Algo Grande e Que Seja Amor
Algo Grande e Que Seja Amor
Algo Grande e Que Seja Amor
“No dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus
discípulos. Vendo Jesus caminhando, disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus’! Os
dois discípulos ouviram esta declaração de João e passaram a seguir
Jesus. Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-
lhes: ‘Que procurais?’ Eles responderam: ‘Rabi (que quer dizer Mestre),
onde moras?’ Ele respondeu: ‘Vinde e vede’! Foram, viram onde morava e
permaneceram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da
tarde” (Jo 1,35-39). Os protagonistas desta cena do Evangelho
provavelmente transmitiram essa recordação com grande emoção.
Tratava-se do momento mais importante de suas vidas: o dia em que
encontraram com Jesus de Nazaré pela primeira vez.
Na verdade, encontrar-se com Cristo é a experiência decisiva para
qualquer cristão. Bento XVI fez questão de destacar, no início do seu
pontificado: “ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa
que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”[5]. E
não foi por acaso que também desde o começo o Papa Francisco quis nos
exortar: “convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se
encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo
ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O
procurar dia a dia sem cessar”[6]. Nestas páginas queremos seguir esse
convite, acompanhando as pegadas do apóstolo mais jovem: são João.
Quem é Jesus Cristo para mim? Quem sou eu para Jesus?
O quarto Evangelho resume com uma bela frase a identidade do
jovem João: ele era “o discípulo que Jesus amava”. Com isso, no fundo, já
disse tudo: João era alguém a quem Jesus amava. Com o passar dos anos,
essa convicção não se apaga e ainda se fortalece: “Nisto consiste o amor:
não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou” (1 Jo
4,10). Essa segurança no Amor que o Senhor tinha por ele com certeza é o
que o fez capaz de conservar, até o fim dos seus dias, uma alegria
profunda e contagiante. A mesma alegria que se respira em seu
Evangelho. Tudo começou naquele dia, às margens do Jordão.
E nós? Já experimentamos um encontro tão familiar como o do jovem
apóstolo? Inclusive se somos cristãos já faz tempo e já rezamos muito na
vida, é bom que paremos um momento para pensar: quem é Jesus Cristo
para mim? Hoje e agora, que papel Ele tem na minha vida? Com essa
consideração podemos calibrar um pouco nossa fé. “Mas antes desta
pergunta, existe outra em certo sentido mais importante, inseparável e
prévia (...): quem sou eu para Jesus Cristo?”[7].
Diante dessas perguntas, é normal ficarmos um pouco perplexos:
quem sou eu para Jesus Cristo? Quem sou? Uma criaturinha qualquer?
Um produto da evolução? Um ser humano a mais... que tem que cumprir
seus mandamentos? Como Jesus me vê? Nessas situações é inspirador
olhar para os santos. Certa vez perguntaram algo parecido a são João
Paulo II e ele respondeu: “Olha, você é um pensamento de Deus, uma
batida do coração de Deus. Afirmar isso é como dizer que você tem um
valor, em certo sentido, infinito, que é importante para Deus na sua
individualidade única”[8]. O que ele mesmo havia descoberto – o que
descobriram todos os santos – é o quanto somos importantes para Deus.
Não somos uma criatura qualquer, um servo que está no mundo por
“inércia” para fazer o que Ele quer. Somos amigos de verdade. Tudo o que
é nosso tem importância para Ele, e por isso se preocupa conosco e nos
acompanha durante toda nossa vida, mesmo que muitas vezes não
percebamos.
Não é exagero. O próprio Jesus disse aos seus apóstolos: “Ninguém
tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois
meus amigos (...) Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o
que ouvi de meu Pai” (Jo 15,13-15). São palavras atuais: Jesus Cristo “vive
e fala com vocês agora. Escutem esta voz com grande disponibilidade;
tem algo a dizer a cada um”[9]. Então quem sou eu para Jesus Cristo? Sou
seu amigo, alguém que ele ama com o amor maior; sou um palpitar do
seu coração. Assim sou eu para Ele. E Ele? Quem é Ele para mim?
Que procures Cristo!
