A Didaqué

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A Didaqué: a Instrução dos Apóstolos

Cristograma com Alfa e Ômega – Inscrição escavada na antiquíssima Basílica de


São Lourenço Extramuros (Roma, Itália)

O DOCUMENTO conhecido como Didaqué (Διδαχń) é antiquíssimo; remonta aos


tempos da primeiríssima geração da Santa Igreja. É anterior a alguns livros da
própria Bíblia Sagrada, tendo sido escrito provavelmente antes do Evangelho de S.
João, do Apocalipse e de algumas das epístolas.

"Didaqué" é uma palavra grega que significa "instrução" ou "doutrina", e a obra


era conhecida como "A Instrução dos Doze Apóstolos", – o que lembra muito o
que diz o livro de Atos (2,42) sobre "o ensinamento dos Apóstolos". Assim como
ocorre com relação a alguns livros do Novo Testamento, torna-se uma tarefa mais
do que complexa precisar se a obra foi escrita diretamente por algum(ns) dos
Apóstolos de Jesus ou sob a sua orientação, e se foi produzida por um só ou por
vários autores.

De todo modo, trata-se indiscutivelmente de uma preciosidade documental, um


conjunto de textos que nos permite um mergulho profundo no inconsciente dos
primeiros seguidores de Jesus, contemporâneos dos Apóstolos e/ou de seus
sucessores diretos; um olhar impressionantemente vivo e preciso sobre a maneira
de ser e pensar das comunidades cristãs de dois mil anos atrás.

Atualmente, a maior parte dos estudiosos parece concordar que a obra é fruto da
reunião de várias fontes escritas e/ou orais, que retratam a tradição viva das
comunidades cristãs do primeiro século. Os locais mais prováveis de sua origem
são a Palestina e a Síria.

A Didaqué é um manual da Religião, uma espécie de Catecismo dos primeiros


cristãos: era o principal referencial escrito com que os primeiros seguidores do
Cristo contavam além das Escrituras hebraicas (o conjunto organizado de livros
que compõem a Bíblia Cristã, tal como a conhecemos hoje, ainda não estava
completo nem definido). Esse documento, portanto, nos permite entender melhor
as origens do cristianismo, nos dá uma ideia de como eram a iniciação, as
celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O(s) autor(es)
dirige(m) seus ensinamentos especialmente às comunidades formadas pelos
primeiros convertidos, que vinham principalmente do paganismo.

O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo


e do Novo Testamento, bem como outros escritos do século I dC. – O tom e os
temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e
com diversos trechos dos Evangelhos canônicos. Dessa forma, esse Catecismo
original é um testemunho incrivelmente preciso do modo de vida da Igreja
primitiva. Entre outros elementos essenciais da fé da Igreja de sempre, o texto
menciona Bispos e Diáconos, além dos Sacramentos do Batismo, da Confissão ou
Penitência e da Eucaristia.

Um ponto notável é o clima de preocupação que a comunidade vive, dentro de


uma sociedade estruturalmente pagã, de não se confundir com o ambiente, de não
se deixar manipular por aproveitadores oportunistas disfarçados de profetas.
Sente-se também uma esperança um pouco nervosa de uma escatologia (fim dos
tempos) próxima. O tema da perseverança heroica no caminho da fé é outra
característica marcante das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo a
sua vocação e a sua missão no mundo.

Abaixo, disponibilizamos o conteúdo integral da Didaqué, para todos aqueles que


desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito da fé, das origens da Igreja e
das raízes da verdadeira doutrina cristã. Que seja útil.

A DIDAQUÉ: A INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS


"O Caminho da Vida e o caminho da morte"

Capítulo I

1 Existem dois caminhos: um da vida e outro da morte [Cf Jer 21,8; Dt 5,32s;
11,26-28; 30,15-20; Eclo 15,15-17]. A diferença entre ambos é grande.

2 O caminho da vida é, pois, o seguinte: primeiro amarás a Deus que te fez; depois
a teu próximo como a ti mesmo [Cf Dt 6,5; 10,12s; Eclo 7,30; Lev 19,18; Mt
22,37]. E tudo o que não queres que seja feito a ti, não o faças a outro [Cf Mt 7,12;
Lc 6,31].

3 Eis a doutrina relativa a estes mandamentos: Bendizei aqueles que vos


amaldiçoam, orai por vossos inimigos, jejuai por aqueles que vos perseguem. Com
efeito, que graça vós tereis, se amais os que vos amam? Não fazem os gentios o
mesmo? Vós, porém, amai os que vos odeiam e não tenhais inimizade [Cf Mt
5,44s; Lc 6,27s; 6,32s].

