Aconselhamento Pastoral para Casais Cristãos em situaÇÃo de Adultério

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ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA CASAIS CRISTÃOS

EM SITUAÇÃO DE ADULTÉRIO

1
Esp. Silvanir Alves da Silva
2
Prof. Me. Lidiane R. de Souza (orientadora)

RESUMO
O adultério é uma situação que tem se mostrado comum em relacionamentos matrimoniais de casais
cristãos no Brasil, trazendo grande conflito aos casais que passam por esse processo. É conhecido
que o adultério traz grande sofrimento, sentimento de culpa e vergonha para as pessoas envolvidas,
tanto a pessoa que comete o ato, como a parte atingida pela ação do seu cônjuge. É necessário,
desta forma, que o conselheiro seja devidamente treinado para tratar efetivamente essas pessoas,
sendo que o papel do conselheiro é ajudar o casal lidar com essa situação, buscando apresentar
caminhos para a restauração do relacionamento conjugal, segundo os propósitos de Deus para o
casamento. Desta forma, esse trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o tema:
“Como auxiliar casais cristãos em situação de adultério através do aconselhamento pastoral”?
Fazendo uma pesquisa bibliográfica de autores com vasta experiência na área de aconselhamento
pastoral, trazendo orientações para líderes e pastores que trabalham com aconselhamento de casais
para ajudá-los quando estiverem aconselhando casais em situação de adultério.

PALAVRAS-CHAVE: ​Relacionamento conjugal; Aconselhamento pastoral; Adultério.

ABSTRACT
Adultery is a situation that has been more and more common in christian married couples in Brazil,
bringing great conflict to them during and after this process. It is known that adultery causes great
suffering, guilt and shame to the involved people, both the person who commits the act and the party
affected by the action of their spouse. It is necessary, therefore, that the counselor be properly trained
to deal effectively with these people, and be clear that the counselor's role is to help the couple to deal
with this situation, seeking to present ways for the restoration of the conjugal relationship, according to
God's purposes for the marriage. Therefore, this work aims to reflect on the theme: "How to help
christian couples in situations of adultery through pastoral counseling"? Conducting a bibliographical
research of authors with extensive experience in pastoral counseling, bringing guidance to leaders and
pastors who work with counseling couples to assist them when counseling couples in adultery.

KEYWORDS: ​Marital relationship; Pastoral counseling; Adultery.

1
Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade Paranaense de Administração, e em
Teologia - Faculdade Teológica Betânia (FATEBE). Pós-Graduação em Liderança e Pastoreio na
área de Teologia, pela Faculdade Teológica Batista do Paraná (FABAPAR). Administrador de
Empresas, Pastor - e-mail: prsilvanirsilva@gmail.com.
2
Professora Mestre em Educação e novas tecnologias, especialista em Psicopedagogia clínica e
institucional, graduada em Ciências Sociais – UFPR. E em teologia – SEMIB e FACETEN. Diretora de
ensino e professora do curso de graduação e pós-graduação da Faculdade Teológica Betânia
(FATEBE). E do centro universitário - Uninter - e-mail: lidiane@faculdadebetania.com.br
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INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por objetivo tratar sobre o tema do adultério no


relacionamento conjugal, procurando identificar situações que podem levar ao
adultério, e maneiras de ajudar através do aconselhamento pastoral os casais
cristãos que passam por essas situações.
Quando abordarmos o relacionamento conjugal, é importante falar sobre a
família, que é a célula mãe da sociedade. A família tem início com o casamento, por
isso a importância do trabalho pastoral no aconselhamento conjugal, procurando
sempre a continuidade e união do casal, preservando assim a família, sem ela, a
sociedade caminha para a extinção. Como proteger a família diante de tantas
mudanças, nos diversos segmentos da sociedade? Em todos os segmentos da
sociedade a estrutura familiar tem sido afetada com mudanças na vida pessoal,
profissional do indivíduo e das famílias.
Antes de abordarmos a temática do aconselhamento, falaremos sobre
casamento, todavia casamento na visão Bíblica. Após darmos essa rápida olhada na
questão do casamento, queremos pensar sobre o aconselhamento conjugal em
situação de adultério, fazendo uma análise das opiniões de diversos autores.
O aconselhamento pastoral, principalmente na área conjugal, apresenta
demanda crescente, pois vivemos em uma sociedade hedonista, que só busca o seu
próprio prazer e satisfação, e apresenta um alto índice de sexualização, incentivando
a busca pelo parceiro ideal, gerando uma distorção no valor do casamento, e da
família, resultando em muitos casos no adultério.

