0% acharam este documento útil (0 voto)
2K visualizações169 páginas

01 Apostila Versao Digital Lingua Portuguesa 920.665.183!87!1618344300

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 169

Prefeitura de Pitimbu-PB

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ............................................ 1


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ................................................................... 14
Domínio da ortografia oficial: Emprego das letras; ............................................................ 39
Emprego da acentuação gráfica. ...................................................................................... 56
Domínio dos mecanismos de coesão textual: Emprego de elementos de referenciação,
substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual; .......... 62
Emprego/correlação de tempos e modos verbais. ............................................................ 81
Domínio da estrutura morfossintática do período: Relações de coordenação entre orações e
entre termos da oração; Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração;
............................................................................................................................................... 96
Emprego dos sinais de pontuação; .................................................................................. 114
Concordância verbal e nominal; ....................................................................................... 122
Emprego do sinal indicativo de crase; ............................................................................. 138
Colocação dos pronomes átonos. ................................................................................... 142
Reescritura de frases e parágrafos do texto: Substituição de palavras ou de trechos de texto;
Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade. .......................................... 149

Olá Concurseiro, tudo bem?

Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.

Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail


[email protected] para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens:

01. Apostila (concurso e cargo);


02. Disciplina (matéria);
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e
04. Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).

Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado!

Bons estudos e conte sempre conosco!

1 920.665.183-87
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados

Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer
finalidade em compreender o que se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância em
se entender um texto?
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, entender o que um texto não é, conforme diz
Platão e Fiorin:

“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; assim também não é superpondo
frases que se constrói um texto”.1

Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um começo, meio, fim, uma mensagem a
transmitir, tem coerência, e cada frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão em
si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro numa simples
leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, deixamos de
prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já alteramos a interpretação e podemos perder algum
dos sentidos ali presentes. Veja a diferença:

Qual opção abaixo não pertence ao grupo?


Qual opção abaixo pertence ao grupo?

Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões.
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os
erros que podemos cometer ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos detalhes. É por isso
que é preciso melhorar a capacidade de leitura, compreensão e interpretação.

Apreender X Compreensão X Interpretação2

Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O processo completo de interpretação de


texto envolve todos esses níveis.

Apreensão
Captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não
é suficiente para entender o sentido integral.
Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não compreende o universo dos discursos,
as relações extratextuais desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preciso colocá-lo
dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior do qual ganha sentido.

Compreensão
Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimento de mundo”, mas chamaremos essa
operação de compreensão.
A palavra compreender vem da união de duas palavras grega: cum que significa ‘junto’ e prehendere
que significa ‘pegar’. Dessa forma, a compreensão envolve além da decodificação das estruturas
linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas uma junção disso com todo o
conhecimento de mundo que você já possui. Ela envolve entender os significados das palavras
juntamente com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do leitor e do próprio texto.
Dessa maneira a compreensão envolve uma série de etapas:

1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em que o texto foi escrito para decodificar
os significados das palavras ali empregadas.

1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.


2 2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a interpretação de texto.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


1
2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, frases e parágrafos dentro do texto,
compreendendo as ideias construídas dentro do texto
3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações obtidas na leitura do texto com os
conhecimentos que ele já possui, procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados ao
que é lido.
4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao ler o texto. Quais informações são
relevantes dentro do texto para o leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias técnicas de leitura como o
escaneamento geral das informações contidas no texto e a localização das informações procuradas.

E assim teremos:

Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto

Interpretação

Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de compreender e relacionar os possíveis
sentidos presentes ali, posiciona-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma espécie de
conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica e questiona a intenção do autor do texto, deduz
sentidos e realiza conclusões, formando opiniões.

Elementos envolvidos na interpretação textual3

Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração
para uma interpretação completa

a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa
uma ideia ou trata de um assunto determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta
em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de diferentes formas de linguagem
(verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas
linguagens, as informações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura
no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos de coesão (relação entre as palavras e frases)
e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organização
das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de
interação entre autores e leitores de contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de
sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.

b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O
primeiro refere-se a tudo mais que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar,
hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes aos tempos e lugares de produção e de
recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A consideração
desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O
segundo se refere às relações estabelecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o
entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos sua posição dentro da frase e do
parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a
sucedem. Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à
interpretação de um texto.

3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


2
Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na cada dela. Quando
pensamos na palavra doente, já pensamos em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao
adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A interpretação desse
textos, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o
contexto extralinguístico. Se pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de
sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos: problemas ambientais,
corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre
outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo quadrinho, a frase “eu acho que você vai”
só pode ser compreendida se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao considerarmos o
primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensagem completa do verbo “ir”, já que obstemos a
informação que ele não vai ou vai à escola

c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a presença de marcas de outro(s) texto(s)


dentro daquele que estamos lendo. Observemos o exemplo a seguir

https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-intertextualidade/

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


3
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma peça de teatro. Ao pronunciar a frase
“comer ou não comer”, pela estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro e pelas
roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja frase seria “ser ou não”. Esse é um bom
exemplo de intertexto.

Conhecimentos necessários à interpretação de texto6

Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos para uma ampla compreensão. São
eles:
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; conhecimento prévio que o leitor possui a
partir das vivências e leituras realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos são
essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis em um texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informação guardada em nossa mente e que
pode ser acionada quando for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais exatos
onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são complexas e as informações podem ser
recuperadas ou reconstruídas com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são estáticos,
pois o cérebro está captando novas informações a cada momento, assim como há informações que se
perdem. Um conhecimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente, assim como um
pouco usado precisará de um grande esforço para ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento
prévio: o intuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental, entre outros. No decorrer
de uma leitura, por exemplo, o conhecimento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse conceito. É preciso ter o conhecimento
prévio sobre o conceito para se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o conhecimento
prévio são informações que a pessoa que está lendo necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo
sem grandes dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências, ou seja, a construção de
informações que não são apresentadas no texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes
do texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capacidade de decodificar o código


linguístico utilizado; Saber acerca do funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vocal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textual utilizado. Para compreender um texto
é importante conhecer a estrutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, especialmente a
função social em que esse gênero é usualmente empregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produção e circulação do texto. Muitas vezes,
para entender os sentidos presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos participantes
da interação social (autor, leitor, texto e contexto de produção).

Diferentes Fases de Leitura8

Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais superficiais, relacionadas à organização das


estruturas linguísticas, e as mais profundas, relacionadas à organização das informações e das ideias
contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que não estão imediatamente acessíveis ao leitor,
mas requerem uma ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário passar por todas essas camadas. Por
esse motivo, dizemos que há diferentes fases da leitura de um texto.

Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como leitura prévia ou de contato. É a


primeira fase de leitura de um texto, na qual você faz um reconhecimento do “território” do texto. Nesse
momento identificamos os elementos que compõem o enunciado. Observamos o título, subtítulos,
ilustrações, gráficos. É nessa fase que entramos em contato pela primeira vez com o assunto, com as
opiniões e com as informações discutidas no texto.
Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar informações específicas. Geralmente
utilizamos essa fase na busca de alguma informação requerida em alguma questão de prova. A leitura
seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente contém uma determinada informação
procurada.

6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
7 https://bit.ly/2P415JM.
8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA

CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


4
Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar informações. Análise e reflexão das
intenções do autor no texto. Muito utilizada para responder àquelas questões que requerem a
identificação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e julgamos as informações
discutidas no texto.
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofundamento nas ideias discutidas no texto.
Relacionamos as informações presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas em
geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao que foi lido e criam-se opiniões que
concordam ou se contrapõem

Os sentidos no texto

Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro do texto. Alguns desses sentidos são
mais literais enquanto outros são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão por parte
do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais escondidos e precisam se localizados.

Sentidos denotativo ou próprio


O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido em estado de dicionário. O sentido geral
que ela tem na maioria dos contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor está em
seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido literal dessa palavra (planta). O sentido próprio, na
acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.

Sentido conotativo ou figurado


O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito presente em metáforas e a interpretação
é geralmente subjetiva e relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, isto é, aquele
que se distancia do sentido próprio e costumeiro. Assim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um
sentido figurado, pois significa delicadeza e beleza.

Sentidos explícitos e implícitos9

Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto ou podem ser compreendidos por uma
inferência (uma dedução) a partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente a isso,
afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e as implícitas.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas dentro de um texto, enquanto as
implícitas são aquelas informações contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas a partir
de relações com outras informações e conhecimentos prévios do leitor.
Observemos o exemplo abaixo

Maria é mãe de Joana e Luzia.

Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma explícita e uma implícita. A explícita
refere-se ao fato de Maria ter duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos
instantaneamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implícita, que é o fato de Joana ser
irmã de Luzia, só é compreendida a medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que
possuem a mesma mãe são irmãs.
Observemos mais um exemplo:

“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro
Rocha e Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).”
(Veja São Paulo,1990)

Esse texto diz explicitamente que:


- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
- Neto não tem o mesmo nível desses craques;
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente.

O texto deixa implícito que:


- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos craques citados;
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialidade esportiva;

9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/implicitos-e-pressupostos.html

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


5
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz respeito ao tempo disponível para evoluir.

Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os subentendidos

A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logicamente a partir de ideias e palavras
presentes no texto. Apesar do pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir da relação
com marcas linguísticas e informações explícitas. Observemos um exemplo:

Maria está bem melhor hoje

Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte informação pressuposta: Maria não
estava bem nos dias passados. Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.

Marcadores de Pressupostos
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras nasceram depois de Julinha.

Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.


“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além da usada como referência.

- Certos verbos
Ex.: Renato continua doente.
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no momento anterior ao presente.

Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.


O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copidesque não existia em português.

- Certos advérbios
Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas mãos das multinacionais.
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indústria automobilística nacional.

Ex.: - Você conferiu o resultado da loteria?


- Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto de que
apenas nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bem-estar e,
por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bem-estar e,
por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o


que elas expressam se refere à totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que elas
dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produtor do texto escreverá uma
restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar.

B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que não estão marcados linguisticamente
no texto. A compreensão do subentendido se dá a partir de relações que você estabelece com seus
conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos o exemplo a seguir:

Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em sua casa. Após sentar em seu sofá, ela
diz:
- Nossa! Esse calor dá uma sede.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


6
A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa ou quer água, o que poderia levá-lo a
oferecer água para a visita. Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expressa, mas
pela relação entre a frase e o contexto de produção dela.

Inferência

A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos no texto. Ela consiste em descobrir os
significados que estão nas entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos compreender
e interpretar aqueles sentidos que não estão linguisticamente materializados no texto. Toda vez que uma
questão de prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você deverá deduzir os sentidos
baseados na relação que essa palavra ou frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto
intralinguístico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico-cultural (contexto
extralinguístico).
Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:

https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-redentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo

Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não verbal, juntas elas fornecem o insumo
necessário para o bom entendimento e compreensão da temática.
Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor poderia cair no erro de não perceber a
intenção real do autor, a denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa interpretação é
necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos questionamentos como:
- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto a riscos”?
- O que significam as balas que o cercam por todos os lados?
- Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de balas?

A partir de questionamentos como os citados acima é possível adentrar no contexto social, Rio de
Janeiro violento, que instaura críticas e denúncias a determinada realidade.
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos que transformam a leitura simples
em uma leitura reflexiva.

Ampliação de Sentido

Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a designar uma quantidade mais ampla de
objetos ou noções do que originariamente.
“Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para designar o ato de viajar em um barco,
ampliou consideravelmente o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos. Hoje se
diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
- embarcou num ter.
- embarcou no ônibus dás dez.
- embarcou no avião da força aérea.
- embarcou num transatlântico.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


7
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que escala os Alpes (cadeia montanhosa
europeia). Depois, por ampliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte de
escalar montanhas.

Restrição de Sentido
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, isto é, uma palavra passa a designar
uma quantidade mais restrita de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exemplo, das
palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um
universo restrito do conhecimento.
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura gramatical, é bom exemplo de especialização
de sentido. Na língua geral, ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, porém em
Gramática designa apenas um tipo de formação de palavras por composição em que a junção dos
elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa).
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglutinação, mas justaposição. A palavra
Pernalonga, por exemplo, que designa uma personagem de desenhos animados, não se formou por
aglutinação, mas por justaposição.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o significado das palavras para dar precisão à
comunicação.
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não pode ser usada para designar, por
exemplo, um astro que gira em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o movimento do Sol.

Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm outros implícitos (ou pressupostos).
Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exemplo, que indica certa pessoa ou coisa,
pressupondo necessariamente a existência de ao menos uma além daquela indicada.
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca lançou um livro, dizer que ele estará
autografando seu outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além daquele
que está sendo autografado.

A interpretação e a organização do texto e a ideia central

Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a identificação da ideia principal do texto e do


ponto de vista defendido pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar e resumir
informações dentro do texto. Para isso é necessário um conhecimento acerca da forma como um texto é
construído e como as ideias são organizadas.
Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemente, o tipo argumentativo. Dessa forma,
abordaremos essa organização das informações dentro de um texto argumentativo e as formas de como
encontrar as ideias principais bem como as opiniões defendidas pelo autor.
Observemos o seguinte exemplo

O que é arquitetura?
Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais
artes, técnicas ou ciências, pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão aceleradas, a
dinâmica da vida toma indispensável um constante reexame do pensamento teórico e prático. Entretanto,
há um notável consenso acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugerida, já em 1940, pelo
arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial
de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E, nesse
processo fundamental de ordenar e expressar-se, ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos
inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a conclusão
efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites —
máximo e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio,
reclamados pela função ou impostos pelo programa, — cabendo então ao sentimento individual do
arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores contidos entre dois valores
extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada."
COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995
(fragmento), com adaptações.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


8
Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno de uma ideia principal. No texto anterior
podemos observar que toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de se conceituar
arquitetura. Essa discussão em um texto argumentativo não é desordenada, mas há um padrão de
estruturação da ideia central e das ideias secundárias.
As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que constituem o texto. Cada parágrafo se
constrói em torno de uma ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central. Dentre os vários
períodos que compõem o parágrafo, um traz a ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as
ideias principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos parágrafos.
No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é construído em torno de uma ideia núcleo.
No primeiro parágrafo podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primeiro período
“Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais
artes técnicas ou ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa também é a ideia
principal do texto. Dessa forma, concluímos que todo o texto se construirá em torno da definição do
conceito de arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia principal, expressa no período
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial de
ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção”. Todas as
informações que aparecem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as respectivas
ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la, exemplificá-la, entre outros propósitos.
Para compreender as temáticas bem como as opiniões discutidas é importante encontrar cada uma
dessas ideias núcleos como veremos no exemplo abaixo

“Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista austríaco no tocante aos estudos sobre a


formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas
mais profundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente. Começou estudando casos clínicos
de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas
Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos
pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de
ideias e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de
descobrir a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de regresso às origens de um trauma,
Freud se utilizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como
compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da
tese de que toda neurose é de origem sexual.”
(Salvatore D’Onofrio)

Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista austríaco no tocante


aos estudos sobre a formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender
luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto
afirma, inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender os níveis mais profundos da
personalidade humana, o inconsciente e subconsciente.

Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clínicos de comportamentos anômalos ou


patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot
(Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o
método que até hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir a fonte das
perturbações mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa estudando
os comportamentos humanos anormais ou doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método,
criou o das “livres associações de ideias e de sentimentos”.

Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se utilizou
especialmente da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compensação dos
desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explicitado que a descoberta das raízes de um trauma
se faz por meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica dos desejos não
realizados ao longo da vida do dia a dia.

Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da
época, foi a apresentação da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afirma que

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


9
Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando a novidade de que todo o trauma psicológico
é de origem sexual.

Outras dicas para Interpretar um Texto


- Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar
hipóteses e saber sobre o que se fala.
- Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza tempo
se no meio da leitura identificar uma possível resposta.
- Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser usado ao
seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
- Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois cada um
tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto.
- Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente localizar a ideia central
de cada parágrafo.
- Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha
adequada.
- Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter
ideia do sentido global proposto pelo autor.
- Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de pensar.
Leia textos de bom nível.
- Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajudam a ter certeza que
estamos prestando atenção na leitura.
- Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e nem lembra
o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele ponto no qual
estávamos mais atentos.
- Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, nos
ajuda a compreender melhor o assunto do texto.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração,
mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação,
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória.

Erros de Interpretação

Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a seleção e compreensão das ideias
presentes no texto:

1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por menor que pareça, deve ser levada
em consideração. Às vezes uma pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma falha
na interpretação.
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir de relações excessivas com outras
ideias e contextos, você pode fazer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão sugeridas ou motivadas pelo texto.
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a alguns aspectos e ideias do texto, deixando
de lado outras que parecem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e considerável.
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso de argumentação dentro do texto. A fim
de defender um ponto de vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar cuidado para
não interpretar erroneamente e confundir a opinião defendida pelo autor.
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de discutir as ideias do texto, você deve
considerar a opiniões do autor, materializadas e defendidas no texto.

10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/extrapolacao-na-leitura

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


10
Questões

01. (Câmara de Palmas/TO - Contador - COPESE/2018)

Sobre a interpretação do texto, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O texto critica o discurso da padronização de beleza, presente nos meios de comunicação.
(B) O texto reforça a necessidade de a mulher aceitar seu corpo e também considerar as sugestões
de moda de revistas.
(C) O texto sugere à mulher a aceitação de seu corpo da forma como é.
(D) O texto revela de que forma a mídia exerce influência sobre o modo de se vestir de mulheres.

02. (Pref. São José/PR - Agente Administrativo - FAUEL/2017)

Cassini faz primeiro mergulho entre Saturno e seus anéis; cientistas esperam dados de
qualidade inédita.

Após 13 anos em órbita, a sonda CassiniHuygens já está enviando informações para a Terra após ter
feito seu primeiro “mergulho” entre os anéis de Saturno - são 22 planejados para os próximos cinco
meses.
A Cassini começou a executar a manobra - considerada difícil e delicada - na última quarta-feira e
restabeleceu contato com a Nasa (agência espacial americana) na manhã desta quinta. A sonda se
movimenta a 110 mil km/h, tão rapidamente que qualquer colisão com outros objetos - mesmo partículas
de terra ou gelo - poderia provocar danos.
Um objetivo central é determinar a massa e, portanto, a idade dos anéis - formados, acredita-se, por
gelo e água. Quanto maior a massa, mais velhos eles podem ser, talvez tão antigos quanto Saturno. Os
cientistas pretendem descobrir isso ao estudar como a velocidade da sonda é alterada enquanto ela voa
entre os campos gravitacionais gerados pelo planeta e pelas faixas de gelo que giram em torno dele.
Fragmento do texto publicado no site da BBC Brasil, por Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC, dia 27 de abril de 2017.

Quanto ao gênero e interpretação do texto, é CORRETO afirmar que se trata de um trecho de:
(A) uma biografia dos cientistas Cassini e Huygens.
(B) uma notícia sobre um avanço científico.
(C) uma reportagem política sobre a Nasa.
(D) um artigo científico sobre velocidade.
(E) um texto acadêmico sobre a Via Láctea.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


11
03. (UNICAMP – Bibliotecário – VUNESP/2019)

Página infeliz

O mercado editorial no Brasil nunca pareceu tão próximo de uma catástrofe – com as duas principais
redes de livrarias do país, Saraiva e Cultura, em uma crise profunda, reduzindo o número de lojas e com
dívidas que parecem sem fim.
Líder do mercado, a Saraiva, que já acumula atrasos de pagamentos a editores nos últimos anos,
anunciou nesta semana o fechamento de 20 lojas. Em nota, a rede afirma que a medida tem a ver com
“desafios econômicos e operacionais”, além de uma mudança na “dinâmica do varejo”.
Na semana anterior, a Livraria Cultura entrou em recuperação judicial. No pedido à Justiça, a rede
afirma acumular prejuízos nos últimos quatro anos, ter custos que só crescem e vendas menores. Mesmo
assim, diz a petição enviada ao juiz, não teria aumentado seus preços.
O enrosco da Cultura está explicado aí. Diante da crise, a empresa passou a pegar dinheiro
emprestado com os bancos – o tamanho da dívida é de R$ 63 milhões.
Com os atrasos nos pagamentos das duas redes, editoras já promoveram uma série de demissões ao
longo dos últimos dois anos.
O cenário de derrocada, contudo, parece estar em descompasso com os números de vendas. Desde
o começo do ano, os dados compilados pela Nielsen, empresa de pesquisa de mercado, levantados a
pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, mostravam que o meio livreiro vinha dando sinais
de melhoras pela primeira vez, desde o início da recessão econômica que abala o país.
Simone Paulino, da Nós, editora independente de São Paulo, enxerga um descompasso entre as
vendas em alta e a crise. Nas palavras dela, “um paradoxo assustador.” A editora nunca vendeu tanto na
Cultura quanto nesses últimos seis meses”, diz. E é justamente nesse período que eles não têm sido
pagos.
“O modelo de produção do livro é muito complicado. Você investe desde a compra do direito autoral
ou tradução e vai investindo ao longo de todo o processo. Na hora que você deveria receber, esse dinheiro
não volta”, diz Paulino.
“Os grandes grupos têm uma estrutura de advogados que vão ter estratégia para tentar receber. E
para os pequenos? O que vai acontecer?”
Mas há uma esperança para os editores do país: o preço fixo do livro. Diante do cenário de crise, a
maior parte dos editores aposta em uma carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo – a
criação, no país, do preço fixo do livro – norma a ser implantada por medida provisória – nos moldes de
boa parte de países europeus, como França e Alemanha.
Os editores se inspiram no pujante mercado europeu. Por lá, o preço fixo existe desde 1837, quando
a Dinamarca criou a sua lei limitando descontos, abolida só em 2001. A crença é a de que a crise atual é
em parte causada pela guerra de preço. Unificar o valor de capa permitiria um florescimento das livrarias
independentes, uma vez que elas competiriam de forma mais justa com as grandes redes.
(Folha de S. Paulo, 03.11.2018. Adaptado)

O segmento frasal – carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo – indica, no contexto:

(A) uma indiferença do governo que termina em ajudar a resolver o problema dos grupos editoriais.
(B) uma solução de última hora para as redes livreiras, se o atual governo aprovar a norma do preço
fixo do livro.
(C) uma possibilidade de as redes livreiras entrarem em acordo com os bancos para resolver a
situação.
(D) um voto de confiança no governo disposto a estancar a crise financeira das redes livreiras.
(E) a falta de perspectiva na busca de solução para as redes livreiras, por causa da atual crise
econômica do país.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


12
04. (USF – Assistente em Administração – COPESE/2018)

Leia o texto a seguir para responder a questão.

Texto I:
Olhos de Ressaca

Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o


desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só
Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A
confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão
apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a
gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que
a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem
o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse
tragar também o nadador da manhã.
Fonte: ASSIS, Machado. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro. 8. ed. São Paulo, Ática, 1978, p. 133-134 (adaptado).

Assinale a alternativa CORRETA sobre a interpretação do texto.


(A) O texto descreve o momento de comoção das personagens após o velório.
(B) O texto descreve um momento triste para Sancha: o velório de seu marido.
(C) O texto descreve as minúcias da morte do marido de Capitu.
(D) O texto descreve a vaidade existente nas relações humanas.

Gabarito

01. B /02. B/ 03.B/ 04. B

Comentários

01. Resposta: B
Não, o texto na verdade incentiva o oposto do que é mencionado na alternativa B.

02.. Resposta: B
O texto expõe claramente um tema sobre avanço científico, sobre a sonda que faz 13 anos está em
órbita enviando informações para a terra.

03. Resposta: B
Para interpretar o segmento frasal “carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo” é
necessário que o leitor recorra ao contexto extrallinguístico e ao intralinguístico. A expressão carta tirada
da manga exige um conhecimento de mundo do leitor(extralinguístico), o qual precisa saber que essa
expressão é usualmente utilizada para se referir a soluções e a ideias que surgem inesperadamente. A
expressão “apagar da luzes” também mobiliza um conhecimento de mundo.e significa a realização de
algo no limite máximo de um determinado prazo. Por uma informação contida dentro do
texto(conhecimento intralinguístico) sabemos que esse apagar das luzes do governo refere-se à
aprovação da norma do preço fixo do livro.

04. Resposta: B
Em todo o texto há o detalhamento dos ocorridos no velório do marido de Sancha.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


13
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais

TIPOLOGIA TEXTUAL

Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que implicam no domínio de capacidades


linguísticas. Temos dois momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de expressá-
los por escrito (o escrever propriamente dito).
Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas escrever de forma correta, mas sim,
organizar ideias sobre determinado assunto.
Existe uma variedade enorme de entendimentos sobre a forma correta de definir os tipos de texto.
Embora haja uma discordância entre várias fontes sobre a quantidade exata de tipos textuais, vamos
trabalhar aqui com 5 tipos essenciais:
- Texto Descritivo;
- Texto Narrativo;
- Texto Dissertativo;
- Texto Injuntivo;
- Texto Expositivo.

Texto Descritivo

É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação ou coisa, onde procuramos mostrar os
traços mais particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja apreendido
pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens.
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo
uso da descrição. Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia
de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não
será para outro.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.

Exemplo:
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas
horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que
não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara
doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais
severo com ele do que conosco.
(Machado de Assis. "Conto de escola". Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974)

Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava.
Deve-se notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para
reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai);
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do
ponto de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente anterior a
retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o escritor
quer é explicitar uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que
indica concomitância em relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em
que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transformação de
estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correríamos o risco de alterar nenhuma relação
cronológica - poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto do fim para o
começo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-
se antes...

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


14
Características
- Ao fazer a descrição enumeramos características, comparações e inúmeros elementos sensoriais;
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologicamente, ou pelas ações;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos constitutivos da dissertação e da argumentação;
- É impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a capacidade de observação que deve
revelar aquele que a realiza;
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos;
parecia mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e fogosa, era um
desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da
multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não existe relação de anterioridade e
posterioridade entre seus enunciados;
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se usem então as formas nominais, o
presente e o pretério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indiquem
estado ou fenômeno.
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem
colorido ao texto.

A característica fundamental de um texto descritivo é essa inexistência de progressão temporal.


Pode-se apresentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre
simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior para outra posterior.
Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente ou no
pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em relação ao momento da fala; o
segundo, em relação a um marco temporal pretérito instalado no texto.
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria introduzir um enunciado que indicasse a
passagem de um estado anterior para um posterior. No caso do texto inicial, para transformá-lo em
narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...

Características Linguísticas
O enunciado narrativo, por ter a representação de um acontecimento, fazer-transformador, é marcado
pela temporalidade, na relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado descritivo, não
tendo transformação, é atemporal.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semânticas encontradas no texto que vão
facilitar a compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades,
usados principalmente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se,
existir, ficar).
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é descrito. Exemplo:

"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado
no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que
de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste,
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito
pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
despegadas do crânio."
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)

- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesias). Exemplo:

"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso
chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava
petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue."
(José de Alencar - Senhora)

- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:

"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade
de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco
degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas;

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


15
no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrás ainda tinha
um galpão, que era o lugar da bagunça..."
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)

Recursos:
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. Ex.: O dia transcorria amarelo, frio,
ausente do calor alegre do sol.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concretas. Ex.: As criaturas humanas
transpareciam um céu sereno, uma pureza de cristal.
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. Ex.: Era
um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. Ex.: Vida simples. Roupa simples. Tudo
simples. O pessoal, muito crente.

A descrição pode ser apresentada sob duas formas:

Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem é apresentada como realmente é,
concretamente. Ex.: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, pele
bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Ex.: “A casa velha era enorme, toda em largura,
com porta central que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada
lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei.
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco
de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)

Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a
cena, a paisagem é transfigurada pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expressar seus
sentimentos. Ex.: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as
condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um
anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia)

Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos descritivos:

Do ponto de vista da progressão temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não
é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio", de Bocage:

Magro, de olhos azuis, carão moreno,


bem servido de pés, meão de altura,
triste de facha, o mesmo de figura,
nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,


mais propenso ao furor do que à ternura;
bebendo em níveas mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968.

O poeta descreve-se das características físicas para as características morais. Se fizesse o inverso, o
sentido não seria o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar uma cena. É como traçar com palavras o
retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facilmente
identificáveis (descrição objetiva), ou suas características psicológicas e até emocionais (descrição
subjetiva).

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


16
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, também denominado adjetivação. Para
facilitar o aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, sublinhe
todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva.

Descrição de objetos constituídos de uma só parte:


- Introdução: observações de caráter geral referentes à procedência ou localização do objeto descrito.
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação com figuras geométricas e com objetos
semelhantes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentário
que envolva o objeto como um todo.

Descrição de objetos constituídos por várias partes:


- Introdução: observações de caráter geral referentes à procedência ou localização do objeto descrito.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das partes que compõem o objeto,
associados à explicação de como as partes se agrupam para formar o todo.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo (externamente) - formato, dimensões,
material, peso, textura, cor e brilho.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentário
que envolva o objeto em sua totalidade.

Descrição de ambientes:
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do ambiente: paredes, janelas, portas,
chão, teto, luminosidade e aroma (se houver).
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos lá existentes: móveis,
eletrodomésticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no ambiente.

Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação do que se vê ao longe).
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos do observador - explicação detalhada
dos elementos que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca da impressão que a paisagem causa
em quem a contempla.

Descrição de pessoas:
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz,
boca, voz, roupas).
- Desenvolvimento: características psicológicas (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
inclinações, postura, objetivos).
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter geral.

A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma estrutura pictórica, em que os aspectos
sensoriais predominam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreensão de algo
objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou
imagens, conforme o permita sua sensibilidade.

Texto Narrativo

A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários.
O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço, organizados por
uma narração feita por um narrador.
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


17
relações entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo,
utilizando situações que contêm essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narrador acaba sempre contando onde,
quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o texto
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto
são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é
contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas personagens, que são justamente as
pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomeadas)
no texto narrativo pelos substantivos próprios.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (em
que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou
ações é chamado de espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história.
Esse elemento da narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas
principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que
indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu.
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte inicial da história, também chamada de
prólogo), pelo desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa,
também chamada de trama) e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo).
Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele).
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por
advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou
seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história
contada.
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a história.

Elementos Estruturais (I):


- Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e dão lugar à trama que se estabelece
na ação. Revelam-se por meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem ser
lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos
(o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas.
- Narrador: é quem conta a história.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação.
- Cronológico: o tempo convencional (horas, dias, meses);
- Psicológico: o tempo interior, subjetivo.

Elementos Estruturais (II):


Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
Acontecimento - O quê? Fato
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Final - Fechado ou Aberto.

Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que não é possível
compreendê-los isoladamente, como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implicação
mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança à história narrada.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso,
exceto as personagens ou o fato a ser narrado.

Tipos de Foco Narrativo


- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na qual é participante. Nesse caso ele é
narrador e personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


18
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como alguém que observa tudo que acontece
e transmite ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa.
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as personagens, revelando seus
pensamentos e sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).

Estrutura:
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados alguns personagens e expostas algumas
circunstâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propriamente a ação. Encadeados, os episódios
se sucedem, conduzindo ao clímax.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento crítico, tornando o desfecho
inevitável.
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos personagens.

Tipos de Personagens:
Os personagens têm muita importância na construção de um texto narrativo, são elementos vitais.
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser
apresentados direta ou indiretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando
suas características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os personagens
aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a
partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.

- Em 1ª pessoa:

Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a história e é o protagonista. Exemplo:

“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o coração parecendo querer sair-me pela
boca fora. Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de um lado
para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez e estacava.”
(Machado de Assis. Dom Casmurro)

Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo:

“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma
maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Brocai.
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no
desmaiado da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que chovesse reiúnos
acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca
desandou cruzada! ...
(...)
Aqui há poucos - coitado! - pousei no arranchamento dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não
nos víamos desde muito tempo. (...)
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança dos leitões e no tiramento dos assados
com couro.”
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)

- Em 3ª pessoa:

Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. Exemplo:

“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram de borboleta. Por isso não pôde
defender-se. E saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de
cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o
sentimento impreciso de ridículo.”
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)

Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sendo vista por uma câmara ou filmadora.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


19
Sequência Narrativa
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma coordena-se a outra, uma implica a
outra, uma subordina-se a outra. A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um dever (um desejo ou uma necessidade
de fazer algo);
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma competência para fazer algo);
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou devia fazer (é a mudança principal da
narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se deu e em que se podem atribuir prêmios ou
castigos às personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).

Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pressupõem logicamente. Com efeito, quando
se constata a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque quem a realiza
pode, sabe, quer ou deve fazê-la.
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o
ato de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente,
querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, é
necessário apanhar um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso antes
conseguir o dinheiro.

Narrativa e Narração
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é um componente narrativo que pode
existir em textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo, quando
se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no
entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não incentivo
ao incentivo da imigração europeia.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, o que é narração?
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação;
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos concretos;
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relação
de anterioridade e posterioridade.

Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a
sequência linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano
Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua morte para em seguida
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura,
as relações de anterioridade e de posterioridade.

Resumindo: na narração, as três características explicadas acima (transformação de situações, fi-


guratividade e relações de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem estar
presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas dessas características não é uma
narração.

Exemplo - Personagens

"Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amâncio não viu a mulher chegar.
- Não quer que se carpa o quintal, moço?
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face escalavrada. Mas os olhos... (sempre
guardam alguma coisa do passado, os olhos)."
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto)

Exemplo - Espaço

Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o
leito seco de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez."
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento, 1981)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


20
Exemplo - Tempo

“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo."
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados)

Texto Dissertativo

A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada ideia. É, sobretudo,


analisar algum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência,
objetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.
É em função da capacidade crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu significado diz
respeito a um tipo de texto em que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com a
finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico.

Características
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anterioridade e de posterioridade dos enunciados
não têm maior importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência, causalidade,
coexistência, correspondência, implicação, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a
estilística possuem características próprias a cada tipo de texto.

Dissertação Expositiva e Argumentativa


A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão sendo focados e discutidos pela
grande mídia. É um tipo de acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os detalhes já foram
expostos na televisão, rádio e novas mídias.
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão maior sobre os temas. Os pontos de
vista devem ser declarados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se aborda. Tais fatos
precisam ser esclarecidos para que o leitor se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma
dissertação argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica de determinado assunto. A
linguagem jamais poderá deixar de ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes.

São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / Conclusão.

Introdução
Em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu
desenvolvimento. Tipos:

- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. Ex.: “Cada criatura humana traz duas
almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato presente. Ex.: “A crise econômica que
teve início no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a década colecionou,
agravou vários dos históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.”
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa apresentada no texto. Ex.: Você quer
estar “na sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça parte desse
time de vencedores desde a escolha desse momento!
- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex.: “É importante que o cidadão saiba que
portar arma de fogo não é a solução no combate à insegurança.”
- Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex.: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios
brasileiros com televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos receptores
instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


21
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do texto. Ex.: “A principal característica do
déspota encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que definem a
vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre
exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que compõem o texto.
- Interrogação: questionamento. Ex.: “Volta e meia se faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo
esse entusiasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosidade do leitor.
- Comparação: social e geográfica.
- Enumeração: enumerar as informações. Ex.: “Ação à distância, velocidade, comunicação, linha de
montagem, triunfo das massas, holocausto: através das metáforas e das realidades que marcaram esses
100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do século...”
- Narração: narrar um fato.

Deve conter a ideia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do
texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do
texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
hipótese ou a tese a ser defendida.

Desenvolvimento
É a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
importante do texto. Podem ser desenvolvidas de várias formas:
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este tipo de abordagem.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia principal ao máximo, esclarecendo o
conceito ou a definição.
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis.
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descrever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis resultados.
- Interrogação: toda sucessão de interrogações deve apresentar questionamento e reflexão.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Exemplificação: dar exemplos.

Exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir especificada através da
argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequência, das definições, dos dados
estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da ideia.

Conclusão
É uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamento ou faz uma proposta, incentivando
a reflexão de quem lê.

É a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez
que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de
forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da
argumentação básica empregada no desenvolvimento.

Exemplo:

Direito de Trabalho

Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo modelo econômico: o capitalismo, que até
o século XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da exclusão. (A)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


22
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho automático, devido à evolução
tecnológica e a necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro fator
que também leva ao desemprego de um sem número de trabalhadores é a contenção de despesas, de
gastos. (B)
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social que provém dessa automatização e
qualificação, obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhadores, de que,
mesmo que as empresas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C)
Não é uma utopia?!
Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da cana de açúcar que devido ao avanço
tecnológico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo a queima da
cana-de-açúcar para a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D)
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de cabelereiro, marcenaria, eletricista, para
não perderem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida estudando, se especializando, para se
diferenciarem e ainda estão desempregados? Como vimos no último concurso da prefeitura do Rio de
Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição. (E)
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm o direito de trabalho, cabe aos governantes
desse país, que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desníveis gritantes e
criar soluções eficazes para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G)

1º Parágrafo – Introdução

A. Tema: Desemprego no Brasil.


Contextualização: decorrência de um processo histórico problemático.

2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento

B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a uma análise do tema em questão.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem propõe soluções.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

7º Parágrafo: Conclusão
F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com modernidade.

É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre o que não se conhece. A leitura de
bons textos é um dos recursos que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre algum
assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
de um texto dissertativo.

Ainda temos:

Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos com os quais a pessoa que escreve
sustenta suas opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões
a favor ou contra uma determinada tese.

Pontos Essenciais
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade
de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na
demonstração do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


23
Texto Injuntivo

Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o interlocutor, utilizando verbos no imperativo para atingir
seu intuito. Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são: manual de instruções, receitas
culinárias, bulas, regulamentos, editais etc.
11
Os textos explicativos podem ser injuntivos ou prescritivos. Os textos explicativos injuntivos
possibilitam alguma liberdade de atuação ao leitor, enquanto os textos explicativos prescritivos exigem
que o leitor proceda de uma determinada forma.
Exemplos:

Manual de instruções de um computador

“[...] Não instale nem use o computador em locais muito quentes, frios, empoeirados, úmidos ou que
estejam sujeitos a vibrações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou vibrações, e evite que
ele caia, para não prejudicar as peças internas [...]”.

Bula

“[...] Manter o medicamento em temperatura ambiente (15º C a 30º C). Proteger da luz e da umidade.
O prazo de validade do produto é de 24 meses. Não utilizar medicamentos com prazo de validade vencido.
Deve-se evitar o uso do produto durante a gravidez e o período de lactação. Informe ao seu médico a
ocorrência de gravidez na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe ao médico se está
amamentando.
Recomenda-se observar cuidadosamente as orientações do médico. Siga a orientação do seu médico,
respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interromper o tratamento sem
o conhecimento do seu médico. BUTAZONA CÁLCICA é um medicamento potente e deverá ser usado
por uma semana no máximo.” [...]

Exemplos de texto explicativo prescritivo


- leis;
- cláusulas contratuais;
- edital de concursos públicos.

Texto Expositivo

Aqueles textos que nos levam a uma explicação sobre determinado assunto, informa e esclarece sem
a emissão de qualquer opinião a respeito, é um texto expositivo.

Regras gramaticas para este tipo textual (Exposição)

Neste tipo de texto são apresentadas informações sobre:


- Assuntos e fatos específicos;
- Expõe ideias;
- Explica;
- Avalia;
- Reflete.

Tudo isso sem que haja interferência do autor, sem que haja sua opinião a respeito. Faz uso de
linguagem clara, objetiva e impessoal. A maioria dos verbos está no presente do indicativo.

Exemplos: Notícias Jornalísticas.

Texto Preditivo

Segundo o dicionário Michaelis, o adjetivo preditivo quer dizer “Relativo a predição; Que prediz ou
afirma de antemão antes que se patenteie a verdade por meio da adução de prova(s)” 12.

11 https://bit.ly/313UjEP.
12 https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/preditivo/.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


24
A partir dessa informação, fica mais claro compreender que um texto preditivo possui a intenção de
prever algo, falar sobre o que vai ocorrer.
Esse tipo de texto é encontrado com mais frequência em previsões do tempo, previsões econômicas,
em horóscopos e provérbios. São textos que possuem como características verbos no futuro do presente,
no infinitivo e o texto se direciona ao ouvinte.

Texto Didático
13
Esse tipo de texto possui objetivos pedagógicos e está disposto de uma forma a que qualquer leitor
tenha a mesma conclusão. Sua construção dá-se de maneira conceitual, visando a necessidade de
compreensão do assunto exposto por parte do interlocutor.
A linguagem de um texto didático não é figurativa, mas sim própria, utilizando os termos de maneira
exata. A apresentação das informações pode considerar, ou não, os conhecimentos prévios do leitor.
Trata-se de um tipo textual muito utilizado em artigos científicos e livros didáticos.
Algumas características desse tipo de texto são: impessoalidade, objetividade, coesão, abordagem
que permite uma interpretação única e específica.

Texto Dialogal
14
Uma das especificidades do texto dialogal é o fato de ser um texto cogerido. Sua produção acontece
por, ao menos, dois locutores: o que um locutor diz, tem a ver com aquilo que o outro disse; nesse diálogo,
os interlocutores podem concordar, discordar, concluir, exemplificar, etc.
Esse tipo de texto parece muito em entrevistas, debates, reuniões de trabalho, etc. Uma narrativa, por
exemplo, pode ser composta por sequências narrativas e por sequências dialogais.
Outra característica do texto dialogal é a integração de turnos de índole fática (turnos de abertura e de
fechamento).
Ex.:

Abertura
— Olá!
— Então, tudo bem?
— Boa tarde.
— Por favor.

Fechamento
— Adeus, porta-te bem.
— Até à próxima.
— Obrigado. Passe bem.

Sequência Dialogal
Trata-se da mais comum das sequências textuais, pois se constitui como a “espinha dorsal” de diversos
gêneros orais do dia a dia, como a entrevista, a conversa informal e o debate. Também aparece na forma
escrita, em contos, romances, piadas, etc.
A sequência dialogal possui uma estrutura. Em sua forma completa, há três partes:
- sequência fática inicial;
- sequência transacional;
- sequência fática final.
15
O diálogo é o elemento presente em toda sequência dialogal, sendo assim, supõe-se que, antes de
iniciá-lo, os interlocutores abram o canal de comunicação por meio de um cumprimento, aí eles passam
a tratar do assunto devido e, ao final, se cumprimentam de novo.
No início e final, as expressões fáticas típicas aparecem. No início, por exemplo, como “olá”, “oi”, “bom
dia”; no final, como “tchau”, “boa noite”, até mais”. Entre essas saudações iniciais e finais, os interlocutores
trocam falas.

13 https://bit.ly/2GOaX42.
14 https://bit.ly/2OzHq2I.
15 OLIVEIRA, F. C. de. Texto teórico 2: sequência dialoga. IFRN, 2012.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


25
Ex:

Quando se pretende escrever uma sequência dialogal, é preciso conhecer e saber utilizar os sinais de
pontuação, como reticências, pontos de interrogação e exclamação (que dão vida ao diálogo), e o
travessão (que demarca as mudanças de fala de interlocutor, além de separar a voz do narrador das dos
personagens).
É difícil encontrar uma sequência dialogal completa em forma escrita. As sequências fáticas são
comumente omitidas, ou somente uma delas aparece. Ademais, é comum encontrar a sequência dialogal
subordinada à sequência narrativa.

Texto Apologético16

Quem primeiro consagrou a “apologia” como referência a alguns escritos de defesa aos cristãos foi
Eusébio. Ele mencionava as apologias endereçadas àqueles que possuem o poder de decidir
concernentemente ao controle da execução dos cristãos no Império. Para ele, “apologia” ser uma “fala do
discurso de defesa” não era novidade.
O gênero apologético cristão requer a análise das características discursivas das obras, muita além
de uma simples comparação de padrões de linguagem.
Para os gregos antes do século II d.C., uma apologia poderia significar o ato de defesa. Depois passou
a funcionar como nome para as propriedades discursivas que caracterizam os escritos de defesa dos
cristãos e de sua religião nos dois séculos seguintes. Alguns padrões são:
- um discurso de defesa dos cristãos em função de sua religião;
- os adversários podem ser autoridades político-administrativas; os adversários podem ser filósofos ou
intelectuais; ou, simplesmente, o discurso pode se impor contra as calúnias da plebe pagã;
- a temática é sempre uma resposta à cultura oposta;
- não há uma elaboração minuciosa dos textos e nem um método sistemático;
- suas obras obedecem à lógica da contestação às objeções embora seja possível identificar alguns
elementos retóricos;
- suas obras lançam mão de uma linguagem culta, mas nem sempre com muito refinamento.

