Treino Metábolico

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TREINAMENTO METABÓLICO PARA FORÇA E HIPERTROFIA MUSCULAR –

REVISÃO DA LITERATURA
KIMURA, NelintonOga (Educação Física/UNIBRASIL)
TEDESKI, Cristiano (Educação Física/UNIBRASIL)
Orientador: Ms. Sergio Luiz Ferreira Andrade

RESUMO
Na musculação, treinos de características tensionais são predominantemente
aplicados na prática da musculação. Além de mais usados, são os mais estudados e
conhecidos tanto por autores quanto para praticantes. Entretanto, vários estudos têm
mostrado que é possível obter ganhos similares com uma abordagem que usa cargas
absolutas relativamente baixas. Este tipo de treinamento é denominado metabólico. No
presente estudo, as bases de dados serão Pubmed, Bireme, Scielo e Google acadêmico.
Os descritores para a busca dos artigos serão oclusão, metabólico, hipertrofia, força e
Kaatsu. A metodologia será a busca e seleção de diversos artigos científicos tendo
critérios de inclusão artigos em português e em inglês relacionado ao tema e aos
objetivos descritos. Os critérios de exclusão serão pesquisas onde a aplicação esteja
relacionada com patologias ou doenças coronarianas. Serão analisados nesta
metodologia os protocolos de treinamento, e os resultados na força e na área de secção
transversa. A presente revisão mostrou que estudos com oclusão vascular são válidos
para o aumento da força e hipertrofia muscular utilizando baixas cargas. Já os estudos
que compararam os métodos de baixa e alta intensidade concluíram que quando se trata
da força, aumentos significativos são encontrados em sua maioria quando se usa cargas
altas em seus métodos, ou seja, sem oclusão vascular o TT tem efeito maior na força do
que o TM. Quanto à área de secção transversa, ficou evidente que os ganhos de alta
intensidade tem basicamente o mesmo efeito aos de baixa intensidade. Porém é
necessária uma melhor avaliação sobre as variáveis de treinamento aplicadas já que
alguns estudos encontraram respostas diferentes quanto à AST. O que se percebeu
também foi que exercícios quando executadas até a falha, tem efeito positivo para ganhos
de força e aumento da massa muscular.

Palavras-chave: Treinamento Metabólico, Força, Hipertrofia.

1. INTRODUÇÃO

Com a expansão do número de pessoas buscando a melhora na estética corporal e


qualidade de vida, conseqüentemente tem-se aumentado o número de academias de
musculação. Adeptos a este tipo de exercícios têm como objetivo buscar através do
treinamento, benefícios como o aumento da força, aumento da massa muscular, aumento
do desempenho esportivo e também diminuição da gordura corporal (ARRUDA et al.
2010).
O Treinamento Metabólico (TM) que tem como objetivo aumentar o ganho de força
e hipertrofia muscular, onde a prescrição é feita com cargas “baixas”, com um número de
repetições altas e um intervalo entre as séries curta. Contrariando este método de treino,
o Treino Tensional (TT) é o oposto na prescrição do exercício, usam-se cargas altas,
número de repetições baixos e um intervalo longo.
A literatura tem mostrado que as alterações metabólicas são importantes nos
ganhos de força e hipertrofia muscular.
Guedes Júnior (2003) aponta que o aumento que ocorre na síntese das proteínas
contráteis, estimulado principalmente pelo treinamento de força, promove o aumento do
tamanho e também da quantidade de miofibrilas em cada fibra muscular.
Na literatura e também visto através da prática em academias, é que o combinado
dos dois métodos de treinos, se produzirá um melhor resultado após um determinado
período de treinamento. Gentil (2010) sugere que se o objetivo é o ganho de massa
muscular, seria interessante variar entre os dois métodos, TT e TM para que o corpo não
se acomode com um tipo de estimulo. Contudo, deve-se atentar para algumas variáveis
do treinamento a serem consideradas: ordem dos exercícios, intensidade, volume,
velocidade de execução e intervalo entre as séries. Assim como a alimentação e outras
questões individuais devem ser levadas em consideração para se obter um melhor
resultado.
Outros estudos afirmam que o treinamento de força, dependendo da sua
configuração (estímulo tensional ou metabólico) produziria tipos diferentes de hipertrofia
(GUEDES, 2007, ZATSIORSKY, 1999).
Nem sempre os estímulos do treinamento resistido têm o mesmo mecanismo.
Segundo Gentil (2010), o TM é um método que gera o acúmulo de metabólitos
(provocada por maior oclusão vascular e queda do pH), com menor estresse mecânico e
micro lesões.
Há uma predominância nos métodos tensionais nas academias, já que o objetivo
principal destes atletas não é o mesmo de atletas levantadores de pesos, que almejam
além do ganho de força, obter maior potência muscular. Já os fisiculturistas buscam
apenas o ganho de massa muscular. Sendo assim, esse artigo visa demonstrar diversos
estudos abordando o TM com e sem a aplicação de oclusão vascular.
Essa revisão de literatura buscou em estudos, comparativos de métodos de baixa e
alta intensidade, assim como métodos de treino com oclusão vascular a fim de mostrar o
que estudos ressaltam sobre esses temas descrevendo se o TM é eficaz para aumentar a
força e a massa muscular.
2. JUSTIFICATIVA

