@ligaliteraria Alessa - L. Mazzon
@ligaliteraria Alessa - L. Mazzon
@ligaliteraria Alessa - L. Mazzon
Não que meus irmãos aprovem isso; muito pelo contrário. Eles sequer
sabiam que eu estava aqui. Para eles, eu estou deitada em minha cama, no
meu quarto no campus, sonhando com os anjinhos.
E claro nãao que eles não saberão amanhã; porque, sim, eles vão. A
quantidade de câmeras que eu precisei encarar lá fora para entrar aqui
significa que logo pela manhã, eles estarão na porta do meu quarto,
colocando ela abaixo, e me arrastando de volta para casa de Hetor.
Típico dos homens Lazzari.
Eu me estico, na ponta dos pés e vejo a cabeça, inconfundível, de
Dave no meio de outras cabeças desconhecidas. — Logo ali! — Eu indico
para Brid.
Ela localiza quando eu aponto, acena com a cabeça e nos leva até lá.
Eu vejo Simon e Andrew encostados em uma mesa suspensa por um
par de pés de cristais, bebericando suas bebidas, enquanto observam
atentamente as mulheres dançando próximas a eles. Eu me viro para sorrir
para Dave, mas então eu congelo o sorriso na metade e pisco algumas vezes
para ter certeza que a bebida não está tendo seu efeito sobre mim, ainda.
Oh.
Nada além de um simples "Oh" e um passar de mãos pelo cabelo.
— Você enlouqueceu? — Brid gritou pra ele, batendo as mãos em seu
peito. Brid tem seus 1,59 de altura, enquanto Dave tem 1,81, então ela está
fazendo um esforço para lhe empurrar. — Está traindo ela, bem na cara dela,
com uma vadia qualquer?
A menina asiática soltou uma exclamação ofendida e Dave segurou os
pulsos de Brid, impedindo-a de continuar a bater em seu peito. — Pare com
isso! — ele pede, com uma cara feia. — Não foi nenhum bicho de sete
cabeças, eu apenas...
Eu não esperei para ouvir a sua desculpa fodida dessa vez. Eu já tinha
ouvido antes; duas malditas vezes. Eu tinha um copo cheio em minhas mãos,
então eu usei isso. Com um impulso, eu o joguei com tudo em Dave. Eu
mirei na cabeça, mas estava um pouco tonta, então, acertei o ombro.
Ele lamentou e segurou o ombro, sua expressão se tornou dolorosa e,
por um milésimo de segundos, eu me senti vitoriosa.
E Ethan.
Ethan que está sentado em uma das poltronas de relaxamento, vestido
todo de preto, causando um contraste gritante com o ambiente claro,
enquanto tem sua atenção em um MacBook.
Eu cruzo os braços sobre o peito e estreito meus olhos em sua direção
quando eu peço, — Pode me explicar porque estou dentro de um avião em
movimento? E com você?
Ele levanta a cabeça e seus olhos encontram os meus. Ele não
responde minha pergunta; ele acena para a poltrona de frente a sua e aperta
um botão no braço da sua própria poltrona. — Sente-se, vamos pousar em
poucos instantes. Vou pedir um comprimido e um suco para você.
Eu não me sento; eu permaneço em meu lugar e aperto mais os braços
envolta do meu peito. — Pousar aonde? — eu exijo. — Você ficou maluco,
Ethan? Isso é sequestro.
Uma ruiva, magra e alta, com belos olhos verdes, sai da cabine do
piloto e desfila com suas pernas longas, dentro de seu uniforme de aeromoça.
Ela para ao lado de Ethan, suas mãos unidas em frente ao seu estômago,
enquanto ela parece esperar por ele.
Ethan fecha seu computador e lhe entrega. — Rachel, traga um
comprimido para ressaca e um suco de laranja para a senhorita Lazzari, por
favor. — ele pede, e ela sorri tão abertamente, que eu acredito ser capaz de
contar todos os seus dentes agora.
— Limão. Eu prefiro uma limonada, por favor. — eu explico quando
ambos olham em minha direção, com suas expressões confusas.
Rachel sorri levemente – sem a mesma empolgação que fez com seu
patrão – e pede licença para ir buscar o que lhe foi pedido.
— Sente-se, Alessa. — a voz de comando de Ethan me lembra da voz
que meus irmãos usam quando eles se acham no direito de mandar na minha
vida, e isso faz me lembrar deles. Se eles sabem onde estou, com quem estou
e como estou.
Eles devem estar tão loucos comigo agora. Todos os três, incluindo
Hetor, devem estar querendo me esfolar viva. Eles têm essa coisa de ser
superprotetores, e quando se trata de sua irmã mais nova – e por algum
motivo, para eles, muito imatura e indefesa – a coisa é ainda pior.
Não que eu reclame disso. Eles são os melhores e mais loucos irmãos
que uma menina poderia ter e eu me sinto protegida com eles. Mas, eles
também são como um pesadelo sufocante, às vezes.
"Alessa, fique longe das boates!"
"Less, você não pode sair tão tarde!"
"Eu juro que vou quebrar o focinho do cara que tocar em você!"
Esse último foi dito pelo Giovanni, meu segundo irmão mais velho – e
o mais explosivo de todos.
Sento-me na poltrona em que Ethan indicou e prendo o cinto em
minha cintura. Eu olho para o melhor amigo dos meus três irmãos, e refaço a
minha pergunta, com meu tom de voz um pouco mais baixo e inseguro, —
Onde estamos indo?
— Rio de Janeiro. — ele diz. Ele reforça o seu próprio cinto, seu olhar
preocupado me analisando na distância, quando ele alivia meus medos. —
Seus irmãos sabem que está comigo, Alessa. Respire.
Eu respiro. Eu solto o ar que estava preso em minha garganta, mas eu
sei dizer, pelo olhar em seus olhos, que meus irmãos podem até saber onde e
com quem estou, mas eles não estão nada felizes. Eu resolvo deixar isso pra
mais tarde, e foco no fato de estar dentro de um avião, viajando para um país
em que nunca estive antes.
— Por que você está me levando para o Rio?
— Eu estava na Four Seasons também quando Enzo me ligou,
pedindo para que eu procurasse por você. Não foi uma coisa difícil, uma vez
que eu estava na parte de cima. Eu achei você, e eu peguei você, mas eu tinha
uma hora marcada para chegar ao aeroporto, então, eu deixei Enzo sabendo
que traria você comigo.
— Você poderia ter pedido para alguém me levar para o dormitório.
— eu digo. Eu estava metade satisfeita por ele ter me trazido junto, e de não
precisar encarar meus irmãos amanhã, e a outra metade estava nervosa,
porque quanto mais eu prolongar isso, piores serão seus discursos.
Ele meio que ri. — Você estava bêbada e desmaiada, Less. Eu poderia
pedir para alguém fazer isso por mim, mas então, eu teria que encarar seus
irmãos por ter feito isso, quando estivesse de volta.
Rachel voltou com um copo cheio de limonada e um comprimido para
minha ressaca. Eu engoli o comprimido com um gole do meu suco e olhei
para fora da janela ao meu lado.
Eu ainda podia sentir meu peito dolorido com a traição. Dave já havia
me traído antes, mas eu nunca tinha presenciado. Fiquei sabendo apenas por
fofocas pela faculdade, as duas vezes que aconteceu, ele conseguiu me
convencer de que eram mentiras; Que as pessoas só queriam nos ver
separados, e eu aceitava sua versão.
Lá no fundo, eu não acreditava, eu podia ver nos seus olhos que ele
estava mentindo, mas algo idiota e apaixonado dentro de mim me fazia
aceitar.
Dave era o cara mais lindo do Campus e ele teve seus olhos sobre mim
desde o início, e eu me apaixonei por ele, como qualquer outra garota, em
toda a faculdade, fez. Seu sorriso era perfeito, composto por dentes muito
brancos e corretos e duas covinhas super atraentes; Seu corpo era de um
típico jogador de futebol americano, com ambos os braços cobertos por
inúmeras tatuagens, que eu nunca consegui contar quantas. Ele era o típico
bad boy, que atrai as mocinhas para perto.
Sabe esses que aparecem em filmes de colegiais, que tem escrito
"Muito problema" em neon em sua testa, em seu olhar, em seu sorriso, em
seu andar, em tudo nele.
De certa forma, ele era bom para mim; Ele estava sempre de mãos
dadas comigo, me perguntando como eu estava, se eu precisava de alguma
coisa. Ele tina ataques de ciúmes sempre que algum outro cara chegava perto
de mim. E ele é, definitivamente, muito bom na cama.
— Basta uma palavra sua e amanhã, aquele cara estará sem o pau.
Eu serpenteio minha cabeça para encontrar os olhos de Ethan, e há
algo muito ruim brilhando neles.
Ele parece estar com raiva, suas mandíbulas estão contraídas,
enquanto ele espera por uma resposta minha. Ele é amigo da minha família há
anos, e é óbvio que ele ficaria com raiva do que ele deve ter visto lá na Four.
Eu balanço a cabeça de leve, sentindo meus olhos arderem de novo e
olho para minha limonada em minhas mãos. — Não vale a pena. Não duraria
muito mais, de todo modo.
— Por que não duraria?
— Porque estou de partida em breve. Estou indo passar dois anos na
Alemanha para me especializar.
Eu tomei mais um gole, e olho para minhas mãos por um tempo. E
quando Ethan não diz mais nada, eu olho de volta para fora, e assisto as
nuvens passando pela janela, como uma quantidade imensa de fumaça.
♡
Ethan tinha a suíte presidencial em um hotel de frente para a praia de
Copacabana em seu nome.
Um carro alugado nos trouxe até ele e em todo caminho, eu estive
apenas admirando a cidade. Rio de Janeiro fazia parte da minha lista de
cidades para visitar um dia, quando eu tivesse o direito de viajar sozinha, sem
que nenhuns dos meus irmãos tivessem um ataque cardíaco. Ethan não falou
mais nada, e eu também não.
Principalmente de uma italiana como eu, que viveu a vida inteira sob a
neve e o frio.
Na Itália, minha pele chegava a ser pálida. Transparente, como fui
chamada por algumas pessoas quando cheguei a Los Angeles.
— Less. — Ethan chama, e eu me viro para vê-lo na entrada da
varanda. Ele sorri, notando que me pegou distraída e ergue uma sobrancelha.
— Eu perguntei se estava tudo bem se eu pedir algo típico do país.
Eu sorri e concordei com a cabeça, fazendo apenas o som de um breve
"huhum" antes de voltar a olhar a praia.
♡
Ele desce seu garfo para baixo e deixa em seu prato. — Minha mãe é
brasileira, então, eu sempre comi essas coisas. — ele explica.
— Sua mãe é daqui do Rio?
— Não, — ele balança a cabeça, de um lado para o outro. — do
Nordeste do país.
— Oh.
Eu volto a comer, sentindo os olhos de Ethan ainda sobre mim, mas eu
não ligo muito para isso quando eu tenho um prato de comida bem generoso
à minha mercê. Quando eu termino de comer, eu afasto o prato e suspiro
olhando para a piscina enorme que tem na varanda, imaginando se eu tivesse
trazido algum biquíni.
— Há uma loja lá em baixo. Por que você não vai lá e compra alguma
coisa pra vestir e alguns biquínis? — Ethan sugere quando ele termina seu
almoço.
Eu sorrio ironicamente, inclinando-me para trás no encosto da cadeira.
— Eu faria, se você tivesse passado no meu quarto para que eu pudesse pegar
minha bolsa.
Ele não era fio dental, mas na minha bunda chegava bem próximo a
isso.
Mas então, eu estava recomeçando. Eu acabei de ser traída, e
provavelmente, me esconder é o que Dave e sua versão feminina de Jack
Chan querem que eu faça; E eu não vou. A partir de hoje, eu estou me
mostrando para mim e para o mundo.
No jantar, eu estava mais sóbria após meu banho gelado. Meu rosto ainda
estava quente quando sentei-me à mesa da varanda, de frente para Ethan, e eu
me senti como um pimentão toda a refeição.
Quando acabamos, Ethan serviu duas taças de vinho e, antes de me
passar uma, ele avisou, — Apenas essa. Não quero que seus irmãos pense
que eu estou embebedando a irmãzinha deles. — com um tom divertido. O
tom que eu praticamente o ouvia usar todos os dias, antes de tudo acontecer.
— Legal.
Quando eu saí do banho, eu não sequei meu cabelo; apenas o puxei
todo pra cima e dei um nó no alto da cabeça, e agora, havia várias mechas se
soltando e uma delas, estava bem no meio da minha cara. Eu pego ela e
coloco por trás da minha orelha, logo fazendo o mesmo com as outras
rebeldes. Eu olho para além da cerca da varanda e eu sou capaz de ouvir as
ondas do mar batendo. O cheiro maravilhoso do oceano chegando até aqui e
o vento me atingindo com força total.
Meu pescoço queima e quando eu me viro, eu vejo que Ethan estava
encarando esse ponto. Eu olho de volta pra ele, meu cenho franzido porque,
do nada, eu me lembro da primeira vez que nos vimos e como eu me
"apaixonei" pelo melhor amigo dos meus irmãos...
*
Eu espero – sem muita paciência – enquanto Rosalinda termina de
pentear meus cabelos. Eu odeio quando ela os alisa demais. Parece que faz
de propósito.
Estou tão ansiosa para descer e ver meus irmãos. Eles finalmente
vieram para Itália e estão aqui para me ver.
Mas então, dessa vez, havia outra e logo meus olhos estavam
varrendo a sala até encontrar um homem de pé, atrás de um sofá. Eu não o
tinha visto antes e per l'amor di Dio! Eu gostaria de ter visto antes.
Ele é apenas o cara mais lindo que eu já vi, tirando meus irmãos. Ele
é alto como o Giovanni e tem cabelos louros queimados, e seus olhos são
azuis como os meus; mas, ao contrário dos meus, os seus é de um azul
cristalino. Os mais lindos olhos azuis que eu já vi. Ele deve ter a idade do
Lucca, uns 20 anos.
Eu só tenho onze anos, e eu estou com um vestido que alcança meus
joelhos e é de uma estampa florida que lembra muito a primavera aqui na
Itália. Eu pareço apenas como uma menininha. Eu não gosto da minha idade
agora, tampouco da minha roupa.
Ethan.
Eu simplesmente amo seu nome, apenas porque é dele.
— Você é mesmo muito bonita Less. — Ele diz, sorrindo.
Less. Ele foi e me deu um apelido.
Eu nunca tive um apelido. E eu nunca vou deixar outra pessoa me
chamar por esse apelido agora.
Eu amo meu apelido, apenas porque ele me deu.
Eu acabo de colocar meus olhos no primeiro amor da minha vida. E
ele me acha linda.
*
Eu rio, em seguida, tomo um gole do meu vinho para abafar. Eu não
acredito que eu passei toda minha adolescência com um crush muito forte em
Ethan.
— O que? — Ele pergunta, me olhando com uma sobrancelha erguida
em curiosidade.
Eu assisto enquanto ele enche sua taça novamente e balanço a cabeça.
— Só uma lembrança que me veio agora.
— Compartilhe comigo. — ele incentiva.
Pressiono meus lábios juntos, decidindo se faço ou não; Mas, aí por
que não fazer? Somos de certa forma amigos e estamos aqui sozinhos. Eu
acho que ele não vai correndo contar para meus irmãos.
Eu suspiro teatralmente. — Sabe o dia em que nos conhecemos? — eu
pergunto.
— Na Itália. — ele recorda.
— Sim. Eu tive uma queda por você naquele dia, que durou pelo resto
da minha adolescência.
Eu ri, e ele sorri surpreso.
Ele coça a nuca ainda sorrindo sacudindo a cabeça. — Você tinha
onze anos, Less.
— Sério? Nunca teve uma paixãozinha por nenhuma mulher quando
era adolescente? — ergo minha sobrancelha em questão.
Ele franze o cenho, em seguida faz uma careta e sacode a cabeça de
novo, rindo. — Muitas. Uma delas foi pela Pâmela Anderson.
Estalo a língua contra o céu da boca. — Clichê. Todos os caras tinham
por ela.
Meu cabelo está uma bagunça completa e meu rosto vermelho quando
eu arrisco uma olhada no espelho. Depois de tomar um banho de cabeça, eu
me enrolo com um roupão e volto para o quarto e vejo que o cara bonito já
está de pé, vestido com uma calça jeans, enquanto ele procura por alguma
coisa no meio de todas as caixas e malas espalhadas pelo chão do quarto.
Meus irmãos queriam me presentear com um apartamento em Los
Angeles County, com vista para o oceano e a cidade, mas eu recusei. Eu
quero chegar ao topo, mas eu quero fazer isso sozinha. Quero ser conhecida
pelo nome "Alessa Lazzari, a engenheira aeronáutica" e não por "Alessa, a
irmãzinha dos Lazzari".
Eu estarei ganhando um bom salário na E.C.A e pagar por um
apartamento próprio está no topo da minha lista de coisas a conquistar. Então,
eu liguei para algumas amigas e consegui um apartamento menor, sem tantos
luxos que o de Los Angeles County tem e mandei minhas coisas para cá.
Meus irmãos não gostaram e muito menos minha mãe, mas é a minha
vida e eu escolho como vou começar a usá-la a partir de agora.
O cara bonito retira uma camisa azul do meio de duas malas de roupas
e a empurra pela cabeça, e meus olhos descem pelo seu abdômen definido.
Ele é realmente bonito. Ele olha para mim e eu vejo que seus olhos são de um
verde-claro; uma coisa que eu não me lembro de ter notado ontem.
— Acho que devo ir embora? — Ele olha diretamente para mim, um
pouco sem jeito, com as mãos buscando pelos bolsos de seu jeans.
— É você deve. — Eu concordo e olho brevemente para a porta do
quarto.
E está aí um dos motivos para eu não dormir a noite inteira com os
caras com quem eu transo. Eu não sei o que falar no dia seguinte, porque eu
simplesmente não os conheço. Eles são como desconhecidos que passam por
mim na rua todos os dias.
Não há uma aula que ensine como agir no dia seguinte, então, eu
apenas tento não chegar ao dia seguinte.
Ele me segue até a sala, nós dois desviando das caixas pelo caminho, e
em um silêncio constrangedor.
— Eu ofereceria um café, mas eu ainda estou sem minha cafeteira,
então... — eu encolho os ombros quando alcanço a porta e seguro a
maçaneta.
Ele sorri e seu sorriso é bonito também. Ele balança a cabeça e faz um
gesto com a mão. — Tudo bem. — Ele olha para mim. — Foi uma boa noite,
Alessa.
Oh, ele sabe meu nome!
E eu percebo que eu não faço ideia de como ele se chama. Estou
envergonhada e culpada agora.
Eu apenas lhe ofereço um sorriso quando eu puxo a porta aberta e
encontro Aurora e Melissa, duas das minhas três cunhadas, do outro lado,
prestes a bater à porta. Eu levanto uma sobrancelha e elas abaixam as mãos,
com seus olhos surpresos alternando entre eu e o cara bonito.
— Bom, estou indo. — o cara bonito, que eu não sei o nome, diz e dar
um passo para fora quando minhas cunhadas dão dois para dentro. Ele mexe
em seus bolsos e puxa um cartão de lá, e oferece para mim, com um olhar um
pouco apreensivo e ansioso. — Me liga, se quiser qualquer dia.
Eu franzo o nariz, ciente de que minhas duas cunhadas estão nos
assistindo, curiosas e prontas para falarem alguma coisa. Eu nunca aceito
números de telefones, porque eu nunca ligo de volta, mas dessa vez, eu pego,
em seguida, com um sorriso simpático, eu fecho a porta.
— Oh Deus, você é uma versão feminina dos seus irmãos! — Aurora
solta quando me estende um café do Starbucks e um saco de rosquinhas.
Eu sorrio, de certa forma tomando como um elogio e levo meu café da
manhã para a ilha da cozinha.
— Eu não quero imaginar Lucca e Giovanni no nosso lugar quando
você abriu a porta. — Melissa diz, com um sorriso maldoso.
Meus irmãos, obviamente, não sabem sobre meu novo estilo de vida.
Eles não têm que saber. Eu tenho vinte e três anos agora, e eu sei me cuidar.
Eu só não quero me machucar outra vez.
Eu olho para as duas mulheres sentadas na ilha da minha cozinha, e eu
sinto meu peito apertar com o carinho.
— Vocês não têm com o que se preocupar. — eu garanto. — Eu vou
ficar bem.
Tudo que ele quer, ele vai lá e pega. E ele não aceita erros de seus
funcionários. E é por isso que dizem que ele aceita apenas os melhores para
trabalhar para ele.
Eu tento respirar um pouco quando entro no elevador e vejo o quanto
estou vermelha, pelos espelhos. Eu tenho uma coisa com maquiagens; sei
passá-la como ninguém, mas eu nunca fui fã de fazer em meu próprio rosto.
Sempre optei por pouca maquiagem, uma vez que cresci lendo sobre a
importância de uma pele limpa. Então, eu apenas apliquei um pouco de rímel
e lápis de olho, uma sombra leve. Blush e batom não eram necessários, já que
meu rosto e meus lábios são bastante rosados.
As portas se abriram no sexto andar e várias pessoas entraram no
elevador, então eu fui para um canto, um pouco espremida. É quando eu
começo a me arrepender de ter vindo pelo elevador. Não gosto de lugares
apertados; eles me deixam sem respirar direito, desde a minha adolescência.
Não é um caso extremo, no entanto. Se eu estiver sozinha ou com
apenas uma pessoa, que não estava tão perto de mim, eu fico tranquila. Mas,
com um lugar lotado de pessoas, a coisa é um pouco diferente.
Eu puxo meu casaquinho para baixo, em seguida, me mexo para
movê-los de meus ombros. Eu sinto o suor escorrendo pela minha nuca e é
como se minhas narinas apenas estivessem fechadas, impedindo a passagem
de ar.
