Culturas Ancentrais e Contemporâneas Na Escola
Culturas Ancentrais e Contemporâneas Na Escola
Culturas Ancentrais e Contemporâneas Na Escola
e contemporâneas
na escola
conselho editorial
Ana Paula Torres Megiani
Eunice Ostrensky
Haroldo Ceravolo Sereza
Joana Monteleone
Maria Luiza Ferreira de Oliveira
Ruy Braga
Mônica do Amaral
Rute Reis
Elaine Cristina Moraes Santos
Cristiane Dias
(Organizadoras)
Culturas ancestrais
e contemporâneas
na escola
Novas estratégias didáticas para a implementação
da Lei 10.639/2003
Copyright © 2018 Mônica do Amaral, Rute Reis, Elaine Cristina Moraes San-
tos e Cristiane Dias (orgs.)
Prefácio 7
Jamile Borges da Silva
O berimbau
40 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Método de Berimbau
Mestre Valdenor
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 41
42 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 43
44 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
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Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 47
48 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
A capoeira na escola’
Na docência compartilhada entre a capoeira e as discipli-
nas de português e educação física, foram atendidos os Direitos de
Aprendizagem dos Ciclos Interdisciplinar e Autoral, conforme as di-
retrizes da Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo
no ano de 2016. Observe-se que as ações de Docência Compartilhada
nas disciplinas Língua Portuguesa e Educação Física se deram em
observância das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileira e Africana, que tem como princípios norteadores: 1)
Consciência política e histórica da diversidade, 2) Fortalecimento de
identidades e de direitos e 3) Ações educativas de combate ao racis-
mo e às discriminações. Destacamos a seguir trechos dos documentos
acima relacionados, que associados a outros relativos às interseções
da História da Diáspora do Atlântico no Brasil, à vivência dos Mestres
de Capoeira e aos conhecimentos dos profissionais de Educação, fo-
ram essenciais, como ponto de partida para inúmeras reflexões, ten-
do como base a interdisciplinaridade e o componente curricular da
Língua Portuguesa, Cultura e Oralidade, contribuindo assim para que
os estudantes pudessem mergulhar numa nova leitura de mundo.
Caderno de Imagens
52 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 53
54 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Bibliografia
AREIAS.A. O que é Capoeira. Coleção Primeiros Passos.
Brasiliense, São Paulo;1983.
ALMEIDA, I.R.C.A. A Saga de Mestre Bimba. Salvador: P&A,
1994.
AMARAL.M.G.T. do Amaral e Souza, M.C.C.C. de. Educação
Publicas nas Metrópoles Brasileiras. Paco Editorial: São Paulo: EDUSP,
2011.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana. SMPIR/MEC/2004.
CUNHA, P.F.A. A Capoeira e os Valentões na História de São
Paulo (1830-1930), São Paulo:Alameda,2013.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral
dos conflitos sociais. Tradução de Luiz Repa. São Paulo: Editora34,
2003.
MOURA, Clóvis. Sociologia do Negro Brasileiro. São Paulo:
Ática, 1998.
MUNANGA, K. Superando o racismo na escola.2ª ed. SECAD.
Brasília:2005.
NEIRA, M.G. e NUNES, M.L.F. Educação Física, currículo e
cultura. São Paulo: Phorte, 2009.
São Paulo(SP). Secretaria Municipal de Educação, Portaria nº
5930/13. Disponível em:
http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/
negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=15102013P%20
059302013SME Acesso em 14/02/2018.
São Paulo (SP) Secretaria Municipal de Educação. ANEXO
I Programa Mais Educação São Paulo Notas Técnicas sobre o
64 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Apresentação
A docência compartilhada conduzida pelo mestrando em
Educação, Kleber Siqueira Galvão (formado em História), contou
com a colaboração de Daniel Garnett (rapper e educador) em parce-
ria com as professoras Michele Bernardes (da sala de leitura) e Rosana
Divino, de língua portuguesa. Procurou-se combinar o ensino da his-
tória com discussões sobre o rap nacional e o rap local. Foi apresen-
tado aos alunos o rap Serviço de Preto, de autoria de Daniel Garnett,
para pensar a relação entre o preconceito racial e a história do negro
desde a diáspora do Atlântico até o escravismo no Brasil. Ao mesmo
tempo, a pesquisa feita em sala de aula sobre as comunidades qui-
lombolas, abordando desde suas origens nos tempos coloniais até o
momento presente, suas formas de organização e de resistência, for-
neceu novos elementos aos alunos para que estes se sensibilizassem e
mobilizassem a escola para o combate ao racismo e ao genocídio que
está atingindo, sobretudo, os jovens negros em nosso país.
Iniciou-se pela história da África antiga e clássica, para depois
abordar a diáspora afroamericana, em especial a brasileira, o tráfico
mercantilista como parte do avanço do capitalismo europeu, a des-
territorialização forçada dos africanos e o racismo no Brasil, que ser-
viu como justificativa do trabalho forçado e posterior abandono dos
afrodescendentes por parte do Estado brasileiro. Foi também muito
importante apresentar a história de resistência dos afrodescendentes,
desde o século XIX até as lutas da Frente Negra, do teatro negro e do
movimento negro, conhecimento necessário para se entender a polí-
tica de cotas e outras políticas afirmativas.
Ficou evidenciada, dado o sucesso desta parceria, a importân-
cia de um trabalho interdisciplinar em classe, envolvendo pesquisa-
dores, professores e artistas populares como forma de romper com a
especialização artificial das ciências, marcadas pelo monoculturalis-
mo eurocêntrico, e assim promover o engajamento dos alunos com
um saber culturalmente relevante.
68 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Serviço de Preto
Compositor: Daniel Garnet & Peqnoh (Part. Phael Camargo)
Refrão 2x
Eu vou viver, eu vou vencer, vou chegar lá:
e nunca vou deixar de lutar
egípcios. Entre 3.000 e 1.200 a.C, o Egito não sofre com invasões, ex-
perimentando o auge da civilização. Com o excedente da produção
agrícola e sua anuidade, no restante do ano, o Estado mobilizava sua
mão-de-obra para as obras faraônicas. Estradas, diques, canais e ou-
tras obras de infraestrutura eram de uso de todos; já outras, como
as pirâmides, os palácios e os templos eram mais restritos, como a
pirâmide de Gizé, túmulo do Faraó Quéops, data de 2.550 A.C. Para
esta e outras construções, era necessário muito conhecimento em ma-
temática, física, engenharia e arquitetura, dentre outros saberes que
os egípcios dominavam muito bem, como a medicina e a astronomia.
