Caderno Teoria e Prática 2
Caderno Teoria e Prática 2
Caderno Teoria e Prática 2
MATEMÁTIC GESTAR II
PROGRAMA GESTÃO
DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Ministério
da Educação
GESTAR II
Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
MATEMÁTICA
DISTRIBUIÇÃO
SEB - Secretaria de Educação Básica
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 5o Andar, Sala 500
CEP: 70047-900 - Brasília-DF - Brasil
PROGRAMA GESTÃO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR II
MATEMÁTICA
BRASÍLIA
2008
Sumário
Apresentação..........................................................................................................7
PARTE I
Leituras sugeridas...................................................................................................47
Bibliografia...........................................................................................................48
Texto de referência – Avaliação em Matemática
Novas Prioridades no Contexto Educativo de Portugal................................................49
Solução das atividades....................................................................................59
Leituras sugeridas...................................................................................................94
Bibliografia...........................................................................................................95
Texto de referência – A flexibilização da aprendizagem
matemática – Representação e Teoria de Quadros......................................................96
Solução das atividades.........................................................................................105
Leituras sugeridas.................................................................................................142
Bibliografia.........................................................................................................143
Texto de referência – O ensino de probabilidade......................................................144
Solução das atividades..........................................................................................155
Unidade 8: Seguros de vida....................................................................................163
Seção 1: Resolução de situação-problema: modelos matemáticos,
valor esperado e matemática financeira na
determinação do preço de seguros..........................................................................165
Seção 2: Construção do conhecimento matemático em ação:
modelos matemáticos, funções lineares e exponenciais,
juros e valor esperado...........................................................................................168
Seção 3: Transposição didática...............................................................................196
Leituras sugeridas.................................................................................................206
Bibliografia.........................................................................................................207
Texto de referência – Modelagem matemática.........................................................208
Solução das atividades..........................................................................................213
PARTE II
PARTE III
TEORIA E PRÁTICA 2
• Unidade 5
• Unidade 6
• Unidade 7
• Unidade 8
GESTAR II
TP2 - Matemática
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar no sonho que se tem
ou que seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vai ser alguém
(Mais uma vez - Renato Russo)
Iniciando a
nossa conversa
Como as outras unidades, esta também conterá um Texto de Referência sobre Educa-
ção Matemática, que abordará o tema Avaliação em Matemática Novas Prioridades no
Contexto Educativo de Portugal, que consiste em uma discussão que requererá uma revisão
de suas concepções sobre o que se entende por atividade matemática e sobre o seu valor
educativo.
Assim, nesta unidade do TP2 buscaremos no tema esporte a possibilidade de estabele-
cer nossas relações com os objetos matemáticos. Mesmo que as situações tratem de concei-
tos com os quais você possua bastante familiaridade, pois são temas que ensinamos aos
nossos alunos ou porque os aplicamos em contextos fora da escola, ainda assim, gostaríamos
de vê-lo, professor, aceitando o convite de explorar as situações acerca dos esportes. Essas
situações nos levarão a utilizar a matemática dos números, das medidas, das formas e
proporções em contexto de interesse vivo dos nossos alunos adolescentes: o mundo dos
esportes.
Definindo o
nosso percurso
14
Seção 1
Resolução de situação-problema:
destacando e estudando proporcionalidade
Objetivo
da seção
Unidade 5
Integrando a matemática ao mundo real
A garota espevitada com jeito de moleque só queria saber de jogar handebol, pois
adorava marcar gols. Nem mesmo o grupo de pesquisadores que apareceu em seu
colégio, e descobriu uma força fenomenal na suas pernas de 12 anos, a fez mudar de
idéia. Handebol , diziam eles, era um desperdício de talento, já que a potência privile-
giada daquelas pernas faria da garota uma ótima velocista ou jogadora de basquete. A
paixão de marcar gols, no entanto, falava mais alto do que uma cesta. Foram necessá-
rios muitos conselhos de uma grande jogadora de basquete da época: Norma de Olivei-
ra, a Norminha, para que a menina enfim resolvesse se aventurar em jumps e bandejas.
O basquete brasileiro ganhou assim Hortência, uma das maiores jogadoras que já
pisaram quadras em todo mundo. Assim como pode descobrir, entre meninos e meni-
nas aparentemente iguais, quem deles tem corpo e jeito para se transformar num grande
atleta, a ciência do esporte evolui a cada dia na arte de lapidá-los (...) os atletas, para
subir no podium, não dependem apenas de exaustivos treinamentos dirigidos por técni-
cos, mas de minuciosos testes conduzidos por cientistas. Antes de se construir um
ganhador de medalhas, porém, é preciso saber garimpar a melhor matéria-prima.
O Brasil, um país de poucos campeões olímpicos ao longo de sua história, tem um
trabalho um tanto artesanal para detectar talentos para o esporte.
(Trecho do texto: CARDOSO, Fátima e OLIVEIRA, Lúcia Helena. A ciência constrói atletas.
Superinteressante. Ano 5, n. 3, p. 33-41, março. 1991)
15
Considerando a importância da escola como um espaço importante para estimular
a prática de atividades físicas, e em especial, os esportes, fizemos uma enquete entre um
grupo de alunos do ensino fundamental sobre os três esportes de salão preferidos entre as
opções seguintes: futsal, voleibol, basquete e handebol.
A presença da matemática nos esportes é inegável, uma vez que conceitos como
medidas, direção e sentido, velocidade, espaço, proporcionalidade, contagem, possibili-
dade, dentre outros conteúdos matemáticos, estão por certo presentes nas ações desen-
volvidas pelo esportista ao longo da atividade.
Mais do que a realização da atividade em si, o seu preparo, tais como a demarca-
ção do espaço, a organização dos esportistas em equipes, a definição de tabelas de
campeonato, a precisão de cronogramas, a atribuição de pontuações positivas e negati-
vas numa partida ou no conjunto delas ao longo das etapas do campeonato, a preocupa-
ção em estabelecer critérios para que todos tenham, ao menos inicialmente, as mesmas
chances de ganhar requerem a mobilização de conceitos matemáticos. Assim as ativida-
Resolução de situação-problema:
destacando e estudando proporcionalidade
Seção 1
des esportivas, tão importantes para o desenvolvimento de nossos jovens, estão recheadas de
conceitos e procedimentos matemáticos nem sempre bem aproveitados pelos professores.
Entretanto muitas vezes os esportes não encontram na escola a importância que
merecem no projeto político-pedagógico, e, quando são oferecidas oportunidades de
sua prática aos alunos, a realização dos esportes acaba, na maioria das vezes, se reali-
zando de forma isolada dentro da escola, sem maior articulação com os professores das
demais áreas do conhecimento do currículo.
Pensando ser interessante maior articulação dos professores de Matemática com os
professores de Educação Física, foi idealizada a situação desta unidade que poderá servir
a você, professor, como uma experiência de real possibilidade de uma exploração dos
conceitos matemáticos no contexto dos esportes.
Você deve já possuir muitas idéias e imaginar muitas possibilidades de atividades
para serem trabalhadas com seus alunos. Pode ter pensado em atividades tais como: a
construção de campinho de futebol num espaço disponível, organização de tabelas de
campeonato, organização e tratamento de informações de uma competição de atletismo
entre os alunos.
Quais outras sugestões de atividades você pode criar com o tema esporte? O impor-
tante é que você, professor, esteja atento no sentido de identificar os conceitos matemáti-
cos que são mobilizados na realização de tais atividades.
Vamos aqui propor apenas uma dessas possibilidades, mas cabe a você, professor,
estar ampliando tais possibilidades e realizando junto com seus alunos novas propostas.
Assim é possível tornar os conteúdos matemáticos do final do ensino fundamental mais
16 significativos, e, na medida do possível, sempre articulados aos procedimentos que pos-
sibilitam uma compreensão mais efetiva do conteúdo matemático explorado pela escola
com seus alunos.
Situação-Problema
Para elaborarmos um projeto “real” de uma quadra poliesportiva, usaremos os dados
recolhidos na enquete, cujos resultados estão na tabela anterior.
A partir da enquete realizada, temos como objetivo desenhar uma planta baixa de
uma quadra poliesportiva contendo as três modalidades prediletas pelo grupo. A planta
baixa deve ser desenhada por você, professor, respeitando as medidas oficiais das qua-
dras de cada modalidade e respeitando suas proporções.
Para a realização dessa atividade, o desenho será realizado por você em uma folha
de papel – tamanho A4, deixando uma margem mínima de 2,5cm em cada lado da
folha. No espaço disponível na folha, desprezadas as margens acima, traçar a quadra,
contemplando as três modalidades escolhidas pelos jovens, todas elas tendo o mesmo
centro geométrico. Assim, as três quadras deverão estar harmoniosamente posicionadas,
sendo que cada quadra será definida por uma cor, ou seja, as linhas de uma quadra
devem ter cor diferente da de outra modalidade. Para os traços comuns você deve
pensar numa solução.
Unidade 5
Quanto às dimensões, para facilitar seu trabalho, selecionamos as regras das quais
você irá precisar para realização de seu projeto da quadra poliesportiva. São dados reais,
pesquisados junto às confederações. Portanto, a definição dos espaços e proporções em
termos de áreas e comprimentos, as formas e proporções, as incidências em termos de
pontos e traços comuns, a definição de posição de retas e formação de curvas serão
tarefas que caberão a você realizar.
A altura do espaço prevista pelas regras oficiais foi um dado que excluímos de
nossa proposta, objetivando simplificar o modelo a ser trabalhado, ou seja, vamos nos
ater a trabalhar exclusivamente com um modelo plano e com os objetos e ferramentas
matemáticas aplicados a esse espaço.
No conjunto das regras abaixo apresentadas, cabe a você, professor, buscar as
informações necessárias à execução da planta baixa.
Atividade 1
Atividade 2
Unidade 5
Dimensões oficiais da quadra de futsal
Atividade 3
Atividade 4
Faça a opção por uma quadra de futsal que permita a realização de jogos internaci-
onais, ou seja, de 38m x 18m. Caso sua escolha inicial para escala da planta tenha sido
de 1:100, ou seja, 1m = 1cm, procure rever sua escala de maneira que permita que as
Resolução de situação-problema:
destacando e estudando proporcionalidade
Seção 1
três quadras caibam na folha, levando em conta que as dimensões das quadras de
voleibol e de basquetebol não são apropriadas, pois a planta da quadra de futsal
extrapolará o espaço disponível na folha.
Atividade 5
Quais foram as dificuldades que você, professor, teve para traçar a planta da quadra
poliesportiva?
• Dificuldade de interpretação das regras em termos de seus significados geométricos.
• Definir uma escala conveniente para realizar o projeto no espaço de papel disponível.
• Centralizar as quadras no espaço.
• Traçar as quadras de forma que suas linhas fiquem paralelas e perpendiculares.
• O acesso ou uso de instrumentos geométricos: réguas, compasso ou outro.
• Traçar o garrafão da quadra de basquetebol.
• Traçar a superfície da área de meta da quadra de futsal.
21
Seção 2
Construção do Conhecimento
Matemático em Ação: Proporcionalidade e medidas
Objetivo
da seção
Atividade 6
Nos dias de hoje o papel de estatísticos e matemáticos nos clubes ligados aos
esportes é muito importante. Você já deve ter observado que grandes times nacionais e
internacionais utilizam dados estatísticos para a definição do time que sairá jogando
numa partida. Por exemplo, nos últimos treinos, dos chutes a gol feito por Zequinha, ele
converteu 45 chutes em gol. Enquanto isto Joca acertou 50 gols. Quem deve ser selecio-
nado para estar no time no próximo jogo, já que os dois jogam na mesma posição?
A decisão parece simples, porém deve-se levar em conta quantos chutes a gol cada
um teve oportunidade de executar. Se Zequinha chutou 60 bolas a gol e Joca chutou 75,
quem deveria ser escolhido?
Assim, não podemos afirmar que um jogador está pior em converter o chute em gol
só pelos dados iniciais. Observando a performance de cada um, se Zequinha acertou 45
de 60 chutes, significa que ele acertou 3/4 do total. Enquanto isso, Joca acertou 50 de 75
chutes, significa que ele acertou 2/3 do total.
O que você acha de comparar os acertos em relação a 100 chutes? Ou seja, se os dois
jogadores tivessem a mesma oportunidade de chute teriam acertado quantos por cento?
Use os conceitos sobre porcentagem que você estudou no TP1 e faça o cálculo:
Zequinha Joca
22
Observando os resultados acima, ficou claro para você responder qual jogador teve
a melhor performance.
Você já deve ter percebido que existem outras formas de analisar essa situação,
usando outros totais de chutes?
Você poderia pensar na situação assim: Se Zequinha acertou 3 em 4 chutes, ele
errou 1 em 4, porém se Joca acertou 2 em 3, ele errou 1 em 3. Quem errou menos?
Zequinha, que chutou 4 vezes e errou 1, ou Joca, que chutou 3 e errou 1? Parece que
essa estratégia torna o problema bem simples. Você não acha?
Outra possibilidade. Se o total for 24 chutes, teremos:
Zequinha Joca
x
Unidade 5
Sabe-se que 24 é um múltiplo comum de 4 e 3, assim vamos reduzir o universo de
chutes de Zequinha e Joca para 24.
Então por quanto deve ser multiplicado 4 para encontrarmos 24? Sabe-se que
4 x 6 = 24.
Vamos denominar o número 6, que é o número que deve ser multiplicado para
chegarmos ao universo de 24, como fator de variação.
4 x ? = 24, logo, o fator de variação entre 24 e 4 é 6. Assim precisamos repetir seis
vezes as quatro unidades para chegarmos ao total de 24.
Dessa forma, mantendo o índice de acertos de Zequinha para 24 chutes, ele con-
verteu 18 chutes em gols. Assim, manteve-se a razão de acertos do jogador; fazendo o
cálculo: 3 x 6 = 18.
Faça o mesmo cálculo para Joca!
Na situação-problema inicial deste TP você utilizou razões que comparavam parte-
todo, como, por exemplo, os índices que expressam escalas, que comparam a distância
utilizada no desenho e a distância real que se queria representar.
Razão é o quociente utilizado para comparar duas grandezas que podem ser da
mesma espécie ou não.
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Atividade 7
Sabe-se que a razão do número de pessoas que lêem a revista A para o número de
pessoas que lêem a revista B é de 3 por 4. Nesta cidade, sabe-se que 20.000 pessoas
lêem a revista B; quantos lêem a revista A?
Sabendo que a razão é 3 por 4, analisando o problema para 20.000 habitantes
deve-se considerar a mesma relação. Vamos pensar:
O fator utilizado será 5.000 pois 20.000 deverá ser divido em 4 partes:
20.000
1/4 = 5.000 1/4 = 5.000 1/4 = 5.000 1/4 = 5.000
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
Proporcionalidade e medidas
Seção 2
Você, professor, para calcular o número de leitores da revista A, deve ter feito
a multiplicação entre 3 e 5000, já que 5000 é o fator entre os dois valores. Esse é
um exemplo de uma comparação feita parte-parte, ou seja, comparamos dois con-
juntos cujos elementos são da mesma natureza, mas um não está totalmente inclu-
ído um no outro.
Mantendo-se a mesma razão de leitores, sabe-se que 18.000 lêem a revista A;
quantos lêem a B?
Como pode ser observado nesse problema, não interessa muito a relação entre
cada parte e o todo, mas, sim, a relação entre as partes, diferentemente do que você
estudou na atividade 6.
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Atividade 8
Você sabia que a densidade também está presente nos tapetes? A densidade de nós
em um tapete pode caracterizar a sua região de origem.
Por exemplo, os tapetes iranianos ou persas são os mais conhecidos mundialmen-
te; em sua maioria, são produzidos por nômades ou em aldeias, são tapetes que
possuem pouca densidade de nós e são confeccionados sobre uma base de lã, confor-
me a sua tradição.
Os tapetes iranianos confeccionados na cidade de Nain são considerados os mais
finos e sofisticados tapetes do mundo. Naturalmente, são tecidos na incrível quantida-
de de 400 mil a 2 milhões de nós por metro quadrado, geralmente em seda e lã de
primeira qualidade sobre algodão! Muitos destas grandes obras de arte levam anos para
serem tecidas com mão-de-obra especializada de dezenas de pessoas. Quase um tra-
balho religioso.
Os tapetes orientais têm origem em diversos países do Oriente como Irã, Turquia,
Afeganistão, Paquistão, Índia e China. Entre alguns modelos destacam-se: Gabeh, Hama-
dan, Shiraz, Viz Arak e mais 40 tipos do Irã; Kelim, Hereke, Sivas e mais 15 tipos da
Turquia; Kabul e Kocham do Afeganistão; Karachi do Paquistão; Durrie da Índia; e
Xinijang da China.
Os tapetes possuem desenhos e formatos que seguem formas diferenciadas ligadas
a religião e cultura. Os tapeceiros turcos evitam até hoje os desenhos inspirados em
pessoas e animais, por motivos religiosos, dando preferência às figuras geométricas.
Unidade 5
Um recado para
sala de aula
Sabendo-se que a dimensão de uma sala é de 4m por 6m, qual seria o preço de um
tapete tibetano que iria forrar toda a área da sala?
O custo do tapete é de
25
A razão do preço por metro quadrado é um exemplo de razão que relaciona grande-
zas de naturezas diferentes. Velocidade, densidade e densidade demográfica são
exemplos de comparações de grandezas de naturezas diferentes.
Nós vimos nessa atividade o termo: densidade de pontos. Defina com sua palavras
o que significa isso.
Atividade 9
Tempo (min) 8 12 16 24
Quantidade de peças 50 75 100 150
Razão entre as
quantidades de peças
Unidade 5
Vamos pensar sobre algumas questões:
a) À medida que o tempo aumenta a produção de peças aumenta?
b) As razões entre cada intervalo são iguais em relação tanto ao tempo quanto à quanti-
dade de peças?
27
Atividade 10
28
Tempo 1 2 7 10 14
Velocidade 70 35 10 7 5
1e2 1e 10 10 e 14
Razão entre
as velocidades
Unidade 5
Vamos analisar algumas questões sobre essa situação:
a) À medida que a velocidade do carro aumenta, aumenta ou diminui o tempo necessá-
rio para fazer o percurso?
b) Qual a relação que existe entre as razões em cada intervalo? O que isso significaria?
Atividade 11
Tempo (s) 1 2 3 5
Posição 50 70 90 130
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
Proporcionalidade e medidas
Seção 2
Faça, também, uma tabela com o cálculo das razões dos intervalos.
Razão entre
as posições
30
Responda:
a) À medida que o tempo aumenta, aumenta ou diminui a velocidade do carro?
Atividade 12
Você deve ter observado, colega, que nas atividades anteriores foram analisadas
questões importantes sobre razão e proporcionalidade. Julgue se as questões a seguir
estão corretas:
a) Se as razões entre duas grandezas, no mesmo intervalo, são iguais, podemos dizer que
as duas medidas são proporcionais ou diretamente proporcionais?
Unidade 5
b) Se as razões entre duas grandezas, no mesmo intervalo, são inversas entre si, podemos
dizer que as duas medidas são inversamente proporcionais?
c) Se entre grandezas, no mesmo intervalo, apenas um intervalo não for igual ou for o
inverso do correspondente, podemos dizer que não são proporcionais?
Um recado para
sala de aula
Professor, você já deve ter ouvido um comentário muito utilizado pelos profes-
sores para dizer que duas grandezas são diretamente ou inversamente proporcionais.
Quando o professor vai pedir para os alunos compararem grandezas, pergunta: se
uma grandeza aumenta e a outra também, significa que elas são diretamente propor-
cionais? Ou se uma grandeza aumenta e a outra diminui, então elas são inversamen-
te proporcionais? Observando as atividades 9, 10 e 11, você concorda com essas
afirmativas? Justifique. 31
Pela representação gráfica, podemos dizer que toda grandeza diretamente propor-
cional tem como sua representação uma reta. Você concorda? Não esqueça de analisar
com a atividade 9.
Você deve ter observado que na atividade 11 as variações das posições são iguais
(exemplo: 70 – 50 = 20, 90 – 70 = 20), porém as razões não são iguais.
Dessa forma podemos concluir que duas grandezas são diretamente proporcio-
nais quando suas razões são iguais, ou inversamente proporcionais quando suas
razões são inversas.
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
Proporcionalidade e medidas
Seção 2
Dadas as grandezas:
Grandezas Medidas
x a c
y b d
Atividade 13
Veja a figura abaixo e calcule o número de triângulos que cobre toda a figura.
32
Medir superfície significa, então, comparar uma medida com outra. A medida da
superfície é denominada área. A área é expressa por um número acompanhado por uma
unidade de medida, ou seja, aquela usada como referência para comparação: no caso,
Unidade 5
A determinação da unidade para determinar uma área dependerá do tamanho da
sua figura. Por exemplo, para determinar a área de um terreno relativamente pequeno a
melhor medida seria o m2 e, talvez, para expressar a área de um país a melhor medida
seria o km2.
Atividade 14
Veja a questão:
Como o Corpo de Bombeiros consegue determinar quantas pessoas estão num
show ou manifestação pública em um estádio ou praça sem fazer a contagem?
Para saber como isso acontece, basta determinar quantas pessoas cabem em 1m2.
Desenhe um metro quadrado no piso da sua classe e peça para que os alunos entrem 33
dentro dele. E conte quantos alunos cabem em 1m2, observando:
• Que as pessoas não fiquem muito próximas: .
• Que esteja bem cheio, ou seja, coloque o maior número de alunos, porém não deixe
muito apertado; dê condições para que as pessoas fiquem com conforto:
.