Em 29 de maio de 1933, um jovem estudante de Arquitetura foi
conversar com são Josemaria pela primeira vez. Chamava-se Ricardo
Fernández Vallespín. Muitos anos depois, lembrava: “O Padre falou-me
das coisas da alma...; aconselhou-me, animou-me a ser melhor... Lembro-
me perfeitamente, com uma memória visual, de que antes da despedida,
o Padre se levantou, foi a uma estante, tirou um livro que estava usado
por ele e escreveu na primeira página, como uma dedicatória, estas três
frases: “Que procures Cristo! Que encontres Cristo! Que ames a
Cristo!”[10]. Naquela conversa, são Josemaria também quis começar pelo
mais importante: o encontro pessoal com o Senhor.
O apóstolo João começou a procurar Cristo, ainda sem saber
exatamente quem procurava. O que sabia era que procurava algo que
preenchesse seu coração. Tinha sede de uma vida plena. Não era
suficiente para ele viver para trabalhar, para ganhar dinheiro, para fazer a
mesma coisa que todo mundo... sem enxergar além do horizonte do seu
povoado. Tinha um coração inquieto, e queria saciar essa inquietude. Por
isso foi atrás do Batista. E foi justo quando estava com ele que Jesus
passou ao seu lado. O Batista lhe indicou: “Eis o Cordeiro de Deus”; e ele
e seu amigo André “ouviram esta declaração de João e passaram a seguir
Jesus” (Jo 1,36-37).
O que podemos fazer para seguir os passos do jovem apóstolo?
Primeiro, escutar nosso coração inquieto. Prestar atenção nele quando se
mostrar insatisfeito, quando não lhe bastar uma vidamundana, quando
desejar algo mais do que as coisas e as satisfações da terra. E nos
aproximamos de Jesus. De fato, talvez para nós tenha sido mais fácil do
que para João. Muita gente já nos indicou onde está Jesus: “em geral,
aprendemos a invocar Deus desde a infância, dos lábios de pais cristãos;
mais adiante, professores, companheiros e conhecidos nos ajudaram de
mil maneiras a não perder Jesus Cristo de vista”[11]. Por isso, o que
podemos fazer agora é procurá-lo: “Procurai o Senhor com fome,
procurai-o em vós mesmos com todas as forças. Se atuardes com este
empenho, atrevo-me a garantir que já o tereis encontrado, e que tereis
começado a tratá-lo e a amá-lo, e a ter a vossa conversação nos céus”[12].
Que encontres Cristo
Quando João e André começaram a seguir Jesus pela primeira vez, a
situação deve ter sido um pouco embaraçosa para eles. Foram atrás
daquele homem, mas como iam abordá-lo? Não é muito comum parar
alguém e perguntar: “você é o Cordeiro de Deus?” Mas isso era a única
coisa que sabiam dele, porque era o que o Batista tinha dito sobre Ele...
Talvez estivessem pensando entre eles o que deveriam fazer, quando o
próprio Jesus, “vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: ‘Que
procurais?’” (Jo 1,38).
O Senhor se comove com os corações jovens, inquietos. Por isso,
quando o procuravam sinceramente, Ele mesmo se deixa encontrar da
maneira mais inesperada. São Josemaria lembrou sua vida toda do seu
primeiro encontro pessoal e inesperado com Jesus. Ele era então um
adolescente, com um coração que transbordava projetos e ideais. Depois
de uma forte nevasca, que cobriu as ruas da sua cidade com um manto
branco, saiu de casa. Pouco depois, descobriu surpreendido pegadas de
pés descalços sobre a neve. Ele as seguiu e chegou até um frade que ia
para o seu convento. Aquilo o impressionou profundamente. “Se há quem
faça tantos sacrifícios por Deus e pelo próximo, não serei eu capaz de
oferecer-lhe alguma coisa?”[13]
Neste dia, assim como João e André, o jovem Josemaria seguiu os
passos do Senhor, que se fazia presente, desta vez, em umas pegadas na
neve. Talvez muitas outras pessoas também tenham visto aquelas
pegadas, mas para aquele jovem foram um sinal inconfundível de que
Jesus queria entrar em sua vida. Depois, sua reação foi muito parecida
com a daqueles primeiros amigos de Jesus. “Eles responderam: ‘Rabi
(que quer dizer Mestre), onde moras?’ Ele respondeu: ‘Vinde e vede’!
Foram, viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia. Era por
volta das quatro horas da tarde” (Jo 1,38-39).
Descobrir que alguém nos ama, desperta em nós um desejo enorme de
conhecer essa pessoa. Saber que alguém teve uma atenção especial
conosco faz com que queiramos conhecê-lo. Descobrir que existe alguém
que se importa conosco, alguém que está nos esperando, e que tem a
resposta para os nossos desejos mais profundos, leva-nos a procurá-lo.
