CURITIBA, Luana. Violência Contra o Idoso Na Mídia Impressa Capixaba
CURITIBA, Luana. Violência Contra o Idoso Na Mídia Impressa Capixaba
CURITIBA, Luana. Violência Contra o Idoso Na Mídia Impressa Capixaba
VITÓRIA
2014
JOZIANE SOUZA CALMON
LUANA CURITIBA DIAS
VITÓRIA
2014
JOZIANE SOUZA CALMON
Aprovada em ____/______/_______.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________
Profª. Drª. Maria das Graças Cunha Gomes
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Orientador(a)
___________________________________
Profª. Drª. Cenira Andrade de Oliveira
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
___________________________________
Profª. Drª Gilsa Helena Barcelos
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Agradecemos ao corpo docente desta universidade por
nos apresentar um novo olhar sobre o mundo. Em
especial a professora Aniele Zanardo Pinholato pela
insistência em querer nos acompanhar até o final deste
processo. À nossa orientadora Maria das Graças Cunha
Gomes, por nos acolher em um momento delicado de
forma profissional e responsável durante o percurso
deste trabalho. Obrigada pelo apoio e insistência para
que alcançássemos nossos objetivos. À professora
Cenira Andrade de Oliveira pelo empréstimo de
bibliografias importantes a esta pesquisa. Enfim, a todos
que contribuíram para realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS – JOZIANE
Ao meu amado esposo Rafael pelas horas que foi deixado de lado para que eu
cumprisse esse estudo.
À minha vó Maria, que já não está comigo, e à minha “vó Celi” - ...só Deus sabe o
quanto eu te amo, obrigada pelas conversas que tanto me acalmam - vocês devem
ser as principais “culpadas” pelo meu grande prazer de estar tão perto do público
idoso, obrigada;
À Liziene, obrigada por esta amizade conflituosa, pelos diálogos dos “porquês e de
caráter existenciais”, por me ajudar com as minhas dúvidas, e nas piores fases que
já vivi... por me ouvir;
Aos meus tios e tias, pelo incentivo, em especial a tia Penha... obrigada por estar
sempre aberta para me ajudar, pelos incentivos, por ser quem me acode nos
momentos de “socorro”;
Aos meus colegas do Salesiano: em especial Hirlã, amigo que sempre se mostra
muito aberto para as minhas análises e dúvidas; e Cida, agradeço pela forma
carinhosa, com amor, que sempre me tratou, e pelo incentivo enorme para eu
encarar um sonho que se tornou realidade: entrar na UFES;
Às minhas colegas de Núcleo... como eu poderei esquecer? Mari, Angélica, Luzia,
Renata... passamos ótimos momentos juntas! Foram muitos os aprendizados.
E...Lorena, você não sabe como foi importante a força que me deu durante o tempo
que passamos juntas, e nos momentos mais difíceis durante a graduação e de
tcc...obrigada;
Agradeço a Profª Graça, não só por aceitar o desafio de orientar um tcc em menos
de 3 meses, mas também, pelo carisma, por ter estado aberta durante todo o meu
período de núcleo e de estágio para os meus questionamentos, e pela maneira
sábia de lidar com situações aparentemente incontornáveis. E também à Profª
Cenira, pela sensibilidade e compreensão;
Por último, agradeço ao meu grupo, pois juntas passamos por momentos
inacreditáveis: de troca de orientadora, sustos com tcc, apertos de datas de entrega,
enfim, por momentos que eu tinha praticamente certeza que não passaríamos, mas
passamos. E, em especial à Josi... pelos muitos momentos –como sempre lembrado
por você- em que saiamos mais de dez horas da noite da UFES, pela calma
incompreensível que já se esgotava no final do tcc, e pelo esforço e
dedicação...fomos guerreiras, e estamos vencendo.
AGRADECIMENTOS - MARCELA
Ao meu esposo Epifanio pela contribuição com sua experiência acadêmica neste
processo. Sem sua ajuda eu não venceria!
Deus e ao anjo da guarda nos quais eu tanto acredito, e que se fizeram presentes
em todo processo. As luzes de vocês iluminaram meu caminho durante o percurso
deste trabalho!
A todos que de alguma forma ajudaram, agradeço por acreditarem no meu potencial,
nas minhas ideias, nos meus devaneios.
AGRADECIMENTOS - MARIA LINDAMAR
Agradeço ao meu Pai Celestial pela oportunidade de vir a esta terra para além das
provações, adquirir conhecimentos e por meio dele, o prazer de conhecer pessoas
especiais que trilharam este caminho comigo.
À minha mãe e irmão, que mesmo não fazendo mais parte deste mundo, são e
sempre serão, exemplos de fé e humildade.
Aos meus amados e eternos filhos Danilo e Edghard, por terem compreendido os
momentos em que precisei me ausentar (mesmo que só fisicamente) de seus
cotidianos.
Ao meu querido irmão Léo, pelo apoio incondicional, não somente neste, mas em
todos os momentos de minha vida.
E por fim, mas tão importante quanto os demais citados, meu esposo Finamore, por
se mostrar compreensivo em minhas inquietações típicas deste processo.
“Desconfiai do mais trivial, na aparência
singelo. Examinai, sobretudo, o que parece
habitual. Suplicamos expressamente: não
aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de
confusão organizada, de arbitrariedade
consciente, de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer
impossível de mudar.”
Bertold Brecht
RESUMO
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido através dos recortes do jornal A Gazeta no ano
de 2013 buscando identificar como a violência contra o idoso foi retratada por este
jornal. Para isso adquiriu-se recortes de uma pesquisa em andamento do NEEAPI
(Núcleo de Estudos Sobre o Envelhecimento e Assessoramento à Pessoa Idosa)
vinculado ao departamento de Serviço Social, do Centro de Ciências Jurídicas e
Econômicas (CCJE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Segundo o
IBGE, o público escolhido representou no ano de 2013, 14,9 milhões da população
do Brasil. Mesmo sendo um número grande, através de nossos estudos
constatamos que o idoso sofre com diversas formas de violência (física, psicológica,
financeira, sexual, abandono e negligência) –como também constatado através da
pesquisa ao jornal- que em três grandes dimensões (sociopolítica, institucional e
intrafamiliar) chamam atenção para a falta de políticas eficazes para evitar a
violência contra este segmento. Como ferramenta, atualmente sob o domínio da
classe dominante, os meios de comunicação, podem e devem ser utilizados pela
sociedade e em especial pelo profissional de serviço social, como divulgador desta
violência e meio legitimador da necessidade de criação de novos direitos ou real
efetivação dos já existentes.
This work was developed through the cutouts of the Gazette newspaper in 2013
seeking to identify how violence against the elderly was portrayed by this newspaper.