Os egípcios mantinham relações comerciais com regiões longínquas,
como a Suméria na Mesopotâmia na região leste e a Núbia, ao sul.
Sua rede de influência atingia um enorme território. A partir da XX
dinastia faraônica, iniciaram-se os períodos de instabilidade. Invasões
de líbios, assírios, sudaneses, persas, greco-macedônicos guiados por
Alexandre e em seguida, os romanos, que dominaram o território
egípcio, alimentando sua população com a produção agrícola das fer-
téis terras ao longo do Vale do Nilo. Alternando períodos de sujeição
e independência frente às potências da antiguidade mediterrânica, o
Egito caiu sob o domínio dos bizantinos, que, por sua vez, foram su-
cedidos pelos povos árabes, que converteram boa parte da população
à religião muçulmana, tendo alçado o Cairo, capital egípcia, à condi-
ção de Califado. Com o desenvolvimento da geopolítica internacio-
nal no século XIX, a região é invadida novamente pelos europeus,
primeiro pela França Napoleônica e, em seguida, pelos ingleses. O
Egito moderno é uma nação soberana, membro da Organização dos
Estados Africanos e da ONU. Atualmente os egípcios, apesar de ter
populações devotas de outras religiões, como os cristãos coptas, são
uma nação de maioria islâmica, falantes do árabe.
84 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Império de Gana
Após a queda do Império Romano, que ocupava a porção norte
da África, sendo sucedido pelos Vândalos e pelos Bizantinos, a região
do Saara transformou-se com a expansão islâmica. A partir do século
VII, discípulos de Maomé, especialmente os mercadores árabes, pas-
saram a difundir a religião muçulmana pelo mundo, influenciando
também os povos africanos. O primeiro Estado a se desenvolver de
maneira notável, dotado de um poderoso exército e tendo reinos e
populações na região como tributários, foi o Império de Gana, conhe-
cido como “o país do ouro” (MUNANGA, p. 57, 2016). Sua capital,
Kumbi-Saleh, era formada por duas cidades, uma abrigando os pré-
dios e palácios reais, outra muçulmana, com 12 mesquitas, morada
dos juristas, dos letrados e dos mercadores. Gana controlava o co-
mércio através do deserto do Saara, trocando ouro por tecidos, sal e
outros utensílios. Em 1077, os almorávidas, povos berberes da costa
atlântica dominam Kumbi-Saleh, dissolvendo o Império em peque-
nos reinos, que pouco a pouco foram convertidos ao islã.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 89
O Império do Mali
trole territorial era feito através de seu poderoso exército e por meio
da unificação religiosa em torno do islamismo. No século XIV, Kanku
Musa, Mansa do Mali, acumulou uma fortuna que, segundo econo-
mistas modernos, o tornou o homem mais rico da história.Um de
seus feitos mais memoráveis foi uma viagem realizada a Meca no ano
de 1324, acompanhado de um séquito de 60 mil súditos. Musa distri-
buiu ouro pelo caminho, sobretudo em prol da construção de inúme-
ras mesquitas, causando forte impacto no Cairo, capital do califado do
Egito. Quando de seu retorno, Mansa traçou novas rotas comerciais
e trouxe consigo pensadores árabes. Seu exército dominou a impor-
tante cidade de Timbuctu (ou Tombuctu), próxima à curvatura do rio
Níger, transformando-a em um importante centro religioso e estabe-
lecendo ali a primeira universidade do oeste africano, referência em
estudos e pesquisas. Muitas das tradições culturais e dos relatos orais
sobre o modo de vida do Mali foi transmitido por meio dos Griots,
sábios da costa oeste africana responsáveis por preservar e propagar
os costumes e os saberes de seu povo. No século XV, o Mali entrou em
declínio. Uma série de conflitos internos, problemas de sucessão ao
trono e o crescente ataque de nações vizinhas culminaram na erosão
desse poderoso império africano. Foi sobretudo o crescente poderio
dos Songhais que veio a enfraquecer o poder do Mansa. Contudo,
o início das relações comerciais com os navegantes portugueses, que
vieram no encalço dos marroquinos atraídos pelas lendárias regiões
auríferas, trouxe nova força política para o Mali, que se envolveu nas
relações mercantis escravistas fornecendo homens e mulheres em tro-
ca de mercadorias. Aos poucos, os portugueses incentivaram as pe-
quenas províncias, especialmente as litorâneas, a se rebelarem contra
o poder central do Mansa do Mali. As guerras cresceram de maneira
assustadora. Ao norte, ocorreram ataques de povos tuaregs e a oes-
te, o crescente Império Songai conquistou a cidade malinense, che-
gando mesmo a dominar Timbuctu e rotas comerciais transaarianas
importantes. Tais conflitos desmontaram de vez o Império por volta
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 91
Os Iorubás
Vivendo na costa oeste africana, onde hoje localiza a Nigéria,
Togo e Benin, os Iorubás, conhecidos também como nagôs, são povos
de diferentes nações e reinos que compartilham das mesmas tradições
e são da mesma origem cultural. Os iorubás foram muito importan-
tes para a formação do Brasil. Deve-se enfatizar especialmente suas
contribuições no âmbito religioso, influenciando no desenvolvimento
do candomblé, do Tambor-de-mina e de outras religiões de matrizes
92 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
O Daomé
O reino do Daomé, cuja capital era a cidade de Abomey ou
Abomé, desenvolveu-se na costa oeste africana, onde hoje se encon-
tram o Togo, Gana e o Benin (antigo país Daomé) por volta de 1620.
Controlando uma pequena porção de território ao redor de sua capi-
tal, os jejes, como também é conhecida a população local, de língua
fon e subjugada ao rei do Abomé, viram seu reino crescer após a to-
mada do controle do porto escravista de Ouidah em 1747, um dos
principais portos responsáveis pelo embarque de cativos africanos.
