Hermeneutica Contextual - Esdras Costa Bentho

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lntrodução 15

l:IermenêuticaTeóricd................ T9
lntroduçáo. 21
lbrminologia "" 23
l)erivação do Termo...... ...."."' 23
r ) Termoe suasVertentesno NT.......'. " ' '" 25
a) diermeneusen. .......... """ 25
b)methermeneuo......... """"' 26
,í-
I'ropósitoda Hermenêutica
lierlaçáo entreHermenêutica,Exegesee Eisegese.. 27
l)cfiniçáoetimológicade Exegese 27
I rtnções da ExegeseBíblica........ 29
Iikrqueiosà Interpretaçáodas Escrituras... 30
n) BloqueiosHistórico-Culturais..'.. 29
a1
lr) BloqueiosLingüísticos................. J1
?6
r ) BloqueiosTextuais
Versões Bíblicas...... 40
I le'rmenêutícaContextual....... -...
r,rrlcxto dasEscrituras............... 55
qq
I tr.lrrricáo....
lrrrlrrrrtânciado Contexto.." 56
I' ri rl rt.rsque l evam a Eisegese. . 58
l'nnlexto Inícial 63
e Regras para Interpretar o Contexto Inicial
I rr'ltrriq:áo 65
i l ,.l rr,rístnos 80
,r,ul rrl o Li teral e Fi gur ado. . B8
Mctáfora.... 90
' r) a'l
Ir) l ìrrrri l e.......
10 H ermenêutica C ontextual

Sentido Implícito,Conseqüentee Precisivo 9B


CodexSinaiticus.... 111
Contexto Imediato... 101
Definição.... 113
Contextodo Versículo,Parágrafo,Capítulo e Livro....... t74
RegrasFundamentais.... .,...... 116
As primeirasdivisóesde capítulose versículos 119 Apre'*e'nta4'ão
Disposiçáodos Parágrafosnas VersõesBíblicas....... 720
Contexto Remoto..... 727 ffnotorio em muitas igrejas, um despertar espiritual,
Definiçáo.... 729 , rrrlrlc i< loc o mo " a v iv a m e n t o " . ( J m a v i v a m e n t o n á o s i g n i f i c a
PrincipaisRegras........ 130 ,'ul(,tìfc cantarlouvandoa Deus a todo pulmáo,nem orar emvoz
Contexto Gramatícal e Lógico 737 lli1,l)r)r(im,acima de todas as coisas,significauma grande fome
Definiçóes... 139 ,ptriluiìlpela Palavrade Deus. Temos que considerar,entretanto,
ConectivosLógicos 740 lrr, filrÌÌr verdadeiro avivamento estáo ligados intrinsecamenle,a
a) Causais 140 rlrrrriÇrì{), o estudo das Sagradas Escrituras e a evangelïzaçâo.
141,
' , -, t ' r ll(; s e le me n t o s s á o o s p i l a r e s p a r a u m v e r d a d e i r o
1.44
' ' !vntttrtttl o.
746
150 No;rvivamento.a Palavrade Deus é redescoberta.São feitos
,lrrrLnlrÍlllicossérios,e há grande comunhão entre os irmãos.O
AnáliseEtimolóqica , ' , rrlrn !n , ì o n o s q u e r co m o c r i a n ç a se s p i r i t u a i s ,m a s a d u l t o s .
Contexto Histórico.. 161 , rt ì lr)( t (' Ì lle sma d u ros , c o m d i s c e r n i m e n t op a r a v e r a s c o i s a s
Definiçáo.... 163 ,',rlrrr,,rìl(, (ì()moelassáo,julgando-ascom sabedoria,e aceitando
Exegese histórica
de GI5.12... 163 , l.rlu,,r orn inteligênciae integridade.
Exegesehistóricade Dt 22.5.... 165 llrrr rlt is e le me n t o s n e c e s s á r i o s p a r a e n t e n d e r m o s a s
Exegesehistóricade 2 Co 2.14 168
Contexto Literário
rrn irl, r, ,l. s r: rit u ra sé a h e r m e n ê u t i c a .A l g u m a s p e s s o a sf i c a m
T7T
Definição....
, rr,,1, r,l,r" r1rr;lndo escutama palavra"hermenêutica",no entanto,
I /J
RecursosOratórios:traductioe diatribe.... i, , ' r' rì í )' ì( ()Ì ì s id e raqr ue q u a l q u e r c o i s a q u e f i z e r m o se m n o s s a
174
AlusÕesaos PoetasLatinose Gregos..... 1.77 r'l; i r
' ' lrrlr, rrr. r, t e re rn o sq u e u s á - l a .
Provérbiose TextosApócrifos.... r/ ó I , ' rrrlrr()-me d e q u e , q u a l ' Ì d op a r t i c i p a v ad e u m c u r s o d e
Bíbliografia 183 ir, rt n t ' t rI rrlrr: ;eì ,s t a v a t e n s o e p r e o c u p a d o c o m a m a t é r i a . o
Enriqueça a Suo Biblíoteca 185 . , , r1 r, , , ' ,('r)t
lÌ l(ì o e , ra E s d r a sC o s t aB e n t h o ,o e s c r i t o rd e s t el i v r o ,e ,
, r, rirrlln rr(i(, rra a t t la "co n t o u - n o su m a h i s t ó r i am u i t o i n t e r e s s a n t e ,
ir r, t rrlr , l' t t , z a c lo sa l u n o s , n a s e m a n a p a s s a d am i n h a e s p o s a
72 H ermenêutícs C ontextual O texto em seu contexto 13

teve uma ocupação exúrae não pode fazer o almoço. Foi aí qurlnras e precisas, com simplicidad€, sem ser simplista.
decidi assumira tarcfa, mostÌandoque também era capazdisso Um tema que chama a atenção pela sua clareza e
Como queria fazer algo notável, resolvi preparar lambém, umi,lrlatividade ,,ContextoInicialdas Esoituras',.O escdtor
é sobrào
sobremesa.Prccwei uma receitaque achei fácil e "máos à obra"11r,,,o lei do conkrto é umo dss primeiros leis que regem a
A sobÌemesaescolhidafoium pudim de leitecondensado.Observetú.,rl,retogcio,,. Náo há dúüdas de que muitas heresiasou falsos
que tinha em casatodosos ingÌedientes necessários-Fizexatam"nh,,,rrl lis-os, surgem de uma interpr€taçáo equivocada das
como a receitaindicavae faltavasomenteassá-lo.Nessemomeltc,l0ro6u, Escïituras_ fora do seu contexto. Algumas pessoas
surgiuum problema,pois a receiiamandavacozinharem "banho,1o"n, 1ur4o,pesadosnas pessoas,por interpTetarerroneamente
maria". Eu náo sabia o que era "banho-maria". Pesquiseien,f 1u*1os das SagradasEscrih[as.
dicionáÍio, telefoneipara pessoasconhecidi,1!.1.ï1"1 dï:.bt
o que era "banho-maria" Arrumei Entendo que cada diÌigente de tgreja, professor de Escola
coloq.u"iá9|itrbltcnïo-inical,
|.ì fcfrente, €nfim, obÍ€iro do senhor, deva conhecerbem
€ cozinhei o pudim em "banho-maria". Dessa maneira p"di,";,il; ,,HeÌmenêutica,,.
ãpresentaro almoço com sucesso.
ar'rìordeste liwo tem também outro publicado sobre o
o que o professorEsdrasfez Íoi usar a ,.hermenêutica., _ o
para ler um bom des€mpenhoem ;;t""f.. lllelmo-assunto:"HermenêuticaFácil e Descomplicada"'
-"- --^
convicçáode que o Senhoro tem usadopara ajudar
l, escnroroesÌeuvÌo - HermeneuïlcàUoniextual_ o lexlL r Tenho
em seu contexto' tem apÌicado t:: obreiros que queiram €siar cada vez mais aptos para
;Ï;"]ái'ï*l
pesquisa, como obj"ti,roa" -fi;ïd; o corpode cdsto'
Jutì.ãJ" . o*'.
sagrado queÌia dizer. Nessas "nr"na".
pesquisasdescobriu que "*rti;"utt'câr
algunr
pr e g adores, por não usa re m b e m a " He rme n ê u t ic a " JoelMontanha
acrescentavamcoisasao texto, deixando de descobrir mensagenl I)iretor Administrativoda FaculdadeTeológicaRefidim
interessantese edificantes.
Por esta razâo, com naturalidade sempre acornpanhada di
sabedoriado alto,nasceua idéia de escreverum livro que ajudasst
as pessoasque têm desejo de entender cada vez melhor ar
SagradasEscrituras.Muito do que está escrito é fruto de longar
pesquisas.
Há definições que ficavam incertas na mente do escritor
por muitos meses,mas, enquanto orava, ou mesmo em momentr
de meditação,ficavam claras e contextuais.
Os itensabordadossão palpitantese deixam clarasas razoa
para usá-los numa boa interpretação.O escritor traz definiçõer
ïr1,trod.@,,ô-

@ g.r^enêutica é a ciência tanto bíblica quanto


secular,que
r rrut)rl-sedos métodos e técnicas da interpretação.É
basicamente,
'r eituclclda compreensãode textos.
A I lermenêutica tem sido considerada por muitos estudantes
,,é!,losc.larBíblia uma ciência tanto necessáriaquanto
hermética.
IJrrsconferem às regras um autonomismo que chegam a
icpÉrôr <ltexto e o contexto do pensamento do seu autor, como se
'r texlo tivessevida independente de quem o produz. por outro
l.rcje,lr;i quem náo crê na existênciade qualquàr regra válida de
nlt€rpr(rl(ìção, ou que "interpretaçãoboa é aquela que o Espírito
rcv€lÊ", afinal "a letra mata, mas o Espírito vivificai dízem.
Acr.ditamos que o Espírito santo é o agente funcional de
t'rrlc ltrlcrlrretaçãobíblica genuína, entretanto, não aceitamos o
nrHurÌrÉrfrlo de que o Espírito revela, e por isso mesmo, não é
rrgrëãc.1rio rrma metodologia para a compreensãodas Escrituras.
f rte rrlrrrrrìiio valoriza qualquer um dos dois seguimentos.Ao
, Í rlrlt ' ã n ot,' rit i c a - o s .
llç'\rr lrisar, entretanto,que esta obra é resultado de minha
" e lic -ì rle -.r'nr r(: o m o p r o f e s s o r d e H e r m e n ê u t i c a n a F a c u l d a d e
lc,irlr=rljir
n ltr'íirlim, Escola preparatóriade obreiros Siloé e nos
liiieir'erts:
{ irrsrsc semináriospromovidospela Missãode Edificação
' rictel(Ml ('lìl). conseqüentemente,pretendeser mais práticodo
rrfÉt fËlririro lìrr';risso,adotamoso moderníssimométodo de ensino
::rlrrÍiterrl,| A(l [ì(Ìsn]o tempo em que procuramosadaptarmo-nos
: r: = rl , m o d e r n o c o n h e c i m e n t os o b r e a h e r m e n ê u t i c a ,
' rrlrlr, rll" ,
16 H ermenê uti ca C on t extu ol O texto em seu contexto

colocamosao alcancedos arunos,brocos


organizadosde conceit capítuloao estudodo significadodo termo hermenêuticae exegese'
e afirmativas.capazesde mostrara unidade
do estudo teorógicc a fim de que você possaentenderdevidamentea importânciada
s ecular, e a unidade d o c o n h e c ime n t o
in t e rp re t a t iv o r ciência hermenêutica.
multiplicidadede suas abordagens.
Minha oração ê, que você seja ricamenteabençoadoatravés
. Para que essa metodologia cumpra o fim pretendido. destemanual.
currículoadotado não espera o encerramento
de um broco r
assuntospara somente iniciar outro. ao
contrário. integra-osr
medida em que se faz necessáriopara a compreensão
murtifor 1<íprçrcì eiprjv4
do tema tratado. Na prática usa a rinha
traiaau pãtu nature
própria do texto considerado.
o que define o método empregado não
é diretamente O Autor
técnica para dentro do texto. mas o texto Mestrandoem Exegesedo Novo Testamento
sugerindo as principr
vias interpretativas.com isto. prevarece
u ui.ao cosmogônic
centrada na direção qu e o t e x t o c o n c e b e .
s o b re a v is ã
microscópicacentrada na técnica externa do
interpr.ete.o tex
conduza técnicaou método a ser empregado.
em vezdo intérpre
conduziro texto por meio de sua perícia.o
uso deste método er
sala de aula. para o primeiro ano do curso
teorogico.propicic
novo dinamismo e interessepor parte dos
estudanles.
Já que em sala de aula há mais versatilidadee
muitas outri
tecnicasdidáticaserrvolvidasno ensino-aprendizagem
do que Ìl
autonomismo.que adquire o aluno autoclidata
atravésde um livr
didático, esperamosque esta obra. se não
atingir os m'dest(
objetivosdelineados.despertepero menos
no reitor.interesse
comprometimentopela interpretaçãoséria das
Escrituras.
Estelivro não pretendesubstituirquarqueroutro
manuarri
hermenêuticacristã.senao.remete-los.
Neste manual estudaremosos principais tipos
de conÌext(ìr
contexto Inicial. clorrtextoImediato. contexto
Remoto. contexr
Gramatical.contexto Logico.contexto Histórico
e contexto Literárrr
Não somos escusadosde fiisar. que dedicamos primerr
o
HERHENÊ,UTIAA
TEONCA

oo Q fuióMllarr.an"Ua

"Tu ordenusteos teüs mandamentos,


purü que os cumprümosà risco".
sl il9.4
TEOHCA
HERHENÊ'WrcN
o

da TeologiaExegética
Bíblica é a disciplina
, *{lk'r*enêutica e a maneira de
aìsregras para interp':tu'.1: Escrituras regras
', rln'|,llìrì objetivo primário é estabelecer
,lrrÉ LtEt orretame"il' S"u verdadeiro
#;**"qtto u iiÀ de entendero
rrìtre t'sÌrccíficas
as Escrituras'
,rlltlu rk) íìrttor ao redigir
de
compreensáo
Bíblica p",Ï:1:t-Ul,ïi^02'
I lcttrrt'rri:utica :' a Hermenêutica é:
,,,:'iiilil;l';"b;-;;iãn'iu isto é'
está fundada em fatos concretos'
t oltietitsa,pois
,réìrl*rrlr,lríttlica. .
. ,,
constituída de conceitos' 1t-tízose
{ Ilucionsl' pois é
e imagens'
iirrlfrlil',.(' lìiìo por sensaçôes
processo'
abordar um fato'
( Atttrlítica'pois em virtude'de o todo'e1 Partes
,1" irrteri;;;#" ;fa jlc3mnóe que a
erlunr.;1, si' lsto quer dizer
entre
,uprlltt'ltlt"' t ' em partes a fim de
'ututionátias
um texto' disseca-o
,ìo
',r.i,,.i,tltr,t itnalisar
,F n l r rrl l ' ,r' l ' r t t lr npr eendido'

í | r;I||t'a tiua'ernvirtude j'i:ï*1ff;ï:ll',ï


ora'
l"'.'à'*osdeprincípios
1:-*ï::T."
.,,f,ìiltli,ïïlï:';ii'"''^'ïl
,.,,,,,1 interpretação'
precisajustificar sua
rlrltrl,rlrl,'tl,ìrl( 'r ort estudante' na interpretação
princíp'g'Ot'n,o conduziu
ç 11'r'lt,rt,t" lr'is ou 'ôo*o a hermenêutica
elemento explicatiuo
,lrralrgrt't lr'" 1" t'rl'tlt:J'
O texto em seu contexto 23
22 H ermenêutics Contextual

Patrística;
é tanto descrtüua quanto prescrítiua. Como descritiua explica
que é o texto (seusignificado),enquanto prescritiua,determina qu 4 ) Medieval;
deve ser o nosso comportamento mediante a interpretaçã l, ) Reforma e ortodoxo;
fornecida - o que deve ser feito.
Í rì Moderno;
Deste modo, a Hermenêuticapropõe-se a postular métodr
válidos de interpretação.Um método é todo processo racion ' t) Contemporâneo.
usado para se chegar a determinadas conclusões válidas. Er
Hermenêutica se rcfere às regrasou técnicas usadas para chegi
ao conhecimentodo significadooriginal do texto. I t,aM,Not.oate

( I ft'rrrrr>hermenêuticaprocededo verbo grego "hermeneueín",


Hermenêutícs é a cíência que ocupa-se do estudo da rcËélntptrle traduzido por irrterpretar,e do substantivohermenéia
compreensão, sendo essencialmente a atíuidqde de eçfFvr r,r ), que significa interpretaçáo.Tànto o verbo quanto o
compreender textos. tE|tantlvrr lrode significartraduzir, traduçao,ou explicar, explicaçao.

Na likrlogiado Antigo Tèstamentoos termos correspondentes

o primeiro
resisko
doteÌmo
enquanto
ríturo_de
umrivroroiililï;ll ï:ïï:ï:1ïj:"":ffïï::ïj[ïï:: ,.ïffüi:ï
obra de J.C. Danhauer, publicada em 1654 sob o titufirtr;plrtn,,,r( ) u- g".ui,,, e o vócábulo hor.oá,istó é, ,,interpretar,
Hermeneuticosocre sirDe methodus Exponendarum sacro116,1151111161 , (otúar',,. Um hermeneuta, segundo o étimo, é um
litterorum.Após a obra de Danhauer,o termo como metodologxlllryygliorr tradutorde qualquerporçáo literána,quer sacra ou
da interpretaçáo. foi usado frequenlementepara distinguir-seq{ãfÍhr
comentádorealdo textobíblico{exegese), principalment€entreI
teólogosalemães. No que concemeaos seusperíodoshistóric{..
podemos afirmar que ã HermenêuticaBíblica passou po, ,,,lllllulç'lt' no'rERMo
períodosdistintos: íl tr,rrír qrego ,,hermelos,', referia-se originalmente ao
1)_pré_Cristão: ,áilÍdntts rl,r oráculo de Delfos, que era responsávelpela
i|'llffl'Íhì"ir, rkrs desejosdos deusesaos seusconsulentes'
2)- CristãoPrimitivo;
rt lai.dll,rirÌ l' 1 lr). t)icionánoInternacÌonol
de Teologio
do AntigoTestomento,
'
LRichãÌdE'PAu!€ì,Hernaéulr?o,osabeÍdaFìosoÍia,1969'p'44.Palmertoiorìenh..i|t||:r.|l|||'ll'|||!,sgregosParahermenêuticaúo|
pelosaêsmaiorerteóricosh€mÌenêuticosde noslo te
íalnstitutJürHermerteutìk,naUniveÍsidad€deZurique,porHans-c€orgGad.Í€'taRFH|rlrn,l,.rr,.n,rl,isde1Co12.10iLc24.27e1Co7.77.
em Heidelberg, e Martin Heiclegger
24 H ermenêutica C o nt ext u al O texto em seu contexto 25

Na culturapagã,os romanospossuíamo Áugureda salvação'r | írÍrÌìtro do oficial elíope,perguntou-lhe:Compreendeso que


que era um especialistà oficial encarr€gadoda inteçretaçào do.,arrL rrdo?iARA).Seuobjetivoera levarao etíopea compreensáo
sinaiscelesles,como por exemplo,o vôo das aves,s.. AÌúspiçs5. I r lr,xlo, descodificaro incógnito significado ao seu leitor. Se
que eram adivinhos que estudavam ãs entanhas das vítima. fato à luz do diálogo plalônico lon, Sócrates
'rnrlllerarmoso
sacrificadase procuravamassim,interpreÌarpresságiosfavoïávei,rlhlÌri rÌue os poetassáo "hermenes eisin tòn theon", ou seja,
ou contrários. ,,tcl!(tÍt('irodos deuses.A funçáo de Filipe,sob a ótica helênica,
ueróo' "hetmeneuein," e do substa .
n.liv' 'rttlrlulese com um mensageirodivino incumbidode Lornor
.,.--'^-",'li: 1.]entanÍo.rcmelempara.o . , rr,Ì,r rsrue/e ser portador de uma mensagemdivina que ranlo
lerrneneto . no deus-mensàgeiro_âlâd, 'lrí
, L tlr rl ,lnto explica.
Hermes.de cujo nome as palawasapareniemente derivamou üc. """' "
versa.
&ittl r suas venrrrvrrs ivo Àflf
Hermes, segundoa mitologia greco-romana, filho d,lf
".u
Zeus e de Maia, sendo o arauto e mensageirodos deuses. As v;iriasapariçõesdo termo hermeneuein e hermenéía ou
Eratambém
considerado
odeusdaciència.
da,","r,","r,,11[.ffl'jïf:üHÏi,"t":ïT:j'*:ïriiJ:Ï"âffiHï.t5;
e eloqüência.Nas Escriturasneotestamentáriasa culturapagil'l5iií;',1'i1,,
moderno.Enheelesdestacamos:
romanao chamava deMercúrio {At14.t 2).porémno textooriginj -'
grego.aparece
o substantivoprópÌioHeÍmesem vezde MercúÌ,,.
díermen eusen (ôrepprriveuoev)
No texto grego de Atos 14.72, Hermes ( Eppiv), apare({ explicar ou ínterpretar
com a oração explicativa,"porqueera esteo prìncipalportador th
palaura" (ARal
A ltrlt,rlrretaçáocomo explicaçõo enfatiza os aspectos
os gregosatribuíam a F-trermes ,li€Fgfllvor rl,t compreensáoemvez da sua dimensão expressiva.
a descobertada linguagemo
da escrita- ast'erramentasque a compreensãohttmanautilizaparrl Eltt I tt,',,r24.25-27,Jesusressuscitado apareceaos discípulos:
t ' E u t ü n oç a n à o M o i e é e e l o à o o o e profeíae, exVlicou-
chegar ao significado das coisose para transmítir oos oufros. Vor
t lt le f d le rrn ' r n c u e e no) q u e c o n s ï , a v aa r e o p e i l o à e l e e m í o à a s
Hermes se associa a u ma f u n ç ã o d e t ra n s mu t a ç a ir rg F e r, t llrr' , r r , " .
transformar tudo aquilo que ultrapossoo compreensõo httmana ett,
algr: que essainteligênciaconsigacompreencrer,. As várias Íorm,ri . , f e q it ' ,r' s l i ì v a t r a z e n d o à c o m p r e e n s ã o d o s d i s c í p u l o s o
da palavra sugerem o processode rrazer uma sitr-raÇão =i$tificctlr ur rrlto do texto. Em vez de apenas discorrersobre o
ou ur)r,ì
coisa,da ininteligibilidade retle,e,rlilttrtrro e explicou-sea si mesmo em função delesn. Isto
à compreensão.
=ilgelEr rlilr'() ritlnificadotem a ver com o contexto;o processo
Quando Filipe (At 8.26-40) foi conduzido pelo Espíritosarr, -. t f llira ll" r, lr rl t t t ' t : tou p a l c o d a c o m p r e e n s á o .
P nL- v En
i d..l b i d e m,1 9 6 9 .p .3 4 i d i l ,tti = ,"l ' ri r' r 1 r , l, l
26 H ermenêutie a C o ntextu sl
O texto em seu contexto

tutt:t (4 34) afirmaque cristo Íalavaem,parábolT e muii,lrvarsiclade


.,--
ilcavam incógnitas aos seus ouvir lingüírtica,cultural e histórica.Fodemosacrescentar,
parricu.tar
aooseua
próprioa
0,."ìiï,7.?"'í.ï".r1'Í1".'ï1"1,;;1;;iiï":J;ïïïff'üffJ,ï':l;rï::t"Ji:,ffi::lTi
termo diermeneusen,mas epilya{Ènrlú@), exprtcqr, interpre.1"r,,;;;;;;
Observe que o sentido pïático de jlermeneut,cae expltc.r ,, de qualquer texto da Bíblia.
"*ges€
descodiÍicar.um significado,pÍoporcionando a exata compreensâ
do seu sentido. Sem explicaçõo noo hó atiuidode hermenàutico.
l,6nüLrÇÁo rxrna HERMENÊ*CAr Éxec's'

metherm eneu õ (pe0eppqveúor) A I fcrmenêutica precede a Exegese.Esta por sua vez, vale-se
troduzir, trodução, quer dizeì, signífica regrase métodos hermenêuticosem suas conclusões
,llf, pt'ltrt:ípios,
= invcsliÍlações.Exegese'é.tanto narração, explicaçõo, quanto
A traduçãoé uma forma especialdo processobási,rllfllfÌÍí(rçdo o sentidoliteraldo termo confunde-se com o
interpretativo
ìe tornu, .o11pr""nríulì.r".r"-ãr-"-"Ãr-..ãi.t 'lr1|U*' "h€menêutica",de sorteque, às vezes,usa-seos dois
o que é estrangeiro,
estranhoou ininteiiq;;i ï;;"fi;j""içmo. $irÌìultaneamente. Exegeseé a aplicaçáodos princípios
pala chegara um entendimento corretosobreo
ìraàutoré utn-rn"áiudo. ïì.aï.: nmlétrticos
torna-nosconscienres ".tr"
do fato de "- a f,r*". "ì*.'ï
que -rìáá ri.ìrã .*ìrïïïi ,*, estudodo s€ntidoliteral do texto. Refere-sea idéia de
F"
visáoenglobantedo a quáio tJá;i;; À"";;; "-' ,;;.,i",i p r tntcn,t"t" "stá derivandoo s€u€ntendimentodo textoemvez
mesmoquandotradu, -unao, "'" """''"" dl-lfuttt,Í) textoo seuentendimento. Enquantoa Herm€nêutica
i"di;ã;;*
"*pr"rrá". t t tut'n (liÌ a exegese
interpretação' é a prática
os Evangelistas por diversas;"r"; ,"."- tradutores0,,
expressõesestranhasaos seus destinatários.A transliteracit
aramaicaTalitho,K?y^ signifìca.(quer dizer.ou traduz-sr,l ãFãere é a aplícaçõo dos príncípios hermenêuticos para
Menininha,leuanta(Mc s.41).Emanuel,significaDeusconosrl $€at ü um entendímento correto sobre o texto. E o
(Mt 1.23), Gólgofa.significacaueir,e(Mt rs.2zL Messio"s, qrrq Ël*gdÍt do sentido líteral do texto.
dizer,cristo (Jo 1.41)ou Rabi,Mesfre(v.3g),e aisim por cÌianr{

Pnoposno oe HnnmrNÊ,urrcA IiunoroarcA DE Exrcrsr


tHïGá,,
A H e rme n ê u ti ca p ropõe- sea auxiliaro obr eir ot,i F-:ege="rlo grego,eksogosis(ËÇriyqotç de Ëlrìyéopot),isto é,
quaiquerestudanteda Bíblia,a usar métoclosde interpreta(.,il contar,descrever, relatar"(Lc24.35;At 10.8;
confiáveis.além de estabelecer Ffagar,lnl+'rpnrtar,
os princípiosfundamentais,li lã lË,1.1 :' I l ( ) ) Si gni fi c a,s egundoo c ontex to," nar r ati v a,
e x e g e seb íb l i ca ,co mo b a se par a o estudo clo texto na su Exegeseé a ciênciada interpretaçáo.
et$lear,arrirrlrrlrrcltação".
28 H ermenê.utíc o C o nt e xt u aI O texto em seu contexto 29

O lermo e formado pela aposição do final "sis (or(l'rÍrtt'\1,ìmentáriosdevem ser o efeito de uma preocupação
expressivode açáo, ao tema verbal composto "ek+ h eqéom;i. 'dllttt'ltsÌicae pastoralmais do que técnicae documental.Tànto
(Éx + rjyl opcr), tiro, extroio,conduzo paro fora'. A Exelese ë ,. I lpttttt'nêuticaquanto a Exegese,deve ser um instrumentoque
extraçáodos pensamentosque assistiamao escrilor 6o ."6io1 'rtÏhlr,l o homem a Deus.
determinadodocumento.
Em João 1.18.encontramosum termo derivadode aege*l
t (ôls oa HenurxÉLmceE DA ExEcEsEBiBucA
queé kaduzidopor "revelou"- o vocábtloek^gesato (iqrìy,ioarol "
"eksesésato'
A expressão é termodecunhotecnico
0u,,,,,*,,.
f,,,'fi!f;,f';:tïiËïï:jj|ffllïï;tto**o*' "-
indicarum expositor
Na ARA é rraduzido por ,revelou,,, na. ARc por ," ,,,l,,çn
rÍ,.,"uï,ïí,ï1:Í;::;ïï1 :otextodentrodeseuambiente
conhecer".na Vulgata"ipseenorrauit. "aqueleque expõe err '''-''
pormenor". EsseteÌmo ao que parece,designanáo o indivídu( t Expt cot o verdadeirosentido do texto, em todas as
mas a funçáoexercida po| ele - orouto,proclomodor,reuelodor.{l ,limnlf)r.r lxnsíveis(autor,audiéncia,condiçóessociaise religiosas,
ebe-gescdoconfunde-se com o hermeneuta- arautoou proclamad(tll,,l,
oficial.Dessaforma.o Logosaparececomo o principal intéïDrcl
-."-'.,;":l í Tornot a mensagemdas Escrituras lntellgíoel ao
de Deuspai,pois,puruoigr"gà., os€; - --.'-eram os Ìnt"Qt""l
f'sege.'l
e expositoresoficiais. h;!m tt*lutno'
6
João descreveudois exegetasno versículodezesscte: Moist,i t Conduzír-nos a Cristo
expositorda Lei no Monte Sinai, e Jesus,exegeta da i.trraça e,l1
verdade.Assim é descritoa superioridadedo irúérprete"da graça e rl1
verdade"sobre o da "Lei". Pois através do interprete do 5inai, *frlgttos à lNrenpnnrlÇÃo DAs EscnrrulAs
"graça e a verdade" ficaram obscuras, mas através de Cristr,
A tareln rl.r Hermenêuticae da Exegesenão é nada fácil.
"graça e a verdade" se manifestaramaos homens, pois Ele, ",1 t*ãd*t erlrlur'rrì se propõe a interpretar as Escrituras,encontra
ver à a àeiraluz que vinàa ao mu n à o , í lu min a a L o à o o hornr,ttt' . * ltiurprcios a uma compreensãoespontâneado significado
( v.9 ) . _
iffltivn rl.r nÌ('Ììsagem.Pede a boa ordem do raciocínio que
O termo usado sugereque a finalidadeda Hermenêutic,rl Ê f r$ , ru í ì i) l() l ) i c o a n t e r i o r m o v e n d o - n o s n a s i m p l i c a ç õ e s
da Exegeseé muito mais do que interpretação.sua t'inalíclatr*'lfilãFipttalqrl,r lrcrnrenêuticae da exegese.Quando o intérprete
guiar-nosa uma compreensaoadequadade Deus atrauésde crì,,t,l ,!ilFiêã Éirf tlrtr',,rttle traduzir o texto bíblico,ele ínevitavelmente
a Pala ura E ncarnado. A inter p re t a ç ã o d o s t e x t o s v e t e r()l
,rl|
ilrti.;:le=
'' '['rrr'ltli ÌÌ't.,s
sobre a teOriahermenêUtiCae SUarelaçáOCOma teOlOgiae
Gramóhca Exegeticado GregoN eoj lësfnnrcrto, 19g9, p 2rr
cf . w.D. cruqvenmern. :tÉir,a=iril,lirrr, r,r'rrlomesmoautor,HermenêutícaFacíleDescomplicado,CPAD.
O texto em seu contexto 31
30 H ermenêuti ca C o ntextual

i (,(, perfeitamenteessacultura,expressapri n cipalmente


está lidando com uma línguo e cultura distinta da sua, com0 tlt1Ilt Iìdermos
agravante, existem muitas cópias manuscritas dos textos originais <l.rlinguagem, é necessáriouma introspecçáoe empatia
,rlt'êVç-,,
que se esforçar para
que reverberam autenticidade, apesar de náo concordar com unl I t l1 1e , l, r.As s i m c o m o S a l o m ã o t e r i a
outro manuscrito mais recente ou mais antigo. Entre os tipos dt
,Ëtmptf,(,tìCler a tecnologiamoderna, nós temos que depreender
=qf6yçorpara entender a cultura semíta.
bloqueios, destacamosos mais comuns.
-2.000 abismo cultural-NT: AT -
()r 1r0vospróximos à época dos autógrafos,assimilarammais
,áëdanrprrteo conteúdo das Escrituras,por viverem na mesma
,=gitgfa,otr próximo a ela, do que os intérpretes afastados por
,€iinlirc tlrr anos. Por vezes,os escritoresda Antiga Aliança tiveram
,l{l l*plít:itr costumesque por tempos imemoriaisjá haviam caído
e;.derps. em Israel (Rt 4.7). Igualmente, os exegetas atuais
lratnspora barreira histórico-cultural'
Çant

/ Bloqueíos Hístóríco-Cultur aís Língüísticos


13íbliasnão
As Escriturasforam escritas não para a nossa realidade GÊNesls1.1- n"us:l:
o rill i r r a l m e n t e
cultura, mas para uma outra eqüidistanteda nossa a mais de trr ã (|lì'Ì n osso èìFN;rnNï ''lD1ÌJiÌìns1 ';r15n1Nìl n'Ìl'lNìi: I
milênios.O conjunto de fatos e mensagensexpostosnas Sagracl, , lsro ri um fato.
Escrituras são produtos d e u ma e v o lu ç ã o h is t ó ric o -c u lt u r ã Et,ríiirhebraicaquanto a grega sáo distintasda nossa' A
vivenciadopelo hagiógrafoe seuscontemporâneos.Nós não fom, ful t':r'rita nas línguas hebraica, aramaica e grega, além
os destinatários originais. A c o s mo v is ã o , c o mp re e n s ã o d , rlr rliversosvocábulos derivados de outros idiomas do
fenômenos físicos e naturais, existência e filosofia de vida tl, !Êtrril,r.()uando os hagiógrafosse comunicaram fizeram-
hagiógrafos e de seus contemporâneos era distinta da attr, linlirVt'<ì falada e escrita.Para que suasmensagensfossem
Imagine se você voltassealgunsmilênios de anos atravésde utr ,le,r,r'ltrsprecisaram,no mínimo, coordenar sua fala e
máquina do tempo e você aparecessena corte do rei Salomãtr €ië ,,,',rrtlocom a gramática vigente. Por sua vez, essa
no diálogo com ele, você fala sobre internet, e-mail, luz eléïrt, llrl ç' ,r língua pelo qual as Escriturasforam produzidas.
telefone,televisão,avião,viagensespaciais..., acreditoque ele' qlrrl,lx(,,rnorfologia,fonemas,enfim, esfuturas diferentesda
surpreenderiacom tanta cultura e conhecimento,ainda que Ìì, rltirl',r'itrtl>ossível, àqueles que não possuem conhecimento
compreendessetotalmenteaquilo que está sendo dito. A recíprr,, tFl!ìí r irlirr,ris,entenderas Escriturasno seu idioma de origem.
é verdadeira em relação a c u lt u ra d o s p o v o s b í b lic o s . P , rr
32 H ermenêutíca C ontextu al O texto em seu contexto 33

r A Língua Hebraícs I A Língua Aramaíca


O adjetivo"hebraico"deriva-seprovavelmente,do nome d Hr.irumaÌínguadotadade semelhanças e distinçóesdo hebraico
patriarcaHeber lÉ:bher ou lbhr), um dos pósterosde Sem, Íillrl h t8.26).O aramaicopossuio mesmoalfabetoque o hebraico,
de Noé (Gn 10.24,25).Foi de Heber que o povo oriundo de Abrai Jlllündo rìossonse na estruhrade certaspartesgrãmaücais.Do mesmo
recebeuo nome 'b povo hebreu",cuja língua matema tradiciorr,ifilò qruro hebraico,náo possuivogaise, em 800 a.C., é que os
é o hebraico(Gn 14.13). íi$ vo(;licoslhe foram inhoduzidos.As porçóesbíblicasescritas
judeus.ou
o alfabetohebraicoé constituídode 22letras ou.onaount, ïi ltãnlirico geralmeniesáo mensagensde gentiosa
judeus a judeus Sáo trechos
e possuitrês consoantesqu" nao f-"ì.r- o-ã.tã.^o]]jjj"nË';,itl lantlos a gentios,jamais de
servemcomo vogais.Seu fo-uto e quuakìio fO:* .ì dltlílcnlivospronunciadosnesseidioma no Antigo Tèstamento:
"
da direita para a esquerda.Não há letras maiúsculas "*,ì;
e minúscuii a (ie um gentioa outro (Ed4.8'23;5.6-17;6.3-18;
*: Õl Carf Dn2.4-7 '281:
Também é chamada nas Escriturasde: "língua de Canaá" ou "línr
judaica"(ls 19.18;2 Rs 18.26-28;
Is 36.13). Carl'rcleum gentioa um judeu (eal .tt-Zac).

