Estacio-2019 1-Historia Do Cristianismo Web
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CRISTIANISMO
autora
OSANA NAZARÉ VENANCIO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2019
Conselho editorial roberto paes e gisele lima
Revisão de conteúdo rodrigo dos santos rainha e antonio sérgio giacomo macedo
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.
isbn: 978-85-5548-675-3.
Contexto Religioso 15
2. De Pentecoste a Constantino 33
De Pentecoste a Constantino 34
Pentecoste 35
Entendendo os significados de Pentecoste 35
Constantino 38
Idade Antiga 41
Jesus Cristo, no ano 1 d.C. até o ano de 476 d.C. 41
Idade Média 42
Idade Moderna 42
Idade Contemporânea 43
Fundação do Cristianismo 44
3. De Constantino à Reforma 61
De Constantino à reforma 62
A Reforma Protestante 97
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
5
1
Jesus Cristo:
humano e divino
Jesus Cristo: humano e divino
Você está começando uma jornada de estudo sobre a História do Cristianismo.
Como não poderia deixar de ser, antes de qualquer coisa, é preciso dar espaço ao
principal personagem da história que iremos contar: Jesus Cristo! Neste capítulo
você terá a oportunidade de conhecer ou revisar fatos da vida de Jesus Cristo: nas-
cimento, vida pública, morte e ressurreição.
Vamos começar nossos estudos com duas orientações iniciais:
99 Lembre-se de que ter a Bíblia ao seu lado, possibilitará o desenvolvimento
do conhecimento.
99 Não deixe de analisar, contemplar e acessar as fontes indicadas (ima-
gens, vídeos, canções, áudios, sites...), pois abrirão os horizontes. Você pode buscar
muitas outras. Exerça sua condição de pesquisador.
OBJETIVOS
• Conhecer ou revisitar fatos da vida de Jesus Cristo: nascimento, vida pública, morte e
ressurreição, compreendendo o contexto histórico e de fé do nascimento do Cristianismo;
• Reconhecer Jesus Cristo, como cidadão de seu tempo, mas também sua condição Divina,
compreendendo que Jesus é 100% homem e 100% Deus.
capítulo 1 •8
A sua ambição era reformar a fé de Israel, simbolizada pelo círculo dos doze íntimos que
o seguiam. Estes homens representam simbolicamente o povo das doze tribos, o Israel
com que Jesus sonha. Ele queria reformar a fé judaica, mas fracassou. Por quê? Jesus
era um místico, dotado de uma forte experiência de Deus. A seus olhos, Deus estava
próximo dos humanos, tão próximo que, para lhe orar, bastava chamar-lhe "papá" ou
"paizinho" (abba em aramaico). As suas palavras e os seus gestos estão marcados por
um sentimento de urgência inadiável. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135)
Saiba Mais
Este vos batizará com espírito santo e com fogo.” (Mateus 3,11)
Vamos escutar sobre João Batista e sobre o nascimento de Jesus e o contexto histórico
da época. Também vamos “viajar” por vários lugares e situações da vida de Jesus.
Cid Moreira - (Bíblia em Áudio) https://www.youtube.com/watch?v=WEpoSIGIHXA
Cide Moreira – (Bíblia em Áudio): https://www.youtube.com/watch?v=5PyanOqI4M8
CURIOSIDADE
Todos os imperadores eram chamados de “César”. Não era um nome, mas um título.
César, Kaiser e czar. Estes dois últimos são títulos imperiais, o primeiro da Áustria-Hun-
gria e Alemanha e o segundo da Rússia. Ambos derivam de Caius Julius Caesar, o imperador
romano cujo nome passou a significar “imperador”. E esse nome vem de caesaries, “cabelei-
ra”, pois o iniciador de sua linhagem teria nascido com um revestimento completo de cabelo.
O que não deixava de ser irônico, pois César era careca. E não gostava nada disso. Disponível
em: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/czar/>. Acesso em: 06 nov. 2017.
capítulo 1 •9
Veja só como aparece no relato bíblico: “Naqueles dias César Augusto pu-
blicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano”
(Lc 2,1).
Herodes, o Grande, que se intitulava rei dos judeus. Ficou assim conhecido
como “O Grande”, para diferenciar do nome do filho, que se chamou Herodes e
também se intitulava como rei e levou Jesus à condenação e à morte.
A Palestina era governada por Herodes, o grande, que obtive do senado romano o
título de Rei dos Judeus. Homem ambicioso e Cruel soube cativar a confiança dos
imperadores e o respeito dos judeus mandou restaurar o Templo de Jerusalém. E
tentou matar Jesus ainda criança ordenando a matança dos Inocentes. (GALBIATTI.H.
(Sup.). 1969, p.23)
capítulo 1 • 10
No tempo de Jesus, a Palestina estava dividida em províncias: a oeste do Jordão (Cisjor-
dânia), encontram-se a Judeia, a Samaria e a Galileia. A leste do Jordão (Transjordânia)
a Peréia e a Decápolis.
As Principais cidades que têm importância na narração evangélica:
Na Judeia: Jerusalém (a Cidade Santa), Belém (onde nasceu Jesus) Ain Karin, Emaús
Arimatéia, Efrém, Jericó, Betânia (a terra de Lázaro Marta e Maria).
Na Samaria: Samaria e Sicar.
Na Galileia: Nazaré (terra de Nossa Senhora e infância de Jesus), Canaã (onde Jesus
fez o primeiro milagre) Tiberíades, Magdala e Cafarnaum (terra de São Pedro).
Você verá no mapa a localização de cada cidade. Elas são berços do Cristianismo.
Este mapa apresenta as mesmas na época de Herodes, o Grande e de seu filho, o
também Herodes que ficou conhecido como Heródes Antipas. Esse, o filho, foi
quem mandou cortar a cabeça de João Batista, induzido pela mulher de seu irmão,
mulher Herodia. (Confira o relato Evangelho de Mateus, capítulo 14,1-12).
Por aquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu os relatos a respeito de Jesus e disse aos
que o serviam: "Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando
nele poderes milagrosos". Pois Herodes havia prendido e amarrado João, colocando-o
na prisão por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto João lhe dizia:
"Não te é permitido viver com ela". Herodes queria matá-lo, mas tinha medo do povo, por-
que este o considerava profeta. No aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou
diante de todos e agradou tanto a Herodes que ele prometeu sob juramento dar-lhe o
que ela pedisse. Influenciada por sua mãe, ela disse: "Dá-me aqui, num prato, a cabeça
de João Batista". O rei ficou aflito, mas, por causa do juramento e dos convidados, orde-
nou que lhe fosse dado o que ela pedia e mandou decapitar João na prisão. Sua cabeça
foi levada num prato e entregue à jovem, que a levou à sua mãe. Os discípulos de João
vieram, levaram o seu corpo e o sepultaram. Depois foram contar isso a Jesus.
ATENÇÃO
99 Você se recorda quem é João Batista? Já falamos dele, não é mesmo? Ele foi o Profeta
enviado por Deus para preparar o caminho de Jesus. João Batista batizou Jesus. “O que vem
depois de mim é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para tirar-lhe as sandálias.
Este vos batizará com espírito santo e com fogo.” (Mateus 3,11)
capítulo 1 • 11
Figura 1.1 – Leonardo da Vinci – O Batismo de Jesus. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/imagem/uf000002.jpeg>.
Jesus nasceu numa data desconhecida, que poderia ter sido o ano 4, antes de o Grande.
Foi batizado no Jordão por João Batista, de quem se tornou nossa era (antes da morte
de Herodes) discípulo, antes de fundar o seu próprio círculo de aderentes. À maneira
de João, Ele espera a vinda iminente de Deus à história; também partilha a convicção
de que, para ser salvo, não basta pertencer ao povo de Israel: é indispensável praticar
o amor e a justiça. Pelos trinta anos, Jesus é um pregador popular que alcança algum
sucesso na Galileia. CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135)
capítulo 1 • 12
Voltando a Herodes Antipas, foi ele também que ordenou condenar Jesus. Ele
honrou o seu pai, o temido Herodes o Grande. Agora sim, veja o mapa:
ITURÉIA Damasco
SÍRIA
Jordão
Rafana TRACONITES
Ptolomaida Gamala
GALILÉIA Mar da Kanatha
BATANÉIA
Galiléia Hipos
Tiberíades
Séforis
AURANITES
Monte Tabor Gadara Dion
Geba
DECÁPOLIS
Cesaréia
Citópolis Pela
Sebaste (Bete-Sea)
(Samaria)
Sicar Gerasa
SAMARIA (Jeras)
Jordão
(Siquém)
Alexandrium Capital
Jope Antipátride PERÉIA Filadélfia
Faselis (Rabate-Amom) Fronteira do reino de
JUDÉIA Arquelis Herodes, o Grande
Jamnia Livias Terra dada a:
Chipre Esbus
Azoto (Hesbom) Filipe
Jerusalém
Ascalom Hircânia Herodes Antipas
Heródio
Machaerus Arquelau
Mar Morto
Gaza Marisa
Hebrom Província da Síria
IDUMÉIA
N A B AT E U S Cidades da Decápolis
Masada Fortaleza de Herodes,
o Grande
0 50 km Rota principal
capítulo 1 • 13
Figura 1.2 – Leonardo da Vinci - Adora-
ção dos Magos. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/download/
imagem/uf000003.jpg>.
Herodes, o Grande, foi um dos mais terríveis e cruéis dos reis. Ele mandou
matar a esposa e os três filhos. Seu governo foi marcado pela violência. Também foi
um rei de grandes obras, o que fazia aumentar ainda mais o seu poder. Herodes, o
Grande, dividiu a Palestina em três reinos e distribuiu entre os seus filhos, aqueles
que ele não matou. Podemos conferir no relato:
Aliás, ele não se contentou com perpetuar a lembrança e o nome de seus amigos
por meio de edifícios: seu zelo chegou ao ponto de criar cidades inteiras. Na Samaria,
construiu uma cidade cercada de muralha magnifica, com extensão de 20 estádios, aí
instalou seis mil colonos, a quem distribuiu lotes de terra bem rica. No meio dessa fun-
dação, mandou construir um templo imenso cercado de jardim sagrado de três meios
estádios consagrado a César. Denominou cidade de Sebaste e concedeu aos seus
habitantes uma constituição privilegiada. (JOSEFO. Flávio 1986, p.57)
Uma história que começa com muita dor, não é mesmo? Jesus foi perseguido
da Infância à morte. Há muito para descobrir sobre os que escolheram ser Cristão,
pois esses, assim como Jesus, também sofreram, sofrem e sofrerão perseguição. O
consolo dos Cristãos vem de Jesus no Sermão da Montanha:
capítulo 1 • 14
Seguir e imitar Jesus não são escolhas fáceis!
Contexto Religioso
©© WIKIMEDIA.ORG
Figura 1.3 – Este é o ícone mais antigo de Jesus e se encontra no Monastério de Santa Cata-
rina no Monte Sinai.
Para os cristãos, Jesus Cristo, é filho de Deus, que se tornou homem e veio ao
mundo a fim de pregar o amor a Deus e ao próximo. Contudo, foi perseguido e
morto pelos que não aceitavam os seus ideais, disse Jesus.
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem
maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos,
se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que
faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de
meu Pai. (João 15, 12-15)
capítulo 1 • 15
Que tal fazer uma parada para meditar o que está estudando? Se você é um
Cristão, renovará sua fé. Se você não é, vale conhecer mais de perto o Cristianismo
em suas origens.
É assim, os Cristãos acreditam. Reflita e medite com a letra da canção e tam-
bém com as imagens:
capítulo 1 • 16
CONEXÃO
Escute a canção. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gAz9VMIXE6Q>.
Passagens Bíblicas das situações destacadas na canção:
Mateus 4, 18: Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chama-
do Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores.
João 2,1: E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a
mãe de Jesus
Um certo Galileu
capítulo 1 • 17
O mundo viu nascer a paz de uma esperança
Seu jeito puro de perdoar
Fazia o coração voltar a ser criança
Um certo dia, ao tribunal
Alguém levou o jovem Galileu
Ninguém sabia qual foi o mal
E o crime que ele fez; quais foram seus pecados
Seu jeito honesto de denunciar
Mexeu na posição de alguns privilegiados
Vitorioso! Ressuscitou!
Após três dias à vida Ele voltou
Ressuscitado, não morre mais
Está junto do Pai
Pois Ele é o Filho Eterno
Mas ele vive em cada lar
E onde se encontrar
Um coração fraterno
Proclamamos que Jesus de Nazaré
Glorioso e Triunfante,
Deus Conosco está!
Ele é o Cristo e a razão da nossa fé
E um dia voltará!
capítulo 1 • 18
Primeiro bloco de frases e de palavras destacadas
CONTEXTUALIZANDO
capítulo 1 • 19
O Papa Paulo VI fez uma Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de
1964 intitulada: As lições de Nazaré. Uma bela declaração de amor:
CONEXÃO
Abra o link e continue lendo: <http://w2.vatican.va/content/paul-vi/es/speeches/1964/
documents/hf_p-vi_spe_19640105_nazareth.html>.
capítulo 1 • 20
• José era da família do Rei Davi, e por isso teve que ir para lá com Maria para
fazer o recadastramento do senso. (Belém hoje se localiza na Palestina).
• Belém ficava em Judéia. Era um povoado e saíam de Belém para irem para
Jerusalém para as Festas. Nazaré era uma cidade da Galileia.
Observe com atenção a cena do Nascimento de Jesus. Pela Arte, temos a pos-
sibilidade de entrar na cena.
©© WIKIMEDIA.ORG
Figura 1.5 – The Adoration of the Magi - ANTONIO VIVARINI (Murano, 1440-1480) -
Gemäldegalerie, Berlin.
capítulo 1 • 21
Miqueias 5,2: "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de
ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens
remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado".
• Depois que o Rei Herodes morreu, José, Maria e Jesus voltaram para
Nazaré. Herodes era o Rei que mandou matar todos os meninos para tentar matar
o Menino Jesus. Confira o Relato do Apostolo Mateus sobre a Matança dos
Inocentes: (Mt 2, 16,18)
Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou
matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois
anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. Então se
cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: Em Ramá se ouviu uma voz. La-
mentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não quer ser con-
solada, porque já não existem.
Observe com atenção a cena do “Massacre dos Inocentes”. A Arte nos ajuda
entrar na história, compreendê-la e senti-la.
capítulo 1 • 22
"O Massacre dos Inocentes”, um óleo sobre tela, datado de 1482 e pertencente à Gal-
leria Nazionale di Capodimonte, em Nápoles, é considerado a obra-prima de Matteo di
Giovanni di Bartolo, um pintor renascentista italiano também conhecido por Matteo di
Siena, por se ter radicado nessa cidade. Nascido em Borgo Sansepolcro, cerca de 1430,
foi viver para Siena quando a sua família para ali se mudou, e aí faleceu em 1495. Entre
as suas obras principais contam-se também um retábulo datado de 1477, para o Ora-
tório da Igreja de Nossa Senhora da Neve, em Siena e o retábulo de Santa Bárbara, de
1478/9, para a Igreja de San Domenico. Disponível em: <http://tulacampos.blogspot.
com.br/2012/12/massacre-dos-inocentes.html>. Acesso em: 05 nov. 2017.
• Ao voltarem para Nazaré, Jesus cresceu e, anos mais tarde, cumpriu a Missão
para qual havia sido enviado por Deus: Ele é o Salvador do mundo!;
• Em Nazaré, Jesus passou a Infância Durante o seu Ministério Jesus mora
também em Cafarnaum à beira do Mar, por isso, muitas vezes, encontramos cenas
no mar e sobre o Mar da Galileia;
• Em Samaria havia o Poço onde Jesus encontrou a Samaritana, quando Jesus
saía da Judéia e ia para a Galileia e precisava passar por Samaria, que tinha con-
flitos com os outros povos de Israel. Havia mudança na forma de adorar a Deus
e evitava os demais povos. A Região da Galileia era uma região mais pobre. Mais
simples. Nazaré estava na Galileia, onde Jesus passou a infância;
• Em Jerusalém estava o tempo de Salomão: Os Sacerdotes cuidavam do tem-
po. Conhecimento da Lei e da Religião Judaica.
CONTEXTUALIZANDO
capítulo 1 • 23
Lembra-se de Herodes, o Grande? Ele já foi apresentado neste estudo, não é
mesmo? Ele mandou matar três filhos e a esposa. Foi um dos reis mais violentos da
história do Cristianismo. Fez cair o sangue dos inocentes para tentar matar Jesus.
Tivemos a oportunidade de contemplar a obra da “Matança dos Inocentes”.
Herodes, o Grande, deixou muitas heranças do mal para o mundo e entre elas,
um de seus filhos, o também chamado Herodes. O filho continuou a tentativa de
colocar em prática o projeto do pai: perseguir e matar Jesus. Um no início, quando
Jesus era uma criança. O outro, quando Jesus estava em pleno desenvolvimento de
sua Missão como Filho de Deus, como o Messias.
Jesus é o Messias enviado por Deus! Essa verdade sempre desagradou ao poder
romano. Desde criança Jesus já compreendia a sua Missão e já ensinava nos tem-
plos admirando a todos os que ouviam. A fama de Jesus foi se espalhando e todos
queriam ver o “Jovem Pregador”
Jesus ensinava nas Sinagogas. Como assim? As Sinagogas não são templos dos
Judeus? Sim! Jesus era um judeu e assim como qualquer cidadão, por sua condição
100% humana, seguia as leis de seu povo e frequentava as sinagogas.
Ele foi apresentado ao nascer em uma Sinagoga. Confira o relato do Evangelista
Lucas sobre a apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-35).
capítulo 1 • 24
feitas pelos Profetas e entre eles. O Profeta Isaias, sete séculos antes da vinda do
Salvador, do Messias, já profetizava:
99 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e chamá-lo-ão pelo nome
de Emanuel. (Isaías 7,14)
99 O povo que andava em trevas viu uma grande luze sobre os que habitavam
nas regiões da sombra da morte resplandeceu a luz. (Isaías 9,2)
99 Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está so-
bre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso,
Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim
sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça
e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.
(Isaías 9,6-7)
Conforme o menino crescia e compreendia cada vez mais sua missão, crescia
também a desconfiança e a insatisfação dos que não aceitavam o aceitavam.
Aos 12 anos, Jesus, mais uma vez protagoniza uma cena no Templo.
Acompanhe o relato do Apostolo Lucas, 4, 41-52:
capítulo 1 • 25
Figura 1.7 – Disponível em: <http://joseinacioh.blogspot.com.br/2015/12/evangelho-sao
-lucas-241-52-festa-da_20.html>. Acesso em: 06 nov. 2017.
Na Canção “Um certo Galileu” diz que Jesus “mexeu na posição de alguns pri-
vilegiados”. Jesus não agradou ao poder romano. Ao começar sua vida pública, aos
30 anos, Jesus foi arrebanhando muitas pessoas. Era um pequeno grupo no começo,
mas logo, multidões seguiam Jesus para ouví-lo, para tocá-lo e também em busca de
milagres. Jesus falava de um Reino que não era desse mundo, mas um Reino que era
de Deus. Jesus mexeu sim com questões muito sérias: poder religioso e poder políti-
co. O Deus era o do Imperador! Não havia outro para os que dominavam. Além de
tudo, Jesus estava ganhando fama e levando consigo multidões que antes só admira-
vam o rei. Jesus “transgrediu costumes” e inaugurou um novo modo de convivência.
A sua transgressão do repouso sabático também chocou. Por várias vezes, Jesus cura
em dia de sábado; para se justificar, reivindica a necessidade imperiosa de salvar uma
vida (Mc 3,4). Quando Jesus comenta a Tora (a Lei), que é a coletânea das prescrições
divinas, o imperativo do amor ao outro desvaloriza todas as outras prescrições; até o
rito sacrificial no Templo de Jerusalém deve ser interrompido perante a exigência de
se reconciliar com o seu adversário (Mt 5,23-23). Em suma: tanto as curas como a
leitura da Tora participam num estado de urgência provocado pela iminência da vinda
de Deus. Jesus está convencido de que, dentro de pouco tempo, acontecerá a vinda
de Deus que, com o seu julgamento, suprimirá todas as causas de sofrimento e reunirá
capítulo 1 • 26
os seus à sua volta. Já nada importa senão chamar à conversão. Opções chocantes
de solidariedade social. Os Evangelhos e o Talmude judeu falam concordantemente da
tolerância chocante de Jesus quanto às suas atitudes e amizades. Tornou-se solidário
com todas as categorias. CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 138)
Para os judeus, o Messias não seria um Deus de amor, mas deveria ter lideran-
ça política. Eles esperavam um restaurador que lutasse contra a opressão, mas seria
um líder terreno e não Divino. Os judeus esperavam um messias que reconquis-
tasse o esplendor de Israel. Não foi a revolução que queriam, pois Jesus pregava a
conversão, o amor, a paz e um novo tempo em Deus.
Muitos queriam segui-lo, mas nem sempre aceitavam as condições, assim como o
jovem rico que ficou encantado e desejo, mas não teve coragem de aceitar a proposta.
Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: “Mestre, que farei de bom para ter
a vida eterna?” Respondeu-lhe Jesus: “Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há
somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos”. “Quais?”,
perguntou ele. Jesus respondeu: “‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás
falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’[a] e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’[b”.
