteve-se com inclinação o bloco entrou em movimento?
velocidade constante. O gráfico seguinte representa a
d) O bloco ligou-se por um fio, que passava numa rol-
intensidade da força exercida em função do tempo para
dana, a um corpo suspenso na vertical. O que se
os dados recolhidos. Considere g = 9,8 m s–2.
observou quando se aumentou a massa do corpo
F/N suspenso? Justifique.
9,0 e) Segurou-se o bloco, assente na superfície horizontal,
8,0
7,0
quando a massa do corpo suspenso era 118 g. Após
6,0 se largar o bloco, e com um sensor de movimento,
5,0 registou-se o gráfico seguinte.
4,0
3,0 v/m s −1
2,0 1,2
1,0 1,0
0,0 t/s
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 0,8
0,6
a) Da análise do gráfico:
0,4
i) Que conclusão se retira quanto às diferenças 0,2
entre as forças de atrito estático e cinético?
0,0
ii) Como se poderão determinar as forças de atrito 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
t/s
estático? E as forças de atrito cinético? Quais são
as intensidades dessas forças? Determine, a partir das acelerações do bloco no mo-
vimento acelerado e no movimento retardado, o
iii) Indique, justificando, o que se pode concluir sobre
coeficiente de atrito cinético. Justifique eventuais dife-
a facilidade de empurrar um objeto em movi-
renças nos valores obtidos a partir de cada movimento.
mento ou tirá-lo do repouso.
f) Mudando-se o tipo de superfície da base do bloco,
b) Colocando-se sucessivamente massas marcadas
ou a sua área, procurou investigar-se se as forças de
sobre o bloco, repetiu-se a recolha das intensida-
atrito dependiam desses fatores. A tabela seguinte
des das forças, mantendo-se as outras condições.
mostra os dados obtidos para três situações.
A tabela mostra os dados obtidos.
Material da base
m/kg Fae,máx./N Fac/N A/cm2 m/kg Fae,máx./N Fac/N
do bloco
0,827 3,241 2,650 48,0 Madeira polida 2,188 6,22 4,43
1,670 5,833 4,737 48,0 Feltro 2,188 7,46 6,54
2,225 7,466 5,950 32,0 Madeira polida 2,188 5,98 4,37
2,442 7,895 6,234
2,793 8,878 7,052
Determine os coeficientes de atrito, estático e ciné-
tico, das superfícies em contacto. Conclua, a partir
3,239 10,167 8,156
dos dados experimentais, se as forças de atrito de-
3,793 12,198 9,242 pendem da área de contacto e do tipo de materiais.
75
1. MECÂNICA
76
1.2 CENTRO DE MASSA
E MOMENTO LINEAR
DE SISTEMAS
DE PARTÍCULAS
v1 v1
Sistema de partículas: pode ter Um sistema de partículas pode ter simultaneamente um movimento de
movimento de rotação e/ou de translação. translação e outro de rotação. Quando tem só movimento de rotação (diz-se ro-
Para ser reduzido a uma partícula, terá de
tação pura), há partículas fixas – as que estão sobre o eixo de rotação – e partícu-
possuir apenas movimento de translação.
las móveis, que rodam em torno desse eixo. Estas últimas descrevem trajetórias
circulares de diferentes raios. A sua velocidade depende da distância ao eixo de
rotação: será tanto maior quanto maior for o raio da trajetória circular (Fig. 2).
Fig. 2 Rotação pura: quanto mais
afastadas estão as partículas do eixo
de rotação, maiores são as circunferências
descritas e maiores são as suas
velocidades.
78
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
Mas, por exemplo, um sistema formado por um barco e pelos seus ocupantes
já não é rígido (é deformável), pois as distâncias entre os seus constituin-
(Fig. 4)
tes podem variar.
Neste caso não é necessário estudar cada partícula, pois todas têm o mesmo
movimento. Podemos, por isso, reduzir um objeto extenso e complexo a um só Fig. 4 Exemplos de corpos rígidos
ponto, o chamado centro de massa (CM) do sistema, que se move, em cada (em cima) e não rígidos (em baixo).
v» v»
v» Fig. 5 Um corpo só com movimento
de translação pode ser representado pelo
v» seu centro de massa, cuja velocidade
é a velocidade das partículas.
F»R F»3
F»2
F»R = F»1 + F»2 + F»3 + F»4
79
1. MECÂNICA
Mas nem sempre isso acontece: numa bola oca, num pneu ou num anel, com
a massa homogeneamente distribuída, o centro de massa é o centro geométrico,
mas já não se localiza no corpo (Fig. 7).
CM CM
Fig. 7 Centros de massa de uma bola
maciça e de um anel. No segundo caso,
o centro de massa não se localiza
no corpo.
N
mi r»i
m1 r»1 + m2 r»2 + … + mN r»N i = 1 3
1 N z 2
r»CM = ᎏ ᎏ ᎏ ᎏ= N = m r»
m i=1 i i
m1 + m2 + … mN
mi r3 4
i=1 1 r2
m1 x1 + m2 x2 + ... mN xN 1 N z CM
x CM = ᎏ ᎏ ᎏ x CM = mi xi
m1 + m2 + ... mN m i=1
rCM
m1 y1 + m2 y2 + ... mN yN 1 N
yCM = ᎏ ᎏ ᎏ yCM = mi yi
m1 + m2 + ... mN m i=1
0 y
m1 z1 + m2 z2 + ... mN zN 1 N
z CM = ᎏ ᎏ ᎏ z CM = mi zi
m1 + m2 + ... mN m i=1 x
80
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
C A
C
B A
C
B
Questão resolvida 1
QUESTÕES p. 98
81
1. MECÂNICA
1 N
v»CM = m mi v»i
i=1
Aceleração do centro de massa de um A aceleração do centro de massa obtém-se derivando, em ordem ao tempo,
sistema de partículas: média, ponderada a velocidade do centro de massa:
pelas massas, das acelerações
das partículas. N N
dv»CM 1 dv» 1
a»CM = = m i = mi a»i
dt m i = 1 i dt m i=1
1 N
a»CM = m mi a»i
i=1
N
A expressão mi a»i é uma soma de parcelas, cada uma delas igual ao pro-
i=1
duto da massa de uma partícula pela aceleração dessa partícula, mi a»i , que é a
força resultante que atua sobre a partícula: F»i = mi a»i (Segunda Lei de Newton).
Assim, a aceleração do centro de massa é dada por:
N
F»i
i=1 F»R
a»CM = =
m m
Como F»R é a resultante de todas as forças que atuam nas partículas do sis-
tema, a Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas é
82
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
Vejamos o exemplo da Fig. 10 que mostra as forças que atuam sobre duas
partículas carregadas que estão num campo gravítico.
B
FA/B –
Sobre a partícula A atua a força que a partícula B exerce sobre ela, F»B/A , e
o peso, P»A: a primeira é uma força interior pois é exercida por uma partícula do
sistema; a segunda é uma força exterior que resulta da interação com a Terra
(que não pertence ao sistema).
Sobre a partícula B atua a força que a partícula A exerce sobre ela, F»A/B , que
é uma força interior, e o peso, P»B , que é uma força exterior.
De acordo com a Terceira Lei de Newton, F»A/B = – F»B/A , pelo que a resultante
das forças interiores é nula. Então, a resultante das forças no sistema é igual à
resultante das forças exteriores, P» = P»A + P»B , que se aplica no centro de massa
do sistema (Fig. 10).
A conclusão anterior é válida qualquer que seja o número de partículas do Forças interiores num sistema
sistema: como as forças interiores existem aos pares (pares ação-reação), a de partículas:
resultante das forças interiores é sempre nula, F»int = 0». Ou seja, a resultante a sua resultante é sempre nula, F»int = 0»,
de acordo com a Terceira Lei de Newton.
das forças sobre um sistema coincide com a resultante das forças exteriores:
Forças exteriores que atuam
num sistema de partículas:
F»R = F»int + F»ext ⇒ F»R = F»ext (F»int = 0
») a sua resultante é responsável pela
aceleração do sistema.
F»ext = m a»CM
A aceleração do centro de massa de um sistema, a»CM, é igual à de uma partícula,
a que se atribui a massa do sistema, m, e onde se aplica a resultante de todas as
forças exteriores, F»ext.
83
1. MECÂNICA
Fig. 11 Fotografia
estroboscópica do salto
em comprimento de um atleta
e linha (a verde) que representa
a trajetória parabólica
do seu centro de massa:
a aceleração deste só
depende da força exterior,
o peso do atleta.
Questão resolvida 2
Questão resolvida 3
y/m
Observe a figura: duas partículas A e B, respetivamente, de massas 4,0 kg e 2,0 kg, F»A
QUESTÕES p. 99
84
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
p» = m v» –1
kg m s–1 kg m s
• Tem a direção e o sentido da velocidade.
• Tem módulo igual ao produto da massa, m, pelo módulo da velocidade, v.
Se variar o momento linear de uma partícula, de massa constante, variará Fig. 12 Um automóvel e um camião,
viajando à mesma velocidade, provocarão
também a sua velocidade. Mas tal só será possível se a resultante das forças efeitos diferentes se colidirem com
não for nula. Ou seja, há uma relação entre o momento linear da partícula e obstáculos idênticos.
a resultante das forças que nela atuam, que se obtém derivando a expressão
p» = m v» em ordem ao tempo. Para uma partícula de massa constante, vem:
dp» dv»
=m = ma» = F»R
dt dt
A expressão anterior não é mais do que a Segunda Lei de Newton aplicada
à partícula mas reescrita noutra forma:
A resultante das forças que atuam sobre uma partícula é igual à derivada tempo-
ral do seu momento linear:
dp»
F»R =
dt
Se F»R for constante, a variação do momento linear com o tempo será também
constante e a expressão anterior poderá escrever-se:
Δp»
F»R =
Δt
85
1. MECÂNICA
Δp» = F»média Δt
Fig. 13 Teste de colisão: as forças
na colisão do automóvel com o obstáculo Se um corpo (redutível a uma partícula) colidir com outro, acabando por
atuam num intervalo de tempo muito
curto e têm intensidade variável, que pode parar, a expressão Δp» = F»média Δt mostra que quanto maior for o momento linear
ser muito elevada. inicial (maior velocidade) mais difícil será parar o corpo num mesmo intervalo de
tempo, pois maior terá de ser a força média nele exercida.
Intensidade média das forças numa A expressão anterior mostra também que, para a mesma variação de
colisão: será tanto maior quanto menor momento linear, pode minimizar-se a intensidade média das forças numa coli-
for o intervalo de tempo da colisão, para são aumentando o tempo de paragem do corpo (ou seja, as grandezas são inver-
a mesma variação de momento linear.
samente proporcionais). É o que mostram os gráficos da Fig. 14.
5,00 1,00
Força (N)
é maior quando o intervalo de tempo
da sua atuação é menor, para o mesmo
momento linear inicial do corpo. Note-se
que as escalas verticais são diferentes
nos dois gráficos.
–15,00 –4,00
0 Tempo (s) 0,500 0 Tempo (s) 0,500
A Fig. 16 mostra como varia a componente escalar da força que atua num
Fig. 15 Os airbags, conjuntamente com passageiro numa colisão, com e sem cinto de segurança, ao longo do tempo (o
o cinto de segurança, aumentam o
tempo de imobilização dos passageiros, sentido positivo é o da velocidade do veículo, pelo que a componente escalar da
diminuindo a intensidade média das forças força é negativa): sem cinto de segurança, a força é muito mais intensa, uma vez
exercidas sobre eles.
que o tempo de imobilização é menor.
F / kN
0,05 0,10
t/s
–10
Com cinto
–20 de segurança
–30
Fig. 16 A intensidade da força que atua
sobre um passageiro de um veículo –40
Sem cinto
em colisão, ao longo do tempo, é muito –50 de segurança
diferente com e sem cinto de segurança. –60
86
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
N
1
Como a velocidade do centro de massa é v»CM = mi v»i , então:
mi = 1
N
mv»CM = mi v»i
i=1
Ou seja, o momento linear do centro de massa é igual ao momento linear do Momento linear de um sistema
sistema: de partículas: é igual ao momento linear
do centro de massa. Só varia por ação
p»sist = p»CM = mv»CM de forças exteriores de resultante não
nula.
Se derivarmos o momento linear do sistema em ordem ao tempo, obtemos:
N N
dp»sist dp»
= i = F»i
dt i = 1 dt i = 1
dp»sist dp»CM
F»ext = ⇔ F»ext =
dt dt
sendo o momento linear do sistema, p»sist, dado por: QUESTÕES p. 99
N
p»sist = m1v»1 + m2v»2 + m3v»3 + … + mNv»N ⇒ p»sist = mi v»i = p»CM
i=1
Δp»sist Δp»CM
F»ext = ⇔ F»ext =
Δt Δt
87
1. MECÂNICA
Por exemplo, uma canoa com pessoas está em repouso num lago
calmo. Se as pessoas se moverem dentro da canoa (Fig. 18), as forças
que exercem são interiores ao sistema canoa + pessoas, pelo que não
fazem variar o momento linear deste. Embora as partes do sistema (as
pessoas e a canoa) possam mudar de posição, o centro de massa do
sistema vai permanecer em repouso pois o seu momento linear não
varia.
Δp»sist
De facto, a expressão F»ext = mostra que, se F»ext = 0» , então
Δt
Δp»sist »
Fig. 18 As pessoas movem-se dentro de uma = 0 e Δp»sist = 0» , ou seja, o momento linear do sistema é constante.
canoa, inicialmente em repouso, num lago calmo: Δt
a velocidade do centro de massa do sistema não Tal resultado exprime a Lei da Conservação do Momento Linear para
se altera, pois não atuam forças exteriores.
um sistema de partículas:
Se a resultante das forças exteriores que atuam num sistema for nula,
não haverá variação do seu momento linear (manter-se-á constante).
v1 v2 v’1 v’2
m1 m2
1 2 1 2
Antes da colisão Depois da colisão
Fig. 19 Na colisão entre as bolas de snooker
o momento linear do sistema conserva-se. Fig. 20 O momento linear do sistema das duas bolas é igual antes e depois da colisão.
88
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
F1 F2
1 2
Pela Segunda Lei de Newton: Pela Terceira Lei de Newton: F»1 = –F»2
• variação do momento linear da bola 1: Δp»1 Δp»2
Então: Δt = – Δt ⇔ Δp»1 = – Δp»2 ⇔
Δp»1 = F»1 Δt
» ⇔ Δp»sist = 0
⇔ Δp»1 + Δp»2 = 0 »
• variação do momento linear da bola 2:
Δp»2 = F»2 Δt Ou: p»sist (antes da colisão) =
Fig. 21 A conservação do momento linear
= p»sist (depois da colisão)
resulta das leis de Newton.
Eletrão
Neutrão Protão
Fig. 22 Um neutrão desintegra-se num
Antineutrino protão, num eletrão e num antineutrino.
89
1. MECÂNICA
v1
v2
Fig. 23 O recuo de uma espingarda explica-se
pela conservação do momento linear.
Depois do disparo:
Bala: massa m1 e velocidade v»1 .
Espingarda: massa m2 e velocidade v»2 .
90
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
Atividade 1
Com materiais caseiros, construa um dispositivo que ilus- uma bomba de encher pneus de bicicleta. O aumento da
tre o movimento de um foguete. pressão no interior da garrafa provocará a saída da tampa
Pode usar-se uma garrafa onde se introduz alguma água e também da água a grande velocidade. A garrafa é pro-
e se rolha. Inverte-se a garrafa e introduz-se na rolha jetada para cima.
uma agulha de válvula de encher bolas à qual se liga
Questão resolvida 4
Duas bolas de snooker sofrem uma colisão frontal, mo- bolas passa a ter velocidade simétrica da que tinha ini-
vendo-se em sentidos contrários, com velocidades de cialmente. Como se moverá a outra bola?
módulos 10 m s−1 e 4 m s−1. Depois da colisão, uma das
O movimento é a uma só dimensão e no eixo dos xx, por isso cidades, antes e depois da colisão, e indicar os dados e os pedidos.
a conservação do momento linear exprime-se por Substituindo os valores da figura na expressão da conservação
mv1x + mv2x = mv’1x + mv’2x . do momento linear, 10 m + (– 4) m = mv’1x + 4 m, obtém-se
Deve desenhar-se uma figura, escolhendo um sentido positi- v’1x = 2 m s–1. O sentido positivo indica que a bola 1 se vai mover
vo, para se escreverem as componentes escalares das velo- para a direita, ou seja, no sentido da bola 2.
1 2 1 2
x x
Antes da colisão Depois da colisão
Questão resolvida 5
Um astronauta, na sua nave, está numa situação de mi- do momento linear, isto é, 0» = mav»a + mcv»c, obtendo-se
crogravidade e tem dificuldade em mover-se de um lado ma
v»c = – v»a . Ou seja, o astronauta adquire velocidade com
para o outro! Mas, se tiver consigo um objeto como uma mc
caneta, bastará atirá-lo para logo adquirir movimento em a mesma direção mas sentido oposto ao da caneta. Se o
sentido contrário (situação semelhante à da espingarda). astronauta tiver 70 kg de massa, a caneta 6,0 g e, se esta
Inicialmente, o sistema está em repouso e o momen- for lançada com velocidade de módulo 5,0 m s–1, então,
to linear é nulo. Após o lançamento, o sistema divide-se vc = –4,3 × 10–4 m s–1 (o sinal menos indica sentido negativo,
em duas partes: o astronauta, de massa ma e velocidade uma vez que foi tomado como positivo o sentido do movi-
v»a, e a caneta, de massa mc e velocidade v»c. Como a re- mento da caneta). A velocidade é pequena. Mas isso é ótimo,
sultante das forças exteriores é nula, há conservação pois, assim, o astronauta não sai disparado!
91
1. MECÂNICA
Em física, designa-se por colisão uma interação entre partículas num inter-
vB
valo de tempo muito curto, sendo a intensidade das forças exercidas pelas partí-
culas umas sobre as outras muito superior à das forças exteriores.
vA Uma colisão pode ocorrer à escala macroscópica, por contacto direto entre
objetos – como nas bolas de snooker –, mas também à escala microscópica, por
interações à distância entre partículas.
Fig. 25 Colisão frontal: os movimentos
iniciais dos centros de massa têm lugar Vamos estudar as colisões em que os centros de massa dos corpos que vão
sobre a mesma reta. colidir se movem sobre uma mesma linha reta (Fig. 25). São chamadas colisões
frontais.
Colisão elástica
⎧ p»sist = p»’sist ⇒ m1v1x + m2v2x = m1v ’1x + m2v ’2x
⎪
⎨ 1 1 1 1
⎪ Ec(sist) = E’c(sist) ⇒ m1v 21 + m2v 22 = m1v ’21 + m2v ’22
⎩ 2 2 2 2
92
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
Neste caso, os corpos seguem juntos após a colisão, ou seja, com a mesma
velocidade (Fig. 29): v»’1 = v»’2 = v»’. Ou seja:
Questão resolvida 6
Uma partícula, com velocidade de módulo 10,0 m s–1, no mesmo sentido com velocidade de módulo 5,0 m s–1.
colide frontalmente com outra de massa dupla, inicial- A colisão foi elástica ou inelástica?
mente em repouso. Depois da colisão a primeira move-se
Aplicando a Lei da Conservação do Momento Linear, obtém-se Energia cinética do sistema após a colisão:
a componente escalar da velocidade da segunda partícula: 1 1 1 1
–1
E’c = mv’ 21 + 2mv’ 22 = m × 52 + 2m × 2,52 =
mv1 = mv’1 + 2mv’2 ⇔ 10 = 5 + 2v’2 ⇔ v’2 = 2,5 m s 2 2 2 2
= 18,8 m (J)
Energia cinética do sistema antes da colisão:
1 1 Não houve conservação da energia cinética do sistema, pelo
Ec = mv 21 = × m × 102 = 50 m (J)
2 2 que a colisão foi inelástica.
93
1. MECÂNICA
Questão resolvida 7
AL 1.3 p. 96
94
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
RESUMO
• Sistema de partículas: conjunto de várias partículas. O movimento do sis-
tema reduz-se ao do seu centro de massa se as partículas tiverem a mesma
velocidade (o sistema tem só movimento de translação) e não ocorrerem
variações da energia interna. O sistema será um corpo rígido se as distâncias
entre as partículas se mantiverem constantes.
95
1. MECÂNICA
Colisões
As colisões ocorrem em todas as escalas: entre objetos comuns, entre estre-
las e galáxias, mas também entre partículas elementares nos aceleradores de
partículas.
À nossa escala, se dois carrinhos colidirem frontalmente, como se moverão após
a colisão? E de que dependerão as suas velocidade após a colisão?
Questões pré-laboratoriais
1. Considere uma calha horizontal (Fig. 30) onde se a) Que grandezas se devem medir para determinar
movem dois carrinhos, sendo desprezável o atrito os momentos lineares e as energias cinéticas de
no eixo das rodas, ou, em alternativa, dois desliza- cada corpo antes e após a colisão? Como se pode-
dores a moverem-se numa calha de ar. Os carrinhos rão medir?
(ou deslizadores) colidem. b) Construa uma tabela para registar os valores des-
sas grandezas, antes e após a colisão.
96
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
Trabalho laboratorial
Material: balança, massas marcadas, régua, craveira, calha e carrinhos (ou calha de
ar e deslizadores), duas células fotoelétricas com cronómetro digital (ou sistema de
aquisição de dados), ou sensor de posição.
Questões pós-laboratoriais
1. Complete a tabela com o cálculo dos momentos 4. Para a situação da colisão do carrinho com a peça fixada
lineares e das energias cinéticas. Avalie se houve na extremidade da calha, trace um gráfico do tempo de
conservação do momento linear e da energia ciné- passagem na célula antes da colisão, t, em função do
tica do sistema. Se houve diferenças, determine a tempo de passagem depois da colisão, t'. A partir da
respetiva variação percentual. linha de ajuste aos pontos experimentais, determine o
coeficiente de restituição dos materiais em colisão.
2. Indique, justificando, que conclusões pode retirar
sobre a resultante das forças sobre o sistema dos 5. Os valores dos coeficientes de restituição são
carrinhos durante a colisão. importantes em diversos desportos. Por exemplo,
o coeficiente de restituição de uma bola de fute-
3. Avalie as condições experimentais: identifique fon-
bol não pode ser inferior a um dado valor para que
tes de erro e apresente explicações para as varia-
possa ser classificada como bola oficial. Qual é esse
ções detetadas.
valor? Faça uma pesquisa que permita saber como
esse valor é determinado.
97
1. MECÂNICA
QUESTÕES
Nota 3. A figura representa uma molécula de água. As massas
Na resolução das questões, considere g = 10 m s−2. atómicas relativas do oxigénio e do hidrogénio são, res-
petivamente, 16,0 e 1,0.
O
1.2.1 Centro de massa de um sistema 96 pm
de partículas
104°
1. Sobre o centro de massa de um sistema de partículas, H H
x
quais das frases são corretas?
A. É um ponto onde se supõe estar a massa do sis- As coordenadas do centro de massa no sistema de ei-
tema e onde se aplicam as forças exteriores que xos indicado são, em pm:
atuam sobre ele.
(A) (48,0; 52,5)
B. Só tem movimento de translação.
(B) (59,1; 59,1)
C. Só se define para corpos rígidos.
D. Pode estar em repouso e diversas partes do siste- (C) (48,0; 59,1)
ma estarem em movimento. (D) (75,6; 52,5)
E. Tem aceleração constante se a resultante das
forças exteriores for constante. 4. Mostre que o centro de massa do sistema Terra-Lua
F. Localiza-se sempre num ponto onde haja matéria se localiza no interior da Terra, cujo raio é 6,4 × 106 m.
de um corpo rígido. Considere que a luz demora 1,28 s da Terra à Lua e que
a massa da Terra é 81 vezes a massa da Lua.
2. Na figura representam-se três partículas, A, B, e C,
sobre uma superfície. 5. Observe as figuras seguintes. Em A representa-se
y/m uma chapa homogénea de espessura constante. Em
20 kg B representa-se uma chapa circular homogénea, de
C
4,0 dm de raio, onde se fez um orifício circular de raio
5
1,0 dm e cujo centro dista 2,0 dm do centro da chapa.
Determine a posição do centro de massa de cada chapa
no referencial indicado.
−5 5
y y
x/m 4 cm
B
12 kg
8 cm
A
18 kg −5 x
2 cm
8 cm x
As coordenadas do centro de massa do sistema no re-
ferencial indicado são: A B
98
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
99
1. MECÂNICA
F/N B D
v = 3,5 m/s v = 1,0 m/s
10,0
2,0 kg 5,0 kg
Êmbolo Êmbolo
p/kg m s -1
p/kg m s -1
20 72
100
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
18. Num teste de colisão, fez-se embater um automóvel A. A bola bate na placa, volta para a mão e é nova-
a 50,0 km h–1 contra um muro. Imediatamente após mente atirada, repetindo-se sucessivamente o
a colisão, o veículo moveu-se em sentido contrário a movimento.
4,0 km h–1. No veículo colaram-se sensores para medir B. A bola bate na placa e cai na base do carro.
as forças de impacto e também um boneco de teste
com sensores. A massa total do sistema automóvel + A
+ carga era 1200 kg e o tempo do impacto foi 0,200 s.
Indique, justificando, quais das seguintes afirmações
são verdadeiras para o automóvel. B
A. O módulo do momento linear era 1,67 × 104 kg m s-1
antes da colisão.
B. O módulo da variação de momento linear foi
6,48 × 104 kg m s–1.
C. Devido à colisão, a energia cinética diminuiu
1,15 × 105 J. O carro:
D. A intensidade da força média exercida sobre o
veículo foi 3,24 × 105 N. (A) vai permanecer imóvel porque o sistema é isolado.
E. A energia cinética inicial era 1,16 × 105 J. (B) vai mover-se para a esquerda apenas na situação
A, pois a bola colide elasticamente com a placa.
19. A figura mostra três colisões que são perfeitamente (C) vai mover-se para a esquerda apenas na situação
inelásticas. B, pois a colisão da bola com a placa é inelástica.
I (D) vai mover-se alternadamente para a direita e para
ȣ
a esquerda na situação A.
Muro de tijolo
m
21. Dois astronautas da ISS trocam uma bola entre si. Os
II
ȣ − 0,5 ȣ astronautas mover-se-ão? Justifique.
m 2m
22. Dois blocos, A e B, de massas 1,0 kg, deslocam-se no
mesmo sentido e colidem. Imediatamente antes da
III
ȣ colisão, vA = 3vB. Após a colisão, os blocos seguem
−2ȣ
juntos. O atrito entre as superfícies é desprezável e o
m 0,5 m
intervalo de tempo da colisão é 3,0 ms.
Após a colisão, o automóvel da esquerda: a) Qual das afirmações é correta?
(A) fica parado apenas em I. (A) A velocidade do centro de massa do sistema é
(B) fica parado em I, II e III. constante.
(C) fica parado apenas em II e III. (B) Na colisão, a variação do momento linear de A é
(D) não para. igual à variação do momento linear de B.
(C) Na colisão, a força que A exerce em B é igual à
20. Uma pessoa está num carro em repouso que se pode força que B exerce em A.
mover numa superfície horizontal de atrito desprezá- (D) O momento linear do sistema diminui após a colisão.
vel (ver figura). Num dado instante atira uma bola con-
b) Classifique o tipo de colisão.
tra uma placa montada rigidamente na base do carro.
Considere duas situações com dois tipos de bolas de c) Compare, justificando, a velocidade final do sistema
igual massa: com a velocidade inicial de B.
101
1. MECÂNICA
25. Uma bala de massa m colide com um pêndulo gravítico i. Determine, em unidades SI, as velocidades do carri-
de massa M e comprimento l, continuando a mover-se no nho 1 e do sistema dos dois carrinhos após a colisão.
mesmo sentido mas com a velocidade reduzida a metade. ii. Avalie se houve conservação de momento linear e
Qual deve ser a velocidade mínima da bala para que o da energia cinética do sistema.
pêndulo dê uma volta completa? iii. Poderá concluir-se que, durante a colisão, a resultante
das forças sobre os carrinhos foi nula? Justifique.
b) Da parte B da experiência registaram-se os dados da
Atividade laboratorial tabela seguinte:
26. Numa experiência A, um carrinho 1, colocado numa t1/ms 19,7 16,6 38,0 31,1 26,5 31,0 27,2
calha, foi lançado contra outro carrinho 2, que se t2/ms 24,8 20,3 48,5 38,5 31,6 37,7 32,4
encontrava parado na mesma calha, seguindo os dois
colados após a colisão. Sendo v1 e v' 1, respetivamente, os módulos das
Noutra experiência B, o carrinho 1 foi lançado contra velocidades do corpo antes e após a colisão, o coe-
um obstáculo fixado na extremidade da calha.
ficiente de restituição é dado por e = v'1 . Mostre que
Em ambas as experiências mediram-se os tempos v1
t
pode ser calculado por e = 1 e, a partir do respe-
que uma tira opaca de largura 2,0 cm, colada a cada
t2
carrinho, interrompeu os feixes de luz de fotocélu-
tivo gráfico, determine o coeficiente de restituição
las antes e após a colisão. A figura esquematiza as
dos materiais em colisão.
experiências A e B.
102
1.2 Centro de massa e momento linear de sistemas de partículas
v»B = 4,0e»x – 4,0e»y 31. Um corpo A colide elasticamente com outro corpo B, da
vC
5
v»C = 4,0e»y A mesma massa, que estava em repouso, ficando A em
C
vA repouso. Noutra situação, A colide com B (inicialmente
em repouso) e ficam juntos após a colisão. Compare as
−5 5 x/m velocidades de A e de B antes e depois da colisão, em
B
vB cada um dos casos.
−5
32. Uma pessoa encontra-se no meio de um lago gelado e
quer chegar a terra firme. Indique possíveis formas de
a) A posição do centro de massa no instante indicado na
se aproximar da margem e discuta a sua exequibilidade.
figura, em metros, é:
(A) –0,4e»x + 2,6e»y (C) 0,0e»x + 6,0e»y 33. Por que razão, em algumas corridas de automóveis, se
(B) –1,0e»x + 2,0e»y (D) –0,8e»x + 0,0e»y colocam pneus velhos nos bordos da pista?
A B
103
1. MECÂNICA
35. Uma pessoa está em repouso na extremidade de um 36. Uma pancada numa bola de golfe, de massa 50 g, ini-
carro, de comprimento L, que inicialmente também cialmente em repouso, submete-a a uma força variável.
está em repouso, tal como mostra a figura A. Ao des- A força antes do contacto é nula e com a deformação
locar-se para a outra extremidade, verifica-se que o da bola aumenta até um valor máximo. Após a defor-
carro também se desloca. Quando chega à outra extre- mação máxima, a força decresce de novo até se anular,
midade, a situação é a da figura B. quando a bola perde contacto com o taco. A bola está
em contacto com o taco durante 0,50 ms, e tem veloci-
y dade de 180 km h–1 quando esse contacto cessa.
104
1.3 FLUIDOS
106
1.3 Fluidos
m
ρ= V
A sua unidade SI é o quilograma por metro cúbico (kg m–3) .
Os gases têm massas volúmicas menores do que os líquidos e do que os Fig. 5 Quando a água solidifica, a garrafa
parte-se porque a água aumenta o seu
sólidos, por as partículas constituintes estarem mais afastadas. volume, passando a ter menor massa
volúmica.
A Tab. 1 indica massas volúmicas de alguns materiais. A massa volúmica do
gelo é uma exceção à regra anterior: é menor do que a da água líquida. Isso expli-
ca por que razão uma garrafa cheia de água colocada no congelador acaba por
partir: a mesma massa passa a ocupar um volume maior, pois a densidade do
gelo é menor (Fig. 5). O mercúrio é o líquido mais denso. A densidade dos gases é
medida à pressão de 1 atm (1,013 × 105 Pa) e à temperatura de 0 oC.
Ferro 7,9 × 103 Álcool etílico 0,79 × 103 Azoto 1,251 Densidade relativa: indica se
um material é mais ou menos denso
Alumínio 2,7 × 103 Azeite 0,92 × 103 Hélio 1,179
do que um material padrão.
Gelo (a 0 oC) 0,92 × 103 Mercúrio 13,6 × 103 Hidrogénio 0,090
ρ
d=
ρpadrão
A expressão mostra que a densidade relativa não tem unidades. Para os sóli-
dos e líquidos, o material padrão é a água a 4 oC e à pressão atmosférica normal.
Para os gases é o ar, nas mesmas condições de pressão e temperatura do gás.
Dizer, por exemplo, que a densidade relativa do ferro é 7,9 significa que é mais Fig. 6 Líquidos imiscíveis: a densidade
denso do que a água 7,9 vezes. A separação de líquidos imiscíveis num recipiente relativa aumenta sucessivamente
do líquido superior para o líquido inferior.
permite ordenar as respetivas densidades relativas (Fig. 6).
107
1. MECÂNICA
m
ρm =
V
Questão resolvida 1
Questão resolvida 2
Atividade 1
108
1.3 Fluidos
Se um corpo estiver sobre uma superfície exercendo sobre ela uma força
perpendicular, como os pés da bailarina da Fig. 8, essa força, de intensidade F,
distribuir-se-á pela superfície de contacto, de área A (Fig. 8). A pressão será a
intensidade da força exercida por unidade de área:
Fig. 7 Mede-se a pressão do ar
dos pneus dos veículos e a pressão
F sanguínea (tensão arterial).
p= A
109
1. MECÂNICA
Amostra
A pressão no centro da Terra é cerca de 350 GPa (3,5 × 1011 Pa), ou seja, é
3,5 milhões de vezes superior à pressão atmosférica normal. Mas em labora-
tório já se conseguiram atingir pressões de 1 terapascal (1012 Pa). Foi usado
Força
um dispositivo que é uma espécie de tenaz: a amostra é comprimida entre dois
Fig. 11 Pontas de diamante em dispositivo pequenos diamantes (diâmetro entre 10 e 20 μm) onde se exerceram forças
para se obter altas pressões.
enormes (Fig. 11).
Questão resolvida 3
110
1.3 Fluidos
Num gás, a pressão tem origem nas colisões constantes das moléculas com
as superfícies em contacto (Fig. 12).
Altitude / km
30
cada vez mais rarefeita. Essa diminuição é sentida nos nossos ouvidos quando
subimos ao cimo de uma serra ou quando andamos de avião (apesar de neste 25
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Pressão atmosférica / mmHg
Fig. 13 A pressão atmosférica decresce
com a altitude.
Foi o italiano Evangelista Torricelli que mostrou, em 1643, que existia pressão Pressão atmosférica normal:
atmosférica. Onze anos depois, o alemão Otto von Guericke realizou uma expe- 1,013 × 105 Pa = 1 atm = 760 mmHg
riência que não deixou dúvidas sobre a sua existência. Colocou topo a topo dois
hemisférios metálicos e extraiu o ar das suas cavidades. Por efeito da pressão
atmosférica, os hemisférios aderiam tão bem um ao outro que não se separa-
ram ao serem puxados em sentido oposto por oito cavalos de cada lado (Fig. 15)!
A experiência, realizada na cidade alemã de Magdeburgo, ficou conhecida por QUESTÕES p. 129
«experiência dos hemisférios de Magdeburgo».
111
1. MECÂNICA
Quando nadamos debaixo de água sentimos uma certa pressão nos tímpa-
nos, resultante das forças exercidas pela água sobre eles. Estas forças desig-
nam-se por forças de pressão.
Como as forças exercidas por um líquido nas paredes do recipiente são per-
F» pendiculares a estas, as forças exercidas pelas paredes no líquido serão simé-
tricas, pela Terceira Lei de Newton (Fig. 18). Se assim não fosse o líquido estaria
sujeito a forças com componentes tangenciais que o obrigariam a mover-se,
Fig. 18 O recipiente exerce forças
no líquido perpendicularmente contrariando a hipótese de estar em repouso.
às suas paredes.
E que forças são exercidas numa pequena porção de um líquido em repouso?
Se medirmos a pressão num ponto do líquido com um sensor verificaremos que
é a mesma qualquer que seja a orientação do sensor. Então, nesse ponto, as for-
ças de pressão exercem-se em todas as direções com a mesma intensidade (Fig.
19), sendo nula a sua resultante (se não fosse, o líquido deslocar-se-ia, deixando
de estar em repouso).
Portanto, um líquido exerce forças de pressão nos pontos do seu interior, nas
paredes do recipiente e em qualquer corpo nele imerso.
Fig. 19 Líquido em repouso: é nula
a resultante das forças de pressão sobre
uma pequena porção do fluido. QUESTÕES p. 129
112
1.3 Fluidos
F2
A A
p1
h
p2 F1
Fig. 21 O pequeno volume cilíndrico
P
no interior do fluido está em repouso:
a resultante das forças que atuam sobre
ele é nula.
F»1 + F»2 + P» = 0»
Como a porção de líquido está em repouso, a força resultante que nela atua
é nula. As forças de pressão horizontais anulam-se, mas as forças de pressão
verticais não se anulam pois têm de compensar o peso da porção de líquido. Seja
F»1 a força de pressão exercida na face superior, F»2 a força de pressão exercida na
face inferior e P» o peso da porção de líquido. Então, vem:
F»1 + F»2 + P» = 0» ⇒ F1 – F2 + P = 0
F1 = p1A e F2 = p2A
Logo:
113
1. MECÂNICA
Pa kg m–3 B
ou
pB = pA + ρgh
6p
Declive = ρ g
• A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido é diretamente proporcional
ao desnível entre eles, dependendo a constante de proporcionalidade da massa vo-
lúmica do líquido.
• A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido é independente da forma do
recipiente que o contém. h
• Pontos do líquido ao mesmo nível (h = 0) têm pressões iguais. Maior massa volúmica
• A pressão aumenta com a profundidade no líquido. ⇒ maior declive da reta
h pmanométrica = ρgh
Fig. 23 Variação da pressão absoluta
com a profundidade.
A pressão absoluta varia linearmente com a profundidade no líquido (Fig. 23).
114
1.3 Fluidos
A independência da pressão com a forma dos recipientes explica o compor- Vasos comunicantes: o líquido fica
tamento de um líquido num sistema de vasos comunicantes. A Fig. 24 mostra ao mesmo nível em todos os recipientes,
qualquer que seja a sua forma.
um exemplo: tubos de formas diferentes comunicam entre si de modo que um
líquido neles contido sobe exatamente à mesma altura em todos eles. Como,
pela Lei Fundamental da Hidrostática, os pontos ao mesmo nível têm de ter a
mesma pressão, as alturas a que subirão nos tubos terá de ser a mesma.
B C D
Lei de Stevin:
pA = pE = p0
pB = pC = pD = p0 + ρgh
Questão resolvida 4
Duas barragens são projetadas para dois rios que ficarão, Qual dos paredões deverá ser mais resistente, o da albu-
depois de cheias as albufeiras, com a mesma profundi- feira comprida ou o da mais pequena?
dade perto do paredão. Contudo, as albufeiras terão com- A espessura do paredão deve ser a mesma de cima até
primentos muito diferentes. baixo?
Os paredões devem ter a mesma resistência pois a pressão não da sua quantidade. Mas, em ambas as situações, o
num e no outro é a mesma, independentemente da exten- paredão deve ter uma espessura que aumente de cima para
são da albufeira. Essa pressão só depende da profundidade baixo, pois a pressão a que está submetido aumenta com a
da água, que é a mesma, como se representa na figura, e profundidade.
Questão resolvida 5
115
1. MECÂNICA
Foi o italiano Evangelista Torricelli (Fig. 25) quem, no século XVII, reconheceu
a existência de pressão atmosférica e a mediu, construindo o primeiro aparelho
de medida de pressão atmosférica – o barómetro.
Vácuo
Hg
Barómetro: mede a pressão atmosférica. Se repetirmos a experiência e inclinarmos o tubo, verificaremos que se man-
tém inalterada a altura da coluna de mercúrio (Fig. 27). E os resultados serão
semelhantes se o diâmetro do tubo for diferente.
pB = 0 (vácuo)
B Pela Lei Fundamental da Hidrostática:
pA = pC = p0
h
pA = pB + ρHg gh ⇔ pA = ρHg gh
A C ou
Fig. 28 A altura de mercúrio no tubo dá
a medida da pressão atmosférica. p0 = ρHg gh
116
1.3 Fluidos
Atividade 2
QUESTÕES p. 129
117
1. MECÂNICA
Lei de Pascal
Uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido em repouso trans-
mite-se a todos os pontos do fluido e às paredes que o contêm.
p0
p0 + Δp
hA
hB hB
A A
B B
Questão resolvida 6
Uma piscina está quase cheia de água mas sem banhistas. O que prevê para a
pressão no fundo da piscina quando vários banhistas se põem a boiar na piscina?
A atmosfera exerce pressão sobre a superfície da água. A piscina, a pressão passa a ser p’ = p0 + ρgh + 6p.
pressão no fundo da piscina, com água até a uma altura h, será Podemos chegar à mesma conclusão se pensarmos que o
p = p0 + ρgh. Se os banhistas boiarem, exercem uma pres- nível da água sobe quando os banhistas entram na piscina.
são adicional sobre a água, 6p, que é transmitida a todos os Como a altura de água é maior, será também maior a pressão
pontos da água de acordo com a Lei de Pascal. No fundo da no fundo da piscina.
118
1.3 Fluidos
Atividade 3
F = 1000 N
F = 10 N
A = 1 m2
A = 0,01 dm2
F 1000 F 10
p= = = 1 × 103 Pa p= = = 1 × 103 Pa
A 1 A 0.01
Uma das aplicações mais comuns da Lei de Pascal é a prensa hidráulica, Prensa hidráulica: atua como
que é um sistema de vasos comunicantes: dois recipientes cilíndricos, de diâ- um «multiplicador de forças» porque
as forças exercidas sobre cada êmbolo
metros diferentes e que comunicam entre si, são preenchidos por um líquido
são diretamente proporcionais
viscoso (normalmente óleo) e tapados por êmbolos (Fig. 35). às respetivas áreas.
Se for aplicada uma força de intensidade F1 no êmbolo menor, de área A1,
de uma prensa hidráulica (Fig. 35), esta força será transmitida ao fluido, fazendo
F
surgir neste o acréscimo de pressão de 6p = 1 .
A1
Pela Lei de Pascal, esse acréscimo de pressão será transmitido a todos os
pontos do fluido e das paredes, incluindo o êmbolo maior. Este ficará, por isso, F»2
sujeito a uma força adicional de intensidade F2 = A2 6p, capaz de o pôr em movi-
A2 A1
mento. Substituindo na expressão F2 = A2 6p o valor de 6p, vem:
F»1
F1 F2 F A
= ou 1 = 1
A1 A2 F2 A2
Fig. 35 Esquema de prensa hidráulica: F»1
Como o quociente F/A é constante, as intensidades das forças exercidas em
é a força exercida sobre o êmbolo menor,
cada êmbolo serão diretamente proporcionais às respetivas áreas. Por exemplo, sendo igual à força que este exerce sobre
se a razão entre as áreas dos êmbolos for 100, a força exercida pelo fluido no o fluido; F»2 é a força exercida pelo fluido
sobre o êmbolo maior.
êmbolo maior será 100 vezes maior do que a exercida no êmbolo menor.
119
1. MECÂNICA
A1 A2
Óleo F1
Óleo
Questão resolvida 7
Um elevador hidráulico de uma oficina é acionado por um a) Qual é a intensidade da força exercida no êmbolo
cilindro de 30 cm de diâmetro. menor capaz de elevar o automóvel?
O elevador funciona por aplicação de uma força num outro b) Mostre que os deslocamentos dos êmbolos são inver-
cilindro de 10 cm de diâmetro. samente proporcionais às respetivas áreas.
Um automóvel de 1,0 t é elevado a velocidade constante.
c) Determine a energia necessária para elevar o automóvel
Despreze o peso dos êmbolos.
10 cm, e verifique que a «economia de força» não se
traduz em «economia de energia», pois são iguais os
trabalhos das forças exercidas nos êmbolos.
a) A intensidade da força exercida pelo fluido no êmbolo V = Ad (A é a área e d o deslocamento de cada êmbolo);
maior é igual ao peso do automóvel (a resultante das então, A1d1 = A2d2, relação que traduz a proporcionalidade
forças sobre o êmbolo é nula porque este se move com inversa.
velocidade constante): F2 = P = 1000 × 10 = 1,0 × 104 N. c) A energia é dada pelo trabalho da força que o fluido exerce
F2 F1 1,0 × 104 no êmbolo maior, F»2, e que eleva o automóvel:
Aplicando a expressão = , obtém-se =
A2 A1
冢 冣
2
0,30 WF»2 = 1,0 × 104 × 0,10 x cos 0o = 1,0 × 103 J
π×
2
O deslocamento do êmbolo menor é:
F1 1,0 × 104 F1
= ⇔ = ⇔ F1 = 1,1 × 103 N A1d1 = A2d2 ⇒ π0,052 d1 = π0,152 × 0,10 ⇒ d1 = 0,90 m
0,302 0,102
冢 冣
2
0,10
π× O trabalho da força sobre o êmbolo menor é
2
b) Como o líquido é incompressível e o volume de fluido des- WF»1 = 1,1 × 103 × 0,90 × cos 0o = 1,0 × 103 J
locado junto de cada êmbolo é o mesmo, vem V1 = V2, com Logo, WF»1 = WF»2
QUESTÕES p. 131
120
1.3 Fluidos
Conta a lenda que Arquimedes descobriu a lei que ficou com o seu nome
quando, no banho, sentiu que o seu peso parecia menor (Fig. 38). De facto, o peso
Fig. 38 Segundo a lenda, Arquimedes
é o mesmo, mas quando um corpo se encontra imerso num líquido fica sujeito a (séc. III a.C.) chegou à lei com o seu nome
outra força vertical, dirigida de baixo para cima: a impulsão (símbolo I» ). É esta durante o banho.
força que explica, por exemplo, a flutuação dos corpos (Fig. 39).