A Língua Grega

êtteira língua que compõe as EscriturasSagradas,é o grego.

-l
t oCtoËNr,qrb
-ónr I
ENTAIS

l-,.çlqr_4.õ.Atüúo*.U,ip_f
fiNtco
ïbstamento foi todo escrito na língua grega, com exceção
tkr Ëvangelhode Mateus,escritoem aramaico que. por
frri traduzido para o grego coinê. O alfabeto grego consta
E qrtiìlroletras:a primeiraé"alfa"(A) e a última"ômega"(O)
SETENTRIONAIS
: - -:Ï::':'"''
i ç4r4ryP!
l ffegn rl,rs Escriturasneotestamentáriasé denominado grego
II (tt colnê, isto é, comum. Não era uma língua sagrada
,ìr) contrário, uma línguafaladapor qualquerpessoa.
Ir-,1,
L
krt'trurrsc uma língua universalprincipalmentedepois das
\ N] I G O ( r \ NANt , t r I
[ *i]ãriotcó
I rlcrAlcxandreMagno (c. 330 a.C ).

r r. s l u r l , r n t ed e v e s e m p r e t e r e m m e n t e q u e o N o v o
tfl É r'qt'ritoem grego,mas com mentalidadesemíta ou
N, r r rl r , r s l aa p e n a sc o n h e c e ra l í n g u a d e H o m e r o p a r a
7 EstêvãoBerrExcouRr',
ParaEntendero Antígo'festamento.1990.
p.47
34
H ermen ê utic a C on t extu ol
O texto em seu contexto 3_5

entendero Novo Testamento


é necessáriotambém empatia
cultura hebraica. com 'rlrE!e",rt'sescritorese a cultura do seu tempo deixaram impressoes
,llrìrrtrlnriiriasnas SagradasEscrituras.
o Antigo Testamentofoi traduzido
do hebraico para o gre(ìr
coinê em Arexandria(c, 280 a.c.).
por um grupo de eruclitosjudeLr:
helênicos Essatradução é, d".jn
ì"rpo, imemoriais, conheciri; { Ilhxlly,eíos Tëxtuais
como Septuagints ou simplesmentn
lxx. Ã ;;;ro permrrrr
que a língua grega absorvesse N.r,r1rt:rceptivo
a qualquer intérprete.as diferençasde cópias
a cultura hebraica, enquanto
cu ltura hebraica assimira v a ; vêlr€ír("'tornaram necessárioa árdua atividade dos críticos
a riq u e z a d e v o c a b u rá rio
universalidadedo idioma grego. e ; c* f ttnl t

Essaunião sempreesteveem N.'rrlrurndos autógrafos dos escritoressagradoschegou até


buscado enraceourdo divórcirr
esta é a razãode muitos intérpretes rt f g ; (lu (Ì p o s s u í m o s s ã o c ó p i a s m a n u s c r i t a s . A p e s a r d a
procurarem expricardiversrrr '
textos bíblicosusando a cultura t€lltttl,r"rrl;rdedos escribas,o texto sagrado ao ser repetidamente
hebraica,não obstante o texlri
estar na língua grega.o coinê
foi universalmentedifundido, lr,, \()freu algumas alterações,que em muitos manuscritos
que Pauloescreveà igrela tanl( r invrrlir lirm o conjunto.
em Roma, não em latim, mas
em grer1,{
I Crítíca Textual

Õ It,prisito fundamental da crítica Textual é reconstruircom


perl.ir;^o possívelo texto bíblico, expurgando-ode qualquer
r trrlroduzidapor erro do escriba, seja um equivoco de
t t", fusaorl,ou outro qualquer que coshrmaachar-sena
1 f , f l: F t ls r, r, d e o b r a s m a n u s c r i t a s p l u r i s s e c u l a r . T â l t e x t o .
ülttutlr ;\ base dos critériosda críticatextual,chama-se texto
E*Ê A Alil foi revisada conì base em taistextos.

g*. Ë-lrt,r',q vários exemplosdessaciência,podemos citar o texto.


(ARA). onde aparecea expressãoentre corchetes:
*thtu,''. t, l.ì
ffie t*rr r'o reino.o poder e a glóriapara sempre.Amém]". Na
*= .rrarr rl1111'1gr são omitidose,na NVI aparecernno rodapé.Já
r r,, 11, t;-26.tanto a ARA quanto a ARC, não traz qualquer
t Mu',
G€tr, llr , | | )nìissão
dos textos(vs.9-20),enquantoa NVI, no rodapé,

='-
k r p , =, , i r r , r ,r ,r ,,,r ,s o q u e se d e ve r i a se r .e scr i toa Ì) e Ì.ìa su n ìa ve z.
I t ; i t 'l 'i r ', , 'r , ', 1 , 1 1 1 1 1 i 1 1 1 ;i l e tr - a d a p a l a vr a a n te r i o r co n r a p r i n r e i r a r l o te r n r 6 se q u i r r te .
36 H ermenêutíca Contextual O texto em seu contexto

afirma que "alguns manuscrifosonfigos omitem g-20 luhclarrrcrrtadono aspectofenomenológicoou naiural das coisas.
os uersícuros
outros manuscrítosapresentam
finais diferentes do euangerhodr ftlêt r.|r)que na consistênciacientíficaou lingüística,visto que
Marcos"12'Estes e muitos outros postos em
colchetes não sr ÈFa o lradutor, um "peixe grande ou enorme", enquadrava-se
encontram nos melhores manuscritos segundo
vários crític.r ffitlltur rurdescriçãode uma "baleia" do que em outro ser marinho
te xtuais, mas foram adotado s p o r A rme id a (1 6 8 1 ).
Na A R(' Slqtrt,r. ( ) próprio termo, no grego kétous,significa,, grandepeixe,.
encontramosdiversaspalavrasem itálico que 4r "f tt, ttrclromarinho" e não baleia.pelo que a tradução da ARA é
não se encontrarrì
no texto hebraico ou grego, ma s q u e f o ra m
a d o t a d o s n e rrx tffiF r oncta.
tradutorespara que o texto tivessesentido ii.
llebraico
Versões- abismotextual y''nt,lìr YHWH dâg gâdhôl " . . . e nI Õ n a se n t ê k o i l i a t o u
NT_AT
atuais das Escrituras ' 'ellr-Yônrah
waig"hibirn'ey kêtoustreishèrnerakai treis
rl r'lirshâhyârnimLrsh.lôshâh núnktas..."
1u t rjgt'o/ìt,s ot. i g i tto ì.s
pettl i dos (.ópi u.t Atì c
n I u n il,\'( l. I I u,t ; l c.\ I o
.\'Iu.s,sot'é t i t.o, lJ i :u tt t ì tt o. çorìro.lonasestevetrês '" Porqueassir.n cotlo esteveJonas
Oc'i tle n t a I c ..lI c-xuntlr i tt t t € tl'r1r'
rroitesno venÍretlrt três dias e três noitesno ventretlo
grundc peixe.."
um outro exemplopode ser encontradoem Mateus
12.4(
Na ARC diz que " como Jonasesteue três diase três
noites,
uentreda baleía...",enquantoa ARA traduz por "
no uentret tetrrrr)[Jregoagápe, que é traduzido pela ARC como
g r a n d e peixe". A s duas tra d u ç o e s
c o mp a ra d a s p a re c (, , cãrrÌr outro exemplode como a críticatextualpode ajudar
contradizerem-se. Jonas esteveno ventre de um mamífero oLl I lfrtr, ,r transporos abismoscomuns à exegese.Em 1Co
ventre de um grande peixe? o texto originar
hebr:aicoem Jorr, llì{r ,rl).ìrece nove vezes.sempretraduzidopela ARC como
I.,7 7 , é "dôg gâdolh", literalme n t e" p e ix e
e n o rme , , . e u a . , l l€ , rr, rr )r e p r e s e n t a n d oo s e n t i d o d o v o c á b u l o o r i g i n a l ,
Al m e id atra d u zi uo te rmo p or "bar eia",f ez pr ovaver mer r ,,
Itrr;rAlÌA, nestecaso,concilia-secom o sentido.oo,..,* do
ll' n rfrrz r r r r l o -poo r a m o r ,
Í t r l{r('o leitorcompreendatratar-sede trêsbreves
e fáceis
r. i't rlrris,rde ilustraçãode alguns aspectosdo labor da
Fl+lrrrrlN,r, desejamosser simplistasquanto as implicaçoes
ll*rrrErlrs lrroblemaselencados.mas a complexidadeclo
) Cf o Prefácio argüi-losacuradamentenessebreveesboço
f1flr'rr', lr('r'rÌ'ìite
da ARC [1995].p.5
38 H ermenê utic a C o nt ext ual O texto em seu contexto

Embora redundante,creio ser necessáriosublinhar que carlr tlrclciáveis, o sentidoprimário do texto sagradoé entreguena
tradução ou versão das Escrituras, quer sejam protestantes .q evangelísticae pastoral, tal qual pretendido pelo Espírito da
não, dão à estampa de que usam os manuscritosmais antigos ação escriturística.
I
mais corretos ("uetusfussimissimul et emendafissímís"),upn.,,;
de que diferem em muitos aspectostextuais um dos outros p(,| easosconflitantespelo uso de fontesmanuscritasdistintas
seguirem manuscritosdistintos.o exegeta,cônscio desta barreì,
quir lMar cos9 .24, náo dev e di m i nui r a c r edi bi l i dadena
fará uso das diversasversões,além de se exercitar por adqurr tir:idadedas Escrituras.os que seguemo TextoMajoritário
cadavez mais períciatanto nas línguasbíblicasquanto ãos câno, J), por exemplo,criticam os que usam o Texto Crítico.
que regem a crítica textual. nente porque estenão inclui o vocativo "Senhor,'no texto.

Temos diversascópias e versõesdas EscriturasSagradas ,u Slrnplifiquemosesteexemplo citando especificamenteos textos.


por meio do exercício dos críticos textuais, podemos
assegur,r
com tod a clareza a confiabilidad e d a s E s c rit u ra s v e t e r,
neotestamentárias e, afirmar que são exatamenteidênticasir
autógrafosoriginais.Por mais de dois mil anos as cópias manuscril l ogo o paí do m ent no, "E imedíatamenteo pai do menino
dos originais foram transmitidascom a máxima exatidão. Anl tdo, com lágrimas, dtsse: exclamou [com lógrimas]: Eu creío!
da de sco berta dos rolos do Mar Mo rt o , d is c u t ia s s emu it ' t, Senhor!Ajuda a minha Ajuda na minha t'alta de !"

confiabilidade dos textos sagrados,se as sucessivascópias havi,
alteradoprofundamenteo sentidooriginal.porém, uo ,ni descobt,r
o rolo de Isaías,escritoem l2s a.c., descobriu-se
crueesset(,
corresponde ao mesmo texto massoréticode Isaíasque data , o pai do menino " Logo o pai do meninoexclamou:
916 (A.D.). o texto preparadoquase mil anos antes àra idêntrr nrrrr:" Creio, ajuda-me a " Eu Creio! Vem em auxílioda minha
rt tninha incredulidade."
ao texto que hoje possuímos,deixando dúvidas apenas s.r falta de fé!"
dezesseteletras que em nada alterava o sentido prirnário.

De onde creio imediato inferir, as relaçõesda crítica texrr


co m a Exegesee a Hermenêuticaf u n d e m-s e c ic lo p ic a me . r ando cada uma das traduçõesassinaladasobservamos
tornando a empresade interpretar,ao mesmo tempo que desafi,rr filrlirrçãoe correspondência:
e e xa u stl va, compensadora,pois a t ra v é s d e s s a st rê s c iê n , A ARC seguindo o Textus Receptus,inclui o vocativo

raAcrescentando
os manuscrito-sunciais,minúsculos.lecionários.paDirose o rrr,
temosapenaspara o Nl. maÌsde 5.000 manuscritos, u.r".ï"nt*àããr^du vut,,,,,.
outrasversões,perfazem maÌsde 24.000manuscritos. comparaáoa lla-ã, aL rì.,,,,,
as Fscriru.ias
são maisàoníiáveispeìoresrennr,l
1ï:,Ì',jï:'^1ry:.T9^4311,lscrftos.
textuaÌ do que qualquer.or-rtro
ntanuscritoantigo
4\
O texto em seu contexto
40 H ermenêutica C ontextual

de que um dos principats


A crítica textual está cônscia
r A ARA, NVI e a TEB omitem o vocativo "Senhor" os do Tërtus Receptus,apesar de
ser um dos meÌhores que
Almeida Revistae Atualizadaacrescenta,entre colchetes,? 1o^1:ì palawas' frasese' às vezes'
"com lágrimas"I naqunlu, dias, é que ele ãontinha
explicativade que o pai do menino exclamours, iorï*nit"t que tinham sido incluídos
pelos t"pi:tu:'
T:t^:ï
termo que corresponde aos manuscritosR(z)C(3),DEFGHKMNSUVX Os manuscritosusados não eram
l'furiu* parte do texto original'
Gamma, Deltae FamPi, mas també'm é' omitida pelos manuscritclr do Texrit
Ãpóso.lançamento
A(i)' BC (1)DLW *,,ïrãr,ü"s e confiáveis. I3.Í3!"*):
datas anteriores ao
mais antigosdo evangelhode Marcos: P (45),Ateph, outros manuscritosforam achados'
com
essitt sáo conhecidos como
28,700.o qUe sugere que o texto de Marcos não continha po, Èrut-o. Essesnovos manuscritos
palavras, mas fãram acrescidaspor algum escriba a fim clc Críticos'?.
aumentar o efeito dramático '6.
familiarizar-se com a
Para auxiliar o estudante sugerimos
contu!1':T
nôiogiudo gráficoa seguir'Lãmbrando
I Versões Bíblicus ;';=;;#;;; acrescentadooutros termos que foram
'1:::
italmente omitidos.
são diversasas traduçõesda Bíblia existentese atualmenlt'
em clrcutaçao -n
no rirasil, a maior parte delasbaseadasna traduciro
XVll
de João Fãrreirade Almeida, trazida para o Brasil no século
) Tneouçors PRorrstnNrrs'^
pela sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.Nessa ocasiãc''t
i r ad u ça o de A lmeida foi revisad a a f im d e e x t ra ir a lg u t r. ' 1 EdíçõoReuísts n.oP'::1.:,?"^:!'3!:,1"
e Atualíz.ad1
(por do Brasíl.
sociedade9íbticade Atmeida,
lusitanismosdo texto, que aliás, muitos deles persistem ,iï""ÏJu.;;';"*
e xe m p lo , Iume (E z 24.3), dando a v e rs ã o u ma c a ra c t e rí s t 'i't erudita' Seuformato
Jormalem línguagem
'lituluçaode equíualêncía
lingüísticavernacular.Essa revisáo,publicada em 1898, receht'ti e
;; IJparagrafos
p; ,r; YItr s 's 5'vJ " " " t . : --; -,r""Y ?\ ':,:?'^:: ,i::::::i '::,"*,::i:t;:::
pesos eme
o nome de "Revistae Corrigida".
U fr tr r ;tt
em
!Ë!trrrr letraínicial negrito,Foíatualìzada
-t -. ^ t : -^ Á ^ n h n n rrn n e rn
alinguagem' n e . s o s e me dídas.

(TextoRecebido)publicadopor Erasmo,l,' Aetr'sct,ntc coichetesaás


o TextusReceptus lermos3,"n ":? ,t-n :::::::::"::::;ft^:
Tëstamento as cítaçoes
no Nouo do Ar de
;ì#;r, #;"";"-;ririr
R o t e r d ãe m 1 5 1 6 , se rvi u co mo b ase tanto par a aì ttudu' ' "'
portuguesade Joáo Ferreirade Almeida (1681)'quantopara 'r O NT da
(1519-j:l'ì ARA sãodevidoao uso de fontesdistintas
NovoTestamento na línguaalemãtraduzidopor tr.utero rlitet,'rrt;.rsencontradasna ARC e uu r ìvvv
ftrrrt'visadocombìase"'"i'à:;ffi;iS:]i"^::*:t:Tï:"1""X$iA?f
rl tt'visado com base na lo eLlvdu '":.';;iil;", ::i'rnt
e tambémda BíbliaKingJamesem inglês(1611)' expressóes.Já a ARC
acrescentaos colchetgsou omtt'
i i,t,, ,,*, e por isso não possuem notas
r, l,xlt ts Receptus. ãt'tãtiáçãà't salientadasna ARA'
"nan
li,.l,r,lcversóes é 9"9-r-:li:1-lt-:-j:ii;1't;:'it::,:ï:üi';';
ou tracluçÕes,rrão Porse
participioaoristo<Ìe,rpu(o',grilql.tlqili: !-"-':.::;
ti"a"çóesì-mportan!1;
,'l:'l',il,:,J:jïu"ï"'"ï:1'iïl#:1;ï.ïf.;"ï;,""ìi;i
'' l.iteralmentegritou:xpci(aq org orrÌìvl/' ' rn.uï,àìá;ffi;i:1t":^'^1l"Ji::19:rt^Ï;iili?tã1,iodij,
casos clamar exentplo.www sblbrasll
confira.pc-rr
iniÃteligivelmerrte) rl, , ;rcitação urn,,".
'áit, ì;;;;; ;;; ãí.nuç* i Êiú1' u y y11Erun nL SP:
1. Cf, cHeNlpLrN op.cif.p.737. E os textos de'rh_eGreek'TexlUnderlyng'fhe
Ftt'.itt 3f
i' ï,il' ï;::'â1' "''üI uc qus v iãÍoian"n
"11
tn"Àp'n^l-":3.ìi"t:1yi:i::':l'il:
e'TheGreekNeu'lesfctir' rI Vtr r Nova,1993.
!1rì,ì,r
61ç,. Alé;;à;;;;
Nova. 19y5. .É\lerl rErrv'
-'" " - --'t
,'aarnscìestas comparadas conr
Aíin:oíit"AVirtii" q ÌAií Ju=frinitariun Bible-Society.
, u i,' , u fim de compreetlcler as notas e varti
NrrtÃràïãtnìãÍiil,úitnã-eìÈi"$ócieties, TtrcGreekNewTestünentAccarditqLittt ',loìitn
'fhornarsNelsonPublishers 9ttlt,r'
rriàìáiii r"Ã. Zã.à c.H"ages & Arthur l,-.Farstacì,
43
O texto em seu contexto
42 H ermenêutíco C ont extu aI

(NVl)" Obra feita por


psra senhor quando lt Nouo Vetsõo Internacianat
formaedentsda.IncluireÍerêncíasbíblicas,os termos patrocinados pelalnternational
se refereoo nome deDeus (laué)é grafadocom letrasmaíúsculas,mapas, rlãl t rtfr'.qiodo de especíslístas
cronología,plano anualde leíturasbíblicase palaurasde oientaçao. ãfhle.$ocietY.
2- Edíçõo Reuísta e Corrigida edíção de 7995 da Ittttútraduçòobaseadanosm elhor e. sÍ exÍ osgr egosehebr aído
é a equittalènciat'ormal com uso
cos
Seu estilo
Tiaduçaodà Joao Ferreirade Almeida,sociedadeBíblicado
,lt::1t<tníueís.
prosa estó ent
em linguagem corrente A
1,,,rlttguês moderno rodapé' além
Brasil. u^ Possui notas de
l,tì(Igraíos. íío"t'o 'í"ol graÇa' expiaçao) '
I em línguagemerudíta.seuJormato ol,'"ì^ot teológiccts(pecado'
tlr' ttr,estart)a,
Tiaduçãode equiualêncíat'ormal
1i traz tanto o furto em prosaquanto a poesíaem paragrat'os'Os termosque
naofazem parte do furto onginal' rnasque t'oram íncluídosa t'ím de que o
furtofossecompreendido,apareceem itólíco.AARC conserl)aesscinserçoo I l'nmtuçors Cerouces
desdea primeíraediçaodolVouokstamento em 1687.Possuíreferências, Figueíredo'
| 'Ïraduçõo de Antônio Pereíra de
indicaçãode parágrat'osde conteúdoern negnto,translíterqo tetragrarna
e possui notasuariantesde termos e seu estílo é correspondencta
(YHWH) pelo nome "JF,c)vA", I ttttttt traduçao daVulgata Latína
Po'ssuipouquÍssimo's notos
,t t!.1,1,, litt:ral utilizanclo ìinguagem arcaica'
3- Edíçao Reuísada daTraduçao de Joao Ferreira de Almeidu ftlrrrr,rl
é prosa em paragrat'ose poesia
em Üersos'
rr/rr)ose seu t'orrnlato
também chamada de"Melhore.s Texfos" 3" impressao 1991 ,RJ. Jue.r1'
Sosres'
& Imprensa Bíblica Brasileíra. A prin'reíra (1967) foi chamada d, 2 'l'raduçõo do Padre Mstas
Versõo da lmprensa Bíblica Brasileira e seu estilo é' correspontlencia
Ì I rtrtxr traduçao da Vulgata Latina
-lïacluçac, e seu forntato é prosa e
formal ern linguagenterudita e arcaica.
de eqLtiucilêncía lcnttt,tliilrrrol. Posstt.í poucctsnotas explícatíuas
seu t'ornrcto é prosaern parógrat'ose Ttoesiaen1 uersos.c)s texlo'ç pf r:'rl,t t'ì|Ì Paragralos'
ao Arque oparecetrtno N7' esLaoedenLcdos.I-trrs-sui
ret'erentes notas
cle roc)apeque t'azentret'erênciasoos iertilos originoi.s.c-orrstalexlos il llíblía de Jerusalém'
conì
ertrc<tlchete.s, notasde que naot'azenrparte dostricnttscriúos riicti.s
gr upo de exegetasíntercont'essionaís'
1,,t I t rrt I rnidados origi noispor unl
aceitos,posstli ',:napos
e reJererrcias de
t'eítapela Ecole Biblique
te,,lrr'rlrttr,/rr os opçoesda tradução t'rancesa
original A prosa encorúra-se ent
4- Edíçao corrigida e Reuísada Fíel do Texto . .fFitt'.,ri,'Ìt i. .5€u estiloe a equittalência dinònúcu'
SocíedadeBíbtíca'Irinitariana do Brasíl. 1994' $ttrt.ltrl/rì:(,'apoes(,erlìUerSoS.l'lóabtnt]arltesnotclsteyluaíseexplicatiuas,
cronológìc<tse outros aparatos'
(' (ìr(cli((r r:ittt irt/tr xhtções, ft'ìapas,qttadro
t'onrnl crrt lirgrrugerrtentclito
de eqttiu<tlenci<t
Trac)rtç:uct
1 1rf1 1 / d ' r
i'ìe U lortr t lt t , t ; pli, s r t t ' llr t t ' s it t Plì t P t t t O r J Ì ( t / ( ) 1 ì r s '; t r i 1 '1 1 1 ,l Aoe Marís.
(ltrc
preposiçÕes ent Ítalit:r.tqrrc nao Cott.slcttittros Origittoi.s,rll(l.s JOru\1
e a uersaot'rancesados rrtonges
acrescidçs ao text<t o lirt
je fa<ilitur g leíturct. As re'feren<:iu.s rro AJ'tri:' | , 't t t , rthtzida dos origincrísrnt:dicrrll
le-xlttci-s, tÌoltts rlir uso com o est ilo a
N-[ aparecem eclentor]<.r.s. Ncro pos.sui reJc:rè.nc.tus pelo Cent r o Bí blí cct CaLolicct '
' l r= ôl ,rr,' ,/.sot ls,
leìlttru du Bíbltrt
qualquer outrct tipo cle conrentarkt. Irn:luí rtrrt plotxt cl<t.
45
O texto em seu contexto

44 H ermenêutíca C ontextual

necessanocomo
com tantasversõescirculandonâo ê.apenas
familiar\zecom as terminologias
correspondênciaformal; prosa em parógraÍos e a poesia em ïi""tf""l que o leitor se
Poucos notas tertuaís e explicatíuas.
"rsdo assuntoem apreçoe procureadquirir conhecimeTg,9-"
e das que foram omitidas'
urÌìa das versões aqui apresántadas
6- Santuórto.
Reproduçaoe adaptaçõoda traduçõo t'eíta pelos capuchínhos de
Portugala partír dos originais,possui correspondênciaformal e os textos :lc:toonTneouçeo, Rewseo E EsrtLísrlcA
em prosa estõoem parágrafose a poesia em üersos' (Ìrnfira cada um dos textos destacadosnas diferentes
versoes

7- TEB - Tiadução Ecumênics Brosileírs, Edições Paulínas c


EdiçõesLoyola

Baseia-senos textos origínaise reproduz t'íelmente o modelo da 27.8a


Tiaduction oecuménique de Ia Bíble. Procura cuidsdosa t'idelídade ', "Com xôl xôl e exílioo Ï'ralalíe"
semântica, isto é, expressar-seem língua moderna, leuando err
consideraçõoa cultura atual,a realidadecomunicadapelas palauras
antigas.Correspondênciat'ormal líteral'

deAlgumas
Frontispício Blblicas
Vers0es

SociedadeBíblicaTrinitarianado Brasil
EdiçãoCorrigidae Revisada
Fiel ao Texto

lmPrensaBíblicaBrasileira
VersãoRevisadada TraduçãodeJoãoFerreirade Almeida
DeacordocomosMelhoresTextosem Hebraicoe Grego

0diçõesPaulinase EdiçõesLoYola
A BíbliaTEB
como Antigoe o NovoTestame ntotraduzidosdostextosoriginaishebraicoe grolll
com introduções,notasessenciaisc glossários
novaediçâorevistae corrigida a exPressáo:"xôl xô"?
,'illrrifica

Sociedade Bíblicado Brasil


BíbliaSagrada
Traduzidaem portuguêspor JoãoFerreirade Almeicla mais ciara?
rr lt,r<luçáo/versão
Com referências e algumasvariantes
O texto em seu contexto 47
46 Í7 ermenêutico Contextual

Jeremiss 48.71.a

ARA - '. " Moabe eoíeve àeeàe a oua mociàade,e


.àescansaào
7uâO feze6 re?ou1aram

ARC -

TRI

VR rlllnificaa expressáo:" àevorâros funàibulários"?'.

BLH -
mais clara?:
tracluçáo/versáo
TEB .

JER -

|vl/I _ " Taroruant.o


cobriu o rosío com a zua qoràura e criou
nae ilhargaa".
O que significa a expressão'."Euao fezeo reVousarawi'?

maisclara?:
Qual a traduçáo/versão

Zacarías 9. 15

ARA - '. " ...eleôàevoraràoo e f u n à ib u lá rioee o e p io a rã o "

ARC-.

TRT
49
O texto em seu contexto
48 H ermenêutica Contextual

maisclara?:
Qual a traduçáo/versáo

Exodo 72.4

ARA - '. " ..,eníàoíome um eó com eeu vizinhoperÚoàe âua caea, (


conformeo comer àe caàa um".

ARC-
"requeolarurnhomem"?:
significaa expressáo'.
TRI -

VR mais clara
a traduçáo/versáo
BLH -

TEB - 7. 72b
Gorn a5
JER - t ...e caeíiqarei os homeno que 6e embruíecem
ào vinho".
NVI -

O que significa a exDressão: "íome um só com 6eu vizinho"e


àe caàaz um"?"

maisclara?:
Qual a traduçáo/versão

Jeremias 31.22

AR A . : " .,.a mulher infiel virá a reaueaT,arum nomem

ARC-:

TRI
Ê.RÈÈ.ST
{ sg
N .d) õ "- s
50 H errnenêutí c a C o n t extu al
ËuÈ ì \R
sS
R ËÈ ''+È St
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ËFRà ËÈ[ $*
v^ .? n
úÈ.È ";
"=
'ìY a rÈ
su È P*
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È È ES $x ü ,ÈË €l
O que significa a expressáo'."embru*tcer com as fezee ào vinho"
: È€" s * È+ E g F È
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^È;i È'È s È N
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sË'R iÊÈÈ ËèË ËÈ *'$ Ë F

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ÈÃ Ë-'$ ÈÈ Ë ì^oÈ v%s
ScúPx
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- È. È. iR
:*, ;.i.:
mais clara?:
Qual a traduçáo/versáo ì
Ë,Ë ÈÌ
r.ËÈ,
'ËË: I i(.ì:
L

ÈÈÈlË
sÈëÈ
Ès X ËÈ È ì
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È rìs \J :f
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Ë €sF $
* ËÈF È
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e FÈ F
x rÈ S
Prouérbíos 28.25b A!P'F

Ès.3
'È rtt h rX H õ < È**
ARC - " ...ma6 o que confia no Senhor er17oràará" .<3 úo ìJ'ì aIvv

-T.r
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ARA
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TRI Ë :p:ü
Í-òÊ
VR HE:ë
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EìËEÈgÉ
,güux r;
g€Èï*,ãa
?^:-i%:4F

'; ÈÈs€i 3
ãÈi,.È_È €j

reAbreviaçóes: 1,,
AFC- AlmeidaRevistae Conigida;ÁBA - AlmeidaRevistae Ah-raliz,r, \ èì€s ?
TRI - Trinitariana;VB - VersáoRevisada;BLH - Bíblia na Linguagemde Hoje: l'l ll 'gE€ s ï
Traduçáo EcumênicaBrasileira;JER - Bíblia de Jerusalém;NVI - Nova Ver"''"
Internacional.
52 H ermenêutícs C ontextual

OTRABA LHO DOSCRftICOST€NVAISPAP.A


p.Ec oNSTtTttÍRUf'rpáPÍROpP.t:-SOCP.ÁT
ICO

ENêUTrcA
HERH EXTIIAL
CONT

o íu)to ^/u,íno fu a* at|'oüÍ'o


E et e p a p i ra p ré e o c rá L i c o(fo L o )f oi reconel i LuíàoV or àota etLuàtoeo'
fra n c e a e e ,p e l o Va p i ról oqoA l ai n l ,4arfi n,àa l )ni verei àaàe
L i v re à e Sl tx e l a e (Õél qi ca) e Ol i ver Tri maveei ,fi l ól oqo
he len ie f'a à a l -)n we r e ià a à e G o el h e (A 1ema nha). 1'r a La - e o
à e o m p a p i roà o l i l ó E ofo qre4oEmpéàocl ee(495-435 a .C .' 1
c o n e e rv a à o e m Ee l r aburqo e o* )e é, até a7ora, o úni crt
l e E L e ,m u n h à o i re ío àe eeu ?enoarnenLo
O p a ç ti roc o n L é m7 4 versícul osào qranàe pré-eocrÁ Ltco.ír'
que r eeL a à e u m a c ó p i a c o mp l e L aà oE l tvroa I e Il àa " Fíai ca" ,àa' Y ' aàaàt' "I)esvendu 0s meus ollttts'
da tuu lci"
eéc ulol, o rn L e x L oà i à á ti c o n o q u a l L m V éàoal esç,eài ri A ea ttm ài ecí2ttl o
(.t pur(t qtttt t'ttntempla us mtruvilhas
'\l l19 l8
Lex Lof ai re c a n e t' i L tíà oa p a rt.i rà o a 5 3 fraqmenl os enconLraàoa.

t i:nrr,:A,FY Fr,'.i't
/DC/Es,rtt.,.Burco. tc,'
DASEÍ,CRITUP.AS
O CONTÊNO
o
o
que regem a
dú tni do contextoé uma das primeirasleis
Muitas interpretaçõeserrôneastêm sua origem na
terpretaÇáo.
rnsideraçáodessa norma tão óbvia.

o próprio conceito do termo mostra a conveniênciade seu


o.-O átimo do termo contexto, significa "tecido com"' No
m, c u n é p r e p o s i ç ã o q u e d e n o t a u n i õ o , o s s o c i o ç o o o u
nhia, e textum significa tecido; por ertensõo; contextura,
, Aplicados a documentos escritos,expressaa conexão de
tmento que existe entre diferentes partes psrs fazer
um todo coerente.

o contexto é o nexo recíprocodos vários elementosda oração,


próximo (contextoimediato), seja distante (contexioremoto).

