Vitor Hugo Monteiro Ferreira
Vitor Hugo Monteiro Ferreira
Vitor Hugo Monteiro Ferreira
por
Orientada por:
2013
Nota Biográfica
II
Agradecimentos
Agradeço também aos meus pais pelo apoio de me deram minha na decisão de
prosseguir o meu percurso académico e ingressar neste mestrado.
Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer à minha esposa, Sofia,
pelo carinho, força, alento e tudo o mais que me foi dando ao longo de toda esta etapa
do meu percurso académico, especialmente destaque nestes últimos meses, não só pela
paciência demonstrada, como também pelo apoio que sempre me concedeu.
III
Resumo
O transporte de mercadorias ao nível europeu tem sido, de uma forma geral, baseado
num modelo de transporte unimodal, sendo realizado um uso excessivo do transporte
rodoviário, ao qual Portugal representa um dos países mais dependentes deste modo de
transporte. Sendo o modo rodoviário que maior impacto assume ao nível das
externalidades negativas, as orientações comunitárias assumem que será urgente alterar
o modo de transporte das mercadorias em espaço europeu, tendo vindo a penalizar o
transporte rodoviário de forma a desincentivar o mesmo e promovendo a
intermodalidade no transporte de mercadorias.
Assim sendo, coloca-se a questão acerca das repercussões, por um lado, do aumento dos
custos de transporte rodoviários de mercadorias e, por outro lado, da análise dos
cenários em que a intermodalidade do transporte permite ganhos de eficiência aos níveis
dos seus custos e, por fim, qual o impacto a curto e longo prazo dessas medidas para o
setor exportador português.
IV
Abstract
Being so many questions have arisen regarding the impact of, on one hand, the rising
costs of road transport of goods and on the other hand, the analysis of scenarios in
which intermodal transport allows gains in efficiency and finally, what impact this will
bring in the short and long term for Portuguese export sector.
It thus appears that intermodal as transport mode, depending on the distance, the value
of the goods and their perishability, and other operational costs, may be a more efficient
alternative to road transport alone, but its however essential that transport
infrastructures are capable of providing an effective efficiency in terms of costs and
transit time.
V
Índice
1 – Introdução ...............................................................................................................1
4.3 – A Intermodalidade........................................................................................... 38
VI
6.1.3 – Transporte fluvial ..................................................................................... 47
8 – Conclusão .............................................................................................................. 65
VII
Índice de Figuras
VIII
1 – Introdução
Este trabalho encontra-se assim dividido em oito capítulos. Após uma breve introdução,
o capítulo seguinte pretende apresentar os objetivos deste estudo, bem como a
metodologia a que se recorreu para a análise das conclusões.
1
contexto nacional e europeu do transporte de mercadorias, bem como uma
demonstração da integração europeia na Europa e desafios de investimento futuros.
Seguidamente, no sexto capítulo, será realizada uma análise aos modos alternativos ao
transporte rodoviário. Neste mesmo capítulo pretende-se demonstrar, por um lado, que a
intermodalidade poderá ser uma alternativa mais eficiente em termos de custos de
transporte, podendo essa mesma eficiência originar uma redefinição do mercado atual.
2
2 – Objetivos do Estudo e Metodologia Aplicada
Assim, este estudo procurará realizar uma análise dos custos de transporte suportados
pelas empresas exportadoras e se os mesmos serão uma eventual barreira ao comércio
internacional europeu daquelas empresas.
Este estudo visa ainda abordar uma nova forma de compreender o setor dos transportes
de mercadorias em Portugal, procurando-se analisar os eventuais ganhos de eficiência
da intermodalidade do transporte e o impacto desses mesmos ganhos de eficiência para
as empresas exportadoras. Pretende-se desta forma analisar neste estudo que a
intermodalidade no transporte de mercadorias poderá permitir a obtenção de economias
de escala, entre outros, possibilitando-se assim uma redução de custos para as empresas
exportadoras.
Para além da análise dos custos de transporte, será realizado o recurso ao modelo
apresentado por Hanssen, et el (2012), inovador em matéria de custos de transporte
intermodal e a sua necessária adaptação para o setor exportador nacional, procurando-se
analisar, por um lado, soluções alternativas ao transporte rodoviário, cujos custos
tenderão a vir a ser aumentados e, por outro lado, as condições desejáveis para a
melhoria da eficiência dos custos de transporte.
3
3 – Enquadramento Teórico
Definindo o mercado do transporte de mercadorias de uma forma geral, quase que surge
como evidente que o mesmo será definido pela necessidade de transportar mercadorias
desde um determinado ponto até um outro.
Ainda segundo o mesmo autor (2010), o mercado de transportes nacional será aquele
realizado dentro de um mesmo país. Por último, o mercado de transportes global será
constituído por aquele que se realiza em movimentações de mercadorias entre vários
países (ou até mesmo continentes).
1
O conceito de Transporte apresentado por Kenneth Button no seu estudo é muito mais amplo que aquele
que se apresenta neste trabalho. Enquanto o estudo de Button abrange o Transporte como o seu todo –
enquanto necessidade de movimentação quer de pessoas, quer de bens – neste estudo o conceito de
Transporte será apenas cingido à movimentação de mercadorias, ou seja, bens.
4
Desta forma, a noção do espaço do transporte, ou seja, a dimensão geográfica do fluxo
da mercadoria, desde a sua origem até ao seu destino será um dos fatores que serão
determinantes para a definição do mercado. A dimensão geográfica poderá assim
assumir-se como nacional (local ou regional) ou global (internacional ou
intercontinental). Na verdade, parece evidente que empresas transportadoras irão assim
concorrer pelo mercado de transporte de mercadorias em cada uma das suas dimensões,
podendo ainda atuar numa dimensão apenas ou em todas, dependendo das suas
capacidades e/ou opções estratégicas.
Desta forma, poderemos assim retirar duas ilações. Se por um lado, o transporte
marítimo se revela uma melhor opção para transporte de mercadorias mais pesadas e/ou
volumosas, por outro, o transporte aéreo será tendencialmente a melhor opção para
mercadorias de elevado valor e de peso mais baixo (menor índice de preço/tonelada).
5
indica Hummels (2001) que o tempo estimado para chegada ao destino poderá ser de
apenas um dia (ou ainda menos).
Acrescente-se ainda que tanto Hummels (2001) como Button (2010) indicam o elevado
custo do transporte aéreo como uma grande desvantagem. Revela-se porém
compreensível que para mercadorias perecíveis ou de necessária entrega urgente, a via
aérea, em grandes distâncias, tornar-se-á o meio mais adequado.
Desta forma, poderemos desde já concluir pela existência de três formas distintas de
definição do mercado de transporte de mercadorias, ou seja, pela distância a percorrer,
pela natureza ou tipo de mercadoria a transportar e pelo tempo requerido no mesmo
transporte. Efetivamente, o mercado de transporte de mercadorias será disputado nestas
três vertentes e em cada um dos seus segmentos, conforme se irá analisar nos capítulos
posteriores.
Conforme se depreende pelo exposto, poderemos concluir que este mercado poderá
também observar vários níveis de concentração, em cada uma das suas vertentes e
segmentos. De facto, essa concorrência existente pelas diferentes vertentes do mercado
de transporte de mercadorias irá diferenciar as estratégias a adotar por cada uma das
empresas que aí concorrem.
Desta forma, viria Michael Porter (1979) a desenvolver uma teoria no âmbito das
estratégias competitivas, em que se referiam as forças que exercem influencia nas
estratégias das empresas, às quais esta deveria ter em atenção de forma a poder
direcionar as suas ações para que o sucesso fosse alcançado. Viria ainda a reforçar esta
mesma teoria no seu célebre estudo acerca das cinco forças que moldariam a estratégia
empresarial, também conhecido como as cinco forças de Porter (Porter, 2008).
Essas cinco forças seriam assim constituídas pelo poder dos clientes, o poder dos
fornecedores, a ameaça de potenciais entrantes no mercado e a existência produtos/
serviços substitutos, que por sua vez influenciam a concorrência no setor (e a
consequente rivalidade entre as empresas), conforme se poderá verificar na Figura 1.
Como tal, e aplicando a teoria de Porter a este estudo, importa assim identificar os
intervenientes no mercado de transporte de mercadorias.
6
Figura 1: As cinco forças que influenciam as estratégias das empresa s
Potenciais
Entradas
Ameaça de novas
entradas
Poder
Negocial dos
Fornecedores
Concorrentes no
Poder dos Poder dos
Setor (Rivalidade
Fornecedores Clientes
entre as Empresas)
Poder
Negocial dos
Clientes
Ameaça de Produtos
Substitutos
Potenciais
Entradas
Ora como se julga previsível, os clientes deste mercado serão as empresas 2 que
pretendam fazer deslocar os seus produtos até aos seus clientes. Tal como se verificou
anteriormente, será ainda de ressalvar que estes clientes interagem em cada uma das
vertentes anteriormente nomeadas de forma diferente, com o consequente impacto no
seu próprio poder de negociação.
