Notas Matemáticas

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Notas Matemática para Economia I

Felipe Rivero e Thiago Salvador


Revisado por:
Maria Emilia Neves, Juliana Coelho e Yuri Ki

Universidade Federal Fluminense


Instituto de Matemática e Estatı́stica
Departamento de Análise
2016
F. Rivero e T. Salvador 2 Matemática para Economia I
Sumário

1 Limites 5
1.1 Noção intuitiva de limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Propriedades dos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.1 Limites laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4 Limites envolvendo infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.4.1 Limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.4.2 Limites no infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.4.3 O número e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.5 Assı́ntotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

2 Derivação 55
2.1 Noção intuitiva de derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.1.1 Coeficiente Angular da Reta Tangente ao Gráfico de uma Função . 55
2.1.2 Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.1.3 A Derivada de uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.2 Regras básicas de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.2.1 Regra da cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.3 Derivação Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.3.1 Taxas Relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.4 Exponenciais e trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

3
SUMÁRIO SUMÁRIO

2.4.1 Derivadas de funções exponenciais e de


funções logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
2.4.2 Derivadas de funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
2.5 Regra da função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
2.6 Derivadas de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
2.7 Regra de L’Hôpital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
2.7.1 Outras formas inderteminadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

3 Aplicações 119
3.1 Fun. crescente e decrescente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
3.2 Extremos relativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.3 Concavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
3.4 Esboço de gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
3.5 Problemas de Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

4 Várias variáveis 147


4.1 Definição e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
4.2 Derivadas parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
4.2.1 Derivadas parciais de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
4.3 Regras da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
4.3.1 Diferenciação implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
4.4 Extremos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
4.4.1 O teste da Derivada Segunda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
4.5 Multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

Revisão 181

F. Rivero e T. Salvador 4 Matemática para Economia I


Capı́tulo 1

Limite de funções de uma variável


real

O conceito de limite é o ponto de partida para definir todos os outros conceitos do


Cálculo, como os de continuidade, derivada e integral. Nesse capı́tulo vamos discutir o
que são os limites e como podem ser calculados. Também vamos estudar o conceito de
continuidade.

1.1 Noção intuitiva de limite


De maneira geral, o processo de determinar o limite consiste em investigar o compor-
tamento do valor da imagem f (x) de uma função f à medida que sua variável independente
x se aproxima de um número, que pode ou não pertencer ao domı́nio de f .
Vamos supor que um estudo de mercado sobre uma empresa estima que o investimento
de x milhões de reais geram um benefı́cio dado pela função abaixo

x2 + x − 2
f (x) = .
x−1

Os trabalhadores da empresa querem saber o valor estimado do benefı́cio quando há


um investimento de 1 milhão de reais. Embora a função f não seja definida em x = 1,
podemos avaliar f (x) para valores de x muito próximos de 1. Para fazer isto, podemos
observar a tabela a seguir,

x 0.9 0.95 0.99 0.999 1 1.001 1.01 1.05 1.1


f(x) 2,9 2,95 2,99 2,999 – 3,001 3,01 3,05 3,1

5
1.1. NOÇÃO INTUITIVA DE LIMITE CAPÍTULO 1. LIMITES

Os valores da função na tabela sugerem que:

• f (x) se aproxima do número 3 à medida que x se aproxima de 1 de ambos os lados.


Portanto, os benefı́cios se aproximam de 3 milhões de reais quando o investimento
se aproxima de 1 milhão.

• Podemos obter valores para f (x) tão próximos de 3 quanto quisermos, bastando
para isso tomar valores de x suficientemente próximos de 1.

Esse comportamento pode ser descrito, intuitivamente, dizendo que o limite de f (x)
quando x tende a 1 é igual a 3 e abreviado por

x2 + x − 2
lim f (x) = 3 ou lim =3
x→1 x→1 x−1

x2 + x − 2
Na Figura 1.1 podemos observar que o gráfico de f (x) = é uma reta com
x−1
um ’buraco’ no ponto (1, 3), e os pontos (x, y) = (x, f (x)) no gráfico se aproximam desse
buraco à medida que x se aproxima de 1 de ambos os lados.

x2 + x − 2
Figura 1.1: Gráfico de f (x) = [Video]
x−1

F. Rivero e T. Salvador 6 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.1. NOÇÃO INTUITIVA DE LIMITE

Temos a seguinte definição (informal) de limite:

Definição 1.1 Seja f uma função definida em um intervalo aberto em torno de um ponto
c, exceto possivelmente em c. Se o valor de f (x) fica arbitrariamente próximo de um
valor L para todos os valores suficientemente próximos de c, dizemos que f tem limite
L e escrevemos
x→c
lim f (x) = L ou f (x) −−−→ L
x→c

Ao definirmos limite, admitimos que f (x) é definida para todos os valores de x nas
proximidades de c, mas não necessariamente em x = c. A função não precisa nem existir
em x = c, e, mesmo que exista, seu valor f (c) neste ponto pode ser diferente do limite
quando x tende a c. Na Figura 1.2 o limite de f (x) quando x → c, é igual a L, embora
as funções se comportem de forma bastante diferente em x = c.

(a) f (c) é igual ao limite L (b) f (c) é diferente de L

(c) f (c) não está definido

Figura 1.2: Diferentes comportamentos de limites

F. Rivero e T. Salvador 7 Matemática para Economia I


1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES

A Figura 1.3 mostra os gráficos de duas funções que não têm limite quando x tende a
c. O limite não existe na figura (a) porque os limites laterais são diferentes, isto é, f (x)
se aproxima de 5 quando x tende a c pela direita e se aproxima de 3 (um valor diferente)
quando x tende a c pela esquerda. A função da figura (b) não tem limite (finito) quando
x tende a c porque os valores de f (x) aumentam indefinidamente à medida que x se
aproxima de c. Dizemos que funções como a da figura (b) têm um limite infinito quando
x tende a c. Limites laterais e limites infinitos serão estudados mais adiante.

(a) Limites laterais distintos (b) Limite infinito

Figura 1.3: Limites laterais e limite infinito

Vamos apresentar a seguir uma definição precisa de limite, conceito que foi introduzido
informalmente na Definição 1.1.

Definição 1.2 Seja f uma função com valores reais definida num intervalo aberto em
torno de un valor c, exceto possivelmente em c e seja L um número real. Dizemos que o
limite de f quando x tende a c é L se para todo número ε > 0 existe um número
δ > 0 tal que |f (x) − L| < ε para todo x verificando |x − c| < δ.

1.2 Propriedades dos limites


Seria muito trabalhoso calcular cada limite por meio de uma tabela, como fizemos na
seção anterior. O nosso objetivo agora é introduzir propriedades (teoremas) que permitam
simplificar o cálculo dos limites de funções algébricas.

F. Rivero e T. Salvador 8 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

O Teorema 1.1 a seguir, se refere aos limites de duas funções lineares elementares.

Teorema 1.1 Sejam c e k números reais. Então,

i) lim k = k.
x→c

ii) lim x = c.
x→c

O Teorema 1.2 mostra como calcular limites de funções que são combinações aritméticas
de funções cujos limites já conhecemos.

Teorema 1.2 Se L, M , c e k são números reais, f e g funções reais com valores reais e
lim f (x) = L e lim g(x) = M , então:
x→c x→c

i) lim (f (x) ± g(x)) = lim f (x) ± lim g(x) = L ± M .


x→c x→c x→c

ii) lim(f (x) · g(x)) = lim f (x) · lim g(x) = L · M .


c→c x→c x→c

iii) lim(k · f (x)) = k · lim f (x) = k · L.


x→c x→c
 n
iv) lim(f (x)) = lim f (x) = Ln onde n ∈ N.
n
x→c x→c

f (x) lim f (x) L


v) Se M 6= 0, então lim = x→c = .
x→c g(x) lim g(x) M
x→c
p q √
n
vi) lim n f (x) = n lim f (x) = L onde n é um número natural ı́mpar maior que 1, ou
x→c x→c
n é um número natural par e L > 0.

Exemplo 1.1 Vamos calcular os seguintes limites usando o teorema anterior:

1. lim 7.
x→5

Solução: Aplicando o Teorema 1.1, lim 7 = 7


x→5

2. lim (x − 5).
x→−3

Solução: Aplicando o Teorema 1.1 e as propriedades i) e ii) do Teorema 1.2,

lim (x − 5) = lim x − lim 5 = −3 − 5 = −8.


x→−3 x→−3 x→−3

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1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES

3. lim (x3 + 2x + 5)
x→2

Solução: Aplicando o Teorema 1.1 e as propriedades i), ii) e iii) do Teorema 1.2,

lim (x3 + 2x + 5) = lim x3 + lim 2x + lim 5


x→2 x→2 x→2 x→2
 3
= lim x + 2 lim x + lim 5
x→2 x→2 x→2
3
= 2 + 2 · 2 + 5 = 17

4. lim (3x2 − 5).


x→4

Solução: Aplicando o Teorema 1.1 e as propriedades i), ii) e iii) do Teorema 1.2,

lim (3x2 − 5) = lim (3x2 ) − lim 5


x→4 x→4 x→4
 2
= 3 lim x − lim 5
x→4 x→4
2
= 3 · 4 − 5 = 43

Aplicando os Teoremas 1.1 e 1.2 podemos determinar facilmente o limite de funções


polinomiais e de algumas funções racionais.

Teorema 1.3 Sejam p(x) e q(x) funções polinomiais.

i) lim p(x) = p(c).


x→c

p(x)
ii) Seja r(x) = uma função racional e q(c) 6= 0, então lim r(x) = r(c).
q(x) x→c

Observação: Os limites 2, 3 e 4 do Exemplo 1.1 podem ser calculados diretamente


aplicando o Teorema 1.3.

Exemplo 1.2 Vamos calcular os limites abaixo usando os teoremas anteriores:

1. lim (x5 − 3x4 + 2x2 + 7).


x→0

Solução: Como p(x) = x5 − 3x4 + 2x2 + 7 é uma função polinomial, pelo Teorema
1.3 lim p(x) = p(0) e, portanto,
x→0

lim (x5 − 3x4 + 2x2 + 7) = 05 − 3 · 04 + 2 · 02 + 7 = 7.


x→0

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

x−2
2. lim .
x→0 x+8

Solução: Chamando de p(x) = x − 2 e de q(x) = x + 8 e observando que q(0) =


8 6= 0 podemos aplicar o Teorema 1.3, obtendo

x−2 0−2 2 1
lim = =− =−
x→0 x+8 0+8 8 4

2x + 1
3. lim .
x→−1 x2 + 3x

Solução: Aplicando o Teorema 1.3 com p(x) = 2x + 1 e q(x) = x2 + 3x,

2x + 1 2(−1) + 1 1
lim = =
x→−1 x2 + 3x (−1)2 + 3(−1) 2


4
4. lim x2 − 4x + 4.
x→−2

Solução: Pelo Teorema 1.3, lim (x2 − 4x + 4) = (−2)2 − 4 · (−2) + 4 = 16. Usando
x→−2
agora a propriedade iv) do Teorema 1.2,

4
q √
4
lim x2 − 4x + 4 = 4 lim (x2 − 4x + 4) = 16 = 2.
x→−2 x→−2


3
5. lim 5x − 3.
x→−1

Solução: Analogamente ao exemplo anterior,



3
q p
3

3
lim 5x − 3 = 3 lim (5x − 3) = 5 · (−1) − 3 = −8 = −2.
x→−1 x→−1

r
5x
6. lim .
x→5 x+4

Solução: Sendo agora de p(x) = 5x e q(x) = x + 4 e observando que q(5) = 9 6= 0,


5x 3·5 25
pelo Teorema 1.3 obtemos que lim = = . Então, pelo Teorema 1.2,
x→5 x + 4 5+4 9
r r r √
5x 5x 25 25 5
lim = lim = = √ = .
x→5 x+4 x→5 x + 4 9 9 3

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1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES

x2 − 4
Vamos estudar agora o limite da função f (x) = quando x → 2. Um primeiro
x−2
estudo mostra que tanto o numerador quanto o denominador tende para zero quando x →
2, portanto não podemos aplicar o Teorema 1.3. Habitualmente, nestes casos precisamos
de uma simplificação. Observamos que para todos os valores de x tais que x 6= 2 temos

x2 − 4 (x − 2)(x + 2) (x−2)(x

+ 2)
= = = x + 2.
x−2 x−2  −2
x 

Portanto, a função f (x) é igual à função h(x) = x + 2 para todos os valores x próximos
de 2 mas diferentes de 2. Como para o cálculo dos limites não precisamos do valor no
mesmo ponto (ver Definição 1.1), então temos

x2 − 4
lim = lim (x + 2) = 4,
x→2 x − 2 x→2

onde podemos usar o Teorema 1.3 para o cálculo do segundo limite. Podemos sintetizar
a observação anterior no seguinte teorema:

Teorema 1.4 Se lim h(x) = L e f (x) é uma função tal que f (x) = h(x) para todos os
x→c
valores de x pertencentes a algum intervalo ao redor de c, excluindo o valor x = c, então

lim f (x) = lim h(x) = L.


x→c x→c

Exemplo 1.3 Vamos calcular os seguintes limites usando o Teorema 1.4. Para cada um
deles vamos precisar de um estudo prévio, bem fazendo uma fatoração bem usando alguma
outra técnica.

x2 + x − 2
1. lim
x→1 x−1
x2 + x − 2
Solução: Temos que a função f (x) = não está definida em x = 1 pois
x−1
tanto o numerador quanto o denominador são iguais a zero quando x = 1. Fatorando
o numerador temos x2 + x − 2 = (x − 1)(x + 2). Portanto, para todos os valores x
reais tais que x 6= 1,

x2 + x − 2 (x − 1)(x + 2) (x−1)(x

+ 2)
f (x) = = = = x + 2.
x−1 x−1  −1
x 

Logo,
x2 + x − 2
lim = lim (x + 2) = 1 + 2 = 3.
x→1 x−1 x→1

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

x2 − x − 6
2. lim
x→3 x2 − 4x + 3

x2 − x − 6
Solução: A função f (x) = não está definida para o valor x = 3, pois
x2 − 4x + 3
o numerador e o denominador são iguais a zero cuando x tem valor de 3. Fatorando
o numerador obtemos x2 − x − 6 = (x − 3)(x + 2); fatorando o denominador obtemos
x2 − 4x + 3 = (x − 3)(x − 1). Logo, para todos os valores x reais tais que x 6= 3
obtemos
x2 − x − 6 (x − 3)(x + 2) (x−3)(x

+ 2) x+2
f (x) = 2
= = = .
x − 4x + 3 (x − 3)(x − 1) (x−3)(x − 1)

x−1

Então,
x2 − x − 6 x+2 3+2 5
lim 2
= lim = = .
x→3 x − 4x + 3 x→3 x − 1 3−1 2
4 − x2
3. lim
x→−2 2x + 4

4 − x2
Solução: Temos que a função f (x) = não está definida para x = −2 pois
2x + 4
tanto o numerador quanto o denominador são zero quando x = −2. Fatorando o
numerador temos 4 − x2 = (2 − x)(2 + x). Portanto, para todos os valores x reais
tais que x 6= −2,
4 − x2 (2 − x)(2 + x) (2 − x)
(2+x)

2−x
f (x) = = = = .
2x + 4 2(x + 2) 2
(x+ 2)
 
2

Logo,
4 − x2 2−x 2 − (−2)
lim = lim = = 2.
x→−2 2x + 4 x→−2 2 2
x3 + 2x2
4. lim
x→−2 3x + 6

x3 + 2x2
Solução: A função f (x) = não está definida para o valor x = −2, pois
3x + 6
o numerador e o denominador são iguais a zero cuando x = −2. Fatorando o
numerador obtemos x3 + 2x2 = x2 (x + 2). Então, para todos os valores x reais tais
que x 6= −2 obtemos
x3 + 2x2 x2 (x + 2) x2(x+2)

1
f (x) = = = = x2 .
3x + 6 3(x + 2) 3(x+ 2)
 
3

Assim,
x3 + 2x2 1 1 4
lim = lim x2 = · (−2)2 = .
x→−2 3x + 6 x→−2 3 3 3

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1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES

x2 + x
5. lim
x→−1 x2 + 3x + 2

x2 + x
Solução: Então a função f (x) = não está definida para o valor x = −1
x2 + 3x + 2
pois tanto o numerador quanto o denominador são zero quando x tem valor de −1.
Fatorando o numerador temos que x2 + x = x(x + 1) e fatorando o denominador
obtemos x2 + 3x + 2 = (x + 2)(x + 1). Portanto, para todos os valores x reais tais
que x 6= −1,

x2 + x x(x + 1) x
(x+1)

x
f (x) = 2
= = = .
x + 3x + 2 (x + 2)(x + 1) (x + 2)
(x+ 1)

x+2

Portanto,
x2 + x x −1
lim = lim = = −1.
x→−1 x2 + 3x + 2 x→−1 x + 2 −1 + 2
(x + 1)2 − 1
6. lim
x→0 x
(x + 1)2 − 1
Solução: A função f (x) = não está definida para o valor x = 0,
x
pois o numerador e o denominador se aproximam ao zero cuando x tende para 0.
Calculando o produto notável no numerador e fatorando depois obtemos (x+1)2 −1 =
(x2 + 1 + 2x) − 1 = x2 + 2x = x(x + 2). Logo, para todos os valores x reais tais que
x 6= 0 obtemos

(x + 1)2 − 1 x(x + 2) x(x + 2)


f (x) = = = = x + 2.
x x x


Então,
(x + 1)2 − 1
lim = lim (x + 2) = 2.
x→0 x x→0

1−x
7. lim √
x→1 1− x
1−x
Solução: Temos que a função f (x) = √ não está definida para o valor x = 1
1− x
pois tanto o numerador quanto o denominador tem valor de zero quando x = 1.
Quando aparece uma raiz no denominador ou no numerador, multiplicamos para
obter uma identidade notável da forma (a + b)(a − b) = a2 − b2 . Mas, para não
mudar a função, precisamos multiplicar tanto o numerador quanto o denominador
por o mesmo fator1 .
1
Multiplicar e dividir pelo mesmo fator é como multiplicar por 1.

F. Rivero e T. Salvador 14 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

Assim,
  √  √
1−x 1−x 1+ x (1 − x)(1 + x)
f (x) = √ = √ √ = .
1− x 1− x 1+ x 1−x

Para todo valor x 6= 1, podemos simplificar a expressão anterior


√ √
1−x (1 − x)(1 + x) (1−x)(1

+ x) √
f (x) = √ = =

=1+ x.
1− x 1−x 1−
  x

Logo,
1−x √  √
lim √ = lim 1 + x = 1 + 1 = 2.
x→1 1 − x x→1

x−2
8. lim
x→4 x − 4

x−2
Solução: A função f (x) = não está definida para o valor x = 4, pois o nu-
x−4
merador e o denominador
√ são zero cuando x = 4. Analogamente, vamos multiplicar
x+2
a função por √ , obtendo
x+2
√ √  √  √ √
x−2 x−2 x+2 ( x − 2)( x + 2) x−4
f (x) = = √ = √ = √ .
x−4 x−4 x+2 (x − 4)( x + 2) (x − 4)( x + 2)

Assim, para todo valor x 6= 4,



x−2 x−4 x
 −4 1
f (x) = = √ = √ =√ .
x−4 (x − 4)( x + 2) (x− 4)( x + 2)

x+2

Portanto,

x−2 1 1 1
lim = lim √ =√ = .
x→4 x−4 x→4 x+2 4+2 4

x+6−3
9. lim
x→3 x−3

x+6−3
Solução: Temos que a função f (x) = não está definida para o valor
x−3
x = 3 pois tanto o numerador quanto o denominador são iguais a zero quando x = 3.

F. Rivero e T. Salvador 15 Matemática para Economia I


1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES


Multiplicando numerador e denominador por x + 6 + 3 obtemos

x+6−3
f (x) =
x−3
√  √ 
x+6−3 x+6+3
= √
x−3 x+6+3
√ 2
( x + 6) − 9
= √
(x − 3)( x + 6 + 3)
x−3
= √ .
(x − 3)( x + 6 + 3)

Então, para todo valor real x distinto de 3 temos



x+6−3 x−3 x
 −3 1
f (x) = = √ = √ = √ .
x−3 (x − 3)( x + 6 + 3)  (x−3)( x + 6 + 3)

x+6+3

Logo, √
x+6−3 1 1 1
lim = lim √ =√ = .
x→3 x−3 x→3 x+6+3 3+6+3 6

1.2.1 Limites laterais


Quando uma função é definida apenas de um lado de um número c, ou quando uma
função se comporta de forma diferente de cada lado de um número c, é mais natural, ao
definir o limite, exigir que a variável independente tenda para c apenas do lado que está
sendo considerado. Essa situação é ilustrada no seguinte exemplo:

3x − 2 se x < 3
Exemplo 1.4 Seja a função f (x) = .
5 − x se x ≥ 3
A Figura 1.4 mostra que o valor de f (x) tende a 7 quando x tende a 3 para valores
menores que 3, isto é, f (x) tende a 7 quando x tende a 3 pela esquerda. Denotamos esse
fato simbolicamente como lim− f (x) = 7
x→3

A figura mostra, também, que o valor de f (x) tende a 2 quando x tende a 3 para valores
maiores que 3, isto é, f (x) tende a 2 quando x tende a 3 pela direita. Simbolicamente
temos lim+ f (x) = 2
x→3

F. Rivero e T. Salvador 16 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

Figura 1.4: Gráfico de f (x). [Video]

Estes limites são chamados de limites laterais e podemos definir como:

Definição 1.3 Seja f (x) uma função real com valores reais. Chamamos de limite late-
ral à esquerda quando x tende ao valor c ao limite da função quando x se aproxima
de c somente por valores menores ao valor c. Se L é o valor do limite lateral à esquerda
da função f (x), então denotamos por lim− f (x) = L.
x→c

Analogamente, chamamos de limite lateral à direita quando x tende ao valor c


ao limite da função quando x se aproxima de c somente por valores maiores ao valor c. Se
L é o valor do limite lateral à direita da função f (x), então denotamos por lim+ f (x) = L.
x→c

O teorema a seguir estabelece a relação entre limites laterais e limites.

Teorema 1.5 O lim f (x) existe e é igual a L se e somente se os limites laterais são
x→c
iguais, ou seja
lim− f (x) = lim+ f (x) = L.
x→c x→c

No Exemplo 1.4, como lim− f (x) 6= lim+ f (x), concluı́mos que lim f (x) não existe.
x→3 x→3 x→3

Observação: Limites laterais têm todas as propriedades enumeradas na Seção 1.2.

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1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES


4x + 7 se x < −1
Exemplo 1.5 Seja f (x) = . Determinar, caso existir, lim f (x).
x2 + 2 se x ≥ −1 x→−1

Solução: Como a função tem distintas fórmulas à esquerda e à direita do valor


x = −1, vamos calcular os limites laterais. Se eles tiveram o mesmo valor, então existirá
o limite. Caso contrário, o limite não existirá. Para calcular os limites laterais vamos
usar os teoremas 1.1, 1.2 e 1.3 da Seção 1.2. Assim, para obter o limite à esquerda de
−1 da função f (x) usamos a expressão de f (x) para x < −1, obtendo

lim f (x) = lim − (4x + 7) = 4 · (−1) + 7 = 3.


x→−1− x→−1

Do mesmo modo, para calcular o valor do limite à direita de −1 de f (x), usamos o


valor da expressão da função para os valores x ≥ −1. Logo,

lim f (x) = lim (x2 + 2) = (−1)2 + 2 = 3.


x→−1+ x→−1

Como lim − f (x) = lim + f (x) = 3, pelo Teorema 1.5 existe o limite de f (x) quando
x→−1 x→−1
x → −1 e lim f (x) = 3.
x→−1

A Figura 1.5 mostra a função f (x) e os limites laterais quando x tende a −1 pela
esquerda e pela direita.

Figura 1.5: Limites laterais de f (x) quando x → −1− e x → −1+ .[Video]

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

 2
x + 1 se x < 2
Exemplo 1.6 Seja g(x) = 2 se x = 2 . Determinar, caso existir, lim f (x).
x→2
9 − x2 se x > 2

Solução: Como a função tem distintas fórmulas à esquerda e à direita do valor x = 2,


vamos calcular os limites laterais. Primeiro vamos calcular o limite à esquerda usando a
fórmula para os valores de x menores que 2.
lim g(x) = lim− (x2 + 1) = 22 + 1 = 5.
x→2− x→2

Analogamente, para calcular o valor do limite lateral à direita de x = 2, usamos a


fórmula de g(x) para os valores maiores que 2. Assim,
lim g(x) = lim+ (9 − x2 ) = 9 − 22 = 5.
x→2+ x→2

Como lim− g(x) = lim+ g(x) = 5, pelo Teorema 1.5 existe o limite de g(x) quando
x→2 x→2
x → 2 e lim g(x) = 5.
x→2

A Figura 1.6 mostra a função g(x) e os limites laterais quando x tende a 2 pela
esquerda e pela direita.

Figura 1.6: Limites laterais de g(x) quando x → 2− e x → 2+ . [Video]

Observação: Neste caso o valor da função no ponto x = 2 é distinto do valor do


limite quando x → 2.

F. Rivero e T. Salvador 19 Matemática para Economia I


1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES


x + 1 se x ≤ 3
Exemplo 1.7 Seja h(x) = . Determine, caso existam, os seguintes
3x − 7 se x > 3
limites:

1. lim h(x) 2. lim h(x) 3. lim h(x)


x→0 x→3 x→5

Solução:

1. Como a função h(x) tem a mesma fórmula à esquerda e à direita do valor x = 0, o


cálculo do limite é feito aplicando o Teorema 1.3. Assim,

lim h(x) = lim (x + 1) = 0 + 1 = 1.


x→0 x→0

Logo, lim h(x) = 1.


x→0

2. Como a função h(x) tem distintas fórmulas à esquerda e à direita do valor x = 3,


vamos calcular os limites laterais. Vamos calcular o limite à esquerda. Para isso
usamos a fórmula para os valores x < 3.

lim h(x) = lim− (x + 1) = 3 + 1 = 4.


x→3− x→3

Agora vamos calcular o limite à direita usando a fórmula para os valores x > 3.

lim h(x) = lim+ (3x − 7) = 3 · 3 − 7 = 2.


x→3+ x→3

Como lim− h(x) 6= lim+ h(x), não existe o limite lim h(x).
x→3 x→3 x→3

3. Como a função h(x) tem a mesma fórmula à esquerda e à direita do valor x = 5, o


cálculo do limite é feito aplicando o Teorema 1.3. Assim,

lim h(x) = lim (3x − 7) = 3 · 5 − 7 = 8.


x→5 x→5

Logo, lim h(x) = 8.


x→5

A Figura 1.7 mostra a função h(x) e os limites anteriores.

F. Rivero e T. Salvador 20 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES

Figura 1.7: Limites de i), ii) e iii) de h(x). [Video]

Vamos ver um problema aplicado à Economia.

Exemplo 1.8 Os organizadores de um evento esportivo estimam que se o evento é anun-


ciado com x semanas de antecedência, a receita obtida será R(x) milhares de dólares,
onde
R(x) = 15x − x2 − 50.

O custo de divulgação do evento para x semanas é C(x) milhares de dólares, onde

C(x) = x − 5.

O lucro para os organizadores é definido como a diferença entre a receita e o custo.


Portanto, a função lucro L(x) é dada por

L(x) = R(x) − C(x) = (15x − x2 − 50) − (x − 5) = 14x − 45 − x2 .

A Figura 1.8 mostra o gráfico da função lucro, onde somente precisamos mostrar
os valores de L(x) para valores positivos de x porque não tem sentido considerar dias
negativos.

F. Rivero e T. Salvador 21 Matemática para Economia I


1.2. PROPRIEDADES DOS LIMITES CAPÍTULO 1. LIMITES

Figura 1.8: Gráfico da função lucro L(x)

Vemos que para o valor x = 7 a função lucro atinge seu valor máximo, com um valor
de L(7) = 4. Logo o lucro máximo máximo é de $4.000 e é atingido com uma divulgação
de 7 semanas.
R(x) 15x − x2 − 50
A relação entre receita e custo é definida por Q(x) = = e pode
C(x) x−5
ser interpretada como o aumento da receita dependendo do custo. Se avaliamos a função
Q(x) no valor máximo para o lucro, obtemos que
15 · 7 − 72 − 50 6
Q(7) = = = 3.
7−5 2

Então, para x = 7 o valor da receita é o triplo do custo, isto é, R(7) = 3C(7).
Substituindo na definição da função lucro obtemos

L(7) = R(7) − C(7) = 3C(7) − C(7) = 2C(7).

Logo, o lucro máximo é o dobro do custo.


Vamos estudar agora o que acontece quando queremos determinar R(5). Como nesse
valor lucro e receita tem valor 0, precisamos calcular o limite da função R(x) quando
x → 5. Vamos fatorar a função. Assim, para todo valor x distinto de 5, obtemos
15x − x2 − 50 −(x − 5)(x − 10) −
(x−5)(x

− 10)
= = = 10 − x.
x−5 x−5 x−5
  

F. Rivero e T. Salvador 22 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.3. CONTINUIDADE

Portanto,
lim R(x) = lim (10 − x) = 10 − 5 = 5,
x→5 x→5
e à medida que nos aproximamos da quinta semana, a receita é cinco vezes maior do que
o custo, ou seja, que R(5) = 5C(5) e
L(5) = R(5) − C(5) = 5C(5) − C(5) = 4C(5).
Mas como o valor do custo para x = 5 é zero, então o lucro também tem valor 0.

1.3 Continuidade
Na linguagem comum, um processo contı́nuo é aquele que ocorre sem interrupções
ou mudanças repentinas, isto é, pequenas variações na variável correspondem pequenas
variações nas imagens. Intuitivamente, dizemos que uma função é contı́nua se podemos
desenhar o seu gráfico sem interrupções, buracos ou pulos. Formalmente, a definição de
continuidade é expressa utilizando a noção de limite da seguinte maneira:

Definição 1.4 Seja c um valor de R. Uma função real f é contı́nua em c se,

i) f (c) é definida,
ii) lim f (x) existe,
x→c

iii) lim f (x) = f (c).


x→c

Dizemos que uma função f é contı́nua num intervalo de R se ela é contı́nua em


todos os valores do intervalo, isto é, si para todo valor c no intervalo, f é contı́nua em c.

Observação: Uma função f sempre é contı́nua no seu domı́nio D(f ).

Na Figura 1.1 (pág 6), na Figura 1.2 (b) e (c) (pág. 7) e na Figura 1.3 (pág. 8) temos
exemplos de funções não contı́nuas.

Exemplo 1.9 Verifique se as funções abaixo são contı́nuas em x = −2

1. f (x) = x3 − 2x + 1

Solução: Temos que a função está definida para o valor x = −2 e que f (−2) = −3.
Aplicando o Teorema 1.3,
lim f (x) = lim (x3 − 2x + 1) = (−2)3 − 2 · (−2) + 1 = −3.
x→−2 x→−2

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1.3. CONTINUIDADE CAPÍTULO 1. LIMITES

Como lim f (x) = f (−2), então f (x) é contı́nua no valor x = −2.


x→−2

Na Figura 1.9 (a) podemos olhar o gráfico da função f (x).


x2 + 1
2. g(x) =
x+1
Solução: Temos que a função está definida para o valor x = −2 e que g(−2) = −5.
Se calculamos o limite de g quando x → −2 obtemos

x2 + 1 (−2)2 + 1
lim g(x) = lim = = −5,
x→−2 x→−2 x + 1 −2 + 1
onde aplicamos o Teorema 1.3.
Como lim g(x) = g(−2), então g(x) é contı́nua no valor x = −2.
x→−2

Na Figura 1.9 (b) podemos olhar o gráfico da função g(x).



x + 7 se x < −2
iii) h(x) = 5 se x = −2
3 − x se x > −2

Solução: Temos que a função está definida para o valor x = −2 e que h(−2) = 5.
Para calcular o limite de h quando x → −2 precisamos calcular os limites laterais
porque a função tem distintas fórmulas à esquerda e à direita de x = −2. Assim, o
limite à esquerda de h é

lim h(x) = lim (x + 7) = −2 + 7 = 5,


x→−2− x→−2− 2

e o limite à direita de h é

lim h(x) = lim + (3 − x) = 3 − (−2) = 5,


x→−2+ x→−2

onde aplicamos o Teorema 1.3 para ambos os casos.


Como lim h(x) = h(−2), então h(x) é contı́nua no valor x = −2.
x→−2

Na Figura 1.9 (c) podemos olhar o gráfico da função h(x).

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.3. CONTINUIDADE

(a) Continuidade de f no valor x = −2 (b) Continuidade de g no valor x = −2

(c) Continuidade de h no valor x = −2

Figura 1.9: Gráficos das funções do Exemplo 1.9 [Video]

Vimos na Seção 1.2 que, se p(x) e q(x) são funções polinomiais, então lim p(x) = p(c)
x→c
e lim r(x) = r(c) se q(c) 6= 0. De acordo com esses resultados e pela definição de conti-
x→c
nuidade, temos:

Teorema 1.6 Uma função polinomial é contı́nua em todos os números reais.

Teorema 1.7 Uma função racional é contı́nua em todos os números nos quais é definida.

Exemplo 1.10

1. A função f (x) = 3x2 − x + 5 é contı́nua em todo R.


x+1
2. A função g(x) = é contı́nua em D(g) = R − {2}, porque o denominador da
x−2
função tem valor zero para x = 2.

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1.3. CONTINUIDADE CAPÍTULO 1. LIMITES

x−2
3. A função h(x) = é contı́nua em R porque o denominador nunca se anula.
x2 + 1

Exemplo 1.11 Verificar a continuidade das seguintes funções nos valores dados.
 x2 −4
x−2
se x 6= 2
1. f (x) = , em x = 2.
1 se x = 2

Solução: Temos que f (2) = 1 e, portanto, f está definida para x = 2. Agora


vamos calcular o limite da função quando x tende ao valor 2. Como o numerador e
o denominador tem valor zero quando x = 2, vamos fatorar a função. Assim, para
x 6= 2,
x2 − 4 (x − 2)(x + 2)  (x−2)(x

+ 2)
= = = x + 2.
x−2 x−2 x
 −2


Portanto,
lim f (x) = lim (x + 2) = 2 + 2 = 4.
x→2 x→2

Como f (2) 6= lim f (x), a função é descontı́nua em x = 2.


x→2
 2
 x − 1 se x < 4
2. g(x) = 15 se x = 4 , em x = 4.
3x + 3 se x > 4

Solução: Como o valor de g(4) = 15, a função está definida em x = 4. Agora


vamos calcular o limite da função quando x → 4. Como a função tem distintas
fórmulas à esquerda e à direita, vamos calcular os limites laterais. Assim,

lim− g(x) = lim− (x2 − 1) = 42 − 1 = 15,


x→4 x→4

e
lim g(x) = lim+ (3x + 3) = 3 · 4 + 3 = 15.
x→4+ x→4

Portanto, como lim− g(x) = lim+ g(x) = 15, então lim g(x) = 15. Aliás, como g(4) =
x→4 x→4 x→4
lim g(x), a função é contı́nua em x = 4.
x→4

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.3. CONTINUIDADE

√
x + 4 se x ≥ 0
3. h(x) = , em x = 0.
x − 2 se x < 0

Solução: Tem-se que a função h está definida para o valor x = 0 e que h(0) = 2.
Vamos calcular o limite da função quando x → 0 calculando os limites laterais.
Pelas propriedades dos limites do Teorema 1.2, obtemos
√ q √
lim− h(x) = lim− x + 4 = lim (x + 4) = 4 = 2.
x→0 x→0 x→0

Vamos calcular agora o limite à direita de zero.

lim h(x) = lim+ (x − 2) = 0 − 2 = −2.


x→0+ x→0

Como os limites laterais tem valores distintos, então lim h(x) não existe e, portanto,
x→0
a função não é contı́nua em x = 0.

Na Figura 4.3 podemos observar os gráficos das funções f , g e h do Exemplo 1.11.

 x3 −1
x−1
se x 6= 1
Exemplo 1.12 Seja f (x) = . Determine o valor de α para que f seja
α se x = 1
contı́nua em todos os números reais.

Solução: Pela Definição 1.4, precisamos que f (1) = lim f (x). Então vamos calcular
x→1
o limite e dar esse valor para α. Como o numerador e o denominador têm valor zero
quando x vai para 1, vamos fazer uma fatoração. Assim, para todo valor x 6= 1, obtemos

x3 − 1 (x − 1)(x2 + x + 1)   2
(x−1)(x + x + 1)
= = = x2 + x + 1.
x−1 x−1 x
 −1


Logo,
lim f (x) = lim (x2 + x + 1) = 12 + 1 + 1 = 3.
x→1 x→1

Portanto, se α = 3, então f (1) = lim f (x) e a função será contı́nua para x = 1.


x→1

Usualmente o custo de produzir uma determinada mercadoria depende do número de


unidades produzidas. Esa relação é dada pela função de custo, que denotamos por
C(x), onde x representa o número de unidades produzidas.

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1.3. CONTINUIDADE CAPÍTULO 1. LIMITES

(a) Descontinuidade de f no valor x = 2 (b) Continuidade de g no valor x = 4

(c) Descontinuidade de h no valor x = 0

Figura 1.10: Gráficos das funções do Exemplo 1.11 [Video]

Exemplo 1.13 O custo de impressão de x centenas de livros educativos, em milhares de


reais, para uma editora é dado pela função de custo

x2 + 1

se x ≤ 16
C(x) = 100
252 + x+√
x
se x > 16

Vamos verificar que a função custo dada é contı́nua. Como a função está definida por
duas fórmulas, teremos que estudar a continuidade de cada uma delas e o ponto de união
de ambas.

• Para os valores x < 16, a função x2 + 1 é contı́nua porque é uma função polinomial.
Portanto, a função C(x) é contı́nua para tudo x < 16.
100
• O domı́nio da função 252 + √ é o conjunto dos números reais estritamente
x+ x

F. Rivero e T. Salvador 28 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.3. CONTINUIDADE

positivos, isto é D = {x no R : x > 0}. Como a função custo está definida desta
maneira para todo valor x > 16, então C(x) é contı́nua para todo x > 16.

• Vamos estudar agora a continuidade no valor x = 16. Temos que C(16) = 162 + 1 =
257. Agora precisamos calcular o limite de C(x) quando x → 16 usando os limites
laterais. Assim o limite à esquerda é

lim C(x) = lim (x2 + 1) = 162 + 1 = 257,


x→16− x→16

e o limite à direita é
 
100 100
lim+ C(x) = lim 252 + √ = 252 + √ = 257.
x→16 x→16 x+ x 16 + 16

Portanto lim C(x) = 257 = C(16) e a função C(x) é contı́nua para todo x em R.
x→16

Na Figura 1.11 temos o gráfico da função C(x).

Figura 1.11: Gráfico da função custo C(x) do e Exemplo 1.13

F. Rivero e T. Salvador 29 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

1.4 Limites envolvendo infinito

1.4.1 Limites infinitos


Na Seção 1.1 calculamos o limite L dos valores f (x) de uma função quando x tende
para um número real c, isto é, lim f (x) = L onde L é um número real. Pode ocorrer que,
x→c
à medida que x se aproxime de um número c, os valores de f (x) tornem-se muito grandes
(em valor absoluto). Esse fato pode ser ilustrado pelos seguintes exemplos.

