Nocoes Basicas Oncologia
Nocoes Basicas Oncologia
Nocoes Basicas Oncologia
Oncologia para
Jovens Enfermeiros
Título
Noções Básicas de Oncologia
para Jovens Enfermeiros
Autores
Beatriz Domingues, Filipa Cardoso,
Joana Araújo, Inês Frade,
Mafalda Ferreira, Sara Costa,
Sara Torcato Parreira e Maria José Dias
Revisto por
António Mendes, Bruno Magalhães,
Cristina Lacerda, Elisabete Valério,
Emília Rito, Joana Silva, Jorge Freitas,
Paula Amorim, Paula Banha, Sandra Ponte,
Susana Pedro, Susana Silva
Imagem de capa
Freepik.com
setembro 2020
ÍNDICE
PREFÁCIO 04
NOTA INTRODUTÓRIA 05
ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA DO CANCRO 06
Carcinogénese 06
Metastização 10
Estadiamento 10
Epidemiologia 11
Referências bibliográficas 12
CIRURGIA ONCOLÓGICA 13
Cirurgia no diagnóstico e estadiamento
da doença 14
Cirurgia curativa 15
Cirurgia paliativa 16
Cirurgia para doença metastática 18
Cirurgia profilática 20
Referências bibliográficas 21
RADIOTERAPIA 22
Radioterapia externa 23
Radioterapia interna 26
Radioterapia intraoperatória 27
Irradiação de corpo inteiro 28
Potenciais efeitos secundários 28
Referências bibliográficas 33
QUIMIOTERAPIA 34
Tipos de quimioterapia 34
Mecanismo de ação 35
Principais classes de fármacos citotóxicos 35
Administração de quimioterapia 37
Efeitos secundários 39
Referências bibliográficas 43
TERAPÊUTICAS-ALVO 45
Possíveis efeitos adversos 47
Implicações para a prática de enfermagem 48
Imunoterapia 48
Inibidores de checkpoint 49
Células T CAR 51
Anticorpos monoclonais 52
Imunoterapia viral oncolítica 53
Implicações para a prática de enfermagem 54
Referências bibliográficas 55
HORMONOTERAPIA 56
Tipos de terapia endócrina 57
Resistência à terapia hormonal 60
Síntese 61
Cancro de mama 61
Cancro da próstata 61
Efeitos secundários da hormonoterapia 62
Conselhos/orientações 62
Referências bibliográficas 62
BIFOSFONATOS 63
Orientações 63
Referências bibliográficas 64
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 04
PREFÁCIO
Os enfermeiros oncologistas necessitam de saberes técnicos
e relacionais cada vez mais desafiantes e exigentes e em per-
manente atualização. Ao iniciar funções nesta área é funda-
mental procurar uma prática especializada, com resultados
de segurança e de qualidade, conhecimento fidedigno que
outorgue competências e melhoria do desempenho profis-
sional para cuidar das pessoas com doença oncológica.
Esta publicação é o resultado do empenho do Grupo de Jo-
vens Enfermeiros Oncologistas na sistematização de conhe-
cimento essencial aos pares que ingressam na área da on-
cologia, dando-lhes os alicerces necessários e fomentando
um investimento contínuo e sustentado na formação, contri-
buindo para a melhoria dos cuidados prestados aos doentes
oncológicos e família e para o reconhecimento da Enferma-
gem Oncológica.
Emília Rito
PRESIDENTE AEOP
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 05
NOTA INTRODUTÓRIA
Este livro “Noções Básicas de Oncologia para Jovens En-
fermeiros” tem por objetivo sintetizar informação relevante
e fundamental para apoiar todos os jovens enfermeiros que
iniciam a sua prática clínica em Oncologia.
A oncologia é uma área do cuidar especializada, complexa e
exigente, requerendo uma abordagem global e personalizada.
Trabalhar com pessoas portadoras de cancro e seus familia-
res/amigos é um desafio constante que acompanha toda a
trajetória da doença desde a prevenção, diagnóstico, trata-
mento e fim de vida.
Nenhum profissional de saúde possui todas as habilidades
necessárias para tratar todos os tipos de cancro, uma vez
que a complexidade das doenças, os respetivos tratamentos
e outras necessidades do doente inerentes à doença, são de-
masiado vastas e exigentes.
Este livro surge após conhecermos a realidade e os desafios
que os jovens enfermeiros enfrentam em termos de forma-
ção para dar resposta aos desafios que trabalhar em oncolo-
gia impõe.
Em 2016, a partir do projeto da European Oncology Nursing
Society (EONS) forma-se o grupo “Young Cancer Nurses” e
em Portugal é criado o Grupo dos Jovens Enfermeiros On-
cologistas (JEO), um grupo de trabalho da Associação de En-
fermagem Oncológica Portuguesa, que deram corpo a este
documento.
Esperamos que seja útil ao início do percurso clínico dos en-
fermeiros oncologistas.
ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA
DO CANCRO
Beatriz Lopes Domingues
A palavra cancro está habitualmente relacionada com o ter-
mo neoplasia maligna. Neoplasia refere-se à formação de
novas células e de novo tecido, podendo este ser benigno ou
maligno (Sobrinho Simões, 2014).
As neoplasias benignas são caracterizadas por células madu-
ras semelhantes ao tecido de origem que se mantêm frequen-
temente agregadas, sem capacidade metastática (Stephens
& Aigner, 2009) e com crescimento expansivo (Sobrinho Si-
mões, 2014). As neoplasias malignas são caracterizadas por
células que perdem a estrutura diferenciada, que se multipli-
cam sem controlo (Stephens & Aigner, 2009), apresentando
crescimento infiltrativo (Sobrinho Simões, 2014).