Já quanto aos fornecedores das empresas que concorrem neste mercado, existem
também níveis diferentes de poder de fornecedor. Assim, podemos afirmar que existem
fornecedores com reduzido poder de negociação, que pouco poderão influenciar o
mercado. Poder-se-á referir, a título de mero exemplo, fornecedores de componentes de
desgaste de viaturas de transporte rodoviário (por exemplo, fornecedores de pneus). No
entanto, empresas fornecedores de componentes para aviões, dada a sua especificidade
técnica, já poderão ter um maior poder negocial pois, tal como refere Porter (1979), esse
2
Apesar de se identificarem neste estudo somente empresas que necessitem de transportes de
mercadorias, também existem indivíduos que requerem o mesmo. Porém, quando se tratam de
deslocações curtas, ou com custos relativamente pequenos (quer em termos económicos, quer em termos
de logística e manuseamento da mercadoria) este tipo de clientes potenciais opta por efetuar aquelas
deslocações por seu próprio meio, ao invés de recorrerem a empresas especializadas no transporte, o qual
são o cerne deste estudo. Quando assim não o é, também se revela como uma ocorrência muito pouco
significativa para o setor, pelo que não serão tidos em consideração nesta análise.
7
mercado, sendo mais concentrado, fornece um maior poder ao fornecedor, afetando
portando o mercado de transporte aéreo.
Porém, existe um grupo de fornecedores que exerce uma pressão ainda mais perverso
sobre o mercado de transportes de mercadorias no seu todo, afetando-o de forma
inequívoca. Na verdade, os fornecedores de combustíveis possuem um poder elevado,
dada a estrutura oligopolista desse mesmo mercado. Como tal, e uma vez que todos os
tipos de transporte requerem combustíveis, será inegável o facto de que o mercado dos
transportes seja diretamente afetado com a oscilação de preços desses mesmos
combustíveis.
3
Regra geral, os produtos substitutos são aqueles cujos consumidores os consideram de qualidade
inferior, ou que lhes atribuem um menor valor, sendo portanto previsível que os produtos de maior valor
percecionado ou de qualidade superior funcionem como barómetro do mercado em que se inserem.
8
Por fim, resta assim abordar a ameaça de novas entradas. Tal como apresenta Porter
quer na sua primeira abordagem em 1979, quer na sua nova conceptualização desta
mesma teoria, em 2008, a entrada de novos concorrentes no mercado acrescenta
capacidade ao mercado, bem como o desejo daqueles entrantes em conquistar quotas de
mercado aos incumbentes acrescentando-se ainda que poderão ser acrescentados mais
recursos ao mercado (quando, por exemplo uma empresa de um determinado mercado
entra num mercado diferente, trazendo consigo as rendas excedentárias de que
beneficiou no mercado original – onde se mantém – e investindo-as no mercado onde se
estará a instalar).
No entanto, Porter já na sua teoria original (1979) alertava para o facto de que a ameaça
de entrada apenas ocorrer em função das barreiras que existam para os entrantes nesse
mesmo mercado. Assim, Porter (1979) identifica seis tipos de barreiras à entrada, os
quais se irá enumerar:
1. Economias de escala;
2. Diferenciação de Produto;
3. Alocação de Capital de Investimento (Custos afundados);
4. Desvantagens em termos de Custos independentemente do tamanho;
5. Acesso aos Canais de Distribuição;
6. Política Governamental.
Relativamente á primeira barreira, a qual Porter (1979) identifica como uma das
principais barreiras à entrada, refira-se que as economias de escala poderão
efetivamente bloquear qualquer tentativa de entrada no mercado, uma vez que obrigam
o entrante a investir e produzir rapidamente em larga escala ou, caso contrário, incorrer
o risco de participar no mercado com custos superiores.
Por sua vez, a diferenciação do produto constitui uma barreira à entrada no mercado na
medida em que caberá ao entrante conseguir superar a lealdade dos consumidores para
com a marca.
Já quanto aos custos afundados, acrescente-se que quanto mais elevado for a
necessidade desse capital, menor será a atratividade do investimento por parte de
9
eventuais entrantes. De referir que, por norma, esses requerimentos de capital tendem a
ser não-retornáveis, o que aumenta o risco de perdas totais em casos de fracasso das
empresas entrantes, pelo que a entrada não se torna apetecível.
A quarta barreira identificada por Porter (1979) refere-se à curva de aprendizagem que
as empresas incumbentes, por norma, beneficiam, uma vez que se encontram já
inseridas no mercado. Essas curvas de aprendizagem estão geralmente associadas às
curvas de experiência, dotando a incumbente de conhecimentos que a entrante não
possui, fornecendo-lhe assim vantagem competitiva.
Assim sendo, caberá às potenciais entrantes analisar o mercado e avaliar se a entrada lhe
permitirá obter maiores ganhos, tornando-se-lhe atrativa a entrada no mercado. Porém, a
não ser as restrições políticas à entrada ou os elevados custos afundados, as restantes
10
barreiras não são facilmente observáveis, existindo uma natural assimetria de
informação entre a entrante e a incumbente.
Embora, de forma geral, o mercado de transportes de mercadorias não seja tão sensível
aos picos, não deixa de ser inegável que os mesmos existam e, de facto, revelem uma
grande influência na procura nesse mercado.
Será ainda de destacar que devido aos ciclos naturais de produção das empresas, exista
um aumento da procura de transportes no final da semana, existindo uma natural quebra
na procura de transportes nos períodos não laborais (fins-de-semana). Também se
assistirá a uma quebra na procura geral de transportes de mercadorias nos períodos
convencionalmente considerados de férias, pela natural baixa da produção.
11
Button (2010) chama ainda a atenção para a influência na procura exercida pela
distância pretendida na deslocação. Tal como já referido na definição do mercado de
transporte de mercadorias, existe uma natural influência na procura de diferentes tipos
de transporte exercida pela distância a percorrer requerida por esse mesmo transporte. O
mesmo autor alerta ainda para o facto da influência de elasticidade cruzada na procura
de diferentes tipos de transporte apenas ocorrer quando os mesmos concorrem no
mesmo mercado, revelando-se verdadeiramente uma alternativa.
Porém, tal como acontece com a generalidade dos produtos e serviços em termos
económicos, o fator que maior influência terá na procura desses mesmos bens e/ou
serviço será o seu preço. Porém, também o preço de outros bens e/ou serviços
(substitutos) irão influenciar a procura do primeiro, bens como as preferências dos
consumidores e os ganhos percecionados por estes (Button, 2010).
Contudo, Albarran, et al (2011) acrescentam ainda que o preço do transporte irá ainda
influenciar até onde poderão as empresas deslocar os seus próprios produtos. Ou seja, o
investimento em infraestruturas de transporte que permitam que as empresas
transportadoras possam baixar o seu preço, irá exercer uma influência direta nos preços
a praticar pelas empresas produtoras (principalmente as pequenas e médias empresas)
para que as mesmas se possam tornar mais competitivas em mercados externos (que
implicarão maiores distâncias nas deslocações dos seus produtos). Tal será ainda mais
evidente em determinados tipos de indústrias, cujos produtos poderão assumir custos de
transporte de maior relevância relativamente aos restantes custos marginais desses
mesmos produtos.
Resta ainda referir uma outra variável que irá influenciar a procura de determinado
modo de transporte. Essa variável será a do tempo de deslocação (Buton, 2010).
12
Ora se por um lado teremos assim a variável do preço do transporte, teremos ainda por
outro a vertente do tempo que o mesmo requer até ser concluído. Conforme já se referiu
anteriormente, o modo de transporte de mercadorias poderá ser selecionado pelo cliente
de acordo com a sua necessidade de realizar a entrega da mercadoria no seu cliente num
determinado espaço de tempo. Assim sendo, a procura de determinado modo de
transporte será assim influenciado por esta variável de elevada importância no dia-a-dia
das empresas.
No entanto, convém ainda não esquecer que o preço de determinado bem irá sempre ser
dependente do seu próprio custo de produção, influenciado assim a sua própria oferta
para o mercado e, por sua vez, a procura do mercado por esse mesmo bem.
Assim, poderemos concluir que os custos de um bem irão influenciar o preço a que os
fornecedores estarão dispostos a disponibilizar esse mesmo bem ao mercado, onde os
consumidores irão analisar se o preço do bem no mínimo iguala o valor que eles
próprios lhe atribuem. Esta será, de forma geral, a regra essencial e transversal a todos
os setores da economia.
13
Ainda de acordo com este princípio do mercado de transportes, importa referir que uma
economia desenvolvida e integrada inclui um elevado número de empresas, em diversas
localizações diferenciadas e, estando mais ou menos interligadas de forma direta ou
indireta, possuem necessidades de mobilidade, que deverão ser satisfeitas pelo mercado
de transportes (Rodrigue, 2013).
Desde logo importa ressalvar a existência de dois tipos de custos, sendo estes de
natureza fixa ou variável (Button, 2010). Os custos variáveis serão aqueles que estarão
diretamente implicados com a ocorrência do transporte em si mesmo, ou seja, aqueles
em que a empresa incorre assim que se inicia o transporte (caso contrário, os mesmos
não ocorrem). Já quanto aos custos fixos, serão assim representados por aqueles que
irão sempre existir, independentemente da ocorrência ou não do transporte em si
mesmo.