Texto Elegíaco17

A elegia é um gênero poético que se caracteriza mais pela temática do que por uma estrutura formal:
seus assuntos principais são a tristeza dos amores interrompidos pela morte ou pela infidelidade. As
primeiras elegias exibiam uma métrica específica, com emprego de dísticos formados de versos

16 ARZANI, A. VENTURINI, R. L. B. Os gêneros dos escritos apologeneticos cristãos antigos. Jornada de Estudos Antigos e Medievais. UEM. 2011.
17 https://bit.ly/2kAI5nO.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


26
hexâmetros. Todavia, é possível desenvolver a elegia em versos livres, porém sempre reconhecida em
virtude de sua temática peculiar.
Tornou-se um dos gêneros poéticos mais populares no século XVI. O primeiro escritor português de
elegias foi Sá de Miranda, mas Luís de Camões foi o principal representante do gênero.

Texto Informativo18

Sua função é ensinar e informar, esclarecendo dúvidas sobre um tema e transmitindo conhecimentos.
Este tipo de texto é comum em jornais, livros didáticos, revistas, etc.
As características do texto informativo são:
- Escrito em 3ª pessoa, em prosa.
- Apresenta informações objetivas e reais a respeito de um tema.
- É um texto que evita ser ambíguo, não fazendo uso de figuras de linguagem, utilizando a linguagem
denotativa.
- A opinião pessoal do autor não se reflete no texto.
- Há a citação de fontes, que garantem a credibilidade, e o texto apresenta caráter utilitário e prático.
O conteúdo deste tipo de texto é mais importante que sua estrutura. O objetivo do texto é a transmissão
de conhecimento sobre determinado tema, por isso o texto informativo pode apresentar diversos recursos,
como gráficos, ilustrações, tabelas, etc.

Texto Poético19

Este tipo de texto transmite emoções e sentimentos por meio de recursos estilísticos. Em sua origem,
textos poéticos eram criados para serem cantados, por isso a sua musicalidade.
É comum encontrar o texto poético em forma de verso, como na poesia. Contudo, há textos poéticos
em forma de prosa também.
A métrica do texto poético é composta pelos versos, estrofes e ritmo. Um verso é uma linha, um
conjunto de versos, uma estrofe.
O ritmo é muito importante, sedo demarcado pelas rimas, sílabas tônicas, etc. Esta característica
distingue o texto poético.
Estes textos possuem grande valor simbólico, imagens literárias, levando o leitor a decodificar a
mensagem.
Questões

01. (Câmara Santa Rosa/RS - Procurador Jurídico - INST.EXCELENCIA/2017)

Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.

Para expressar as mudanças físicas de seu corpo e como o mesmo se encontra depois delas, o eu
lírico utiliza predominantemente os recursos da:
(A) Narração.
(B) Descrição.

18 https://bit.ly/2voqqFj
19 https://bit.ly/39hw5M0

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


27
(C) Dissertação.
(D) Nenhuma das alternativas.

02. (UTFPR - Técnico de Laboratório - 2018) “Requerimento é o instrumento por meio do qual o
signatário pede, a uma autoridade pública, algo que lhe pareça justo ou legal. O requerimento pode ser
usado por qualquer pessoa que tenha interesse no serviço público, seja, ou não, servidor público. Deve
ser dirigido à autoridade competente para receber, apreciar e solucionar o caso, podendo ser manuscrito
ou digitado/datilografado. Uma vez que o requerimento é veículo de solicitação sob o amparo da lei,
somente pode ser dirigido a autoridades públicas. Pedidos a entidades particulares fazem-se por carta
ou, quando provenientes de órgão público, por ofício. Podem-se, no entanto, dirigir requerimentos a
colégios particulares. Esses, com efeito, exercem, por uma espécie de delegação, atividades próprias do
poder público, pelo qual têm seus serviços rigidamente regulados e fiscalizados”.
(Adalberto J. Kaspary – Redação Oficial – Normas e Modelos)

O texto em questão pertence, predominantemente, à tipologia textual:


(A) narração.
(B) dissertação.
(C) descrição.
(D) injunção.
(E) exposição.

03. (João Pessoa/PB - Técnico Controle Interno - CESPE/2018)

Acerca das propriedades linguísticas do texto precedente, julgue o item subsequente.


O texto apresentado combina elementos das tipologias expositiva e injuntiva.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.B / 02.E / / 03.CERTO /

Comentários

01. Resposta: B
Por mais que o texto é um poema, a descrição é uma das características deste texto.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


28
02. Resposta: E
O texto é uma simples exposição de fatos, por isso a alternativa E correta.

03. Resposta: CERTO


Expositivo porque expõe fatos correntes do Brasil sobre a ética, as marcas injuntivas, por exemplo:
“Diga não”.

GÊNEROS TEXTUAIS

Na hora de escrever, é necessário pensar qual a situação de escrita proposta. Diversas são as
situações de comunicação e seu texto pode se estruturar de diversas maneiras de acordo com a situação
e com o objetivo de comunicação.
Existem situações comunicativas em que a linguagem é usada de uma forma mais padronizada. Por
exemplo, quando você precisa ensinar alguém a fazer um bolo, a linguagem aparece quase sempre na
forma de uma receita. Se a intenção for anunciar ou vender um determinado produto utilizamos anúncios
publicitários. Se o objetivo for, no entanto, relatar para a população um fato ocorrido, recorremos à notícia.
Ou seja, quantas forem as situações de comunicação, assim serão as diversas formas de uso da
linguagem.
Há aquelas constituídas pelo verbal (representadas na imagem pelo livro, pela pena e o papel), outras
pelo visual (representadas na imagem pela câmera fotográfica, pela paleta e o pincel, pelas máscaras do
teatro mudo), aquelas constituídas pelo vocal (representadas na imagem pela nota musical, pelas
imagens de instrumento), e ainda as constituídas pela junção dessas três linguagens (representadas pelo
cinema e pelo teatro). Em cada uma dessas situações a linguagem se comporta de formas características,
com forma e conteúdo específicos.
Esses textos mais cristalizados que utilizamos recorrentemente em nosso cotidiano de acordo com as
situações diversas de comunicação são chamados de gêneros textuais. Eles dizem respeito a forma
como a língua é estruturada nos textos nas interações em sociedade.
Ao longo do tempo, de acordo com as diversas situações sócio-comunicativas-culturais, são
elaborados diferentes gêneros. Cada um possui uma forma de organização da linguagem, com conteúdo
(assunto) característico daquele tipo de situação comunicativa e pode estar mais aberto ou mais fechado
ao estilo (marca pessoal) de escrita do autor.
. É importante lembrar que um texto não precisa ter apenas um gênero textual, porém há apenas um
que se sobressai. Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo de estabelecer algum tipo de
comunicação, possuem algumas características básicas que fazem com que possamos saber em qual
gênero textual o texto se encaixa. Algumas dessas características são: o tipo de assunto abordado, quem
está falando, para quem está falando, qual a finalidade do texto, qual o tipo do texto (narrativo,
argumentativo, instrucional, etc.).

Distinguindo

Existem diferentes nomenclaturas20 relacionadas à questão dos gêneros, porém nem todas se referem
a mesma coisa. É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada
uma dessas classificações é referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma possui um
significado totalmente diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um
tipo textual:
Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos textos de acordo com as diferentes
situações de comunicação. Podem ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalística,
digital, judiciária, entre outras). São exmplos de gêneros textuais: romance, conto, receita, notícia, bula
de remédio.
Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constituição da forma, a aplicação do estilo
autoral e a organização da linguagem possuem uma preocupação estética. São classificados de acordo
com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático ou épico. Pode-se afirmar que todo gênero
literário é um gênero textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro de cada um dos gêneros. Refere-se
ao emprego dos verbos, podendo ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertativo-

20 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma

as questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração, enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não
trabalharemos com essa diferença.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


29
argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas classificações varia de acordo como o
texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.
Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada um dos gêneros são agrupados
segundo a predominância do tipo textual.

Gêneros textuais predominantemente do tipo textual narrativo

Romance
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidosl. Pode ter partes em que o
tipo narrativo dá lugar ao descritivo em função da caracterização de personagens e lugares. As ações
são mais extensas e complexas. Pode contar as façanhas de um herói em uma história de amor vivida
por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances com diferentes
temáticas: romances históricos (tratam de fatos ligados a períodos históricos), romances psicológicos
(envolvem as reflexões e conflitos internos de um personagem), romances sociais (retratam
comportamentos de uma parcela da sociedade com vistas a realização de uma crítica social). Para
exemplo, destacamos os seguintes romancistas brasileiros: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Eça de
Queiroz, entre outros.

Conto
É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas
e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma
escrita com a publicação de Decamerão.
Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma narrativa densa e concisa, a qual se
desenvolve em torno de uma única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação já em
desenvolvimento. Não há muita especificação sobre o antes e nem sobre o depois desse recorte que é
narrado no conto. Há a construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve
personagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto
mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se
desenrolam em um contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que
envolvem o suspense e a solução de um mistério.

Fábula
É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais não são
humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

Novela
É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto.
Esse gênero é constituído por uma grande quantidade de personagens organizadas em diferentes
núcleos, os quais nem sempre convivem ao longo do enredo. Como exemplos de novelas, podem ser
citadas as obras

Crônica
É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom
humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal,
revistas e programas da TV. Há na literatura brasileira vários cronistas renomados, dentre eles citamos
para seu conhecimento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido entre outros.

Diário
É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico,
geralmente, é para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:

“Domingo, 14 de junho de 1942


Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros
presentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)

Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


30
as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as
boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.

Gêneros textuais predominantemente do tipo textual descritivo

Currículo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Nele são descritas as qualificações e as
atividades profissionais de uma determinada pessoa.

Laudo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Sua função é descrever o resultado de
análises, exames e perícias, tanto em questões médicas como em questões técnicas.

Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos são: folhetos turísticos;
cardápios de restaurantes; classificados; etc.

Gêneros textuais predominantemente do tipo textual expositivo

Resumos e Resenhas
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cinematográfica, musical, teatral ou literária)
a fim de divulgar este trabalho de forma resumida.
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, com uma linguagem mais ou menos
formal, geralmente os resenhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são estudiosos
do assunto, e podem influenciar a venda do produto devido a suas críticas ou elogios.

Verbete de dicionário
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor conceitos e significados de palavras de uma
língua.

Relatório Científico
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de pesquisa, bem como caracteriza
procedimentos realizados.

Conferência
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo também. Expõe conhecimentos e pontos de
vistas sobre determinado assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral.

Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos são: enciclopédias; resumos
escolares; etc.

Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos

Artigo de Opinião
É comum21 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais, temas polêmicos que
exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente
apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores
e, para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis
de contestar.

Discurso Político
O discurso político22 é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum,
alicerçado por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações
compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-
se como uma fala coletiva que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir

21 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-SIMPATICO
22 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


31
norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas
circunstâncias. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre
a satisfação individual e os grandes objetivos sociais da resolução das necessidades elementares dos
outros.
Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a
persuasão do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para
isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura
seduzir recorrendo a afetos e sentimentos.
O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia
antiga, o político era o cidadão da "pólis" (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios
públicos, decidia tudo em diálogo na "agora" (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos),
mediante palavras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na
oratória, orientado para convencer o povo.
O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias,
os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de
sedução, através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos.
Valendo-se da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que
pode ser feito.

Requerimento
Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requerimento tem a função de solicitar determinada
coisa ou procedimento. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumentação com vistas ao
convencimento

Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos são: abaixo-assinados;
manifestos; sermões; etc.

Gêneros textuais predominantemente do tipo textual injuntivo

Bulas de remédio
A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela aparecem as descrições sobre a
composição do remédio bem como instruções quanto ao seu uso.

Manual de instruções
O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os procedimentos de uso ou montagem de
um determinado equipamento.

Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos são: receitas culinárias, instruções
em geral.

Gêneros textuais predominantemente do tipo textual prescritivo

Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos são: leis; cláusulas contratuais;
edital de concursos públicos; receitas médicas, etc.

Outros Exemplos

Carta
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou pessoa
com quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha
intimidade.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser dissertativa,
narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e
para finalizar a despedida.

Propaganda
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais
características são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é fazer com

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


32
que o destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de descrição
e sempre é claro e objetivo.

Notícia
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o
objetivo desse texto é informar algo que aconteceu.
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos existentes e tem como intenção nos informar
acerca de determinada ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em geral, seja na
televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais ou revistas.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato
de fatos que interessam ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma vez que se
trata de uma informação.

Editorial
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos
outros textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar certa objetividade. Isso porque são os
editoriais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política,
Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam as opiniões da equipe e, por isso, não
recebem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação (revista,
jornal, rádio, etc.).
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os editoriais intitulados como “Carta ao Leitor”
ou “Carta do Editor”.
Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano
social. E quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo em se
tratando de impressões pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que prevaleça o emprego
da 3ª pessoa do singular, ocupa lugar de destaque.

Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa. A
reportagem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no
questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um
mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o
fato central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal,
ampliada e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos,
pequenos resumos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.
O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-
o, orientando-o e contribuindo para formar sua opinião.
A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico
divulgado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a
todos os públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina.
Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua
interpretação.23

Gêneros Textuais e Gêneros Literários

Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto os
gêneros literários se referem apenas aos textos literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais comuns em obras literárias,
agrupando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
- Gênero lírico;
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático.

23 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação. São Paulo, Atual Editora, 2000

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


33
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à
do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os
pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.

Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do
texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.

Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um
bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.

Ode (ou hino)


É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades,
à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento
musical.

Idílio (ou écloga)


Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que
ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e
riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão.
A écloga é um idílio com diálogos (muito rara).

Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem
um forte sarcasmo, pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assuntos políticos,
ou pessoas de relevância social.

Acalanto
Canção de ninar.

Acróstico
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase. Ex.:

Amigos são
Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Zelosos, eles nos
Ajudam e
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/

Balada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo
característico e refrão vocal que se destinam à dança.

Canção (ou Cantiga, Trova)


Poema oral com acompanhamento musical.

Gazal (ou Gazel)


Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.

Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


34
Vilancete
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.

Gênero Épico ou Narrativo


Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o
dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes:
o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula.

Épico (ou Epopeia)


Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem
aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é,
de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões,
e Odisseia, de Homero.

Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões
morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico,
filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como
documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância,
de John Locke.

Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador
contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis
das personagens nas cenas.

Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava
que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem
figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as
incongruências, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
engano.

Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem
grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura
do real com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos
diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.

Questões

01. (TRT 1ª Região - Técnico Judiciário - INST.AOCP/2018)

A indústria do espírito
JORDI SOLER

O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais importante
que você e dedique sua vida a isso”.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


35
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que nos diz
que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser verdade no caso
de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito, o atribulado cidadão comum
do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em outra pessoa, no seu entorno familiar
e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo, cresceu
exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos de mindfulness e de
ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para o Ocidente, não
precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um produto prático e de
rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas toxinas culturais. [...]
Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida interior, por
que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo ?, proporia que, mais exatamente, a burguesia
ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais a ver com a economia do que com
o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já têm muito
bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify. Uma vez instalada
no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se movimenta para participar de
um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade já conseguiu
instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente autorreferencial que,
pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano, desviando-o
descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão contemporânea de
cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao longo da história da humanidade
o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia; os idosos eram sábios, esse
era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os idosos já não querem ser sábios, preferem estar
robustos e musculosos, e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos.
[...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a alguém que
nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver cada instante com plena
consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é
tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito que, sem seus milhões de
subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época dourada do hedonismo suicida,
em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o
espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.
(Adaptado de: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/26/opinion/1506452714_976157.html>. Acesso em 27 mar. 2018)

Sobre tipologia e gêneros textuais, assinale a alternativa correta.


(A) O texto “A indústria do espírito” apresenta, majoritariamente, a tipologia narrativa, a qual
tipicamente emprega verbos no pretérito, como é possível notar neste excerto: “A indústria do espírito,
uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo, cresceu exponencialmente nos
últimos anos [...]”.
(B) Não há um número definido de tipologias textuais, uma vez que elas surgem e desaparecem
conforme as necessidades sociodiscursivas de determinada comunidade.
(C) O segundo parágrafo do texto “A indústria do espírito” é composto por períodos simples, típicos da
tipologia injuntiva.
(D) A maneira com que o texto “A indústria do espírito” se inicia, utilizando uma citação, é comum no
gênero textual carta aberta.
(E) O texto “A indústria do espírito” é um exemplar do gênero textual artigo de opinião.

02. (IF/SC - Professor de Língua Portuguesa - 2017) De acordo com Bakhtin, os usos da língua são
tão variados quanto as possibilidades de interação humana. Assim, enunciados específicos para
determinadas situações sociais, constituídos historicamente, configuram aquilo que esse autor chama
de______.
Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE a lacuna do texto acima.
(A) Textos
(B) Tipos textuais
(C) Gêneros
(D) Discursos
(E) Contextos
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
36
03. (MPE/GO - Secretário Auxiliar - 2018)

A Outra Noite

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.
Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá
em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a
cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para
mim:
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e
linda.
– Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando
mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
– Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão
sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
(Rubem Braga, Ai, Copacabana, disponível em http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2014/09/sessao-leitura-outra-noite-rubembraga.html.
Acesso em 14/01/2018)

Quanto ao gênero, o texto sob análise apresenta características de:


(A) Uma crônica.
(B) Uma fábula.
(C) Um artigo.
(D) Um ensaio.
(E) Nenhuma das alternativas.

04. (Prefeitura de Teixeiras/MG - Professor PEB I/Educação Infantil - FUNDEP/2019)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


37
Quanto ao gênero de ambos os textos, analise as afirmativas a seguir, assinalando com V as
verdadeiras e com F as falsas.

( ) O texto I objetiva instruir o leitor, por meio de argumentação detalhada passo a passo, a realizar
uma ação.
( ) O texto II intenciona convencer o leitor a consumir o produto que ele anuncia, e a repetição da
oração “peça baton” constitui uma estratégia para tal.
( ) Ambos os textos utilizam verbos no imperativo, objetivando estimular uma ação no leitor, no caso
do texto I, seguir as etapas de um preparo e, no caso do texto II, adquirir um produto.
( ) É correto afirmar que ambos os textos pertencem ao mesmo gênero textual.

Assinale a sequência correta


(A) F F V V
(B) F V V F
(C) V V F F
(D) V F F V

05. (Prefeitura de Teixeiras/MG - Orientado Social - FUNDEP/2019)

Sobre a classificação dos textos, relacione a COLUNA II com a COLUNA I, associando os gêneros
textuais aos tipos textuais aos quais eles geralmente pertencem.

COLUNA I 1. Tipo textual narrativo 2. Tipo textual injuntivo 3. Tipo textual descritivo

COLUNA II ( ) Manual de instruções ( ) Crônica ( ) Edital ( ) Currículo ( ) Cardápio ( ) Piada


Assinale a sequência correta.
(A) 2 1 2 3 3 1
(B) 2 3 3 1 1 2
(C) 1 1 2 3 3 2
(D) 3 2 1 2 1 3
Gabarito

01.E / 02.C / 03.A/ 04. B/ 05. A

Comentários

01. Resposta: E
Artigo de opinião é um texto onde o autor apresenta uma opinião ou ponto de vista, neste texto, o autor
começa propondo ou afirmando uma fórmula mágica para encontrar a felicidade. A frase inicial “Dennett
propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: Procure algo mais importante que você e dedique sua
vida a isso”, deixa claro uma opinião ou afirmação onde as pessoas podem encontrar a felicidade.

02. Resposta: C
De acordo com Bakhtin, aos usos da língua multiformes segundo os diversos campos de atividade do
homem dá-se o nome de gêneros.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


38
03. Resposta: A
A crônica é um tipo de texto em que o autor desenvolve suas ideias baseando-se em fatos ocorridos
no dia a dia, ou sobre qualquer outro assunto considerado comum em nosso meio, ligados à política, ao
mundo artístico, esporte e à sociedade de uma forma geral.

04. Resposta B
A primeira afirmação é falsa pois não há argumentação no texto I, apenas injunção (instruções). A
segunda afirmação é verdadeira pois o texto II é um texto publicitário, o qual tem como objetivo principal
convencer o leitor a consumir o produto Baton. A terceira afirmação é verdadeira pois há a presença de
verbos no imperativo nos dois textos. No primeiro encontramos vários com o objetivo de instruir a
realização da receita culinária, tais quais pré-aqueça, reserve, leve. Já no segundo há o verbo “peça”,
cujo objetivo é convencer o leitor a comprar o produto. A quarta afirmação é falso, pois o primeiro texto
pertence ao gênero receita culinária, enquanto o segundo é um anúncio publicitário.

05. Resposta A
O manual de instruções é injuntivo, pois seu objetivo é instruir sobre a montagem e funcionamento de
um determinado aparelho ou objeto. A crônica é narrativa pois narra fatos do cotidiano. O edital é injuntivo
pois instrui candidatos quanto aos procedimentos necessários para a inscrição, preparo e realização de
um determinado processo avaliativo. O currículo é descritivo, pois caracteriza as qualificações e
experiências profissionais de uma pessoa. O cardápio é descritivo pois caracteriza a composição de
pratos de um determinado estabelecimento, bem como preços e formas de pagamento. A piada é
narrativa, pois conta fatos e envolve personagens, com vistas a provocar o humor.

Domínio da ortografia oficial. Emprego das letras

A ortografia oficial prescreve a maneira correta de escrever as palavras, baseada nos padrões cultos
do idioma. Procure sempre usar um bom dicionário e ler muito para melhorar sua escrita.

Alfabeto

O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”, “w” e “y” não eram consideradas
integrantes do alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes próprios,
palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka,
kafkiano.

Vogais: a, e, i, o, u, y, w.
Consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, z.
Alfabeto: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.

Observações:
A letra “Y” possui o mesmo som que a letra “I”, portanto, ela é classificada como vogal.
A letra “K” possui o mesmo som que o “C” e o “QU” nas palavras, assim, é considerada consoante.
Exemplo: Kuait / Kiwi.
Já a letra “W” pode ser considerada vogal ou consoante, dependendo da palavra em questão, veja os
exemplos:
No nome próprio Wagner o “W” possui o som de “V”, logo, é classificado como consoante.
Já no vocábulo “web” o “W” possui o som de “U”, classificando-se, portanto, como vogal.

Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; conservou-se apenas como símbolo,
por força da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta palavra vem do
latim hodie.

Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, hesitar, haurir, etc.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, boliche, telha, flecha, companhia, etc.
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
39
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmonia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério,
heliporto, hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, hera, húmus;
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc.

Não se usa H:
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras
que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, respectivamente do
latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro,
herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc.

Emprego das letras E, I, O e U


Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É
principalmente desse fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular,
mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.

Escreve-se com a letra E:


- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: continue, habitue, pontue, etc.
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): antebraço, antecipar, antedatar,
antediluviano, antevéspera, etc.
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira,
Desperdício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico,
Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.

Emprega-se a letra I:
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui,
retribui, sai, etc.
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar,
cimento, crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, feminino, Filipe,
frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina,
pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.

Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça,
concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa,
óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.

Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume,
cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante,
trégua, urtiga.

Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/
e /u/. Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:

área = superfície
ária = melodia, cantiga
arrear = pôr arreios, enfeitar
arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
cumprido = particípio de cumprir
comprimento = extensão
cumprimento = saudação, ato de cumprir
costear = navegar ou passar junto à costa
custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


40
descrição = ato de descrever
discrição = qualidade de quem é discreto
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
imigrante = que ou quem imigra
eminente = elevado, ilustre
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir
recriar = criar novamente
soar = emitir som, ecoar, repercutir
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
sortir = abastecer
surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
surtido = produzido, causado
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio

Emprego das letras G e J


Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-se este ou aquele signo não de modo
arbitrário, mas de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do latim
jactu) e jipe (do inglês jeep).

Escrevem-se com G:
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: garagem, massagem, viagem, origem,
vertigem, ferrugem, lanugem. Exceção: pajem
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: contágio, estágio, egrégio, prodígio,
relógio, refúgio.
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massagista (de massagem), vertiginoso (de
vertigem), ferruginoso (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria (de
selvagem), etc.
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete,
ginete, gíria, giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela.

Escrevem-se com J:
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja
(granjeiro, granjense), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), cereja
(cerejeira).
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar
(despejei), gorjear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso,
enjeitar, projeção, rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo,
jequitibá, jerimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias,
Jericó, Jerônimo, jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento,
rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.

Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita com J. Por tradição algumas cidades de
São Paulo adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


41
Representação do fonema /S/
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por:

- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, contorção, exceção, endereço,
Iguaçu, maçarico, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça,
vicissitude.
- S: ansioso, cansar, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, pretensão, propensão, remorso,
sebo, tenso, utensílio.
- SS: acesso, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, concessão, discussão, escassez, essencial,
expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego,
procissão, profissão, ressurreição, sessenta, sossegar, submissão, sucessivo.
Grafa-se com SS a correlação CED - CESS: cessão, intercessão, acessível, concessão.
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, crescer, cresço, descer, desço, disciplina,
discípulo, discente, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina, ressuscitar,
seiscentos, suscetível, víscera.
- X: aproximar, auxiliar, máximo, próximo, trouxe.
- XC: exceção, excedente, excelência, excelso, excêntrico, excepcional, excesso, exceto, excitar.

Homônimos
São palavras que têm a mesma pronúncia, e às vezes a mesma grafia, mas significação diferente.

acento = inflexão da voz, sinal gráfico


assento = lugar para sentar-se
acético = referente ao ácido acético (vinagre)
ascético = referente ao ascetismo, místico
cesta = utensílio de vime ou outro material
sexta = ordinal referente a seis
círio = grande vela de cera
sírio = natural da Síria
cismo = pensão
sismo = terremoto
empoçar = formar poça
empossar = dar posse a
incipiente = principiante
insipiente = ignorante
intercessão = ato de interceder
interseção = ponto em que duas linhas se cruzam
ruço = pardacento
russo = natural da Rússia

Emprego de S com valor de Z


- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gracioso, graciosa, teimoso, teimosa.
- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa.
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: burguês, burguesa, burgueses,
camponês, camponesa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses.
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s: analisar (de análise), apresar (de presa),
atrasar (de atrás), extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso).
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, pusemos, compôs, impuser, quis,
quiseram.
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel,
Isaura, Luís, Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro,
colisão, convés, cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva, fase, frase,
freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obséquio, obus,
paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa,
requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo,
visita.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


42
Emprego da letra Z
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha,
cãozito, avezita.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar
(de vazio).
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio).
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar,
chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.

Sufixo –ÊS e –EZ


- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) derivados de substantivos
concretos: montês (de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), francês
(de França), chinês (de China).
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez
(de ácido), rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de ávido) palidez (de
pálido) lucidez (de lúcido).

Sufixo –ESA e –EZA


Usa-se –esa (com s):
- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados em –ender: defesa (defender), presa
(prender), despesa (despender), represa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreender), etc.
- Nos substantivos femininos designativos de títulos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, princesa,
consulesa, prioresa, etc.
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: burguesa (de burguês), francesa (de
francês), camponesa (de camponês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc.
- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa,
toesa, turquesa, etc.

Usa-se –eza (com z):


- Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos e denotando qualidade, estado,
condição: beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), etc.

Verbos terminados em –ISAR e -IZAR


Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes termina em –s. Se o radical
não terminar em –s, grafa-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso +
ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar
(pesquisa + ar), pisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia + izar), civilizar
(civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar (vulgar
+ izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize +
izar), matizar (matiz + izar).

Emprego do X
- Esta letra representa os seguintes fonemas:
Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
Z – exame, exílio, êxodo, etc.
SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.

- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico,
excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado,
extrair, fênix, texto, etc.
- Escreve-se x e não ch:
Em geral, depois de ditongo: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-
se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


43
Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar,
enxerto, enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de
charco), encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim,
toda vez que se trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch.
Em vocábulos de origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe,
etc.
Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico,
puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.

Emprego do dígrafo CH
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chavena,
chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.

Consoantes dobradas
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C, R, S.
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam distintamente: convicção, occipital,
cocção, fricção, friccionar, facção, sucção, etc.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/
sibilante, respectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento de composição
terminado em vogal seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado,
correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.

CÊ - cedilha24
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som de /SS/. O Ç só é usado antes de A, O,
U.

O Ç é utilizado em palavras derivadas de vocábulos terminados em -TO, -TOR e -TIVO:


- Canto = canção
- Ereto = ereção
- Setor = seção
- Condutor = condução
- Ativo = ação
- Intuitivo = intuição

Também se utiliza Ç em substantivos que terminam em -TENÇÃO, que por sua vez derivam de verbos
terminados em -TER:
- Conter = contenção
- Reter = retenção
- Deter = detenção

Em verbos terminados em -ÇAR, mas somente quando seu substantivo equivalente terminar em -CE
ou -ÇO:
- Lance = lançar
- Alcance = alcançar
- Abraço = abraçar

Em substantivos que terminam em -ÇÃO desde que sejam derivados de verbos onde a letra R é
retirada:
- Abreviar = abreviação
- Exportar = exportação
- Enrolar = enrolação

Emprego do M antes de P e B
Antes das letras P e/ou B, sempre será utilizado a letra M.
Ex:
- Pombo, também, tempo, campo.
Quando se tratar das demais consoantes, utiliza-se a letra N.

24 https://vestibular.uol.com.br/duvidas-de-portugues/ortografia-quando-usar-c.htm.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


44
Ex:
- Canto, tanto, manto, ente, quente.

R ou RR?
A consolante R pode ser pronunciada com uma vibração mais forte e prolongada ou mais fraca e curta.
No início das palavras, a pronúncia é sempre forte (rato, remo, rosa), e também quando se encontra
duplicada entre duas vogais (correção, cerrote, derramar).
Quando a consoante R se encontra sozinha entre duas vogais, no meio das palavras, assumirá uma
pronúncia fraca (caro, loiro, dourado).
Ou seja, a utilização de R ou RR está relacionada à estrutura fonética da palavra, à maneira como é
pronunciada.
Dica:
Palavras como genro, enredo e enrolar, por exemplo, a pronúncia do r é forte e com vibração
prolongada, porém se utiliza r, pois a letra se encontra entre uma consoante e uma vogal, e não entre
duas vogais.
Nunca se utiliza RR no inicia das palavras!

Questões

01. (Prefeitura de Maracanã/PA - Auxiliar de Serviços Gerais - CETAP/2019)

SONHO

Não quero nem ma referir aqui do sonho onírico, aquele que vem quando estamos dormindo, e que
cumpre uma função biológica e psicológica demasíadarnente importante para o nosso bem-estar. Falo
eu de sonho como sendo o nosso desejo, o que queremos realizar, construir. Como Martin Luther King,
ao falar de uma sociedade sem diferenças. Ou Mahatma Gandhl, ao lutar pela independência da índia e
expressar o sonho de sem violência alguma, haver um povo que tivesse autodeterminação.
Quando dizemos “eu sonho ter uma casa" ou ‘eu sonho que meus filhos se formem” ou ‘eu sonho ter
um casamento que perdure bastante tempo", o sonho é aquilo que nos Impulsiona. É um desejo que
colocando no futuro, procuramos buscar.
Isso nada tem a ver com delírio. Delírio é um desejo que não tem factibilidade, que não tem como se
realizar. Sonho precisa se factível, realizável.
Por exemplo não basta eu dizer: ‘Sonho ser o maior jogador de futebol da Fifa 2016". Isso não é sonho
é delírio. Eu não tenho mais idade, não teria como entrar no circuito do futebol. “E se eu rezar muito?"
Lamento, não vai acontecer. “E se eu ler muitos livros de autoajuda?" Também não vai adiantar.
Sonho não é delírio, é o desejo com factibilidade, que pode ser realizado. Delírio é um desejo marcado
pela incapacidade de realização.
(CORTELLA, Mário Sárglo- Pensar bem nos faz bem! Vozes, p.138.)

A letra “x" representa vários sons como em "exemploVz/. Assinale a alternativa com som diferente:
(A) exato.
(B) exame.
(C) expressar.
(D) exaurir.

02. (Prefeitura de Porto Velho/RO - Especialista em Educação - IBADE/2019)

Queremos a infância para nós

O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e
são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como
crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.
Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É
corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas,
calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para
deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que
trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem, etc.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


45
Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos
também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones
celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.
Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída,
pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a
fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em
ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das
religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança,
mesmo sem professar religião nenhuma.
O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente,
a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades,
precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como
ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?
E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando
fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem
está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo,
escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos, etc.
Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento,
comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras
maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm
colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem
desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica
a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?
SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com.

O vocábulo “impressão”, sublinhado no fragmento “fica a impressão de que roubamos a infância das
crianças” (7º §), é grafado com “ss” em razão de uma regra ortográfica segundo a qual grafam-se com o
dígrafo “ss” os nomes relacionados aos verbos com radical em “prim”, como imprimir / impressão,
comprimir/compressão, etc. Abaixo estão relacionadas outras regras ortográficas, com os respectivos
exemplos. A regra em que um dos exemplos NÃO se enquadra nela é:
(A) grafam-se com Z os sufixos -izar, -ização: civilizar, humanizar, catalizar, colonização.
(B) grafa-se com Ç a correlação T – Ç: absorção, ação, assunção, exceção.
(C) grafa-se com SS a correlação CED - CESS: cessão, intercessão, acessível, concessão.
(D) grafam-se com S os sufixos -esa, -ês, -esia, quando o radical é um substantivo: freguês, burguesa,
maresia, pedrês.
(E) grafam-se com Z os sufixos -ez, -eza, quando o radical é um adjetivo: pobreza, grandeza, acidez,
realeza.

03. (Prefeitura de Timbó/SC - Engenheiro Civil - FURB/2019) Assim como o verbo “autorizar”,
assinale a alternativa que contenha outro exemplo de verbo terminado em IZAR:
(A) avi___ar.
(B) ali___ar.
(C) pesqui___ar.
(D) tranquili___ar.
(E) preci___ar.

04. (Prefeitura de Timbó/SC - Engenheiro Civil - FURB/2019) A exemplo de “crescimento”, escrito


corretamente com SC, assinale a alternativa cuja lacuna também deve ser preenchida com SC:
(A) e___eção.
(B) do___ente.
(C) anoite___er.
(D) ace___ível.
(E) di____ente.

05. (MPE-GO - Secretário Auxiliar - MPE-GO/2019) Assinale a alternativa em que NÃO há erro de
grafia nas palavras descritas:
(A) aprasível, chafariz, puxar.
(B) pecha, cochichar, piche.
(C) poetiza, encharcada, exdrúxulo.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


46
(D) expetacular, exceção, objeção.
(E) estiagem, expulsão, enchuto.

Gabarito

01. C / 02. A / 03. D / 04. E / 05. B

Comentários

01. Resposta: C
Exemplo ("x" com som de "z").
Expressar ("x" com som de "s").

02. Resposta: A
Grafam-se com Z os sufixos -izar, -ização: civilizar, humanizar, catalizar, colonização. O correto seria
catalisar.

03. Resposta: D
(A) avisar.
(B) alisar.
(C) pesquisar.
(D) tranquilizar.
(E) precisar.

04. Resposta: E
(A) exceção.
(B) docente.
(C) anoitecer.
(D) acessível.
(E) discente.

05. Resposta: B
(A) aprazível, chafariz, puxar.
(B) pecha, cochichar, piche.
(C) poetiza, encharcada, esdrúxulo.
(D) espetacular, exceção, objeção.
(E) estiagem, expulsão, enxuto.

EMPREGO DAS INICIAIS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

Maiúsculas

- A primeira palavra de período ou citação.


- Nos versos, a primeira letra é obrigatoriamente escrita em maiúscula. Mas, nos versos que não abrem
período é facultativo o uso da letra maiúscula.
Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das estrelas!
Mario Quintana

- Substantivos próprios: José, Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã,
Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas religiosas: Idade Média, Renascença,
Centenário da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República, etc.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


47
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do
Ouvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista,
etc.
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e científicas, títulos de jornais e
revistas: Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
Manhã, Manchete, etc.
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor
Diretor, etc.
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Oriente, o falar do Norte. Exceção:
Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
- Nomes comuns, quando personificados ou especificados: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas
fábulas), etc.

Minúsculas

- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados comuns:
maia, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem (altos cargos e dignidades e conceitos religiosos ou políticos) quando
empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o
pico da Neblina, etc.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: “Qual deles: o hortelão ou o
advogado?”; “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, em, sem, grafam-se com inicial
minúscula.

Questões

01. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE/SC/2019)

Excerto 6

“[...] O jurídico aparece sempre na forma de linguagem textual, mais precisamente, na maneira verbal
escrita, o que outorga maior estabilidade às relações deônticas entre os sujeitos das relações. Como tal,
as Ciências da Linguagem, particularmente a Semiótica, desempenham papel decisivo para a
investigação do objeto Direito. E, se pensarmos também na afirmação de Flusser, segundo a qual a língua
é constitutiva da realidade, ficaremos autorizados a dizer que a linguagem (língua) do Direito cria, forma
e propaga a realidade jurídica. [...]”
CARVALHO, Paulo Barros. O legislador como poeta: alguns apontamentos sobre a teoria flusseriana aplicados ao Direito. IN: PINTO, Rosalice; CABRAL, Ana
Lúcia Tinoco;
RODRIGUES, Maria das Graças Soares (Orgs.). Linguagem e direito: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Contexto, 2019. p. 25. [fragmento]

As palavras Semiótica e Direito estão grafadas com letra inicial maiúscula, pois se referem a domínios
do saber. De acordo com a norma ortográfica vigente, também poderiam ser grafadas com letra inicial
minúscula.
Certo ( ) Errado ( )

02. (MGS – Todos os Cargos de Nível Fundamental Completo - IBFC/2017)

Estranhas Gentilezas
(Ivan Angelo)

Estão acontecendo coisas estranhas. Sabe-se que as pessoas nas grandes cidades não têm o hábito
da gentileza. Não é por ruindade, é falta de tempo. Gastam a paciência nos ônibus, no trânsito, nas filas,
nos mercados, nas salas de espera, nos embates familiares, e depois economizam com a gente.
Comigo dá-se o contrário, é o que estou notando de uns dias para cá. Tratam-me com inquietante
delicadeza. Já captava aqui e ali sinais suspeitos, imprecisos, ventinho de asas de borboleta, quase nada.
A impressão de que há algo estranho tomou meu corpo mesmo foi na semana passada. Um vizinho que
já fora meu amigo telefonou-me desfazendo o engano que nos afastava, intriga de pessoa que nem
conheço e que afinal resolvera esclarecer tudo. Difícil reconstruir a amizade, mas a inimizade morria ali.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


48
Como disse, eu vinha desconfiando tenuemente de algumas amabilidades. O episódio do vizinho fez
surgir em meu espírito a hipótese de uma trama, que já mobilizava até pessoas distantes. E as próximas?
Tenho reparado. As próximas telefonam amáveis, sem motivo. Durante o telefonema fico aguardando
o assunto que estaria embrulhado nos enfeites da conversa, e ele não sai. Um número inesperado de
pessoas me cumprimenta na rua, com acenos de cabeça. Mulheres, antes esquivas, sorriem transitáveis
nas ruas dos Jardins1. Num restaurante caro, o maître2, com uma piscadela, fura a demorada fila de
executivos à espera e me arruma rapidinho uma mesa para dois. Um homem de pasta que parecia
impaciente à minha frente me cede o último lugar no elevador. O jornaleiro larga sua banca na avenida
Sumaré e vem ao prédio avisar-me que o jornal chegou. Os vizinhos de cima silenciam depois das dez
da noite.
[...]
Que significa isso? Que querem comigo? Que complô é este? Que vão pedir em troca de tanta
gentileza?
Aguardo, meio apreensivo, meio feliz.
Interrompo a crônica nesse ponto, saio para ir ao banco, desço pelas escadas porque alguém segura
o elevador lá em cima, o segurança do banco faz-me esvaziar os bolsos antes de entrar na porta giratória,
enfrento a fila do caixa, não aceitam meus cheques para pagar contas em nome de minha mulher, saio
mal-humorado do banco, atravesso a avenida arriscando a vida entre bólidos3 , um caminhão joga-me
água suja de uma poça, o elevador continua preso lá em cima, subo a pé, entro no apartamento, sento -
me ao computador e ponho-me de novo a sonhar com gentilezas.

Vocabulário:
1 bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados de São Paulo
2 funcionário que coordena agendamentos entre outras coisas nos restaurantes
3 carros muito velozes

Em “nas ruas dos Jardins1" (4º§), a palavra em destaque foi escrita com letra maiúscula por se tratar
de:
(A) um erro de grafia.
(B) um destaque do autor
(C) um substantivo próprio.
(D) um substantivo coletivo.

03. (IF/PB - Assistente em Administração - IDECAN/2019)

ONG confirma segunda morte em conflitos na Venezuela

Segunda vítima é mulher que foi baleada na cabeça, informa o Observatório Venezuelano de Conflito
Social (OVCS). País enfrenta onda de protestos pró e contra Maduro.
Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/05/02/ong-relata-morte-de-mais-uma-pessoa-durante-protestos-na-venezuela.ghtml

No texto, no que concerne à grafia, as iniciais maiúsculas em “Observatório Venezuelano de Conflito


Social” são gramaticalmente
(A) inadequadas, pois se trata de um substantivo comum, em razão de formação por sigla.
(B) inadequadas, pois se trata de um adjetivo ligado à Venezuela.
(C) inadequadas, pois, no gênero textual notícia, deve haver a ausência de iniciais maiúsculas.
(D) adequadas, pois se trata de um substantivo próprio.
(E) adequadas, pois o gênero notícia exige este tipo de grafia para convencer ao leitor.

Gabarito

01. Certo / 02.C / 03. D

Comentários

01. Resposta: Certo


Os nomes dos domínios do saber são grafados com letra inicial maiúscula. Grafar com a letra
minúscula não iria implicar em erro, mas mudaria o sentido semântico.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


49
02. Resposta: C
"Jardins" está se referindo, conforme a legenda, ao bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados
de São Paulo. Ou seja, trata-se de um substantivo próprio, o nome de um bairro.

03. Resposta: D
As inicias maiúsculas foram utilizadas corretamente para especificar, nomear o que significa a sigla.
Trata-se de um substantivo próprio.

Palavras ou Expressões que geram dificuldades

Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificuldades colocando em maus lençóis quem
pretende falar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar seu
desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.

A anos: Daqui a um ano iremos à Europa. (a indica tempo futuro)


Há anos: Não o vejo há meses. (há indica tempo passado)
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo.

Acerca de: Falávamos acerca de uma solução melhor. (a respeito de


A cerca de: dessa forma, separado, tem o significado de “perto de”, “próximo de”, “aproximadamente”.
(A mulher foi encontrada a cerca de 15 metros de sua casa.)
Há cerca de: Há cerca de dias resolvemos este caso. (faz tempo)

Ao encontro de: Sua atitude vai ao encontro da verdade. (estar a favor de)
De encontro a: Minhas opiniões vão de encontro às suas. (oposição, choque)

A fim de: Vou a fim de visitá-la. (finalidade)


Afim: Somos almas afins. (igual, semelhante)

Ao invés de: Ao invés de falar começou a chorar. (oposição, ao contrário de)


Em vez de: Em vez de acompanhar-me, ficou só. (no lugar de)

A par: Estamos a par das boas notícias. (bem informado, ciente)


Ao par: O dólar e o euro estão ao par. (de igualdade ou equivalência entre valores financeiros – câmbio)

Aprender: O menino aprendeu a lição. (tomar conhecimento de)


Apreender: O fiscal apreendeu a carteirinha do menino. (prender)

Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços funcionam como sujeito: Baixaram os preços
(sujeito) nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos (sujeito) de combustível abaixaram os
preços (objeto direto) da gasolina.