No texto, ou numa seqüência de textos, o contexto é


eonstítuído pela seqüência de parágrafos ou blocos que
prvcedem e seguem ímediatamente o texto, e que podem,
de umaforma ou de outra, fazer pessr sobre o texto certas
eoerções.
!6_ H ermen êutí c a C o n textu aI
em seu contexto
O texto

A IMPORTÂNCIA
D O CONTEXTO
b ) Os pensamentos normalmente sõo expressos por
um dos reconhecidosproblemashermenêuticossão os chamackr, de palaurss ou de frases.
textos de "prova". Sáo textos isolados do contexto e usados p<,r
determinados intérpretespara aquilatar certasasseveraçõesteológiàa,, O sentido de uma palavra (unidade) pode ser captada de
dogmáücasou culturais.Textos de prova, segundo a hermenêutit,r o com a frase (conjunto), pois o termo e a frase estáo
os dando entendimentoum ao outro. da palavra à frase
contextual,é secundáriopara a validação de uma interpretaçã.
simplesmenteporque erra ao desconsideraro contexto. unidades formando um conjunto) e da frase à palawa (o
nto limitando, aí o sentido da palavra).

Deve-selembrarque o sentidode um termo qualquerem


A NrcessrDADEDE sE Coxnrcp.n o Conrexro frase,geralmenteé determinadopelos artigos,verbos,
o exame do contextoé exhemamenteìmportante por fuêsrazÕer, etc., que o precedem e sucedem (tal como veremos no
gramatical).
a) - As palauras, as locuções e asfrases podem assurnit'
sentidos múItíplos. Exemplo:
o contexto nestecaso vai determinar qual o sentido exato rl,, O vocábulo manga (fruta) e manga (camisa) é um termo
termo usado, como veremos adiante. Não somos escusadostl,, o mes m o s o m e g r a f i a , p o r é m d e s i g n i f i c a d o d i s t i n t o
frisar, que não basta apenas decompor o termo considerado errr imos homógrafos perfeitos). Somente a frase (geral) é que
seusaspectosetimológicos,é necessáriocompreendê-loem relacir,, lnará se a palaura (unidade) deve ser interpretado como
ao conjunto geral da frase. frufo,ou tratar-sede manga(camisa).

o significadode um termo nem sempre se projeta basearl,,


em sua raiz.É necessárioque se analiseo signo lingúísticocofn,r cl " Desconsíderar o contexto scarreta interpretações
luz refletidapela frasee pelo contexto a que pertence.No entanl,, além de ser uma eísegese.
verdade é, que um vocábulo espelhao significadode sua raiz e il,, Exemplo:
sua composição.
et,rlopregadorao explanarEfésios6.I2 sobreo significado
o estudo etimológico é útil e necessárioem vários cas(),, €Ilr r es s ão" r egi õesc el es ti aís "deu
, um a paus a r etór i c a,
mas não significaque em todos os textos essasanálisessej;irrr Ílou a congregaçáosobre o significado da expressáoe
extremamentenecessárias, ou que os termos significarãoâquì1,, , (:omo se algo sobrenatural e enigmático fosse revelado.
que a raiz determina,daí a necessidadedo estudo diacrônico r I , rífoLra platéia pela segundavez dizendo: "o qLteuocê tem
linguagem(isto é, histórico- as mudanças ocorridasaos vocábuÌ,, c el e s t i a l ? " .N i n g u é m o u s o u r e s p o n d e r . U m s i l ê n c i o
f rt t . t is
em certos períodos). llr, rl t o m o u c o n t a d a a u d i ê n c i a .E l e m e s m o r e s p o n d e u :" o
Ellf rl('clo"
O texto em seu contexto 59
58 H ermenêutica Contextusl

2) - Quando ígnora o contuto, sob pretetcto ideológico:


Difícilfoi para ele explicarcomo as potestadesdo malvivi;rrrr
no coração do crente regenerado!A solução para ele foi muilo t Poucas atividades hermenêuticas tem sangrado tanto o texto
simples: "espiritualmentefalando..!". j o banimento do contexto. Ignorar o contexto é rejeitar
adamente o processo histórico que deu margem ao texto.
O livro de Efésiosé o único livro do Novo Testamentoqrrr'
trata especificamentedo tema "regíõescelestiais". Se nost,' O intérprete,neste caso, não examina com a devida atenção
pregador das "regiõescelestiais"apenas conferisse a mensag('lil pnrágrafos pré e pós texto, e não vincula um versículo ou
da e p ístolanos versículos1.3, 27-2 2 ; 2 . 6 ; 3 . 7 0 c o mp re e n d e ri;rrt a um contexto remoto ou imediato.
significado de regióes celestiais. t)ma interpretação que ignora e contraria o contexto não deve
São diversasas práticas que levam o intérprete a praticair,t aclmitida como exegeseconfiável. Existem pessoasque são
eisegesede um texto qualquer, sangrando o sentido primário rhr de banir conscientementeo contexto e o sentido do texto,
texto. Entre elas destacamos: nte para forçar as Escrituras a conformar-se com suas

7") - Quando forçs o texto a dízer o que nõo diz:


Eo) Quando ígnora amenssgem e o propósito príncípal
O intérprete está cônscio de que a interpretação por r'le
asseveradanáo está condizenle com o texto, ou entáo, e.'l'ã
inconscientequanto ao objetivo do autor ou propósito da otrr,r Unrlivro pode ser maisfácilde serentendidoquandose sabe
é o propósitodo autor e qual a mensagemque ele procura
Entretanto, voluntária ou involuntariamente manipula o texto a
r para seus contemporâneos.A mensagem do livro e o
fim de que sua loquacidade pos s a s e r a c e it a c o mo p rin c t l, t , r
do autor são "almas gêmeas" da interpretaçãobíblica.
escriturístico.
Os assuntos genéricos tratados pelo autor, precisam ser
Ge r almente tal interpreta ç ã o n ã o p o s s u i q lt a is q rr, ' t
os a partir dos propósitos e da mensagem do autógrafo.
justificativas,lexical,cultural, históricaou teológica,pois baseiirtrr
ignoramos a mensagem principal e o propósito do livro,
se em pressupostosou premissaspreviamente estabelecidas1l'l,r
clispersivosna aplicação coerente do texto.
intérprete.
L)s livrosde Lucas (1.1-4),João (20.30,3I;27.24-25),Atos
Outro problema nestecaso,é o individualismoQUeembt'l,o ( 5.1;6.1;7.I;8.7,72.1;16.1)
I t) r r r íntios e m, ui tosoutr os s, ão
alguns na leitura da Bíblia. O que se busca como interprettt,,r,
tscompreendidosquando conhecemosa intençáodo autor,
"é o que as Escriturassignificampara mim agora", e náo, "o tpr,,'
r no próprio autógrafo.
elas sionificamem seu contexto".
60 H ermen êutic q C ont e xt u al
O texto em seu contexto 61

4") Quando nõo esclarece um texto à luz de outro: / Atitude defensíoa


Os textos obscuros devem ser entendidos à luz de outros (,
Provavelmente, a atitude defensiva do intérprere em relaçáo
segundo o propósito e a mensagem do livro. Recorrer â outrrr
ãs suas ideologiasseja responsáverpela prática da eisegese.cám
texto,é,
reconhecera unidade das Escriturasna correlaçãode idéi;r,,
o dclutrinismo, usa o Livro sagrado para ratificar suas doutrinas,
Por vezes, pratica-se eisegesepor ignorar a capacidade que .r',
ent vez de confrontar suas doutrinas com a palavra de Deus. Ignora
Escriturastêm de intemretar a si mesmo.
ã t:aráter histórico e contextual da Bíblia e sobrepõe a ela a
"revelação espiritual" das entrerinhas do texto. A iÀterpretação
5") Quando põe s "reuelsçõo" acíma da menssgenl .hlsti:ricae contextual para esses náo é suficiente, por
isso, é
reaelada: ller:essárioa "espiritualização" do texto.
Por vezes, aparecem indivíduos sangrando o texto sagrarl,r
sob o pretextode que "...Deusrevelou" ou "...esseveio do cérr" r' Preconceíto
Estescolocam a pseudo-revelaçãoacima da mensagemrevelarl,r
Há muitos conceitos,costumes,interpretaçõese ensinos que
Quando assim asseveram,procuram afirmar infalibilidade à srr,r
cedem mais do preconceito, ignorância, e atitudes
in ie r p retação,pois, Deus que " re v e lo u " , a u t o r p rin c ip a l t l, r:
ncebidas do intérprete do que d e u m a e x e g e s e b í b l i c a
Eçrituras, náo pode errat.Devemoster o cuidado de não assotr,u
o nome de Deus a mentira. Pois Ele não pode contradizero (luÉ
anteriormente,pelas Escrituras,havia afirmado.
t Preferência qo Método Alegóríco

6) Quando está comprometído com um sistema tnl o método alegórico de interpretaçãoé um dos mais usados
ídeología: (Ìssesinterpretantes. Desprezam o significado comum
e
nário das palavras e especulam sobre o sentido místico ou
Náo são poucos os obstáculosque o exegetaencontraquan,l,r
trirlicode cada uma delas, além é, claro,de ignorar a intenção
a interpretaçãodas Escriturasafeta os cânones do sistema t, ,
cï',rl,inserindo no texto todo tipo de extravagânciaou fantasia.
tradições de sua denominaçáo. Por outro lado, até mesmo ,rl
ímpias religiõesencontram justificativasbíblicas para ratific.rr,re ( ) irrtérpreteque usa métodos tais como
o alegórico,tende a
suasheresias.Kardeccitavaa Bíblia para defendera reencâÍoâr,rrrl lirr os demais métodos válidos de interpretação, e a única
Muitos outros movimentossectarístas torcem as Escrituras.Utilr,.,rr Itrterpretativaque concebe são aquelesque procedem de sua
as Escrituraspara apologeticara favor de um sistemaou ideolo,lr;i. i,r imaginaçáofolclórica.
pode passarde uma eisegesepara uma heresiaaplicada. IÌ,l,rr
menos três razões podem ser apresentadaspara explicar (,,,',iì
atitude imprudente do intérprete:
62 H ermenêuti c a C o ntextu al

TEnocRftrco- MT1.19-2s
r iA' t' ^ ì.t^ g sr tI()N L r 6-2J

t't'}.*tt' christ
' i:ïs
L8^Toô ôè '1z7ooü ,Xptoroitb i1 yév<otss orjrus úv. LLvrÌ-
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eúoé41 ëy ouoa eK T v eul l or os
.yaor pì
*t!"". lo.'Ia^on$ 6e a' a"4'o o}'ris,"õí*c;Loç tì,v xaì nà
dèÀutv oúrqv ò<tyltaríoat, èpouÀr1?al Àri?pa àn"ÀDoo" àúl
rr1v.. 2.O zaúra èìè aúroì èv0.upn?év.oe iõoò'ãyyeÀoe xupíov
xar' õvap ègáva aJr<ìt-Àé7,-í, ,Iaoì1g ;iá: À;"1;,'"i;
-Mopío,
trapc-Ào,pe,ïv
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o!T! .rì1, yurlt*u uou. To yap
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à o t , n L t4 o lce f..a m e n L o q r c a ? a t..L :. a à ent..aào (v.?.ó). A I.i ,ti xc.t,
o
a ? a r a L o cr íL ico c,,uI.,cxtt.) ac,l à a y,6 1 .;r .cÍ'r:rè.nc:j ;t..,
f ..xl ..t.vl t,.
eoNTÊno
wrcffiL
o

em que o termo t'oíusado.


o propria fraseou uersículo
,t'

Antes mesmo de recorrer ao contexto ímedíato e


é extremsmente necessúrio entender o texto
onde o termo dparece em seu conjunto.

Estaregraé muito viávelprincipalmentena interpretaçáodos


ios, onde uma sucessáode conselhos são fornecidos,
as vezes sem qualquer relação com o texto precedente e o
ente. Exclusivamentenestecaso,o conhecimentode como
as se formam, raízes,prefixos,sufixos,e uma intuição
a linguagemdas Escrituras sáo indispensáveis.Dessemodo,
do contexto inicial, náo deve ser da palavra pela palavra
mas da palavra como intermediária entre o íntérprete e
e emoçõesque nelasecoagula.
de idéias,sentimentos
€Õnteúdo
Nos termos principais,cujos textos sáo irregularesem seu
deve-se atentar para:
.'l o gênero llterório que o caracterizo;
',1o propósito ds obra;
4 e a totalídsde da mensagem do autógrafo
O texto em seu contexto 67
66 H ermenêutica C ontextual

Na análise contextual se decompõe o texto em suas partes


Cada um dessesitens serve de parâmetro para identificar <r
mentais.A posturado intérpreteé primariamente analíticae
significado pretendido pelo hagiógrafo.
te depois crítica.
Em razão das Escrituras serem tanto descritiuasquanto
Na análise das unidades que estruttuam o texto, pretende-se
prescritiuas,ocorre a repetição quase que proposital de certos
hecer sua estrutura a fim de absorver sua mensagem com
vocábulos.Assim sendo, se o vocábulo já apareceuem contextos
colorido pincelado pelo autor. Analisar o texto é entrar em
a n ter io r es ligado a um fato his t ó ric o o u c ó d ig o le g a l, le is
com o seu autor.
cerimoniais,etc., possa ser que o autor pretenda ao repeti-la:
Essacomunicaçáoé ampliada desmesuradamenteno campo
"l dar o mesmo significado; irição dos conteúdos textuais quando se lhes conhecem
esclarecer o sentído anteríor; com o meio exterior em que foram gerados.
^l
',1reínterpretar o termo oríginal aplicando um nouo
contexto socíal, morol, relígioso ou uiuencíal. Exemplo:
Correndo o risco de pertubar a clarezadeste livro, levando ,r ios22.28diz:"Nõo remouasos msrcos antigosque
fora dos limítrofesaqui perlustrados,é necessáriodeter-sepor utìl teus país". Náo sãopoucosos "doutrinadores"que usam
estantenessepormenor. 'texto para falar dos usos e costumesque náo são mais
pelos adeptos de suas denominações. Afirmando que
Não se deve dar prosseguimentoa uma interpretaçãoenquan|r
os termos principaisnão forem devidamente compreendidos,ishr não era cssim... mas a Bíblia diz: "Nõo remouas os
é, determinadoo seu significado.Um bom dicionório do hebrait'rr antígosque fizeram teus pais." Na verdade, entendemos o
e grego bíblico, uma anólise diacrôníca do termo, o uso de untt f,lais que este seja com entendimento!
concordância,e a obseruaçaodo contexto remoto, são necessárioc "molrco" era uma pedra ou um poste inscrito,onde eram
a fim de que se compreendao uso dos vocábulosem contextosdistin| r,,, os limites do teneno ou propriedade.
Assim sendo, mesmo que o contexto seja irregulaç ele nã<r ndo Canaá foi dividida entre as tribos israelitas,e a cada
independenteda frase ou versículoque o forma, mas uma unidirt foi dada uma porção da terra, os limites da terra foram
relacionadacom todos os elementossemânticosque o compõe. Ittados através de um msrco. A remoção de um msrca
em falsificaçaodo leuantamentotopogrót'ico,e constituía
4 Contextos disúÍnúos bo de terra. além de uiolar o nono mandamento.
-1 g AnáIise diacronica
Usardicionário já tinha sido prescrita antes mesmo da
A rcrcomendação
l!
l!_ Determinar o termo principal o da terra de Canaã pelos israelitas(Dt 19.14), e todo
68 H ermenêutica C ontextual
O texto em seu contexto 69

aquele que removesseo marco era consideradomaidito .." Maldil,'


aquele que mudar os marcos do seu próximo. E todo o pouo diru
Exemplo:
Amém!" (27.17).A violaçáodo marco deve ser entendido no âmbito [: o caso de alguém descuidadamentetentar inserir o sentido
da herança divina (Lv 25.23,24). A porção de terra que o israelit,r m(lrco, tal qual apresentamosacima, com o marco registrado
possuía era uma dádiva divina (1 Rs 27.3) e alterar os limitr,, Jeremias37.27: "Ergue para tí marcos,Ieuantapara ti pirômides,
dessaspropriedadesera uma ofensa aquele que as outorgou. o teu coraçaoà uereda,ao caminho em que andaste;regressa,
rgem de Isrqel, regressa,o esfos tuas cídades". Neste caso
A remoção do marco ou limite aparece mais uma vez e,itl
um marco que traz também o sentido de sinol, mas com
Provérbios 23.70 como uma oçoo de roubo, opressõoe injustir.rr
o distinta.
contra a herdade do órt'ao. Fica patente que este versículo n.rrr
ensina a veneraçãode costumeshistóricos,como pretendeu rr f:nquanto em Provérbiostrata-sede um marco que funciona
"doutrinador" , maso respeitopela propriedade alheia, pela prótiut um documento de delimitação topogrófica, o marco de
da justiça. O que adianta veneraÍ costumes históricos se n;ì( ias 31.21, designaum sinalt'eito com um montao de pedras
praticamos atos de justiça? gssino/cruma ueredo, ou seja, seruír de orientaçõo para
fião se percs o camínho certo.lsto fica claro quando lemos
Atente-separa o fato de que o verso identificadopossuiestreil
lo 22 que interroga: "Até quando andaróserrante, o filha
relaçáo com a sabedoria egípcia, conhecida como Sabedoriat
?", "errante",quer dizer."sem definição"
Amen-em-opet, esseparalelo inicia em 27 .I7 e culmina em 23.l?,
O texto paralelo afirma: " Nõo retires os marcos das t'ronteirast Já nos tex tosde Ez equi el39.15 e 2 R s 23.17, s i gni fi c a
terra cultiuóuel...nemu/fropossesas t'ronteirasda uíút)a"r. ou pilha de pedras usados psra assínalar o local
o dos mortos.

Quando qualquer um dos sentidos do vocábulo morco, são


Antes de recorrer ao contexto remoto ou ímeclísto é
os em textos distintosde modo que se altere o sentido do
ímportante entender o termo ou toda afrase, porque nem
clo texto, temos um caso d,e pseudoconcordância. E a
sempre ums mesma palaura quer significqr a mesmo coisa
ia repetida da mesma palavra em um ou mais textos com
em textos dístíntos, e somente o texto em seu contexto
diferentes.Assim não podemos transferiro significadode
oríginal, é que projetaró luz sobre o sígnificado exato do
cleEz39.15Darao textode Jr 31.21 ou vice-versa.
termo.

' cf. charles FPrerrrrr & EverettF HRnRrsoN,


comentório Bíblico Moody, Vl.2: Jo rr,.
a Cantares,1995,p.473. Ver também Documents from old TestamentTittt,.,,
(Documentosdos Temposdo AntigoTestamento), D. W. Thomas (ed.),1958,p I i r
A.BARUCQ (et alii), EscriÍosdo oriente Antigo e Fontes Bíbticas,sR Ecii,,,,'-
Paulinas:1992.
O texto em seu contexto 7L
70 H ermenêutica C ontextusl

e ou domínio sobre o conteúdo do que se t'ala". E o oposto


No contexto inicíal os uórios sentidos de uma mesms Uelea quem chamamos de /inguarudo, ou seja, o que possui
paldura podem relacionar-se atrsués de um sígnífícado g u a s o lt a" , " f o f o q u e i r o " o u " m a l d i z e n t e " . U m e x e m p l o
tênue. mas comum. encontramos
em 1 Pe3.10: "... refreiea sualínguado mal".
Hm 1 Jo 3.18,onde se lê : "... nõo amemosde palaura,nem
Exemplo:
lgua, masde fato e de uerdade", a expressão"nõoamemosde
nem de língua" faz parle do mesmo campo semântico,
Todasas palavrasnaquelestextostêm um significadocomlrrrr é, possui significado com os textos anteriores através de uma
que é "sinal". associativa.As implicações dessa proposição joanina é
ica: literal e figurada. Literalmente refere-seso conteúdo
Exemplo:
que se falo, a um amor orquestradopor palavrasformosas,
O mesmo ocoffe com o termo grego g/osso(yÀ<^rooa); figuradamente,a um amoÍ efê.mero,sem qualquer ação,
n d o h ipo c r i s i a .D a í , J o ã o c o n c l u i r o t e x t o u s a n d o u m a
a) Tem o sentido primário de "língua" como órgão muscttl,lt' va - "mos por obra e em uerdade"
situado na cavidade bucal, responsávelprincipalmente pela firl,r
como no texto de Marcos 7.33,35: "... e lhetocou a língua cottr
saliua...e soltouo empecilho da língua". Nesse texto o sentido r[' No contexto ínicial, saber se o uocábulo está sendo
língua é verbal, literal ou próprio. o em sentído literal (denotatiuo) ou fígurado
atíuo) é imprescindíuel
b) O sentido de g/osso,não se limita apenas a língua, cottnt
orgõo do corpo, mas também por "idioms", como em Mart,,:
16.17: " falarõonouoslínguas",ou ainda como em Atos 2.4 e2.ll.
"... e passarema t'alar em outras línguas..",",,. ouuimos t'alar,nt
Foi publicado no jornal do Telecurso2o Grau um texto
nossospróprias línguas..."(cf. Ap 7 .9; 73.7). "Eles uiuemt'azendoarte" . Lendo estamanchete,poderá
Nessestextos há uma relação entre causa e ef.eilo. Sencl,,,1 à mente a idéia de que "fazer arte" é igual a fazerestripulias,
,r'ìsou bagunça. No entanto, ao lermos o texto do artigo,
língua (órgão)responsávelpela fala (idioma, linguagem),busc,r',tr
a contigüidade,preferindo usar a metonímia a fim de reforçirr't Ììos que o significado é outro, ou seja, que todos os
causaemvezdo efeito.E o que pretendePauloaoafirmar:".../,ril rsdo museu Lasar Segall em São Paulo, podem ao visitar
línguadaró louuoresa Deus..."(Rm 14.11;Fp 2.11). u, desenvolversua capacidadede criar.

c) O sentido de g/osso não se limita apenas 3 s55s5' l"ir A lr, rla v r aa r t e , n o d i c i o n á r i o , é d e f i n i d a c o m o u m d o s


exemplos.Em Tiago I.26 a metáfora "ret'rearo suo língua" (lrl{'l llrn rsrn e i o s d e c o m u n i c a ç ã o u s a d o s p e l o h o m e m p a r a a
dizer literalmente"gLtíara língua com arreios" e significa "exr'ì,"1
72 H ermenê utí cq C o nt e xtu aI
O texto em seu contexto ?3

expressãode suas idéias, valores, emoções, crenças,


sentimentos Nessestextoso sentido líterslde espada,carne e sangue,sar.tgue
e revoltas. Assim, o significado do termo arte
rem um sentid. deaír'/usfo,são à princípio,alteradospor uma relaçáoassociativa.
atribuído pelo dicionário que nos permite uma
só interpretação.I
o significadoliteral, isto é, denotativo. Ë u clinamismo característicoda língua/linguagem ausente nos
lÉxir,os.
Denotaçõo é o uso do sígno lingüístico (palaural
representaçõo gráfica) com seu significado próprío, A palawa ou o significante,com seu sentidodenotativo.ou sera.
que nõo rett .senúidopróprio, é muito comum nos textos informatrvos.
permite maís de uma ínterpretação.
narrativose históricos,ainda eue estestextos não exclua o uso do
Mas o significante arte pode receber um outro
signifìcado. rerrtidofigurado (conotativo).
não contido no dicion ârio: arte é o mesmo que
faz", Aigunç;. i
um significadocriado pelo contexto iniciar,
e aã quar chamamos O sígníficado denotqtiuo (literal) díficílmente permite
de significadoconotativo ou figurado.
ambígüidade na ínterpretaÇão ou leitura do texto. Já a
C-onotação é o uso do sígno lingüístico p a la u ra ( s í g n i Ï i c a n t e ) , c o m s e u s e n t i d o
com nouos figurado
sígnfficados e com nouss ínterpretações (conotatioo), renoua o sentíf,s da palaura (sígnrficante).
oferecídas pero
contexto ou não 2.
O significadoconotativoperrqlleambigüidadena interpretação
Exemplo: ott leitura do texto, por isso, ho estudo do contexto inicial. é
Rccessárioconhecer as mutações semânticas oue um mesmo
a) Ao lermos Mateus 10.34 ,,uim trezer...espada,,,
Jesusnão vocábulopode possuir no texto.
se-referia ao objeto em si, mas ao que esse
objeto representa,
" dissençoes,contendos", assim,
" uim causor disseniões,contendas., Exemplo:
seria a interpretaçãocorreta
'.
E m 2 S a m u e l 7 . o s u b s t a n t i v oh e b r a i c o b o y f ( n . ; ) , q u e é
b) A declaraçãode cristo em Mateus 16.17 "... porque
nao lraduzido por "coso", possui conotaçõesdistintasno capítulo.
foi carne e sanguequem to reuelou", Jesus afirmava á p"dro
qru
"nõo foi nenhum ser humano quem a) No versículo1 trata-sede cosono sentido de residência:
te reuelou,,.
c) Em Mateus27.24 pilatosdeclara "Esfou inocente b) nos versículos5 e 6 cCIsoé entendida por templo;
do sangue
deste.justo", o que quer dìzer ,'estoLtinocente c) nos versículos16 e 18 trata_sede descendência..
da morte (ou de
causar a morte) deste homem justo,,.
d) no 19 com sentido tanto de reino quanto de descendência
(v.16),que sem dúvida ref.ere-se
ôo reinado do Messiasn.
1lf:,,I^l ,t & S^r,nrx;-rcr,
LÌteratura,Gramótica
e Reclaçao,1986,
p.15
John lJr:rrivnN& Johncnr.row,A ArtedeInterpretar
Técnicas de TiaduçaocjaBíblia.1gg2.n.ói
'- ''
e ctparauratjscrita
conrunicar I Este exemplo, com ligeiras nrodificaço_es.
devo ao Dr. Estevan F Kirschner.quando
(jursavaHermenêutica Avarrçada no CETFeI-
74 H ermenêuti ca C o ntextu al
O texto em seu contexto 76

Exemplo:
um outro exemprobastantecomum O sentído conotatíuo pode apresentar-se também como
entre os estudantesdir,, um símbolo,figura, tipo, ou até mesmo abrangendo termos
Escriturassão os diversossentidosdo
termo mundo. cgracterísÍícos da cultura semíta, e geralmente os termos
a) Em Jo 3.16 o termo (rcóopoç) não correspondem àqueles regústrados nos dícíonáríos.
representaa humqnidade:
b) Em 7 Jo 2.rs-7g somos admoestados
a não amar ao mund,
neste caso, o sistema reberadoe
organizadocontra Deus (Tg 4.4); A palawa adquire sentido figurado dentro do texto, na medida
c) Em Jo 1.9,10,é dito que Jesus que é relacionada a outras palavras.
criou o mundo,no sentici.
de terra, mundo habitado únir,,erso.
"
Fica claro que os termos são os
mesmos códigos ringüístìcrr Deoe-se cuídar príncípalmente quando o qutor uss
(palavras)mais com significados
distintos,este que é determinacr, uma figura de estílo, taís como o símile, a metófora,
pelo contexto. oqfemismo ou outra qualquer.
Exemplo:

Nas páginas do Novo Testamento grego,


possui dois significantes,oikos o substantivo co.srr
Exemplo:
loïxoq] olrio r"i^í"r*Tànto urrr
quanto o outro é usado em "
sentido intercambiável para: No texto de 1 Sm 15.26-28 diz.
a) referir-sea casafmorsdia: ,,Entrando
na casa,,(Mt2.1 I "Nõo uoltarei contígo; porque reieitastea palaura do Sew-toR,
{e is te n oikian}, cf.7.24_27);,,p a rt iu
p a ra s u a c a s a ,(Mt
, 9 . 7 { t , i, , te rejeitou o Sr'ruuoR,para que nao sejas reí sobre Israel. E
ton o ikon));
tdo-seSamuel pora se ir, Saul lhe pegou pela grlúg manlg
b) referir-se a casalfamília: ,,se qualse rsseou. Disse-lheSamuel:o SexrionrssQou de ti hoje o
uma casa estiuerdiuididtt
(Mc3.2S;
Mt 12.25cf.Lc rg.g;ni1o.S,31): lehxsde Israel,e o deu ao teu próximo,que é melhordo que tu "
c) o termo também pode significar
nação ou descendentes {grifonosso).
"ouelhasperdidasda casade
Isro"el,,(Mt10.6; 15.24 Nessetexto, o termo manto, no versículo 27 , refere-sea tunica
{oikou Israel}:
d) em sentido figurado o corpo ,,casa
' l físico: terrestre,,(2 (.,, ,Elt t:apa usadapor Samuel.
5.1{o ikiatou skenous}):
No versículo28,contudo,o significadoda palavraétrasladado,
a habitação de Deus_psi: ,,No
, .. .e) cosode meu pai,, (Jo 14,,, flgtado, tomando um novo sentido,isto é, reino ou reinado.
{oikia tou patros}).
76 H errnenêutica C ontextual O furto em seu contexto 77

Exemplo: cortauam rormo das óruores, e os espalho,uam pelo


" ( M c 11.8) .
No episódiode 1 Reis 11.19-32,o mesmo sentidofigurado de
manto, é expressode modo mais eloqüente. O manto rasgado, O ato concreto de estenderem seus mantos pelo caminho,
representa o reíno díoidido, em doze pedaços, as doze tribos icava a submissão daquele povo a Jesus, pois o considerava
de Israel: r de Davi: "Bendíto o reino que uem, o reino de nosso
DauÍ .." ( v .10) .
"..toma para ti os dez pedaços,porque ossim diz o Senhor
Deus de Israel: Eis que rasgareio reino da mõo de Salomõo, e a ti Náo podemos considerar estesfatos apenas como acidentais,
darei as dez tribos "(v.31). palmente quando verificamosno AI, entre os judeus, tal prática;
de se esperar que o mesmo ocorresse com os judeus
O sentido de manto, representando reino, encontra paralelo
mentáriosao proclamarem Jesuscomo rei, talcomo oconeu
no Novo Testamento.No Evangelho de João, ele usa o sentido
Jeú.
figurado do manto (reino), embora dando-lhe cunho particular.O
manto de Jesus,rei dos judeus (Jo 19.19), é figura do seu reinado. Exemplo:
O manto sorteado entre os gentios, é figura de que o antigo ".. colocaltom os enfermos nas praças e lhe rogauqm que os
reinado sobre os judeus se realizarâagora sobre os gentios: estes tocar, aínda que fosse apenas na orla de seu manto; e
tiram dos judeus seu rei para fazê.-lorei deles (Jo 1.12)r. os que tocauamsarauam"(Mc 6.56).
Devemos compreender que o fato dos enfermos sararem ao
Exemplo:
m no manto de Jesusé figura (representada
pelo manto),
O significanlemanto, em sentido figurado, pode representar vida que emanada pessoade Cristo(ver Mc 5.25-32).Assim,
também pessoos. Em 2 Reis9.12,1-3,lemos: manto é literal, ao mesmo tempo em que a cura através dele,
nta o poder vivificador que emanava da pessoaque o usava,
"...DÍsseJeú: Eis o que ele me t'alou: AssÍm diz o Senhor:
Ungi-te rei sobre Israel. Apressaram-se e, tomando cada um a
sua copa, colocou-a debaíxo dele, no mais alto degrau. Entao O sentido denotativo, que é o significado comum e usual da
tocaram a buzina,e disseram:Jeú reina" . lavra, é encontrado nos dicionários. Em relaçõo s esss
denotatíua da palantra,deue-se prestar atençõo
O manto nessaperícope representao seu possuidor, as pessoas termos:
que se submetema Jeú, pondo à sua disposiçãoa própria vida.
1)srvóivrlros:
Semelhante cena ocorre na entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém:"Nluítos estendíam seus mantos pelo caminho, e Palaurasde sígnificantes(letras).diferentese significados
sJuanMRrEos
& FernandoCnlncrto,EuangelhoFiguras& p.15
Símbo/os,1991. t l d,l bi dem,l99l,
p. I 5-l7
78 H ermenêutico C ontextual O texto em seu contexto ?9