Do porto de Ouidah, partiam navios que desembarcavam principal-
mente na Bahia, província que controlava o comércio de escraviza-
dos no período. Relacionando-se comercialmente com os europeus,
especialmente com os portugueses, com os quais trocavam cativos
escravizados por armas de fogo, os daomeanos inverteram a relação
conflituosa que alimentavam com seu principal rival, o reino iorubá
de Oió. No entanto, as guerras constantes entre ambos alimentaram o
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 95
O Reino do Congo
“Zumbi...
Um pobre homem estava ali:
Brigando, lutando, batendo e apanhando...
Discriminado, um homem fica revoltado!
Preconceito revolta, racismo você chora!
É importante a reflexão:
Homens malvados querem mandar no cidadão!”
Conclusão
Por meio de nossas leituras e discussões, procuramos valorizar
a riqueza de culturas e povos do continente africano, ressaltando suas
contribuições para a humanidade. Refletimos sobre os saberes, as prá-
ticas e as visões-de-mundo africanas que foram trazidas na alma do
povo africano em diáspora para as Américas.
As contribuições dos povos africanos foram muitas: 1. para a
criação de gado, em que a experiência dos haussás e dos fulanis foram
importantes para o desenvolvimento desta prática na América por-
tuguesa; 2. na agricultura, tanto voltada para a subsistência, quanto
no trabalho nas grandes lavouras de monocultura destinadas ao mer-
cado externo; 3. também na mineração, com destaque para os sossos
e os axantes, cuja habilidade na extração e em ourivesaria merecem
destaque. Além da mineração e da agricultura, os homens e mulheres
africanos e afro-descendentes foram, desde o século XVII, a principal
força também nos trabalhos urbanos em geral e, não obstante, nos
domésticos, dentre inúmeros outros setores e exemplos possíveis de
trabalho subalternizado.
As habilidades e a inteligência dos africanos e dos afro-des-
cendentes foram e (são) fundamentais para a constituição do Brasil.
Podemos perceber sua influência em diversos elementos da cultura
nacional. O samba, a capoeira, o maculelê, o reisado, a congada, o
maracatu são exemplos, dentre muitas outras manifestações culturais,
cujas raízes remetem à força criativa dos afrodescendentes. A religio-
sidade destes povos não podem ser esquecidos, sobretudo a contri-
buição Jeje e Nagô, bem como dos povos bantus, para a elaboração do
Calundu, do Candomblé, da Umbanda, do Tambor-de-Mina e outras
práticas religiosas de origem afro no Brasil.
Em nossas docências compartilhadas, iniciamos a abordagem
dos temas pela análise e interpretação das letras de rap selecionadas
para cada aula. No caso de nosso exemplo, apresentamos a interpre-
104 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Bibliografia e Webgrafia
AMARAL, Mônica. O que o rap diz e a escola contradiz: um
estudo sobre a arte de rua e a formação da juventude na periferia de
São Paulo. São Paulo: Alameda, 2016.
AMARAL, M. do e CARRIL, L. O hip hop e as diásporas afri-
canas na modernidade: uma discussão contemporânea sobre cultura
e educação. São Paulo: Alameda Ed./FAPESP, 2015.
DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: al-
guns apontamentos históricos. Tempo [online]. 2007, vol.12, n.23,
pp.100-122. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tem/v12n23/
v12n23a07.pdf. Acesso em outubro de 2017.
GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira. Movimento negro e edu-
cação. Rev. Bras. Educ. [online]. 2000, n.15, pp.134-158. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n15/n15a09.pdf. Acesso em ou-
tubro de 2017.
GOMES, Nilma Lino. Movimento negro e educação: ressigni-
ficando e politizando a raça. Educ. Soc. [online]. 2012, vol.33, n.120,
pp.727-744.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 105
h t t p : / / a n c i e n t e g y p t s w a g . w e e b l y. c o m / u p l o a -
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https://assets.answersingenesis.org/img/cms/content/content-
node/header_image/ancient-egypt.jpg
http://www.egyptarchive.co.uk/html/cairo_museum_54.html
(Footnotes)
1 GARNET, Daniel., PEQNOH e CAMARGO, Phael. Serviço
de preto in: GARNET, Daniel & PEQNOH. Avise o mundo. Pegada de
gigante: Piracicaba, 2015. Faixa 10. Videoclipe disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=bkvjsqv-gHo. Maiores informações no
site da gravadora independente, da própria dupla de rappers: http://
www.pegadadegigante.com/#!noticias/c1xva. Letra disponível em
http://www.vagalume.com.br/daniel-garnet-peqnoh/servico-
-de-preto.html#ixzz44WOoHlTm. Acessado em maio de 2016.
2 Pode-se recorrer à interpretação do rap Tô na luta, da Karol
Conká (2016) para iniciar as discussões e os estudos sobre o reino
de Kush. A música procura valorizar a força e a luta das mulheres a
partir do exemplo da lutadora olímpica Joyce Silva, suscitando refle-
xões sobre a presença das mulheres na história e a importância do
reconhecimento e da valorização do papel feminino para a constru-
ção da sociedade. No caso, a civilização kushita tinha o matriarcado
como uma de suas formas de governo, política estabelecida desde a
antiguidade. Em nossas docências, recorremos às reflexões suscitadas
por essa letra da rapper Karol Conká para introduzir a história da
Luíz Mahin, abolicionista mãe de Luís Gama que teria participado de
diveras lutas sociais na Bahia, como a Sabinada e a Revolta dos Malês,
que estudamos por meio da história de Luíza.
3 Sobretudo para a seção sobre os povos Iorubás seria inte-
ressante, além da introdução do tema a partir da reflexão sobre a le-
tra de rap selecionada para essas docências, uma visita ao acervo do
Museu Afro-Brasil onde se pode acompanhar as relações culturais e
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 107
Apresentação
A docência compartilhada do Hiphopnagô, conduzida pelas
mestrandas Cristiane Dias e Maria Tersa Loduca, em parceria com
a Profa Rosana Divino (EMEF Saturnino Pereira), tinha como ob-
jetivo fortalecer os elementos musicais e de dança contemporâneos
contemplando o contexto social no qual se inserem as culturas ur-
banas, cultivadas especialmente pela juventude afrodescendente.
