4 Forum Habitar ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E MÉDIAS: UMA LEITURA A PARTIR DO TERRITÓRIO GOIANO
4 Forum Habitar ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E MÉDIAS: UMA LEITURA A PARTIR DO TERRITÓRIO GOIANO
4 Forum Habitar ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E MÉDIAS: UMA LEITURA A PARTIR DO TERRITÓRIO GOIANO
Modalidade
Artigo
Área Temática
A produção do habitar: políticas públicas • O Estatuto da Cidade e seus
instrumentos (operações urbanas, ...) • A assistência técnica • Fundos e
conselhos municipais de habitação • Regularização fundiária • Planos de
Habitação • Planejamento e habitação • Participação e controle social • A
cidade invisível / a cidade informal • A habitação no ensino, pesquisa e
extensão
Data de Publicação
16/01/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/habitar/72889-ASSISTENCIA-TECNICA-PARA-
HIS-EM-CIDADES-PEQUENAS-E-MEDIAS--UMA-LEITURA-A-PARTIR-
DO-TERRITORIO-GOIANO
ISSN
2359-0734
Título do Evento
FÓRUM HABITAR 2017
Cidade do Evento
Belo Horizonte
Título dos Anais do Evento
Anais do Fórum Habitar
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
Como citar
HUGUENIN, João Paulo Oliveira et al.. ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E
MÉDIAS: UMA LEITURA A PARTIR DO TERRITÓRIO GOIANO.. In: Anais do Fórum Habitar. Anais...Belo
Horizonte(MG) UFMG, 2018. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/habitar/72889-
ASSISTENCIA-TECNICA-PARA-HIS-EM-CIDADES-PEQUENAS-E-MEDIAS--UMA-LEITURA-A-PARTIR-
DO-TERRITORIO-GOIANO>. Acesso em: 29/06/2018 01:25
ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E
MÉDIAS: uma leitura a partir do território goiano
HUGUENIN, J.P.O. (1); THIESEN, J.R.P. (2); LUCAS, E.R. (3); SARMENTO, A.K.P.
(4); MACHADO, T.A. (5); SILVA, D.M. (6)
1. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás
Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO
E-mail:[email protected]
RESUMO
O presente artigo busca discutir a assessoria técnica em habitação de interesse social para famílias
de baixa renda em cidades pequenas e médias. As cidades pequenas e médias em contextos não
metropolitanos contam com baixo número de profissionais arquitetos urbanistas, muitas prefeituras
não tem nem ao menos um profissional dessa área de atuação. Além disso, a formação desse
profissional muitas vezes não é voltada para atender as demandas sociais em questão, como a
política urbana e a habitação de interesse social. Nesse sentido, apontamos as dificuldades de
efetivação da lei 11.888/2008 em cidades pequenas e médias a partir da realidade do território
goiano. Por fim, trazemos a experiência desenvolvida na cidade de Goiás, a partir de uma parceria
com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás, a Prefeitura Municipal de Goiás e o Governo
do Estado.
O estado de Goiás possui 246 municípios, sendo que dois apresentam população com mais
de 500.000 habitantes (Goiânia e Aparecida de Goiânia) e 87% dos municípios do estado
possuem população inferior a 20.000 habitantes. Observando o território goiano e os dados
do Sistema de Informação e Comunicação Conselho de Arquitetura e Urbanismo para o ano
de 2015, percebemos que a distribuição dos arquitetos e urbanistas também apresenta
grandes distorções, com vários municípios que não possuem profissionais da área, outra
parte que não conta com número de profissionais suficientes para atender adequadamente
sua população, enquanto que Goiânia, capital do Estado, apresenta a maior concentração
de profissionais arquitetos e urbanistas.
O direito à moradia foi reconhecido como um direito social em nossa constituição a partir da
Emenda Constitucional nº26, de 14 de fevereiro de 2000. No entanto, verificamos que essa
norma não é efetivamente aplicada, não possuindo assim a eficácia social que deveria
possuir.
Ainda na Constituição Federal de 1988, observamos em seu artigo 182 que o município é o
ente federado com atribuições e competências para desenvolver e efetivar a Política de
Desenvolvimento Urbano. Sendo a questão da habitação uma das questões urbanas a
serem tratadas nessa política, o município é quem deve se responsabilizar pela questão.
Além da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto das Cidades, ainda há mais duas leis
federais que incidem sobre as questões habitacionais: a Lei 11.124/2005, primeira lei de
iniciativa popular aprovada que instituiu o Sistema Nacional de Habitação de Interesse
Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), e a Lei
11.888/2008, que assegura assistência às famílias de baixa renda técnica gratuita para o
projeto e a construção de habitação de interesse social.
A assistência técnica, pela lei, poderia ser oferecida por: servidores públicos, organizações
não governamentais, por universidades através de programas de extensão de escritórios
modelos ou escritórios públicos, ou por profissionais autônomos e pessoas jurídicas
devidamente credenciados, selecionas e contratados por órgãos públicos.