Até que uma mão grande agarra meu braço e me puxa para frente,
fazendo as pessoas abrirem caminho, então eu estou fora do elevador e de pé,
em um lobby luxuoso.
Eu tento puxar uma respiração quando Ethan vem e segura meu rosto
entre suas mãos. — Você está bem? — Ele pede e seus olhos cheios de
preocupações.
Eu faço que sim com a cabeça, um pouco atordoada. Eu não acredito
que tive um ataque no meu primeiro dia de trabalho.
Uma mulher de idade se aproxima com um copo cheio de água e
Ethan agradece quando pega. — Tome. Beba isso. — ele comanda. Uma mão
ainda permanece em meu rosto, me observando de perto.
Ele coloca mechas do meu cabelo para trás das minhas orelhas
enquanto eu, obedientemente, bebo a água, em seguida, entrego o copo de
volta.
— Tudo bem. Estou melhor. Obrigada. — eu digo um pouco mais
calma.
— Tem certeza disso? — Seus joelhos se dobram e ele procura em
meus olhos pela verdade.
Eu confirmo com outro aceno de cabeça.
— Vem aqui. — Ele toca meu ombro, devolve o copo para a mulher
de idade, que está por trás de uma das três mesas do lado de fora de duas
portas gigantes, e ele me guia através das portas.
É seu escritório, eu deduzo pelo design rústico e luxuoso. As cores de
madeira reinam por toda sala grande e todas as paredes são janelas de vidro,
com uma vista perfeita para Los Angeles County.
Ethan me senta em um sofá de couro escuro e se senta em um centro
de frente para mim. — Less, você realmente está bem?
Eu movo a cabeça para cima e para baixo. — Sim. Como você sabia
que eu estava ali?
Ele ri de lado e acena para a parede do lado oposto, onde se encontra
várias monitores LED penduradas na parede, com imagens atuais de cada
lugar desse prédio; dentro e ao redor. Em um dos quadradinhos, está a
imagem do elevador em que eu estava.
— Oh. Claro que você controla isso. — eu brinco.
Ethan sempre foi muito centrado na segurança de todos, e ele sempre
foi chegado às tecnologias. Não me admira que ele queira ver o que estão
fazendo dentro do seu prédio, durante 24 horas.
— Obrigada mais uma vez, e desculpa por isso no meu primeiro dia.
— eu digo sinceramente.
— A partir de agora, use apenas o elevador privado. — diz ele. —
Lúcia dará a você um cartão para ter acesso.
— Ethan, não precisa...
— Não quero seus irmãos me culpando por te causar uma crise
quando eu tenho um elevador vago a qualquer hora. — ele sorri. — Diabos!
Foi o próprio Lucca que arquitetou esse prédio. Ele tirará minhas bolas se
souber que você usa o popular.
Eu devolvo seu sorriso quando me rendo. Usar o elevador privado não
tem nada de bicho de sete cabeças. É apenas um elevador. Não significa que
eu estou recebendo uma preferência. É por causa do meu problema.
Mas, tudo isso, todas essas coisas que eu tenho enfiadas na minha
cabeça, é em vão quando Ethan diz, — Você também trabalhará direto para
mim.
Eu faço uma careta. — Ethan, eu não quero preferência aqui. Eu...
— Certo. Deixaremos algumas coisas claras aqui. — ele me corta e
ergue uma sobrancelha. — Seus irmãos são meus melhores amigos e eu
adoro você, Alessa, mas, acima de qualquer coisa, eu tenho uma empresa pra
tocar. Com toda certeza, eu não misturo amizades com trabalhos. É uma coisa
muito importante para mim. Amizade é amizade, trabalho é trabalho. Se eu
estou dizendo que você vai trabalhar direto para mim, é porque eu preciso ver
se você realmente é boa, apesar do seu currículo.
Ser uma engenheira aeronáutica já não é uma profissão fácil por si só,
mas ser uma engenheira aeronáutica que trabalha diretamente para o CEO de
uma das maiores empresas Aeronáutica do país é de patamar mais elevado.
— Você curte aviões? — Kai faz essa pergunta, ainda um pouco fora
de si.
Eu concordo com um aceno de cabeça. — Sou fascinada por aviões.
— Eu dou ênfase o máximo que eu consigo. Eu não gosto quando me olham
dessa forma. Duvidando de mim.
Os cantos de sua boca são puxados para baixo. — Eu
estou... impressionado.
— Foi essa minha intenção quando escolhi meu curso. Impressionar.
Kai sorri, sua expressão, finalmente, se tornando mais suave e
realmente impressionado. Ele está prestes a falar alguma coisa quando Ethan
irrompe na sala. Kai, imediatamente, fecha a boca e ajeita sua postura.
Ethan tem uma beleza anormal. Eu notei isso desde que eu o vi pela
primeira vez.
Quando tinha 11 anos, ele era o homem mais lindo que eu já tinha
visto.
Quando eu tinha 21, ele era mais homem, mais encorpado, mais tudo
que era quando eu tinha 11.
Agora, aos 23, ele conseguiu superar qualquer beleza masculina que
eu já pus os meus olhos.
Seus ombros estão mais largos, seus cabelos cortados de forma rente
dos lados e alto em cima, sua barba está grande e seus olhos mais intensos e
sexuais que antes.
Sento-me em uma das cabines de canto em uma boate, enquanto eu o
assisto do outro lado. Ele está sentado em uma cabine, com outros dois caras,
um pouco menos bonitos que ele. Seus braços estão estendidos no encosto de
seu banco, e algumas mulheres estão ao seu redor. Uma delas se inclina sobre
ele e fala alguma coisa em seu ouvido; Ele sorri e pisca para ela.
Provavelmente, ela será sua transa da noite.
Se eu não tivesse a certeza de que não me apaixonaria por Ethan, eu
gostaria de ser sua transa de uma noite.
Alguém desliza para o assento ao meu lado. Viro-me assustada e dou
de cara com Kai. O cara com quem eu tive uma noite de sexo e,
coincidentemente, trabalha comigo, está sentado ao meu lado, sorrindo para
mim. Eu olho em direção ao bar, onde Brid foi pegar nossas bebidas, em
seguida, volto meus olhos para ele.
Kai é lindo. Ele não é um Ethan, mas ele é lindo. Ele é o tipo de cara
que você se atrai com facilidade. E eu me sinto atraído por ele. Muito.
— Ei, Less. — ele sorri, mas eu faço uma careta.
— Não me chame assim.
Eu prometi que não deixaria ninguém me chamar assim. Então, Kai
não será uma exceção. Instintivamente, meus olhos voam para o outro lado
da boate, para Ethan. Eu congelo, porque ele está olhando diretamente para
mim, ignorando a mulher que está em seu ombro. Eu pisco um pouco
atordoada, e sua sobrancelha vai para cima em questão.
Com certeza ele contará aos meus irmãos onde estou. Não vou ficar
surpresa se um deles surgir por aqui.
Brid volta com nossas bebidas e eu faço as apresentações. Ela me
lança um – não muito sutil – sorriso malvado, dizendo-me que ela apoiaria
um romance entre eu e Kai.
— Jack não chegará tão cedo. Que tal irmos dançar, nós três?
Jack é o seu novo namorado. Ela o conheceu em uma das suas viagens
para América do Sul, e pelo visto, ele é um amante de aventuras, como ela é.
Quem colocasse os olhos em Brid, teria a impressão de que está diante
de uma Barbie humana. Alta, olhos azuis claros, lábios sempre cobertos por
um batom rosa, e cabelos amarelos. A única diferença, é que a Barbie nunca
conseguiria detonar com o próprio cabelo como Brid fez. Em suas viagens,
ela sempre gostou de experimentar coisas locais em seu cabelo e com o
tempo, isso foi o destruindo. Agora, ela é tão obcecada em conserta-lo, que
em sua casa tem um closet apenas para produtos capilares.
— Não quero dançar agora. — eu balanço minha cabeça. — Mas,
vocês podem ir.
Brid procura pelos meus olhos, parecendo confusa. — Você está bem?
Eu concordo, — Sim, estou. — Eu forço um sorriso de boca fechada.
Quando eles se vão para pista de dança ao som de alguma música
eletrônica, eu serpenteio meus olhos até o outro lado do local. Engulo
dolorosamente quando vejo que Ethan está de pé, se movendo em minha
direção. Eu assisto seu andar todo confiante e cheio de si, enquanto tento não
imaginar como seria ter uma noite com ele. Eu não posso ficar imaginando
isso, uma vez que isso nunca acontecerá.
Ele desliza para baixo, sentando-se ao meu lado. — Less. — o som
gutural de sua voz baixa, em um ambiente agitado, deve causar coisas ruins
nos estômagos das mulheres que o cercam. Ele estende um braço para trás de
mim e para cima do encosto do assento. — O que há entre você e Ridley?
— Eu e quem?
Ele ri da minha confusão. — Kai Ridley.
Oh. Outra coisa que eu não fazia ideia. Seu sobrenome. Eu tomo um
pouco do meu coquetel de morango que Brid me trouxe.
— Nada. — eu digo e vejo-o arquear uma sobrancelha em dúvida. —
O quê? Ele é apenas um colega de trabalho. Eu não posso sair com colegas de
trabalho?
— Você não transou com ele? — ele faz a pergunta como se estivesse
me perguntando se eu almocei.
Eu faço minha melhor cara de ofendida. — Claro que não!
— Eu tenho dois olhos, Less. Há duas opções. —Ethan move os
ombros e meus olhos caem para a abertura de sua camisa. — Ou ele é um
virgem, babando pela sua primeira atração física, ou ele experimentou do
sorvete e quer repetir o sabor.
Eu solto uma exclamação. Ele não acabou de me comparar com um
sabor de sorvete. — Você está me comparando a um sorvete? — pergunto
perplexa.
Movo minha cabeça para longe de seu toque, sentindo meu estômago
pesar dentro de mim. Ele cheira muito bem, e ele é um sonho de
adolescência; mas ainda sim, ele é Ethan Cross, o melhor amigo dos meus
irmãos. Eu forço um sorriso que diz que levei seu comentário na brincadeira,
— Se fizesse, teria que enfrentar os três furacões da minha vida.
Seus lábios enrolam em divertimento, mas seus olhos estão sérios
quando ele olha para minha boca. — Não tenho medo de furações.
Oh. Eu engulo e faço de tudo para que ele não veja isso. — Além de
tudo, estou no meio de um encontro. Não seria uma coisa legal para fazer. —
Eu olho para a pista de dança, onde Brid e Kai estão dançando e incentivando
as pessoas ao redor dançarem, também. Eu faço isso para dar um ênfase no
que eu disse, e funcionou porque Ethan seguiu meu olhar.
Brid e Kai voltam para a mesa quando Ethan está se despedindo. Ele
volta para sua cabine, fala com seus amigos, e pega o seu encontro da noite e
some. Ele não olha para trás, e eu agradeço por isso.
Jack também chegou então eu olho para Kai. — Você pode me levar
em casa? — Eu estou forçando um sorriso de orelha a orelha quando eu
pergunto.
Seus olhos verdes brilham animados, e ele assente imediatamente. —
Pode apostar que sim!
Eu me despeço da minha amiga e de seu namorado e saio com Kai. Eu
não quero pensar sobre o que aconteceu aqui, então eu preciso de alguém
para me distrair. E Kai já provou que consegue fazer essa tarefa.
CAPÍTULO QUATRO
Eu tomei meu caminho de volta para o quarto, mas não estava com
sono. Eu peguei a última caixa que faltava desempacotar, coloquei sobre a
cama e comecei a retirar minhas roupas de lá. Eram apenas as peças básicas,
como vestidinhos para o verão e shorts. Eu dobrei tudo e organizei em meu
armário. Quando terminei, eu tomei um banho de água gelada e deitei na
cama. Eu virei para um lado e para o outro, mas meus olhos não me
obedeceram.
Minha cabeça estava explodindo com as palavras Eu e beijaria e você.
Essas palavras saídas da boca que eu desejei durante minha adolescência
inteira; os lábios rosados pelos quais eu suspirei; a língua que eu desejei.
Só me dei conta de que havia madrugado, quando o céu começou a
ficar alaranjado. O sol estava nascendo, e eu tinha que está no trabalho em
poucas horas.
— Srta. Lazzari, o senhor Cross quer vê-la em sua sala. — Ouço Lúcia
dizer enquanto tento terminar um desenho.
Sua voz baixa causa coisas ruins bem no meio das minhas pernas. Eu
forço uma carranca para ele. — Ethan! — eu reclamo.
O elevador apita, avisando que chegamos ao térreo e ele desencosta,
arrumando seu terno em seus ombros. — Sou amigo dos seus irmãos e se
você quer que eu seja seu amigo, eu serei. Mas isso não significa que eu vou
parar de querer te beijar. — ele avisa seus olhos diretamente nos meus, me
sufocando.
— Eu estou feliz que tenho uma menina. Giovanni que tenha dor de
cabeça em sua adolescência. — Aurora diz, balançando a cabeça e sorrindo.
Eu começo a sentir vontade de usar o banheiro, então eu peço licença
e entro de volta na casa. Eu atravesso a cozinha e sigo o primeiro corredor até
encontrar o banheiro. Eu faço xixi, lavo as mãos, admiro o quão bronzeada eu
estou, e volto para a cozinha. Antes de voltar para a conversa motivadora pra
ser mãe, eu alcanço o freezer e agarro uma garrafinha de água.
— Droga! — eu me assusto com o praguejar de alguém, em seguida,
— Merda! Merda! Merda!
Viro-me um pouco assustada e vejo quando Ethan entra na cozinha,
segurando algum animal inflável para ser cheio, com Ben ao seu lado. Eu
congelo vendo-o com o óculos escuros puxados para cima em sua cabeça,
camisa azul clara, de tecido fino e bermuda cargo. Ele para quando me vê, e
dessa vez, com toda certeza, totalmente sóbria, eu vejo quando seus olhos
descem por todo meu corpo, em uma lentidão dolorida.
Eu não sabia que ele estaria aqui, então eu não quero que ele pense
que eu coloquei esse biquíni por conta dele. Ele não precisa saber a verdade
de tudo, afinal.
Eu posso sentir todo o meu corpo mais quente do que ele já estava
depois de algum tempo no sol. Eu ainda não consegui absorver o que Ethan
me perguntou. Eu estou com uma mistura de envergonhada e excitada.
Eu olho para ele, e seus olhos estão novamente sobre o meu decote.
Os olhos azuis cristalinos passeiam pelo topo dos meus seios e então para
cima sobre a alça do meu biquíni. Era como se ele quisesse fazer com que a
alça caísse e minha marquinha ficasse visível para ele.
Meu peito se eleva com uma respiração pesada. Eu torço a tampinha
da garrafa e a fecho. Eu viro, abro a geladeira da casa do meu irmão, e
devolvo a garrafa para ela. — Amigos não dizem isso, Ethan. — eu digo. Eu
tento soar como uma brincadeira, mas ele não ri.
Ele apenas sorri, com uma forma tão maliciosa, que meu estômago se
contrai. — Foda-se. — diz ele, ríspido e aponta direto para minha boca,
quando ele diz baixinho, — Eu quero beijar você.
Eu dou uma olhada para fora, na área da piscina e outra para a entrada
da cozinha, certificando-me de que ninguém está próximo o suficiente para
escuta-lo. Não há ninguém. Apenas eu e ele, divididos apenas pela imensa
ilha da cozinha do meu irmão. Minhas bochechas estão tão quentes agora,
que eu cogito pegar de volta a garrafa de água gelada e pressioná-la contra
meu rosto.
Espalmo as mãos no mármore e olho para ele. Eu sussurro para ele, —
Ethan, estou saindo com Kai. Agora, mais que nunca, você não pode me
beijar. — Eu estou olhando-o, implorando para que ele apenas pare.
Ele não para. — Você também quer me beijar.
— Eu queria quando eu tinha onze anos. Tenho vinte e três agora.
— Então fale que não quer isso olhando nos meus olhos.
É onde eu percebo que não estou olhando para seus olhos. Eu estou
olhando para sua boca.
Patética.
Tão patética Alessa...
Pressiono os lábios juntos, a vergonha por ter sido pega me deixando
constrangida. Eu ergo meus olhos de volta para os seus, e levo um momento
para abrir minha boca para falar, mas quando eu finalmente faço, Lucca entra
na cozinha. Eu fecho a boca imediatamente.
Meu irmão olha para mim, depois para Ethan, suas sobrancelhas
franzidas, como se ele desconfiasse de algo. Eu não sou capaz de ver seus
olhos, porque estão escondidos por um óculos escuros idêntico ao do seu
filho. Ele não fala nada quando dá a volta na ilha e vem para o meu lado. Ele
abre uma das portas da geladeira, mas ele está com seu corpo grande virado
para mim, então eu viro para ele também.
Antes que ele pergunte o que está havendo, eu passo meus braços por
sua cintura, e ele passa seu braço livre pelos meus ombros e me abraça de
volta. Eu pressiono meus lábios em sua mandíbula, em seguida, ele pressiona
os seus do lado da minha cabeça. Ele cheira como ele mesmo.
Ele está me dizendo que ele não sabe me dizer se estou boa ou não no
trabalho? Será que ele quer dizer que eu preciso ser confiante comigo
mesma?
—Estou indo lá para fora. — Eu aviso e começo a caminhar para as
portas duplas de vidro.
— Você disse olhando nos meus olhos, Less. — O ouço dizer as
minhas costas.
Eu olho por cima do ombro e eu vejo que seus olhos estão sobre
minha bunda. Eu sorrio internamente e volto para minha espreguiçadeira.
♡
Se eu não soubesse que Freddie sabe que meus irmãos são, de fato,
meus irmãos, estaria preocupada sobre o que ele pensa de mim, recebendo
tantos homens aqui.
Dois minutos depois, há batidas na minha porta. Involuntariamente, eu
viro para me olhar no espelho da sala quando eu passo para a porta. Meu
cabelo está ok e meu rosto ainda está corado do sol. Eu vou para porta e abro.
Ethan está do outro lado, segurando a pizza com uma mão e uma
sacola plástica em outra. Ele está todo de preto hoje, parecendo ainda mais
bonito que o normal.
É possível isso?
Provavelmente sim.
— Fique comigo, então. — diz ele. E a forma como ele fala, é como se
fosse tudo muito simples.
Assim, "não importa que você esteja com alguém durante um mês
inteiro, apenas deixe-o e venha ficar comigo."
Eu olho para baixo em minhas mãos. Uma está descansando em minha
perna, a outra está segurando minha fatia de pizza. Eu falo, mas minha voz
sai baixa, — Não é tão simples assim, Ethan.
E não é. Eu não posso simplesmente acabar com Kai. Não por causa
de Ethan. Kai está se mostrando bom, preocupado, gentil, e fiel, até agora.
Enquanto Ethan se tornou um verdadeiro furacão após sua perda. É como se
ele não quisesse mais se apegar a ninguém.
Mas ela me pediu para seguir minha vida, e encontrar uma mulher
para amar, que seja saudável e me ame de volta.
Eu segui seu conselho, em parte. Eu não estou procurando uma
mulher; estou transando com elas. Uma transa de uma noite. Como nos
velhos tempos.
E agora há Alessa. Eu tenho notado ela desde a nossa ida ao Brasil.
A conheci quando ela tinha apenas onze anos. Eu a via crescer apenas
como uma irmã mais nova, porque os irmãos dela são como meus irmãos.
Mas ela cresceu, e eu notei isso quando entrei naquele quarto de hotel e a
peguei com nada além de um biquíni vermelho. Ela mostrou ter curvas que
muitas mulheres passam horas na academia para ter. Ela está linda. Uma
mulher linda e atraente, e é impossível você não nota-la. Ela foi para
Alemanha para seu estágio de especialização, e então quando volta, ela vem
ainda melhor.
Eu não pude evitar salivar por ela. Pela sua boca. Pelo seu corpo.
Mas, especialmente, pela boca.
Porém, depois da nossa última conversa, estou me sentindo como um
filho da puta. Eu não tinha o direito de pensar em cogitar ter uma noite com
ela. Seria uma loucura deliciosa, porque com certeza, ela sabe o que faz,
então seria o encaixe perfeito, mas isso a machucaria.
Ela ainda acredita em um relacionamento bom, estável e fiel.
Mas eu não.
Ela está certa quando diz que no dia seguinte ela será apenas minha
funcionária e irmã mais nova dos meus amigos para mim. Ela estaria
quebrada, e de quebra, eu não conseguiria olhar nos olhos dos meus amigos.
Ela quer minha amizade, então será tudo que eu darei a ela a partir de
agora.
Eu olho para o envelope rosa bebê em minhas e para a caligrafia
escrita de caneta num tom mais escuro de rosa.
Lisa adorava rosa. Ela tinha uma coisa forte com essa cor.
Eu levanto minha outra mão e toco o adesivo dourado brilhante que
mantém o envelope fechado, mas eu não abro. Estou com essa indecisão
desde o dia em que recebi, e eu não sei se um dia terei coragem para abrir. Eu
não estou pronto para ler o que tem escrito, eu só queria poder ter me
despedido, saber onde ela se enterrou. Eu poderia apenas usar minhas
ferramentas para descobrir, mas ela disse que não, então eu não faço. Inclino-
me de novo e devolvo o envelope para o fundo da gaveta e tranco-a. Volto
para trás, me encostando a almofada confortável do encosto da minha
poltrona, e colocando a cabeça para trás, eu fecho os olhos.
Eu não estou pronto para nada agora.
— Não foi ele, fui eu. — Ela diz, afastando-se o suficiente para
levantar a cabeça e olhar para mim. Seu rosto está banhado com lágrimas e
ela enxuga com as mangas de sua camisa.