Se for feita uma reunião plenária ou outra atividade na quadra da sua escola,
quantos alunos caberiam? (Se a sua escola não tiver quadra de esporte, escolha a que
você construiu na situação-problema).
Você deve ter calculado o produto da quantidade de alunos em 1m2 e da área da
sua quadra. Esse é o mesmo procedimento utilizado pelo Corpo de Bombeiros para
determinar a quantidade de pessoas em grandes reuniões.
Atividade 15
Dado o retângulo abaixo com a razão entre os lados sendo x/y, vamos tomar essa
Seção 2
figura como peça do mosaico e vamos justapor várias delas de modo a formar uma nova
figura semelhante à primeira:
y y
34
Assim, temos um retângulo semelhante ao primeiro, pois a razão entre os lados é
2x/2y= x/y.
y y
A razão será x/2y; então, não é uma solução válida para o nosso problema.
Forme um novo mosaico com o mesmo retângulo.
Unidade 5
Agora, vamos fazer o mesmo procedimento para o triângulo abaixo. Ou seja,
construa um mosaico justapondo triângulos de modo a formar uma nova figura seme-
lhante ao triângulo inicial.
35
c) Dobrando a base e a altura do triângulo, quantos triângulos você precisou para encon-
trar uma figura semelhante?
Atividade 16
A partir do que você, professor, pôde perceber da atividade anterior, vamos resolver
as duas situações abaixo:
a) O orçamento feito por Dona Maricota para colocar piso em uma sala foi de R$650,00.
Analisando a planta da sua casa, percebeu que havia dado as dimensões erradas para o
vendedor da loja. Na verdade a sua sala tinha a metade das dimensões que ela havia
apresentando. Qual seria, então, o valor que iria gastar para colocar piso na sala?
b) Uma gráfica sabe que um pacote de folhas de papel retangulares pesa 2kg. Qual será
o peso de um pacote (com o mesmo número de folhas) com folhas que têm o dobro do
comprimento e o dobro da largura das folhas do pacote original?
Área da sala:
42m2
Ao chegar em casa, Dona Maricota percebeu que as dimensões corretas eram 3,5m
por 3m, ou seja, a metade das dimensões anteriores. Com essas novas medidas qual a
área da sala da Dona Maricota?
Área da sala:
m2
Unidade 5
E sobre a pergunta da gráfica? Qual será o peso do novo pacote de papel com a
mesma quantidade de folhas, porém com as suas dimensões duplicadas?
Vamos pensar um pouco mais nessas situações. Dividindo pela metade as dimen-
sões, a razão das dimensões entre a primeira e a segunda sala é 1/2. Se fizermos a razão
entre as áreas o resultado será 1/4. Então podemos concluir que dimensão e área são
grandezas não propocionais ?!
Propomos que você pense um pouco e anote aqui a sua opinião sobre isto. Se
precisar, faça outros desenhos e gráficos.
37
Porém, não vamos lhe dar nenhuma sugestão agora! Você vai discutir a sua respos-
ta na sua próxima oficina e ver lá o que os seus colegas pensam sobre o assunto.
Atividade 17
Até aqui fizemos cálculo da área de retângulos ou quadrados, pois, como demons-
tramos pela figura na atividade 12, basta você determinar o produto das suas dimensões.
Talvez você já tenha compreendido como se calcula a área de figuras como triân-
gulos, trapézios e paralelogramos; entretanto, vamos, aqui, relembrar:
Sabe-se que um paralelogramo é um quadrilátero que tem lados opostos paralelos.
Dessa forma para calcular a sua área podemos recompô-la para formar um retângulo ou
quadrado cuja área já sabemos calcular.
Mas tome cuidado: é muito comum que os alunos confundam altura com lado.
Altura é o segmento perpendicular à base.
38
Um recado para
sala de aula
Quando o aluno visualiza a figura em outra posição é possível que não encontre a
altura pois sempre vai procurá-la em relação à horizontal. Você teria alguma sugestão
para acabar com esse equívoco? O que você faria para que o seu aluno entendesse
melhor esse conceito?
Unidade 5
Escreva e leve sua sugestão para ser discutida na próxima oficina.
Área do retângulo = a x h
Como a área do trapézio é a soma de todas as figuras, temos:
Decompondo o 2a = a + a
b2 + b3 + a = b
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
Proporcionalidade e medidas
Seção 2
Uma outra maneira de calcular a área do trapézio poderia ser o uso de dois trapézi-
os iguais feitos em papel.
Cole agora os dois trapézios como indicamos abaixo:
40
Assim, obtemos uma paralelogramo de base B+b e de altura igual à do trapézio.
Como essa figura é formada pelos dois trapézios iguais, podemos dizer que:
Atrapézio = 1/2 Aparalelogramo = 1/2 (B+b) x altura.
Talvez essa demonstração seja mais simples de ser trabalhada com os seus alunos.
Resumindo
Objetivo
da seção
Atividade 18
42 Professor, revendo as etapas que você percorreu para traçar a quadra poliesporti-
va, faça um levantamento dos conceitos matemáticos que você mobilizou ao longo de
sua realização.
Faça um esquema colocando dentro de cada balão um conceito presente na situa-
ção. Após isso feito, ligue os balões, indicando aqueles conceitos que parecem se relaci-
onar na resolução da situação. Para facilitar iniciamos abaixo o esquema para você.
Número Proporção
decimal
Medidas
Divisão
Unidade 5
Aprendendo sobre Educação Matemática
Atividade 19
Faça uma enquete em uma de suas turmas sobre o esporte de quadra preferido.
Classifique-os em três opções presentes de quadra poliesportiva: voleibol, basquetebol
ou futsal.
Localize um espaço na escola (ou ao redor dela) para a demarcação, em tamanho
real, da quadra do esporte que foi mais votado na enquete. Investigue os conhecimen- 43
tos dos alunos sobre as regras, e, em especial, as que dizem respeito às dimensões
oficiais da quadra. Discuta as regras com seus alunos no que diz respeito às dimensões
da quadra escolhida, considerando as várias possibilidades, pois as medidas nas regras
encontram-se num intervalo entre mínimos e máximos estabelecidos pela confedera-
ção. Discuta e escolha, com seus alunos, uma medida única para a quadra.
Para finalizar, solicite que, em grupo, os alunos façam a planta baixa da quadra
em uma folha de cartolina a partir dos dados oficiais. A definição da escala a ser
utilizada é uma tarefa inicial importante. Busque questionar, grupo a grupo, como se
utilizar desse conceito na realização da planta da quadra.
Atividade 20
Realize uma discussão com seus alunos sobre como eles vão demarcar a quadra no
terreno real. Algumas ferramentas e instrumentos serão necessários, e no planejamento
deveremos antecipadamente prevê-los. Assim, peça para os alunos utilizarem a quadra
traçada no papel para planejarem o material necessário para demarcá-la. Faça o levanta-
mento dos materiais:
• Material para demarcação: tocos ou fincas, barbantes ou fios, cabo de vassoura etc.
• Ferramentas: marreta, martelo ou outros.
Transposição Didática:
trabalhando a proporcionalidade e medidas em sala de aula
Seção 3
Articulando
conhecimentos
Atividade 21
Solicitar aos alunos que façam uma previsão antecipada, utilizando somente a
44 planta por eles desenhada, de quanto material será necessário para traçar a quadra, tais
como quantidade de tocos de madeira, metragem de barbante etc.
A organização das tarefas e missões entre os alunos e a definição clara do professor
ao longo da realização da atividade são vitais para o sucesso da atividade. Lembre,
professor, que não se trata apenas de traçar uma quadra num terreno vazio, mas de
garantir a reflexão sobre os conceitos matemáticos em ação efetiva, notadamente sobre a
diferença entre pensar e agir sobre uma folha de papel e pensar e agir sobre as dimensões
reais, mobilizando fortemente noções tais como de proporções e construções geométri-
cas, recorrendo para isso ao uso de instrumentos. Nesse sentido, falamos aqui em “con-
ceitos e teoremas em ato”.
Unidade 5
Assim, professor, é fundamental que cada etapa seja acompanhada da elaboração
de um relatório/dossiê, tanto por alunos relatores (previamente escolhidos pelos grupos)
quanto por você mesmo. Nos relatórios devem constar os desafios, as dificuldades, os
impasses, as soluções, as discussões, e, sobretudo, de que forma os conceitos matemáti-
cos se fizeram presentes na atividade. E também, em que medidas e formas serviram
como ferramentas para a realização da atividade.
É natural que a realização dessa atividade ocupe mais de uma aula, e, entre duas
idas a campo, promova uma discussão sobre o andamento das atividades junto com
seus alunos.
Atividade 22
Atividade 23
3. A reação dos alunos frente à proposta e o quanto de relações eles foram capazes (ou
não) de estabelecer entre o conteúdo matemático e a realização da atividade.
4. Quais dificuldades você, professor, teve em termos de conhecimento matemático ou
didático para a execução da transposição didática, e o que alteraria numa próxima
aplicação da proposta junto a uma outra turma?
5. Como você poderia avaliar seus alunos? Você deveria fazer uma avaliação escrita? Ou
é possível escolher alguma atividade para avaliá-los? Ou poderia avaliá-los durante o
processo da realização da atividade?
Resumindo
47
Transposição Didática:
trabalhando a proporcionalidade e medidas em sala de aula
Seção 3
Bibliografia
CARDOSO, Fátima e OLIVEIRA, Lúcia Helena. A ciência constrói atletas. Superinteres-
sante. Ano 5, n. 3, p. 33-41, mar. 1991.
48
Objetivo da Avaliação
Pensamos não haver dúvida que o objetivo da avaliação terá de ser as aquisições do
aluno. É para ele e por ele que escolhemos os métodos e as estratégias que entendemos
serem as melhores e, é para ele e por ele que nos preocupamos com questões de avalia-
ção. Contudo esta palavra “aquisições” deveria ser associada não apenas aos conhecimen-
tos conceituais mas, também, às competências e às atitudes promovidas pela escola e por
cada uma das disciplinas em particular. Pretendemos dizer com isto que a escola deveria
também entender como sendo conteúdos a ministrar, não apenas os ditos conteúdos cien-
tíficos ou do “currículo duro”, mas, também, as atitudes e as competências necessárias
para uma correta integração no ensino superior ou no mercado de trabalho.
Concordamos novamente com Prieto (1996) quando diz que o ensino superior
recebe alunos com “carências que são essenciais para a sua formação. Estudantes inca-
pazes de desenhar uma experiência, realizar um trabalho bibliográfico original, fazer
generalizações, formular hipóteses, fazer previsões, analisar dados, pesquisar informação
etc... Estudantes sem capacidade de organização, de estruturação de análise e de síntese. 49
Sem atitude científica e sem ritmo de trabalho. Incapazes de realizar adequadamente
uma atividades em equipe, de avaliar sua própria aprendizagem etc... etc. Mas isso sim,
sabendo que as moléculas tetratômicas não apresentam centro de simetria e têm um
momento bipolar não nulo” (p.55).
Urge, pois, que na escola, para além de se ter que saber muitas coisas, muitos
conteúdos, (uns mais científicos, outros mais técnicos), também tenha que saber lidar
com situações novas e imprevistas, dentro de um quadro normativo–atitudinal social-
mente aceito.
Talvez devido a esses motivos, hoje se sinta que os programas de Matemática
aprofundam menos os conteúdos do que antigamente. Pensamos que por detrás disso
não está a idéia de que os alunos tenham que saber coisas diferentes , coisas úteis para
o seu futuro como estudantes ou profissionais de um determinado ramo. Daí a relevância
que assumem nos programas de Matemática as competências e as atitudes em detrimento
dos conteúdos mais científicos.
Instrumentos de Avaliação
Reforçamos a idéia preconizada explicitamente nos atuais programas de Matemática do
ensino básico e secundário sobre os objetivos que devem ser levados em conta na hora
da planificação das tarefas de ensino e de avaliação. Devem acentuar não só os conhe-
cimentos científicos que os alunos têm que adquirir, mas também as capacidades e as
atitudes que têm que desenvolver e ainda as competências inerentes à resolução de
problemas, à comunicação e ao trabalho de grupo.
Transposição Didática:
trabalhando a proporcionalidade e medidas em sala de aula
Seção 3
Uma primeira linha de força, que gostaríamos de vincar tem a ver com a utilização
do tradicional teste escrito. A este propósito permitam-nos o abuso de comparar as
escolas com o processo instrutivo das aulas de condução. Pensamos que não seria
motivo de melindre para ninguém se no ato normal de um cidadão obter a sua carta de
condução, este estivesse apenas dependendo da opinião do seu instrutor. Isto, porque
admitindo-se que esse formando teve sempre o mesmo instrutor, teve por conseqüência
muitos senão todos os momentos para lhe fornecer informação sobre si próprio, em
matéria de condução. Devido a esse estreito contato, o instrutor vai apercebendo-se dos
conhecimentos, das habilidades, das capacidades e das destrezas do seu formando, a
ponto de poder dizer, sem conceber um momento especial para o examinar, se ele está
ou não em condições de conduzir “sozinho”. Referimos ainda, que ao submetê-lo a esse
momento formal de exame, poderia introduzir no processo variáveis estranhas, condicio-
nadoras de eventuais comportamentos anormais, como seja a ansiedade e o nervosismo.
Por isso, quando a estas variáveis associamos uma nova pessoa que é Engenheiro
examinador, aumentamos a probabilidade de o comportamento manifestado poder não
ser o que eventualmente ocorreria, se o tal sujeito não fosse obrigado.
Se isto é assim no ato de se aprender a conduzir um automóvel, imagine o que será
no ato educativo. Devido ao número de alunos que o professor tem, jamais poderá, com
cada aluno, fazer um acompanhamento tão próximo como seria o caso do instrutor de
condução. Contudo isto não invalida que por semana o professor não acabe por ter mais
momentos de contato com os seus alunos do que o instrutor com os seus aprendizes.
Portanto, estará também em condições de poder recolher muitas vezes informações
sobre cada um dos seus alunos, quer seja por observação, quer seja por questionamento,
quer seja ainda por entrevista, trabalhos de casa ou trabalhos de grupo na sala de aula.
50
Movimentos não faltam. Então, porque avaliar somente por testes ou maioritaria-
mente por testes?
Perdoem-nos os que assim não pensam, mas só encontramos duas possíveis razões
para justificar tal situação: ou é por falta de formação na utilização de outros instrumen-
tos que não o teste, ou é por uma questão de comodismo funcional. Dizemos comodis-
mo funcional, porque dá-nos um certo jeito, a nós professores, julgamos todos os nossos
alunos sob o mesmo instrumento, no mesmo espaço físico, isto é, nas mesmas condi-
ções. Contudo, o erro grave é o de não levarmos em linha de conta que estamos a falar
de pessoas, naturalmente diferentes como tal, jamais as condições serão iguais, porque à
partida elas já não o são. Estão em jogo ritmos diferentes, capacidades diferentes, feitos
diferentes etc.
No caso do instrutor, este não tem outro remédio que entregar o destino dos seus
aprendizes à sorte de quem os vem examinar. No caso do professor, podendo ser ele o
principal, senão o único responsável pelo destino dos seus alunos ainda usa cometer a
maldade de os submeter a mais uma prova final, prova esta que assume caráter decisivo.
No mínimo não deixará de suscitar alguma reflexão e apreensão, nomeadamente quan-
do se defende um ensino da matemática pela via da partilha, do trabalho em grupo, da
discussão, do diálogo e da negociação, da comunicação, da pesquisa e da resolução de
problemas. Serão estas condições de ensino susceptíveis de serem avaliadas através de
testes escritos? Claro que não! Então é porque alguns destes princípios não são conside-
rados no ato do juízo final, servirão apenas para questões de desempate intelectual.
Evidentemente que com estas palavras não pretendemos dizer que o teste não deva
ser instrumento utilizado na atividade avaliadora do professor de matemática. Não.
A - Resolução de Problemas
Numa perspectiva bastante abrangente, Carrillo e Guevara (1998) apresentam um mode-
lo cognitivo – meta-cognitivo de avaliação em resolução de problemas muito completo.
Sugerem que a avaliação desta temática possa incidir nas seguintes categorias: (a) carac-
terísticas pessoais do resolvedor; b) características táticas do processo; c) características
reguladoras do processo. 51
Contudo, um autor de referência neste tema da resolução de problema é Polya. Para
este autor (1978), um resolvedor, ao resolver um problema, atravessa as seguintes etapas: a)
compreensão do problema, b) concepção de um plano de resolução, c) execução desse
plano e d) verificação. Pensamos que cada uma dessas etapas pode ser objeto de avalia-
ção. Assim, no que concerne à primeira delas, bastará perguntar a um aluno se consegue
explicar o enunciado por palavras próprias. Se conseguir fazer, isto é, se conseguir referir-
se ao que é dado e ao que é pedido, o professor saberá que, em caso de insucesso na
resolução, a causa não esteve nesta etapa, terá estado nas outras.
Na etapa de concepção do plano, o aluno também pode ser solicitado a explicitar
oralmente ou por escrito como tenciona “atacar” a resolução do problema qual a estraté-
gia que prevê ser adequada etc.
Durante a implementação do plano, o aluno terá que ser solicitado a ser o mais
minucioso possível na explanação da estratégia ou na apresentação dos cálculos, se os
houver. Para tal sugere-se que o aluno não deva apagar nenhum dos seus procedimentos
escritos, no sentido do professor poder perceber por onde o aluno “andou” quando da
procura da solução do problema. Se pretender anular um dos procedimentos escritos,
que o faça, utilizando apenas um risco sobre esse registro (Afonso, 1995).
No final, isto é, depois de encontrada uma solução para o problema, o aluno terá
que criar o hábito de não entender que a resolução está terminada. Terá ainda que
verificar se a resposta faz ou não sentido e se é única, se implementou bem ou não o
plano que delineou; se consegue fazer generalizações etc. Segundo Borralho (1990),
deveria ainda haver nesta etapa uma intervenção metacognitiva por parte do aluno. Este
Transposição Didática:
trabalhando a proporcionalidade e medidas em sala de aula
Seção 3
6 - Demonstra auto-confiança.
B - Comunicação
Se os nossos alunos forem capazes de falar sobre matemática de forma sustentada e
refletida mostrarão ao professor as aprendizagens efetuadas ou eventuais lacunas que
merecem ser corrigidas. Na promoção desta competência muito pode contribuir o traba-
lho em pares ou o trabalho de grupo. De fato, o trabalho de grupo em Matemática pode
54 ser gerador de diálogos e de confrontos de opinião que, após devidamente fundamenta-
dos devem ser oralizados para toda a turma se pronunciar sobre eles. Contudo, este tipo
de procedimentos não ocorrerá espontaneamente; terá que ser intencionalmente promo-
vido pelo professor. Queremos dizer com isto que o aluno terá que ser sistemática e
continuamente solicitado a verbalizar o seu pensamento, não devendo coibir-se de pen-
sar alto. Num espírito de equipe, qualquer intervenção por mais descabida que possa ser,
pode gerar motivos de discussão e conseqüentes aprendizagens. Há também, que se
gerar o confronto das concepções alternativas que os alunos possuam sobre os mais
variados aspectos da Matemática.
No sentido de orientarmos essa verbalização do pensamento, poderemos seguir as
sugestões propostas por Clement e Konold (1989), que aconselham o trabalho em pares,
com alternância de papéis de resolvedor e de ouvinte questionador:
Eu não entendi o problema:
• Lê de novo o problema;
• O que é que sabes? O que tens que saber?
• O que procuras?
• Poderás reformular o problema por palavras tuas?
• Poderás desenhar um diagrama ou esquema?
Eu não sei para onde ir a partir daqui:
• Ter-te-ão dado informações relevantes que ainda não usaste?
Registro de Comunicação
Aluno Data
1. Costuma ser o porta-voz do grupo de trabalho.
55
2. As suas intervenções orais são devidamente sustentadas.
3. Comenta baseado em evidências as afirmações orais dos colegas.
4. Conforta os colegas quando intervêm oralmente.
5. Interrompe os colegas quando intervêm oralmente.
6. Não costuma intervir oralmente nas aulas.
7. Critica negativamente as intervenções orais dos colegas.
8. Estabelece oralmente sínteses para toda turma.
Níveis:
Nunca (N) Raramente (R) Ocasionalmente (O) Freqüentemente (F) e Sempre (S).
C - Trabalho de Grupo
Se pretendermos que o trabalho de grupo em Matemática tenha conseqüências objeti-
vas, como seja a de desenvolver a capacidade de registro minucioso, teremos que sugerir
algumas orientações prévias a esse tipo de metodologia de trabalho (Afonso, 1995).
1- é de superior importância “pensar alto” à medida que vão resolvendo as tarefas
matemáticas com as quais vão confrontar-se, mesmo que pensem que aquilo que estão a
pensar seja um disparate;
Transposição Didática:
trabalhando a proporcionalidade e medidas em sala de aula
Seção 3
1 2 3 4 5
Bibliografia
ABRANTES, P.et al. Pode haver um Currículo de Matemática centrada na resolução de
Problemas? In: FERNANDES, D.; BORRALHO; AMARO, G. (EDS). Resolução de proble-
mas: Processos Cognitivos, concepção de professores e desenvolvimento curricular. Lis-
boa: IIE, 1994. p. 239-252
AFONSO, P. Uma aventura matemática na internet. Porto: ASA, 2001.
AFONSO, P. O vídeo como recurso didático para a identificação e desenvolvimento de
processos metacognitivos em futuros professores de matemática durante a resolução de
problemas. Lisboa: APM, Tese de mestrado, 1995.
AFONSO, P. e AFONSO, M. Resolução de problemas em Matemática: ensina-se primei-
ro e avalia-se depois ou ensina-se avaliando? Actas do prof/Mat 95, 1995. p.141-147.
