Biologia Ao Extremo
Biologia Ao Extremo
Biologia Ao Extremo
quase ao
Extremo
CDU - 573
2
PERFIL DOS AUTORES
3
EDSON PEREIRA DA SILVA é bacharel em Biologia Marinha (1988) e
mestre em Genética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991),
PhD em Genética pela University of Wales-Swansea (1998). Tem pós-
doutorado em Genética Molecular pela University of Swansea. Atualmente é
professor adjunto do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense e
Chefe do Laboratório de Genética Marinha e Evolução, pesquisando genética de
populações de organismos marinhos, utilizando métodos moleculares. Atua nos
seguintes temas: Conservação, Bioinvasão, Teoria Evolutiva, Epistemologia e Ensino
de Ciências e Biologia. É autor, juntamente com Antonio Mateo Solé-Cava e Gisele
Lôbo-Hajdu, de três livros sobre a teoria evolutiva (Evolução. Volumes 1-3, 2004. Rio
de Janeiro: Fundação CECIERJ). Entre 2011 e 2012 publicou, com Luiz Antonio
Botelho Andrade, livros sobre conceitos fundamentais da Biologia (Por que as
galinhas cruzam as estradas? História das idéias sobre a vida e a sua origem. Rio de
Janeiro: Vieira & Lent. e Para um estudante de Biologia saber. Niterói: UFF-CEAD).
Com Rosa Cristina Corrêa Luz de Souza e Tânia Andrade Lima publicou, em 2011,
Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil. (Rio de Janeiro: Technical Books
Editora). Como produto do trabalho do seu laboratório junto à escola pública, foi
publicado, em coautoria com seus alunos (Augusto Barros Mendes, Alan Bonner da
Silva Costa e Rosa Cristina Corrêa Luz de Souza), o livro de educação ambiental e
patrimonial Cabo Frio: Bens naturais e culturais (Niterói: Clube dos Autores e Alfa
Produções e Eventos. 2015), apoiado pela FAPERJ.
4
IZABEL CHRISTINA NUNES DE PALMER PAIXÃO Possui
mestrado em Ciências Biológicas (Biofísica) em 1981 e doutorado
em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), em 1988. Fez pós-doutorado na Universidade de Miami, no
período de 1992-1994 e na Universidade da Flórida em 2004. Atualmente é Diretora
do Instituto de Biologia da UFF, Professora Titular do Departamento de Biologia
Celular e Molecular-GCM-UFF e chefe do Laboratório de Virologia Molecular e
Biotecnologia Marinha. Em 1990 criou o Laboratório de avaliação de atividade
citotóxica e antiviral de substâncias naturais e sintéticas. Tem experiência na área de
Virologia, Bioquímica, Biologia Molecular e Biotecnologia, atuando principalmente
nos seguintes temas: antivirais naturais e sintéticos, HIV-1, Herpes simples tipo 1 e
2, arbovírus Mayaro, Chikungunya, Zika, Dengue, antivirais com potencial atividade
microbicida anti-HIV-1 e estudos dos mecanismos de inibição da síntese de
macromoléculas em células infectadas com arbovírus da região amazônica (vírus
Mayaro). É pesquisadora 2 do CNPq. Foi vice-coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Ciências e Biotecnologia. Pro-Reitora e coordenadora de Pesquisa da
Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF. Participa dos
programas de pós-graduação em Ciências e Biotecnologia, Biologia Marinha e
Ambientes Costeiros e Neurologia/Neurociências da UFF.
5
JULIANA EYMARA FERNANDES BARBOSA graduou-se em Ciências
Biológicas, Bacharelado (2006), e em Licenciatura (2008), ambas pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestrado com ênfase em
Virologia Molecular, relizado pelo Programa de Pós-Graduação em Neuroimunologia
(UFF), em 2009. É Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Marinha
e Ambientes Costeiros (UFF), desde 2014. Sua tese inclui estudos de virologia
marinha, bacteriófagos, metagenômica e dinâmica de microorganismos em
diferentes tipos de ambientes costeiros. A experiência de Juliana se concentra nas
áreas de virologia, biologia molecular, biotecnologia marinha, ecologia de vírus
marinhos, bacteriófagos, análise de microorganismos em ambientes costeiros.
Atuamente realiza Pós-Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências e
Biotecnologia (PPBI/UFF). Atua também como analista ambiental, sendo
coordenadora da Divisão de Laudos Técnicos Ambientais da Superintendência de
Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas (DPC), Marinha do Brasil.
6
LORENA DA GRAÇA PEDROSA DE MACENA graduou-se em Ciências
Biológicas, Licenciatura (2015) e em Bacharelado (2016), pela Universidade
Federal Fluminnense (UFF). Contribui na área educacional, para o
aperfeiçoamento da prática de docentes comprometidos com um ensino
contextualizado e significativo, levando em consideração as concepções prévias de
discentes relacionados à virologia e biotecnologia. Cientificamente, colabora para a
consolidação do conhecimento sobre virologia marinha em ambientes hipersalinos,
bacteriófagos, cianobactérias, bem como na dinâmica desses organismos com
ecossistemas ao qual estão inseridos, com grande apelo a preservação ambiental
nesses ambientes tão importantes e singulares. Mestranda em Ciências e
Biotecnologia (PPBI) pela Universidade Federal Fluminense, na busca in vitro por
antivirais naturais e sintéticos contra o vírus Herpes Simplex tipo 2 (HSV-2).
7
MICHELLE REZENDE DUARTE é graduada em Ciências Biológicas
(2005) e Mestre em Biologia Marinha (2007), ambos pela Universidade
Federal Fluminense (UFF). Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-
Graduação em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros da Universidade
Federal Fluminense no Laboratório de Genética Marinha e Evolução. Sua tese inclui
estudos em Genética Marinha e Evolução dos Padrões de Biodiversidade. A
experiência de Michelle se concentra nas áreas de genética de populações e análise
de dados em ecologia, genética e evolução. Atuou no ensino público e privado em
todos os níveis, tendo orientado oito monografias de graduação em Ciência
Biológicas.
8
MIRIAN ARAUJO CARLOS CRAPEZ graduou-se em Ciências Biológicas
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1978. É doutora
em Biochimie et Biologie Cellulaire pela Université D´Aix-Marseille II,
França, com bolsa do CNPq. Atualmente é professora titular da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Marinha.
Fundadora da Pós-Graduação em Biologia Marinha, atualmente denominada
Microbiologia Marinha e Ambientes Costeiros. Ministra disciplinas para a graduação
e pós-graduação: Processos em ecologia microbiana, Tecnologias educacionais para
o ensino a distância e Instrumentação para a prática de ensino a distância. Realiza
pesquisas na área de impacto ambiental, com enfoque na biorremediação de
ambientes com derrame de petróleo e contaminados por metais. Participa da Pós-
graduação em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros da UFF. Escreveu capítulos
nos livros de Biologia Marinha (duas edições) e Poluição Marinha.
9
NEUZA REJANE WILLE LIMA graduou-se em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1983. É Mestre em
Ciências Biológicas pelo Programa de Pós-Graduação em Biofísica pela
UFRJ, em 1987, e doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em
Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e
pela Rutgers University (EUA) – Programa Sanduiche do CNPq, em 1993.
Atualmente, é professora associada da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Instituto de Biologia, atuando na área de Ecologia Evolutiva, com ênfase em
Evolução do Sexo. Subcoordenadora do Curso de Mestrado Profissionalizante em
Diversidade e Inclusão (CMPDI) da UFF. Tem se dedicado na popularização da
ciência, com a publicação das obras: Desinteresse sexual do panda-gigante – lenda
ou fato? (EDUFF, 2012), História de Castradores Parasitários e seus Hospedeiros
(Technical Books, apoio FAPERJ, 2014), Precisamos do Sexo? (EDUFF, 2015) e
Piolhos: fazendo a cabeça (EDUFF, 2016, apoio FAPERJ, no prelo). A
disponibilidade das suas publicações no formato de áudiolivro (Contando a história
dos piolhos, Contando a história do panda-gigante, Falando sobre o canibalismo,
Dezoito histórias de castradores parasitários, coeditado pela Fundação Dorina Nowill
para Cegos e Editora da UFF, em 2014; Falando sobre a evolução do sexo, editado
pelo Instituto Benjamin Constant e a Associação Brasileira de Diversidade e Inclusão
– ABDIn, 2015). A recente publicação do vídeo livro Piolhos em LIBRAS, editado
pela ABDIn, em 2015, atende aos surdos.
10
PRISCILA SANTANA PEREIRA graduou-se em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2011. É Especialista em
Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio de Janeiro (IFRJ), em 2014 com ênfase em unidades de conservação e áreas
protegidas. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências e Biotecnologia
da UFF, em 2014, e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências e
Biotecnologia da UFF com ênfase em virologia marinha. Atualmente, é Assessora de
Gestão Ambiental na Base Naval do Rio de Janeiro, Marinha do Brasil, atuando na
área de educação ambiental, programas sustentáveis, gerenciamento de resíduos e
riscos, com ênfase em na gestão de áreas industriais, naval e costeira.
11
VIVECA GIONGO formou-se em Biomedicina na Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e desde o seu
doutoramento em Peptídeos Virais (UFRJ, 2005) especializou-se
em linhas de pesquisa sobre interações vírus hospedeiro e controle nos
ambientes terrestre e marinho (UFF, 2007). Em 2008, como professora
visitante do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal
Fluminense (UFF), ministrou a disciplina de Ecologia dos Virus Marinhos e
coorientou projetos de pós-graduação na primeira linha de pesquisa na área
de virologia marinha. Atualmente sua especialidade, em cooperação com a
Università degli Studo di Napoli Federico II (UNINA, Napoli, 2015) é a
investigação de antivirais naturais marinhos potencializados a nanofarmacos
e ministra cursos de virologia humana e marinha para a graduação e pós-
graduação, além de traduções e revisões científicas.
12
SUMÁRIO
INVASORES BIOLÓGICOS 27
13
14
EM QUE PLANETA NÓS VIVEMOS?
1- NOSSO CENÁRIO
Vivemos a época do Holoceno que teve seu início com o fim da última
era glacial principal, ou Idade do Gelo.
