Exercícios - Platão
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Exercícios - Platão
1. (Ufu) “Mas quem fosse inteligente (…) lembrar-se-ia de que as perturbações visuais são
duplas, e por dupla causa, da passagem da luz à sombra, e da sombra à luz. Se
compreendesse que o mesmo se passa com a alma, quando visse alguma perturbada e
incapaz de ver, não riria sem razão, mas reparava se ela não estaria antes ofuscada por
falta de hábito, por vir de uma vida mais luminosa, ou se, por vir de uma maior ignorância a
uma luz mais brilhante, não estaria deslumbrada por reflexos demasiadamente refulgentes
[brilhantes]; à primeira, deveria felicitar pelas suas condições e pelo seu gênero de vida; da
segunda, ter compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos risível esta zombaria do que
aquela que descia do mundo luminoso.”
A República, 518 a-b, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.
3. (Ufu) “Todo aquele que ama o saber conhece por experiência que, quando a filosofia toma
conta de uma alma, vai encontrá-la prisioneira do seu corpo, totalmente grudada a ele. Vê
que, impelida a observar os seres, não em si e por si, mas por meio desse seu caráter, paira
por isso na mais completa ignorância. Mas mais se dá ainda conta do absurdo de tal prisão:
é que ela não tem outra razão de ser senão o desejo do próprio prisioneiro, que é assim
levado a colaborar da maneira mais segura, no seu próprio encarceramento”.
Platão, Fédon. Trad. Maria Tereza S. de Azevedo. Brasília: UnB, 2000, p. 66.
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Após analisar o texto acima, assinale a alternativa correta.
a) A ignorância é fruto da observação do que é em si e por si.
b) A filosofia para Platão é inata, não sendo necessário nenhum esforço de quem a
ela se dedica para obtê-la.
c) A alma encontra-se prisioneira do corpo por desejo do próprio homem.
d) A alma do filósofo encontra-se desde o início liberta dos entraves do corpo como
o demonstram, claramente, a Alegoria da Caverna e o texto acima.
4. (Ufu) “(…) Que pensamentos então que aconteceria, disse ela, se a alguém ocorresse
contemplar o próprio belo, nítido, puro, simples, e não repleto de carnes, humanas, de cores
e outras muitas ninharias mortais, mas o próprio divino belo pudesse em sua forma única
contemplar? Porventura pensas, disse, que é vida vã a de um homem olhar naquela direção
e aquele objeto, com aquilo [a alma] com que deve, quando o contempla e com ele convive?
Ou não consideras, disse ela, que somente então, quando vir o belo com aquilo com que
este pode ser visto, ocorrer-lhe-á produzir não sombras de virtude, porque não é em
sombras que estará tocando, mas reais virtudes, porque é no real que estará tocando?”
Platão. O Banquete. Trad. José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979, pp.42-43.
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Estão CORRETAS as afirmações contidas na alternativa
a) I, II, IV, V
b) II, III, IV, V
c) I, III, IV, V
d) I, II, III, IV
7. (Uel) “- Mas a cidade pareceu-nos justa, quando existiam dentro dela três espécies de
naturezas, que executavam cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua vez, temperante,
corajosa e sábia, devido a outras disposições e qualidades dessas mesmas espécies.
- É verdade.
- Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua alma estas mesmas
espécies, merece bem, devido a essas mesmas qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes
que a cidade”.
(PLATÃO. A república. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em Platão, é correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por benefícios pessoais,
havendo a possibilidade de ficarem invisíveis aos olhos dos outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de direito, conforme o
princípio universal de igualdade entre todos os seres humanos, homens e
mulheres.
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o qual, quando ocupa
cargos políticos, faz as leis de acordo com os seus interesses e pune a quem lhe
desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem na alma, isto é, deve
habitar o interior do homem, sendo independente das circunstâncias externas.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos demais aquilo que se
tomou emprestado, atitudes que garantem uma velhice feliz.
9. (Ufu) O trecho abaixo, que descreve o momento da origem do Kosmos, faz uma
referência ao paradigma platônico das Formas.
