A Variação Linguística No Eixo Do Ensino de Língua Portuguesa
A Variação Linguística No Eixo Do Ensino de Língua Portuguesa
A Variação Linguística No Eixo Do Ensino de Língua Portuguesa
INTRODUÇÃO
Estudar uma língua significa, pode-se assim dizer, fazer reflexões acerca da
mesma, saber e compreender todo o seu processo histórico, suas transformações ao
longo dos anos, como da existência de inúmeras variações decorrentes de outras línguas
e fenômenos linguísticos.
Trata-se de um processo amplo em que vários fatores devem ser considerados,
como a individualidade dos falantes entre as camadas socioculturais ou variações
diastráticas (nível culto, língua padrão e não-padrão, as variedades lingüísticas que cada
um utiliza, idioleto); o contexto social em que estes se encontram, de acordo com o
espaço geográfico ou variações diatópicas (falares locais – dialetos, variantes regionais
e até mesmo intercontinentais); e a forma a qual a linguagem é estabelecida dentro de
1
Estudante do 5º Período do Curso de Letras da UVA
uma modalidade expressiva ou variações diafásicas (língua falada, língua escrita,
língua literária, linguagens especiais, linguagem dos homens e linguagem das mulheres
– estas duas última podendo ser chamadas de variantes de sexo).
Nesse contexto, não há como estudar a língua sem estudar suas variações,
considerando a oralidade e a escrita, pois todas estão interligadas e as variáveis (o
conjunto das variantes – e estas consistem nas diversas formas de se dizer a mesma
coisa, sem perder o significado) são inerentes ao aspecto lingüístico, que conforme será
visto, não é homogêneo.
As transformações ocorridas nos estudos da língua e da linguagem, no Brasil
especificamente, provocaram maiores discussões acerca da Língua Portuguesa como
língua materna, principalmente no ambiente escolar, que passou a rever mudanças nas
práticas de ensino e aprendizagem, acrescentando novas idéias ao currículo escolar,
onde muitos professores não abriam mão dos conteúdos tradicionais e acreditavam que
o “novo” representaria uma ameaça para o saber de seus alunos e que interferiria nas
metodologias utilizadas em sala de aula.
Assim, as variações linguísticas tornam-se necessárias para que a escola conheça
o aluno e entenda suas dificuldades para direcioná-lo aos contextos sociais, fazendo
com que suas práticas orais e escritas estabeleçam interação.
A escola deve servir como canal de conhecimento para os alunos, mas precisa,
antes de tudo, conhecê-los, entender a realidade de cada um para poder passar
conteúdos que os mesmos respondam positivamente, levando-os a refletir sobre o
código linguístico, jamais discriminando a linguagem que cada qual traz de sua
localidade, porque a norma culta, para muitos, é vista como outro idioma, como por
exemplo, que Bagno apresenta:
Tal deficiência e assim como várias outras podem ser dadas por conta de
fenômenos fonéticos e fonológicos e por influência de outras línguas, como o latim e o
espanhol, por exemplo. Uma característica da fala do português não-padrão é que não
existe encontro consonantal, aspecto que pode ser compreendido em algumas das
variações linguísticas explicadas abaixo, e que estão fortemente presentes na linguagem
dos brasileiros.
A questão do “erro comum” não seria, na verdade, “acerto comum”? Este ponto,
Bagno explica em sua obra A Língua de Eulália, mostrando que a linguagem do
Português Não-Padrão não é irreal e ilógica, mas apenas que os falantes fazem uso de
outra gramática, já que as regras da Gramática Tradicional são complicadas para eles,
tanto para a escrita como na fala.
Observando o comportamento lingüístico da sociedade, o que se nota é que quase
irreal mesmo é o uso da norma padrão, onde não é utilizada nas rodas de amigos, entre
familiares e vizinhos, mas apenas em situações de formalidade e mesmo assim não é
utilizada em sua totalidade. As crianças estudam na escola, mas quando retornam à sua
comunidade não conseguem transpor para a mesma as conjugações verbais, a próclise, a
ênclise e muito menos a mesóclise. Buscam formas mais simples e fáceis para se
comunicar o mais rápido possível, como é o caso dos meios tecnológicos (rádio,
televisão, computador) e redes sociais da internet (MSN, orkut, facebook, twitter, etc.).
A norma culta é, em sua maioria, a preocupação dos falantes para se fazer o modelo de
redação ideal para o vestibular e responder às questões do mesmo, como também de
outros tipos de concursos, em ambientes mais formais, que exigirão muito mais dos
estudantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 11ª ed. – São Paulo:
Contexto, 2001
NEVES, Maria Helena de. Que gramática estudar na escola? São Paulo: Contexto,
2003