Verbetes de Artes Plasticas

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Governo do Estado de Santa Catarina

Fundação Catarinense de Cultura (FCC)


Diretoria de Arte e Cultura
Gerência de Linguagens Artísticas
Oficinas de Arte

VERBETES DE ARTES PLÁSTICAS


PARA PESQUISA VISUAL

Prof. Jayro Schmidt

A proposição é que para cada verbete, uma vez lido, se pesquise na in-
ternet as obras que representam seu significado, sendo a pesquisa um passeio
pelo mundo das imagens da arte, desta maneira dando a você matéria subs-
tancial para estes dias que é preciso o recolhimento.

Florianópolis, Junho de 2020

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 2
MÓDULO

ABSTRAÇÃO FRIA. Denominação atribuída à pintura abstrata geométrica


sem os vestígios ou texturas na aplicação da tinta no suporte. O termo entrou
em voga com o Minimalismo.
Atividade: Pesquisar obras do movimento de arte Minimalismo.

ABSTRAÇÃO GEOMÉTRICA. É uma das duas correntes do Abstracionismo


contida na obra de Wassily Kandinsky, de Paul Klee e predominante na de
Piet Mondrian com suas formas neoplasticistas, com enfoques semelhantes
no Suprematismo e no Elementarismo, além de ter sido o princípio ordena-
dor, construtivo e funcionalista da Bauhaus. A abstração geométrica caracteri-
za-se pela ordem e coesão de formas racionalizadas.
Atividade: Pesquisar obras de Kandinsky, Klee e Mondrian.

ABSTRAÇÃO LÍRICA. É uma das duas correntes do Abstracionismo presen-


te na pintura de Wassily Kandinsky e de Paul Klee. Com os desenvolvimen-
tos da arte abstrata transformou-se em uma super corrente integrada por vá-
rios artistas do Novo realismo. A Abstração Lírica condiciona o gesto efusivo,
de libertação expressiva, de espontaneidade intuitiva. Trata-se de um pante-
ísmo lírico, cósmico, em cuja manifestação o artista encontra-se sob o efeito
de uma dupla osmose: integra a ele o universo enquanto nele se dissolve. Em
Claude Monet, especificamente com “Ninfeias”, há a prefiguração deste pan-
teísmo. Na Abstração Lírica observa-se o nuagisme, que é o tratamento da cor
à maneira das nuvens, isto é, levada ao extremo de sua imaterialidade. O
termo foi cunhado por Georges Mathieu, em 1954, para situar uma das ten-
dências do Informalismo.
Atividade: Pesquisar as “Ninfeias”, pinturas de Monet.

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ABSTRAÇÃO PÓS-CONCEITUAL. Na década de 1970, nos Estados Unidos,
em reação ao excesso documental proporcionado pela Arte Conceitual, ocor-
reu um retorno à pintura, beneficiado pelo Minimalismo e pelas proposições
formais de Ad Reinhardt. A Abstração Pós-conceitual caracterizou-se pela
monocromia, por suportes de formatos variados e pela ênfase na repetição
das formas.
Atividade: Pesquisar obras de Ad Reinhardt.

ACADEMISMO. Denomina-se Academismo a vasta produção artística sub-


metida a modelos acadêmicos que sacrificaram a espontaneidade e a imagi-
nação, procedimento que surgiu, no século 18 na França, com o Neoclassi-
cismo, que teve ampla repercussão. O Academismo, no Brasil Colonial, foi
implantado pela Academia Imperial de Belas Artes por meio da Missão Artís-
tica Francesa chefiada por Joaquim Lebreton, que chegou ao Rio de Janeiro
em 20 de março de 1816. A academia somente começou a funcionar em 1826,
tendo à frente do ensino de pintura histórica e de paisagem Jean Baptiste De-
bret e Nicolas Taunay, e de arquitetura e escultura Auguste Taunay e Gran-
djean de Montigny. O máximo representante do academismo foi o pintor ca-
tarinense Victor Meirelles, que também teve formação em Paris, embora em
sua pintura se encontre resquícios do Romantismo, que foi a primeira grande
e efetiva reação contra o classicismo típico do Século das Luzes.
Atividade: Pesquisar obras de Debret e Victor Meirelles.

ACTION PAINTING. Procedimento em pintura praticado a partir da Segun-


da Guerra Mundial pelo norte-americano Jackson Pollock, influenciando toda
uma geração de artistas. Consiste em pintar com latas furadas, de onde escor-
rem as tintas. Max Ernst reivindicou a autoria da técnica também conhecida
por projeção e dripping, gotejamento, nas soluções pictóricas do automatismo
abstrato expressionista, destituído de qualquer aspecto simbólico. Action
Painting, termo adotado pelo crítico de arte Harold Rosenberg, é pintura de
ação e afirma o ato de pintar, transformando o artista em atuante em função
de sua movimentação física durante a realização da obra. Pollock, para inten-
sificar a ação de pintar, estendia o suporte no chão, trabalhando em torno e
sobre com o escorrimento da tinta. A Action Painting, desta maneira, é um es-

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tado de percepção causal, no qual o artista encontra-se totalmente absorvido
pelo ato de pintar. O que importa é a ação, como declarou Harold Rosenberg:
“A tela começou a afigurar-se como uma arena na qual se age – mais do que
um espaço no qual se reproduz, se reinventa, se analisa ou se expressa um
objeto real ou imaginado”. A pintura de ação foi determinante nas elabora-
ções expressionistas abstratas, informais e gestuais. A performance advém da
atmosfera criada pelos artistas da ação de pintar.
Atividade: Pesquisar pinturas de Pollock e fotos do artista pintando.

AFRESCO. Técnica de pintura que consiste na aplicação de tinta em superfí-


cies previamente preparadas com rebocos sucessivos na seguinte ordem: a
primeira camada com cal, argila queimada e triturada; a segunda com cal e
areia fina; a terceira com cal e pó de mármore. Na última camada, ainda úmi-
da, é aplicada a pintura. O afresco, pintura em fresco, foi praticado pelos ar-
tistas da Renascença, do Maneirismo e do Barroco.
Atividade: Pesquisar “A escola de Atenas”, de Rafael Sânzio.

ANTHROPOMÉTRIE. Antropometria. Experimento com a orientação de


Yves Klein. Consiste em marcas deixadas em tecidos e papéis por corpos re-
cobertos com uma cor-padrão, o azul, com fórmula própria para estratégias
artísticas. A anthropométrie, com o corpo nu em ação, foi chamada de “pincel
vivo” em uma mensuração artística dos corpos. Salvador Dali fez experiên-
cias no mesmo sentido, porém com ouriços embebidos com tinta oleosa, os
quais agiam sobre a superfície de pedras litográficas que foram sensibilizadas
e impressas.
Atividade: Pesquisar as “Antrometrias” de Yves Klein.

ART BRUT. Arte Bruta. Expressão que valoriza o instinto e a intuição, recu-
sando toda erudição. O principal representante foi Jean Dubuffet, incentiva-
dor da arte feita pelos doentes mentais. Dubuffet, ao se referir a uma das ex-
posições dos artistas da Arte Bruta, disse que são “obras de pessoas estranhas
ao ambiente cultural e resguardadas de sua influência. Os autores dessas
obras têm, em sua maioria, uma instrução rudimentar. Em outros casos, con-

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seguiram, ou por perda de memória ou por disposição de espírito fortemente
contraditório, libertar-se do magnetismo da cultura e reencontrar uma fecun-
da ingenuidade”. A qualificação bruta é do próprio Dubuffet, e apareceu em
1949. A primeira exposição da Arte Bruta foi realizada em 1967, no Museu de
Artes Decorativas de Paris. Os principais representantes são Scotie Wilson,
Adolf Wölfli, Madge Gill e Le Facteur Cheval.
Atividade: Pesquisar pinturas de Dubufett.

ART NOUVEAU. Arte Nova. Movimento de origem francesa, com amplo de-
senvolvimento na Europa, do final do século 19 ao princípio da Primeira
Guerra Mundial. Romântica e Neobarroca, a Art Nouveau visou o decorativo
através da ornamentação curvilínea, motivada pelo geométrico e o floral.
Aprofundou a relação de linha e superfície atingindo a abstração da natureza
com a estilização, desta maneira tendendo ao Simbolismo. A Art Nouveau in-
tegrou-se à arquitetura, às artes aplicadas e recebeu diferentes nomes con-
forme os países em que foi praticada: Style Nouille, Estilo Macarrônico, na
França; Modern Style, Estilo Moderno, na Inglaterra; Jungendstil, Estilo Jovem,
na Alemanha; Style Coup de Fouet, Estilo Golpe de Chicote, na Bélgica; Moder-
nismo, na Espanha; Style Liberty, Estilo Livre, na Itália; e Arte Floreal, no Bra-
sil. Durante o início da República Brasileira, o Floreal apareceu no urbanismo,
na arquitetura, na arte gráfica, na publicidade, e nas obras de Di Cavalcanti,
Flávio de Carvalho, Victor Brecheret, Belmiro de Almeida, Lucílio Albuquer-
que, como também Eliseu Visconti, pintor italiano que veio para o Brasil no
início do século 20.
Atividade: Pesquisar obras de Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho e Victor
Brecheret.

ARTE CONCRETA. A arte que refuta todos os valores simbólicos com a


afirmação categórica da concretude da forma, que tem significação própria,
colocando uma ampla discussão sobre o significado e o significante, sobre o
absoluto e o relativo, o que implica dizer sobre o transcendente e o imanente.
Theo van Doesburg foi o artista responsável por este movimento de van-
guarda, publicando, em 1930, o “Manifesto da Arte Concreta”, ponto de par-
tida do grupo Abstraction-création. A Arte Concreta desenvolveu-se durante

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as décadas de 1940 e 1950, e, na de 1960, recebeu novos impulsos com Max
Bill, que propôs, de seus estudos na Bauhaus e com a fundação da Escola Su-
perior da Forma, a substituição de pintura abstrata por pintura concreta. Para
este artista, apoiado na matemática para a estruturação da pintura, a arte de-
veria pensar em uma nova realidade e não expressar a angústia do homem
moderno. A Arte Concreta atingiu o auge com Joseph Albers e Moholy-Nagy,
com repercussões no Brasil através de Ivan Serpa, Luís Sacilotto, Franz Weis-
smann e Waldemar Cordeiro.
Atividade: Pesquisar obras de Joseph Albers, Ivan Serpa e Waldemar Cor-
deiro.

ARTE INCOMUM. Termo introduzido no Brasil com a XVI Bienal de São


Paulo em função de uma sala especial, que reuniu a arte considerada inde-
pendente dos padrões artísticos vigentes, tendo variadas denominações: Pri-
mitiva, Ingênua, Ínsita, Instintiva, Periférica e Liminar. Na sala, inclusive, fo-
ram incluídos artistas que viveram em casas de tratamento para doentes
mentais. Próxima à Arte Bruta, Art Brut, a Arte Incomum teve com Nise Sil-
veira, no Museu de Imagens do Inconsciente, a verificação, o estudo e a ex-
pansão através de indivíduos que, segundo suas palavras, “têm contato ínti-
mo com as forças nativas, brutas, virgens, do inconsciente”. A sala especial
teve as curadorias de Victor Musgrave e Annateresa Fabris. Especialistas eu-
ropeus, na área mito poética da arte, preferiram empregar o termo francês Art
Naïf, Arte Ingênua, denominação adotada pela indústria cultural para atribuir
status a seus artistas, assim considerados por não terem nenhum tipo de for-
mação, sobretudo a acadêmica. Os mais destacados artistas incomuns no Bra-
sil são Artur Bispo do Rosário, Antônio Poteiro, Fernando Diniz e Eli Heil.
Atividade: Pesquisar obras de Artur Bispo do Rosário e Eli Heil.