Por meio daquelas pegadas, Deus quis que são Josemaria percebesse que
“já tinha bem metida dentro de si ‘uma inquietação divina’, que renovou o
seu interior com uma vida de piedade mais intensa”[14]. Procurar Jesus e
encontra-lo é apenas o começo. A partir de então, poderemos iniciar um
trato de amizade com Ele. Procuraremos conhecê-lo melhor, lendo o
Evangelho, participando da Santa Missa, desfrutando de sua intimidade
na Comunhão, cuidando d’Ele ao ajudar os que mais necessitam. E
procuraremos dar-nos a conhecer, compartilhando com nosso Amigo
nossas alegrias e tristezas, nossos projetos e fracassos. Porque isso é a
oração: “conviver em amizade, estando muitas vezes conversando a sós
com aquele que sabemos que nos ama”[15]. Como João e André, que
passaram o dia todo com Jesus.
Que ames a Cristo!
Para o jovem João, o dia em que encontrou Jesus foi o dia em que sua
vida mudou. Obviamente ainda tinha muito caminho pela frente. Desde a
pesca milagrosa até as viagens com Jesus pela Palestina; desde seus
milagres até sua palavra que enchia o coração de alegria, ou até seus
gestos carinhosos com os doentes, com os pobres, com os desprezados...
Mas, sobretudo, aqueles momentos de conversas a sós com o Mestre. O
diálogo que começou numa tarde, às margens do rio Jordão, duraria toda
uma vida.
Todos nós temos experiência de como uma amizade pode nos mudar.
Por isso é lógico que os pais estejam pendentes das amizades de seus
filhos. Sem percebermos, a relação com nossos amigos vai nos
transformando, até chegarmos a querer e a rejeitar as mesmas coisas. A
amizade nos une tanto, que os amigos compartilham “uma mesma alma
que sustenta dois corpos”[16].
Neste sentido, a transformação do jovem apóstolo é muito chamativa.
Era chamado, junto com seu irmão Tiago, de “filhos do trovão” (Mc 3,17),
e alguns detalhes dos Evangelhos nos ajudam a compreender que não era
um “codinome” excessivo. Por exemplo, naquela ocasião em que alguns
samaritanos se negaram a alojar Jesus e seus discípulos, e os irmãos se
dirigiram ao Mestre perguntando: “Senhor, queres que mandemos descer
fogo do céu, para que os destrua?” (Lc 9,54). No entanto, pouco a pouco,
precisamente à medida que ia crescendo sua amizade com Ele,
aprenderam a amar como Jesus, a compreender como Jesus, a perdoar
como Jesus.
A mesma coisa pode acontecer com cada um de nós: encontrar Jesus e
ter uma relação com Ele nos levará a querer amar como Ele ama. Não nos
devemos surpreender com o fato de que esse desejo vá tomando nosso
coração: deixemos que se encha de agradecimento porque o Senhor quer
contar conosco para fazer o seu Amor estar presente no mundo. Assim
aconteceu com são Josemaria. Aquelas pegadas na neve lhe deram uma
profunda segurança de que tinha uma missão nesta terra: “Comecei a
vislumbrar o Amor, a perceber que o coração me pedia algo de grande e
que fosse amor”[17]. Descubramos nós também, por trás destas
chamadas do coração, um eco da voz de Jesus que em muitas ocasiões
lemos no Evangelho: “segue-me!”
Viver com Cristo toda a nossa vida
Olhando para trás, João não trocaria nada pela oportunidade que teve
de seguir Jesus. Deus atua assim em cada pessoa: “o amor maior de Jesus
inspira grandes ações e incita ao desejo contínuo da mais alta perfeição.
O amor tende sempre para as alturas e não se deixa prender pelas coisas
inferiores”[18]. Aconteceu com João, assim como com Pedro, Tiago,
Paulo... Bartimeu, Maria Madalena e tantos outros desde que Jesus veio
ao mundo. A presença do Senhor não é menos real hoje do que naquele
tempo. Pelo contrário: Jesus está ainda mais presente, porque pode viver
em cada um de nós. Mais do que nos convidar para compartilhar a
missão que Ele recebeu do Pai, Jesus queramar através da nossa vida,
dentro de cada um: “permanecei no meu amor”, diz-nos (Jo 15,9), para
reconciliar este mundo com Ele, transformar ódio em Amor, egoísmo em
serviço, rancor em perdão.
