Antropologia
Antropologia
Antropologia
Visto que na nossa vida quotidiana já deparamos com expressões como: “você não tem
cultura”, “os jovens actuais não têm cultura de trabalho”, entre outras expressões que
envolvem a cultura. Dai que surge a questão “afinal de contas o que é a cultura”?
Objectivos
Conceber a noção antropológica da cultura;
Compreender os conteúdos conceituados.
Índice
Introdução...............................................................................................................................1
Objectivos...............................................................................................................................1
1.1. Etimologia.......................................................................................................................4
2.1. O Anthropos....................................................................................................................6
2.2. O Ethnos..........................................................................................................................6
2.3. O Oikos............................................................................................................................6
2.4. O Chronos........................................................................................................................7
5.2.3. Difusão.......................................................................................................................17
5.2.4. Aculturação.................................................................................................................17
5.2.5. Desculturação.............................................................................................................18
5.2.6. Globalização...............................................................................................................18
Conclusão.............................................................................................................................21
Bibliografia...........................................................................................................................22
1.Conceito antropológico da cultura
Ao longo da história o conceito de cultura foi evoluindo até aos nossos dias. Junto as diversas
escolas de pensamento, os autores criaram teorias e definições, que configuraram o edifício
do que hoje consideramos cultura no sentido antropológico. Com as suas teorias os estudiosos
enriqueceram o sentido de cultura e lhe abriram perspectivas novas. Este movimento de
constante sistematização do conceito e cultura, chegou até aos nossos dias, aparecendo novas
teorias e novas reformulações. A cultura é um conceito que esta em crise, afirma Hugo
Fabietti, e deve ser reformulado.
1.1. Etimologia
A palavra cultura de acordo com Martinez (2014), o vocábulo cultura provém do particípio
passivo do verbo latino colocelis, colere, colui, cultum, que significa: cultivar, cuidar, ter
cuidado, prestar atenção. Expressa a relação dinâmica e estável a um lugar. Os seus derivados
são: agri-cola = cultivador da terra; agri-cultura = cultivo do campo; in-cola = morador;
colonus = a pessoa que cultiva; colónia = o local cultivado.
O termo Cultura teve a sua definição antropológica clássica por EDWARD B. TYLOR
(1975, or. 1871) segundo este, “A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, é
conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e
qualquer outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem em quanto que membro da
sociedade”
Junto à cultura como património de toda humanidade, Tylor concebe-a como património
específico de um determinado grupo social. Foi este o significado que prevaleceu na
Antropologia. Posteriormente foram feitas reformulações para superar a concepção da vida
humana como uma série de entidades delimitadas, isoladas, circunscritas e fechadas. Se
afirma ao mesmo tempo que as culturas não são frutos puros, mas estão sujeitas a processos
comunicativos entre pessoas, pelo que não são algo definido para sempre, mas estão em
transformação permanente, algo que emana da interacção criativa entre as pessoas e entre as
sociedades. Concebe-se a cultura como um processo comunicativo em que os agentes fazem
um texto com infinidade de símbolos cujos significados devem ser interpretados no próprio
contexto.
2.1. O Anthropos
O homem como indivíduo segundo Flandrin (1984), contribui na construção da cultura
enquanto ser biológico e ser social. No aspecto biológico, nota-se que muitos grupos sociais
ou culturais ordenam-se em função do carácter sexual e etário dos seus membros. De facto,
este carácter natural produz efeitos estruturais na ordenação social e tem um impacto sobre a
personalidade e comportamento adequado a cada um daqueles parâmetros. Pode-se notar que
o homem não é apenas um ser passivo na cultura, ao contrário, ele introduz nela, inovações e
alterações paramétricos. Um génio num determinado meio cultural, é um exemplo da função
do simples individuo como factor da cultura e as vezes torna-se herói da cultura. E pode ser
que figuras carismáticas, como os Ungulani Ba Ka khosa, Hot Blaze, Sleam Nigger e Bander,
consigam introduzir algumas mudanças culturais, fruto do seu empenho pessoal. É aí onde o
Anthropos (Homem) manifesta-se como factor da cultura.
2.2. O Ethnos
O Ethnos em grego, significa etnia. A cultura é o resultado da manifestação do grupo. As
acções dos indivíduos só têm significado se elas estiverem circunscritas numa colectividade.