“Outro ponto que precisamos deixar claro é saber qual dos dois modelos tinha em vista o
arquiteto quando o construiu (o Kosmos): o imutável e sempre igual a si mesmo ou o que
está sujeito ao nascimento? Ora, se este mundo é belo e for bom seu construtor, sem dúvida
nenhuma este fixara a vista no modelo eterno; e se for o que nem se poderá mencionar, no
modelo sujeito ao nascimento.”
PLATÃO, Timeu. Belém: EDUFPA, 2001. (28c-29ª).
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c) Na formação do Kosmos, Platão adota dois modelos: o modelo imutável e o
modelo sujeito ao nascimento. O modelo imutável é constituído pelas Formas
inteligíveis e serve de base para a arquitetura do mundo porque é belo e somente
pensável. O modelo sujeito ao nascimento constitui as Formas sensíveis, que dão
origem às coisas mutáveis e destrutíveis.
d) Platão postula dois modelos cosmológicos na sua Filosofia: o modelo bom e
eterno, e o modelo ruim e sensível. O modelo eterno representa o plano
arquitetônico do Kosmos, que se identifica unicamente com o que é inteligível. O
modelo sensível representa tudo o que é corporal. As Formas são uma duplicação
inteligível do mundo sensível e servem para explicar o parentesco do pensamento
com o divino.
12. (Ufsj) Para a formação do filósofo, segundo Platão, as Ciências mais indicadas são
a) a Aritmética e a Geometria, porque favorecem o retorno da alma e são úteis, na
guerra, aos filósofos aprendizes.
b) a Geografia e a História, porque favorecem aos filósofos aprendizes
conhecimentos espaço-temporal.
c) a Química e a Física, porque estimulam a inteligência e esclarecem conhecimentos
obtidos pelos sentidos.
d) a Biologia, porque ela se ocupa do que nasce e morre, e do que pode aumentar ou
diminuir as forças do corpo.
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14. (Ufu) O trecho abaixo faz uma referência ao procedimento investigativo adotado por
Sócrates.
“O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro
no desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou velho (...) me disponho a responder a
todos por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a formular-lhes perguntas,
ouvindo eles o que lhes falo.” PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. (33 a-b)
Marque a alternativa que melhor representa o “método” socrático.
a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo que ouve de seu daímon.
Seu procedimento consiste em discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com
longos discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou com perguntas
que levem o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o expediente utilizado contra
os adversários, cujo objetivo é somente a disputa verbal.
b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte de seu procedimento
geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e
constituem um meio de reverter os argumentos do interlocutor para fazê-lo cair
em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário,
pela insuficiência de suas definições e pela aporia.
c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a profissão de ignorância
caracteriza o modo pelo qual encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria
diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática é uma dissimulação
que, pela zombaria, revela as verdadeiras disposições do pequeno número dos
que se encontram aptos para a Filosofia.
d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes testar sua aptidão filosófica por
meio de perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em destruir as
definições do adversário por meio da ironia. A ignorância socrática encoraja o
adversário a revelar suas opiniões verdadeiras que, pela refutação, dão a medida
da aptidão para a vida filosófica.
15. (Uel) “Quando é, pois, que a alma atinge a verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja
investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que seja, o corpo, é claro, a engana radicalmente.
- Dizes uma verdade.
- Não é, por conseguinte, no ato de raciocinar, e não de outro modo, que a alma apreende, em parte,
a realidade de um ser?
- Sim.
[...] - E é este então o pensamento que nos guia: durante todo o tempo em que tivermos o corpo, e
nossa alma estiver misturada com essa coisa má, jamais possuiremos completamente o objeto de
nossos desejos! Ora, esse objeto é, como dizíamos, a verdade.”
(PLATÃO. Fédon. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 66-67.)
Gabarito
1.C 2.B 3.C 4.B 5.C 6.D 7.D 8.A 9.B 10.C
11.E 12.A 13.C 14.B 15.A
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