For it was acquired clippings ongoing research of NEEAPI (Center for the Study of
Aging and the Elderly Advisory) linked to the Department of Social Services, from the
Federal University of Espírito Santo Center of Legal and Economic Sciences (CCJE)
(UFES). According to IBGE, the chosen audience represented in 2013, 14.9 million
of Brazil's population. Even being a large number, through our studies we found that
the elderly suffer from various forms of violence (physical, psychological, financial,
sexual, abandonment and neglect)-as also found through research that the jornal- in
three large (sociopolitical , institutional and intrafamilial) call attention to the lack of
effective policies to prevent violence against this segment. As a tool, currently under
the control of the ruling class, the media, can and should be used by society and
especially by social service professional, as this promoter and legitimating violence
through the need to create new rights or proper enforcement of existing.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 17
2 A VELHICE E O ENVELHECIMENTO....................................................................... 21
2.3 VIOLÊNCIA............................................................................................................. 51
3 O JORNAL “A GAZETA”......................................................................................... 61
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 78
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 84
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR............................................................................... 90
ANEXOS........................................................................................................................ 91
1 INTRODUÇÃO
Para tal proposta fizemos uma incursão teórica sobre a questão do envelhecimento,
da violência e da mídia. A partir destas informações e com os documentos de
análise, desenvolvemos uma leitura qualificada das notícias.
Assim como o envelhecimento, a violência também pode ser vista de várias formas.
Apoiamo-nos em Faleiros (2007) para entendê-la em suas dimensões (sociopolítica,
intrafamiliar e institucional), mas foi através da conceituação colocada por Minayo
(2005) que foi possível identificar a violência nas reportagens trabalhadas,
tipificando-as como física, psicológica, sexual, financeira, autonegligência, abandono
e negligência.
Para tal objetivo utilizamos a pesquisa documental. Este tipo de pesquisa, conforme
abordam Silva, Almeida e Guidani (2009), é um procedimento que utiliza métodos e
técnicas para apreensão, compreensão e análise de documentos os mais variados
possíveis. Essa pesquisa recorre a materiais que ainda não receberam tratamentos
analíticos, ou seja, fontes primárias.
1
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, que “integra os sistemas de informação de
teses e dissertações existentes nas instituições de ensino e pesquisa brasileiras, e também estimula
o registro e a publicação de teses e dissertações em meio eletrônico” (Disponível em
<http://www.im.ufrj.br/biblioteca/?p=1937> . Acessado em 02 dez2013).
19
Paralelo a este trabalho esta sendo realizada uma pesquisa sobre o “Idoso na mídia
impressa capixaba” em andamento desde 2012, pelo NEEAPI, vinculado ao
Departamento de Serviço Social, do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas
(CCJE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Esta pesquisa consiste
em recortar todas as reportagens que direta ou indiretamente falam sobre a pessoa
idosa, tabulando e analisando-as. Os eixos selecionados para análise nesta
pesquisa são: violência, acessibilidade, serviços, cultura, lazer, e relações
intergeracionais. As tabulações abordam o ano de 2012 e 2013, sendo que dos
eixos abordados pela pesquisa do NEEAPI, utilizamos o que tange a violência,
especificamente no ano de 2013, ano escolhido por ser o mais recente, no período
de construção deste trabalho. Para o acesso e análise dos dados da pesquisa do
NEEAPI, foi solicitada autorização à coordenação do programa que respondeu
positivamente à execução do trabalho.
2 A VELHICE E O ENVELHECIMENTO
Falar do idoso, nas diversas épocas, segundo Beauvoir (1990) nunca foi tarefa fácil,
considerando que raramente se fazia referência ao mesmo. Os idosos, nas
considerações da autora, eram incorporados ao conjunto dos adultos.
Como é penoso o fim de um velho! Ele se enfraquece a cada dia; sua vista
cansa, seus ouvidos tornam-se surdos; sua força declina; seu coração não
tem mais repouso; sua boca torna-se silenciosa e não fala mais. Suas
faculdades intelectuais diminuem, e lhe é impossível lembrar-se hoje do que
aconteceu ontem. Todos os ossos doem. As ocupações que até
recentemente causavam prazer só se realizam com dificuldade, e o sentido
do paladar desaparece. A velhice é o pior dos infortúnios que pode afligir
um homem. O nariz entope, não se pode mais sentir nenhum odor (PTAH-
HOTEP apud BEAUVOIR , 1990, p.114).
A citação acima apresenta uma dimensão de como o idoso era visto há séculos
atrás. Hoje a visão do envelhecimento tem mudado, sendo vista de forma mais
positiva, porém, de forma diversa e resultante de determinações físicas, sociais e
econômicas. Confirmando isto, Beauvoir (1990) considera que “a imagem da velhice
é incerta, confusa, contraditória” (BEAUVOIR,1990, p.109). Ela classificou a velhice
como um fenômeno biológico que acarreta consequências psicológicas, tem
dimensão existencial, não é um fenômeno estático e sim o resultado de um
processo.
Partindo do mesmo princípio que a autora acima citada, Veras (1994) também
defende que um único conceito de velhice é difícil de ser afirmado, visto que há
22
[...] Quando uma pessoa se torna velha? Aos 50, 60, 65, ou 70 anos? Nada
flutua mais do que os limites da velhice em termos de complexidade
sociológica, psicológica e social. Uma pessoa é tão velha quanto suas
artérias, seu cérebro, seu coração, sua moral ou sua situação civil? Ou é a
maneira pela qual outras pessoas passam a encarar certas características
que classifica as pessoas como velhas? (VERAS, 1994, p. 25).
E argumenta que:
[...] velhice não pode ser interpretada pelas Ciências Sociais como uma
categoria única, abstrata, desprovida de pressupostos econômicos, sociais
e históricos. Nas sociedades contemporâneas convivem lado a lado as
diversas velhices: dos pobres, dos ricos, das camadas médias, dos
inválidos, dos que mantêm sua autonomia, do trabalho e a do lazer, a rural
e a urbana, a excluída e a inserida na luta pelos direitos, a de homens e a
das mulheres, dos asilados e dos chefes de domicílio, e assim por diante.
Por isso, o ideal seria não se falar a respeito da velhice, mas sim a respeito
das velhices (COUTRIM, 2006, s.p.).
“sua história particular, e todos os aspectos estruturais (classe, gênero, etnia) a eles
relacionados, como saúde, educação e condições econômicas” (MINAYO,
COIMBRA, 2002, p. 14).
2008, p. 62). Essa mercadoria perde seu valor, quando perde sua capacidade de
uso, principalmente pela idade avançada.
A autora ainda aponta que o trabalhador envelhece ao ter seu tempo de vida
subordinado ao trabalho, no entanto, ele não participa da riqueza socialmente
produzida. Processo que ocorre de forma diferente em cada classe. A partir desse
ponto, podemos problematizar a questão de classe no
envelhecimento, considerando que no capitalismo existe “a classe que detém o
capital mantém-se proprietária dele, a classe que porta a força de trabalho continua
a só dispor dela” (NETTO; BRAZ, 2010, p.137). Fica evidente que “o homem
envelhece sob determinadas condições de vida, fruto do lugar que ocupa nas
relações de produção e reprodução social” (TEIXEIRA, 2008, p. 81).