A proliferação celular é controlada através dos genes presen-
tes no ADN das células. Uma célula danificada pode dividir-se
e crescer descontroladamente, surgindo o tumor (Stephens
& Aigner, 2009). Todas as causas de tumor conhecidas da-
nificam direta ou indiretamente os genes responsáveis pelos
processos normais de supressão tumoral. O aumento da es-
perança média de vida aumenta também a probabilidade das
agressões externas provocarem dano nos genes supressores
de processos tumorais, o que explica o facto de haver can-
cros mais comuns com o envelhecimento (Stephens & Aig-
ner, 2009).
Há inúmeras causas evitáveis e fatores internos à pessoa que
podem resultar em agressões ao genoma. No que diz respeito
às causas evitáveis de cancro, o tabaco está no topo da lista.
Segue-se a obesidade e más escolhas alimentares, exposição
solar, abuso de substâncias e alguns vírus (Direção-Geral da
Saúde, 2017; World Health Organization, 2018).
Carcinogénese
Em relação aos fatores internos, a componente genética de
determinados indivíduos pode predispô-los ao desenvolvi-
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 07
Metastização
Sendo o cancro uma neoplasia maligna e com poder infiltra-
tivo, as células malignas podem invadir estruturas linfáticas
ou entrar na corrente sanguínea. Este processo denomina-
-se metastização. Se a metastização ocorre por via linfática,
são afetados os gânglios linfáticos regionais, ou seja, a ca-
deia mais próxima do tecido neoplásico. Um exemplo des-
te tipo de metastização ocorre no cancro da mama, em que
são afetados os gânglios da axila. Se, por outro lado, a via
de disseminação é através da corrente sanguínea, as células
neoplásicas podem ser transportadas até tecidos de órgãos
mais distantes do tumor primário, como no fígado, ossos,
pulmões ou cérebro. Outra hipótese de metastização pode
ocorrer através da disseminação do tumor inicial para a ca-
vidade abdominal, no caso de tumores do ovário, estômago
e cólon; ou para a cavidade torácica, no caso de tumores do
pulmão. Uma das consequências mais frequentes deste tipo
de disseminação são a acumulação de líquido com células
neoplásicas nas cavidades, surgindo os derrames (Stephens &
Aigner, 2009; Sobrinho Simões, 2014).
Estadiamento
O estadiamento definitivo da doença só surge após análi-
se imagiológica e anatomopatológica do tumor, podendo
ser alterado de acordo com o curso do tratamento e/ou da
doença. Classificar e estadiar tumores é de extrema impor-
tância após o diagnóstico para se poder decidir qual o curso
de tratamento a seguir.
A classificação TNM (T – tumor, N – nodes, M – methastasis),
elaborada pela Union for International Cancer Control (UICC),
que pretende categorizar o tumor tendo em consideração o
seu tamanho e invasão, o envolvimento de gânglios linfáticos
e se há ou não metástases à distância.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 11
Epidemiologia
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017,
registaram-se, em todo o mundo, 18 milhões de novos ca-
sos, sendo 23,4% na Europa. Morreram 10 milhões de pessoas
no planeta, vítimas desta patologia. De acordo com a OMS,
na Europa, o cancro é a segunda causa de morte a seguir às
doenças cardiovasculares.
Estudos recentes apontam para uma nova transição epide-
miológica nos países mais desenvolvidos, onde a principal
causa de morte na faixa etária entre os 35-70 anos está as-
sociada ao cancro, colocando as doenças cardivasculares
como segunda causa de morte (Deganais et al, 2019)
De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS) tem-se vin-
do a observar um aumento constante do número de casos
de cancro em Portugal, a um ritmo de cerca de 3% por ano.
Vários fatores se relacionam com este aumento, dando-se
especial enfoque ao envelhecimento que se verifica na po-
pulação portuguesa e aos fatores evitáveis (Direção-Geral da
Saúde, 2017).
De uma forma geral, em Portugal, no ano de 2010, o tumor da
próstata foi o mais incidente, apresentando uma taxa de 120,3
por cada 100.000 habitantes; seguindo-se o cancro da mama
com uma taxa de 62,5/100.000 habitantes; e o cancro do cólon
com 47,6/100.000 habitantes (Direção-Geral da Saúde, 2016).
Os dados mais recentes relativos às doenças oncológicas em
Portugal mostram-nos que há um aumento mais significativo
da incidência de cancro em comparação com a mortalidade
(Direção-Geral da Saúde, 2017). Mostram ainda que não exis-
te relevância na diferença da variação dos números entre o
sexo feminino e masculino e entre pessoas com idade inferior
ou superior a 65 anos.
Entre 2011 e 2015 a taxa de mortalidade e o número de óbitos
por cancro aumentaram em Portugal de uma forma geral, de
acordo com a DGS (Direção-Geral da Saúde, 2017). Os Aço-
res são a região onde se verifica maior taxa de mortalidade
global por cancro (Direção-Geral da Saúde, 2017).
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 12
Referências bibliográficas
Cassidy, J., Bissett, D., Spence, R. A., Payne, M., & Morris-Stiff, G. (2015). Oxford
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NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 13
CIRURGIA ONCOLÓGICA
Filipa Cardoso
A cirurgia apresenta-se como sendo a base do tratamento e
simultaneamente a principal esperança dos doentes onco-
lógicos portadores de tumores sólidos. A cirurgia mostra ser
mais eficaz quando o cancro é localizado, no entanto, pen-
sa-se que a opção cirúrgica, perante alguns tumores metasti-
zados, possa ser benéfica para o doente (Cassidy et al, 2015).
A cirurgia possui cinco modalidades no tratamento de doen-
tes oncológicos, que são:
• Diagnóstico e estadiamento;
• Cirurgia curativa;
• Cirurgia paliativa;
• Cirurgia para doença metastizada;
• Cirurgia profilática.