1
Exemplo 1.14 Seja f (x) = . Essa função não é definida para x = 1, mas pode-
(x − 1)2
mos analisar o comportamento dos valores de f (x) quando x está à esquerda ou à direita
desse número. Para x próximo de 1, o denominador é muito pequeno, o que significa que
o quociente é muito grande. A tabela abaixo mostra o aumento de f (x) à medida que
x → 1.

x 0,9 0,99 0,999 1 1,001 1,01 1,1


f(x) 100 10.000 1.000.000 – 1.000.000 10.000 100

Observamos que quando x se aproxima de 1 pela esquerda ou pela direita, os valores de


f (x) aumentam. Se admitirmos que esses valores possam crescer ilimitadamente, diremos
que:

1
• O limite de f (x) = quando x tende a 1 pela esquerda é mais infinito e
(x − 1)2
indicaremos por
lim f (x) = +∞.
x→1−

1
• O limite de f (x) = quando x tende a 1 pela direita é mais infinito e indi-
(x − 1)2
caremos por
lim+ f (x) = +∞.
x→1

Como a função tem o mesmo comportamento à direita e à esquerda de 1 concluı́mos


que lim f (x) = +∞. A Figura 1.12 (a) mostra um esboço do gráfico da função f .
x→1

Podemos indicar de forma análoga, o comportamento de uma função cujos valores


decrescem ilimitadamente.

F. Rivero e T. Salvador 30 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

x
Exemplo 1.15 Vamos considerar a função g(x) = . A tabela a seguir mostra os
(x + 3)2
valores de g(x) para alguns valores de x na vizinhança de −3.

x - 3,1 -3,01 - 3,001 -3 - 2,999 - 2,99 - 2,9


g(x) -310 - 30.100 - 3.001.000 – - 2.999.000 - 29.900 -290

Vemos que os valores de g(x) são negativos e muito grandes em valor absoluto para
valores de x próximos de −3, isto é, os valores de g(x) decrescem ilimitadamente à medida
que x se aproxima de −3 pela esquerda ou pela direita.
Escrevemos, nesse caso, que lim − g(x) = −∞ e lim + g(x) = −∞. Como os limites
x→−3 x→−3
laterais são iguais podemos afirmar que lim g(x) = −∞.
x→−3

O gráfico de g aparece na Figura 1.12 (b).

Uma definição formal deste limite infinito é:

Definição 1.5 Dizemos que a função real f com valores reais tem limite +∞ (−∞)
quando x tende ao valor c se para todo valor δ > 0 existe um valor M > 0 (M < 0) tal
que f (x) > M (f (x) < M ) para todo valor x verificando |x − c| < δ.

2
Exemplo 1.16 Seja agora a função h(x) = . Olhando a Figura 1.12 (c), vemos
x−1
que à medida que x se aproxima de 1 pela esquerda, os valores de h(x) decrescem ilimita-
damente, isto é, lim− h(x) = −∞.
x→1

Vemos, também, que quando x se aproxima de 1 pela direita, os valores de h(x) crescem
ilimitadamente, ou seja, lim+ h(x) = +∞.
x→1

Como a função tem comportamento distinto à esquerda e à direita de 1, concluı́mos


que não existe limite de h(x) quando x → 1.

O seguinte teorema estabelece o cálculo de limites infinitos,

Teorema 1.8 Se lim+ f (x) = L, L 6= 0 e lim+ g(x) = 0 então,


x→c x→c

f (x)
lim+ = ±∞,
x→c g(x)
com o sinal dependendo dos sinais de L e de g(x) à direita de c.

F. Rivero e T. Salvador 31 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

(a) Limite infinito de f no valor x = 1 (b) Limite infinito de g no valor x = −3

(c) Distintos limites laterais para h no valor x = 1

Figura 1.12: Gráficas das funções do Exemplo 1.14, Exemplo 1.15 e Exemplo 1.16 [Video]

Observação: O Teorema 1.8 anterior pode ser enunciado para o limite à esquerda
de c com as mesmas conclusões. A existência do limite em c depende da igualdade dos
limites laterais.

Exemplo 1.17 Calcular os seguintes limites,

9−x
1. lim+ .
x→5 x−5
Solução: Sendo f (x) = 9 − x e g(x) = x − 5, então temos que lim+ f (x) = 4 e
x→5
lim+ g(x) = 0. Pelo Teorema 1.8, o limite vai ser +∞ ou −∞.
x→5
Vamos determinar o sinal do limite. Para isso precisamos fazer um estudo do sinal
do numerador f (x) e do denominador g(x) para os valores à direita de x = 5.

F. Rivero e T. Salvador 32 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

Assim, para qualquer valor x < 9, f (x) é sempre positivo. Para todo valor x > 5,
o valor de g(x) é positivo. Como estamos calculando o limite à direita para x = 5,
então g(x) é sempre positivo. Portanto, como ambos f (x) e g(x) são positivos à
direita de 5, concluimos que
9−x
lim+ = +∞.
x→5 x−5

−3x
2. lim− .
x→2 x−2
Solução: Sendo f (x) = −3x e g(x) = x − 2, então temos que lim− f (x) = 6 e
x→2
lim− g(x) = 0. Pelo Teorema 1.8, o limite vai ser +∞ ou −∞.
x→2
Vamos determinar o sinal do limite. Precisamos estudar os valores à esquerda de
x = 2. Assim, para qualquer valor positivo de x, temos que f (x) < 0. Para todo
valor x < 2, o valor de g(x) é negativo. Como estamos calculando o limite para
valores à esquerda de 2, então g(x) < 0. Portanto, como f (x) e g(x) são negativos,
concluimos que
−3x
lim− = +∞.
x→2 x − 2

x2 + 1
3. lim− .
x→0 x2 + x
Solução: Sendo f (x) = x2 + 1 e g(x) = x2 + x, então temos que lim− f (x) = 1 e
x→0
lim− g(x) = 0. Pelo Teorema 1.8, o limite vai ser +∞ ou −∞.
x→0
Vamos determinar o sinal do limite. Precisamos estudar os valores à esquerda de
x = 0. Temos que o valor de f (x) = 0 é sempre positivo para qualquer x em R.
Fatorando g(x) temos que g(x) = x(x + 1) e, como é um produto de dois elementos,
será positivo se ambos tivessem o mesmo sinal e negativo se tivessem sinais opostos.
Como estamos estudando o sinal a esquerda de 0, então x < 0. Por outro lado,
(x + 1) é positivo quando x > −1. Então temos que g(x) < 0 quanto x tende a 0
pela esquerda. Assim,
x2 + 1
lim− 2 = −∞.
x→0 x + x

1−x
4. lim + .
x→−2 x+2
Solução: Sendo f (x) = 1 − x e g(x) = x + 2, então temos que lim + f (x) = −3 e
x→−2
lim + g(x) = 0. Pelo Teorema 1.8, o limite vai ser +∞ ou −∞.
x→−2

F. Rivero e T. Salvador 33 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

Para determinar o sinal do limite precisamos estudar os valores à direita de x = −2.


Para todo x < 1, temos que f (x) > 0 e para x > −2, o valor de g(x) é positivo.
Como estamos calculando o limite para valores à direita e próximos de −2, então
f (x) e g(x) são positivas. Logo, concluimos que
1−x
lim + = +∞.
x→−2 x+2

5
5. lim .
x→0 x3 − x2

Solução: Sendo f (x) = 5 e g(x) = x3 − x2 , então temos que lim f (x) = 5 e


x→0
lim g(x) = 0. Fatorando g(x) obtemos que g(x) = x2 (x − 1) e a função é negativa
x→0
para todo valor x < 1 (x2 é sempre positivo). Como f (x) no zero é positiva e g(x)
5
é negativa para todo valor numa vizinhança de zero, então 3 < 0 para todo
x − x2
valor x perto de zero à esquerda e à direita. Pelo Teorema 1.8, concluı́mos que os
limites laterais são −∞ e, portanto,
5
lim = −∞.
x→0 x3 − x2

x−2
6. lim .
x→−1 x + 1

Solução: Sendo f (x) = x−2 e g(x) = x+1, então lim f (x) = −3 e lim g(x) = 0.
x→−1 x→−1
Vamos estudar o sinal de g(x) numa vizinhança de −1.
Temos que se x < −1, então g(x) é negativo e se x > −1, então g(x) é positivos.
Logo, aplicando o Teorema 1.8,
x−2 x−2
lim − = +∞, lim + = −∞.
x→−1 x+1 x→−1 x+1

x−2
Como os limites laterais são distintos, então concluimos que não lim não
x→−1 x+1
existe.

Os gráficos das funções do Exemplo 1.17 estão esboçados na Figura 1.13.

F. Rivero e T. Salvador 34 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

9−x −3x
(a) Gráfico da função (b) Gráfico da função
x−5 x−2

x2 + 1 1−x
(c) Gráfico da função (d) Gráfico da função
x2 + x x+2

5 x−2
(e) Gráfico da função (f) Gráfico da função
x3 − x2 x+1

Figura 1.13: Gráficas das funções do Exemplo 1.17

F. Rivero e T. Salvador 35 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

1.4.2 Limites no infinito


Estamos interessados, agora, em conhecer o comportamento dos valores f (x) de uma
função quando x cresce ou decresce ilimitadamente.
1
Vamos calcular alguns valores de f (x) = quando x cresce ilimitadamente.
x
x 10 100 1000 10.000 100.000 1.00.000
f(x) 0,1 0,01 0,001 0,0001 0,00001 0,000001

Observamos que, à medida que x cresce ilimitadamente, os valores de f (x) se aproxi-


mam de zero, isto é, lim f (x) = 0.
x→0

De modo geral, temos:

Teorema 1.9 Se n é um número inteiro positivo e c é um número real então


c
lim n = 0.
x→±∞ x

O teorema anterior mostra que se temos um termo que tende para infinito no nu-
merador e un termo constante no numerador, então o limite do quociente tende para
zero.
Observação: O Teorema 1.9 pode ser usado para outras funções além de xn que
aumentam indefinidamente quando x → ±∞. O Exemplo 1.18 mostra algumas delas.
Para o cálculo de limites no infinito de funções polinomiais e de funções racionais
temos os seguintes teoremas:

Teorema 1.10 Seja n un número inteiro positivo, a0 , . . . , an números reias e p(x) =


a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn uma função polinomial. Então,
lim p(x) = lim an xn .
x→±∞ x→±∞

Note que o teorema nos diz que o limite no infinito de um polinômio depende somente
do termo de grau maior. Quando os valores de x aumentan muito, o valor de um polinômio
se aproxima ao valor do seu termo dominante porque o valor dos outros termos é muito
menor em comparação.
Observação: Da mesma maneira que acontece com o Teorema 1.9, o Teorema 1.10
pode ser usado para funções não polinômiais com termos dominantes que aumentam ou
diminuem ilimitadamente quando a variável vai para ±∞. Alguns exemplos aparecem no
Exemplo 1.18.

F. Rivero e T. Salvador 36 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

Teorema 1.11 Sejam n e m números inteiros positivos, a0 , . . . , an e b0 , b1 , . . . , bm números


reais e p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn e q(x) = b0 + b1 x + b2 x2 + · · · + bm xm funções
polinomiais. Então,

p(x) an x n an n−m
lim = lim = lim x .
x→±∞ q(x) x→±∞ bm xm x→±∞ bm

O teorema diz que o limite no infinito de um quociente de dois polinômios é determi-


nado pelos termos de maior grau de cada um deles. Assim, se o numerador e denominador
são do mesmo grau, então para valores (absolutamente) grandes de x o limite é a razão
entre os coeficientes das condições dominantes. Se o denominador é de grau mais elevado
do que o numerador, o limite é 0. Finalmente, se o grau do numerador excede o grau
do denominador, o limite é infinito. O sinal depende do sinal dos coeficientes dos termos
dominantes.

Exemplo 1.18 Vamos calcular os seguintes limites no infinito aplicando os teoremas


anteriores

5
1. lim
x→+∞ x4

Solução: Chamando de c = 5, pelo Teorema 1.9 tem-se que o limite é zero.

5
lim = 0.
x→+∞ x4
2
2. lim
x→−∞ 3x5

2
Solução: Chamando de c = , pelo Teorema 1.9 tem-se que o limite é zero.
3
2
lim = 0.
x→−∞ 3x5

7
3. lim √
x→+∞ 2 x


Solução: Apesar de que x não ser um polinômio, temos que cresce ilimitadamente
quando x → +∞. Portanto, temos um quociente onde o numerador é constante e
o denominador tende para infinito. Logo,

7
lim √ =0
x→+∞ 2 x

F. Rivero e T. Salvador 37 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

4. lim (1 − x2 + x3 + 3x4 − 2x7 )


x→−∞

Solução: Aplicando o Teorema 1.10,

lim (1 − x2 + x3 + 3x4 − 2x7 ) = lim −2x7


x→−∞ x→−∞

x→−∞ x→−∞
Como x7 −−−−→ −∞, então −2x7 −−−−→ +∞. Assim,

lim (1 − x2 + x3 + 3x4 − 2x7 ) = +∞


x→−∞

5. lim (2x5 + x2 − 4)
x→−∞

Solução: Pelo Teorema 1.10,

lim (2x4 + x2 − 4) = lim 2x4


x→−∞ x→−∞

x→−∞
Como x4 −−−−→ +∞ porque x4 sempre é positivo, então

lim (2x4 + x2 − 4) = +∞
x→−∞

6. lim (x3 − 3x2 + x − 7)


x→+∞

Solução: Usando o Teorema 1.10,

lim (x3 − 3x2 + x − 7) = lim x3


x→+∞ x→+∞

x→+∞
Como x3 −−−−→ +∞, então

lim (x3 − 3x2 + x − 7) = +∞


x→+∞

7. lim ( x − 5x2 + 8)
x→+∞

Solução: A função f (x) = x − 5x2 + 8 não é polinomial porque tem um termo
com um exponente fracionário2 , mas o valor do limite de f (x) quando x → ±∞ é
como o valor do limite de x2 .

2
√ 1
Lembrar que x = x2

F. Rivero e T. Salvador 38 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

Assim, √
lim ( x − 5x2 + 8) = lim −5x2 = −∞
x→+∞ x→+∞

porque x2 é sempre positivo para todo valor de x real e, portanto, −x2 é sempre
negativo.

8. lim (x3 − cos(x) + 15)


x→−∞

Solução: Neste caso, a função f (x) = x3 − 3 cos(x) + 15 não é um polinômio pois


o termo 3 cos(x) é uma função trigonométrica limitada ja que seus valores sempre
ficam entre 1 e −1, mas o valor do limite de f (x) quando x → ±∞ é o mesmo que
o valor do limite de x3 . Então, temos que

lim (x3 − cos(x) + 15) = lim x3 = −∞


x→−∞ x→−∞

porque x3 é negativo para valores negativos de x.


2x − 5
9. lim
x→+∞ 7x + 8

Solução: Vamos usar o Teorema 1.11. Sendo p(x) = 2x − 5 e q(x) = 7x + 8, onde


os termos de grau maior são 2x e 7x respetivamente.
Logo,
p(x) 2x 2
x 2 2
lim = lim = lim = lim =
x→+∞ q(x) x→+∞ 7x x→+∞ 7
x x→+∞ 7 7

2x3 − 3x + 5
10. lim
x→−∞ 4x5 − 2
Solução: Sendo p(x) = 2x3 − 3x + 5 e de q(x) = 4x5 − 2, pelo Teorema 1.11, temos

2x3 − 3x + 5 2x3 2x3 2


lim 5
= lim 5
= lim 2= lim
x→−∞ 4x − 2 x→−∞ 4x x→−∞ x→−∞ 4x2
4x5
2
Usando agora o Teorema 1.10, lim = 0. Logo,
x→−∞ 4x2

2x3 − 3x + 5 2
lim = lim =0
x→−∞ 4x5 − 2 x→−∞ 4x2

F. Rivero e T. Salvador 39 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

x4 − 3x + 5
11. lim
x→+∞ 2 + 4x − x2

Solução: Sejam p(x) = x4 − 3x + 5 e q(x) = 2 + 4x − x2 . Usando o Teorema 1.11,


2

x4 − 3x + 5 x4 x4
lim = lim = lim = lim (−x2 ).
x→+∞ 2 + 4x − x2 x→+∞ −x2 x→+∞ (−1)x2 x→+∞

Assim, pelo Teorema 1.10,

x4 − 3x + 5
lim = lim (−x2 ) = −∞.
x→+∞ 2 + 4x − x2 x→+∞

3 − 2x + x2 − 4x3
12. lim
x→−∞ x3 + 5x2 + 4
Solução: Usando o Teorema 1.11, temos

3 − 2x + x2 − 4x3 −4x3 −4x3


lim = lim = lim = lim (−4) = −4.
x→−∞ x3 + 5x2 + 4 x→−∞ x3 x→−∞ x3 x→−∞

x3 + 3x2 − 5
13. lim
x→−∞ 8 − 5x − x2

Solução: Sejam p(x) = x3 + 3x2 − 5 e de q(x) = 8 − 5x − x2 . Pelo Teorema 1.11,


temos
1

x3 + 3x2 − 5 x3 x3
lim = lim = lim = lim (−x) = +∞.
x→−∞ 8 − 5x − x2 x→−∞ −x2 x→−∞ (−1)x2 x→−∞

Na Economia, o custo médio é o custo por unidade para produzir uma certa quanti-
dade, isto é, o custo total dividido pelo número de unidades produzidas. Se o custo para
producir uma quantidade x é dado pela função C(x), então a função custo médio C é
dada por
C(x)
C(x) = .
x

Exemplo 1.19 Vamos voltar ao Exemplo 1.13 e calcular os limites no infinito para as
funções custo C(x) e custo médio C(x). Lembre-se que a função de custo é

x2 + 1

se x ≤ 16
C(x) = 100
252 + x+√
x
se x > 16

F. Rivero e T. Salvador 40 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

Para calcular o limite de C(x) quando x → +∞, só precisamos estudar o valor da
função para valores de x muito grandes, isto é, precisamos calcular o seguinte limite:
 
100
lim 252 + √ .
x→+∞ x+ x

Neste caso, não podemos usar o Teorema 1.11 porque não temos um quociente de
polinômios, mas podemos deduzir o limite usando argumentos similares. Na expressão
100
√ o numerador é constante e o denominador cresce indefinidamente quando x →
x+ x
+∞. Logo,
100
lim √ = 0.
x→+∞ x + x
Usando as propiedades dos limites do Teorema 1.2 da Seção 1.2, temos
 
100 100
lim C(x) = lim 252 + √ = lim 252 + lim √ = 252 + 0.
x→+∞ x→+∞ x+ x x→+∞ x→+∞ x + x

Assim, quando aumenta muito o número de livros impressos, o custo da impressão é


de aproximadamente R$252.000.
Que acontece com o custo médio? Na Figura 1.14 podemos ver o gráfico da função
C(x)
Para calcular o limite do custo médio por livro impresso quando a editora quer um
número grande de exemplares, precisamos calcular
 
C(x) 252 100
lim C(x) = lim = lim + √ .
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ x x(x + x)

Acontece o mesmo problema com o cálculo do limite já que não temos uma relação de
100
dois polinômios, mas podemos fazer um razocı́nio análogo. Temos que a função √
x(x + x)
é um quociente onde o numerador é constante e o denominador cresce ilimitadamente
quando x aumenta. Logo,
100
lim √ = 0.
x→∞ x(x + x)
Usando agora o Teorema 1.9 e o Teorema 1.2, obtemos
 
252 100 252 100
lim C(x) = lim + √ = lim + lim √ = 0 + 0 = 0.
x→+∞ x→+∞ x x(x + x) x→+∞ x x→+∞ x(x + x)

Então temos que o custo médio por livro tende para zero quando aumentamos o número
de livros impressos.

F. Rivero e T. Salvador 41 Matemática para Economia I


1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO CAPÍTULO 1. LIMITES

Figura 1.14: Gráfico da função custo médio C(x).

1.4.3 O número e

O número irracional e, também conhecido como número de Euler3 ou número de Neper4 ,


é un número com um valor aproximado de 2.718281828459045235360287. É um número
importante em cálculo que aparece comobase dos xlogaritmos naperianos ou naturais. É
1
definido como o limite da função f (x) = 1 + quando x → ∞.
x

3
Leonhard Paul Euler (1707–1783) foi um grande matemático e fı́sico suı́ço de lı́ngua alemã que passou
a maior parte de sua vida na Rússia e na Alemanha. Fez importantes descobertas em campos variados
em cálculo, mecânica, óptica, astronomia e grafos. É considerado um dos mais proeminentes matemáticos
do século XVIII.
4
John Napier (1550 –1617) foi um matemático, fı́sico, astrônomo, astrólogo e teólogo escocês. Na
decodificação dos logaritmos naturais, Napier usou uma constante que, embora não a tenha descrito, foi
a primeira referência ao notável ”e”, descrito quase 100 anos depois por Leonhard Euler.

F. Rivero e T. Salvador 42 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.4. LIMITES ENVOLVENDO INFINITO

Observando a função f poderı́amos pensar que o limite teria valor de 1 porque x−1
tende para 0 quando x tende para infinito, mas a tabela a seguir mostra que o limite não
é esse.

x 10 100 1000 10000 100000 1000000


f(x) 2.59374 2.70481 2.71692 2.71815 2.71827 2.71828

Logo,  x
1
lim 1+ = e.
x→∞ x
Vamos ver um exemplo económico de composição contı́nua de interesse onde o
número e tem um papel importante. Suponha que uma quantidade de dinheiro é investido
e os juros são compostos apenas uma vez. Se P0 é o investimento inicial e r é a taxa de
juros (expresso como um decimal), o saldo P1 após adicionar os juros será de

P1 = P0 + P0 r = P0 (1 + r),

isto é, multiplicamos o investimento inicial por 1 + r.


Usualmente, os bancos computam os juros mais de uma vez por ano. Se o cálculo é
feito em k vezes por ano, então os juros são divididos entre as k parcelas, obtendo que o
balanço no primeiro periodo é de
r  r
P1 = P0 + P 0 = P0 1 + .
k k

Suponhamos agora que calculamos de novo os juros para nosso novo valor P1 . Agora,
com uma taxa de juros de r e chamando de P2 ao saldo final após adicionar os juros,
temos que
r  r  r 2
P2 = P1 + P 1 = P1 1 + = P0 1 + .
k k k
No final do primeiro ano, o balanço final depois de k periodos é de
 r k
P0 = P0 1 + .
k

Repetindo un número t de anos, temos que o valor do investimento P dependendo to


tempo é
 r kt
P (t) = P0 1 + ,
k
pois calculamos os juros tk vezes no total.
Podemos observar como o valor do investimento aumenta à medida que aumenta o
número de parcelas. A questão natural agora seria estudar que acontece quando o cálculo

F. Rivero e T. Salvador 43 Matemática para Economia I


1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

é instantâneo, isto é, quando o número de parcelas é arbitrariamente grande. Portanto,


 r kt
queremos calcular o limite de P0 1 + quando k → ∞.
k
Vamos escrever a fórmula anterior de uma forma já vista anteriormente. Se chamamos
1 r
de = , então k = rx. Logo,
x k
 xrt  x rt
 r kt 1 1
P (t) = P0 1 + = P0 1 + = P0 1 +
k x x
 x
1
Como x aumenta quando k aumenta, temos que 1 + tende para o número e
x
quando x, e portanto k, aumenta indefinidamente. Assim, se os juros são calculados
instantaneamente,
 x rt   x rt
1 1
P (t) = lim P0 1 + = P0 lim 1 + = P0 ert ,
x→∞ x x→∞ x

chegando a uma função exponencial de base e.

1.5 Assı́ntotas horizontais e assı́ntotas verticais


Os limites que envolvem valores infinitos de x ou f (x) podem ser usados para descre-
ver retas conhecidas como assı́ntotas, que estão frequentemente associadas a gráficos de
funções racionais.
Em particular, dizemos que uma função f possui uma assı́ntota vertical em x = a
se f (x) aumenta ou diminui ilimitadamente quando x tende para a pela direita ou pela
esquerda.

2x
Exemplo 1.20 Considerando a função f (x) = , cujo gráfico está esboçado na Fi-
x−1
gura 1.15, verificamos, por exemplo, que lim+ f (x) = +∞. Então a reta x = 1 é uma
x→1
assı́ntota vertical do gráfico da função f .

Quando f (x) tende para um valor finito b quando x aumenta ou diminui ilimitada-
mente, dizemos que a reta y = b é uma assı́ntota horizontal do gráfico de f .
No Exemplo 1.20 anterior, lim f (x) = 2. Então a reta y = 2 é uma assı́ntota hori-
x→±∞
zontal do gráfico de f .

F. Rivero e T. Salvador 44 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.5. ASSÍNTOTAS

Figura 1.15: Gráfico da função f (x) e suas assı́ntotas.

De modo geral, temos as seguintes definições:

Definição 1.6 Seja f uma função real com valores em R. A reta x = a é chamada de
assı́ntota vertical do gráfico de f se algum dos limites lim± f (x) = ±∞ se verifica.
x→a

Quando o valor de x se aproxima de a, o valor da função tende para o infinito. Como


o valor da função aumenta ou diminui ilimitadamente, o gráfico tende para o infinito na
direção do eixo y no valor a.

Definição 1.7 Seja f uma função real com valores no R. A reta y = b é chamada de
assı́ntota horizontal da função f se algum dos limites lim f (x) = b se verifica.
x→±∞

Observação: Para localizar as possı́veis assı́ntotas verticais do gráfico de uma função


p(x)
racional f tal que f (x) = , onde p e q são polinômios, devemos procurar valores tais
q(x)
que q(a) = 0 e p(a) 6= 0. Para achar as assı́ntotas horizontais devemos calcular os limites
de f quando x → ±∞. Se algum desses limites existe (é finito), então o valor do limite
determina a assı́ntota horizontal.

F. Rivero e T. Salvador 45 Matemática para Economia I


1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

Exemplo 1.21 Vamos achar as assı́ntotas das seguintes funções:

x2
1. f (x) = 2
x −4
Solução: Para calcular as possı́veis assı́ntotas verticaies vamos determinar os va-
lores onde o denominador não está definido. Como x2 − 4 = (x + 2)(x − 2), então
será zero se x = −2 ou x = 2. De fato, temos que o domı́nio da função f é
D(f ) = R − {−2, 2}.
Vamos estudar os limites laterais nesses valores.

• Para x = 2 temos que o numerador é um valor fixo e positivo e o denominador


é zero. Portanto, pelo Teorema 1.8 os limites laterais tendem para ±∞. Vamos
calcular o sinal deles. Para valores à esquerda e perto de 2, x2 − 4 < 0 e para
valores à direita e perto de 2, x2 −4 > 0. Como o numerador é sempre positivo,
então
lim− f (x) = −∞, lim+ f (x) = +∞.
x→2 x→2

• Para x = −2 temos também que o numerador é um valor fixo e positivo e o


denominador é zero. De novo, pelo Teorema 1.8 os limites laterais tendem para
±∞. Vamos calculá-los. Para valores à esquerda e perto de -2, x2 − 4 > 0 e
para valores à direita e perto de -2, x2 − 4 > 0. Como o numerador é sempre
positivo, então

lim f (x) = +∞, lim f (x) = −∞.


x→−2− x→−2+

Logo x = 2 e x = –2 são assı́ntotas verticais do gráfico de f .


Vamos estudar agora a existência de assı́ntotas horizontais. Vamos calcular o limite
no ±∞ para f . Pelo Teorema 1.11, obtemos

x2 x2 x2
lim = lim = lim = lim 1 = 1.
x→±∞ x2 − 4 x→±∞ x2 x→±∞ x2 x→±∞

x2
Logo temos que lim = 1 e, portanto, y = 1 é assı́ntota horizontal do gráfico
x→±∞ x2 − 4
de f
Na Figura 1.16 podemos ver o gráfico de f e suas assı́ntotas.

F. Rivero e T. Salvador 46 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.5. ASSÍNTOTAS

x2
Figura 1.16: Gráfico da função f (x) =
x2 − 4

2x
2. g(x) = √
x2 + 4
Solução: Temos que o denominador nunca tem valor zero porque x2 + 4 é sempre
positivo. Portanto o dominio da função é D(g) = R e não existem assı́ntotas
verticais.
Vamos estudar agora a existência de assı́ntotas horizontais estudando o limite da
função g quando x → ±∞. √ Apesar de não ter um polinônio
√ no denominador, temos
que o limite no infinito de x2 + 4 é como o limite de x2 . Mas agora temos que
ter cuidado com o sinal do limite.

Como o valor de x2 sempre é positivo, então o limite
√ quando x → ±∞ de x2 + 4
2
sempre será +∞. Se fizéssemos a simplificação x = x estaremos cometendo um
erro no cálculo do limite pois lim x = −∞. Vamos introducir a função valor
x→−∞
absoluto, que denotamos por f (x) = |x| para determinar as assintótas horizontais
da função h. A função valor absoluto é definida por

x se x ≥ 0
|x| =
−x se x < 0

Logo, √ √
lim x2 + 4 = lim x2 = lim |x| = lim x = +∞,
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x→+∞

F. Rivero e T. Salvador 47 Matemática para Economia I


1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

e √ √
lim x2 + 4 = lim x2 = lim |x| = lim (−x) = +∞,
x→−∞ x→−∞ x→−∞ x→−∞

Voltando para o cálculo do limite de g temos,


2x 2x 2x
lim g(x) = lim √ = lim √ = lim .
x→+∞ x→+∞ x2 + 4 x→+∞ x2 x→+∞ |x|

Logo,
2x 2x 2
x
lim = lim = lim = 2,
x→+∞ |x| x→+∞ x x→+∞ x
e
2x 2x 2
x
lim g(x) = lim = lim = lim = −2.
x→−∞ x→−∞ |x| x→−∞ −x x→+∞ (−1)x
Logo y = 2 e y = −2 são assı́ntotas horizontais do gráfico de g.
Na Figura 1.17 podemos ver o gráfico de g e suas assı́ntotas.

2x
Figura 1.17: Gráfico da função g(x) = √
x2 + 4

x2 + 4
3. h(x) =
x
Solução: Temos que a função h não está definida para o valor x = 0 e, portanto,
seu domı́nio é D(h) = R+ .

F. Rivero e T. Salvador 48 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 1. LIMITES 1.5. ASSÍNTOTAS

Logo a possı́vel assı́ntota vertical poderia ser x = 0. Vamos estudar os limites


laterais. Como o valor do numerador para x = 0 é positivo e o valor do denominador
é zero, então pelo Teorema 1.8 os limites laterais serão ±∞. Como o sinal de
denominador é negativo se x < 0 e positivo se x > 0, então

lim h(x) = −∞, lim h(x) = +∞.


x→0− x→0+

Portanto, x = 0 é assı́ntota vertical do gráfico de h


Se calculamos os limites no infinito, pelo Teorema 1.11 obtemos

x2 + 4 x2 x2
lim = lim = lim lim x = ±∞.
x→±∞ x x→±∞ x x x→±∞
x→±∞ 

Logo não existem assı́ntotas horizontais.


Na Figura podemos ver o gráfico de h e suas assı́ntotas.

x2 + 4
Figura 1.18: Gráfico da função h(x) =
x

F. Rivero e T. Salvador 49 Matemática para Economia I


1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

Relação de exercı́cios - 1: Limite de funções de uma variável real

1. Determine os limites

(a) lim 5 − 3x − x2 x2 − 49
x→1 (m) lim
x→−7 x + 7
(b) lim 5x2 − 7x − 3 r
x→3 x−4
(n) lim 3
x2 + 2 + 1 x→−3 6x2 + 2
(c) lim 2
x→2 x + 2x x2 + 4x + 3
(o) lim
4t2 − 25 x→−3 x+3
(d) lim5
t→ 2 2t − 3 (3 + y)2 − 9
(p) lim
2 − x2 y→0 y
(e) lim √ √
x→2 4x x+2− 2
(q) lim
x2 + 1 x→0 x
(f) lim1 √
x→ 2 1 + 2x + 8 3−y
(r) lim √
y→3 3 − 3y
y 3 − 5y
(g) lim z−3
y→−2 y + 3 (s) lim √
r
3
z→3 z+1+5
3 27x + 4x − 4
(h) lim 3z 3 − 2z 2 − 4z + 1
x→1 x10 + 4x2 + 3x (t) lim
√ z→−1 z−1
4 − u2 2
(i) lim y + 2y + 1
u→1 u + 3 (u) lim
y→0 y+5
t2 + 4t + 3 3
(j) lim x −x
t→−1 t2 − 1 (v) lim
r x→0 x
8t + 1 u−2
(k) lim (w) lim 2
t→1 t+3 u→2 3u − u3
9x2 − 64 9 − x2
(l) lim8 (x) lim
x→ 3 3x − 8 x→−3 x + 3

2. Calcule-se os limites laterais

(a) lim+ x3 − 2x + 5 r2 − 9
x→2 (c) lim +
r→−3 3 − r

√ r2 + 2r − 3
(b) lim+ x (d) lim+
x→0 r→1 r−1

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.5. ASSÍNTOTAS

3. Verifique se as funções são contı́nuas nos valores dados


 
5 + x se x ≤ 3 2 − x se x > 1
(a) f (x) = (e) g(x) =
9 − x se x > 3 x2 se x ≤ 1
em x = 3. em x = 1.

  x2 − 2x − 3
 −1 se x<0 se x 6= 1
(f) f (x) = x+1
(b) f (x) = x − 1 se 0 ≤ x < 1  −4 se x = 1
1 se x≥1

em x = −1.
em x = 0 e x = 1.  2
 y −9
6 3
se y =
(g) f (y) = y−3

3 + x se x ≤ 1
(c) f (x) = 
2 se y = 3
3 − x se x > 1
em x = 1. em y = 3.

  3 + z 2 se z < −2
2x − 1 se x < 1 (h) h(z) = 0 se z = −2
(d) g(x) =
x2 se x ≥ 1 
11 − z 2 se z > −2
em x = 1. em z = −2.

4. Determine o valor de a para que f (x) seja contı́nua no valor indicado.


 
 9 − x2  4x2 − 36
se x 6= −3 se x 6= 3
(a) f (x) = (c) f (x) =
 3x a+ 9 se x = −3  5x −a
15
se x = 3
em x = −3. em x = 3.

 x2 − 4

ax + 5 se x > 1 se x 6= −2
(b) f (x) = (d) f (x) = x+2
2
x − 3x + 4 se x ≤ 1  ax + 10 se x = −2
em x = 1. em x = −2.

5. Determinar os valores de α e β para que as funções seguintes sejam contı́nua em R.



3(x2 + αx)

x−3 se x < 1
 x2 − x − 2 se x < −1

 

α se x = 1
 
(a) h(x) = 2 (b) z(x) = −x3 se −1 ≤ x < 1
 x − β2

 2 se x > 1  β √
x − 3x + 2

x se x≥1


2

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1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

6. Determine, no caso de existir, os seguintes limites


2y 1
(a) lim+ (i) lim+
y→1 y−1 y→3 y−3
y2 y2 + 1
(b) lim− (j) lim
y→2 y − 2 y→−2 y + 2
p
4 + 3y 2 y−7
(c) lim+ (k) lim +
y→0 5y y→−7 y + 7

y2 + 1 1
(d) lim− (l) lim 3
y→2 y+2 y→0 y

y2 + 1 −1
(e) lim+ (m) lim 2
y→2 y + 2 y→0 y

1 1
(f) lim+ (n) lim −
y→2 2 − y y→−1 2y + 2

1−y 3y
(g) lim+ (o) lim −
y→5 (y − 5)2 y→−8 (y + 8)2

3+y 5
(h) lim− (p) lim
y→1 (y − 1)2 y→4 y − 4

7. Calcular os limites

(a) lim 2x4 − 7x + 1 y 2 − 3y + 1


x→∞ (j) lim
y→−∞ 3y 3 + 1
(b) lim 2 + 5w − w2 + 4w3
w→−∞
6y 4 − 1
(c) lim 6y − 10y 2 (k) lim
y→−∞ −5y 3
y→∞

(d) lim −s5 + s3 + 9 1 + r2


s→−∞ (l) lim
r→∞ 1 − 2r
4
(e) lim 5 + t − 7t2
t→∞ t5
(m) lim
3 t→−∞ t3 + 2t − 1
(f) lim
u→∞ −10u2 4y + 1
−7 (n) lim
(g) lim y→∞ 4 − y
x→∞ 2x2
x+2 2s + 3
(h) lim (o) lim
s→−∞ 6s + 7
x→∞ x + 4
2x4 + x2 + 4 2 + 3w − w3
(i) lim (p) lim
x→∞ −x2 − 2x + 7 w→−∞ 5

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CAPÍTULO 1. LIMITES 1.5. ASSÍNTOTAS

8. Depois de vários estudos sobre a população de uma pais, se estima que a população
2
em t anos desde agora será
√ de p = 0.2t + 1500 milhares de pessoas e que o PIB
do pais será de de E = 9t2 + 0.5t + 179 bilhões de reais. Se a renda per capita é
determinada como o quociente entre o PIB e população, determinar a tendência da
renda per capita quando t → +∞.
Dica: Cuidado com as unidades.

9. Un produtor determina que depois de t meses produzindo um novo produto o nı́vel


6t2 + 5t
de produção será dado pela função p(t) = . O que acontece com a produção
(t + 1)2
quando para valores muito grandes de t?.

10. Ache as assı́ntotas horizontais e verticais das seguintes funções


7x 3t
(a) f (x) = (e) h(t) = √
2x − 5 2t2 + 1
−2
r
z
(b) F (x) = (f) f (z) =
(x − 1)2 z−2
1 − 2x −2x
(c) g(y) = (g) F (x) = √
3 + 5x x2 + 4
3x2 + 1 y+2
(d) G(y) = (h) l(y) = √
2x2 − 7x 1−y

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1.5. ASSÍNTOTAS CAPÍTULO 1. LIMITES

F. Rivero e T. Salvador 54 Matemática para Economia I


Capı́tulo 2

Derivada de funções
de uma variável real

Vamos iniciar esse capı́tulo considerando dois problemas aplicados: o primeiro consiste em
determinar o coeficiente angular (inclinação) da reta tangente em um ponto do gráfico de
uma função e o segundo em estudar a variação de uma gráfica da relação entro a percen-
tagem de desemprego e a porcentagem correspondente da inflação. Essas duas aplicações,
aparentemente tão diversas, vão conduzir ao mesmo conceito: o de derivada. Mais adi-
ante, definiremos a derivada como o limite de uma função. Isso vai permitir aplicar o
conceito de derivada a qualquer quantidade ou grandeza que possa ser representada por
uma função.

