Gestão Da Produção e Das Operações Logísticas
Gestão Da Produção e Das Operações Logísticas
Gestão Da Produção e Das Operações Logísticas
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
ESCOPO DAS FUNÇÕES DA GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .......................................... 8
INTERFACE DA GESTÃO DAS OPERAÇÕES COM A CADEIA DE SUPRIMENTOS ........................ 10
CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DAS OPERAÇÕES PARA A COMPETITIVIDADE DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS .................................................................................................................................. 12
Curva de aprendizado ............................................................................................................. 15
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 17
MEDIDA DE DESEMPENHO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: MODELO SCOR® ......................... 18
KPIS APLICÁVEIS AO PROCESSO DE PCP ....................................................................................... 20
Indicadores de consumo material ......................................................................................... 22
Indicadores de operação ........................................................................................................ 23
Indicadores de controle de performance ............................................................................. 23
Indicadores de manutenção .................................................................................................. 24
Indicadores de planejamento ................................................................................................ 24
Indicadores de utilização de inventário ................................................................................ 25
Indicadores de equipamentos ............................................................................................... 25
MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DA PRODUÇÃO ............................................................. 25
MELHORIAS NO DESEMPENHO DA PRODUÇÃO A PARTIR DO MONITORAMENTO DOS
KPIS .................................................................................................................................................... 27
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 31
EQUILÍBRIO ENTRE VENDA E CAPACIDADE PRODUTIVA ............................................................ 32
Passos para a estruturação do S&OP ................................................................................... 36
Produtos do S&OP ................................................................................................................... 38
ANÁLISE DAS INTEGRAÇÕES VERTICAL E HORIZONTAL COM O S&OP ..................................... 39
Integração vertical ................................................................................................................... 39
Integração horizontal .............................................................................................................. 40
IMPACTO NO DESEMPENHO DA ORGANIZAÇÃO ........................................................................ 42
Casos de sucesso na implementação do S&OP .................................................................. 43
FERRAMENTAS .................................................................................................................................. 44
Planilhas eletrônicas ................................................................................................................ 44
Método do transporte ............................................................................................................. 46
MÓDULO IV – CÁLCULOS DE PLANEJAMENTO................................................................................ 49
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 49
SISTEMAS: MPS, MRP E DRP ........................................................................................................... 50
Master plan schedule ou master production schedule (MPS) ................................................ 51
Material requirement planning (MRP) ..................................................................................... 53
Árvore de estrutura ............................................................................................................ 54
Cálculo da necessidade líquida (NL) ................................................................................ 56
Cálculo do momento da necessidade ............................................................................. 56
Ponto de pedido e MRP I ................................................................................................... 58
Desvantagens do MRP ....................................................................................................... 59
Distribution requirement planning (DRP) ................................................................................ 59
Capacidade (CRP) ..................................................................................................................... 61
Eficácia geral do equipamento ......................................................................................... 64
MANUFACTURING RESOURCE PLANNING (MRP II) ........................................................................... 66
Vantagens e desvantagens do MRP II .............................................................................. 69
ADVANCED PLANNING AND SCHEDULING (APS) .............................................................................. 69
Benefícios do APS ............................................................................................................... 72
GANHO DE DESEMPENHO A PARTIR DOS CÁLCULOS DE PLANEJAMENTO ............................. 73
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 75
PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 76
MÓDULO I – GESTÃO DA PRODUÇÃO E DE
OPERAÇÕES SOB A ÓTICA DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS
Introdução
Quando falamos em gestão da produção, estamo-nos referindo a atividades industriais que
envolvem a produção de bens físicos dos mais variados tipos, como sapatos e máquinas de lavar
roupas. Já a gestão de operações se refere às atividades de empresas que prestam serviços diversos,
como a construção de um hospital ou supermercado. Para administrar tanto a produção quanto a
operação de uma empresa, é preciso controlar os processos nelas envolvidos direta ou indiretamente,
com o intuito de melhorar o produto final oferecido ao cliente, seja ele interno ou externo. Por essa
razão, nesta apostila, trataremos o gestor de produção e operações com uma figura única,
responsável por diversas atribuições que serão detalhadas mais adiante.
O objetivo deste módulo é levá-lo a conhecer as responsabilidades inerentes ao cargo do gestor
de operações e a compreender como se dá a interface deste com a cadeia de suprimentos (supply
chain), que tem como função controlar amplamente o processo logístico da organização, desde os
fornecedores até o cliente final.
Escopo das funções da gestão da produção e operações
O gerente de operações tem diversas atribuições dentro da indústria, como o planejamento,
a organização, a coordenação e o controle de todos os recursos necessários para a produção de um
bem ou serviço. Para dar conta de tudo isso, ele precisa ter em mãos informações sobre as demais
áreas, de forma a poder avaliar, por exemplo, se conseguirá atingir as metas previstas pela área de
vendas dentro do orçamento projetado para o período.
8
estratégia
planejamento produção
controle de
eficiência
qualidade
gestor de operações
custo supervisão
inputs e
requisitos
outputs
recursos
9
Uma operação eficiente se traduz pela produção da maior quantidade de produtos ou serviços
em menos tempo, com o menor esforço possível e usando a menor quantidade de recursos possível.
Tudo isso, sem comprometer a qualidade do produto ou serviço final. É claro que essa não é uma
tarefa simples, exigindo muita dedicação. Além disso, a situação perfeita nunca será alcançada, pois
sempre existirão melhorias aplicáveis à forma de operar para atingir resultados mais significativos.
No nível estratégico, os gerentes estão envolvidos em decisões que abrangem desde a localização
de novas fábricas até o desenvolvimento de capacidades e a estrutura de comunicação interna, por
meio de novas tecnologias e processos alternativos. O objetivo é garantir que a operação flua da melhor
forma possível, com o nível de eficácia esperado ou exigido pelos clientes.
A administração de operações pode contribuir para a melhoria da produtividade da
organização, aumentando a capacidade de resposta e atendendo aos aspectos ambientais inerentes à
operação. Como consequência dessas contribuições, a organização tende a apresentar um ganho na
sua competitividade.
Para medir o quanto a operação impacta a produtividade global da empresa, são utilizados
alguns indicadores de desempenho específicos que serão vistos mais adiante. Por ora, importa-nos
saber que esses indicadores são monitorados ao longo do tempo e indicam os aspectos que devem
receber mais atenção e ser aperfeiçoados na operação, promovendo a sua melhoria contínua, ciclo
após ciclo.
10
Figura 2 – Supply chain
O objetivo da área é orquestrar a operação como um todo, balanceando desde a demanda até a
entrega aos clientes finais. A raiz de toda a operação é a demanda, ou seja, é a partir dela que os demais
processos são ajustados. Quanto mais sincronizada for a operação, melhores serão os seus resultados.
A interface entre o gestor da cadeia de suprimentos (supply chain) e o gestor de operações se dá
na manufatura, no caso dos produtos, e na operação, no caso dos serviços. O gestor de operações
recebe os suprimentos físicos (como matérias-primas) e serviços diversos (como fornecimento de
energia, água, tratamento de esgoto) vindo dos fornecedores que foram selecionados e contratados
pelo gestor da cadeia de suprimentos e, ao final da produção, entrega os produtos para distribuição.
O gestor de operações também fornece diversas informações às demais áreas da empresa. Por
exemplo, é ele quem passa informações referentes à demanda de quantidade e ao cronograma de
matérias-primas, ou seja, informa quanto e quando devem estar disponíveis para serem utilizadas no
processo. Também é o gestor de operações o responsável por informar a quantidade que será
produzida e estará disponível para venda ou deverá ser mantida no armazém.
Um exemplo da sinergia entre a operação e a cadeia de suprimentos pode ser observado quando
os serviços de alimentação a bordo da KLM Catering Services são contratados por companhias aéreas.
A empresa fornece mais de 55 mil refeições por dia para diversos clientes, todos com grandes
exigências de agilidade e qualidade. Os aviões não podem ficar muito tempo em solo e, por isso, entre
recolher os resíduos da última viagem e abastecer a aeronave, o tempo é de apenas 40 minutos
aproximadamente. A previsão de demanda das refeições para cada voo, com distinção entre as classes
11
de bilhete, é passada com até 24 horas de antecedência, mas pode precisar ser revisada poucas horas
antes do abastecimento, uma vez que a companhia vende bilhetes de última hora. Além disso, os
níveis de qualidade devem obedecer às normas internacionais de controle. Quando a relação entre as
áreas está bem alinhada, o risco de ocorrer situações adversas, como a falta de suprimentos para a
operação, a falta de produtos para abastecer os clientes e a falha nos serviços prestados segundo o
cronograma e as especificações definidas, é minimizado.
Como pudemos observar, a área de operações é vista como uma arma competitiva dentro da
cadeia de suprimentos, pois, quando bem gerida, permite elevar o nível da empresa em termos de:
melhoria da produtividade;
competição global dos seus produtos e serviços;
flexibilidade na produção e
rápida adequação às exigências de mercado ou aos novos padrões tecnológicos.
12
A gestão de operações também permite contribuir para a produção do volume demandado
no tempo, de acordo com o que foi solicitado pelo cliente ou com o distribuidor dos produtos.
Dessa forma, evita-se o atraso ou a falta do produto para o consumidor final. A medida pode ser
garantida a partir da redução do tempo entre o pedido do cliente e a entrega do produto. Atrasar a
entrega de produtos ao supermercado, por exemplo, pode levar o cliente final a substituir o produto
pelo de um concorrente que já está disponível na gôndola. Já o atraso de pedidos que envolvem o
transporte marítimo, por exemplo, pode resultar em custos extras no transporte da carga, como a
demurrage (contraprestação devida em razão de o navio ter extrapolado o prazo acordado para
realizar as suas operações de carga e descarga).