O estadiamento do tumor é essencial para ponderar a perti-
nência da cirurgia como tratamento, tal como para planear
a abordagem cirúrgica mais adequada. Note-se que o com-
portamento dos tumores sólidos é diversificado, pelo que as
implicações para a cirurgia podem originar paradoxos, verifi-
cando-se que cada tumor é único e com exigências diferen-
tes. Assim, os tumores possuem a capacidade de dissemina-
ção através de três métodos:
• Linfático;
• Sanguíneo;
• Infiltração direta.
A maioria dos tumores disseminam-se pelos três processos
referidos anteriormente, no entanto, existe sempre uma via
predominante. O cancro da mama e coloretal disseminam-se
por via sanguínea e linfática enquanto o cancro do trato gas-
trointestinal superior e vias aéreas superiores metastiza pre-
dominantemente através da rede linfática.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 14
Cirurgia curativa
As taxas de sobrevivência para alguns tipos de cancro melho-
raram ao longo dos anos devido à deteção precoce do tumor,
pela implementação de programas de sensibilização pública
e rastreios, como é o exemplo do cancro da mama e can-
cro do colo do útero. Na maioria dos casos diagnosticados
atempadamente, a cirurgia pode ter um papel curativo. Os
resultados obtidos a longo prazo, após a realização de cirur-
gia, dependem do estadio do tumor quando é descoberto e
do tipo de tumor em questão.
Os tratamentos neoadjuvantes e a evolução de técnicas
anestésicas e cirúrgicas possibilitou que resseções mais ex-
tensas possam ser efetuadas com menos risco, em termos
de morbilidade e mortalidade. No entanto, é possível perce-
ber que estes desenvolvimentos não são uniformes, pois não
são aplicáveis em alguns tipos de cancro e respetivas cirur-
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 16
Cirurgia paliativa
A esperança de vida do doente depende do tipo e estadia-
mento da doença oncológica, podendo variar de semanas a
anos. Assim, é certo que algumas complicações e sintomas,
associados à degradação do estado de saúde, estarão pre-
sentes numa fase terminal e por isso necessitam de ser ate-
nuadas ou resolvidas, no sentido de melhorar a qualidade de
vida do doente. Quando a cirurgia é colocada como opção,
num ambiente paliativo, é essencial decidir qual o procedi-
mento adequado e avaliar os prós e contras da cirurgia tal
como a vontade do doente, pelo que uma reunião de equipa
multidisciplinar é essencial nestes casos.
Nos doentes com cancro do cólon, as obstruções intestinais
são mais comuns e podem ser causadas, por exemplo, por
massas pélvicas avançadas. Com a ajuda dos meios auxilia-
res de diagnóstico, neste caso em especial da tomografia
computorizada, estas situações podem ser diagnosticadas no
pré-operatório. No entanto, ocasionalmente, a incurabilidade
das mesmas pode apenas ser exposta aquando da realização
de laparotomia. Nos casos em que o tumor é inoperável, a
realização de colostomia ou ileostomia podem ser opções
consideradas para a descompressão da obstrução. Alguns
doentes apresentam várias obstruções a nível do intestino
delgado e/ou grosso, pelo que muitas vezes não há opção
cirúrgica.
No que respeita às fístulas, estas podem ser de vários tipos,
como retovaginais, vesicovaginais, entre outras. Em causa
podem estar vários processos, como o tumor invadir local-
mente um órgão adjacente ou como complicação associada
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 17
Metastização cerebral:
É comum em alguns doentes, muitas vezes correlacionada
com os cancros de pulmão e mama.
• Os sintomas incluem dor de cabeça, astenia, confusão e epi-
lepsia. O diagnóstico pode ser feito através de ressonância
magnética e/ou tomografia axial computorizada (TAC).
• A cirurgia torna-se útil para confirmar o diagnóstico, bem
como aliviar alguns dos sintomas do doente e/ou resseção
de metástases, quando é possível e favorável a sua remoção.
• Pode dizer-se que a sobrevida média é de 2 meses sem
terapia e de 6 meses com radioterapia.
Cirurgia profilática
Em alguns casos, a cirurgia ocupa um lugar imprescindível no
que diz respeito à prevenção do cancro. Note-se que existem
condições, sejam herdadas ou adquiridas, que fazem da pes-
soa em questão um candidato a desenvolver a doença. Assim,
com aconselhamento médico, a cirurgia preventiva assume
um papel importante e decisivo na vida de algumas pessoas.
São exemplos de casos:
• Orquidopexia ou, ocasionalmente, orquidectomia;
• Colectomia total com procedimento de bolsa, em pessoas
com polipose ou colite ulcerativa.
• Tiroidectomia total em idade precoce, em pessoas com ris-
co de carcinoma de células medulares da glândula tiroide,
que apresentam a síndrome de neoplasia endócrina múltipla
(tipo 2).
• Pessoas portadoras do gene BRCA podem necessitar de
mastectomia bilateral profilática (e reconstrução). Com a
aprovação do tamoxifeno como droga profilática nos pa-
cientes com as mutações BRCA1 e 2, segundo o The Na-
tional Institute for Health and Care Excellence (NICE; 2013),
há a possibilidade de menos pessoas realizarem a cirurgia
profilática da mama, tal como doentes portadores de ante-
cedentes familiares de cancro do ovário podem realizar uma
ooforectomia laparoscópica.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 21
Referências bibliográficas
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NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 22
RADIOTERAPIA
Mafalda Ferreira
A radioterapia consiste no tratamento de doenças benignas
ou malignas utilizando radiação ionizante, sendo os raios-X
os mais comuns (Cassidy et al, 2015). Desde a sua descoberta,
por volta de 1896, a utilização dos raios-X tem sido progres-
sivamente desenvolvida na área de investigação, diagnóstico
e tratamento (www.cancerresearchuk.org).
