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4 Pentateuco

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO........................................................................................................2
2- CONHECENDO O PENTATEUCO.............................................................................2
3- AUTORIA DO PENTATEUCO ..................................................................................3
4- OS LIVROS DO PENTATEUCO................................................................................4
5- BERESHIOT (GÊNESIS) .........................................................................................5
6- TEORIAS DA CRIAÇÃO DA TERRA (GÊNESIS 1:1-3)...............................................6
6.1. TEORIA DO VAZIO /LACUNA OU ARRUINAMENTO E A NOVA CRIAÇÃO .................................. 7
6.2. TEORIA DA CRIAÇÃO PROGRESSIVA .............................................................................. 8
6.3. TEORIA DA ALTERNÂNCIA DIA-ERA ............................................................................... 8
6.4. TEORIA DA CATÁSTROFE UNIVERSAL CAUSADA PELO DILÚVIO.......................................... 8
6.5. A CRIAÇÃO DO UNIVERSO (GN. 1:1-25.) ....................................................................... 9
6.6. A CRIAÇÃO (GN 1-2) ................................................................................................ 10
7- A TEORIA DA LACUNA ........................................................................................11
7.1. GÊNESIS 1.14 DISTINGUE DIAS, ANOS E ESTAÇÕES ..................................................... 13
7.2. A SIMBIOSE REQUER UM DIA DE 24 HORAS ................................................................. 13
7.3. A SOBREVIVÊNCIA DA FAUNA E FLORA REQUER UM DIA DE 24 HORAS ............................ 13
7.4. GRAMÁTICA HEBRAICA ............................................................................................. 14
7.5. CULTURA ................................................................................................................ 14
7.6. O TRÍPLICE PROBLEMA DA TEORIA DA LACUNA ............................................................. 15
8- QUEM ERAM OS “FILHOS DE DEUS”? (GN 6) ......................................................15
9- QUANTO TEMPO DUROU A PREGAÇÃO DE NOÉ? (GN 6)......................................15
10 - PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA (1-11).........................................................................16
11 - ESBOÇO DE GÊNESIS ......................................................................................19
12 - SHEMOT (ÊXODO) ...........................................................................................20
12.1. ESBOÇO DO ÊXODO ................................................................................................. 21
13 - VAYKRÁ (LEVÍTICO) ........................................................................................22
13.1. A I NTERPRETAÇÃO DE LEVÍTICO EM HEBREUS ............................................................. 23
13.2. FATOS A RESPEITO DAS CINCO OFERTAS ..................................................................... 23
13.3. AS CINCO OFERTAS EM ORDEM ................................................................................. 23
13.4. ESBOÇO DE LEVÍTICO ............................................................................................... 23
14 - BAMIDBAR (NÚMEROS) ...................................................................................24
14.1. ESBOÇO DE NÚMEROS ............................................................................................. 25
15 - DEVARIM (DEUTERONÔMIO) ...........................................................................26
16 - A IMPORTÂNCIA DO PENTATEUCO .................................................................27
16.1. PARA OS JUDEUS ..................................................................................................... 27
16.2. PARA OS CRISTÃOS .................................................................................................. 27
Pentateuco - 2

1- INTRODUÇÃO
Uma teologia da Bíblia ou de suas partes tem de examinar cuidadosamente o cenário
da composição original ––– a época, o lugar, a situação e o autor ––– e a questão da forma e
função canônica final. A teologia do Pentateuco tem de tomar conhecimento das
circunstâncias históricas nas quais foi criado e, mais importante, dos interesses teológicos
que motivaram a sua origem divina e humana, além de sua forma e função precisas. Até que
entendamos tais princípios básicos, é impossível entender e corretamente articular a
mensagem teológica dos escritos de Moisés. O nome Pentateuco reflete o tamanho da
composição, visto que consiste em cinco rolos. A própria tradição judaica usa um termo
mais preciso e informativo, a saber, Torá ou Toráh, que quer dizer “instrução”. Este nome
sugere que o propósito dos escritos mosaicos era educar Israel acerca do significado geral da
criação e da história, e acerca da função específica destas dentro dessa estrutura cósmica.

2- CONHECENDO O PENTATEUCO
Chama-se "Lei de Moisés" ou Pentateuco (em hebraico Humash, Hamishá, Humashé
Torah ou simplesmente Torah), Já em grego, é proveniente de duas palavras gregas penta,
“cinco”, e teuchos “estojo ou instrumento”, posteriormente foi usada para designar
“receptáculo” –– lugar onde se guardava os rolos de papiro, ou seja, conjunto dos cinco
primeiros livros da Bíblia, que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os
nomes que derivam do grego estão relacionados com o conteúdo, enquanto que as
denominações hebraicas são constituídas pela primeira ou principal palavra do início de
qualquer livro – que remonta ao século III antes de Cristo, e por fim, “rolo” ou “volume”.
"O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam "A lei" ou "A lei de Moisés",
porque a legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco.
Todos os exemplares das Sagradas Escrituras principiam com o Pentateuco (os cinco
primeiros livros da Bíblia). Os judeus chamam-no “a lei” (Tora). É provável que o Pentateuco
originalmente fosse apenas um livro, divido em cinco capítulos, correspondente aos livros de
Gênesis a Deuteronômio. Segundo o Dr. Scofield, em alguns textos da Bíblia hebraica, o
Pentateuco termina depois do verso 12 do cap. 34 de Deuteronômio com as seguintes
palavras: “Sê forte! Os cinco quintos da Lei foram completados. Louva Deus, grande e
terrível!”. A separação dos capítulos, tomados por livros, é por muitos atribuídas aos
tradutores de Alexandria (72 sábios israelenses – 6 de cada tribo – que, em Alexandria,
traduziam o Antigo Testamento do hebraico para o grego, tradução esta conhecida por
Septuaginta).
A. Autor – O Pentateuco é de autoria de Moisés, servo de Deus, inspirado pelo Espírito
Santo para escrever os cinco livros.
B. Período de Abrangência. – Os fatos registrados no Pentateuco engloba um período
de mais de vinte e cinco séculos (2.500 anos).
 Gênesis – Da criação até a morte de José, abrangendo um período de 2.315 anos,
isto é, 4.004 a 1.689 a. C.
 Êxodo – Os acontecimentos registrados em Êxodo abrangem um período de 216
anos, cerca de 1.706 a 1.490 a.C. começa com um povo escravizado, habitando na
presença da idolatria egípcia e termina com um povo redimido habitando na
presença de Deus.
 Levítico – O livro abrange o período de menos de um ano da jornada de Israel no
Sinai.
 Números – 39 anos de jornada do povo de Israel no deserto, desde cerca de 1.490 a
1.451 a.C.
 Deuteronômio – Dois meses na planície de Moabe, no ano 1.451 a.C.

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Pentateuco - 3

O Pentateuco é a primeira parte do Antigo Testamento e da Bíblia. Abarcam os livros


conhecidos como Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. É também conhecido
como Lei, por ser a Constituição do povo de Israel. Além disto, é de importância vital, tanto
para o Judaísmo quanto para o Cristianismo. Os judeus sempre tiveram o Pentateuco em
alta estima. Por ocasião do aparecimento dos samaritanos, estes aceitaram como única
autoridade canônica, apenas o Pentateuco rejeitando o restante do Antigo Testamento.
Assim surgiu o Pentateuco Samaritano. Da mesma forma, a seita dos saduceus também
aceitava apenas o Pentateuco como inspirado divinamente. Se os fariseus aceitavam todo o
Antigo Testamento como inspirado, sem sombra de dúvida, conferiam um lugar especial ao
Pentateuco. Os judeus modernos em nada diminuíram o apreço pelo Pentateuco. Trechos
dele são lidos todos os sábados nas sinagogas de forma que todo o seu conteúdo seja lido
em um ano. Existe, inclusive, uma festa no calendário judaico marcando o término de um
ciclo anual de leitura e, conseqüentemente, o início de outro - Simchat Torah (“Alegria da
Lei”). Em cada casa judaica, existe uma mezuzá afixada no umbral da porta, que consiste
em um pequeno pergaminho contendo Deuteronômio 6.4 - 9; 11.13 - 21 enrolado em uma
capa. Aliás, Deuteronômio 6.4 (“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”) é
recitado diariamente pelos judeus como uma oração - a Shemá, além de ser reconhecida
como a confissão de fé judaica por excelência. Digno de nota é a oração especial que o judeu
faz ao ler o Pentateuco:

“Bendito és tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos escolheu dentre todos
os povos e nos deu sua Lei. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei. Bendito és
tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos deu a Lei da Verdade e plantou a
vida eterna em nosso meio. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei”.

Este carinho pelo Pentateuco pode ser visto também no Cristianismo. Desde os
primórdios da Igreja, o Pentateuco sempre foi considerado uma das partes mais importantes
do Antigo Testamento. Na Reforma Protestante sempre se partia dele para qualquer
discussão sobre ética. Para Martinho Lutero, por exemplo, o Decálogo (os Dez
Mandamentos) constituem a excellentissima doctrina (doutrina excelentíssima).
Também Calvino e as confissões reformadas edificaram seus postulados éticos a partir
do Decálogo.
Contudo, muitas falácias têm surgido em torno da autoria, estrutura e até mesmo
integridade deste livro. Algumas destas coisas serão discutidas neste trabalho, vejamos:

3- AUTORIA DO PENTATEUCO
A tradição rabínica sempre creditou a autoria do Pentateuco a Moisés, o grande
legislador que libertou Israel do Egito, e que teria vivido ou em 1450 a.C. ou 1200 a.C.
Admitiam, no entanto, que ele não poderia ter escrito acerca da própria morte, em Deut. 34.
Supunham, portanto, que este trecho teria sido escrito por Josué, o seu sucessor à frente do
povo de Israel. Assim, tanto no Judaísmo quanto no Cristianismo, passou a ser uma
questão de fé a autoria mosaica do Pentateuco. Há apoio bíblico para este ponto de vista. E
este começa dentro do próprio Pentateuco, ao afirmar textualmente que Moisés havia escrito
a lei:
“Então disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e relata-o aos
ouvidos de Josué: que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos
céus”. (Êxodo 17:14)“E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme
o mandado do SENHOR; e estas são as suas jornadas, segundo as suas saídas”. (Números
33:2) “E Moisés escreveu esta Lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca
do concerto do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel... E aconteceu que, acabando Moisés
de escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar...” (Deuteronômio
31:9,24)
O restante da Bíblia também é unânime em atribuir a autoria do Pentateuco a Moisés.
Isto é demonstrado pela denominação “Lei de Moisés”, conforme já abordamos logo acima. O
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Pentateuco - 4

Novo Testamento também será contundente nisso: a classe sacerdotal na Judéia dos tempos
de Jesus afirmava ter Moisés escrito à lei (Mc 12.19); ler o Pentateuco é equivalente a “ler
Moisés” (2 Co 3.15); os discípulos de Jesus reconheceram que Moisés havia escrito acerca
dele (Jo 1.45). Mas é o próprio Jesus quem dá o testemunho de maior peso:
“Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele”.
(João 5:46)
Não obstante, muitos estudiosos, principalmente a partir do século XVIII, começaram
a duvidar da autoria mosaica. Alguns, inclusive, alegaram que Moisés não sabia escrever
posto que em sua época ainda não havia escrita, mas isto já foi desmentido pela
Arqueologia. Surgiu então a Teoria Documentária, segundo a qual o Pentateuco possuía
vários autores posteriores a Moisés.
Os principais argumentos desta teoria são: o uso dos nomes divinos Yahweh (Senhor)
e Elohim (Deus); a diferença de estilo do hebraico nas diversas passagens; a duplicação de
certos fatos (duas vezes Abraão mente afirmando que Sara é sua irmã - Gn 12.13 e Gn 20.2;
duas vezes o povo reclamou da sede no deserto - Êx 17.1,3 e Nm 21.5; e assim por diante); o
uso da terceira pessoa, evidenciando que outra pessoa escreveu sobre Moisés (muito embora
este seja um recurso literário muito utilizado na Antigüidade, como fizera Júlio César). Mas
o pior não foi colocar em dúvida a autoria mosaica, e sim, afirmar que Moisés sequer nunca
existiu que o mesmo é uma “lenda” e que todo o Pentateuco é uma “fraude piedosa”.
Logicamente, isto fere o princípio da inspiração divina da Bíblia como um todo.
Sem dúvida, existem certos trechos “problemáticos” no Pentateuco:
Em Gn 14.14, Abraão busca pelo seu sobrinho Ló até a cidade de Dã. Mas nesta época
aquela região ainda não havia recebido este nome. Está cidade recebeu este nome muito
tempo depois, na época dos Juízes (Jz 18.29). Em Gn 36.31 afirma-se que todos os reis
anteriormente mencionados neste capítulo são os que reinaram em Edom, antes que
houvesse rei em Israel. Referindo-se a isto como um ato passado, pressupõe-se que já exista
um rei em Israel e, portanto, esta lista não poderia ter sido escrita antes da instalação da
monarquia em Israel - nem na época de Moisés. Em Êx 16.35 nos é relatado que o povo se
alimentou do maná durante quarenta anos, até entrar em “terra habitada” quando então
não mais se alimentaram do maná.
Note que aqui também o fato é tido como passado, consumado, mas que aconteceu
somente depois da morte de Moisés, já sob a liderança de Josué (Js 5.10 - 12). Estes textos
citados mostram que Moisés não os poderia ter escrito. Existem muitos trechos que
evidenciam alguém que conhecia muito bem os costumes egípcios, provavelmente, uma
testemunha ocular dos episódios do êxodo pode ter sido o autor de algumas partes. Quando
a Bíblia afirma, porém, que Moisés escreveu a lei, devemos nos lembrar que o Pentateuco
não contém apenas material legislativo, mas também narrativa histórica. Parece que Moisés
escreveu o “corpo” do Pentateuco, em especial àquele referente às leis; e alguém
“complementou” a parte narrativa muito tempo depois. Isto não contradiz o princípio da
inspiração divina da Bíblia, posto que não importa quem escreveu, pois o verdadeiro autor é
Deus. Existe outra tradição, a judaica, que afirma que os rolos do Pentateuco foram
queimados por ocasião da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor e que, por isso,
Esdras precisou reescrevê-los por inspiração do Espírito de Deus.
Isto talvez explique os versículos “difíceis” acima citados: Moisés escreveu, Esdras
teria completado.