Eu levanto uma mão e afago seu braço, meu peito apertado por vê-la
dessa forma.
Brid tem seus olhos para baixo enquanto suas unhas pintadas de rosa-
choque arrancam fiapos do seu lençol. — Todos os dias nós brigávamos. Por
coisas fúteis. As mais fúteis que se pode imaginar. — diz ela, seu tom baixo.
— Às vezes eu parava pra pensar e via que não valia a pena ficar empurrando
nossa relação adiante. As pessoas dizem que quando um casal briga muito, é
porque eles vão ficar juntos para sempre, mas eu discordo. É doloroso e
sufocante. Nada saudável.
Ela olha para mim, com um sorriso em seus olhos negros, brilhantes.
— Você, por exemplo. — diz ela, apoiando ambos os antebraços, cruzados
sobre a mesa. — Eu observei você desde que você apareceu à primeira vez
aqui na fábrica da E.C.A. Você é tão bonita, como seus irmãos, mas a sua
beleza é mais suave, e mais feminina, obviamente. Ouvindo você falar agora,
eu posso dizer que gosto do seu sotaque, apesar do seu esforço para disfarça-
lo. É excitante. E tentador.
Estou com o queixo bem próximo às minhas clavículas agora. Eu não
sei o que dizer, porque eu nunca recebi um elogio dessa forma de uma
mulher.
Ela está flertando comigo?
— Eu não tento disfarçar meu sotaque. — eu me defendo, porque é a
única coisa que surge em minha cabeça agora. — Obrigada pelos elogios,
mas você não faz meu tipo.
Eu sorri quando digo isso, repetindo o que ela me disse pouco antes.
Ela ri, também e aponta para meu caderno. — E Cross? Ele faz?
Meu cenho se franze e eu olho para baixo para meu caderno. Ele é o
meu tipo desde que eu tinha onze anos. É o que eu deveria responder pra ela,
mas eu não a conheço o suficiente para isso. E eu acho que nem se
conhecesse. Isso sempre foi um segredo só meu, até que eu contei para o
próprio Ethan.
— Ok, você não precisa me responder isso agora. — Kono diz,
provavelmente notando o meu desconforto. — Mas, me responda como você,
que deve ter o que? Vinte dois? Vinte três anos? E já é uma engenheira em
atividade na E.C.A? — ela gesticula com a mão. — Apesar do fato que Cross
é um amigo muito próximo de sua família, claro.
Eu puxo os lábios em um sorriso misterioso. — Uma mulher tem seus
segredos.
— Não para outra mulher.
Franzo o nariz enquanto recolho minhas coisas de cima da mesa. —
Há um minuto, você estava flertando comigo. — então eu me levanto,
levando minhas coisas comigo. Eu sorrio para ela. — Foi um prazer conhecê-
la, Kono. Veremos-nos outra hora.
Eu estava andando de costas, então eu vi quando ela virou na cadeira,
segurando o encosto e seus olhos correram pelo meu corpo. Ela sorri em
consentimento. — Nos veremos, sim. Mas minha curiosidade não será menos
quando isso acontecer.
Ele acena para Kono quando se vira e vai andando para o elevador.
Eu o sigo, sem olhar para trás, para Kono. Eu não quero dar a ela mais
coisa para ficar curiosa.
Porém, eu sei que é tarde demais.
CAPÍTULO DEZ
Um som soa do lado onde Ethan está, e eu olho para ver a escada do
avião descendo. Um sorriso esticado imediatamente começa a esticar meus
lábios e eu corro praticamente corro para o seu lado.
A escada termina sua descida e encosta no chão.
Eu olho para Ethan, a ansiedade tomando conta do meu corpo, meu
coração batendo acelerado em minha caixa torácica. Eu nunca quis tanto
entrar em um avião como quero agora. — Podemos-
— Primeiro as damas. — Seus lábios se enrolam em um sorriso
divertido.
Eu pulo os degraus, um por um, até que eu estou dentro da aeronave,
com Ethan bem atrás de mim.
É definitivamente um avião particular enorme. Assim como o avião
em que voamos para o Brasil, toda a sua decoração é impecavelmente branca.
Como se tivessem derramando uma cor de leite por todos os lugares. Há uma
mini cozinha americana, duas poltronas, uma na frente da outra, mais adiante
há um jogo de sofás, um centro de mesa no meio, e na frente, uma TV de 62
polegadas. Também há um espaço para jogos, como uma mesa de sinuca e
uma mesa para xadrez. A única coisa que não segue o padrão branco nesse
lugar são as bolas da sinuca e as peças pretas do xadrez. Logo depois, há uma
porta aberta e depois dela, eu sou capaz de ver uma King Size estalada bem
no centro do quarto, coberta por lençóis tão brancos quanto qualquer outra
coisa aqui dentro.
— Ethan... — Eu não sei o que dizer. Eu tiro meus óculos e olho ao
redor. Eu estou com medo de pisar mais para dentro e acabar sujando alguma
coisa.
Mas Ethan retira os seus óculos e entra mais, apoiando-se contra o
encosto de uma poltrona de couro branco. — Meu avô não chegou a vê-lo. —
ele finalmente responde minha pergunta. Ele está olhando diretamente para
mim, com seus olhos azuis cristalinos. — Ele faleceu antes mesmo que eu
pudesse mandar fazê-lo.
Eu olho e vejo a dor no brilho dos seus olhos. Meu coração aperta, da
mesma forma que minha garganta. Eu nunca perdi alguém assim, tão
próximo, e ele perdeu duas vezes. E eu o vejo sempre tão forte, confiante,
como se nada pudesse abala-lo. — Eu sinto muito. — Eu sussurro, dando um
passo para perto dele. Eu não paro para pensar se é uma coisa que eu devo
fazer, eu apenas passo meus braços pelos seus ombros e apoio meu queixo no
seu ombro, abraçando-o apertado.
Um suspiro mudo sai por entre meus lábios quando seus braços vêm
entorno da minha cintura e me abraça de volta.
Sua respiração é quente em meu cabelo é isso me torna tão mole em
seus braços. Ele aperta mais suas mãos em minha carne, deixando nossos
corpos próximos ao limite.
Eu tenho meus olhos fortemente fechados, porque talvez ajude minha
respiração a se controlar. É o melhor abraço que eu recebi de um cara – que
não sejam meus irmãos. — Eu sinto muito, mesmo. — Eu repito, minha boca
próxima ao seu ouvido.
Ele aperta minha carne como resposta.
Eu tremo e congelo quando noto que seu aperto não foi sua única
resposta.
Algo duro e grande está pressionando bem em meu estômago.
Eu desfaço meu abraço e seguro seus ombros, afastando-me dele e
olhando em seus olhos.
Não é o mais indicado, uma vez que seus olhos são a porcaria dos
olhos mais quentes que eu já vi, neste momento.
Eu passo as mãos pelo meu cabelo, arrumando-o. Estou sentindo todo
o meu rosto quente e entre minhas pernas está tão molhado, que eu não quero
me sentar nem tão cedo.
Meus irmãos são seus melhores amigos, então, você pensaria que eles
deveriam ser os primeiros a ver esse avião, ou qualquer coisa importante para
Ethan.
Ele encolhe os ombros, ligeiramente. — Eu passei anos provando aos
seus irmãos que eu confio neles e que eles podem confiar em mim. Eles
sabem disso. Eles são como os irmãos que eu nunca tive. — diz ele, sua voz
rouca não ajudando na minha situação. — Estava na hora de provar pra você.
Sim, ok. Ele conseguiu me deixar mais surpresa do que eu estava
segundo antes.
Eu nunca pedi para ele provar nada. Eu vinha confiando nele como um
amigo, durante esses últimos meses. Mas, estou feliz que ele tenha se dado o
trabalho de fazer isso.
Esse avião, a história dele, deve ser uma coisa muito importante para
ele.
— Obrigada por isso. — Eu digo, sinceramente. — Não precisava,
mas, obrigada.
Ele apenas mantém seus olhos em mim, e de repente, cada lugar do
meu corpo queima sob seu olhar.
Minha respiração trava, meu estômago contrai, meu peito dói e minha
garganta está ardendo. Eu não sei mais o que dizer ou o que fazer, mas tudo
que eu sei é que eu preciso fazer alguma coisa de volta.
Eu levanto uma mão e arrasto ela pela minha nuca. — Ninguém sabe
disso. Essa parte, em particular, nem minha mãe. — eu digo para ele.
Ele me olha, então seus olhos suavizam quando pegam os meus. E
seus lábios se enrolam em seu sorriso bonito, puxado para o lado, satisfeito.
— Obrigado por isso. — ele me diz. Então, ele repete o que eu lhe disse
pouco antes, — Não precisava, mas, obrigado.
Mais tarde, quando já estava em casa e vestida com minha camisola de seda
vermelha, Kai entra pela minha porta da frente, parecendo bastante cansado
do dia.
Ele olha para mim e puxa seus lábios em um sorriso exausto. Ele se
aproxima de onde estou sentada, em uma das banquetas ao redor da ilha,
segura meu rosto entre as mãos e pressiona os lábios nos meus.
Eu acabo sorrindo em sua boca, quando fecho os olhos e percebo que
eu gosto do seu carinho, do seu beijo. Isso me deixa feliz, porque eu sou cem
por cento atraída por Ethan, o que significa que posso namorar Kai e ser
amiga de Ethan, sem nenhum problema.
Kai separa nossos lábios e passa as mãos em meu cabelo. — Como foi
seu dia? — Ele procura saber.
Eu sorrio de boca fechada. — Foi um dia bom. — respondo. — O
seu?
Ele alisa minhas bochechas com seus polegares, seus olhos varrendo
todo o meu rosto. — Ele acabou de ficar melhor. — Ele diz, e sua boca desce
para minha novamente.
Eu pego sua cintura com as mãos e o puxo entre minhas pernas,
mantendo-o perto quando sua língua mergulha em minha boca. Eu gemo,
lembrando de que preciso falar com ele e puxo meu rosto para longe, para
olhar em seus olhos. — Hum. O jantar de ação de graças está bem próximo e
minha família quer conhecer você.
Seus olhos verdes brilham animados. — Mesmo?
Confirmo, segurando meu lábio inferior entre os dentes para evitar
sorrir.
Ele abaixa a cabeça e me dá um beijo casto, sorrindo tão amplamente,
que eu temo que sua boca possa rasgar. — Com certeza, baby, estarei lá. —
Ele garante. — Mas, agora, eu preciso de um banho.
Eu sorrio e pulo do banquinho quando ele se afasta. — Vou pedir
pizza, tudo bem?
Ele olha para trás apenas para dizer, — Pizza está ótimo. — antes de
seguir para meu quarto.
Quando ele some de vista, eu chego ao telefone e ligo para minha
pizzaria favorita. Eu peço uma pizza grande da moda da casa e vou para o
sofá.
No chão, perto do meu centro de sala, está meu caderno de desenho.
Eu sou capaz de ver um esboço do meu último desenho – o do rosto de Ethan,
e meu peito aperta. Minha mente vagueia para a garagem secreta na fábrica,
para sua "prova de confiança", para a forma em que ele me olha, para o jeito
em que seus braços apertaram em minha volta.
Eu adoro estar com Kai, eu gosto da forma cheia de carinho que ele
me trata. Eu gosto da forma que ele lida com nosso relacionamento, e eu
gosto do fato de que ele não vai a busca de outras mulheres quando acaba de
transar comigo.
Mas, eu não consigo sentir tudo que eu sinto quando estou perto de
Ethan.
Kai me faz bem, mas Ethan me faz perder o fôlego.
Kai me faz sentir em paz, enquanto Ethan me deixa ofegante e quente.
Eu sinto como se estivesse apenas usando Kai, às vezes. Sinto que lhe
devo uma explicação, mesmo não fazendo nada de errado, necessariamente.
Eu sei que Kai estará aqui amanhã, após termos uma noite de sexo.
Eu não posso dizer o mesmo de Ethan.
Ele estaria na minha cama pela manhã?
Com certeza, não.
CAPÍTULO ONZE
Apesar de que esse lugar durante a noite parece mais uma daquelas
fábricas abandonadas, de filmes de terror, eu não pensaria em fantasmas. Eu
pensaria nos caras que gostam de se espreitar para dentro de lugares como
esses e fazer coisas ruins.
Eu tenho esse pânico em particular. Adiciono uma nota mentalmente
para não assistir mais filmes assim.
— Você está com medo? — Ethan para de andar e dobra um pouco
seus joelhos para procurar pelos meus olhos. Ele ainda tem aquele brilho de
diversão, mas parece realmente preocupado.
Eu balanço minha cabeça, de um lado para outro e olho em seus olhos.
— Não estou. Estou bem. — Eu não menti. Por alguma razão, eu me sentia
segura com Ethan, e eu estava apreciando isso.
Há uma subida e descida brusca do meu coração sob seu toque. Eu não
faço ideia se ele percebeu, mas eu não olho em seus olhos para tirar minha
dúvida.
Jura que ele está dizendo que eu escolho por aparências?
Eu não acho isso, mas eu não discordo dele.
Não é preciso ler mentes para saber que a sua mente foi até Lisa e
ficou lá por uns instantes.
Seu rosto carregava uma expressão dolorosa. — Se for para te dizer o
que eu sinto agora, a resposta é não. Nunca mais. — diz ele, voltando a pegar
meus olhos. — Mas, a vida é tão filha da puta, que eu não posso garantir isso
futuramente. Eu não estou procurando por um relacionamento agora, mas,
talvez, eu apenas não esteja pronto.
Ok. Foi uma resposta diferente da última.
Da outra vez, eu não via esperança em sua voz, agora há um "talvez".
CAPÍTULO DOZE
Ela ri, elevando dois pauzinhos com suas mãos. — Olá, Lazzari. —
ela cumprimenta, com um sorriso.
— Olá! — eu sorrio de volta.
Seus cabelos coloridos estão jogados por cima do ombro esquerdo,
como se ela tivesse acabado de soltá-los. Sua roupa estava parecida como
todas as outras vezes em que nos falamos: jeans escuro, regata preta, botas de
combate e ligas de borrachas envolta de seus pulsos. O cordão que segurava o
crachá agora era de um laranja vivo e chamativo.
— Está indo para a garagem? — Ela me pergunta.
Eu assinto. — E você?
Kai é um homem rico, então eu não acho que ele esteja me usando por
causa da minha família.
Do sexo, talvez?
Eu não acho.
Homens como ele – lindos, ricos, carismático – encontram sexo aonde
quer que eles vão.
Resolvi que daria uma chance para Kai. Talvez, com o tempo, eu
aprenda a sentir por ele a mesma coisa que eu sinto por Ethan.
O tempo pode tudo, era o que minha avó costumava dizer. E ela
sempre estava certa.
Eu dirijo para casa, com a chuva castigando o capô do meu carro. Eu
havia enviado uma mensagem para Kai, avisando que chegaria um pouco
tarde, então muito provavelmente, ele já pediu o jantar.
Quando as portas do elevador se abriram no meu andar, meu estômago
estava se revirando com a fome. Apertando a ponto da dor. Eu busquei pelas
minhas chaves, dentro de minha bolsa e enfiei na fechadura da porta. Eu abri
a porta e congelei.
Kai estava, de fato, em casa. Ele estava sentado no meu sofá, sem
camisa, enquanto o corpo magro de uma mulher se posicionava sobre ele. Ela
também não tinha a parte de cima de sua roupa; estava apenas com seu sutiã,
com as alças baixadas em seus braços. Ela tem sua cabeça virada para cima,
dando acesso total da boca de Kai a seu pescoço.
Seguindo a linha da coluna da mulher, eu subo até seus cabelos. Eu
conheço bem esses cabelos amarelos e danificados. Minha boca cai aberta
enquanto eu escuto os gemidos.
Kai estava prestes a transar com minha melhor amiga, em meu sofá.
No sofá do meu apartamento.
Com a minha melhor amiga.
Meu namorado e minha melhor amiga.
Mas não por muito tempo, porque eu não consigo encara-los por mais
de cinco segundos.
Eu faço uma careta para meu sofá quando descarto minha bolsa na
mesinha de centro. Eu passo por eles, indo direto para cozinha, ainda
processando meus sentimentos nesse momento.
Eu estou me sentindo traída? Sim, estou.
Está doendo como da última vez? Hum... não! Nem um pouco.
Levantando-me sobre as pontas dos pés, eu alcanço um copo de vidro
estreito. Abro a geladeira e pego minha limonada e despejo um pouco no
copo.
Solto uma risada sem graça. — Bridge, você era minha amiga. — eu
digo, com desgosto. — A melhor. A que eu mais confiava. Você sabe a
minha história, tudo que eu passei.
Ela, pelo menos, tem a dignidade de mostrar arrependimento. Ela
chora, enxugando as lágrimas com o dorso das mãos, mas não fala nada.
Não há o que falar.
Eu não me dirijo mais a Kai, porque não vale a pena. — Apenas saiam
da minha casa! — eu falo, sentindo o peso da decepção pesar bastante em
meus ombros.
Kai dá um passo para frente. — Me deixe-
— Saiam do meu apartamento! — eu estouro. — Saiam da droga da
minha vida!
Eles vão para trás, tão assustados que seus olhos estão alargados ao
máximo. Eles começam a recolher duas coisas pela minha sala e antes de se
dirigir à porta, Bridge vira para mim, com o queixo erguido, e diz: — Não
temos culpa de termos nos apaixonado, Alessa.
Eu rio. Dessa vez, eu faço isso alto e com muita graça, porque eu já
cheguei ao meu limite. Eu paro de repente e aceno com desdém para ela. —
Bom pra você, certo? Pelo menos, você saiu ganhando com alguém que acha
seu cabelo bonito. — eu termino a bebida do meu copo, vendo-a de boca
caída e insultada. Eu bato o copo contra o balcão e apoio meu queixo em
minha mão. — Porque, sinceramente? Ele é pior que um filme de terror.
Ela solta uma exclamação, Kai puxando-a pelo antebraço, tentando
fazê-la sair.
— Procure um profissional, com urgência! — Eu grito, com minhas
mãos em volta da minha boca, quando eles saem e batem a porta.
♡
O apartamento está em silêncio agora. Apenas eu e meus pensamentos
depressivos e minha garrafa quase vazia de vodka.
Eu não fazia ideia de que conseguiria acabar com uma garrafa sozinha.
Sequer sabia que faria isso sem desmaiar ou vomitar.
Puxo a garrafa para baixo do meu braço quando salto do banco e dou a
volta, indo para sala. Meu primeiro instinto é deitar no sofá e só acordar
amanhã, mas então eu paro, fincando meus pés no tapete quando me lembro
do episódio de quase sexo no meu sofá. Eu olho para trás, para o corredor e
cogito ir para meu quarto, mas então, eu penso: e se, eles transaram na minha
cama sem eu saber?
Por quanto tempo isso vem acontecendo?
Por que diabos eles fizeram isso comigo?
Ethan.
Ela abre os olhos e olha para minha mão de novo. — Ei, sabia que
estava bebendo um igual a esse? — ela diz novamente. — Mas, eu acho que
acabou...
Sorrio, balançando a cabeça. O elevador se abre na minha sala e eu
seguro em seu braço para ajudá-la a sair.
Alessa tropeça ao sair, e acaba cambaleando para frente.
Eu consigo pega-la a tempo dela não cair de cara no chão. Então,
deixando a garrafa de lado, eu dobro meus joelhos, encaixando um braço por
baixo de suas pernas, o outro braço envolta de sua cintura, e a levanto. A
carrego até o meu quarto e deixo sentada na beira da minha cama.
Ela chora baixinho e eu não sei o que fazer. Sequer sei a razão de ela
vir até aqui, nessas condições.
— Eu acho que você precisa de um banho... — eu digo.
— Estou fedendo? — Ela torce o nariz pelo su braço. Sua expressão
enojada quando ela faz isso e então, ela volta a chorar. — Droga! Estou
fedendo!
Volto para o quarto para ver Alessa parada, de pé, em frente à minha
cama, coberta apenas por um par de lingeries de renda azul-bebê. Seu vestido
foi jogado no chão, ao lado da cama. Eu congelo meus passos, meus olhos
caindo sobre seu corpo, – tão perfeito e cheio de curvas – e sinto meu pau
inchando e empurrando contra minha boxer.
O sutiã tomara que caia tem o trabalho de levantar os seios deliciosos,
a ponto de unir os dois no alto, deixando bem amostra as marquinhas do
biquíni; enquanto sua calcinha é minúscula, com laterais fininhas, e não é
preciso ela virar para que eu saiba que é fio dental.
Minha boca saliva na medida em que volto meus olhos para cima e
travo com os seus.
Ela abre os braços. — Há algo de errado comigo? — Ela pergunta.
E eu não faço ideia do por que ela está me perguntando isso. — Confie
em mim, não há! — eu garanto. Soo como um adolescente de frente para sua
musa da revista pornô.
Ela é a pornografia mais deliciosamente erótica que eu já vi.
Eu não estou pensando nos meus amigos agora. Eu não me importo
com eles, nesse momento,
Mas, eu fico mais preocupado quando Alessa balança a cabeça,
chorando.
— Então, por que ninguém está satisfeito comigo? — ela meio que
grita. — Meu pai não me quis, minha mãe preferiu aquele... prostituto do
namorado dela, Dave preferiu ficar com uma asiática qualquer, Kai... — ela
engole com dificuldade, me olhando com aqueles grandes olhos, vermelhos
pelo choro. — Kai preferiu transar com a minha "melhor amiga" — ela faz
aspas com as duas mãos. — e fazia duas semanas que ele não transava
comigo! — Ela encontra meus olhos, quando uma lágrima rola pelo seu
rosto. — E você... — sua voz abaixa alguns tons. — Você desistiu de mim,
sem nem insistir um pouco mais...