A radioterapia pode ser usada não só de forma isolada, mas
também em combinação com outros tipos de tratamento
das doenças oncológicas. Cerca de 60% dos doentes onco-
lógicos irão receber radioterapia ao longo do seu percurso
de vivência de doença, seja com intuito curativo ou paliativo.
Quando se utiliza a radioterapia para paliação pretende-se o
controlo sintomático e o aumento da qualidade de vida, sen-
do os seus objetivos, por exemplo, antiálgico, descompressi-
vo e hemostático (Gosselin, 2011).
A articulação da equipa multidisciplinar é, assim, vital para au-
mentar a qualidade dos cuidados prestados, bem como dos
resultados em saúde.
A radioterapia pode ser aplicada externa ou internamente,
sendo possível haver combinação das diferentes modalida-
des. A radioterapia externa visa a irradiação da área afetada
utilizando uma máquina própria para esse efeito. A radiotera-
pia aplicada de forma interna envolve que materiais radioati-
vos sejam colocados no interior do corpo da pessoa (www.
macmillan.org.uk). O tipo de radioterapia selecionado depen-
de de diversos fatores relacionados com a doença oncológi-
ca: histologia, tamanho, localização, proximidade a tecidos
saudáveis com sensibilidade à radiação, antecedentes pes-
soais e tratamentos oncológicos prévios (www.cancer.gov).
A unidade do Sistema Internacional para a dose de radiação
denomina-se de Gray (Gy). A radiossensibilidade das células
malignas à radioterapia depende igualmente de variados as-
petos. O tipo de célula em questão, o seu grau de diferen-
ciação, a fase de vida celular e a oxigenação são elementos
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 23
Radioterapia externa
Antes do início do tratamento, procede-se a um planeamen-
to rigoroso. Para além de se ter em consideração os fatores já
acima mencionados e os exames de estadiamento, recorre-
-se à realização de exames auxiliares de diagnóstico, como,
por exemplo, a tomografia axial computorizada (TAC), a res-
sonância magnética nuclear (RMN) e a tomografia por emis-
são de positrões (PET) (Iwamoto, 2000). Existe uma consulta
de radio-oncologia onde é explicado o procedimento e seus
benefícios, são abordados os potenciais efeitos secundários,
esclarecidas dúvidas e realizados ensinos sobre as medidas a
adotar durante e após as sessões (www.cancer.gov). É igual-
mente realizada uma TAC de planeamento, onde são regis-
tadas as medidas e posicionamento adequado. Alguns re-
cursos utilizados são não só a realização de marcas de tinta
no corpo da pessoa (tatuagem), mas também a utilização de
equipamentos/moldes de suporte para a parte do corpo em
questão (como, por exemplo, máscaras de imobilização para
a cabeça, apoio para o braço e descanso de pescoço), de
modo a manter o posicionamento exato durante a sessão de
radioterapia, sem variações de posição, contribuindo para a
precisão do tratamento a realizar. Com a análise das imagens,
irá proceder-se ao planeamento através programas de com-
putador próprios, definindo-se o volume de tecido a irradiar
e a dosimetria.
É essencial esclarecer as pessoas submetidas a tratamento com
radioterapia externa de que não irão ficar radioativas e que po-
derão estar junto das outras pessoas sem preocupações (www.
cancer.gov).
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 24
Radioterapia interna
Consiste na colocação do material radioativo no interior do
corpo e divide-se em dois tipos: braquiterapia e tratamento
com radioisótopos.
Na braquiterapia, a fonte radioativa sólida é implantada dentro
ou próximo do tumor, aplicando-se uma alta dose de radiação
ao tumor em si, mas reduzindo a quantidade de tecido saudá-
vel que recebe radiação. Possibilita, assim, uma maior quanti-
dade de irradiação numa área mais pequena, relativamente à
radioterapia externa. Pode ser realizada isoladamente ou em
combinação com a radioterapia externa (Gosselin, 2011).
Para que a braquiterapia esteja indicada, é necessário saber a
extensão e dimensão precisas do tumor e o seu local tem de
ser acessível não só para colocar e retirar os implantes, mas
também para o seu correto posicionamento. A distribuição da
dose de radiação não é homogénea em todo o tumor, podendo
ser distribuída considerando a radiossensibilidade das células e
de modo a aumentar a eficácia terapêutica (Cassidy et al, 2015).
A braquiterapia é, normalmente, utilizada aquando de can-
cros da mama, cabeça e pescoço, olho, cérvix, útero e prós-
tata. Previamente ao tratamento em si, são realizados exames
de imagem, planeamento e anamnese em consulta. São es-
clarecidas dúvidas quanto ao procedimento em si, os poten-
ciais efeitos adversos e cuidados a ter (www.cancer.gov).
O procedimento é realizado em ambiente hospitalar, consi-
derando estar a manipular-se fontes radioativas. Os implantes
encontram-se guardados em locais adequados para conter a
radiação e os profissionais de saúde estão equipados com me-
didas de proteção individual apropriadas. A pessoa estará sob
anestesia geral ou local, dependendo da situação, e os implan-
tes são introduzidos com um aplicador através de um cateter.
Durante o procedimento são realizados exames de imagem,
de modo a que os implantes sejam posicionados corretamente
(www.cancer.gov).
