Andragogia
Andragogia
Andragogia
Brasília – 2019
1
2
Índice
Apresentação .................................................................................................................... 5
Objetivo do Curso ........................................................................................................ 5
Objetivos de Aprendizagem......................................................................................... 5
Principais Tópicos........................................................................................................ 6
Metodologia ................................................................................................................. 6
Educação ........................................................................................................................... 7
Educação de Adultos: Fundamentos Teóricos e Práticos ............................................... 13
Teoria de Aprendizagem Experiencial de Kolb ............................................................. 27
Fundamentos da Capacitação ......................................................................................... 35
Didática e Seus Elementos ............................................................................................. 41
A Aula como Processo: Planejamento de Ensino ........................................................... 45
Determinação de Objetivos de Aprendizagem ............................................................... 55
Primeira Atividade: Parte do Plano de uma Capacitação ............................................... 62
Seleção e Organização do Conteúdo .............................................................................. 65
Estratégias e Técnicas de Ensino e Recursos Didáticos ................................................. 69
Comunicação e Educação ............................................................................................... 97
Avaliação e Efetividade do Processo de Ensino-Aprendizagem .................................. 109
Segunda Atividade: Plano da Capacitação e Plano da Miniaula .................................. 114
Prática Integrada: Miniaulas ......................................................................................... 119
Plano de Ação de Aprendizagem ................................................................................. 125
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 127
Bibliografia Recomendada ........................................................................................... 129
Anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo ............... 131
Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) ................................................... 133
Anexo III: Apresentação em Power Point.................................................................... 138
Anexo IV: O Relacionamento Interpessoal na Facilitação da Aprendizagem ............. 140
Anexo V: Autodiagnóstico de Competências Essenciais ............................................. 143
3
Glossário de Ícones
4
Apresentação
Prezado/a Participante,
Objetivo do Curso
Objetivos de Aprendizagem
5
Principais Tópicos
Metodologia
Exposições dialogadas
Exercícios individuais e em grupos
Debate
Miniaulas
6
Primeiro Dia
Caro/a participante,
Boa leitura!
Educação1
1
Texto adaptado de Brandão, Carlos Rodrigues. O Que É Educação. Coleção Primeiros Passos. 33ª ed. São
Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
7
Eis o trecho que nos interessa:
Percebemos que não há uma maneira única nem um único modelo de educação: a escola
não é o único lugar em que ela acontece. O ensino escolar não é a sua única prática e o
professor profissional não é o seu único praticante... Em mundos diversos a educação
existe diferente.
8
Aprendendo no Século XXI
Tendo em vista esse fato, podemos afirmar que vivemos na era do conhecimento, ou na
sociedade do conhecimento. Mas, cabe destacar que o ingresso na era do conhecimento
também é atribuído como consequência das transformações tecnológicas, particularmente,
da internet, que permite o acesso a qualquer tipo de informação de qualquer lugar do
planeta, transformando profundamente o modo como a sociedade se organiza.
2
Learning Organization – conceito criado por Chris Argyris que designa por learning organizations
(organização em constante aprendizagem) as empresas que aprendem à medida que os seus trabalhadores
vão ganhando novos conhecimentos. Peter Senge (2010) popularizou o conceito por meio do livro A
Quinta Disciplina. Para o autor, “precisamos resgatar a nossa capacidade de ver o mundo como um
sistema de forças entrelaçadas e relacionadas entre si. Ao fazermos isso estaremos em condições de
formar as organizações de aprendizagem, nas quais as pessoas se colocarão objetivos mais altos,
aprenderão a criar resultados desejados e a usar novos e elevados padrões de raciocínio, enfim, onde as
pessoas aprenderão continuamente a aprender em grupo.”.
3
Há diversas e variadas definições para o conceito de competência. No léxico português, compreende a
qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto. No senso comum é tratada, geralmente,
com o sentido do fazer algo em função da obtenção de um resultado. No campo jurídico, é o poder ou
autoridade para se realizar um ato e, no caso específico de um juiz, apreciar e julgar pleitos e contendas.
No universo das organizações e no ambiente empresarial refere-se ao desempenho de uma pessoa e pode
também estar associada com a capacidade do sujeito agregar valor aos processos de trabalho da
organização. Para estabelecermos um conceito de referência, no contexto deste curso, utilizaremos a
conotação admitida pela OIT (2002, p. 22): “Capacidade de articular e mobilizar condições intelectuais e
emocionais em termos de conhecimentos, habilidades, atitudes [grifo nosso] e práticas, necessários para
o desempenho de uma determinada função ou atividade, de maneira eficiente, eficaz e criativa, conforme
a natureza do trabalho. Traduz a capacidade produtiva de um indivíduo que se define e mede em termos
de desempenho real, demonstrado em determinado contexto de trabalho e que resulta não apenas da
instrução, mas, em grande medida, da experiência em situações concretas do exercício ocupacional.”.
9
Portanto, agregar valor à organização por meio da aprendizagem individual e da
aprendizagem organizacional tem grande importância para o crescimento das pessoas,
das equipes e da própria organização. Isso permite a criação de produtos e serviços de
excelente qualidade, a manifestação da criatividade e o surgimento de novos talentos,
transformando os riscos em oportunidades de crescimento pessoal e organizacional.
A Enap (20104) toma como referências para sua ação as linhas de educação definidas no
Relatório Jacques Delors e, para isso, reproduz um trecho que sintetiza o principal:
A visão geral sintetizada na expressão “educação ao longo da vida” aponta que já não
podemos associar a educação a um período particular da vida ou a uma finalidade
demasiado circunscrita. Ou seja, não há uma oposição geral entre a educação dos adultos
e a de crianças e jovens, assim como a formação profissional não pode ser separada da
formação geral.
Mais do que aprender a fazer, o ser humano de nossos dias deve ser formado para aprender
a aprender. E esse aprendizado precisa realizar-se de maneira coletiva, com uma visão
ampla e não fragmentada dos processos organizacionais. A cooperação, a participação, a
responsabilidade, a capacidade decisória e de intervenção são atributos a serem
assimilados e praticados por este novo tipo de profissional: um novo trabalhador, com
uma boa formação geral, com capacidade para perceber fenômenos em processo,
formular análises e propor soluções, com maior autonomia e senso de responsabilidade
organizacional.
4
Texto reproduzido na íntegra dos Referenciais Orientadores da Proposta Educacional da Enap, 2010, p.
20/21.
10
Para Não Esquecer
Aprender a fazer, a fim de adquirir não somente uma qualificação profissional, mas,
de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar
numerosas situações e a trabalhar em equipe. Aprender a fazer, também, no âmbito
das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e
adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer
formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir
com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade
pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada
indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para
comunicar-se.
11
Suas Anotações
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12
Primeiro Dia
13
Uma Teoria de Aprendizagem de Adultos: A Andragogia
Observe que a pedagogia pode ser definida como um conjunto de princípios e métodos
destinados a ensinar. Ela remete a uma reflexão global sobre a ação educativa,
vislumbrando todas as variáveis que interferem no processo de ensino-aprendizagem.
O termo pedagogia tem origem na junção de dois conceitos gregos: paidós (criança) e
agogé (condução). O sentido helênico do termo não se confunde com aquele que será
admitido na modernidade. Em sua origem ele designa o escravo preceptor ou guia, que
conduzia os meninos até o paedagogium (uma espécie de escola). O conceito como o
conhecemos atualmente tem origem no conjunto de pressupostos sobre aprendizagem e
estratégias de ensino desenvolvido na Europa, a partir do século VII, quando as escolas
estavam organizadas para o ensino de crianças e, especialmente, preparando meninos para
o sacerdócio.
14
Como teoria, a andragogia tornou-se mais conhecida a partir da década de 70 do século
XX, quando Malcolm S. Knowles5, considerado o pai da andragogia nos Estados Unidos,
introduz os princípios da educação de adultos. A partir de sua prática com o ensino de
adultos, Knowles admite que o modelo andragógico é um sistema de elementos que pode
ser adotado ou adaptado completa ou parcialmente. Como escreveu em 1980:
´O que isso significa na prática é que nós, instrutores, temos agora a
responsabilidade de verificar quais hipóteses são realistas em uma dada
situação. Se uma hipótese pedagógica for realista, então estratégias
pedagógicas são apropriadas, ao menos como um ponto de partida... A
andragogia não é uma panaceia, mas é um sistema de ideias que pode
melhorar a qualidade da aprendizagem´ (p. 496). O desafio agora é dar
mais estrutura à arte da aplicação profissional da andragogia em
diferentes contextos. (Knowles; Holton; Swanson, 2009, p. 257)
Observamos que, muitas vezes, uma atividade educacional se caracteriza pelos dois
aspectos que se seguem.
Aparentemente, isso caracteriza uma situação de domínio: de um lado aquele que sabe,
do outro aquele que não sabe. Mas devemos estar atentos ao fato de que alguém não saber
algo que sabemos significa muito pouco, particularmente quando nos referimos ao
aprendiz adulto.
Basta refletirmos sobre os múltiplos papéis que uma pessoa adulta desempenha – na
família, na comunidade, na organização em que trabalha -, e nas experiências que
acumula com esse desempenho, além de conhecimentos e informações adquiridas em
outras situações de formação e/ou capacitação (universidades, escolas especializadas,
centros de capacitação profissional). Assim, os aprendizes não são tabulas rasas7, mas
detentores de um conhecimento válido.
Por tudo isso, devemos considerar o aprendiz adulto como corresponsável por sua própria
aprendizagem, isto é, o aprendiz adulto deve participar ao máximo na obtenção dos
resultados da capacitação. Portanto, quando falamos em andragogia, estamos nos
referindo a um tipo de ensino muito particular, porque se apoia no uso de métodos e
técnicas de trabalho que levam em consideração as características de idade, cultura e
motivação dos aprendizes.
5
Malcolm Shepherd Knowles (24/08/1927 – 13/11/1997) foi um educador norte-americano que
desenvolveu a partir do conceito de andragogia, cunhado pelo estudioso alemão Alexander Kapp, um
vasto campo de estudos sobre estratégias de ensino voltadas para o adulto. Ele foi o fundador e diretor
executivo da Adult Education Association e professor da Adult and Community College Education na
North Carolina State University (EUA). Dentre as suas obras, publicadas em língua portuguesa, destaca-
se Aprendizagem de Resultados, tradução da versão original The Adult Learner.
6
Knowles, M. S. The Modern Practice of Adult Education: From Pedagogy to Andragogy. Englewood
Cliffs, NJ: Cambridge, 1980.
7
Do latim: folha em branco - tabula se refere a uma superfície de pedra para se escrever e rasa - feminino
de rasus - significa apagada, isto é, em branco.
15
Precisamos investigar: quem é o aprendiz? Como convive, como percebe o seu mundo,
como elabora o seu pensar? Reconhecer o estágio atual da sua estrutura cognitiva, ou seja,
aquilo que ele já sabe.
8
Knowles, M. S. Andragogy Revisited II. Adult Education, Fall, 1979, 52-53.
9
Texto adaptado de Knowles, Holton e Swanson Knowles, Malcolm S., Elwood. Hoton III e Ricard A.
Swanson. Aprendizagem de Resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação
corporativa. Rio de Janeiro. Campus, 2009 (p. 70-78).
16
1. A necessidade de saber. Os adultos precisam saber por que precisam aprender algo
antes de começar a aprendê-lo. Tough (197910) verificou que, quando os adultos
decidem aprender algo, sozinhos investem energia considerável para investigar os
benefícios que serão obtidos com essa aprendizagem e as consequências negativas de
não aprendê-la. Consequentemente, um dos novos princípios na educação de adultos
é que a primeira tarefa do facilitador da aprendizagem é ajudar os aprendizes a se
conscientizarem da necessidade de saber. Os facilitadores podem defender que o
valor da aprendizagem consiste em aumentar a eficácia da performance dos
aprendizes ou sua qualidade de vida. Algumas ferramentas para aumentar o nível de
conscientização ou a necessidade de saber são as experiências reais ou simuladas em
que os aprendizes descobrem por si mesmos os gaps11 entre onde eles estão no
momento e onde eles desejam estar. Exemplo: sistemas de avaliação de
desempenho12.
10
Tough, A. The Adult’s Learning Projects. Toronto: Ontario Institute for Studies in Education, 1979.
11
Gap: termo muito utilizado no meio corporativo que significa o espaço entre o que se espera
profissionalmente e os pontos a serem desenvolvidos.
12
Pesquisas em treinamento organizacional sugerem que há três aspectos para a necessidade de aprender: a
necessidade de saber como a aprendizagem será conduzida, o que será aprendido e por que isso terá valor.
Pesquisas indicam que a necessidade de aprender afeta a motivação para aprender, os resultados da
aprendizagem e a motivação pós-treinamento para usar a aprendizagem (Knowles; Holton; Swanson,
2009, p. 217).
17
tentam descobrir maneiras de ajudar adultos a refletir sobre os seus hábitos e
preconceitos e abrir sua mente para novas abordagens13.
13
Alguns pesquisadores relevantes nessa área são Argyris, Schön e Senge. (Knowles; Holton; Swanson,
2009, p. 218).
14
Referência: texto adaptado de CUEEP - Centre Université-Economie d’Education Permanente (2011).
18
Se há diferenças entre o adulto e a criança, não se pode superestimá-las ao ponto de
olvidar a influência da infância na formação da história, dos hábitos e valores do
indivíduo. Ademais, a criança não morre quando envelhece, ela apenas se transforma e,
em cada adulto, não há só a lembrança da infância, mas a presença real daquele menino
ou daquela menina que um dia começou a crescer física e intelectualmente. Entender o
adulto requer conversar com essa criança, que só parte definitivamente quando a vida
expira.
No entanto, o caminho andragógico permitiu a evolução dos conceitos de aprendizagens
para abarcar as especificidades da maturidade física e intelectual do sujeito. A questão
não se reduz à contraposição de dois universos e de dois momentos – o da infância e o da
vida adulta -, mas da compreensão de como se aprende em cada fase da vida. A
andragogia é uma resposta, não excludente, à necessidade de se levar em conta o contexto
de aprendizagem e o interesse de apoiar os ambientes socioprofissionais dos aprendizes
como suporte ao ato de aprender.
15
Referência: texto adaptado de Zemke, Ron & Susan (2011). Innovation Abstracts. Vol VI, n. 8 - Mar
1984. Disponível em
http://honolulu.hawaii.edu/intranet/committees/FacDevCom/guidebk/teachtip/adults-3.htm.
19
4. Os adultos geralmente mostram disposição de se envolver em experiências
de aprendizagem antes, após ou até mesmo durante um evento desta natureza.
Uma vez convencidos de que uma mudança é certa, os adultos se envolverão
em qualquer aprendizagem que possa ajudá-los a lidar com a transição da
melhor maneira possível.
Desenho do Currículo
2. Os adultos precisam integrar novas ideias ao que já sabem para reter e usar
novas informações.
20
9. Os programas devem ser desenhados para aceitar pontos de vista de pessoas
em diferentes estágios de vida e com diferentes conjuntos de valores.