4- OS LIVROS DO PENTATEUCO
Desde o começo, os primeiros cincos livros que compõem o Cânon como parte das
Escrituras Hebraicas, foram aceitos pelos judeus como documentos autênticos. Assim, no
tempo de Davi, os eventos registrados de Gênesis a I Samuel eram plenamente aceitos como
a verdadeira história da nação e dos pactos entre Deus e o povo eleito.
No entanto, adversários das Escrituras Hebraicas têm atacado fortemente o
Pentateuco, em particular no que tange à sua autenticidade e autoria. Por outro lado,
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Pentateuco - 5

ironicamente, devido ao reconhecimento, por parte dos judeus, de que Moisés é o autor do
Pentateuco, podemos salientar o testemunho de antigos escritores, alguns dos quais eram
inimigos dos judeus. Hecateu de Abdera, o historiador egípcio Mâneto, Lisímaco de
Alexandria, Eupolemo, Tácito e Juvenal, todos atribuem a Moisés o estabelecimento do
código de leis que distinguia os judeus das outras nações, e a maioria deles menciona em
especial que ele assentou suas leis por escrito. Numênio, o filósofo pitagórico, até mesmo
menciona Janes e Jambres como os sacerdotes egípcios que se opuseram a Moisés. (2 Tim.
3:8) Esses autores abrangem um período que se estende do tempo de Alexandre (século IV
a.C), quando os gregos se interessaram pela história judaica pela primeira vez, até o tempo
do Imperador Aureliano (século III d.C). Muitos outros escritorers antigos mencionam
Moisés como líder, governante e legislador.
Apesar do estrito cuidado dos copistas dos manuscritos da Bíblia, foram introduzidos
no texto alguns pequenos erros e alterações de escribas. Como um todo, eles são
insignificantes e não alteram a integridade geral das Escrituras; foram descobertos e
corrigidos por meio de cuidadosa colação erudita e/ou comparação crítica dos muitos
manuscritos e versões antigas existentes.
Quanto ao estudo crítico do texto hebraico, ele começou com os eruditos no século
XVIII. Nos anos de 1776-80, em Oxford, Benjamin Kennicott publicou variantes de mais de
600 manuscritos hebraicos. Daí, em 1784-98, em Parma, o erudito italiano J. B. de Rossi
publicou variantes de mais de 800 manuscritos.
O hebraísta S. Baer, da Alemanha, também produziu um texto-padrão. Mais
recentemente, C. D. Ginsburg dedicou muitos anos à produção de um texto-padrão crítico
da Bíblia hebraica. Foi publicado pela primeira vez em 1894, passando por revisão final em
1926. Este fornece um estudo textual por meio de notas de rodapé, que comparam muitos
manuscritos hebraicos do texto massorético. O texto básico usado por ele foi o texto de Ben
Chayyim. Mas, quando os textos mais antigos e superiores massoréticos de Ben Asher se
tornaram disponíveis, Kittel empreendeu a produção de uma terceira edição, inteiramente
nova, que após a sua morte foi completada por seus colegas. Joseph Rotherham usou a
edição de 1894 desse texto na produção da sua tradução inglesa, The Emphasised Bible (A
Bíblia Enfatizada), em 1902, e o Professor Max L. Margolis, junto com colaboradores, usou
os textos de Ginsburg e de Baer na produção da sua tradução das Escrituras Hebraícas, em
1917.

5- BERESHIOT (GÊNESIS)
Conta a criação e a história do mundo até Abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac
e Jacó) até a chegada ao Egito.
Os termos hebraicos que designam a atividade criadora e ressaltam a onipotência de
Deus além do hebraico “barah” e do grego “ktizein” (criar do nada), o hebraico “asah”; e do
grego, “poiein”, isto é, “fazer” de coisas (materiais) que já existem (Gn 1.26; 2.7) “formar”
(hebraico, yatsar; grego, plasso). A imagem metafórica que é expressiva da ação criadora é o
“Deus Oleiro”. Gênesis 1:1 faz uso de um verbo, em hebraico, que pode ser usado em uma
única situação: “barah” que significa "fazer do nada". Em Isaias 43.7, essas duas palavras
são usadas para designar dois atos formativos distintos: "os criei (barah) para minha glória,
e os formei e os fiz (asah)". Este verbo (Barah) é usado apenas quando algo surge “do nada”,
ex-nihilo na expressão hebraica.
Na narrativa da criação, como já foi indicado, são empregados três verbos a saber,
bara’, ‘asah e yatsar, e são utilizados alternadamente na Escritura, Gn 1.26, 27; 2.7. A
primeira palavra é a mais importante. Seu sentido originário é partir, cortar, dividir; mas,
em acréscimo, significa também formar, criar e, num sentido de derivação mais distante,
produzir, gerar e regenerar. A palavra mesma não transmite a idéia de produzir do nada
alguma coisa, pois é usada até com referência a obras da providência, Is 45.7; Jr 31.22; Am
4.13. Contudo, tem caráter distintivo: é sempre empregada com relação a alguma produção
divina, nunca a qualquer produção humana; e nunca tem acusativo de material, pelo que
serve para expressar a grandiosidade da obra de Deus. A palavra ‘asah é mais geral,

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Pentateuco - 6

significando fazer ou formar, e, portanto, é empregada no sentido geral de fazer, formar,


fabricar , modelar. A palavra yastar tem, mais distintamente, o sentido de modelar com
materiais preexistentes e, portanto, é empregada para descrever o trabalho do oleiro na
modelagem de vasos de barro. As palavras do Novo Testamento são ktizein, Mc 13.19,
poiein, Mt 19.4: themelioum, Hb 1.10, katartizein, Rm 9.22, kataskeuazein, Hb 3.4, e
plassein, Rm 9.20.
Nenhuma dessas palavras expressa diretamente a idéia de criação do nada.

Livro de Gênesis - Hebraico: be’reshith. Grego: genesis - 1450 a.C

O nome hebraico be’reshit “no princípio” conhecido como “o livro das origens”, o
Gênesis é a narrativa da Criação, Queda e Redenção do homem, segundo o plano da
salvação. Hebraico transliterado para o português de Gênesis 1:1 “berê'shiyth bârâ'
'elohiym 'êth hashâmayim ve'êth hâ'ârets”. O Gênesis narra às primeiras origens do mundo,
do gênero humano, e do povo hebreu, tudo relacionado com Deus, com sua revelação, com
seu culto.
Deus cria o universo, revela-se aos primeiros homens, Deus escolhe uma família
(Abraão e sua descendência), para no seio dela conservar e desenvolver os germes da
primitiva revelação e a verdadeira religião, no intuito de preparar a solene revelação do
Sinai, narrada no Êxodo. A criação do céu e da terra (1:1-2:3), é como que o prólogo do
grandioso drama, que se divide em duas partes, e tem por protagonistas os cinco grandes
patriarcas: Adão e Noé, patriarcas do gênero humano; Abraão, Isaac e Jacó, patriarcas do
povo hebreu. O todo é enquadrado pelo autor sagrado em dez tábuas genealógicas (2:4, 5:1,
6:9, 10:1, 11:10, 11:27, 25:12, 25:19, 36:1, 37:2) dispostas de tal modo que, após ter
registrado os ramos secundários da propagação humana, volta a narrar difusamente os
destinos do ramo patriarcal, isto é, da descendência eleita, portadora da revelação divina e
da verdadeira religião. O Gênesis abrange na sua narração uma longa série de séculos, e
colocando (no tronco principal das suas genealogias) ao lado dos nomes também números
de anos, forneceria os elementos de uma cronologia. Gênesis é a história do princípio de
todas as coisas ––– o princípio do céu e da terra, o princípio de todas as formas de vida e de
todas as instituições humanas. Tem sido chamado o “viveiro” das gerações da Bíblia pelo
fato de nele se encontrarem todos os começos de todas as grandes doutrinas referentes a
Deus, ao homem, ao pecado e a Salvação.

6- TEORIAS DA CRIAÇÃO DA TERRA


(GÊNESIS 1:1-3)
Nada é dito que nos possibilite fixar a data desta criação; nada é revelado no que diz
respeito à sua aparência ou habitantes; nada se fala sobre o modus operandi do seu Divino
Arquiteto. Não sabemos se os céus e a terra primitivos foram criados há alguns mil ou
muitos milhões de anos atrás. Há muitas interpretações para os três primeiros versos da
Bíblia, mas mencionaremos brevemente as três mais popularmente sustentadas pelos
evangélicos. Não gastaremos muito tempo aqui, pois nossas conclusões não serão finais e as
diferenças têm pouca influência na aplicação do texto. (Hb. 11:3).
A. 1ª Opinião: A Teoria da Recriação (ou lacuna). Esta opinião sustenta que Gênesis
1:1 descreve a criação original da terra, anterior à queda de Satanás (Is. 14:12-15, Ez.
28:12s). Em conseqüência da queda de Satanás a terra perdeu seu estado original de beleza
e glória e se encontrou no estado de caos de Gênesis 1:2. Essa “lacuna” entre os versos 1 e 2
não só ajuda a explicar o ensino a respeito da queda de Satanás, mas também permite um
considerável período de tempo, o qual ajuda a harmonizar o relato da criação com as
modernas teorias científicas. Esta teoria sofre de uma série de dificuldades.
B. 2ª Opinião: A Teoria do Caos Inicial. Brevemente, esta opinião sustenta que o verso
1 seria uma frase introdutória independente. O verso 2 descreveria o estado da criação
inicial como sem forma e vazia. Em outras palavras, o universo é como um bloco bruto de

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Pentateuco - 7

granito antes do escultor começar a moldá-lo. A criação não está em mau estado em
conseqüência de alguma queda catastrófica, mas simplesmente em seu estado informe
inicial, como um monte de barro nas mãos do oleiro. Os versos 3 e seguintes começam a
descrever o trabalho de Deus e a modelagem da massa, transformando-a do caos no
cosmos. Muitos estudiosos respeitáveis sustentam esta posição.
C. 3ª Opinião: A Teoria do Caos Pré-Criação. Nesta opinião (sustentada pelo Dr.
Waltke) o verso 1 ou é entendido como uma oração independente (“Quando Deus começou a
criar...”) ou como um enunciado introdutório independente e resumido (“No princípio criou
Deus...”). O relato da criação resumido no verso 1 começa no verso 2. Esta “criação” não é
“ex nihilo” (do nada), mas por causa das coisas existentes no verso 2. De onde isto vem não
é explicado nesses versos. Em conseqüência, esta opinião sustenta que o estado caótico não
ocorre entre os versos 1e 2, mas antes do verso 1 numa época não especificada. A origem
absoluta da matéria é, então, não o objeto da “criação” de Gênesis 1, mas apenas o princípio
relativo do mundo e da civilização como a conhecemos hoje.
Podemos resumir as diferenças entre esses três pontos de vista na figura abaixo:

Criação Queda de Caos Re-Criação


1º Opinião Original Satanás Gn. 1:2 Gn. 1:3s
Gn. 1:1

Queda de Caos Cosmos


2º Opinião Satanás Gn. 1:2 Gn. 1:3s

Caos Queda de Cosmos


3º Opinião Gn. 1:2 Satanás (Criação)

6.1. Teoria do Vazio/Lacuna ou Arruinamento e a Nova Criação

Teria havido uma criação perfeita no passado distante (Gn 1.1), seguida de uma
grande catástrofe ocorrida entre Gênesis 1.1 e 1.2, a qual deixou a terra desolada e em caos
(Jr 4.23-26; Is 24.1; 45.18). A ruína da terra teria sido o resultado do juízo divino quando
Satanás e seus anjos caíram (Ez 28.12-15; Is 14.9-14; 2Pe 2.4; Jd 6; Lc 10.18; Ap 12.9-13).
A frase “sem forma e vazia” poderia ser traduzida “veio a ser algo caótico e vazio”. Neste
vasto período de tempo entre Gênesis 1.1 e 1.2 aconteceram os fatos pré-históricos. Depois
deste cataclismo, a terra foi criada (recriada, reformada) de novo em seis dias literalmente
de 24 horas cada. Os proponentes dessa teoria, afirmam que satanás governava a existência
de uma Terra pré-adâmica, um reino originalmente perfeito onde havia nações, cidades e
povos, e que ele rebelou-se, juntamente com os povos pré-adâmicos e a Terra (seu domínio)
foi amaldiçoada e destruída por uma inundação (cujos resultados são referidos em Gênesis
1.2: “a face do abismo”). E fósseis humanos antigos, juntamente com fósseis de dinossauros
são considerados evidências desse mundo pré-adâmico. Há mais de cem anos que o Dr.
Chalmers chamou a atenção para o fato de que a palavra “era, estava”, em Gn 1:2 devesse
ser traduzida por “tornou-se”, e que, entre os dois primeiros versículos de Gn 1, alguma
catástrofe terrível deve ter ocorrido. Parece mais do que provável que esta catástrofe possa
estar relacionada à apostasia de Satanás; que alguma catástrofe realmente aconteceu,
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confirma-se em Is 45:18, que declara, expressamente, que a terra não foi criada na condição
em que Gn 1:2 apresenta.