O treino tensional, utilizado pela maioria dos praticantes de musculação que


buscam o aumento da força e hipertrofia muscular é o método que consiste na utilização
de cargas altas, baixo número de repetições e intervalos de recuperação longa. A
literatura aborda muito esse assunto, prescrevendo treinos, realizando testes em
indivíduos mostrando se este método realmente é eficaz. “Estes métodos caracterizam-se
basicamente pela utilização de cargas (expressas em unidade de massa) e amplitudes de
movimento altas durante o treinamento” (GENTIL, 2010).
Na concepção da maioria dos praticantes, este método é a única forma de adquirir
massa muscular e com isso acabam causando lesões principalmente nos ombros, joelhos
e cotovelos. Em contrapartida buscaremos em artigos científicos explorar mais sobre o
assunto proposto ao tema, TM, onde será revisado para que se tenha uma melhor
definição deste método. É um tema novo, com poucos estudos principalmente em
português, porém na língua inglesa foram encontradas algumas literaturas. Uma
vantagem deste método seria o tempo reduzido para realização do treino, pois hoje em
dia sabe-se que o tempo livre para a prática de qualquer atividade física tem sido um
grande problema na vida das pessoas. Sendo assim, o objetivo deste artigo é revisar
literaturas a fim de mostrar que o treino com menos peso (metabólico) pode ser eficiente
para o ganho de força e hipertrofia muscular.

2.1 Métodos

Foram realizadas pesquisas eletrônicas nas principais bases de dados nos sites
Pubmed, Bireme, Scielo e Google acadêmico, onde os descritores usados na busca dos
artigos foram oclusão, metabólico, hipertrofia, força e Kaatsu.

2.2 Critérios de Inclusão e Exclusão

A metodologia será aplicada em seleções de diversos artigos científicos tendo


como critérios de inclusão literaturas em português e em inglês relacionado com o treino
metabólico, treino com oclusão vascular, hipertrofia, força e ao método Kaatsu. Os
critérios de exclusão serão pesquisas onde a aplicação esteja relacionada com patologias
ou doenças coronarianas.
2.3 Objetivo

O objetivo geral desta revisão de literatura é investigar se o treino metabólico pode


ser eficiente para os ganhos de força e hipertrofia muscular.

Os objetivos específicos deste artigo são:

- Analisar as variáveis de treinamento metabólico;

- Analisar os resultados de ganhos de força;

- Analisar os resultados na hipertrofia muscular.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Hipertrofia Muscular