Uma das questões que se coloca é que a Lei de Assistência Técnica seja integrada à
Política Nacional de Habitação, utilizando recursos do Fundo Nacional de Habitação, com
recursos previstos no orçamento público, o que de fato não aconteceu a contento desde a
criação do FNHIS em 2005. Além disso,
(...) muitas dúvidas ainda cercam a sua implantação, pois as prefeituras ainda não encontraram
uma forma viável de colocar a lei em prática. Além disso, a lei também não especifica questões de
responsabilidade técnica e critérios de aprovação dos projetos.
O fato é que cada vez mais a assistência técnica tem se mostrado importante e há grandes
esforços para que ela seja implantada em âmbito nacional, entretanto, por ser uma atividade pouco
desenvolvida até então, a assistência técnica para as habitações de baixa renda ainda não conta
com modelos de funcionamento adequados. (SILVESTRE; CARDOSO, 2013)
Considerando as famílias que não possuem renda e as que tem renda entre 0 e 3 salários
mínimos, verificamos que o déficit habitacional referente aos domicílios precários é de
213.285 domicílios nas Regiões Metropolitanas e de 330.478 domicílios nas demais áreas,
ou seja, as áreas não metropolitanas apresentam um déficit habitacional relativo a
precariedade 1,5 maior do que as áreas metropolitanas.
Considerando que as cidades de porte pequeno e médio, em sua maioria, não se encontram
em regiões metropolitanas e que as precariedades habitacionais de famílias com renda até
3 salários mínimos podem ser resolvidas com ações de assessoria técnica, como dispõe a
Lei 11.888/2008, constatamos que há um vasto campo de trabalho para profissionais que
trabalham com esse tipo de serviço em cidades pequenas e médias.
O estado de Goiás possui 246 municípios, sendo que dois apresentam população com mais
de 500.000 habitantes (Goiânia e Aparecida de Goiânia), 87% dos municípios do estado
possuem população inferior a 20.000 habitantes, sendo que 97 municípios não chegam a ter
5.000 habitantes. Na Tabela 3 podemos observar a quantidade de municípios que se
enquadram em diferentes portes, de acordo com o número de habitantes que apresenta.
Os autores destacam que a política urbana para essas cidades deve articular diversos
setores governamentais como maneira de fomentar as relações rural-urbano, criando assim
uma nova dinâmica que permita criar possibilidades de crescimento, fortalecimento e
consolidação desses núcleos urbanos.
Universidade e ATHIS
Por outro lado, a universidade se mostra como um campo muito profícuo para o
desenvolvimento deste tipo de atividades, uma vez que os profissionais já formados (com
suas exceções) carregam consigo uma série de "vícios" advindos de uma prática
profissional que historicamente excluiu a maior parte da população de seu campo de
atuação, restringindo-se a atender as classes médias e altas. As universidades, por outro
lado, tem ou deveriam ter permanente contato com o exercício da crítica a este modelo e à
construção de referências alternativas, que podem ser experimentadas na tentativa de
cumprir com exigências previstas na lei 11.888 tais como a "busca de inovação tecnológica,
a formulação de metodologias de caráter participativo e a democratização do
conhecimento".
Podemos afirmar que, tal como prevê a lei 11.888, o mais adequado é que haja
complementaridade entre o trabalho profissional e a prática da extensão e da residência
universitária, de modo que as próprias universidades possam servir como difusoras das
melhores práticas, contribuindo para que elas possam ser conhecidas e desenvolvidas nos
municípios mais distantes dos grandes centros urbanos. Um bom exemplo desta tentativa é
a criação da residência em arquitetura e urbanismo da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), voltada especificamente para a questão da assistência técnica em habitação.
No caso da Cidade de Goiás, no entanto, as iniciativas têm sido restritas, por enquanto, ao
âmbito universitário, já que a prefeitura municipal conta com um corpo técnico
extremamente limitado (atualmente não há nenhum arquiteto em seu quadro) e nenhum
recurso destinado à habitação. A própria diretoria de habitação da prefeitura está vinculada
à secretaria de Assistência Social, o que revela o total descompasso no trato das políticas
urbanas a nível municipal. Esta é uma realidade que, certamente, se repete em milhares de
municípios brasileiros.
Considerações Finais
A mudança passa também pela formação do profissional arquiteto-urbanista, que precisa ter
enfoques mais voltados à solução dos problemas das populações de baixa renda. Isto pode
ser dinamizado pela realização de atividades de extensão, tais como a experimentada na
UFG-RG. É importante, contudo, ter ciência das limitações as quais estas experiências
estão sujeitas, uma vez que a dinâmica do trabalho na universidade muitas vezes se mostra
pouco compatível com a dinâmica demandada pelo universo das políticas públicas e da
realidade das famílias que necessitam de assistência técnica.
Referências Bibliográficas
BITON, J.; MIRANDA, L. Tipologia das cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Letra Capital;
Observatório das Metrópoles, 2009.