Tomando como referência os estilos musicais rap e funk, e a dança
de rua breaking – tomando o corpo como elemento fundamental da
afro-memória- procurou-se relacioná-los com a herança cultural tra-
zida pelos africanos escravizados, uma vez que tais estilos musicais
e danças populares urbanos faziam ressoar alguns ritmos oriundos
da diáspora e da cultura popular, tais como o batuque e o maxixe.
Neste sentido, o tambor foi o ponto de intersecção entre o ancestral e
o contemporâneo trazendo à tona o sentido de humanidade aos (as)
alunos (as), restituído pelo devir negro da cultura de matriz africana.
O contato com o passado fez ecoar uma dor ancestral e coletiva por
meio das lutas dos escravizados no Brasil, ao mesmo tempo em que
se evidenciou a resistência, a música, o canto, a dança que serviram
como dispositivos de elaboração psíquica - individual e coletiva - ao
serem ressignificados na atualidade por meio do hip-hop para curar as
feridas do passado e do presente.
Dado o distanciamento da cultura escolar em relação às cultu-
ras juvenis, evidenciou-se a necessidade de pesquisar novas situações
didáticas, em que se priorizassem linguagens, cujas formas de expres-
são estética contivessem o que alguns autores chamam de letramentos
de (re) existência, ou seja, envolvendo outras leituras de mundo, como
o fazem particularmente os rappers, com sua crítica áspera e contun-
dente em relação à sociedade brasileira excludente e racista. O bre-
aking surgiu como uma das linguagens do hip-hop bastante apreciada
pelos alunos (as), trazendo consigo a possibilidade de se explorar uma
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 111
Introdução
Este capítulo3 pretende sugerir atividades com base nas
ações realizadas em sala de aula com os alunos (as) do oitavo ano
do Fundamental II, em docência compartilhada entre a Disciplina
de Língua Portuguesa, a dança breaking e a música, na EMEF Des.
Saturnino Pereira, localizada na Cidade Tiradentes. A escola faz parte
da Diretoria Regional de Ensino (DRE) de Guaianases.
Hiphopnagô: axé!
O tema central da docência compartilhada foi desenvolvido
por meio da apresentação do livro de João José Reis, Rebelião Escrava
no Brasil: A História do Levante dos Malês em 1835 (2003)6, em que se
evidenciaram as formas de resistência e estratégias de comunicação
deste grupo de africanos que se rebelou na Bahia. Estratégias essas,
que, de acordo com o autor, encontravam-se intimamente relaciona-
das às formas de expressão estética, representadas pela sonoridade
dos tambores africanos, que atuou no contexto da revolta como um
meio de comunicação poderoso, um código interno cujos segredos só
os envolvidos conheciam.
Construção do grupo I:
No morro vai ter Guerra com carro blindado
No meu DNA de negro sou muito injustiçado
Passei para deixar o recado
SOS planeta bagunçado
A frase dita
Não será esquecida....
12 Designação geral dos vários tipos de tambor usados nos cultos afro-bra-
sileiros. No sentido estrito, é um instrumento de percussão que consiste
em um corpo de madeira cilíndrico e afunilado, revestido, na extremi-
dade mais larga, por uma pele de animal. Cf: Lopes, Nei. Enciclopédia
Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 125
especial nos ouvidos dos (as) alunos (as), pois remetia à musicalida-
de ancestral, também presente no break beat13 da música. O break
beat, elemento estético central nas batidas de rap e na dança break,
constituiu-se em uma forma contemporânea de ressignificação da
sonoridade ancestral dos tambores. Deste modo, o atabaque eviden-
ciou, por meio da música e da dança, novas possibilidades estéticas
de autoafirmação da identidade dos jovens alunos afrodescendentes.
Atividade 1
Roda de Apresentação para o grupo e troca de experi-
ências, em que se deve procurar saber qual o conhecimento do
grupo referente à Cultura hip hop-breaking;
Atividade 2
Aquecimento ritmado: good foot e danças sociais
Introdução a dança breaking:
Bibliografia
AMARAL, Monica G. T. do. O que o rap diz e a escola con-
tradiz: um estudo sobre a arte de rua e a formação da juventude na
periferia de São Paulo. São Paulo: Alameda Editorial, 2016.
ARTAXO, I.; MONTEIRO, G. A. Ritmo e Movimento.
Guarulhos: Phorte Editora, 2003.
CAPUTO, Stella Guedes. Educação nos terreiros: e como a es-
cola se relaciona com crianças do candomblé. Rio de Janeiro: Pallas,
2012.
HILL, Marc Lamont. Batidas, rimas e vida escolar: pedagogia
hip-hop e as políticas de identidade. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2014.
NESS, Alien. The art of Battle: understanding Judged Boy
Battles. Eastpark: Throwdown Publications, 2008.
REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: a história do Levante
dos Malês em 1835. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2003.
SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo: uma explora-
ção pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negli-
genciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. São Paulo:
Fundação Editora da Unesp, 1997.
SODRÉ, Lilian Rocha de Abreu. Música africana na sala de
aula: cantando, tocando e dançando nossas raízes negras. São Paulo:
Duna Dueto, 2010.
SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos da reexistência: poesia,
grafite, música, dança: HIP-HOP. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
Websites
Componentes Curriculares em Diálogos Interdisciplinares a
Caminho da autoria -http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Colecao-
Componentes-Curriculares, acesso em 10/01/2018.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 133
16 Cf: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/busca?q=Art.+26A+da+Lei+d
e+Diretrizes+e+Bases+-+Lei+9394%2F96 . Acesso em: 19/04/2018
134 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Apresentação
O projeto “Conversas com versos: o Rap na disciplina de his-
tória como meio de estudo biográfico” trabalhou o hip hop segundo
uma perspectiva histórico-cultural e estética, buscando incentivar e
estimular o engajamento social e cultural dos alunos.