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 27
Radioterapia intraoperatória
A radioterapia intraoperatória permite realizar o tratamento du-
rante a cirurgia. Este tipo de radioterapia utiliza-se em cancros
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 28
Referências bibliográficas
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NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 34
QUIMIOTERAPIA
Sara Costa
A quimioterapia é um tratamento de efeito sistémico, muito
utilizada para combater o cancro. Este tratamento baseia-se
no uso de compostos químicos, fármacos citotóxicos, que
têm a capacidade de retardar ou parar o crescimento das
células tumorais, impedindo a divisão celular ou ativando as
vias apoptóticas (Freire, 2014). Isto é, através de uma intera-
ção com o ADN, consegue provocar danos que as células
malignas não têm capacidade para gerir de forma tão eficaz
como as células saudáveis, ou por interferirem com a divisão
celular (Freire, 2014).
A quimioterapia consiste na utilização de substâncias quími-
cas com atividade citotóxica, com intuito de tratar pessoas
com doença oncológica.
Tipos de quimioterapia
A quimioterapia pode ser utilizada em combinação com a ci-
rurgia e a radioterapia. Segundo Freire (2014), de acordo com
a sua finalidade, a quimioterapia é classificada em:
• Indução – Quimioterapia de doses mais elevadas que se
utiliza quando se inicia um procedimento com intuito cura-
tivo, com o objetivo de remissão completa da neoplasia.
• Adjuvante – Quando é realizada após a cirurgia, tendo o
objetivo de destruir células residuais locais ou circulantes,
diminuindo a incidência de metástases à distância;
• Neoadjuvante – É realizada antes do tratamento cirúrgico,
para se obter a redução parcial do tumor, visando permitir
uma complementaridade terapêutica com a cirurgia e/ou
radioterapia;
• Paliativa/Metastática – Não tem qualquer finalidade curativa,
é utilizada com a finalidade de melhorar a qualidade de vida
do doente e aumentar a sobrevida do mesmo. Para isso, visa
reduzir a massa tumoral e os sintomas associados.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 35
Mecanismo de ação
O ADN atua como um modulador na produção de formas
específicas de ARN transportador, ARN ribossómico e ARN
mensageiro e, deste modo, determina as enzimas a serem sin-
tetizadas pela célula. As enzimas são responsáveis pela maio-
ria das funções celulares e a interferência nesses processos
irá afetar a função e a proliferação tanto das células normais
como das neoplásicas. A maioria dos fármacos utilizados na
quimioterapia interferem, de algum modo, nesse mecanismo
celular (Caley & Jones, 2012). Segundo Vieira (2012), foi a par-
tir dessa definição que os quimioterápicos foram classifica-
dos conforme a sua atuação sobre o ciclo celular:
• Ciclo-inespecíficos – Aqueles que atuam nas células que
estão ou não no ciclo proliferativo, como, por exemplo, a
mostarda nitrogenada;
• Ciclo-específicos – Os quimioterápicos que atuam apenas
nas células que se encontram em proliferação, como é o
caso da ciclofosfamida;
• Fase-específicos – Aqueles que atuam em determinadas
fases do ciclo celular, como o metotrexato (fase S), o eto-
posido (fase G2) e a vincristina (fase M).
Ressalva-se que estas classificações não são absolutas, e
muitos medicamentos podem encaixar-se entre as catego-
rias citadas.
Administração de quimioterapia
Existem vários tratamentos de quimioterapia diferentes, sen-
do que pode ser utilizado apenas um fármaco (monoterapia),
bem como a combinação de vários fármacos (poliquimio-
terapia). Normalmente, as neoplasias não respondem total-
mente à utilização de apenas um fármaco, pelo que a maioria
dos protocolos utilizados consistem na combinação de vários
citotóxicos de diferentes classes de antineoplásicos. Os pro-
tocolos são nomeados através de siglas que identificam os
agentes utilizados na combinação (ex.: EOF - Epirrubicina,
Oxaliplatina, 5-FU).
O uso de múltiplos agentes citotóxicos possibilita uma maior
eficácia para eliminar as células malignas, uma vez que atuam
em diferentes fases do ciclo celular, obtendo-se um efeito si-
nérgico, bem como uma diminuição da resistência aos fárma-
cos (Caley & Jones, 2012). Os fármacos que são escolhidos
para serem utilizados em combinação devem ser utilizados nas
suas doses e esquemas adequados. Os diferentes esquemas
terapêuticos, quer em monoterapia ou poliquimioterapia, têm
indicações específicas, ou seja, indicações que foram aprova-
das por entidades reguladoras e são recomendadas interna-
cionalmente por sociedades científicas com base nos resulta-
dos de ensaios clínicos.
Outro critério que se deve ter em conta na seleção do fár-
maco é a toxicidade do mesmo. Quando existem vários cito-
tóxicos da mesma classe disponíveis, o tratamento deve ser
escolhido de modo a não ultrapassar a toxicidade dos outros
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 38
Efeitos secundários
Os citotóxicos, idealmente deveriam eliminar as células tu-
morais sem danificar os tecidos normais. No entanto, ao nível
da quimioterapia isso não é possível, pelo que os medica-
mentos existentes afetam, de alguma forma, as células ditas
normais. O sucesso da quimioterapia é baseado na maior so-
brevida das células saudáveis com relação às tumorais.
Os efeitos secundários variam consoante o medicamento a
ser utilizado, no entanto as toxicidades e efeitos secundários
mais frequentes e relevantes são:
• Hematológica – A toxicidade hematológica ocorre quando
o processo da hematopoiese é alterado pela administração
da quimioterapia. Os fármacos citotóxicos podem ter um
efeito direto ou indireto na medula. O efeito indireto ocor-
re quando estes atuam no microambiente medular ou nos
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 40
Referências bibliográficas
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NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 45
TERAPÊUTICAS-ALVO
Inês Frade
Definição e Classificação
Por terapêuticas-alvo designam-se os fármacos que “de-
tetam” e “destroem” seletivamente as células cancerígenas,
preservando as células saudáveis. Esta terapêutica direcio-
nada tem vindo a ganhar cada vez mais importância devi-
do à sua especificidade em relação às células cancerígenas,
minimizando a toxicidade e os efeitos adversos indesejáveis
causados aos
tecidos normais, proporcionando uma maior
qualidade de vida ao doente (Padma, 2015).