Pode se notar que as normas de uma comunidade fazem referência a essa comunidade. É a
socialização e a padronização de certas aquisições individuais que torna a cultura o resultado
de uma colectividade. Portanto, a cultura é o resultado da interacção de vários princípios de
homens que vivem no meio. Enquanto algumas comunidades de Moçambique, a poligamia
(homem com mais uma esposa) é aceite sem qualquer contestação, há no mundo,
comunidades que praticam a poliandria (mulher com mais de um marido), livremente.
2.3. O Oikos
O Oiko é uma palavra grega que significa casa, o universo habitado. Nota-se que a cultura
está sempre relacionada com o ambiente onde o homem vive. O ambiente, é como factor de
cultura, condiciona a actividade exterior e material do homem. É inegável que o ambiente
condiciona, por exemplo, a maneira de vestir, mas ele não pode ser visto como uma vertente
determinista. Em certas literaturas de carácter histórico, percebe-se que para os primórdios da
humanidade as culturas foram definidas em função da natureza, como por exemplo, a cultura
paleolítica, neolítica, etc.
Essa denominação era feita em referência ao uso alargado da pedra. Ou, se em certos
momentos foram empregues termos como culturais ou povos primitivos, em referência aos
sistemas culturais com uma dependência acentuada à natureza. Hoje ouve-se, por exemplo,
falar-se de sociedades urbanas, da era da cibernética, etc. este facto remete-nos a considerar
que se, numa primeira fase, o modelo da intervenção do Homem e a sua sobrevivência
estiveram muito ligado às condições naturais, hoje essa dependia reduziu graças a
criatividade e inteligência do homem na construção do seu meio.
Não só é um facto assente nas teorias antropológicas, mas também é uma realidade que o
grau civilizacional ou material define a forma de estar dos diferentes grupos sociais na face
da terra. Assim, se essa dependência do Homem sobre a natureza foi mais notória nos
primórdios da humanidade, o Homem vem dependendo mais de factores fundamentalmente
culturais. Contudo, apesar disso o homem nunca pode dissociar-se completamente da
natureza e viver completamente da cultura.
A forma de manifestação das crianças que vivem nas sociedades e vilas de Moçambique é
diferente daquelas que vivem nas zonas recônditas do país. O meio onde vivem as crianças
das zonas urbanas é relativamente mais evoluído do que os das zonas rurais. Não é por acaso
que o governo com os seus parceiros tem vindo a envidar esforços para apetrechar as escolas
dos distritos com computadores, internet, tabuleiros de jogos tais como xadrez, dama, etc. o
objectivo deste esforço, é de criar um ambiente nas escolas que ajude os alunos a desenvolver
as suas capacidades cognitivas. O processo de ensino-aprendizagem bem-sucedido, requere
métodos, meios e ambientes propícios, isto é, professores qualificados e competentes; escolas
bem apetrechadas; boas condições socioeconómicas de alunos e professores.
2.4. O Chronos
Chronos ou seja, tempo, é outro factor da cultura. A cultura é um processo e ela transforma-
se com o passar do tempo. O tempo é assumido nas suas três dimensões: passado, presente e
futuro, mas com mais enfâse para as primeiras duas. Para além do tempo cronológico, existe
o tempo ecológico e o tempo social. O tempo ecológico está organizado em função dos ciclos
anuais enquanto o tempo social está relacionada com os ritmos de factos sociais, como por
exemplo, a passagem de um grupo etário, de uma categoria social para a outra.
Tanto o tempo cronológico como o tempo ecológico e o tempo social, interferem na cultura
na cultura de um povo.
As capacidades que alguns homens têm são relativamente inferiores às capacidades dos
homens de hoje. Hoje em dia, quando algumas famílias adquirem um aparelho sonoro, seja
um televisor, um CD/DVD, um telefone moderno ou mesmo um electrodoméstico, esperam
pelos seus filhos, para este porem a funcionar, pela primeira vez, tais aparelhos. Esses jovens
fazem parte de uma geração familiarizada com esses aparelhos diferentemente da geração dos
seus progenitores. Não é porque destemidos não, é próprio de uma geração relativamente
mais avançada do que a dos pais. Portanto, o tempo é também um agente de mudança de
cultura.