A partir da experiência pessoal de Daniel Garnett como ra-
ppper e o engajamento e conhecimento em História e em Filosofia
do professor Sidnei Leal, foi estabelecida uma parceria que permitiu
uma reflexão sobre a construção da identidade étnica e territorial da
juventude. Inspirando-se em Hill (2009)1, a proposta desse trabalho
foi dar voz aos(às) alunos(as) por meio do rap, conhecer a sua histó-
ria e trabalhar outro viés da história africana, afro-americana e afro-
-brasileira, que dificilmente aparece nos livros didáticos, tomando a
arte de rua como instrumento de afirmação étnica e social. Com o
objetivo de oferecer aos(às) alunos(as) oportunidades para relacionar
a história de vida individual, por meio da autobiografia, e a história
coletiva, procurou-se estimulá-los a pesquisar os elos entre sua vida
e a ancestralidade africana. E, assim, contribuir para a construção da
identidade étnica.
Seria importante observar que a experiência de Daniel com
composição de rap e em batalhas de rima, conferiu às aulas outra di-
nâmica, bastante inovadora e bem aceita pelo professor, o que facilitou
a criatividade poética entre os(as) alunos (as), permitindo que estes
elaborassem sua autobiografia por meio da poesia. E isso foi feito es-
cutando música, batucando, dançando e, simultaneamente, compon-
do. Há momentos do trabalho feito com o Prof. Sidnei, onde esta mu-
sicalidade e expressão corpórea dos(as) alunos(as) aconteciam com
tamanha espontaneidade em combinação com a escrita, que acabou
delineando uma didática de novo tipo, capaz de romper com os câno-
Miscigenação no Brasil
braços na frente e negros serem algemados com o braço para trás. Foi
um momento oportuno para o docente comentar sobre um teste so-
cial feito em vídeo16, em que colocaram dois homens com os mesmos
trajes diante de uma mesma situação – como se eles tivessem esqueci-
do a chave do próprio carro dentro do veículo – e é notável a diferença
de tratamento do branco e do negro, quando as pessoas visualizam
cada um deles tentando recuperar a chave.
Perguntei para os alunos, se as características fenotípicas como
a cor/gênero podem influenciar a quantidade e a qualidade de acesso
a oportunidades. Para ajudá-los a entender, pedi para que eles visu-
alizassem quantas pessoas negras eles já viram trabalhando em su-
bempregos e quantos negros eles já viram trabalhando como médico,
muitos nunca haviam visto nenhum médio negro. Foi quando lhes
relatei um pouco sobre a história de vida do médico, da dentista e do
maestro que participaram do clipe, todos afrodescendentes. Reforcei
para eles, que assim como a tv tem o poder de reforçar ideias que
podem deturpar a imagem de um determinado grupo social ou fato
histórico e político, no videoclipe assistido, a intenção foi reforçar os
exemplos positivos de profissionais negros que não são apresentados
nos filmes e novelas.
que embora seja muito bom ouvir um rap dos Racionais, era ainda
muito melhor fazer a sua própria rima. Quando lhe foi perguntado
qual a diferença entre ouvir um rap pronto e fazer o próprio, ele afir-
mou que ao construir a letra, era possível vivenciar a liberdade de um
modo mais pleno. Na sua visão, entre os temas mais relevantes para
se construir uma música autoral, seriam questões d egrande comoção
relacionadas à situação do continente africano, bem como a exaltação
da cultura negra. Na sua opinião, existem mais MC`s preocupados
com sua popularidade do que em trabalhar conteúdos importantes
para a sociedade, que resultam em um arsenal de rimas produzidas
de maneira vazia.
No caso de “H”, é possível notar o início de um processo de
construção de uma consciência emancipatória, quando ele relata que
antes enxergava a música como algo “pronto”, concebido por um “MC”
cuja função era a de fazer rap. Ao longo da docência, ele passou a ver
as rimas como um instrumento cujo processo de construção estava
ao seu alcance e de qualquer um que se dispusesse a criar uma letra
com base em suas vivências e conhecimentos. No caso de “G” não foi
diferente, quando afirmou que embora apreciasse os Racionais, prefe-
ria construir os próprios versos e desse modo, usufruir da liberdade
que isso lhe proporcionava. Foi interessante observar sua preocupa-
ção com o conteúdo dos raps, que em sua maioria estavam mais pre-
ocupados com uma construção estética do que abordar um assunto
relevante. O aluno não só apresentou uma visão crítica, como tam-
bém sugeriu temas a serem abordadas, sempre buscando “jogar luz”
em problemas que atingiam os grupos desfavorecidos historicamente.
“L” afirmou que antes da docência compartilhada, acreditava
que o rap era algo essencialmente masculino, entretanto, agora via o
estilo musical como algo mais democrático, que todas as pessoas, in-
dependente de gênero ou algo do tipo, podiam não só ouvir e apreciar,
como também, protagonizar, compondo, cantando.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 155
“M” disse que a luta deles fica clara no trecho que eles afirmam que
índios e brancos são iguais. “M” quis apontar aqui, de certa forma, que
a busca da tribo por reconhecimento passava pela luta indígena por
igualdade, ou seja, que fossem reconhecidos enquanto seres humanos
capazes e dotados de direitos.
Perguntei ao grupo de alunos se eles identificavam alguma in-
fluência branca, eles disseram que não, então perguntei em que língua
estava a música, os alunos responderam que em português, pergun-
tei em qual lugar se fala tal língua originalmente e eles responderam
Portugal. A partir disso, falamos sobre a influência ocorrida n proces-
so de colonização do Brasil. Instigando o debate, pedi para eles busca-
rem alguma parte na letra que os indígenas se referiam à religiosidade:
“Está na mão do senhor, não estou para matar, sempre peço a
Deus/Que ilumine o seu caminho, e o meu caminho”
Nessa parte, discutimos sobre o fato dos jovens rappers da tri-
bo localizada em Dourados – MS, estarem adotando a religião cató-
lica como se fosse a sua própria religiosidade, também era fruto da
influência decorrente da colonização. Por último, perguntei da influ-
ência negra e logo os alunos responderam: o rap (o modo de cantar
falado) e a gíria, esta última que além de ser uma linguagem local
das periferias ao longo do mundo, envolve também uma forma de
comunicação entre escravizados da América colonial, como é o caso
do termo “signifying” designado para identificar palavras e sonorida-
des desenvolvidas pelos negros escravizados para se comunicar sem
serem notados, linguagem muito implícita em músicas e ditos origi-
nários do contexto escravagista.