Disse-lhe o jovem: “A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda?” Jesus respondeu:
“Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá
um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me”. Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste,
porque tinha muitas riquezas. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135)
O apelo para seguir Jesus começa a quebrar as sociedades mais intocáveis: já não
há necessidade de despedir-se dos seus nem de cuidar das exéquias do seu pai (Lc
9,59-62). Este atentado aos escritos funerários e aos deveres familiares deve ter sido
considerado totalmente indecente, escandaloso. Outro sinal de urgência: a necessi-
dade de anunciar o Reino de Deus é tão imperiosa que os seus discípulos recebem
a ordem de ir dar testemunho sem levar alforge nem sandálias nem saudar ninguém
pelo caminho (Lc 10,4). CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 136)
Não somente para os judeus, mas também para os romanos, Jesus causava es-
panto. Logo perceberam que Jesus estava mexendo com o cotidiano de todos, pois
capítulo 1 • 27
não tinha medo de defender os que sofriam por causa dos poderosos. Neste sen-
tido, toda elite econômica e religiosa estava buscando caminhos para calar Jesus.
E foi nestes fatos que eles conseguiram levar Jesus a julgamento. Jesus foi colo-
cado como inimigo dos judeus e também um grande inimigo do império romano.
Jesus mexeu na posição de alguns privilegiados, não é isso que diz a canção? Jesus
ensinava, curava, amava, corrigia e anunciava o Reino:
Ao contrário dos rabinos (doutores da Lei) da época, Ele ensina com uma linguagem
simples; as suas parábolas retomando quadro familiar dos seus ouvintes (o campo, o
lago, as vinhas) para falar surpreendentemente de um Deus próximo e acolhedor. Sim-
plifica a obediência à Lei, centrando-a, como outros rabinos antes dele, no amor aos
outros. Os seus numerosos atos de cura revelam que Ele era um curador talentoso e
apreciado. Com o seu grupo de aderentes, leva uma vida itinerante; vão-se aumentan-
do e alojando nas aldeias onde param. Além de um círculo próximo de doze galileus,
há outros homens e mulheres que o acompanham e partilham o seu ensino diário.
CORBIN, (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 137)
Jesus ensinava com paciência, amor e com o método da parábola para que seus en-
sinamentos pudessem ser aprendidos de forma significativa. No entanto, em algumas
situações, Jesus percebia que precisava apresentar sua autoridade diante das coisas que
passavam dos limites. Um dos comportamentos que Jesus corrigia, se relacionava ao
uso do Templo. O mesmo não podia ser profanado pelo pecado do homem. Por isso
mesmo, certa vez, Jesus expulsou os vendilhões com um chicote. Não é a imagem de
um Jesus rude que esta citação nos apresenta, mas a imagem de um Jesus que se man-
tem fiel à sua Missão e para isso age energicamente com os que insistiam em profanar a
Casa de seu Pai. Jesus estava cada vez mais próximo de sua condenação e morte. Como
já citado, buscaram argumentos para levá-lo ao julgamento.
Acompanhe o relato de Jesus expulsando os vendilhões do Templo: Jo 2,13-25
Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo
os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez
ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os
bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos
que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de
negociantes. Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua
casa me consome (Sl 68,10). Perguntaram-lhe os judeus: Que sinal nos apresentas tu,
para procederes deste modo? Respondeu-lhes Jesus: Destruí vós este templo, e eu o
reerguerei em três dias. Os judeus replicaram: Em quarenta e seis anos foi edificado
este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?! Mas ele falava do templo do seu corpo.
capítulo 1 • 28
Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e
creram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus celebrava, em Jerusalém, a
festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, à vista dos milagres que fazia. Mas Jesus
mesmo não se fiava neles, porque os conhecia a todos. Ele não necessitava que alguém
desse testemunho de nenhum homem, pois ele bem sabia o que havia no homem.
©© WIKIMEDIA.ORG
Figura 1.8 – Jesus expulsa os vendilhões do Templo, de Giotto (sec. XIV), Capela Scrovegni.
Já estava claro, Jesus veio para uma Missão diferente e ameaçava o que já es-
tava constituído. Ele precisava ser parado. Ele estava incomodando, ameaçando e
perturbando a ordem pública.
A subida a Jerusalém irá causar a sua morte. Comete no Templo um gesto profético que
atrai a hostilidade da elite política de Israel: derruba as bancas dos vendedores de animais de
sacrifício, talvez para protestar contra a multiplicação dos ritos que se interpõem entre Deus
e o seu povo. Então, por instigação do partido saduceu, decide-se denunciar Jesus ao pre-
feito Pôncio Pilatos por causa da agitação popular. Pressentindo que a hostilidade iria apa-
nhá-lo, Jesus despedira-se dos seus amigos durante uma última refeição (a Ceia), em que
instaurou um rito de comunhão no seu corpo e no seu sangue: o pão partido e a taça de que
todos bebem simbolizavam a sua morte futura e relembrariam a sua memória. Depois da sua
detenção, facilitada por um discípulo, Judas, Jesus foi levado perante o prefeito, condenado
à morte e entregue aos legionários que o pregaram numa cruz. A sua agonia durou apenas
algumas horas, facto que espantou Pilatos; o homem de Nazaré devia ter uma constituição
fraca. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135)
capítulo 1 • 29
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E a história não acaba aqui. Ele Ressuscitou! A vida venceu a morte e as pro-
messas de Deus se cumpriram. Jesus vive. "Ele não está aqui, mas ressuscitou"
(Lucas 24, 6) Ele havia dito: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em
mim, ainda que morra, viverá”. (João 11,25). Os Apóstolos também falaram:
Vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós
somos testemunhas disso. (A.T 3, 15)
Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia. Vão
depressa e digam aos discípulos dele: Ele ressuscitou dentre os mortos e está
indo adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês o verão. Notem que eu já os
avisei.( Mateus 28,6-7).
Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os
que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem
ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem
condenados. (João 5,28-29)
capítulo 1 • 30
Jesus Ressuscitado no 3º dia
ATIVIDADES
01. O povo de Jesus era dividido em vários grupos (saduceus, fariseus, essênios e zelotes).
Alguns destes grupos acreditavam na vinda de um Messias. No entanto esperavam um Mes-
sias bem diferente de Jesus que dizia ser o “Filho de Deus”. Quais características de Jesus
definem essa diferença?
02. Alguns ensinamentos de Jesus não agradaram ao poder político e ao poder religioso.
Jesus foi condenado por mexer na posição dos mesmos. Explique o motivo ou os motivos da
condenação de Jesus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada Online: https://www.bibliacatolica.com.br/
CORBIN, Alain (org.). História do Cristianismo: para compreender melhor nosso tempo. Trad.:
Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
capítulo 1 • 31
GALBIATTI. Henrique. O Evangelho de Jesus. (Sup.) Subsídios didáticos sobre os cuidados dos
voluntários da associação PMMS. Caxias do Sul, RS: Edições Paulinas 1971.
JOSEFO. Flávio. Uma Testemunha do Tempo dos Apóstolos. Documentos do Mundo da Bíblia. São
Paulo. Paulus.1986.
Paulo VI. Papa. As lições de Nazaré. A locução pronunciada em Nazaré: 5 de janeiro de 1964.
capítulo 1 • 32
2
De Pentecoste a
Constantino
De Pentecoste a Constantino
Vamos para mais um passo na jornada de estudo sobre a História do
Cristianismo? Não se esqueça de que o principal e essencial personagem dessa
história é Jesus Cristo!
Neste capítulo, vamos fazer uma longa viagem no tempo. Vamos relembrar
a História do Cristianismo de Pentecoste a Constantino, especificamente dos sé-
culos de 1 a 3. Estamos nos referindo à Igreja Primitiva. O início da Igreja, o
Testemunho dos Atos dos Apóstolos, a expansão da Igreja, ao Didaquê (Primeiro
Catecismo), aos Padres da Igreja ou Pais da Igreja: Os Apostólicos (Aqueles que
viveram com os Apóstolos) e os Apologistas (aqueles que produziram literatura
cristã). Vamos estudar a perseguição aos Cristãos, tornando-se implacável com o
incêndio de Roma. O martírio foi o preço para quem não negou Jesus. São muitos
acontecimentos, fatos e situações que constituem a história do Cristianismo nestes
séculos, por isso é muito importante que você pesquise e aprofunde. Vá em frente!
OBJETIVOS
• Conhecer a História do Cristianismo no tempo de Pentecoste a Constantino, especifica-
mente dos séculos de 1 a 3 percebendo o sofrimento, mas também a resistência dos que
decidiram seguir Jesus;
• Compreender que os três primeiros séculos fazem parte da Igreja Primitiva e se situa na
Idade Antiga.
De Pentecoste a Constantino
Iniciando os estudos neste capítulo, vamos partir dos dois pontos do título:
Pentecoste e Constantino. Pentecoste, por ser o início do Cristianismo e da Igreja.
Constantino por ter sido o imperador romano que concedeu a liberdade de cul-
to aos cristãos e também aos adeptos de quaisquer outras crenças pelo Édito de
Milão. Ele tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano. Vamos
aprofundar sobre ele no capítulo 3 e neste capítulo já iremos ter algumas pistas de
quem foi este imperador.
capítulo 2 • 34
Pentecoste
No antigo testamento:
• Quinquagésimo dia após a Páscoa judaica cada família oferecia os seus dons
derivados da colheita.
Conferir em: Ex 19, 1-16:
Três vezes por ano celebrarás uma festa em minha honra. Observarás a festa dos Ázi-
mos: durante sete dias, no mês das espigas, como o fixei, comerás pães sem fermento
(foi nesse mês que saíste do Egito). Não se apresentará ninguém diante de mim com
as mãos vazias. Depois haverá a festa da Ceifa, das primícias do teu trabalho, do que
semeaste nos campos; e a festa da Colheita, no fim do ano, quando recolheres nos
campos os frutos do teu trabalho. (Êxodo 23, 14-16)
©© WIKIMEDIA.ORG
capítulo 2 • 35
• Dia em que os judeus comemoravam com uma grande festa a entrega das
tábuas da Lei a Moisés sobre o monte Sinai. Jerusalém ficava repleta de estrangei-
ros, judeus vindos de todas as partes do mundo. A “Diáspora”: deslocamento do
povo, de todos os lados, tendo Jerusalém como destino, para celebrar a festa.
Conferir em Êxodo 19,16-18
No novo testamento
capítulo 2 • 36
Depois da Ascensão, os discípulos não tinham mais a presença física do Mestre.
Por isso Jesus prometeu “outro Consolador”: “Se eu não for, o Consolador não
virá a vós; mas, quando eu for, vo-Lo enviarei” (João 16.7)
Conferir Atos dos Apóstolos 2,1-3:
ATENÇÃO
O Novo Pentecostes marca o nascimento da Igreja e definitivamente do Cristianismo. Por
todas as nações e em todas as Línguas, pela ação do Espírito Santo, o nome de Jesus deve
ser proclamado para sempre. Todos os povos e nações devem saber que Jesus é o Salvador,
o Messias enviado que morreu e ressuscitou. Afirma o Apostolo Paulo: “Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito, formando um corpo” ( 1Co. 12.13).
capítulo 2 • 37
Veja no Mapa Conceitual os pontos, que marcam a história do Cristianismo a
partir de Pentecoste pela ação dos Apóstolos Pedro e Paulo:
Inicia a Evangelização Pedro anuncia Jesus aos pagãos
Pedro toma a palavra Pedro age em nome de Jesus é
dos pagãos(Anos 10). Dá batiza Cornélio e todos os presentes.
em Pentecostes testemunha de Jesus
passos em direção a Eles. E.S. desce sobre eles. 2° Pentecostes
Sete representantes do
História do Cristianismo
Teologia de Atos dos Apóstolos povo pagão indica para
Atos dos Apóstulos
onde vai a Igreja.
Anuncio Catequese
Concilio ou Assembleia de Fatos e atividades de Paulo
Jerusalém sua ação missionária.
Anuncio: tradução do Proposta de um
Kerigma. Valoriza a Pessoa caminho acontece de
que se anuncia Boa nova maneira narrativa Conversão de Saulo/Paulo
determina caminho em direção
Controvérsia a respeito Problemas de aos pagãos. Declara fiél a Cristo
da circuncisão convivência entre
judeus de origem
NT, é o novo jeito de ser, Pedro e Cornélio pagã e judaica
agir, pensar. Atos 10, 1-33
Através dele Deus ampliou os
Igualdade nos horizontes da Salvação, fazendo
chamados aliança com a humanidade não
Em uma sociedade de morte. Completa e apenas com o judaísmo
Anuncio do Ressuscitado é preenche o anuncio
possibilidade de vida,
caminho de esperança de Decisão importante os Apóstolos
Salvação deixam de ouvir e segura
Ação apostólica de TORAH e fazem as próprias 03 Viagens missionárias para difundir o
Paulo. Atos 16, 11-13 decisões “DIDAQUÊ” Evangelho entre os pagãos que o
Evangelho se desenvolve
Estar no caminho é se 4ª Viagem vai a Roma centro do mundo, pode testemunhar vida nova em Cristo. Testemunho em
identificar com o Senhor Roma. Sereis minhas testemunhas, em toda Judeia, Samaria e até os Confins do mundo (AT 1,8)
Figura 2.1 – Mapa Conceitual construído pelo Profa Osana Nazaré Venancio.
Constantino
CURIOSIDADE
Augusto significa (Augustus, plural: augusti, Latim para "majestoso", "o exaltado", ou
"venerável").
capítulo 2 • 38
Foi um Imperador que venceu muitas batalhas e entre elas Magêncio e Licínio
durante as guerras civis. Lutou contra os francos e alamanos, os visigodos e os
sármatas. Construiu a Nova Roma, uma nova residência imperial em lugar de
Bizâncio que ficou conhecida como Constantinopla, que se tornou a capital do
Império Romano do Oriente por mais de mil anos. Por isso que ele é considerado
como um dos fundadores do Império Romano do Oriente. Estamos apenas come-
çando a conhecê-lo, mas no 3º Capítulo poderemos conhecer melhor suas ações.
Antes de voltar ao começo, ainda sobre Constantino, não nos prenderemos às
questões que envolvem os muitos questionamentos sobre sua conversão e sobre os
interesses que o levaram a proteger o Cristianismo, mas situaremos o Cristianismo
a partir do governo do mesmo:
Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus
filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença
institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a
episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal
arbitral em lugar do tribunal da cidade[25]). E quanto às suas profissões de fé pública,
num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os
pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma
velha superstição". (Código Teodosiano, 2003, pg. 74)
Figura 2.2 – Constantino e sua mãe, Helena (Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0).
capítulo 2 • 39
Neste capítulo, teremos a oportunidade de situar o Cristianismo, como elu-
cida o título: de Pentecoste até o Constantino, por isso, a partir daqui, voltare-
mos ao começo da história, em Pentecoste e viajaremos pelos fatos até chegar
Constantino, quando encerramos o 2º capítulo e passaremos para o 3º capítulo:
De Constantino a Reforma.
No capítulo I você teve a oportunidade de estudar sobre aquele que é a essên-
cia do Cristianismo. Teve a oportunidade de conhecer ou revisar fatos da vida de
Jesus Cristo: nascimento, vida pública, morte e Ressurreição pela dimensão da fé.
Esse estudo foi importante para que, nos próximos capítulos, você possa situar o
Cristianismo, que é o seguimento a Jesus Cristo, nas dimensões históricas, sociais,
políticas e também de fé. O Cristianismo está marcado pelas perseguições, mas
resiste ao longo dos séculos como uma das principais religiões da humanidade.
Dedique-se à construção de seu conhecimento e olhe para a História como
um processo humano e divino, pois a história do Cristianismo é feita por homens,
mas que creram na ação de Deus sobre os fatos, por isso que estudar Teologia en-
volve essencialmente a dimensão de fé.
CONEXÃO
Visite o Portal do Cristianismo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Portal:Cristianismo>.
ATENÇÃO
Não se esqueçam de que o nosso foco é o Cristianismo em cada período da História.
Neste capítulo estamos situados na Idade Antiga.
capítulo 2 • 40
HISTÓRIA
Idade Antiga
Roma foi invadida pelos povos germânicos e eslavos que ficou conhecido pelos
romanos como os “bárbaros”. Caracteriza-se pelo nascimento e expansão inicial
do Cristianismo. Houve muitas crises provocadas pelas rupturas com o Judaísmo
e muitas perseguições dos Romanos aos Cristãos. A sociedade, neste tempo, estava
marcada pela existência de grandes impérios e pelo escravismo.
capítulo 2 • 41
Idade Média
Abrange um longo (quase dez séculos). Vai do século V ao século XV. Teve iní-
cio com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e o fim, pela tomada
de Constantinopla pelos turcos, em 1453, culminando com o declínio do poder
temporal dos papas até o início da reforma protestante, em 1517.
Foi um Período de crescimento e expansão do Cristianismo, que ficou conhe-
cido como “Cristandade”. O Cristianismo torna-se uma grande força no mundo
ocidental, sendo assim, toda a vida social girava em torno da vida cristã.
Os historiadores dividem a Idade Média em duas partes: Alta Idade Média,
meados do século V até o fim do século X e do século XI e a Baixa Idade Média
(meados do século XV).
Idade Moderna
ATENÇÃO
Apesar de ficar conhecido como Idade Moderna, este período não se refere aos dias
atuais, mas ao que era novo após a Idade Média.
CONEXÃO
Verifique os principais fatos da Idade Moderna. Disponível em: <https://www.suapesquisa.
com/historia/idade_moderna.htm>.
capítulo 2 • 42
Idade Contemporânea
Teve início em 1789 e continua até nossos dias. Período marcado por trans-
formações profundas na sociedade e também por conflitos mundiais. A adoção da
Revolução Francesa como ponto inicial desse período da história remete ao im-
pacto de seus efeitos em diversos locais do mundo. Tempo de novas perseguições
aos Cristãos, inclusive com genocídios. A rejeição ao religioso toma força a partir
do século XVIII.
O Cristianismo tornou-se a Religião mais perseguida. Pesquisas apontam que
no tempo presente “a cada cinco minutos morre um Cristão no Oriente Médio”.
Gabriel Nadaf (2016) afirma:
O que acontece no Oriente é um genocídio e está acontecendo hoje, agora (...). A cada
cinco minutos um cristão morre no Oriente Médio e os líderes mundiais sabem. Levo
anos gritando isso enquanto o mundo se cala (...) o Oriente Médio está esvaziando-se
de cristãos e foi lá onde a sua fé nasceu. (NADAF. Gabriel 2016. P 34)
capítulo 2 • 43
a) Idade Antiga
1º período (1-313): marcado pela atuação da Igreja no Império Romano pagão (per-
seguições dos mártires).
2º período (313-692): marcado pela atuação da Igreja no Império Romano cristão
(oficialização do Cristianismo e dos grandes concílios).
b) Idade Média
1º período (692-1073): marcado pela atuação da Igreja na formação da Europa (cris-
tandade medieval).
2º período (1073-1303): em que se deu o apogeu do poder temporal dos papas (auge
da cristandade).
c) Idade Moderna
3º período (1303-1517): marcado pelo clamor pela reforma (crise eclesial pré-luterana).
4º período (1517-1648): marcado pelas Reformas Protestante e Católica (renovação
e fechamento tridentino).
d) Idade Contemporânea
5º período (1648-1789): estendeu-se até a Revolução Francesa (silêncio eclesial e
críticas modernistas).
6º período (período após 1789): marcado pelas revoluções sociais (intransigência católica,
diálogo com modernidade e abertura pós-vaticana) (BIHLMEYERTUECHLE, p.16-17)
Fundação do Cristianismo
O Cristianismo tem como berço a Palestina e foi fundado por Jesus Cristo e
teve continuidade com seus discípulos, com destaque inicial para Pedro, Paulo e
os apóstolos.
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capítulo 2 • 44
Quando o Cristianismo foi fundado, os romanos tinham muito poder e domi-
nava a política e tinha grande exército de batalhas. Os Romanos viviam o apogeu.
Como estudado no primeiro capítulo, a Palestina pertencia ao Império
Romano. Depois da tomada de Jerusalém (Pompeu no ano 63 a.C.) não existiu
mais um Estado judaico independente. Depois da morte do idumeu Herodes
(37–4 a.C.), Augusto deixou o seu território aos filhos. A Palestina era uma região
desprezada, assim como também o seu povo Judeu. O imperador possuía poder
ilimitado; o governo era moderado, e as províncias tinham autonomia.
Fazendo memória
Volte ao capítulo I e relembre quem foram os Herodes que marcaram a História do Cris-
tianismo. Eles foram os grandes perseguidores de Jesus.
O Cristianismo Surgiu como seita judaica surgida no século 1º, mas pouco a
pouco houve a ruptura com o Judaísmo. Foi pelo Concílio de Jerusalém, ano 52,
que o Cristianismo se desvincula do Judaísmo de vez. Surge definitivamente uma
nova religião.
Nos primeiros séculos, os romanos perseguiram o Cristianismo ocasionando a
morte de milhares de mártires e dificuldades para a expansão cristã.
Inicialmente, os cristãos foram vistos como "judeus fervorosos", mas, com
o passar do tempo, a pregação cristã, que enfatizava Jesus Cristo, como filho de
Deus, fez com que os judeus os proibissem de pregar. Tal medida não foi suficiente
e os cristãos foram expulsos das sinagogas judaicas. Os cristãos, diferentemente
dos judeus, passaram a adotar os livros do Novo Testamento, escrito após advento
de Jesus Cristo por seus apóstolos e que relata a Sua vida e dos primeiros aconte-
cimentos da comunidade cristã nascente.