2.1 Noção intuitiva de derivada:


interpretação geométrica e taxa de variação

2.1.1 Coeficiente Angular da Reta Tangente ao Gráfico de uma


Função
Vamos supor que P é um ponto no gráfico de uma função real f e queremos determinar
a reta tangente, que chamaremos de t, ao gráfico de f em P . Sabemos que uma reta no
plano é determinada quando conhecemos seu coeficiente angular e um ponto pertencente
a ela. Precisamos calcular, então, o coeficiente angular da reta t. A ideia para obter esse
coeficiente angular é aproximar a reta tangente por retas secantes, usando limites no final
para obter o coeficiente angular.
Vamos escolher outro ponto Q no gráfico de f e traçar uma reta (secante) passando
por P e Q. Tomando Q bem próximo de P , podemos fazer com que o coeficiente angular
da reta secante se aproxime do coeficiente angular da reta tangente com qualquer precisão

55
2.1. NOÇÃO INTUITIVA DE DERIVADA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

desejada.
Vamos supor que P = (x0 , f (x0 )) é um ponto no gráfico de f e que a abscissa de Q
esteja a uma distância de ∆x1 de x0 . Desse modo, a abscissa de Q é x0 + ∆x. Como Q
pertence ao gráfico de f , a ordenada de Q é f (x0 +∆x). Assim, Q = (x0 +∆x, f (x0 +∆x)).
Na Figura 2.1 temos o gráfico de f e os pontos P e Q.
Chamando por ∆y a distância entre f (x0 ) e f (x0 +∆x), isto é ∆y = f (x0 +∆x)−f (x0 ),
o coeficiente angular ms da reta secante, que chamaremos de s é (ver Sesão 3 da Revisão)

∆y f (x0 + ∆x) − f (x0 ) f (x0 + ∆x) − f (x0 )


ms = = = .
∆x (x0 − ∆x) − x0 ∆x

Se fizermos ∆x tender a zero, o ponto Q se moverá sobre a curva y = f (x) (curva do


gráfico da função f ) e tenderá ao ponto P . Além disso, a reta secante s irá girar em torno
de P e tenderá para a reta tangente t. Logo, quando ∆x → 0, o coeficiente angular ms
de s tende para o coeficiente angular mt de t, ou seja,

f (x0 + ∆x) − f (x0 )


mt = lim .
∆x→0 ∆x

No video associado à Figura 2.1 podemos ver ese fato.


Essas considerações levam para a seguinte definição

Definição 2.1 Seja f : R → R uma função real definida em um intervalo contendo x0 e


seja y0 = f (x0 ) a imagem de x0 . Se o limite

f (x0 + ∆x) − f (x0 )


m = lim ,
∆x→0 ∆x
existe (é finito), dizemos que a reta no plano xy contendo o ponto (x0 , y0 ) e tendo coefi-
ciente angular m é a reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , y0 ).

Observação: Se f é contı́nua em x0 e

f (x0 + ∆x) − f (x0 )


lim = ±∞,
∆x→0 ∆x
dizemos que a reta vertical x = x0 é a reta tangente ao gráfico de f em (x0 , y0 ).

1
A notação ∆x é usada para escrever uma variação pequena de un valor. Neste caso, como a variação
é feita no eixo x, denotamos por ∆x.

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CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.1. NOÇÃO INTUITIVA DE DERIVADA

Figura 2.1: Reta secante ao gráfico da função f que pasa pelos pontos P e Q [Video]

Exemplo 2.1 Escreva a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 + 4x no ponto


(1, 5).

Solução: Para obter a reta tangente precisamos calcular aos coeficientes mt e b da


fórmula
y = mx + b,
onde m é o coeficiente angular e b a ordenada na origem (ver Sesão 3 da Revisão). Logo,
pela Definição 2.1,
f (1 + ∆x) − f (1)
m = lim
∆x→0 ∆x
(1 + ∆x)2 + 4(1 + ∆x) − (12 + 4 · 1)
= lim
∆x→0 ∆x
2
(∆x) + 6∆x
= lim
∆x→0 ∆x
(∆x)2 + 6
∆x

= lim
∆x→0 ∆x
= lim (∆x + 6) = 6.
∆x→0

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2.1. NOÇÃO INTUITIVA DE DERIVADA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Logo temos que y = 6x + b. Como a reta tangente passa pelo ponto (1, 5), temos que

5 = 6 · 1 + b ⇔ b = −1,

e a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto (1, 5) é y = 6x − 1.


Na Figura 2.2 podemos ver a função f (x) e a reta tangente obtida.

Figura 2.2: Reta tangente ao gráfico da função f que pasa pelo ponto (1, 5)

2.1.2 Taxa de Variação


Vamos considerar que estamos monitorando o valor de um ativo na Bolsa de Valores ao
longo de um intervalo de tempo (um dia, uma semana, um mês...) dado pela função
V (t) e queremos determinar a taxa de variação do valor num instante do intervalo, isto é,
informação de se o preço está aumentando ou diminuindo muito ou poco nesse instante.
Olhando a Figura 2.3, que pode representar o valor do ativo, podemos observar como a
inclinação da reta tangente oferece essa informação.

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CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.1. NOÇÃO INTUITIVA DE DERIVADA

Figura 2.3: Inclinação da reta tangente en vários pontos da função V (t)

Quando o valor aumenta, a reta tem inclinação positiva e quando diminui, a inclinação
é negativa e suas inclinações são maiores quanto mais aumenta ou diminui o valor.
Assim, podemos definir a taxa de variação de uma função num ponto como o coeficiente
angular da reta tangente nesse ponto.

Definição 2.2 Seja y = f (x). A taxa de variação (instantânea) de y em relação


a x quando x tem o valor x0 é dada por

f (x0 + ∆x) − f (x0 )


lim .
∆x→0 ∆x

Exemplo 2.2 Suponha que o custo semanal, em reais, para a fabricação de x geladeiras
seja dado pela função C(x) = 8.000 + 400x–0.2x2 com 0 ≤ x ≤ 400. Determine a taxa de
variação da função custo em relação à x quando x = 250.

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2.1. NOÇÃO INTUITIVA DE DERIVADA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Solução: Se chamamos de C 0 (x) a taxa de variação de C em relação a x, precisamos


determinar C 0 (250). Logo,

C(250 + ∆x) − C(250)


C 0 (250) = lim
∆x→0 ∆x
8.000 + 400(250 + ∆x) − 0, 2(250 + ∆x)2 − 95.500
= lim
∆x→0 ∆x
8.000 + 100.000 + 400∆x − 12.500 − 100∆x − 0, 2(∆x)2 − 95.500
= lim
∆x→0 ∆x
300∆x − 0, 2(∆x)2
= lim
∆x→0 ∆x
300
∆x − 0, 2(∆x)2
= lim
∆x→0 ∆x
 
= lim (300 − 0, 2∆x) = 300.
∆x→0

Resposta: Para um nı́vel de fabricação 250 geladeiras, a taxa de variação do custo é


R$300 por geladeira.

2.1.3 A Derivada de uma Função


Vimos nas seções 2.1.1 e 2.1.2 que o problema de determinar o coeficiente angular da reta
tangente ao gráfico de uma função em um ponto dado e o problema de encontrar a taxa de
variação de uma variável em relação à outra são ambos resolvidos pelo cálculo do mesmo
limite, que é a base de um dos conceitos fundamentais do Cálculo, a derivada, definida a
seguir.

Definição 2.3 Dada uma função f (x), a função definida por

f (x + ∆x) − f (x)
f 0 (x) = lim
∆x→0 ∆x
é chamada de (função) derivada de f (x).

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CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Exemplo 2.3 Calcular a (função) derivada de f (x) = x2 + 4x.


Solução: Vamos aplicar a definição de derivada como limite do incremento:
f (x + ∆x) − f (x)
f 0 (x) = lim
∆x→0 ∆x
(x + ∆x)2 + 4(x + ∆x) − (x2 + 4x)
= lim
∆x→0 ∆x
2  2 2 
(x
 + 4x) + (∆x) + 2x∆x + 4∆x − 
(x + 4x)
= lim
∆x→0 ∆x
2
(∆x) + 2x
 ∆x + 4
 ∆x

= lim
∆x→0 ∆x

= lim (∆x + 2x + 4) = 2x + 4.
∆x→0

Observações:

i) O limite indicado na Definição 2.3 pode existir para alguns valores de x e deixar de
existir para outros. Se o limite existe (é finito) para x = a, dizemos que a função é
derivável (diferenciável) em a.

ii) A notação f 0 usada na definição anterior tem a vantagem de enfatizar que a derivada
de f é uma função de x que está associada de certa maneira com a função f dada.
Se a função é apresentada na forma y = f (x), com a variável dependente explı́cita,
então o sı́mbolo y 0 é usado em lugar de f 0 (x). A derivada de y = f (x) é também
df dy
indicada por ou e algumas vezes por Dx y ou Dx f .
dx dx
Como já mostramos nas seções anteriores, a derivada tem uma interpretação geométrica
e outra como taxa de variação. Assim:

• Interpretação Geométrica: A derivada f 0 (x) expressa o coeficiente angular da


reta tangente à curva y = f (x) em função da coordenada x do ponto de tangência
(desde que o limite exista).

• Taxa de Variação: A derivada f 0 (x) expressa a taxa de variação (instantânea) de


y = f (x) em relação a x.

2.2 Regras básicas de derivação


A operação de encontrar a derivada de uma função é chamada derivação ou diferen-
ciação e pode ser efetuada aplicando-se a definição de derivada. No entanto, como esse

F. Rivero e T. Salvador 61 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

processo é usualmente demorado, precisamos de algumas regras (teoremas que são pro-
vados a partir da definição de derivada) que possibilitem encontrar a derivada de certas
funções mais facilmente.

Proposção 2.1 Assim, sendo c um valor em R, p um valor em Q e u e v funções reais


de variável x. Então:

1. Regra da constante: Se f (x) = c então f 0 (x) = 0.

2. Regra da identidade: Se f (x) = x então f 0 (x) = 1.

3. Regra da potência: Se f (x) = xp então f (x) = p · xp−1 .

4. Regra da soma: Se f (x) = u + v então f 0 (x) = u0 + v 0 .

5. Regra do produto: Se f (x) = uv então f 0 (x) = u0 v + uv 0 .

6. Regra do produto por uma constante: Se f (x) = c · u então f 0 (x) = c · u0 .

u 0 u0 v − uv 0
7. Regra do quociente: Se f (x) = e v 6= 0 então f (x) = .
v v2

Vamos explicar geométricamente as três primeiras regras, usando demonstrações, gráficos


e vı́deos para ter uma melhor clareza visual.
Seja a função constante f (x) = 5. O gráfico da função é uma reta horizontal que
pasa pelo ponto (0, 5) (Ver Figura 2.4). Como a função derivada é o valor do coeficiente
angular da reta tangente em cada ponto, isto é o valor da inclinação da reta tangente em
cada ponto, temos que numa reta horizontal toda reta tangente coincide com a própria
função e portanto não existe nenhuma inclinação. Logo o coeficiente das retas tangentes
em cada ponto é zero e, por causa disso, a função derivada f 0 (x) = 0 para todo valor do
R
É fácil mostrar este fato usando à Definição 2.3. Seja a função constante f (x) = c,
onde c é um valor real fixo. Assim,

f (x + ∆x) − f (x)
f 0 (x) = lim
∆x→0 ∆x
c−c
= lim
∆x→0 ∆x
0
= lim = 0.
∆x→0 ∆x

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CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Figura 2.4: Derivada de uma função constante f (x) = 5

Se a função f (x) é uma reta como acontece quando f (x) = x, então a reta tangente
em cada ponto do gráfico da função também coincide com a própria função e o valor do
coeficiente angular será o mesmo que o valor do coeficiente angular da reta f (x) = x,
sendo neste caso de 1. Se a função fosse qualquer outra reta da forma y = mx + b, onde
m é o coeficiente angular e b é a ordenada na origem (ver Seção 3 da Revisão), então
a inclinação da reta tangente em cada ponto será a inclinação da mesma reta, obtendo
dy
= m para todo valor x real. A Figura 2.5 mostra um exemplo para f (x) = 3x − 1.
dx
Também podemos usar a definição de função derivada para mostrar o anterior. Seja
f (x) = mx + b uma reta. Então,

f (x + ∆x) − f (x)
f 0 (x) = lim
∆x→0 ∆x
m(x + ∆x) + b − (mx + b)
= lim
∆x→0 ∆x
mx
  + m∆x + b −   − b
mx
= lim
∆x→0 ∆x
m ∆x

= lim
∆x→0 ∆x
= lim m = m.
∆x→0

F. Rivero e T. Salvador 63 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Figura 2.5: Derivada de uma reta f (x) = 3x − 1

Para a regra da potência, somente vamos mostrar alguns gráficos e vı́deos de exemplos
concretos.

Exemplo 2.4 Seja f (x) = x2 + 4x. Pela Proposição 2.1, usando a regra da soma

f 0 (x) = (x2 + 4x)0 = (x2 )0 + (4x)0 .

Usando agora as regras da potência, da identidade e do produto por uma constate,


obtemos
f 0 (x) = 2x2−1 + 4 · 1 = 2x + 4.

Portanto, a reta tangente em cada ponto do gráfico de f tem por coeficiente angular
m = 2x + 4, que depende do valor x. Para calcular a fórmula da reta tangente no ponto
(1, f (1)) = (1, 5), só precisamos determinar o valor da ordenada na origem na fórmula
geral de uma reta y = mx + b. Como a reta pasa também pelo ponto (1, 5), temos que o
valor de y para x = 1 é de y = 5. Substituindo os valores de x, y e m = 2 · 1 + 4 = 6 na
fórmula, podemos calcular o valor de b.

5 = 6 · 1 + b ⇔ b = −1

Logo a fórmula da reta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 5) é y = 6x − 1.

F. Rivero e T. Salvador 64 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Na Figura 2.6 podemos ver várias retas tangentes ao gráfico da função que passam pelos
pontos (−6, f (−6)) = (−6, 12) (azul), (−4, f (−4)) = (−4, 0) (vermelha) e (1, f (1)) =
(1, 5) (verde). Se calculamos os coeficientes angulares dessas retas obtemos que

f 0 (−6) = 2(−6) + 4 = −8 = m1 , coeficiente angular da reta tangente y = −8x − 36


f 0 (−4) = 2(−4) + 4 = −4 = m2 , coeficiente angular da reta tangente y = −4x − 16
f 0 (1) = 2(1) + 4 = 6 = m3 , coeficiente angular da reta tangente y = 6x − 1

No vı́deo podemos apreciar como os valores dos coeficientes angulares dessas retas
estão de fato na função f 0 (x) = 2x + 4.

Figura 2.6: Retas tangentes ao gráfico de f (x) = x2 + 4x em distintos pontos. [Video]

Exemplo 2.5 Seja f (x) = x3 − 4. Pela Proposição 2.1, usando a regra da soma

f 0 (x) = (x3 − 4)0 = (x3 )0 − (4)0 .

Usando agora as regras da potência, do produto por uma constate e da constante,


obtemos
f 0 (x) = 3x3−1 − 0 = 3x2 .

F. Rivero e T. Salvador 65 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Então as retas tangentes em cada ponto do gráfico da função f tem uma inclinação m
que depende do valor do x com a fórmula m = 3x2 = f 0 (x). Para determinar a equação da
reta tangente ao gráfico de f que passa pelo ponto (1, −3), precisamos calcular o coeficiente
angular m e a ordenada na origem b na fórmula y = mx + b. Como m = f 0 (1) = 3 · 12 = 3
e temos que y = −3 se x = 1 porque (1, −3) é também um ponto na reta tangente, podemos
calcular b.
−3 = 3 · 1 + b ⇔ b = −6
Logo a fórmula da reta tangente ao gráfico de f no ponto (1, −3) é y = 3x − 6.
Na Figura 2.7 mostra várias retas tangentes ao gráfico da função que passam pelos
pontos (−3, f (−3)) = (−3, −31) (vermelha), (1, f (1)) = (1, −3) (azul) e (2, f (2)) = (2, 4)
(verde). Se calculamos os coeficientes angulares dessas retas obtemos que

f 0 (−3) = 3(−3)2 = 27 = m1 , coeficiente angular da reta tangente y = 27x + 50


f 0 (1) = 3 · 12 = 3 = m2 , coeficiente angular da reta tangente y = 3x − 6
f 0 (2) = 3 · 22 = 12 = m3 , coeficiente angular da reta tangente y = 12x − 20

No vı́deo podemos apreciar como os valores dos coeficientes angulares dessas retas
estão de fato na função f 0 (x) = 3x2 .

Figura 2.7: Retas tangentes ao gráfico de f (x) = x3 − 4 em distintos pontos. [Video]

F. Rivero e T. Salvador 66 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Exemplo 2.6 Seja f (x) = x + x−2 . Usando primeiro a regra da soma para calcular a
derivada da função f e depois as regras da identidade e da potência obtemos,

f 0 (x) = (x)0 + (x−2 )0 = 1 + (−2)x−2−1 = 1 − 2x−3

O coeficiente angular de cada reta tangente do gráfico da função f no ponto (x, f (x)) é
m = 1 − 2x−3 . Observando a Figura 2.8 podemos ver várias retas
 tangentes
 ao gráfico de
65
f que passam pelos pontos (−1, f (−1)) = (−1, 0), (4, f (4)) = 4, e (1, f (1)) = (1, 2).
16
Se calculamos os coeficientes angulares dessas retas obtemos que

f 0 (−1) = 1 − 2(−1)−3 = 3 = m1 , coeficiente angular da reta tangente y = 3x + 3


65 65 3
f 0 (4) = 1 − 2 · 4−3 = = m1 , coeficiente angular da reta tangente y = x +
16 16 16
o que é o mesmo que 32y = 31x + 6
f 0 (1) = 1 − 2 · 1−3 = −1 = m3 , coeficiente angular da reta tangente y = −x + 3

Figura 2.8: Retas tangentes ao gráfico de f (x) = x + x−2 em distintos pontos. [Video]

F. Rivero e T. Salvador 67 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO


Exemplo 2.7 Seja f (x) = 2 x. Usando a regra do produto por uma constante primeiro
temos que √ √
f 0 (x) = (2 x)0 = 2( x)0
√ 1
Usando o fato de que x = x 2 , podemos aplicar a regra da potência. Assim, a derivada
da função é
√ √ 1 1 1
f 0 (x) = (2 x)0 = 2( x)0 = 2(x 2 )0 = · 2x 2 −1
2
1 1 1
= x− 2 = 1 = √ .
x2 x

Logo, para qualquer valor x no domı́nio da função, o coeficiente angular da reta tan-
1
gente que passa pelo ponto (x, f (x)) é m = √ . Na Figura 2.9 podemos observar alguns
x
exemplos.


Figura 2.9: Retas tangentes ao gráfico de f (x) = 2 x em distintos pontos. [Video]

F. Rivero e T. Salvador 68 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Logo, para os pontos (1, f (1)) = (1, 2), (4, f (4)) = (4, 4) e (9, f (9)) = (9, 6), os
coeficientes angulares das retas tangentes nesses pontos são,
1
f 0 (1) = √ = 1 = m1 , coeficiente angular da reta tangente y = x + 1
1
1 1 1
f 0 (4) = √ = = m2 , coeficiente angular da reta tangente y = x + 2
4 2 2
1 1
f 0 (9) = √ = = m3 , coeficiente angular da reta tangente y = |f rac13x + 3
9 3

Vamos ver mais alguns exemplos da aplicação das regras da Proposição 2.1.

Exemplo 2.8

i) f (x) = x3 + 4x + 7.

Solução: Pela regra da soma,

df d 3 d 3 d d
= (x + 4x + 7) = (x ) + (4x) + 7.
dx dx dx dx dx
Usando agora as regras da potência, da constante, da identidade e do produto por
uma constate, obtemos
df
= 3x3−1 + 4 · 1 + 0 = 3x2 + 4.
dx

ii) f (x) = 5x4 –2x3 + x2 –3x.

Solução: Usando de novo a regra da soma primeiro e depois as regras da potência,


da constante, da identidade e do produto por uma constate, obtemos

f 0 (x) = (5x4 –2x3 + x2 –3x)0


= (5x4 )0 –(2x3 )0 + (x2 )0 –(3x)0
= 5(4x4−1 ) − 2(3x3−1 ) + 2x2−1 − 3 · 1
= 20x3 − 6x2 + 2x − 3.

F. Rivero e T. Salvador 69 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO


iii) y = 3x − 4 x.
√ 1
Solução: Primeiro lembramos que x = x 2 . Assim, pelas regras da soma, da
potência, da constante, da identidade e do produto por uma constate, obtemos
dy d 1
= (3x − 4x 2 )
dx dx
d d 1
= (3x) − (4x 2 )
dx dx
dx d 1
= 3 − 4 (x 2 )
dx dx
4 1 −1
= 3 · 1 − x2
2
1 2
= 3 − 2x− 2 = 3 − √ .
x

iv) f (x) = (2x + 1)(3x2 + 5x).

Solução: Aplicando a regra do produto onde identificamos como u = (2x + 1) e


v = (3x2 + 5x),

f 0 (x) = (2x + 1)0 (3x2 + 5x) + (2x + 1)(3x2 + 5x)0

Pela regras da soma, da potência, da constante, da identidade e do produto por uma


constate, obtemos que (2x + 1)0 = 2 e (3x2 + 5x)0 = 6x2 + 5. Portanto,

f 0 (x) = (2x + 1)0 (3x2 + 5x) + (2x + 1)(3x2 + 5x)0


= 2(3x2 + 5x) + (2x + 1)(6x + 5)
= 18x2 + 26x + 5.

Outra forma de obter a derivada é desenvolviendo o produto primeiro e depois aplicar


a regra da soma, da potência, da constante, da identidade e do produto por uma
constate. Assim terı́amos
d 
f 0 (x) = (2x + 1)(3x2 + 5x)

dx
d  3
6x + 13x2 + 5x

=
dx
= 6(3x3−1 ) + 13(2x2−1 ) + 5 · 1
= 18x2 + 26x + 5,

obtendo a mesma fórmula que no caso anterior.

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CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

v) y = (4x2 − 2)(7x3 + x)

Solução: Aplicando primeiro a regra do produto e depois as regras da soma, da


potência, da constante, da identidade e do produto por uma constate, obtemos

y 0 = (4x2 − 2)0 (7x3 + x) + (4x2 − 2)(7x3 + x)0


= (4 · 2x2−1 − 0)(7x3 + x) + (4x2 − 2)(7 · 3x3−1 + 1)
= 8x2 (7x3 + x) + (4x2 − 2)(21x2 + 1)
= 56x5 + 84x4 + 8x3 − 38x2 − 2.

Fica como exercı́cio calcular a derivada fazendo o desenvolvimento do produto pri-


meiro de forma análoga ao item anterior.

2
vi) f (x) =
x
2
Solução: Como = 2x−1 , vamos aplicar a regra da potência e do produto por uma
x
constante. Logo,

2
f 0 (x) = (2x−1 )0 = 2(−1x−1−1 ) = −2x−2 = − .
x2

u
Chamando de u = 2 e v = x, então f (x) = e podemos aplicar a regra do quociente
v
para determinar a derivada. Assim,

(2)0 x − 2(x)0 0x − 2 · 1 2
f 0 (x) = 2
= 2
= − 2,
x x x
obtendo o mesmo resultado.
7
vii) f (x) = .
5x3
1
Solução: Como 3 = x−3 , pela regra da potência e do produto por uma constante
x
obtemos
   
df d 7 df 7 −3 7 −3−1 21 −4 21
= = x = (−3x ) = − x = − .
dx dx 5x3 dx 5 5 5 5x4

u
Se chamamos de u = 7 e v = 5x3 , temos que f (x) = e podemos aplicar a regra do
v
F. Rivero e T. Salvador 71 Matemática para Economia I
2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

quociente. Assim,

df (7)0 5x3 − 7(5x3 )0


=
dx (5x3 )2
0 · 5x3 − 7(5 · 3x3−1 )
=
52 x6 )
−7 · 5 · 3x2
= 4

52 x6
21
=−
5x4

3
viii) y = √
3
x2
3 3 2
Solução: Usando que √ 3
= 2 = 3x− 3 e pelas regras da potência e do produto
x2 x3
por uma constante, tem-se
 
0 − 23 0 − 23 0 2 − 2 −1 2 · 3 − 5 2 2
f (x) = (3x ) = 3(x ) = 3 − x 3 =− x 3 = − 5 = −√ 3
3 3 x3 x5

Fica como exercı́cio fazer a derivação usando a regra do quociente.


2x − 1
ix) f (x) =
5x + 7
Solução: Vamos começar usando a regra do quociente. Assim, chamando de u =
2x − 1 e de v = 5x + 7 temos
(2x − 1)0 (5x + 7) − (2x − 1)(5x + 7)0
f 0 (x) = .
(5x + 7)2
Para o cálculo das derivaras de u e v aplicamos as regras da soma, da constante, da
identidade e do produto por uma constate. Então,
(2x − 1)0 (5x + 7) − (2x − 1)(5x + 7)0
f 0 (x) =
(5x + 7)2
(2 · 1 − 0)(5x + 7) − (2x − 1)(5 · 1 + 0)
=
(5x + 7)2
2(5x + 7) − 5(2x − 1)
=
(5x + 7)2
19
= .
(5x + 7)2

F. Rivero e T. Salvador 72 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

x3
x) y =
x2 − 3
Solução: Chamando de u = x3 e de v = x2 −3, podemos aplicar a regra do quociente.

dy (x3 )0 (x2 − 3) − x3 (x2 − 3)0


= .
dx (x2 − 3)2

Logo, pelas regras da soma, da potência, da constante, da identidade e do produto


por uma constate, obtemos

dy (x3 )0 (x2 − 3) − x3 (x2 − 3)0


=
dx (x2 − 3)2
(3x3−1 )(x2 − 3) − x3 (2x2−1 − 0)
=
(x2 − 3)2
3x2 (x2 − 3) − 2x4
=
(x2 − 3)2
x4 − 9x2
= 2
(x − 3)2
x2 (x2 − 9)
=
(x2 − 3)2

Em Economia, o termo marginal é frequentemente usado como um sinônimo de


derivada de. Por exemplo, se C é a função custo tal que C(x) é o custo da produção de
x unidades de uma mercadoria, o valor C 0 (x) é chamado de custo marginal da produção
de x unidades e C 0 de função custo marginal. Desse modo, o custo marginal é a taxa de
variação do custo da produção em relação ao número de unidades produzidas.

Exemplo 2.9 Seja C(x) = 110 + 4x + 0.02x2 o custo de produção de x brinquedos.


Determine o custo marginal quando x = 50.

Solução: Para calcular o custo marginal no valor x = 50, temos que calcular a
derivada da função C e avaliar nesse valor. Assim,

C 0 (x) = 0 + 4 · 1 + 0.02(2x2−1 ) = 4 + 0.04x.

Logo o custo marginal para 50 brinquedos é C 0 (50) = 4 + 0.04 · 50 = 4 + 2 = 6.


Resposta: O custo aumenta moderadamente a uma taxa de 6 unidades monetárias
(u.m.) por brinquedo quando são fabricados 50 brinquedos.

F. Rivero e T. Salvador 73 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Na Figura 2.10 podemos observar o gráfico da função custo C(x) e a reta tangente no
ponto (50, C(50)), que mostra a tendência crescente da função nesse ponto.

Figura 2.10: Gráfico do custo C(x) e do custo marginal para o valor x = 50.

Exemplo 2.10 Se C(x) = 900–225x e R(x) = –x3 + 15x2 são, respectivamente, as


funções custo e receita para x unidades de um produto fabricado e vendido por uma em-
presa, determine o lucro marginal com a produção e venda de 10 unidades.

Solução: É claro que a função lucro é a recita menos o custo.

Lucro de x unidades = Receita de x unidades − Custo de x unidades.

Logo, chamando de L(x) à função lucro temos que L(x) = R(x) − C(x).
Para achar o lucro marginal para uma produção de 10 unidades, precisamos calcular
dL
o valor de . Assim,
dx
d d d d
L(x) = (R(x) − C(x)) = R(x) − C(x)
dx dx dx dx
F. Rivero e T. Salvador 74 Matemática para Economia I
CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Portanto,

d d d
L(x) = (900 − 225x) − (−x3 + 15x2 )
dx dx dx
3−1
= 0 − 225 · 1 − (−3x + 15(2x2−1 ))
= −225 + 3x2 − 30x.

d
Então, o lucro marginal para 10 unidades é L(10) = −225 + 3 · 102 − 30 · 10 = −225
dx
unidades monetárias por produto.
Resposta: O lucro diminui a uma taxa de 225 u.m. por produto fabricado para a
fabricação de 10 produtos.

Exemplo 2.11 Estima-se que o produto interno bruto (PIB) de um paı́s daqui a x anos
seja (em bilhões de dólares) de f (x) = x2 + 2x + 50 para 0 ≤ x ≤ 7. Determine a taxa
na qual o PIB estará variando daqui a 4 anos.

Solução: A taxa de variação do PIB em 4 anos é a derivada da função f avaliada


no valor x = 4. Logo, f 0 (x) = 2x2−1 + 2 · 1 + 0 = 2(x + 1) e f 0 (4) = 10.
Resposta: O PIB varia a uma taxa de 10 bilh. de dólares por ano daqui a 4 anos.

2.2.1 Regra da cadeia

Em muitas situações práticas, as funções que modelam um certo fenómeno económico,


fı́sico ou biológico são funções relacionadas umas com outras por meio de uma com-
posição de funções. Por exemplo, suponhamos que o lucro das vendas de uma função
é estimado como o cubo das unidade produzidas. Se llamamos de u as unidade produzi-
das, então L(u) = u3 . Suponhamos que as unidade produzidas dependem de uma função
do tempo u(t) = t2 + 5t. Por tanto, a função lucro L ai depender somente da variável
temporal t e é definida por

L(t) = (u(t))3 = (t2 + 5t)3 .

Queremos determinar agora a taxa de variação da função lucro. Podemos fazer isso
desenvolvendo (t2 + 5t)3 e derivando o polinômio resultante. Assim,

dL d d 6
(t2 + 5t)3 = t + 15t5 + 75t4 + 125t3 = 6t5 + 75t4 + 300t3 + 375t2 .
 
=
dt dt dt
F. Rivero e T. Salvador 75 Matemática para Economia I
2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Outro método é fazer a derivada da função L(u) = u3 em relação a variável u e


multiplicar por a derivada da função u(t) = t2 + 5t em relação a variável t. Então,

dL dL du
= · = 3u2 (2t + 5).
dt du dt

Substituindo u por seu valor dependendo do tempo, obtemos


dL
= 3u2 (2t + 5) = 3(t2 + 5t)2 (2t + 5) = 6t5 + 75t4 + 300t3 + 375t2 ,
dt
chegando ao mesmo resultado.
O exemplo anterior é um casso particular de um importante resultado chamado a
regra da cadeia.

Teorema 2.1 (Regra da cadeia) Se y = f (u) é uma função derivável na variável u e


u = g(x) é uma função derivável na variável x, então a composição y = f (g(x)) é uma
função derivável na variável x e sua derivada é dada pelo produto
dy dy du
= · ,
dx du dx
ou, equivalentemente,
dy
= f 0 (g(x))g 0 (x).
dx

Observações:

dy du
i) Uma forma de lembrá-la é pensar que e são quocientes e que podemos “sim-
du dx
plificar” du, iste é
dy dy du

= · .
dx   dx
du
ii) As vezes, quando temos que calcular derivadas de composição de funções, uma forma
simples de lembrar a regra da cadeia é identificar a função f como a a função de fora
e identificar a função g como a função de dentro. Assim, a fórmula
dy
= f 0 (g(x))g 0 (x),
dx
fala que a derivada da função y = f (g(x)) em relação a variável x é a derivada da
função de fora avaliada na função de dentro por a derivada da função de dentro.

F. Rivero e T. Salvador 76 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Exemplo 2.12 Vamos aplicar a regra da cadeia nas funções a seguir.

1. f (x) = (x2 + 3x − 2)9 .

Solução: Observamos que a função f na variável x é uma composição da função


f (u) = u9 e da função u(x) = x2 + 3x − 2. Chamando de y = f (u(x)), pela regra
da cadeia temos que

dy dy du
= · = 9u8 (2x + 3) = 9(x2 + 3x − 2)8 (2x + 3).
dx du dx

2. f (x) = (3x3 + 5x2 − 4)−5 .

Solução: Neste caso temos que a função de fora é f (u) = u−5 e a função de dentro
é g(x) = 3x3 + 5x2 − 4. Como f 0 (u) = −5u−4 , pela regra da cadeia temos

d
f (g(x)) = f 0 (g(x))g 0 (x) = −5(3x3 + 5x2 − 4)−4 (9x2 + 10x).
dx

3. y = 6x − 1.

Solução: Identificando f (u) = u = u1/2 e u(x) = 6x − 1, pela regra da cadeia

dy dy du 1 1 1 3
= · = u− 2 6 = 3(6x − 1)− 2 = √ .
dx du dx 2 6x − 1

4. y = 4x2 (2x − 1)4 .

Solução: Primeiro aplicamos a regra do produto,


0
y 0 = (4x2 )0 (2x − 1)4 + 4x2 (2x − 1)4 .

0
Temos que (4x2 )0 = 8x é uma derivação direita, mas para determinar ((2x − 1)4 )
precisamos da regra da cadeia. Chamando de f (u) = u4 e g(x) = 2x − 1, e como
f 0 (u) = 4u3 , então

d
f (g(x)) = f 0 (g(x))g 0 (x) = 4(2x − 1)3 · 2 = 8(2x − 1)3 .
dx

Logo,
y 0 = 8x(2x − 1)4 + 4x2 8(2x − 1)3 = 8x(2x − 1)3 (6x − 1).


F. Rivero e T. Salvador 77 Matemática para Economia I


2.2. REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

 10
x−2
5. f (x) =
x+1
Solução: Neste exemplo precisamos aplicar primeiro a regra da cadeia e depois a
x−2
regra do quociente. Chamando de f (u) = u10 e de u(x) = , temos
x+1
 
dy dy du 9 d x−2
= · = 10u .
dx du dx dx x + 1
Aplicando agora a regra do quociente para a função u,
 
d x−2 (x + 1) − (x − 2) 3
= 2
= .
dx x + 1 (x + 1) (x + 1)2
Assim, substituindo o anterior e o valor de u podemos calcular a derivada de y.
9
30(x − 2)9

dy x−2 3
= 10 = .
dx x+1 (x + 1)2 (x + 1)11

Exemplo 2.13 O gerente de uma empresa de fabricação de eletrodomésticos determinou


que quando os liquidificadores tem um preço de p euros o número de unidades vendidas
8000
é dado pela função D(p) = . A estimativa de mudança de preço para t meses por
p
unidade é de p(t) = 0.06t3/2 + 22.5 euros. Qual é a taxa de variação da demanda de
liquidificadores D(p) dentro de 25 meses?

Solução: Precisamos calcular a taxa de variação da função D em relação à variável


dD
t, isto é . Vamos aplicar a regra da cadeia. Como
dt
 
dD d 8000 8000
= =− 2
dp dp p p
e
dp d 3 3 1 1
= (0.06t 2 + 22.5) = 0.06 · t 2 = 0.09t 2 ,
dt dt 2
então   1
dD dD dp 8000 1 720t 2
= · = − 2 0.09t 2 = − 2 . (2.1)
dt dp dt p p

Quando t = 25, então p(25) = 0.06(25)3/2 + 22.5 = 30 euros. Logo, colocando os


valores de t = 25 e p = 30 na equação (2.1),
1
dD 720(25) 2
=− = −4.
dt t = 25 302
p = 30

Resposta: Em 25 meses, a demanda diminuirá a uma taxa de 4 unidades por mês.

F. Rivero e T. Salvador 78 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.3. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA

2.3 Derivação Implı́cita


Todas as funções com as quais trabalhamos até o momento foram dadas por equações da
forma y = f (x), nas quais a variável dependente y é definida explicitamente por uma
expressão envolvendo a variável independente x. É o caso, por exemplo, de y = x3 –4x + 1.
A equação 4x–1 = x3 –y define a mesma função y = f (x), mas dizemos, nesse caso,
que y = f (x) está definida implicitamente pela equação.
Nesse exemplo, a função pode ser expressa facilmente nas formas explı́cita e implı́cita.
Outras funções, no entanto, são definidas implicitamente por uma equação que envolve
tanto a variável independente como a variável dependente e na qual é difı́cil ou mesmo
impossı́vel explicitar a variável dependente. É o caso, por exemplo, da equação
x2 y + 2y 3 = 3x + 2y. (2.2)

Vamos supor que conhecemos uma equação que define y implicitamente como uma
dy
função de x e temos necessidade de calcular a derivada .
dx
Se a equação dada não pode ser resolvida explicitamente para y, mas sabemos que
existe uma função f tal que y = f (x), podemos obter sua derivada através de uma técnica
simples, que utiliza a regra da cadeia, e que pode ser usada sem a necessidade de explicitar
y. Essa técnica é conhecida como derivação implı́cita.
Dada uma equação na qual se estabelece y implicitamente como uma função de x,
dy
podemos calcular derivando a equação termo a termo e utilizando a regra da cadeia
dx
quando derivarmos os termos contendo y; a seguir, resolvemos a equação resultante para
dy
.
dx
Vamos aplicar essa idéia na equação (2.2) anterior. Suponhamos que a variável y é
uma função da variável x, isto é, y é a variável dependente e x a variável dependente.
Logo, derivando termo a temo a equação obtemos
d 2 d d d
(x y) + (2y 3 ) = (3x) + (2y).
dx dx dx dx

O termo x2 y é um produto de funções porque estamos considerando a y como uma


função de x e, portanto, para determinar a derivada temos que aplicar a regra do produto.
Assim,
d 2 dy
(x y) = 2xy + x2 .
dx dx
Para calcular a derivada de 2y 3 precisamos usar a regra da cadeia. Com efeito, se
chamamos de h(y) = 2y 3 , temos que calcular a derivada da função h(y(x)) em relação a

F. Rivero e T. Salvador 79 Matemática para Economia I


2.3. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

variável x. Logo,
dh dh dy dy
= · = 6y 2 .
dx dy dx dx

A derivada do termo 3x é uma derivada direita


d
(3x) = 3.
dx

Finalmente, a derivada de 2y é

d dy
(2y) = 2 .
dx dx

Juntando tudo obtemos


d 2 d d d
(x y) + (2y 3 ) = (3x) + (2y),
dx dx dx dx
dy dy dy
2xy + x2 + 6y 2 =3+2 .
dx dx dx

dy
Resolvendo a equação anterior para ,
dx
dy 3 − 2xy
= 2 .
dx x + 6y 2 − 2

No caso tivéssemos o valor para, por exemplo, y quando x = 5, poderı́amos calcular o


valor da derivada da função y 0 para esse valor de x. Se y = 2 quando x = 5, então

dy 3 − 2 · 5 · 10 −97
= 2 2
= = −1.
dx x = 5 5 + 6 · 2 − 2
97
y=2

Exemplo 2.14 Determine a reta tangente ao gráfico da função y = f (x) definida impli-
citamente na equação
x2 y 3 − 6 = 5y 3 + x (2.3)
quando x = 2.