Na Sala de Aula
2. Os adultos têm algo real a perder em uma situação de sala de aula: podem
sentir-se ameaçados em sua autoestima e ego quando são solicitados a tentar
adotar um novo comportamento na frente de pares e colegas. Experiências
negativas com a educação tradicional, ressentimentos com pessoas em
posição de autoridade e preocupações com eventos externos afetam a
experiência na sala de aula.
21
4. Os adultos trazem uma grande experiência de vida para a sala de aula, um
trunfo inestimável para ser reconhecido e utilizado. Os adultos podem
aprender bem e muito dialogando com pares respeitados.
5. Educadores que têm a tendência de falar sem parar em vez de facilitar uma
aula devem manter esta tendência sob controle - ou compensá-la
concentrando-se no uso de perguntas abertas para extrair conhecimentos e
experiências relevantes dos aprendizes.
22
Outros Teóricos da Educação de Adultos
Benjamin Samuel Bloom (21/02/1913 –
13/09/1999): estudioso norte-americano que se
dedicou ao estudo da psicologia da aprendizagem.
Em 1950, desenvolveu a taxonomia dos objetivos
educacionais como forma de classificação
coadunada com os níveis de complexidade da
cognição. Desde então, a taxonomia de Bloom tem
sido utilizada no planejamento do ensino e, não
obstante a evolução das teorias da aprendizagem, permanece como um modelo de
referência entre estudiosos e educadores. Dentre as suas principais obras, destaca-
se Taxonomy of Educational Objectives publicada em 1956.
16
De acordo com Pimentel (2007, p.160), a aprendizagem experiencial parte da premissa de que “todo
desenvolvimento profissional prospectivo decorre da aprendizagem atual, assim como o desenvolvimento
já constituído é imprescindível para o aprendizado. Aprender pela experiência não significa que qualquer
vivência redunda em aprendizagem. Esta aprendizagem é, sobretudo, mental. Assim sendo, apropriar
(tornar próprios) os saberes procedentes da experiência demanda processos contínuos de ação e reflexão”.
23
Donald L. Kirkpatrick (15/03/1924 – 09/05/2014): professor norte-americano da
University of Wisconsin (EUA) e presidente da American Society for Training and
Development (ASTD), que se dedicou, desde 1959, ao estudo dos modelos de
avaliação dos processos de capacitação profissional. Seus principais artigos foram
publicados no US Training and Development Journal, dentre eles o Evaluating
Training Programs (1975). É conhecido por ter desenvolvido um modelo de
avaliação baseado em quatro níveis: reação do aluno (o que pensam e sentem
sobre a capacitação), aprendizagem (aquisição de conhecimentos e habilidades),
comportamento (melhoria da capacidade de aplicação) e resultados (efeitos da
capacitação sobre o desempenho no ambiente de trabalho).
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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Primeiro Dia
Já estudamos que as pessoas adultas apresentam vivências muito diversas. De acordo com
as suas experiências e aprendizagens acumuladas, têm paradigmas preestabelecidos,
valores éticos, morais, sociais e individuais sedimentados...
Para uma prática de ensino criativa, estimulante e eficaz, precisamos em primeiro lugar
conhecer essas diferenças. É crucial conectar os novos conceitos aos que os aprendizes
trazem, pois
reconhecemos as suas experiências;
evidenciamos que o que eles sabem é importante;
propiciamos o entendimento do quanto eles podem aprender uns com os outros e
integramos novas questões e estruturas aos saberes existentes, possibilitando o
estabelecimento de níveis mais profundos de compreensão.
Assim, tanto o papel dos aprendizes como o dos facilitadores são fundamentais para a
construção do conhecimento. Nesse processo, aprender é uma atividade que se aprimora
pela colaboração e pela troca constante dos mundos ali presentes. Cabe ao facilitador
promover e participar de situações em que haja desafios, de tal maneira que o aprendiz
sinta-se encorajado a experimentar e vivenciar novas possibilidades dentro do processo
de ensino-aprendizagem.
27
A prática do facilitador torna-se mais humana à medida que ele, consciente de seu papel,
favoreça a espontaneidade, a autonomia e a autoconfiança dos aprendizes, facilitando a
integração e o compartilhamento entre os sujeitos na construção dos diversos saberes.
Mas, como podemos criar esse processo de grande interação, em que os sujeitos da ação
aprendem juntos, numa troca constante de saberes que se entrelaçam e assim constroem
a própria história com os diversos significados que se apresentam ao longo do caminho?
Na figura que se segue, veja as quatro fases para o ciclo de aprendizagem experiencial
apresentadas por Kolb.
17
Kolb, D. A. Experiencial Learning: Experience as the Source of Learning and Development. Englewood-
Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1984.
18
Esse modelo deu origem a termos relacionados como a teoria da aprendizagem experiencial (ELT) e o
inventário de estilos de aprendizagem de Kolb (Learning Style Inventory - LSI).
19
Kolb baseia o modelo de aprendizagem experiencial no modelo pesquisa-ação de resolução de problemas
de Lewin, que é amplamente aplicado ao desenvolvimento organizacional (Cummings, T. G. e Worley,
C. Organization Development and Change, 6ª ed. Cincinatti, OH: Southwestern Publishing, 1997). Ele
defende que o modelo é bastante semelhante aos de Dewey e Piaget. (Knowles; Holton; Swanson, 2009,
p. 213).
28
Ciclo de Aprendizagem Experiencial de Kolb
Experiência
Concreta
Experimentar
Experimentação Observação
Ativa Reflexiva
Fazer Refletir
Conceitualização
Abstrata
Pensar
Fonte: http://www.businessballs.com/freepdfmaterials/kolblearningstylesdiagram.pdf
29
Ciclo de Aprendizagem do Adulto20
Às vezes, quando as peças não encaixam, ideias antigas precisam ser analisadas e
reformuladas. A compreensão aumenta por meio do diálogo com os outros, na medida
em que se validam teorias por meio da resolução ativa de problemas.
Estilos de Aprendizagem
O ciclo de aprendizagem baseia-se na premissa de que os indivíduos percebem e
processam informações de maneiras diferentes. Cada um tem uma abordagem,
preferências e ritmo de aprendizagem que mais lhe convém. Estas preferências criam
estilos únicos de aprendizagem.
Outros consideram que os estilos de aprendizagem fazem parte de um fluxo contínuo que
é influenciado por muitos fatores. Variáveis como motivação, experiências anteriores de
aprendizagem, estilos de tomada de decisão, valores, preferências emocionais,
personalidade, temperamento, gênero e raízes culturais influenciam a maneira como o
aprendiz adquire e processa informações.
20
Texto adaptado de Honsberger, J. e George, L. Facilitando Oficinas: da teoria à prática. São Paulo:
Graphox Caran, 2002, p. 21-23/24.
30
Outras discussões a respeito de como as pessoas aprendem envolvem um estudo de
inventários com base em comportamentos preferidos de aprendizagem. O inventário de
aprendizagem de David Kolb define quatro estilos (ou preferências) de aprendizagem do
indivíduo – divergente, assimilativo, convergente e adaptativo21 -, combinando os quatro
elementos do ciclo de aprendizagem experiencial apresentado anteriormente.
21
O conceito em língua inglesa é accommodating. Para evitar o sentido negativo que a tradução para o
português acarretaria, caso utilizássemos o conceito acomodativo, optamos pelo termo adaptativo, que,
em nossa concepção, estaria mais próximo do sentido original estabelecido por David Kolb.
31
Modelos de Ensino e Aprendizagem da Enap22
Desde sua criação, a Enap orientava-se pelo que se
convencionou, à época, como “ensino de aplicação”. O ensino de
aplicação é um modo de estruturar os processos de ensino-
aprendizagem que incorpora à intervenção didática a prática e a
vivência profissional dos participantes, considerando-os como
agentes principais de sua aprendizagem. Uma vez que o servidor
público é um ser adulto que traz consigo importante repertório de aquisições anteriores,
os processos de capacitação e formação profissional não podem se reduzir à transmissão
de conhecimentos, envolvendo operações de aprofundamento, revisão de informações, de
conhecimentos e de valores. A ideia de “aplicação” expressa “a habilidade de utilizar, em
situações particulares e concretas, os conhecimentos e abstrações anteriormente
adquiridos” e sua utilização implica a adoção de métodos e procedimentos didáticos
adequados, que provoquem a constante reflexão sobre a ação, submetendo as práticas
profissionais a uma análise crítica e à conjugação com possibilidades de mudança. Trata-
se, portanto, de um modelo educacional adequado e atual às escolas de governo, que
existem exatamente para buscar melhorias constantes na gestão pública.
22
Texto reproduzido na íntegra dos Referenciais Orientadores da Proposta Educacional da Enap, 2010, p.
21/23.
32
imediata aplicação prática, e sentem-se mais motivados a aprender quando colocados
frente a problemas e desafios percebidos como verdadeiros.
A opção pela educação centrada nas especificidades do aprendiz adulto faz com
que a prática pedagógica assuma características próprias, incentivando o uso de
simulações, casos e jogos que reproduzam a realidade do setor público e a combinação
da aprendizagem individual com a aprendizagem coletiva, através de atividades em grupo
que favoreçam a troca de experiências. Nessa perspectiva, a Escola distingue-se dos
centros acadêmicos tradicionais, aliando a preocupação com o conhecimento teórico e a
pesquisa com a vocação para a ação prática e o interesse pela transformação dos setores
mais diversos do Estado, adaptando-se às novas e variáveis circunstâncias.
Suas Anotações
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Suas Anotações
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Segundo Dia
Fundamentos da Capacitação
Assim, capacitar não significa apenas suprir deficiências do sistema formal de ensino, ou
dar às pessoas condições de atingir níveis de desempenho de acordo com o seu potencial.
Significa, também, capacitá-las para entender e operacionalizar ações decorrentes de
mudanças ambientais. É auxiliar as pessoas a pensar criticamente e a agir em termos dos
objetivos e diretrizes estratégicos.
Notamos que cada vez mais as organizações, sejam elas públicas ou privadas, com a
consciência de que o seu principal capital são as pessoas, passam a investir em educação
corporativa, assumindo junto com seus colaboradores a responsabilidade e o
compromisso de trabalharem pelo crescimento e desenvolvimento de suas competências.
35
dessa exigência, o desenho instrucional (DI) tornou-se um recurso valioso na formulação
de planos e programas de ensino.
O DI pode ser definido como o processo em que o conhecimento sobre como as pessoas
aprendem é aplicado para traçar estratégias que atendam às necessidades dos aprendizes
e aos resultados almejados na capacitação.
Para Rothwell e Kazanas (1998, p. 3), o desenho instrucional (DI) não deve ser concebido
apenas como um processo de criação da instrução, particularmente em se tratando de uma
situação que envolva a capacitação profissional.
23
Os parágrafos a seguir incluem excertos do texto Subsídios para Formulação de um Curso de Desenho
Instrucional (Oliveira, 2011).
24Esse conceito é equivalente ao estabelecido na língua inglesa – performance -, cujo sentido não se refere
36
e as correções necessárias para garantir a sua efetividade25 e adéquam-se particularmente
às intervenções realizadas nos ambientes de trabalho.
Cada fase do DSI inclui diversas atividades e resultados que subsidiam as fases seguintes
de forma integrada. A eliminação de uma fase pode comprometer as demais no que se
refere à visão sistêmica e terá implicações nos resultados do processo educacional. A
complexidade de cada fase dependerá dos problemas a serem enfrentados e do nível de
capacitação exigido.
Fase 1: Análise
25Os modelos de DI são menos abrangentes que os modelos sistêmicos e podem se concentrar apenas na
análise de necessidades e no desenho instrucional, ao passo que os modelos mais abrangentes visam o
processo educativo em sua totalidade, ressaltando-se, inclusive, a aplicação das avaliações formativa e
somativa como meios para assegurar a correção do processo e o alcance dos objetivos.
26
A sigla ADDIE refere-se às fases de acordo com a língua inglesa: Analysis, Design, Development,
Implementation e Evaluation.
37
Perceba que a pesquisa para o mapeamento ou prospecção de necessidades de capacitação
pode ser realizada por intermédio de diferentes métodos. A escolha dependerá do contexto
no qual o problema de desempenho é observado e da alternativa que possa garantir
volume significativo de informações. Em geral, os desenhistas instrucionais utilizam os
métodos que se seguem.
Entrevistas
Observação Direta do Processo de Trabalho
Exame Indireto de Realização ou Medidas de Produtividade
Questionários
Análise de Tarefas
Informante-chave ou Grupos Focais
Técnica de Grupo Nominal (NGT)
Procedimento Delphi
Método de Incidente Crítico
Centro de Avaliação
Mapeamento de Competências
Fase 2: Desenho
objetivos da aprendizagem;
conteúdos adequados aos desempenhos desejados;
pré-requisitos para a aprendizagem;
sequência da aprendizagem.
Fase 3: Desenvolvimento
38
Fase 4: Implementação
Fase 5: Avaliação
Suas Anotações
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Suas Anotações
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Segundo Dia
O termo didática deriva da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se
traduz por arte ou técnica de ensinar e indica a característica de realização lenta através
do tempo, própria do processo de instruir.
Atualmente, a Didática pode ser compreendida como uma ciência, cujo objetivo
fundamental é ocupar-se das estratégias de ensino, das questões práticas relativas à
metodologia e das estratégias de aprendizagem. Sua busca de cientificidade se apoia em
bases filosóficas, principalmente no que diz respeito à visão de educação e de mundo que
cada educador constrói na sua caminhada e na sua práxis. Sintetizando, poderíamos dizer
que ela funciona como o elemento transformador da teoria em prática.
Importante perceber que a prática docente não pode ser vista como algo neutro, livre de
influências e contingências, pois a dinâmica social que permeia a vida do ser humano está
presente na práxis de qualquer trabalhador.
41
Os Componentes do Processo Didático27
27
Adaptado da obra Didática, de José Carlos Libâneo (1994).
42
Ao investir em capacitação, é crucial que as organizações e os
profissionais envolvidos nesse processo tenham em mente as
particularidades do ensino destinado ao adulto que discutimos na
segunda seção deste curso. O planejamento de ensino, nessa
circunstância, deve considerar os seguintes aspectos:
Para firmarmos nossa compreensão sobre esses aspectos, é importante reiterar o que
Knowles (Knowles; Holton; Swanson, 2009, p. 121-122) estabelece como pressupostos
distintivos das práticas pedagógicas e andragógicas.
43
Suas Anotações
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Segundo Dia
Note que a essência do planejamento envolve três dimensões: a ação a ser realizada, não
uma ação qualquer, mas uma ação que visa a um resultado, e, por sua vez, tanto o
resultado quanto a ação estão referidos a uma realidade a ser transformada.
1. Realidade
2. Reflexão
3. Ação
1. Realidade Transformada
2. Reflexão
3. Ação
1. ...
45
A alteração da realidade é o grande desafio da humanidade, uma vez que por esta o ser
humano se faz, se constitui enquanto tal, se transforma também. Nesse contexto é que se
coloca a tarefa de planejar.
Num sentido mais geral, podemos dizer que a atividade tipicamente humana consciente
está constantemente marcada por um ato de planejamento, em que procuramos responder
às perguntas que se seguem.