1. CASAMENTO

Ao evocarmos o papel da família na sociedade, e ao trazê-la para o centro


da discussão, é necessário lembrar que o Criador é o idealizador da família.
Vejamos a abordagem de Cunha:
A narrativa bíblica nos mostra que a família é uma instituição divina e foi
criada com objetivos bem definidos por Deus: gerar, acolher, nutrir, cuidar, e
formar o homem para a vida, dando-lhe identidade e destino. Assim, a
família é a expressão do cuidado de Deus por propiciar ao ser humano o
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lugar devido para o seu desenvolvimento físico, emocional, mental e


espiritual. (CUNHA, 2017, p. 23)

São muitos os desafios que os casais enfrentam para perseverar no


propósito de sua existência, manter os relacionamentos dentro dos limites saudáveis
para a continuidade e sobrevivência da família.
Encontramos nas Escrituras Sagradas a definição sobre casamento, trata-se
de um relacionamento entre um homem e uma mulher. “Por essa razão, o homem
deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”. (NVI
Gn 2:24). Partindo do pressuposto, que o casamento é uma união entre um homem
e uma mulher, uma relação indissolúvel na visão bíblica, porque trata-se de uma
aliança, mas também não deixa de ser um contrato, celebrado entre as partes diante
de um juiz de paz, pessoa revestida de autoridade pelo Estado, e das testemunhas.
Trata-se de um ato civil diante da lei estabelecida pelo Estado de Direito.
Em seu artigo, Freitas faz uma abordagem interessante sobre o prisma
jurídico e suas implicações na relação do casamento entendido como um contrato:
Em certo sentido, casamento é um contrato. Há duas partes constituindo
uma sociedade. Cada qual recebe novos direitos e deveres mútuos. Como o
horizonte de tempo é amplo e a caminhada, incerta, riscos são inerentes.
Estipulações são estabelecidas a fim de conservar o acordo. Objetivos e
parâmetros de referência são negociados no decorrer do processo.
Cláusulas delimitam condições para o bom andamento da relação de
confiança proposta. A palavra fidelidade dita e escrita atesta o
compromisso. (FREITAS, 2017, p. 27).

A união de um homem e uma mulher dá início a um novo núcleo familiar,


isso é fundamental dentro de uma sociedade que visa a sua perpetuação ou mesmo
sua continuidade. Vejamos como Oliveira e Fleury colocam esse tema em seu artigo:
A família é concebida como a célula mater da sociedade, a unidade básica
e/ou grupo social primário de um povo, cultura, nação. O casamento,
tradicionalmente é compreendido ou visto dentro dessa estrutura básica
chamada família. Apesar de seus diferentes arranjos, configurações e
rituais, o casamento aparece como uma realidade social encontrada em
diferentes povos e culturas.​ (​OLIVEIRA; FLEURY, 2013, p. 3)

Apesar da concepção e compreensão sobre o casamento, algumas famílias


se deparam com o adultério. Para Friesen, a família encontra-se em um “intenso
bombardeio de valores ideológicos, éticos e morais”. Com isso, está em jogo a
própria sobrevivência da instituição, pois o pensamento pós-moderno está
influenciando as gerações atuais e as próximas gerações, com pensamentos
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relativistas, “Parece que a prescrição de como a família deve funcionar não é mais
suficiente para o funcionamento da mesma” (FRIESEN, 2004, p. 48). Por isso, no dia
a dia do aconselhamento pastoral, há uma grande demanda para ajudar,
acompanhar e cuidar de casais que passam por essa situação.

2. O ADULTÉRIO

O que outrora era rotulado como adultério, um ato repugnante não aceito
pela sociedade, quando da sua existência, ocorria de forma obscura, pois gerava
repulsa, rejeição e embaraço para os envolvidos. Atualmente passou a ser
socialmente aceito, tratado como um “caso”, envolto por uma “áurea” de liberação
das emoções. Um relacionamento extraconjugal, e “não” mais um pecado.
O adultério não é ​um fato novo, casos extraconjugais têm acontecido ao
longo da história da humanidade. Em todas as culturas conhecidas se
estabeleceram algumas limitações em relação às relações sexuais extraconjugais, e
alguns meios para punir essa violação, isso no passado. Nos dias atuais
praticamente não existe mais punição formal ou na forma da Lei.
No Brasil há um Projeto de lei em tramitação na Câmara Federal que coloca
no Código Civil a punição para quem descumprir a obrigação de fidelidade recíproca,
porém essa Lei está tramitando desde 2016, até a presente data não foi aprovada.
PROJETO DE LEI Nº 5.716, DE 2016 (Deputado Rômulo Gouveia) Acresce
dispositivo à Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código
Civil. Para dispor sobre reparação civil de dano em virtude de
descumprimento de dever de fidelidade recíproca no casamento, passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 927-A: “Art. 927-A. O cônjuge que pratica
conduta em evidente descumprimento do dever de fidelidade recíproca no
casamento responde pelo dano moral provocado ao outro cônjuge.”
(GOUVEIA, 2016, p. 1)

O adultério é um fato social, de pouca ou nenhuma relevância aos olhos da


Lei, porém com efeitos devastadores para as pessoas envolvidas e suas famílias.
Por isso, o aconselhamento pastoral tem demandas cada vez maiores,
principalmente na área conjugal, tendo em vista que os casais cristãos estão
enfrentando as mesmas dificuldades que outros casais não cristãos, também na
área sexual. Uma demanda crescente, uma necessidade cada vez mais gritante por
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mais conselheiros preparados, vocacionados para o aconselhamento e tratamento