ARTE-OBJETO. A Arte-objeto remonta ao início do século 20 com o Cubis-


mo em seu desenvolvimento máximo, quando passou a inserir impressos no
plano básico, partes de objetos e outros materiais, todos transformados em
valores pictóricos e plásticos. Com o Dadaísmo os objetos industrializados
foram elevados à categoria de arte, descodificando a feitura artística tradicio-
nal e a própria realidade física dos objetos, na obra de Marcel Duchamp o re-

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ady-made. Também se observa extensões da Arte-objeto no Surrealismo e em
concepções mais contemporâneas, como na assemblage, no objet trouvé, na
acumulação, na compressão e na Arte Pobre.
Atividade: Pesquisar “Roda de bicicleta” e “Fonte”, obras de Marcel Du-
champ.

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MÓDULO

BARRIGA-VERDE. Ideia difundida por Lindolf Bell como qualidade cultu-


ral e artística e no sentido de promover suas produções em Santa Catarina.
No Manifesto Barriga-Verde, de 1970, o poeta blumenauense definiu o mo-
vimento catalizador: “Engolimos a esperança. Por isso somos barrigas-verdes.
Depois de muitos anos, é a antropofagia catarinense aprendendo a não ter
medo nem vergonha de ser barriga-verde”. Bell, com este propósito, fundou a
Galeria Açu-Açu e promoveu coletivas anuais em Blumenau e exposições co-
letivas em São Paulo e Rio de Janeiro, concentrando a produção artística cata-
rinense. Destacaram-se Elke Hering, Jandira Lorenz, Suely Beduschi, Guido
Heuer, Jayro Schmidt, Rubens Oestroem e Doracy Girrulat.
Atividade: Pesquisar obras de Elke Hering, Doracy Girrulat e Rubens Oes-
troem.

BAUHAUS. Casa de construção. Instituto de arte fundado em 1919, em Wei-


mar, Alemanha, pelo arquiteto Walter Gropius. Foi escola de artes e ofícios e
centro de cultura artística com espírito construtivista e funcionalista, trans-
formando os aspectos revolucionários das vanguardas com o mesmo foco
conceptivo. Seus pontos programáticos evidenciaram a experiência artística
integrada nos produtos industriais com finalidades educativas. O objetivo da
Bauhaus foi a unificação das artes e seu diretor trouxe para o corpo docente
artistas de primeira qualidade como Paul Klee, Wassily Kandinsky, Laszlo
Moholy-Nagy, Oscar Schlemmer, Lyonel Feininger, Joost Schmidt etc. O insti-
tuto, em 1929, foi transferido para Dessau e, em 1933, para Berlim, quando foi
fechada pelos nazistas que o consideraram “um covil de bolchevismo soviéti-
co”. Alguns professores foram viver nos Estados Unidos, entre os quais Mo-
holy-Nagy, que fundou, em 1937, em Chicago, a New Bauhaus. Max Bill, ex-
aluno de Gropius, em 1955, em Ulm, na Alemanha, fundou a Escola Superior
da Forma, que ampliou os preceitos da Bauhaus.
Atividade: Pesquisar fotos do edifício da Bauhaus e comparar com o edifí-
cio do MASP.

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BICHO. Obras da brasileira Lygia Clark realizadas durante a década de 1960.
O nome foi motivado por suas características orgânicas e pela união de for-
mas planas manipuláveis. Lygia Clark declarou que foi a “charneira de união
entre os planos” que a fez “lembrar uma espinha dorsal”, daí a ideia de bicho.
Atividade: Pesquisar obras sob a denominação “bicho” de Lygia Clark.

BLAUE REITER, Der. O Cavaleiro Azul. Grupo de Munique, Alemanha,


fundado por Wassily Kandinsky e Franz Marc, em 1911, com a participação
de Alex von Jawlensky, Alfred Kubin, Franz Macke e Gabrielle Münter. O
grupo exprimiu um sentimento revolucionário, enfatizando a espiritualidade
por meio de formas e cores puras no sentido de emancipação do motivo ou
do assunto da arte. Der Blaue Reiter, título de uma pintura de Kandinsky, foi o
movimento mais importante fora de Paris no início do século 20.
Atividade: Pesquisar pinturas de Franz Marc e pensar porque se voltou pa-
ra o mundo dos animais.

BOVINOCULTURA. O termo é de Aline Figueiredo e foi atribuído ao artista


brasileiro Humberto Espíndola, tendo o boi como temática de uma região do
Brasil, o Mato Grosso. A obra em pintura de Espíndola é interpretada como
“pintura cabocla”, na qual se inserem outros artistas, todos reunidos numa
exposição de 1981 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: além de Es-
píndola, João Sebastião Costa, Dalva Maria de Barros, Adir Sodré, Gervane
de Paula, Benedito Nunes, Nilson Pimenta e Alcides Pereira dos Santos. No
texto do catálogo, o crítico de arte Frederico Morais afirmou: “Esta é uma pe-
quena amostragem da pintura que se faz hoje em Cuiabá, 40 graus à sombra,
portal da Amazônia, fronteira da América Latina, fruto do isolamento da re-
gião e do entusiasmo de Espíndola e Aline Figueiredo, do autodatismo de to-
dos e principalmente da própria inventividade e originalidade do nosso ca-
boclo. Uma pintura que nos faz reencontrar com a realidade brasileira ou pe-
lo menos com uma de suas faces expressivas”. Aline Figueiredo também
chamou esta pintura de realismo ingênuo.
Atividade: Pesquisar obras de Humberto Espíndola.

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BRICOLEUR. Artista que cata as sobras da tecnologia, reciclando a sucata, o
lixo etc. Diz Giulio Carlo Argan que o bricoleur é um primitivo da civilização
industrial e de consumo. O bricoleur pertence ao Novo Realismo, com prece-
dentes na obra Pós-cubista de Kurt Schwitters e nas proposições do Dadaís-
mo. O termo foi empregado pela primeira vez por Lévi-Strauss.
Atividade: Pesquisar obras de Kurt Schwitters.

BRÜCKE, Die. A Ponte. Grupo formado em Dresde, Alemanha, em 1905, por


Ernst Ludwig Kirchner, com adesões de Erich Heckel, Fritz Bleyl e Karl Sch-
midt-Rottluff. Foi a manifestação mais objetiva do Expressionismo, levando-
se em conta o aspecto ideológico em nome de valores populares, sociais e cul-
turais, desta maneira opondo-se ao intelectualismo e ao espiritualismo de ou-
tro grupo expressionista, Der Blaue Reiter, O Cavaleiro Azul. Emil Nolde, Max
Pechstein, Kees van Dongem e Otto Mueller aderiram ao grupo que, em 1913,
dissolveu-se por causa das divergências entre Kirchner e os demais associa-
dos. O grupo foi definido por John Rewald como um “novo realismo que
comportava certo sabor socialista”. O nome foi dado por Karl Schmidt-
Rottluff, inspirado em Assim falava Zaratustra, de Friedrich Nietzsche, especi-
ficamente na primeira parte, onde se lê: “O grande do homem é ele ser uma
ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem
e um acabamento”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Ernst Kirchner e Emil Nolde.

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MÓDULO

CALMANTE MENTAL. Declaração de Henri Matisse, que pensava numa


pintura capaz de exercer apaziguamento nas pessoas fatigadas pelo cotidia-
no. Matisse foi o precursor do Fauvismo, pintura solar, então chamado de
“apóstolo das cores otimistas”. Conforme suas palavras, sonhava “com uma
arte de equilíbrio, de pureza e serenidade, destituída de temas perturbadores
ou deprimentes, uma arte que possa ser para todo trabalhador mental, seja
ele um homem de negócios ou um escritor, como que uma influência apazi-
guadora, um calmante mental, algo como uma boa poltrona onde repousar
da fadiga física”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Matisse.

CARÁTER INEVITÁVEL. É a forma essencial e a mais natural dos materiais


duros na escultura, as pedras e o mármore. Para Constantin Brancusi, esta
essência é ovoide.
Atividade: Pesquisar esculturas de Brancusi.

CARICATURA. Exagero proposital de traços característicos de pessoas com


o objetivo de satirizar os indivíduos e os costumes. Com a expansão da im-
prensa, tornou-se popular e transformou-se em gênero independente ao exer-
cer um papel crítico na vida política, social e econômica. Alguns artistas, co-
mo Goya, Daumier e Henri de Toulouse-Lautrec, introduziram a caricatura
na pintura, dotando-a de expressividade autônoma.
Atividade: Pesquisar Goya, Daumier Toulouse-Lautrec.

CARTEMA. Obras do brasileiro Aloísio Magalhães, na década de 1970, con-


cebidas com cartões postais em recortes e em padrões visuais. O termo é atri-
buído ao filólogo Antônio Houaiss.

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Atividade: Pesquisar cartemas de Aloísio Magalhães.

CINEMATISMO. Técnica explorada pelos pintores do Futurismo, com ante-


cedentes em Marcel Duchamp, e em estado avançado em “Nu descendo uma
escada”. Trata-se de mostrar as diferentes posições ou fases de um mesmo
objeto se deslocando no espaço. Uma simulação do movimento real com a
justaposição da mesma imagem, como se fossem fotogramas, cujo resultado
visual denota um paralelismo elementar.
Atividade: Pesquisar “Nu descendo uma escada”, Duchamp.

COLOUR FIELD. Campo de cor. Tendência em pintura abstrata norte-


americana, nos anos 1960, encabeçada por Barnett Newman, Mark Rothko e
Morris Louis. Colour Field é a pintura que privilegia grandes escalas de cor e
seus valores.
Atividade: Pesquisar obras de Barnett Newman, Mark Rothko e Morris
Louis.

COMPRESSÕES. Obras realizadas pelo italiano Cesar Baldaccini por meio


da compressão de latas e automóveis. As compressões fazem parte do Novo
Realismo e valorizam esteticamente a sucata ou o lixo da civilização industri-
al. Michel Archer comenta que Baldaccini, ao usar o triturador de ferro-velho
para comprimir o automóvel, transformou-o “em sua própria lápide”.
Atividade: Pesquisar as compressões de Cesar Baldaccini.

CUBISMO. Revolução artística efetuada pela pintura, com repercussões na


escultura e na poesia, desenvolvendo-se de 1907 a 1914. A origem do termo
surgiu a partir do dito de Henri Matisse, “pequenos cubos”, ao ver uma pin-
tura de Georges Braque. O crítico de arte Louis Vauxcelles, que vinha siste-
maticamente rejeitando a pintura moderna, retomou as palavras de Matisse e
lançou na imprensa, pejorativamente, o termo “cubismo”. Os criadores do
movimento, mais tarde, refutaram-no com a afirmação categórica de Pablo
Picasso: “Quando nós fizemos o cubismo, não tínhamos a intenção de fazer

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cubismo”. Picasso, ao empregar “nós”, estava se referindo a Braque, que
também foi precursor desta vanguarda que mudou para sempre os rumos da
arte, emancipando-a do Naturalismo. O Cubismo teve três períodos princi-
pais: o Cubismo cézanniano, de 1907 a 1909, o Cubismo analítico, de 1910 a
1912, e o Cubismo sintético, de 1913 a 1914. A pintura de Paul Cézanne e a
Arte negra foram determinantes para o sentido construtivo da formalidade
do Cubismo em reação à dispersão da forma com o Impressionismo, sua per-
da de solidez como havia constatado Cézanne, e aos impulsos de cor do Fau-
vismo. O sentido construtivo cubista afirmou o desejo de criar uma arte con-
cebida pela inteligência, sem, contudo, sacrificar sua faculdade mais elevada,
a intuição, que com a análise dos objetos decompôs as suas formas gerais, re-
sultando uma visão de todos os seus ângulos em uma mesma superfície. O
Cubismo, em seus períodos, destruiu o espaço perspectivo ou euclidiano com
a concepção de espaços simultâneos, introduzindo na arte a quarta dimensão
e as formas cinéticas. O Cubismo, por outro lado, com a decomposição dos
objetos reconstituiu as suas formas geometricamente, abstraindo a realidade
aparente e aproximando-se da estrutura cristalina. A inserção de impressos e
outros elementos na pintura foi o ponto culminante do movimento, e a sua
importância para o futuro da Arte moderna. Giulio Carlo Argan considera
que ao introduzir na pintura materiais que não são pictóricos, mas tornando-
os, o Cubismo revolucionou a arte no século 20. Guillaume Apollinaire, o
primeiro teórico, chegou à conclusão que os pintores cubistas foram além da
realidade da visão e atingiram a realidade do conhecimento, definindo o mo-
vimento em três períodos: científico, físico e órfico.
Atividade: Pesquisar pinturas cubistas de Braque e Picasso.