A intensidade da impulsão é igual à intensidade do peso de fluido deslocado Fig. 39 Um corpo pode flutuar devido
à impulsão exercida pelo fluido.
pelo corpo. Como a intensidade do peso de um corpo homogéneo de massa volú-
mica ρc e volume Vc é dada por
P = mg = ρcVc g
I = ρfVig
Lei de Arquimedes
Qualquer corpo total ou parcialmente imerso num fluido sofre por parte deste
uma força vertical, dirigida de baixo para cima, de intensidade igual à do peso
do fluido deslocado pelo corpo:
I»
N I = ρf Vi g m s–2 Vi
kg m–3 m–3
Quanto maior for a massa volúmica do fluido e o volume imerso do corpo, Fig. 40 A impulsão, I» , é a resultante
das forças de pressão sobre o corpo
maior será a impulsão.
e depende do volume imerso do corpo.
121
1. MECÂNICA
Numa situação de equilíbrio, como a flutuação dos corpos (Fig. 42), o peso
equilibra a impulsão, verificando-se a condição: P» + I» = 0
» ⇒ P = I.
O corpo sobe Inicialmente, a impulsão tem uma O corpo sobe até à superfície e emerge parte dele até se verificar
no líquido acabando intensidade superior à do peso a condição de flutuação: P = I.
por flutuar à sua e o corpo sobe no líquido:
superfície I
P < I ⇔ ρcVc g < ρfVi g
P
Como Vc = Vi, vem:
ρc < ρf I
122
1.3 Fluidos
Note-se que um barco pode não flutuar mesmo que o peso e a impulsão se
anulem. O peso está aplicado no centro de massa do corpo, mas a impulsão está
aplicada no centro de massa da porção do líquido deslocado. E esses pontos,
geralmente, não coincidem. O barco permanece estável quando os dois pontos
estão na mesma vertical e o centro de massa está abaixo do ponto de aplicação
da impulsão, equilibrando-se o peso e a impulsão (Fig. 47).
Questão resolvida 8
Mostre que os icebergues são um perigo para a navegação a partir da determinação da sua
fração do volume imerso. A massa volúmica da água salgada é 1,024 × 103 kg m–3 e a do gelo
é 0,92 × 103 kg m–3.
QUESTÕES p. 131
123
1. MECÂNICA
Fresist = 6 π r ηv
Lei de Stokes: expressão da força de A expressão anterior é conhecida por Lei de Stokes. A Tab. 3 indica os coefi-
resistência exercida por um fluido numa cientes de viscosidades de alguns fluidos, cuja unidade é o pascal segundo (Pa s).
esfera pequena que se move através dele.
124
1.3 Fluidos
Quando uma pequena esfera cai num fluido viscoso sobre ela atuam o peso,
»
P, a impulsão, I» (cuja intensidade é inferior à do peso, uma vez que o corpo cai), e
I
a força de resistência exercida pelo fluido, F»res (Fig. 50). Fres
r
À medida que a esfera cai vai adquirindo maior velocidade e aumenta a inten-
sidade da força de resistência, por ser diretamente proporcional à velocidade. v
P
Por isso, a resultante das três forças passa, a certa altura, a ser nula:
P» + I» = F»res = 0
» ⇒ P = I + Fres
O movimento passa a ser uniforme e a velocidade diz-se terminal. Fig. 50 Forças sobre uma esfera
em queda num fluido viscoso.
No caso de corpos de maiores dimensões ou que se movam no ar com veloci-
dades elevadas, como gotas de chuva, um paraquedista ou um automóvel (Fig. 51),
a intensidade da força de resistência é proporcional ao quadrado da velocidade:
Questão resolvida 9
A força de resistência sobre um paraquedista varia com o quadrado da Fig. 51 A resistência do ar é diretamente
velocidade, de acordo com Fres = k’v2. proporcional ao quadrado da velocidade
dos corpos quando estes se movem com
Calcule o valor da constante de proporcionalidade, sabendo que a primeira velocidades elevadas.
velocidade terminal de um paraquedista de 70 kg é 180 km h–1.
QUESTÕES p. 132
125
1. MECÂNICA
RESUMO
m
• Massa volúmica de um material: ρ = ; unidade SI: kg m –3.
V
• Densidade relativa de um material, d: compara a massa volúmica do mate-
ρ
rial com a de um material padrão, ou seja, d = ; não tem unidades.
ρpadrão
• Pressão, p: intensidade da componente perpendicular da força exercida numa
F
superfície por unidade de área, ou seja, p = ⊥ ; unidade SI: Pa.
A
• Forças de pressão: F = pA; num fluido em repouso (equilíbrio hidrostático),
essas forças exercem-se perpendicularmente nas superfícies.
126
1.3 Fluidos
Questões pré-laboratoriais
127
1. MECÂNICA
Questões pós-laboratoriais
1. Complete a tabela com os dados registados e com 5. A temperatura do líquido influencia o valor da veloci-
os valores da velocidade terminal de cada esfera. dade terminal de uma determinada esfera. Preveja,
justificando, como deverá variar a velocidade termi-
2. Que conjunto de esferas atingiu mais rapidamente a
nal das esferas com o aumento da temperatura.
velocidade terminal? Porquê?
6. Se as esferas tivessem sido deixadas cair na água, a
3. Justifique a escolha da posição das marcas na pro-
sua velocidade terminal seria maior. Porquê?
veta para determinar a velocidade terminal.
7. Considere que a outra temperatura a viscosidade
4. Construa um gráfico que relacione a velocidade ter-
diminui para metade, mantendo-se a sua densidade.
minal com o raio das esferas, de modo a ter uma
Determine o aumento percentual da velocidade
relação linear, e obtenha a reta de regressão.
terminal de uma esfera nesse líquido a essa tem-
a) O que representa o declive dessa reta? Obtenha, a
peratura, comparada com a velocidade terminal nas
partir dele, o coeficiente de viscosidade do líquido.
condições da experiência.
b) Compare o resultado obtido com os dos outros
grupos, assim como a precisão das medições.
128
1.3 Fluidos
QUESTÕES
Nota c) Qual é a força exercida pelo ar no chão do quarto?
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: Quantos elefantes, de 5,0 t, teriam um peso equiva-
ρágua = 1,0 g cm–3 lente a essa força?
ρmercúrio = 13,6 g cm–3
1 atm = 1,01 × 105 Pa
d) Se aquele número de elefantes pudesse entrar no
quarto, o chão colapsaria. Explique por que razão o
chão do quarto não colapsa apenas devido à força de
pressão.
1.3.1 Fluidos, massa volúmica, densidade
e) Imagine o mesmo quarto completamente cheio de
relativa e pressão
água. Que pressão seria exercida sobre o chão ape-
nas devido ao peso da água?
1. A maior parte do corpo humano é água, embora a sua
percentagem varie com a idade. Portanto, é uma boa
aproximação supor que a massa volúmica do nosso 1.3.2 Forças de pressão em fluidos
corpo é semelhante à da água. Considere uma pessoa
4. A força de pressão que um fluido em repouso exerce
de 70 kg.
em qualquer superfície de área é:
a) Que volume, em litros, ocupa a pessoa?
(A) perpendicular a essa superfície.
b) O sangue, de densidade 1060 kg m–3, corresponde a
(B) paralela a essa superfície.
cerca de 7% da massa de um ser humano. O volume
de sangue daquela pessoa é, em dm3, cerca de: (C) independente da área A.
(D) inversamente proporcional à área A.
(A) 1,060 (C) 0,07 × 1,060
0,07 × 70 70
5. De um recipiente aquecido, deixou-se sair algum vapor.
(B) 0,07 × 70 (D) 70 Após arrefecer, para retirar a tampa lateral, de área
1,060 0,07 × 1,060 200 cm2, é necessário exercer uma força de 80 N.
2. A massa volúmica do ferro é 7,9 g cm–3. Considere a pressão atmosférica normal, 1 atm. Qual é
a pressão do ar, em Pa, no interior da caixa?
a) A densidade do ferro, em kg m–3, é:
(A) 7,9 × 103 (C) 7,9 × 109
(B) 7,9 × 10–3 (D) 7,9 × 10–9 1.3.3 Lei Fundamental da Hidrostática
b) Qual é a densidade relativa do ferro e o que significa
6. A densidade de um líquido pode considerar-se cons-
esse valor?
tante. Classifique, justificando, as seguintes afirma-
c) A massa de um cubo oco de ferro, com 4,0 cm de aresta, ções como verdadeiras ou falsas.
é 0,20 kg. Qual é o volume da parte oca do cubo? A. A pressão num ponto de um líquido ideal em
equilíbrio cresce linearmente com a profundidade
3. Um quarto num segundo andar tem dimensões 4,0 m
mas não varia ao longo de um plano horizontal.
por 4,5 m e altura 3,0 m. O ar do quarto está à pressão
B. As forças exercidas pela parede do recipiente num
atmosférica normal, 1 atm, e a 25 oC. Nessas condi-
líquido ideal em equilíbrio nele contido são parale-
ções, a densidade do ar é 1,18 kg m–3.
las à própria parede.
a) Qual é a massa de ar dentro do quarto? Explicite as C. A diferença de pressão entre dois pontos de um
aproximações realizadas. líquido ideal em equilíbrio é diretamente propor-
b) Um elefante adulto tem uma massa de 4,0 a 6,0 t. cional ao desnível entre eles.
Determine a área do chão do quarto em que o ar exerce D. A pressão num ponto de um líquido ideal em
uma força igual ao peso de um elefante de 5,0 t. equilíbrio depende apenas da profundidade.
129
1. MECÂNICA
7. Se a densidade do líquido referido na questão anterior 10. Um mergulhador faz imersões no oceano. Suponha que
aumentasse com a profundidade, as afirmações dessa a densidade da água é constante e igual a 1,0 g cm–3.
questão teriam o mesmo valor lógico? Justifique. a) A que profundidade terá de mergulhar para que o
aumento de pressão seja igual à pressão atmosférica
8. A experiência de Torricelli permitiu, pela primeira vez,
normal, 1 atm?
reconhecer a pressão atmosférica. Torricelli encheu
b) Respirando por um tubo, cuja extremidade superior
com mercúrio um tubo de vidro, de cerca de 1 m (ver
está à superfície do oceano, não pode mergulhar a
figura); tapou a abertura, inverteu-o numa tina com mer-
mais do que 6,0 m, pois os pulmões não aguentam
cúrio e destapou novamente
B a diferença de pressão. Explique essa diferença e
a abertura; o mercúrio desceu
determine-a.
no tubo mas não escorreu todo
h
para a tina, permanecendo uma
11. Uma zona de moradias pode ser alimentada pela água
coluna de mercúrio de altura
de um reservatório cujo nível superior está a 70 m de
h, com vapor de mercúrio por A C altura. Os canos só suportam pressões de 4,0 atm e
cima, a uma pressão quase
um barómetro marca 75,0 cmHg. Poderá fazer-se a
nula.
ligação?
a) A altura h não depende da:
(A) densidade do mercúrio. 12. A figura mostra líquidos não miscíveis em equilíbrio em
vasos comunicantes.
(B) aceleração da gravidade.
A
(C) área de secção reta do tubo. E
(D) pressão atmosférica. 2 h2
B h1
1
b) A pressão em A é:
C D
(A) maior do que a pressão em C.
(B) menor do que a pressão atmosférica.
a) Os líquidos 1 e 2 têm massas volúmicas ρ1 e , respe-
(C) maior do que a pressão em B. ρ
tivamente, sendo 1 = 1,8. Determine h1 .
(D) nula. ρ2 h2
c) Convencionou-se designar por pressão atmosférica b) Qual dos gráficos traduz a pressão exercida apenas
normal a que corresponde a h = 76,0 cm, num local pelo líquido com a profundidade, quando se percor-
onde o módulo da aceleração gravítica seja 9,81 m s–2. rem sucessivamente os pontos A, B, C, D e E da
Determine, em Pa, a pressão atmosférica normal. figura anterior?
I III
9. Numa transfusão de sangue, insere-se uma agulha p p
numa veia onde a pressão é superior em 2,00 kPa à
pressão atmosférica. Considere a densidade do san-
gue 1,06 g cm–3 e o módulo da aceleração gravítica
9,8 m s–2. A B C D E AB C D E
130
1.3 Fluidos
A I C I
t t
a) Relacione as variações de pressão nos êmbolos
como resultado da aplicação da força F». B I D I
b) Determine a massa do homem.
c) Se o líquido da prensa fosse mais denso, a intensidade da
força F» para manter o homem em equilíbrio seria maior,
igual ou menor do que 40 N? Fundamente a resposta. t t
b) Qual é a massa volúmica do líquido X? 17. Numa balança de braços iguais suspendeu-se uma
c) Uma pequena esfera de aço, com o mesmo volume esfera grande e oca numa extremidade da alavanca e um
da gota de óleo, é introduzida no líquido X, afun- pequeno corpo metálico na outra, de modo a equilibrar a
dando-se. A impulsão exercida sobre a esfera de aço: balança. O sistema foi colocado no interior de uma cam-
(A) é menor do que a exercida na gota de óleo. pânula de onde se extraiu o ar com uma bomba de vácuo.
(B) não depende da profundidade. Preveja, fundamentando, o que deverá ter ocorrido.
131
1. MECÂNICA
18. Observe a figura seguinte (que não está à escala): dois Atividade laboratorial
corpos maciços de igual massa, X e Y, são mergulha-
dos totalmente em água quando estão suspensos de 21. Um grupo de alunos determinou o coeficiente de visco-
dinamómetros, os quais marcam os valores indicados. sidade da glicerina a partir da medição da velocidade
terminal de pequenas esferas em queda nesse líquido,
procedendo do seguinte modo:
2,0 N
2,8 N – encheu uma proveta de 1,5 l com glicerina e mediu a
temperatura, 20 oC;
– deixou cair na proveta esferas de raios, r, diferentes,
do mesmo aço de densidade 7,85 g cm–3, e mediu
X Y o intervalo de tempo, Δt, que cada esfera levou a
percorrer a distância d = 0,350 m entre duas marcas
Água Água
onde as esferas pareciam cair com velocidade cons-
a) Pode concluir-se que: tante de módulo vt;
(A) a força gravítica exercida sobre X é menor do que – determinou a densidade da glicerina, medindo a
a exercida sobre Y. massa de 20 ml de glicerina: 24,59 g.
(B) a impulsão exercida sobre X é maior do que a Os resultados foram registados na tabela:
exercida sobre Y. r / mm Δt / s vt / m s–1
(C) a resultante das forças que atuam em Y é maior 1,60 14,51 14,08 14,16 X
do que a resultante das forças que atuam em X. 2,45 5,03 5,27 5,40 0,0669
(D) as forças exercidas pelos fios sobre X e Y são 3,20 3,28 3,11 3,04 0,1115
iguais.
3,90 2,06 2,12 2,01 0,1699
b) Qual é a diferença, em cm3, entre os volumes de X 4,95 1,47 1,58 1,39 0,2365
e de Y?
O valor tabelado para o coeficiente de viscosidade da
c) O corpo X é de alumínio, cuja densidade é 2,7 g cm–3.
glicerina a 20 oC é 1,41 Pa s.
Determine a densidade do material que constitui Y.
a) Qual é densidade da glicerina, no SI?
b) Qual é o valor mais provável de X (velocidade termi-
1.3.6 Movimento de corpos em fluidos; nal de uma esfera de raio 1,60 mm)?
viscosidade c) Antes de atingir a velocidade terminal, a aceleração
da esfera:
19. Descreva o movimento de uma gota de chuva
caracterizando: (A) mantém-se constante.
132
1.3 Fluidos
e) A partir da equação de regressão linear que traduz a d) Preveja, justificando, o que deverá suceder ao volume
velocidade terminal em função do quadrado do raio, de ar no interior da campânula à medida que ela desce.
calcule o coeficiente de viscosidade da glicerina e o
respetivo erro percentual. Considere g = 9,8 m s–2. 24. Um cubo de madeira de 10,0 cm de aresta flutua com-
pletamente imerso num recipiente que contém água e
óleo, cuja massa volúmica é 0,91 g cm–3. A face inferior
Questões globais do cubo está mergulhada em água até a uma altura de
2,0 cm.
22. Explique as seguintes situações: a) Qual é a densidade relativa da madeira?
A. Os crocodilos abocanham pedras para se afunda- b) Determine a pressão exercida ao nível da face inferior
rem na água. do cubo exclusivamente devida aos líquidos, sabendo
B. Uma chaleira deve ter o bico de saída à altura da que a face superior do cubo está a rasar a superfície
sua parte superior. livre do óleo.
C. Um caixote dentro de uma canoa fá-la-ia afun-
dar-se, por isso é transportado debaixo de água 25. Um cubo, de densidade 8,0 × 102 kg m–3, encontra-
preso à parte inferior da canoa. -se preso por um fio ao fundo de um lago com água.
D. O ar consegue sustentar objetos muito pesados, A superfície superior do cubo encontra-se a 5,0 m
tais como os dirigíveis. de profundidade. O módulo da tensão no fio é 250 N.
Considere a pressão atmosférica 1,01 × 105 Pa.
23. Uma campânula cilíndrica de aço, sem fundo, é imersa
em água, a partir da superfície, tal como mostra a
figura. O diâmetro da base da campânula é 1,0 m.
O desnível entre os pontos A e C é 5,0 m e entre os
pontos B e C é 2, 0 m. A pressão atmosférica é 1,0 atm.
5,0 m
1,0 m
5,0 m
B
a) Determine a pressão na face superior do cubo.
D E 2,0 m
b) Determine o volume do cubo.
C c) Corta-se o fio e o cubo sobe ficando em equilíbrio à
superfície do lago.
i) Como varia a impulsão durante a subida do cubo?
a) Selecione a opção correta.
ii) Quanto tempo demoraria o cubo a atingir a super-
(A) pC = pE (B) pD > pC (C) pA > pB (D) pD = pE fície se fosse desprezável a força de resistência
b) Determine a resultante das forças de pressão exer- da água?
cidas na superfície superior da base da campânula. iii) Que fração do volume do cubo ficará fora de água
c) Qual é a impulsão exercida sobre a campânula? ao ficar em equilíbrio?
133
2
CAMPOS DE FORÇAS
O
FASCINANTE
DOS S /N
MUNDO S /N
CAMPOS DE FORÇAS
Dizemos que existe um campo quando está presente uma força numa
certa região do espaço. Vivemos no seio do campo gravítico terrestre,
pois caminhamos sobre a Terra e qualquer objeto que seja largado cairá
Fig. 1 A sonda Juno, da NASA, e o planeta para a superfície da Terra. Já na física do 11.o ano estudámos o campo
Júpiter.
gravítico, assim como outros, como o campo elétrico e o campo magné-
tico. A Terra tem à sua volta, além de um campo gravítico, um campo
magnético, que é revelado pela agulha de uma bússola.
136
2.1 CAMPO GRAVÍTICO
Uma maçã cai para a Terra devido à força gravítica. Também a Lua roda em
volta da Terra devido à força gravítica. A força gravítica é, portanto, uma força
que se exerce à distância.
Forças gravíticas: foram explicadas A Lei da Gravitação Universal foi expressa por Isaac Newton (Fig. 1) em lin-
por Newton e Einstein. A teoria de Einstein guagem matemática. Mas há hoje uma forma de descrever melhor as forças
explica um maior número de fenómenos.
gravíticas. Na segunda década do século XX, Albert Einstein (Fig. 1) formulou
uma teoria, chamada Teoria da Relatividade Geral, que explica as forças graví-
ticas com base na deformação do espaço-tempo (Fig. 2), uma entidade formada
pela junção do espaço e do tempo.
Fig. 3 Colisão de dois grandes buracos negros originando ondas gravitacionais (simulação).
138
2.1 Campo gravítico
Foi com base nos trabalhos de Galileu e Kepler (Fig. 4) que Newton, no século
XVII, chegou à Lei da Gravitação Universal. O próprio reconheceu a sua dívida
para com Galileu e Kepler ao afirmar que «se pude ver mais longe foi porque es-
tava aos ombros de gigantes». Newton foi ele próprio um «gigante», aos ombros
de quem Einstein haveria de subir no século passado.
139
2. CAMPOS DE FORÇAS
1. Lei das Órbitas: a órbita de um planeta 2. Lei das Áreas: o vetor posição do
é elítica, ocupando o Sol um dos focos planeta, com origem no Sol, «varre» áreas
da elipse. iguais em intervalos de tempo iguais.
Δt2 A2 A1 Δt1
R
Sol Sol
Δt1 = Δt2 A1 = A2
m R3 = K m3 s–2
s T2
Estas leis foram igualmente confirmadas para os movimentos das luas mais
próximas de Júpiter descobertas por Galileu.
Foi Newton quem explicou a causa dos movimentos descritos pelas Leis de
Kepler: a força da gravidade.
Questão resolvida 1
QUESTÕES p. 153
140
2.1 Campo gravítico
Newton fez os cálculos e obteve para o módulo da aceleração (nas atuais Fig. 7 A aceleração da Lua é muito inferior
à dos corpos que caem perto da superfície
unidades SI) a = 2,7 × 10–3 m s–2, muito inferior a 9,8 m s–2, o módulo da ace- da Terra.
leração gravítica junto da superfície terrestre, que já era conhecido na época
(Fig. 7). Esta diferença entre os valores das acelerações levou Newton a pensar
que a aceleração e, portanto, a força que a Terra exercia sobre os objetos, depen-
dia da distância, quer eles estivessem junto ou longe da Terra!
m
F = 4π2 K
R2
Esta expressão mostra que a intensidade da força exercida pelo Sol é pro-
porcional à massa do planeta e ao inverso do quadrado da distância entre os
astros. A constante K tem o mesmo valor para todos os planetas do Sistema
Solar, mas depende do astro central que exerce a força: o Sol, no caso dos pla-
netas do Sistema Solar, a Terra no caso da Lua, Júpiter para as suas luas, etc.
141
2. CAMPOS DE FORÇAS
mB
FA/B = 4π2KA
r2
FB/A FA/B
A B
Fig. 9 As forças F»B/A e F»A/B formam
um par ação-reação r
4π2 K
Daqui se conclui que tem o mesmo valor para quaisquer dois cor-
m
4π2 KA 4π2 KB
pos em interação gravítica. Este valor comum, G = = chama-se
mA mB
constante de gravitação universal.
mA mB
Fg = G
r2
Esta expressão foi já apresentada em anos anteriores mas, como se mostrou,
obtém-se a partir da Terceira Lei de Kepler seguindo o raciocínio de Newton.
Questão resolvida 2
mT m
A força à superfície da Terra é Fg = G
RT2
À superfície de Marte, é
mM m 0,107 mT m 0,107 mT m
Fg' = G =G = G ⇒ Fg' = 0,38 Fg
R M2 (0,53 RT)2 0,281 R 2T
142
2.1 Campo gravítico
F
M
A Fig. 12 mostra um dispositivo moderno para realizar a experiência de Fig. 12 Dispositivo moderno para realizar
a experiência de Cavendish.
Cavendish num laboratório escolar.
143
2. CAMPOS DE FORÇAS
mTerra
g=G
R 2Terra
Questão resolvida 3
A massa de um corpo celeste pode ser determinada com base nas características
do movimento orbital de qualquer um dos seus satélites (período de translação e
raio da órbita) e no valor da constante de gravitação universal,
mT mS v2 mS
A Terra, de massa m T , move-se em torno de Sol, de massa Fg = mTa ⇒ G 2 = mT ⇒G = v2 ⇒
r r r
mS, numa órbita aproximadamente circular, de raio r, sujeita
2
4π2r 3
冢 2πr
T 冣
unicamente à força gravítica exercida pelo Sol de intensi- r
⇒ mS = × ⇒m S =
dade Fg. Numa órbita circular, a resultante das forças – a G GT 2
força gravítica – é centrípeta e, portanto, o módulo da veloci- em que T é o período do movimento de translação da Terra.
dade, v, é constante (como a força gravítica é perpendicular Substituindo os valores numéricos na expressão anterior,
à velocidade não existe componente da resultante das for- determina-se a massa do Sol:
ças na direção da velocidade).
A massa do Sol pode obter-se da aplicação da Segunda Lei 4π2 (1,496 × 1011)3
mS = = 1,99 × 1030 kg
de Newton ao movimento da Terra em torno do Sol: 6,67 × 10–11 × (365,25 × 24 × 60 × 60)2
Atividade 1
A partir de dados relativos à Terra, confirme, a partir da a vários planetas do Sistema Solar e a estrelas de vários
expressão de g acima, que a aceleração da gravidade é, tipos (do Sol às estrelas de neutrões) e determine a ace-
aproximadamente, 9,8 m s–2. Encontre os dados relativos leração da gravidade à sua superfície.
QUESTÕES p. 153
144
2.1 Campo gravítico
Sabemos por que razão uma maçã, ao desprender-se da macieira, cai: a Terra
exerce uma força gravítica sobre ela. Podemos compreender esta força à distân-
cia como uma interação local, usando a noção de campo, que já surgiu no 11.o
ano a propósito de interações magnéticas e elétricas.
Recordemos que um íman atrai certos objetos. Podemos pensar que o íman
cria à sua volta um campo magnético que é uma espécie de «mediador» entre o
íman e os objetos que com ele interagem. Em redor do íman, o campo magnético
será tanto maior quanto maior for a força que se exerce sobre um dado objeto.
Também as cargas elétricas criam no espaço um campo elétrico. Uma carga
elétrica colocada numa região onde exista um campo elétrico fica sujeita a uma
Fig. 13 Representação do campo
força elétrica. Podemos representar os campos elétricos e magnéticos através magnético (em cima) e do campo elétrico
de linhas de campo (Fig. 13). (em baixo) por linhas de campo.
» F»g
F=
m
145
2. CAMPOS DE FORÇAS
m
Fig. 16 Força gravítica que a partícula Fg
de massa M exerce sobre a partícula Ᏻ
P P
de massa m (à esquerda) e campo gravítico,
no ponto onde se situa a massa m, criado r
pela partícula de massa M (à direita). r
M M
M
F» = –G 2 e»r
r
Conhecendo o campo gravítico num dado ponto podemos calcular a força
gravítica exercida sobre uma partícula de massa m aí colocada pela expressão
F»g = m F» .
Campo gravítico
O módulo do campo gravítico criado por uma partícula de massa M é:
F = G M2
kg
N kg–1
r m
N m2 kg–2
146
2.1 Campo gravítico
ey
0 Fig. 20 Globalmente o campo gravítico
é radial, mas localmente pode ser
considerado uniforme: as linhas de campo
são paralelas e igualmente espaçadas.
Ᏻ = g = -g ey
Questão resolvida 4
QUESTÕES p. 154
147
2. CAMPOS DE FORÇAS
No 10.o ano associámos aos corpos uma energia potencial gravítica por esta-
rem num campo gravítico. De facto, a energia não pertence apenas ao corpo mas
refere-se ao sistema corpo-Terra porque resulta da interação gravítica entre o
corpo e a Terra.
Campo gravítico: é conservativo (a força O campo gravítico diz-se conservativo porque o trabalho da força gravítica
gravítica é conservativa). entre dois pontos quaisquer não depende da trajetória entre eles mas apenas
Energia potencial gravítica: das posições inicial e final. Se o campo gravítico for uniforme, o peso (identifi-
a expressão Epg = mgy só é válida para cado aqui com a força gravítica) será constante e a energia potencial gravítica
campos gravíticos uniformes. será dada por:
Epg = mgy
Mas, no caso geral (campo não uniforme), a expressão anterior não é válida.
A energia potencial de interação entre duas partículas, uma de massa M e a outra
de massa m, separadas por uma distância r, tem uma referência que vamos fixar
do seguinte modo: a energia potencial é nula (Epg = 0) quando a separação entre
as partículas é infinita (r → ∞). Mas a escolha da referência para a energia poten-
cial é arbitrária.
Epg
Energia potencial gravítica de interação entre duas partículas
148
2.1 Campo gravítico
Mm
Força F»g = m g e»y F»g = –G 2 e»r
r
Linhas de
campo
WFg = – ΔEpg
Se um corpo tiver um movimento num campo gravítico, sujeito apenas às for-
ças gravíticas, como estas são conservativas, a energia mecânica conservar-se-á:
Em = Ec + Ep = constante
sendo:
1 Mm
Em = mv 2 – G
2 r
Questão resolvida 5
Um satélite, de massa m considerada constante, ligado a b) Mostre que para um corpo de massa m, próximo da
um foguetão, está inicialmente em órbita terrestre à alti- superfície da Terra, a energia potencial gravítica pode ser
tude h, passando depois para a altitude 2h. escrita como mgh, em que g é o módulo do campo graví-
a) Determine o trabalho da força gravítica. tico e h a altura em relação a um nível de referência.
a) A força gravítica é conservativa: o trabalho desta força é h seria muito pequena quando comparada com o raio da
igual ao simétrico da variação da energia potencial: Terra, h < RT. Neste caso, os h no denominador da expres-
G mT m G mT m G mT mh são anterior podem ser desprezados, passando simples-
WFg = –ΔEpg = – – – – =– 2
RT + 2h RT + h (RT + h) (RT + 2h) mente a escrever-se (RT + h)(R T + 2h) ≈ R T . Fica então:
b) Se, em vez de um satélite, estivéssemos a estudar o movi- Gm
ΔEpg ≈ 2 T mh = mgh
mento de um corpo próximo da superfície da Terra, a altura RT
149
2. CAMPOS DE FORÇAS
Terra 11,2
Velocidade de escape e velocidade de um satélite em órbita
Lua 2,4 Se lançarmos um corpo verticalmente para cima ele subirá mas tornará a
descer. E se quiséssemos que ele escapasse à atração gravítica? Teríamos de
Sol 618
o lançar com uma velocidade mínima, chamada velocidade de escape (velo-
Júpiter 60 cidade mínima para o corpo subir mas não voltar a descer). Esta é a velocidade
com que se deve lançar um corpo (na ausência de resistência do ar) para que ele
Marte 5,0
atinja um ponto no infinito com energia cinética nula.
Vénus 10,4
A energia mecânica no infinito é nula, uma vez que a energia potencial é nula.
Tab. 1 Valores da velocidade de escape,
para vários astros, em km s–1.
Aplicando a conservação da energia mecânica, vem
1 Mm
mv 2escape – G =0
2 R
2GM
vescape =
R
A Tab. 1 indica valores de algumas velocidades de escape.
v 2órbita M m
m = G T2
r r
150
2.1 Campo gravítico
Campo gravítico
Fig. 25 A energia mecânica
Força gravítica: grandeza vetorial que se define para duas Mm de um sistema Terra + satélite (como
massas. Fg = G 2 a ISS – Estação Espacial Internacional)
r
é sempre negativa.
Questão resolvida 6
Designe a massa da Terra por mT e o seu raio por RT. Despreze a resistência
QUESTÕES p. 155
do ar.
1 2 m m
a) A energia mecânica do sistema satélite-Terra é Em = mv órb –G T .
2 r
GmT 1 m m m
Vimos que vórb = . Portanto, Em = mG T –G T ,
r 2 r r
1 m m
ou seja, Em = – G T , que é uma quantidade negativa.
2 r
b) A velocidade que é necessário imprimir a um corpo na superfície da Terra
para que ele atinja uma órbita de raio r > RT pode obter-se a partir da conser-
vação da energia mecânica.
1 m m
À superfície da Terra: Em = mv2 –G T
2 r
1 m m
Em órbita: Em = – G T
2 r
1 m m 1 mT m
Igualando as duas energias, mv2 –G T = – G , obtém-se
2 RT 2 r
GmT
v= (2r – RT)
rRT
Nota: Desprezámos a energia cinética do satélite, quando é lançado, devida à rotação
da Terra. Na realidade, esta energia é importante e, por isso, os satélites são, em geral,
lançados próximo do equador e não dos polos.
151
2. CAMPOS DE FORÇAS
RESUMO
• Leis de Kepler: descrevem os movimentos dos planetas à volta do Sol.
Primeira Lei – Lei das Órbitas: a órbita de um planeta é elíptica, ocupando o
Sol um dos focos da elipse. Segunda Lei – Lei das Áreas: o vetor posição do
planeta, com origem no Sol, «varre» áreas iguais em intervalos de tempo
iguais. Terceira Lei – Lei dos Períodos: o cubo do semieixo maior da elipse
(para uma órbita circular, o raio, R) é diretamente proporcional ao quadrado
3
do período, T, do planeta, ou seja, R = K.
2
T
m m
• Lei de Newton da Gravitação Universal: Fg = G A 2 B ; as forças gravíticas
r
são sempre atrativas e têm origem na massa dos corpos.
Mm
• Energia potencial gravítica de interação entre duas partículas: Epg = –G ;
r
depende da massa das partículas e da distância entre elas; é sempre negativa
e aumenta quando essa distância aumenta (é nula quando as partículas esti-
verem infinitamente afastadas).
GM
• Velocidade de um satélite em órbita circular: vórbita = ; depende da
r
massa, M, do planeta e do raio, r, da órbita; não depende da massa do satélite.
152
2.1 Campo gravítico
QUESTÕES
Nota 3. Quando a Terra está mais próxima do Sol (no chamado
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: periélio) tem maior velocidade do que quando está mais
g = 10 m s−2 e G = 6,67 × 10–11 N m2 kg–2. longe (no chamado afélio). Justifique esta propriedade
com base nas Leis de Kepler.
153
2. CAMPOS DE FORÇAS
8. Dois satélites, A e B, orbitam a Terra em trajetórias 11. O campo gravítico na Lua é um sexto do da Terra e o
circulares com velocidades de módulos vA e vB, res- raio da Lua é 0,27 vezes o raio da Terra. Determine a
petivamente. O satélite A orbita a Terra a uma altitude relação entre as massas volúmicas médias da Terra e
hA = 2RT e o satélite B a uma altitude hB = 4RT, onde RT da Lua.
é o raio da Terra.
12. Qual dos gráficos traduz corretamente a dependência
a) Justifique, sem efetuar cálculos, a seguinte afirma-
entre o módulo do campo gravítico, F, criado por uma
ção: «As acelerações destes satélites são menores
massa pontual num ponto P, e a distância r de P à
do que 10 m s–2.»
massa pontual?
b) Relacione os módulos das acelerações dos dois
A C
satélites. Ᏻ Ᏻ
c) Qual é o quociente dos módulos da velocidade destes
v
satélites, A ?
vB
5
(A) √2 (C)
3
0 r2 0 r
B D
5 Ᏻ Ᏻ
(B) 2 (D)
3
d) Mostre, a partir da Lei da Gravitação Universal e da
Segunda Lei de Newton, que o quadrado da veloci-
0 1 0 1
dade angular orbital de um satélite da Terra é inver- r2 r
samente proporcional ao cubo do raio da sua órbita.
13. O planeta Júpiter, de raio 7,15 × 107 m e massa
1,90 × 1027 kg, apresenta um período de translação em
torno do Sol igual a 11,86 anos. O seu centro encon-
tra-se a uma distância média do centro do Sol igual a
2.1.3 Campo gravítico 7,78 × 1011 m. Despreze a excentricidade da órbita de
Júpiter.
9. Duas estrelas de neutrões iguais, de massa 3,0 × 1030 kg
a) Determine o módulo do campo gravítico:
e raio 8,0 × 103 m, estão separadas de 1,0 × 1010 m.
i) de Júpiter, num ponto à sua «superfície».
a) Caracterize as forças de atração gravítica a que estão
ii) do Sol, num ponto da órbita de Júpiter.
sujeitas.
b) Se o planeta Júpiter tivesse a mesma massa e a
b) Determine o módulo do campo gravítico à superfície
mesma órbita, mas fosse mais denso, qual das
das estrelas de neutrões.
seguintes grandezas se alteraria?
10. Considere um satélite geoestacionário. A massa da (A) Aceleração centrípeta no movimento de
Terra é 5,97 × 1024 kg e o seu raio 6,4 × 106 m. translação de Júpiter.
a) Determine a altitude desse satélite. (B) Velocidade orbital de Júpiter.
b) Qual é o módulo do campo gravítico a essa altitude? (C) Campo gravítico à «superfície» de Júpiter.
c) Que força atua sobre um corpo de 50 kg aí colocado? (D) Força gravítica exercida sobre Júpiter pelo Sol.
154
2.1 Campo gravítico
14. Procure uma simulação na internet que permita 17. A atmosfera da Lua é tão rarefeita que, se a compa-
visualizar o tipo de trajetórias possíveis de um corpo rarmos com a atmosfera da Terra, podemos conside-
sujeito à gravitação do Sol, consoante a velocidade rar que se trata de vácuo. O gás mais abundante dessa
inicial comunicada ao corpo. Verifique que há traje- atmosfera é o árgon, cuja massa molar é 40 g mol–1
tórias circulares ou elípticas e que, se a velocidade (a constante de Avogadro é 6,02 × 1023 mol–1).
for demasiado elevada, as trajetórias deixarão de A temperatura da Lua oscila consoante a região é, ou
ser fechadas, passando a ser abertas (parábolas ou não, iluminada pelo Sol, mas a face iluminada pode
hipérboles). atingir 400 K. À temperatura T, a energia cinética
média, Ec, m, dos átomos de árgon é, em unidades SI,
dada pela expressão:
2.1.4 Energia potencial gravítica; conservação Ec, m = 2,07 × 10–23 T (T em kelvin)
da energia no campo gravítico
A uma determinada temperatura, nem todos os áto-
15. A energia potencial gravítica de um corpo de massa mos têm a mesma velocidade e os mais rápidos
m sujeito à força gravítica de um planeta de massa podem escapar para o espaço se a sua velocidade for
M depende da distância r entre o corpo e o centro do maior do que a velocidade de escape.
planeta. Qual dos gráficos representa corretamente a Verifica-se que a maioria dos átomos se escapará da
energia potencial gravítica do sistema corpo-planeta, atmosfera de um planeta se a velocidade «média» for
Epg, em função da distância, r? Considere que r é maior maior do que 15% da velocidade de escape.
do que o raio do planeta. A massa da Lua é 7,35 × 1022 kg e o seu raio 1,74 × 106 m.
A C
Tendo em conta a informação anterior, fundamente o
E pg E pg facto de a atmosfera na Lua ser praticamente inexis-
0 0 tente.
r r
155
2. CAMPOS DE FORÇAS
Questões globais 24. Marte tem dois satélites: Fobos, que se move numa órbita
circular de raio 9377 km e tem um período de 7,66 h,
20. Suponha que o centro de massa da Lua descreve um e Deimos, que tem órbita circular de raio 23 460 km.
movimento circular uniforme em torno da Terra. Nestas Determine o período de Deimos.
condições, pode afirmar-se que:
25. O CoRoT-7b é um exoplaneta rochoso, uma espécie de
(A) O momento linear é constante.
«super-Terra». Estima-se que a sua massa seja cinco
(B) A aceleração e a energia cinética são constantes.
vezes a massa da Terra e que o seu raio seja 60% maior
(C) O campo gravítico é nulo num ponto equidistante do que o raio terrestre. Estabeleça uma relação numé-
dos centros de massa da Terra e da Lua. rica entre:
(D) A energia potencial gravítica do sistema Lua-Terra a) o módulo do campo gravítico na superfície da Terra
é constante. e o módulo do campo gravítico na superfície do
CoRoT-7b.
21. Um projétil é lançado verticalmente da superfície de b) a energia potencial do sistema corpo-Terra e a ener-
um planeta de massa M e raio R com velocidade de gia potencial do sistema corpo-CoRoT-7b quando
GM o mesmo corpo é colocado à superfície de cada
módulo . Determine a distância máxima ao cen-
R planeta.
tro do planeta, em função de R, a que ele subirá. c) o módulo da velocidade de escape na Terra e o
módulo da velocidade de escape no CoRoT-7b.
22. Um corpo orbita a Terra, com movimento circular uni-
forme, a uma altitude igual ao raio da Terra. 26. Um satélite de 750 kg encontra-se, inicialmente, em
órbita circular em torno da Terra (mT = 5,97 × 1024 kg e
a) Que trabalho realiza a força gravítica quando o corpo
RT = 6,37 × 103 km) a uma altitude de 400 km. Devido
descreve uma órbita completa?
às forças de resistência do ar, acaba por cair na Terra
b) Se o corpo passasse a mover-se numa órbita a uma
com velocidade 3,0 km s–1.
altitude três vezes maior, que alteração existiria:
a) Justifique, sem efetuar cálculos, a seguinte afirma-
i) na força gravítica que atuaria sobre ele?
ção:
ii) na sua velocidade orbital? «A energia mecânica inicial do sistema satélite-Terra
iii) no seu período? é negativa.»
iv) na energia potencial gravítica do sistema corpo- b) Determine a energia dissipada durante a queda (con-
-Terra? sidere o satélite uma partícula).
23. Um corpo orbita a uma altitude igual a dois raios ter- 27. Faça uma pesquisa sobre o modo como são lança-
restres. Determine uma expressão algébrica, em fun- dos os satélites.
ção da constante de gravitação universal G, da massa Apresente os resultados à turma, recorrendo às tecno-
da Terra, mT, do seu raio, RT, e da massa do corpo, m : logias de informação e comunicação.
a) para a energia cinética que é necessário fornecer ao
corpo, à superfície da Terra, de modo que ele fique
nessa órbita.
b) para o trabalho realizado pela força gravítica quando
o corpo passa dessa órbita para outra cuja altitude é
apenas um raio terrestre.
156
2.2 CAMPO ELÉTRICO
Sabemos hoje que a carga elétrica de um corpo se deve à troca, com outros
corpos, de partículas de carga negativa, os eletrões, que são partículas funda-
mentais da matéria. A sua descoberta foi feita pelo físico inglês Joseph John
Thomson em 1897. A carga elétrica do eletrão (designada por –e) foi determi-
nada em 1909, numa experiência famosa, pelo físico norte-americano Robert
Millikan (Fig. 2). Millikan mostrou que a carga elétrica de uma pequena gota de
óleo é sempre múltipla do módulo da carga do eletrão, ou seja, a gota de óleo
pode receber ou ceder carga elétrica, mas sempre de forma descontínua.
Carga elétrica: em módulo é A unidade de carga elétrica no SI é o coulomb (C). A carga de um protão,
um múltiplo da carga elementar, e. simétrica da do eletrão, e = 1,602 × 10–19 C, é a carga elementar.
u u
d
u
d
冢 1 2
冣
– e, + e mas, até hoje, nunca foram observados isolados. Por isso, a carga
3 3
d livre que existe na natureza, nos objetos carregados, é múltipla da carga ele-
Neutrão mentar. O neutrão também é constituído por três quarks (Fig. 3). A carga do pro-
Protão 2 1
冢 1
冣 2
tão é 2 × e – e = e e a carga do neutrão é 2 × – e + e = 0 (Fig. 3).
3 3 3 3
Fig. 3 Estrutura do protão, com dois
quarks up (u, carga 2 e), e um quark down
A conservação da carga elétrica é um facto experimental. O Princípio da
3 Conservação da Carga Elétrica afirma que a carga elétrica de um sistema iso-
(d, carga – 1 e), e de um neutrão com um
3 lado (soma algébrica das cargas positivas e negativas) é constante. Mas esse
quark up e dois quarks down.
princípio não proíbe a criação de cargas elétricas num sistema isolado: se for
criada uma carga positiva, deverá aparecer no sistema uma carga negativa,
Princípio da Conservação da Carga
Elétrica: a carga elétrica de um sistema
simétrica da primeira. Por exemplo, um fotão (partícula de luz que é neutra) de
isolado (soma de todas as cargas) alta energia pode, em certas condições, criar um par de partículas com cargas
é constante. simétricas, como um eletrão e um antieletrão (ou positrão).
158
2.2 Campo elétrico
Utilizando uma balança de torção (Fig. 5), semelhante à que Cavendish usaria
para verificar a Lei da Gravitação Universal, Coulomb mostrou que a intensidade
da força de atração ou de repulsão entre dois pequenos corpos carregados com
cargas q e q’ é proporcional ao módulo dessas cargas e inversamente proporcio-
nal ao quadrado da distância entre elas, r, afirmação que passou a ser conhecida Fig. 4 Charles Coulomb, físico francês
do século XVIII, formulou a lei de interação
por Lei de Coulomb. entre cargas elétricas, que hoje tem
o seu nome.
q r
q’
Fig. 5 Balança de torção de Coulomb
(Museu da Ciência da Universidade
de Coimbra) e respetivo esquema.
qq'
F»A/B = k 2 e»r
r
onde e»r é o vetor unitário que aponta de A para B e k uma constante.
|q||q'|
FA/B = FB/A = k
r2
159
2. CAMPOS DE FORÇAS
Lei de Coulomb
• A intensidade das forças de atração ou de repulsão entre duas cargas elétri-
cas, q e q´, à distância r uma da outra, é dada por
C C
|q||q'|
N F=k
2 –2
r2
Nm C m
A Fig. 7 mostra um dispositivo moderno para medir a força elétrica entre duas
pequenas esferas com cargas simétricas.
Note-se que o átomo existe devido às forças elétricas de atração entre ele-
trões e núcleo. No núcleo, as forças elétricas de repulsão entre protões são muito
intensas, pois a distância média entre eles é muito pequena. Contudo, os núcleos
existem porque, a esta distância da ordem de 10–15 m, estão também presentes as
forças nucleares fortes. Estas são fortemente atrativas, sendo a sua intensidade
muito superior à das forças elétricas de repulsão, o que assegura a coesão nuclear.