O jovem apóstolo, que descobriu o Amor do Senhor, acompanhou-o
no momento da Cruz. Mais tarde, com o resto dos apóstolos, recebeu uma
missão que daria forma a toda sua vida: “Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). Nós também, se
escutarmos o nosso coração inquieto e procurarmos Jesus, se o
encontrarmos e o seguirmos, se formos seus amigos, descobriremos que
Ele conta conosco. Vai nos propor que O ajudemos, cada um do seu jeito,
na Igreja. Como um amigo que, precisamente porque nos ama, propõe-
nos fazer parte de um projeto entusiasmante: “Hoje, Jesus, que é o
caminho, chama-te – a ti… a ti… a ti – a deixar a tua marca na história.
Ele, que é a vida, convida-te a deixar uma marca que encha de vida a tua
história e a de muitos outros. Ele, que é a verdade, convida-te a deixar as
estradas da separação, da divisão, do sem-sentido. Aceitais?”[19]
Borja Armada
[1] Francisco, Carta aos jovens por ocasião da apresentação do
documento preparatório para a XV Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos, 13-I-2017.
[2] Ibidem.
[3] F. Ocáriz, anotações de um encontro com jovens na Argentina, 5-
VIII-2018.
[4] A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, vol. I, p. 90.
[5] Bento XVI, Enc. Deus Caritas est (25-XII-2005), n. 1.
[6] Francisco, Ex. Ap. Evangelii Gaudium (24/11/2013), n. 3.
[7] AGP, Biblioteca, P03, 2017, p. 146.
[8] São João Paulo II, Discurso aos jovens do
Cazaquistão,23/09/2001.
[9] Bento XVI, Audiência Geral, 2/08/2006.
[10] Caminho, edição comentada, comentário ao n. 382.
[11] É Cristo que passa, n. 1.
[12] Amigos de Deus, n. 300.
[13] A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, vol. I, p. 89.
[14] Ibidem.
[15] Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 8, 2.
[16] São Gregório Nazianzeno, Sermão 43
[17] A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, vol. I, p. 90.
[18] T. de Kempis, A imitação de Cristo, livro III, cap. 5
[19] Francisco, Vigília de Oração com os Jovens, Discurso do Santo
Padre, 30-VII-2016
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2. O que poderia ser da sua vida
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3. Nosso verdadeiro nome
Lucas Buch
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II
RESPOSTA
José Brage
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5. Para a música tocar (a vocação ao Opus Dei)
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6. Dar a vida pelos amigos (a vocação ao
celibato)
Carlos Villar
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7. Respondendo ao amor (a vocação
matrimonial)
Carlos Ayxelà
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8. Ser mais pais e mães do que nunca (a vocação
dos filhos)
Diego Zalbidea
[1] São Paulo VI, Ex. ap. Evangelii nuntiandi (8-XII-1975), n. 82. Cfr.
também São João Paulo II, Carta ap. Novo
millennio ineunte (6-I-2001), n. 40; Bento XVI, Homilia na Abertura
do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização, 7-X-2012. Francisco,
Ex. ap. Evangelii gaudium (24-XI-2013), n. 27.
[2] F. Ocáriz, Carta 4-VI-2017.
[3] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 1666.
[4] São Josemaria, Anotações íntimas, nº 1725, cit. em Andrés
Vazquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, vol. I, Quadrante, São
Paulo.
[5] São Josemaria, Caminho, n. 27
[6] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 184.
[7] Francisco, Audiência Geral, 4/02/2015
[8] F. Ocáriz, Carta Pastoral, 9-I-2018, n.5.
[9] J. Diéguez, Chegar à pessoa em sua integridade: o papel dos
afetos (1), opusdei.org.
[10] São Josemaria, anotações de uma reunião familiar, 17-II-1957, cit.
em S. Bernal, Perfil do Fundador do Opus Dei, ed. Quadrante, São Paulo.
[11] Dostoievski, F. Os Irmãos Karamazov, epílogo.
[12] São Josemaria, anotações de um encontro com jovens, novembro
de 1972. Citado em Dos meses de Catequesis,
1972, vol. 1, p. 416 (AGP, biblioteca, P04).