Segundo Gentil (2010), hipertrofia muscular é o aumento volumétrico de um


músculo, devido ao aumento volumétrico das fibras que o constituem.
“O crescimento em tamanho muscular pode resultar de um aumento no tamanho
das fibras musculares existentes (hipertrofia) ou de um aumento no número de fibras
musculares (hiperplasia)” (BROWN e CHANDLER, 2009).
O processo chamado hipertrofia, onde músculos se adaptam ao treinamento de
força crescendo e se desenvolvendo, envolvem em um aumento na área de secção
transversa das fibras musculares, e não a divisão do músculo em novas fibras musculares
(hiperplasia). Outros fatores são responsáveis pela hipertrofia muscular: sobrecarga, onde
a resistência deve ser maior do que o nível de adaptação muscular prévio; recrutamento
muscular, onde o número máximo de fibras musculares deve ser recrutado; ingestão de
energia, onde uma quantidade adequada de carboidrato e proteína deve ser ingerida.
(BROWN e CHANDLER, 2009).
Na tabela I deste estudo encontrará descrita a palavra “área de secção transversa”
que é definida como o aumento da secção transversal de cada fibra muscular, onde a
hipertrofia muscular tem sido apontada como uma das principais adaptações do músculo
esquelético diante do treinamento de força (FLECK E KRAEMER, 2006).

3.2 Força Muscular


“O treinamento de força consiste em exercícios que utilizam a contração voluntária
na musculatura esquelética contra alguma forma de resistência, que pode ser conseguida
por meio do próprio corpo, pesos livres ou máquinas” (ARRUDA et al., 2010).
Talvez a adaptação mais óbvia ao treinamento de força seja o aumento dos
músculos treinados (GENTIL, 2010), sendo ele um método específico de condicionamento
físico envolvendo o uso de cargas assim como diferentes modelos e métodos de
treinamento (TIBANA, 2013).
O treinamento com pesos tornou-se um dos métodos mais utilizados com o intuito
de melhorar a aptidão física de um indivíduo e para o condicionamento de atletas. Força
pode ser definida como quantidade de tensão que um músculo ou conjunto muscular
pode causar em um padrão específico e determinada velocidade de movimento
(KRAEMER & HAKKINEN, 2004).
Força é a capacidade do indivíduo de superar uma resistência ou agir contra ela
pela atividade muscular, ou seja, qualidade física que permite a um músculo, ou um grupo
de músculos, produzir tensão e vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou
elevar (PLATONOV, 2007).
“Na mecânica física, força é a interação entre corpos, que produz variações em sua
velocidade, isto é, provoca uma aceleração (movimento). É calculada pela equação:
FORÇA = MASSA X ACELERAÇÃO” (GENTIL, 2010).
As conseqüências de um treinamento de força dependem das variáveis de
treinamento sendo elas repetições, séries, carga, intervalo, velocidade de execução,
intensidade e volume (BROWN E CHANDLER, 2009; GENTIL, 2010).
O treinamento de força resulta em um aumento muscular e na área seccional
transversal do músculo, devido ao aumento das miofibrilas, da densidade capilar, da
quantidade de proteínas e aumento do número de fibras musculares (ARRUDA et al.
2010).

3.3 VARIÁVEIS DO TREINAMENTO RESISTIDO

Dentro deste título será abordado o tema e suas definições para cada variável do
treinamento resistido. Para entender este artigo, é essencial esclarecer cada uma dessas
variáveis pois é o que irá diferenciar o TM de um TT.

3.3.1 Repetições
Uma variável bastante usada no estudo será quanto ao número de repetições, pois
em exercícios de alta intensidade estes números são baixos e os exercícios de baixa
intensidade estes números são altos. Na tabela I do artigo, o treinamento será descrito
através de RM, que é o número máximo de repetições completas que podem ser
realizadas com uma determinada carga de cada exercício, sendo ela em forma de número
ou percentual (GENTIL, 2010).

3.3.2 Intensidade

Gentil (2010) aborda o conceito de intensidade não apenas sobre a perspectiva de


carga utilizada nos exercícios, mas direciona essa variável mais ao nível da qualidade, em
uma alteração aguda que o treino promove dentro do equilíbrio do sistema. Nesta visão,
ele destaca que a velocidade, a amplitude, o tempo de descanso e os métodos de
treinamento, entre outros fatores, são de grande importância na composição da
intensidade, juntamente com a carga utilizada nos exercícios, buscando hipertrofia
muscular.
O objetivo da intensidade na hipertrofia muscular é conhecida pelos profissionais
que trabalham este método de treinamento, porém sua magnitude deve ser ressaltada,
levando-se em conta o nível de treinamento do praticante, o descanso entre os
treinamentos e o volume de treino utilizado na sessão.
Fleck e Kraemer (2006), falam sobre o cálculo da intensidade utilizando os
percentuais de 1RM, onde esta carga máxima utilizada para a realização de uma
repetição serve de base para a aplicação de intensidades planejadas para as diversas
finalidades dentro de um treinamento.
Intensidade é associada à quantidade total de carga levantada, podendo ser
expressa em termos absolutos (quilos ou libras), relativos (% de RM) ou por meio de
potência realizada (FLACK E KRAEMER, 2006).

