Campos 2015
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EMBRIOLOGIA DO SISTEMA
ESTOMATOGNÁTICO
Belú Campos
Franklin Susanibar
Carlos Carranza
Natássia Oliveira
Introdução
A prática clínica médica, odontológica e de Fonoaudiologia (principalmente
na área de Motricidade Orofacial) lida, com certa frequência, com pacientes
acometidos por alterações musculoesqueléticas congênitas, resultantes ou não de
síndromes, como fissuras labiopalatinas, anquiloglossia, macroglossia, prognatia
ou retrognatia dos maxilares, etc, que alteram a fisiomorfologia do Sistema
Estomatognático e, consequentemente, as funções orofaciais.
Neste sentido, a Embriologia é uma ciência que oferece informações
importantes sobre os processos de desenvolvimento, tanto normal quanto
patológico deste sistema, proporcionando, assim, bases para a abordagem na
avaliação do paciente, análise de seus dados e eleição do processo terapêutico
mais apropriado em casos como os já mencionados.
No presente capítulo, serão abordados temas relacionados à origem
embriológica do sistema estomatognático, como o desenvolvimento do aparelho
faríngeo e das estruturas orofaciais originadas a partir deste aparelho, dentre elas
a face, o pescoço, a língua, o palato, a laringe, as glândulas salivares e a
articulação temporomandibular.
Conceitos introdutórios
Com a finalidade de facilitar a compreensão dos processos e etapas que
serão explicados no decorrer do capítulo, algumas terminologias utilizadas serão
descritas a seguir12,11.
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Campos B, Susanibar F, Carranza CA, Oliveira NCM. Embriologia do Sistema Estomatognático. In:
Susanibar F, Marchesan IQ, Ferreira VJA, Douglas CR, Parra D, Dioses A. Motricidade Orofacial:
fundamentos neuroanatômicos, fisiológicos e linguísticos. 1. ed. Ribeirão Preto: Book Toy; 2015. p. 23-60.
Arco faríngeo − Também chamado de arco branquial, é uma protuberância
resultante da migração de células da crista neural para a futura região da cabeça e
do pescoço.
Arcos Faríngeos
Cada arco faríngeo é constituído por um núcleo de mesênquima cefálico ou
ectomesênquima, recoberto externamente por ectoderma e internamente por
endoderma da faringe primitiva9; com exceção do primeiro arco, que por ser
formado à frente da membrana bucofaríngea, tem suas superfícies completamente
revestidas por ectoderma10 (Fig. 1).
Um típico arco faríngeo contém no interior do ectomesênquima (Fig. 1):
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processo maxilar - menor, origina a maxila (exceto região de pré-maxila),
o osso zigomático e a porção escamosa do temporal por ossificação
intramembranosa;
processo mandibular - maior, forma a mandíbula por ossificação
intramembranosa, com exceção do côndilo e da sínfise.
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O Quadro 1 descreve um resumo das estruturas derivadas dos cinco arcos
faríngeos.
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Aritenóideo transverso
Ariepiglótico
Bolsas Faríngeas
São estruturas diverticulosas, ou seja, em forma de bolsas resultantes da
extensão do endoderma da faringe primitiva medialmente entre os arcos faríngeos
(Fig. 2). Existem quatro pares de bolsas faríngeas bem definidos. Algumas vezes,
observa-se um quinto par, mas este é pouco desenvolvido.
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glândula paratireoide inferior e o epitélio da porção ventral prolifera-se para formar
o esboço do timo9 (Fig. 1).
Como já mencionado, os componentes do aparelho faríngeo formam-se
bilateralmente na região do futuro pescoço.Assim, os dois esboços formados do
timo precisam migrar até a região torácica para se unirem medialmenteno no limite
entre o pescoço e o tórax, na futura região posterior do esterno. Os primórdios das
glândulas paratireoides também perdem a conexão com a faringe e migram,
puxadas pelo timo, até o fim do pescoço. Mais tarde, elas se separam do timo e
alinham-se sobre a superfície dorsal da glândula tireoide13.
A forma bilobular do timo mantém-se durante toda a vida do indivíduo
apresentando seu maior tamanho até a puberdade, época em que involui. Ainda
assim, é um órgão importante e funcional desempenhando funções imunológicas e
glandulares.
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Figura 2. Vista frontal das Bolsas faríngeas com seu formato diverticuloso (adaptado de
Norton11).
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Sulcos Faríngeos
As regiões da cabeça e do pescoço do embrião apresentam quatro sulcos
faríngeos9 de cada lado, os quais separam externamente os arcos faríngeos (ver
Fig. 1).
Destes quatro, somente o primeiro sulco, localizado entre o primeiro e o
segundo arco faríngeo, dará origem a uma estrutura adulta, o meato acústico
externo.