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capítulo 2 • 46
©© I, SAILKO | WIKIMEDIA.ORG
Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos
contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição
diária. 2.Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é
razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. 3.Portanto, irmãos,
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. 4.Nós atenderemos sem cessar à
oração e ao ministério da palavra. 5.Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram
Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pár-
menas e Nicolau, prosélito de Antioquia. 6.Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes,
orando, impuseram-lhes as mãos. (Atos dos Apóstolos 6,1-6)
capítulo 2 • 47
Dessa forma, o Cristianismo se consolidou e se expandiu e foi perseguido.
Da comissão dos eleitos, Estevão se tornou o primeiro Mártir, pois pregava o
Evangelho de forma explícita, clara e segura. Fato que causava espanto, medo,
rancor e ódio. Estevão se tornou o líder dos sete diáconos eleitos. Ele não temia
e atacava a prática religiosa dos judeus que não se converteram. Estevão externou
que já não era possível nenhuma identificação do Cristianismo com o Judaísmo.
Definida a separação. Evidente que isso não agrada as autoridades religiosas.
Estevão não se intimidava e era incisivo em sua pregação. Por isso foi perseguido.
No livro dos Atos dos apóstolos podemos conferir:
Estevão não se calava. Sua pregação, cada vez mais, incomodava os poderosos.
Estevão era conhecedor das Escrituras e tinha profunda segurança ao denunciar o
pecado contra elas. Em Atos dos Apóstolos, no capítulo 7, 1-60- Pegue sua Bíblia
e leia – podemos acompanhar a pregação de Estevão e seus ensinamentos que
tanto incomodaram e o levaram ao martírio. Estevão foi apedrejado até a morte:
Confira:
51Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós sempre resistis
ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós também!
52.A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram os que prediziam a
vinda do Justo, do qual vós agora tendes sido traidores e homicidas. 53.Vós que rece-
bestes a lei pelo ministério dos anjos e não a guardastes... 54. Ao ouvir tais palavras,
esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele. 55.Mas, cheio do Espírito Santo,
Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus:
capítulo 2 • 48
56. Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de
Deus. 57.Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se
atiraram furiosos contra ele. 58.Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá
-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo.
59.E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60.Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pe-
cado... A estas palavras, expirou. (Atos dos Apóstolos 7, 51-60)
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O Incêndio de Roma
capítulo 2 • 49
posteriormente, para comprar propriedades oferecendo baixo valor aos que já es-
tavam sofrendo com as perdas. Nero queria construir um palácio. Os Cristãos pa-
garam caro e com o próprio sangue a ira do poder romano. Dessa forma inicia-se
a sangrenta fase do Cristianismo.
A lenda diz que o imperador romano Nero "dedilhava" um instrumento musical, enquanto
Roma era destruída pelas chamas. Muitos de seus contemporâneos achavam que Nero
fora o responsável pelo incêndio. Quando a cidade foi reconstruída, mediante o uso de
altas somas do dinheiro público, Nero se apoderou de grande uma extensão de terra e
construiu ali os Palácios Dourados. O incêndio pode ter sido a maneira rápida de renovar
a paisagem urbana. Objetivando desviar a culpa que recaíra sobre si, o imperador criou
um conveniente bode expiatório: os cristãos. Eles tinham dado início ao incêndio, acusou
o imperador. Como resultado, Nero jurou perseguir e matar os cristãos. A primeira onda
da perseguição romana se estendeu de um período pouco posterior ao incêndio de
Roma até a morte de Nero, em 68 d.C. Sua enorme sede por sangue o levou a crucificar
e queimar vários cristãos cujos corpos foram colocados ao longo das estradas romanas,
iluminados, pois eram usados como tochas. Outros vestidos com peles de animais, eram
destroçados por cães nas arenas. De acordo com a tradição, tanto Pedro quanto Paulo
foram martirizados na perseguição de Nero: Paulo foi decapitado, e Pedro foi crucificado
de cabeça para baixo. (CURTIS, A. 2003. P.11)
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Figura 2.6 – Incêndio de Roma, 18 de julho de 64 d.C. óleo de Hubert Robert, no Museu de
Arte Moderna André Malraux, em Le Havre.
capítulo 2 • 50
O Incêndio do Templo de Jerusalém
E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça
que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé,
para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão. (Carta aos Gálatas 2, 9)
capítulo 2 • 51
CURIOSIDADE
Saiba como morreram os Apóstolos. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=cO0cfKyzDOE>.
Somente o Apóstolo João morreu de morte natural, na velhice, mas foi torturado sendo
jogado em um caldeirão fervente, mas se salvou.
CONEXÃO
O ARAMAICO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DZ2k0isPZ-0>.
Aprenda sobre o Alfabeto Aramaico. Disponível em: <http://www.nyudraa.com.br/
download/EBOOK_Aprenda_Aramaico_Facil.pdf>.
capítulo 2 • 52
A Didaché. Este texto, fundamental para a história da liturgia, da disciplina eclesiás-
tica, da moral e da doutrina cristã, foi descoberto em 1863 em Constantinopla, dentro
de um código de 1056. Os materiais que o compõem provavelmente datam do mesmo
período em que foram escritos os sinóticos, embora o texto atual seja certamente re-
dacional, mas não para além do séc. I, e a área da composição terá sido a Síria. O que
é a Didaché? Didaché, significa “doutrina” e no texto descoberto em Constantinopla a
obra tem dois títulos, talvez adicionados por algum copista: “Doutrina dos doze apósto-
los” e “Doutrina do Senhor às nações por meio dos doze apóstolos”. É “uma espécie de
regra para a comunidade cristã” (LONGOBARDO, 2007, p.145).
CONEXÃO
Saiba mais
Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=8_Dfhmm4RuE&t=28s>.
Disponivel em: <http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/o-didaque-instrucao-dos-
apostolos.html>.
Disponivel em: <http://www.familiasemcristo.com.br/2010/10/didaque/>.
O início da patrística não é definido como um marco cronológico, mas como um pe-
ríodo de passagem se considerarmos que o texto bíblico está escrito no período da
segunda metade do século primeiro consideramos que nesta passagem inicia-se o
período dos padres e mães da Igreja Primitiva. Esta passagem está no final do primei-
ro século da era cristã podemos apresentar a instrução Didaquê como marco inicial.
Neste período datado aproximadamente do ano 90 consideramos ainda que temos
textos bíblicos canônicos posteriores a esta data e isso nos faz pensar que além do
tempo histórico outros elementos caracterizam este inscritos que estudamos para de-
limitar a finalização deste período consideramos duas áreas geográficas culturais e
eclesiásticas da igreja naquele século o Oriente e o ocidente cristão. (BOGAZ, Antonio
Sagrado. 2014. P. 22)
capítulo 2 • 53
Papa João Paulo II, na carta apostólica Patres ecclesiae afirmou:
Em favor da Igreja de todos os séculos, exercem uma função perene. De maneira que
todo o anúncio e magistério seguinte, se quer ser autêntico, deve pôr-se em confronto
com o anúncio e o magistério deles; todo o carisma e todo o ministério deve beber na
fonte vital da paternidade deles; e toda a pedra nova, acrescentada ao edifício santo
que todos os dias cresce e se amplifica, deve colocar-se nas estruturas já por eles
postas e a elas soldar-se e ligar-se. (SANTA SÉ. 1980)
Os padres da Igreja são teólogos místicos nos seus primeiros séculos muitos eram epís-
copos, presbíteros, diáconos outros eram leigos entre eles temos muitos monges e már-
tires. São considerados cristãos de grande santidade. Os padres sentiram necessidade
de aprofundar refletir registrar e Intercomunicar os ensinamentos e rituais das Comuni-
dades Cristãs. Outra função importante era o testemunho Cristão diante de autoridades
e mesmo. O Confronto e o combate dos hereges e dos adversários das comunidades
cristãs. Consideramos São Jerônimo como autor do primeiro estudo histórico deste gru-
po de teólogos embora a distinção entre heréticos e ortodoxos seja posterior a ele. Uma
vez que esta distinção é atribuída ao autor dos escritos, após a consagração ou conde-
nação de suas afirmações. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22)
Paulo é um aprendiz dos Apóstolos, dos quais recebeu a herança da mensagem dos
Evangelhos. No entanto partindo dos eventos da vida de Cristo, interpreta sua men-
sagem para os novos convertidos. Depois de partir das comunidades que fundara,
escreve epístolas que se tornaram patrimônio mais precioso da Teologia Cristã. Suas
pregações e seus escritos nos fazem perceber que Paulo argumenta, com lógica dos
Mestres de Israel, e como exegeta, ultrapassa a herança tradicional judaica e se insere
no universo religioso dos pagãos. Mesmo sendo um pregador com grande especula-
ção filosófica e teológica, demonstra a verdadeira Mística dos cristãos viver o ideal de
Jesus Cristo. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22)
capítulo 2 • 54
Apóstolo Paulo: sua história e de seus escritos
Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro.
Se encontrei misericórdia, foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse
toda a sua magnanimidade e eu servisse de exemplo para todos os que, a seguir, nEle
crerem, para a vida eterna" (I Tm 1, 15-16).
capítulo 2 • 55
CONEXÃO
Saiba mais sobre Os Padres do Deserto. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=2y0YYyyCks0>.
Os padres apostólicos
©© MANUEL ANASTÁCIO | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 2 • 56
Os Padres ou pais Apostólicos fazem parte das duas primeiras gerações cristãs.
Muitos foram convertidos pelos Apóstolos e por aqueles que conviveram com eles.
Os Padres Apostólicos foram guardiões da fé, do testemunho e da memória do
cristianismo. Elaboraram a doutrina e defendiam o Cristianismo contra qualquer
ataque. Eles foram os responsáveis pela fundação da Filosofia Cristã que ficou co-
nhecida como PATRÍSTICA. (século I ao século V). Conhecida assim por ter sur-
gido com eles, os primeiros padres, ou pais da Igreja. É considerado como período
da Patrística o tempo que transcorre dos Apóstolos até Santo Isidoro de Sevilha
(560-536) no Ocidente; e no oriente até a morte de São João Damasceno (675-
749). Após eles, é o período dos Padres Apologista, que são da segunda fase dos
Padres da Igreja e escreveram Apologias em defesa da fé e dos cristãos perseguidos.
CONEXÃO
Saiba mais – Patrística.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Eu-CWNAa6lU>.
Glossário
Heresia
99 Doutrina contrária ao que foi estabelecido pela Igreja católica como matéria de fé.
99 Atitude ou palavra que ofende a religião.
99 Teoria ou ideia que contraria ou nega a doutrina definida por um grupo.
Ebionismo:
• Seita judaico-cristã dos séculos II ao IV, que professava a manutenção de algumas
práticas do judaísmo como, por exemplo, a circuncisão e a realização de ofícios religio-
sos aos sábados.
Marcionismo:
• Doutrina gnóstica do século II d.C., pregada por Marcião, que negava a existência de
um corpo material de Jesus Cristo entre outras ideias.
capítulo 2 • 57
Gnosticismo:
• Conjunto de princípios de várias seitas de natureza sincrética e esotérica dos séculos
I e II, consideradas heréticas pela igreja. Distinguia-se pelos pretensos insigts místicos e
por um desprezo pela matéria.
• Profundo conhecimento esotérico das coisas divinas que repercute na condição espi-
ritual do ser humano por meio de processos suprarracionais.
Patristica:
• Filosofia cristã, dos primeiros cinco séculos da nossa era, formulada pelos padres ou
pais da Igreja, baseada em conceitos da filosofia grega, que consiste na elaboração dou-
trinal das crenças religiosas do cristianismo e no combate ao paganismo e às heresias
que ameaçavam sua unidade.
Dicionário online Michaelis: Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>.
No século II, assim como já citado, outro grupo de Padres da Igreja surgiu.
Dessa vez ficaram conhecidos como os Padres Apologistas. Eles defendiam a fé,
assim como os Apostólicos e foram, tanto quanto, importantes para a Igreja e para
o Cristianismo. Esses Padres escreveram as Apologias em defesa da fé católica.
Muitos gentios se converteram e tinham grande formação e para se defenderem
dos ataques defendiam inúmeras teses sobre o Cristianismo. Também defendiam
os cristãos perseguidos.
Os Padres Apologistas foram grandes representantes da Filosofia Cristã. Eles
tinham conhecimentos filosóficos, dominavam a Filosofia Grega, e se coloca-
ram a serviço do Evangelho de Jesus Cristo divulgando os seus ensinamentos.
Preocupavam-se em levar o Cristianismo aos mais cultos, aos poderosos, aos
Romanos. Os pagãos não mediam esforços para atacar o Cristianismo, inclusive
querendo impedir suas manifestações com perseguições e até com martírios. A
Igreja sofria perseguição intelectual também e os Apologistas foram fundamentais
no combate a esses ataques.
CONEXÃO
Saiba Mais
Neste link você encontra um excelente resumo sobre os Padres da Igreja: Apostólicos e
Apologistas. Você poderá saber quem são eles. Disponível em: <http://www.mbpalavraviva.
org/download/papostapolog.pdf>.
Para aprofundar sobre os principais acontecimentos do Cristianismo acesse: “Os 100
acontecimentos mais importantes da História do Cristianismo: do incêndio de
capítulo 2 • 58
Roma ao crescimento da Igreja na China”. Disponível em: <https://bencaosdiarias.
files.wordpress.com/2015/11/os-100-acontecimentos-mais-importantes-da-historia-
do-cristianismo1.pdf>.
ATIVIDADES
01. “Pentecostes”: palavra grega (pentekosté) que significa “quinquagésimo”. Para os Cris-
tãos é a memória do dia em que os Discípulos estavam reunidos no cenáculo e também
estava Maria, a Mãe de Jesus, quando receberam o Espírito Santo pela primeira vez. Jesus já
havia subido aos céus, a Ascensão. Em Pentecoste Jesus apresenta sua Glória e plenifica a
Páscoa. Ele venceu a Morte! Está Vivo! Qual o principal acontecimento que marca este fato
e qual sua importância para o Cristão?
02. O Cristianismo Surgiu como seita judaica surgida no século 1º, mas pouco a pouco hou-
ve a ruptura com o Judaísmo. Foi pelo Concílio de Jerusalém, ano 52, que o Cristianismo se
desvincula do Judaísmo de vez. Surge definitivamente uma nova religião. Quais pontos foram
importantes para a separação entre Cristianismo e Judaísmo?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada Online. Disponível em: < https://www.bibliacatolica.com.br>.
BOGAZ, Antonio Sagrado / HANSEN,João Henrique Patrística - Caminhos da Tradição Cristã. Rio
de Janeiro: Paulus. 2014.
BIHLMEYERTUECHLE, História da Igreja. São Paulo: Paulina.1964, p.16-17
BROWN Peter. Código Teodosiano, (citado). Rise of Christendom 2a. edição, Oxford, Blackwell
Publishing, 2003.
CORBIN, Alain (org.). História do Cristianismo: para compreender melhor nosso tempo. Trad.:
Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
Curtis, A. Kenneth. Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo: do
incêndio de Roma ao crescimento da igreja na China / A. Kenneth Curtis, J. Stephen Lang e
Randy Petersen; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003.
DI BERARDINO, A. Dicionário patrístico e de antiguidades cristãs. Tradução de Cristina Andrade.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
capítulo 2 • 59
Padres Apostólicos. S. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Verbete Inácio de
Antioquia, p. 710.
GALBIATTI. Henrique. O Evangelho de Jesus. (Sup.) Subsídios didáticos sobre os cuidados dos
voluntários da associação PMMS. Caxias do Sul, RS: Edições Paulinas 1971.
HELLEY, Bruce. O período de Jesus e dos Apóstolos in História do Cristianismo ao Alcance de
Todos. São Paulo: Shedd Publicações, 2004, págs. 16 e 17;
JOSEFO. Flávio. Uma Testemunha do Tempo dos Apóstolos. Documentos do Mundo da Bíblia. São
Paulo. Paulus.1986.
LAMLAS. Isidro. As origens do cristianismo - Padres Apostólicos. Paulus
LONGOBARDO, L. Apostolica, letteratura – Padri Apostolici. In: BERARDINO, A. DI (ed). Letteratura
patrística. Cinisello Balsamo, 2007. p.140-8.
NADAF.Gabriel. Disponível em: <http://www.acidigital.com/noticias/um-verdadeiro-genocidio-a-cada-
5-minutos-morre-um-cristao-no-oriente-medio-61409/>.
NOUWEN, Henri J. M. A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo - O Caminho
do Coração. São Paulo: Ed. Loyola, 2000.
PAULO VI. Papa. As lições de Nazaré. Alocução pronunciada em Nazaré: 5 de janeiro de 1964.
SANTA SÉ. Patres Ecclesiae. Carta Apostólica Patres Ecclesiae do Sumo Pontífice João Paulo II. 1980.
VV.AA. Atos dos Apóstolos: Ontem e Hoje, estudos Bíblicos 03, Vozes, Petrópolis, 1985.
capítulo 2 • 60
3
De Constantino à
Reforma
De Constantino à Reforma
Estamos avançando em nosso estudo, não é mesmo? Já tivemos muitas opor-
tunidades de aprofundamento e ampliamos nosso horizonte respondendo dúvidas
e descobrindo curiosidades. Ainda não acabou! Na verdade, a colheita do conheci-
mento nunca deve acabar. Vamos em frente abrindo este celeiro do conhecimento
desta farta messe da História do Cristianismo. Vale mais uma vez relembrar que o
principal personagem dessa história é Jesus Cristo.
Neste capítulo, vamos fazer mais uma longa viagem no tempo. Vamos fazer
memória da História do Cristianismo de Constantino à Reforma: Constantino e
a Oficialização da Igreja Católica, a Patrística de Santo Agostinho, a expansão da
Igreja na Europa e África, A Idade Média e a invasão dos bárbaros, a Escolástica
de São Tomás. Os Reformadores: João da Cruz, Tereza D’Avila, Santa Catarina de
Senna. A Igreja Medieval e a Reforma no contexto do Renascimento e o rompi-
mento com a Idade Média no nascimento da Modernidade. Vamos lá!
OBJETIVOS
• Conhecer a História do Cristianismo, no período de Constantino à Reforma, analisando o
contexto dos acontecimentos ao longo dos séculos que compõem a Idade Média.
• Identificar os vários conflitos teológicos decorrentes do arianismo e o papel da Patrística
para restabelecimento das verdades da fé.
De Constantino à reforma
capítulo 3 • 62
Havemos por bem anular por completo todas as restrições contidas em decretos an-
teriores acerca dos cristãos; restrições odiosas e indignas de nossa clemência, e dar
total liberdade aos que quiserem praticar a religião cristã. (Trecho do Decreto de Milão-
(CECHINATO, 2006)
ATENÇÃO
Não confunda os Éditos
• Édito de Tolerância de Galério ou Édito de Tolerância de Nicomédia: Imperador
Galério (305-311) assinou em 311 em governo compartilhado com Constantino e Licínio,
legisla o fim da perseguição aos Cristãos.
• Édito de Milão: Imperador Constantino (272-337) assinou em 313 tendo como inspiração
o lema “um Deus no Céu, um Imperador na Terra”, colocando fim a “fé oculta” dos Cristãos,
oficializando o culto livre ao nome de Jesus Cristo. A liberdade religiosa foi garantida.
• Édito de Tessalônica: Imperador Teodósio assinou em 380, no século V. Também co-
nhecido como Cunctos Populos ou De Fide Catolica, tornando o Cristianismo a Religião do
Estado do Império Romano.
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Licínio, o Co-Imperador do Oriente,
também assinou o Édito, mas não se con-
verteu ao Cristianismo e manteve-se liga-
do às antigas tradições. Seu reinado com-
preende o período de 308 a 324. Licínio
em 313 unificou o Império Romano
do Oriente.
capítulo 3 • 63
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CONEXÃO
Saiba mais sobre Constantino.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nfm84x4IDXI>. (Parte 1)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m57EdC-wacI&t=243s>. (Parte 2)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=39aemIra6Nw>. (Parte 3)
capítulo 3 • 64
eleito “Augusto” por Galério, em 308, pois era o seu homem de confiança. Além
de Licínio, Constantino é apontado como o mandante da morte do filho de uma
de suas esposas.
capítulo 3 • 65
Vamos continuar aprofundando, mas como já orientado, é essencial que outras
fontes sejam consultadas. Que tal dar uma parada para consultar o “Saiba Mais”?
CONEXÃO
Saiba mais
Assista ao Documentário Constantino, o Grande - Documentário History Channel Brasil
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mgVKWzT_p1g>.
Constantino teve influência de sua mãe, Helena, para continuar zelando pelo
Cristianismo. Após a morte de seu pai, Constantino outorgou à mãe as honras
de mãe do Imperador. Ela se transformou em uma “Augusta”. Tendo também se
convertido ao Cristianismo, juntos se mantiveram na fé.
CURIOSIDADE
Curiosidades familiares do Imperador Constantino
Constâncio Cloro, tribuno romano, e Helena, uma plebeia, apaixonaram-se e tive-
ram um filho, Constantino. Mais tarde, o Imperador Maximiano nomeou Constâncio Cloro
como seu sucessor, sob condição de abandonar Helena e casar com a sua enteada Teodora.
Constâncio cedendo à ambição, repudiou Helena, que foi enviada para o exílio em Bitínia.