[13] Francisco, Ex. ap. Amoris laetitia (19-III-2016), n. 262. São
Josemaria desenhava essa realidade com um toque de humor: “A mãe,
nem bem nasceu um menino, já pensa com quem vai casá-lo e que eles
vão fazer isso e aquilo. O pai pensa sobre a carreira ou o negócio em que
vai colocar o filho. Cada um faz a sua novela, uma linda novela rosa. Mas
depois, a criança sai esperta, sai boa, porque seus pais são bons, e diz:
essa novela de vocês não me interessa. E aí começam duas gritarias
enormes” (anotações de uma reunião com famílias, 4/11/1972).
[14] São Josemaria costumava usar essa expressão para se referir à
preocupação lógica dos pais pela prosperidade humana dos filhos.
[15] A. Sastre, Tiempo de caminar, Rialp, Madrid 1989, p. 52.
[16] São Josemaria, cit. em Andrés Vazquez de Prada, A. Sastre,
Tiempo de caminar, Rialp, Madrid 1989, p. 52.
O Fundador do Opus Dei, vol. I, Quadrante, São Paulo.
[17] Cfr. São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá,
n.104.
[18] São Josemaria Forja, n. 18.
[19] Palavras de São Josemaria a algumas famílias em 22/10/1960,
em A. Rodríguez Pedrazuela, Un mar sin orillas,
Rialp, Madrid 1999, p. 348.
[20] Francisco, Regina coeli, 21/04/2013.
[21] Missal Romano, Oração Eucarística.
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9. Vou fazer a escolha certa? (caminhamos
acompanhados na Igreja)
Pablo Marti
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III
FIDELIDADE
“Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e
produzais fruto, e o vosso fruto permaneça”
10. Somos apóstolos!
Deus age "por atração"[18], estimulando as almas com a alegria e o encanto da vida
cristã. É por isso que o apostolado é o amor que transborda. Um coração que sabe
amar sabe atrair: “atraímos a todos com o coração - dizia São Josemaria-por isso, para
todos peço um coração muito grande: se amamos as almas, as atrairemos”[19]. De
fato, nada atrai tanto quanto o amor autêntico, especialmente em uma época em que
muitas pessoas não conheceram o calor do amor de Deus. A verdadeira amizade é, de
fato, a “maneira de fazer apostolado que São Josemaria encontrou nos relatos
evangélicos”[20]. Felipe atraiu a Bartolomeu, André a Pedro e deviam ser bons amigos
aqueles que trouxeram para Jesus aquele paralítico que não conseguia sair da sua
maca. “Em um cristão, em um filho de Deus, a amizade e a caridade formam uma coisa
só: a luz divina que dá calor”[21]. Ter amigos exige assiduidade, contato pessoal,
exemplo e lealdade sincera, disposição de ajudar, apoiar-se mutuamente, escuta e
empatia: capacidade de perceber as necessidades do outro. Amizade não é um
instrumento para o apostolado, mas o próprio apostolado é, em sua essência, amizade:
gratuidade, vontade de viver a vida com os outros. É claro que queremos que nossos
amigos se aproximem do Senhor, mas estamos dispostos a que isso aconteça como e
quando Deus quiser. Ainda que seja lógico que um apóstolo busque bons resultados no
seu trabalho, e que valorize a relação entre os seus esforços e a influência que tem
sobre os outros, nunca pode esquecer que os apóstolos continuaram junto a Jesus,
mesmo quando quase todos O abandonaram (cfr. Jo 6, 66-69). Com o tempo, os frutos
já viriam (cf. Atos 2,37-41).
Uma vez, um jovem perguntou a São Josemaria: “Padre, o que devemos fazer para
que muitos apitem[22]?” São Josemaria respondeu imediatamente: “Muita oração,
amizade leal e respeito pela liberdade”. Para o jovem a resposta pareceu insuficiente e
acrescentou: “Mas isso não é ir muito devagar, Padre?” “Não, porque a vocação é
sobrenatural”, respondeu São Josemaria, marcando cada sílaba dessa última palavra.
“Bastou um segundo para passar de Saulo para Paulo. Depois, três dias de oração, e ele
se converteu em um apaixonado apóstolo de Jesus Cristo”[23].
É Deus quem chama e o Espírito Santo é quem move o coração. O apóstolo
acompanha seus amigos com oração e sacrifício, sem impacientar-se ao receber um
“não” às suas sugestões, nem ficar chateado quando alguém não se deixa ajudar. Um
verdadeiro amigo se apoia nas fortalezas para ajudar a crescer e, muitas vezes, evita
censuras sobre as decisões alheias. Ele sabe quando é necessário ficar em silêncio, e
quando é necessário insistir de maneira diferente, sem ser chato, sem reprender:
partindo da confiança e do compromisso com o melhor de cada um, de cada uma. É
assim que Deus faz, e é assim que ele quer que seus filhos façam.