Ao contrário da quimioterapia citotóxica tradicional (que exer-
ce os seus efeitos danificando o ADN de praticamente qual-
quer célula), esta forma de tratamento bloqueia o crescimento
e disseminação do cancro, interferindo com moléculas espe-
cíficas envolvidas no crescimento e progressão do tumor, a
nível intra e extracelular das células cancerígenas, através da
identificação de alvos específicos, como recetor dos seus efei-
tos (Malinowsky et al, 2011; Cancer Council, 2018). “A terapia
direcionada envolve fármacos que bloqueiam a proliferação de
células cancerígenas, promovem a regulação do ciclo celular
ou induzem a apoptose ou autofagia e direcionam o forneci-
mento de substâncias tóxicas especificamente para as células
cancerígenas para as destruir” (Padma, 2015, p.1).
Cada tipo de terapêutica direcionada atua num alvo molecu-
lar específico do tumor. As mais comuns são as que têm por
base uma mutação/alteração presente no tumor tornando-o
assim mais sensível a um determinado tratamento.
Os biomarcadores são parâmetros que fornecem informação
da composição genética do doente e mostram se este possui
o gene ou a via alvo da terapia direcionada. Os biomarcadores
prognósticos proporcionam informação sobre o prognóstico
do doente, independentemente do tratamento, e os biomarca-
dores preditivos estão relacionados com os efeitos de um tra-
tamento específico e permitem identificar quais os doentes que
irão responder ou beneficiar de um tratamento em particular.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 46
anticorpos monoclonais
Anticorpos sintéticos que bloqueiam uma proteína na superfície das célu-
las ou tecidos adjacentes, para interferir no crescimento ou sobrevivência
das células cancerígenas. Podem ser classificados como terapia direcio-
nada ou imunoterapia, dependendo do tipo de anticorpo monoclonal.
Exemplos de anticorpos monoclonais das terapêuticas-alvo incluem:
Inibidores da angiogénese
Têm o objetivo de reduzir o suprimento de sangue a um tumor, para re-
tardar ou impedir o seu crescimento, sendo um exemplo o bevacizumab.
Agentes direcionados para HER2
O HER2 (human epidermal growth factor receptor 2) é uma proteína que
faz com que as células cresçam de forma incontrolável. Estes fármacos
destroem as células cancerígenas HER2 positivas ou reduzem a sua ca-
pacidade de se dividir e crescer. Exemplos incluem trastuzumab e per-
tuzumab (usados para tratar cancro da mama positivo para HER2).
Anticorpos monoclonais anti-CD20 (contra o antigénio CD20)
Visam uma proteína chamada CD20 encontrada em algumas leucemias
de células B e linfomas não-Hodgkin. São exemplos o rituximab e o
obinutuzumab.
inibidores de pequenas moléculas
Terapêuticas que podem entrar nas células cancerígenas e bloquear certas
enzimas e proteínas que estimulam o crescimento tumoral. Exemplos de
inibidores de pequenas moléculas incluem:
Inibidores da tirosina quinase
Impedem as enzimas tirosina quinases de enviar sinais às células cancerí-
genas para crescerem, se multiplicarem e se propagarem. Sem este sinal,
as células cancerígenas morrem. Exemplos incluem erlotinib, sunitinib,
lapatinib, pazopanib, sorafenib e ibrutinib.
Inibidor de mTOR (proteína alvo da rapamicina nos mamíferos)
mTOR é uma enzima que estimula as células cancerígenas a crescerem e
a propagarem-se, e estes agentes bloqueiam a mTOR. O everolímus é um
dos exemplos desta classe, um inibidor de mTOR que está indicado para
o tratamento de alguns tipos de cancro renal e cancro da mama avança-
do e tumores neuroendócrinos de origem pancreática e gastrointestinal.
Inibidores de PARP
Suspendem a proteína PARP [poly(ADP-ribose) polymerase] de reparar o
ADN danificado das células cancerígenas. O olaparib, por exemplo, é um
inibidor de PARP e está aprovado para o tratamento de alguns cancros do
ovário, trompas de Falópio, peritoneal, mama e pâncreas, na maioria das
situações se mutação BRCA1/2.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 47
Imunoterapia
“Num organismo saudável, o sistema imunitário tem meca-
nismos reguladores internos que permitem identificar células
anormais que precisam ser atacadas enquanto protegem os
tecidos saudáveis” (Bayer et al, 2017, p. 13). A Imunoterapia
constitui uma abordagem ao tratamento do cancro, desen-
volvida com base na fisiopatologia do sistema imunitário e
consiste na utilização de fármacos que estimulam o próprio
sistema imunitário do doente, para identificar células cance-
rígenas anormais e combater diversos tipos de cancro, en-
quanto as células saudáveis não são danificadas (Farkona et
al, 2016; Bayer et al, 2017; Boseki et al, 2018).