Fig. 7 Dispositivo para medir a força Quando comparamos as leis de Coulomb e de Newton, deparamos com
elétrica entre duas pequenas esferas semelhanças entre as duas. A Fig. 8 resume essas semelhanças mas também
com cargas simétricas.
as diferenças entre a Lei de Coulomb e a Lei de Newton da Gravitação Universal.
160
2.2 Campo elétrico
As semelhanças entre as duas leis levaram alguns físicos a pensar que a Fig 8 Diferenças e semelhanças entre as
forças gravítica e elétrica.
força gravítica e a força elétrica obedeceriam a um princípio comum, isto é,
podiam ser «unificadas». Faraday estava convencido de que assim era e, por
isso, levou a cabo experiências com vista a gerar eletricidade a partir da queda
de corpos. Não teve êxito. Também Einstein passou muitos anos da sua vida à Teoria unificada: apesar
procura de uma teoria unificada que englobasse a gravitação e o eletromagne- das semelhanças entre as forças elétricas
e gravíticas, Faraday e Einstein tentaram,
tismo. Os seus trabalhos foram inconclusivos. Contudo, eles abriram caminho sem sucesso, construir uma teoria
para que outros continuassem essa busca da unificação. A questão ainda hoje que as unificasse, uma questão ainda hoje
não está resolvida: é um assunto de investigação atual. não resolvida.
Questão resolvida 1
Num átomo de hidrogénio, a distância média entre o protão módulo da carga destas partículas é 1,6 × 10–19 C . Compare
e o eletrão é 5,3 × 10–11 m. As massas do protão e do ele- as forças de atração elétrica e gravítica entre um protão
trão são, respetivamente, 1,7 × 10–27 kg e 9,1 × 10–31 kg e o e um eletrão no átomo de hidrogénio. Que conclusão tira?
Questão resolvida 2
A permitividade elétrica da água é cerca de 80 vezes razão o sal de cozinha (NaCl) se dissolve facilmente em
superior à do ar. Com base neste dado, indique por que água.
O sal de cozinha é um composto iónico, isto é, formado a constante k é inversamente proporcional a ε, conclui-se
por iões de cargas contrárias. A coesão dos cristais de que a interação entre iões numa solução aquosa de NaCl é
NaCl deve-se à forte interação elétrica entre os iões posi- cerca de 80 vezes mais fraca do que no ar, o que facilita a
tivos (Na+) e negativos (Cl–). Como a permitividade elé- dissolução dos cristais de NaCl na água.
trica da água, ε, é cerca de 80 vezes superior à do ar, ε0, e
QUESTÕES p. 189
161
2. CAMPOS DE FORÇAS
Tal como para a interação gravítica, também é útil interpretar a força elétrica
recorrendo ao conceito de campo. Neste caso falamos de campo elétrico.
Quando colocamos duas cargas elétricas próximas uma da outra, estas exer-
cem forças à distância uma sobre a outra. Tal como definimos o campo gravítico
num ponto dividindo a força gravítica pela massa que colocamos nesse ponto,
F»
F» = , também definimos campo elétrico num ponto dividindo a força elétrica
m
que se exerce sobre uma carga q, colocada nesse ponto, por essa carga (força
por unidade de carga):
F»
E» = q
No SI, o campo elétrico mede-se em volt por metro (V m–1). O newton por
Fig. 9 Uma esfera eletrizada é atraída coulomb (N C–1), força por unidade de carga, é uma unidade SI equivalente.
para uma de duas placas metálicas devido
a um campo elétrico entre elas. Um campo elétrico pode ser identificado pela força elétrica exercida sobre
uma carga colocada num ponto, uma vez que F» = qE» (Fig. 9). Vamos obter uma
expressão para o campo elétrico, supondo a interação entre duas cargas pon-
tuais Q e q, positivas, à distância r uma da outra. A carga Q exerce sobre a carga
q uma força descrita pela Lei de Coulomb
Qq
F» = k 2 e»r
r
onde e»r é o vetor unitário que aponta de Q para q (Fig. 10, à esquerda).
F E
Fig. 10 Força elétrica que a partícula
q q
de carga Q, positiva, exerce sobre a partícula
de carga q, positiva (à esquerda). Campo r r
er er
elétrico, no ponto onde se situa a carga q,
criado pela partícula de carga Q (à direita). Q Q
Qual é o campo elétrico criado por Q no ponto onde está a carga q? Aplicando a
F»
definição de campo elétrico, E» = q , obtém-se (Fig. 10, à direita):
Q
E» = k 2 e»r
r
Esta expressão permite concluir que, se a carga Q for positiva, E» apontará na
direção e sentido de e»r , ou seja da carga para o ponto onde se define o campo. Se
a carga Q for negativa, E» apontará no sentido contrário.
162
2.2 Campo elétrico
Q –Q
Q –Q
Fig. 11 Campos criados por uma carga
pontual positiva e por uma carga pontual
negativa (em cima) e respetivas linhas
de campo elétrico (em baixo).
Campo elétrico
• É definido num ponto: é a força elétrica por unidade de • Depende da carga que cria o campo, da sua distância ao
» ponto e do meio onde se encontra a carga.
carga E» = F .
冢 冣
q
• É diretamente proporcional a essa carga (no mesmo
• O módulo do campo elétrico criado por uma partícula de ponto) e inversamente proporcional ao quadrado da dis-
tância da carga ao ponto (para uma carga constante), no
carga Q num ponto a uma distância r dessa carga é
mesmo meio.
163
2. CAMPOS DE FORÇAS
E» = E»1 + E»2 + …
Q2 > 0
E»3
E»1 P E»
E»2
Q1 < 0
Fig. 12 O campo criado pelas cargas
Q1, Q2 e Q3 no ponto P é a soma vetorial
dos campos E»1 , E»2 e E»3 criados
separadamente por cada uma delas.
Q3 > 0
Linhas de campo: divergem sempre A Fig. 13 mostra as linhas de campo criadas por distribuições de cargas pon-
das cargas positivas e convergem sempre tuais. Verifica-se que as linhas divergem sempre das cargas positivas e conver-
para as cargas negativas.
gem sempre para as cargas negativas.
No caso das cargas serem iguais ou simétricas (caso A e B), existe simetria na
disposição das linhas. O sistema de duas cargas pontuais simétricas, a pequena
distância uma da outra, designa-se por dipolo elétrico (caso A da Fig. 13).
+Q
+Q
–Q
+Q
B
+Q
–2Q
Fig. 13 Campo criado por duas cargas
simétricas (A, dipolo elétrico), por duas
cargas iguais positivas (B) e por duas
cargas de sinais contrários e de módulo
diferente (C).
C
164
2.2 Campo elétrico
Questão resolvida 3
Questão resolvida 4
Duas cargas, uma de 3,0 nC e outra de –4,0 nC, são colocadas no ar à dis-
tância de 20 cm uma da outra.
a) Determine o campo elétrico criado no ponto médio, P, do segmento que
as une?
b) Caracterize a força que atuaria num eletrão que se encontrasse no ponto
P. O módulo da carga do eletrão é 1,6 x 10–19 C.
E = E1 + E2
y E1
E2
x
P
Q1 = 3,0 nC d1 d2 Q2 = –4,0 nC
165
2. CAMPOS DE FORÇAS
O campo elétrico pode ser uniforme numa dada região do espaço: neste
caso, tem o mesmo módulo, direção e sentido em todos os pontos.
Para criar um campo uniforme basta eletrizar duas placas metálicas com
cargas +Q e –Q (distribuídas uniformemente na respetiva placa) e aproximá-
-las uma da outra, paralelamente, de tal modo que a separação entre elas seja
pequena comparada com o seu comprimento e largura. Este dispositivo chama-
-se condensador (Fig. 14).
+Q
Experiência da gota de óleo: foi A experiência de Millikan, já antes referida – experiência da gota de óleo –,
realizada por Millikan, permitindo-lhe consistiu em pulverizar gotas de óleo, de densidade conhecida ρóleo, que entra-
concluir que a carga elétrica de cada gota
vam através de um orifício numa região de campo elétrico uniforme, de módulo
era um múltiplo do módulo da carga
do eletrão. E, criado por placas planas e paralelas (Fig. 15). Um feixe de raios X ionizava as
gotas, eletrizando-as positivamente com carga q. Era possível criar um campo
elétrico tal que a força elétrica sobre uma gota equilibrava o seu peso, a força
de impulsão exercida pelo ar, de densidade ρar, e a força de resistência do ar
ao movimento. A partir das velocidades das gotas, Millikan mediu as respetivas
cargas. Fez centenas de medições e chegou à conclusão de que as cargas q
medidas eram múltiplas do módulo da carga do eletrão.
+
Isolador
Raios X
Microscópio
–
Saída de ar
166
2.2 Campo elétrico
– – – –
– ++
– – – –– + –
– – – –
– – – –
– – – –
– – – –
– – – – –
–
–
–– ––
–
Fig. 18 Taça em equilíbrio eletrostático: a carga em excesso está Fig. 19 A superfície interior da taça não está eletrizada, pelo
distribuída na superfície externa. Uma esfera metálica que toque que uma esfera metálica que toque nessa superfície não fica
nessa superfície fica eletrizada. eletrizada.
167
2. CAMPOS DE FORÇAS
E»
90o
90o 90o
90o 90o E» = 0»
Fig. 21 Condutor em equilíbrio E» = 0»
E» = 0» 90o
eletrostático: o campo elétrico é
perpendicular à superfície (A), assim como
as linhas de campo (B). Num condutor com 90o 90o
cavidade, estas propriedades mantêm-se (C).
A B C
168
2.2 Campo elétrico
+ + +
+ +
No gerador de Van de Graaff (Fig. 23), uma correia de + +
material isolante é colocada em movimento quando, +
+ +
por exemplo, se gira uma manivela. No seu movimento, +
+ +
+ + +
por frição com outros materiais, a correia adquire car- + +
gas elétricas que transporta até uma esfera condutora +
(a cúpula do aparelho), transferindo as cargas para a +
superfície exterior da esfera condutora. Deste modo,
pode acumular-se muita carga elétrica na cúpula do
gerador.
O facto de o campo elétrico ser nulo no interior de Fig. 23 Modelo de gerador de Van de Graaff e esquema de funcionamento.
um condutor em equilíbrio eletrostático foi demons-
trado por Faraday: ele construiu uma «gaiola» com rede
Fig. 24 No interior da gaiola o campo
metálica, colocada sobre suportes isolantes; colocou-se elétrico é nulo.
dentro da gaiola, que a seguir foi eletrizada, e nada lhe
aconteceu, pois dentro da gaiola o campo elétrico era
nulo! A gaiola ficou conhecida por gaiola de Faraday.
169
2. CAMPOS DE FORÇAS
Um para-raios é uma haste metálica ligada à terra que se coloca por cima de
edifícios com o objetivo de os proteger das descargas elétricas. Se a nuvem esti-
ver carregada com um certo tipo de carga, positiva, por exemplo, ela atrairá car-
gas de sinal contrário nos objetos que estiverem próximos. Estas cargas induzi-
das pela nuvem carregada têm, portanto, sinal contrário ao da nuvem. Quando
há uma trovoada, as cargas induzidas na ponta do para-raios estão em elevada
concentração, pois a sua ponta é afiada. Deste modo, graças ao intenso campo
elétrico então criado, os raios são atraídos para a ponta do para-raios. A des-
Fig. 27 Para-raios e descarga elétrica carga faz-se, então, sem qualquer dano no edifício, através de um cabo metálico
na atmosfera.
ligado à terra (Fig. 27).
Atividade 1
Uma rede metálica constitui uma blindagem a campos telemóvel e verifique se o sinal chega ao telemóvel. Repita
elétricos e a ondas eletromagnéticas de comprimen- a experiência envolvendo o telemóvel com redes metáli-
tos de onda superiores aos orifícios da rede. Envolva um cas com malhas mais ou menos fechadas. Interprete o que
telemóvel com folha de alumínio da cozinha; ligue para o observa em cada caso.
Atividade 2
Observe o torniquete elétrico da figura. Quando colocado numa zona onde o campo
elétrico é intenso (por exemplo, ligando-se a haste do torniquete a um dos terminais
de um gerador de Van de Graaff), ele roda. Procure explicar o seu funcionamento.
QUESTÕES p. 191
170
2.2 Campo elétrico
O campo elétrico, tal como o campo gravítico, é um campo conservativo: o Campo elétrico: é conservativo (a força
trabalho realizado pela força elétrica no transporte de uma partícula carregada elétrica é conservativa).
entre dois pontos, situados numa região onde existe um campo elétrico, não
depende da trajetória (Fig. 28) mas apenas das posições inicial e final.
Por isso, podemos definir uma energia potencial elétrica, que resulta da
interação dessa carga com a carga ou cargas que criam o campo. A
O trabalho realizado pela força elétrica no transporte de uma partícula carre-
B
gada num percurso qualquer entre dois pontos é simétrico da variação da ener-
gia potencial elétrica entre esses pontos:
Fig. 28 O trabalho realizado pela força
W = – ΔEp elétrica que atua sobre uma partícula com
carga, quando esta se desloca de A para B,
Ou seja, a diferença de energia potencial Ep(A) – Ep(B) = – ΔEp é igual ao trabalho é sempre o mesmo, qualquer que seja
a trajetória.
da força elétrica quando a carga é transportada de A para B:
Tal como no campo gravítico, costuma tomar-se para zero da energia poten-
cial elétrica um ponto no infinito: Ep(∞) = 0. Por convenção, a energia potencial
de uma carga q, colocada num ponto A, é igual ao trabalho realizado pela força
elétrica no transporte dessa carga do ponto A para o infinito (ponto B), qualquer
que seja a trajetória (Fig. 29), ou seja:
Ep(A) = W A→ ∞
171
2. CAMPOS DE FORÇAS
Qq
Ep= k
r
EP EP
r
r r
Q>0 q>0 Q>0 q<0
r r
Q<0 q<0 Q<0 q>0
Ep
V= q
172
2.2 Campo elétrico
Potencial elétrico
Define-se num ponto: é uma energia potencial elétrica por unidade de carga
E
(V = p ). Exprime-se em volt (V) no SI.
q
Potencial elétrico criado por uma Potencial elétrico criado por uma
carga pontual Q, num ponto à distân- distribuição de cargas pontuais:
cia r :
V=k Q
V = V1 + V2 + … ⇒
r Q1 Q
⇒V=k +k 2 +…
r1 r2
V > 0 se Q > 0 V < 0 se Q < 0
Questão resolvida 5
Quatro partículas com igual carga, de 0,10 μC, estão colo- Determine o potencial elétrico e o campo elétrico no cen-
cadas nos vértices de um quadrado de 5,0 cm de lado. tro do quadrado.
O potencial elétrico é a soma dos potenciais criados por uma delas ao centro do quadrado é a mesma, o módulo
cada uma das cargas: V = V1 + V2 + … Como as cargas são Q
dos vários vetores campo são iguais a E = k r . Por isso,
todas iguais e estão a igual distância do centro, então:
Q Q Q Q Q o campo elétrico no centro do quadrado é nulo, E» = 0 »,
V = k + k + k + k = 4k embora o potencial não o seja!
r r r r r
ᐉ2 + ᐉ2 2ᐉ Q3 Q4
Mas r = = , sendo ᐉ o lado do quadrado. Logo,
2 2
Q 0,10 × 10–6 E»1
V = 8k = 8 × 9,0 × 109 × = 1,0 × 105 V
2ᐉ 2 × 0,050 E»2
O campo elétrico é a soma dos campos criados pelas várias x
y E»4
cargas. Considerando o referencial da figura, vem: E»3
E» = E1 e»y + E2 e»x – E3 e»y – E4 e»x
Mas como as cargas são iguais e a distância de cada Q2 Q1
173
2. CAMPOS DE FORÇAS
Ep (A) Ep (B)
Como os potenciais em A e B são VA = e VB = , respetivamente,
q q
vem:
W A→B = q(V A – V B)
1V –1 V
2V –2 V
3V –3 V
4V –4 V
5V –5
5V
174
2.2 Campo elétrico
Campo elétrico
Força elétrica, F», entre duas cargas pontuais, Energia potencial elétrica, Ep, de duas cargas pontuais:
|Q||q| Qq
em módulo: F = k 2 Ep = k
r r
Campo elétrico, E», criado por uma carga pon- Potencial elétrico, V, criado por uma carga pontual Q
tual Q (define-se num ponto), (define-se num ponto):
|Q| Q
em módulo: E = k V=k
r2 r
Campo elétrico, E», criado por uma distribuição Potencial elétrico, V, criado por uma distribuição de
de cargas pontuais Q1, Q2, Q3, … cargas pontuais Q1, Q2, Q3, …
E» = E»1 + E»2 + E»3 + … V = V1 + V2 + V3 + …
Força elétrica, F», exercida na carga q, e campo Energia potencial elétrica, Ep, associada à carga q, e
elétrico, E», no ponto onde está essa carga: potencial elétrico, V, no ponto onde está essa carga:
F» = q E» Ep = q V
Atividade 3
175
2. CAMPOS DE FORÇAS
U
E=
d
A expressão generaliza-se para qualquer campo elétrico: o módulo do campo
176
2.2 Campo elétrico
Quando uma partícula com carga se move num campo elétrico fica sujeita ao + –
seu peso e à força elétrica, que são ambas forças conservativas. Se não atuarem
+ –
mais forças ou atuarem forças não conservativas mas que não realizem traba-
lho, haverá conservação da energia mecânica no movimento. + –
se um eletrão estiver num campo elétrico uniforme criado por um par de placas + –
carregadas ficará sujeito apenas à força elétrica. Se a diferença de potencial
+ –
entre as placas for 1 V e o eletrão sair da placa negativa, a 0 V, ele será acelerado
até à placa positiva para onde é atraído pela força elétrica. Que energia cinética + –
Sendo e o módulo da carga do eletrão e como Ep = qV , a expressão anterior Eletrão-volt (eV): unidade de energia;
pode escrever-se: 1 eV é a energia adquirida por um eletrão
quando acelerado por uma diferença de
Ecf = Epi – Epf = –e(Vi – Vf) = – 1,6 × 10–19 (0 – 1) = 1,6 × 10–19 J potencial de 1 V;
1 eV = 1,6 × 10–19 J.
A esta energia dá-se o nome de eletrão-volt (eV): 1 eV = 1,6 × 10–19 J.
1.o ânodo
2.o ânodo
177
2. CAMPOS DE FORÇAS
Questão resolvida 6
Entre as placas de um condensador, que estão a uma dis- a) Um eletrão parte do repouso da placa negativa.
tância de 1,00 cm uma da outra, aplica-se uma diferença Qual é a intensidade do campo elétrico aplicado?
de potencial de 2,5 × 103 V . Que tipo de trajetória descreve?
O módulo da carga do eletrão é e = 1,6 × 10–19 C e a sua Com que velocidade chega à outra placa?
massa é me = 9,1 × 10–31 kg. b) Um eletrão é lançado paralelamente às placas com
velocidade de módulo v = 1,2 × 107 m s–1.
Que tipo de trajetória descreve o eletrão?
A que distância se aproxima da placa positiva, após ter
percorrido 5,0 mm na direção paralela às placas?
a) O módulo do campo é dado por b) Usando o referencial da figura e a Segunda Lei de Newton
vem:
U 2,5 × 103
E= = = 2,5 × 105 V m–1 –F –eE
d 1,00 × 10–2 ax = 0 e ay = =
m me
vx = v e vy = 0
Como o eletrão parte do repouso e é atraído para a placa
positiva pela força elétrica, que é constante, tem movi- y
mento retilíneo uniformemente acelerado. Como o campo
é conservativo –
1
E pe i = mev2 + E pe f v» x
2
F»
ou +
1 1
qVi = mev2 + qVf ⇔ q(Vi – Vf) = mev2 As equações do movimento são:
2 2
x = vt (movimento uniforme)
1
Como q = –e, vem –e(Vi – Vf) = mev2 , ou seja: eE 2
2 y=– t (movimento uniformemente variado)
2me
2e(Vf – Vi) A trajetória é parabólica.
v=
me Substituindo os valores e = 1,6 × 10–19 C, me = 9,1 × 10–31 kg,
E = 2,5 × 105 V m–1, v = 1,2 × 107 m s–1 e x = 5,0 × 10–3 m
Como Vf – Vi = 2,5 × 10 V, vem
3
obtém-se:
⎧ x = 1,2 × 10 t
7
2 × 1,6 × 10–19 × 2,5 × 103 ⎪
v= = 3,0 × 10 m s
7 –1 ⇒
9,1 × 10–31 ⎨ 1,6 × 10–19 × 2,5 × 105 2
⎪y=– t
⎩ 9,1 × 10–31
(10% da velocidade da luz!).
⎧ 5,0 × 10–3 = 1,2 × 107 t
⇒⎨ ⇒
⎩ y = –4,40 × 1016 t2
⎧ t = 4,17 × 10–10 s
⇒⎨ ⇒
⎩ y = –4,40 × 1016 × (4,17 × 10–10)2 m
⎧ _____
⇒⎨
⎩ y = –7,7 × 10–3 m
QUESTÕES p. 192
178
2.2 Campo elétrico
Experimentalmente verifica-se que há uma razão constante entre a carga, Q, Capacidade elétrica de um condutor
de um condutor isolado (ou seja, longe de outros condutores) e o seu potencial, isolado: relaciona a carga que o condutor
armazena com o seu potencial elétrico.
V, que é a capacidade elétrica do condutor:
A sua unidade SI é o farad (F).
Q
C=
V
A unidade SI de capacidade elétrica é o farad (F), em homenagem ao físico
Michael Faraday. O farad é equivalente ao coulomb por volt (C/V). Uma capaci-
dade de 1 F é muito grande, e dificilmente realizável na prática! As capacidades
dos condutores são normalmente expressas em submúltiplos do farad, como o
picofarad (pF), nanofarad (nF) e o microfarad (μF).
Questão resolvida 7
O potencial de uma esfera condutora isolada de raio R Verifique que um condutor esférico isolado de capacidade
Q 1 F teria de ter um raio superior à distância Terra-Lua
com carga Q é dada por V = k , ou seja, igual ao poten-
R (384 400 km).
cial criado pela mesma carga pontual à distância R.
Q
Como V = k , a capacidade da esfera vem: Substituindo valores,
R
Q R R
C= = 1= ⇔ R = 9,0 × 109 m > 3,844 × 108 m
V k 9,0 × 109
179
2. CAMPOS DE FORÇAS
Q
C=
U
Os condensadores típicos têm capacidades que variam entre 1 μF e 1 pF e as
suas formas e tamanhos podem ser variados (Fig. 41).
180
2.2 Campo elétrico
+Q 0
R I C
–Q 0
Fig. 43 Condensador carregado ligado
a uma resistência. Depois de se fechar
o interruptor, circula na resistência R
uma corrente I no sentido indicado.
Q
= RI
C
Como o condensador descarrega, a carga Q vai diminuindo. Mas, como I é
dQ
positivo, a corrente é dada por I = – . Substituindo a expressão de I na equa-
dt
ção anterior, obtém-se
Q dQ dQ 1
= –R ⇔ =– Q
C dt dt RC
181
2. CAMPOS DE FORÇAS
Descarga de um condensador
t t
Q (t ) = Q0 e– RC e I (t ) = I0 e– RC
τ = RC é a constante de tempo:
• indica o tempo que a carga (ou a corrente) diminui para 37% do
valor inicial;
• quanto menor for, mais rápida será a descarga do condensador;
• será tanto maior quanto maior for a capacidade do condensador e
maior for a resistência.
182
2.2 Campo elétrico
RESUMO
• Lei de Coulomb: a intensidade da força de atração ou de repulsão entre duas
|q||q’|
partículas com carga elétrica, q e q’, é dada por F = k ; k é uma cons-
r2
1
tante que depende do meio, dada por k = , sendo ε a permitividade elé-
4πε
trica, característica do meio, que tem o valor mínimo no vazio.
• Campo elétrico criado por várias cargas: E» = E»1 + E»2 + … (soma vetorial dos
campos produzidos individualmente por cada carga).
183
2. CAMPOS DE FORÇAS
• Campo elétrico uniforme: é criado por duas placas metálicas planas e para-
lelas, muito próximas, com cargas simétricas; as linhas de campo são retilí-
neas e perpendiculares às placas, apontando da placa positiva para a placa
U
negativa; a sua intensidade é dada por E = , sendo U o módulo da diferença
d
de potencial elétrico entre duas quaisquer linhas equipotenciais e d a distân-
cia entre elas.
Q
• Capacidade elétrica de um condensador: é dada por C = ; o módulo da
U
carga elétrica armazenada em cada armadura, Q, e a diferença de potencial,
U, entre as armaduras são diretamente proporcionais, sendo a capacidade, C,
a constante de proporcionalidade; depende da geometria do condensador e
do meio isolador. Unidade SI: farad (F).
184
2.2 Campo elétrico
Questões pré-laboratoriais
Duas placas planas, colocadas paralelamente a uma 5. A Fig. 46 mostra uma montagem com uma tina,
distância muito menor do que os seus comprimentos, uma folha de papel milimétrico na sua base, duas
têm cargas elétricas simétricas. placas metálicas paralelas ligadas a uma fonte de
tensão contínua e um voltímetro digital.
1. Que tipo de campo elétrico é criado entre as pla-
a) O terminal comum (COM) do voltímetro é ligado à
cas? Quais são as formas das linhas de campo e das
placa negativa. Se deslocar a ponta de prova entre
superfícies equipotenciais?
as placas, o que medirá o voltímetro?
2. Suponha que uma placa (A) está ao potencial V e a b) Para verificar a sua previsão sobre a forma das
outra (B) ao potencial nulo. superfícies equipotenciais, como deve mover a
a) Represente as linhas de campo e as linhas equi- ponta de prova?
potenciais na região entre as placas, e num plano c) Que utilidade poderá ter a folha de papel milimé-
que lhes é perpendicular. trico colocada no fundo da tina?
b) Indique como varia o potencial ao longo de uma d) Se pretender investigar como varia a diferença de
linha de campo. potencial entre dois pontos da mesma linha de
3. Suponha constante a diferença de potencial elétrico campo com a distância entre eles, como deverá
entre as placas. O campo elétrico será mais intenso deslocar a ponta de prova? E se quiser determinar
com as placas mais próximas ou mais afastadas? o módulo do campo elétrico a partir de um gráfico,
Justifique. que medidas deverá realizar? Elabore uma tabela
para registo dessas medidas.
4. Se a distância entre as placas se mantiver cons-
tante, assim como a diferença de potencial elétrico
entre elas, como variará o módulo da diferença de
potencial entre quaisquer dois pontos, ao longo de
uma linha de campo, com a distância entre eles?
Que gráfico representará essa variação? Que gran-
deza pode ser calculada a partir desse gráfico?
185
2. CAMPOS DE FORÇAS
Nesta atividade cria-se um campo elétrico entre duas placas metálicas planas e paralelas.
Medindo-se diferenças de potencial elétrico entre uma das placas e pontos entre elas, inves-
tiga-se a forma de superfícies equipotenciais e determina-se o módulo do campo elétrico.
Material: fonte de tensão contínua; recipiente de fundo transparente colocado sobre papel
milimétrico; água; duas placas metálicas planas e idênticas; voltímetro; fios de ligação; papel
milimétrico para registos.
0V
2. Desenhe a posição das placas no papel
5. Desloque a ponta de prova ao longo da
linha perpendicular às placas e que passa no
Fig. 47 Esquema milimétrico de registo para reproduzir o que meio delas. Meça, sucessivamente, diferenças
de dispositivo para estudo vê na tina. de potencial elétrico a distâncias regulares à
de um campo uniforme. placa ligada ao polo negativo. Faça, pelo menos,
Questões pós-laboratoriais
1. No papel milimétrico de registo, trace as linhas equi- 3. A diferença de potencial entre superfícies equipo-
potenciais para os valores escolhidos e três linhas tenciais dependerá da placa de referência?
de campo elétrico. As linhas equipotenciais são
4. Elabore o gráfico da diferença de potencial em fun-
compatíveis com as superfícies equipotenciais pre-
ção da distância à placa de referência. Determine o
vistas? As linhas de campo têm a posição e orienta-
módulo do campo elétrico entre as placas.
ção previstas? Explique eventuais diferenças.
5. Se tivesse elaborado o gráfico da diferença de poten-
2. Que diferenças se encontraram nas linhas equipo-
cial elétrico em relação à placa positiva em função
tenciais quando o terminal COM do voltímetro, ini-
da distância a essa placa, que diferença encontraria?
cialmente conectado à placa ligada ao polo nega-
E como determinaria o módulo do campo elétrico?
tivo, foi conectado à placa ligada ao polo positivo?
186
2.2 Campo elétrico
Questões pré-laboratoriais
187
2. CAMPOS DE FORÇAS
A B
2. Ligue o voltímetro em série
com a resistência de 10 MΩ e com
4. Após desligar a pilha usando o inter-
ruptor, o condensador descarregará através
Fig. 49 Esquemas de circuitos para a pilha de 9 V (Fig. 49-A). Registe a da resistência do voltímetro. Registe numa
estudar a descarga de um condensador.
medição do voltímetro. tabela os valores marcados no voltímetro,
em intervalos de tempo de 15 s, até o con-
densador ficar praticamente descarregado.
Questões pós-laboratoriais
1. Considere o circuito esquematizado na Fig. 49-A. melhor linha de ajuste é uma reta. Comparando-a
t
a) Quantas vezes é menor a diferença de potencial com a equação ln U = ln U0 – , obtenha a cons-
RC
no voltímetro do que a diferença de potencial na tante de tempo RC.
pilha?
4. Determine a capacidade do condensador e compa-
b) Que relação existe entre a resistência do voltíme- re-a com o valor nominal. Calcule o erro percentual
tro e a resistência com ele associado em série? associado, tendo como referência o valor indicado
Qual deverá ser, por isso, a resistência interna do pelo fabricante.
voltímetro?
5. Ao fim de quanto tempo é que a diferença de poten-
2. Para a descarga do condensador, elabore o gráfico cial nos terminais do condensador decresce para
da diferença de potencial em função do tempo. metade do valor inicial? E para um quarto?
Investigue e conclua se uma curva exponencial se
6. Por que razão a descarga de um condensador pode
ajusta aos pontos experimentais.
funcionar como um «relógio logarítmico», podendo
3. Construa o gráfico do logaritmo da diferença de ser usada na medição do tempo?
potencial em função do tempo. Verifique que a
188
2.2 Campo elétrico
QUESTÕES
Nota 5. Selecione o gráfico que pode representar a intensidade
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: da força elétrica, F, entre duas cargas, em função:
g = 10 m s−2 e k = 9,0 × 109 N m2 C–2
a) da distância, r, que as separa.
1
b) do inverso do quadrado da distância, , entre elas.
r2
A C
F F
a) Determine a carga final de cada esfera. a) As esferas são depois postas em contacto e nova-
mente levadas às posições iniciais. Caracterize a
b) Qual das duas esferas ganha eletrões?
força entre elas.
c) Quantos eletrões são transferidos de uma esfera
b) Se as esferas fossem colocadas num meio cuja per-
para a outra?
mitividade elétrica relativa é 8, as forças de repulsão
4. Duas cargas, Q e q, colocadas à distância r uma da teriam intensidade diferente? Justifique.
outra, atraem-se com uma força de intensidade F.
7. Qual dos gráficos pode representar o módulo da força
a) Em que condições se pode afirmar que a intensidade
elétrica, F, exercida sobre uma carga, q, colocada num
da força elétrica entre duas cargas é diretamente
ponto de uma região onde há um campo elétrico, em
proporcional ao produto dos módulos das cargas?
função do módulo dessa carga, |q|?
b) Se a distância entre essas cargas aumentasse 200%, A C
a intensidade da força de uma carga sobre a outra F F
seria igual a:
189
2. CAMPOS DE FORÇAS
8. Os iões presentes no sal de cozinha estão muito ligados 11. Uma carga pontual Q cria um campo elétrico.
na rede cristalina, mas adquirem mobilidade quando o Dos gráficos seguintes, selecione o que pode repre-
sal é dissolvido em água. Porquê? sentar o módulo do campo elétrico, E:
a) num dado ponto em função do módulo da carga |Q|.
9. Duas pequenas esferas, 1 e 2, com cargas q1 = 5,00 μC
b) em função da distância r a uma certa carga.
e q2 > 0, estão no ar à distância de 5,00 m uma da outra.
Entre essas duas esferas e a 2,00 m da esfera com c) em função do inverso do quadrado da distância à
carga q1 coloca-se uma esfera 3, carregada com uma 1
carga, .
carga q3, que fica em equilíbrio. r2
A C
5,00 m
E E
1 3 2
2,00 m
O O
a) A força elétrica exercida pela esfera 3 sobre a esfera
1 é: B D
(A) igual à força elétrica exercida pela esfera 2 sobre E E
a esfera 1.
(B) simétrica da força elétrica exercida pela esfera 2
sobre a esfera 1.
O O
(C) igual à força elétrica exercida pela esfera 2 sobre
a esfera 3.
(D) simétrica da força elétrica exercida pela esfera 2
12. Duas cargas iguais, cada uma de 5,00 μC, estão em
sobre a esfera 3.
dois dos vértices de um triângulo equilátero de lado
b) Determine a carga elétrica da esfera 2, q2. 0,40 m, como se representa na figura.
190
2.2 Campo elétrico
191
2. CAMPOS DE FORÇAS
18. No gerador de Van de Graaff, uma correia móvel é fric- ii) numa nuvem, com 2,0 C de carga e uma diferença
cionada contra um pente metálico. A carga gerada é de potencial de 100 milhões de volts relativa-
transportada pela correia até uma esfera condutora, mente ao solo.
onde é armazenada. Se o corpo eletrizado não tivesse b) Haverá razão para as pessoas não se importarem de
forma esférica, o que poderia acontecer? tocar no gerador de Van de Graaff, mas terem medo
de trovoadas?
19. Durante uma forte trovoada uma pessoa está dentro de
um automóvel no campo. 23. Numa região onde existe um campo elétrico, uma
a) O que são faíscas e como se originam? carga pontual de 8,0 μC é transportada de um ponto
b) Será seguro procurar abrigo por baixo de um pinheiro P até um ponto muito distante (onde o campo é nulo),
alto? Justifique. a velocidade constante, tendo a força elétrica realizado
um trabalho de 20 J.
c) Indique, justificando, se será mais seguro sair do
automóvel ou ficar dentro dele. a) Determine a energia potencial elétrica do sistema
quando a carga está em P e o potencial elétrico
20. Um aluno a trabalhar no laboratório verificou que um nesse ponto.
condutor eletrizado perturbava os aparelhos elétricos b) Qual é o trabalho realizado pelas forças exteriores no
junto dele. Envolveu esse condutor com uma rede metá- transporte da carga?
lica descarregada. Explique por que é que este procedi-
c) As linhas de campo apontam no sentido de P para o
mento não resolve o problema identificado pelo aluno.
ponto distante ou ao contrário? Justifique.
i) numa esfera carregada de um gerador de Van a) Determine o campo elétrico no ponto A e a força
de Graaff que, quando ligada à terra, descarrega exercida sobre uma carga de –2,00 μC aí colocada.
1,0 μC, sendo 1,0 × 105 V a diferença de potencial. Utilize o referencial da figura.
192
2.2 Campo elétrico
b) Qual é o potencial elétrico nos pontos A e C? b) Determine a carga elétrica de uma partícula de
c) O trabalho realizado pela força elétrica que atua 2,00 g que entra na região entre as placas do con-
sobre uma carga transportada de A para B: densador e permanece com velocidade constante.
d) Calcule o trabalho realizado pela força elétrica que a) Descreva o movimento de cada uma das partículas
atua sobre uma carga de –2,00 μC se a transportar- (não considere a interação entre elas nem a intera-
mos de A para C seguindo a trajetória ABC. ção gravitacional).
b) Qual delas adquiriu maior energia cinética? Justifique.
26. A figura mostra uma carga pontual Q, fixa no ponto D,
c) Exprima a energia cinética com que o eletrão atinge
linhas circulares S1 e S2 com centro em Q e linhas L1 e
uma das placas em função de U, de d e da carga ele-
L2 perpendiculares a S1 e S2. Quando uma carga nega-
mentar e.
tiva, q < 0, é transportada de A para C a força elétrica
d) Qual das partículas demorou menos tempo a atingir
realiza um trabalho positivo.
a respetiva placa? Justifique.
S2
L1 e) Determine a relação entre os tempos do protão e do
S1
eletrão para atingir a respetiva placa.
C L2
29. Um eletrão move-se horizontalmente ao longo de
A uma linha de um campo elétrico uniforme. Num dado
Q B
D ponto A, o módulo da sua velocidade é 8,0 × 106 m s–1
e, após deslocar-se 3,0 mm, num ponto B, passa a ser
3,0 × 106 m s–1. A massa do eletrão é 9,11 × 10–31 kg e
Qual das afirmações é correta? a carga elementar 1,602 × 10–19 C.
(A) O trabalho realizado pela força elétrica quando a) Qual é a variação da energia potencial do eletrão
q se move de A para C é maior do que quando se neste campo?
move de A para B.
b) Determine a diferença de potencial entre B e A.
(B) S1 e S2 são linhas de campo elétrico.
c) Caracterize o campo elétrico e as linhas equipoten-
(C) A carga Q é uma carga positiva. ciais.
(D) Quando q se move de B para A, a energia potencial d) Que distância percorre o eletrão, a partir de A, até
elétrica do sistema diminui. inverter o sentido do seu movimento?
27. Entre as placas horizontais de um condensador plano, se- e) Após a inversão do sentido do movimento, o eletrão
paradas por 5,00 cm, é aplicada uma diferença de poten- volta a passar em A com:
cial de 2,00 kV, sendo negativa a carga na placa superior. (A) a mesma energia cinética.
a) Qual é a diferença de potencial entre dois pontos dis- (B) menor energia cinética.
tanciados de 2,00 cm se estiverem situados: (C) a mesma velocidade.
i) na mesma linha de campo? (D) menor aceleração.
ii) na mesma linha equipotencial?
193
2. CAMPOS DE FORÇAS
194
2.2 Campo elétrico
d / cm 0,0 2,0 4,0 8,0 12,0 a) Por que razão a descarga do condensador é tão rápida?
V/V 5,94 5,17 4,51 3,23 2,03 b) Fundamente teoricamente o procedimento que per-
mite determinar a capacidade do condensador.
c) Calcule o valor experimental da capacidade do con-
a) Que tipo de campo elétrico é criado entre as placas? densador.
b) Estabeleça a equação da reta de ajuste ao gráfico do d) Preveja em que instante a diferença de potencial nos
potencial V em função da distância d. terminais do condensador é metade do valor inicial.
c) Determine o valor mais provável do módulo do e) Selecione o valor mais provável da diferença de
campo elétrico a partir do gráfico V(d). potencial nos terminais do condensador no instante
d) Qual é a distância entre as placas? t = 20 s.
e) Que alteração ocorre na leitura do voltímetro quando (A) 8,19 V (C) 7,32 V
a ponta de prova se move paralelamente às placas? (B) 7,46 V (D) 6,03 V
Justifique.
f) Se fosse tomada como referência a placa positiva,
quais seriam os potenciais da ponta de prova para as
Questões globais
mesmas distâncias da ponta de prova à placa posi-
36. Duas cargas elétricas pontuais, de igual módulo, estão
tiva? E que diferenças teria a equação da reta de
colocadas nos pontos P e T, como mostra a figura.
ajuste? Fundamente a sua resposta.
q>0 q>0
195
2. CAMPOS DE FORÇAS
37. Um pêndulo com carga q e massa 39. A figura representa o campo elétrico criado por uma
m está imerso num campo elétrico carga elétrica pontual.
uniforme, sendo as linhas de campo ș
ii) Determine o módulo da aceleração do corpo em (C) Quando uma carga se move de B para C, fica
função de g e θ. sujeita a uma força elétrica constante.
(D) Quando uma carga negativa se move de B para
38. Duas cargas simétricas, Q1 e Q2, estão fixas nos vérti- A, o trabalho da força elétrica é negativo.
ces de um quadrado (ver figura).
40. Um campo elétrico uniforme é produzido por duas
B Q1 < 0
placas planas e paralelas, sujeitas a uma diferença de
potencial 90 V e distanciadas 5,0 cm. Na figura repre-
sentam-se três linhas equipotenciais: I, II e III.
Q2 > 0 A
P I
Qual das afirmações é correta?
1,0 cm
(A) O potencial elétrico criado pelas duas cargas no Q II
vértice A é negativo. 1,0 cm
R
(B) A diagonal AB do quadrado representa uma parte III
de uma linha equipotencial.
(C) A energia potencial elétrica do sistema de cargas
é positiva. a) Determine a diferença de potencial VQ – VR.
(D) A energia potencial elétrica do sistema de cargas b) Uma gota de óleo de 3,6 × 10–8 kg, eletricamente car-
aumenta se as cargas passarem a ocupar vértices regada, fica em equilíbrio entre as placas. Determine
consecutivos do quadrado. o módulo da carga da gota, em nC, e o respetivo sinal.
196
2.3 AÇÃO DE CAMPOS
MAGNÉTICOS SOBRE
CARGAS E CORRENTES
ELÉTRICAS
198
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Tal como os campos gravítico e elétrico, o campo magnético B» (também Força magnética: só atua sobre
designado, de forma mais rigorosa, por campo de indução magnética) é identi- partículas com carga e em movimento
quando a sua velocidade não tem
ficado pela força magnética, F»m, que exerce sobre uma partícula. No entanto,
a direção do campo magnético.
para haver força, a partícula tem de ter carga elétrica, q, e estar animada de uma
certa velocidade, v». Verifica-se experimentalmente que a intensidade da força
magnética depende dessas grandezas:
Intensidade da força magnética, Fm, sobre uma partícula com carga e em movimento
Curvam-se os dedos no sentido de v» para B», Roda-se um saca-rolhas no sentido de v» para B»,
tendo os dois vetores o mesmo ponto tendo os dois vetores o mesmo ponto de aplicação:
de aplicação: B
• o sentido da sua progressão será o sentido de F»m
ն
• o polegar apontará no sentido de F»m se a carga for positiva;
se a carga for positiva; v • o sentido contrário ao da sua
• o polegar apontará no sentido progressão será o sentido
Fm
contrário ao de F»m se a carga de F»m se a carga
for negativa. q B for negativa. q B
+ −
ն ն
v Fm v
199
2. CAMPOS DE FORÇAS
F»m = q v» × B»
onde o sinal × indica não uma multiplicação normal, mas sim uma operação
entre dois vetores chamada produto vetorial. Nesta expressão, q é a carga da
partícula, positiva ou negativa, e não o seu módulo!
ou ou
Fig. 5 Símbolos para indicar o sentido de
Vetor aponta para trás Vetor aponta para a frente
um vetor perpendicular ao plano do papel.
do plano do papel do plano do papel
B» B»
v» v»
q>0 F»m F»m q>0
200
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Como a força magnética exercida sobre uma partícula carregada é sempre Trabalho realizado pela força
perpendicular à sua velocidade, a força não altera o módulo da velocidade, mas magnética: é nulo, pois a força é sempre
perpendicular à velocidade; a energia
apenas a direção, qualquer que seja a trajetória da partícula.
cinética da partícula é constante.
Como se mantém o módulo da velocidade, conclui-se que a energia cinética
da partícula não é alterada pela ação do campo magnético, ou seja, o trabalho
realizado pela força magnética é nulo.
Pulsar 1011
Superfície do Sol 10 –4 a 10 –2
Tab 1 Intensidades típicas de campos
Superfície da Terra 10 –4 a 10 –5 magnéticos.
Um campo pode ser reconhecido pela ação que exerce. A expressão da força
magnética representa essa ação, tal como as expressões equivalentes já estu-
dadas para os campos gravítico e elétrico.
201
2. CAMPOS DE FORÇAS
Questão resolvida 1
A B
Determine, para cada uma delas, a força magnética que
B» B»
se exerce sobre a partícula, considerando o referencial y
indicado. v» v»
q>0 q>0
x
z
C D
Utilizamos a regra da mão direita, tendo o cuidado de aplicar é positiva, a força tem o sentido indicado pelo polegar.
os vetores v» e B» no mesmo ponto. Uma vez que v» e B» não são perpendiculares, a força é
A. A velocidade e o campo magnético têm a mesma direção, F»m = – |q|vB sin α e»z, sendo α o ângulo entre v» e B».
pelo que a força magnética é nula. D. Como B» é perpendicular ao plano do papel e aponta no
B. A força é perpendicular ao plano do papel. Curvando sentido positivo do eixo dos zz, a força tem de estar no
os dedos no sentido de v» para B», o sentido é horário e o plano do papel. E, como a velocidade tem a direção do
polegar aponta para trás do plano do papel. Mas, como eixo dos yy, a força (que é perpendicular a v» e a B») tem a
a carga é negativa, a força aponta para cá do plano do direção do eixo dos xx. Curvando os dedos no sentido de v»
papel. Uma vez que v» e B» são perpendiculares, a força é para B», o que é o mesmo que girar o eixo dos yy para o eixo
F»m = |q| v B e»z. dos zz, o polegar aponta no sentido positivo do eixo dos xx.
Como a carga é positiva, a força tem o sentido indicado
C. A força é perpendicular ao plano do papel. Curvando os
pelo polegar. Uma vez que v» e B» são perpendiculares, a
dedos no sentido de v» para B» , o sentido é horário e o pole-
força é F»m = |q| v B e»x.
gar aponta para trás do plano do papel. Como a carga
Atividade 1
202
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Suponhamos que a massa da partícula é tão pequena que o seu peso é des-
prezável: a força resultante sobre a partícula será apenas a força magnética.
Vejamos os três casos possíveis, de acordo com a orientação da velocidade e
do campo magnético.
Como v» e B» têm a mesma direção, F»m = 0». Pela Primeira Lei de Newton, a
partícula move-se com movimento retilíneo e uniforme.