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MÓDULO

DRIPPING. Gotejamento. Técnica empregada pelo norte-americano Jackson


Pollock, substituindo os pincéis por latas furadas de onde escorrem as tintas.
O dripping, ou a projeção da tinta, foi reivindicado por Max Ernst. Este pro-
cesso de pintura caracterizou a Action Painting.
Atividade: Pesquisar o dripping na pintura de Pollock.

EMPAQUETAGE. Obras em grande escala efetuada pelo búlgaro Javacheff


Christo. Consiste em empacotar objetos, monumentos e edifícios públicos, o
que exige operações de engenharia e projeto estratégico no sentido de envol-
ver as cidades nas soluções contemporâneas da arte. Os empacotamentos
suscitam estranhamento e interferência lúdica na vida urbana.
Atividade: Pesquisar obras de Javacheff Christo.

ENIGMA PINTADO. Representação na Pintura Metafísica e no Surrealismo.


Consiste em uma poética da imagem, cujas figuras são evidentes, com toda
veracidade, mas que, uma vez relacionadas entre si, suscitam o enigma. Os
títulos, geralmente, sugerem a interpretação como, por exemplo, em “A incer-
teza do poeta”, obra de Giorgio De Chirico, na qual se vê, em primeiro plano,
um torso feminino clássico e um cacho de bananas defronte a uma edificação
com arcadas situada em um grande pátio deserto. Ao fundo, atrás de um mu-
ro, passam um trem e um veleiro em sentidos opostos.
Atividade: Pesquisar pinturas de Giorgio De Chirico.

ESCOLA DE BARBIZON. A partir de 1830 artistas franceses iam para uma


pequena cidade a sudoeste de Paris, Barbizon, para pintar ao ar livre a exem-
plo de Jean-François Millet. Entre eles destacam-se Theodore Rousseau, Diaz
de la Peña, Charles Daubigny, Jules Dupré e Constantin Troyon. Pintaram
paisagens tranquilas e trabalhadores do campo, ao mesmo tempo receptivos

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aos fenômenos da luz e da atmosfera que vão contribuir para a formação da
pintura impressionista.
Atividade: Pesquisar pinturas de Jean-François Millet.

ESCOLA DE PARIS. Paris, no início do século 20, concentrou artistas de vá-


rias nacionalidades, transformando-se em polo cultural cosmopolita. Desta
maneira, a concentração de tendências que os artistas representavam foi
chamada de Escola de Paris, caracterizadas pela liberdade de expressão. O
Impressionismo, naquele contexto, deixou de ser uma tradição francesa, e o
Expressionismo uma tradição alemã. A Escola de Paris, para Giulio Carlo Ar-
gan, não seguiu “uma linha política; uma condição fundamental da liberdade
artística consistia em sua independência em face de qualquer direção política
e religiosa, bem como de qualquer tradição nacional”. Além dos franceses
Henri Matisse e George Braque, os espanhóis Pablo Picasso e Joan Miró, o
russo Marc Chagall, o lituânio Chaim Soutine, e o italiano Amedeo Modiglia-
ni foram os principais expoentes da Escola de Paris, cuja ligação com os Esta-
dos Unidos foi proporcionada pela escritora Gertrude Stein, inicialmente por
meio da pintura de Picasso.
Atividade: Pesquisar pinturas de Chagall e de Miró.

EXPRESSIONISMO. Movimento artístico ocorrido na Europa de 1890 a


1930, afirmando-se a partir de 1905. Na Alemanha, entre as duas guerras
mundiais, teve acentuado desenvolvimento com Die Brücke, A Ponte, e Der
Blaue Reiter, O Cavaleiro Azul. Os artistas integrantes do primeiro grupo ex-
pressaram inquietação e conflitos sexuais, políticos e religiosos; os integrantes
do segundo grupo manifestaram um sentimento de comunhão espiritual com
o universo. O Expressionismo é um fenômeno estético tipicamente nórdico,
germânico e eslavo. Acentuou a individualidade, a revolta, a loucura e o sui-
cídio. Com precedentes na obra de Vincent van Gogh, James Ensor, Ferdi-
nand Hodler e Edward Munch, o Expressionismo teve como porta-voz, na
Alemanha, a revista Der Sturm, A Tempestade. Seus principais expoentes são
Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Erich Heckel, Otto Mueller,
Franz Marc, Oskar Kokoschka, Chaim Soutine, Gabrille Münter, Georges
Roualt, Franz Macke, Alexei von Jawlensky, Ernst Barlach, Max Pechstein e

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 16
Alfred Kubin. O Expressionismo teve, também, grande repercussão na litera-
tura e no cinema.
Atividade: Pesquisar pinturas de Erich Heckel Oskar Kokoschka.

EXPRESSIONISMO ABSTRATO. Movimento constituído no final dos anos


1940, nos Estados Unidos, em torno da obra de Jackson Pollock. O Expressio-
nismo Abstrato excluiu a figuração em favor de uma transcendência, exterio-
rizando a imagem como estrutura que condiciona os reflexos imaginativos. O
ímpeto deste condicionamento, que deve ser visto como gesto do corpo, ge-
ralmente apresenta o arredondado e a angularidade que revelam o compor-
tamento psíquico do artista. O termo é de Clement Greenberg, sendo um mo-
vimento determinante para o surgimento das tendências informais em pintu-
ra. Seus representantes são, além de Jackson Pollock, Willian de Kooning,
Hans Hoffman, Mark Tobey, Robert Motherwell, Franz Kline, Archile Gorki e
Clifford Still.
Atividade: Pesquisar obras de Pollock, Willen de Kooning e Franz Kline.

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MÓDULO

FLUXUS. Fluxos. Movimento formado com estratégias artísticas de Yves


Klein e Piero Manzoni. Reuniu artistas norte-americanos, asiáticos e euro-
peus: George Maciunas, Nam June Paik, Emmet Willians, Dick Higgins, Al
Hansen, Charlotte Moorman, Takenhisa Kosugi, Wolf Vostel, La Monte
Young, John Cage, Yoko Ono e Joseph Beuys. O movimento, no início dos
anos 1960, levou a efeito atividades aleatórias e anarquistas com o objetivo de
transformar a arte em energia capaz de libertar o indivíduo de qualquer re-
pressão, notadamente psicofísica e política. George Maciunas, em 1962, assim
se pronunciou: “Fluxus purga o mundo de loucura burguesa, da cultural in-
telectual, profissional e comercializada. Purga o mundo da arte morta, da imi-
tação, da arte artificial, abstrata e matemática”.
Atividade: Pesquisar obras de Piero Manzoni, Yoko Ono e Joseph Beuys.

FOVISMO. Movimento em pintura que de 1903 a 1907, com antecedentes no


final do século 19, integrou-se nas revoluções das vanguardas históricas. O
nome foi dado, pejorativamente, por um crítico antípoda da pintura moder-
na, Louis Vauxcelles, no Salão de Outono, Paris, em 1905. Diante de uma es-
tátua clássica de Albert Marquet colocada de propósito no meio de pinturas
violentamente coloridas, ele pronunciou: Donatello parmi les fauves, “Donatello
entre as feras”, daí o nome, fauves, feras. Os locais das seguintes exposições
fovistas foram considerados por crítico e o público como “a jaula”. A forma-
ção do Fovismo dependeu da pintura de cores puras de Henri Matisse, como
também de André Derain e Maurice Vlaminck influenciados pela retrospecti-
va de Vincent van Gogh de 1901. Na mesma época, mas sem ter havido con-
tato com os fovistas, pintores alemães em Munique manifestaram tendências
semelhantes, mas com um espírito bárbaro e arcaizante que contribuiu para o
surgimento do Expressionismo.
Atividade: Pesquisar pinturas de Matisse, Derain e Vlaminck.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 18
FUTURISMO. Movimento artístico e literário, tendo como mentor o poeta
Felippo Tomaso Marinetti que lançou, em 1909, o Manifesto da Poesia Futu-
rista, afirmando a primazia da velocidade e proclamando que um carro é
mais belo que a “Vitória de Samotrácia”. Em 1910, os pintores Carlo Carrá,
Umberto Boccioni, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini uniram-se a
Marinetti e lançaram um novo manifesto, Pintores Futuristas. Estes artistas
reagiram contra o Cubismo, considerando-o estático demais. Os futuristas
queriam “a sensação dinâmica eternizada”, valendo-se de uma composição
simultaneísta, onde a sequência dos movimentos aparece representada, o que
proporciona uma qualidade plástica descritiva de alguma coisa deslocando-
se no espaço. O Futurismo, apesar de suas inclinações fascistas e de incenti-
var a abolição da arte do passado e a destruição dos museus, exerceu grande
influência na vida moderna.
Atividade: Pesquisar pinturas futuristas de Boccioni e Russolo.

GEOMETRIA SENSÍVEL. Conceito de arte atribuído ao crítico brasileiro


Roberto Pontual. Abrange a produção construtiva de vários artistas latino-
americanos. Para Juan Acha, esta arte é lírica e para Frederico Morais tem
“um sentido mais vitalista e orgânica”. A exposição “América Latina: Geome-
tria Sensível” foi organizada por Roberto Pontual, no Museu de Arte Moder-
na do Rio de Janeiro, em 1978, reunindo artistas latino-americanos, entre os
quais Torres-Garcia, Amilcar de Castro, Alfredo Volpi, Alejandro Otero,
Adriano Aquino, Jesus Soto, Mira Schendel, Arcângelo Ianelli, Omar Rayo,
Edgar Negret, Marcelo Bonevardi, Eduardo Sued, Paulo Roberto Leal e Ru-
bem Valentim.
Atividade: Pesquisar pinturas de Torres-Garcia, Amilcar de Castro e de Al-
fredo Volpi.

GERAÇÃO 80. Exposição, em 1984, que reuniu 123 artistas brasileiros de vá-
rias procedências, destacando-se Beatriz Milhazes, Jorge Guinle, Daniel Seni-
se, Leda Catunda, Karin Lambrecht, Leonilson, entre outros. A exposição, na
Escola de Artes Visuais, Rio de Janeiro, teve a curadoria de Paulo Roberto
Leal, Marcos Lontra e Sandra Magger, que deram nome ao evento, “Como
vai você, geração 80”, e se pronunciaram de acordo com seu teor: “Gostem ou

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 19
não, queiram ou não, está tudo aí: todas as cores, todas as formas, quadrados,
transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, ge-
ração serrote, radicais e liberais, transvanguarda, punks e panquecas, pós-
modernos e pré-modernos, neoexpressionistas e neocaretas, velhos conheci-
dos, tímidos, agressivos, apaixonados, despreparados e ejaculadores preco-
ces. Todos, enfim, iguais a qualquer um de vocês. Talvez um pouco mais ale-
gres e corajosos, um pouco mais”. Frederico Morais, em texto do catálogo,
explica que este balanço de tendências não “pretendia transformar o mundo”,
cujos artistas não acreditavam em política e futuro, não por pessimismo, mas
por opção: “Preferem deixar as grandes questões de lado, e, na medida em
que não estão preocupados com o futuro, investem no presente, no prazer,
nos materiais precários, realizam obras que não querem a eternidade dos mu-
seus nem a glória póstuma”. O descompromisso da Geração 80 significou, em
parte, uma reação às vanguardas dos anos 1960 e 1970 que, mais uma vez,
para Frederico Morais, queriam “colocar a imaginação no poder”.
Atividade: Pesquisar obras de Daniel Senise, Leda Catunda e Karin Lam-
brecht.