(sentido)semelhantes {luminária- candeeiro/candeia/lâmpada. No contexto inicial, o importante nao é o estudo isolado de


H b 9 . 2 ;Mc4 .2 7 ;S l 1 1 9 .1 0 5 ;Pv2O.2Oj) ; palaura (interpretaçaolexica), com seu signíficadoetimologico
'diacrônico (o estudo histórico da palaura), e sim, ao sentido
, 2) ANTóNrMos.'
em que elasocorrem no furto.
Palaurasde significantes(letras) diferentese significados
(sentido)oposfos{justo/ímpio (Pv 21.12):,prudente/simples (pv
22.3),rico/pobre(Pv 22.2)); O íntérprete deue determinar se ss palauras são usadas
em sentído geral ou partícular; se empregadas em sentído
3) novovttutos: Iltersl oufigurado, Deae leuar em conts também o aspecto
dlnâmíco de muítos textos.
Palaurasde significantesíguaise significadosdit'erentes:
a) canto (verbocantar),canto (ângulo),Sl 100.2;98.5;pv
27.9;At 26.26):
Exemplo:
b) lança (arma),lança (verbo)(Jo 19.34;Ec 11.1).
O sentidodos Salmosreais,por exemplo72, não deve estar
4) novôNttutosHoMoFoNos estritamenteàs circunstânciashistóricasda produção deles.
o do Rei, o salmistaevocava ao mesmo tempo uma instituiçáo
Mesmosom, mos grat'ia(letras)diferente: ira e uma visáo idealda realezaconforme o plano de Deus,
a) cega (tornarcego),sega (colheita,ceifa),(Ex 23.8,16;Dt maneira que seu texto ultrapassava a instituição real tal qual
1 6 . 7 9 ;J r 5 .1 7 ;5 1 .3 3 ); se manifestado na história.

b) expior (purificar),espíar (observarsecretamente),


(Dn 9 O mesmo ocorre com os Salmosmessiânicos.Certos textos
24; Ez 43.20;Gl2.4; Jz tB.2). poderiamser considerados como hipérboles,por exemplo,2
7.12,13e 1 Cr 77.II-L4, onde Deus,falandode um filho de
5) nou'ônrlrtbsprarrrros , prometiafirmar "parasempre"seutrono,devemsertomados
. i
'. lmente,porque o "Crisúotendojó ressuscitado
dos mortos,jó
Os que,sõo hornógrofose hatnófonosoo Fnesrno tempo (tem morre" (Rm 6.9).
escrítae pronúnciaidênticasmois signifícados
disfinúos):r ,
Os hermeneutas e exegetasque possuemuma visãolimitada,
a) pêlo (do corpode um animal),pelo (prep,os'içao),(Mt
3.4: é, apenashistórica,do sentidoliteral,ou apenasdo contexto
2 I . B) : , l, não levando em consideraÇão o restantedas Escrituras,
que aqui há heterogeneidade. Aquelesque são abertos
80 H ermenêutica C ont extu sI O te\to em..seu conte:(lo B1

"serpetlte iunto a<'r


aos aspectosdinâmiqos dos textos reconheceráo uma continuidadt' e n ia mirn. " l o b o q u e d e s p e d a ç a " . D ã .
profunda, ao mesmo tempo em que uma passagem é. elevada ;r inho'. sem que elesse sentissemofendidospela metáfora (Cìrr
um nível diferente: o Cristo reina para sempre, mas nõo sobre rt
trono terrestrede Daui, ainda que profeticamente isto uiró a ocorrel
E s s a sfo r m a s p e c u l i a r e s d e e x p r e s s õ e ss á o c h a n l a d o s d e
(Sl2 ,7-8;
110.1,4;
Fp 2.9-17;
Ap 1 9 . 1 6 ) ' .
e b ra í s mo s . H e b r a í s m o s s ã o e x p r e s s ó e s i d i o m ó t í c a s
tradas nos Escrituras que registram a forma de
úo específica dosiudeus. Sao idiotismosfamiliares
O sígnificado de uma palaura deue ser determínado,
cultura hebraicade entáo. descotrhecidado exegetae que náo
Ievando em conta o marco cultural e os costumes que m ser determinadaso Driori. mas somente atravésde um
ímperaoam durante q composição do texto, o chamado . guisa de exemplo. citaremos alguns
t u d o c on s c i e n s i o s o A
"usus loquendi".
raísmose suas peculiaridades

Exemplo: Exemplo:
"Moabe é a minha bacia de lauarl sobreEdon lgnggt_as_mtnhg 7) Hebraísmo de posse e Poder:
sandólias"(Sl108.9); "Dizendo, pois, o remidor aBoaz: Compra,u
para ti, descalçouo sapato"(Rt 4.8 - grifo nosso). Sobre Edorn lançareía ntinhasartdólia.sobrea terra
o meu tritutt'o"(S/ 108.9:60 8 cf Gn 14.23).
/i/isferrscontareí
Textoscomo essesrequerem um conhecimento da cultura d;r Nessetexto "/onçaro sandalia"refere-seao ato de tomar posse
época. Isto quer dizer, que para que haja uma compreensão a lg u nr ac o i s o o u d o m í n a r s o b r e o / g o . A l u z c l e R u t e 4 . 7 . 8
adequada das Escrituras é imprescindível uma compenetração c endemosque o ato de descalçaros sapatosfaziaparte das
empatia com a cultura hebraica. Os hagiógrafos registraram nas ilarrsaçoescomerciaisda época. indicando o direito legal sobre
Escrituras os matizes culturais e formas próprias de expressão lguma coisa. Quando o ren.iidot'.t-tãodeselavaadquirir aquilo
semíta, que causa-nos, à primeira vista, estranheza.São frases qtte estivesse em permuta.dava o direitoaO pareÌìteque esttvesse
recheadasde figuras selváticase campestres,todas retiradas dir niì vez. apos ele. O ato era oficializadoquanclotl retnidor tirava
observação do ambiente que cercava os escritoressacros. O sapato e entregavaao paretrtemais proxitllçl Isto era símbolo
t 1 eq u e e l e e s t a v a p a s s a n d p a o u t r e m o d i r e i t s s g b r e a q u e l a
Se na cultura ocidentalhodierna,chamar a outros de "jumento'
p ro p rie d a d e( v e i aD t 2 5 . 5 - 1 1 s o b r ea l e i d o l e v i r a t o )
ou de "gazela" ofende ao gosto estético, e por vezes moral, não
era o mesmo na cultura hebréiadaquelesdias. Issacarfoichamado A le n r cl i S s Od.e v e r l o s a c r e s c e r r t aqr u e o Ì ) e Ì ) a ì a o s a n t t g o s
de "ju mento de fortes ossos " , Na f t a li u ma " g a z e la s o lt a " o e r i v a - s ed o
i h u b rn r' ,et r a s í n t b o l od e p o c l e r( S l 3 6 . 1 1 ) .O s í t t t b 1 l l d
ÏPoNnFÍcrACovrssÂoBÍeÌ-rcn, Â a t o d o v e nc e d o rc c l l o c a o r pé ria nucado vettcicìrr
A lnterpretaçaoda Bíblía no lgreja, 7994, p. 96 I

-.-
82 H ermenêutica C ontextual O texto em seu contexto 83

"Chegai,ponde o pé sobre o pescoçodestesreís.E chegarame trazendo alegria a seus donos, enquanto o rebanho magro, a
puseramos pés sobreos pescoços deles."(Js10.24;Sl 110.1). e infortúnio. Desde então, os judeus, nada afeitos a termos
Em Mateus 78.29 o súdito prostra-seaos pés de seu senhor, ativos, preferiam falar sobre a suficiência e prosperidade,
demonstrandoa sua dependênciae autoridadedo senhorsobre lizando-se de imagens como "gordura", "vacas gordas" e
ele (Mc 5.22). Desdeentão,para o judeu, "colocaralgumacoisa nos" (gordurado interiordos ossos).
aos pés de alguém"significa
submetê-laao seu poder: A bênção de Isaque sobre seu filho incluía a "gordura da
"Deste-lhedomínio ", conotativamente representandoas "riquezase prosperidades
as da produtividade agrícola":
sobreos obrosda tua mao
e sob seuspés tudo lhe puseste" (Sl 8.6). 'Assim, pois, Deuste dê do orualhodo céu,
É com essacompenetraçáoculturalque devemosentenderos da gordura da terra,
hebraísmos cristológicos de 7 Co 75.25-27,Ef I.22, Hb 2.8, e a e da abundônciade trigo e de mosto"(Gn 27 '28 ECA),
p r o m essa cri stã d e R m 7 6 .20. Além disso, o pé tam bém
representava a posse:'Todoo lugar que pisara planta do uossope Na traduçáo,a ARA omiteo hebraísmo"da gordurada terra",
ser<Íuosso"(Dl11.24). Daí, "lançara sandália",é uma extensãodo uzindo por "exuberânciada terra". Conquanto,a seu outro
hebraísmo"pé" queconotavao poder e domíniosobreargumacoisa. Isaque diz:

"Eis que tua habitaçao seró longe das gorduras da terra e sem
Exemplo: ho doscétts" (u.39 ARC).
2) Hebraísmo defelícidsde e suficiência: A ARA traduz por "longe dos lugaresférteis da terra seró a
"A mínhaalmasefarta,comode tutanoe de gordura; habítaçao".
e a minha bocate louuacom alegreslóbíos' (Sl 63.5). A prosperidade incluiaa prosperidade
sobreIsraelrestaurado
A escolhadessetexto,justifica-seporqueele descrevedois riquezados sacerdotes:"saciareide gordura a alma dos
aspectosdo mesmohebraísmo:suficiênciae sentimento.Já em "(Jr 31.14 ECA), o que quer dizer,que os sacerdotes
G ê n e se s4 1 a p re n d e mo sq u e as vacas gor das r epr esentam o uma vida prósperae afortunada.
prosperidade,suficiência, abundânciae, conseqüentemente. a No que diz respeito ao aspectosentimental é que a gordura
felicidade(vs.26,29),enquantoas magras,necessidade, escassez, considerada pelos iudeus, a sede dos sentimentos por estar
fome e tristeza(vs.27,30). relacionadacom aSentranhas,enquanto o sangue,
lntrinsecamente
Imagenscomo essaera freqüenteno crescentefértir. Nos COma sede da vida. Daí, usar-sequase sempre no cerimonialismo
períodosáureos,o gado sempregordo,refletiaa prosperidadeda levítico,a junção enlre sangue e gordura. Enquanto o sangue
84 H ermenêutíca C ontextusl O texto em seu contexto

representaa expiação,a gordura uma celebraçãopelas riquezas "Coroas o ano da tua bondade,
ministradasao ofertante. os fuos pegadas destilam fartura"
Em Gênesis 4.4 a gordura é separada para ser oferecida
para a Divindade.A gordura por certo,representavaos momentos
Nessestextos "gordura" significa "fartura" e as "alegrias"
indas da prosperidade.
festivose alegresvividos pelo ofertante (Ex 23.18).

Não sabemos ao certo se a gordura passou a representar os


Gordura
sentimentos devido a prescriçáode Levítico 3.3, ou vice-versa.
Certo é, que o texto de Levítico3.3, projetaluz sobre o sentido de suficiência
"gordura" representandoos sentimentos,pois, a restriçãoé que se
ofereça nos sacrifíciospacíficos " a gordura que estasobre (ou cobre) domínio
as entranhos"-ARA (adendo nosso).As entranhas,(víscerascontidas
no abdômen), por ser interna,e oculta muitas vezes pela gordura.
representavaos sentimentos.E assim que é dito que a ternura, o
afeto e a compaixão brotam das entranhas,o que significa:da alma.
do íntimo (ls 63.15;2 Co 7 .75;Fp 1.8; 2.1).
Entendamos que os escrítores scrgrsdos expressoosm'
atraués do dínamísmo de sua língua'cultura, em uez de
Portanto, é provável que a gordura representando os o sentído dos termo.soos ualores estátícos dalíngua'
"sentimentos"seja uma metonímiade uma figura já considerada. lrtanto,os substantivosabstratos,"alegria", "felicidade", "poder"
,,domínio", eram substituídospor termos concretos tais como,
Conseqüentemente, a gordurarepresentava a felicidade,a 'dura", "tutano","sandália"e "[)é"
alegria.Daí, os hagiógrafossubstituíremo substantivoabstrato
"alegria"pelo vocábulo "gordura",porque esta representavaa
é.por issoque o salmistaassimse expressa:
farturae a suficiência, Exemplo:

"Elessefartaraoda gordurada tua casa, 3) Hebraísmo de contraste ou sntítese


e osfarósbeberda correntedastuasdelícias"íS/ 36.8 ARC). Os judeus usaram constantementea antítesepara designara
Virtudeem contrastecom a fraqueza,a sabedoria em oposição à
"Tú coroaso ano da tua bondsde, loucura, a prudência contrapondo-se a ingenuidade. o amor ao
ódio, e assim respectivamente.Esses contrastes ilustram uma
e os fuosueredasdestilamgordura"(Sl 65.11 ARC) quando
fealidadeatravésda enunciaçáodo oposto,especificamente
te trata de questõesde conduta, seja ela moral ou religiosa.Na
A ARA traduzo verso11 do Salmo65 como segue:
86 H ermenêutica C ontextual O texto em seu contexto 8?

poética hebraica, chama-separalelismo antitético, pois a primeira "Quem ama a sua uida,perdê-la-ó;e quem nestemundo odeía
Ìinha poética entra em franca oposiçãocom a segunda.O segundo guauida,guarda-la ó para a uida eterna" (Jo 72.25)'
verso faz agudo contrastecom o primeiro.
Bettencourt assinalaque essaantítese:" amar-odior" significa
"O filho sabio alegraró a seu paí, desregradamentee coíbir deuidamenfeas tendênciasda
a, podendo a coibiçáo ou renúncia levar até à morte do
mas o homem irsenúa dqtraa a sia mõe" (Pu 15.20). "a

'Ao anoitecer pode uir o choro,


Mu it o s ou t r o s h e b r a í s m o s p o d e r i a m s e r a c r e s c e n t a d o s :
mas a alegria uem pela manhõ" (SI 30.5). I Ieuantar,etc.
icórdiaI sacrit'ício; j u stoI ímpio; entrarI sair; assentar

Em cada um dessesdísticos(estrofescom dois versos)verifica- Observe,por exemplo,2Co 5.2:


se o uso proposital da antítese: pailmâe; filho sábio/homem
insensato;alegra/despreza;anoitecer/manhã;choro/alegria.
"sabemosque, se o nossocasaterrestredestetabernáculose
lzer,
7) Amar e Odíur
temosda parte de Deusum edifício,casanõofeitapor mõos,
Noutras ocasiÕesusava-seo contraste entre os termos "amar" no, nos céus."
e 'bdiar" ou "aborrecer" paÍa designar a preferência entre duas
pessoas.Quando se amava mais um indivíduo do que a outro,
O grau de contrastedesseversículoé um dos mais elevados
usavam o paralelismoantitético a fim de que a distinção ou
todo o Novo Testamento.A transitoriedadeda matéria orgânica,
preferênciade um pelo outro fosseressaltada.
ificamente do corpo, é contrastado com a eternidade que o
"Amei a Jacó e . Se de um lado o apóstolousou imagenstransitóriascomo
aborreci a Esaú" (Ml 1.2,3; Rm 9.1,3) do tabernáculo, por outro, opõe esse símbolo com a figura do
ifício, que reflete estabilidade e permanência. O corpo mortal
Ou seja: "Preferi mais a Jacó do que a Esaú". raposto com o glorioso. Paulo deixa subentendido (sentido
ícíto) de que recebemosda parte de nossospais terrestresum
"Se alguém uem a Mim e nõo aborrecer (odíar) a seu pai, e corruptível,enquantodo nossocelestialum incorruptível.
mõe, e mulher, e t'ilhos,e írmõos,e irmõs,e ainda também o suo Para tanto, o apóstolo náo economizou paralelosantitéticos,
própria uida, nõo pode ser meu discípulo" (Lc 74.26; cf. Mt 10.37). jamos:
lst6 é: "se alguém ama ou prefere os seus mais do que a
Mim, não pode ser meu discípulo'.
tê,ráoBnt-ttncouRr.ParoEntendero AntígoTëstomento.1990. p 5 1
H ermenê utics C ont extu ol O texto em seu contexto B9
88

Líteral, ou seja, denotativo.Aquele que é expressopela


Corpo Morlal C orpo Gl ori oeo ^/
pirlavra, por isso é chamado de verbal ou imediato. Tarnbénl
caoa (.feil'aVor màoe) c aoa (não Íei La por màos)
C[1ma-sede "sentido próprio' porque as palavras sáo usadasem
terre1tre ç éua
st,trsentido original,sem qualquer dificuldade,como por exemplo.
ía b e rn á c u l o eàificto
'ilt,SuSchorou". Quando estudadodentro do seu contextoimediato.
àeafizer eLerna
r ostuma-sechamar de sentido explíciúo, pois o significado é
? a rL eò o o q e n tta re a parte àe D eue
f,rt:ilmentedeterminadopelo uso dos termos em seu seniido óbvio.
F í g ut " a d o , q u a n d o o s v o c á b u l o s s ã o u s a d o s
^/
Irrctaforicamente. Neste caso, oS vocábulos são empregadosnáo
Conclui-se que apesar do conhecimento filológico, léxical e c rp s e n t id o pr ó p r i o m a s d e r i v a d o , t r a n s l a d a n d o o s e n t i d o d a
gramatical ser extremamenteessenciaia interpretaçáobíblica, ela representa),à palavra.como
Itrragem(ou o que possivelmente
contudo, a interpretaçáopode continuar cálida, estática' sem 'Jesus é o Cordeiro de Deus".
lx)r exemplo:
qualquer dinamismo. o que cria mobilidade à interpretação do
texto é justamenteessa congenialidadecom a cultura e a dicção
semíta. Portanto,urge estudaï sincrônicamenteas Escrituras,isto Exemplo:
é, mergulhar no ambiente histórico-culturaldo hagiógrafo. Não Jesusé chamado o "Cordeirode Deus " em Jo \.29-
podemos divorciar a análise sintáticada análise cultural.
O cordeiro era o principal animalpara a expiação,e lembrava
aosjudeus os sacrifÍciosclo Antigo Testamento.Desde o tempo de
Alrraáo (Gn 22.13), o cordeiro foi dado por Deus para sacrifício
os sínónímas, cruento e substitutivo,por intermédio dele (ou do seu sangue), o
Deue-se examinar cuidadosamente
antônímos, homônímos,etc., se o sentído pretendido pelo frrdeutanto restauravaquanto mantinha Suacomunhão com Deus.
,f,rno Éden, Deus coytcedeuum substitutopara o primeiro casal
autor é denotatiuo ou conotatíuo.
((ìn 3.21) No Egito,para uma família (Ex 12)' No deserto,para
loda a nação (Lv 16.15). Agora, Deus faz provisão para todo o
rrtundo:"Eis o Corcleirode Deus, que tira o pecado do mundo".
Já ficou claro que por sentidose entende o conceitoque o
St: não bastassea relação do culto prestado a Deus, através do
hagiógrafoexprime com as suaspalavras.Entre os vários termos.
s,rcrifíciode um cordeirc.r(ls 53.5,6), Isaíasrelaciona aspectosdo
ele escolhe o mais adequadopara comunicar-se.Se o termo é
t.ordeirocom a figura que ele representa:seguiu mansamentepara
polissêmico(possuivários sentidos)somente um dos significados
o sacrifícioe não reclantou(ls 53.7).A imagemdo cordeirotambém
'é.que se relaciona com a frase (monossetnia). rg aplica a Jesusem outros lugaresdo Novo Testamentoe cabe a
Vejamos os vários aspectosdos sentidosbíblicos: você buscar as maravilhas espirÍtuaisdesta figura.
90 H ermenêutíca C o ntextu al O texto em seu contexto 9l

r Metófora Já nos referimos sobre a necessidadedo hermeneuta


Isto posto, temos entre as várias figuras d e lin g u a g e m, a com a cultura semíta, vejamos como essasregras
l,rrniliarizar-se
metófora o, que transpoe a imagem para o v o c á b u lo , e q u e nplicam-se na interpretação de textos em que diversas metáforas
possivelmente,seja essa figura, a palavra rrrcedemuma a outra.
chave da qual todas as outras funcionam, Exemplo:
co m o palavras secundáriasou s a t é lit e s .
Essaspalavras dependentesou s a t é lit e s , Nletáforas extrsídss dos hóbítos dos anímsís
re.sultampraticamentedo desdobramentodo
termo chave. Assim, no contexto inicial. a
" lssocor é jumento t'orte,
análisedeve convergirpara as palavras-chave,e somente depois.
para as secundárias.socorramo-nos nas palavras de Massaud deitado entre os rebanhosde ouelhos." (Gn 49.14).
Moisés:
" Naftali é uma gazela solta
"... a camadasemânticadaspalavrasque
integramum poema, conto...
que profer"epalauras formosas."(Gn 49.21).
pode ser estudada estáticae dinamicamente. No primeiro caso, por
meio da consulta aos dicionários,a que deve recorrer o analista a fim
de conhecer a significaçãocìaspalavras uma a uma. E como o senticlo Essasduas expressõespoéticas são ácidas e parecem náo
dos vocábulosno dicionáriorecebeo nome de denotaçao.ou significaclo l.rossuirqualquer senso do belo e estético.Chamar alguém de
denotativo, dir-se-iaque o analista examina o cocíente clu-totatiuode jumento ou gazelaem nossacultura ocidental lalvez não seja uma
cada termo. como indÌspensáveltarefarprévia: é escusadopcrssor lloa opção para qualquer hercúleoque desejater o seu narizinteiro!
à t'rase
segttír,teda anólise sern proceder à pesagent dct cociente clencÍqttuo No entanto, é um dos mais lindos poemas proféticosdo Gênesis
das palaurasfundamentais do textor.." (v s . 1 , 2 ).

Jacó, próximo à eternidade,convoca cada um de seusfilhos


Devemos evitar dois erros na interpretaçãodas metáforas: c profere, de acordo com o carátere disposiçãopersonalógicade
r concentrar-sedemasiadamente t:adaum, bênçãos.censuras,ou maldições.
na metctt'ora,abandonancks
o conteúdo do furto - a causada clarezae rÍquezacla
fígura;
2 Fazer a rnetafora dizer mais do que rearmente quer 7- Issacar é comparado a um jumenÉo (heb. hamôr).
expressaro autor ao usó-la. Os hebreusconheciampelo menos três tipos destasbestas:o
iumentoselvagetn('arod - Jó 39.5), a fêmea do asno ('ofón - Gn
:-.--
''methaforá. do grego,metá (trans),e phérein (levar). E trma rluclança.
trarrsferênciar.
1 2 . 1 6 ) e o j u m e t : ú <(>h a m ô r ) O t e r m o u s a d o p o r J a c ó n ã o s e
transposicáo;mudança de sentido próprio para o figuraclo.
r" A An ólise
Lit er ór í a. 7987. p. 42.
92 H ennenê utíca C o ntext ual 93
O texto em seu contexto

ref.ercao jumento selvagem ('arôd) que era veroz e fogoso, Naftali goza de fauores
mas
sim, hamôr' que era o asno macho que por sua força e submissão
e, cheío da bênçao do Senhor,
era apreciados para o serviço agrícola 11.
possuird o lago do sul" (Dt 33.23).
Esta metáfora é dicotômica- comparar e profetízar.
Na
comparação a profecia é vinculada e o caráter do indivíduo
serve S eg u n d o J a c ó , N a f t a l i ( h b . l u t a ) c o n q u i s t a r i a g r a n d e s
como basepara ambos.Issacarentão,é comparado a um "jumento extensõesde terra em Canãa, mas a permanênciae liberdadenesses
forte agachado entre duas cargas" (fardoi na ARC e --entreos campos, por vezes, haveria de o expor a muitas escaramuças,o
rebanhos de ouelhas" na ARA). Jacó estava profetizando que que não seria estranho a alguém cujo nascimento foi palco de
os
de sce ndentesde Issacar se s u b me t e ria m a o ju g o c a n a n it a , u ma d is p u t a ( J z 4 . 1 0 ; 5 . 1 8 ) . A e x p r e s s â o " p r o f e r e p a l a u r a s
preferindo viver na quietude da escravidão e formosas" (Gn 49.21) é uma alusáo provável, a elegânciaretórica
u"igJnha, do que
nos conflitos da liberdade através da guerra. epoética de Naftali e a sua tribo epônima (Tiibo de Naftali).

2- Naftalt é comparado a ums gazela solta. Exemplo:


Era filho de Jacó e Raquel atravésda escravaBila, seu nome luletófora extrsída do cenário Palestino
significa "lutar" e, é comparado a uma ,,gazelasolta,,.
"O meu pouo fez duas maldades:A mim me deixaram, o
A metáfora descreve um animar selvagem, rápido e gracioso
manancial de óguas uiucs, e cauaram cisternas, cisternasrotas, que
que se aprazcom a liberdadedas montanhas cobertas
de bosques nao retêm óguas," (Jr 2.13)
e vales abertos.

No Antigo Testamentoa velocidade e liberdade das gazelas Esse texto condena a demência e a ignorância do povo em
eram usados como ditos proverbiais: trocar a Deus por falsos deuses (v.11). Nessa metáfora, Deus é a
fonte segurae viva deixado por Israel,que preferiu uma fonte turva
era ligeíro de pés, como gazelaseluagem" (2 Sm 2.18; e insegura.A ingratidão e apostasiade Israel está notavelmente
^ -'Asael
c t 3 . 5 : 9.1 q . caracleúzadapela primeira figura, enquanto sua suficiênciaprópria,
Essaprofecia,mais tarde foi confirmacrapor Moisés ao pela segunda.
descrever que Naftaligozavados favorese das bênçãosde Deus. Culturalmente,uma fonte de águasvivas,principalmentenum
e por isso,desfrutaria
da fertilidadee belezada sua herançana' paíscomo a Palestina,é,de um valor inestÍmável,muitíssimomaior
partessul de Genezaré: do que qualquer poço ou cisterna artificial feita para reter a água
"De Naftqli disse; da chuva, a qual estavaexpostaa romper-se e perder seu conteúdo.
" E aro para que, estando arraígadose Jundamentadosem
Ì r R. P S ue o o(e d .),
O N o u o D i c i o n ó ri o d aB íbl i a7962.p. 156 a mo r, . ."( E f 3 . L 7 ) .
94 H ermenêutíca C ontextual O texto em seu contexto 95

" E, quando se manifestaro sumo pastor,recebereísa peratura do Oriente. Pedro contrasta a coroa perecível dos
imarcescíuel
coroade glória" (1 Pe 5.4). vitoriosos, que representavam apenas uma vitória temporal
Essasduas metáforastem como palco o conhecimentorurar exígua, com o galardão eterno concedido ao crente pelo Pastor
e agrícolados judeus palestinos.paulo aos efésiosrefere_se ntífice.
ao
crentecomo enraizadospara designara firmezae segurança
do
crente- uma figura bem conhecidados judeus e usada várias
Exemplo:
vezespelosprofetas:
" serei para Israelcomo orualho,ere M etófor as r eaís- signifi catíuas
frorescerócomo o rírioe
lançaróossuosraízescomo o cedrodo Líbano,, (Os 14.6). Nos textos cujo estilo é a prosa, geralmente os termos
E m Gá l a ta s1 .4 p a u l o u sa a figur a no sentido oposto, m em seu sentido óbvio e original. Não somos escusados
desarraígar._ A ARC traduz desarraigar por ,,nosliwar,,, a NVI frisar,que isto não significaque o autor deixaráde usartermos
"resgatar". É a traduçãodo termo ËÇéÀaroì(ekselotai). sentido figurado seja captado através da aglutinação de raízes,
o prefixo
ex (eE)significa"tirar,extrairou redimir". o termo è\ayopáÇo os ou radicais,ou mesmo,que um vocábulo deixará de possuir
(eksagorázo) significa"comprarde vorta" (Gl 3.13) a-e' et.,yo E o caso do texto de L Coríntios
imagens reais-significativas.
(ekságo),"levarpara fora, tirar" (Lc 24.50;Jo 10.3).

A preferênciada ARA por desarraigarprovavermenteseja ,,,Nõo uosenganeis:nem impuros, nem idólatras,nem adúlteros,
para manter o sentido ácido e metafóricode arrancar, efeminados, nem sodomitas"
como se
extraísseuma plantajunto com suas raízesda terra, sentido este Os termos "efeminados" e "sodomitas" refletem muito bem
afirmadona TEB. A traduçãoda NVI por "resgatar,,'trazo sentido u s o p ro s a i c o d e v o c á b u l o s q u e s u b j a z e m u m s i g n i f i c a d o
de "compra",que se ref.ere ao costumede cãmprarum escravo otativo devido ao empréstimo destes a situaçõesespecíficas.
do ógoraque era o mercadode escravos(1 pe t.is,tg). Assim, ulo declaraque nenhum efeminado ou sodomita herdaráo reino
a
figura arraigar/desarraigar, é melhor compreendidaquando Deus. ARA e a ARC (v.10) traduz malakoi por efeminado e
c o m p a ra d au ma co m a o u tra - enr aizadosem am or mais okoites por sodomitas.
desarraigado do presenteséculoperverso.
O termo malakoi (proÀcxoì
) descreveroupase tecidosmacios,
A metáforade 1 Pedros.4 é,firmadapelo termo imarcescíuel, que sáo finos,moles e suaves(Mt 11.8;Lc 7.25).De
queé a traduçãodo gregodpropdvrrvov(amarantinon,
do adjetivo Paulonão usa o termo para referir-sea roupas,mas empresta
amarantos),que é traduzidopor irressecóuer, que nõo murcha. do iermo o significadoconotativo a fim de projetar sobre o termo
Literalmentepode ser traduzidopor feitode amaranto.o amaranro
"as pessoasque são macias, suaves ou efeminadas".O termo
era uma espéciede plantaconhecidacomo plantaimortal,pois
não mqlakoi apesar de referir-sea homossexualidade,náo descreve
murchava e não ressecavatão facilmente,apesarda altíssima amente se a posição deste é ativa ou passiva.
96 H ermenêutica C ontextual O texto em seu contexto 9?

Arsenokoites,é um termo composto por dois termos gregos. Exemplo:


"ar sen" e "koites". A lmeida t ra d u z o v o c á b u lo p e lo t e rm.
"sodomitas".Arsên (cípor1v), significa ,,macho" ou ,,varão". ( ) Nletáfora extraída das próticss comuns à oída
termo apareceem Mt 19.4 eRm r.2T para designaro homenr
viriÌ, com fortesconotaçõessexuais.Koíte (xoíre iignifica ,,cam,ì
"Vóssoiso salda terra.."
),
ou leito" em geral,mas que também é um eufemismopara relaçãt, "Vóssoisa luz do mundo.." (Mt 6.13,14)
sexual,tal qual apareceem Hb 13.4:
"Eu souo pao da uida." (Jo 6.35)
"Digno de honra entre todos sejao matrímônio, bem como
o leit, "Eu sou o bom pastor."(Jo 10.11;uer 2 Pe 2.3,77;Jd
sem mócula;porque Deus julgaró os impuros e adúlteros",
12.13).
o sentidotanto de malakoi quanto d,e arsenokoifesfoicaptad.
maestricamentepela lente dos tradutores responsáveispela NVI Exemplo:
A Nova Versão Internacional traduz o termo efeminado, ,,o gr"gu,
"m alakoi" (paÀ oxoí) e "ars e n o k o it e s " (< ip o e v o x o ira L ) Metóforo típ o Antrop omórfica
p a ra
"homossexuaispassivose ativos".
" ... nem imorais, nem "(...)a mõo do Senhornõoestóencolhida,paraque nõoposso
id ó la t ra s , n e m a d ú lt e ro s , n e n ì t)ar,nem surdoo seuouuidopara que nõo possaouuir."(ls59.7;
homossexuoispossfuosou atiuo.s,"íNVI).
34.1i l .

