4 Sentidos e Cotornos Da Inovação Na Educação
4 Sentidos e Cotornos Da Inovação Na Educação
4 Sentidos e Cotornos Da Inovação Na Educação
A. NOGARO* e C. BATTESTIN
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI)
[email protected]*
RESUMO
O presente artigo é resultante de uma investigação Certamente existe a necessidade de analisar o contexto
bibliográfica sobre o tema inovação e sua relação com a histórico e social para não cairmos na divagação,
educação. O mesmo tem como objetivo debater os inconsistência, e incoerência de sentidos e ausência de
possíveis sentidos e conotações do conceito “inovação” clareza sobre a significação e representação do conceito.
na prática educativa, bem como, as diferentes Só assim, poderemos ressaltar os sentidos e contornos
abordagens teóricas feitas, sem analisar o seu verdadeiro que a inovação apresenta para dialogarmos com o
significado. Seria a inovação o mesmo que novidade? mundo da educação.
Mudança? Novas tecnologias? Novo paradigma?
1 APRESENTAÇÃO
A gênese do texto traz o questionamento a respeito do que se tem entendido sobre
inovação, ao longo do mesmo apresenta-se compreensões de autores sobre o tema em pauta,
problematizando-as. Por fim, apontam-se considerações e ideias que caracterizam uma educação,
escola ou prática educativa inovadora, para que sirva de referência a quem desejar caminhar nesta
direção.
Por que tratar da inovação na educação? Por que apesar de passadas algumas décadas que
marcaram o seu aparecimento como discurso, ela continua ocupando o centro na discussão
educacional. O que queremos dizer quando nos referimos à inovação? O que é inovar a educação?
Uma prática inovadora? E uma prática educativa inovadora? Principiamos a escrita deste texto com
a elaboração de um estado do conhecimento para averiguar o que há de produzido em termos de
livros ou artigos científicos sobre o assunto “inovação na educação” e “educação inovadora”.
Deparamo-nos com uma pluralidade de visões e entendimentos sobre o mesmo, o que não nos
desencoraja de reunirmos aqui alguns deles e construirmos o nosso. Ousamos também transformar
este texto em um espaço para promover a possibilidade do pensar e do fazer reflexivos, em que as
“inovações” tenham a oportunidade de apresentar-se, contradizer-se e transformar-se.
Ao tratarmos da inovação na educação vamos nos esforçar para expor nossos argumentos
com clareza para que não sejamos mal interpretados ou taxados como intransigentes, retrógrados
ou contrários à inovação, por pretender um discurso crítico sobre este tema. Ao longo do texto nos
posicionaremos de maneira efetiva sobre o tema, mas é na segunda parte do mesmo que
apontaremos alternativas possíveis para uma prática educativa inovadora, não como receita, mas
como marco teórico-conceitual que possa subsidiar e dar luz ao caminho da inovação.
Querer adivinhar ou pensar o futuro é possível como exercício mental de ficção ou
divagação, no entanto, quando se trata de abordar questões concretas que afetam o cotidiano como
a inovação pedagógica, exige que tenhamos os dois pés no chão. Logo, falaremos do futuro a partir
do presente ou das possibilidades que vislumbramos. Não nos é possível pensar em algo surreal
transpondo-nos ao vivido em que nos encontramos, não ao menos enquanto falamos de educação,
ela é sempre situada, sua realidade nos acorda e nos interpela.
Desta forma, não há impedimento que desejemos ou imaginemos possibilidades, sonhemos,
mas não podemos esquecer que elas sempre carregam as marcas do presente, estão
profundamente arraigadas à nossa condição e ao nosso contexto. Na imaginação ou em filmes de
ficção podemos regredir ou avançar no tempo, mas aquilo que estamos tratando exige a máxima
lucidez. Como horizonte a utopia pode ser vislumbrada, o delírio não nos cabe.
A inovação abre espaço para a imaginação, para o pensamento criativo, para certa sanidade
insana de querer transpor limites, ela não pactua com a venda de ilusões ou previsões descabidas.
desejam adjetivar práticas ou processos educacionais com roupagens ou até conteúdos que se
oponham a posições conservadoras. Em outros casos faz-se uso da “inovação” mais como estratégia
para chamar a atenção, como marketing, para vender uma ideia ou produto, destacar uma
instituição, do que existência de efetiva mudança ou diferença.