Neste caso a força magnética tem o seu valor máximo, Fm = |q|Bv, sendo os
vetores v» , B» e F»m perpendiculares entre si. Como a força resultante coincide
com a força magnética e esta é perpendicular à velocidade, tem apenas compo-
nente centrípeta, apontando sempre para o centro da trajetória! Como o plano
definido pela velocidade e pela força magnética se mantém constante, a partí-
cula adquire um movimento circular uniforme, cujo sentido depende do sinal da
carga (pois esta determina o sentido da força magnética), podendo obter-se o
raio da trajetória (Fig. 8).
S
N
v R
Fm
Fm
v
Fig. 8 Movimento circular uniforme
de uma partícula com carga positiva
B B lançada perpendicularmente a um campo
magnético uniforme e sua representação
S no plano do papel. O raio da trajetória
N B» depende de características da partícula
e do campo magnético.
v2
Como Fm = m (Segunda Lei de Newton) e Fm = |q|Bv, então
R
mv2 mv .
|q|Bv = ⇔ R=
R |q|B
O raio da trajetória:
• é diretamente proporcional ao momento linear da partícula, p = mv, para uma
partícula carregada que se mova num campo magnético B» ;
• é inversamente proporcional à intensidade do campo magnético para uma partí-
cula carregada que se mova com uma certa velocidade v».
203
2. CAMPOS DE FORÇAS
3. Partícula lançada num campo magnético numa direção que não coincide
com a do campo magnético nem lhe é perpendicular
v»
v» v» B»
v»
204
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Questão resolvida 2
seja, ω =
|q|B . Como ω = 2πf, vem f = 1 |q| B. Para um dado campo
m 2π m
magnético, a frequência só depende, portanto, da razão |q| / m .
b) O tempo de uma volta completa é um período (que é o inverso da fre-
quência): T = 2π
m .
|q|B
O período de um eletrão que se move num campo B = 100 mT = 0,100 T
9,11 × 10–31
é T = 2π × = 3,58 × 10–10 s.
1,60 × 10–19 × 0,100
c) Como a força magnética é sempre perpendicular à velocidade em qual-
quer ponto da trajetória, o trabalho por ela realizado é nulo. Como a força
resultante coincide com a força magnética, o trabalho da força resultante
é nulo e, pelo Teorema da Energia Cinética, será nula a variação da ener-
gia cinética da partícula.
Atividade 2
205
2. CAMPOS DE FORÇAS
F»em = q E» + q v» × B»
Vejamos algumas aplicações.
Seletor ou filtro de velocidades: Num seletor de velocidades há um campo magnético, B», e um campo
permite filtrar partículas de igual elétrico, E», uniformes mas cruzados, isto é, perpendiculares (Fig. 12). O campo
velocidade através da ação conjunta
elétrico pode ser criado por um condensador de placas paralelas e o campo
de um campo elétrico e de um campo
magnético perpendiculares. magnético por um íman apropriado.
B»
Fonte
de iões E»
F»m
F»e v» O
v= E v> E v< E
B B B
As partículas não sofrem desvio, As partículas são desviadas As partículas são desviadas
saindo pela abertura O, pois para a placa de cima, pois para a placa de baixo, pois
Fe = Fm Fm > Fe Fe > Fm
206
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Questão resolvida 3
E=
U = 5,00 × 102 = 1,00 × 104 V m–1
–2
d 5,0 × 10
⇔v=
E = 1,00 × 104 = 5,0 × 104 m s–1 = 180 000 km h−1
B 0,200
2. Espetrómetro de massa
Estes iões são primeiro acelerados por um campo elétrico intenso, entrando Fig. 13 A análise química de uma
depois com grande velocidade numa câmara onde existe um campo magnético substância pode ser realizada
com um espetrómetro de massa.
uniforme.
207
2. CAMPOS DE FORÇAS
m2 m1 P F»m
R1 v»
R2
B»
Fig. 14 Espetrómetro de massa: iões com B»
a mesma carga descrevem trajetórias
semicirculares, cujo raio será tanto maior
quanto maior for a sua massa. R2 > R1 m2 > m1
E»
m3 m2 m1 B»1
208
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Foi o inglês Francis Aston (Fig. 16) quem inventou o espetrómetro, em 1919.
O aparelho logo serviu para revelar a existência de isótopos (átomos com a
mesma carga nuclear – mesmo número de protões – mas diferente massa), pois
descreviam arcos de circunferência de raio proporcional à respetiva massa.
80
Abundância relativa
OH
60
40
0
20
Fig. 17 Espetro de massa (m é a massa
0 de um ião XZ+) da testosterona,
0 50 100 150 200 250 300 representada no lado direito.
m /z
Questão resolvida 4
R1 m1
Como os isótopos têm a mesma carga, vem = .
R2 m2
209
2. CAMPOS DE FORÇAS
Questão resolvida 5
me 2eU
Combinando as duas equações, resulta R = , obtendo-se:
eB me
e 2U e 2 × 320
= , logo, = = 1,8 × 1011 C kg–1
me B2R2 me (6,0 × 10–4)2 × 0,1002
210
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
Atividade 3
QUESTÕES p. 218
211
2. CAMPOS DE FORÇAS
Vejamos o exemplo da Fig. 18: um fio, enrolado num íman em U, está ligado a
uma fonte de tensão contínua. Quando se fecha o circuito, o fio «salta», pois fica
sujeito, para além do seu peso, a uma força magnética dirigida para cima.
Intensidade da força magnética, Fm, sobre um fio percorrido por corrente contínua
Fm = I ᐍB sin θ
N Am T • A força será nula se B» tiver B»
a mesma direção do fio: I
B»
I o o
e (θ = 0 ou θ = 180 ⇒ sin θ = 0)
Fm = 0
212
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
F»m = I ᐍ» × B»
Intensidade: Fm = I ᐍB sin θ.
213
2. CAMPOS DE FORÇAS
Fig. 20 Uma espira circular percorrida As espiras circulares também sofrem a ação de forças magnéticas quando
por corrente contínua fica sujeita a uma percorridas por corrente elétrica (Fig. 20).
força magnética que a faz rodar.
Os galvanómetros (Fig. 21, à esquerda), que medem correntes muito peque-
nas, baseiam-se neste efeito. Num galvanómetro há um íman fixo, que cria o
campo magnético, e uma bobina móvel. Quando esta é percorrida por corrente
surgem forças magnéticas que fazem rodar a bobina. Um ponteiro ligado à
bobina sofre um desvio, para um lado ou para outro, consoante o sentido da
corrente. Este desvio será tanto maior quanto maior for a corrente. Também um
motor de corrente contínua (Fig. 21, à direita), como o motor de arranque de um
automóvel, se baseia no mesmo efeito: forças magnéticas simétricas obrigam
uma espira a rodar.
B
Questão resolvida 6
QUESTÕES p. 219
214
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
RESUMO
• Força magnética sobre uma partícula, F»m: atua sobre uma partícula car-
regada, de carga q, quando está sob ação de um campo magnético, B», e com
velocidade, v», de direção diferente de B»; é dada por F»m = q v» × B»; a sua intensi-
dade é Fm = |q| BV sin α (α é o menor ângulo entre v» e B»); tem direção perpen-
dicular ao plano definido por v» e B» e sentido definido pela carga da partícula
e pela regra do saca-rolhas (ou da mão direita).
215
2. CAMPOS DE FORÇAS
QUESTÕES
5. Conclua, justificando, se as seguintes afirmações são
verdadeiras ou falsas.
(A) A força magnética, tal como a elétrica, atua sobre
qualquer partícula carregada.
(B) A força magnética que atua sobre uma partícula
carregada, em movimento num campo magnético,
é sempre perpendicular à sua velocidade e a esse
campo.
(C) Uma partícula carregada, de massa desprezável,
2.3.1 Ação de campos magnéticos sobre lançada perpendicularmente a um campo magné-
tico uniforme, tem movimento circular uniforme,
cargas em movimento
apontando a força magnética para o centro da
trajetória.
1. A eletricidade e o magnetismo nem sempre estiveram
unificados. Sintetize as principais descobertas que (D) Num espetrómetro de massa, as partículas carre-
levaram ao desenvolvimento da teoria eletromagnética gadas descrevem órbitas semicirculares num plano
e os cientistas envolvidos. definido pelo campo magnético e pela velocidade.
2. O que distingue as linhas de um campo elétrico das 6. Num espetrómetro de massa, as partículas carregadas
linhas de um campo magnético? descrevem órbitas semicirculares num plano definido
pelo campo magnético e pela velocidade.
3. Um eletrão (carga –e) entra numa região em que existe Quatro partículas, a, b, c e d, que podem, ou não, ter
→ →
um campo magnético B , com uma velocidade v (ver carga elétrica, entram numa região onde existe um
figura). Caracterize a força magnética que atua sobre o campo magnético, como se indica na figura.
eletrão no instante em que entra nessa região. × × × × × × × × × ×
a
y
× × × × × × × × × ×
× × × × × × × × × ×
b c d
B
v x
a) Indique, justificando, quais das seguintes afirmações
z
são verdadeiras.
(A) A carga da partícula a é negativa e a carga da
4. Observe a figura: um protão entra pelo orifício P1 numa partícula b é positiva.
→
câmara onde há um campo magnético uniforme, B , (B) Se as partículas c e d forem iguais, d terá maior
descreve uma semicircunferência com movimento uni- velocidade do que c.
forme e sai pelo orifício P2. Caracterize o campo mag-
→ (C) As partículas c e d têm cargas do mesmo sinal.
nético B .
(D) Se as partículas a e b têm velocidades iguais em
P1 P2
módulo, o módulo da carga de a é maior do que o
módulo da carga de b.
v
b) Conclua, justificando, qual seria a direção do campo
magnético para que nenhuma das partículas fosse
Câmara desviada.
216
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
7. Num campo magnético uniforme de módulo B é lan- b) Relacione as ordens de grandeza dos raios das traje-
çada uma partícula, de massa m e carga q, passando a tórias I e III. Considere que as partículas β se movem
descrever uma circunferência de raio R. cerca de 10 vezes mais depressa do que as partícu-
a) Determine uma expressão para: las α.
217
2. CAMPOS DE FORÇAS
R
y B D
E r r
v0 O x
S
218
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
A B C B L
I 2L
I
L
I
219
2. CAMPOS DE FORÇAS
220
2.3 Ação de campos magnéticos sobre cargas e correntes elétricas
22. O ciclotrão, um dos primeiros aceleradores de partícu- b) Qual dos gráficos pode representar a energia cinética
las, é constituído por duas câmaras semicirculares, em do ião, Ec, em função do tempo, t, no intervalo de tempo
forma de «D», D1 e D2, que se encontram numa região em que o ião descreve quatro semicircunferências?
→
onde existe um campo magnético uniforme, B , perpen- A C
dicular às câmaras. Entre os dois «D» existe um campo Ec Ec
→
elétrico, E , muito intenso, que inverte periodicamente
o seu sentido.
O t O t
B
D1 B D
R Ec Ec
D2
O t O t
E
c) Para que o ião seja acelerado, ao passar de D1 para D2
U e vice-versa, o campo elétrico tem que mudar perio-
dicamente de sentido, o que exige que a frequência
do campo elétrico coincida com a do movimento dos
iões.
D1 D2
Mostre que a frequência do movimento de uma par-
tícula numa região com um campo uniforme não de-
B B pende da sua velocidade.
d) Determine a energia cinética de um ião ao sair de um
Um ião positivo é lançado de modo a que a força elé- ciclotrão em função de R (raio máximo da trajetória
trica o acelere sempre que passa entre os dois «D». do ião), q, carga do ião, m, massa do ião, e B.
Ao entrar em D1 com uma certa velocidade, o ião des-
creve um movimento circular uniforme com um cer- 23. Um fio é percorrido por uma corrente contínua I,
→
to raio. Quando sai de D1 e entra no campo elétrico, a estando imerso num campo magnético uniforme B ,
força elétrica acelera-o, fazendo-o entrar em D2 com como mostra a figura. Determine a força magnética
maior velocidade. Volta a descrever novamente uma que atua, por unidade de comprimento, em cada troço
trajetória semicircular, mas de raio maior porque tem do fio: (1), (2) e (3).
maior velocidade. O processo é repetido, quando o ião y
sai de D2 e entra em D1, e assim, sucessivamente, po- I (1)
dendo o ião atingir, desta forma, velocidades próximas
das da luz. Para minimizar as perdas de energia por (2) B
colisões com o ar, deve fazer-se o vácuo na zona onde
os iões circulam.
(3)
a) Explique por que razão o raio das semicircunferên- Į
O x
cias descritas pelo ião aumenta sempre que passa
entre os dois «D».
221
3
FÍSICA MODERNA
O
FASCINANTE
DA
MUNDO
FÍSICA MODERNA
Os extraordinários desenvolvimentos da física (da mecânica, da
termodinâmica e do eletromagnetismo) ao longo do século XIX não só
melhoraram a nossa compreensão do mundo como deram origem a
um conjunto de tecnologias que tornaram a vida humana mais cómoda.
Com o avanço da chamada Revolução Industrial ocorreu uma notável
melhoria da qualidade de vida das sociedades. Foram sendo construí-
das máquinas a vapor, motores de combustão e motores elétricos cada
Fig. 1 Lord Kelvin antes de surgir a física vez mais potentes, usados em fábricas para produção de bens e em
moderna: havia duas pequenas «nuvens»…
veículos para circulação de pessoas e bens. Por outro lado, no final do
século XIX, as comunicações telefónicas com e sem fios aproximavam
as pessoas.
224
3.1 INTRODUÇÃO
À FÍSICA QUÂNTICA
Física moderna: área da física, A física quântica é um dos pilares da física moderna, juntamente com a teo-
desenvolvida no início do século XX, ria da relatividade formulada por Einstein.
que inclui a física quântica e a teoria
da relatividade. A física quântica aplica-se a sistemas cujas dimensões sejam da escala mo-
lecular, atómica e subatómica. Na descrição dos fenómenos reconhece-se, as-
sim, que se dá um «salto» quando se passa de uma escala que podemos desig-
nar por macroscópica (ou seja, a do nosso dia a dia) para a escala microscópica
(a dos átomos e das moléculas).
É por isso que podemos explicar os movimentos comuns do dia a dia usando
a mecânica clássica. Mas é a física quântica e a teoria da relatividade que se
aplicam aos constituintes de toda a matéria.
226
3.1 Introdução à física quântica
Todos os corpos emitem e absorvem energia por radiação. Vamos ver por Ondas
que radiam energia e por que motivo a explicação deste fenómeno deu origem à eletromagnéticas
mecânica quântica.
O resultado é a emissão de radiação segundo um espetro contínuo, desig- Radiação: é emitida por todos os corpos
nado por espetro da radiação térmica, como o da Fig. 3. Nele se representa a em consequência da agitação térmica
intensidade da radiação emitida por unidade de comprimento de onda (ou dos seus átomos ou moléculas.
T = 5800 K
227
3. FÍSICA MODERNA
Corpo negro
Corpo ideal que absorve toda a radiação que nele incide (absorsor perfeito).
T = 5800 K
I = mT 4
Fig. 5 A «área» por baixo da curva dá
a intensidade total da radiação emitida,
cujo valor é obtido a partir da Lei
de Stefan-Boltzmann.
0 500 1000 1500 2000 Ȝ/ nm
Lei de Stefan-Boltzmann
A intensidade total da radiação emitida por um corpo negro, I, só depende da sua
temperatura absoluta, T, e é proporcional à quarta potência dessa temperatura:
K
W m–2 I = σ T–2 4–4
Wm K
Fig. 6 Joseph Stefan (esloveno) e Ludwig –8 –2 –4
Boltzmann (austríaco).
sendo σ = 5,67 × 10 W m K a constante de Stefan-Boltzmann.
228
3.1 Introdução à física quântica
Do mesmo modo que um corpo emite radiação, também absorve radiação Lei de Stefan-Boltzmann: descreve
pelo processo inverso ao da emissão: as suas partículas oscilam quando recebem a emissão e a absorção de radiação
por um corpo.
radiação. A Lei de Stefan-Boltzmann também se aplica à absorção de radiação.
Mas um corpo real emite e absorve menos energia do que um corpo negro
em idênticas condições, pois a emissão e a absorção não dependem só da tem-
peratura mas também de características da superfície do corpo.
P
Como a intensidade da radiação é a potência por unidade de área I =
A冢 ,a 冣
Lei de Stefan-Boltzmann para um corpo pode ser apresentada na seguinte forma:
K
e: emissividade – número entre 0 e 1 (0 ≤ e ≤ 1); depende da constitui-
W P = e σ A T4 ção da superfície do corpo; e = 1 só para um emissor e absorsor ideal
W m–2 K–4 m2
(corpo negro).
σ: constante de Stefan-Boltzmann.
A: área da superfície do corpo.
T: temperatura da superfície do corpo (na emissão de radiação); ou
temperatura da vizinhança do corpo (na absorção de radiação).
Como e < 1 para corpos reais, estes radiam menos do que um corpo negro à
mesma temperatura e com a mesma área superficial. Por exemplo, o aço muito
polido é quase um refletor perfeito pois e = 0,07: o aço absorve pouca radiação
(porque reflete muita), ou seja, é um mau absorsor e também emite pouca ra-
diação. Mas a tinta negra «mate» (uma tinta não brilhante) é quase um absorsor
perfeito, pois e = 0,97: absorve muita radiação e também emite muita radiação.
Um bom emissor de radiação é, pois, um bom absorsor de radiação.
• O valor máximo da radiância espetral (máximo da curva) será tanto maior quan- J
6000 K
to maior for a temperatura.
• Quanto maior for a temperatura, maior será a intensidade total da radiação emiti-
da (a curva correspondente à maior temperatura tem por baixo uma maior área).
5000 K
• Quando a temperatura aumenta, o máximo da curva desloca-se para menores
4000 K
comprimentos de onda, facto designado por deslocamento de Wien. 3000 K
UV IV Ȝ
229
3. FÍSICA MODERNA
Wilhelm Wien (Fig. 8) foi um físico alemão que, ao estudar o corpo negro, re-
lacionou a temperatura desse corpo negro com o comprimento de onda em que
é máxima a emissão de radiação, formulando a Lei do Deslocamento de Wien:
Fig. 8 Wilhelm Wien recebeu, em 1911, sendo B = 2,898 × 10–3 m K a constante de Wien.
o prémio Nobel da Física pelo seu trabalho
sobre a radiação do corpo negro.
Questão resolvida 1
QUESTÕES p. 240
230
3.1 Introdução à física quântica
J / W cm – 2 ȝm –1
50
Experiência T = 2000 K
• aproxima-se da curva experimental na zona dos grandes comprimentos de onda, 40
tendendo ambas as curvas para zero quando aumenta o comprimento de onda; 30
Teoria
• difere da curva experimental na zona dos pequenos comprimentos de onda (ca- 20 clássica
tástrofe do ultravioleta): quando o comprimento de onda diminui a radiância es- 10
petral aumenta. Experimentalmente verifica-se que a radiância espetral tem um
máximo e tende para zero para pequenos comprimentos de onda. 0 1 2 3 4 5 6
Ȝ/ ȝm
231
3. FÍSICA MODERNA
Escuro
Claro
Escuro
Claro
Escuro
Claro
Escuro
Fig. 14 Experiência de Young feita com ondas numa tina com água (à esquerda). A experiência
feita com luz mostrou o caráter ondulatório desta (à direita).
232
3.1 Introdução à física quântica
Para a maioria dos metais, a emissão de eletrões só ocorre por incidência de Fig. 15 Efeito fotoelétrico: emissão
luz ultravioleta ou luz ainda mais energética, ou seja, o efeito fotoelétrico depen- de eletrões por um metal quando nele
incide luz de frequência adequada.
de da frequência da luz.
Observemos a Fig. 16: podemos iluminar um metal com luz muito intensa
mas de pequena frequência sem que haja emissão de eletrões; contudo, o mes-
mo metal pode ser iluminado com luz menos intensa mas de maior frequência
e observar-se a remoção de eletrões do metal. Estes resultados permitem con-
cluir que não é a intensidade da luz incidente mas, sim, a sua frequência que
determina se há ou não emissão de eletrões pelo metal.
e− e− e−
f1 f2
Luz muito intensa mas de pequena Luz menos intensa mas de maior
Fig. 16 É a frequência da luz incidente
frequência: frequência (f2 > f1):
e não a sua intensidade que determina se
não há efeito fotoelétrico. há efeito fotoelétrico. há ou não emissão de eletrões pelo metal.
Uma luz monocromática de frequência f passa através Quando se fecha o circuito, os eletrões emitidos pelo fotocátodo, D, são atraí-
de uma janela transparente e incide numa placa dos para o ânodo, C, uma vez que a diferença de potencial entre C e D é positiva.
metálica (fotocátodo), e este emite eletrões: Se esta for suficientemente elevada, todos os eletrões emitidos chegarão
ao ânodo e a corrente elétrica estabelecida no circuito atingirá um valor
limite (chamada corrente de saturação).
233
3. FÍSICA MODERNA
Como a energia cinética máxima dos eletrões é igual à energia potencial elé-
trica inicial, Ec = eU0, o potencial de paragem permite medir esta energia cinéti-
ca. Só se os eletrões saírem do fotocátodo com energia cinética superior a eU0
é que atingirão o outro elétrodo (Fig. 18).
V A Fig. 19 mostra as curvas da corrente elétrica em função da tensão aplicada,
A I(U), obtidas experimentalmente, e as conclusões que delas podemos retirar:
I I
–U 0 U –U’0 –U 0 U
Fig. 18 Se os eletrões tiverem energia
cinética suficiente para «vencer»
o potencial de paragem, atingirão o ânodo Fazendo incidir luz da mesma frequência Fazendo incidir luz de frequência
(em cima); caso contrário, não passará mas com intensidades diferentes, diferente, mas com igual intensidade,
corrente elétrica no circuito (em baixo). o potencial de paragem, U0, é igual mas, o potencial de paragem é maior
quanto mais intensa for a luz, maior será para a luz de maior frequência:
a corrente de saturação. f2 > f1 ⇒ U0' > U0
Fig. 19 Curvas características para uma A corrente elétrica aumenta com a diferença de potencial aplicada aos elétrodos,
célula fotoelétrica. até atingir um valor constante (corrente de saturação).
2,0
U0 / V
1,0
f0
234
3.1 Introdução à física quântica
Os estudos experimentais feitos sobre o efeito fotoelétrico estavam em con- Efeito fotoelétrico: não era explicado
tradição com as previsões da teoria clássica. Na Fig. 21 apresentam-se as princi- pela teoria ondulatória da luz. Só foi
explicado por Einstein.
pais diferenças encontradas.
Efotão = hf
A energia de um feixe de luz (fotões) é
A intensidade de uma fonte de luz depende do número de fotões emitidos por Fig. 22 Albert Einstein, Prémio Nobel
unidade de tempo e de área. da Física em 1921 pela explicação
do efeito fotoelétrico.
235
3. FÍSICA MODERNA
Função trabalho, W : energia mínima A partir desta hipótese, Einstein explicou, em 1905, o efeito fotoelétrico.
necessária para remover o eletrão mais Supôs que um fotão de luz incidente colidia com um eletrão da superfície do
energético da superfície de um metal.
metal, transferindo a sua energia para este. Se essa energia fosse superior à
energia necessária para remover o eletrão mais energético do metal, designada
por função trabalho, W, o eletrão seria removido da superfície, ou seja, ocorreria
efeito fotoelétrico.
Efeito fotoelétrico
Emissão de um eletrão pela superfície de um metal onde A energia cinética máxima, Ecmáx, do eletrão removido do
incide luz, de frequência f, resultante do choque de um fo- metal é a diferença entre a energia do fotão incidente,
tão da luz incidente com um eletrão do metal. Efotão, e a função trabalho, W :
Ecmáx = Efotão – W
Eletrões
1
Luz ou mev 2máx = hf – W
2
incidente
Ec
máx
Ec = hf – W
máx
M1 M2 M3
Declive = h
Fig. 23 Energia cinética máxima do eletrão
removido em função da frequência da luz
incidente para três metais: o declive
das retas é igual à constante de Planck. f0 f0 f0 f
1 2 3
236
3.1 Introdução à física quântica
A Tab. 1 indica as frequências mínimas da luz para que ocorra efeito Metal fmin / Hz
fotoelétrico em alguns metais.
Césio 4,5 × 1014
A interpretação revolucionária que Einstein fez da natureza da luz
Potássio 5,4 × 1014
não foi bem aceite pela maioria dos físicos da época, incluindo o próprio
Planck. Foi, aliás, por estar convencido de que Einstein estava errado que Sódio 5,7 × 1014
Millikan planeou e efetuou medidas muito precisas do efeito fotoelétrico
Zinco 8,1 × 1014
numa série de metais. Mas os resultados vieram dar razão a Einstein,
que viria a receber o Prémio Nobel da Física em 1921 pela sua explica- Prata 11,1 × 1014
ção do efeito fotoelétrico. Tab. 1 Frequência mínima da luz incidente
para que ocorra efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico tem muitas aplicações, como, por exemplo, na em alguns metais.
abertura automática de portas, no funcionamento de alarmes, na medi-
ção da intensidade da luz em máquinas fotográficas e de câmaras de ví-
deo, etc. As fotocélulas são também usadas para ligar automaticamente
as luzes da rua ao anoitecer, quando a intensidade da luz está abaixo de
um certo valor, e para as desligar ao amanhecer (Fig. 24). Sensores óticos
que se baseiam no efeito fotoelétrico são usados para ler as faixas de
som escritas em películas cinematográficas.
Questão resolvida 2
c
Como f = e Ecmáx = hf – W ⇒ W = hf – Ecmáx, vem
λ
+200 V +600 V +1000 V +1400 V
3,0 × 108
W = 6,626 × 10–34 × – 1,0 × 10–19 = 3,0 × 10–19 J
500 × 10–9 Vácuo
A frequência mínima da luz incidente obtém-se para uma energia
cinética nula dos eletrões:
Ecmáx = hf – W ⇒ 0 = hfmin – W ⇒
W 3,0 × 10–19 +1200 V +1600 V Contador
⇒ fmin = = = 4,5 × 1014 Hz 0 +400 V +800 V
h 6,626 × 10–34
Contador
Fig. 25 É possível contar fotões com
um fotomultiplicador.
QUESTÕES p. 242
237
3. FÍSICA MODERNA
238
3.1 Introdução à física quântica
RESUMO
• Espetro da radiação térmica: espetro contínuo resultante da emissão de
radiação por um corpo. Depende da sua temperatura.
• Corpo negro: corpo ideal que absorve toda a radiação que nele incide (é um
absorsor perfeito). A intensidade e o espetro da radiação que emite apenas
dependem da sua temperatura: é o corpo que mais radiação emite a essa
temperatura (é um emissor perfeito).
239
3. FÍSICA MODERNA
QUESTÕES
Nota 4. Qual das opções completa a seguinte frase?
Na resolução das questões, considere os seguintes valores: «Uma barra de alumínio é aquecida. À medida que a
σ = 5,67 × 10–8 W m–2 K–4 ; B = 2,898 × 10–3 m K sua temperatura aumenta, o comprimento de onda da
1 eV = 1,60 × 10-19 J; h = 6,626 × 10–34 J s
radiação emitida de máxima intensidade … e a potência
c = 3,00 × 108 m s–1
da radiação emitida pela sua superfície … .»
(A) diminui ... aumenta
3.1.1 Emissão e absorção de radiação: (B) diminui ... diminui
Lei de Stefan-Boltzmann (C) aumenta ... diminui
e deslocamento de Wien (D) aumenta ... aumenta
1. A radiação eletromagnética emitida por um corpo: 5. A figura mostra o espetro de quatro corpos negros às
(A) é designada por radiação térmica e não depende da temperaturas de 3000 K, 4000 K, 5000 K e 6000 K.
temperatura do corpo.
J
(B) é independente da frequência com que oscilam os
seus átomos e moléculas.
(C) tem origem nas oscilações das cargas elétricas no A
corpo.
B
(D) apresenta um espetro de emissão descontínuo.
C
D
2. Um corpo negro:
100 500 1000 1500 2000 2500
(A) reflete toda a radiação que nele incide. Ȝ / nm
(B) absorve toda a radiação que nele incide, não emi-
tindo nenhuma radiação. a) Associe as temperaturas a cada curva.
(C) absorve e emite radiação, cuja intensidade depende b) Indique, justificando, que corpo tem maior intensi-
da sua constituição e forma. dade total de radiação emitida.
(D) é o corpo que melhor absorve radiação e que mais c) Relacione numericamente a potência total emitida por
emite radiação a uma dada temperatura. unidade de área do corpo a 6000 K e do corpo a 3000 K.
d) Faça uma estimativa da cor dos corpos.
3. Qual das seguintes afirmações é verdadeira?
e) Um corpo negro E tem uma temperatura abso-
(A) De acordo com a Lei de Wien, o comprimento de
luta que é o dobro da de A. Faça uma estimativa
onda para o qual se dá o máximo de emissão é dire-
do comprimento de onda onde será máxima a sua
tamente proporcional à temperatura absoluta.
emissão.
(B) De acordo com a Lei de Wien, o comprimento de
onda para o qual se dá o máximo de emissão é di- 6. Um corpo negro, à temperatura de 300 K, emite
retamente proporcional à quarta potência da tem- 1,00 × 105 J durante 100 s. Determine:
peratura absoluta.
a) a intensidade total da radiação emitida e a área do
(C) De acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a intensi- corpo.
dade total da radiação emitida é diretamente propor-
b) o comprimento de onda para o qual é máxima a emis-
cional à quarta potência da temperatura absoluta.
são de radiação.
(D) De acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a inten-
sidade total da radiação emitida é inversamente 7. Diga, justificando, se a seguinte afirmação é verdadeira:
proporcional à temperatura absoluta. «Um corpo à temperatura de 0 oC não emite radiação».
240
3.1 Introdução à física quântica
8. O Sol, cuja superfície está a 5778 K, tem o máximo da 13. Os animais de menor dimensão têm, na proporção com
emissão térmica na zona do verde. o seu volume (ou a sua massa), uma área superficial
a) Qual é a frequência da radiação em que é máxima a relativamente maior do que os animais de maior porte
emissão? e, por isso, têm necessidade de comer muitas vezes.
Encontre uma razão para este facto.
b) Por que razão o Sol tem cor amarelada?
c) Qual seria a cor do Sol se fosse uma estrela mais 14. Sendo a temperatura média da superfície da Terra pra-
fria? E se fosse mais quente? ticamente constante (as suas variações devem-se ao
efeito de estufa), que relação há entre a intensidade
9. Os microprocessadores utilizados nos computadores
da radiação absorvida pelo planeta e a emitida para o
radiam a uma taxa aproximada de 30 watts por cen-
espaço?
tímetro quadrado. A que temperatura está um corpo
negro com o mesmo poder radiativo?
241
3. FÍSICA MODERNA
(D) Uma luz violeta pouco intensa pode arrancar ele- (C) menos intensa, tendo os eletrões a mesma ener-
trões a um metal, tendo cada um deles maior gia cinética máxima.
energia cinética do que os arrancados por luz azul (D) menos intensa, tendo os eletrões maior energia
muito intensa. cinética máxima.
242
3.1 Introdução à física quântica
23. O gráfico representa curvas características para uma 27. Ilumina-se um metal com feixes de luz de diferentes fre-
célula fotoelétrica: representa-se a intensidade da luz quências, f1 e f2. As velocidades máximas dos eletrões
incidente em função da diferença de potencial elétrico emitidos têm módulos respetivamente iguais a v1 e v2‚
aplicada nos terminais da célula. Associe as curvas a com v1 = 2v2. Sendo h a constante de Planck, mostre
feixes de luz incidente: que se verifica a seguinte relação entre as frequências
A. ultravioleta pouco intensa. 3mv 22
B. violeta pouco intensa. f 1 – f2 =
2h
C. violeta muito intensa.
I
a
3.1.4 Dualidade onda-corpúsculo para a luz
b
c 28. Indique a opção que completa a frase:
Quando a luz atravessa uma fenda, cuja dimensão
é da ordem do seu comprimento de onda, ocorre
U _______ que é resultado do comportamento _______
da luz. Mas quando a luz incide num metal e há emis-
24. Que fonte de luz emite mais fotões num segundo? são de eletrões por parte deste, ocorre _______ , que
(A) Uma fonte de luz de comprimento de onda 633 nm resulta do comportamento _______ da luz.
emitida por um laser de hélio-néon, utilizado num (A) refração … ondulatório … efeito fotoelétrico …
laboratório escolar, com potência de saída de corpuscular
0,50 mW. (B) refração … corpuscular … difração … ondulatório
(B) Uma lâmpada de 100 W, com uma eficiência de (C) difração … ondulatório … efeito fotoelétrico …
apenas 10%, que emite luz com comprimento de corpuscular
onda médio de 500 nm.
(D) difração … corpuscular … efeito fotoelétrico …
ondulatório
25. Por que razão uma queimadura pode ser mais perigosa
quando originada com luz ultravioleta do que com luz
visível, mesmo sendo a da luz visível mais intensa?
Questões globais
26. A tabela seguinte indica a frequência da luz incidente
29. Uma estrela de cor azul tem uma temperatura
num metal e a energia cinética máxima dos eletrões
superficial:
arrancados a um metal por efeito fotoelétrico.
(A) superior à do Sol, de acordo com a Lei de Stefan-
14 –20
f / (10 Hz) Ec / (10 J) -Boltzmann, sendo maior a intensidade total da
radiação emitida.
5,5 0,66
5,6 1,33 (B) superior à do Sol, de acordo com a Lei do desloca-
mento de Wien, sendo maior a intensidade total da
5,7 2,00
radiação emitida.
5,8 2,60
(C) inferior à do Sol, de acordo com a Lei de Stefan-
5,9 3,30 -Boltzmann, sendo menor a intensidade total da
6,0 4,01 radiação emitida.
Determine a constante de Planck e a função trabalho (D) inferior à do Sol, de acordo com a Lei do Desloca-
para esse metal. Consultando a Tab. 1 (página 237), mento de Wien, sendo menor a intensidade total da
identifique o metal. radiação emitida.
243
3. FÍSICA MODERNA
30. Uma cafeteira com água previamente aquecida foi 35. O gráfico representa a energia cinética máxima dos
abandonada sobre uma bancada até a água ficar à eletrões emitidos por vários metais – potássio, sódio,
temperatura ambiente. Conclua, justificando, se a taxa zinco, tungsténio e platina – em função da frequência
temporal de transferência de energia como calor, atra- da luz incidente sobre cada um deles.
vés das paredes da cafeteira, aumentou, diminuiu ou se
manteve constante, desde o instante em que se aban- Ec/eV
donou a cafeteira com água sobre a bancada até ao K Na Zn W Pt
instante em que a água ficou à temperatura ambiente.
2,0
31. Um esquiador, cuja temperatura superficial é 35,0 oC,
está no seu quarto e, antes de vestir o equipamento, fica
1,0
sem roupa durante 1,0 min. A temperatura do quarto é
25,0 oC. Que energia perde o esquiador por radiação,
por unidade de área superficial, nesse minuto, supondo 0,0
0,5 1,0 1,5 f / (1015 Hz)
a sua emissividade igual a 0,90?
33. Pretende escolher-se um metal para uma fotocélula a) Indique, justificando, o significado físico:
que irá operar com luz visível. Dos seguintes materiais, i) do módulo da ordenada Y do gráfico;
quais devem ser escolhidos?
ii) do declive das retas do gráfico.
A. Tântalo: W = 4,2 eV
b) Para que metal é necessária menor energia para
B. Tungstênio: W = 4,5 eV
remover um eletrão?
C. Alumínio: W = 4,08 eV
D. Bário: W = 2,5 eV c) Verifique se ocorre efeito fotoelétrico quando luz visí-
E. Lítio: W = 2,3 eV vel, de 500 nm, incide no zinco.
d) Para a platina, determine:
34. Em 2005 comemorou-se o Ano Internacional da Física
i) o comprimento de onda máximo capaz de produ-
em homenagem aos trabalhos de Albert Einstein, em
zir efeito fotoelétrico.
particular o da explicação do efeito fotoelétrico em 1905.
ii) a função trabalho.
a) Segundo essa explicação, de que depende:
ii) a velocidade do eletrão emitido se o metal fosse
i) a energia de um fotão da radiação incidente?
iluminado com luz de frequência 2,0 × 1015 Hz (a
ii) o número de eletrões emitidos pelo metal? massa do eletrão é 9,109 × 10-31 kg).
b) Em que ideia fundamental se apoiou Einstein para iv) a energia cinética máxima de 1,0 mol de eletrões
explicar o efeito fotoelétrico? emitidos, na unidade SI, se o metal fosse ilumi-
c) Por que razão se pode atribuir uma frequência, que nado com luz de frequência 2,0 × 1015 Hz; quan-
é uma característica de uma onda, a uma partícula tos fotões teriam colidido com o metal nestas
como o fotão? circunstâncias?
244
3.2 NÚCLEOS ATÓMICOS
E RADIOATIVIDADE
Partículas α: núcleos de átomos Segundo o modelo atómico aceite na altura – o modelo atómico de Thomson
2+
de hélio (He ). do «pudim de passas» –, o átomo seria uma esfera com carga positiva, estando
os eletrões distribuídos uniformemente dentro dela. De acordo com este modelo,
na experiência de Rutherford as partículas α deveriam atravessar as folhas
de ouro sem sofrerem grandes desvios. Isso ocorria, de facto, para a maioria
das partículas. Contudo, algumas partículas eram muito desviadas, chegando
mesmo a voltar para trás (Fig. 2). Tal resultado levou Rutherford a concluir que
a carga positiva não estava distribuída em todo o volume do átomo, mas antes
localizada no seu centro, que passou a ser designado por núcleo atómico, onde
também estava concentrada quase toda a massa do átomo.
Mais tarde concluir-se-ia que o núcleo atómico era constituído por pro-
tões e neutrões. O protão tem carga simétrica da do eletrão, mas a sua massa
(1,6726 × 10–27 kg) é 1836 vezes superior. O neutrão, partícula sem carga des-
coberta experimentalmente em 1932 (embora tivesse sido prevista antes), tem
uma massa (1,6750 × 10–27 kg) praticamente igual à do protão.
Estabilidade nuclear: existe quando Os neutrões não contribuem para a carga dos núcleos (por serem neutros),
as forças nucleares fortes, que são mas contribuem para a sua massa e para a estabilidade nuclear.
atrativas entre protões e neutrões,
predominam sobre as forças de repulsão Os protões e os neutrões (chamados nucleões) exercem entre si uma atração
elétrica entre protões. Se essa condição muito forte, devido à força nuclear forte, que compensa a força de repulsão elé-
não se verificar, os núcleos serão instáveis. trica entre protões que também existe. Quando os núcleos se tornam maiores,
a força de repulsão entre protões, que tem longo alcance, começa a dominar
sobre a força nuclear forte, que tem curto alcance, ficando, assim, comprome-
tida a estabilidade nuclear.
246
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
ΔE = Δm c 2
Esta expressão mostra que, mesmo que a diferença de massa seja muito
pequena, a diferença de energia correspondente é ampliada pelo valor elevado
da velocidade da luz, c (3,00 × 108 m s–1 no vazio).
+
Eletrão Protão Fotão Fig. 4 Na formação do átomo
de hidrogénio a partir de um eletrão
e de um protão, a massa (ou energia)
diminui, sendo emitida radiação.
Hidrogénio
247
3. FÍSICA MODERNA
Energia de ligação nuclear: diferença Essa diferença de energia, designada por energia de ligação nuclear e sim-
de energia entre os nucleões separados bolizada por B (do inglês binding, que significa ligação), relaciona-se com a dife-
e os nucleões ligados no núcleo.
rença de massa pela fórmula de Einstein:
É a energia necessária para separar
os constituintes do núcleo.
É cerca de um milhão de vezes superior B = [Z mp + N mn – M ] c 2
à energia de ligação atómica.
Vista de outra forma, a energia de ligação nuclear é a energia necessária
para o núcleo atómico se desagregar nos seus nucleões. Portanto, é igual
à energia libertada quando protões e neutrões se agregam formando um
núcleo.
Unidade de massa atómica unificada: A massa das partículas constituintes do átomo e a do próprio átomo é dada,
1 muitas vezes, na unidade de massa atómica unificada, cujo símbolo é u.
é da massa do átomo de carbono-12.
12 1
Por definição, uma unidade de massa atómica unificada é da massa do
12
átomo de carbono-12, no estado fundamental. É por isso que a massa do átomo
de carbono-12 é exatamente 12 u, ou seja, um número inteiro!
1 u = 1,660 54 × 10–27 kg
Tab. 1 Massas de partículas em unidades de massa atómica unificada e valor desta na unidade SI.
248
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
249
3. FÍSICA MODERNA
Fusão nuclear: núcleos com baixa Como mostra a Fig. 5 (página 249), os núcleos mais leves têm baixas energias
energia de ligação por nucleão (núcleos de ligação por nucleão. Para esses núcleos é favorável um processo que, a partir
leves) originam um núcleo com maior
deles, leve à formação de um núcleo mais pesado e, de acordo com a Fig. 6, mais
energia de ligação por nucleão e, portanto,
mais estável. estável, ou seja, com maior energia de ligação por nucleão. A este tipo de reação
nuclear dá-se o nome de fusão nuclear. Como se formam núcleos mais estáveis,
liberta-se energia. É uma reação deste tipo que ocorre quando dois núcleos de
deutério formam um núcleo de hélio (Fig. 6).
Fissão (ou cisão) nuclear: um núcleo Por outro lado, também os núcleos pesados (como o urânio-235) podem cin-
pesado pode cindir-se e originar núcleos dir-se originando núcleos mais estáveis, ou seja, mais leves (de massas seme-
de massas semelhantes com maiores
lhantes) e com maior energia de ligação por nucleão. Uma reação nuclear deste
energias de ligação por nucleão
e, portanto, mais estáveis. tipo é designada por fissão ou cisão nuclear (Fig. 6). Neste caso também há liber-
tação de energia.
Região de maior
estabilidade
Fusão Fissão
Energia de ligação por nucleão / MeV
56Fe
9 31P
16O 81Br
120Sn
8 12C 157Gd 239Pu
197Au
4He
227Ac
7
7Li
6
160
Número de neutrões, N
250
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
Também o casal de franceses Pierre e Marie Curie, sendo Marie mais conhe-
cida por Madame Curie (Fig. 8, em baixo), se dedicou à descoberta de materiais
com esse comportamento, concluindo que o tório se comportava como o urânio.
Marie Curie chamou «radioatividade» ao fenómeno de emissão espontânea de
radiação pelo urânio e pelo tório. A investigação dos Curie levou à descoberta de
novos elementos: o rádio (nome dado por ser muito mais radioativo do que o urâ-
nio) e o polónio (nome que homenageia a terra natal de Madame Curie, a Polónia).
Foi o casal Frédéric Joliot e Irène Joliot-Curie (filha do casal Curie) quem, em
1934, anunciou a produção dos primeiros núcleos radioativos artificiais (Fig. 9).
Designa-se por decaimento radioativo, ou emissão radioativa, a emissão de Decaimento radioativo: emissão
de partículas com carga ou de fotões de alta
partículas com carga ou de radiação eletromagnética de alta energia (fotões) energia, por núcleos instáveis, originando-se
por núcleos instáveis. O núcleo resultante tem energia mais baixa do que o ini- outros núcleos estáveis ou ainda radioativos
cial, podendo ser estável ou ainda radioativo. mas de mais baixa energia.
251
3. FÍSICA MODERNA
Núcleos
Emissões α, β– e γ
_ B»
_
a
` Fontes radioativas
alfa, beta e gama `
a
252
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
Núcleos de hélio
Natureza Eletrões Fotões
(2 protões e 2 neutrões)
1
Massa 2 mp + 2 mp = 4 u me ≈ 冢 1836 冣 u —
Carga +2e –e —
Um decaimento radioativo pode ser descrito por uma equação (como uma Decaimento radioativo: pode ser
equação química) em que há conservação da carga elétrica e do número de descrito por uma equação onde se verifica
a conservação da carga elétrica
massa. Na escrita destas equações utiliza-se a notação ZA X para simbolizar um
e a conservação do número de massa.
núcleo: A indica o número de nucleões e Z a sua carga elétrica. Para representar
as partículas subatómicas usa-se uma notação semelhante, em que se iden-
tifica o símbolo, a massa e a carga da partícula, tal como se indica na Tab. 3:
o índice superior esquerdo é o número de massa e o índice inferior esquerdo
indica a carga elétrica da partícula.
Eletrão e– ou β– 0 –
–1e ou –10β–
Positrão e+ ou β+ 0 +
1e ou 01β+
ν 0
Neutrino 0ν
Tab. 3 Partículas subatómicas, símbolos
Antineutrino ν– 0–
0ν
e respetiva notação.
253
3. FÍSICA MODERNA
Decaimento α Partícula
A A–4 4 A A–4
alfa
ZX → Z–2 Y + 2 He ou ZX → Z–2 Y +α
Exemplo: 238
92 U →
234
90 Th + 42 He Tório
Decaimento γ
A
ZX* → AZ X + γ
a
Um núcleo passa de um estado de energia mais alta, X*, para um estado de energia
mais baixa, X, sem alteração do número de massa e do número atómico (processo
semelhante ao que ocorre quando um átomo passa de um estado excitado para o
estado fundamental emitindo um fotão, mas, neste caso, o fotão tem uma energia
um milhão de vezes superior). Este decaimento é acompanhado normalmente de
outros decaimentos.