Outro fator que contribui para uma cadeia de suprimentos mais eficiente é o controle de
qualidade realizado na etapa produtiva. Quanto maior for o nível de qualidade, menores serão as
chances de retrabalho, devolução e insatisfação do cliente final. Equipes bem treinadas e
equipamentos com tecnologia de ponta ajudam a garantir a qualidade do produto final.
O gerenciamento das equipes envolvidas nas atividades produtivas também é um fator de
grande relevância para a competitividade da cadeia como um todo. Pessoas envolvidas, motivadas
e que conhecem os processos e as metas da organização, desempenham melhor as suas atribuições
e, como consequência, aumentam a sua produtividade. Para isso, os treinamentos devem ocorrer
periodicamente, sendo direcionados às equipes que apresentam maior necessidade.
Além dos fatores já citados, a flexibilização da cadeia logística também é possível a partir de
uma gestão de operações mais eficiente, permitindo agilizar as respostas aos clientes e garantir certo
grau de flexibilidade dos seus pedidos. Operações planejadas e integradas com a cadeia de
suprimentos permitem realizar ajustes no sequenciamento dos pedidos de forma antecipada,
garantindo que as ordens de compra serão feitas no período correto e que os demais pedidos não
sofrerão atrasos. Esse benefício se estende aos fornecedores, que recebem os pedidos ou ajustes
antecipadamente, tendo tempo para planejar e executar as suas operações.
O envio das ordens de compra pela área de produção na quantidade e no prazo corretos evita
que sejam mantidos estoques de produto em excesso. Esse fator também contribui para a redução
dos custos operacionais e a organização do ambiente, bem como a possível consolidação de materiais
ou produtos acabados para otimizar o custo de frete, quando possível.
13
Na Figura 3, apresentamos as principais contribuições da gestão da produção em relação
aos demais agentes da cadeia de suprimentos. Essas relações também são válidas para os gestores
de operações.
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Curva de aprendizado
As contribuições da gestão das operações na competitividade da organização podem gerar
uma curva de aprendizado (também chamada de curva de aprendizagem). Criada pelo psicólogo
Hermann Ebbinghaus em 1885, a curva de aprendizado é, atualmente, utilizada para identificar o
comportamento da área de manufatura em relação às demais áreas e propor estratégias para
melhorar as operações.
A curva apresenta o ganho de performance da operação ao relacionar dois fatores:
a quantidade acumulada de produtos produzidos e
o consumo unitário de outro recurso, que pode ser: tempo de produção, matéria-prima
utilizada, falha de produtos, tempo de entrega aos clientes, etc.
15
Em casos como esse, é exigido um rápido alinhamento entre a área de produção e as demais, visando
entender as especificações dos novos modelos para acelerar as atividades e conseguir atender o
mercado consumidor no menor tempo possível e com a qualidade prometida. Esses produtos são
considerados altamente perecíveis, ou seja, o seu tempo em exposição nas prateleiras das lojas é
curto e, por isso, a produção deve ser rápida. No entanto, dada a pouca habilidade dos trabalhadores
no início dos ciclos, os riscos inerentes à perda de matéria-prima, à maior ociosidade das máquinas
e à baixa qualidade do produto final são altos. Uma das medidas que pode ser tomada pelo gerente
de operações para minimizar esses riscos é a modelagem do aprendizado individual dos funcionários
por meio do histórico da operação. Dessa forma, ele pode identificar quais trabalham melhor com
cada tipo de peça ou etapa produtiva para alocá-los de acordo com as suas habilidades. Nesse caso,
portanto, o objetivo da curva de aprendizado é reduzir o tempo de aprendizado com base na
quantidade de peças produzidas e aumentar a economia de recursos por produto, em um processo
cíclico de melhoria contínua.
A curva de aprendizado tem grande aplicação nas atividades de auxílio à identificação e ao
monitoramento dos indicadores-chave de desempenho, que veremos no próximo módulo.
16
MÓDULO II – INDICADORES-CHAVE DE
DESEMPENHO APLICÁVEIS AO
PLANEJAMENTO E CONTROLE DA
PRODUÇÃO
Introdução
A identificação das métricas e dos indicadores-chave de desempenho, assim como o
reconhecimento do modelo de referência a ser utilizado na gestão da cadeia de suprimentos e dos
indicadores que terão maior aderência à área de planejamento e controle da produção, permite-nos
medir, controlar e monitorar a operação, garantindo maior competitividade à organização.
A referida área de PCP tem como objetivo planejar a produção da melhor forma possível e
controlá-la com a finalidade de aumentar a eficiência e a eficácia da operação. A área acompanha
diversas ações, desde a adaptação do design do produto à realidade fabril até a capacidade ótima de
produção pela mesma. Desta forma, há grande integração com as demais equipes da organização,
desde a análise da demanda prevista até a forma de escoamento dos produtos gerados.
O monitoramento pelos indicadores auxilia nesse processo de acompanhamento e pode
ocorrer por meio dos sistemas de gestão adotados pela empresa ou a partir de controles internos via
planilhas ou dashboards, como veremos mais adiante.
Medida de desempenho da cadeia de suprimentos: modelo
SCOR®
O modelo de referência operacional da cadeia de suprimentos (em inglês, supply chain
operations reference model – SCOR®) foi desenvolvido na década de 1990 pelo Supply Chain Council
(Conselho da Cadeia de Suprimentos), em conjunto com empresas de consultoria. Em 2014, houve
uma fusão entre o Supply Chain Council e a APICS (American Production and Inventory Control
Society, ou Sociedade Americana de Controle de Produção e Estoque), formando a APICS SSC.
O modelo é amplamente utilizado para avaliar as integrações que ocorrem na cadeia de
suprimentos das empresas nos dias atuais e passou por algumas alterações ao longo do tempo. No
início, era usado com base nos processos de planejar, comprar, produzir e entregar o produto. Com
o tempo, passou a contemplar também as devoluções. O seu objetivo final é alcançado, por meio
de uma abordagem cíclica: os stakeholders (partes envolvidas) são identificados, o desempenho é
medido e os processos são redefinidos com base na melhoria contínua.
Baseado em métricas e ferramentas, o SCOR® permite a criação de uma representação gráfica
dos processos da cadeia de suprimentos. As suas métricas são desdobradas de forma hierárquica, de
um nível para o outro, ou seja, os indicadores da base operacional devem sustentar os do nível
tático, que, por sua vez, devem servir de base para as métricas de desempenho estratégico da alta
gestão. Dessa forma, fica mais fácil rastrear e justificar os problemas que venham a ocorrer na
organização. Por exemplo, no caso de haver uma queda na qualidade final do produto, a partir da
investigação hierárquica, pode-se identificar se há uma relação direta entre esse indicador e o baixo
desempenho da máquina de um dos processos envolvidos.
Os desdobramentos são, normalmente, feitos em três níveis. Vejamos:
nível 1 – processos: conjunto de atividades sequenciadas que vão agregando valor ao
produto para atender às exigências dos consumidores;
nível 2 – tarefas: ações que ocorrem dentro dos processos, sob a responsabilidade de um
departamento ou funcionário, e
nível 3 – atividades: trabalho resultante das tarefas, um detalhamento minucioso destas.
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Figura 4 – Modelo SCOR®
Previsibilidade do resultado
de um processo, incluindo cumprimento da ordem de
confiabilidade
tempo, quantidade e pedido.
qualidade.
flexibilidade da cadeia de
Resposta a influências suprimentos e
agilidade externas, a mudanças de adaptabilidade da cadeia de
mercado. suprimentos em relação a
fornecedores e clientes.
19
atributo definição métrica (nível 1)
20
b) Grupo de números relativos:
O grupo de números relativos é composto de indicadores que apresentam relação direta com os
demais, como é o caso do consumo de energia em uma unidade industrial combinado ao número de
peças produzidas pela mesma unidade. Esse grupo é apresentado por meio de cotas, números de
referência e índices.
Figura 5 – Tipos de indicador-chave de desempenho.
Os KPIs também podem ser divididos com base nos indicadores financeiros e não financeiros.
Os primeiros são mais comuns nas organizações, como é o caso do custo do produto vendido
(CPV), mas não necessariamente é o de maior importância.
Diversos fatores influenciam o resultado final da organização, inclusive a performance dos
fornecedores. A medição constante garante maior transparência à empresa e permite a realização de
benchmarking com outros negócios quando utilizadas as mesmas bases, gerando uma melhoria
contínua dos processos internos.
No caso das atividades de planejamento e controle da produção, os indicadores medem o
quanto a produção está alinhada com o planejamento do negócio. Em geral, essa medição leva em
conta um limite inferior ou superior, ou ambos. Alguns serão melhores quanto maiores forem,
como a eficácia ou produtividade por máquina, por exemplo. Outros serão melhores quanto
menores forem, como as taxas de falha por peça produzida ou o percentual de retrabalho.
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de indicadores voltados para o desempenho da
produção, agrupados por similaridade. Em geral, os sistemas de gestão encontrados no mercado
sugerem que a empresa escolha de 15 a 20 KPIs, considerando a adequação à sua realidade. Essa
escolha deve ser minuciosa, a fim de garantir que tais KPIs representem, de fato, os principais
objetivos da empresa.
Sendo assim, algumas questões importantes devem ser levadas em conta, como:
Como balancear a escolha entre medidas que avaliam os curto e médio prazos?
A produção fornece dados suficientes para alimentar esses indicadores?
Serão necessários dados externos para a sua alimentação?
21
Antes de apresentarmos os exemplos de indicadores voltados para o desempenho da
produção, é importante frisarmos que o nosso objetivo não é criar uma lista finita e esgotável de
indicadores, mas apresentar exemplos que venham a inspirar a elaboração de outros mais adequados
à operação de cada empresa.