de casais cristãos em situação de adultério.
É difícil obter informações estatísticas precisas sobre adultério, entretanto
observa-se um número crescente e alarmante de divórcios, à vista disso, o adultério
eventualmente é um dos motivos. Uma pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), dados da Pesquisa do Registro Civil, sobre
divórcio no país apresenta um crescimento de 160% em dez anos, em 2004 foi
registrado 130,5 mil divórcios, em 2014 esse número saltou para 341,1 mil divórcios.
(OLIVEIRA, 2015).
Algumas informações sobre um estudo feito em todo EUA pela Universidade
da Califórnia em São Francisco aponta que 14% das mulheres e 24% dos homens
casados já praticaram sexo fora do matrimônio, e acredita-se que esse número seja
muito mais elevado. Na década de 1980, pesquisas mostravam que, aos quarenta
anos de idade, de 50% a 65% dos homens e de 45% a 55% das mulheres haviam
tido pelo menos um caso extraconjugal. O adultério é um problema verdadeiro,
alarmante e crescente, que afeta direta ou indiretamente um grande número de
pessoas e acarreta sérias consequências sociais, morais, emocionais e espirituais.
(MEISNER; MEISNER, 2007, p. 55).
Diante desses dados, como ficar alheio a esse problema tão grave, que é
tratado com desprezo pela nossa sociedade em geral.
Estando inserido em uma sociedade hedonista, que só visa seu próprio
prazer, podemos perceber a dificuldade para a manutenção de relacionamentos
duráveis, pois há uma busca exacerbada pelo prazer, ao mesmo tempo em que não
se tem tempo para o desenvolvimento de relacionamentos duradouros. Diante desse
cenário, certamente é trágica a condição das relações humanas, e principalmente
dos relacionamentos familiares, e conjugais, como apontam Oliveira e Fleury:
Essa cultura da efemeridade e descartabilidade que atinge as relações de
um modo geral, inclusive os casais na contemporaneidade, revela o
paradoxo presente na cultura atual, em que as pessoas desejam
relacionamentos, se apegar a outra pessoa afetivamente, todavia com um
alto nível de flexibilidade, fluidez e fragilidades. (​OLIVEIRA; FLEURY, 2013,
p. 5)

No passado havia uma preocupação, com relação à exposição do adultério,


pois era reconhecida como uma coisa má para o casamento, para a família, e para a
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sociedade. Hoje, porém, é incentivado das mais diversas maneiras, com destaque
para as mídias. Quando pessoas famosas e influenciadoras, formadoras de opinião,
jogadores, esportistas, atores, jornalistas, cometem adultério são colocados em
destaque pelos sites, redes sociais e pelos telejornais, porém não mais como algo
ruim, mas como algo natural. Nas palavras de Petersen:
Um relacionamento, e não um pecado. O que outrora ficava por detrás dos
bastidores - um segredo bem guardado - está agora nas manchetes, é um
tema da TV, faz sucesso, é tão comum como um resfriado. Os casamentos
são “abertos”; os divórcios, “criativos”. A promiscuidade sexual nunca foi o
costume estabelecido em nenhuma sociedade humana, e, sim, sempre
considerada uma influência negativa sobre a família e a sociedade.
(PETERSEN, 1986, p. 13)

Muito embora haja “consciência” do mal causado pelo excesso de exposição


do sexo, estamos vivendo um momento em que há uma saturação em todos os
meios de comunicação, o sexo está em tudo, ele é tema das telenovelas, dos filmes,
das revistas, dos sites, das redes sociais, todos os dias acontece um verdadeiro
bombardeio com mensagens e insinuações sexuais.
A filosofia desses dias é o prazer como foco, como destaca Petersen (1986,
p. 13) os valores desses dias estão orientados e centralizados na pessoa, o
indivíduo é o centro do universo, tendo o prazer como seu único objetivo. A
fidelidade está fora de moda, os casos estão em voga: “se o casamento não está lhe
agradando, busque a satisfação com outra pessoa”, uma resposta egocêntrica para
sua necessidade sexual.
Essa filosofia do prazer imediato e a centralização na pessoa são sintomas
de uma sociedade em decadência, isso torna os relacionamentos frágeis, e
casamentos com pouca durabilidade, vejamos que outras situações têm contribuído
para que adultérios aconteçam.

2.1. Situações que podem contribuir para o adultério

Entre os autores pesquisados, alguns trazem testemunhos de casais que se


envolveram em relacionamento extraconjugal, outros trazem argumentações sobre
possíveis causas que levam os cônjuges ao adultério.
As situações que levam os casais ao adultério têm muitas variáveis, mas
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algumas são bastante similares, tem início através de situações comuns do dia a dia,
questões profissionais, outras pessoais, insatisfações, falta de intimidade, de
compreensão, de admiração, de diálogo entre os cônjuges, viagens de negócios,
cursos ou treinamentos profissionais; são algumas situações que contribuem para
casos de adultérios.
Outras situações que aprofundaremos mais, excesso de confiança, falta de
diálogo sobre sexo, conflitos não resolvidos, carência física e emocional,
distanciamento e esfriamento entre os cônjuges. É de suma importância analisar
cada situação, e possíveis contribuições para orientação no aconselhamento
pastoral, vejamos com mais detalhes cada uma delas.