3.3.3 Volume

“O volume de treinamento é a medida da quantidade total de trabalho realizado em


uma sessão, em uma semana, um mês ou algum outro período de treinamento” (FLECK
E KRAEMER, 2006). O número de sessões de treino sendo ela semanal, mensal ou anual
(frequência), a duração da sessão de treinamento, do número de séries, do número de
repetições e do número de exercícios realizados interfere diretamente ao volume de
treinamento.
Segundo Chandler e Brown (2009), volume de treinamento é expresso como:
Volume = séries (número) X repetições (número) X resistência (peso)
Este pode ser manipulado alterando o número de exercícios realizados por sessão,
do número de séries realizadas por exercício, ou do número de repetições realizadas por
série.
Abusos no volume de treino encontrados por parte de praticantes de musculação,
principalmente aqueles que buscam a hipertrofia, além de prejudicar os resultados,
acabam tornando seus treinos mais catabólicos (degradação) que anabólicos (síntese)
(KATER, 2012). Atletas amadores e até mesmo profissionais podem ser vítimas de um
estado de supertreinamento, ou overtraining, que segundo Alves (2006), ocorre devido a
um desequilíbrio entre o alto estresse e pouca recuperação, processo que pode levar a
sérios problemas de saúde podendo levar um tempo para ser revertido.

3.3.4 Velocidade de execução

De um modo geral, ao abordar o assunto hipertrofia, a literatura prega a execução


lenta das repetições, o que é comprovadamente benéfico para os resultados em termos
de ganhos de volume muscular. Segundo Zanizet al. (2008), o tempo de tensão é um fator
importante para aumento da hipertrofia. A velocidade de execução, segundo os autores,
em um treino de hipertrofia deve ser lenta, tanto na fase concêntrica como na excêntrica.
Segundo Aaberg 2002, a velocidade de repetição dos exercícios possui relação
com o ritmo, onde é estabelecida em quatro fases: a fase excêntrica, a fase excêntrico-
isométrica, a fase concêntrica e a fase concêntrico isométrica (exemplo 2020).

3.3.5 Intervalo entre as séries e repetições

Intervalo é o tempo que se leva entre o fim de uma série e o início de outra
(GENTIL, 2010).
Essa variável é muito importante, porém muitas vezes ignorada pelos praticantes e
por grande parte dos instrutores no treino. Um intervalo muito longo entre séries e
exercícios não só torna o treinamento mais longo como também propicia uma perda de
intensidade, tão importante nessa modalidade.
3.4 TREINAMENTO METABÓLICO COM OCLUSÃO VASCULAR

Este tipo de treinamento de baixa intensidade com oclusão vascular é chamado


método Kaatsu e tem como objetivo reduzir o retorno venoso e provocar o acúmulo de
sangue nos vasos sanguíneos e induzir a hipertrofia (WOLINSKI, 2013).
De acordo com Gentil (2010), a oclusão vascular dificulta o fluxo sanguíneo e
consequentemente, a chegada de oxigênio às fibras musculares, levando à queda de pH,
que se reflete em acúmulo de lactato. O mesmo autor destaca que, a diminuição do fluxo
sangüíneo em condições isquêmicas (oclusão vascular) causa a diminuição da entrega de
oxigênio e, consequentemente, ativação das unidades motoras grandes (fibras rápidas),
logo no início do movimento.
Segundo Takarada (2000), a aplicação de oclusão vascular potencializa a
hipertrofia em resposta ao treinamento de força com baixas cargas.

3.5 TREINAMENTO METABÓLICO SEM OCLUSÃO VASCULAR

Em um treinamento sem oclusão vascular, estudo realizado por Barcelos et al.