O que pretendo alcançar?
Em quanto tempo pretendo alcançar?
Como posso alcançar isso que pretendo?
O que fazer e como fazer?
Quais os recursos necessários?
O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi alcançado?
Planejamento de Ensino
Observamos que, para uma aula se desenvolver em um ambiente participativo e
acolhedor, é necessário que o facilitador de aprendizagem faça uma boa preparação, e
isso se dá bem antes de ele entrar em sala de aula. Mas como se dá essa preparação?
De algum modo, com maior ou menor rigor, nós sempre planejamos as nossas aulas, não
é verdade? Porém, como superar o planejamento espontâneo em direção ao planejamento
consciente? Ou seja, como fazer um plano bem elaborado para que, de fato, as atividades
em aula propiciem o máximo aproveitamento? Como tornar clara e precisa a nossa ação,
sintonizando as nossas ideias, realidade e recursos para tornar mais eficiente a nossa
prática?
28
Você se lembra da Fase 1 do DSI: Análise? Se não, veja novamente a 4ª Seção.
46
Em seguida, é necessário:
estabelecer ou descrever o objetivo geral da capacitação e os objetivos de
aprendizagem de forma clara e precisa;
selecionar e sequenciar os conhecimentos, habilidades e atitudes adequados aos
desempenhos desejados;
planejar as aulas e o material destinado à consecução desses objetivos (procedimentos
didáticos);
executar a capacitação;
determinar se os objetivos foram alcançados e
aprimorar o planejamento para obter melhores resultados no futuro.
29
Prioritariamente a modalidade será presencial para processos educacionais que contenham atividades
vivenciais, para auxiliar o autoconhecimento, a aprendizagem de novos comportamentos/ atitudes; e/ou
que simulem o aprendido. Na modalidade educação a distância online é preciso contar com uma
plataforma Web, com uma tutoria (ou monitoria realizada, inclusive, por professores) virtual permanente
e sistemática, para realizar a mediação virtual de conteúdos e aprendizagem. Também poderemos apontar
a modalidade educação a distância - EaD utilizando outros meios digitais que possibilitem o
compartilhamento de conhecimentos, como por exemplo, o e-mail. A modalidade híbrida, também
denominada blended, aplica-se a processos educacionais em que podemos colocar a carga teórica na
EaD e utilizar os momentos presenciais para atividades vivenciais.
47
Conteúdo (Principais Tópicos) – relacionar os principais tópicos que serão
abordados no evento de aprendizagem.
Metodologia (Método30 de Ensino) – descrever como será desenvolvido o evento
de aprendizagem, ou seja, como será a prática de ensino desenvolvida pelo
facilitador de aprendizagem. O aspecto metodológico é muito importante, pois é a
criação das condições adequadas para o trabalho educativo. No caso específico do
ensino dirigido ao adulto, convém considerar os princípios andragógicos e
sugerimos também a concepção de aprendizagem experiencial de Kolb, estudada
na 3ª Seção, para viabilizar aulas criativas e produtivas a esse público.
Avaliação - apresentar como os alunos serão avaliados durante o evento de
aprendizagem. Que tipos de avaliação serão feitos? Quantas serão? Como ocorrerá
o processo? Importante lembrar que não devemos utilizar somente um instrumento
de avaliação e que ela deve ser processual, ou seja, não deve acontecer somente ao
final do curso.
Plano de Aula
O que é?
O plano de aula é a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no
período de tempo em que o facilitador de aprendizagem e o aprendiz interagem numa
dinâmica de ensino-aprendizagem.
Componentes Básicos do Plano de Aula
Objetivos Específicos de Aprendizagem – cada aula deve ter os seus objetivos
específicos de aprendizagem, estabelecidos para cada uma das atividades propostas.
Eles são complementares e devem ser alcançados no contexto da sala de aula na
medida em que se busca o objetivo geral do evento de aprendizagem, em espaços
de tempo mais curtos. Importante: os objetivos específicos de aprendizagem devem
ser expressos em termos de ações e atitudes dos aprendizes e não em termos de
ações e atitudes do facilitador de aprendizagem.
Seleção dos Assuntos ou Temas - ao planejar a aula, o facilitador de aprendizagem
precisa selecionar, convenientemente, os conhecimentos, habilidades e atitudes,
estabelecendo com critério a sequência de assuntos a serem desenvolvidos na carga
horária disponível.
Estratégias de Ensino - a importância da escolha das estratégias de ensino é
fundamental. A matéria por si é inerte para fins de aprendizagem, é apenas uma força
potencial. Quando é trabalhada com uma estratégia coerente com a andragogia torna-
se rica, sugestiva e eficaz, dinamizando, inspirando e abrindo novas perspectivas de
estudo. Assim, as estratégias de ensino selecionadas pelo facilitador de aprendizagem
devem: ser diversificadas; estar coerentes com os objetivos propostos e com o tipo de
aprendizagem previsto nos objetivos; adequar-se às necessidades dos aprendizes;
servir de estímulo à participação do aprendiz no que se refere a descobertas e
apresentar desafios. Exemplos: estudos de caso, simulações de papéis, exercícios em
grupo, atividades de resolução de problemas, etc.
30
Etimologicamente, método quer dizer “caminho para se chegar a um fim”. É o caminho para se atingir
um objetivo. Método é um conceito mais amplo que técnica. O facilitador de aprendizagem, ao dirigir e
estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos aprendizes, utiliza intencionalmente um
conjunto de ações, procedimentos e técnicas logicamente coordenados.
48
Recursos Didáticos – são os componentes do ambiente de aprendizagem que
contribuem para a boa assimilação do assunto ou tema desenvolvido em aula. Ou
seja, é todo e qualquer recurso utilizado no contexto de uma estratégia de ensino, a
fim de auxiliar o facilitador de aprendizagem a transmitir a sua mensagem ao
aprendiz, e este a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente.
Avaliação – é o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados
alcançados em relação aos objetivos, considerando o contexto das condições em que
o processo ensino-aprendizagem foi desenvolvido. No planejamento da avaliação, é
fundamental considerar a necessidade de avaliar continuamente o desenvolvimento
do evento de aprendizagem. Além disso, interpretar resultados da avaliação é
importante para a retomada de rumos. O feedback deve ter mão dupla e ser visto
como informação ao facilitador de aprendizagem sobre a sua atuação, e para o
aprendiz sobre o seu desempenho na capacitação.
Ressaltamos que o planejamento das aulas é formado de assuntos inter-relacionados e que
cada encontro deve ser replanejado ao final do que o antecede, pois este lhe servirá de
base ou apoio.
Resumo31
Os facilitadores da oficina devem realizar o levantamento de necessidades com as organizações
promotoras e participantes a fim de:
■ confirmar as necessidades mais significativas
■ definir prioridades
■ obter acordo quanto a objetivos e resultados esperados que possam atender as necessidades
de todos os envolvidos
Os facilitadores vão precisar:
■ desenvolver objetivos
■ determinar a duração de cada atividade da oficina
■ identificar os conhecimentos/habilidades/atitudes que o grupo precisa para atingir o
objetivo de cada tópico
■ escolher atividades apropriadas para os facilitadores e para o grupo, por meio das quais seja
possível atingir os objetivos;
■ elaborar as atividades da oficina e definir materiais de apoio para cada tópico
■ planejar uma variedade de atividades participativas, ex.: apresentações, estudos de caso,
simulações de papéis, atividades de resolução de problemas, etc.
■ decidir como fazer a avaliação reflexiva das atividades e avaliar o aprendizado
Os facilitadores necessitarão de vários recursos para a realização da oficina. A lista a seguir
orienta a organização destes recursos e pode ser ampliada ou alterada sempre que necessário:
■ crachás
■ todos os materiais visuais necessários para apoiar o desenvolvimento e fixação de conceitos
■ cavaletes para flip-chart com papel adicional
■ um laptop e um canhão de projeção
■ pincéis atômicos, fita crepe, tesouras, cola, cola de bastão, grampeadores, grampos e um
removedor de grampos
■ um exemplar do Manual do Participante para cada participante
■ canetas/lápis
■ recursos específicos de cada atividade
■ uma mesa para colocar os materiais (livros, apostilas extras, materiais dos participantes.
31
Extraído da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p. 40/1).
49
Condições que Facilitam o Processo de Ensino-Aprendizagem
Agora que já vimos aspectos básicos de como elaborar o planejamento de ensino,
apontaremos algumas condições que facilitarão o seu trabalho e o processo de
aprendizagem.
Condição 1
A aprendizagem é bastante facilitada numa atmosfera que encoraja os aprendizes a
serem ativos. Sua tendência é progredir, quando houver menor domínio e menos
verbosidade por parte do facilitador e mais fé na capacidade dos aprendizes acharem
soluções e alternativas que os satisfaçam. Escutar e permitir que os aprendizes utilizem o
facilitador e o próprio grupo como recursos e como trampolim facilitam a exploração
ativa de ideias e de possíveis soluções para os problemas. Os aprendizes não são
receptáculos passivos nos quais simplesmente se despejam valores “corretos”, respostas
“corretas” e formas de pensar “corretas”. Os aprendizes são seres ativos e criativos, que
necessitam de oportunidades para determinar metas, discutir os temas e os modos de se
avaliarem. Realmente aprendem quando se sentem ligados aos acontecimentos ou quando
estão pessoalmente envolvidos.
Condição 2
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera que promove e facilita ao indivíduo
descobrir um significado pessoal das ideias. Isso significa que o facilitador ao invés de
dirigir e manipular os aprendizes deve ajudá-los a descobrir qual o significado das ideias
ou fenômenos por eles próprios (motivar uma conduta autônoma). Precisa criar situações
nas quais os aprendizes, livremente, possam externar as suas necessidades, em lugar de
simplesmente lhes serem ditadas. As necessidades do indivíduo e do grupo são
consideradas ao se decidir qual a matéria ou assunto será explorado. Não importa quão
permissiva se apresente a estrutura de uma aprendizagem, sempre estará implícita uma
finalidade: um facilitador nunca deixa de ter uma meta. Dá-se a aprendizagem quando os
propósitos do ensino facilitam e encorajam o indivíduo a descobrir seus próprios
objetivos, suficientemente amplos para permitir que as pessoas explorem e internalizem
o comportamento de maneira a proporcionar satisfação e desenvolvimento.
Condição 3
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera que dê ênfase ao caráter pessoal e
objetivo do aprendizado. Ao se criar tal situação, cada indivíduo tem a impressão de
que suas ideias, seus sentimentos e suas perspectivas têm valor e importância. Os
aprendizes precisam perceber que o conteúdo da aprendizagem não é algo externo,
estranho a eles. Chegam a tal percepção ao sentirem que as suas contribuições e o seu
valor como pessoa são realmente apreciados.
Condição 4
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera em que a diferenciação é boa e
desejável. Situações que dão ênfase à “única resposta certa”, à solução mágica, ou à única
“maneira certa” de agir e pensar, estreitam e limitam a pesquisa e inibem o
descobrimento. Os aprendizes precisam ter a oportunidade de expressar as suas ideias,
sejam quão diferentes forem, caso queiramos que encarem a si, aos outros e às ideias sem
qualquer preconceito. Isto requer uma atmosfera em que ideias divergentes podem ser
aceitas, sem necessidade de concordar. É preciso aceitar as diferenças existentes entre
ideias e pessoas.
50
Condição 5
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera em que, sistematicamente, o direito de
errar é reconhecido. A liberdade e a disponibilidade para tomar decisões são
severamente limitadas onde não se permitem erros. Facilita-se o crescimento e
desenvolvimento quando o erro é aceito como sendo uma consequência natural do
processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem requer um constante desafio de
novas e diferentes experiências e da exploração de circunstâncias desconhecidas, fatos
que logicamente podem conduzir a erros. Para que possam aprender, as pessoas
necessitam da oportunidade de explorar novas situações e ideias, sem que sejam
penalizadas ou castigadas pelos erros que cometerem. O facilitador, que sente e age
levado pela necessidade de sempre estar com a razão, cria situações de aprendizagem
limitadas e perigosas.
Condição 6
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera que tolera a ambiguidade. Numa
atmosfera rígida e defensiva, os aprendizes não têm o tempo necessário para encontrar
soluções adequadas e não se sentem à vontade caso não tenham respostas. Sentem que se
dá maior valor à resposta “certa” que a uma boa resposta. A procura de soluções
adequadas requer trabalho de pesquisa franco e corajoso, tempo para o estudo das várias
alternativas, sem que haja pressões que forcem uma resposta imediata.
Condição 7
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera na qual a avaliação é um processo
cooperativo, com ênfase na autoavaliação. Aprendizagem é um processo pessoal. As
pessoas precisam de oportunidades para formular os critérios de avaliação desse processo.
Critérios estabelecidos pelo facilitador são artificiais e irrelevantes para os componentes
do grupo. Mudanças de comportamento e crescimento, geralmente, podem ser avaliadas
pela maneira como as pessoas reproduzem o que outros tentaram lhes administrar. É
óbvio que qualquer um pode fazer de conta de que está atendendo aos desejos do
facilitador. Uma avaliação mais significativa e mais valiosa é obtida quando as pessoas
têm plena liberdade para examinar a si mesmas, bem como a posição que ocupam em
relação às outras. A autoavaliação e a avaliação dos colegas permitem às pessoas julgarem
o que aprenderam e o quanto se desenvolveram. Novos insights se abrem às pessoas que
podem observar como realmente são. Cada membro do grupo precisa ver-se acurada e
nitidamente para que ocorra a aprendizagem. Isto pode ser mais bem alcançado pela
avaliação pessoal e do grupo.
Condição 8
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera que encoraja o indivíduo a se revelar
francamente. Para que possam ocorrer soluções de problemas e aprendizagem é
necessário que sentimentos, atitudes, ideias, perguntas e preocupações pessoais sejam
francamente discutidos e examinados. A intensidade da aprendizagem e os resultados são
bastante inibidos quando ideias, pensamentos, sentimentos ou atitudes relacionados aos
tópicos em discussão são sonegados e não postos abertamente no processo cooperativo e
interativo da aprendizagem. Por outro lado, a aprendizagem é enriquecida quando os
aprendizes percebem que, não obstante o que disserem ou opinarem, não sofrerão punição
psicológica nem penalidades.
51
Condição 9
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera em que as pessoas são encorajadas a
confiar em si e em outras fontes externas. Os aprendizes tornam-se menos dependentes
da autoridade ao encararem as situações que enfrentam com o espírito aberto, e quando
sentem que possuem as qualificações para a aprendizagem. É importante que eles sintam
que têm algo a contribuir no processo de aprendizagem, em vez de achar que a
aprendizagem significa a aquisição de conhecimentos e fatos oriundos apenas de fatores
externos para um eventual uso futuro. As pessoas aprenderão ao verem a si próprias como
uma fonte de ideias e de alternativas aos problemas que surgem. O processo de
aprendizagem é facilitado à proporção que os aprendizes começam a extrair ideias de si
e de outros, em vez de depender inteiramente do facilitador.