2.1.1. Excesso de confiança

A confiança é um fator fundamental dentro do relacionamento conjugal,


porém o excesso de confiança entre as partes pode gerar situações com as quais o
casal pode não estar preparado para lidar, e pode haver reações inesperadas, ou
até mesmo, contrárias às suas convicções, por estar despreparado para lidar com
tais situações.
Quando as pessoas se sentem muito segura de si, por terem um casamento
muito bem ajustado onde a confiança é mútua, em alguns casos isso pode gerar um
sentimento de superioridade. Porém quando se trata da área sexual, sempre haverá
riscos. Vejamos o relato de Meisner sobre excesso de confiança:
Embora nunca tivesse declarado isso em voz alta, no íntimo, eu acreditava
que nosso casamento estava imune ao adultério. Que ingenuidade! E
quanta presunção! Foi exatamente essa minha atitude que abriu um
pouquinho a porta, que depois se escancarou quando eu menos esperava.
Eu deveria ter percebido a aproximação do perigo, mas não me dei conta. A
confiança em minha “imunidade” foi exatamente o que me deixou vulnerável
à essa “infecção”. O orgulho de ter um casamento “excepcional” me cegou
para a realidade. Então inevitavelmente aconteceu o que jamais imaginei
ser possível. Quase sem perceber, cometi o pecado do adultério.
(MEISNER; MEISNER, 2007, p. 24)

O excesso de confiança leva os casais a relaxarem nesta área, e isso se


torna um ponto de fragilidade dentro do relacionamento conjugal, embora o adultério
não ocorra em todos os relacionamentos em que essa confiança exista, há uma
probabilidade maior de que isso possa acontecer.
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Para Vasconcelos, (2009, p. 15) quando há excesso de confiança, o casal


elimina a possibilidade de cair em adultério, à tendência do casal será relaxar e não
cuidar desta área, por isso o casal naturalmente ficará mais exposto ao adultério,
correndo maior risco, do que um casal que não tem essa confiança excessiva, e
tomam mais cuidados em relação à possibilidade de ocorrer um adultério.
Um ponto importante que deve ser levado em consideração é a questão da
tentação. Todas as pessoas são tentadas o tempo todo. Como adverte Petersen
(1986, p. 77) em relação à tentação na área sexual: “É um fato inescapável da vida.
Enquanto um homem estiver vivo, será tentado. A tentação é como a poeira: cai
sobre todo mundo”.
A tentação sempre se apresenta como uma opção, mas cabe ao homem e à
mulher comprometidos com Deus, serem obedientes à Palavra de Deus como
recomendou o Apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios (NVI 1Co 6:18): “Fujam da
imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os
comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo.” A confiança
deve estar em Deus, o único que pode realmente sustentar e manter um
relacionamento conjugal em santidade. O ser humano depois da queda se tornou
pecador, por isso a capacidade para evitar esse pecado somente estando firmado
em Deus e na Sua Palavra. Outro ponto que abordaremos a seguir é a falta de
diálogo sobre sexo no casamento.

2.1.2. Falta de diálogo sobre sexo entre os cônjuges

Mesmo em pleno século XXI existem pessoas que têm dificuldades para
falar abertamente com seu cônjuge sobre sua sexualidade, e isso pode gerar uma
fragilidade dentro do relacionamento conjugal. A sociedade é altamente sexualizada,
todavia é de suma importância que o casal converse sobre esse tema,
principalmente sobre as expectativas que cada um tem em relação ao outro na área
sexual. Vasconcelos comentando sobre isso, diz:
Sexo não pode ser tabu, todo mundo faz, então para que tanto pudor ao
tratar de um assunto que deveria ser tão natural! Casais que não conversam
a respeito de sua vida sexual, que não expõem de maneira [...] aberta e
sincera seus pensamentos, desejos, preferências e dúvidas, acabam com a
cabeça “cheia de minhocas”. Uma das razões para tantos problemas nessa
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área é exatamente a falta de conversa sobre o assunto. (VASCONCELOS,


2009, p. 22-23).

A comunicação é fundamental em todos os relacionamentos humanos, e


dentro do relacionamento conjugal é de fundamental importância. Para que haja
unidade na vida sexual do casal é necessária uma verdadeira intimidade dentro do
casamento. Como nos ensinam Wheat e Wheat (1999, p. 125) “A comunicação
requer um amor que escute, bem como a disposição de ser vulnerável - de tentar
colocar em palavras aquilo que se está sentindo, e confiar essas palavras à
compreensão do companheiro”.
A manutenção do diálogo deve ser um alvo contínuo nas questões da
sexualidade do casal, para a manutenção de um relacionamento de intimidade e
principalmente para proteção do relacionamento conjugal. Deve-se falar sobre tudo,
desejos, preferências, limites, ter um canal totalmente aberto, o que poderá prevenir
frustrações e diminuir a tentação do adultério.