AFONSO, P. Resolução de Problemas e ensino de Matemática. Possíveis razões justifica-
tivas da 1 experiência nem sempre correr bem e Possíveis sugestòes de Trabalho. Educa-
re/Educere n. 3, 1993. p. 91-102.
BORRALHO, A. Aspectos metacognitivos na resolução de problemas de Matemática:
Proposta de uma programa de intervenção. Lisboa: APM, tese de Mestrado, 1990.
BRANCA, N. Problem solving in schollmathematics - Yarbook. NCTM, 1980. p. 3-8.
CARRILLO, J. Modos de resolver problemas y concepciones sobre la Matemática y su
ensenñza: metodología de la investigación y relaciones. Huelva: Universidde de Huelva
Publicaciones, 1988.
58
CARRILLO, J. e GUEVARA, F. Un instrumento para evaluar a resolución de problemas.
Uno n. 8, 1996. p. 65-81.
CHARLES, R.et al. How to evaluate Progress in Problem solving. NCTM, 1987.
CLEMENT, J e KONOLD, C. Fostering Basic Problem - solving skills in Mathematics. For
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FERNANDES, D. Complexidade, Tensões e Mudança na avaliação das aprendizagens.
In: ALMEIDA, L.; FERNANDES, J.; MOURÃO, A. (ORGS.), Ensino Aprendizagem de
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LEMOS V. O critério do sucesso. 4. ed. Lisboa: Texto, 1990.
LOPES, A. et al. Actividades Matemáticas - Programas 10, 11 e 12 anos. Aveiro: Ministé-
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NOVAIS, E. CRUZ, N. O ensino e o desenvolvimento de Capacidades Metacognitivas.
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POLYA. G. A arte de resolver Problemas. Rio de Janeiro: Inteciência, 1978.
PRIETO,F. La evalluación en la educación secundaria. 2. ed. Salamanca: Amarú, 1996.
SILVA, M. Avaliação. Lisboa: CNS,1993.
Unidade 5
Solução das atividades
Atividade 6
Aproximadamente 66,67%.
Melhor performance: Zequinha.
16/24
Atividade 7
15.000 habitantes lêem a revista A.
24.000 habitantes lêem a revista B.
Atividade 8
De R$7.200,00 a R$36.000,00 ou R$21.600,00 (usando a média de preço).
Atividade 9
8 e 12 12 e 24 16 e 24
Razão entre os 61
tempos
Razão entre as
quantidades de
peças
a) Sim.
b) Sim.
c) Razão: 3/1 e 5/1. Continuou igual.
d) As razões são iguais.
Solução das atividades
Atividade 10
1e2 1 e 10 10 e 14
Razão entre os
tempos
Razão entre as 2 10
velocidades
Atividade 11
Razão entre os
tempos
62
Razão entre as
posições
Atividade 12
a) Sim
b) Sim
c) Sim
Atividade 13
60
Unidade 5
Atividade 15
a) Quando a base foi dobrada, a área quadruplicou. Quando a base triplicou, a área
63
aumentou nove vezes. No triângulo aconteceu o mesmo.
b) Foram necessários quatro retângulos.
c) Foram necessários quatro triângulos.
d) Relação lado e área:
Lado Área
x2 x4
x3 x9
xn x n2
Atividade 16
a) R$162,50.
b) 8kg.
Área da sala: 10,5m2.
Atividade 17
Área do paralelogramo: produto de um lado pela sua altura.
Unidade 6
Explorando conceitos
matemáticos numa discussão sobre esportes - Tratamento
de informação, números inteiros e medidas
Celso de Oliveira Faria
Iniciando a
nossa conversa
Definindo o
nosso percurso
66
Objetivo
da seção
67
Ampliando os limites humanos nos esportes: quando as ciências
produzem um novo ser humano
A ciência constrói atletas: a corrida atrás de medalhas leva esportistas aos labora-
tórios. Fisiologia do esforço, biomecânica, psicologia, tudo vale na luta por centí-
metros ou décimos de segundo.
Fabricar atletas não é a missão dos laboratórios de fisiologia do esforço. Ao
trabalhar também com quem só se mexe por esporte, os cientistas estabelece-
ram parâmetros de atividade física para pessoas tão diferentes como crianças,
idosos, mulheres grávidas, diabéticos. “Ginástica não faz bem da mesma ma-
neira para todo mundo”, adverte o fisiologista Antônio Carlos Silva. Assim
como os atletas, cidadãos comuns, quando treinam menos do que o ideal, não
têm benefício algum.
Porém, ao fazer esforços demais, o atleta costuma parar por causa do cansa-
ço, que literalmente “trava” seus músculos. “Quem não tem o mesmo preparo
físico talvez não sinta nada ao cometer excessos, mas seu organismo sempre sofre
um dano”, comenta Silva. Por isso, os mesmos exames realizados nos superatletas
são repetidos em gente normal, para também se conhecer entre essas pessoas os
limites individuais de esforço. Isso fornece subsídios a médicos e professores de
educação física para que não exijam de cada pessoa mais – ou menos – do que
seu corpo pode suportar.
Trecho do texto: CARDOSO, Fátima e OLIVEIRA, Lúcia Helena.
A ciência constrói atletas. Superinteressante. Ano 5, n. 3, pp. 33-41, março. 1991
Resolução de situação-problema:
destacando e estudando o tratamento de informação
Seção 1
ESPORTES
100 Metros Salto com vara
Recorde atual: 9s92 Recorde atual: 6,06m
(Seul, 24/9/88) (Nice, 10/7/88)
Limite estimado: 9s58 Limite estimado: 7,82m
Unidade 6
Queremos então, em continuidade à unidade anterior, realizar novas explorações
matemáticas na situação dos esportes, em especial do atletismo, construindo e resolven-
do situação-problema mergulhada nesse contexto que tem forte significado aos nossos
alunos adolescentes.
Essa riqueza da presença significativa da matemática no mundo dos esportes pode
ser constatada no quadro abaixo que mostra as diferenças entre as capacidades físicas de
um cidadão comum e daquele que se dedica aos esportes.
69
Situação-problema
Atividade 1
Outros números expressam índices, ou melhor, razões, tais como velocidades, fre-
qüências relativas, concentrações. Quais seriam elas e quais os significados de cada uma
dessas razões?
70 A ampliação desses limites pode tanto implicar o aumento dos índices acima
citados quanto a sua redução, dependendo da modalidade de atletismo. Enquanto
alguns tentam correr um espaço em menor tempo, outros buscam lançar seu corpo a
uma maior altura ou distância. Aumentar ou reduzir índices, eis um dos grandes obje-
tivos do atletismo.
Na situação presente, vamos eleger como contexto de matematização os índices
obtidos pelos nossos atletas brasileiros na corrida de 100 metros no ano 2001. Obser-
vemos as tabelas abaixo indicando os índices obtidos por atletas femininas e masculi-
nos brasileiros1:
1 Baseado em informações obtidas junto à Confederação Brasileira de Atletismo na internet no endereço: www.cbat.org.br
Unidade 6
Masculino
Marca Vento CBAt Atleta Nascimento UF Equipe Fase Local Data
10.17 1.6 651 André Domingos da Silva 26/11/1972 SP ULL BRAVITAP 1/F/ Lisboa/POR 16/06/2001
10.20 1.8 2082 Cláudio Roberto Souza 14/10/1973 SP 1/SM/ São Caetano do 21/04/2001
10.23 1.8 14841 Raphael Raymundo de 05/02/1979 SP BM&F 2/SM/ São Caetano do 21/04/2001
Oliveira
10.35 -0.4 5435 Claudinei Quirino da Silva 19/11/1970 SP ULL BRAVITAP 1/F/ Rio de Janeiro 19/07/2001
10.37 1.2 5337 Edson Luciano Ribeiro 08/12/1972 SP ULL BRAVITAP 1/E/ São Paulo 22/06/2001
10.38 1.6 8529 Vicente Lenilson de Lima 04/06/1977 RJ CRVG 4/SM/ Americana 29/04/2001
10.41 0.5 9402 Fábio Gonçalves da Silva 27/03/1977 SP ULL BRAVITAP 3/F/ Americana 16/06/2001
10.42 1.0 10223 Augusto César de Oliveira 13/10/1972 RJ FARJ 1/S/ Americana 17/02/2001
Santos
10.46 1.2 3788 Jair da Costa Moreira 05/01/1974 SP 2/E/ São Paulo 22/06/2001
10.47 1.8 16269 Bruno Tiago Campos Alves 30/06/1982 SP EC SAO BENTO 5/SM/ São Caetano do 21/04/2001
Atividade 2
71
Que tipos de análise podem-se fazer a partir das observações realizadas acima, ou seja:
1. A situação do atleta no ranking é indicada pelo tempo que ele leva para percorrer um
espaço linear de 100 metros. Qual o significado dessas marcas, por exemplo, 11,61, em
termos de unidade de medida de tempo?
3. Quem obteve a melhor marca, as mulheres ou os homens? A que fatores você atribui
tal fato?
72
Atividade 3
Unidade 6
1. Que unidade/escala é mais conveniente para a construção dos gráficos considerando-
se os dados fornecidos na tabela?
2. Para cada modalidade, ou seja, feminino e masculino, calcule a marca média obtida
no ano 2001 pelos atletas brasileiros segundo a tabela. Trace um segmento de reta
paralelo ao eixo das abscissas indicando esse valor médio. Identifique os atletas que
ficaram abaixo e os que ficaram acima da média de sua respectiva categoria.
73
3. Para cada atleta, calcule a diferença entre o seu escore/marca e o valor médio dentro
de sua categoria/gênero.
Resolução de situação-problema:
destacando e estudando o tratamento de informação
Seção 1
• Negativa
• Zero
74
5. Compare a marca média entre as atletas mulheres com a média dos atletas homens.
Qual porcentagem de tempo as mulheres têm de melhorar para atingir a média dos
homens obtida no ano 2001?
Objetivo
da seção
Atividade 4
76
A linha rosa representa um valor que está exatamente no meio de todos. Vamos
considerar que esse ponto médio seja 2,46 e vamos calcular as diferenças de cada ponto
em relação à média.
Unidade 6
Some todos os valores.
Resposta:
Você deve ter encontrado zero ou um número próximo de zero, pois o valor 2,46
é um valor arredondado da média. A média representa um ponto de equilíbrio entre os
valores; assim, a soma das diferenças de cada ponto em relação à média deve ser zero.
Você deve ter observado que a soma dos pontos parece simples, mesmo que esse
número seja negativo. Se observarmos que, na reta numérica, 2 + 1 representa um valor
que está a uma unidade de 2, então:
77
2 menos 1 unidade vai se
deslocar para o ponto 1
Vamos dividir a unidade da reta em quatro partes e tomar 3, para representar 0,75:
Observando o deslocamento que você fez na reta numérica, conclua: quando você
soma dois valores positivos ou negativos, o que acontece com o sinal do resultado? Justifique.
78
Quando você soma dois valores de sinais diferentes, o que acontece com o sinal do
resultado? Justifique.
Atividade 5
Unidade 6
Aprendendo sobre Educação Matemática
O que significa 2 x 3?
Observando a reta numérica, poderíamos dizer que são 2 deslocamentos de 3
unidades.
79
Colega professor, escreva com as suas palavras como podemos determinar o sinal de
um produto ou quociente entre dois números observando a representação geométrica.
Atividade 6
80
Nesse TP você tem encontrado várias situações que levam ao uso de conceitos de
razão e proporção. No TP2, Unidade 1 vimos algumas razões conhecidas como veloci-
dade, densidade e densidade demográfica. Vamos rever algumas delas.
Se um ciclista faz um percurso a 10km/h, quantos metros ele percorre em 1 minuto?
Unidade 6
das piramidais que equivale ao número de dias do ano solar. Uma polegada
piramidal equivale a 35,4264mm.
Você sabia que o grão de trigo tirado do meio da espiga provavelmente
tenha sido o primeiro elemento padrão de peso? Isto originou um sistema de
medida que ainda é usado em alguns países da Europa: grão, dracma, onça,
libra, quintal e tonelada.
Mas voltemos ao “metro”. Embora ele seja uma unidade padrão internacional, usá-
lo para fazer qualquer medida nem sempre é prático. Por isso, existem os múltiplos e os
submúltiplos do metro. Nesse caso usamos o sistema métrico decimal, a partir da unida-
de padrão: metro.
As unidades que mais utilizamos dentro do sistema métrico decimal são:
Quilômetro (1km) que equivale a 1000m.
Centímetro (1cm) que equivale do metro. São necessários 100 centímetros para
completar 1 metro.
Milímetro (1mm) que equivale do metro. São necessários 1.000 milímetros para
81
completar 1 metro.
Observando o problema do ciclista:
10km 10 x 1.000m = 10.000 metros.
Professor, você deve ter percebido que, quando fez a conversão de km/h para m/
minuto na atividade anterior, você utilizou a medida do tempo.
Você já deve ter observado que, na conversão do tempo, a contagem não é feita de
dez em dez, como no caso das medidas da distância e outras que vamos ver ainda.
Enquanto existe uma mudança de unidade a cada 10 unidades, por exemplo, 10mm
equivale a 1cm e assim por diante, para completar uma hora são necessários 60 minutos
e cada minuto é completado a cada 60 segundos.
Então, se o ciclista percorre 10km/h, ele percorre 10.000m em 60 minutos. Para
saber quanto ele percorre em um minuto, basta determinar o quociente entre 10.000 e 60.
Existem várias unidades de medida do tempo, por exemplo, dia, semana, mês, ano,
século etc.
Sabemos que, por convenção para cálculos contábeis, considera-se o ano com
360 dias e o mês com 30 dias.
Sabe-se que na verdade um ano possui 365 dias e 6 horas. Por isso, a cada
quatro anos temos um dia a mais no mês de fevereiro para compensar as 6 horas que
não foram contadas nos anos anteriores. O ano que possui um dia a mais é chamado
de ano bissexto.
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
tratamento de informação, números inteiros e medidas
Seção 2
82
Articulando
conhecimentos
Unidade 6
Aprendendo sobre Educação Matemática
Atividade 7
Certa vez, ao fazer um passeio turístico no Parque Nacional da Tijuca, onde fica o
Corcovado no Rio de Janeiro, tive uma discussão acirrada com o taxista que nos levava
pelo trajeto dentro do parque que termina no Cristo Redentor.
Durante a subida, o taxista que fazia as honras de guia turístico ia nos falando das
características e fatos curiosos do parque. Em determinado momento ele nos informou
que o parque tinha uma área de 33.000m2. Ao observar o parque durante o trajeto,
começamos a perceber que algo estava errado naquela informação, a área do parque
não podia ser só aquela.
Veja como começamos a raciocinar. Se tomarmos um quadrado de 250m de lado,
ou seja, a quarta parte de um quilômetro, a área seria determinada por meio do quadrado:
84
Área total
250m 250m x 250m = 62.500m2
Isso representa o dobro da área do par-
que, segundo informações do taxista.
250m
Perguntei para o taxista sobre a área e disse-lhe que algo estava errado. Mas o
suposto guia turístico não gostou da nossa pergunta e começou a dizer que repetia tal
informação há anos e que ele conhecia o parque melhor do que ninguém.
Mas insistimos em que havia algo errado. Até que parou o carro e foi nos mostrar a
verdade. Pegou um guia turístico que havia no seu carro e nos mostrou: a área do
parque era de 33km2 e isto representava 33.000m2, já que uma unidade de quilômetro
equivale a 1 mil metros!
Tentamos ainda lhe explicar que tal raciocínio estava errado. Porém não tivemos
êxito e o taxista deve continuar passar tal informação errada até hoje!
Unidade 6
Você é capaz de perceber o erro do taxista? Este não é um erro muito comum
cometido pelas pessoas em geral e por nossos alunos?
A transferência da relação das medidas de superfície para as de comprimento não é
tão direta. Isso porque, conforme já vimos no TP anterior, o metro quadrado significa um
quadrado medindo um metro cada lado. Logo, 1km2 significa um quadrado com cada
lado medindo 1km, ou seja, cada lado mede 1.000m.
1km = 1.000m
85
1km = 1.000m
Área do quadrado
1km x 1km = 1km2
ou
1.000m x 1.000m = 1.000.000m2
Então, se o Parque Nacional da Tijuca tem uma área de 33km2, isso significa que sua
área é de 33.000.000m2.
Existem algumas unidades de medidas de superfície que variam de região para região
e são mais usadas para a medição de terras; isso nós já vimos na Unidade 1 deste TP.
Atividade 8
Uma das razões que vimos também nesse TP foi a densidade. Sabendo-se que a
densidade do alumínio é de 2,6g/cm3, pretende-se encher, com esse material, um cami-
nhão com as dimensões apresentadas a seguir. Quanto, aproximadamente, em kg ou
toneladas de alumínio será necessário para encher o caminhão? O peso encontrado é
suportado pelo caminhão?
Construção do Conhecimento Matemático em Ação:
tratamento de informação, números inteiros e medidas
Seção 2
Dimensões importantes
C (largura) – 2.246mm
Comprimento aproximado
da caçamba (A + H) – 5.108mm
Vamos pensar juntos na resolução desse problema, para podermos revisitar alguns
temas de Matemática importantes:
1. Vamos calcular o volume da caçamba do caminhão:
Para determinar o volume da caçamba, basta descobrirmos quantos cubos, por
86
exemplo, de 1cm3 cabem nela.
Veja o desenho:
Unidade 6
Você deve ter observado, ao fazer o cálculo acima, que a cada unidade, três casas
decimais eram “diminuídas”. Isso significa que cada unidade foi multiplicada por 1000.
Isso é de se esperar, veja o desenho:
1m x 1m x 1m = 1m3
1m = 10dm
10dm x 10dm x 10 dm = 1.000dm3
Logo:
1m = 10dm
Um recado para
sala de aula
Professor, se você tiver acesso ao material dourado, será fácil você fazer, por exem-
plo, a construção entre o que seja um decímetro cúbico e o centímetro cúbico. Veja na
Transposição Didática sugestão de atividade.
2. Cálculo do peso:
Usando o volume da caçamba do caminhão acima, calcule o peso de alumínio que seria 87
necessário para encher toda a caçamba, sabendo-se que a densidade do alumínio é de
2,6g/cm3.
Peso total de alumínio: g.
Sabendo-se que um quilo equivale a 1.000 gramas, quantos quilos de alumínio
caberiam no caminhão? kg.
Sabendo-se que uma tonelada equivale a 1.000 quilos, quantas toneladas caberi-
am no caminhão? t.
De acordo com as especificações, é possível que o caminhão transporte o peso
total do alumínio?
Vale a pena lembrar que as unidades de peso mais usadas são o grama, o quilogra-
ma e o miligrama. As outras unidades são pouco usadas.
Resumindo
88
Seção 3
Transposição didática: trabalhando
o tratamento de informação em sala de aula
Objetivo
da seção
Ao longo desta seção, esperamos que você possa conhecer e produzir situações
didáticas adequadas ao nível de ensino em que atua, envolvendo:
• Outras formas de usar os dados da situação-problema para desenvolver outros concei-
tos matemáticos em um currículo em rede.
• Desenvolvimento do tema Números Relativos e suas Operações por meio da organiza-
ção de dados na comparação de resultados dos alunos em uma corrida.
• Conhecimento e produção de materiais manipulativos para a construção de conceitos
envolvendo unidades de medida.
• Aplicação da história da Matemática para promover a aprendizagem.
Unidade 6
Atividade 9
Atividade 10
Atividade 11
Outra situação que você, professor, pode explorar com seus alunos a fim de estudar
90
os números relativos é fazer uma comparação do rendimento dos alunos, em segundos,
correndo 100 metros:
• calçados e com uma calça comprida;
• calçados e com calção;
• descalços e com calça comprida;
• descalços e com calção.
Em cada condição acima, verifique o rendimento médio dos grupos; separadamen-
te, meninos e meninas. Anote o valor superior e inferior de cada aluno em relação ao
rendimento médio.
Levante junto aos alunos as formas de registro da variação das marcas em termos de
“acima “ e “abaixo” da média.
Discuta com seus alunos qual a melhor forma de registrar os resultados (scores) em
relação à média, e depois disso proponha situação do tipo:
Quanto Alice está distante do escore de Carol, quando ambas estão abaixo
da média, ambas estão acima da média e quando uma está acima e a outra está
abaixo da média.
Comparar os resultados entre cada situação, por faixa etária, entre meninas e meni-
nos, entre os alunos e você e seu colega de Educação Física.
Unidade 6
Coloque a seguir o seu quadro de resultados.
Atividade 12
92
Atividade 13
Você deve ter observado que durante a realização de algumas atividades foram
apresentadas algumas interessantes curiosidades sobre fatos envolvendo a história da
matemática.
É importante você utilizá-los em sala de aula para que o aluno perceba que o
conhecimento matemático é fruto de uma construção humana social, cultural e históri-
ca. Ou seja, não se trata de conhecimentos inventados, sem aplicação e contexto.
Você deve conhecer algum fato histórico interessante sobre a história da matemá-
tica. Então registre-o aqui. O que acha de apresentá-lo para seus colegas na sua próxi-
ma oficina?
Unidade 6
Descreva em poucas palavras uma atividade para a sala de aula em que você
poderia usar esse fato histórico que você sabe ou algumas das curiosidades mencionadas
nesta unidade.
Resumindo
94
Unidade 6
Bibliografia
CARDOSO, Fátima e OLIVEIRA, Lúcia Helena. A ciência constrói atletas. Superinteres-
sante. Ano 5, n. 3, p. 33-41, mar. 1991.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. CBAT– Confederação Brasileira de Atle-
tismo. Disponível em: <www.cbat.org.br> Acesso em: 10 de agosto 2002.