Bebedor: Tornei-me um grande bebedor de vinho. (pessoa que bebe)


Bebedouro: Este bebedouro está funcionando bem. (aparelho que fornece água)

Bem-Vindo: Você é sempre bem-vindo aqui, jovem. (adjetivo composto)


Benvindo: Benvindo é meu colega de classe. (nome próprio)

Câmara: Ficaram todos reunidos na Câmara Municipal. (local de trabalho)


Câmera: Comprei uma câmera japonesa. (aparelho que fotografa)

Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/champanhe está bem gelado.

Cessão: Foi confirmada a cessão do terreno. (ato de doar)


Sessão: A sessão do filme durou duas horas. (intervalo de tempo)
Seção/Secção: Visitei hoje a seção de esportes. (repartição pública, departamento)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


50
Demais: Vocês falam demais, caras! (advérbio de intensidade)
Demais: Chamaram mais dez candidatos, os demais devem aguardar. (equivale a “os outros”)
De mais: Não vejo nada de mais em sua decisão. (opõe-se a “de menos”)

Descriminar: O réu foi descriminado; pra sorte dele. (inocentar, absolver de crime)
Discriminar: Era impossível discriminar os caracteres do documento. (diferençar, distinguir, separar)
Descrição: A descrição sobre o jogador foi perfeita. (descrever)
Discrição: Você foi muito discreto. (reservado)

Entrega em domicílio: Fiz a entrega em domicílio. (lugar)


Entrega a domicílio: Enviou as compras a domicílio. (com verbos de movimento)

Espectador: Os espectadores se fartaram da apresentação. (aquele que vê, assiste)


Expectador: O expectador aguardava o momento da chamada. (que espera alguma coisa)

Estada: A estada dela aqui foi gratificante. (tempo em algum lugar)


Estadia: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas semanas. (prazo concedido para carga e
descarga)

Estupro:25 Crime que consiste em constranger alguém a manter relações sexuais por meio de violência;
forçamento, violação.
Estrupo:26 Palavra antiga, de origem obscura, que caiu em desuso. Significa ruído, tropel, tumulto.

Fosforescente: Este material é fosforescente. (que brilha no escuro)


Fluorescente: A luz branca do carro era fluorescente. (determinado tipo de luminosidade)

Haja: É preciso que não haja descuido. (verbo haver – 1ª pessoa singular do presente do subjuntivo)
Aja: Aja com cuidado, Carlinhos. (verbo agir – 1ª pessoa singular do presente do subjuntivo)

Houve: Houve um grande incêndio no centro de São Paulo. (verbo haver - 3ª pessoa do singular do
pretérito perfeito)
Ouve: A mãe disse: ninguém me ouve. (verbo ouvir - 3ª pessoa singular do presente do indicativo)

Mal: Dormi mal. (oposto de bem)


Mau: Você é um mau exemplo. (oposto de bom)

Mas: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. (ideia contrária)


Mais: Há mais flores perfumadas no campo. (opõe-se a menos)

Nem um: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la. (equivale a nem um sequer)
Nenhum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso. (oposto de algum)

Onde: Onde fica a farmácia mais próxima? (lugar em que se está)


Aonde: Aonde vão com tanta pressa? (ideia de movimento)

Por ora: Por ora chega de trabalhar. (por este momento)


Por hora: Você deve cobrar por hora. (cada sessenta minutos)

Quotidiano e Cotidiano: Ambas estão corretas e siginificam “que acontece diariamente; que é comum
a todos os dias; diário”.

Senão: Não fazia coisa nenhuma senão criticar. (caso contrário)


Se não: Se não houver homens honestos, o país não sairá desta situação crítica. (se por acaso não)

Tampouco: Não compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. (Também não)


Tão pouco: Encontramo-nos tão pouco esta semana. (intensidade)

25 https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/estupro/.
26 https://dicionario.priberam.org/estrupo.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


51
Trás ou Atrás: O menino estava atrás da árvore. (lugar)
Traz: Ele traz consigo muita felicidade. (verbo trazer)

Vultoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. (volumoso)


Vultuoso: Sua face está vultuosa e deformada. (congestão no rosto)

Há menos de= Quando há a ideia de passado, tempo transcorrido. Pode ser substituído por
"aproximadamente" ou "mais ou menos". Ou ainda "faz" (do verbo fazer).
Exemplo: Ele saiu de casa há menos de dois anos.
Samuel terminou a obra da casa há menos de seis meses.

A Menos De27= Locução prepositiva. Indica tempo futuro ou distância aproximada.


Exemplo: Passou a menos de um metro do muro.
A menos de um mês estarei de férias.

Bastante ou Bastantes?28
Está aí uma palavra-encrenca. O uso de “bastante” depende muito de qual função ele está assumindo
na frase, podendo ser três: adjetivo, advérbio e pronome indefinido. Vejamos os três casos.

Como advérbio

O uso mais comum é usar “bastante” como advérbio, no sentido de “muito”. Nesse caso, a palavra está
relacionada ao verbo, então não sofre flexão e deve ficar sempre no singular. Veja exemplo:

– O frio é bastante intenso por aqui em julho.


– As questões formuladas estão bastante ruins.
– Você já comeu bastante por hoje.

Como adjetivo

Quando usado como adjetivo, “bastante” assume significado de “suficiente”, devendo ser flexionado de
acordo com o substantivo que o acompanha. Veja:

– Há motivos bastantes para o divórcio.


– Os salgados e as bebidas não serão bastantes para a festa.
– O álibi foi bastante para retirar as acusações.

Como pronome indefinido

Se “bastante” assume a função de pronome, ele deverá expressar qualidades ou quantidades não
especificadas. Essa função é menos usada na nossa língua.

– Bastantes empresas fecharam as portas este mês.


– Camila tem bastantes amigos na escola.
– Encontrei bastantes produtos como os que você pediu

Questão

01. (Prefeitura de Resende/RJ - Agente Comunitário de Saúde - CONSULPAM/2019) Marque


abaixo o item onde todas as palavras estão escritas de forma CORRETA:
(A) Tragédia, empréstimo, arcabouço.
(B) Próximo, esfoço, estrupo.
(C) Cabide, retrospequitiva, análogo.
(D) Barcaça, palhero, aeroporto.

02. (UTFPR - Engenheiro Civil - UTFPR/2019) Assinale a alternativa cujo texto apresenta erro
ortográfico.
27 https://luconcursos.blogspot.com/2016/03/ha-menos-de-ou-menos-de.html
28 https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/duvidas-portugues/bastante-ou-bastantes

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


52
(A) Paralisia do governo dos EUA já começa a afetar dia a dia de americanos.
(B) Tomara que eles viajem juntos.
(C) SP: falta saúde, educação e o problema é a pichação.
(D) As perdas do semestre serão compensadas no próximo.
(E) O país interviu em várias guerras.

03. (Prefeitura de Mauriti/CE - Procurador - CEV/URCA/2019) Dada sequência a seguir, marque a


opção que não apresenta desvio na grafia das palavras:
(A) Transgressão; distorsão; consessão; expulsão; contorção;
(B) Transgreção; distorção; concessão; expulção; contorsão;
(C) Transgressão; distorção; conseção; expulsão; contorção;
(D) Transgreção; distorsão; consessão; expulção; contorsão;
(E) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção.

04. (PGM/Campo Grande/MS - Procurador Municipal - CESPE/2019) A respeito das ideias e dos
aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.

A jurisdição constitucional na contemporaneidade apresenta-se como uma consequência praticamente


natural do Estado de direito. É ela que garante que a Constituição ganhará efetividade e que seu projeto
não será cotidianamente rasurado por medidas de exceção desenhadas atabalhoadamente. Mais do que
isso, a jurisdição é a garantia do projeto constitucional, 7 quando os outros poderes buscam redefinir os
rumos durante a caminhada.
Nesses termos, a jurisdição constitucional também se ro apresenta como medida democrática. Por
meio dela, as bases que estruturaram democraticamente o Estado são conservadas, impedindo que o
calor dos fatos mude a interpretação constitucional ou procure fugir de sua incidência sempre que os
acontecimentos alegarem certa urgência.
Ademais, é a garantia hodierna de que os ventos da /6 mudança não farão despencar os edifícios que
sustentam as bases constitucionais, independentemente das maiorias momentâneas e dos clamores
populares.
Emerson Ademir Borges de Oliveira. Jurisdição constitucional: entre a guarda da Constituição e o ativismo judicial. In: Revista Jurídica da Presidência. Brasília,
v. 20, n° 121, jun.-set./2018, p. 468-94 (com adaptações).

Seria incorreto o emprego da forma quotidianamente em lugar de “cotidianamente”, pois aquela forma
foi abolida do vocabulário oficial da língua portuguesa.
Certo ( ) Errado ( )

05. (UNESP - Agente de Desenvolvimento Infantil - UNESP) Assinale a alternativa correta:


(A) criolina, embutir, impecilho, periquito.
(B) inexorável, exaurir, exéquias, exumar.
(C) excessão, ecelso, excêntrico, excitar.
(D) boate, êmbulo, goela, engulir.
(E) coxia, gracha, trouxa, chingar.

Gabarito

01. A / 02. E / 03. E / 04. Errado / 05. B

Comentários

01. Resposta: A
A) Tragédia, empréstimo, arcabouço.
(B) Próximo, esforço, estrupo (pode estar correta, ou não).
(C) Cabide, retrospectiva, análogo.
(D) Barcaça, palheiro, aeroporto.

02. Resposta: E
Não existe "interviu”. O correto é "interveio".

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


53
03. Resposta: E
(A) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(B) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(C) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(D) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(E) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção.

04. Resposta: Errado


Quotidianamente não foi abolida, podendo substituir cotidianamente.
Quotidiano é mais utilizado em Portugal. No Brasil, adotamos mais cotidiano. Ambas possuem o
mesmo significado (referem-se a acontecimentos comuns que se sucedem todos os dias).

05. Resposta: B
(A) criolina, embutir, empecilho, periquito.
(B) inexorável, exaurir, exéquias, exumar.
(C) exceção, ecelso, excêntrico, excitar.
(D) boate, êmbulo, goela, engolir.
(E) coxia, graxa, trouxa, chingar.

Emprego do Porquê

Orações Interrogativas
Por que devemos nos preocupar com o
(pode ser substituído por: por qual motivo, por
meio ambiente?
Por que qual razão).
Os motivos por que não respondeu são
Equivalendo a “pelo qual”.
desconhecidos.
Você ainda tem coragem de perguntar
Por quê Final de frases e seguidos de pontuação.
por quê?
A situação agravou-se porque ninguém
Indica explicação ou causa.
reclamou.
Porque
Finalidade – equivale a “para que”, “a fim de
Não julgues porque não te julguem.
que”.
Função de substantivo – vem acompanhado Não é fácil encontrar o porquê de toda
Porquê
de artigo ou pronome. confusão.

1. Por que (pergunta)


2. Porque (resposta)
3. Por quê (fim de frase: motivo)
4. O Porquê (substantivo)

Questões

01. (IPREMM - Psicólogo Clínico e Organizacional - VUNESP/2019)


Membro da equipe curatorial do Brooklyn Museum desde 1998, Edward Bleiberg é especialista em
arqueologia e em arte egípcias. Ele é o autor de uma pesquisa que busca compreender por que as
estátuas egípcias têm não só o nariz quebrado, mas outras partes do corpo, como as mãos.
Em entrevista, Bleiberg afirmou que partes quebradas não são comuns apenas em se tratando de
protuberâncias de estátuas, mas também em baixos-relevos, como entalhes em placas de pedra, por
exemplo.
Isso indica que não se trata apenas de eventual acidente ou desgaste em razão do tempo, mas sugere
que ele é proposital.
Os egípcios acreditavam que a essência de uma deidade ou parte da alma de um ser humano morto
podiam habitar estátuas que os representassem.
Em tumbas e templos, estátuas e relevos em pedra tinham propósitos ritualísticos e eram um ponto de
encontro entre o mundo sobrenatural e o mundo natural.
Na crença do Egito Antigo, estátuas em uma tumba tinham o propósito de alimentar a pessoa morta
com a comida deixada como oferenda.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


54
Segundo a explicação encontrada por Bleiberg, o vandalismo tinha, portanto, o objetivo de “desativar
a força da imagem”.
Quando um nariz era quebrado, a estátua não podia mais respirar, o que impedia que ela recebesse
oferendas ou as retransmitisse para deuses ou poderosos mortos.
Normalmente, as oferendas eram transmitidas com a mão esquerda. Por isso, muitas estátuas
dedicadas à transmissão de oferendas tinham os braços esquerdos depredados. Por outro lado, estátuas
que recebiam as oferendas tinham as mãos direitas depredadas.
Posteriormente, durante o período cristão, entre os séculos 1 e 3 depois de Cristo, as estátuas eram
vistas como demônios pagãos e, também, acabavam atacadas.
(André Cabette Fábio. Por que tantas estátuas egípcias têm os narizes quebrados. www.nexojornal.com.br, 06.04.2019. Adaptado)

A exemplo do que acontece no primeiro parágrafo, a expressão por que foi usada conforme a norma-
padrão na frase:
(A) Muitos que olham para as estátuas egípcias hoje não entendem o por que de elas não terem nariz.
(B) Por que muitas deidades tinham a função de transmitir oferendas com a mão esquerda, essa era
a mão vandalizada.
(C) Partes da estátua eram quebradas, por que assim a força da imagem supostamente seria
desativada.
(D) A explicação do por que de apenas algumas partes estarem danificadas não estava apenas no
fator tempo.
(E) Não se sabia por que certas partes em baixo-relevo das estátuas também estavam danificadas.

02. (Prefeitura de Porto Nacional/TO - Assistente Administrativo - COPESE/2019) Assinale a


alternativa que preenche CORRETAMENTE a lacuna da oração: “______ o jornalista não compareceu
ao evento?”.
(A) Porquê
(B) Por quê
(C) Porque
(D) Por que

03. (CONSED/GO - Engenheiro Civil - IDCAP/2019) Analise o trecho e assinale a alternativa que
completa corretamente a lacuna:
“Certamente há um _________ para eles terem discutido.”.
(A) Porque.
(B) Por que.
(C) Porquê.
(D) Por quê.
(E) Para que.

04. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE/SC/2019) Considere as duas orações em (a) e (b) para
responder a Questão.
(a) Você chegou atrasado e gostaria de saber o porquê.
(b) Você chegou atrasado e gostaria de saber por que.

Na oração em (b), o uso de por que está errado, pois nesse contexto o correto seria por quê.
Certo ( ) Errado ( )

05. (Prefeitura de Porto de Moz/PA - Psicólogo - FUNRIO/2019) Acerca do emprego do “por que",
assinale a alternativa correta:
(A) Você sabe o porquê ele foi grosseiro comigo?
(B) Sou uma pessoa muito feliz por que tenho minha família por perto.
(C) Você não foi ao baile. Porque?
(D) Por quê temos que agir dessa forma?
(E) Porque você quer me irritar?

Gabarito

01. E / 02. D / 03. C / 04. Certo / 05. A

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


55
Comentários

01. Resposta: E
(A) Muitos que olham para as estátuas egípcias hoje não entendem o por que de elas não terem nariz.
(O termo substantivado é: porquê, equivale a "motivo").
(B) Por que muitas deidades tinham a função de transmitir oferendas com a mão esquerda, essa era
a mão vandalizada. (O correto seria "porque", sendo uma conjunção subordinativa causal, equivale a "já
que").
(C) Partes da estátua eram quebradas, por que assim a força da imagem supostamente seria
desativada. (O correto seria "porque", conjunção coordenativa explicativa, equivale a "pois").
(D) A explicação do por que de apenas algumas partes estarem danificadas não estava apenas no
fator tempo. (O correto seria "porquê", novamente está substantivado).
(E) Não se sabia por que certas partes em baixo-relevo das estátuas também estavam danificadas.
(Correto, equivalendo a "por qual motivo").

02. Resposta: D
“Por que o jornalista não compareceu ao evento?” - Temos o termo equivalendo a "por qual motivo",
fazendo parte de uma pergunta direta.
A) Porquê - é o "porque" substantivado, equivale a "motivo"; Queria saber o porquê de você ter faltado
à aula hoje (o motivo).
B) Por quê - equivale a "por qual motivo", fica antes de uma pontuação: Você não foi à festa, por quê?
C) Porque - pode ser uma conjunção subordinativa causal, explicativa, equivale a "pois": Porque estava
frio (respondendo o exemplo anterior).

03. Resposta: C
“Certamente há um PORQUÊ para eles terem discutido.”
Temos o artigo indefinido "um" substantivo o termo "porque", logo se usa o acento circunflexo, o termo
equivale a "motivo" (um porquê → um motivo).

04. Resposta: Certo


(A) Você chegou atrasado e gostaria de saber o porquê. - "porquê" substantivado, equivale a "o
motivo", está plenamente correto.
(B) Você chegou atrasado e gostaria de saber por que. - Incorreto, visto que temos um ponto final,
logo o correto seria "por quê", equivale a: "por qual motivo".

05. Resposta: A
(A) Você sabe o porquê ele foi grosseiro comigo? - temos um "porque" substantivado, equivalendo a
"motivo", deve ser escrito com acento circunflexo e junto - o motivo.
(B) Sou uma pessoa muito feliz por que tenho minha família por perto. - o correto seria: porque, sendo
uma conjunção subordinativa causal, podendo ser substituído por já que, visto que.
(C) Você não foi ao baile. Porque? - o correto seria: por quê?, equivalendo a: por qual motivo, estando
perto de uma pontuação, usamos o acento circunflexo.
(D) Por quê temos que agir dessa forma? - o correto seria: por que, equivalendo a: por qual motivo,
não estando perto de uma pontuação não é usado acento.
(E) Porque você quer me irritar? - o correto seria: por que, equivalendo a: por qual motivo, não estando
perto de uma pontuação não é usado acento.

Emprego da acentuação gráfica

A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos símbolos escritos sobre determinadas letras para
representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação do idioma. De forma geral, estes acentos
são utilizados para auxiliar a pronúncia de palavras.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


56
Tonicidade

Quando falamos em tonicidade, nos referimos à sílaba mais forte da palavra, que deverá ser
identificada em conjunto com as regras de acentuação, para só então definirmos quando e onde uma
palavra será acentuada graficamente.
Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que se destaca por ser proferida com mais
intensidade que a(s) outra(s): essa é a sílaba tônica.
Exemplos: café, janela, médico, estômago, colecionador.
O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido com o acento gráfico (agudo, grave ou
circunflexo) que às vezes o assinala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente. Exemplo:
cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis.

Tipos29 de Acentos Gráficos

A) Agudo (timbre aberto) (´)


B) Circunflexo (timbre fechado) (^)
C) Grave (apenas quando há crase) (`)

De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com mais de uma sílaba classificam-se em:
Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, escritor, maracujá.
Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lápis, montanha, intensidade.
Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: árvore, quilômetro, México.

Lembre-se que:
- Monossílabos: são palavras de uma só sílaba, conforme a intensidade com que se proferem, podem
ser tônicos ou átonos.
- Monossílabos tônicos: são os que têm autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase em
que aparecem: é, má, si, dó, nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc.
- Monossílabos átonos: são os que não têm autonomia fonética, sendo proferidos fracamente, como
se fossem sílabas átonas do vocábulo a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como artigos,
pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposições, conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se,
lhe, nos, de, em, e, que.

Regras para Acentuação Gráfica

Acentuação dos Vocábulos Proparoxítonos


Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Ex.: óculos, mercadológica, lâmpada, ínterim, página, bávaro.

Acentuação dos Vocábulos Paroxítonos


São acentuadas as paroxítonas terminadas em:
L - têxtil, pênsil, útil, fútil;
I(S) - tênis, táxi(s), práxis, bílis;
N(S) - pólen, hífen, hímen, lúmen, próton(s), nêutron(s), Nélson, íon;
US - bônus, ônus, tônus, ânus;
UM - médium, álbum, fórum;
UNS - médiuns, álbuns, fóruns;
R - revólver, caráter, âmbar, câncer;
X - fênix, tórax, ônix, dúplex;
Ã(S) - ímã(s), órfã(s);
ÃO(S) - órfão(s), acórdão(s), órgão(s);

29 SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói: Impetus, 2007

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


57
Dica de Memorização: Guarde a palavra LINURXÃO, conforme negritamos acima.

Acentuamos também as paroxítonas terminadas em PS e ditongos crescentes:


PS - quadríceps, bíceps, tríceps;
Ditongo crescente - seguido, ou não, de s: sábio, róseo, planície, Márcio, nódoa, régua, árdua,
espontâneo, etc.

Acentuação dos Vocábulos Oxítonos


Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos terminados em:
- a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês, vovô, avós, etc. Seguem esta regra os
infinitivos seguidos de pronome: cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc.
- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele convém, ele mantém, eles mantêm, ele
intervém, eles intervêm, etc.

Acentuação dos Monossílabos


Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.

Acentuação dos Ditongos


Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando tônicos.
Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não são mais acentuados em palavras
paroxítonas: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico,
paranoico, etc.
Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói e monossílabas o acento
continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.

Acentuação dos Hiatos


A razão do acento gráfico é indicar hiato e impedir a ditongação. Compare: caí (hiato) e cai (ditongo),
doído e doido, fluído e fluido.
Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vogal ou ditongo anterior, formando sílabas
sozinhas ou com s: saída (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta, heroína, caí, Luís,
uísque, balaústre, juízo, país, cafeína, baú, baús, Grajaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proíbem,
influí, destruí-lo, instruí-la, etc.
Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha, moinho, lagoinha, etc.; e quando formam
sílaba com letra que não seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diurno, Raul, ruim, cauim,
amendoim, saiu, contribuiu, instruiu, etc.
Perdem o acento o i e o u tônicos nas palavras paroxítonas, quando eles vierem depois de ditongo:
baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva, etc. Ficaram: baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.
Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem,
leem, veem, releem.

Acento Diferencial30
Perdem o acento diferencial as duplas: pára/para, péla(s)/ pela(s), pólo(s)/polo(s), pêlo(s)/pelo(s),
pêra/pera.

30 http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2912/reforma_ortografica.pdf.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


58
ANTES DEPOIS
Ele foi ao Pólo Norte. Ele foi ao Polo Norte.
Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.

Atenção:

O acento diferencial, entretanto, ainda permanece:

1) Nas duplas:
- pôde/pode
Ex.: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

- pôr/por
Ex.: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

2) No plural dos verbos ter e vir, assim como das correspondentes formas
compostas (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

Ex.: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.


Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.

Obs: É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras


forma/fôrma.
Ex.: Qual é a forma da fôrma do bolo?
* O circunflexo sai da palavra côa (do verbo coar).

Emprego do Til
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal. Pode figurar em sílaba:
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc.;
- pretônica: balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc.;
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc.

Alguns outros exemplos: sã, são, avião, macarrão, flexões, emoções, sobreposições.

Atenção: Caso a sílaba onde o til figura for átona, se acentua graficamente a sílaba predominante.
Por exemplo: Órfãos, acórdão.

Em casos de palavra monossilábicas, como não, mãe e põe, o til indica a nasalidade do ditongo, e
esse ditongo pode aparecer de quatro formas: ãe, ão, õe.

Trema (o trema não é acento gráfico)


Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do português: Linguiça, averiguei, delinquente,
tranquilo, linguístico. Exceto em palavras de línguas estrangeiras: Günter, Gisele Bündchen, müleriano.

Formas Verbais Seguidas de Pronome

Algumas formas verbais apresentam acento gráfico e outras não. Na divisão silábica dessas formas
verbais seguidas de pronome, o pronome “lo”, que atua como complemento de tais formas, não participa
do procedimento em questão, é deixado de lado.

DIS -TIN - GUI (-lo)


A - TRI - BU - Í (-lo)
DE - VOL - VÊ (-lo)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


59
DIS - TRI - BU - Í (-lo)
A - MÁ (-lo)

Sendo assim, as regras de acentuação valem para essas formas verbais, levando em conta o número
de sílabas e, claro, deixando de lado o pronome.

Todas as palavras oxítonas terminadas em “a”, “e”, “o” e “em”, seguidas ou não de “s”, são acentuadas:
DE - VOL - VÊ
RE - VÊ
A - MÁ

Acentua-se o “u” e o “i” tônicos do hiato quando isolados na sílaba ou acompanhados de “s”.
CON - CLU - Í
DIS - TRI - BU - Í
A - TRI - BU - Í

Já as formas TRA - DU - ZI / RE - PRO - DU - ZI e DIS - TIN - GUI, não são acentuadas, pois não nos
remetem a nenhum desses preceitos antes mencionados.

Questões

01. (Prefeitura de Teixeiras/MG - Assistente Social - FUNDEP/2019) Analise o trecho a seguir.

“Existem razões para você assistir A Órfã? Sim. E a principal, claro, é se você faz parte dos cinéfilos
que gostam de suspense.”
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-132783/>. Acesso em: 23 jul. 2019.

A palavra destacada é acentuada segundo a mesma regra de:


(A) Maçã.
(B) Órgão.
(C) Opinião.
(D) Psicológico.

02. (MPE/GO - Secretário Auxiliar - MPE/GO/2018) Analise as frases abaixo elencadas:


I – Assim como os humanos, chimpanzés também ____ em conflitos.
II – Você pode ___ os seus pertences naquele armário ___ uns dias.
III – Eu o ___ sempre que toco nesse assunto.

Preenchem adequadamente as lacunas, respectivamente:


(A) Intervém – por – por – magoo.
(B) Intervêm – pôr – por – magôo.
(C) Intervem – pôr – pôr – magôo.
(D) Intervém – por – por – magôo.
(E) Intervêm – pôr – por – magoo.

03. (Prefeitura de Itá/SC - Agente de Suporte e Fiscalização - AMAUC/2019) Em qual alternativa


todas as palavras deverão ser acentuadas para garantir a exatidão requerida pelas normas ortográficas
em vigência?
(A) assembleia - faisca – fucsia
(B) miseria – caimbra - hipotese
(C) colmeia – poetico - assembleia
(D) poeta – pasteis - pipoca
(E) plateia – circunferencia – circunflexo

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


60
04. (Prefeitura de Porto de Moz/PA - Agente Administrativo - FUNRIO/2019)

A delicada cesariana feita em bebé para retirar feto 'gêmeo'

Mónica Voga estava no sétimo mês de gestação quando o médico notou algo muito raro em um exame
de ultrassom. As imagens mostravam dois cordões umbilicais, mas Mónica não estava grávida de
gémeos. Era sua própria bebê, Itzamara, que carregava um feto no abdômen. O Feto carregando um feto
foi identificado em Barranquilla, na Colômbia. Especialistas calculam que a probabilidade desse tipo raro
de gravidez é de uma a cada 500 mil nascimentos. O cirurgião Miguel Parra contou à Rádio Caracol que
esse fenômeno é conhecido como fetus in feto e, se não for identificado a tempo, pode colocar em risco
a gravidez. O médico explica que o irmão gémeo se desenvolve dentro do outro, em vez de crescer no
útero da mãe. Esse tipo de gravidez normalmente é gerada a partir de um único zigoto, formado por um
óvulo e um espermatozoide.
(Fonte adaptada: https://g1.globo.com>acesso em 21 de março de 2019)

Assinale a alternativa correta com base na regra gramatical de acentuação da palavra "sétimo":
(A) Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas.
(B) Acentua-se a sílaba tônica dos vocábulos paroxítonos terminados em "s".
(C) Acentuam-se os vocábulos paroxítonos terminados em "l, n, r, x, s".
(D) Acentuam-se os vocábulos oxítonos terminados em "a, o", seguidos ou não de "s".
(E) Acentuam-se os vocábulos oxítonos terminados em ditongo aberto, seguidos ou não de "s".

05. (Prefeitura de Timbó/SC - Advogado - FURB/2019) O Deputado Estadual Laércio Schuster


estará nesta quinta-feira, dia 14, na Secretaria de Estado da Defesa Civil. Será recebido pelo Secretário
em Exercício, Coronel Losso, e toda a Diretoria. O objetivo é conhecer a atual estrutura da Defesa Civil e
debater a situação das barragens da Celesc em Santa Catarina.
Para se ter uma ideia da importância desse tema, somente nas regiões do Médio e Alto Vale do Itajaí
existem cinco barragens: Palmeira, Alto Cedro, Ibirama, Taió e José Boiteux. [...]
Segundo o deputado, o objetivo é assegurar que todas as barragens do Estado estejam em plena
segurança, em especial neste momento de consternação e preocupação por parte dos brasileiros, em
geral, e dos catarinenses, em particular, devido a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. [...]
Disponível em https://www.timbonet.com.br/laercio-vai-se-reunir-com-diretoria-da-defesa-civil-sobre-barragens. Acesso em 13/02/2019. [adaptado]

A exemplo da palavra ideia, utilizada no texto acima, assinale a alternativa que contenha outra palavra
que também perdeu o acento com o Novo Acordo Ortográfico:
(A) Heroi
(B) Herois
(C) Heroico
(D) Aneis
(E) Papeis

06. (Prefeitura de Timbó/SC - Advogado - FURB/2019)


O primeiro projeto apresentado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 2019 promete
repercutir. De autoria do deputado Valdir Cobalchini, a proposta quer proibir o uso de radares móveis,
estáticos e fixos nas rodovias estaduais.
— Tem condão puramente arrecadatório, já que não se presta a promover a educação preventiva dos
motoristas, conforme preconiza o Código de Trânsito Brasileiro — disse o deputado sobre o uso dos
equipamentos. [...]
Disponível em https://www.nsctotal.com.br. Acesso em 11/02/2019. [adaptado]

Assinale a alternativa correta:


(A) Trânsito – todas as proparoxítonas são acentuadas.
(B) móveis – todas as paroxítonas são acentuadas.
(C) Estáticos – as paroxítonas terminadas em O são acentuadas.
(D) Arrecadatório – todas as oxítonas são acentuadas.
(E) Código – as oxítonas terminadas em O são acentuadas.

Gabarito

01.B / 02.E / 03.B / 04.A / 05.C / 06.A

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


61
Comentários

01. Resposta: B
Órfã: Palavra paroxítona terminada em “-ã. Vale notar que o til (~) é um marco de nasalização e não é
um acento gráfico.
(A) Maçã: não há acento, somente uma simples marca de nasalização.
(B) Órgão: temos uma paroxítona terminada em “-ão”.
(C) Opinião: não há acento, somente uma simples marca de nasalização.
(D) Psicológico: proparoxítona, acentuação na antepenúltima sílaba.

02. Resposta: E
Chipanzês - 3° p. Plural = intervêm - 3° p. Plural
Pôr = verbo
Por = preposição
Magoo - hiatos formados por " oo e ee" não se centuam mais.

03. Resposta: B
Miséria termina com uma sequêncai vocálica pós-tônica que pode ser considerada um ditongo
crescente(ia), por isso leva acento agudo.
Câimbra e hipótese são proparoxítonas e todas as proparoxítonas são acentuadas.

04. Resposta: A
Toda palavra proparoxítona leva acento, e sétimo é uma palavra proparoxítona.

05. Resposta: C
Ditongos representados por (ei) e (oi) da sílaba tônica das paroxítonas não são acentuados
graficamente.

06. Resposta: A
Todas as proparoxítonas são acentuadas. Trânsito é uma proparoxítona.

Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de


referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de
sequenciação textual

COESÃO TEXTUAL

Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de palavras é a relação entre os
elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação entre palavras, expressões, frases ou
parágrafos para instaurar a unidade dentro de um texto.

IMPORTANTE: Os elementos coesivos impedem a


repetição desnecessária de palavras e informações
no texto.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


62
Para entender vamos ao seguinte exemplo:

O cão e a lebre31

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição, ele parou
a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:
“Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”.
O cão de caça respondeu:
“Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ela por sua vida.”

Moral: O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade final.

Pode-se observar na fábula anterior alguns termos grifados. Essas palavras vêm para retomar termos
anteriores e promover ligação entre as partes do texto, criando assim a unidade. O pronome “ele” e “o”
aparecem retomando e substituindo a palavra “cão”, enquanto o pronome “ela” aparece para retomar a
palavra “lebre”. Há também a expressão “pequeno animal” que retoma “o cão de caça”. Existem outras
palavras como, por exemplo, “mas”, as quais também são consideradas coesivas, pois promovem a
ligação entre as partes do texto.
Frente a isso, podemos dizer que os mecanismos de coesão envolvem

Coesivos de substituição Coesivos de ligação

Substituição de elementos no texto por meio da Ligação de orações, períodos e parágrafos do


retomada ou antecipação de palavras texto por meio de elementos de encadeamento,
os quais estabelecem relações de sentido.

Coesivos de substituição

A retomada e a antecipação de palavras pode existir por meio de dois tipos de relações:

Anafórica: quando o termo coesivo substituto se refere a uma palavra anterior a ele no texto.
Por exemplo:
A menina já foi embora. Ela disse que não estava se sentindo bem

Observa-se que a palavra “ela” se refere a um termo anterior “menina”, o qual o antecede,
constituindo-se um mecanismo coesivo anafórico.

Catafórica: quando o termo coesivo se refere a uma palavra posterior a ele no texto.

A solução é esta: estudar mais.

Observa-se que a palavra “esta” refere-se a uma informação que ainda irá aparecer no texto
“estudar mais”. Essa constitui-se um mecanismo coesivo catafórico.

Frente a isso, vamos aos coesivos.

I) Coesão Referencial: retomada ou antecipação por palavra gramatical

Os termos utilizados na coesão referencial são aqueles que não possuem sentido por si próprios, mas
uma função gramatical que adquire sentido no contexto de uso. São referenciais anafóricos ou
catafóricos:

http://emefmarechalbittencourthtp.blogspot.com/p/coesao.html

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


63
a) Pronomes pessoais de 3ª pessoa (ele (a), o, a, os, as, lhe, lhes)

Exemplo
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um descrente do amor e da amizade.”

O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome
Machado de Assis.

b) Pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem ser grandes auxiliadores na construção da coesão na hora de
você escrever o seu texto. Mas é muito importante você saber utilizá-los. Por isso vamos relembrá-los:

I. Esse(a), Esse(a), Isso: pronomes utilizados para coesões anafóricas (retomada de termos anteriores)

Exemplo:
Procuro concursos no estado de São Paulo. Eu moro no interior e gostaria de continuar por aqui. Esses
me ajudariam bastante.

O pronome “esses” no exemplo acima é utilizado para retomar a palavra “concursos”.

II. Este(a), isto: pronomes utilizados para coesões catafóricas (referência a termos posteriores). Podem
ser utilizados para coesões anafóricas em caso de termo antecedente muito próximo

Exemplo:
Para ser aprovado no concurso a solução é esta: estudar.
Não é impossível ser aprovado nas provas. Estas só requerem seu esforço.

No primeiro exemplo, o pronome “esta” vem para introduzir algo ainda a ser dito (“estudar”). Já no
segundo exemplo, “estas” retoma “provas”, termo anterior próximo.

III. Este(a)/aquele(a): esses pronomes podem ser utilizados conjuntamente para se substituir dois
termos anteriores relacionados.

Exemplo:
Tenho dois cargos em mente: professor de química e bioquímico. Almejo mais aquele do que este.

Percebe-se que os pronomes “aquele” e “este” retomam os termos “professor de química” e


“bioquímico”. O pronome aquele retoma sempre o termo anterior mais distante (professor de química),
enquanto “este” retoma o termo anterior mais próximo (bioquímico). Portanto, o candidato do exemplo
almeja mais o cargo de professor de química do que o de bioquímico.

a) Pronomes relativos (que, o(a) qual, que, cujo, onde)

Exemplo
Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade de
São Paulo.”

No exemplo anterior, o pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.

b) Pronomes indefinidos (alguém, nenhum, todos, ninguém, entre outros)

Exemplo
Encontrei Lara, Joana e Maria. Todas são minhas amigas
Pode-se observar que o pronome relativo “todas” retoma os termos “Lara”, “Joana” e “Maria”.

c) Advérbios (aqui, lá, depois).

Exemplo
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado com a fila.”

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


64
O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.

d) Numerais (um, primeiro, segundo, terço

Exemplo
Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.”

O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens

e) Artigos (o, a, um, uma)


O artigo indefinido (um, uma, uns, umas) serve geralmente para introduzir informações novas ao texto.
Quando elas forem retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido (o, a, os, as), pois este é que
tem a função de indicar que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, a um
termo já mencionado.

Exemplo
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira
tinha muito dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.”

MUITO CUIDADO: PROBLEMAS DE


COERÊNCIA PODEM ESTAR LIGADOS À MÁS
UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE COESÃO.

Algumas incoerências podem surgir em função de um mau emprego dos elementos coesivos. Vejamos
alguns casos abaixo

Caso I
Exemplo
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários meses.”

A rigor, no exemplo anterior, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafórico, pois não está
retomando nenhuma das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente
prejudicado: não há possibilidade de se depreender o sentido desse pronome.
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no
interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve
o texto. É o caso de um exemplo como este:

Exemplo
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não
havia comparecido.”

Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso
da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).

Caso II
Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.

Exemplo
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.”

O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


65
Exemplo
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.”

Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado no exemplo
abaixo. Permutando o anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.

II) Coesão lexical: retomada por palavra lexical - (substantivo, adjetivo ou verbo)

Utilização de palavras com sentido próprio para substituir termo anterior. Essas palavras podem ser
do mesmo campo lexical (campo de sentido) da palavra substituída ou não. Uma palavra pode ser
retomada, quer por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou
antonomásia.

a) Sinônimo: é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.

Exemplo
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido),
ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.

Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores;
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.

b) Hiperônimo: é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;

Exemplo
“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros sempre o atraíram.”

Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas,
planetas, satélites.

c) Hipônimo: é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O
significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor,
mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.

d) Antonomásia: é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um


próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica
notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usado para designar outras pessoas
que possuam a mesma característica que a distingue:

Exemplo
“O rei do futebol (=Pelé) só podia ser um brasileiro.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.”
*Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.

“Ele é um Hércules.” (=um homem muito forte).


*Referência à força física que caracteriza o herói grego Hércules.

e) Repetição de palavras: A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período
e o que vem antes dele.

Exemplo
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


66
no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas
da noite.”

É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo.
No trecho transcrito a seguir por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras
parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária
que um provável flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente:

Exemplo
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda.
Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”

Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 2000.
Coesivos de ligação (coesão sequencial)

Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela ligação ou relação entre
segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados
indiscriminadamente.

- Gradação
Há conectivos que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para uma mesma
conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de uma série: até,
mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.

“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que
fala e é até sedutor.”

Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista;
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.

“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da
empresa.”

Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.

“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo grau.”


No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ter muita dificuldade de aprender;
supõe que há uma escala argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está usando o
argumento menos forte da escala no sentido de provar a afirmação anterior; no máximo e quando muito
estabelecem ligação entre argumentos de valor depreciativo.

- Conjunção Argumentativa/Adição: há operadores que assinalam uma conjunção argumentativa,


ou seja, ligam um conjunto de argumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, ainda,
nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par de.

“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos
funcionários e também é muito querido pelos alunos.”
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
67
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão.
O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção
argumentativa dos precedentes.
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria
cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o
assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”.

- Disjunção Argumentativa/Alternativa: há também operadores que indicam uma disjunção


argumentativa, ou seja, fazem uma conexão entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm
orientação argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário.

“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.”

O argumento introduzido por ao contrário é diretamente oposto àquele de que o falante teria agredido
alguém.

- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita,
por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).

“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por
conseguinte, não é moralmente defensável.”
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.

- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.

“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os
agentes penitenciários.”

O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga
de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os
segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista
argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta:

“Tanto maior será a corrupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da
fuga de presos”.

Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:

“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time.
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.”

Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não
primam exatamente pela excelência em relação aos outros.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:

“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.”

Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


68
- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem uma explicação ou uma justificativa em
relação ao que foi dito anteriormente: porque, já que, que, pois.

“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com
os custos da guerra.”

Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.

- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas,
contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que,
conquanto, ainda que, posto que, se bem que).
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam
enunciados com orientação argumentativa contrária?
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção.

“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.”

Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o
atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda
orientação é a mais forte.
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”.
No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo,
que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas,
introduz-se um argumento com vistas à determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um
argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não
introduzido pela conjunção.

“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.”

A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber
escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
argumentativa contrária.
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia argumentativa é a de introduzir no texto um
argumento que, embora tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com orientação contrária.
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é de estratégia argumentativa. Compare
os seguintes períodos:

“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”

- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que introduzem um argumento decisivo para


derrubar a argumentação contrária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se fosse
apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, além de tudo, além disso, ademais.

“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido
na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada
na loteria.”

O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período
muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.

- Generalização ou Amplificação: existem operadores que assinalam uma generalização ou uma


amplificação do que foi dito antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


69
“O problema da erradicação da pobreza passa pela geração de empregos. De fato, só o crescimento
econômico leva ao aumento de renda da população.”

O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.

“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol.

O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso
futebol são retranqueiros.

- Especificação ou Exemplificação: também há operadores que marcam uma especificação ou uma


exemplificação do que foi afirmado anteriormente: por exemplo, como.

“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da
população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda
sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”

Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência
não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.

- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma retificação, uma correção do que foi afirmado
antes: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras.

“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar a viver junto com minha namorada.”

O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito antes.


Esses operadores servem também para marcar um esclarecimento, um desenvolvimento, uma
redefinição do conteúdo enunciado anteriormente.

“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato,
os interesses dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”

O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito antes.


Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do conteúdo de verdade de um enunciado.

“Quando a atual oposição estava no comando do país, não fez o que exige hoje que o governo faça.
Ao contrário, suas políticas iam na direção contrária do que prega atualmente.

O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito antes.

- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explicação, uma confirmação, uma ilustração do
que foi afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.

“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se processavam as negociações, atacou de
surpresa.”

O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado antes.

-Condição: Se, caso - Estabelecem um sentido de condicionalidade entre os períodos e parágrafos


interligados.

“Se eu não estudar, não serei aprovado nesse concurso”

- Finalidade: para, para que, a fim de, a fim de que - Introduzem frases e parágrafos que trazem a
finalidade e objetivo das informações apresentadas em períodos ou parágrafos anteriores.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


70
“Estudarei quatro horas por dia, para passar no vestibular.”

- Conformidade: conforme, de acordo, segundo - Uma frase ou parágrafo traz uma norma ou uma
condição prévia para o estabelecimento da informação apresentada na outra frase ou parágrafo.

“Conforme o previsto para Língua Portuguesa no edital, cairá coesão e coerência”.

Outros mecanismos de coesão

I) Coesão por elipse


A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto.
Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o
preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça
correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a
fala.
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Machado de Assis:

(...)
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela


Claridade imorta, que toda a luz resume!”
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, VIII,

Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas,
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:

“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no peito e parou.”

Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:

“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preterido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente
aquela promoção.”

Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é
rompida. Por exemplo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos
uma preposição indevida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó os
estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
verbo implicar.
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro
verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a
preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos
palpiteiros e os dispenso sem dó).

II) Coesão por Justaposição


É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enunciados, marcada ou não com
sequenciadores.

- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterioridade, concomitância ou posterioridade:


dois meses depois, uma semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predominantemente
nas narrações).

“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio
de planos para o futuro.”

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


71
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição relativa no espaço: à esquerda, à direita,
junto de, etc. (são usados principalmente nas descrições).

“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma
cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. (...) Do
outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior
força do inverno.”
José de Alencar. Senhora. São Paulo, FTD, 1992, p. 77.

- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem dos assuntos numa exposição:
primeiramente, em segunda, a seguir, finalmente, etc.

“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das agruras por que passam as populações
civis; em seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei suas
consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do
planeta.”

- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conversação principalmente, servem para


introduzir um tema ou mudar de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto, fazendo
um parêntese, etc.

“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A propósito, era um homem que sabia
agradar às mulheres.”

- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for construído sem marcadores de


sequenciação, o leitor deverá inferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos não
explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos diferentes conectores estarão indicados,
na escrita, pelos sinais de pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.

“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fidelidade partidária, cada parlamentar vota
segundo seus interesses e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases
governamentais sólidas.”

Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de a reforma política ser indispensável.
Portanto o ponto-final do primeiro período está no lugar de um porque.

A língua tem um grande número de conectores e sequenciadores. Apresentamos os principais e


explicamos sua função. É preciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafóricos ou catafóricos geram rupturas na
coesão, o que leva o texto a não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra falha
comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensáveis da oração ou do período. Analisemos
este exemplo:

“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de combate à fome que foi lançada pelo
governo federal.”

O período compõe-se de:


- As empresas;
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da primeira oração);
- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração subordinada substantiva objetiva direta da
segunda oração);
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada adjetiva restritiva da terceira oração).

Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem escreveu o período começou a encadear
orações subordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos longos. No entanto, mesmo quando se
elaboram períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que suas
partes estejam bem conectadas entre si.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


72
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta que elas estejam coesas: se não tiverem
unidade de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amontoado
injustificado.

“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes restaurantes. Ela tem bairros muito
pobres. Também o Rio de Janeiro tem favelas.”

Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o substantivo São Paulo, estabelecendo
uma relação entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade,
vinculando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza uma conjunção argumentativa,
relacionando o quarto período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta
unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto, é condição necessária, mas não
suficiente, para produzir um texto.

Questões

01. (CRP 2º Região PE - Assistente Administrativo – Quadrix-2018)

No terceiro quadrinho, a palavra "isso" ajuda a estabelecer, no texto, um processo de


(A) coesão sequencial.
(B) coesão referencial anafórica.
(C) coesão referencial catafórica.
(D) coesão exofórica.
(E) perda de coesão.

02. (IF-PB - Professor EBTT- Química- IDECAN/2019)

CIDADANIA NO BRASIL

Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A


internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito acelerada pelos avanços
tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder
dos Estados e uma mudança das identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o
antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental, os
vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado
afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz
também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a ampliação da competição internacional
coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o
emprego e os gastos do governo, do qual dependem os direitos 10 sociais. Desse modo, as mudanças
recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países em que
ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a
identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática. Não ofereço receita da cidadania.
Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


73
para uma viagem pelos caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido 15 no Brasil. Seguindo-lhe o
percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão própria do
problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)

No trecho “Tudo isso mostra a complexidade do problema." (linha 12), o elemento textual “isso" possui
natureza de coesão
(A) exclusivamente sequencial.
(B) Exofórica
(C) Catafórica
(D) expletiva.
(E) referencial anafórica.

03. (Prefeitura de Marília - Auxiliar de escrita - VUNESP/2017)

Assinale a alternativa em que o trecho reescrito da mensagem de Julieta apresenta ideia de causa.

(A) Não tô morta, embora tenha tomado apenas um sonífero.


(B) Não tô morta, caso tenha tomado apenas um sonífero.
(C) Não tô morta, pois tomei apenas um sonífero.
(D) Não tô morta, se bem que tomei apenas um sonífero.
(E) Não tô morta, mesmo que tenha tomado apenas um sonífero.

04. (UFPI - Assistente em administração - UFPI/2019)

TEXTO I
Síndrome da superioridade ilusória: quando a ignorância se disfarça de conhecimento
A superioridade é um conceito ilusório, estamos todos juntos na jornada da vida e, independentemente
do nível de instrução, salário ou treinamento, você sempre pode aprender com qualquer pessoa, mesmo
daqueles que considera "inferiores".
01 A ignorância humana é o objeto de estudo de ensaios de todas as gerações:
02 De Sócrates a Darwin, muitos estudos foram realizados para determinar o que desperta o
comportamento
03 de superioridade nas pessoas, o que quase sempre resulta de um grande sentimento de falta
interior.
04 Uma das teorias mais aceitas sobre o assunto é conhecida como o efeito Dunning-Kruger.
Preparado
05 pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, da Comell University, o efeito Dunning-Kruger é
um distúrbio

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


74
06 cognitivo, no qual as pessoas que são ignorantes em um determinado assunto acreditam que
sabem mais do
07 que aquelas que são estudadas e experimentadas, sem reconhecer sua própria ignorância e
limitações.
08 Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando serem muito sábias,
mas na
09 realidade estão muito atrás daquelas que as cercam.
10 Como diz o artigo de Dunning e Kruger, publicado em 1999: "Os incompetentes são muitas vezes
11 abençoados com uma confiança inadequada, protegidos por algo que lhes parece conhecimento".
12 As pessoas que têm essa síndrome acreditam que suas habilidades são muito mais altas que a
média,
13 mesmo quando elas claramente não entendem o que estão falando. Elas não têm a humildade de
reconhecer 14 sua necessidade de melhoria. Elas também não reconhecem o potencial daqueles que as
rodeiam, pois seu
15 egoísmo as impede.
16 Você provavelmente conhece alguém assim, que vive preso em sua própria ignorância, que não
faz sua
17 parte para melhorar e ainda acredita que está acima do bem e do mal, e tem o direito de julgar
todos ao seu
18 redor.
19 Essas pessoas, que não sabem nada de um assunto, comportam-se como se fossem mestres e
tentam
20 reverter os argumentos bem planejados de estudiosos e especialistas, isso é realmente
desagradável.
21 Para que possamos evoluir como pessoas e sociedade, devemos nos engajar em um diálogo
saudável,
22 no qual ambas as partes têm o mesmo direito de expressar suas opiniões e de serem ouvidas.
Aprender uns
23 com os outros é uma habilidade muito importante, que deve ser encorajada, afinal, não fazemos
nada por nós 24 mesmos neste mundo. Sempre podemos usar a experiência de alguém para simplificar
nossas vidas.
25 As pessoas estão se tornando mais convencidas e menos dispostas a crescer coletivamente.
26 Acreditamos que um diploma nos toma imbatíveis, infalíveis. Isso está longe da verdade, e somente
quando
27 aprendemos a reconhecer nossas limitações e nos associamos a pessoas que podem nos oferecer
o que nos
28 falta, podemos realmente evoluir.
29 A superioridade é um conceito indescritível, estamos todos juntos na jornada da vida e,
30 independentemente do nível de instrução, salário ou educação, sempre podemos aprender com
qualquer
31 pessoa, mesmo a que consideramos "inferior".
32 Devemos trabalhar para controlar o sentimento de superioridade dentro de nós mesmos e nos abrir
para
33 todas as oportunidades de crescimento que surgem quando somos humildes.
Fonte: Emozioni FeedAdaptado de. http//www.censarcontemooraneo.comisirdrcme-da-superioridade-ilusoria-quando-a-ignorancia-se-
disfarca-de-conhecimento?fixlid=lwAROv4leBmPB3W0o2M87Er4kGRtG>C2GX0kJEDcPwP7bXJEBasJ9SSau8. Acesso: 10/06/2019.

No trecho “Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando serem muito
sábias, mas na realidade estão muito atrás daquelas que as cercam” (linhas 08 e 09), a palavra “as”, em
destaque, retoma, no período, a informação:

(A) “Essas pessoas”.


(B) “pessoas”.
(C) “superioridade ilusória”.
(D) “muito sábias”.
(E) “daquelas”

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


75
05. (Prefeitura de Tangará da Serra/MT - Fiscal Municipal II - UFMT/2019)

Crianças rechonchudas
Enquanto seis milhões de pessoas morrem de fome todos os anos, o mundo mergulha na obesidade.
A Organização Mundial da Saúde calcula que existam 800 milhões de desnutridos, contra 1,3 bilhão de
pessoas com excesso de peso.
Nos últimos quinze anos, as taxas de obesidade dispararam no mundo inteiro. Mesmo em países da
Ásia e da África que convivem com o flagelo da fome, parte significante da população engordou mais do
que devia.
Os mexicanos constituem exemplo característico: em 1990, menos de 10% estavam acima do peso
saudável; em 2006, cerca de 66% dos homens e de 71% das mulheres apresentavam sobrepeso ou
obesidade. Diabetes do tipo 2, enfermidade rara naquela época, hoje aflige 13% dos adultos no México.
No Egito, mais de 60% dos habitantes está com excesso de peso. Na China, esse número saltou de
13% para cerca de 30% em pouco mais de uma década. No Brasil da Copa de 1970, havia menos de
20% de pessoas nessa condição; hoje beiramos 50%. As crianças não foram poupadas pela epidemia.
Pacotes de biscoitos e salgadinhos, refrigerantes à vontade e as horas sedentárias na frente da TV e dos
computadores tornaram-nas bem mais rechonchudas do que nas gerações anteriores.
Em editorial na revista The New England Joumal of Medicine, David Ludwig, professor da Harvard
Medical School, descreve as quatro fases da epidemia de obesidade pediátrica. A fase 1 começou nos
anos 1970 na América do Norte e se disseminou pelos quatro cantos. O peso médio das crianças
aumentou paralelamente ao dos adultos tanto na cidade como no campo, em todas as regiões e grupos
étnicos. [..1 A fase 2, na qual acabamos de entrar, é caracterizada pela emergência de problemas 20
mais graves. A incidência de diabetes do tipo 2, enfermidade que acometia apenas adultos, aumentou 10
vezes entre os adolescentes americanos. Excesso de peso é causa de problemas ortopédicos,
reumatológicos e psicológicos: crianças obesas tendem a desenvolver ansiedade, distúrbios alimentares,
depressão e a isolar-se socialmente.
Daqui a alguns anos entraremos na fase 3, na qual surgirão as doenças cardiovasculares e 25
metabólicas que colocarão a vida em perigo. Estudos canadenses sugerem que adolescentes obesos,
com diabetes do tipo 2, correrão mais risco de sofrer amputação de membros, transplante de rim e morte
prematura. Parte significante dos que apresentam esteatose hepática evoluirá para cirrose.
David Ludwig estima que, em 2050, a obesidade pediátrica terá encurtado em dois a cinco anos a
expectativa de vida nos Estados Unidos — efeito igual ao de todos os casos de câncer combinados. Na
30 ausência de intervenções eficazes, entraremos na fase 4, caracterizada pelo aumento da velocidade
de disseminação da epidemia. Acumular excesso de gordura nas fases iniciais da vida pode provocar
alterações metabólicas irreversíveis no equilíbrio hormonal, nas células adiposas e nos circuitos que
controlam a fome e a saciedade. Adultos obesos têm maior probabilidade de ter filhos gordos, por causa
de influências não genéticas, fenômeno conhecido como programação perinatal. É o caso das mulheres
35 que apresentam hiperglicemia na gravidez: seus filhos costumam chegar aos seis ou sete anos com
excesso de peso.
O professor termina com uma série de indagações. Por que as crianças devem ser bombardeadas
com comerciais de "junk foodt"? Por que são submetidas às tentações das lanchonetes escolares? Por
que não lhes é oferecida a oportunidade diária de exercitar o corpo na escola?
(VARELLA, Drauzio. Adaptado de: htips://drauziotarella.uol.combrl. Acesso em janeiro de 2019.) "link
food: relativo a comidas com poucos nutrientes, fáceis de fazer besteiras.
A coesão é a conexão linguística que permite a ligação entre as ideias em um texto. Assinale a
alternativa que apresenta a relação correta entre o elemento coesivo sublinhado e o vocábulo, oração ou
expressão do texto cujo sentido foi retomado por esse elemento.
(A) Parte significante dos que apresentam esteatose hepática evoluirá para cirrose → canadenses
adultos.
(B) Na China, esse número saltou de 13% para cerca de 30% em pouco mais de uma década →
habitantes com excesso de peso.
(C) No Brasil da Copa de 1970, havia menos de 20% de pessoas nessa condição → com diabetes
tipo 2.
(E) seus filhos costumam chegar aos seis ou sete anos com excesso de peso → filhos da primeira
geração de obesos.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


76
06. (UFAL - Engenheiro Mecânico - COPEV/UFAL/2019)
Ao invés de serem jogadores de futebol somente, quer dizer, craques da bola, alguns boleiros
aparecem antes de mais nada como craques da mídia, faturando alto tanto nos gramados como diante
das câmeras.
Escolha a opção em que as expressões podem substituir, na mesma sequência, as locuções grifadas,
sem ferir o sentido da frase.
(A) Apesar de – ou seja – assim – seja... seja
(B) Ao contrário de – isto é – sobretudo – não só...como também
(C) Além de – aliás – ao menos – portanto
(D) A fim de – bem como – principalmente – ou... ou
(E) Em vez de – afinal – até mesmo – bem como

07. (Prefeitura de Goianira - Analista Ambiental/Engenheiro Ambiental - CS/UFG/2019)

A locução “por isso”, em “Por isso foi despedido”, tem a função de introduzir a
(A) localização das ações expostas na situação comunicativa dada.
(B) finalidade do conjunto de ações expostas nos quadrinhos precedentes.
(C) veracidade das afirmações apresentadas nos quadrinhos antecedentes
(D) conclusão da situação comunicativa com o efeito das ações apresentadas.

Gabarito

01. B / 02. E / 03. C / 04. A / 05. B / 06. B / 07. D

Comentários

01. Resposta: B
Há função anafórica, isto é, alude ao que foi dito anteriormente. Quando Haroldo diz "isso", refere-se
a uma fala anterior de Calvin.

02. Resposta: E
O pronome isso na expressão “tudo isso” estabelece uma coesão referencial anafórica pois ele é
uma palavra quei só tem sentido dentro de um contexto de comunicação e nesse trecho ele se refere a
uma informação presente nos parágrafos anteriores: a problematização entre a redução dos direitos
políticos, os gastos do governos e a questão da cidadania.

03. Resposta: C
A conjunção “pois” em “Não tô morta, pois tomei apenas um sonífero.” estabelece um sentido de causa,
pois traz o motivo da personagem não estar morta.

04. Resposta: A
O pronome oblíquo as em “Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando
serem muito sábias, mas na realidade estão muito atrás daquelas que as cercam” retoma a expressão
“essas pessoas” pois há a afirmação de que essas pessoas são cercadas por outras que não tem o
sentido de superioridade ilusória.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


77
05. Resposta: B
O pronome “esse” retoma a expressão “o número de habitantes que está acima do peso” na linha 10,
pois esse pronome é utilizado especificamente para realizar coesões anafóricas (aquelas que retomam
termos anteriores).

06. Resposta: B
A conjunção “ao invés de” pode ser substituída por “ao contrário de”, pois as duas estabelecem sentido
de contrariedade. “Quer dizer” pode ser substituído por “isto é”, pois as duas expressões possuem sentido
de retificação, explicação. “Antes de mais nada” pode ser substituído por “sobretudo”, pois as duas
expressões estabelecem um sentido de priorização. “Tanto...como” pode ser substituído por “como
também”, pois estabelecem a mesma relação de comparação.

07. Resposta: D
“Por isso” estabelece uma relação de conclusão. Nos quadrinhos anteriores, afirmou-se que todos os
personagens da empresa ficaram com a cabeça quente. Numa relação de lógica estabelecida pelo uso
da conjunção” por isso”, conclui-se que aquele que não ficou de cabeça quente foi despedido. Logo, o
Renato foi despedido.

CONECTORES32

Os conectores são, assim, palavras ou expressões que se utilizam para especificar as relações entre
vários segmentos linguísticos de um texto - servem para associar as ideias e estabelecer ligações entre
elas.
O uso correto de conectores permite uma maior coesão textual e envolve uma compreensão facilitada
da globalidade do texto.
Os conectores pertencem a diversas classes de palavras - conjunções (ou locuções conjuntivas)
coordenativas e subordinativas, advérbios (ou locuções adverbiais), preposições (ou locuções
prepositivas), expressões adjetivas ou até orações completas.

Tipos de Conectores

Adição - e, nem, pois, além disso, e ainda, não só…mas também, como ainda, bem como…assim
como, por um lado…por outro lado, depois, logo após, finalmente, em primeiro lugar, em segundo lugar,
do mesmo modo, igualmente, de igual modo, da mesma maneira, de igual maneira, de novo, novamente,
também, primeiramente, da mesma forma, de igual forma, ultimamente, opostamente, de modo oposto,
de maneira oposta, por último…
Alternativa - ou, ou...ou, ora…ora, já...já, seja...seja, quer…quer, talvez...talvez, não...nem, em
alternativa…
Certeza / afirmação - certamente, é evidente que, com certeza, decerto, naturalmente, que, sem
dúvida, sem dúvida que, de certo, é óbvio que, evidentemente, obviamente, verdadeiramente, de verdade,
verdadeiro, realmente, exato, exatamente, com exatidão…
Conformidade - consoante, conforme, segundo, como, de acordo com
Comparação - como, também, conforme, tanto…quanto, tal como, assim como, bem como, pela
mesma razão, de forma idêntica, de forma similar…
Concessão - embora, conquanto, ainda que, mesmo que, mesmo quando, se bem que, apesar de,
ainda assim, mesmo assim, por mais que, de qualquer forma, posto que, malgrado, não obstante,
inobstante, em que pese, independentemente de…
Conclusão / síntese / resumo - pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo,
conclusivamente, em conclusão, em síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras,
ou seja, em resumo, ou melhor, pois, por isso, deste modo, em suma, sintetizando, finalizando…
Condição - se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem
que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo)
Confirmação - com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, factualmente, verdade,
verdadeiramente, óbvio, obviamente…
Consequência - pelo que, de modo que, de forma que, de maneira que, de sorte que, de jeito que,
daí que, tão… que, tal... que, tanto... que, tamanho... que, por tudo isso, consequentemente, por
conseguinte, como consequência…

32 Livro de Gramática "Saber Português Hoje - ensino secundário"

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


78
Dúvida - Talvez, possivelmente, provavelmente, é possível que, é provável que, porventura, quiçá,
acaso, quem sabe, por certo…
Explicitação / particularização - quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é,
por exemplo, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente…
Finalidade / intencionalidade - com o fim de, com intuito, para (que), a fim de (que), com o objetivo
de, de forma a, com o fim / com o objetivo de / com o propósito de / com intuito de / com a intenção de,
com o fito de, que, porque (= para que)…
Modo / forma / maneira - bem, mal, assim, depressa, devagar, melhor, pior, rapidamente,
calmamente, facilmente e a maioria dos advérbios terminados em -mente, à toa, à vontade, às claras, às
escuras, às pressas, à francesa, às escondidas, em silêncio, em vão, sem medo, de mansinho, ao vivo
Necessidade / obrigação - faz-se mister, é necessário que, faz-se urgente que, urge que, é preciso
que, é dever, torna-se imprescindível que
Opinião - na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me que, estou em crer que…
Oposição / contraste - mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão (= mas sim)
contrariamente, em vez de, ao invés de, pelo contrário, por oposição, oposto, opostamente, doutro modo,
ao contrário, não obstante, por outro lado…
Proporção / proporcionalidade - ao passo que, à medida que, à proporção que, quanto mais, tanto
mais, enquanto
Reafirmação / confirmação / resumo - ou seja, ou melhor, ou antes, isto é, digo, por assim dizer, por
outras palavras, com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, de tato, em suma, em resumo,
resumidamente…
Reformulação - quer dizer, mais corretamente, mais precisamente, ou melhor, dito de outro modo,
numa palavra, noutros termos, por outras palavras…
Razão / motivo / causa - porque, já que, visto que, uma vez que, porquanto, como (= porque), na
medida em que, devido a, em virtude de, em razão de, em vista de, tendo em vista que, em face de, em
decorrência de
Sequência - começando, primeiramente, para começar, em primeiro lugar, num primeiro momento,
antes de, em segundo lugar, em seguida, logo após, depois de, por último, concluindo, para terminar, em
conclusão, em síntese, finalizando…
Sequência temporal - Hoje, ontem, agora, amanhã, ainda, cedo, depois, tarde, antes
Sequência geográfica / espacial - Aqui, ali, aí, lá, perto, longe, dentro, fora, à direita, à esquerda, à
frente, acima, abaixo, à distância, de longe, de perto
Tempo - quando, enquanto, até que, antes que, logo que, assim que, depois que, sempre que, desde
que, desde quando, todas as vezes, senão quando, ao tempo que, mal...
Negação - não, nunca, tampouco, jamais, nada, ninguém, de modo algum, de jeito nenhum, em
hipótese alguma
Ordem - ultimamente, primeiramente, antes, depois...
Designação - eis, vede, aqui está...
Realce / função expletiva - cá, lá, só, é que, ainda, mas...
Inclusão / exclusão - também, até, mesmo, inclusive, só, salvo, menos, apenas, senão, exclusive,
fora, tirante, sequer...
Intensidade / quantidade - muito, pouco, bastante, mais, menos, tão, tanto, quase, demais...

Questões

01. (Câmara de Salvador/BA - Analista Legislativo Municipal - FGV/2018)

Prioridade à cultura
Chico D’Ângelo, O Globo, 22/11/2017 (adaptado)

A resistência ao desmonte da cultura em cenário de crises graves não se dá por acaso. Mesmo num
contexto em que o governo trabalhe pela extinção de uma série de políticas e pilares que sustentam a
cultura brasileira, os atos em defesa desta são vistos com desdém. É muito comum que, em situações
diversas, generalize-se a opinião de que políticas públicas para a cultura não devem ser prioritárias.
Combater essa generalização equivocada é urgente.
O Brasil precisa ampliar as discussões sobre a cultura, em vez de abandoná-las. A desidratação
frequente que a gestão pública do setor vem sofrendo inibe a consolidação de mecanismos de

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


79
mapeamento contínuo da economia da cultura, capazes de garantir o acesso da população aos bens
culturais.

Muitos conectores possuem o mesmo sentido de outros conectores; a frase abaixo em que essa
substituição foi realizada de forma adequada é:

(A) “Mesmo num contexto...” / Portanto num contexto...


(B) “...trabalhe pela extinção...” / ...trabalha com a extinção...
(C) “...as políticas puras para a cultura...” / as políticas puras em direção à cultura;
(D)“...ampliar as discussões sobre a cultura...” / ampliar as discussões a fim da cultura;
(E) “...em vez de abandoná-las” / em lugar de abandoná-las.

02. (DPE-RJ- Técnico Médio de Defensoria Pública – FGV/2019)

Texto 3

“Perseguido pelo branco, o negro no Brasil escondeu as suas crenças nos terreiros das macumbas
e dos candomblés. O folclore foi a válvula pela qual ele se comunicou com a civilização branca,
impregnando-a de maneira definitiva. As suas primitivas festas cíclicas – de religião e magia, de amor, de
guerra, de caça e de pesca... – entremostraram-se assim disfarçadas e irreconhecíveis. O negro
aproveitou as instituições aqui encontradas e por elas canalizou o seu inconsciente ancestral:

nos autos europeus e ameríndios do ciclo das janeiras, nas festas populares, na música e na dança,
no carnaval...”

(Luís da Câmara Cascudo. Antologia do folclore brasileiro - Volume I. São Paulo, Martins, 1956)

Os termos sublinhados no texto 3 são conectores; o sentido INADEQUADO de um desses conectores


é:
a) pelo / agente de ação;
b) nos / lugar;
c) com / companhia;
d) e / adição;
e) por / meio.

03. (UFT – Técnicos em assuntos educacionais – UFMT/2019)

Facebook na vida real

Claro que você já leu nas redes sociais, mas vale o registro pela crítica comportamental embutida no
texto bem-humorado cuja autoria desconheço: “Para as pessoas da minha geração que não
compreendem realmente porque existem Facebook, WhatsApp etc.”
Atualmente, estou tentando fazer amigos fora do Facebook, enquanto utilizo os mesmos princípios.
Portanto, todo dia eu ando pela rua e digo aos pedestres o que comi, como me sinto, o que fiz na noite
anterior e o que farei amanhã. Em seguida, lhes dou fotos da minha família, do meu cachorro e fotos
minhas cuidando do jardim, comendo, passando o tempo na piscina etc.
Também ouço suas conversas e digo que amo todos eles.
E isso funciona!
Eu já tenho três pessoas me seguindo: dois policiais e um psiquiatra!

(OSTERMANN, Valther. Recebido por WhatsApp em 30/04/2019.)

Os conectores discursivos promovem o encadeamento das ideias e contribuem para a progressão


textual. Sobre o uso de conectores no texto, assinale a afirmativa correta.

a) Para acrescentar algo ao que foi anteriormente apresentado na exata ordem das ações praticadas,
foi usado, no início do quarto parágrafo, o conector Também.
b) O terceiro parágrafo foi iniciado pelo termo Portanto, elemento conectivo que explica a causa do
que foi dito no parágrafo anterior.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


80
c) O advérbio Atualmente funciona como conector a indicar relevância às ideias que estão sendo
apresentadas no texto.
d) O conector Em seguida situa o leitor na continuidade dos acontecimentos, na ordem em que as
ações são praticadas.
Gabarito

01. E / 02 C / 03. D

Comentários

01. Resposta: E

A) “Mesmo num contexto...” / AINDA num contexto...


B) “...trabalhe pela extinção...” / ...TRABALHE A FIM DE EXTINGUIR...
C) “...as políticas puras para a cultura...” / as políticas puras COM RELAÇÃO à cultura;
D) “...ampliar as discussões sobre a cultura...” / ampliar as discussões ACERCA da cultura;
E) “...em vez de abandoná-las” / EM LUGAR de abandoná-las.

02. Resposta C

O conector ‘com’ introduz o complemento (objeto direto) do verbo comunicar. Dessa forma, ele não
compõe um adjunto adverbial e portanto não expressa o sentido de companhia.

03. Resposta D

A expressão ‘em seguida’ situa o leitor na continuidade dos acontecimentos pois acrescenta a ação
de dar fotos a estranhos às ações apresentadas no período anterior.

Emprego/correlação de tempos e modos verbais

Verbo

Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da natureza, estado, mudança de estado.
Flexiona-se em:
- número (singular e plural);
- pessoa (primeira, segunda e terceira);
- modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio);
- tempo (presente, passado e futuro);
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).

De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados em três conjugações:


1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.

O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido
à sua origem latina poer.

Elementos Estruturais do Verbo


As formas verbais apresentam três elementos em sua estrutura: radical, vogal temática e tema.
Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o significado essencial do verbo. Observe as
formas verbais da 1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses verbos, nota-se que há uma
parte que não muda, e que nela está o significado real do verbo.
cont é o radical do verbo contar;
esper é o radical do verbo esperar;
brinc é o radical do verbo brincar.
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
81
Se tirarmos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos, teremos o radical desses verbos. Também
podemos antepor prefixos ao radical: desnutrir / reconduzir.

Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual conjugação pertence o verbo. Há três vogais
temáticas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.

Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal temática. Ex.: contar - cont (radical) + a
(vogal temática) = tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical (contei = cont ei).

Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao tema, para indicar as flexões de modo e
tempo, desinências modo temporais e desinências número pessoais.

Contávamos
Cont = radical
a = vogal temática
va = desinência modo temporal
mos = desinência número pessoal

Flexões Verbais
Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o número e a pessoa.
- eu estudo – 1ª pessoa do singular;
- nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
- tu estudas – 2ª pessoa do singular;
- vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;
- eles estudam – 3ª pessoa do plural.

- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma diferente da fala culta, exigida pela gramática
oficial, ou seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens.
- O pronome vós aparece somente em textos literários ou bíblicos.
- Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil.

Flexão de tempo e de modo: os tempos situam o fato ou a ação verbal dentro de determinado
momento; pode estar em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três possibilidades básicas,
mas não únicas, são: presente, pretérito e futuro.

O modo indica as diversas atitudes do falante com relação ao fato que enuncia. São três os modos:
- Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza, precisão. O fato é ou foi uma realidade. Apresenta
presente, pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
- Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de dúvida, exprime uma possibilidade. O
subjuntivo expressa uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta presente, pretérito
imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência, Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero; Quando
o vir, dê lembranças minhas.
- Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica
uma ordem, um pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e imperativo negativo.

Emprego dos Tempos do Indicativo


- Presente do Indicativo: para enunciar um fato momentâneo. Ex.: Estou feliz hoje. Para expressar
um fato que ocorre com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de minha mãe. Na indicação
de ações ou estados permanentes, verdades universais. Ex.: A água é incolor, inodora, insípida.
- Pretérito Imperfeito: para expressar um fato passado, não concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na
feira; Eu cantava muito bem.
- Pretérito Perfeito: é usado na indicação de um fato passado concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei,
chorei, dormi...
- Pretérito Mais-Que-Perfeito: expressa um fato passado anterior a outro acontecimento passado.
Ex.: Nós cantáramos no congresso de música.
- Futuro do Presente: na indicação de um fato realizado num instante posterior ao que se fala. Ex.:
Cantarei domingo no coro da igreja matriz.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


82
- Futuro do Pretérito: para expressar um acontecimento posterior a um outro acontecimento passado.
Ex.: Compraria um carro se tivesse dinheiro
1ª Conjugação: -AR
Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais, dançam.
Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dançamos, dançastes, dançaram.
Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava, dançávamos, dançáveis, dançavam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dançara, dançáramos, dançáreis, dançaram.
Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará, dançaremos, dançareis, dançarão.
Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria, dançaríamos, dançaríeis, dançariam.

2ª Conjugação: -ER
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos, comestes, comeram.
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos, comíeis, comiam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera, comêramos, comêreis, comeram.
Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, comeremos, comereis, comerão.
Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, comeríamos, comeríeis, comeriam.

3ª Conjugação: -IR
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem.
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, partíeis, partiam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram.
Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão.
Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, partiríamos, partiríeis, partiriam.

Emprego dos Tempos do Subjuntivo


- Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à
suposição. Ex.: Duvido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos políticos.
- Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma condição ou hipótese. Ex.: Se recebesse o
prêmio, voltaria à universidade.
- Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético, pode ou não acontecer. Quando você fizer o
trabalho, será generosamente gratificado.
1ª Conjugação –AR
Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance, que nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.
Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses, se ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se eles
dançassem.
Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando ele dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes, quando
eles dançarem.

2ª Conjugação -ER
Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles
comessem.
Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele comer, quando nós comermos, quando vós comerdes, quando
eles comerem.

3ª conjugação – IR
Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que nós partamos, que vós partais, que eles partam.
Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se ele partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles partissem.
Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quando ele partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes, quando eles
partirem.

Emprego do Imperativo
Imperativo Afirmativo
- Não apresenta a primeira pessoa do singular.
- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do subjuntivo.
- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.
- O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.

Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam.
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis,
que eles amem.
Imperativo afirmativo: ama tu, ame ele, amemos nós, amai vós, amem vocês.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


83
Imperativo Negativo
- É formado através do presente do subjuntivo sem a primeira pessoa do singular.
- Não retira os “s” do tu e do vós.

Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis,
que eles amem.
Imperativo negativo: não ames tu, não ame você, não amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.

Além dos três modos citados (Indicativo, Subjuntivo e Imperativo), os verbos apresentam ainda as
formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.

Infinitivo Impessoal33
Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal, isso significa que ele apresenta sentido
genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável. Assim, considera-
se apenas o processo verbal. Ex.: Amar é sofrer.
Podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é lutar. (= vida é luta); É indispensável combater
a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma
composta). Ex.: É preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.
Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pessoas do singular (cujas formas são iguais
às do infinitivo impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas do discurso (o que será
esclarecido apenas pelo contexto da frase). Ex.: Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª pessoa); Para
ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)

O infinitivo impessoal é usado:

- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a um sujeito determinado. Ex.
Querer é poder. Fumar prejudica a saúde. É proibido colar cartazes neste muro.
- Quando tem valor de Imperativo. Ex. Soldados, marchar! (= Marchai!) Esquerda, volver!
- Quando é regido de preposição (geralmente precedido da preposição “de”) e funciona como
complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior. Ex.: Eles não têm o direito
de gritar assim. As meninas foram impedidas de participar do jogo. Eu os convenci a aceitar.

No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar", "tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo
auxiliar) deve ser flexionado. Exs.:
Eram pessoas difíceis de serem contentadas.
Aqueles remédios são ruins de serem tomados.
Os jogos que você me emprestou são agradáveis de serem jogados.

- Nas locuções verbais. Ex.: Queremos acordar bem cedo amanhã. Eles não podiam reclamar do
colégio. Vamos pensar no seu caso.
- Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração anterior. Ex. Eles foram
condenados a pagar pesadas multas. Devemos sorrir ao invés de chorar. Tenho ainda alguns livros por
(para) publicar.

Observação: quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou estiver distante do verbo da


oração principal (verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do período e também para se
enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal. Exs.:
Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos.
Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem futebol.
Para estudarmos, estaremos sempre dispostos.
Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas crianças.

- Com os verbos causativos "deixar", "mandar" e "fazer" e seus sinônimos que não formam
locução verbal com o infinitivo que os segue. Ex.: Deixei-os sair cedo hoje.
- Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e sinônimos, deve-se também deixar o
infinitivo sem flexão. Ex.: Vi-os entrar atrasados. Ouvi-as dizer que não iriam à festa.

33 https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


84
Infinitivo Pessoal
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: radical + ES. Ex.: teres (tu)
1ª pessoa do plural: radical + mos. Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: radical + dês. Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: radical + em. Ex.: terem (eles)

Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso significa que ele atribui um agente ao
processo verbal, flexionando-se.
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:

- Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso. Exs.:


Se tu não perceberes isto...
Convém vocês irem primeiro.
O bom é sempre lembrarmos (sujeito desinencial, sujeito implícito = nós) desta regra.

- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal. Exs.:


O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos estudarem bastante para a prova.
Perdoo-te por me traíres.
O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade.
O guarda fez sinal para os motoristas pararem.

- Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na terceira pessoa do plural). Exs.:


Faço isso para não me acharem inútil.
Temos de agir assim para nos promoverem.
Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua conduta.

- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação. Exs.:


Vi os alunos abraçarem-se alegremente.
Fizemos os adversários cumprimentarem-se com gentileza.
Mandei as meninas olharem-se no espelho.

Gerúndio
Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (Função de
advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída.
Ex.: Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

Particípio
Quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Ex.: Terminados os exames, os
candidatos saíram. Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal,
assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo verbal). Ex.: Ela foi a aluna escolhida para
representar a escola.
1ª Conjugação –AR
Infinitivo Impessoal: dançar.
Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele, dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.
Gerúndio: dançando.
Particípio: dançado.

2ª Conjugação –ER
Infinitivo Impessoal: comer.
Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele, comermos nós, comerdes vós, comerem eles.
Gerúndio: comendo.
Particípio: comido.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


85
3ª Conjugação –IR
Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, partirmos nós, partirdes vós, partirem eles.
Gerúndio: partindo.
Particípio: partido.

Verbos Auxiliares

Ser

Modo Indicativo

Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu sou era fui tenho sido
Tu és eras foste tens sido
Ele é era foi tem sido
Nós somos éramos fomos temos sido
Vós sois éreis fostes tendes sido
Eles são eram foram têm sido

Pret. Mais Pret. Mais Futuro do Futuro do Futuro


que Perfeito que Perfeito Pretérito Pretérito do
Simples Composto Simples Composto Presente
Eu fora tinha sido seria terei sido serei
Tu foras tinhas sido serias terias sido serás
Ele fora tinha sido seria teria sido será
Nós fôramos tínhamos sido seríamos teríamos sido seremos
Vós fôreis tínheis sido seríeis teríeis sido sereis
Eles foram tinham sido seriam teriam sido serão

Modo Subjuntivo

Pretérito Mais Futuro Futuro


Pretérito
Presente que Perfeito Simples Composto
Imperfeito
Composto
Que eu seja Se eu fosse Se eu tivesse Quando eu Quando eu
Eu
sido for tiver sido
Que tu sejas Se tu fosses Se tu tivesses Quando tu Quando tu
Tu
sido fores tiveres sido
Que ele seja Se ele fosse Ser ele tivesse Quando Quando ele
Ele
sido ele for tiver sido
Que nós Se nós Se nós Quando Quando nós
Nós
sejamos fôssemos tivéssemos sido nós formos tivermos sido
Que vós Se vós fôsseis Se vós tivésseis Quando Quando vós
Vós
sejais sido vós fordes tiverdes sido
Que eles Se eles Se eles Quando Quando eles
Eles
sejam fossem tivessem sido eles forem tiverem sido

Modo Imperativo

Imperativo Imperativo Infinitivo


Afirmativo Negativo Pessoal
Eu ------ ------ Por ser eu
Tu Sê tu Não sejas tu Por seres tu
Ele Seja ele Não sejas ele Por ser ele
Nós Sejamos nós Não sejamos nós Por sermos nós
Vós Sedes vós Não sejais vós Por serdes vós
Eles Sejam eles Não sejam eles Por serem eles

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


86
Formas Nominais
- Infinitivo: ser
- Gerúndio: sendo
- Particípio: sido

Estar

Modo Indicativo

Pretérito Pretérito Perf. Pretérito Perf.


Presente
Imperfeito Simples Composto
Eu estou estava estive tenho estado
Tu estás estavas estiveste tens estado
Ele está estava esteve tem estado
Nós estamos estávamos estivemos temos estado
Vós estais estáveis estivestes tendes estado
Eles estão estavam estiveram têm estado

Pret. Mais que Pret. Mais que Futuro do Futuro do


Perfeito Perfeito Presente Presente
Simples Composto Simples Composto
Eu estivera tinha estado estarei terei estado
Tu estiveras tinhas estado estarás terás estado
Ele estivera tinha estado estará terá estado
Nós estivéramos tínhamos estado estaremos teremos estado
Vós estivéreis tínheis estado estareis tereis estado
Eles estiveram tinham estado estarão terão estado

Futuro do Futuro do Pret.


Pret. Simples Composto
Eu estaria teria estado
Tu estarias terias estado
Ele estaria teria estado
Nós estaríamos teríamos estado
Vós estaríeis teríeis estado
Eles estariam teriam estado

Modo Subjuntivo

Pretérito Pretérito Mais que Futuro Futuro


Presente
Imperfeito Perfeito Composto Simples Composto
Que eu Se eu Quando eu Quando eu tiver
Eu Se eu tivesse estado
esteja estivesse estiver estado
Que tu Se tu Quando tu Quando tu tiveres
Tu Se tu tivesses estado
estejas estivesses estiveres estado
Que ele Se ele Ser ele tivesse Quando ele Quando ele tiver
Ele
esteja estivesse estado estiver estado
Que nós Se nós Se nós tivéssemos Quando nós Quando nós
Nós
estejamos estivéssemos estado estivermos tivermos estado
Que vós Se vós Se vós tivésseis Quando vós Quando vós
Vós
estejais estivésseis estado estiverdes tiverdes estado
Que eles Se eles Se eles tivessem Quando eles Quando eles
Eles
estejam estivessem estado estiverem tiverem estado

Modo Imperativo

Imperativo Imperativo Infinitivo


Afirmativo Negativo Pessoal
Eu ----- ------ Por estar eu
Tu está tu Não estejas tu Por estares tu
Ele esteja ele Não esteja ele Por estar ele
Nós estejamos nós Não estejamos nós Por estarmos nós
Vós estai vós Não estejais vós Por estardes vós
Eles estejam eles Não estejam eles Por estarem eles

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


87
Formas Nominais
- Infinitivo: estar
- Gerúndio: estando
- Particípio: estado

Ter

Modo Indicativo

Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu tenho tinha tive tenho tido
Tu tens tinhas tiveste tens tido
Ele tem tinha teve tem tido
Nós temos tínhamos tivemos temos tido
Vós tendes tínheis tivestes tendes tido
Eles têm tinham tiveram têm tido

Pret. Mais Pret. Mais Futuro do


que Perfeito que Perfeito Presente
Simples Composto Simples
Eu tivera tinha tido terei
Tu tiveras tinhas tido terás
Ele tivera tinha tido terá
Nós tivéramos tínhamos tido teremos
Vós tivéreis tínheis tido tereis
Eles tiveram tinham tido terão

Futuro do Futuro do Pret.


Pret. Simples Composto
Eu teria teria tido
Tu terias terias tido
Ele teria teria tido
Nós teríamos teríamos tido
Vós teríeis teríeis tido
Eles teriam teriam tido

Modo Subjuntivo

Pretérito Mais
Pretérito Futuro Futuro
Presente que Perfeito
Imperfeito Simples Composto
Composto
Que eu Se eu tivesse Quando eu Quando eu
Eu Se eu tivesse
tenha tido tiver tiver tido
Que tu Se tu tivesses Quando tu Quando tu
Tu Se tu tivesses
tenhas tido tiveres tiveres tido
Que ele Ser ele tivesse Quando ele Quando ele
Ele Se ele tivesse
tenha tido tiver tiver tido
Que nós Se nós Se nós Quando nós Quando nós
Nós
tenhamos tivéssemos tivéssemos tido tivermos tivermos tido
Que vós Se vós Se vós tivésseis Quando vós Quando vós
Vós
tenhais tivésseis tido tiverdes tiverdes tido
Que eles Se eles Se eles Quando eles Quando eles
Eles
tenham tivessem tivessem tido tiverem tiverem tido

Modo Imperativo

Imperativo Imperativo Infinitivo


Afirmativo Negativo Pessoal
Eu ----- ------ Por ter eu
Tu tem tu Não tenhas tu Por teres tu
Ele tenha ele Não tenha ele Por ter ele
Nós tenhamos nós Não tenhamos nós Por termos nós
Vós tende vós Não tenhais vós Por terdes vós
Eles tenham eles Não tenham eles Por terem eles

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


88
Formas Nominais
- Infinitivo: ter
- Gerúndio: tendo
- Particípio: tido

Haver

Modo Indicativo

Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu hei havia houve tenho havido
Tu hás havias houveste tens havido
Ele há havia houve tem havido
Nós havemos havíamos houvemos temos havido
Vós haveis havíeis houvestes tendes havido
Eles hão haviam houveram têm havido

Pret. Mais Pret. Mais que Futuro do Futuro do


que Perfeito Perfeito Presente Presente
Simples Composto Simples Composto
Eu houvera tinha havido haverei terei havido
Tu houveras tinhas havido haverás terás havido
Ele houvera tinha havido haverá terá havido
Nós houvéramos tínhamos havido haveremos teremos havido
Vós houvéreis tínheis havido havereis tereis havido
Eles houveram tinham havido haverão terão havido

Futuro do Futuro do Pret.


Pret. Simples Composto
Eu haveria teria havido
Tu haverias terias havido
Ele haveria teria havido
Nós haveríamos teríamos havido
Vós haveríeis teríeis havido
Eles haveriam teriam havido

Modo Subjuntivo

Pretérito Mais
Pretérito Futuro Futuro
Presente que Perfeito
Imperfeito Simples Composto
Composto
Que eu Se eu Se eu tivesse Quando eu Quando eu tiver
Eu
haja houvesse havido houver havido
Que tu Se tu Se tu tivesses Quando tu Quando tu
Tu
hajas houvesses havido houveres tiveres havido
Que ele Se ele Ser ele tivesse Quando ele Quando ele tiver
Ele
haja houvesse havido houver havido
Se nós
Que nós Se nós Quando nós Quando nós
Nós tivéssemos
hajamos houvéssemos houvermos tivermos havido
havido
Que vós Se vós Se vós tivésseis Quando vós Quando vós
Vós
hajais houvésseis havido houverdes tiverdes havido
Que eles Se eles Se eles Quando eles Quando eles
Eles
hajam houvessem tivessem havido houverem tiverem havido

Modo Imperativo
Imperativo Imperativo Infinitivo
Afirmativo Negativo Pessoal
Eu ----- ------ Por haver eu
Tu há tu Não hajas tu Por haveres tu
Ele haja ele Não haja ele Por haver ele
Nós hajamos nós Não hajamos nós Por havermos nós
Vós havei vós Não hajais vós Por haverdes vós
Eles hajam eles Não hajam eles Por haverem eles

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


89
Formas Nominais
Infinitivo: haver
Gerúndio: havendo
Particípio: havido

Verbos Regulares

Não sofrem modificação no radical durante toda conjugação (em todos os modos) e as desinências
seguem as do verbo paradigma (verbo modelo)
AMAR: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei, Amaria, Ame, Amasse, Amar.
COMER: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Comerei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
PARTIR: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Partiria, Parta, Partisse, Partir.

