Plínio Santos 3
Plínio Santos 3
Plínio Santos 3
Aerodesign
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 2
2. CARGAS ............................................................................................................................ 2
2.1. Geometria da Fuselagem ............................................................................................... 4
2.2. Passeio do Centro de Gravidade .................................................................................... 4
2.3. Diagrama V-n ................................................................................................................. 5
2.3.1. Fator de Carga ......................................................................................................... 5
2.3.2. Sustentação, Arrasto e Velocidades .................................................................. 7
2.3.3. Diagrama V-n ........................................................................................................ 10
2.4. Cargas nas Superfícies Sustentadoras ..................................................................... 14
2.4.1. Distribuição de Sustentação pelo método de Stender..................................... 14
2.4.2. Distribuição de Sustentação pelo método de Schrenk .................................... 21
2.4.3. Esforço cortante e momento torçor ................................................................ 22
2.5. Cargas no Solo......................................................................................................... 26
2.5.1. Pouso nivelado ................................................................................................ 27
2.5.2. Pouso em Duas Rodas ..................................................................................... 29
2.5.3. Pouso em uma Roda........................................................................................ 31
2.5.4. Cargas Laterais ...................................................................................................... 32
2.5.5 Cargas de frenagem......................................................................................... 33
2.5.6. Condições suplementares ............................................................................... 34
2.6. Cargas no Berço do Motor ...................................................................................... 35
2.6.1. Cargas Verticais de Inércia combinadas com o Torque do Motor ......................... 35
2.6.2. Cargas de Inércia Lateral no Berço do Motor ........................................................ 37
2.7. Cargas na Fuselagem ................................................................................................... 37
3. Materiais Compósitos......................................................................................................... 38
4. Ensaios de Materiais........................................................................................................... 40
5. UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE DIMENSIONAMENTO E ENSAIOS ESTRUTURAIS ............. 41
6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 44
1. INTRODUÇÃO
2. CARGAS
2
Regulamento
Otimização
Aerodinâmica Geometria da
Carga total
fuselagem
Diagrama v-n
Desempenho Passeio do
CG
Cargas nas
superfícies
sustentadoras. Cargas em
solo
Simulação
Construção
e teste
Deu certo?
Fim
3
2.1. Geometria da Fuselagem
∑
∑
4
Figura 2.2.2: Aferição do CG
É preciso saber as condições críticas em que uma aeronave pode operar, e assim
traçar um envelope que delimita as cargas em voo. Para isso traçaremos um
importante gráfico conhecido como diagrama V-n (Velocidade – fator de carga).
Sabemos que a resultante das forças externas em uma direção, x, por exemplo, é
dada por:
5
∑
No caso de um voo reto e nivelado (Figura 2.3.1.2), o fator de carga é um, pois
L=W:
6
Já em uma curva (Figura 2.3.1.3), o fator de carga é maior que um, pois a
sustentação tem que ser maior (para isso a velocidade ou o ângulo de ataque tem que
ser maior) a ponto de sua componente ser suficiente para suportar o peso:
7
Gráfico 2.3.2.1: Coeficiente de sustentação x ângulo de ataque
8
A aeronave atinge seu máximo ângulo de ataque quando a sustentação cai e o
arrasto aumenta rapidamente. Esse ângulo é conhecido como ângulo de estol.
A mínima velocidade que uma aeronave necessita para manter voo é chamada
de velocidade de estol, dada por:
Por segurança, a norma FAR-Part 23 diz que velocidade para decolagem deve ser
no mínimo 20% maior que a velocidade de estol (já que a esta velocidade o riso da
aeronave perder altura é grande):
9
Da mesma forma para o pouso, a norma FAR-Part 23 sugere uma velocidade de
aproximação da pista de 30% acima da velocidade de estol. Antes de tocar o solo, o
piloto pode diminuir a tração e aumentar o ângulo de ataque, para pousar em
velocidade de estol, diminuindo assim, as cargas geradas no pouso:
Que equivale a:
10
Já sabemos que:
Substituindo em :
11
Os fatores de carga limite, que definem linhas BC e ED, dependem da categoria
da aeronave. Segundo Rodrigues (2013), a Tabela 2.3.3.1 nos informa alguns valores
máximos e mínimos para n de acordo com o tipo de aeronave. A norma FAR-Part
23.337(b)1 exige que o fator de carga negativo para manobra seja pelo menos 40% do
fator positivo para manobra.