Exemplo: "...Ecantraa tua ira ou contrao mar o teufuror,jó que andas


montadonos úeuscaualos,nos feus carrosde uitória?"(Hc 3.8)
Iuletáforaextraída daspróticas cúlticas

"Purifica-mecom hissopo,e ficarei puro.', (St 57.7;I-u 14.6 I Símile


7 , 5 7 ; N m7 9 .1 8 -1 9 );
"Lançaifora o t'ermentouelho,para quesejoisuma nouarnosso. O símile também f.azparle do sentido conotativo. Consiste
ossim como sois sem fermento. poís crÍsfo, nosso póscoa em uma comparação formal entre dois objetos ou ações, que não
t'or estão materialmente relacionadosentre si, normalmente precedido
sacrificadopor nós. Pelo que celebremosa t'esta,nõo com ct
por uma conjunçãode comparação,com vistaa impressionara mente
fermento uelho,nem com o t'ermentoda maldadee da malícia.
mascom os osmosda sinceridadee da uerdade,,(7 Co 5.7,8) cclm algo concreto,parecido ou semelhante.Os símiles apontam
para um só objeto, que se compara com outro (também único). a
Aqui as metáforassão contínuasaté formaremuma aleqoria. qual servepara a ilustraçáoe náo para buscar significadosocultos
em todos os detalhesda figura.
_2t H ermenêutíca C ontextual O texto em seu contexto 99

os símiles ocorrem com freqüência nas Escrituras,tendo por ;rfirma a união do Verbo com a naturezahumana. enclttantgclue
objetivo ilustrar a idéia do autor, geralmentesão acompanhados lmp lic í t a m e n t e , a f i r m a q u e n o V e r b o e n c a r n a d o h á a l m a r .
de um conectivode comparação.Vejamos: irrteligência,vontade, corpo, real, etc '2.

ri " Como o corça suspiro yselascorrentesdas aguas,


ossimsuspíroa minha alma por ti, ó Deus,,(SI 42.1):
d) Conseqüente

L
i "Nõo é a minha palaura como fogo, diz o Senhor,
É o qun se segue ou mesmo se deduz do texto sagrado' O
sentido conseqüentese inferemediantea dedução lógicado texto.
Ballarini cita cotno exemploAtos 12.1: " Por aquele tempa,
ll e como martelo que esmiúçaa penha?,,(Jr 25.29):
mandou o rei Herodes prender alguns da lgreia para os

ll "... quantasuezesquis eu ajuntar os teus


filhos,
como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo dos osos.
maltratar". Com auxílio da cronologia e da história sabemos que o
l{erodes que reinou no período de 41 a M d.C., período cobertopela

't,il
ll
e tu não quiseste!"(Mt 2S.ST);
narrativa do iexto citado, é. Herodes Agripa I, entendemos
conseqüentemente qge "HerodesAgripaI, matouTiago irmáo de João'.

ill
il
"Sou semelhanteò coruja do deserto,
como uma coruja entre cs ruínos. e) Precísíuo
Velo,e sou como o pardal solitóriono telhado.',(St 702.6-7). Ballarini afirma que o sentido precisivo:
l ,,É
o procedimento literário em que o hagiografo se exprime de

,i l
i "Logo que saiu da ógua uiu os céus abertos,
e o Espíritoquel como pomba, desciasobre ele.,, (Mc 1.10.
Mt 3.16; Lc 3.22; Jo. 1.32)
moclo conciso, resumido. E a expressão de uma só parte de um
conjunto, prescindindo do restante, por exemplo, quando Jesus diz
qLte o Espírito Santo procede do Pai, prescinde do fato de que o
i EspíritoSanto procede também do Filho (Jo 15.26; 16.7). O sentido
precisivo ajuda a resolver algumas questÓesde orden-raparentemente
i Retornando as diversasformas de sentido devemos analisar
contraditória: Mateus 20.29-34 cita dois cegos, enquanto Marcos
ainda o implícito,conseqüentee o precisivo. r'j'
70 46 e Lucas 18.35-43 nlenciotla apeÌ-ìasunl"

c) Implícíto Deue-se dar deuida atenção aos termos príncípaís'


às palauras com aspectos lítúrgicos ou gue expresssm
o sentido ímplícito é aquele que não está claro no Ìexro orÌ
na palavra,ou mesmono contextoimediato,mas que oculto,projeta a teologia de seu temPo.
sobre o texto certasconsiderações.Ballarini cita como exemplo o
versículode João 7.74: " e o uerbo se t'ez carne". Explicitamente
1968' p 272
'r P Teodorico Bnt.tntttNI.lntroduçao a Iìíblia'
r r l d . l b i d c n r .l 9 ( r tt.p .2 1 3 .

a I
O texto em seu contexto 101
100 H ermen êutica C o nt extual

Por exemplo: sacrifícios, holocousfos, ofertas, luas nouas, Cada texto, de acordo com seu contexto, sugere LllÌl tlso
estenderos mõos,purificar (Is 1 .1 I-\7 ), tradiçõesde homens, Corba clistintoe ao mesmo tempo participativodo significadocortlunl do
(Mc 7.8,11),jurar pelo santuórioe pelo altar (Mi 23.16-18). t e rmo g r a ç a . O s t e x t o s a s e g u i r d e v e r i a m s e r e s t u c l a t d o s
carinhosamentepor cada aluno para melhor cgmpreendero termo
Para retomar, de outro modo, a generalidade do problema,
em sua diversidadecontextual.
somos desafiadospela urdidura do texto a entender-lhea trama.
a tessitura,que semaforizam tanto o seu conteúdo quanto a sua
forma. Deste modo é imperativoque se entenda os termos. cuja l "a vósgrsçs e paz"7.2
ênfase dão azo ao entendimento geral do livro ou epístola. E
assim que na epístolade Paulo aos efésios,exibem-se termos o "para louvor e glória da sua graça" \.6
cuja repetição proposital sinaliza um propósito específico,além l "segundo as riquezas de sua graça" 7-7
é claro, de estar intrínsecoa temática do livro. Comprometendo
a argúcia de minha assertivae pondo em risco a clareza de | "com Cristo, (pela graça sois salvos)" 2.5
meustermos,aventuro-mea expor algunsdessesexemplos,senão
f "abundantes riquezas da sua graça" 2-7
vejamos:
l "pela graçq sois salvos" 2.8

I Termos Signífícatiuos em Efésios l "dispensação da grsçs de Deus" 3.2

A epístolade Paulo aos crentesde Efeso distÍngui-sepelo i "pelo dom da gro,çs de Deus" 3.7
uso peculiar de certostermos que tanto se repetem nas epístolas
r "foi dada esta groço" 3.8
da prisão. quanto são peculiaressomente a esta epístola.
t "Mas a grsça foi dada a cada um de nos" 4.7
^,1Graça (x,íprc) f "para que clê grsçs aos que a ouvem" 4.29
Paulo usa o termo doze vezes na epístola.A base para o |"a graça seja com todos os qve amam" 6.22.
entendimentodo uso significativodo termo "kharis" ou graçapode
ser encontrado no discursode Paulo aos anciãos da igreja de
Éfnsoem Atos 1,7-38.Ele chama a sua nlensagernde o "evangelho Andar (ncpLnatéro)
"l
da graça de Deus" (v.24). O termo designa 'b favor imerecido de Paulo usa o termo por oito vezesna epístola.O sentido do
Deus". A saudaçãocomum aos gregosera "kharein" (At 15.23.
t e rmo é t a n t o e t i c o q u a n t o d o u t r i n a l . P a u l o r e f e r e - s ea o u s o
23.26,Tg 1.1) que designava"alegria",mas Paulo usa o correlato
figurado, que expressaa naturezageral da vida espiritual.O uso
"kharis" para referir-seao plano da salvaçáoprojetado por Deus
metafórico iá foi usado por Paulo em outras epístolas:Romanos
e levado a cabo por Cristo, como também, o desejo de que seus
4 . I 2 ; 6 . 4 ; G á l a t a s5 . 1 6 . 2 5 ;6 . 7 6 , e n f i m , é u m t e r m o c o m u m n a s
leitoressejam abençoadose tenham paz advinda desta graÇa.
O texto em seu contexto 103
102 H ermenêutíca C ontextual

i
I epístolaspaulinas. Assim o indivíduo "anda em Espírito", "em destemistérioentre os gentios,que é Cristo em uós,esperançado
amor" ou como "filhos da luz". Os termos sempre aludem ao glór ia". Em 2.2, es te m i s tér i o é o pr ópr i o C r i s to" " por a
I
comportamento ou modus uiuendi do indivíduo. Vejamos o uso do conhecimentodo mistériode Deus- Cristo"'
termo pelo apóstolo: semânticasse encontram
Esseconjuntode características
também nos textosde Efésios. Em três casoso mysúerion e
l "quais Deus preparou para que andássemos nelas"2.10 determinado por um genitivoque o põe em relaçáocom a iniciativa
gratuitae eÍi'caz de Deus, a sua "vontade" (1.9), com o cristo
f "que noutro tempo andastes, segundoo cursodestemundd' 2.2 usado
ig.+) ou com o evangelho(6.19).Em dois casoso termo é
0 "antes,andóusmos nos desejosda nossa carne" 2.3 de forma absoluta,'b mistérid' (3.3,9),mas o contexto permite
referi-lo,sem dúvida, a Deus ou ao cristo. Exclui-sedessa
i "que andeis como é digno da vocaçáo' 4. 1
perspectivao caso de 5.32, onde designauma interpretaçáo
:'proiéti.u" d" um texto bíblico,precisamente,de Gê'nesis2'24,
)"ondoí em amc>r.."
5.2
i Vejamos
rãlidoà luz da ligaçãosalvíficaentreCristoe a Igreja14.
0 "vede prudentementecomo andaís" 5.75 t os textosrelativosao termo na epistola:
|
f "sois luz no Senhor; andoicomo filhos da luz" 5.8
,) "descobrindo-noso mistério da sua vontade" 1'9
f "para que não andeis mais como andam os outrosgentios"4.17
o " este mistério manifestadopela revelaçáo"3'3

^l Nltstérío (puorripLou) f "compreensáodo mistério de Cristo" 3'4

Paulo emprega o termo por seis vezes na epístola. Para l "dispensaçáodo misÍérío que" esteveoculto em Deus" 3'9
compreensão adequada des te termo é necessário uma
f " Grande é este minstérío" 5'32
comparação formal com a epístola aos Colossenses que usa
tambémo termováriasvezes(I.26,27;2.2;4.3).O termotambém )"lazer notório o mistérío do evangelho"619
podeserencontrado em Romanos(duas),1Coríntios(seisvezes),
1 Timóteo (duas), 2 Timóteo (duas).O uso do termo grego Não somos escusados de frisar que Paulo dá-nos a chave
mgsterion nestasepístolas, possuemparticularafinidadecom o Sobre o seu entendimento do "mistério": "como me foieste mistério
contextojá encontrado em Efésiose Colossenses.Especificamente manifestado pela revelaçáo, como acima, em pouco, vos escrevi"
em Colossenses, pelo
mistérioé especificado genitivo"mistériode (3 3) Mistériopara Paulo nâo é nada oculto ou enigmático,mas
Deus" (2.2) e "mistériode Cristo"(4.3).Nos outrosdois casos anteSalgg "revelado".Ele chamaos seguintes temasdos decretos
(7.26,27),o contextodefineo mistérioem relaçãoa Deus e a divinoscomo um mistériorevelado:
Cristo: "Deus quisfazer conhecerquaissõo os riquezasda glóría
l As Cortosde Pqulo,ul lll,1992, p 114-8
LaCf.RinaldoFneRts,
O texto etn seu contexto t 05
104 H ermenêutícs C ontextual

I as bênçáosespirituaisem Cristo nas regiõescelestes(1.3); Nesta altura podemos tirar uma ilaçáo do uso sin()tttttitcoe
viÌriant€de um vocábulo qualquer.Mesmo um vocábulo possltitlclcr
r a eleiçãoem Cristo (1.4); outros termos sinônimos ou variantesdo mesmo senticlo.tl ;tttlor
por vezes. insiste no uSOrepetitivo de uma mesma palavra. ttãcl
t a predestinação(1.5);
slbemos se por pobreza vocabular.por gênio peculiar do literartg,
r a adoção(1.5); ou ainda para levar o leiior a raciocinarsobre o sentido pretenclidcr
pelo autor.
I a redençãopelo sangue (L7);
O t e rm o k o s m o s ( r d o i r o ç : m u n d o ; o r d e m ; s i s t e m a ) , p o r
r Congregarem Cristotodas as coisas(1.10),
çxemplo,em cada uma das ocasiÕesem que apareceno Evangelho
t o selo do Espírito(1.13); c nas Epístolasde Joào é usado com sentido distinto e somente o
contexto imediato é que esclareceo sentido, às vezes, mesmo
r o poder de Deus no crente(1.19); recorrendoao contexto permanece um dúbio sentido. Vejamos:
r Cristo acima de todo principado (1.27);
! Em João 3.16 o termo kosmosrepresentaa humanidade
I Cristoo cabeçada igreja(L22). como objeto do arnor de Deus. O versículo17 descreveo mesmo
I A igreja, corpo de Cristo (L23). sentido(mundo-humanidade)mas com ênfasena missáode Cristo
(c f . 1 0 . 3 6) . E n q u a n t o e s s e st r ê s t e x t o s p r o j e t a m l u z s o b r e o
relacionamentoentre Deus, a humanidade e a missão de Cristo.
Uma análise minuciosa revelaria muitos outros temas dos outrostextos,como por exemplo,1.10, é dito que Jesus"estauano
quais Paulo consideraser um mistério que foi revelado, cremos mLtndo" (mundo - a terra habitada?mundo- a humanidade?).Tànto
que estes servem à guisa de exemplo. Consideramos não ser um sentido quanto o outro encaixam-Seperfeitamenteno contexto.
necessárioperlustrarsobre os termos: Corpo (nove vezes: L23,
2.76 ;3.6; 4.4;4.12; 4.16; 4.16; 5. 2 3 ; 5 . 3 0 ); E s p í rit o S a n t o Em senfido explícíto, "estava no mundo" (en tÔ kosmo ên)
( do zer e fer ências:
2.18; 2.22; 3.5; 3.1 6 ; 4 . 3 ; 4 . 4 ; 4 . 3 0 ; 5 . 9 , 5 . 1 8 ; designa"a terra habitadapelo homem", mas em sentidoimplícíto,
6 .17 6 .18 ) e RegiÕes Celestíois (cin c ov e z e s ' . 1 . 31; . 2 0 ; 2 . 6 ; 3 . 1 0 ; "todos os homens que habitam na terra". Ele pão apenas estava
6.12), que implicariamnum estafantee redundante exemplo. no mundo. mas também entre a humanidade. sendo ele próprio,
h o me m.
ConsiderandoJoão 1.10 como poesia e trão prosa teremos
Deue-se leuar em conta a usriedade de sígnificados
como estrutura, um trístico (estrofecom três versos)e. quanto ao
(polissemía) que uma palaura pode ter em uma mesma p a ra le lis m o . i r a t a - s e d o c l i m a t i c o . p o i s r e t o m a d o m e m b r o
época e ínclusos nos escrítos de um mesmo autar. precedenteumtermo (kosrnos)acrescentando-lhe um complemento
até levá-lo ao clímax.
O texto em seu contexto 10?
706 Hermenêutica C ontextusl

tnquanto a ARC e a KI (KingJames),que essailuminaçãoé sobre


,,tOdohomemque vem ao mundo".O to<togregopossibilitamaisde
rv TQ KOOp(')qv,
traduçáo.
(en tô kosmo en)
estauano mundo

xoì ó róo1.roçôt' oúroõ i.yi.vno,


a, saber, a uerdadeira luz, que, uinda ao mundo,
(kai hô kosmos di autú eguêneto) ARA
ilumina a todo homem.
e o mundo t'oi t'eito por meio dele
A luz uerdadeiraque ílumínoa todos os homens
ECA
estauauindoao mundo.
raì ó róo1roçoúròv oúx ëyvur
(kai hô kosmos autôn ouk egno) Estauachegando ao mundo a uerdadeira luz,
NYI que ilumina a todos os homens.
e o mundo nõo o conheceu
Pois o uerdadeira luz, que alumia a todo homem'
VR
estauachegando ao mundo.

O Verbo era a verdadeira luz que, uindo ao mun'


No limítrofede nossasinquirições,o verso9 fulgi como texto TEB do, ilumina todo homem.
de traduçãocontroversa, mas que náo se interpõeao significado
do vocábulokosmos.O disparatenão é resultadodos textosgregos
mais comuns aos seminaristas, todos eles - Nestle-Aland(NTG - ARC Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo
Novum TestamentumGraece),Majority kxt (Texto Majoritário. homem que uem ao mundo.
mais conhecidacomo VA - VersãoAutorizadaou Versão King
James), The Greek New Tëstament(GNT - ed.KurtAland) e o
TëxtusReceptus(TR - TextoRecebido)-trazemo mesmotexto sem
qualquervariaçãoque comprometaa tradução,apenas,como Porém, é mais correto entender o ocusotiuo (objeto direto)
atestao aparatocríticoda GNT, uma pequena interrupçãono uindò stomundo como referindo-seao nomínatiuo (substantivo)
inicio do versículo,caracterizadacomumentepor uma vírgula.A luz. Somos inclinadosa entender "vindo ao mundo" como aposto
vírgula,por exemplo,apareceno TR (umavez),GNT (duasvezes), do substantivo,assim sendo, o texto declara: " era a verdadeira
mas é omitidana VA. Agora,a tradução é outra história. luz, (que) vindo ao mundo, ilumina todo (o) homem" '

Cada uma dasversÕes (ARA,ECA,NVI,VR,TEB) concordaque Em cada um dos casos,porém, o sentido de kosmos é claro -
o Verbo "estavavindo ao mundo' para iluminartodos os homens. trata-seda terra habitada pelo homem.
I 108 H ermenê.utic o C o nt extu al O texto em seu contexto 109

Deixando as controvérsiaspara os peritos,vejamosa urdidura .l Em L Joáo2.75-18,somosadmoestados a não amar


o mundo (kosmos),nestecaso,o sistemaorganizadoe rebelado
l
do texto.Neste verso.sentimosa pulsação.o ritmo. a cadênciada
ì
própria poesia.e até mesmo a sonoridadeao final de cada linha contraDeus.o mundo-ordeminiustaé. o mundo-humanidúe
poética: alíenadode Deuspela rejeiçãodas leis do Reino e do Messias
Encarnado(Jo 8.7; 17.25).Em Joáoo mundo-ordeminjustapossui
seusprópriosvalores,sistemase governo(Jo 8.44;72.37;14.30;
16.11).

Hrr rò gôç rò dÀr'1err,áv.


(en tô fôs tô alethinón)
{ Em Joáo 1.9-10,como analisamosanteriormente,é
dito que Jesuscriou o mundo (kosmos),significandoa terra ov
Era a uerdadeira luz mundo habitado(v.9) - o sentido é logo explicadopelo aposto:
"iluminaa todohomem".No versículo10a o evangelista, seguindo
ô Qorícer ndvro or,0prunor,.
a trama do texto,fala de mundo (kosmos-uniuerso) como, a terra
(hô fotízeipanta ânthrôpon)
habitadapelo homem, " estavano mundo, o mundo foi feito por
que íluminatodo o homem
í intermédio dele",mas na parte "b" do versotrata do mundo não
t
em seu aspectofísico,a terra, mas a humanidade- aquelesque
.
Êp1ópevoveiq ròr, xóopov' nela habitam,"maso mundo náo o conheceu".
(erchomenonêis tôn kosmon)
uindo ao mundo { Já no capítulo 17.5 o evangelistausa o termo kosmos
em sentidotanto particularquanto geral. Particularmenleprefere
o uso do termo para dar ênfasea preexistência de Cristo.Em
l geral, antes que houvessemundo físico e mundo humanidade.
Pr ovavelmentevocê esteia in q u irin d o a ra z ã o d e s e rmo s
úu., o uso distintodo significadode kosmospermanece.No
circunstanciadoresem vez de circurrscrito.so posso responder
versículo4, ocorreo uso do termo "terra" como sinônimo de
afirmandoque não tenho medo de circur.rvagar. Não possodeixar
"mundo habitadopeloshomens".
de ler embevecidoas magistraisconstrutçoes 1:oéticas das Escrituras
sem deter-nìepor um estanteenl sua estruturae análise.Issofaz
bem e você deveriatentar em sua próxima leituramatinal. Cremos não ser necessáriorepisar o quanto é necessário
Voltemosao propósito principal dessetopico. consideraros diversossentidosde um mesmo vocábulo usado
pelo mes m o autor . Es s e fenôm eno l i ter ár i o não s e ex pl i c a
iacilmente,pois o rapsodo,possivelmente tendo conhecimentode
110 H ermenêutica C ontextua, 111
O texto em seu contexto

outros termos que enquadravam-seperfeitamente


no contexto de
sua obra prefere o uso repetitivo e prolongado
de um mesmo
vocábuloemvez de usar:

(terra, solo, chão, no sentido de território,


O CODEXSINAITICUS
1) seslytre
terra em distinção ao firmamento);
F-eíemanuecrilo ào eéculolV,reàigit
eecriï,auncialbibltca,conLémlâczâQeti;;"
b) oikoumen el oTxoul,révq(habitado; a terra
habitada Aníiqo TeslâmenLo,e o Lexía inLeqralào
Lc 4 .5, o mundo Mt 24.IA ;Lc 4 . 5 ; mu n d o
n o s e n t id o d e NovoTeelamenLoe, além àieao,a epieLola
hu m a n id a deLc 2.I; A t 7.31): àe Sarnabée uma ?arÏ'eào ?aeíor ò'e
Hermae.O profeeeorTiechenàorfàeecobriu'

i c) ou mesmo aionlaï,,óv (era; século: presente


eternidade;o povo do mundo em Lc 16.g).
século; o e m 1 b 4 4 n o M o e íe i r oà e Aa n ta C a ía r i n a
n o m o n í e e i n a i ,m a e e ó p ô à ea à q u i r í- l o1 5 a n o e
Ofereciàoao Czar AlexanàreIl, palrono àa lqreja
m a i s
Gre4a
l a r à e
àa
'
ConeLanÍ;ino
Íiechenàorf

Rúeeia,o manuecriLof oi em eequìàacompraào pelaGrà-Ôrel,anha no


7araeerex?aeÏ'a

l
1r Apesar de todos os textos em que o termo kosmos
em sentido positivo no evangelhojoanino, prevalece
"mundo hostil a Deus", ou "sistema
é usado
o sentido de
de idéiáse ideaisque se opÕe
úriÍ.iehMuaeum.afexl,c apreeenÏ.a-ee àiepoef,o em quaLracolunaepor ?áqina,com
correçõeaqueàaLamào '"éculolWl e Vll

lll a Deus e ao Messias"representadoprincipalmente


do judaísmo (fariseus,saduceus,etc.),
pàlas classes
e pelàs opositoiesde cristo
F,nquanLo
enoftrtece.rla cam
írabalhava na biblioíecaào moeÏ'eiro'f i ac tc . òorf, obger v ot uma
qranàe númerosàe 7áTinaaeolLae

llti em geral. Não obstante,o sentido positivo também


usado por João.
é largamente àe manuecriLoe, Ficou perplexo quanàoàeecobrìuque i
a c a h a r a à e e n co n l r a r a e Vá q i n a eà o m a i e a n l tq o I
manu.rcrif.oàa 1ibliaqreqa eobreoe otuaie?ueerâa

ll vieLa,conee4utnàoobt'erquarenta e írêe pá7inae ry


q ( a L r i l a m n e te

Nenhurnrnonqeeor.avaàta?oaLae caa?e(ârcaftl
1 - i e ch e n à o rpf,o r é m u m à e l e efa l o u e o b r eu m a có p taà a
i,Jf l-XXoyuepoeeuía,e opc goet.artaàe noaLrar-1heTara
lotal aàmiraçàaào Vrofeeear,e6.e mât1u.criÍaerâ
exaíarnenLeo ffieamoào qual ele Voeeuía,ae 43
? a q tn â Õ
112 H ermen êutí c a C on t extual

VULqATA
LATINA
EI''.4NGET.IT]M SECUNDUM MARCI,ÌM
SUMI{ARIU}'I PARS. pRIÀ4,\: Iesu Cunrsrr pRÁEDrcÁrro rN (jÂLr-
tiumpr,redic,ttì,r.rì,
r.", ;, á,?i,,Í"i 'il,; o1;1*iyo;i2|,,J, ì:t . ì"';
Pharìsaeo.rttm o,,a*c"i;o""ì-'"ìr,r3-i,6). t:!::: l::,-
Apostotorum eÍectio ïrrlï:iíï.^rÍí;i;i.i;
leru opirione.s(s,zo,t;). p"rab"íai,dr- rtgno-Deì
10,,r-j'ii-'n* itt re|ìmem Gera_
x:;ïi'i,!,:'Jï;i;xíl^;'i';i.,,",;ï,:i,:J!,i,,'ìi:
l;-;,;:ii",n,i::;ii;niy;í;;ï:
ï!)',"';:1:i;i"!,ï'ií:"i,i':','ï:1,::J,::::r;,,:.:i:;:i!;i:::;::ï:i:ií,,ii:;:ï!;*ï;
tìplicalio (8,r-26). Petr,ì corrfessu) et prtnt d pa-rsionis pr,redictto (g,t7,j9), Iestt
ïíï'!!;,1^;:";'r;::::,:,'::i,:::,i'i:i:";:i:?,!l;:;:1,:,,Ìí;,,Í1,,:;;:::iii,ii:"li:'i
3;ïl-ll',1;:::xiï!:"i::,,:"í!,;,nl,ïÌÌïiï?*j;i:;,1;::ii:i:ï,1;í;iii;
jíï;;Íil;.:ã-i_11T,".,,J',,,7;
MË,DIATO
CONTENO
ijiïiilï,"ï;:.{à' ,1,"o,",;,l;"ii:ìl,ff.gjj*:
3)r;l:'i,1;;,,1;:l'iÌ,i,1,
( ,:,,
Í,!J'ï.i,,!;:::,:;,li;yl;i;:J'ì,:,i;,t:.i;'lrt,",^^
+ il. ( Jlr r r r ti.pp.,i1io a;j m utitr o - ;.i ;.1,;':i :
i ,a,, iì M ur c i ( t6,e- z o)

1'^1<Sr,rì1M,1
It:st; (--t tttsr r rrR,\tr:t)tat,\t.I()
lN ! ÌAl-lL^tlr

ir,Ì Ìo,5r)

Iesrr Chrisri ieiunitrm et terìtatro

o Úrütp /u'Arw fu art* a,*,Iu)l,o


Priorum <Iiscipulortrnr vocatio

Íesrr Christi baptisrrrtrs

-
q F.r
Icsrrs.r
fJ!ílIrì c.r: in rìiclrUs illì\ v(.trit ".4 Íttdu PcrJbiçtirtvi Iitniíc,
N.ì/.Ìri.tlr t;:rlit.rcrì(: c( I.Ìpuzirlus
] tnusíttt tttttnt[amcnlo ë tttttplíssittttt
1 l,;i;)i' li,ii ,,i' ,i 1r,.,1i,,
",,,',.:;
l
rtrt D,rl: \li r 'ì r 7 i 1., i.,r..:: l. r,
,\l I 19 9(t

àe Ma.c.E àa "/" eàiçãoàa vrrga1aciemenr.ina,


7áqinaào E-vanr1ell:o
CONTÊNOIHEDIATO
o

@ contexto imediato, conseqüente,microcontexfo ou subseqüente


é aquele que procede imedíatamenteao terto. Quando o texto está
numa seqüência ordenada, é um termo ou texto que sucede
ímediatamenteo outro de modo racional,lógíco e coerente.
Em lingüística chama-se microcontexto, o contexto imedíato
da palaura considerado,isfo é, a palaura que precede e a que segue,
em oposiçaoao macrocontexto,que designa um contexto maior'

O contexto ímediato de um uersículo ou texto, é


formado pelos textos que uêm antes e depoís do uersículo
consíderado.

Assimsendo: Deve-se:
1) Verificar a situação his-
I o contextoimedíatode um uersículo tórica do texto;
2) Saber quem foi o au-
é o parógrafopelo qual é formado; tor;
t o contexto de um Parógrafo,é o 3; A quem o aut or dest i-
nou o escrito;
capítuloque o forma; 4) E qual foi o propósito
t o contexto do capítuloé todo o liuro. do autor.
i

lr 11?
O texto em seu contexto
116 H ermenêutica C ontextual

I
comona ARC o capítuloé formadopor seteparágrafos(1'1;2- 3;
i

Q; 1O - 77; 18-20;27- 26;27- 31l c onfi r a].


I
lr
O uer s íc ul o em s pr eç o ( 77) , es tó no quar to
parógrafo, então, o uersículo 71' tem como contexto
os parógrofos: 4'9 e 18'20, e estesparógrafos todo
o capítulo 7.

Muitos intérpretestêm argumentadoque Deus,atravésdo


versículo11, rejeitaa ualidadedos sacrifícios. Se admitirmos
essainterpretação como correta,teremosque aceita! com base na
mesmaseqüêncialógicade textos,que Deustambémestâinualidan-
do as oraçõesno versículo15 (mesmoparágrafo!).Deus,de fato,
oferecídospor um pouo íniustoe impu-
estóinualidandoos sacrifícios
fo. Essestextos esclalecemque até mesmo as formas corretase
própriasde culto são inteiramenteofensivasao Senhorquandopres-
tados por crentesnão arrependidosque tentam subornáJoa fim de
que os poupedo castigoque merecem2'
Exemplo: é que
O sentidodo texto,de acordocom o contextosubseqüente
Isaías1.11 afirmaque: Deusnõo aceitae nõopode aceitarmesmoasofertasmaispródigase
mais dispendiosos que os não arrependidosLhe possamcolocarno
"De que me seruea mim a multidao de uossosso crtfícios?- diz oselrion. s.
altar Nesseexemplo,Deusestácondenandoem todo o capítulo,a
Estout'arto dos holocaustosde carneiros,e da gordura de animais ceuados,e
prótica titúrgrcadestituídade piedade e iustiça.Ao descobrirmoso
não me agradodo sanguede nouilhos,nem de cordeiros,nem de bodes."
título principaldo capítulo1, estaremosprontospara sabercomo
s e m to ma r co n h e ci me n todo contexto de Isaías 1.11 cada parágrafoou bloco se intenelacionacom a temáticageraldo
concluiremos, como faz algunsintérpretes,que Deus está em capítulo.
contradiçãocom toda legislaçãodo Antigo Testamento,pois
c o n d e n aa q u i l o me smoq u e e l e instituiu:os sacr ifíciosrM. as ComentórioBhlico M oody, lsaíosa Malaquios,
õnu.tãFpoepren & EverettF I-l.cRRlsoN,
verificandoo contextodo versículo11, veremosque tanto na ARA v1.3,7994,p.8. Consultetambém EpszruN, AJustíçasocialnoAntígoOrienteMedio
e o Pouo aa Si\tio, 1990,p.53; BnnucQ(et alii), Escritosdo OrienteAntigo e Fontes
Bíbticas,Sáo Paulo:EdiçóesPaulinas, 1992,p.62.
' A pariir de um exemploapresent{lo por PedroGrt-Hurs é que desenvolvemoso assunto. s ld.lbidem.
ver UrLHUìs, in como Interpretara Bíblía:Introduçõoà Hermenêuúico,19g0, p. 109.
118 H ermenêutíca C ontextusl 119
O texto em seu contexto

Exemplo:
o determinar essas integridades lógicas subjazem uma
no decursoclos
compreensáodos movimentossucessivosdo texto,
às outrars
DrseosrçÁooos PenÁanaFos
DEIseÍesl quais produz, abandona e ultrapassoteses ligadas umas
5;
numa ordem racional
(1.1): Título e dmúfu do Wríúo do minístério pofétia de Isníre.
ra de l i m i t a ç á o d o s t e x t o s a u x i l i a n a d e t e r m i n a ç ã o d o
(2-3): A queka do Senhor contra Isrsel que não O Conhece. se as unidades
conteúdo, de formã que o analistaé capazde saber
verifica eiisáo de
(4-9): A fudçA fu Ma qtuiihtsl delswt da)ido rc fomdt:ma são congruentes u pã.fnitutnente unidas, ou se
do texto, o
(10-17): A condenação do culto hípócríta. idéias e conceitos cula estrutura dificulta a claridade
chamado contexto irregular.
(18-20): Um conuite ao srrependimento.
Dev e - s e p o r f i m r e g i s t r a r , q u e u m a d a s f o r m a s c a l i g r á f i c a s
(2I-26): Jerusalém é julgada e purificada de suas mazelss.
c o mu ns a o s a u t ó g r a f o s q u e p e r d u r o u a t é ' o s é c u l o X d . C . , f o i a
(daí uncial), náo
(27-3I): Os transgressores são condenados juntamente com escrita uncialque além de ser em letra maiúscula
as óruores sagradas. possuía qualqúer divisão entre as palavras, isto é, eram redigidos
subdivisões
ãm escritacontínua,sem espaçoenue as palavras'sem
além de não possuírem
de versículos,parágrafos ou capítulos,
sinaíticoo,
Deve-se observar que nem sempre os parógrafos ou b/ocos, acentuações. Importantes manuscritos como o códice
uncial. Vejamos
tal como se encontram nas atuais edições das Escrituras,estão Alexandiino,,Vaticano'foram redigidosem escrita
versículos das
coerentementedivididos - às vezesbipartem as idéias centraisdo alguns pormenores das divisóes de capítulos e
texto como se fossem unidades distintas. Em minha própria Escrituras:
observaçãodos blocos que compõem o capítulo 1, o versículo27
deveria fazer parte do sexto parágrafo, enquanto o sétimo, deveria
/AVulgataLatinafoiaprimeiraversãodivididaem
iniciar no versículo 28, (visto que os versículos 25-27 tratam do pela primeira
reavivamentoda cidade rebelde). capítulos,obra de EstêváoLangton, que os introduziu