Falamos também sobre o título do grupo – Bros MC`s – que é
uma nomenclatura negra e norte-americana de um movimento de re-
sistência de negros trazidos e nascidos nas Américas em decorrência
da diáspora forçada africana.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 165
23 Forma com que o mc imprimi ritmo nas suas palavras cantadas, fazendo
com que esse fluxo de palavras interajo com o ritmo e os aspectos harmô-
nicos da batida.
168 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Imagens
Figura 04: letra de “G” que ficou na lousa como exemplo para as aulas
seguintes.
Figura 05: Palavras anotadas com ajuda dos alunos, para posteriormente se
transformar em versos metrificados.
Bibliografia
Apresentação
O teatro negro no Brasil foi apresentado aos alunos pela atriz
Dirce Thomaz como um gênero que surgiu de modo a exprimir de
maneira bastante completa as diversas formas de manifestação do
humano, envolvendo desde a mímica, a gestualidade, os movimentos
circulares, as cantigas de roda, o texto, a poesia e a própria represen-
tação. Portanto, a concepção de teatro apresentada, se de um lado, en-
volveu a história de personagens importantes do teatro negro, como
Abdias Nascimento e diversas companhias ligadas às lutas contra a
discriminação racial e pelo direito à educação tal como fora sustenta-
da pela Frente Negra, de outro, trouxe um debate mais contemporâ-
neo como o de Augusto Boal e Viola Spolin, que enfatizam o improvi-
so de cenas cotidianas como sendo o cerne do trabalho teatral.
Daí a importância de exercícios relacionados a cantigas, jogo
do espelho (gestual), vídeos sobre a África e a diáspora, o quilombo,
de maneira que permitissem ao(à) jovem relacionar o passado e o pre-
sente, assim como o rural e o urbano, as diferenças entre o centro e a
periferia, etc. Muitas vezes, utilizaram-se de uma linguagem aprecia-
da pelos jovens, como os clipes dos rappers, para fazer uma reflexão
sobre o aspecto teatral e cinematográfico ali presente.
Dirce Thomaz1
Introdução
A docência compartilhada inicialmente aconteceu entre a
profa. Elisabeth Maria Magalhães da disciplina de Língua Inglesa e
Literatura da sala de leitura, a atriz e pesquisadora Dirce Thomaz e o
A imagem representa um
momento de fala importante de
uma aluna: - "O teatro é como a
nossa casa, temos que nos soltar,
não podemos ficar presos!"
186 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
O professor e pesquisador Jefferson anuncia aos (as) alunos (as) o clipe Guetto
do cantor de rap Viegas, da zona leste, gravado na Cohab Juscelino.
Professora Eloisa
Maria Magalhães
Pesquisador
e músico
C á s s i o
Martins,
compartilha
s u a s
experiências
em teatro e
música negra.
188 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Ensaio para a
apresentação
na Fábrica de
Cultura da Cidade
Tiradentes.
Os exercícios do
espelho eram
realizados na
quadra e os
movimentos
fluíam livremente
potencializando
o despertar da
criatividade.
O trabalho era
realizado de
forma individual,
Momentos reflexivos e ensaios quando o (a)
estudante
demonstrava
tímidez ou com
dificuldade de
interpretação
da leitura das
músicas, da
literatura e de
poesias.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 189
Cena de
processo
colaborativo
dos (as)
estudantes
sobre racismo
e violência
em que se
apropriam da
proclamação
da Lei Áurea
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 191
Alunos (as)
1sabeli, e
I d a l i s o n
tocando violão
Leituras de fábula
Apresentação
do Clipe do
Viegas rap
da zona leste
gravado
na Cohab
Juscelino.
Raquel Trindade,
que nasceu em Recife
no ano de 1936, foi
uma escritora, artista
plástica, coreógrafa e
folclorista brasileira.
Deu continuidade
aos estudos e pesqui-
sas de seu pai, Solano
Trindade. Hoje o Teatro, com o mesmo nome “Solano Trindade”, em
Embu das Artes, é administrado por Vitor da Trindade, neto de Solano.
198 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Tema: Racismo.
Cena: a mãe teve dois filhos - um nasceu negro e se
chama Gustavo e a outra nasceu branca e se chama Hellen.
Gustavo todo dia sofria violência na escola quando voltava pe-
dia ajuda para Hellen, mas ela não o ajudava, ele sofreu muito
por não ter apoio da própria irmã. Eles cresceram, passou o
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 203
Referências bibliográficas
Apresentação
A proposta da docência envolvendo o samba e a cultura afro-
-brasileira foi feita pelo Prof. Jefferson, também músico e hoje mem-
bro de nossa equipe de pesquisadores, em parceria com a Profa Maria
Inez de Souza, de língua portuguesa. Iniciaram as atividades com
os(as) alunos(as) da EJA(6ª série/7ºano), com poemas e canções de
samba relacionados à temática da moradia, acompanhados de canto e
batuque, tendo o Prof. Jeffersson à frente tocando cavaquinho. Como
o objetivo era trabalhar o letramento, procuraram fazê-lo tornando
o aprendizado mais dinâmico e significativo. Conseguiram, a partir
das músicas, trabalhar o uso de estrofes e rimas, o sentido conotati-
vo das expressões poéticas, além de suscitar uma atitude social ativa,
permitindo que o(a) aluno(a) enfrentasse de outro modo a condição
de vulnerabilidade social a que estavam sujeitos, sobretudo quando as
possibilidades de empregabilidade são menores.
A temática moradia constitui um eixo presente nas orientações
curriculares desta etapa do ensino e a ideia foi trabalhar este tema no
letramento dos(as) alunos(as) por meio de diversas canções de samba,
cujas problemáticas sociais abordadas remetiam invariavelmente às
questões sociais do presente, sobretudo no que diz respeito às precá-
rias condições de vida nas periferias. O eixo moradia foi uma questão
que pode ser problematizada e relacionada às questões de pertenci-
mento étnico-racial, às desapropriações e ações violentas do Estado
por reintegração de posse e outras formas de violência que se perpetu-
am até hoje na periferia atingindo particularmente a juventude negra.
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 207
Jefferson Barbosa2
Imagens do momento
da apresentação,
primeiro semestre
2017
Ensaiando a
música moro onde
não mora ninguém
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 213
Alunos treinando o
ritmo e coordenação
com os tamborins,
agogôs e palmas.