GOLPES CALIGRÁFICOS. Na pintura de Vincent van Gogh observa-se que


a forma subjuga a natureza dos objetos. Com o pictórico e, em muitos casos,
com golpes caligráficos, sobretudo nos corvos sobre os trigais, que compõem
a coisa para além dela mesma, que está entre aquele que olha e o motivo da
obra. A motivação, na realidade, foi a condição psíquica do artista que atingiu
a plenitude da empatia.
Atividade: Pesquisar “Corvos nos trigais de Van Gogh.

GRAVURA. Emprega-se o termo gravura, e também estampa, para denomi-


nar as reproduções de obras em livros, revistas e jornais, ou mesmo emoldu-
radas. A gravura propriamente dita é toda a impressão obtida de matrizes
gravadas com instrumentos e com a ação de ácidos. As matrizes originais são
de madeira, metal, pedra, linóleo, papel e tecido. A gravura como expressão
artística no Ocidente surgiu e se firmou principalmente com Lucas van
Leyden, Albrecht Dürer, Rembrandt Harmens van Rijn, Francisco Goya, Wil-
liam Blake, José Guadalupe Posada e Jean-Baptiste-Camille Corot. No Oriente

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 20
é prática milenar por meio da xilogravura e da serigrafia. Durante o século 19
a gravura restringiu-se à função reprodutiva, sendo retomada como expres-
são autônoma por Edward Munch, Paul Gauguin e Henri de Toulouse-
Lautrec, e, no início do século 20, pelos expressionistas, tais como Emil Nol-
de, Karl Schmidt-Rottluff, Erich Heckel, E. L. Kirchner, Franz Marc, Max
Pechstein, Ernst Barlach, e outros não menos importantes. As técnicas da gra-
vura têm fundamentais meios: em relevo, em côncavo e no plano. A de relevo
é quando impressa nas partes altas da matriz (xilogravura, linoleogravura e
papelografia); a de côncavo quando impressa nas partes baixas da matriz
(calcogravura); e na de plano quando impressa na superfície da matriz (lito-
grafia e serigrafia). Com a gravura expandida, vários materiais são aplicados
nas matrizes, e qualquer superfície pode ser impressa mantendo os princípios
da gravura.
Atividade: Pesquisar gravuras de Posada e de Corot.

GRUPO FRENTE. O Grupo Frente foi fundado em 1954, no Rio de Janeiro,


por Ivan Serpa, com a participação de Aloísio Carvão, Hélio Oiticica, Lygia
Clark, Lígia Pape, Franz Weissmann, Décio Vieira, João José, Vincent Ibber-
son, Elisa Martins da Silveira, Eric Baruch e Rubem Ludolf. Na apresentação
da segunda exposição do grupo, Mário Pedrosa disse que os artistas do Gru-
po Frente estavam “convencidos da missão regeneradora da arte”. Vários ar-
tistas do Grupo Frente aderiram ao Neoconcretismo a partir da dissidência de
Ferreira Gullar do Concretismo Paulista, que apresentou a primeira exposi-
ção.
Atividade: Pesquisar obras de Ivan Serpa, Aloísio Carvão e Lygia Clark.

GRUPO REX. Fundado em 1965, em São Paulo, por Wesley Duke Lee, Nel-
son Leiner, Carlos Fajardo, Frederico Nasser, Geraldo de Barros e José Resen-
de, que abriram uma galeria de vanguarda, Rex Galery & Sons, e editaram o
jornal Rex Time. As atividades do grupo foram encerradas com a Exposição-
não-Exposição, acontecimento turbulento, desestabilizador, descrito por Wes-
ley Duke Lee: “Os quadros, de uma forma ou de outra, estavam presos. Al-
guns chumbados à parede com uma corrente, mas Rex fornecia a serra para a
pessoa rompê-la. Havia nisso uma ideia muito bonita: queríamos ver os nos-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 21
sos clientes fazerem um pequeno esforço e levarem o quadro de graça para
casa. Bom, foi um dos happenings mais perfeitos que fizemos. A galeria foi to-
da depredada e os quadros arrancados brutalmente e vendidos na porta pelas
pessoas que os tiraram de lá”.
Atividade: Pesquisar obras de Wesley Duke Lee e Nelson Leiner.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 22
MÓDULO

HAPPENING. Acontecimento. Arte imprevista, com base em qualquer situa-


ção, incluindo as pessoas, os objetos e os locais. Trata-se de uma poética do
circunstancial, efêmera, que desfaz as fronteiras entre arte e vida, artista e
público. O Happening surgiu nos Estados Unidos, no início dos anos 1950,
com John Cage e Allan Kaprow, que preferia o termo environment, envolvi-
mento, assim definindo-o: “Graças ao Happening nossos atos tornam-se rituais
e nossa vida quotidiana se transforma”. Roy Rauschenberg chamou o Happe-
ning de “pequeno teatro”.
Atividade: Pesquisar o happening de Allan Kaprow.

HIPER-REALISMO. Em reação contra as abstrações e contra a intelectualiza-


ção da pintura, Chuk Close, Richard Estes e Malcoln Morley foram os primei-
ros artistas do Hiper-realismo ou Fotorrealismo. Utilizaram imagens fotográ-
ficas de maneira arbitrária, detalhes ampliados de motocicletas, vitrinas, car-
ros etc., acentuando suas características, levando a pintura a representar uma
extrema evidência. Diz Pierre Schneider que “o verdadeiro tema do Hiper-
realismo não é a vida, mas a fotografia que fuzila a vida em pleno voo”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Chuk Close, Ricard Estes e Malcoln Mor-
ley.

IMAGEM AMBÍGUA. A imagem ambígua foi explorada no Surrealismo de


maneira involuntária ou voluntária, respectivamente nos períodos intuitivo e
racional. Salvador Dali a definiu como “a representação de um objeto que,
sem a menor modificação figurativa ou anatômica é, ao mesmo tempo, a re-
presentação de outro objeto absolutamente diferente”. Este duplo sentido fi-
gural é também chamado de imagem alucinatória, cujos precedentes encon-
tram-se, no século 16, na pintura de Giuseppe Arcimboldo, Hieronymus
Bosch e Jacopo da Pontormo; no século 19, na poesia de Arthur Rimbaud e na
ficção de Lautréamont.
Atividade: Pesquisar obras de Giuseppe Arcimboldo e Salvador Dali.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 23
IMPRESSIONISMO. Movimento lançado oficialmente, em 1874, Paris, no
estúdio do fotógrafo Gaspard-Felix Tournachon Nadar. O movimento come-
çou a se formar por volta de 1850, recebendo o nome Impressionismo durante
a referida exposição por causa de uma pintura de Claude Monet, “Impressão:
sol nascente”, embora a primeira menção a este novo sentido pictórico tenha
sido por Camille Corot, que exerceu grande influência na sua formação:
“Nunca perder a primeira impressão que sentimos”. O Impressionismo está
ligado ao surgimento da vida moderna, notadamente urbana, que introduziu
um mecanismo e uma variação sem precedentes no cotidiano das cidades. Os
pintores impressionistas, em função da sensibilidade cromática, procuraram e
encontraram uma técnica de pintura para representar todo este movimento,
ritmo, mutação e transitoriedade com o predomínio do momentâneo sobre o
permanente, abrindo o caminho para a tecnologia em arte. Assim, luz e in-
formalidade provocada pela decomposição das cores exprimem a sensibili-
dade impressionista, aliás, uma arte intermediadora das sensações óticas. O
fenômeno totalmente visual do Impressionismo mostra a realidade em uma
superfície que tende a elaborar as duas dimensões, ocupada com manchas ou
toques de cor que provocam a dissolução da estrutura sólida das coisas. A
cor, desta maneira, atinge valor incorpóreo e abstrato. Eugene Delacroix, Wil-
liam Turner, John Constable, os pintores de Barbizon, Honoré Daumier, Jean-
Baptiste-Camille Corot, Camille Pissarro, Gustave Courbet e a xilogravura
japonesa são as principais bases do Impressionismo, movimento caracteriza-
do pela experiência artística da cidade. Os principais representantes são
Édouard Manet, Claude Monet, Edgar Degas e Auguste Renoir. Alguns pin-
tores como Paul Cézanne, Vincent van Gogh, Henri de Toulouse-Lautrec e
Paul Gauguin – que viveram a experiência impressionista – foram além dela e
constituíram o que os teóricos e historiadores pensaram como Neoimpressio-
nismo, que é, sobretudo, a radicalização do emprego da cor com o Divisio-
nismo criado por Georges Seurat e Paul Signac.
Atividade: Pesquisar “Impressão: sol nascente”, pintura de Claude Monet,
e pinturas de Edgar Degas e Auguste Renoir.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 24
INFORMALISMO. Ampla e diversificada corrente em pintura motivada pe-
lo Expressionismo Abstrato, expandindo-se por todo Ocidente. O Informa-
lismo, em parte um nome inadequado porque o tratamento é da forma que
apenas não tem limites, surgiu nos anos 1950, confundindo-se com a Abstra-
ção Lírica, abrangendo variações gestuais de cunho matérico. No conjunto
destas expressões salienta-se a espontaneidade do gesto, cujo ritmo pictórico
condiciona a energia psicofisiológica do artista. As manifestações informais,
além do matérico, atingem a expressão caligráfica e ideográfica. Nos anos
1980, o Informalismo ressurge como Pintura Enérgica. Os mais destacados
artistas são Wols Schulze, Hans Hartung, Jean Fautrier e Antoni Tàpies. A
obra de Fautrier é o ponto de partida para a teorização da informalidade, cuja
matéria é a extensão pictórica sem a presença da estrutura formal delimitada.
Atividade: Pesquisar pinturas de Wols Schulze e Hans Hartung.

IKB. Estratégia artística praticada pelo francês Yves Klein com uma cor-
padrão, o azul. Para ele a arte deveria provocar mudanças na sensibilidade,
enquanto a obra deveria conter energia transformadora em sua elaboração.
Yves Klein acreditava que o azul, e ultramarino, continha esta mutação, para
tanto criando uma fórmula específica que chamou de IKB, Azul Klein Inter-
nacional, que registrou, em 1960, no Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial, em Paris.
Atividade: Pesquisar obras de Yves Klein.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 25
MÓDULO

LAZARETTO. O jornal carioca A Notícia, em 1939, empreendeu uma campa-


nha difamatória contra Lasar Segall. Além de o jornal ter mencionado que o
pintor foi incluído na exposição “Arte Degenerada”, organizada pelos nazis-
tas em 1937, na Alemanha, o taxaram de “artista-judeu”, e o recinto em que
estava expondo naquele ano de “lazaretto” em função das deformações cubis-
tas e expressionistas em suas pinturas. “Lazaretto”, pela conotação médica,
associou doença e arte moderna, sempre atacada nesse sentido, corroborando
a visão equivocada de Monteiro Lobato ao atribuir “paranoia ou mistifica-
ção” à Anita Malfatti. A campanha contra Segall foi repudiada por Vinícius
de Moraes, Jorge Amado, Moacir Werneck de Castro e José Lins do Rego, en-
quanto Mário de Andrade, que acompanhava de perto as artes visuais e enal-
tecia Cândido Portinari em detrimento de Segall, preferiu o silêncio. A moti-
vação para esta recusa de Segall e de Malfatti foi por terem realizado as pri-
meiras exposições de arte moderna no Brasil: Segall em 1913, e Malfatti em
1917, ambas em São Paulo.
Atividade: Pesquisar obras de Lasar Segall e Anita Malfatti.