5 Cf. Victor GoLosntult, "Tempo Histórícoelempg^Losico na lnterpretoçoodos Sisfe-


Nunca é demais repisar que: ", in A Religiaod e P I otqo,1963, p' 140'
n ii
boa parte
pergaminhof"inode excelentequalidade,contémem347 folhas
"tòliros
;^*fr.rit"ãrí
t a exata extensão da delimitaçáo do texto é condititio sine
doA nti g oTest am ent oet odooNovoTest am ent oar r anjadosem cader nosdeoit o
qua non4 para uma compreensão perspicazdas unidades que o folhas.
acompanham: 7Escritoem duas colunaspor página,num pergaminhomuito fino' consisteem 773
mais as duas epístolasde
folhasde praticamentetoáo o'AÃigo e Novo Testamento,
Clementede Roma.
a isto é, uma condiçãoou exigênciaque
não se pode dispensar 8 Escritoem pergaminhode excelentequalidade,consisteem759 folhasde um códice
que continhaoriginalmente cercade 820'
O texto em seu contexto
120 H ermenêutica C ontextual

da Bíblia
Versículos,introduzindo essa divisão numa edição latina
vez na ediçáo parisienseda Vulgata no século XIII. As divisÕesde
cm 1555. A divisáo feita por Stevensfoi para substituir a introduzida
capítulosfeita por Langton, eram extensaspor toda obra, possuindo por Santes Pagnini, O.P, que introduziu em sua versão latina dos
textos relativamente curtos em cada capítulo. contudo, foi vindo a
ãriginais,os vãrsículos,porém, esteseram longos demais
necessáriosubdivir ainda os capítulos, e foi o que fez o abade pelas quais
eeÃubstituída pelo labor de Stevens.Uma das razÕes
dominicano Hugo de saint cher em rzs}, ao compilar a sua pode ser
a divisáo do texto bíblico apresenta certa subjetividade
concordância, subdividindo cada capítulo em outros setepequenos tarefa'
atribuída a ocasiáo em que Stevenslançou-se a essatitânica
trechos designadospelas primeìras sete letras do alfabeto (a-g)n, foifeita quando
SegundoWilson Paroschi a divisãodo texto bíblico
totalizando 929 capítulos para o Antigo e 260 para o Novo pelo
StÃn's viajava de Paris a Lião e, que este foi confundido
Testamento.Mais tarde, o rabino Mardoqueo Nathan (1445), de da
b a la n ç o d o a n i m a l a o f . a z e rt a l d i v i s á o . A p a d r o n i z a ç ã o
modo análogo, divide o Antigo Testamentoem versículos,cerca pontuãçáo e a divisão em parágrafos do texto foi feita por Johann
de 23.274, ficando a responsabilidadeda divisão em versículosdo
A. Bengel(1687-1752)*.
Novo Testamentoa Robert stevens (ou Roberto Estéfano), que
em 1551 na cidade de Genebra, dividiu o Novo Testamentoem À guisa de epílogo,o leitor deve atentar para as constantes
7 .959 versículos.stevenstambém dividiu o Antigo Testamenroem das principaisversõesbíblicas.Poiscomo diz, os revisores
revisÕes
da ARA, na apresentaçãode maio de 7975:
Os panricneros ou Blocos .rÁrrucorutRem-snDrsposros NAs ATUAIS
norçÕrsoe BÍrln O QUE FACILITA AO ESTUDANÏT. " É certo que toda traduçáo, ou revisáo,da Bíblia Sagrada' ainda
que levada a termo por íntegrosperitosbíblicos,é sempretrabalho
1) Na ARA / RA, aparececom uma palawa cuja primeira letra estáem negrito
humano, e como tal, sujeito a falhas; por outro lado' no entanto'
(Gn 1.1 ) ; suscetívelde melhoria"lt.
2) Na ARC, a panir da edição de 1995, exibe a indicação de parágrafosde
conteúdo, seguindoo modelo da ARA (Gn 1.1) ;
É assimque na ARA (1956):
3) Na ECA (EdiçãoConremporâneade Aimeida) e, a NW não apareceem
negrito, ao contrário, os iníciosde parágrafosaparecemedentados,e;quanto os { O Salmo 2 apresenta cinco estrofes(7-4; 4-7;7-IO;
versículosque correspondemao mesmo,seguem nas linhas contínuas (Gn i.9-
1 3).
10-12b; 12b\, porém na2a ediçáoda mesma (1993) apresenta
apenasquatro (1-4;4-10; 10-12b;12b);
4) A Bíblia Viva, diüde os parágrafosem blocosdistintos. Cada parágrafo
é antecedidopelos números dos versículosque o correspondem.
RRR (7956 e 1993) o versículo31 de 1 coríntios
5) A Trínitariana, não diúde em parágrafbs.Separaos capítulos apenas ^/ Na
em epígrafès. L2 é píbartído(27- 31a; 31b)' formando um novo parágrafo'

to CríticoTërtualdo Nouo Tëstamento,l993,


p'712'I79'
I A Bíblíasogrodo,Traduzida Portuglê;,por Joáo Ferreirade Almeida' Ediçáo
'rBaLL-cRtNr, -em
op.cit.,p.184 Cf. Nossadiscussáo
sobreo assuntono livro texto da EPOS. n""iíãããi"ãriiãáá no Éiasil, sociedadãBíblica do Brasil, 1969, p.5
Mod.l. livro I, Aibtrologia SC:FaculdadeTeológicaRefidim,2001.
122 H ermenêutica C ontextual 123
O texto em seu contexto

enquantona ARC (1995) o texto fazpafte do mesmobloco (27- slmples


lnfluenciatoda nossa vida e nosso ser, e náo como uma
31).Osexemplosseguiriam portoda a Bíblia.Quando
ininterruptos
abstração teológica ou filosófica.
comparamosBíbliasde edição católicacom as protestantes
encontramostambém disparidadesentre ambas . Na seeunda estrofe (7-12): tratada onipresenço diuino.Esta,
por sua vez, é expressaem cinco extremos:
Os poétícos seguemo mesmoprincípiodivisório,excetoque
nestes,os blocosnáo são chamadosde parágrafosmas estrofese a) altura(v.8a),
os versículosde versos. b) profundidade(8b),
c) Leste (9a),
Exemplo: d) Oesúe(9b),
e) f r euos( 11) .
O Salmo139surpreendenão somentepela excelë,ncia literária ,,setomoos ososda aluorada.."É uma referência
comotambémpelasublimidade de suamensagem espiritual.Possui No verso9..
24 uersos, divididosem 4 estrofes (qusternárÍo), contendo poética
'Confins ao nascerdo sol e, portanto,ao Leste:"e me detenhonos
c a d a u ma 6 u e rso s (se xti l ha) .Veiam osa estr utur adeste dos mares",ref.erënciaao mar Mediterrâneoe, portanto,
maravilhosopoema:
nasEdições
Parágrafos
T" e stro fe : 7 -6 : A Onisciêncís Díuína
A R A - G nl . l - 3 I nnc-cn t't-s
2 " e stro fe : 7 -7 2 : A Onípresença Diulna n
pr incí pio, cr iou Deus os
3" estrofe: 73 - 78: A Onipotência Díuína cr iouDeusos céuse a
l N o pr incí pio. l No "
^céus e a terra.
^I terra.
4s estrofe: 79 - 24: O Problema do [ulal :A terra.porém.estavasenrfonnae va- r E a terra' era selì'ìforma e vazia:e
lrevassobrea face do abisrno,
zia; haviatrevassobrea facedo abismo,e o hat,ìa
e o'/Espírito de Deusse movia sobre
EspíritodeDeuspairavaporsobreaságuas.
a face das águas.
Na prímeira estrofe (1-6).'tratada onisciéncia
diuina. rD isseDeus:Hajaluz;e houveI uz.
: E disseDeus:"Hajaluz;e / houveluz'

O Salmistaafirmaque Deusconhece: VI VA- G n l. l- 5


í, quandoDeuscrlouos
a) o seucoraçõo(7), I so conl.Ço.
criouDeusroséw e a tena:. céuse a terra,a lerÍaeravaztae sem
No princípio,
IttA ÌonÌÌa
b) os seuspensomentos (2), terraera sem fontrae vazia': havia definida.O Espíritode DerrsestavaeÌ.Ìì
trevassobreafacedoabismo,e o Espíritode cinradaságuas.'
c) os seuscaminhos(2), r - 5Disse
Deuspairavasobrea facedaságuast. Deus:"Haja luz". E a luz
d) as sua palauras(4). rDisseDeus:Hajaluzs;e houveluz". aDareceu. Deusficou satisfeito,e separou
I Viu Deusquea luzeraboa e fezseparaçãoa'luzda escuridão. Assim,Ele deixoua
O homemmoralporinteiro,toda nossavida interiore exte:i'or. entrea luz e astrevas.sE çhanrou Deus luz brilharutll pouco.e depoisesctrreceu
de novo. Deus chamou"noite".O diae a
onisciênciaé vista como uma realidadecontroladoraque à luzdia,e àstrevasnoiteT.E houvetarde noitejuntosformaramo prinreirodia.
e manhã- o prirneirodia.
O texto em seu contexto t25
124 Hermenêutica Contextual

ao Oeste.Nem o/fura,profundidade,Lestee Oeste,Luz, e ainda Exemplo:


as treuas,podem ocultar-nosda presençade Deus atravésde seu O Salmo I, por exemplo,possuiapenasduas estrofes,clue
SantoEspírito(vs.7,1
1). além de seremfacilmentedetectadassão de uma coesãointerna
Na terceíra estrofe (13-18): trata da onipotê.nciad.iuina, símples,por trataremapenasde dois temas:o justoe o ímpi<>:
claramenteevidenciadona repetiçãodo verbo formar (vs. 7") A bem-auenturança do iusto (1.1-3);
13,14,15).Nestaterceiraestrofeo salmistarelacionaa onipotência 2") A breuídade dos ímpíos (us.4-6)-
à presciênciadivina: "os feus olhosme uiram, a substâncía
ainda
informe" (16, cf.I7,18).Deveríamosterminarde ler estesversos
com a mesmaadmiraçãodo salmista:"Que precíosos O mesmoexemplopode ser verificadono Salmo23:
para mim,
ó Deus,sõoos teuspensamentos! E como é grandea samadeles!"
(v.17). 7") O Senhor é o nosso anfitríõo (us.1''3);
2") Deus estâ com os peregrínos (u.4 );
Na quarts estrofe (19 - 24): tratado problemado mal.
Depoisdo salmistadivisartodos os excelentesatributosdivinos, 3") Deus é o nosso Acolhedor (us.5-6).
consideraque uma visãoclaracomo essa,só pode levaro homem
a abandonaro pecadoe aborrecero mal. Esta é a razâoporque
condenaos pecadosdos outros(vs 19-22)e o dele próprio (v.23- Nunca é demaisrepisarque o autor quandoterminaa seção
24). Ao contemplarmos a Deus,a semelhançado salmistae de de um parágrafousa certostermos que indicam estetérmino e
Isaías(6), só nos restaajoelharmosem oração,temor e confissão! outros vocábulosque semaforizamo inicio de outro. Devemos
', atentarpara:
A estuturado Salmo139 sugereo título "DeLjsé Louuadopelos
SeusAtribufos"ou ainda "Deusdeue seradoradopelo que É " .
Em cada um dessestítulosverifica-seo relacionamentocom / As alteraçõesde gênero;
os b/ocosou estrofesque o formam.O aluno deue ter o cuídado ,/ As alteraçoestemPoraís;
de compreender satísfatoriamente s menssgem de cada
parógrafo ou estrofe, a.fim de tematlzó-los de scordo com o / As alteraçõesregionais;
*
títuro ou uice-uersa. r r' As alteraçõesde personagens;
*
Há Salmos,que possuemuma estruturainterna bastante i:
,/ As alteraçõesde conectíuoslógicos'
simples,sendoformadospor poucasestrofes.

" CfJ.Sãtow Bexren,Examinaios Escriúuras , lggg, p. 130-1.Uma observaçáo


interessante
é que a divisãoem parágrafos foi feitaporJohann A. BeNcel(L687-
1752).BeNcelpadronizoua pontuaçáo
e a divisáoemparágrafos do texto.Cf.paroschi,
op.cit.,1993,
p.119
12 6
Hennenêutíco Contextuql

NOVOT6STAI4ENTO
DE ERASTIO
( 1s16)
r ir ÌÁ SEC v N D Vn{
^ OÌxÁÁÍ, Lv C ÃÁ1 I+I
&Gípulí cius,dícércs.r] cÍIòch.uc perer
tl uoli . Íìr
_ipícdi.xit. Vobís .latuin cft
l nol tc myÍtcrie rcgní dci,c;r:ciís
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E{ audicnrcs nó ínrclliqanr . Eft


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Ircc oarabola. ScrncnãÍÌ ucr buln
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V ur aurcnt Íeorsur.r,rì,l ri íi rnr qui aur
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l uerbum dc cordccorum , rrc crcclt
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cum audrcrinr, cum
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LL
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taoonis,rcccdu-nt.
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trus uitt cunres íuflbcantur, g{ norr
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C tum affèrunt i n patícnLi a. N c,,ro l u.
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n ó coguoftar/S {i rr.pperul ,i,r.,,i .ri . V i
ill o .:.l rgp .pornodo arrdr;rti .;.
cni rn h.rbcrrl abrl rr i l h.& qrrr.trrì,1: erríí,1s
lil lìi.bc(,crí.rnìquoJ prrr.rtfi j h,rb.r.'.rur
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o lr$to /u,Arrl .h' a* oo*,ltüln
tl l( 'rcrrl r:ìbrl l o, V cn..rrrrrt .rrrrcrrr e,l i l ,
l lu l Ìr l Ìríl tcr 8{ fri rrcs trus . ft l ì(,tr
r ,Ìrrrrrl i rr crl pr.r-.trrrb,r.
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Itr nri r r.ri ü , Íì.
ilil.rvl .ìt(ìrnr.18{ l r.rrrcsrtrr í ì r nt fôr
i uol ç :1c s ç 1.111i ,.1 ç.
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coa Iv l .tt( 'r uÌ/..1S{ ír .r r r c s r nc r l r i
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ucrbi r .l c r auc l r unr , ô{ í.r , i .r ,,r . I,.,.l t,,r i
r ' ÍÌ .r ur r nr i r r r r r r e c l r t r r l . S{ i l .í,. .r íi c r r c l i r
irr n.lurcuhrn,E(
difcipulieiirs, s :rit.r.l "Puríssimu é u Íuu pulilvril;
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CONTÊNO
REHOTO
o

@^orroronterto, tumbémchamado de amplo,mediatoouremoto


de uma palauraou de um uersículo, é um contertomaior do que a
palauraou o uersículoque precedeoUsegueo uersículoconsiderado.

O Contexto remoto é formado pelas pcrsso'gensque


não oêm imediatamente antes ou depois do texto, mas
que se referem ao assunto do texto,

Além do exegetacontar com o esclarecimentodo texto,


derivadodo contextoimediato,ele também é auxiliadopelo
contexto remoto. Poís, este éformado por todas ss psssagens
que se referem ao assunto do texto.

Exemplo:
Já sabemosqual é o título do capítulo1 de Isaías,agoraé
sabero que o restantedo liwo têm a dizersobreo assunto.
necessário
No capítulo29.73 o Senhorcondenao cultohipócrita
de Isaías,
e a cegueiraespiritualdoPovo:

" O genhor àíeoe: lieto que eote Povo oe aproxima àe


mirn e cotrt â aua boca ê com o5 seuo lábioa me honra,
130 H ermenêutica C on t extu aI O texto em seu contexto 1li

ma, o 6eu corâção ê5tá /on7e de mim, e o seu temor que servemcomo exemplos:
Têmosváriospersonagens
parâ 6offii4o conerate àe ffianàârnentoa àe homena, que
maqu inalmente aprenàeu" . a) os filhosde Eli (1 Sm 2.12-36);
b) o estadode lsrael e dos seus socerdotesem Malaquías
É interessanteverificar que o livro de Isaías possui duas
( Mq 1;2;3;4) .Ao l er M al aqui as\'6- 74, par ec eq u e e s t a m o s
principais divisões:
ouvindoIs aíasem 1.11.
I A primeira, formada pelos 39 capítulosiniciais,cuja
temáticaé a "Denúncía dos pecados de Judó ";
Ao que parece' o contexto remoto de um texto nss
I A segunda,formada pelos capítulos 40-66, cujo tema
póginãs do Nooo Testamento' se encontrü aduzido no,s
-pràprías
é a "Consolaçõo de Judá " . cítações que prendem uma sítuação histórica
,l Todo o capítulo 1 está inserido na primeira seção (1-39), que presente (síncrônica) a um fato ou profecía pretérita'
é uma denúncíadospecadosde Judó. Assim,o capítuloé o primeiro
de um composto de 39.
Por diversasvezesos escritoresdo Novo Testamenio utilizaram
que
as profecias do Antigo Pacto - quanto a isso nada novo! O
No contexto amplo, o importante é ueríficar o tema muitos ignoram, todavia, ,é que essascitações tanto acentuavam
fato a
exposto pelo uersículo, parógrafo e capítulo e como ele o .,r-prìrnento da profecia na história quanto ligavam o
se relaciona com o esboço geral do líuro, e com temas um contexto remoto.
semelhantes em outros liuros.
Exemplo:

Em diversas ocasiões esse recurso é usado pelos escritores


Exemplo:
do Novo Testamento,como por exemplo, Marcos 7'6:
Já observamos comoo versículo11 de Isaías1 estárelacionado ,'Reoponàeu-lheo: Dem vrofeíizou leaías a reepeitroàe vóe,
à primeira divisãodo liwo. Agoraveremosa relaçáoentrea temática h iV ó c r i í a o , c o m o e s í á e s c r i t o :
do capítuloL com os demaisliwos das Bcrituras. E o t e p o v o h o n r a - m ec o m 0 6 l á b i o s ,
Recorrendoa temassemelhantes ao de Isaías1, em outros mao o oeu coração eot'á lonqeàe mim'
i
livros das Escrituras,estaremosaptos para entender o que as E em vào me aàoram, enoinanào àouírinas que eào
Escriturasafirmam sobre o t'ormalismo,o atiuismoreligioso,e as
V re c e i t o o à e h o m e m "'
próticascúlticasdestituídasde justíçae sensibílidadeespiritual.
Jesus ao fazer referência a Isaías 29.I3, cita a Escritura
O texto em seu contexto 133
132 H ermenêutíca C ontextual

ncia de Mateus 13.14-15e compare com Isaías6.9-10 (1"


respeitandoo contextoem quefoipronunciado,enquantoao diabo,
condena-opor usartextualmenteas Escriturasignorando,porém, ) , ou ainda a citaçáo de Cristo em Lucas 4.IB,I9 cont lsatías
o contexto(Sl 91. 11 cl. Mt 4.6).
1.1,2,
Se o próprio Cristo e os escritores sacros respeitarattrcr
creio não ser necessário
repisaro contextoda primeiraseção
ntexto das Escrituras, não devemos fazer o mesmo?
de Isaías(1-39)quecondenaospecadosde Judá,paraverificarmos
como é idêntica a situaçãodenunciadapor cristo aos seus
contemporâneos. O uso do Contexto Remoto por Cristo e maís tarde
pelos apóstolos, ínaugurou umq nouafase ínterpretatiua
Ao lermoso textode Mateus72.77-2i.:
das Sagradas Escríturas: A ínterpretação crístológíca.
Tendo as profecías do Antigo Testamento como pílar,
" Ei e a qui o meu 6ervo,que eec o lh í ,
mos sendo explorada de seu contexto maior e geral pars
o meu amâdo, em quem m in h a a lma o e c o m? ra z , um portícular e especíal.
Fa rei revousar sobre ele o me u E e v í riro , e e le a n u n c ia rá
o ju ízo aoo qenlioe.
Nào coníenàerá, nem qrií a rá , n e m a lq u é m o u v irá n a e Subindo um degrau acima em nossa investigaçãoé sempre
? r a çâ 6 a 6ua voz. praxe assinalar o testimonium de Cristo acerca das Escrituras.
N ão eoma7ará a cana queb ra à a , n e m â ? a q a rá a t o rc ià a ditos de Jesus sempre costeavam as profecias do Antigo
qu e fumeqa, at,é que faça venc e à o ro ju í z o . to. Quando uma controvérsiaenrubescia,citava um dos
das Escrituras a fim de encerÍar a polêmica e atestar o
E, no 6eu nome,eeperarã oo o g e n t io o . " r
lor proféticoda Escritura,senão vejamos:

Quanto mais estudamossobre o contexto, mas impressionado


(Mt 21.42 cf Rm 4.3);
r "Nuncalestesnas Escrituras..."
ficamos pelo respeito dos escritoressacros a esta norma. Mateus
r "Jesus,porém, respondeu:Estáescrito"(Mt 4.4);
ao citar Isaías,fê-lo dentro do contexto primitivo. A referè,nciaé
ao capítulo 42 de Isaías,precisamentena segundaseção do livro r " Como, pois, se cumpririamas Escrituras,segundoas
que trata da "restauraçãoou consolaçãode Judá". ais assimdeve suceder?"(Mt 26.54);
Os exemplos seguiriam incessante,confira por exemplo, a que o Cristovem da descendência
r " Náo diz as Escrituras
Davi ..."( M t 26.54) .

' PM.Beeuoe, De qcordocom asEscriúurqs,


Os ei x os i m pl íc i tos da autor i dade das Es c r i tur as
CadernosBíblicos,l9g2,p.39,pensa de
modo distinto.Paraele, Mateusnão se interessapelo contextodos oráculosque cita: veterotestamentáriasbrotam nas páginasdo Novo Testamento
podendo transp]antá.-los e mjsturá-los,cita por eiemplo, o uso combinado da Mq 5. 1
c om 2 S m 5 .2 O c i ta d oe mMt2 .6 .
134 H ermenêutica C ont ext u al O texto em seu contexto

co m o uma nascente límpid a e f re s c a . o mo d o c o mo c ris r, , ttpor meio" " por intermédid' (ôtà/dia). E o que se verifica, por
,
i nterpreta as E scrituras dis t in g u e -s e d o u s o ra b í n ic o c lt , plo, em Mateus 2:
interpretação da Torá, seja dos textos estritamente legalístic.,,
(halakah) ou todas as seçõesnão jurídicas (haggadah).
crisl,
interpreta o Antigo Testamentoa partir de si mesmó. No contexr. | "Ora, tudo isto aconteceupara que se cumprlsseo que
de seu sofrimentovicário explicae reinterpretao Antigo Têstament,, fora dito pelo Senhor por íntermédiodo profeta" (Mt
colocando-ono contextode sua situaçãovivencial (sitz im Lebem) 7.22,23cf. ls 7.74);
Essenovo método hermenêutico foiposteriormente adotad. ) " para que se cumprisseo que fora dito por intermédio
pelos apóstolos. Estespor sua vez, tanto atestavam a autoridadt do profetaIsaías..."(Mt 4.1'4,15cf..ls 9.1,2; Mt 72'77;
e infalibilidade das Escrituras quanto a reinterpretava a partir d; r 13.35,etc).
tradição cristológica inaugurada e exemplifiãada pelo própri,
M e stre. E m seus discursos , a o a f irma re m a a lt o rid a d e r, | " para que se cumprisseo que fora dito por intermédio
procedência divina das Escrituras, estavam de conluio do profetaIsaías.."(Mt 8.17)
com ;l
tradiçáo existente entre os judeus, mas quanto ao métod. | "Então,se cumpriu o que foi dito por intermédiodo
interpretativo, diferenciavam-se do uso prosaico dos rabinos; (Mt 27.9):
profetaJeremias..."
"...porque está escrito por intermédio do profeta" (Mt
2.s cf . J<t
10.35); "..irmãos,convinha que se cumprissea Escrituraque ()
Espíritosanto proferiu anteriormentepor boca de Davi" (At i.16). Procedimentosemelhanteocorreem Marcos:
A pregação kerigmática dos apóstolos era rustrada pela convicçã.
| "Conformeestáescritona profeciade Isaías"'"(1'2\'
de que as Escriturasda Antiga Aliança eram a expressãoautoritativa
da vontade de Deus para a história das nações, de Israel e da | " O próprio Davi falou pelo EspíritoSanto..."(12'36)'
Igreja (At 3.18).

Deste começo interpretativoé que o Antigo Testamentofoi t Id. Ibidem.Cf . também C.H.Dooo, Segundoos Escriúuros ' Estruturafundamental
redescobertoe reinterpretadona historiologia àa salvação cristã do úoro Testamento,Biblioieca de EstudosBíblico -7, 1979. Para
um estudo das
(1 co 15.3-4). Para tanto, seguiu-seum padrão normativo quase preposiçóes hypo e dio, consulteo DITN, VL. III' p'657 '
sacramentalno escopo do Novo Testamento,isto é, o uso de uma
3Otextona verdadeé uma combinaçãoda profeciadeZacarias(11.12,13)e Jeremias
frase-programa para referir-se as citações e reinterpretaçoes
(18.2,3;32.6-9).Náo devemossupor que Mateusse equivocouao citar livremente
veterotestamentárias. Este novo padrão introdutório é usado peio uma passagemcio Antigo Testamento, pois' pelo que o evangelistaprova em suas
narrador como discurso que semaforizauma redescoberta cio narrativas,este era familiarizadocom as EscriturasveterotestamentáriasÉ provável
quetenhacombinadoos textosacimacitadosreinterpretandoe parat'taseando segundo
sentido do texto. A fraseologiapadrão é " paraque se cumprisse"
a liberdadeque o Espíritoda inspiraçáolhe concedia,segundo à maneira cristológica
e o uso combinado de duas preposiçõesgregas"pelo" (únò/hypó) que
de interpretaro AT.Se apenasissonão resolvero problema é necessárioobservar

irì procedimento semelhanteencontramos em Marcos 7.2,3que atribuisomente a Isaías


O texto em seu contexto 139

CONTENO E LOqrcO
o
^RAI4ANCAL

@ Contexto gramaticale lógico regem-sesimultaneamente


lógico,
pelasleisda gramáIicae da lógica.o contextogramaticale
sempenetrar
lonfundem-sede modo queé.impossívelfalarde um
na esferade ação do outro'
O LVIILE^LV
\.,, :
estudaas regraspara a construçãoe
contextogramatical
lcoordenaçáo das frases, exclusivamente, através da sintaxe, a
no período'
disposição das palavras na oração e das orações
E n t e n d e -se p o r l ó g i c a a c i ê n c i a d o r a c i o c í n i o c o r r e t o . o
pensamento e o
contexto lógico estuda a coerência interna do
modo como é aPlicado.
oobjetivodocontextológicoéverificararelaçãoexistente
determinar sua
entre os termos de uma mesma frase, e daí'
viabilidade ou incoerência.
o nexo dos
O propósito do cantexto gramatíca| é' vertficar
relação da oração
termos com outros termos na mesma frase, e a
lógico' a
com outras orações do mesmo período' No conúexto
oração ou frase,
conexãodas idéiasde uma determinadasentença,
capítulo ou livro
relativas a outras orações do mesmo parágrafo'
do mesmo autor.

o c o n t e x t ol ó g i c o e s t á u n i d o a o g r a m a t i c a l ' p r i n c i p a l m e n t e
entre dois
através do uso de palavras que estabelecem ligações
140 H ermenêutíca C ont extu al O texto em seu contexto 141

termos ou duas orações, os chamados conectivos. Os conectivos


b) por couso:
podem apresentar-secomo preposições,conjunções r, etc.
Paulo aos coríntios afirma que o motivo pelo qual muitos
Os conectivos são palavras que ligam oraçÕessubordinadas cl
na igreja estavam fracos e enfermos era porque não discernianr
e coordenadas à anterior. Os conectivos são de duas espécies:
corfo de Cristo (v.29)'."?or cauoa àisío há eníre vóe muitoe
coordenanfes,pois ligam orações coordenadas e, subordinantes,
f ra c o s e e n f e r m o o , e m u i l o o q u e à o r m e m " ( 1 C o 1 1 ' 3 0 ) '
ligam orações subordinadas. Há ainda outros conectivos: os
Enquanto o versículo 29 abord,aa causa, o versículo 30 o efeito'
pronomesrelatiuos(que, quanto, quem, o qual, onde, cujo (depois
de substantivo),que ligam oraçõessubordinadasadjetivas,
c) porquanto:

Exemplo: Em João 3.L8 o uso do conectivo causal "porquanto" Tef.etre-


se ao julgamento sobre àquelesque náo crêem no unigênito Filho
Conectíuos Lógicos: d e De us : " Q u e m c r ê n e l e n à o é j u l q a à o : m â 5 q u e m n ã o c r ê ' i á
Filho
e e t á ju l q a à o ; 7 o r q u a n í o n à o c r ê n o n o r n e à o u n i q ê n i í o
{ Cousois porque
àe Deus',(.lo g.iS). A .u.rru destejulgamento-morte nâo é
Sã o conjunções subordina t iv a s q u e lig a m u ma o ra ç ã o foram predestinado a isso, mas sim, por uma decisáo voluntária
principal a uma subordinada na relação de couso e efeito. de náo crer no Filho de Deus.
Podem designar a razõo pela qual algo acontece: Noutra ocasião, Paulo aos efésios, ordena-lhes que usem
prudentemente as oportunidades, " Vorquâníooo àiae sào maus"
a) porque: (E f 5 . 1 6 ) .

Em 1 João2.8-L6,encontramos
nove vezesa conjunçãocausal
"porque".QuandoJoão afirmaque aqueleque odeia a seu irmão ',1 Conclusíuos
"estlr nas 6revae, anda nao írevas, e nào oabe para onàe vai: "
a couso disto é "Vorolueâs ï,revae lhe ceqaram oç olhos" . sáo conjunçõescoordenativasque ligam oraçõescoordenadas
conclusivas.

Designam a conclusõoda primeira oração:


LPamuma visãogeraldaspreposiçóes, conjunçóese interjeiçóes
importantesno Nï, cf. a) Portanto:
Carlos osvaldo PrNro& Bruce M. MErzcEn,Estudos do vocabulárío do Nouo Testa-
mento,7996,p.27-3LVejaBarbamFnraeRc & TimothyFReeRco (ed.),Nouo Testamento Essa conjunçáo, como as demais que se seguem' ligam à
GregoAnalítìco,1987, p.833-40;cf. DITNT. Os casosapresentadosnáo são exaustivos.
Dependendoda traduçáo adotada pelo leitor, um conectivo pode ser mudado por
oração anterior,uma oração conseqüenteque exprime conclusáo'
outro.Porisso,casoo estudantedesejeum estudomaisadiantadodevelerasbiblioqrafias "?orl,ânío,asgim como ?or um só homemenírou o Vecaào
recomendadas.
O texto em seu contexto 143
742 H ermen êuti ca C o nt ext u ol

no mundo, e ?elo ?ecaào a moríe, ao6im também a moríe oenào o eo7íriío ào homem oyuenele esr,á? aseim tambént ao
c o i6 a 6 à e D e u o , n i n q u é m â 6 c o m ? r e e n à e u ,e e n à o o E r ' v í r i L o
?ao6ou a toào6 oo homene, ?orquanÍ,o íodo6 ?ecaram." (Rm
5.12). àe Deus" (1 Co 2.1I).

No parágrafoanterior (6-11), Paulo refere-seao homem em No versículo 10, Paulo já havia atestado que o Espírito santo
sua condição de pecador: ímpios (v.6), ninguém morreria por um é, aquele que " eoquaàrinha íoàas as coieas, meomo ab
pecador (v.7), Cristo morreu pelos pecadores (v.8), pecadores profunàezasde Deus". A demonstraçáode que ele ainda não
justificadospelo sangue (v.9),os pecadoressão inimigos de Deus interrompeu o seu argumento é o uso do conectivo conclusivcr
,,ooi6,,.Esse conectivo não está apenas relacionado ao aspecto
(v.10),os pecadoressão reconciliados(11).
dìscursivoda linguagem, ele cria naquele que lê ou ouve, uma
Paulo conclui seu argumento anteriot, "portanío", e inicia expectativa para o que sucede imediatamente'
uma segundaoraçãousandoum conectivode subordinaçâo" aooim
como", ao mesmo tempo que conclui o período explicandoa razáo Assim como o espíritodo homem entende as coisasdo homem
porque todos os homens morrem, "porquanío". por causa da relaÇãoíntima existenteentre ambos, Paulo conclui,
àfirmando que somente o Espíritode Deus compreende as coisas
O encadeamentológico das proposiçõesque compõem este de Deus devido a relação íntima entre Eles.
versículo,leva ao seguintesilogismo:
Nesseexemplo,Paulo parte de uma dedução primária. física
e inferior, para uma outra, superior e metafísica. Mas a surpresa
Telopecaàoenírou a moríe no mundo que esperao leitor está no argumento que sucede:
Toàoeos homene?e c a m " O r â , n ó o n à o í e m o s r e c e b i à oo e o V í r i t od o m u n d o ,e e i m
Loqo,íoàos os homen; morrem, o E o p ír i í o q u e v e r n à e D e u e ,? â r a q u e c o n h e ç a m o eo q u e ? o r
De u o n o e f o i à a à o y r a í u i í a m e n í e " ( v . I Z ) '

Confiraos outros "poríânío" de Paulo aos Romanos:2.1: A conjunçáo explicativa " ora", prossegue ao argumento
5 . 1 8 ;8 .1 ,1 2 ;7 4 .7 3 :1 5 .2 ,.7
. antecedentedesignandoa relaçãológica entre ambos.Se o Espírito
de Deus, que nEle está,conhece os mistériosde Deus, estemesmo
Espírito,procedentede Deus, que também habita em nós . revela-
b) ossim:
nos gratuitamenteo conhecimentode Deus (v.10)'
Uma outraconjunçãomuito freqüentenas oraçõesseguidas
por conjunçõescoordenativas é o conectivo"assim".
conclusivas Outros conectivos correspondentes:
Vejamos:
"7ois, qual àoo homene enlenàe ae c o í e a e d o h o me m,
144 H errnenê utíca C ont extu aI
O texto em seu contexto 145

"?o r ío60": "7or içeo, Deue en'l,reqou íaíe


homene a "Mâ6, 5e eu taço o que nào quero"
imunàícia" (Rm 1.Za)
" m a e v e j o n o e m e u e m e m b r o 6 ,o u í r a l e i . ' "

" o o u e o c r a v o d a l e i d e D e u 6 ,m â e , e e g u n à o a c a r n e
"5e, poio, qu e e n e in a e a o u lre m,
nào íe
enoinaoa íi me6mo?"(Rm 2.26; 3.28) "Mâ6" é o tipo de conjunçáo adversativaque nitidamentc
in d ic a a d v e r s i d a d e d e p e n s a m e n t o s o u i d é i a s . D e n t r e o s
adversativos é o mais ácido.
",1 Aduersatiuas

S ão conjunções coorde n a t iv a s q u e lig a m o ra Çõ e s b) contudo:


coordenadas que expressamadversidade.
" ?o r i o o o , n à o à e o a n i m a m o o ;V e l o c o n í r á r i o ' m e e m o q u e
Designam aduersidade: o noooo homem exï'erior5e corrompa, contuào, o noeoo homem
in t e rio r e e r e n o v aà e à i a e m d i a " ( R m a J 6 ) .
a) mos: A idéia de adversidade e contraste nesse versículo fica
Essa conjunção,e as da mesma classe,ligam dois termos evidenciado pela oposição: homem exterior/homem interior,
ou duas oraçõesde igual função, acrescentando_lhes, corromperf renovar, ânimo/desânimo, estagnação/ renovo (dia-
porém, uma
idéia de contraste. a -d ia ).