O Quilombo de Bombas
Nesta aula, o objetivo foi mostrar e discutir sobre um tipo de
moradia bem diferente da qual estávamos acostumados nas grandes
cidades. Para isso, exibimos um vídeo sobre o Quilombo de Bombas,
mostrando a forma de vida dos quilombolas e sua cultura de subsis-
tência. O quilombo fica localizado na cidade de Iporanga no interior
de São Paulo e o vídeo foi apresentado em uma matéria do programa
Rota do Sol da TV Tribuna. Esse vídeo teve uma importância muito
grande, porque através dele foi possível discutir como determinados
costumes tradicionais dos antigos negros escravizados foram repro-
duzidos e reapropriados pelos quilombolas, resultando em um modo
de vida rural, porém, marcado por uma forma coletiva de produção
da vida social e econômica. O vídeo exemplificou a dificuldade da
equipe de reportagem para chegar até o quilombo dando margem
para uma discussão sobre os motivos pelos quais o Quilombo de
Bombas se encontrava tão afastado do mundo urbano. As condições
de isolamento mantidas por esta comunidade remetiam a uma con-
textualização histórica sobre a necessidade de se manter longe dos
olhares dos senhores e do Estado.
Na atualidade, refletimos sobre o que significava morar lon-
ge da cidade, que também trazia algumas implicações em relação
ao acesso a alguns equipamentos públicos. O atendimento médico,
por exemplo, era uma das principais dificuldades desta comunidade.
Em contrapartida, os alunos observaram que, provavelmente, eles fi-
cavam menos doentes, pois moravam cercados pela Mata Atlântica,
plantavam seus alimentos livres de agrotóxicos e respiravam um ar
mais puro que o da cidade. Assim, ainda que morar longe trouxesse
algumas limitações, os quilombolas de diferentes idades que foram
entrevistados diziam não ter interesse em ir morar no contexto ur-
bano. Preferiam o lugar onde moravam, mesmo sendo simples, sem
energia e com poucos recursos materiais. O vídeo teve a duração de
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 221
Professora Inez
mostrando
a imagem
aérea da favela
Paraisópolis na
cidade de São
Paulo.
Interpretando
o filme com os
alunos
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 223
Bibliografia:
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Cap. 7. Griot Digital:
ressignificando a
ancestralidade afro-
brasileira na educação
226 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Apresentação
O trabalho desenvolvido pela orientanda de Doutorado Elaine
Cristina Moraes Santos, com a Profa. Vilma Nardes, com formação
em história e responsável pela sala de informática, buscou explorar o
uso das TCI´s (Tecnologias da Comunicação e Informação) na escola
do ponto de vista da formação étnico-racial. Neste sentido, os disposi-
tivos digitais foram pensados para promover uma intervenção voltada
a uma proposta psicodinâmica que estimulasse o protagonismo so-
cial, de modo que os (as) alunos(as) pudessem assumir uma postura
ativa, criativa e engajada frente aos aparelhos. O termo Griot digital,
neste caso, sugere um aparente paradoxo conceitual que sustenta a
possibilidade da articulação entre a oralidade e a imagem, o passado
e o presente, o esquecimento e a memória, cuja apropriação se deu a
partir de uma experiência educativa tecnológica que procurou criar
uma nova narrativa para a (re) construção da identidade étnico-racial.
Considerando que esses aparatos digitais exercem um inten-
so poder de atração entre os(as) jovens, o objetivo deste trabalho foi
explorar as possibilidades de uso a partir da veiculação de um conhe-
cimento crítico que se vinculasse às experiências individuais e cole-
tivas de alunos(as) e professores(as). Posteriormente, este desafio se
entrelaçou com a proposta de desenvolvimento dos TCA´s (Trabalho
Colaborativo Autoral), com vistas a uma intervenção social. A discus-
são racial foi inserida de maneira transversal, a partir dos temas que
os alunos escolheram para pesquisar, como: drogas, lixo, internet e
crime. Todas as atividades foram pensadas no intuito de atribuir um
sentido para a pesquisa, de forma que os alunos se sentissem instiga-
dos a atuar nas problemáticas sociais identificadas no ambiente onde
moravam e estudavam. A colaboração da pesquisadora e mestranda
Lorena Souza foi fundamental nesse processo, uma vez que sua ex-
periência com o teatro permitiu que os(as) alunos explorassem seus
temas de investigação através do corpo e da vivencia teatral. Deste
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 227
Sugestão de atividade
Como fazer?
Primeira etapa: Solicitar aos alunos (as) que investiguem a his-
tória do primeiro nome, bem como seu significado, e, posteriormente,
realizar uma pesquisa na internet sobre a origem de cada sobrenome.
Segunda etapa: Compartilhamento das experiências e algu-
mas questões que podem ser suscitadas:
O nome que nos foi atribuído e pelo qual somos chamados
carrega uma história individual e uma história coletiva. Que história
individual e coletiva é essa? Com base na história do Baobá, que tipo
de identidade coletiva fomos obrigados a esquecer? E por que será que
quiseram que ela fosse esquecida? Trazer à tona este conhecimento
que foi esquecido e negado influenciaria de alguma maneira nossa
história individual? Saber sobre um passado que foi convenientemen-
te apagado poderá de alguma forma ressignificar o nosso nome, nossa
identidade ou nossa história?
Objetivos:
- Trabalhar com clipes, músicas e vídeos que despertem
o potencial crítico dos (as) adolescentes sobre o processo de
escravidão, as lutas abolicionistas e de resistência do negro, o
papel da República na institucionalização do racismo e as re-
presentações do negro no Brasil.
- Buscar referências de músicos e artistas que repre-
sentem a juventude negra e periférica que têm se utilizado da
tecnologia para se reinventar e criar seu próprio repertório cul-
tural, enquanto espaço de afirmação étnica, social e política.
- Explorar os limites e possibilidades que a internet pro-
porciona estimulando os (as) alunos (as) a assumir uma pos-
tura crítica, ativa, criativa e engajada frente a estes aparelhos.
Sugestão de atividade:
Letra: Serviço de Preto / Música de Daniel Garnet e Peqnoh
Como fazer?
Primeira etapa: Pedir aos adolescentes que escolham trechos
que mais chamam a atenção nas músicas de rap e estabelecer um di-
álogo entre o que diz a letra, as experiências dos (as) alunos (as) e os
fatos históricos.