Modelo e aplicação
Acrobático 6 -3
Onde:
12
- é o fator de massa da aeronave, calculado por:
( )
( )
- É a corda de ponta
- É a corda de raiz
b – É a envergadura da asa
13
Para melhor entendimento, considere o diagrama V-n do Gráfico 2.3.3.2. Usando o
termo positivo da equação , e substituindo V= e para cruzeiro, obtém-
se a reta O’F e usando o termo negativo encontra-se a reta O’L. Já usando o termo
positivo da equação , para V= e para mergulho, obtém-se a reta O’G e
usando o termo negativo encontra-se a reta O’H.
Neste tópico são discutidos alguns tipos de cargas que atuam nas superfícies
sustentadoras. É importante conhecer e aplicar algum dos métodos existentes, para
que, a partir das cargas encontradas, possam ser dimensionadas as estruturas das asas
e empenagens, como por exemplo, a longarina e os perfis aerodinâmicos.
14
aerodinâmicas. É de fundamental importância conhecer essa distribuição, pois partir
dela, são determinadas as forças cortantes, momentos fletores e momentos torçores.
Segundo Rodrigues (2010), as soluções para os cálculos de cargas nas asas são
complexas. Os resultados mais exatos são conseguidos através dos métodos dos
painéis ou de CFD. No início do século xx, Ludwig Prandtl, resolveu pela primeira vez
esse problema, oferecendo grande contribuição a aerodinâmica.
Onde é a corda da asa real e é a corda da asa elíptica que possui a mesma
área e a mesma envergadura.
Precisa-se então, achar as cordas de Stender. Isso pode ser feito usando
conceitos básicos de geometria, para acharmos funções que representam e
15
Considere a semi-asa elíptica da Figura 2.4.1.2. Pela equação da elipse temos:
( )
( )
√ ( )
Onde S é área em planta da asa real, que igual à elíptica. Logo obtemos a função:
16
√ ( )
Logo:
[ ]
De posse das funções para cada forma de asa, calculam-se as cordas de Stender
pela Equação , Gráfico 2.4.1.1.
17
Gráfico 2.4.1.1: Distribuição das cordas de Stender
18
Mais exatamente, podemos achar a carga em um intervalo de até
calculando a área pela integral da função.
Cordas [m]
Asa Asa Asa
Real Elíptica Stender
2,000 2,2517 2,1221
2,000 2,2489 2,1208
2,000 2,2404 2,1168
2,000 2,2262 2,1101
2,000 2,2062 2,1006
2,000 2,1802 2,0881
2,000 2,1480 2,0727
2,000 2,1092 2,0539
2,000 2,0637 2,0316
2,000 2,0108 2,0054
2,000 1,9500 1,9748
1,972 1,8805 1,9256
1,864 1,8013 1,8323
1,756 1,7111 1,7333
1,648 1,6080 1,6278
1,540 1,4893 1,5144
1,432 1,3510 1,3909
1,324 1,1861 1,2531
1,216 0,9815 1,0924
1,108 0,7031 0,8826
1,000 0,0000 0,0000
Tabela 2.4.1.1: Distribuição de cordas
19
O gráfico abaixo mostra a distribuição de cordas.