Verbos Irregulares

São os verbos que sofrem modificações no radical ou em suas desinências.


DAR: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, der
CABER: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia, caiba, coubesse, couber.
AGREDIR: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei, agrediria, agrida, agredisse, agredir.

Anômalos

São aqueles que têm uma anomalia no radical.

Ir

Modo Indicativo

Pretérito
Pretérito Pretérito
Presente Mais que
Imperfeito Perfeito
Perfeito
Eu vou ia fui fora
Tu vais ias foste foras
Ele vai ia foi fora
Nós vamos íamos fomos fôramos
Vós ides íeis fostes fôreis
Eles vão iam foram foram

Futuro do Futuro do
Presente Pretérito
Eu irei iria
Tu irás irias
Ele irá iria
Nós iremos iríamos
Vós ireis iríeis
Eles irão iriam

Modo Subjuntivo

Pretérito
Presente Futuro
Imperfeito
Eu Que eu vá Se eu fosse Quando eu for
Tu Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Ele Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Nós Que nós vamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Vós Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós fordes
Eles Que eles vão Se eles fossem Quando eles forem

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


90
Modo Imperativo

Imperativo Imperativo Infinitivo


Afirmativo Negativo Pessoal
Eu ----- ------ para ir eu
Tu vai tu Não vás tu para ires tu
Ele vá ele Não vá ele para ir ele
Nós vamos nós Não vamos nós para irmos nós
Vós ide vós Não vades vós para irdes vós
Eles vão eles Não vão eles para irem eles

Formas Nominais:
- Infinitivo: ir
- Gerúndio: indo
- Particípio: ido

Verbos Defectivos

São aqueles que possuem um defeito. Não têm todos os modos, tempos ou pessoas.

Verbo Pronominal: é aquele que é conjugado com o pronome oblíquo. Ex.: Eu me despedi de mamãe
e parti sem olhar para o passado.
Verbos Abundantes: são os verbos que têm duas ou mais formas equivalentes, geralmente de
particípio.

Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Emergir, Expelir.


Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, Desenvolvido, Emergido, Expelido.
Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvolto, Emerso, Expulso.

Tempos Compostos: são formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e
haver e como principal, qualquer verbo no particípio. São eles:

- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: é a formação de locução verbal no Presente do


Indicativo, indicando fato que tem ocorrido com frequência ultimamente. Ex.: Eu tenho estudado demais
ultimamente.

- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: é a formação de locução verbal no Presente do


Subjuntivo, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido. Ex.: Espero que você tenha estudado o
suficiente, para conseguir a aprovação.

- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: é a formação de locução verbal no Pretérito


Imperfeito do Indicativo, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo simples. Ex.:
Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali.

- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: é a formação de locução verbal no Pretérito


Imperfeito do Subjuntivo, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples. Ex.: Eu
teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Perceba que todas as frases remetem a
ação obrigatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse, aprenderia é completamente diferente
de Se eu tivesse estudado, teria aprendido.

- Futuro do Presente Composto do Indicativo: é a formação de locução verbal no Futuro do


Presente simples do Indicativo, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo. Ex.:
Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.

- Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: é a formação de locução verbal no Futuro do Pretérito


simples do Indicativo, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Ex.: Eu teria
estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


91
- Futuro Composto do Subjuntivo: é a formação de locução verbal no Futuro do Subjuntivo simples,
tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Ex.: Quando você tiver terminado sua série
de exercícios, eu caminharei 6Km.

- Infinitivo Pessoal Composto: é a formação de locução verbal no Infinitivo Pessoal simples,


indicando ação passada em relação ao momento da fala. Ex.: Para você ter comprado esse carro,
necessitou de muito dinheiro

Questões

01. (UNEMAT - Psicólogo - 2018)

Disponível https://www.facebook.com/tirasamandinho/photos/a.488361671209144.113963.
488356901209621/1568398126538821/?type=3&theater.
Acesso em: fev.2018.

Na tirinha, Fê conversa com Camilo sobre o que ela considera ser machismo na cerimônia de
casamento, enquanto Pudim diz a Armandinho que tudo aquilo que a garota questiona é algo natural.
Nas falas atribuídas à menina, o verbo ter aparece em Tem casamentos [...] (quadro 1) e em [...]
essas coisas têm significados! (quadro 2).

Em relação a esses empregos do verbo ter, assinale a alternativa correta.


(A) Em ambos, o verbo é impessoal.
(B) Ambos estão na terceira pessoa do plural do presente do modo indicativo.
(C) Ambos estão na terceira pessoa do singular do presente do modo indicativo.
(D) Ambos estão no presente do modo indicativo, embora o primeiro esteja na terceira pessoa do
singular e o segundo na terceira pessoa do plural.
(E) Ambos estão no presente do modo subjuntivo, embora o primeiro esteja na terceira pessoa do
singular e o segundo na terceira pessoa do plural.

02. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018)

O drama dos viciados em dívidas

Apesar dos sinais de recuperação da economia, o número de brasileiros endividados chegou a 61,7
milhões em fevereiro passado – o equivalente a 40% da população adulta. O número é alto porque o
hábito de manter as contas em dia não é apenas uma questão financeira decorrente do estado geral da
economia – pode ser uma questão comportamental. Por isso, há grupos especializados que promovem
reuniões semanais com devedores, com a finalidade de trocar experiências sobre consumo impulsivo e
propensão a viver no vermelho. Uma dessas organizações é o Devedores Anônimos (DA), que funciona
nos mesmos moldes do Alcoólicos Anônimos (AA).
Pertencer a uma classe social mais alta não livra ninguém do problema. As pessoas de maior renda
são justamente as que têm maior resistência em admitir a compulsão. Pior. É comum que, diante dos
apuros, como a perda do emprego, algumas tentem manter o mesmo padrão de vida em lugar de cortar
gastos para se encaixar na nova realidade. Pedir um empréstimo para quitar outra dívida é um
comportamento recorrente entre os endividados.
Para sair do vermelho, aceitar o vício é o primeiro passo. Uma vez que o devedor reconhece o
problema, a próxima etapa é se planejar.
(Felipe Machado e Tatiana Babadobulos, Veja, 04.04.2018. Adaptado)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


92
Assinale a alternativa em que os verbos estão conjugados de acordo com a norma-padrão, em
substituição aos trechos destacados na passagem – É comum que, diante dos apuros, como a perda do
emprego, algumas tentem manter o mesmo padrão de vida.
(A) Poderia acontecer que ... mantêm
(B) Pôde acontecer que ... mantessem
(C) Podia acontecer que ... mantivessem
(D) Pôde acontecer que ... manteram
(E) Podia acontecer que ... mantiveram

03. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) A vida de Dorinha Duval foi, ____ . O processo
ainda não havia ido a Júri quando a tese da defesa foi mudada. Não seria mais violenta emoção, mas
legítima defesa. Ela não teria atirado no marido por ter sido ___ e chamada de velha, mas ______ o
marido passou a agredi-la. De fato, o exame pericial de corpo de delito realizado em Dorinha constatou a
existência de _______ em seu corpo. A versão da legítima defesa era ______ .
(Luiza Nagib Eluf, A paixão no banco dos réus. Adaptado)

As expressões verbais empregadas em tempo que exprime a ideia de hipótese são:


(A) seria e teria.
(B) foi e seria.
(C) teria e ter sido.
(D) foi e constatou.
(E) ter sido e passou.

04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo - IDHTEC) Morto em 2015, o pai afirma que
Jules Bianchi não __________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe Bianchi afirma que a verdade
nunca vai aparecer, pois os pilotos __________ medo de falar. "Um piloto não vai dizer nada se existir
uma câmera, mas quando não existem câmeras, todos __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi
bateu com seu carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não conseguiu __________para evitar
o choque.
(http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi)

Complete com a sequência de verbos que está no tempo, modo e pessoa corretos:
(A) Tem – tem – vem - freiar
(B) Tem – tiveram – vieram - frear
(C) Teve – tinham – vinham – frenar
(D) Teve – tem – veem – freiar
(E) Teve – têm – vêm – frear

05. (Prefeitura Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - FEPESE) Assinale a alternativa em que está
correta a correlação entre os tempos e os modos verbais nas frases abaixo.
(A) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendimento que o outro tem do assunto tratado
e reforçaria a nossa persuasão.
(B) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo com o tempo que você terá e, antes de
falar, ensaie sua apresentação.
(C) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público, teria dependido dos bons ensinamentos
da escola.
(D) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da geração passada, haveria de concluir
que os jovens de hoje leem muito menos.
(E) O contato visual também é importante ao falar em público. Passa empatia e envolveria o outro.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.A / 04.E / 05.B

Comentários

01. Resposta: D
FLEXÃO DO VERBO TER: " Tem casamentos [...]"
TER no sentido de EXISTIR. Assim como o verbo “haver”, “ter”, no sentido de “existir”, é verbo
impessoal. Ou seja, não admite sujeito. Por isso, não sofre flexão de número (não vai para o plural).
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
93
ACENTO DIFERENCIAL: [...] essas coisas têm significados!
Tem acompanha o sujeito na terceira pessoa do SINGULAR.
Têm acompanha o sujeito na terceira pessoa do PLURAL.

02. Resposta: C
O segredo dessa questão é manter as duas palavras no mesmo tempo verbal.

03. Resposta: A
A letra "A" é a única em que há nas dúas palavras sinais de hipótese, ou seja uma POSSIBILIDADE
de acontecer algo, ou não.
a) seria (talvez) e teria (talvez)
b) foi (já aconteceu) e seria (talvez)
c) teria (talvez) e ter sido (já aconteceu)
d) foi (já aconteceu) e constatou (já aconteceu)
e) ter sido (já aconteceu) e passou (já aconteceu)

04. Resposta: E
Teve - Pretérito perfeito do indicativo
Têm - Presente do Indicativo
Vêm - (verbo vir) – Presente do Indicativo
Frear - Infinitivo

05. Resposta: B
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendimento que o outro tem do assunto tratado
e REFORÇA a nossa persuasão. Errada.
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo com o tempo que você terá e, antes de
falar, ensaie sua apresentação. Gabarito
c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público, TEM dependido dos bons ensinamentos
da escola. Errado.
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da geração passada, HAVERÁ de concluir
que os jovens de hoje leem muito menos. Errada.
e) O contato visual também é importante ao falar em público. Passa empatia e ENVOLVE o outro.
Errada.

Locução Verbal

Uma locução verbal34 é a combinação de um verbo auxiliar e um verbo principal. Esses dois
verbos, aparecendo juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal, desempenhando o papel de
um único verbo. Exemplo:
- estive pensando
- quero sair
- pode ocorrer
- tem investigado
- tinha decidido

Função dos verbos auxiliares nas locuções verbais


Apenas o verbo auxiliar é flexionado. Verbo auxiliar é o que perdendo significado próprio, é utilizado
para auxiliar na conjugação de outro, o verbo principal. Assim, o tempo, o modo, o número, a pessoa e o
aspecto da ação verbal são indicados pelo verbo auxiliar.

Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”. Contudo, outros verbos também atuam como
verbos auxiliares nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer, começar a, deixar de, voltar
a, continuar a, entre outros.

34 https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


94
Função dos verbos principais nas locuções verbais
Nas locuções verbais o verbo auxiliar aparece conjugado e o principal numa das formas nominais:
no gerúndio, no infinitivo ou no particípio.

Locução verbal com verbo principal no gerúndio


Ex.: Estou escrevendo
verbo auxiliar flexionado: estou
verbo principal no gerúndio: escrevendo

Locução verbal com verbo principal no infinitivo


Ex.: Quero sair
verbo auxiliar flexionado: quero
verbo principal no infinitivo: sair

Locução verbal com verbo principal no particípio


Ex.: Tinha decidido
verbo auxiliar flexionado: tinha
verbo principal no particípio: decidido

Em todos os exemplos a ideia central é expressa pelo verbo principal, os verbos auxiliares apenas
indicam flexões de tempo, modo, pessoa, número e voz. Sem os verbos principais, os auxiliares não
teriam sentido algum.

Questões

01. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017)

Assinale a alternativa que contém uma locução verbal extraída do cartum.


(A) Não terão.
(B) Como andar.
(C) Vai chegar.
(D) Todos terão.

02. (CRQ 4ª REGIÃO/SP - Fiscal - QUADRIX)

Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece
no primeiro quadrinho?
(A) "terei".
(B) "teria".

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


95
(C) "tivera".
(D) "tenha".
(E) "tinha".

03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto
formado por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último sempre em forma nominal. Nas frases a
seguir as formas verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção de uma. Assinale‐a.
(A) Todos podem entrar assim que chegarem.
(B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou atendê‐los.
(C) Deixem entrar todos os atrasados.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente.
(E) A plantação foi‐se expandindo para os lados

Gabarito

01.C / 02.A / 03.C

Comentários

01. Resposta: C
“Vai” o verbo está no presente, “Andar” o verbo está no infinito. Temos um verbo auxiliar e outro
principal. Assim, constitui uma locução verbal.

02. Resposta: A
O verbo “terei” está conjugado no presente do indicativo, indicando uma ação que será realizada,
estabelecendo sentido na frase, em razão se fosse substituído pela locução verbal “vou ter”.

03. Resposta: C
a) Todos podem entrar assim que chegarem.
Quem pode? Todos. Quem entra? Todos (mesmo sujeito, locução verbal).

b) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou atendê‐los.


Quem quer? Os grevistas. Quem trabalha? Os grevistas (mesmo sujeito).

c) Deixem entrar todos os atrasados.


Quem deixa? Eles. Quem entra? Todos os atrasados (sujeitos diferentes).

d) Elas não sabem cozinhar como antigamente.


Quem sabe? Elas; Quem cozinha? Elas (mesmo sujeito).

e) A plantação foi‐se expandindo para os lados.


Quem se foi? A plantação. Quem expandiu? A plantação (mesmo sujeito).

Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação


entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre
orações e entre termos da oração

Oração

É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há, necessariamente, a presença do verbo ou
de locução verbal. A oração encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
completando um pensamento e concluindo o enunciado através de ponto final, interrogação, exclamação
e, em alguns casos, através de reticências.
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elípticos/ocultos). Nela as palavras estão
relacionadas entre si, como partes de um conjunto harmônico, formando os termos ou as unidades
sintáticas da oração.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


96
O Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um substantivo, pronome ou verbo), que
encerra a essência de sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e revestiu são o
núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente:
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para desembarcar.” (Aníbal Machado)
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas.

Os termos da oração da língua portuguesa são classificados em três grandes níveis:


- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Complementos Verbais (Objeto Direto,
Objeto Indireto e Agente da Passiva).
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo.

Termos Essenciais da Oração


São dois os termos essenciais (ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos:

Sujeito Predicado
Pobreza não é vileza.
Os sertanistas capturavam os índios.
Um vento áspero sacudia as árvores.

Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do
qual se diz alguma coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico do sujeito
(agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico (o tópico da sentença).
Na verdade, o sujeito estabelece concordância com o núcleo do predicado. Quando se trata de
predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um
nome. O núcleo do sujeito é o principal termo contido no sujeito. Então têm por características básicas:
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao predicado;
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou, ainda, qualquer palavra substantivada.

Exemplos:

A padaria está fechada hoje.


a padaria: sujeito
padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
está fechada hoje: predicado nominal
fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado

Nós mentimos sobre nossa idade para você.


nós: sujeito
mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal
mentimos: verbo = núcleo do predicado

É possível, na língua portuguesa, uma sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
Exemplos:

As formigas invadiram minha casa.


as formigas: sujeito = termo determinante
invadiram minha casa: predicado = termo determinado

Há formigas na minha casa.


sujeito: inexistente
há formigas na minha casa: predicado = termo determinado

O núcleo do sujeito é sempre um nome. Quando esse nome se refere a objetos da primeira e segunda
pessoa, o sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se
refere a um objeto da terceira pessoa, sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione, na sentença, como
um substantivo.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


97
Exemplos:

Eu acompanho você até o guichê.


eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa

Vocês disseram alguma coisa?


vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa

Marcos tem um fã-clube no seu bairro.


Marcos: sujeito = substantivo próprio

Ninguém entra na sala agora.


ninguém: sujeito = pronome substantivo

O andar deve ser uma atividade diária.


o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir de uma oração inteira. Nesse caso, a oração
recebe o nome de oração substantiva subjetiva:

É difícil optar por esse ou aquele doce...


É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva

O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou por uma palavra ou expressão


substantivada. Exemplos:

O sino era grande.


Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Isto não me agrada.

O núcleo (a palavra base) do sujeito é um substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem


aparecer palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
Exemplo:

“Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz para a selvagem filha do sertão.” (José de
Alencar)

O sujeito pode ser:


Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos; “Um bando de galinhas-d’angola
atravessa a rua em fila indiana.”
Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o cavalo nadavam ao lado da canoa.”
Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei amanhã.
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não está expresso, mas se deduz pelo
contexto: Viajarei amanhã. (sujeito: eu, que se deduz por meio do verbo); “Um soldado saltou para a
calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e
[ele] aproximou-se.).
Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: “O Nilo fertiliza o Egito”.
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa pelo verbo passivo: “O criminoso é
atormentado pelo remorso”; “Muitos sertanistas foram mortos pelos índios”; “Construíram-se açudes”.
(= Açudes foram construídos.)
Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa por um verbo reflexivo e ele mesmo
sofre ou recebe os efeitos dessa ação: “O operário feriu-se durante o trabalho”; “Regina trancou-se no
quarto”.
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal: “Atropelaram uma senhora na
esquina”. (Quem atropelou a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou).

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


98
Observações:
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o
caminho. Ninguém lhe telefonou.
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a
qualquer agente já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com admiração; “Bateram
palmas no portãozinho da frente.”; “De qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.”
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado
do pronome se. O pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. Pode ser omitido junto
de infinitivos.
Aqui vive-se bem.
Devagar se vai ao longe.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz.
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar.

- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o verbo no infinitivo impessoal: Era penoso


carregar aqueles fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas.

Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a posposição do sujeito ao verbo é fato


corriqueiro em nossa língua.
Exemplos:

É fácil este problema!


Vão-se os anéis, fiquem os dedos.
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” (José de Alencar)

Sem Sujeito: o conteúdo verbal não é atribuído a nenhum ser. São construídas com os verbos
impessoais, na 3ª pessoa do singular: “Havia ratos no porão”; “Choveu durante o jogo”.
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de existir, acontecer, realizar-se, decorrer),
Fazer, passar, ser e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, relampejar, amanhecer,
anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteorológicos.

Predicado: não é "aquilo que se diz do sujeito" como fazem certas gramáticas da língua portuguesa,
mas sim estabelecer a importância do fenômeno da concordância entre esses dois termos essenciais da
oração. Então têm por características básicas: apresentar-se como elemento determinado em relação ao
sujeito; apontar um atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito.
Exemplos:

Carolina conhece os índios da Amazônia.


sujeito: Carolina = termo determinante
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado

Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João.


sujeito: todos nós = termo determinante
predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo determinado

Nesses exemplos podemos observar que a concordância é estabelecida entre algumas poucas
palavras dos dois termos essenciais. No primeiro exemplo, entre "Carolina" e "conhece"; no segundo
exemplo, entre "nós" e "fazemos". Isso se dá porque a concordância é centrada nas palavras que são
núcleos, isto é, que são responsáveis pela principal informação naquele segmento.
No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atributo que se refere ao
sujeito da oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, temos um predicado nominal (seu
núcleo significativo é um nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um verbo de ligação)
e no segundo um predicado verbal (seu núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou
termos acessórios).
Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo
do predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem dois núcleos significativos: um verbo
e um nome). Exemplos:

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


99
Minha empregada é desastrada.
predicado: é desastrada
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
tipo de predicado: nominal

O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do sujeito, porque atribui ao sujeito uma
qualidade ou característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como um elo entre
o sujeito e o predicado.

A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.


predicado: demoliu nosso antigo prédio
núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o sujeito
tipo de predicado: verbal

Os manifestantes desciam a rua desesperados.


predicado: desciam a rua desesperados
núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o sujeito; desesperados = atributo do sujeito
tipo de predicado: verbo-nominal

Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma o predicado.


Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, podendo, por si mesmos, constituir o predicado:
são os verbos de predicação completa denominados intransitivos. Exemplos:

As flores murcharam.
“Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos)

Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o predicado necessitam de outros termos: são
os verbos de predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos:

João puxou a rede.


“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Resende)

Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, invejo e aspiro, não transmitiriam
informações completas: puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê?

Os verbos de predicação completa denominam-se intransitivos e os de predicação incompleta,


transitivos. Os verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos e
transitivos diretos e indiretos (bitransitivos).

Além dos verbos transitivos e intransitivos, que encerram uma noção definida, um conteúdo
significativo, existem os de ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, relacionando
o predicativo com o sujeito.

Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em:

- Intransitivos: são os que não precisam de complemento, pois têm sentido completo.
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)

Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de


um predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei
em casa aborrecido.

As orações formadas com verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para a voz passiva.
Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com o objeto direto ou
indireto.
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento)
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


100
- Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto é, um complemento sem preposição.
Exemplos:
Comprei um terreno e construí a casa.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de Maricá)

Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os que formam o predicado verbo nominal e
se constrói com o complemento acompanhado de predicativo. Exemplos:
Consideramos o caso extraordinário.
Inês trazia as mãos sempre limpas.

Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem ser usados também na voz passiva;
Outra característica desses verbos é a de poderem receber, como objeto direto, os pronomes o, a, os,
as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as.

- Transitivos Indiretos: são os que reclamam um complemento regido de preposição, chamado objeto
indireto. Exemplos:
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma adolescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neutros.” (Érico Veríssimo)

Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os que se constroem com os
pronomes objetivos lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe, agradeço-
lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem-lhe, etc.
Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os que não admitem para objeto indireto as
formas oblíquas lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de preposição: aludir a ele,
anuir a ele, assistir a ela, atentar nele, depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a forma passiva. Excetuam-se pagar,
perdoar, obedecer, e pouco mais, usados também como transitivos diretos: João paga (perdoa, obedece)
o médico. O médico é pago (perdoado, obedecido) por João.

- Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com dois objetos: um direto, outro indireto,
concomitantemente. Exemplos:
No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
Oferecemos flores à noiva.

- De Ligação: os que ligam ao sujeito uma palavra ou expressão chamada predicativo. Esses verbos
entram na formação do predicado nominal. Exemplos:
A Terra é móvel.
O moço anda (=está) triste.

Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de anexo, mas exprimem ainda os diversos
aspectos sob os quais se considera a qualidade atribuída ao sujeito.

Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto.

- Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo, um estado ou modo de ser do sujeito,
ao qual se prende por um verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
A bandeira é o símbolo da Pátria.
A mesa era de mármore.
O mar estava agitado.
A ilha parecia um monstro.

Além desse tipo de predicativo, existe outro que entra na constituição do predicado verbo-nominal.
Exemplos:
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.)
O menino abriu a porta ansioso.
Todos partiram alegres.
Marta entrou séria.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


101
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está preposicionado; Pode o predicativo preceder o
sujeito e até mesmo ao verbo: “São horríveis essas coisas!”; “Que linda estava Amélia!”;
“Completamente feliz ninguém é.”; “Raros são os verdadeiros líderes.”; “Quem são esses homens?”;
“Lentos e tristes, os retirantes iam passando.”; “Novo ainda, eu não entendia certas coisas.”; “Onde está
a criança que fui?”.

- Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo. Exemplos:


O juiz declarou o réu inocente.
O povo elegeu-o deputado.

Termos Integrantes da Oração


Chamam-se termos integrantes da oração os que completam a significação transitiva dos verbos e
nomes. Integram o sentido da oração, sendo por isso indispensável à compreensão do enunciado. São
os seguintes:
- Complemento Verbal (Objeto Direto e Objeto Indireto);
- Complemento Nominal;
- Agente da Passiva.

Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação incompleta, não regido, normalmente, de
preposição. Exemplos:
As plantas purificaram o ar.
Procurei o livro, mas não o encontrei.

O objeto direto tem as seguintes características:


- Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
- Normalmente, não vem regido de preposição;
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um verbo ativo: Caim matou Abel.
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto por Caim.

O objeto direto pode ser constituído:


- Por um substantivo ou expressão substantivada: “O lavrador cultiva a terra.”; “Unimos o útil ao
agradável”.
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: “Espero-o na estação.”; “Estimo-os muito.”;
“Sílvia olhou-se ao espelho.”; “Não me convidas?”.
- Por qualquer pronome substantivo: “Não vi ninguém na loja.”; “A árvore que plantei floresceu.” (que:
objeto direto de plantei).

Objeto Direto Preposicionado: há casos em que o objeto direto, isto é, o complemento de verbos
transitivos diretos, vem precedido de preposição, geralmente a preposição “a”. Isto ocorre principalmente:

- Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico: “Deste modo, prejudicas a ti e a ela.’; “Mas
dona Carolina amava mais a ele do que aos outros filhos”.
- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando que o objeto direto seja tomado como
sujeito, impedindo construções ambíguas: “Convence, enfim, ao pai o filho amado.”; “Vence o mal ao
remédio.”.
- Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-
se uns aos outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às outras.”.
- Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, principalmente na expressão dos sentimentos
ou por amor da eufonia da frase: “Judas traiu a Cristo.”; “Amemos a Deus sobre todas as coisas.”.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto direto para dar-lhe realce: “A você é que
não enganam!”; “Ao médico, confessor e letrado nunca enganes.”.
- Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro caiu, molhou a ambos.”.
- Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a pessoas: “Se todos são teus irmãos, por
que amas a uns e odeias a outros?”.
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar) da espada, pegar da pena, cumprir com
o dever, atirar com os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


102
Objeto Direto Pleonástico: quando queremos dar destaque ou ênfase à ideia contida no objeto direto,
colocamo-lo no início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome oblíquo. A esse
objeto repetido sob forma pronominal chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos:
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa.
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem.

Objeto Indireto: é o complemento verbal regido de preposição necessária e sem valor circunstancial.
Representa, ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal: “Nunca desobedeci a meu
pai”. O objeto indireto completa a significação dos verbos:

- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e à festa.

- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos
mais velhos.

O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras categorias, os quais, no caso, são
considerados acidentalmente transitivos indiretos: “Ao bom entendedor meia palavra basta.”; “Sobram-
lhe qualidades e recursos.”. (lhe=a ele).

Observações:
Há verbos que podem construir-se com dois objetos indiretos, regidos de preposições diferentes:
Rogue a Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.
Não confundir o objeto direto com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em frases
como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é impossível”, os pronomes em destaque podem
ser considerados adjuntos adverbiais.
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa ou implícita. A preposição está implícita nos
pronomes objetivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplo: Obedece-me. (=Obedece
a mim.).

Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o objeto indireto pode vir repetido ou
reforçado, por ênfase. Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o destino de
uma mulher tísica...?

Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado pela significação transitiva, incompleta,


de certos substantivos, adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Exemplos: “A defesa
da pátria”; “Assistência às aulas”.

Observações:
O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de assaltos, a remessa de cartas, útil ao
homem, compositor de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no objeto indireto.
Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substantivos,
adjetivos) e alguns advérbios terminados em -mente.

Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz passiva. Representa o ser que pratica a
ação expressa pelo verbo passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos frequentemente
pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; “Era conhecida de todo mundo a fama de suas
riquezas.”

O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou pelos pronomes:


As flores são umedecidas pelo orvalho.
A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.

O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz ativa:


A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


103
Observações: Frase de forma passiva analítica sem complemento agente expresso, ao passar para a
ativa, terá sujeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
(Expulsaram-no da cidade.).

Termos Acessórios da Oração


Termos acessórios são os que desempenham na oração uma função secundária, qual seja a de
caracterizar um ser, determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os termos
acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.

Adjunto Adnominal: é o termo que caracteriza ou determina os substantivos. Exemplo: Meu irmão
veste roupas vistosas. (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas
caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal).

O adjunto adnominal pode ser expresso: pelos adjetivos, artigos, pronomes, numerais e locuções
ou expressões adjetivas.

Observações:
Não confundir o adjunto adnominal formado por locução adjetiva com complemento nominal. Este
representa o alvo da ação expressa por um nome transitivo: “a eleição do presidente”, “aviso de perigo”,
etc.
O adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa o agente da ação, ou a origem, pertença,
qualidade de alguém ou de alguma coisa: “o discurso do presidente”, “aviso de amigo”, “declaração do
ministro”.

Adjunto Adverbial: é o termo que exprime uma circunstância (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em
outras palavras, que modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas numa
tarde brincavam de roda na praça”.
O adjunto adverbial é expresso: pelos advérbios e locuções ou expressões adverbiais.

Observações:
Pode ocorrer a elipse da preposição antes de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite,
não dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No domingo...).

Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da
oração. Exemplo: “D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.”.

Os apostos em geral, destacam-se por pausas indicadas na escrita por vírgulas, dois pontos ou
travessões. Não havendo pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
“Minha irmã Beatriz.”; “o escritor João Ribeiro.”

O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às vezes, está elíptico. Exemplo:
“Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.”.

O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:


“Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de tempestade iminente.”.
“O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.”.
“Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua companhia.”.

Um aposto pode referir-se a outro aposto:


“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do velho coronel Tavares, senhor de
engenho.” (Ledo Ivo)

O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nominal ou adjunto adverbial vem
precedido de preposição:
“O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.”.

Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal
ou a coisa personificada a qual nos dirigimos:
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria de Lourdes Teixeira)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


104
Observação:
Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo,
os pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e prolongado.
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da oração, por isso não se anexa ao sujeito
nem ao predicado.

Questões

01. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Instituto Consulplan/2019)

Excerto 2

“[...] Depois da aula, Hassan e eu passávamos a mão em um livro e corríamos para uma colina
arredondada que ficava bem ao norte da propriedade de meu pai em Wazir Akbar Khan. Havia ali um
velho cemitério abandonado, com várias fileiras de lápides com as inscrições apagadas e muito mato
impedindo a passagem pelas aleias. Anos e anos de chuva e neve tinham enferrujado o portão de grade
e deixado a mureta de pedras claras em ruínas. Perto da entrada do cemitério havia um pé de romã. Em
um dia de verão, usei uma das facas de cozinha de Ali para gravar nossos nomes naquela árvore: “Amir
e Hassan, sultões de Cabul.” Essas palavras serviram para oficializar o fato: a árvore era nossa. Depois
da aula, Hassan e eu trepávamos em seus galhos e apanhávamos as romãs encarnadas. Depois de
comer as frutas e limpar as mãos na grama, eu lia para Hassan. [...]”
HOSSEINI, Khaled. O caçador de pipas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. p. 34. [fragmento]

No início do excerto 2, há duas orações coordenadas cujo sujeito é o mesmo: nós.


Certo ( ) Errado ( )

02. (Prefeitura de Teresina/PI - Professor de Educação Básica - NUCEPE/2019)

Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/page/73 Acesso em: 15.05.19.


Em “... é transmitida por animais contaminados e comentários e postagens nas redes sociais...”,
o termo destacado tem a função sintática de
(A) adjunto adverbial, indica circunstância à ação verbal.
(B) agente da passiva, pratica a ação verbal na voz passiva.
(C) complemento nominal, pois completa o adjetivo “transmitida”.
(D) objeto indireto, completa do sentido do verbo com o auxílio da preposição.
(E) sujeito, pratica a ação de “transmitir” expressa na oração de ordem inversa.

03. (Prefeitura de Avelinópolis/GO - Psicólogo - Itame/2019) Em: Precisa-se de técnicos em


informática. O sujeito:
(A) está elíptico no contexto.
(B) está na voz passiva sintética.
(C) trata-se de uma oração sem sujeito.
(D) é indeterminado no contexto da frase.

04. (Prefeitura de Pacujá/CE - Fiscal de Tributos - CETREDE/2019)

Estátua Falsa

Só de oiro falso meus olhos se douram;


Sou esfinge sem mistério no poente.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


105
A tristeza das coisas que não foram
Na minha alma desceu veladamente.

Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,


Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como ontem para mim, hoje é distância.

Já não estremeço em face de segredo;


Nada me aloira, nada me aterra
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!

Sou estrela ébria que perdeu os céus,


Sereia louca que deixa o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida no ar...
Mário de Sá Carneiro.

O sujeito de “desceu”, v. 4, é:
(A) oiro.
(B) esfinge.
(C) tristeza.
(D) alma.
(E) poente.

05. (Prefeitura de Porto Calvo/AL - Assistente Administrativo - COPEVE-UFAL/2019)


Para ser franco, declaro que esses infelizes não me inspiram simpatia. Lastimo a situação em que
se acham, reconheço ter contribuído para isso, mas não vou além.
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. São Paulo: M. Fontes, 1970. p. 241.

Considerando aspectos sintáticos, a oração destacada no texto é


(A) complemento nominal.
(B) complemento verbal.
(C) predicativo.
(D) sujeito.
(E) aposto.

Gabarito

01. Errado / 02. B / 03. D / 04. C / 05. B

Comentários

01. Reposta: Errado


“Hassan e eu passávamos a mão em um livro e corríamos para uma colina arredondada”.
Temos duas orações coordenadas aditivas, marcadas pela conjunção coordenativa aditiva "e".
Hassan e eu passavam a mão em um livro (sujeito composto, dois núcleos).
Quem corria para uma colina? nós (sujeito oculto subentendido – Hassan e eu).

02. Resposta: B
“A raiva é uma doença muito perigosa! É transmitida por animais contaminados e comentários e
postagens nas redes sociais”. Sujeito oculto e subtendido (raiva), frase na voz passiva analítica (verbo
ser+particípio). Ou seja, agente da passiva.

03. Resposta: D
Quando um verbo transitivo indireto (precisar) vier acompanhado da partícula se, teremos um sujeito
indeterminado.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


106
04. Resposta: C
“A tristeza das coisas que não foram / Na minha alma desceu veladamente”. Quem desceu? A tristeza
das coisas. Núcleo do sujeito = tristeza.

05. Resposta: B
Verbo: declarar. Quem declara, declara algo. O termo em destaque está complementando o verbo
declarar.

Período

Toda frase com uma ou mais orações constitui um período. Ele é simples quando só traz uma oração,
chamada absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. Exemplo:
Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta)
Quero que você aprenda. (Período composto)

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num período: é contar os verbos ou locuções
verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais nele
existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções verbais, duas orações)

Há três tipos de período composto: por coordenação, por subordinação e por coordenação e
subordinação ao mesmo tempo (também chamada de misto).

Período Composto por Coordenação – Orações Coordenadas


Considere, por exemplo, este período composto:

Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos de infância.


1ª oração: Passeamos pela praia
2ª oração: brincamos
3ª oração: recordamos os tempos de infância

As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma
dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, mas, como
foi dito, uma não depende da outra sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas de Orações Coordenadas (OC), e o período
formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e sindéticas.

- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando não vêm introduzidas por conjunção.
Exemplo:
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
OCA OCA OCA

- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm introduzidas por conjunção
coordenativa. Exemplo:
O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com o sentido expresso pelas
conjunções coordenativas que as introduzem. Pode ser:

- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda.
Saí da escola / e fui à lanchonete. Conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição.
OCA OCS Aditiva

- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no


entanto. Conjunção que expressa ideia de oposição.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


107
Estudei bastante / mas não passei no teste.
OCA OCS Adversativa

- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por isso, pois, logo. Conjunção que
expressa ideia de conclusão de um fato enunciado.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
OCA OCS Conclusiva

- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.
Conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha.
Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
OCA OCS Alternativa

- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, pois, porquanto. Conjunção que
expressa ideia de explicação, de justificativa.
Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Explicativa

Período Composto por Subordinação


Observe os termos destacados em cada uma destas orações:
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
Todos querem sua participação. (objeto direto)
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa)

Veja, agora, como podemos transformar esses termos em orações com a mesma função sintática:
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com função de adjunto adnominal)
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com função de objeto direto)
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordinada com função de adjunto adverbial de
causa)

Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa função sintática em relação à primeira,
sendo, portanto, subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um conjunto de
duas orações em que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele é
classificado como período composto por subordinação. As orações subordinadas são classificadas de
acordo com a função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.

Orações Subordinadas Adverbiais


As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que exercem a função de adjunto adverbial
da oração principal (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as introduz:

- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
(= porque), pois que, visto que.
Não fui à escola / porque fiquei doente.
OP OSA Causal

- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocorrência do que foi enunciado na principal.
Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional

- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração principal, sem, no entanto, impedir
sua realização. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva

- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com outro. Conjunções: conforme, como


(=conforme), segundo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
OP OSA Conformativa

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


108
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que foi expresso na oração principal.
Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
OP OSA Temporal

- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enunciado na oração principal. Conjunções:
para que, a fim de que, porque (=para que), que.
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
OP OSA Final

- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enunciado na oração principal. Conjunções:


porque, que, como (= porque), pois que, visto que.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
OP OSA Consecutiva

- Comparativas: Expressam ideia de comparação com referência à oração principal. Conjunções:


como, assim como, tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou mais).
Ela é bonita / como a mãe.
OP OSA Comparativa

Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam claramente o verbo, como no exemplo acima,
em que está subentendido o verbo ser (como a mãe é).

- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona proporcionalmente ao que foi enunciado na
principal. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
OSA Proporcional OP

Orações Subordinadas Substantivas


As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas que, num período, exercem funções
sintáticas próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes que e se.
Elas podem ser:

- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela que exerce a função de objeto direto
do verbo da oração principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
O grupo quer / que você ajude.
OP OSS Objetiva Direta

- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela que exerce a função de objeto
indireto do verbo da oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Necessito / de que você me ajude.
OP OSS Objetiva Indireta

- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que exerce a função de sujeito do verbo da
oração principal. Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)
É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva

A oração subjetiva geralmente vem:


- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções do tipo é bom, é útil, é certo, é
conveniente, etc. Ex.: É certo que ele voltará amanhã.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu
da cidade.
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do
singular e seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da reunião.

- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É aquela que exerce a função de


complemento nominal de um termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência.
(complemento nominal)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


109
Estou convencido / de que ele é inocente.
OP OSS Completiva Nominal

- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que exerce a função de predicativo do


sujeito da oração principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua felicidade.
(predicativo)
O importante é / que você seja feliz.
OP OSS Predicativa

- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que exerce a função de aposto de um termo
da oração principal. Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país. (aposto)
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do país.
OP OSS Apositiva

As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas,
intercaladas à oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde, tornou-se
realidade.

Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as orações substantivas podem ser
introduzidas por outros conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Não sei quando ele chegou.
Diga-me como resolver esse problema.

Orações Subordinadas Adjetivas


As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a função de adjunto adnominal de algum termo
da oração principal. Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em oração subordinada
adjetiva:
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)

As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo,
quem, etc.) e podem ser classificadas em:

- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando restringem ou especificam o sentido


da palavra a que se referem. Exemplo:

O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.


OP OSA Restritiva

Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o sentido do substantivo cantor, indicando
que o público não aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.

- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quando apenas acrescentam uma


qualidade à palavra a que se referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou
especificá-lo. Exemplo:
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um novo livro.
OP OSA Explicativa OP

Orações Reduzidas
As orações reduzidas são caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerúndio, particípio
ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subordinadas, as orações reduzidas não são ligadas
através dos conectivos

Há três tipos de orações reduzidas:


- Orações reduzidas de infinitivo
- Orações reduzidas de gerúndio
- Orações reduzidas de particípio

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


110
Orações Reduzidas de Infinitivo:
Infinitivo: terminações -ar, -er, -ir.

Reduzida: É preciso comer frutas e legumes.


Desenvolvida: É preciso que se coma frutas e legumes. (Oração Subordinada Substantiva Subjetiva)

Reduzida: Meu desejo era ganhar uma viagem.


Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse uma viagem. (Oração Subordinada Substantiva
Predicativa)

Orações Reduzidas de Particípio:


Particípio: terminações -ado, -ido.

Reduzida: Temos apenas um filho, criado com muito amor.


Desenvolvida: Temos apenas um filho, que criamos com muito amor. (Oração Subordinada Adjetiva
Explicativa)

Reduzida: A criança sequestrada foi resgatada.


Desenvolvida: A criança que sequestraram foi resgatada. (Oração Subordinada Adjetiva Restritiva)

Orações Reduzidas de Gerúndio:


Gerúndio: terminação -ndo.

Reduzida: Não enviando o relatório a tempo, perdeu a bolsa de estudos.


Desenvolvida: Porque não enviou o relatório a tempo, perdeu a bolsa de estudos. (Oração
Subordinada Adverbial Causal)

Reduzida: Respeitando as normas, não terão problemas.


Desenvolvida: Desde que respeitem as normas, não terão problemas. (Oração Subordinada Adverbial
Condicional)

O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações reduzidas quando fazem parte de uma
locução verbal.

Exemplos:
Preciso terminar este exercício.
Ele está jantando na sala.

Frases Fragmentadas

Quando você pontua uma oração subordinada ou uma simples locução como se fosse uma frase
completa, a argumentação fica comprometida pela quebra da linha de pensamento.
Ora, se a oração é subordinada, deve estar atrelada a uma principal, sem a qual o leitor terá rompida
a visualização do encadeamento das ideias.

Exemplo:
Eu estava perdida em São Paulo. (oração principal) Mesmo consultando o mapa da cidade. (oração
subordinada fragmentada) Quando você me telefonou. (outra oração subordinada fragmentada)

Correção: Eu estava perdida em São Paulo, mesmo consultando o mapa da cidade, (oração
subordinada adverbial concessiva) quando você me telefonou. (oração subordinada adverbial
temporal)
Questões

01. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Instituto Consulplan/2019) Considere os ditados populares


em (a) e (b) para responder a Questão.

(a) Pau que nasce torto morre torto.


(b) Olho por olho, dente por dente.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


111
A oração que nasce torto é classificada como oração subordinada substantiva pois modifica o
substantivo pau.
Certo ( ) Errado ( )

02. (DETRAN-SP - Agente Estadual de Trânsito - FCC/2019)

Da alegria

Fico comovido toda vez que ouço o finalzinho da música que Chico Buarque escreveu para a filha
recém-nascida, dizendo o seu melhor desejo: “... e que você seja da alegria sempre uma aprendiz...”
Haverá coisa maior que se possa desejar? Acho que não. E penso que Beethoven concordaria: ao
final de sua maior obra, a Nona Sinfonia, o que o coral canta são versos da “Ode à alegria” de Schiller.
Já o filósofo Nietzsche não se envergonhava de tratar desse assunto de tão pouca respeitabilidade
acadêmica (em nossas escolas a alegria não é tópico de nenhum currículo), ele dizia que o nosso único
pecado original é a falta de alegria.
(Adaptado de: ALVES, Rubem. Tempus fugit. São Paulo: Paulus, 1990, p. 41)

No período E penso que Beethoven concordaria, a oração sublinhada exerce a mesma função
sintática que a oração grifada em:
(A) Escreveria sobre a alegria se fosse capaz.
(B) Mesmo que tente, não consigo ser alegre.
(C) Eles resolveram se unir para compor uma grande sinfonia.
(D) O compositor não previu que faria tanto sucesso.
(E) Seria preferível que você continuasse a compor.

03. (DETRAN-SP - Oficial Estadual de Trânsito - FCC/2019)

Conversa entreouvida na antiga Atenas

Ao ver Diógenes ocupado em limpar vegetais ao pé de um chafariz, o filósofo Platão aproximou-se do


filósofo rival e alfinetou: “Se você fizesse corte (*) a Dionísio, rei de Siracusa, não precisaria lavar
vegetais”. E Diógenes, no mesmo tom sereno, retorquiu: “É verdade, Platão, mas se você lavasse
vegetais você não estaria fazendo a corte a Dionísio, rei de Siracusa.”
(*) fazer corte = cortejar, bajular, lisonjear
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)

As orações Se você fizesse corte a Dionísio e se você lavasse vegetais


(A) valem-se de construção verbal na voz passiva.
(B) são ambas orações principais do período que integram
(C) apresentam dois tempos verbais distintos.
(D) têm como complementos nominais Dionísio e vegetais.
(E) constituem exemplos de oração subordinada condicional.