95
Texto de referência
A flexibilização da aprendizagem
matemática – Representação e Teoria de Quadros
Cristiano Alberto Muniz
O homem age sobre seu meio com o objetivo de transformá-lo, assim como o meio leva
o homem à ação efetiva transformando-se a si próprio. Nesta relação dialógica, homem-
meio, o homem é confrontado a situações-problema para melhor compreender e tentar
explicar a Natureza. O pensamento humano pode ser considerado como imagem desse
eterno processo de desafio, processo que é tecido a partir de três categorias fundamen-
tais: o espaço, o tempo e o número. Estas categorias são diretamente ligadas aos aspectos
matemáticos do pensamento e ao conhecimento lógico-matemático. Em todo caso, o
homem não é isolado dentro do processo de construção e de aquisição do conhecimen-
to. Ele vive dentro de uma “cultura matemática” quando da resolução de um problema.
Esta cultura é o resultado de uma trama entre conhecimentos espontâneos e conheci-
mentos científicos extraídos da cultura do sujeito. A complexidade das relações entre
conhecimentos espontâneos e científicos é traduzida pelas diferentes maneiras possíveis
de conceber os processos da matematização em cada sujeito.
1 Lerner, D. e Sadovsky, P. “O sistema de numeração: um problema didático”. In Parra, C. e Saiz, I. (org) Didática da Matemática.
Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996
Unidade 6
Para resolver 36 + 145, Sebastian escreve:
145 + 5 + 10 + 10 + 10 + 1 = 181.
Ele explica: “Coloco o cinco porque com cinco já chego a cento e cinqüenta”.
A professora lhe pergunta onde estava esse cinco e ele responde; “No trinta e seis,
por isso ao final está 01; senão, só teria somado trinta e cinco”.
2 Holístico e Holismo dizem respeito a tratar da realidade em sua totalidade, sem fragmentação. A realidade é por natureza um todo
orgânico integrado, e sua fragmentação é um produto da cultura humana que não dá conta de compreender e de tratar da realidade em
sua totalidade infragmentável, em função de sua complexidade.
Unidade 6
Representação em Matemática
Assim, faz sentido citarmos um texto de Damm3 (in Pais, 1999) sobre essa relação entre a
aprendizagem matemática e a capacidade do sujeito em navegar nas diversas formas de
representação do objeto matemático.
Damm menciona que, em matemática, os objetos a serem estudados são conceitos,
propriedades, estruturas, relações e que para seu ensino precisamos levar em conta as
diferentes formas de representação de um mesmo objeto matemático.
Segundo ela:
“Podemos dizer que uma escrita, um símbolo ou uma notação representam objetos/
conteúdos/conceitos matemáticos. O que se observa de forma geral é a confusão da
representação do objeto matemático com o próprio objeto matemático.
Por exemplo, ao perguntarmos a uma criança sobre o que “é” três quartos, muitas
respondem dizendo: é o número 3/4.
Ao trabalharem com a representação decimal, as crianças encontram o registro
0,75 e sabem operar com ele. Mas não têm a consciência de que trata-se do mesmo
número anterior, embora, quando solicitadas a “passar da forma fracionária à decimal”,
ou vice-versa, possam aplicar os mecanismos aprendidos e obter 3/4 = 0,75".
Ela cita outro autor, que afirma:
“No ensino de matemática o problema se estabelece justamente porque só se levam
em consideração as atividades cognitivas de formação de representações e os tratamen-
tos necessários em cada representação. No entanto o que garante a apreensão do objeto 99
matemático, a conceitualização, não é a determinação de representações ou as várias
representações possíveis de um mesmo objeto, mas sim a coordenação entre estes vários
registros de representação. Por exemplo, não adianta o sujeito resolver uma operação
usando material concreto, ou através de um desenho se não conseguir enxergar/coorde-
nar estes procedimentos no tratamento aritmético (algoritmo da operação), no problema
envolvendo esta operação ou mesmo em outro registro de representação qualquer (Nehring,
1996)” (1999, p. 147).
Damm afirma que a apreensão (ou plena compreensão) do objeto matemático é
conseguida “a partir do momento em que o aluno consegue realizar tratamentos em
diferentes registros de representação e “passar” de um ao outro o mais naturalmente
possível”.
No caso, podemos dizer que um tipo de raciocínio natural seria o aluno saber ler
0,75 não só como “zero vírgula setenta e cinco”, mas, também, interpretá-lo como 75
centésimos, e ver que isso corresponde a três partes obtidas quando se divide 100 em 4.
Visualizando:
3 As publicações de Regina Flemming Damm sobre representações matemáticas tem como uma das referências os trabalhos do
pesquisador francês Duval que trabalha sobre registros de representações semióticas e funcionamento do pensamento.
Três partes iguais de um todo dividido em 4 corresponde a 3/4.
Segundo a autora, “converter” uma representação é “mudar a forma pela qual um
objeto é representado”. Ela afirma ainda que essa conversão (como no caso entre as
representações fracionária e decimal) não é simples e exige uma interferência do professor.
Os tratamentos usuais dados pela escola são ligados à forma e não ao conteúdo.
Vejamos outro exemplo, também de Damm:
1) 0,25 + 0,25 = 0,5 (representação decimal, envolvendo um tratamento decimal).
2) 1/4 + 1/4 = 1/2 (representação fracionária, envolvendo um tratamento fracionário).
Ou seja, duas representações diferentes envolvendo tratamentos completamente
diferentes para o mesmo objeto matemático. Estes dois registros de representação possu-
em graus de dificuldade diferentes para quem aprende, e este é um dos problemas que o
educador precisa enfrentar na hora de ensinar, tendo presente que trabalha sempre o
mesmo objeto matemático (números racionais/operações), porém o registro de represen-
tação utilizado exige tratamento muito diferente, que precisa ser entendido, construído e
estabelecidas relações para o seu uso.
Em Educação Matemática, domina a concepção de que o ensino/aprendizagem de
qualquer conhecimento está estreitamente vinculado com a compreensão de diferentes
registros de representações.
É um real desafio para aquele que quer fazer educação matemática tal coordenação
100
entre as diversas formas de representação de um mesmo objeto matemático, tendo em vista
que a nossa própria formação, ao longo de nossa vida escolar, tratou das representações de
forma fragmentada sem uma articulação entre duas ou mais naturezas de representação de
um mesmo objeto matemático. Isso exige de cada um de nós uma revisitação dos próprios
objetos e ferramentas matemáticas, o que foi objetivo fundamental no desenvolvimento dos
Cadernos de Teoria e Prática deste primeiro módulo do GESTAR.
4 Capítulo do livro Educação Matemática: uma introdução, Silvia Dias Alcântara Machado ... et al. São Paulo: EDUC, 1999.
Unidade 6
Essa forma de conceber a aprendizagem matemática leva à concepção do duplo
sentido do saber matemático:
1. O saber enquanto recurso instrumental de determinados conceitos e teoremas para
resolver situação-problema. Ou seja, saber tendo um papel de ferramenta, como base da
ação na resolução de situação-problema. A ferramenta é considerada sempre em uma
dada situação, no contexto do fazer.
2. O saber enquanto formulação de conceitos, no desenvolvimento do poder de argu-
mentação, de justificação, de prova e de demonstração. Ou seja, o saber tendo um
papel de objeto em si, de idéias mentais, desprovida da situação, diríamos, é «descontex-
tualizado». O objeto sobretudo representação mental e mobilizado no contexto das
idéias matemáticas e de suas comunicações.
Neste contexto, Douady coloca que:
“Ensinar para um professor, é criar as condições que produzirão um saber entre os
alunos. E aprender, para os alunos, é engajar-se numa atividade intelectual, pela qual se
produza a disponibilidade de um saber com seu duplo papel de ferramenta e de objeto”.
Há uma forte e estreita ligação entre esses dois sentidos, ou seja, objetos e ferramen-
tas são duas faces de uma mesma moeda, quer dizer, do saber matemático. É a relação
dialética entre objeto e ferramenta que dá sustentação à Teoria de Douady. Essa dialética
se estabelece na construção do saber no processo de resolução de situação-problema,
em sete fases:
1a fase: quando o aluno mobiliza os antigos conhecimentos, esses tendo o valor de
ferramenta para resolver a situação-problema. Mesmo os antigos «objetos» tomam a 101
forma de «ferramenta».
2a fase: diante de dificuldades na resolução, em função da inadequação dos antigos co-
nhecimento para resolver a nova situação, o aluno parte para a pesquisa de novos conhe-
cimentos. O aluno «cria» conhecimentos localmente validados, mesmo sem saber o como
e o porquê eles funcionam: o conhecimento é ainda implícito, sem ser comunicado.
3a fase: quando o aluno explicita o conhecimento produzido e mobilizado (e junto,
comunica suas dificuldades). É o momento do professor colocar em xeque os antigos
conceitos e teoremas, tendo em vista a ineficácia na situação dada. Aí o debate entre
alunos e professor é vital no processo da produção do saber.
4a fase: na produção de resolução pelos alunos, pode ser que haja produção de conhe-
cimento que os alunos não saibam validar (fase chamada de novo implícito). Diante da
dificuldade dos alunos a justificarem e/ou validarem o conhecimento, deve o professor
oferecer outros «quadros» (aritmética, álgebra, geometria, ...) para que os alunos possam
ter novos elementos para compreenderem e fundamentarem seu novo conhecimento:
“... é necessário que os problemas fornecidos envolvam, pelo menos, dois domíni-
os, de modo que um sirva de referência ao outro e possibilitem meios de validação pela
ação. Os domínios, referidos no parágrafo anterior, por vezes, são ramos de conheci-
mento matemático (numérico, algébrico, das grandezas, ...) e, por vezes, partes deles. As
representações em retas graduadas ou em gráficos cartesianos são freqüentemente utiliza-
das, nas obras de Douady (1987, 1989) e de Perrin-Glorian (1986, 1987), em situações
de ensino infantil ou fundamental, Douady (1984), por vezes, considera como domínio,
o da representação (incluindo diversos códigos, registros ou desenhos de que esses
alunos lancem mão para conduzir um procedimento de solução de um problema) ou,
até mesmo, o que ela denomina domínio material, contemplando aí o que os alunos
obtêm das ações físicas sobre os objetos”.
No trabalho de frações podemos tomar como exemplo as explorações com
fichas, com dobraduras, diagramas com utilização de preenchimento de superfícies,
representações em forma de frações e decimais como um exemplo da mudança de
quadros ou domínios.
Essa mudança de domínio5 é importante para o aluno no processo de construção
do saber uma vez que, não encontrando elementos dentro de um quadro, poderá, num
outro, obter o conhecimento necessário. Nesse sentido, a Teoria de Douady é por vezes
denominada também de “Jogo de Quadros” (Jeux de Cadres). Por isso podemos chamá-
la de “Teoria de Quadros” Uma grande contribuição desta teoria está no sentido da
aprendizagem matemática que ela propõe: aprender matemática não significa tão so-
mente saber resolver uma situação em um ou mais quadros, aprender é poder articular
de forma dinâmica os diferentes procedimentos em quadros distintos, tendo uma visão
do conhecimento matemático como algo dinâmico e multifacetado. Quanto mais facil-
mente o aluno navega de um quadro para outro, mais consistentes são suas competênci-
as matemáticas. Isso requer da escola a oferta de oportunidade ao aluno de tratar uma
situação-problema em mais de um quadro de referência. Mais que resolver a situação-
problema em um quadro, a aprendizagem matemática implica tanto numa variação de
quadros para sua resolução quanto na capacidade de navegação de um quadro a outro.
5a fase: quando os novos conhecimentos são institucionalizados, quando no processo
de construção e/ou validação do conhecimento, o professor “dá nome aos bois”, eleva a
ferramenta à condição de objeto do saber matemático, ao dizer “isso na matemática se
102 chama...” ou “isso que você fez é conhecido pela propriedade ou teorema...”. Isso
significa que as ferramentas foram elevadas ao nível de objeto matemático pertencente
ao saber social e historicamente constituído e validado.
6a fase: de reinvestimento, em novas atividades para familiarização do objeto institucio-
nalizado.
7a fase: nova situação-problema, com a reutilização do novo objeto como ferramenta
para resolver novas situações.
E, em síntese:
“É relevante compreender que não convém o uso do simples termo mudança de
domínios, em lugar de interação entre domínios, pois não se trata de aprender conhe-
cimentos de um domínio e aplicá-los para outros. Como vimos no exemplo, trata-se de
tornar disponíveis diversos conhecimentos em, pelo menos, dois domínios, visando à
formulação de problemas que levem à produção de conhecimentos novos, colocando
em interação os conhecimentos dos domínios em jogo. Esse termo, interação, prevê
idas e vindas entre domínios estabelecendo relações matematicamente relevantes entre
as noções estudadas. Friso ainda que os conhecimentos ou as noções são as ferramen-
tas, isto é, prevê-se o uso de conceitos, propriedades, procedimentos de cada domí-
nio” (p. 129-130).
Unidade 6
As pesquisas em didática da matemática têm possibilitado constatar que as teorias
de Douady e Duval se articulam e se complementam, dando importantes contribuições
para uma nova e importante visão dos professores para os diferentes papéis da represen-
tação tanto na produção do conhecimento matemático quanto para a sua aprendizagem.
Atividade
103
Solução das atividades
Explorando conceitos matemáticos numa discussão sobre esportes
Unidade 6
Solução das atividades
Atividade 4
107
Atividade 5
Resposta pessoal.
Solução das atividades
Atividade 6
10km/h = 166,67m/min, aproximadamente.
Atividade 8
20.214.664.816mm3 ou 2,0214664816 x 1010.
20.214.664,816cm3.
20.214,664816dm3.
20,214664816m3.
Peso: 52.558.128,52g.
52.558,12852kg.
52,55812852 toneladas.
Não é possível que o caminhão transporte o peso total do alumínio.
108
Iniciando a
nossa conversa
Olá, professor!
A vida é realmente cheia de incertezas, não é mesmo? Não sabemos que direção
tomará a economia do país, nem a política... nem mesmo sabemos como vai estar nossa
saúde no futuro.
O jeito é termos fé e torcer pelo melhor!...
Mas, também devemos usar nosso espírito científico e examinar o que é mais
provável acontecer.
Na Matemática escolar ainda predomina o pensamento determinista, e quase não
se tem dado atenção ao pensamento probabilístico. Estamos acostumados a uma mate-
mática de certezas. No entanto, é importante contemplar na matemática também a incer-
teza e as probabilidades.
109
Os Parâmetros Curriculares Nacionais dão destaque a esse tema, como o próprio
documento registra, devido à sua demanda social. Enfatizam ser necessário o aluno
compreender que muitas questões do cotidiano são de natureza aleatória, mas que se
podem identificar possíveis acontecimentos com relação a essas questões e até estimar o
grau de probabilidade que um ou outro dos possíveis resultados tem de acontecer.
Você, como professor e como cidadão, já deve ter-se visto em situações em que
fosse necessário ponderar riscos e possíveis benefícios. Nesta unidade vamos retomar
essas experiências em situações talvez novas, mas que esperamos ponham seus conheci-
mentos em uso e sob reflexão, de forma a deixá-los tinindo para quando você precisar
colocá-los em ação com seus alunos!
Você vai ter que estar com sua habilidade de raciocínio probabilístico afiada para
levar seus alunos a uma apreciação da importância da matematização da incerteza na
vida cotidiana.
Veja o que você encontrará em cada uma das três seções desta unidade:
1. Resolução de uma situação-problema
A resolução da situação-problema desta unidade envolve a análise de registros de aci-
dentes de trabalho para determinar que setor da atividade econômica oferece maior risco
de acidentes.
2. Conhecimento matemático em ação
Nesta seção, você examinará com mais detalhe o conceito de probabilidade e como ele
foi usado para tentar resolver a situação-problema da seção anterior.
3. Transposição Didática
Esta seção discute problemas relacionados ao ensino-aprendizagem de conceitos vistos
nas seções 1 e 2 e sugere ações relacionadas para a sala de aula.
Como as outras unidades, esta também conterá um Texto de Referência sobre
Educação Matemática, que abordará as especificidades do ensino de probabilidade.
Definindo o
nosso percurso
Seção 1
Resolução de situação-problema: comparação de
probabilidades
111
Objetivo
da seção
Em nossa condição humana nunca tivemos controle completo sobre o futuro (não
é uma frase que dá o que pensar?). Por outro lado temos bastantes informações sobre
o que “pode” acontecer. Pesquisas mostram qual candidato tem mais chance de
ganhar as eleições, a probabilidade de uma pessoa fumante desenvolver câncer...
Diante de tanta instabilidade e de tanta mudança, é importante sabermos interpre-
tar as estatísticas e informações sobre probabilidades, para nelas basearmos nossas
decisões.
O raciocínio probabilístico
É uma forma de raciocínio um tanto peculiar, pois se baseia em informações sobre o
que tem acontecido no passado e no presente para considerar o que é mais provável
de acontecer no futuro.
Não nos permite ter certeza quanto ao que vai acontecer, mas aumenta nossas
chances de acertar!
Unidade 7
Estes exemplos mostram a essência do setor de seguros. Pessoas que têm afinida-
des se unem para amenizar os riscos de perdas individuais, dentro do grupo, através
de ajuda recíproca. É uma forma de tornar mais próximo o desejo de que nada de mal
possa nos atingir.
Na modernidade
O seguro é então o instrumento legal que permite aos segurados garantir a cada
membro do grupo, através do segurador, a compensação econômica por um evento
futuro e incerto, chamado risco. É o caso de um incêndio, roubo ou acidente, even-
tos que todos sabemos ser possíveis, mas ninguém é capaz de prever quando nem
onde ou com quem.
Para garantir que as perdas sejam compensadas, cada pessoa do grupo paga um
valor proporcional ao risco corrido para o segurador. Este valor vai ser usado para pagar
as indenizações e também cobrir os custos e lucros da seguradora. É o segurador que
assume os riscos pelo grupo em troca desta remuneração, chamada de prêmio.
O prêmio é uma forma de baixo custo para cobrir eventos ocasionais de pessoas
que estão expostas a riscos semelhantes. E deve ser proporcional ao risco de cada
evento ocorrer. Cálculos de probabilidades, com base também na observação do
comportamento destes eventos no passado, ajudam a estimar o prêmio.
A Previdência Social
113
As perguntas e respostas abaixo foram extraídas do documento Tudo o que você quer
saber sobre a Previdência Social, do Ministério da Previdência e Assistência Social:
Todos estamos sujeitos a esses “riscos sociais” que o documento menciona. Uns em
maior, outros em menor grau. Com isso queremos dizer que alguns de nós corremos
Resolução de situação-problema:
comparação de probabilidades
Seção 1
Situação-problema: comparação
de probabilidades de acidente no trabalho
Para oferecer a seus segurados os benefícios de aposentadoria por invalidez, auxílio-
doença ou auxílio-acidente, a Previdência Social tem que estipular o valor que o contri-
buinte e seu empregador devem pagar para custear o fornecimento desses serviços. Ou
seja: a Previdência quer saber qual a probabilidade de ter de vir efetivamente a pagar a
indenização prevista, e depois de quanto tempo de pagamento por parte do segurado,
para assim poder classificar o segurado quanto ao risco que ele representa e estipular a
contribuição mensal que ele deve efetuar.
Ao responder à pergunta “Quanto custa ser filiado à Previdência Social?”, a cartilha
Tudo o que você quer saber sobre a Previdência Social registra, entre outras coisas, que:
Observe que o documento diz que os empregadores podem ter que pagar 1%, 2%
ou 3% sobre o salário dos empregados, dependendo do grau de risco da atividade da
empresa. O que seria isso?
Cada ramo da atividade econômica oferece um risco de que seus empregados
sofram acidentes típicos ou adquiram doenças ocupacionais. Essa variação no grau de
risco ocorre porque empresas diferentes oferecem diferentes condições de trabalho, ado-
tam diferentes medidas de segurança, usam tecnologias diferentes e empregam mão-de-
obra com características diferentes. Todos esses fatores influenciam o grau de risco da
atividade econômica como um todo.
O Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social pede que as
empresas sejam classificadas de acordo com o nível do risco de acidente do trabalho de
sua atividade principal. Cada empresa terá seu nível de risco avaliado, e este poderá ser
clasificado como “leve”, “médio” ou “grave”. É sobre esses riscos que incidem as contri-
buições de 1%, 2% ou 3% das remunerações pagas, respectivamente.
Para classificar as empresas como de risco leve, médio ou grave, foi criado um
grupo de trabalho, composto por técnicos do Ministério da Previdência e Assistência
Social e do Ministério do Trabalho e Emprego.
Unidade 7
Esse grupo de trabalho estuda as estatísticas dos registros de acidentes nas diferentes
atividades para computar as diferentes probabilidades de ocorrência de acidentes de
trabalho em categorias de atividade econômica.
No mês de julho de 2001, a Previdência obteve os seguintes registros (tabela 1 e
gráfico 1):
Gráfico 1
Resolução de situação-problema:
comparação de probabilidades
Seção 1
Atividade 1
a) Faça de conta que você faz parte do grupo de trabalho que irá assessorar o ministro da
Previdência e Assistência Social a fazer um enquadramento dos nove ramos de atividade
econômica nas categorias “risco leve”, “risco médio” e “risco grave”, com base nos
registros de julho de 2001. Você pode usar tanto a tabela 1 quanto o gráfico 1 para fazer
sua classificação pessoal. Que atividades você classificaria como de risco leve, como de
risco médio e como de risco grave?
Atividade 2
O setor que teve o maior número de afastamentos por acidentes de trabalho foi o
setor de Serviços, com 33.690 afastamentos. Responda à questão:
Com base nessa informação, pode-se afirmar que o setor de Serviços é o que tem
maior risco de acidentes de trabalho?
