Escala de Assertividade Rathus - Ras - Adaptação Brasileira
Escala de Assertividade Rathus - Ras - Adaptação Brasileira
Escala de Assertividade Rathus - Ras - Adaptação Brasileira
ADAPTAÇÃO BRASILEIRA*
Conceituação
Fatores Relevantes
Vários fatores podem afetar o comportamento assertivo, tais como sexo, valo-
res da sociedade, valores pessoais e momento situacional.
Sexo
Fatores Situacionais
Esta variável tem se mostrado muito influente na avaliação que as pessoas fa-
zem do comportamento assertivo. Embora brancos e pretos avaliem mais positiva-
mente uma assertividade tipo simpática sobre uma mais formal ou agressiva, os
brancos fazem esta distinção quando o assertivo é um branco e não quando é um
preto, ao passo que os pretos fazem o contrário (Hrop & Rakos, 1985).
Traços de Personalidade
Medida da Assertividade
Medidas Verbais
Medidas Fisiológicas
Estas medidas são ainda menos utilizadas. Há, apenas, o estudo de McFall e
Marston (1970) que usou a pulsação como indicador e o de Borkovec, Stone, O'Brien
e Kaloupek (1974) para identificar nfveis de ansiedade após role-playing.
A conclusão que se impõe é a de que os instrumentos e técnicas de medida da
assertividade existentes ainda deixam muito a desejar.
Construção da RAS
A RAS foi originalmente criada nos Estados Unidos por S. A. Rathus (1973).
Ela é composta por 30 itens objetivos e fechados que descrevem comportamentos
em relação a situações do cotidiano, diante das quais os sujeitos empregam um códi-
go para dizer o grau de intensidade de sua reação diante destas mesmas situações.
Alguns dos itens da escala basearam-se nas situações de Wolpe (1980) e Wol-
pe e Lazarus (1966), outros nos itens das escalas de Allport (1928) e Guilford e Zim-
merman (1956). Os demais foram sugeridos pelas situações registradas por alunos
em sala de aula, nas quais eles descreviam determinados comportamentos que gos-
tariam de manifestar, mas não o faziam com receio de conseqüências sociais avèrsi-
vas.
Precisão
Validade
Tradução
Validação
Dado que a RAS original foi construída para avaliar uma única dimensão (a as-
sertividade), o processo de validação de sua forma adaptada sugeria a verificação
desta hipótese através da determinação da estrutura conceituai do instrumento. Por-
tanto, dever-se-ia procurar estabelecer uma validade de construto para o mesmo.
SEXO
Masculino 131 43,4
Feminino 171 56,6
IDADE
12-15 30 9,9
16-20 182 60,3
21-25 65 21,5
26- + 24 7,9
Sem resposta 1 0,3
Média 19 anos
ESCOLARIDADE
1°Grau 8 2,6
2°Grau 145 48,0
Superior 141 46,8
Pós-graduação 8 2,6
ESTADO CIVIL
Solteiro 278 92,1
Casado 21 7,0
Outros 3 1,0
TRABALHA
Sim 115 38,1
Não 185 61,2
Sem resposta 2 0,7
Análises Estatísticas
Para a consecução dos objetivos pareceu importante submeter os dados cole-
tados a uma análise fatorial a fim de verificar a estrutura interna do inventário. As aná-
lises fatorias efetuadas foram o ML (Maximum Likelyhood) e Alpha, com rotação Va-
rimax.
RESULTADOS
Aspectos Técnicos: Validade e Precisão
As análises fatoriais ML e Alpha produziram resultados basicamente idênticos.
Optou-se pela análise Alpha por melhor corresponder à natureza do teste, no sentido
de considerar os 30 itens do inventário como uma amostra dos itens possfveis para
avaliar o construto assertividade.
A Tabela 2 apresenta os resultados da análise Alpha, onde estão assinaladas
as cargas consideradas relevantes, isto é, carga igual ou maior que ± 0,30, nos três
primeiros fatores, bem como os eigenvalues, a percentagem da variância total expli-
cada por cada um deles e o Alpha de Cronbach.
A análise dos eigenvalues, do spree (a representação gráfica dos eigenvalues)
e do tamanho das cargas fatoriais mostraram que, do quarto em diante, os fatores se
apresentaram irrelevantes dado que os eigenvalues se situavam abaixo de 1,5 e que
no máximo três itens satisfaziam o critério de carga fatorial 0,30 e nenhum item che-
gou sequer à carga fatorial de 0,40.
Os resultados da análise fatorial (vide Figura 1) demonstraram a presença de
um grande fator e de dois fatores menores. O grande fator, composto de 20 itens, que
é bipolar, revela, no seu pólo positivo, o receio que a pessoa tem de enfrentar intera-
ções sociais, onde ela se sentiria constrangida em fazer perguntas, negar pedidos ou
simplesmente tomar iniciativa na interação. O fator pode ser denominado de inibição
versus desinibição. Os outros dois fatores, um insistindo mais sobre o aspecto de
auto-defesa (defesa do ego) e o outro enfatizando a preocupação em evitar brigas ou
desentendimentos com as demais pessoas, aparecem com poucos itens e com car-
gas fatoriais fracas para se firmarem como fatores definitivos no contexto da RAS.