(2015), pode se concluir que, 8 semanas de treinamento resistido com cargas baixas até
a falha, em sujeitos novatos, produzem ganhos similares de hipertrofia e força,
independente da aplicação de oclusão vascular, carga ou volume de treino.

Tabela I
ESTUDOS AMOSTRA TREINAMENTO Pressão no RESULTADOS
esfigmomanômetro

Respostas para o exercício de resistência de baixa carga com restrição do fluxo de sangue

Abe et al.(2005) N=15 Corredores Agachamento e legpress: 160-240 mmHg (5 cm) Espessura do músculo
masc 3 x 15 (30”), 20% 1RM. 2 x dia da coxa e perna ↑
durante 8 dias

Luebberset N=62 Futebol Supino e agachamento: 30-20- BFR Elástico; 7,6 cm BI + AI


al.(2014) Americano masc 20-20 esquema de repetição Agachamento RM ↑
(45” intervalo, 20% 1RM). 4 x
SEM, durante 7 SEM Supino RM ↔
Manimmanakorne N=30 Basquete Extensão joelho e flexão: até a 160-230 mmHg (5 cm) Força ↑
t al.(2013) fem falha 3 x (30”intervalo,
20% 1RM). 3 x SEM durante 5 AST ↑
SEM
Sakuraba e N=21 Corredores Extensão joelho e flexão: 3 x 10 200 mmHg (largura BRF Força ↑
Ishikawa(2009) masc (60s intervalo) não informou)
2 X por SEM durante 4 SEM AST ↔
Takaradaet N=17 Rugby de Extensão do joelho: 4 x até a 196 ± 6 mmHg (3,3 BRF Força Extensor ↑
al.(2000) elite masc falha (30s intervalo, 50% 1RM). cm)
2X AST BRF ↑
por SEM durante 8 SEM

Yamanakaet N=32 Futebol Supino e agachamento com ou Práticas BFR Supino/Agachamento RM ↑


al.(2012) Americano masc sem BFR: 30-20-20-20 (45s (Elástico: 5 cm)
intervalo, Perímetro peito e
20% 1RM). 3 x SEM, durante 4 braço BRF ↑
SEM
Respostas para o exercício de resistência de carga moderada com restrição do fluxo de sangue
Cook et al. (2013) N=20 Supino e agachamento: 5 x 5 180 mmHg (10,5 cm) BFR agachamento/
Rugbysemi- (90s intervalo, 70% 1RM). 3 x supino RM ↑
proMasc SEM
durante 3 SEM
Baixa Intensidade vs Alta intensidade sem oclusão
Anderson e N= 43 Jovens 3 X (6-8 RM), 2 X (30-40 RM), 1 AI ↑
Kearney (1982) destreinados X (100-150 RM). Supino 3 X
SEM durante 9 SEM.
Campos et al. N= 32 Jovens Intensidade alta (3-5 RM), AST AI ↑
(2002) destreinados intensidade intermediária (9-11
RM) ou baixa intensidade (20-28 Força AI ↑
RM). 2-4 X agachamento,
legpress e extensão de perna. 3
X SEM durante 8 SEM.
Mitchell et al. N= 18 Executar dois dos três AST BI e AI ↔
(2012) jovensdestreinad protocolos unilaterais de
os extensão da perna: 3 X 30% Força AI ↑
RM, 3 X 80% RM e 1 X 80%
RM. 3 X SEM durante 10 SEM.
Ogasawara, N= 9 Supino reto 4 X 75% 1 RM. 3 X AST BI e AI ↔
Loenneke, Jovensdestreina SEM durante 6 SEM. Após 12
Thiebaud, e dos meses, foi realizado 30% 1 RM Força AI ↑
Abe(2013)

Popov et al. (2006) N= 18 (80% da MVC) ou (50% MVC). AST/Força ↔


Jovensdestreina legpress 3 x SEM durante 8
dos SEM.