Constantino foi para Roma com o pai. Durante o seu exílio de 14 anos, Helena converteu-
capítulo 3 • 66
se ao Cristianismo. Quando Constâncio Cloro morreu, em 306, Maxêncio deu um
golpe de estado e ficou com o trono imperial. Constantino chamou de imediato para
o pé de si sua mãe Helena, mulher renovada no exílio pelo espírito cristão, sábia e santa, que
muito o ajudou a reconquistar o trono de seu pai. Logo após a sua chegada a Roma, Helena
tentava converter Constantino ao Cristianismo, lançando mão da Oração e do Jejum, mas sem
sucesso, pois as preocupações de Constantino eram a de formar um Exército que pudesse
derrotar Maxêncio em batalha. Mas sua mãe Helena, que não era minimamente motivada
pela política, persistia na conversão de seu filho, de uma forma prudente, serena, mas convic-
ta. Chegado o momento da grande Batalha, Constantino viu que estava em desvantagem, pois
o exército do seu inimigo e usurpador do trono de seu pai, era mais poderoso.
Disponível em: <http://www.amen-etm.org/Constantino.htm>.
Figura 3.5 – O Chi-ro: Emblema que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de
Cristo ("X" e "P" sobrepostos)..
capítulo 3 • 67
A Batalha da Ponte Mílvia ou Batalha da Ponte Mílvio (em latim: Pons Milvius; em italiano:
Ponte Milvio) foi o último confronto travado no verão de 312, durante a Guerra Civil entre os
imperadores romanos. Constantino, o Grande (r. 306–337) e Magêncio (r. 306–312) pró-
ximo à ponte Mílvia, uma das várias sobre o rio Tibre, em Roma. Precisamente teria ocorrido
em 28 de outubro. Constantino seria o vencedor da batalha e passaria desde então a trilhar
o caminho que levou-o a extinguir a Tetrarquia vigente e tornar-se o governante único do
Império Romano. Magêncio, por outro lado, morreria afogado no Tibre durante o combate.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_da_Ponte_M%C3%ADlvia>.
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Figura 3.6 – A Batalha da Ponte Mílvia por Pieter Lastman, 1613 – 28/10/312. Vitória de
Constantino e invasão de Roma.
capítulo 3 • 68
Portanto, deixemos o companheiro de Deus, que tudo governa, ser proclamado nosso
único soberano, com a verdade por testemunha, o único que é verdadeiramente livre,
ou antes, verdadeiramente senhor. Acima do cuidado com o dinheiro, mais forte do que
a paixão pelas mulheres, vencedor dos prazeres físicos e das necessidades. Conquis-
tador, não cativo, do mau humor e da ira este homem, verdadeiramente autokrator, por-
ta o título adequado a sua conduta moral. Realmente um vencedor é ele, que triunfou
sobre as paixões que têm sujeitado a humanidade, que se modelou segundo a forma
do Supremo Soberano, cujos pensamentos espelham seus raios virtuosos, pelos quais
ele tem sido feito perfeitamente sábio, bom, justo, corajoso, pio e temente a Deus.
Verdadeiramente, portanto, este homem é um rei filósofo, que conhece a si mesmo e
compreende as chuvas de bênçãos que se derramam sobre ele do exterior ou, antes,
do céu. (EUSEBIUS PAMPHILI LC V.4)
[...] tomando como exemplo o reino dos céus, dirige os assuntos terrenos com o olhar
voltado para o alto [...]. Ele se fortalece em seu modelo de governo monárquico, que o
governante de todos deu a um só homem, dentre todos na Terra. Pois esta é a lei da
autoridade real, a lei que decreta que um governe todos. A monarquia sobrepuja todos
os outros tipos de constituição e governo, pois principalmente anarquia e guerra civil
são o resultado da alternativa, uma poliarquia baseada na igualdade. Por essa razão,
há apenas um Deus, não dois ou três ou mais. Pois, estritamente falando, a crença em
muitos deuses é ímpia. Existem apenas um soberano, Seu Logos e a lei real.
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capítulo 3 • 69
Após a visão da Cruz em 312 e assinado em 313 o Decreto de Milão,
Constantino passa definitivamente reconhecer publicamente o Cristianismo
como sua escolha, inclusive se recusando a prestar culto a Júpiter, fato ocorrido em
313, 315 e 326 em suas visitas solenes à Capital. Os emblemas e símbolos Cristãos
começam fazer parte de sua vida cotidiana como escolha, em 317. Constantino
adota o Cristianismo como sua religião. O Chi-ro, que havia sido estampado nos
escudos dos soldados após a visão de Constantino, torna-se público.
Constantino foi influenciado por sua mãe Helena, pois nascendo cristã sem-
pre buscou apresentar ao filho os sentidos do Cristianismo. Helena, Canonizada
Santa pela Igreja Católica, pouco antes de sua morte, em peregrinação à Terra
Santa ordenou que em Jerusalém, onde está a “Vera Cruz”, fosse erguida uma
Igreja que substituísse o templo de Afrodite. A Igreja do Santo Sepulcro.
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Figura 3.8 – A Basílica do Santo Sepulcro localizada no Quarteirão Cristão da Cidade Velha
de Jerusalém. Jesus teria sido crucificado, sepultado e, ao terceiro dia, teria ressuscitado.
capítulo 3 • 70
[...] um sistema de relações entre Estado e Igreja em que o chefe do Estado, julgando
caber-lhe a competência de regular a doutrina, a disciplina e organização da Societas
fidelium, exerce poderes tradicionalmente reservados à suprema autoridade religiosa,
unificando (pelo menos em via tendencial) na própria pessoa as funções de imperator
e de pontifex. Decorre daí um traço característico do sistema cesaropapista: a subor-
dinação da Igreja ao Estado, que atingiu formas às vezes tão acentuadas de levar a
considerar a primeira um órgão do segundo. (FERRARI, Silvio. 1998. pp. 162-63)
O Concílio de Nicéia
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capítulo 3 • 71
O arianismo foi uma doutrina ensinada por Padre Ário que contradizia a cren-
ça na Trindade. A relação do pai do filho do Espírito Santo era por ele contradita,
pois afirmava que não existia esta relação e que cada um era uma pessoa separada.
Negava a divindade de Jesus Cristo. Dizia também que em um determinado tem-
po a figura de Jesus nem existia e que fora criada do nada.
Santo Atanásio foi o grande opositor de Ário. Defendeu a divindade de Jesus
e não aceitava que a heresia do arianismo maculasse os ensinamentos. A ideologia
Ariana estava dividindo a igreja egípcia. Santo Atanásio, por não aceitar abrir
mão dos seus princípios da divindade de Jesus e combater a heresia do arianismo,
foi perseguido, tendo que ser exilado e viver com os monges no deserto do Egito
e por isso ele ganhou o apelido de “Atanásio contra o mundo” e ficou famoso
também por seus escritos contra o arianismo. Por causa da divisão entre o aria-
nismo e os ensinamentos ortodoxos, houve muitos conflitos que fizeram com que
surgissem inimigos ferozes e muita luta armada, muito sangue foi derramado. O
Cristianismo estava diante de uma grande divisão. Neste contexto, Constantino
convoca o Concílio de Nicéia:
capítulo 3 • 72
época, era Silvestre, mas não compareceu ao Concílio enviando os dois presbíteros
representantes: Vito e Vicente.
Credo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, / de todas as coisas
visíveis e invisíveis. / Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, /
nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, / Deus verdadeiro
de Deus verdadeiro, / gerado, não criado, consubstancial ao Pai. / Por ele todas as
coisas foram feitas. / E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus: e se
encarnou pelo Espírito Santo, / no seio da Virgem Maria, e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; / padeceu e foi sepultado. / Ressus-
citou ao terceiro dia, / conforme as Escrituras, / e subiu aos céus, / onde está sentado à
direita do Pai. / E de novo há de vir, / em sua glória, / para julgar os vivos e os mortos; /
e o seu reino não terá fim. / Creio no Espírito Santo, / Senhor que dá a vida, / e procede
do Pai e do Filho; / e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: / ele que falou pelos
profetas. / Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. / Professo um só batismo
capítulo 3 • 73
para remissão dos pecados. / E espero a ressurreição dos mortos / e a vida do mundo
que há de vir. - Amém.
Ouça O Credo Constatinopolitano Cantado
Credo Niceno Constantinopolitano cantado em Latim.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rzywpcnBkw0>.
Credo Niceno-Constantinopolitano - Igreja Ortodoxa.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mM6e_g-iSvc>.
Aos 65 anos, doente, Constantino pede o Batismo aos Bispos. Em seu leito
de morte, acredita que seria perdoado de todos os seus pecados, inclusive de ter
matado o seu filho mais velho e sua esposa. O batismo apagou todas as marcas de
pecado e pela sua conversão permitiu que o Cristianismo permanecesse vivo.
Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus
filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença
institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a
episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal
arbitral em lugar do tribunal da cidade[25]). E quanto às suas profissões de fé pública,
num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os
pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma
velha superstição". (Código Teodosiano, 2003, pg. 74)
A influência do Imperador nos assuntos da igreja era grande Constantino tentou unifi-
car a igreja, mas após sua morte a disputa entre seus filhos ameaçou arruinar o império
um filho adotou o arianismo, enquanto o outro permaneceu ortodoxo em suas crenças.
Juliano, o apóstata que chegou ao poder em 361, também ameaçou acabar com as
esperanças cristãs ao renovar perseguição aos crentes. Todavia sua influência pouco
durou, pois após menos de 02 anos foi morto em batalha na Mesopotâmia e seu su-
cessor Joviano revogou o decreto de Juliano contra o cristianismo e promoveu a igreja
cristã como fizeram os imperadores subsequentes no império que estava mais uma vez
dividido. COLLINS, M. & PRICE, 2000. P.59)
capítulo 3 • 74
Oficialização da Igreja
Havia, nesta época, conflito entre os Bispos e Teodósio por não aceitarem que
o Imperador impusesse à Igreja as suas decisões.
capítulo 3 • 75
Os guerreiros dormiam com os aspirantes mais novos até que completassem a idade
adulta, sendo, inclusive, entendida como um ato de companheirismo, apoio e aten-
ção. Teodósio publicou um decreto proibindo a homossexualidade e da pederastia
e condenando à morte quem as praticassem. Por isso, não media esforços para que
os responsáveis fossem corrigidos, aplicando aos mesmos as correções. O Chefe da
Infantaria, responsável pela aplicação da lei, prendeu um condutor de cavalos em
um circo, atleta de grande popularidade. No entanto, a população revoltada, matou
o chefe da Infantaria. Teodósio enfureceu-se ao saber de tal fato e por isso mandou
massacrar o povo quando estivesse reunido no circo. Teodósio se arrependeu da
ordem e tentou cancelá-la, mas estava em Milão e não conseguiu chegar a tempo e a
tragédia já havia acontecido, morrendo inúmeras pessoas.
O Bispo Ambrósio recriminou Teodósio por carta e também em um dia quan-
do este quis participar da Missa, mas foi proibido pelo Bispo: “Não ousaria, em
sua presença, oferecer o sacrifício divino". Ambrósio exigiu que uma confissão
pública fosse feita para que fosse perdoado de seu pecado.
Durante 08 meses Ambrósio man-
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teve a exclusão de Teodósio da comu-
nhão. Somente no Natal, após se vestir
um “saco de penitência” Ambrósio con-
cedeu a Teodósio o perdão. O próprio
Teodósio defende a ação do Bispo: "sem
dúvida, Ambrósio me fez compreender
pela primeira vez o que deve ser um bis-
po". A correção dos homens públicos
pelos homens eclesiásticos foi uma prá-
tica até a idade moderna.
Ambrósio passa a ser solicitado por Teodósio para mediar os conflitos gera-
dos por muitos que não aceitavam a presença de outras religiões que não fosse o
Cristianismo, inclusive incêndios de Sinagogas. Ambrósio mantém a centralidade
do Cristianismo como a “verdadeira e única religião”, julgando os judeus como
equivocados por professarem outra fé.
capítulo 3 • 76
Imperadores e bispos trabalhavam lado a lado enquanto a igreja beneficiando-se do
Patrocínio dos imperadores cristãos, assumia cada vez mais um modelo Imperial. As
artes (arquitetura escultura mosaico e música) floresceram enquanto as Sés de Roma
Constantinopla, Jerusalém, Antioquia e Alexandria cresciam em prestígio. A teologia
se desenvolveu graças à contribuição de Gigantes intelectuais como Basílio Gregório
Atanásio no Oriente e Ambrósio e em Agostinho no Ocidente. Este período viu tam-
bém o desenvolvimento do monaquismo e admiráveis esforços catequizadores de mis-
sionários que pregaram o evangelho em terras tão distantes quanto a Irlanda a Índia a
Etiópia e a Geórgia. (P.57)
Para ele, tanto as civilizações como os Estados envelhecem e morrem. O importante é es-
crever de modo cristão nas linhas tortas da história humana” (HAMANN, 1989, p. 288, 289),
capítulo 3 • 77
Serão lançadas as sementes, mas é preciso que sejam cuidadas, cultivadas para
que se transformem em frutíferas árvores de conhecimento e por isso faz-se neces-
sário o aprofundamento nas várias fontes de pesquisa.
A partir do século IV, o cristianismo deixa de ser clandestino no Império Romano, sendo
reconhecido e tolerado, e, em seguida, tornando-se a religião oficial de Roma. As lutas
do período anterior renderam frutos e a filosofia patrística vive o momento de apogeu.
O grande nome do período é Santo Agostinho (354-430).
Os Bárbaros:
(…) A cidade que havia conquistado o mundo foi ela mesma conquistada. Ou, para dizer
melhor, morreu de fome, antes de ser destruída. Quase não sobrou ninguém para ser
escravizado. Na sua fome desesperada, os romanos comiam coisas horríveis. E até carne
humana. (São Jerónimo. Transcrito por Zelasco. G. et al. II. O. cit. v. p.383. Adaptado).
capítulo 3 • 78
Missionários vindos do Império introduziam entre os godos a religião cristã, mas sob
uma forma herética, o arianismo. Inversamente, grande número de germânicos que
atravessaram as fronteiras instalou-se como agricultores nos cantões mal povoados
do mundo romano ou faziam carreira no exército. (PERROY, 1964, p. 17).
450
Império Romano do Ocidente
Império Romano do Oriente
Vândalos
Hunos
451 Visigodos
330–405
451 433 Ostrogodos
Francos
430–555 Anglo-saxões
415–507 453–490
Burgúndios
412 Lombardos
250–276 250–280
409
455
419 395
429–534
429
capítulo 3 • 79
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Figura 3.13 – Saque de Roma pelos Vândalos, em 455, por Heinrich Leutemann.
Os historiadores antigos mal mencionam os hunos. Eles habitam nas margens do Mar
Glacial. A sua ferocidade supera tudo. Não cozinham nem temperam o que comem.
Alimentam-se de raízes silvestres ou da carne do primeiro animal que aparece, carne
esta que esquentam por algum tempo, sobre o dorso de seu cavalo, entre suas pró-
prias pernas. Não possuem abrigo. Entre eles não se usam casas, nem túmulos. Não
encontraríamos nem mesmo uma cabana. Passam a vida percorrendo as montanhas e
as florestas. São endurecidos desde o berço contra o frio, a fome e a sede. Mesmo em
viagem, não entram em habitação sem necessidade absoluta e não se creem nunca
em segurança. Não têm reis nem governantes, mas obedecem a chefes, eleitos em
cada circunstância. Quando se lançam ao combate, soltam no ar uma gritaria terrível.
(Amiano Marcelino. 1955, pp. 151-152.)
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Figura 3.14 – Os Hunos, liderados por Átila, invadem a Itália, como visualizado nessa pintura
do século XIX de Ulpiano Checa (1860-1916).
A Roma Oriental foi grega pela língua, pela literatura, pela teologia e pelo culto; foi
romana na tradição militar (os soldados aclamavam os novos imperadores em latim,
enquanto a população o fazia em grego), no direito, na diplomacia, nas finanças e na
concepção da supremacia do estado e do governo central.” (GIORDANI. 1968 p. 36).
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capítulo 3 • 82
Ceticismo: Doutrina cujos preceitos afirmam que o espírito humano não possui capaci-
dade para alcançar a certeza sobre a verdade, por isso, o ser vive em constante dúvida
ou renúncia, causada por uma incapacidade intrínseca de compreensão metafísica: Pirro
defendia o ceticismo universal. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/ceticismo/>.
Maniqueísmo: Doutrina religiosa propagada por Maniqueu (Mani ou Manes) que, na
Pérsia, durante o século III, concebia o mundo como uma fusão dualista do espírito e da
matéria, respectivamente do bem (luz) e do mal (trevas). Disponível em: < https://www.
dicio.com.br/maniqueismo/>.
Após buscar na Filosofia e dela extrair muitos ensinamentos para suas refle-
xões futuras, Agostinho constata que não encontrou as respostas que buscava. Foi
quando se encontrou com Santo Ambrósio, o grande Bispo que lutou contra a
heresia do Arianismo e fazia muitas pregações públicas. Era simples ao lidar com
as pessoas e escolheu o modo de vida asceta, que consiste no desenvolvimento es-
piritual. Ambrósio se tornou Bispo por aclamação popular, mesmo não querendo
cargos e carreira. Santo Agostinho, sendo influenciado pelos ensinamentos e tes-
temunho de Ambrósio e em 387 por ele batizado. Ele fez uma experiência mística
ao ouvir Santo Ambrósio e ao ter contato com as Cartas de São Paulo. As verdades
que Agostinho procurava estavam no Cristianismo.
Aproveitando todo conhecimento filosófico que tinha e a influência da
Filosofia de Platão e de Plotino, Agostinho passa a harmonizar Fé e Razão. A Fé
é Substância! Sem a fé a razão não consegue explicar a verdade. Ela é o canal do
entendimento, mas nada revela sem a fé. Tudo o que compreendemos conhece-
mos, mas nem tudo o que conhecemos compreendemos. Ao descobrir a Fé, Santo
Agostinho faz a seguinte oração:
Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim
e eu estava fora, e aí te procurava. Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas
das tuas criaturas. Estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de
ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Mas Tu me chamaste,
clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e curaste a minha ce-
gueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Tu me tocaste, e agora
estou ardendo no desejo de tua paz. (Confissões (X, 27, 38):
capítulo 3 • 83
revelado e que assim consiga separar os próprios julgamentos. Olhando para a
interioridade o homem conhece a verdade.
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O mundo está transtornado como se estivesse numa prensa. Coragem, cristãos, se-
mentes de eternidade, peregrinos neste mundo, a caminho do céu! As provações que
se multiplicam são o destino dos tempos cristãos, mas não constituem um escândalo
para o cristão. Se amas este mundo, blasfemarás contra Cristo. E é isso o que te sopra
o teu amigo, o teu conselheiro. Mas não deves escutá-lo. “Se este mundo está sendo
destruído, diz a ele que Cristo o previu” (AGOSTINHO, apud HAMANN, 1989, p. 274)
capítulo 3 • 84
A Patrística de Santo Agostinho: século IV ao século VIII
Após sua conversão, que aconteceu aos 32 anos, depois de uma vida pregressa
e o encontro da fé, Agostinho retoma a Patrística, que é o nome dado ao conjunto
de reflexões empreendidas pelos primeiros padres da Igreja e que se estendeu do
primeiro ao sétimo séculos da era cristã. No primeiro capítulo, tivemos a oportu-
nidade de conhecer as origens da Patrística, que em seu início priorizava a análise
dos textos bíblicos, mas que atualizada por Agostinho, os textos filosóficos fo-
ram contemplados.
O Concílio de Niceia, realizado em 325, teve grande importância e influência
estabelecendo fidelidade e padronização nas questões de fé. Isto tornou possível
à Igreja enfrentar os inúmeros desafios representados pelas dissidências internas e
sistemas rivais.
Santo Agostinho (354-430), reformulou a Patrística, combinando os elemen-
tos da fé com princípios filosóficos retirados de filósofos como Platão e Plotino.
Essa foi a grande contribuição de Agostinho que conservando os argumentos da fé
cristã evocou a razão para manter por longo tempo a unidade da Igreja. “A fé vai
à frente, seguida da inteligência [...]”1. O conceito de “pecado original”, do “livre
arbítrio” A “predestinação divina” foram focos da Patrística de Agostinho.
CONEXÃO
Filosofia Medieval.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Eu-CWNAa6lU&t=924s>.
A Queda de Roma – Cidade de Deus - Santo Agostinho.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0X98bWEPBlA>.
O livro: Cidade de Deus. Disponível em: < http://charlezine.com.br/wp-content/
uploads/Cidade-de-Deus-Agostinho.pdf>.