Os outros sulcos, localizados numa depressão ectodérmica chamada seio
cervical (Fig. 1), não originarão estrutura alguma, até porque este seio é
usualmente extinto com o desenvolvimento do pescoço.
O Quadro 3 descreve um resumo das estruturas oriundas dos quatro sulcos
faríngeos.
Membranas Faríngeas
Também são quatro, cada uma sendo composta pelo tecido localizado
entre uma bolsa faríngea e um sulco faríngeo (ver Fig. 1). Desta maneira, são
formadas por ectoderma externamente, ectomesênquima na parte central e um
revestimento interno de endoderma.
A membrana timpânica é a única estrutura adulta que será originada por
uma membrana faríngea. No caso, ela será formada pela aproximação do
endoderma da primeira bolsa faríngea com o ectoderma do primeiro sulco.
O Quadro 4 descreve um resumo das estruturas oriundas das quatro
membranas faríngeas.
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Formação do esqueleto craniofacial
Maxila (2)
Zigomático (2)
1o Arco Faríngeo Palatino (2)
Crista neural Intramembranosa
Processo maxilar Lacrimal (2)
Nasal (2)
Concha nasal inferior (2)
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Vômer (1)
Temporal (porção escamosa) (2)
Intramembranosa e
Mandíbula (1)
1o Arco Faríngeo endocondral
Processo mandibular Martelo (2)
Endocondral
Bigorna (2)
Estribo (2)
2o Arco Faríngeo Hioide (1) Endocondral
Temporal (Processo estiloide) (2)
Formação da face
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O desenvolvimento facial ocorre desde a quarta até a oitava semana de
DIU, etapa na qual o embrião adota a aparência humana. No entanto, apenas no
período fetal ele alcançará as proporções faciais9.
A face é originada a partir da proliferação e migração do ectomesênquima
subjacente a cinco processos ou protuberâncias faciais formadas ao redor do
estomodeu11 (Fig. 3A):
laterais ou externos;
mediais ou internos.
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Figura 3. Estágios progressivos do desenvolvimento da face humana (adaptado de
Velayos15).
Formação do pescoço
Quando o Sistema Nervoso Central (SNC) inicia seu desenvolvimento na
terceira semana de DIU a partir da placa neural, este acontece de maneira tão
rápida que o espaço no qual ele se encontra chega a ser insuficiente. Como
consequência, na quarta semana de desenvolvimento, ocorre o dobramento do
embrião no sentido cefalocaudal (até o tórax)1, resultando na formação da
proeminência frontal, já citada anteriormente, que logo entra em contato com a
proeminência cardíaca (Fig. 4A).
Este dobramento também fará com que o terceiro e quarto arcos faríngeos
fiquem cobertos pelo segundo, formando uma depressão ectodérmica, o seio
cervical (Fig. 1), que ainda mantém comunicação com o exterior. Em seguida,
quando o segundo arco recobre totalmente o terceiro e quarto arcos, o seio perde
essa comunicação e dá origem à vesícula cervical, um remanescente transitório
que logo será reabsorvido.
O desaparecimento do seio cervical bem como dos sulcos faríngeos, ao
final da sétima semana de DIU, serão de extrema importância para o
estabelecimento do pescoço liso (Fig. 4B). Este evento permite que a cabeça do
embrião realize um movimento em direção ao extremo anterior, denominado
deflexão da cabeça.
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Figura 4. Esquema mostrando embrião de quatro semanas ainda com os arcos faríngeos
presentes (A) e o seu desaparecimento no feto de sete semanas (B), que permite a
mudança de postura da cabeça (adaptado de Abramovich1).
Formação da Língua
Para entender o desenvolvimento da língua e sua origem embriológica, é
necessário voltar à terceira e ao início da quarta semanas de DIU. Neste período,
a placa pré-cordal, que é uma pequena área celular onde o ectoderma e o
endoderma estão em contato, dá origem à membrana bucofaríngea. Assim que
ocorre o dobramento do embrião devido ao crescimento do encéfalo, esta
membrana desloca-se para a superfície ventral do embrião, separando o
estomodeu (primórdio da cavidade oral revestido por ectoderma) do intestino
anterior (primórdio da faringe, do esôfago, etc, revestido pelo endoderma).
Ao final da quarta semana de DIU, ocorre a ruptura da membrana
bucofaríngea. Coincidentemente, ao final desta mesma semana, uma elevação
triangular mediana aparece no assoalho da faringe primitiva, o primórdio da língua
(Fig. 6A). O rompimento da membrana bucofaríngea concomitantemente ao início
da formação da língua vai influenciar consideravelmente na origem embriológica
do epitélio que a reveste. Desta maneira, a língua terá duas porções com origens
distintas:
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ectoderme, uma vez que se desenvolve à frente da membrana
bucofaríngea (Fig. 6A e 6B).