22
Indicadores de operação
O principal indicador de desempenho da operação é o índice de eficácia geral do
equipamento (em inglês, overall equipment effectiveness – OEE), que será visto em detalhes adiante.
Além dessa medida, também são usadas o percentual de tempo utilizado e ocioso de cada
equipamento, e o percentual de produtos que passam no teste de qualidade.
Outro indicador de desempenho da operação pode ser obtido a partir da relação entre o valor
dos serviços e produtos produzidos e o valor dos insumos consumidos, como demonstrado na
equação a seguir.
( ç / )
=
Nesse caso, o aumento da produtividade operacional irá contribuir para maior concorrência
da empresa frente às demais, uma vez que o valor dos insumos irá representar uma fatia menor do
valor global do produto ou serviço, tornando seu custo menor em relação ao valor final.
A medida de produtividade é feita de acordo com os produtos e serviços, e é monitorada com
o objetivo de localizar em que pontos podem ser feitas melhorias. Um exemplo é o cálculo do
número de peças produzidas por hora em uma máquina. São contabilizadas quantas peças a
máquina produz efetivamente em relação à sua capacidade. Quanto maior for este percentual,
melhor é a operação, como mostra a equação abaixo. Esse indicador permite avaliar a necessidade
de intervenção na operação a fim de melhorar seu resultado final.
Outro indicador atrelado à produtividade é o custo de produção, um valor que pode ser
apresentado de forma absoluta ou relativa, se dividido pelo volume produzido pela empresa.
23
Quanto maior for, melhor está sendo a operação e maior a satisfação do cliente, permitindo
identificar rapidamente falhas e oportunidades de melhoria no processo. Esse indicador tem
maior abrangência na organização, mas o gestor de operações e produção é também cobrado pelo
seu bom desempenho.
Indicadores de manutenção
A manutenção dos equipamentos de uma unidade pode ocorrer de forma:
preventiva – quando a manutenção é totalmente planejada (a cada 1.000 horas de
máquina operando, por exemplo);
preditiva – quando a manutenção ocorre a partir da experiência dos operadores, podendo
ser relativamente planejada ou
corretiva – quando manutenção ocorre sem nenhum planejamento (quando a máquina
para de funcionar por razões que fujam do controle, por exemplo).
Alguns indicadores utilizados nesse caso são o custo de manutenção em relação à produção,
o tempo gasto em manutenção relativo à produção e o tempo médio entre falhas (em inglês, mean
time between failures – MTBF). Esse último ajuda a medir a confiabilidade da manutenção com
base no intervalo existente entre uma falha e outra do equipamento. O resultado deve estar
diretamente relacionado ao valor investido na área: quanto maior for o resultado, menores serão as
ocorrências de manutenção.
Indicadores de planejamento
O planejamento e agendamento da operação reflete como será a utilização da capacidade da
planta. Nesse caso, há dois indicadores relevantes:
a relação entre o que foi planejado e sequenciado para ser produzido e a produção real ao
longo de determinado período, e
a acuracidade da previsão de demanda, ou seja, o confronto entre o que foi planejado pela
equipe de vendas e a demanda real.
24
Ainda em relação ao planejamento, a acuracidade da lista de materiais que é gerada para cada
produto também pode ser medida.
Indicadores de equipamentos
A condição de operação dos equipamentos é fundamental para o funcionamento global da
manufatura. Alguns indicadores absolutos utilizados são: eficiência da bomba, número de horas de
operação, número de aberturas da válvula, etc. Essas medidas servem para controlar as manutenções
preventivas e auxiliam a identificar a necessidade de outros tipos de manutenção, a partir do
histórico de desempenho do equipamento.
25
Dosar a quantidade de informações é um trabalho delicado e requer muito conhecimento. A
sobrecarga de dados entregues aos gestores é um dos grandes erros cometidos pelas empresas. Com
tantas informações em mãos, fica difícil priorizar e focar as questões mais relevantes. Por outro lado,
subestimar alguns dados não permite que o gestor tome decisões de forma consciente e segura.
A definição dos indicadores deve levar em conta a capacidade produtiva da empresa, bem
como o número de funcionários, os recursos financeiros disponíveis e o benchmarking com outras
empresas do mesmo segmento ou que possuam processos produtivos semelhantes. A escolha dos
KPIs mais adequados para cada área deve estar alinhada com os objetivos estratégicos da organização
e também com os objetivos internos da área em questão.
Cada indicador irá apresentar uma frequência ideal de acompanhamento, que pode ser anual,
mensal, quinzenal, semanal, diária, horária ou outro período relevante para a empresa. A
consistência da medição também é de grande importância para que se possa acompanhar
determinada situação e, caso o indicador apresente uma tendência de desvio da meta ou esteja fora
dos limites de controle, planejar uma ação sem grandes impactos na operação.
No Quadro 2, apresentamos as principais informações a serem identificadas para cada
indicador.
nome do indicador
definição
fórmula de cálculo
unidade de medida
fonte de dados
frequência de medição
responsável
26
Figura 6 – Dashboard de controle operacional.
Os dashboards trazem um resumo das informações, que devem ser interpretadas pelo gestor
da operação, uma vez que, no gráfico, são apresentados apenas os resultados obtidos a partir dos
inputs no sistema.
Em geral, esses quadros trazem cores e formatos que facilitam a interpretação dos dados para
que sejam de rápida associação por parte dos responsáveis e facilitem a tomada de decisão. Essa
associação facilitada ocorre, por exemplo, quando o gráfico utiliza a cor vermelha para alertar sobre
algum problema, a cor verde para mostrar que está tudo dentro do controle, um velocímetro que
mostra os dados maiores para a direita e aponta com uma seta para o valor medido, etc. Diante
disso, o cuidado na escolha da representação dos dados é muito importante.
27
O objetivo do KPI se assemelha ao funcionamento da ferramenta de gestão chamada ciclo
PDCA, idealizada por Walter Shewhart na década de 1920 e divulgada por William Deming na
década de 1950. O ciclo PDCA é composto das seguintes etapas:
1. planejamento (plan);
2. execução (do);
3. checagem (check) e
4. ação (act).
28
O exemplo apresentado, bem como a Figura 8, mostram que um indicador de desempenho
é composto de diversas métricas. A partir da identificação de todas elas, é possível rastrear os recursos
que estão sendo consumidos em excesso. As métricas que alimentam esse indicador também podem
ser desmembradas em outras, possibilitando a identificação da raiz do problema, com o intuito de
maximizar o desempenho da operação.
No próximo módulo, veremos como melhorar a integração obrigatória que acontece entre as
áreas de produção e vendas nas organizações, por meio do planejamento de vendas e operações
(S&OP).
29
30
MÓDULO III – PLANEJAMENTO DE VENDAS
E OPERAÇÕES
Introdução
A finalidade da criação de um plano de vendas e operações (do inglês, sales and operating
planning – S&OP) é alinhar, junto a toda a organização, as expectativas comuns e os objetivos de
cada uma das áreas envolvidas – apesar de esses objetivos serem conflitantes em muitos casos. Além
disso, o plano de vendas e operações oferece meios para que a organização possa reagir de forma
rápida a mudanças nos cenários interno e externo.
O S&OP é um processo organizacional que faz o balanço entre a oferta e a demanda por
meio das informações administrativas de toda a empresa. Entre essas informações, temos:
previsão de vendas;
disponibilidade de estoque;
recursos de produção e
restrições desses recursos, como equipamentos, pessoal, instalações e estoques.
O plano irá afetar cada departamento de modo singular, e os seus desdobramentos devem ser
avaliados por cada gestor, o qual pode tomar decisões que envolvam ações como aumentar o efetivo
de trabalhadores na área operacional, reduzir o volume de estoque, etc.
Os resultados esperados do S&OP são os seguintes:
plano de vendas agregado;
plano de produção agregado;
orçamento da empresa para o período em análise e
plano de introdução de novos produtos e desativação de outros.
Todos esses resultados serão analisados neste módulo. O objetivo é explicitar como deve ser
feito um S&OP para uma empresa, quais são as integrações desse plano com os demais planos que
venham a existir na empresa, que benefícios podem ser percebidos na organização após a sua
implementação e quais são as principais ferramentas utilizadas pelo mercado para a gestão.
32
Figura 9 – Conflitos no processo de planejamento.
O foco individual da área de vendas está na maximização das receitas da unidade, e isso pode
ocorrer a partir da promessa de uma resposta rápida ao cliente e da possibilidade de variações e
adaptações nos produtos. No entanto, a área de operações tem o objetivo individual de maximizar
a produção e minimizar os custos envolvidos, dando preferência à redução da variedade de
produtos, quando possível, e à flexibilidade no prazo de entrega. Apenas com base nos objetivos
de cada uma dessas áreas, já é possível observarmos que não há uma sincronia no primeiro
momento.
A fim de equalizar os conflitos existentes e propor uma operação fluida, devem ser avaliados
os principais trade-offs, garantindo assim que fatores-chave como os seguintes não sejam
prejudicados: qualidade, margem, níveis de serviço e capital de giro.
Com o intuito de evitar divergências entre as áreas, deve-se buscar a construção de um sistema
integrado em que a troca de informações ocorra por meio de um fluxo bidirecional, constantemente
retroalimentado pelas partes interessadas (stakeholders). Como vimos, o plano de vendas e operações
(S&OP) agrega informações diversas, desde previsões de venda aos clientes, disponibilidade de
estoque e de recursos de produção até restrições desses recursos. Essas restrições podem ser referentes
a equipamentos, pessoal, instalações e estoques.