15
Essas elevações do nível do mar fizeram com que Japão, Indonésia e
Taiwan se separassem da Ásia, a Grã-Bretanha se separasse da Europa
Continental, Nova Guiné e Tasmânia se separassem da Austrália. Além disto,
formou-se o estreito de Bering, com 85 quilômetros de comprimento e 30 a 50
metros de profundidade o que havia sido uma ponte gelada durante a Idade
do Gelo, por onde, possivelmente, o homem migrou para o continente
americano. Acredita-se que a única espécie humana que tenha vivido no
Holoceno seja o Homo sapiens que nos últimos 5.mil anos vem
desenvolvendo agricultura, pecuária e criando grandes conglomerados
urbanos. Posteriormante, desenvolveu a revolução industrial, e mais
recentemente, a cibernética, causando modificações na estrutura e no
funcionamento da superfície do planeta Terra, bem como o no nosso modo de
produzir bens de consumo e conhecimento. A situação é tão peculiar que
alguns cientistas adotaram o termo Antropoceno para designar a época
geológica caracterizada pela irresponsável intervenção humana nos
processos naturais ocorrida nos últimos 300 anos.
16
fósseis de animais, vegetais e microrganismos. Os frutos dessas alterações
geológicas e climáticas são as variedades de ambientes e a grande
biodiversidade em nosso planeta.
2 - AMBIENTES EXTREMADOS
17
d) A maior cachoeira do mundo fica em Santo Ángel, na Venezuela -
começa a 984 metros de altura, com queda ininterrupta de 806 metros.
e) O lugar mais seco da Terra fica nos Vales da Morte, na Antártica, sem
chuva há mais de dois bilhões de anos - e ventos de até 320
quilômetros por hora, evaporando toda a água existente, sendo o
único local da Antártica que não possui gelo.
f) O lugar mais úmido fica em Lloro, na Colômbia: recebe a média de 12
mil metros cúbicos de chuva por ano. Entre agosto de 1860 e julho de
1861, o local teve um registro de chuva de 26 mil.milímetros
g) O lugar mais abaixo do nível do mar é o Mar Morto, na Jordânia. Fica a
422 metros abaixo do nível do mar.
h) O ponto mais profundo do planeta é a Fossa das Marianas: entre a
Indonésia e o Japão. Possui 10.924 metros abaixo do nível do mar e
que confere oito toneladas de pressão.
i) O lago mais quente do mundo é o Boling Lake que fica na República
Dominica cuja a água atinge 90⁰C.
j) O lugar que possui a maior formação rochosa do mundo e a mais
pontiagudas fica em “tsingy”, que, significa “lugar onde não se anda
descalço” fica no parque chamdo Bemaraha National Park em
Madagascar. Ele é composto por uma formação rochosa de pedras de
18
100 metros de altura e extremamente cortantes que forma moldadas
por chuvas tropicais.
19
do Tório naturalmente acumuladfo em uma área de 30 mil metros quadrados
atinge níveis de 100 a 300 vezes o limite natural e considerado normal. Além
do Tório que soma cerca de 30 mil toneladas, esse lugar tem cerca de 100
toneladas de Urânio e 50 mil toneladas de elementos da séria química
chamada de Terras Raras. Os efeitos biológicos dessas condições são
mensuráveis na urina e fios de cabelos da população local através da
dosagem de radionucídeos.
20
Como é intrigante a existência de bactérias que são chamadas de
termófilas porque que vivem em ambientes inóspitos para a grande maioria
das espécies tais como ecossistemas no entorno de fendas vulcânicas e
falhas nas crostas marinhas, resistindo a temperaturas entre 75⁰C e 100⁰C.
Elas realizam quimiossíntese, utilizando compostos inorgânicos (ácido
sulfídrico – H2S) para sintetizar matéria orgânica, obter energia e apresentam
características peculiares em sua membrana.
21
da adaptação das plantas à salinidade é a acumulação de duas substâncias
nitrogenadas chamadas de prolina e glicinobetaína.
22
de espécies canibais e de espécies de parasitos de crias, isto é que deixam
seus ovos sob cuidado de outros pais.
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
23
Os 10 locais mais extremados do planeta.
http://hypescience.com/19196-os-10-locais-mais-extremos-da-terra. Acessado
em 15 de julho de 2016.
Vida no extremo
http://super.abril.com.br/ciencia/vida-no-extremo. Acessado em 15 de julho de
2016.
24
Zalasiewicz, J., Williams, M., Steffen, W. and Crutzen, P. J. Response to "The
Anthropocene forces us to reconsider adaptationist models of human-
environment interactions. Environmental Science Technology, vol. 16, 6008
2010.
25
26
INVASÕES BIOLÓGICAS
27
intrigantes e nos levam a perguntar como pode uma espécie invadir um
ambiente estranho, para o qual não foi adaptada1 e, ainda, suplantar, por
competição, as espécies adaptadas do local? Vamos conversar um pouco
sobre as situações extremas pelas quais essas espécies passam até se
tornarem bioinvasoras.
28
serão discutidas. Serão também conhecidas algumas das espécies que
conseguiram vencer este jogo de azar e as perdas e danos causados pelas
bioinvasões.
29
Uma espécie naturalizada pode permanecer estável, com uma
pequena população, durante um tempo variável até que algum fenômeno
natural ou de origem antropogênica2 facilite o aumento da sua distribuição. As
espécies, ao apresentarem abundância e/ou dispersão geográfica capazes de
interferir na sobrevivência de outros organismos numa determinada área ou
ampla região geográfica, passam a ser consideradas invasoras, podendo,
ainda, ser enquadradas nas categorias espécie invasora atual ou potencial.
30
as suas fases. Dito de outra forma, o acaso é a explicação causal da
chegada, expansão ou extinção da espécie no novo ambiente, pois o tempo
de permanência de uma dada espécie nas categorias populacionais descritas
anteriormente pode variar muito. As variações neste tempo são devidas ao
fato de as espécies estarem sujeitas às variações extremas decorrentes dos
processos de transporte, inoculação, sobrevivência e crescimento no
ambiente receptor. As categorias populacionais não representam status
imutáveis para uma dada espécie, mas sim retratos instantâneos de sua
situação populacional, a qual pode se alterar em qualquer sentido durante os
processos de dispersão.
31
escalas geológicas, incluindo milhares de anos (ver exemplos de glaciações e
deglaciações), até períodos curtos de poucos anos, dependendo dos eventos
em questão (El Niño). Nos dias de hoje, o grande avanço tecnológico
alcançado pela civilização proporciona uma aceleração do processo de
bioinvasão e as atividades e movimentações humanas vêm desempenhando,
em tempos históricos, papel importante na introdução de espécies invasoras
em, praticamente, todas as regiões do mundo.
32
aquicultura, maricultura, aquariofilia, horticultura e comércio de animais de
estimação). Também é possível identificar aqueles vetores que resultam em
introduções consideradas acidentais (ou não intencionais) como, por exemplo,
parasitas de produtos comercializados (alimentos, bens domésticos, madeira,
pneus novos e usados, produtos animais e vegetais em várias condições),
organismos que se aderem às rodas de veículos, em cascos de navios e
aqueles que são transportados via água de lastro3. A partir da década de
1990, o lixo também começou a assumir um papel importante na mediação de
bioinvasões em escala global. A maioria dos vetores de introdução de
espécies exóticas está associada à, pelo menos, uma atividade de destacada
importância econômica.
3 Água de lastro. Água do mar captada por navios e utilizadas para garantir a sua estabilidade
e seguranção operacional e que geralmente são despejadas longe do local de captura.
33
Figura 1. Algumas categorias definidas para as espécies exóticas, ilustrando o
gradiente crescente do potencial de invasão e a explicação causal da
chegada, expansão ou extinção da espécie no novo ambiente.
34
Durante o século XX, o transporte aéreo de cargas, expandiu a
oportunidade para a movimentação direta de espécies, criando oportunidades
para as mesmas chegarem rapidamente aos habitats adequados. O
movimento rápido significa que não apenas formas de vida dormentes
(esporos, propágulos ou sementes), mas, também, organismos adultos têm
sido transportados globalmente.
35
populações de organismos muito mais densas e diversas que àquelas
encontradas em mar aberto. Quando a embarcação chega ao seu porto de
destino, a água de lastro é liberada junto com toda a fauna e flora nela
contida.
36
Com a crescente mobilidade do ser humano, muitas outras espécies,
como os ratos e as baratas, foram transportadas inadvertidamente para
regiões distantes de sua origem, ocultos em veículos, cargas, bagagens e
mesmo pessoas, pois incluem-se aqui as espécies que usam o homem como
hospedeiro ou veículo habitual ou eventual. Este fato é especialmente
importante uma vez que a maior parte das invasões acontece exatamente ao
longo das principais linhas de tráfego de bens e pessoas.
37
Nos anos recentes, devido à explosão na produção de lixo humano,
especialmente plástico, é possível observar, no ambiente aquático, muitos
tipos de organismos, particularmente briozoários, cracas, poliquetas,
hidrozoários e moluscos, usando os restos dispersos nas massas d’água
como “casas-flutuantes”, o que aumenta a oportunidade de dispersão das
espécies. Estes são os vetores materiais sólidos flutuantes, também
conhecidos como rafting, e incluem plástico, madeira, borracha, isopores e
materiais orgânicos variados, que podem cruzar oceanos e rios.
38
Espécies generalistas, ou seja, com maior amplitude de tolerância
(baixa especialização e alta plasticidade fenotípica4) a fatores ambientais
(temperatura, salinidade, luminosidade, etc.) apresentam vantagens em
relação àquelas que demonstram menor amplitude. Alta capacidade
reprodutiva, alta capacidade de dispersão, alta resistência são fatores que
também contribuem para o sucesso de uma bioinvasão.
39
vento, entre outros. Para exemplificar o que estamos falando, podemos citar
os eurobiontes com relação à pressão e à salinidade.
40
3.3. MUDANÇAS EVOLUTIVAS
41
genética é a redução drástica do tamanho populacional que tem como
consequência a redução dos níveis de variação gênica da população.
42
também, diferente da sua população-mãe. Uma alternativa às mudanças
lentas envolvidas no processo de adaptação, que dependem muito da
variação gênica, é a hibridização.