Schuenkeet al. N= 34 Jovens (80-85% RM) em 1-2 segundos, AST AI ↑


(2012) destreinadas (~ 40-60% RM) 1-2 segundos ou
(~ 40-60% RM) em 10” AST BI ↔
concêntricos e 4” excêntricas. 3
X agachamento, legpress e
extensão de perna, 2-3 X SEM
durante 6 SEM
Stone e Coulter N= 50 3 X 6-8 RM, 2 X 15-20 RM e 1 X Força ↔
(1994) Jovensdestreina 30-40 RM. 3 X SEM durante 9
das SEM

Tanimoto e Ishii N= 24 Jovens 50% RM ritmo de 6”. 80% RM AST/FORÇA ↔


(2006) destreinados ritmo 2” e 1” relax. 50% RM
ritmo 2” e 1” relax. 3 X
extensora, 3 X SEM durante 12
SEM.
Tanimotoet al. N= 36 Jovens ~ 55% RM ritmo de 6”, 80-90% AST/FORÇA BI/AI ↔
(2008) destreinados RM ritmo de 2” e 1 seg intervalo.
3 X agachamento, supino,
puxada frente, abdominal e
extensão, 2 X SEM durante 13
SEM.
Van Roie, N= 56 idosos Legpress e extensora (2 x 10-15 Volume muscular ↔
Delecluse, destreinados a 80% de 1 RM), (1 × 80-100
Coudyzer, repetições a 20% de 1 RM) ou Força AI ↑
Boonen,eBautma (1 × 60 repetições a 20% 1 RM,
ns (2013) seguido de 1 × 10-20 repetições
a 40% 1 RM) durante 12 SEM.
RM, repetição máxima; AST, a área da secção transversal; CT, tomografia computadorizada; mmHg
milímetro de mercúrio; MVC, máxima contração voluntária; BFR, restrição do fluxo sanguíneo; cm,
centímetros; FEM, feminino; MASC, masculino; SEM, semana; X, vezes; et al., e outros; AI, alta intensidade;
BI, baixa intensidade; RM,

4. DISCUSSÃO

O objetivo principal desta revisão de literatura foi analisar os aumentos obtidos na