6.2. Teoria da Criação Progressiva

A palavra yom não deve ser usada literalmente, pois Gênesis 1 e 2 são uma descrição
poética dos passos sucessivos da criação, representando eras de tempo indefinido, ou seja,
épocas geológicas, nas quais Deus paulatina e progressivamente criou. “Manhã” e “tarde”
referem-se ao começo e fim de cada período (Veja 2Pe 3.8; Sl 90.4; “dia” em Gênesis 2.4).
Dificuldade – Alguns argumentam que os corpos celestes (Sol, Lua, etc.) foram criados
somente no 4º dia, e se dias representam épocas, como poderiam existir plantas na 3ª era
geológica (Gn 1.12)? Mas sem dúvida que a questão é esclarecida ao se analisarem os
termos hebraicos. O termo empregado para o Sol e a Lua, no quarto dia, não é criar (barah,
de 1.1), mas yehy “fazer surgir”. Pode se explicar com o argumento de que tinham sido
criados na primeira era, mas só se tornaram visíveis no quarto dia, após o esfriamento do
planeta. A narrativa não é científica e é feita de alguém que está no planeta.

6.3. Teoria da Alternância Dia-Era

Os seis dias de atividade criadora foram períodos de 24 horas literalmente para cada
dia, mas estes foram separados por vastas eras geológicas. Dificuldade – mesma da teoria
anterior, com a agravante de que na nenhuma indicação de que o texto assim deva ser lido
ou traduzido.

6.4. Teoria da Catástrofe Universal Causada Pelo Dilúvio

Os dias da criação foram literalmente dias de 24 horas. As grandes modificações


geológicas, a estratificação das rochas e as jazidas carboníferas e petrolíferas podem ser
explicadas pelo cataclismo do dilúvio causado por uma alteração na posição do eixo da terra
que por sua vez causou o rompimento da camada de água que existia em volta da terra (Gn
1.6, 8.2; Pv 8.27-30). Provas desta posição são os fósseis animais intactos achados nas
estratificações das rochas e troncos de árvores de 3 metros de altura achados em pé em
jazidas carboníferas. Mamutes na Sibéria foram preservados congelados na neve, que
mostram pelo alimento encontrado na boca que houve uma mudança drástica, repentina,
que poderia explicar a origem das rochas, etc., que parecem indicar uma idade bem antiga
para a terra. Esta posição parece ser uma maneira de acomodar o relato, vendo-o de forma
literal, com as informações científicas, as quais impedem sua leitura literal.
Infelizmente as cifras não parecem bem conservadas, porque nos números dos
capítulos 5 e 11 os três textos independentes: o hebraico, o samaritano e o grego divergem
entre si. Baseando-se sobre o seu texto, os gregos do império bizantino colocavam a criação
do homem 5.508 anos a.C. Os hebreus ainda usam uma era que no mesmo período conta
3760 anos. As ciências antropológicas exigem um tempo assaz maior para a existência do
homem sobre a terra. A Bíblia não é contrária a resultados certos de tais ciências, também
porque as listas genealógicas do Gênesis poderiam ser incompletas, ou seja, com omissões
de elos intermediários. Do nascimento de Abraão à descida dos israelitas ao Egito - 290
anos (Gn 21:5 + 25:26 + 47:28), a cronologia respectiva é mais ou menos certa. Para a
cronologia absoluta (baseada na era vulgar) ter-se-ia um ponto fixo no sincronismo de
Abraão com Hamurabi, o célebre rei da Babilônia, cujo famoso código de leis foi descoberto
em 1902. A identificação, porém, de Amrafel, rei de Senear (Gn 14:1), com Hamurabi da
Babilônia, é hoje mais do que duvidosa; tampouco a data do reinado deste último está
definitivamente fixada; atualmente tende-se a colocar-lhe o início por volta de 1728 a.C.
Tomando como ponto de partida a data em que os israelitas saíram do Egito sob o faraó
Menefta pelo ano de 1200 a.C., e remontando o curso dos séculos com os dados da própria
Bíblia (Ex 12:40 e passagens acima citadas), Abraão teria nascido por volta de 1900 a.C.,
mas não é certo qual seja o faraó do Êxodo. Muitas páginas do Gênesis têm correspondência
nos monumentos babilônicos e egípcios: nos primeiros, a história primitiva, isto é, os
primeiros 11 capítulos; nos egípcios, o resto, especialmente a história de José (37-50). Com
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Pentateuco - 9

os dois primeiros capítulos (a criação) têm algo de semelhante vários poemas babilônicos
entre si discordantes e que são uma, fantasiosa mitologia de crasso politeísmo; quão mais
sublime pela nobreza de pensamento é a prosa simples da Bíblia! Também a tradição
babilônica conhece dez reis, como Gn 5, dez patriarcas, de vida longuíssima antes do
dilúvio. Este cataclisma foi narrado em muitas lendas babilônicas, uma das quais foi
inserida no romanesco poema "Gilgames," assim chamado por causa do herói protagonista.
Os pontos de contato com a narração bíblica (Gn 7:8) são numerosos e típicos. A narração
da torre de Babel (Gn 11:1-9) é toda tecida de elementos babilônicos; mas um paralelo exato
não foi ainda encontrado na literatura cuneiforme. Nada ainda se encontrou nessa literatura
de verdadeiramente análogo à narração do paraíso terrestre e da queda do homem (Gn 3).
Nos monumentos, egípcios temos representadas muitas cenas semelhantes às narradas no
Gn 12:37-50. Quanto á Israel, os quais foram originalmente e primeiramente dirigidos à
mensagem do livro de Gênesis, aprenderam que o Deus da palestina era também o Deus de
todos os países, e que o Deus de uma nação (Israel) era também o Deus de todas as nações
do mundo.

IMPORTANTE!

A. As genealogias dos hebreus nem sempre são completas, pois mencionam só os


nomes dos personagens destacados, omitindo amiúde pessoas de pequena
importância. Por exemplo, parece que Moisés é bisneto de Levi, segundo a genealogia
de Êxodo 6:16-24, embora houvesse aí um período intermediário de 430 anos (Êxodo
12:40). Usa-se também, às vezes, o termo "filho" para dar a entender "descendente"
(a Jesus se chama "filho de Davi", isto é, descendente do rei Davi). De modo que não
se pode datar os acontecimentos registrados nos capítulos 1—11 do Gênesis
somando os anos das genealogias, visto ser provável que nelas existam vazios de
longos períodos de tempo.

B. Parece que algumas passagens do Gênesis não estão em ordem cronológica. Por
exemplo: o capítulo 11 relata a história da torre de Babel, mas é possível que, de
acordo com sua verdadeira situação cronológica, corresponda ao capítulo 10, uma
vez que explica o porquê da dispersão dos povos. Também, muitos estudiosos discu-
tem a cronologia bíblica do incidente em que Abraão negou, perante Abimeleque, que
Sara fosse sua mulher (Gênesis 20). Pode supor-se que tivesse ocorrido muitos anos
antes, pois à época do capítulo 20, Sara teria noventa anos e é improvável que nessa
idade ela ainda fosse atraente ao sexo oposto. A falta de ordem cronológica não
detrai em nada a veracidade dos incidentes, pois escritores modernos fazem uso de
tal técnica. Depois de contar a história geral de um episódio, muitas vezes relatam
um incidente de interesse não incluído em sua descrição, ou ampliam uma parte já
narrada para dar algum enfoque adicional.

6.5. A Criação do Universo (Gn. 1:1-25.)

É possível que Gênesis 1:1 afirme que Deus criou a matéria em um ato. O vocábulo
"bara", traduzido "criou", só se usa em conexão com a atividade de Deus, e significa criar do
nada, ou criar algo completamente novo, sem precedentes. A palavra "bara" encontra-se em
Gênesis 1:1, 21, 27, e se refere à criação da matéria, da vida animal e do ser humano. Em
outros casos, emprega-se "asa", que corresponde a "fazer". "Pela fé entendemos que os
mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito
do que é aparente" (Hebreus 11:3). A ciência ensina-nos que se pode transformar matéria
em energia, mas parece que Deus converteu energia em matéria. A seguir, mostra-nos o
relato que a criação foi realizada progressivamente, passo a passo. Moisés empregou uma
palavra para descrever a participação do Espírito; essa palavra sugere o ato de uma ave
voando sobre o ninho no qual estão seus filhotes (1:2). O Espírito pairava por sobre a

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Pentateuco - 10

superfície da terra, caótica e sem forma, dando-lhe forma e ordem. Assim Deus sempre gera
ordem da desordem.

6.6. A Criação (Gn 1-2)

O capítulo 1 do livro de Gênesis está distribuído em oito parágrafos principais: 1.1-2;


3-5; 6-8; 9-13; 14-19; 20-23; 24-25; 26.31. A ênfase característica de cada uma dessas
unidades é o poder criador de YaHWeH. Deus é o agente ou o sujeito ativo na criação: “No
princípio, criou Deus”, Ele cria através de seu poder “os céus e a terra”, por esta razão Deus
é designado pelo nome de Elohim, que significa “O Forte”, “Líder Poderoso” ou “Deidade
Suprema”. Seu ato criador está em seu poder (Elohim), pelo qual os céus e a terra vêem a
existência sem qualquer matéria existente. Os termos hebraicos que designam a atividade
criadora e ressaltam a onipotência de Deus além de bara é ‘ãsâ, isto é, “fazer” e yasar
“formar”, conforme explicamos acima.
A imagem metafórica que é expressiva da ação criadora é o “Deus Oleiro”.
A. As Etapas da Criação. As etapas da criação são chamadas em grego de
hexaémeron, isto é, a obra dos seis dias, pois descreve a criação do mundo em seis dias,
conforme uma ordem claramente traçada. A narração desses seis dias criacionais está
disposta de forma lógica e simétrica com propósito religioso e não científico. O autor
apresenta o texto em quatro fases: a obra da criação, de distinção, de ornamentação e de
consumação.
B. Obra da Criação. Nessa etapa o autor apresenta como Deus criou a matéria em
estado caótico, o caos primitivo, de onde, aos poucos, havia de tirar ou distinguir as
diversas regiões do mundo; esse caos constava de uma massa de terra (“a terra informe e
vazia” [1.2]), envolvida de águas (“abismos”, “águas”) sendo tudo isso cercado de trevas (1.2).
Após esses eventos é que decorre o hexaémeron, ou a obra dos seis dias: obras de distinção
e de ornamentação.
C. Obra de Consumação. Tal qual a obra da criação (1.1-2), diz respeito ao mundo
inteiro: o autor refere que Deus descansou de todas as suas obras e abençoou o sétimo dia
de descanso (2.1-3). Segundo as Escrituras a criação ocorreu em seis dias sucessivos:
Assim Deus sempre gera ordem da desordem.
Os dias sucessivos da criação foram:
 Primeiro Dia (1.2-5): Criação da Luz (dia e noite)
 Segundo Dia (1.6-8): Separação das Águas (atmosfera e mares)
 Terceiro Dia (1.9-13): Criação da Vida Vegetal (surgimento dos continentes e
aparição da vegetação)
 Quarto Dia (1.14-19): Criação do Sol, da Lua e das Estrelas (corpos celestes)
 Quinto Dia (1.20-23): Criação dos Peixes e das Aves
 Sexto Dia (1.24-31): Criação dos Animais da Terra e do Homem
 Sétimo Dia (2.1-3): Terminada a atividade criadora de Deus (Descanso).
Uma minuciosa investigação revelará que as palavras forma e vazia, são os conceitos
precípuos da história da criação. Os atos do 1º, 2º e 3º dia ocupam-se especificamente do
verbo formar, enquanto o 4º, 5º e 6º dia do conteúdo pleno dessa forma.
A FORMA O CONTEÚDO PLENO
1º Dia - Luz e Trevas 4º Dia - Luzeiro do Dia e da Noite
2º Dia - Mar e Céus 5º Dia - Criatura das Águas e dos Ares
3º Dia - Terra Fértil 6º Dia - Criaturas da Terra