43
a alopoliploidia (hibridização seguida de duplicação do genoma) são
processos de reconhecida importância na evolução das plantas. De maneira
interessante, poliplóides parecem ocorrer com maior frequência em plantas
invasoras do que entre as angiospermas em geral. Embora os motivos para
essa alta frequência de poliplóides em espécies de plantas invasoras sejam
desconhecidos, o fato é que, da mesma forma que na hibridização, poliplóides
podem ofertar novos genótipos à ação da seleção natural8 e, portanto, permitir
a adaptação, em curto prazo, da população invasora. É reconhecida, também,
a importância de certas inversões cromossômicas (ocorrência de duas
quebras no genoma e a soldadura em posição invertida) na adaptação das
espécies invasoras. Uma força importante na determinação dos rearranjos
genômicos pode ser os transponsons - são sequências de DNA móveis que
podem se autoreplicar9 em um determinado genoma.
44
Além dos transponsons10, que podem se inserir em diferentes posições
no genoma causando um processo de liga/desliga nos genes, a exposição às
condições bióticas e abióticas do novo ambiente pode, também, causar uma
instabilidade no genoma, nesse caso, mediada pelo estresse ambiental. Tem
sido demonstrado que elevadas exposições aos raios ultravioleta, patógenos,
bem como estresse abiótico, produzem instabilidade do genoma, com
aumento da taxa de recombinação homóloga11, ativação de transponsons,
mutações12. Embora alterações ao acaso do genoma, mediadas pelo estresse
ambiental sejam, na grande maioria das vezes, deletérias13, variação gênica
benéfica associada às pressões de seleção natural produzem adaptação.
10
Também chamado elemento de transposição ou transposão é uma sequência de DNA (ácido desoxirribonucleico)
que é capaz de se movimentar de uma região para outra em um genoma de uma célula.
11
É um tipo de recombinação genética, um processo de rearranjo físico que ocorre entre duas cadeias de DNA.
12
São mudanças na sequência dos nucleotídeos do material genético de um organismo.
13
Uma mutação deletéria é aquela que provoca uma modificação em determinada informação (gene) de forma que o
novo alelo produzido a partir dela cause prejuízo ao organismo
45
A variação gênica, de origem recombinacional ou mutacional é
extremamente importante para o processo de adaptação. Contudo, não se
pode negligenciar o efeito de um pequeno número de genes na habilidade de
colonização das espécies invasoras. Exemplos notáveis do efeito de um ou
poucos genes no sucesso da colonização de ambientes novos têm sido
demonstrado para espécies terrestres. Embora, não tenha sido encontrada,
ainda, uma contraparte para o ambiente aquático, genes dessa natureza não
devem ser exclusivos de determinados grupos. Um exemplo é o possível
efeito de um único gene na organização social da formiga Solenopsis invicta,
que invadiu o sudeste dos Estados Unidos há 60 anos. Colônias de múltiplas
rainhas independentes (polygyne) apresentam maiores densidades de ninhos
e maiores impactos nas populações nativas de colônias de formigas com
única rainha. Colônias Polygyne possuem genótipos particulares que podem
afetar a capacidade das operárias de reconhecerem rainhas e
regulamentarem seus números e levarem a uma estrutura de colônia grande
e densa. Essa estratégia pode ser eficaz para invadir novos territórios
46
3.3 - A CHEGADA E O ESTABELECIMENTO
14 Pool gênico. É o conjunto completo de alelos únicos que podem ser encontrados no
material genético de cada um dos indivíduos vivos de determinada espécie ou população.
47
organismos não nativos, não consegue sobreviver no seu novo ambiente em
tempo suficiente para concretizar esta função. Mais que isso: o
estabelecimento no novo ambiente, ou seja, manter uma população estável e
autossustentável, é tarefa mais difícil ainda.
48
O sucesso da chegada pode estar relacionado à frequência com que a
nova espécie é transportada para o novo ambiente. Um único contato não é,
geralmente, suficiente para o estabelecimento de uma espécie exótica.
Contudo, eventos repetitivos de invasão aumentam a chance de
estabelecimento de uma espécie, seja porque neste caso ocorre, na viagem,
uma seleção dos indivíduos mais robustos (que podem não estar presentes
nos clandestinos da primeira viagem), seja porque promove um aumento do
número de colonizadores.
49
Uma contingência histórica importante para o sucesso das espécies
invasoras é o estado de depauperamento do ambiente invadido. Ambientes
poluídos podem facilitar o crescimento de espécies invasoras que, nessas
condições, provavelmente, encontram menor competição. Ambientes que
sofreram muito com ações humanas e foram muito degradados se mostram
como um sistema fora de equilíbrio com modificação de características
térmicas e hídricas, o que pode favorecer a permanência de espécies
introduzidas.
50
o gato, o gado e de plantas como o milho e o trigo, espécies que possuem
valor alimentício, econômico, social ou cultural para o homem, foi difundida
por grandes regiões do planeta à medida que a população humana migrava,
aumentava em número e expandia seus domínios. Podemos citar exemplos
em todos os grandes grupos taxonômicos, incluindo os vírus, fungos, algas,
briófitas, pteridófitas, plantas vasculares, invertebrados, peixes, anfíbios,
répteis, pássaros e mamíferos.
51
Conhecido por ser o vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti é
próprio de regiões tropicais e subtropicais, originário da Etiópia e do Egito.
Tendo chegado ao Brasil durante a escravidão, se reproduz principalmente
em recipientes artificiais onde ocorre acúmulo de água, como latas e vasos.
Apesar de ser frequentemente associado a doenças, o mosquito nem sempre
está contaminado, podendo também não representar um perigo em todos os
casos.
52
exemplo, sendo uma espécie que brota facilmente e tem grande resistência,
além de não conviver com outras espécies, o lírio-do-brejo expulsa as plantas
nativas de seu habitat, sendo um problema bem grave, especialmente nas
regiões de Floresta Atlântica.
53
capaz de matar outros animais e provocar dor intensa em humanos. Acredita-
se que sua chegada ao litoral brasileiro seja apenas uma questão de tempo.
54
quando no ambiente natural, compete com espécies nativas. Como a espécie
é um hibrido de duas outras, ela tende a ter menos predadores.
55
O lagostin-vermelho (Procambarus clarkii), originário dos Estados
Unidos, é invasor em mais de 30 países, inclusive o Brasil, possui grande
capacidade de reprodução, sendo bastante tolerante às diversas condições
ambientais, não possuindo predadores naturais. Além disso, é transmissor de
um fungo que ataca as espécies nativas de lagostin.
56
sucedido e diversificado, podendo ocorrer em ambientes de salinidade diversa
como água salgada, doce ou salobra.
57
desde a faixa superior do médio litoral até sete metros de profundidade. Suas
conchas adotam as mais diversas formas e isso permite que este bivalve
possa se expandir entre e sobre os demais organismos incrustantes do
costão rochoso, limitando a habilidade que esses organismos poderiam ter
para obtenção de alimento. O I. bicolor está presente, no litoral brasileiro,
desde meados da década de 1980, quando foi registrado em Atol das Rocas
(Natal, RN). Atualmente, este bivalve está presente em grande parte da costa
brasileira, incluindo as regiões Nordeste (RN, PE e BA), Sudeste (SP e RJ) e
Sul (PR e SC).
58
Em 1990, duas invasões biológicas de populações desse gênero, de
origem desconhecida, foram reportadas no Caribe e no Golfo do México. Do
mesmo modo, na Venezuela (onde não se tem registro de P. perna para o
período da conquista da América), verificou-se que com o desenvolvimento,
nos anos 1960, da aquicultura de P. perna, houve, nesse local, um
esgotamento dos bancos naturais de Pinctada imbricata que eram muito
comuns no período da conquista da América. No Brasil, o molusco bivalve P.
imbricata, de maneira inversa ao mexilhão P. perna, possui presença rara nos
costões atuais, sendo abundante nos sambaquis adjacentes.
59
brasileira. Nos costões onde coexistem I. bicolor e P. perna, observa-se a
redução na abundância de P. perna, em função da presença de I. bicolor,
sugerindo que esteja acontecendo um processo de substituição de espécies
semelhante, talvez, aquele que, possivelmente, foi verificado entre P.
imbricata e P. perna no passado.
5. PERDAS E DANOS
60
biologia e ecologia do organismo em seus limites naturais. Na prática, o
potencial de uma espécie introduzida se tornar invasora nem sempre é
previsível, pois depende de variações ambientais nas áreas de origem e
destino, no padrão de transporte da espécie, ou mesmo de inoculações ao
acaso.
61
outra região onde não era encontrada antes, prolifera sem controle e passa a
representar ameaça para espécies nativas e para o equilíbrio dos
ecossistemas que vai ocupando e transformando a seu favor.
62
ambientes, projeta-se que as invasões se multipliquem no futuro e, com elas,
seus impactos.
63
ameaçadas de extinção do estado do Rio Grande do Sul, devido à
competição ecológica causada pela invasão de outros moluscos exóticos, tais
como o Limnoperna fortunei (mexilhão dourado) e a Corbicula flumínea
(bivalve asiático).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
64
e as mudanças evolutivas por elas sofridas; entendemos as regras do jogo do
estabelecimento (necessidades do organismo introduzido versus condições
do novo ambiente); conhecemos algumas espécies bioinvasoras e as perdas
e danos causados por elas. Agora que conhecemos estas histórias extremas,
podemos retornar a nossa pergunta inicial: como pode uma espécie invadir
um ambiente estranho, para o qual não foi adaptada e, ainda, suplantar, por
competição, as espécies adaptadas do local? A resposta simples e direta a
esta pergunta seria: não pode! Entretanto, depois de tudo o que
conversamos, podemos elaborar uma resposta um pouco mais imaginativa.
65
eventos evolutivos, resultando em populações geneticamente dinâmicas,
tanto no espaço, quanto no tempo. As bioinvasões são um incrível exemplo
da biologia vencendo seus limites e chegando ao extremo.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGARD, J., R. KISHORE & B. BAYNE. Perna viridis (Linnaeus, 1758): first
record of the Indo–Pacific green mussel (Mollusca: Bivalvia) in the Caribbean.
Caribbean Marine Studies, 3: 59–60. 1993.