Aqui alertamos para uma estratégia que “vende” muito bem, chama atenção até aos menos
atentos, e que tem sido muito empregada, o uso da expressão: “trata-se de algo inovador!” É sobre
ela que precisamos lançar o olho crítico, perguntarmo-nos o que há por trás das aparências, qual
sua essência?
Saviani (1980) apresenta quatro níveis de inovação na esfera educacional, segundo
concepções filosóficas que as sustentam, ou seja, quando indagamos a respeito da inovação não
podemos esquecer que uma concepção filosófica (entenda-se referência teórica) a orienta 1. Para
cada vertente de pensamento há um modus operandi próprio e uma finalidade para a educação.
De acordo com Leite; Genro; Braga (2011), a inovação pedagógica em não sendo simples e
intuitiva torna-se campo de disputa quando questiona pressupostos filosóficos, entre os quais a
concepção do humano, de conhecimento e valores que constituem o ato educativo e a cientificidade
do fazer docente.
Portanto, sempre cabem alguns questionamentos: Como o discurso da inovação chega à
educação? Por quem ele é trazido? Com que sentido? O que desejamos ao aderi-lo ou não? Segundo
Messina (2001) a inovação foi assumida como fim em si mesma e como solução para problemas
educacionais estruturais e complexos. Como decorrência, em nome da inovação, têm-se legitimado
propostas conservadoras, homogeneizado políticas e práticas e promovido a repetição de propostas
que não consideraram a diversidade dos contextos sociais e culturais. Além disso, a categoria
inovação foi tratada como algo a parte das teorias sobre a mudança educacional.
Sabemos que a ideia de inovação como tem sido concebida por muitos se origina no mundo
da empresa, da produção, do espaço mercadológico onde inovar tem a ver com sobrevivência, com
manter-se em sintonia com o desejo do cliente ou do consumidor. O conceito de Inovação já foi
pensando por Adam Smith em meados do século XVIII, momento em que o mesmo analisou a
relação existente entre a mudança da técnica moderna e o acúmulo de capital, ocasionando, a
1
Saviani (1980) faz referência às concepções “humanista” tradicional, “humanista” moderna, analítica e dialética.
Segundo o autor a concepção dialética concebe para a educação o papel de colocar-se a serviço da nova formação social
em gestação no seio da velha formação até então dominante. Aponta, pois, para um sentido radical de inovação, isto
é, inovar significa mudar as raízes, as bases. Trata-se, pois, de uma concepção revolucionária de inovação.
divisão de trabalho e competição. A partir destas análises, a inovação consistiu em um novo método
de produção, abrindo espaço para o novo, gerando uma nova estrutura organizacional. Daí que há
maior propensão de assumi-la ou identificá-la como técnica, o que a distanciaria de uma
compreensão de educação cuja perspectiva é a formação do todo do sujeito (do alemão bildung).
A área da produção tecnológica é uma das mais salientes quando se fala em inovação, uma
vez que nela percebe-se com maior nitidez a necessidade da inovação para não perecer. Inovar é
contrapor-se ao obsoleto, ao ultrapassado, ao desuso. As novas tecnologias eletrônicas e digitais
simbolizam com grande propriedade e são o exemplo fiel para ilustrar o que a inovação representa
para o mundo do mercado, nele inovar é permanecer vivo, não inovar é sucumbir. Qual sentido se
quer para a educação?
Ao longo da história humana em muitos momentos ocorreram situações muito similares às
que presenciamos hoje com a ideia de “inovação”. O que há de novo ou diferente? Inovar não se
trata de inventar, mas de recriar, revestir com uma ideia não pensada até então, surpreender.
Porém, temos que estar atentos aos subterfúgios que encobrem verdades, engambelam ou
mascaram velhas práticas com roupagens novas. Será que não estamos guardando vinho novo em
pipas velhas?
Novos argumentos com novas linguagens são sustentados para camuflar velhas ideologias
que ameaçam o sentido comum do pessoal e do coletivo modernos.