1 Sermo CXVIII, 1.
capítulo 3 • 85
Escolástica e São Tomás de Aquino
' Sócrates e Platão estão a seus pés, porque eram considerados os filósofos precurso-
res do pensamento cristão, embora pagãos. Eram “os sábios do mundo” e “os profes-
sores do povo”, e tinham como tarefa a exploração da natureza profunda de todas as
coisas. O círculo interior da Rainha Filosofia e de seus discípulos Sócrates e Platão é
envolto por outro círculo, maior, onde estão as disciplinas necessárias para o estudo da
Filosofia. São as Sete Artes Liberais: a primeira parte, introdutória, chamada de Trivium,
por conter a Gramática, a Dialética e a Retórica. Na ordem: aprender a escrever e a ler
corretamente, a argumentar e a fazer isso com beleza. (...)Após aprender as discipli-
nas do Trivium, o aspirante à Filosofia deveria passar para as do Quadrivium, matérias
matemáticas: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. (...) O sentido retilíneo do
círculo é claramente do físico para o metafísico (isso porque, desde os antigos pitagó-
ricos, os filósofos pensavam que o mundo fora criado pela divindade de acordo com as
capítulo 3 • 86
regras da harmonia e da ordem). Assim, estudar Geometria, por exemplo, significava
seguir a máxima da Academia de Platão: “Que ninguém exceto os geômetras entrem
aqui”. No grande círculo exterior há os seguintes versos: “A Filosofia ensina as artes
por sete ramos. Investiga os segredos dos elementos e de todas as coisas. O que des-
cobre, retém em sua memória e escreve para transmitir aos alunos”. (SANTO. Bento
Silva e COSTA. Ricardo. 2015. P.18).
CONEXÃO
Visite o site da Igreja ortodoxa.
Disponível em: <https://www.ecclesia.com.br/igreja-ortodoxa/>.
Apesar de essa separação continuar, já faz alguns anos que a Igreja Católica
Apostólica Romana, através dos sucessivos Papas: João Paulo II, Bento XVI e
Francisco, busca o diálogo fraterno para que se unam nas diferenças. A Igreja
capítulo 3 • 87
Ortodoxa igualmente tem buscado manter esse encontro fraterno. Segue a lista de
alguns dos muitos encontros e visitas:
• Em 2006, o então Papa Bento XVI, junto com o Patriarca Bartolomeu I emi-
tem uma declaração conjunta. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/be-
nedict-xvi/pt/speeches/2006/november/documents/hf_ben-xvi_spe_20061130_
dichiarazione-comune.html>.
capítulo 3 • 88
Após essa parada necessária no Século XI para refletir sobre o Cisma e apontar
a realidade atual da tentativa de reencontro ente as Igrejas, voltemos à Escolástica
avançando ao Século XIII, quando encontraremos o maior expoente escolástico
da história da Igreja:
O filósofo que promoveu a transição real do platonismo para uma forma mais
sofisticada de filosofia foi Tomás de Aquino (século XIII). Destacam-se ainda,
neste período, Occam, Scoto e Erígena. São Tomás, no entanto, foi e é o grande
nome da Escolástica. Sua obra-prima Summa Theologica é compreendida como o
exemplo maior da escolástica.
Atualizando em suas bases pelo pensamento de Platão, sintonizando elemen-
tos da natureza com os valores espirituais, a escolástica se amplia quando São
Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles à mesma.
Na busca de harmonização entre fé e razão, a escolástica transita entre o pen-
samento de Santo Agostinho, que era da Escola Patrística, que defende a primazia
da fé que deve subordinar a razão por crer que esta venha restaurar a condição
decaída da razão humana e São Tomás de Aquino que defende certa autonomia
da razão na obtenção de respostas se fundamentando no aristotelismo, sem negar,
que a subordinação da razão a fé.
capítulo 3 • 89
A Escolástica compreende os filósofos antigos, a Bíblia e os Padres da Igreja, auto-
res dos primeiros séculos cristãos foram fontes por terem sobre si a autoridade de fé e
de santidade. Afirma São Tomás de Aquino sobre a Filosofia como “serva da Teologia”:
Uma vez que a intenção principal desta ciência sagrada é transmitir o conhecimento
de Deus, e não só segundo o que é em si (secundum quod in se est), mas também
segundo o que é como princípio e fim das coisas, especialmente da criatura racional,
como é manifesto a partir do que foi dito (q. 1, a. 7); tencionando nós expor esta ciên-
cia, trataremos primeiro de Deus, em segundo lugar, do movimento da criatura racional
para Deus, e, em terceiro lugar, de Cristo, que segundo a sua humanidade, é para nós
via de acesso a Deus. (TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologiae, I, q. 2., a. 1).
CONEXÃO
Aprofunde sobre a Idade Média – faça essa viagem!. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=Eu-CWNAa6lU>.
Os “Reformadores” Católicos
São Francisco de Assis: (Século XII e XIII) Nasceu em Assis, Itália, em 1182. Era filho
de Pedro Bernardone, um rico comerciante, e Pia, de família nobre da Provença um dos
personagens centrais da Baixa Idade Média, é o fundador da Ordem dos Frades Meno-
res, foi, no início de sua juventude, um combatente militar, chegando a lutar ao lado das
forças do Papa Inocêncio III em 1205.
Catarina de Senna: nasceu em 25 de março de 1347, (Século XIV) na cidade de Siena
(Sena), na Itália. Filha de uma família muito pobre, ela foi uma entre os vinte e cinco filhos
que seus pais. Teve uma infância conturbada. Mesmo analfabeta, viajou pela Itália e outros
países. Não temeu repreender reis, príncipes, cardeais, Bispos e Papas. Enfrentou as tur-
bulências e se alimentou da fé. Fazia penitências, buscava a santidade, rezava com fervor e
capítulo 3 • 90
se penitenciava para ficar cada vez mais próxima da verdade de Jesus. Uma das importan-
tes místicas, escritoras e reformadoras da Igreja e é ainda hoje muito respeitada por suas
obras espirituais e sua audacidade política, alguém que teve coragem de "dizer a verdade
ao poder"— um feito excepcional para uma mulher de seu tempo, capaz de influenciar a
política e a história de sua época, tudo por incondicional amor à Igreja.
Santa Teresa de Ávila: também conhecida como Santa Teresa de Jesus. (Século XVI)
Nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515, é considerada um dos maiores gênios que a
humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer
sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo
e atraente e seu profundo bom senso. Doutora da Igreja. Uma mulher de atitude que
ousou sonhar em Deus. “Devemos traduzir nossos sonhos em feitos, nossas palavras
em obras, nossas aspirações em ação”, dizia ela. Foi grande reformadora da Igreja so-
frendo perseguições junto com São João da Cruz. Viveu em época contemporânea à
reforma protestante.
São João da Cruz: São João da Cruz nasceu em 1542 (Século XVI) em Fontiveros,
província de Ávila, na Espanha. Seus pais se chamavam Gonzalo de Yepes e Catalina
Alvarez. Pregador, místico, escritor e poeta. Faleceu após uma penosíssima enfermida-
de, em 1591, com 49 anos de idade. Escreveu obras bem conhecidas como: Subida do
Monte Carmelo; Noite escura da alma (estas duas fazem parte de um todo, que ficou
inacabado); Cântico espiritual e Chama viva de amor. No decurso delas, o itinerário que
a alma percorre é claro e certeiro. Negação e purificação das suas desordens sob todos
os aspectos. Foi grande reformador da Igreja sofrendo perseguições junto com Santa
Tereza de Ávila. Viveu em época contemporânea à reforma protestante.
ATENÇÃO
Estamos chegando ao final do capítulo. Mais uma vez vale lembrar, que é preciso pes-
quisa aprofundada, para que os fatos sejam conhecidos sem o ocultamento dos intervalos
que acontecem ao tentar apresentar a história do Cristianismo ao longo de 11 séculos em
algumas páginas. Por isso, além das referências foram indicadas, se lance na busca. Você
não irá se arrepender!
Reforma protestante
capítulo 3 • 91
• No século XVI: com a Reforma Protestante. O anuncio do fim da Idade
Média e o apogeu da Idade Moderna se identifica pela onda de ataques a Escolástica
por seus ensinamentos e também pelo ataque à Cristandade.
A Reforma Protestante acontece no século XVI liderado por Martinho Lutero.
Este Padre Católico, que se rebela contra a Igreja Romana por querer reformas,
publica 95 teses em 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de
Wittenberg. Teses que criticam as vendas de indulgências, contra os abusos do
clero também uma proposta de reforma no catolicismo romano.
Continuaremos esta viagem no próximo capítulo, mas você pode, desde já,
ampliar a pesquisa, não é mesmo?
ATIVIDADES
01. A Patrística é uma Filosofia cristã, dos primeiros séculos da nossa era, formulada pelos
padres ou pais da Igreja, baseada em conceitos da filosofia grega, que consiste na elabora-
ção doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e no combate ao paganismo e às here-
sias que ameaçavam sua unidade. O que a Patrística dos primeiros séculos tem a ver com a
grande contribuição que Santo Agostinho deixou para o Cristianismo?
02. São Tomás de Aquino foi o expoente da “Filosofia Cristã” na Idade Média, que ficou
conhecida como “Escolástica”. Qual a importância da Escolástica para o Cristianismo e o que
ela propõe?
capítulo 3 • 92
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capítulo 3 • 94
4
Da Reforma à
proposta da
razão ateísta do
Iluminismo
Da Reforma à proposta da razão ateísta do
Iluminismo
Essa tem sido uma bela jornada, não é mesmo? Já chegamos ao Capítulo IV.
Foram muitas descobertas, reflexões, interrogações que alimentaram nosso desejo
de aprofundar com mais intensidade a História do Cristianismo. Uma história
de muitas dores, perseguições, sofrimentos, incertezas e dúvidas, mas igualmente
uma História de Fé, de Revelação Divina, de resistência, de alegria e de muita
esperança. O personagem central dessa História é Jesus Cristo! “Eu sou o Alfa
e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-
Poderoso” (Apocalipse 1, 8).
Neste capítulo, mais uma vez somos chamados fazer uma retrospectiva de fa-
tos que marcaram a História Cristã. Nossa viagem, dessa vez, partirá da Reforma
no Século XVI à proposta da razão ateísta do iluminismo. São três séculos de
história. A intenção é destacar os principais fatos que marcaram a História do
Cristianismo, inclusive o estabelecimento da “Época sem Cristianismo” que o ilu-
minismo, no século XVIII, tentou implantar, deixando consequências complexas
para a história posterior do Cristianismo.
Vamos avançar nossa pesquisa por águas mais profundas aceitando o convite
de Jesus? Disse Ele: Avança para águas mais profundas (...) Não tenha medo!
(Lc 5,4,)
Não se esqueça das duas orientações iniciais:
99 Lembre-se, de que ter a Bíblia ao seu lado, possibilitará o desenvolvimen-
to do conhecimento.
99 Não deixe de analisar, contemplar e acessar as fontes indicadas (ima-
gens, vídeos, canções, áudios, sites...), pois abrirão os horizontes. Você pode bus-
car muitas outras. Exerça sua condição de pesquisador
OBJETIVOS
• Conhecer as causas que levaram à Reforma Protestante e as consequências da fragmen-
tação do Cristianismo do século XVI ao século XVIII;
• Identificar a unidade entre Razão e Fé que possibilitou o crescimento da ciência no Sécu-
lo XVII;
capítulo 4 • 96
• Compreender a resistência Cristã contra a proposta da “época sem Cristianismo” advinda
da razão ateísta do iluminismo e as complexas consequências para a história posterior do
Cristianismo.
SÉCULO XVI
A Reforma Protestante
capítulo 4 • 97
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CONEXÃO
Saiba mais
Veja o filme: Lutero. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=
Et6at_yvMd8>.
Lutero começa sua contestação pela prática das indulgências. Indignado com
o pagamento do perdão dos pecados, quando as penitências ou o perdão total e
parcial eram concedidos de acordo com o valor pago. A dívida Espiritual paga pela
oferta material. A prática das indulgências, que era considerada para casos especí-
ficos, passa a ser utilizada em todas as situações, independentemente da situação
e condição do fiel. A lógica das indulgências como a “Salvação pela boa obra” era
aceita e recomendável e tinha suas bases na Doutrina de São Tomás de Aquino,
mas foi desviada para caminhos que divergiam de seus reais e profundos sentidos.
Além das Indulgências, Lutero também não estava satisfeito com a forma com
que a Igreja Romana tratava a questão das Santas Relíquias. Símbolos e objetos
capítulo 4 • 98
Sagrados que visualizavam a fé, tratados como peças de comércio, além de serem
falsificados enganando o povo cristão que, com fé acreditava ter comprado um
objeto ligado diretamente a Jesus. Dessa forma se instalou o pecado da Simonia1.
Outras questões também incomodaram a Lutero, como por exemplo, a venda
de Cargos Políticos e Religiosos; Centralização do Poder Papal e o poder de in-
terpretação da Bíblia escrita somente em Latim. Ele duvidava das interpretações
sinalizando que havia inconsistência entre o que dizia a Sagrada Escritura e a
prática dos líderes religiosos.
CONEXÃO
Conheça as 95 teses de Lutero. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/
credos/lutero_teses.htm>.
• SOLA GRATIA: “Somente a Graça”: É pela Graça de Deus que nos liber-
tamos do pecado e somos conduzidos para a Vida Eterna.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SpzqvURblUo>.
1 Simonia: Comércio ilícito de bens espirituais, de coisas sagradas, de benefícios eclesiásticos. (Michaelis online)
capítulo 4 • 99
• SOLI DEO GLORIA: “Glória somente a Deus”: O fim principal de toda
pessoa é a glorificação de Deus. Em Deus está a Salvação e o sentido da existência.
Fomos criados para a Glória de Deus. Todas as obras humanas devem lembrar
a Glória.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Xi7yOomMDIM>.
Lutero e a educação
Em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus e
nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as
crianças, quando as educamos (...). Para ensinar e educar bem as crianças precisa-se
de gente especializada (Lutero, 1995, Vol. 5, p. 307 e 308).
A crise que assola o contexto do século XVI, que faz com que Lutero lidere a
Reforma Religiosa, também apontava para outras crises, entre elas, para o refor-
mador, também a Educação precisava ser reformada.
Caros senhores, anualmente, é preciso levantar grandes somas para armas, estradas,
pontes, diques e inúmeras outras obras semelhantes, para que uma cidade possa viver
em paz e segurança temporal. Por que não levantar igual soma para a pobre juventude
necessitada, sustentando um ou dois homens competentes como professores? (LU-
TERO, 1995, Vol. 5, p. 305)
capítulo 4 • 100
Lutero (1987. P.307), também se preocupou com o papel da família na
Educação dos filhos. Disse no Catecismo Menor
Aqui também deves insistir particularmente com as autoridades e os pais, para que
governem bem e levem os filhos à escola, mostrando-lhes por que é sua obrigação
fazê-lo e que pecado maldito cometem se não o fazem. Pois com isso, derrubam e as-
solam tanto o reino de Deus como o reino do mundo, como os piores inimigos de Deus
e dos homens. E frisa bem que horrível dano causa senão cooperam na educação de
crianças para serem pastores, pregadores, notórios etc., de sorte que por isso Deus
lhes há de infligir medonho castigo. Pois é necessário pregar sobre essas coisas. Os
pais e governantes pecam nisso agora de maneira indizível. O diabo também leva de
mira algo de cruel com isso. (LUTERO.1983. p. 20)
capítulo 4 • 101
CURIOSIDADE
Em janeiro de 1988, o Presidente da República, José Sarney, autorizou pelo Decreto
95.623 a criação da Universidade Luterana do Brasil, a partir das Faculdades Canoenses,
pela via da autorização. Tornando-se a principal instituição que representa a concepção de
educação luterana no Brasil.
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capítulo 4 • 102
Henrique VIII e a Reforma Anglicana
Não era um religioso, mas um Rei. Uma reforma Religiosa liderada por um
Monarca Absolutista da Inglaterra. Revoltado por sua mulher não ter gerado um
filho, envia ao Papa um pedido de divórcio para se casar com uma de suas aman-
tes. A Igreja nega o pedido por ser considerado pecado gravíssimo. Mais revoltado
ainda com a negação da Igreja, Henrique VIII se declara, em 1534, o “Chefe
Supremo” da Igreja na Inglaterra. Assim surge a Igreja Anglicana. Para as mãos
do Rei passam as propriedades, todas as riquezas materiais e a responsabilidade
doutrinal da fé.
ATENÇÃO
No mesmo ano de 1534
• Rei Henrique VIII foi excomungado pelo Papa Paulo III por ter criado uma nova Igreja.
• Foi fundada a Companhia de Jesus, uma das maiores e mais intensas organizações a ser-
viço da Fé Cristandade para resistir à Reforma.
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capítulo 4 • 103
©© EVERTON ZANELLA ALVARENGA | WIKIMEDIA.ORG
CONEXÃO
Saiba mais sobre Henrique VIII.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W8Iv0wV67LM>.
capítulo 4 • 104
Neste cenário, aparece Thomas More, o grande escritor de Utopia, um dos
poucos que ousou questionar e resistir ao absolutismo de Henrique VIII e pagou
com sua decapitação.
Sua trágica morte - condenado a pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII
de Inglaterra como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica
como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da
liberdade individual contra o poder arbitrário. Devido à sua retidão e exemplo de vida
cristã, foi reconhecido como mártir, declarado beato em 29 de dezembro de 1886 por
decreto do Papa Leão XIII e canonizado, conjuntamente com São João Fisher, em 19
de maio de 1935, pelo Papa Pio XI. O seu dia festivo é 22 de junho. Deixou vários
escritos de profunda espiritualidade e de defesa do magistério da Igreja. Em 1557,
seu genro, William Roper, escreveu sua primeira biografia. Desde a sua beatificação e
posterior canonização publicaram-se muitas outras. Em 2000, São Thomas More foi
declarado [6] "Patrono dos Estadistas e Políticos" pelo Papa João Paulo II. Disponível
em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More>. Acesso em: 29 mar. 2018>
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CONEXÃO
Decapitação de Thomas Mores
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TS3Ra0TayTs>.
capítulo 4 • 105
João Calvino e a Reforma Calvinista
Quando eu era ainda um garotinho muito novo, meu pai destinou-me ao estudo de
teologia. Mas depois, quando percebeu que o exercício da profissão de advogado, em
geral, levava aqueles que a seguiam à riqueza, essa perspectiva induziu-me repenti-
namente a mudar seu propósito. Assim, ocorre que fui retirado dos meus estudos de
Filosofia, e fui colocado para estudar Direito. Esforcei-me fielmente para aplicar-me
nessa atividade, em obediência à vontade de meu pai; mas Deus, pela secreta direção
de sua providência, ao final deu uma direção diferente ao curso de minha vida.
A princípio, como eu estava, por demais, obstinadamente inclinado às superstições do
papado para ser facilmente libertado de tão profundo abismo de lama, Deus, mediante
uma repentina conversão subjugou-me e levou-me a uma organização mental que
pudesse ser educada, que era mais oprimida por essas questões do que se poderia es-
perar de alguém com tão pouca idade. Tendo então recebido alguma amostra e algum
conhecimento da verdadeira piedade, fui imediatamente inflamado por um desejo tão
intenso de fazer progresso a partir daí que, ainda que não tenha deixado os outros es-
tudos, passei a me dedicar a eles com menos ardor. (CALVINO, João. 1999, p. 10. 1v.)
Calvino foi, inicialmente, um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu
afastamento da Igreja Católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente,
como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reco-
nhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos huguenotes, na Fran-
ça, fugiu para Genebra, em 1536, onde faleceu, em 1564. Genebra tornou-se defini-
tivamente num centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece até hoje
uma figura central da história da cidade e da Suíça. (BIOGRAFIA DE JOÃO CALVINO:
Acesso em: 22 mar. 2018)
capítulo 4 • 106
Calvino mantinha sua base teológica ligada a Santo Agostinho, por isso acre-
ditava na predestinação. Viemos ao mundo para sermos salvos ou condenados.
Desta forma, a salvação depende da vontade de Deus e não das boas obras. O
trabalho, a pureza de costumes, o cumprimento dos deveres para com a sociedade
e a família são pontos da teoria calvinista sobre a salvação, ou seja, a vida de quem
cumpre esses preceitos é abençoada por Deus, resultando no progresso econômico.
(...) a maioria dos escolásticos protestantes dos séculos XVI e XVII não tinha cons-
ciência das semelhanças entre seus próprios empreendimentos teológicos e os de
Tomás de Aquino e de outros teólogos católicos medievais... Embora poucos (ou talvez
nenhum) desses praticantes do escolasticismo protestante reconhecessem explici-
tamente sua dívida para com fontes documentais católicas romanas, os sistemas de
pensamento ortodoxo protestante que desenvolveram dependiam muito das referidas
fontes e, sobretudo, de seus métodos de dedução lógica e especulação metafísica.
(GONZALEZ, Justo L. São Paulo: 2004, p. 274)
A fim de estabelecer uma base religiosa em uma moral cristã, Calvino escreveu o
Catecismo, aprovado pelo Grande Conselho, em novembro de 1536. Houve, por parte
do conselho, uma disciplina bastante severa com o objetivo de moralizar os costumes.
Foram estabelecidas rígidas regras de comportamento, foi proibida a vadiagem e o
comerciante ficava impedido de roubar no peso ou extorquir. Em 1536, o Pequeno
Conselho decretou a abolição da missa e a remoção de todas as imagens e relíquias
das igrejas. (DURANT, Will. 1957.p 391-392)
capítulo 4 • 107
Os princípios Calvinistas geraram muita satisfação, mas também desconfian-
ças por causa de alguns equívocos:
(...) No documento havia pontos pacíficos como a valorização da família, a eleição dos
pastores de cada paróquia e a representatividade dos presbíteros nos distritos. Contu-
do, logo no primeiro artigo do documento, havia uma matéria que Biéler classificou de
"equívoco calvinista” que suscitou controvérsias e interpretações fantasiosas. Por ele
dava-se ao magistrado civil o poder de intervir para avaliar a fé dos cidadãos, o que não
deixava de ser uma espécie de continuidade da política Católico-Romana. (BIÉLER,
1990. p. 135-137)
capítulo 4 • 108
• A presença de Cristo na eucaristia se dava pela presença puramente espiri-
tual e não corpórea.