Embora tal possa nem sempre ocorrer em todos os setores do mercado de transportes,
nomeadamente com o transporte de passageiros, no mercado de transporte de
mercadorias, sujeito a uma concorrência efetiva, os preços tendem a ser ajustados de
acordo com a oferta disponibilizada e a procura existente. Sendo ainda um mercado
contestável, os preços a praticar tendem a igual os custos marginais das empresas de
transportes (Button, 2010). No entanto, Rodrigue (2013) acrescenta que os preços,
embora possam seguir a tendência de igualar os custos marginais, poderão ainda
corresponder a duas variáveis. Se por um lado o preço poderá refletir o custo do serviço,
por outro lado, poderá também refletir o valor do serviço.
Uma vez que para o consumidor do transporte de mercadorias, os custos que assume
não serão somente os decorrentes do valor que irá pagar para obter aquele serviço, mas
sim acrescidos dos custos de depreciação e/ou risco de incidente com as suas
14
mercadorias a transportar (por exemplo), a sua propensão para suportar um preço
superior por um serviço idêntico, embora de melhor qualidade, poderá ser maior, uma
vez que tendem a diminuir os custos globais de transporte.
Tal como tem vindo a ser referido, os custos do transporte serão determinantes no preço
a praticar por esse mesmo transporte, pelo que terão de ser tidas em conta eventuais
economias que poderão ser alcançadas no setor dos transportes de mercadorias, sendo
estes as economias de escala, de gama e de experiência.
Quanto às primeiras, indica Rodrigue (2013) que serão permitidas com o aumento das
capacidades de transporte. Será evidente que um aumento das quantidades transportadas
em determinada unidade de transporte permitirá diminuir o custo unitário de transporte
de cada mercadoria. Assim sendo, indica o mesmo autor que os custos de transporte de
mercadorias tendem a diminuir por cada unidade a transportar, de acordo com a
capacidade do veículo utilizada, vindo essa economia do custo a ser repercutida no
preço a aplicar ao consumidor do transporte de mercadorias.
A este propósito, Button (2010) acrescenta que estas economias de escala poderão ser
obtidas pela utilização de viaturas e/ou infraestruturas de maior capacidade.
4
Tendo em conta que se trata de mercados competitivos.
15
No entanto, existem ainda limites a esse aumento do tamanho dos veículos. Uma vez
que as estruturas de custos não são sempre descendentes em função do aumento das
capacidades, a partir de determinado nível de tamanho de viaturas surgem
deseconomias de escala (Button, 2010). O mesmo autor sugere ainda a evidência de que
existem restrições físicas naturais à utilização de viaturas a partir de determinadas
dimensões, uma vez que as mesmas se encontram fisicamente impossibilitadas de
alcançar determinados pontos geográficos ou, como no caso do transporte rodoviário de
mercadorias na Europa, existem restrições específicas ao setor, que impedem o
transporte de quantidades superiores a 24 toneladas por cada unidade de transporte.
Ao nível das infraestruturas, indica Rodrigue (2013) que quando estas apresentam
piores capacidades instaladas, os custos de operação tendem a aumentar. Desta forma,
infraestruturas de transportes mais desenvolvidas, que permitam a movimentação de
maiores capacidades, permitem a obtenção de economias quer ao nível dos custos de
manuseamento de cada unidade de mercadoria a transportar, quer ao nível dos ganhos
de eficiência e diminuição do grau de incerteza que fornecem.
Embora não se apresente tão atrativo à primeira vista, não deixa de ser interessante que
esta vertente, cumulativamente com as anteriores, possa ainda assim permitir alcançar
economias que cada uma delas, por si mesma, não alcançaria. Não deixa de ser
16
relevante salientar que para determinadas indústrias e/ou tipologias de serviços, as
frotas elevadas e, principalmente, diversificadas, permitem uma conjugação de serviços,
satisfazendo as necessidades dos consumidores a um custo e, consequentemente, preço,
tendencialmente mais baixo.
A este propósito, e quanto aos centros hub, Rodrigue (2007) indica que estes centros se
definem como os pontos centrais em termos localização das indústrias e centros de
decisão económica, que tendem a assumir um papel determinante em termos
geográficos das próprias atividades económicas. Como tal, possuem também uma rede
de transportes eficientemente desenvolvida, servindo de centro estratégico em termos de
transportes e de ligação entre várias localizações periféricas que mais diretamente se
relacionam com esses mesmos centros hub.
17
pontos de convergência, possuindo ainda infraestruturas e redes de transporte mais
desenvolvidas.
Por outro lado, gateways serão pontos que, pela sua localização estratégica, permitem a
criação de redes de transporte diversificadas e, por norma, convergentes entre os
diferentes modos de transporte. Rodrigue (2007) indica que os gateways, serão
localizações privilegiadas em termos de provisionamento de infraestruturas portuárias,
ferroviárias e/ou rodoviárias, permitindo desta forma uma fácil de eficiente comutação
das mercadorias entre os diferentes modos de transporte. Não raras vezes, serão os
Gateways que exercerão o controlo acerca da entrada e/ou saída de mercadorias entre as
diversas redes de transporte de determinadas regiões, países ou mesmo continentes
(Rodrigue, 2007).
Desta forma, acrescenta ainda Prentice (2006) que gateways diferem de centros hub
uma vez que enquanto estes serão centros estratégicos e de decisão a vários níveis
económicos, exercendo influência sobre os diversos pontos periféricos ao seu redor, os
gateways serão centros especializados na ligação entre centros hub diferentes,
permitindo a criação de corridors.
Assim sendo, Gillen, et al (2007) definem que estas redes de transportes especializadas
compreendem que um determinado centro hub exercerá uma importância essencial em
determinada localização geográfica. A dimensão geográfica de influência desse mesmo
centro hub será determinada de acordo com as limitações físicas, na maior parte dos
casos, ou outras, que de alguma forma restringem as trocas comerciais. Por sua vez, os
gateways localizam-se nas extremidades da zona de influência daquele centro hub e,
18
pela sua localização privilegiada, realizam a ligação necessária às trocas comerciais de
mercadorias entre outras zonas, através de corridors, assumindo um papel determinando
na obtenção de economias.
Uma vez que o tráfego de mercadorias tende a ser concentrado num determinado ponto
específico, será obtida uma minimização dos custos de transporte na utilização dos
corridors de larga escala (Gillen, et al, 2007).
Conforme verificado, os preços a praticar pelo transporte serão um reflexo dos custos
dos mesmos, que poderão ou não ser minimizados através da possibilidade da obtenção
de determinadas economias. Como tal, a minimização dos custos e a consequente
diminuição do preço a cobrar pelos serviços de transporte irão exercer uma influência
no aumento das quantidades procuradas desse mesmo serviço e, por sua vez na
disponibilidade da oferta.
Desta forma, será aceitável compreender que ao nível dos transportes, os preços serão
tendencialmente idênticos aos custos médios do fornecimento daquele serviço, que, a
longo prazo, tenderão a igualar os custos marginais do mesmo serviço 5.
5
Para mais desenvolvimentos sobre este assunto, consultar Button (2010: 118 e ss.)
19
Primeiramente esta teoria viria a apresentada por Lipsey e Lancaster (1956), onde num
dado momento, um equilíbrio económico não se traduz num preço de um bem igual ao
seu custo marginal, refletindo-se portanto numa situação de equilíbrio não exequível.
Concretizando, se os custos marginais de um bem A forem inferiores aos custos
marginais de um bem B – note-se que estamos a tratar de bens substitutos, conforme
alertado anteriormente na teoria de Porter (1979) – haverá a tendência natural em
equilíbrio de praticar o preço do bem A a um preço acima do seu custo marginal, com
consequentes perdas de bem-estar social.
Desta forma, o que Lipsey e Lancaster (1956) sugerem na sua teoria seria a adoção de
uma segunda melhor opção de equilíbrio de mercado, onde o desvio do preço em função
do seu custo marginal dos dois produtos tenderia a desviar-se na mesma proporção.
Button (2010) aplicaria esta mesma teoria ao mercado de transportes, alertando ainda
para o facto de que tal situação apresentada por Lipsey e Lancaster (1956) não seria
assim tão elementar na sua aplicação ao mercado. Uma vez que os produtos, mesmo que
substitutos, não apresentam soluções que preencham todos os requisitos para os
consumidores, aquela solução de equilíbrio não se revela tão simples de concretizar.
Aplicando os princípios desta teoria ao âmbito deste trabalho, ir-se-á assim exemplificar
com dois modos de transportes de mercadorias que possam, efetivamente, concorrer
pelo mesmo segmento de mercado. Assim, poderemos analisar o transporte terrestre de
mercadorias, comparando os dois modos de transporte que seriam previsíveis neste
ponto, assumindo-se assim o transporte rodoviário e o transporte ferroviário de
mercadorias.
Como tal, e comparando apenas em termos gerais, assume-se como que o custo
marginal do transporte rodoviário será inferior ao custo marginal do transporte
ferroviário (em termos globais e não unitários)6. Desta forma, poder-se-á indicar que
uma vez que o transporte ferroviário irá praticar um preço igual ao seu custo marginal, o
6
Para a compreensão deste exemplo terá de ser tido em consideração de que embora o transporte
ferroviário de mercadorias possa permitir uma obtenção de economias de escala, comparativamente ao
transporte rodoviário, os investimentos em infraestruturas para cada um desses modos poderá não ser
estruturalmente idêntico. Será necessário considerar que enquanto os investimentos em rodovias serão
partilhados entre o transporte de mercadorias e o transporte de passageiros, para o modo ferroviário
defende-se neste estudo o investimento em infraestruturas não partilhadas, ou seja, o investimento em
infraestruturas dedicadas ao transporte de mercadorias. Não estão também neste exemplo considerados os
custos com as externalidades, bem como os eventuais ganhos de eficiência com a intermodalidade.