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Pentateuco - 11

Existe uma grande simetria entre o 3º e o 6º dia, pois se referem a produção de dois, e
não de um só gênero de criaturas. Oito são, pois, as produções ou obras que o hexaémeron
narra distintamente. Cada fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas
tinham o propósito de preparar o cenário para o ponto culminante: a criação do homem. "E
disse Deus... E assim foi." Ao falar Deus, infalivelmente se cumpre a sua vontade. Acentua-
se a perfeição do que Deus criou... "E viu Deus que era bom." O resultado correspondeu
perfeitamente à intenção divina. O grande propósito da criação era preparar um lar ou
ambiente adequado para o homem. Ao finalizar o sexto dia da criação, Deus observou que
sua obra criadora era sobremaneira boa. "Demonstrava equilíbrio, ordem, e estava
perfeitamente adaptada para o desenvolvimento físico, mental e espiritual do homem.” A
expressão, e o Espírito de Deus “pairava” por sobre a face das águas, tem a conotação “de”
ou expressa a idéia de uma galinha protegendo ou chocando seu ovo para não quebrar.
D. Obra de Distinção. Estabelece as três regiões do mundo que a cosmologia judaica
admitia, três regiões que correspondem exatamente aos três elementos caóticos sobrepostos
(trevas, águas, terra).
 No primeiro dia (1.3-5), constitui a região dos céus. Deus age sobre a camada
superior do caos, restringindo a duração das trevas; estas deverão, a intervalos,
ceder À luz. Eis a primeira distinção: a de trevas e luz, dia e noite, que sucederão
no domínio do mundo;
 No segundo dia (1.6-8), constitui-se a região das águas. Deus intervém agora na
segunda camada do caos, ordenando que parte das águas se transfira para a região
do céu, onde é guardada em reservatórios especiais; entre águas do céu e águas da
terra o Senhor cria uma abóbada aparentemente sólida, chamada o firmamento.
São as águas do céu que por meio de canais caindo sobre a terra, produzem chuva,
nevem geada, etc. (cf. Jó 38.37);
 No terceiro dia (1.9-13), o Criador atinge a terra, recolhendo as águas que ainda a
recobrem em lugares próprios, que são os mares e os rios (cf. Jó 38.11). A terra, ao
aparecer, é logo revestida de plantas. O fato de que judeus concebiam vegetação
como forro da terra, explica que a constituição da terceira região devia compreender
duas obras: a produção da terra nua, arcabouço, e ao seu estrado verde aderente.
E. Obra de Ornamentação. Assim concluído a formação as três regiões do mundo nos
três primeiros dias (obra de distinção), o hagiógrafo mostra como o Criador, nos três dias
seguintes, deu a cada uma os seus habitantes ou a sua ornamentação; estes habitantes,
sendo todos móveis, formam como que um magnífico exército, sempre pronto a executar as
ordens do seu Senhor, como se diz em Gênesis 2.1: “Assim, pois, foram acabados os céus e
a terra e todo o seu exército”. Portanto:
 Na região do céu, Deus colocou os astros nos quais, grande quantidade de luz se
concentrou (4º dia; 1.14-19); à distinção feita no primeiro dia entre dia e noite,
correspondem agora o sol, que rege o dia; a lua e as estrelas, que regem a noite;
 Na região das águas, o Senhor estabeleceu os monstros marinhos, os peixes e os
voláteis (os quais povoam o ar, espaço entre as águas inferiores e superiores), (5º
dia; 1.20-23);
 A região da terra começou a ser habitada pelos demais animais e pelo homem, que
é a coroa da criação, destinado a dominar o mundo terrestre (6º dia; 1.24-31). Por
fim, aos animais e ao homem foram dados como alimento os vegetais oriundos no
terceiro dia, o que estabelece perfeita correspondência entre as obras do terceiro e
do sexto dia.

7- A TEORIA DA LACUNA
A teoria da lacuna foi proposta inicialmente por C.H. Pember em 1876, na obra "As
Idades mais Remotas da Terra e a Conexão delas com o Espiritualismo Moderno e a
Teosofia”. A teoria que afirma que entre o versículo 1 e 2 do primeiro capítulo de Gênesis

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Pentateuco - 12

existe uma lacuna de milhões, talvez de bilhões de anos onde existiu uma raça pré-adâmica
e onde foi a habitação original dos homens pré-históricos e dos antigos dinossauros, foi
popularizada depois pela Bíblia de Referência de C.I. Scofield em 1917, mais tarde pelo
pentecostal assembléiano Finis Jennings Dake em sua Bíblia de estudos anotada “Dake’s
Annotated Reference Bible” e no Brasil por N. Lawrence Olson em sua obra “O Plano Divino
Através dos Séculos”. Entretanto, a teoria da lacuna apresenta várias fragilidades. Entre
elas podemos citar aquela que está relacionada à língua hebraica.
Entre os defensores dessa teoria, estão aqueles que interpretam a palavra “dia” como
se fossem eras geológicas, como é o caso de N. Lawrence Olson que afirma ser o “dia da
criação” em Gênesis 1:31; 2:3, é a palavra hebraica “AION” – que significa um período de
tempo considerável, uma “era”, ou um estado de coisas que marque uma época distinta.
Segundo o mesmo escritor, essa palavra tem seu correspondente de eternidade “AIOONES
DOS AIOONES”, e significa séculos dos séculos. Todavia, a palavra hebraica encontrada
nos textos Sagrados para “os dias da criação” em Gênesis é “YON”, ou seja, um período de
24 horas literais.
Uma análise cuidadosa da palavra hebraica para “dia” e do contexto no qual ela
aparece em Gênesis nos leva a concluir que “dia” significa um período literal de 24 horas. A
palavra hebraica “yom” traduzida na palavra "dia" pode significar mais de uma coisa. Pode
se referir ao período de 24 horas que a terra leva para girar ao redor do seu eixo (ex: "há 24
horas em um dia"). Pode se referir ao período da luz do dia entre o nascer e o pôr do sol (ex:
"é muito quente durante o dia, mas melhora um pouco à noite"). Também pode se referir a
um período de tempo não específico (ex: "durante os dias do meu avô…"). Dessa mesma
forma a palavra “yom” (traduzida como "dia") pode significar mais de uma coisa no original.
É usada para se referir a um período de 24 horas em Gênesis 7:11. É usada para se referir
à luz do dia entre o nascer e o pôr do sol em Gênesis 1:16. Também é usada para se referir a
um período de tempo não específico em Gênesis 2:4. Portanto, o que essa palavra significa
em Gênesis 1:5-2:2 quando é usada juntamente com números ordinais (ex: "primeiro dia",
"segundo dia", "terceiro dia", "quarto dia", "quinto dia", "sexto dia" e o "sétimo dia")? Esses
"dias" são períodos de 24 horas ou não? Será que "yom" como é usado aqui pode significar
um período de tempo não específico? Como podemos diferenciar?
Podemos determinar como "yom" deve ser interpretado em Gênesis 1:5-2:2
simplesmente ao examinar o contexto no qual encontramos a palavra e então ao fazer uma
comparação desse contexto com o seu uso no resto das Escrituras. Ao fazer isso, deixamos
as Escrituras se interpretarem. Ken Ham, do ministério Cristão chamado Answers in
Genesis, escreveu um bom artigo sobre o assunto. Sr. Ham escreveu: "A palavra hebraica
para dia (yom) é usada 2.301 vezes no Velho Testamento. Fora de Gênesis 1, yom + número
ordinal (usado 410 vezes) sempre indica um dia comum, quer dizer, um período de 24
horas. As palavras ‘tarde’ e ‘manhã’ juntas (38 vezes) sempre indicam um dia comum. Yom
+ ‘tarde’ ou ‘manhã’ (23 vezes cada) sempre indica um dia comum. Yom + ‘noite’ (52 vezes)
sempre indica um dia comum".
A palavra hebraica “yom” é usada mais de 2.000 vezes no Velho Testamento. Um
estudo apressado revela que em mais de 1.900 casos (95%) a palavra é claramente usada
para descrever um dia de 24 horas, ou a parte iluminada de um dia normal. Os outros 5%
se referem a expressões tais como "o dia do Senhor" ( Joel 2:1 ) as quais de maneira alguma
necessitam ser exceções, sendo que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em um dia
particular (1 Coríntios 15:51,52), mesmo que o seu reinado se estenda sobre um período de
tempo mais longo. (Não há praticamente nenhuma dessas exceções que efetivamente exigem
o significado de um outro período de tempo senão o dia solar). Por isso, mesmo sem um
contexto, um tradutor imparcial normalmente entenderia a idéia de um "período de 24
horas" para a palavra yom.
A palavra "dia" aparece mais de 200 vezes no Velho Testamento com números (isto é,
primeiro dia, segundo dia, etc.). Em cada caso singular, sem exceção, ela se refere a um dia
de 24 horas. Cada um dos seis dias da semana da criação é qualificado assim, e por isso a
consistência do uso no Velho Testamento também exige um dia de 24 horas.
As palavras noite (52 vezes) e manhã (220 vezes) sempre se referem a dias normais
onde elas são usadas em outros lugares no Velho Testamento. 0 dia judeu iniciava com o
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Pentateuco - 13

anoitecer (pôr do sol) e terminava com o início do anoitecer do dia seguinte. Deste modo é
apropriado que a seqüência seja noite - manhã (de um dia normal) ao invés de manhã -
noite (início e fim). O hebraico literal é ainda mais marcante: "Houve tarde e houve manhã,
dia um... Houve tarde e houve manhã, dia dois," etc.
Em Gênesis 1:5,14-18, as palavras dia e noite são usadas nove vezes de tal maneira
que elas podem referir-se apenas aos períodos claros e escuros de um dia normal de 24
horas.

7.1. Gênesis 1.14 Distingue Dias, Anos e Estações

E disse também Deus: "Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem
separações entre o dia e a noite; sejam eles sinais, para dias e anos". Claramente a palavra
dia aqui representa dias, anos representa anos, estações representa estações. É uma
desculpa, para desviar a atenção da verdade, alegar que, se o sol não apareceu até o quarto
dia, não podia haver dias e noites nos primeiros três dias. A Bíblia claramente diz que havia
uma fonte de luz (aparentemente temporária em sua natureza, Gênesis 1:3), que houve
períodos alternados de luz e trevas (1:4-5), e que houve noite e manhã durante aqueles
primeiros três dias (1:5, 8, 13).

7.2. A Simbiose Requer um Dia de 24 horas

A simbiose é um termo biológico descrevendo uma afinidade mutuamente benéfica


entre dois tipos de criaturas. De particular interesse para nós são as espécies de plantas
que não podem se reproduzir à parte dos hábitos, de certos insetos ou pássaros. Por
exemplo, a planta iúca é dependente da mariposa íúca, e a maioria das flores precisa de
abelhas ou de outros insetos para a polinização e reprodução. A árvore calvária, na ilha
Maurícia, era totalmente dependente do pássaro dodó para ingerir a sua semente,
escarificar a dura camada da mesma, e excretar as sementes antes que a germinação
pudesse se realizar.
Desde que o pássaro dodó se tornou extinto em 1.681, não tem havido nenhuma
reprodução dessa árvore. De fato, as árvores mais novas têm 300 anos de idade! Muitos
exemplos adicionais poderiam ser citados. De acordo com Gênesis 1, as plantas foram
criadas no terceiro dia (versos 9-13), os pássaros no quinto (versos 20-23), e os insetos no
sexto dia (versos 24,25,31). As plantas poderiam ter sobrevivido por 48 ou 72 horas sem os
pássaros e as abelhas, mas será que elas teriam sobrevivido 2-3 bilhões de anos sem ajuda
mútua como afirma a Teoria Dia-Era? Muitos pássaros comem somente insetos. Será que
eles poderiam ter sobrevivido um bilhão de anos enquanto estavam esperando pelo
desenvolvimento dos insetos? Dificilmente. (Note que a origem da Bíblia não é a ordem
exigida pela evolução).

7.3. A Sobrevivência da Fauna e Flora Requer um Dia de 24


Horas

Se cada dia fosse verdadeiramente um bilhão de anos, como os evolucionistas teístas


afirmam, então metade do dia (500 milhões de anos) teria sido trevas. Lemos explicitamente
no verso 5 que a luz foi chamada dia e as trevas noite, e que cada dia tinha um período de
luz - trevas. Como então as plantas, os insetos e os animais, teriam sobrevivido através de
cada intervalo de 500 milhões de anos de trevas? Nota-se claramente a necessidade de um
dia de 24 horas.
Agora vamos dar uma olhada no contexto onde encontramos a palavra "yom" usada
em Gênesis 1:5-2:2…
Dia 1 - "Chamou Deus à luz Dia [yom] e às trevas, Noite. Houve TARDE e MANHÃ, o
PRIMEIRO DIA [yom]" (Gênesis 1:5).
Dia 2 - "E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve TARDE e MANHÃ, o SEGUNDO
DIA [yom]" (Gênesis 1:8).
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Pentateuco - 14

Dia 3 - "Houve TARDE e MANHÃ, o TERCEIRO DIA [yom]" (Gênesis 1:13).