Condição 10
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera em que os aprendizes sentem que são
respeitados. Num grupo em que se dá grande valor para a individualidade dos membros
e ao seu relacionamento dentro do grupo, as pessoas aprendem que alguém se interessa
por elas. Uma genuína expressão de interesse por parte do facilitador e o clima emocional
agradável geram uma atmosfera de segurança em que as pessoas podem explorar ideias e
verdadeiramente aproximar-se uma das outras, sem que haja ameaças. Confrontos e
diferentes opiniões tornam-se forças construtivas num grupo em que as pessoas sentem
que são respeitadas. Uma atmosfera segura não precisa excluir o confronto pessoal, que
muitas vezes é ótimo catalisador para o aprendizado.
Condição 11
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera em que as pessoas sentem que são
aceitas. As pessoas tem mais liberdade de mudar, sempre que sentem que as mudanças
não lhes são impostas. É paradoxal, mas quanto mais tentamos modificar as pessoas, tanto
mais resistentes se mostram a qualquer mudança. Aceitar uma pessoa significa que não
nos opomos a que ela não modifique os seus valores e sua forma de ser, assim ela terá
muito mais liberdade de efetuar uma autoanálise e proceder a um balanço de seus valores
e mudar. Se houver insistência é possível que haja rejeição, porque estaremos informando
a pessoa de que não podemos aceitá-la como é, e que deve mudar. É necessário que as
pessoas sintam que a opção de mudar é inteiramente sua. Elas adquirem esta concepção
quando se sentem aceitas assim como são. Naturalmente tendem a se defender quando
veem seus valores atacados. Pessoas preocupadas em se defender não aprenderão.
Condição 12
A aprendizagem é facilitada numa atmosfera que permite confrontações. O aprendiz
expressará sua própria personalidade quando houver comunicação franca e aberta, sem
clima de ameaça psicológica. É perfeitamente natural que, em tais situações, pessoas
enfrentem pessoas e ideias desafiem ideias. Confrontações facilitam a aprendizagem.
Proporcionam às pessoas uma oportunidade de ter suas ideias e a si próprios testados por
outras pessoas ou pelo grupo. Ninguém aprende com os outros se viver isolado. As
atitudes mudam e as ideias se modificam, ou se tornam mais refinadas, dependendo do
feedback que uma pessoa recebe de outras. Confrontação é um campo de provas que
permite a sintetização de ideias, o surgimento de novas ideias e a mudança do próprio
indivíduo.
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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Segundo Dia
55
Importante ressaltar que os objetivos de aprendizagem partem da determinação de metas
razoáveis no contexto concreto da sala de aula e que devem ter coerência com a
abordagem andragógica, ou seja, incentivar a proatividade do aprendiz para que atue
como protagonista de seu próprio processo de aprendizagem.
A sua redação deve ser clara e precisa, informando à organização e ao aprendiz o que se
pode esperar da capacitação, facilitando a escolha de técnicas e estratégias de ensino-
aprendizagem e fornecendo bases para a avaliação do processo.
Atente para não confundir desempenhos que podem ser apresentados ao longo ou ao final
da capacitação, em decorrência da aprendizagem realizada, com aqueles que só podem
ser observados na situação do trabalho.
Mas, atente também para o fato de que a competência em ação não pode estar totalmente
dissociada dos objetivos de aprendizagem. O vínculo entre desempenho pretendido e
objetivo de aprendizagem auxilia, inclusive, na avaliação sobre a pertinência da
capacitação como solução para os problemas detectados durante o diagnóstico ou
mapeamento de necessidades.
32
Competência em ação, ou seja, o desempenho esperado na situação de trabalho em decorrência da
capacitação.
56
Classificação dos Objetivos de Aprendizagem Quanto ao Grau de Abrangência
57
Exemplos de Objetivos Específicos de Aprendizagem
Para auxiliar a construção desses objetivos, podemos utilizar a matriz que se segue,
lembrando que o verbo de ação é apresentado no infinitivo.
Exemplo
Elaborar dois objetivos de após o estudo desse em um prazo de dez
aprendizagem, texto, minutos.
33
Importante: Quem aprende? O aprendiz. Embora óbvia, esta simples menção nada significará se o
facilitador de aprendizagem não tiver em mente que todas as atividades de ensino são para o aprendiz,
que é o centro da situação e, como tal, todos os esforços a ele se dirigem. Os resultados a serem obtidos
no contexto da sala de aula, antes de serem do facilitador, serão do aluno.
58
Em síntese, os objetivos específicos de aprendizagem precisam ser:
expressos em termos do desempenho esperado do aprendiz no contexto da
sala de aula;
observáveis e mensuráveis;
explícitos quanto ao conteúdo ao qual o desempenho se relacione;
realistas e alcançáveis nos limites de um segmento de tempo;
complementares, contribuindo para os objetivos do curso, com coerência
entre si;
claros, mencionando apenas um desempenho em relação aos conteúdos;
importantes e significativos;
conhecidos pelos aprendizes.
Taxonomia de Bloom
Domínio Cognitivo34
Para esse domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia de complexidade dos
processos intelectuais em seis níveis.
34
Veja Anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo.
59
para uma situação nova e específica. Exemplo de verbos indicados para esse nível: editar,
calcular, aplicar, formular.
Domínio Afetivo
Para esse domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia no grau de internalização
de determinados valores em cinco níveis.
1. Recepção – O nível afetivo mais baixo começa com o aprendiz meramente recebendo
o estímulo e passivamente atendendo a ele, ou seja, o aprendiz percebe a exigência de um
dado valor, dirige sua atenção para ele de modo seletivo e intencional. Verbos indicados:
aceitar; acumular; atender.
2. Resposta – O aprendiz progride para atender mais ativamente ao estímulo. Assim, ele
responde ao estímulo com alguma ação. Verbos indicados: apontar; aprovar; escrever.
60
4. Organização – O estágio seguinte é a organização de cada um dos valores a que o
aprendiz está respondendo. Ele reinterpreta o valor comunicado na instrução à luz de
outros valores. Verbos indicados: associar; estudar; julgar; partilhar; propor.
Domínio Psicomotor
Categoria: Percepção
Identificar quais os sons que geram maior irritação nos participantes, durante o
exercício de relaxamento.
61
Primeira Atividade: Parte do Plano de uma Capacitação
Objetivo
Elaborar, em dupla, parte do plano de uma capacitação, que integrará a miniaula de quinze
minutos a ser ministrada posteriormente, considerando a abordagem andragógica e as
contribuições de Mager e da taxonomia de Bloom para a formulação dos objetivos de
aprendizagem.
Instruções
Definir os componentes básicos de parte do plano de uma capacitação, preenchendo o
roteiro que se segue.
Docentes
Período de Realização
Modalidade
Público-alvo
Número de Participantes
Justificativa
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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Didática para Facilitadores de
Terceiro Dia
Aprendizagem
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Sequência e Estrutura Lógica do Conteúdo
Após a seleção do conteúdo, o facilitador de aprendizagem deve pensar na sua
organização, isto é, estabelecer a disposição dos temas, tópicos ou itens de forma
sequencial e lógica, encadeada e hierarquizada, visando facilitar a compreensão da
capacitação e favorecer a aprendizagem.
Para o autor, seria bastante cômodo, por exemplo, que uma pessoa pudesse progredir até
a capacidade de organizar frases em uma língua estrangeira, sem ter aprendido
anteriormente a utilizar palavras separadamente. Na realidade, porém, este salto não pode
ser feito e, se o tentarmos, pode resultar em sério bloqueio que poderá permanecer por
longo tempo.
35
As teorias de Robert Gagné são comumente aplicadas com Tecnologias de Informação e Comunicação –
TIC, sigla que designa a informática e a sua potencialização com os recursos de comunicação.
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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68
Terceiro Dia
Conceito de Estratégia
Por essa razão, as suas derivações sofrem, ainda hoje, a influência do sentido primitivo,
a exemplo de estratagema, que originalmente significava ardil de guerra. No contexto do
planejamento estratégico, como o conhecemos na atualidade, a palavra tornou-se um
conceito funcional e essencial para distinguir, regra geral, a ação tencionada ou projetada.
69
Estratégia como um padrão ou processo de decisões coerentes, consensuais e
integradas.
Estratégia como investimento nos recursos tangíveis e intangíveis da organização para
desenvolver as capacidades que assegurarão a sustentabilidade da vantagem
competitiva.
Estratégia como forma de pensar o futuro, integrada no processo decisório, com base
em procedimentos formalizados e articuladores de resultados.
Estratégia de Ensino
36
Para os mais curiosos e interessados no assunto, que se sentirem frustrados com a brevidade da
abordagem, indicamos a leitura do livro Safari de Estratégia - MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND,
Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto
Alegre: Bookman, 2000.
70
sistematização das atividades, considerando-se, além do perfil dos participantes, as
variáveis de contexto (recursos disponíveis, conhecimentos prévios e tempo
disponível);
articulação adequada entre teoria e prática de acordo com a natureza dos conteúdos
abordados;
prospecção e utilização de estratégias de ensino diversificadas e inovadoras, que
respondam aos objetivos pretendidos e facilitem o processo de ensino-aprendizagem;
flexibilidade e criatividade para a adequação do plano frente a situações imprevistas;
revisão e atualização periódica do plano.
Ao planejar as estratégias de ensino, não é suficiente fazer uma listagem de técnicas que
serão utilizadas, como, por exemplo, brainstorming, estudo de caso, dramatização. É
preciso prever como utilizar o conteúdo selecionado para atingir os objetivos propostos.
As técnicas estão incluídas nessa descrição.
71
As estratégias de ensino, portanto, não são apenas coletâneas de técnicas isoladas. Elas
têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem a filosofia que preside o processo
de aprendizagem e todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino
propriamente dita37.
Técnicas de Ensino38
Observe que você pode combinar algumas técnicas para criar uma atividade. Lembre-se
de fazer as perguntas listadas acima, para verificar a sua viabilidade à capacitação que
está planejando.
37
Sugerimos que você veja novamente o modelo do ciclo de aprendizagem experiencial de David Kolb na
terceira seção e observe atentamente o Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV), modelo
teórico que tem sua origem nos estudos de Kolb.
38
Referências: Bordenave (2001); Canada School of Public Service (2009); Gil (1997); Oliveira (2003);
Veiga (1995).
72
1. Aula Expositiva
73
Durante a exposição, o facilitador faz uso de recursos didáticos, frequentemente de
quadro, flip-chart e projetor de multimídia. É importante observar que não é a quantidade
de recursos nem a sofisticação que interessam e, sim, o seu uso adequado, levando-se em
conta os objetivos estabelecidos e procurando sempre obter dos participantes uma
reflexão. Assim, o facilitador de aprendizagem precisará tomar alguns cuidados
específicos, como:
definir com clareza os seus objetivos;
fazer com que os aprendizes conheçam os seus objetivos;
identificar o nível de conhecimentos e as expectativas dos aprendizes;
elaborar a mensagem de forma clara, precisa e concisa, a partir das características e
necessidades dos aprendizes;
planejar a sequência dos tópicos;
imprimir certo colorido emocional à mensagem;
incluir, quando oportuno, fatos pitorescos;
propor situações problemáticas para manter os aprendizes em atitude reflexiva;
apresentar as ideias mais importantes de formas diversas, para não provocar
monotonia;
evitar a tentação de expor o tempo todo: convém entremear a exposição com breves
discussões, exercícios e realizações de experiências simples;
cuidar para que o tom de voz, a altura e o ritmo não desagradem aos aprendizes;
desenvolver a empatia;
manter-se atento para as reações dos aprendizes;
criar em sala de aula um clima de apreço, aceitação e confiança;
desenvolver nos aprendizes uma atitude permanente de curiosidade em relação ao
assunto;
criar condições para que os aprendizes ofereçam retroalimentação utilizando perguntas
orientadoras.
Princípios
A criatividade é um elemento fundamental para se obter novas ideias ou propostas.
Todas as pessoas são criativas, e num ambiente encorajador e sem críticas essa
criatividade aflora com menos dificuldades.
Um grupo de pessoas tem um potencial criativo expressivamente maior do que um
indivíduo.
Potencial criativo aumenta quando se estimula o grupo a produzir uma grande
quantidade de ideias num pequeno intervalo de tempo.
74
O brainstorming pode ser feito de maneira estruturada ou não estruturada. No
brainstorming estruturado, todos os integrantes darão uma ideia quando chegar a sua vez
na rodada, ou passarão a vez até a próxima rodada. Isso evita a preponderância dos
integrantes mais falantes, dá a todos os participantes uma oportunidade igual para
contribuir com ideias e promove um envolvimento maior de todos, mesmo os mais
tímidos. O brainstorming termina quando nenhum dos integrantes têm mais ideias e todos
passam a vez numa mesma rodada.
No brainstorming não estruturado, qualquer integrante lança ideias à medida que vão
surgindo na mente. Tende-se a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco
dos integrantes mais falantes dominarem o ambiente. Essa técnica termina quando
nenhum integrante tem mais ideias e todos concordam em parar.
Procedimentos
Escreva a questão em um flip-chart.
Verifique se a questão está clara para todos os participantes.
Proporcione alguns minutos de silêncio para que os integrantes gerem algumas ideias.
Decida que método de brainstorming usar (estruturado ou não). É comum começar
estruturado e prosseguir não estruturado
Escreva no flip-chart uma ideia de cada vez, exatamente como foi enunciada. Não
interprete.
Estimule que os participantes peguem carona nas ideias dos outros.
Não discuta, questione ou critique as ideias alheias, apenas as registre da mesma forma,
boas ideias não devem ser elogiadas. Qualquer julgamento de valor deve ser suspenso
nesta fase.
Após registrar as ideias, reveja a lista e clarifique o conteúdo.
Permita composições, modificações e eliminações, priorizando as ideias.
3. Discussão/Debate
É uma técnica didática que responde a vários objetivos, tais como:
favorecer a reflexão acerca de conhecimentos obtidos mediante leitura ou exposição;
desenvolver novos conhecimentos mediante a utilização de conhecimentos e
experiências anteriores;
favorecer o enfoque de um assunto sob diferentes ângulos;
dar oportunidade aos aprendizes para formular princípios com suas próprias palavras
e sugerir aplicações para os mesmos;
ajudar os aprendizes a se tornarem conscientes dos problemas que aparecem na
informação obtida a partir de leituras;
facilitar a aceitação de informações ou teorias contrárias às crenças tradicionais ou
ideias prévias.
Uma discussão bem-sucedida pode ser bastante agradável tanto para os aprendizes como
para o facilitador, pois se torna um verdadeiro divertimento intelectual, constituindo-se
em importante exercício de liberdade.
75
A discussão em classe apresenta também algumas limitações. As discussões não podem
ser eficientes quando os membros do grupo não dispõem dos conhecimentos necessários
como requisitos prévios; a velocidade de transmissão de informação é baixa – como em
alguns cursos o tempo disponível é restrito, nem sempre a discussão se torna uma
estratégia eficiente.
Vem sendo adotada como a principal alternativa à aula expositiva, pois à medida que as
discussões sejam bem-sucedidas o facilitador passa a reconhecê-las como estratégia mais
adequada para a formulação de problemas e desenvolvimento do pensamento crítico dos
aprendizes.