20
transporte rodoviário poderá assim praticar um preço superior ao seu custo marginal,
abandonando assim a ocorrência de concorrência e entrando numa ocorrência de
monopólio, com a consequente perda de bem-estar social (Button, 2010).
Porém, Button (2010), referindo-se ainda aos estudos de Mishan (1962) e de Davis e
Whinston (1967) alerta para o facto de que em grande parte das indústrias, tal situação
de equilíbrio revela uma preocupação meramente pragmática.
O mesmo autor (2010) chama ainda a atenção de que frequentemente muitos países
optam também pela subsidiação de alguns modos de transporte com custos marginais
mais elevados, para que os preços a praticar possam ser inferiores àqueles custos,
21
permitindo ainda que seja alcançado o volume ótimo de tráfego, até ao nível de
maximização do bem-estar total.
Uma das questões que torna imperativa abordar quando a temática se trata dos
transportes, sejam de mercadorias ou de passageiros, será, sem dúvida, a questão das
externalidades.
Relativamente à poluição atmosférica, refira-se que o setor dos transportes será dos
setores que mais contribuem para esta externalidade. Sendo a atividade transportadora
utilizadora de combustíveis fosseis, que requerem combustão, os gases que a mesma
provoca na atmosfera torna-se na externalidade à qual a sociedade no geral mais atenção
22
fornece. Martins (2001) acrescenta ainda que estes efeitos poderão ser de impacto local,
regional e/ou global. No entanto, esses gases provocam ainda o denominado de “efeito
de estufa”, sendo uma preocupação a nível global, com o consequente aquecimento
global do planeta, originando este, por sua vez, subidas das temperaturas médias e ainda
o aumento do nível médio das águas do mar.
Apesar das suas mais variadas tipologias e nível de impacto na sociedade, será
inequívoco deduzir que as externalidades negativas implicam, necessariamente custos.
Acrescente-se ainda que será consensual o facto de que os mesmos deverão ser
internalizados no próprio setor dos transportes. No entanto, será na forma de
internalização desses custos que as soluções poderão divergir. Martins (2001) apresenta
assim duas formas de internalização dos mesmos. Se por um lado o autor apresenta uma
visão mais clássica de maximização da eficiência económica dos mercados, onde o
preço do serviço de transporte deverá ser igual ao seu custo marginal, sendo calculado
sempre ao nível do utilizador individual, apresenta ainda uma segunda visão, mais
pragmática, de regulação quantitativa de mecanismos geradores de custos externos, ou
seja, pela adoção de limites que não podiam ser ultrapassados dos mecanismos
geradores de custos externos.
23
empresa transportadora para a execução do serviço de transporte da sua mercadoria
(Brogan, et al, 2013).
Acrescente-se ainda que, não raras vezes, este dois mecanismos poderão ser utilizados
de forma simultânea e, até mesmo, de forma colaborante, como por exemplo no
transporte rodoviário, em que as unidades de transporte que sejam menos poluentes
(segundo o Regulamento nº 459/2012d da Comissão Europeia) sejam taxadas a um
valor inferior que as unidades de transporte com uma menor classificação Euro.
24
Assim sendo, e tratando-se eventualmente de uma das criações de maior impacto ao
nível do comércio internacional, o contentor, originalmente desenvolvido por Malcolm
McLean, viria a revolucionar o modo de transporte de mercadorias ao nível
internacional (Levinson, 2006).
Esta ideia de McLean viria a permitir por si só uma enorme economia em termos de
custos de manuseamento das mercadorias, sendo ainda o próprio contentor
particularmente desenvolvido de forma a permitir a sua colocação em qualquer modo de
transporte existente, beneficiando assim os custos das operações intermodais e
reduzindo os riscos de perdas e deterioração das mercadorias.
Levinson (2006) acrescenta ainda que o contentor desenvolvido por McLean viria a
chegar à Europa na segunda metade do século XX, originando à época uma redução
drástica dos custos operacionais nos portos, para além de fomentar a segurança e
rapidez das operações de carga e descarga dos navios7.
7
Para maiores desenvolvimentos da perspetiva histórica do desenvolvimento do contentor, consultar a
obra de Levinson (2006).
25
referência no transporte internacional de mercadorias, sendo mesmo utilizada de forma
a medir quer as capacidades de carga das unidades de transporte, quer as capacidades
instaladas das infraestruturas portuárias atuais.
26
4 – Questões Essenciais no Transporte de Mercadorias
Neste capítulo será efetuada uma abordagem a três conceitos essenciais ao estudo da
área dos transportes de mercadorias, abordagem essa tendo por base estudos prévios de
autores de investigações nessa mesma área e que, de uma forma geral, alicerçam os
objetivos presentes neste estudo.
Assim, os três conceitos a que se fará referência serão respeitantes aos custos de
transporte, de acordo com as análises de outros autores em termos de formulação e/ou
quantificação dos mesmos, a noção de tempo e distância, uma vez que também
representam uma componente essencial dos mesmos custos, embora sobre a perspetiva
dos consumidores e, por fim, uma abordagem teórica ao conceito de intermodalidade e
eventuais ganhos quer para as empresas de transporte de mercadorias, quer para os
consumidores desses mesmos transportes, quer ainda para toda a população de uma
forma geral.
Relativamente aos custos de transporte, importa desde logo ressalvar que, como será
evidente, os mesmos variam de acordo com o modo de transporte em análise, não só em
termos de custos diretos, como relativamente aos custos indiretos que tais operações de
transporte implicam.
No entanto, de forma a harmonizar o cálculo dos custos dos mesmos numa escala que
seja transversal a todos os modos de transporte, o output gerado seria medido através de
Unidades-Tempo-Distância (UTD), tais como, por exemplo, a unidade de transporte
toneladas/km8 (Jara-Diaz, 1982).
8
No original: toneladas/milhas
27
exemplo assumido, o próprio par de sapatos) e medir as quantidades produzidas, ou
mesmo as quantidades produzidas num determinado tempo (pelo número de pares de
sapatos produzidos ou as quantidades produzidas numa semana, respetivamente), já
relativamente à medição do processo produtivo dos transportes, será necessária uma
descrição qualitativa da mercadoria que estará a ser transportada, uma unidade física de
medida de referência (por exemplo, volume e/ou peso da mercadoria), bem como o seu
ponto de origem e o seu ponto de destino (Jara-Diaz, 1982).
De facto, Jara-Diaz (1982) viria a demonstrar no seu estudo uma formulação dos custos
de transporte num sistema cíclico de forma bastante inovadora 9. Assim, este autor viria
a correlacionar os seguintes elementos:
Já os segundo e terceiro elementos serão reflexo dos custos de transporte, tais como os
custos com combustíveis, trabalho (quer para operar veículo, quer para operar o
manuseamento da mercadoria) e outros custos de natureza variável, em função das
características do transporte (como taxas de circulação, taxas portuárias, entre outros),
bem como custos fixos e/ou afundados (tais como o acréscimo de uma nova unidade de
9
Para informações mais detalhadas acerca da formulação apresentada, consultar os estudos de Jara-Diaz,
Sergio (1982), “Transportation Product, Transportation Function and Cost Functions”, Transportation
Science, Vol. 16, Nº 4, pp. 522-539.
28
transporte – viatura, por exemplo) podendo estes últimos serem definidos pela empresa,
enquanto algumas restrições poderão não ser controladas por ela, tais como por exemplo
os limites de velocidade, restrições de circulação entre outros fatores exógenos, mas que
poderão influenciar os custos da própria empresa, tal como formulado por Jara-Diaz
(1982).
Outra questão relevante prende-se também com as economias de escala e/ou gama a que
se fez referência, que não estão unicamente relacionadas com a distância. Por fim,
acrescenta-se ainda uma outra fonte de ambiguidade referente à relação sugerida entre a
velocidade e capacidade de carga do veículo enquanto fator determinante dos custos do
transporte de mercadorias.
29
Porém, o ponto mais relevante que se poderá retirar desta análise será através da
confirmação da existência de economias de escala e/ou gama, que se tornam essenciais
para a identificação de eventuais monopólios naturais, fusões e necessidade de
regulação específica.
30
unidades de transporte, capacidades dos mesmos, velocidades (mesmos que com limites
impostos), entre outros.
Poderemos ainda concluir que as duas formas de economia, quer de escala, quer de
gama, poderão ser obtidas de forma simultânea para o mesmo fluxo de produto/
produtos desde o ponto de origem ao ponto de destino, recorrendo à otimização das
31
estruturas de transporte e de rotas, ajustando as maiores capacidades instaladas
(unidades de transporte de maiores capacidades) nas ligações entre pontos hub,
permitindo usufruir de economias de escala e posteriormente rentabilizar as unidades de
menores capacidades (e de menores custos) na ligações entre os pontos hub, e os
restantes, cujos fluxos de produtos serão menores, permitindo também usufruir da
obtenção de economias de gama. Esta análise permite ainda a expansão das redes
instaladas, podendo mesmo diminuir as noções de tempo e distância percecionada pelos
consumidores de transportes de mercadorias.