04. (Prefeitura de Teresina/PI - Professor de Educação Básica - NUCEPE/2019)

Disponível em http://blogdoaftm.web2419.uni5.net/charge-problemas-sociais/ Acesso em: 15.05.19.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


112
No período “Me viciei em discutir política nas redes sociais”, a oração destacada classifica-se como
subordinada substantiva
(A) completiva nominal reduzida de infinitivo.
(B) objetiva indireta reduzida de infinitivo.
(C) objetiva direta reduzida de particípio.
(D) predicativa reduzida de gerúndio.
(E) apositiva reduzida de particípio.

05. (Prefeitura de Salvador/BA Professor/Português - FGV/2019)

“- Esterco – respondeu Oscar, farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem?”

A oração reduzida “farejando aborrecimento” pode ser adequadamente substituída por uma oração
desenvolvida, na seguinte estrutura:
(A) “enquanto farejava aborrecimento”.
(B) “quando farejou aborrecimento”.
(C) “após farejar aborrecimento”.
(D) “sem deixar de farejar aborrecimento”.
(E) “ao farejar aborrecimento”.

Gabarito

01. Errado / 02. D / 03. E / 04. B / 05. A

Comentários

01. Resposta: Errado


Na oração, o pronome relativo que retoma o substantivo pau, o que dá início a uma oração
subordinada adjetiva restritiva (sem pontuação), com função sintática de adjunto adnominal.

02. Resposta: D
E penso que Beethoven concordaria. Temos um verbo transitivo direto, pois quem pensa, pensa em
algo. A oração em negrito é objetiva direta. Esse que da oração é uma conjunção integrante que possui
o valor de isso.
O compositor não previu que faria tanto sucesso. Verbo prever, quem prevê, prevê algo. O que dessa
oração é uma conjunção integrante, e dá início a uma oração subordina substantiva objetiva direta.

→ O compositor não previu que faria tanto sucesso. → quem prevê, prevê alguma coisa → "que" é
uma conjunção integrante, dando início a uma oração subordina substantiva OBJETIVA DIRETA.

03. Resposta: E
Ambas as orações apresentam a conjunção subordinativa condicional se, que expressa a ideia de
condição para que algo ocorra.

04. Resposta: B
No período há o verbo pronominal viciar-se. Quem se vicia, se vicia em algo, ou seja, temos um verbo
pronominal transitivo indireto, que exige a preposição em.
A oração em destaque é objetiva indireta, reduzida de infinitivo (discutir).

05. Resposta: A
Nessa oração reduzida, há um valor de proporcionalidade (enquanto/à medida que ele farejava
aborrecimento).
Essas são conjunções subordinativas proporcionais. Por isso a oração destacada é subordinada
adverbial proporcional reduzida de gerúndio.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


113
Emprego dos sinais de pontuação

Para a elaboração de um texto escrito deve-se considerar o uso adequado dos sinais de pontuação
como: espaços, pontos, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas
etc.
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a compreensão
e entendimento do texto.

Vírgula

Algumas pessoas colocam vírgulas por causa de pausas feitas na fala. 35 A vírgula, na escrita, não
necessariamente é uma pausa na fala, tampouco é usada para pausar quando se lê um trecho virgulado.
Assim, vale dizer que o importante é, primeiro, saber em que situações gerais não se usa a vírgula.

Cuidado!
Em orações substantivas com função de sujeito iniciadas por quem, a vírgula entre tal oração e o
verbo da principal é facultativa, segundo Luiz A. Sacconi: “Quem lê sabe mais.” ou “Quem lê, sabe mais”.
Os demais gramáticos nada falam sobre isso, logo deduzimos que não pode haver vírgula entre sujeito e
verbo.

Não se separa por vírgula:


- sujeito de predicado;
- objeto de verbo;
- adjunto adnominal de nome;
- complemento nominal de nome;
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).

Aplicação da Vírgula
A vírgula marca uma breve pausa e é obrigatória nos seguintes casos:

1° Inversão de Termos. Ex.: Ontem, à medida que eles corrigiam as questões, eu me preocupava
com o resultado da prova.

2° Intercalações de Termos. Ex.: A distância, que tudo apaga, há de me fazer esquecê-lo.

3° Inspeção de Simples Juízo. Ex.: “Esse homem é suspeito”, dizia a vizinhança.

4° Enumerações
- sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.36
- com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da despedida.

5° Vocativos e Apostos
- vocativos: Queridos ouvintes, nossa programação passará por pequenas mudanças.
- apostos: É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.

6° Omissões de Termos
- elipse: A praça deserta, ninguém àquela hora na rua. (Omitiu-se o verbo “estava” após o vocábulo
“ninguém”, ou seja, ocorreu elipse do verbo estava)
- zeugma: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) relapsos. (Supressão do verbo
“são” antes do vocábulo “relapsos”)

7° Termos Repetidos. Ex.: Nada, nada há de me derrotar.

35 SCHOCAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niteroi: Impetus, 2007.


36 SCHOCAIR, Nelson M. Gramática Moderna da Língua Portuguesa: Teoria e prática. 6ª ed. Rio de janeiro, 2012, p.488.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


114
8° Sequência de Adjuntos Adverbiais. Ex.: Saíram do museu, ontem, por voltas das 17h.

Dois Pontos

Os dois-pontos marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. Em termos práticos,
este sinal é usado para:

- Antes de enumerações. Ex.: Compre três frutas hoje: maçã, uva e laranja.

- Iniciando citações. Ex.: “Segundo o folclórico Vicente Mateus: ‘Quem está na chuva é para se
queimar’”37.

- Antes de orações que explicam o enunciado anterior. Ex.: Não foi explicado o que deveríamos
fazer: o que nos deixa insatisfeitos.

- Depois de verbos que introduzem a fala. Ex.: “(...) e disse: aqui não podemos ficar!”

Ponto e Vírgula

O ponto e vírgula é usado para marcar uma pausa maior do que a da vírgula. Seu objetivo é colaborar
com a clareza do texto. Exemplos:

Os dois rapazes estavam desesperados por dinheiro; Ernesto não tinha dinheiro nem crédito. (pausa
longa)

Sonhava em comprar todos os sapatos da loja; comprei, porém, apenas um par. (separação da oração
adversativa na qual a conjunção - porém - aparece no meio da oração)

Enumeração com explicitação - Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para o concurso;
um romance, para me distrair nas horas vagas; e um dicionário, para enriquecer meu vocabulário.

Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para marcar distribuição - Comprei os
produtos no supermercado: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã.

Parênteses

Os parênteses, muito semelhantes aos travessões e às vírgulas, são empregados para:

- Isolar datas. Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

- Isolar siglas. Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população economicamente ativa
(PEA)...

- Isolar explicações ou retificações. Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha
preocupação.

Reticências

As reticências são empregadas para:

- Indicar a interrupção de uma frase, deixando-a com sentido incompleto. Ex.: Não consegui falar
com a Laura.... Quem sabe se eu ligar mais tarde...

- Sugerir prolongamento de ideias. Ex.: “Sua tez, alva e pura como um floco de algodão, tingia-se
nas faces duns longes cor-de-rosa...” (José de Alencar)

- Indicar dúvida ou hesitação. Ex.: Não sei... Acho que... Não quero ir hoje.

37 SCHOCAIR, Nelson Maia. Gramática Moderna da Língua Portuguesa: Teoria e prática. 6ª ed. Rio de janeiro, 2012, p.488.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


115
- Indicar omissão de palavras ou frases no período. Ex.: “Se o lindo semblante não se impregnasse
constantemente, (...) ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de alguma
profunda decepção.” (José de Alencar)

Travessão

O travessão é um sinal bastante usado na narração, na descrição, na dissertação e no diálogo,


portanto, figura repetida em qualquer prova; é um instrumento eficaz em uma redação. Pode vir em dupla,
se vier intercalado na frase. Veja seus usos:

- Nos diálogos, para marcar a fala das personagens. Ex.: As meninas gritaram: - Venham nos
buscar!

- No meio de sentenças, para dar ênfase em informações. Ex.: O garçom - creio que já lhe falei -
está muito bem no novo serviço - é o que ouvi dizer.

Ponto de Exclamação

O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer frase com entonação exclamativa,
indicando altissonância, exaltação de espírito.

- Após vocativos. Ex.: Vem, Fabiano!

- Após imperativos. Ex.: Corram!

- Após interjeição. Ex.: Ai! / Ufa!

- Após expressões ou frases de caráter emocional. Ex.: Quantas pessoas!

Aspas

As aspas são usadas comumente em citações, mas também há outras funções bem interessantes.
Atualmente o negrito e o itálico vêm substituindo frequentemente o uso das aspas. Resumindo, elas são
empregadas:
- Isolam termos distantes da norma culta, como gírias, neologismos, arcaísmos, expressões
populares entre outros. Ex.: Eles tocaram “flashback”, “tipo assim” anos 70 e 80. Foi um verdadeiro
“show”.

- Delimitam transcrições ou citações textuais. Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o
espírito.”

- Isolam estrangeirismos. Ex.: Os restaurantes “fast food” têm reinado na cidade.

Ponto

Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o fim de uma frase declarativa de um período simples
ou composto. Pode substituir a vírgula quando o autor quer realçar, enfatizar o que vem após (evita-se
isso em linguagem formal).
– Posso ouvir o vento assoprar com força. Derrubando tudo!

O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas: fev. = fevereiro, hab.= habitante, rod. =
rodovia, etc. = etecetera.

O ponto do etc. termina o período, logo não pode haver outro ponto: “..., feijão, arroz, etc..”. Absurdo
também é usar etc. seguido de reticências: “... feijão, arroz, etc....”.

Chama-se ponto parágrafo aquele que encerra um período e a ele se segue outro período em linha
diferente. Esse último ponto agora (antes do Esse) é chamado de ponto continuativo, pois a ele se segue
outro período no mesmo parágrafo. Ponto final é este que virá agora.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


116
Obs.: Estilisticamente, podemos usar o ponto para, em períodos curtos, empregar dinamicidade,
velocidade à leitura do texto: “Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. Subiu.
Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. Usa-se muito em narrações em geral.

Ponto de Interrogação

O ponto de interrogação marca uma entoação ascendente (elevação da voz) com tom questionador.
Usa-se neste caso:

- Em perguntas diretas: Como você se chama?


- Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem ganhou na loteria? Você. Eu?!

Parágrafo

Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; começa por letra maiúscula, um pouco além
do ponto em que começam as outras linhas.

Colchetes

Utilizados na linguagem científica.

Asterisco

Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota (observação).

Barra

Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.

Hífen

Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir pronomes átonos a verbos. Exemplo:
guarda-roupa.

Questões

01. (IFTO - Auditor) Marque a alternativa em que a ausência de vírgula não altera o sentido do
enunciado.
(A) O professor espera um, sim.
(B) Recebo, obrigada.
(C) Não, vá ao estacionamento do campus.
(D) Não, quero abandonar minhas funções no trabalho.
(E) Hoje, podem ser adquiridas as impressoras licitadas.

02. (MPE/GO - Secretário Auxiliar) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da pontuação.
(A) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma extensão de nossa personalidade.
(B) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, são as principais causas da ira de trânsito.
(C) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(D) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque você está junto; com os outros motoristas
cujos comportamentos, são desconhecidos.
(E) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circunstâncias, ceder à frustração para que a
raiva seja aliviada.

03. (SEGEP/MA - Analista Ambiental - FCC) A frase escrita com correção é:


(A) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e memorialista nasceu, em Miritiba, hoje
Humberto de Campos no Maranhão, em 1886, e falesceu, no Rio de Janeiro em 1934.
(B) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro que veio à ser considerado, o mais
celebre de sua obra: Memórias, crônica dos começos de sua vida.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


117
(C) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na
fase em que ali encontrava-se um grupo de eximios escritores.
(D) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto de Campos, começou a trabalhar cedo
no comércio, como meio de subsistencia.
(E) Humberto de Campos publicou seu primeiro livro em 1910, a coletânea de versos intitulada Poeira;
em 1920, já membro da Academia Brasileira de Letras, foi eleito deputado federal pelo Maranhão.

04. (TRT 2ª Região/SP - Analista Judiciário - FCC/2018)

De cabeça pra baixo

− Esse mundo está ficando de cabeça pra baixo!


É uma conhecida frase, que sucessivas gerações vêm frequentando. Ela logo surge a propósito de
qualquer coisa que se considere uma novidade despropositada, irritante: modelo de roupa mais ousada,
último grande sucesso musical, aumento milionário no salário de um jogador de futebol, a longa estiagem
na estação chuvosa, a avalanche de crimes no jornal... A ideia é sempre demonstrar que a vida e o mundo
já foram muito melhores, que a passagem do tempo leva inexoravelmente à perversão ou ao
desmoronamento dos valores autênticos, que uma geração construiu e que a seguinte apagou.
Parece que na história da humanidade o fenômeno é comum e cíclico: as pessoas enaltecem seus
hábitos passados e condenam os presentes. “Ah, no meu tempo...” é uma expressão que vale um suspiro
e uma acusação. Algo de muito melhor ficou para trás e se perdeu. A missão dessa juventude de hoje é
desviar-se da Civilização....
A ironia é que justamente nesses “desvios” e por conta deles a História caminha, ainda que não se
saiba para onde. Fosse tudo uma repetição conservadora, nenhuma descoberta jamais se daria, sem
contar que os mais velhos já não teriam do que se queixar e a quem imputar a culpa por todos os
desassossegos que assaltam todas as gerações humanas, desde que existimos.
(Romildo Pacheco, inédito)

A supressão da vírgula altera significativamente o sentido da seguinte frase:


(A) Frequentemente, as pessoas enaltecem seus hábitos passados.
(B) As pessoas gostam de enaltecer seus hábitos antigos, quase sempre sem muita discrição.
(C) Não se conhece a origem das frases feitas, nem por que adquiriram tanta força.
(D) O autor do texto busca mostrar-se imparcial, diante desse tema controverso.
(E) Trata-se aqui das pessoas mais velhas, que se apegam a seus hábitos passados.

05. (MPE/AL - Analista do Ministério Público - FGV/2018)

OPORTUNISMO À DIREITA E À ESQUERDA

Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos o direito de reunião e de greve, entre outros,
obedecidas leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime de liberdades, há sempre o risco de
excessos, a serem devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, conforme estabelecido na
legislação.
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos caminhoneiros, concluídas as investigações, por
exemplo, da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em se beneficiar do barateamento do
combustível.
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano
de eleição, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não faltam, também, os arautos do quanto pior,
melhor, para desgastar governantes e reforçar seus projetos de poder, por mais delirantes que sejam.
Também aqui vale o que está delimitado pelo estado democrático de direito, defendido pelos diversos
instrumentos institucionais de que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, Forças Armadas
etc.
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo
funcionando, do qual depende a sobrevivência física da população. Isso não pode ser esquecido e serve
de alerta para que as autoridades desenvolvam planos de contingência.
O Globo, 31/05/2018.

“Numa democracia, (1) é livre a expressão, estão garantidos o direito de reunião e de greve, (2) entre
outros, obedecidas leis e regras, (3) lastreadas na Constituição. Em um regime de liberdades, (4) há

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


118
sempre o risco de excessos, (5) a serem devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, conforme
estabelecido na legislação”.

Nesse segmento inicial do texto, a vírgula que tem caráter optativo é a indicada pelo número
(A) (1).
(B) (2).
(C) (3).
(D) (4).
(E) (5).

06. (TCM/RJ - Técnico de Controle Externo - IBFC) Assinale a alternativa cuja frase está
corretamente pontuada.
(A) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu.
(B) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho estranho.
(C) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
(D) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia.

07. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – MPE/GO) O período abaixo foi escrito por Machado de Assis em
seu Conto de Escola. A alternativa que apresenta a pontuação de acordo com a norma culta é:
(A) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
(B) Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.
(C) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o Raimundo não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
(D) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que, o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria;
a um meio que, lhe pareceu útil, para escapar ao castigo do pai.
(E) Compreende-se que: o ponto da lição era difícil e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria;
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.

08. (UNEMAT - Técnico em Enfermagem - UNEMAT/2018)

https://oglobo.globo.com/cultura/megazine/contestador-armandinhoganha-fama-no-facebook-8027174

Em Pai, o que é “machismo”? e em Não se mete, Fê!, a vírgula foi usada para
(A) marcar anteposição do predicativo.
(B) separar elementos de uma enumeração.
(C) separar o pleonasmo.
(D) isolar o vocativo.
(E) isolar expressões explicativas.

09. (UFPR - Contador - 2018)

A não menos nobre vírgula

[...] Jacob mandou esta questão: “Sempre aprendi que o advérbio deveria vir entre vírgulas, mesmo
que, às vezes, a frase fique truncada.
Quando vi que não colocou os advérbios entre vírgulas, senti que há uma esperança de me libertar
dessas verdadeiras amarras dos tempos escolares. Como pontuar, afinal, nesses casos?”.
O leitor acertou na mosca quando se referiu a “essas verdadeiras amarras escolares”. Tomemos como
exemplo o próprio texto do leitor, que na passagem “...mesmo que, às vezes, a frase fique truncada” optou

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


119
por pôr entre vírgulas a expressão adverbial “às vezes”, que vem entre a locução conjuntiva “mesmo que”
e “a frase”, sujeito da oração introduzida por “mesmo que”.
Vamos lá. Teria sido perfeitamente possível deixar “livre” a expressão adverbial “às vezes”, ou seja,
teria sido possível não empregar as duas vírgulas (“...mesmo que às vezes a frase fique truncada”). É
bom que se diga que, com as duas vírgulas, a expressão “às vezes” ganha ênfase, o que não ocorreria
se não fossem empregadas as vírgulas.
O que não se pode fazer de jeito nenhum nesses casos é empregar a chamada “vírgula solteira”, que
é aquela que perde o par no meio do caminho. Tradução: ou se escreve “...mesmo que, às vezes, a frase
fique truncada” ou se escreve “...mesmo que às vezes a frase fique truncada”. [...]
(Pasquale Cipro Neto, publicado em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2016/11/1831039-a-nao-menos-nobre-virgula.shtml>
Acesso em 24/03/18. Adaptado)

As aspas ao longo texto são usadas para:


1. Indicar a escrita de outra pessoa que não o autor do texto.
2. Exemplificar o emprego incorreto da norma gramatical.
3. Marcar o uso de termos em sentido figurado.
4. Enfatizar a gravidade do problema de mau uso da vírgula.
5. Indicar o uso metalinguístico (em que a língua aponta para si mesma).

Estão corretos os itens:


(A) 1 e 3 apenas.
(B) 1, 2 e 4 apenas.
(C) 1, 3 e 5 apenas.
(D) 2, 3, 4 e 5 apenas.
(E) 1, 2, 3, 4 e 5.

10. (SEGEP/MA - Analista Ambiental - Pedagogo - FCC) Será que a internet está a matar a
democracia? Vyacheslav W. Polonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa pergunta na
revista Newsweek. E oferece argumentos a respeito que desaguam em águas tenebrosas.
A internet oferece palco político para os mais motivados (e despreparados). Antigamente, o cidadão
revoltado podia ter as suas opiniões sobre os assuntos do mundo. Mas, tirando o boteco, ou o bairro, ou
até o jornal do bairro, essas opiniões nasciam e morriam no anonimato.
Hoje, é possível arregimentar dezenas, ou centenas, ou milhares de "seguidores" que rapidamente
espalham a mensagem por dezenas, ou centenas, ou milhares de novos "seguidores". Quanto mais
radical a mensagem, maior será o sucesso cibernauta.
Mas a internet não é apenas um paraíso para os politicamente motivados (e despreparados). Ela tende
a radicalizar qualquer opinião sobre qualquer assunto.
A ideia de que as redes sociais são uma espécie de "ágora moderna", onde existem discussões mais
flexíveis e pluralistas, não passa de uma fantasia. A internet não cria debate. Ela cria trincheiras entre
exércitos inimigos.
(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2016/08/1801611)

Atente para as afirmações abaixo a respeito do 1 o parágrafo do texto.


I. O ponto de interrogação pode ser excluído, sem prejuízo para a correção e o sentido, por se tratar
de pergunta retórica.
II. As vírgulas isolam o aposto.
III. Na última frase do parágrafo, o pronome “que” retoma "argumentos".
IV. No contexto, o verbo “desaguar” está empregado em sentido figurado.

Está correto o que se afirma APENAS em:


(A) I e II.
(B) II, III e IV.
(C) II e III.
(D) I e IV.

Gabarito

01.E / 02.E / 03.E / 04.E / 05.A / 06.D / 07.B / 08.D / 09.C / 10.B

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


120
Comentários

01. Resposta: E
(A) O professor espera um, sim. O professor está esperando um (algo), e há uma afirmação (sim).
Quando a virgula é removida, ele fica ''esperando um sim''.
(B) Recebo, obrigada. A pessoa recebe e diz obrigado. Ao remover a vírgula, ela passa a receber de
forma obrigada, está sendo obrigada a receber.
(C) Não, vá ao estacionamento do campus. Com a vírgula, há uma negativa (não) e depois uma
ordem (vá ao estacionamento do campus). Sem a vírgula, há uma ordem para não ir ao estacionamento
do campus.
(D) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. Com a vírgula, há uma negativa (não) e
depois uma expressão de desejo, a pessoa quer abandonar as funções no trabalho. Sem a vírgula, ela
não quer abandonar as funções no trabalho.
(E) Hoje, podem ser adquiridas as impressoras licitadas. Tanto faz, com vírgula, ou sem vírgula,
as impressoras licitadas podem ser adquiridas hoje. Não há alteração de sentido.

02. Resposta: E
Conferindo as demais:
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma extensão de nossa personalidade.
Não se separa sujeito do predicado por vírgula.
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, são as principais causas da ira de trânsito.
Não se separa sujeito do predicado por vírgula.
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
Não se separa por vírgula verbo de seu complemento (no caso 'ocasionar' sendo VTD e
acidentes OD)
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque você está junto; com os outros motoristas
cujos comportamentos, são desconhecidos.
Não se separa por vírgula verbo de seu complemento
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circunstâncias, ceder à frustração para
que a raiva seja aliviada. (Correta)

03. Resposta: E
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e memorialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto
de Campos no Maranhão, em 1886, e FALECEU, no Rio de Janeiro em 1934.
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro que veio à ser considerado, o mais
celebre de sua obra: Memórias, crônica DO COMEÇO de sua vida.
c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na
fase em que ali encontrava-se um grupo de exÍmios escritores.
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto de Campos, começou a trabalhar cedo
no comércio, como meio de subsistÊncia.

04. Resposta: E
Trata-se aqui das pessoas mais velhas, que se apegam a seus hábitos passados. --> Natureza
EXPLICATIVA (Oração Subordinada Adjetiva Explicativa)
Trata-se aqui das pessoas mais velhas que se apegam a seus hábitos passados. --> Natureza
RESTRITIVA (Oração Subordinada Adjetiva Restritiva)

05. Resposta: A
Adjunto adverbial deslocado tradicional até três palavras, vírgula opcional

06. Resposta: D
a) A vírgula não pode separar o sujeito (o bolo...) do verbo (sumiu). Incorreta.
b) Há vírgula entre o sujeito (ele) e o verbo (retirou). Incorreta.
c) O ponto e vírgula está separando um aposto explicativo, quando na verdade deveria haver um sinal
de dois-pontos.
d) Essa é a vírgula que marca termo omitido (Zeugma).
Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. (Pretende cursar)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


121
07. Resposta: B
A alternativa A tem dois pontos que não deveriam aparecer na oração.

08. Resposta: D
O vocativo é o termo que tem a função de chamar, invocar ou interpelar dentro da oração.

09. Resposta: C
1- “Sempre aprendi que o advérbio deveria vir entre vírgulas, mesmo que, às vezes, a frase fique
truncada.
Quando vi que não colocou os advérbios entre vírgulas, senti que há uma esperança de me libertar
dessas verdadeiras amarras dos tempos escolares. Como pontuar, afinal, nesses casos?”
3- “vírgula solteira”
5- “...mesmo que, às vezes, a frase fique truncada”

10. Resposta: B
Item I = ERRADO.
Caso o ponto de interrogação for excluído, a frase (Será que a internet está a matar a democracia?)
perde o caráter de pergunta, de reflexão e passa a ser uma afirmação. A correção vai se prejudicar.
Item II = CERTO. As vírgulas isolam o aposto.
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou
especificá-lo melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.
O aposto se revela na seguinte passagem: Vyacheslav W. Polonski, um acadêmico da Universidade
de Oxford, faz essa pergunta na revista Newsweek.
Item III = CERTO. Na última frase do parágrafo, o pronome “que” retoma "argumentos".
A finalidade do pronome relativo é evitar a repetição do termo antecedente na oração em que ocorre.
Item IV = CERTO. No contexto, o verbo “desaguar” está empregado em sentido figurado.
Desaguar = Drenar, Enxugar, Lançar as águas em (falando do curso dos rios).

5.4 Concordância verbal e nominal

A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras a adequarem-se umas às outras


harmonicamente na construção frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras dependentes se
harmonizam, nas suas flexões.
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: gramatical ou lógica (segue os padrões
gramaticais vigentes); atrativa ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com valor
estilístico).

Concordância Nominal

A concordância nominal é a adequação entre o substantivo e os elementos que a ele se referem (artigo,
pronome, adjetivo).

Concordância do adjetivo adjunto adnominal - a concordância do adjetivo, com a função de adjunto


adnominal, efetua-se de acordo com as seguintes regras gerais:

O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Exemplo: O alto ipê
cobre-se de flores amarelas.
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero ou número diferentes, quando posposto,
poderá concordar no masculino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substantivo mais
próximo. Exemplos:

- No masculino plural:
“Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os vestidos decotados.” (Machado de Assis)
“Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.” (Herman Lima)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


122
- Com o substantivo mais próximo:
A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.

- Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral, com o mais próximo:


“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
“...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade, sexo e profissão; Seus planos e tentativas.;

- Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo substantivo determinado pelo artigo,
ocorrem dois tipos de construção, um e outro legítimos.
Estudo as línguas inglesa e francesa.
Estudo a língua inglesa e a francesa.

- Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a pronomes neutros indefinidos (nada,
muito, algo, tanto, que, etc.), normalmente ficam no masculino singular:
Sua vida nada tem de misterioso.
Seus olhos têm algo de sedutor.

Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito - a concordância do adjetivo predicativo com


o sujeito realiza-se consoante as seguintes normas:

- O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito simples:


A ciência sem consciência é desastrosa.
Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas.

- Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos do mesmo gênero, o predicativo


deve concordar no plural e no gênero deles:
O mar e o céu estavam serenos.
A ciência e a virtude são necessárias.

- Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de gêneros diversos, o predicativo


concordará no masculino plural:
O vale e a montanha são frescos.
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de Assis)

- Se o sujeito for representado por um pronome de tratamento, a concordância se efetua com o


sexo da pessoa a quem nos referimos:
Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto.
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano Suassuna)

O predicativo aparece às vezes na forma do masculino singular nas estereotipadas locuções é bom, é
necessário, é preciso, etc., embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural:
Bebida alcoólica não é bom para o fígado.
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis)

Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado pelo artigo e a concordância se faz não
com a forma gramatical da palavra, mas com o fato que se tem em mente:
Tomar hormônios às refeições não é mau.
É necessário ter muita fé.

Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o predicativo, efetua-se a concordância


normalmente:
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável)
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.” (Eça de Queirós)

Concordância do predicativo com o objeto - A concordância do adjetivo predicativo com o objeto


direto ou indireto subordina-se às seguintes regras gerais:

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


123
- O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto quando este é simples:
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos.
“Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Carlos de Laet)

- Quando o objeto é composto e constituído por elementos do mesmo gênero, o adjetivo se


flexiona no plural e no gênero dos elementos:
A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
Deixe bem fechadas a porta e as janelas.

- Sendo o objeto composto e formado de elementos de gênero diversos, o adjetivo predicativo


concordará no masculino plural:
Tomei emprestados a régua e o compasso.
Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha.

- Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso, concordar com o núcleo mais
próximo:
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos substantivos variáveis em gênero e número:
Temiam que as tomassem por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua empregada.

Concordância do particípio passivo - Na voz passiva, o particípio concorda em gênero e número


com o sujeito, como os adjetivos:
Foi escolhida a rainha da festa.
Foi feita a entrega dos convites.

Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um coletivo numérico, pode-se, em geral,
efetuar a concordância com o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vistos
pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em combate.
Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferentes, o particípio concordará no masculino
plural: Atingidos por mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que o clube e suas
ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de Andrade)

Concordância do pronome com o nome:


- O pronome, quando se flexiona, concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere:
“Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de
Alencar)
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alencar)

- O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes, flexiona-se no masculino
plural:
“Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
“A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda a sua sublimidade.” (Alexandre
Herculano)

- Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira
e desatino é o nosso!” (Manuel Bernardes)

- Os pronomes um... outro, quando se referem a substantivos de gênero diferentes, concordam no


masculino:
Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um ao outro.
“Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espírito.” (Alexandre Herculano)

- A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferentes, permanece também no masculino:


“A mulher do colchoeiro escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro agradeceram-
lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Machado de Assis)

- O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem outro fica no singular. Exemplos: Um e
outro livro me agradaram; Nem um nem outro livro me agradaram.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


124
Outros casos de concordância nominal - Registramos aqui alguns casos especiais de concordância
nominal:

- Anexo, incluso, leso: Como adjetivos, concordam com o substantivo em gênero e número.
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo.
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte.
Observação: Evite a locução em anexo.

- A olhos vistos: Locução adverbial invariável. Significa visivelmente.


“Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto)
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)

- Só: Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número com o substantivo. Como palavra
denotativa de limitação, equivalente de apenas, somente, é invariável.
Só eles estavam na sala.
Eles estavam sós, na sala iluminada.
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Estávamos a sós. Jesus despediu a multidão
e subiu ao monte para orar a sós.

- Possível: Usado em expressões superlativas, este adjetivo ora aparece invariável, ora flexionado:
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais requintados possível.” (Maria Helena
Cardoso)
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no português de hoje, para se usar, neste caso,
o adjetivo possível no plural.
O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia com a partícula o (o mais, o menos, o maior,
o menor, etc.)
Os prédios devem ficar o mais afastados possível.
O médico atendeu o maior número de pacientes possível.

- Adjetivos adverbiados: Certos adjetivos, como sério, claro, caro, barato, alto, raro, etc., quando
usados com a função de advérbios terminados em – mente, ficam invariáveis.
Vamos falar sério. (sério = seriamente)
Penso que falei bem claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. (ou mais barato)
Estas aves voam alto. (ou baixo)

Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como advérbios:


“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro)
“Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda Dantas)
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Guimarães)

- Todo: No sentido de inteiramente, completamente, costuma-se flexionar, embora seja advérbio:


Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca.
Esses índios andam todos nus.

Mas admite-se também a forma invariável:


Fiquei com os cabelos todo sujos de terá.
Suas mãos estavam todo ensanguentadas.

- Alerta: Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão, em estado de vigilância) é advérbio e,
portanto, invariável:
Os soldados ficaram alerta.
“Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de Andrade)

Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adjetivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


125
- Meio: Usada como advérbio, no sentido de um pouco, esta palavra é invariável.
A porta estava meio aberta.
As meninas ficaram meio nervosas.

- Bastante: Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente.


Não havia provas bastantes para condenar o réu.
Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz.

Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica um adjetivo:


As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.
Os emissários voltaram bastante otimistas.

- Menos: É palavra invariável.


Gaste menos água.
À noite, há menos pessoas na praça.

Questões

01. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo – FAEPESUL) Marque a alternativa em que
a concordância nominal esteja CORRETA:
(A) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá punições as instituições que não respeitarem a lei
vigente.
(B) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacionais, será anunciado na próxima semana.
(C) Foi inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos, novas obras da administração local.
(D) Prossegue implacável as denúncias contra governantes e empreiteiros do nosso país.
(E) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a realização das provas.

02. (Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPESUL) A alternativa que está coerente com as
regras da concordância nominal é:
(A) Ternos marrons-claros.
(B) Tratados lusos-brasileiros.
(C) Aulas teórico-práticas.
(D) Sapatos azul-marinhos.
(E) Camisas verdes-escuras.

03. (SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FAFIPA) Indique a alternativa que NÃO
apresenta erro de concordância nominal.
(A) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e a espanhola.
(B) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
(C) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
(D) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa.

04. (Petrobras - Técnico de Administração - CESGRANRIO)

O SER HUMANO DESTRÓI O QUE MAIS DIZ AMAR


As grandes perdas acontecem por pequenas decisões

Se leio a frase “O ser humano destrói o que mais diz amar”, pensando na loucura que a humanidade
vive hoje, não me sinto assim tão mal. Mas se, ao repetir mentalmente a frase, me lembro da discussão
que tive ontem com minha mulher porque não aceitei que não sei lidar com críticas, ou da forma bruta
com que tratei um dos meus filhos porque não consegui negociar e apelei para o meu pátrio-poder, ou da
forma como repreendo as pessoas que trabalham comigo quando não atingimos as metas da empresa,
sinto que essa afirmação tem mais verdade do que eu gostaria de admitir. AYLMER, Roberto. Escolhas:
algumas delas podem determinar o destino de uma pessoa, uma família ou uma nação. (Adaptado)

A frase em que a concordância nominal está INCORRETA é:


(A) Bastantes feriados prejudicam, certamente, a economia de um país.
(B) Seguem anexo ao processo os documentos comprobatórios da fraude.
(C) Eles eram tais qual o chefe nas tomadas de decisão.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


126
(D) Haja vista as muitas falhas cometidas, não conseguiu a promoção.
(E) Elas próprias resolveram, enfim, o impasse sobre o rumo da empresa.

05. (CISMEPAR/PR – Advogado – FAUEL) A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a


alternativa cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa:
(A) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meia honesta é pior que uma mentirosa
inteira.
(B) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus objetivos.
(C) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais distante o alvo, maior a dedicação.
(D) Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que se quer.

Gabarito

01.E / 02.C / 03.D / 04.B / 05.A

Comentários

01. Resposta: E
a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá (sofrerão) punições as instituições que não respeitarem
a lei vigente.
b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacionais, será (serão)anunciadas na próxima
semana.
c) Foi (foram)inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos, novas obras da administração
local.
d) Prossegue (Prosseguem implacáveis) implacável as denúncias contra governantes e
empreiteiros do nosso país.
e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a realização das provas.

02. Resposta: C
Quanto à letra "e", tem-se que o primeiro elemento do adjetivo composto permanecerá invariável:
Camisa verde-escura, então observe: plural do substantivo camisa é camisas verde é adjetivo, como se
trata de adjetivo composto, no caso verde-escura, apenas o segundo adjetivo, vai ao plural.
Ficando assim: Camisas verde - escuras.

03. Resposta: D
a) Errado - A bolsa brasileira, A argentina e A espanhola
b) Errado - Pseuda-aristocracia, deveria ser Pseudo
c) Errado - Os irmãos viajaram Sós.
d) Correta - A concordância deste adjetivo poderá ser com mais próximo ou com os dois

04. Resposta: B
A alternativa B, a palavra “anexo” concorda com documentos, então o correto seria assim: “Seguem
anexos”.

05. Resposta: A
''Meias verdades'' está correto, pois a palavra ''meia'' está concordando com o substantivo ''verdades''.
Porém, no trecho ''pessoa meia honesta'' está incorreto o emprego, posto que a palavra ''meia'' é
invariável diante de um adjetivo. O correto, portanto, seria:
''Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meio honesta é pior que uma mentirosa
inteira.'''

Concordância Verbal

Na concordância verbal, o verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguintes regras gerais:

O sujeito é simples - O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa.
Verbo depois do sujeito:
“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti)
“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


127
Verbo antes do sujeito:
Acontecem tantas desgraças neste planeta!
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar.

O sujeito é composto e da 3ª pessoa - O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva


geralmente este para o plural. Exemplos:
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar)
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar)
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma fonte perene.” (Machado de Assis)

- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa: Uma ânsia, uma aflição, uma angústia
repentina começou a me apertar à alma.

Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá concordar no plural ou com o substantivo
mais próximo:
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Elisa?” (Jorge Amado)
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” (Ricardo Ramos)

O sujeito é composto e de pessoas diferentes - se o sujeito composto for de pessoas diversas, o


verbo se flexiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a
2ª prevalece sobre a 3ª).
“Foi o que fizemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela e eu = nós)
“Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós)

Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:


- Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próximo, quando este se pospõe ao verbo:
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Castelo Branco)

- Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu + ele = vocês em vez de tu + ele = vós):
“...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)

As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor relativo, porquanto a escolha desta ou
daquela concordância depende, frequentemente, do contexto, da situação e do clima emocional que
envolvem o falante ou o escrevente.

Núcleos do sujeito unidos por ou - Neste caso há duas situações a considerar.


- Se a conjunção ou indicar exclusão ou retificação, o verbo concordará com o núcleo do sujeito mais
próximo:
Paulo ou Antônio será o presidente.
O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.

- E se o verbo irá para o plural se a ideia por ele expressa se referir ou puder ser atribuída a todos os
núcleos do sujeito:
“Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte a atravessavam de ponta a ponta.”
(Aníbal Machado) (Tanto um grito, como uma gargalhada, atravessavam a cidade.)
“Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-lhe.” (Camilo Castelo Branco)

Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no singular:


“A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos individuais.” (Vivaldo Coaraci)
“Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso dote.” (Viriato Correia)

Núcleos do sujeito unidos pela preposição com - Usa-se mais frequentemente o verbo no plural
quando se atribui a mesma importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos pela
preposição com.
Manuel com seu compadre construíram o barracão.
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo Branco)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


128
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevância ao primeiro elemento do sujeito e
também quando o verbo vier antes deste.
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa.
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde.
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com toda a corte.” (Luís de Camões)

Núcleos do sujeito unidos por nem - Quando o sujeito é formado por núcleos no singular unidos
pela conjunção nem, usa-se, comumente, o verbo no plural.
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos.
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger a tanto.” (Alexandre Herculano)

É preferível a concordância no singular:


- Quando o verbo precede o sujeito:
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, nem a pompa das folhas verdes...”
(Machado de Assis)
Não o convidei eu nem minha esposa.

- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atribuído a um dos elementos do sujeito:
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só uma cidade pode sediar a Olimpíada.)
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um candidato pode ser eleito governador.)

Núcleos do sujeito correlacionados - O verbo vai para o plural quando os elementos do sujeito
composto estão ligados por uma das expressões correlativas não só... mas também, não só como
também, tanto...como, etc.
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” (Alexandre Herculano)
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocentes.” (Alexandre Herculano)

Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém - Quando o sujeito composto vem resumido por um
dos pronomes, tudo, nada, ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome resumidor.
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, estouvado, tudo isso me levou a fazer uma
coisa única.” (Machado de Assis)
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo.

Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa - O verbo concorda no singular quando
os núcleos do sujeito designam a mesma pessoa ou o mesmo ser.
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!”
(Carlos Drummond Andrade)
“Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o registro, o protesto, em nome dos
telespectadores.” (Valério Andrade)

Núcleos do sujeito infinitivos - O verbo concordará no plural se os infinitivos forem determinados


pelo artigo ou exprimirem ideias opostas; caso contrário, tanto é lícito usar o verbo no singular como no
plural.
Rir e chorar fazem parte da vida
Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino.
“Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava trabalho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)

Sujeito oracional - Concorda no singular o verbo cujo sujeito é uma oração.


Ainda falta / comprar os cartões.
Predicado Sujeito Oracional

Estas são realidades que não adianta esconder.


Sujeito de adianta: esconder que (as realidades)

Sujeito Coletivo - O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo no singular. A multidão
vociferava ameaças.
O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


129
- Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o especifique e anteceder ao verbo, este poderá
ir para o plural, quando se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos, efetuando-se
uma concordância não gramatical, mas ideológica:
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres penetraram na caverna...” (Alexandre
Herculano)
“Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão no mar....” (Camilo Castelo Branco)

Sujeito de expressões quantitativas - a maior parte de, parte de, a maioria de, grande número de,
etc., seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir para o
singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma concordância estritamente gramatical (com o
coletivo singular) ou uma concordância enfática, expressiva, com a ideia de pluralidade sugerida pelo
sujeito.
A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto Freire)
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito juízo.” (Machado de Assis)

Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos exemplos, a concordância se efetua no
singular. Como se vê dos exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legítimas,
porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve escolher a que julgar mais adequada à
situação. Pode-se, portanto, no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância não com
a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de pluralidade que elas encerram e sugerem à nossa
mente. Essa concordância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como se pode perceber
relendo as frases citadas de Machado de Assis, Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de
Holanda, e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular.

Um e outro, nem um nem outro - O sujeito sendo uma dessas expressões, o verbo concorda, de
preferência, no plural.
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Hernâni Cidade)
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálogo.” (Fernando Namora)

Um ou outro - O verbo concorda no singular com o sujeito um ou outro.


“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Machado de Assis)
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado de Assis)

Um dos que, uma das que - Quando, em orações adjetivas restritivas, o pronome que vem antecedido
de um dos ou expressão análoga, o verbo da oração adjetiva flexiona-se, em regra, no plural:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Alexandre Herculano)
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós.” (Machado de Assis)

Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos escritores modernos. Todavia, não é prática
condenável fugir ao rigor da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular (fazendo-o
concordar com a palavra um), quando se deseja destacar o indivíduo do grupo, dando-se a entender que
ele sobressaiu ou sobressai aos demais:
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros.
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originalidade e importância da literatura
brasileira.” (João Ribeiro)

Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência, deveriam condenar também a
comumente aceita em construções anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de
nós somos completamente felizes? O verbo fica obrigatoriamente no singular quando se aplica apenas
ao indivíduo de que se fala, como no exemplo:
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o único empregado que não sabe ler.)

Ressalte-se, porém, que nesse caso é preferível construir a frase de outro modo:
Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.

Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões com sentido de foco, o mais acertado é usar
no plural o verbo da oração adjetiva:
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


130
Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as secas.
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar a crise.

Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas orações adjetivas explicativas, nas quais o
pronome que é separado de seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada pelo
sentido da frase:
Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi chamar o pai. (Só um menino estava
sentado.)
Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos, soltou um grito de protesto. (Todos os
cinco homens assistiam à cena.)

Mais de um - O verbo concorda, em regra, no singular. O plural será de rigor se o verbo exprimir
reciprocidade, ou se o numeral for superior a um.
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.

Quais de vós? Alguns de nós - Sendo o sujeito um dos pronomes interrogativos quais? quantos?
Ou um dos indefinidos alguns, muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógico, na 3ª pessoa do plural:
“Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cerqueira)
“Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Herculano)

- Estando o pronome no singular (3ª pessoa) ficará o verbo:


Qual de vós testemunhou o fato?
Nenhuma de nós a conhece.
Nenhum de vós a viu?
Qual de nós falará primeiro?

Pronomes quem, que, como sujeitos - O verbo concordará, em regra, na 3ª pessoa, com os
pronomes quem e que.
Sou eu quem responde pelos meus atos.
Eram elas quem fazia a limpeza da casa.

Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância com o sujeito da oração principal:


“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias)
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo Ramos)

A concordância do verbo precedido do pronome relativo que far-se-á obrigatoriamente com o sujeito
do verbo (ser) da oração principal, em frases do tipo:
Sou eu que pago.
És tu que vens conosco?
Somos nós que cozinhamos.
Eram eles que mais reclamavam.

Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a palavra que como elementos expletivos
ou enfatizantes, portanto não necessários ao enunciado. Assim:
Sou eu que pago. (= Eu pago)
Somos nós que cozinhamos. (= Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a salvaram.)
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste caso, tanto o verbo ser como o outro
devem concordar com o pronome ou substantivo que precede a palavra que.

Concordância com os pronomes de tratamento - Os pronomes de tratamento exigem o verbo na


3ª pessoa, embora se refira à 2ª pessoa do discurso.
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo.
“Espero que V.S.ª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


131
Concordância com certos substantivos próprios no plural - Certos substantivos próprios de forma
plural, como Estados Unidos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural quando se
usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no singular.
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduardo Prado)
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo.

Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no singular, sobretudo com o verbo ser
seguido de predicativo no singular:
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por detrás do mago.” (Paulo Coelho)

A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica, porque se efetua não com a palavra
(Valkírias, Sertões, Férias de El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte-se, porém,
que é também correto usar o verbo no plural:
As Valkírias mostram claramente o homem...
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e de protesto.” (Alfredo Bosi)

Concordância do verbo passivo - Quando apassivado pelo pronome apassivador se, o verbo
concordará normalmente com o sujeito:
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
“Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)

Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não devem ser seguidos:
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricardo Ramos)
“Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)

Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares poder e dever, na voz passiva sintética, o
verbo auxiliar concordará com o sujeito.
Não se podem cortar essas árvores. (Sujeito: árvores; locução verbal: podem cortar)
Devem-se ler bons livros. (= Devem ser lidos bons livros) (sujeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
“Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas memoráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.”
(Sérgio Buarque de Holanda)
“Em Santarém há poucas casas particulares que se possam dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida
Garrett)

Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso,
não há locução verbal e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
Não se pode cortar essas árvores. (Sujeito: cortar essas árvores; predicado: não se pode)
Deve-se ler bons livros. (Sujeito: ler bons livros; predicado: deve-se)

Em síntese: de acordo com a interpretação que se escolher, tanto é lícito usar o verbo auxiliar no
singular como no plural. Portanto:
“Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
“Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de Assis)

Verbos impessoais - Os verbos haver, fazer (na indicação do tempo), passar de (na indicação de
horas), chover e outros que exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como impessoais,
ficam na 3ª pessoa do singular:
“Havia já dois anos que nós não nos víamos.” (Machado de Assis)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal malvado...” (Camilo Castelo Branco)
“Passava das duas horas”

- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que forma locução com os verbos
impessoais haver ou fazer:
Vai haver grandes festas.
Começou a haver abusos na nova administração.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


132
- O verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em grande quantidade), deixa de ser
impessoal e, portanto concordará com o sujeito:
Choviam pétalas de flores.
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de Andrade)

- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, impessoal, por haver, existir. Nem faltam
exemplos em escritores modernos:
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um banco embaixo.” (José Geraldo Vieira)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drummond de Andrade)

- Lembre-se: Existir não é verbo impessoal.


Nesta cidade existem (e não existe) bons médicos.
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas.

Concordância do verbo ser - O verbo de ligação ser concorda com o predicativo nos seguintes
casos:
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou aquilo:
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo)
Na mocidade tudo são esperanças.

- A concordância com o sujeito, embora menos comum, é também lícita:


“Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias)
“O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha coroa.” (Camilo Castelo Branco)

- O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado de dois núcleos no singular:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)

- Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o predicativo um substantivo plural:


“A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco)
“A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis)

- O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará o verbo ser:


Emília é os encantos de sua avó.
Abílio era só problemas.

- Dá-se também a concordância no singular com o sujeito que:


“Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário que breve será cinzas como eu.” (Camilo
Castelo Branco)

- Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sentido coletivo ou partitivo, e o predicativo um


substantivo no plural:
“A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
A maior parte eram famílias pobres.

- Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um substantivo, e o sujeito não é pronome pessoal


reto:
“O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
“Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)
“O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali)

Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.

- Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou a palavra coisa:


Divertimentos é o que não lhe falta.
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)

- Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, é mais que (ou do que), é menos que (ou do
que), etc., cujo sujeito exprime quantidade, preço, medida, etc.:
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


133
Dois mil dólares é pouco.

- Na indicação das horas, datas e distância o verbo ser é impessoal (não tem sujeito) e concordará
com a expressão designativa de hora, data ou distância:
Era uma hora da tarde.
“Seriam seis e meia da tarde.” (Raquel de Queirós)
“Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)

OBSERVAÇÕES:

- Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o verbo no singular, concordando com a ideia implícita de “dia”:
“Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia seis de março.)
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft)

- Estando a expressão que designa horas precedida da locução perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular:
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis)
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Machado de Assis)

- O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do singular, em frases como: Quando o trem chegou, passava das sete horas.

Locução de realce é que


O verbo ser permanece invariável na expressão expletiva ou de realce é que:
Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a ordem aqui.)
Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)

- Da mesma forma se diz, com ênfase:


“Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós)
“Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira junto do palco.” (Graciliano Ramos)

Observação - O verbo ser é impessoal e invariável em construções enfáticas como:


Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoitavam os escravos.)
Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois se desentenderam.)

Era uma vez


Por tradição, mantém-se invariável a expressão inicial de histórias era uma vez, ainda quando seguida
de substantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros andantes.

A não ser
É geralmente considerada locução invariável, equivalente a exceto, salvo, senão.
Nada restou do edifício, a não ser escombros.
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia.

- Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o concordar com o substantivo seguinte,
convertido em sujeito da oração infinitiva. Exemplos:
“As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e desgostos.” (Machado de Assis)
“A não serem os antigos companheiros de mocidade, ninguém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro
Lins)

Haja vista
A expressão correta é haja vista, e não haja visto. Pode ser construída de três modos:
Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se para os livros)

- A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste modo.


Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista.
A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado.
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão, evidentemente, permanece invariável: A
situação é preocupante; haja vista o incidente de sábado.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


134
Bem haja. Mal haja
Bem haja e mal haja usam-se em frases optativas e imprecativas, respectivamente. O verbo
concordará normalmente com o sujeito, que vem sempre posposto:
“Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
Bem hajam os promovedores dessa campanha!

Concordância dos verbos bater, dar e soar


Referindo-se às horas, os três verbos acima concordam regularmente com o sujeito, que pode ser
hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou relógio:
“Bateram quatro da manhã em três torres há um tempo...” (Mário Barreto)
“Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nunes.” (Machado de Assis)
“Deu uma e meia.” (Said Ali)

Passar, com referência às horas, no sentido de ser mais de, é verbo impessoal, por isso fica na 3ª
pessoa do singular: Quando chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa das oito
horas – disse ela ao filho.

Concordância do verbo parecer


Em construções com o verbo parecer seguido de infinitivo, pode-se flexionar o verbo parecer ou o
infinitivo que o acompanha:
As paredes pareciam estremecer. (Construção corrente)
As paredes parecia estremecerem. (Construção literária)

Em análise da construção dois: parecia (oração principal) as paredes estremeceram (oração


subordinada substantiva subjetiva).

- Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará no singular:


“Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília Meireles)
“Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam com a enxada.” (José Américo)

Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo ver na voz passiva: “Viam-se entrar
mulheres e crianças.” Ou “Via-se entrarem mulheres e crianças.”

Concordância com o sujeito oracional


O verbo cujo sujeito é uma oração concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular:
Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
Verbo sujeito (oração subjetiva)
Faltava / dar os últimos retoques.
Verbo sujeito (oração subjetiva)

Concordância com sujeito indeterminado


O pronome se pode funcionar como índice de indeterminação do sujeito. Nesse caso, o verbo concorda
obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular. Exemplos;
Em casa, fica-se mais à vontade.
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.

Concordância com os numerais milhão, bilhão e trilhão


Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substantivo no plural, levam, de preferência, o
verbo ao plural. Exemplos:
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão.
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manutenção de cada Ciep.

- Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por isso, devem concordar no masculino os
artigos, numerais e pronomes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três milhares de
plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões de criaturas, etc.
- Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjetivo podem concordar, no masculino, com
milhões, ou, por atração, no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões de sacas de soja
estão ali armazenados (ou armazenadas) no próximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de
trigo. Os dois milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


135
Concordância com numerais fracionários
De regra, a concordância do verbo efetua-se com o numerador.
“Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou atocaiado perto...” (Autran Dourado)
“Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)

- Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural, quando o número fracionário, seguido
de substantivo no plural, tem o numerador 1, como nos exemplos:
Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul do Pará.
Um quinto dos homens eram de cor escura.

Concordância com percentuais


Em casos onde o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de
substantivo, a concordância ocorre entre verbo e substantivo.
- 30% do orçamento do Brasil será destinado à Segurança.
- 70% dos entrevistados têm dúvida.
- 1% da população não votou.
- 1% dos municípios prosperaram.

Já quando essa expressão indicadora de porcentagem não for seguida de substantivo, a concordância
ocorre entre verbo e número:
- 40% aceitam a reforma.
- 1% diz não saber.

Concordância com o pronome nós subentendido


O verbo concorda com o pronome subentendido nós em frases do tipo:
Todos (nós) estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos preocupados.)
Os dois (nós) vivíamos felizes. (= Nós dois vivíamos felizes.)

Não restam senão ruínas


Em frases negativas em que senão equivale a mais que, a não ser, e vem seguido de substantivo no
plural, costuma-se usar o verbo no plural, fazendo-o concordar com o sujeito oculto outras coisas.
Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não restam outras coisas senão ruínas.)
“Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios queimados.” (Alexandre Herculano)

- Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efetuar a concordância do verbo no singular com
o sujeito subentendido nada:
Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou seja: não resta nada, senão ruínas.)
Ali não se via senão (ou mais que) escombros.

Concordância com formas gramaticais


Palavras no plural com sentido gramatical e função de sujeito exigem o verbo no singular:
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome pessoal.)
Na placa estava “veículos”, sem acento.

Mais de, menos de


O verbo concorda com o substantivo que se segue a essas expressões:
Mais de cem pessoas perderam suas casas, na enchente.
Sobrou mais de uma cesta de pães.

Questões
01. (TRF 3ª Região - Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC) A respeito da concordância
verbal, é correto afirmar:
(A) Em "A aquisição de novas obras devem trazer benefícios a todos os frequentadores", a
concordância está correta por se tratar de expressão partitiva.
(B) Em "Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus", a concordância está correta, uma vez que
o núcleo do sujeito é "cerca".
(C) Na frase "Hão de se garantir as condições necessárias à conservação das obras de arte", o verbo
"haver" deveria estar no singular, uma vez que é impessoal.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


136
(D) Em "Acredita-se que 25% da população frequentem ambientes culturais", a concordância está
correta, uma vez que a porcentagem é o núcleo do segmento nominal.
(E) Na frase "A maioria das pessoas não frequentam o museu", o verbo encontra-se no plural por
concordar com "pessoas", ainda que pudesse, no singular, concordar com "maioria".

02. (Petrobras - Técnico de Administração - CESGRANRIO)

O SER HUMANO DESTRÓI O QUE MAIS DIZ AMAR


As grandes perdas acontecem por pequenas decisões

Se leio a frase “O ser humano destrói o que mais diz amar”, pensando na loucura que a humanidade
vive hoje, não me sinto assim tão mal. Mas se, ao repetir mentalmente a frase, me lembro da discussão
que tive ontem com minha mulher porque não aceitei que não sei lidar com críticas, ou da forma bruta
com que tratei um dos meus filhos porque não consegui negociar e apelei para o meu pátrio-poder, ou da
forma como repreendo as pessoas que trabalham comigo quando não atingimos as metas da empresa,
sinto que essa afirmação tem mais verdade do que eu gostaria de admitir. AYLMER, Roberto. Escolhas:
algumas delas podem determinar o destino de uma pessoa, uma família ou uma nação. (Adaptado)

A concordância verbal está corretamente estabelecida em:


(A) Foi três horas de viagem para chegar ao local do evento.
(B) Há de existir prováveis discussões para a finalização do projeto.
(C) Só foi recebido pelo coordenador quando deu cinco horas no relógio.
(D) Fazia dias que participavam do processo seletivo em questão.
(E) Choveu aplausos ao término da palestra do especialista em Gestão.

03. (UFES - Engenheiro Civil - UFES) A concordância verbal está INCORRETA em:
(A) Houve vários debates sobre o abastecimento de água.
(B) Observaram-se, daquele local, diversas propostas interessantes.
(C) Os resultados das discussões é que foram positivos.
(D) Existem pessoas muito bem intencionadas ainda hoje.
(E) Surgiu, após acalorada discussão, boas soluções.

04. (UFES - Técnico em Contabilidade - UFES) A concordância verbal está CORRETA em:
(A) Os Estados Unidos devem superar o crescimento global.
(B) Cerca de dez mil candidatos se inscreveu para o concurso da UFES.
(C) Minas Gerais produzem mais de 50% de toda a safra brasileira de café.
(D) Mais de um jornal fizeram alusão ao aumento do dólar.
(E) Filmes, leituras, boas conversas, nada os tiravam da apatia.

05. (COPEL – Contador Júnior - NC-UFPR) Assinale a alternativa em que os verbos sublinhados
estão corretamente flexionados quanto à concordância verbal:
(A) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente a nova edição do relatório Smoke-
free movies (Filmes sem cigarro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens de pessoas
fumando deveria receber classificação indicativa para adultos.
(B) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis países europeus, que alcançaram bilheterias
elevadas (incluindo alemães, ingleses e italianos), continha cenas de pessoas fumando em filmes
classificados para menores de 18 anos.
(C) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” como uma espécie de última fronteira para
anúncios, mensagens subliminares e patrocínios, já que uma série de medidas em diversos países
passou a restringir a publicidade do tabaco.
(D) E 90% dos filmes argentinos também exibiu imagens de fumo em filmes para jovens.
(E) Os especialistas da organização citam estudos que mostram que quatro em cada dez crianças
começa a fumar depois de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.

Gabarito

01.E / 02.D / 03.E / 04.A / 05.C

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


137
Comentários

01. Resposta: E
Aqui temos um caso de coletivo partitivo, ou seja, quando o sujeito é um coletivo ou partitivo
(exército, alcateia, rebanho, a maior parte de, a maioria dos etc.) seguido de complemento plural, a
concordância verbal pode ser feita com o verbo no singular (concordando com o núcleo do coletivo
partitivo) ou no plural (concordando com o complemento). ex: A maioria dos viciados não
consegue/conseguem libertar-se da dependência.

02. Resposta: D
O verbo “fazer”, quando indica um tempo decorrido, é impessoal e não tem plural. Sempre conjugado
na 3ª pessoa do singular.

03. Resposta: E
Surgiu o que? O texto aponta boas soluções, então o verbo surgir deve ir para o plural. O correto
“Surgiram boas soluções”.

04. Resposta: A
Quando aparece o artigo vai para o plural o verbo: “Os Estados Unidos devem superar”.
Sem artigo fica no singular: “Estados Unidos deve superar.

05. Resposta: C
a) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente a nova edição do relatório Smoke-
free movies (Filmes sem cigarro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens de pessoas
fumando deveriam receber classificação indicativa para adultos.
b) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis países europeus, que alcançaram
bilheterias elevadas (incluindo alemães, ingleses e italianos), continham cenas de pessoas fumando em
filmes classificados para menores de 18 anos.
c) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” como uma espécie de última fronteira para
anúncios, mensagens subliminares e patrocínios, já que uma série de medidas em diversos países
passou a restringir a publicidade do tabaco.
d) E 90% dos filmes argentinos também exibiram imagens de fumo em filmes para jovens.
e) Os especialistas da organização citam estudos que mostram que quatro em cada dez crianças
começam a fumar depois de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.

Emprego do sinal indicativo de crase

CRASE38

Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição “a” e o artigo a(s), podendo ser também
a preposição “a” e o pronome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial dos pronomes
demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo. Essa superposição é marcada por um acento grave (`).
Assim, em vez de escrevermos:
Entregamos a mercadoria a a vendedora.
Esta blusa é igual a a que compraste.
Eles deveriam ter comparecido a aquela festa.

Devemos sobrepor os dois “a” e indicar esse fato com um acento grave:
Entregamos a mercadoria à vendedora.
Esta blusa é igual à que compraste.
Eles deveriam ter comparecido àquela festa.

O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois, a crase, mas é um mero sinal gráfico que
indica ter havido a união de dois “a” (crase).

38 https://blog.maxieduca.com.br/crase-mandamentos/

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


138
Para haver crase, é indispensável a presença da preposição “a”, que é um problema de regência. Por
isso, quanto mais conhecer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será para ele ter o domínio
sobre a crase.

Não existe Crase

- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho; Vieram a pé; Vende-se a prazo.
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter alucinações.
- Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma firma; Refiro-me a uma pessoa educada.
- Antes de expressão de tratamento introduzida pelos pronomes possessivos Vossa ou Sua ou
ainda da expressão Você, forma reduzida de Vossa Mercê: Enviei dois ofícios a Vossa Senhoria; Eles
queriam oferecer flores a você.
- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não me refiro a esta carta; Os críticos não
deram importância a essa obra.
- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-se a mim com ironia.
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra: Direi isso a qualquer pessoa; A entrada
é vedada a toda pessoa estranha. Com o pronome indefinido outra(s), pode haver crase porque ele, às
vezes, aceita o artigo definido a(s): As cartas estavam colocadas umas às outras (no masculino, ficaria
“os cartões estavam colocados uns aos outros”).
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte estiver no plural: Falei a vendedoras desta
firma; Refiro-me a pessoas curiosas.
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compareceu perante a direção da empresa; Os
papéis estavam sob a mesa.
Exceção feita, às vezes, para até, por motivo de clareza: A água inundou a rua até à casa de Maria (=
a água chegou perto da casa); se não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo: a água
inundou a rua até a casa de Maria (= inundou inclusive a casa). Quando até significa “perto de”, é
preposição; quando significa “inclusive”, é partícula de inclusão.
- Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a gota; Enfrentaram-se cara a cara.
- Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O doente foi submetido a dieta leve (no
masc. = foi submetido a repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a saia e blusa (no masc.
= prefiro terninho a vestido).
- Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que artista te referes?
- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifício, o esforço), não ocorre crase, pois
o “a” é artigo definido: Parodiando Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena...

A Crase é Facultativa

- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegrama à Marisa; Enviamos um telegrama a


Marisa. Em português, antes de um nome de pessoa, pode-se ou não empregar o artigo “a” (“A Marisa é
uma boa menina”. Ou “Marisa é uma boa menina”). Por isso, mesmo que a preposição esteja presente,
a crase é facultativa.
Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma expressão que o determine, haverá crase
porque o artigo definido estará presente. Dedico esta canção à Candinha do Major Quevedo. [A (artigo)
Candinha do Major Quevedo é fanática por seresta.]
- Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular: Pediu informações à minha secretária;
Pediu informações a minha secretária. A explicação é idêntica à do item anterior: o pronome adjetivo
possessivo aceita artigo, mas não o exige (“Minha secretária é exigente.” Ou: “A minha secretária é
exigente”). Portanto, mesmo com a presença da preposição, a crase é facultativa.

Casos Especiais

- Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que admitem artigo antes de si e as que não o
admitem. Por aí se deduz que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença de preposição,
pode ocorrer crase; diante das segundas, não. Para se saber se o nome de uma localidade aceita artigo,
deve-se substituir o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se ocorrer a combinação “na” com o verbo
estar ou “da” com o verbo vir, haverá crase com o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou “de”, não
haverá crase:
Enviou seus representantes à Paraíba (estou na Paraíba; vim da Paraíba);
O avião dirigia-se a Santa Catarina (estou em Santa Catarina; vim de Santa Catarina)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


139
Dica: Vou à, volto da, crase há. Vou em, volto de, crase pra quê?

- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: quando a preposição “a” surge diante
desses demonstrativos, devemos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstrativos e indicar
o fenômeno mediante um acento grave: Enviei convites àquela sociedade (= a + aquela); A solução não
se relaciona àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção àquilo (= a + aquilo). A simples
interpretação da frase já nos faz concluir se o “a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo.
Entretanto, para maior segurança, podemos usar o seguinte artifício: Substituir os demonstrativos
aquele(s), aquela(s), aquilo pelos demonstrativos este(s), esta(s), isto, respectivamente. Se, antes destes
últimos, surgir a preposição “a”, estará comprovada a hipótese do acento de crase sobre o “a” inicial dos
pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. Se não surgir a preposição “a”, estará negada a hipótese de crase.
Enviei cartas àquela empresa. / Enviei cartas a esta empresa; A solução não se relaciona àqueles
problemas. / A solução não se relaciona a estes problemas; Não dei atenção àquilo. / Não dei atenção a
isto.

- Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”, “domicílio” e não vem acompanhada de
adjetivo ou locução adjetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que saiu do escritório, dirigiu-
se a casa; Iremos a casa à noitinha. Mas, se a palavra casa estiver modificada por adjetivo ou locução
adjetiva, então haverá crase: Levaram-me à casa de Lúcia; Dirigiram-se à casa das máquinas; Iremos à
encantadora casa de campo da família Sousa.

- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra significa o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os
marinheiros ficaram felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a terra na hora prevista.
Há crase, quando a palavra significa “solo”, “planeta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono
dedicou à terra os melhores anos de sua vida; Voltei à terra onde nasci; Viriam à Terra os marcianos?

- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra distância, a menos que se trate de distância
determinada: Via-se um monstro marinho à distância de quinhentos metros; Estávamos à distância de
dois quilômetros do sítio, quando aconteceu o acidente.
Mas: A distância, via-se um barco pesqueiro; Olhava-nos a distância.

- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um substantivo (expresso ou implícito) como
antecedente. Para saber se existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se substituir esse
antecedente por um substantivo masculino. Se o “a” se transforma em “ao”, há crase diante do relativo.
Mas, se o “a” permanece inalterado ou se transforma em “o”, então não há crase: é preposição pura
ou pronome demonstrativo: A carreira à qual aspiro é almejada por muitos. (O trabalho ao qual aspiro é
almejado por muitos.); A fábrica a que me refiro precisa de empregados. (O escritório a que me refiro
precisa de empregados.).
Na passagem do antecedente para o masculino, o pronome relativo não pode ser substituído, sob
pena de falsear o resultado: A festa a que compareci estava linda (no masculino = o baile a que compareci
estava lindo). Como se viu, substituímos festa por baile, mas o pronome relativo que não foi substituído
por nenhum outro (o qual etc.).

Crase Obrigatória

- Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções adverbiais ou locuções conjuntivas


que tenham como núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa, às cegas, à noite, às vezes, às
escuras, à medida que, às pressas, à custa de, à vontade (de), às oito horas, etc.
É bom não confundir a locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes de, em que não
há crase porque o “as” é artigo definido puro: Ele se aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em
quando); Quando o maestro falta ao ensaio, o violinista faz as vezes de regente (= o violinista substitui o
maestro).

- Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora determinada: Ele saiu às treze horas e
trinta minutos; Chegamos à uma hora.
Cuidado para não confundir a, à e há com a expressão uma hora:
Disseram-me que, daqui a uma hora, Teresa telefonará de São Paulo (= faltam 60 minutos para o
telefonema de Teresa);

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


140
Paula saiu daqui à uma hora; duas horas depois, já tinha mudado todos os seus planos (= quando ela
saiu, o relógio marcava 1 hora);
Pedro saiu daqui há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu).

- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) estiver subentendida: Nesse caso,
mesmo que a palavra subsequente seja masculina, haverá crase: No banquete, serviram lagosta à
Termidor; Nos anos 60, as mulheres se apaixonavam por homens que tinham olhos à Alain Delon.

- Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, etc. estiverem subentendidas: Dirigiu-
se à Marechal Floriano (= dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner (fomos à loja Renner);
Telefonem à Guaíba (= telefonem à rádio Guaíba).

- Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião é semelhante à dos hindus (= à religião
dos hindus).

- Com o pronome substantivo possessivo feminino no singular ou plural, o uso de acento


indicativo de crase não é facultativo (conforme o caso será proibido ou obrigatório): A minha cidade é
melhor que a tua. O acento indicativo de crase é proibido porque, no masculino, ficaria assim: O meu sítio
é melhor que o teu (não há preposição, apenas o artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O
acento indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, ficaria assim: Este quadro é semelhante
ao nosso (presença de preposição + artigo definido).

- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira expressão pede preposição “a”, havendo
crase antes de palavra feminina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão de ontem, houve
um mal-estar no ambiente (= devido ao barulho de ontem, houve...); A segunda expressão não aceita
preposição “a” (o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, pois, crase): Dada a questão primordial
envolvendo tal fato (= dado o problema primordial...); Dadas as respostas, o aluno conferiu a prova (=
dados os resultados...).

Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos anteriores, devemos substituir a palavra
feminina por outra masculina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” no masculino, haverá crase no
“a” do feminino. Se ocorrer “a” ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. O problema,
para muitos, consiste em descobrir o masculino de certas palavras como “conclusão”, “vezes”, “certeza”,
“morte”, etc. É necessário então frisar que não há necessidade alguma de que a palavra masculina tenha
qualquer relação de sentido com a palavra feminina: deve apenas ter a mesma função sintática: Fomos
à cidade comprar carne. (ao supermercado); Pedimos um favor à diretora. (ao diretor).

Questões

01. (UFAL – Engenheiro Mecânico – COPEVE-UFAL/2019)

Uso da CRASE: Assinale a alternativa em que o uso da Crase é facultativo.

A) O Diretor se opôs a nossa pretensão de utilizar o laboratório em qualquer horário


B) Consegui a minha certificação em Inglês com nota nove
C) A vítima foi submetida a tortura e a maus tratos
D) É de boa educação ceder lugar nos ônibus às pessoas mais velhas
E) Os defensores do meio ambiente estão sempre atentos a novidades nas pesquisas sobre o clima

02. (Prefeitura de Porto Moz-PA – Agente Administrativo – FUNRIO/2019)

Assinale a alternativa em que há ocorrência de crase.


A) Ela esteve, a noite, em minha casa.
B) Ele voltou a casa muito tarde.
C) O diretor referiu-se a quaisquer pessoas.
D) Por que ele fica a gritar?
F) Chegarei daqui a dois dias.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


141
03. (Prefeitura de Peruíbe/SP – Secretário de Escola – VUNESP/2019)

O sinal indicativo de crase está empregado corretamente em:


A)Ela tem muito apego à família e aos amigos.
B)Ela se apega facilmente à qualquer pessoa.
C)Ela é apegada à bebidas, livros e sonhos.
D)Ele se apegou com obsessão à esta mágoa.
E)Ele é apegado à todos os tipos de prazer.

Gabarito

01.B / 02. A / 03. A /

Comentários

01. Resposta B
É facultativo o uso do sinal indicativo de crase antes de pronomes possessivos femininos, tal qual o
trecho da frase “opôs a nossa pretensão”.

02. Resposta B
Ocorre crase em expressões adverbiais femininas. Há crase, portanto, na expressão adverbial ‘à noite’.

03. Resposta A
Ocorre crase antes de palavras femininas, portanto há essa ocorrência antes da palavra feminina
‘família’.

Colocação dos pronomes átonos

Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação dos pronomes oblíquos átonos. Tais
pronomes situam-se em três posições:
- Antes do verbo (próclise): Não te conheço.
- No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei.
- Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor.

Próclise

Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido das seguintes partículas atrativas:
- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim.
- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo,
usa-se a ênclise: Agora, negam-se a depor.
- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que se identificaram com rapidez.
- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.
- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a autorização solicitada.

Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada pelo próprio tipo de frase em que se
localiza o pronome.
- Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso?
- Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse procedimento!
- Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. Se, nas frases optativas, o sujeito vem depois
do verbo, usa-se a ênclise: Proteja-nos Deus.

Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também pela forma verbal a que se prende o
pronome.
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de negação: Em se ausentando, complicou-se; Não se
satisfazendo com os resultados, mudou de método.
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
142
- Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se acharem infalíveis, caíram no ridículo.

Mesóclise

Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o futuro do presente e o futuro do pretérito,
assim quando não vierem precedidos de palavras atrativas. Exemplos:
Confrontar-se-ão os resultados.
Confrontar-se-iam os resultados.

Mas:
Não se confrontarão os resultados.
Não se confrontariam os resultados.

Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o futuro do pretérito sob hipótese alguma. Será
contrária à norma culta escrita, portanto, uma colocação do tipo:
Diria-se que as coisas melhoraram. (Errado)
Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (Correto)

Ênclise

Usa-se a ênclise nos seguintes casos:


- Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus compromissos.
- Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícula negativa: Falando-se de comércio
exterior, progredimos muito.

Mas
Em se plantando no Brasil, tudo dá.
Não se falando em futebol, ninguém briga.
Ninguém me provocando, fico em paz.

- Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te. Se o infinitivo vier precedido de palavra
atrativa, ocorre tanto a próclise quanto a ênclise.
Espero com isto não te magoar.
Espero com isto não magoar-te.

- No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis, ficam os dedos. Decorre daí a afirmação
de que, na variante culta escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Causou-me surpresa a
tua reação.

Ênclise Eufônica
Tudo que é relacionado39 à eufonia, é relativo à qualidade sonora, ou seja, aquilo que se revela
agradável de ouvir, de pronunciar. O fato é que não se trata de nada assim tão complexo, haja vista que
tal ocorrência linguística se manifesta pela posição em que deve se encontrar o pronome oblíquo átono.
Vamos compreender acerca dos aspectos eufônicos na colocação pronominal. Dessa forma, dada a
realidade de que as regras regidas pela gramática devem nortear nossa conduta enquanto usuários, esse
fato ao qual nos referimos também se encontra submetido a tais regras. Assim, colocando em prática tal
assertiva, analisemos ambos os exemplos abaixo:

Nunca pedi-te para acreditar nela.


Nunca te pedi para acreditar nela.

Considerando o segundo exemplo como adequado, temos que as questões eufônicas relativas ao
primeiro, “pedi-te”, dizem respeito à pronúncia. O som por ela retratado se torna desagradável, pois
parece unir verbo ao pronome, formando “pedite”. Outra questão que também aí se aplica diz respeito ao
fato de a palavra “nunca” denotar negação, razão pela qual adequado é o uso da próclise (o pronome
antes do verbo = nunca te pedi).

39 https://alunosonline.uol.com.br/portugues/aspectos-eufonicos-na-colocacao-pronominal.html(adaptado)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


143
Ênclise Enfática
MESMO e PRÓPRIO como reforço de pronomes pessoais são palavras redundantes, ou seja, tem
objetivo enfático e não sintático. Exemplos:
Ele mesmo consertou a bicicleta.
Ela própria instalou o computador.

Pronome Oblíquo Átono nas Locuções Verbais


- Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida de palavra atrativa, o pronome se coloca
antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplo: Nunca te posso negar isso; Nunca posso negar-te isso.
É possível, nesses casos, o uso da próclise antes do verbo principal. Nesse caso, o pronome não se
liga por hífen ao verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.

- No início da oração ou depois de pausa: quando a locução se situa no início da oração, não se
usa o pronome antes do verbo auxiliar.
Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe garantia total.
A mesma norma é válida para os casos em que a locução verbal vem precedida de pausa.
Exemplo: Em dias de lua cheia, pode-se ver a estrada mesmo com faróis apagados; Em dias de lua
cheia, pode ver-se a estrada mesmo com os faróis apagados.

- Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem precedida de palavra atrativa nem de
pausa, admite-se qualquer colocação do pronome.
Exemplos:
A vida lhe pode trazer surpresas.
A vida pode-lhe trazer surpresas.
A vida pode trazer-lhe surpresas.

Observações:
- Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito,
o pronome pode vir em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia aconselhado a partir.
- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo átono depois do particípio. Não o haviam
convidado. (Correto); Não haviam convidado-o. (errado).
- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos literários, que deve ser conhecida: Há males que
se não curam com remédios. Quando há duas partículas atraindo o pronome oblíquo átono, este pode
vir entre elas. Poderíamos dizer também: Há males que não se curam com remédios.
- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em casos como estes:
me + o/a = mo/ma
te + o/a = to/ta
lhe + o/a = lho/lha
nos + o/a = no-lo/no-la
vos + o/a = vo-lo/vo-la

Tais combinações podem vir:


- Proclítica: Eu não vo-lo disse?
- Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.
- Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tempo.

Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem origem em
Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por
apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será
ênclise, usando próclise em situações excepcionais, que são:
- Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjunção) atraem o pronome. Por “palavras
invariáveis”, entendemos os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se flexionam, como
o pronome relativo que, os pronomes indefinidos quanto/como, os pronomes demonstrativos isso,
aquilo, isto. Exemplos:
“Ele não se encontrou com a namorada.” - próclise obrigatória por força do advérbio de negação.
“Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz.” - próclise obrigatória por força da
conjunção.
- Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam desejo, chamadas de optativas (“Que

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


144
Deus o abençoe!”) - próclise obrigatória.
- Orações subordinadas (“... e é por isso que nele se acentua o pensador político” - uma oração
subordinada causal, como a da questão, exige a próclise.).

Emprego Proibido
- Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um copo d’água; Permita-me fazer uma
observação.).
- Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro do pretérito. Com essas formas verbais,
usa-se a próclise (desde que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o “me” por “a
mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome em mesóclise. Exemplos:
“Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” - após
particípio é proibido - nem “me concedida” - iniciar período com pronome é proibido).
“Recolher-me-ei à minha insignificância” (Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”).

Questões

01. (Pref. de Itaquitinga/PE - Psicólogo - IDHTEC) “A tragédia que iniciou com o rompimento da
barragem de rejeitos de minérios em Mariana-MG e se estendeu até o Leste do Espírito Santo, mar
adentro, nos faz refletir quais ações poderiam ter sido executadas para evitar esse desastre.
A maioria dos especialistas afirma que rompimentos de barragens são eventos muito lentos, que sinais
já haviam sido detectados sobre o problema em Mariana. Todos dizem que houve negligência e
consequentemente o desastre; agora, a maioria das informações sobre o que realmente aconteceu não
foram ainda disponibilizadas, mesmo após tantos dias.
Ao olharmos para o estado da Bahia, temos vinte e quatro barragens de rejeitos semelhantes à
Barragem do Fundão. E com informações de que quatro delas apresentam dano potencial elevado, sendo
duas localizadas no município de Jacobina e duas em Santa Luz, estando todas sob constante vigilância
da Departamento Nacional de Produção Mineral.”
(http://www.tribunafeirense.com.br/noticias/11162/por-pedroamerico-lopes-e-preciso-aprender-com-os-desastres.html)

Em qual das alternativas houve erro na colocação pronominal


(A) “Desconhecido pela maioria dos turistas, um impressionante caldeirão de chamas amarelo brilhante
e sem fumaça nunca se apaga.”
(B) “Delicadeza é aquilo que nos alcança sem nos tocar. É a melodia que nos embala mesmo em
silêncio. É quando a boca empresta um sorriso aos olhos sem que nenhuma cobrança seja feita.”
(C) “Concentre-se naquilo que você é bom, delegue todo o resto.”
(D) “Ao final, se chegou ao livro digital, com textos e dezenas de imagens coloridas.”
(E) “Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
for o caso, que o adolescente restitua a coisa”

02. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - FEPESE) Analise a frase abaixo:

“O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença entre .........e ........ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.


(A) com nós • eu • ti
(B) conosco • eu • tu
(C) conosco • mim • ti
(D) conosco • mim • tu
(E) com nós • mim • ti

03. (Transpetro - Auditor Júnior - CESGRANRIO)

A função da arte

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram
para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar
estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou
mudo de beleza.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


145
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:L&PM, 2002. P.12.

No que se refere à colocação pronominal, respeita-se a norma-padrão em:


(A) Queria que admira-me-ssem na velhice.
(B) Me seduziria poder ser jovem a vida toda.
(C) A aposentadoria, esperarei-a com ansiedade.
(D) Nunca senti-me tão velho como hoje.
(E) Ninguém o observava com a mesma atenção que eu.

04. (Pref. de Caucaia/CE - Agente de Suporte a Fiscalização - CETREDE) Marque a opção em que
ocorre ênclise.
(A) Disseram-me a verdade.
(B) Não nos comunicaram o fato.
(C) Dir-se-ia que tal construção não é correta.
(D) A moça se penteou.
(E) Contar-me-ão a verdade?

05. (MPE/RS - Agente Administrativo - MPE-RS) Assinale a alternativa que preenche correta e
respectivamente as lacunas dos enunciados abaixo.
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria deverá ________ que ainda não há
disponibilidade de recursos.
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste tipo de situação, a gravidade da ocorrência
________, sem dúvida.
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não ________.

(A) informar-lhe – a justificaria – revogam-na


(B) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam
(C) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam
(D) informá-lo – a justificaria – lhe revogam
(E) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na

06. (PC-SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial - VUNESP/2018) Assinale a alternativa em que em


que a colocação do pronome destacado atende à norma-padrão da língua.
(A) Apenas quando lembra-se do que lera nos jornais, o narrador compreende a razão de não haver
pão.
(B) Ao ouvir a história do padeiro, o narrador indigna-se com a forma como sempre tratavam-no nas
casas.
(C) O narrador relacionava a história do padeiro à sua, se recordando do tempo em que era um jovem
escritor.
(D) De tanto ouvir que não era ninguém, o padeiro já não se incomodava mais por ser tratado assim.
(E) Para o padeiro, era natural a ideia de que ninguém reconhecia-o devido à natureza do seu trabalho.

07. (PC-SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) As crianças e os adolescentes estão vivendo boa
parte de seu tempo no mundo virtual, principalmente por meio de seus aparelhos celulares. Em relatório
divulgado em dezembro de 2017, o UNICEF usou a expressão “cultura do quarto” para indicar um dos
efeitos desse fenômeno. Os mais novos têm escolhido o isolamento do espaço privado em detrimento do
uso do espaço público para se dedicarem à imersão nas redes.
Você certamente já viu agrupamentos de adolescentes que interagiam mais com seu celular do que
uns com os outros, não é? Pois bem: esse comportamento gera consequências, sendo que algumas delas
não colaboram para o bom desenvolvimento dos mais novos. Como eles aprendem a se relacionar, por
exemplo? Relacionando-se com seus pares! Acontece que o relacionamento no mundo virtual é
radicalmente diferente daquele que ocorre na vida real, o que nos faz levantar a hipótese de que eles têm
se desenvolvido com deficit no processo de socialização.
E como se aprenderia a ter – e a proteger – privacidade? Primeiramente sabendo a diferença entre
intimidade e convívio social. Explorar o mundo social simultaneamente ao real cria uma grande dificuldade
nessa diferenciação. Não é à toa que já se expôs na rede a privacidade de tantas crianças e jovens, com
grande prejuízo pessoal!
(Rosely Sayão, As crianças e as tecnologias. Veja, 28-02-2018. Adaptado)

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


146
Assinale a alternativa em que a mudança na posição do pronome destacado, como consta nos
colchetes, está de acordo com a norma-padrão de colocação pronominal.
(A) Relacionando-se com seus pares! [Se relacionando com seus pares!]
(B) Eles têm se desenvolvido... [Eles têm desenvolvido-se...]
(C) Como eles aprendem a se relacionar, por exemplo? [Como eles aprendem a relacionar-se, por
exemplo?]
(D) E como se aprenderia a ter – e a proteger – a privacidade? [E como aprenderia-se a ter – e a
proteger – a privacidade?]
(E) não é à toa que já se expôs na rede a privacidade de tantas crianças e jovens... [não é à toa que
já expôs-se na rede a privacidade de tantas crianças e jovens...]

08. (IPSMI - Procurador - VUNESP) Assinale a alternativa em que a colocação pronominal e a


conjugação dos verbos estão de acordo com a norma-padrão.
(A) Eles se disporão a colaborar comigo, se verem que não prejudicarei-os nos negócios.
(B) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse calado.
(C) Tendo avisado-as do perigo que corriam, esperava que elas se contessem ao dirigir na estrada.
(D) Todos ali se predisporam a ajudar-nos, para que nos sentíssemos à vontade.
(E) Os que nunca enganaram-se são poucos, mas gostam de que se alardeiem seus méritos.

09. (BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais - IESES) Assinale a opção em que a


colocação dos pronomes átonos está INCORRETA:
(A) Não considero-me uma pessoa de sorte; me considero uma pessoa que trabalha para se sustentar
e esforça-se para se colocar bem na vida.
(B) Pagar-lhes-ei tudo o que lhes devo, mas no devido tempo e na devida forma.
(C) A situação não é melhor na Rússia, onde os antigos servos tornaram-se mujiques famintos, nem
nos países mediterrâneos, onde os campos sobrecarregados de homens são incapazes de alimentá-los.
(D) Deus me livre desse maldito mosquito! Nem me falem nessas doenças que ele transmite!
(E) Pede a Deus que te proteja e dê muita vida e saúde a teus pais.

10. (TRT 14ª Região - Técnico Judiciário - FCC)

No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e à colocação do pronome, a alternativa


que completa corretamente a frase O palestrante deu um conselho... é:
(A) à alguns jovens que escutavam-no.
(B) à estes jovens que o escutavam.
(C) àqueles jovens que o escutavam.
(D) à juventude que escutava-o.
(E) à uma porção de jovens que o escutava.

Gabarito

01.D / 02.E / 03.E / 04.A / 05.B / 06 D / 07.C / 08.B / 09.A / 10.C

Comentários

01. Resposta: D
O correto seria: “Ao final, chegou-se ao livro digital, com textos e dezenas de imagens coloridas.”

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


147
02. Resposta: E
O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na forma oblíqua. Assim, é correto dizer entre
mim e ele, entre ela e ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo funcionam como
complementos: Isso não convém a mim, Foram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais
do caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma, os pronomes eu e tu estão
empregados corretamente nos seguintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só quando tu
partires, Trouxeram o documento para eu assinar.

03. Resposta: E
PA- palavra atrativa (invariável) - atrai o pronome
a) Queria que (PA) ME admirassem na velhice.
b) seduzir - ME - ia poder ser jovem a vida toda. Não se inicia a frase com pronome obliquo, e no futuro
deve se usar a mesóclise
c) A aposentadoria, esperar -LA-ei com ansiedade. No futuro deve se usar a mesóclise
d) Nunca (PA) ME senti tão velho como hoje.
e) Ninguém (PA) o observava com a mesma atenção que eu. CERTO

04. Resposta: A
Não se usa ênclise com verbos: no particípio e com verbos nos futuros do presente e do pretérito.
LEMBRANDO
Próclise: antes
Mesóclise: no meio
Ênclise: na frente

05. Resposta: B
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria deverá INFORMAR-LHE que ainda não há
disponibilidade de recursos. O pronome LHE caracteriza um objeto indireto, que no caso é o Senhor
Secretário; o objeto direto é:"que ainda não há disponibilidade de recursos".
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste tipo de situação, a gravidade da ocorrência
JUSTIFICÁ-LA-IA, sem dúvida. Se o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá
a mesóclise, desde que não haja palavra atrativa Ex:"a gravidade da ocorrência NÃO A justificaria".
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não A revogam. O advérbio de negação NÃO
atrai o pronome oblíquo A causando uma próclise.

06. Resposta: D
a) Incorreto. Presença de advérbio (quando). Próclise obrigatória. Correção: "Quando se lembra [...]";
b) Incorreto. Presença de advérbio (sempre). Próclise obrigatória. Correção: "Sempre o tratavam [...]";
c) Incorreto. Oração reduzida de gerúndio. Ênclise obrigatória. Correção: "[...] recordando-se";
d) Correto;
e) Incorreto. Presença de pronome indefinido (ninguém). Próclise obrigatória. Correção: "Ninguém o
reconhecia [...]".

07. Resposta: C
A) Não se começa frase com pronome.
B) Não se usa ênclise com verbo no particípio.
C) Gabarito.
D) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou do pretérito não se usa ênclise.
E) Não se usa ênclise porque o "já" é palavra atrativa.

08. Resposta: B
a) Eles se DISPUSERAM a colaborar comigo, se VIREM que não (PALAVRA ATRATIVA) OS
prejudicarei nos negócios.
b) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse calado. (CORRETO)
c) Tendo AS avisado (proibido após particípio) do perigo que corriam, esperava que elas se
CONTIVESSEM ao dirigir na estrada.
d) Todos ali se PREDISPUSERAM a ajudar-nos, para que nos sentíssemos à vontade.
e) Os que nunca (palavra atrativa) SE enganaram são poucos, mas gostam de que se alardeiem
seus méritos. .

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


148
09. Resposta: A
Usamos a regra da próclise, pois não é uma palavra atrativa.