Faríngeo ou endodérmico - Formará o terço posterior da língua,
também denominado parte fixa ou raiz da língua (Fig.5). Deriva do
terceiro e quarto arcos faríngeos que são revestidos internamente pelo
endoderma, uma vez que se desenvolvem posteriormente à membrana
bucofaríngea (Fig. 6A e 6B).
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Os tubérculos linguais laterais crescem rapidamente, fundem-se um com o
outro na linha média, cobrindo o tubérculo ímpar de His. Esta fusão inicia-se de
posterior para anterior, e origina os dois terços anteriores da língua (corpo) (Fig.
6B). O plano de fusão dos tubérculos laterais é indicado superficialmente por um
sulco mediano da língua (Fig. 5) e internamente pelo septo lingual fibroso. O
tubérculo ímpar não origina nenhuma parte reconhecível da língua adulta.
Arco Estrutura(s)
Estrutura definitiva Inervação
Faríngeo Embrionária(s)
Sensibilidade geral: ramo lingual do n.
Tubérculos linguais laterais mandibular (n. trigêmeo).
1o Tubérculo ímpar de His
2/3 anteriores da língua
Paladar: ramo da corda do tímpano do n.
facial.
Cópula Não contribui com a formação da
2o língua definitiva
Eminência hipofaríngea Sensibilidade geral: n. glossofaríngeo
3o (porção rostral)
1/3 posterior da língua (maior parte)
Paladar: n. glossofaríngeo
Eminência hipofaríngea 1/3 posterior da língua (pequena área
Sensibilidade geral: ramo interno do n.
(porção caudal) anterior à epiglote)
laríngeo superior (n. vago).
4o Eminência epiglótica Epiglote
Paladar: ramo interno do n. laríngeo
Saliências aritenoides Cartilagens aritenoides
superior (n. vago).
Sulco laringotraqueal Primórdio do s. respiratório
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Figura 7. Corte sagital mediano da porção ventral da faringe primitiva mostrando o início
da formação da língua e a direção de seu crescimento (sentido da seta). (A) Surgimento
dos tubérculos linguais. (B) Surgimento da eminência hipofaríngea e início da apoptose
para separar a língua em formação do assoalho da boca. (C) Fusão dos tubérculos com a
eminência hipofaríngea. (D) Corpo e raiz da língua formados, e apoptose avançada,
restando apenas o freio lingual (modificado de Abramovich1).
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5ª semana Porção faríngea: Surgimento da cópula e da eminência hipofaríngea.
6ª semana Fusão das porções oral e faríngea da língua.
Diferenciação do tecido muscular, a língua está localizada entre os processos palatinos e logo se
7ª semana desloca inferiormente por crescimento lateral da mandíbula.
8ª semana Surgimento das papilas circunvaladas e foliáceas
9ª semana Surgimento das papilas fungiformes
10ª semana Surgimento das papilas filiformes.
11ª semana Surgimento dos corpúsculos gustativos.
4o mês Surgimento das glândulas de Von Ebner.
5o mês Surgimento das tonsilas linguais.
6 ao 7o mês
o Corpúsculos gustativos amplamente distribuídos.
Nascimento Formação das criptas das tonsilas linguais.
Desaparecem os corpúsculos gustativos localizados na porção superior das papilas circunvaladas,
Posteriormente persistem só os laterais.
Palato Primário
Ao final da quinta semana do desenvolvimento intrauterino, a união dos
processos nasais mediais forma o segmento intermaxilar, que dará origem ao
palato primário. Esta estrutura apresenta-se em forma de cunha, que se estende
da pré-maxila (região que contém os incisivos centrais e laterais) até a fossa
incisiva, contribuindo com uma pequena parcela do futuro palato duro (Fig. 8D).
Palato Secundário
Na região posterior ao palato primário recém-formado, a cavidade nasal é
separada da cavidade oral pela membrana oronasal ou buconasal (camada de
ectoderma). Por volta da 6ª semana de DIU essa membrana começa a regredir,
permitindo, assim, a comunicação entre as duas cavidades por meio das coanas
primitivas. Assim, a formação do palato secundário será encarregada de
justamente separar a cavidade oral da nasal, processo este que irá durar da sexta
à decima segunda semana do desenvolvimento intrauterino (DIU).
Ainda durante a sexta semana do DIU, formam-se duas projeções de tecido
ectomesenquimatoso nas faces internas dos processos maxilares, conhecidas
como cristas ou processos palatinos. Inicialmente, estas estruturas projetam-se
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inferoverticalmente de cada lado da língua, que, nesta semana de
desenvolvimento, ocupa quase toda a cavidade oral (Fig. 8A).