***
CAPÍTULO QUINZE
Eu amo que o roupão tenha seu cheiro. Cada item aqui parece ter seu
cheiro.
Também pego uma toalha branca e começo a enxugar meus cabelos.
Estou fazendo os movimentos para puxar a água dos meus cabelos com a
toalha, quando a porta do banheiro é levemente empurrada e eu percebo que
não a fechei.
Ethan pega meus olhos, com os seus sonolentos, mas ele se assusta e
vai para trás, levando a porta junto. — Eu sinto muito. — ele diz. — Pensei
que você tinha descido...
— Eu precisava de um banho, urgente. — Soo divertida e
envergonhada.
Escuto sua risada fraca do lado de fora. — Com certeza, sim. — Ele
brinca. — Eu que o diga.
Um som de falsa ofensa me escapa. — O que você quer dizer com
isso?
— Que você estava fedendo como um gambá.
Outro som ofendido, mas eu acabo rindo, também. Eu olho para porta.
— Você pode entrar. — eu digo para ele, após uns instantes.
Ele vem para dentro, pisando cautelosamente ao meu redor, enquanto
pega sua escova de dente automática. Ele me oferece seu sorriso caloroso,
mas eu posso ver o cansaço sob seus olhos.
Eu viro para o espelho, voltando à tarefa de enxugar meu cabelo –
uma coisa que poderia ser fácil, se ele tivesse um secador – mas eu não
deixo de observá-lo pelo espelho.
Ethan não está com a mesma calça que eu me lembro de ontem. Agora
ele veste uma de moletom, cinza clara, que pende de forma provocante em
seus quadris estreitos. Ele está com os tornozelos cruzados e uma mão
apoiada sobre a pia enquanto a outra trabalha em sua escova de dente. A
tatuagem de tigre – iguais as dos meus irmãos – está no braço ao meu lado e
eu posso ver outra – uma palavra – bem pequena, pouco abaixo do seu peito
esquerdo.
Na distância que estou não é possível lê-la, por ser de uma fonte muito
pequena e a curiosidade me corrói por dentro.
— Eu preciso de uma escova. — eu encontro minha voz quando
termino com o meu cabelo.
Ele para os movimentos com sua escova, se inclina para baixo e pega
outra escova automática dentro de uma gaveta. Ele a estende para mim e eu
não perco sua piscada quando a seguro.
Eu coro, violentamente. Eu olho para baixo, para a escova em minhas
mãos e meu cenho franze. — Me desculpe pela noite passada. — eu peço,
minha voz é de um tom baixo e inseguro. — Eu não devia ter vindo
incomodar você.
— Não incomodou. — diz entre sua escovada. Mas eu sei que ele está
mentindo. Seus olhos são tão cansados enquanto ele me olha.
Então, uma coisa me ocorre e meu estômago afunda. — Oh, meu
Deus! — eu cubro a boca com a mão e olho para ele. — Não me diga que
você tinha uma mulher aqui e ela precisou ir embora?!
ETHAN
— Que tal, você apenas se sentar e esperar que eu te leve seu café da
manhã, huh?
Dou um sorriso para Jackie e ela empurra meu braço em direção à ilha
da cozinha, com impaciência.
— Apenas vá! — Insiste ela, entredentes. Ela faz um grande esforço
com apenas uma mão – uma vez que sua outra mão está ocupada com a
espátula – e o movimento faz algumas mechas de seus longos cabelos ruivos,
que estão presos em um rabo de cavalo, cair em seu rosto. Ela bufa,
parecendo irritada e os leva para fora do seu rosto com a mão livre.
Jackie é a filha mais nova de Anna, minha governanta. Em seus
dezoito anos, ela já tem um sonho de ser uma chef de cozinha algum dia. Ela
é linda, com longos e pesados cabelos vermelho-fogo, olhos verdes
esmeraldas e um corpo de uma atleta de vôlei. Ela também é simpática e tem
uma coisa, que faz você apenas querer sentar e conversar durante horas com
ela. Ela sabe atrair amizades, e eu desconfio que também atraia bastantes
marmanjos, apesar de nunca ter aparecido com um por aqui.
Anna está comigo a mais tempo do que eu possa contar. Ela esteve
comigo quando Lisa se foi e ela organizou toda a mudança para o novo
apartamento. Ela e suas duas filhas, Jackie e Andie, moram comigo, portanto,
eu tenho as meninas como minhas irmãs mais novas, uma vez que eu tenho
Anna como uma segunda mãe.
Passando meus braços ao redor do corpo de Jackie, eu alcanço um
morango, do saco em que ela está cortando e trago-o para dentro da minha
boca, antes que ela possa virar e acertar meu braço com um tapa.
— Argh! Você sabe como ser irritante, Thanthan! — ela grunhe,
debochando com um apelido que foi posto em mim pela filha de dois anos de
sua prima.
Semicerro os olhos para ela, e ela me mostra a língua.
— Vocês, tão maduros... — Anna cantarola, quando entra na cozinha,
sorrindo para nós dois.
Nós rimos, e Jackie se ergue na ponta do pé para ver além do meu
ombro. Seus olhos verdes brilham com uma animação maliciosa quando ela
pisca várias vezes entre mim e o que está sobre meu ombro.
Alessa.
Ela não falou uma palavra e Jackie também não, mas eu posso senti-la
em qualquer lugar.
Viro-me e encaro-a. E, puta que pariu, ela parece ainda mais perfeita
dentro de uma camisa minha. De botões. E de pernas nuas.
Ela está com uma camisa minha, branca e de botões e agora estou
imaginando como seria abrir cada botão daquele para revelar seu corpo
delicioso.
Alessa sorri, timidamente, olhando entre as pessoas presentes. Ela
ainda não conhece minhas parceiras de apartamento.
Eu aponto com o polegar para Anna. — Essa é Anna. Ela comanda
tudo por aqui.
Anna faz um som de desdém. — Olá! — ela sorri para Alessa.
— Olá! — Alessa assente, devolvendo seu sorriso. Mas, seu sorriso é
mil vezes mais bonito e, ele atrai meus olhos para sua boca avermelhada.
Antes que eu possa apresentar Jackie, ela mesma me empurra com o
quadril e estende uma mão para Alessa. — Sou Jackie. A filha da Anna. —
Ela olha para mim, com uma sugestão tão maliciosa quanto o seu sorriso
apertado; em seguida, ela olha de volta para frente, quando Alessa segura sua
mão. — Vocês formam um belo casal.
E ela dá uma olhada de soslaio para mim, para saber se eu notei. Ela é
esperta e eu posso dizer que fez de propósito, porque ela está escondendo um
sorriso.
Alessa ri. — Eu acho que você está falando dos meus irmãos, sim.
Jackie volta para terminar com os morangos, com um sorrisinho
satisfeito nos seus lábios.
Ela sorri tão abertamente como uma criança pega no flagra. Ela revira
os olhos. — Estou ajudando no projeto da escola, dando aulas de reforços
para os alunos do primeiro ano, que estão indo mal nas notas.
Eu me sinto como um pai orgulhoso, imediatamente, então, eu sorrio,
lhe mostrando isso.
Jackie se despede de nós e vai embora.
Agora somos só eu e Alessa na cozinha, e o único som é de nossos
talheres batendo contra os nossos pratos.
Ela engole e toma um gole de água. — Você parece exausto. — diz,
após alguns instantes.
Não consegui dormir de verdade até pouco depois das cinco horas.
Durante toda a noite, Alessa precisou ser levada ao banheiro para vomitar.
Ela vomitava, eu a levava de volta para cama e voltava para o
banheiro, para limpar tudo. Quando eu pensava em deitar no sofá para
dormir, então começava tudo de novo.
Giovanni disse que não perguntaria, apenas quebraria seu nariz com
um soco no meio da cara.
Enzo apenas me lançou a sua olhada que diz "Nós teremos uma
conversa, em breve." Em seguida, beijou minha cabeça.
E eu nem contei qual o motivo.
Mas, essa é a parte boa dos meus irmãos. Eles são protetores com
quem eles amam, e eles fazem de tudo para não ver essas pessoas tristes.
Durante todo o jantar, eu me mantive sorrindo, conversando, mas eles
me conhecem muito bem, para saberem que foi tudo fingimento. Eu não
consigo mentir para eles. Nunca consegui.
Após o jantar, todos sentaram na sala de estar e se separaram em
grupos para conversar; Eu fiquei com as meninas, porém, eu não conseguia
focar em nenhuma de suas conversas. Eu me mantive brincando com meus
sobrinhos, tentando me distrair de toda a merda que estava estalando ainda na
minha cabeça.
Quando as crianças foram para o jardim com Helena, eu me afastei e
fui até a varanda da sala, com a desculpa de que precisava tomar um ar.
Ninguém contestou.
Eu saí, o vento gelado me cercando, levando meus cabelos para trás.
Olhei ao redor, vendo as crianças brincando, correndo pelos jardins de
Helena, e ela sorrindo, deliciada com a alegria infantil.
Às vezes, bate a saudade de quando eu era apenas uma criança e não
me preocupava com as pessoas que não queriam me ter em suas vidas. Eu
não me importava com quem desistia de mim, eu apenas vivia alegremente,
brincava e me divertia. Eu era uma criança feliz e sem preocupações.
— Foi com sua amiga, não foi?
Eu sobressalto ao ouvir a voz familiar, rouca e profunda de Hetor.
Viro-me e encontro seus olhos preocupados. Chacoalho a cabeça. — O que?
Ele vem para o meu lado, suas mãos enfiadas nos bolsos frontais de
sua calça. — Seu namorado e sua amiga? — sua sobrancelha grossa se alça
em questão clara.
Oh. Eu olho para meus braços cruzados, sentindo a vergonha tomar
conta do meu rosto. — Como você sabe...? — murmuro baixo.
Hetor solta uma risada profunda, curta, como se me dissesse Eu sei de
muitas coisas... — Filha, eu estou há muito tempo nesse mundo para saber
quando há alguma coisa errada. — diz ele. — Você sempre trouxe a Bridge
para nossos jantares de ação de graças, mas hoje você trouxe ela. — Com o
queixo, ele aponta para dentro da casa, na sala de estar, onde Kono está
totalmente concentrada nos lábios de Jade, enquanto ela fala sobre alguma
coisa.
Volto meus olhos para os seus e sorrio fracamente. Encolho os
ombros. — A peguei prestes a transar com meu namorado, no meu sofá,
ontem à noite. — Eu confesso.
Hetor fica em silêncio, como se estivesse ingerindo minha confissão
por um momento. Um brilho de preocupação passa em seus olhos azuis
cintilantes e meu peito aquece com o carinho.
Hetor Lazzari é considerado um dos coroas mais bonitos e charmosos
do momento (em minha opinião, ele é O mais bonito e O mais charmoso).
Sua beleza consiste em, mais especificamente falando, a mistura dos meus
três irmãos, com um toque a mais de elegância. Seus olhos são de um azul
escuro, cintilantes, sua pele é bronzeada, seus cabelos escuros e lisos, sempre
perfeitamente penteados para trás. Aos sessenta e poucos anos, Hetor Lazzari
ainda mantém modelos jovens babando por ele, por onde passa.
Ele me olha com um pesar e estende uma mão para colocar uma
mecha de cabelo por trás da minha orelha. — Pessoas assim não merecem
nossa confiança e respeito. Se ela fez isso, ela não merece sua dor. — Ele diz.
— Mas, também ela não merece seu desprezo, querida.
Encaro-o, intrigada com suas palavras.
Bridge traiu minha confiança, me traiu. Sim, eu a desprezo muito por
isso. Estou machucada. Nem quando Dave me traiu, eu me senti tão mal
como eu me sinto pela traição de Bridge.
— Filha, a melhor forma de ser superior nessas horas, é mostrar
indiferença. Acredite, LEA só é o que é hoje em dia, porque eu fiz questão de
não demonstrar raiva e desprezo pelas pessoas que me atingiram. — Ele
move a cabeça e abre um sorriso, incentivador. — Dói, eu sei. Eu não posso
dizer o quanto doeu quando sua mãe... você sabe...
Eu assinto, afirmando que eu sei exatamente do que ele está falando.
— Mostre a essas pessoas que elas cometeram um grande erro,
magoando você. — ele continua. — Que você é superior e que tudo que elas
fizeram, só serviu para te fazer melhor e mais forte.
Eu assinto contra seu peito, porque eu sinto dele tudo isso que ele
falou. Eu posso não seu uma Lazzari de sangue, mas eu sou uma de coração.
E no cartório nacional italiano, claro.
E eu tenho um orgulho imenso de ser considerada filha de Hetor
Lazzari.
— Será que eu posso passar a noite aqui? — eu peço com a minha voz
embargada com as lágrimas. — Eu não quero dormir no meu apartamento
ainda.
Na verdade, eu queria sair à procura de Ethan, arrancar ele de perto
dos meus irmãos e lhe perguntar se eu poderia dormir lá novamente. Mas, eu
reprimo essa vontade e sorrio quando escuto a resposta de Hetor contra o lado
da minha cabeça:
— Como minha filha, essa é a sua casa. Você dorme aqui sempre que
quiser querida. Helena vai adorar!
Ethan: Beijar você não é mais meu único desejo obsessivo. Eu quero
você nua, também.
Estou ofegando, mas consigo digitar uma resposta:
Eu: Então, me tenha nua. E me beije. Eu quero seu beijo.
Mordo o canto do meu lábio inferior, quando me sinto febril. Levo
uma mão entre minhas pernas e toco meu clitóris pulsante. Estou há um bom
tempo sem sexo, e imaginar Ethan me beijando, enquanto eu estou nua em
sua cama, me deixa na beira da loucura.
Deixa-me muito ninfomaníaca. Desesperada. Sedenta. Molhada.
Digito novamente:
Ele está de pé, com as mãos apoiadas sobre a mesa, as mangas de sua
camisa puxadas até seus cotovelos e sua cabeça abaixada, enquanto ele tem
sua atenção em algum documento. Ele ergue, finalmente, a cabeça e as
pequenas ondas preocupadas em sua testa começam a suavizar. Seus olhos
azuis se tornam famintos quando ele me olha de cima a baixo, em seguida, de
baixo para cima.
Sentindo meu rosto esquentar, eu dou um passo de cada vez, até
chegar ao espaço entre as duas cadeiras acolchoadas diante de sua mesa. Eu
apoio uma mão sobre o encosto de uma e com minha visão periférica, eu noto
algo cor de rosa em cima da cadeira.
Um sutiã.
Franzo o cenho, pego uma caneta em um porta canetas sobre a mesa, e
sustento a peça íntima pela alça com o corpo da caneta. Ergo a sobrancelha,
em divertimento, mas por dentro estou ardendo em ciúmes. — Pelo tamanho
disso, eu posso dizer que foi feito sob encomenda para todas aquelas turbinas
que acabaram de sair daqui... — Torço os lábios.
Ethan se ajeita, ficando de forma ereta, e faz um sinal com as mãos
para que eu lhe mande a peça íntima, quando diz: — Não é o que você está
pensando.
Ele encosta o rosto no meu quando seus dedos vão para cima, sob meu
cropped e raspam abaixo do meu seio. — Se você está tentando me deixar
duro e maluco, você já conseguiu há muito tempo. — Seu polegar sobe mais
e raspa sobre meu mamilo duro. — Já perdi as contas de quantas vezes eu
fodi você nos meus pensamentos, Less.
Corto uma respiração brusca, sentindo meu corpo criar vida própria e
meu peito se empurrar para sua mão. — Eu já perdi as contas de quantas
vezes me toquei pensando em você, Ethan. — Eu confesso.
Ethan rosna, deixando meu mamilo necessitado e segura meu rosto.
Ele raspa os lábios nos meus. — Foda-se a amizade! — Ele repete minhas
palavras, entredentes, como se estivesse perdendo o controle.
Eu balanço minha cabeça, para cima e para baixo, embriagada por ele,
por seu cheiro, seu toque. Eu seguro sua cintura, fechando os olhos quando
ele raspa novamente os lábios nos meus. — Sim, foda-se! Eu quero você!
Sua mão abaixa até está envolta do meu queixo, segurando-o firme e
seus dentes puxam meu lábio inferior, numa lenta tortura.
Eu solto um gemido e ele faz o mesmo. Eu abro os olhos e encaro os
seus, e me perco de novo.
— Mais tarde. — É tudo que ele diz, como uma promessa gritando.
Não aqui. Ele não faz essas coisas aqui.
Eu concordo e leva tudo de mim para me afastar de seu toque. Eu
sorrio, enquanto dou a volta em sua mesa e empurro minha pasta para perto
dele. — Os desenhos que te falei outro dia por mensagens. — Eu estou
surpresa por conseguir estar falando normal quando todo meu corpo está em
colapso.
Com o dedo indicador, ele arrasta a pasta pela mesa para sua frente e
assente. — Vou olhá-los. — ele promete, sua voz muito rouca e baixa.
Assinto e movo meus pés. — Nos vemos por aí, chefe! — Eu digo, em
seguida, mordo o canto do meu lábio, maliciosa, enquanto ando para trás e
olho para ele.
Seus olhos estreitam e brilham com um desejo cru. Mas, antes que ele
possa dizer qualquer coisa, eu saio e fecho a porta do seu escritório.
Eu pego o meu celular e consulto a hora. Talvez, ainda há tempo para
umas comprinhas novas...
CAPÍTULO DEZOITO
Eu a abro e ele vem com tudo. Ele não olha ao redor para apreciar
minha nova decoração; ele não pergunta como eu estou; ele não faz uma
piada; Ele apenas vem, segura meu rosto enquanto empurra a porta fechada
com um pé, e no momento seguinte, sua boca desce para minha.
Ele me empurra na parede mais próxima, sua boca devorando a minha.
Dando-me um beijo duro, necessitado, molhado. Sua língua entra na minha
boca e lambe a minha. Nós gememos, lamentamos como se isso fosse uma
coisa que estávamos precisando há muito tempo.
E estávamos.
Eu levo minhas mãos para cima e seguro seus bíceps bem malhados,
sob a camisa. Eu abro a boca, recebendo tudo que ele tem para me dar.
Ele tira a boca, lambe meus lábios, um por um, em seguida, volta para
minha boca, beijando-me enquanto rosna e geme ao mesmo tempo. Uma de
suas mãos desce para meu pescoço, braço, e agarra um seio. Ele aperta e puxa
um mamilo.
Lamento, empurrando meu peito para sua mão, querendo mais, minhas
unhas cravando em seus bíceps.
Seus dentes descem para meu queixo, minha mandíbula, chupa meu
pescoço, meu ombro, enquanto suas mãos vão por baixo da minha camisa e
tocam minha barriga. Ele rosna e se pressiona contra mim, deixando-me
sentir sua ereção crescente contra meu estômago.
Estou louca de tanta excitação. Estou tão molhada e sedenta por ele.
Eu quero toca-lo em todos os lugares. Quero senti-lo sob meus dedos, e eu
quero isso há muito tempo.
Pegando na barra sua camisa, eu puxo para cima, pela sua cabeça e a
jogo de lado. Antes que eu posso tocar em seu peito nu, ele pega minha
camisa e faz o mesmo.
Seus olhos incendeiam quando descobre o que eu tenho por baixo. Ele
olha diretamente para meu sutiã, que deixa a visão de todo o meu seio com
sua renda transparente. Meus mamilos endurecem ainda mais sob seu olhar.
Então ele desce pelo meu estômago e para em minha calcinha. Algo como
um Filha da p* escapa de sua boca em um pequeno e quase silencioso
rosnado.
— Você gostou? — minha voz soa excitada, rouca. Estou estatelada
contra a parede, apenas com a lingerie. Meus cabelos não devem estar em um
bom estado agora, depois de ele segurar minha cabeça quando me beijou.
Os olhos azuis de Ethan brilham, escurecendo. — Estou venerando
você agora, Less.
E então ele pega meu ombro e ele me vira, de frente para parede, em
um movimento rápido e brusco. Uma mão segura minha nuca e a outra desce
para minha bunda. Seu dedo passa pelo lacinho, em seguida, desce pela
minha fenda.
Eu lamento, em um gemido baixo.
Sua mão agarra meu cabelo e ele puxa minha cabeça para trás. — Eu
não quero pegar leve...
— Não pegue. — eu imploro sob minha respiração entrecortada. —
Por favor, não pegue leve!
Ele pressiona sua frente contra minhas costas, seu pau roçando em
minha bunda, e sua mão livre vem pela minha frente, raspa meu estômago e
desce entre minhas pernas.
Minha respiração para.
Eu ofego.
Lamento.
Em seguida, solto um gemido quando seus dedos entram em minha
calcinha e circulam meu clitóris.
Ele morde minha mandíbula. — Porra! Eu poderia comer você bem
aqui, Less. E agora. — Ele beija meu ombro quando ele circula minha
entrada encharcada e me penetra com um dedo. Ele rosna em meu ouvido.
Meu corpo treme. Eu apoio uma mão contra a parede e a outra vai para
cima e para trás, segurando a nuca de Ethan.
Seus movimentos são lentos enquanto ele roça seu pau inchado em
minha bunda.
Eu abro mais as pernas para ele, e ele lambe minha orelha.
Ele tira o dedo e volta a me virar para frente. Ele abaixa, agarra
minhas pernas por trás, fazendo-me prender meus pés ao redor de sua cintura
e me leva para o meu sofá. Ele me deita com cuidado, em seguida, seus dedos
se encaixam em cada lado da minha calcinha e ele a leva pelas minhas
pernas.
Minha cabeça cai para trás, com um grito, e minhas pernas aperta
contra ele, quando eu tenho outro orgasmo muito puta merda intenso.
Em um movimento rápido, eu estou deitada de volta no sofá, de
bruços, e minha bunda é puxada para cima, fazendo-me ficar de quatro, e
Ethan está novamente dentro de mim.