87 87
Exemplo: 38 Sr* → 38 Sr +γ
Decaimento β–
Eletrão
A
→ A 0 – 0–
ou A
→ A –
+ β– + ν
ZX Z+1 Y + –1 e + 0ν ZX Z+1 Y
Antineutrino
Um núcleo origina outro com igual número de massa e número atómico aumentado
de uma unidade, emitindo um eletrão e um antineutrino.
Chumbo
Exemplo: 210
82 Pb → 210
83 Bi + β + ν–
–
Ocorre quando o núcleo inicial tem excesso de neutrões; um neutrão transforma-se Bismuto
num protão emitindo um eletrão e um antineutrino: p
β–
1
0n → 11 p + –10 e– + 00 –ν ou n → p + β– + ν– n ν
Decaimento β+
A
ZX → A
Z– 1 Y + +10 e+ + 00 ν ou A
ZX → Z –1A Y + β+ + ν Positrão
Um núcleo origina outro com igual número de massa e número atómico diminuído de Neutrino
uma unidade, emitindo um positrão e um neutrino. Carbono
10 10
Exemplo: 6C → 5B + e+ + ν
n Boro
Ocorre quando o núcleo inicial tem excesso de protões; um protão transforma-se
+
num neutrão emitindo um positrão e um neutrino: β
p ν
1
1p → 01 n + +10 e+ + 00ν ou p → n + β+ + ν
254
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
Em todos os decaimentos radioativos liberta-se energia, pois o núcleo-mãe Decaimentos radioativos: há sempre
é instável: transforma-se num núcleo-filho mais estável, ou seja, de menor ener- libertação de energia, pois
os núcleos-filho são sempre mais estáveis
gia. Essa energia libertada obtém-se, pela famosa fórmula de Einstein, a partir
do que os núcleos-mãe.
da diferença de massa entre o núcleo-mãe e o núcleo-filho.
Questão resolvida 1
Atividade 1
e,
Após pesquisar, faça um relato histórico sobre aspetos da radioatividade,
destacando:
• as investigações que estiveram na base da descoberta da radioativi- vi-
dade natural e artificial, os cientistas envolvidos e as condições do seu
eu
trabalho;
• o grande impacto social dessas descobertas, traduzido na oferta dos
os
mais diversos produtos e terapias milagrosos com «radioatividade de
adicionada».
QUESTÕES p. 264
255
3. FÍSICA MODERNA
Uma reação nuclear logo estudada, e que esteve na origem da bomba atómi-
Fig. 13 O físico italiano Enrico Fermi ca, foi a fissão ou cisão nuclear: um núcleo pesado cinde-se em dois núcleos
desenvolveu o primeiro reator nuclear.
mais estáveis, com massas semelhantes, libertando elevada energia.
Foi o italiano Enrico Fermi (Fig. 13) quem, em 1934, começou por bombardear
urânio com neutrões, tentando obter outro núcleo. Quatro anos depois, os ale-
mães Otto Hahn e Fritz Strassman cindiram o urânio-235 bombardeando-o com
neutrões e obtiveram o bário, de número atómico muito menor do que o urânio.
A explicação do processo foi dada pelos austríacos Lise Meitner (Fig. 14) e Otto
Frisch. Uma das reações que ocorre na cisão nuclear do urânio é a da Fig. 15.
1 235 139 94
0n + 92 U → 56 Ba + 36 Kr + 3 01 n
139
Fig. 14 O químico alemão Otto Hahn 56
Ba
e a física austríaca Lise Meitner n
investigaram a cisão nuclear, em Berlim. n
n
235
92
U
Fig. 15 Bombardeamento de um núcleo 94 n
36
Kr
de urânio-235 por um neutrão.
235
92
U
139 94
56
Ba 36
Kr
Fig. 16 Cisão do núcleo de urânio
ao absorver um neutrão.
3n
256
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
Em média, são produzidos 2,5 neutrões em cada reação de cisão, o que torna Fig. 18 As reações de cisão nuclear
muito rápida a reação em cadeia. Por cada núcleo que cinde, liberta-se elevada foram usadas nas bombas atómicas
de Hiroshima e Nagasaki.
energia. A velocidade da reação em cadeia pode ser controlada com materiais,
como o cádmio ou o boro, que absorvem neutrões sem se cindirem. A falta de
controlo desta velocidade faz com que a energia se liberte muito rapidamente,
com um potencial destruidor, como na bomba atómica (Fig. 18).
É uma reação de cisão nuclear que ocorre nas centrais nucleares (Fig. 19): a
energia libertada na cisão de urânio ou plutónio é usada para mover as turbinas
de modo a produzir-se energia elétrica.
A fusão nuclear ocorreu por todo o lado nos primeiros minutos do Universo e Fig. 19 Central nuclear: obtém-se energia
ainda hoje ocorre nas estrelas. No Sol, fabrica-se hélio a partir da fusão nuclear, a partir de reações de cisão nuclear
do urânio ou do plutónio.
como mostra a Fig. 20. A energia libertada garante a nossa vida na Terra.
257
3. FÍSICA MODERNA
Atividade 2
258
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
Os decaimentos radioativos são processos estatísticos: não se pode saber Atividade de uma amostra radioativa:
quando é que um certo núcleo radioativo vai sofrer um decaimento, apenas se número de decaimentos por unidade
de tempo. É diretamente proporcional
pode conhecer a probabilidade de ocorrência desse processo. Para medir a ra-
ao número de núcleos da amostra.
pidez do decaimento, ou seja, o número de decaimentos por unidade de tempo, A sua unidade SI é o becquerel (Bq).
define-se a atividade de uma amostra radioativa (símbolo A). Se N for o núme-
ro de núcleos na amostra, a atividade num dado instante é simétrica da derivada
temporal do número de núcleos da amostra:
dN
A=–
dt
O sinal menos aparece na expressão anterior para a atividade ser positiva, pois
a derivada é negativa, uma vez que o número de núcleos diminui ao longo do tempo.
N
Lei do Decaimento Radioativo N0
O número de núcleos de uma amostra radioativa, N, diminui exponencialmente
com o tempo:
N0: número inicial de núcleos
–λt
N (t ) = N e
0 λ: constante de decaimento
N0 /2
259
3. FÍSICA MODERNA
dN
Tempo Como A = – e A = λN, e sendo A0 = λN0 a atividade no instante inicial,
Radioisótopo dt
de meia-vida
então também a atividade decresce exponencialmente com o tempo:
Polónio-215 1,8 × 10–3 s
A(t) = A0 e–λt
Tecnécio-99 6,0 h
Radão-222 3,8 dias Os tempos de meia-vida são muito variados, como se mostra na Tab. 4.
Iodo-131 8,0 dias O tempo de meia-vida é essencial quando se tem de escolher núcleos radioa-
tivos para utilização em aplicações práticas como, por exemplo, em medicina.
Cobalto-60 5,3 anos
Por exemplo, o iodo-131, utilizado em terapia da tiroide, possui um tempo de
Hidrogénio-3 12,26 anos meia-vida de oito dias. Decorridos oito dias, o número de núcleos será reduzido
Rádio-226 1,6 × 103 anos para metade. Passados mais oito dias, será um quarto do número inicial e assim
sucessivamente. Após 80 dias (10 meias-vidas), o número de núcleos é 1000 vezes
Carbono-14 5,73 × 103 anos
menor do que o número inicial (e a atividade também se reduziu do mesmo fator).
Plutónio-239 2,4 × 104 anos
Urânio-235 4,5 × 109 anos
Atividade 3
Tab. 4 Radioisótopos e respetivos tempos
de meia-vida.
A idade de certos materiais pode ser determinada a partir da atividade de
isótopos neles contidos. O carbono-14, isótopo radioativo do carbono com
um tempo de meia-vida de 5730 anos, é um emissor β–, transformando-
– . Medindo a atividade do car-
-se em nitrogénio-14: 146 C → 147 N + e– + ν
bono-14 presente na madeira velha de uma casa, e comparando-a com a ati-
vidade da madeira nova da região, pode conhecer-se a idade da construção.
Recolha informação sobre esta técnica de datação e sobre outros isótopos
utilizados em datação e respetivas escalas de tempo.
Questão resolvida 2
ln2 ln2
a) A constante de decaimento é λ = = = 1,21 × 10–4 ano−1.
T1/2 5730
b) Admitamos que a atividade da madeira nova na altura em que a madeira
encontrada foi utilizada é igual à atividade da mesma madeira nos nossos
dias: A0 = 13,5 Bq. Então, para 1 g de material vem A(t) = A0 e–λt sendo
A(t) = 10,8 Bq. Portanto (com t em anos):
13,5 冣
冢 10,8
–4t
10,8 = 13,5 e–1,21 × 10 ⇔ ln = –1,21 × 10 –4
t
donde t = 1844 anos. A madeira foi usada na segunda metade do século II.
260
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
261
3. FÍSICA MODERNA
e+ + e– → 2γ
Neste processo são emitidos dois fotões, ambos com energias iguais a
511 keV, mas em sentidos opostos. Os isótopos usados têm de ser produzidos
próximo dos centros clínicos onde são utilizados. Por isso, junto aos hospitais
centrais funcionam aceleradores necessários à sua produção.
O organismo do doente elimina os isótopos radioativos após algumas horas
através das secreções, mas os radioisótopos continuam o seu decaimento até
que a sua atividade se extinga.
Os profissionais de saúde que trabalham na terapia ou diagnóstico com isóto-
pos radioativos estão sujeitos a riscos e os danos podem ser irreparáveis se não
tomarem os devidos cuidados e proteção adequada (usam aventais de chumbo e
mantêm-se afastados dos equipamentos).
Fig. 25 Imagem PET: cérebro de um
paciente com depressão (em cima) As emissões radioativas são detetadas por aparelhos próprios. Um exemplo
e cérebro saudável (em baixo). é um contador Geiger (Fig. 26). É constituído por um tubo metálico, contendo um
gás nobre a baixa pressão, e um fino fio metálico no seu interior. O tubo exterior e
o fio central são as armaduras de um condensador entre os quais se estabelece
uma diferença de potencial da ordem de 103 V. As emissões radioativas podem
ionizar os átomos e as moléculas do gás do tubo. Formam-se iões positivos,
sendo emitidos eletrões cuja energia e número depende da energia da radiação
ionizante. Estes eletrões provocam novas ionizações e o gás torna-se condu-
tor, originando uma corrente elétrica. O sinal elétrico produzido pode traduzir-se
num sinal sonoro ou na oscilação de um ponteiro.
Atividade 4
Se existir um detetor de Geiger e fontes radioativas ionizantes continuam a ser detetadas, embora em
na escola, realize medições usando diferentes fontes. menor número.
Interponha entre o contador e as fontes vários mate- As fontes radioativas escolares são de baixa atividade;
riais (papel, vidro, metal, etc.), a diferentes distâncias, o seu manuseamento, sob a supervisão do professor e
e avalie o poder penetrante de cada emissão radioativa. respeitando as regras de segurança do equipamento,
Verifique que, mesmo longe das fontes, as partículas não oferece perigo!
QUESTÕES p. 266
262
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
RESUMO
• Estabilidade nuclear: deve-se ao facto de as forças nucleares fortes, que
são atrativas entre nucleões, predominarem sobre as forças elétricas de
repulsão entre protões.
• Energia de ligação por nucleão: será tanto maior quanto mais estável for o
núcleo atómico.
• Fusão nuclear: núcleos com baixa energia de ligação por nucleão (núcleos
leves) originam um núcleo com maior energia de ligação por nucleão (mais
estável). Há emissão de energia neste processo. Ocorre nas estrelas e será
a base dos futuros reatores nucleares de fusão para produção de energia
elétrica.
• Fissão (ou cisão) nuclear: um núcleo pesado pode cindir-se e originar núcleos
de massas semelhantes com maiores energias de ligação por nucleão (mais
estáveis). Há emissão de energia neste processo. Ocorre nos reatores nuclea-
res de fissão das atuais centrais nucleares para produção de energia elétrica.
• Decaimento β– (eletrões): Z X →
0 – 0– –.
n → p + β– + ν
Z+1 Y + –1 e + 0ν ;
A A
• Decaimento β+ (positrões): Z X → p → n + β+ + ν.
0 + 0
Z–1 Y + +1 e + 0ν;
A A
263
3. FÍSICA MODERNA
QUESTÕES
Nota 5. A diferença de massa na formação do núcleo de hélio
Na resolução das questões considere os seguintes valores: 4
2H é Δm = 0,030 377 u e na formação do núcleo de
1 u = 1,660 54 × 10–27 kg; nitrogénio 147 N é Δm = 0,112 35 u.
1 eV = 1,60 × 10–19 J;
c = 3,00 × 108 m s–1.
a) Qual das afirmações é correta?
(A) Há um ganho maior de massa na formação do
núcleo de nitrogénio do que do núcleo de hélio.
3.2.1 Energia de ligação nuclear (B) Liberta-se mais energia na formação do núcleo
e estabilidade dos núcleos de hélio do que na formação do núcleo de
nitrogénio.
1. Que importância teve a experiência de Rutherford? (C) É necessário mais energia para desagregar o
núcleo de nitrogénio do que o núcleo de hélio.
2. Classifique as seguintes afirmações como verdadeiras
(D) A energia envolvida na formação dos núcleos é da
(V) ou falsas (F).
ordem da respetiva energia de ligação atómica.
A. Um núcleo é tanto mais estável quanto maior for a
b) Determine a energia de ligação nuclear, em MeV,
sua energia de ligação por nucleão.
para cada núcleo.
B. A estabilidade nuclear deve-se à força eletromag-
c) Verifique que a energia de ligação nuclear por nucleão
nética.
é semelhante.
C. Para desagregar um núcleo é necessário fornecer-
-lhe energia, da ordem dos MeV, enquanto para desa- 6. Qual das opções completa a seguinte frase?
gregar um átomo bastam energias da ordem dos eV. A fusão nuclear ocorre com núcleos … , ao contrário
D. À formação de um núcleo a partir dos seus cons- da cisão nuclear, havendo nos dois casos … de energia
tituintes está associada uma energia que se rela- e formação de núcleos com … energia de ligação por
ciona com o decréscimo de massa através da fór- nucleão.
mula da massa-energia de Einstein. A. leves … absorção … maior
B. pesados … absorção … menor
3. Indique a opção que completa a frase seguinte.
C. pesados … libertação … maior
Quando se forma um núcleo a partir dos seus nucleões,
a massa do núcleo é: D. leves … libertação … maior
(A) igual à massa dos nucleões separados, libertando-
7. Indique duas diferenças entre reações químicas e rea-
-se energia na sua formação.
ções nucleares.
(B) igual à massa dos nucleões separados, absor-
vendo-se energia na sua formação.
(C) menor do que a massa dos nucleões separados,
libertando-se energia na sua formação.
(D) menor do que a massa dos nucleões separados, 3.2.2 Processos de estabilização dos núcleos:
absorvendo-se energia na sua formação. decaimento radioativo. Propriedades
das emissões radioativas α, β e γ
4. A energia de ligação por nucleão do néon-20 é
8,04 MeV. Qual é a diferença de massa na formação 8. Por que são mais instáveis os núcleos maiores?
desse núcleo? Como se manifesta essa instabilidade?
264
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
9. Quais das afirmações são verdadeiras? 13. O urânio-238 decai originando o tório-234, e este decai
A. Quando há uma emissão radioativa forma-se outro originando o protactínio-234. Os decaimentos são
núcleo que é sempre estável. representados pelas equações seguintes:
238
B. Em todos os decaimentos radioativos há emissão 92 U → 234
90Th + ...
de partículas. 234
→ 234
90 U 91Pa + ...
C. Em todos os decaimentos radioativos há libertação
a) Complete as equações, identificando as partículas
de energia.
emitidas.
D. Numa emissão radioativa forma-se obrigatoria- b) Qual é o núcleo que tem maior energia de ligação por
mente um elemento diferente. nucleão? Justifique.
E. Numa emissão radioativa há conservação da carga
e do número de nucleões. 14. Consultando a Tabela Periódica, escreva as equações
para as seguintes reações de decaimento:
F. Só existem núcleos radioativos naturais.
a) β− do hidrogénio-3.
10. Considere as emissões alfa, beta e gama. b) β+ do cálcio-39.
a) Ordene-as por poder ionizante crescente. c) γ de um núcleo de cobalto-60 excitado.
b) Ordene-as por poder de penetração decrescente. d) α do polónio-210.
c) Indique a afirmação correta.
15. Uma supernova é a explosão de uma estrela supergi-
(A) A radiação gama é defletida por campos magné- gante. Uma reação nuclear que então ocorre é:
ticos por ter carga elétrica. 61 61
26 Fe → 27Co + ...
(B) A partícula alfa tem menor massa do que a beta
e, por isso, é menos defletida por um campo Qual das afirmações é correta?
magnético. (A) Um protão transforma-se num neutrão com emis-
(C) A partícula alfa é facilmente detida por um são β+.
metal, tal como a radiação gama. (B) Um neutrão transforma-se num protão com emis-
(D) A partícula alfa é a mais ionizante e a mais peri- são β−.
gosa para os tecidos humanos quando ingerida (C) O núcleo inicial tem excesso de protões e há emis-
ou inalada. são β−.
(D) O núcleo inicial tem excesso de neutrões e há
11. Justifique por que razão as partículas alfa são emissão β+.
menos desviadas do que as partículas beta por um
campo magnético perpendicular à velocidade dessas
partículas. 3.2.3 Reações de fissão nuclear e de fusão
nuclear
12. Em 2011 comemorou-se o Ano Internacional da
16. Uma reação nuclear é representada por:
Química, no centenário do Prémio Nobel de Química
235
concedido a Marie Curie pela descoberta dos elementos 92 U + n → 144 n
56Ba + mX + 3n
radioativos rádio e polónio. No decaimento do rádio-224 a) Indique o valor de m e n do elemento químico repre-
em radão-220 e do polónio-216 em chumbo-212 há, sentado por X.
respetivamente, emissões: b) Identifique o tipo de reação nuclear e indique uma
(A) α e α (B) α e β (C) β e β (D) β e α aplicação.
265
3. FÍSICA MODERNA
17. No big bang, formou-se hélio-3 a partir do deutério 23. Um contador Geiger indica que o número de decaimen-
(hidrogénio-2) com emissão de radiação gama. Escreva tos por unidade de tempo cai para metade em cerca
a respetiva equação. de 10 h. Qual é a diminuição percentual do número de
núcleos radioativos após 30 h?
18. As reações de fissão nuclear envolvem núcleos:
(A) leves, como o urânio, e ocorrem em centrais nucleares. 24. Um contador Geiger, a uma certa distância de uma
amostra radioativa, regista 1300 contagens/minuto.
(B) pesados, como o plutónio, e ocorrem nas estrelas.
Sem alterar a sua posição, voltou a fazer-se nova medi-
(C) leves, como o hélio, e ocorrem nas estrelas.
ção passadas 4,0 h, tendo sido registadas 124 conta-
(D) pesados, como o plutónio e o urânio, e foram usa- gens/minuto. Qual é, em horas, o tempo de meia-vida
das para fazer bombas atómicas. da amostra?
22. Num centro de diagnóstico usa-se, para um exame ao 27. Será perigoso transportar numa pasta uma amostra
coração, o isótopo radioativo telúrio-201, cujo tempo radioativa que emite partículas α?
de meia-vida é aproximadamente 3,0 d. Num dado ins-
tante há 18,0 g desse isótopo. Que massa haverá após 28. Procure saber o que designa a expressão «lixo ató-
48 h? mico» e quais as suas implicações.
266
3.2 Núcleos atómicos e radioatividade
29. Uma técnica de diagnóstico por imagem é o PET – To- (C) Na fusão nuclear, a massa do núcleo formado é
mografia por Emissão de Positrões (Positron Emission maior do que a soma das massas dos núcleos
Tomography) – que permite mapear a atividade cere- iniciais.
bral. O doente ingere uma solução contendo o isótopo (D) Na fissão nuclear, a soma das massas dos núcleos
radioativo flúor-18, que tem uma meia-vida de 110 min resultantes com a dos neutrões emitidos é menor
e decai emitindo um positrão. Os positrões emitidos, ao do que a massa do núcleo que sofreu a fissão.
encontrarem eletrões, sofrem aniquilação e emitem
fotões de elevada energia que permitem depois obter 32. O roentgénio é um elemento radioativo produzido em
a imagem do cérebro. Se não houvesse eliminação da laboratório com um tempo de meia-vida muito curto
solução pelo organismo, que percentagem de flúor-18 (cerca de 15 ms). Alguns dos decaimentos radioativos
da quantidade ingerida ainda permaneceria no doente que ocorrem são os seguintes:
6,0 h após a ingestão? 272
→ 268
→ 264
111Rg 109Mt 107Bh
d) O tempo de meia-vida deste isótopo de plutónio é b) O cobalto-60 emite radiação γ. Seria mais vantajoso
2,4 × 104 anos. Ao fim de quanto tempo apenas res- utilizar núcleos com emissões α ou β–? Justifique.
tará 1/16 do número de núcleos numa amostra? c) Ao fim de quanto tempo o número de núcleos de uma
amostra de cobalto-60 diminui 80%?
31. Qual das afirmações é correta? d) Faça uma pesquisa e elabore um pequeno trabalho
(A) Na fissão nuclear, um núcleo divide-se em núcleos sobre benefícios da irradiação de alimentos e o modo
mais leves mas menos estáveis. como se processa.
(B) Na fusão nuclear, dois núcleos originam um núcleo
mais pesado, absorvendo energia.
267
ANEXOS
268
b) O movimento é variado segundo x e uniformemente variado segundo y.
Seguindo os procedimentos anteriores, obtém-se a trajetória indicada na
Fig. A.3, sendo x mínimo em t = 1,67 s (pode estudar-se a função x (t) no
modo função – FUNC).
269
A janela de visualização deve ser configurada (Fig. A.6). Para ajustar o gráfico à
escala pretendida, utiliza-se o V-Window, ou seja, pressiona-se SHIFT seguido
de F3 e introduzem-se os valores. Confirma-se sempre com EXE. Para regres-
sar ao ecrã anterior, pressiona-se EXIT. Com a janela «Graf Func» no ecrã,
pressiona-se F6 (DRAW).
270
Depois, seguem-se os procedimentos anteriores para configurar a janela de
visualização (Fig. A.10) (SHIFT + F3) e para desenhar (F5 – DRAW).
271
Em alternativa, podem obter-se as coordenadas para qualquer instante,
pressionando MENU, 7:Tabela e 1:Tabela de ecrã dividido. Na tabela,
pressionar MENU, 2:Tabela de valores, 5:Editar definições da tabela e,
na janela da variável Independente, alterar o modo Auto para Perguntar.
Agora é só digitar o valor de t e obter as respetivas coordenadas.
272
ANEXO 2 Questão resolvida 6 (p. 24)
Uma partícula move-se durante 3 s, de acordo com as seguintes equações
paramétricas: x = 5,00 + 4,00t – 3,50t2 e y = –1,00t + 2,00 (SI).
a) Preveja o tipo de trajetória e determine a expressão do módulo da veloci-
dade para um instante qualquer.
b) Introduza a função anterior na calculadora e veja como varia a velocidade
da partícula, caracterizando o movimento. Em que instante é mínima a
velocidade? E qual é o respetivo módulo? E em que posição se encontra
a partícula?
c) Em que instante o módulo da velocidade está a variar mais rapidamente,
em t = 0,3 s ou t = 1,6 s? Justifique.
d) Em que instante a direção da velocidade está a variar mais rapidamente,
em t = 0,3 s ou t = 1,6 s? Justifique.
e) Em que instante, t = 0,3 s ou t = 1,6 s, o raio de curvatura da trajetória
é maior? Justifique.
273
B – Procedimento para a CASIO FX-CG20
b) Tal como foi feito anteriormente na questão resolvida 2, entra-se no menu
GRAPH. Deve alterar-se o tipo de função pressionando a tecla F3 (TYPE)
e novamente F1 (FUNC). Escreve-se a expressão e pressiona-se EXE para
memorizar e passar à seguinte (Fig. A.18).
Com o gráfico desenhado, para ter acesso às coordenadas dos pontos, pres-
siona-se SHIFT + F1 (Trace). Pressionando as setas do cursor para a direita ou
para a esquerda, podem visualizar-se os diversos pontos da função (Fig. A.20).
Para encontrar o mínimo da função, pressiona-se SHIFT seguido de F5
(G-Solv). Escolhe-se a opção MIN com a tecla F3. Encontra-se não só o mínimo
Fig. A.20 Visualização
da velocidade, como o instante em que ocorre (Fig. A.21).
das coordenadas da função.
274
C – Procedimento para a Texas Instruments TI-Nspire CX
Para saber a posição naquele instante, acrescentar uma nova página com
a aplicação Calculadora, digitar a variável x1(0,57) e ENTER e repetir
para a variável y1. Obter-se-ão as coordenadas x = 6,14 m e y = 1,43 m.
275
pretendidos. Para t = 0,3 s, obtém-se at = – 6,19 m s–2 e para t = 1,6 s,
obtém-se at = 6,93 m s–2. Assim, o módulo da velocidade varia mais rapi-
damente em t = 1,6 s (Fig. A.25).
v2
e) Como R = a , tem de se calcular a velocidade nos instantes pretendi-
n
276
ANEXO 3 Tabela Periódica
GRUPO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
PERÍODO
. .HZLZ5VIYLZ
.
1 H He
/PKYVNtUPV
4L[HPZ(SJHSPUVZ
4L[HPZ(SJHSPUV
;LYYVZVZ
4L[HPZ /HSVNtULVZ /tSPV
: : : : . . . .
2 Li Be :LTPTL[HPZ B C N O F Ne
3x[PV )LYxSPV )VYV *HYIVUV (aV[V 6_PNtUPV -SVY 5tVU
: : 5qVTL[HPZ : : : : . .
3 Na Mg Al Si P S Cl Ar
:}KPV 4HNUtZPV (S\TxUPV :PSxJPV -}ZMVYV ,U_VMYL *SVYV ÍYNVU
: : : : : : : : : : : : 3 : : : 3 .
4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
7V[mZZPV *mSJPV ,ZJoUKPV ;P[oUPV =HUmKPV *Y}TPV 4HUNHUvZ -LYYV *VIHS[V 5xX\LS *VIYL APUJV .mSPV .LYToUPV (YZtUPV :LStUPV )YVTV *YxW[VU
: : : : : : : : : : : : : : : : .
5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
9\IxKPV ,Z[YUJPV Ð[YPV APYJ}UPV 5P}IPV 4VSPIKtUPV ;LJUtJPV 9\[tUPV 9}KPV 7HSmKPV 7YH[H *mKTPV ÐUKPV ,Z[HUOV (U[PT}UPV ;LSYPV 0VKV ?tUVU
3 : : : : : : : : : 3 : : : : : .
:
6 Cs Ba Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
*tZPV )mYPV
La
/mMUPV ;oU[HSV
=VSMYoTPV 9tUPV ÔZTPV
0YxKPV
7SH[PUH 6\YV 4LYJYPV
;mSPV *O\TIV
)PZT\[V
7VS}UPV
(Z[H[V
9mKVU
3 : 3HU[oUPV
7 Fr
Ra
: Rf Db Sg
Bh
Hs
Mt
Uun Uuu Uub Uut Uuq Uup Uuh Uuo
-YoUJPV 9mKPV Ac
9\[OLYM}YKPV +IUPV :LHI}YNPV )}OYPV /mZZPV 4LP[UtYPV <U\UUxSPV <U\UUPV <UTIPV <U\U[YPV <U\UX\mKPV <U\UWLU[PV <U\UOt_PV <U\U}J[PV
(J[xUPV
: : : : : : : : : : : : :
Ce Pr
Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er
Tm Yb Lu
*tYPV 7YHZLVKxTPV 5LVKxTPV 7YVTtJPV :HTmYPV ,\Y}WPV .HKVSxUPV ;tYIPV +PZWY}ZPV /}STPV iYIPV ;SPV 0[tYIPV 3\[tJPV
: : :
Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr
;}YPV 7YV[HJ[xUPV <YoUPV 5LW[UPV 7S\[}UPV (TLYxJPV *YPV )LYX\tSPV *HSPM}YUPV ,PUZ[vPUPV -tYTPV 4LUKLSt]PV 5VItSPV 3H\YvUJPV
277
1. ?
Constantes físicas
278
RESPOSTAS
1. Mecânica Na escala indicada obtém-se, Gráficos posição-tempo:
aproximadamente, x = 347 m e y = 293 m, 7
x/m
1.1 Cinemática e dinâmica da logo, 6r»1 = 347e»x + 293e»y; a distância 6
5
partícula a duas dimensões à origem é r = 3472 + 2932 = 454 m. 4
b) i) Movimento uniformemente acelerado 3
1.1.1 (pág. 64) 2
em qualquer um dos eixos (velocidade
1. A-II. B-I. C-III. D-V. E-IV. e aceleração, em cada eixo, sempre do 1
0
2. A distância à origem do referencial mesmo sinal). ii) Multiplicando a equação 0 1 2 3 4 5 6
é igual ao módulo do vetor posição. É a de y(t) por 2 e somando membro a membro t/s
posição 1, pois r1 = 5 m, r2 = 4,5 m e r3 = 3 m. com a equação de x(t), obtém-se a equação y/m
120
x 100
3. (C). Os deslocamentos são 6r»1 = 300e»y, da trajetória: x + 2y = 150 ou y = – + 75;
2 80
6r»2 = 400 cos 45oe»x + 400 sin 45oe»y e
o automóvel descreve uma trajetória 60
6r»3 = 500e»x; 40
retilínea.
a soma é 6r» = (500 + 400 cos 45o)e»x + 20
+ (300 + 400 sin 45o)e»y . 0
1.1.2 (pág. 65) 0 1 2 3 4 5 6
4. Distância percorrida: s = 15 m. t/s
Deslocamentos: 6r»1 = 5 cos 37oe»x + 5 sin 37oe»y 8. a) b) Parabólica: de x(t) = t + 1, resulta
e 6r»2 = –10 cos 30oe»x + 10 cos 60oe»y ; a soma t = x – 1; substituindo em y(t), obtém-se
é 6r» = –4,7e»x + 8,0e»y (m), por isso ficou a y A y = 4x2 – 8x + 4, que é a equação de uma
uma distância do ponto de partida igual a parábola. c) Fazendo 6r» = r»(2) – r»(0),
Δr
|6r»| = 9,3 m. rA B obtém-se 6r» = 2e»x + 16e»y (m). O módulo
5. (A). A trajetória é retilínea. deste deslocamento é inferior à distância
percorrida sobre a trajetória porque esta
6. a) I: em x é uniformemente variado rB
é curvilínea.
(primeiro uniformemente retardado
6r» 2e»x + 16e»y
e depois uniformemente acelerado); d) (A). v»m = = = e»x + 8e»y (m s–1).
6t 2
em y é uniforme. II: em x é uniformemente x
e) Tem-se, no SI, vx = 1 m s–1 e vy = 8t;
variado (primeiro uniformemente retardado
e depois uniformemente acelerado); vx (1) = 1 m s–1 e vy (1) = 8 m s–1, logo,
b) r»A = 3e»x + 6e»y e r»B = 9e»x + 4e»y;
em y é uniformemente variado (primeiro v(1) = 8,1 m s-1; vx (3) = 1 e vy (3) = 24, logo,
uniformemente retardado e depois 6r» = r»B – r»A = (9 – 3)e»x + (4 – 6)e»y = 6e»x – 2e»y , v(3) = 24 m s−1. A velocidade é maior no
uniformemente acelerado). tal como se representa na figura da alínea instante 3 s. Como ax = 0 e ay = 8 m s−2,
III: em x é acelerado; em y é uniformemente a). tem-se a = 8,0 m s−2 em qualquer instante.
acelerado. b) (B): parábola com 6r» 11. a) x = 2(t – 1), y = 4t3 + 2.
c) v»m = = 1,5e»x –0,5e»y m s–1
concavidade voltada para cima, com 6t
posição inicial positiva e com um mínimo
correspondente à inversão de sentido. e vm = 1,52 + 0,52 = 1,6 m s–1.
c) (D). No intervalo de tempo considerado, dr»
9. (B): v» = = (4t – 5)e»x + (3t2 – 6t)e»y (SI).
xII(t) toma valores negativos e nulos nos dt
extremos do intervalo: xII(0) = xII(4) = 0. 10. a) Movimento uniforme segundo
A variação de posição em y é dupla da o eixo x e movimento uniformemente
variação de posição em x. Logo, o gráfico acelerado segundo o eixo y. dx dy
b) (D). c) vx = = 2 m s–1 e vy = = 12t2 (SI).
é linear. Ou: multiplicando a equação de Representação estroboscópica: dt dt
x(t) por –2 e somando membro a membro O gráfico da função vx (t) é uma reta
com a equação de y(t), obtém-se a equação y horizontal com ordenada 2 e o gráfico de
de uma reta: y – 2x = 6 ou y = 2x + 6. vy (t) é uma parábola com origem (0, 0) e
7. a) O vetor posição tem origem no largo concavidade voltada para cima.
e extremidade no edifício.
vx/m s−1 2,5
y
A
2
1,5
x
1
x 0,5
0
0 200 m 0 1 2 3 4 5 6
t/s
279
vy/m s−1 350 c) A aceleração tangencial é 21. (A). A aceleração tangencial é
300
250 v2 6v 20
at = a cos 60o = cos 60o = 0,18 m s–2. constante e igual a at = = = 2,0 m s–2
200 r sin 60o 6t 10
150
O módulo da velocidade varia 0,18 m s–1 em 202
100 e an = = 4,0 m s–2.
50 cada segundo. 100
0
0 1 2 3 4 5 6 18. a) s = 2 × 2 πR = 31,4 m. b) (D). As As respetivas componentes da força
t/s
posições inicial e final coincidem, pelo obtêm-se multiplicando estes valores pela
vx(0) = vx(2) = 2 m s–1 e vy(0) = 0 que o deslocamento é nulo. c) Módulo da massa do automóvel.
e vy (2) = 48 m s–1 . 31,4 22. A aceleração tangencial é at = 0,60 m s–2
velocidade: v = = 1,57 m s–1; módulo
d) Muda mais depressa de posição no 20,0 102
e a normal é an = = 12,5 m s–2. Logo,
instante em que a velocidade for maior. v2 8,0
da aceleração: a = ac = = 0,986 m s–2;
Como vx = 2 m s–1 e vy = 12 t2 (SI), tem-se r a» = 0,6e»t + 12,5e»n (m s–2). A força, F» = ma»,
módulo da força resultante: F = ma = 39,4 N.
v»(0) = 2e»x, ou seja, v(0) = 2 m s–1, é F» = 5,4 × 102e»t + 1,1 × 104e»n (N).
A força e a aceleração têm a mesma
e v»(2) = 2e»x + 48e»y, donde v(2) = 48 m s–1.
direção e sentido, apontando para o centro 1.1.5 (pág. 68)
Por isso, é aos 2 s. da trajetória, e são perpendiculares, em
v»(2) – v»(0) cada instante, à velocidade, que é sempre 23. a) Condições iniciais: x0 = 0,3 m, y0 = 0 m,
e) a»m = = 24e»y m s–2.
2 tangente à trajetória em cada ponto. v0x = 0 e v0y = 3,0 m s–1. Como Fx = 0,5 N e
dv x dv x Fy = 0 N, então ax = 2,5 m s–2 e ay = 0 m s–2.
f) ax = = 0 e ay = = 24t; logo, 19. a) Para qualquer instante, e no SI:
dt dt v»(t) = e»x + 8t2e»y e a»(t) = 16te»y. Portanto, Logo, x = 0,3 + 1,25t2 e y = 3,0t.
» e a»(2) = 48e» m s–2. b) A trajetória é parabólica tal como se
a»(0) = 0 v»(1) = e»x + 8e»y (m s–1) e a»(1) = 16e»y (m s–2).
y representa na figura para os primeiros 10 s.
O produto escalar dos dois vetores é
Indica-se a velocidade inicial e a força que
1.1.3 (pág. 66) v»(1) • a»(1) = 128 m2 s–3. Os módulos da
atua no carrinho.
velocidade e da aceleração são, respetivamente,
y/m 35
12. I-B, II-A, III-D, IV-C. v(1) = 65 m s–1 e a(1) = 16 m s–2. 30
13. a) I-D, II-A, III-C, IV-B. (A velocidade é Como v»(1) • a»(1) = v(1) a(1) cos α, sendo α 25
tangente à trajetória, anulando-se quando o ângulo entre os dois vetores, podemos 20
há inversão na trajetória; a aceleração 128 15
aponta para o interior da curva). concluir que cos α = e α = 7,1o. 10
4 65 v
b) Ponto D, pois o ângulo entre a 5 F
(Ou, como a aceleração tem a direção 0
velocidade e a aceleração é menor que 90o. 0 20 40 60 80 100 120 140
e sentido do eixo y, e o ângulo que a
14. (A): movimento circular uniforme. (B): x/m
velocidade faz com o eixo dos y calcula-se a
movimento circular uniforme. (C): nunca 1 c) Como vx = 2,5t e vy = 3,0 m s–1, então
se verifica. (D): movimento uniformemente partir de tan α = , conclui-se que α = 7,1o).
8 v = (2,5t)2 + 9 (SI). d) i. O módulo da
variado, com aceleração constante, dv velocidade varia mais rapidamente onde
quando há inversão de sentido. (E): b) A aceleração tangencial é at = ,
dt for maior a aceleração tangencial; como
qualquer movimento em que a aceleração sendo v = 1 + 64t 4 , dv 2 × 2,5t × 2,5 2,52t
é nula ou se anule (o corpo mantém a 4 × 64t 3 128t 3 at = = = ,
pelo que at = = dt 2 (2,5t)2 + 9 (2,5t)2 + 9
sua velocidade). (F): corpo em repouso
2 1 + 64t 4 1 + 64t 4 então at(2) = 2,14 m s–2 e at (5) = 2,43 m s–2,
num certo referencial. (G): movimento e at(1) = 15,9 m s–2. Como a2 = a2n + a2t, a
circular uniforme. (H): movimento circular é no instante t = 5 s. ii. A velocidade varia
uniforme. (I): movimento retilíneo acelerado aceleração normal é an = a2 – a2t = 1,98 m s–2 mais rapidamente em direção onde a
ou retardado. (J): qualquer movimento, Então a»(1) = 16e»t + 1,8e»n m s–2. Ou: a aceleração centrípeta for maior; como
retilíneo ou curvilíneo, com aceleração. componente tangencial da aceleração é a = 2,5 m s–2 e an = a2 – a2t , então
15. (A): at = 0, an = 0. (B): at = 0, an ≠ 0 a sua projeção na direção da velocidade, an (2) = 1,29 m s–2 e an(5) = 0,59 m s–2, logo,
(velocidade perpendicular à aceleração). at = a cos 7,1o = 15,9 m s–2, e a componente
é no instante t = 2 s. iii. O raio de curvatura é
(C): at ≠ 0, an ≠ 0 (a velocidade faz um normal é an = a sin 7,1o = 1,98 m s–2.
5,832 12,852
ângulo obtuso com a aceleração). v2 v2 R(2) = = 26 m e R(5) = = 280 m,
c) Como an = ⇒r= , logo, 1,29 0,59
(D): at ≠ 0, an ≠ 0 (a velocidade faz um r an
ou seja, é maior para t = 2 s.
ângulo obtuso com a aceleração quando a 65
r(1) = = 4,1 m. 24. As equações paramétricas, num
bailarina trava e um ângulo agudo quando 15,9
referencial convencional ligado ao solo,
ela aumenta o módulo da sua velocidade). 1.1.4 (pág. 67) são: x = 40t e y = 100 – 5t2 e a equação
v2 x 2
冢 冣
16. (A). Como an = , no segundo caso 20. (A) Falsa. A componente centrípeta
r da trajetória parabólica é y = 100 – 5 .
existe sempre que a velocidade muda 40
há maior aceleração e, portanto, maior de direção. (B) Falsa. A componente Quando atinge o solo, y = 0 e t = 4,5 s;
desconforto. (B). O desconforto será maior tangencial pode existir qualquer que seja a logo, x = 180 m, ficando, pois, a 20 m do
no caso da curva de menor raio (r2), pois a trajetória (retilínea ou curvilínea) desde que ponto pretendido.
aceleração centrípeta será maior. varie o módulo da velocidade. (C) Falsa. A 25. (B). Pela conservação da energia
v2 52 componente centrípeta aponta sempre para mecânica, o módulo das quatro velocidades
17. a) an = = = 0,31 m s–2. b) (C). Da
r 80 dentro da curva e a componente tangencial representadas tem de ser o mesmo,
figura conclui-se que an = a cos 30o = a sin 60o, tem a direção da velocidade, mas pode ter pois está-se sempre ao mesmo nível
v2 o mesmo sentido (movimento acelerado) ou relativamente ao dos lançamentos feitos
pelo que a = .
r sin 60o sentido oposto (movimento retardado). com velocidades de módulo igual.
280
26. a) As equações paramétricas, num significa que o alcance do projétil é inferior energia mecânica permite escrever
referencial convencional ligado ao solo, à distância ao muro (também fazendo 1 1
mv 2i + mghi = mv 2f + mghf , donde
são: x = v0t e y = 20,0 – 5t2, por isso, a y = 0 se verifica que o tempo de voo é 1,1 s, 2 2
trajetória é parabólica. b) Quando y = 0, ou seja, menor do que 4,24 s). v 2 – v 2i
tem-se t = 2,0 s. Como x = 5,0 m, obtém-se 30. As equações paramétricas, num 6h = hf – hi = f . Introduzindo os dados,
2g
v0 = 2,5 m s–1 e x = 2,5t. Se vx = 2,5 m s–1 e referencial convencional ligado à prancha, obtém-se 9,4 cm. A inclinação do plano
vy = 1,0t (SI), então v»(2) = 2,5e»x – 20e»y (m s–1) são x = v0 sin 14o t e y = v0 cos 14o t – 5t2. 9,4
e v(2) = 20 m s–1. c) Quando y = 10,0 m, Quando a altura máxima é atingida, vy = 0, é tal que tan θ = , de onde se conclui
o
150
tem-se t = 2 = 1,41 s. Como ou v0 cos 14o – 10t = 0 e, nesse instante, que θ = 3,6 .
v = 2,52 + 100t2 , vem v(1,41) = 14,4 m s–1; y = 1,3 m. Resolvendo o sistema, obtém-se 37. A Segunda Lei de Newton, aplicada a
sendo v0 = 5,26 m s–1 e t = 0,51 s. Quando volta 1 e 2, permite escrever T = m1a e
dv 2 × 100t 100t a passar pela prancha passou o dobro do m2g – T = m2a, respetivamente. Resolvendo
at(t) = = = ,
dt 2 2,52 + 100t2 2,52 + 100t2 tempo e x = 1,3 m, que é superior a 1,0 m; m2
o sistema, obtém-se a = g. Como
logo, at(1,41) = 9,85 m s–2. A aceleração por isso, o salto é seguro. m1 + m2
31. (A). Se a velocidade inicial for igual em m2
normal é an(1,41) = 102 – 9,852 = 1,74 m s-2. < 1, então a < g. Ou: a resultante
módulo e os ângulos de lançamento forem m1 + m2
v2
Portanto, R = = 118 m. Ou: quando complementares, o alcance, dado por das forças sobre os dois blocos é o peso do
an
y = 10 m, tem-se t = 1,41 s; a aceleração v 2 sin 2θ bloco B; como a massa do conjunto é maior
A= 0 , será o mesmo. Na situação do que a do bloco B, a aceleração é menor
tem a direção vertical e o ângulo que g
a velocidade faz com a direção vertical (A), os módulos das velocidades são iguais: do que a gravítica.
v 2,5 v0A = v0B = 10 m s–1. Os ângulos de 38. a) O corpo B puxa o outro no sentido do
calcula-se por tan α = x = , logo v
vy 14,1 lançamento, dados por tan θ = vy , são seu peso, com PB = 3,00 N, e o corpo A puxa
α = 10o; a componente tangencial da x o B no sentido da componente do seu peso na
aceleração é a sua projeção na direção complementares: θA = 36,9o e θB = 53,1o. direção do plano, PAx = 5,00 sin 20o = 1,7 N.
da velocidade, at= a cos 10° = 9,85 m s–2; a 2v 0 sin θ Como PB > PAx, B desce e A sobe. b) As
32. (B). O tempo de voo é tvoo = .
componente normal é an= a sin 10°= 1,74 m s–2, g tensões são iguais em módulo (T1 = T2 = T )
v2 Como θA > θB, então terá de ser tvoo,A > tvoo,B. e as acelerações são iguais em módulo
logo, R = = 118 m. d) O mesmo tempo,
an 33. (B). Pode demonstrar-se que o alcance (a1 = a2 = a), tal como as velocidades.
pois o movimento segundo a vertical seria 2v v A Segunda Lei de Newton permite escrever:
exatamente o mesmo. é dado por A = 0x 0y , o tempo de voo por PB – T = mBa para B; T – PA sin 20o = mAa
g
27. a) (C). b) (C). c) (C). 2v0y v2 e N = PA cos 20o para A. O sistema de
tvoo = e a altura máxima por ymáx = 0y .
28. a) Equações paramétricas num g 2g equações conduz a a = 1,625 m s–2
referencial convencional ligado ao solo: Portanto, atendendo, aos valores das e T = 2,51 N. Logo, v = at = 3,25 m s–1, que
x = 11 cos 20o t e y = 11 sin 20o t – 5t2; componentes escalares da velocidade, vem: é igual para A e B. c) T = 2,51 N, tal como
equações para a velocidade: vx = 11 cos 20o para a altura máxima, ymáx,C > ymáx,A > ymáx,B; se calculou em b).
e vy = 11 sin 20o – 10t. Fazendo y = 0, para o tempo de voo, tvoo,C > tvoo,A > tvoo,B; 39. a) Sobre o bloco 1 atuam o peso, a
obtemos o tempo de voo, t = 0,75 s e o para o alcance, AA = AB = AC. força normal e a tensão (T»1) e sobre o bloco
alcance é x = 7,8 m. b) O tempo de subida é 2 atuam o peso, a força normal e a tensão
34. (A). A força resultante é F» = P» + F»;
(T»2). As tensões são iguais em módulo.