É necessário afirmar que há, na sociedade capitalista, uma contradição que como
diz Iamamoto (2011), é fundamental a esta sociedade. Segundo ela, esta
contradição está na origem do capitalismo, onde alguns têm acesso “à natureza, à
cultura, à ciência” (IAMAMOTO, 2011, p. 28) e outros em contraface, vivem na
crescente miséria e pauperização. A Questão Social, assim aparece como:
A contradição causada pelo capital versus trabalho é a grande questão, que provoca
diversas expressões que de forma gritante atingem a classe mais pobre. A gênese
da Questão Social, segundo Santos (2012), é explicada pelo processo de
acumulação do capital. A pobreza e a desigualdade entre os membros de uma
sociedade já existiam antes do capitalismo, porém, como colocado por Santos
(2012), a diferença está no fato de que no capitalismo, sua existência é socialmente
produzida. A pobreza existente antes era
Hoje, as forças produtivas que antes, como citado acima pela autora, eram pouco
desenvolvidas, avançam cada vez mais. Porém, a pobreza, e as várias outras
expressões da questão social existente, continuam.
26
Santos (2012), expõe que cada expressão da Questão Social tem uma forma de se
manifestar, mesmo que tenha sido causado por um uma única contradição. A
precarização das condições de vida dos trabalhadores, desde o início do capitalismo
traz péssimos resultados para a vida dos mesmos. Sobre as péssimas condições
encontradas desde o início da concentração da produção, Santos expõe que:
Segundo Teixeira (2008), esta exploração da força de trabalho faz com que o
trabalhador esteja esgotado ainda em idade mediana, havendo assim um processo
de degradação natural. Quando o trabalhador já não é mais interessante ao capital,
os salários e a posição dentro da indústria se tornam cada vez menores, e a opção
de sobrevivência para estes, muitas vezes é o trabalho precário, temporário e
informal, necessitando algumas vezes ainda da assistência pública ou do
voluntariado.
As autoras apontam também que foi superada a visão do idoso como vulnerável e
dependente passando -esse segmento- a ser visto como ativo e atuante. Assim,
tivemos em 1999, a comemoração do “Ano Internacional do Idoso”.
Em 2002 aconteceu o Plano de Madri. Foi um plano mais amplo, com 35 objetivos e
239 recomendações. Estas recomendações foram voltadas para os governos
nacionais, destacando também a importância da cooperação internacional. Este
plano, segundo Camarano; Pasinato, obteve um aspecto diferencial que eram as
parcerias com membros da sociedade civil e com o setor privado. Porém, com
algumas limitações, pois suas recomendações eram vagas: um plano único sem
considerar as diversidades regionais (CAMARANO; PASINATO, 2004).
Teixeira (2008) faz um critica a PNI ao apontar que “A PNI é uma legislação
moderna que reforça a característica brasileira de legislações complexas, ricas de
proteção social, entretanto, com nítido caráter formal, legalista que não se expressa
em ações efetivas de proteção” (TEIXEIRA, 2008, p. 266).
Com essa crítica a autora revela que há fragilidades na PNI quanto à consolidação
das ações, o que podemos notar no art. 10º que aponta a necessidade de se
estimular alternativas de atendimento aos idosos, como centros de cuidados diurnos,
casas lares, oficinas obrigadas de trabalho e atendimentos domiciliares. Neste
sentido concordamos com Teixeira (2008) quando percebermos que essas ações
estão na legislação, no entanto, não é uma realidade vivida em boa parte dos
estados brasileiros, tendo em vista as desigualdades existentes.
Em 2003, foi promulgada a Lei nº 10.741 que dispõe sobre o Estatuto do Idoso, essa
lei reafirma os direitos existentes na Constituição, esclarecendo no art. 10º que é
32
Um dos fatos que nos chamou a atenção foi que, há uma divergência entre o
Estatuto do Idoso que considera idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60
anos, e a LOAS que considera idosa a pessoa com 65 anos ou mais, o que
desfigura o acesso aos direitos. O Estatuto do Idoso diverge e ao mesmo tempo
concorda ao definir no art. 39º, que fica assegurada a gratuidade dos transportes
coletivos públicos a partir dos 65 anos.
Para melhor avaliação dessas diferenças nas políticas destinadas aos idosos,
consideramos que o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), instituído em
2002, por meio do decreto nº 4.227, tem muito a contribuir. Conforme esse decreto o
CNDI é composto por um representante de cada um dos Ministérios (saúde,
esporte, educação) e os demais, por dois representantes do Ministério da
Assistência e Previdência, e por dez representantes da sociedade civil atuantes na
promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa2.
Isso nos remete a pensar que as leis são avanços, um demarcador de lutas
históricas, onde a velhice e o envelhecimento conquistam garantias nas políticas
sociais. Entretanto, precisamos de mais avanços para obtenção de maiores
2
Informações do Conselho Nacional dos direitos do Idoso retiradas do site:
<http://www.ipea.gov.br/participacao/conselhos/conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-
lgbt/132-conselho-nacional-dos-direitos-do-idoso/266-conselho-nacional-de-direitos-do-idoso>.
3
Ibid., (2)
33
Posto o baixo nível da taxa de fecundidade no decorrer dos anos significa que há
uma elevação da população idosa ou “que há um envelhecimento pela base, isto é
quando decresce o número de nascidos no país” (PINHOLATO, 2013, p.107). A fim
de demonstrar a fala da autora, fazemos uso do seguinte gráfico:
A Síntese dos Indicadores Sociais de 2013 publicados pelo IBGE indica que o
envelhecimento é uma questão de gênero ao apontar que a população idosa 51,3%
é a proporção de mulheres e 48,7 % é a de homens. Esse indicativo possui um
35
A Síntese dos Indicadores Sociais de 2013, indicam que os idosos que trabalham
apresentam um percentual alto na informalidade. As taxas foram de 46,9% para
70,8% em 2012, levando-se em consideração que os idosos aposentados voltam ao
mercado de trabalho para complementar a renda, ou como um meio de socialização.
Camarano (2002) aponta que as famílias que possuem idosos aposentados estão
em condições econômicas melhores, pois contam com os benefícios previdenciários
desses idosos, sendo possível notar que os mesmos estão assumindo um
novo papel na família: o de participar com sua renda na renda familiar.
37
Há uma responsabilização dos idosos, que pode ser explicada por Debert (2012), ao
falar dos gerontólogos. Segundo a autora, quatro elementos do discurso
gerontológico constroem a imagem dos velhos no sentido de “transformar a velhice
em uma questão política ou em propor práticas que promovam um envelhecimento
bem-sucedido” (DEBERT, 2012, p. 198).
Debert (2012), sobre os quatro pontos colocados pelos gerontólogos, expõe que é
difícil saber se este discurso influenciou na criação de políticas para a população
idosa. Porém, coloca que após 1990, este tema, cada vez mais, começou a
preocupar a sociedade brasileira. O resultado de novas pesquisas e a imagem da
velhice na mídia contrastam como será mostrado abaixo, com o próprio discurso dos
gerontólogos.