O S&OP não é realizado por produto, mas a partir de blocos aglomerados. Para tanto, são
consideradas, tipicamente, três dimensões:
b) Mão de obra:
A segunda dimensão tem como base a mão de obra, sendo comumente usada para alocar
serviços prestados por cada especialidade, como por exemplo em uma empresa de construção:
bombeiros hidráulicos, eletricistas, pintores, etc.
33
c) Tempo:
O tempo também é agregado em unidades maiores do que dias ou horas, como meses,
trimestres e anos, o que contribui para flexibilizar as taxas de produção e a força de trabalho quando
a demanda apresenta variações sazonais significativas.
Como podemos observar, a maior taxa de produção, para os próximos 18 meses, está na
família dos produtos populares. Os produtos premium têm pequena representatividade no total da
previsão, e os produtos standard estão entre os dois, com uma produção mediana. Os três
apresentam tendência de estabilização da demanda para os próximos trimestres.
Para cada período e cada família planejados na tabela, o cálculo dos requisitos logísticos é
baseado na demanda desse período menos a soma do estoque disponível e dos recebimentos
planejados. Em outras palavras, os requisitos são baseados no volume líquido a ser produzido para
atender às solicitações previstas.
Na Tabela 2, apresentamos um exemplo de requisitos logísticos para uma família de produtos
de uma empresa produtora de brinquedos. O período analisado é o primeiro trimestre de 2019.
produção 650
34
Como podemos observar, a demanda é de 1.000 unidades. No entanto, como 300 já estão
em estoque e há um recebimento planejado, proveniente de outra unidade produtiva da empresa,
de 50 unidades, o volume líquido a ser produzido é de 650 unidades. Nesse exemplo, o objetivo da
organização é manter o estoque zerado, promovendo uma coordenação perfeita entre a demanda e
a oferta.
No entanto, a estratégia adotada pela empresa que nos serve de exemplo não considera
nenhum imprevisto. Sendo assim, qualquer situação que ocorra fora do planejado pode inviabilizar
o atendimento pleno aos clientes. Caso a empresa ou algum revendedor resolva fazer uma campanha
publicitária para aumentar as vendas, por exemplo, possivelmente não terá como atendê-las. Caso
haja greve no transporte e um consequente atraso no recebimento de matéria-prima, isso também
causará um problema para a operação. Por essas razões, normalmente, a organização adota um
estoque mínimo a ser mantido na operação, evitando qualquer prejuízo para a sua marca ou para
os seus clientes.
No início deste tópico, o exemplo de consumo sazonal de cerveja no Brasil sugere a
construção de uma ordem de requisição de produtos ao longo de um ano. Ainda considerando uma
previsão trimestral, nesse caso, as vendas entre os meses de outubro e março são muito maiores do
que no período que compreende abril a setembro. Na Tabela 3, apresentamos previsões fictícias
entre janeiro de 2018 e março de 2019, ou seja, cinco trimestres.
Como podemos observar, além das condições de demanda, há também, nesse cenário, duas
importantes restrições: o espaço físico para estoque comporta até 800 unidades e a capacidade máxima
de produção por trimestre é de 1.600 unidades. Em um período mais amplo de requisição, existe a
possibilidade de antecipar estoques para suprir a demanda do próximo trimestre. Dessa forma, há
redução da necessidade de recebimentos externos e a tentativa de nivelar um pouco mais a produção.
35
Além disso, podemos observar que o segundo trimestre de 2018 (de abril a junho) apresenta
uma demanda baixa quando comparada ao primeiro trimestre de 2018 e 2019. No entanto, nesse
período, não é viável antecipar a produção uma vez que o terceiro trimestre tem a menor previsão
de vendas (apenas 800 unidades). Nesse cenário, é mais viável deslocar a produção para que ocorra
dentro do próprio período de demanda (quarto trimestre de 2018 e primeiro de 2019).
Dessa forma, será possível garantir que os recursos produtivos estejam disponíveis na
quantidade, no tempo e no nível de qualidade adequados, de modo a maximizar o índice de
produtividade e a minimizar o índice de falhas e erros.
É preciso executar e monitorar o plano constantemente, fazendo os ajustes necessários e
aprimorando-o a cada período. Nesse caso, deve ser usada como base a estratégia de gestão do ciclo
PDCA, que pode ser representado por sete etapas, como demonstrado na Figura 10.
36
Figura 10 – Ciclo S&OP.
A primeira etapa é a de levantamento dos dados. Nela são computados os pedidos dos clientes.
Em seguida, é feito o planejamento da demanda, ou seja, busca-se saber em que período cada um
desses pedidos deve ser atendido, além de se fazer a previsão de vendas para todo o período. A
terceira etapa é a de planejamento da operação, em que se identificam os recursos que estarão
envolvidos e as restrições para atender à demanda prevista na etapa anterior. Na sequência, são
elaborados os planos de venda e operação, momento em que são levantados os saldos de estoque e
dimensionados os recursos necessários. A sexta etapa é a de avaliação da sinergia, que ocorre entre
os planos e os problemas identificados, com o apoio dos indicadores de desempenho. A fim de
corrigi-los, a última etapa é a de elaboração das propostas de melhoria para o próximo ciclo.
Mais adiante, apresentaremos o sistema APS (em inglês, advanced planning schedule), que
também irá auxiliar na etapa de planejamento da operação que acabamos de descrever. Por ora, é
importante saber que esse sistema é indiretamente alimentado pelos dados do S&OP e realiza o
sequenciamento das atividades. A partir dele, é possível aprimorar a gestão e alocação de recursos,
assim como otimizar os requisitos e a gestão da demanda. Além disso, todos os dados dele
provenientes conectam-se com os demais dados dos sistemas da empresa, promovendo a melhoria
da gestão.
37
Produtos do S&OP
Os principais produtos gerados a partir do plano de vendas e operações (S&OP) são:
c) Orçamento da empresa:
Consequência do plano de produção agregado, a partir dele, é possível identificar os recursos
tanto humanos quanto físicos (equipamentos, matéria-prima, etc.) necessários à empresa. Da
mesma forma que os anteriores, o orçamento também é agregado e tem o objetivo de direcionar os
demais cálculos dele derivados.
38
Esses produtos, quando adotados de forma integrada com os demais sistemas, permitem à
organização elaborar o planejamento considerando um prazo mais longo. De acordo com os
volumes projetados, por exemplo, a organização pode tomar decisões como a ativação ou
desativação de uma unidade fabril.
39
A partir do plano de vendas e operações, são planejados os recursos necessários em relação à
produtos individuais, e não mais apenas à família dos produtos. Para manufatura, são detalhados
os materiais a serem comprados e os recursos a serem utilizados. Na prestação de serviços, são
programadas as prioridades do dia a dia dos funcionários, os equipamentos e as compras envolvidas.
O processo de planejamento é dinâmico e deve ser periodicamente revisado, pois podem
surgir necessidades decorrentes de imprevistos diversos, como aumento da demanda, equipamentos
em manutenção corretiva, greve de funcionários, etc. Cada empresa irá definir a frequência dessa
revisão de acordo com o seu produto, histórico e eventos não esperados.
Integração horizontal
Além da integração entre os planos, também ocorre a integração entre áreas funcionais da
empresa, por meio das entradas de informação de cada uma, como demonstrado na Figura 12. Essas
entradas servem para validar o plano no âmbito operacional, garantindo que este seja factível e
satisfatório, levando em consideração, por exemplo, a capacidade de produção das máquinas, o
comportamento dos concorrentes, a necessidade de aplicação de novos treinamentos aos
funcionários, etc.
40
Cada área funcional, além do objetivo comum, também tem o seu objetivo individual, que,
normalmente, está dividido em seis propostas:
minimizar o custo ou maximizar o lucro;
maximizar o nível de serviço;
minimizar o estoque;
maximizar uma taxa de produção flat, sem grandes oscilações;
minimizar o turnover dos funcionários e
minimizar a ociosidade da planta e dos equipamentos.
Cada área prioriza a sua operação, quando possível, a partir de um ou mais objetivos como
os citados. Há situações em que a opção de uma área irá impactar a operação alheia. Isso ocorre,
por exemplo, quando a operação deseja minimizar a ociosidade dos equipamentos e precisa
aumentar a sua produção, resultando em maiores volumes de estoque.
O equilíbrio dessas situações pode ocorrer por meio de alternativas reativas ou agressivas.
Vejamos:
a) Alternativas agressivas:
As alternativas agressivas são ações que buscam modificar padrões de demanda, como é o caso
de serviços que apresentam alta demanda durante os meses de férias escolares e, por isso, as empresas
criam produtos complementares para aproveitar os recursos já treinados e nivelar essa demanda ao
longo do ano. Nesse caso, enquadram-se as colônias de férias, que, durante o período escolar, fazem
animação de festas infantis e eventos corporativos. Outra alternativa agressiva ocorre a partir de
campanhas promocionais para aumentar as vendas, como lojas de uniformes brasileiras que fazem
promoção nos meses de maio a setembro, fora do pico da demanda, que ocorre entre janeiro a março.
b) Alternativas reativas:
As alternativas reativas são adequações feitas pelas áreas funcionais para responder às
demandas previstas. As medidas mais comuns são as seguintes:
produção constante ao longo do ano, gerando estoque nos períodos em que a demanda é
menor e consumindo-a nos períodos de pico. Nesse caso, é levada em conta a demanda
anual dividida por iguais períodos de 12 meses. Essa produção não é, contudo, factível em
todos os casos, já que, para alguns produtos, o custo de armazenagem ou obsolescência
pode ser alto demais;
oscilar a quantidade de funcionários, aumentando a contratação nos picos de demanda e
demitindo nos demais períodos. No entanto, quando se trata de mão de obra muito
especializada, essa manobra se torna inviável;
flexibilizar a força de trabalho existente com horas extras ou redução da jornada de
trabalho, ou contratar funcionários terceirizados;
41
dar férias coletivas aos funcionários de montadoras de veículos nos períodos de baixa
venda, por exemplo e
trabalhar com backlogs de pedidos quando a demanda é muito acima da média. Nesse caso,
as empresas acumulam os pedidos dos clientes, aumentando o tempo de entrega
prometido.