Conforme se verificou, para uma análise dos custos de transporte segundo a perspetiva
das empresas transportadoras, as noções de tempo e de distância ser-lhe-á uma variável
importante, mas não a única.
Poderemos desde já descortinar que uma grande quantidade dos fluxos de mercadorias
ao nível internacional se concentra entre países que partilham uma fronteira terreste
(Hummels, 2007), principalmente em continentes tendencialmente mais desenvolvidos
(Europa e América do Norte), sendo os meios de transporte mais utilizados o
rodoviário, o ferroviário e através de oleodutos. Já nos restantes casos, as trocas
comerciais entre países que não partilham fronteiras terrestres, os meios de transporte
mais utilizados serão o aéreo e o marítimo, principalmente quando tratamos de trocas
comerciais ao nível transcontinental.
Desta forma, Hummels (2007) acrescenta ainda que, por uma questão de custo mais
baixo, o meio mais utilizado neste tipo de transporte, transcontinental, será o transporte
marítimo. No entanto, nos últimos anos, o mercado aéreo também tem ganho um peso
maior ao nível do transporte de mercadorias, uma vez que tem conseguido reduções de
custos substanciais, nomeadamente ao nível tecnológico que lhe permitem, por exemplo
32
realizar cursos mais longos e com menores consumos de combustível, graças à alteração
do tipo de motor, de pistões tradicionais para motores a jacto, mais rápidos e mais
eficientes nos consumos.
Acrescente-se ainda que a procura por determinado modo de transporte será definida
pelos consumidores em função do peso da mercadoria a transportar e do valor que a
mesma possui, o que ajuda também na explicação para o aumento no recurso ao
transporte para fluxos de mercadorias ao nível internacional. Segundo Hummels (2007),
se por um lado os custos marginais de combustível são consideravelmente mais
elevados para levantar 100kg de mercadorias no ar quando comparando com o custo de
fazer o mesmo peso de mercadorias flutuar na água, por outro lado os consumidores
daqueles produtos são sensíveis aos preços do bem aquando a entrega e não sensíveis
aos preços do transporte em si mesmo. O mesmo autor concretiza assim que no caso do
custo de transporte ser uma pequena parte do preço final de determinado bem ao seu
consumidor (ao qual o autor denomina de preço na entrega), a sua sensibilidade irá
recair em outros aspetos, tais como a rapidez na entrega e/ou a confiança que a mesma
lhe proporciona10.
Já Hummels (2001) viria a indicar num estudo acerca do tempo enquanto barreira ao
comércio internacional, que um tempo de trânsito demorado implicaria custos que
poderiam impedir o comércio internacional e que efetivamente os consumidores desses
mesmos transportes (exportadores e/ou importadores) demonstrariam uma
disponibilidade significativa para pagar um preço acrescido por modo de expedição
mais rápido, de forma a evitar aqueles custos.
10
Hummels (2007) recorre ao exemplo de uma importação de vinhos desde França até aos Estados
Unidos da América. Os custos de importação de garrafas de vinho no valor de $16 seriam de $8 quando o
transporte fosse realizado por via aérea e $4 por via marítima, representando este último 25% de
acréscimo a suportar pelo consumidor final do vinho em relação ao preço original. Já quando se trata de
importação de garrafas de vinho no valor de $160, e sendo os custos de transporte essencialmente os
mesmos (o tempo, distância e volumes não se alteram), o upgrade para o modo de transporte mais
dispendioso (se bem que mais rápido) representa apenas um aumento de 2,5% no preço de entrega do
bem ao seu consumidor. Desta forma, estará este certamente disponível para suportar aquele acréscimo,
podendo assim receber os seus produtos mais rapidamente.
33
acréscimo de custos com uma necessidade de reservas de stocks superiores, de forma a
controlar variações nos tempos de chegada das mercadorias.
Acrescente-se ainda que esses mesmos tempos de trânsito mais lentos poderão implicar
também custos de depreciação nos produtos a transportar, pela simples razão de que
produtos mais recentes são preferíveis a produtos mais antigos, tais como produtos
frescos, entre outros de prazo de validade mais ou menos reduzidos, ou produtos
sazonais ou específicos de determinadas épocas do ano (principalmente quando
associados a épocas festivas específicas (Hummels, 2001).
O mesmo autor (2001) indica ainda que estes custos poderão ser ainda superiores
quando estamos perante fragmentação da produção. Não raras vezes assiste-se a uma
segmentação da produção por diversos pontos díspares, podendo mesmo acontecer que
países diferentes se especializem em determinadas fases específicas da produção. Como
tal, os custos de stock e armazenagem poderão vir a ser acrescidos em diversas fases da
cadeia de produção, tornando-se insustentáveis no produto final.
Conforme referido anteriormente, será entre países que partilham uma fronteira terrestre
que se assiste a um maior fluxo de mercadorias ao nível do comércio internacional, por
uma questão de custos de transporte tendencialmente mais reduzidos, dadas as curtas
distâncias requeridas para estes mesmos fluxos.
34
(maiores encargos com combustíveis, trabalho, entre outros), pelo que será relevante
uma análise cuidada da dimensão espacial da atividade económica.
Thisse (2009) acrescenta ainda que tal conglomeração iria resultar numa diminuição dos
custos de transporte das mercadorias, efetivamente, não impedindo porém um aumento
dos restantes custos de produção. Um dos custos de produção a aumentar seria, por
exemplo, o custo do trabalho 11. Desta forma, uma redução com os custos com os
transportes por via da mera redução das distâncias das empresas aos seus fornecedores
e/ou clientes resultaria numa solução que não refletiria um equilíbrio ótimo.
Gries, et al (2008) indicam que a localização ótima de uma empresa irá depender dos
seus próprios custos marginais. Ou seja, a localização ótima de uma empresa será mais
próxima ou não dos grandes centros urbanos, uma vez que estes estarão melhor
preparados ao nível de infraestruturas de transporte (nomeadamente portos marítimos)
quando a sua produção requeira capital humano e tecnológico intensivo. Já quando a
produção de uma empresa seja mais exigente ao nível da ocupação de espaço e recursos
físicos intensivos, o custo destes recursos será mais baixo quando afastada dos centros
urbanos, sendo a sua localização ótima um pouco mais distanciada dos centros hub.
11
O autor apresenta no seu trabalho a relação implícita entre a conglomeração nos grandes centros
urbanos e o consequente aumento do custo de vida da população aí residente. Uma vez que se assistiria a
um aumento do número de residentes num mesmo espaço, também os custos de vida associados, pela
sobrevalorização dos espaços residenciais, por exemplo, iria aumentar os custos com o trabalho, pela
exigência de salários superiores, aumentando assim os custos de produção para as empresas. Para além
disso, refira-se também que tal aglomeração implicaria uma desertificação das zonas envolventes,
resultando no seu subdesenvolvimento, contrário aos objetivos propostos pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
35
Por sua vez, Limão e Venables (1999) demonstram que os custos de transporte são
superiores quando a variável da distância implica deslocação em terra, quando
comparada com a deslocação via marítima, revelando que uma localização afastada de
um porto marítimo (ou mesmo um país que não disponha de uma ligação marítima)
apresenta uma clara desvantagem. Porém, a mesma apenas poderia ser atenuada, ou
mesmo suplantada, com uma estrutura de transportes (terrestres) bastante desenvolvida,
quer naquela mesma localização, quer nas localizações adjacentes.
Assim sendo, e tal como Thisse (2009) sugere, a solução passaria por um
desenvolvimento equitativo de todas as regiões de forma a promover um equilíbrio
ótimo entre elas, procurando minimizar os custos de transporte que tal distanciamento
implicaria, procurando também uma distribuição equitativa do capital humano. Para que
a minimização dos custos de transporte fosse alcançada, seria necessário assim um
desenvolvimento das estruturas e redes de transportes, permitindo, tal como referido
anteriormente, a obtenção de economias de escala e/ou economias de gama na ligação
entre as várias regiões.
Esta questão da obtenção de economias de escala e/ou gama torna-se ainda relevante
para a produção de qualquer empresa, como será evidente, podendo a noção de distância
induzir a erro numa primeira análise.
No entanto, os estudos apresentados por Lawless e Whelan (2007), bem como a teoria
apresentada por Chaney12 (2008) demonstram que tal não será, necessária e
surpreendentemente, verdade.
12
Apesar de este estudo ter sido posteriormente publicado, com ligeiras alterações em 2008, em American
Economic Review 2008 (ver referências bibliográficas), foi inicialmente redigido pelo seu autor, em 2006,
com o título “Distorted gravity: Heterogeneous Firms, Market Structure and the Geography of
International Trade”.
36
internacional. Tal assume-se, uma vez que, demonstram aqueles autores, e na linha das
conclusões de Thisse (2009), as empresas que se localizam em pontos distantes das
localizações dos mercados onde introduzem os seus produtos serão, obrigatoriamente,
mais eficientes nos recursos que investem na sua produção.
No entanto, será inegável que os custos de transporte assumem o seu impacto em função
da distância desde a origem, aos seus pontos de destino. Como tal, as empresas mais
distantes do mercado, que serão mais eficientes, e portanto, beneficiariam de maiores
margens, terão de ser capazes de introduzir no mercado maiores quantidades, de forma a
conseguirem ser capazes de atenuar os seus custos de transporte com as margens que a
sua eficiência lhes proporciona.
