Escola de Frankfurt
Escola de Frankfurt
Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt produziu uma teoria crítica da sociedade sob a necessidade de atualizar
o marxismo para a realidade contemporânea.
Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt, conhecida por fazer uma teoria crítica, engloba alguns pesquisadores
do século XX. Apesar de participarem do mesmo grupo e serem associados ao Instituto de
Pesquisa Social na Alemanha, esses autores podem possuir considerações bastante diferentes
sobre a sociedade. O ponto que une todos eles, é a fonte de seu pensamento teórico: o
marxismo.
Outro ponto que unifica tais autores é, paradoxalmente, a superação das teorias de Marx.
Todos eles se engajam em realizar uma atualização das ideias marxistas para o contexto
histórico e social do século XX. Assim, a Escola de Frankfurt é um importante ponto na
história do pensamento crítico que permitiu o desenvolvimento de teorias sociais.
Índice do conteúdo:
Contexto histórico
Características
Contexto histórico
A Escola de Frankfurt surge em 3 de fevereiro de 1923 com o objetivo de unir teoria e prática
no mundo contemporâneo. Inicialmente, ela tinha orientações bastante diferentes, se
preocupando com questões econômicas, políticas, sociais e filosóficas. Em 1931, quando Max
Horkheimer entra na direção do Instituto, ela começa a se definir no campo da filosofia social.
Assim, as teorias produzidas pela Escola de Frankfurt são diversas e os temas que cada autor
se interessa também são variados. Cada um pode estudar um aspecto da realidade social, do
capitalismo, e pensar de quais maneiras as relações sociais estão estruturadas.
A seguir, foram listados alguns pensadores que participaram da Escola de Frankfurt e suas
obras. Apresentamos brevemente alguns aspectos de suas ideias para você começar o seu
estudo sobre cada um deles.
Theodor W. Adorno
Adorno nasceu em 22 de setembro de 1903 e era de origem judia. Além de ser sociólogo e um
dos principais representantes da Escola de Frankfurt, era também um musicólogo e
compositor. Coincidência ou não, um de seus principais interesses estava na temática da
cultura.
O autor produziu uma teoria sobre o poder da indústria cultural, retirando o caráter crítico e
emancipatório que a cultura deveria ter. Os produtos dessa grande indústria acabam
massificando a cultura, tornando-a um instrumento para o conformismo das pessoas. Você
pode se aprofundar nessa teoria consultando algumas de suas obras:
A situação social da música, 1932: esse livro revela uma das características do autor,
que é escolher um dado aspecto da cultura e analisá-la por meio da teoria crítica.
Nesse caso, a música é uma temática importante para Adorno.
Prismas: crítica cultural e sociedade, 1955: nessa obra, Adorno aprofunda um debate
sobre a educação e a cultura, mostrando a necessidade de ensinar às pessoas a
capacidade de uma reflexão crítica.
Desse modo, Adorno estudou os aspectos culturais do sistema capitalista e seus obstáculos
para alcançar a emancipação humana. Entender e diagnosticar de que forma a cultura é
fabricada – e, atualmente, produzida por uma indústria – é central na obra do autor.
Max Horkheimer
Nasceu em 1895, no dia 14 de fevereiro. Estudou literatura, psicologia e, por fim, no seu
doutorado, filosofia. Foi próximo de Friedrich Pollock e Theodor Adorno. Em 1931 tornou-se
diretor do Instituo de Pesquisa Social na Alemanha.
Horkheimer foi um grande crítico das “falsas verdades”, aquelas que se pretendem absolutas e
imutáveis. Em suas obras, o autor mostra os conflitos existentes na sociedade e como eles
afetam os valores e as ideias que os indivíduos possuem sobre a realidade. Veja abaixo
algumas de suas obras.
Teoria crítica: ensaios selecionados, 1932: esse livro compõe diversos ensaios, dentre
eles a “Teoria tradicional e teoria crítica”. Nesse texto, Horkheimer distingue as duas
teorias em seus princípios basilares.
Dialética do esclarecimento, 1944: escrito com Theodor Adorno, é uma obra clássica
que desenvolveu a ideia da indústria cultural e se tornou um dos livros mais
conhecidos da Escola de Frankfurt.
Horkheimer foi, portanto, um dos principais autores clássicos da Escola de Frankfurt. Ele
também ficou conhecido por defender a interdisciplinaridade, em uma colaboração entre
diversas disciplinas.
Herbert Marcuse
Um de seus interesses de estudo era entender como as relações sociais na atualidade (da
época) e o modo de funcionamento do capitalismo dominam as subjetividades humanas. É
possível elencar algumas de suas principais obras:
Embora menos conhecido que os demais autores da Escola de Frankfurt, Pollock foi um
membro importante nos estudos da Instituição. Ele nasceu em 22 de maio de 1894 na
Alemanha e se interessava pelas políticas estatais no sistema capitalista.
Para Pollock, é uma redução simplista pressupor uma oposição entre a intervenção do Estado
e o livre mercado. Na verdade, no capitalismo, a política sobrepõe a economia. Algumas de
suas ideias podem ser estudadas nas seguintes obras:
Com Pollock é possível notar a pluralidade de temáticas abordadas por autores da Escola de
Frankfurt. Ao mesmo tempo, eles possuem um fio norteador de seus estudos: a tentativa de
estudar e diagnosticar as formas de funcionamento do capitalismo.