4 Abstém-te dos prazeres carnais [Cf 1Ped 2,11]. Se alguém te bate na face direita,
dá-lhe também a outra e tu serás perfeito. Se alguém te obrigar a mil (passos),
anda dois mil com ele. Se alguém tomar teu manto, dá-lhe também tua túnica. Se
alguém toma teus bens, não reclames, pois de todo o jeito não podes [Cf Mt
5,39ss; Lc 6,29].

5 Dá a todo aquele que te pedir, sem exigir devolução. Pois a Vontade do Pai é
que se dê dos seus próprios dons. Bem-aventurado é aquele que dá conforme a lei,
pois é irrepreensível. Ai daquele que toma (recebe)! Se, porém, alguém tiver
necessidade de tomar (receber), é isento de culpa. Mas se não estiver em
necessidade, terá que se responsabilizar pelo motivo e pelo fim por que recebeu.
Colocado na prisão, ele não sairá de lá, até ter pago o último quadrante (centavo)
[Mt 5,25s; Lc 12,58s].

6 Mas é verdade que a este propósito também foi dito: Que tua esmola sue em tuas
mãos, até souberes a quem dar [Cf Eclo 12,1].

Capítulo II

1 O segundo mandamento da Instrução (dos Doze Apóstolos) é:

2 Não matarás, não cometerás adultério; não te entregarás à pederastia, não


fornicarás, não furtarás, não exercerás magia nem bruxaria (charlatanice). Não
matarás criança por aborto, nem criança já nascida; não cobiçarás os bens do
próximo.

3 Não serás perjuro [Cf Mt 5,33; Ex 20,7] nem darás falso testemunho; não falarás
mal do outro nem lhe guardarás rancor.

4 Não usarás de ambiguidade nem no pensamento nem na palavra, pois a


duplicidade é uma trama fatal [Cf Prov 21,6].

5 Tua palavra não seja falsa, nem vã; mas, ao contrário, seja cheia de sinceridade e
seriedade (comprovada pela ação).

6 Não serás cobiçoso nem rapace, nem hipócrita, nem malicioso, nem soberbo.
Não nutrirás má intenção contra teu próximo [Cf Ex 20,13-17; Dt 5,17-21].

7 Não odiarás ninguém, mas repreenderás uns e rezarás por outros, e ainda amarás
aos outros mais que a ti mesmo (que tua alma).

Capítulo III

1 Meu filho, evita tudo o que é mau e semelhante ao mal.

2 Não sejas odiento ou rancoroso, pois o ódio conduz à morte; nem ciumento, nem
brigão ou provocador, pois de tudo isso nascem os homicidas.

3 Meu filho, não sejas cobiçoso de mulheres, pois a cobiça conduz à fornicação.
Evita a obscenidade e os maus olhares, pois de tudo isto nascem os adúlteros.

4 Meu filho, não te dês à adivinhação, pois ela conduz à idolatria. Abstém-te
também da encantação (feitiçaria) e da astrologia e das purificações, nem procures
ver ou ouvir (entender) estas coisas, pois tudo isto origina a idolatria.

5 Meu filho, não sejas mentiroso, pois a mentira conduz ao roubo; não sejas
avarento ou cobiçoso de fama, pois tudo isto origina o roubo.

6 Meu filho, não sejas furioso, pois isto conduz à blasfêmia; não sejas insolente
nem malvado, pois tudo isto origina as blasfêmias.

7 Sê, antes, manso, pois os mansos possuirão a Terra [Cf Mt 5,5; Sl 31,11].

8 Sê longânime (têm grandeza de ânimo), misericordioso, sem falsidade, tranquilo


e bom, e guarda com toda a reverência a instrução ouvida.
9 Não te eleves a ti mesmo e não entregues teu coração à insolência; não vivas
com os "grandes" (deste mundo), mas com os justos e humildes.

10 Tu aceitarás os acontecimentos da vida como sendo bons, sabendo que a Deus


nada daquilo que acontece é estranho.

Capítulo IV

1 Meu filho, lembra-te dia e noite daquele que te anuncia a Palavra de Deus e o
honrarás como ao Senhor, pois onde se proclama sua Soberania aí está o Senhor
presente [Cf Hb 13,7].

2 Todos os dias procurarás a companhia dos santos, para encontrar apoio em suas
palavras.

3 Não causarás cismas, mas reconciliarás os que lutam entre si. Julgarás de
maneira justa, sem considerar a pessoa na correção das faltas [Cf Dt 1,16s; Pr
31,9].