Poderemos ainda salientar que relativamente às economias de escala e/ou gama, temos
vindo a analisar as mesmas sob o prisma do transporte exclusivamente através de um
único modo. No entanto, como será evidente, não só pelas limitações físicas que
impedem que um só modo de transporte possa dar resposta a um trânsito completo de
determinado fluxo de mercadorias, a utilização de mais do que um modo poderá
permitir a obtenção de economias de escala e/ou gama, pela redução de custos que
permite alcançar, procurando assim beneficiar as potencialidades de cada um dos modos
às exigências de cada fluxo de mercadorias.
37
4.3 – A Intermodalidade
38
negócio que se estaria a iniciar), seriam as empresas de transporte marítimo que,
utilizando os seus meios de manuseamento de carga e comprando vagões (e mesmo
algumas locomotivas) iniciaram o tráfego intermodal de transporte de mercadorias,
passando ainda a fornecer aos seus clientes uma capacidade de entrega de porta-a-
porta. Bowen e Slack (2007) acrescentam ainda que, de forma a beneficiarem de
economias de escala, e dada a sua experiência de manuseamento dos contentores,
viriam a empilhar os mesmos em dois por cada carruagem, aumentando assim as
capacidades de transporte.
13
Acrescente-se, inclusivamente, que o transporte ferroviário de mercadorias perde sempre prioridade em
função do transporte ferroviário de passageiros.
14
Grande parte das linhas ferroviárias europeias passa por túneis, que impedem a sobreposição em altura,
limitando as unidades em cerca de 4,9 m de altura, principalmente em países como a Holanda.
39
necessário trocar várias vezes as composições, locomotivas e maquinistas, entre outros.
Por todos estes motivos, Beuthe (2007) refere que o transporte ferroviário na União
Europeia apresenta-se com custos demasiado elevados, sendo ainda também demasiado
lento, pelo que se revela bastante ineficiente, sendo portanto de fácil compreensão que o
transporte rodoviário se apresente como o modo de transporte que movimenta mais
mercadoria dentro da União Europeia, sendo ainda o modo que apresenta o maior
crescimento em termos de volume de mercadoria transportada.
40
5 – O Contexto Nacional e Europeu do Transporte de Mercadorias
No entanto, e conforme se verificou no capítulo anterior, será entre países que partilham
uma fronteira terrestre que existirá um maior fluxo de mercadorias. Segundo dados do
INE, em 2012, Espanha foi o principal destino das exportações portuguesas, com 22,5%
do total, bem como a principal origem das importações portuguesas, com 31,9% (INE,
2013), apesar do ligeiro decréscimo face ao ano anterior.
Portugal, tal como Espanha, estaria sob um regime ditatorial, fechado sobre si mesmo,
não promovendo uma assertiva integração europeia, tal como se vinha a assistir no
restante espaço da Europa central, no período pós Segunda Guerra Mundial.
41
questões. Se por um lado o governo ditatorial português compreendia que a sua posição
privilegiada sobre as suas colónias poderia vir a ser diminuída, por outro lado
considerava-se ainda a situação económica e financeira portuguesa como equilibrada,
para além de que os produtos portugueses teriam um mercado não muito expressivo nos
restantes países europeus, deparados com dificuldades económicas graves.
No entanto, viria Portugal a aceitar posteriormente aquela ajuda, uma vez que a sua
balança comercial sofreria um importante revés, uma vez que o programa de
industrialização que Portugal estaria a implementar implicaria um aumento das suas
importações de equipamento industrial e, aliado a um período de maus anos agrícolas,
seria também obrigado a um aumento das importações destes produtos. Assistiu-se
também a uma diminuição acentuada das suas exportações, devido à anormal
valorização decorrente do período de guerra.
Viria assim a ser durante este período que Portugal, com a sua adesão à UE, assume um
franco desenvolvimento económico, vindo ainda a desenvolver as suas infraestruturas
de transporte, à data, ainda bastante deficitárias para uma economia desenvolvida
(Almeida, et al, 2009).
42
financiamentos no desenvolvimento das suas infraestruturas de transporte,
principalmente ao nível das infraestruturas rodoviárias.
Rodrigues e Pérez (2013) indicam ainda a existência de uma Europa com índices de
desenvolvimento divergentes, cabendo aos países periféricos ocupar uma posição
marginal e longe dos centros de decisão. Desta forma, conclui-se que este grupo de
países, afastados dos grandes centros hub europeus, destinam-se a ocupar uma posição
de subordinação face aos centros estratégicos.
Efetivamente, Portugal assume uma localização privilegiada face aos restantes países da
UE, uma vez que a sua localização permite-lhe assumir-se como um Gateway por
excelência, em alternativa aos restantes Gateways europeus. No entanto, a sua rede de
transportes, alicerçada num modo tendencialmente rodoviário, impedem que se assuma
como tal.
43
6 – Intermodalidade no Transporte de Mercadorias
Desta forma, e de acordo com o referenciado por Henstra, et al (2007), bem como por
Hanssen, et al (2012), intermodalidade implica a utilização de mais do que um modo de
transporte diferenciado, sem que tal implique o manuseamento da carga em si mesma.
Tendo em conta que o manuseamento da mercadoria nos diversos pontos intermédios
aos pontos de origem e destino do fluxo da mercadoria será mais relevante à área da
logística que à temática dos transportes em si mesmos, não serão tidas em consideração
neste momento aquelas necessidades de manuseamento, sendo que ir-se-á incidir nesta
fase somente a operação intermodal simples do transporte de mercadorias.
44
Assim, e de acordo com Henstra, et al (2007), no espaço europeu existem três modos
alternativos16 ao transporte rodoviário de mercadorias, sendo os mesmos:
Transporte Ferroviário;
Transporte Marítimo de curta distância
Transporte Fluvial
Segundo os mesmos autores, este modo de transporte, de elevado potencial, tem vindo a
perder competitividade em função do fraco investimento a que se tem assistido no
contexto europeu. Também Beuthe (2007) indica que no espaço europeu, o transporte
ferroviário não dispõe das características físicas ideais para um melhor aproveitamento
das suas potencialidades.
16
Refira-se porém que o transporte aéreo de mercadorias não se revela uma verdadeira alternativa ao
transporte rodoviário de mercadorias, uma vez que os seus elevados custos, a vários níveis, tornam este
modo de expedição demasiado oneroso, sem que as distâncias envolvidas o justifiquem (dentro do espaço
europeu), a não ser em determinados segmentos de mercado de necessidades muito específicas.
45
No entanto, e ainda segundo Henstra, et al (2007), o transporte ferroviário assume ainda
um particular destaque no transporte de mercadorias de e para terminais de contentores
marítimos, uma vez que será o único modo de transporte de permite escoar de uma
única vez um elevado número de contentores provenientes, por exemplo, de ou para um
navio de grande porte. Refira-se porém que este dado se revela de pouca relevância, em
função do elevado investimento que este tipo de transporte de mercadorias implica.
Tal justifica-se ainda pela importância que a Comissão Europeia tem revelado no
desenvolvimento das “Autoestradas Marítimas” como alternativa válida ao transporte
rodoviário, e como forma de escoamento rápido de mercadorias em longas distâncias.
Henstra, et al (2007) referem ainda como relevante no desenvolvimento deste segmento
a tentativa de diminuir os entraves burocráticos e de questões alfandegárias, entre
outras, tendo assim em vista a harmonização dos procedimentos nos postos europeus, de
forma a procurar dinamizar este segmento de mercado de transporte de mercadorias.
46
Ainda segundo os mesmos autores, existe ainda uma tipologia de transporte marítimo,
denominada de RoRo (Roll-on/ Roll-off) que, embora relativamente pouco frequente,
dados os seus elevados custos, principalmente em longas distâncias, ao qual se deverá
fornecer uma maior atenção no futuro, em função das suas grandes potencialidades ao
nível do transporte intermodal.
No entanto, referem ainda Henstra, et al (2007) que este modo de transporte intermodal
tem assumido grande importância na zona da Bélgica e Holanda, com um elevado
desenvolvimento enquanto elemento de ligação entre os grandes portos daqueles dois
países, principalmente enquanto modo eficiente de ligação e escoamento de contentores
oriundos de outros países não europeus. Este modo de transporte destaca-se ainda como
uma forte tentativa de fornecer uma resposta eficaz no sentido do transporte de
mercadorias porta-a-porta, sendo esta resposta fomentada essencialmente por agências
de navegação consideravelmente bem estruturadas, que procuram assim uma alternativa
competitiva ao transporte rodoviário.
47
tenha assistido a um avanço no sentido de toda essa harmonização, procurando desta
forma a concretização de um mercado verdadeiramente concorrencial e justo.
Assim sendo, e pese embora o longo caminho que haverá a percorrer, já se assiste na
Europa, principalmente por parte da Comissão Europeia, a um desenvolver de esforços
no sentido da promoção da intermodalidade, como forma a reduzir o uso recorrente do
transporte rodoviário de mercadorias em tráfegos de longo curso.