massa muscular e na força através de protocolos que consistiram de baixo estresse
mecânico. As variáveis do treinamento como repetições, séries, cargas, intervalo,
velocidade de execução, intensidade e volume foram verificadas para associar os
resultados dos programas utilizados. Os principais achados foram os aumentos
expressivos na força e na massa muscular demonstrados com exercícios com e sem
oclusão vascular. Entretanto, não há um consenso a respeito dos protocolos que possam
promover os maiores efeitos.
Os primeiros estudos que investigaram o efeito do estresse metabólico aplicavam
pressão no segmento corporal treinado, por meio de um esfigmomanômetro. A pressão
aplicada variou entre 160 e 240mmHg. Por exemplo, o estudo de Abe et al. (2005) aplicou
pressão de 160-240mmHg, Manimmanakon et al. aplicou 160 a 230mmHg e Takarada et
al. (2000) aplicou 196~6mmHg no mesmo teste, ao passo que pressões únicas foram
aplicadas no estudo de Sakuraba & Ishikawa 200mmHg e Cook et al. (2013) 180mmHg.
Luebbers et al. (2014) e Yamanaka et al. (2012) informaram somente a largura do elástico
usado para oclusão. Acredita-se que a pressão possa causar alguma diferença nos
ganhos de força pois nem todos estudos tiveram aumentos significativos. Já quanto à
hipertrofia muscular, estudos que analisaram este quesito, tiveram resultados positivos
com exceção de um estudo de Sakuraba e Ishikawa (2009) mostrando que o protocolo
utilizado não foi o suficiente para aumentar a área de secção transversa dos indivíduos.
O número de repetições em cada variou em função da intensidade estabelecida
para cada grupo experimental. Por exemplo, Cook et al. (2013) utilizou 5 repetições a
70% RM e Luebbers et al. (2014) utilizou 30 repetições a 20% RM. O que se notou é que
nestes testes, indiferente do volume e da intensidade, ambos resultaram em aumentos
significativos quando aplicou-se restrição do fluxo sanguíneo.
Luebbers et al. (2014) e Yamanaka et al. (2012) realizaram estudos em atletas de
futebol americano masculino, usando o supino e o agachamento para realização dos
testes. O esquema de repetições foi de 30 na primeira, 20 na segunda, 20 na terceira e 20
na quarta série. Ambos usaram 45 segundos de intervalo com 20% de 1 RM. Luebbers
ET al. (2014) utilizaram o protocolo 4 vezes na semana durante 7 semanas restringindo o
fluxo sanguíneo com elástico de 7,6 centímetros e seguiu o treinamento com alta carga e
Yamanaka 3 vezes na semana durante 4 semanas restringindo o fluxo com elástico de 5
centímetros seguindo também com o treino normal. Ao final dos testes, Luebberset al.
(2014) avaliaram somente a força e observaram que o treinamento de baixa intensidade
com restrição do fluxo sanguíneo seguido de um treinamento de alta intensidade causou
aumento significativo de força no agachamento. Já no supino observou-se resultado
similar, porém não significativo. Yamanaka et al. (2012) observaram que houve aumento
de força no supino e no agachamento para os avaliados com restrição do fluxo sanguíneo
e não ao grupo sem o uso do esfigmomanômetro. Já o perímetro do peito e do braço
houve aumento significativo somente para o grupo com restrição, evidenciando que com
esses protocolos, somente testes por meio de esfigmomanômetro são eficazes.
Abe et al. (2005) examinaram a espessura do músculo da coxa e perna de
corredores após realização de exercícios de agachamento para um grupo que realizava
restringindo o fluxo sanguíneo e outro não. A frequência e duração do treino foi de 8 dias,
duas vezes ao dia, 20% RM, onde a pressão do esfigmomanômetro era de 160 a
240mmHg. Concluiu-se um aumento significativo na espessura dos músculos somente
dos avaliados com restrição do fluxo sanguíneo, ficando claro que com essa intensidade e
protocolo há insignificância se não dificultar a passagem de sangue.
Manimmanakorn et al. (2013) e Takarada et al. (2000) aplicaram séries até a falha
em atletas de basquete feminino e rugby masculino. Foram realizados testes 3 vezes na
semana durante 5 semanas, na extensora e flexora por 3 séries até a falha, sendo 20%
de uma repetição máxima com intervalo de 30 segundos nos estudos de Manimmanakorn
et al. (2013). O grupo com restrição do fluxo sanguíneo utilizou de 160 a 230mmHg com
uma cinta de 5 centímetros. Em conclusão, os autores relataram melhora significativa na
força, na resistência e na área de secção transversa no grupo que utilizou restrição do
fluxo sanguíneo comparado ao grupo que não utilizou. Já Takarada et al. (2000)
realizaram 2 vezes na semana por 8 semanas, utilizando somente a extensora, 4 séries
até a falha, sendo a 50% de uma repetição máxima com intervalo de 30 segundos. O
grupo com restrição do fluxo sanguíneo utilizou aproximados 196mmHg com uma cinta de
3,3 centímetros. Concluiu-se que a força e a área de secção transversa aumentou no
grupo que restringiu o fluxo sanguíneo. Analisando os dois artigos, observa-se que testes
até a falha, sendo em homens ou mulheres atletas de diferentes modalidades ocorrem
uma melhora na força e no aumento da área de secção transversa utilizando aproximados
200mmHg no esfigmomanômetro.