Vídeo que o
rapper Daniel
Garnet fez para
os alunos
Momento que o
músico esteve na
sala de aula
Objetivo:
- Realizar aulas de fotografia a partir de uma dimensão
crítica da imagem,
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 241
Sugestão de atividade:
Como fazer:
Primeira etapa: Trabalhar com conceitos básicos sobre foto-
grafia, como: enquadramento, posição da câmera (de baixo para cima
/ de cima para baixo / na altura dos olhos) e luz. Caso o professor não
tenha domínio destes conceitos ele poderá escolher um vídeo aula no
youtube sobre o assunto para assistir com os (as) alunos (as).
Segunda etapa: Discussão sobre o uso da imagem como uma
expressão da nossa experiência a partir da frase: “Nós não fotografa-
mos apenas com os olhos ou com uma câmera. Em nossas fotografias
estão os livros que lemos, os filmes que vimos, as músicas que ouvimos,
as pessoas que amamos” Ansel Adams
Terceira etapa:
Trazer imagens de cam-
panhas publicitárias, fo-
tógrafos ou referências
próximas a realidade
deles que suscitem uma
discussão sobre a ques-
tão racial. Em seguida
peça aos alunos (as) que
procure uma imagem na
internet que trate do assunto. Posteriormente, os (as) alunos (as) po-
dem tentar reproduzir no ambiente escolar uma fotografia que repre-
sente a imagem que eles escolheram na internet. Por fim, o professor
242 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Imagem da campanha
trabalhada em sala de aula
Fotógrafo:
Oliviero
Toscani
Lívia Silva
Felipe Antunes
246 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Felipe Antunes
Flavio C. C.
Silva, Bruno A.
Anastácio, Adrian
C. de Macedo e
Pedro Henrique
Couto
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 247
Exemplo:
Orientação: Crie uma imagem com o seu grupo que retrate o
que significa ser negro na nossa sociedade.
Interpretações dadas à imagem pelos outros grupos:
“Parece uma peça de teatro!”; “Está limpando o pé!”; “Engraxando
o sapato!”; “Uma escrava!”; “Uma manicure!”; “Uma branca mandan-
248 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Moisés Patrício
250 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Pierre Verger
Sebastião Salgado
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 251
252 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Marta Azevedo
Elliott Erwitt
Culturas ancestrais e contemporâneas na escola 253
Joana Choumali
Rosana Paulino
254 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
Apresentação
Patrícia Hetti1 desenvolveu um trabalho de formação das
coordenadoras pedagógicas da EMEF Saturnino Pereira, Elisangela
Leal e Odete Carvalho, com o objetivo de proporcionar momentos de
leitura e reflexões a partir de determinados teóricos que trataram da
questão do negro no Brasil desde o século XIX até o momento atual,
envolvendo temáticas relativas a questões étnico-raciais, o processo da
diáspora negra, para que relacionassem estes temas ao debate sobre o
preconceito e o racismo na sociedade brasileira e na escola em parti-
cular. A questão para as coordenadoras era como enfrentar o racismo
presente nas práticas cotidianas na escola. Para este enfrentamento,
sentiam necessidade de uma discussão aprofundada das dimensões
histórico-sociais do racismo brasileiro.
Trabalharam incialmente com autores brasileiros, como
Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Kabengelê Munanga, no cam-
po sociológico e para explorar a dimensão psicológica, estudaram o
livro Psicologia Social do Racismo, organizado pelas Professoras Iray
Carone e Maria Aparecida Silva Bento.
Neste trabalho realizado com as coordenadoras pedagógicas
da EMEF Saturnino Pereira pode amadurecer toda uma discussão so-
bre a questão do racismo institucional, que se encontrava presente na
cultura escolar, assim como no ritual e práticas pedagógicas, o que, de
algum modo, dificultava o avanço de propostas inovadoras como a
que nos propunhamos a realizar.
Daí a importância do trabalho da psicóloga Ohara que
discutiu o papel das docências compartilhadas com o conjun-
to dos(as) professores(as) e de nosso trabalho em sala de aula com
os(as) professores(as) parceiros(as), conjuntamente com artistas e
pesquisadores(as).
dos das mais variadas formas nas relações entre os membros da co-
munidade escolar. A negação do sujeito negro presente nas falas, nos
comportamentos e nos silêncios das pessoas na escola foram focos
importantes para o debate com as coordenadoras.
Para finalizar nossas discussões, analisamos a teoria crítica com
a apresentação dos seus principais autores e com especial atenção para
a teoria do reconhecimento de Axel Honneth em sua obra Luta por
reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais (2003).
Buscamos estabelecer um diálogo entre “a gramática moral dos con-
flitos” proposta pela teoria do reconhecimento do autor, com base na
formação do indivíduo a partir de relações intersubjetivas e em uma
prática pedagógica que atentasse para a compreensão do processo de
negação dos valores e dos direitos da população negra no Brasil, bem
como das lutas pelo reconhecimento desse grupo excluído.
Adotamos, ao longo do percurso, um processo de formação
pautado em uma abordagem crítica sobre como a questão étnicorra-
cial é vivida nas escolas, despertando um novo olhar sobre as relações
raciais nesse ambiente e sobre como o processo histórico brasileiro
pode levar os negros à negação de sua própria natureza e cultura, re-
sultando, muitas vezes, em uma baixa autoestima, que os faz buscar
no embranquecimento um lugar de pertencimento na sociedade.
Ao examinarmos a complexidade das relações sociais existen-
tes em nosso país, deparamo-nos com a necessidade de desenvolver
discussões fundamentadas em uma compreensão dialética da forma-
ção do eu e do outro a partir de relações intersubjetivas, mediadas por
conflitos e tensões interrraciais e de classe, muitas vezes, não explici-
tadas. O processo de reconhecimento do outro, do reconhecimento
de direitos e de valores de uma cultura indicam a possibilidade de
enriquecimento social, no sentido de entender que na relação com
o outro emergem conflitos e possibilidades de superação que podem
fazer com que a sociedade rompa com mecanismos retificadores.
268 Mônica do Amaral • Rute Reis
Elaine Santos • Cristiane Dias (orgs.)
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