• O Batismo era apenas um sinal através do qual o fiel era aceito como mem-
bro da comunidade cristã.
• A fé é apenas uma espécie de indício de que um determinado indivíduo é
um ser destinado à salvação.
CURIOSIDADE
Ao contrário de outras doutrinas religiosas, o calvinismo não se baseou na criação de
uma igreja específica. Sua teoria serviu de base para a doutrina religiosa de diversas igrejas
protestantes, entre elas a mais conhecida é a Igreja Presbiteriana.
CONEXÃO
Saiba mais sobre o Calvinismo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=
bLwU52O_adg>.
Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=-xJ4U2RQXHMC&printsec
=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q=
Calvino&f=false>.
A Contrarreforma
A Igreja Católica respondeu aos ataques de Lutero e criou o movimento que fi-
cou conhecido como Contrarreforma. Para isso o Papa João III, nomeado em 1534,
convocou o Concílio de Trento, que se estendeu entre os anos de 1545 e 1563.
capítulo 4 • 109
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Figura 4.7 – Concílio de Trento.
A bula Papal indicava que o Concílio de Trento deveria elaborar medidas con-
tra os desvios da fé para a reconstituição da unidade da Igreja. As estratégias para
conter o avanço do Protestantismo:
• Ampliou e reforçou o controle da Igreja sobre as nações;
• Restaurar a inquisição;
• Destruição dos livros que divulgavam doutrinas contrárias à Igreja;
• Criação da Companhia de Jesus: Movimento de Cristandade liderado por
Inácio de Loyola.
capítulo 4 • 110
A Companhia de Jesus: Ordem dos Jesuítas
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capítulo 4 • 111
O Novo Mundo: Expansão da colonização na América para levar o
Cristianismo
MULTIMÍDIA
Assista o Filme: A MISSÃO.
Disponível em: <https://gloria.tv/video/3hF314UDFYMBARE1dCdnCtcqf>.
capítulo 4 • 112
A Contribuição dos Jesuítas na Educação não pode ser desprezada ou anali-
sada somente pela vertente do ataque às práticas da Idade Média. O Ratio Atque
Institutio Studiorum Societatis, mais conhecido por de Ratio Studiorum, foi o mé-
todo de ensino instituído pelo Jesuíta líder da Companhia de Jesus. O método
estabelecia o currículo, as normas e as orientações que todos os Jesuítas deveriam
seguir nas atividades educacionais das escolas em qualquer lugar que estivessem,
seja na Colônia como na Metrópole. O Método Jesuíta de Educação foi funda-
mentado nas Teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino e também pela cul-
tura europeia, principalmente no momento em que o Movimento Renascentista
era a centralidade da época. O método de Inácio de Loyola difundiu a Educação
humanista de caráter universal e tinha na música e na literatura aliadas essências
à formação humana.
O Ratio Studiorum estava fundamentado nas Regras do Colégio Romano e tinha como
orientação filosófica Aristóteles e São Tomás de Aquino e foi fortemente influencia-
do pelo Movimento da Renascença. Seus fundamentos básicos estavam direcionados
para o ensino religioso e a catequese. O método era centralizador, presente, portanto,
o papel da autoridade, fortemente influenciado pela cultura européia. A sua orientação
era universalista, voltada para a formação humanista e literária. Direcionado para os
seus objetivos, utilizaram-se da língua indígena, da música e do teatro para catequi-
zação. Os jesuítas demonstraram em seu trabalho profundo conhecimento da alma
humana e de psicologia, buscando de suas perspectivas a adaptação do currículo pro-
posto (NETO; MACIEL; LAPOLLI, 2012, p.277)
capítulo 4 • 113
MULTIMÍDIA
A Companhia de Jesus no Brasil, Brasil, Papa Francisco e Educação
Reportagem do Jornal da Gazeta: <https://www.youtube.com/watch?v=dX6NMwGi0zY>.
Reportagem da TV Globo: <https://www.youtube.com/watch?v=k3y-ii4P09A>.
Reportagem Univesp/TV: <https://www.youtube.com/watch?v=ic28PaXiM14>.
CONEXÃO
A Inquisição Protestante. Conheça a curiosa e triste história das BRUXAS DE SALÉM:
Disponível em: <http://portalconservador.com/o-julgamento-das-bruxas-de-salem/>.
capítulo 4 • 114
Martina (1997.p 62): “Apesar de Martinho Lutero ser pessoalmente contra o con-
flito, alguns que se consideravam seguidores do movimento protestante de Lutero
enxergavam, por motivos religiosos, a capital papal como um alvo”.
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capítulo 4 • 115
Século XVII
capítulo 4 • 116
CONEXÃO
Saiba mais sobre os Padres cientistas ao longo da história.
Disponível em: <http://www.a12.com/redacaoa12/igreja/padres-cientistas>.
capítulo 4 • 117
Geocentrismo:
Por volta de 350 a.C., na Grécia antiga, Aristóteles desenvolveu uma teoria que defendia
a ideia de que a Terra era o centro do universo e nove esferas ficavam girando em torno
dela. Posteriormente, no século II d.C., o matemático e astrônomo, Claudio Ptolomeu,
reforçou esse pensamento e elaborou a teoria Geocêntrica, também chamada de sis-
tema ptolomaico.
Heliocentrismo
Sua teoria heliocêntrica afirmava que a Terra e os demais planetas se moviam ao redor
de um ponto vizinho ao Sol, sendo, este, o verdadeiro centro do Sistema Solar. A alter-
nância entre dias e noites é uma consequência do movimento que a Terra realiza sobre
seu próprio eixo, denominado movimento de rotação. A teoria heliocêntrica já vinha sen-
do desenvolvida durante o século III a.C., através de observações do astrônomo grego
Aristarco de Samos. No entanto, somente no século XVI d.C. foi que Nicolau Copérnico
sistematizou uma teoria que contrapunha o modelo geocêntrico, sendo denominado
heliocentrismo. Posteriormente, Galileu Galilei, durante o século XVII, reforçou a teoria
heliocêntrica através de observações com lunetas holandesas. Como consequência de
seu “atrevimento”,
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
geografia/geocentrismo-heliocentrismo.htm>.
CURIOSIDADE
Em 1992, no dia 31 de outubro, no 350º aniversário da morte de Galileu, o Papa João
Paulo II, proferiu um discurso e nele um “mea culpa”, reconhecendo o erro da inquisição
romana em 1633 ao condenar Galileu Galilei à prisão. Após 350 anos o Cientista teve o seu
nome enaltecido publicamente pela Igreja Católica.
capítulo 4 • 118
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Figura 4.12 – Galileu frente ao tribunal da inquisição romana, pintura de Cristiano Banti.
CONEXÃO
Veja esse vídeo e apresente-os para as crianças Galileo Galilei.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rxicbBpmbVc>.
capítulo 4 • 119
explicações de ordem empírica-racional científica. O Método experimental, que
instala a “Revolução Científica” faz surgir o racionalismo e o empirismo que anun-
ciam novos paradigmas de conhecimento dos fenômenos. Dessa forma, a Teologia
é envolvida, pois todos eles, de alguma forma, apresentaram elementos novos, al-
guns inclusive, buscando nas bases do Cristianismo o respaldo para suas pesquisas.
A Filosofia natural nasceu, cresceu e fecundou-se nas bases do Cristianismo, época
onde fé e razão conviviam naturalmente.
Figura 4.13 – Caminho largo e caminho estreito, ilustração popular pietista alemã.
capítulo 4 • 120
Em 1675, foi publicado o “Pia Desideria” ou Desejos Pios. Trata-se de uma
Coletânea de Sermões que se tornou um grande manual manifesto para o resgate
dos princípios do Protestantismo.
CONEXÃO
Conheça a Pia Desideria.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WojZC4wXh5o>.
capítulo 4 • 121
O Concílio perdurou por cinco anos, pois foi preciso chegar a um acordo
entre os que queriam uma Reforma fundamentada nos Princípios Presbiterianos,
os que queriam pelos princípios Congregacionais e os que queriam pelos princí-
pios Episcopais. Os resultados do Concílio foram estabelecidos pelos “Padrões
Presbiterianos”, sendo elaborados:
• Diretório do Culto Público: (1644) substituindo o Livro de
Oração Comum;
• Saltério (1645): uma versão métrica dos Salmos para uso no culto;
• Forma de Governo Eclesiástico: (1644), mas provada 1648: os Padrões
Presbiterianos substituem os Episcopais;
• Confissão de Fé: concluída em dezembro de 1646 e sancionada pelo parla-
mento em março de 1648;
• Catecismo Maior e Breve Catecismo: (1647) e aprovados pelo parlamento
em março de 1648.
CONEXÃO
Saiba mais sobre os movimentos de Avivamentos Protestante
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NWj_XAo-zvE>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZBQ9eRAO-WE>.
Século XVIII
capítulo 4 • 122
Também teve influência em outros movimentos sociais como na indepen-
dência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira,
ocorrida no Brasil.
CONEXÃO
O que pensavam os Filósofos Iluministas? Ouça!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4C21n8XokBc&t=4s>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=--RULLZchNA>.
capítulo 4 • 123
MULTIMÍDIA
Revolução Francesa
Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=IVfsFeYKM-s>.
Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=ba_puXAqhC8>.
Parte 3: <https://www.youtube.com/watch?v=LkjFG6Bbno8&t=4s>.
O ateísmo moderno apresenta muitas vezes uma forma sistemática, a qual, prescindin-
do de outros motivos, leva o desejo de autonomia do homem a um tal grau que cons-
titui um obstáculo a qualquer dependência com relação a Deus. Os que professam tal
ateísmo, pretendem que a liberdade consiste em ser o homem o seu próprio fim, autor
único e demiurgo da sua história; e pensam que isso é incompatível com o
capítulo 4 • 124
reconhecimento de um Senhor, autor e fim de todas as coisas; ou que, pelo menos,
torna tal afirmação plenamente supérflua. O sentimento de poder que os progressos
técnicos hodiernos deram ao homem pode favorecer esta doutrina. (SANTA SÉ. Papa.
P. XV.1965)
Não se deve passar em silêncio, entre as formas atuais de ateísmo, aquela que es-
pera a libertação do homem, sobretudo da sua libertação econômica. A esta, dizem,
opõe-se por sua natureza a religião, na medida em que, dando ao homem a esperança
duma enganosa vida futura, o afasta da construção da cidade terrena. Por isso, os que
professam esta doutrina, quando alcançam o poder, atacam violentamente a religião,
difundindo o ateísmo também por aqueles meios de pressão de que dispõe o poder
público, sobretudo na educação da juventude. (SANTA SÉ. Papa. P. XV. 1965)
Levando em consideração que o Papa Paulo XVI fez tais afirmações acerca
do ateísmo na sociedade moderna, em 1965, o que é possível afirmar sobre o
ateísmo, hoje, após tantas modificações científicas, parâmetros morais e difusão
do relativismo?
No capítulo 5 teremos a oportunidade de partir desta interrogação, pois ire-
mos refletir do período da Razão ateia Iluminista até às recentes perseguições aos
cristãos no mundo contemporâneo. Comece pesquisando!
ATIVIDADES
01. A Reforma Protestante acontece no século XVI liderado por Martinho Lutero, Padre
Católico, sendo Monge Agostiniano e Professor de Teologia, se rebela contra a Igreja Roma-
na por querer reformas, publica 95 teses em 31 de outubro de 1517, na porta da Igreja do
Castelo de Wittenberg. Teses que criticam as vendas de indulgências, contra os abusos do
clero também uma proposta de reforma no catolicismo romano. Para combater a Doutrina da
Igreja Católica que Lutero instituiu Cinco Credos Teológicos que fiaram conhecidos como as
“Cinco Solas”, ou seja, cinco frases em latim, que definem os Princípios da Reforma Protes-
tante: Quais são eles e o que cada um instituiu?
capítulo 4 • 125
02. A Igreja Católica respondeu aos ataques de Lutero e criou o movimento que ficou conhe-
cido como Contrarreforma. Para isso o Papa João III, nomeado em 1534, convocou o Concílio
de Trento, que se estendeu entre os anos de 1545 e 1563. A bula Papal indicava que o
Concílio de Trento deveria elaborar medidas contra os desvios da fé para a reconstituição da
unidade da Igreja. Quais as principais estratégias para conter o avanço do Protestantismo?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada Online: Disponível em: <https://www.bibliacatolica.com.br/>.
BIELER, André. O pensamento econômico e social de Calvino. São Paulo: CEP, 1990.
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Petrópolis: Vozes. 2000.
CALVINO, João. Livro de Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, p. 10. 1v.
CONSTITUIÇÕES DA COMPANHIA DE JESUS e NORMAS complementares. São Paulo: Loyola,
1997.
DICIONÁRIO MICHAELIS ONLINE. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno-
portugues/>.
DURANT, Will. A história da civilização VI. A Reforma. História da civilização européia de Wyclif a
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GIÁCOMO. Martina. História da Igreja - de Lutero a nossos dias I. Edições Loyola. São Paulo: 1997
GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. v. 3: Da Reforma Protestante ao século
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LIMA, D. F. C. O Homem Segundo o Ratio Studiorum. 2008.
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. Vol. 1, São Leopoldo: Ed. Sinodal, 1987.
LUTERO, Martinho. Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e
mantenham escolas cristãs: In: KAYSER, Ilson, ed. ger. Martinho Lutero: obras selecionadas. São
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LUTERO, Martinho. Catecismo menor, Prefácio: In: LUTERO. Os catecismos. Porto Alegre/São
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_______As 95 Teses de Martinho Lutero: Site de Felipe Sabino de Araújo Neto. Disponível em:
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LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 7. ed. São Paulo: Editora Nacional,
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capítulo 4 • 126
KUHN, Ademildo. Caderno Universitário: Cultura Religiosa. Centro Universitário Luterano de Palmas,
2008.
NETO, A. S.; MACIEL, L. S. B.; LAPOLLI, E. M. O Professor e as Propostas Educacionais do Ratio
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VIEIRA, Antonio Augusto Passos (2009). As descobertas astronômicas de Galileu Galilei 1 ed.
Rio de Janeiro: Vieira & Lent. pp. 55–56. ISBN 978-85-88782-61-7
WOODS JR, Thomas, E. Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental. Ed. Quadrante,
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RIBEIRO, M. L S. História da educação brasileira: a organização escolar. 15 ed. rev. e ampl.
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SANTO. Bento Silva e COSTA. Ricardo. Filosofia Política I. Universidade Federal do Espírito Santo,
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SANTA SÉ: Papa Paulo VI na Constituição Pastoral Gaudium Et Spes: A Igreja no mundo atual.
1965.
capítulo 4 • 127
capítulo 4 • 128
5
Da razão ateísta
do iluminismo
às teologias
contemporâneas
Da razão ateísta do iluminismo às teologias
contemporâneas
capítulo 5 • 130
OBJETIVOS
• Compreender a resistência Cristã contra a proposta da “época sem Cristianismo” advin-
da da razão ateísta do iluminismo e as complexas consequências para a história posterior
do Cristianismo;
• Identificar os muitos fatos que envolvem a história do Cristianismo ao longo dos Séculos
XVIII, XIX e XX;
• Compreender os desafios atuais que se contrapõem ao Cristianismo e as perspectivas do
Ecumenismo e do Diálogo Inter-religioso como testemunho Cristão em um mundo de divi-
sões, intolerância e falta de Paz.
capítulo 5 • 131
A partir do final do século XVII tem início uma "crise da consciência europeia". Pierre
Bayle (Pensamento sobre o cometa, 1682, Dicionário Histórico e Crítico, 1695-1697),
é uma das primeiras testemunhas dessa crise. No século XVIII, uma grande quantidade
de escritores assume destaque: Voltaire, Diderot, d´Alembert... Educados no cristianis-
mo, frequentemente entre os jesuítas, esses "filósofos" desejam julgar todas as coisas
com as "luzes" da razão, que se opõem às obscuridades da revelação. Guarda-se des-
sa filosofia das Luzes – em alemão Aufklärung – seu aspecto de máquina de guerra
anticristã. Sem negar tal coisa, é necessário dizer que esse ideal da razão corresponde
também a uma distinção dos domínios. A ciência adquire sua própria linguagem e se
afasta da metafísica. COMBY (1994, p. 81-82).
capítulo 5 • 132
Centro do Universo” e arranca a Fé. Qual a intervenção concreta do Iluminismo
no Cristianismo na Religião? MARTINA (2003.p.265) Elucida:
Na religião: toda religião positiva, toda revelação, todo dogma, enfim, toda instituição
que se posicionasse entre Deus e o homem era refutada. Salvava-se uma religião natu-
ral, reduzida a um vago deísmo, no qual a essência divina permanecia desconhecida e
era negada toda intervenção divina no mundo, e no qual se sublinhava o aspecto ético
da religião. Essas grandes linhas apareciam já no século 16, com Herbert di Cherbury.
Contudo, muito mais fácil era a passagem do deísmo ao ateísmo: o barão d'Holbach,
por exemplo, fazia aberta profissão de ateísmo, sendo muito aceito pela sociedade que
o tornou um ídolo, lido e admirado por príncipes e senhores. O ateu, e somente ele,
era o homem honesto, sincero, incorrupto, amante do belo e de tudo o que é racional;
os eclesiásticos, ao contrário, sobretudo os mosteiros masculinos e femininos, eram
apresentados como centros cobertos pelo regime de privilégio, pelo foro eclesiástico e
pela ignorância, a que se chamava "inútil erudição. (MARTINA 2003.p.265)
Com a Revolução Francesa, é uma parte do espírito das "Luzes" que é concretizada:
triunfo da razão na política e luta contra o cristianismo. Levadas pelos exércitos con-
quistadores, as ideias revolucionárias ganham a Europa. Se os franceses distinguem
claramente a Revolução da era napoleônica, os europeus consideram os dois períodos
como um todo. Napoleão, "Robespierre a cavalo", propagou a ideologia revolucionária
até mesmo nas estepes russas [...] (COMBY, 1994, p. 90).
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capítulo 5 • 133
Empirismo: negava toda diferença substancial entre o conhecimento sensível
e o inteligível, pondo nos sentidos a única fonte do conhecimento, colocando à
parte as ideias inatas, bem como exaltando e promovendo o método experimental.
Racionalismo: atribuiu um valor absoluto ao conhecimento racional, que se
desenvolveu de modo independente dos sentidos, admitindo como único critério
de verdade a razão, que possui em si mesma os princípios de todo conhecimento.
A partir dessas duas colunas do Iluminismo a religião se tornou, naturalmen-
te, alvo dos ataques iluministas. Dessa forma, os alicerces da religião: a tradição e a
fé passam a representar aprisionamento para o homem. Os iluministas almejando
a expansão do pensamento racional e científico, lança aos cristãos novos desafios
doutrinários.
Antes de continuar a trajetória de reflexão acerca da razão Iluminista, é essen-
cial lembrar que o Cristianismo não nega a importância da Ciência. Assim como
já abordado no Capítulo anterior, muitos são os Cientistas Cristãos que contribuí-
ram definitivamente com a história da humanidade. Uma razão iluminada pela fé,
num diálogo fecundo, amoro, transparente e produtivo entre a fé e a racionalida-
de. Veja o vídeo e reflita sobre a beleza desta sintonia Fé e Razão:
CONEXÃO
Ciência e Fé | A Grande Catástrofe.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k_0i4ei_kXw>.
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do alto para salvá-lo. Para atingir a plena felicidade, o homem precisa cuidar-se
sozinho de si mesmo. Dessa forma ele descobre a verdade e segue aquilo que é do
bem. Ele pode curar-se sozinho, por isso não precisa de Deus ou de qualquer outra
transcendência. A verdade está nele e somente nele;
• Desprezo pelo passado: o passado é compreendido como "idade das tre-
vas", por isso exaltavam o presente e o futuro como a "era das luzes". Dessa forma,
mal e bem estavam adequadamente divididos. Eis que é estabelecido o tempo das
luzes. Os Iluministas consideram que todo ensinamento acumulado até o século
XVII não trazem bem ao homem, pois estava impregnado do conhecimento e
intervenção divina;
• Otimismo: a nova fase da história humana que, pela razão, todas as decisões
seriam acertadas. Todas as escolhas humanas passariam a ser boas sendo guiadas
pela capacidade racional. Os iluministas, no seu entusiasmo, anteciparam a fé no
progresso humano e possuíam “um ardor que se poderia chamar "profético" ou
"messiânico"’.
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Papa BENTO XVI continua com a mesma clareza dizendo:
Figura 5.2 – Bento XVI numa audiência privada (20 de janeiro de 2006).
Como claramente descreve Papa Bento XVI, o Iluminismo instaura uma gran-
de perseguição à Tradição Religiosa, ignorando todas as contribuições da Igreja, da
Teologia, dos diversos cientistas Cristãos Católicos e Protestantes ao mundo. Impõe
um reducionismo às imensas contribuições até então reconhecidas. Entre as con-
sequências do iluminismo para o Cristianismo também se situa a ruptura entre
Razão e Fé. Até então, ambas caminhavam em sintonia, numa simbiose perfeita não
existindo uma sem a outra. A separação entre mente e coração, entre razão e emoção.
capítulo 5 • 136
Muitas foram às interferências dos iluministas, inclusive nos movimentos po-
líticos da Independência dos Estados Unidos e na Revolução Francesa. A situação
se tornou tão intensa que em 1773 o Cristianismo foi abolido da França e no
lugar instituído o “Culto à Razão”. E como já foi refletido, na dimensão religiosa,
gerando também as bases para a construção de muitas doutrinas Protestantes que
desejavam a separação entre estado e Igreja.