Ele me segura no lugar, batendo contra mim, com força.
Ethan sai de mim, com cuidado e deita de lado, me puxando para seu
peito.
Eu estranho. Milhares de alertas piscam em minha cabeça, como
um Alerta Perigo, porque são esses pequenos atos que fazem uma garota cair
de quatro por um cara como ele.
Cair de quatro. Eu deixo uma risada preguiçosa escapar.
Era exatamente como eu estava instante atrás.
— O que é engraçado? — Ethan pergunta. Ele varre com os dedos,
uma mecha de cabelo grudada em minha testa.
Outro alerta.
Balanço a cabeça, como se estivesse hipnotizada por seu cheiro
masculino. Desconverso: — Parece que deixar meu sutiã com você
funcionou.
Ele ri suavemente e seu peito treme. — Você não precisava disso.
Quatro palavrinhas suas, e eu estaria aqui.
Enrosco minha perna entre as suas, para ficar melhor o acesso à sua
boca e o beijo de volta, segurando um lado do seu rosto enquanto ele segura
minha nuca.
Seu celular toca de algum lugar. — Filha da puta! — Ele pragueja
contra meus lábios. Ele pressiona de novo, em um selinho duro e se senta
para pegar o celular no bolso de sua calça, no chão.
Eu começo a retirar minha perna de cima dele, mas ele segura com
uma mão e leva o celular para a orelha com outra.
— Sim? — ele atende.
Eu me espreguiço, esticando meu corpo, e apreciando o carinho que
ele está fazendo em minha panturrilha.
Ele escuta quem está do outro lado da linha e eu vejo um osso da sua
mandíbula se contraindo. Seus ombros ficam tensos e sua mão aperta em
volta do aparelho. — Estarei lá amanhã. — ele escuta novamente, e assente,
mesmo sabendo que a pessoa não está vendo. — Obrigado, McConaughy! —
desliga e joga o celular sobre minha mesa de centro.
Eu me sento, ainda com a perna sobre ele. Estou preocupada que seja
algo ruim, pela sua expressão fechada.
— Eu preciso ir. — ele olha para mim.
Meu peito afunda com tristeza, porque eu não faço ideia se isso irá se
repetir, ou ele vai se arrepender amanhã. Mas eu assinto. — Há algo errado?
Ele sacode a cabeça, negando. — Nada para se preocupar. Estarei
voando para Londres ainda esta noite.
— Hum...
Ele deixa minha perna e começa a se vestir.
Sentindo-me muito exposta agora que ele está se vestindo, eu agarro
minha camisa e a visto também. Não me preocupo com a calcinha, uma vez
que eu preciso de um banho. Eu fico de pé, perto da porta, esperando ele
acabar.
Ele termina de se vestir e se certifica que nada caiu de seus bolsos com
a pressa. Ele vem para minha frente, segura meu rosto e me dá um beijo de
despedida. Ele finaliza puxando meu lábio inferior entre os dentes.
Eu lamento, se derretendo.
— Volto daqui a dois dias. — ele diz. — Espero que você tenha outras
lingeries como aquelas para usá-las para mim.
Eu me animo, e meus lábios são puxados para cima, em um sorriso
tímido. — Como um presente de boas-vindas? — Eu juntos minhas pernas
quando sinto meu clitóris palpitar em antecipação.
Ele me beija novamente. Sua voz rouca e profunda, quando ele diz: —
Meu presente de boas-vindas será comer você, Less. De todas as formas e
posições possíveis.
Então ele sai e fecha a porta, me deixando ofegante e muito
necessitada.
CAPÍTULO VINTE
— Você acha?
Dou de ombros, com indiferença. — Ah. E eu vou checar com meu
irmão para ver o que a Jade acha mesmo de você.
Seus olhos brilham. — Faria isso?
Inclino-me sobre a mesa e pisco para ela, falando como se fosse um
segredo: — Se há alguém na face desta terra que pode saber sobre isso, é
Lucca Lazzari.
♡
ETHAN
Meu corpo treme de uma forma muito ruim e eu paraliso minhas mãos
por alguns segundos. Eu não olho para trás, porque eu sei que isso irá me
fazer vomitar, quando eu digo: — Nós não temos nada pra conversar, Kai. —
E eu fico orgulhosa de mim mesma por ter conseguido soar firme.
— Não, você está errada! — Ele dá passos, porque eu posso escutar o
solado de seus sapatos batendo contra o chão de mármore. — Você precisa
me escutar!
Viro-me, com minha xícara enorme, que contém a letra A bordada de
azul-piscina, em mãos e estreito meus olhos sobre a figura bonita, porém
irritante de Kai. — E o que exatamente eu preciso escutar de você? —
pergunto, sem conter o deboche do meu tom.
Ele pisca, talvez surpreso pela frieza em meu tom de voz – porque eu
mesma estou surpresa com isso –, mas logo se recompõe e dá um passo à
frente. — Que não era isso que eu esperava.
— O que você não esperava? Que você iria comer ela, na minha casa,
no meu sofá, e não sei o que meu mais, porque tudo ali dentro era meu, e eu
nunca ia descobrir?
Sua expressão é perturbada agora. Ele passa as mãos pelos cabelos
louros, em seguida, as coloca dentro do bolso. — Nos conhecemos no dia da
boate. Quando dançamos juntos, ela me contou um pouco sobre a história
dela com o ex-namorado. Depois, nos encontramos no... seu apartamento,
Eu respiro fundo, o grito preso em minha garganta enquanto eu
escutava ele falar. Eu sabia o que viria depois, só pela sua hesitação.
Ele continua: — e você não estava lá, então ela me falou sobre o
rompimento de seu namoro, e começou a chorar, e quando eu vi, eu a estava
consolando...
— Só uma dúvida — ergo um dedo, interrompendo-o. — quando você
diz consolando, você quer dizer fodendo?
Kai solta um suspiro exasperado, e dá mais um passo, ainda mais perto
de mim.
Eu já estou começando a ficar sufocada.
— Alessa, não foi minha intenção machucar você.
— Você machucou. — eu digo entredentes. — Não você!
O brilho confuso intensificou em seus olhos verdes, mas dessa vez, ele
dá um passo para trás, como se tivesse acabado de ser atingindo por um tapa.
Satisfeita comigo mesma, por não me abalar com esse papo furado, eu
seguro minha xícara firmemente com uma mão e alcanço meu calcular com a
outra. Eu começo a andar em direção à porta, mas assim que passo por Kai,
eu paraliso quando ele diz:
Ela pisa para mais perto, mantendo a mão da lanterna para baixo, ao
lado do seu corpo, e isso faz com que fique completamente escuro na parte de
cima. Sua mão livre alcança a barra da minha calça, sua respiração quente em
meu pescoço. — Obrigada por vir de óculos. — Ela sussurra, mas agora, seu
tom tem um toque malicioso. — Estou excitada, Ethan. Muito.
Sua mão desce as unhas raspando na frente do meu jeans, onde há uma
coisa muito dura por ela. Ela está me provocando. Testando, talvez?
E está funcionando.
— Então, pegue logo a porra do controle em meu bolso! — eu digo
entredentes, quase como um rosnado.
Ela ri contra meu peito quando sua mão, finalmente, chega ao meu
bolso esquerdo e ela pega o controle.
E também é por isso que eu não gosto de perder tempo quando estou
com ela.
Assim que a porta do avião sobe e fecha, eu largo as coisas sobre o
balcão e agarro o rosto pequeno de Alessa. Ela me olha de volta, com seus
grandes olhos azuis. Suas mãos delicadas sobem pelos meus braços, até que
seus dedos tocam meu rosto. Uma unha vem e arrasta pelo aro do meu
óculos, enquanto ela acompanha com os olhos, como se estivesse admirada
com a visão.
Eu abaixo minha boca sobre a dela e a beijo. Minha língua entra em
sua boca no segundo em que ela abre para suspirar.
As mãos de Alessa descem e ela segura a barra da minha camisa, e
nossas bocas se separam apenas o suficiente para que a camisa saia, e então
seus lábios voltam para os meus. Ela agarra meus ombros e eu agarro a parte
de trás de suas pernas, e a puxo para cima. Ela cruza as pernas envolta da
minha cintura no momento em que eu a ponho sobre o balcão.
Empurrando seu vestido para a cintura, eu tenho uma boa visão da
calcinha de renda rosa-bebê. — Você parece deliciosa nesse pedaço de pano,
Less.
Com muito atrevimento, ela coloca ambas as pernas para cima,
cravando os saltos na beirada do balcão, de forma que ela está bem aberta
para mim. Um sorriso pecaminoso toca seus lábios, e ela morde brevemente o
canto do lábio. — Você não tem como dizer se estou deliciosa, se você ainda
não experimentou Sr. Cross...
Ela gosta de me provocar, e ela gosta mais ainda de ser admirada por
mim.
Eu percebi isso.
Ela gosta da forma que eu estou olhando para sua boceta, ainda
escondida sob a pequena renda. E ela gosta, principalmente, porque sabe o
que estou prestes a fazer.
Eu agarro a carne de sua coxa quando minha cabeça desce e eu beijo o
topo da sua perna.
Ela fica imóvel, prendendo a respiração em antecedência.
Com a outra mão, eu afasto o tecido molhado para o lado e a lambo.
Ela segura um deles com a mão e aperta, jogando a cabeça para trás.
E a visão daqui de baixo é a porra da visão mais excitante.
Eu chupo e lambo uma última vez, antes de abrir minha calça e me
empurrar para dentro dela. Eu gemo, e ela grita com o prazer. Ela me deixa
substituir sua mão pela minha em seu seio e eu agarro os dois. Eu aperto e
chupo cada um deles, enquanto trabalho dentro e fora do seu canal apertado.
Ela pega meu rosto e ela me beija, tão duro e preciso, que eu tenho
certeza de que ela está apenas tentando se saborear através da minha língua.
Sua boca vai pela minha mandíbula e puxa meu lóbulo entre os dentes. — Eu
vou gozar Ethan... — Sua voz soa como um miado; como se estivesse por um
fio.
— Você vai? — Eu pergunto em seu ouvido. Eu desço uma mão entre
nós e a masturbo, enquanto meu outro braço segura ao redor de sua cintura,
quando invisto mais duas vezes, antes de seu corpo começar a tremer em
minhas mãos.
Ela tem o seu primeiro orgasmo da noite, gemendo e meio gritando em
meu pescoço. E, com uma primeira foda bem fodida da noite, seus braços
abraçam meus ombros quando seu corpo mole cai sobre mim.
Eu sorrio, satisfeito e sem sair de dentro dela, e a tiro do balcão e
começo a caminhar para a suíte do avião, com ela em meus braços.
— Jesus! Nem parece que foi apenas um dia longe! — Ela ri baixinho
em meu pescoço.
— E nós estamos apenas começando... — Eu entro na suíte e a deito
com cuidado sobre a cama, no centro do quarto, para não sair dela. — Eu
ainda não gozei.
Seu corpo se arqueia em minha direção e ela aperta em torno de mim.
— Por que não resolvemos isso, huh? — Ela diz, preguiçosa e
maliciosamente.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Ele me beijou tão duro e tão forte, que seus óculos subiram para minha
testa. Ele levanta uma mão e o retira de lá, sem parar de me beijar.
Eu gosto do seu beijo. Gosto da forma bruta, mais ao mesmo tempo
delicada, que ele me beija. Gosto da forma que sua língua briga com a minha,
como ele suga tudo de mim.
Eu separo de sua boca um pouco para respirar, sentindo meus lábios
inchados. — Eu lembro que eu tenho uma surpresa pra você... — Eu sussurro
contra sua boca.
Ele ri e lambe meu lábio. — Vou alimentar você, depois vou deixar
você me mostrar a tal surpresa, e em seguida, eu vou te comer de novo.
Ele segura minha bunda e me leva para sentir seu pau, já à minha
espera.
Eu gemo em sua boca, segurando seu pescoço. — Bem nessa
ordem. Por favor.
Todos os meus irmãos chamam atenção. E Ethan. Eles têm essa beleza
rara e safada, que deixa qualquer uma suspirando e querendo.
Inclino-me um pouco para o lado, olhando para a mulher e grito — A
mulher dele brinca todos os dias, pode acreditar! — para que ela possa
escutar.
Ela olha para trás, no momento em que Lucca ergue o dedo e toca a
grossa aliança dourada, ainda de costas para ela. Ela faz biquinho, revira os
olhos e sai.
Eu volto para meu irmão, satisfeita. — Sim, eu quero brincar disso.
Lucca gesticula com a mão. — Comece, amore mio!
Sorrio amplamente porque amo quando ele me chama dessa forma. —
Jade está gostando da Kono? De verdade? — pergunto.
Ele acena, confirmando. — Ela disse que elas têm muito em comum.
— Ele diz, e eu sei que é a única coisa que eu vou saber sobre o que Jade
disse.
Lucca é seu melhor amigo, então, ele guarda seus segredos como
ninguém.
Eu não queria que nenhum dos meus irmãos soubesse, porque suas
reações seriam essa, obviamente. Mas esse nosso jogo requer sinceridade. Eu
não podia mentir para ele.
Eu vejo sua mandíbula apertar e levo a mão sobre a mesa para pegar a
sua. — Não fique zangado. Eu terminei com ele. O coloquei em seu lugar.
Não precisa ficar dessa forma.
— Ele machucou você, piccola? — Ele procurou pelos meus olhos,
realmente preocupado. Um toque de raiva carrega em seu tom.
— No! Te giuro que no! — eu tento garantir. — Non giuro, fratello!
[1]
Ele passa uma mão pela nuca tensa, mas seus olhos e sua mandíbula
não estão aliviadas. Ele está com raiva, e eu sei disso porque ele está
tremendo.
O garçom chega com nossos cafés e eu agradeço.
— Por favor, Lucca, fique calmo! — eu empurro um café para ele. —
Não vale a pena ficar com raiva agora. Além de tudo, estou bem e Bridge está
grávida dele. — Encolho os ombros, como se nada disso tivesse me afetado.
Como se minha melhor amiga não tivesse me traído.
Todo mundo têm aquele dia em que você deseja que nunca tivesse
existido.
Na minha vida, há vários desses. Dias em que eu só queria estar sob o
meu edredom e dormir durante todo o tempo, até que chegue o dia seguinte
para que eu finja que o ontem sequer existiu. Como por exemplo, o dia na
segunda série, em que eu deixei meu suco derramar por toda minha roupa, na
frente de todo o refeitório, bem próximo ao garoto pelo qual eu tinha um
crush de criança. Ou quando eu tinha treze anos e estava tão desesperada para
perder o bv, que aceitei o convite de Mateo Crupti, um carinha da minha
classe, e ele babou toda a minha boca e ao redor dela, enquanto me beijava no
meio do pátio da escola, durante o intervalo. Separei dele e gritei que ele
parecia que era o bv da história. Mateo não gostou e ameaçou cortar meu
cabelo com um estilete, e nós dois acabamos na secretária.
Mas há esse dia em especial, dia 7 de dezembro, o dia do meu
aniversário.
Aniversário. É um evento importante para várias pessoas. Eles
costumam comemorar, brincar, sair com os amigos, fazer festas... Mas não
eu.
Aniversário para mim sempre significou o dia em que minha mãe foi
obrigada a me trazer ao mundo. O dia em que meu pai teve a chance de me
ver pela primeira vez, mas ele não ligava o suficiente para isso.
Minha mãe não é uma mãe realmente sentimental, então, nesse dia ela
sempre estava presa no hospital e chegava depois que eu adormecia. Ela
nunca, literalmente falando, me desejou um feliz aniversário.
Eu recebo mensagens dos meus irmãos e Hetor, claro, no entanto,
apesar do meu amor por eles ser infinitamente enorme, eu ainda sentia falta
das coisas. Eu não tinha ninguém na Itália, então eu apenas dormia todo o
dia, sequer comia algo, porque não aguentaria ouvir Bernadete, a empregada
da minha mãe, com uma alegria forçada, tentando preencher o buraco que
minha mãe abria todos os anos.
Hoje eu não estava com cabeça para academia, então eu iria correr por
quantos quarteirões meu fôlego permitiria. Para minha sorte, eu fui campeã
de corrida na minha escola.
Eu corro durante a próxima hora, ao redor de oito quarteirões. Eu faria
sete, mas eu tenho uma coisa ruim com números ímpares. Minhas playlist é
de se perder em sua própria cabeça, com músicas de bandas como Imagine
Dragons, Nickelback, Avenged Sevenfold, Maroon 5, entre outras. A lista é
grande demais, e se alguém me pedisse, eu teria que disponibilizar
meu Spotfy.
Estou suando por toda parte e meu rabo de cavalo é uma completa
confusão castanha quando eu volto para meu apartamento. Eu derramo uma
boa quantidade de água em minha garganta, enquanto, finalmente, abro as
mensagens dos meus irmãos, cunhadas, Hetor, Helena, Kono... de todos que
se importam comigo, menos da minha própria mãe. Eu leio e respondo cada
uma delas, tentando parecer mais entusiasmada que posso, acrescentando até
emojis sorridentes e com coraçõezinhos nos olhos. Só quando eu termino
todas elas, outra mensagem chega.
Essa faz meu coração tentar uma fuga bruta pela minha espinha dorsal.
Ethan. Ele se lembrou do meu aniversário. Ele nunca mandou
mensagem antes.
Ethan: Eu não sou bom com essas coisas, Less, mas parabéns! Vou
obter um presente para você. Prometo. ;)
Ethan apenas acabou de me mandar um emoji piscando.
Eu não tenho fôlego para isso.
Eu: Sério, você não precisa ser bom para isso! Eu não gosto disso!
Eu prefiro que você apenas continue sendo bom com outra coisa,
okay? ??
Mordo o canto do lábio inferior quando eu aperto enviar e espero pela
sua resposta. Eu pareço como uma adolescente trocando mensagens quentes
pela primeira vez, ansiosa para se tocar com isso.
♡
O resto do dia eu passo deitada sobre a cama, debaixo do meu
edredom azul marinho, fazendo algumas coisas como: desenhar várias coisas
aleatórias em meu caderno de desenho, fazer uma maratona dos episódios
que ainda não assisti de The Vampire Diaries na Netflix, enquanto comia
coisas que não fazem parte do meu regime, e dormir um pouco quando batia
o sono.
Eu sou acordada por batidas bruscas na minha porta. Eu não faço ideia
do motivo que o porteiro não interfonou para informar que subia alguém, mas
já que ele não fez, então eu deduzo que deve ser ou meus irmãos ou Ethan.
Desperto imediatamente com a ideia da segunda opção. Eu grito que já estou
indo, e corro para o espelho para arrumar meu cabelo, em seguida, vou para o
banheiro e passo enxaguante bucal, faço gargarejo, cuspo, enxugo o rosto e
corro para a porta. Mas um nó de decepção misturado com surpresa atinge a
boca do meu estômago quando eu vejo Kono e Jade do outro lado da porta.
— Eu não faço ideia de quem você esperava, mas, mesmo assim, feliz
aniversário! — Jade pulou para dentro, circulando meus ombros com seus
braços magros. Ela cheirava a morango e a Kono.
Ainda surpresa, e um pouco incomodada, eu a abraço de volta. —
Pensei que você tinha voltado para Dubai.
— Eu fui, mas voltei! Vou esperar até que Kono possa ir comigo.
Kono sorri, encolhendo os ombros, com certa dificuldade por estar
abraçando uma caixa branca. — Bom, eu abraçaria você, também, mas não
vai dá muito certo agora... — Ela olha para baixo, indicando a para caixa.
Fico meu olhar sobre a caixa quando ela deposita sobre meu sofá. Eu
espero que não seja um cachorro aí dentro. — O que é isso?
Jade abre seu sorriso largo em seu lábios vermelhos vivos. — Vamos
levar você para um lugar. — Ela diz, tão animada, que eu me sinto um pouco
mal por não partilhar dessa mesma alegria hoje.
Abraço meu corpo, passando as mãos pelos meus braços nus. — Eu
não saio nos meus aniversários.
— Bem, você não saía, — Jade abre a caixa e puxa um vestido de
cetim na cor preta de dentro. — mas hoje, você vai!
Eu olho boquiaberta para o vestido que ela está segurando para que eu
o veja bem. Ele, aparentemente, tem um decote profundo, e a parte da frente é
amarrada em um laço bem abaixo das costelas esquerdas, ou seja, se alguém
puxar esse laço, eu ficarei nua. A parte de trás é descoberta até o final das
costas. E ele é curto. Muito curto. Totalmente minha cara.
Olho nos olhos alegres de Jade. — E para onde você sugere que eu vá
com isso?
Blue Hell. Era esse nome que piscava no letreiro em neon azul, sobre
uma casa noturna, de aparência luxuosa, em Los Angeles County.
— Juro, eu estou com vontade de vomitar. — Eu não menti. Meu
estômago embrulhava cada vez que Kono e Jade me guiava para dentro da
casa noturna. Eu não tinha ânimo algum para me divertir hoje. Sinceramente.
Olhei para cima enquanto subia e os rostos familiares dos meus irmãos
e minhas cunhadas sorriam em minha direção.
Eu não acredito nisso!
Quando eu alcanço o topo na escada, Giovanni é o primeiro a se
aproximar e me abraçar. Ele fala algo sobre meu vestido está indecente e
deseja feliz aniversário mais uma vez, em seguida, todos os outros fazem a
mesma coisa. Meus olhos ardem com as lágrimas reprimidas, metade por
desconhecer o que é receber abraços e carinho nesse dia de merda e a outra
metade, por emoção.
Uma lágrima teimosa rola quando os abraços terminam, mas antes que
eu possa fazer algo estupido para estragar a maquiagem, Jade se aproxima
com um guardanapo e faz para mim.