2.1.3. Conflitos não resolvidos

Conflitos não resolvidos tornam-se um cenário bastante propício para que


aconteçam situações de envolvimento sexual extraconjugal, independente quais
sejam as motivações. Os motivos podem ser os mais diversos, desentendimento na
educação dos filhos, desgaste na relação do casal, stress de um dos cônjuges,
excesso de trabalho, parentes opinando na vida do casal, falta de dinheiro, ou falta
de sexo, todos esses elementos são causadores de conflitos dentro do
relacionamento conjugal. Petersen faz referência a essa questão:
Os conflitos são inevitáveis. Na intimidade e constante convivência do
casamento eles não pode ser evitados. Cada pessoa tem a sua coleção
particular de idiossincrasias, trazidas da infância e de sua experiência. Os
seus hábitos são peculiares, ela se sente bem com eles. Agora, combine
duas coleções de temperamentos, personalidades e características
individuais, e veja a natureza teimosa e egoísta de cada cônjuge, e você
pode encontrar ainda mais um incêndio! (PETERSEN, 1986, p. 41)

O trabalho é um destruidor de relacionamento conjugal, muito embora seja


muito comum o discurso de que a família é mais importante, muitas vezes na prática
não funciona da mesma maneira. Muitos pais de família têm gasto seus dias em prol
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dos seus empregos, deixando de lado sua família, seus filhos e esposa. Vejamos um
relato de uma esposa e mãe apresentado por Petersen​:

As responsabilidades no trabalho cresceram, e o seu filho também, mas não


o seu casamento. Phyllis começou a sentir-se cada vez mais posta de lado,
ignorada. “Será que ele não percebe que não precisamos de mais dinheiro,
de mais coisas? Precisamos dele. [...] O trabalho, para ele é tudo, e tenho
medo do que isso significa para o nosso filho”. A solidão e o ressentimento
cresceram, levando mãe e filho a se voltarem contra o pai. “Um caso com
outro homem nunca entrara na minha cabeça”, contou Phyllis. “Esse homem
agradável estava em todos os jogos, e deu especial atenção a Brad e a
mim, visto que estávamos sozinhos. E, uma coisa levou a outra, como
dizem.” A esposa de Harold tornou-se amante de outro homem, porque
Harold tinha uma amante: o trabalho. (PETERSEN, 1986, p. 42, 43).

Relatos como esse têm se tornado comuns, infelizmente não acontece só


com os homens, muitas mulheres também têm sacrificado sua vida familiar, e o seu
relacionamento conjugal, em prol da carreira profissional, gerando assim muitos
conflitos e até adultérios.
Os casais precisam aprender a se respeitar e respeitar os limites do
relacionamento conjugal, e priorizar o que realmente tem valor eterno, precisam
resolver os seus conflitos, para que esses não venham destruí-los. Também é muito
importante para o bem do casal evitar a exibição da intimidade do relacionamento
conjugal para qualquer pessoa.

2.1.4. Exposição da intimidade do casal

Dentro do relacionamento existem necessidades físicas e emocionais (a


pessoa precisa ser entendida, cuidada, amada, ouvida, respeitada) que precisam ser
atendidas pelos cônjuges, quando essas carências não são atendidas, geram riscos
para o relacionamento conjugal. Quando um dos cônjuges compartilha sobre a
intimidade do casal, expondo as fragilidades e as necessidades não atendidas a
outros, correm riscos sérios. Vejamos a abordagem de Petersen sobre isso:
Meu parceiro não entende nem satisfaz as minhas necessidades”. “Todo
marido, toda mulher, sentiu isto em alguma ocasião, embora possa ser que
nunca o tivesse expressado audivelmente. Quando as necessidades não
são satisfeitas, está aberta a porta para a infidelidade - a outra pessoa que
satisfaça essas necessidades. (PETERSEN, 1986, p. 50)

Ao falar sobre a intimidade principalmente sobre problemas do casal, é


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necessário muito cuidado, pois o cônjuge que se dispõe abrir situações da


intimidade principalmente com pessoas do sexo oposto, sem ter certeza que a
pessoa realmente tem a capacidade para ajudá-la, poderá estar abrindo à guarda
para um futuro assédio por parte da outra pessoa. Vasconcellos têm uma posição
radical em relação a esse ponto:
Não fale do seu problema com quem não pode te ajudar! A lista dos
incapacitados para te ajudar é enorme. Muitas pessoas foram fracassadas
em seus relacionamentos, o que pode te levar a concluir, que se não deu
certo para elas, pode ser que suas experiências possam te ajudar. Sem
dúvida sempre há algo a aprender. E se formos espertos, podemos
aprender até com os erros dos outros, pois aprendemos como não
cometê-los. (VASCONCELLOS, 2009, p. 30).

A intimidade dentro do relacionamento conjugal deve ser conquistada


através e um relacionamento sincero, verdadeiro, onde a confiança se torna a base
sólida para o casal, Wheat e Wheat falam da necessidade de se estabelecer
confiança mútua para desenvolver intimidade:
Não se pode edificar quando se está tentando proteger ou defender a si
mesmo. Não se pode edificar a intimidade quando se teme expor as
próprias necessidades e fraquezas. Não se pode edificar a intimidade, a não
ser que se sinta mais seguro com o próprio cônjuge, tanto emocional quanto
fisicamente, do que com qualquer outra pessoa no mundo. (WHEAT;
WHEAT, 1999, p. 128).

Bons casamentos também sofrem se forem negligenciados, os cônjuges


precisam se esforçar para fazer a sua parte no relacionamento conjugal, gerando
assim segurança e confiança entre eles. Outra área de atenção que gera exposição
e fragilidade no relacionamento é o distanciamento e esfriamento no relacionamento,
como veremos.