Assim, convém que as discussões sejam precedidas por alguma outra atividade, como a
leitura de um bom texto, uma preleção, demonstração ou dramatização. Colocar no
quadro problemas propostos pelos aprendizes, ou respostas a um problema que o
professor propôs, é também um meio eficaz de favorecer a discussão.
É interessante que as questões numa discussão sejam formuladas como problemas que
tenham algum significado para os aprendizes e sejam estruturadas para analisar relações,
implicações ou causas de fatos ou fenômenos. Em lugar de uma pergunta do tipo: “qual
a definição de ...?”, formule-se uma assim: “como a ideia ... se aplica a ...?”.
Para isto, o facilitador precisa, logo no início, demonstrar a importância da discussão para
que os objetivos do curso sejam alcançados. E ao longo do processo esforçar-se no sentido
de estimular a participação dos aprendizes. Algumas ações são eficazes nesse sentido:
dispor os aprendizes em círculo;
solicitar a participação dos aprendizes nas áreas que tenham reconhecida competência;
chamar os aprendizes pelo nome;
reforçar a participação dos aprendizes mediante agradecimentos, sorrisos ou sinais de
aquiescência;
demonstrar respeito pelas opiniões pessoais dos aprendizes.
76
4. Estudo de Caso
No estudo de caso, o que se pretende é exercitar a análise de situações reais (ou simuladas)
em sala de aula. Visa à aplicação em uma situação concreta dos conceitos aprendidos,
buscando transferi-los para o dia-a-dia do participante. Podem ser conduzidos dois tipos
de estudos de casos:
caso-análise, para desenvolver a capacidade analítica.
caso-problema, no qual se busca a solução-síntese, ou a melhor solução possível dentro
dos dados fornecidos pelo caso.
No caso-análise, é importante que o facilitador não se deixe levar pela tendência natural
dos participantes em chegar a conclusões únicas, já que não se buscam soluções de
consenso.
5. Dramatização
Finalidades
Desenvolver empatia e consequentemente uma maior compreensão do papel
desempenhado.
Trazer para o grupo a realidade social de fora, de forma viva e sincera, para ser
analisada e discutida pelos participantes do grupo.
Desenvolver a desinibição e a liberdade de expressão.
Aplicação
A dramatização pode ser planejada ou espontânea. A diferença entre as duas maneiras é
que na dramatização planejada o facilitador escolhe o assunto e os papéis e os distribui
entre os participantes, instruindo-os sobre como atuar.
77
Montagem
Liberar e delimitar um espaço para cena e para os observadores.
Anunciar o exercício, determinar o tema, distribuir os papéis (se dramatização
planejada).
Informar o tempo de duração do exercício, tanto o determinado para o preparo
(planejamento e ensaio, se for o caso) quanto o destinado à apresentação ou
representação.
Após a apresentação, discutir com os participantes as experiências, conclusões,
conceitos e aplicações resultantes do exercício.
6. Estudo Dirigido
Para a educação de adultos, a busca de solução de uma situação é a mais indicada. Uma
situação-problema é aquela em que nem todos os dados são conhecidos. A procura destes
dados é que caracteriza um estudo dirigido, que pode ser aplicado individualmente ou em
pequenos grupos.
7. Grupo do Cochicho
Consiste em dividir a turma em duplas para discussão de um tema qualquer. É uma técnica
bastante informal, de fácil organização, aplicável a grupos grandes e que favorece a
participação total da turma.
78
Procedimentos
O facilitador divide os participantes em dois grupos concêntricos.
Grupo de Observação
Grupo de Verbalização
9. Leitura Comentada
A leitura comentada é uma técnica que poderá ser utilizada para comunicações curtas e
apresentações de textos informativos e de conhecimento técnico, cuja compreensão
necessite de orientação adicional do facilitador. O facilitador poderá:
distribuir o texto e informar sobre a técnica;
pedir aos participantes que leiam alternadamente parágrafo por parágrafo, comentando
ou solicitando que eles comentem sobre o que foi lido;
ao final, sintetizar as principais informações contidas no texto.
79
Observe que cada grupo analisará um aspecto ou parte de um determinado texto ou todos
analisaram o mesmo texto ou situação-problema.
Para a análise de texto, o facilitador de aprendizagem precisará ter o cuidado para que
todos leiam (e entendam) o texto por inteiro. Isso se aplica mesmo quando o grupo estudar
apenas parte desse texto, no caso do facilitador tê-lo fracionado em partes e as distribuído
pelos grupos, visando discuti-lo com mais profundidade e ganho de tempo.
Convém, nos dois casos, que o grupo escolha, logo no início da discussão, um
representante para proceder ao relato final das conclusões.
O facilitador cuidará para que cada um dos grupos apresente suas conclusões em plenário,
permitindo a participação dos demais.
1ª fase
Inicialmente, o facilitador divide os participantes em pequenos grupos que, nessa primeira
fase, se reúnem para estudar um texto, responder questões ou propor a solução de um
problema. Nesse momento, desenvolve-se um trabalho quase igual à discussão em
pequenos grupos, com uma diferença formal: não se escolhe um único relator de
conclusões. Todos, sempre a partir da decisão grupal, elaboram uma síntese que lhes dará
condição de atuar na fase seguinte.
Outro detalhe significativo é que cada integrante assume uma letra, o que nos leva ao
diagrama que se segue, ao considerarmos uma turma de dezesseis pessoas no total,
dividida em quatro grupos.
80
2ª fase
Nessa fase, todos os membros dos grupos iniciais buscam a integração com representantes
dos outros grupos, ou seja, todos os da letra "A" formam um novo grupo, todos os da letra
"B" também, e assim por diante, criando-se a seguinte configuração:
O novo grupo escolhe um único relator e cada participante expõe o sentido geral do texto
ou tarefa do seu grupo original e as conclusões a que se chegou, detalhando pontos
pendentes ou antagonismos conceituais que impediram um consenso.
Esse material é rediscutido pelo novo grupo, sendo a base para a elaboração de uma
síntese das sínteses, integrando ideias e posições.
3ª fase
A última fase é o plenário, em que cada relator exporá a síntese do seu grupo, realizando-
se, pela discussão, uma conclusão final mais ampla, integrada e enriquecida.
81
A seguir, publicamos os principais passos para a elaboração de
atividades, utilizando um método participativo, criativo, envolvente,
que leva em consideração o potencial e o conhecimento trazido pelo
aprendiz adulto39.
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“Aprendizado é isso: de repente você compreende alguma coisa que
sempre entendeu, mas de uma nova maneira.”
Doris May Lessing
Para criar um ambiente acolhedor desde o momento em que os participantes entram na sala no
primeiro dia do treinamento, é útil considerar os seguintes passos:
apresentar os facilitadores aos participantes;
criar oportunidade para os participantes se apresentarem uns aos outros informalmente ou por
meio de alguma atividade de aquecimento ou formação de grupo;
identificar as expectativas dos participantes;
apresentar e negociar a programação;
dar informações sobre a logística;
estabelecer acordo referente ao horário do almoço, intervalos, o uso de telefones, horário de
início e encerramento, etc.;
rever o objetivo, o tema e os resultados esperados.
Explicando a Atividade
Descreva os objetivos específicos da atividade de aprendizagem.
Dê instruções claras para a tarefa, inclusive por escrito.
Informe quanto tempo estará disponível para realizar a atividade, deixando claras as
expectativas em termos de relatório.
Proporcione uma oportunidade para os participantes fazerem perguntas de esclarecimento ou
expressar preocupações antes de começarem a atividade.
39
Extraído da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p. 43-46).
82
Organizando o Formato da Atividade
Determine padrões de comunicação e interação em relação à atividade (individual, em duplas ou
em grupos pequenos). No caso de dividir os participantes em duplas ou em grupos pequenos,
defina a técnica de seleção antes de apresentar a atividade. Seguem exemplos de técnicas para
formação de duplas ou os grupos pequenos:
numere as pessoas de acordo com o número de grupos necessários, para que depois os iguais
se juntem;
utilize símbolos. Prepare folhas de papel contendo o mesmo número de símbolos que o número
de grupos necessários. Cada pessoa escolhe um símbolo e se junta com as que tiverem o
mesmo símbolo;
defina os grupos antes. O facilitador define os grupos previamente e afixa a relação na parede;
permita a autoseleção. Pedir que os participantes formem grupos de acordo com seus
interesses, ou seja, tópicos ou temas são relacionados numa lista e os participantes se
inscrevem.
Conduzindo a Atividade
Durante a realização da atividade, dê orientação e ajuda conforme necessário ou conforme
solicitado pelo grupo. É importante monitorar as atividades, sem porém interromper o progresso
do grupo. Pode ser necessário que o facilitador:
providencie recursos adicionais;
esclareça, respondendo perguntas;
ajude com a realização da tarefa;
observe as interações entre os participantes;
monitore o tempo.
Resumindo a Atividade
A forma como se resume a atividade dependerá dos objetivos específicos e dos resultados
esperados. Pode não ser necessário apresentar para o grande grupo os resultados. Contudo, mesmo
neste caso, ainda deve haver um mecanismo de resumo, de modo a fazer a ligação entre esta
experiência e um aprendizado anterior, ou entre a experiência e o próximo tópico ou atividade da
oficina.
Se for necessário apresentar os resultados da atividade para o grande grupo, pode-se utilizar um
dos seguintes métodos:
o facilitador pede aleatoriamente os comentários ou observações dos participantes;
cada grupo apresenta uma questão ou aspecto diferente da atividade;
todos os grupos respondem a mesma questão, complementando a partir das respostas já
apresentadas;
cada grupo apresenta uma só questão ou observação chave;
cada grupo exibe seus resultados em papel flip-chart no centro de sala e os participantes
observam a exibição para ver o que os outros fizeram.
83
Depois de compartilhar as informações, será necessário trabalhar coletivamente com os
participantes para identificar semelhanças, diferenças, questões-chave e encaminhamentos.
Propósito e objetivos
Qual o propósito desta atividade? O que desejamos que os participantes realizem no fim
da atividade?
Introdução
Como iremos introduzir esta atividade aos participantes? Há alguma ligação com
qualquer atividade previamente programada? Onde ela se enquadra em termos de
sequência da oficina?
Teoria
Qual é a teoria que sustenta ou fornece o fundamento para esta atividade? Como iremos
apresentar o conceito teórico?
Atividade
Com que ação ou atividade os participantes estarão envolvidos? O que eles irão descobrir
durante a atividade?
Resumo
Como iremos concluir a atividade? É possível relacionar ou ligar esta atividade com o
próximo segmento do evento de aprendizagem?
40
Adaptado da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p.68).
84
Recursos Didáticos
Recurso didático é todo e qualquer recurso físico utilizado no contexto de uma estratégia
ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o facilitador de aprendizagem a transmitir a sua
mensagem ao aprendiz, e este a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente.
Exemplos: flip-chart, quadro, cartazes, textos, objetos, filmes, projetor multimídia, lousa
digital interativa, softwares e aplicativos.
Importante lembrar que os recursos não substituem o facilitador. Eles devem ajudá-lo a
manter uma atitude de diálogo com o grupo e uma comunicação mais efetiva com os
aprendizes, concretizando o ensino, tornando-o mais próximo da realidade e, assim,
facilitando a aprendizagem.
Assim, por exemplo, utilizar um filme pode ser um recurso excelente para introduzir um
assunto novo ou ilustrar um tema em discussão, mas se utilizado apenas para preencher o
tempo ou porque algum colega facilitador já o utilizou com sucesso pode ser um desastre.
A utilidade de cada recurso didático existe na proporção em que contribui para o estímulo
dos aprendizes e cumprimento do planejamento.
Além disso, o facilitador de aprendizagem precisa estar atento para o fato de que o
material instrucional constitui um importante recurso didático, cuja qualidade pode
desempenhar um papel decisivo quando se trata de garantir a atenção dos aprendizes.
85
O material pode e deve informar sobre os objetivos da aprendizagem e, sobretudo, deve
servir como estímulo para o aprendiz recordar o que eles aprenderam e em que
circunstâncias podem aplicar os resultados dessa aprendizagem. O material bem
estruturado permanece como um guia, e fonte de consultas, contribuindo para a retenção
e transferência de conhecimentos.
1. Recursos Materiais
Diretrizes de Uso
Apresentar esquemas, resumos.
Registrar dados.
Transcrever e resolver exercícios.
Apresentar graficamente os tópicos complexos e abstratos.
Orientar sobre as tarefas a serem desempenhadas.
41
Para aprofundar o tema recomendamos a leitura do livro de Rothwell e Kazanas (1998) listado nas
referências bibliografias, em particular, o capítulo doze.
86
Vantagens
É um recurso sempre presente nas salas de aula.
Pode ser utilizado facilmente: não exige habilidades especiais nem equipamentos
dispendiosos.
Facilita a correção e as alterações nos assuntos apresentados.
Torna possível a participação efetiva da classe: os aprendizes podem utilizá-lo nas suas
apresentações.
É um recurso econômico.
Diretrizes de Uso
Estar limpo.
Dividi-lo em três partes, distribuídas da seguinte maneira:
1ª parte - data, assunto e resumo da matéria a ser exposta;
2ª parte - desenvolvimento da matéria e
3ª parte - usada para rascunho, contas.
Letra legível, com a escrita mantendo-se uniforme a alinhada.
Organização.
Utilizar giz/canetas para quadro branco ou lousa em vidro de cores diferentes quando
houver a necessidade de ressaltar algo.
Fazer os registros dentro de uma sequência lógica.
Evitar
Fazer anotações desordenadas e desnecessárias.
Apagá-lo com a mão ou papel.
Deixar de apagá-lo após a exposição.
Fazer rabiscos.
Escrever excesso de informações.
1.2 Flip-chart
87
Criando Flip-chart
Escrever em letras de forma para facilitar a leitura.
Escrever com letras grandes o suficiente para que o grupo inteiro possa lê-las.
Utilizar uma variedade de marcadores coloridos para despertar interesse e dar ênfase:
utilizar vermelhos e alaranjados apenas para destacar, e não para escrever texto.
Colocar um título em cada página e indicar quando um tópico passa de uma página
para outra.
Não escrever anotações em lápis nos flip-chart preparados com antecedência -
dificilmente os participantes perceberão.
Colocar um pedaço de fita crepe dobrada na lateral de cada folha de flip-chart em que
se inicia um tópico, marcando também o título do mesmo, a fim de facilitar a
localização da folha. (Honsberger e George, 2002, p.69)
Anotando em Flip-chart
Anotar apenas as principais ideias.
Pedir ao co-facilitador42 ou a um participante para escrever.
Pedir para o grupo monitorar o que está sendo escrito, a fim de corrigir interpretações
errôneas ou omissões.
Identificar ideias repetidas e assinalar a conexão entre comentários relacionados.
Anotar as informações de tal forma que possam ser utilizadas pelo grupo futuramente
ou na elaboração de um relatório de acompanhamento. (Honsberger e George, 2002,
p.69)
1.3 Cartazes
Diretrizes de Uso
Ilustração de aula.
Roteiro de aula.
Contribuir para a fixação do tema.
Permitir a visualização da estrutura do assunto.