Nas novelas, porém, a tendência está sendo mostrar personagens velhos de forma
privilegiada: se relacionando com mais jovens, sendo ricos, com poder,
revolucionando a moral sexual, adotando estilos alternativos, etc. Nas reportagens
de televisão a velhice é retratada através de velhos abandonados, mas que
geralmente logo depois, como diz Debert (2012), contrasta-se mostrando velhos que
desenvolvem suas atividades normalmente. Eles também mostram os problemas da
aposentadoria em 1990, com a luta dos aposentados em torno dos 147%4. Falam da
condição de miséria e vulnerabilidade dos mais velhos, sendo, porém, que por outro
lado, mostra-se nos jornais e televisão, por exemplo, militantes do movimento dos
4
Movimento organizado que ocupou a cena política brasileira, no final de 1991 e começo de 1992. A
luta pelos 147% “ visava repor as perdas no montante das aposentadorias e pensões, que perderam
seu valor real ao longo do processo inflacionário brasileiro nos anos 1980” (DBERT, 2012, p. 139).
Azevedo (2012) expõe que foi uma luta pela correção “do valor dos proventos dos aposentados/as e
pensionistas pelo mesmo índice de correção do salário mínimo. Naquela ocasião, a Portaria nº. 485
concedeu reajustes diferenciados aos aposentados/as e pensionistas. Para aqueles/as que
ganhavam até um salário mínimo, o reajuste foi de 147,06%. Aos demais, que ganhavam acima de
um salário mínimo, o reajuste dos benefícios foi de 54,6%” (AZEVEDO, 2012, p.97).
40
147% que ainda lúcidos e participantes estão prontos para lutar contra “ todo tipo de
preconceito e discriminação por parte do Estado e dos políticos”(DEBERT, 2012, p.
219).
Debert (2012) coloca a dificuldade que é falar da velhice no Brasil. Porém, o motivo
que a leva a pensar isto, é que de um lado os gerontólogos os traçam como vítimas
privilegiadas da miséria, mas que são mostrados pelos meios de comunicação como
seres lúcidos, participantes, ativos que querem se realizar e viver momentos felizes,
tendo apenas o dever de se auto realizar.
Esta visão culpabilizadora coloca os problemas da velhice, como algo de quem não
é ativo, sendo assim, culpa exclusiva deles. A interlocução de gerontólogos, mídia e
com espaços sociais para o envelhecimento trazem o processo de reprivatização,
que deixa de lado, o fato inegável de que o corpo, realmente está envelhecendo,
acreditando na “promessa de que –com esforço pessoal, com a adoção de estilos de
vida e formas de consumo adequadas- a velhice possa ser excluída do leque das
preocupações dos indivíduos e da sociedade” (DEBERT, 2012, p.191).
Os quatro pontos foram capazes de explicar, e pode sim, talvez representar a visão,
em parte, real dos idosos. Coloca-se em parte, pois, deve-se reconhecer que a visão
contrária que a mídia apresenta, também reflete uma realidade.
Debert (2012) apresenta o lado do idoso da revista, que aparece sempre como
aquele que não é nem desprezado nem abandonado. Nas palavras da autora, há:
E ainda:
Mesmo que de uma forma idealizada, Debert (2012) chama a atenção para o fato de
estar havendo produções falando desta faixa etária, surgindo ai um espaço nos
anúncios publicitários, que antes era dominado pela juventude. A autora coloca que
o interesse principal ainda está neles, porém, cada vez mais estudos sobre a
população mais velha são encontrados.
Como já colocado acima, a mídia que antes era predominantemente voltada para o
público jovem começou a voltar-se a um novo público: o idoso. Como é objetivo
deste trabalho, nos interessa de forma mais especifica saber como esta ferramenta
aborda a violência contra o seguimento mais envelhecido da população, no jornal A
Gazeta, porém, antes disso, achamos necessário, saber que instrumento é este, a
quem ele serve, e se é mesmo possível uma manifestação imparcial nas notícias
publicadas.
o que faz da ideologia uma força quase impossível de ser destruída é o fato
de que a dominação real é justamente aquilo que a ideologia tem por
finalidade ocultar. Em outras palavras a ideologia nasce para fazer com que
os homens creiam que suas vidas são o que são em decorrência da ação
de certas entidades (a Natureza, os deuses ou Deus, a Razão ou a Ciência,
a Sociedade, o Estado), que existem em si e por si e ás quais é legitimo e
legal que se submetam. Ora, como a experiência vivida imediata e a
alienação confirmam tais idéias, a ideologia simplesmente cristaliza em
verdades a visão invertida do real. Seu papel é fazer com que no lugar dos
dominantes apareçam ideias “verdadeiras” (CHAUÍ, 2012, p.95-96).
Apesar disso, o outro lado que existe e que também é abordado por Ruiz (2009) é o
de influenciar o povo na luta por seus direitos, através, por exemplo, das novelas.
Talvez, este seja o momento em que somos capazes - com contribuições das
reflexões de Vaz (2009) - de visualizar que por trás de qualquer meio de
comunicação há um produtor, um jornalista, enfim, alguém que trabalha para este
instrumento fluir. Este produtor, por um lado, fica preso as técnicas de produção
(forma do título, forma do parágrafo, resumindo as principais informações das
reportagens no primeiro parágrafo), ao tempo, à produções que não necessitem de
muita reflexão por parte do receptor/leitor e sim afirmações, descontextualização da
notícia, distanciando o fato do real contexto, buscando fazer da notícia um
verdadeiro espetáculo da realidade, que segundo os autores supracitados, é sempre
possível nas reportagens sobre violência.
Por outro lado, este produtor/jornalista busca, quanto quer e é possível, uma
resistência aos discursos hegemônicos, através de mecanismos alternativos.
Moraes (2009), sobre isso, fala do dramaturgo e esquerdista Oduvaldo Vianna Fillho
que ajudou a renovar a teledramaturgia, em meio à censura e ao controle ideológico
da Globo. Para isto, ele, ao invés de recusar trabalhar numa rede como esta, usou o
seriado “A Grande família” para abordar “desigualdades sociais, o drama da classe
média empobrecida e as mazelas políticas do país, através de alusões , ironias,
bom-humor e metáforas”( MORAES, 2009, p. 49).
Segundo o autor, Oduvaldo ainda dizia que apesar de trabalhar para uma rede como
esta, não se pode deixar de denunciar a manipulação e omissão da mídia de acordo
com os interesses políticos e econômicos, pois segundo o dramaturgo, o problema
não é o que a TV mostra e sim o que ela deixa de mostrar (MORAES, 2009).
