I - Mobilidade Perfeita de Capitais

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FROYEN, Richard. “Mobilidade perfeita de capitais”.

In: Macroeconomia: Teorias e


aplicações. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

Macroeconomia em economia aberta: mobilidade


perfeita de capitais.

15.3 Mobilidade perfeita de capitais

15.3.1 Efeitos de políticas econômicas com taxas de câmbio fixas (I)

15.3.1.1 Política monetária

15.3.1.2 Política fiscal

15.3.2 Efeitos de políticas econômicas com taxa de câmbio flexíveis (II)

15.3.2.1 Política monetária

15.3.2.2 Política fiscal

15.3 Mobilidade perfeita de capitais


1. 1. Vejamos agora os efeitos de políticas monetária e fiscal com mobilidade perfeita
de capitais, ou seja, os ativos são substitutos perfeitos. Isso significa que os capitais
movem-se livremente de países, vamos desconsiderar o diferencial de risco entre ativos de
diferentes países e os custos de transações.

2. Nesse caso, o fluxo de capitais iguala as taxas de juros internas e externas. Vamos
desconsiderar também as expectativas de mudanças na taxa de câmbio. Um país com taxa de
juros sobre os títulos nacionais de 5%, em comparação com taxas de juros estrangeiras de
3%, supondo mobilidade perfeita de capitais, haveria uma entrada maciça de capitais no país
até que a taxa de juros interna e externa se igualem. No modelo Mundell-Fleming a
mobilidade Perfeita de capitais significa que é equação BP ( 15.8) é substituída pela
condição 15.9:

𝑋 𝑋 𝑥
X(𝑌 , π) - Z(Y, π) + F(r - 𝑟 ) = 0 (15.8) r = 𝑟 (15.9)

3. Com mobilidade perfeita de capitais, a curva BP é horizontal. O equilíbrio do


balanço de pagamentos só pode ocorrer quando a taxa de juros interna foi igual a taxa de
juros externa (mundial), que é exogenamente fixada.
4. Considerações sobre o pressuposto de igualdade taxa de juros interna e a taxa de
juros externa, como mobilidade perfeita de capitais. Com mobilidade imperfeita de capitais, é
natural que a taxa de juros interna se desvie da taxa de juros externa. Entretanto, com
mobilidade perfeita de capitais, temos duas situações: primeiro, quando se trata de um país
tão pequeno que suas ações não tem efeitos sobre a economia mundial - nesse caso, a política
fiscal expansionista, que reduz a taxa de juros interna desse país, não tem efeito sobre a taxa
de juros mundial e sobre a renda dos países estrangeiros, que também são exógenas; o
segundo caso é o de um país grande como os Estados Unidos, que esteja ignorando os efeitos
de suas ações sobre as economias estrangeiras, ou seja, ignorando os possíveis efeitos de
repercussão. “Estávamos supondo que estes fossem de importância secundária.” (Froyen,
2013).

5. “No caso da mobilidade perfeita de capitais, apenas a primeira suposição é


plausível: o país do local é tão pequeno que suas ações não podem afetar as condições do
mercado financeiro mundial e o capital é tão móvel que a taxa de juros desse país precisa
mover-se em alinhamento com a taxa de juros mundiais. Para considerar um país de grande,
como os estados unidos, no caso de mobilidade perfeita de capitais, temos que incluir no
modelo efeito de suas políticas econômicas sobre a taxa de juros mundial não é uma visão
realista imaginar que a taxa de juros desse país seja determinada por uma taxa de juros
mundial completamente fora de sua influência.” (Froyen, 2013).

15.3.1 Efeitos de políticas econômicas com taxas de câmbio fixas

15.3.1.1 Política monetária


1. Mobilidade perfeita de capitais, a política monetária é completamente ineficaz
quando as taxas de câmbio são fixas. Para isso, vejamos a relação entre intervenção no
mercado de câmbio e a oferta de moeda.

2. Com mobilidade imperfeita de capitais e taxa de câmbio fixa, a política


expansionista resulta em um déficit no balanço de pagamentos. Se na figura 15.2 com déficit
no balanço de pagamentos no ponto E1, esse déficit for 5 Bilhões de dólares, haverá excesso
de demanda por moeda estrangeira igual a 5 bilhões de dólares. Nesse caso, com taxa de
câmbio fixa, o Banco Central local ou estrangeiro atuará para fornecer esse montante de
moeda estrangeira para manter a taxa de juros fixa. Veremos somente o caso do fornecimento
pelo Banco Central doméstico.
Retirado de: Froyen, 2013.

3. Para fornecer esse montante, o banco central doméstico irá vender cinco bilhões de
dólares em ativos de reservas estrangeiras, ou seja, compra 5 bilhões de dólares. Nesse caso,
a oferta de dólares irá diminuir em 5 bilhões. “A oferta de moeda em circulação diminui,
porque o banco central aqui aumentou seu estoque de dólares 25 bilhões e o público reduzir o
seu estoque nesse mesmo montante. O que suportamos implicitamente na seção 15.2 foi que
o banco central doméstico compensou esse efeito sobre a oferta de moeda pondo os dólares
que ele comprou de volta em circulação”. O Banco Central faz isso comprando títulos de
governo que estavam em posse do público. Tal política (esterilização) é feita para evitar que a
intervenção no mercado de câmbio afete a oferta de moeda doméstica.