Analiso meu corpo por um momento. Eu sairia com ele, com certeza,
se Ethan não tivesse na jogada. Colocando os dois na minha frente, meu
corpo não responde em nada para Jordan. Mas eu sei que meus irmãos não
podem desconfiar sobre nosso "caso", então, eu topo esse desafio com
Jordan.
— Você quer dançar? — Jordan aponta com o queixo quadrado para a
pista de dança, bem na hora que Jason Derulo começa a cantar Want to Want
Me.
Simplesmente, uma das minhas músicas favoritas.
Eu aceito e ele segura minha mão para me levar pelas escadas, com
instruções específicas do Lucca para não encostar muito.
Volto a olhar para rua, dando tudo de mim para não derramar uma
lágrima. Eu sequer queria sair de casa, para começo de conversa. Eu sabia
que meu aniversário não é uma data que trás coisas boas. Essa data me
envelhece, em primeiro lugar.
E agora eu estou bêbada, com raiva de mim mesma, um ano mais
velha que o dia 6, e Ethan está com raiva de mim, o que significa que eu não
terei sexo algum hoje.
Eu deito de bruços, olhando para Ethan sob meus cílios, com um leve
beicinho formado em meus lábios.
Eu realmente não fazia ideia do que estava fazendo. Tentando seduzir
ele? Talvez. Tentando fazer com que ele me perdoe? Pode ser. Mas, a única
coisa que eu sei, é que, em meu estado sóbria, eu não faria o que eu estou
prestes a fazer.
Levanto-me novamente quando ele não se move e vou até ele. Eu pego
em seus ombros, fazendo-o sentar ereto, e monto em seu colo. — Me toque.
— Eu peço, levando meu corpo para mais perto do seu. — Toque minha
cintura, Ethan. Toque a porra do meu corpo!
Ele olha para cima, para nivelar seus olhos com os meus. Ele parece
tão bonito e sóbrio, que eu não acredito que ele possa transmitir isso depois
de beber lá na Blue Hell. Ninguém fica sóbrio após tomar toda aquela
quantidade de álcool.
Ele não me toca, no entanto.
Meu corpo agoniza sobre ele. Eu toco seus braços fortes e arrasto
minhas mãos por todo ele, até chegar a suas mãos. Eu as levo para minha
perna.
Ele não reclama ou tenta tirar, ele apenas continua lá, parado e
olhando-me, cada movimento meu.
Eu levo sua mão mais para cima, sentindo o calor de seus grandes
dedos por todo meu corpo, mas antes de chegar a minha cintura, eu retiro e
levo-as para meus seios. Eu aperto-as contra minha carne, meus mamilos
sedentos por sua atenção. Eu toco suas mãos em cada parte do meu corpo, e
por fim, eu as levo para minha cintura.
Ele toca, mas ele não se move.
— Me toque Ethan. — imploro, inclinando para raspar meus dentes
pelo seu queixo. — Estava excitada por você, enquanto dançava com Jordan.
— Eu confesso, em um sussurro. — Eu não me importo que ele me toque,
porque tudo que eu queria era suas mãos, você e o seu pau. Dentro de mim,
de preferência.
Finalmente, suas mãos apertam em minha cintura.
Eu gemo, reconhecendo essa pitada de dor com prazer.
— Eu não me importo que você estava pensando em mim, quando
aquele cara tocava em você, Alessa. — Ele diz, com uma voz sombria. Uma
mão larga da minha cintura e vai para baixo, sob minha camisola e entre
minhas pernas. — O que me importa é que ele tocou você. — Seus dedos
deslizaram sobre minha buceta encharcada e um dedo penetrou meu canal.
Minha cabeça caiu para trás, quando um grito rouco escapou.
Instintivamente, meus quadris balançaram em direção à sua mão.
Com a mão livre ele agarra um dos meus seios doloridos. — Para que
eu vou querer aquelas duas coisas siliconadas, se eu tenho esses? — Ele suga
meu mamilo por cima do tecido da camisola. Com tanta força, que minha
boca se abre e meus olhos reviram.
Eu estava prestes a dizer "Eu espero mesmo!" quando ele atingiu
novamente meu ponto G e eu caí sobre ele, com meu corpo em convulsão,
em um orgasmo tão intenso quanto todos os outros que ele proporcionou.
Ele me segura no lugar por um momento, e retira o dedo de dentro de
mim com cuidado. Ele me levanta em seus braços e me deita na cama,
cobrindo meu corpo mole.
Eu seguro sua camisa quando ele faz menção de sair. — Não vai
embora...
Ele pega minha mão, delicadamente e beija meus dedos. — Eu vou
apenas ao banheiro. Durma um pouco. Estarei aqui amanhã para
conversarmos.
Eu assinto sonolenta, e permito que ele vá ao banheiro. Eu não vejo
quando ele volta para cama, porque meus olhos não permitem que eu os
mantenha mais abertos.
♡
Ethan não está presente, mas eu sei que ele dormiu aqui porque o
outro lado da cama está uma bagunça e eu não sou o tipo de pessoa que se
mexe tanto a ponto de bagunçar as duas extremidades da cama. E ainda está
quente quando eu coloco a palma da minha mão.
Um som de porta de armário batendo e o cheiro de ovos mexidos
adentrando pela porta entreaberta do meu quarto, me diz que ele está na
minha cozinha.
— Coma um pouco.
Eu levo meus olhos para Ethan e assinto, trazendo os pratos para mais
perto. — Obrigada! — Eu falo baixo, perfurando os ovos com um garfo. Eu
estava olhando diretamente para minha comida, mas eu posso sentir seus
olhos sobre mim.
Ele disse que íamos conversar hoje, mas eu quero lhe mostrar meu
ponto antes.
Isso me deixa apavorada. Completamente apavorada, porque talvez ele
queira se afastar quando eu lhe disser o que tenho para dizer. E eu não vou
poder culpa-lo se fizer.
"Se eu estou com você, Alessa, eu não preciso de outra mulher por
perto!" Suas palavras explodem repetidamente na minha cabeça, e é
exatamente isso que me assusta.
Ethan não é como os outros homens galinhas que conheço. Se ele
realmente gosta de estar com você, então ele vai ficar apenas com você. Ele
não olha para outras mulheres, mesmo que ela esfregue os peitos em seu
braço. Ele tem esse ponto igual aos meus irmãos. E eu admiro isso como um
inferno. Mas, dizem por aí – e quando eu digo isso, eu estou me referindo ao
Lucca – que ele foi quebrado, além de ter sentindo a dor da perda de Lisa.
Eu nunca soube o que realmente aconteceu de verdade. Meu irmão
nunca quis falar mais a fundo sobre isso, e claro, eu nunca toquei no assunto
com Ethan.
Então, eu não posso dizer que ele é o mesmo cara que eu conheci e me
apaixonei aos onze anos. E eu não estou indo arriscar isso.
— Antes que você comece a tal conversa que você falou ontem — eu,
finalmente, começo a falar, levantando os olhos para nivelar com os seus
azuis cristalinos. — eu quero falar que... Ethan, eu sei que você disse que não
queria um relacionamento, mas, você surtou porque Jordan me tocou. E, eu
sei que as pessoas falam sobre "sexo casual com exclusividade", só que eu
não acredito nisso. Transar com uma pessoa e querer que ela seja fiel a você,
é um relacionamento para mim.
Eu paro para respirar e pego o brilho curioso e confuso em seus olhos.
— E eu já tive minha cota de decepções com homens para uma vida
inteira. — eu continuo surpresa comigo mesma por minha voz estar firme. —
Eu não estou dizendo que você não é confiável; Você é. Mas então, você é
Ethan Cross, um cara que é o sinônimo da luxuria, e que tem várias Gianna's
com grandes peitos falsos, só esperando uma oportunidade para esfrega-los
em seus braços. Eu não quero ter uma exclusividade agora e me decepcionar
de novo depois. Eu prefiro que eu esteja esperando por isso. Eu prefiro saber
que você está com outra mulher, do que chegar de surpresa em um lugar e
pegar você com uma. E, provavelmente, você deve está me achando uma
idiota agora, porque sim, eu que comecei ontem toda a briga, todo o ciúme,
mas então, eu acordei hoje e eu me lembrei que eu fiz a única coisa que eu
prometi que nunca faria. — Eu estava falando tão rápido, despejando tudo
para fora, que eu precisei chupar uma respiração profunda quando eu dei uma
pausa. Eu podia sentir as lágrimas picarem meus olhos quando eu disse: —
Eu implorei por você.
Silêncio.
Tudo estava em total silêncio agora.
— Olha pra mim e me diz que é isso que você quer, Alessa! — Ele diz
entredentes.
Eu me forço a olhar de volta para seus olhos cheios de frieza e eu vejo
o quanto sua testa e a ponta de seu nariz estão rosados. — Eu não posso me
importar. — balanço a cabeça, tristemente. — Você sabe disso melhor que
ninguém.
Eu entendo Alessa, no entanto. Falei para ela que não estava pronto
para um relacionamento, mas, porra, depois de todos esses meses,
convivendo com ela na empresa... Eu apenas deixei ir. Eu me deixei esquecer
por um momento de Lisa, da carta, e de como era me sentir deixado para trás.
Mas, se tem algo que eu aprendi com mulheres é: porra, elas sabem
ser egoístas quando querem!
Alessa foi fodida pelos dois namorados, e eu entendo o que ela esteja
tentando fazer, mas, uma coisa que eu tenho certeza absoluta é que eu não me
chamo Dave ou Kai.
Sou Ethan, caralho. Eu não sou igual a esses filhos da puta. Pelo
menos não quando eu me comprometo com alguém, de verdade. Estou muito
velho para brincar com uma mulher dessa forma. Estou muito velho para
qualquer brincadeira.
Sim, eu não tinha me sentado com ela e falado sobre isso. Mas, aí está:
eu não percebi que estava tão apegado até o momento em que vi Jordan tocá-
la e olhar para ela como se quisesse devorá-la inteira, bem ali, no meio da
pista de dança.
Mas, se é essa coisa de não exclusividade que ela quer, eu respeito. Eu
vou ficar maluco, e provavelmente, vou quebrar tudo que estiver na minha
frente quando a ver perto de outro cara, mas eu estou lhe dando isso. Eu não
vou dar a oportunidade de outra mulher chegar e ser egoísta comigo de novo,
agindo como se só ela tivesse sentimentos.
Você quer isso, Alessa? Então, vamos começar!
Eu estava tão fora de mim, que nem quis mais tocar no assunto que
precisava conversar com ela. Eu iria lhe entregar seu presente e falar sobre
minha ida para Londres. Queria que ela soubesse de tudo por mim, antes que
viesse à tona. Porque, sim, virá à tona muito em breve. Se não já estiver a
caminho.
A porta do meu escritório se abre e a cabeleira pesada e vermelha de
Jackie aparece no meu campo de visão. Ela faz uma careta quando entra,
abanando a frente do rosto e torcendo o nariz para a fumaça do cigarro. —
Não chegamos nem na metade do dia e você já está assim? — Ela pergunta
com desaprovação em seu tom.
Eu reviro os olhos, inclinando minha cabeça para trás na cadeira e
soprando a fumaça para cima.
Jackie chuta alguns papéis no chão, como se estivesse procurando por
algo, até que ela encontra e abaixa para pegar. Ela se levanta e aponta com o
pequeno controle remoto para minhas janelas. Logo, as cortinas começam a
se abrir, iluminando o ambiente. Ela também aciona o sistema de ventilação
para diminuir o excesso de fumaça.
— O quê? Alessa não gostou do presente?
Eu sinto a pontada dolorida no peito quando chupo outra tragada,
ainda olhando para o teto.
Com o canto do olho, eu vejo que Jackie começou a juntar os papéis
do chão. — Você sabe, eu odeio quando você fica assim, porque da última
vez que fumou e bebeu tanto durante o dia, — ela levanta, balançando a uma
garrafa vazia de algum uísque caro, que eu não me importei de ler o nome.
Seu olhar esverdeado pegou os meus, tristes e preocupados quando ela
completou. — aquela lá tinha deixado você. Então, seja lá o que aconteceu
com Alessa, porque sim, eu sei que foi algo com ela, se abre comigo. Vai se
sentir melhor!
Uma risada apertada deixa minha garganta. — E o que uma menina de
dezessete anos entende sobre relacionamentos fodidos?
— Pelo visto, mais que você. — Ela deposita os papéis, organizados
um abaixo do outro, sobre minha mesa. Seu olhar pousa no envelope rosa e
sua boca contorce com desgosto. — Por que não ler isso logo? — Ela aponta
antes de descer para recolher as canetas.
— Porque não quero saber o que ela me escreveu.
— É claro que quer. Se não, não guardaria ela até hoje. — Ela me
oferece um olhar que diz: não me trate como uma idiota, seu idiota! —
Agora, me fale o que está te deixando assim!
Eu apenas encaro o teto por um longo momento, enquanto Jackie
recolhe outras coisas pelo chão. Eu dou uma última tragada antes que ela
puxe o cigarro dos meus dedos, o apague num cinzeiro e o joga na lixeira.
Poderia reclamar e lembrar que ela não manda em mim, mas eu estou sob o
efeito de muito álcool no momento, e em uma discussão com Jackie Rolland
eu sairia perdendo facilmente.
Apenas suspiro em rendição e me inclino para trás em minha poltrona,
colocando os pés cruzados sobre minha mesa.
Ela os empurra de volta para o chão, imediatamente, passando a mão
no local para limpá-lo.
Uma coisa que você deve saber sobre Jackie, além do talento na
cozinha e as notas perfeitas: ela tem um TOC de organização. Ela odeia
coisas sujas e fora do lugar.
— Ela quer sexo sem exclusividade. — eu, finalmente, falei.
— Ela quer sair transando com todo mundo? — Ela pergunta meio
surpresa e meio confusa.
— Eu disse que ela tem como me chamar quando ela quiser sexo. —
eu encolho os ombros, empurrando minha poltrona para trás, para ver as
opções de uísques que tinha em meu armário atrás de mim. — Ou se ela
precisar de um lugar para ficar depois de ficar bêbada por um cara.
Apesar de ter soado como se não me importasse, eu não sou hipócrita
como Alessa, que diz que não se importa; Eu me importo. Eu estou apenas
muito bêbado para demonstrar agora.
— Sinto muito por chamar por você essa hora da manhã! — Eu olho
para Kono quando ela se aproxima, com a cara de sono.
Ela me oferece um sorriso sonolento. — Não há problema. — Ela
aponta com o polegar para cima. — Jade ainda está dormindo, e não vai
acordar tão cedo. E eu calcei meu tênis, já que você me disse que estava
caminhando. — Ela aponta para seus pés.
— Acontece que eu precisava desabafar com alguém e, sinto informar
que, infelizmente, você é minha única amiga. — Eu ainda sinto um gosto
amargo na ponta da minha língua quando falo sobre isso.
Kono estala a língua contra o céu da boca. — Então, despeja tudo,
garota!
Enquanto caminhamos pela 3rd Street, eu conto sobre tudo, desde o
início. Eu conto sobre como peguei Kai e Bridge em meu sofá; Sobre como
fui parar no apartamento de Ethan, bêbada demais até para lembrar de levar a
carteira e o dinheiro do Uber; Contei sobre como comecei a me envolver com
Ethan, sobre nossos momentos de sexo quente, sem entrar em detalhes, claro;
E, por fim, contei sobre todo o ciúme, a forma como eu implorei, e então,
sobre o que eu disse no dia seguinte, e o que ele disse no final.
No fim, quando parei para tomar fôlego, após descarregar tudo de uma
só vez, Kono está em silêncio, pensativa, com o cenho franzido, e olhando
para o movimento dos seus pés.
— E eu abri seu presente ontem de tarde, quando finalmente criei
coragem. — eu murmurei, abaixando meus olhos para meus pés, também, e
os focando na fina corrente dourado ao redor do meu tornozelo. — Ele me
deu isso. — Eu remexo meu pé para que ela veja, sacudindo o pingente de
avião. — E um caderno de desenho novo, com uma caixa de lápis Blackwing
para meus desenhos. Meus favoritos. Eu não fazia ideia de que ele sabia
disso!
Ela suspira um pouco triste. — Você vai entender, se ele cair de novo.
Por que ele procurou pela minha mãe depois de vinte quatro anos? Por
que depois de tanto tempo?
E o mais importante: Como Ethan sabia disso e eu não?
— Por que ele faria isso, mamãe? — Eu olhei diretamente para minha
mãe, minha voz falhando por causa da ardência na minha garganta.
Minha mãe é o tipo de mulher cheia de si, que não vive sem sua
maquiagem, ela estando dentro de casa, ou fora dela. Suas roupas são sempre
das melhores marcas, em sua maioria, exclusivas e feitas pelos melhores
estilistas da Europa. Claro, ela aproveita bastante do conhecimento que ela
ganhou quando ainda carregava o nome Lazzari como seu sobrenome. E,
mesmo hoje, parecendo abalada, ela ainda está com seu terninho bege feito
sob medida, um salto alto, brincos de pérolas caras e uma boa maquiagem
para cobrir suas marcas de expressões. Ela é uma mulher bonita e com um
espírito muito jovem para sua idade.
Além dos olhos, eu não tenho nada parecido com ela. Enquanto minha
mãe tem cabelos loiros e lisos estirados, os meus são pretos e com as pontas
onduladas. Nenhum dos filhos puxou seus cabelos, aliás.
Meus irmãos se parecem com Hetor, o que me leva de volta para o
assunto do meu pai. Eu sou parecida com ele, pelo menos? Eu realmente não
sei se quero descobrir a resposta disso. Eu não me sinto bem agora.
Ethan quem falou primeiro: — Seu RH entrou em contato com a
E.C.A para a compra de um jato particular. Esse foi o motivo da minha
viagem para Londres.
— Ele deve ter pesquisado sobre a empresa e acabou chegando até
você. — Enzo dia, calma transbordando de seu tom.
Completamente diferente de qualquer coisa que eu esteja sentindo
nesse momento. Eu estou congelada por fora, mas por dentro eu estou
desesperada, confusa. Chateada.
Eu aperto meus dedos em volta do meu celular até que minhas juntas
fiquem brancas e comecem a doer. — O que ele falou pra você? — Eu
pergunto a minha mãe, dando tudo de mim para manter minha voz como a do
meu irmão.
Mamãe se encolhe dentro de seu terninho de alta costura, com a
pergunta. — Ele falou muitas coisas, querida. Mas a principal, é que ele quer
conhecer você!
Oh.
Sentindo o desespero subir, eu olho para Hetor, em seguida para
Ethan. A insegurança invadindo através das minhas veias sanguíneas e
apertando ao redor do meu estômago, trazendo de volta a ânsia de vômito. Eu
devo ter feito uma careta ou algo do tipo, porque eu vejo meus irmãos dando
um passo à frente.
Eu não sei o motivo, (talvez seja esse recado inesperado sobre meu
pai, ou o tamanho das palavras, que eu lhe falei em meu apartamento, que
está começando a pesar no meu peito) mas eu posso sentir as lágrimas vindo
de todos os cantos. Por trás dos olhos, da minha garganta... Eu aperto os
lábios juntos, reprimindo o choro e sacudo a cabeça. — Não. — eu consigo
pronunciar através da dor na minha garganta. — Eu sinto muito por não ter
deixado você falar no outro dia...
— Não tem problemas. — Ele pisa para perto, estendendo suas mãos
para meu rosto e enxugando as lágrimas com seus polegares. Delicadamente.
Carinhosamente. — Eu devia ter dito antes, em primeiro lugar.
Meu coração aperta com seu carinho no meu rosto e a forma que ele
me olha agora.
Ele parece tanto com o Ethan que eu vi um dia olhando para Lisa,
enquanto ela conversava com as amigas, um pouco distante.
Eu desejei esse Ethan para mim. E estou com ele bem na minha frente.
Eu só não posso dizer que é a mesma coisa para ele.
Ele amava a Lisa, de verdade, afinal. Todos viam isso.
♡
Dias atuais.
— Sério, Evan, você devia ter me dito que viria! — Eu envio um olhar
sério para mulher em minha frente. — Eu teria mandado um jatinho pra você!
Ela devolve rapidamente com um olhar debochado, enquanto esfrega
um pano úmido contra a grande mancha vermelha em sua camisa branca. —
Pela milésima vez, E: eu sou uma adulta, e da última vez que chequei, eu
ainda sou dois anos mais velha que você.. Não queira me tratar como trata a
Jackie!
— Evan, eu já disse que amo você? — Jackie abriu um sorriso tão
aberto de onde estava do outro lado da ilha da cozinha, onde folheava uma
revista de receitas francesas, que eu pude ver toda fileira de dentes brancos
que ela tinha.
Revirei os olhos, voltando a atenção para minha irmã. — Eu não
trataria, se você não parecesse uma bagunça agora.
— Não pareço uma bagunça.
— Há cocô de pombo em seus cabelos, uma macha de sorvete em sua
blusa e a companhia aérea perdeu sua mala. — eu aponto cada coisa, de
forma exasperada. — Você é uma bagunça, Evan!
Ela faz uma careta, chacoalhando a cabeça para retirar as mechas
curtas de cabelos escuros da frente de seus óculos para que ela possa me ver.
— Ok. Tudo bem. — ela suspira. — Mas, em minha defesa, eu sempre disse
que crianças com sorvetes são um perigo, e não fazia ideia que os pombos
daqui eram tão mal educados.
Minha irmã tinha trinta e dois anos, teve vários namorados, mas nunca
quis se casar. Ela é professora do quarto e quinto ano, toma conta de várias de
crianças na escola, mas nunca pensou em ter filhos. Ela quer que todos façam
o que ela diz, mas ela nunca obedeceu alguém em sua vida.
Meus olhos se estreitam em fendas sobre ela e seu vestido, que parece
como uma segunda pele de tão colado em suas curvas.