R
metade do tempo de voo, logo, ymax = 0,71m;
a sua componente segundo y é nula, pois
vx = 10 m s–1 e vy = 0, logo, v» = 10e»x (m s–1). Fy = –0,25 × 10 + 2,5 = 0. Logo, o movimento A componente do peso na direção da linha
29. a) As equações paramétricas, num segundo y é uniforme, ou seja, mantém-se de maior declive de cada plano inclinado é
referencial convencional ligado ao solo, são a velocidade inicial, vy = –2,5 m s–1, que é maior em 1 do que em 2: P sin 60o > P sin 30o.
x = 20 cos 53ot e y = 20 sin 53ot – 5 t 2. Para Logo, o bloco 1 desce e o bloco 2 sobe, com
igual ao declive da reta do gráfico A.
atingir o muro, tem de ser x = 36 m; neste aceleração de igual módulo e movimento
35. a) (A). O módulo da velocidade primeiro uniformemente acelerado. A Segunda Lei
caso obtém-se t = 2,99 s e y = 3,50 m, por
decresce (até ao ponto de altura máxima) permite escrever, para 1 e 2:
isso, passa por cima do muro. Para saber
e depois aumenta, sem nunca se anular. P sin 60o – T = ma e T – P sin 30o = ma,
se é na subida ou descida, podemos, por
b) (D). Inicialmente, a aceleração tangencial logo, a = 0,183 g. b) i) (D). Quando se corta
exemplo, ver o sinal de vy naquele instante:
é negativa (o vetor tem sentido oposto ao o fio, os blocos descem os planos com
v y (2,99) = 20 sin 53o – 10 × 2,99 = –13,9 m s–1;
da velocidade e o módulo da velocidade acelerações diferentes: a1 = g sin 60o e
como é negativo, está a descer. Ou podemos
diminui), anula-se no ponto de altura a2 = g sin 30o. Pela Lei de Conservação
determinar o tempo de subida, v y = 0, o que
máxima, e depois passa a positiva e aumenta de Energia Mecânica, e como partem da
ocorre para t = 1,6 s, sendo este tempo
à medida que a velocidade cresce em mesma altura ao solo, têm de chegar com
inferior ao anterior. b) Se a força exercida
módulo (o vetor tem o sentido da velocidade). velocidades iguais em módulo. ii) (A).
pelo ar não for desprezável, este já não
descreverá rigorosamente uma parábola. Como v = at e v1 = v2, a razão dos tempos
1.1.6 (pág. 70) t a sin 30o
Por isso, pode ou não passar por cima do de descida é 1 = 2 = .
muro, dependendo da orientação do vento. 36. a) (C). Só atuam o peso e a força t2 a1 sin 60o
c) Neste caso, as equações paramétricas normal. O peso aponta para baixo e a força 40. (A). Só há componente tangencial da
são normal é perpendicular à calha (inclinada força resultante: a componente centrípeta
x = 10 cos 32ot e y = 0,40 + 10 sin 32ot – 5t2. relativamente ao plano horizontal). b) A é nula, pois a velocidade é nula na altura
Para atingir o muro, tem de ser x = 36 m, questão pode ser resolvida mais facilmente máxima. Para os outros pontos, a
obtendo-se t = 4,24 s e y = –67 m, o que considerando a energia. A conservação da resultante aponta para o interior da curva.
281
v2 mv2
41. a) (B). Como ac = , em B a velocidade 45. No ponto mais baixo tem-se N – P = , mantém o corpo em repouso. Como
R R
F amáx = μN, então μN = P ou μF = P, logo,
é máxima e em A e C é nula. b) Há mv2
ou seja, N = P + e, no ponto mais alto, P
conservação da energia mecânica que é, R F= > P, pois μ < 1.
no ponto B, igual à energia cinética, Ec,b. 2 2
μ
mv mv
Num ponto qualquer entre B e C, tem-se: P–N= , ou seja, N = P – : a força 54. Para o bloco não deslizar em relação
R R
Ec + Ep = Ec,B ⇒ Ec + mgh = Ec,B ou à carrinha tem de ter a aceleração dela.
normal tem menor intensidade no ponto
Ec = Ec,B – mgh, sendo h a altura A força que o mantém em repouso é
mais alto. Essa força e a força que atua
relativamente ao nível de B (ver figura). a força de atrito, que aponta no sentido
na balança formam um par ação-reação,
O gráfico é uma reta como mostra a figura: do movimento da carrinha, pois impede
pelo que esta indica a intensidade da força
a energia cinética diminui de um máximo, o bloco de se mover em sentido contrário.
normal.
no ponto B, até se anular na altura máxima. Por isso, Fa = ma. Como F amáx = μN e N = mg,
46. A-II. B-IV. C-V. D-III. E-I.
então a = μg. Logo, o coeficiente de atrito
Ec mínimo é μ = a / g.
Ec = Ec,B − mgh 1.1.7 (pág. 72)
47. (A) Falsa. A força de atrito estático que 1.1.8 (pág. 73)
atua num objeto pontual só existe, como 55. a) Havendo conservação de energia
o próprio nome sugere, se este estiver mecânica, o módulo da velocidade
h em repouso. (B) Falsa. Pode existir em em C deveria ser o mesmo do que
42. As equações para o movimento são situação de repouso se o corpo estiver a em A, e é menor: vC < vA. Relativamente
mv2 ser solicitado a mover-se por outras forças. ao ponto B, no caso de haver
T sin θ = e T cos θ = mg, sendo θ (C) Falsa. As forças de atrito estático conservação de energia mecânica,
R
o ângulo do fio com a vertical e R = L sin θ, podem ter módulo entre zero e um valor 1 1 2
máximo dado pelo produto do coeficiente mghA + mv 2A = mv' 2B ⇒ v'B = v A + 2gh =
com L o comprimento do fio. A. Verdadeira, 2 2
pois, como o módulo da velocidade é de atrito estático pelo módulo da força
= 28,4 m s–1. Ora, a velocidade real é
constante, só há componente normal da normal. (D) Verdadeira. (Ver justificação
anterior.) (E) Falsa. As forças de atrito não 28,2 m s–1 pelo que há atrito entre A e B.
força resultante. B. Verdadeira, pois das
dependem da área de contacto aparente. b) Ponto B:
duas primeiras equações, v = Rg tan θ .
v2 v2
C. Verdadeira, porque a expressão anterior 48. (A) Na direção vertical atuam o peso,
a força normal e a componente da força: rB 冢 rB 冣
NB – P = m B ; NB = m g + B = 32,1m < 3,2P.
também se escreve v = Lg sin θ tan θ . N – P + F sin θ = 0, logo, N = mg – F sin θ. Ponto C:
D. Verdadeira, porque v = ωR e a expressão O movimento é uniforme porque a força v C2 v2
da velocidade também se pode escrever de atrito anula a componente da força P – NC = m
rC 冢 冣
; NC = m g – C = 9,9m < 0,99P.
rC
g tan θ na direção horizontal.
ωR = Rg tan θ , ou seja, ω = ou 56. a) (A). A componente tangencial
R 49. (D). A intensidade das forças de atrito da aceleração é máxima nas posições
g não depende da área de contacto. extremas e anula-se em L, onde o módulo
ω= ; quando θ aumenta, cos θ
L cos θ 50. a) (D). Não havendo força a solicitar da velocidade é máximo.
diminui e a velocidade angular aumenta. o movimento do corpo, não existe b) (C). Conservação da energia mecânica:
E. Verdadeira, pois nesse caso a equação força de atrito. b) (A). A força de atrito 1 l 1
mv 2 = mgh ⇒ v 2 = 2g = gl.
T cos θ = mg seria impossível, ou seja, estático máxima é 8 N e, neste caso, tem 2 4 2
não haveria uma componente vertical da intensidade igual à da força aplicada. 1
c) (B). Na alínea anterior viu-se que v 2 = gl
tensão que anulasse o peso. c) (C) Como a força tem intensidade 2
43. a) (D). A resultante das duas forças que superior à força de atrito estático máxima, para a posição L, e o raio é l. Como
atuam no automóvel, peso e força normal, é o corpo entra em movimento e o atrito é v2 3
cinético, sendo a força de atrito cinético 6 N. T – mg = ⇒ T = mg. Na posição
a componente centrípeta da força resultante: r 2
v2 51. (B). A resultante das forças é nula; extrema, a componente do peso na direção
P – N = mac ⇒ N = mg – m . b) (A).
R assim, F – P sin θ – Fa = 0 ou do fio anula a componente da tensão:
A velocidade que, no limite, ainda garante Fa = F – mg sin θ = F – 0,50 mg.
ᐉ
contacto do automóvel com a estrada 52. Como –Fa = ma e N = mg, obtém-se ᐉ–
4 3
corresponde a N = 0. Para velocidades a = –μg. Pelas equações do movimento, T = P cos θ. Por outro lado, cos θ = = .
ᐉ 4
superiores, o automóvel perde o contacto obtém-se a distância de travagem: 3
Portanto, em K, T = mg.
com a estrada. Fazendo N = 0 na expressão 1 4
da alínea a), obtém-se v = gr . x = v0t + (–μg)t2 e 0 = v0 + (–μg)t, donde
2 57. a) (D). Em H, a velocidade tem de ser
44. a) A perda de contacto poderia ocorrer v2 tal que garanta que N > 0. No ponto H
no ponto L se a força normal se anulasse. x = 0 ; num dia húmido o coeficiente v2 v2
2μg tem-se mg + N = m ou N = m – mg;
v2 r r
De P – N = m , concluiu-se que de atrito é seis vezes menor, por isso a
R distância percorrida é seis vezes maior: v2
como N > 0, vem m ≥ mg ⇒ v 2 ≥ gr.
冢 冣
v2 52 252 m (piso molhado) e 42 m (piso seco). r
N = mg – m = 160 × 10 – > 0, ou
R 40
v' 2 53. (D). Estando o bloco em repouso, tem- A velocidade mínima é vmín = gr.
seja, não é nula. b) Ponto M: N' – P = m -se Fa = P e F = N. A força de atrito estático A conservação da energia mecânica permite
R'
é máxima quando a força de compressão 1 5
冢 冣
152
e N' = 160 × 10 + 3
= 2,05 × 10 N. escrever mgh = mv2mín + mg2r ⇒ h = r.
80 tiver intensidade mínima que ainda 2 2
282
v2 d) Fa /N Estático Cinético
b) i) (A). Como ac = e, da conservação da
r 14
A/m
1 12 y = 0,3005x + 0,8076
energia mecânica, mgh = mv2 ⇒ v2 = 2gh, 1,0
2 10
2gh 0,8 8
obtém-se ac = . ii) (A) e (C). y = 0,598x - 0,072
r 0,6 6
R2 = 0,999
4 y = 0,2256x + 0,9241
58. a) (B). A tensão no fio é tal que 0,4 2
v2 0
T – mg cos 30o = m B ou 0,2
rB 0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0 N/N
T = m g cos 30o + 2,5 m v 2B (SI), pois 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
v2 v0 /m s−1 c) Como μe = tan θ, vem θ = tan–1 μe = 16,8o.
r = 0,4 m. b) No ponto C, P + N = e, como
rB d) Inicialmente permanece em repouso até
i) Como o objeto é lançado sempre da
a velocidade mínima em C corresponde a a força de atrito estático atingir um valor
mesma altura h, o tempo de voo é o mesmo
N = 0, obtém-se vC = rg . A conservação máximo, pois a tensão exercida pelo fio vai
para todos os lançamentos:
da energia mecânica permite escrever aumentando. A partir de uma certa massa
1 2h
de y = h – gt2 e y = 0 resulta tvoo = . suspensa, o bloco entra em movimento.
1 1 1 1 2 g
mv C2 + mg2r = mv A2 ou rg + 2rg = v A2 e) O gráfico mostra as retas de ajuste aos
2 2 2 2 Substituindo em x = v0t, o alcance é pontos experimentais.
ou v A = 5rg , obtendo-se vA = 4,5 m s–1.
2h v / m s−1
c) Nesse percurso, a resultante das forças A= v : há uma proporcionalidade
g 0 1,2
é aforça de atrito. Aplicando o teorema da direta entre o alcance e o módulo da 1,0
energia cinética, vem velocidade inicial, o que é evidenciado no
0,8
1 gráfico obtido experimentalmente. Usando
0– mv A2 = μcNd cos 180o e, como 0,6
2 2h
v A2 o declive da reta, tem-se 0,598 = , 0,4
N = mg, obtém-se d = = 2,5 m. g
2gμc 0,2
obtendo-se h = 1,75 m. Este valor tem um
59. a) A resultante das forças é igual à sua ligeiro desvio percentual relativamente 0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
componente centrípeta: ao medido em 1,7%. ii) Extrapolando a t/s
v2 v2 equação A < 0,598 v0 para a velocidade
N–P=m ⇒ 3P – P = m ⇒ v = 2gR , Quando a velocidade aumenta, o declive da
r r 2,0 m s–1, obtém-se A = 1,2 m.
6v 1,08 – 0
obtendo-se v = 3,2 m s–1. b) Pela conservação 61. a) i) A força de atrito estático tem reta é a = = = 1,80 m s–2.
6t 1,15 – 0,55
da energia mecânica, no ponto mais alto a uma intensidade igual à da força exercida
1 1 Quando a velocidade diminui, o declive é
velocidade é: mv'2 + mg2r = mv2 ⇒ v'2 = e aumenta até um valor máximo que
6v 0,20 – 0,72
2 2 corresponde ao início do movimento a' = = = –2,60 m s–2.
6t 1,6 – 1,4
= v2 – 4 gr. Neste caso, v'2 = 2gr – 4gr < 0, do corpo. A força de atrito cinético é
que é uma condição impossível, logo, não aproximadamente constante. ii) A força No movimento retardado tem-se
chega ao topo. Ou: no ponto mais alto o de atrito estático é igual à medida pelo –Fa = mblocoa' ou –μmblocog = mblocoa', donde
corpo perde o contacto se N = 0, ou seja, sensor enquanto o corpo permanece em a'
μc = – . Introduzindo o valor experimental,
v' 2 repouso. O seu valor máximo determina-se g
N + mg = m ⇒ v' = gr ; aplicando a a partir do máximo da força medida, que é, obtém-se μc = 0,27. No movimento
r
aproximadamente, 8,0 N. A força de atrito uniformemente acelerado tem-se, para
conservação da energia para este valor
cinético é também igual à força medida o bloco, T – μc mblocog = mblocoa e, para o
limite, e, como v = 2gR , obtém-se pelo sensor (desde que o corpo permaneça
corpo suspenso, mg – T = ma (m é a massa
1 1 1 3 em movimento com velocidade constante).
mv'2 + mg2r = mgr ⇒ mv'2 = – mgr, do corpo suspenso). As duas equações
2 2 2 2 Como existem pequenas oscilações na
permitem concluir que
que é uma equação impossível. medida da força, a força de atrito cinético
mg – ma – μcmblocog = mblocoa e, portanto,
pode determinar-se calculando o valor
médio para o intervalo de tempo de mg – (m + mbloco)a
Atividades laboratoriais (pág. 74) μc = . Introduzindo
movimento com velocidade constante; mblocog
60. a) (24,75 ± 0,05) mm. Como a régua neste caso é, aproximadamente, 5,0 N. os valores, obtém-se μc = 0,28. Este valor
principal está graduada em milímetros iii) É mais fácil mantê-lo em movimento, é ligeiramente mais elevado que
(menor divisão da escala) e como o nónio pois a força de atrito cinético é menor do o anterior. Neste procedimento é maior
tem 20 divisões, estabelece-se como que a força de atrito estático máxima. o erro cometido: supõe-se que a roldana
incerteza de leitura o quociente entre b) Fae,máx = μeN e Fac = μcN. A força normal e o fio têm massa desprezável, condição
a menor divisão da escala principal pelo é N = gm. O gráfico mostra as forças de que é aceitável se as massas do bloco e
número de divisões do nónio. Neste caso atrito em função do módulo da normal. do corpo suspenso forem muito maiores
é 1mm/20 = 0,05 mm. b) Fazendo a média Em ambos os casos há uma dependência do que as do fio e da roldana; desprezou-se
dos três valores, encontra-se 14,774 ms; linear, sendo os declives das retas os também o atrito no movimento da roldana.
o módulo do maior dos desvios é 0,095 ms. coeficientes de atrito. Obtém-se Estes erros experimentais não existem
Portanto, t = 14,774 × 10-3 s ± 0,64%. μe = 0,30 e μc = 0,23. no movimento retardado, pois o fio já não
24,75 × 10–3 exerce tensão sobre o bloco, sendo a força
c) v0 = = 1,675 m s–1. de atrito a resultante das forças sobre o
14,774 × 10–3
283
bloco. f) Os coeficientes de atrito, obtém-se t = 0,468 s. Logo, y = 2,9 m, valor 1.2 Centro de massa
F F superior à altura da baliza: a bola passa por e momento linear
μe = aemáx e μc = ac , estão calculados cima da trave.
mg mg de sistemas de partículas
na tabela seguinte: 64. a) Pela conservação da energia mecânica,
1.2.1 (pág. 98)
1 v 2D
A/ Material da base
μe μc
mghA = mv 2D + mghD ⇒ hA = hD + , 1. Verdadeiras: A, B, D, E. Falsas: C, F.
cm2 do bloco 2 2g
2. (C).
48,0 Madeira polida 0,290 0,207 logo, hD = 5,2 m. b) Velocidade em C: pela –4 × 18 + 2 × 12 + 6 × 20
conservação da energia mecânica, tem-se xCM = = 1,44 m;
48,0 Feltro 0,348 0,305 50
1
mv 2C + mg2R = mghA ⇒ vA = 2g(hA – 2R) , –4 × 18 – 2 × 12 + 6 × 20
32,0 Madeira polida 0,279 0,204 2 yCM = = 0,48 m.
ou seja, vC = 6,6 m s–1. A velocidade em C a 50
partir da qual o corpo perde o contacto com 3. (D). Os três átomos formam um
Os coeficientes de atrito, estático e cinético,
triângulo isósceles, sendo de 38o cada um
dependem dos materiais em contacto v C2
a rampa obtém-se com NC = 0: P = m ou dos ângulos entre a direção do eixo dos xx
(a tabela mostra valores significativamente R e a que une cada hidrogénio ao oxigénio.
diferentes), mas não dependem da área 2
v C,min = gR = 3,9 m s .–1
Portanto:
da superfície em contacto (a tabela mostra
valores semelhantes). Como vC = 6,6 m s–1 > 3,9 m s–1, o carrinho 1 × 0 + 16 × 96 cos 38o + 1 × (96 cos 38o) × 2
xCM = =
passa por C sem cair. c) Como 18
v C2 = 75,6 pm
P + NC = m , obtém-se NC = 3,8 N. d) (D). 1 × 0 + 16 × 96 sin 38o + 1 × 0
Questões globais (pág. 76) R yCM = = 52,5 pm
dv 18
Uma vez que at = , quando v é mínimo
62. a) Equações paramétricas do dt 4. Seja d a distância entre os centros da
movimento: x = 1000 t e y = 1,60 – 5,0t2. (ou máximo), a aceleração tangencial é nula. Terra e da Lua. Sendo a massa da Terra
Da primeira equação obtém-se o tempo 65. a) Representam-se as forças sobre o cerca de 81 vezes a massa da Lua, e
para o qual x = 500 m, que é t = 0,5 s. corpo em Q: tomando como origem do referencial o
A ordenada para este instante é centro da Terra, as coordenadas são (0, 0)
P N
y = 0,350 m (a bala passa por baixo). para a Terra e (0, d ) para a Lua. Logo,
b) Equações para a velocidade: mLd
Q xCM = = 0,012d e yCM = 0.
vx = 1000 m s–1, vy = –10t e
mT + mL
v= 10002 + 100t2 . Aceleração tangencial: 37°
P A distância média Terra-Lua é cerca
dv 102t de d = 1,28 × 3,00 × 108 = 3,84 × 108 m,
at = = Então
dt 10002 + 102t2 logo, xCM = 4,6 × 106 m < RT, ou seja, o
O centro de massa está no interior da Terra.
at(0,20) = 0,0200 m s–2. c) (D). No instante
inicial (módulo da velocidade mínimo) 5. Chapa A: consideremos a porção
a aceleração tangencial é nula; aumenta A componente centrípeta da força resultante é retangular de base 4 cm e altura 2 cm;
quando a velocidade aumenta, tendendo mv2Q mv2Q a primeira partição da chapa tem uma
P cos 37o – NQ = ⇒ P cos 37o – = NQ.
para o módulo da aceleração gravítica R R massa quatro vezes superior à segunda;
102t A velocidade em Q obtém-se pela o centro de massa de cada uma das
(para t pequeno, at < = 0,1t, conservação da energia mecânica: partições está no seu centro geométrico:
10002
ou seja, a aceleração tangencial é 1 r»1 = 2e»x + 4e»y (cm) e r»2 = 6e»x + e»y (cm). Portanto,
mghP = mghQ + mv2Q , sendo
aproximadamente linear em t; para t 2 (4m × 2 + m × 6)e»x + (4m × 4 + m × 1)e»y
grande, a aceleração tangencial tende para r»CM,A = =
hP = R e hQ = R cos 37o, logo, 5m
2
10 t 1 = 2,8e»x + 3,4e»y(cm).
a da gravidade, at < = 10 m s–2). mgR – mgR cos 37o = mv2Q ⇒
102t2 2 Chapa B: o orifício corresponde a uma
Este limite nunca chega a ocorrer porque a ⇒ 2gR (1 – cos 37o) = v2Q ; substituindo na porção de chapa que é subtraída. Como o
bala bate no chão. raio do círculo maior é quatro vezes maior do
equação anterior, obtém-se
que o do menor, a área e, portanto, a massa,
63. a) O vetor posição na posição final, 2gRm (1 – cos 37o)
P cos 37o – = NQ ⇒ é 16 vezes maior. Então, segundo a direção
relativamente à origem (o centro do campo,
R 0 × 16m – 2,0 × m
que é o ponto de partida) é r» = r»1 + r»2 + r»3, xx, xCM = = –0,13 dm.
⇒ P cos 37o – 2 P (1 cos 37o) = NQ ⇒ 15m
com r»1 = 26 cos 60oe»x – 26 sin 60oe»y, r»2 = 16e»x
⇒ P (3 cos 37o – 2) = NQ, logo, NQ = 4,0 N. Por simetria, yCM = 0.
e r»3 = 18 cos 45oe»x + 18 sin 45oe»y. Portanto,
b) Se, na equação da força normal (ver
r» = 41,7e»x – 9,79e»y. Como o vetor posição do 1.2.2 (pág. 99)
alínea anterior), o ângulo para uma posição
centro da baliza é r»b = 50e»x, a diferença é qualquer for θ, teremos: P (3 cos θ – 2) = NR;
冢 冣 冢 冣
1 2 5 1 1
r»d = (50 – 41,7)e»x + 9,79e»y pelo que o jogador 6. r»CM = t + t e»x + + t + t 2 e»y.
para o bloco perder o contacto com a 4 4 2 2
ficou a |r»d| = 12,8 m do centro da baliza. superfície, NR = 0, logo, P (3 cos θ – 2) = 0 ⇒ Derivando, obtém-se
b) O módulo da velocidade inicial é ⇒ 3 cos θ = 2 e θ = 48o.
冢 冣 冢 冣
1 1
v0 = 25 m s–1 e as equações paramétricas v»CM = 1 + t e»x + + t e»y;
2 2
do movimento são x = 25 cos 20o t
e y = 25 sin 20o t – 5t2. Para x = 11 m, 1
derivando novamente, a»CM = e»x + e»y.
2
284
A força é F»res = 2e»x + 4e»y e Fres = 4,5 N. 13. (C). Como 6p = F6t e a força e o 20. (D). O centro de massa do sistema não
intervalo de tempo são os mesmos para muda de posição, pois a resultante das
7. Todos os resultados estão no SI:
A e B, 6pA = 6pB. Como pAi = pBi = 0, então forças exteriores é nula. Quando a bola sai
100v»A + 300v»B
冢 冣
5 15 pAf = pBf. da mão, indo para a esquerda, o resto do
v»CM = = t – –3t – e» +
400 4 4 x sistema (carro + pessoa) desloca-se para
14. (B). Como 6p» = F»6t, tomando
a direita. Quando a bola bate na parede
冢 冣
3 6 9 18 componentes escalares tem-se pf = pi + F6t,
+ t– – t+ e» = (–2t – 5)e»x + e passa a ter velocidade com sentido
4 4 4 4 y que se pode aplicar aos intervalos de
contrário, o resto do sistema desloca-se
tempo sucessivos:
冢 冣
3 3 para a esquerda. Em A, a bola executa
+ – t + 3 e»y; derivando, a»CM = –2e»x – e»y; [0, 2] s: pf = –2 × 10 + 10 × 2 = 0 kg m s–1;
2 2 movimentos repetidos e o carro tem
[2, 4] s: pf = 0 + 2,5 × 2 = 5 kg m s–1; movimento de vaivém continuado.
a força resultante é F» = –0,8e» – 0,6e» .
res x y
[4, 6] s: pf = 5 + 0 = 5 kg m s–1; Em B, a bola cai no chão e o carro para
8. a) F»res = F»A + F»B = 0». Logo, a»CM = 0». [6, 8] s: pf = 5 – 5 × 2 = –5 kg m s–1. quando a bola parar sobre o carro.
A velocidade do centro de massa é 15. (D). Sendo F o módulo da força, o 21. Não atuam forças exteriores sobre
constante e dada por tempo de travagem, t, será tanto maior o sistema astronautas + bola. Por isso,
m v» + mBv»B 1 quanto maior for o módulo da variação do cada vez que um recebe a bola, move-
v»CM = A A = – e»y = –0,33e»x (m s–1). -se no sentido da velocidade desta; e, ao
mA + mB 3 6p» |p» |
momento linear: 6t = = i . Como atirá-la, move-se em sentido contrário
b) Como a velocidade do CM é constante, F F
|p»i| = m|v»i|, vem pi,A = 6,0 kg m s–1, ao da bola (só assim há conservação do
o movimento é retilíneo uniforme, por isso,
momento linear). Então, os astronautas vão
r»CM (t) = r»CM (0) + v»CMt; sendo pi,B = 7,0 kg m s–1, pi,C = 9,0 kg m s–1 e
afastando-se um do outro, embora o centro
–4 + 2 × 6 –4 + 2 × 6 pi,D = 5,0 kg m s–1. Logo, tD < tA < tB < tC. de massa do sistema não mude de posição.
r»CM (0) = e»x + e»y =
3 3 22. a) (A). A resultante das forças
1.2.4 (pág. 100)
8 6 exteriores é nula, a aceleração do centro
= (e»x + e»y) (m), vem r»CM (2) = e»x + e»y = 16. A. Falsa. pbala = 0,050 × 220 = 11,0 kg m s–1.
3 3 3 de massa é nula e a sua velocidade é
= 2,0e»x + 2,7e»y (m). B. Verdadeira. constante. b) Perfeitamente inelástica (os
1 corpos seguem com a mesma velocidade
Ec,bala = × 0,050 × 2202 = 1,21 × 103 J.
2 após a colisão). c) Conservação do
1.2.3 (pág. 99)
C. Verdadeira. Como 0» = p»esp. + p»bala, então momento linear: mAvA + mBvB = (mA + mB)v',
v»f – v»i
9. Uma vez que F» = m e não se |p»esp.| = |p»bala| = 11,0 kg m s–1. ou seja: a velocidade final é dupla da inicial,
6t tendo o mesmo sentido.
1 p2esp.
pode alterar a massa ou a velocidade do D. Falsa. Ec,esp. = mesp.v esp. 2
= = 15,12 J
corpo que colide, só resta um modo de 2 2mesp. 23. a) A velocidade do centro de massa
minimizar as forças de impacto: aumentar (diferente da energia cinética da bala). mv» + 2m (–v» ) 1
é v»CM = = – v». Como a
o tempo de colisão. Em (A), o tempo de E. Falsa. p»esp. = –p»bala (só em módulo os dois m + 2m 3
colisão aumenta com a flexão das pernas momentos lineares são iguais). resultante das forças exteriores é nula, a
ou com a utilização de colchões de espuma; velocidade do centro de massa é constante,
17. (A). Conservação do momento linear:
em (B), o tempo de colisão é maior quando sendo o seu movimento retilíneo uniforme.
(m1 + m2) v = m1v'1 + m2v'2 ou
o chão não é duro, ou seja, com a carpete. b) A posição do centro de massa, depois da
(m1 + m2) v – m1v'1 v
10. Quando colidem um com o outro, colisão, é dada por xCM = – t, cujo gráfico
v'2 = = 2,52 × 105 km h–1; 3
exercem entre si forças com intensidades m2 está representado na figura.
iguais mas simétricas (par ação-reação) o andar 2 move-se no mesmo sentido, pois
XCM
6p» v'2 > 0.
e, como F» = e o tempo de colisão é o
6t 18. A. pi = 1200 × 13,9 = 1,67 × 104 kg m s–1
mesmo, as variações de momento linear (afirmação verdadeira). t
dos corpos são simétricas e, por isso, B. |6 p»| = m|v»f – v»i| = 1,80 × 104 kg m s-1
iguais em módulo. Mas as acelerações são (afirmação falsa).
diferentes pois, como as forças são iguais
1
em módulo, terá maior aceleração o corpo C. 6Ec = m (v 2f – v 2i) = 1,15 × 105 J 24. A. Falsa. A variação do momento
de menor massa (Segunda Lei de Newton), 2
(afirmação verdadeira). linear, 6p, é igual para as duas bolas. Como
ou seja, o vagão. 6p = F6t e F é o mesmo, também 6t é o
6p
11. a) (C). 6p = m|v»f – v»i| = 1,25 × 103 × D. F = = 9,0 × 104 N (afirmação falsa). mesmo. B. Verdadeira (ver A.). C. Falsa.
6t
× [6 – (–40)]/3,6 = 1,6 × 104 kg m s–1. 1
1 A distância percorrida é 6x = v06t – a(6t)2;
6p E. Ec,i = mv 2i = 1,16 × 105 J (afirmação 2
b) F = = 2,0 × 105 N. 2
6t v0
verdadeira). de v = v0 – a6t conclui-se que 6t = e,
12. Aplicando a conservação do momento 19. (C). Se a colisão for perfeitamente a
2
linear, tem-se mv1x + mv2x = mv'1x + mv'2x, v0 F p
inelástica, a velocidade final dos objetos portanto, 6x = . Como a = e v0= ,
ou seja, 75 × 10 = (75 + m) × 5; logo, a que colidem será a mesma. Na situação I, 2a m m
massa do outro patinador é também 75 kg. p2
m vem 6x = . Como F e p são os
v» – v» mv = (m + mmuro)v'. Logo, v' = v.
Aplicando F» = m f i a cada um deles m + mmuro 2Fm
6t Nas situações II e III, o momento linear mesmos, a distância de travagem será
obtém-se F = 3750 N e, por isso, não há inicial é nulo, pelo que a velocidade final maior quando for menor a massa m,
danos físicos. do conjunto é nula. ou seja, para a bola de pingue-pongue.
285
vA
D. Falsa (ver C.). E. Falsa. A energia o tempo de passagem da tira antes da mvA + 0 = 2mv', donde v' = e tanto A como
2
despendida é igual ao trabalho realizado colisão, em função do tempo de passagem
B ficam com metade da velocidade inicial
pela força, o qual é, em módulo,W = F6 x. depois da colisão. O coeficiente de
de A (colisão perfeitamente inelástica).
Como a distância de travagem é diferente restituição é o declive da reta, e = 0,773.
nos dois casos, também a energia o é. 32. Como não atuam forças exteriores,
t1/ms
40,0 y = 0,773x + 1,328 o centro de massa do homem não se
25. Aplicando a conservação do momento R2 = 0,990 move. Para haver movimento de uma
linear, Mv1x + mv2x = Mv'1x + mv'2x , tem-se 30,0
parte do sistema num sentido é preciso
mv mv 20,0
mv = Mv'1x + e v'1x = . Ora, para que a parte restante se mova em sentido
2 2M 10,0 contrário (de acordo com a conservação
o pêndulo dar uma volta completa deverá
0,0
do momento linear). O homem pode lançar
ter no topo uma velocidade mínima que 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 objetos em sentido contrário àquele em
satisfaça v2 = gl (ver subdomínio 1.1). Para t2/ms que pretende deslocar-se e será melhor
que tal aconteça, v'1x tem de ser tal que sucedido quanto maior for a velocidade
Questões globais (pág. 103) de lançamento dos objetos e/ou a sua
1 1
m v' 2 = mtotalg2l + mtotalgl 27. a) (A). massa. Se tiver consigo muitos objetos,
2 total 1x 2
conseguirá deslizar e talvez atingir o seu
(conservação da energia mecânica). mAr»A + mBr»B + mCr»C
r»CM = = –0,4e»x + 2,6e»y (m). objetivo…
Portanto, só dará a volta completa se mA + mB + mC
33. Em caso de colisão, para minimizar
v'1x = 5 gl . Substituindo na equação anterior mAv»A + mBv»B + mCv»C
b) v»CM = = a força de impacto deve aumentar-se o
mv mA + mA + mC tempo de colisão. Com os pneus velhos
para esta velocidade, vem 5 gl = , ou
2M = 0,96e»x – 0,80e»y (m s–1). (ou outros materiais flexíveis) consegue-se
5gl esse objetivo.
v = 2M . c) (C). p»CM = (mA + mB + mC)v»CM =
m 34. Designando por v a velocidade da bala
= 0,48e»x – 0,40e»y (kg m s–1).
antes do choque e por v’ a do conjunto bala
Atividade laboratorial (pág. 102) 28. Não. Os centros de massa das partes + bloco logo após o choque, a conservação
A e B, respetivamente xA e xB, são tais que do momento linear no choque e a
26. a) mAxA + mBxB conservação da energia mecânica após o
v1 /m s–1 v2 /m s–1
pi / pf / = 0. Como |xA|>|xB|, conclui-se
E / J Ec,f / J
kg m s–1 kg m s–1 c,i mA + mB choque permitem escrever: mv = (m + M )v'
que mA < mB. 1
0,69 0,35 0,35 0,35 0,12 0,06 e (m + M)v'2 = (m + M)gh. Desta última
29. a) O raio da chapa pequena (chapa 1) 2
0,58 0,40 0,57 0,59 0,16 0,12 equação resulta v' = 2gh . Usando este
é metade do da grande (chapa 2). Como
0,68 0,23 0,34 0,34 0,12 0,04 a massa de cada chapa é proporcional à resultado na outra equação, vem
0,55 0,42 0,83 0,84 0,23 0,18 área do círculo e esta é proporcional ao m+M
v= 2gh . Têm-se, pois, as
quadrado do raio, conclui-se que m1 = m m
1,09 0,28 0,55 0,56 0,30 0,08 seguintes correspondências: I – B e II – C.
e m2 = 4m. O centro de massa está à altura
m1y1 + m2y2 10,0m + 4,0 × 4m O cálculo da energia cinética da bala antes
i. A tabela indica as velocidades dos h= = = 5,2 cm. do choque, a energia cinética do conjunto
m1 + m2 5m
carrinhos nas duas primeiras colunas, depois do choque e a diferença destas
’ b) O raio da esfera pequena (esfera 1) é
obtidas a partir de v = , onde ’ = 2,0 cm duas energias cinéticas, que é a energia
metade do da grande (esfera 2). Como a
t dissipada, é imediato. Encontram-se as
massa de cada esfera é proporcional ao
é a largura da tira e t é o tempo de seguintes correspondências:
volume da esfera e esta é proporcional ao cubo
passagem. ii. Na terceira e quarta colunas III – A, IV – E e V – D.
do raio, conclui-se que m1 = m e m2 = 8m.
da tabela indicam-se, respetivamente, 35. (A) Falsa. O centro de massa
os momentos lineares inicial e final do O centro de massa está à altura
permanece em repouso porque a
sistema: pi = m1v1 e pf = (m1 + m2)v2. m1 y1 + m2 y2 100m + 40 × 8m
h= = = 46,7 cm. resultante das forças exteriores é nula.
Verifica-se que os valores são compatíveis, m1 + m2 9m (B). Verdadeira. (C) Verdadeira. A posição
dentro dos erros experimentais, com pi = pf, 30. a) Como não atuam forças exteriores do centro de massa é, na situação inicial,
ou seja, confirma-se a conservação do ao sistema homem + rapaz, há conservação mCL
momento linear. Na quinta e na sexta xCM = . Esta é também a posição
do momento linear, sendo 0» = mV» + M v»; 2(mP + mC)
colunas indicam-se as energias cinéticas
por isso, a velocidade do rapaz é 2 km h−1, na situação final:
antes e depois da colisão. Verifica-se
mas em sentido contrário à do homem. L
que há uma grande diminuição da
energia cinética após a colisão, pois esta
Como se movem com velocidade constante 冢 2 – d冣
mP(L – d) + mC
(o atrito é desprezável), o homem desloca- xCM = . Igualando as
é perfeitamente inelástica. iii. Sim, pois (mP + mC )
-se 0,278 × 3 m e o rapaz 0,556 × 3 m para
há conservação do momento linear. b) O duas expressões e resolvendo em ordem
o outro lado; por isso, ficam à distância de
v' mPL
coeficiente de restituição é dado por e = 2,5 m. b) Aplicando a expressão
v a d, obtém-se d = . A abcissa da
(v e v’ são, respetivamente, os módulos v» – v» (mP + mC)
F» = m f i ao rapaz, obtém-se F = 194 N.
das velocidades do carrinho antes e após a 6t posição final da pessoa é
’ ’ 31. Na primeira situação tem-se mCL
colisão). Como v = e v’ = , em que ’ é xP = L – d = . (D) Falsa. Ver
t1 t2 mvA + 0 = 0 + mv'B, v'B = vA, e B fica com (mP + mC)
t
a largura da tira, podemos escrever e = 1 , velocidade igual à velocidade inicial de A resposta C. (E) Falsa. O centro de massa
t
ou seja, t1 = e t2. O gráfico representa 2
(colisão elástica). Na segunda, permanece na mesma posição.
286
36. a) Δp = m(vf – vi) = 2,5 kg m s–1. 3. a) m = ρarV = 1,18 × 4,0 × 4,5 × 3,0 = 64 kg. mais elevada. A diferença entre elas é
b) A força sobre o taco e a força sobre b) Fg = mg = pA, logo, Δp = ρgh = 6,0 × 104 Pa.
a bola constituem um par ação-reação 1,01 × 105 A = 5,0 × 103 × 10 ou A = 0,50 m2. 11. Pressão atmosférica de 75,0 cmHg:
(são simétricas) e o seu módulo é p0 = ρgh = 13,6 × 103 × 10 × 0,750 =
c) F = pA = 1,01 × 105 × 4,0 × 4,5 = 1,8 × 106 N;
6p = 1,0 × 105 Pa, ou seja, cerca de 1 atm. Nos
F= = 5,0 × 103 N = 5,0 kN. como F/Fg = 36, serão 36 elefantes. d) Não
6t canos, a pressão é p = p0 + ρgh. Mas cada
colapsa, pois a face inferior também está
37. a) Sendo l o comprimento do fio, sujeita à pressão atmosférica: as forças de 10 m de altura de água faz aumentar a
a velocidade mínima do conjunto pressão na face superior e na face inferior pressão em cerca de 1 atm (ver questão
bala + pêndulo no ponto mais alto é equilibram-se, sendo a sua resultante nula. 10), logo p = 8 atm e os canos não
F F suportam esta pressão.
v 2
P = m min ou vmin = gl . Pela conservação e) Como P = = g , tem-se 12. a) Dois pontos no mesmo líquido e no
l A A
da energia mecânica, no ponto mais baixo mg Ahρg gρh mesmo plano horizontal estão à mesma
p= = = = 3,0 × 104 Pa.
da trajetória a velocidade do conjunto (após A A pressão. Escolhendo o ponto B e um ponto
na mesma horizontal e no mesmo líquido
a colisão) é v' = 5gl = 7,1 m s–1. 1.3.2 (pág. 129)
no outro vaso, B´, então pB = pB', ou
Pela conservação do momento linear, 4. (A). Num líquido em repouso, as p0 + ρ2gh2 = p0 + ρ1gh1; por isso, ρ2h2 = ρ1h1,
mbv = (mb + mp )v', a velocidade inicial da bala forças de pressão são perpendiculares à h ρ
m + mp superfície onde se exercem. logo, 1 = 2 = 0,56. b) Como as
év= b v' = 100 5gl = 7,1 × 102 m s–1. h2 ρ1
mb 5. A força de pressão é devida à diferença pressões em A e E são iguais a p0, os
1 1 de pressão entre o exterior e o interior
b) Ediss = |Ec,f – Ec,i | = mb v2 – (mb + mp) v' 2 = gráficos I e IV estão excluídos; como o
2 2 do recipiente:
80 líquido 2 é menos denso do que o líquido 1,
= 2,52 × 103 – 25,2 = 2,49 × 103 J. F = Δp A ⇒ Δp = = 4,0 × 103 Pa. a inclinação da reta de A para B tem de ter
E 200 × 10–4
Percentualmente, tem-se diss × 100 = 99%. menor declive do que a da reta de B para C.
Ec,i Como Δp = pext. – pint., vem pint. = 0,97 × 105 Pa.
Logo, é o gráfico II.
38. a) Os módulos das velocidades com 1.3.3 (pág. 129)
que a bola chega ao solo e com que a
1.3.4 Lei de Pascal (pág. 131)
6. (A) Verdadeira, pois, pela Lei de Stevin, 13. a) No mesmo plano horizontal e no
bola abandona o solo podem ser obtidas
p2 = p1 + ρgh; numa superfície horizontal mesmo líquido, as pressões são iguais. Se a
por aplicação da conservação da energia
h = 0 e p2 = p1. (B) Falsa; um líquido pressão variar do lado esquerdo, ela variará
mecânica no percurso da bola no ar, na
em equilíbrio exerce forças de pressão da mesma forma no lado direito. b) Da
descida e na subida, sendo dadas por
perpendiculares às paredes e, como estas igualdade de pressões, pA = pB, resulta
v = 2gh e v' = 2gh', onde h é a altura constituem pares ação-reação com as
inicial e h’ a altura que atinge após o FA F
forças exercidas pelas paredes sobre = B , obtendo-se FB = 1200 N.
o fluido, então todas estas forças são AA AB
h'
ressalto no solo. Portanto, e = = 0,894. perpendiculares às paredes. (C) Verdadeira Portanto, m = 120 kg. c) Seria igual. O que
h
pois, pela Lei de Stevin, Δp = ρgh. (D) Falsa, é importante é a diferença de pressão que
b) Considerando um eixo vertical com sentido
pois depende também da densidade do tem origem na aplicação da força de 40 N;
positivo para cima, a variação do momento
líquido, uma vez que p2 = p1 + ρgh. o fluido apenas transmite essa variação de
linear da bola é Δp = m(vf – vi). Obtém-se
pressão de um lado para o outro da prensa.
Δp = 0,2 × [4,90 – (–5,48)] = 2,08 kg m s–1. 7. As afirmações (A) e (C) deixariam de ser
6p verdadeiras porque p2 = p1 + ρgh só é válida 1.3.5 (pág. 131)
O módulo da força é F = = 208 N. c)
6t se a densidade do fluido for constante. 14. a) (C). A impulsão é igual ao peso do
Como v' < v, então Ec' < Ec. A colisão é 8. a) (C). b) (C). A pressão em A e em C é volume de líquido deslocado, líquido X, e,
inelástica. igual à pressão atmosférica: p0 = ρHggh. se a gota está imóvel no interior do líquido,
c) p0 = ρHggh = 13,6 × 103 × 9,81 × 0,76 = P = I. b) Como a gota está completamente
1.3 Fluidos = 1,01 × 105 Pa. imersa e P = I, vem ρgotagV = ρXgV; X tem
densidade igual à do corpo:
9. a) Como Δp = ρgh, vem 2,00 × 103 =
1.3.1 (pág. 129) 0,365
= 1,06 × 103 × 9,8 h ou h = 0,019 m = 19 cm. ρX = ρgota = = 0,913 g cm–3.
b) Como p = ρHGgh, vem 2,00 × 103 = 13,6 × 0,400
m 70 c) (B). A impulsão sobre a esfera é
1. a) V = = = 70 × 10–3 m3 = 70 L. × 103 × 9,8 h ou h = 0,015 m = 15 mm.
ρ 1,0 × 103 independente da profundidade, só depende
A pressão corresponde a 15 mmHg.
msangue 0,07 × 70 da densidade do líquido e do volume
b) (B). Vsangue = 0,07 = m3 = 10. a) Como p2 = p1 + ρgh, teríamos
ρsangue imerso, que é, neste caso, igual ao volume
1060 2p0 = p0 + ρgh e, sendo p0 = 1 atm, obtém-se
da esfera: I = ρXgVesfera (admite-se que o
0,07 × 70 h = 10 m. Ou seja, por cada 10 m que se
= dm3. líquido é incompressível, ρX constante e
1,060 descem há um aumento de pressão de uma
ρFe atmosfera. Este valor é realista, mas, com também Vesfera é constante).