As opções de Imunoterapia para o tratamento de doenças
oncológicas continuam a evoluir, oferecendo respostas du-
radouras e com menos toxicidade, beneficiando o aumento
da sobrevivência das pessoas com doença oncológica (Bec-
ze, 2017; Boseki et al, 2018). Pela sua eficácia e seletividade a
imunoterapia tem uma relação risco-benefício mais favorável
que a quimioterapia convencional, pelo que atualmente já é
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 49
Inibidores de checkpoint
Algumas células cancerígenas prosperam evitando os pon-
tos de controle inatos do organismo que normalmente ata-
cam as células malignas (Becze, 2017). Os inibidores de che-
ckpoint evitam que as células cancerígenas usem essas vias,
sinalizando-as para serem destruídas pelas células T ativadas
(Becze, 2017). Relacionado com a exacerbação da respos-
ta inflamatória provocada pelo sistema imunitário, as célu-
las saudáveis podem ser afetadas, levando a efeitos adversos
em vários sistemas (Bayer et al, 2017). Embora a maioria das
toxicidades possa ser tratada com a administração de cor-
ticosteroides, algumas podem exigir outros tratamentos e
hospitalização emergentes (Boseki et al, 2018). Na tabela 2
encontram-se descritos exemplos de fármacos inibidores de
checkpoint e respetivas indicações, bem como os seus efei-
tos secundários.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 50
Principais efeitos
Fármacos Principais indicações
secundários
Erupção cutânea,
prurido, diarreia (colite),
hepatite, endocrinopatias,
Ipilimumab Melanoma
neurotoxicidade,
pancreatite, toxicidade
hematológica
Cancro do pulmão de
células não pequenas, Diarreia (colite), hepatite,
Nivolumab melanoma, carcinoma de endocrinopatias,
células renais, linfoma de pneumonia, pancreatite
Hodgkin
Cancro do pulmão de
células não pequenas, Vitiligo, hepatite,
melanoma metastizado, endocrinopatias,
Pembrolizumab
carcinoma de células pneumonia, pancreatite,
escamosas de cabeça e diarreia (colite)
pescoço
Cancro da bexiga, Fadiga, náusea, perda de
cancro do pulmão de apetite, prurido, erupção
Atezolizumab
não pequenas células cutânea, diarreia (colite),
metastizado endocrinopatias
Cancro gástrico,
Trombocitopenia,
colorretal, cancro
cefaleias, hipertensão,
Ramucirumab do pulmão de não
diarreias, edemas
pequenas células
periféricos
metastizado
Pneumonia, anemia,
diminuição do apetite,
cefaleia, hipertensão,
Daratumumab Mieloma múltiplo
dispneia, alterações
gastro-intestinais, fadiga,
artralgias
Pneumonite, pneumonia,
Cancro pulmão não tosse, hipotiroidismo,
Durvalumab
pequenas células diarreia, erupções
cutâneas, prurido, pirexia
Células T CAR
O tratamento com células T CAR (de Chimeric Antigen Re-
ceptor - Recetor Antigénico Quimérico) utiliza o reconhe-
cimento do antigénio específico do tumor, sendo os CARs
recetores sintéticos, geneticamente modificados, com capa-
cidade de reconhecer o antigénio específico do tumor para
atacar as células alvo (Bayer et al, 2017; Becze, 2017).
“Com a terapia CART-19, o cluster de diferenciação 19 é o
antigénio alvo” (Bayer et al, 2017, p. 15). Os linfócitos T são
colhidos do doente, modificados geneticamente, resultando
nas células T expressando o CAR que reconhece o antigénio
CD19 da célula B e posteriormente são infundidas no doente
(Bayer et al, 2017). Está principalmente indicado para a leu-
cemia linfoblástica aguda (recidivante ou refratária) e linfoma
das células B (Bayer et al, 2017). Como o CD19 é expresso na
célula B normal, a terapia com CART-19 erradica as células B
não malignas além das células cancerígenas, resultando no
efeito colateral esperado da aplasia das células B, que resulta
em hipogamaglobulinemia (Bayer et al, 2017). Outras reações
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 52
Anticorpos monoclonais
Estes fármacos podem ser reconhecidos pelo sufixo “-mab”
no nome genérico. Têm a capacidade de agir como um anti-
corpo produzido naturalmente pelo organismo, mas são cria-
dos para atingir um antigénio específico, com o objetivo de
destruir células cancerígenas, através de vários mecanismos
de ação (Bayer et al, 2017; Becze, 2017). Embora uma rea-
ção aguda à infusão seja rara, quando ocorre, a sua gravidade
pode variar entre febre e anafilaxia e na sua maioria pode ser
tratada com corticosteroides (Becze, 2017).
• Cuidados de enfermagem: Os doentes devem ser infor-
mados que as reações adversas podem estar mascara-
das como sintomas comuns, que podem não se associar
com o tratamento e não podem ser ignorados (Bayer et
al, 2017). A maioria dos sintomas não se resolvem espon-
taneamente e devem ser tratados rapidamente para evitar
efeitos adversos mais graves e os doentes devem ser ins-
truídos a relatarem prontamente efeitos secundários, que
na maioria dos casos são tratados com corticosteroides
(Bayer et al, 2017; Becze, 2017). A prevenção de infeções é
fundamental, porque o sistema imunitário pode facilmente
ficar comprometido, dependendo do mecanismo de ação
do anticorpo monoclonal (Becze, 2017). Neste sentido, os
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 53
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NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 56
HORMONOTERAPIA
Joana Araújo
A produção hormonal cada vez mais se tem correlacionado
com a etiologia e crescimento de certos tumores malignos
(incluindo ginecológicos, tiroideus, pancreáticos, gastroin-
testinais, melanomas e meningiomas). A constatação de que
a administração ou subtração de hormonas poderia interferir
no crescimento de alguns tumores ocorreu em 1896, quando
Beatson usou a ooforectomia para tratar o cancro da mama,
induzindo deste modo a regressão tumoral pela privação de
estrogénios (Costa et al, 2005).
Existe evidência de que as hormonas contribuem para o
crescimento tumoral, relacionando-se, essencialmente, com
hormonas esteroides sexuais que influenciam o desenvolvi-
mento de cancro em órgãos alvo, nomeadamente os estro-
génios e as progestinas no cancro de mama e endométrio e
os androgénios no cancro da próstata.