Vantagens
Despertam a atenção do aprendiz.
Facilmente confeccionáveis.
Apresentam custo baixo.
Podem ser confeccionados pelos aprendizes, servindo como fator de desenvolvimento
da criatividade e estimulando o trabalho em equipe.
Permitem a preparação prévia do roteiro da aula.
42
Outro facilitador que esteja complementando e compartilhando a atividade.
88
Diretrizes de Uso
Usar letras de mesmo tamanho e uniformes.
Utilizar cores fortes (preto, vermelha, azul, verde) na escrita.
Usar a cor vermelha quando se deseja destacar uma palavra.
Utilizar o menor número de palavras possível, pois isso facilita a leitura.
Distribuir bem a letra e os espaços.
Utilizar, de forma adequada, os três elementos visuais do cartaz: ilustração, texto e cor.
Usar como ilustração fotografias, desenhos ou gravuras.
Letreiros importantes devem ser feitos em tamanho grande os menos importantes em
tamanho menor.
Evitar
Usar letra miúda e cursiva.
Fazer uso excessivo de cores.
Fazer demarcações e anotações a lápis.
Utilizar quantidade excessiva de cartazes.
Dividir as palavras.
Utilizar todo o espaço externo do cartaz (beiradas).
Usar cartazes sujos, amassados, rasgados.
Vantagens
Equipamento leve e de fácil manuseio.
Permite a conexão com sistemas de multimídia, facilitando a projeção de imagens em
movimento e trilhas sonoras.
Ideal para espaços amplos e grandes plateias.
Pode ser conectado a computadores, notebook, televisores e DVD.
Limitações
Requer outros equipamentos (computador com um sistema de multimídia).
Requer o apoio técnico para a instalação quando o usuário não possui muita
familiaridade com o equipamento.
Baixa potência do som. Se o apresentador desejar um som de qualidade deve ligá-lo a
um amplificador de som.
43
Veja o Anexo III: Apresentação em Power Point, para saber mais sobre como elaborar uma apresentação
em Power Point.
89
Em algumas organizações, no lugar do projetor multimídia, é encontrada a smart TV, que
se caracteriza por:
ter conexão à internet;
estar preparada para oferecer diversos serviços digitais; e
ser possível conectá-la a um computador.
Sua aplicação poderá ser ampliada à medida que o facilitador adquirir mais experiência,
integrando seu uso às outras técnicas de ensino que irão além das aulas expositivas.
2. Softwares e Aplicativos
Ressaltamos que a lista de recursos didáticos, principalmente os que têm origem na
inovação tecnológica, está em constante mudança, sujeita às rápidas atualizações de
mercado e acompanha o desenvolvimento das tecnologias digitais.
Desse modo, os recursos elencados neste item representam apenas uma amostra dos
inúmeros aplicativos existentes. Cabe ao facilitador descobrir aquele que seja mais
significativo no processo ensino-aprendizagem em que está inserido.
Uma delas é o Google Classroom. É possível pensar nesta ferramenta como um ambiente
virtual como uma sala de aula digital, em que o facilitador pode criar suas turmas,
integrando os alunos com tarefas e atividades que serão supervisionadas em tempo real.
44
https://classroom.google.com
90
Vantagens
Online e em tempo real.
Alta compatibilidade com outros aplicativos e ferramentas Google.
Compatibilidade com vários tipos de arquivo.
Avaliações e feedbacks em tempo real.
2.2 Flipgrid45
É uma plataforma de compartilhamento de vídeos voltada à educação. Permite a criação
de tópicos e grupos de discussões e comentários sobre os vídeos, podendo ser utilizada
para ilustrar as aulas expositivas, como tema para discussão e debate ou integrada a outras
técnicas didáticas.
Vantagens
Comunidade voltada à educação em mais de 180 países.
Fácil interface para captura e edição de vídeos.
Compatível com qualquer dispositivo.
2.3 Com8s46
Rede social voltada à educação, desenvolvida por equipe brasileira, propõe conectar
alunos e professores com interesses afins. Acesso gratuito.
2.5 XMind48
O XMind pode auxiliar a facilitação das atividades em que seja utilizada a técnica de
ensino brainstorming. Poderá:
ser integrado na nuvem (repositório web), permitindo a sincronização com outros
dispositivos em rede;
substituir o flip-chart e outros materiais tradicionais.
Lembramos que o uso da técnica de ensino brainstorming deverá ser aprimorada para que
o uso do XMind potencialize os objetivos de aprendizagem.
45
https://flipgrid.com
46
http://midiaboom.com.br/midia-social/com8s-rede-social-para-alunos-e-professores
47
https://www.baixaki.com.br/site/dwnld42203.htm
48
https://www.xmind.net
91
2.6 Plickers49
Esse aplicativo incentiva a interação entre facilitadores de aprendizagem e aprendizes a
partir da criação de testes – quizzes - digitais em tempo real. A ferramenta permite uma
avaliação por meio da plataforma, sem demandar o download do aplicativo pelos alunos.
É necessário apenas que o facilitador já tenha o app baixado e imprima cartões de
realidade aumentada que são entregues em sala de aula. Cada estudante receberá o seu
próprio cartão, e terá de manejá-lo de acordo com a resposta que escolher. O app tem um
mecanismo de scanner ativado pela câmera do celular, que decodifica as respostas dos
cartões.
Vantagens
Permite a criação de atividades avaliativas mais dinâmicas.
Explora a ludicidade.
Favorece a interação.
3. Tendências
Conforme o avanço da tecnologia e a maior possibilidade de acesso, surgem novas
tendências que, cada vez mais, vão além do conceito de recurso didático de apoio para os
facilitadores de aprendizagem no ensino de adultos.
Uma das vantagens dos AVA está no uso das Ferramentas de Gestão próprias da
plataforma que facilitam a execução de tarefas burocráticas e repetitivas, otimizando o
tempo e permitindo aos facilitadores a dedicação de seu tempo nas atividades mais
importantes e significativas para o processo ensino-aprendizagem.
49
https://get.plickers.com/
50
Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment - MOODLE é um software livre de apoio à
aprendizagem, executado num ambiente virtual.
92
■ Recursos de Tecnologia Paradidáticos
Qualquer recurso tecnológico disponível que não tenha sido projetado diretamente para a
atividade educacional pode ser classificado como recurso paradidático, ou seja, que
auxilia o processo de ensino, se colocando ao lado dos recursos didáticos.
Administração do Tempo
Suas Anotações
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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95
Suas Anotações
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96
Terceiro Dia
Comunicação e Educação
O ato de comunicar está presente não só na voz ou no texto, mas também nos gestos, no
andar, nas roupas que usamos. Para O’Connor e Seymour (1995, p. 34), “a comunicação
começa com os pensamentos que comunicamos aos outros, usando palavras, o tom de voz
e a linguagem corporal”. Desse modo, reagimos de acordo com os nossos sentimentos e
pensamentos e o nosso comportamento é gerado pelas representações mentais que temos.
97
A Comunicação do Facilitador de Aprendizagem
Tipos de Comunicação
Emissor e receptor são papéis assumidos tanto pelo facilitador quanto pelo aprendiz, em
uma verdadeira interação de três tipos de comunicação: verbal (escrita e fala); não-verbal
(expressões faciais, gestos e postura) e factual (a prática, a habilidade, as experiências
passadas). (Araújo, 1994)
Segundo O’Connor e Seymour (1995, p. 35), "as palavras são o conteúdo da mensagem,
e a postura, os gestos, a expressão e o tom de voz são o contexto no qual a mensagem está
embutida. Juntos eles formam o significado da comunicação". Para os autores, a
comunicação corporal corresponde a 55% do total das maneiras de como nos
comunicamos, as palavras a 7% e o tom de voz a 38%.
Comunicação Verbal
Grau de domínio do assunto
Vocabulário ao nível do interlocutor
Fraseologia (curtos, longas, intercaladas)
Pontuação clara e variação
Articulação de ideias
Voz graduada ao ambiente
Fluência e ritmo (altos e baixos)
Uso de recursos didáticos
Comunicação Não-Verbal
Mobilidade de cabeça e rosto
Olhar (direcionado a todos ou a alguns ou ao vazio)
Gestos enriquecedores
Respiração; desinibição
Postura corporal
Comunicação Factual
Coordenação e domínio das atividades pedagógicas.
Uso do espaço e administração do tempo
Administração de conflitos em sala de aula
Ser exemplo de ação (coerência entre teoria e prática)
Ser decidido e prático nas propostas de ação
Saber usar os recursos didáticos
98
Bases da Comunicação
Saiba ouvir.
Demonstre estar apto a ouvir informações mesmo que desagradáveis e críticas,
procurando compreendê-las de forma construtiva. Escute atentamente,
demonstrando interesse por aquilo que está sendo apresentado, não interrompa
desnecessariamente.
Examine o ponto criticado.
Seja humilde e examine o ponto criticado para dar crédito às boas ideias. Ao receber
críticas, procure extrair os aspectos positivos e construtivos. Posteriormente analise
e estabeleça procedimentos de ajuste e/ou correções.
Evite termos técnicos.
Não use gírias e evite termos técnicos que possam atrapalhar a comunicação. Se for
imprescindível o seu uso, explique qual o significado dos termos usados. Use uma
linguagem que descreva a realidade.
Esclareça suas ideias.
Esclareça suas ideias antes de transmiti-las. Faça com que elas sejam precisas.
Analise se as suas ideias estão coerentes com o que deseja transmitir.
Expresse o seu interesse.
Entre frequentemente em contato com os seus aprendizes e os escute. Expresse seu
interesse pelos seus problemas.
Que mensagem quero transmitir?
Trace qual é o objetivo da mensagem. O que você deseja que os receptores da
mensagem absorvam. Qual é o verdadeiro propósito da comunicação.
A quem vou me dirigir?
Antes de transmitir alguma informação, procure conhecer qual vai ser o seu público
e qual será o momento adequado. Se necessário, prepare-se.
Consulte outras pessoas.
Consulte outras pessoas para planejar a comunicação. Peça opiniões. Lembre-se que
aqueles que o ajudam a planejar com certeza o apoiarão.
Como transmitir?
Esteja atento à sua tonalidade de voz, à receptividade de quem ouve, bem como à
linguagem que você utilizará.
Suas ações são apoio à fala.
Esteja certo que as suas ações vão apoiar aquilo que você diz. Lembre-se que as
ações falam mais alto do que as palavras.
Demonstre entendimento.
Procure não só ser compreendido como compreender. Seja um bom ouvinte não só
para os significados explícitos, mas também para os implícitos.
99
Compartilhe.
Compartilhe tantas informações quanto for possível. Isso trará ganhos para todos os
envolvidos.
Crie padrões de redundância.
Os bons oradores estabelecem padrões de redundância que permitem que o público
ouça e veja o conteúdo abordado diversas vezes, utilizando, inclusive, exemplos
práticos.
Reduza os ruídos.
A repetição e meticulosa escolha das palavras reduzem o ruído que bloqueia a
comunicação clara. Ruído, neste caso, significa aquilo que inibe ou obstrui o fluxo
normal de informações entre o emissor e o receptor. Alguns tipos desses ruídos
incluem vocabulário impreciso, conceituação imprecisa ou má compreensão por
parte dos aprendizes, além de outras distrações.
Use a técnica de fazer perguntas.
Perguntas e respostas são partes integrantes de uma comunicação efetiva entre o
facilitador e os aprendizes. A pergunta constitui um dos principais instrumentos do
facilitador. Existem diversas maneiras de formular perguntas. Conhecê-las será
extremamente útil para você.
Os dois tipos mais comuns para a formulação de perguntas são: aberta e fechada.
Uma pergunta do tipo aberta (como e por que) é aquela que provoca o raciocínio; propicia
uma porção de comentários e promove controvérsias. Fundamentalmente, as perguntas
abertas são aquelas para as quais não há uma única resposta ou uma resposta simples. São
ótimas para o início de uma aula ou de uma palestra, pois incentivam o grupo a reagir.
Exemplo: O que são organizações que aprendem?
Por sua vez, as perguntas fechadas têm uma única resposta, ou uma resposta simples, que
geralmente é um sim ou um não. Basicamente, são usadas para encerrar discussões ou
para resumir considerações sobre um tópico qualquer, antes de passar para o assunto
seguinte. Exemplo: Você conseguirá aplicar as teorias desse curso no seu cotidiano?
1. A pergunta pode ser geral, dirigida ao grupo. São úteis quando uma discussão genérica
já se encontra em andamento e o facilitador percebe que diversos participantes têm
algo a dizer sobre o conteúdo e estão ansiosos em compartilhá-lo com os demais.
Nesse caso, uma pergunta geral pode estimular ainda mais o entusiasmo entre os
integrantes do grupo.
100
2. A pergunta pode ser direta, dirigida a uma pessoa. Será iniciada mencionando o nome
do aprendiz: ”João, o que é que...”? Evidentemente, perguntas diretas devem ser feitas
àqueles que têm possibilidade de responder. Se alguém não responder a uma pergunta
direta, ela deve ser reformulada para se ter a certeza de que foi entendida. Mas, se
mesmo assim, o aprendiz não souber respondê-la, faça a pergunta a outro. Importante
salientar que o aluno está ali para aprender e pode ainda não ter o domínio suficiente
do conteúdo, o que não o obriga a responder nenhuma questão.
4. A reversão é outra técnica muito útil, que consiste em devolver a pergunta ao aprendiz
que a fez, tendo o cuidado de mostrar algumas situações que o ajudem a direcionar o
caminho para a resposta.
A Arte de Ouvir
Quando ouvimos atentamente uma pessoa, estamos na verdade ouvindo duas partes
distintas de sua mensagem. Em primeiro lugar, estamos prestando atenção nas palavras,
isto é, no conteúdo da mensagem. Em segundo, estamos prestando atenção no tom de voz
e na linguagem corporal, ou seja, estamos ouvindo também o significado da mensagem.
101
Atitudes importantes para ouvir bem:
Pare de falar - você não poderá ouvir enquanto está falando.
Coloque-se no lugar da outra pessoa - procure colocar-se no lugar do outro para poder
sentir em que lugar ele está procurando chegar.
Pergunte - quando você não entender, quando necessitar de esclarecimentos
adicionais ou quando desejar mostrar que está escutando.
Não seja apressado - não interrompa a pessoa. Dê-lhe tempo para dizer aquilo que
tem a dizer.
Concentre-se no que ele está falando - focalize sua máxima atenção nas palavras do
outro, bem como em suas impressões sobre o assunto.
Olhe para a outra pessoa - para o seu rosto, sua boca, seus olhos, suas mãos...
Deixe suas emoções para trás - se puder, procure deixar seus problemas,
aborrecimentos e pré-conceitos fora da sala de aula, pois eles podem lhe impedir de
ouvir bem.
Não se distraia - guarde qualquer papel, lápis e tudo o mais que você tenha em mãos,
pois eles podem distrair a sua atenção.
Seja corresponsável pela comunicação do interlocutor - somente uma fração dessa
responsabilidade pertence ao orador, você é o ouvinte, e como tal, tem uma parte
importante na comunicação. Procure entendê-lo, se não puder, peça esclarecimentos.