2,500
2,000
1,500
Cordas (m)
real
1,000 elipse
stender
0,500
0,000
0,000 1,000 2,000 3,000 4,000
Semi-envergadura (m)
Sustentação
40
35
30
Sustentação (N)
25
20
15
10
5
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Envergadura [ m ]
20
2.4.2. Distribuição de Sustentação pelo método de Schrenk
Que equivale a:
Onde:
- ρ é a densidade do ar;
-S é a área da asa;
[ ( )]
√ ( )
21
Nas equações acima:
- y é a posição da semi-envergadura;
- é o afilamento da asa (corda de ponta pela corda de raiz);
- b é a envergadura total;
-n é fator de carga;
- W é peso total da aeronave.
Por exemplo, considere a viga da Figura 2.4.3.1 com um carregamento dado por
.
22
Vamos achar o a carga cortante no ponto A através da equação do esforço
cortante:
Para uma asa como a mostrada na Figura 2.4.3.2, é preciso determinar a carga
que cada perfil passa para a longarina.
23
Figura 2.4.3.2: Asa TKV 2013
Para isso é necessário fazer várias divisões de acordo com o intervalo dos perfis
(Figura 2.4.3.3). Com isso podemos encontrar a carga que deverá ser aplicada na
longarina na posição do perfil:
24
Para fins de simplificações, a força transmitida para o perfil foi desenhada
colinearmente com o perfil, porém a resultante age no centroide, logo esta gera um
momento no perfil.
Onde:
– Densidade do ar
V – Velocidade de voo
– Área da seção
25
É a deflexão em graus.
As cargas em solo são estabelecidas pelos parágrafos 471 à 511 da norma FAR e
podem ser divididas em dois tipos: De pouso e de taxiamento.
Segundo a norma FAR 23.725 (b), a razão L/W tem que ser no mínimo 0,67 (2/3),
e o fator de carga no solo deve ser maior que dois, logo o fator de carga no avião
deve ser maior que 2,67 (FAR-Part 23.473 (g)). O trem de pouso é então projetado
para produzir o fator de carga ao qual as cargas foram calculadas. Logo depois de
fabricado, caso haja a possibilidade do uso de acelerômetros, o fator de carga máximo
pode ser medido, e as devidas correções devem ser feitas nos cálculos de carga, caso
haja discrepância.
26
2.5.1. Pouso nivelado
O pouso nivelado (Figura 2.5.1.1) consiste no toque simultâneo das três rodas
FAR 23.479 (a) (2) (i).
∑ +↑
∑ =0
27
Assim, substituindo-se as equações de forças e momento obtém-se:
28
2.5.2. Pouso em Duas Rodas
Como a aeronave toca o solo com as duas rodas principais, é gerada uma
aceleração angular dada por:
29
Onde é o raio de giração, ou seja, o ponto onde podemos supor toda massa
concentrada para que produza o momento de inércia do corpo em relação a um eixo.
Por exemplo, o momento de inércia em torno do eixo de raio r de um cilindro é dado
por , mas também pode ser calculado por , logo igualando as
equações encontra-se o raio de giração do cilindro: . O raio de giração pode ser
√
obtido através de alguns softwares de desenho.
Logo:
30
Aplicando-se o fator de carga no peso equivalente obtém-se a carga vertical
atuante:
Se t e são nulos:
31
Figura 2.5.3.1: Pouso em uma Roda
Pode-se perceber que carga no pouso em uma roda é menor que a carga no
pouso em duas rodas. Isso se deve ao fato de que parte da energia é transformada em
energia cinética de rolamento, que é absorvida após o toque das outras rodas.
Contudo, o pouso em uma roda trás esforços críticos fletores e cisalhantes em alguns
componentes.
A norma FAR-Part-23.485 diz que devem ser consideradas cargas laterais para as
rodas principais em contato com o solo, onde um fator de carga vertical de 1,33 deve
ser usado entre as rodas principais. A carga lateral entrando (inboard) é 50% da carga
vertical e carga saindo (outboard) é 33%, e vale para o trem de pouso triciclo e
convencional.