Sem ser chatos, mantendo o sorriso no rosto, podemos insinuar algumas palavras
em seu ouvido, como o Senhor fazia. E, continuamente, manteremos vivo o desejo de
muitas pessoas de conhecê-Lo: “Você e eu, filhos de Deus, quando vemos as pessoas,
temos que pensar nas almas: aqui está uma alma – temos que dizer a nós mesmos –
que necessita ajuda. Uma alma que é necessário compreender, uma alma com quem é
necessário conviver, uma alma que é necessário salvar”[24].
[8] São Josemaria, A sós com Deus, n. 273 (AGP, Biblioteca, P10).
[9] Cfr. D. Javier, Homilia, 5-IX-2010 (Romana, n. 51, Julio-Diciembre 2010, p.
339).
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11. Caminhar com Cristo para a plenitude do
Amor
Paul Muller
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12. Frutos da fidelidade
Pablo Edo
[1] Santa Teresa de Jesus, Caminho de perfeição,cap. 34.
[2] Cfr. S. Bernal, Mons. Josemaria Escrivá de Balaguer. Perfil do
Fundador do Opus Dei,Quadrante, São Paulo, 1978, p. 420.
[3] Santa Teresa de Lisieux, História de uma alma, cap. 5.
[4] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 92.
[5] Cfr. J. Echevarría, Recordações sobre Mons. Escrivá, São Paulo,
Quadrante.
[6] F. Ocáriz, F. Ocáriz, Homilia, 12/05/2017.
[7] Ibidem.
[8] Citado em G. Bagnard, «El Cura de Ars, apóstol de la
misericordia», Anuario de Historia de la Iglesia19 (2010) p. 246.
[9] São Josemaria, Instrucción maio-1935 - 14-IX-1950, n. 48.
[10] Bento XVI, Enc. Deus Caritas est (25/12/2005), n. 31.
[11] São Josemaria, Caminho, n. 267.
[12] São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 19.2 (PG 57,
275).
[13] São Josemaria, Forja, n. 605.
[14] São Josemaria, A sós com Deus, n. 314 (AGP, Biblioteca, P10).
[15] Forja, n. 920.
[16] Francisco, Ex. Ap. Evangelii gaudium(24/11/2013), n. 279.
[17] São Josemaría, Sulco, n. 860.
[18] D. Javier, Carta pastoral, 4/11/2015.
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MAIS TEMAS | VIDA CRISTÃ
Disponíveis em ebook
1. Lucas Buch | Novos mediterrâneos
Novos mediterrâneos. Descobertas que mudam a
paisagem da vida interior
2. Carlos Ayxelà (ed.) | A ternura de Deus
A ternura de Deus
3. Rodolfo Valdés (ed.) | Para mim, viver é Cristo
Para mim, viver é Cristo
4. Borja de León (ed.) | Algo grande e que seja amor.
A vocação cristã: procura, descoberta, fidelidade
Algo grande e que seja amor. A vocação cristã: procura,
descoberta, fidelidade
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Notas
[←1]
Bento XVI, Discurso, 25/04/2005.
[←2]
Francisco, Ex. ap. Christus vivit (25/03/2019), n. 286.
[←3]
Algumas das obras mais conhecidas de São Josemaria
(especificamente, Caminho, Sulco, Forja, É Cristo que passa, Amigos
de Deus, Santo Rosário, Via Sacra, Entrevistas) são citadas neste
livro apenas com indicação do autor e título. O As referências
bibliográficas de todos eles podem ser encontradas
em https://www.escrivaworks.org.br, com o texto completo e
traduções em vários idiomas. Quando o título de uma obra é
acompanhado por “edição crítico-histórica”, este é o respectivo
volume das Obras Completas de Josemaria Escrivá, Rialp, Madri [no
caso de Caminho: Quadrante, São Paulo]. Os textos da pregação
oral ou escrita ainda não publicadas na coleção de obras completas
são acompanhados de sua localização no Arquivo Geral da Prelazia
(AGP).
[←4]
F. Ocáriz, anotações de um encontro com jovens na Argentina,
5/08/2018.
[←5]
A. Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, vol. I, p. 90.