Reaja às ideias e não à pessoa - não permita que as suas reações contra a pessoa
influenciem no julgamento do que ela diz. Suas ideias podem ser boas.
Preste atenção nos atos e gestos do orador - frequentemente nos concentramos tão
atentamente naquilo que é dito que nos esquecemos da importância das reações
emocionais e das atitudes relacionadas com o que foi dito. As atitudes e as reações
emocionais do orador podem ser mais importantes do que aquilo que está sendo dito
em palavras.
Conheça a sua personalidade - uma das melhores maneiras de obter-se informações
sobre uma pessoa é escutá-la. À medida que ela fala, você pode descobrir o que ela
gosta e o que não gosta; quais as suas motivações; qual o seu sistema de
reconhecimento de valores; o que pensa sobre o que está à sua volta; o que a faz
vibrar.
Evite enquadrar o orador em algum perfil pré-estabelecido - frequentemente
enquadramos uma pessoa em um determinado tipo. Assim a nossa percepção sobre
o que ela diz ou sobre o que quis dizer fica contaminada por esse rótulo. Antes de
fazer qualquer julgamento, espere até que todos os fatos estejam situados.
Ouvir ajuda a resolver problemas recíprocos e discordâncias - você não pode
concordar ou discordar até que esteja certo do ponto de vista da outra pessoa.
Somente quando há entendimentos recíprocos, pode-se procurar soluções para
problemas.
Ouvir pode lhe ajudar a fazer um melhor trabalho - peça sugestões às pessoas que
estão a sua volta sobre como você poderia melhorar a sua tarefa e escute.
102
Oratória
51
Texto adaptado da obra Assim é Que se Fala: como organizar a fala e transmitir ideias, de Reinaldo
Polito (1999).
103
Conselhos Práticos
Uma fala bem estruturada facilita o desenvolvimento do raciocínio do orador e a
compreensão dos ouvintes. Algumas sugestões:
cumprimente os ouvintes;
conquiste-os;
informe sobre o que vai falar;
faça um retrospecto ou levante um problema relacionado com o tema;
indique quais as partes que pretende cumprir no desenvolvimento do assunto;
apresente o assunto com argumentos e de forma concatenada;
recapitule em uma ou duas frases o que acabou de falar e
encerre com informações consistentes que possam levar à reflexão ou à ação.
Encerrando a Apresentação
Conte aos ouvintes que irá encerrar. Ao dizer que irá concluir, empenhe-se em finalizar
mesmo, para que o auditório não fique frustrado e não haja o risco de comprometer todo
o trabalho desenvolvido durante a apresentação. Mesmo que se lembre de algum dado
que precisaria ter sido incluído, resista e não o introduza no momento de encerrar. Por
mais importante que fosse, é provável que produzisse mais prejuízos que vantagens. A
não ser, evidentemente, que a sua falta pudesse comprometer os objetivos que norteiam
a apresentação.
104
Feedback52
Conforme vimos anteriormente, os facilitadores de aprendizagem necessitam escolher os
métodos mais adequados à comunicação efetiva, tendo especial cuidado nos momentos
de codificação e decodificação da mensagem, visto que o processo de comunicação
depende muito da questão da percepção, que varia muito de pessoa para pessoa.
Nesse sentido, o feedback assume fundamental importância para se rever e avaliar o que
é transmitido e efetivamente aprendido. No processo de desenvolvimento da competência
interpessoal, o feedback é um importante recurso porque permite que nos vejamos a partir
do olhar do outro. Para auxiliá-lo, a seguir, publicamos dois textos que analisam como
dar e receber feedback.
52
Na língua portuguesa, esse termo é equivalente à retroalimentação ou devolutiva. Note que utilizaremos
o termo em língua inglesa por ser de uso padrão.
53
Texto extraído da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p. 27/8).
105
Importância do Feedback nas Relações Interpessoais54
Para tornar-se realmente um processo útil, o feedback precisa ser, tanto quanto possível:
Descritivo ao invés de avaliativo: quando não há julgamento, apenas o relato de um
evento, reduz-se a necessidade de reagir defensivamente e, assim, o indivíduo pode
ouvir e sentir-se à vontade para utilizar aquele dado como julgar conveniente.
Específico ao invés de geral: quando se diz a alguém que ele é dominador, isto tem
menos significado do que indicar seu comportamento numa determinada ocasião.
“Nesta reunião você fez o que costuma fazer outras vezes, você não ouviu a opinião
dos demais e fomos forçados a aceitar sua decisão para não receber suas críticas
exaltadas”.
Compatível com as necessidades (motivações) de ambos, comunicador e receptor:
pode ser altamente destrutivo quando satisfaz somente às necessidades do
comunicador sem levar em conta as necessidades do receptor.
Dirigido: para comportamentos que o receptor possa modificar, pois em caso
contrário, a frustração será apenas incrementada, se o receptor reconhecer falhas
naquilo que não está sob seu controle mudar.
Solicitado ao invés de imposto: será mais útil quando o receptor tiver formulado
perguntas que os que o observam possam responder.
Oportuno: em geral, o feedback é mais útil o mais próximo possível após o
comportamento em questão, dependendo, naturalmente da prontidão da pessoa para
ouvi-lo, apoio dos outros, clima emocional.
Esclarecido para assegurar comunicação precisa: um modo de proceder é fazer com
que o receptor repita o feedback recebido para ver se corresponde ao que o
comunicador quis dizer. Quando o feedback ocorre num grupo de treinamento, o
receptor e o comunicador têm oportunidade de verificar com os outros membros a
extensão do feedback: é uma impressão individual ou compartilhada por todos.
54
Texto adaptado da obra Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo (Moscovici, 1995).
106
Diálogo55
Rever pressuposições: estar aberto para pontos de vista que não fazem parte de sua
visão de mundo.
55
Texto extraído da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p. 27/8).
56
David Bohm - (escritor, cientista e pedagogo que viveu de 1917-1992.) Foi o homem que Einstein
mencionou como seu sucessor intelectual, pois ele sempre estava buscando ir além, transcender e fazer o
próximo questionamento. O mundo de Bohm era holístico, estendido à psicologia humana onde ele
promoveu o não uso de conclusões fechadas em assuntos importantes por meio do uso de círculos de
diálogo.
107
Suas Anotações
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108
Terceiro Dia
Assim, para que possa contribuir com a construção de competências técnicas, sociais,
políticas e culturais, a avaliação não pode ser um ato mecânico. Nesse sentido, é
necessário investigar, indagar, avaliar a todo instante o trabalho e a ação educativa.
O ser humano é uma totalidade que envolve saber, ser/conviver e saber fazer. Todas essas
dimensões devem ter igual importância em sua formação. Portanto, a avaliação precisa
considerar essa totalidade e não apenas o aspecto cognitivo, como habitualmente acontece
na maioria dos processos avaliativos.
109
Toda e qualquer avaliação pressupõe objeto e critérios. Em um processo amplo de
avaliação, é necessário analisar muitas questões, tais como os objetivos, os conteúdos e
as propostas de intervenção didática com seus materiais e recursos utilizados. Os critérios
são o referencial da avaliação e devem traduzir a natureza da proposta educacional da
organização. Note que o termo critério significa discernimento e indica um parâmetro
para julgar uma verdade. Trata-se de uma característica para avaliar algo – é o que serve
de fundamento para um juízo. Em síntese, pode-se dizer que critério de avaliação é um
princípio adotado como referência para julgar alguma coisa ou para avaliar o impacto de
uma determinada aprendizagem.
A avaliação deve ser realizada em função dos objetivos propostos, isto é, verificar em que
nível as mudanças comportamentais foram alcançadas. Portanto, ela deve:
ser contínua;
possibilitar tomadas de decisão em relação ao planejamento;
utilizar técnicas e instrumentos variados;
prever a participação dos aprendizes.
Nessa perspectiva, Bloom, Hastings e Madaus (1983) apresentam quatro fases para um
sistema de avaliação, conforme o que se segue.
1. Diagnóstica
Determinar a presença ou ausência de habilidades que são pré-requisitos para
efetivação das tarefas de ensino (diagnósticos dos programas).
Determinar o nível inicial de conhecimentos dos aprendizes em relação ao conteúdo
que será desenvolvido (pré-teste).
3. Somativa
Verificar em que medida o aprendiz atingiu os objetivos propostos (pós-teste).
4. Reação
Verificar sentimentos e/ou satisfação após a conclusão da capacitação.
Verificar se os elementos do evento de aprendizagem - metodologia, facilitador de
aprendizagem, material, etc. - corresponderam às expectativas iniciais.
110
Os Quatro Níveis de Avaliação de Kirkpatrick57
Segundo esse modelo, a avaliação sempre deve começar pelo nível um e, em seguida,
dependendo da disponibilidade de tempo e orçamento, avançar sequencialmente pelos
níveis dois, três e quatro. As informações de cada nível anterior servem como base para
a avaliação do próximo nível. Portanto, cada nível sucessivo representa uma medida mais
precisa da eficácia do programa de capacitação, mas, ao mesmo tempo, exige uma análise
mais rigorosa e demorada.
Como o próprio termo indica, a avaliação nesse nível mede as reações dos participantes
ao programa de capacitação, buscando responder perguntas relacionadas às percepções
dos participantes, tais como:
Gostaram do curso?
O material era relevante para o seu trabalho?
Ferramentas de avaliação
Folhas de avaliação do programa
Entrevistas pessoais
Comentários dos participantes durante a capacitação
Capacidade do curso em manter o interesse do aprendiz
Percepção dos participantes quanto ao valor e à possibilidade de aplicação ao local de
trabalho
Esse tipo de avaliação é barato e fácil de administrar, desde que se estabeleça a interação
com os participantes e a adoção de formulários impressos ou on-line.
57
Adaptado de Canada School of Public Service. Oficina de Compartilhamento de Bases Teóricas e
Abordagens Metodológicas em Desenho Instrucional. Módulo 9-2/5, que utilizou os textos: Winfrey, E.C.
(1999). Kirkpatrick’s Four Levels of Evaluation. Em B. Hoffman (Ed.), Encyclopedia of Educational
Technology.
111
Avaliação de Nível 2 – Aprendizagem
Ferramentas de avaliação
Testes individuais pré e pós-capacitação para fins de comparação
Avaliação de aprendizagem baseada em ação, como projetos baseados no trabalho e
representação de papéis
Observações e feedback por parte dos colegas, gerentes e professores
Para muitos facilitadores, esse nível representa a avaliação mais objetiva da eficácia de
um programa. Entretanto, a medição nesse nível é difícil, porque muitas vezes é
impossível prever quando a mudança de comportamento ocorrerá. Portanto, isso exige
decisões importantes em termos do que avaliar, com que frequência e como.
Ferramentas de avaliação
Testes ou pesquisas individuais pré e pós-capacitação.
Entrevistas pessoais.
Observações e feedback de terceiros.
Grupos focais para colher informações e compartilhar conhecimentos.
112
nível quatro não são aferidos. É difícil medir os resultados em termos financeiros e
associá-los diretamente à capacitação.
Bom trabalho!
58
No campo da capacitação profissional há uma clara tendência, defendida por muitos autores, de que os
estilos de aprendizagem impõem o desafio de prover meios para o ensino personalizado, donde surge a
concepção do aconselhamento ou coaching como alternativa mais efetiva frente o ensino tradicional.
113
Segunda Atividade: Plano da Capacitação e Plano da Miniaula
Objetivo
Elaborar, em dupla, o plano de uma capacitação e o plano de uma miniaula desse evento
de aprendizagem, que será ministrada posteriormente em quinze minutos, considerando
a abordagem andragógica, a concepção de aprendizagem experiencial e as contribuições
de Mager e da taxonomia de Bloom para a formulação dos objetivos de aprendizagem.
Instruções
2. Em seguida, crie o plano da miniaula, que envolve a sequência de tudo o que será
desenvolvido na miniaula, ou seja, é a especificação dos objetivos específicos de
aprendizagem, dos conteúdos, das estratégias de ensino, dos recursos didáticos, das
estratégias de avaliação e do tempo de cada atividade. Lembre-se ainda de prever
estímulos adequados aos aprendizes, ou seja, os seus facilitadores e colegas de curso,
a fim de motivá-los e de criar uma atmosfera de comunicação que favoreça a
aprendizagem. Para auxiliá-lo, estamos fornecendo, a seguir, um modelo adaptado
do Roteiro de Atividades de Ensino (RAE), utilizado pela Escola Nacional de
Administração Pública – Enap.
114
Modelo de Roteiro de Atividades de Ensino (RAE)
TÍTULO:
DOCENTES:
OBJETIVO:
XX
115
Resumo59
Ao preparar um evento de aprendizagem, lembre-se dos
pontos que se seguem.
59
Adaptado da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p.53).
116
Suas Anotações
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Suas Anotações
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Didática para Facilitadores de
Quarto Dia
Aprendizagem
Objetivos de Aprendizagem
Algumas Orientações
119
Co-Facilitação de um Evento de Aprendizagem60
É indicada quando:
o grupo ultrapassar 15 pessoas;
algum material e/ou atividade for novo para o facilitador;
os facilitadores se conhecem bem.
60
Adaptado da obra Facilitando Oficinas: da teoria à prática (Honsberger e George, 2002, p 26/7-63).
120
Reflexão Pessoal sobre Co-Facilitação
A seguir, disponibilizamos uma ferramenta de autoconhecimento que fornecerá
indicações para a interação durante a preparação e o desenvolvimento do evento de
aprendizagem.
Complete as frases que se seguem e compartilhe as respostas com quem irá co-
facilitar o evento de aprendizagem com você
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Suas Anotações
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Feedback às Miniaulas
Dupla avaliada: 1. _______________________________________________________
2. _______________________________________________________
2,
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Fortalezas
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Outros Comentários
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124
Didática para Facilitadores de
Quinto Dia
Aprendizagem
Felicidades!
13
61
Adaptado de Diagnóstico de Algumas Diretrizes para o Uso de Contratos de Aprendizagem (KNOWLES;
HOLTON; SWANSON, 2009, p. 287-290).
62
Gap: termo muito utilizado no meio corporativo que significa o espaço entre o que se espera
profissionalmente e os pontos a serem desenvolvidos.
125
Passo 2: Plano de Ação
Importante
Para realizar um plano, geralmente, é necessário começar com algumas mudanças
pessoais. Isso começa com o desejo de fazer algo. As seguintes perguntas o ajudarão a
concentrar-se nas mudanças necessárias para atingir o seu objetivo.
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Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Maria Célia. Didática no Cotidiano. São Paulo: Pancast Editora, 1994.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que É Educação. Coleção Primeiros Passos. 33ª ed. São
Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1974.
GAGNÉ, R. M. The Conditions of Learning. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1965.
GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON III, Elwood F.; SWANSON, Richard A. Aprendizagem de
Resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa.
Tradução Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
KOLB, David Allen. Experiential learning: experience as the source of learning and
development. New Jersey: Prentice Hall, 1984.
MAGER, Robert F.; BEACH Jr., Kenneth M. O Planejamento do Ensino Profissional. 2ª ed.
Porto Alegre. Editora Globo, 1979.