4 Não te demorarás em procurar o que te há de acontecer (adivinhação do futuro)


ou não.

5 Não terás as mãos sempre estendidas para receber, retirando-as quando se trata
de dar.

6 Se possuíres algo, graças ao trabalho de tuas mãos, dá-o em reparação por teus
pecados.

7 Não hesitarás em dar e, dando, não murmurarás, pois algum dia reconhecerás
quem é o verdadeiro Dispensador da Recompensa.

8 Não repelirás o indigente, mas antes repartirás tudo com teu irmão, não
considerando nada como teu, pois, se divides os bens da imortalidade, quanto mais
o deves fazer com os corruptíveis [Cf At 4,32; Hb 13,16].

9 Não retirarás a mão de teu filho ou de tua filha, mas desde sua juventude os
instruirás no temor a Deus.

10 Não darás ordens com rancor ao teu povo ou à tua serva, que esperam no
mesmo Deus que tu, para que não percam o temor de Deus que está acima de
todos. Com efeito, Ele não virá chamar segundo a aparência da pessoa, mas
segundo a preparação do espírito.
11 Vós, servos, sede submissos aos vossos senhores como se eles fossem uma
imagem de Deus, com respeito e reverência [Cf Ef 6,1-9; Col 3,20-25].

12 Detestarás toda a hipocrisia e tudo o que é desagradável ao Senhor.

13 Não violarás os mandamentos do Senhor e guardarás o que recebeste, sem


acrescentar nem tirar algo.

14 Na assembleia, confessarás tuas faltas e não entrarás em oração de má


consciência. – Este é o caminho da vida.

Capítulo V

1 O caminho da morte é o seguinte: em primeiro lugar, é mau e cheio de


maldições: mortes, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas
mágicas, bruxarias (necromancias), rapinagens, falsos testemunhos, hipocrisias,
ambiguidades (falsidades), fraude, orgulho, maldade, arrogância, cobiça, má
conversa, ciúme, insolência, extravagância, jactância, vaidade e ausência do temor
de Deus;

2 Perseguidores dos bons, inimigos da verdade, amantes da mentira, ignorantes da


recompensa da justiça, não-desejosos do bem nem do justo juízo, vigilantes, não
pelo bem, mas pelo mal, estranhos à doçura e à paciência, amantes da vaidade,
cobiçosos de retribuição, sem compaixão com os pobres, sem cuidado para com os
necessitados, ignorantes de seu Criador, assassinos de crianças, destruidores da
obra de Deus, desprezadores dos indigentes, opressores dos aflitos, defensores dos
ricos, juízes iníquos dos pobres, pecadores sem fé nem lei. – Filho, fica longe de
tudo isso.

Capítulo VI

1 Vigia para que ninguém te afaste deste caminho da instrução, ensinando-te o que
é estranho a Deus [Cf Mt 24,4].

2 Pois, se puderes portar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não puderes,
faze o que puderes.

3 Quanto aos alimentos, toma sobre ti o que puderes suportar, mas abstém-te
completamente das carnes oferecidas aos ídolos, pois este é um culto aos deuses
mortos.
"Celebração Litúrgica"

Capítulo VII

1 No que diz respeito ao batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito


Santo em água corrente [Cf Mt 28,19].

2 Se não tens água corrente, batiza em outra água; se não puderes em água fria,
faze-o em água quente.

3 Na falta de uma e outra, derrama três vezes água sobre a cabeça em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo.

4 Mas, antes do batismo, o que batiza e o que é batizado, e se outros puderem,


observem um jejum; ao que é batizado, deverás impor um jejum de um ou dois
dias.

Capítulo VIII

1 Vossos jejuns não tenham lugar com os hipócritas; com efeito, eles jejuam no
segundo e no quinto dia da semana; vós, porém, jejuai na quarta-feira e na sexta
(dia de preparação).

2 Também não rezeis como os hipócritas, mas como o Senhor mandou no seu
Evangelho: Nosso Pai no Céu, que Vosso Nome seja santificado, que Vosso Reino
venha, que Vossa vontade seja feita na Terra, assim como no Céu; dá-nos hoje o
pão necessário (cotidiano), perdoa a nossa ofensa assim como nós perdoamos aos
que nos têm ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal
[Cf Mt 6,9-13; Lc 11,2-4], pois Vosso é o Poder e a Glória pelos séculos.