"Mae em íoàas eotas Vejamos a adversidade demonshado pelo texto paulino de 2


coie a e o o mo 6 ma io q u e v e n c e ã o re e .
p o r a q ueleque noe amou" (Rm S , Z 7 ) Coríntios 13.4 onde "contudo" e "mas"se intercalam:

Paulo alista dez inimigos contra o soldado cristão: opositores "?orque, àe faro, foi crucificaào em fraquezat contuào,
(v.31), acusadores(v.33),condenadores(v.
34), tribulação,angústia, v iv e V el o V o à e r à e D e u s . ? o r q u e n ó s Ï ' a m b é m 6 o m o 5 f r a c o e
perseguição,fome, nudez, perigo, espada (v.3b),
poié., através n e le , m a e v i v e r e m o e ,c o m e l e , p a r a v ó s o u í r o o V e l o V o à e r à e
da adversarìva"mas", acrescentaque "em toàaà
e^íao coioae UEU6
6o m o 6 maie que venceàoreo, a q u e le o L u e
n o e
?o r a mo u , , .
A primeira sentença"crucificaàoem fraqueza" é contrastado
Nos textosde Romanos 7.19-25,paulo usapor quaffo vezes (contudo)com a sentençade oposição"viveVeloVoàeràe Deue",
o conectivo"ma6" semprecontrastando uma sentenÇacom a .enquantopOr meiO da adversativa"mas", O contrasteocorre entre
outra: 6 o mo 6 f r a c o s l m a s v i v e r e m o o ,c o m e l e '
"nào fâço o bem... ma6 o mal
que não quero, ee6e fâço,, Outros conectivos:
O texto em seu contexto l4'l
146 H ermenêutíca C ont ext ual

Comparaçáo. EsteS, geralmente iniciam uma or?ìç(t<t,ìtlvctltl,rl


"A lgun6, encerra uma comparaçao.
"?o r ém ?ar â h o n ra ; o u í ro 6 , ? o ré m, ? a râ
àeeonra"(2 Ím 2 . 2 O ). " lA o o i m ) C o m o e e d i o o i p a a f u m a ç a ,
" eníreLanl,o" "8, eníreíanlo, oo eeuo àiecípuloe lhe assim tu os àioVeroao;
roqâram, àizendo: Rabi, come" (ARC-Jo 4.31). como oe aerrel,ea cerâ ante o foqo'
"Ainàaque eu falaeseae línguaoàoe homençe a s s i m à V r e e e n ç ad e D e u s ? e r e c e mo e i n í o r u o e .("1' l
" aínda
àoe anjoo"(1 Co 13.1) 69.2)

" Quem
5enâo V oàep e rà o a r V e c a à o e o
, enàoum que " lAo o i m f C o m o e u o p i r a â c o r ç a T e l a o c o r r e n r , e s ò a s
é Deus?"(lvlc 2.7)
Áquao,
"..?âra eeràee vísboo por eleo: aliáe a 6 o i m ,p o r í i , ó D e u s , s u s V i raa m i n h aa l m a " ' ( 9 14 2 . 1 )
[ARA-
âtâ 6 "àouíro moào"], nào tereis qalaràão junto àe
vo6eo 7aí, que eeï,á noa céus" (MT 6.i - ARC)
Nesse dístico a segundalinha poética desenvolvea primeira
ndo-a a um nívelsuperior atravésdo uso de um conectivode
omparação " â6ôim". Como figura literáriaé claro estarse tratando
D e ve -sed i sti n g u i r e ntr e o "6enào" de M ar cos 2.7 um símile,ou seja, uma comparaçãoentre dois objetosou
do "oe nào"de 1 Coríntios13.1.Enquantoo primeiropode ser ações,normalmenteprecedidopor uma conjunçõode comparaçao'
traduzÍdopor "mdssim",o segundocontudo,o " nõo" é advérbio a fim de impressionaro ouvinte com algo semelhante.Tomamos a
de negaçãoe o "se" conjunção,que pode ser substituídopor iberdade de decompor essedístico como se segue:
"e", tal qual encontramosna ARC. "lAooim) ComooueViraa corça
pelao correníesàae áquae,
{ Comparatíuas aoeim,

S ã o co n j u n çÕe ssu b or dinativasque ligam or ações Vor Ii, ó Deua,


subordinadascomparativas. o u e p i r aa m i n h aa l m â . "
( 9 14 2 . 1 )
Designamcomparaçõo:
Além do símile, abeleza poética dessecanto está na sugestáo
a) ossim,(assim)como,ossimtambém: verbal do suspiroda corça.O salmistaevoca uma imagem auditiva
que projeta sentimentosde ansiedade,expectativae necessidade.
Assim,como,ossimtambém,são conectivossubordinativos
O texto em seu contexto t49
748 H ermenêutica C ontextu al

Esse recurso poétiôo chamado de onomatopéia também é usado q u a n à o e n í r a r e i e m e a ? r e g e n f ' a r e ia n L e a f a c e


no Salmo 93.3,4: De u s?( 9 1 4 2 , 2 ) .

" Oo rioo levantam,ó S e n h o r,


O anelo pela presença de Deus é comparado ao suspircl
oe rioe levaníamo 6eu ruíào, vel da corça, tal qual o salmista se expressa.
oe rioe levanxamâe 6uao ondao.
b) qual, (tal) qual, (tanto) quanto:
Mas o S enhor nas alíu ra o
é maíe V oderoeoà o q u e o ru í d o à a e q ra n d e o á q u a o Essesconectivos de comparações são usados em diversas
iões. No Cântico dos Cânticos é usado principalmentepara
e ào que ao gran à e eo n à a o à o ma n "
tar a graça e beleza do cônjuge, senão vejamos:

Em Eclesiastes7.6 pode-se ouvir o riso tolo: " Qual o lírio eníre oo eoVinhoo,
Nal é a minha amiga eníre ao tilhae.
"TorqLtequal o creV iíar à o o e o V in h o sà e b a ix o à e u ma (Tal) Qual a macieira enI're ao árvoree ào boeque,
Vanela, t,al é o meu amaào enlre os filhoe"(Cr 2.1,2)'
lal é o rieo do íolo;
íambém içso é vaíàade." Nesse epitalâmio o esposoe a amada exaltam mutuamente
qualidadesum do outro.
Voltando à imagem da corça, a figura típica do cenári.
Em 2.1, ela se expressaafirmando ser "o rosd de Sarom".
palestino nos períodos de seca e praga, foi usada como pal<r,
arom, era a planície costeira do Mediterrâneo entre Jopa e
profético por Joel (1,.77-20),especificamentetro verso 20:
aréia. Era uma planície fértil com muita água e vegetação
"Íambém ïoàoe oo anim a ie à o c a mp o b ra ma m a ï , i; . Ao afirmar que era a " rosa de Sarom", provavelmenteesteia
ndo de algum tipo de rosa que se destacavapela sua singeleza
?oroLuaoo rios oe 6ecaram, belezadas demais.
e o foqo consumiuoo Vaof'oodo àeserío,"
O esposo,respondeà amada, afirmando que assim como o
Tal qual uma solitáriacorça suspíroaudiuelmenfepor ágrr,r se destacaentre os espinhos,tal é a amaclaeutre as demais
não escondendosua sede e necessidade,assim o sâlmistan,r,, !ns. Ela respondedeclarandoque assimconlo utna macieit'a
conseguedisfarçarsua paixão e sede pela "fonte de águas VlVrì" destaca entre as árvores da floresta, assim o amado entre os
(Jr 2.I3\: ìals Jovens.
"A minha alma íem seàe à e De u s ,à o De u e v iv o ,
O texto em seu contexto 151
150 H ermenêutics Contextual

Cada uma dessascomparaçõesevoca uma imagem de fOdose tudo à Cristo condiciona essedomínio nestesterrnlos:
contraste,a fim de dignificare exaltaras qualidadesdo cônjuge.A " ? o rq ue í o à a s a s c o i o a e o u i e i Ï , o uà e b a i x oà e e e u c y t í " " '
amada ao escolherfloresta emvez de pomar, o faz para que o
Ma o , q u a n à o à i z o y u eí o à a o a s c o i e a s l h e e s í ã o o u j e i L a : " ,
contrastemais se acentue.O valor de uma macieira numa floresta
é muito superior aquela encontradano pomar. c la ro e e í á q u e o e e x c e T , u aa q u e l e q u e e u j e i í o u L o à a e a 5
c o io a s. "

Vejamosas três divisÕeslógicasdestediscurso.exemplificado


"l Condicionaís pelos uso dos conectivos:
São conjunçõessubordinativasadverbiaisque ligam oraçoes
subordinadascondicionais.
1- (exVlicalivo)
Designamcondíçao:
"7o<aueíoàas as coieae
a\ exceto. excetua: eujeit'ou àebaixo àe eeue Pée.
As conjunçõescondicionaisligam duas orações,principal t' 2- (aàveroaíivo)
subordinada, pondo a subordinada em relação de condição enr
Mas, quanào àiz que
que se indica uma hipóteseou uma condição necessáriapara quc
seja realizadoou não o fato principal. Ioàas ae coieae lhe esíão eujeiíao,

3- (conàicional)
" .. e xoàoo foram àiopereo eV e la eí e rra o à a J u à é ia e d t
claro eeï'á que 6e ExcEÍuA
7a m a r ia, exceío oe apóoïolos" (A t 0 . 1 c ).
aquele que lhe ouieiíou íoàao ae coioae

" .rcxceroCalebe,filho àe J e f o n é , o q u e n e z e u ,e J o a u i ,
filh o àe Nunr, V orquanío não ? e re e v e ra râ m e m o e g u ir t t , ,
Se n h o r " (Nm 32..12),
b) contanto que'.
"Exceto". em cada um dessestextos,pode ser substituítl,,
por "salvo".O versículode Nm 32.12,na verdadebiparteo versíctrl,' " A mulher caeaàa eotá liqaàa pela lei íoào o íem?o ern
11, e não deve ser consideradodistintodeste,ao contrário,segrr,' que o oeu marido vivei mâe, ee falecer o 6eu mariào, fica livre
a linha lógica da narrativa. quioer, contanto que eeja no Senhor"(.1
?ârâ ca6ar com quem
(,o '/,39),
Em 1 Coríntios 75.27. Paulo tratando da subordlnsç3eri,
A fuxb enl seu contexto 153
152 H ermenêutica C o ntextu sl

"Mae em naàa Íenho a rn in h a v ià a ? o r ? re c t o o a ,


co n tân to quê curn?râ com ale g ria a min h a c a rre irâ e o Qlruno oe At.ct'ls CoNn(:tlvos L<i<;tr'<ls
m i nie íério que recebi ào S enhor J e e u e , ? â ra à a r le s í e mu n h o
à o eva n qelhoda 7râça àe Deuo" (A l 2 0 . 2 4 ). pofque
R'rzÃtl: por cüusu
Em cada um dos dois textos, "contanto qLte" pode ser porquanttt
substituídopor "desde que".
p0rtilní0
No primeiro texto. a viúva élivre para casar-se.No entanto.
ussim
Paulo admoesta que ela não seja precipitada, condicionando a
Col<'t.t's.io: por isso
nova união "no Senhor". "Contanto', inicia a oração subordinada.
pois
estabelecendouma condição necessáriapara o novo matrimônio.
"no Senhor".
mus
Têxto célebreusado por diversosmissionáriose pastores,no conÍudo
versículo 24 de Atos 20. o Doutor dos Gentios, estabeleceuma porént
condiçáo para expor-se ao martírioi " contanto que cum?râ com AD\'IRsll)'\lx.:
entrcíünÍ0
a le q r ia a minha carreira e o min is í é rio q u e re c e b i à o S e n h o r ainda
Je su e , para àar íeeï,emunhoào e v a n q e lh oà a g ra ç a à e De u e " . senão
ulitis
Paulo não era uma cavale iro e rra n t e a p ro c u ra d e
redemoinhospara a batalha, dispõe-sede sua própria vida sob a ussint, ussint c0nt0,
condiçaode cumprir alegrementea carreirae o ministériorecebido ussimtumhént
da parte do Senhor, não de outro modo. conlo
C tl l tt' ,r n. r <, , it l: t1uul, tul tlttul
Registre-sepor fim que as conjunções coordenativas e as
tttttítt tlttttttttt
subordinativasque introduzem orações, não têm, isoladamente.
íuní0
ne n h u ma função sintática. Tod a v ia , s e me lh a a c re s c e n t a rà s
observaçoesanteriormenteexpendidas,que o conectivo pode
também exercer função sintática de sujeito de objeto direto. de e.r(('et0

objeto índireto,de complemento-nominal,de adjunto adnominal. cxceÍuu


C l < l i l ur ( , i<l:
de adjunto aduerbial,predicatiuoe agentedo possÍuo- os pÍonomes conÍiln10 que

relativos.Mas isto foqe dos limítrofesde nosso manual. desde que


154 H ermenêutí ca C ontextu sl O texto em seu context<t 155

No c o n t e x t o g r a m a t i c a l n ã o é a p e n a s n e c e s s i r t ' i r()r ) n ì ( )
Pelo que se depreende do que strás foí dito, o também plausível,que o intérpretefaça um esquema clatsclivisocs
contexto gramatical e lógico unem-se naturalmente no dasoraçÕesdo texto,a fim de que a seqüêncialógicado pens;rnrcrrt<r
discurso literório, cadq um emprestsndo ao outro suas do autor fique mais patente, além é claro, do períoclo (' sua
normas. estrutura.

No contexto gramatical, o hagiógrafo respeita as regra\ UtiI ao estudante é o emprego do método língüístíco-
gramaticais, no lógico, as regras do raciocínio correto. gramatical tsmbém chsmado de léxico-síntótico. Esse
método combina o estudo etímológico do uocábulo e a
Como a pouco perlustramos,o sentido de um texto segundo re la ç ã o d e s s e t e r m o c o m a s p a r t e s f r a s a í s q u e o
a gramática,não é o resultadode cada uma de suas partes, miì., acompanha.
é um todo relacionadode forma específicacom suas partes. Dzrr,
o cuidado que o hermeneutadeve ter para náo dar devida ênfas,'
a expressõesmenos importante. Enquanto na análise léxica ou lingüísticaa ênfase está no
O intérprete deue estar atento entre a relaçao da estrutur,t e n t id o e t i m o l ó g i c o , s u a o r i g e m ( é t i m o ) , d e s e n v o l v i m e n t o
(morfologia)e da funçao (partesdo discurso)com a interpretaçiro d ia c rô n i a ) , € o s e n t i d o d e s s e t e r m o e m p r e g a d o p e l o a u t o r
das Escrituras. incronia),a gramaticalou sintáticaverifica as relaçõesfuncionais
cada uma das partes inteqrantesda frase.

Exemplo:
r Análíse Etimológíca
Os substantivossáo as palavrascom que se nomeia algo. N,r
Bíblia temos vários exemplosdeles.como por exemplo:
O termo etimologiaprocede da língua de Homero. E formado
a) de pessoo(Pedro,Paulo);
dois termos "et1/mos"que,étraduzido por uerdadee, "logos",
b) de /ugor (Betânea,Egito)r tado, palaura, discurso ou relato. Etimologia é o ramo da
c) de coiso (pedra, porta); ngüísticaque estuda a origem, derivação e desenvolvimentodos
d) de conceitoou idéía (justificação.pecado, graça): ábulos. O alvo do estudo etimológico é proporcionar um
e) de oçoo (ascensão,crucificação), elc.. 2 ndimento claro do vocábulo em análise.a fim de que o leitor
ierno compreenda os matizes léxicos, culturais e semânticos
ue circundamo lexemaem apreço.
' Consulte.por exerlplo,Roy B. Zrrcx.A Interpretaçao
Bíblica.p.129-41V e r t a r r l , , ',
Augr-rstoGoraRoer,o. Portuguêsparo PregadoresEuangélicos,São P a u l o : \ / r , l '
Nov a. 1 9 7 9 .
O texto em seu contexto 15?
756 H ennenêuti ca C o ntextuol

Os verbos:
A análise etimológica pre c e d e a g ra ma t ic a l. Ná o e m
importância, pois as duas são igualmenÏe necessárias,mas por I agorazo (dyopcí(to: comprÕr,adquirir,l Co 6.20):
razóes metodológicas. I exagorazo (t\cyopoiÇu : redimir, comprar cJeu<>llu,
Gr3.13);
Nos variegados exemplos apresentadosnesta obra provamos
o quanto é útil esse recurso hermenêutico.Acreditamos porém, : Iibertarao pagarum resgate.redittir,
I lytrôo (Àurpóco
ser mais fácil apresentaros perigos e faláciasdo método quando 1 Pe 1.18).
resgatar,
usado inabilmente pelo intérprete, do que as regras seguras de
análise, composiçáo e interpretaçáo.As vezes, o interpretante é
encantado pela semelhançaepidérmica do seu achado e não E os substantivos:
acura, contrasta ou testa sua conclusão acumulando prejuízos
estratosféricosa intenção autoral. Na verdade esse método de r lytron (Àír.pov: preçode libertaçõo, Mt
resgate,
análisetextualse movimenta em busca do enlacee do divórcio, do 20.28):
falso e do verdadeiro,do reale do imaginário; as aparênciasfugidias
e ambíguas devem ser rejeitadas.A guisa de remate deste tópico, |l antilgtron (dvríÀurpov : resgate, preço pago para
vejamos como opera o método: Iibertar um escrauo, 7 Tm 2.6), e muitos outros, sõo termos que
merecem atençao do exegetaquando encontrados no texto'
./ Ler o parógrat'o uóriasuezesaté compreender-lhe
O estudo etimológico de um vocábulo conduzirá o exegeta
atecitura, o sentido,a mensagemque o litersto desejacomunicar.
ao estudo e a compreenção da estrutura e formação da palavra
Ler, não é pouco, se entendermosbem o que significao termo.
em apreço. Para tanto, o expositot terâ que imiscuir-se ao
fascinante estudo dos sufixos formadores de substantivos,de
./ Selecionaro termo-chaueou central do texto. adjetivos, de verbos, além é claro, de imergir na análise das
Os uocóbulosque se repetempropositalmente,os termos palavras compostas 3.
teológicos,litúrgicosou cerímoniaisque estaocarcegadosde
sentidopneumótíco(graça,expiaçõo,purificaçõo,redençao,
e t c ..),
./ Com ajuda de uma concordôncia bíblica uerificar
o Usodo termo em contextosanteriorese posterioresao escrito
este último, a terminologiausada para o e ao autor em anólise,a t'ím de compreender o uso díacrôníco
Exclusivamente
e sincrônicodo uocóbulo.
vocábulo "redenção"abrangediversosverbose substantivosque
participamdo mesmocamposemântico. Isto deve ser feito para que o hermeneuta evite a atribuição
de um sentido recenle de uma palavra ao vernáculo fossilizado
Exemplos: 3 Cí C.O. CarclosoPtNro& BruceM.Mnt'zcç-r<,7996.
op.cit,p'107-136
O texto em seu contexto I t1Ë
158 H ermenêutícs C on t extu al

parte da tltt'tì,''|1tltrlrr
fidelidade dinâmica, e provavelmente alguma
das Escrituras,o chamado anacronismo semântico 1, ou sentido de Lc 12:\ "r't'rtr
original não será entendida" ' Jâ o texto
anacrônico. Para evitar esta e muitas outras falácias o exegeta (" dos telhados",na BLH), um sttlr"ltlttl.,
dos eirado.s"
deve conhecer as significaçõesque o termo adquiriu no decorrer lìisl()ìlr 'r
do tempo, e o sentido corrente ou específico usado pelo autor LemânticopoÍ demaisanacrônicoque diminui a fidelidade
naquele contexto específico.Beekman e Callow, na opus rnagnum é u n*prnrsâo "seró anunciadopelo ródio"u. Recomendattttt)5 'r(|"
e callow, pât?ì rì{lll'k"'
A Arte de lnterpretar e Comunicar a Palaura Escrita - Técnicas de interessadosa leitura de carson, Beekman
que desejam conhecer todas as nuanças desta ciência'
Tiaduçao da Bíblía, tratando sobre a equíualência léxica entre as
línguas - quando coisos ou euento.ssdo desconhecidos na língua
receptora, assinalam que no caso da tradução:
./Consultar a palaura ossino/odona língua orígítrul
dicionarkt
Tiaduzi-la. Procurar o significadoda mesma em um
"... náo existeuma distinçáoclara entre o que é anacrônicoe o o termo crrt
hebraico ou grego' Obseruar se o autor empregou
que náo é. Contudo,há uma gradaçáoque vai do mcis anacrônico sentidopróPrio ou conotatiuo.
até.o menosanacrônico...Provavelmente, náo há hoje nenhuma
versão do Novo Testamentoque náo inclua certo grau de consultar o termo nos dicionórios teológictts
"/
anacronismo.No entanto,cosossériosde anacronísmopodem e especíalizadospara apreender o sentido original, desenuoluimetúrt
hagiógrat'r>s
devem ser evitados" 5(grifo nosso). histórico, campo semônticoe sentido usadopor diuersos
{Sercuidadosocomostermoschamadosdehclpur
uma ue7'tt(I
Entre os vários exemplos apresentados na obra, citam quatro Iegomenon (isto é, termos que aparecem apenas
substitutosculturaisque representama gradaçáode anacronismos Escritura).
aceitáveise inaceitáveis na traduçãodinâmicada Bíblia,destes por I -ttttir
É importante reconheceras diferençasapresentadas
citamosapenasdois: "Nin guém costuraremendode pano nouo e relatírtrts
Berkhof que divide estesem duas espécies:obso/utos
em uesteuelha"(Mc2.27).Ao traduziro textopara algumastribos
o p rim e i r o ' q u a n d o u m t e r m o a p a 1 e c e u m a ú n i c a V e Z e n l | r l r l r r
aborígenes da Austráliaque não conhecemo pano, e daí não apetr'tsttttt
u.ãruo de literaturaconhecida.O segundo,quando há
compreendemo sentidotextual,Beekmane Callow,consideram qtr(' Ìì'r
e x e m p l o n a s E s c r i t u r a s .J o s é M . M a r t í n e z a s s e v e r a
aceitávelna traduçãodinâmicaa substituição da imagem"pano" so p t ltl('
ocorrãncia de um hapax legomenon, o termo "('l
por "pele de gambá", visto ser essapele o artefatousado para ot t I rt'l'r
"determinado ou simplesmenteconjecturadopelo contexto
remendarum tapete nessastribos. De certa forma estesubstituto
comparaçáo de palavras análogasde outras línguas"''
c u l t u ra l p o ssu i u m ce rto gr au de anacr onismosem ântico.
entretanto,"deixarde usarum substitutoculturalpode diminuira
6 Id.lbidem .
a Cf.D.A.Cansoru,
A Exegesee Suas Falócias- Perigosna Interpretoçaoda Bíblio, São 7 Príncípíosde lnterpretaçaoBíblíca,1981, p 75
Paulo:VidaNova.. 8HermenéutìcaBíblica, 1984,P'I42
' Bnnxr,nN& Cnlr-ow,op.cit..1992,p.180-98
160
H ermenêutica C ontextual

Quanto a isto o expositor deve tranqüirizar-se,


pois os bons
dicionários e comentários exegéticos
sempre assinaram esses
termos raros.

./ Recorrer sempre ao contexto, seja


ele inicial, imedíato
ou remoto' Pois,mesmo que uma paraura
sejaporissêmica,o contexto
em que foi usada indicaró o
pretendido pero autor.D e u _
.t"niido
se portanto, atríbuír prioridade e
nÕo ao uersícuro isorado, mas
estrutura gerar do texto - ao a
broco que compõe cada um
uersículos. dos

CONTENO
H tsToÜeo

,oo.btra)tpl;an;a;nn oolrc
/.'l ut uh/q ãpt+*,t,

"Tittltrs qs tuas palilvras síio verdudeiras:


totlus os tuas justus lcis siio cternus,,.
st u9 160
eoNTEno
HI$OileO

@s contextossubseqüentese remotos sáo muito úteis parar.r


interpretaçáo de qualquer texto bíblico. Nõo podemos ígnorar,
entretanto, os matízes hístóríco-culturaís e líterórios que
enríquecem e adornam s mensagem de determinados
oersículos. Esta realidade parte da premissa de que o hagiógrafo
nâo é uma tóbula rasa,isto é, um indivíduo alheio à cultura de seu
tempo e desprovidode qualquer saber que o habilite a ter um pré-
conhecimento da realidade.

A inspiraçãodivina sobre os sacros escritoresnáo eliminou


,asSuasidiossincrasiase, portanto, valeram-se do registro.operado
pelos órgãos dos sentidos e da cultura do seu tempo. As vezes.
nos escritossacros,vazam essacultura dando beleza e fortalecendo
a mensagem.Quando não há uma citação literal de algum texto
literário,escreve-secondenando muitos dos costumesIicenciosos
e pagãos da época.

Exemplo:
Muitos leitoresse surpreendemcom a ironia, explosiio
de ir a , eufem i s m oe des abr i do,us adopor Paul o em Gál atas
5.72: " íom âr as e m ul i l aoaem aa que v oo i nc i íamà r ebel ài Lt"

O pomo da discórdia nessetexto é a circuncisáo.Esse telxt<r


O texto em seu contexto
105
164 H ermenêutica Contextusl

(rriì tllìì
No co n t e x t o v e t e r o t e s t a m e n t á r i o ,a c a s t r a ç ã < >
é polimorfo em seu contexto.Se valermo-nos do contexto hístóríco, (Dt 2:ì.1) A
impedimento à participaçáo nas assembléiassantas
pode ser que sejs ums referêncía oos ritos de castraçõo dos veernt:ttlt''
invectiva de Paulo à luz dessescontextos torna-se mais
sacerdotes, própríos do culto a deusa Cibele, na Galácia.
Exemplo:
O culto à Cibele foi introduzido em Roma na época da
segunda gueÌra púnica. A deusa era representadacom os traços e TextoscomoDt22-5;1Co11'13ou2Co13'12sãtr
a aparência de uma mulher robusta que trazia uma coroa de do mundo
interpretadosliteralmenteignorando as finuras da cultura
de Dt 21.18-
carvalho, torres sobre a cabeça e uma chave que levava nas mãos de então. Porém, quando trata-sede textos como os
interpretam
indicandoos tesourosque a terra guarda no inverno e concedeno verão. 27; 22.8;5,72;1Tm 2.11,].2,dificilmentealguém os
1. Deuteronômio
literalmente Mas, vejamos qual é o sentido de
Segundo a mitologia greco-romana, Cibele enamorou-se
22.5:
perdidamente pelo formoso jovem frígio Atis, a quem confiou o
cuidado de seu culto, com a condiçáo de que náo violaria seu ' Não hauerá tralo àe homem na mulher
voto de castidade. Átis violou o juramento, casando-se com a
e não veetírá o homem veote àe mulher;
ninfa Sangárida,sendo esta morta por Cibele. Atis em um acesso genhor teu Deus"'
de frenesi,tortorado pela morte de sua amada, se mutilou. cibele, porque qualquer que faz íeto abominação é ao
para evitar o suicídiode Atis, o transformou em pinheiro.
elarefa
Ao que parece a exegesede Deuteronômio 225 nào
Nos cultos a deusa, ao som de oboés e símbolos,todo tipo fácil, entretanto, admitir que o texto prova que a mulher
náo deve
de licenciosidadeera cometido - o som da música contrastava-se u s a rc a lç a s c o m p r i d a s ( o q u e é u m a n a c r o n i s m o s e m â n t i c o v i s t o
com os uivos dos sacrificadores. náo exisiiressaedumentáriánaquelesdias) carecede autenticidade
Uma porca, uma cabra ou um toro, era oferecido em exegética,senáo vejamos.
sacrifícioa Cibele para lembrar a fertilidade da deusa. Eram-lhe O te x t o e s t á e n v o l t o e m v á r i o s a s p e c t o s c u l t u r a i s
consagradoo buxo e o pinheiro em memória do desafortunado espíritolegal
eqüidistantesde nossacontemporaneidade,porém, o
Átis. Seus sacerdoteseram os Cabiros, os Coribantes,os Curetes, dá proibiçáo, atravessaqualquer temporalidade cultural'
os Dáctilos do monte lda, os Semíviros e os Telquinos, quase
22'5: a
todos eunucos,trazendo à memória a sorte de Atis. Dois termos sáo inclusivos para a exegesede Dt
o". mas
palavra hebraica kelí que se traduz por "qL)eé pertinenfe
Essessacerdotes,chamados também de Gálos, se castravam q u e re f e r e - s e c o n t e x t u a l m e n t e a q u a l q u e r t i p o d e
produios
ou emasculavam-se,retirando os testículos com um pedaço de manufaturados,embora também possa relacionar-se
a adornos e
cerâmica. Neste caso, seria como se o apóstolo afirmasse "se ióiasr e o vocábulo sinlah,traduzidopor roupa' veste
ou manta''
para ser saluoe consagrar-sea díuindade é necessóriocircuncidar'
se,porque naofazem eles como os sacerdotesde Cibele?"' I cí. P e<l ro cr t.rrr rs . (' ottrtt l nl c t' 1i l ' c l ttI tt l ìíhl i tr - l nl Itttl trç ti tt t) l l c t ntettc ttl i c tt l c) 8 0 .
p. l8
r cl eason A nt.rrnn, l ,,rrt' ìc l opédìu tl e l )i /ìc ttl tl ttrl c .t B íbl ìc ' tr,v .1997. p. l 6l
'1 66 t $?
H ermenêutícs C ontextual O texto em seu contexto