Você deve ter observado que os dois setores que tiveram os maiores números de
afastamentos por acidentes de trabalho foram os setores de Serviços e Indústria Pesada
(33.690 e 33.024 afastamentos, respectivamente). No entanto, há algo mais a ser obser-
vado: que o número de empregados (vínculos) em Indústria Pesada naquele mês era
muito menor que o de empregados em Serviços.
Unidade 7
Atividade 3
Caso você tenha levado em consideração apenas uma das informações, repense
seu critério de classificação e faça o item “b”: 117
b) Elabore um método para ordenar os setores do que oferece menor risco ao mais
arriscado, de modo a incorporar as informações relativas a número de empregados e
número de afastamentos.
Probabilidade
No início de nossa conversa e na situação-problema proposta na seção 1 aparecem os
termos “risco”, “probabilidade”, “evento certo”, “certeza”, “incerteza”, “aleatório” – que
podem todos ser associados ao conceito matemático de probabilidade. Você certamente
(olha aí outro termo associado à questão!) tem conhecimentos sobre o assunto, talvez
adquiridos formalmente, talvez construídos em experiências informais. Vamos começar
fazendo um mapeamento das idéias que você tem sobre probabilidade?
Unidade 7
Atividade 4
d) Formule uma pergunta que precise do conceito matemático de probabilidade para ser 119
respondida.
e) Liste alguns fatos que você conhece sobre o conceito de probabilidade. Por exemplo:
Que números são usados para expressar probabilidades? Você conhece alguma fórmula
usada para calcular probabilidade?
Construção do conhecimento matemático em ação: probabilidade
Seção 2
Probabilidade de um evento
O estudo da probabilidade nos permite quantificar a chance que um acontecimento tem
de ocorrer. Esse “acontecimento”, no estudo de probabilidades, pode ser chamado de
“evento”.
120
Atividade 5
Unidade 7
Acaso não é o mesmo que falta de informação
Algumas pessoas pensam que tudo o que depende da sorte ou do acaso, ou tudo que
não sabemos com certeza se vai acontecer, tem 50% de probabilidade de acontecer.
Para essas pessoas, tanto o evento poderia acontecer como não acontecer, e como
não podemos adivinhar o futuro, 50% de probabilidade seria o palpite mais certo.
Você já ouviu aquela piada que diz que a probabilidade de ganhar na loteria é
50% porque “ou você ganha ou perde”?
Não é assim que a matemática das probabilidades funciona!
Ela realmente não serve para prever nada com certeza. Adivinhações, só com bola
de cristal!
Mas dizer que algo tem 50% de chance de acontecer tem um significado bem
específico. Significa que, se pudéssemos repetir aquela situação um grande número de
vezes, em aproximadamente metade das vezes nosso evento iria acontecer.
Por exemplo, dizer que hoje a probabilidade de chuva é de 50% não é dizer que
não temos nenhuma informação sobre o que pode acontecer. Pelo contrário, é dizer que
sabemos que, avaliando os dias em que as condições atmosféricas eram as mesmas que
as de hoje, constatamos que choveu em metade das vezes.
Outro exemplo: Dizemos que a probabilidade de conseguir uma “cara” no lança-
mento de uma moeda é 1/2. Isso significa que, se lançarmos uma moeda e anotarmos o
resultado um grande número de vezes, digamos, 1.000 vezes, iremos obter cara em
aproximadamente metade das vezes. Nada podemos dizer sobre o resultado de uma 121
jogada em particular, pois não somos adivinhos!
Essa equação é muito útil para resolvermos alguns problemas de cálculo de proba-
bilidades, pois, às vezes, sabemos a probabilidade de sucesso e queremos saber a proba-
bilidade de insucesso, ou vice-versa.
Nesses casos, podemos reescrever a equação acima nas formas abaixo, que evi-
denciam bem o valor da probabilidade de sucesso em termos da probabilidade de insu-
cesso, e vice-versa:
Por exemplo, digamos que uma pesquisa eleitoral tenha divulgado que as chances
que um certo candidato a prefeito tem de vencer as eleições sejam de 1 em 10.
Repare que se ele tem 1 chance em 10, a probabilidade de ele ganhar é de 1/10.
Se considerarmos como sucesso a vitória desse candidato, podemos dizer também
que a probabilidade de sucesso é de 1/10. É apenas uma questão de linguagem, não
implica estarmos torcendo por esse candidato!
Qual é então a probabilidade de esse candidato perder? Esta será a probabilidade
de insucesso:
probabilidade de insucesso = 1 – probabilidade de sucesso
122
probabilidade de insucesso =
Atividade 6
Atividade 7
Se você jogar um dado e apostar que vai sair um “6”, há dois resultados possíveis –
ou sai 6 e você ganha, ou não sai 6 e você perde. Analise cada uma das afirmações a
seguir e diga se é verdadeira ou falsa.
Unidade 7
a) Cada um destes resultados – “sai um 6” ou “não sai um 6” – tem a mesma probabilida-
de de ocorrer.
b) A probabilidade do resultado “sai um 6” é igual a 1 menos a probabilidade do
resultado “não sai um 6”.
Repare que usamos sempre uma razão para calcular a probabilidade teórica.
Quais são os termos dessa razão?
Unidade 7
Nos exemplos acima, pudemos supor que cada face do dado tinha a mesma proba-
bilidade de cair voltado para cima, e que cada aluno tinha a mesma chance de ser
sorteado. E quando não pudermos fazer isso?
Aí, só recorrendo à experiência, como veremos nos parágrafos a seguir.
Lembrete 1
Freqüência absoluta e freqüência relativa
A freqüência absoluta é uma simples contagem de quantas vezes algo ocorreu.
A freqüência relativa é a razão entre a freqüência absoluta e o total de observa-
ções (número de vezes em que aquilo ocorreu somado ao número de vezes em que
não ocorreu).
Ex.: Na tabela 1 vemos que a freqüência absoluta de afastamentos por acidente
de trabalho em comércio é de 24.260.
Articulando conhecimentos 1
Probabilidade freqüencial e freqüência relativa
Atividade 8
Freqüência Relativa
Setor
Afastamentos Empregados
Agropecuária e Extrativismo
Indústria Leve
Indústria Pesada
Construção Civil
Comércio
Serviços
Transportes
Crédito
Administração Pública
Não Classificado
Total 1 1
Tabela 2
Unidade 7
Atividade 9
Como pode um mesmo conceito ter três interpretações diferentes? Será que isso
não confunde mais do que simplifica?
127
Pensar sobre um conceito de formas diferentes leva ao desenvolvimento e ao
fortalecimento da imagem que você tem do conceito.
A abordagem de vários conceitos matemáticos segundo diferentes perspectivas
constitui uma forma de estabelecer conexões matemáticas, chamando atenção sobre
os aspectos comuns que surgem entre diferentes representações matemáticas.
As representações diferentes são como diferentes lentes através das quais os alu-
nos podem interpretar e analisar problemas e as suas soluções: elas sugerem diferen-
tes visões de um mesmo problema ou conceito matemático e ainda podem funcionar
como "amplificadores conceituais" que certas representações podem assumir, permi-
tindo maior aprendizagem de um conceito.
Esta é uma das perspectivas da Teoria de Quadros de Régine Douady, já tratada
no TP anterior.
Voltando à situação-problema
Na situação-problema sobre a Previdência Social, estávamos interessados em comparar
os riscos que diferentes setores de atividade econômica representam em relação a aci-
dentes de trabalho.
Por exemplo, digamos que um casal, a Dona Maria e o Seu João, vão ser contra-
tados em novos empregos: a Dona Maria no setor de Comércio, e o Seu João em
Construção Civil.
Construção do conhecimento matemático em ação: probabilidade
Seção 2
Quem correrá maior risco de ter acidente de trabalho, a Dona Maria ou o Seu João?
É claro que isso vai depender de vários fatores, como o fato de o Seu João ser estabanado
e a Dona Maria ser cuidadosa, o fato de ele ser homem e ela ser mulher, o fato de ela ser
mais jovem que ele. Mas, se desconsiderarmos todas as particularidades deles e estas
outras características – sexo, idade – concentrando-nos apenas no fato de que ele vai
trabalhar em Construção Civil e ela em Comércio, o que poderíamos dizer?
A situação-problema proposta nesta unidade, que consistia em classificar o risco de
acidente de trabalho oferecido pelos diferentes setores de atividade, nos permitiria res-
ponder a essa pergunta. Isso porque, para fazer essa classificação calculamos o risco de
acidente de trabalho representado por cada atividade. Assim, podemos comparar o risco
de acidente de trabalho oferecido por Construção Civil e o risco oferecido por Comércio.
Isso permitiria ao Seu João e à Dona Maria saberem quem estaria entrando na atividade
mais arriscada com relação a acidentes.
Como propusemos fazer a classificação? Com base nos registros de afastamentos
por acidente do mês de julho de 2001.
Mas o Seu João e a Dona Maria nem estavam empregados no mês de julho de
2001... Como esses registros podem se relacionar ao risco de acidentes que eles vão
correr depois que estiverem empregados?
Se não estamos considerando outros fatores influentes no risco de que uma pessoa
possa sofrer acidentes no trabalho, como idade, sexo, ou outras diferenças, e sim consi-
derando apenas a atividade em que a pessoa trabalha, podemos considerar todos os
trabalhadores de um mesmo setor como iguais, para esse fim.
128
É como se com cada pessoa registrada em julho de 2001 repetíssemos o experi-
mento de observar se ela tem ou não acidente. Como o número de registros conseguido
naquele mês, no Brasil todo, é muito grande, mesmo ao considerar uma pessoa total-
mente nova na atividade, como a Dona Maria ou o Seu João, a probabilidade de ela vir
ou não a ter um acidente pode se basear nesses registros passados de outras pessoas que
trabalharam na mesma atividade que ela.
Quando usamos esse raciocínio para resolver o problema, ou seja, quando constru-
ímos essa ferramenta matemática para resolver a situação concreta com que nos depará-
vamos, a que objeto matemático estamos nos referindo? À probabilidade experimental
ou freqüencial. Afinal de contas, estamos fazendo uma simplificação e desconsiderando
diferenças como sexo, idade, região – ou seja, considerando todas as pessoas como
iguais, para que possamos atender àquela condição que dissemos ser importante no
cálculo da probabilidade experimental: que as repetições sejam realizadas sob as mes-
mas condições e um grande número de vezes.
Vamos retomar, então, a situação-problema de “comparação de probabilidades de
acidente no trabalho” de risco e calcular o risco de acidente oferecido pelo setor de Constru-
ção Civil – ou seja, o risco que Seu João assume ao ingressar em Construção Civil.
Para isso vamos utilizar a freqüência relativa como ferramenta, pois como já disse-
mos vamos calcular uma probabilidade experimental, e isto é feito calculando-se a fre-
qüência relativa do evento após um grande número de repetições.
Unidade 7
No caso do risco de Construção Civil, isso se traduz em:
E quanto à Dona Maria? Qual o risco de acidente que ela vai ter por trabalhar
em Comércio?
Concluímos então que Construção Civil oferece maior risco de acidente de traba-
lho... Cuidado, Seu João!
Agora vejamos uma situação um pouco diferente. Digamos que iremos realizar um
sorteio. Vamos colocar o nome de todos os 1.105.483 empregados de Construção Civil
de julho de 2001 em uma urna, e vamos sortear um deles. Qual a probabilidade de que
o sorteado tenha sido afastado por acidente de trabalho?
Já vimos essa situação de sorteio antes... Foi quando discutimos a probabilidade a
priori. Naquela ocasião calculamos a probabilidade de uma aluna (menina) ser sorteada
em uma turma de 27 alunos no total. Achamos a probabilidade calculando a razão entre
o número de meninas e o total de alunos. 129
Agora podemos fazer a mesma coisa com o sorteio de um empregado de Constru-
ção Civil. Se queremos saber a probabilidade de o resultado ser um empregado afasta-
do, calculamos a razão entre o número de empregados afastados em Construção Civil e
o total de empregados no sorteio:
Veja que houve uma semelhança entre o cálculo que fizemos aqui e o cálculo da
probabilidade de o Seu João vir a ter um acidente.
No entanto, os contextos de cada problema eram totalmente diferentes: um tratava
do cálculo de risco de acidentes, e o outro era um sorteio.
A mesma situação ocorre se sugerirmos a nossos alunos, por exemplo, os dois
problemas abaixo:
Problema A: Maria tem 5 figurinhas. Deu 3 figurinhas a Joana. Com quantas figuri-
nhas ela ficou?
Problema B: Maria tem 5 figurinhas. Joana tem 3 figurinhas. Quantas figurinhas
Maria tem a mais que Joana?
Os dois problemas podem ser resolvidos pelo que aparentemente é a mesma ferra-
menta matemática: a subtração 5 – 3 = 2.
No entanto, não podemos conceber um conceito isolado de seu contexto, da
situação-problema em que ele é mobilizado como ferramenta.
Construção do conhecimento matemático em ação: probabilidade
Seção 2
Talvez uma criança consiga resolver o problema A e não consiga resolver o proble-
ma B. Como – podemos pensar – se ela sabe fazer a subtração necessária para resolver o
problema B? (Ela a utilizou no problema A!) Não podemos nos esquecer de que cada
representação deve estar atrelada a um conceito-ação – um conceito que faz sentido em
uma determinada situação concreta, em determinado contexto.
Tente responder às perguntas nas duas atividades a seguir. São duas situações dife-
rentes, mas elas têm algo em comum. Preste atenção em como você representa cada
situação mentalmente. Talvez você ache uma mais fácil que a outra; talvez consiga
resolver uma e não a outra.
Unidade 7
Atividade 10
Uma urna tem 20 bolas, das quais 3 são brancas, 5 são verdes, 10 são azuis e
2 são amarelas. Se retirarmos uma bola da urna sem olhar, qual a probabilidade de
que retiremos:
Bolas Probabilidade
uma bola branca
uma bola verde
uma bola azul
uma bola amarela
Atividade 11
Para esta atividade, você terá que usar a tabela 1 da página 113. Imagine um
arquivo com todos os registros dos 20.317.163 empregados que contribuíam com a
Previdência no mês de julho de 2001. Uma dessas pessoas será sorteada. Qual é a
probabilidade de que essa pessoa seja do setor de:
131
Setor Probabilidade
Agropecuária e Extrativismo
Indústria Leve
Indústria Pesada
Construção Civil
Comércio
Serviços
Transportes
Crédito
Administração Pública
Não Classificado
atividade 10, podemos considerar que qualquer bola tem a mesma probabilidade de
ser retirada da urna, seja ela de qualquer cor. Na atividade 11, podemos considerar
que cada empregado, de qualquer setor, tem a mesma chance de ser sorteado.
Você conseguiu fazer as duas atividades, a 10 e a 11?
Talvez você não tenha conseguido, mesmo já tendo usado o conceito de pro-
babilidade a priori em outras situações.
Cada atividade tratava de situações específicas: uma urna com bolas na ativi-
dade 10; um arquivo com registros na atividade 11. Além disso, as quantidades
envolvidas na atividade 11 são muito maiores! Isso pode ter causado certa dificulda-
de em construir uma imagem mental do sorteio – um conceito em ação.
Articulando conhecimentos 2
Diferentes representações para um mesmo conceito de probabilidades
Atividade 12
Unidade 7
Articulando conhecimentos 3
Probabilidades, freqüências relativas e porcentagens
• Na atividade 10, a soma das probabilidades encontradas é igual a 1. Por quê? Por-
que, como listamos todas as cores de bolas existentes na urna, com certeza vamos
sortear uma bola de alguma daquelas cores. E a probabilidade de algo que acontecerá
com certeza é 1.
• Na atividade 12, o total das freqüências relativas também é 1. Por quê? Porque, se
considerarmos o total de bolas, sua freqüência relativa é 20/20 que é igual a 1.
• Na atividade 12, o total das porcentagens também é 1. Por quê? Porque, ao conside-
rarmos o total, consideramos 100%, ou 100/100, que é igual a 1.
Visualisando probabilidades
O gráfico 1 da página 113, como todo gráfico, foi feito para transmitir uma informação
específica. No caso, a intenção parece ter sido evidenciar que alguns setores da ativida-
de econômica têm percentual de acidentes de trabalho muito acima de sua participação
na força de trabalho ativa. Por isso, para cada setor foram colocados, lado a lado, os dois
percentuais: o de participação no número de acidentes e o de contribuição para o total
de empregados ativos.
Você achou que a escolha desse tipo de gráfico foi boa para transmitir a informação
133
desejada?
Vejamos, nas próximas atividades, se a interpretação do gráfico ficou fácil.
Atividade 13
Atividade 14
Compare a resposta que você deu à atividade 13 com a classificação que você fez
do risco de acidente das diferentes atividades econômicas na atividade 1.
Você pode usar a informação veiculada no gráfico 1 como indicador do risco de
acidente oferecido por determinada atividade. É só observar que, quanto maior a razão
entre a altura da coluna azul e a altura da coluna roxa, maior o risco da atividade. Por
exemplo, em Indústria Pesada, a coluna azul passa e muito da coluna roxa, em compa-
ração ao tamanho da coluna roxa. A coluna azul é quase o dobro da roxa. Já no setor de
Transportes, a coluna azul não chega a ser 30 por cento maior que a roxa. O risco é
grande, mas nem tanto quanto em Indústria Pesada.
O gráfico 1 da página 113 mostra a contribuição de cada setor, em termos de
porcentagem para o total de afastamentos por acidente de trabalho (colunas azuis) e para
o total de empregados (colunas vinho).
Um gráfico circular, ou “gráfico-pizza”, é melhor para se entenderem dados como
partes de um total, pois visualizamos facilmente o círculo como um inteiro.
O gráfico 2 é o gráfico circular que expressa os percentuais de contribuição de
cada setor da atividade econômica para o total de empregados ativos:
134
Gráfico 2
Unidade 7
Utilizando modelos
Muitas vezes usamos um modelo para recriar um fenômeno ou situação observável para
fins de estudo da situação ou reprodução de seus efeitos. O modelo é uma representa-
ção, como se fosse uma “metáfora” que ressaltasse características desejadas da situação.
Quanto melhor o modelo, melhor ele simula os efeitos da situação modelada.
Por exemplo, para reproduzir os efeitos do lançamento de uma moeda com relação
aos resultados “cara” e “coroa”, podemos usar uma roleta com duas regiões, cada uma
com igual chance de ser alcançada pelo ponteiro quando este é girado:
135
Figura 2
Atividade 15
a) Tente construir uma roleta que reproduza o lançamento de duas moedas com relação
aos resultados “duas caras”, “duas coroas” e “uma cara e uma coroa”. A chance que
cada um desses resultados tem de ocorrer, você viu na atividade 9.
b) Será que o gráfico 2 serve para construir uma roleta que simule as probabilidades de
sortear um empregado de dado setor da atividade econômica (probabilidades que você
achou na atividade 11)?
Atividade 16
136
Observe as probabilidades de acerto na Mega Sena fornecidas pela Caixa Econômica
Federal (tabela 3).
Probabilidade de Acerto
Qtde Dez Jogadas Valor das Apostas (1 em .......)
Sena Quina Quadra
Unidade 7
Que probabilidades pequenas, não é mesmo? A probabilidade de acertar a sena é
de 1 em 50.063.860.
Para termos uma noção melhor da dificuldade que é acertar na Mega Sena, pode-
mos usar um modelo geométrico para visualizar essa probabilidade.
Resumindo
Objetivo
da seção
Unidade 7
de e experiência para passar a considerar a razão entre bolas brancas e o total de bolas
(4/8 na urna A e 3/5 na urna B).
Em um primeiro nível, é mais fácil para as crianças compararem as duas probabili-
dades se as urnas contiverem o mesmo total de bolas. Por exemplo:
A urna A contém 4 bolas brancas e 4 pretas, e a B contém 6 bolas brancas e 2
pretas. Vamos tirar uma bola de cada urna, sem olhar. A chance é maior de tirar uma
bola branca na urna A ou na urna B?
Depois os problemas podem ficar mais complexos, considerando totais diferentes e
razões diferentes.
Para desenvolver suas intuições sobre probabilidades, os alunos devem fazer ativi-
dades em que calculem probabilidades experimentais, ou freqüenciais.
Se você pedir que os alunos dêem seus palpites sobre as probabilidades antes de
fazerem as atividades experimentalmente, eles terão oportunidade de comparar as proba-
bilidades experimentais que eles obtiveram em suas atividades com as probabilidades
teóricas que eles estimaram antes da atividade.
As atividades abaixo podem ser desenvolvidas a partir da 5a série.
Atividade 17
Juliana e Renato vão decidir uma disputa no "cara ou coroa". Juliana escolhe coroa. Só 139
que Renato também queria escolher coroa, porque ele disse que tem mais sorte com coroa.
Juliana não quis trocar de jeito nenhum, pois ela acha que coroa sai mais vezes que cara.
Vamos ver se coroa realmente sai mais vezes?
Seu grupo terá que lançar uma moeda 50 vezes e registrar os resultados em uma tabela.
Para que a disputa entre Juliana e Renato seja justa mesmo se Renato ficar
com “cara”, tem que haver a mesma chance de sair cara que coroa, no lançamento
da moeda.
Complete:
Para dizermos que cara e coroa têm a mesma chance de sair, esperamos que, nas
50 jogadas, tenha saído cara vezes, ou por cento das vezes.
Transposição didática
Seção 3
Depois você, professor, pode juntar os resultados obtidos por todos os grupos em
uma tabela como a abaixo, feita no quadro-negro ou em cartolina. Dessa forma os
alunos poderão observar o resultado de um número bem maior de lançamentos.