127
O’CONNOR, J.; SEYMOUR, J. Introdução à Programação Neolinguística: como entender e
influenciar as pessoas. 3a ed. São Paulo: Summus, 1995.
POLITO, Reinaldo. Assim é Que se Fala: como organizar a fala e transmitir ideias. 6a ed. São
Paulo: Saraiva, 1999.
______. Como falar corretamente e sem inibições. 88a ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ROTHWELL, William J.; KAZANAS, H.C. Mastering the Instructional Design Process: a
systematic approach. 2a ed. São Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1998.
SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina: arte e prática da organização que aprende. Tradução
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Técnicas de Ensino: por que não? Campinas: Papirus,
1995.
ZEMKE, Ron e Susan. 30 Things We Know for Sure about Adult Learning in Innovation
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128
Bibliografia Recomendada
BATES, Reid. A Critical Analysis of Evaluation Practice: the Kirkpatrick model and the
principle of beneficence. Evaluation and Program Planning 27 (2004) 341–347.
BRANDÃO, H.P.; BAHRY, Carla Patrícia. Gestão por competências: métodos e técnicas para
mapeamento de competências in Revista do Serviço Público. Brasília: Enap, vol. 56, nº 02,
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130
Anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo
Nível 1 Conhecimento
Nível 2 Compreensão
Nível 3 Aplicação
131
Nível 4 Análise
Nível 5 Síntese
Nível 6 Avaliação
132
Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV)
O Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV63 tem sua origem nos estudos do psicólogo
americano David Kolb.
Desse modo, Pfeiffer & Jones (1980) consideram que a aprendizagem vivencial
ocorre quando uma pessoa se envolve numa atividade, analisa a
atividade criticamente, extrai algum insight útil dessa análise e aplica
seus resultados. A aprendizagem pode ser definida como uma mudança
relativamente estável do comportamento. Um exercício estruturado
provê um referencial em cujo contexto o processo pode ser facilitado.
A partir desses conceitos, os autores criaram um modelo teórico que propõe um ciclo de
cinco fases, pelas quais passam o exercício estruturado de técnicas vivenciais, que, no
Brasil, são chamadas de Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV.
Ressaltamos que o CAV deve ser aplicado numa sequência de fases que não devem ser
alteradas nem suprimidas: inicia-se com o envolvimento dos participantes em uma
atividade. Depois sucede-se o relato sobre a experiência, compartilhado por todos os
membros do grupo, a análise crítica e a discussão sobre o que aconteceu, para se
completar com as conclusões válidas e aplicáveis à vida real.
63
O texto referente a esse anexo foi adaptado de Sebrae - MG (2011, p. 60/62).
133
1ª Fase: Vivência
Por vivência caracteriza-se a atividade inicial, que pode ser: exercício estruturado,
simulação, dramatização, atividade de autoavaliação e interação interpessoal, dentre
outras.
Nessa fase serão gerados os subsídios, ou seja, os conceitos e técnicas a serem trabalhados
nas fases seguintes.
2ª Fase: Relato
Não conduzir o momento por meio da discussão livre pode facilitar o trabalho. Como as
pessoas estão em estágios diferentes de aprendizagem e, por conta disso, experimentam
de maneiras distintas a vivência, a discussão livre dificulta a troca espontânea e autêntica,
principalmente dos sentimentos, os quais normalmente se tem mais dificuldade de
expressar.
134
Enquanto conteúdo entendam-se aspectos gerais, e não apenas emocionais. É
um momento para contar as experiências e, inclusive, as emoções vivenciadas.
Não privilegie exclusivamente o esvaziamento das emoções; elas são parte do
processo, mas não são todo o processo.
3ª Fase: Processamento
Embora para os participantes a vivência tenha sido real, ela também é artificial, pois
acontece num processo de laboratório. A atividade foi pensada, estruturada e escolhida
para gerar um determinado efeito no grupo e provocar reflexões para uma aprendizagem
específica.
135
4ª Fase: Generalização
5ª Fase: Aplicação
Nessa fase, os participantes devem descobrir o quê de prático pode ser feito com o que
foi aprendido: vivemos, compartilhamos, analisamos, comparamos e, agora, o que
faremos?
136
______________________________________________________________________
Resumindo
O Ciclo de Aprendizagem Vivencial - CAV é um modelo teórico que busca explicar
como a aprendizagem vivencial se dá de modo a se tornar significativa.
Cada fase do ciclo tem um objetivo específico e elas não são estanques nem estáticas.
Elas compõem um processo dinâmico, complementar e interdependente, que deve ser
planejado como um conjunto, e não como fases separadas.
As duas últimas fases - generalização e aplicação-, dependendo da situação em estudo,
podem ser incluídas na fase de processamento.
A proposição das cinco fases de Pfeiffer & Jones contempla os aspectos referenciais
da aprendizagem vivencial: ação, emoção, reflexão, análise e ação transformada.
O facilitador pode propiciar ao grupo a oportunidade de percorrer esse caminho,
integrando as cinco fases num roteiro prazeroso e rico de significado, que tem como
destino a aprendizagem de todos.
_____________________________________________________________________
Para Fela Moscovici (1995), não se pode afirmar que o processo vivencial
é o melhor caminho para desenvolver a aprendizagem. Mas as
probabilidades de se chegar a mudanças nas áreas cognitiva e
comportamental tendem a ser maiores, tendo em vista a abordagem
conjunta de ideias, sentimentos e atitudes.
137
Anexo III: Apresentação em Power Point
Conteúdo
Tenha clareza das informações que você vai trocar com a plateia.
Dê à apresentação uma organização lógica, com início, meio e fim.
Seja claro e preciso nas colocações, fidedigno aos dados e informações levantados.
Contextualize as informações.
Demonstre conhecimento e domínio do conteúdo.
Visual
O aplicativo Power Point, um programa de fácil uso para formatar telas, pode garantir
uma apresentação de ótimo visual. Aprender a usar seus recursos possibilita criar telas
interessantes e animadas.
Neste caso, o ideal é usar cores suaves e lembrar-se de que uma tela deve ter, no máximo,
3 cores, exceto fotos, imagens ou outras ilustrações que exigem mais cores. As imagens
ou ilustrações podem complementar, informar ou esclarecer pontos da apresentação e
cada tela torna-se mais atraente com mais imagens que textos.
É importante sintonizar a fala com as imagens veiculadas nas telas, manter o foco e não
divagar para outros assuntos no decorrer da apresentação.
Postura pessoal
Fique de pé enquanto fala, movendo seu corpo livremente ou se aproximando de todos os
presentes. Não gesticule exageradamente.
Mantenha uma altura de voz compatível com o tamanho do ambiente ou com a quantidade
de pessoas presentes.
Fale com energia, entusiasmo dando entonação à sua voz e mantendo os ouvintes atentos
ao assunto.
Rearranje o espaço físico (se necessário) para garantir que todos escutem e participem em
igualdade de condições.
Responda às perguntas e dúvidas esclarecendo pontos pouco explorados ou de maior
interesse dos ouvintes. Interaja com sua plateia.
Não tenha receio de mostrar o que você ainda não explorou sobre o assunto da
apresentação.
Evite termos rebuscados, gírias e regionalismos.
Distribua bem o tempo de apresentação contemplando todas as etapas propostas de uma
apresentação de qualidade.
Faça uma conclusão sintetizando o seu pensamento.
64
Texto adaptado de Publi-Image (2010).
138
Faça um favor a si mesmo e à sua audiência e NÃO siga estas 10 dicas!
1. Use imagens sem graça.
Use imagens demais, imagens muito pequenas ou imagens medíocres. Visuais pobres,
além de distrair sua audiência, vão fazer com que você pareça pouco profissional e tirar
a credibilidade de sua mensagem. Tenha certeza que as imagens que escolher tenham
identificação com você, com a situação e com a mensagem.
2. Dê a eles toneladas de texto.
Como regra, se está na tela, sua audiência vai ler – do começo ao fim. Que tal apresentar
cada ponto somente após um clique do mouse? Desta forma, a quantidade de informação
apresentada de cada vez é menor, facilitando o entendimento. Procure utilizar frases
curtas e tente manter a tela arejada, usando até 5 ou 6 bullets (marcadores) por tela.
3. Use tabelas e gráficos complicados.
Se eles precisam de mais de 10 segundos para decifrar e entender um gráfico ou tabela,
está muito complicado! Simplifique! Uma rápida olhada para gráficos e tabelas deve dar
à audiência um entendimento fácil do que você está tentando explicar. Evite elementos
desnecessários. Gráficos e tabelas devem ser claros, concisos e fáceis de ler.
4. Coloque informação demais em cada tela.
Informação em demasia irá distrair a audiência da mensagem. Para máximo impacto,
procure limitar a três ou quatro o número de elementos visuais em uma tela. Por exemplo,
um título, texto e uma ilustração ou foto. Procure, acima de tudo, a simplicidade.
5. Escolha cores que levam a mensagem errada.
Pode ser tentador usar diversas cores em uma apresentação, afinal, você tem milhões delas
para escolher. Mas as cores carregam diferentes significados. Tenha certeza que sua
escolha de cores é simples e procure utilizar no máximo 2 ou 3 cores em toda sua
apresentação.
6. Não se preocupe com as fontes.
Usar todo o texto em caixa alta, ou todo em itálico, ou ainda em um tamanho que dificulte
a leitura são erros muito comuns. Você sabia que fontes do tipo Sans Serif (Arial, por
exemplo) são mais fáceis de ler quando projetadas? Quanto ao tamanho, procure usar
títulos com pelo menos 32 pontos e textos com 24 pontos.
7. Mude o “visual” de tela para tela.
Você pode achar que isso vai manter a audiência atenta, mas sua apresentação vai fluir
melhor se você mantiver o visual consistente. Tentar manter o mesmo tamanho, fonte e
cor de títulos e textos, assim como sua posição na tela é uma boa dica.
8. Utilize os templates que vieram com seu Power Point.
Você gostaria de se destacar ou ser como todos os outros? Se você utiliza sempre os
mesmos e velhos templates, sua apresentação muito provavelmente terá um “ar” de coisa
já vista, independente do conteúdo.
9. Experimente com diversos tipos de transição.
Quer levar sua audiência à loucura (no mau sentido)? Use transições aleatórias em todas
as telas. Para maior consistência, utilize no máximo 2 ou 3 tipos de transições durante
toda sua apresentação.
10. Utilize toneladas de animações e efeitos sonoros.
Animações e efeitos sonoros podem ser interessantes em uma apresentação, a menos que
você exagere. Não coloque estes efeitos apenas por estarem disponíveis. Como tudo mais,
verifique se existe adequação e utilize estes recursos moderadamente.
139
Anexo IV: O Relacionamento Interpessoal na Facilitação da Aprendizagem65
Há sentido em ensinar? Definir o que outro ser humano precisa saber? Ensinar tem um
sentido meio imutável, incoerente com um meio em contínua mudança.
Nem sempre é fácil ser autêntico, mas é básico para quem quer ser um facilitador da
aprendizagem.
65
Texto adaptado da obra Liberdade para Aprender, de Carl Rogers (1983).
140
Apreço, Aceitação, Confiança
Interessar-se pelo aprendiz, mas um interesse não-possessivo. Conhecer seus sentimentos,
suas opiniões, sua pessoa. É a aceitação de um outro indivíduo, como pessoa separada,
sujo valor próprio é um direito seu. É uma confiança básica - a convicção de que essa
pessoa é fundamentalmente merecedora de crédito.
O facilitador que possui tais qualidades é capaz de aceitar a ocasional apatia do estudante,
suas aspirações caprichosas de atingir, por atalhos, o conhecimento, tanto quanto seus
disciplinados esforços de realizar os mais altos objetivos. Pode também aceitar
sentimentos pessoais que, há um tempo, perturbam ou promovem a aprendizagem -
rivalidade com um companheiro, aversão à autoridade, interesse por sua própria
adaptação.
O apreço pelo aprendiz é por um ser humano imperfeito, dotado de muitos sentimentos,
muitas potencialidades. Vejamos, porém, como essa atitude de apreço, de aceitação, de
confiança, é considerada por um aluno que teve a sorte de experimentá-la:
... O seu modo de lidar conosco foi para mim uma revelação. Na
sua aula, sinto-me sério, maduro, capaz de fazer coisas por mim
mesmo. Quero pensar por minha conta e tal necessidade não pode
ser atendida por meio de livros de texto e de aulas expositivas
apenas, mas através de situações vividas. Penso que o senhor me
vê como quem tem sentimentos e necessidades reais, como
pessoa. O que eu digo e faço são expressões significativas do que
eu sou e o senhor reconhece isto.
Outro estudante:
... Sinto que posso dizer-lhe coisas que não diria a outros
professores... Nunca me tinha dado conta, antes, dos outros
alunos e de sua personalidade. Jamais tivera tanta interação numa
sala de aula da Universidade, com meus colegas. O clima dessa
sala exerceu profundo efeito sobre mim... a livre atmosfera de
discussão afetou-me... a atmosfera geral de certa reunião nossa
tocou-me. Muitas vezes a discussão transbordou, comigo, para
fora da sala de aula e constituiu, durante muito tempo, objeto de
minhas reflexões.
Estou certo de que esses exemplos são mais do que suficientes para mostrar que o
facilitador que cuida, que preza, que confia no aprendiz, cria um clima de aprendizagem
tão diferente do que de uma sala de aula usual, que qualquer semelhança é “mera
coincidência”.
Compreensão Empática
Quando o professor tem a habilidade de compreender as reações íntimas do aluno, quando
percebe a sua maneira de ver o processo ensino-aprendizagem, então, cresce a
probabilidade da aprendizagem significativa.
141
Essa espécie de compreensão é nitidamente diferente da avaliativa usual segundo o
modelo: “compreendo o que há de errado com você”. Quando há empatia sensível, ao
contrário, a reação do aprendiz obedece a um padrão que se exprimiria assim: “até que
enfim alguém compreende o que se sente ser e o que parece ser eu, sem querer analisar-
me ou julgar-me. Agora, posso desabrochar, crescer e aprender”.
Ser real não é uma tarefa das mais fáceis. É preciso coragem para assumir o risco de se
evidenciar, de ser como se é, não disfarçando e nem atribuindo a outras pessoas os nossos
sentimentos.
É preciso acreditar que os alunos querem aprender, desejam criar, aspiram a progredir,
empenham-se em dominar e que caminham para a autodisciplina. O professor deve tratar
de estabelecer certo clima na sala de aula, que lhes permita desfrutar dessas tendências
naturais.
142
Anexo V: Autodiagnóstico de Competências Essenciais66
66
Adaptado de KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON III, Elwood F.; SWANSON, Richard A.
Aprendizagem de Resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação
corporativa. Rio de Janeiro: Campus, 2009, p. 295-302.
143
10. Habilidade para descrever e executar os passos básicos (por
exemplo: avaliação de necessidades, formulação dos
0 1 2 3 4 5
objetivos do evento de aprendizagem, definição dos
conteúdos, seleção das técnicas e estratégias de ensino,
execução e avaliação) que fortalecem o processo de
planejamento na educação de adultos.
67
Eficácia: alcançar os resultados planejados; alcançar os objetivos.
144