66
BOLTOVSKOY, D., F. SYLVESTER, A. OTAEGUI, V. LEITES & D.
CATALDO. Environmental modulation of reproductive activity of the invasive
mussel Limnoperna fortunei: implications for antifouling strategies. Austral
Ecology, 34: 719–730, 2009.
67
CARLTON, J.T. Transoceanic and inter–oceanic dispersal of coastal marine
organisms: the biology of ballast water. Oceanography and marine biology : an
annual review, 23: 313–317, 1985.
68
DARRIGRAN, G., N. BONEL, D. COLAUTTI & N. J. CAZZANIGA. An
alternative method to assess individual growth of the golden mussel
(Limnoperna fortunei) in the wild. Journal of Freshwater Ecology, 26: 527-535,
2011.
69
FRANKHAM, R. Invasion biology – resolving the genetic paradox in invasive
species. Heredity, 94: 385, 2005.
70
JORY, D.; T. CABRERA, B. POLANCO, R. SÁNCHEZ, J. MILLAN, C.
ALCESTE, E. GARCIA, M. USECHE & R. AGUDO. Aquaculture in Venezuela:
perspectives. Aquaculture Magazine, 25(5): 1–5, 2000.
71
Tarioba shellmound paired samples. Journal of Environmental Radioactivity,
143:14-19, 2015.
72
na Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil e alguns aspectos de sua
invasão no novo ambiente. Revista Brasileira de Zoologia, 20(1): 75-84, 2003.
73
MENDES, A. B., E. P. SILVA & R. C. C. L. SOUZA. Biodiversity of Marine
Fishes from Shellmounds of Ilha Grande Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Revista
Chilena de Antropologia, 29(1): 55-59, 2014.
74
REISE, K., S. GOLLASCH & W. J. WOLFF. Introduced marine species of the
North Sea coasts. Helgoland Marine Research, 52: 219–234, 2008.
75
SILVA, E. P. Genética Marinha. In: Biologia Marinha. (R. C. PEREIRA & A.
SOARES-GOMES, orgs), pp. 333-351. Editora Interciência, Rio de Janeiro,
2002.
76
and Megabalunus coccopoma (Crustacea, Cirripedia) off Areia Branca, Rio
Grande do Norte State, Brazil. Biociências, 14(1):89-90, 2006.
77
Lastro e Bioinvasão. (J. S. V. SILVA & R. C. C. L. SOUZA, orgs), pp. 157-172.
Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2004.
78
SOUZA, R. C. C. L., T. A. LIMA & E. P. SILVA, Remarks on the biodiversity of
marine molluscs from late Holocene Brazilian shell mounds. In: Proceedings of
the General Session of the 11th International Council for Archaeozoology
Conference (C. Lefèvre, ed.), pp. 245-256. Archaeopress, Publishers of British
Archaeological Reports, Oxford. 2012
79
80
VÍRUS AMBIENTAIS:
GIGANTISMO E ABUNDÂNCIA
81
Essas plantas possuíam sintomas que variavam desde manchas
suaves em diversos tons de verde (formando um mosaico), até distorções nas
folhas e interrupção em seu crescimento.
82
Apenas em 1937, com o avanço tecnocientífico e a criação do
microscópio eletrônico, as “partículas-virais” passaram a ser visualizadas. A
técnica de microscopia eletrônica colaborou para detecção de outras
partículas que apresentavam morfologias distintas, sendo um mecanismo
muito utilizado até hoje por demonstrar a disposição da estrutura viral,
tornando-se uma das características fundamentais no critério de classificação
dos vírus.
15 A Teoria da Evolução, proposta por Charles Darwin, em sua primeira publicação em 1859,
revolucionou o pensar da biologia enquanto ciência que estuda os seres vivos – origem,
morfologia, fisiologia e ecologia. A teoria propõe que os seres vivos teriam evoluído de um
ancestral comum, herdando pequenas modificações, que se perpetuariam ou não, por
seleção natural.
83
Posteriormente passaram a ser agrupados em uma árvore filogenética
universal, na qual seria utilizada a análise do RNAr17 (16S) para diagnosticar
a ancestralidade em comum, permitindo a criação de “três domínios da vida:
Archaea, Eubacteria e Eukarya18”. Porém os vírus, por não possuir RNA
ribossomal, estrutura celular e metabolismo próprio, continuavam e continuam
até hoje não sendo inclusos nessa árvore e também não são classificados
como seres vivos.
17 O ácido ribonucleico: sigla em português. ARN e em inglês, RNA (Ribonucleic Acid) é uma
molécula transcrita do DNA que é responsável pela síntese de proteínas da célula. O RNA
ribossômico (RNAr) é o componente primário dos ribossomas.
18 Seres sem núcleo que são morfologicamente semelhantes às bactérias, porém são
diferentes destas quanto ao funcionamento do genoma e a fisiologia; Eubacteria são as
bactérias que também são seres que não possuem núcleo e Eukarya são os seres com uma
(amebas) ou mais células (peixes) contendo núcleo.
84
imitando micróbio”) foi encontrado em circuitos de refrigeração industrial em
Bradford, na Inglaterra.
85
f) são suscetíveis às mutações.
19 Termo genérico para aqueles compostos em que os aminoácidos são esterificados através
dos seus grupos COOH para o 3'- ( ou 2'- ) OHS dos resíduos de adenosina terminais de
RNAs de transferência ( por exemplo , alanil - ARNt , glicil - ARNt ) ; cada composto envolve
uma ou um número pequeno de ARNt de estrutura química específica . Usado na biossíntese
de proteínas.
86
polyphaga. Além disso, esses autores demonstraram por microfotografia a
infecção de um mamavírus por um vírus de pequeno porte, (50nm) - o
Sputinik.
87
contendo um dos maiores genomas de todos os vírus conhecidos. A espécie
Pandoravirus salinus contém um genoma de 2,5 milhões de pares de bases
de DNA, responsáveis por 2500 proteínas e foi encontrada na água do mar ao
largo da costa do Chile, e Pandoravírus dulcis possui um genoma de 1,9
milhões de pares de bases de DNA e foi encontrado em um lago do jardim na
Universidade Latrobe, Melbourne, Austrália.
88
Recentemente, dois pesquisadores Úngaros - Csaba Kerepesi e Vince
Grolmusz - publicaram uma rápida comunicação na revista Archives of
Virology, informando sobre a presençade de DNA de diversos vírus gigantes
no solo do Deserto de Kutch (Índia), considerado um ecossistema árido,
quente e salgado. Essa descoberta causou um enorme impacto para a
virologia ambiental, pois evidencia a presença de vírus gigantes em um dos
ecossistemas mais extremos do planeta. O tamanho do DNA e o número de
proteínas codificadas por esses "vírus gigantes desérticos" ainda não foram
publicados.
89
destes não significa apenas infectividade, uma vez que podem permanecer
viáveis em sedimentos por meses e até décadas.
90
estratégia de replicação (produção de novos vírus) e suas sequências
nucleotídicas20.
91
sugere que estas proteínas codificadoras de capsídeos21 seriam homólogos
celulares originando-se a partir de antigas linhagens celulares (ancestrais
comuns) que foram exterminadas pelos seus descendentes celulares. No
entanto, são necessárias mais evidências para que esta proposta seja
absorvida integralmente pela comunidade científica, apesar de que muitos
pesquisadores passaram a aceitá-la como verdadeira.
21 É o envoltório do vírus, formado por proteínas. Além de proteger o ácido nucleico do vírus,
o capsídeo tem a capacidade de combinar-se quimicamente com substâncias presentes na
superfície das células hospedeiras.
92
Estudos realizados em ambientes dulcícolas e marinhos têm sugerido a
existência de grande diversidade de espécies e de estratégias de
sobrevivência dos vírus. Além do predomínio de bacteriófagos em relação aos
outros tipos de vírus. Os vírus, nos ecossistemas aquáticos, infectam tanto
organismos como bactérias e protozoários, além de eucariotos de todas as
classes, e estes podem ser encontrados em águas profundas, salternas
solares (salinidade 10 vezes superior aos oceanos), fontes quentes ácidas
(>80ºC com pH=3,0), lagos alcalinos (pH=10), lagos polares (>30m de
profundidade) e ambientes subterrâneos terrestres (>2km de profundidade).
93
A explicação para essa escassez de informações se deve, em grande
parte, pela maioria dos estudos em virologia ambiental terem como alvo
aplicações de ações em Saúde Pública e identificação dos agentes
causadores de doenças, e não as interações ecológicas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
94
Os vírus deixaram, portanto, de serem reconhecidos apenas como
patógenos de humanos, animais e plantas com relevância médica e
veterinária e passaram a ter uma importância global a nível ecológico e na
transferência horizontal e vertical de genes23. Sendo assim, alguns campos do
saber passaram por revisões teóricas um tanto recentes, e atualmente os
vírus são reconhecidos como importantes personagens em temas de áreas
diversas como ecologia, evolução e genética.
Transferência vertical de genes, por contraste, ocorre quando um organismo recebe material
genético do seu antecessor.
95
encontradas 109 partículas virais/mL na superfície da coluna d’água e 10 30
partículas virais/mL em regiões oceânicas, superando a abundância
bacteriana que foi determinada em até 5,5 x 10 5 para cada mL no Oceano
Atlântico. Portanto, os vírus marinhos e os vírus presentes em outros habitats
(dulcíaquícola, lagoas, lagos, rios, sedimentos, salternas, etc.) são
reconhecidos como responsáveis pela maior reserva de diversidade genética
da Terra.
96
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
97
BARBOSA, J. E. ; SANTANA, P.P ; MACENA, L. P. ; Paula, B.F. ;
NEPOMUCENO, A. ; CAPREZ, M. ; FERREIRA, D. F. ; AMORIM, L. M. ;
GIONGO, V.& PAIXÃO, I.C.. Study of Viroplancton abundance and
morphological diversity in a Brazilian coastal region influenced by upwelling
system. Journal of Marine Biology and Aquaculture, v. 2, p. 1-10, 2016.
98
BURBANO ROSERO E.M., UEDA-ITO M., KISIELIUS J. J., NAGASSE-
SUGAHARA T.K., ALMEIDA BC, SOUZA CP, MARKMAN C, MARTINS GG,
ALBERTINI L & RIVERA, I. N. G. Diversity of somatic coliphages in coastal
regions with different levels of anthropogenic activity in São Paulo State,
Brazil. Applied Environmental Microbiology, 77: 4208–4216, 2011.