Solução: Precisamos obter a equação da reta tangente rt = mx + b. Como o coefici-


ente angular da reta tangente ao gráfico para o valor x = 2 é o valor da derivada nesse
ponto, vamos calcular o valor de f 0 (x). Neste caso é mais conveniente usar a derivação

F. Rivero e T. Salvador 80 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.3. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA

dy
implı́cita para determinar a derivada porque f 0 (x) = . Assim, derivando termo a termo
dx
a fórmula (2.3),

d d
x2 y 3 − 6 = 5y 3 + x
 
dx dx
dy dy
2xy 3 + 3x2 y 2 = 15y 2 +1
dx dx

dy
Resolvendo para , obtemos
dx
dy 1 − 2xy 3
= 2 2 .
dx 3y (x − 5)

Para determinar o valor de f 0 (2) precisamos de novo de (2.3) para calcular o valor
de y para x = 2. Logo 22 y 3 − 6 = 5y 3 + 2. Isolando y obtemos que y 3 = −8 e, portanto
dy
y = −2. Portanto f (2) = −2. Usando os valores para , obtemos que
dx
1 − 2(2(−2)3 )

0 dy 33 11
f (2) = = 2 2
=− =− .
dx x = 2
3(−2) (2 − 5) 12 4
y = −2

Para achar o valor da ordenada na origem b, usamos que o ponto (2, −2) do gráfico
11 7
y = f (x) é também um ponto da reta tangente. Logo, −2 = − · 2 + b e b = e a
4 2
equação da reta tangente é
11 7
rt = − x+ ou 4rt = −11x + 14.
4 2

2.3.1 Taxas Relacionadas


Em algumas aplicações, x e y estão relacionados por uma equação, e ambas as variáveis são
funções de uma terceira variável t (que quase sempre representa o tempo) e as fórmulas que
descrevem x e y como funções de t não são conhecidas. Nesse caso, a derivação implı́cita
dx dy
pode ser usada para relacionar com e a equação relacionando as taxas pode ser
dt dt
dx
utilizada para determinar uma delas quando a outra é conhecida. Nesse contexto, e
dt
dy
são chamadas de taxas relacionadas.
dt

F. Rivero e T. Salvador 81 Matemática para Economia I


2.3. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Exemplo 2.15

1. Seja x2 − y 2 + 9 = 0 e suponha que x e y são funções de t. Queremos determinar


dx dy
e sabemos que x = 4, y = 5 e = 0.08.
dt dt
Solução: Derivando implicitamente a equação dada em relação a t temos

dx dy
2x − 2y = 0.
dt dt
dx dy dy
Daı́ x −y = 0. Para x = 4, y = 5 e = 0.08 temos
dt dt dt
dx
4 − 0.4 = 0.
dt
dx
Logo = 0.1.
dt
2. Suponha que x mil unidades de uma mercadoria são vendidas semanalmente quando
o preço é de p reais por unidade e que x e p satisfaçam a equação de demanda
p + 2x + xp = 38. Determine a taxa com a qual as vendas estão variando no tempo,
quando x = 4, p = 6 e o preço está diminuindo a uma taxa de 40 centavos por
semana.

Solução: Derivando implicitamente a equação de demanda em relação a t temos:

dp dx dx dp
+2 +p +x =0
dt dt dt dt
dx dp
Queremos determinar quando x = 4, p = 6 e = 0.40R$/sem.
dt dt
Logo
dx dx
−0, 40 + 2 + 6 − 1.60 = 0.
dt dt
dx dx
Daı́ 8 = 2. Então = 0.25 (mil unidades por semana).
dt dt
Resposta: Quando o preço diminui a uma taxa de 40 centavos por semana, as vendas
aumentam a uma taxa de 250 unidades por semana.

3. Quando o preço unitário de um produto é p reais, a demanda é de x milhares de


unidades e x2 + 3px + p2 = 131. Suponhamos que a demanda e o preço variam com

F. Rivero e T. Salvador 82 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.3. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA

o tempo. Qual é a taxa de variação da demanda daqui em dois meses, se o preço


unitário por mes é dado pela função p(t) = 10t2 − 22 − t3 ?

Solução: Precisamos determinar a taxa de variação da demanda em relação ao


dx
tempo, isto é . Derivando termo a termo obtemos
dt
 
dx dp dx dp
2x + 3 x + p + 2p = 0. (2.4)
dt dt dt dt

Derivando a função p em relação à variável t e avaliando para t = 2,



dp
2
= 20t − 3t t=2
= 40 − 12 = 28.
dt t=2

Como p(2) = 10, podemos substituir o valor para obter o valor da demanda. Assim,

x2 + 3 · 10x + 102 = 131 ⇔ x2 + 30x − 31 = 0 ⇔ (x − 1)(x + 31) = 0.

Já que consideramos que o valor da demanda não pode ser negativa, temos que
quando t = 2, p = 28 e x = 1.
dx
Colocando agora os valores anteriores na equação (2.4) e resolvendo para , então
dt
 
dx dp dx dp
2x + 3 x + p + 2p = 0
dt dt dt dt
 
dx dx
2 + 3 28 + 10 + 560 = 0
dt dt
dx 644 161
=− =− ≈ −20.13.
dt 32 8

Resposta: A demanda diminuirá dentro de meses a uma taxa de 20.13 milhares


unidades por mês.

F. Rivero e T. Salvador 83 Matemática para Economia I


2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

2.4 Derivadas de funções exponenciais


e trigonométricas
Nesta seção vamos calcular as funções derivadas da função exponencial, logarı́tmica e
trigonométricas.

2.4.1 Derivadas de funções exponenciais e de


funções logarı́tmicas
As funções exponenciais e logarı́tmicas estão entre as mais importantes do Cálculo, com
muitas aplicações em campos tão diversos como a Fı́sica, a Biologia e a Economia. Nesta
seção vamos apresentar as regras básicas de derivação para essas funções.

Proposção 2.2 Seja a ∈ R+ − {1} e seja u : R → R uma função derivável de variável


x. Se f (x) = au , então
f 0 (x) = u0 au ln(a).

Casos particulares:

i) Se f (x) = eu então f 0 (x) = u0 eu .

ii) Se f (x) = ex então f 0 (x) = ex .

Na Figura 2.11 temos algumas retas tangentes da função f (x) = ex nos pontos
(0, 1), (2, e2 ) e (3, e3 ). No vı́deo podemos ver como a derivada da função é a mesma
função.

Exemplo 2.16

2
1. f (x) = 3x .

Solução: Chamando de u = x2 e como u0 = 2x, aplicando a proposição anterior


com a = 3, temos
2
f 0 (x) = u0 au ln(a) = 2x3x ln(3).
2 −15x
2. g(x) = 52x .

Solução: Neste caso temos que a base é a = 5 e a função u = 2x2 − 15x. Logo,
2 −15x
g 0 (x) = u0 5u = (4x − 15)52x ln(5).

F. Rivero e T. Salvador 84 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS

Figura 2.11: Retas tangentes no gráfico da função f (x) = ex em distintos pontos.[Video]

1
3. h(x) = 7 x .
1
Solução: Chamando de u = = x−1 e como u0 = −x−2 , pela Proposição 2.2,
x
1
0 u −2 x−1 7 x ln(7)
h(x) = u 7 ln(7) = (−x )7 ln(7) = − .
x2

x
4. k(x) = e .
√ 1
Solução: Usando o primeiro caso particular e chamando de u = x = x 2 , temos
que


1 1 1 e x
k 0 (x) = u0 eu = x− 2 ex 2 = √ .
2 2 x

F. Rivero e T. Salvador 85 Matemática para Economia I


2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO


5. l(x) = e6x + 1

Solução:
√ Primeiro temos que usar a regra da cadeia para l(x) = f (g(x)), onde
f (u) = u e g(x) = e6x + 1. Logo,
1 1
l0 (x) = f 0 (g(x))g 0 (x) = (e6x + 1)− 2 (e6x + 1)0 .
2

Já que g 0 (x) = 6e6x , temos


1 1 3e6x
l0 (x) = (e6x + 1)− 2 (6e6x ) = √ .
2 e6x + 1

Proposção 2.3 Seja a ∈ R+ − {1} e seja u : R → R uma função derivável de variável


x. Se f (x) = loga u, então
u0
f 0 (x) = .
u ln(a)

Casos particulares:

u0
i) Se f (x) = ln(u) então f 0 (x) = .
u
1
ii) Se f (x) = ln(x) então f 0 (x) = .
x
Na Figura 2.12 podemos observar algumas retas tangentes da função f (x) = ln(x)
nos pontos (1, 0), (e, 1) e (e2 , 2). No vı́deo podemos ver como a derivada da função é
1
f 0 (x) = .
x

Exemplo 2.17

1. f (x) = log2 (3x2 − 2x + 1).

Solução: Chamando de u = 3x2 − 2x + 1 e como u0 = 6x − 2, pela Proposição 2.3


temos
u0 6x − 2
f 0 (x) = = 2
.
u ln(2) (3x − 2x + 1) ln(2)
2. f (x) = log(4x5 − 7).

Solução: Como a base do logaritmo é 10, então


(4x5 − 7)0 20x
f 0 (x) = 5
= 5
.
(4x − 7) ln(10) (4x − 7) ln(10)

F. Rivero e T. Salvador 86 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS

Figura 2.12: Retas tangentes no gráfico da função f (x) = ln(x) em distintos pontos.
[Video]

3. g1 (x) = 3 ln(2x − 1).

Solução: Aplicando a regra da derivada de um produto por uma constante e a


Proposição 2.3 onde a base é o número e, obtemos

(2x − 1)0 6
g10 (x) = 3(ln(2x − 1))0 = 3 = .
2x − 1 2x − 1

4. g2 (x) = ln ((2x − 1)3 ).

Solução: Chamando de u = (2x − 1)3 ,

u0 3(2x − 1)2 2x −1)2



6x
(2x
 6x
g20 (x) = = 3
= .=
u (2x − 1) 3
(2x − 1) 2x − 1

Observação: Por que a derivada de g1 e a derivada de g2 são iguais?

5. f (x) = (ln(2x − 1))3 .

F. Rivero e T. Salvador 87 Matemática para Economia I


2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Solução: Primeiro precisamos aplicar a regra da cadeia onde f (u) = u3 e u(x) =


ln(2x − 1). Assim,
df df du
= ·
dx du dx
df
Observamos que = 3u2 e, pela Proposição 2.3,
du
du u0 2
= = .
dx u 2x − 1

Portanto,
df 2 6(2x − 1)2
= 3u2 = = 6(2x − 1).
dx 2x − 1 2x−
 1
 
x+1
6. f (x) = ln .
x
x+1
Solução: Usando a Proposição 2.3 e chamando de u = , precisamos calcular
x
a derivada de u em relação a variável x. Pela regra do cociente,

0 (x + 1)0 x − (x + 1)x0 x − (x + 1) 1
u = = = −
x2 x2 x2

Então,
1
u 0 − 2 x x 1
f 0 (x) = = x =− =−

=− .
u x+1 2
x (x + 1) x2 (x + 1) x(x + 1)
x

2.4.2 Derivadas de funções trigonométricas


Vamos mostrar as derivadas das três funções trigonométricas básicas: seno, cosseno e
tangente. Uma definição destas funções pode ser estudada na Seção 5 da Revisão destas
notas.

Proposção 2.4 Seja u : R → R uma função derivável de variável x.

i) Se f (x) = sen(u), então f 0 (x) = u0 cos(u).

ii) Se g(x) = cos(u), então g 0 (x) = −u0 sen(u).

F. Rivero e T. Salvador 88 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS

Se f (x) = sen(x), então f 0 (x) = cos(x) e se g(x) = cos(x), então g 0 (x) = − sen(x).
Na Figura 2.13 podemos observar algumas retas tangentes das funções f (x) = sen(x)
π 5π
e g(x) = cos(x) nos valores 0, e . No vı́deo podemos ver as derivadas destas funções
2 4
trigonométricas.

(a) Retas tangentes no gráfico da função f (x) = sen(x) [Video]

(b) Retas tangentes no gráfico da função f (x) = cos(x) [Video]

Figura 2.13: Retas tangentes nos gráficos das funções seno e cosseno

F. Rivero e T. Salvador 89 Matemática para Economia I


2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Vamos calcular agora a derivada da função tangente usando a regra do quociente.


sen(x)
Definimos a função tangente como tan(x) = . Logo
cos(x)
d ( sen(x))0 cos(x) − sen(x)(cos(x))0
tan(x) =
dx cos2 (x)
cos (x) + sen2 (x)
2
=
cos2 (x)
 2  2
cos(x) sen(x)
= + =
cos(x) cos(x)
1 + tan2 (x).

Pela regra da cadeia, se u : R → R é uma função derivável de variável x,


tan0 (u) = u0 (1 + tan2 (u)).

Assim temos a seguinte proposição:

Proposção 2.5 Seja u : R → R uma função derivável de variável x e f (x) = tan(u).


Então,
f 0 (u) = u0 (1 + tan2 (u)).

Na Figura 2.14 podemos observar algumas retas tangentes da função f (x) = tan(x)
nos pontos (1, 0), (e, 1) e (e2 , 2). No vı́deo podemos ver como a derivada da função é
f 0 (x) = 1 + tan2 (x).

Exemplo 2.18

1. f (x) = cos(x2 − 1).

Solução: Chamando de u = x2 − 1, temos que f 0 (x) = −2x sen(x2 − 1).


2. f (x) = sen(cos(x)).

Solução: Vamos aplicar a regra da cadeia onde f (u) = sen(u) e g(x) = cos(x).
Assim
f 0 (x) = f 0 (g(x))g 0 (x) = − cos(cos(x)) sen(x).

3. f (x) = tan(e2x+5 ).

Solução: Chamando de u = e2x+5 e observando que u0 = 2e2x+5 ,


f 0 (x) = u0 (1 + tan(u)) = 2e2x+5 1 + tan2 (e2x+5 ) .


F. Rivero e T. Salvador 90 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS

 π π
Figura 2.14: Retas tangentes para o gráfico da função f (x) = tan(x) no intervalo − ,
2 2
em distintos pontos. [Video]

4. f (x) = e2 tan(x)+5 .

Solução: Se u = 2 tan(x) + 5, então u0 = 2(1 + tan2 (x)). Pela Proposição 2.2,

f 0 (x) = u0 eu = 2(1 + tan2 (x))e2 tan(x)+5 .

s
tan(x2 − x)
5. f (x) = .
ln(1 − x3 )

tan(x2 − x)
Solução: Pela regra da cadeia e chamando de u = , temos que
ln(1 − x3 )

df df du
= · ,
dx du dx

onde f (u) = u.

F. Rivero e T. Salvador 91 Matemática para Economia I


2.4. EXPONENCIAIS E TRIGONOMÉTRICAS CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

df 1 du
Pela regra da potência da Proposição 2.1 = √ . Vamos calcular agora
du 2 u dx
usando a regra do quociente.
0 0
du (tan(x2 − x)) ln(1 − x3 ) − tan(x2 − x) (ln(1 − x3 ))
= .
dx (ln(1 − x3 ))2

0
Pela Proposição 2.5, (tan(x2 − x)) = (2x − 1) (1 + tan2 (x2 − x)) e pela Proposição
0 3x2
2.3, ln(1 − x3 ) = − . Logo,
1 − x3
3x2
du (2x − 1) (1 + tan2 (x2 − x)) ln(1 − x3 ) + tan (x2 − x)
= 1 − x3 .
dx (ln(1 − x3 ))2

Finalmente,
2
 
 2 2 3
 (2x − 1) (1 + tan (x − x)) ln(1 − x ) + tan(x − x) 3x 2
df 1  1 − x3 
= √  
dx 2 u  (ln(1 − x3 ))2 

2
 
  2 2 3 2 3x
1  (2x − 1) (1 + tan (x − x)) ln(1 − x ) + tan(x − x) 1 − x3 
= q  
tan(x2 −x)  (ln(1 − x 3 ))2 
2 ln(1−x3 )
 
(2x − 1) (1 + tan2 (x2 − x)) 3x2 tan (x2 − x)
 
1
=   +
(1 − x3 ) (ln(1 − x3 ))2
q
2 tan(x
2 −x) ln(1 − x3 )
ln(1−x3 )
p
(2x − 1) (1 + tan2 (x2 − x)) 3x2 tan (x2 − x)
= p + q
2 tan(x2 − x) ln(1 − x3 ) (1 − x3 ) (ln(1 − x3 ))3
s
(2x − 1) (1 + tan2 (x2 − x)) 3x2 tan(x2 − x)
= p + .
2 tan(x2 − x) ln(1 − x3 ) 1 − x3 (ln(1 − x3 ))3

F. Rivero e T. Salvador 92 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA

2.5 Regra da função inversa


Nesta seção vamos usar a regra da cadeia para calcular o derivada da função inversa de
outra função. Mas primeiro temos que definir o que é uma função inversa.
Vamos pensar nas funções exponencial f (x) = ln(x) e g(x) = ex . Pela definição de
função logaritmo (ver Subseção 4.2 da Revisão), o valor real y = ln(x0 ) é o número
que precisamos colocar no exponente da base e para obter x0 . Assim, se x0 = e, então
ln(e) = ln(e1 ) = 1 porque e1 = e. Do mesmo modo, se x0 = e2 , então ln(e2 ) = 2 ou se
x0 = ek , ln(ek ) = k. Logo, para qualquer valor x real, ln(ex ) = x. Assim,

f (g(x)) = ln(ex ) = x,

e f (g(x)) é a função identidade Id2 .


Com essa idéia podemos definir a função inversa.

Definição 2.4 Sejam A e B conjuntos de R e f e g duas funções reais contı́nuas tais


que f : A −→ B e g : B −→ A. Dizemos que g é função inversa de f se

f (g(x)) = Id(x) = x, para todo x ∈ B,


g(f (x)) = Id(x) = x, para todo x ∈ A.

Sejam f e g funções inversas como na definição anterior. Vamos aplicar a regra da


d d
cadeia na composição delas. Por um lado, temos que Id(x) = x = 1. Por o outro,
dx dx
d
f (g(x)) = f 0 (g(x))g 0 (x).
dx

Portanto,
d d
1= Id(x) = f (g(x)) = f 0 (g(x))g 0 (x).
dx dx
Resolvendo para g 0 (x) obtemos uma fórmula para a derivada da função inversa em
termos da derivada da função f .

1
g 0 (x) = .
f 0 (g(x))

2
A função identidade Id : R → R é uma função que leva cada valor x de R em si mesmo, Id(x) = x.

F. Rivero e T. Salvador 93 Matemática para Economia I


2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Se denotamos a inversa de f por a notação usual g(x) = f −1 (x) podemos escrever o


anterior como um teorema.

Teorema 2.2 Seja f : R −→ R uma função contı́nua com inversa f −1 : R −→ R. Então,


se f é derivável e f 0 (f −1 (x)) 6= 0 para x real, então a função inversa é derivável no valor
xe
d −1 1
f (x) = 0 −1 .
dx f (f (x))

Observação: Cuidado para não confundir a notação de função inversa f −1 com a


potência de exponente −1.
1
f −1 (x) 6= (f (x))−1 = .
f (x)

Exemplo 2.19 Vamos calcular a derivada da função g(x) = ln(x) usando o Teorema
2.2. Como g(x) é a inversa da função exponencial f (x) = ex , obtemos

d d 1 1
ln(x) = g(x) = 0 = ln(x) .
dx dx f (g(x)) e

Como g(x) = ln(x) é a inversa de f (x) = ex , então ln(ex ) = eln(x) = x. Então

d 1 1
ln(x) = ln(x) = .
dx e x

Vamos definir e calcular as derivadas das funções inversas das funções trigonométricas.
Usualmente, são chamadas de função de arco, pois retornam o arco correspondente a certa
função trigonométrica.
h π πi
1. Função arco seno: Função inversa da função seno definida no intervalo − ,
2 2
com imagem no intervalo [−1, 1], é a funçãoh arcsen(x) = sen−1 (x), com domı́nio
π π i
D(arcsen) = [−1, 1] e imagem Im(arcsen) = − , .
2 2
Na Figura 2.15 podemos observar o gráfica da função.
A derivada da função arcsen pode ser determinada usando o Teorema 2.2. Cha-
mando de f (x) = sen(x) e g(x) = arcsen(x),

d 1 1
arcsen(x) = 0 = .
dx f (g(x)) cos(arcsen(x))

F. Rivero e T. Salvador 94 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA

Figura 2.15: Gráfico da função f (x) = arcsen(x).

Como sen2 (x0 ) + cos2 (x0 ) = 1 para todo x0 real,

p
sen2 (x0 ) + cos2 (x0 ) = 1 ⇔ cos(x0 ) = 1 − sen2 (x0 ).

Chamando de x0 = arcsen(x)) e usando que as funções sen(x) e arcsen(x) são


inversas, p √
cos(arcsen(x))) = 1 − sen2 (arcsen(x))) = 1 − x2 .

Logo,
d 1
arcsen(x) = √ .
dx 1 − x2
 
1 π
Na Figura 2.16 podemos observar distintas retas tangentes nos pontos − , − ,
2 6
√ ! √ !
2 π 3 π
, e , do gráfico da função f (x) = arcsen(x). O vı́deo associado à
2 4 2 3
figura mostra a derivada da função.

F. Rivero e T. Salvador 95 Matemática para Economia I


2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Figura 2.16: Retas tangentes no gráfico da função f (x) = arcsen(x) [Video]

2. Função arco cosseno: A função inversa da função cosseno definida no intervalo [0, π]
com imagem no intervalo [−1, 1], é a função arccos(x) = cos−1 (x), com domı́nio
D(arccos) = [−1, 1] e imagem Im(arccos) = [0, π].
Na Figura 2.17 podemos observar o gráfica da função.
Vamos calcular a derivada da função arccos usando o Teorema 2.2. Chamando de
f (x) = cos(x) e g(x) = arccos(x),

d 1 1
arccos(x) = 0 =− .
dx f (g(x)) sen (arccos(x))

F. Rivero e T. Salvador 96 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA

Figura 2.17: Gráfico da função f (x) = arccos(x).

Como sen2 (x0 ) + cos2 (x0 ) = 1 para todo x0 real,

p
sen2 (x0 ) + cos2 (x0 ) = 1 ⇔ sen(x0 ) = 1 − cos2 (x0 ).

Chamando de x0 = arccos(x)) e usando que as funções cos(x) e arccos(x) são inver-


sas, p √
sen(arccos(x))) = 1 − cos2 (arccos(x))) = 1 − x2 .

Logo,
d 1
arccos(x) = − √ .
dx 1 − x2
 
1 2π
Na Figura 2.18 podemos observar distintas retas tangentes nos pontos − , ,
2 3
√ ! √ !
2 π 3 π
, e , do gráfico da função f (x) = arccos(x). O vı́deo associado à
2 4 2 6
figura mostra a derivada da função.

F. Rivero e T. Salvador 97 Matemática para Economia I


2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Figura 2.18: Retas tangentes no gráfico da função f (x) = arccos(x) [Video]

3. Função arco tangente: A função inversa da função tangente definida para todo valor
x real é a função
 πarctan(x) = tan−1 (x), com domı́nio D(arctan) = R e imagem
π
Im(arctan) = − , .
2 2
Na Figura 2.19 (a) podemos observar o gráfica da função.
Pelo Teorema 2.2 e chamando de f (x) = tan(x) e g(x) = arctan(x), temos que a
derivada da função arco tangente é
d 1 1
arctan(x) = 0 = 2
.
dx f (g(x)) 1 + tan (arctan(x))
Como tan2 (arctan(x)) = tan(arctan(x))2 = x2 , então
d 1
arctan(x) = .
dx 1 + x2
 π
Na Figura 2.19 (b) podemos observar distintas retas tangentes nos pontos −1, − ,
√ ! 4
3 π
(0, 0) e , do gráfico da função f (x) = arctan(x). O vı́deo associado à figura
3 6
mostra a derivada da função.

F. Rivero e T. Salvador 98 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.5. REGRA DA FUNÇÃO INVERSA

(a) Gráfico da função f (x) = arctan(x)

(b) Retas tangentes no gráfico da função f (x) = arctan(x) [Video]

Figura 2.19: Figuras da função f (x) = arctan(x).

F. Rivero e T. Salvador 99 Matemática para Economia I


2.6. DERIVADAS DE ORDEM SUPERIOR CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

2.6 Derivadas de ordem superior


Declarações sobre a taxa de variação de uma taxa de variação são usados com frequência
em economia. Em tempos de inflação, por exemplo, você pode ouvir um economista do
governo assegurar a nação que embora a inflação está aumentando, o faz a uma taxa
decrescente. Ou seja, os preços ainda estão subindo, mas não tão rapidamente como eles
eram antes. A informação que eles estão usando é básicamente a função derivada da
função derivada da função que modeliza a inflação.
Sabemos que a derivada de y = x5 é y 0 = 5x4 . Também podemos determinar derivada
da função derivada porque ela é outra função mesma. Assim, a derivada de y 0 = 5x4 é
chamada de derivada de segunda ordem (ou simplesmente derivada segunda) de y
e denotada por y 00 (onde
 as duas linhas indicam que a função foi derivada duas vezes) ou
d2 y d dy
por 2 , isto é, . Assim, y 00 = 20x3 .
dx dx dx
Derivando agora y 00 = 20x3 obtemos a derivada terceira y 000 = 60x2 , e assim por
diante.
De modo geral, o resultado de duas ou mais derivações sucessivas de uma função é
uma derivada de ordem superior.
A derivada de enésima ordem de uma função é obtida derivando-se a função n
vezes e é denotada por
dn y
y (n = n = f (n (x)
dx

Exemplo 2.20

1. As quatro primeiras derivadas de y = 2x3 + 5x2 − x + 8 são:

i) y 0 = 6x2 + 10x − 1.
ii) y 00 = 12x + 10.
iii) y 000 = 12.
iv) y (4 = 0.
5
2. Se f (x) = 7x2 − , então
x2
df 10
i) = 14x + 3 .
dx x
2
df 30
ii) 2
= 14 − 4 .
dx x
F. Rivero e T. Salvador 100 Matemática para Economia I
CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

d3 f 120
iii) 3
= 5.
dx x
3. Seja g(x) = sen(x2 ). Logo

i) g 0 (x) = 2x cos(x2 ).
ii) g 00 (x) = 2 cos(x2 ) − 4x2 sen(x2 ) = 2(cos(x2 ) − 2x2 sen(x2 )).
iii) g 000 (x) = 2(−2x sen(x2 )−4x sen(x2 )−4x3 cos(x2 )) = −4x(3 sen(x2 )+2x2 cos(x2 )).

2.7 Regra de L’Hôpital


Nesta seção vamos aplicar a derivação para o cálculo de limites indeterminados. De modo
f (x)
geral, se temos um limite da forma lim em que f (x) → 0 e g(x) → 0 quando x → a,
x→c g(x)
0
então o limite pode ou não existir, e é chamado forma indeterminada do tipo .
0
Calculamos alguns limites desse tipo no Capı́tulo 1 utilizando recursos algébricos. Por
exemplo

x2 + 5x + 6 (x + 2)(x + 3) x+3
lim 2
= lim = lim = −1.
x→2 x + 3x + 2 x→2 (x + 2)(x + 1) x→2 x + 1

Esses recursos, no entanto, não funcionam, por exemplo, para determinar o valor do
ln(x2 − 8)
lim .
x→3 3−x
f (x)
Se temos um limite da forma lim onde f (x) → ∞ (ou −∞) e g(x) → ∞ (ou
x→c g(x)
−∞) quando x → c, então o limite pode ou não existir, e é chamado forma indeterminada

do tipo .

e4x
Os teoremas introduzidos no Capı́tulo 1 também não permitem calcular o lim
x→∞ 2x + 5

que está associado a uma forma indeterminada do tipo .

O teorema a seguir estabelece um método simples que usa a derivada para calcular li-
0 ∞
mites associados a formas indeterminadas do tipo ou chamado regra de L’Hôpital.
0 ∞

F. Rivero e T. Salvador 101 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Teorema 2.3 Sejam f e g funções deriváveis reais em um intervalo aberto I. Suponha


que g(x) 6= 0, para todo x =
6 a, onde a ∈ R.

f 0 (x)
i) Suponha que lim f (x) = lim g(x) = 0. Logo, se existe o limite lim , então
x→a x→a x→a g 0 (x)

f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→a g(x) x→a g (x)

f 0 (x)
ii) Suponha que lim f (x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞. Logo, se existe o limite lim 0 ,
x→a x→a x→a g (x)
então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→a g(x) x→a g (x)

Observações:

1. A regra de L’Hôpital pode ser aplicada à determinação de limites laterais e de limites


no infinito.

2. Cuidado: A regra de L’Hôpital envolve a derivada do numerador e do deno-


minador separadamente. Um erro comum é derivar o quociente inteiro usando
a regra de derivação de quocientes.

Exemplo 2.21 Vamos calcular os limites mostrados ao inicio da seção e alguns mais
usando a Regra do L’Hôpital.

x2 + 5x + 6
1. lim 2 .
x→−2 x + 3x + 2

Solução: Sejam f (x) = x2 + 5x + 6 e g(x) = x2 + 3x + 2. Como f (−2) = 0 e


0
g(x) = 0, então o limite leva a uma forma indeterminada do tipo . Logo, como
0
f 0 (x) = 2x + 5 e g 0 (x) = 2x + 3, pelo Teorema 2.3

x2 + 5x + 6 2x + 5 −4 + 5
lim = lim = = −1.
x→−2 x2 + 3x + 2 x→−2 2x + 3 −4 + 3

Se fatoramos os polinômios anteriores, obtemos que f (x) = (x + 2)(x + 3) e que


g(x) = (x + 2)(x + 1). Então, para todo x 6= −2 tem-se que

x2 + 5x + 6 (x + 2)(x + 3) (x+2)(x

+ 3) x+3
2
= = = .
x + 3x + 2 (x + 2)(x + 1) (x+ 2)(x + 1)

x+1

F. Rivero e T. Salvador 102 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

Calculando agora o limite usando o Teorema 1.4 do Capı́tulo 1, obtemos

x2 + 5x + 6 x+3 −2 + 3
lim 2
= lim = = −1,
x→−2 x + 3x + 2 x→−2 x + 1 −2 + 1
chegando até o mesmo resultado.
Observação: No caso de quociente de polinômios não precisamos da Regra de
L’Hôpital, mas as vezes as regras de L’Hôpital são nosso único recurso para o cálculo
de um limite.
sen(x)
2. lim .
x→0 x
Solução: Quando tentamos calcular o limite, observamos que temos uma forma
0
indetermindada do tipo pois sen(0) = 0. Usando o Teorema 2.3,
0
sen(x) sen0 (x)
lim = lim = lim cos(x) = cos(0) = 1.
x→0 x x→0 x0 x→0

sen(x)
Na Figura 2.20 podemos observar o gráfico da função e da função cos(x), a
x
última numa vizinhança de x = 0. Podemos observar como o limite das duas funções
quando x → 0 é o mesmo, embora o valor não esteja definido para a primeira função.
ln(x2 − 8)
3. lim .
x→3 3−x
Solução: Chamando de f (x) = ln(x2 − 8) e g(x) = 3 − x e avaliando as funções
para x = 3, obtemos que f (3) = ln(1) = 0 e g(3) = 0. Vamos calcular o quociente
2x
das derivadas. Como f 0 (x) = 2 e g 0 (x) = −1, então
x −8
f 0 (x) 2x
0
=− 2 .
g (x) x −8

Assim, pela Regra do L’Hôpital,

ln(x2 − 8)
 
2x 2·3
lim = lim − 2 =− 2 = −6.
x→3 3−x x→3 x −8 3 −8

F. Rivero e T. Salvador 103 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

sen(x)
Figura 2.20: Gráfico da função e da função cos(x).
x

e4x
4. lim .
x→∞ 2x + 5

Solução: Como f (x) = e4x e g(x) = 2x + 5 são funções contı́nuas em todo R e



não limitadas, temos que o limite é uma forma indeterminada do timpo . Então,

pela Regra do L’Hôpital
d 4x
e4x e 4e4x
lim = lim dx
d
= lim = lim 2e4x = +∞.
x→+∞ 2x + 5 x→+∞ 2x +5 x→+∞ 2 x→+∞
dx

Podemos pensar em este último limite como un quociente de velocidades. Isto é,
temos que a função f (x) = e4x cresce muito más rápido do que a função g(x) =
2x + 5 quando a variável x aumenta. Por isso, o valor do limite vai para infinito,
porque a função f é mais rápida do que a função g quando x → ∞. Na Figura 2.21
podemos observar isto.

F. Rivero e T. Salvador 104 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

Figura 2.21: Gráfico das funções e4x e 2x + 5.

3x + π
5. lim .
x→−∞ ex2

Solução: Neste caso, chegamos a uma forma indeterminada da forma . Logo,
2

chamando f (x) = 3x + π e g(x) = ex , pela Regra de L’Hôpital,

3x + π (3x + π)0 3
lim x2 = lim 0 = lim 2 = 0.
x→−∞ e x→−∞ 2
(ex ) x→−∞ 2xex

Algumas vezes, a aplicação da regra de L’Hôpital a uma forma indeterminada conduz


a uma nova forma indeterminada. Quando isso acontece, uma segunda aplicação da regra
pode ser necessária. Em alguns casos, é preciso aplicar a regra várias vezes para eliminar
a indeterminação, como no exemplo a seguir.

F. Rivero e T. Salvador 105 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

e3x
Exemplo 2.22 Vamos calcular lim .
x→∞ x3

Como temos uma forma indeterminada do tipo , vamos aplicar a Regra do L’Hôpital.

Assim,
e3x 3e3x e3x
lim 3 = lim = lim ,
x→∞ x x→∞ 3x2 x→∞ x2

o que é, de novo uma forma indeterminada . Portanto, podemos aplicar novamente a

Regra do L’Hôpital, obtendo
e3x 3e3x
lim 2 = lim .
x→∞ x x→∞ 2x
Aplicando por terceira vez L’Hôpital,
3e3x 9e3x
lim = lim = ∞.
x→∞ 2x x→∞ 2

e3x
Portanto, temos que lim = ∞.
x→∞ x3

Vamos ver mais um exemplo

ln(x + ex )
Exemplo 2.23 Calcular o limite lim .
x→∞ x
Solução: Para calcular o limite vamos aplicar a Regra de L’Hôpital várias vezes.
ln(x + ex ) (ln(x + ex ))0 ∞
lim = lim Forma indeterminada
x→∞ x x→∞ x0 ∞
1+ex
x+ex
= lim
x→∞ 1
1 + ex ∞
= lim Forma indeterminada
x→∞ x + ex ∞
(1 + ex )0
= lim
x→∞ (x + ex )0
ex ∞
= lim Forma indeterminada
x→∞ 1 + ex ∞
(ex )0
= lim
x→∞ (1 + ex )0
ex
= lim x = lim 1 = 1.
x→∞ e x→∞

Neste caso, quando os valores de x são muito grandes, o valor de x + ex é quasi o


mesmo que o valor de ex , portanto a função f (x) = ln(x + ex ) mostra uns valores muito

F. Rivero e T. Salvador 106 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

próximos para o valor da função ln(ex ) = x. Por isso é que o limite no infinito tem valor
de 1.

Há casos em que a indeterminação persiste não importando quantas vezes a regra
seja aplicada e outros recursos, além da regra de L’Hôpital, precisam ser utilizados para
e−1/x
determinar o limite. É o caso, por exemplo, do lim+ . Aplicando a regra de L’Hôpital
x→0 x
(duas vezes) obtemos

e−1/x e−1/x e−1/x


lim+ = lim+ 2 = lim+ ,
x→0 x x→0 x x→0 2x3

que continua indeterminado. Para determinar o limite, devemos fazer uma mudança de
1 1
variável z = . Daı́, x = . Então
x z

e−1/x e−z
lim+ = lim
x→0 x z→+∞ 1/z
z ∞
= lim z Forma indeterminada
z→+∞ e ∞
z0
= lim
z→+∞ (ez )0
1
= lim z = 0.
z→+∞ e

2.7.1 Outras formas inderteminadas


0
Embora a Regra de L’Hôpital pode ser aplicada apenas as formas indeterminadas ou
0

, outras formas indeterminadas podem ser calculadas usando a Regra de L’Hôpital e

um pouco de álgebra.

Forma indeterminada 0 · ∞

Vamos calcular lim+ x ln(x). Temos que, depois de um primeiro cálculo, o limite é
x→0
0 · (−∞), o que é uma forma indeterminada. Observamos que

1
x = (x−1 )−1 = .
x−1
F. Rivero e T. Salvador 107 Matemática para Economia I
2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

Logo,
ln(x)
lim+ x ln(x) = lim+,
x→0 x→0 1/x

chegando agora a uma forma indeterminada do tipo . Então podemos aplicar a Regra

de L’Hôpital
ln(x) ∞
lim+ x ln(x) = lim+ Forma indeterminada
x→0 x→0 1/x ∞
0
(ln(x))
= lim+
x→0 (1/x)0
1/x
= lim+ = lim+ (−x) = 0.
x→0 −1/x2 x→0

De forma geral, se f e g são funções reais e c un valor real ou ±∞ tais que


lim f (x) = 0 e lim g(x) = ±∞,
x→c x→c

então podemos calcular o limite lim f (x) · g(x) aplicando a Regra de L’Hôpital usando a
x→c
igualdade
f (x)
lim f (x) · g(x) = lim .
x→c x→c 1/g(x)

Exemplo 2.24 Calcular lim x2 e3−x .


x→+∞

Solução: Temos que o limite é uma forma indeterminada do tipo 0·∞. Logo, usando
1 1
que e3−x = −(3−x) = x−3
e e
x2
lim x2 e3−x = lim x−3 .
x→+∞ x→+∞ e

Então,
x2 ∞
lim x2 e3−x = lim Forma indeterminada
x→+∞ x→+∞ ex−3 ∞
(x2 )0
= lim
x→+∞ (ex−3 )0
2x ∞
= lim x−3 Forma indeterminada
x→+∞ e ∞
(2x)0
= lim
x→+∞ (ex−3 )0
2
= lim x−3 = 0.
x→+∞ e

F. Rivero e T. Salvador 108 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

Formas indeterminadas exponenciais

São as formas do tipo 00 , ∞0 e 1∞ . Para aplicar a Regra de L’Hôpital vamos usar


a exponente natural e o logaritmo neperiano para poder trocar o exponente por uma
multiplicação.
Seja lim+ xx . Aqui temos uma indeterminação 00 . Para conseguir mudar o exponente
x→0
para uma multiplicação, vamos aplicar a função logaritmo neperiano. Assim,
x
xx = eln(x ) = ex ln(x)

Portanto,
lim xx = lim+ ex ln(x) .
x→0+ x→0

Para calcular o limite, precisamos calcular lim+ x ln(x), mas já sabemos que x ln(x)
x→0
vai para 0 quando x → 0+ . Logo,

lim xx = lim+ ex ln(x) = e0 = 1.


x→0+ x→0

Observação: Para poder aplicar o logaritmo neperiano, precisamos que o argumento


da função seja positivo, por isso estamos calculando o limite lateral x → 0+ .
De forma geral, sejam as funções reais f e g e c um valor real ou ±∞. Se lim f (x)g(x)
x→c
é uma indeterminação do tipo exponencial e f (x) > 0 para todo valor x perto do valor c,
então
g(x)
f (x)g(x) = eln(f (x) ) = eg(x) ln(f (x)) .