3 Assim rezai três vezes por dia.

Capítulo IX

1 No que concerne à Eucaristia, celebrai-a da seguinte maneira:

2 Primeiro sobre o Cálice, dizendo: Nós vos bendizemos (agradecemos), nosso


Pai,
pela santa vinha de Davi, vosso servo, que vós nos revelastes por Jesus, vosso
Servo; a Vós, a
Glória pelos séculos! Amém.

3 Sobre o Pão a ser quebrado: Nós vos bendizemos (agradecemos), nosso Pai, pela
Vida e pelo Conhecimento que nos revelastes por Jesus, vosso Servo; a Vós, a
Glória pelos
séculos! Amém.

4 Da mesma maneira como este Pão quebrado primeiro fora semeado sobre as
colinas e depois recolhido para tornar-se um, assim das extremidades da Terra seja
unida a Vós vossa Igreja em vosso Reino; pois vossa é a Glória e o Poder pelos
séculos! Amém.

5 Ninguém coma nem beba de vossa Eucaristia, se não estiver batizado em Nome
do Senhor. Pois a respeito dela disse o Senhor: "Não deis as coisas santas aos
cães!".

Capítulo X

1 - Mas depois de saciados, bendizei (agradecei) da seguinte maneira:

2 Nós vos bendizemos (agradecemos), Pai Santo, por vosso Santo Nome, que
fizestes habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade
que nos revelastes por Jesus, vosso Servo; a Vós, a Glória pelos séculos. Amém.

3 Vós, Senhor Todo-poderoso, criastes todas as coisas para a Glória de Vosso


nome e, para o gozo deste alimento e a bebida aos filhos dos homens, a fim de que
eles vos bendigam; mas a nós deste uma Comida e uma Bebida espirituais para a
vida eterna por Jesus, vosso Servo.

4 Por tudo vos agradecemos, pois sois poderoso; a Vós, a Glória pelos séculos.
Amém.

5 Lembrai-vos, Senhor, de vossa Igreja, para livrá-la de todo o mal e aperfeiçoá-la


no vosso Amor; reuni esta Igreja santificada dos quatro ventos no vosso Reino que
lhe preparaste, pois vosso é o Poder e a Glória pelos séculos. Amém.

6 Venha vossa Graça e passe este mundo! Amém. Hosana à Casa de Davi [Cf Mt
21,15]. Venha aquele que é santo! Aquele que não é (santo) faça penitência:
Maranatá! [Cf 1Cor 16,22; Ap 22,20] Amém.

7 Deixai os profetas bendizer à vontade.


A Vida em comunidade

Capítulo XI

1 Se, portanto, alguém chegar a vós com instruções conformes com tudo aquilo
que acima é dito, recebei-o.

2 Mas, se aquele que ensina é perverso e expõe outras doutrinas para demolir, não
lhe deis atenção; se, porém, ensina para aumentar a justiça e o conhecimento do
Senhor, recebei-o como o Senhor.

3 A respeito dos Apóstolos e profetas, fazei conforme os dogmas do Evangelho.

4 Todo o Apóstolo que vem a vós seja recebido como o Senhor.

5 Mas ele não deverá ficar mais que um dia, ou, se necessário, mais outro. Se ele,
porém, permanecer três dias, é um falso profeta.

6 Na sua partida, o Apóstolo não leve nada, a não ser o pão necessário até a
seguinte estação; se, porém, pedir dinheiro, é falso profeta.

7 E não coloqueis à prova nem julgueis um profeta em tudo que fala sob
inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas este pecado não será perdoado
[Cf Mt 12,31].

8 Nem todo aquele que fala no espírito é profeta, a não ser aquele que vive como o
Senhor. Na conduta de vida conhecereis, pois, o falso e o verdadeiro profeta.

9 E todo profeta que manda, sob inspiração, preparar a mesa não deve comer dela;
ao contrário, é um falso profeta.

10 Todo profeta que ensina a verdade sem praticá-la é falso profeta.

11 Mas todo profeta provado (e reconhecido) como verdadeiro, representando o


Mistério cósmico da Igreja, não ensinando, porém, a fazer como ele faz, não seja
julgado por vós, pois ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos
profetas.

12 O que disser, (supostamente) sob inspiração: "Dá-me dinheiro", ou qualquer


outra coisa, não o escuteis; se, porém, pedir para outros necessitados, então
ninguém o julgue.
Capítulo XII

1 Todo aquele que vem a vós, em nome do Senhor, seja acolhido. Depois de o
haverdes sondado, sabereis discernir a esquerda da direita (pois tendes juízo).

2 Se o hóspede for transeunte, ajudai-o quanto possível. Não permaneça convosco


senão dois ou, se for necessário, três dias.