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Para que o palato secundário se feche, os processos palatinos precisam se
horizontalizar. Assim, o desenvolvimento do palato secundário será iniciado uma
vez que a língua se desloque inferiormente, permitindo que as cristas palatinas
ascendam e assumam uma posição superior à língua. Os mecanismos que tentam
explicar este fenômeno são baseados em diferentes postulados expostos no
Quadro 11. É muito provável que todos os fenômenos relatados contribuam
durante o abaixamento da língua e horizontalização dos processos palatinos (Fig.
8B).
Quadro 11. Teorias sobre o abaixamento da língua e a elevação das cristas palatinas1,5.
Autor Teoria
Sicher e
Consideram que a língua efetua um abaixamento real devido ao crescimento brusco da mandíbula durante a
Tandler sétima semana de DIU.
(Abramovich)1
Refere que as transformações bioquímicas na matriz do tecido conjuntivo dos processos palatinos (como
Gomez de variações em sua vascularização e incremento na turgência do tecido) e seu alto índice mitótico, bem como
Ferráris5 movimentos musculares associados, são os que promovem o abaixamento da língua e a elevação das cristas
palatinas.
Orban Considera que a rápida proliferação celular (força interna) que acontece na face interna das cristas ocasiona
(Abramovich)1 sua elevação.
Menciona que o crescimento inferior da mandíbula exerce tração sobre os músculos linguais obrigando a
Humphrey
língua a também abaixar. Desta maneira, elimina-se o obstáculo que representa a língua para a
(Abramovich)1 horizontalização das cristas palatinas.
Considera que o crescimento de todas as estruturas, inclusive da língua mesmo em menor grau, é o
Abramovich1 responsável pelo abaixamento lingual aparente. Nesse momento, os processos palatinos podem se dirigir até a
linha média e se adaptar à posição horizontal necessária para formar o palato secundário.
Efetua uma síntese das teorias, considerando três possibilidades capazes de atuar como forças nos
movimentos dos processos palatinos:
Lázaro 1. A intervenção de uma força externa representada pela língua;
(Abramovich)1 2. A força interna desenvolvida pelos processos palatinos;
3. A regressão da porção vertical dos processos palatinos e sua proliferação lateral interna que culminam
com seu crescimento horizontal.
Formação da laringe
O primórdio respiratório é indicado por um sulco mediano na extremidade
caudal da parede ventral da faringe primitiva de um embrião de 4 semanas, o
sulco laringotraqueal (Fig. 1). O endoderma deste sulco evagina-se formando um
divertículo respiratório que se comunica abertamente com a faringe mas que à
medida que se alonga caudamente, separa-se da mesma originando o tubo
laringotraqueal (primórdio da laringe, da traquéia, dos brônquios e dos pulmões)
(Fig. 2). O tubo laringotraqueal mantém sua comunicação com a faringe por meio
do orifício laríngeo, que muda de aspecto a partir de uma fenda sagital (Fig. 1)
para uma abertura em forma de “T”, reduzindo sua luz (Fig. 6A). Isso acontece
devido a rápida proliferação do ectomesênquima subjacente ao epitélio de origem
endodermal da laringe, que dará origem às cartilagens laríngeas.
Concomitantemente, o epitélio laríngeo também prolifera rapidamente, obliterando
sua estrutura tubular que volta a se recanalizar por volta da décima semana de
desenvolvimento9,13.
Durante este processo de recanalização, formam-se os ventrículos
laríngeos, que serão delimitados pelas pregas vocais (verdadeiras) e pregas
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vestibulares (falsas). Por volta da decima segunda semana a forma característica
do orifício laríngeo do adulto (adito da laringe) pode ser reconhecida (Fig. 6B).
Glândula parótida
Glândula submandibular
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Ao final da sexta semana de DIU, aparece no assoalho do estomodeu um
espessamento epitelial de origem endodérmica que cresce no sentido
anteroposterior, lateralmente à língua em desenvolvimento, e também se ramifica
para formar os ductos e os ácinos. O ducto excretor terminal da glândula,
chamado de Wharton, abre-se ao lado do freio lingual nas carúnculas.
A glândula submandibular secreta o maior volume de saliva em condições
de repouso oral e sua secreção é do tipo mista, ou seja, serosa e mucosa, mas
com predomínio seroso (75 a 80%).
Glândula sublingual
Durante a oitava semana de DIU, aparecem múltiplos cordões epiteliais
endodérmicos na face anterior do sulco paralingual que originarão um conjunto de
glândulas muito próximas, com vários ductos excretores terminais (de 10 a 12 que
se abrem independentemente no assoalho da boca), diferentemente das outras
glândulas.
As glândulas sublinguais também são mistas, só que diferentemente da
submandibular são predominantemente mucosas.
Referências
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