Logo,
lim f (x)g(x) = lim eg(x) ln(f (x)) = eL ,
x→c x→c

onde L = lim g(x) ln(f (x)).


x→c

 x
1
Exemplo 2.25 Calcular lim 1 + .
x→+∞ x

1
Solução: O limite é uma forma indeterminada do tipo 1∞ . Chamando de f (x) = 1 +
x
e de g(x) = x, temos que f (x) > 0 para todo x > 0. Logo,
 x
1 1 x 1
1+ = eln((1+ x ) ) = ex ln(1+ x ) .
x

F. Rivero e T. Salvador 109 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

 
1
Precisamos calcular agora lim x ln 1 + , que é de novo uma indeterminação da
x→+∞ x
forma 0 · ∞. Então,
ln 1 + x1
  
1 0
lim x ln 1 + = lim Forma indeterminada
x→+∞ x x→+∞ 1/x 0
1
0
ln 1 + x
= lim
x→+∞ (1/x)0
−1/x2
(1+1/x)
= lim
x→+∞ −1/x2
−1/x
2

(1+1/x)
= lim 2
−1/x
x→+∞   
1
= lim 1 = 1.
x→+∞ 1 +
x

Portanto,  x
1
lim 1+ = e1 = e.
x→+∞ x

Observações:

i) A regra de L’Hôpital se aplica somente a limites associados a formas indeterminadas


0 ∞
ou (ou as outras formas que podem ser mudadas para este tipo de indeter-
0 ∞
minações). Assim, é importante verificá-lo antes de aplicar a regra de L’Hôpital.
e−x
Por exemplo, se aplicamos a Regra de L’Hôpital para calcular lim obtemos
x→ 1 + e−x

e−x −e−x
lim = lim = lim 1 = 1,
x→+∞ 1 + e−x x→+∞ −e−x x→+∞
mas
e−x 0
lim = = 0.
x→+∞ 1 + e−x 1+0
ii) Não são formas indeterminadas:
0
• = 0.

• ∞∞ = ∞.
• ∞ · ∞ = ∞.
• +∞ + ∞ = +∞.

F. Rivero e T. Salvador 110 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

Relação de exercı́cios - 2: Derivada de funções de uma variável real

1. Ache as derivadas aplicando as regras básicas

(a) f (x) = x5 − 3x3 + 1 1


(l) f (x) =
2−x
(b) f (x) = 5x6 − 9x4
2x + 7
(c) f (x) = x8 − 2x7 + 3x + 1 (m) f (x) =
3x − 1
(d) f (x) = 5x−5 − 25x−1
√3 3x2 + 7
(e) f (x) = x4 (n) f (x) =
x2 − 1
3x2 4
(f) f (x) = − x2
4 5x (o) f (x) =
(g) f (x) = x2 (3x3 − 1) x2 − x
1−x
(h) f (x) = (x2 + 1)(2x3 + 5) (p) f (x) = 2
x +1
(i) f (x) = (x3 − 1)(3x2 − x)
1 x3 + 7
(j) f (x) = (x5 − 2x3 + 4) (q) f (x) =
7 x
x4 − 1 x2 − 2
(k) f (x) = (r) f (x) =
2 x2 + 4

2. Calcule-se o valor de f 0 (4) em cada caso


x3 4
(a) f (x) = −1 (c) f (x) = √
3 x
4x
(b) f (x) = (d) f (x) = (x2 + 1)(1 − x)
2−x

3. Determine a taxa de variação de f (x) em relação a x para o valor especificado

(a) f (x) = x3 − 3x + 5 em x = 2. √ 1
(b) f (x) = x − x+ em x = 1.
x2

4. O custo√de produção de x unidades de uma mercadoria é dado por C(x) = 40 +


3x + 16 x reais. Ache o custo marginal quando são produzidas 64 unidades.
5. Sabe-se que 60 − x unidades de um produto são vendidas quando o preço é x reais
por unidade. Determine a taxa de variação da receita em relação ao preço unitário
quando x = 10.
6. Suponha que o custo semanal, em reais, para a fabricação de x geladeiras seja dado
pela função C(x) = 8000 + 400x–0.2x2 com 0 ≤ x ≤ 400. Determine a taxa de
variação da função custo em relação a x quando x = 250.

F. Rivero e T. Salvador 111 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

7. Um fabricante observa que quando produz e vende x pacotes de biscoito, o lucro


(em reais) é dado por L(x) = 50x–0.1x2 –10 para 0 ≤ x ≤ 250. Determine a taxa de
variação do lucro em relação a x para um nı́vel de produção de 200 pacotes.

8. Um fabricante observa que quando produz e vende x caixas de chocolate por semana,
o lucro (em reais) é dado por L(x) = 0.02x2 + 15x − 1000. Qual é o lucro marginal
para um nı́vel de produção de 100 caixas por semana?

9. A receita obtida com a venda de x unidades de um produto é dada por R(x) =


220x − 4x2 e o custo de produção é dado por C(x) = 900 + 44x. Para que nı́vel de
produção x a receita marginal é igual ao custo marginal?

10. Um fabricante estima que o custo de produção de x unidades de um produto é dado,


100
em reais, pela função C(x) = 0.2x2 + + 50x + 100. Determine o custo marginal
x
quando x = 5.

11. ) Um empresário estima que quando produz e vende x unidades de um produto, o


lucro em reais é dado pela função L(x) = −0.5x2 + 22x − 98. Determine o lucro
marginal para um nı́vel de produção e venda de 12 unidades.

12. Os registros mostram que x anos depois de 1994, o imposto predial médio que incidia
sobre um apartamento de três quartos em certo municı́pio era T (x) = 20x2 + 40x +
600 reais. Qual a taxa de aumento do imposto no inı́cio do ano 2000?

13. O custo de fabricação (em reais) de x de unidades de um produto é dado pela função
3x2
C(x) = + 50x + 62. Determine o custo marginal para um nı́vel de produção de
4
6 unidades.

14. Calcule as derivadas usando a Regra da Cadiea

(a) y = (5 − 2x)10 (i) y = 5x2 (2x + 3)4


(b) y = (4x + 1)−5 (j) y = 6x(2x − 1)3
(c) y = (2x4 − x + 1)−4 (k) y = (x2 − x)(2x + 1)4
(d) y = (x2 − 3x + 2)7 (l) y = (5x + 2)(x2 + 1)5

(e) y = x2 + 2x − 1 (m) y = (2x + 1)3 (x3 − 5)
√3 (n) y = (3x + 1)4 (2x − 1)5
(f) y = x2 + 5  4
1 x−1
(g) y = √ (o) y =
4x2 + 1 x
 3
3 4x + 1
(h) y = (p) y =
(1 − x2 )4 x+2

F. Rivero e T. Salvador 112 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

 3  −2
x−1 4x
(q) y = (r) y =
x+1 x+1

3
15. Determine o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f (x) = 3x2 + 5 em
x = 1.
16. Escreva a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = (2x–3)5 quando x = 2.
17. Determine o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 + 4x no
ponto (1, 5).
dy
18. Sabendo que x e y estão relacionados pela equação x2 + y 2 = 25, determine e
dx
dx
utilizando derivação implı́cita.
dy
19. Determine o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função y = f (x)
definida implicitamente pela equação dada para o valor indicado.

(a) x2 = y 3 ; x = 8. (b) xy = 2; x = 2. (c) x2 y 3 −x = −2; x = 1.

20. Determine a reta tangente ao gráfico da função y = f (x) definida implicitamente


na equação 2x2 + y 3 + y–7 = 3xy no ponto (–1, 1).
21. Suponha que o preço p (em reais) e as vendas mensais x (em milhares de unidades)
de certo bem satisfaçam a equação de demanda 2p3 + x2 = 4500. Determine a taxa
com a qual as vendas estão variando, quando o preço unitário é R$10.00 e está
diminuindo a uma taxa de R$0.50 por mês.
22. Os custos semanais de produção y de uma fábrica e a sua produção x estão re-
lacionados pela equação y 2 –5x3 = 4 com y sendo dado em milhares de reais e x
em milhares de unidades. Determine a taxa com a qual os custos estão variando,
quando x = 4, y = 18 e a produção está aumentando a uma taxa de 0.3 mil unidades
por semana.
23. Suponha que o preço p (em reais) e a quantidade x (em milhares de unidades) de
uma mercadoria satisfaçam a equação 6p + 5x + xp = 50. Determine a taxa de
variação da demanda quando o preço unitário é R$3.00 e está diminuindo a uma
taxa de R$0.16 por mês
24. Um fabricante está disposto a colocar por semana no mercado, x milhares de unida-
des de um produto por um preço unitário p. Sabe-se que a relação entre x e p é dada
pela equação de oferta x2 –3xp + p2 = 5. Com que rapidez a oferta do produto estará
variando, quando p = 11, x = 4 e o preço aumentar a uma taxa de 10 centavos por
semana?

F. Rivero e T. Salvador 113 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

25. A equação de demanda de um produto é 9p + x + xp = 141 onde x milhares de


unidades são demandadas por mês quando p reais é o preço unitário. Supondo
que o preço unitário é R$9.00 e está aumentando a uma taxa de R$2.00 por mês,
encontre a taxa de variação da demanda.

26. Suponha que p é o preço de um saco de laranjas, x o número de centenas de sacos


ofertados diariamente e px–20p–3x + 105 = 0 a equação de oferta. Se a oferta diária
está decrescendo a uma taxa de 250 sacos por dia, em que taxa os preços estão
variando quando a oferta diária é de 500 sacos?

27. Suponha que y seja o número de trabalhadores na força de trabalho necessária para
produzir x unidades de determinado produto e que 4y 2 = x. Se a produção este ano
é de 250.000 unidades e a produção está aumentando à taxa de 18.000 unidades por
ano, qual é a taxa a que a força de trabalho deverá crescer?

28. A equação de demanda de certo produto é px + 25p = 4000 onde p reais é o preço de
uma caixa do produto e x milhares de caixas é a quantidade procurada por semana.
Se o preço é R$80.00 por caixa e está aumentando à taxa de R$0.20 por semana,
encontre a taxa de variação da demanda.

29. Ache as derivadas aplicando suas regras:


√ 
(a) f (x) = ln(9x + 4) (p) f (x) = ln 1 − x2
(b) f (x) = ln(x4 + 1) (q) f (x) = 53x−4
(c) f (x) = ln(2 − 3x)5 (r) f (x) = 32−x
2

(d) f (x) = ln(5x2 + 1)3 (s) f (x) = x ln(x)





(e) f (x) = ln 7 − 2x3 p
(t) f (x) = ln ( x) + ln(x)
(f) f (x) = 7x
(u) f (x) = ln (x3 ) + (ln x)3
(g) f (x) = 5−x  
1 1
(h) f (x) = log2 (x4 + 3x2 + 1) (v) f (x) = + ln
ln(x) x
(i) f (x) = log3 (6x − 7)2 r !

x 4 + x2
(j) f (x) = 9 (w) f (x) = ln

3
 4 − x2
(k) f (x) = ln 6x + 7
(l) f (x) = ln(3x2 − 2x + 1) (x) f (x) = ln ((5x − 7)4 (2x + 3)3 )
r !
2 +1 2
(m) f (x) = 8x 3 x − 1
(y) f (x) = ln
(n) f (x) = ln(4x3 − x2 + 2) x2 + 1
√ 
(o) f (x) = ln 3 4x2 + 7x (z) f (x) = ln(ln(x))

F. Rivero e T. Salvador 114 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

30. Determine as derivadas das funções abaixo:

(a) f (x) = e−5x ex


(k) f (x) =
x2 + 1
(b) f (x) = e3x
x
(c) f (x) = e3x
2 (l) f (x) = x2
e
2
(d) f (x) = e1−x (m) f (x) = (e4x − 5)3

(e) f (x) = 1 + e2x (n) f (x) = (e3x − e−3x )4
1 11
(f) f (x) = x (o) f (x) = e x +
e +1 ex

(g) f (x) = e x+1 √ √
(p) f (x) = e x + ex
(h) f (x) = xe−x ex − e−x
(q) f (x) =
(i) f (x) = x2 e−2x ex + e−x
√ x
(j) f (x) = e2x + 2x (r) f (x) = ee

31. Em cada caso3 , determine f 0 (x)

(a) f (x) = sen (8x + 3) (h) f (x) = tan3 (6x)


x
(b) f (x) = cos (i) f (x) = cos2 (3x)
2

(j) f (x) = sen (e−2x )

(c) f (x) = sec x − 1
(d) f (x) = csc(x2 + 4) cos(4x)
(k) f (x) =
(e) f (x) = cot(x ≥ −2x) 1 − sen (4x)
√ 
(f) f (x) = tan 3 5 − 6x sec(2x)
(g) f (x) = cos(3x2 ) (l) f (x) =
tan(2x) + 1
dy
32. Use a derivação implı́cita para calcular em cada caso
dx
(a) 3y − x2 + ln(xy) = 2 (e) exy − x3 + 3y 2 = 11
(b) x ln(y) − y ln(x) = 1 (f) y 3 + xex = 3x2 − 10
 
2 x
(c) y + ln − 4x + 3 = 0 (g) xey + 2x − ln(y + 1) = 3
y
(d) y 3 + x2 ln(y) = 5x + 3 (h) xey − yex = 2

3 1 1 1
Lembre-se sec(x) = , csc(x) = e cot(x) =
cos(x) sen (x) cos(x)

F. Rivero e T. Salvador 115 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

33. Calcule as derivadas de primeira e segunda ordem, simplificando o resultado em


cada etapa:
3 √
(a) f (x) = e5x −x

(o) f (x) = ln 1 + 4x2
3 −x
(b) u(x) = 25x (p) z = log(3x2 − 2x + 1)2
(c) f (x) = 10−7x+2 √
(q) f (x) = log2 ( x)
(d) b(s) = e− s
1

2
(r) f (x) = ln x
(e) f (x) = 33x  
3
(f) y = (4x + e3x )e2x (s) f (y) = ln
√ y
(g) f (x) = e4x + 5 ln v
e2x (t) G(v) =
(h) h(x) = 3 v
2x (u) f (x) = 3x4 − 4x2 + x − 2
eu + 1
(i) f (u) = (v) g(x) = 3x8 − 2x5
eu
x
(j) f (x) = e ln(x) √ 2
(w) H(s) = 3s + 2
(k) h(y) = ln(4 + 5y) s
√  2
(x) y = sec (3x)
(l) f (x) = ln 4 + 5x
(m) M (x) = ln(8 − 2x)5 (y) l(t) = sen (t) − t cos(t)
(n) N (z) = (ln(3z + 1))2
p
(z) f (u) = tan(u)

34. Use a regra de L’Hôpital para determinar os limites abaixo

2x2 + 3x − 2 4x3 − 5x + 1
(a) lim (h) lim
x→−2 3x2 − x − 14 x→1 ln x
ex + 1
x4 − 16 (i) lim
(b) lim x→∞ x4 + x3
x→2 x − 2
e4x
1 − x + ln x (j) lim 2
(c) lim x→∞ x
x→1 x3 − 3x + 2 ln(x + ex )
(k) lim
ln(e2x + 1) − ln 2 x→∞ x
(d) lim+ ln x
x→0 x2 (l) lim
x→∞ x + 2
ln(2x − 3) √
(e) lim x2 + 1 − 1
x→2 ln(3x − 5) (m) lim
x→0 x
2
x ln x
(f) lim (n) lim √
x→∞ ln x x→1 x − x
ln x x − ex + 1
(g) lim 2 (o) lim+
x→∞ x x→0 x3

F. Rivero e T. Salvador 116 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO 2.7. REGRA DE L’HÔPITAL

2 x2
x3 − 3x + 2
 
6
(p) lim (r) lim 1−
x→1 x2 − 2x + 1 x→+∞ x
(s) lim (3 sen (5x))x
x→0
1/x2
(q) lim (6x2 − 1) (t) lim (cos(x2 − 1))1/(x+1)
x→−∞ x→−1

F. Rivero e T. Salvador 117 Matemática para Economia I


2.7. REGRA DE L’HÔPITAL CAPÍTULO 2. DERIVAÇÃO

F. Rivero e T. Salvador 118 Matemática para Economia I


Capı́tulo 3

Aplicação de derivadas

Vimos no Capı́tulo 2, que a derivada de uma função pode ser interpretada como o coefici-
ente angular da reta tangente ao seu gráfico. Neste capı́tulo, vamos explorar este fato e de-
senvolver técnicas para o uso da derivada como auxı́lio à construção de gráficos. Também
estão incluı́das neste capı́tulo, aplicações da derivada a “problemas de otimização”.

3.1 Funções crescentes e funções decrescentes


Os conceitos de função crescente e de função decrescente podem ser introduzidos através
dos gráficos de f (x) = 2x + 3 e g(x) = –2x3 na Figura 3.1.

(a) Observamos como a função f (x) = 2x + 3 é (b) Observamos como a função f (x) = −2x3 é
crescente. decrescente.

Figura 3.1: Gráficos de funções crescente e decrescente

Na Figura 3.1 (a) observamos que os valores de f (x) crescem à medida que os valores
de x aumentam. Dizemos, então, que f é crescente em R. Na Figura 3.1 (b), os valores

119
3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

de g(x) decrescem à medida que os valores de x aumentam. Neste caso, dizemos que g é
decrescente em R.
Em geral, estabelecemos a seguinte definição:

Definição 3.1 Dizemos que una função real f é cerscente em um intervalo I se se à


medida que os valores de x ∈ I aumentam, os valores de f (x) também aumentam, isto é,

x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ).

Dizemos que una função real f é decerscente em um intervalo I se se à medida que


os valores de x ∈ I aumentam, os valores de f (x) diminuem, isto é,

x1 < x2 ⇒ f (x1 ) > f (x2 ).

Nas Figuras 3.2 e 3.3 podemos observar outros exemplos onde as funções são crescentes
em alguns intervalos e decrescentes em outros.
A Figura 3.2 (a) mostra como a função f (x) = x2 − 2x é decrescente no intervalo
(−∞, 1) e crescente no intervalo (1, +∞). A função g(x) = 4 − x2 é crescente no intervalo
(−∞, 0) e decrescente no intervalo (0, +∞), como observamos na Figura 3.2 (b).

(a) Função f (x) = x2 −2x decrescente em (−∞, 1) (b) Função g(x) = 4 − x2 crescente em (−∞, 0) e
e crescente em (1, +∞) decrescente em (0, +∞)

Figura 3.2: Gráficos de funções quadráticas crescentes e decrescentes em distintos inter-


valos

Na Figura 3.3 (a) mostra como a função h(x) = cos(x) é decrescente nos intervalos
da forma (2kπ, (2k + 1)π) e crescente nos intervalos da forma ((2k − 1)π, 2kπ) para todo
valor para k ∈ Z. A função l(x) = ln(x) é crescente em todo seu domı́nio D(l) = R+ .
O crescimento ou decrescimento de uma função tem relação com o valor da derivada.
Quando o valor da derivada num ponto é positiva, então o coeficiente angular da reta

F. Rivero e T. Salvador 120 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE

(a) Função h(x) = cos(x) decrescente em (b) l(x) = ln(x) é crescente em R+


(2kπ, (2k + 1)π) e crescente em ((2k − 1)π, 2kπ)
para k ∈ Z

Figura 3.3: Gráficos das funções cos(x) e ln(x)

tangente é positivo e temos una reta crescente, o que mostra que a tendência da função
é de aumentar. da mesma forma, se a derivada é negativa, então a reta tangente é
decrescente e a tendência da função é diminuir. Na Figura 3.4 podemos observar como
nos intervalos onde os coeficientes angulares das retas tangentes são positivos, a função
é crescente, e que nos intervalos onde os coeficientes angulares das retas tangentes são
negativos, a função é decrescente.

Figura 3.4: Intervalos de crescimento e decrescimento

F. Rivero e T. Salvador 121 Matemática para Economia I


3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

Podemos então descobrir onde uma função derivável f é crescente ou decrescente,


verificando o sinal de sua derivada, já que f 0 (x) fornece a inclinação da reta tangente ao
gráfico de f em (x, f (x)). Onde f 0 (x) > 0, a inclinação da reta tangente é positiva e f é
crescente; onde f 0 (x) < 0, a inclinação da reta tangente é negativa e f é decrescente.
Portanto temos o seguinte resultado:

Teorema 3.1 (Teste da derivada primeira para crescimento e decrescimento)


Seja f uma função contı́nua de valores reias em um intervalo aberto I.

i) Se f 0 (x) > 0 em I então f (x) é crescente em I.

ii) Se f 0 (x) < 0 em I então f (x) é decrescente em I.

Exemplo 3.1 Vamos determinar os intervalos de crescimento e decrescimento das se-


guintes funções estudando o sinal da função derivada.

1. f (x) = x3 − 6x2 + 9x + 1.

Solução: A derivada da função f é a função f 0 (x) = 3x2 − 12x + 9, que é uma


parábola positiva com raı́zes nos valores 1 e 3. Portanto a derivada é positiva se x
é menor que 1 ou maior que 3 e é negativa se 1 < x < 3. Então, pelo Teorema 3.1,
obtemos que a função f é crescente nos intervalos (−∞, 1) e (3, +∞) e decrescente
no intervalo (1, 3), como mostra a Figura 3.5 (a).


3
2. f (x) = x2 .
2
Solução: Como a derivada da função f é f 0 (x) = √ , tem-se que f 0 (x) < 0
33x
se x < 0 e f 0 (x) > 0 se x > 0. Portanto a função f é decrescente no intervalo
(−∞, 0) e crescente no intervalo (0, +∞). Na Figura 3.5 (b) podemos ver o gráfico
da função f y da sua derivada.

F. Rivero e T. Salvador 122 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE

(a) Intervalos de crescimento e decrescimento para f (x) = x3 − 6x2 + 9x + 1


3
(b) Intervalos de crescimento e decrescimento para f (x) = x2

Figura 3.5: Intervalos de crescimento e decrescimento usando o Teste da Derivada Pri-


meira. [Video]

F. Rivero e T. Salvador 123 Matemática para Economia I


3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

3. f (x) = arctan(x).
1
Solução: Como a derivada de f é f 0 (x) = e é sempre positiva, a função f
1 + x2
é crescente para todo valor real, isto é, f (x) = arctan(x) é crescente em todo R.
4. g(x) = e−x .

Solução: Como a derivada de g é g 0 (x) = −e−x e é sempre negativa, a função f é


decrescente para todo valor real.
Os gráfico das funções f (x) = arctan(x) e g(x) = e−x e suas derivadas estão na
Figura 3.6.

(a) Intervalos de crescimento e decrescimento (b) Intervalos de crescimento e decrescimento


f (x) = arctan(x) g(x) = e−x

Figura 3.6: Intervalos de crescimento e decrescimento usando o Teste da Derivada Pri-


meira. [Video]

3.2 Extremos relativos


Na seção anterior mostramos como usar o sinal da função derivada para determinar
os intervalos de crescimento e decrescimento de uma função. Agora temos interesse em
estudar o qué acontece nos valores onde o valor da função é zero.
O esboço do gráfico da função f (x) = x3 − 3x2 + 5 da Figura 3.7, mostra que o
ponto (0, 5) está mais alto do que qualquer outro ponto vizinho do gráfico. Um ponto tal
como (0, 5) é chamado de ponto de máximo relativo (ou de máximo local) do gráfico de f .
Analogamente, o ponto (2, 1) que está mais baixo do que qualquer outro ponto vizinho
do gráfico de f é denominado ponto de mı́nimo relativo (ou de mı́nimo local) do gráfico
de f .

F. Rivero e T. Salvador 124 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS

Se uma função possui um máximo ou um mı́nimo relativo em um ponto P , dizemos


que possui um extremo relativo (ou extremo local) em P .

Definição 3.2 Seja f uma função com valores reales e c um valor do domı́nio da função.

i) Dizemos que um ponto P = (c, f (c)) do gráfico de f é um ponto de máximo


relativo (ou de máximo local) se existe uma vizinhança I de c onde f (c) > f (x)
para todo x no I.

ii) Dizemos que um ponto P = (c, f (c)) do gráfico de f é um ponto de mı́nimo


relativo (ou de miximo local) se existe uma vizinhança I de c onde f (c) < f (x)
para todo x no I.

Os pontos (0, 5) e (2, 1) são exemplos de extremos relativos no sentido de que cada
um deles representa um extremo apenas na vizinhança do ponto. Devemos considerar,
portanto, que uma função pode admitir vários extremos relativos, isto é, vários mı́nimos
e máximos relativos.

Figura 3.7: Máximo e mı́nimo relativos da função f (x) = x3 + 3x2 + 5. [Video]

Quando conhecemos os intervalos nos quais uma função é crescente ou decrescente,


podemos identificar os seus máximos e mı́nimos relativos. Um máximo relativo ocorre
quando a função para de crescer e começa a decrescer. Um mı́nimo relativo ocorre quando
a função para de decrescer e começa a crescer. Então, o que acontece com a derivada nesses
pontos? Sabemos pelo Teorema 3.1 (Teste da Derivada Primeira) que uma função f é

F. Rivero e T. Salvador 125 Matemática para Economia I


3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

crescente quando f 0 (x) > 0 e é decrescente quando f 0 (x) < 0 então os únicos pontos onde
f (x) pode ter extremos relativos são aqueles onde f 0 (x) = 0 ou onde não existe f 0 (x).
Esses pontos são chamados de pontos crı́ticos.

Definição 3.3 Um valor c pertencente ao domı́nio de uma função f é chamado de valor


crı́tico, se f 0 (c) = 0 ou se f 0 (c) não existe. O ponto correspondente (c, f (c)) no gráfico
de f é chamado de ponto crı́tico.

Por quê precisamos dos pontos onde a derivada não está definida? Porque pode acon-
tecer que nesse ponto a função seja um bico (para acima ou para baixo). É claro que se o
ponto (c, f (c)) é um bico, então temos un extremo relativo, mas a função nesse ponto não
é derivável porque existem infinitas retas tangentes ao gráfico nele. A Figura 3.8 mostra
este fato.

(a) Máximo relativo de uma função em um ponto (b) Mı́nimo relativo de uma função em um ponto
onde não é derivável onde não é derivável

Figura 3.8: Pontos crı́ticos onde a função não é derivável.

No vı́deo da Figura 3.7 podemos observar como a reta tangente nos extremos relativos
é uma reta horizontal e, portanto, o valor da derivada é zero.
Para encontrar todos os extremos relativos de uma função f , começamos achando
todos os pontos crı́ticos (que são os “candidatos” a extremos relativos). Cada ponto
crı́tico precisa ser testado para verificar se é realmente um extremo relativo. Esse teste
pode ser feito usando a derivada primeira de f .

Teorema 3.2 (Teste da derivada primeira para extremos relativos) Seja c um


número crı́tico da função f . Então,

a) Se f 0 (x) > 0 à esquerda de c e f 0 (x) < 0 à direita de c então (c, f (c)) é um ponto de
máximo relativo.

F. Rivero e T. Salvador 126 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS

b) Se f 0 (x) < 0 à esquerda de c e f 0 (x) > 0 à direita de c então (c, f (c)) é um ponto de
mı́nimo relativo

Quando a derivada da função f é positiva à esquerda do valor crı́tico x = c e negativa


a direita, então a função passa de crescente a decrescente e, portanto, o ponto (c, f (c)) é
um máximo (observar Figura 3.9).

Figura 3.9: Máximo para o valor crı́tico x = c.

Se o que acontece é que a derivada da função f é negativa à esquerda de x = c e


positiva a direita, então a função passa de decrescente a crescente e o ponto (c, f (c)) é
um mı́nimo (observar Figura 3.10).

Figura 3.10: Mı́nimo para o valor crı́tico x = c.

F. Rivero e T. Salvador 127 Matemática para Economia I


3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

Exemplo 3.2 Determinar os pontos crı́ticos das seguintes funções.

1. f (x) = x4 − 2x2 + 2
Solução: Primeiro vamos procurar os pontos crı́ticos da função f usando sua
derivada, isto é, estamos procurando os valores reais onde f 0 (x) = 0 ou onde a
função f 0 não esteja definida. Como f 0 (x) = 4x3 − 4x = 4x(x + 1)(x − 1), então
f 0 (x) = 0 se x ∈ {0, 1, −1}. Como a derivada es um polinômio, está definida para
todo valor, portanto, não existem mais valores crı́ticos. Assim, os pontos crı́ticos
do gráfico de f são (0, f (0)) = (0, 2), (1, f (−1)) = (1, 1) e (−1, f (−1)) = (−1, 1).
Como o valor da função derivada é negativo no intervalo (−∞, −1) ∪ (0, 1) e po-
sitivo no intervalo (−1, 0) ∪ (1, +∞), pelo Teste da derivada primeira para extremos
relativos obtemos que os pontos (−1, 1) e (1, 1) são mı́nimos locais e o ponto (0, 2)
é um máximo local.
Na Figura 3.11 podemos observar os máximos e o mı́nimo relativos da função f .

Figura 3.11: Mı́nimos e máximo locais para a função f (x) = x4 − 2x2 + 2.

2. g(x) = ex (x2 − 3)
Solução: Para calcular os potos crı́ticos, precisamos calcular a derivada da função
g e calcular os valores onde a derivada é nula. Assim,
g 0 (x) = ex (x + 3)(x − 1) = 0 ⇔ x = −3, x = 1.

F. Rivero e T. Salvador 128 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS

Logo, os pontos crı́ticos são (−3, 6e−3 ) e (1, −2e). Como o valor da função deri-
vada é positivo nos intervalos (−∞, −3) e (1, +∞) e negativo em (−3, 1), pelo Teste
da derivada primeira para extremos relativos obtemos que o ponto (−3, 6e−3 ) é um
máximo local e (1, −2e) é um mı́nimos local.
Na Figura 3.12 podemos observar o máximo e o mı́nimo relativos da função g.

Figura 3.12: Máximo e mı́nimo locais para a função g(x) = ex (x2 − 3).

2x
3. h(x) =
x−1
Solução: derivando a função h obtemos

2(x − 1) − 2x 1
h0 (x) = =− .
(x − 1) (x − 1)2

É claro que a função h(x) é distinta de zero para todo valor x no dominio de h0 ,
isto é, para todo x 6= 1. Logo, pela Definição 3.3 o único valor crı́tico é x = 1, mas
temos que 1 não está no domı́nio da função h e, portanto, não pode ser um ponto
crı́tico.
Na Figura 3.13 podemos observar o gráfico da função h.

F. Rivero e T. Salvador 129 Matemática para Economia I


3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

2x
Figura 3.13: Gráfico da função h(x) = .
x−1

x2 + 4
4. k(x) =
x
Solução: Vamos usar a derivada da função k para determinar os pontos crı́ticos.
Assim,
2x2 − x(x2 + 4) x2 − 4
k 0 (x) = = = 0 ⇔ x = ±2.
x2 x2
Como o valor x = 0 não está no domı́nio da função k não é um valor crı́tico.
Logo temos dois pontos crı́ticos P1 = (2, 4) e P2 = (−2, −4). Para determi-
nar se são máximos o mı́nimos, pelo Teste da Derivada Primeira para Extremos
Relativos, precisamos estudar o sinal de k 0 . Como o denominador da derivada é
sempre positivo, o sinal é dado perlo numerador. Logo, k 0 (x) > 0 no conjunto
(−∞, −2)∪(2, +∞) e negativo no conjunto (−2, 2). Então, (2, 4) é ponto de mı́nimo
relativo e (−2, −4) é ponto de máximo relativo.
Na Figura 3.14 temos o gráfico de k.

A derivada segunda também pode ser usada para classificar os pontos crı́ticos de uma
função como máximos ou mı́nimos relativos. Para isso, basta aplicar o resultado conhecido
como Teste da derivada segunda para extremos relativos.

F. Rivero e T. Salvador 130 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS

x2 + 4
Figura 3.14: Mı́nimo e máximo relativos do gráfico da função k(x) = .
x

Teorema 3.3 (Teste da derivada segunda para extremos relativos) Seja a função
f : R −→ R uma função duas vezes derivável e suponhamos que existe um valor c ∈ R tal
que f 0 (c) = 0. Então,

a) Se f 00 (c) > 0 então f possui um mı́nimo relativo em (c, f (c)).

b) Se f 00 (c) < 0 então f possui um máximo relativo em (c, f (c)).

A idéia do resultado anterior é aplicar o Teste da derivada primeira para crescimento


e decrescimento (Teorema 3.1). Se o ponto P = (c, f (c)) do gráfico de uma função f é um
mı́nimo, então o valor da derivada f 0 à esquerda é negativo (a função f está decrescendo)
e à direita o valor da derivada é positivo (a função f está crescendo). Como o valor da
derivada pasa de negativo para positivo, chagando ao valor zero no valor x = c, então
a função derivada está crescendo numa vizinhança do ponto P . Logo, como a função f 0
é crescente nessa vizinhança de P , a derivada da função f 0 é positiva, mas a derivada
da função derivada é a derivada segunda, isto é (f 0 )0 = f 00 . Analogamente acontece se
P = (c, f (c)) fosse um mı́nimo.
Na Figura 3.15 temos um exemplo do Teste da derivada segunda para extremos relati-
vos de uma forma gráfica. Podemos observar como no ponto de máximo local P = (0, 5)

F. Rivero e T. Salvador 131 Matemática para Economia I


3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

a derivada diminui numa vizinhança do ponto e, portanto, o valor da derivada segunda


é negativo x = 0. Da mesma forma, a derivada aumenta numa vizinhança do ponto de
mı́nimo local Q = (2, 1), sendo o valor da derivada segunda para x = 2 positiva.

Figura 3.15: Gráfico da função f (x) = x3 + 3x2 + 5 , f 0 e f 00 e aplicação do Teste da 2a


Derivada.

Exemplo 3.3 Seja a função f (x) = 2x3 + 3x2 − 12x − 7. Queremos aplicar o Teste da
derivada segunda para extremos relativos para calcular os pontos de máximo e de mı́nimo
locais.
Como a derivada primeira f 0 (x) = 6x2 + 6x − 12 = 6(x + 2)(x − 1) se anula em x = −2
e em x = 1, os pontos correspondentes (−2, 13) e (1, −14) são os pontos crı́ticos de f .
Para testar esses pontos, basta determinar a derivada segunda f 00 (x) = 12x + 6 e calcular
seu valor em x = −2 e em x = 1.
Como f 00 (−2) = −18, temos que a derivada primeira pasa decrescendo por (−2, 13) e,
então, é positiva à esquerda e negativa à direita do punto. Logo, (−2, 13) é um ponto de
máximo relativo.
Como f 00 (1) = 18, a derivada primeira pasa crescendo pelo ponto (1, −14) e é, por-
tanto, negativa à esquerda e positiva à direta. Logo, o ponto (1, −14) é um ponto de
mı́nimo relativo.

Observação: Embora tenha sido fácil usar o Teste da derivada segunda para classi-
ficar os pontos crı́ticos no exemplo anterior, ele apresenta algumas limitações. O teste se

F. Rivero e T. Salvador 132 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.3. CONCAVIDADE

aplica aos pontos crı́ticos nos quais a derivada primeira é nula, mas não aos pontos em
que a derivada primeira não existe. Além disso, se tanto f 0 (c) como f 00 (c) são nulas, o
teste da derivada segunda não permite chegar a nenhuma conclusão.

3.3 Concavidade do gráfico de uma função


Vamos apresentar, agora, um método para determinar se a concavidade do gráfico de
uma função é “para cima” (positiva) ou “para baixo” (negativa). Para termos uma ideia
do que isso significa, vamos analisar os gráficos esboçados na Figura 3.16 abaixo.

(a) Concavidade positiva (b) Concavidade negativa

Figura 3.16: Concavidade positiva e negativa

Na figura 3.16 (a), observamos que a inclinação da reta tangente ao gráfico da função
f no intervalo definido aumenta quando x aumenta e que o gráfico possui concavidade
para cima.
Na figura 3.16 (b), a inclinação da reta tangente ao gráfico da função f no intervalo
definido diminui quando x aumenta e o gráfico possui concavidade para baixo.
Essas considerações geométricas conduzem à seguinte definição:

Definição 3.4 Seja f (x) uma função derivável em um intervalo aberto I.

a) O gráfico de f (x) tem concavidade (ou é côncavo) para cima em I, se f 0 (x) é


crescente em I.

b) O gráfico de f (x) tem concavidade (ou é côncavo) para baixo em I, se f 0 (x) é


decrescente em I.

F. Rivero e T. Salvador 133 Matemática para Economia I


3.3. CONCAVIDADE CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

Para saber se a concavidade de um gráfico é para cima ou para baixo, ou seja, se


f 0 (x) é crescente ou decrescente, basta aplicar a f 0 (x) o teste da derivada primeira para
funções crescentes e decrescentes apresentado no Teorema 3.1 da Seção 3.1, isto é, f 0 (x) é
crescente se sua derivada é positiva e f 0 (x) é decrescente se sua derivada é negativa. Como
a derivada de f 0 (x) é a derivada segunda de f , podemos estabelecer o seguinte teorema:

Teorema 3.4 (Teste da derivada segunda para concavidade de um gráfico) Seja


f uma função duas vezes derivável em um intervalo aberto I ⊂ R.

a) O gráfico de f tem concavidade para cima em I, se f 00 (x) > 0 para todo x ∈ I.

b) O gráfico de f tem concavidade para baixo em I, se f 00 (x) < 0 para todo x ∈ I.

O que acontece com os valores x = c tais que f 00 (c) = 0. esses valores correspondem
com pontos do gráfico tais que a concavidade muda, isto é, o gráfico da função pasa de
positiva a negativa ou de negativa a positiva. Estos pontos são chamados de pontos de
inflexão e podem ser definidos como:

Definição 3.5 Um ponto (c, f (c)) do gráfico de f é um ponto de inflexão se são


verificadas as duas condições:

a) f é contı́nua em x = c,

b) a concavidade do gráfico de f muda em (c, f (c)).

Observação: Para obter os pontos de inflexão temos que calcular os valores c ∈ R


tais que f 00 (c) = 0 ou onde f 00 (c) não esté definida, da mesma forma que para os valores
crı́ticos em caso de máximos e mı́nimos. Uma vez tenhamos esse valores, temos que
comprovar se realmente correspondem com pontos de inflexão.

Exemplo 3.4 Vamos determinar a concavidade das seguintes funções assim como seus
pontos de inflexão.

1. f (x) = x3 − 6x2 + 9x + 1.

Solução: Precisamos determinar quando a derivada da função f é crescente e


quando é decrescente ou, aplicando o Teste da derivada segunda para concavidade,
determinar os intervalos onde a derivada segunda é positiva e os intervalos onde é
negativa. Assim, calculando a primeira derivada de f obtemos que f 0 (x) = 3x2 −
12x + 9. Logo, f 00 (x) = 6x − 12 = 6(x − 2).

F. Rivero e T. Salvador 134 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.3. CONCAVIDADE

Como x − 2 > 0 se x > 2 e x − 2 < 0 se x < 2, temos que:

• f 00 > 0 se x > 2, então f 0 é crescente no intervalo (2, +∞).


• f 00 < 0 se x < 2, então f 0 é decrescente no intervalo (−∞, 2).

Podemos concluir que a função f tem uma concavidade positiva (ou para cima) no
intervalo (2, +∞) e negativa (ou para baixo) no intervalo (−∞, 2).
Alem disso, como a concavidade do gráfico muda no ponto (2, f (2)) = (2, 3) (para
x = 2 tem-se que f 00 (2) = 0), então P = (2, 3) é um ponto de inflexão.
Na Figura 3.17 temos o gráfico da função f com os intervalos de concavidade e o
ponto de inflexão.

Figura 3.17: Concavidade e ponto de inflexão para a funçñao f (x) = x3 − 6x2 + 9x + 1.