2. a) (A). b) dFe = = 7,9: a densidade do o aumento da profundidade, a densidade 15. a) O peso é 70 N. A outra força que atua
ρágua
da água vai variando e a expressão anterior na bola aplicada pela mão que a segura é
ferro é 7,9 vezes superior à da água a 4 oC. deixa de ser rigorosamente válida. b) simétrica do peso. A densidade da bola é
c) Volume do cubo: O ar que entra na boca do mergulhador,
Vtotal = (4,0 × 10–2)3 = 6,4 × 10–5 m3. Volume m 7,0
como vem da superfície, está à pressão ρ= = = 0,233 × 103 kg m–3.
m V 0,03
do ferro: VFe = = 2,5 × 10–5 m3. Volume da atmosférica e, a 6,0 m de profundidade, o Esta densidade é inferior à da água, pelo
ρ
seu corpo vai estar sujeito a uma pressão que a bola flutua. Quando fica totalmente
parte oca: V = 3,9 × 10–5 m3 = 39 cm3.
287
imersa em água e é largada, atuam o peso, e a impulsão (que apontam para cima); No gráfico representam-se os pontos
70 N, e a impulsão: I = ρáguagV = 300 N. a força de resistência do ar aumenta com experimentais e a respetiva reta de
A resultante das forças é 230 N dirigida a velocidade, sendo uma força variável; regressão:
para cima, o que faz subir a bola. b) (C). também a impulsão é variável, pois a 0,3000
vt/m s−1
Como I > P, a esfera sobe e, enquanto densidade do ar (onde está imersa a gota) 0,2500
y = 9694,1x + 0,0084
estiver totalmente imersa, a impulsão vai variando à medida que ela desce. A 0,2000
é constante. Quando chega à superfície, partir de certo instante o peso é equilibrado 0,1500
0,1000
à medida que o volume imerso diminui, pela impulsão e força de resistência:
0,0500
a impulsão decresce até que I = P. atinge-se, então, a velocidade terminal. 0,0000
c) A resultante das forças de pressão Por isso, as gotas de chuva não atingem 0,00E + 00 1,00E + 05 2,00E + 05 3,00E + 05
288
superior da água que aprisiona o ar é uniforme. c) A velocidade média, v»m, é o conhecidas m e m', a uma determinada
(equivalente ao ponto C) aumenta, 6r» distância r entre si (o que realmente foi
deslocamento por unidade de tempo, .
comprimindo esse mesmo ar. 6t medido foi o período de oscilação do
24. a) Há dois líquidos e o cubo flutua Assim, considerando iguais intervalos de pêndulo que depende da força F).
com uma parte imersa em água (2,0 cm tempo, a menor velocidade corresponderá Do conhecimento dessa força gravítica,
de altura) e outra parte no óleo (8,0 cm de à situação em que o deslocamento, 6r» m m'
F = G 2 , obtém-se a constante de
altura). Supondo que a área da base é A, a (vetor que une as posições inicial e final r
equação P = I permite escrever: no intervalo considerado), for menor, o que Fr 2
gravitação universal G = .
ρcgVc = ρáguagVi água + ρóleogVi óleo, ou ainda acontece nas regiões 1 e 7. m m'
3. A Segunda Lei de Kepler afirma que, b) Um corpo de massa m, à superfície
ρchcA = ρáguahi águaA + ρóleohi óleoA. Obtém-se
num mesmo intervalo de tempo, o vetor da Terra, sujeito apenas à força gravítica
ρc = 0,93 g cm–3, ou seja, a densidade posição de um planeta em relação ao de intensidade Fg, cai com a aceleração
relativa é 0,93. b) A pressão na face inferior Sol varre áreas iguais. Às mesmas áreas g, portanto:
devida aos líquidos é correspondem comprimentos dos arcos m m gR2
Fg = mg ⇒ G T2 = mg ⇒ mT = T .
p = ρáguaghágua + ρóleo ghóleo = 928 Pa. diferentes: no periélio, o arco é maior rT G
do que no afélio, logo, a velocidade é maior c) O erro percentual, em módulo, é
25. a) p = p0 + 5,0gρ = 1,01 × 105 + 5,0 × 104 =
no periélio.
= 1,51 × 105 Pa. b) A impulsão equilibra a |6,64 × 10–11 – 6,67 × 10–11|
4. Designando por R a distância média de × 100% = 0,4%;
tensão e o peso: 6,67 × 10–11
I = T + P ⇒ ρáguagV = ρcubogV + T, de onde se um planeta ao Sol e por T o seu período de
translação, vem, de acordo com a Terceira assim, pode afirmar-se que Cavendish
T cometeu um erro de 0,4% por defeito em
obtém: V = = 0,125 m3. c) R 3T R 3J
(ρágua – ρcubo)g Lei de Kepler, 2 = 2 , em que os relação ao valor atualmente aceite.
TT TJ
i) A impulsão mantém-se constante até 8. a) A força gravítica que a Terra exerce
índices T e J se referem à Terra e a Júpiter, sobre um corpo diminui à medida que a
o cubo emergir, pois o volume imerso é
respetivamente. distância desse corpo ao centro da Terra
constante, tendo maior intensidade do que
Da relação anterior obtém-se aumenta. Em consequência, a aceleração
o peso. Nessa altura, e à medida que o
T J2 R 3J (5,22 RT)3 gravítica (aceleração de um corpo sujeito
volume imerso diminui, a impulsão diminui = 3 ⇒ T J2 = T T2 ⇒
2
também até a sua intensidade final ficar TT RT R 3T apenas à força gravítica) também diminui
igual à do peso. ii) A aceleração seria quando a distância ao centro da Terra
⇒ TJ = 5,223 TT ⇒ TJ = 11,9 a, uma vez
I–P ρágua – ρcubo g aumenta. Verifica-se que a aceleração
a= = g = . O movimento que TT = 1 a. gravítica não depende da massa do corpo.
m ρcubo 4
3
r Calisto 2
T Calisto Como à superfície da Terra (altitude nula) o
seria uniformemente acelerado e o tempo 16,692 3
5. (A). = 3
⇒ r Calisto = r ⇒ módulo da aceleração gravítica é
de subida obtém-se a partir de r 3
T 2
1,772 Io
Io Io
10 m s–2, pode concluir-se que para estes
1 2 × 5,0 3 r Calisto
satélites, que estão mais afastados do
h = at2 ⇒ t = = 2,0 s. ⇒ r Calisto = 88,91 r Io ⇒ = 4,46.
2 2,5 r Io centro da Terra, a sua aceleração será
iii) A condição de equilíbrio é I = P, ou menor. b) A intensidade da força gravítica
seja, ρáguagVi = ρcubogV. A fração de volume
2.1.2 (pág. 153) que a Terra, de massa m T , exerce sobre
imerso é Vi = 0,8V. O cubo ficaria com 20% 6. a) A Lei da Gravitação Universal foi a um corpo de massa m a uma distância r do
do seu volume fora de água. primeira lei obtida para uma das interações m m
fundamentais: a força gravítica. O seu centro da Terra é Fg = G T2 . Da Segunda
r
estabelecimento permitiu unificar numa Lei de Newton pode obter-se a aceleração
descrição matemática única a força de um corpo, a, sujeito apenas à força
2. Campos de forças gravítica exercida sobre os corpos à gravítica da Terra (aceleração gravítica):
superfície da Terra e a força responsável
2.1 Campo gravítico pelo movimento dos planetas e satélites,
m m
Fg = ma ⇒ G T2 = ma ⇒ a = G 2T .
m
289
Gravitação Universal: 4 14. (Análise e interpretação da informação
ρp × π R P3 obtida com base na exploração de
m m v2 mT mp 3
Fg = ma ⇒ G T2 = m ⇒v= G . raio Rp é: F = G =G = simulação adequada.)
r r r Rp2 Rp2
Assim, o quociente do módulo da velocidade 4
de A e do módulo da velocidade de B é: = π GρpRp em que ρp é a massa volúmica 2.1.4 (pág. 155)
3
m 15. (D). A energia potencial gravítica,
G T média do planeta. Da relação anterior
vA rA rB RT + 4RT m m'
= = = = 3F Epg = –G , é sempre negativa.
vB mT rA RT + 4RT segue-se que ρp = , logo, o r
G 4π GRp Considerando que Epg = – y1 para um certo
rB
quociente das densidades médias da Terra
valor r1 da distância, então para uma
5 3F T y
= < 1,29 (a velocidade de A é 1,29 distância n vezes maior, nr1, Epg = – 1 .
3 ρT 4π GRT F R n
vezes maior do que a de B). d) A relação e da Lua é: = = T L =
ρL 3F L F LR T 16. (A). A velocidade de escape é a menor
entre o módulo da velocidade angular, ω,
4π GRL velocidade com que se deve lançar um
de um satélite, de massa m, que orbita a
F T × 0,27RT corpo, desprezando-se a resistência do
Terra, de massa mT, e o raio r pode obter-se
= = 6 × 0,27 = 1,6 (a Terra é, em ar, para que ele atinja um ponto no infinito
da aplicação da Segunda Lei de Newton: 1
G R com energia cinética nula. Aplicando-se
m m
Fg = ma ⇒ G T2 = mω2r ⇒ ω 2r 3 = 6 T T a conservação da energia mecânica,
r média, 1,6 vezes mais densa do que a Lua). determina-se a velocidade de escape:
= GmT ⇒ ω 2r 3 = constante (ω 2 é
12. (B). O módulo do campo gravítico, F , Mm 1 2
inversamente proporcional a r 3, dado que o Em,r = Em,∞ ⇒ –G + mv e = 0 ⇒
criado por uma massa pontual M num R 2
seu produto é constante).
ponto P, a uma distância r de P à massa 2M
⇒ ve = G (a velocidade de escape
r
冢 冣
2.1.3 (pág. 154) M 1
pontual é F = G 2 = GM 2 : esta última
r r depende da massa do planeta e da
9. a) As estrelas exercem uma sobre
expressão mostra que F é diretamente distância ao centro do planeta, mas não
a outra forças de atração cuja direção é
depende da massa do corpo lançado).
a da reta que une os centros das estrelas e
冢 冣
1 1
proporcional a , ou seja, o gráfico F 2 Reescrevendo em função do campo
m m' r2 r
de intensidade Fg = G 2 = 6,67 × 10–11 × M
r é uma reta de declive GM que passa na gravítico: ve G 2r = 2Gr
r2
3,0 × 1030 × 3,0 × 1030 origem (y = GMx).
× = 6,0 × 1030 N. (a velocidade de escape depende do campo
(1,0 × 1010)2 13. a) i) O módulo do campo gravítico à gravítico do planeta).
b) O módulo do campo gravítico à «superfície» de Júpiter, F J, de massa
17. Aplicando a conservação da energia
superfície das estrelas de neutrões é: mJ mecânica, determina-se a velocidade de
M 3,0 × 1030 mJ e raio RJ é: F J = G = 6,67 × 10 –11
×
G = G 2 = 6,67 × 10–11 × = RJ2 escape na Lua:
R (8,0 × 103)2
1,90 × 1027 Mm 1 2
= 3,1 × 1012 N kg–1. × = 24,8 N kg–1. ii) O módulo do Em,r = Em,∞ ⇒ –G + mv e = 0 ⇒
(7,15 × 107)2 R 2
10. a) Para um satélite geoestacionário,
campo gravítico do Sol num ponto da órbita 2M
o período orbital, T, é 24 h. Aplicando ⇒ ve = G =
F R
a Segunda Lei de Newton e a Lei da de Júpiter, de massa mJ, é F S = S/J em
Gravitação Universal obtém-se o raio, r, mJ 2 × 7,35 × 1022
= 6,67 × 10–11 × =
m m que FS/J é a intensidade da força gravítica 1,74 × 106
dessa órbita: Fg = ma ⇒ G T2 = mω2r ⇒
r que o Sol exerce sobre Júpiter. Como F»S/J = 2,37 × 103 m s–1.
é a força resultante que atua sobre Júpiter, A velocidade «média» de um átomo de
GmT GmTT 2
⇒ r3 = ⇒r= 3
= segue-se que este campo gravítico é igual árgon, várgon, pode ser determinada a partir
4π2
冢 2Tπ 冣
2
à aceleração de Júpiter no seu movimento 1
da energia cinética: Ec = mv 2 ⇒ várgon =
F m a 2
de translação: F s = S/J = J = a = ω 2r =
6,67 × 10–11 × 5,97 × 1024 × (24 × 3600)2 mJ mJ 2Ec 2 × 2,07 × 10–23 × 400
=3 = = = =
4π 2 2 m 40 × 10–3
冢 11,86 × 365,25 × 24 × 3600 冣
2π
= 4,22 × 107 m. A altitude é h = r – RT = = × 7,78 × 6,02 × 10 23
290
1 1 m m m 1 22. a) Trabalho nulo, pois a força gravítica 2G × 5 mT
Ec = mv 2 = m G T = G T = – Epg; é conservativa. O trabalho nulo também v'escape = no CoRoT-7b.
2 2 r 2r 2 1,6RT
m m pode ser visto como resultado de a força
1 1 vescape
Em = Epg + Ec = Epg – Epg = Epg = –G T . gravítica ser sempre perpendicular à 1,6
2 2 2r m m Portanto, = = 0,57.
v'escape 5
velocidade. b) i) Como F = G Terra , se
Ep r2 26. a) Como, inicialmente, o satélite se
RT F' 2 2
1 move em redor da Terra numa órbita
r = 2R e r' = 4R, então = = .
r F 42 4 circular, a sua velocidade é menor do que
G mTerra a velocidade de escape nessa posição,
ii) Como v = , se r = 2R e pois caso contrário o satélite afastar-se-ia
r
sempre da Terra. Portanto, a sua energia
Ec v' 2 1 cinética e, em consequência, a energia
r' = 4R, então = = .
v 4 2 mecânica do sistema satélite-Terra é
RT r 2πr 3 também menor do que correspondente
iii) Como T 2 = , se r = 2R e r' = 4R,
mTerra à de uma sonda, da mesma massa, que
conseguisse escapar à gravidade terrestre.
T' 43
então = = 8. Para a velocidade de escape, a energia
Em T 23 mecânica é nula (no infinito a energia
RT m m
iv) Como Ep = –G Terra , se potencial é nula e, para a velocidade de
r r escape, o corpo atinge um ponto no infinito
Ep' 2 com energia cinética nula), logo, a do
r = 2R e r' = 4R, então = = .
Ep 4 2 satélite, sendo menor, é negativa.
19. Desprezando a resistência do ar, a b) Inicialmente, o satélite orbita a Terra
23. a) Conservação da energia mecânica:
única força que atua sobre os aventureiros, numa trajetória circular de raio
Ec + Ep = E'c + E'p, onde o membro esquerdo
de massa m, é a força gravítica, portanto, ri = (6,37 × 106 + 400 × 103) m. A velocidade
há conservação da energia mecânica. a) Na se refere à superfície da Terra e o direito à orbital pode calcular-se a partir de
altura máxima, h = RT, a velocidade é nula. órbita a uma distância ao centro da Terra
m m v2 m
m m 1 2 de r' = 3RT, tendo então o corpo velocidade G T2 = m ⇒ v 2 = G T . A energia
Em, superfície = Em, h = R ⇒ –G T + mv 0 = r r r
T RT 2 GmT
orbital v' = . Então mecânica do sistema satélite-Terra é:
mT m mT 3RT m m
= –G ⇒ v0 = G . 1
RT + RT RT 1 GmT GmT m Em,i = Ep,i + Ec,i = – G T + mv 2 =
Ec = E'c + E'p – Ep =
m – + ri 2
b) Na altura máxima, a velocidade, de 2 3RT 3RT m m 1 m m m
módulo v, é a orbital calculada a partir de GmT m 5 GmT m = –G T + mG T = –G T =
m m m + = . ri 2 ri 2ri
v2 RT 6 RT
G T2 = m ⇒ v2 = G T . 5,97 × 1024 × 750
r r r = –6,67 × 10–11 × ,
b) O trabalho realizado pela força gravítica é
mT m 1 2 × (6,37 × 106 + 400 × 103)
Em, superfície = Em, h = R ⇒ –G + mv 20 = o simétrico da variação da energia potencial:
T RT 2 obtendo-se Em,i = –2,206 × 1010 J. Ao cair na
W = –(Ep,final – Ep,inicial) =
mT m mT 3mT Terra, a distância ao centro da Terra é
1 mT m mT m mT m
⇒ v0 = G 2R .
= –G
RT + RT 2
+ mG
RT + RT T 冢
= – –G
2RT
+G
3RT 冣=G 6RT
. rf = 6,37 × 106 m, e a energia mecânica é:
m m 1
mT m 1 Em,f = Ep,f + Ec,f = –G T + mv 2 = –6,67 ×
c) Em, superfície = Em, h = ∞ ⇒ –G + mv 20 = 24. Aplicando diretamente a Terceira Lei rf 2
RT 2 T 2D r D3
de Kepler, 2 = 3 , vem 5,97 × 1024 × 750 1
2mT TF rF × 10–11 × + × 750 ×
= 0 ⇒ v0 = G 6,37 × 106 2
RT
冣
r D3 × (3,0 × 103)2, obtendo-se Em,f = –4,351 × 1010 J.
冢 239377
3
460
TD = TF = 7,66 × = 30,3 h.
r F3 A energia dissipada é
Questões globais (pág. 156)
Edissipada = Em,i – Em,f = –2,206 × 1010 –
25. a) A massa e o raio do CoRoT-7b são
20. (D). A energia potencial do sistema – (–4,351 × 1010) = 2,15 × 1010 J.
mC = 5mT e RC = 1,6RT. Os módulos do
Lua-Terra depende das massas destes
campo gravítico na Terra e em CoRoT-7b 27. (Aplicação das aprendizagens a novas
planetas e da distância entre eles, que se
m situações e comunicação de descobertas
mantém constante (trajetória circular). são, respetivamente, G T = G 2T e e soluções de problemas utilizando
O momento linear e a aceleração não são RT
a linguagem científica, com auxílio
constantes, pois variam em direção. 5mT GT 1,62
GC = G , pelo que = = 0,51. de tecnologias digitais.)
21. A conservação da energia mecânica 1,62 R2 G 5
T C
1 Mm Mm mT m 5mT m
permite escrever mv 2 –G
2 R
= –G
r
,
b) Tem-se Ep = –G e E'p = –G 2.2 Campo elétrico
RT 1,6RT
sendo m a massa do projétil e r a distância
ao centro do planeta do ponto de altura
Ep 1,6 2.2.1 (pág. 189)
pelo que = = 0,32. c) O módulo da
M E'p 5 1. Os eletrões são partículas elementares,
máxima. Como v 2 = G , a expressão da
R velocidade de escape é dado por mas os protões e os neutrões não são
conservação da energia mecânica fica partículas elementares. Os protões e
GM GM GM 2GmT neutrões são constituídos por quarks, que
– =– , de onde se obtém r = 2R. vescape = na Terra e por
2R R r RT são partículas elementares cuja carga
291
q1|q3| q2|q3| 9q
elétrica é
2e e
ou – (e é a carga elétrica escreve-se F = k|Q||q|x. Portanto, o gráfico F1,3 = F2,3 ⇒ k =k ⇒ q2 = 1,
3 3 de F = F (x) é uma linha reta, de declive 2,002 3,002 4
do protão). k|Q||q|, que passa na origem. 9
assim q2 = × 5,00 = 11,3 μC.
2. Todas as partículas surgem na 6. a) Inicialmente, a intensidade da força 4
Natureza com carga elétrica que é um exercida em cada uma das esferas é
múltiplo inteiro de e = 1,602 × 10–19 C; ora, 2.2.2 (pág. 190)
3q × q q2
9,00 × 10–19 F = k0 ⇒ 4,00 × 10–5 = 3k0 2 .
= 5,62 não é um número r 2
r 10. (D). A intensidade de um campo
1,602 × 10–19 Após o contacto e separação, cada uma elétrico, E, criado por uma carga num ponto
inteiro. Apesar de os quarks terem carga das esferas fica com a mesma carga, é inversamente proporcional ao quadrado
elétrica fracionária, nunca se observou um 3q + q da distância, r, à carga criadora: quando a
quark livre (a carga dos quarks é múltipla = 2q, sendo a intensidade da força distância duplica, o campo elétrico diminui
2
e exercida em cada uma das esferas quatro vezes.
de e a carga apresentada não é múltipla
3 2q × 2q q2 11. O módulo do campo elétrico criado
F' = k0 = 4k0 2 . A partir das equações por uma carga pontual Q num ponto, à
e r 2
r
de ).
3 anteriores, a relação entre as duas forças é |Q|
distância r da carga, é E = k 2 em que k é
3. a) Como o sistema das duas esferas é F' F' 4 r
= = ⇒ F' = 5,33 × 10–5 N. k
isolado, a carga elétrica total permanece F 4,00 × 10–5 3 uma constante. a) (C). Como E = 2 |Q|, a
constante: QA + QB = 3,0 + 1,0 = 4,0 μC. b) A força seria oito vezes menor (a r
Como as esferas são idênticas, e a carga constante da Lei de Coulomb é inversamente função E = E(|Q|) para r constante, é uma
elétrica pode circular entre elas por serem proporcional à permitividade elétrica). k
reta, de declive 2 , que passa na origem.
condutoras, no final devem apresentar a 2q × 2q r
mesma carga, portanto, Nesse meio teríamos Fmeio = kmeio = k|Q|
r2 b) (A). Como E = 2 , o módulo do campo
4,0 r
QA = QB = = 2,0 μC. b) A esfera que 1 4q2 1 1 4q2
2 = × 2 = × × 2 = elétrico, E = E(r), para Q constante, diminui
4π × 8ε0 r 8 4πε0 r com o quadrado da distância r à carga,
ganha eletrões é a que fica menos positiva,
a esfera A: ΔQA = 2,0 – 3,0 = – 1,0 μC. 1 4q2 Far tendendo para zero quando a distância
= × k0 2 = .
8 r 8 tende para infinito (no gráfico B, E também
c) Houve transferência de –1,0 μC da esfera
B para a esfera A, ou seja, 7. (C). Como F = E|q|, sendo E o módulo do diminui, mas a variação é linear, o que
–6 campo elétrico, a função F = F(|q|) é uma não é compatível com uma variação com
–1,0 × 10 C o inverso do quadrado). c) (C). Se Q for
= 6,2 × 1012 eletrões. reta, de declive E, que passa pela origem.
–1,602 × 10–19 C constante e como k é uma constante, então
4. a) Duas grandezas são diretamente 8. A quebra das ligações quando o produto k|Q| é uma constante, por isso
proporcionais se o seu quociente for se dissolve sal em água leva a um
1
constante. Assim: afastamento médio muito maior entre os E e 2 são diretamente proporcionais
r
|Q||q| F k iões Cl– e Na+, com consequente acentuada
冢 冣
F=k ⇒ = 2 é uma 1
|Q||q| diminuição da força de atração média E = k|Q| 2 : o gráfico é uma reta cujo
r2 r r
entre iões, o que justifica o aumento da sua
constante se as cargas estiverem sempre declive é k|Q|.
mobilidade.
à mesma distância r uma da outra.
b) (D). Como a distância aumenta 9. a) (C). As forças exercidas entre 1 e 2 12. a) O campo elétrico é nulo no ponto em
200% (r' = r + 2r = 3r), segue-se que não têm uma relação bem definida com as que os campos elétricos criados por cada
forças exercidas sobre 3, pois as primeiras uma das duas cargas forem simétricos:
|Q||q| 1 |Q||q| 1 mesmo módulo, mesma direção e sentidos
F' = k = k= = F. não dependem de q3 e as segundas
(3r2) 9 r2 9 opostos. Como as cargas são idênticas, tal
dependem de q3. De acordo com a Lei da
c) (A). As forças têm a mesma intensidade: Ação-reação, a força que 3 exerce sobre verifica-se no ponto médio do segmento de
|Q||q| 2|Q| × 3 |q| 1 é simétrica da força que 1 exerce sobre reta que une os vértices onde se encontram
F = F' ⇒ k =k ⇒ r'2 = as cargas.
r2 r' 2 3. Como 3 está em equilíbrio, a força que
= 6r2 ⇒ r' = 6 r. 2 exerce sobre 3 é simétrica da força b) O campo criado no vértice por cada uma
que 1 exerce sobre 3. Pode, portanto, Q
5. A intensidade da força entre duas cargas concluir-se que a força que 3 exerce sobre das cargas é, em módulo, E1 = E2 = k 2 =
elétricas, Q e q, à distância r uma da outra, r
1 é idêntica à força que 2 exerce sobre 3. 5,00 × 10–6
|Q||q| Na figura exemplifica-se, considerando = 9,0 × 109 × = 2,81 × 105 N C–1.
éF=k em que k é a constante 0,402
r2 q3 > 0 (se o sinal de q3 mudar, as forças
elétrica do meio em que as cargas se O campo resultante, E»1 = E»1 + E»2, tem
exercidas por 1 e 2 sobre 3 mudam ambas
encontram. a) (A). Na função F = F (r) a de sentido, mantendo-se o equilíbrio), componentes segundo x que se anulam e
intensidade da força, F, diminui com o as forças de interação entre as cargas componentes segundo y que se somam, logo,
quadrado da distância, tendendo para zero (os vetores a azul têm todos o mesmo E = E1y + E2y =
quando a distância tende para infinito (no módulo). = 2 × 2,81 × 105 × cos 30o = E = E1 + E2
gráfico B, F também diminui mas a variação = 4,86 × 105 N C–1.
F3,1 F2,3 F1,3 F3,2 30° 30°
é linear, o que não é compatível com a 1 3 2 O campo tem módulo
dependência com o inverso do quadrado). F2,1 F1,2 E1 E2
4,9 × 105 N C–1, direção
1 2,0 m 3,0 m
b) (C). Se fizermos x = 2 , a expressão do eixo y e sentido
r b) Como 3 está em equilíbrio, as forças positivo deste eixo.
1 exercidas por 1 e 2, sendo simétricas, têm o
da intensidade da força, F = k |Q||q| 2 , mesmo módulo:
r
292
c) O módulo da força é de atração exercida pela outra partícula 18. Se a forma não fosse arredondada, mas
F = |q|E = 3,00 × 10–6 C × 4,86 × 105 N C–1 = carregada, F»2. A figura representa tivesse zonas pontiagudas, acumular-se-
= 1,5 N. o diagrama de forças para a partícula -iam mais cargas nessas pontas e o campo
13. a) Os campos em A, produzidos por da esquerda (semelhante ao da direita). seria aí muito intenso (poder das pontas).
cada carga, têm a mesma direção e Haveria constantemente descargas para
sentidos opostos, pois a soma é nula; por o solo a partir dessas zonas, sendo mais
isso, as cargas têm de ter o mesmo sinal difícil armazenar carga na cúpula do
(ambas positivas ou ambas negativas). 30° gerador.
Então, as intensidades dos campos T 19. a) Quando um corpo descarrega
produzidos por cada carga têm de ser iguais: rapidamente, pode produzir uma faísca. Tal
d1 F2
9Q Q F1 acontece quando o campo produzido é de
k 2 =k 2 ⇒ = 3 . b) Neste caso, o
d1 d2 d2 P tal modo intenso que um material isolador
campo anula-se num ponto que não pode pode tornar-se condutor, como é o caso do
A resultante das forças é nula, logo, ar (o que depende da humidade). O campo
situar-se entre as cargas. Como uma carga
T cos 30o = mg e T sin 30o + F2 = F1; por isso, elétrico origina ionizações, excitações
tem menor módulo do que a outra, o ponto
terá de situar-se mais próximo da carga de q2 atómicas e moleculares. Os átomos e as
F1 – F2 = mg tan 30o, logo, F1 = k + moléculas ao desexcitarem-se produzem
menor módulo, como mostra a figura: l2
o –2 a faísca. b) Uma nuvem carregada induz
P −Q 9Q + mg tan 30 = 3,18 × 10 N (a distância
E2 E1 carga elétrica no solo. Esta acumula-se
entre as partículas é igual ao comprimento,
essencialmente nas regiões mais altas e
l, de cada fio, dado que a linha que une
x 0,10 m pontiagudas, criando-se aí campos mais
as cargas e os fios formam um triângulo
intensos (poder das pontas). Por isso é
As intensidades dos campos têm de ser iguais, equilátero). A intensidade do campo
provável que a nuvem descarregue sobre
Q 9Q elétrico é
E1 = E2 ⇒ k 2 = k ⇒ (x + 0,10)2 = as árvores (origina-se uma corrente
x (x + 0,10)2 F1 3,18 × 10–2 N
E= = = 1,1 × 105 N C–1. elétrica entre a nuvem e a árvore), o que
= 9x2 ⇒ x = 0,050 m. O campo anula-se |q| 0,30 × 10–6 C as torna perigosas. c) O automóvel tem
num ponto situado a 5,0 cm da carga de uma caixa metálica que atua como uma
menor módulo. 2.2.3 (pág. 191) gaiola de Faraday: o campo no seu interior
14. a) Como há equilíbrio, a força elétrica e a 16. (A) Verdadeira. Os eletrões têm é nulo, havendo uma blindagem das ações
força gravítica são simétricas, portanto, têm mobilidade no metal, deslocando-se até elétricas exteriores. Logo, é mais seguro
a mesma intensidade: Fg = Fe ⇒ mg = |q| E, atingirem estabilidade máxima, a que ficar dentro do automóvel.
obtendo-se corresponde a configuração de energia 20. Não resolveu o problema porque uma
mg 3,00 × 10–3 × 10 mínima. (B) Falsa. A carga distribui-se à rede metálica (gaiola de Faraday) tem um
|q| = = = 2,0 × 10–4 C. superfície, pois essa distribuição minimiza
E 150 efeito de blindagem relativamente a efeitos
Como a carga é negativa, conclui-se que a repulsão elétrica e, por isso, minimiza elétricos exteriores e não o contrário.
q = –2,0 × 10–4 C. b) O campo elétrico é a energia do sistema. (C) Falsa. O campo Por isso, deveria ter envolvido os outros
elétrico é nulo no interior do condutor em aparelhos para os proteger de efeitos
F»
E» = e , tendo a mesma direção de F»e, equilíbrio eletrostático, pois se assim não elétricos exteriores.
q
fosse haveria força sobre eletrões e estes
vertical; como q < 0, E» tem sentido oposto
deslocar-se-iam (contrariando a hipótese 2.2.4 (pág. 192)
ao de F»e, apontando para baixo. c) As de o condutor estar em equilíbrio).
linhas de campo são as indicadas na figura: 21. (A) Verdadeira. O trabalho da força
(D) Verdadeira. Se houvesse componente
têm a direção e sentido do campo e são elétrica ou gravítica é o mesmo entre dois
tangencial do campo haveria força
equidistantes dado o campo ser uniforme. pontos, qualquer que seja a trajetória. (B)
tangencial sobre as cargas e movimento
Falsa. Depende do produto das duas cargas
destas (contrariando a hipótese de o
(para a mesma soma existe uma infinidade
Fe condutor estar em equilíbrio). (E) Falsa.
de produtos diferentes). (C) Verdadeira.
A acumulação de cargas ocorre nas regiões
冢 冣
Fg E mais pontiagudas. 1 1
Como Ep = kQq , a função Ep = Ep para
r r
17. a) (A). Todos os pontos do condutor
determinadas cargas, Q e q, é uma reta, de
(interior e superfície) estão ao mesmo
declive hQq, que passa na origem. Pode,
d) (A). Sobre a partícula atuam duas forças, potencial quando este se encontra em
pois, concluir-se que a energia potencial
a elétrica, que é a mesma pois a carga e o equilíbrio eletrostático. O facto de as linhas
elétrica, Ep, é diretamente proporcional
campo elétrico não se alteram, e a gravítica, de campo elétrico serem, em cada ponto,
ao inverso da distância entre duas cargas,
que é menor dado a partícula ter menor perpendiculares à superfície, indica que
1
massa. Assim, a resultante das forças terá a esta é uma superfície equipotencial. . (D) Verdadeira. Em geral, a energia
direção e o sentido da força elétrica, vertical b) Campo elétrico máximo: ponto A (o mais r
potencial varia de ponto para ponto (tal
para cima, e, portanto, a aceleração terá pontiagudo); campo elétrico nulo: ponto D como no campo gravítico, a conservação
também essa direção e esse sentido: (ponto no interior do condutor). da energia mecânica impõe que também
Fe – Fg c)
FR = Fe – Fg = ma ⇒ a = . a energia cinética possa variar). (E) Falsa.
m C
Qq
15. Cada partícula fica sujeita a quatro E Como Ep = k , se as cargas, Q e q,
B D A
r
forças: o peso, P», a tensão exercida pela tiverem o mesmo sinal (Qq > 0), a energia
corda, T», a força elétrica devida ao campo potencial será positiva e tanto maior quanto
elétrico uniforme, F»1, e a força elétrica menor for a distância, r, entre as cargas.
293
Q1 Q
22. a) Ep = qV. V(C) = V1 + V2 = k + k 2 = 9,0 × 109 × desloca-se no sentido da placa positiva e
r1C r2C
i) Ep = 1,0 × 10–6 × 1,0 × 105 = 0,10 J. o protão no sentido da placa negativa), em
5,00 × 10–6 –5,00 × 10–6
ii) Ep = 2,0 × 100 × 106 = 2,0 × 108 J. × 冢 2
0,08 + 0,05 2
+
0,042 + 0,052
冣= d
módulo . Segue-se que os trabalhos da
2
b) Sim, porque a energia na descarga de
uma nuvem é muitíssimo maior: nove = –2,3 × 105 V, em que resultante das forças que neles atuam são
ordens de grandeza superior r1C = 0,082 + 0,052 m e também iguais, logo, também a energia
à descarga de um Van de Graaff d
r2C = 0,042 + 0,052 m são, respetivamente, cinética adquirida: ΔEc = WF» = F cos 0o.
2,0 × 108 2
冢 0,10
= 2,0 × 109 ∼ 109 . 冣 as distâncias das cargas Q1 e Q2 ao ponto C.
c) (A). O trabalho da força elétrica que atua
c) O eletrão é atraído para a placa positiva.
A diferença de potencial entre a placa
23. a) Como Ep(P) – Ep(∞) = W P → ∞ ⇒ numa carga q não depende da trajetória, positiva e o ponto médio entre as placas é
⇒ Ep(P) – 0 = 20 J ⇒ Ep(P) = 20 J. O mas depende da carga, dado que esta
influencia a força elétrica. d) O trabalho U eU
U' = , então ΔEp = –eU' = – . A variação
potencial em P é 2 2
da força elétrica que atua na carga q não
E (P) 20 de energia mecânica é nula (a força elétrica
V(P) = p = = 2,5 × 106 V. depende da trajetória seguida entre A e C,
q 8,0 × 10–6 sendo função dos potenciais desses pontos eU
é conservativa), pelo que ΔEc = –ΔEp = .
b) O trabalho da resultante das forças e da carga elétrica q transportada entre 2
é nulo pois não há variação da energia esses pontos: WA→C = q(VA – VC) = –2,00 × Como o eletrão parte do repouso, esta é
cinética. Por isso, o trabalho da força × 10–6 × [5,63 × 105 – (–2,26 × 105)] = –1,6 J. a energia cinética com que atinge a placa
exterior é simétrico do trabalho da força positiva.
26. (C). Se WA→C = q(VA – VC) > 0, como
elétrica: –20 J. c) As linhas apontam de P d) O módulo da aceleração de cada partícula
para o ponto distante pois o trabalho da q < 0, então (VA – VC) < 0, ou seja, VA < VC ;
F eE U
então, como o potencial elétrico diminui éa= = , mas, como E = , então
força elétrica sobre uma carga positiva é m m d
positivo. com a distância à carga Q, esta terá
F eU
de ser positiva. O trabalho entre linhas a= = .
24. O potencial em C é a soma dos equipotenciais (S1 e S2) não depende da m md
potenciais criados por cada carga: trajetória entre elas, pois a força elétrica é Esta expressão mostra que a partícula de
q q (–q) menor massa tem maior aceleração, irá
VC = k + k + k = 9,0 × 109 × conservativa. Se o trabalho for positivo de
l l 2l A para C, terá de ser negativo de C para A percorrer a mesma distância em menos
(ou de B para A), logo, a variação da energia tempo. Como a massa do eletrão é menor
3,0 × 10–6 1
×
0,10
× 2– 冢 2
冣
= 3,49 × 105 V. potencial elétrica é positiva. Por isso, a do que a do protão, o tempo de voo do
eletrão é menor do que o do protão.
energia potencial elétrica aumenta de B
No centro do quadrado, o potencial é e) Como o movimento é uniformemente
para A: Ep,A – Ep,B = –W B→A > 0.
q q (–q) acelerado e cada partícula percorre a
V0 = k +k +k = 9,0 × 109 × 27. a) O campo elétrico tem módulo
冢 冣
2 2 2 d d 1 eU 2
l l l U 2,00 × 103 distância , vem = t obtendo-se
2 2 2 E= = = 4,00 × 104 V m–1. 2 2 2 md
d 5,00 × 10–2 m
2 3,0 × 10–6
× × = 3,82 × 105 V. O i) Ao longo de uma linha de campo vem t=d (o tempo de voo é diretamente
2 0,10 eU
U = Ed = 4,00 × 104 × 2,00 × 10–2 = 800 V.
trabalho é W C→O = q(VC – V0) = – 90 × 10–9 × proporcional à raiz quadrada da massa da
ii) 0 V, porque estão ao mesmo potencial. partícula).
× (3,49 × 105 – 3,82 × 105) = 3,0 × 10–3 J.
b) A resultante das forças que atuam O quociente entre os tempos do protão e do
25. a) Em A, os campos elétricos criados sobre a partícula é nula, dado que a sua eletrão para atingir a respetiva placa é:
por Q1 e por Q2 têm a direção do eixo dos xx velocidade é constante. Assim, as forças mprotão
e o sentido positivo desse eixo: elétrica e gravítica são simétricas, portanto, d
tprotão eU mprotão
|Q | |Q | têm a mesma intensidade: mg = |q|E ⇒
冢r1 r2 冣
E»(A) = E»1 + E»2 = k 21 + 22 e»x = 9,0 × 109 ×
mg 2,00 × 10–3 × 10
teletrão
=
d
meletrão
=
meletrão
=
294
1 2(–ΔEc)
da placa negativa, movendo-se, portanto, v0 = . Substituindo os determinado condensador tem uma
sin 30o m
no sentido dos potenciais decrescentes). Q
valores nesta expressão determina-se capacidade, C = , constante: o módulo
c) O campo elétrico tem módulo U
V – VA 1,56 × 102 1 2 × 3,20 × 10–18 da carga em cada uma das armaduras, Q,
E= B = = 5,2 × 104 V m–1, v0 = =
sin 30 o 9,11 × 10–31
d 3,0 × 10–3 é diretamente proporcional à diferença de
direção horizontal e sentido dos potenciais = 5,3 × 106 m s–1. potencial, U, entre elas.
decrescentes, ou seja, de A para B. As Ou: 32. a) A diferença de potencial elétrico
linhas equipotenciais são perpendiculares O eletrão fica sujeito à força elétrica entre as placas é
constante, dirigida para baixo, cujo módulo é:
ao campo. d) O eletrão inverte o sentido Q 3,0 × 10–4
quando a sua velocidade se anular, a que F = eE = 1,60 × 10–19 × 1,00 × 103 = U= = = 1,5 × 102 V.
C 2,0 × 10–6
corresponde uma variação de energia cinética = 1,60 × 10–16 N (esta força é 1013 maior do
que a força gravítica, que se pode, portanto, O módulo do campo elétrico na região
1 1
ΔEc = 0 – mv2i = – × 9,11 × 10–31 × desprezar). Logo, ax = 0 e entre as placas é
2 2 U 150
× (8,0 × 106)2 = –2,92 × 10–17 J. Assim,
–F –1,60 × 10–16 E= = = 3,8 × 105 V m–1.
ay = = = –1,76 × 1014 m s–2. d 4,00 × 10–3
a inversão ocorre num ponto C, cujo m 9,11 × 10–31
b) i) A diferença de potencial entre as
potencial em relação a A é Tomando o referencial habitual, no ponto
placas é igual à da fonte da tensão,
ΔEp mais alto verifica-se vy = 0, donde
2,92 × 10–17 mantendo-se constante desde que o
VC – VA = = = –182 V. 1
– e –1,602 × 10–19 ⎧ Δy = v0yt + ayt
2 condensador esteja ligado à fonte.
Como o campo é uniforme, segue-se que ⎨ 2 ⇒ ii) O módulo do campo elétrico é E = ,
U
⎩ 0 = v0y + ayt d
V – VA 182
d= C = = 3,5 × 10–3 m = v v2 sendo U a diferença de potencial entre as
E 5,2 × 104 ⎧ Δy = – v0y 0y + 1 ay 0y2 placas e d a distância entre elas. Como U
= 3,5 mm. e) (A). Como a energia mecânica ⎪ ay 2 ay
⇒ ⎨ permanece constante e d duplica, conclui-se
é constante, o eletrão numa determinada v
⎪ t = – 0y que E diminui para metade (o campo
posição tem a mesma energia potencial ⎩ ay elétrico é, para uma determinada diferença
e, em consequência, a mesma energia Da primeira equação obtém-se v0y = –2ayΔy. de potencial, inversamente proporcional à
cinética. Passa em A após inverter o sentido distância d entre as placas).
do seu movimento, por isso, com uma Ao atingir a outra placa, Δy = 2,00 cm,
o que permite determinar o módulo da 33. Trabalho de pesquisa.
velocidade simétrica da inicial. A resultante
das forças, a força elétrica, é constante, velocidade inicial:
Atividades laboratoriais (pág. 195)
logo, a aceleração é também constante. – 2 × (–1,76 × 1014) × 2,00 × 10–2
v0 = = 34. a) O campo elétrico criado entre as
30. a) A variação de energia mecânica é sin 30o
= 5,3 × 106 m s–1. d) i) Ao voltar à placa placas é um campo uniforme de direção
nula (a força elétrica é conservativa), pelo
perpendicular às placas.
que ΔEc = –ΔEp = –(–e)(Vf – Vi). 1
positiva, Δy = 0, donde v0yt + ayt2 = 0, b) A equação da reta de ajuste aos dados,
No limite, o eletrão atinge a placa 2 expressos no SI, é V = –32,3d + 5,857.
negativa com velocidade paralela a essa equação que admite duas soluções: o c) O declive da reta de ajuste corresponde,
placa, portanto, a componente do seu –2v0y em módulo, à diferença de potencial
deslocamento na direção perpendicular às instante inicial t = 0 e t = .
ay por unidade de distância medida
placas é igual à separação d = 2,00 cm das Obtém-se U
–2 × 2,0 × 106 × sin 30o perpendicularmente às placas, ,
placas: ΔEc = e(–Ed) = –eEd = –1,60 × 10–19 × t= = 1,1 × 10–8 s. |ΔdI
× 1,00 × 103 × 2,00 × 10–2 = –3,20 × 10–18 J. –1,76 × 1014 portanto, ao módulo do campo elétrico
b) (B). A aceleração tem a direção e o ii) O deslocamento tem apenas entre as placas: E = 32 V m–1. d) Como
sentido da resultante das forças, a força componente paralela às placas, uma vez se mede o potencial em relação à placa
elétrica: perpendicular às placas (a direção que Δy = 0: negativa, tomando como referência
do campo elétrico) e, dado o eletrão ter Δx = v0xt = 2,0 × 106 × cos 30o × 1,14 × 10–8 = a distância à placa positiva, V = 0
carga negativa, o sentido da placa negativa = 0,020 m = 20 mm. corresponde a um ponto da placa negativa:
para a positiva. c) No limite, o eletrão 0 = –32,2d + 5,857 ⇒ d = 0,181 m = 18,1 cm.
atinge a placa negativa com velocidade 2.2.5 (pág. 194) e) A leitura do voltímetro praticamente
paralela a essa placa, v = vx , tomando não se altera, pois as linhas de
31. a) Ligam-se as armaduras do condensador potencial constante (equipotenciais) são
o referencial habitual, nesse ponto, a
a uma bateria ou outra fonte de tensão. perpendiculares às linhas de campo e, por
componente da velocidade na direção
b) A diferença de potencial elétrico, U, entre isso, paralelas às placas.
perpendicular às placas, a do eixo dos yy, é
as armaduras no condensador carregado f) Os potenciais seriam simétricos aos
nula. Assim, a variação de energia cinética é:
é igual à da fonte de tensão: 100 V. Então, apresentados na tabela. A equação da
1 1 1
ΔEc = mv2f – mv2i = m [v2x – (v20x + v20y)] = o módulo da carga das armaduras é reta de ajuste teria declive e ordenada na
2 2 2 Q = UC = 100 × 5,0 × 10–6 = 5,0 × 10–4 C. origem simétricos à apresentada na alínea
1 1 As cargas das armaduras são simétricas: b): V = 32,3d – 5,857 (o módulo do declive,
= mv20y = – mv 20 sin2 30o, uma vez que
2 2 5,0 × 10–4 C e –5,0 × 10–4 C. igual ao módulo do campo elétrico, não
na direção do eixo dos xx o movimento é c) (D). A capacidade de um condensador se altera dado depender apenas da fonte
uniforme (a resultante das forças, a força é uma propriedade do condensador que de tensão e da distância entre as placas,
elétrica, é perpendicular às placas). depende das características geométricas parâmetros que não foram alterados).