45
A comunicação que se deseja ter como direito é mais que liberdade de expressão ou
de ter informação, é poder produzir e veicular informações, de dizer e ser ouvido, de
“ser protagonista de um sistema de comunicação plural” (RUIZ, 2009, p. 97)
compreendendo a comunicação como uma bem público pertencente a sociedade,
como algo que deveria ser indispensável (RUIZ, 2009).
Neste meio, entraria o assistente social como participante da luta por uma
democratização dos meios de comunicação, deslindando, como coloca os autores,
os fundamentos mostrados pela mídia de acordo com a visão neoliberalista. Esta
seria mais uma ferramenta deste profissional, lutando pela “ ampliação e
consolidação da cidadania, a defesa do aprofundamento da democracia” (ARRAIS,
2009, p. 350), podendo utilizar deste meio como forma de se manter informado,
utilizando de sua visão crítica para analisar as informações recebidas, além de poder
usá-los como porta-vozes dos direitos humanos (ARRAIS, 2009).
luta, organização e combate no campo das idéias, tendo um caráter educativo (VAZ,
2009).
Assim “[...] O jornalista conta o que vê. Mas o que vê depende do que ele pensa, de
suas crenças e experiência, de sua subjetividade” (VAZ, 2009, p. 115). Além disso,
“o fato já nasce como relato” (VAZ, 2009, p. 115).
O jornalista, como mostrado por Vaz (2009), aparece com uma função
extremamente difícil, pois, ele luta contra os desejos mercadológicos e a ideologia
midiática, contra ele mesmo – contra seus próprios preconceitos, modo de ver o
mundo, senso comum - , além disso, contra uma realidade que não depende dele,
49
que é o fato de, por exemplo, em uma entrevista a uma pessoa analfabeta, ter que
editar o discurso do entrevistado para fazer com ele seja entendido.
Além da televisão, a Rede Globo buscou atingir outros públicos ao produzir jornais
impressos, utilizando uma linguagem para o povo, capitalizando as opiniões desta
classe. Como resposta, na contramão dessas agencias de comunicação em massa,
as agências alternativas criticam os meios de comunicação convencional, e grupos
como dos movimentos sociais passaram a produzir seus próprios meios de
comunicação – as mídias alternativas-, tendo, porém de forma concreta o
rompimento com a imparcialidade. Estas, viram nas ferramentas digitais uma
alternativa para a produção e difusão de notícias priorizando a temática dos direitos
(ZANETTI, 2009).
2.3 VIOLÊNCIA
Sobre a violência, Odalia (1991) expõe que a primeira imagem que temos dela é a
agressão física, que atinge o homem no que possui: seu corpo, bens, família e
amigos. Essa é a violência que está presente em todos os lados, tanto em bairros
sofisticados como em favelas. Diante disso percebe-se mudanças nos bairros
6
Estas informações podem ser confirmadas através da visita ao site da do
G1(<http://g1.globo.com/videos/espirito-santo/estv-1edicao/>), porém, nenhum texto explicando cada
quadro existente no jornal foi encontrado.
52
sofisticados, em sua arquitetura urbana, onde as casas que antes tinham seu
espaço visual ampliado com jardins, agora, passam a ser projetada com espaços
fechados com altos muros ( favorecendo o isolamento familiar, pois a casa não é
mais compreendida como local de tranqüilidade e sim de refúgio contra a vida
exterior), fazendo com que o autor inclusive, veja semelhança com os antigos
castelos medievais. Já nas favelas, a violência não pode ser evitada com os muros,
por ser uma realidade na qual os moradores convivem com muita proximidade
(ODALIA, 1991). Sobre isso o autor afirma que a “arma contra a violência é permitir
que a promiscuidade e o hábito teçam uma rede de conformismo que, aqui ou ali
rompida, não deixam de funcionar como uma falsa proteção” (ODALIA, 1991, p. 12).
Ao se pensar na origem da violência, Odalia (1991), fala da idade média onde havia
violentas punições aos criminosos, hereges e apóstolos do cristianismo que tinham
as mãos decepadas, mortes públicas, purificações em fogueiras, lembrando que a
violência não é algo presente somente em algumas épocas.
Ele lembra que essas são violências físicas, mas, existem também àquelas
violências que são sutis e maliciosas, que sujeitam o corpo e o espírito do homem
como apontam o autor:
[...] para que o índio pudesse ser considerado um ser humano houve a
necessidade de uma bula papal, declarando ser ele possuidor de uma
alma. E que os negros até 1888 foram considerados como coisas que
podiam ser compradas, vendidas, trocadas, permutadas, gastas de acordo
com a vontade soberana de seu Senhor (ODALIA, 1991, p. 18).
Ao contrário de épocas atrás –conforme colocado acima- , hoje, agredir uma pessoa
física e moralmente, se tornou ilegal. Dizer que algo é lícito ou ilícito é algo
construído em cada sociedade. A destruição de patrimônio, quando um criminoso é
morto e todos ficam aliviados, quando uma mulher que é agredida pelo marido e
revida com a mesma intensidade e todos se sentem satisfeitos. Estas são faces da
violência (BAIERL, 2004).
Há um lado da face onde o agressor, pode se tornar o agredido, e assim também ser
violentado, ou mesmo, onde o agressor, só se tornou um, pelas várias violências
sofridas ao longo de sua vida.
53
A violência, como mostrado por Baierl (2004), aparece para todos, porém, de formas
diferentes. A autora coloca que uma criança, por exemplo, que mora na favela que
convive com cenas de morte, terá uma visão diferenciada, da de uma criança que só
vê a mesma violência, pela televisão. Há, segundo a autora, aqueles que convivem
com os tipos de violência mais cruéis – conforme colocado acima através de Odalai
(1991) -, e aqueles que só a visualizam num real imaginário. Mesmo estes, que a
visualizam num real imaginário, sabe-se que também são suscetíveis de sofrerem
com alguma das faces da violência.
Como colocado por Baierl (2004), com o passar dos anos, novos medos, causados
pelas novas formas de violência aparecem, fazendo assim, da violência “[...] produto
de processos mais amplos nos quais se constituem e se desenvolvem as novas
formas de sociabilidade, aonde as relações sociais vêm sofrendo profundas
mudanças” (BAIERL, 2004, p. 24).
Por falar em Carta Magna, no artigo 226º, § 8º, a Constituição Federal afirma que o
Estado deve coibir a violência dentro das famílias e entre suas relações, além de ter
o dever de junto com a família e a sociedade “ amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-
estar e garantindo-lhes o direito à vida” (BRASIL, 1988, art. 230º).
A autora continua, colocando que o medo é apenas um sentimento, mas que produz
reações violentas, sendo instrumento de manipulação das pessoas, instrumento e
mecanismo de escravidão. Assim, a violência faz emergir o medo, levando “as
pessoas a paralisarem e alterarem suas relações e suas formas de ser no espaço
em que vivem em seus contextos individuais” (BAIERL, 2004, p.45).
7
Termo utilizado pela autora como algo construído socialmente, tendo sua gênese na coletividade, e
na dinâmica da mesma. Este medo é produzido e construído em certos contextos para atingir
objetivos como o de subjugar e dominar o outro/grupo através da intimidação e coerção (BAIERL,
2004).
