Design Thinking - A Educação Presencial, A Distância e Corporativa - Resenha
Design Thinking - A Educação Presencial, A Distância e Corporativa - Resenha
Design Thinking - A Educação Presencial, A Distância e Corporativa - Resenha
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Doutorando e mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP. E-mail: [email protected].
quais trazem perguntas norteadoras sobre o assunto a ser tratado: 1) o que é design
thinking?; 2) para que serve o design thinking?; 3) quem faz o design thinking?; 4) como
utilizar o design thinking?; 5) aplicando as estratégias de design thinking.
Para efeito dessa resenha, esses capítulos foram sintetizados. Durante a
elaboração dessa síntese, buscou-se apresentar o DT, suas etapas e abordagem na
educação.
Histórico
Para entender de forma mais sucinta como surgiu o DT, será abordado nesse
tópico um breve histórico sobre seu surgimento.
Ao analisar a evolução humana, em conjunto com seus marcos históricos, é
possível ver a figura do design e contar sua história a partir do artesão, ou seja, um
profissional que esculpia objetos domésticos ou de outras finalidades para atender
necessidades. O conceito de design é mencionado pela primeira vez na edição de 1588
do Oxford English Dictionary como “um plano ou esboço concebido para algo que se há
de realizar” (CAVALCANTI, FILATRO, 2017, p. 2 apud. BÜRDEK, 1999, p. 15).
Examinando o processo de produção do objeto encomendado, pode-se perceber que o
Na era industrial (final do século XVIII e início do século XIX) temos o design de
produtos e industrial; nos anos 1950, com o início do consumismo temos o design de
bens, informações e identidades; com a popularização dos computadores pessoais nos
anos 1970 e 1980 temos o design de interfaces; em 1980 há uma maior preocupação
com os usuários de produtos e serviços e presenciamos o design centrado no usuário; a
popularização da internet nos anos 1990 traz consigo o design de redes de
multiusuários; e, nos anos 2000 vemos surgir a abordagem do design thinking.
Segundo Cavalcanti e Filatro (2017), Peter Rower foi o primeiro autor a publicar
um livro sobre o DT. As autoras apresentam o surgimento do design thinking na área
administrativa e na área do design, mostrando que há mais de uma visão sobre como
surgiu o DT. Entretanto, os textos mais conhecidos sobre o tema, principalmente no
contexto brasileiro, são os da Ideo. A Ideo é uma empresa de inovação situada no Vale
do Silício. Ela criou um documento chamado Toolkit, que informa como grupos podem
utilizar o DT – e esse documento está disponível no site da empresa e pode ser
consultado gratuitamente.
Campo do DT
O DT pode ser utilizado para a resolução de problemas complexos de forma
inovadora em várias áreas do conhecimento. Ele utiliza estratégias do HCD (human
centered design – design centrado no ser humano) e do Bootcamp Bootleg durante seu
processo.
Bootcamp Bootleg
O Bootcamp Bootleg é um material que está disponível no site da Universidade
de Stanford o qual apresenta a perspectiva do DT a partir da d.school. Ele apresenta
cinco etapas que faz parte do processo criativo do DT, que são entender/observar
(empatia), definir, idear, prototipar e testar. Essas cinco convergem com as três etapas
presentes no HCD, conforme ilustra o quadro 1.
Etapas do DT na educação
O DT pode ser aplicado para a resolução de problemas complexos, inovação e
aprendizagem-ensino em diversas áreas. No campo da educação, Cavalcanti e Filatro
(2017) sugerem que o DT seja utilizado seguindo as seguintes etapas: compreender o
problema, projetar soluções, prototipar e por último implementar a melhor opção
(figura 1).
Membros do DT
Durante a abordagem do DT existem as pessoas que trabalham diretamente no
processo, como o líder de projetos e os design thinkers, e também as que fazem parte
indiretamente, como os stekeholders, porém são consultadas também.
O líder gerenciará as ações bem como o tempo que os grupos, compostos pelos
design thinkers, possuem para entender o problema, elaborar possíveis soluções, criar
os protótipos e implementar a melhor solução.