Para os primeiros dois factores da cultura, o individuo e a comunidade, vão buscar as suas
definições ao homem e dizem-lhe respeito directamente dele e para eles a cultura assume a
sua qualidade específica como fenómeno humano.
Uma vez que a actividade mental anthropos-indíviduo está na origem da cultura e a acção do
ethnos-comunidade produz a estrutura a estabelece a relação entre simples e as suas
instituições, chamaremos aos aspectos individuais da cultura antropemas e aos aspectos
colectivos ethemas. Entre os dois factores há uma atracção constante de acção, mas
juntamente, também, de distinção.
A E
O C
A E
O C
As diferenças do resto dos seres vivos, que se comunicam de forma diádica (estímulo-
resposta), os humanos comunicam-se de forma triádica por meio de signos e símbolos que
são abertos, arbitrários, convencionais e que requerem descodificação (emissor-mensagem-
receptor) e tradução.
A cultura é social quanto aos agentes dos processos de transmissão e aprendizagem. Quem
transmite age em nome da sociedade e quem a recebe, o faz como individuo e como membro
de um grupo com status próprio na sociedade (iniciandos, nocivos, alunos…). Os processos
de transmissão são sociais, tanto nas sociedades de pequena como nas de grande escala:
instituições de iniciação, escolas, universidades e outras instituições de educação e de
formação.
A cultura é também dinâmica através da acção directa dos próprios membros da sociedade
que provocam mudanças conscientes: a cultura experimenta a mudança desejada e
consciente. Perante certas situações, os próprios membros da cultura acometem
conscientemente as mudanças.
Ao afirmar-se que a cultura é universal, quer-se referir aos aspectos que são comuns a todas
as culturas e que denominam (universais culturais). Trata-se dos aspectos da cultura da
cultura que são atribuídos a todos os grupos humanos.
Segundo Martinez (2014:58), quando se fala de cultura universal, quer se dizer que “todos os
povos tem as mesmas necessidades de subsistência, de alimentação, de abrigo perante as
inclemências do tempo, de defesa dos perigos da natureza e dos animais, da comunicação
com os outros seres humanos, da satisfação das apetências sexuais, da descendência, do
respeito, da amizade, da ordem social e da abertura ao transcendente”.
A cultura é regional na medida que o mesmo fenómeno geral ou da cultura universal seja
tratado de acordo necessidades particulares de cada grupo, podendo ser instituições
familiares, sociais, politicas, económicas e religiosas.
Por outro lado, a cultura é determinada pelo homem, pois ele é o agente activo da própria
cultura. As mudanças culturais surgem do esforço adaptativo do homem frente à realidade
que o cerca: o domínio do meio ambiente, da sua própria sobrevivência, conforto e satisfação,
seja no domínio da estética e da inteligência.
Segundo VILANCULO (pp. 72) A cultura “consiste em uma série de coisas reais que podem
ser observáveis, ser examinadas num contexto extra-somático”.
Enquanto coisas reais e observáveis, a cultura pode ser classificada em três tipos. Mas nesse
caso irá se tratar de dois tipos a saber: cultura material e cultura imaterial.
A cultura material centra-se no estudo das relações humanas com o ambiente vulgarmente se
chama “artes industriais” ou tecnologia. Contudo ela abrange não só o que os seres humanos
tiram do seu ambiente físico, mas o que também dão à área que os rodeia. Neste contexto, a
cultura material é entendida como o conjunto de objectos, valores, significados simbólicos e
formas de comportamentos repetitivas que guiam a conduta dos membros individuais de uma
sociedade, transformando-a ou explorando-a materialmente.
A cultura material está relacionada com os elementos espirituais ou abstractos, por exemplo:
crenças, dos hábitos e dos valores. Estes representam os elementos intangíveis de uma
cultura, sendo assim ela é formada por elementos abstractos que estão intimamente
relacionados as tradições, práticas, comportamentos, técnicas e crenças de um determinado
grupo social. Este tipo de cultura é transmitida de geração em geração.
Maurice Godelier (1982) chegou a afirmar que todo o material da cultura se simboliza e que
todo o simbólico da cultura se pode materializar.
O etnocentrismo consiste em considerar ou afirmar que existem culturas boas e culturas ruins.