10. Resposta: C
A) Errado:
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes de pronomes indefinidos; Coloc.
Pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo "QUE" atrai o pronome oblíquo.
B) Errado:
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes de pronomes demonstrativos; Coloc.
Pronominal - correto.
C) Correto:
Crase - correto - o termo regente exige preposição (A) e o termo regido (AQUELES) é um pronome
demonstrativo admite crase.
Coloc. Pronominal - correto - o pronome relativo "QUE" atrai o pronome oblíquo.
D) Errado:
Crase - correto; Coloc. Pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo "QUE" atrai o pronome
oblíquo.
E) Errado:
Crase - apresenta erro, pois não há crase antes de artigo indefinido; Coloc. Pronominal - correto.

Reescritura de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de


trechos de texto. Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade

REESCRITA DE FRASES

A Reescrita de Frases é um assunto solicitado em muitos editais. A habilidade de reescrever frases


requer diferentes conhecimentos da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, pontuação,
sintaxe, significação das palavras, as classes de palavras e interpretação de texto.
A grande maioria das questões de Reescrita de Frases solicitará que uma frase seja reescrita sem que
haja alteração em seu sentido e que a correção gramatical seja preservada. Ou seja, uma frase reescrita
deve obedecer aos padrões da norma-culta e deve manter o sentido original daquilo que a frase diz.
Por isso é importante possuir boa habilidade de interpretação e compreensão de texto, já que é
necessário, antes de tudo, compreender aquilo que a frase está dizendo.

“Desde dezembro, bombeiros salvaram mil pessoas nas praias paulistas”

O que a frase acima está dizendo? Que desde o mês de dezembro, os bombeiros salvaram mil pessoas
nas praias do estado de São Paulo (paulistas). Este é o sentido original da frase, e note que já foi realizada
uma reescrita da frase. Apesar de apresentar palavras diferentes, ambas falam a mesma coisa. Além
disso, o exemplo acima não apresenta nenhum erro gramatical.
Depois de compreender o sentido da frase, você deve verificar se há erros de grafia, acentuação,
concordância, regência, crase, pontuação. Em uma questão, se a alternativa apresentar algum destes
erros, você já poderá eliminá-la, pois não será a correta.

Questão: (Câmara de Sertãozinho - SP - Tesoureiro - VUNESP) Uma frase condizente com as


informações do texto e escrita em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa é:
(A) Os brasileiros desconfiam de que adaptarão-se à nova realidade do mercado de trabalho, ainda
que estão entusiasmados com as novas tecnologias.
(B) Embora otimistas com os efeitos da revolução digital em suas carreiras, os brasileiros dispõem de
capacidades digitais aquém do que imaginam.
(C) De acordo com lista do LinkedIn para 2018, quase metade dos brasileiros desconhecem as
habilidades que o mercado mais necessita.
(D) Fazem cinco anos apenas que certas habilidades digitais passou a ser requeridas, o que significa
que o cenário das empresas mudou muito rápido.
(E) Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que estão otimistas no que refere-se às novas
tecnologias, mas reconhecem que não as domina.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


149
Na alternativa “A”, o correto seria “desconfiam de que se adaptarão”. Esta alternativa já poderia ser
eliminada.
A alternativa “C” também está incorreta, pois quem desconhece as habilidades que o mercado mais
necessita é quase metade dos brasileiros, o verbo é no singular.
Na alternativa “D”, temos um erro logo no início. O correto é “Faz cinco anos”. Ademais, certas
habilidades digitais passaram a ser requeridas, plural.
Quando o pronome relativo "que" é um fator atrativo, a próclise deve ser utilizada. Por isso, na
alternativa “E”, o correto seria “no que se refere”.
Resta-nos a alternativa “B”, que é a correta e não apresenta erros.

Mas não basta somente verificar se há erros, é preciso muito mais para reescrever frases e mandar
bem neste tipo de questão.
É preciso ter em mente que as frases reescritas devem:

Respeitar as sequências de ideias


Ex.: “Você está intragável hoje. Qual é o seu problema?”
Aqui, temos uma afirmação e depois uma pergunta. Essa ordem precisa ser respeitada na reescrita.
Uma solução seria: Hoje você está intragável. Posso saber por quê?

Não omitir informação essencial


Utilizando o mesmo exemplo acima, se só houvesse a pergunta, a informação sobre o sujeito estar
intragável hoje seria omitida, o que seria um erro.

Não expressar opinião


É uma reescrita daquilo que a frase diz, não daquilo que você acha. Não mude o sentido da frase de
acordo com sua opinião.

Utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto original


Afinal, é para reescrever a frase, utilizar outras palavras.

Sinônimos e Antônimos

Aproveitando o gancho, uma reescrita é utilizar palavras diferentes para dizer a mesma coisa. Para
isso, nada melhor do que conhecer os sinônimos e os antônimos.

Sinônimos
São palavras diferentes que possuem o mesmo significado.
Ex.: Muitas pessoas conseguiram emprego.
Diversas pessoas conseguiram emprego.

Apesar de diferentes, as duas palavras expressam valor de quantidade elevada.

Antônimos
São palavras que se contradizem, opostos. Também podem ocorrer por complementaridade (onde a
negação de uma implica a afirmação da outra e vice-versa).
Ex.: O rapaz estava triste.
O rapaz não estava feliz.

Ao negar a felicidade do rapaz, implica-se que este estava triste.

Verbos e Substantivos
40
Os verbos e os substantivos são elementos importantes das frases. Os substantivos compõem a
classe de palavras com que se denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abstratos,
os estados, as qualidades, as ações. Já os verbos, são a classe de palavras que, do ponto de vista
semântico, contêm as noções de ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a
função de núcleo do predicado das sentenças.

40 https://bit.ly/2U03syd

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


150
Ao reescrever uma frase, é possível:

Substituir verbo por substantivo


Em gramática, temos o substantivo verbal, que é um substantivo derivado do infinitivo, do gerúndio ou
do particípio de um verbo.
Ex.: Espero que se corrija a prova.
Espero a correção da prova.

Substituir substantivo por verbo


A ideia aqui é a mesma, só que ocorre o oposto.
Ex.: Exijo a dedicação dos alunos.
Exijo que os alunos se dediquem.

A Voz Verbal

Voz verbal é a forma assumida pelo verbo para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da
ação. Existem três vozes verbais:
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo.
Ex.: Ele | fez | o trabalho. (ele - sujeito agente) (fez - ação) (o trabalho - objeto paciente)

- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo.


Ex.: O trabalho | foi feito | por ele. (O trabalho - sujeito paciente) (foi feito - ação) (por ele - agente da
passiva)

- Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva:


1) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva quando o sujeito praticar a ação sobre si
mesmo.
Ex.: - Carla machucou-se.
- Marcos cortou-se com a faca.

2) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva recíproca quando houver dois elementos como
sujeito: um pratica a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
Ex.: - Paula e Renato amam-se.
- Os jovens agrediram-se durante a festa.
- Os ônibus chocaram-se violentamente.

A mudança da voz verbal pode ser utilizada na reescrita de frases.


Ex.: Qualquer cidadão comprova isso.
Isso é comprovado por qualquer cidadão.

Pode-se observar isso.


Isso pode ser observado.

Muitas questões, inclusive, solicitam que a frase seja reescrita em determinada voz verbal.

Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) O cérebro humano exibe diferentes padrões
de atividade para diferentes experiências.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
(A) são exibidas
(B) são exibidos
(C) exibe-se
(D) é exibido
(E) exibiam-se

A alternativa correta é a “B”. A reescrita ficaria: “Diferentes padrões de atividade são exibidos pelo
cérebro humano para diferentes experiências”. O sujeito "O cérebro humano" torna-se agente da passiva.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


151
O Tempo Verbal
41
Os tempos verbais indicam quando, o momento em que uma ação ocorre. Tal ação pode ocorrer no
presente, no passado ou no futuro.

Verbo “ir” - 1ª pessoa do singular


Indicativo
Presente: vou.
Pretérito Imperfeito: ia.
Pretérito Perfeito: fui.
Pretérito Mais-que-perfeito: fora.
Futuro do Presente: irei.
Futuro do Pretérito: iria.
Subjuntivo
Presente: que eu vá.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse.
Futuro: quando eu for.

Imperativo
Imperativo Afirmativo: #-#
Imperativo Negativo: #-#

Infinitivo
Infinitivo Pessoal: por ir eu.

É possível reescrever uma frase alterando o tempo verbal, sem alterar seu sentido.
Ex.: Em 1930 ocorreu a Grande Depressão.
Em 1930 ocorre a Grande Depressão.

Mesmo com os tempos verbais alterados, o sentido da frase foi preservado. Ficamos sabendo quando
a Grande Depressão ocorreu.

A Locução Verbal
42
Uma locução verbal é composta por um verbo principal em uma de suas formas nominais seguido
por verbo auxiliar devidamente flexionado.
O verbo principal expressa a ideia principal da frase. O verbo auxiliar, por sua vez, auxilia uma das
formas nominais, constituindo uma locução verbal, onde somente ele é conjugado.
“Ainda estou assistindo àquele filme que você me indicou”.
Locução Verbal: estou assistindo
Verbo auxiliar: estou
Verbo principal: assistindo

Ao reescrever uma frase, podemos eliminar a locução verbal e manter somente o verbo. Ou podemos
incluir uma locução verbal na frase.
Ex.: Vou conversar com meu gerente a respeito do empréstimo.
Conversarei com meu gerente a respeito do empréstimo.

Mesmo com a alteração, a frase ainda diz a mesma coisa, o sujeito continua praticando a mesma ação.

O Tempo Composto

Para ter um tempo composto, é preciso um verbo auxiliar e um principal. O verbo auxiliar sofrerá flexão
em tempo e pessoa, ao mesmo tempo em que o verbo principal permanecerá sempre no particípio.
O verbo auxiliar mais utilizado é o “ter”, contudo, o verbo “haver” também pode ser utilizado.

41 https://bit.ly/36uVZtL
42 https://bit.ly/2Rvfg9X

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


152
Tempos compostos do indicativo
- Pretérito perfeito composto do indicativo: indica uma ação que ocorreu no passado de maneira
repetida, e se prolonga até ao momento presente.
Ex.: Eu tenho feito exercícios todos os dias.

- Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: indica uma ação que ocorreu no passado, antes
de outra ação que também ocorreu no passado.
Ex.: Eu tinha feito exercícios antes de ir trabalhar.

- Futuro do presente composto do indicativo: indica uma ação que ocorrerá no futuro, mas que estará
terminada antes de outra ação futura.
Ex.: Eu terei feito exercícios antes de falar com minha mãe ao entardecer.

- Futuro do pretérito composto do indicativo: indica uma ação que poderia ter acontecido, mas que fica
condicionada a outra ação passada.
Ex.: Eu teria feito exercícios se tivesse dormido bastante.

Tempos compostos do subjuntivo


- Pretérito perfeito composto do subjuntivo: indica ação que já está concluída e que é anterior a outra.
Ex.: Ninguém acredita que eu tenha feito exercícios.

- Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo: indica ação ocorrida no passado, antes de outra
ação que também ocorreu no passado.
Ex.: Embora eu tivesse feito exercícios, ninguém acreditou.

- Futuro composto do subjuntivo: indica ação que estará terminada no futuro, antes de outra ação que
também ocorrerá no futuro.
Ex.: Quando eu tiver feito exercícios, todos acreditarão.

Uso das formas nominais compostas


- Infinitivo pessoal composto: indica um fato passado já concluído. Segue as regras de uso do infinitivo
pessoal simples.
Ex.: Termos feito exercícios melhorou nosso humor.

- Infinitivo impessoal composto: indica um fato passado já concluído. Segue as regras de uso do
infinitivo impessoal simples.
Ex.: Gostei muito de ter feito exercícios.

- Gerúndio composto: indica uma ação prolongada que terminou antes da ação da oração principal.
Ex.: Tendo feito exercícios, eu já me sentia bem melhor.

O tempo composto pode ser utilizado para reescrever uma frase e manter seu sentido.
Ex.: Eu acabara de comer quando o telefone tocou.
Eu tinha acabado de comer quando o telefone tocou.

Discurso Direto e Indireto43

Discurso direto
É uma transcrição exata da fala das personagens, ou de alguém, sem a participação do narrador.
Ex.: O treinador afirmou:
- O elenco precisa focar mais nos jogos.

Discurso indireto
É uma intervenção do narrador no discurso ao fazer uso de suas próprias palavras para reproduzir as
falas das personagens.
Ex.: O treinador afirmara que o elenco precisava focar mais nos jogos.

43 https://bit.ly/2t2i7hr

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


153
Para passar do discurso direto para o discurso indireto
Mudança das pessoas do discurso:
- A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no discurso indireto.
- Os pronomes eu, me, mim, comigo, no discurso direto, passam para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe
no discurso indireto.
- Os pronomes nós, nos, conosco, no discurso direto, passam para eles, elas, os, as, lhes no discurso
indireto.
- Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nossa, nossas, no discurso direto, passam
para seu, seus, sua e suas no discurso indireto.

Mudança de tempos verbais:


- O presente do indicativo, no discurso direto, passa para pretérito imperfeito do indicativo no discurso
indireto.
- O pretérito perfeito do indicativo, no discurso direto, passa para pretérito mais-que-perfeito do
indicativo no discurso indireto.
- O futuro do presente do indicativo, no discurso direto, passa para futuro do pretérito do indicativo no
discurso indireto.
- O presente do subjuntivo, no discurso direto, passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso
indireto.
- O futuro do subjuntivo, no discurso direto, passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso
indireto.
- O imperativo, no discurso direto, passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.

Mudança na pontuação das frases:


- As frases exclamativas, interrogativas imperativas, no discurso direto, passam para frases
declarativas no discurso indireto.

Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais:


- Ontem, no discurso direto, passa para no dia anterior no discurso indireto.
- Hoje e agora, no discurso direto, passam para naquele dia e naquele momento no discurso indireto.
- Amanhã, no discurso direto, passa para no dia seguinte no discurso indireto.
- Aqui, aí, cá, no discurso direto, passam para ali e lá no discurso indireto.
- Este, esta e isto, no discurso direto, passam para aquele, aquela, aquilo no discurso indireto.

Há questões que solicitam a mudança de discurso.

Questão: (Câmara de Fortaleza - CE - Consultor Técnico Legislativo - FCC) Ao se transpor o trecho


O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos no mundo (1° parágrafo) para
o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte forma:
(A) imaginaria.
(B) imagino.
(C) imaginarei.
(D) imaginei.
(E) imaginasse.

A alternativa correta é a “D”. O verbo “imaginar” está no pretérito mais-que-perfeito, ao transpor para
o discurso direto, vai para o pretérito perfeito do indicativo. O padre Lopes confessou: “Eu não imaginei a
existência de tantos doidos no mundo”.

Substituir Locuções por Palavras (e Vice-Versa)

As locuções são formadas pelo conjunto de duas ou mais palavras que denotam um único significado,
exercendo somente uma função gramatical.
As locuções se classificam de acordo com a função que desempenham na oração:
- locução adjetiva: desempenha função de adjetivo;
- locução adverbial: desempenha função de advérbio;
- locução prepositiva: desempenha função de preposição;
- locução conjuntiva: desempenha função de conjunção;
- locução verbal: desempenha função de verbo;

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


154
- locução substantiva: desempenha função de substantivo;
- locução pronominal: desempenha função de pronome;
- locução interjetiva: desempenha função de interjeição.

Ao reescrever uma frase, é possível substituir uma locução e preservar o sentido original.
Ex.: A higiene da boca das crianças é muito importante. (temos uma locução adjetiva, da + substantivo
boca, desempenhando a função de adjetivo)
A higiene bucal das crianças é muito importante. (adjetivo bucal)

Ficou feliz assim que soube o resultado do sorteio.


Ficou feliz quando soube o resultado do sorteio.

Ele fez o jantar a fim de impressionar a namorada.


Ele fez o jantar para impressionar a namorada.

Oração Desenvolvida Por Reduzida e Vice-Versa44

As orações reduzidas são introduzidas por formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e não
são acompanhadas por conjunção ou pronome relativo.
Ex.: Oração reduzida de infinitivo: É provável ele atrasar a aula.
Oração reduzida de gerúndio: Mesmo atrasando a aula, ele disse que faria.
Oração reduzida de particípio: Mesmo atrasado, ele disse que daria a aula.

Oração desenvolvida: Depois de que passar três anos nesta cidade, sentia-se muito triste.
Oração Reduzida: Após três anos passados nesta cidade, sentia-se muito triste.

É possível reescrever uma frase optando pela forma reduzida ou desenvolvida, e ainda assim manter
o sentido original.
Ex.: Não comendo o jantar, não terás sobremesa.
Se não comeres o jantar, não terás sobremesa.

Como fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo.


Quando fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo.
Fazendo bagunça, os meninos ficaram de castigo.

Substituir Conectivos de Valor Semântico Equivalente

Assim como os sinônimos, o mesmo vale para os conectivos de valor semântico equivalente.
Sinônimos são palavras diferentes que dizem a mesma coisa. Há, também, conectivos que, apesar de
serem palavras diferentes, exercem a mesma função.
Por isso é possível substituir o conector e manter o sentido da frase.
Ex.: Conectivos com valor de oposição/restrição: Mas, apesar de, no entanto, entretanto, porém,
contudo, todavia, tampouco, por outro lado.

Eu faria todo o trabalho, mas estava cansado.


Eu faria todo o trabalho, porém estava cansado.

Ana empurrou a amiga e a ameaçou. (valor de adição)


Ana empurrou a amiga, como também a ameaçou. (valor de adição)

Ordem Das Palavras Na Frase45

As frases podem ser construídas de forma direta ou inversa. Numa frase em ordem direta, os termos
regentes precedem os termos regidos: sujeito + verbo + complementos e/ou adjuntos:
Ex.: Roberto / fez / uma casa de pássaros em seu quintal.

44 https://bit.ly/2O2Uw7y
45 https://bit.ly/2RtO1wG

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


155
Já na ordem inversa, há alteração na sequência normal dos termos.
Ex.: Em seu quintal, Roberto fez uma casa de pássaros.

Por apresentar maior sentimentalismo, transmitir mais emoção, a ordem inversa aparece mais na
literatura.

Há mais...
Um período pode ser organizado de diversas maneiras, sem que isso altere seu sentido original.
Ex.: Ele notou a ponta de sarcasmo em seu sorriso.
Em seu sorriso, ele notou a ponta de sarcasmo.
Ele notou, em seu sorriso, a ponta de sarcasmo.
A ponta de sarcasmo, ele notou em seu sorriso.

Alguns adjetivos, que aparecem antes ou depois dos substantivos, dão à frase maior ou menor ênfase.
Ex.: É um alegre sujeito de boa postura.
É um sujeito alegre de boa postura.

Há maior ênfase ao substantivo e a frase no primeiro caso, pois o adjetivo “alegre” aparece antes dos
substantivos.
Contudo, é bom sempre ficar atento, já que alguns adjetivos podem assumir significados diferentes de
acordo com sua posição.
Ex.: Moça pobre (sem recursos financeiros), pobre moça (infeliz); jogador simples (humilde), simples
jogador (mero).

Em nossa Língua Portuguesa, há a anteposição dos possesivos aos substantivos.


Ex.: Nosso pai.
Teu olhar.
Todavia, há uma posposição proposital quando se trata da linguagem enfática.
Ex.: Pai nosso, que estai no céu...
Quanto meu dói um olhar teu!

É preferível utilizar a conjunção porém intercalada na oração.


Ex.: O filme, porém, se repetia.
Mesmo assim, é possível inserir tal conjunção adversativa ao final da oração pertencente.
Ex.: O filme se repetia, porém.

Lembrando que!46
Frase: É uma junção de palavras que apresenta sentido completo, mesmo que não haja um verbo para
dar sentido e termina com uma pausa pontuada. “Socorro!”, por exemplo, é uma frase que apresenta
sentido completo: alguém está pedindo ajuda. As frases que apresentam verbos são constituídas de
oração(ões).

Oração: Toda oração possui um verbo ou uma locução verbal. Uma frase pode conter uma ou mais
orações. “Socorro, eu preciso de ajuda!” Uma oração, sozinha, nem sempre faz sentido. Às vezes ela
precisa de outros elementos para ter sentido. Entretanto, sempre que houver um verbo na frase, há uma
oração.

Período: Um período é uma frase que possui uma oração ou mais: “Quando ele apareceu, mostrou
as garras com as quais atacaria.”. Aqui, há três verbos, ou seja, mais de uma oração, o que compõe um
período composto. Um período simples apresenta somente uma oração que se agrupa em torno de
apenas um verbo ou locução verbal: “Faltam somente alguns dias.”.

Há algumas questões de concursos públicos que podem solicitar para que diversas frases sejam
reescritas em apenas um único período, sem que o sentido da frase seja alterado.

46 https://bit.ly/2RvjdeN

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


156
Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC)
Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. // Essa enfermidade é a privação
de sono crônica, que vem crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul. (1° parágrafo)

As frases acima estão reescritas em um único período, com correção e coerência, do seguinte modo:
(A) Afetam dois terços dos adultos a privação de sono crônica, uma enfermidade moderna, que tem
crescido na esteira dos dispositivos que emitem luz azul.
(B) Uma enfermidade moderna, à qual afeta dois terços dos adultos, é a privação de sono crônica, que
tem crescido na esteira de dispositivos que emitem luz azul.
(C) A enfermidade moderna, que vem afetando dois terços dos adultos e crescendo na esteira de
dispositivos dos quais emitem luz azul é a privação de sono crônica.
(D) Tem vindo crescendo junto aos dispositivos que emitem luz azul, a privação de sono crônica: uma
enfermidade moderna, que afeta dois terços dos adultos.
(E) A privação de sono crônica, uma enfermidade moderna que vem crescendo na esteira de
dispositivos que emitem luz azul, afeta dois terços dos adultos.
Na alternativa “A” o sujeito não concorda com "a privação de sono crônica". Por isso deve ser
flexionado no singular “Afeta dois terços...”.
Na alternativa “B”, há o uso incorreto da crase em “à qual”, o correto seria “a qual”.
Na alternativa “C” o correto seria “os quais emitem luz azul”, pois os dispositivos são quem emitem a
luz azul.
Na alternativa “D”, o sujeito é “a privação de sono crônica”, que está sendo separada, incorretamente,
do verbo por vírgula.
Resta a alternativa “E”, que está correta. As vírgulas isolam o aposto explicativo de maneira correta.

Dicas Para Uma Boa Escrita

Expressões Condenáveis Uso Recomendado


A nível de / Ao nível Em nível, No nível
Face a / Frente a Ante, Diante, Em face de, Em vista de, Perante
Onde (Quando não exprime lugar) Em que, Na qual, Nas quais, No qual, Nos quais
Sob um ponto de vista De um ponto de vista
Sob um prisma Por (ou através de) um prisma
Em função de Em virtude de, Por causa de, Em consequência de, Por, Em razão de

Expressões Não Recomendadas


- a partir de (a não ser com valor temporal).
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...

- através de (para exprimir “meio” ou instrumento).


Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, segundo...

- devido a.
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.

- dito.
Opção: citado, mencionado.

- enquanto.
Opção: ao passo que.

- inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).


Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.

- no sentido de, com vistas a.


Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


157
- pois (no início da oração).
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.

- principalmente.
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.

Expressões Que Demandam Atenção


- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se.
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, aceito.
- acendido, aceso (formas similares) – idem.
- à custa de – e não às custas de.
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, conforme.
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que.
- a meu ver – e não ao meu ver.
- a ponto de – e não ao ponto de.
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal.
- em termos de – modismo; evitar.
- enquanto que – o que é redundância.
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a.
- implicar em – a regência é direta (sem em).
- ir de encontro a – chocar-se com.
- ir ao encontro de – concordar com.
- se não, senão – quando se pode substituir por caso não, separado; quando não se pode, junto.
- todo mundo – todos.
- todo o mundo – o mundo inteiro.
- não pagamento = hífen somente quando o segundo termo for substantivo.
- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar
e a que se está tratando).
- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo
passado próximo do presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).

Questões

01. (Prefeitura de Cristalina - GO – Recepcionista - Quadrix/2019)

Quanto à compreensão de orações do texto, assinale a alternativa que apresenta a reescritura correta
do trecho “ONU aprovou, em 2001, a Declaração do Milênio, com oito compromissos”.
(A) A ONU foi aprovada com oito compromissos pela Declaração do Milênio em 2001.
(B) Em 2001, a Declaração do Milênio aprovou oito compromissos com a ONU.
(C) Oito compromissos foram aprovados na ONU e na Declaração do Milênio em 2001.
(D) A ONU e a Declaração do Milênio aprovaram, em 2001, oito compromissos.
(E) A Declaração do Milênio, com oito compromissos, foi aprovada pela ONU em 2001.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


158
02. (Câmara de Fortaleza - CE - Agente Administrativo - FCC/2019)

Na história da humanidade, jamais se viveu um período de tão radical metamorfose, especialmente no


campo das concretudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas. Em velocidade vertiginosa,
o mundo se reorganiza a partir da revolução científica e tecnológica permanente, cuja influência se
estende da biologia à engenharia da comunicação. Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para
as coisas e para os fabulosos eventos a elas relacionados. Trata-se de um momento de deslumbramento,
mas também de dura incerteza.
Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. reboque dessas transformações, também é fato
que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.
(Adaptado de: MIRANDA, Danilo Santos de. “Mutações: caminhos sinuosos e inquietações na busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São
Paulo: Edições SESC SP, 2008)

Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para as coisas (1º parágrafo)


Uma redação alternativa para o trecho acima, sem prejuízo do sentido e da correção gramatical, está
em:
(A) Assim, novas categorias para as coisas são criadas diariamente.
(B) Assim, novas categorias para as coisas foram criadas diariamente.
(C) Diariamente, assim, seriam criadas novas categorias para as coisas.
(D) Diariamente, novas categorias para as coisas tinham, assim, sido criadas.
(E) Assim, teriam sido criadas diariamente novas categorias para as coisas.

03. (SEE-AC - Professor PNS - P2 - IBADE/2019) "O Brasil está fazendo progressos para as meninas,
mas apenas para algumas meninas".
O trecho destacado poderia ser substituído, sem prejuízo do sentido do texto, por:
(A) O Brasil está fazendo progressos para muitas meninas.
(B) O Brasil não está fazendo progressos para meninas.
(C) O Brasil está fazendo progressos para todas as meninas.
(D) O Brasil por enquanto está fazendo progressos para poucas meninas.
(E) O Brasil está fazendo progressos, especialmente para as meninas.

04. (TJ-MA - Técnico Judiciário - FCC/2019)

Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?

Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam vistas de todos
os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos intensamente experimentais
dos filmes no final do século 19 e início do século 20.
Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece um potencial incrível para o futuro dos
filmes – como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a capacidade cada vez maior de
computadores de criar mundos digitais detalhados.
Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as histórias cinematográficas do futuro diferem das
experiências disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e artista Chris Milk, os filmes
do futuro oferecerão experiências imersivas sob medida. Eles serão capazes de “criar uma história em
tempo real que é só para você, que satisfaça exclusivamente a você e o que você gosta ou não”, diz ele.
(Adaptado de: BUCKMASTER, Luke. Disponível em: www.bbc.com)

Quanto à concordância, o segmento do texto reescrito corretamente está em:


(A) Como são possíveis diferenciar as histórias cinematográficas do futuro das experiências
disponíveis hoje?
(B) Um potencial incrível para o futuro dos filmes é oferecido por tecnologias em rápido
desenvolvimento.
(C) Análogos aos anos experimentais dos filmes no final do século 19 e início do 20 é o momento atual
do cinema.
(D) No futuro será possível que se criem uma história em tempo real só para o espectador.
(E) Experiências imersivas sob medida é o que parecem aptas a oferecer os filmes do futuro.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


159
05. (IPREMM - SP - Médico Perito - VUNESP/2019)

Depois do vazio deixado pela Cynira, passei a dar mais valor ao contato com os três netos. Senti-me
como o procurador da consorte, que tanto queria acompanhar a evolução da vida dos meninos. Ao mesmo
tempo, eles se aproximaram mais de mim, agora que sou o único avô sobrevivente.
Conversamos, com frequência, sobre opções profissionais. Quando menino, Miguel parecia inclinado
a estudar Direito, tal sua obsessão pelos direitos individuais. Toda vez que alguém da família contava
uma história de dano produzido por alguém, Miguel proclamava: “Processa!”
Certa vez, quando subíamos a escadaria de uma livraria da cidade, disse a ele que não me sentia
seguro e que, se tomasse um tombo, não poderia processar ninguém, pois a fragilidade era minha.
“Como não?”, exclamou o Miguel. “Então para que existe o Estatuto do Idoso?”
Em 2009 entrou na Psicologia da USP, tomado de paixão intelectual por Jung. Quanto ao Felipe, é
mais pragmático e se prepara para entrar na faculdade de Economia. Só lhe digo para tomar cuidado
com o salto alto, expressão que precisei explicar, pois o jovem, com todo o brilhantismo que lhe é peculiar,
é jejuno em futebol.
A surpresa veio do Antonio, carioca da gema, baladeiro, craque de bola no aterro do Flamengo. Sem
abandonar essas atrações, o Antonio entrou no Direito da PUC-Rio e, para surpresa minha, está gostando
do curso, com as amolações inevitáveis de sempre. Conversamos sobre questões do Direito,
especialmente a área penal. Há dias, sintetizando um trecho do nosso diálogo, enunciei uma regra:
Favorabilia amplianda, odiosa restringenda.*
Não sei se ele entendeu.
(Boris Fausto. O brilho do bronze – um diário. Cosac Naify, 2014. Adaptado)
* “Ampliem-se as disposições favoráveis, restrinjam-se as desfavoráveis.” Princípio interpretativo do Direito, sobretudo na área das garantias individuais.
No trecho – Quando menino, Miguel parecia inclinado a estudar Direito… (2° parágrafo) –, a
expressão em destaque pode ser substituída, no contexto em que se encontra, por
(A) sujeito com.
(B) impulsionado de.
(C) predisposto em.
(D) propenso a.
(E) direcionado por.

Gabarito
01. E / 02. A / 03. D / 04. B / 05. D

Comentários

01. Resposta: E
O trecho é: “ONU aprovou, em 2001, a Declaração do Milênio, com oito compromissos”.
(A) incorreto, pois a ONU aprovou algo, e não foi aprovada por algo.
(B) incorreto, já que quem aprovou foi a ONU.
(C) incorreto, não foi o lugar de aprovação e sim o agente da aprovação, aprovados PELA ONU.
(D) incorreto, apenas a ONU aprovou.
(E) correto, voz passiva analítica, agente da passiva (=pela ONU), sentido mantido. Foi a ONU quem
aprovou.

02. Resposta: A
“Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para as coisas”. Temos voz passiva sintética marcada
pela partícula apassivadora se.
“Assim, novas categorias para as coisas são criadas diariamente”. Temos uma conjunção coordenativa
conclusiva deslocada para o início da frase e a voz passou a ser passiva analítica, formada pelo verbo
"ser" + particípio "criadas", foi mantido o tempo verbal no presente e advérbio posicionado em sua ordem
direta.

03. Resposta: D
"O Brasil está fazendo progressos para as meninas, mas apenas para algumas meninas". Somente
para algumas meninas somente, não todas. A alternativa “D” mostra um valor de relatividade inferior,
sendo a que mais se aproxima do original.

04. Resposta: B
(A) Temos um sujeito oracional (ISSO é possível – Como é possível?).
Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87
160
(B) Correto, temos uma voz passiva analítica com concordância perfeita.
(C) O correto é "análogo", pois temos um sujeito simples.
(D) O correto é “se crie uma história” (uma história seja criada).
(E) Em ordem direta “Experiências imersivas sob medida é o que os filmes do futuro parecem aptos a
oferecer”.

05. Resposta: D
(A) O correto é sujeito a alguma coisa.
(B) O correto é impulsionado a alguma coisa.
(C) O correto é predisposto a alguma coisa.
(D) Correto.
(E) O correto é direcionado a alguma coisa.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Assim como outras, a língua portuguesa no Brasil é extremamente heterogênea. As diferentes


manifestações e realizações da língua, as diversas formas que a língua possui, decorrentes de fatores de
natureza histórica, regional, sociocultural ou situacional constituem o que chamamos de variações
linguísticas. Essas variações podem ocorrer nas camadas fonológica, morfológica, sintática, léxica e
semântica; em certos momentos ocorrem duas ou mais variações ao mesmo tempo em um discurso.
Entenda: a variação linguística é inerente ao discurso dos falantes de qualquer língua, pois a língua é
a forma que o homem tem de entender o seu universo interno e externo; portanto, a idade, o sexo, o meio
social, o espaço geográfico, tudo isso torna a língua peculiar.47

Os dois aspectos mais facilmente perceptíveis da variação linguística são a pronúncia e o


vocabulário.

Tipos de Variações

a) As variações de uma região para outra são chamadas variantes diatópicas. Como por exemplo:
“Abóbora” em certos locais é conhecida como “Jerimum”.

b) As variações de um grupo social para outro são chamadas variantes diastráticas. Essas variações
são muito numerosas e podem ser observadas em: gírias, jargões, linguagem dos advogados, na classe
médica, entre os skatistas, etc.

c) As variações de uma época para outra são chamadas variantes diacrônicas. Antigamente usava-
se o Vossa Mercê, depois Vos Mecê, depois Você, depois Ocê, depois o Cê, e por último, atualmente VC.

d) As variações de uma situação de comunicação para outra são denominadas variantes diafásicas.
Todos sabemos que há situações que permitem uma linguagem bem informal (uma conversa com os
amigos num bar) e outras que exigem um nível mais formal de linguagem (um jantar de cerimônia).
Cada uma dessas situações tem construções e termos apropriados. Observe no texto a seguir, retirado
do romance Agosto, de Rubem Fonseca, o uso de expressões e construções da linguagem coloquial:
Um homem magro, de bigodinho e cabelo glostorado, apareceu:
“Ah, comissário Pádua... Que prazer! Que alegria!”
“Não quero papo-furado, Almeidinha. Quero falar com dona Laura.”
“Ela no momento está muito ocupada. Não pode ser comigo?”
“Não, não pode ser com você. Dá o fora e chama logo a Laura.”
“Vou mandar servir um uisquinho.”
“Não queremos nenhum uisquinho. Chama a dona.”48

As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber:
fônico, morfológico, sintático e lexical.

47 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier.2013.


48 PLATÃO, Fiorin, Lições de Texto. Ática. 2011.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


161
Variações Fônicas
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Os exemplos de variação
fônica são abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais
nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar:
- A queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em
vez de curtir), compô.
- O acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns
na linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira.
- A queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso),
características na linguagem oral coloquial.
- A redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas
elas formas típicas de pessoas de baixa condição social.
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas
regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar,
quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
- Deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas
de baixa condição social.

Variações Morfológicas
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse domínio, as diferenças entre as
variantes não são tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como
exemplos, podemos citar:
- O uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito
característico da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova
hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).
- A conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter
(mantiver), se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
- A conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).
- Uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto
(duzentos), a champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
- A omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os
amigo e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
- O enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que
aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.

Variações Sintáticas
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, como no da
morfologia, não são tantas as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar:
- O uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de
encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele.
- O uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi
ontem.
- A ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em função de complemento verbal:
são pessoas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu
assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
- A substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação
da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez
de cuja família eu já conhecia).
- A mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra,
que eu quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita.
- Ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração
social); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.

Variações Léxicas
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do léxico, como as do plano fônico, são
muito numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. Eis alguns, entre
múltiplos exemplos possíveis de citar:

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


162
- A escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos,
características da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é
um carinha maior esforçado.
- As diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm
sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã
em Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter,
malha, camiseta.

Designações das Variantes Lexicais


- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, denunciam uma linguagem já
ultrapassada e envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o
rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era
um pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de coió
ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-criadas, muitas das quais mal
ou nem entraram para os dicionários. A moderna linguagem da computação tem vários exemplos, como
escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer a
combinação de sons), robotizar, robotização.
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo
da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente,
“estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente,
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está
escrito”), data venia (“com sua permissão”).
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (compreensão repentina de algo, uma percepção
súbita), feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações básicas),
jingle (mensagem publicitária em forma de música).
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não se aportuguesaram, mas há
ocorrências: hors-concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particular
entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la carte
(cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização de um
personagem).
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a
publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser
ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No
jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma
letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta
sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito prolixo, é chamado de
nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre
os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia de
renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática normativa).
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não deseja ser entendido por outros grupos ou que
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de
grupos jovens e de segmentos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades proibidas.
A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo
ou má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente), cara ou cabra
(indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar).
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente erudito, muito raro, afetado:
Escoimar (em vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); cinesíforo
(em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento);
chufa (em vez de caçoada, troça).
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno,
grosseiro. É o caso de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez
de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz).

Atenção: as variações mais importantes, para o interesse do concurso público, seria a sociocultural,
a geográfica, a histórica e a de situação.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


163
Vejamos:
- Sóciocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém
diz a seguinte frase:
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1)

Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua
profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um
repórter de televisão?
E quem usaria a frase abaixo?

“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2)

Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais
pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-
no em condições não adequadas.
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades socioeconômicas
melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas
de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez
que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói
as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a
expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal
(conversando com alguns amigos, por exemplo).
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de
falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas
damos o nome de variações socioculturais.

- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo
acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por
isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características
da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino,
sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida
no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem
assumir em diferentes regiões do país.
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São
Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:

“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!].
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De
primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora,
em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não,
estou percurando é sossego...”

- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e
com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações
recebem o nome de variações históricas.
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de
brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje.

Texto I

Antigamente

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia
anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes
pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta,
faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


164
jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua.
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário,
e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa
cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar
escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias.
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os
homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os
cristãos não morriam: descansavam.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.

Texto II

Entre Palavras

Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos
dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar
conhecimento de novas palavras e combinações.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido,
sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda
o que você diz.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron,
o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o
módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som
pop, as estruturas e a infraestrutura.
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento,
o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o
superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o
Isop, a Oea, e a ONU.
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o
idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento,
Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição.
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de
noventa microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo
crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click!
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas
coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A
enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre
palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)

- De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola
o ato de comunicação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra:

Ô mano, ta difícil de te entendê.

Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação informal, não tem cabimento se o
interlocutor é o professor em situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em todas as circunstâncias, excetuados
alguns falantes da linguagem culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sendo, por
isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afetados.
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um indivíduo, tais como o tema sobre o
qual ele discorre (em princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria de um
jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


165
templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre os falantes (com
um superior, a linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento
que a fala implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num
relato de uma conquista amorosa para um colega fala-se com menos preocupação).
As variações de acordo com a situação costumam ser chamadas de níveis de fala ou, simplesmente,
variações de estilo e são classificadas em duas grandes divisões:

- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o que se diz, bem como o estado de
atenção e vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.

- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com despreocupação e espontaneidade, em
que o grau de reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que esse estilo
melhor se manifesta.
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno trecho da gravação de uma conversa
telefônica entre duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Linguísticos,
de Fernando Tarallo. As reticências indicam as pausas.

Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem dia que minha voz... mais ta assim,
sabe? taquara rachada? Fica assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um menino lá
que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo até duas hora da manhã ele me explicando toda
a matéria de economia, das nove da noite.

Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia nem com a continuidade das ideias, nem
com a escolha das palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação de uma aula de
português de uma professora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A
linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com reticências.

O que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção
do todo... e fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe vincular a realidade
nenhuma de seu idioma... isto é válido também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série...
de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas que... na hora de serem
empregados... deixam muito a desejar...

Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de formalidade e planejamento típico do
texto escrito, mas trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone.

Preconceito Linguístico

É aquele49 gerado pelas diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo idioma.


De tal maneira, está associado as diferenças regionais desde dialetos, regionalismo, gírias e sotaques,
os quais são desenvolvidos ao longo do tempo e que envolvem os aspectos históricos, sociais e culturais
de determinado grupo.
O preconceito linguístico é um dos tipos de preconceito mais empregados na atualidade e pode ser
um importante propulsor da exclusão social.

Questões

01. (AL/MT - Professor Língua Portuguesa - FGV) Sobre as variações linguísticas em geral, pode‐
se afirmar que:

(A) todas as variações linguísticas devem ser aprendidas na escola


(B) algumas das variações linguísticas devem ser desprezadas, por serem deficientes.
(C) as variações de caráter regional estão intimamente relacionadas às variações de caráter
profissional.

49 https://www.todamateria.com.br/preconceito-linguistico/

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


166
(D) as variações são testemunhos de pouco valor cultural, mas que não podem ser afastados dos
estudos linguísticos.
(E) a variação de maior prestígio social é a norma culta que, por isso mesmo, é ensinada como língua
padrão.

02. (Pref. de Cruzeiro/SP - Professor Língua Portuguesa - INST.EXCELENCIA/2016) As variações


linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos geográficos, temporais e sociais.
Defina variações históricas:
(A) São variações que ocorrem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência.
Este tipo de variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, com diferentes hábitos,
modos e tradições, estabelecendo assim diferentes estruturas linguísticas.
(B) São variações que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura de diferentes grupos sociais. Este
tipo de variação ocorre porque diferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos de
atuação e sistemas de comunicação.
(C) São variações que ocorrem de acordo com o contexto ou situação em que decorre o processo
comunicativo. Há momentos em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado um registro
informal.
(D) São variações que ocorrem de acordo com as diferentes épocas vividas pelos falantes, sendo
possível distinguir o português arcaico do português moderno, bem como diversas palavras que ficam em
desuso.

03. (CODENI/RJ - Analista de Sistema - MSCONCURSOS)

Cereja e Magalhães definem as variedades linguísticas como variações que uma língua apresenta em
razão das condições sociais, culturais, regionais nas quais é utilizada. Assim, a variação linguística
expressa na tirinha deve ser considerada:

(A) Gíria.
(B) Regional.
(C) Estilística.
(D) Sociológica.

04. (UFC - Auxiliar em Administração - CCV/UFC/2016) Os dialetos sociais são variações


linguísticas definidas por critérios tais como região geográfica, classe social ou nível cultural do falante.
O dialeto social culto corresponde ao que se denomina língua padrão que se caracteriza por:

(A) não se preocupar com regras gramaticais.


(B) ser empregada por literatos e cientistas.
(C) utilizar uma sintaxe mais simplificada.
(D) corresponder a subpadrão linguístico.
(E) incorporar gírias e internetês.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


167
05. (IF/SP - Assistente em Administração - IF/SP/2018)

Há diversos fatores que podem originar as variações linguísticas. Quando, na tira acima, são citados
os diferentes nomes para a mesma planta, podemos observar um exemplo do fator:

(A) Social, já que evidencia o português falado pelas pessoas que têm acesso à escola.
(B) Profissional, porque o exercício de algumas atividades requer conhecimentos específicos.
(C) Geográfico, pois mostra as variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas
diversas regiões em que é falada.
(D) Situacional, pois, dependendo da situação comunicativa, um mesmo indivíduo emprega diferentes
formas de língua.

Gabarito

01.E / 02.D / 03.D / 04.B / 05.C

Comentários

01. Resposta: E
Sim, dentro das variações linguísticas a língua culta (ou norma culta) é a que tem maior prestígio social,
maior atenção, em razão disso, é ensinada como língua padrão.

02. Resposta: D
Sim, as épocas são determinadas em boa parte pela sua linguagem, o vocabulário e a pronúncia são
fatores determinantes para mostrar as diferenças na linguagem, principalmente em distinção entre
português arcaico e moderno.

03. Resposta: D
As condições sociais influem significativamente no modo de falar dos indivíduos. O quadrinho é um
exemplo disso.

04. Resposta: B
Sim, é associado aos literatos e cientistas o domínio da norma culta, um dos motivos pela exigência
da formalidade em alguns trabalhos.

05. Resposta: C
O quadrinho mostra um pé de mandioca, e o personagem falando os diversos nomes da mandioca em
determinadas regiões do país. A temática do quadrinho é a variação linguística no sentido geográfico,
mostrando o quanto determinadas coisas podem ter nomes diferentes devido a influência de sua região.

Apostila gerada especialmente para: LICIA NIDIA PINHO DE CASTRO 920.665.183-87


168

Você também pode gostar