2. g(x) = ex − 3x2 + 10.

Solução: Vamos calcular a segunda derivada para poder aplicar o Teste da derivada
segunda para concavidade (Teorema 3.4). Portanto,

g 0 (x) = ex − 6x, g 00 (x) = ex − 6.

Estudando o sinal de f 00 obtemos que

• ex − 6 > 0 se ex > 6. Logo g 00 > 0 se x > ln(6).


• ex − 6 < 0 se ex < 6. Logo g 00 < 0 se x < ln(6).

F. Rivero e T. Salvador 135 Matemática para Economia I


3.3. CONCAVIDADE CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

Então g tem uma concavidade positiva (ou para cima) no intervalo (ln(6), +∞) e
negativa (ou para baixo) no intervalo (−∞, ln(6)).
Como no ponto do gráfico P = (ln(6), g(ln(6))) = (ln(6), 16 − 3(ln(6))2 ) existe
uma mudança de concavidade, então P é um ponto de inflexão. Só observar que
g 00 (ln(6)) = 0.
Podemos observar na Figura 3.18 o gráfico de g.

Figura 3.18: Concavidade e ponto de inflexão para a função g(x) = ex − 3x2 + 10.

2x
3. h(x) = .
x−1
1 2
Solução: Como h0 (x) = − 2
e h00 (x) = , tem-se
(x − 1) (x − 1)3

• h00 > 0 se (x − 1)3 > 0, ou seja, se x − 1 > 0.


• h00 < 0 se (x − 1)3 < 0, ou seja, se x − 1 < 0.

Então, h00 > 0 no intervalo (1, +∞) e h00 < 0 no intervalo (−∞, 1). Aplicando
o Teste da derivada segunda para concavidade podemos concluir que a função h é
côncava positiva no intervalo (1, +∞) e côncava negativa no intervalo (−∞, 1).
Como a derivada segunda não está definida no valor x = 1, o ponto P = (1, h(1))
poderia ser um ponto de inflexão, mas temos que x = 1 não está no domı́nio da
função h e, portanto, h(1) não está definido. Logo, h não tem pontos de inflexão.
Podemos observar na Figura 3.19 o gráfico de h.

F. Rivero e T. Salvador 136 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.3. CONCAVIDADE

2x
Figura 3.19: Concavidade para a função h(x) = .
x−1

3
4. l(x) = x2 .
2 2
Solução: Como l0 (x) = √ e l00 (x) = − √
3
, temos que l00 é sempre negativa e a
3 x
3
9 x 4
função l(x) é côncava para baixo para todo valor x ∈ R. Como não temos mudança
de concavidade, não existem pontos de inflexão.
Podemos observar na Figura 3.20 o gráfico de g.


3
Figura 3.20: Concavidade para a função l(x) = x2 .

F. Rivero e T. Salvador 137 Matemática para Economia I


3.4. ESBOÇO DE GRÁFICOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

3.4 Esboço de gráficos


Para esboçar o gráfico de uma função, precisamos verificar sua continuidade, os in-
tervalos nos quais é crescente ou decrescente, a concavidade e a existência de assı́ntotas,
extremos relativos e pontos de inflexão. Como o estudo dessas caracterı́sticas foi realizado
em várias seções anteriores, vamos estabelecer um roteiro para o traçado do gráfico
de uma função real f .
ex
Vamos acompanhar o roteiro com um exemplo. Seja a função f (x) = .
x−1

1. Achar o domı́nio de f e determinar onde f é contı́nua.


Como a função exponencial é contı́nua para todo valor x ∈ R, então f não está
definida onde x − 1 = 0. Logo,

D(f ) = {x ∈ R : x − 1 6= 0} = R − {1}.

2. Calcular os limites envolvendo infinito para determinar, se existirem, as


assı́ntotas horizontais e verticais.
Vamos calcular primeiro os limites quando x → ±∞ para achar as assı́ntotas hori-

zontais. Como lim f (x) é uma forma indeterminada do tipo , podemos aplicar
x→+∞ ∞
L’Hôpital. Assim,
ex ex
lim = lim = +∞.
x→+∞ x − 1 x→+∞ 1

Por outro lado, lim f (x) = 0.


x→−∞

Logo, a função cresce ilimitadamente quando x → ∞ e converge para zero cuando


x → −∞, tendo uma assı́ntota horizontal em y = 0.
Vamos calcular agora as assı́ntotas verticais. Para isso precisamos calcular os limites
ex e 00
no pontos onde a função não está definida. Como lim = “ , a função vai
x→1 x − 1 0
para infinito e, por tanto, existe uma assı́ntota vertical em x = 1.
Mas vamos calcular os limites laterais para obter mais informação do gráfico de f .
Como a função exponencial é sempre positiva, o sinal do limite lateral depende só
do sinal de x − 1. Como x − 1 < 0 se x < 1 e x − 1 > 0 se x > 1, temos que
ex ex
lim− = −∞ e lim+ = +∞.
x→1 x−1 x→1 x−1

Na Figura 3.21 (a) podemos observar a assı́ntota horizontal e vertical do gráfico da


função f .

F. Rivero e T. Salvador 138 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.4. ESBOÇO DE GRÁFICOS

3. Intervalos de crescimento e decrescimento.


Vamos aplicar o Teste da derivada primeira para crescimento e decrescimento (Teo-
ex (x − 2)
rema 3.1 da Seção 3.1). Como f 0 (x) = e como a exponencial e o numerador
(x − 1)2
são sempre positivos, o sinal de f 0 depende só de x − 2. Logo,
• f 0 > 0 se x > 2 ⇒ f é crescente no intervalo (2, +∞).
0
• f < 0 se x < 2 ⇒ f é decrescente no intervalo (−∞, 2).
4. Extremos relativos.
Os valores relativos serão os valores de x tais que f 0 (x) = 0 ou f 0 (x) não existe.
Logo temos os valores x = 2, pois f 0 (2) = 0, e x = 1, pois f 0 não está definida nesse
valor.
Como x = 1 também não está no domı́nio de f , então o ponto (1, f (1)) não existe
e, portanto, não pode ser um extremo relativo.
Como o valor da derivada é negativo à esquerda de x = 2 e positivo à direita, temos
que o ponto P = (2, f (2)) = (2, e2 ) é um mı́nimo relativo do gráfico de f .
Na Figura 3.21 (b) podemos observar a os intervalos de crescimento e decrescimento
do gráfico da função assim como seu mı́nimo relativo.
5. Intervalos de concavidade e pontos de inflexão.
Precisamos calcular f 00 (x) para usar o Teste da derivada segunda para concavidade
(Teorema 3.4 da Seção 3.3) e determinar os intervalos onde o gráfico de f é côncavo
para cima (f 00 (x) > 0) e onde é côncavo para baixo (f 00 (x) < 0). Temos que
0
00 [ex (x − 2)]0 (x − 1)2 − (ex (x − 2)) [(x − 1)2 ]
f (x) =
(x − 1)4
(ex (x − 2) + ex )(x − 1)2 − 2ex (x − 2)(x − 1)
=
(x − 1)4
ex (x − 1)[(x − 1)2 − 2(x − 2)]
=
(x − 1)4
ex  2
(x−1)(x − 4x + 5)
= 3

(x − 1)4
ex (x2 − 4x + 5)
=
(x − 1)3

Como a exponencial e sempre positiva e x2 − 4x + 5 é uma parábola positiva sem


cortes com o eixo x (é sempre positiva), o sinal de f 00 depende apenas do sinal de
(x − 1)3 .

F. Rivero e T. Salvador 139 Matemática para Economia I


3.4. ESBOÇO DE GRÁFICOS CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

Logo,

• f 00 > 0 se (x − 1)3 > 0 ⇒ f tem uma concavidade positiva em (1, +∞),


00 3
• f < 0 se (x − 1) < 0 ⇒ f tem uma concavidade negativa em (−∞, 1).

Neste caso o único candidato para ponto de inflexão serı́a o ponto (1, f (1)) porque
f 00 não está definida para x = 1 pois f 00 não é zero para nenhum valor real, mas
x = 1 também não está no dominio na função. Então o ponto (1, f (1)) não existe e
a função não tem pontos de inflexão.
Na Figura 3.21 (c) podemos observar a concavidade da função.

6. Pontos de corte com os eixos.


Determinar se existirem e não depender de muito cálculo, os pontos de interseção
com os eixos coordenados (e alguns outros pontos fáceis de calcular).
Neste caso, temos que f (0) = 1 e f (x) 6= 0 para todo x ∈ R.

(a) Assı́ntotas (b) Crescimento e extremos relativos

(c) Concavidade e pontos de inflexão

ex
Figura 3.21: Esboço do gráfico da função f (x) = .
x−1

F. Rivero e T. Salvador 140 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO

3.5 Problemas de Otimização


Nas aplicações, os valores extremos de uma função são chamados, às vezes, de valo-
res ótimos, porque são, em certo sentido, os melhores ou os mais favoráveis valores da
função em um determinado contexto. A tarefa de determinar esses valores constitui um
problema de otimização.

Exemplo 3.5

1. O custo, em reais, de fabricação de x unidades de um produto é dado por C(x) =


75+80x−x2 com 0 ≤ x ≤ 40 e cada unidade é vendida por 200−3x reais. Determine
o valor de x que maximiza o lucro e o lucro máximo correspondente.

Solução: O problema pedi obter o valor máximo do lucro e o número de unidades


necessárias para obter esse valor. Então primeiro precisamos determinar a função
lucro em função das unidades produzidas. Para obter o lucro precisamos calcular a
renda obtida pela venda de unidades e substraer o custo de fabricação. Ou seja,

Lucro de x unidades = Receita − Custo.

Já que cada unidade x é vendida por um preço de 200 − 3x, a função receita é

R(x) = preço de cada unidade × unidades vendidas = (200 − 3x)x.

Assim,

L(x) = R(x) − C(x) = (200 − 3x)x − (75 + 80x − x2 ) = −2x2 + 280x − 75.

Para obter os pontos crı́ticos calculamos a derivada de L e resolvemos quando


L0 (x) = 0. Logo,

L0 (x) = −4x + 280 = 0 ⇔ x = 70.

Usando o Teste da derivada segunda para extremos relativos obtemos que L00 (x) =
−4 e, portanto, L00 (70) < 0. Então o ponto (70, L(70)) = (70, 14.625) é um máximo
do gráfico de L.
Resposta: Para obter um lucro máximo de R$14.625 tem que ser fabricadas 70
unidades do produto.

F. Rivero e T. Salvador 141 Matemática para Economia I


3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

2. Um empresário pode produzir gravadores por R$20,00 a unidade e estima que se os


gravadores forem vendidos por p reais a unidade, os consumidores comprarão 120−p
gravadores por mês. Determine o preço de venda que resulta no lucro máximo.

Solução: De novo, o lucro será a diferença entre a receita e o custo de produção.


Como o número de gravadores produzidos é de 120 − p, então o custo será

C(p) = custo unitário × unidades produzidas = 20(120 − p).

Para a função receita R temos

R(p) = preço unitário × unidades vendidas = p(120 − p).

Portanto a função lucro em função do preço de venda será

L(p) = R(p) − C(p) = p(120 − p) − 20(120 − p) = −p2 + 140p − 2400.

Para determinar o lucro máximo vamos calcular os pontos crı́ticos da função usando
a derivada primeira. Assim,

L0 (p) = −2p + 140 = 0 ⇔ p = 70.

Como L0 > 0 se p < 70 e L0 < 0 se p > 70, o ponto do gráfico (70, L(70)) =
(70, 2.500) é um máximo relativo.
Resposta: O preço de venda para obter um lucro máximo de R$2.500 é de R$70,00
por gravador.

3. O custo total da fabricação de x unidades de um produto é dado por C(x) = 3x2 −


240x + 5000. Determine o valor de x que resulta no custo mı́nimo.

Solução: Vamos usar o Teste da derivada primeira para pontos crı́ticos. Logo,

C 0 (x) = 6x − 240 = 0 ⇔ x = 40.

Como C 00 (x) = 6, C 00 (40) > 0 e o ponto (40, C(40)) = (40, 200) é um ponto de
mı́nimo no gráfico da função C(x).
Resposta: O número de unidades onde é atingido o custo mı́nimo de R$200 por
unidade é de 40 unidades produzidas.

F. Rivero e T. Salvador 142 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO

Relação de exercı́cios - 3: Aplicações da derivada

1. Para as seguintes funções, faça um esboço do gráfico de f, determinando:

i) os intervalos onde f é crescente e onde é decrescente,


ii) os intervalos onde o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo e onde
tem concavidade voltada para cima,
iii) os pontos de máximos e mı́nimos relativos e os pontos de inflexão do gráfico
de f.

(a) f (x) = x3 + 6x2 + 9x (d) f (x) = x3 + 3x2 − 2


(b) f (x) = x3 − 3x + 2 (e) f (x) = x3 − 3x2
(c) f (x) = 1 + 3x2 − x3 (f) f (x) = x3

2. Nas funções embaixo, determine, se existirem:

i) os intervalos onde f é crescente e onde é decrescente;


ii) os intervalos onde o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo e onde
tem concavidade voltada para cima;
iii) os pontos de máximos e mı́nimos relativos e os pontos de inflexão do gráfico
de f ;
iv) as equações das assı́ntotas verticais e das assı́ntotas horizontais.

Faça um esboço do gráfico de f .


−4 4
(a) f (x) = (d) f (x) =
x−2 x−2
x+1 x
(b) f (x) = (e) f (x) =
x−2 (x + 1)2
1 2x
(c) f (x) = (f) f (x) = 2
1−x x +1

3. O lucro obtido com a produção e venda de x unidades de certa mercadoria é dado


pela função L(x) = −0,02x2 + 140x − 300. Determine o valor de x que maximiza o
lucro.
1
4. A função receita de um produto é R(x) = 6x − x2 . Ache o valor de x que maximiza
2
a receita.

F. Rivero e T. Salvador 143 Matemática para Economia I


3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

5. O custo total da fabricação de x unidades de um produto é dado por C(x) =


4x2 − 240x + 9.000. Determine o valor de x que resulta no custo mı́nimo.

6. A função custo de uma firma que produz e vende x unidades de um produto é dada
por C(x) = x3 − 6x2 + 13x + 15 e a função receita é R(x) = 28x. Ache o valor de x
que maximiza o lucro.

7. C(x) = 0,001x2 + 0,02x + 500 é o custo de fabricação de x unidades de um produto e


cada unidade é vendida por R$8,00. Determine o número de unidades que maximiza
o lucro.

8. Ache a quantidade x que maximiza o lucro, sabendo que a receita e o custo são,
respectivamente, R(x) = 5x − 0,003x2 e C(x) = 1,1x + 300 com 0 < x ≤ 1.000.

9. O custo por unidade de produção também é importante na Economia. Essa função


é chamada de custo médio e sua derivada é o custo médio marginal. Se C(x) é o
custo total associado à produção de x unidades de um produto, o custo médio é
C(x)
CM (x) = . Sabendo que C(x) = 2x2 − 15x + 3.200 é o custo de fabricação
x
de x unidades de um produto, determine o valor de x que resulta no custo médio
mı́nimo.

10. As funções custo e receita de x unidades de um produto são em reais, respectiva-


mente, C(x) = 10 + 2x e R(x) = 50x − 0,1x2 . Determine o lucro máximo.

11. A função de demanda para um produto é dada por p(x) = 4 − 0,0002x onde p é o
preço unitário em reais e x é a quantidade demandada. O custo total da produção
de x unidades é dado pela função C(x) = 600+3x. Determine o número de unidades
que maximiza o lucro e o preço unitário correspondente.

12. A função de demanda de certo produto é dada por q(p) = −6p + 780 onde q é a
quantidade demandada e p o preço unitário. Escreva a receita como função de p e
determine o preço que resulta na receita máxima.

13. As funções custo e receita de uma fábrica que produz e vende x unidades de um
produto são, respectivamente, C(x) = −x2 + 80x + 75 e R(x) = −3x2 + 200x com
0 ≤ x ≤ 40. Determine o valor de x que maximiza o lucro e o lucro máximo
correspondente.

14. Uma fábrica produz estantes a um custo de R$80,00 a unidade. Estima-se que se as
estantes forem vendidas por x reais a unidade, aproximadamente 100 − x unidades
serão vendidas por mês. Escreva o lucro mensal como uma função do preço de venda
x e ache o preço ótimo de venda.

F. Rivero e T. Salvador 144 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO

15. As funções custo e receita de x unidades de um produto são em reais, respectiva-


1
mente, C(x) = x2 + 4x + 200 e R(x) = 49x − x2 . Determine o valor de x que
8
maximiza o lucro.

16. Suponha que o lucro de um fabricante de rádios seja dado por L(x) = 400(15 −
x)(x − 2) onde x é o preço unitário pelo qual os rádios são vendidos. Encontre o
preço de venda que maximiza o lucro.

F. Rivero e T. Salvador 145 Matemática para Economia I


3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES

F. Rivero e T. Salvador 146 Matemática para Economia I


Capı́tulo 4

Funções de várias variáveis

4.1 Definição e exemplos


Em muitas situações, o valor de um “bem” pode depender de dois ou mais fatores.
Por exemplo, o lucro da venda de um produto pode depender do custo de produção e
do preço que tem o produto no mercado. Relações deste tipo podem freqüentemente ser
representadas por funções matemáticas que têm mais de uma variável.

Definição 4.1 Uma função f de duas variáveis x e y com valores em R f : R×R →


R é uma regra que associa a cada par ordenado (x, y) de números reais em algum conjunto
um e somente um número real z denotado por z = f (x, y).

Na equação z = f (x, y), chamamos z de variável dependente e nos referimos a x e y


como variáveis independentes.
Do mesmo modo que definimos o domı́nio e a imagem para uma função de uma variável,
podemos definir o domı́nio e a imagem para funções de duas variáveis.

Definição 4.2 O domı́nio de uma função f : R × R → R é o conjunto de todos os pares


ordenados (x, y) de números reais para os quais f (x, y) pode ser calculada. A imagem
de uma função f é o conjunto dos números reais z tais que z = f (x, y) para (x, y) no
domı́nio da função.

3x2 + 5y
Exemplo 4.1 Seja a função f (x, y) = . Para calcular o valor de f (1, −2) basta
x−y
substituir os valores x = 1 e y = −2 na regra. Assim,

3 · 12 + 5 · (−2) 7
f (1, −2) = =− .
1 − (−5) 6

147
4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Como a divisão por qualquer número real exceto zero é possı́vel, o domı́nio de f consiste
em todos os pares ordenados (x, y) tais que x − y 6= 0, ou seja, o conjunto de todos os
pares ordenados de números reias (x, y) tais que x 6= y.
p
Exemplo 4.2 Suponhamos agora que f (x, y) = 12 − x2 − y 2 . Então o domı́nio de f é
2 2
2 2
√ 12 − x − y ≥ 0, isto é, os
o conjunto de todos os pares de números reais (x, y) tais que
valores (x, y) tais que x + y ≤ 12. A imagem do ponto ( 2, −3) por f é
√ q √ √
f ( 2, −3) = 12 − ( 2)2 − (−3)2 = 1 = 1.

Nos capı́tulos anteriores vimos como as funções de uma variável podem ser represen-
tadas graficamente como curvas desenhadas nos eixos cartesianos, isto é, num sistema
de duas coordenadas ou bidimensional. As funções de duas variáveis com valores reais
podem ser representadas como superfı́cies em um sistema de três coordenadas ou tri-
dimensional. Para construir um sistema de coordenadas tridimensional, adicionamos un
terceiro eixo (eixo z) que é perpendicular aos eixos x e y já conhecidos. O sentido positivo
deste novo eixo é para cima e o negativo é para baixo. Cada ponto do espaço tem três
coordenadas e são representadas como na Figura 4.1.

Figura 4.1: Sistema tridimensional

Para plotar uma função f (x, y), os pares (x, y) são tomados no plano dos eixos x e
y e o valor z = f (x, y) associa a variável dependente com as independentes. Na Figura
4.2 temos a representação de uma função em um sistema de três coordenadas com seu
domı́nio e sua imagem. Infelizmente, não há modo análogo de visualizar funções de mais
de duas variáveis.

F. Rivero e T. Salvador 148 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

Figura 4.2: Função em um sistema tridimensional

Vamos ver uma aplicação de funções de duas variáveis à economia

Exemplo 4.3 Uma loja de artigos esportivos em Niterói vende dois tipos de raquetes de
tênis o modelo A e o modelo B. A demanda do consumidor para cada tipo depende de
seu preço e do preço do concorrente. As vendan indicam que se o modelo A vende por
x reais cada raquete e o modelo B por y reais cada, a demanda pela raquete A será de
D1 = 300 − 20x + 30y raquetes por ano, e pelas raquetes B será de D2 = 200 + 40x − 10y
por ano. Expresse a receita anual total da loja proveniente da venda dessas raquetes em
função dos preços x e y e calcule o valor dessa receita quando o modelo A tem um preço
de 100 reais e o modelo B tem um valor de 75 reais.
Solução: Faça R denotar a receita mensal total. Então,
R = número de raquetes A vendidas × preço por raquete A
+ número de raquetes B vendidas × preço por raquete B.
Assim,
R(x, y) = (300 − 20x + 30y)x + (200 + 40x − 10y)y
= 300x + 200y + 70xy − 20x2 − 10y 2 .

Substituindo os valores para x = 20 e y = 18,


R(100, 75) = 300 · 100 + 200 · 75 + 70 · 100 · 75 − 20 · 1002 − 10 · 752 = 313.750.
Então a receita total por ano para os preços dados é de R$313.750.

F. Rivero e T. Salvador 149 Matemática para Economia I


4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

A produção Q de uma fábrica é freqüentemente interpretada como uma função da


quantidade K de capital investido e do tamanho L de mão-de-obra. As funções de
produção da forma Q(K, L) = AK α L1−α , onde A e α são constantes positivas e 0 < α < 1,
têm se mostrando especialmente úteis em análise econômicas. Tais funções são conhecidas
como funções de utilidade de Cobb-Douglas1 .

Exemplo 4.4 Suponha que, em uma determinada fábrica, a produção seja dada pela
função de produção de Cobb-Douglas Q(K, L) = 60K 1/3 L2/3 unidades, onde K é o capital
investido medido em unidades de R$1000 e L a mão-de-obra medida em TH (trabalhadores-
hora).

1. Calcule a produção se o capital for de $512000 e 1000 TH de mão-de-obra forem


contratados.
2. Mostre que a produção do item anterior dobrará se tanto o capital o capital investido
quanto a mão-de-obra forem dobrados.

Solução:

1. Para calcular a produção, substituimos os valores de K = 512 e L = 1000 na função


de Cobb-Douglas do exemplo:
Q(512, 1000) = 60 · 5121/3 · 10002/3 = 48000.

Resposta: A produção será de 48.000 unidades se o capital é de R$512000 e 1000


trabalhadores-hora são contratados.
2. Vamos supor que temos um capital de L mil reais e K trabalhadores contratados.
Se dobramos o capital, então teremos um capital de 2L mil reais e se dobramos
o número de trabalhadores, teremos 2K trabalhadores. Logo, colocando os novos
valores na função de Cobb-Douglas, obtemos:
Q(2L, 2K) = 60(2K)1/3 (2L)2/3
= 60 · 21/3 · K 1/3 · 22/3 · L2/3
= 2(1/3)+(2/3) 60K 1/3 L2/3


= 2Q(L, K),
o que mostra que o valor de Q(2L, 2K) = 2Q(L, K).
1
A Função de Cobb-Douglas é usada extensamente na economia para representar o relacionamento de
uma determinada saı́da e às diversas entradas. Foi proposto inicialmente por Knut Wicksell, matemático-
estatı́stico inglês e testado ao encontro da evidência estatı́stica de construção naval por Paul Douglas
e por Charles Cobb, construtores navais, finalmente em 1928 foi publicado um livro didático sobre o
desenvolvimento matemático da produção de forma geral, após a construção em um Pool de estaleiros
navais dos navios Titanic e Louziânia, estaleiros esses reunidos na Inglaterra.

F. Rivero e T. Salvador 150 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.2. DERIVADAS PARCIAIS

Nota sobre o limite e a continuidade de funções de duas variáveis

Vimos anteriormente que o limite de uma função de uma variável f (x) quando x → c
existe se, e somente se, os limites laterais lim+ f (x) e lim− f (x) existem e são iguais.
x→c x→c
Tratando de limites de uma função f de duas variáveis quando o ponto (x, y) tende para
o ponto (a, b), devemos supor que o ponto (x, y) se aproxima do ponto (a, b) não apenas
pela direita ou pela esquerda, mas também por qualquer outra direção; inclusive podemos
supor que (x, y) se aproxima de (a, b) ao longo de uma curva, como mostra a Figura 4.3.
Logo, a definição de limite e continuidade para funções de mais de uma variável é mais
complicada pois temos uma infinidade de formas de nos aproximar de um ponto.

Figura 4.3: Exemplos de aproximação para um ponto em dimensão dois

4.2 Derivadas parciais


Em muitos problemas que envolvem funções de duas variáveis, a meta é encontrar a
taxa de variação da função em relação a uma de suas variáveis enquanto a outra é mantida
constante. Isto é, a meta é derivar a função em relação a uma variável em particular,
enquanto mantemos a outra fixa. Este processo é conhecido como derivação parcial, e
cada derivada resultante é dita ser uma derivada parcial da função.
Suponha que z = f (x, y) é uma função de duas variáveis com valores em R definida
por f (x, y) = 2x3 y. Vamos colocar um valor constante para a variável y, por exemplo
y = 5. Assim temos que a função f (x, 5) = 2x3 · 5 é uma função somente da variável x
porque y tem um valor fixo. Portanto podemos calcular a derivada da função f (x, 5) em
relação a variável x aplicando as mesmas regras para funções de uma variável. Logo,

∂ ∂
f (x, 5) = (2x3 · 5) = 6x2 · 5.
∂x ∂x
F. Rivero e T. Salvador 151 Matemática para Economia I
4.2. DERIVADAS PARCIAIS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS


Observe que usamos a notação para derivada parcial para funções de duas variáveis
∂x
d
diferente de para funções de uma variável.
dx
A variável y pode ter qualquer valor dentro do domı́nio da função f (neste caso o
domı́nio de f são todos os pares de valores reais (x, y)). Assim, podemos pegar um valor
constante qualquer e podemos derivar de novo a função f tal que a variável y tem um
valor fixo que chamamos de b, isto é, y = b. Então,
∂ ∂
f (x, b) = (2x3 · b) = 6x2 · b.
∂x ∂x

Colocar a letra b no lugar de y é somente uma notação e tanto faz se colocamos uma
ou outra já que a ideia é que a variável y é considerada como uma constante no processo
de derivação. Assim, a derivada parcial de f em relação a x é a função obtida pela
derivação de f em relação a x, tratando y como uma constante, e é denotada por
∂f ∂z
, , fx (x, y) ou D1 f.
∂x ∂x
Do mesmo modo, a derivada parcial de f em relação a y é a função obtida pela
derivação de f em relação a y, tratando x como uma constante, e é denotada por
∂f ∂z
, , fy (x, y) ou D2 f.
∂y ∂y

Nenhuma regra é necessária para o cálculo das derivadas parciais. As técnicas, regras
e fórmulas desenvolvidas no Capı́tulo 2 para diferenciar funções de uma variável podem
ser generalizadas para funções de duas ou mais variáveis, considerando-se que umas das
variáveis deve ser mantida constante e a outra diferenciada em relação à variável rema-
nescente.

2y
Exemplo 4.5 Seja a função f (x, y) = x2 + 2xy 2 + . Vamos calcular as duas deriva-
3x
das parciais de f . Para calcular fx , pensemos em f como uma função da variável x e
derivamos termo a termo, tratando y como uma constante. Assim,
2 2y
fx (x, y) = 2x + 2y 2 − yx−2 = 2x + 2y 2 − 2 .
3 3x
Para calcular fy , pensemos em f como uma função da variável y e derivamos termo a
termo, tratando x como uma constante. Assim,
2 2
fy (x, y) = 0 + 4xy + x−1 = 4xy + .
3 3x
F. Rivero e T. Salvador 152 Matemática para Economia I
CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.2. DERIVADAS PARCIAIS

Exemplo 4.6 Vamos determinar agora as derivadas parciais da função z = (x2 +xy−y)5 .
Mantendo y fixo e usando a regra da cadeia para derivar z em relação a x, obtemos
∂z
= 5(x2 + xy − y)4 (2x + y).
∂x
Mantendo x fixo e usando a regra da cadeia para derivar z em relação a y, obtemos
∂z
= 5(x2 + xy − y)4 (x − 1).
∂y

Exemplo 4.7 Seja f (x, y) = xe−2xy . Queremos determinar suas derivadas parciais. Da
regra do produto, obtemos
fx (x, y) = e−2xy + x(−2ye−2xy ) = (1 − 2xy)e−2xy ,
e da regra do produto por constante,
fy (x, y) = x(−2xe−2xy ) = −2x2 e−2xy .

Interpretação geométrica das derivadas parciais: Como vimos na Seção 4.1,


o gráfico de uma função f : R × R → R é a superfı́cie em um sistema de coordenadas
tridimensional formada pelos pontos (x, y, z) onde z = f (x, y). Para cada número fixo
y0 , os pontos (x, y0 , z) formam um plano vertical. Se z = f (x, y) e y é mantido fixo em
y = y0 , os pontos correspondentes (x, y0 , f (x, y0 )) formam uma curva no espaço que é a
interseção da superfı́cie z = f (x, y) com o plano y = y0 . Da mesma maneira que para
∂z
funções de uma variável, em cada ponto desta curva , a derivada parcial é a inclinação
∂x
da reta tangente à curva no ponto em questão na direção x. A situação está ilustrada na
Figura 4.4.
Analogamente, se x é mantido fixo em x = x0 , os pontos correspondentes (x0 , y, f (x0 , y))
formam uma curva que é a interseção da superfı́cie z = f (x, y) com o plano x = x0 . A
∂z
cada ponto dessa curva, a derivada parcial é a inclinação da tangente na direção y. A
∂x
situação está ilustrada na Figura 4.5.

4.2.1 Derivadas parciais de ordem superior


As derivadas parciais podem elas mesmas ser derivadas. As funções resultantes são
denominadas derivadas parciais de segunda ordem. Assim, se z = f (x, y), a derivada
parcial de fx em relação a x é a função que resulta da derivação parcial de fx com respeito
à variável x e é denotada por
∂ 2z
 
∂ ∂z
fxx = (fx )x ou = .
∂x2 ∂x ∂x

F. Rivero e T. Salvador 153 Matemática para Economia I


4.2. DERIVADAS PARCIAIS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

∂z
Figura 4.4: Interpretação geométrica para
∂x

∂z
Figura 4.5: Interpretação geométrica para
∂y

F. Rivero e T. Salvador 154 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.2. DERIVADAS PARCIAIS

A derivada parcial de fy em relação a y é a função que resulta da derivação parcial de fy


com respeito à variável y e é denotada por
∂ 2z
 
∂ ∂z
fyy = (fy )y ou = .
∂y 2 ∂y ∂y
A derivada parcial de fx em relação a y é a função que resulta da derivação parcial de fx
com respeito à variável y e é denotada por
∂ 2z
 
∂ ∂z
fxy = (fx )y ou = .
∂y∂x ∂y ∂x
A derivada parcial de fy em relação a x é a função que resulta da derivação parcial de fy
respeto à variável x e é denotada por
∂ 2z
 
∂ ∂z
fyx = (fy )x ou = .
∂x∂y ∂x ∂x

Exemplo 4.8 Seja a função f (x, y) = xy 3 +5xy 2 +2x+1. Determinar todas as derivadas
parciais de segunda ordem.
Solução: Como fx (x, y) = y 3 + 5y 2 + 2, segue-se que
fxx (x, y) = 0, fxy (x, y) = 6xy + 10x.

Como fy (x, y) = 3xy 2 + 10xy, segue-se que


fyy (x, y) = 3y 2 + 10y, fyx (x, y) = 6xy + 10x.

Exemplo 4.9 Se g(u, v) = 2e2u cos v, encontre gu , gv , guu , gvv , guv , gvu .

Solução: Nesse caso,



gu (u, v) = (2e2u cos v) = 4e2u cos v
∂u

gv (u, v) = (2e2u cos v) = −2e2u sen v.
∂v
Dai,
∂ ∂
guu (u, v) = (gu (u, v)) = (4e2u cos v) = 8e2u cos v
∂u ∂u
∂ ∂
guv (u, v) = (gu (u, v)) = (4e2u cos v) = −4e2u sen v
∂v ∂v
∂ ∂
gvu (u, v) = (gv (u, v)) = (−2e2u sen v) = −4e2u sen v
∂u ∂u
∂ ∂
gvv (u, v) = (gv (u, v)) = (−2e2u sen v) = −2e2u cos u.
∂v ∂v
F. Rivero e T. Salvador 155 Matemática para Economia I
4.2. DERIVADAS PARCIAIS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

As duas derivadas parciais fxy e fyx também são denominadas derivadas parciais
cruzadas ou mistas de segunda ordem de f . Note que nos exemplos anteriores essas
duas derivadas são iguais. Isto não é por acaso. O seguinte teorema, chamado Teorema
de Clairaut2 ou Teorema de Schwarz3 mostra esse fato para duas variáveis.

Teorema 4.1 Seja Ω um conjunto aberto de R × R e seja f : Ω → R. Se existem as


derivadas parciais cruzadas de segunda ordem e são contı́nuas, então são iguais. Assim,
∂ 2f ∂ 2f
= .
∂x∂y ∂y∂x
Exemplo 4.10 Calcular todas as derivadas parciais de segunda ordem da função
f (x, y) = exy + sen (x + y).

Solução: Primeiro precisamos calcular as derivadas parciais de primeira ordem.


fx (x, y) = yexy + cos(x + y), fy (x, y) = xexy + cos(x + y).
Logo,
fxx (x, y) = y 2 exy − sen (x + y)
fyy (x, y) = x2 exy − sen (x + y)
fxy (x, y) = exy (1 + xy) − sen (x + y) = fyx (x, y).

Observações:

i) As vezes as derivadas parciais são denotadas por D1 f para fx e D2 f para fy .


ii) Da mesma maneira que podemos obter as derivadas parciais fxx , fxy , fyy e fyx , po-
demos calcular suas derivadas, obtendo
∂ 3f ∂ ∂ 3f ∂
fxxx = = (fxx ), fxxy = = (fxx ),
∂x3 ∂x ∂y∂x2 ∂y
∂ 3f ∂ ∂ 3f ∂
fyyy = 3
= (f yy ), fyyx = 2
= (fyy ), . . .
∂y ∂y ∂x∂y ∂x
Também podem ser calculadas as derivadas de fxy em relação às variáveis x e y.
iii) Como acontece para as derivadas de funções de uma variável, as derivadas parciais
são definidas como limites nas variações nas variáveis da função. Assim, se f :
R × R → R é uma função de duas variáveis com valores em R, então
f (x + h, y) − f (x, y) f (x, y + h) − f (x, y)
fx (x, y) = lim e fy (x, y) = lim
h→0 h h→0 h
2
Alexis Claude Clairaut, foi um matemático, fı́sico e astrônomo francês do século XVII.
3
Karl Hermann Amandus Schwarz foi um matemático alemão do final do século XIX e inı́cio do XX
conhecido por seus trabalhos no análise complexo.

F. Rivero e T. Salvador 156 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.3. REGRAS DA CADEIA

4.3 Regras da Cadeia


Em muitas situações práticas, um determinado valor pode ser dado em função de duas
ou mais variáveis, cada uma das quais pode ser interpretada como uma função de uma
outra variável como, por exemplo, o tempo. Se a meta é encontrar a taxa de variação em
relação a essa outra variável, precisamos de uma ferramenta para calculá-la. Por exemplo,
suponhamos que o valor z de um determinado produto depende do preço x no mercado e
do preço de venda y do produto da concorrência e é dado pela função

z = x2 − 3xy + 1.

Mas o preço dos produtos também dependem da demanda e do mercado, e são dados
pelas funções
x(t) = 2t + 1, y(t) = t2 − 1,
onde t representa o tempo. Logo, a variável dependente z somente depende da variável
t e temos uma função de uma variável com valores em R. Do mesmo modo que temos a
derivação implı́cita para funções de uma variável, podemos enunciar a Regra da Cadeia
para derivadas parciais.

Teorema 4.2 (Primeira Regra da Cadeia) Suponha que z seja uma função de x e y,
as quais, por sua vez, sejam funções de outra variável t. Então, z pode ser interpretada
como uma função de t, e
dz ∂z dx ∂z dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt

dz
Observe que a expressão para é a soma de dois termos, cada um dos quais podendo
dt
ser interpretado através da regra da cadeia como uma função de uma variável. Em
particular

∂z dx
= taxa de variação de z em relação a t para y fixo.
∂x dt
∂z dy
= taxa de variação de z em relação a t para x fixo.
∂y dt

A Primeira Regra da Cadeia para derivadas parciais diz que a taxa de variação total de
z em relação a t é a soma destas duas taxas “parciais”de variação.
No exemplo anterior, usando a Primeira Regra da Cadeia obtemos,

dz ∂z dx ∂z dy
= + = (2x − 3y)2 + (−3x)2t,
dt ∂x dt ∂y dt

F. Rivero e T. Salvador 157 Matemática para Economia I


4.3. REGRAS DA CADEIA CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

que pode ser reescrita em termos de t substituindo x = 2t + 1 e y = t2 − 1 para obter


dz
= 4(2t + 1) − 6(t2 − 1) − 6t(2t + 1) = −18t2 + 2t + 10.
dt
Assim,
dz
Outro modo de calcular é substituir x = 2t + 1 e y = t2 − 1 na fórmula de z e
dt
derivar diretamente em relação a t. Assim,
z(t) = (2t + 1)2 − 3(2t + 1)(t2 − 1) + 1 = −6t3 + t2 + 10t + 4,
e a derivada em relação à variável t é a mesma que obtivemos com a derivação implı́cita.
p
Exemplo 4.11 Seja a função de duas variáveis z = x2 + y 2 , onde x = sen (t + π) e
dz
y = t3 . Use a Primeira Regra da Cadeia para determinar .
dt
Solução:
dz ∂z dx ∂z dy x y x cos t + 3t2 y
= + =p (cos t) + p (3t2 ) = p .
dt ∂x dt ∂y dt x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2
Substituindo os valores de x e y como funções de t, obtemos
dz sen (t + π)(cos t) + 3t2 (t3 ) sen (t + π) cos t + 3t5
= p = p .
dt ( sen (t + π))2 + (t3 )2 sen 2 (t + π) + t5

Exemplo 4.12 Uma farmácia vende dois tipos de vitaminas, uma marca A e uma marca
B. As vendas indicam que se a marca A for vendida por x reais por vidro e a marca B
por y reais por vidro, a demanda para a marca A será de Q(x, y) = 300 − 20x2 + 30y
vidros por mês. Estima-se que, daqui a t meses, o preço da√marca A será de x = 2 + 0.05t
u.m. por vidro e o preço da marca B será de y = 2 + 0.01 t por vidro. Calcular que taxa
de demanda da marca A em relação ao tempo daqui a 4 meses.
dQ
Solução: A meta é calcular quando t = 4. Usando a Primeira Regra da Cadeia,
dt
tem-se:
dQ ∂Q dx ∂Q dy 1
= + = −40x(0.05) + 30(0.005t− 2 ).
dt ∂x dt ∂y dt
Quando t = 4, x(4) = 2 + 0.05 · 4 = 2.2, e assim,
dQ 1
= −40 · 2.2 · 0.05 + 30 · 0.005 · 4− 2 = −4.325.
dt
Logo, daqui a 4 meses a demanda mensal pela marca A estará diminuindo a uma taxa de
3.65 vidros por mês.