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Figura 5.3 – Fête de la Raison ("Festival da Razão"), Notre Dame, Paris.
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A Igreja possuía um sexto do solo nacional, a venda dos bens da Igreja acarreta uma
transferência de propriedades sem precedentes. No dia 13 de fevereiro de 1790, a
Constituinte proíbe os votos religiosos. A geografia eclesiástica é completamente mo-
dificada: de 135, as dioceses passam para 85 [...] (COMBY, 1994, p. 91).
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Relação entre Igreja e Estado, no século XIX, deve ser posta no contexto do liberalismo,
que, partindo da visão da pessoa como ser individual capaz de alcançar a felicidade com a
ajuda da razão, vê o Estado como uma entidade composta de indivíduos e não de grupos.
Consequentemente, a autoridade não é concebida segundo a forma patriarcal da família
(em que a dignidade do homem é garantida pela inserção orgânica no conjunto); antes,
baseia-se num contrato. Esse contrato existe para que o indivíduo, desenvolvendo ao má-
ximo os próprios interesses econômicos, promova lucro maior. Essa concepção requer que
a economia se desenvolva segundo suas próprias leis e que seja excluída qualquer forma
de intervenção ou planificação estatal. Esse Estado não precisa de Deus para alicerçar a
própria autoridade e nem do "instrumento" da Igreja para levar a população à obediência à
autoridade constituída: ele se considera incompetente em matéria religiosa e interpreta a
religião como uma questão individual, privada. ZAGHENI (1999, p. 87-88).
Quando Pio VI morreu, em 29/08/1799, em Valença (França), para onde tinham de-
portado o “cidadão Papa”, a Igreja se via em situação crítica tal como nunca antes.
Com efeito, a França, a “filha primogênita”, caíra na incredulidade; a Itália estava invadi-
da e convulsionada; a Alemanha, contaminada pelo Iluminismo (Aufklarung); a Bélgica,
incorporada à República Francesa revolucionária; a Polônia, retalhada por três potên-
cias vizinhas; a Espanha e Portugal eram governados por Ministros hostis a Igreja; na
Inglaterra e nos Países Baixos, os católicos eram minorias flutuantes. O Catolicismo
parecia em agonia; dir-se-ia que Pio VI fora o último Papa. Oradores irônicos faziam
a oração fúnebre da Igreja com frases blasfematórias. Como eleger novo Pontífice
em ambiente tão agitado e rebelde? Os Cardeais estavam ou prisioneiros ou depor-
tados ou dispersos em liberdade. (AGUINO. Felipe. Disponível em: <http://cleofas.
com.br/historia-da-igreja-pio-vii-e-napoleao-bonaparte/>. Acesso em: 23 abr. 2018.
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Em um período de transformações radicais, não é fácil distinguir o erro da
verdade, os aspectos relativos dos valores permanentes.
Católicos Liberais: O grande esforço dos católicos liberais era fazer a Igreja
entender que o Antigo Regime já estava morto; demonstrar que o acordo entre
religião e liberdade seria algo bom e positivo; dissipar os juízos contra a religião
e evitar que o progresso em curso se concretizasse sem inspiração cristã: "Se a
Igreja não caminhar com o povo", observa o Pe. Joaquim Ventura no prefácio do
Discurso pelos mortos de Viena, feito em Roma, em novembro de 1848, e colo-
cado no índice no ano seguinte, "não é por isso que o povo deixará de caminhar,
mas caminhará sem a Igreja, fora da Igreja e contra a Igreja" (MARTINA, 1996,
p. 185). Aprofundando o significado do Liberalismo Católico (SCHLESINGER,
1995, n.p) explica:
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Movimento de emancipação do pensamento católico surgido no século XIX. Resultou
principalmente em duas vertentes: a político-religiosa e a científica. A primeira estendeu-
se pela zona francófona, donde surgiram grupos liberais ativos em torno dos periódicos
L´Avenir com Lamennais à frente e Le Correspondent sob Montlambert. Na Alemanha, o
liberalismo católico colocou o centro de suas preocupações no âmbito da ciência. O pro-
fessor bávaro, J. Froschammer, encarregou-se de exaltar a liberdade científica. Outros
partilharam das mesmas ideias. Roma intervém, porém, com quase nenhum sucesso. O
movimento propaga-se pelas minorias cultas e não tarda a aparecer um grave conflito
entre a cúria romana e a teologia universitária alemã (SCHLESINGER, 1995, n.p).
MULTIMÍDIA
Não se esqueça de quem foi Napoleão Bonaparte. Sugestões de Vídeos
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LjNnGbXGOEg>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rBBabptWXrA>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NkIdlTGCL_I>.
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Em 1793 o cristianismo foi abolido na França e instituído o culto a razão. Em 1795 a
separação entre o estado e a Igreja era elevada a lei e repetiam-se as perseguições e
deportações de eclesiásticos. A perseguição ao Cristianismo só terminou quando o jovem
General vitorioso na polícia Napoleão Bonaparte derrubou o diretório com o golpe do Esta-
do de 09 de novembro de 1799. Napoleão tratava a religião como fator político. Tendo por
objetivo recuperar ordem na França. Concluiu, em 15 de julho de 1801, uma Concordata
com Papa Pio VII. No preâmbulo determinava se a religião Católica Apostólica Romana
constituía a confissão da maioria dos cidadãos franceses, devendo por isso ser restaurada.
A igreja renunciava os bens expropriados competindo ao estado a remuneração do clero.
Os Bispados deveriam ser redefinidos e ocupados. Bonaparte acrescentou secretamente,
à concordata 77 “artigos orgânicos” que abolinam, em parte, as conquistas da mesma. De
nada adiantou o protesto do Papa que ainda sofreria muitas humilhações por parte de
Napoleão. Em 1804, Napoleão nomeava se Imperador dos Franceses. O Papa Pio VII pro-
cedeu à sua unção, mas foi o próprio Napoleão que se coroou. Em 1808, mandou ocupar
Roma e o estado pontifício. A este fato o Papa respondeu com a excomunhão e Napoleão
o fez Prisioneiro Fontainebleau, sendo pressionado abdicar do Estado Pontifício. SOUZA.
Ney, GONÇAVES. Paulo Sérgio Lopes. 2014. P. 103.
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racionalizado, pois propõe a valorização dos sentimentos humanos e da trajetória
de cada indivíduo.
A interpretação errônea da valorização do indivíduo é confundida com o indi-
vidualismo inaugurado pela filosofia idealista, que defende que o mundo só existe
a partir da observação do sujeito que dá a ela um sentido. Dessa forma, defende a
existência de um alto grau de subjetividade na compreensão da realidade.
Ainda assim, o Romantismo e o Idealismo foram fonte de renovação para o
Cristianismo compreendendo de forma idealizada o passado dos povos e valorizan-
do os símbolos e os ritos tradicionais da sociedade ocidental, dentre eles os religiosos.
Também possibilitou a reafirmação da fé como condição pessoal e intransferível.
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Figura 5.7 – A Liberdade Guiando o Povo por Eugène Delacroix, no Museu do Louvre.
Também em 1814, o Papa Pio VII, após uma missa no Altar de Santo Inácio,
em Roma, em presença de cerca de 100 jesuítas e de todos os cardeais da cidade,
leu a Bula Sollicitudo Omnium Ecclesiarum, que restaurou a Companhia de Jesus,
suprimida em 1773. A igreja Católica, para atender as mudanças do novo tem-
po, compreende que era preciso dar respostas concretas e por isso, encontra na
Companhia de Jesus o canal para tal.
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Em 1854, o Papa Pio IX proclamou solenemente o dogma da Imaculada
Conceição de Maria pela bula Ineffabilis Deus em 08 de Dezembro de 1854.
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A convicção de que Maria permaneceu virgem na sua vida terrestre após o nascimento
de Jesus existe na Igreja desde os primeiros séculos: Maria não teve mais filhos nem
consumou o seu matrimônio com José. Que Maria permaneceu sempre virgem não é
dito expressamente na Escritura, mas é verdade de fé (de fide), enquanto ela é atesta-
da pela fé viva dos fiéis (sensus fidelium), e elucidada pela reflexão teológica Embora
a Escritura não faça menção explícita da virginitas post partum, o desenvolvimento da
fé tem sido possível na convicção de que a Escritura não apresenta argumentos sérios
e válidos em favor de opinião contrária. Vários trechos dos evangelhos, ao contrário,
dão a entender como provável que Maria não teve mais filhos depois de Jesus, e isso é
ainda hoje a opinião de vários exegetas católicos. Segundo eles, os chamados irmãos
de Jesus foram, na verdade, seus primos de diferentes graus (NUOVO DIZIONARIO
DI MARIOLOGIA, 487).
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dEle sua soberania e superioridade. A palavra é derivada do grego pan (que signi-
fica "tudo") e theos (que significa "deus"). o panteísmo só admite como Deus "o
todo, a universalidade dos seres", não sendo, portanto, um conteúdo em particu-
lar Deus, mas sim a totalidade de Papa Pio IX na intenção de defender condenou
também a separação entre a Igreja e o Estado, as escolas seculares, o casamento
civil, e o socialismo.
Papa Pio IX buscou fortalecer a catolicidade e por isso estimulou as devoções
populares, promoveu a espiritualidade sacerdotal e empreendeu reformas na vida
religiosa, tendo três objetivos, quais sejam, a retomada da vida comunitária, a
seleção acurada de religiosos e o apoio às novas fundações que melhor correspon-
dessem às urgências da época. Durante os 32 anos do pontificado de Pio IX, o mo-
vimento missionário cresceu notavelmente; na América Latina, por exemplo, 206
novas dioceses e vicariatos foram erigidos entre 1849 e 1878. Sofreu com a evo-
lução política e social que caracterizou o século XIX e incapaz de discernir o que
foi positivo na Revolução Francesa. Todos os seus esforços como pontífice visaram
à reafirmação do transcendente contra as tendências racionalistas e laicizadoras.
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errados pela autoridade da Igreja. Foi publicado como apêndice da encíclica
Quanta cura. As 80 proposições que condenam os erros modernos contidas no
Sílabo abraçam dez capítulos, os quais podem ser reunidos em quatro pontos
fundamentais:
1. O primeiro grupo de erros diz respeito ao panteísmo, ao naturalismo,
ao racionalismo absoluto, ao indiferentismo e à incompatibilidade entre ra-
zão e fé. Também fala sobre os autores católicos que não queriam obedecer
a um magistério infalível;
2. O segundo grupo recolhe os erros da ética natural e sobrenatural com
especial interesse pelo matrimônio. Nele, é condenada a moral leiga que
pretende salvar a distinção entre o bem e o mal, a separação entre casamen-
to e contrato de matrimônio;
3. A terceira série fala dos erros sobre a natureza da Igreja, a natureza do
Estado e sobre a relação entre os dois poderes. A Igreja, por sua própria
natureza, é independente, e o Estado é subordinado à lei moral; menciona,
também, os direitos naturais anteriores e independentes do Estado. Além
disso, são recusadas todas as teorias jurisdicionalistas que falavam da subor-
dinação da Igreja ao Estado, enumeram-se os abusos dos governos, e não se
aceita o princípio fundamental do Liberalismo, ou seja, a separação entre
Igreja e Estado;
4. Mais grave foi o quarto grupo de proposições, pelo menos enquan-
to se referia às reações provocadas. Diz que a religião católica ainda deve-
ria, naqueles dias, ser considerada religião de Estado, com a exclusão dos
outros cultos; assim, são condenadas a liberdade de culto, a liberdade de
pensamento e a de imprensa. Em resumo, Era do Liberalismo não acei-
tam as teses fundamentais da sociedade moderna, os imortais princípios
da Revolução Francesa. E como se isso não bastasse, a última proposição
afirma ser categoricamente falsa a afirmação pela qual o romano pontífice
pode e deve reconciliar-se com o progresso, com o Liberalismo e com a
civilização moderna (o Sílabo e todos os documentos da Igreja podem ser
lidos no site disponível em: Acesso em: 05 de abril de 2018).
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A convocação ocorreu por meio da bula Aeternus Patris, em 28 de junho de 1868,
sendo realizada a abertura em 08 de dezembro de 1869, mesma data da definição
do dogma da Imaculada Conceição e do Sílabo.
Cerca de setecentos padres conciliares participaram do Vaticano I; a maior
parte era composta por europeus e por favoráveis à definição do dogma da infa-
libilidade. O primeiro documento aprovado foi o Deus Filius que trata sobre os
valores e limites. Condena o Racionalismo e o Tradicionalismo, que negavam à
razão a capacidade de conhecer as supremas verdades religiosas e morais, alcançá-
veis somente por meio de uma revelação primitiva transmitida pela sociedade, e
que foi uma tentação difundida na primeira metade do século XVIII como reação
do século XVII à Revolução Francesa.
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que ele conseguia antever. Assim fez até revelar ao mundo a Teoria da Evolução e
romper com as bases teológicas da Criação. Para ele, todas as espécies de seres vi-
vos, inclusive o ser humano, evoluíram a partir de um ancestral comum por meio
de mutações graduais, variações espontâneas, e da seleção natural sobrevivendo
os mais aptos. Darwin quis provar que o homem é um descendente do macaco.
Nasce um dos maiores inimigos da Religião: O Evolucionismo que combate radi-
calmente o Criacionismo, que é a Teoria na crença de que o Homem foi criado por
Deus. Esse conceito é uma definição científica para fazer contraponto ao conceito
de Evolucionismo.
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Figura 5.11 – Caricatura de Charles Darwin como um macaco, refletindo a reação cultural
contra a evolução.
Com a morte do papa Pio IX, assume o Pontificado o Papa Leão XIII, um
Jesuíta. (1878-1903) que acirrou ainda mais o conflito entre a Igreja e os Estados
europeus. Com Leão XIII a Igreja desperta para a condição de vida das classes
trabalhadoras por causa dos efeitos da Revolução Industrial. Neste contexto, o
Papa Leão XIII se levanta na defesa do direito dos trabalhadores. Por isso escreve a
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Encíclica Rerum Novarum: sobre a condição dos operários ("Das Coisas Novas").
Uma carta aberta a todos os bispos, sobre as condições das classes trabalhadoras.
A encíclica buscou combater o socialismo e expôs a doutrina católica acerca
do trabalho, do direito de propriedade, do princípio de colaboração contraposto
à luta de classes marxista. Tornou-se, assim, uma espécie de "Carta Magna" da
atividade cristã no campo social. A encíclica defendeu, dessa forma, a instauração
de uma ordem social justa. Papa Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores de
formarem sindicatos, mas rejeitava o socialismo ou social democracia. O Centro
da justiça é Jesus e não um “revolucionário” social.
Papa Leão XIII também publicou a Encíclica Immortale Dei (1885), defen-
dendo a de que o Estado e a Igreja foram criados por Deus e cada um tem uma
função específica, logo, quando o Estado não reconhecia a autoridade da Igreja,
e consequentemente de Deus, e buscava controlar a Igreja, falhava gravemente.
Também para condenar o socialismo, declaradamente ateu.
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Figura 5.13 – A foice e martelo e a estrela vermelha são os símbolos universais
do comunismo.
CONEXÃO
Muitas foram as consequências da intervenção da era de Napoleão, no Cristianismo.
Continue aprofundando. Disponível em: <http://cleofas.com.br/historia-da-igreja-pio-vii-e-
napoleao-bonaparte/>.
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Figura 5.14 – A Bíblia traduzida em vernáculo por Martinho Lutero. A suprema autoridade
da Escritura é um princípio fundamental do protestantismo.
O Século XX
CONEXÃO
"Nós que aqui estamos por vós esperamos"
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-PXo5oGztiw>.
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Muitos foram os eventos que marcaram o Cristianismo no século XX e entre
eles, a fundação de muitas Igrejas Cristãs Protestantes. Vale conferir a cronologia
da fundação de cada uma:
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CONEXÃO
Evangelização protestante na América Latina
Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=V5U9nTf6fcoC&pg=PA11&lp-
g=PA11&dq=Primeiro+Congresso+Protestante+Panamericano&source=bl&ots=ON-
QoIhGfD1&sig=SsozuozD4J8KrEFLHf63bi42QwA&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKE-
wirqMviucncAhWHIpAKHQFqCkIQ6AEwAHoECAAQAQ#v=onepage&q=Primeiro%20
Congresso%20Protestante%20Panamericano&f=false>.
A Conferência de Edimburgo 2010 e novos desafios da Missão
Disponível em: <http://servicioskoinonia.org/relat/396.htm>.
Movimento de San�dade
Ba�stas
Igrejas Reformadas
Calvinismo
Presbiterianos
Congregacionalistas
Puritanos / Separa�stas
Reforma Protestante
Metodistas
Pie�smo
Luteranos
Anglicanos
capítulo 5 • 153
• Os presbiterianos: se instalaram na Argentina, em 1836, no Brasil, em
1859, no México, em 1872, e na Guatemala, em 1882;
• Os metodistas: México, 1871, Brasil, 1886, Antilhas, 1890, Costa Rica,
Panamá e Bolívia, nos últimos anos do século;
• Os Batistas e os Pentecostais e uma parte dos metodistas: se estabelece-
ram no Equador, Colômbia e Peru.
Esse interesse resultou em uma curiosa instituição, que perdurou até as primeiras
décadas do século XX – o acampamento avivalístico ("camp meeting"). Tratava-se de
grandes concentrações em zonas rurais, por vezes bastante confusas, em que cente-
nas de pessoas, inclusive famílias inteiras, hospedavam-se em tendas e ouviam por
vários dias uma série de pregadores avivalistas. Essas reuniões foram precursoras das
grandes concentrações evangelísticas realizadas desde o final do século XIX até os
nossos dias, sob a liderança de homens como Dwight L. Moody, Billy Sunday e Billy
Graham. (MATOS Alderi. 2005. P.132)
Além do notável crescimento das igrejas Protestantes por todo o mundo, ou-
tros avivamentos ocorreram, todos deixaram um dos frutos valiosos e duradouros
fazendo surgir um grande número de movimentos de natureza religiosa e social,
as "sociedades voluntárias".
Essas organizações estavam voltadas para causas como educação religiosa, abolicio-
nismo, temperança, distribuição das Escrituras e, acima de tudo, missões nacionais e
estrangeiras. Alguns exemplos marcantes, por ordem cronológica de fundação, são os
seguintes: Junta Americana de Missões Estrangeiras (1810), Sociedade Bíblica Ame-
ricana (1816), União Americana de Escolas Dominicais (1824), Sociedade Americana
de Tratados (1825), Sociedade Americana de Educação (1826), Sociedade America-
na para a Promoção da Temperança (1826) e Sociedade Americana de Missões Na-
cionais (1826). O Segundo Grande Despertamento contribuiu decisivamente para o
movimento missionário do século XIX, que levou a mensagem evangélica e instituições
evangélicas (igrejas, escolas, hospitais) a todas as regiões da terra, inclusive o Brasil.
(MATOS Alderi. 2005. p.132)
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Figura 5.17 – John Wesley, um dos grandes avivacionistas e responsável pelo maior aviva-
mento da Inglaterra.
Ao contrário de Leão XIII, que, que procurou dialogar com as ideias políticas e sociais
do século XIX, Pio X foi preponderantemente um pastor, mas voltado para a pastoral
e o incremento da vida eclesiástica e cristã. [...] Alguns historiadores têm apreciado
negativamente certos aspectos da luta de Pio X contra o modernismo, sobretudo a
sua tendência de ver heresia modernista em tudo. Ele não foi um teólogo, foi, sim, um
pastor dedicado e, sobretudo, um verdadeiro santo, extremamente devoto, mas simples
e sem ostentação. Foi canonizado em 1954 (SCHLESINGER 1995, n.p.).
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Figura 5.18 – Papa Pio X.
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No início dos anos 1930, logo depois da grave crise econômica de 1929, o Papa
Pio XI publicou a encíclica Quadragesimo anno, em 1931. Uma comemoração aos
40 anos da Rerum novarum o PAPA releu o passado à luz de uma situação econômico-
social em que a industrialização se ajuntara a expansão do poder dos grupos financei-
ros, em âmbito nacional e internacional. GUTIERREZ (2005, p. 18) esclarece:
capítulo 5 • 157
As desigualdades, antes advertidas no interior das nações, apareciam no âmbi-
to internacional e faziam emergir, cada vez mais, a situação dramática em que es-
tava o Terceiro Mundo. Com a encíclica Mater et magistra, João XXIII pretendeu
atualizar os documentos já conhecidos e avançar no sentido de comprometer toda
a comunidade cristã. As palavras-chave da carta são "comunidade" e "socializa-
ção": a Igreja é chamada na verdade, na justiça e no amor a colaborar com todos
os homens para construir uma autêntica comunhão. Por tal via, o crescimento
econômico não se limitaria somente a satisfazer às necessidades dos. No início
dos anos 1970, sob um turbulento clima de contestação ideológica, Paulo VI
retomou a mensagem social de Leão XIII e atualizou-a, por ocasião do octogési-
mo aniversário da Rerum novarum, com a carta apostólica Octogesima adveniens.