Sendo certo, porém, que todos os meios de transporte acarretam externalidades que
poderão (ou deverão) ser internalizadas nos próprios custos do transporte, conforme
referido anteriormente, a sua aplicação no contexto não será, de todo, pacífica.
Existindo, implicitamente, um trade-off entre as necessidades de movimentação de
mercadorias, a várias escalas, para satisfazer as necessidades de consumo das pessoas e
as implicações que aquelas mesmas externalidades acarretam, e assumindo também
essas duas variáveis como de difícil mensuração, dada a sua noção de custo assumir um
carácter de relatividade e incerteza, revela-se assim mais exequível analisar a eficiência
ao nível do custo diretamente observável, ou seja, o preço a suportar diretamente pelo
consumidor do transporte.
48
(1982) teriam sido importantes, pois apresentavam uma forma inovadora de avaliar os
custos de transporte. Porém, aqueles mesmos custos seriam avaliados sob o ponto de
vista unimodal. No entanto, Hanssen, et al (2012) apresentam agora uma avaliação
comparativa dos custos de transporte unimodal e intermodal, evidenciando assim as
condições necessárias para que o transporte intermodal seja preferível (apresente um
custo mais baixo) comparativamente ao transporte unimodal. O transporte unimodal
compreende-se assim, como o transporte de mercadorias realizado exclusivamente por
meio rodoviário, pois é também considerado neste modelo que qualquer fluxo de
mercadorias a ser realizado, compreenda sempre uma parte ou todo o transporte a ser
realizado por aquele meio de transporte.
Para uma definição da análise comparativa deste modelo, avaliando-se em que medida o
transporte intermodal de mercadorias será preferível ao transporte unimodal, será
necessário ter em conta que,
̂ (1)
Uma vez que se considera neste modelo que o transporte unimodal de mercadorias será
realizado por meio rodoviário, poder-se-á converter a expressão anterior para (1a).
̂. (1a)
49
( ) ̂ (2)
Importa esclarecer desde logo que este modelo se refere ao transporte intermodal,
composto por uma primeira deslocação desde o ponto de origem realizada por meio
rodoviário, uma segunda parte do fluxo realizada por meio ferroviário e, por fim, por
meio rodoviário novamente até ao destino final.
Desta forma, na equação (2) descortinamos esses três elementos (ou modos)
diferenciados que compõem todo o trajeto a realizar.
Nestes dois últimos elementos da equação (2), apenas haverá a acrescentar a definição
de , que será referente aos custos de manuseamento do contentor nos vários terminais,
quer ao nível dos custos da operação por si mesma, quer ao nível dos custos temporais
que a operação implica. Embora tal possa nem sempre ocorrer, no modelo apresentado
50
por Hanssen, et al (2012), o valor de será simétrico (no segundo e no terceiro
elemento da equação), por mera simplificação da demonstração.
Acrescente-se, por fim, que neste modelo considerou-se o meio de transporte alternativo
o modo ferroviário, embora também pudesse ter sido considerado para efeitos de
comparação o transporte marítimo.
Custos do transporte
𝐺𝐼𝑛𝑡 𝐺𝐼𝑛𝑡
𝐺𝑟 𝐺𝑟
𝐿
𝐿
𝐷 𝐷2 𝐷3 𝐷
Distância do
Transporte (D)
Fonte: Hanssen, et al (2012)
51
Acresce ainda o facto de que quando , tal significa que os custos de operação
rodoviária pré e pós transporte são iguais aos custos do transporte de longo curso por
estrada, tornando assim a distância necessária ao transporte de longo curso por meio
rodoviário independente do total da distância. Como tal, e assumindo-se , a
condição na equação (3) será reduzida para 2 .
Assim sendo, e de forma a melhor compreender a teoria apresentada por aqueles autores
(2012), será realizado o recurso ao exemplo por eles apresentado do transporte de peixe
fresco (salmão), enquanto mercadoria rapidamente perecível, logo, com um custo de
tempo bastante elevado, tal como apresentado por Behar e Venables (2011), desde a
Noruega até à zona centro da Europa17.
Desta forma, Hanssen, et al (2012) indicam que o peixe fresco exportado pela Noruega,
com um valor apresentado de €3,90/kg, assumirá o valor total de €41.496, aquando do
início do transporte, por cada contentor18. Assume-se também que o peixe a transportar
perderá o seu valor ao fim de sete dias e, embora tal possa variar de acordo com o modo
de embalamento e características do modo de transporte selecionado, essa
desvalorização do produto será considerada como linear ao longo do tempo (Hanssen, et
al, 2012, referindo a análise de Lervåg, et al, 200119). Assim, a desvalorização do
produto será de € 247/hora. Assumindo-se ainda no exemplo uma taxa de juro de 5% ao
ano sobre o valor de cada contentor (custo de capital), cada hora de desvalorização
assume ainda um custo de € 0,24, pelo que, somando ao custo de desvalorização/hora
17
Um dos aspetos mais interessantes da teoria apresentada por Hanssen, et al (2012) será de que a sua
aplicabilidade poderá ser transposta para a realidade portuguesa, uma vez que as condições do seu
paradigma central serão essencialmente as mesmas. Sendo ambos países periféricos da Europa, deparam-
se com problemas semelhantes ao nível do desenvolvimento das suas redes alternativas de transportes ao
transporte rodoviário. No entanto, será de realçar a diferença de Portugal pertencer à União Europeia, o
que não acontece com a Noruega, apesar de as diferenças nesta matéria serem atenuadas pelo facto de
esta pertencer ao Espaço Económico Europeu, uma vez que pertence também à Associação Europeia de
Livre Comércio, o que lhe permite aceder ao Mercado Único Europeu (beneficiando assim da livre
circulação de mercadorias).
18
Os autores apresentam a avaliação demonstrada por Nerdal [Nerdal, S. (2003), “Fersk fisk på
Nordlandsbanen fra Salten – Hindringer og milugheter”, Narvik, Norway: Transportutvikling], que indica
que cada contentor terá a capacidade de transportar 10.640 kg de peixe fresco (salmão).
19
Lervåg, L.-E.; Meland, S.; Wahl, R. (2001), “Utvikling av NEMO/REGO – Parameterverdier (The
development of NEMO/REGO – Parameter values)”, Trondheim, Norway: SINTEF Bygg og miljø.
52
do produto, o custo total por hora desde a origem até ao destino do fluxo da mercadoria
será de € 247,24.
Assim sendo, e definindo a equação (3) e tendo em conta que , será necessária
uma distância acima de 1858 km para que o transporte intermodal seja uma solução
mais eficiente que o transporte unimodal. Acrescentam os autores que o produto a
transportar (peixe fresco), desde a Noruega até à zona central da Europa compreende, na
maior parte das vezes, uma distância superior a 2000 km. Desta forma se conclui que,
para os parâmetros apresentados, o transporte intermodal de mercadorias aparenta ser a
opção mais eficiente em termos de custos.
20
Kim, N.; Van Wee, B. (2011), “The Relative importance of Factor that Influence the break-even
distance of Intermodal freight transport systems”, Journal of Transport Geography, Nº 19, pp. 859-875.
53
6.2.3 – Reflexões do modelo
Será de realçar a importância deste modelo apresentado por Hanssen, et al (2012) uma
vez que demonstra claramente que a intermodalidade será uma alternativa viável sobre o
ponto de vista económico, podendo implicar um custo mais baixo a aplicar ao
consumidor do transporte de mercadorias, ao invés de se revelar como uma medida
política e social de redução das externalidades negativas dos transportes.
Não sendo, de todo, de desprezar a importância que essas medidas terão no bem-estar
de toda a sociedade, importa sim destacar que a intermodalidade revela uma eficácia
económica aceitável para os decisores de curto prazo, sendo particularmente
interessante para as empresas cujos mercados se encontram mais afastados
geograficamente da localização da sua produção.
54
Desta forma, caso o produto sobre o qual se procurasse verificar a maior ou menor
eficiência do transporte intermodal fosse de menor valor, ou com um grau de
deterioração menos célere, os valores para o qual o transporte intermodal se verificasse
como a solução mais eficiente seriam, também eles, menores em termos de distância
(mantendo-se os restantes valores idênticos). Parece assim evidente que os resultados
obtidos por Hanssen, et al (2012) na aplicação empírica do seu modelo serão diferentes,
sendo também diferentes os parâmetros a calcular.
Esta observação será também evidente no terceiro grupo de questões que emergem do
modelo apresentado, onde se definem os custos pecuniários do transporte. Parece
razoável afirmar que as oscilações constantes dos preços dos combustíveis, por
exemplo, que serão uma das principais componentes dos custos variáveis do setor dos
transportes, independentemente do modo, irão influenciar o nível de eficiência do
transporte intermodal. No entanto, considerando o transporte unimodal aquele realizado
unicamente por meio rodoviário, parece aceitável que com uma subida do custo do
combustível, será o transporte unimodal a ser prejudicado em termos de eficiência, uma
vez que não lhe será permitido beneficiar das economias de escala que permitem os
restantes meios alternativos, que por sua vez poderão diluir o aumento daquele custo
variável por um maior conjunto de unidades a transportar (contentores).