42
O gerenciamento mais eficaz da produção beneficia o planejamento de toda a cadeia,
incluindo os fornecedores e distribuidores dos produtos acabados. Os fornecedores, por exemplo,
podem ser informados com maior precisão e antecedência sobre as necessidades do cliente,
garantindo o atendimento referente tanto a novos recursos quanto a maiores quantidades. Essas
situações se traduzem em vantagens diretas para a organização, que terá maiores garantias de
recebimento dos recursos necessários.
Quanto aos distribuidores, a vantagem está relacionada à previsão de carregamento dos
produtos acabados. Quando a produção está alinhada com o planejamento, é possível garantir que os
produtos estarão disponíveis para embarque no momento acordado. Dessa forma, os distribuidores
podem carregar os seus caminhões ou navios, por exemplo, sem atraso ou falta de produtos.
Todos os inputs do S&OP, mostrados na Figura 12, proporcionam melhorias no desempenho
da empresa a partir do funcionamento do sistema. A Figura 13 mostra algumas das vantagens
observadas em cada uma das áreas, como operações, vendas, materiais e fornecedores. A figura não
tem o intuito de encerrar as vantagens, mas de ilustrar que os benefícios se estendem à toda a
operação, buscando a melhoria do desempenho global.
43
falta de previsibilidade para a cadeia de suprimentos quanto ao plano de crescimento da
empresa;
dificuldade de realizar a previsão de vendas para os próximos períodos por não entender
as oscilações do mercado e
comunicação em apenas uma direção (sem discussões acerca do que fora planejado).
Ferramentas
Algumas soluções são utilizadas para auxiliar na implementação do plano de vendas e
operações dentro das organizações. Tais soluções podem compreender desde ferramentas mais
simples, desenvolvidas internamente, até as mais complexas, como os sistemas comercializados por
grandes empresas. A seguir, analisaremos duas ferramentas bastante usuais: as planilhas eletrônicas,
que podem ser elaboradas pela própria empresa para facilitar a gestão, e o método do transporte,
que é utilizado para validar o melhor mix entre o que deve ser produzido pela fábrica e a
subcontratação de produtos acabados.
Ambas podem ser utilizadas para projetar o comportamento da empresa que utiliza estratégias
tanto reativas quanto agressivas no seu planejamento.
Planilhas eletrônicas
As planilhas eletrônicas são desenvolvidas por empresas que não utilizam sistemas mais
elaborados para integrar as áreas de vendas e operações. O objetivo da planilha é relacionar as
demandas e as restrições de recursos (pessoal e equipamentos) aos custos de produção, sempre com
o intuito de minimizar o custo total no período.
A vantagem da planilha consiste no fato de que nela os cálculos são feitos a partir de algumas
variáveis que justificam, financeiramente, decisões tomadas para atender à demanda futura prevista.
Um exemplo é o trade-off entre a contratação de mais funcionários ou a solicitação de horas extras
para os funcionários atuais em períodos de pico de demanda. O balanço entre custo e produtividade
ajuda a definir o melhor cenário.
Já a desvantagem da planilha consiste no fato de que ela não é automatizada e, por essa razão,
todas as alterações devem ser feitas manualmente. Isso ocorre, por exemplo, em relação à capacidade
dos equipamentos: o tomador de decisão deve limitar, manualmente, a produção de cada
equipamento, pois a sua capacidade não é infinita. Além disso, trabalha-se no médio prazo (não são
considerados períodos muito longos) e não é possível considerar muitas variáveis no cálculo.
44
Na Tabela 4, apresentamos um exemplo de uma indústria calçadista cuja produtividade
média é de 10 sapatos por hora, por funcionário. A fábrica trabalha em um turno de oito horas por
dia, de segunda a sexta-feira, em uma média de 22 dias úteis por mês. O salário mensal de cada
funcionário é $ 1.000 e são permitidas, no máximo, 10 horas extras por mês para cada um, a um
custo de $ 10 a hora. A contratação de cada funcionário tem um custo de $ 200 e a demissão, de
$ 370. O estoque tem um custo mensal individual de $ 0,75 ao longo do mês.
Tabela 4 – Planilha eletrônica de apoio à decisão.
45
No exemplo apresentado, o gestor deve avaliar o melhor cenário global, visando ao menor
custo total possível a partir de restrições de operação como o número limite de horas extras por
funcionário, e a duração e produtividade de cada turno. Para chegar à melhor combinação, é preciso
alterar as variáveis passíveis de mudança – nesse caso, temos apenas uma, que é a quantidade de
funcionários. A partir dessa decisão, são calculadas as horas extras necessárias para alcançar a
demanda no período. O excesso de produção será estocado e irá abastecer o período seguinte. A
produção individual é baseada na demanda e descontada do estoque no início do mês. Para fins de
comparação, o custo individual, considerando essas variáveis, é de $ 0,66. Esse custo é encontrado
pela soma dos custos totais dividida pela produção final nos seis meses.
No caso das alternativas agressivas, a planilha eletrônica auxilia na projeção do aumento de
demanda, ou seja, ajuda a identificar qual deve ser a demanda ideal ao longo do ano, para maximizar
os recursos presentes na organização. A partir dessa definição, a área de vendas deve direcionar essa
demanda aos clientes.
Quanto às alternativas reativas, o objetivo é equalizar, ao longo do período, a demanda que
existe com os recursos disponíveis. A planilha ajuda a dimensionar qual será a produção em cada
período, o que otimiza a utilização dos recursos existentes, buscando os menores custos possíveis,
entre eles o custo de estocagem dos itens quando a produção ocorre antecipada à previsão de demanda.
Método do transporte
O método do transporte de planejamento da produção é um caso de programação linear,
sendo mais simples que o anterior. Nele são consideradas algumas variáveis e, a partir delas, busca-
se reduzir o custo final. São variáveis possíveis: custo de estocagem, custo de hora extra de produção,
custo de transporte entre unidades produtivas, etc.
A contribuição principal do método está no sentido de planejar estoques de antecipação,
relacionados aos planos de produção dos subcontratados de produtos acabados. Na Tabela 5,
apresentamos um exemplo de aplicação. Na sequência, contextualizamos o exemplo.
46
Tabela 5 – Método do transporte para apoio à decisão
47
Baseada na demanda prevista para os próximos seis meses, a gerente industrial de uma
unidade fabril quer desenvolver um plano de vendas e operações que atenda a todos os pedidos. A
produção interna, sem a prática de horas extras, é limitada a 6.500 unidades por mês; a produção
máxima, a partir da contratação de horas extras, é de 1.400, e a possibilidade de subcontratação da
produção é limitada a 1.000 unidades por mês. Além disso, o custo de fabricação, em tempo
normal, é de $ 800; o de fabricação, com hora extra, é de $ 1.000, e o de subcontratação, $ 1.150.
O custo de estocagem do produto é de $ 70 por mês. A operação inicia com 200 unidades em
estoque, e o objetivo é finalizar os seis meses com 400 unidades estocadas.
A simulação a partir do método do transporte mostra que, na situação apresentada, em apenas
dois meses, houve a necessidade de subcontratação, já que o custo é inferior ao de estocagem quando
considerado um período acima de dois meses. Para atender à demanda, em três períodos houve a
necessidade de horas extras, limitadas ao máximo permitido por questões de recurso. Nesses casos,
a fábrica produz, internamente, até 7.900 unidades mensais. No cenário da tabela apresentada, o
custo individual durante o período planejado é de $ 839. Esse valor é obtido a partir da divisão do
custo total pela produção total no período e é um valor próximo ao custo de produção para cada
item no tempo normal ($ 800).
48
MÓDULO IV – CÁLCULOS DE
PLANEJAMENTO
Introdução
É muito importante detalhar como são feitos os cálculos de planejamento em uma
organização, de forma que todos os recursos envolvidos, desde materiais até equipamentos e pessoal,
consigam responder às demandas dos clientes. Para isso, é necessário relacionar informações
referentes ao planejamento estratégico da organização e ao sequenciamento das atividades,
detalhando as horas necessárias à execução de cada pedido. Ao final deste módulo, vamos entender
como esses cálculos podem colaborar para o aumento de produtividade da organização e permitir a
integração da área de produção com as demais áreas.
O sistema S&OP alimenta o programa mestre da produção (MPS) com as previsões de
demanda e o planejamento macro de capacidade da unidade. O MPS, por sua vez, fornece as
informações mais detalhadas da demanda, apresentando a previsão por período e a árvore de itens
necessários a cada produto ou família de produto. O plano de recursos da manufatura (MRP-II)
entrega ao sistema de planejamento e sequenciamento (APS) as demandas líquidas já com o
posicionamento dos estoques. Por fim, o APS recebe todas as informações e detalha o
sequenciamento viável das atividades de produção para cada um dos recursos disponíveis. Além
disso, o APS retorna as informações ao MRP para que as ordens de compra sejam revistas caso seja
necessário reprogramar a produção de alguns pedidos.
As informações vão sendo refinadas conforme as etapas vão evoluindo. Na Figura 14,
demonstramos, de forma esquemática, como essa relação ocorre.
50
No Quadro 3, resumimos as principais características de cada um dos três sistemas,
identificando as diferenças entre eles. Como podemos observar, a única informação presente em
todos é o estoque disponível por período, seja ele trimestral, mensal ou outro.
lista de materiais x
51
A soma entre a carteira de pedidos e a previsão de vendas forma a demanda total da empresa.