2.1.5. Distanciamento e esfriamento no relacionamento conjugal

No decorrer dos anos os casais vão mudando, inclusive fisicamente,


algumas mudanças possuem impacto negativo na vida dos casais, fragilizando o
relacionamento conjugal. Há mudanças que podem gerar distanciamento ou mesmo
esfriamento no relacionamento do casal. Vejamos o que diz Vasconcellos:
Em primeiro lugar, quero citar as mudanças na área física. O que costumo
escutar como a grande justificativa da traição é a diminuição de desejo
sexual devido à essas mudanças físicas. São justificativas simples como:
esposa que se casaram morenas e se tornaram loiras; pessoas magras que
engordaram demais; maridos que eram atletas e ao longo dos anos viraram
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atletas de ver televisão! Parecem justificativas bobas e pequenas, mas


muitas fantasias sexuais estão atreladas a estes fatos e são a catapulta da
traição. (VASCONCELLOS, 2009, p. 56).

Outro fator muito comum que contribui para o esfriamento no relacionamento


conjugal são os filhos. Com a chegada dos filhos existe uma grande tendência,
principalmente por parte da mãe de canalizar suas energias para o cuidado do filho,
deixando o cônjuge de lado. De acordo com Petersen (1986, p. 72): “todo estudo de
satisfação conjugal mostra que há um declínio quando os filhos começam a nascer.
Quando chega o terceiro filho, a satisfação conjugal decresce drasticamente”.
Também pode ocorrer quando há discordância a respeito da criação dos filhos, em
relação à disciplina e instruções, por exemplo: um pai permissivo, outro autoritário.
Naturalmente, a questão dos filhos não é única, mas pode contribuir muito para o
esfriamento dentro do relacionamento. O autor Collins nos apresenta uma lista com
outros problemas conjugais que também podem gerar distanciamento e esfriamento
no relacionamento do casal:
a) Comunicação defeituosa.
b) Atitudes egocêntricas defensivas.
c) Tensão interpessoal devido a problemas com sexo, definição de papéis,
escolha da religião, adaptação única de valores, suprimento de
necessidades e expectativas e manejo do dinheiro.
d) Pressões externas advindas dos sogros, dos filhos, de amigos, de crises
imprevistas e das exigências profissionais.
e) Tédio e rotina na relação (COLLINS, apud FRIESEN, 2004, p. 148.)

Como podemos ver na lista acima, esses são alguns dos fatores que
influenciam a vida diária de muitos casais. Quando o afastamento acontece, ainda
convivendo dentro de uma mesma casa, tornam-se estranhos, conversam somente
sobre necessidades básicas do dia a dia. Quando chegam nesse estágio, deixa de
existir cumplicidade, respeito, cuidado, zelo pelo outro.
O esfriamento é uma morte lenta do casamento, mesmo que ainda estejam
casados, tornam-se frios e egoístas, buscam somente o interesse pessoal e não
mais o interesse comum do casamento. Esse cenário todo é uma porta aberta para
que casais construam relacionamentos com outras pessoas fora do casamento,
pavimentando situações que podem chegar ao adultério.
Mas, há esperança para os casais que querem restaurar seus casamentos,
no próximo ponto iremos abordar caminhos possíveis para a crise do adultério.
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3. CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A CRISE DO ADULTÉRIO

A descoberta de um caso extraconjugal gera muitas reações diferentes nos


cônjuges, surpresa, susto, incredulidade, espanto, raiva, ódio, choro, culpa, ira, e em
muitas situações essas reações são manifestadas de maneira que chocam seus
cônjuges. Petersen, comentando sobre isso diz o seguinte:
A suspeita e a descoberta de um caso extraconjugal pode ser uma
experiência emocional dolorosa. Emoções de surpresa, choque, ira, medo,
ódio e culpa vêm cascateando sobre você como as cataratas do Niágara.
Você fica confuso, e, em vez de as suas reações serem planejadas e
positivas, são improváveis e explosivas. (PETERSEN,1986, p. 113).

Outra reação bastante comum também é o desejo pela separação, no


momento da raiva, uma reação impulsiva e explosiva. Para Petersen (1986, p. 114),
nesse momento não se deve agir apressadamente: “Não se apresse a agir, mas,
pelo contrário, retire-se para refletir. Pense o que tudo realmente significa para o seu
cônjuge, bem como para você”. É um momento crucial para o relacionamento
conjugal, principalmente porque a tendência nesse momento é a acusação mútua,
um querendo culpar o outro pela situação, normalmente a acusação vem carregada
por ameaças e em alguns casos corre-se o risco em relação a integridade física,
principalmente quando a traição é da parte da esposa.
É importante não reagir pelo impulso e pela emoção em momentos como
esse. É fundamental poder contar com a ajuda de uma pessoa de confiança, para
tomar as primeiras decisões após a confissão do adultério. Meisner escreveu sobre
sua experiência:
Quando Audrey contou que havia me traído, foi como se eu tivesse levado
um soco no estômago. Minha primeira reação foi de incredulidade. Eu
pensei: “Não, isso não está acontecendo. Não ouvi direito. Entendi errado o
que ela falou. Ela não pode ter dito o que eu acho que disse”. Quando a
realidade me atingiu - quando entendi no fundo de meu ser que era verdade
- fiquei totalmente arrasado. Imediatamente foi como se o chão
desaparecesse debaixo de meus pés. [...] Quando somos feridos,
precisamos procurar ajuda e não solidão. Se fugirmos, corremos o risco de
perder tudo. (MEISNER; MEISNER, 2007, p. 37-38).