Dia 4 - "Houve TARDE e MANHÃ, o QUARTO DIA [yom]" (Gênesis 1:19).
Dia 5 - "Houve TARDE e MANHÃ, o QUINTO DIA [yom]" (Gênesis 1:23).
Dia 6 - "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve TARDE e
MANHÃ, o sexto DIA [yom]" (Gênesis 1:31).
Dia 7 - "Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E,
havendo Deus terminado no DIA [yom] SÉTIMO a sua obra, que fizera, descansou nesse DIA
[yom] de toda a sua obra que tinha feito" (Gênesis 2:1-2).
Ao descrever cada dia como “tarde e manhã”, é bem claro que o Autor do livro de
Gênesis estava se referindo a períodos de 24 horas. Essa foi a interpretação normal até os
anos 1.800, quando uma mudança ocorreu ao paradigma na sociedade científica e as
rochas sedimentárias (estratos geológicos) da terra foram reinterpretados. As camadas
rochosas foram previamente interpretadas como evidência do Dilúvio de Noé. No entanto, o
Dilúvio passou a ser descartado pela sociedade científica e as camadas rochosas foram
reinterpretadas como evidência de uma terra extremamente velha. Alguns Cristãos bem
intencionados, mas completamente equivocados, tentaram reconciliar essa interpretação
anti-Bíblica e “anti-diluvial” com a narrativa de Gênesis ao reinterpretar "yom" como
períodos de tempo não específicos. Isso foi um grave erro.
A verdade é que as evidências a favor do Dilúvio de Noé a de uma terra jovem
ultrapassam de longe as evidências a favor de uma terra velha, e muitas das interpretações
da terra velha são conhecidas por dependerem de suposições falsas. Infelizmente, a
comunidade científica mantém firme sua posição sobre o assunto e aparenta recusar-se a
mudar de opinião, mesmo com tanta evidência que vai de encontro ao seu paradigma. No
entanto, não podemos deixar que sua recusa teimosa influencie como lemos a Bíblia. De
acordo com Êxodo 20:9-11, Deus usou seis dias literais para criar o mundo e para servir
como modelo da semana de trabalho do homem: trabalhar seis dias, descansar um. Deus
com certeza poderia ter criado tudo em um só instante, se Ele quisesse. Mas Ele
aparentemente já estava pensando em nós, mesmo antes de ter nos criado (no sexto dia) e
queria nos providenciar um exemplo a ser seguido.

7.4. Gramática Hebraica

Primeiro, a gramática hebraica não permite uma lacuna de milhões ou bilhões de anos
entre os dois primeiros versículos de Gênesis. O hebraico tem uma forma especial, que
indica seqüência e introduz aquela forma a partir de 1.3. Nada indica uma falta de
seqüência entre 1.1 e 1.2; pelo que, os versículos devem ser interpretados em seu sentido
óbvio e próprio. “O céu e a terra” é uma expressão consagrada em hebraico para designar o
universo (Gn 2.1,4; 11.19,22; Sl 68.35; 114.15). O versículo 1 e 2a descreve o estado em que
se achava o universo nos seus primórdios: a terra, informe e vazia (tohu-wa-bohu), era toda
recoberta de águas (tehom, abismo cheio de águas), sobre as quais se estendia as trevas.

7.5. Cultura

Em segundo lugar o autor sagrado falava de acordo com os matizes de seu tempo,
para significar que anteriormente à ordem e à harmonia existentes no mundo, havia, de
fato, o caos; este, porém, não constava de deuses ou monstros mitológicos como se
costumava pensar na cultura mesopotâmica dos quais um teria suplantado os demais e
plasmados tanto o mundo visível como o homem; constava, ao contrário, dos elementos
mesmos do mundo atual, os quais não tem existência indefinida nem eterna (como eterno é
o único verdadeiro Deus), mas foram tirados do nada por um Criador. E, para descrever
essa matéria dependente do Senhor, o hagiógrafo usou de termos que tinham ressonâncias
nas mitologias orientais, onde significam divindades: assim bohu (vazio), lembrava Baaú, O
caos personificado dos Fenícios; tehom (abismo oceânico, águas), o monstro Tiamat dos
Babilônicos; tais divindades pagãs eram sutilmente apresentadas pelo hagiógrafo como
meras e impotentes criaturas.
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Pentateuco - 15

Quanto ao estado preciso em que Deus suscitou a matéria, quanto às idades


geológicas que esta atravessou, o autor nada quis dizer, pois isto é do domínio científico e
não interessava diretamente a finalidade religiosa do livro Sagrado. Portanto, a teoria da
lacuna, apresenta-se como uma teoria débil, sem qualquer valor teológico ou bíblico. Entre
as diversas considerações do teólogo Willmington sobre a teoria em apreço ele conclui
afirmando que ela não é científica, não é bíblica e não é necessária.

7.6. O Tríplice Problema da Teoria da Lacuna

A. Não é Científica. Foi um intento do cristianismo de reconciliar o relato da criação


com os longos períodos geológicos da teoria da evolução. A evolução, porém, não é científica
e contraria a segunda lei da termodinâmica.
B. Não é Bíblica. A teoria descreve Adão andando sobre um grande cemitério de
animais fossilizados, além é claro de admitir uma raça pré-adâmica.
C. Não é Necessária. A interpretação mais natural de Gênesis 1.1,2 é tomada pelo seu
valor literário e próprio, sem qualquer acréscimo ou subtrações. Gênesis 1.1 é uma
declaração resumida da criação: No versículo 1 diz o que Deus fez; No versículo 2 nos diz
como foi feito.

8- QUEM ERAM OS “FILHOS DE DEUS”?


(GN 6)
No Antigo Testamento, a expressão "filho(s) de Deus" tem um significado um tanto
obscuro: há uma série de interpretações recentes. A tradução usual vem, provavelmente, da
Septuaginta, que se utiliza da expressão Uioi Tou Theou ("filhos de Deus") para traduzir o
correspondente hebraico. A expressão hebraica Benei Elohim, traduzida geralmente como
"filhos de Deus", é entendida por alguns como a descrição de anjos ou seres humanos
imensamente poderosos (Os gigantes da antiquidade).
Esta perspectiva segundo a qual a terminologia descreveria seres não-divinos vem,
provavelmente, da tradução aramaica do Targum, que usa a expressão Bnei Ravrevaya
("filhos de nobres"). Em alguns casos, a expressão denota um governante ou juiz humano
(Salmos 82:6, por exemplo: "filhos do Altíssimo"; podem-se equalizar, em muitas passagens
como essa, os termos "deuses" e "juízes"). Num sentido mais específico, "filho de Deus" é um
título aplicado ao rei, ideal ou real, de Israel (cf. II Samuel 7:14, fazendo menção ao rei Davi
e aos seus descendentes que manteriam sua dinastia; cf. também. Salmos 89:27,28)
Quando personificado, Israel é chamado de "filho" de Deus, utilizando-se, para isso, a forma
singular (cf. Êxodo 4:22 e Oséias 11:1).
No judaísmo, a expressão "filho de Deus" raramente é usada no sentido de "Messias"
ou "Ungido". O texto de Salmos 2:1-12 refere-se ao rei de Sião, escolhido por Deus, como
messias do Senhor (um rei ungido) e filho de Deus.
Na literatura judaica que acabou por não ser aceita como parte da Bíblia Hebraica,
mas que é aceita por muitos cristãos como Escritura Sagrada (os livros deuterocanônicos),
há passagens em que o título "filho de Deus" é atribuído a um ungido ou ao Messias (e.g.
Enoque 55.2; IV Esdras 7.28,29; 13.32,37,52; 14.9). O título também pertence a todo aquele
cuja piedade o colocou numa relação filial com Deus (cf. Sabedoria 2.13,16,18; 5.5, onde "os
filhos de Deus" são idênticos a "os santos"; cf. Eclesiástico 4.10).
Especula-se que, por conta do uso freqüente destes livros pelo Cristianismo primitivo
em polêmica com os judeus, o Sínodo de Jâmnia os tenha rejeitado por volta do ano 80

9- QUANTO TEMPO DUROU A


PREGAÇÃO DE NOÉ? (GN 6)
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Pentateuco - 16

Gênesis 6.3 não se refere à vida física do homem, pois se assim fosse, o próprio Noé
estaria contrariando as palavras de Deus, pois sabemos que Noé viveu DEPOIS do Dilúvio
mais 350 anos (Gênesis 9.28-29). O filho de Noé Sem, viveu ao total depois do Dilúvio
muitos anos, mas do que 120 anos, veja Gênesis 11.10-11
O próprio filho de Sem a mesma coisa: Gênesis 11.13; Gênesis 11.15; Gênesis 11.17;
Gênesis 11.19; Gênesis 11.21, etc.
Mostra que as gerações depois do Dilúvio superavam os 120 anos, portanto, esse
período de 120 anos não estava relacionado à idade de vida do homem, nem a duração da
construção da Arca, mas ao período probatório daquela nação. Deve ainda ficar claro, que
Noé começou a anunciar o Dilúvio 20 anos antes de construir a arca (Gn 6:13-22), período
este em que foi providenciado todos os materiais para sua confecção. "Então disse o Senhor:
Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele, também, é carne:
porém os seus dias serão cento e vinte anos." (Gn 6. 3), o nosso Deus, simplesmente
pronunciou o julgamento a respeito da humanidade, dando-lhe um prazo de 120 anos, e a
esta altura dos fatos, Noé estava com 480 anos de idade, pois o dilúvio só veio acontecer
quando Noé a tingiu a idade de 600 anos, ou seja, 120 anos mais tarde! Os filhos de Noé só
vieram a nascer quando Noé atigiu a casa de 500 anos. "E foram todos os dias de Lameque
setecentos e setenta e sete anos; e morreu. E era Noé da idade de quinhentos anos; e gerou
Noé Sem, Cão, e Jafé." (Gn 5. 31,32) somente depois de muito tempo que eles nasceram, é
que Deus deu a ordem para a construção da arca. Os três filhos de Noé não somente eram
homens feitos quando Deus falou da arca, como também já eram casados. Isto se percebe
claramente do texto bíblico.
Vejamos:
"Faze para ti uma arca da madeira de Gofer; farás compartimentos na arca, e a
betumarás, por dentro e por fora, com betume. E desta maneira a farás: De trezentos
côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a
sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da
arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares baixos, segundos e terceiros. Porque eis que Eu
trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de
vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei o meu
pacto; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres dos teus filhos
contigo.
Portanto, a conclusão é que Deus em Gênesis 6.3 não está falando em sentido literal,
mas simbólico e probatório.

10 - PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA (1-11)


Os primeiros onze capítulos do livro de Gênesis podem ser divididos em quatro termos
que descrevem a essência de sua história inicial: Criação, Corrupção, Condenação e
Confusão.
Cada um desses termos relata quatro histórias específicas:
 História da Criação (1-2);
 História da Queda e Corrupção (3-5);
 A Condenação Através do Dilúvio (6-9);
 Confusão e o Nascimento das Nações.
Essas quatro divisões ressaltam personagens distintos: na primeira etapa, Deus, na
segunda, Adão, na terceira Noé, e por último, os descendentes de Noé.