Os cabelos cinzas estão soltos com cachos grossos jogados sobre seu
ombro direito. Os saltos agulha picam o chão, com um toc irritante. Tudo
sobre ela me irrita. E, pela primeira vez, eu posso ver uma tatuagem em seu
ombro esquerdo. Uma rosa na cor cinza. Essa mulher, definitivamente, é
obcecada por essa cor.
Seus olhos chegam em mim e um brilho passa por eles. Ela contrai os
lábios e limpa abaixo do seu lábio inferior, com seu polegar, limpando algum
batom dali.
Engulo em seco. Eu entendi o que ela quis me passar.
Ela puxa a parte superior do seu vestido, cobrindo mais seu decote
extravagante, enquanto anda.
— Não finja que houve algo lá dentro. — Jackie fala, sua voz
pingando ironia.
Eu olho surpresa para ilha da cozinha, onde ela está sentada, folheando
alguma revista, e eu estava tão ocupada odiando a bruxa, que nem a notei ali.
Jackie toca sua própria orelha. — Eu ouvi tudo. — Ela diz para
Gianna. — Ele dispensou você, da mesma forma que ele faz com o lixo do
seu escritório. — ela estala o polegar com o dedo do meio. — Num simples e
pequeno estalar de dedos.
A boca brilhosa de Gianna se abre chocada, e eu mordo o interior das
minhas bochechas para não sorrir. Gianna faz cara feia. Ela não está na lista
de favoritas da Jackie, também. — Por que você não some da minha frente?
— pergunta ela, seu rosto ficando vermelho de raiva.
Jackie apenas abre seu maior sorriso e encolhe os ombros. — Porque
eu moro aqui. A casa é minha. E na sua frente, eu sou a porra da presidente
aqui. — Ela diz num tom debochado, como se isso fosse alguma piada
interna, que eu desconheço.
Mas, Gianna conhece, porque ela alcança sua bolsa no sofá, com um
pouco mais de brutalidade que o necessário, e sai pisando duro com seus
saltos agulhas, em direção ao elevador.
As portas do elevador se fecham com ela dentro, e eu ouço um suspiro
de Jackie. — Vaca. — ela murmura, seguida de uma careta.
Dessa vez, eu não consigo segurar o sorriso.
Os olhos verdes de Jackie param sobre mim, mas eles não estão
alegres e curiosos como da vez em que ela me preparou meu café da manhã.
Eles parecem chateados.
— Eu queria falar com Ethan. — eu digo, não sabendo ao certo se ela
estava ainda com o mesmo humor que estava instantes antes com Gianna.
Ethan está com o celular contra uma orelha, enquanto enxuga o rosto
com uma toalha, usando a outra mão. Ele olha para porta e me vê. O brilho
surpreso tomando conta dos seus lindos olhos azuis.
Sorrio de forma apertada, de repente, um pouco tímida por estar aqui
sem seu consentimento. Eu formulo em meus lábios um "Preciso falar com
você!" sem som, respeitando seu telefonema.
Ele ergue um dedo, indicando um minuto e eu assinto, empurrando
meu quadril contra o batente da porta. Ele se concentra em seu telefonema.
— O nome da passageira é Evan Joane Cross. — Ele diz.
Eu franzo o cenho, curiosa sobre esse nome.
Tem seu sobrenome, então, talvez ele esteja comprando uma passagem
para alguma irmã, certo?
Mas, por que ele faria isso quando ele pode simplesmente lhe enviar
um avião?
Ethan escuta a pessoa do outro lado, e após algumas minutos, ele
finaliza a ligação com um Obrigado!. Ele joga o celular de lado, sobre a pia
do banheiro e se vira para mim, erguendo uma sobrancelha, esperando que eu
fale alguma coisa.
Solto o lábio que estou segurando entre os dentes e suspiro. — Sinto
muito se estou interrompendo alguma coisa... — meu polegar aponta para a
porta do quarto.
— Podemos falar sobre Puccini depois. — ele diz, sua voz mais
excitada que pouco instantes atrás. — Agora, eu preciso que você me toque, e
eu vou te tocar, também. É só isso que você quer de mim, certo?
Eu abro a boca para falar, lutando contra a vontade de fazer o que ele
está dizendo, mas a fecho de novo. Eu sinto seu pau contra meu estômago, de
tão próximo que ele está. Todo o meu corpo tremendo com a saudade dele.
— Ei, E! Conseguiu?
Sobressalto com a voz feminina, vindo da portado quarto, e isso me
lembra que a porcaria da porta está aberta.
Ethan está de frente para mim e de costas para a porta, impedindo a
mulher de ver instrumento de trabalho.
— Eu sei que é uma coisa difícil pra você. — Ethan diz, com
sobriedade. — Mas eu não dispensaria isso. Tudo que você tem até hoje é
apenas a palavra da sua mãe. Essa é a sua vida, Alessa. Se você quer se
martirizar por uma coisa, então que seja uma coisa real. Vá se encontrar com
ele e obtenha sua resposta. O seu único defeito é que você prefere sofrer por
verdades que você mesma enfia na sua cabeça.
ETHAN
Faz uns cinco minutos que Alessa se foi da minha casa.
Eu agarro o cigarro para fora dos meus lábios e sopro a fumaça para
cima. Eu olho para baixo, em meu antebraço, e eu vejo as marcas
avermelhadas que ficou de seus socos femininos, porém, um pouco forte
demais.
Meu pau ainda está muito duro por ela, e levou tudo de mim para não
empurra-la sobre a minha cama e comê-la tão esfomeado, até que ela gritasse
o meu nome. Bem aqui, para que todos nesse maldito prédio escutassem.
Mas ela é uma coisa irritante e teimosa.
Chega a ser frustrante.
Eu gostei de vê-la toda vermelha com ciúmes, mas eu não consegui
fazer como ela naquela boate e ir até o final. Eu poderia só revelar a verdade
sobre Evan outro dia, descontando o que ela me fez passar quando deixou
Jordan se esfregar nela, na porra da dança. Mas, não fui capaz de vê-la
daquela forma por muito tempo.
Eu não consigo vê-la sofrendo, mesmo que ela estava fazendo por
onde.
Meu celular apita com uma mensagem e eu o pego para ver do que se
trata.
Gianna: Que tal irmos ao baile anual juntos? Já comprei meu
vestido! ☺
Bufo, tragando meu cigarro mais uma vez antes de abandoná-lo no
cinzeiro e ir até a sala. Eu avisto minha irmã e Jackie, conversando e rindo
sobre algo que eu não faço ideia. Eu chego perto e deslizo um cartão de
crédito entre elas. — Encontrem um vestido e qualquer merda que se precise
para usar com ele, para cada uma.
Elas me olham curiosas.
— Por quê? — Jackie pergunta.
Ele toca minha bochecha com os lábios. — Você me disse uma vez
que eu tinha desistido de você muito rápido. — ele raspa os lábios para baixo.
— Eu não estou desistindo agora, Less. Mesmo que você seja teimosa o
suficiente para ir ao baile com o filho da puta do Jordan. — Ele impulsiona
para frente e me faz dar passos para trás. — Eu estarei lá, de olho em você.
Em cada movimento do seu corpo gostoso.
Minhas costas encontram a porta fechada e eu suspiro. — Ethan...
— Quer saber o que eu acho disso tudo? — Ela indica ao redor com o
indicador.
Não, obrigada! — Quero. — Eu assinto.
Por favor, não fale! Por favor!
— Como a irmã mais velha do Ethan, eu não gosto de você. — diz ela,
sinceramente. — Eu não gosto de qualquer mulher que o deixe, pelo menos,
remotamente triste. Lisa? — ela abaixa o queixo com uma risadinha
desdenhosa. — Eu nem toco no nome dela. Com bilhões de pessoas na face
da terra, o meu irmão é o menos que merece sofrer por alguém, por qualquer
motivo. Então, me desculpe Alessa, mas como irmã dele, eu não gosto de
você por fazê-lo sofrer e voltar ao estágio que nós tivemos que arranca-lo da
última vez. Eu conheço seus irmãos, e eu tenho certeza de que eles fariam o
mesmo. — ela encolhe os ombros. — Chame isso de ser irmão.
Eu pisco surpresa, cruzando meus braços e pressionando os lábios em
uma linha fina.
— Mas, como mulher, — ela continua. — eu entendo o que você quis
fazer. Você quis se proteger, e acredite, eu venho fazendo isso há trinta e dois
anos. E eu não carrego duas traições na minha bagagem. — Ela diz e quando
ela faz o brilho dos seus olhos azuis, tão parecidos com os do Ethan, somem.
Uma escuridão toma conta deles, completamente sem vida. Ela ri um pouco.
— Você é muito jovem ainda, Alessa. Deus queira que você não precise
passar por mais coisas ruins, ou até mesmo uma coisa pior que uma traição.
Isso me emocionou. Eu me remexo, apertando meus braços mais
cruzados. — Obrigada. — eu digo, sinceramente.
A atendente vem com os nossos cafés e meus bolinhos.
Evan pega o dela, paga e pega sua bolsa. Ela olha diretamente para
meus olhos quando ela diz: — Mas eu ainda não gosto de você. — e vai
embora.
Ela agita a cabeça antes mesmo que eu possa abrir a boca. — Não. De
jeito nenhum. Não me olhe assim.
Dou meu melhor olhar inocente. — Não estou fazendo nada!
Ela aponta. — Você quer que eu te conte. Eu não vou. Não é da minha
conta.
— Kono...
— Não. — ela ergue um dedo, como uma mãe faz para seu filho
pequeno. — Pergunte ao próprio Ethan.
Eu bufo.
Como se ele fosse me responder!
Lucca joga a cabeça para trás, com uma risada, que não contém
nenhum pingo de graça. — Vida, — ele a chama, com sua voz cheia de
carinho. Ele toca seu rosto. — você ainda não enlouqueceu.
Enquanto eles debatem sobre meu vestido, com Lucca todo vermelho,
como se realmente estivesse prestes a passar mal, eu estou ciente dos olhares
roubados que Ethan me dá. Principalmente na minha cintura nua. Isso me
esquenta da cabeça aos pés.
Jordan toca minhas costas e inclina para falar ao meu ouvido: — Você
quer uma bebida?
Eu assinto, e com um sorriso muito bonito, ele vai à busca de uma.
Uma música nova começa a soar, e as meninas convencem meus
irmãos a irem dançar. Até mesmo Enzo arrisca para não deixar Juliet ir com
outro cara. Jackie surge de algum lugar e leva Jax para pista de dança. E tudo
que sobra somos nós, eu e Ethan.
Eu arrisco um sorriso para ele. Lutando para não ser muito
comprometedor, mas o olhar que ele me envia é completamente sexual.
Jesus. Ele parece uma delícia.
— Você está sem calcinha. — Seus olhos brilham com algo cru e
faminto quando ele toma um gole do seu champanhe.
Com um meneio leve de cabeça, eu abro um sorriso pequeno,
piscando quando eu digo: — Eu não tenho nada além de adesivos nos seios
por baixo desse vestido. — Eu faço minha melhor cara de inocente pare ele,
sabendo que meu rosto parece como um pimentão agora.
Um sorriso malvado enrola seus lábios.
Jordan volta com duas bebidas. Ele me estende a de morango, mas
Ethan pega a outra de sua mão, a de limão, e me entrega primeiro. Ele pisca
para Jordan, como se fosse cúmplice, mas quando seu olhar se pousou sobre
mim, ele estava mais para Senta e aprende idiota!
Ethan abre seu sorriso padrão. Aquele que faz todo o meu corpo
tremer e minha calcinha encharcar. — Amor, acabamos de chegar...
— Sim. — meneio a cabeça duramente. — Mas eu preciso de você
agora. — eu lamento.
— É a sua pergunta?
Sacudo a cabeça. — Não! Eu só quero entender o por que disso bem
agora!
Encolhe os ombros. — Eu começo. — ele diz e quando ele move a
cabeça para falar alguns fios do seu cabelo caem em seus olhos. — Você e
Ethan. O que está rolando?
Engulo em seco, paralisando por uns instantes.
Lucca me gira de novo, indo mais rápido, na medida em que o ritmo
da música aumenta.
Eu penso em mentir pra ele e lhe dizer que não há nada aqui. Mas
então, se eu fizer, estarei quebrando única regra da brincadeira e ela não mais
noção, futuramente.
— Não sou nenhuma criança. Eu não vou fazer uma cena, paixão. —
ele me garante. — Ele é meu melhor amigo. Melhor que ninguém eu sei do
seu caráter. E eu sei que deve ter alguma coisa para que ele não tenha me
contado sobre isso ainda, e não é apenas por você ser minha bebê.
Minha testa cai em meu peito e eu suspiro. — Eu sou apaixonada por
ele desde o dia em que você o levou em minha casa, na Itália. —confesso. —
Eu apenas não demonstrei isso. Mas, agora... Trabalhando com ele... Jesus,
Lucca. Não podemos conversar depois? — Levanto para olhar pra ele.
Ele assente, seus olhos calmos, mostrando o contrário do que eu
pensei que seria. — Eu quero conversar com vocês dois. — ele avisa.
Eu assinto.
— Não vou falar nada até conversar com vocês. — ele diz.
Assinto novamente.
Ele beija minha testa. — Eu te amo, paixão.
Eu me derreto. — Eu também te amo.
Meu coração ainda está martelando contra minha costela enquanto eu círculo
pele salão, cumprimentando as pessoas. Um sorriso no rosto e uma voz
simpática. Mas, por dentro, eu estava nervosa pela conversa com meu irmão.
Eu tenho enviando olhares nervosos para ele e para Ethan. E eu tremo cada
vez que eles chegam perto um do outro.
Mas, Lucca parece tranquilo. Ou ele apenas faz isso para ver minha
reação.
— Não esperava encontrar você aqui. — uma voz soa atrás de mim.
Eu não tenho certeza, mas eu acho que meu corpo inteiro estremeceu
com nojo. Eu me viro em meus saltos para encarar a vaca turbinada.
Ela estava sorrindo, com seus cabelos cinza soltos em volta dos
ombros. O vestido que usava era elegante, num tom de cinza escuro, com
pequenos diamantes espalhados por todo lugar.
Suspirei de tédio. — É o que acontece quando sua família é uma das
famílias colaboradoras. Você comparece.
Antes que ela pudesse falar qualquer outra coisa, eu recebo uma
mensagem de Mel, me pedindo para alcançá-la no banheiro. Eu não peço
licença quando eu saio em direção ao banheiro feminino e deixo Gianna com
uma careta.
ETHAN
— Conheço você, cara. Você é como um irmão para mim sabe disso.
Então, se for levar isso realmente a sério, eu ficarei feliz, porque ela merece
ser feliz e você, porra, mais que todo mundo, a fará feliz. — ele bate no meu
braço. — Só não me decepcione, irmão.
Eu assinto. A comoção não me deixou abrir a boca para falar qualquer
coisa em troca disso.
Eu não vou!, Eu digo mentalmente.
Lucca bate em meu ombro. — E não deixe Giovanni saber disso antes
que vocês contem.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
ETHAN
Eu não fui. Eu sabia que isso não seria uma boa coisa para Alessa,
então eu apenas a pedi que não insistisse e Lucca me resgatou de lá, com uma
desculpa de que ele precisava de mim para falar sobre um presente de natal
para Mel.
Cerca de dez minutos após o jantar, eu dei uma desculpa, que
precisava ir ver como Evan estava, me certifiquei de que Jax levaria Jackie
para casa e fui embora, em um táxi. No caminho, eu enviei uma mensagem
para Alessa, avisando que a esperaria em seu apartamento. Recebi
um Okay de volta, acompanhado de uma carinha de bochechas rosadas.
♡
— Ela não foi uma idiota. — ele disse, me interrompendo. — Ela foi
egoísta. — seus olhos estão perdidos em algum ponto além da minha cabeça.
Sua carícia em meu braço parou, e eu lamentei um pouco. — Você está certa,
eu não gosto desse assunto. Ele me levou para um buraco que eu pensei que
nunca mais sairia. Eu recebi muita ajuda. Seus irmãos me ajudaram bastante,
aliás.
— Ei, volta aqui. — Ele me puxa de volta, abraçando com seus braços
fortes, e alisava meus cabelos.
Eu estava tremendo com raiva, mas eu não sei se de mim ou de Lisa.
Eu também fui egoísta com ele quando pensei apenas nos meus sentimentos e
não fazia ideia pelo que ele tinha passado. Agora entendo porque ele ficou
tão revoltado com minha proposta.
Eu adormeci.
— Por que disse que não posso ir com você? — Giovanni rosnou do
outro lado. — Não quero você sozinha lá, Alessa! Nem conheço esse homem!
Suspiro e me sento na beirada da cama. — Fique calmo. Jesus,
Giovanni, é apenas uma conversa! Você não precisa fica agitado assim. Além
do mais, Hetor e Ethan estarão lá!
— Mesmo?
Eu assinto, mesmo sabendo que ele não está vendo. — Com certeza.
Ele desligou parecendo satisfeito, mas então, se tratava de Giovanni
Lazzari, e ele nunca está satisfeito.
Eu tomei um banho, troquei de roupa, arrumei meu cabelo e pus um
pouco de maquiagem. Eu estava bem hoje, apesar da ansiedade e os nervos à
flor da pele. Quando Ethan chegou, eu estava pronta.
♡
Ethan estacionou em frente ao prédio da E.C.A e meu cenho franziu.
— O que estamos fazendo aqui? — eu me virei para ele, enquanto
desatava meu cinto de segurança.
Ele desliga o carro e retira a chave. — Pensei que seria melhor para
conversar em um lugar privado.
Eu assenti, engolindo em seco.
Entramos no elevador particular de Ethan, e em vez dele ir para o
outro lado, como de costume, ele encostou-se à parede e puxou minhas costas
para seu peito. Sua mão fazia uma leve massagem na minha, como se ele
quisesse me manter calma. Eu amei a forma que sua boca beijava meus
cabelos, meu pescoço, meu ombro, e ele sussurrava para que eu respirasse.
Eu respirei e me deixei envolver por esse momento.
Lamentei quando as portas se abriram no seu andar e precisamos nos
separar. Eu o segui até a sala de café, após Lúcia nos dizer que era onde
estavam nos esperando. Por instinto, eu fui direto para o lugar onde Hetor
estava perto da cafeteira moderna.
Ele me queria.
Ethan me leva para seu quarto, e entra sozinho em seu closet.
Segundos depois ele volta com uma camisa nas mãos. Ele deixa ela sobre a
cama, vem e pega na barra do meu cropped. — Erga os braços. — ordena ele,
sua voz rouca, os olhos quentes nos meus.
Eu fui para frente, cerrando os dentes, mas Lucca me parou com uma
mão espalmada no meu peito. Eu não sabia o motivo, porque eu nunca iria
para cima de nenhum deles. — Eu não traí você! Eu gosto dela, Enzo! De
verdade. Eu quero isso bem mais do que eu queria com Lisa. E ela me quer,
também. Não estaria forçando-a a nada, e vocês sabem porra, que Alessa
Lazzari não faz nada que ela não queira fazer!
Nenhum deles fala nada. Enzo não fala nada, mas ele também não me
olha. Ele olha para a cidade lá fora enquanto massageia seu punho.
— Eu não teria começado isso, se eu não tivesse certeza. — Eu digo,
mais calmo. — Vocês me conhecem há muito tempo para saberem bem
disso, cara.
♡
— Por que estamos no seu escritório? — Ela me pergunta, curiosa,
olhando-me hesitante.
Faço-a sentar em meu colo quando desço para minha poltrona.
Ela me abraça com um braço e espera ansiosa, como uma menina
pequena, com as pernas balançando para frente e para trás, enquanto me
estico e pego o envelope rosa da gaveta. Seus olhos se arregalam quando ela
vê o nome de Lisa assinado.
— A mãe dela me entregou isso após sua morte. — eu explico. — Eu
nunca abri.
— Por quê?
Encolhi os ombros. — Sempre achei que não precisava ler. Ela me
abandonou, Less.
Ela toca meu rosto. — E por que ainda está com ela?
— Acho que eu preciso terminar com esse capítulo da minha vida para
começar um novo. — eu digo e olho em seus olhos. — Eu quero você, mas
para isso, eu preciso saber o que tem aqui dentro.
Olhei para seu rosto bonito. — Você não precisa se não quiser.
Você sabe o que dizem nos começos das cartas em filmes dramáticos,
certo? "Se você está lendo esta carta, então eu não estou mais por aqui..."
Eu morri. Minha nossa, eu realmente morri, Ethan. Como eu poderia
imaginar isso algum dia? Eu não pensava sobre isso quando te via nas
revistas e em sites de fofocas, e sonhava em te conhecer um dia. Eu não
pensei sobre isso quando te vi pela primeira vez, quando você entrou no
refeitório do Campus e me deixou suspirando, juntamente com todas as
outras garotas no local. Eu não pensei nisso quando você entrou no meu
apartamento, para ajudar na mudança da Mel e eu quase tive um pequeno
ataque cardíaco... Tudo que eu pensava era em me casar com você, ter uma
casa com você, e um par de lindos filhos. Racer e Faith. Eram os nomes que
eu imaginava. Racer seria sua cópia, e Faith a minha. Ou ela apenas poderia
ser a sua, também. Eu não me importaria, porque ela seria linda. E, falando
em filhos... Eu sei que você pensa que eu fui egoísta com você. Sim, eu
conheço você, e eu sei como sua cabeça linda funciona. Mas a droga da vida
não foi egoísta comigo, Ethan? Conosco? Eu não fui egoísta, eu fui
apaixonada. Apaixonada o suficiente para querer que você tivesse apenas as
boas lembranças de nós dois. Como da vez em que você me ajudou a pintar
meu quarto, quando me levou para uma bebida no bar da esquina, pela
primeira vez, ou quando me levou ao zoológico apenas porque eu estava de
TPM e você disse que ver o urso Panda e comer pipoca com calda de
chocolate me faria melhor, ou quando eu fiz você ir ver Como Eu Era Antes
de Você três vezes no cinema, em menos de uma semana. Até mesmo quando
fizemos amor na minha cama de hospital. Portanto, se ser egoísta for não
querer que você me visse definhar em uma cama, ou ver nosso pequeno bebê
sendo retirado de mim, porque ele era muito novinho para nascer antes que
eu partisse, então eu sou a pior egoísta do mundo. Mas, eu não fui Ethan.