Quando o casal entende que precisa de ajuda para lidar com a situação, há
esperança, entretanto, é necessária muita disposição e persistência para que o casal
encontre o caminho da convergência novamente. Por isso, o aconselhamento
pastoral precisa saber como trabalhar diante das crises familiares e do cenário que
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as famílias estão vivenciando na atualidade. Harpprecht e Streck, trazem uma visão


ampla do aconselhamento sobre crises familiares, e como ajudá-las a mudar o
quadro e restaurar a convivência numa perspectiva mais sadia:
O objetivo do aconselhamento com famílias em crises é ajudar a família a
melhorar a comunicação entre os membros e superar bloqueios,
conscientizar-se da situação geral da família (as relações) e do problema
atual que a levou à crise e procurar a mudança nas relações atuais com a
perspectiva de uma convivência mais sadia.
O aconselhamento de famílias em crises é uma intervenção de curto prazo
cujo enfoque é o conflito atual. Ela pode ser acompanhada por um trabalho
de “enriquecimento matrimonial” ou de “ vida familiar” na comunidade e
motivar as famílias para a participação em tal programa. Pode motivar para
um processo de terapia familiar (ou de casal, ou individual). Como
intervenção em crise, entretanto, diferencia-se destas atividades.
(HARPPRECHT; STRECK, 1994, p. 194).

O caminho que deve ser buscado pelos casais envolvidos em uma situação
de adultério, é a restauração do relacionamento conjugal, muito embora essa não
seja a coisa mais fácil a ser feita, deve ser o objetivo dos cônjuges e seus
conselheiros. Vasconcellos (2009, p. 66) faz a seguinte observação sobre esse
ponto: “Devemos crer e lutar para que a separação seja a última decisão a ser
tomada por um casal. O processo da separação e seus prejuízos emocionais e
espirituais são incalculáveis, especialmente se existirem filhos no relacionamento”.
Um casal que chega a separação, não consegue mensurar o estrago psicológico
que causam em si, e em outros membros da família, principalmente quando tem
filhos.

3.1. Esperança para o casamento em crise

Há esperança para a reconstrução de um relacionamento quebrado, para


isso é necessário identificar as causas que levaram ao adultério dentro daquele
relacionamento, porque cada caso é um caso, e deve ser tratado como tal pelo
conselheiro cristão.
O principal compromisso que influenciará a reconstrução do casamento em
primeiro lugar é o compromisso com Deus, e em segundo lugar um compromisso
com o cônjuge traído. Vejamos o que disse Shriver:
Olharmos para Ele em busca de direção para agir, especialmente quando
nossas emoções se encontram em um turbilhão “[...]” Comprometa-se em
fazer todo o possível para estabelecer um ambiente para a cura.
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Comprometa-se em ser honesto deste ponto em diante. (SHRIVER;


SHRIVER, 2005, p. 45, 48).

Quando o casal toma a decisão de restauração, precisam ter consciência


que enfrentarão muitos desafios pela frente; (Shriver; Shriver, 2005, p. 45),
comentando sobre isso diz: “No caso de recuperação do adultério, é primeiramente
uma decisão de fazer tudo que estiver dentro das suas possibilidades para curar o
seu casamento”, todo esforço deve ser canalizado para que a restauração aconteça.
O cônjuge traído precisará recuperar a confiança no outro, para isso, a parte
que se envolveu no adultério tem que pagar o preço para reconquistar, e restaurar
seu relacionamento conjugal, o casal precisa estabelecer regras de convivência, e
na maioria dos casos tem que haver mudanças de hábitos, e da rotina do casal,
consideremos (Shriver; Shriver, 2005, p. 47): “A realidade é que o casamento
precisa mudar, ou você não estaria na situação que está, e a única pessoa que você
pode mudar é a si mesmo”, quando esse processo é acompanhado por um
conselheiro cristão capacitado para tal tarefa, facilitará muito a mediação dos
conflitos que virão, apoiando-os através do aconselhamento e também
espiritualmente, para que o processo da restauração seja completado.
Em Deus há esperança para o casamento em crise, mas é necessário que
haja perdão para que a cura seja completa.