4. Vejamos o efeito de uma política monetária expansionista com mobilidade perfeita


de capitais e taxa de câmbio fixa. Considerando o caso de um país pequeno, vamos supor um
aumento da oferta de moeda. A figura 15.7 mostra que o aumento da oferta de moeda
deslocará a curva LM para a direita, de LM(M0) para LM(M1). Assim, a taxa de juros do
país em questão cai temporariamente de r0 para r1. Com isso, a taxa de juros está
temporariamente abaixo da taxa de juros externa (mundial).
Retirado de: Froyen, 2013.

Resumindo: O aumento da oferta de moeda desloca a curva LM para direita, de LM(M0)


para LM (M1). Com isso, a taxa de juros interna cai abaixo da taxa de juros externa, gerando
uma grande saída de capitais - por conta da diminuição da taxa de juros. Assim, a intervenção
do Banco Central para manter a taxa de câmbio fixa faz com que a oferta de moeda caia de
volta para o nível Inicial, ou seja, M0. Com isso, a taxa de juros interna retorno igualdade
com a taxa de juros externa e a renda volta ao seu nível inicial.

5. Uma taxa de juros interna menor que a externa, com mobilidade perfeita de
capitais, haverá uma enorme saída de capitais. Ou seja, os investidores vão vender seus ativos
do país em questão, e portanto a moeda desse país. Assim, o Banco Central do país não pode
restaurar o equilíbrio por meio de uma intervenção esterilizada do mercado de câmbio.
Portanto, a saída maciça de capitais Continuará enquanto a taxa de juros interna estiver
abaixo da taxa de juros externa - Se o Banco Central fizesse uma intervenção esterilizada,
apenas iria queimar suas reservas internacionais.

6. Sendo assim, para restaurar o equilíbrio, o banco central precisa intervir para
reduzir a oferta de moeda estrangeira na economia (comprando dólares, reduzir oferta dessa
moeda e voltar ao equilíbrio no câmbio fixo). Com isso, a oferta de moeda cairá até que a
curva LM volte a sua posição inicial, LM(M0). O ponto de equilíbrio volta a ser o ponto E0,
e a taxa de juros interna volta a ser igual a taxa de juros externa. Assim, a saída de capitais e,
consequentemente, a contração da oferta de moeda acabam e a oferta de moeda e a renda
voltam aos seus níveis iniciais. Portanto, a ação da política monetária é totalmente ineficaz.

15.3.1.2 Política fiscal


7. Em relação à política fiscal, a situação é diferente. Vejamos a figura 15.8 que
mostra os efeitos do aumento dos gastos do governo como mobilidade perfeita de capitais e
taxas de câmbio fixa. Aumento dos gastos do governo desloca a curva IS para a direita, de
IS(G0) para IS(G1). Com isso, há uma tendência de aumento da taxa de juros interna [1], que
ficaria acima da taxa de juros externa e, com isso, gera uma grande entrada de capitais.
Portanto, o Banco Central doméstico precisa intervir e comprar moeda estrangeira. Isso fará
com que a oferta de moeda doméstica aumente. O BC do país em questão deverá fazer isso
até que o aumento da oferta de moeda doméstica seja suficiente para deslocar a curva LM de
LM(M0) para ML(M1) e, portanto, reduzir a taxa de juro interna até que se iguale com a taxa
de juros externa no ponto E1. O aumento da oferta endógena de moeda potencializa o
aumento dos gastos governamentais. Com isso, a produção sobe para Y1, e não para Y’1.

8. Taxa de câmbio fixa e mobilidade perfeita de Capital, a política fiscal expansionista


é altamente eficaz, pois não há um aumento da taxa de juros interna, ou seja, “não ocorre o
efeito deslocamento (crowding out) dos gastos do setor privado.” (Froyen, 2013).

Retirado de: Froyen, 2013.

Resumindo: O aumento dos gastos do governo deslocar curva IS para direita, de IS(G0) para
IS(G1). Com isso, a taxa de juros interna tem de aumentar para um nível maior que a taxa de
juros externa, gerando forte entrada de capitais. Assim, a intervenção do Banco Central para
manter a taxa de câmbio fixa deverá ser no sentido de fazer a oferta de moeda subir, para
reduzir a taxa de juros interna até que ela se iguale à taxa de juros externa. Com esse
aumento da oferta de moeda (M0 para M1), a curva LM irá se deslocar para a direita, de
LM(M0) para LM(M1). Assim, a taxa de juros interna se iguala à taxa de juros externa.
Além disso, o aumento da oferta de moeda potencializa o efeito expansionista do aumento
dos gastos governamentais, aumentando mais ainda a renda, que passa de Y’1 para Y1.

[1] O aumento dos gastos do governo aumenta a renda, que aumenta a demanda por moeda e,
consequentemente, aumenta a taxa de juros. Portanto, o aumento dos gastos do governo, tudo
mais constante, gera uma pressão para o aumento da taxa de juros.

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