CAMPOS, R. K. et al. Samba virus: a novel mimivirus from a giant rain forest,
the Brazilian Amazon. Virology Journal, v. 11, n. 1, p. 95, 2014.
99
SEDIMENTOS MARINHOS. Oecologia Australis, v. 14, n. 2, p. 415–436, 30
jun. 2010.
100
FISCHER, M. G. et al. The virion of Cafeteria roenbergensis virus (CroV)
contains a complex suite of proteins for transcription and DNA repair. Virology,
v. 466–467, p. 82–94, out. 2014.
101
oceanography and limnology. Advances in Oceanography and Limnology, v.
1, n. 1, p. 97–141, jun. 2010.
102
LA SCOLA, B.; AUDIC, S.; ROBERT, C.; JUNGANG, L.; DE LAMBALLERIE,
X.; DRANCOURT, M.; BIRTLES, R.; CLAVERIE, JM.; RAOULT, D. A giant
virus in amoebae. Science, v. 299, p. 2033. 2003.
LEE C. W. & BONG C. W. The relative importance of viral lysis and grazing
towards bacterial mortality in tropical coastal waters of Peninsular Malaysia.
Bulletin of Marine Science, 88: 1-14, 2012.
103
MIDDELBOE, M.., GLUD, R.N., WENZHÖFER, F. & KITAZATO, H. Spatial
distribution and activity of viruses in the deep-sea sediments of Sagami Bay,
Japan. Deep-Sea Research, Part I, 53: 1-13, 2006.
PENNISI, E. Ever-bigger viruses shake tree of life. Science, Vol 341.19. 2013.
POMEROY, L.R. The ocean’s food web, a changing paradigm. Bioscience, 24:
499–504. 1974.
104
PRADEEP RAM, A. S.; SIME-NGANDO, T. Resources drive trade-off between
viral lifestyles in the plankton: evidence from freshwater microbial microcosms.
Environmental Microbiology, v. 12, n. 2, p. 467–479, fev. 2010.
105
SCHOLTHOF, K.-B. G. TOBACCO MOSAIC VIRUS: A Model System for
Plant Biology. Annual Review of Phytopathology, v. 42, n. 1, p. 13–34, set.
2004.
106
TAVARES, T. M., CARDOSO, D. D. P. & DE BRITO, W. M. E. D. Vírus
Entéricos Veiculados por Água: Aspectos Microbiológicos e de Controle de
Qualidade da Água. Revista de Patologia Tropical, 34: 85-104, 2005.
WILKINSON, L. History of Virology. In: JOHN WILEY & SONS, LTD (Ed.). .
Encyclopedia of Life Sciences. Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd, 2001.
107
WOMMACK K. E. & COLWELL R. R. Virioplankton: Viruses in aquatic
environments. Microbiology and Molecular Biology Reviews, 64:69–114, 2000.
108
COMO O MICROBIOMA ORQUESTRA A
FISIOLOGIA HUMANA?
1. O QUE É MICROBIOMA?
109
A bactéria, que em grego significa bastão, foi descoberta em 1673, pelo
primero microbiologista holandes Antonie van Leeuwenhoek, a partir de um
microscópio simples criado por ele mesmo. Porém, somente em 1828, o
termo Bacterium foi introduzido pelo micropiologista Christian Gottfried
Ehrenberg, para descrever o gênero de bacteria que se parecia com um
bastão.
24
Cocos - Bactérias esféricas; podem viver isoladas ou podem agrupar-se.Bacilo: Bactérias que apresentam a forma
de bastonete.Espirilo: Bactérias que têm a forma helicoidal ou ondulada. Vibrião: Bactérias que têm a forma de
vírgula.
110
Geralmente medem entre 0,2 e 2 µm de diâmetro e 2 e 8 µm de
comprimento (µm = milésima parte do milímetro). A mobilidade é feita através
de flagelos ou cílios25, externos à parede celular.
A reprodução é assexuada, por cissiparidade ou fissão26 binária, que é
o mecanismo mais comum.
27. As estruturas responsáveis pela motilidade celular são constituídas por pequenos apêndices, especialmente diferenciados,
que variam em número e tamanho. Se são escassos e longos recebem o nome de flagelos, ao passo que se são numerosos e
curtos são denominados cílios.
26
. Processo de reprodução assexuada dos organismos unicelulares que consiste na divisão de uma
célula em duas por mitose, cada uma com o mesmo genoma da “célula-mãe” (com o mesmo DNA ou
material genético da "célula-mãe")
111
A vida das bactérias é pautada por dois padrões: vivem agrupadas e
sempre buscam uma superfície para aderência. A produção de um muco, que
é secretado para fora da célula, forma uma camada de exopolissacarídeos,
que é vital para a vida bacteriana.
27 . São estruturas de elevada massa molecular compostas de cabohidratos. A produção bacteriana dessas estruturas é um
mecanismo de defesa frente às adversidades do meio.
112
Elas encontram seus alimentos em praticamente qualquer molécula
orgânica e quando são abundantes, se dividem muito rapidamente (a cada 20
minutos). Uma única bactéria pode gerar cinco milhões de outras num período
de apenas 11 horas. Podem viver na presença ou ausência de oxigênio
(chamadas, respectivamente, aeróbias e anaeróbias) ou, ainda, serem
anaeróbias facultativas. As aeróbias normalmente vivem na superfície de
solos, colunas de´água e na pele de animais.
113
o feto é mantido em ambiente estéril propiciado pela placenta. No caso de
parto normal, o bebê beneficamente se infecta com as bactérias que
colonizam a vagina e a saída do canal da uretra maternas.
114
Todo esse batalhão inclui arqueobactérias, vírus, bactérias e micróbios
eucarióticos28, cujo genoma combinado é muito maior que o genoma
humano.
28
São os fungos, as algas e os protozoários
115
Sabe-se que a colonização dos microorganismos é iniciada no
nascimento e será modificada em função da idade, entre outros fatores.
Durante a fase inicial da vida, o microbioma adquire diversidade e
complexidade, acompanhando o desenvolvimento metabólico, imunológico,
cognitivo e contribuindo para uma fisiologia normal.
116
pERDA3. O PROJETO MICROBIOMA HUMANO
29
É o estudo do material genético de microrganismos coletado diretamente de amostras
ambientais. Devido ao vasto domínio do campo, esta área de estudo também pode ser
referenciada como genômica ambiental, ecogenômica ou genômica de comunidade.
30
É um campo interdisciplinar que corresponde a aplicação das técnicas da informática,
no sentido de análise da informação na área de estudo da biologia.
117
Unidos. Foram retiradas amostras da cavidade oral e orofaringe (saliva,
mucosa bucal, gengiva, palato, amígdalas, garganta, tecidos moles da língua
e placa dentária supra e subgengival).
118
imunológicos do hospedeiro, relações de mutualismo/competição no
microbioma);
d) 81-99% dos gêneros bacterianos e de famílias de enzimas ocorrem no
microbioma saudável da população ocidental;
e) os metadados clínicos indicaram que a variação na estrutura da
comunidade e origem étnica/racial, são as associações mais fortes
com o microbioma, assegurando o transporte metagenômico estável de
vias metabólicas entre indivíduos;
f) os resultados sugerem uma faixa de configurações estruturais e
funcionais normais nas comunidades microbianas de uma população
saudável, permitindo, no futuro, caracterização de aplicações
epidemiológicas, ecologia e tradução do microbioma humano.
119
Esse órgão abriga um ecossistema microbiano abundante com trocas
metabólicas bidirecionais de apoio a processos simbióticos e comensais. A
superfície da pele possui microambientes distintos para pH, temperatura,
umidade, conteúdo de sebo e topografia. Estas diferenças fisiológicas
caracterizam os diferentes nichos e influenciam a comunidade microbioma
residente. Além disso, os mecanismos de detecção e sinalização do
microbioma são específicos para cada nicho e sustentam as interacções com
o hospedeiro.
31
É uma estrutura complexa composta por um fio de pêlo ou cabelo, com seu respectivo bulbo, glândula sebácea e
sudorípara, músculo piro-eretor entre outros órgãos.
32
São glândulas presentes nos mamíferos que produzem o suor, uma importante função para regular
a temperatura do corpo e eliminar substâncias tóxicas.
120
bacteriana varia em função das zonas secas, úmidas ou sebáceas da pele. As
zonas secas possuem a maior diversidade bacteriana, com predominância
dos gêneros Proteobacteria (41%) e Corynebacterium spp. (15%).
121
mucosa oral, cabelo, cabeça e pele de voluntários de ambos os sexos,
apontaram que o primeiro agrupamento de bactérias se dá de acordo com os
habitats. Comparando os habitats, a variação não foi significativa no mesmo
indivíduo ao longo do estudo, mas entre os diversos voluntários ao longo de
um dia. Finalmente, a variação entre habitats foi significativamente menor
entre os voluntários durante 24 horas do que ao longo de três meses. A
microbiota da cavidade oral foi a que apresentou maior estabilidade. A
microbióta da pele exibiu um padrão biogeográfico, que poderá estar ligado
ao local de moradia, nutrição bem como à exposição a microorganismos.
Estes resultados indicam uma estreita relação entre a fisiologia e o
microbioma individual.
33
São aquelas que obtêm o seu alimento sem causar prejuízo ao hospedeiro.
122
digestivo dos mamíferos, incluindo ratos e humanos, trato dominado por
bactérias dos grupos Bacteroidetes e Firmicutes e, em menor número,
Proteobacteria, Actinobacteria, Fusobacteria e Verrucomicrobia.
123
necessidades nutricionais, variações fisiológicas e do impacto da
ocidentalização quando for estudado o microbioma do trato digestivo.
37. Irmãos que são gerados a partir de um só óvulo que é fecundado por um só espermatozóide e se divide em duas
culturas de células completas, origina os gêmeos monozigóticos ou idênticos.