Inovar é mudar? Transformar? Agir com criatividade? Adotar outra postura? O que
realmente deve ocorrer de diferente na escola, na sala de aula, com o professor, com o processo de
ensino e aprendizagem para podermos afirmar que há inovação? Inovação tem a ver com moda,
modismos? Até que ponto o discurso da inovação traz algo de diferente e duradouro que se
diferencia de outras ondas como a excelência na educação, a qualidade total ou o neotecnicismo?
Parece que ainda não está muito claro isso para muitos educadores e gestores educacionais, cabe
precisar melhor nosso entendimento sobre isso.
Inovação vem descrita na literatura contemporânea como toda e qualquer forma de pensar,
criar e de usar nossos conhecimentos, métodos, técnicas e instrumentos que levem a práticas ou
comportamentos diferenciados. Em meio às concepções que circulam, Carvalho (2015, p. 2)
considera a inovação como o dar uma nova utilidade a instrumentos, ferramentas e objetos. Utilizar
o conhecido para criar o desconhecido. “Uma nova visão ou um olhar diferente”. Para o referido
autor a inovação é aclamada sempre que há necessidade de mudar.
Diriam que o critério mais definitivo de que as coisas estão sendo bem feitas é o de
que estão fazendo-as como sempre fizeram. Parece que a repetição de costumes é
a garantia de qualidade. No entanto, as exigências de mudança são tão urgentes e
poderosas que quase sempre se chega tarde às novas necessidades e exigências
(GUERRA, 2015, p. 86).
Nóvoa (1988, p. 8 apud COSTA, 2008, p. 72) defende que a inovação não pode ser vertical e
precisa ser assumida de livre vontade para que ocorra como um empreendimento verdadeiro. Em
outras palavras, inovar envolve mudar o comportamento das pessoas.
Cardoso (1992 apud COSTA, 2008) considera a inovação como um conjunto de esforços
isolados tendendo a melhorar ou mudar certos aspectos do processo educativo, significando uma
ruptura com as práticas anteriores. A atribui-lhe características essenciais:
a) traz algo de novo;
b) envolve mudança intencional e evidente;
c) exige um esforço deliberado e conscientemente adaptado;
d) supõe persistência da parte dos atores;
e) deseja o melhoramento da educação;
f) mobiliza o sujeito à avaliação;
g) provoca formação reflexiva – “investigação ação”.
Cunha (2008) identifica características das experiências educativas inovadoras, são elas:
ruptura com a forma tradicional de ensinar e aprender; gestão participativa; reconfiguração dos
saberes; reorganização da relação teoria-prática; perspectiva orgânica no processo de concepção,
desenvolvimento e avaliação da experiência desenvolvida; mediação e protagonismo.
Inovar está relacionado ao uso de novos artefatos ou recursos tecnológicos? À
reestruturação dos espaços-tempos escolares? À outra dinâmica do fazer do professor? A um
repensar da gestão educacional? O cerne da inovação tem a ver com o novo, pois as escolas estão
repletas de “inovações pedagógicas”, mas o novo não tem lugar. Para Imbernón (2012, p. 97) não
basta focar no professor quando se pensa em inovação, há que se levar em consideração o meio
onde o processo ocorre. “A inovação é uma mistura de formação e contexto. Para mudar a educação
é preciso mudar o professorado e a formação contribui para isso, mas os modelos de organização e
de gestão também precisam ser alterados”.
trata, portanto, de pensar o futuro, nem muito menos de prevê-lo, mas de pensar no futuro, o que
é algo muito diferente” (ECHEVERRÍA, 2015, p. 38).
O futuro esperado ou diferente só será possível se for gestado de forma diferente no
presente. Fazendo do mesmo modo que fazemos as coisas não podemos esperar muita coisa a não
ser a repetição ou reprodução. Uma prática nova ou ainda não experimentada começa com a
mudança na sua concepção, em outras palavras, sua gênese está no pensamento criativo que a
possibilita. De acordo com Messina (2007), mudar implica desnaturalizar ou distanciarmo-nos do
habitus que nos constitui, que é tão estruturante quanto estruturado, separarmo-nos desses modos
de sentir, pensar e agir. Mudar altera a regra, o regime ou o modo como organizamos nossas vidas.