Nela, o papa refletiu sobre a sociedade pós-industrial com todos os seus complexos
problemas, salientando a insuficiência das ideologias para responder a alguns de-
safios: a urbanização, a condição juvenil, a condição da mulher, o desemprego, as
discriminações, a emigração, o incremento demográfico, o influxo dos meios de
comunicação social e o ambiente rural. Já a encíclica Laborem exercens, lançada
noventa anos depois da Rerum novarum, por João Paulo II, foi dedicada ao traba-
lho, que é visto como bem fundamental para a pessoa, fator primário da atividade
econômica e chave de toda a questão social. A Laborem exercens delineou uma
espiritualidade e uma ética do trabalho no contexto de uma profunda reflexão
teológica e filosófica.
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capítulo 5 • 158
O trabalho não deveria ser entendido, então, somente em sentido objetivo e
material, mas também se levando em conta a sua dimensão subjetiva como ativida-
de, que exprime sempre a pessoa. Além de ser o paradigma decisivo da vida social,
o trabalho tem toda a dignidade de um âmbito no qual deve encontrar realização e
vocação natural e sobrenatural da pessoa. Comemorando o vigésimo aniversário da
Populorum progressio, João Paulo II, com a encíclica Sollicitudo rei socialis, abordou,
novamente, o tema do desenvolvimento para sublinhar dois dados fundamentais:
Por um lado, a situação dramática do mundo contemporâneo, sob o aspecto do
desenvolvimento que falta no Terceiro Mundo e, por outro lado, o sentido, as condi-
ções e as exigências de um desenvolvimento digno do homem (CONGREGAÇÃO
PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, 1988, p. 30). Essa encíclica introduziu, ainda,
a diferença entre progresso e desenvolvimento, afirmando que: O verdadeiro desen-
volvimento não pode limitar-se à multiplicação dos bens e dos serviços, isto é, àquilo
que se possui, mas deve contribuir para a plenitude do ser do homem.
Deste modo pretende-se delinear com clareza a natureza moral do verdadeiro
desenvolvimento (CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, 1988,
p. 30). No centésimo aniversário da Rerum Novarum, João Paulo II, promulgou a sua
terceira encíclica social, a Centesimus annus, da qual emergiu a continuidade doutrinal
de cem anos de magistério social da Igreja. Retomando um dos princípios basilares da
concepção cristã da organização social e política, que fora o tema central da encíclica
precedente, o papa escreveu: O princípio, que hoje designamos de solidariedade.
[...] Várias vezes Leão XIII o enun-
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cia com o nome amizade [...]; desde
Pio IX é designado pela expressão mais
significativa caridade social, enquan-
to Paulo VI, ampliando o conceito na
linha das múltiplas dimensões atuais
da questão social, falava de civilização
do amor (JOÃO PAULO II, Carta
Encíclica Centesimus annus, 10, 1991).
João Paulo II realçou, também, como o
ensinamento social da Igreja correu ao
longo do eixo da reciprocidade entre
Deus e o homem: reconhecer a Deus em
cada homem e cada homem em Deus é
a condição de um autêntico desenvolvi-
mento humano. Figura 5.21 – Papa João Paulo II.
capítulo 5 • 159
Alguns fatos do Cristianismo no século XX que não podem ser
esquecidos:
Havia a esperança de que, diante da crise, todas as Igrejas falassem a uma só voz. Na
década de 1920, a antiga palavra grega "ecumenismo", virtualmente desconhecida da
maioria das pessoas religiosas, reapareceu. Referindo-se ao mundo todo ou à Igreja in-
teira, o termo havia sido empregado 15 vezes no Novo Testamento; tinha história, por-
tanto. Um ferrenho defensor do movimento ecumênico foi Randall Davidson, arcebispo
de Canterbury, que, em 1922, liderou um ataque ao ateísmo russo. Depois da prisão do
patriarca Tikhon, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, Davidson organizou protestos que
reuniram praticamente todas as denominações britânicas, além de católicos e judeus.
Naquela que foi uma das maiores demonstrações de solidariedade cristã vista na Eu-
ropa desde o início da Reforma, o movimento talvez tenha livrado o patriarca russo de
uma longa temporada na prisão. (GEOFFREY BLAINEY. p 196. 2012)
capítulo 5 • 160
Juntos, eles caminharam sobre as pegadas de Lutero, Zuínglio e outros protestantes
rebeldes que concordaram em se reunir - mas não aceitaram um segundo encontro
- em Marburg, menos de uma década depois de iniciada a Reforma. De início, os cató-
licos não participaram do Conselho Mundial de Igrejas nem mandaram observadores
oficiais. Já que ocupavam o posto de maior Igreja do mundo, não viram necessidade
de correr para fechar uma brecha aberta pelos outros. Algumas seitas cristãs funda-
mentalistas, em especial aquelas estabelecidas nas Américas, também se recusaram
a participar, mas os alemães pareciam satisfeitos em estar ali, embora carregando, em
nome do povo, um sentimento de culpa pela guerra. As Igrejas Ortodoxas demons-
travam atitudes diversas. Com a intensificação da Guerra Fria, os debates revelavam
tensões entre os delegados da Europa oriental e da América. Destes últimos, um dos
palestrantes era o presbiteriano John Foster Dulles, que cinco anos mais tarde se tor-
naria secretário de Estado norte-americano, e um feroz inimigo da Guerra Fria. (GEOF-
FREY BLAINEY. p 196. 2012)
Em 1945, as forças russas ocupavam o leste europeu, onde permaneceriam por quase
meio século. Naquela vasta extensão do território ocupado, a maior parte das Igrejas
Cristãs foi transformada em instituições menores. Os prédios de quase todas as escolas
e de muitos templos foram fechados, perdendo o tradicional papel nas grandiosas ceri-
mônias públicas. Os jovens, em especial os mais ambiciosos, perceberam que o caminho
do sucesso estaria bloqueado para eles, na profissão ou em cargos públicos, caso se
tornassem fiéis ardorosos. Além disso, as escolas ensinavam os méritos do ateísmo.
Na Lituânia, os padres, em sua maioria, estavam presos ou tinham sido deportados. Na
Hungria, em 1949, o cardeal Mindszenty foi condenado à prisão perpétua, e na antiga
Tchecoeslováquia, o arcebispo foi confinado em local não revelado. Em determinada
ocasião, 8 mil monges e freiras ocupavam as prisões. Na Polônia, um dos países mais
católicos da Europa, o governo comunista e a Igreja discordavam frequentemente, mas
a Igreja conservou o apoio público. Em 1949, a vitória final dos comunistas na guerra
civil da China expandiu bastante a zona anticristã, que passou a ir de Berlim a Xangai, e
da foz do rio Danúbio à foz do rio Pérola. A China tinha sido objeto de intensa, mas não
vitoriosa, atividade cristã. Em 1949, as escolas católicas atendiam cerca de 5 milhões de
estudantes chineses, enquanto hospitais e médicos católicos cuidavam de 30 milhões
de pessoas, mais ou menos. Quando escolas e hospitais passaram para as mãos do go-
verno, e a maior parte das igrejas foi fechada, padres, pastores, freiras e médicos missio-
nários regressaram ao país de origem. Em sua maioria, eram americanos e canadenses,
que partiram tristes. (GEOFFREY BLAINEY. p 196. 2012)
capítulo 5 • 161
1962: Realização do Concílio Vaticano II: entre 1962 e 1965, foram fei-
tas mais mudanças do que em qualquer outra conferência, desde o Concilio de
Trento, quatro séculos antes.
1963: Martin Luther king lidera marcha a Washington.
©© WIKIMEDIA.ORG
O Dr. Martin Luther King Jr., Pastor de uma igreja Batista em Montgomery, Alaba-
ma, começava a chamar atenção, em sua cruzada pelos direitos civis dos negros "do
sul". Uma visita à Índia, em 1959, convenceu-o das virtudes da tática empregada por
Gandhi: "persistir nos protestos, evitando a violência." Depois de assumir o posto de
pastor ao lado do pai na Igreja Batista Ebenézer, em Atlanta, na Geórgia, o Dr. King
pacientemente continuou com os protestos passivos e boicotes que ajudaram a mo-
dificar ou eliminar a prática, adotada nos estados do sul, de segregar negros e bran-
cos em ônibus e restaurantes. Várias vezes foi preso por isso. Daí a quatro anos, ele
fez um discurso do alto dos degraus do Lincoln Memorial, em Washington. Buscando
palavras no Antigo Testamento, assim se dirigiu à multidão diante dele: "Eu tenho um
sonho... Eu sonho que, um dia, todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas
se abrandarão. Os lugares acidentados serão aplainados, os caminhos tortuosos se
endireitarão, e a glória do Senhor se revelará." Foi o presidente Lyndon B. Johnson,
mais conhecido como político atuante do que como seguidor da grande seita chamada
Discípulos de Cristo, quem assinou as leis federais corrigindo formalmente alguns dos
erros que provocaram as queixas de Martin Luther King Jr. Em 4 de abril de 1968,
King foi assassinado em Memphis, aos 39 anos. (GEOFFREY BLAINEY. p. 204. 2012)
capítulo 5 • 162
1971: Gustavo Gutiérrez, Padre Peruano, publicou um livro denominado A
Teologia da libertação que se transformou em uma linha Teológica e foi alimen-
tada no Brasil pelo então Teólogo Leonardo Boff, na época Franciscano. O mo-
vimento foi censurado nos Pontificados de João Paulo II e de Bento XVI. Essa
linha Teológica não centra sua reflexão na Revelação e na Tradição, mas nas ques-
tões sociais. Leonardo Boff não é mais Padre e se afastou da ligação com a Igreja
Católica. Papa Francisco permite um relacionamento de respeito com as várias
linhas teológicas, inclusive com a Teologia da Libertação, estando, no entanto
atento para que a Doutrina da Igreja não seja maculada.
1979: a revolução na Nicarágua alimentada pelos marxistas e liberalistas.
Católicos liberalistas nicaraguenses instituíram um credo radical: "É imperativo
que se revolucione a sociedade, qualquer que seja o sistema ou regime. É impera-
tivo também revolucionar constantemente a própria Igreja, para que se torne cada
vez mais evangélica." Dom Pedro Casaldáliga foi o divulgador desses ensinamen-
tos no Brasil, inclusive desafiando a Igreja de Roma, sendo chamado ao Vaticano
em 1988 para explicar suas posições.
1989: em El Salvador, o arcebispo Dom Romero criticou severamente o go-
verno militar e difundiu as bases da Teologia da Libertação. Um dia, pregando
pela "justiça e pela paz quando preparava-se para rezar missa, foi assassinado por
um homem armado. Uma multidão acompanhou o cortejo, e 40 pessoas morre-
ram pisoteadas.
©© CAROLINA BATISTA | WIKIMEDIA.ORG
Figura 5.23 – A maior obra do mundo dedicada a um santo, chamada "San Romero de
América", mede 20mx15m e foi pintada pelo arquiteto e artista salvadorenho Josué Villalta.
capítulo 5 • 163
CONEXÃO
Saiba mais sobre esses fatos e muitos outros
Uma breve História do Cristianismo
Disponível em: <http://politicaedireito.org/br/wp-content/uploads/2017/02/uma
-breve-histc3b3ria-do-cristianismo-geoffrey-blainey-1.pdf>.
Figura 5.24 – A cruz é o principal símbolo do cristianismo e o peixe um dos mais antigos.
capítulo 5 • 164
de reflexão, em 2011, na terceira consulta Bangkok, na Tailândia, de 25 a 28 de
Janeiro de 2011, foram aprovadas as 12 recomendações. São elas:
• Agir no amor de Deus;
• Imitando a Jesus Cristo;
• Virtudes cristãs;
• Atos de serviço e justiça;
• Discernimento nos ministérios de cura;
• Rejeição da violência;
• Liberdade de religião e de crença;
• Respeito e solidariedade mútua;
• Respeito por todas as pessoas;
• Renunciando aos falsos testemunhos;
• Assegurando o discernimento pessoal;
• Construindo relações inter-religiosas.
São recomendações de conduta, no sentido de que cada deve ter disposição in-
terior na construção de relações de paz e que há responsabilidade pessoal e intrans-
ferível que deve ser recordada todos os dias. Como Cristãos, não podemos cair no
engodo de querer combater, em nome da fé, a Religião ou Doutrina dos Irmãos.
Não se trata de um abandono à nossa Identidade Cristã e doutrinária. Preservar
a identidade não se trata de combate, agredir, denegrir e isolar quem escolheu outro
caminho religioso. Inclusive, entre o Cristão, essa atitude equivocada de defesa da
identidade é mais insana ainda, já que Jesus é ponto de encontro. E em relação aos
não Cristãos, continua sendo insana, pois o princípio Cristão é de vida para todos.
“Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância”. (João 10,10)
Evidente que há responsabilidades institucionais, mas é preciso que cada
Cristão compreenda profundamente a responsabilidade para que colaborem,
definitivamente, para que suas Instituições cumpram plenamente a essência do
Cristianismo. “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem”. (Mt 5,44).
Recomendações de conduta têm a ver com código moral. Os códigos morais
são importantes para que não nos esqueçamos de que a ética deve nos conduzir
em qualquer situação e lugar. Neste sentido, a existência e as vivências humanas,
não são consideradas como fatalidades, mas escolhas claras e reais. Se eu escolho
ser reto vou pronunciar e executar a retidão. “Diante de ti ponho a vida e ponho a
morte. Mas tens que saber escolher” (Dt 30, 19). A deliberação é a capacidade de
escolher a própria condição.
capítulo 5 • 165
Não faz sentido, pela essência Cristã, haver qualquer tipo de agressão ao irmão
que professam diferentes religiões. Nossa fé deve nos levar ao respeito e não ao ata-
que à escolha religiosa do outro. “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos
façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”. (Mt 7,12).
©© WIKIMEDIA.ORG
capítulo 5 • 166
No entanto, ao nos afastarmos desses ensinamentos, precisamos que os mais
atentos nos chame atenção e nos reconduza ao caminho. Esse é um dos papeis dos
líderes religiosos. E é neste contexto que as Recomendações foram construídas
e publicadas. Através delas fomos impulsionados à retomada da Virtude Cristã.
Quando somos impulsionados à virtude, temos maior possibilidade de encontrar
na retidão o sentido da própria existência.
As Recomendações não podem ser entendidas como um documento teológi-
co, mas de fato, conselhos práticos e diretos para que possamos exercer com ple-
nitude os sentidos da paz, da harmonia e do respeito no mundo multi-religioso.
O exercício da Paz e do respeito somente é possível quando estamos diante das
diferenças. Somente no convívio com as diferentes religiões e credos podemos me-
dir nossa capacidade de superação do proselitismo e nossa capacidade de viver em
harmonia. "A Paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio"
(Jo, 20,23). Quando não há diferenças, corremos o risco de guardar, em nossos
“subterrâneos”, nossa incapacidade de olhar e cuidar do outro como irmão. Se
somos testemunhas de Jesus também somos, por esta condição, imitadores dele,
portanto, viver como Jesus viveu é o nosso grande desafio.
Figura 5.26 – Papa Francisco posa para foto ao lado de diversos líderes religiosos após as-
sinatura de declaração contra a escravidão. Vaticano (Foto: Osservatore Romano/Reuters).
capítulo 5 • 167
ATIVIDADES
01. Com a morte do papa Pio IX, assume o Pontificado o Papa Leão XIII, um Jesuíta (1878-
1903), que acirrou ainda mais o conflito entre a Igreja e os Estados europeus. Qual o princi-
pal fato que marcou seu pontificado?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada Online: Disponível em: <https://www.bibliacatolica.com.br/>.
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PIETRA ARTURO. EVANGELIZAÇÃO PROTESTANTE NA AMÉRICA LATINA: análise da razões que
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Petrópolis: Vozes, 1995.
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ZAGHENI. Guido. A Idade Contemporânea: curso de História da Igreja IV. Trad José Maria de
Almeida. São Paulo: Paulus, 1999.
capítulo 5 • 168
GABARITO
Capítulo 1
01. Jesus é o Messias enviado por Deus! Essa verdade sempre desagradou ao poder roma-
no. Desde criança Jesus já compreendia a sua Missão e já ensinava nos templos admirando
a todos os que ouviam. Jesus falava de um Reino que não era desse mundo, mas um Reino
que era de Deus. Para os judeus, o Messias não seria um Deus de amor, mas deveria ter lide-
rança política. Eles esperavam um restaurador que lutasse contra a opressão, mas seria um
líder terreno e não Divino. Os judeus esperavam um messias que reconquistasse o esplendor
de Israel. Não foi a revolução que queriam, pois Jesus pregava a conversão, o amor, a paz e
um novo tempo em Deus. Não somente para os judeus, mas também para os romanos Jesus
causava espanto. Logo perceberam que Jesus estava mexendo com o cotidiano de todos,
pois não tinha medo de defender os que sofriam por causa dos poderosos. Neste sentido,
toda elite econômica e religiosa estava buscando caminhos para calar Jesus.
02. Ao começar sua vida pública, aos 30 anos, Jesus foi arrebanhando muitas pessoas. Era
um pequeno grupo no começo, mas logo, multidões O seguiam para ouví-lo, para tocá-lo e
também em busca de milagres. Jesus falava de um Reino que não era desse mundo, mas um
Reino que era de Deus. Jesus mexeu sim com questões muito sérias: poder religioso e poder
político. O Deus era o do Imperador! Não havia outro para os que dominavam. Além de tudo,
Jesus estava ganhando fama e levando consigo multidões que antes só admiravam o rei. Jesus
“transgrediu costumes” e inaugurou um novo modo de convivência. E foi nestes fatos que eles
conseguiram levar Jesus a julgamento. Jesus foi colocado como inimigo dos judeus e também
um grande inimigo do império romano. Jesus mexeu na posição de alguns privilegiados, não é
isso que diz a canção? Jesus ensinava, curava, amava, corrigia e anunciava o Reino.
Capítulo 2
01. Jesus havia prometido aos Discípulos que enviaria o Espírito Santo. Eles estavam teme-
rosos, pois com a subida de Jesus aos Céus (Ascensão) havia a insegurança, pois seriam
perseguidos, mas precisavam manter o testemunho sobre o que viram, ouviram e experi-
mentaram estando ao lado de Jesus. Depois da Ascensão os discípulos não tinham mais a
presença física do Mestre. Por isso Jesus prometeu “outro Consolador”: “Se eu não for, o
Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-Lo enviarei” (João 16.7). O Novo
Pentecostes marca o nascimento da Igreja e definitivamente do Cristianismo. Por todas as
capítulo 5 • 169
nações e em todas as Línguas, pela ação do Espírito Santo, o nome de Jesus deve ser
proclamado para sempre. Todos os povos e nações devem saber que Jesus é o Salvador, o
Messias enviado que morreu e ressuscitou. Afirma o Apostolo Paulo: “Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito, formando um corpo” (1Co. 12.13).
Capítulo 3
01. Após sua conversão, que aconteceu aos 32 anos, depois de uma vida pregressa e o
encontro da fé, Agostinho retoma a Patrística, que é o nome dado ao conjunto de reflexões
empreendidas pelos primeiros padres da Igreja e que se estendeu do primeiro ao sétimo
século da era cristã. Em seu início a Patrística priorizava a análise dos textos bíblicos, mas
que atualizada por Agostinho, os textos filosóficos foram contemplados. Santo Agostinho
(354-430) reformulou a Patrística, combinando os elementos da fé com princípios filosóficos
retirados de filósofos como Platão e Plotino. Essa foi a grande contribuição de Agostinho que
conservando os argumentos da fé cristã evocou a razão para manter por longo tempo a uni-
dade da Igreja. “A fé vai à frente, seguida da inteligência [...]” O conceito de “pecado original”,
do “livre arbítrio” A “predestinação divina” foram focos de sua Patrística.
02. Corrente de pensamento voltada para a conciliação entre razão e fé e cujo surgimento
teve estreita relação com as atividades de ensino desenvolvidas no interior dos mosteiros
e catedrais durante a Baixa Idade Média. A Escolástica se tornou a “Filosofia Cristã”, tor-
nando-se a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Seu surgimento
tem influência direta com as atividades de ensino desenvolvidas no interior dos mosteiros
e catedrais que culminaram com o aparecimento das primeiras universidades. A Escolásti-
capítulo 5 • 170
ca, que vem da Escola. Instruído, foi o método de pensamento crítico dominante no ensino
nas universidades medievais. Teve como principal objetivo conciliar o ideal de racionalidade,
corporificado pela tradição grega do platonismo e aristotelismo, e a experiência de contato
direto com a verdade revelada, a essência da fé cristã.
Capítulo 4
Capítulo 5
01. Com Leão XIII a Igreja desperta para a condição de vida das classes trabalhadoras por
causa dos efeitos da Revolução Industrial. Neste contexto, o Papa Leão XIII se levanta na
defesa do direito dos trabalhadores. Por isso escreve a Encíclica Rerum Novarum: sobre a
condição dos operários ("Das Coisas Novas"). Uma carta aberta a todos os bispos, sobre as
condições das classes trabalhadoras.
capítulo 5 • 171
02. A Conferência de Edimburgo que apresentou a preocupação dos Cristãos Protestantes
com a expansão da Evangelização para a América Latina, juntando-se aos Cristãos Católicos,
que para lá já havia seguido para expandir o Cristianismo. A Conferência aconteceu em um
congresso missionário que reuniu missionários, líderes de agências e outros obreiros cristãos
de países da Europa e da América do Norte.
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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