F. Rivero e T. Salvador 158 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.3. REGRAS DA CADEIA

Às vezes, as variáveis x e y podem depender de mais de uma variável. Então precisamos
de um resultado análogo ao Teorema 4.2. Consideremos o caso em que a variável z é função
de duas variáveis x e y, de modo que z = f (x, y), enquanto x e y sejam funções de outras
duas variáveis u e v, ou seja
x = g(u, v), y = h(u, v).
Então z torna-se uma nova função de duas variáveis u e v com valores em R que podemos
chamar de F
z = F (u, v) = f (g(u, v), h(u, v)) .

Suponha que, temporariamente, a variável v se mantenha constante. Poderı́amos


calcular a derivada parcial de z em relação a u usando a Primeira Regra da Cadeia.
Assim,
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + .
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u
Analogamente, se mantemos a variável u contante,
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + .
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
Assim obtemos a Segunda Regra da Cadeia, onde vamos mudar a notação para que fique
mais clara

Teorema 4.3 (Segunda Regra da Cadeia) Sejam f, g, h : R×R → R funções de duas


variáveis com valores em R as quais denotamos por f (x, y), g(u, v) e h(u, v). Suponhamos
que as derivadas parciais das funções f, g e h, fx , fy , gu , gv , hu , e hv existem e definimos a
função F (u, v) = f (g(u, v), h(u, v)). Então as derivadas parciais da função F podem ser
calculadas como
Fu = fx (g(u, v), h(u, v))gu (u, v) + fy (g(u, v), h(u, v))hu (u, v)
Fv = fx (g(u, v), h(u, v))gv (u, v) + fy (g(u, v), h(u, v))hv (u, v).

Exemplo 4.13 Seja z = x2 − y 2 , x = u cos v e y = v sen u. Encontre as derivadas


∂z ∂z
parciais e .
∂u ∂v
Solução: Primeiro vamos achar as derivadas parciais de cada uma das funções an-
teriores:
∂z ∂z
= 2x, = −2y,
∂x ∂y
∂x ∂x
= cos u, = −u sen v,
∂u ∂v
∂y ∂y
= v cos u, = sen u.
∂u ∂v
F. Rivero e T. Salvador 159 Matemática para Economia I
4.3. REGRAS DA CADEIA CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Aplicando a Segunda Regra da Cadeia obtemos


∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= +
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u
= 2x cos v − 2yv cos u
= 2(u cos v) cos v − 2(v sen u)v cos u = 2u cos2 v − v 2 sen (2u).
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= +
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
= 2x(−u sen v) − 2y sen u
= 2(u cos v)(−u sen v) − 2(v sen u) sen u = −u2 sen (2v) − 2v sen 2 u.

Exemplo 4.14 Seja f (x, y) = 4x2 + 5xy − 2y 3 , onde x = 3r + 5s e y = 7r2 s. Calcular


as derivadas parciais fr e fs .
Solução: Se chamamos x = g(r, s) e y = h(r, s), as derivadas parciais de cada uma
das funções anteriores são:
fx (x, y) = 8x + 5y, fy (x, y) = 5x − 6y 2 ,
gr (r, s) = 3, gt (r, s) = 5,
hr (r, s) = 14rs, hs (r, s) = 7r2 .
Logo, chamando de F (s, r) = f (g(s, r), h(s, r)) e aplicando a Segunda Regra da Cadeia,
Fs (s, r) = fx (g(s, r), h(s, r))gr (r, s) + fy (g(r, s), h(r, s))hr (r, s)
= (8x + 5y)3 + (5x − 6y 2 )14rs
= 24x + 15y + 70rsx − 84rsy 2
= 24(3r + 5s) + 15(7r2 s) + 70rs(3r + 5s) − 84rs(7r2 s)2
= −4116r5 s3 + 315r2 s + 350rs2 + 72r + 120s.

Como acontece com a derivação implı́cita para funções de uma variável, não precisamos
conhecer a fórmula da função f (x, y) para calcular o valor da derivada parcial em um
ponto. Somente precisamos conhecer o valor da função e de suas derivadas parciais nesse
ponto.
π 
Exemplo 4.15 Sejam u(x) = 2x − 1, v(x) = cos e H(x) = f (u(x), v(x)). Determi-
0
x
nar o valor de H (x) quando x = 2 sabendo que fu (3, 0) = 4 e fv (3, 0) = −2π.
Solução: Vamos aplicar a Primeira Regra da Cadeia para calcular a derivada de
H(x),
H 0 (x) = fu (u(x), v(x))u0 (x) + fv (u(x), v(x))v 0 (x)
π

2πfv (u(x), v(x)) sen x
= 2fu (u(x), v(x)) + .
x2
F. Rivero e T. Salvador 160 Matemática para Economia I
CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.3. REGRAS DA CADEIA

Quando x = 2, temos u = 3 e v = 0. Logo,

2πfv (3, 0) sen π2 π


 
0 2π(−2π) sen 4 π 2
H (2) = 2fu (3, 0) + 2
=2·4+ 2
=8− = 8 − π2.
2 22 4

Exemplo 4.16 Seja f uma função de duas variáveis tal que fu (3, 1) = 2 e fv (3, 1) = −5.
∂V ∂V
Defina a função V = f (2x + 3y, ex ), encontre e quando x = 0 e y = 1.
∂x ∂y
Solução: Sejam u = 2x + 3y e v = ex , ou seja V = f (u, v). Pela Segunda Regra da
Cadeia,
∂V ∂V ∂u ∂V ∂v ∂V ∂V x
= + = ·2+ · e = 2fu (u, v) + ex fv (u, v).
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x ∂u ∂v
Quando x = 0 e y = 1, temos u = 3 e v = 1. Logo
∂V
= 2fu (3, 1) + e0 fv (3, 1) = 2 · 2 + 1 · (−5) = −1.
∂x
Analogamente,
∂V ∂V ∂u ∂V ∂v ∂V ∂V
= + = ·3+ · 0 = 3fu (u, v).
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y ∂u ∂v
Assim, quando x = 0 e y = 1, temos u = 3 e v = 1 e
∂V
= 3fu (3, 1) = 3 · 2 = 6.
∂y

4.3.1 Diferenciação implı́cita


O procedimento da diferenciação implı́cita pode ser formulado com maior rigor e
pode ser generalizado pelo uso de derivadas parciais. Por exemplo, dada uma equação na
qual figurem as variáveis x e y, podemos transpor os termos para a esquerda do sinal de
igualdade e a equação toma a forma f (x, y) = 0, onde f é uma função de duas variáveis.
Esta equação define y como uma função de x se

f (x, y) = f (x, g(x)) = 0.

Vamos ver um exemplo para fixar as ideias.

dy
Exemplo 4.17 Seja a equação x3 y 2 +3xy 2 +5x4 = 2y +7. Encontre o valor de dx
quando
x = 1 e y = 1.

F. Rivero e T. Salvador 161 Matemática para Economia I


4.3. REGRAS DA CADEIA CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Solução: Primeiro definimos a função

f (x, y) = x3 y 2 + 3xy 2 + 5x4 − 2y − 7.

Então, f (1, 1) = 0. Pela Primeira Regra da Cadeia e derivando termo a termo, temos
que se y é uma variável que depende de x,
df dx dy dy
0= = fx (x, y) + fy (x, y) = (3x2 y 2 + 3y 2 + 20x3 ) · 1 + (2x3 y + 6xy − 2) .
dx dx dx dx
dy
Logo, resolvendo a equação anterior em , obtemos
dx
dy fx (x, y) 3x2 y 2 + 3y 2 + 20x3
=− =− .
dx fy (x, y) 2x3 y + 6xy − 2
Portanto, quando x = 1 e y = 1
dy 3 + 3 + 20 13
=− =− .
dx 2+6−2 3

Assim, de uma forma geral, se f (x, y) = 0 para certos valores (x, y) e existem as
dy
derivadas parciais da função f , podemos calcular dx nesses pontos usando a fórmula

dy fx (x, y)
=− ,
dx fy (x, y)
para todos os pontos (x, y) tais que f (x, y) = 0.

Exemplo 4.18 Suponha que a utilidade de um consumidor proveniente de x unidades de


um bem A e y unidades de um segundo bem B é fornecida pela fórmula
y+1
x2 y + cos(π(x − y)) = ,
2
onde os dois bens são calculados em centenas. O consumidor atualmente possui 200
unidades do bem A e 100 unidades do bem B. Achar a taxa de variação do bem B en
função do bem A para esses valores.
y+1
Solução: Definimos a função de duas variáveis f (x, y) = x2 y + cos(π(x − y)) − ,
2
que tem valor zero se x = 2 e y = 1. Logo, para o ponto (2, 1) podemos calcular o valor
dy
de . Assim,
dx
 
df dx dy 2 1 dy
0 = = fx (x, y) +fy (x, y) = (2xy−π sen (π(x−y)))+ x − π sen (π(x − y)) − .
dx dx dx 2 dx

F. Rivero e T. Salvador 162 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.4. EXTREMOS

Então,
dy 2xy − π sen (π(x − y))
=− 2 .
dx x − π sen (π(x − y)) − 21
Substituindo os valores x = 2 e y = 1,

dy 2 · 2 − π sen (π) 4−0 8


=− 2 1 = − 1 =− .
dx 2 − π sen (π) − 2 4−0− 2
7

8
Resposta: O bem B está diminuindo a uma taxa de unidades.
7

4.4 Extremos de funções de duas variáveis

Nesta seção vamos usar as derivadas parciais para encontrar os máximos e os mı́nimos
para funções de duas variáveis com valores reias.
Geometricamente, um máximo relativo ou máximo local de uma função de duas
variáveis f : R × R → R é uma cume local da superfı́cie z = f (x, y), isto é, um valor mais
alto do que todos seus pontos vizinhos sobre a superfı́cie. Analogamente, um mı́nimo
relativo ou mı́nimo local de f (x, y) é o fundo de um vale, um ponto que está mais
baixo do que qualquer ponto vizinho da superfı́cie. Por exemplo, na Figura 4.6 temos que
o ponto P = (a, b) apresenta um máximo relativo no ponto (a, b, f (a, b)) da superfı́cie e o
ponto Q = (c, d) apresenta um mı́nimo relativo no ponto (c, d, f (c, d)) da superfı́cie.

Figura 4.6: Interpretação geométrica para máximos e mı́nimos relativos

F. Rivero e T. Salvador 163 Matemática para Economia I


4.4. EXTREMOS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Como ocorre para funções de uma variável, os pontos crı́ticos representam um papel
importante no estudo dos máximos e mı́nimos relativos. Portanto vamos definir o que é
um ponto crı́tico para funções de duas variáveis.

Definição 4.3 Um ponto (a, b) no domı́nio de f (x, y) para o qual fx (a, b) = 0 e fy (a, b) =
0 é dito ser um ponto crı́tico de f .
Se as derivadas parciais de primeira ordem de f estão definidas em todos os pontos
de alguma região do plano xy, então os extremos relativos de f na região podem ocorrer
somente em pontos crı́ticos.

Para ver a conexão entre pontos crı́ticos e extremos relativos, vamos dar uma olhada na
Figura 4.7. Suponha que f (x, y) tem um máximo relativo no ponto (a, b). Desse modo,
a curva formada pela interseção da superfı́cie z = f (x, y) com o plano vertical y = b
tem um máximo relativo e, portanto, uma tangente horizontal na reta x = a. Como a
derivada parcial fx (a, b) é a inclinação desta reta tangente (lembrar Figura 4.4, pág. 154),
segue que fx (a, b) = 0. Da mesma forma, a curva formada pela interseção da superfı́cie
z = f (x, y) e o plano x = a tem um máximo relativo em y = b, e assim fy (a, b) = 0.

Figura 4.7: Derivadas parciais e pontos crı́ticos

Embora todos os extremos relativos de uma função devam ocorrer em ponto crı́ticos,
nem todos os pontos crı́ticos são necessariamente extremos relativos. Considere, por
exemplo a função f (x, y) = y 2 − x2 , cujo gráfico se assemelha a uma sela (ver Figura
4.8). Neste caso, fx (0, 0) = 0 porque a superfı́cie tem um máximo relativo (e assim uma
tangente horizontal) “na direção x”, e fy (0, 0) = 0 porque a superfı́cie tem um mı́nimo (e
assim uma tangente horizontal) “na direção y”. Desta forma, o ponto (0, 0) é um ponto
crı́tico da função f , mas não é um extremo relativo porque não nem um máximo nem um
mı́nimo. Esses pontos são chamados de ponto de sela.

F. Rivero e T. Salvador 164 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.4. EXTREMOS

Figura 4.8: Ponto de sela

4.4.1 O teste da Derivada Segunda


Vamos generalizar o teste mostrado para funções de uma variável para decidir se um ponto
crı́tico é um máximo ou um mı́nimo local de uma função de duas variáveis.

Teorema 4.4 (Teste da Derivada Segunda) Suponha que (a, b) seja um ponto crı́tico
da função f : R × R → R. Seja

D(a, b) = fxx (a, b)fyy (a, b) − [fxy (a, b)]2 .

Logo

1. Se D(a, b) < 0, então f tem um ponto de sela.

2. Se D(a, b) > 0,

2.1) se fxx (a, b) < 0, então f tem um máximo relativo em (a, b).
2.2) se fxx (a, b) > 0, então f tem um mı́nimo relativo em (a, b).

3. Se D(a, b) = 0, o teste é inconclusivo e a função pode ter tanto um extremo relativo


quanto um ponto de sela em (a, b).

F. Rivero e T. Salvador 165 Matemática para Economia I


4.4. EXTREMOS CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Exemplo 4.19 Classifique os pontos crı́ticos das seguintes funções.

1. f (x, y) = x2 + y 2 .
Solução: (ver Figura 4.9) Primeiro vamos achar os pontos crı́ticos para f (x, y).
Portanto vamos calcular as derivadas parciais de primeira ordem. Como fx = 2x e
fy = 2y, o único ponto crı́tico de f é (0, 0). Para testar este ponto usamos o teste
da derivada segunda.

D = fxx (0, 0)fyy (0, 0) − [fxy (0, 0)]2 = 2 · 2 − 02 = 4.

Isto é, D = 4 > 0 para todo ponto (x, y) e, em particular, para (0, 0). Logo, f tem
um extremo relativo em (0, 0). Mais ainda, como fxx (0, 0) = 2 > 0, segue-se que o
extremo relativo em (0, 0) é um mı́nimo relativo.

Figura 4.9: Mı́nimo local de z = x2 + y 2

2. f (x, y) = y 2 − x2 .
Solução: (ver Figura 4.8, pág. 165) Como fx = −2x e fy = 2y, o único ponto
crı́tico de f é (0, 0). Para testar ese ponto, usamos o teste da derivada segunda.

D(0, 0) = fxx (0, 0)fyy (0, 0) − [fxy (0, 0)]2 = −2 · 2 − 02 = −4.

Ou seja, D(0, 0) = −4 < 0 para todo ponto (x, y) e, em particular, para (0, 0). Logo,
f tem um ponto de sela em (0, 0).

F. Rivero e T. Salvador 166 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.4. EXTREMOS

3. f (x, y) = x3 − y 3 + 6xy.
Solução: Primeiro vamos achar os pontos crı́ticos para f (x, y). Portanto vamos
calcular as derivadas parciais de primeira ordem. Como fx = 3x2 + 6y e fy =
−3y 2 + 6x, encontramos os pontos crı́ticos de f através da soluções simultâneas das
duas equações (
3x2 + 6y = 0
− 3y 2 + 6x = 0.
x2
Da primeira equação obtemos y = − , e substituindo na segunda obtemos
2
3x4
− + 6x = 0 ou − x(x3 − 8) = 0.
4
As soluções da equação são x = 0 e x = 2. Substituindo os valores na equação
x2
y = − , obtemos as correspondentes coordenadas y para as coordenadas x achadas.
2
Assim, temos que para x = 0 o valor de y é 0, e para x = 2 o valor de y é −2.
Segue-se que os pontos crı́ticos de f são (0, 0) e (2, −2).
As derivadas parciais de segunda ordem de f (x, y) são:
fxx = 6x, fyy = −6y, fxy = 6.
Dessa forma,
D(x, y) = fxx (x, y)fyy (x, y) − [fxy (x, y)]2 = −36xy − 36 = −36(xy + 1).

Como D(0, 0) = −36 < 0, o ponto (0, 0) é um ponto de sela para f .


Como D(2, −2) = −36(−4 + 1) = 108 > 0 e fxx (2, −2) = 6 · 2 = 12 > 0, então f
tem um mı́nimo relativo no ponto (2, −2).

No próximo exemplo vamos ver como aplicar a teoria dos extremos relativos para
resolver problemas de otimização em Economia.

Exemplo 4.20 A única mercearia em uma pequena comunidade rural vende duas marcas
de suco de laranja congelado, uma marca local, que ela obtém ao custo unitário de 30
centavos, e uma marca nacional famosa, que ela obtém ao custo unitário de 40 centavos.
O comerciante estima que, se a marca local for vendida a x centavos a lata, e a nacional a
y centavos, aproximadamente 70 − 5x + 4y latas de marca local e 80 + 6x − 7y da nacional
serão vendidas a cada dia. Que preço o comerciante deve utilizar para cada marca para
maximizar o lucro das vendas de suco de laranja? (Suponha que o máximo absoluto e o
máximo relativo da função lucro são os mesmos).
Solução: Como

F. Rivero e T. Salvador 167 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Lucro Total = Lucro da venda da marca local + Lucro da venda da marca nacional

Seque-se que o lucro diário total da venda de suco de laranja é dado pela função
f (x, y) = (70 − 5x + 4y)(x − 30) + (80 + 6x − 7y)(y − 40)
= −5x2 + 10xy − 20x − 7y 2 + 240y − 5300
Calculando as derivadas parciais da função f
fx = −10x + 10y − 20, fy = 10x − 14y + 240.
Fazendo-as iguais a zero, obtemos
−10x + 10y − 20 = 0, 10x − 14y + 240 = 0,
ou
−x + y = 2, 5x − 7y = 120.
Logo, resolvendo as equações simultaneamente chegamos para x = 53 e y = 55. Segue-se
que o único ponto crı́tico de f é (53, 55).
Agora usamos o Teste da Derivada Segunda para calcular o valor de D(x, y). Assim,
fxx = −10, fyy = −14, fxy = 10
e
D(x, y) = fxx (x, y)fyy (x, y) − [fxy (x, y)]2 = −10(−14) − 102 = 40, para tudo (x, y)
Como D(53, 55) = 40 > 0 e fx (53, 55) = −10 < 0, então f tem um máximo (relativo) em
x = 53 e y = 55.

Resposta: A mercearia pode maximizar seu lucro vendendo a marca local de suco por
53 centavos a lata e marca nacional por 55 centavos a lata.

4.5 Multiplicadores de Lagrange


Suponha que um editor, condicionado a se manter dentro de um orçamento fixo de
$60.000, pode querer decidir como dividir essa quantia entre desenvolvimento e promoção,
de maneira a maximizar as futuras vendas de um novo livro. Se x denota a quantia alocada
para desenvolvimento, y a quantia alocada para promoção e f (x, y) o correspondente
número de livros que serão vendido, o editor gostaria maximizar a função de vendas f (x, y)
sujeita a condição x+y = 60000. Neste caso precisamos obter o máximo da função sujeita
a uma condição ou restrição sobre as variáveis. Para resolver estes problemas vamos usar
o método dos multiplicadores de Lagrange, no qual a introdução de uma terceira variável
permite resolver problemas de otimização condicionados sem ter que resolver primeiro a
equação de restrição para uma das variáveis.

F. Rivero e T. Salvador 168 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

O Método dos Multiplicadores de Lagrange

Suponha que f (x, y) e g(x, y) sejam funções cujas derivadas parciais de primeira ordem
existam. Para encontrar um máximo e mı́nimo relativos de f (x, y), sujeitos à restrição
de que g(x, y) = k para alguma constante k, introduza uma nova variável λ e resolva as
seguintes três equações simultaneamente:

 fx (x, y) = λgx (x, y)

fy (x, y) = λgy (x, y)

 g(x, y) = k

Se o extremo relativo procurado existir, ele será encontrado entre as soluções resultantes
(x, y) destas equações.
Observação: Apesar de ser λ uma nova variável, seu valor não é importante para
obter os pontos crı́ticos, portanto nem sempre precisaremos achar seu valor.

Exemplo 4.21 Encontre os valores máximos e mı́nimos da função f (x, y) = xy, subme-
tida à restrição x2 + y 2 = 8.
Solução: Seja g(x, y) = x2 + y 2 . Para obter as três equações de Lagrange precisamos
calcular as derivadas parciais das funções f e g:
fx = y, fy = x, gx = 2x, gy = 2y.
Assim,  
 fx (x, y) = λgx (x, y)
  y = 2λx

fy (x, y) = λgy (x, y) ⇒ x = 2λy

 g(x, y) = k  x2 + y 2 = 8

Nem x nem y podem ser nulos se essas três equações são válidas e então podemos escrever
as duas primeiras equações como
y x
2λ = , 2λ = ,
x y
y x
o que implica que = ou x2 = y 2 . Agora, substituindo x2 = y 2 na terceira equação de
x y
Lagrange obtemos 2x2 = 8, o que implica x = ±2.
Se x = 2, segue-se da equação x2 = y 2 que y = 2 ou y = −2. Analogamente, se
x = −2, então y = 2 ou y = −2. Portanto temos quatro pontos nos quais os extremos
condicionados podem ocorrer: (2, 2), (2, −2), (−2, 2) e (−2, −2). Como
f (2, 2) = f (−2, −2) = 4, f (2, −2) = f (−2, 2) = −4,
tem-se que quando x2 + y 2 = 8 o valor máximo para f (x, y) é 4, que ocorre nos pontos
(2, 2) e (−2, −2) e o valor mı́nimo de f (x, y) é −4, que ocorre nos pontos (2, −2) e (−2, 2).

F. Rivero e T. Salvador 169 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Exemplo 4.22 Encontre todos os pontos crı́ticos e os valores máximos e mı́nimos da


função f (x, y) = 3x2 − 2xy + 5y 2 sujeita à restrição x2 + 2y 2 = 6.
Solução: Seja g(x, y) = x2 + 2y 2 . Calculamos as derivadas parciais de f e de g para
obter as equações de Lagrange,

fx = 6x − 2y, fy = 10y − 2x, gx = 2x, gy = 4y.

Assim,
  
 fx (x, y) = λgx (x, y)
  6x − 2y = 2λx
  3x − y = λx

fy (x, y) = λgy (x, y) ⇒ 10y − 2x = 4λy ⇔ 5y − x = 2λy

 g(x, y) = k  x2 + 2y 2 = 6
  x2 + 2y 2 = 6

Resolvendo a primeira equação para y e a segunda para x obtemos

y = x(3 − λ), (4.1)


x = y(5 − 2λ). (4.2)

Substituindo a variável y na equação (4.2) obtemos

x = x(3 − λ)(5 − 2λ)

e, portanto
(2λ2 − 11λ + 14)x = 0.

Analogamente, substituindo x da equação (4.2) na equação (4.1) temos,

y = y(5 − 2λ)(3 − λ)

e, portanto
(2λ2 − 11λ + 14)y = 0.
Como nem x nem y podem ser nulos pela restrição x2 + 2y 2 = 6, então o coeficiente
2λ2 − 11λ + 14 nas equações anteriores precisa ser zero, logo
 
2 7
2λ − 11λ + 14 = 0, ou λ− (λ − 2) = 0.
2
7
Assim, λ = ou λ = 2.
2
7
Fazendo λ = e substituindo na equação y = x(3 − λ), encontramos que
2
x 7
y=− se λ= .
2 2
F. Rivero e T. Salvador 170 Matemática para Economia I
CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

x x2
Substituindo y = − na equação x2 + 2y 2 = 6, obtemos x2 + = 6, ou seja, x = ±2.
2 2
Quando x = 2, y = −1 e quando x = −2, y = −1.
Analogamente, fazendo λ = 2 e substituindo na equação y = x(3 − λ), encontramos
que
y=x se λ = 2.

y = x na√equação x2 + 2y 2 =√6, obtemos
Substituindo √ √ x 2
+ 2x 2
= 6, ou seja, x = ± 2.
Quando x = 2, y = 2 e quando x = − 2, y = − 2.
√ √  √ √ 
Portanto, os pontos crı́ticos procurados são (2, −1), (−2, 1), 2, 2 e − 2, − 2 .
Vamos calcular o valor de f (x, y) nesses pontos
√ √ √ √
f (2, −1) = f (−2, 1) = 21, f ( 2, 2) = f (− 2, − 2) = 12.

Logo, o valor máximo de f (x, y) sujeita à restrição x2 + 2y 2 = 6 é 21, que ocorre nos
pontos (2, −1) e (−2, 1), e √
o valor
√ mı́nimo
√ de √ f (x, y) sujeita à restrição x2 + 2y 2 = 6 é
12, que ocorre nos pontos 2, 2 e − 2, − 2 .

Vamos ver três aplicações dos Multiplicadores de Lagrange para Economia.

Exemplo 4.23 Um editor alocou R$60.000 para gastar em desenvolvimento e promoção


de um novo livro. Estima-se que, se x mil reais em desenvolvimento e y mil em promoção,
3
aproximadamente 20x 2 y exemplares do livro serão vendidos. Quanto deveria o editor
alocar para desenvolvimento e quanto para promoção de modo a maximizar as vendas?
3
Solução: A meta é maximizar a função f (x, y) = 20x 2 y sujeita à restição g(x, y) =
60 onde g(x, y) = x + y. As equações de Lagrange correspondentes são
  1
f (x, y) = λg (x, y)  30x y = λ
2

 x x 
3
fy (x, y) = λgy (x, y) ⇒ 20x 2 = λ
 
g(x, y) = k
 
x + y = 60
Das duas primeiras equações obtemos
1 3
30x 2 y = 20x 2

Se x = 0, então λ = 0 e y = 60. Vamos supor que x 6= 0. Logo, dividindo ambos os lados


1
dessa equação por 30x 2 ,
2
y = x.
3
Substituindo esta expressão na terceira equação, tem-se
2 5
x + x = 60 ⇒ x = 60,
3 2
F. Rivero e T. Salvador 171 Matemática para Economia I
4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

da qual segue-se que x = 36 e y = 24. Logo temos dois pontos crı́ticos: (0, 60) e (36, 24).
Como f (0, 60) = 0 e f (36, 24) = 103680, temos que a função f (x, y) sujeita à restrição
g(x, y) tem um máximo no ponto (36, 24) com valor de 103.680.

Resposta: Para maximizar as vendas, o editor deve gastar $36.000 em desenvolvimento


e $24.000 em promoção para obter um máximo de vendas de 103.680 exemplares do livro.

Exemplo 4.24 Um produtor de ketchup orgánico quer maximizar o lucro das vendas de
suas duas variedades de ketchup: o pote normal de 220ml e o grande de 330ml. O preço
de cada um é de R$16, 00 para o primeiro e de R$26, 00 para o segundo. A tabela abaixo
mostra as vendas do produtor nos últimos 11 meses.

220ml 35 46 23 56 42 57 23 29 31 6 25
330ml 15 7 5 9 18 11 8 10 12 4 9

O produtor decidiu não producir mais de 40 potes de 220ml e 12 de 330ml por mês.
Quantos potes de cada tipo precisa vender para maximizar o lucro das vendas?
Solução: Para poder trabalhar com os multiplicadores de Lagrange precisamos da
função a otimizar e da restrição. Neste caso, chamando de x ao número de potes de
220ml e y ao número de potes de 330ml, a função lucro seria L(x, y) = 16x + 26y. Para
obter uma função de restrição, vamos usar parte da tabela acima. Como o produtor não
quer fabricar mais de 40 e 12 potes por mês respetivamente, então os dados que usaremos
são os seguintes:

220ml 23 23 29 31 25
330ml 5 8 10 12 9

onde também tiramos o ponto (6, 4) pois não reflecte uma produção real por mês. Daı́,
podemos calcular uma função que aproxime esses valores como uma cônica que pase por
esses cinco pontos4 , obtendo a equação 5x2 − 16xy + 12y 2 − 120x + 212y = −595. Na
Figura 4.10 podemos observar os pontos da tabela, a cônica e as restrições.
Portanto a função restrição para o problema é g(x, y) = 5x2 −16xy+12y 2 −120x+212y.
Vamos a determinar as derivadas parciais das funções L e g.

Lx = 16, Ly = 26, gx = 10x − 16y − 120, gy = 24y − 16x + 212

4
Existem vários métodos para aproximar pontos usando funções contı́nuas mas esses métodos ficam
fora do conteúdo destas notas.

F. Rivero e T. Salvador 172 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

Figura 4.10: Restrição para os cinco pontos da segunda tabela do problema. Nesta caso
temos uma cônica degenerada formada por dois retas secantes.

Logo,
 
 Lx (x, y) = λgx (x, y)
  16 = λ(10x − 16y − 120)

Ly (x, y) = λgy (x, y) ⇒ 26 = λ(24y − 16x + 212)

 g(x, y) = k  5x2 − 16xy + 12y 2 − 120x + 212y = −595

Então, resolvendo para λ nas duas primeiras equações e igualando, tem-se


10x − 16y − 120 24y − 16x + 212 129 407
= ⇒ y= x− .
16 26 200 50

Colocando esse valo na restrição e usando ferramentas computacionais como o Wol-


fram Alpha [Link] obtemos que x = 32. Para o valor da y,

129 407 129 × 32 407 601


y= x− = − = = 12.02
200 50 200 50 50
Como não podemos fabricar fração de um pote, vamos tomar o ponto (32, 12) como
ponto crı́tico. Colocando o valor na função lucro, obtemos L(32, 12) = 848. Para saber
se o ponto crı́tico é máximo ou mı́nimo, vamos comparar o valor com outro ponto como
outro ponto da restrição como por exemplo (7, 0). Daı́, L(7, 0) = 112 < 848 = L(32, 12).

F. Rivero e T. Salvador 173 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Portanto o ponto (32, 12) é um ponto de máximo e o valor máximo de L(x, y) sujeita à
restrição g(x.y) = −595 é de 848.

Resposta: Para maximizar o lucro das vendas de ketchup em função da restrição obtida
pelos dados de venda, o produtor precisa fabricar 32 potes de 220ml e 12 de 330ml.

Exemplo 4.25 Um consumidor tem $600 para gastar em dois produtos, o primeiro dos
quais custa $20 por unidade e o segundo, $30 por unidade. Suponha que a utilidade
do consumidor proveniente de x unidades do primeiro produto e y unidades do segundo
produto seja dada pela função de utilidade de Cobb-Douglas U (x, y) = 10x0.6 y 0.4 . Quantas
unidades de cada produto deve o consumidor comprar para maximizar sua utilidade?

Solução: O custo total de comprar x unidades do primeiro produto a $20 cada e y de


segundo a $30 cada é g(x, y) = 20x + 30y. Como o consumidor tem somente $600 para
gastar, a meta é maximizar a função U (x, y) = 10x0.6 y 0.4 sujeita à restrição g(x, y) = 600.
As três equações de Lagrange são
  −0.4 0.4
 fx (x, y) = λgx (x, y)
  6x y = 20λ

fy (x, y) = λgy (x, y) ⇒ 4x0.6 y −0.6 = 30λ

 g(x, y) = k 
 20x + 30y = 600

Se x = 0, então λ = 0 e 30y = 600 ou y = 20. Se y = 0, então λ = 0 e 20x = 600 ou


x = 30. Logo obtemos dois pontos crı́ticos de f (x, y): (0, 20) e (30, 0).
Suponhamos que x 6= 0 e y 6= 0, então das duas primeiras equações de Lagrange
obtemos
6x−0.4 y 0.4 4x0.6 y −0.6
=
20 30
−0.4 0.4 0.6 −0.6
9x y = 4x y
4
9y = 4x ⇒ y = x.
9
Substituindo esta na terceira equação,
4
20x + x = 600,
9
da qual segue-se que x = 18 e y = 8 e obtemos o terceiro ponto crı́tico, (18, 8). Os valores
da função utilidade U (x, y) para os três pontos crı́ticos são
U (0, 20) = U (30, 0) = 0, U (18, 8) = 10(18)0.6 (8)0.4 ' 130, 137.
Logo, U (x, y) sujeito à restrição 20x + 30y = 600 tem um valor máximo de aproximada-
mente 130, 137 no ponto (18, 8).

F. Rivero e T. Salvador 174 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

Resposta: Para maximizar a sua utilidade, o consumidor deve comprar 18 unidades do


primeiro produto e 8 unidades do segundo.

Podemos aplicar o Método dos Multiplicadores de Lagrange de uma forma mais geral
para as funções de Cobb-Douglas. Seja uma Função de Cobb-Douglas geral com a forma
Q(K, L) = AK α L1−α onde 0 < α < 1 e submetida à restrição g(K, L) = M . O sistema
de Lagrange neste caso é
  α−1 1−α

 Q K (K, L) = λgK (K, L)  AαK L
 = λgK (K, L)
α −α
QL (K, L) = λgL (K, L) ⇒ A(1 − α)K L = λgL (K, L)
 
g(K, L) = M g(K, L) = M
 

Fazendo o quociente entre a primeira e a segunda equação obtemos

AαK α−1 L1−α λgK (K, L)


α −α
=
A(1 − α)K L λgL (K, L)
Aα λgK (K, L)
K α−1−
 α L1−α+
 α
 =
A(1 − α) λgL (K, L)
α L λgK (K, L)
= .
1−αK λgL (K, L)

Logo, resolvendo para L,


1 − α gK
L= K.
α gL
Portanto, temos um novo sistema não linear de duas equações a resolver

 L = 1 − α gK K

α gL (4.3)
g(K, L) = M

No exemplo 4.25, podemos aplicar o sistema (4.3) mudando o nome das variáveis
(x = K e y = L) e onde α = 0.6, g(K, L) = 20K + 30L e M = 600. Logo,

 L = 1 − α gK K
 
 L = 0.4 20 K = 4 K
α gL ⇒ 0.6 30 9
g(K, L) = M 20K + 30L = 600,
 

chegando até o mesmo resultado.

F. Rivero e T. Salvador 175 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

Relação de exercı́cios - 4: Funções de várias variáveis

1. Especifique o domı́nio das seguintes funções e calcule os valores indicados


1 2
(a) f (x, y) = (1 − x)2 + 2xy 3 ; (d) f (t, s) = 10t 2 s 3 ;

f (2, −1), f (1, 2). f (16, 27), f (4, 0).


3x + 2y x
(b) g(x, y) = ; (e) k(x, y) = ;
2x + 3y ln y
k(−1, e3 ), k(ln 9, e2 ).
g(1, 2), g(−4, 6).
√ euw
(c) h(u, v) = v 2 − u2 ; (f) h(u, w) = ;
2 − euw
h(4, 5), h(−1, 2). h(1, 0), h(ln 2, 2).

2. Usando x trabalhadores especializados e y trabalhadores não-especializados, um


fabricante pode fazer Q(x, y) = 10x2 y unidades por dia, onde a função Q é uma
função de Cobb-Douglas. Atualmente há 20 trabalhadores especializados e 40 não-
especializados no trabalho.

(a) Quantas unidades estão sendo atualmente produzidas por dia?


(b) De quanto o nı́vel de produção diária mudará se 1 trabalhador especializado
for adicionado à atual mão-de-obra?
(c) De quanto o nı́vel de produção diária mudará se 1 trabalhador não-especializado
for adicionado à atual mão-de-obra?
(d) De quanto o nı́vel de produção diário mudará se 1 trabalhador especializado e
1 trabalhador não-especializado forem adicionados +a atual mão-de-obra?

3. A empresa de agricultura Easy-Gro estima que quando 100x trabalhadores-hora


forem empregados em y acres de terra, o número de sacas de trigo produzidas será
de f (x, y) = Axa y b , onde A, a e bsão constantes positivas. Suponha que a empresa
decida dobrar os fatores de produção de x e y. Determine como esta decisão afetará
a produção de trigo em cada um dos seguintes casos:

(a) a + b > 1.
(b) a + b < 1.
(c) a + b = 1.

F. Rivero e T. Salvador 176 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

4. Calcule as derivadas de primeira ordem das funções:

(a) f (x, y) = 2xy 5 + 3x2 y + x2 (e) z = xexy


(b) z = 5x2 y + 2xy 3 + 3y 2 e2−x
(f) f (x, y) =
3t y2
(c) f (s, t) =
2s (g) f (u, v) = u ln(uv)
2 ln v
t
(d) z = 3 (h) z = 2
s u +2

5. Encontre todas as derivadas parciais de segunda ordem das funções:



(a) f (x, y) = 5x4 y 3 + 2xy (e) z = s2 + t2
x+1
(b) g(x, y) = (f) z = x2 yex
y−1
(c) h(x, y) = eyx
2 (g) g(u, v) = eu sen v + ev sen u
(d) z = ln(u2 + v 2 ) (h) f (x, y) = ln(x2 + y 2 )

dz
6. Use a Primeira Regra da Cadeira para encontrar e verifique sua resposta es-
dt
crevendo explicitamente z em função de t e derivando diretamente em relação a
t.

(a) z = x + 2y; x = 3t, y = 2t + 1 (f) z = (2x + 3y)2 ; x = 2t, y = 3t


(b) z = 3x2 + xy; x = t + 1, y = 1 − 2t
x (g) z = (x + y 2 )3 ; x = t2 , y = 2t
(c) z = ; x = t2 , y = 3t
y (h) z = xy; x = et , y = e−t
y
(d) z = ; x = 2t, y = t3 2
x (i) z = ex y ; x = sen t, y = cos t
x+y
(e) z = ; x = t3 + 1, y = 1 − 3t (j) z = ln(x3 + y 3 ); x = e3t , y = e−7t
x−y

7. Use a Segunda Regra da Cadeia para determinar as derivadas parciais das seguintes
funções

(a) z = 3x2 − 4y 2 ; x = uv, y = cos u + sen v


(b) w = u2 − uv + 5v 2 ; u = x cos(2y), v = x sen (2y)
(c) z = 4x3 − 3(xy)2 ; x = u cos v, y = v sen u
(d) w = ln(u2 + v 2 ); u = x2 + y 2 , v = 2x2 + 3xy
s
(e) z = e t ; s = xy 2 , t = 5x + 2y 3
2
(f) F (r, s) = f (g(u, v), h(u, v)); f (x, y) = exy , g(u, v) = u2 v, h(u, v) = uv 2

F. Rivero e T. Salvador 177 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

8. Nas seguintes funções, considere que a variável y seja dada implicitamente como
uma função diferenciável g de x pela equação f (x, y) = 0. Use a derivação implı́cita
dy
para calcular nos pontos indicados.
dx
(a) 6x2 − 12xy + 4y 2 = −2; (1, 1).
(b) (x2 − y 2 )2 = x2 y 2 + 55; (3, 1).
π π 
(c) sen (x − y) + cos(x + y) = 0; , .
4 4
9. Dadas as seguintes funções, encontre os pontos crı́ticos e classifique cada um como
um máximo relativo, um mı́nimo relativo ou um ponto de sela.