55
Na Constituição Federal, a família – junto com o Estado – é colocada como uma das
responsáveis para proteger seus membros. Porém, Silva; França (2006) chamam a
atenção para o fato de que o ambiente familiar também é um espaço de violências,
opressões e abusos. Para Valadares; Souza (2010) a maioria das queixas de
violência ocorrida é por parentes sendo que:
Noventa por cento dos casos de violência contra esse grupo ocorrem no
interior dos lares; 2/3 dos agressores são filhos homens, noras, genros e
cônjuges, e há uma forte associação nos casos em que o agressor físico e
emocional usa drogas. Contribuem para a maior vulnerabilidade os
seguintes fatores: o agressor viver na mesma casa que a vítima; existirem
relações de dependência financeira entre pais e filhos; o ambiente de pouca
comunicação, pouco afeto e vínculos frouxos na família; o isolamento social
da família e da pessoa idosa; haver história de violência na família; o
cuidador ter sido vítima de violência doméstica; e a presença de qualquer
tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico. Em relação à violência cometida
contra idosos, estudos mostram a dificuldade das vítimas de revelarem os
maus-tratos, seja por constrangimento, seja por temor a punições e
retaliações de seus agressores (VALADARES; SOUZA, 2010, s.n.).
Silva; França (2006) colocam que o seio familiar, mesmo com estas características é
um local confortável, aonde mesmo sofrendo agressões, o idoso prefere continuar
nele. A sociedade capitalista obriga cada vez mais o idoso a estar dependente da
família, existindo:
56
Para este autor o tema violência contra o idoso ainda é muito incipiente,
considerando que apenas nos anos de 1970 estudiosos voltaram-se à questão
discorrendo sobre o tema da violência intrafamiliar. Porém, a partir de 1980 o
número de pesquisas e publicações ganharam força.
Para a Organização Mundial de Saúde, conforme colocado por Paz, Melo e Soriano,
a violência é definida
Paz, Melo; Soriano (2012) expõe que as denúncias de negligências e maus tratos
são comuns no âmbito das instituições de saúde e assistência social, porém, nada
57
A política deste Estado, começou por Pinochet, em 1973 no Chile, seguido depois
por Thatcher (Inglaterra) e Reager (Estados Unidos). Ela ingressou no Brasil
plenamente, através do governo de Collor, em 1989 (MONTAÑO; DURIGUETTO,
2010).
E esta, que é uma violência do Estado, recai como um ato individual. Eles afirmam
que é pela
[...] plena ineficiência e ineficácia do Estado de gerir com responsabilidade e
compromisso ético os fundos públicos, as políticas públicas e ações que na
prática devem ser aplicadas com a finalidade de melhorar as condições de
vida do povo e, por conseguinte, dos idosos (PAZ, MELO; SORIANO, 2012,
p. 71).
como um fator individual, fragmentado, mas como um todo” (PAZ, MELO; SORIANO,
2012, p. 68).
Entre os tipos de violência que mais afetam a população idosa, para além das que
são diretamente causadas pelo Estado, Minayo (2005), expõe e as define de forma
clara, como:
Outra violência existente e comum a este segmento é o assédio moral, causada por
uma aposentadoria forçada e/ou repentina, podendo causar depressão e até a
morte. Aqui no Brasil, apesar de ser proibida a discriminação pela idade na
contratação de funcionários, há a contradição na aposentadoria compulsória
estabelecida pelo governo aos 70 anos (SILVA; FRANÇA, 2006).
Baierl (2004) fala da triste realidade da violência, que alimenta a cultura do medo,
apesar de ter se tornado como algo que faz parte do cotidiano das pessoas, algo
que virou um hábito. Segundo a autora, “os altos índices de violência sempre
atraíram manchetes de jornais, principalmente aquelas notícias em que a crueldade
parece na sua maior sordidez” (BAIERL, 2004, p. 51).
É esta violência que já se tornou comum que vamos observar de forma específica no
ano de 2013 no segundo capítulo deste trabalho.
61
3 O JORNAL “A GAZETA”8
O jornal A Gazeta foi fundado em 11 de setembro de 1928 por Thiers Velloso, sendo
o veículo mais antigo da Rede, afiliado a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e ao
Instituto Verificador de Circulação (IVC). Este jornal além do conhecimento nacional
é considerado um dos “maiores jornais de média circulação no país” e circulando em
todos os municípios do Espírito Santo e em parte dos Estados de “Minas Gerais e
Bahia, e nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro” justificando o porquê
de em algumas reportagens analisadas serem encontradas informações de outros
Estados. Este jornal possui cerca de 90 jornalistas e “uma circulação média de 45
mil exemplares, chegando ao número de 90 mil aos domingos”.
Nos seus 86 anos de existência, segundo o site pesquisado, ela soube dar passos
importantes tecnologicamente, passando em 1992 a ter edições diárias impressas
em cores e, em 1994, “inaugurou o sistema de redação informatizada”, criando, em
1995, A Gazeta Online.
8
Informações obtidas no site:< http://www.aberje.com.br/antigo/guia/redecor.htm>.Acessado em
junho2014.
62
Declara que por se fazer presente na comunidade, acredita que a maior contribuição
que pode dar à sociedade é usar seu poder de mobilização para dar visibilidade a
projetos, causas e campanhas desenvolvidos em entidades, além de mobilizar,
prestar contas e esclarecer a sociedade.
9
Informações podem ser encontradas através da visita ao site da do G1. Disponível em
<http://gazetaonline.globo.com/index.php?id=/redegazeta/capa/index.php>. Acesso em 06 jun..2014.
10
Informações retiradas do subprojeto de Iniciação Cientifica “O idoso na mídia impressa capixaba:
determinantes ideológicos e culturais no envelhecimento”.
64
Reportagens Mensais
DEZEMBRO
NOVEMBRO
OUTUBRO
SETEMBRO
AGOSTO
JULHO
JUNHO Reportagens Mensais
MAIO
ABRIL
MARÇO
FEVEREIRO
JANEIRO
11
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO. Subprojeto de Iniciação Cientifica do NEEAPI,
2013.
65
Judith Hosken Souza, 79 anos, foi resgata por policiais que tiveram
que serrar um cadeado da casa. Segundo a idosa ela teria sido trancada pela
neta durante o carnaval, não sendo essa a primeira vez que ela sofre maus
tratos. Em uma das portas havia marcas de um banco de madeira que a neta
teria jogado contra a avó. Não havia comida no local, e Judith também não
havia tomado banho, pois precisa de ajuda para realizar algumas atividades.
Ontem a idosa teria sido alimentada por vizinhos que lhe deram de comer
pela grade. Ao ver a viatura da policia, a idosa começou a chorar.