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Total
Unidade 7
A atividade pode utilizar também conhecimentos sobre o plano cartesiano:
10. Coloque os resultados em um plano cartesiano: o total de lançamentos no eixo
horizontal e a porcentagem de coroas no eixo vertical.
11. Discuta em seu grupo o que vocês podem observar.
Uma atividade semelhante pode ser feita usando um cone de cartolina, ao
invés da moeda:
Atividade 18
Nesta unidade nós fizemos também atividades nas quais usamos modelos geométri-
cos (gráficos, roletas, jogos de dardo) para visualizar e comparar probabilidades.
Essas atividades podem ser feitas também com seus alunos.
Resumindo
142
Unidade 7
Bibliografia
BRASIL, Secretaria de Previdência Social – SPS. Tudo o que você quer saber sobre a
Previdência Social. Brasília: MPAS/ACS, 2002. p. 99.
CECHIN, José; FERNANDES, Alexandre Zioli. Ocorrência de acidentes de trabalho con-
forme a GFIP. Informe de Previdência Social. v. 14, n. 02, fevereiro de 2002.
CASTRO, Márcia Caldas de; ÁVILA, Josefa Barros Cardoso; MAYRINK, André Luiz
Valente. Ranking das atividades econômicas segundo a freqüência, gravidade e custo
dos acidentes do trabalho. Brasília: Ministério da Previdência e Assistência Social –
MPAS, 2002.
<http://acd.ufrj.br/dme/atuaria/atuaria.html>
<http://www.adusp.org.br/arquivo/PrevSocSol/oquee.htm>
<http://www.caixa.gov.br/loterias/probabilidades/asp/probabilidades.asp#megasena>
<http://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/servicos/seguro.htm>
143
Texto de referência
O ensino de probabilidade
Ana Lúcia Braz Dias
Unidade 7
as noções informais e intuitivas que as pessoas trazem para a sala de aula sobre a
probabilidade muitas vezes estão em desacordo com o que queremos ensinar. Parece
que, sem instrução formal, a tendência das pessoas é a de construir certas idéias equivo-
cadas a respeito da probabilidade. Podemos dizer que essa teoria é um tanto quanto
“contra-intuitiva”.
Uma intuição comum a muitas pessoas é que fenômenos que aconteçam ao
acaso tenham todos a mesma probabilidade de acontecer. Muitos alunos parecem
não ver necessidade de diferenciar graus de probabilidade, de quantificar a pro-
babilidade.
Problema 1: “Uma caixa tem 5 bolas verdes, 3 bolas azuis e 2 bolas vermelhas. Fecho
os meus olhos e retiro uma bola da caixa. A probabilidade de que a bola retirada seja
verde é maior, igual ou menor que a probabilidade de que ela seja vermelha?”
Unidade 7
lho dos educadores matemáticos que fazem pesquisas nesta área, como a identificação do
“viés da equiprobabilidade”, do “viés da representatividade” e da “abordagem do resultado”,
podemos saber o que esperar de nossos alunos e ficar mais atentos a esse tipo de resposta.
O quadro 3 mostra um resumo dos tipos de erro que discutimos.
Representatividade
Consiste em estimar a probabilidade de um evento com base no quanto um evento
representa o que se acredita serem características da aleatoriedade ou do experimento
realizado.
Equiprobabilidade
Consiste em atribuir probabilidades iguais para qualquer par de fenômenos aleatórios.
Abordagem do resultado
Consiste em tentar adivinhar o resultado de uma realização de um experimento, ao
invés de estimar probabilidades.
Quadro 3
De forma geral, as pesquisas, tanto com adultos quanto com crianças, mostram que
as pessoas usualmente têm uma série de intuições erradas quanto à probabilidade. Mas
uma forma de desafiar essas intuições é confrontando-as por meio de experimentações
em sala de aula.
Unidade 7
coroa cara cara
cara coroa cara
cara cara coroa
coroa coroa coroa
Tabela 1: resultados possíveis no lançamento de 3 moedas.
Oportunidades de simulação
Uma forma característica de se usar o material manipulativo no ensino da probabilidade
é a simulação. Essa atividade consiste em substituir um experimento aleatório difícil de se
observar na realidade por outro equivalente. Assim, podemos operar com o experimento
simulado para obter conclusões válidas para o experimento original.
Com a simulação podemos resolver quase todos os problemas de probabilidade, e
isso é feito em muitos problemas reais hoje em dia. Trabalhar com essa técnica com os
alunos em exemplos simples pode mostrar-lhes a sua aplicabilidade a problemas reais.
Da mesma forma que certos alunos constróem a idéia – devido à forma como são
conduzidas as atividades em sala de aula – de que resolver problemas de aritmética é
encontrar a operação certa para aplicar aos números que estão no enunciado do proble-
ma, às vezes as atividades em probabilidade se reduzem à procura da técnica de conta-
gem apropriada para resolver um problema (ou seja, o uso da análise combinatória para 149
o cálculo da probabilidade teórica). Assim, como o aluno que fica perguntando que
conta fazer em um problema de aritmética, em probabilidade os alunos ficam perguntan-
do: “É permutação, combinação ou arranjo?”. O conceito em si não é compreendido.
Também a aprendizagem da probabilidade deve envolver a resolução de situações-
problema. E, para delinear os experimentos que possam simular uma situação-problema,
os alunos têm que fazer uma análise atenta da mesma, fazer analogias. Ou seja, uma das
formas de desenvolver competências de resolução de situações-problema é trabalhar
com a simulação.
A seguir daremos um exemplo da simulação de uma situação-problema que envol-
ve probabilidade.
Qual é o número de filhos que uma família tem que ter, em média, para ter pelo
menos duas crianças de cada sexo?
Isso obviamente não é algo que se possa sair experimentando!
Logicamente são necessárias pelo menos quatro crianças. Não podemos conse-
guir dois meninos e duas meninas com menos de quatro crianças. Mas a resposta
não é assim tão simples. Você não conhece famílias que têm por exemplo, cinco
meninas e nenhum menino, ou quatro meninos e apenas uma menina, por exemplo?
Eles têm mais que quatro crianças, mas não tiveram pelo menos dois de cada sexo.
O que nós temos que fazer é achar uma média do número de filhos necessários
para se ter pelo menos dois filhos de cada sexo. E já que para ter uma média próxima
da média teórica (valor esperado) é necessário um grande número de repetições,
temos que conduzir um experimento simulado (já que não dá para fazer o experimen-
to real) várias vezes até eles serem concluídos, e registrar quantos filhos foram neces-
sários para essa conclusão. Depois de muitas repetições, achamos a média de filhos
que foram necessários.
Essa simulação pode ser feita facilmente com uma moeda. Podemos dizer que
“coroa” será equivalente a “menino”, e “cara” será equivalente a “menina” (ou vice-
versa), já que o nascimento de um menino ocorre com probabilidade 1/2, e uma
coroa no lançamento de uma moeda também ocorre com probabilidade 1/2. Da
mesma forma, o nascimento de uma menina ocorre com probabilidade 1/2, e uma
cara no lançamento de uma moeda ocorre com probabilidade 1/2.
Vamos simular algumas tentativas e ver como funciona o processo.
Família 1
CARA CARA COROA COROA
= MENINO MENINO MENINA MENINA
4 crianças
Família 2
COROA CARA COROA COROA CARA
= MENINA MENINO MENINA MENINA MENINO
150 5 crianças
Família 3
COROA COROA COROA CARA CARA
= MENINA MENINA MENINA MENINO MENINO
5 crianças
Família 4
CARA COROA CARA CARA CARA CARA COROA
= MENINO MENINA MENINO MENINO MENINO MENINO MENINA
7 crianças
Aí acharíamos a média de filhos entre essas famílias ( 4 + 5 + 5 + 7 ) / 4 = 5,25 e
diríamos que o número de crianças necessário para se ter pelo menos duas crianças
de cada sexo é 5,25.
É claro que quatro é um número muito pequeno de repetições.
Também poderíamos questionar o fato de o resultado ser um número racional, já
que ninguém pode ter 5,25 filhos. Faria mais sentido, nesse caso, arredondar a res-
posta para 6.
Para simular fenômenos com probabilidades diferentes de 1/2 não usaríamos uma
moeda. Poderíamos utilizar, por exemplo, uma roleta na qual os setores tivessem as
Unidade 7
mesmas probabilidades que as envolvidas no problema; ou bolas em urnas. Esses são
instrumentos fáceis para se adequar as probabilidades da simulação às do problema, já
que, a princípio, podemos colocar quantas cores de bolas quisermos, e o número de
bolas que quisermos na urna.
Nas empresas as simulações são feitas usando os computadores. Estes podem simular
qualquer probabilidade e fazer um grande número de repetições bem rapidamente.
Figura 3
Bolas em urnas: Incluem-se nesse grupo não apenas as bolas em urnas propriamen-
te ditas, mas qualquer coleção de objetos (fichas, papéis com nomes, balas), que possam
ser colocados em uma urna, sacola ou caixa, misturados e sorteados de modo que todos
tenham a mesma probabilidade de serem sorteados. A diferença em relação aos dados é
que esses materiais permitem introduzir o número de elementos que se deseje, permitin-
do mudar à vontade as probabilidades envolvidas.
A extração de bolas de urnas pode dar origem a quatro tipos diferentes de
experimentos: extrações com ou sem reposição da bola retirada, e ordenadas ou
não ordenadas.
Roletas: Servem para trabalhar com probabilidades geométricas. Podem ser cons-
truídas com cartolina pelos próprios alunos. Como eixo de giro podem ser utilizados um
lápis, uma agulha, um clipe de papéis. Esse tipo de material permite utilizar setores
com áreas iguais ou desiguais, para representar eventos de probabilidades iguais ou
desiguais.
Baralhos de cartas: Ou coleções de cartões com dados referentes a mais de um
atributo (no caso do baralho convencional, os atributos são o número e o naipe da
carta). Podem dar origem ao estudo da interseção entre dois eventos.
Tachinhas: Ou qualquer outro objeto irregular, que possa cair em duas ou mais
posições diferentes. Podem ser usados para se calcular experimentalmente as probabili-
dades de cair em uma ou outra posição quando soltos a uma determinada altura. As
probabilidades geradas podem ser diferentes umas das outras.
Tabelas: Ou conjuntos de dados estatísticos extraídos de material impresso ou feito
152 pelos próprios alunos em projetos associados aos mesmos.
Atividades
1. Escolha um ou mais materiais (dados, roletas, urnas com bolas) para simular a seguinte
situação:
No caminho para a escola, há dois semáforos (ou sinais luminosos de trânsito). A
probabilidade de encontrarmos o primeiro semáforo vermelho é de 1/3, e a probabilida-
de de encontrarmos o segundo semáforo fechado é de 1/2.
• Como podemos simular a probabilidade 1/3 usando um dado? Lembre-se, o dado tem
6 faces, com os números de 1 a 6. Você precisará ser criativo para simular uma probabi-
lidade de 1/3.
Dica: Qual a probabilidade de tirar um número par em um dado? E um número
maior que 4?
Unidade 7
2.Dê um exemplo de uma situação que possa ser representada por uma simulação com
bolas em urnas.
153
3. Apresente o problema 3 para algumas pessoas (alunos, colegas ou familiares). Você
consegue identificar em alguma das respostas o uso do “viés da equiprobabilidade”?
Solução das atividades
Solução das atividades
Atividade 1
a) Classificando as atividades por risco de acidente, da que oferece mais risco para a que
oferece menos risco, teremos:
Uma possibilidade que temos é atribuir risco grave às três primeiras, risco médio às
proximas três e risco leve às três últimas.
157
b) Você pode ter medido o risco de cada atividade pela razão entre o número de
acidentes na atividade e o total de empregados na atividade.
Atividade 3
A resposta ao item “a” fica a seu encargo. Se você precisou de responder ao item
“b”, você pode usar o método sugerido na resposta à atividade 1, letra b).
Atividade 4
a) e b) Alguns termos relacionados a probabilidade e seus significados:
acaso – fenômeno que faz que um mesmo conjunto de causas possa ter resultados
diferentes.
aleatório – diz-se de algo que aconteça ao acaso.
certeza – infalibilidade, convicção.
chance – o mesmo que oportunidade.
eventos equiprováveis – eventos que têm a mesma probabilidade de ocorrer.
necessidade – aquilo que obriga a algo acontecer; certeza.
Solução das atividades
Atividade 5
c)
158
Atividade 6
1 - 0,012 = 0,988
Atividade 7
a) Não! Não sair um 6 pode ocorrer de muitos mais jeitos: se sair um 1 ou um 2, ou 3, ou
4, ou 5. Então a probabilidade de não sair seis é maior que a probabilidade de sair 6.
b) Sim.
Atividade 8
Freqüência Relativa
Setor
Afastamentos Empregados
Agropecuária e Extrativismo 0,0526196 0,0695907
Indústria Leve 0,1531535 0,0999827
Indústria Pesada 0,2094129 0,1208542
Construção Civil 0,0875788 0,0544113
Comércio 0,1538383 0,2016370
Unidade 7
Serviços 0,2136362 0,3071994
Transportes 0,0809015 0,0629265
Crédito 0,0357012 0,0257932
Administração Pública 0,0129615 0,0559983
Não Classificado 0,0001966 0,0016068
Total 1 1
Atividade 9
O resultado “uma cara e uma coroa” tem mais chance de acontecer que o resulta-
do “duas caras”. A probabilidade de conseguirmos “uma cara e uma coroa” é 1/2,
enquanto que de “duas caras” é 1/4.
Por quê?
Porque as possibilidades são:
O resultado “uma cara e uma coroa” tem dois jeitos de acontecer: se chamarmos
uma moeda de A e outra de B, podemos ter cara na moeda A e coroa na moeda B, ou
coroa na moeda A e cara na moeda B.
Como cara e coroa têm a mesma probabilidade de acontecer em cada moeda, os
quatro resultados listados na tabela têm a mesma probabilidade de acontecer. Então, a
probabilidade de “uma cara e uma coroa” é:
Atividade 10
Bolas Probabilidade
uma bola branca 0,15
uma bola verde 0,25
uma bola azul 0,5
uma bola amarela 0,1
Atividade 11
Setor Probabilidade
Agropecuária e Extrativismo
Indústria Leve 0,0999827
Indústria Pesada 0,1208542
Construção Civil 0,0544113
Comércio 0,2016370
Serviços 0,3071994
160
Transportes 0,0629265
Crédito 0,0257932
Administração Pública 0,0559983
Não Classificado 0,0016068
Atividade 12
Atividade 13
É só olhar em que setores a coluna azul ultrapassa a coluna roxa: Indústria Leve,
Indústria Pesada, Construção Civil, Transportes e Crédito.
Unidade 7
Atividade 14
As 5 atividades econômicas listadas na atividade 13 são as que têm maior risco de
acidente. Veja a resposta à atividade 1.
Atividade 15
a)
161
b) Sim, porque a probabilidade de sortear um empregado de dado setor da atividade
econômica é proporcional ao número de empregados naquele setor, que por sua vez é
proporcional ao ângulo do setor circular correspondente no gráfico.
Atividade 16
A probabilidade de ganhar é 1 em 50.063.860, então, a probabilidade de perder é
50.063.859 em 50.063.860. Se a probabilidade de ganhar for representada por 1
centímetro, a de perder será representada por 50.063.859cm, que é igual a aproximada-
mente 500,64km.
Unidade 8
Seguros de vida
Ana Lúcia Braz Dias
Iniciando a
nossa conversa
Nas situações reais nas quais não temos o controle sobre o que vai acontecer,
ou seja, em que temos de lidar com a incerteza, dificilmente o conceito de probabi-
lidade aparecerá isolado, de forma tão simples como fazer uma escolha baseada em
“cara ou coroa”. Na vida real as situações são mais complexas. Mobilizam vários
conceitos diferentes.
Se estudamos Matemática é para sermos capazes de reconhecer esses conceitos em
situações reais e aplicar nossos conhecimentos matemáticos a eles de forma a melhor
resolver problemas.
Nesta unidade vamos examinar mais uma situação-problema relacionada à seguri-
dade. Só que nesta situação, além da probabilidade, outros conceitos matemáticos deve-
rão ser ativados para tomarmos decisões.
Esperamos que o estudo desta unidade o leve a rever conceitos matemáticos e a
colocá-los em prática em situações desafiadoras. E, é claro, esperamos que você leve
esta atitude de vencer desafios a seus alunos, ajudando-os a reconhecer, em situa-
ções-problema significativas para eles, o papel da matemática das probabilidades, 163
funções e finanças.
Veja a seguir um panorama desta unidade e do que será tratado nas três seções em
que está organizada:
1. Resolução de uma situação-problema
A situação-problema desta unidade envolve a necessidade de se calcularem ganhos
financeiros sobre as quais não temos certeza se vão ou não se concretizar. Isto o levará à
utilização do conceito de valor esperado. Também envolve o cálculo da valorização do
dinheiro ao longo do tempo pela incidência de juros. Examinaremos a situação de uma
companhia de seguros, em que essas situações ocorrem constantemente.
2. Conhecimento matemático em ação
Nesta seção, o trabalho continuará atrelado à noção de modelagem matemática. A partir
da necessidade da criação de um modelo de decrescimento da população, vamos rever
os dois tipos de função mais utilizados quando procuramos descrever o crescimento ou o
decrescimento de grandezas: a função linear e a função exponencial. Também articula-
remos a essas funções as noções de juros simples e juros compostos. Finalmente, expan-
diremos a idéia de valor esperado.
3 - Transposição Didática
Esta seção discute problemas relacionados ao ensino-aprendizagem de conceitos vistos
nas seções 1 e 2 e sugere ações relacionadas para a sala de aula.
Como as outras unidades, esta também conterá um Texto de Referência sobre
Educação Matemática, que abordará o tema “modelagem matemática”.
Definindo o
nosso percurso
Objetivo
da seção
165
Você já pensou sobre o ramo de negócios das seguradoras? Aquelas que vendem
seguros de vida, seguros contra roubo ou seguros-saúde...
O que você acha? As seguradoras ganham muito dinheiro?
É um negócio arriscado, você há de concordar.
A seguradora promete, por meio de um contrato, que vai pagar ao contratante
uma grande quantia de dinheiro! Em compensação, o contratante paga quantias à
seguradora – muitas vezes mensalmente.
O quanto a seguradora vai ganhar com cada segurado vai depender de uma série
de fatores.
Por exemplo, se uma pessoa faz um seguro-saúde e paga certa quantia mensal à
seguradora, mas essa pessoa fica um longo tempo sem precisar utilizar serviços médi-
cos, lucro para a seguradora! Ela não tem que pagar serviços médicos para o segura-
do, e fica só recebendo as mensalidades.
Já se a pessoa contratou um seguro-saúde recentemente e já deu uma despesa
enorme com médicos e hospitais para a seguradora, a situação se inverte.
No caso de seguros contra roubos de automóveis, já imaginou quantas pessoas
contratam seguros e que nunca têm seus carros roubados? Lucro para as seguradoras!
E os seguros de vida? Se uma pessoa faz o seguro e falece logo, a seguradora tem
que desembolsar uma grande quantia com a indenização. Mas, em compensação, se
Uma situação-problema:
modelos matemáticos, valor esperado e matemática financeira na determinação do preço de seguros
Seção 1
a pessoa demora a falecer, durante esse tempo o dinheiro pago pelo segurado rende
juros, correção monetária... Lucro para a seguradora.
Ao contratar um seguro de vida, estamos concordando em pagar uma quantia
para que, quando morrermos, alguém que escolhamos receba uma indenização.
Como essa indenização será paga futuramente, o valor equivalente a ela no dia
em que contratarmos o seguro não é o mesmo que o valor na época do pagamento.
Por isso, para estipularmos o preço do seguro não podemos simplesmente igualá-lo à
indenização.
Mas ainda há um problema: não sabemos quando a indenização será paga,
porque não sabemos quando vamos morrer.
Para calcular o preço de seguros (prêmio) a seguradora quer saber qual a probabi-
lidade de ter de vir efetivamente a pagar a indenização prevista, e depois de quanto
tempo de pagamento por parte do segurado. A companhia sempre torce pela longevi-
dade, para que o sujeito possa efetuar bastantes pagamentos!
Para que a seguradora determine um preço para o seguro que vende, precisa se
basear em alguma ferramenta matemática que forneça a probabilidade de seu contra-
tante falecer a uma determinada época.
Essas ferramentas matemáticas, ou modelos, procuram descrever, com algumas
simplificações, como na realidade a população vai diminuindo pela mortalidade.
Como as seguradoras não sabem com certeza quando ocorrerão as mortes de
166 seus contratantes, elas têm que utilizar um conceito de probabilidade, o conceito de
valor esperado.
Não dá para a seguradora saber se o valor que ela espera ganhar quando vende
um seguro se concretizará em um caso específico: algum segurado pode vir a falecer
logo após contratar o seguro, mesmo que se esperasse o contrário por ele ser muito
jovem. No entanto, como já vimos, quando se trata de um número grande de repeti-
ções, a teoria das probabilidades permite fazer ótimas previsões. Como a seguradora
tem muitos segurados, na média o valor que ela vai ganhar é aquele mesmo que ela
pode calcular utilizando o conceito de valor esperado.
Unidade 8
• Probabilidade de as pessoas na faixa etária 40-50 falecerem dentro de um ano:
O que significa isso? Que a expectativa é de que das pessoas de idade entre
40 e 50 anos venha a falecer no presente ano.
Ou seja, que 1 milésimo de seus 10.000 segurados, ou 10 segurados, venham a
falecer até o final do ano. E que os outros 999 milésimos, ou 9.990 segurados, continu-
em vivos e paguem R$300,00 ao final do ano.