Sin/ah, é um entre vários termos hebraicospara designara ou oblonga de 2 a 3 ntcttos tìt'


numa faixa de pano quadrada
palavra portuguesa "roupa" ou "veste". A princípio era feita de e' é traduzicltt1t,t
i;;t;", que em hebraico se chamava me'yil
lá, mais tarde utilizou-sepêlo de camelo.Tiata-sede uma vestimenta Era enrolada no corpo coÌÌì()
,àõo, manto, túnica ou uestimenta'
exterior semelhantea um lençol grande com capuz, e os judeus a cantos do material na frcttlt'
uma coberta protetora, com os dois
usavam como roupa de frio. Os pobres a usavam como vestido (uma faixa de couro' com 10 cm cltr
unido ao corpo .orn "* cinto
básico de dia e como capa de noite (Ex 22.26-27). Sem e Jaf.é franjas com fitars
;;;; ou mais). os homens judeus usavam
tomaram esta vestimenta para cobrir a nudez de seu pai (Gn
a z u is n a o r l a ( N m 1 5 . 3 8 ) . A v e s t i m e n t a e x t e r i o r d a m u l h e r h eraÍn
ebréia
9.23). Outros termos sáo beged (Gn 27.75) que era considerado parecida com a do homem' todavia' as diferenças
uru *,rito
pelos israelitascomo um distintivo de dignidade do usuáriol o (Dt 22'5)' Era mais comprida' com
suficientemnntnoür"-áveis
addereth que indicava que o usuário era um cidadáo respeitável os pés (ls 47 '22)' e feita
borda e franja sufitiuntet para cobrir
( Js 7.21 ) ; e o labesh (Ct.5.3), t e rmo g e n é ric o p a ra ro u p a ,
Co n ì u mm a t e r i a l m a i s f i n o e m a i s c o l o r i d o . P r e n d i a - s eda àcintura
vestimenta,ou estar vestido '. a vestimenta mulher
por um cinto. Co*o no caso dos homens'
No contextobíblico,o uso que se faz dessesvocábulospoderia p o d ia s e r f e i t a d e m a t e r i a i s d i f e r e n t e s , d e a c o r d o c o m a c o n d i ç á o
peça de destaqueno vestuário
variar um do outro. As vezes, fala de vestimentas em sentido social de cada pessoa.uma outra
para a caoeça '
próprio, outras como sinal de nível social ou hierárquico,ou ainda feminino era o véu e um ornato
como recursopoético para comparar vestimentascom qualidades que a diferença entre a
Do que acima foi descrito' fica claro
abstratas.E assim que se diz de "uestesde justiça" (Jo 29.74), de in d u me nt á r i a f e m i n i n a e m a s c u l i n a e r a m í n f i m a s . D a írevestia-se
,considerar_
"saluaçõo"(2Cr 6.4I), de "força"(ls 52.1), e assimpor diante. que a proibição e a rotulação de "coisa abominável"
mos
e sacramentai do que de usos e
No trato com o texto de Deuteronômio 22.5, devemos de um carâlermuito mais moial
uma referência as perversões
considerarque sendo o povo judeu, no período de sua formação, costumes.A proiüiçao como tal era
aos cultos pagáos em canaá.
um povo nômade, as modas dos homens israelitaspermaneceram sexuaisu homorsãxuaisrelacionadas
qu a se i nalteradas, geração após g e ra ç á o , s o f re n d o a lg u ma Thompsonar.inaluqueLucianode.SamosataeEusébio'mencionam
deusa da fertilidade Astarte. As
influênciano início,da indumentáriados egípciosdurante o tempo a prática do travesti no .ulto a
e os homenscom roupas
em que lá foi cativo. Havia pouquíssimas diferenças entre o rnulhnrn.apareciamcom roupas masculinas
a posição sexual e relacional
ve stuá r io feminino e o mascul in o . A v e s t e in t e rio r q u e s e feminÍnas, nessescultos invertiam n' ordem natural era
assemelhavaa uma camisa justa, chamada de kethoneth, era característicos de tJu tn*o Essa inversáo da
criada por Deus entre macho e
feita de lã, linho ou algodão, e geralmente a pessoa que usava ofensiva e repugnava a distinção
apenas essa vestimenta interior, dizia-se que estava nu (1 Sm f ê me a ' T o d a s a s l e v i a n d a d e s p r a t i c a d a s n o s c u Ì t o s p a g á o s s ã o
79.24; Is 20.2-4). Náo havia qualquer diferença entre a kethonet s e v e ra m e n t e r e j e i t a d a s p o r D e u s n e s s e v e r s í c u l o ' p o i s q u e ' c o m o
masculinae feminina. A vestimentaexterior dos homens consistia

r ld. Ibidem
r hlicos.l988.p.115-l-13
N{e rrilC. fr, r r r , r ' ( et alì i) , I ' ì dr t ( - ot ì t lì unur t o sl . c n t l t t t l, }í c ('tttttcttltit'io'1982'p'224
5 .f.A. Ttt0irtps
()tj,!)eillet'()tl(ttttitt;!ntrttcltrç'[io
O texto em seu contexto 169
168 H ermenêutíca C ontextual

tl'-, tL'
afirma Matthew Henry: "a adoçõo das uestimentas de um sexo Paulo, na funçáo de mestree pedagogo, exacerbatìo
Alrt'l,r
por outro, é um ultrajea decência,mancha as disfinçóesda natureza, rs visuais para interiorizaro seu ensino nos discípulos.
tlo"
produzindo efeminaçõo no homem, indecoro e falsa modéstia na estímulos án tnut ouvintes, projetando uma imagettt
mulher, como também leuiandade e hipocrisiapara ombos"o. Fica uistadoresromanos sobre um ensino particular das Escrilttt,r"
claro que a condenação divina é contra o travestismo,ao indecoro O texto, sem dúvida, teÍete-seà exposição dos venci(los 'trr
(ltl('
e a hipocrisia característicade quem assim procede. Embora esta io, por parte da soldadescaromana e do populach<)
f'tltr
lei em seu contexto original náo tenha implicações diretas para riam para essascerimônias. Socorramo-nos com üm
c1r
com a nossa vida moderna, há algumas implicações indiretas: o qrrá provavelmente lançarâluz ao contexto históric'
"porque qualquer que faz úoÍscousosé abominóuelao Senhor teu
DeLts". Portanto, é bastante questionável se essa provisão especial
da lei mosaica deve s e r re le g a d a a o n í v e l d e me ro rit o N oanoSl d.C .,quandoos r om anos der r otar am C ar ata
inconseqüente, que se p o d e o u d e v e e limin a r me d ia n t e a bem quepoder i am tê- l om atadoi m edi atam enteec onta
ct
emancipaçáo dos crentesneotestamentários,os quais devem estar ória do massacre depois. Porém, não o fizetam' Levaram
umet
livres do jugo legalísticodo Antigo Testamento. r subjugado e o arrastaram pelas ruas de Roma' fazendo
içáo riacionalde que os romanos mais uma vez havianr
O Novo kstamento enfatua o vestuário adequado, modesto, sobre seusinimigos.
como elemento importante do testemunho cristáo (l Tm 2.9), pelo
que o crente dedicado deve vestir-sede maneira a honrar ao Senhor. Am ar c hatr i unfal ex i bi apubl i c am enteC ar atac us tr
Em Gálatas3.28 a afirmação de Paulo de que náo há macho e :dinadosao escárnio,quanto mais humilhado era o cativo,
fêmea, não se aplica a coisas como roupas ou costumes,mas aumentavaa glóriadostonquistadores.Os cativos,arrastacl.s
coIÌì rì
à nossaposiçáo espiritualperante Deus. O reconhecimentodas os calcanhares atrás das carruagens, contrastavam
diferençasrelativasentre os sexos,dentro de sua unidade comum aça adocicada do incenso que se seguia adiante deles'
à humanidade, é um princípio digno de ser preservado, mas Os templos com suas portas escancaradas,adornados
tlt'
facilmente mal interpretado '. madas fiores; sobre os altares incenso à divindade
trr,t
o. A fragrânciados conquistadoresenebriavaos pulrrlot's
vencidos.
Exemplo:
Náo havia necessidade de posicionar-seem praça públit'r
" Graçao, V orém, a De u o , q u e , e m Crio t o , 6 e m? re n o 6
à vistade todos,proclamarcomo foi a vitóriasobreos venciclos
c onàuzem briunfoe, ?or me io à e n ó s , manifesï,aem ï,oào lugar
atacus,como um troféu, estavalá para que todos o visse
a fragrânciado seu conh e c ime n í o(2
" Co 2,14-ARA),
Nossastraduçõesassinalamque Deus é'o agenleda vit<lri'
tt.ttr
1982,p.172.
" ('ontentarir.tl;regético Devocioru.tltle todu lu llihlitt,vl. I - Perrtateuco.
crente, "EIe noi faz triunfaratrauésde Cristo". O texto
T G leas onARc r r , n.1S97.op, c it . , p.16 2
O texto em seu contexto l0Í )
770 H ermenêutica C ontextual

tltr
ref.ere-seobjetivamente apenas a vitória do crente, mas antes iì Paulo, na função de mestre e pedagogo, exacerba no uso
vitória de Deus sobre o crente - onde uma aporia é demonstrada: ÌS visuais para interio1rzaro seu ensino nos discípulos" Allel,r
cìcls
vencendo Deus ao crente, estetorna-se vitorioso por sua submisão estímulos de seus ouvintes, projetando uma imagetn
a Deus, Jacó é um exemplo dessaverdade. Assim, o crente cativo, uistadoresromanossobreum ensinoparticulardas Escrituras.
é exibido por Cristo. Por empréstimo, Champlin comenta: o texto,sem dúvida, Íefere-seà exposiçáodos vencidosao
que
"Portanto,o sentidodessaspalavrasé que osprópriosapóstolos rnio, por parte da soldadescaromana e do populacho
um fato
sejamvistosaquicomoos cativosde Deus,aquelessobrequemo )orriam para essascerimônias' Socorramo-nos com
do
Senhorobtiveratotalvitória,e a quemexibiacomokoféusde sua rico quá provavelmente lançarâluz ao contexto histórico
missáoremidora,em CristoJesus.Essaexibição,pois,seriafeita
para benefíciodo restodo mundo,perantequem os apóstolos No ano 51 d.C., quando os romanosdenotaramCaratacus'
passariamem marcha,a fim de que outrospudessemunir-se à e contar a
?s bem que poderiam tê-lo matado imediatamente
paradatriunfal,deixando-sesujeitarao mesmopoder divino. Levaram o
stória do massacre depois. Porém, não o fizeram'
Porém,cederao poderdivinoé umavitóriahumana.Dessaforma uma
er subjugado e o arrastaram pelas ruas de Roma, fazendo
é que os homensverdadeiramente kiunfam"s. uma vez haviam
ibiçáo Ãcional de que os romanos mais
nfado sobre seus inimigos.
A m arc ha tr i unfal ex i bi a publ i c am entec ar atac us e
o cativo'
ordinados ao escárnio, quanto mais humilhado era
is aumentava a glória dos conquistadores.os cativos,arrastados
com a
os calcanhares atrás das carruagens, contrastavam
adocicada do incenso que se seguia adiante deles'
de
Os templos com suas portas escancaradas'adornados
era
madas flo.nr; sobre os altares incenso à divindade
os pulmões
o. A fragrância dos conquistadoresenebriava
vencidos.
pública
Não havia necessidadede posicionar-seem praça
vencidos,
à vista de todos, proclamar como foi a vitória sobre os
cus, como um troféu, estava lá para que todos o visse'

Nossas traduçóes assinalam que Deus é o agente da vitória


crenle,"Ele noi t'az triunfar atrauésde Cristo"' O texto náo
8R.N.CHeurpr-rN, .l995,
por I/ersíc'ulo,vl.lV,
O Novo 7ësÍamenloI,br,síc'ulo p.308
170 Hermenêutica C ontextual

[ef.ere-seobjetivamente apenas a vitória do crente, mas antes (ì


vitória de Deus sobre o crente - onde uma aporia é demonstrada
vencendo Deus ao crente,estetorna-se vitorioso por sua submisão
a Deus, Jacó é um exemplo dessaverdade. Assim, o crente cativo.
é exibido por Cristo. Por empréstimo, Champlin comenra:

"Portanto,o sentidodessas palavrasé queosprópriosapóstoros


sejamvistosaquicomoos cativosde Deus,aquelessobrequemo
senhorobtiveratotalvitória,e a quemexibiacomotroféusde sua
missãoremidora,em CristoJesus.Essaexibiçáo,pois,seriafeita
para benefíciodo restodo mundo,perantequem os apóstolos
passariamem marcha,a fim de que outrospudessemunir_seà LITERÃRÍO
CONTEKTO
parada triunfal, deixando-se sujeitar ao mesmo poder
divino.
Porém, ceder ao poder divino é uma vitória humana. Dessa
forma
é que os homens verdadeiramente triunfam,'8.

'a F"ta;'l'u'r*t o Á/' hra"' Üuunla'*t'

que níio Íent


',PrOcuru upresenÍur-Íe u Deus aprOvado, como obreiro
dc quc se envergonhur, que muneiu hem u paluvru du verduda".
2 'l'nr2.l1

8R.N.cHevpr-rN,
o NovoT-esronenr.
r/ersícuro
por l/er,çíc,ttro,vr.
rv I995.p.308
:l
CONTENOLNEP^/,RIO
o

0à escritoresestavam familiarizadosnão somente cottt ,t


cultura contemporâneaà sua época. mas também com a literatttl,r
poética. didática e filosofica.

Chama-se de contexto literárío o contexto que é própri<t


q literatura e publicações correntes no período uétero otr
neotestamentório, e que seruem como fundo literório psrct ü
compreensão dos matizes literários das Escrituros'

SegundoTenney:
I
"No ferirpç de At6:ttsto.Rortt<tocotrtodottt-ttttgrartde ouiuotrtettlr
literari}. do qtrctl<tpoetTVirgílì<>ercì UrÌì dos princípctis.Sttctolrt15
rrrcrisccrtthecicia,Lineidct.glorit'icact Rottto de Augtstct A epocu <lt'
Augtrsto foi o períodcs ritrect da p<tesía e literotrtr<t ictittttr i Or
OClclrnOdO cltte eS<'reUiO
pCtr tfu"trttCì<;. p6e.siqsrì()sritg/de-sqrr'1Ì{'\
.SL1CS
e por ()tttjclic't hi.sÍóricrs
<'ttlcts greg7 e r()fÌÌorìcÌrertt'lttt"
clcrrrritg/<-rgio
trtCrrOi.s
ctfiÍttC/eS
O.S dO pOt)OrOllìOtì() ntpnt/tt/rr'/''
r'<lrttetrtpCtrâtìeOS
estctcupaz cle es!>antarqtnlqrrcr habitarúede socftrrrio/Moi.sltrr,i,
o estoic't>.
ò^érrer.cr, e ttrtctrrie Nenr. prodtnítt erì.)^cÌl().ç ,
filo.solir'o.',
trageclicts Petr<jrtir>
drotltriÍit:cls. c:otrtpósttttictttOtreir-r. cTtleoÍtttltr/trrt'
s i'it 1n( '( ì r Ì r r ir ÌI r/ í '
de <'onhet 'it t ì ellt ( t)ja
é r r r r r r rClgSnt elh1r e. s/ pr t t <zs
174 H ermenêutica C ontextual O texto em seu contexto 1?5

seus tempos. 1Võomuito depois desúes,surgir,m plínio, o Velho, lgr am m a( l etr a) por s ei s v ez es ( engegr am m ene[2ttez '<:s
com sua História Natural, os historisdores Tócito e suetônio e, grammatos,grammae grammasin,vs'2,3,6 (2 vezes);
depois destes,o satiristaJuuenal t .,'
I diakonetheisa (ministrada),diakonous,diokonio (3,6-9),
Ao contextoliterárioalia-seo estudo das formas líterórias. e doksapor oito vezes(7,8,9,L0,11)'
Essemétodo combina a crítíca dos gênerosliterórioscom a (abençoou),
investigaçãode sua história.A crítica dos gênerosliterários r Em Efésios1.3,eulogefos(bendito),eulogesos
investiga-os
com baseem determinadoscritérios.A históriados eulogia(bênçãos)'
gênerosé a históriade seu uso no quadro da históriado oriente
Médio,do OrientePróximoe da Europa,. o Novo Testamentomostraque esteera um recursousado
cada um dos hagiógrafosapresentaem suasliteraturas, por outros escritores.
váriasfontesde pensamentosque encontram-serelacionados
c o m a co mp o si çã oe co e rção liter ár ia de vár ios textos Exemplo:
neotestamentários.
o apóstoloPaulofoi o escritorsacroque maisse utilizoudo r Tiago no capítulo1.22-26tepetepoietai(fazer\por quatro
contextoliterárioe culturalde sua época, provavelmentedevido vezes,e nos versículos26,27 repele thrêskeía(religião)por três
sua cidadaniatambém romana e a sua vasta intelectualidade, vezes.
u s a n d o a q u i e a co l á vá ri o s recur sosor atór ios,tais como o o propósitodo traductioera reforçaro sentidoimediatodo
"traductio"e a "diatribe". texto atravésda rePetição.
O principal propósitoda diatribegregaé' fazet com que o
Exemplo: escritor entrelogo em contato com os seus leitores,como um
orador com seusouvintes.
o traductioera uma técnicaretóricausadopelos escritores
latinosem que o escritorrepetia insistentemente
um uocóbulo. Exemplo:

r Em 2 Coríntios3, por exemplo,paulo repeteo termo Paulo usandoo recursoda diatribeaos seusleitores:
kanoí(capazes)
por trêsvezes(ikanoi, ikanotese ikanosem,vs.5,6);
r faz perguntas
apostrôfa-os, (Rm 3'13; Gl 3'19);
I cf. Merrilc. TervNc'v,
o Not,.7ësramento,
stroorigeme.'lnáli,se,l995,
p.gl I introduzum aduersóriofictício(Rm 9'19; 11'19):
r Para uma compreensão
adequada das formãs literáriasáo Noïo Testamento
recomendamosa obra de Klaus BERGER, As Formqs Literáríasdo Nouo Tèstamento, I ' fazobj eç oes
( R m2.L,3;9.20;14'4,20,22) :
Sáo Paulo,EdiçóesLoyola:1998.
176 H ermenêutica C on textu al O texto em seu contcxltt 1ï?

r e gosta de antíteses( Deus/mundo;justiça/pecado;


(Ì(rrlt,.'r'!fétll
espírito/carnel;espírito/letra;féllei; velho homem/novo homem: o contexto histórico e o literárío, às uezes,
longe/perto),. simultaneamente esclarecenda o sentido de deta'rmlnuúoa
textos.
Nos escritospaulinosocoffem certasalusõesaos poerase
escritores
gregose latinoscomo Píndaro,Aristófanes,Epimênedes,
Sênecae muitosoutros. Exemplo:
" l7i"'tr';'tvt'l
É o que ocorre por exemplo em Romanos 7 '24:
Exemplo: homemque eu eout quem me livrará ào corvo deeía moríe?"

Em Atos dos Apóstolos(17.28), paulo f.az citaçáode um o sentido literal é que o corpo, por meio da alnta
texto poéticofamiliaraos atenienses:"... como também alguns pecaminosa, é controlado pelo princípio do pecado-morte. Mas o
dos uossospoetasdisseram:Poísdele também sornosgeração". s e n t id o h i s t ó r i c o p o d e t a m b é m f a c i l i t a r o e n t e n d i m e n t o d a
mensagem.
o usodo pronomena segundapessoado pluralindicaque No mundo antigo costumava-se castigar um assassinopor
mais de um poeta havia se expressadonessestermos.No texto, seu crime amarrando-o membro a membro com a sua vítima. Na
Paulocita a poesia"Fenômenoslphaínómena,, deArato (3lS-240 medida em que o cadáver se decompunha, o criminoso sentia
a.c.), poeta,astrônomoe filósofoestóico,originárioda cilícia, todo o horror sufocante desse estado.
onde o apóstolonascera,e também,a poesia*Híno a Zeus,,de
cleantos (331'-232a.c.), filósofo,discípuloe sucessord,e zenáo. É provável que o versículo 24 seja o próprio grito do
o fundadorda escolaestóica. condenado: "talaiporosego anthrôpos.ftisme husetaiektou thanatos
toutou""
O contexto literário também pode auxiliar a interpretaçár-r
" E ncheele (Zeue)também o mâ r, t o à o
o rib e í roe b a í a : desseversículo.Virgílio (Eneida)esctevesobreessapráticatarnbéni
E todos, em tuào, precíoamooàa ajuàa àe Zeue,
como uma forma bárbara de tratar prisioneirosde guerra:
Toietambém oomoooua geração,,
/- ^ - -\ o "Que línqua Voàe àeecrever f'aie barbariàaàes'
\renomeno7,'t-51
Ou enumerar oo maooa;reo àa eopaàa implacável àele'
Não foi basíaníe que oo bone, oo inoceníeo sanqra66em:
r Diatribe (õLatplBï),
é unr colóquio - uma forrna literária cor.nelenrentosde diálogo. Cf. A
Van DervBoxr, Dicionát.Ìo Enciclopédic.oda Bíttlia,l9g5,p.397. Ainàa pior, ele âmarrou oo moríoÕ aos vivos',
rR.N.cuer,rplrN.oÀbr:oT'e.vÍantentotr'et,sículopot.
l,ersículct,1995,v;.III,AtosaRonranos
p.3 77
O texto em seu contexto I? Q
778 H errnenêutica Cotàtextual

mã o V a r a n o o a i u à a r e m n o 6 6 a a o c e n ç ã o ' A à m i r a : ' L e :
Esíeo, membro a membro, 106í0 a rooIo, ele fixou; que um homem?066â oheqarjunío àos àeusee?E Derr'
'?at'
Ó crime mon6íruo6olcrime 6 e m ? re c e à e n t ' e . que vem eníre os homeno, Além àisso' ele se
7em Deus, nào exietre almtt
Os vivos, sufocaàoe com feàor, míeeráveisàeitaào lá; V ró x i m o , à e s c e n e l e s '
, o o ? o u c o 6 ,mo rc e ra m! "'
E, neoíe abraço repuqnaníe â s á bi a . " r

Ao lermos essetexto Son]os capazesde estatuirque o mutttl()


Exemplo:
do Novo Testamentoanelava pela presença real de Deus entrc
E m 1 Coríntios 75.32, " c o ma mo o e b e b a mo s , ? o rq u e eles. Qual náo foi o impacto da mensagemde Joáo 1.1-14,76-18
amanhã morreremoç"é a mesma expressãoque se encontra em e Marcos 1.10-11, por exemplo,no mundo de então?
Isaías22.t3. Escavaçõesarqueológicasdescobriramnuma aldeia
Essesconceitos refletem o panteísmo estóico e os ensinos
vizinha a Târso,Anquiale, uma estátua de Sardanapalo (fundador
das religiões de mistérios, pois derivavam de autores pagãos,
da cidade de Târso) com a seguinte inscrição: "Come, bebe,
honrando a deuses pagáos. Entretanto, Paulo empregou trechos
desfruta a uida. O resto nada sígnifíca". E bem provável que além para
dos poemas destes,direcionando certas verdades distorcidas
da citação de Isaías, Paulo tivesse consciência dessa declaração,
a adoração ao único Deus.
tendo visto a estátua por mais de uma vez 6.

Devemos considerarque Paulo aof.azercitação de um trecho


de qualquer fonte literária,está usando um recurso retórico comum Exemplo:
em seus dias. O filósofo e escritor Sêneca f.ezlargo uso deste Em Tito 1.!2, o apóstolo afirma: 'E foi iuoíameníe um
método, e em "Cartasa Lucílio" faz citação de Virgílio quando diz: creNenae,àa r'erra àeles, oyueàiooe: "Os creíenses E?itt
proteta
'oem?re
"No coraçàode caàa homemàe bem "habit'aum àeue. meníirosos,animaisferozee,pre4uiçoooee qluíõee"'
Qualé ele?Não eabemoe:mao é um deuo",(grifo nosso) '. o apóstolo Paulo faz citação nessetexto, de um precot-tct'itrr
Ainda na mesma obra, Sêneca orienta ao seu aluno para já existentãno ambiente greco-helenistacontra os cretenses.I .ss''
-hexâmetro
que depure a sua idéia da divindade. Segundo o filósofo, Deus é atribuído a Epimênidesde cnossos, poeta do sÓtttltr
,ìr'
desce entre os homens. Escreve: VI a.C., escritordo poema Minos, Têogonia e uma coleÇ;to
Oráculos.
" Os àeu6eo nào íêm po r n ó o n e m à e e V re z o , n e m
I
i nveja;elea noe queremjun í o à e s i e n o o e s f ' e n d e ma A tradiçáogregao chamava de profeta e poeÏa e ate tÌtt'stttt
('()ìrì()
reformador religioso.Champlin afirma que alguns o tetlt
5 Id. Ibidem,7995,p.3'/7
vl. IV i995. op.cit.,p.259
" CunNrpLrr'Ì, 8Id.Ibi dem ,1992, p. 29
no lnrltóriolÌonrano,l9!)2,p.30
e lÌcligìõc,,;
' .1.Corrnt'& J. P.Lr.r,urrox,l'ido
180 H ermenê utíca C o n t ext ual O texto em seu contexto 181

um dos setehomensmais sábiosda culturagrega.E a citaçãode Exemplo:


que os cretenses são mentirososé porque,veja só, elesgabavam-
se de guardara tumba de zeust.o apóstolo paulo conheciatanto O texto de Judas 9, desdeOrígenesé consideradocitação
a culturae carâterdos habitantesde creta que confirmouo poema chamado'Assunçãode Moisés".Nesselivro
liwo pseudepígraf.e
no versículo13: "E o que dísseé uerdade!,,n sta que:

" ... o Diabo náo queria permitir que Miguel sepultassea Moisés
porque o corpo de Moiséspertenciaà ordem material, acusando-
os escrítores sagrados usaram uez por outÍa, não somente
o de homicida e, por isso, náo merecia um sepultamentodigno.
a poesía e tilosofia do seu tempo, mas também protsérbíos,
e Miguel retruca,afirmando que o Senhor é o criador e governador
textos apócrífos.
do mundo material,pelo que Satanásnáo possuíaqualquerdireiio
de se declararsobre o assunto..."11.
Exemplo:
Sem mencionar as diversasfiguras apocalípticasusadas no
Em 2 Pedro 2.22, o apóstolocita provérbios 26.rla e das Revelaçõesque eram comuns a livros congêneres.Muitas
complementa" e â ?orcâravaàavolta a revorver-oe
no ramaçar',. declarações literárias e outras semelhantes eram ouvidas
A segundapartedesseprovérbiocombinado é d,efonte não m freqüência entre os filósofos estóicos, poetas latinos e do
bíblicadesconhecida. Entretanto,
os dois animais(cãoe porco)já nhecimento da plebe.
haviamsido usadospor cristo em Mateus7.6, e devidoaosseus
No Anti go T es tam entoa c om bi naç ãoentr e c ul tur a e
hábitos imundos,servirampara os filósofose poetas ilustrarem
teratura não deixa de ser menos interessante.Existia forte
os víciosmorais- um indivíduoera chamado,decão por causado
uência egípciana terra de Canaá antesda chegadados hebreus.
desregramento morãlvividopor essapessoa.É o casopor exemplo, quer dizer que os hebreusforam atingidosnáo somentepela
do pai da filosofiacínica(cinismo),Diógenesde sinope, que Íoi
Itura cananita, mas também pela influência que a cultura do
chamadode kúnikos,istoé, "parecidocom um cao' (dàrcinismo).
ito mantinha em Canaã. Semelhantementeocorre no domÍnto
por satisfazer
seusdesejospublicamente.Certaocasiãomasturbou_ terário, basta observar a influência do hino de Akhenáton
se em público a fim de mostrarcomo é fâcil a pessoasatisfazer
me n ó f i s I V ) c o m o S a l m o 1 0 4 , o u a i n d a o p a r e n t e s c od e
seusdesejos10, de
árbios22.17-23com algumaspassagens
do Ensinamento
n-em-opet.O mesmo ocorre quando comparamoso "Cântico
e CHavrlrN,1995,
op.cit.,vl. VI, p.336. Cânticos" e alguns cânticosde amor egípicio 1'
0Parauma visáo social
das filosofias e religióesno tempo do Novo Tesramenrover
Eduardo ARENS, ÁsiaMenor nos kmpos de paulo, Lucase Joao 1995, op.cit.,vl. VI, p.336.
CHnvplrN,
Aro.;;;; ;r;;;
econômicospora a compreensaodo Nouo kstamento,sáo paulo,Faulus:1997. Cf.A.BARUCQ (et alii), Escriúosdo Oriente Antígo e FontesBíblicas,São Paulo,
o. 1g5_
197.
óesPaulinas:1992.Ver nota no. 1do capítulo3
O texto em seu contexto I [:l
18 2 H ermen êutíca C ontextu al

DENASH
PáPÍRO

NCIASBIEUOqRA
FERÊ
P.E FICAS
1968'
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? r ovâvel mente
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Ao ler Hermenêutica Fócil e Descomplicada, uocê
PARoscHI, wilson. críticakrtual doNouoTëstamento,sãolàulo: Mda Nova, 1993. inantemundodainterpretaçaobíblica.oprofes.sorEsdrosCcl's/rt
PFEIFFER, charles E & HAERrsoN, EverettF.,comentario BíbticoMoodv.vl.2. cuidadosamenteestaobra para auxiliar pastores,proÍess()
?s etodosos amantesdasEscrituras que desejamcompreende-laadr.'
Josuéa Cantares,São Paulo:ImprensaBatistaRegulaa 19g5. texto usacl<>
uadamente dentro de seu contextode origem. E o liuro
Refidírrr
curso de Bacharelem Teologiada FaculdadeTeológica
MAIFII/ILLE, Odete. A Bíblia à Luz da Hístória - Guia de ExegeseHistórico-crítica.
os díDersos rorlÌ()'s
São Paulo:Paulinas,1999. m seusoíto capítulosé discutidoo que é teologiae
MATEos, J., & cAMAcHo, F., Euangelho Figuros& sím bolos,sáo paulo:Ediçóes zológicos,os fundamentosda hermenêuticacomo ciênciateológicu,
ica teórica e material, escolos tendenciosas de interpreltt
PaulÍnas,1991. pr';<:
bíblica, aspectosliteróriose culturaisda linguagem hebraica'
& BARRETO, J.,vocabulórioTëológicodo Euangelhode sao Joao,sáo l%ulo: de línguagem, e muíto maís'Depoís de ler eslu
- hebraii,ca,'figuras
olhos!
EdiçõesPaulinas,1989. ra, uocênunicamaisueróas Escriturascom os mesmos
MARTÍNEZ,Jose M. HermenéuücaBíblica,Spain: CUE, 19g4.

MOISÉS, Massaud.A AnóliseLiterória,6" ed,.,Sáopaulo: Cultrix, 19g1.

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pelo autor'('t ttt
ministradas
Esse/íuroé t'rutodasconferêncios
SHEDD, Dr.RusselP (ed.).oNouo comentó.rioda Bíblia,3ued.,sáo paulo:Edicóes
lttrtl )
Vida Nova, 1995. cloJouem Cristaoé recomendadopara fodos os t'amílias'
auantonao.Alémdísso,diuersospastores,líderesdejort<
7EÌv\iEY, c. Menil,(etalii),vídacotidimanaTërnysBrb/icos,Sáohulo:Mda, 19g0. para as perllt.tttl(I:;
inorísfosencontraram nessemanual respostas
propósito drt ()ltrtr r'
- ol{ouo Testamento,
sua origem e Análise,3uecr.,sáopaulo:Vida Nova,1995. como um quisto, íncomodam a juuentude' O
(Ì .s()(rí'
vAN DEN BonN,A. (red.).Dícionário Encíclopédíco da Bíblia,5a ed., São ret'lexõessobre o papel da igreja e suaínfluênciasobre
Paulo:EditoraVozes.L992. e uice-uersa.
786 O texto em seu contexto 18?
H ennenêutlca Contextual

No primeiro e segundocqpítulo o autor tratade temas teóricos, os


dissecando os termos, conflitos, geraçõo, modernidade, pós-
moilernidade e as antigas tradições filosóficas presentes nesta atual obra de referência para todos os amantesda poesia bíblica,
geração,taiscomo, o hedonismo,o materíalismo,deísmo, secularismo, :que nõosabem como interpretóJa.O liuro colocacadaliuropoético
consumismo, esteticismo,etc., e a influência destesna mídia. escola. Ao discutira interpretaçãodo
tìo do gênero literório característico.
família e na uída cotidianada igreja. iuro de Jó, por exemplo, coloca-o dentro do gênero literório
No terceiroe último capítulo,o autor desenuoluea temótica,A orrespondente - Drama Poético - definindo o gênero' e como
GeraçãoPós-Modernae o Pluralismo",afirmando que "Deus jamaís úerpietar o liuro a partir daí' O mesmo é feito com os demais liuros
nos dó díscernimentocom a fínalidade de podermos criticar, maspara icos;Solmos, Prouérbíos,Eclesiostese Cantares.Discuteno âmbito
que possamosinterceder". Tiatando a partír daí, sobre os perígosdo Doesia.a estruturados paralelismos(dísticos,trísticos,quaternórios,
pluralismo, união entre a ciêncíae o misticismo,NouaEra, difusao cul- construtiuo,
) e os diuersostipos de paralelosna poesiahebraíca:
tural, ufología e sincretismoreligioso. )nimo, completiuo, antitético,climótico, quióstico,introuerso'outros
Indispensóuelpara Pastores,pais, professorese conselheirosde cursos poéticos literórioscomo a anófora, epífora, onomatopéia'
jouens. e
íteraçõo, paronomósiae padrões numéricos no poesia hebraica'
uitoi outro.ssõo discutidos nestaobra. O liuro também discute as
Hermenêutíca Contextual: u ersasfigurasliterárias,entre elas,o símile,a metófora,a prosopopéia'
o texto em seu contexto. paróbola, pleonasmo,eufemismo, alegoria, perfazendo um total de
é
uinze figuras literóriasdisfÍnúos.IJma uariedade enorme de textos
obra inédita no gênero de interpretaçaobíblica. Este manual cmentaáo e explicado nestaobra. Você não pode ficar sem ler este
desenuolue um tema de capítal importância interpretatiua, mas que liuro.
durante muito tempo t'oi tratado na epiderme, apenassupert'icialmen-
te. A obra é resultado de diuersas conferênciase seminórios sobrer> rístõ
tema, além de ter sidodesenuoluidanas aulasde hermenêuticada Fa
para
culdade TeológicaRet'idím,em Joinuille-SC. Estaobra é de caróter exegéticoe apologético'O autor,
Em cada um dosoito capítulos,o autor analisae interpreta de estaobra,fez largo uso do seuconhecimentohermenêuticoe
no
zenasde textos bíblicos.o líuro aborda os seguinte.sfipos de contexto. exegético,além de buscar auxílio em outras obrasjó consagradas
a
inicial, imediato,remoto,gramaticale lógico, histórícoe literório,alent tema tratado,Nesfo obra sõo discutidostodosos aspectospertínentes
de fornecer uma sinopsedos príncipoÍsossunfos utrina do homem nas Escrituras.Criaçõo, unidade da raça'
focalízadosnq obra
Repleto de gráficos,o manual é uma obra indispensóuela pa'tores, íonísmoteístae ateísta,imagem de Deusno homem' dicotomía
pregadores, professores,seminorisfose, deuído o suo línguagerrt tricotomia,corpa, alma e espírito.Cada aspectopertinenteao corpo'
diretiua,a todo e qualquerestudantedas Escrituras. 'mae espírito,sõodiscutidoscom minúcíasesclarecedoras. A relaçõo
para
Vocênao pode fícar sem esseliuro! Naoperca tempo! da alma com sangue,coraçõoe cérebro é t'erramentaexcelente
r88 H ermenêutlca C o n te xtu aI

aqueles que, por uezes' sõo importunados por


seitasqueconíundem
a alma com o sanguee não crêem na ímortaridade
da arma.De onde
uem a alma?o que significaa imagemde Deus?
o homem é somente
matéria? Estase muitas outras questões sõo
refretídas e respondidas
nesta obra.

Vocêpodeadquirirestasobraspelotelefone (047)
sozÍgggg
(Tele-fax)433-o22r, e-mair:[email protected] então
escreva
para: caixa Postal 86 - cBp gg2oz-oor
- Jornuíile - sc.

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