No horizonte de tempo mais próximo, a carteira tem maior representação, enquanto no horizonte
mais distante, a demanda fica principalmente por conta da previsão, já que a maioria dos pedidos
reais ainda não foi realizada. Além disso, o cálculo da demanda é dinâmico, pois o cliente pode
alterar o seu pedido para mais ou para menos, e a previsão pode não ser muito assertiva. Isso pode
ocorrer por conta de diversos fatores, como: mudanças climáticas, entrada ou saída de concorrentes,
produtos substitutos e mudança na imagem da empresa. Como exemplo, podemos citar a redução
nas vendas de walkmans por conta do surgimento do iPod.
O processo produtivo da empresa também altera a sua previsão de demanda. Empresas que
trabalham com o sistema de produção para estocagem (em inglês, make-to-stock – MTS) não têm
uma visibilidade muito precisa em relação à sua demanda, pois a sua produção é empurrada, ou
seja, está disponível caso o consumidor queira comprar. As geladeiras e os fogões expostos nas lojas
de eletrodomésticos são um bom exemplo. Há também empresas que trabalham com o sistema de
produção por projetos. Nesse caso, a demanda é conhecida, e a engenharia do produto ou serviço é
feita de forma customizada para um cliente específico, ou seja, a produção é totalmente puxada pelo
cliente. A construção de uma plataforma de petróleo é um bom exemplo.
No meio do caminho, estão os sistemas de produção sob pedido e de montagem final dos
produtos sob pedido. No primeiro caso, os produtos são adequados para o cliente, como acontece
na produção de cartões por uma gráfica, por exemplo. Nesse caso, não é necessário adequar nenhum
equipamento à necessidade do cliente, mas é preciso fazer a arte ou modificar o nome em uma arte
já pronta, por exemplo. No segundo caso, há produtos pré-moldados que recebem algumas
adequações na etapa de montagem, como acontece com os carros de fábrica que aceitam a alteração
de alguns acessórios a partir de um chassi já pré-fabricado.
Na manufatura, o MPS direciona a operação a partir da identificação da quantidade e do
momento em que os produtos devem estar prontos para consumo. Em relação aos serviços, também
mostra o que deve estar pronto e em que momento. O registro do programa mestre identifica, a
partir das demandas de pedidos em carteira, previsões e estoques disponíveis, as necessidades
líquidas de produção em cada período. O resultado dessa equação reflete o quanto a empresa deve
produzir para atender à demanda no médio prazo, em um cenário que irá variar entre semanas e
meses de produção, dependendo da natureza do produto.
52
Tabela 6 – Exemplo de MPS não nivelado.
Semana
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
demanda 10 10 20 20 15 15 25 20 10
disponível 30 20 10 0 0 0 0 0 0 0
MPS 0 10 20 15 15 25 20 10 0
Na Tabela 6, apresentamos um MPS para determinado produto com produção não nivelada.
Nesse caso, a cada semana, dependendo da demanda, há uma produção distinta para atender à semana
seguinte. Uma crítica a esse modelo é a necessidade de ajustes constantes na provisão de recursos.
Outra possibilidade é um MPS nivelado, em que a produção é constante, com planejamento
para atender às próximas semanas, no médio prazo. Na Tabela 7, apresentamos o mesmo exemplo
numérico da tabela anterior, mas com a produção constante de 15 unidades por semana, nivelando
possíveis picos e vales que possam existir. Esse volume consegue atender a toda demanda e, na
última semana, ainda há sobra de cinco unidades.
A crítica desse modelo fica por conta do estoque gerado ao longo das semanas para atender à
demanda global.
Semana
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
demanda 10 10 20 20 15 15 25 20 10
disponível 30 20 25 20 15 15 15 5 0 5
MPS 15 15 15 15 15 15 15 15 15
O MPS detalha apenas os produtos principais com base na previsão de demanda, mas não os
subitens necessários para a montagem ou construção de cada produto. Além disso, não emite ordens
de trabalho e ordens de compra, atividades realizadas pelo sistema que veremos a seguir, o MRP.
53
O MRP identifica os itens necessários a cada produto, quando e quanto devem estar
disponíveis, além de mostrar o momento das necessidades de montagem e submontagem para
alcançar a previsão de pedidos da empresa. Na prática, o MRP explora o MPS e, por meio da lista
de materiais para todos os níveis, analisa as submontagens e identifica os componentes necessários.
Na Figura 16, apresentamos um modelo de MRP.
Árvore de estrutura
A árvore de estrutura é construída na etapa de listagem dos materiais e considera cada um dos
produtos envolvidos. Nela são identificadas as demandas dependentes, ou seja, os subitens que
formam o produto acabado e são necessários à construção do produto final. O consumo futuro dos
itens de demanda dependente pode ser calculado a partir do consumo dos itens primários. Já os
itens de demanda independente são baseados na previsão de mercado, e não apresentam relação
com os demais produtos da empresa. Um exemplo de demanda dependente é a quantidade de pneus
em relação à quantidade de motos produzidas, que será sempre o dobro já que cada moto precisa
de 2 pneus. A seguir são apresentados os níveis que formam a árvore:
nível 0 – produto final vendido pela empresa;
nível 1 – itens primários necessários ao produto no nível 0;
nível 2 – itens secundários, necessários à composição do nível 1, e assim por diante.
54
A construção da árvore só termina quando chegamos aos itens que não são fabricados ou
montados pela própria empresa. Na Figura 17, apresentamos um exemplo.
No exemplo apresentado, para ser produzido, cada produto do tipo A necessita de duas
unidades de B e uma unidade de C. Por sua vez, o subproduto do tipo C precisa de uma unidade
do tipo D e três unidades do tipo E. Assim sendo, para produzir cada unidade de A, são requisitados
sete materiais diferentes. Um pedido que envolva a produção de 20 itens do tipo A, por exemplo,
irá gerar uma ordem de compra de 40 itens B, 20 itens C, 20 itens D e 60 itens E. Nesse caso, os
itens do nível 2, D e E, não são montados ou fabricados pela empresa e, por essa razão, já não é
mais necessário detalhar as unidades que compõem cada um deles.
A forma de construção da árvore irá variar de acordo com fatores como: número de
componentes em cada nível, quantidade de itens feitos internamente pela empresa e quantidade de
itens comprados prontos, número de montagens, número de matérias-primas, variedade de
acessórios possíveis para o produto, etc.
As quatro estruturas mais comuns estão representadas na Figura 18, cada uma com suas
características principais: “A”, “T”, “V” e “X”. O exemplo da Figura 17 se encaixa no modelo do
tipo “A”, em que um produto se abre em alguns componentes.
55
Cálculo da necessidade líquida (NL)
Após construir a árvore de estrutura para cada um dos produtos ou serviços comercializados,
a empresa deve realizar o cálculo da necessidade líquida (NL) para os itens de todos os níveis, sejam
eles produzidos, montados ou comprados já prontos pela empresa. A necessidade líquida considera
o que está disponível em estoque e, a partir disso, gera as requisições seguintes.
Considerando o exemplo resumido da Figura 17, vamos supor que a demanda de produtos
A seja de 10 unidades e que a empresa possua quatro unidades em estoque. Dessa forma, a
necessidade líquida será de seis unidades. Sendo assim, no nível 1, serão necessárias 12 unidades de
B e seis de C. Considerando que há três unidades de B em estoque e nenhuma unidade de C, a
necessidade líquida desse nível será de nove unidades do tipo B e seis do tipo C. Os mesmos cálculos
são feitos para os níveis seguintes.
56
O gráfico de Gantt é então associado às necessidades liquidas, já calculadas anteriormente,
para disparar as ordens de compra e montagens. Em alguns casos, a empresa opta por comprar ou
montar um item em quantidade superior à necessidade líquida. Isso pode acontecer por conta de
diversos fatores, como:
lote mínimo de compra;
ciclo ou setup do equipamento de montagem;
custos de frete e
desconto para quantidades superiores.
Como exemplo, levando em o MPS da Tabela 6, em que a produção não é nivelada, faremos
o cálculo do MRP para a produção de itens do tipo A, de acordo com os lead times expostos na
Figura 19 e considerando que a demanda dos subitens é dependente do planejamento de A.
Vejamos:
57
Ponto de pedido e MRP I
Os dois gráficos a seguir representam o planejamento de estoque de matéria-prima na
empresa a partir de duas estratégias: ponto de pedido e MRP I. No Gráfico 5, os materiais são
solicitados no momento em que o estoque atinge o ponto de pedido, ou seja, quando o consumo
atinge um limite em que deve ser solicitado o novo lote de produtos para que a empresa fique
prontamente abastecida quando chegar no estoque de segurança. Já no Gráfico 6, a matéria-prima
é recebida apenas no momento em que vai ser utilizada. Em ambos os casos, a produção é atendida
com quantidade de material suficiente. No entanto, no primeiro caso, o estoque médio é maior e o
custo para mantê-lo também.
58
Desvantagens do MRP
O sistema MRP não leva em conta como será a distribuição física dos itens produzidos nem
se a capacidade de produção da fábrica será suficiente para atender às demandas previstas. Parte-se
da premissa de que sempre haverá capacidade produtiva para viabilizar a produção dentro do lead
time estimado, o que traduzimos como capacidade infinita. Isso gera um problema para a fábrica,
pois dimensionar os equipamentos e turnos para o pico significa que, na maioria do tempo, a
unidade estará ociosa. Nos tópicos a seguir, vamos analisar os sistemas que dão conta dessas
questões: DRP, CRP, MRP II e APS.
Outra desvantagem do sistema consiste no fato de que ele não foca na otimização do custo
de compra de material, já que as requisições ocorrem de acordo com a necessidade da produção. O
objetivo é reduzir o estoque, e não o custo total.