O objetivo principal da hormonoterapia, de forma geral, é
diminuir o nível em circulação da hormona que promove o
crescimento tumoral ou bloquear a sua ligação com os rece-
tores da célula tumoral. Ambos podem resultar em regressão
tumoral como resposta à redução da proliferação do número
de células hormono-dependentes e da indução da morte ce-
lular (apoptose).
A terapêutica endócrina parece funcionar através de mecanis-
mos citostáticos em vez de citotóxicos, pelo que, no geral, os
efeitos secundários estão confinados aos órgãos alvo dessa te-
rapêutica, resultando em poucos efeitos secundários fora des-
ses órgãos. Isto explica a tolerância elevada deste tratamento
quando comparado com a quimioterapia citotóxica. Para além
disso, a resposta tumoral ao tratamento pode ser duradoura,
mesmo em casos de doença avançada. Todavia, alguns tipos
de cancro em órgãos hormono-dependentes são resistentes
à terapia endócrina, seja num estadio inicial ou numa recidiva
da doença, tornando-se, progressivamente, menos responsivos
durante o decurso do tratamento e progressão da doença.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 57
Terapêutica Ablativa
Resseção ou destruição da função ovárica
Ooforectomia através de cirurgia ou radioterapia
Orquidectomia Resseção testicular
Técnica cirúrgica para abolição completa
Suprarenalectomia de esteroides sexuais em doentes
previamente castrados
Destruição da função hipofisária por
Hipofisectomia cirurgia, radioterapia, crioterapia e
ultrassons
Síntese
Como opções de tratamento de terapia hormonal temos:
• Castração (cirúrgica ou clínica).
• Bloqueio da via sintética (por exemplo, inibição da aromatase).
• Bloqueio do receptor de esteroides.
• Terapia combinada.
Cancro de mama
Para doentes cuja menopausa ainda não teve início (doen-
tes na pré-menopausa), os tratamentos mais comuns são o
tamoxifeno isolado durante 5 a 10 anos ou a combinação de
ooforectomia bilateral ou um fármaco da família análoga da
hormona libertadora de gonadotropina mais tamoxifeno du-
rante 5 anos.
Em doentes tratados com tamoxifeno, pode ser considerado
o switch para o inibidor de aromatase após 2 a 3 anos.
O tamoxifeno aumenta ligeiramente o risco de eventos trom-
boembólicos e deve ser interrompido se estiver planeada uma
intervenção cirúrgica.
O tamoxifeno associado ao inibidor da aromatase não é be-
néfico em relação ao inibidor da aromatase sozinho na doen-
ça avançada ou como terapia adjuvante.
Os doentes tratados com inibidores de aromatase têm um
risco mais elevado de desenvolverem osteoporose (esta deve
ser contrariada através da ingestão de cálcio e vitamina D em
quantidades suficientes e realização de densiometria óssea
regular).
A substituição sequencial de um tratamento hormonal por ou-
tro pode resultar na segunda e terceira respostas quando o tra-
tamento anterior falhou na doença avançada.
Cancro da próstata
A castração em associação com o bloqueio antiandrógeni-
co não produziu benefícios claros, comparados apenas com
a castração. A adição sequencial de antiandrogénios à cas-
tração pode resultar em segunda resposta quando a doença
está em progressão após a castração.
O cancro da próstata resistente à castração é frequentemen-
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 62
BIFOSFONATOS
Os bifosfonatos são medicamentos amplamente utilizados
no tratamento de doenças relacionadas com a perda de mi-
neral ósseo devido ao aumento da reabsorção óssea, sendo
as drogas de primeira escolha no tratamento para osteoporo-
se e demais doenças ósseas crónicas, como doença de Paget
ou metástases ósseas osteolíticas.
Estes medicamentos atuam, direta ou indiretamente, sobre os
osteoclastos e osteoblastos, o que resulta na diminuição da
remodelação óssea, além de apresentarem efeitos profiláticos
de eventos ósseos: fraturas patológicas, compressão medular,
hipercalcemia.
O alendronato, neridronato, ibandronato, pamidronato, rise-
dronato e ácido zoledrónico têm um grupo de nitrogénio e
são chamados de bifosfonatos contendo nitrogénio, em con-
traste com o etidronato e o tiludronato, que não o possuem.
O ácido zoledrónico e o pamidronato estão recomendados
na metastização óssea. A sua dose está sempre dependente
da clearence de creatinina.
Durante a administração de bifosfonatos é obrigatória a mo-
nitorização da função renal e calcemi. Recomenda-se a as-
sociação de vitamina D e cálcio, desde que não existam con-
traindicações.
No cancro de mama com metastização óssea existe evidên-
cia científica que demonstra que o ácido zoledrónico admi-
nistrado em intervalos de 12 semanas, após um período inicial
de administração mensal) poderá diminuir o risco de disfun-
ção renal ou osteonecrose da mandíbula.
Orientações
• Manutenção da condição de saúde oral, com visitas fre-
quentes de revisão no estomatologista.
• Antes do início da terapia com bisfosfonatos é imprescindí-
vel a aprovação por estomatologia.
• Incentivar boas práticas de higiene oral.
NOÇÕES BÁSICAS DE ONCOLOGIA PARA JOVENS ENFERMEIROS 64
Filipa Cardoso
RN, Instituto Português de Oncologia - Porto
Formação em Estomaterapia
Mafalda Ferreira
RN, Instituto Português de Oncologia - Lisboa
Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Pós-Graduação em Cuidados Paliativos
Sara Costa
RN, Hospital Fernando da Fonseca
Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
Inês Frade
RN, MPH
Instituto Português de Oncologia - Lisboa
Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Joana Araújo
RN, MPH, Hospital CUF Infante Santo
Pós-Graduação em Nutrição Oncológica
Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa
Grupo de Jovens Enfermeiros Oncologistas