3.2. É preciso perdoar para continuar

O perdão é essencial, nem sempre fácil de recebê-lo, porém é necessário e


precisa ser buscado, ainda que leve tempo. Sem o perdão não haverá cura
completa, portanto em algum momento da história do casal a dor pode voltar a
atormentar e até destruir o relacionamento conjugal. Dentro da busca pela
reconstrução do casamento, a presença do Espírito Santo de Deus é fundamental.
Em um casamento onde o casal não tem um compromisso firmado com
Deus, é mais difícil encontrar a cura completa, porque perdoar é uma decisão que
custa, a pessoa precisa abrir mão do seu direito de cobrar a dívida do outro. Quem
perdoa precisa liberar o outro da ofensa. Mas, quem já recebeu o perdão divino sabe
o que é ser perdoado. Ao receber o perdão de Deus experimenta-se a cura da alma.
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Vejamos o que Petersen escreve sobre esse tópico:


Perdoar é abrir mão dos sentimentos de vítima, e isso não é fácil. O nosso
ódio próprio muitas vezes está no alicerce de nossa incapacidade de
perdoar; por não conseguirmos aceitar as nossas características humanas,
não temos a capacidade de aceitar o nosso cônjuge, que falhou. A nossa
incapacidade de aceitar o amor limita a nossa capacidade de dá-lo. Sempre
julgamos os outros da maneira como nos julgamos a nós mesmos.
(PETERSEN, 1986, p. 113)

Perdoar não implica em esquecer, porque é humanamente impossível,


porém é um imperativo para restauração e cura do relacionamento. Para oferecer
perdão é necessário olhar para a cruz e perceber o tamanho do perdão que foi
recebido de Deus através da morte de Cristo na cruz do calvário. (NVI Jo 3:16)
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o
que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Para Anderson:
Na cruz, Jesus me libertou e me deixou livre. Quando perdoo conforme o
Senhor me perdoou, libertou outras pessoas libero-as para a sabedoria e o
julgamento de Deus. Desisto de qualquer tentativa de me vingar ou de
acertar as contas. Deixo a vingança nas mãos de Deus. (ANDERSEN, 1996,
p. 251)

Para a restauração do relacionamento conjugal na grande maioria dos


casos, é necessário uma longa jornada, e principalmente o desejo do casal em se
submeter a vontade de Deus, e aceitar o aconselhamento pastoral que irá ajudá-los
em todo o processo de cura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No dia a dia do aconselhamento pastoral, há uma grande demanda para o


tratamento de casais que passam pela crise e sofrimento do adultério.
O tema do adultério é de grande relevância no aconselhamento pastoral,
pois, embora seja um pecado socialmente aceito, é pecado, e tem gerado muita dor
e sofrimento para muitos casais que passam por essa situação. Aos olhos da Lei do
homem praticamente não têm punição, porém, gera efeitos psicológicos
devastadores para o casal envolvido e sua família, quando têm filhos o sofrimento
aumenta ainda mais.
Na Bíblia encontramos muitas instruções dadas pelo Senhor contra o
adultério, bem como, muito embasamento bíblico para que o aconselhamento
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pastoral aconteça, e os casais sejam fortalecidos e instruídos na restauração do


casamento, mesmo passando pela situação de adultério.
Os autores pesquisados tiveram a oportunidade de conviver com muitos
casais que passaram pela crise do adultério, e com isso testemunharam a
restauração de muitos casamentos, conforme os relatos na literatura pesquisada.
Isso vem reforçar a importância do trabalho do conselheiro bíblico no apoio e
cuidado dos casais, para que atravessem e superem a crise do adultério.
É possível sim, restaurar um casamento, quando os cônjuges buscam apoio
e aliam isso ao aconselhamento bíblico. Quando se busca um conselheiro, é
fundamental que ele esteja preparado para dar o suporte ao casal, para que a
transformação e as mudanças necessárias aconteçam no relacionamento conjugal.
É possível um conselheiro cristão contribuir para a restauração de um
relacionamento conjugal, apoiando e aconselhando o casal. Entretanto, o casal
precisa escolher experimentar o perdão dentro do seu relacionamento conjugal, e
recomeçar com a ajuda de Deus. Os relatos e a história nos mostram muitos casais,
que passaram pela dor do adultério, e experimentaram a restauração. Isso traz
esperança para os casais que estão vivendo essa situação em seu relacionamento
conjugal.

REFERÊNCIAS

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em crise X casamentos em Cristo. São Paulo: Abba Press, 1996.

BÍBLIA​. ​Português.​ ​ ​Nova Versão Internacional​. São Paulo: Editora Vida, 2003.

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Janeiro: Central Gospel, 2017.

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Editora Vida, 1997.

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Viçosa​ ​MG. Ano L - n. 365; p.27. Mai-Jun. 2017.

FRIESEN, Albert. ​Cuidando do Casamento​: Para conselheiros e casais. Curitiba:


Editora Esperança, 2004.
18

GOUVEIA, Rômulo. Ementa Acresce dispositivo à Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de


2002, que institui o Código Civil. Publicada em 27/07/2016. Disponível em:
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62​>. Acesso em: 12/10/2017.

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<https://pt.scribd.com/document/275342855/Aconselhamento-Pastoral-da-Familia-u
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Reconstruindo o fundamento bíblico. Tradução de Susana Klassen. São Paulo: Vida
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MEISNER, Bob; MEISNER, Audrey. ​Casamento Debaixo de Proteção​:


Florescendo em meio a uma cultura de desespero silencioso. Tradução de Cláudia
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PETERSEN, J. Allan. ​O Mito da Grama Mais Verde​: Infidelidade conjugal - causas,


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esperança e cura para casamentos feridos. Tradução de Maria Lucia Godde Cortez.
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para casais e famílias. Brasília: DF, Ministério Família de Sucesso, 2009.

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