“O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em atitudes de
superioridade e até hostilidade. A discriminação, o proselitismo, a violência, a agressividade
verbal são outras formas de expressar o etnocentrismo”. Não existem culturas superiores ou
inferiores. Cada uma delas deve ser vista dentro daquilo que os antropólogos chamam de
interioridade cultural. Por esse motivo jamais se pode afirmar que existem culturas selvagens,
bárbaras ou atrasadas. Mesmo as mais antigas e as extintas não podem ser rotuladas nestes
termos. Toda atitude etnocêntrica precisa ser condenada e rejeitada porque fere o princípio da
igual dignidade de todos os seres humanos e de todos os povos.
Este autor sublinha a importância do factor necessidade para a invenção, além de mais outros
critérios:
5.2.3. Difusão
A difusão “é um processo, na dinâmica cultural, em que os elemntos ou complexos culturais
se difundem de uma sociedade a outra” afirmam Hoebel & Frost (1981:445) (in: LAKATOS
& MARCONI, 2008: 146). A difusão de um elemento pode realizar-se por imitação ou por
estímulo, dependendo das condições sociais, favoráveis ou não à difusão. O tipo mais
significativo da difusão é o das relações pacíficas entre os povos numa troca contínua de
pensamentos e invenções. Nem tudo, porem, é aceite imediatamente, há rejeições em relação
a certos traços culturais. Quase sempre ocorre uma modificação no traço de uma cultura,
tomado de empréstimo pela outra, havendo reinterpretação posterior pela sociedade que o
adoptou.
5.2.4. Aculturação
A aculturação consiste na fusão duas culturas diferentes em que o contacto contínuo muda os
padrões de cultura de ambos os grupos culturais. Se trata de um processo dos mais
característicos do dinamismo cultural. Evidencia-se, em primeiro lugar os agentes do
processo. Os agentes desse processo são grupos sociais mais ou menos grandes que
pertencem a culturas diferentes.
Pode abranger numerosos traços culturais, apesar de, na troca recíproca entre as duas
culturas, um grupo dar mais e receber menos. Dos contactos íntimos e contínuos entre
culturas e sociedades diferentes resulta um intercâmbio de elementos culturais. Com o passar
do tempo, essas culturas fundem-se para formar uma sociedade e uma cultura nova. Um
exemplo mais comum relaciona-se com as grandes conquistas.
5.2.5. Desculturação
Com o termo descultura (derivado de descultura, com o significado de falta de cultura),
refere-se aos aspectos negativos da dinâmica cultural.
5.2.6. Globalização
A globalização pode ser definida como a tendência de fenómenos económicos culturais e
mais outros a assumir uma dimensão mundial, superando os conflitos nacionais e
continentais. R. Robertson explica que a globalização se refere à compreensão do mundo e à
intensificação da consciência do mundo como um todo.
Segundo Murdock (in: LAKATOS & MARCONI, 2008: 144), as modificações culturais
estão relacionados com quatro factores: inovações, aceitação social, eliminação selectiva e
integração.
A inovação sempre começa com o acto de alguém que pode ser efectuado de cinco
maneiras: a variação, invenção ou descoberta, tentativas, empréstimo cultural e
incentivo.
A aceitação social é a adoptarão de um novo traço cultural através da imitação do
comportamento copiado.
A eliminação selectiva consiste na competição pela sobrevivência feita pelo elemento
novo.
A integração consiste no desenvolvimento progressivo de ajustamento cada vez mais
completo, entre os vários elementos que compõem a cultura total.
Conclusão
Portanto, é desta forma que culminamos com o trabalho, cujo tema intitulado cultura, na
qual, no primeiro ponto fez-se uma nota introdutória do tema acima citado, para tal, depois
apreciamos diversas doutrinas que frisam sobre o tema. Acima de tudo chegou-se a conclusão
de que a cultura é um sistema complexo de práticas características da sociedade humana. A
cultura compreende vários elementos, desde as atitudes, valores, costumes, conhecimentos,
símbolos, ideologias, etc. existe vários níveis da cultura desde o ideal ao real.
Bibliografia
BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos Etno-Antropológicos. Perspectivas do
Homem. Lisboa, Edições 70, 2007.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 7ª ed. São
Paulo: Atlas, 2008.