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Pentateuco - 17

Texto: GN 1-2
Palavra-chave: Criação
História da Criação
Personagem: Deus

Texto: GN 3-5
Palavra-chave: Corrupção
História da Queda
Personagem: Adão

Texto: GN 6-9
Palavra-chave: Condenação
História de Noé
Personagem: Noé

Texto: GN 10-11
Palavra-chave: Confusão
História das Nações
Persongem: Nações

Os achados das escavações e os textos contemporâneos, que concordam quase


literalmente, reforçam a descrição da Bíblia. Mas não se pense que com isso terminou a
disputa acadêmica sobre a historicidade desses acontecimentos na vida de Israel. Soam
quase irritadas as palavras do professor norte-americano William Foxwell Albright, que pode
ser considerado sem favor um dos poucos eruditos de formação universal (ele é teólogo,
historiador, filósofo, orientalista e arqueólogo):
"Segundo o nosso conhecimento atual da topografia do Delta oriental, a narrativa do
começo do êxodo, feita no Êxodo 12.37 e 13.20, é absolutamente exata topograficamente.
Novas provas sobre o caráter essencialmente histórico da narrativa do êxodo e a
peregrinação pelas regiões do Sinai, Madian e Cades, não serão difíceis de obter graças aos
nossos conhecimentos arqueológicos e topográficos cada vez maiores. Por enquanto, deve-
mos contentar-nos com a segurança de que a posição hipercrítica que ainda predomina,
como a que existia sobre as primitivas tradições históricas, não tem mais justificativa. Até a
data da saída do Egito, por tanto tempo discutida, pode agora ser fixada dentro de limites
não muito amplos... Se a fixarmos em 1290 a.C, dificilmente erraremos, uma vez que os
primeiros anos de Ramsés II (1301 a 1234) foram dedicados em grande parte a construções
na cidade a que deu o seu nome — a Ramsés da tradição israelita.
A extraordinária coincidência entre esta data e os quatrocentos e trinta anos referidos
no Êxodo 12.40 (“Ora o tempo que os filhos de Israel tinham morado no Egito foi de
quatrocentos e trinta anos”) — a imigração deve ter tido lugar por volta de 1270 a.C. —
poderá ser puramente acidental, mas é muito difícil que o seja".
O reinado de Ramsés II foi a época da opressão e da servidão de Israel, mas foi
também o período em que surgiu o grande libertador desse povo — Moisés.
Naqueles dias, sendo Moisés já grande, saiu a visitar seus irmãos; e viu a sua aflição,
e um homem egípcio que maltratava um dos hebreus seus irmãos. E, tendo olhado para
uma e outra parte, e vendo que não estava ali ninguém, matando o egípcio, escondeu-o na
areia. E o faraó foi informado do acontecimento e procurava matar Moisés; ele, porém,
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Pentateuco - 18

fugindo da sua vista, parou na terra de Madian, e assentou-se junto a um poço (Êxodo 2.11,
12 e 15).
Moisés era um hebreu nascido no Egito e criado por egípcios, cujo nome se combina
com uma raiz semítica significando "tirar de", mas que também pode ser interpretada na
língua egípcia. "Moisés" significa simplesmente "rapaz, filho". Grande número de faraós
chamavam-se Amósis, Amásis e Tutmés. E o famoso escultor, de cujas obras-primas o
mundo inteiro ainda hoje admira a cabeça incomparavelmente bela de Nefertiti, chamava-se
Tutmose. Isso são fatos. Os egiptólogos sabem disso. Mas o grande público fixa sua atenção
na célebre história bíblica de Moisés e da cestinha, e os eternos céticos não acham difícil
encontrar um argumento aparentemente irrespondível contra a credibilidade da fascinante
narrativa.
"Ora, isso é apenas a lenda do nascimento de Sargão", dizem eles... isto é, um "plágio".
Os textos cuneiformes contam o seguinte a respeito do Rei Sargão, fundador da dinastia de
Akkad, em 2360 a.C: "Eu sou Sargão, o rei poderoso, rei de Akkad. Minha mãe era uma
sacerdotisa de Emitu, meu pai eu não conheci... Minha mãe me concebeu, deu-me à luz em
segredo; colocou-me numa cestinha de caniços, calafetou a tampa com betume. Pôs-me no
rio... O rio me arrastou e levou até Akki, o aguadeiro. Akki, o aguadeiro, adotou-me como
filho e criou-me..." A semelhança com a história bíblica de Moisés é, com efeito, des-
concertante: "Mas, não podendo mais tê-lo escondido, tomou um cesto de junco e barrou-o
com betume e pez; e meteu dentro o menino, e expô-lo num canavial junto da margem do
rio..." (Êxodo 2.3 e seguintes). A história da cestinha é uma velha narrativa popular dos
semitas. Durante muitos séculos, ela passou de boca em boca. A lenda de Sargão, que é do
terceiro milênio a.C, encontra-se até em tabuinhas neobabilônicas da escrita cuneiforme do
primeiro milênio a.C. Foi apenas um desses ornamentos com que em todos os tempos a
posteridade enfeitou a vida dos grandes homens. Quem teria a idéia de duvidar da realidade
histórica do Imperador Barba-Roxa só por causa das lendas que o cercam ainda hoje? Os
funcionários, em toda parte, sempre gozaram da proteção do Estado. No tempo dos faraós,
não era diferente do que é hoje. Daí que Moisés, depois de, em sua justa cólera, haver
assassinado o capataz dos trabalhadores escravos, não tivesse outro recurso senão fugir
para escapar ao castigo certo. Moisés fez como já antes fizera Sinuhe. Fugiu da jurisdição do
Egito para o Oriente. Sendo Canaã território ocupado pelo Egito, Moisés escolheu como
exílio a montanhosa Madian a leste do golfo de Ácaba, com a qual sabia ter laços de
parentesco. Cetura fora uma mulher do patriarca Abraão, depois da morte de Sara (Gênese
25.1). Um de seus filhos chamou-se Madian. A tribo de Madian é com freqüência chamada
Cineus no Antigo Testamento (Números 24.21). "Pertencentes à profissão de forjadores de
cobre", diz. "Qain" em árabe e "qainâya" em aramaico querem dizer "ferreiro". Essa
designação relaciona-se com a existência do cobre no lugar onde estava fixada a tribo. As
cordilheiras ao oriente do golfo de Ácaba são ricas em cobre, como ficou provado pelas
primeiras explorações do terreno pelo americano Nelson Glueck.
Nenhum Estado permite espontaneamente que trabalhadores escravos e estrangeiros
deixem o país. Isso deve ter ocorrido em Israel. Por fim, as pragas devem ter induzido o Egito
a conceder-lhes a permissão. Se ocorreram efetivamente no tempo de Moisés, a isso não se
pode responder sim ou não, pois não se descobriram informações contemporâneas a respei-
to. Mas as pragas não são coisa inverossímil nem incomum. Ao contrário, fazem parte da
cor local do Egito. A água do Nilo "converteu-se em sangue". "E as rãs saíram e cobriram a
terra do Egito." Vieram mosquitos, moscas, uma peste dos animais e úlceras — vieram
depois granizo, gafanhotos e trevas (Êxodo 7 a 10). Coisas como essas mencionadas pela
Bíblia, o Egito experimenta até hoje, como, por exemplo, "o Nilo vermelho".
Às vezes os aluviões dos lagos abissínios colorem a água do rio, sobretudo no seu
curso superior, de um pardo avermelhado, que pode dar à impressão de sangue. No tempo
das enchentes, as rãs e os mosquitos multiplicam-se às vezes de tal modo que chegam a
transformar-se em verdadeiras pragas.
À categoria de moscas pertencem sem dúvida os moscardos. Freqüentemente, eles
invadem regiões inteiras, penetram nos olhos, no nariz, nos ouvidos, causando dores
lancinantes. Por toda parte há peste dos animais. Pelo que se refere a úlceras, ocorrem
tanto nos homens como nos animais. Poderá tratar-se da chamada fogagem ou sarna do
Nilo.
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Pentateuco - 19

Consiste numa erupção que arde e comicha, degenerando freqüentemente em úlceras


terríveis. Com essa desagradável doença da pele, Moisés ameaçou também durante a
peregrinação pelo deserto: "O senhor te castigue com a úlcera do Egito, e fira de sarna e
comichão... de modo que não possas curar-te" (Deuteronômio 28.27). O granizo é, com
efeito, raríssimo no Egito, mas não desconhecido. A época do ano em que isso ocorre é
janeiro ou fevereiro. As nuvens de gafanhotos são, entretanto, uma flagelo típico das regiões
do Oriente. O mesmo se dá com as trevas súbitas. O chamsin, também chamado simum, é
um vento ardente que arrasta consigo grandes massas de areia. Estas escurecem o sol,
dando-lhe uma cor baça e amarelada, chegando a ficar escuro em pleno dia. Só para a
morte dos primogênitos não há explicação (Êxodo 12). E contra toda explicação científica se
opõe também, naturalmente, a indicação da Bíblia de que a praga das "trevas egípcias"
apenas afetou os egípcios, mas não os israelitas que viviam no Egito.

11 - ESBOÇO DE GÊNESIS
I. A história primitiva do ser humano 1.1– 11.32
 As narrativas da criação 1.1-2.5
o Criação dos céus, da terra, e da vida sobre a terra 1.1-2.3
o Criação do ser humano 2.4-25
o A queda do ser humano 3.1-24
o O mundo anterior ao dilúvio 4.1-5.32
o Noé e o dilúvio 6.1-9.29
o A Tabela das nações 10.1-32
o A confusão das línguas 11.1-9
o Genealogia de Abraão 11.10-32
II. Os patriarcas escolhidos 12.1-50.26
 Abrão (Abraão) 12.1-23.20
o O chamado de Abraão 12.1-23.20
o A batalha dos reis 14.1-24
o O concerto de Deus com Abraão 15.1-21.34
o O teste de Abraão 22.1-24
 Isaque 24.1-26.35
o A noiva de Isaque vem da Mesopotâmia 24.1-67
o A morte de Abraão 25.1-11
o Ismael, Esaú e Jacó 25.12-34
o Deus confirma seu concerto com Isaque 26.1-35
 Jacó 27.1-35,29
o Jacó engana o seu pai 27.1-46
o A fuga de Jacó para Harã 28.1-10
o Deus confirma o concerto com Jacó 28.11-22
o O casamento de Jacó em Harã 29.1– 30.43
o O retorno de Jacó para Canaã 31.1-35.29
 Esaú 36.1-43

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Pentateuco - 20

 José 37.1-50.26
o A venda de José 37.1-40.23
o A exaltação de José 41.1-57
o José e os seus irmãos 42.1-45.28
o Jacó muda para o Egito 46.1-48.22
o A benção de Jacó e o seu sepultamento 49.1-50.21
o Os últimos dias de José 50.22-26

12 - SHEMOT (ÊXODO)
Relata a escravidão no Egito, a grande libertação e os mandamentos dados sobre o
Monte Sinai.
Hebraico: shemoth. Grego: exodus - 1450 a.C
A palavra grega êxodos significa “saída, partida, retirada”, uma referência à saída dos
filhos de Israel do Egito. O segundo livro do Pentateuco toma o nome de Êxodo da saída dos
hebreus do Egito, onde, depois dos bons tempos de José, passaram a sofrer a mais dura
escravidão. Esse acontecimento, porém, nada mais foi do que o prelúdio de fatos muito mais
importantes na vida dos filhos de Israel, os quais, de um conglomerado de famílias que
eram, recuperando a liberdade, conquistaram verdadeira unidade de nação independente e
receberam uma legislação especial, uma forma de vida moral e religiosa, pelas quais se
distinguiram de todos os outros povos da terra. Com toda facilidade compreender-se-á a
importância deste livro, sobretudo em se pensando que, se a história civil das nações,
mormente as antigas, acha-se intimamente vinculada à religião e essa à moral, isto jamais
foi tão verídico como a respeito dos hebreus.
A idéia central do livro de Êxodo é a redenção pelo sangue. Em torno dessa idéia
concentra-se a história de um povo salvo pelo sangue do cordeiro. Essa redenção se
apresenta suprindo todas as necessidades da nação.
As leis contidas no Êxodo formam a essência da vida civil e religiosa do povo eleito.
É bem verdade que, de todas essas leis, e especialmente as do chamado código da
aliança (21:23), foram encontradas analogias notáveis no código de Hamurabì (rei
babilônico, que viveu alguns séculos anteriormente a Moisés), que foi descoberto, traduzido
e publicado pelo dominicano Pe. Scheil, em 1902. De tais analogias não se infere, porém, em
absoluto, como pretendem alguns, a dependência do código mosaico do babilônico. Elas têm
sua explicação adequada nos fatores comuns às duas sociedades, israelita e babilônica, tão
próximas no tempo, no lugar e também na origem, pois os patriarcas do povo hebreu
procediam do vale do Tigre. Realmente, na legislação decretada no Sinai, nem tudo foi
criado desde a raiz; muitos usos e costumes já introduzidos na prática social foram
confirmados pela aprovação divina. De resto, também nas famosas leis romanas das doze
tábuas descobrem-se semelhanças com o código mosaico, sem que ocorra a alguém o
pensamento de querer estabelecer um parentesco entre as primeiras e o segundo.
Providências semelhantes surgem espontaneamente de necessidades sociais do gênero. No
decálogo, porém, e na doutrina religiosa que lhe forma a base inconcussa (20:2-17), reside a
verdadeira prerrogativa do povo de Israel; nada de semelhante se encontra em nenhum
outro povo. Citam-se, é certo, da literatura egípcia; certas desculpas espirituais como: "Não
cometi injustiça, não roubei, não matei" etc., ou da babilônia, os esconjuros, onde se
pergunta se o exorcizado ultrajou alguma divindade, se desprezou pai e mãe, se mentiu ou
praticou obscenidades etc. Mas não há proporção entre os protestos de um particular para
evitar o castigo (finalidade daquelas fórmulas rituais) e a autoridade soberana que impõe a
lei a todo um povo.
Entre os próprios egípcios e babilônios, nada há de correspondente, na legislação,
àquelas fórmulas cerimoniais. O decálogo de Moisés não tem rivais no mundo. Pelas razões
citadas, os acontecimentos narrados no Êxodo tiveram um eco enorme na memória das
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Pentateuco - 21

tribos israelitas. Em quase todas as páginas do Antigo Testamento são recordadas a


libertação da escravidão do Egito, a prodigiosa passagem do mar Vermelho, os golpes
tremendos com os quais foi dominada a tenaz oposição do opressor egípcio, as grandiosas
manifestações divinas no Sinai, o sustento milagroso de povo tão numeroso no deserto. Daí
Israel deduzia os motivos mais fortes para ser grato e fiel a Deus, e conservar uma confiança
inabalável na sua providência soberana e nos seus próprios destinos. A cronologia do
Êxodo, ou seja, o ano em que os hebreus saíram do Egito, está naturalmente ligada à
história desse país. Mas, já que a Bíblia não fornece os nomes dos dois faraós, o da opressão
(1:8, 2:23) e o da saída (14:5), duas opiniões diversas se equilibraram entre os doutos, com
autoridade e número de defensores quase iguais. Para uns, o opressor seria Totmés III
(1500-1450) e o outro Amênofis 2 (1447-1420), da XVIII dinastia; para outros, no entanto,
Ramsés II (1292-1225), da XIX dinastia, teria oprimido os hebreus, e seu sucessor, Menefta
(1225-1215); tê-los-ia libertado. A segunda opinião, que estabelece o século XIII a.C. para o
Êxodo, parece mais condizente com o texto (1:11) e mais coerente com outros dados da
história sagrada e profana segundo alguns estudiosos. Todavia, as evidências hoje históricas
e arqueológicas confirmam Amósis 1580 a.C, que fundou a 18ª dinastia e expulsou os
hicsos (povo semita que, segundo que segundo defendem os estudiosos, governou o Egito
nos dias de José). Este novo monarca insistiu no propósito de destruir o povo hebreu.