59
A integração entre o MRP e o DRP ocorre no momento em que a produção é finalizada e os
produtos acabados vão para o depósito da fábrica. A sinergia entre os dois sistemas é responsável
por um nível mínimo de estoque de segurança na fábrica. Quanto mais numerosos forem os
depósitos e clientes coordenados pela empresa, mais numerosas serão as interações realizadas.
O sistema registra, para cada transação de produto e local:
o saldo disponível;
o estoque de segurança;
o tamanho do pedido solicitado e
a duração do ciclo de atividades, ou seja, o tempo decorrido entre o pedido e o
recebimento.
Dentro de cada ambiente, há um registro para cada demanda (seja ela proveniente do cliente
ou de outro depósito interno), recebimentos programados, disponibilidade projetada e pedidos
planejados, como demonstrado no exemplo da Tabela 8.
Os pedidos são planejados levando em conta a duração das atividades. No exemplo a seguir, como
a duração das atividades é de duas semanas, a solicitação deve ocorrer com essa antecedência. Além dessa
restrição o lote de pedido é múltiplo de 200 unidades. Nesse caso, não existia estoque mínimo de
segurança e, na última semana, não havia disponibilidade de produtos.
Semanas
Saldo 1 2 3 4 5
O preenchimento da tabela começa pelo saldo de produtos no estoque em questão e vai sendo
calculado período a período, a partir da demanda. Caso haja disponibilidade para atender à
demanda e, ainda assim, manter o estoque de segurança, o recebimento programado é igual a zero.
Quando a demanda não pode ser atendida pelo estoque ou quando, ao atender à demanda, é
alcançado o estoque de segurança, é necessário receber produtos. O abastecimento ocorre a partir
do depósito imediatamente superior, e o pedido deve ser feito de forma planejada, respeitando a
antecedência prevista do sistema.
60
Atualmente, algumas técnicas são utilizadas para que ocorra um reabastecimento colaborativo
de estoque entre fornecedor e consumidor. Vejamos:
Capacidade (CRP)
O planejamento da necessidade da capacidade (em inglês, capacity requirements planning –
CRP) permite estabelecer e medir os limites de capacidade de determinadas atividades com base em
dados sobre a utilização de mão de obra e recursos de máquina. As ordens são provenientes do
MRP, traduzidas para horas de pessoal e horas de máquina, e consolidadas por centro de trabalho
e tempo de produção por unidade.
O cálculo da capacidade para cada centro de trabalho é feito a partir do número de
equipamentos em operação, número de turnos e horas trabalhadas por turno. Além disso, são
descontados os tempos de não utilização das máquinas e de ineficiência, ou seja, o percentual de
tempo em que elas não são produtivas. Na Tabela 9, apresentamos um exemplo numérico de cálculo
da capacidade de um centro de trabalho.
61
Tabela 9 – Exemplo de cálculo da capacidade de um centro de trabalho.
Como podemos observar, nesse caso, a capacidade do centro considera uma operação de cinco
dias por semana, duas máquinas, dois turnos e nove horas de trabalho por turno. Considerando a
eficiência atual em 96%, e a utilização em 87%, tem-se uma produção semanal de 150,3 horas
(180h x 96% x 87%).
Na tabela, também podemos observar os pedidos feitos para cada semana, bem como o
detalhamento da quantidade, o tempo de setup e o tempo de produção por unidade. A dedicação
total exigida por semana é a soma dos tempos de todos os pedidos, que deve ser inferior a 150 horas.
No exemplo, a semana 2 está acima da capacidade, pois faltam 9,6 horas. Por essa razão, as ordens
não poderiam ser cumpridas integralmente. Para resolver esse problema, podemos pensar em
algumas opções, como: solicitar horas extras aos funcionários, renegociar as datas de entrega ou
reprogramar os pedidos para a semana anterior, que apresenta 20,5 horas de ociosidade de
produção, o que pode ser feito pelo CRP.
As informações utilizadas para os cálculos são provenientes dos centros produtivos, roteiros
de produção e tempos de cada atividade. Com isso, é possível dimensionar ociosidades ou excessos
de capacidade em cada local, como ilustrado no exemplo de distribuição a seguir (Gráfico 7).
62
Gráfico 7 – Exemplo de distribuição de carga.
63
Caso seja necessário realizar algum ajuste no CRP, dadas as suas restrições, o MRP também
deve ser revisado com as novas quantidades, como mostra o esquema da Figura 22. Os dois sistemas
devem estar em constante interação.
Figura 23 – OEE.
A capacidade instalada é a projetada pelos técnicos para uma operação, considerando que os
equipamentos irão operar na velocidade limite durante 24 horas por dia e sete dias por semana. Esse
é o máximo que se pode obter com as instalações da unidade, ou seja, 168 horas em uma semana.
64
Já a capacidade disponível é aquela em se leva em conta apenas os turnos em que a fábrica
realmente opera, podendo ser igual ou inferior à capacidade instalada. Por exemplo, em uma
operação que ocorre cinco dias por semana, durante 14 horas por dia, temos uma capacidade
disponível de 70 horas por semana.
A partir da relação entre as capacidades disponível e instalada, podemos obter o grau de
disponibilidade da unidade, como demonstrado na fórmula a seguir.
" " í
2 3 =
" "
" " 7
2 5 çã =
" " í
No exemplo apresentado, se forem dedicadas 10 horas para paradas planejadas, isso resultará
em um grau de utilização de 85,7%.
Durante a operação, também podem ocorrer paradas não planejadas devido à qualidade da
produção, à falta de matéria-prima, à falta de funcionários e a manutenções corretivas, todas elas
responsáveis por reduzir o volume da linha. A capacidade que leva em conta essas atividades não
planejadas chama-se capacidade realizada. A partir dela pode-se medir o índice de eficiência da
operação, obtido por meio da fórmula a seguir.
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í " 7"ê " =
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No exemplo apresentado, se forem gastas, em média, seis horas por semana para atividades
não planejadas, isso resultaria em um índice de eficiência de 90%.
O aumento da capacidade instalada pode ser obtido por meio da aquisição de novos
equipamentos, por exemplo. Já a capacidade disponível, pode ser elevada pelo aumento do número
de turnos ou de horas extras de trabalho. A melhoria de processos, nesses casos, permite aumentar
a produtividade global da operação a partir da redução das paradas, sejam elas programadas ou não.
65
Por exemplo, a melhoria do controle de qualidade das peças produzidas por um equipamento
reduzirá o número de peças a serem descartadas e os possíveis retrabalhos.
período de
um a dois meses uma a duas semanas
replanejamento
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O sistema parte de planos de longo prazo agregados que são detalhados até o cálculo
minucioso para cada produto, em termos de momento de montagem e recursos necessários:
subitens, horas de equipamento e pessoal, etc. Com isso, é possível que a organização avalie os
impactos das demandas futuras a partir, por exemplo, do cálculo da ociosidade ou da necessidade
de horas extras para a produção, da necessidade de formação de estoque ou da falta de estoque.
As entradas do sistema MRP II são as seguintes:
demanda prevista;
estoques disponíveis;
listas de materiais;
projeto (lead time) e sequenciamento das atividades;
necessidade e disponibilidade de mão de obra;
equipamentos;
instalações e
outros recursos.
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Assim como o MRP, o MRP II calcula as demandas partindo da data de entrega ao cliente e
dimensiona as necessidades líquidas para trás (do inglês, backward scheduling). Uma vantagem dessa
estratégia é a redução de estoque de materiais, já que o recebimento deve ocorrer próximo ao
momento da sua utilização. Há, contudo, uma desvantagem: o sistema se torna suscetível a qualquer
eventualidade, como atrasos de fornecedores, quebra de equipamentos, absenteísmo, greve dos
portos, etc. Não há folga dimensionada para o atendimento ao cliente.
Para calcular o desempenho da produção, alguns indicadores são utilizados, tendo cinco
objetivos principais:
custo – refere-se ao uso dos recursos produtivos disponíveis e pode ser alcançado a partir
da gestão de estoques e da produção eficiente;
qualidade – está relacionada ao cumprimento das especificações, sempre de acordo com
a expectativa do consumidor;
velocidade – é a capacidade de entregar os pedidos de forma mais rápida que a
concorrência;
pontualidade – é a capacidade de entregar os produtos conforme prometido e
flexibilidade – é a habilidade de adaptação da manufatura às mudanças não planejadas,
que podem ocorrer nos ambientes interno e externo.
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Vantagens e desvantagens do MRP II
O objetivo final do MRP II é trazer ainda mais vantagens competitivas para as empresas que
o adotam, alocando os recursos da melhor forma possível e promovendo redução de custos e
estoques. A realimentação é uma vantagem desse sistema, tornando-o dinâmico e permitindo que,
no momento de uma possível alteração da demanda, de um redimensionamento da produção ou
de outro evento qualquer, as atualizações sejam bem aceitas e os processos, revistos.
Há também críticas em relação ao MRP II. Uma delas consiste no fato de o sistema considerar
as capacidades infinitas, ou seja, não tratar as restrições de capacidade dos recursos – nesse caso, o
tomador de decisão é quem deve julgar e redefinir. Outra crítica refere-se ao lead time, que é
considerado fixo para todos os períodos, não sendo levados em conta possíveis contratempos.
Além disso, tanto os sistemas MRP quanto os MRP II não consideram parâmetros como
tamanho do lote de produção, tempo necessário para setup da máquina e estoques de segurança.
Também são considerados limitados porque apresentam a necessidade de processamentos
computacionais pesados, o que gera altos investimentos em informática. Outra questão é que os
sistemas não são integrados com o processo de custeio dos pedidos.