Erich Fromm
Fromm nasceu em 23 de março de 1900 e, diferentemente de seus colegas, tinha uma forte
raiz na psicologia social. Ou seja, seus estudos se concentravam em pensar as dinâmicas
políticas e econômicas com o aspecto psicológico dos indivíduos.
O autor fez uma junção do marxismo e da psicanálise. Assim, ele era contra a ideia de um
sujeito consciente e dotado de uma mente que funciona de forma individualista. A consciência
humana é, portanto, social. Conheça mais do autor em suas obras:
A arte de amar, 1956: nessa obra Fromm trata das diversas formas conhecidas de
“amor” e, ao mesmo tempo, pensa as questões sociais e políticas envolvidas.
Consequentemente, o autor estuda também sobre o amor em um sistema capitalista.
Erich Fromm é até hoje conhecido pela sua psicologia social. Essa mostra uma outra faceta dos
estudos sociais que têm possibilidades de diálogo com a psicologia, desenvolvendo os estudos
sobre o comportamento humano.
Walter Benjamin
Nasceu em Berlim, em 1892, no dia 15 de julho. Benjamin teve uma vida curta, morrendo em
1940 fugindo da perseguição nazista. Entretanto, sua morte continua um mistério, havendo
também textos seus que nunca foram encontrados e publicados.
Sua obra é heterogênea e, conforme muitos estudiosos, inclassificável. Ele chegou a ser
rejeitado pela Escola de Frankfurt em sua tese de doutorado, mas, depois de sua morte,
tornou-se uma das leituras obrigatórias. Confira, a seguir, algumas de suas obras.
Discurso sobre a religiosidade do nosso tempo, 1912: é um texto que demonstra os
germes do pensamento de Benjamin sobre a relação entre marxismo, religiosidade e
romantismo.
Origem do drama barroco alemão, 1925: foi a obra que lhe rendeu duras críticas e
uma rejeição da Escola de Frankfurt. Mais tarde, suas ideias tiveram mais notoriedade.
Benjamin é uma figura polêmica e que divide opiniões. No entanto, é ainda considerado um
dos representantes da Escola de Frankfurt, uma vez que suas ideias são importantes e revisam
o marxismo.
Jürgen Habermas
Para Habermas, não existe um único modo de racionalidade. A racionalidade moderna, que é
técnica e empírica, deve ceder à racionalidade comunicativa nas ciências humanas. Conheça
mais sobre suas propostas teóricas em algumas de suas obras:
Habermas desenvolve os estudos da Escola de Frankfurt mostrando como até mesmo a forma
de racionalidade tem relação com o contexto social em que vivemos. O autor é ainda
conhecido por suas produções científicas analisando a sociedade contemporânea.
Os pensadores que fazem parte da Escola de Frankfurt são diversos e têm conclusões
diferentes sobre alguns assuntos. Entretanto, ainda possuem pontos comuns em relação a
pensar o sistema capitalista e produzir uma teoria capaz de se articular com uma prática
transformadora.
Os autores da Escola de Frankfurt são conhecidos por produzirem uma teoria crítica sobre a
sociedade. Isso tem a ver com as próprias bases do pensamento que se desenvolveu na Escola.
A teoria crítica surge como uma necessidade de revisar o marxismo, já que a sociedade
enfrentava mudanças que o próprio Marx não poderia prever. Apesar disso, ela tem suas
raízes no marxismo porque seu objetivo é realizar uma leitura da realidade que não seja
conformista ou dê legitimidade ao status quo.
Em outras palavras, para a teoria crítica, explicar a realidade não é descrever as formas como a
sociedade funciona e se conformar com isso. É preciso ir além: é necessário pensar nas
possibilidades da emancipação humana do sistema capitalista.
O termo indústria cultural remete a Adorno e Horkheimer, que desenvolveram essa ideia no
livro “Dialética do Esclarecimento”. Para esses autores, os meios de comunicação com a cada
vez mais avançada tecnologia se tornam instrumentos de manipulação, quando estes servem à
ideologia dominante.
Assim, diversas produções culturais como a música, a pintura, o cinema ou o teatro se tornam
apenas mercadorias nessa indústria. A arte, em geral, que devia servir à emancipação humana
e à crítica, acaba funcionando como uma forma de manter o sistema vigente.
Essa teoria de Adorno e Horkheimer é ainda bastante importante, até mesmo para ser
criticada. Hoje, as relações sociais estão cada vez mais permeadas pelos meios de comunicação
e as tecnologias modernas, fazendo com que muitos pesquisadores se interessem em estudá-
las.
O Instituto de Pesquisa Social que abrigou as pesquisas dos autores da Escola de Frankfurt
ainda existe, mesmo após as perseguições do nazismo da Alemanha. A instituição foi
restaurada e permanece como um centro de referência, mesmo que simbolicamente.
Portanto, longe de ser uma teoria ultrapassada, ela continua viva em diversos estudos
realizados na atualidade. Além disso, autores da Escola de Frankfurt são importantes para as
práticas políticas que acreditam em uma transformação da sociedade atual para uma menos
exploratória.
Referências
Teoria crítica. Introdução – Ricardo Terra; Luiz Repa;
Marcuse: cultura, ideologia e emancipação no capitalismo tardio – Luiz Antonio da Silva Peixoto;
A Escola de Frankfurt: fundação da teoria crítica à indústria cultural – Ana Paula Pinheiro Motta; Rodolfo
Anderson Bueno de Aquino;