Ela foi levada para dois abrigos de Vila Velha que não tinha ninguém
para recebê-la, e depois, para o Hospital Antonio Bezerra de Faria e
encaminhada para Hospital da Mulher.Segundo vizinhos a agressão estaria
acontecendo há 4 meses, desde que a neta de 21 anos teria ido morar na
casa da avó. A jovem ainda estaria usando o cartão da aposentadoria da
idosa. Vizinhos contam que já viram a namorada da neta beliscar Judith,
mandando ela entrar para casa.
reportagens falando do mesmo idoso ( episódio Judith –Quadro 1), foi o mês que
mais se cometeu crimes, segundo esta pesquisa.
É importante lembrar que o mês de junho - que apareceu em quarto lugar (9,21%),
entre os meses que mais se cometeu violência contra este público, conforme
mostrado no gráfico 3 -no dia 15, é tido como o Dia Mundial de Conscientização da
Violência contra a Pessoa Idosa12. Neste dia, o jornal publicou um caso falando
sobre a violência contra o idoso e até citou atos públicos feitos para lembrar a data,
porém, este não parecia ser o foco principal da reportagem já que o título da
matéria, “Aposentado estupra idoso com microcefalia dentro de asilo” não
evidenciava que no final da matéria, este dia seria lembrado.
Os tipos de violência, foram classificados de acordo com Minayo (2005), que tipificou
a violência em: física, negligência, financeira, institucional, psicológica, abandono e
sexual. Os números encontrados foram:
12
Maiores informações no site: <http://www.nuppess.uff.br/index.php/15-de-junho-dia-mundial-de-
conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa>. Acessado em Jul/2014.
67
SEXUAL
INSTITUCIONAL
INUSITADAS
PSICOLOGICA
FINANCEIRA
FÍSICA
Gráfico 4 – Distribuição de frequência dos tipos de violência reportada do ano de 2013, em uma
amostra de 75 reportagens do Jornal A Gazeta.
Fonte: dados construídos pelas pesquisadoras por meio de documentos de pesquisa do NEEAPI.
Acredita-se que o fato de a vítima ficar sob a mira de um revólver causou para além
da violência financeira, a psicológica, conforme foi contabilizada.
O caso desta idosa deixou claro que uma mesma pessoa pode sofrer diversos tipos
de violência. Neste caso, houve a violência financeira, física, psicológica,
negligência, abandono e institucional. Sendo que para este último tipo de violência,
foi feita uma reportagem com o título “Idosa abandonada: feriado atrasa polícia”
onde o chefe da Polícia Civil admite que o que atrasou as investigações foi o feriado
de Carnaval, chamando a atenção para o fato de que a delegacia do idoso, por ser
especializada, tem funcionamento diferenciado e reduzido em relação às delegacias
não especializadas.
HOMENS
43%
MULHERES
56%
Gráfico 5 – Distribuição de frequência das vítimas da violência reportada do ano de 2013, em uma
amostra de 75 reportagens do Jornal A Gazeta.
Fonte: dados construídos pelas pesquisadoras por meio de documentos de pesquisa do NEEAPI.
Baseadas nas leituras feitas, em que se incluem a do IBGE 2013, identificamos que
a morte por causas externas, entre elas a violência, é maior entre o sexo masculino.
Porém, a nossa pesquisa, apontou para uma predominância da violência contra a
mulher idosa –que como colocado por Camarano (2002), vive mais, havendo uma
feminização da velhice. Esta diferença pode ser explicada por alguns fatores.
Quantitativo de agressores
Mulheres idosas que cometeram violência
Instituições agressoras
Quantitativo de agressores
Em relação à dimensão das notícias, sua classificação foi feita segundo o aporte
teórico de Faleiros (2007), que as divide em sociopolítica, intrafamiliar e institucional.
Os dados encontrados foram:
72
INTRAFAMILIAR
15,38%
SOCIOPOLÍTICA
76,92%
dela querer que o avô passe o apartamento dele para o nome dela. Segundo
ele, esta não era a primeira vez que a neta o agrediu.
Ao falar que ela havia entrado numa rua errada, ela começou agredir
segurando-o pela blusa, e ainda queria descer do carro para chutá-lo mas o
marido da outra neta não deixou. A neta agressora disse que só os levaria
para o destino se a gasolina e o almoço dela fossem pagos. Ela deixou o
cunhado, avo e a irmã no meio da estrada.
Nas matérias analisadas não foram encontrados altos índices de reportagens, onde
o agressor era o familiar da vítima idosa. Porém, sabe-se que o tempo de corte para
análise é pequeno para se colocar contra a afirmativa de Valadares e Souza, que diz
que “Noventa por cento dos casos de violência contra esse grupo ocorrem no interior
dos lares; 2/3 dos agressores são filhos homens, noras, genros e cônjuges, e há
uma forte associação nos casos em que o agressor físico e emocional usa drogas.”
(VALADARES; SOUZA, 2010, s.n.). Apesar de nossa pesquisa não concordar em
números com a afirmação de Valadares e Souza (2010) - pois a pesquisa apontou
para uma existência acentuada da violência sociopolítica - os agressores citados
pelos autores estiveram presentes em nossa pesquisa.
74
Em relação aos dados de maneira geral, pode-se concluir que no ano de 2013, das
75 reportagens, observou-se uma violência que é maior no mês de fevereiro, que é
cometida principalmente por estranhos, sendo que os maiores tipos cometidos foram
a física, financeira e psicológica. Além disso, como colocado acima, constata-se que
os maiores agressores são do sexo masculino (sendo que dos 38,6% dos
agressores, apenas 2,6% são idosos), além de haver uma feminização da velhice há
uma feminização referente às vitimas de violência.
alguma forma estas reportagens poderiam contribuir para uma melhor análise e
compreensão deste meio de comunicação (jornal A Gazeta). Algumas serão
abordadas neste texto.
Idosa de 64 anos, que há cinco meses perdeu seu filho usuário de drogas,
76
Apesar da forte tendência especulativa e por vezes acrítica das reportagens, não
entrou na nossa contagem, porém, chamou-nos atenção reportagens que apenas
destacavam a violência contra a pessoa idosa, sem porém, falar de um idoso
específico.
A prefeitura da Serra, conta com o SOS Idoso. Após denúncia, uma equipe
vai ao local, conversa com a família e com o idoso. A assistente social afirma
que as maiorias dos casos são por negligência.
Sendo assim, dentro desta categoria “outros” - que não foram catalogadas-, das 9
reportagens colocadas nesta categoria: 2 falam dos idosos, 2 o idoso sofreu de
forma indireta, 1 o idoso é testemunha e 4 falam de um aposentado (de 59, 58 e 57
anos e 1 aposentado de idade não revelada). Neste sentido foi entendido que o
jornal fala deste segmento mais velho independentemente de seu protagonismo no
caso reportado.