12.1. Esboço do Êxodo

O livro apresenta três partes principais:


1) A opressão.
2) A libertação de Israel.
3) A promulgação da Lei.

I. A libertação miraculosa de Israel 1.1-13.16


 A opressão dos israelitas no Egito 1.1-22
 O nascimento e a primeira parte da vida de Moisés 2.1-4.31
 O processo de libertação 5.1-11.10
 O episódio do êxodo 12.1-13.16
II. A jornada miraculosa até o Sinai 13.17-18.27
 A Libertação junto ao mar Vermelho 13.17-15.21
 A provisão para o povo 15.22-17.7
 A proteção contra os amalequitas 17.8-16
 O estabelecimento dos anciões supervisores 18.1-27
III. As revelações miraculosas junto ao Sinai 19.1– 40.38
 A chegada ao Sinai e a manifestação de Deus 19.1-25
 Os dez mandamentos 20.1-21
 O Livro da Aliança 20.22-23.19
 A proteção do Anjo de Deus 23.20-33
 Israel confirma o concerto 24.1-18
 Orientação a respeito do tabernáculo 25.1-31.18
 O bezerro de ouro 32.1-35
 Arrependimento e renovação do concerto 33.1-35.3

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Pentateuco - 22

 A construção do tabernáculo 35.4-40.33


 A glória do Senhor enche o tabernáculo 40.34-38

13 - VAYKRÁ (LEVÍTICO)
Fala das regras concernentes aos levitas, aos sacerdotes, ao culto, ao Templo, às
festas e aos deveres do homem para com Deus e para com o próximo.
Hebraico: wayyigra. Grego: leuitikon - 1438 a.C
Este livro traz o nome de Levítico, por tratar quase exclusivamente dos deveres
sacerdotais. Poder-se-ia compará-lo a um manual de ritual. Com exceção de dois trechos
históricos (8:10, 24:10-23), compõe-se inteiramente de leis que visam à santificação
individual e nacional. Santificação, de per si ritual e exterior, que, porém, simboliza e
promove certa santidade interior e moral. Toda a matéria pode ser dividida em cinco partes:
A. LEIS RELATIVAS AOS SACRIFÍCIOS (1:7). Os sacrifícios são de cinco espécies;
duas séries de leis: l" série - o rito de cada sacrifício (1:5), holocausto (1), oblação de vegetais
(2), sacrifício salutar (3), sacrifício expiatório (4), sacrifício de reparação (5). 2° série -direitos
e deveres dos sacerdotes em cada espécie de sacrifícios (6-7).
B. CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES (8:9). Nadabe e Abiú são punidos por terem
usurpado um ofício sagrado (10:1-7). Várias prescrições para os sacerdotes (10:8-20).
C. LEIS SOBRE A PUREZA LEGAL (11:16) dos alimentos (11), da puérpera (12), da
lepra nas pessoas (13:1-46, 14:1-32), nas vestes (13:47-59) e casas (14:33-57); sobre a
gonorréia (15). Rito para o dia solene de expiação (16).
D. LEIS SOBRE A SANTIDADE (17:23): a) do povo (17:20); matança dos animais, uso
do sangue, unicidade do santuário (17); prescrições que regulam os atos sexuais (18); várias
prescrições religiosas e morais (19); punição para os transgressores (20); b) dos sacerdotes:
núpcias e luto (21:1-15); irregularidades (21:16-24); impureza cerimonial (22:1-16;
qualidades das vítimas (22:17-30); conclusão (22:31-33); c) dos dias festivos: solenidades
anuais e o sábado (23).
E. DETERMINAÇÕES DIVERSAS: lâmpadas no santuário e pães da apresentação
(24:1-9); pena para o blasfemador (24:10-23); prescrições para o ano sabático e jubileu (25);
promessas e ameaças relativas a observância da lei (26); votos e dízimos (27). O sacrifício, o
ato mais sagrado, da religião, isto é, oferecer a Deus vítimas, animais ou vegetais, não foi
instituído por Moisés, mas remonta às próprias origens da humanidade (Gên. 4:3-4). Moisés
encontrou o seu uso estabelecido e arraigado entre todos os povos. Nas tabuinhas
recentemente descobertas em Ras Shamra (antiga Ugarit), na Fenícia setentrional,
anteriores alguns séculos a Moisés, são mencionadas espécies idênticas de sacrifícios, até
mesmo com nomes iguais (afinidade das duas línguas) aos do Pentateuco. Moisés, com suas
leis, só regulamentou e consagrou ao culto do verdadeiro Deus um cerimonial já praticado,
deixando ainda toda essa legislação dos sacrifícios separada das condições essenciais do
pacto celebrado entre Deus e o seu povo (Ex 19:23).
Nada, portanto, impede atribuir-se ao próprio Moisés a legislação cerimonial do
Levítico, embora seja óbvio que não a tenha escrito toda de uma vez e se tenha servido, para
a fixar, da obra de algum sacerdote ou levita de profissão. Nem se exclui que algumas destas
leis tenham recebido em tempos posteriores modificações e acréscimos.
Entretanto, os sacrifícios da antiga lei haviam prefigurado o seu sublime sacrifício na
cruz, no qual, único e perfeito sacrifício, teve cumprimento toda a variedade dos sacrifícios
do Antigo Testamento. Ou melhor, como nos ensina o autor da epístola aos Hebreus (Hb
9:9, 10:10), os sacrifícios levíticos recebiam sua principal eficácia de aplacar a Deus daquele
valor figurativo, pois que "é impossível que, por si só, o sangue dos touros e dos cabritos
cancele os pecados" (Hb 10:4). Considerados nó seu significado típico e simbólico, os ritos
escritos no Levítico continuam e continuarão a ser instrutivos.

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Pentateuco - 23

Êxodo é a história da redenção de um povo em servidão. Levítico narra-nos como um


povo redimido pode aproximar-se de Deus pela adoração e como pode ser mantida a
comunhão assim estabelecida. A mensagem de Levítico é o acesso á Deus e, como somente
por meio de sangue e o acesso obtido exige a santidade do adorador. (Levítico. 19:2). Levítico
dá-nos muitos quadros daquela oferenda nas suas relações com os diferentes aspectos da
redenção. A mensagem está muito bem exposta em Levítico 19:2.
Observem o propósito prático do livro: contém um código de leis divinamente
determinado e designado para tornar Israel diferente de todas as nações, espiritual, moral,
mental e fisicamente. Em outras palavras, Israel tornar-se-ia uma nação santa – uma nação
separada dos meios e costumes das nações que a cercavam, e CONSAGRADA AO SERVIÇO
DO ÚNICO E VERDADEIRO DEUS.

13.1. A Interpretação de Levítico em Hebreus

O sumo sacerdote é a figura de Cristo e sua obra. Os sacerdotes e todo o ritual do


Tabernáculo “servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hb 8:5).
A tipologia de Jesus no livro de Levítico está nas cinco ofertas no Dia da Expiação e
nas festas do capítulo 23. Propriamente no capítulo 23, a parte mais interessante é a oferta
das primícias. As cinco ofertas são descritas nos capítulos 1 a 7 e explicam tudo que foi
realizado no Calvário. Esses relatos, formam um todo, mas podem ser estudadas
separadamente, assim será dada maior atenção aos pormenores.

13.2. Fatos a Respeito das Cinco Ofertas

 Foram ordenadas ainda que eram voluntárias.


 Todas, exceto a de manjares, tinham sangue.
 Todas, exceto a de manjares, eram expiatórias.
 O sangue derramado era um sacrifício, a entrega de uma vida, uma substituição.

13.3. As Cinco Ofertas em Ordem

 O holocausto - (com sangue) 1.1-17 e 6.8-13.


 A oferta de manjares - (sem sangue) 2.1-16; 6.14-23.
 A oferta pacífica - (com sangue) 3.1-17; 7.11-34; 19.5-8; 22.21-25.
 A oferta pelo pecado - (com sangue) 4.1-35; 6.24-30.
 A oferta pela culpa - (com sangue) 5.14-19; 7.1-17. Cristo como holocausto - Pela
perfeita obediência até a cruz.

13.4. Esboço de Levítico

I. A descrição do sistema de sacrifícios 1.1-7.38


 Os holocaustos 1.1-17
 As ofertas de manjares 2.1-6
 Os sacrifícios de paz ou das graças 3.1.17
 A Expiação do pecado 4.1-5.13
 O sacrifício pelo sacrilégio 5.14-6.7
 Outras instruções 6.8-7.38
II. O serviço dos sacerdotes no santuário 8.1-10.20
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Pentateuco - 24

 A ordenação de Arão e seus filhos 8.1-36


 Os sacerdotes tomam posse 9.1-24
 O pecado de Nadabe e Abiú 10.1-11
 O pecado de Eleazar e Itamar 10.12-20
III. As leis das impurezas 11.1-16.34
 Imundícias dos animais 11.1-47
 Imundícias do parto 12.1-8
 Imundícias da pele 13.1-14.57
 Imundícias de emissão 15.1-33
 Imundícias morais 16.1-34
IV. O código de Santidade 17.1-26.46
 Matando por alimento 17.1-16
 Sobre ser sagrado 18.1-20.27
 Leis para sacerdotes e sacrifícios 21.1– 22.33
 Dias santos e festas religiosas 23.1-44
 Leis para elementos sagrados de louvor 24.1-9
 Punição para blasfêmia 24.10-23
 Os Anos do Descanso e do Jubileu 25.1-55
 Bênçãos por obediência e punição por desobediência 26.1-46
V. Ofertas para o santuário 27.1-34

14 - BAMIDBAR (NÚMEROS)
Descreve a travessia do deserto até a chegada ao Jordão.
Hebraico: bemidbar. Grego: arithmoi - 1400 a.C
O quarto livro do Pentateuco recebeu o nome de Números (em grego Arithmoi, que
significa “Números” e aqui tem o sentido de "recenseamentos") por causa dos
"recenseamentos" (1:1-4:26), que são próprios deste livro e que lhe dão a sua feição
particular. Nosso termo “aritmética” vem daí. Contém, além disso, alguns fatos que se ligam
imediatamente aos acontecimentos narrados no Éxodo, e leis semelhantes às do Levítico.
Pode ser dividido facilmente, de acordo com os lugares e tempos, em três partes: no Sinai
(1:1-10:10); viagens através do deserto (10:11-21:35); na margem oriental do Jordão (22:36).
A. 1ª Parte. No Sinai: disposições para a partida: 20 dias. Recenseamento das tribos e
respectivas posições no acampamento (1:2). Os levitas: seu destino e recenseamento; divisão
por famílias e por ofícios. Leis: banimento dos impuros, restituições, ciúmes, nazireato,
bênção litúrgica. Últimos fatos: donativos dos chefes das tribos ao santuário, consagração
dos levitas, segunda Páscoa (9:1-14), sinais para a partida e para a parada, as trombetas
(9:15-10:10).
B. 2ª Parte. Viagem através do deserto: Do Sinai a Cades: partida e ordem de marcha
(10:11-36), murmuração do povo, as codornizes, a lepra de Maria, irmã de Moisés. Parada
em Cades: missão dos doze exploradores e queixas do povo; leis sobre as oblações e
primícias, sobre o sábado e os filactérios; sedição de Coré, Datan e Abirão, e sua punição e
confirmação do sacerdócio na família de Arão; relações entre sacerdotes e levitas,
emolumentos de uns e de outros; a água lustral; sedição do povo por falta de água (20:1-
13). De Cades ao Jordão: os edomitas negam passagem pelas suas terras; morte de Arãò