Valor
Fatores
Figura 1 - Distribuição dos eigenvalues da análise fatorial alpha
20-30 25 74 56
31 26 75- 76 57
32 27 77 58
33-35 28 78- 79 59
36 30 80 60
37 31 81- 82 61
38-39 32 83 62
40-41 33 84- 85 63
42-43 34 86 64
44 35 87- 88 65
45 36 89 66
46-47 37 90- 91 67
48 38 92 68
49-50 39 93- 94 69
51 40 95- 96 70
52 41 97 71
53-54 42 98- 99 72
55 43 100- 101 73
56-57 44 102- 107 75
58 45 108- 109 79
59-60 46 110- 111 80
61 47 112- 113 82
62-63 48 114 83
64 49 115- 116 84
65-66 50 117- 118 85
67 51 119 86
68-69 52 120 87
70 53
71-72 54 Média = 50
73 55 Desvio Padrão = 10
Normas Preliminares
Com os dados dos 302 sujeitos foi possível desenvolver normas provisórias pa-
ra a interpretação clínica dos escores brutos (ver Tabela 3*). Tais normas estão apre-
sentadas em termos de escore/, com média de 50 e desvio padrão 10.
As normas são únicas, dado que as variáveis biográficas (sexo, idade, nível es-
colar e estado civil) não apresentaram nenhuma diferença significativa entre seus vá-
rios níveis. É possível que a não diferença nos escores de assertividade dos grupos
representados neste estudo seja devida às especificidades e relativa homogeneidade
da amostra. Evidentemente, a normatização definitiva da escala exige amostras mais
abrangentes.
REFERÊNCIAS
Alberti, R. E., & Emmons, M. L. (1974). You're perfect right: A guide to assertive
behavior. San Luis Obispo, California: Impact.
Allport, G. (1928).4-S reaction study. Boston: Houghton-Mifflin.
Bates, H. D., & Zimmerman, S. F. (1971). Toward the development of a screening
scale for assertive training. Psychological Reports, 28, 99-107.
Borkovec, T. D., Stone, N. M., O'Brien, G. “., & Kaloupek, D. G. (1974). Evaluation of
a clinically relevant target behavior for analog outcome research. Behavior
Therapy, 5, 503-513.
Broverman, I. K., Broverman, D. M., Clarkson, F. E., Rosenkrantz, P. S., & Vogel, S.
R. (1970). Sex-role stereotypes and clinical judgments of mental health. Journal of
Consulting and Clinical Psychology, 34, 1-7.
Cattell, R. B. (1965). The scientific analysis of personality. Baltimore: Penguin Books.
Delamater, R. J., & McNamara, J. R. (1985). Perceptions of assertiveness by high -
and low-assertive female college students. The Journal of Psychology, 779(6),
581-586.
Eisler, R. M., Hersen, M., Miller, P. M., & Blanchard, E. B. (1975). Situational
determinants of assertive behaviors. Journal of Consulting and Clinical
Psychology, 43, 330-340.
Eisler, R. M., Miller, P. M., & Hersen, M. (1973). Components of assertive behavior.
* Na página anterior.
Recebido em 19/9/90.
ANEXO I
ESCALA DE ASSERTIVIDADE RATHUS - RAS
01. A maioria das pessoas parece ser mais agressiva e assertiva do que eu.
02. Eu tenho hesitado em marcar ou aceitar encontros por causa de minha "timidez".
03. Quando a comida servida em um restaurante não é do meu agrado, eu reclamo
ao garçon ou garçonete.
04. Eu tomo cuidado para evitar magoar os sentimentos das pessoas, mesmo quan-
do sinto que fui ofendido.
05. Se um vendedor faz grande esforço para me mostrar mercadoria que não é exa-
tamente o que eu queria, tenho dificuldade em dizer "Não".
06. Quando me pedem para fazer alguma coisa, eu insisto em saber o por quê.
07. Existem momentos em que gosto de uma boa "briguinha".
08. Eu procuro progredir na vida tanto quanto a maioria das pessoas em minha posi-
ção profissional.
09. Para dizer a verdade, as pessoas freqüentemente tiram vantagem de mim.
10 Gosto de iniciar conversa com pessoas que acabo de conhecer e com estranhos.
11. Freqüentemente não sei o que dizer a pessoas atraentes do sexo oposto.
12. Eu hesitaria em fazer chamadas telefônicas para estabelecimentos comerciais
e instituições.
13. Eu prefiriria escrever uma carta para pedir emprego ou admissão em uma institui-
ção do que submeter-se a uma entrevista cara-a-cara.
14. Eu acho embaraçoso devolver mercadorias defeituosas.
15. Se um parente próximo e respeitado estiver me aborrecendo, prefiro abafar meus
sentimentos do que expressar meu aborrecimento.
16. Tenho evitado fazer perguntas por receio de parecer ignorante (burro).
17. Às vezes, durante uma discussão, tenho receio de ficar tão aborrecido (transtor-
nado) e começar a tremer todo.
18. Se um conferencista famoso e respeitado faz uma declaração que penso estar
incorreta, farei com que meu ponto de vista seja igualmente ouvido.
19. Eu evito discutir preços com balconistas e vendedores.
20. Quando faço alguma coisa importante ou que vale a pena, eu dou um jeito para
que as outras pessoas fiquem sabendo.
2 1 . Sou aberto e franco sobre os meus sentimentos.
22. Se alguém vem espalhando estórias falsas a meu respeito, eu o procuro o mais
rápido possível para termos uma conversa sobre o assunto.