36
Os gêmeos fraternos ou não idênticos são dizigóticos ou multivitelinos, ou seja, são formados a partir de dois óvulos
que formam fecundados no mesmo ciclo reprodutivo ou em ciclos sequenciais. Isto é, uma mulher grávida pode
ovular novamente gerando um segundo feto que poderá se desenvolvem em paralelo ao primeiro.
124
interdependentes que ocorrem entre as populações de bactérias, como uso e
troca de produtos do metabolismo ou remoção de excretas.
125
O consumo de queijos curados e embutidos de carne aumentou
significativamente a qualidade das bactérias Lactobacillus lactis, Pediococcus
acidilactici e Streptococcus thermophilus em amostras de fezes. Em
contrapartida, a colonização do trato digestivo pelos gêneros Candida spp.,
Debaryomyces spp., Penicillium spp. e Scopulariopsis spp. ocorreu nas duas
dietas.
37
São carboidratos compostos por grande quantidade de moléculas de monossacarídeos (açúcares simples).
126
monocytogenes e produtoras de ácido butírico Eubacterium rectale e
Faecalibacterium prausnitzii, que são benéficas para o homem. Alterações no
microbioma do trato digestivo também estão ligadas ao diabetes tipo 1 e 2.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
127
Essas descobertas conduzem às pesquisas multidisciplinares, de modo
que as doenças sejam investigadas abrangendo fatores do hospedeiro,
imunidade e a comunidade microbiana. A plasticidade das comunidades
bacterianas pode ser um grande complicador nesses estudos, mas é também
um desafio na busca e na implementação de terapias. Tratar o microbioma
como a soma de nossos recursos, essenciais para nos manter saudáveis,
induz modificações, a longo prazo, no tratamento de doenças, bem como na
busca de fármacos pré- e probióticos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
128
HUMAN MICROBIOME PROJECT. National Institute of Health, USA.
http://hmpdacc.org/ Acessado em 09 de setembro de 2015.
129
130
POLIQUETAS EM AMBIENTES POUCO USUIAS
131
sanguessugas - e os menos conhecidos que são os poliquetas - minhocas do
mar. Estudos recentes indicam que outros grupos de invertebrados marinhos
também deveriam ser considerados como parte do grupo dos poliquetas.
132
alimento, tais como palpos, antenas e tentáculos; podem possuir manchas
ocelares ou olhos capazes de captar a intensidade e a direção de luz.
133
bentônico (quando vivem associados a algum substrato) tornando-se
temporariamente pelágicos, capazes de nadar na coluna d´água.
134
A maior parte das espécies tem vida livre, mas existem algumas poucas
que podem parasitar outros organismos e alguma vivem em simbiose.
135
sedimento, a construção de tubos e galerias permite maior aporte de oxigênio
em ambientes anóxicos ou hipóxicos, ou seja, com baixo teor de oxigênio.
136
bentônicos, termo usado para descrever todos os organismos que vivem em
fundos marinhos, consolidados ou moles. No entanto, há cerca de seis
famílias cujos poliquetas são pelágicos, ou seja, vivem na coluna d´água,
cerca de seis famílias.
137
poliquetas são capazes de enfrentar variações significativas nas
caracteristicas abióticas como a temperatura, a salinidade e o oxigênio.
138
Em estudos posteriores, foram descritos como Osedax, que significa
“comedor de ossos”. Os estudos revelaram que esses poliquetas não
possuem trato digestivo, mas apresentam uma espécie de sistema de raízes,
ou tubos, que se ligam diretamente aos ossos da carcaça e que permitem ao
animal utilizar os lipídios e proteínas existentes ali. A quebra desses lipídios é
feita por bactérias simbiontes que auxiliam na digestão e fazem a
transferência dos nutrientes para os poliquetas. São poliquetas pequenos,
com cerca de cinco centímetros de comprimento. Uma curiosidade é que em
praticamente todas as espécies conhecidas, os machos são anões e podem
viver dentro das fêmeas. Algumas fêmeas podem abrigar centenas de
machos, como verdadeiros haréns.
139
baleia. Atualmente há 10 espécies descritas, todas encontradas em ossos,
mas não exclusivamente em ossos de baleia. Uma espécie colonizou e
cresceu em ossos de bovinos afundados entre 385 e 2.893 metros na Baía de
Monterey, na California. O processo se deu de forma rápida, apenas dois
meses após serem dispostos no ambiente os ossos se encontravam
colonizados pelos poliquetas, incluindo fêmeas maduras.
140
ambientes caracterizam-se pelas altas temperaturas, alta pressão, baixa
concentração de oxigênio, alta concentração de metais e pela presença de
sulfetos de hidrogênio.
141
A tolerância à variação de temperatura é acentuada e foi observado
que os individuos podem manter a região posterior do corpo, ou pigídio, em
temperaturas de até 80⁰C e a cabeça em águas mais frias (22⁰ C).
142
uma espécie tubícola que forma densos agregados. Indivíduos dessa espécie
foram encontrados entre materiais dragados de grandes profundidades na
costa da Indonésia, pelo navio holandês chamado Siboga, em 1900.
143
No entanto, diferentemente das fendas hidrotermais ocorrem também em
áreas rasas, geologicamente ativas ou passivas, e não estão sujeitas a altas
temperaturas.
144
cf. luymesi e Seephiophila jonesi formam aglomerados semiesféricos de
vários metros de largura. Após análise em sete desses aglomerados, foram
encontradas 66 espécies associadas, sendo 18 consideradas endêmicas, ou
seja exclusivas daquele local, e cinco simbiontes.
145
Em estudo recente, pesquisadores realizaram vários experimentos
transplantando espécies de poliquetas consideradas tolerantes e outras
sensíveis encontradas no entorno desses sistemas de CO2. Algumas
espécies, como Platynereis dumerilii mostraram adaptação a altos níveis de
CO2.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GLASBY, C. J., TARMO T., MUIR A.L. I.& GIL, J. Catalogue of non-marine
Polychaeta (Annelida) of the World. Zootaxa 2070: 1–5,. 2009.
146
CALOSI P, RASTRICK S P, LOMBARDI C., DE GUZMAN H. J., DAVIDSON
L., JAHNKE M., GIANGRANDE A., HARDEGE J. D., SCHULZE A., SPICER J.
I. & GAMBI M. C.. Adaptation and acclimatization to ocean acidification in
marine ectotherms: an in situ transplant experiment with polychaetes at a
shallow CO2 vent system. Philosophical Transactions of Royal Society of
London and Biological Sciences 368.DOI: x.doi.org/10.1098/rstb.2012.0444,
2013.
147
JONES, W. J., JOHNSON, S..B., ROUSE, G. W. & VRIJENHOEK, R. C.
Marine worms (genus Osedax) colonize cow bones. Proceedings of the
Biological Science. 275(1633): 387–391, 2008.
LEVIN, L A.. Ecology of cold seep sediments: Interactions of fauna with flow,
chemistry, and microbes. Oceanography and Marine Biology, an Annual
Review 43: 1-46, 2005.
148
CANIBALIMO: PREDAÇÃO AO EXTREMO
1. O QUE É CANIBALISMO?
149
O comportamento canibal é relativamente raro na natureza, mas nem
por isso deixa de ter importância ecológica e evolutiva, especialmente para
alguns grupos taxonômicos. Por isso, tem sido estudado mais
detalhadamente nos últimos 25 anos e abordado sob a ótica da ecologia
evolutiva38.
150
Os diferentes tipos de canibalismo representam custos para
determinados indivíduos das espécies, muito embora possam trazer
vantagens adaptativas para os indivíduos canibais, a saber: aumento no
tempo de sobrevivência, possibilidade de se reproduzir novamente e até
mesmo de nascer mais vigoroso.
151
Desse modo, o canibalismo pode ser praticado de várias maneiras bem
como em diferentes grupos taxonômicos, em diferentes contextos e por vezes
estar relacionado a rituais comportamentais previsíveis.
152
Os canibais mais famosos são os povos Astecas que habitam o
México.
153
No início, os índios Tupinambás tinham a intensão de canibalizar Hans
Staden. Contudo, foi obrigado a ajudá-los no combate contra os índios da
tribo Tupiniquins.
154
a) envolve custos e deve ter algum benefício como a necessária redução
populacional;
b) possui implicações ecológicas uma vez que afeta a dinâmica
populacional das espécies. São os indivíduos mais velhos que
canibalizam os mais jovens;
c) está relacionado ao comportamento de reconhecimento entre
indivíduos da mesma espécie que, por vezes, procuram escapar do
indivíduo canibal através de diferentes estratégias.
155
e) prática de rituais entre guerreiros humanos que se alimentam da carne
dos inimigos para aumentar a sua própria coragem e alimentar o seu
espírito guerreiro.
3. TIPOS DE CANIBALISMO
156
b) aquisição de energia para sobreviver e cuidar do restante da prole;
c) oportunidade de obter energia adicional para se reproduzir
novamente e cuidar da próxima prole.
157
Rhinogobius flumineus, que habitam riachos em território japonês expressam
canibalismo filial, cuidando dos ovos até que eles eclodam.
158
Outro resultado interessante observado por esse estudo: o canibalismo
filial foi, preferencialmente, praticado nos primeiros dias do cuidado paternal,
isto é, num período que variou entre um e três dias.
159
Em outras palavras, filhos mais vigorosos conseguirão mais fêmeas
para se acasalar e produzirão mais filhotes vigorosos.
160
Estudos sobre o comportamento de canibalismo filial foram realizados com
besouro da farinha, cientificamente denominado Tribolium confusum, para
verificar quais eram os fatores relacionados a esse tipo de comportamento.
Esse besouro atua com uma praga que ataca sementes de cereais
estocadas, especialmente o trigo e até a sua farinha.
161
Adicionalmente, a presença da forma juvenil de espécie de inseto
predador conhecido como neuróptera, cientificamente denominado
Chrysoperla rufilabris, também causou um pequeno aumento na taxa de
canibalismo por parte das fêmeas do percevejo de olhos grandes.
162
Os machos dessa perereca cruzam com várias fêmeas no mesmo período
reprodutivo, sendo, portanto, classificados como poliginicos. Eles competem
entre si pelas fêmeas e por locais de reprodução.
163
Nesse contexto, o que é mais vantajoso para as fêmeas de pererecas?
Ocupar um local com menor qualidade ou sofrer um maior risco em expressar
o canibalismo filial devido à proximidade de outros ninhos?