LINHA DA ARTE SOCIAL. A relação entre arte e sociedade pode ser posta
de dois modos principais: as experiências artísticas que se integram na pro-
dução-consumo, que é a linha da arte útil, e as experiências que se voltam pa-
ra os temas sociais, muitas vezes de conotações políticas e ideológicas, que é a
linha da arte social, que se encontra nas origens da arte do século 19, com o
realismo humanitário de solidariedade social, de orientação socialista, comu-
nista e anarquista. A linha da arte social caracteriza-se, excetuando o Realis-
mo Socialista, por uma continuidade do tema em seu conteúdo e uma varia-
bilidade na forma. Incluem-se nesta morfologia o Realismo Expressionista, o
Realismo Socialista e a Pop Art.
Atividade: Pesquisar obras do Realismo Expressionista e do Realismo Soci-
alista.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 26
LINHA DA ARTE ÚTIL. É a arte que não adorna e nem consola, mas concor-
re para elevar a qualidade da vida, ajudando o homem no cotidiano, sendo a
expressão que coloca a relação direta entre arte e sociedade. Nesta linha en-
contram-se o Purismo, a Bauhaus, o Stijl, a Op Art e a Pop Art.
Atividade: Pesquisar obras da Op Art e Pop Art

LINHA DA EXPRESSÃO. Toda arte é expressão, e a linha da expressão é


uma supercorrente que se identifica sobremaneira com a expressividade, ou
seja, arte que apresenta a mudança de atitude do artista em relação ao objeto
de sua atenção. Trata-se da empatia, que é a projeção do sentimento na arte.
Inserem-se nesta linha a Nova Arte, o Expressionismo, o Expressionismo
Abstrato, o Futurismo, o Informalismo, a Action Painting e a Body Art.
Atividade: Pesquisar obras do Expressionismo e do Expressionismo Abstra-
to.

LINHA DA FORMATIVIDADE. A linha da formatividade é composta com


os movimentos que articulam os processos configurativos e a forma que se
torna abstrata. Esta arte se reporta basicamente à visibilidade pura, na qual a
pintura deixa de se preocupar com aquilo que o mundo representa para es-
tudar os aspectos visuais da forma, extraindo um conhecimento desta atitude.
Inserem-se nesta linha o Nabis, o Fovismo, o Cubismo, o Abstracionismo, o
Construtivismo, o Neoplasticismo, o Suprematismo, o Stijl, o Concretismo e a
Op Art.
Atividade: Pesquisar obras do Neoplasticismo e do Suprematismo.

LINHA DA REDUÇÃO. O termo redução não significa um processo simpli-


ficador, pelo contrário, indica o processo que visa investigar as estruturas da
expressão, os materiais e os instrumentos, o que proporciona grandes trans-
formações ao reduzir um código recém-adquirido em outro mais recente ain-
da. Redução de uma atitude à outra com o propósito crítico e de pesquisa no
sentido de desorientar o público, a crítica de arte e os próprios artistas. Este
foi o principal objetivo do Dadaísmo, que é a base propulsora da linha da re-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 27
dução, na qual está, além do Dadaísmo, o Neodada, o Happening, a Arte Con-
ceitual, a Arte Pobre, o Minimalismo, a Land Art e a Transvanguarda.
Atividade: Pesquisar obras de Michelangelo Pistoletto.

LINHA DO ONÍRICO. A linha do onírico tende para o sentido da revelação,


conferindo toda a importância ao psiquismo. Voltada para o sonho, a memó-
ria e a imaginação, predomina nesta linha a figuração metafórica como ve-
rismo da atividade onírica. A linha do onírico representa o conteúdo subjeti-
vo através da forma objetiva com a interferência de outra característica que
engloba as demais: o absurdo, isto é, a presença de objetos em contextos que
lhes são estranhos. Esta representação surge do inconsciente, onde passado,
presente e futuro se confundem. A Pintura Metafísica e o Surrealismo com-
põem a linha do onírico.
Atividade: Pesquisar obras de Giorgio De Chirico e Magritte.

LIRISMO NACIONALISTA. Ao refletir sobre a obra de Guignard, em 1948,


o crítico de arte Lourival Gomes Machado chegou à conclusão que “o brasi-
leiro é, como para os líricos do Romantismo, um ser de bondade e candura”,
segundo ele a legitimação do segundo período “do Modernismo brasileiro”,
nomeando-o de Lirismo Nacionalista. Essa nacionalização tem antecedentes
nos românticos típicos de pintores e escritores do século 19, naturalmente in-
fluenciados pelo Romantismo francês que, em grande parte, enfatizou a sen-
timentalidade e os valores naturais ou a natureza do homem bom, cujo prin-
cipal propagador foi Jean-Jacques Rousseau. Ao retomar a expressão em
1974, Frederico Morais, traduzindo-o como “humanismo”, ora diz que se tra-
ta de “perspectiva utópica” e ora de “ingenuidade”. O crítico justifica esses
valores culturais como isentos “de conflitos raciais e econômicos” represen-
tados, além de Guignard, por Pancetti, Djanira e Maria Leontina.
Atividade: Pesquisar pinturas de Guignard, Pancetti. Djanira e Maria Leon-
tina.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 28
MÓDULO

MAIL ART. Arte Postal. Processo artístico que valoriza a comunicação inter-
pessoal através do correio. Introduziu na arte a multimídia e a intermídia
próprias da técnica operatória e a própria postagem. O diálogo por meio da
Arte Postal, tendo como suporte o envelope e o papel, trabalha com todos os
recursos da semiótica. Nos anos 1970, a importância da cultura posta em cir-
culação pelos artistas da Arte Postal levou algumas escolas europeias e norte-
americanas a adotar o estudo e a teorização a partir da poética de seus pio-
neiros: Marcel Duchamp, Ray Jhonson, Robert Rauschenberg e Andy Warhol.
A Arte Postal surgiu em 16 de fevereiro de 1916, quando Marcel Duchamp
enviou a Louise e Walter Arensberg um cartão feito com outros cartões. O
grupo Fluxus sistematizou a postagem artística, e, na década de 1970, Christi-
an Rigal realizou o I Festival Internacional do Cartão Postal, seguido de 80
exposições na Alemanha, França, Itália, Japão e Estados Unidos.
Atividade: Pesquisar obras do Mail Art.

MERZ. Para denominar as obras que realizou nos anos 1920, Kurt Schwitters
empregou o termo merz, detritos, portanto todo o material descartado que
elaborou em colagens e assemblages. Merzbau, “Construção de detritos”, é a
obra máxima construída por Schwitters, em Hannover, Alemanha, e repre-
senta uma variação do Dadaísmo.
Atividade: Pesquisar “Construção de detritos” de Kurt Schwitters.

MÓBILE. É a escultura com movimento real, com intervenção mecânica, na-


tural e manual. O termo é de Marcel Duchamp para denominar as esculturas
de Alexander Calder.
Atividade: Pesquisar móbiles de Calder.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 29
MODULAÇÃO. Técnica de Paul Cézanne na realização do motivo, que tor-
nou supérfluo o assunto. A modulação compõe-se com ritmos em várias dire-
ções de forma e cor que, assim, unificam o espaço pictórico ou tornam coesa a
imagem da pintura.
Atividade: Pesquisar pinturas de Cézanne com o título “A montanha de
Santa vitória”

MURALISMO MEXICANO. David Alfaro Siqueiros, Diego Rivera e José


Clemente Orozco fundaram o Muralismo Mexicano, expressão legítima da
Revolução Mexicana, ocorrida em 1910. Conforme Siqueiros, “pintaremos os
muros das ruas e as paredes dos edifícios públicos, dos sindicatos, de todos
os cantos onde se reúne gente que trabalha”. A repercussão do Muralismo
Mexicano foi grande na América Latina e nos Estados Unidos com a influên-
cia exercida pelo programa New Deal.
Atividade: Pesquisar murais de Siqueiros, Rivera e Orosco.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 30
MÓDULO

NABIS. Grupo em torno de Paul Gauguin e Paul Sérusier entre 1890 e 1900.
Os pintores do grupo empregaram cores puras, lisas e justapostas, provocan-
do uma simplificação livre de formas em parte inspiradas nas estampas japo-
nesas. O teórico foi Maurice Denis que, em 1890, escreveu a definição desta
arte que será respeitada por pintores do início do século 20: “Um quadro, an-
tes de ser um cavalo-de-batalha, uma mulher nua ou qualquer anedota, é, es-
sencialmente, uma superfície plana recoberta de cores reunidas em certa or-
dem”. Edouard Vuillard, Pierre Bonnard e Félix Vallotton se voltaram para as
técnicas decorativas; Paul Sérusier, Maurice Denis e Paul Gauguin se volta-
ram para a simbolização mística. Nabis, palavra hebraica que significa profe-
tas, é considerado o elo intermediário entre o Neoimpressionismo e o Fovis-
mo. Paul Ranson, Ker-Xavier Roussel e Aristide Maillol aderiram aos princí-
pios deste grupo.
Atividade: Pesquisar pinturas de Paul Sérusier.

NEODADA. Durante os anos 1950, as obras de Robert Rauschenberg e Jasper


Johns foram denominadas Neodada por trabalharem temas do cotidiano com
a tentativa de exercer uma crítica em relação às suas inutilidades. Mesmo as-
sim, estes artistas não levaram em conta as fontes do Dadaísmo, que culmi-
nou com o ready-made de Marcel Duchamp. Guto Lacaz, no Brasil, por sua na-
tureza inventiva permeada pelo humor irônico, realizou obras que também
foram inseridas na tendência Neodada.
Atividade: Pesquisar obras de Guto Lacaz.

NEOEXPRESSIONISMO. Tendência em pintura, com variações figurativas e


informais, que expressa os dilemas sociais e políticos através de acentuada
fantasia, opondo-se contra o intelectualismo da Arte Conceitual e do Minima-
lismo. É uma variação da Transvanguarda. Os artistas do Neoexpressionismo

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 31
ficaram conhecidos como Neue Wilden, Novos Selvagens. Seus principais re-
presentantes são A. R. Penck, Anselm Kiefer, Per Kirkeb e Sigmar Polke.
Atividade: Pesquisar pinturas de Anselm Kiefer.

NEOIMPRESSIONISMO. Radicalização da separação das cores no Impres-


sionismo, e também uma recusa à improvisação pictórica deste movimento
que, no século 19, forjou uma técnica capaz de apreender o instante e a sensa-
ção de transitoriedade provocada pela vida urbana. Conhecido como Divisi-
onismo, Pontilhismo ou Pintura Científica, o Neoimpressionismo aprofundou
o efeito ótico, a própria fisiologia da visão através de pontos de cores puras
que se fundem no olhar, nas retinas. Georges Seurat, que estudou a teoria da
visão de Chevreuil, foi o pioneiro desta arte que se aproxima da constatação
científica da pintura, seguido por Paul Signac. Ambos elaboraram uma tecno-
logia das cores assim como já havia sido elaborada uma tecnologia industrial.
Seurat afirmou que “a pureza do elemento espectral é o fundamento da técni-
ca”, ou seja: no espectro das cores são as primárias ou puras (amarelo, verme-
lho e azul) que criam as demais cores, as complementares (laranja, verde e
violeta), denominando este processo de “cromoluminismo”. Seurat efetuou,
conforme Camille Pissarro, a cisão entre “os impressionistas românticos”, os
representantes do Impressionismo propriamente dito, e os “impressionistas
científicos”, os representantes do Divisionismo. O termo Neoimpressionismo
apareceu em 1886 e é atribuído ao crítico de arte Félix Féneon. Paul Gauguin
foi quem, em sentido depreciativo, chamou as pinturas de Signac de “tapeça-
rias de petit point”.
Atividade: Pesquisar desenhos e pinturas de Seraut.