32
Figura 2.5.4.1: Cargas Laterais
33
2.5.6. Condições suplementares
Logo:
34
Figura 2.5.6.1: Condição Suplementar para a Bequilha
A norma FAR-Part 23.361 diz que o berço do motor deve resistir a dois tipos de
carregamentos:
1) Torque máximo em regime de decolagem atuando com mais 75% das cargas
de inércia para os pontos limites do diagrama V-n (FAR-Part 23.361 (a) 1).
35
Se a relação de transmissão é um, temos:
De acordo com a norma FAR-Part 23.361 (c) 3, o fator de torque vale 4,3 e 2
para motores de 2,3 e 4 cilindros, respectivamente.
36
Figura 2.6.1.1: Reações geradas Pelo Torque do Motor
O berço do motor deve resistir a uma carga lateral dada por, no mínimo:
37
Pode-se calcular os diferentes esforços em cada treliça aplicando as cargas para
as diferentes condições de carregamento (situação em voo, pouso nivelado, pouso em
uma roda, etc.). Para o cálculo, pode-se usar métodos da estática ou até mesmo
softwares apropriados (Figura 2.7.13). A partir dai, com os materiais definidos, pode-se
calcular as tensões normais, tensões de cisalhamento, cargas de flambagem , etc.
Figura 2.7.14: Cálculo das Forças nas treliças usando o software Ftool®
3. Materiais Compósitos
Segundo Daniel e Ishai (1994), um compósito estrutural pode ser definido como
sendo um sistema composto por duas ou mais fases em uma escala macroscópica,
proporcionando propriedades superiores aos mesmos materiais atuando
independentemente. Em geral, uma das fases é descontínua e mais resistente,
chamada de “reforço” e a fase menos resistente é chamada de “matriz”.
38
Tabela 3.1: Propriedades de Compósitos com Matriz de Epóxi Reforçados com Fibras Contínuas
e Alinhadas de Vidro, Carbono e Aramidas nas Direções Longitudinal e Transversal. Em Todos
os Casos a Fração Volumétrica da Fibra é de 0,60.
A fibra de carbono se destaca por ser o reforço de alto desempenho mais usada em
compósitos avançados em matriz polimérica. Segundo Callister (1999), as principais razões
para tal são:
1. As fibras de carbono possuem os maiores módulos específicos e as maiores
resistências específicas dentre todos os materiais fibrosos de reforço.
2. Elas retêm seus elevados módulos de tração e suas grandes resistências mesmo a
temperaturas elevadas; a oxidação a temperaturas elevadas, no entanto, pode ser um
problema.
3. A temperatura ambiente, as fibras de carbono não são afetadas pela umidade ou
por uma ampla variedade de solventes, ácidos e bases.
4. Essas fibras exibem múltiplas características físicas e mecânicas, permitindo que os
compósitos que incorporam essas fibras possuam propriedades especificamente
engenheiradas.
5. Foram desenvolvidos processos de fabricação para as fibras e os compósitos que são
relativamente baratos e de boa relação custo-benefício.
39
Figura 3.1.2: Honeycomb
4. Ensaios de Materiais
Alumínio
Metal 2850 73 27,5 605 360 - - 0,126
7075-T651
Tubo de
carbono 667 220 - 760 - - - 1,139
5mm
Fibra de
Materiais Aramida 0 1050
76,8 -
1380 141 8,68 151,62 1,314
compósitos - 90°
com matriz Fibra de
em resina Carbono 1260 220 - 600 - 35,28 408,17 0,476
epóxi 0 - 90°
Fibra de
1340 383,4 - 788 - 60,76 535,76 0,588
carbono 0°
40
5. UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE DIMENSIONAMENTO E ENSAIOS
ESTRUTURAIS
A Figura 5.2 mostra o ensaio realizado para as componentes das cargas no Tail
Boom.
41
Figura 5.2: Ensaio de carregamento no Tail Boom
O trem de pouso e a fuselagem podem ser ensaiados por queda livre, com o uso de
acelerômetros, através de aparatos em que são fixados e permitam a queda na devida
altura.
42
Figura 5.4: Ensaio do eixo
43
6. REFERÊNCIAS
44