Observe:
1) Que valor a seguradora espera ter que pagar até o final do ano?
A seguradora espera ter que pagar R$100.000,00 a 10 pessoas.
2) Que valor a seguradora espera receber até o final do ano?
A seguradora espera receber R$300,00 de 9.990 pessoas.
Atividade 1
167
b) Qual é o ganho médio por segurado que a seguradora espera ter ao final do ano?
Atividade 2
O ganho total que você calculou no item “a” da atividade 1 só é esperado pela
seguradora para o final do ano.
Sabemos que, ao longo de um ano, o dinheiro sofre desvalorização.
Mesmo sem contar com a inflação, se o dinheiro fosse ganho hoje, ele poderia ser
aplicado, e ao final do ano teria rendido juros.
Digamos que ao longo de um ano a empresa possa ganhar 10% de juros sobre
qualquer valor aplicado.
Qual o valor que a seguradora teria que ganhar ao início do ano, para que isso
fosse equivalente a ganhar R$1.997.000,00 ao final do ano?
Em outras palavras, que quantia de dinheiro, ao render 10% de juros, equivaleria a
R$1.997.000,00?
168
Seção 2
Construção do conhecimento matemático em ação:
modelos matemáticos, funções lineares e exponenciais,
juros e valor esperado
Objetivo
da seção
Unidade 8
Com relação à educação matemática, você irá:
• Familiarizar-se com o processo de modelagem matemática;
• Refletir sobre as visões estática e dinâmica da matemática.
Faríamos isto até que todos falecessem. É claro que isso aconteceria depois de
muitos anos, pois muitas pessoas só morrem em idade avançada.
Veja que, assim, para cada dia haveria um número de pessoas vivas corresponden-
te. Isso caracteriza uma função.
Articulando
conhecimentos
Pode acontecer que duas variáveis se relacionem de tal maneira que, para cada valor
assumido por uma, a outra assuma um e apenas um valor. Nesse caso temos um tipo
especial de relação, que chamamos de função.
Quando a relação entre duas variáveis – x e y, por exemplo – caracteriza uma
função, comumente usamos as notações y = f (x) ou y = y(x) para dizer que y
depende de x. Nesse caso, x é dita a variável independente, e y, a variável dependente.
Unidade 8
Vamos colocar essas idéias em um gráfico.
Gráfico 1 171
Unidade 8
Figura 1: Etapas do processo de modelagem
O modelo de De Moivre
O modelo mais simples para expressar a mortalidade foi sugerido por Abraham de 173
Moivre em 1725. Ele assumiu que antes de completar 86 anos a população ainda teria
algumas pessoas, mas no ano 86 a população seria zero. Ou seja, que a maior idade
que uma pessoa poderia alcançar era um pouco menos que 86 anos, mas que ninguém
sobreviveria até 86 anos. Assumiu também que S decrescia linearmente conforme x
crescia. Algo como no gráfico 2.
Gráfico 2
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
Observe que a reta que representa a função no gráfico toca o eixo horizontal em
86, que é o ano que De Moivre propôs como o ano em que a população considerada se
tornaria zero.
Se propuséssemos 110 como a idade máxima, a reta da função tocaria o eixo
horizontal em 110 (você sabe explicar por quê?).
Observe também que a reta da função está tocando o eixo vertical em 100.000,
que é o número de bebês da nossa população, todos nascidos no dia 0.
Se tivéssemos escolhido considerar uma população de 200.000 bebês, a reta da
função tocaria o eixo vertical em 200.000, já que este seria o número de sobreviventes
no dia 0.
Generalizando, a reta da função, nesse modelo, sempre irá tocar o eixo vertical no
número de pessoas inicial da população considerada, e o eixo horizontal na idade que
estipularmos como se ninguém sobrevivesse até ela. Se chamarmos o número inicial da
população de N, e a idade na qual a população zera de i, teremos a situação represen-
tada no gráfico 3.
174
Gráfico 3
É claro que não temos uma idade máxima além da qual nenhum ser humano
sobreviveria. Então é importante lembrar que as funções sugeridas procuram aproximar a
mortalidade. Não haveria jeito de saber a “verdadeira” lei da mortalidade, mesmo
porque nem sabemos se existe uma “lei” que reja esse fenômeno.
No modelo de De Moivre foi assumido que a quantidade de pessoas que sobrevi-
vem pelo menos até a idade x decresce linearmente conforme x cresce, ou seja, que S(x)
é uma função linear de x.
Unidade 8
As funções lineares apresentam uma taxa de variação constante.
Vemos que cada vez que o número de unidades vendidas aumenta em duas unida-
des, o valor da venda aumentará em 8 unidades. Da mesma forma, cada vez que
aumentarmos o número de unidades vendidas em cinco unidades, o valor da venda
aumentará em 20 unidades.
Graficamente, temos:
176 Gráfico 4
No gráfico 4 vemos que, não importa em que ponto do gráfico dermos uma varia-
ção de 1 unidade na variável independente (preço unitário), a variação correspondente
na variável dependente (valor da venda) será 4. Por isso, podemos dizer que a taxa de
Unidade 8
Número de meses Valor dos juros
5 40,26
10 96,72
15 175,90
20 286,97
25 442,74
40 661,23
45 967,66
Tabela 3
Gráfico 5
Atividade 3
Atividade 4
Unidade 8
Atividade 5
c) Dê a expressão de R em função de x.
179
Atividade 6
Um livro raro tem valor atual de US$200,00. Esse valor duplicará a cada 20 anos. O
valor do livro cresce linearmente em função do tempo? Para ajudar, complete a tabela 4:
Cada vez que a variável “tempo” cresce em 20 anos, a variável “valor do livro”
cresce quantidades iguais?
Atividade 7
Se, nas funções lineares, variações iguais na variável independente acarretam vari-
ações iguais na variável dependente, como ficaria o gráfico de uma função linear?
Experimente, no plano cartesiano da figura 2, colocar pontos da seguinte forma:
começando na origem, a cada vez que você aumentar a 1a coordenada (coordenada
horizontal, ou distância do ponto ao eixo vertical) do ponto em 1 unidade, aumente a 2a
coordenada (coordenada vertical, ou “altura” do ponto com relação ao eixo horizontal)
em duas unidades. Agora coloque pontos entre esses pontos: a cada aumento de meia
180 unidade na 1a coordenada, aumente a 2a coordenada em 1 unidade; a cada aumento de
1/4 na 1a, coordenada, aumente a 2a coordenada em 0,5 unidade.
Você verá, como talvez já esperasse, que o gráfico de uma função linear é uma reta.
Figura 2
Unidade 8
Atividade 8
i) ii)
iii)
181
b) Em qual dos gráficos abaixo a produção decresce mais rápido (supondo-se a escala
dos eixos a mesma em todos os gráficos)?
i) ii)
182
Gráfico 6
Gráfico 7
Unidade 8
Articulando
conhecimentos
183
Gráfico 8
Gráfico 9
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
Atividade 9
Cada equação abaixo exprime uma função linear. Identifique, em cada uma, a taxa
de variação e diga se ela é crescente ou decrescente.
a)
b) y = 0,5x + 2
c) y = - 3 - 25x
d) y = 5,3 + 6x
184
e)
f) y = -10x - 65
Atividade 10
Esboce gráficos para as funções lineares a seguir, prestando atenção apenas a dois fatores:
i) se a função é crescente ou decrescente (taxa de variação positiva e negativa, respecti-
vamente);
ii) se a reta do gráfico cortará o eixo vertical acima ou abaixo do eixo horizontal, ou na
origem (coeficiente linear positivo, negativo ou zero, respectivamente).
Unidade 8
a)
b) y = - 3 - 8x
c) y = 5,3 + 6x
d) y = 10x - 65 185
e) y = - 6,2 + 3,1x
f) y = 4x
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
Atividade 11
b) y = 0,5 + 6x
c) y = 18,3 - 0,1x
d) y = 0,2x - 15,2
e) y = x/5
f) y = -6,2 - 3,1x
y y
i) ii)
x x
186
y y
iii) iv)
x x
y y
v) vi)
x x
Figura 3
Unidade 8
O valor do dinheiro ao longo do tempo
Na seção “Integrando a matemática ao mundo real: A expectativa de vida e a determina-
ção de preços de seguros” mencionamos que, se um contratante de seguro demora
muitos anos para falecer, durante esse tempo o prêmio pago por ele à seguradora rende
juros e a seguradora tem ganho.
O princípio básico da matemática financeira é que o dinheiro tem seu valor no
tempo: uma certa quantia de dinheiro na mão hoje vale mais que a mesma quantia de
dinheiro no futuro.
Para saber quanto valerá no futuro uma quantia de dinheiro que você tem hoje, é
necessário que você saiba capitalizar, isto é, aplicar uma taxa de juros a um valor
presente por um certo período de tempo.
Da mesma forma, para saber a quanto seria equivalente, hoje, uma quantia que você
só vai receber no futuro, é necessário que você saiba descapitalizar, ou seja, trazer quanti-
as de dinheiro que você receberá ou pagará no futuro para o equivalente no presente.
Juros Simples
Quando o dinheiro é aplicado a juros simples, os juros incidem somente sobre a quanti-
dade inicial de dinheiro (capital inicial). Por exemplo, se temos 100 reais aplicados à taxa
de juros de 3% ao mês, os 3% incidirão, a cada mês, apenas sobre os 100 reais iniciais.
E esses 100 reais “crescerão” da seguinte forma (tabela 5):
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
Na tabela 5 vemos que, sempre que o tempo aumenta em 1 mês, o valor aumenta
em 3 reais.
Se calcularmos a taxa de variação, veremos que ela é constante:
reais/mês
Articulando conhecimentos:
juros simples e funções lineares
Atividade 12
Unidade 8
Crescimento exponencial
Considere os dados populacionais mostrados na tabela 6. Para observar como a popu-
lação está crescendo, compute a variação da população na terceira coluna.
Juros compostos
Quando o dinheiro é aplicado a juros compostos, os juros obtidos a cada novo período
são incorporados ao capital, formando um novo montante que passará a participar da
geração de juros no período seguinte (conforme vimos na Unidade 4 do TP 1). Dessa
forma, os juros incidem não apenas sobre o capital inicial, mas também sobre os juros
que vão sendo acumulados. Por exemplo, se temos 100 reais aplicados à taxa de juros
de 3% ao mês, esses 100 reais crescem da seguinte forma (tabela 8):
Se dividirmos o valor de um mês pelo valor do mês anterior, vemos que o fator de
crescimento é de 1,03 (tabela 9):
Esse número (1 + taxa) pelo qual devemos multiplicar um valor para obter o valor
do período seguinte é chamado fator de capitalização.
Articulando conhecimentos:
Juros compostos e funções exponenciais
Unidade 8
Agora vamos ver como faríamos para descapitalizar por períodos maiores.
A que valor equivaleria hoje uma quantia de R$1.000,00 a ser recebida daqui a 4
meses, considerando a taxa de juros de 3% ao mês?
Em outras palavras, que quantia de dinheiro x, ao render 3% ao mês no sistema de
juros compostos por 4 meses, resultaria em R$1.000,00?
Veja que isso equivale a dividir R$1.000,00 pelo fator de capitalização quatro
vezes, cada uma correspondendo a um período de um mês.
Atividade 13 191
b) Qual a diferença entre esse valor e o que você encontrou na atividade 12, em que a
mesma taxa de juros foi aplicada ao mesmo capital pelos mesmos 5 meses, mas no
sistema de juros simples?
c) Qual seria essa diferença entre os dois sistemas, se o período de tempo de aplicação
for de 10 meses?
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
Gráfico 10
192
Atividade 14
Unidade 8
Valor esperado
Digamos que você vá fazer o seguinte jogo de “cara ou coroa”:
• Você paga 1 real para jogar.
• O jogo é feito com duas moedas.
• Se as duas caírem em “cara”, você recebe 50 centavos (então sai perdendo 50 centa-
vos, pois pagou 1 real para jogar).
• Se sair “uma cara e uma coroa”, você recebe 1 real (então não sai ganhando nem
perdendo).
• Se saírem “duas coroas”, você recebe 2 reais (sai ganhando 1 real).
O valor esperado é o valor que você espera ganhar, em média, após um número
bem grande de jogadas.
Não é o valor que você espera ganhar em 1 jogada. Mais uma vez estamos usando
a idéia de um grande número de repetições!
Vamos supor que você faça esse jogo 1.000 vezes. Vamos ver quanto você pode
esperar ganhar no total para estes 1.000 jogos, e depois computar a média ganha ou
perdida por jogo.
Vimos na Unidade 7 deste caderno que as probabilidades, quando jogamos duas
moedas, são as seguintes:
193
• Probabilidade de obter “duas caras”: 1/4.
• Probabilidade de obter “uma cara e uma coroa”: 1/2.
• Probabilidade de obter “duas coroas”: 1/4.
O que significa isto?
Que esperamos obter “duas caras” 1/4 das vezes em que jogamos, “duas coroas”
em 1/4 das vezes, e “uma cara e uma coroa” em metade das jogadas.
Agora, vamos ao cálculo do valor esperado.
1) Qual vai ser o custo de jogar 1.000 vezes? 1 mil reais, pois cada jogada custa 1 real.
2) Qual vai ser o ganho com as jogadas nas quais sai “duas caras”?
Esperamos obter “duas caras” em 1/4 das jogadas, isto é, em 250 jogadas. Em cada
uma, ganharíamos 50 centavos. Então, no total ganharíamos 125 reais.
3) Qual vai ser o ganho com as jogadas nas quais sai “1 cara e 1 coroa”?
Esperamos obter “uma cara e uma coroa” em 1/2 das jogadas, isto é, em 500
jogadas. Em cada uma, ganharíamos 1 real. Então, no total ganharíamos 500 reais.
4) Qual vai ser o ganho com as jogadas nas quais sai “duas coroas”?
Esperamos obter “duas coroas” em 1/4 das jogadas, isto é, em 250 jogadas. Em
cada uma, ganharíamos 2 reais. Então, no total ganharíamos 500 reais.
Construção do conhecimento matemático em ação: modelos
matemáticos, funções lineares e exponenciais, juros e valor esperado
Seção 2
No total:
Você pagou 1.000 reais para fazer o jogo 1.000 vezes, e recebeu 125, mais 500
mais 500 reais, isto é, 1.125 reais. Então o ganho total foi de 125 reais (tirando os 1.000
que você pagou para jogar).
O valor esperado é a média que você poderia esperar por jogo, ou seja, , que
é igual a 0,125; ou 12,5 centavos por jogada.
Para saber a média ganha por jogada (valor esperado), dividimos tudo pelo núme-
194 ro de jogadas, x:
Atividade 15
Uma instituição vende bilhetes de rifas por R$5,00 cada um. Há 10 prêmios no
valor de R$25,00 e um prêmio maior no valor de R$100,00. Se forem vendidos 200
bilhetes e você comprar um deles, qual a sua expectativa em relação ao sorteio?
Unidade 8
Para facilitar seus cálculos, utilize a tabela 10.
Subtraindo esse valor dos 5 reais que você tem que pagar pela rifa, na verdade sua
expectativa é de perda!
Resumindo
Objetivo
da seção
Para trabalhar com a situação-problema desta unidade, você precisou de vários con-
ceitos matemáticos: probabilidade, valor esperado, juros compostos, funções lineares.
Na seção 2 examinamos mais detalhadamente esses conceitos. É preciso que você
esteja bem por dentro deles.
Mas, e na sala de aula, como você pode trabalhar esses conceitos?
Unidade 8
Atividade 16
1. Uma turma da 6a série foi para a biblioteca e cada aluno pegou 3 livros. Encontre uma
equação que relacione o número de alunos (x) com o número de livros (y):
2. Um parque de diversões cobra 5 reais na entrada mais 1 real por brinquedo que você
usar. Encontre uma equação que relacione o número de brinquedos que você usar (x)
com o gasto que você terá (y):
197
3. Você brincou com seu colega menor de medir o tamanho de suas passadas. Vocês
viram que cada passada sua equivale a três passadas dele. Encontre uma equação que
relacione o número de passadas de seu colega (x) com o número correspondente de
passadas suas (y):
Transposição didática
Seção 3
Atividade 17
Sua escola e uma igreja de sua cidade resolveram fazer suas festas juninas logo na
mesma noite! Para decidir em qual delas você e seus colegas vão, vocês resolveram
analisar o preço da entrada e das barraquinhas de pescaria, porque vocês pretendem
pescar várias vezes.
O preço da entrada da festa da igreja é 3 reais, e o da pescaria é 1 real.
Já o preço da entrada da festa da escola é 1 real, e o da pescaria é 1 real e 50
centavos.
1. Quanto você vai gastar na festa da igreja se você for à pescaria 3 vezes? E na festa
da escola?
2. E se você for à pescaria cinco vezes, quanto você gastaria em cada festa?
198
FESTA DA IGREJA
No de idas à pescaria 0 1 2 3 4 5 6
Gasto
Tabela 11
FESTA DA ESCOLA
No de idas à pescaria 0 1 2 3 4 5 6
Gasto
Tabela 12
Unidade 8
4. Encontre duas equações: uma que relacione o gasto de cada criança com o número
de vezes que ela usou a barraca da pescaria na festa da igreja, e outra que faça a mesma
coisa para a festa da escola.
6. Faça novos gráficos da festa da igreja supondo que o preço da entrada passe de 3
reais para:
a) 2 reais
b) 1 real
200
c) 5 reais
Unidade 8
Faça todos os gráficos em um mesmo sistema de coordenadas! O que você observou?
Qual foi a diferença entre os gráficos?
7. Faça novos gráficos da festa da igreja supondo que o preço da pescaria passe de 1
real para:
a) 2 reais
b) 3 reais
201
c) 5 reais
Transposição didática
Seção 3
8. Até quantas idas à pescaria compensa ir à festa da escola, e a partir de quantas idas à
pescaria compensa ir à festa da igreja?
202
Professor,
Esta pergunta 8 pode ser respondida por meio de um sistema de equações, mas os
alunos que ainda não têm esse conhecimento podem buscar suas próprias estratégias
para responder a essa pergunta. Um meio de ajudá-los é pedir que eles coloquem os
dois gráficos, o da festa da igreja e o da festa da escola, e ver com quantas idas à
pescaria gastaríamos o mesmo nas duas festas (ponto onde os dois gráficos se inter-
ceptam). Outro modo que eles podem encontrar de responder a essa pergunta é
simplesmente experimentando com diferentes números de idas à pescaria e vendo
qual foi o gasto correspondente.
Crescimento exponencial
Para que os alunos apreciem melhor o crescimento linear, é importante que eles contras-
tem esse tipo de interdependência entre variáveis com outros que não são lineares. O
crescimento exponencial é um exemplo. Juros simples e compostos proporcionam um
contexto no qual você pode explorar crescimento linear (juros simples) e crescimento
exponencial (juros compostos).
Unidade 8
Valor esperado
O que seus alunos podem aprender sobre valor esperado?
Que o valor esperado é o valor que se obtém, em média, após um grande número
de repetições de uma situação.
Não é adequado, de 5a a 8a séries, preocupar-se com a fórmula para o valor
esperado.
Mas para aprender que o valor esperado é o valor que se obtém, em média, após
um grande número de repetições de uma situação, problemas que usam o conceito de
valor esperado podem ser feitos com seus alunos experimentalmente.
Assim como na Unidade 7 deste Caderno usamos modelos de situações concretas
para calcular probabilidades experimentais, que aproximam as probabilidades teóricas,
podemos calcular o valor esperado experimentalmente usando um grande número de
repetições de um experimento. Esse valor irá aproximar o valor esperado teórico, que é
calculado como fizemos na seção 2.
A atividade 18 é um exemplo de atividade que pode ser feita com seus alunos
experimentalmente.
O cálculo do valor teórico nesta atividade está acima do nível de 5a a 8a séries. Mas
a atividade é boa para os alunos aprenderem que, em problemas que envolvem probabi-
lidades, e, em particular, em problemas que procuram descobrir qual é o valor esperado,
eles podem obter resultados experimentalmente, se encontrarem um modo de “imitar” a
situação-problema por meio de um modelo. 203
E a atividade feita experimentalmente serve também para eles aprenderem que o
valor esperado é o valor que se pode esperar após um grande número de repetições.
Atividade 18
Vamos repetindo o processo até que todos os números tenham sido obtidos. Aí
somamos o total de marquinhas para ver quantas jogadas foram necessárias.
Total
Número 1 Número 2 Número 3 Número 4 Número 5 Número 6
jogadas
Repetição 1
Repetição 2
Repetição 3
Repetição 4
Repetição 5
Repetição 6
Repetição 7
Repetição 8
Repetição 9
Repetição 10
Repetição 11
Repetição 12
Repetição 13
Repetição 14
Repetição 15
Repetição 16
Repetição 17
Repetição 18
204
Repetição 19
Repetição 20
Média (o número de Obs.: soma
chocolates que uma dos valores
pessoa tem que comprar, da coluna
em média, para conseguir dividida
as 6 figurinhas.) por 20
Tabela 13
Quando tiver repetido o processo 20 vezes, ache a média dos valores e coloque-a
na última linha da tabela. O número de chocolates que uma pessoa tem que comprar,
em média, para conseguir as 6 figurinhas é obtido somando-se todos os valores e dividin-
do-se pelo número de repetições – nesse caso, vinte.
Resumindo
Nesta seção você viu que é importante que os alunos façam experimentações
para construir os conceitos estudados nesta unidade. Experimentando diferentes valo-
res para a entrada na festa e para o preço da pescaria e observando o efeito que isso
tem no gráfico da função, eles constróem em ação o papel dos parâmetros de uma
função linear.