Os design thinkers são as pessoas que aprenderão ou já praticam o pensamento
do design, que pode ou não ser composta pelos profissionais da empresa. Eles podem
ser de diversas áreas do conhecimento, porém, o ideal é que queiram fazer parte da
equipe e contribuir para encontrar soluções. Durante a escolha das pessoas que farão
parte dos grupos de DT, é necessário considerar a diversidade e evitar a
homogeneidade, pois num grupo onde todos seguem uma linha de pensamento similar
a proposta de solucionar problemas complexos de forma inovadora pode ser
comprometida. Além disso, os envolvidos no projeto precisam saber colocar em prática
a colaboração.
O líder de projeto pode ser um gestor ou alguém que tenha as características
de um líder, por exemplo: saber abordar as pessoas, ter espirito de trabalho em equipe,
ser carismático. Ele precisa conhecer bem o produto, a área em que ele irá trabalhar.
Entretanto, pode ocorrer de o gestor não ter conhecimento em como aplicar o DT.
Nessa situação, o ideal é contratar um desing thinker experiente para aplicar os
conceitos e ajudar na formação desse gestor para que futuramente possa assumir essa
função.
Os stakeholders são as partes interessadas no projeto. Nem sempre elas estão
diretamente ligadas ao projeto, mas possuem interesse de que tudo ocorra bem.
Alguns exemplos de stakeholders são investidores, quando no campo da educação os
pais ou familiares dos alunos, pessoas que de forma indireta possuem interessem no
sucesso do projeto.
Amplitude e profundidade
Na equipe do DT também existem as pessoas em formato de “T”. No geral, elas
são os especialistas no tema em que se busca uma solução. A parte de cima do “T”
representa a amplitude que esses precisam ter para trabalhar de forma horizontal, a
parte que está na vertical remete a profundidade de conhecimento que o especialista
possui no assunto, conforme apresenta a figura 2.
O DT na educação
Muitas universidades utilizam a aprendizagem baseada em problemas e
projetos (ABPP), na qual, durante o ano letivo ou período total do curso o aluno
aprende e coloca em prática os conhecimentos adquiridos a partir da construção de um
projeto para atender uma necessidade social, que pode resultar, por exemplo, na
criação de uma startup, aplicativo para celular, entre outras possibilidades.
O DT vem sendo adotado por alguns cursos para facilitar a criação desses
projetos, ainda mais por proporcionar a “inovação”. Entretanto, segundo João Paulo
Bittencourt: “Na educação é preciso atentar-se para algumas questões relevantes: se
for gerado um produto inovador, mas não existir evidência de aprendizagem, será que
houve de fato inovação?” (CAVALCANTI, FILATRO, 2017, p. 76).
No final do curso os alunos podem apresentar um excelente projeto, porém é
necessário averiguar se durante o processo houve de fato aprendizado. Pois, dentro de
um grupo em que há indivíduos com diferentes competências é fácil para os alunos
distribuírem entre si as tarefas de acordo com a experiência de cada um. Ou seja, para
haver aprendizado é necessário adquirir novos conhecimentos. Contudo, quando as
tarefas são distribuídas segundo as habilidades de cada componente do grupo, esses
DT na educação a distância
Na educação a distância o uso do DT é propício devido à complexidade
existente na construção de estratégias eficazes. Apesar da EaD encurtar distâncias e
proporcionar acesso a informação em lugares remotos, há diversos problemas que
fazem parte desse universo. Por exemplo, a evasão, o silêncio virtual, incentivo a
permanência entre outros. Esse cenário é considerado um campo fértil para o DT, que
pode ser utilizado na resolução de problemas complexos.
Considerações finais
O livro publicado por Cavalcanti e Filatro apresenta de forma compreensiva o
que é o design thinking e como ele pode ser utilizado no campo da educação. Além
disso, a obra traz em seu último capitulo um passo a passo, rico em detalhes, que ajuda
os profissionais interessados em aplicar o DT na construção de seus projetos.
Por trata-se de uma resenha, o objetivo desse texto foi sintetizar a obra de
Cavalcanti e Filatro passando a mensagem central sobre a aplicação do DT no campo
educacional. Entretanto, caso o leitor queira conhecer mais detalhes e se aprofundar
mais sobre a referida temática, aconselha-se a leitura da obra completa e também das
referências citadas.