78
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficou claro na análise que o jornal nas matérias analisadas pouco se atenta a
informar sobre os direitos desses idosos. Não foi constatada nas notícias a presença
de informações que evidenciassem as leis de proteção a esses idosos como o
Estatuto do Idoso (2003). No ano em que o Estatuto do idoso completava 10 anos-
especificamente do dia 01 de outubro, mês que por sinal, não se encontrou
nenhuma reportagem que falasse da violência e ao mesmo tempo lembrasse que
este tipo de agressão infringia esta lei- nos assusta o quanto este é negado, omitido
e o número alto de violências cometido a este segmento.
Em nenhum momento conseguimos negar que esta mídia contribui para que a
informação de alguma forma chegue até seus usuários, inclusive, algumas
reportagens publicadas, até facilitavam a visualização do problema social. Não
consideramos que a pesquisa tenha sido capaz de dizer qual o objetivo deste meio
de comunicação. Entretanto, podemos afirmar que há uma ideologia, uma forma de
pensamento que se quer construir, e que caminha de acordo com as reflexões dos
autores citados no primeiro capítulo deste trabalho. Fica claro isso, quando vemos a
construção de um “sentimento” pela mídia, na população – como foi no caso da Srª
Judith - fazendo certa mobilização social ainda que de forma superficial em prol do
caso que foi repetido inúmeras vezes. A partir do estudo dos dados podemos
80
perceber que as informações que chegam aos leitores tem apenas polemizado de
forma acrítica os acontecimentos cotidianos.
Este jornal afirma servir a população e ao mesmo tempo garantir liderança, buscar a
transparência e ser isento e plural (sendo que em relação a quê não é explicado). E
ainda, de estimular a liberdade de expressão e fortalecer a democracia fazendo com
que as pessoas que têm acesso a suas reportagens formem suas próprias opiniões,
contribuindo ainda para a análise crítica da população. Apesar de concordamos que
alguma mobilização ou inquietação mínima são capazes de surgir com a leitura do
jornal, não acreditamos no caráter imparcial de suas informações, estando
embutidos nas matérias, valores que correspondente à classe dominante. Eles
informam, mas também “pretendem seduzir o conjunto dos cidadãos desvirtuando
ou ampliando sua linha editorial” (RAMONET, 2013, p. 54), estando acima de tudo a
afirmação de sua ideologia e interesses de mercado.
Entende-se que não foram publicados mais casos de violência, por não atrair
lucratividade - por não chamar tanta atenção da população. Em relação a isto
retornamos ao caso da Srª Judith. O que aconteceria se o jornal apenas falasse
81
dessa reportagem 1(uma) vez, sem dar tanta ênfase como eles e outros meios de
comunicação deram? Será que o leitor iria sentir a diferença ou gostar do “novo”
jornal que mostra “novas informações”? Ou ainda, para um jornal que pouco
acompanhou/deu resposta a determinados acontecimentos, porque não acompanhar
a conclusão do caso de todas as reportagens, ao invés de apenas acompanhar o
que lhe interessa?
Os jornais não estão dispostos a correr o risco de abaixar o índice de audiência com
“qualquer” novo acontecimento. Seleciona-se o que vai vender, e o que vende é
divulgado. E, assim, através do que foi escolhido para ser divulgado, a população
tem acesso.
Através dos estudos feitos, em especial após estudos da política nacional do idoso,
e os números de violência no ano de 2013 adquiridos através da pesquisa,
confirmamos a necessidade da criação de políticas voltadas para a violência contra
o idoso. A necessidade de políticas para o combate a uma violência que aparece
silenciada na sociedade, apesar dos números gritantes, constitui-se numa
necessidade premente e uma dívida inadiável em termos de proteção pública.
Referente ao papel do serviço social neste processo Paz, Melo; Soriano (2012)
evidenciam que:
Este tema não pode fugir aos olhos dos assistentes sociais, como principais
atores no processo de implementação de políticas públicas, dentre elas as
que abrangem a atenção e proteção à pessoa idosa, representadas no
projeto de pesquisa pelos programas de captação de denúncias de
violências praticadas contra a pessoa idosa (PAZ, MELO; SORIANO, 2012,
p. 80).
13
Delegacia do idoso: 3227 9545 - Endereço: Av. Nossa Senhora da Penha, 2290, Santa Luiza,
Vitória - ES CEP 29045-402.
83
Para além das lutas que garantem a integridade do idoso, é fundamental ressaltar
que ele está inserido numa conjuntura de banalização dos direitos de toda a
sociedade. Sofrendo com as inúmeras expressões da Questão Social, existentes
dentro de um sistema –capitalista- que é explorador e desigual.
[...] distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política, ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição (ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES
UNIDAS,1948, artº 2).
REFERÊNCIAS
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CAMARANO, Ana Amélia .Os Novos Idosos Brasileiros: Muito além dos 60 anos?
Rio de Janeiro: IPEA, 2004, p. 25 – 73. Disponível em:
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3012/1/Livro-
Os_novos_idosos_brasileiros-muito_al%C3%A9m_dos_60>. Acessado em: 14 Fev.
2014.
CONJUR Terceira idade: Lula assina decreto que cria Conselho Nacional dos
Direitos do Idoso, CONSULTOR JURÍDICO, [S.I.: s.n., 2004]. Disponível em: <
http://www.conjur.com.br/2004-jun-
23/governo_cria_conselho_nacional_direitos_idoso > Acesso em 11 Jun. 2014.
______. Síntese dos Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida do
Rio de Janeiro: População Brasileira, 2013.
MORAES, Dênis de. Sistema midiático, mercantilização cultural e poder mundial. In:
MORAES, Dênis de; RAMONET, Ignácio; SERRANO, Pascual. Mídia, poder e
contrapoder: da concepção monopólica à democratização da informação. São
Paulo: Bomtempo; Rio de Janeiro: FAPERJ, 2013.
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política: Uma introdução Crítica.
São Paulo: Cortez, 2010.
VAZ, Ana Lucia. Jornalismo para escapar da correnteza. In: SALES, Mione
Apolinario ; RUIZ, Jefferson Lee de Souza. Mídia, Questão Social e Serviço
Social. São Paulo: Cortez, 2009.
VERAS, Renato P. País jovem com cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil.
Rio de Janeiro: UERJ, 1994.
90
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ANEXOS
Fonte: dados construídos pelas pesquisadoras por meio de documentos de pesquisa do NEEAPI.
92
Aposentada de 63 anos foi agredida por quatro assaltantes entre eles uma
mulher, quando chegava em casa com o carro após ir a uma farmácia. Dois
dos assaltantes estavam armados. Os bandidos ainda empurraram a idosa
que caiu e bateu com as costas em uma grade de bicicleta. Ela já tinha
problemas crônicos na coluna, e ainda ficou com dores fortes nas costas. No
carro havia celular, roupas, sapatos, sombrinha e jaquetas de couro. Esta é a
segunda vez que a aposentada tem carro roubado. Este último carro ela
comprou em julho do ano passado, e ainda tem 21 prestações para pagar.
Fonte: dados construídos pelas pesquisadoras por meio de documentos de pesquisa do NEEAPI.