Ainda acerca dos custos variáveis do setor dos transportes, será importante referir a
importância dos custos com remunerações das empresas de transportes. Se por um lado,
as remunerações dos trabalhadores não são uniformes nos mais diversos países, será
necessário ter essa questão em particular atenção, uma vez que isso assume um elevado
impacto quando se analisam os custos de transporte unimodais ou intermodais para
empresas das mais diversas origens. Esta questão assume ainda uma particular
relevância nos limites impostos à circulação ao transporte rodoviário. Com a limitação,
para efeitos de segurança rodoviária e melhores condições de trabalho dos motoristas
dos transportes rodoviários de mercadorias (e também de passageiros), dos tempos de
condução e descanso, aumentam assim quer os custos do transporte por si mesmo, quer
o parâmetro do custo do tempo implícito ao transporte (um maior tempo de transporte
implica uma maior desvalorização do produto).
55
Por último, importa refletir acerca dos custos inerentes às operações de carga e/ou
descarga implícitas ao transporte intermodal. Esta questão terá, por sua vez, de ser
avaliada em duas vertentes. Se por um lado, os custos das operações em si mesmas
poderão ser maiores ou menores, dependendo do terminal onde são operadas, cujos
custos variáveis e operacionais poderão ser diferentes entre terminais, por outro lado a
eficiência das infraestruturas dos diversos terminais poderão, também divergir.
Porém, a este respeito, importa apenas fazer referência aos estudos de Zumerchik, et al
(2011), Rodrigue (2011) e Rodrigue e Notteboom (2012), que procuram demonstrar
uma maior eficiência dos recursos alocados nos terminais logísticos existentes,
nomeadamente, no mercado europeu, tendo em vista quer a redução dos custos de
operação de cada contentor nesses mesmos terminais logísticos, quer ao nível de uma
maior eficiência ao nível do tempo necessário ao manuseamento de cada contentor o
que, recorde-se, serão parâmetros contemplados na formulação de Hanssen, et al (2012)
e que poderão influenciar também a distância necessária para que os custos do
transporte intermodal sejam inferiores aos do transporte unimodal.
56
Importa desde logo referir o contexto global em que o mercado de transportes de
mercadorias se insere, ao nível político e social, contexto esse que procura restringir ou
limitar, de forma cada vez mais evidente, o transporte rodoviário, procurando-se dar
lugar ao transporte intermodal de mercadorias.
Desta forma, as limitações aos tempos de condução e utilização das viaturas, bem como
a taxação extraordinária em função da sua utilização (indexada também ao nível de
emissões poluentes de cada viatura) tornam, cada vez mais, o modo de transporte
rodoviário como uma alternativa menos competitiva, comparativamente ao passado. Por
outro lado, o reforço que se demonstra no desenvolvimento do transporte ferroviário,
marítimo e fluvial, demonstram o esforço em tornar estes modos mais competitivos,
comparativamente com o rodoviário.
Por outro lado, esta mesma distorção poderá colocar em risco o normal funcionamento
concorrencial dos transportes de mercadorias alternativos, que beneficiando das
economias de escala inerentes, e com custos marginais tendencialmente mais reduzidos
por unidade de transporte (contentor), poderão ser aliciados a aplicar preços próximos
57
dos preços de monopólio, pelo que será de ter em conta a teoria do second-best, de
Lipsey e Lancaster (1956) anteriormente referida, como elemento potencialmente
disciplinador do normal funcionamento concorrencial do mercado de transporte.
No entanto, como já referido anteriormente, tal poderá mesmo não ser necessário, tendo
em conta que deverá ser preocupação da Comissão Europeia a abertura do mercado do
transporte ferroviário, marítimo e fluvial de mercadorias (nestes dois últimos, ao nível
das estruturas portuárias) a novos operadores, ao invés dos tradicionais grandes
proprietários das infraestruturas, tal como apresentado por Rodrigue e Notteboom
(2012), frequentemente empresas públicas.
No entanto, será também de reforçar que o próprio poder negocial dos clientes poderá
assumir diversos níveis, dependendo das características do serviço que requeiram e da
origem e destino do transporte necessários. No entanto, com a maior contestabilidade
dos mercados, o seu poder negocial será tendencialmente mais elevado. Desta forma,
58
poderá mesmo em última instância ser o próprio cliente a converter-se em operador de
mercado (mesmo que satisfazendo unicamente as suas próprias necessidades de
transporte dos seus produtos), no caso de os valores de mercado a praticar pelos
operadores sejam demasiado elevados.
Contudo, existe um grupo restrito de fornecedores que, tendo já um poder negocial por
si só considerado elevado, poderá ver esse mesmo poder aumentar, sendo este o grupo
de fornecedores de combustíveis. Segundo Brogan, et al (2013) uma das medidas
utilizadas para desincentivar o uso do transporte rodoviário, utilizador mais intensivo
dos combustíveis fósseis (derivados de petróleo) seria uma maior taxação daqueles. No
entanto, conforme referido anteriormente, o transporte rodoviário será uma parte
essencial do transporte intermodal, pelo que seria fornecer um elemento de maior poder
a um setor já de si de grande poder, com oligopólios de concorrência, não raras vezes,
dúbia, limitando assim o poder negocial das empresas do segmento rodoviário do
transporte de mercadorias com aqueles fornecedores.
59
Também com a contestabilidade dos vários segmentos do mercado de transporte de
mercadorias, existirá tendencialmente uma maior concorrência entre os operadores do
mercado de forma geral, podendo mesmo aqueles operadores concorrer entre si em
diversos segmentos, de forma simultânea.
60
7 – O Impacto da Intermodalidade no Setor Exportador Nacional
Este aumento das exportações, embora possa ser também impulsionado pela diminuição
do consumo interno, não deixa de ser relevante ao nível do desenvolvimento e atenção
que as empresas nacionais dedicam ao comércio internacional, sendo evidente que neste
domínio existirá alguma clarividência por parte das empresas nacionais na necessidade
de investimento nesta área.
61
Este baixo rendimento do transporte rodoviário prende-se com o deficitário
desenvolvimento das suas infraestruturas de transporte. Já anteriormente se teria
referido Beuthe (2007), que indica que um dos primordiais problemas do transporte
intermodal na Europa é o facto de que a prioridade das linhas ferroviárias ser sempre
atribuída ao tráfego de passageiros, tornando este modo de expedição das exportações
nacionais, segundo o modelo de Hanssen, et al (2012), demasiado onerosas em termos
de custo, revelando assim, claras ineficiências.
Esta questão torna-se ainda mais preocupante, na medida em que se afigura um aumento
dos custos dos transportes rodoviários internacionais, com a introdução do sistema de
taxação rodoviária extraordinária de viaturas pesadas em França, em Janeiro de 2014 e a
previsão da introdução de um sistema similar em Espanha, vindo esse custo a ser
suportado pelas empresas transportadoras, que, evidentemente irão internalizar esse
custo no preço a praticar aos consumidores. Desta forma, os custos de transporte a
suportar pelo setor exportador nacional, sendo superiores, levarão a uma perda de
competitividade no mercado comunitário.
62
Desta forma, e segundo Lepori (2010) as TEN-T (Trans-European Transport Network)
apresentam como primordiais objetivos o desenvolvimento das infraestruturas
intermodais de transportes, com especiais atenções ao recurso mais acentuado dos
modos ferroviários e marítimos. No entanto, não deixa de ser interessante revelar que
grande parte dos projetos considerados como prioritário se destina ao desenvolvimento
das redes de transporte ferroviárias.
Esse novo papel de Portugal na rede de transportes europeia viria ainda a ser benéfico,
na medida em que permitiria um descongestionamento dos já sobrelotados corredores
marítimos da Europa Central e do Norte, cujas megaestruturas portuárias começam, por
um lado a esgotar a sua capacidade e, por outro lado, a apresentar sérias dificuldade no
incremento de novas capacidades.
63
No entanto, estando reunidas as condições ideais para essa mesma configuração das
infraestruturas de transportes intermodais em Portugal, falta o desenvolvimento efetivo
dessas mesmas infraestruturas, de forma a potenciar os corredores de transporte de
mercadorias necessários à obtenção de economias de escala.
Assim sendo, poderemos concluir que, a curto prazo, os custos do transporte rodoviário
transnacional de mercadorias irão, necessariamente, ser aumentados para as empresas
exportadoras portuguesas, pelo que se poderá afirmar que se poderá sentir algumas
quebras nessas mesmas exportações para o mercado comunitário. Acrescente-se
também que, atendendo ao modelo apresentado por Hanssen, et al (2012), a
intermodalidade no transporte de mercadorias tenderá a ser, numa primeira instância,
uma melhor solução no futuro.
64
8 – Conclusão
Este estudo procurou analisar se a intermodalidade seria uma opção mais eficiente
relativamente ao transporte unimodal. Para este efeito, recorreu-se ao modelo de
Hanssen, et al (2012) que compara os custos de transporte unimodal e intermodal,
procurando definir a distância necessária para que o transporte intermodal consiga ser o
mais eficiente. Como tal, importa realçar neste modelo, a tomada de consciência de que
a distância mínima para a eficiência da intermodalidade não é algo previamente
definido, mas sim dependente de uma grande variedade de parâmetros que poderão
divergir em cada fluxo de mercadorias a transportar (condicionando, desta forma, os
resultados).
65
Outra limitação está relacionada com a aplicação do modelo no contexto nacional, uma
vez que Portugal não possui as infraestruturas necessárias para a utilização eficiente do
transporte intermodal.
66
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