164
tropicais localizadas no centro do continente africano. Entretanto, não se pode
atribuir nenhuma justificativa ou identificar os fatores relacionados a tal
comportamento. O escape ao canibalismo é um comportamento expresso
pelas proles de diferentes espécies que conseguem fugir e ocupar
esconderijos.
165
México. Os híbridos dessas espécies são chamados de Poeciliopsis
monacha-lucida e coexistem com as espécies que lhes deram origem.
166
Em raras situações, os machos podem canibalizar as fêmeas durante a
cópula. Essas situações foram observadas em condições de cativeiro e as
motivações para o canibalismo sexual masculino foram relacionadas às
condições de estresse.
167
No louva-a-deus, a ocorrência de canibalismo sexual foi observada em
16 espécies. Outros grupos taxonômicos que expressam o canibalismo sexual
são os escorpiões, besouros, mosca e mosquitos, grilos e gafanhotos e
pequeno crustáceo, conhecidos como pulga d’água.
168
Portanto, no contexto da seleção sexual, o canibalismo sexual pode ser
considerado como um caso extremo de monogamia, pois o macho ingerido
não terá uma segunda chance de se acasalar.
169
o macho de Pisaura mirabilis segura uma presa viva, como presente de
nupcial para a fêmea e finge estar morto.
170
Durante a corte, os machos utilizam parte da carapaça deixada pelas
fêmeas como um escudo protetor contra o canibalismo.
171
Portanto, esse comportamento além de oferecer uma chance do macho
se salvar do canibalismo sexual também permite que ele tenha garantia da
sua paternidade.
172
escape? Alternativamente, seria o canibalismo sexual associado ao padrão de
comportamento inato dos machos?
173
O comportamento de sacrifício voluntário por parte dos machos
também é observado na espécie de viúva-negra de cor amarronzada,
Latrodectus geometricus e originária da África do Sul.
174
Esse fenômeno é conhecido como adelfofagia, sendo este termo mais
amplamente utilizado porque o canibalismo entre irmão também pode ocorrer
dentro de casulos contendo ovos colocados no ambiente que, portanto, não
estão dentro de um útero.
175
No noroeste do Oceano Pacífico, o período de cruzamento dessa
espécie de tubarão ocorre entre os meses de janeiro e junho e o nascimento
dos filhotes ocorre entre dezembro e julho.
176
com 68 centímetros havia um embrião macho de 20 centímetros parcialmente
digerido.
177
Foi observado que o número de embriões que saem de dentro dos
casulos depositados pelas fêmeas é menor que o número de ovos que,
inicialmente, se encontravam dentro destes.
178
Subsequentemente, os embriões em estágio mais avançado de
desenvolvimento, se alimentam daqueles em estágios menos avançados,
ocorrendo então a adelfofagia.
179
O modo de reprodução dessa espécie é denominado poecilogonia,
sendo de grande importância biológica, pois permite a produção de dois tipos
de larvas.
180
produzir um total de 50 mil novos indivíduos por metro quadrado na província
subantártica, na Ilha de Kerguelen, pertencente à França e localizada no
Oceano Índico.
181
Os ovos relativamente largos (170 a 1170 µm) ficam associados ao
corpo da poliqueta, conferindo a esta uma cor alaranjada. Durante a
incubação observa-se a adelfofagia. A larvas nascem com cerca de 3
milímetros, apresentando somente 8 “chaetiger” que serão um total de 18 ao
final do seu crescimento quando atingirão cerca de 8 milímetros.
182
Porém, em Glyptonotus antarcticus, o marsúpio apresenta
característica única, uma vez que, além da adelfofagia, foi observado que as
genitoras produzem substâncias que nutem os embriões que são incubados.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
183
períodos e a situação de extremo estresse, pode ser classificado como
comportamento excêntrico.
184
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
185
ELGAR, M. A. E CRESPI, B. J. Cannibalism – Ecology and evolution among
diverse taxa. Oxford Science Publication. 1992.
186
JANSSEN, H. H. AND HOESE, B. Marsupium morphology and brooding
biology of the Antarctic giant isopod, Glyptonotus antarcticus (Eights, 1853)
(Crustacea, Isopoda, Chaetiliidae). Polar Biology, vol. 13, 145-149, 1993.
187
(Gastropoda: Calyptraeidae) from the Venezuelan Caribbean. Nautilus, vol.
115, 39-44, 2001.
MYINT, O. ET AL. Mate availability affects female choice in a fish with paternal
care: female counterstrategies against male filial cannibalism. Journal of
Ethology, vol. 29, 153–159, 2011.
188
PARSONS, W. ET AL. Mating status and kin recognition influence the strength
of cannibalism. Animal Behaviour, 85:365-369. 2013.
189
TAKATA, M. ET AL. Asynchronous hatching and brood redution by filial
cannibalism in the burying beetle Nicrophorus quadripunctatus. Journal of
Ethology, vol. 31, 249-254, 2013.
190
PARASITISMO DE CRIA:
VANTAGENS OU DESVANTAGENS
191
parasitos) e eliminar ou reduzir os investimentos pseudoparentais de cuidado
do ninho e/ou da prole. As histórias que serão contadas sobre o tema em
questão refletem o grau de investimento nas pesquisas e a disponibilidade
dos resultados publicados sob a forma de artigos científicos, dissertações,
teses, resumos e sítios eletrônicos. Esse intrigante tipo de parasitismo fornece
conhecimentos sobre os refinados padrões de comportamento dos animais e
revela as semelhanças entre espécies tão distintas como as aves, peixes e
artrópodes (insetos e aranha).
192
hospedeiros. Primeiramente, serão definidas algumas questões pertinentes a
esse assunto e posteriormente serão relatados exemplos, caso a caso.
193
hospedeiro. Alguns parasitos, denominados de mesoparasitos, perfuram o
corpo do hospedeiro, mantendo apenas uma abertura para respirar e/ou
liberar ovos ou larvas ou, ainda, para sair do corpo do hospedeiro quando
necessário. O berne é um exemplo de mesoparasito.
194
O parasitismo pode ser tratado por diferentes abordagens que seriam
agrupadas em quatro classes: ecológica, epidemiológica, imunológica e
multidisciplinar. Ao contrário do ponto de vista epidemiológico, sob o aspecto
ecológico, o parasitismo não é considerado uma doença, mas um tipo de
antagonismo biológico que é regido por processos evolutivos.
195
território e alimentos. Esse tipo de parasitismo é tido como um
cleptoparasitismo interespecífico – relação entre espécies diferentes cujo
parasito rouba os recursos conquistados pelos hospedeiros – ninhos e
presas. O parasitismo de cria pode ocorrer entre organismos da mesma
espécie como o observado em patos da espécie Bucephala clangula
(LINNAEUS, 1768) – common goldeneye - no Hemisfério Norte. Nesse caso,
o parasitismo de cria é do tipo intraespecífico. O parasitismo de cria entre
espécies diferentes é denominado interespecífico.
196
caso do cuco canadense Molothrus ater (BODDAERT, 1783) que utiliza
aproximadamente 234 espécies hospedeiras.
197
seria aquele que não reconhecesse o ovo intruso e que atendesse ao
chamado do filhote da espécie parasito quando esse tivesse fome.
Geralmente, as espécies hospedeiras necessitam de um tempo mais longo de
incubação do ovo do que as espécies parasitas que, por sua vez, apresentam
filhotes mais robustos que os filhotes da espécie hospedeira e com maior
capacidade de demandar por alimentos (comportamento petitório)
198
2.4 – CUSTO DO PARASITISMO DE CRIA]
O que pode acontecer num ninho foi parasitado por outra espécies?
a) O número de ovos postos pela espécie hospedeira pode diminuir
devido à abrasiva dos ovos que as espécies parasitadas depositam
por cima
b) Aspécie parasitada pode retirar os ovos da espécie hospedeira
antes de depositar os seus ovos
c) A espécie parasita pode destrir a casca dos ovos da espécie
hospedeira, inviabilizando o desenvolvimento dos embriões
d) Os filhotes da espécie parasita podem expulsar os ovos e/ou os
filhotes da espécie hospedeira;
e) Os filhotes da espécie hospedeira podem morrer devido à
competição por alimento e/ou ação do filhote parasito.
199
A densidade da população de espécies hospedeiras de crias pode
sofrer uma drástica redução ao longo do tempo. Além disso, o tempo de vida
dos indivíduos parasitados poder ser reduzido devido aos desgastes
energéticos despendido no cuidado e alimentação da cria oriunda da espécie
parasita.
200
1766). Essas aves possuem o hábito de idificarem em colonias, construindo
ninhos em formato de bolsa que ficam pendentes dos galhos das árvores.
201
Entretanto, dependendo das espécies envolvidas, as interações podem ou
não ser facilmente monitoradas. Por exemplo, a interação entre espécies
parasitas e hospedeiras de aves envolve sinais visuais e sonoros que são
facilmente percebidos pelos humanos, diferentemente do que ocorre entre
peixes e entre insetos cujas mensagens comportamentais e fisiológicas,
abrange tanto atitudes (movimentos e toques) como substâncias (feromônios)
que exigem detectores mais acurados que aqueles fornecidos pela nossa
visão, audição e olfato.
202
Alguns filhotes de espécies do gênero Cuculus (LINNAEUS, 1758)
possuem uma depressão ou concavidade no dorso que facilita o
comportamento de expulsar os ovos da espécie hospedeira. Outros filhotes
de cucos, os Clamator glandarius (LINNAEUS, 1758) não possuem tal
concavidade nem habilidade e convivem com os filhotes da espécie
hospedeira.
203
ambientes restritos, envolvendo grande ou pequena parte da população de
cada espécie que pode ou não ser afetada pelas trocas de indivíduos entre
populações. Sob a ótica da genética de populações, essas trocas são
denominadas de fluxo gênico.
204
relacionado ao comportamento de petição exagerada por alimento, pode não
compensar o ganho energético obtido através da alimentação parental.
205
ovos e filhotes parasitos. Por vezes, esse reconhecimento não é
adquirido e a coexistência entre filhotes parasitos, pais hospedeiros e
sua própria cria é permissível em termos evolutivos.