Sakuraba e Ishikawa (2009) realizaram estudos onde exercícios eram executados
na extensora e flexora, 10 repetições com 60s de intervalo, 2 vezes na semana durante
um período de 4 semanas a uma pressão no esfigmomanômetro de 200mmHg. Aumentos
na força foram encontrados no grupo associado à oclusão vascular, porém quanto à área
de secção transversa não houve aumento significativo em ambos os grupos. Este
protocolo com poucas repetições seguidos de 2 treinos semanais durante poucas
semanas, não resultam positivamente na hipertrofia.
O único autor analisado que utilizou carga moderada no teste com restrição do
fluxo sanguíneo foi Cook et al. (2013) realizando a 70% de 1RM. Supino e agachamento
foram treinados 3 vezes na semana, durante 3 semanas, com 5 séries de 5 RM com 90
segundos de intervalo. A pressão do esfigmomanômetro foi de 180mmHg, largura 10,5
centímetros. A força analisada após o teste foi significativa tanto no supino quanto no
agachamento para o grupo que utilizou a restrição do fluxo sanguíneo.
Analisando os testes de baixa intensidade vs alta intensidade, estudos de Mitchell
et al. (2012) e Ogasawara et al. (2013), ambos obtiveram resultados similares. Quanto à
área de secção transversa, não houve diferença nos aumentos entre exercícios de alta e
baixa intensidade. Porém, analisando a força, os dois tiveram aumento somente nos de
alta intensidade. Mitchel et al. utilizou a extensão das pernas 3 vezes na semana durante
10 semanas. Já Ogasawara et al. utilizou o supino, 3 vezes na semana durante 6
semanas. O que se observou foi que indiferente do membro trabalhado e a duração de 6
ou 10 semanas do programa, exercícios de alta intensidade tem maior relevância no
quesito força quando comparado ao de baixa intensidade segundo estes dois autores.
Anderson e Kearney (1982) realizaram uma análise 3 vezes na semana durante 9
semanas verificando qual grupo obteve maior ganho de força em exercícios de alta,
média e baixa intensidade no exercício de supino. Alta intensidade utilizou 3 séries de 8 a
10 repetições máximas, média intensidade 2 séries de 30 a 40 repetições máximas e
baixa intensidade 1 única série de 100 a 150 repetições máximas. O resultado quanto à
força comparado entre os 3 testes foram significativos para os de alta intensidade. Van
Roie et al. (2013) utilizou em seu teste o leg-press e a extensora e suas variáveis do
treinamento foram similares ao estudo de Anderson e Kearney (1982) sendo 2 séries de
10 a 15 repetições a 80% RM, 1 série de 80 a 100 repetições a 20% RM ou 1 série de 60
repetições a 20% RM seguido de 10 a 20 repetições a 40% RM durante 12 semanas. O
resultado quanto ao volume muscular foi positivo e não houve diferença em ambos os
testes. Já a força foi maior em exercícios de alta intensidade.
Campos et al. (2002) estudaram a área de secção transversa e força, realizando
treinos em agachamentos, leg-press e extensora, 2 a 4 vezes na semana durante 8
semanas. Exercícios de alta intensidade (3-5 RM), média intensidade (9-11 RM) e baixa
intensidade (20-28 RM) foram comparados. Quanto à análise dos ganhos, todos tiveram
resultados positivos, porém em exercícios de alta intensidade, resultados foram maiores.
Schuenke et al. (2012) realizaram 2 a 3 vezes na semana durante 6 semanas,
testes de 3 séries de agachamento, leg-press e extensora. 80 a 85% em exercícios de
alta intensidade e 40 a 60% para exercícios de baixa intensidade. Após biopsia, verificou-
se aumento na área de secção transversa em alta intensidade, ao passo que em baixa
intensidade, nenhum aumento foi encontrado.
Popov et al. (2006), Tanimoto e Ishii (2006) e Tanimoto et al. (2008) não
encontraram diferenças relacionados a AST e força em nenhum dos testes realizados,
tanto nos de baixa quanto nos de alta intensidade. As variáveis foram 2 a 3 vezes na
semana com durações de 8 a 13 semanas e os exercícios utilizados foram agachamento,
supino, puxada frente, abdominal, extensora e leg-press, sendo realizados com baixa e
alta intensidade. Stone e Coulter (1994) também não encontrou diferença, porém só
analisou a força. Estes protocolos foram positivos em todos os estudos, havendo ganhos
similares nos de alta intensidade ou baixa intensidade.

5. CONCLUSÃO

A presente revisão mostrou que estudos com oclusão vascular são válidos para o
aumento da força e hipertrofia muscular utilizando baixas cargas. Já os estudos que
compararam os métodos de baixa e alta intensidade concluíram que quando se trata da
força, aumentos significativos são encontrados em sua maioria quando se usa cargas
altas em seus métodos, ou seja, sem oclusão vascular o TT tem efeito maior na força do
que o TM. Quanto à área de secção transversa, ficou evidente que os ganhos de alta
intensidade tem basicamente o mesmo efeito aos de baixa intensidade. Porém é
necessária uma melhor avaliação sobre as variáveis de treinamento aplicadas já que
alguns estudos encontraram respostas diferentes quanto à AST. O que se percebeu
também foi que exercícios quando executadas até a falha, tem efeito positivo para ganhos
de força e aumento da massa muscular.
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