(a) f (x, y) = 5 − x2 − y 2 (g) f (x, y) = 2x3 +y 3 +3x2 −3y−12x−4


(b) g(u, v) = 2u2 − 3v 3 (h) g(u, v) = sen u + sen v + cos(u + v)
(c) f (t, s) = ts (i) k(u, v) = (x − 1)2 + y 3 − 3y 2 − 9y + 5
(d) h(x, y) = x2 + 2y 2 − xy + 14y 2
(j) g(a, b) = (a2 + 2b2 )e1−a −b
2

1 1 1  2
b
(e) h(u, t) = + + (k) h(a, b) = a ln + 3a − ab2
u t u+t a
8 8
(f) g(a, b) = ab + + (l) f (x, y) = x sen y
a b
10. Um fabricante produz dois tipos de liga nas quantidades de x e y toneladas, respec-
tivamente. Se o custo total é expressado pela função C(x, y) = x2 + 100x + y 2 − xy
e a renda total é dada pela função R(x, y) = 100x − x2 + 2000y + xy, encontre o
nivel de produção que maximiza o lucro.
11. Uma loja de camisetas vende duas marcas concorrentes, uma assinada por Anderson
Varejão e outra assinada por Pau Gasol. O proprietário da loja pode obter ambas
as grifes ao custo de $2 por camiseta, e estima que se as camisetas de Varejão
forem vendidas por x dólares cada e as camisetas de Gasol por y dólares cada, os
consumidores comprarão aproximadamente 40 − 50x + 40y camisetas de Varejão e
20 + 60x − 70y camisetas de Gasol por dia. Por quanto o proprietário deveria vender
cada camiseta de modo a gerar o máximo lucro possı́vel?
12. Um fabricante com direitos exclusivos de uma nova máquina industrial planeja ven-
der um número limitado delas e estima que, se x máquinas forem suplidas para o
x
mercado doméstico e y para o exterior, as máquinas serão vendidas por 150 − mil
6
y
u.m. cada internamente e por 100 − mill u.m. cada para exportação.
20
(a) Quantas máquinas deve o produtor suprir para o mercado doméstico de forma
a gerar o maior lucro internamente?

F. Rivero e T. Salvador 178 Matemática para Economia I


CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS 4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE

(b) Quantas máquinas deve o produtor suprir para o mercado externo de forma a
gerar o maior lucro possı́vel de exportação?
(c) Quantas máquinas deve o produtor suprir para cada mercado de forma a gerar
um lucro total máximo?
(d) A relação entre as respostas dos itens anteriores é acidental? Explique.

13. Usar o método dos multiplicadores de Lagrange para encontrar os extremos indica-
dos para cada uma das seguintes funções. Pode supor que o extremo existe em cada
caso.

(a) Encontre o valor máximo de f (x, y) = xy, sujeito à restrição x + y = 1.


(b) Encontre os valores máximo e mı́nimo de f (x, y) = xy, sujeito à restrição
x2 + y 2 = 1.
(c) Encontre o valor mı́nimo de f (x, y) = x2 + y 2 , sujeito à restrição xy = 1.
(d) Encontre o valor mı́nimo de f (x, y) = x2 +2y 2 −xy, sujeito à restrição 2x+y =
22.
(e) Encontre o valor mı́nimo de f (x, y) = x2 − y 2 , sujeito à restrição x2 + y 2 = 4.
(f) Encontre os valores máximo e mı́nimo de f (x, y) = 8x2 − 24xy + y 2 , sujeito à
restrição 8x2 + y 2 = 1.
(g) Encontre o valor máximo de f (x, y) = xy 2 , sujeito à restrição x + y = 1.

14. Encontre todos os pontos crı́ticos de cada uma das funções seguintes sujetas às
restrições indicadas.

(a) f (x, y) = x2 − y 2 − y com a restrição x2 + y 2 = 1.



(b) f (x, y) = 3x2 + 2 2xy + 4y 2 com a restrição x2 + y 2 = 9.
(c) f (x, y) = x2 + y 2 com a restrição 5x2 + 6xy + 5y 2 = 8.
(d) f (x, y) = x2 + y 2 com a restrição 2x2 + y 2 = 1.
(e) f (x, y) = x + y 2 com a restrição 2x2 + y 2 = 1.

15. Encontre dois números não-negativos a e b tais que a + b = 100 e seu produto sea
o maior possı́vel.

16. De acordo com as normas do correio norte-americano, o perı́metro de uma seção


reta mais o comprimento dos pacotes enviados na quarta classe não podem exceder
108 polegadas.

(a) Qual é o volume máximo possı́vel de um pacote retangular de seção quadrada


que pode ser enviado na quarta clase?

F. Rivero e T. Salvador 179 Matemática para Economia I


4.5. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE CAPÍTULO 4. VÁRIAS VARIÁVEIS

(b) Qual é o maior volume de um cilindro que pode ser enviado pela quarta classe?
(Um cilindro de raio r e cumprimento h tem volume πhr2 .)

17. Um fabricante planeja vender um novo produto ao preço unitário de $150, e estima
que, se x mil u.m. forem gastas em desenvolvimento e y mil u.m. em propa-
320y 160x
ganda, aproximadamente + unidades do produto serão vendidas. O
y+2 x+4
custo unitário de fabricar o produto é de $50. Se o fabricante tem um total de
$8.000 para gastar em desenvolvimento e propaganda, como debe esta quantia ser
dividida para gerar un lucro máximo? [Dica: Lucro = (número de unidades)(preço
unitário-custo unitário)-quantia total gasta em desenvolvimento e propaganda].

F. Rivero e T. Salvador 180 Matemática para Economia I


Revisão

1 Álgebra básica

1.1 Produtos Notáveis

• Quadrado da soma de dois termos: (a + b)2 = a2 + b2 + 2ab.


• Quadrado da diferença de dois termos: (a − b)2 = a2 + b2 − 2ab.
• Produto da soma pela diferença de dois termos: (a + b)(a − b) = a2 − b2 .
• Cubo da soma de dois termos (a + b)3 = (a + b)2 (a + b) = a3 + b3 + 3a2 b + 3ab2
• Cubo da diferença de dois termos (a − b)3 = (a − b)2 (a − b) = a3 − b3 − 3a2 b + 3ab2

1.2 Fatoração de expressões algébricas


Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma de um produto de dois
ou mais termos (fatores). A fatoração é usada para simplificar expressões e para resolver
equações e se baseia na lei da distributividade da multiplicação. Alguns dos métodos de
fatoração de expressões algébricas são:

• Fator comum.

Exemplo R.1 Vamos fatorar 4x4 + 8x3 . Como os dois termos dessa expressão
são divisı́veis por 4x4 , podemos usar a lei da distributividade para colocar 4x3 “em
evidência” e escrever
4x4 + 8x3 = 4x3 (x + 2).

Exemplo R.2 Seja agora 10(x − 5)4 (x + 1)4 + 8(x + 1)5 (x − 5)3 . Os dois termos
são divisı́veis por 2(x − 5)3 (x + 1)4 . Colocando esse fator em evidência temos
10(x − 5)4 (x + 1)4 + 8(x + 1)5 (x − 5)3 = 2(x − 5)3 (x + 1)4 [5(x − 5) + 4(x + 1)].

181
1. ÁLGEBRA BÁSICA REVISÃO

Efetuamos os produtos nos termos entre colchetes e reduzimos os termos semelhantes


para chegar ao resultado final,

10(x − 5)4 (x + 1)4 + 8(x + 1)5 (x − 5)3 = 2(x − 5)3 (x + 1)4 (9x − 21)

• Agrupamento.

Exemplo R.3 Fatore ax − bx + 2a − 2b.


Então,
ax − bx + 2a − 2b = x(a − b) + 2(a − b) = (a − b)(x + 2).

• Diferença de dois quadrados. Pelos produtos notáveis, tem-se

a2 − b2 = (a + b)(a − b).

Exemplo R.4 4x2 − 25y 2 = (2x + 5y)(2x − 5y).

• Soma de dois cubos. a3 + b3 = (a + b)(a2 + b2 − ab).

Exemplo R.5 x3 + 8 = x3 + 23 = (x + 2)(x2 + 4 − 2x).

• Diferença de dois cubos. a3 − b3 = (a − b)(a2 + b2 + ab).

Exemplo R.6 x3 − 8 = x3 − 23 = (x − 2)(x2 + 4 + 2x).

1.3 Simplificação de expressões algébricas por fatoração e can-


celamento
Podemos combinar a fatoração e o cancelamento para simplificar frações algébricas
obtendo uma fração mais simples que seja equivalente à fração dada.

6a2 bx 3a · 2abx 3a · 
2abx
 3a
Exemplo R.7 3
= 2
= 2
= 2.
2ab x b · 2abx b · 2abx
 b

a2 − b 2 a2 − b 2 (a + b)(a − b) (a+b)(a

− b) a−b
Exemplo R.8 2 2
= 2
= = = .
a + 2ab + b (a + b) (a + b)(a + b) (a+ b)(a + b)

a+b

10xy 5x · 2y  · 2y
5x 2y
Exemplo R.9 = = = .

2
10x + 5xy 5x(2x + y) 5x(2x
 + y) 2x + y

F. Rivero e T. Salvador 182 Matemática para Economia I


REVISÃO 1. ÁLGEBRA BÁSICA

1.4 Resolução e factoração de equações do 2o grau pela fórmula


de Báskara

É possı́vel encontrar as soluções de uma equação do 2o grau da forma ax2 + bx + c = 0,


com a 6= 0 usando uma expressão conhecida como fórmula de Báskara:

−b ± b2 − 4ac
x= .
2a

Exemplo R.10 x2 − 5x + 6 = 0. Temos que a = 1, b = −5 e c = 6. Aplicando a fórmula


Báskara obtemos:

−(−5) ± 25 − 24 5±1
x= = ⇒ x1 = 3, x2 = 2.
2 2
Neste caso temos duas soluções distintas que chamamos x1 e x2 .

Exemplo R.11 4x2 − 4x + 1 = 0. Temos que a = 4, b = −4 e c = 1. Aplicando a


fórmula Báskara obtemos:

−(−4) ± 16 − 16 4±0 1
x= = ⇒ x1 = .
8 8 2
Neste caso temos somente uma solução x1 .

Exemplo R.12 x2 + 2x + 3 = 0. Temos que a = 1, b = 2 e c = 3. Aplicando a fórmula


Báskara obtemos: √ √
−2 ± 4 − 12 −2 ± −8
x= = .
2 2
Então não existem raı́zes reais.

Toda equação do segundo grau é fatorada por suas raı́zes, se existissem. Se chamamos
por x1 e x2 as soluções da equação ax2 + bx + c = 0, então temos que

ax2 + bx + c = a(x − x1 )(x − x2 ).

Se a equação tem somente uma solução x1 , ela é chamada de solução dupla e sua factoração
é:
ax2 + bx + c = a(x − x1 )(x − x1 ) = a(x − x1 )2 .
Se a equação não tem soluções reais, então não há fatoração real possı́vel.

F. Rivero e T. Salvador 183 Matemática para Economia I


1. ÁLGEBRA BÁSICA REVISÃO

Assim, nos exemplos acima temos:

- Exemplo R.10: x2 − 5x + 6 = (x − 3)(x − 2)


    2
2 1 1 1
- Exemplo R.11: 4x − 4x + 1 = x − x− =4 x−
2 2 2
- Exemplo R.12: x2 + 2x + 3, não há fatoração real possı́vel.

1.5 Resolução de equações por fatoração


A fatoração pode ser usada para resolver certas equações. A técnica se baseia no fato
de que se o produto de dois ou mais termos é nulo, pelo menos um dos termos deve ser
nulo, isto é, se ab = 0 devemos ter a = 0 ou b = 0.

Exemplo R.13 x3 + x2 − 4x − 4 = 0. Fatorando obtemos

x3 + x2 − 4x − 4 = x2 (x + 1) − 4(x + 1) = (x + 1)(x2 − 4) = (x + 1)(x + 2)(x − 2) = 0.

Então, x + 1 = 0 ou x + 2 = 0 ou x − 2 = 0 ⇒ x = −1 ou x = −2 ou x = 2. Assim temos


três soluções x1 = −1, x2 = −2 e x3 = 2.

Exemplo R.14 2x3 + 2x2 − 4x. Fatorando obtemos

2x3 + 2x2 − 4x = 2x(x2 + x − 2).

Aplicando a fórmula Báskara na equação x2 + x − 2 = 0, obtemos



−1 ± 1 + 8 −1 ± 3
x= = ⇒ x1 = 1, x2 = −2.
2 2
Assim,
2x3 + 2x2 − 4x = 2x(x2 + x − 2) = 2x(x − 1)(x + 2) = 0.
Então, x = 0 ou x − 1 = 0 ou x + 2 = 0 ⇒ x = 0 ou x = 1 ou x = −2. Assim temos três
soluções x1 = 1, x2 = −2 e x3 = 0.

F. Rivero e T. Salvador 184 Matemática para Economia I


REVISÃO 1. ÁLGEBRA BÁSICA

Exercı́cios
1. Calcule os produtos notáveis:

(a) (x + 5)2 (f) (9x + 5x4 )(9x − 5x4 )


(b) (3x + 4y)2 (g) (u + 3)(u − 3)
(c) (x2 + t3 )2 (h) (y 2 + 4w)(−4w + y 2 )
(d) (7 − z)2 (i) (2x + 5)3
(e) (6a − 3)2 (j) (−3 + t)3

2. Fatore os polinômios:

(a) t2 + t − 2 (h) 9x2 − 25y 2


(b) x2 + 3x − 10 (i) u3 − 1
(c) y 2 − 7y + 12 (j) x3 − 27
(d) z 2 + 8z + 12 (k) y 7 − y 5
(e) x2 − 2x + 1 (l) z 3 + 2z 2
(f) x2 + 14x + 49 (m) 2x2 − 8x2 − 10x
(g) 16u2 − 81 (n) t4 + 5t3 − 14t2

3. Fatore a expressão dada:

(a) t2 − 4t + ty − 4y (c) 4(u − 3)2 (u + 1) + 10(u − 3)3


(b) w3 + 2w2 − w − 2 (d) 4(y + 3)4 (y − 2)2 − 6(y + 3)3 (y − 2)3

4. use a fórmula de Báskara para resolver as equações dadas:

(a) y 2 − 2y − 8 = 0 (e) y 2 + 10y + 25 = 0


(b) y 2 + 10y + 25 = 0 (f) 2y 2 + 3y + 1 = 0

(c) y 2 − 4y + 3 = 0 (g) y 2 − 2y + 3 = 0
4 5
(d) y 2 − 8y + 16 = 0 (h) 1 + − 2 = 0
x x

F. Rivero e T. Salvador 185 Matemática para Economia I


2. FUNÇÕES REVISÃO

5. Simplifique o quociente dado o máximo possı́vel:


x2 + 5x + 6 2w(w + 1)3 − w2 (w + 1)2
(a) (c)
x2 − 5x − 14 w2 + 3w + 2
(u + 5)3 (u + 2) − (u + 5)2 (u + 2)2 2(1−x)3 (x+3)3 +4(1−x)2 (x+3)4
(b) (d)
u2 + 7u + 10 (1−x)3

2 Funções
Frequentemente, nas mais diversas relações envolvendo duas variáveis, o valor de uma
delas depende do valor da outra. Assim, por exemplo, o valor de uma conta de energia
elétrica depende da quantidade consumida; a poluição do ar em uma cidade depende do
número de veı́culos nas ruas; o preço de uma garrafa de vinho depende do ano em que o
vinho foi fabricado.
Grande parte das relações apresenta a propriedade de que a cada valor de uma variável
corresponde um único valor da outra. Relações como essas muitas vezes podem ser repre-
sentadas matematicamente através de funções.
Em termos gerais, uma função consiste em dois conjuntos e uma “regra” que associa
os elementos de um conjunto aos elementos do outro. Vamos supor, por exemplo, que um
fabricante esteja interessado em determinar o efeito do preço sobre o número de unidades
vendidas de certo produto. Para estudar essa relação, é preciso conhecer o conjunto de
preços admissı́veis, o conjunto de vendas possı́veis e uma regra para associar cada preço
a um determinado número de unidades vendidas.
A definição de função que vamos adotar é a seguinte:

Definição R.4 Uma função é uma relação que associa a cada elemento de um conjunto
A um único elemento de um conjunto B. O conjunto A é chamado de domı́nio da função
e o conjunto B de contradomı́nio.

As letras f , g e h serão usadas para representar funções embora, em situações práticas,


seja comum usar letras que lembrem as grandezas envolvidas. Nas funções estudadas neste
texto, o domı́nio e o contradomı́nio serão conjuntos de números reais.
Um elemento genérico do domı́nio de uma função f será indicado por x e seu corres-
pondente no contradomı́nio será indicado por y ou por f (x). Nesse contexto, o elemento
y é chamado de imagem de x por f . Assim, por exemplo, quando escrevemos f (4) = 2
estamos indicando que o número que a função f associa ao número 4 é 2 ou que 2 é a
imagem de 4 por f . Na Figura R.1 emos um esquema onde podemos observar o domı́nio,
contradomı́nio e imagem de uma função.

F. Rivero e T. Salvador 186 Matemática para Economia I


REVISÃO 2. FUNÇÕES

Figura R.1: Domı́nio, contradominı́o e imagem de uma função f

Se x está no domı́nio de f dizemos que f está definida em x ou que f (x) existe.


Dissemos que f não está definida em x se x não está no domı́nio de f .
Usualmente definimos uma função f enunciando apenas uma “regra” para achar f (x).
Nesse caso, fica subentendido que o domı́nio de f é o conjunto de todos os números
√ reais
que tornam possı́veis as operações indicadas na regra. Por exemplo, se f (x) = x então
o domı́nio é o conjunto de todos os números reais maiores ou iguais a zero.
Muitas fórmulas que ocorrem na Matemática e nas ciências determinam funções. Por
exemplo, a fórmula S = πr2 da área S de um cı́rculo de raio r associa a cada número real
positivo r exatamente um valor de S. A letra r que representa um número arbitrário do
domı́nio é uma variável independente. A letra S, cujo valor depende do valor atribuı́do
a r, é uma variável dependente. Quando duas variáveis r e S estão relacionadas desta
maneira dizemos que S é uma função de r.
Funções também podem ser representadas por tabelas e descrições por palavras. Ou-
tras se representam naturalmente com gráficos, como o eletrocardiograma (EKG). Embora
seja possı́vel construir uma fórmula para representar aproximadamente uma função EKG,
isto raramente é feito. O que o médico precisa é o esquema de repetições, e é muito mais
fácil vê-lo num gráfico do que numa fórmula. Mas cada EKG representa uma função que
dá a amplitude de impulsos elétricos gerados no músculo cardı́aco em função do tempo.

F. Rivero e T. Salvador 187 Matemática para Economia I


2. FUNÇÕES REVISÃO

Para representar geometricamente a função y = f (x) em um gráfico, costuma-se usar


um sistema de coordenadas no qual as unidades da variável independente x são marcadas
no eixo horizontal e as unidades da variável dependente y são marcadas no eixo vertical.
O gráfico de uma função f é o conjunto de todos os pontos (x, y) onde x pertence ao
domı́nio de f e y = f (x), ou seja, todos os pontos da forma (x, f (x)). Estudaremos no
Capı́tulo 3 algumas técnicas para desenhar gráficos de funções.

Exercı́cios
1. Especifique o maior domı́nio de cada função:

(a) f (x) = x2 + 2 (c) f (x) = x−2
1 √
(b) f (x) = (d) f (x) = 3 x − 2
x

2. Calcule os valores indicados da função dada:

(a) f (x) = x2 + 4

i. f (−1) ii. f (0) iii. f ( 21 ) iv. f ( 2)
1
(b) f (x) =
x

i. f (7) ii. f (−1) iii. f ( 12 ) iv. f ( 34 ) v. f ( 2)
x
(c) f (x) =
x2 −1
i. f (0) ii. f (−2) iii. f (2) iv. f (5)

(d) f (x) = x − 2

i. f (2) ii. f (3) iii. f (4) iv. f (6)



(e) f (x) = 3 x − 2

i. f (1) ii. f (2) iii. f (0) iv. f (10)

F. Rivero e T. Salvador 188 Matemática para Economia I


REVISÃO 2. FUNÇÕES

3. As seguintes funções são “definidas por mais de uma sentença”. Determine o maior
domı́nio e os valores especificados de cada uma delas:
 1
 se x < 1
x−1

(a) f (x) =

4x2 + 1 se x ≥ 1

i. f (0) ii. f (1) iii. f ( 32 ) iv. f (4)



 −1 se x<0
(b) f (x) = 5 se 0 ≤ x ≤ 2
1 se x>2

i. f (−5) ii. f (0) iii. f (2) iv. f ( 21 ) v. f ( 11


3
)

4. O custo total5 em reais para fabricar x unidades de um produto é dado pela função
C(x) = x3 –30x2 + 500x + 200. Determine o custo de fabricação de 20 unidades do
produto.

5. A função de demanda6 para um produto é dada por p = 35x + 15 onde p é o preço


unitário em reais e x é a quantidade demandada. Expresse a função receita7 obtida
com a venda do produto como uma função de x e determine a receita para x = 10.

6. As funções custo e receita de uma fábrica que produz e vende x unidades de um


produto são, respectivamente,C(x) = 9x + 800 e R(x) = 21x. Determine o lucro8
obtido quando são produzidas e vendidas 150 unidades.

x2 + x − 2
7. Seja f (x) = . Determinen, se existerem:
x−1
(a) f (−2) (c) f (0)
(b) f (−1) (d) f (1)
5
Uma função custo (total) descreve o custo de produção de determinado bem e varia, de modo geral,
em função da quantidade produzida desse bem. No custo de produção existem duas parcelas: uma parte
fixa, chamada custo fixo, que não depende da quantidade produzida e corresponde aos gastos fixos de
produção tais como aluguel e manutenção do prédio; e uma parte variável, chamado custo variável,
que depende da quantidade produzida e envolve, por exemplo, compra de matéria prima e pagamento de
mão-de-obra. A função custo é a soma dos custos fixo e variável.
6
Uma função de demanda expressa a relação entre o preço unitário e a quantidade demandada de
um produto.
7
A função receita (total) é obtida multiplicando o número de unidades vendidas pelo preço unitário
8
A função lucro (total) é expressa pela diferença entre as funções receita e custo.

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3. COEFICIENTE ANGULAR - EQUAÇÕES DE RETAS REVISÃO

3 Coeficiente angular - Equações de retas


As linhas retas num plano têm equações muito simples, relativamente a um sistema de
coordenadas cartesianas. Estas equações podem ser deduzidas utilizando-se o conceito de
coeficiente angular.

Definição R.5 Sejam (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) pontos distintos de uma reta r. Se x1 6= x2 então
o coeficiente angular (ou inclinação) m de r é dado por
y2 − y1
m= .
x 2 − x1

Exemplo R.15 Ache o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (–2, 5) e (3, –1).
−1 − 5 −6
Neste caso temos, m = = .
3 − (−2) 5

Exemplo R.16 Determine o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (7, 1) e
(3, 1).
−1 − 1 0
Neste caso temos, m = = = 0.
3−7 −4
Observações:

1. O valor de m calculado pela definição anterior é independente da escolha dos


dois pontos em r.
2. Se x1 = x2 então r é uma reta vertical e seu coeficiente angular não está definido.

Seja (x1 , y1 ) um ponto dado de uma reta de coeficiente angular m. Então, para
qualquer outro ponto (x, y) da reta temos que
y − y1
= m.
x − x1
Daı́, multiplicando ambos os membros por (x–x1 ) obtemos a equação da reta na forma
chamada ponto-coeficiente angular:
y − y1 = m(x − x1 ). (R.4)

Se o ponto conhecido é aquele em que a reta corta o eixo y, e é denotado por (0, b),
então a equação (R.4) torna-se
y = mx + b. (R.5)
Neste caso, b chama-se interseção y da reta ou coeficiente linear e a equação (R.5)
chama-se equação reduzida da reta.

F. Rivero e T. Salvador 190 Matemática para Economia I


REVISÃO 3. COEFICIENTE ANGULAR - EQUAÇÕES DE RETAS

Exemplo R.17 Escreva a equação da reta que:

1. Passa pelos pontos (4, −2) e (5, 8).


Primeiro vamos calcular o valor do coeficiente angular,

8+2
m1 = = 10.
5−4

Agora, usando a fórmula (R.4) obtemos

y + 2 = 10(x − 4) ⇔ y = 10x − 42.

2. Passa por (2, −3) e tem coeficiente angular −4.


Como temos o coeficiente angular m2 = −4, vamos usar a fórmula (R.4)

y + 3 = −4(x − 2) ⇔ y = −4x + 5.

3. Tem coeficiente angular m3 = 2 coeficiente linear −5.


Neste caso a equação da reta é direto por (R.5): y = 2x − 5

4. passa pelos pontos (3, 5) e (3, −1).


Neste caso temos uma reta vertical porque os dois pontos têm o mesmo valor na
coordenada x. Então a equação da reta é x = 3.

Na Figura R.2 temos as retas do exemplo anterior.

Exemplo R.18 Determine o coeficiente angular das retas abaixo:

1. y = 3x − 6.
Caso direto, m = 3.
y
2. = x + 1.
4
Primeiro escrevemos a equação na forma reduzida,
y
= x + 1 ⇔ y = 4x + 4.
4
Assim, m = 4.

F. Rivero e T. Salvador 191 Matemática para Economia I


3. COEFICIENTE ANGULAR - EQUAÇÕES DE RETAS REVISÃO

Figura R.2: Retas do Exemplo R.17

3. 5y − 2x = 4.
Primeiro escrevemos a equação na forma reduzida,
2 4
5y − 2x = 4 ⇔ 5y = 2x + 4 ⇔ y = x +
5 5
Assim, m = 25 .

4. 4x = −2y + 6.
Primeiro escrevemos a equação na forma reduzida,

4x = −2y + 6 ⇔ 2y = −4x + 6 ⇔ y = −2x + 3

Assim, m = −2.

Observações:

1. Como uma reta horizontal tem coeficiente angular zero, a reta horizontal que passa
pelo ponto (x1 , y1 ) tem a equação y = y1 .

F. Rivero e T. Salvador 192 Matemática para Economia I


REVISÃO 3. COEFICIENTE ANGULAR - EQUAÇÕES DE RETAS

2. O coeficiente angular de uma reta vertical não é definido, por isso as fórmulas (R.4) e
(R.5) não são apropriadas para se obter sua equação. No entanto, como as primeiras
coordenadas de todos os pontos de uma reta vertical são iguais, uma reta vertical
que passa pelo ponto (x1 , y1 ) tem equação x = x1 .

Teorema R.5 Duas retas não-verticais são paralelas se e somente se seus coeficientes
angulares são iguais, isto é, chamando as retas por r e s,

r // s ⇔ mr = ms

Exemplo R.19 Seja r a reta que passa pelos pontos (−2, 9) e (1, 3) e seja s a reta que
passa pelos pontos (−4, 10) e (3, −4). Mostre que r e s são paralelas.
Apos o cálculo dos coeficientes angulares temos que mr = −2 e ms = −2 . Logo
mr = ms e as retas r e s são paralelas.

Na Figura R.3 observamos o gráfico das retas e os valores de seus coeficientes angulares.

Figura R.3: As retas r e s são paralelas.

F. Rivero e T. Salvador 193 Matemática para Economia I


3. COEFICIENTE ANGULAR - EQUAÇÕES DE RETAS REVISÃO

Teorema R.6 Duas retas não-verticais são perpendiculares se e somente se o coefici-


ente angular de uma é igual ao simétrico do inverso do coeficiente angular da outra, ou
seja, chamando as retas por r e s,
−1
r⊥s ⇔ mr =
ms

Exemplo R.20 Seja r a reta que passa pelos pontos (2, 9) e (−1, 3) e seja s a reta que
passa pelos pontos (4, −5) e (−2, −2). Mostre que r e s são perpendiculares.
−1
Após o cálculo dos coeficientes angulares temos que mr = 2 e ms = . Logo
2
−1
mr = e as retas r e s são perpendiculares.
ms

Na Figura R.4 observamos o gráfico das retas e os valores de seus coeficientes angulares.

Figura R.4: As retas r e s são perpendiculares.

Observação: O coeficiente angular de uma reta é uma constante sempre que ele está
definido. O número y2 − y1 é a variação na coordenada y e x2 − x1 é a variação na
coordenada x. Dessa forma, o coeficiente angular de uma reta fornece a razão entre a
variação de y e a variação de x, ou ainda, a taxa de variação de y em relação à x.

F. Rivero e T. Salvador 194 Matemática para Economia I


REVISÃO 4. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARÍTMICA

4 Função Exponencial e Função Logarı́tmica

4.1 Função Exponencial

Definição R.6 Seja b ∈ R+9 com b 6= 1. A função f : R → R+ tal que f (x) = bx e


chamada de função exponencial de base b.

1
Exemplo R.21 Seja f (x) = 2x . Temos que f (3) = 23 = 8, f (−1) = 2−1 = e
2
 
3 3 √ √
f = 2 2 = 23 = 8.
2
 x
1 1
Exemplo R.22 Seja f (x) = . Assim, alguns valores da função são f (4) = ,
 2 16
1 1
f (−3) = 8, f (0) = 1 ou f =√ .
2 2

Observações:

1. Na definição anterior, b ∈ R+ com b 6= 1 pois:



 
x 1 1
(a) Seja f (x) = (−2) . Então, por exemplo, f = (−2) 2 = −2 ∈ / R.
2
1
(b) Seja f (x) = 0x . Então, por exemplo, f (−2) = 0−2 = não está definido.
0
2. Se b = 1, então f (x) = 1x = 1 para todo número real, isto é, f (x) é uma função
constante.

De modo geral, o gráfico de y = bx é representado por uma curva que está toda acima
do eixo x, corta o eixo y no ponto (0, 1) e tem concavidade voltada para cima em R. Além
disso, y = bx é crescente em R para b > 1 e é decrescente em R para 0 < b < 1, como
mostra a Figura R.5.

9
O conjunto R+ é o subconjunto dos número reais estritamente positivos, isto é, todos os x de R tais
que x > 0

F. Rivero e T. Salvador 195 Matemática para Economia I


4. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARÍTMICA REVISÃO

(a) Gráfico de y = bx para b > 1. O gráfico é (b) Gráfico de y = bx para 0 < b < 1. O
crescente e com concavidade para cima gráfico é decrescente e com concavidade para
cima

Figura R.5: Gráficos para a função exponencial com distintos valores da base

Sejam a, b ∈ R+ e x e y números reais. Então, as funções exponenciais são contı́nuas


em R e obedecem às seguintes propriedades:

1. bx = by ⇔ x = y.

2. bx by = bx+y .
bx
3. = bx−y .
by
4. (bx )y = bxy .

5. (ab)x = ax bx .
 a  x ax
6. = x.
b b

4.2 Logaritmo e Função logarı́tmica

Definição R.7 Sejam a, b ∈ R+ com b 6= 1. Chamamos de logaritmo de a na base b ao


x tal que bx = a e indicamos por logb a. Assim,

logb a = x ⇔ bx = a.

Exemplo R.23 log2 8 = 3 pois 23 = 8.

Exemplo R.24 log3 81 = 4 pois 34 = 81.

F. Rivero e T. Salvador 196 Matemática para Economia I


REVISÃO 4. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARÍTMICA

1 1 1
Exemplo R.25 log5 = −3 pois 5−3 = 3 = .
125 5 125

As bases mais usadas na prática são a base 10 e a base e (onde e representa o número
irracional cujo valor é aproximadamente 2, 718).
Os logaritmos de base 10 são chamados de logaritmos decimais e denotados sem
indicar o valor da base, isto é, log a = log10 a.
Os logaritmos de base e são chamados de logaritmos neperianos (ou naturais) e
denotados por ln isto é, ln a = loge a.
Propriedades dos logaritmos: Sejam a, b, c ∈ R+ , onde b 6= 1. Então

1. logb a = logb c ⇔ a = c.
2. logb b = 1.
3. logb 1 = 0.
4. logb (ac) = logb a + logb c.
5. logb ac = c logb a.
a
6. logb = logb a − logb c.
c

Definição R.8 Seja b ∈ R+ e b 6= 1. A função f : R+ → R tal que f (x) = logb x e


chamada de função logarı́tmica de base b.

A Figura R.6 mostra os gráficos de duas funções logarı́tmicas.

Observações:

1. A função logarı́tmica é uma função contı́nua em R+ .


2. A função logarı́tmica é crescente em R+ para b > 1 e é descrescente em R+ para
0 < b < 1.

Propriedades que relacionam as funções exponencial e logarı́tmica como funções


inversas:

Seja b ∈ R+ com b 6= 1, então

1. blogb x = x.
2. logb bx = x.

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5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS REVISÃO

(a) Gráfico de y = logb (x) para b > 1 (b) Gráfico de y = logb (x) para 0 < b < 1

Figura R.6: Gráficos da função logarı́tmica com distintas bases

5 Funções trigonométricas
As funções trigonométricas são funções angulares, importantes no estudo dos triângulos
e na modelagem de fenômenos periódicos. Podem ser definidas como razões entre
dois lados de um triângulo retângulo em função de um ângulo, ou, de forma mais geral,
como razões de coordenadas de pontos no cı́rculo unitário, onde a unidade de medida
internacional de ángulos é o radiano.
O radiano é um número real associado ao ângulo que um arco faz sobre uma circun-
ferência. Quando o comprimento de um arco de circunferência é igual à medida do raio,
então o ángulo que forma tem uma medida de 1 radiano (1rad).
Na Figura R.7 podemos observar um ángulo de 1rad porque do ponto B ao ponto C
é igual à medida do raio OB.

Figura R.7: O ángulo θ tem a medida de um radiano.

F. Rivero e T. Salvador 198 Matemática para Economia I


REVISÃO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Uma circunferência tem um ángulo de 2π radianos. Como uma volta completa equivale
a 360o , então 2πrad = 360o . Assim, as medidas dos ángulos mais caracterı́sticos são:

Graus 0 30o 45o 60o 90o 180o 270o 360o


Radianos 0 π/6 π/4 π/3 π/2 π 3π/2 2π

Funções Trigonométricas e Gráficos

Vamos mostrar as três funções trigonométricas básicas. Observando as figuras 9, 10 e


11 podemos perceber algumas caracterı́sticas importantes. Por exemplo, todas as funções
se repetem em um determinado intervalo. Esse intervalo de repetição tem o nome de
perı́odo. Outro importante destaque é a imagem destas funções. Algumas funções
trigonométricas têm todo o conjunto R como imagem, enquanto outras possuem valores
máximo e mı́nimo, assumindo valores apenas num determinado intervalo. Antes de definir
as funções trigonométricas precisamos definir o seno, cosseno e tangente de um ângulo.
O seno e o cosseno são os cocientes entre os lados de um triângulo rectângulo. Se
consideramos o ângulo α na Figura R.8 como o ângulo que formam a hipotenusa com o
cateto adjacente, então definimos as funções seno e cosseno como:
cateto oposto a cateto adjacente c
sen(α) = = , cos(α) = = .
hipotenusa b hipotenusa b

Figura R.8: Triângulo retângulo para o cálculo das funções seno e cosseno.

Logo, para qualquer ângulo com medida de x radianos, podemos construir un triângulo
retângulo e determinar seu seno e seu cosseno. Assim podemos definir as funções sen(x)
e cos(x) para cada valor x real.

F. Rivero e T. Salvador 199 Matemática para Economia I


5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS REVISÃO

• Função seno: f (x) = sen(x).

A função seno tem um perı́odo de comprimento 2π e sua imagem é o intervalo


[−1, 1].

Figura R.9: Função f (x) = sen(x).

• Função cosseno: f (x) = cos(x).


A função cosseno tem um perı́odo de comprimento 2π e sua imagem é o intervalo
[−1, 1].

Figura R.10: Função f (x) = cos(x).

F. Rivero e T. Salvador 200 Matemática para Economia I


REVISÃO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

A tangente de um ângulo é definida como o quociente entre o cateto oposto e o cateto


adjacente. Voltando para a Figura R.8 e calculando o valor da tangente do ângulo α,
temos que

cateto oposto a
tan(α) = = .
cateto adjacente c
Mas, pela definição do seno e do cosseno, obtemos que

a a 1/b a/b sen(α)


tan(α) = = · = =
c c 1/b c/b cos(α)

Portanto, para cada valor x real, podemos definir a função tangente como

sen(x)
tan(x) =
cos(x)

A função tangente tem um perı́odo de comprimento π e tem por imagem o conjunto


R. Como a função é um quociente, não está definida nos pontos onde cos(x) = 0. Na
Figura R.11 podemos observar o gráfico da função.

Figura R.11: Função f (x) = tan(x).

F. Rivero e T. Salvador 201 Matemática para Economia I


5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS REVISÃO

Igualdades Trigonométricas Básicas

• Relação fundamental: sen2 (x) + cos2 (x) = 1.

• Seno do ângulo soma: sen(x ± y) = sen(x) cos(y) ± sen(y) cos(x).

• Cosseno do ângulo soma: cos(x ± y) = cos(x) cos(y) ∓ sen(x) sen(y).

Por consequência,

sen(2x) = 2 sen(x) cos(x),


cos(2x) = cos2 (x) − sen2 (x).

Observações:

i) Notação: sen2 (x) = ( sen(x))2 e cos2 (x) = (cos(x))2 .

ii) Cuidado: No cosseno o sinal inverte

cos(α + β) = cos(α) cos(β) − sen(α) sen(β)


cos(α − β) = cos(α) cos(β) + sen(α) sen(β)

A seguir temos uma tabelas com os valores do seno, do coseno e da tangente para os
ângulos mais usuais.

Graus 0 30o 45o 60o 90o 180o 270o 360o


Radianos 0 π/6 √π/4 √π/3 π/2 π 3π/2 2π
sen 0 √1/2 √2/2 3/2 1 0 -1 0
cos 1 √3/2 2/2 1/2
√ 0 -1 0 1
tan 0 3/3 1 3 não definido 0 não definido 0

F. Rivero e T. Salvador 202 Matemática para Economia I


REVISÃO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Exercı́cios
1. Dado os triângulos retângulos (a) e (b), calcule todas as razões trigonométricas do
ângulo x

(a) (b)

Dica: Use o Teorema de Pitágoras para determinar o lado não dado do triângulo
3
2. Determine as demais razões trigonométricas sabendo que sen(x) =
5
3. Determine a imagem e o perı́odo das funções:
 
(a) y = 3senx (c) y = 12 tan(x) 3x
(e) f (x) = cos
2
(b) y = −4 cos(x) (d) f (x) = sen(3x) (f) f (x) = 7 + 2 tan(3x)

4
4. Sabendo que cos(x) = − , calcule:
5
(a) sen(x) (c) sen(2x) (e) tan(2x)
(b) tan(x) (d) cos(2x) (f) sen(3x)

F. Rivero e T. Salvador 203 Matemática para Economia I

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