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Pentateuco - 25

(20:14-29); queixas do povo e castigo, a serpente de bronze (21:1-9); vitória sobre os


amorreus e conquista de Basan (21:10-35).
C. 3ª Parte. Na margem oriental do Jordão: cerca de cinco meses. A matéria desta
parte, mais por ordem lógica do que por ordem do texto, pode ser assim agrupada: últimos
encontros com os povos da Transjordânia; Balaão e seus vaticínios (22:24); prostituição a
Beelfegor (25); guerra santa contra os madianitas e leis sobre a divisão dos despojos (31);
lista das etapas (33). Grupo de leis: herança (27:1-11), festas e sacrifícios (28:29), votos (30).
Disposições para a ocupação da terra prometida. Segundo recenseamento (26); nomeação de
Josué (27:12-23). Distribuição da Transjordânia (32); normas para a ocupação e
distribuição da Cisjordânia (33:50-34:12); designação das cidades levíticas e de refúgio (35);
disposições para manter inalterada a primitiva distribuição (36). A julgar pelo resumo, o
presente livro compreende um período de cerca de trinta e oito anos e meio. Sobre a maior
parte desse período (os trinta e oito anos no deserto) narra-nos apenas uns poucos fatos,
mas muito notáveis pelo significado religioso, como a serpente de bronze, a sedição de Coré,
os vaticínios de Balaão, a.água brotada da rocha; fatos dos quais os apóstolos no Novo
Testamento tiraram utilíssimas lições (1Cor 10:1-11; Hebr 3:12-19; Jo 3:14-15). No centro
do drama acham-se dois fatos semelhantes entre si, duas sedições do povo contra Moisés,
executor das ordens divinas; a primeira (14), originada pela repugnância em empreender a
conquista da Palestina; a segunda (20), por falta de água. Conseqüência ou punição da
primeira foi a longa demora da nação inteira no deserto da península sinaítica; a segunda
deixou a mais profunda impressão na consciência nacional e na literatura posterior (cf. SI
80:94-105), envolvendo o próprio Moisés, que por um instante duvidou da clemência divina
e por isso teve de deixar a outros o remate de sua obra, a conquista de Canaã (cf. Dt 32). O
livro dos Números é importante para a literatura porque, entre outras coisas, nos conservou
fragmentos de antiqüíssimos cânticos populares (21:23-24), com a indicação de coleções - já
existentes, como "o Livro das guerras de javé" (21:14), do qual não se tem outra menção.

14.1. Esboço de Números

I. Instruções para a viagem do Sinai 1.1-10.10


 Relato sobre a tomada do censo 1.1-4.9
o Censo militar 1.1-2.34
o Censo não militar: levitas 3.1-4.49
 Instruções e relatos adicionais 5.1-10.10
o Cinco instruções 5.1-6.27
o Ofertas dos líderes 7.1-89
o Levitas dedicados 8.1-26
o Segunda Páscoa 9.1-14
o Direção pela nuvem e fogo 9.15-23
o As trombetas de prata 10.1-10
II. Relato da viagem do Sinai 10.11-36.13
 Rebelião e punição da primeira geração 10.11-25.18
o Relato da primeira marcha do Sinai 10.11-36
o Queixas do povo 11.1-3
o Ansiando por carne 11.4-35
o Desafio para Moisés 12.1-16
o Recusa a entrar na Terra Prometida 13.1-14.45
o Instruções relacionadas às ofertas 15.1-41

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Pentateuco - 26

o Desafios à autoridade de Arão 16.1-18.32


o Leis da purificação 19.1-22
o A morte de Miriã e Arão 20.1-29
o Do monte Hor às planícies do Moabe 21.1-35
o Balaque e Balaão 22.1-25.18
 Preparo da nova geração 26.1-36.13
o Um novo censo 26.1-65
o Instruções relacionadas à herança, ofertas e votos 27.1-30.16
o Vingança sobre os midianitas 31.1-54
o As tribos da Transjordânia 32.1-42
o Itinerário do Egito até Moabe 33.1-49
o Instruções para a ocupação de Canaã 33.50-36.13

15 - DEVARIM (DEUTERONÔMIO)
Contém uma recapitulação e as últimas recomendações de Moisés.
Hebraico: elleh haddebarim. Grego: deuteronomion - 1400 a.C
O quinto e último livro do Pentateuco foi chamado Deuteronômio, isto é, "segunda lei,"
talvez porque assim tenha sido traduzida, embora inexatamente pelos LXX, uma frase
hebraica em 17:18.
No entanto, convém-lhe perfeitamente esse nome. O livro não é uma simples repetição
da legislação contida nos livros precedentes, mas além de leis novas, oferece complementos,
esclarecimentos e modificações às primeiras. É, de certo modo, uma segunda lei,
promulgada no fim da longa peregrinação dos israelitas, paralela á lei dada no Sinai e
destinada a regular mais de perto a vida do povo escolhido, no solo da Terra Prometida à
qual eles estavam para chegar e dela tomar posse definitiva.
Não é, porém, simples enumeração de leis e determinações; o que caracteriza esse
livro, o que lhe constitui a alma, é um ardente sabor oratório. O hagiógrafo nos faz ouvir um
Moisés que exorta, encoraja, invectiva; inculca á observância das leis, a começar dos
grandes princípios morais; apela para os mais poderosos motivos, evoca a glória do passado,
a missão histórica de Israel, os triunfos do porvir. Na mente do autor sagrado temos o
testamento definitivo, que o grande guia e legislador deixa ao povo de Deus às vésperas da
sua morte. Pelo estilo, o Deuteronômio é um discurso, ou melhor, vários discursos, dirigidos
por Moisés aos israelitas. Deduz-se daí a divisão do livro em quatro partes:
A. 1ª Parte: 1° discurso (1:4): olhar retrospectivo aos fatos acontecidos desde a partida
do Horebe até às últimas conquistas da Transjordânia; exortação geral à observância da lei
(4:1-40).
B. 2ª parte: 2° discurso: renovação da lei (4:44-26:19).
 Princípios gerais: o Decálogo (5), o culto e o amor ao único Deus verdadeiro (6),
guerra à idolatria (7), benefícios de Deus, censura da infidelidade anterior de Israel,
promessas e ameaças (8:11).
 Leis especiais: Deveres religiosos. Unicidade do santuário e disposições relativas
(12:1-28); contra a apostasia (12:29-13:18); alimentos e dízimos (14); ano da
remissão (15); as três grandes solenidades anuais (16:1-17).
 Direito público. Juízes (16:18-17:13), rei (17:14-20), sacerdotes (18:1-8),.profetas
(18:9-22); homicídio involuntário (19), guerra (20), homicídio por mão desconhecida
(21:1-9). 3) Direito familiar e privado. Grande variedade; os pontos principais são:

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Pentateuco - 27

matrimônio (21:10-14, 22:13-23,) e filhos (21:15-20), o divórcio (20:1-4), levirato


(25:5-10), deveres de humanidade (22:1-12, 23:16-20, 24:6-25, honestidade (25:11-
19), votos (23:22-24), primícias e dízimos (26).
C. 3ª parte: 3° e 4° discursos: ordem de promulgar a lei em Siquém, maldições para os
transgressores (27), ameaças e promessas (28). Exortação à observância da lei, com a
recordação dos fatos históricos, das promessas e das ameaças (29:30).
D. 4ª parte. Apêndice histórico. Últimas disposições de Moisés, nomeação de Josué,
seu sucessor (31); cântico de Moisés (32), bênção das doze tribos (33), morte de Moisés (34).
Amor de Deus, beneficência, alegria no cumprimento do dever, eis as principais
características do Deuteronômio, princípios inculcados e repetidos com solicitude
incansável. Por isso, perpassa-o um sopro ardente de sincera e profunda piedade para com
Deus e uma ternura simpática pelo homem, que edifica e comove. Há páginas que se
aproximam da sublimidade divina dos ensinamentos evangélicos, mais do que quaisquer
outras. O belo capítulo 6 (“Ouça, Israel”- shemá Israel) onde é ensinado que a vida é o
grande dom de Deus e deve ser um constante ato de amor a ele e ao próximo. Fundamental
no livro é o conjunto dos cap. 12 ao 26. É chamado “Código deuteronômico”; trata da vida
da Comunidade, do relacionamento com o próximo, com Deus, com a Comunidade
O cap. 26 traz o importante “Credo histórico” do Povo de Israel, isto é, sua profissão de
fé.

16 - A IMPORTÂNCIA DO PENTATEUCO
O Pentateuco é a base de toda a Escritura. Nele encontramos os preceitos de que os
cristãos necessitam e toda a história do povo judeu, sem mencionar o fato da redenção
prometida em Cristo.

16.1. Para os Judeus

De mais, construíram-se edifícios públicos em todas as cidades fora de Jerusalém


(onde ficava o Templo) para que o povo pudesse se reunir para orar e escutar a leitura da
Torá. Foi assim que surgiu o Beit haKnesset (casa de reunião) ou sinagoga (palavra grega).
Não há disposições especiais para a construção de uma sinagoga. Qualquer local pode ser
destinado à oração pública que deve ser feita em presença de 10 judeus. Deve-se evitar
somente toda imagem ou escultura. A simplicidade austera das sinagogas é para predispor
a alma à meditação. Um estrado ligeiramente elevado, no centro da sinagoga, serve para a
leitura da Torá. Na parede oriental, isto é, na direção de Jerusalém, para onde os fiéis
dirigem seus olhares, encontra-se o Aron haKodesh (arca sagrada), que contém Rolos da
Torá. Estabeleceu-se o uso de, nas leituras públicas, ler a Torá em um rolo de pergaminho
escrito à mão, tal como no tempo de Esdras e não de um livro qualquer. Esses rolos, são
objetos de especial atenção: são recobertos de tecido precioso e de ornamentos de prata. Ao
serem retirados da Arca e reconduzidos a ela, são acompanhados por cantos.
A Torá é dividida em 54 parashiot, que se lê no decurso de um ano, cada sábado de
manhã. O ciclo da leitura começa e termina no dia de Sim’hat Torá. Hoje, nem todos podem
ler o texto hebraico sem erros. Por isso um mestre leitor (Báal Korê), assistido, em caso de
necessidade, por um “ponto” (Makrê), procede a leitura, com uma melopéia própria.

16.2. Para os Cristãos

A Torá para os Cristãos não é um livro exclusivista e unicamente restrito a judeus


mas também nos trás ensinos preciosos quanto ao Messias (Yeshua), todos os gentios que
creram, à exemplo do 1º século. Noutras palavras, os gentios recém-chegados crentes no
início da sua caminhada guardavam os 4 mandamentos de Atos 15.20 (1º não adorar ídolos;
2º Abster-se das relações sexuais ilícitas; 3º Abster-se da carne sufocada e 4º Abster-se do
sangue). Os gentios para aprenderem mais acerca da Torá teriam de freqüentar a sinagoga
onde a Torá é ensinada para também saberem o porquê dos mandamentos do versículo
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Pentateuco - 28

anterior, embora não lhes foi barrado a aprendizagem do restante da Torá (Atos 15.21:
“Porque Moisés tem, em cada cidade, desde os tempos antigos, os que pregam nas
sinagogas, onde é lido todos os sábados”). Temos evidências históricas de que os gentios
observavam as Festas Bíblicas, a abstinência dos animais que não são alimento segundo
Levítico 11 (1 Coríntios 5.7 e 8; Colossenses 2.16).
Mas por quê os gentios faziam isto? Porque eles entendiam que pelo enxerto na
Comunidade de Israel (Romanos 11.17, 24; Efésios 2.12,13) eles também podiam e tinham
direito de “participar dos valores espirituais dados para os judeus” (Romanos 15.27 com
9.4,5). Isto porquê os gentios crentes davam importância à Torá, e sabiam que só teriam a
ganhar com a observância (sem imposição legalística) das Festas Bíblicas , das Leis da
Alimentação, etc. Isto em nenhum momento é “judaizar” como alegam alguns, mas sim
usufruir das bênçãos do Eterno mediante a observância legítima da Sua Torá (1 Timóteo
1.8) como instrumento não de meio de salvação, mas como um meio de preservá-la sem
tratar a graça de Deus de maneira libertina (Judá [Judas] versículo 4)!
O Pentateuco moldou as nações. Encontramos nesse tesouro de antiqüíssimas
doutrinas tradicionais, a Lei de Deus nos seus aspectos moral, cerimonial e civil, bem como
a revelação da verdade. Nas narrativas, legislação, ritual, poesia e outros elementos, estão
revelados o pecado do homem, a santidade e o amor de Deus com o seu perdão mediante o
sacrifício de seu Filho na cruz do Calvário.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
COPE, Landa. Modelo Social do Antigo Testamento. Paraná: Editora JOCUM
BRASIL, 2007.
ARCHER, Gleason L., Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo:
Edições VIDA NOVA, 1991.

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