NEOPLASTICISMO. Doutrina estética de pintura formulada e praticada por


Piet Mondrian, ligada à plasticidade pura e com desenvolvimentos na escul-
tura, na arquitetura e no design de objetos e de moda. O Neoplasticismo em
seu processo deriva da decomposição cubista dos objetos até atingir o empre-
go exclusivo do ângulo reto na posição vertical-horizontal, e com o predomí-
nio das três cores primárias, às quais se juntam o preto, o cinza e o branco. A
forma neoplasticista é absoluta, portanto, sem exterioridade, e foi atingida
gradualmente por Mondrian do orgânico ao inorgânico, tendo a adesão de

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 32
Theo van Doesburg e da revista Stijl, que foi o órgão divulgador do movi-
mento, coerente entre 1917 e 1928. O Neoplasticismo representa a forma es-
sencial da abstração geométrica desenvolvida até 1940.
Atividade: Pesquisar pinturas de Mondrian e a aplicação de seu estilo nos
mais variados objetos.

NERVO ÓPTICO. O Nervo Óptico foi criado em 1976, em Porto Alegre, por
Vera Chaves Barcellos, com a participação Carlos Asp, Telmo Lanes, Mara
Álvares e Clóvis Dariano, com adesões posteriores de Carlos Pasquetti, Julia-
na Dariano, Fernanda Cony e Maria Tomaselli, entre outros. O grupo, em
prospectos com o mesmo nome, divulgou “novas poéticas visuais” com texto,
desenho e fotografia. O Nervo Óptico dissolveu-se em 1978, e vários de seus
integrantes inauguraram O Espaço No, em 1979, ainda com a liderança de
Vera Chaves Barcellos. Estes artistas conservavam suas expressões individu-
ais, mas estavam unidos, nas palavras de Carlos Scarinci, “por uma disposi-
ção de trabalhar os signos de nossa época, formulando códigos específicos,
desmembrando-os analiticamente e depois os transformando em técnicas que
utilizam os massmedia atuais”. A diversidade de linguagens semióticas carac-
terizou o prospecto Nervo Óptico, que teve 10 números com circulação no Sul
do País, sendo um dos veículos contraculturais mais efetivos na década de
1960.
Atividade: Pesquisar prospectos do Nervo Ótico e obras de Carlos Asp.

NOUVEAU RÉALISME. Novo Realismo. Movimento artístico oficializado em


27 de outubro de 1960 com a participação de Yves Klein, Arman Fernandez,
François Dufrène, Raymond Hainz, Martial Raysse, Daniel Spoerri, Jean Tin-
guely e Jacques de la Villeglé. Mais tarde aderiram César Baldacini, Mimo
Rotella, Niki de Saint-Fhalle, Jevacheff Christo e Gerard Deschamps. O prin-
cipal teórico e praticamente o líder, Pierre Restany, no livro Os Novos Realis-
tas, diz que se trata de apropriações da natureza moderna, com variações con-
forme a expressão individual de seus participantes: “1. Um método de per-
cepção e comunicação sensível a serviço de uma intuição cósmica; 2. Uma
vontade de integrar a técnica industrial no cotidiano; 3. Uma preocupação de
recuperar poeticamente as formas mais correntes de exploração das lingua-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 33
gens visuais organizadas: manifestos, publicidade, massmedia”. A natureza
moderna do Novo Realismo é a indústria e o urbano, extraindo desta experi-
ência uma visão humanista da tecnologia com processos mecânicos e com os
objetos descartados pela civilização com a assemblage, o objet trouvé, o brico-
leur, a compressão, a acumulação etc.
Atividade: Pesquisar obras de Arman Fernandez e Jean Tinguely.

NOVA OBJETIVIDADE. A Nova Objetividade, Neue Sachlichkeit, formou-se


com membros do Dadaísmo alemão, George Grosz e Otto Dix. Esta arte li-
gou-se à vida social e política, ao caos do mundo moderno, indo da caricatura
ao Realismo Expressionista, além de manter preocupações filosóficas. Uma
variação do movimento é vista como Realismo Mágico.
Atividade: Pesquisar obras de George Groz e Otto Dix.

NOVA OBJETIVIDADE BRASILEIRA. Exposição em 1967 que reuniu as


expressões mais genuínas da vanguarda brasileira. Depois de Opinião 65,
Nova Objetividade Brasileira é a seguinte grande manifestação artística após
o golpe militar, em 1964, marcando a história da arte ao revidar à “caixifica-
ção da vanguarda brasileira” como informa Frederico Morais. Hélio oiticica,
um dos mais radicais participantes, em texto do catálogo definiu os propósi-
tos da exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: “Nova Obje-
tividade seria a formulação de um estado típico da arte brasileira de van-
guarda atual, cujas principais características são: 1) vontade construtiva geral;
2) tendência para o objeto, ao ser negado e superado o quadro de cavalete; 3)
participação do espectador: tátil, visual e semântica; 4) abordagem e tomada
de posição em relação a problemas políticos, sociais e éticos; 5) tendência para
uma arte coletiva e consequente abolição dos ismos; e 6) ressurgimento e no-
vas formulações do conceito de antiarte”. Integraram a exposição, além de
Hélio Oiticica, Antonio Dias, Aloísio Carvão, Glauco Rodrigues, Carlos Ver-
gara, Ivan Serpa, Lígia Pape, Lygia Clark, Nelson Lerner, Marcelo Nitsche,
Waldemar Cordeiro, entre outros.
Atividade: Pesquisar obras de Hélio Oiticica.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 34
Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 35
MÓDULO

10

OP ART. Arte Ótica. Arte que leva a efeito a atividade ótica com estruturas
formais rigorosas, geométricas, porém flexíveis ao olhar. Para Vinca Manzini
é a “arte suscetível de mutações de seus elementos com possibilidade de con-
figurações diversas, limitadas pelas modificações recíprocas dos elementos e
do espectador”. A Arte Ótica teve repercussão e coerência durante a década
de 1960, integrando-se ao cinético com a programação e combinação de cores
ou em preto e branco. Abraham Moles diz que “por um lado temos um nú-
mero restrito de elementos formais demoradamente pesquisados e por isso
mesmo simples e de fácil percepção. De outro lado, a maneira de estruturá-
los. Ou seja, a combinação de elementos deverá resultar em uma estrutura na
qual se reconheçam, ao mesmo tempo, cada elemento e sua relação”. Victor
Vasarely e Bridget Riley são os precursores e preferiram o termo Abstração
Perceptiva, definindo-a como arte que se realiza “entre a córnea e o cérebro”.
Dois grupos destacaram-se em Munique, Effekt e Nota, e dois panoramas fo-
ram ao público, Movimento Agitado, em Amsterdam, e Luz e Movimento,
em Paris. A Arte Ótica, no Brasil, teve repercussão na obra de Ivan Serpa e de
Lothar Charoux. Israel Pedrosa, sem visar à Arte Ótica, fez um estudo com-
pleto sobre os efeitos cromáticos integrados à forma que dão subsídios ao ci-
nético em arte, publicando-o com o título Da Cor a Cor Inexistente.
Atividade: Pesquisar obras de Victor Vasarely e Bridget Riley.

OPINIÃO 65. A primeira exposição importante logo após o golpe militar de


1964. Idealização de Jean Boguici e Céres Franco, Opinião 65 foi inaugurada
em 1965 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A exposição reuniu 30
artistas, alguns vinculados à Escola de Paris, com a participação dos brasilei-
ros Antônio Dias, Ivan Serpa, Adriano de Aquino, Wesley Duke Lee, Walde-
mar Cordeiro, José Roberto Aguilar, Ângela de Aquino, Pedro Escosteguy,
Gastão Manuel Henrique, Tomoshige Kusuro, Rubens Gerchman, Hélio Oiti-
cica, Carlos Vergara, Flávio Império, Ivan Freitas, Roberto Magalhães e Vilma
Pasqualini. Em texto do catálogo, Céres Franco definiu a exposição: “Opinião

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 36
65 é uma exposição de ruptura. Ruptura com a arte do passado. O exemplo
vitorioso da Pop Art americana e as realizações do Novo Realismo europeu
encontraram eco no jovem artista de vanguarda, e encorajaram-no a contestar
a famosa afirmação de Maurice Denis sobre a qual se baseou a pintura abstra-
ta, relegando-a à história. A jovem pintura pretende ser independente, polê-
mica, inventiva, denunciadora, crítica, social e moral. Ela se inspira tanto na
natureza urbana imediata como na própria vida, com seu culto diário de mi-
tos”. O sucesso atingido por Opinião 65 exigiu mais uma exposição, em 1966,
no citado museu. Hélio Oiticica, em depoimento do catálogo, disse que era
chegada a hora da antiarte: “Com as apropriações descobri a inutilidade da
chamada elaboração da obra de arte. Está na capacidade do artista declarar se
isso é ou não uma obra, tanto faz que seja uma coisa ou uma pessoa viva”.
Um eco de Marcel Duchamp ao declarar que “a simples eleição de um objeto
já equivalia à criação”.
Atividade: Pesquisar obras de Rubens Gerchman, Carlos Vergara e José
Roberto Aguilar.

ORFISMO. Formulação de Guillaume Apollinaire numa conferência na gale-


ria Der Sturm, A Tempestade, sobre a pintura de Robert Delaunay e Sonia De-
launay, em Berlim, 1912. O Orfismo, para Apollinaire, desembaraça a pintura
da representação objetiva da natureza, ao mesmo tempo uma reação às auste-
ridades do Cubismo. Robert e Sonia praticaram uma arte que exalta o dina-
mismo da cor por meio do contraste simultâneo, proporcionando a passagem
da pintura como “realidade da visão” para a “realidade do conhecimento”.
Orfismo refere-se ao culto de Orfeu a Dionísio, na mitologia grega o deus do
entusiasmo, da incontinência, da desmedida paixão. O Orfismo é uma fusão
avançada de Fovismo e Cubismo, nas palavras de Apollinaire “o primado da
cor na construção pictórica”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Robert Delaunay e Sonia Delaunay.

PARANGOLÉ. Com um processo inventivo em favor do descondicionamen-


to artístico, sensível, Hélio Oiticica criou o parangolé para atingir o envolvi-
mento coletivo e o ambiente. Inserido na ideia de “penetrável” em sua obra,
os parangolés são capas, acompanhadas com estandartes e bandeiras conten-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 37
do palavras e fotos; devem ser vestidas e vivenciadas com sons por qualquer
pessoa. O parangolé foi levado ao público pela primeira vez na exposição
Opinião 65.
Atividade: Pesquisar parangolés de Hélio Oiticica.

PERÍODO HEROICO. O período entre 1917 e 1922 foi considerado por Má-
rio de Andrade como heroico na trajetória do Modernismo Brasileiro. Em
1917, em São Paulo, realizou-se a exposição de Anita Malfatti, atacada dura e
equivocadamente por Monteiro Lobato com o artigo “Paranoia ou Mistifica-
ção”. O heroísmo assinalado diz respeito ao isolamento em que se encontrava
a expressão moderna de Anita Malfatti, com decisiva importância artística,
incluindo a chegada de Lasar Segall ao Brasil. Mário de Andrade, mais tarde,
rememorou a exposição de Anita Malfatti: “Parece absurdo, mas aqueles
quadros foram a revelação. E, ilhados na enchente do escândalo que tomara a
cidade, nós, três ou quatro, delirávamos de êxtase diante dos quadros que se
chamavam O homem amarelo, A estudante russa, A mulher de cabelos verdes”. Por
outro lado, Oswald de Andrade já pensava em uma “pintura nacional” em
função “dos recursos imensos do país, dos tesouros de cor, de luz, dos basti-
dores que os circundam, a arte nossa que afirme, ao lado do nosso intenso
trabalho material de construção de cidades, e desbravamento de terras, uma
manifestação superior de nacionalidade”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Anita Malfatti e Lasar Segall.