Unidade 8
Você viu também um exemplo de simulação: um problema envolvendo figuri-
nhas e a compra de chocolates foi simulado por lançamentos de um dado. Com a
simulação podemos resolver uma série de problemas experimentalmente, sem preci-
sar realizar um experimento de difícil execução, mas substituindo-o por outro experi-
mento fácil de realizar em sala de aula.
206
Unidade 8
Bibliografia
NG, Ho Kuen. Mortality Discount. Module 699. UMAP, 1990.
PONTE, J. P. Matemática e Realidade: uma relação didáctica essencial. Actas do Prof-
Mat 92. Lisboa, 1992. p. 13-24.
<http://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/servicos/seguro.htm>
207
Texto de referência
Modelagem matemática
Ana Lúcia Braz Dias
Professor, na seção 2 desta unidade você teve uma breve introdução ao pro-
cesso de modelagem. É provável também que você já tenha ouvido falar sobre
esse tema em outras ocasiões, pois, além de a modelagem matemática ser usada na
resolução de problemas das mais diversas áreas, a recriação da modelagem na sala
de aula como metodologia de ensino é amplamente estudada em educação mate-
mática. Alguns professores já a incorporam a suas práticas. Neste texto vamos
explorar um pouco mais o assunto.
Unidade 8
Modelos de Crescimento
Crescimento Linear
Um problema que pode ser descrito por este modelo é o enchimento de uma piscina.
Como uma piscina demora muito tempo para ser enchida, ao invés de ter que ficar de
olho na altura da água à espera do momento de fechar a torneira, podemos usar o
modelo linear para calcular quanto tempo vai ser necessário para encher a piscina.
As variáveis de interesse nesse problema são: o volume da piscina (v) e a quanti-
dade de água que a torneira despeja por unidade de tempo (t).
Com um modelo linear, essas duas variáveis se relacionam obedecendo à equação:
y=vxt
Crescimento Quadrático
Este modelo pode ser aplicado ao cálculo do calor libertado pela passagem de uma
corrente elétrica em um condutor.
Nesse modelo, a variável dependente varia cada vez mais depressa, segundo a lei
y = a x t2
Crescimento Exponencial
Este tipo de crescimento ocorre, como já vimos, nas aplicações financeiras a juros com-
postos. Mas ocorre também em muitas outras situações, como no crescimento de popu-
lações. A equação que exprime essa relação é:
y = eat
209
Crescimento Logístico
Neste caso o crescimento é parecido com o exponencial, mas é condicionado por um
valor que corresponde ao máximo da capacidade, e que para simplificar podemos fazer
igual a 1 (ou seja, pode-se imaginar que 1 representa 100% da capacidade).
Este modelo pode ser usado para simular o crescimento de uma população em um
meio com capacidade limitada por razões de espaço ou recursos de sobrevivência. Se
considerarmos yn como o número de indivíduos existentes no momento n, a população
crescerá de acordo com a seguinte lei:
yn+1 = yn _ ayn – ayn2
Modelo Binomial
Este modelo serve para representar o que ocorre em algumas situações aleatórias que
podem ser interpretadas como situações de crescimento. Por exemplo, na produção de
uma peça de algum produto podem ocorrer, em um lote, peças defeituosas. Uma peça
pode ser defeituosa ou não (dois resultados possíveis).
Se os defeitos ocorrem com probabilidade p, a probabilidade de uma peça não ser
defeituosa é 1-p (já que apenas esses dois resultados são possíveis). E o número de peças
defeituosas em um lote cresce de acordo com uma lei probabilística.
A probabilidade de termos k peças defeituosas em um lote de n peças será:
Crescimento Logístico-Probabilístico
Finalmente, podemos combinar aspectos de alguns modelos em outro novo modelo. Por
exemplo, podemos imaginar uma população que cresce de acordo com o modelo logís-
tico, mas, na qual, de vez em quando, e com probabilidade p, ocorre um desastre que
vitima metade do número de indivíduos existentes. Teremos assim: yn+1 = yn _ ayn – ayn2,
se não ocorrer o desastre yn+1 = yn/2, em que yn é o número de indivíduos existentes no
momento n.
Uma aula envolvendo esses modelos pode estudar as características de cada um
deles, usá-los para fazer previsões e aplicá-los a diferentes situações.
Unidade 8
As dificuldades mais comuns
Os obstáculos e dificuldades que podem surgir na realização pedagógica de experiências
de modelagem não são poucos. Mas, também, são muitos os ganhos que se podem ter
ao se realizarem atividades de modelagem com os alunos.
Uma dificuldade bem comum é que, geralmente, a modelagem e a resolução de
problemas tornam as aulas mais exigentes e menos previsíveis do que as propostas tradi-
cionais. Alguns alunos preferem tarefas rotineiras, que possam ser desempenhadas ape-
nas seguindo um conjunto de regras.
Alguns professores têm receio também de não saberem conduzir a modelagem,
por não estarem eles mesmos muito por dentro dos assuntos específicos do problema a
ser modelado (por exemplo, problemas de biologia, engenharia, física). Muitos profes-
sores não se sentem à vontade para tratar problemas relacionados com áreas que eles
próprios não estudaram, o que é natural. Mas, geralmente, esse problema pode ser
vencido com a escolha de um problema simples e um esforço do professor em pesqui-
sar e coletar informações sobre aquele problema, da mesma forma que esperamos que
nossos alunos façam.
Outra dificuldade inicial dos professores está em não disporem de suficientes exem-
plos de atividades de modelagem. No entanto, o número de publicações sobre o uso de
modelagem na sala de aula está aumentando, e depois de um certo tempo e quantidade
de leitura fica bem mais fácil para o professor extrair, ele próprio, problemas de sua
realidade, ou criar outros.
211
Atividades
1) Explique para um leitor leigo no assunto (você pode imaginar seus alunos como
leitores) o que é um modelo.
2) Explique os dois aspectos que um modelo pode ter: preditivo e generativo.
Solução das atividades
Solução das atividades
Atividade 1
a) A seguradora espera ter que pagar R$100.000,00 a 10 pessoas, ou R$1.000.000,00,
e espera receber R$300,00 de 9.990 pessoas, ou seja, R$2.997.000,00. Seu ganho total
esperado é, então, R$2.997.000,00 - R$1.000.000,00 = R$1.997.000,00
b) Como a seguradora tem 10.000 segurados na faixa etária de 40 a 50 anos, o ganho
Atividade 2
O valor x procurado, mais 10% daquele valor x (que seriam os juros ganhos ao
final do ano), terá que ser igual a R$1.997.000,00. Ou seja,
215
Atividade 3
Quando x é 0, S(x) é igual a 100.000, pois ninguém tinha morrido ainda.
Quando x é 86, S(x) é igual a 0, pois estamos supondo que ninguém chegará à
idade de 86 anos (De Moivre supôs isso).
De 0 a 86, x variou 86 unidades.
Quando x variou de 0 a 86, S(x) variou de 100.000 a 0, portanto, -100.000
unidades.
Atividade 4
A fórmula de funções lineares é do tipo y = ax+b.
No nosso caso, ao invés de y, chamamos nossa variável dependente de S(x), então
a fórmula será: S(x) = ax+b.
Falta achar o “a” e o “b”.
Podemos achar “a” e “b” fazendo um sistema de equações, colocando os dois
pontos que sabemos fazer parte de nossa reta:
• quando x é 0, o valor de S(x) será 100.000;
Solução das atividades
fica: .
Atividade 5
a) Sim.
b) Uma variação de 1 talão na variável x ocasiona uma variação de R$0,50 no total
pago, R. Então a taxa de variação é
c) R = 0,50x + 3,00
216
Atividade 6
O valor do livro não cresce linearmente em função do tempo:
Cada vez que a variável “tempo” cresce 20 anos, a variável “valor do livro” não
cresce quantidades iguais:
• De 2002 a 2022, o valor do livro aumentou 200 unidades.
• De 2022 a 2042, o valor do livro aumentou 400 unidades.
• De 2042 a 2062, o valor do livro aumentou 800 unidades.
Atividade 7
Esta fica a seu encargo.
Unidade 8
Atividade 8
a) ii, b) ii
Atividade 9
Observe que a taxa de variação é sempre o coeficiente do termo que tem a variável
dependente!
a) taxa de variação: 1/3 (positiva função é crescente)
217
f) y = -10x - 65 taxa de variação: -10 (negativa função é decrescente)
Atividade 10
a)
Esboço do gráfico:
Solução das atividades
b) y = - 3 - 8x
Esboço do gráfico:
c) y = 5,3 + 6x
d) y = 10x - 65
Esboço do gráfico:
Unidade 8
e) y = - 6,2 + 3,1x
Esboço do gráfico:
f) y = 4x
Atividade 11
a) ii, b) vi, c) i, d) v, e) iii, f) iv
Atividade 12
250+5(250x0,02) = 275 reais
Solução das atividades
Atividade 13
a) 250 (1+0,02)5 = 276,02
b) 276,02 – 275 = R$1,02
c) juros simples: 250+10(250x0,02) = 300 reais
juros compostos: 250 (1+0,02)10 = 304,75 reais
diferença: R$4,75
Atividade 14
De julho a novembro temos 4 meses.
O valor presente é
Atividade 15
Esse valor é o que você espera ganhar. Mas você paga R$5,00 pela rifa. Então, na
verdade a expectativa é de perder R$3,25 (ou seja, 5-1,75).
Atividade 16
1. y=3x
2. y=5+x
3. y=3x
Atividade 17
O preço da entrada da festa da igreja é 3 reais, e o da pescaria é 1 real.
Já o da entrada da festa da escola é 1 real, e o da pescaria é 1 real e 50 centavos.
1. Na festa da igreja: R$6,00. Na festa da escola: R$5,50.
2. Na festa da igreja: R$8,00. Na festa da escola: R$8,50.
Unidade 8
3.
FESTA DA IGREJA
No de idas à pescaria 0 1 2 3 4 5 6
FESTA DA ESCOLA
No de idas à pescaria 0 1 2 3 4 5 6
4.
y= gasto de cada criança
x = número de vezes que ela usou a barraca da pescaria
festa da igreja: y=3+x
festa da escola: y=1+1,50x
5.
221
Solução das atividades
6.
Qual foi a diferença entre os gráficos? Eles tocam o eixo vertical em pontos
diferentes.
7.
222
TEORIA E PRÁTICA 2
Socializando o seu
conhecimento e
experiências de
sala de aula
Socializando o seu conhecimento
e experiências de sala de aula – unidade 6
Esse momento final tem por objetivo: 1) rever e sintetizar por escrito as principais idéias
tratadas na unidade; 2) refletir sobre os desafios propostos na transposição didática,
registrando-as por escrito; e 3) elaborar uma produção escrita a ser entregue ao Formador
na próxima oficina, contendo produções dos seus alunos.
Para tanto, três tarefas devem ser preparadas para serem levadas à oficina e sociali-
zadas entre os colegas:
Tarefa 1
Uma síntese por escrito dos principais conceitos matemáticos trabalhados na unidade.
Esse documento será para seu uso pessoal durante a oficina.
Tarefa 2
Uma listagem contendo: a) o ponto mais interessante, e b) duas das maiores dificuldades
na realização do trabalho da proposta de transposição com seus alunos. Esse documento
será um apoio seu para discussão da transposição didática na oficina. Essa lista é de seu
uso pessoal para servir de apoio na socialização das experiências realizadas.
Tarefa 3
Essa tarefa é composta por três produções:
225
a) Aplique a pelo menos uma turma de alunos a atividade 11. Nessa atividade prevê-se a
realização de ações que foram iniciadas em atividades anteriores. Não esqueça de reali-
zá-las inicialmente. Você pode fazer as adaptações que julgar necessárias para o bom
êxito da atividade atendendo às necessidades do grupo.
b) Para criar uma memória de sua produção, para seu uso futuro, a começar pela oficina:
organize, registre e catalogue em uma pasta (ou similar) as produções mais significativas
de alguns de seus alunos.
c) Procure escrever com suas próprias palavras aproximadamente dez linhas sobre a
importância desta atividade para a aprendizagem matemática de seus alunos; comente
fatos ocorridos em sala de aula e outros observados na produção dos alunos. Esse mate-
rial deve ser entregue ao seu Formador ao final da oficina.
Socializando o seu conhecimento
e experiências de sala de aula – unidade 8
Este momento final tem por objetivo: 1) rever e sintetizar por escrito as principais idéias
tratadas na unidade; 2) refletir sobre os desafios propostos na transposição didática,
registrando-as por escrito, e 3) elaborar uma produção escrita a ser entregue ao Formador
na próxima oficina, contendo produções dos seus alunos.
Para tanto, três tarefas devem ser preparadas para serem levadas à oficina e sociali-
zadas entre os colegas:
Tarefa 1
Uma síntese por escrito dos principais conceitos matemáticos trabalhados na unidade.
Esse documento será destinado a seu uso pessoal durante a oficina.
Tarefa 2
Uma listagem contendo: a) o ponto mais interessante, e b) duas das maiores dificuldades
na realização do trabalho da proposta de transposição com seus alunos. Esse documento
será um apoio seu para discussão da transposição didática na oficina. Essa lista é de seu
uso pessoal para servir de apoio na socialização das experiências realizadas.
Tarefa 3
Esta tarefa é composta por três produções:
227
a) Aplique aos alunos a atividade 17. Você pode fazer as adaptações que julgar necessá-
rias para o bom êxito da atividade atendendo às necessidades do grupo.
b) Organize, registre e catalogue em uma pasta (ou similar) as produções mais significati-
vas de alguns de seus alunos.
c) Escreva aproximadamente 10 linhas sobre a importância dessa atividade para a apren-
dizagem matemática de seus alunos; comente fatos ocorridos em sala de aula e outros
observados na produção dos alunos. Esse material deve ser entregue ao seu Formador
ao final da seção coletiva.
PARTE III
TEORIA E PRÁTICA 2
SESSÃO COLETIVA
Sessão Coletiva 3
Unidade 5
Agora é o momento de discutir suas dúvidas e dificuldades com os seus outros colegas.
Vamos discutir algumas questões relevantes desse TP.
Parte A
Atividade 1
Atividade 2
Veja algumas maneiras que foram apresentadas na internet para resolver o problema da
Atividade 1:
Solução 1
Separamos o corpo em vários cilindros, e resolvemos o problema através da aproxima-
ção das áreas de cada membro, somando-as. Dividimos o corpo em: cabeça, pescoço,
tronco, braços, pernas, quadris, pés e mãos. Sabemos que a área da pele varia com a
altura e o peso da pessoa, por isso, analisando o peso e a altura de cada um, constata-
mos que nossos cálculos estão aproximados da realidade.
Solução 2
Inicialmente,supondo que a pele esteja achatada, a dividimos num número máximo de
retângulos possíveis. Os retângulos que foram divididos são:rosto, orelha, nariz, pesco-
ço, braço, mão, perna, pé e tronco. Com o auxílio de uma fita métrica, coletamos as
medidas necessárias para podermos calcular as áreas dos retângulos pré-definidos.
Supondo-se que a pessoa possui 1,70cm de altura e pese 57kg aproximadamente, com
medidas (unidade cm):
• Rosto: 27 x 29
• Orelha: 6 x 3,5
• Nariz: (Triângulo retângulo) 5 x 5 x 2,5
232
• Pescoço: 15 x 7
• Braço: 57 x 11
• Mão: 18 x 8,5
• Perna: 95 x 22
• Pé: (paralelepípedo) 25 x 8 x 9
• Tronco: 69 x 42
Com os subsídios adquiridos até o momento, podemos alcançar nosso objetivo, o
de calcular, aproximadamente, a superfície do corpo de um indivíduo. Somando todas
as medidas de áreas encontradas e multiplicando-as por 2, temos que ÁREA DA SUPER-
FÍCIE DESTE INDIVÍDUO É 1,42165 metros quadrados.
Solução 3
Considerando que a pele é o limite do corpo, e calculando-se o volume deslocado
pelo corpo (um método seria entrar numa banheira graduada e medir o deslocamen-
to de água que seria igual ao volume), tomar a massa corporal e calcular a densidade
corporal (d=m/v), tomar uma esfera com a mesma densidade, verificar o seu volume.
Relacionando volume da esfera, área superficial da esfera com volume do corpo
consegue-se calcular a área da superfície do corpo. Favor mandar considerações
sobre o exposto.
1) Alguma das soluções acima assemelha-se com a do seu grupo? Se sim, em que?
3) Em relação à tabela acima, o resultado feito pelo seu grupo foi aproximado?
Sessão Coletiva
Atividade 3
2. Os conceitos de razão e proporção foram apresentados numa forma não muito comum
de introduzir este tema. O objetivo foi fazer uma análise de proporcionalidade a partir das
razões, representações gráficas e tabelas. Você acha esta metodologia aplicável?
3. Os pontos num plano cartesiano, quando ligados, formam uma reta. Isso significa que
as grandezas são diretamente proporcionais? Toda curva é inversamente proporcional?
Veja os exemplos do TP e discuta.
x 1 2 4 8 x
Y 4 8 16 32 4xx
x 1 2 4 8 x
Y 2 4 16 64 x2
Parte B
Discussão da transposição didática
235
Atividade 5
Atividade 6
c) A partir do mapa final, sugerimos que seja montado um mapa conceitual para cada
série. Porém, procure trabalhar com uma visão não linear, ou seja, perguntas como: será
que é preciso falar em números decimais só depois que estudar frações? É possível falar
sobre o Teorema de Pitágoras apenas na sétima ou oitava série?
Parte C
Atividade 7
Já é sabido que a prática de esportes faz bem ao corpo e à alma! Quem pratica esportes
pode ter uma vida mais saudável. Porém, qual é o melhor esporte para você? Se você é
uma pessoa comunicativa, gosta de conversar, você deve procurar atividades que envol-
vem grupos, ou seja, deve procurar os esportes coletivos: vôlei, futebol, handebol etc.
236
Vamos fazer agora um levantamento de qual esporte tem mais a ver com você, que
está em maior sintonia com o seu temperamento. Marque a alternativa que você pensa
relacionar melhor ao seu gosto pessoal.
Agora que você sabe qual esporte é mais adequado ao seu temperamento, procure
no seu grupo se existe algum outro professor que se assemalha a você no tipo de esporte.
Que tal montar um time? Ou uma equipe para reunir algum dia e fazer uma caminhada?
Então, vamos continuar nossos estudos. Na próxima unidade você vai continuar
estudando sobre esportes e conhecer outros conhecimentos matemáticos a partir de uma
nova situação-problema. Bom estudo!
238
Parte A
Exploração dos conceitos desenvolvidos pela
situação-problema da unidade
Atividade 1
239
Gráfico 1
a) Estes dados são suficientes para dizermos que faixa etária da população brasileira corre
mais risco de ser vitimada por acidentes de trânsito?
b) A tabela 1 mostra o número de pessoas (total de brasileiros) em cada faixa etária
mostrada no gráfico 1 do DENATRAN. Estes números foram resultados do Censo 2000
do IBGE.
Gráfico 2
240 Após terminado, o gráfico 2 vai permitir visualizar, lado a lado, o percentual de
brasileiros e o percentual de vítimas de acidentes de trânsito por faixa etária.
c) Revisite a questão “a”: Os dados do gráfico 1 eram suficientes para determinar que
faixa etária da população brasileira corre mais risco de ser vitimada por acidentes de
trânsito?
d) Olhando o gráfico 2, aponte qual faixa etária tem maior risco de acidentes de trânsito.
E qual a que tem menor risco? Como o gráfico permite determinar isto?
e) Explique como a informação veiculada pelo gráfico 2 foi usada para visualizar o risco
de acidente de cada faixa etária.
Atividade 2
242
Diagrama 1
Tabela 4
Atividade 3
Prepare o material que seu grupo recebeu para que ele possa ser usado para fazer 243
dois experimentos, de forma que:
Atividade 4
Parte 1 – (8 minutos)
Sua dupla deverá lançar uma moeda e ir anotando os resultados. Não se esqueçam de
anotar quantas vezes a moeda foi lançada e quantas vezes saiu cara, quantas vezes saiu
coroa. Faremos isto durante 8 minutos.
Parte 2 – (17 minutos)
Combinação dos resultados:
a) Sintetizem os resultados obtidos pela turma, fornecendo seus dados para que sejam
anotados em uma tabela como a tabela 5:
Sessão Coletiva
...
Tabela 5
244
Atividade 5
246
Quantas vezes será que precisaríamos, em média, lançar um dado para conseguir-
mos todos os números, de 1 a 6?
É claro que, como isso depende da sorte, o resultado vai variar. Então vamos
experimentar várias vezes – 5 vezes no seu grupo. Depois vamos agrupar os resultados
de todos os grupos e ver qual foi a média dos resultados. Esse valor será o número de
vezes que esperamos ter que lançar um dado para obter todos os números.
Seu grupo deverá lançar o dado e ir anotando, com marquinhas na tabela recebi-
da, os resultados. Por exemplo, se vocês rolarem o dado uma vez e conseguirem o
número 4, façam uma marquinha na coluna do número 4, na tabela. Repitam o proces-
so até que todos os números, de 1 a 6, tenham sido obtidos. Aí some o total de marqui-
nhas para ver quantas jogadas foram necessárias.
Quando tiver repetido o processo 5 vezes, calcule a média dos resultados de
seu grupo.
Repasse a média de seu grupo para o Formador. Ela será agrupada às médias dos
outros grupos para o cálculo da média da turma toda.
Total
Número 1 Número 2 Número 3 Número 4 Número 5 Número 6
jogadas
Repetição 1 247
Repetição 2
Repetição 3
Repetição 4
Repetição 5
Média soma dos
valores da
coluna
dividida
por 5