3 Se quiser estabelecer-se convosco, tendo uma profissão, então trabalhe para o


seu sustento.

4 Mas, se ele não tiver profissão, procedei conforme vosso juízo, de modo a não
deixar nenhum cristão ocioso entre vós.

5 Se não quiser conformar-se com isto, é alguém que quer fazer negócios com o
cristianismo. Acautelai-vos contra tal gente.

Capítulo XIII

1 Todo verdadeiro profeta que quer estabelecer-se entre vós é digno de seu
alimento.

2 Do mesmo modo, também o verdadeiro mestre, como o operário, é digno de seu


alimento.

3 Por isso, tomarás as primícias de todos os produtos da vindima e da eira, dos


bois e das ovelhas e darás aos profetas, pois estes são os vossos grandes
sacerdotes.

4 Se vós, porém, não tiverdes profeta, dai-o aos pobres.

5 Se tu fizeres pão, toma as primícias e dá-as conforme manda a lei.

6 Do mesmo modo, abrindo uma bilha de vinho ou de óleo, toma as primícias e


dá-as aos profetas.

7 E toma as primícias do dinheiro, das vestes e de todas as posses e, segundo o teu


juízo, dá-as conforme a lei.
Capítulo XIV

1 Reuni-vos no dia do Senhor (Domingo) para a Fração do Pão e agradecei


(celebrai a Eucaristia), depois de haverdes confessado vossos pecados, para que
vosso sacrifício seja puro.

2 Mas todo aquele que vive em discórdia com o outro, não se junte a vós antes de
se ter se reconciliado, a fim de que vosso Sacrifício não seja profanado [Cf Mt
5,23-25].

3 Com efeito, deste Sacrifício disse o Senhor: "Em todo o lugar e em todo o tempo
se me oferece um Sacrifício puro, porque sou o Grande Rei – diz o Senhor – e o
meu Nome é admirável entre todos os povos" [Cf Mal 1,11-14].

Capítulo XV

1 Escolhei-vos, pois, bispos e diáconos dignos do Senhor, homens dóceis,


desprendidos (altruístas), verazes e firmes, pois eles também exercerão entre vós a
Liturgia dos profetas e doutores (mestres).

2 Não os desprezeis, porque eles são da mesma dignidade entre vós como os
profetas e doutores.

3 Repreendei-vos mutuamente uns aos outros, não com ódio, mas na paz, como
tendes no Evangelho. E ninguém fale com aquele que ofendeu o outro (próximo),
nem o escute até que ele se tenha arrependido.

4 Fazei vossas preces, esmolas e todas as vossas ações como vós tendes no
Evangelho de Nosso Senhor.

O Fim dos tempos

Capítulo XVI

1 Vigiai sobre vossa vida. Não deixeis apagar vossas lâmpadas nem solteis o cinto
de vossos rins, mas estai preparados, pois não sabeis a hora na qual Nosso Senhor
vem [Cf Mt 24,41-44; 25,13; Lc 13,35].

2 Reuni-vos frequentemente para procurar a salvação de vossas almas, pois todo o


tempo de vossa fé não vos servirá de nada se no último momento não vos tiverdes
tornado perfeitos.
3 Com efeito, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores;
as ovelhas se transformarão em lobos e o amor em ódio [Cf Mt 24,10-13; 7,15].

4 Com o aumento da iniquidade, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão


mutuamente, e então aparecerá o sedutor do mundo como se fosse o filho de Deus.
Ele fará milagres e prodígios e a Terra será entregue em suas mãos e ele cometerá
crimes tais como jamais se viu desde o começo do mundo [Cf Mt 24,24; 2Tes 2,4-
9].

5 Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos se


escandalizarão e perecerão. Mas aqueles que permanecerem firmes na sua fé serão
salvos por Aquele que os outros amaldiçoam [Cf Mt 24,10-13].

6 Aparecerão os sinais da verdade: primeiro o sinal da abertura no céu, depois o


sinal do som da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos [Cf Mt
24,31; 1Cor 15-52; 1Tes 4,16].

7 Mas não de todos, segundo a Palavra da Escritura: O Senhor virá e todos os


santos com Ele.

8 Então verá o mundo a vinda do Senhor sobre as nuvens do céu [Cf Mt 24,30;
26,64].

_____
Fonte:

• ALTANER, Berthold & STUIBER, Alfred. Patrologia, São Paulo: Paulinas,


1972, pp. 89/91

• DIDAQUÉ, O Catecismo Dos Primeiros Cristãos Para As Comunidade De Hoje.


São Paulo: Paulus, 1997.
ofielcatolico.com.br

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