PINTURA METAFÍSICA. Arte que se vale de um realismo formal em favor


da expressão que transcende a própria realidade das coisas. Giorgio De Chi-
rico é o pintor que radicalizou os elementos metafísicos com a “nostalgia pelo
infinito”, quer dizer, pintura de realidades suprassensíveis, realidades então
consideradas supremas que aproximam a pintura da filosofia. Os surrealistas
reivindicaram a sua obra como precursora do “automatismo psíquico”, mas
De Chirico mais tarde afirmou que sua pintura foi o resultado de uma “medi-
tação racional”, o que não invalida a sua inclusão no Surrealismo no segundo
período, exatamente o racional, e que se formou com a taxionomia de ima-
gens obtidas por meio do inconsciente do primeiro período, o intuitivo. Carlo
Carrá, após envolvimentos com o Futurismo, aderiu à Pintura Metafísica. Em

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 38
Giorgio Morand, Albert Giacometti, Paul Delvaux, René Magritte, Max Ernst
e vários outros surrealistas encontram-se expressões de cunho metafísico.
Atividade: Pesquisar pinturas de Giorgio De Chirico e Giorgio Morand.

POP ART. Expressão paradigmática da sociedade de consumo e da cultura


de massa; portanto, uma arte que exprime todos os apelos da vida nas gran-
des cidades. Originou-se em Londres com a obra de Richard Hamilton, em
1955, e teve máximo desenvolvimento nos Estados Unidos até o final dos
anos 1960 com Robert Rauschenberg, Jasper Johns, Roy Lichtenstein, Andy
Wahrol, Claes Oldemburg e Jin Dine, entre outros. Enraizada no urbano, nos
bens de consumo, no rádio, na televisão, no cinema, nos quadrinhos, nas em-
balagens, nos luminosos, nos ídolos etc., a Pop Art opõe-se à subjetividade do
Expressionismo Abstrato. A Pop Art é figurativa, porém uma figuração se-
miótica como simulacro do cotidiano, e que manipula todas as técnicas de
pintura como se fosse uma arqueologia da arte moderna, além de se apropri-
ar do vocabulário próprio do mundo da comunicação e da informação. Para
Lawrence Alloway, que deu o nome do movimento, trata-se de “uma arte
que aborda signos e sistemas de signos”, o que pode ser exemplificado com a
apropriação da história em quadrinho por Roy Lichtenstein com a escolha de
uma imagem que continha seu propósito, como em I know how you must feel,
Brad... (Sei como você está se sentindo, Brad...), o que uma jovem pensa com
fisionomia de aflição, que reproduziu com modificações mínimas em grande
formato e completa forma impessoal, sem emoção, exatamente uma ironia à
arte saturada de expressão emocional, no caso o Expressionismo Abstrato, o
movimento contemporâneo da Pop Art.
Atividade: Pesquisar obras de Jasper Johns, Roy Lichtenstein e Andy
Wahrol.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 39
MÓDULO

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POST-PAINTERLY ABSTRACTION. Abstração Pós-pictórica ou Abstração


Pós-fovista. Tendência em pintura representada pelos norte-americanos
Frank Stella, Kenneth Noland, Jules Olitski, Larry Poons e os ingleses John
Hoyland e John Walker. A Abstração Pós-pictórica tem parentesco com a
tendência Campo de Cor, Colour Field, e reagiu contra a gestualidade, afir-
mando a forma-cor de contorno duro, ou corte sólido, Hard Edge, termo de
Jules Sansner. Os estudos da psicologia da Gestalt, da pintura de Josef Albers
e da Bauhaus foram fundamentais para a formação desta tendência com re-
percussões na Arte Concreta dos suíços Richard Lhose e Max Bill.
Atividade: Pesquisar pinturas de Frank Stella e Kenneth Noland.

POVERA. Pobre. O termo foi sugerido em 1969, e divulgado com documen-


tações por Germano Celant. O Povera assim foi chamado por elaborar com
materiais naturais, precários e mesmo industrializados, mas inúteis, opondo-
se, ideologicamente, à sociedade capitalista. Celant, crítico de arte, admitiu
uma aproximação entre a Arte Conceitual e a Arte Pobre por sua intensa ati-
vidade mental. A arte, para o mais destacado artista da tendência, Piero
Manzoni, é “uma questão de engajamento moral mais do que um fato plásti-
co”, e, para Tommazo Trini, a arte “faz convergir, em uma substancial unida-
de, natureza e cultura, surgindo, em consequência, um novo alfabeto para o
corpo e a matéria”. Celant definiu a Arte Pobre como “convergência de vida e
arte” com “fatos e ações”, sendo “uma tautologia estética: o mar é água, um
quarto é um perímetro de ar, algodão é algodão, o mundo é um conjunto im-
perceptível de nações, um ângulo é a convergência de três coordenadas, o pi-
so é a porção de ladrilhos, vida é uma série de ações. A Arte Pobre, portanto,
tem um sentido literal”. Outros artistas que se destacaram: Michelangelo Pis-
toletto, Aliguiero Boetti, Giuseppe Penone, Giovanni Anselmo, Luciano Fa-
bro, Giulio Paolini, Pino Pascale, Gilberto Zorio, Mario Merz, Marisa Merz,
Pier Paulo Calzolari e Jannis Kounellis.
Atividade: Pesquisar obras de Michelangelo Pistoletto.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 40
PRÉ-RAFAELITAS. Confraria londrina, fundada em 1848, por Willian Mol-
man Hunt com Dante Gabrielle Rossetti e John Everett Millais. Estes artistas,
durante a época vitoriana, evocaram pintores renascentistas italianos antes de
Rafael, entre eles Sandro Botticelli e Filippo Lippi. Com formações de arte
acadêmica, trabalharam a pintura descritiva de costumes com finalidades
moralizantes em cenas literárias, históricas e religiosas. Os Pré-rafaelitas abu-
saram do detalhe e da decoração com flores e tecidos, desta maneira aproxi-
mando-se do Simbolismo e do desenvolvimento da Art Nouveau por meio de
pinturas de Munch, Henri de Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard e Paul Gau-
guin. Os precedentes da confraria encontram-se na obra de William Dyce, na
influência dos Nazarenos e na obra de Ford Madox Brown, voltado para a
pintura de motivo histórico-religioso. John Ruskin, o mais respeitado crítico
de arte daquela época, foi o conselheiro e o mentor, que defendia o princípio
de que a arte surge, ou seja, que depende do estado de espírito do artista.
Atividade: Pesquisar pinturas de Willian Molman Hunt, Dante Gabrielle
Rossetti e John Everett Millais.

PROTOCUBISTA. A pintura revolucionária de Pablo Picasso, de 1907, “As


senhoritas d’Avignon”, que teve como referência a pintura de Paul Cézanne
em seus aspectos cerebrais, e, ao mesmo tempo, os aspectos intuitivos e aní-
micos da Arte Negra e da escultura ibérica. Obra protocubista porque há em
sua elaboração o sentido analítico da forma que foi reduzida à sua estrutura
elementar, geométrica, reunindo vários ângulos dos corpos representados na
tentativa de abolir um dos dilemas da pintura moderna, que é a figura e o
fundo. Em parte, Picasso resolveu o dilema simplesmente suprimindo-o ao
compor as formas em um mesmo plano visual.
Atividade: Pesquisar “As senhoritas d’Avignon”, pintura de Picasso.

RAIONISMO. Movimento em pintura, em Moscou a partir de 1911, inicial-


mente integrado por Michel Larionov e Natalia Gontcharova. Lançaram, em
1913, um manifesto contendo os princípios estéticos do Raionismo baseados
na quarta dimensão, com tendência à abstração por meio de raios paralelos e
antagônicos que revelam a influência do Futurismo. O dinamismo das formas
raionistas lembra as estruturas cristalinas, o que demonstra, com a transpa-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 41
rência, que o aparente é inseparável do subjacente. Em um sentido mais pro-
fundo, a pintura de Larionov e Gontcharova torna visível os íons ou as molé-
culas dos átomos que se precipitam no espaço em alta velocidade, de cujas
colisões surgem as formas. Larionov disse que o Raionismo visou “criar figu-
ras abstratas com puros feixes de luz”.
Atividade: Pesquisar pinturas raionistas de Natalia Gontcharova.

RAIOGRAFIA. Durante os anos 1920, a fotografia para Man Ray tornou-se


um experimento de expressão visual que, com a descoberta do que chamou
de raiografia, atingiu efeitos que Jean Cocteau definiu como “quadros pinta-
dos com a luz”. Man Ray, ao acender a lâmpada de seu laboratório, pensou
que poderia colocar objetos sobre o papel sensível mergulhado no líquido re-
velador. Assim ele descobriu a raiografia: “Uma imagem começou a se for-
mar diante de meus olhos”. O artista, portanto, trabalhou diretamente com a
luz, ou seja, sem o auxílio da câmera fotográfica. Merry A. Floresta explicou a
descoberta: “Esse novo procedimento não apenas permitia os objetos combi-
narem ou contrastarem entre si, como numa natureza-morta comum, como
também era possível deslocá-los e afastá-los da superfície, criando sulcos ne-
bulosos ou morriam numa sombra profunda. E a luz, grande fonte de vida da
radiografia, era manipulada em sua intensidade, direção e duração”.
Atividade: Pesquisar radiografias de Man Ray.

READY-MADE. Objeto produzido em série pela indústria, retirado de sua


função ou contexto e declarado arte. Marcel Duchamp é o iniciador deste
processo que privilegia o conceito e não a imagem, beneficiando várias for-
mas artísticas de vanguarda. Disse Duchamp que “a simples eleição de um
objeto já equivalia à criação”. O termo foi utilizado, em 1914, pelo próprio ar-
tista.
Atividade: Pesquisar o ready-made de Marcel Duchamp.

REALISMO. A arte realista caracteriza-se pela objetividade com que inter-


preta a realidade, salientando, através da obra, o papel político do artista. O
Realismo empenha-se na expressão da verdade contida nas coisas e nos en-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 42
volvimentos sociais. Os artistas realistas queriam ser verdadeiros e não exatos
do ponto de vista estético. Para Gustave Courbet, o fundador do movimento
que pretendeu refutar os excessos românticos no século 19, publicou, em
1885, o Manifesto Realista, no qual está a síntese do movimento: “A pintura,
arte essencialmente objetiva, consiste na representação das coisas existentes.
A beleza não está no característico, mas na verdade”. Os realistas recusaram o
imaginário, expressando o visto, o presente, e introduziram a sensação ótica
na pintura, assim influenciando a formação do Impressionismo. O real e o
existente foram os princípios da arte realista com o que é inseparável do ser e
do objeto, trazendo o imanente para a reflexão artística, a dimensão empírica
da realidade. Os principais seguidores da pintura realista foram, além de
Courbet, Honoré Daumier e Jean-François Millet.
Atividade: Pesquisar pinturas de Gustave Courbet.