Essa ferramenta de planejamento é muito utilizada no sistema de produção empurrado, em
que a empresa produz e, em seguida, disponibiliza o produto ao consumidor final. A oferta de
produtos, como sabão em pó, na gôndola de supermercados é um bom exemplo. Em casos como
esse, a demanda exata não é conhecida, havendo apenas uma projeção que leva em conta dados
históricos, promoções e outras situações possíveis.
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Com tudo isso em mãos, é possível sequenciar as atividades de produção tendo como objetivo
obter o máximo de aproveitamento dos recursos e a melhor resposta ao cliente, como demonstrado
no esquema da Figura 27.
No APS, para cada centro de produção, é apresentado um gráfico com o sequenciamento das
atividades. Nele são alocados os recursos produtivos bem como os tempos líquidos disponíveis de
trabalho nas estações, a fim de prover uma programação para a unidade produtiva. Os pedidos
programados irão consumir os tempos de cada recurso, de acordo com cada uma das atividades a
eles relacionadas e o roteiro, já detalhado para cada linha de produto.
O sequenciamento da produção (em inglês, scheduling) pode ser realizado de acordo com
diversas estratégias, como:
Peps (“primeiro a entrar, primeiro a sair” ou, em inglês, first in, first out – Fifo)– significa
que o primeiro pedido a entrar no sistema deve ser o primeiro pedido a sair;
UEPS (“Último a Entrar, Último a Sair” ou, em inglês, last in, last out – Lifo) – significa
que o último pedido a dar entrada no sistema será o primeiro a sair;
MTP ou OMC (“Menor Tempo de Processamento ou Operação Mais Curta primeiro”,
em inglês, shortest processing time – SPT) – significa que o pedido que tiver o menor tempo
de processamento, ou a operação mais curta, será o primeiro a ser produzido e
MDE (“Menor Data de Entrega” ou, do inglês, shortest delivery date – SDD) – significa
que o pedido que tiver a menor data prometida de entrega será o primeiro a ser produzido.
Esses são apenas alguns exemplos de estratégias que podem ser adotadas pela empresa. A
escolha dependerá dos seus objetivos e dos produtos produzidos.
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Algumas organizações podem, inclusive, utilizar a combinação de mais de uma estratégia.
Aydemir e Koruca (2015) realizaram um estudo em que aplicaram um planejamento baseado em
10 estratégias prioritárias de produção. O programa foi desenvolvido com o objetivo de reduzir o
tempo total da produção em uma empresa produtora de aquecedores. Antes a fábrica utilizava
apenas a estratégias Peps.
Feita a programação de sequenciamento, a operação consegue prever a quantidade de
produtos disponível, assim como a data em que estarão disponíveis e poderão ser prometidos (em
inglês, available to promise – ATP). A integração entre os sistemas permite que essa informação
chegue aos clientes em tempo real.
Outra questão a ser trabalhada pela empresa é o tratamento dado a pedidos prioritários, que
devem ser produzidos antes dos demais. Cada organização trata essas demandas de forma específica,
podendo priorizar alguns clientes ou o tamanho de alguns pedidos em função de outros. Há
contudo, em todos os casos, um replanejando do sequenciamento da produção, de forma a não
prejudicar a produção ou maximizar os prejuízos aos clientes.
A sequência utilizada pode ocorrer para frente ou para trás. Na Figura 28, mostramos um
caso de sequência para frente. Nela as atividades são iniciadas na data em que o primeiro recurso a
ser utilizado está disponível e seguem o roteiro das próximas atividades. Já na Figura 29,
apresentamos um caso em que o sequenciamento é feito para trás, ou seja, o fim da última atividade
deve coincidir com a data final de entrega, e só então devem ser planejadas as atividades anteriores.
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Figura 29 – Sequência para trás.
Nas Figuras 28 e 29, cada cor representa um pedido diferente, os seus roteiros e o tempo de
cada atividade. Os recursos estão representados por R1, R2, R3 e R4, e podem ser máquinas ou
estações de trabalho com funcionários alocados. As disponibilidades de cada recurso estão
representadas pelos espaços em branco. Em ambas as sequências, os espaços entre uma produção e
outra significam as folgas dos recursos, ou seja, o período em que estão ociosos, aguardando, por
exemplo, o próximo pedido ficar pronto em outro local ou o mesmo pedido ser processado em
outro centro de trabalho.
Como podemos observar, alguns recursos estão mais ociosos que outros, como é o caso dos
recursos R2 e R4. Essa ociosidade maior pode ocorrer pelo fato de a máquina ter um ciclo menor
de operação ou ser utilizada menos vezes que as outras, por exemplo.
Benefícios do APS
Os benefícios do sequenciamento da produção incluem:
redução dos estoques de produto em processo, pois o ciclo da produção já está definido;
redução dos esforços de planejamento e casos de replanejamento, quando há pedidos de
emergência;
aumento da eficiência da produção a partir da redução das ociosidades dos postos de
trabalho;
melhor atendimento ao cliente final em termos de acurácia e entrega no prazo e
fornecimento de informações em tempo real aos clientes e fornecedores, permitindo o
melhor gerenciamento da demanda.
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O sistema também permite construir um gráfico de cargas a partir do uso dos recursos no
centro de produção, auxiliando o tomador de decisão a avaliar os indicadores de ociosidade.
Adotando o APS a operação está sempre abaixo do limite superior de utilização, pois o sistema trata
a capacidade como finita, de forma diferente do que acontece com o MRP II, que, como vimos,
trata a capacidade como infinita (em alguns casos, a capacidade de utilização de um equipamento
pode ser identificada como superior a 100%). Por essa razão, a interpretação do tomador de decisão
é imprescindível.
Nos casos em que a unidade produtiva está integrada ao MRP II e é necessário reprogramar
o sequenciamento dos pedidos, seja em virtude de novas solicitações ou por conta de restrições do
sistema, ocorre a realimentação do MRP II com novos dados. O MRP II altera então as ordens de
compra de materiais que ainda não foram processadas, deslocando-as para o momento em que serão
utilizadas. Com isso, é possível reduzir o estoque na unidade e garantir o atendimento no momento
da necessidade. Dessa forma, um pedido que entraria em operação no dia 5, por exemplo, entrará
somente no dia 10. Esses cinco dias de diferença na operação são replanejados para todos os outros
recursos necessários.
O APS também permite simular cenários. Isso pode ser necessário quando a fábrica recebe
novos pedidos, quando pretende comprar um novo equipamento ou ampliar o horário de
funcionamento de uma estação de trabalho, por exemplo. Nesses casos, é possível identificar o
comportamento geral da unidade a partir do novo perfil de ociosidade dos equipamentos, gargalos,
etc. Sendo assim, antes mesmo da tomada de decisão, é possível identificar se a opção escolhida será
bem aceita pela produção, quais serão os impactos provocados na produção e quais são as possíveis
oportunidades de melhoria ao longo do processo.
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Enquanto o MRP-II é mais voltado para os níveis mais altos de controle, o lean manufacturing
tem controles visuais mais detalhados para a etapa de produção, a partir das reduções de
desperdício que podem ocorrer nas atividades.
Quanto ao ERP, os ganhos da integração com os demais cálculos de planejamento são
bastante significativos para toda a organização. Esse sistema visa integrar o setor industrial aos
demais departamentos, planejando e integrando as necessidades de todos os recursos da organização
como: financeiro, marketing, recursos humanos, operações, vendas, logística, etc.
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BIBLIOGRAFIA
AYDEMIR, E.; KORUCA, H. I. A new production scheduling module using priority-rule based
genetic algorithm. International Journal of Simulation Model, v. 14, n. 3, p. 450-462, 2015.
BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; David J.; COOPER, M.; BOWERSOX, J. Gestão da logística e da
cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, McGraw-Hill, 2014.
HEIZER, J.; RENDER, B. Administração de operações. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
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LINDBERG, C.; TAN, S.; YAN, J.; STARFELT, F. Key performance indicators improve industrial
performance. 7TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON APPLIED ENERGY – ICAE, 2015.
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for assessing the planning and delivery of industrial services. 2ND INTERNATIONAL THROUGH-
LIFE ENGINEERING SERVICES CONFERENCE, 2013.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON R. Administração da produção. 3. ed. Rio de Janeiro:
Atlas, 2009.
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PROFESSOR-AUTOR
Mariana Gonçalves de Carvalho Wolff é doutora em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal Fluminense (UFF – 2018), mestra em
Engenharia de Produção pela UFF (2013) e graduada em Engenharia de
Produção também pela UFF (2008). Atualmente, é professora adjunta-A1 e
pesquisadora do Departamento de Administração e Turismo da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ministrando as disciplinas Gestão de
recursos produtivos, e Sistemas e métodos administrativos. Entre os anos de 2015 e 2017, atuou
como professora substituta e pesquisadora na Coordenação de Engenharia de Produção do Cefet-
RJ, ministrando as disciplinas Projeto do produto, Engenharia do meio ambiente e
Sustentabilidade. Entre 2012 e 2014, foi bolsista no projeto de pesquisa de Modelo de Gestão da
Informação e do Conhecimento para a ANTT. Em 2013, foi analista no projeto “Simulação de
fluxo de passageiros no embarque da Estação Araribóia, em Niterói, utilizando o software Arena”.
Entre os anos de 2009 e 2012, foi engenheira da siderúrgica Ternium S.A., atuando na área de
projetos da construção de uma usina siderúrgica no Brasil, dimensionando equipamentos, pessoal
e balanço de matéria-prima para a produção de 12,4 milhões de toneladas de aço por ano. Foi
também analista de projetos na Wilson Sons Logística entre 2008 e 2009, atuando na área de
identificação e implementação de projetos logísticos para clientes de diversos segmentos,
principalmente papel, celulose e siderurgia. É coautora de diversos artigos e estudos, e uma das
autoras do livro Projeção de impactos macroeconômicos nas praças de pedágio: BR-101 (2017).
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