Não nesse ponto, pelo menos. Eu fui egoísta porque eu chorei, todos os dias,
querendo ligar e retirar o que eu disse sobre eu amar a mulher que você
escolhesse para se entregar. Eu não a amaria, Ethan, eu odiaria. Odiaria
por ela ter você ao seu lado, por ela ter seu amor, seu carinho. Por ela ter
toda essa sorte, e não eu. Eu fui egoísta porque eu não posso nem imaginar
te dividir com outra pessoa; Por não querer que você siga em frente. Por
desejar que você nunca encontre alguém, como eu havia dito antes. Eu sou
realmente egoísta quando se trata de você, Ethan. Eu te amei mais do que eu
me amei. Deus, te amei mais que tudo na droga desse mundo maldito! Mas
então, eu morri, Ethan. Eu morri e você não. Sua vida continua. E a sua vida
é tão linda, você merece tanta coisa. Você merece o mundo inteiro, meu
amor, e junto com ele, você merece alguém que te ame com a intensidade que
você merece ser amado. Alguém que não seja egoísta e te dê muitos filhos.
Alguém que a vida não arranque de você, com uma desculpa mesquinha de
uma doença terrível. E quando você encontrar essa pessoa agarre-a e faça
acontecer. A leve para o zoológico quando ela tiver de TPM, compre
chocolates para ela, arrume desculpas para tocar seu rosto, faça amor com
ela sempre que tiver uma oportunidade, por menor que ela seja. Faça-a feliz,
Ethan. Tenha filhos. Muitos deles. A vida é um pequeno e desprezível piscar
de olhos. Passa muito rápido. Portanto, ame-a. Falo sério, Ethan, ame-a
linda, forte e intensamente. E viva. Pelo amor de Deus, meu amor, viva!
Eu estarei aqui, de onde quer que eu esteja, amando você, até o último
balançar da minha alma.
E eu sei que nunca vou compensar o que te fiz passar, mas se você
ainda quiser nos visitar, ou apenas visitar o nosso bebê, estaremos te
esperando no Forest Hill. É onde estamos.
Com amor e muita dor... Elisa, como você preferia me chamar.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
Eu me sinto doente.
— Merda. — eu sibilei baixinho. Eu estava atordoada, e havia um
aperto no meu peito. Pela Lisa. Pelo Ethan. Por ambos.
O olhar de Ethan está sobre um ponto perdido. Ele não diz nada, mas
eu sei o quanto ele estava fodido. E eu não estou falando apenas do corte em
seu lábio inferior.
Eu questionei ele sobre isso, após nossa muito maravilhosa sessão de
sexo com posições deliciosas, e até algumas novas para mim, e ele apenas
veio com um "Não foi nada demais. Depois falaremos sobre isso." e me
puxou para fora da sua cama e de seu quarto, e me trouxe até aqui.
Não sou idiota. Eu sei que eu ele falou com meus irmãos, porque meu
celular não parou de apitar com mensagens do Enzo e do Giovanni. Eu não
acho que o corte veio do Lucca.
Se fosse, Ethan estaria com esse corte desde o baile de caridade.
— Fale alguma coisa! Como se sente? — Eu seguro seu rosto com
uma mão, enquanto a outra está segurando o papel rosa. Meu estômago se
revira com o ciúme. A ideia dele ainda amá-la me deixa tão doente. Mas eu
sei o quanto isso é grande e forte no psicológico de qualquer um.
Até de um homem tão grande como Ethan.
Seus olhos encontram os meus e não há nenhuma expressão lá. — Não
vou mentir pra você. — ele diz. — Eu esperei a dor vir. A dor que senti
quando ela se foi para longe, mas ela não quer chegar. Eu amei a Lisa, sim.
Só que, talvez com a decepção, isso se tornou apenas um carinho distante.
Por ela, eu quase me destruí. Passei anos pensando nos motivos dela ter ido
embora, os motivos dela ter pensado apenas nela. — ele pega a carta da
minha mão e olha pra ela com o cenho franzido. — E mesmo depois dessa
carta, eu não consigo entender. Eu só consigo sentir pelo meu filho, que não
pude me despedir.
E não há mais carta com envelope rosa, ou Lisa, ou seu lábio ferido
pelos meus irmãos. Só nós dois.
Seu lábio.
Merda!
Quebro o beijo e me afasto, passando meu polegar pelo corte.
— Não está doendo. — ele tenta me acalmar.
Nego com a cabeça. — Você não devia ter ido sozinho falar com eles.
— E o que mudaria se você tivesse ido?
Encolho os ombros. — Eu não deixaria que eles fizessem isso. Eu já
tenho vinte e quatro anos!
Ele ri. — Less, eles são seus irmãos. Você poderia ter quarenta e ainda
assim, você seria a menininha deles. Eles vão te proteger sempre, não importa
sua idade, porque eles te amam.
— Mas não precisava machucar você. — eu lamento, olhando para seu
corte.
— Valeu a pena. — diz ele, com um leve curvar de lábios. — Foi por
você.
Eu gemo com isso, abraçando ele forte, apertando meu corpo no dele e
ele me abraça de volta, me cheirando no cabelo.
Por cima de seu ombro, eu vejo que já está anoitecendo e eu percebo
que não comi nada o dia inteiro.
Largo o abraço. — Me deixe cuidar disso, tudo bem? — me refiro ao
seu corte. — Em seguida, me leve para jantar. Não me lembro de ter
almoçado hoje.
Ele se desencosta de sua poltrona e estica o pescoço para beijar minha
garganta. — Sim senhora. — ele sorri.
Ela pisca pra mim, em seguida inclina a cabeça para olhar para Ethan.
— Estou começando a gostar dela...
Bom.
Sorrio largo e volto minha atenção para meu prato de waffles.
A conversa segue entre eles sobre a convenção de professores que
Evan veio participar, sobre a escola de Jackie e sobre Andie vir passar o natal
aqui.
— Na primeira semana de janeiro estarei indo para Boston. — Ethan
diz a todas. Ele não diz o motivo real quando elas lhe perguntam, ele apenas
diz que quer um tempo a sós comigo e juntou isso com um assunto de
emprego que ele precisa resolver lá.
Eu estou um pouco ciumenta, mas eu sei que é disso que ele precisa.
Então eu vou.
CAPÍTULO QUARENTA
— Ethan... Por favor... — eu levo minha mão para trás e aperto seus
cabelos entre os dedos. Eu estou inclinada sobre a mesa da suíte presidencial,
de um hotel em Boston, enquanto Ethan está ajoelhando, por trás de mim,
com a cabeça enfiada entre minhas pernas, usando a sua língua no meu ponto
mais sensível.
Ethan ri contra a carne da minha bunda. — Por favor? O que
exatamente você está me pedindo, amor? — Pergunta, ironicamente. Ele
crava os dentes na minha bunda, raspando suavemente após a mordida.
Coloca um beijo ali, enquanto seus dedos circulam meu clitóris.
Ranjo os dentes, apertando meus dedos nas quinas da mesa, chegando
cada vez mais perto de enlouquecer. Encosto minha testa contra a mesa e
procuro controlar meus sentimentos e focar em trazer o meu orgasmo. Eu
rebolo em seus dedos, mas ele para.
Ele simplesmente para.
— O que você tem hoje? — eu rosno, olhando para a madeira da
mesa.
— O que você acha que eu tenho hoje? — ele pergunta. Um dedo seu
me invade e eu suspiro, mas ele não movimenta. Em vez disso, ele se levanta
atrás de mim e me puxa para cima, minhas costas contra seu peito duro. Ele
inclina a cabeça e seu nariz cheira toda a base do meu pescoço. — Você não
sabe o que eu tenho hoje?
Embriagada pelo prazer que seu dedo está me proporcionando, eu
sacudo a cabeça. — Não...
— É que você ainda não disse que era minha hoje, amor. — ele
sussurra em minha orelha. — Não disse que me amava. Que me queria... —
Ele pressiona o dedo dentro de mim.
Eu lamento, e preciso segurar na mesa outra vez para sustentar minhas
pernas. — Ethan... amor, eu sou toda sua! Eu amo você e eu quero muito
você... tipo, agora mesmo!
Ele retira o dedo de dentro e eu lamento. Ele pega minha cintura, e me
coloca sentada sobre a mesa e vem para o meio das minhas pernas. Nu. Ele
retirou a roupa e eu nem percebi.
E eu continuo com meu vestido cobrindo a parte de cima e
emaranhado ao redor da minha cintura. Eu devo estar parecendo uma
bagunça sexual. Eu posso sentir meus cabelos por toda parte e meu rosto todo
corado, e o suor escorrendo pelo meu pescoço e costas.
Eu vejo Ethan pegar seu grande e perfeito pau e levar para uma tortura
lenta, de cima a baixo, em meu sexo molhado. Seus olhos presos no ponto em
que nossos corpos se encostam, admirando aquilo, como se fosse uma pintura
de um artista famoso em um museu.
— Eu precisava muito disso. — Ele empurra para dentro devagar,
preciso. Intenso.
Tão intenso que minhas costas arqueiam e meu quadril vai para frente,
procurando por mais.
Suas mãos largam minha cintura e ele começa a abrir o zíper lateral do
meu vestido, em seguida, ele retira sobre minha cabeça, deixando-me com
nada além que um sutiã preto de renda, que eleva meus seios o bastante para
deixar para a imaginação. Ele se inclina para mim, entrando e quase saindo
de dentro, e suga o topo de um seio.
Ergo uma mão para seus cabelos.
Um de seus braços me abraça mais perto e ele aumenta o ritmo
enquanto ele suga minha pele por todo o lugar.
Está tudo em silêncio na suíte, a não ser pelo som dos nossos corpos
colidindo com força e das sucções de sua boca em minha pele.
— Não passe um dia sem me dizer isso, tudo bem? — ele diz com
dificuldade contra meu pescoço. — Eu preciso ouvir isso de você. Sempre.
ETHAN
Enfio as mãos nos bolsos do meu sobretudo negro quando bato a porta
do carro atrás de mim.
Boston é conhecida pelas nevascas e frios de matar e é tudo verdade.
A neve fraca cai sobre mim, e é difícil até para pisar no chão. Eu dou a volta
pela frente do carro, abro a porta do passageiro e ajudo Alessa a descer. Eu
disse que ela não precisava vir até aqui, mas ela insistiu, dizendo que se veio
comigo para Boston, então ela iria até o fim.
Eu não discuti. Eu sabia que precisava dela, do apoio dela. Não faço
ideia do que vou sentir quando estiver diante da sepultura do meu filho e da
Lisa, por isso eu precisa dela para me manter são.
— Confesso que estava com saudades de usar botas como essa. —
Alessa diz, levantando uma perna para mostrar a bota de cano alto, que
alcança seus joelhos. Mesmo toda coberta, com uma calça preta, blusa de
mangas compridas e gola alta, e um sobretudo pesado cinza, ela é a mulher
mais sexy do mundo para mim.
— Elas ficam muito perfeitas em você. — Eu pisco para ela,
enrolando meus dedos nos seus, enrolados por uma luva. Com a outra mão,
eu puxo mais sua touca e aperto sua mão. — Obrigado por estar aqui, Less!
— falo baixinho.
Ela me oferece seu sorriso mais lindo. — Não há de quê, meu amor.
— balança a cabeça devagar. — Sempre que precisar de mim.
Alessa agacha ao meu lado, passando uma mão pelas minhas costas,
afagando carinhosamente. Ela põe uma rosa vermelha sobre a pedra do meu
filho e outra rosa sobre a pedra de Lisa, em seguida, ela faz o sinal da cruz,
tocando sua testa, seu colo, depois cada um dos ombros. Eu vejo quando ela
arrasta um dedo sobre o nome do meu filho, da mesma forma que eu fiz há
pouco, e diz — Descanse em paz, pequeno. — com os olhos cheios de
lágrimas. Ela ri entre as lágrimas e olha para mim quando completa: — Seu
papai te ama muito!
Positivo.
Minha boca caiu aberta, meus olhos se encheram de lágrimas e eu não
sabia o que fazer.
Quase onze meses depois de parar de usar anticoncepcional, eu
finalmente estou segurando um teste de gravidez, com duas listras rosas.
Positivo.
Eu estou grávida. E chorando. Eu estou chorando, sentada na bacia
sanitária, do banheiro da nossa casa nova.
Minha e de Ethan. Nós compramos juntos há alguns meses e com a
ajuda da Aurora, eu redecorei toda ela ao nosso gosto. Há muitos toques
brancos e azuis por toda a casa. Foi uma boa mistura. Nós não poderíamos
esperar para depois do casamento.
Com a outra mão, eu toquei a área onde havia as duas listras rosa e um
sorriso bobo surgiu nos meus lábios.
Porra, sim, eu estou grávida.
Eu toco minha barriga, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Jesus! Estou realmente grávida!
Há batidas na porta do banheiro e a voz rouca e amorosa de Ethan soa:
— Meu amor, as pessoas estão esperando por você lá embaixo. Esse é o
nosso jantar de noivado, você precisa estar presente também.
— Um momento. — Eu rapidamente enxugo meu rosto com uma
mão, enquanto me levanto da bacia e escondo o teste debaixo de algumas
toalhas de rosto, dobradas na gaveta. Eu vou contar a ele, eu só preciso de um
momento perfeito para isso.
Eu estava feliz hoje. Com certeza o dia mais feliz da minha vida. Eu
descobri que estava grávida, noivei com o amor da minha vida, e envolta das
pessoas que eu amo.
Esperamos onze meses para fazer o jantar, para que todos pudessem
vir, incluindo Andreas, meu pai biológico e Valentina, minha irmã caçula. Eu
ainda estou me acostumando com isso, também.
Hetor pega uma taça e sugere um brinde. Todos pegam suas taças, mas
eu dispenso educadamente quando um garçom me oferece uma. Todos me
olham assustados e curiosos.
Abro um sorriso largo, pego a mão de Ethan e encolho os ombros,
desculpando-me. — Eu não posso beber, família. — eu coloco a mão grande
de Ethan sobre minha barriga, enquanto observo sua reação.
Ele pisca muitas vezes, abrindo e fechando a boca, até que ele começa
a rir de verdade. Ele procura meus olhos. — Nós vamos...? Sim?
Assinto, freneticamente, meio sorrindo e meio chorando. — Sim,
baby. Nós teremos um bebê! — eu digo em meio ao choro, minha voz
embargada.
Ele explode em uma risada cheia de felicidade, me pega pela cintura e
me ergue, girando-me em seus braços.
Hetor vem para perto quando Ethan me devolve ao chão. Ele beija
minha bochecha e alisa meu cabelo, carinhosamente. — Por favor, tragam
um suco para minha filha! — ele ergue uma sobrancelha para Andreas e
corrige: — nossa filha.
Andreas devolve, erguendo um pouco sua taça, com um sorriso
satisfeito.
Alguém me entrega um copo grande com limonada – minha favorita, e
eu deito minha cabeça no peito de Ethan, ouvindo Hetor falar;
— Um brinde à felicidade do casal, — ele diz, erguendo sua taça. — e
ao meu novo netinho.
Bingo!
Eles param de sorrir e uma carranca surgiu em cada face linda dos
meus três homens.
É a minha vez de sorrir, mas o meu sorriso é satisfeito.
Virei-me para encarar os azuis vívidos dos meus olhos favoritos. Eles
não estavam tão vívidos como de costume; Estavam quase apagados,
distantes.
— Fale alguma coisa. — eu quase imploro, em um sussurro arrastado.
Alguns segundos depois, ele faz:
— Por que?
Engulo em seco. — Por que... eu não faço ideia, amor, — encolho os
ombros.— Eu apenas sinto que deve ser esse.
— Eu não quero nada relacionado a ela, Less.
— Ela sempre vai estar relacionada a você, Ethan. — eu digo. —
Infelizmente, ela faz parte do seu passado e ela sempre vai ter esse lugar
na sua vida. Eu vi o brilho nos seus olhos quando citei esse nome, quando
estava lendo a carta, e você pode relacionar esse nome com seu filho, amor.
Tenho certeza que nosso bebê vai gostar de ter algo com o irmão mais velho.
Eu quero muito colocar esse nome!
Ele semicerra os olhos em minha direção, cruzando os braços em
teimosia.
⚫⚫⚫
Oito anos depois...
— Maya!— eu chamo pela minha pequena, porém já muito levada
filha, enquanto saio para o jardim.— Racer!— grito novamente, dessa vez
pelo meu pequeno, porém já muito emburrado filho.
Ambos surgem em minha frente. Maya com um pequeno vestido de
verão, com flores rosa estampadas, todo sujo de terra, assim como suas
pequenas mãozinhas. O cabelo castanho estava solto e espalhado por todo
lado pelo vento forte de final de tarde em Los Angeles. Racer estava com
uma bermuda jeans e uma camisa de manga curta azul escura. Seu cabelo, da
mesma cor do da irmã, também estava para todo lado, mas ele não estava
sujo como ela. Provavelmente estava assistindo na tv da área de descanso.
Eles eram gêmeos, com os meus cabelos e os olhos azuis cristalinos do
Ethan.
Racer coça o queixo, parecendo sem paciência. Ele lembra muito
Ethan na aparência, mas no humor, ele é Giovanni, com toda certeza.
— Estou no meio do episódio dez do Homem-Aranha, mãe!— ele
protesta, torcendo os lábios.
— E eu estou querendo que vocês tomem um banho!— eu digo pra
ele, imitando seu tom preguiçoso.
Ele cruza os braços, semicerrando os olhos. Sim, Giovanni...
Antes, quando eles eram menores, só existia Ruby, mas eles cresceram
e ficaram levados demais para a pobre Ruby dar conta sozinha, então nós, eu
e Ethan, contratamos Daila. Agora cada um tem sua própria babá.
— Eu não preciso dela para tomar banho, mãe!— ele diz entredentes.
— Não sou mais uma criança como Maya é.
— Vocês tem a mesma idade. — eu digo. Eu estou, literalmente,
prendendo o riso, mordendo o interior da minha bochecha.
Ele tem apenas oito anos e já é todo cheio de si.
— Mãaee!... — lamenta.
— Racer, — a voz grossa e autoritária de Ethan soa alta o suficiente
para me deixar com a coluna reta, o corpo arrepiado e fazer os olhos azuis de
Racer se arregalarem. — obedeça a sua mãe e vá até Ruby, por favor!
Nosso pequeno suspira em rendição, seus ombros murchando na
mesma hora. Ele abaixa a cabeça, balançando-a quando ele resmunga: — Eu
só queria terminar de assistir o episódio... Eu odeio tomar banho!
— Você pode terminar após um banho, cara. — Ethan diz quando
Racer passa por ele, ainda de cabeça baixa. Quando Racer some, ele solta um
sorriso e eu faço o mesmo. — Ele deve ser uma reencarnação do Giovanni.
— ele diz, chegando perto e me enlaçando pela cintura. Ele beija meus lábios
castamente.
Sorrio em seus lábios. — Eu estava pensando a mesma coisa. A P é
um amorzinho, o contrário do nosso filho.
— Ele vai dar um pouquinho de dor de cabeça. — ele ri.
Sim, ele ia. Não apenas pela sua teimosia, mas também pela sua
aparência. Não é porque são meus filhos, mas ambos ganharam esse presente;
suas belezas são impressionantes. Até para mim.
— Nós daremos conta, amor. — eu digo pra ele.
Ethan assente e beija meu queixo. — Eu sei que sim. Eles são
perfeitos como você é.
Concordo com um aceno. Meu sorriso era largo de orgulho da minha
família. Eu abraço meu marido pelos ombros.
— Sim, eles são perfeitos, mas não como eu. Eu só sou boa porque
você está comigo. Eu amo tanto você!...
EPÍLOGO EXTRA
RIO DE JANEIRO
FIM.
AGRADECIMENTOS
Então, amores, chegamos ao fim de mais um livro e da minha primeira série!
Infelizmente, né? Meu coração está tão apertadinho que chega dói com essa
despedida.
Alessa foi, de todos os livros da série, a mais desafiadora para se escrever. Os
outros irmãos foram complicados (o lance do abuso no primeiro livro, a
mentira no segundo, a conquista do terceiro) mas ela conseguiu se superar.
Ambos, Alessa e Ethan, tinham remorsos da vida. Ele tinha medo de se
apegar novamente a alguém e ser deixado para trás; Ela tinha medo de
confiar nas pessoas. Medo da traição.
Alessa foi, sem dúvidas, o livro mais gostoso e desafiador de se escrever.
Eu quero agradecer a vocês por acompanhar essa série e por gostarem dela.
Eu sempre digo que escrevo para vocês e eu não estou mentindo. Eu acordo
todos os dias e pego meu computador, pensando no que escrever pra vocês;
pensando nos detalhes que vocês vão gostar, vão sorrir, vão
chorar... Isso tudo é pra vocês, meus amores. Cada irmão Lazzari foram feitos
para vocês. Apenas. Então eu dedico todos eles a vocês, e todos que virão em
breve, também.
Obrigada por cada comentário, cada texto lindo que me fez chorar, cada
apoio, cada vez que me fizeram sorrir... Sério, muito obrigada por tudo,
minhas "Lazzarináticas"!