ROMANTISMO. Movimento nas artes que surgiu na Alemanha e se propa-


gou por toda a Europa no final do século 18, então chamado de pré-
romantismo, e se estendeu até por volta de 1850. O que mais caracteriza a arte
romântica é o emocionalismo com sentido visionário. Este valor estético, que
se transformou em esteticismo, afirmou a personalidade do artista e a liber-
dade de expressão individual. Os românticos foram ambivalentes quanto à
beleza, ora idealizando-a como eterna e universal, ora tornando-a relativa,
passageira, sujeita a mudanças históricas e pessoais. Os românticos cultuaram
um forte sentimento nacionalista e retornaram à natureza. Neste sentimento
predominou a evasão no espaço e no tempo que, já no século 19, teve uma
reviravolta com o romantismo de história. A ideia de arte pela arte foi cultu-
ada pelos românticos, dentre os quais, nas artes plásticas, destacam-se Caspar
David Friedrich, Francisco Goya, Theodore Géricault, Camille Corot, Eugène
Delacroix, William Blake, James McNeill Wistler, Joseph Mallord William
Turner e John Constable. Apesar das variações do Romantismo, foi a consci-
ência reflexiva que animou os românticos, impulsionados pela subjetividade
que, muitas vezes, chegou a extremos irracionais que a crítica de arte chamou
de “idealismo mágico”, situando-o como meio de reflexão interpretativa, que

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 43
para Friedrich Schlegel e Novalis tornou-se um verdadeiro culto anímico. A
irracionalidade nas obras, entretanto, significava o imaginário místico e histó-
rico, ou messiânico como pensou Walter Benjamin em O conceito de crítica de
arte no romantismo alemão. Essa propensão – que estava vinculada ao Sturm
und Drang, Tempestade e Ímpeto – enunciou que a forma era o lugar da refle-
xão, na qual está a origem transformadora elucidada por Benjamin não como
“o pensamento que engendra o seu objeto” no sentido kantiano da intuição
intelectual, porém “pensamento que engendra sua forma” no campo da sub-
jetividade, provedora de uma visão do instante que hospeda o passado como
hipótese do futuro.
Atividade: Pesquisar pinturas de Caspar David Friedrich, Francisco Goya,
Theodore Géricault, Eugène Delacroix, William Blake.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 44
MÓDULO

12

SEMANA DE 22. Alguns fatores históricos foram determinantes para que


jovens artistas levassem a efeito as suas inquietações, que se inclinaram, nas
palavras de Aracy Amaral, para “a derrubada de todos os cânones que até
então legitimavam entre nós a criação artística”. Para um dos mais ativos in-
tegrantes da Semana de 22, Mário de Andrade, estava proposto “o direito
permanente à pesquisa estética, a atualização da inteligência artística brasilei-
ra e a estabilização de uma consciência criadora nacional”. A Semana de 22,
nestes termos, proclamou a independência criativa com valores próprios,
opondo-se a toda uma tradição que impedia que artistas, ficcionistas, poeta e
músicos encontrassem a sua voz. A Primeira Guerra Mundial, a crescente in-
dustrialização e o ciclo do café em São Paulo foram decisivos para que fosse
ativada a atitude especificamente moderna. A Semana de 22 foi realizada no
Teatro Municipal de São Paulo, aberta com as conferências de Graça Aranha e
Menotti del Picchia. Integraram a exposição de artes plásticas, no mesmo lo-
cal, Antonio Garcia Moya, Georg Przyrembel, Wilhelm Haarberg, Victor Bre-
cheret, Hildegardo Leão Velloso, Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, John
Graz, Zita Aita, João Fernando de Almeida Prado, Antonio Paim Vieira, Fer-
rignac (Ignácio da Costa Ferreira) e Vicente do Rego Monteiro. O Modernis-
mo Brasileiro foi desencadeado por esta manifestação que causou polêmica e
escândalo, definida por Mário de Andrade como “a maior orgia intelectual
que a história artística do país registrou”. Com relação às artes plásticas, en-
contram-se antecedentes do moderno na obra de Lasar Segall e Anita Malfat-
ti.
Atividade: Pesquisar obras de Victor Brecheret, Anita Malfatti, Emiliano Di
Cavalcanti, Zita Aita e Vicente do Rego Monteiro.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 45
SIMBOLISMO. Movimento em literatura e pintura que refutou a sociedade
materialista. De origem francesa e com manifesto assinado pelo poeta Jean
Moreas, em 1886, os simbolistas encontraram no ocultismo e no espiritismo a
fonte de suas poéticas eminentemente voltadas para o ideal de beleza. Intros-
pectivos e ascetas, os simbolistas abordaram temas bíblicos, mitológicos e,
sobretudo, a mulher como deusa, musa, adúltera e prostituta. Para Frederico
Morais, estes “sentimentos contraditórios de sensualidade e ascetismo ga-
nham em suas obras uma carga quase mágica ou hipnótica, como nas formas
vaporosas dos cartazes de Mucha ou na ornamentação luxuriante das telas de
Klimt e Moreau”. Como aos simbolistas era imprescindível o recolhimento
místico, acreditava-se que viviam em uma “torre de marfim”. Nas artes plás-
ticas, os mais importantes artistas são: Gustave Moreau, Puvis de Chavannes,
Odilon Redon, Ferdinand Hodler, Paul Gauguin, Maurice Denis, Pierre Bon-
nard, Alphonse Mucha, Edvard Munch e Gustav Klimt.
Atividade: Pesquisar pinturas de Gustave Moreau, Odilon Redon, Pierre
Bonnard, Alphonse Mucha, Edvard Munch e Gustav Klimt.

SUPREMATISMO. Formulação teórica e prática de Kasimir Malevitch a par-


tir de 1913, em Moscou, quando apresentou “Quadrado preto sobre quadra-
do branco”, inaugurando uma variação da pintura abstrata, o Suprematismo.
Malievitch refutou a representação dos objetos e os próprios objetos com a
afirmação categórica da sensibilidade, exteriorizada com formas puras, des-
materializadas, supremas, compostas com o círculo, o retângulo, o quadrado
e a cruz. Formas, segundo o artista, que deveriam atingir a espiritualidade, o
sagrado, pensando-as como “sensação não-objetiva”.
Atividade: Pesquisar obras suprematistas de Malievitch.

SURREALISMO. Movimento de ficção, poesia, artes plásticas, teatro, filoso-


fia e política. Em 1924, Paris, foi publicado o Manifesto Surrealista com a au-
toria de André Breton, o fundamental teórico e guia intransigente. A defini-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 46
ção do movimento subentende seus contatos com a psicanálise: “Surrealismo.
Automatismo psíquico puro mediante o qual se tem o propósito de expressar,
seja verbalmente, seja pela escrita ou por qualquer outro meio, o funciona-
mento real do pensamento. Ditado do pensamento que não sofre o controle
exercido pela razão e que se mantém à margem de qualquer preocupação es-
tética ou moral”. Os primeiros adeptos foram Paul Eluard, Louis Aragon,
Phillip Soupaut, Jean Arp, Man Ray e Joan Miró. O Surrealismo voltou-se pa-
ra o sonho, para o instinto, para a nostalgia, encontrando antecedentes em
William Blake, Arthur Rimbaud, Raymond Roussel e Lautréamont. Ao mo-
vimento aderiram Francis Picabia, Marcel Duchamp, Pablo Picasso, Salvador
Dali, Luis Buñuel, Victor Brauner, Albert Giacometti, Wolfgang Paalen, Ro-
bert Desnos, Antonin Artaud, André Masson, Max Ernst, Benjamin Peret,
Yves Tanguy, René Magritte e Robert Sebastian Matta, entre outros. O Surrea-
lismo teve dois períodos: o instintivo e o racional, aparentemente antagôni-
cos. Ambos os períodos, antecedidos pelo Período Adormecido, visaram o
choque imediato e a revelação do metafísico. O período racional abriu uma
fissura nos pontos programáticos do primeiro manifesto, mas foi uma exten-
são dos dados obtidos no período instintivo, desta maneira acrescentando ao
movimento a tese e a antítese das imagens do inconsciente. A palavra surrea-
lismo é uma fusão de sur com realismo. Sur é preposição grega que significa
sobre, com adaptação latina em super e supra, também tendo outro sentido: de
conformidade com. No aprofundamento do termo, e em função de sua expres-
são artística, a sílaba su descortina “o real funcionamento do pensamento”
por meio da significação oculta, que é debaixo. O realismo do Surrealismo,
portanto, oscila como nos sonhos, entre sentidos manifestos, sobre, e sentidos
subjacentes, debaixo. André Breton se apropriou do termo, pondo-o em voga
no manifesto do movimento e em homenagem a Guillaume Apollinaire, que
cunhou a palavra em As mamas de Tirésias, de 1917, de sua autoria, denomi-
nando a obra de “drama surrealista”.
Atividade: Pesquisar pinturas de Salvador Dali, Victor Brauner, André
Masson, Max Ernst, Yves Tanguy e René Magritte.

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 47
TRANSVANGUARDA. A Transvanguarda, que surgiu na Itália nos anos
1980, é a primeira manifestação artística do Pós-moderno. O teórico foi Achile
Bonito Oliva, considerando-a como transição que engloba várias outras ten-
dências, assim um ecletismo que reafirma a pintura não como a criação de
outro estilo. A Transvanguarda, desta maneira, refaz as trajetórias da figura-
ção, fazendo a pintura retornar ao quadro. O curador Christos Joachimedes,
em 1981, foi categórico: “Os estúdios dos artistas estão novamente cheios de
potes de tinta”. Para Oliva, como sustentação do movimento, no livro que
publicou, Transvanguarda Internacional, parte do princípio que são insustentá-
veis as ideias de progresso e originalidade, deixando o artista livre para citar
qualquer período da história da arte. Os aspectos retroativos ou de emprés-
timos da Transvanguarda, no entanto, foram radicais como crítica da história
que a própria arte, nos anos anteriores, havia relegado com os conceitualis-
mos confinados na metalinguagem. A Transvanguarda, da Itália, propagou-
se na Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Dinamarca,
Holanda e Bélgica. Seus artistas, cada qual com seus focos, demonstraram
que o retorno à pintura foi uma questão de domínio das citações, e quando
partiram para grandes formatos visaram o impacto da imagem, cujas dimen-
sões transportam quem a vê para longe numa operação dialética que o apro-
xima de si mesmo, de sua memória episódica. Anselm Kiefer é o pintor mais
notável nesta perspectiva de percepção e rememoração, tendo em seu país de
origem, a Alemanha, uma variação da Transvanguarda, o Neoexpressionis-
mo.
Atividade: Pesquisar pinturas de Amselm Kiefer.

TRIBARRA. A tribarra foi criada, em 1934, pelo artista sueco Oscar Ro-
tersväld, e, a partir da década de 1950, popularizada pelo físico e matemático
inglês Roger Penrose. É o objeto impossível de ser feito, composto de três bar-
ras cujas ligações entre os vértices são incorretas. Portanto, uma ilusão de óti-
ca tridimensional que somente pode ser desenhada. A tribarra provoca a sen-

Verbetes de Artes Plásticas para Pesquisa Visual - Professor Jayro Schmidt, 2020 48
sação de subir e descer ao mesmo tempo, e confunde o dentro com o fora. Fo-
ram criadas variações da tribarra, e o gravador holandês M. C. Escher dela se
apropriou no período chamado de “Mundos impossíveis” pelo matemático
alemão Bruno Ernst. Em obras de René Magritte há prenúncios da ilusão
provocada pela tribarra.
Atividade: Pesquisar especificamente a tribarra e na obra de Escher.

TUBISTA. Termo que referencia a pintura de Fernand Léger quando entrou


em contato, em 1909, com o Cubismo. Léger, naquela época, passou a reduzir
a forma dos objetos e corpos a tubos.
Atividade: Pesquisar pinturas tubistas de Fernad Léger.

UNIVERSALISMO CONSTRUTIVO. Princípio estético formulado e prati-


cado por Joaquim Torres Garcia, uruguaio que em 1935 fundou a Associação
de Arte Construtiva, divulgando ideias juntamente com Michel Seuphor, na
revista Círculo & Quadrado. Construindo o espaço da pintura com verticais e
horizontais, como síntese cubista, futurista e purista, Torres Garcia represen-
tou signos pictográficos que chamou de Universalismo Construtivo.
Atividade: Pesquisar pinturas de Torre-Garcia.

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