E isto exige de nós uma compreensão de futuro como tempo newtoniano, como possibilidade.
Segundo Sacristán (2015, p. 12), o futuro como lugar ou espaço do tempo não existe no presente,
mas é no presente que somos chamados a intervir para condicioná-lo. Não se trata de um tempo
vivido, pois seria passado. O futuro nós o fazemos agora. “Educa-se para o futuro educando no e
para o presente”.
Inovar tem estreita vinculação com pensar no devir, no vir-a-ser, no que ainda não é, mas
possui potencialidade para tornar-se. Esta capacidade de vir-a-ser algo que ainda não é ou de fazer
algo que difere do que é feito agora, está na essência do aprender e do ser humano, como
construtor de si mesmo.
2
A escola e a organização da sala de aula que possuímos ainda hoje apresentam características de uma educação
influenciada ou voltada para o modelo fabril: alunos divididos em classes ou turmas, conteúdos curriculares
compartimentados ou em disciplinas, períodos tempo estratificado em períodos. A escola deve “disciplinar” ou preparar
o trabalhador para que se adapte ao processo produtivo.
A escola do futuro não formará pessoas para trabalhar nas indústrias, salvo uma
parte, mas sim em setores relacionados à informação e ao conhecimento, isso
porque também o trabalho será realizado cada vez mais no terceiro setor, como
vem ocorrendo desde a última década.
Leite, Genro, Braga (2011) trazem outros elementos para somar-se aos apontados que
sustentam a inovação pedagógica. Fatores que aceleram os processos pedagógicos inovadores tais
como o protagonismo dos sujeitos, a partilha de poderes e saberes em situações de ensino-
aprendizagem, o respeito e a descoberta, tanto por parte dos professores quanto dos alunos, dos
pressupostos filosóficos e ontológicos que presidem o conhecer.
humanidade sobre a terra. Disciplinar-se para enfrentar o consumismo e não para por em risco a
vida humana sobre o planeta. Estimular a sensibilização ecológica planetária.
A inovação remete a questionar as racionalidades fundantes das compreensões de mundo,
a repensar a racionalidade instrumental que prioriza o produto, o lucrativo e o econômico em
detrimento do humano. No pensar de Messina (2001) a orientação que compele à mudança, o
deslumbramento por qualquer coisa que seja nova e moderna são movimentos nos quais se perde
o sentido da educação como renascimento. As inovações educacionais que seguem a lógica entre o
custo e o benefício são uma expressão da racionalidade instrumental, com seu correlato de
descuido e destruição.
empenham pouco ou nenhum esforço no exercício de pensar sobre o que fazem, como fazem e
porque fazem.
Segundo Leite, Genro, Braga (2011) o caráter pedagógico de uma inovação está na sua
capacidade de mobilizar, reconstruir, reorganizar a realidade. Ela produz efeitos e rearranjos entre
os saberes e os poderes.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar as reflexões do artigo, consideramos relevante elencar alguns pontos-sínteses
pertinentes que nos possibilitam analisar e perceber a contribuição da inovação para a prática
cultura nem história sem inovação, sem criatividade, sem curiosidade, sem liberdade sendo exercida
ou sem liberdade pela qual, sendo negada, se luta”. E nós enquanto educadores, temos liberdade e
responsabilidade para escolher ou aceitar o novo? Em resposta a essa questão, o autor citado
justifica: “Estou convencido de que a primeira condição para aceitar ou recusar esta ou aquela
mudança que se anuncia é estar aberto à novidade, ao diferente, à inovação, à dúvida” (2000, p.19).
Concordamos com ele de que é preciso estar aberto e atento a toda e qualquer outra possibilidade
criadora. No entanto, pensar sobre o que a inovação poderá implicar ou gerar na escola, na prática
pedagógica e nas sociedades, é fundamental.
5 REFERÊNCIAS
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11. IMBERNÓN, F. Inovar o ensino e a aprendizagem na universidade. São Paulo: Cortez, 2012.
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