206
a) espalhar os ovos em diferentes ninhos quando os fatores
adversos do ambiente forem brandos, isso é com baixa taxa de
predação e abundância de alimento, entre outros;
b) expressar competição efetiva diante dos filhotes da espécie
hospedeira na petição de alimento;
c) eliminar os filhotes competidores.
207
Essa situação colabora com a hipótese de que o parasitismo de cria é
uma consequência da limitação energética das espécies parasitas. Quanto
mais limitante a disposição de cuidar da criação, maior será o grau de
parasitismo. Em outras palavras: maior será o número de ovos depositados
em ninhos hospedeiros da própria espécie (parasitismo intraespecífico) ou de
outras espécies (parasitismo interespecíficos).
208
parasitos de crias depende das habilidades competitivas. A redução no
intervalo de tempo entre a postura dos ovos da espécie hospedeira minimiza
a chance de a fêmea parasita introduzir o seu ovo no ninho-alvo. A
identificação do ovo do parasito pode levar a fêmea hospedeira a expressar
comportamentos defensivos mais eficazes tais como a expulsão.
209
As fêmeas hospedeiras que não aceitam os ovos podem sofrer
represálias por parte da espécie parasita. Essas podem expulsar ou quebrar
os ovos da espécie hospedeira ou até mesmo destruir o ninho. O
comportamento de represália das fêmeas parasitas pode ser
inadvertidamente confundido como predação.
210
adjacentes para estudar a espécie Bucephala clangula (golden eyes – olhos
dourados) revelaram que o comportamento das fêmeas é uma direta
consequência da limitação de locais apropriados à nidificação.
211
deserção do genitor parasito. A seguir, serão relatados vários casos de
paratismo de cria em aves, peixes e insetos.
212
que dicilmente será seguida pela espécie parasita. As espécies hospedeiras
que não expressam tal variação na coloração dos ovos, são mais facilmente
mimetizáveis pela espécie parasitas.
213
Adicionalmente, as fêmeas hospedeiras permanecem por mais tempo no
ninho após a postura dos ovos enquanto que as fêmeas parasitas deixam os
ninhos assim que colocam seus ovos.
214
Os resultados deste estudo demonstraram que as fêmeas mais bem-
dotadas (posicionadas no topo da escala artificial em relação as
características comportamentais – padrão de agressão) foram mais
assediadas pelas fêmeas parasitas de cria. O sucesso de incubação e
nascimentos dos filhotes parasitos variou entre 5 e 6 %. Para as fêmeas
possuidoras de ninhos que não foram parasitadas, o sucesso da nidificação
atingiu 67% dos casos. Fêmeas parasitadas tiveram um sucesso de somente
de 29%. Esse estudo demonstrou o custo do parasitismo para a espécie em
questão.
215
ocorrem ao longo da costa do Mar Mediterrâneo foram estudadas e os seus
padrõres de parasitismo social foram descritos. As espécies parasitas são P.
sulcifer, P. atrimandibulares e P. semenowi. Cinco espécies de Polistes que
são as hospdeiras: P. dominutos, P. nimphus, P. gallicus, P. biglumis e P.
associus. A espécie P. atrimandibulares é a mais generalista quanto ao
parasitismo e ataca todas as cinco espécies hospedeiras. Por outro lado, P.
sulcifer parasita somente P. dominutos e P. semenowi parasita tanto P.
dominutos como P. nimphus.
216
outras espécies de abelhas. As larvas das abelhas cuco irão se alimentar do
pólen fornecido pela espécie hospedeira ou mesmo das suas larvas. Em
muitas especies de abelha cuco, a primeira fase da larva expressa uma pinça
alongada que é utilizada para destruir os ovos ou as larvas da espécie
hospedeira.
217
casos em 19 possibilidades); ocorre confronto entre as espécies (cinco casos
em 19 possibilidaes).
218
partilhado com Tanzânia, República Democrática do Congo Burundi e
Zâmbia.
219
flutuante e defendidos pelas fêmeas, evitando a aproximação de outras
fêmeas.
220
utilizam esta estratégia reprodutiva podem ter um hospedeiro específico ou
ser generalistas e explorarem diferentes espécie de molusco para realizar a
incubação dos ovos. Os ovos da carpa eclodem entre três e quatro semanas
e as larvas nadam para longe do molusco hospedeiro.
221
ovos em ninhos construídos por machos dominantes (geralmente mais velhos
e com escamas mais coloridas no abdômen). Na verdade, os machos que
fingem ser fêmeas (imitando a dança da postura de ovos) parasitam os ninhos
do macho dominante, depositando mais espermatozoides nos óvulos da
fêmea que acabou de depositá-los no ninho.
222
As femeas e os machos do bagre Bagrus meridionalis (GÜNTHER,
1894) são um peixe que expressa cuidado biparental da prole, após depositar
os ovulos e os espermatozóides em substratos no lago Malawi, localizado no
Vale do Rift, na África. As fêmeas do bagre alimentam os juvenis recém-
eclodidos com óvulos que não foram fertilizados enquanto que os machos
coletam microinvertebrados que habitam o fundo areno, carregando-os na
boca e os libera pelas branquias próximos aos filhotes, alimentando-os. Os
filhotes desse bagre nadam próximos ao ventre da mãe ou próximos às
branquias do pai. O bagre Bathyclarias nyasensis (WORTHINGTON, 1933)
parasita o ninho de Bagrus meridionalis. Os ovos da espécie parasita
eclodem antes dos ovos do hospedeiro. Os jovens recém-eclodidos se
alimentam dos ovos do bagre hospedeiro, aumentando assim o seu sucesso
reprodutivo.
223
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
224
BOGUSCH, P.; KRATOCHVÍL, L.; STRAKA, J. Generalist cuckoo bees
(Hymenoptera: Apoidea: Sphecodes) are species-specialist at the individual
level. Behavioural Ecology and Sociobiology, v. 60, p. 422-429, 2006.
225
GIORA, J.; FIALHO, B. C. Reproductive biology of weakly electric fish
Eigenmannia trilineata López and Castello, 1966 (Teleostei, Sternopygidae).
Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 52, p. 617-628, 2009.
LYON, B. E.; EADIE, J. M. Family matters: kin selection and the evolution of
conspecific brood parasitism. Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America, v. 97, p. 12942–12944, 2000.
226
MOKSNES, A. Egg recognition in chaffinches and bramblings. Animal
Behaviour, v. 44, p. 993-995, 1992.
227
SATO, T. A brood parasitic catfish of mouthbrooding cichlids fishes in lake
Tanganyika. Nature, v. 323, p. 58-59, 1986.
228
COMO PEIXES SOBREVIVEM ÀS
ÁGUAS CONGELANTES?
1- SOBREVIVÊNCIA NO GELO
229
de áreas polares, como cracas e mexilhões, o corpo pode congelar e
descongelar duas vezes ao dia, de acordo com a maré alta ou baixa.
230
Esse peixe foi nomeado com nome vulgar “peixe crocodilo branco” por
apresentar uma mandíbula pronunciada no formato que lembra o focinho de
um crocodilo, além disso ele apresenta olhos grandes e partes do corpo
branco em certas áreas e transparente em outras, incluindo as brânquias que
são normalmente vermelhas nos demais peixes. Quando Ditlef Rustand
cortou esse peixe ele descobriu que o seu sangue era transparente. O seu
coração era grande apresenta uma coloração da cor do salmão. Esse peixe
apresentava escamas e conseguia absorver o oxigênio através do corpo.
231
Todos os peixes do gelo não possuem hemoglobina no sangue e,
portanto, não possuem mecanismo efetivo de transporte de oxigênio. A
ausência de células vermelhas no sangue nesses peixes é uma exceção
entre os vertebrados até então conhecidos. Isto significa dizer que os peixes
do gelo não possuem hemácias (eritrócitos ou ainda glóbulos vermelhos) que
são as células que possuem moléculas denominadas hemoglobinas. Essas
moléculas são metaloproteínas que contêm ferro que é responsável pela
captura e transporte do oxigênio.
232
presente na terra com uma menor diferença de temperatura entre o equador
dos pólos.
233
Glicoproteínas são proteínas que têm um ou mais açucares ligados que
nada mais são que cadeias também conhecidos como glicanos, que estão
ligados à cadeia de polipeptódeo (conjunto de aminoácidos) por ligação
covalente (ligação química caracterizada pelo compartilhamento de um ou
mais pares de elétrons entre átomos, causando uma atração mútua entre
eles, que mantêm a molécula resultante unida).
234
Por exemplo, peixe da espécie Pagothenia borchgrevinki que se
distribuem no Oceano Antártico são protegidos por glicoproteínas e peptídeos
que abaixam o ponto de congelamento de seu sangue, abaixo do ponto de
congelamento da água do mar evitando, assim, o congelamento do seu
sangue. Essas proteínas são sintetizadas no fígado, secretados para o
sangue e distribuídos para o corpo, onde vão evitar o congelamento pela
inibição do crescimento de cristais de gelo. Esses peixes possuem gelo nos
seus tecidos externos (tegumento, brânquias) enquanto os tecidos internos
estão livres de gelo.
4 - CONSIDERTAÇÕES FINAIS
235
extremamente quentes como os desertos e os vulcões, extrememente
radiativos onde ocorre minas de urânio, extremamente anôxidos como em
ambientes pantanosos e extremante frio como nos fundos marinhos e polos
onde habitam os peixes do gelo e equinodermas como a estrela do mar
alaranjads e o pepinos do mar, entre outros.
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Burton, A. And their blood ran cold. Frontiers in Ecology and the Environment.
v.:12,pg:368 -368, 2014.
Hans O. Pörtner, H. O., Lloyd Peck, L. & Somero, G. Thermal limits and
adaptation in marine Antarctic ectotherms: an integrative view. Philosophical
Transsactions of the Royal Society. B, 362, 2233–2258, 2007
236
Kristiansen, E., Zachariassen, K. E. The mechanism by which fish antifreeze
proteins cause thermal hysteresis. Cryobiology 51, 262–280, 2005
Prisco, G., Eastman J. T., Giordano, D., Parisi. E.& Verde, C. Biogeography
and adaptation of Notothenioid fish: Hemoglobin function and globin–gene
evolution. Gene 398:143–155, 2007.
237