Da equação anterior obtém-se o módulo da do condensador e do material isolador 35. a) Como o condensador descarrega
velocidade máxima de lançamento, entre as armaduras (dielétrico). Um sobre a resistência do voltímetro,
295
calculando o produto RC, que é a constante Da segunda equação conclui-se que 2.3 Ação de campos
de tempo τ, obtém-se mg tan θ
τ = RC = 10,0 × 106 × 10 × 10–6 = 100 s, E= . magnéticos sobre
|q| cargas e correntes
o que significa que, ao fim deste tempo, a P
carga do condensador já só é 37% do valor Tx
F 2 1 elétricas
– τ b) tan θ = = = = ⇒ θ = 26,6o.
inicial: e RC = e–1 = 0,37. Ty P P 2
2.3.1 (pág. 216)
b) A descarga de um condensador é F |q|E
– t c) (B). Como tan θ = = , logo, o 1. A primeira evidência de uma relação
descrita pela expressão U(t) = U0e RCque P mg
entre eletricidade e magnetismo foi
1 ângulo θ aumenta com o quociente entre
é equivalente a: In U = – t + In U0. Por observada por Oersted: uma corrente
RC a força elétrica e o peso, ou seja, aumenta
elétrica perturbava uma bússola. Esta
isso, se representarmos graficamente In U com o aumento da carga q e do campo
relação foi confirmada por Ampère e
em função do tempo t, obteremos um elétrico E» e com a diminuição da massa m por Faraday, que descobriu o fenómeno
gráfico a que se ajusta uma reta, sendo e da aceleração da gravidade g». da indução eletromagnética. Maxwell
o inverso do produto RC igual ao módulo d) i) Ao cortar-se o fio apenas atuam duas sintetizou os resultados das experiências
do declive da reta, o que permite calcular forças sobre o corpo: a força elétrica F» anteriores, formulando a teoria do campo
a capacidade. e o peso P», cuja resultante é constante e eletromagnético que conduziu à descoberta
c) A reta de ajuste à função In U (t) é tem a direção que o fio tinha antes de ser de que este campo se propagava sob
In U = –1,035 × 10–2t + 2,198. Com base a forma de ondas à velocidade da luz,
cortado (ou seja, a direção de T»). Como
no declive determina-se a capacidade do sugerindo que a luz era essa onda. Hertz
estas forças são constantes e o corpo se
–1 viria a comprovar essa ideia produzindo
condensador = –1,035 × 10–2 ⇒ encontra inicialmente em repouso, desce
RC com movimento retilíneo uniformemente experimentalmente ondas de rádio.
1 2. As linhas de campo magnético são
⇒C= = acelerado (aceleração constante) numa
10,0 × 106 × 1,035 × 10–2 direção que faz um ângulo θ com a vertical. sempre fechadas. As linhas de campo
= 9,66 × 10–6 F = 96,6 μF. FR elétrico têm origem nas cargas positivas
F 2 + P2 (P tan θ)2 + P 2
U0 ii) a = = = = e terminam nas negativas.
冢 冣
m m m
U – t 1 3. Intensidade: Fm = evB sin 90o = evB,
d) =e RC ⇒ In 2 = – t⇒ mg tan θ + 1 2
1 g direção do eixo z e sentido negativo:
U0 U0 RC = =g =
m cos2 θ cos θ F»m = –evBe»z.
⇒ –ln 2 = –1,035 × 10–2t ⇒ t = 67 s.
38. (B). Todos os pontos sobre a linha AB 4. Como o movimento é circular uniforme,
e) (C). O valor mais provável da diferença
estão a potenciais elétricos zero. Como a a força resultante, que é igual à força
de potencial aos terminais do condensador
energia potencial elétrica do sistema de magnética (a força gravítica é desprezável),
no instante t = 20 s determina-se com base
cargas é negativa, quando a distância entre aponta para o centro da trajetória. No ponto
na equação da reta de ajuste:
elas diminui a energia potencial também P1 representam-se a força resultante e
ln U = –1,035 × 10–2 × 20 + 2,198 = 1,991,
diminui. a velocidade: o vetor campo tem de ser
logo, U = e1,991 V = 7,32 V.
39. a) Como o potencial elétrico é perpendicular ao plano que contém a força
Questões globais (pág. 195) negativo, a carga é negativa; as linhas são e a velocidade, ou seja, perpendicular ao
equipotenciais; o campo aponta para a plano do papel; como a carga é positiva,
36. (B). Se d for a distância entre pontos carga (vetor 1) por esta ser negativa. aponta para o lado de lá do papel.
q q 4 q b) (D). W B→A = –(EpA – EpB) = q(VB – VA).
sucessivos, virá VQ = VS = k + k = k P1 Fm P2
d 3d 3 d Como o vetor campo (vetor 1) aponta no
q q q sentido dos potenciais decrescentes, então
e VR = k + k = k , portanto, VR < VS = VQ. v
2d 2d d VA < VB ⇒ VB – VA > 0 e, como q < 0, então B
37. a) Sobre o corpo atuam três forças – o W B→A < 0. A intensidade do campo elétrico
peso, P», a tensão, T», e a força elétrica, diminui com a distância à carga. Ao longo Câmara
F» = qE», representadas na figura – que se da linha equipotencial que passa em B e
anulam (o pêndulo está em equilíbrio): em C, a direção da força elétrica varia. 5. (A) Falsa. Só existe força magnética
F» + P» + T» = 0». 40. a) De U = Ed obtém-se o módulo do campo se a partícula estiver em movimento
Projetando as forças no sistema de eixos U 90 e se a direção da sua velocidade não
elétrico: E = = = 1,8 × 103 V m–1. coincidir com a do campo magnético.
indicado obtém-se (a 1.a equação é a do d 0,050
(B) Verdadeira. A força magnética é
eixo dos xx e a 2.a a do eixo dos yy): Portanto, |VQ – VR| = 1800 × 0,010 = 18 V.
sempre perpendicular à velocidade e
⎧ F – Tx = 0 ⎧ |q|E – T sin θ = 0 Como as linhas de campo apontam no
⎨ ⇒ ⎨ ⇒ ao campo magnético. (C) Verdadeira.
sentido dos potenciais decrescentes, então
⎩ Ty – P = 0 ⎩ T cos θ – mg = 0 A força gravítica é desprezável (massa
VQ < VR , logo, VQ – VR = – 18 V.
desprezável), assim, a resultante
⎧ |q|E b) A força elétrica tem de ser igual e oposta das forças é a força magnética que
⎪T =
⎪ sin θ y ao peso da gota, ou seja, dirigida para cima. é perpendicular à velocidade, daí o
⇒ ⎨ E
⎪ |q|E ș Como o campo aponta para cima, a carga movimento ser uniforme. Como a
⎪ cos θ – mg = 0 da gota, q, tem de ser positiva. Como a
⎩ sin θ velocidade, v», é perpendicular ao campo,
T F resultante das forças é nula, tem-se: B», e, por sua vez, a força magnética, F»m,
mg 3,6 × 10–8 × 10
x qE = mg ⇔ q = = = também é perpendicular a B», segue-se que
P E 1800
= 2,0 × 10 C = 20 nC.
–10 o plano definido por F»m e v» é perpendicular
296
a B». A partícula move-se nesse plano numa do intervalo de tempo considerado. v) O F»m, tem de ser oposta e de módulo igual ao
mv movimento sob a ação da força magnética peso da partícula, P», para que a resultante
trajetória de raio constante, r = ,
|q| B é sempre uniforme, o que significa que a das forças que atuam sobre ela seja nula:
dado que o módulo da velocidade, v, é energia cinética é constante: F»m + P» = 0
» . Como F» é vertical, e tem de ser
m
|q| B r 2 q2 B2 r2
冢 冣
constante. (D) Falsa. A velocidade das 1 1 perpendicular à velocidade, conclui-se que
Ec = mv2 = m = .
partículas, v», é perpendicular ao campo, 2 2 m 2m a velocidade da partícula terá de ser num
assim como a força magnética, F»m, logo, o mv plano horizontal, tal como mostra a figura.
b) (A). Como r = , duplicando os
plano do movimento das partículas (plano |q| B O campo magnético, B», para ser
definido por F»m e v») é perpendicular ao módulos da velocidade e do campo perpendicular ao campo gravítico, tem
magnético o raio mantém-se o mesmo. de estar nesse mesmo plano horizontal.
campo magnético.
8. a) I-β. II-γ. III-α. A radiação γ é Se escolhermos o campo com a direção
6. a) (A) Falsa. Como a não é desviada, é
eletromagnética, constituída por fotões que e sentido indicados na figura, e a fazer
eletricamente neutra (a força magnética
não possuem carga elétrica. Assim, não é 90o com a velocidade, a força magnética
sobre a é nula), b é positiva dado que
desviada (II). As partículas α e β têm cargas de módulo dado por Fm = |q|vB aponta
ao entrar na região onde existe o campo
de sinais opostos, daí serem desviadas para cima (notar que a carga é negativa!).
magnético é desviada para a esquerda na
em sentidos opostos. As partículas α são Igualando os módulo do peso e da força
direção e sentido do produto vetorial de v» as que descrevem uma circunferência de mg
e de B» (curvando os dedos da mão direita maior raio (III), uma vez que o raio aumenta
magnética, conclui-se que v =
|q|B
. De notar
no sentido de v» para B», o polegar aponta com a massa, r =
mv
: que há outras orientações possíveis para o
para a esquerda). (B) Verdadeira. O campo |q| B campo B». Se designarmos por θ o ângulo
magnético é perpendicular à velocidade, a partícula α, constituída por dois protões entre a velocidade e o campo, a velocidade
assim Fm = |q|vB sin 90o = |q|vB, logo, e dois neutrões, é cerca de 4 × 1,8 × 103 mg
da partícula teria de ser v = .
|q|vB = m
v2
, obtendo-se para o módulo
vezes (quatro ordens de grandeza) mais |q|B sin θ
r pesada do que a partícula β (I), que é um No caso representado na figura
|q| B r eletrão; a carga de α é dupla da de β.
da velocidade v = (a partícula que 0,040 × 10–3 × 10
m b) A força magnética é sempre (θ = 90o), v = =
descreve a circunferência de maior raio r, perpendicular à velocidade, sendo, por isso, 2,0 × 10–6 × 0,80
a partícula d, tem maior velocidade). centrípeta. A expressão do raio obtém-se = 2,5 × 102 m s–1.
(C) Verdadeira. Como c e d se desviam da Lei Fundamental da Dinâmica:
Fm
no mesmo sentido, a força magnética que v2 mv
Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒ r = .
nelas atua ao entrar na região considerada r |q| B
tem o mesmo sentido e, portanto, as A razão entre os raios de α e β é
cargas têm o mesmo sinal. (D) Falsa. A mα vα v
B
carga de a é nula (a é neutra), portanto,
rα qβ B m v q P
menor do que o módulo da carga de b. = = α α β =
b) Para que as partículas não fossem rβ mβ vβ mβ vβ qα
desviadas a força magnética deveria ser qβ B
nula, o que aconteceria se o campo magnético, 10. a) (D). Sendo o movimento circular,
4 × 1,8 × 103 mβ vα |qβ|
B», fosse paralelo à sua velocidade: = = 3,6 × 102. segue-se que o campo magnético é
mβ 10vα 2|qβ| perpendicular à velocidade da partícula.
Fm = |q|vB sin 0o = 0. Assim, a direção de
A ordem de grandeza do raio da trajetória b) A força magnética que atua sobre a
B» deveria ser a do movimento inicial das partícula é perpendicular à sua velocidade.
III (α) é duas ordens de grandeza maior
partículas na região considerada, ou seja, c) Da Lei Fundamental da Dinâmica:
do que a do raio da trajetória I (β). c) As
coincidente com a direção do movimento v2
partículas de carga positiva, trajetória III, Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒
de a. r
são desviadas para a direita, portanto,
7. a) i) Sendo o movimento circular, segue- este é o sentido em que aponta o polegar ⇒ |q|Br = mv ⇒ p = |q|Br (o raio e o
-se que o campo magnético é perpendicular da mão direita curvando os restantes momento linear de partículas da mesma
à velocidade da partícula. A força magnética carga, q1 = q2,
dedos no sentido de v» para B», o que, neste
é sempre perpendicular à velocidade, assim, são diretamente proporcionais):
v2 mv caso, implica que B» aponte para fora da
Fm = man ⇒ |q|vB sin 90o = m ⇒ r = . figura. p1 |q1|Br1 2,00
r |q|B = = = 5,0, logo,
ii) O tempo de duas voltas completas é p2 |q2|Br2 0,40
Δt = 2T em que T é o período (tempo de J p1 = 5,0 × 6,68 × 10–22 = 3,3 × 10–21 kg m s–2.
uma volta completa): B
d) i. A aceleração do protão é
r = m v ⇒ v = |q| B r ⇒ 2π r = |q| B r ⇒ perpendicular à velocidade (radial),
|q| B m T m D centrípeta e de módulo:
2 π m 4π m E p 2
⇒T= ⇒ Δt =
|q| B |q| B
.
v v v 2冢 冣 m p2 (6,68 × 10–22)2
iii) A frequência é o inverso do período: a= = = 2 = =
r r m r (1,67 × 10–27)2 × 0,40
Fm Fm
f = 1 = |q| B . iv) A força magnética = 4,0 × 1011 kg m s–2.
T 2π m p
é sempre perpendicular à velocidade, 9. Sendo o movimento retilíneo e uniforme, ii. p = |q|Br ⇒ B = =
portanto o trabalho realizado por essa |q|r
a resultante das forças que atuam sobre a
força é sempre nulo, independentemente partícula é nula. Assim, a força magnética, 6,68 × 10–22
= = 1,0 × 10–2 T.
1,60 × 10–19 × 0,40
297
2.3.2 (pág. 218) dedos da mão direita no sentido de v» para perpendicular ao plano do papel e aponta
B»1, o polegar aponta para a direita (sentido para «cá». b) A força magnética, F»m, tem
11. a) (B). O peso de um eletrão é
desprezável dada a ordem de grandeza da de F»m). de ser oposta e de módulo igual ao peso do
sua massa. Num seletor de velocidades, fio, P», para que a resultante das forças seja
a resultante das forças é nula, por isso, v
B1 nula: F»m + P» = 0». Tendo o mesmo módulo,
a força magnética, F» , e a força elétrica, mg
m I lB = mg, então B = .
E Il
F»e, são simétricas: F»m + F»e = 0
» ⇒ F» = –F» .
m e A massa do fio determina-se a partir da sua
b) Para as partículas selecionadas, as densidade: m = ρV = ρlA em que A é a área
que têm movimento retilíneo e uniforme, de secção reta do fio. Obtém-se:
a força resultante é nula. Assim, a força B2
ρlAg ρAg
magnética, F»m, tem de ser oposta e de B= = = 0,19 T.
Il I
módulo igual ao da força elétrica, F»e, para
16. a) Sofre um desvio, deslocando-se
que a resultante das forças que atuam b) A partícula ao entrar na região 2 é numa direção perpendicular ao plano
sobre ela seja nula: F» + F» = 0
m e
» ⇒ F» = –F» .
m e desviada para a esquerda: o campo do papel e para «cá», consequência da
Uma vez que, em módulo, a força elétrica é magnético, B»2, é «para cá» do plano do força nela exercida, F»m = I l» × B». O sentido
igual à magnética: Fm + Fe ⇒ |q|vB = |q|E, papel: curvando os dedos da mão direita no da corrente é o do polo positivo para o
E sentido de v» para B»2, o polegar aponta para negativo, na barra é para a esquerda, este
pelo que v = , pelo que a energia cinética: é o sentido de l», e B» aponta do polo norte
B a esquerda (sentido de F»m). O movimento
para o sul, para baixo: curvando os dedos
1 mE 2 9,11 × 10–31 × (50 × 103)2 é circular (a velocidade da partícula é
Ec = mv 2 = = = da mão direita no sentido de l» para B», o
2 2B 2 2 × 0,0202 perpendicular a B»2) e uniforme (a força
polegar aponta para «cá» do plano do
1 magnética é sempre perpendicular à
= 2,85 × 10–18 J = 2,85 × 10–18 × = papel. b) Deverá também inverter-se o
1,60 × 10–19 v2 íman, trocando as posições dos polos norte
= 18 eV. c) (C). A velocidade não depende velocidade). Como m = qvB2, então o raio
r e sul. Se os sentidos da corrente, logo de l»,
da massa e também não depende da mv
da trajetória descrita é r = . e do campo, B», se inverterem, o sentido da
carga elétrica, uma vez que quer as forças qB2 força magnética não se altera:
magnética e elétrica variam do mesmo mv
modo com a carga: c) (D). Como r = , para uma F»m = I l» × B» = I(– l») × (–B»).
qB2
F»m = –F»e ⇒ qv» × B» = – qE» ⇒ v» × B» = – E». 17. a) No troço 1 a força vale 2ILB e é
determinada velocidade, o raio, r, é para a esquerda. Nos troços 3 e 5 a força
E inversamente proporcional ao módulo do
Da relação anterior, obtém-se v = , vale ILB, em cada um deles, e é para a
B campo magnético, B2. direita. A soma das forças nos troços 1, 3
relação que mostra que o módulo da e 5 é nula. Nos troços 2 e 4 a força é para
velocidade, v, aumenta com o aumento 2.3.3 (pág. 219) baixo e vale, em cada um, ILB. Conclui-se
do campo elétrico, E», e diminui com o que a força resultante aponta para baixo:
14. A intensidade da força magnética
aumento do campo magnético, B». F»m = –2ILBe»y (considerou-se e»y para cima).
é ILB, sendo L o comprimento do fio;
12. (C). Dado que o eletrão acelera, logo, a intensidade da força por unidade
a força elétrica nele exercida tem o de comprimento será IB. Tem direção 5
sentido positivo do eixo y, sendo a sua perpendicular ao plano definido pelo 4
1
carga negativa; segue-se que a placa campo e pelo fio, ou seja, perpendicular ao
R é positiva, estando a um potencial plano do papel e aponta para lá deste, ou 3
superior. Como a força magnética é seja, no referencial representado será
sempre perpendicular à velocidade e a
F»m/L = – IBe»z. 2
trajetória é retilínea, então não existe
força magnética, concluindo-se que a 15. a) A força magnética é F»m = I l» × B» b) A resultante das forças é nula se a
velocidade e o campo magnético têm a (l» com a direção do fio, o sentido da corrente direção do campo magnético, B», coincidir
mesma direção. com as dos troços 2 e 4. Nesse caso,
e comprimento igual ao do fio). Escolhendo
13. a) Na região 1, a resultante das forças a força nos troços 2 e 4 será nula, por
um sistema tal que e»x aponta para a direita,
que atuam sobre a partícula é nula. Para ficarem paralelos a B». Considerando, por
e»y para cima e e»z para «cá», tem-se:
que se anulem, as forças magnética e exemplo que B» apontava para a direita,
elétrica têm a mesma direção, sentidos (A) F»m = 5,0 × 0,40e»x × (–8,0 × 10–3e»z) = –1,6 ×
a força no troço 1 aponta para «fora da
opostos e o mesmo módulo: qvB1 = qE, × 10–2e»x × e»z = –1,6 × 10–2 (–e»y) = 1,6 × 10–2e»y (N), folha» e vale 2ILB e as forças nos troços
donde o módulo do campo magnético é a força magnética aponta para cima; 3 e 5 valem, cada uma, ILB, apontando
E (B) F»m = –1,6 × 10–2e»z × e»x = 1,6 × 10–2e»y (N), para «dentro da folha». Assim, estas
B1 = . Sendo a carga positiva, a força
v
a força magnética aponta para cima; forças anulam-se. Conclui-se que B»
elétrica, F»e, tem o sentido do campo deve ser paralelo aos troços 2 e 4.
(C) F»m = –1,6 × 10–2 e»y × e»z = –1,6 × 10–2e»x (N),
elétrico, E», para a esquerda, logo, a c) (C). Em (C) o módulo da força
a força magnética aponta para a esquerda; magnética exercida sobre o fio é 6ILB,
magnética, F»m, é para a direita. Em (D) O módulo da força magnética é pois como o fio é retilíneo as forças
consequência, o campo magnético, B» , é 1 Fm = I lB sin θ = 5,0 × 0,40 × 8,0 × 10–3 × exercidas sobre todas as porções de fio
«para lá» do plano do papel: curvando os × sin 30o = 8,0 × 10–3 N, a direção é têm a mesma direção. Nas restantes
298
opções existem forças exercidas em 21. a) O módulo da velocidade é 3. Física moderna
diversas porções que se cancelam: em (A) 10 × 2π r
v= = 2,5 × 103 m s–1. A massa do
e em (B) a força magnética resultante é 1,0 × 10–3 3.1 Introdução à física
nula, em (D) o módulo da força magnética
resultante é 2ILB.
ião (dois protões e dois neutrões) é quântica
m = 6,68 × 10–27 kg. A força magnética é a
299
b) A cor de um corpo devida à emissão que nos referimos à energia por unidade tivessem maior energia cinética máxima,
térmica resulta da sobreposição das de massa e não à energia total; esta é mas, como a fonte de luz incidente estava
radiações emitidas na região do visível. No obviamente maior para os animais maiores! mais afastada, era menos intensa, ou
caso do Sol, o máximo de emissão ocorre 14. São iguais. Se uma fosse maior do seja, arrancava menos eletrões ao metal
para a cor verde que, combinada com que a outra (em média), a temperatura do e a intensidade de corrente produzida era
o vermelho e o alaranjado que também planeta não se manteria aproximadamente menor.
aparecem com grande intensidade, resulta constante. 23. A – b, pois o potencial de paragem
na cor amarela. c) Seria vermelha. No é o maior em módulo; B – c; C – a, pois o
seu período de evolução, o Sol será uma potencial de paragem tem o mesmo valor
3.1.2 (pág. 241)
estrela mais fria e de maior dimensão, mas a corrente máxima é maior para a
passando então a ter a cor vermelha. Se o 15. (D). A emissão e absorção faz-se radiação mais intensa.
Sol fosse mais quente, seria uma estrela por quanta de energia, ou seja, de forma
esbranquiçada porque haveria menos descontínua, sendo a energia de cada hc E
24. (B). Sabe-se que E = nhf = n e P= .
radiação na região do vermelho e mais na quantum hf. λ Δt
região azul. Se a temperatura aumentasse Para o laser, a energia emitida por segundo é
16. (B). Um oscilador eletromagnético tem
mais ainda, o vermelho deixaria de Eλ
energia nhf, em que n é um número inteiro. 0,50 mJ, logo, n = = 1,6 × 1015 fotões/s.
aparecer, o que conferiria à estrela uma cor hc
azulada. Para a lâmpada, a energia por segundo é
3.1.3 (pág. 242) 100 J, mas, como a eficiência é apenas
9. A intensidade é I = 3,0 × 105 W m–2.
17. O efeito fotelétrico consiste na emissão 10%, a energia é 10 J, obtendo-se
Usando a Lei de Stefan-Boltzmann,
de eletrões de um metal por incidência n = 2,5 × 1019 fotões/s.
I = σT4, encontra-se para a temperatura
T = 1,5 × 103 K = 1,2 × 103 oC. de luz. Einstein explicou essa emissão 25. Como a luz ultravioleta tem frequência
Os microprocessadores têm de ser admitindo que a luz é constituída por maior do que a luz visível, os fotões de
arrefecidos para funcionarem. fotões, os quais, quando incidem num luz ultravioleta são mais energéticos,
metal, colidem com os seus eletrões, podendo arrancar eletrões às moléculas
10. a) Pela lei de Wien. transferindo-lhes energia. Esta energia tem
T dos constituintes da pele (ionização). Uma
700 de ser suficiente para arrancar o eletrão ao
λATA = λBTB ⇒ A = = 1,75. b) Pela fonte de luz ultravioleta, mesmo pouco
TB 400 metal e a restante aparece como energia intensa, pode ser perigosa; enquanto a
Lei de Stefan-Boltzmann, admitindo que as cinética do eletrão. radiação visível, ainda que mais intensa,
duas estrelas são corpos negros (ou, pelo 18. (A), (D), (E) e (F). A afirmação (B) é não tem energia suficiente para ionizar as
menos, que têm a mesma emissividade), falsa porque a energia cinética máxima moléculas.
IA σ T A4 7 2
IB
=
σ T B4 冢 冣
=
4
= 9,38.
dos eletrões ejetados apenas depende da
frequência dos fotões e da função trabalho
26. Nas figuras representam-se o gráfico
de dispersão e a reta de ajuste, assim como
do metal. A segunda parte da afirmação a equação respetiva:
11. A intensidade da radiação emitida é
(C) é falsa, pois o processo de emissão é y = 6,65 × 10–34 x – 3,59 × 10–19.
I = eσT4. Temperatura do objeto:
instantâneo; o tempo de exposição apenas Comparando com E máx. = h f – W, conclui-se
T = 273 + 30 = 303,15 K; temperatura c
determina o número de eletrões ejetados, que a constante de Planck é o declive da
do asfalto: T ’= 323 K; a razão entre as
não a sua energia cinética. reta (hexp = 6,65 × 10–34 J s) e a função
intensidades emitidas é
I eσT4 2 × 3234 19. (D). A grandeza física determinante trabalho é o módulo da ordenada na origem
= = = 2,6. para a ocorrência do efeito fotoelétrico é a
I' e'σT' 4 3034 (W = 35,9 × 10–20 J = 2,24 eV). A frequência
frequência da luz e não a sua intensidade mínima para haver efeito fotoelétrico neste
12. a) Como a temperatura do espaço (que apenas determina se há mais ou W
intergaláctico é muito baixa, a transferência menos fotões). metal é f0 = = 5,4 × 1014 Hz. O metal é
de energia por radiação do espaço para o h
E c o potássio.
astronauta é praticamente desprezável. 20. f = = 2,66 × 1015 Hz; como f = ,
h λ
Mas o mesmo já não acontece com a
transferência de energia do astronauta tem-se λ = 113 nm < 400 nm, portanto UV.
para o espaço (a temperatura dele é 307 K). 21. a) W = hfmín , donde
b) A intensidade da radiação é 252 J s–1 m–2. W hc
A energia perdida por segundo é 504 J. fmín = ⇔ λmáx. = = 5,83 × 10–7 m =
h W
c) Vai diminuindo porque ele transfere
energia para a vizinhança. d) Não, cada = 538 nm. Visível. b) E máx.
c
= hf – W =
vez se faz mais lentamente porque, se c
= h – W = 5,66 × 10–20 J = 0,35 eV.
ele transfere energia, a sua temperatura λ
diminui, mas, pela Lei de Stefan- 22. a) W = h fmín. = 3,18 × 10–19 J = 1,99 eV e
Boltzmann, como a temperatura é menor,
E máx. = hf – W , donde
a intensidade da radiação emitida é c
300
1 1 ii) e h é o declive da reta. b) Potássio, a que B 105
hf1 – hf2 = mv 21 – mv 22, pois a função = = 7,50 MeV ≈ 7,10 MeV.
2 2 corresponde a menor ordenada na origem A 14
trabalho é igual nos dois casos. em módulo (ou a que corresponde a menor 6. (D).
3mv 22 frequência para a emissão de um eletrão).
Como v1 = 2v2 , f1 – f2 = . c) Não há efeito fotoelétrico, pois 7. As reações químicas envolvem eletrões
2h de valência, havendo transformação
3,00 × 108
f= = 6,00 × 1014 Hz, que é de substâncias mas mantendo-se os
500 × 10–9 elementos químicos. As reações nucleares
3.1.4 (pág. 243)
inferior à frequência mínima para haver envolvem transformações de núcleos,
28. (C). emissão. d) i) Do gráfico pode ler-se podendo ou não haver formação de novos
fmín. = 1,75 × 1015 Hz. Logo, elementos químicos, e a energia envolvida
c é cerca de um milhão de vezes maior do
Questões globais (pág. 243) λmáx. = = 1,71 × 10–7 m.
fmín. que nas reações químicas.
29. (B). O comprimento de onda de máxima ii) W = hfmín. = 1,16 × 10–18 J, equivalente a
emissão é menor para uma estrela azul 1
do que para o Sol; logo, a temperatura 7,25 eV. iii) Como m v 2 = hf – W, vem 3.2.2 (pág. 264)
2 e
da estrela azul é maior.
2(hf – W ) 8. À medida que aumenta o número de
30. Diminui: I = eσ (T4 – T4amb), sendo T a v= = 6,0 × 105 m s–1.
me protões nos núcleos, as forças elétricas
temperatura da água e Tamb a temperatura iv) Para se formar uma mole de eletrões de repulsão aumentam mais do que as
exterior. Como T diminui, I também diminui teve de haver colisão de uma mole de forças nucleares fortes, que são atrativas
(até se anular quando T – Tamb). Portanto, fotões, ou seja 6,022 × 1023 fotões. mas têm menor alcance do que as forças
a potência transferida por unidade de área A energia cinética de um mole de eletrões é elétricas. A instabilidade manifesta-se
diminui. na emissão de partículas ou radiação,
1
m v 2 NA = (hf – W) NA = 6,022 × 1023 × 6,626 × designada por decaimento radioativo.
31. Tem-se I = eσ(T4 – T4amb) = 2 e
9. (A) Falsa; o núcleo formado pode ser
= 0,90 × 5,97 × 10–8 (3084 – 2984) = 59,9 W m–2. × 10–34 × (2,0 – 1,75) × 1015 = 9,98 × 104 J.
também radioativo. (B) Verdadeira; a
Em 60 segundos, a energia transferida por
radiação gama pode ser vista como a
unidade de área é 3,6 × 104 J m–2. emissão de um fotão, que é uma partícula
3.2 Núcleos atómicos
32. Catástrofe do ultravioleta foi a e radioatividade de luz. (C) Verdadeira; há sempre emissão
designação por que ficou conhecida a de partículas (logo diminuição de energia)
discrepância entre a curva para a radiação que têm energia cinética. O núcleo após
do corpo negro prevista pela teoria
3.2.1 (pág. 264) a emissão tem menor energia do que o
eletromagnética e a curva experimental. 1. A experiência de Rutherford permitiu núcleo inicial. (D) Falsa; na emissão gama
Essa discrepância ocorria na zona dos concluir que existia um núcleo atómico de não há alteração de elemento químico,
pequenos comprimentos de ondas (ou, carga positiva, com dimensão muito menor apenas um núcleo num estado excitado
equivalentemente, do ultravioleta). Esta do que o átomo, e onde estava concentrada passa para um estado de energia mais
«catástrofe» levou Planck a admitir a praticamente toda a massa deste. baixa. (E) Verdadeira; o número de protões
quantização da energia, o que permitiu não 2. Verdadeiras: A, C, D. Falsas: B; a e neutrões pode mudar mas não o número
só explicar essa discrepância como viria estabilidade nuclear deve-se à força forte. total. (F) Falsa: podem obter-se núcleos
a dar origem a uma nova teoria – a teoria 3. (C). A massa do conjunto dos nucleões radioativos artificiais em laboratório
quântica – que revoluciou a física. agregados num núcleo é menor do que através de reações nucleares.
33. Para que haja efeito fotoelétrico, a soma das massas desses nucleões 10. a) Gama, beta, alfa. b) Gama, beta,
1 separados, razão pela qual o núcleo é alfa. c) (D). Apesar de terem pequeno
m v2 = hf – W > 0, ou seja, a energia
2 e máx. estável. poder de penetração, as partículas alfa
do fotão tem de ser superior à função 4. A energia de ligação por nucleão é são muito energéticas, tendo um grande
8,04 MeV. Como o número de massa é 20, poder destrutivo das células nos seres
trabalho. Como, para a luz visível a energia de ligação é vivos.
4,0 × 1014 < f < 7,5 × 1014 (Hz), a energia do B = 8,04 × 20 = 160,8 MeV ou 11. O desvio é determinado pela razão
quantum de luz visível em eletrões-volt é B = 160,8 × 106 × 1,60 × 10–19 = 2,573 × 10–11 J. carga/massa, pela velocidade e pela
1,66 < hf < 3,11(eV). Podem ser escolhidos Como intensidade do campo magnético, pois o
o bário e o lítio. ΔE raio da trajetória circular descrita é dado
Δm = 2 , obtém-se Δm = 2,859 × 10–28 kg
34. a) i) Da sua frequência. ii) Do número c mv
de fotões com energia superior à função por R = . Para partículas com a mesma
ou Δm = 0,172 u. qB
trabalho do metal em que incidem. b) Na
5. a) (C). Para desagregar o núcleo é velocidade sujeitas ao mesmo campo
ideia da quantização da energia de Planck:
necessário fornecer a energia Δm c2, que é magnético, sofre maior desvio (ou seja, tem
a radiação existe em quantidades discretas,
maior para o nitrogénio do que para o hélio. menor raio a trajetória circular) a partícula
os fotões, e a energia de um fotão é dada
b) Hélio: de menor relação massa/carga, que, neste
pela relação de Planck, E = hf. c) Porque
Δm = 0,030377 u = 5,04422 × 10–29 kg; caso, é a emissão beta (menor carga mas
a luz pode apresentar comportamento de
ΔE = Δmc2 = 4,54 × 10–12 J = 28,4 MeV. muito menor massa do que as alfa).
partícula ou de onda, ou seja, tem uma
Nitrogénio: 12. (A). Na emissão alfa, o novo núcleo tem
natureza dual.
Δm = 0,11235 u = 1,8656 × 10–28 kg; menos quatro nucleões do que o original
35. a) Como Ec,máx = hf – W, i) o módulo da ΔE = Δmc2 = 1,68 × 10–11 J = 105 MeV. (na emissão beta, o número de nucleões
ordenada da origem é a função trabalho; B 28,4 no núcleo original e no final é o mesmo).
c) Hélio: = = 7,10 MeV; Nitrogénio:
A 4
301
238 234
13. a) 92 U→ 90 Th + α (partícula alfa); ao fim de 10 h há metade dos núcleos, ao do corpo e aí permanecer muito tempo,
234
Th → 234 – partícula beta menos
Pa + β – + ν fim de 20 h há um quarto e ao fim de 30 h há destruindo os tecidos nessa região.
90 91
um oitavo. Como 1/8 equivale a 12,5%, então 28. Resposta aberta (o «lixo atómico» é
e antineutrino). b) É o núcleo 234
91 Pa, porque decaíram 87,5% dos núcleos iniciais. material radioativo produzido nas centrais
após o decaimento radioativo formam-se nucleares, laboratórios e hospitais, e que
A
núcleos mais ligados, ou seja, com maior 24. Como A(t) = A0e–λt ou = e–λt, então
A0 deixa de ter utilidade, mas é necessário que
energia de ligação por nucleão, mais seja devidamente guardado por constituir
estáveis. 124 124
= e–λ 4 × 60 ou ln = –240 λ, um risco para as os seres vivos).
–.
14. a) 3 H → β – + 3 He + ν 1300 1300
1 2 A
39
donde λ = 0,00979 min . Como
–1
29. Como A(t) = A0 e–λt ou = e–λt e
b) 20 Ca → β + + 39 60 60
19 K + ν. c) 27 Co* → 27 Co + γ . A0
ln 2
(o asterisco indica um núcleo num estado T1/2 = = 70,8 min = 1,2 h. ln 2
λ λ= = 0,00630 min–1 então
excitado). d) 210 206 4
84 Po → 82 Pb + 2 He.
110
25. a) Da expressão A = A0e–λt resulta A A
15. (B). A reação nuclear para este A = e–0,00630 × 6,0 × 60 ou = 0,10 = 10%.
冢 冣
A
decaimento é 2661 61
Fe → 27 Co +β + + ν = e–λt ou ln 0 = λt. b) Se fizermos A0 A0
A0 A
(o cobalto-61 tem mais um protão e menos A0
um neutrão do que o ferro-61). y = ln冢 冣A
, a expressão toma a forma Questões globais (pág. 267)
y = λt, ou seja, graficamente a representação 30. a) 239
94
Pu + 10n → 97
39
Y + AZ X + 510n; por isso,
3.2.3 (pág. 265) de y em função de t é uma reta. A partir 239 + 1 = 97 + A + 5 e 94 = 39 + Z, logo,
235
dos dados fornecidos, constrói-se a tabela. A = 138 e Z = 55. O elemento X é o
16. a) Sendo 92 U + 01 n → 144
56 Ba + mn X + 3 01n, césio. b) Fissão nuclear. c) A soma das
t /dias 0 1 2 3 4
tem-se 235 + 1 = 144 + n + 3 e 92 = 56 + m, massas dos núcleos que se formam depois
logo, n = 89 e m = 36. b) Reação de cisão A0 de processos de fissão (ou de fusão)
nuclear; ocorre nos reatores das centrais y = ln 冢A冣 0,000 0,166 0,333 0,498 0,665 nuclear é menor do que a massa total dos
nucleares que geram eletricidade. núcleos iniciais. Esta diferença de massa
O gráfico da função y = λ t é uma reta de é equivalente à energia que se liberta
17. 21 H + 11 p → 32 He + γ
declive λ = 0,166 d–1. O tempo de meia-vida na reação, de acordo com ΔE = Δmc 2, e
18. (D). As chamadas bombas atómicas ln 2 que aparece como energia cinética dos
usam reações de fissão nuclear, ou seja, é T1/2 = = 4,18 dias. produtos finais e como radiação. Nas
λ
reações em que núcleos pesados são reações nucleares conserva-se a energia:
cindidos. a energia inicial (que inclui a massa dos
3.2.5 (pág. 266) reagentes) é igual à energia final (que
3.2.4 (pág. 266) 26. Deve ter um poder ionizante baixo, para inclui a massa dos produtos). d) Ao fim de
não danificar as células, e poder penetrante um tempo médio de vida, resta metade
19. (C). Como a meia-vida é o tempo ao fim
elevado; por isso, a radiação gama é a dos núcleos iniciais; ao fim de dois tempos
do qual a atividade se reduz a metade, ao
mais conveniente. Além disso, o seu médios de vida, resta 1/4; ao fim de três
fim de 3 dias reduziu-se 23 = 8 vezes.
tempo de meia-vida deve ser curto para tempos médios de vida, resta 1/8; ao fim de
198
Au → β – + 198 – quatro tempos médios de vida, resta 1/16;
20. a) 79 80 Hg + ν. não permanecer no doente. Mas nem todo
ln 2 o decaimento se faz dentro do corpo do por isso, é ao fim de 4 × 2,4 × 104 anos =
b) Como λ = = 0,26 d–1, logo, = 9,6 × 104 anos.
2,7 doente, pois ele vai eliminando os núcleos
A(7) = 7,0 e–0,26 × 7 = 1,1 MBq. radioativos através do seu metabolismo 31. (D). A massa total dos núcleos
(transpiração, urina, fezes); este fator, resultante tem de ser menor do que a
ln 2 eliminação mais rápida do organismo, é massa total inicial quando se liberta
21. a) Como A(t) = A0e–λt e = 0,0485 d–1,
T1/2 também importante na escolha desses energia, pois à energia libertada
A núcleos. O tempo de meia-vida pode até corresponde uma massa equivalente e a
então = e–0,0485t; se decresce 5%, ainda
A0 nem ser muito pequeno, mas, se houver massa-energia conserva-se.
uma eliminação rápida do organismo, o 32. a) Partículas alfa, 42He (o número
fica 95%, logo, 0,95 = e–0,0485t; vem, então, núcleo é apropriado para diagnóstico.
ln 0,95 = –0,0485 t e, portanto, atómico diminui duas unidades e o de
Algumas fontes radioativas mais usadas massa quatro unidades). b) São defletidas
t = 1,06 d = 25,4 h. b) 32 32 –
15 P → β + 16 S + ν.
–
são o iodo-131 (tempo de meia-vida de 8 pelo campo magnético, descrevendo uma
dias) e o tecnécio-99 (tempo de meia-vida mv
22. Sabe-se que m = nM =
N
M (n é a de 6 h). Este último usa-se no diagnóstico trajetória circular de raio R = .
NA qB
de doenças em várias partes do corpo
quantidade de matéria, M a massa molar e c) O casal Frédéric Joliot e Irène Joliot-Curie.
humano.
NA a constante de Avogadro). Então, 33. a) Como tem um tempo de meia-vida
27. Não é perigoso transportar a amostra
M mais elevado, protege durante mais tempo
m= N, ou seja, a massa é diretamente na mala por o poder penetrante ser
NA a integridade dos alimentos. b) Não, porque
fraco, mas é muito perigoso ingerir a
têm um poder ionizante maior e causariam
proporcional ao número de átomos. Logo, amostra. As amostras radioativas devem
transformações nos alimentos. c) Como
também se pode escrever m(t) = m0e–λt. ser consideradas perigosas e a sua
ln 2 A
ln 2 manipulação requer alguns cuidados. A(t) = A0 e–λt e λ = , então = e–0,13t;
Como λ = = 0,231 d–1 e 48 h = 4 d, vem T1/2 A0
T1/2 Apesar de a radiação alfa ser a menos
penetrante, as fontes alfa são, em geral, as como resta 20%, tem-se 0,20 = e–0,13t, vem
m(2) = 18,0 e–0,231 × 2 = 11,3 g.
de maiores tempos médios de vida e, uma ln (0,20) = –0,13t e t = 12,4 anos.
23. O tempo de meia-vida é 10 h, por isso, vez ingeridas, podem alojarse numa parte d) Resposta aberta.
302
ÍNDICE REMISSIVO
Aceleração, 15, 20 Espetrómetro de massa, 207 Neutrão, 89, 108, , 158, 246, 253, 254,
Atividade de uma amostra radioativa, Experiência de Millikan, 158, 166, 234 256
259 Experiência de Rutherford, 246, 256 Núcleo, 160, 211, 226, 246-252, 254, 257
Aurora polar, 205 Experiência de Thomson, 158, 210
Para-raios, 170
Blindagem eletrostática, 169 Fluido, 106 Partícula, 8-10, 13
Força centrípeta, 19, 22 Partículas alfa, 254
Campo elétrico, 162-164, 167, 168 Força de atrito, 46-51 Partículas beta, 254
Campo gravítico, 145-147, 149 Força de Laplace, 213 Pêndulo gravítico, 54
Campo magnético, 199, 206, 212 Força de Lorentz, 206 Período de semidesintegração, 259
Capacidade elétrica, 179-181 Força de pressão, 112, 116, 121 Permitividade elétrica, 160, 180
Carga elementar, 158 Força elétrica, 159, 161-163, 166, 171, Peso, 27, 30, 36, 46
Catástrofe do ultravioleta, 231 175, 201, 206 PET, 262
Cavendish, 143 Força gravítica, 83, 136, 142-145 Posição, 8-13, 27
Centro de massa, 8, 51, 79-81 Força magnética, 206, 212, 213 Positrão, 158, 253, 254
Ciclotrão, 211 Força nuclear forte, 246 Potencial elétrico, 171-175, 179
Cisão nuclear, 250, 257 Força nuclear fraca, 255 Pressão, 106-110, 113, 116, 117
Coeficiente de atrito cinético, 47, 49 Fusão nuclear, 256, 257 Princípio da Conservação da Carga, 158
Coeficiente de atrito estático, 47, 49 Projéteis, 30-33
Coeficiente de restituição, 96, 97 Gaiola de Faraday, 169 Protão, 89, 108, 158, 161, 246, 247, 253,
Colisões elásticas, 92 Geiger, 262 257
Colisões inelásticas, 93 Gerador de Van de Graaff, 168, 169
Componente tangencial da aceleração, Radiação, 227-231, 235, 238, 251
19, 21 Impulsão, 121-125 Radiação alfa, 252-254
Componente normal da aceleração, 19, Isótopos, 209, 247, 251, 258 Radiação beta, 89, 252-254
22 Radiação gama, 252-254
Condensador, 166, 179 Lei da Conservação do Momento Linear, Radiação ionizante, 262
Condensador plano, 180 88 Radioatividade, 246, 251-254
Constante de gravitação universal, 142, Lei da Gravitação Universal, 138- Radioisótopos, 251, 260, 262
143 -143, 159 Raio de curvatura, 22, 41-43
Constante de tempo de um condensador, Lei de Arquimedes, 106, 121 Raios X, 166, 251
182 Lei de Coulomb, 159-162
Corpo negro, 227,228 Lei de Decaimento Radioativo, 259 Seletor de velocidades, 206-208
Lei de Deslocamento de Wien, 230 Superfícies equipotenciais, 171,
Decaimento radioativo, 251, 253 Lei de Pascal, 118, 119 174-176, 185
Densidade relativa, 107 Lei de Stefan-Boltzmann, 227-229
Deslocamento, 13 Leis de Kepler, 139, 140 Tempo de meia-vida, 259-262
Diferença de potencial, 176, 180 Lei do Movimento, 10 Tensão, 36, 39, 53 54, 181, 186, 212
Distância percorrida, 13 Lei Fundamental da Hidrostática, 113- Trajetória, 8, 11-13, 17, 21, 23, 27, 30, 37,
Dualidade onda-corpúsculo, 238 116, 118 84, 148, 171, 201
Linhas de campo, 145, 147, 149, 163, Tubo de raios catódicos, 177
Efeito das pontas, 170 168, 174-176, 185, 204
Efeito fotoelétrico, 317-322 Unidade de massa atómica unificada,
Einstein, 136, 292, 301, 307, 310, 320 Magnetismo, 198, 248
Eletroscópio, 178 Massa volúmica, 107-109
Emissividade, 229 Maxwell, 198, 231, 232 Velocidade, 13, 14, 17, 23, 199
Energia de ligação nuclear, 247-249 Momento linear, 85- 89, 93, 96, 253 Velocidade de escape, 150
Energia potencial elétrica, 171-173 Movimento retilíneo e uniforme, 28, 203 Velocidade de um satélite em órbita,
Energia potencial gravítica, 148, 149, 151 Movimento uniforme, 11, 23, 30, 141 150
Equilíbrio eletrostático, 167-170, 179 Movimento uniformemente variado, 11, Velocidade média, 13, 14, 23
Equivalência energia-massa, 247 23, 30 Velocidade terminal, 125, 127, 128
303
PARA O ALUNO
• Manual do Aluno
• Caderno de Exercícios e Problemas
• Apoio Internet www.novo12f.te.pt
ISBN 978-972-47-5488-8
9 789724 754888
IVA INCLUÍDO 6%
www.leya.com www.texto.pt € 40,38