2005FLORISVALDO - Estudo Toponimico de MG - Orientado Por DICK

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA

ESTUDO TOPONÍMICO DO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS,


MICRORREGIÃO DO MÉDIO ARAGUAIA, MATO GROSSO: CONTRIBUIÇÃO
PARA O ATLAS TOPONÍMICO DE MATO GROSSO.

FLORISVALDO FERNANDES DOS SANTOS

São Paulo
2005
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA

ESTUDO TOPONÍMICO DO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS,


MICRORREGIÃO DO MÉDIO ARAGUAIA, MATO GROSSO: CONTRIBUIÇÃO
PARA O ATLAS TOPONÍMICO DE MATO GROSSO.

FLORISVALDO FERNANDES DOS SANTOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Lingüística, Área de Concentração de
Semiótica e Lingüística Geral, do Departamento de
Lingüística da Faculdade de Filosofia , Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Mestre em Lingüística.

Orientadora: Profª Drª Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick

São Paulo
2005
AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade e pelo privilégio que nos foi dados em compartilhar
tamanha experiência e, ao freqüentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas
que não faziam parte em profundidade, das nossas vidas.

A minha orientadora e amiga, Profª Drª Maria Vicentina pelo constante incentivo e
paciência, sempre indicando a direção a ser tomada nos momentos de maior dificuldade.

A todos os professores e seus convidados pelo carinho, dedicação e entusiasmo


demonstrado ao longo do curso.

A Profª Drª Maria Margarida de Andrade e Profª Drª Guiomar Fanganiello Calçada,
pelas sugestões minuciosas e precisas.

A minha colega Alessandra Antunes pela espontaneidade e alegria na troca de


informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade.

A minha comadre Patatas, pelas palavras de ânimo, incansável disposição para nos
auxiliar, incontáveis favores e leitura crítica da dissertação.

Aos colegas da PROEG/PROPG/UFMT, pela oportunidade do período de


capacitação.

A PROPG/ UFMT, pela bolsa-qualificação indispensável, durante o período de


afastamento.

Finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para a


realização desta dissertação.
RESUMO

Este trabalho trata da toponímia do município de Barra do Garças, microrregião do Médio


Araguaia, 520, mesorregião 128, leste mato-grossense. A análise se restringiu aos topônimos
apresentados no Mapa Municipal Estatístico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
escala 1: 100.000 e na Base Topográfica dos Municípios de Mato Grosso, escala 1:100.000
disponibilizados pelo Instituto de Terras de Mato Grosso. O trabalho segue a linha
metodológica do ATB, proposta e coordenada por Dick (1989) e (1994) consubstanciado em
Diretórios de Pesquisa apresentados ao CNPq. O objetivo principal da pesquisa de acordo
com a proposta do ATB, é levantar as ocorrências léxico-toponímicas registradas
cartograficamente (mapas, estaduais, municipais, do IBGE) analisá-las do ponto de vista
lingüístico (estruturas gramaticais ou morfológicas e lexias semânticas), histórico, geográfico.
Essa atividade de análise levará ao estabelecimento dos campos semânticos em função
toponímica e, conseqüentemente, a explicações das taxes compatíveis do ponto de vista
terminológico.

Palavras-chave: Lingüística. Terminologia. Toponímia. Barra do Garças. Mato Grosso.


ABSTRACT

This study analyzes the toponymy of the county of Barra do Garças, in the Eastern part of the
State of Mato Grosso, Brazil, which is situated in the micro-region of the Araguaia River
Basin denominated 520, and meso-region 128. The research was restricted to the toponymy
presented on the statistical map produced by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE), scale 1:100.000, and on the Topographic Base of the counties of the State of
Mato Grosso. Both sources were made available by the Mato Grosso Land Institute. The stydy
was conducted in the methodology proposed by ATB, which was developed and is
coordinated by Dick (1989 and 1994), and that has been consubstantiated in the Research
Directories presented to CNPq. The main objective of the research is to find the lexical-
toponymic occurrences that are cartographically registered (state and county maps by IBGE),
and analyze them from a linguistic (grammatical or morphological structures and semantic
lexis), historical, and geographical point of view. The analysis will help
To establish the semantic fields in toponymic function, and consequently, will explain the
compatible taxis from the terminological point of view.

Key words: Linguistics. Terminology. Toponymy. Barra do Garças. Mato Grosso.


SUMÁRIO

Resumo
Abstract
Introdução............................................................................................................................ 7
I – UM POUCO DA HISTÓRIA........................................................................................ 11
1.1 – O início.................................................................................................................. 11
1.1.1 – Barra do Garças: aspectos históricos e geográficos............................. 13
1.1.2 - Um pouco de história.............................................................................. 13
1.1.3 – A localização geográfica........................................................................ 16
1.1.4 – A criação do município.......................................................................... 16
I I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 18
2.1.2 – Da Europa para a América: uma visão toponímica............................... 21
2.1.3 – Classificação Toponímica: modelos...................................................... 25
2.1.4 – A Motivação do signo lingüístico em função Toponímica.................... 29
III - DA METODOLOGIA E DO CORPUS....................................................................... 34
IV – ANÁLISE DO CORPUS............................................................................................ 36
V – CONCLUSÃO............................................................................................................. 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 81
ANEXOS............................................................................................................................. 84
ANEXO A – Figura 1 - Mapa de Mato Grosso................................................................... 85
ANEXO B – Quadro 1 – Topônimos do Município de Barra do Garças............................ 86
ANEXO C – Quadro 2 – Quantificação dos Topônimos do município.............................. 96
ANEXO D – Figura 2 - Quantificação das categorias toponímicas................................... 97
ANEXO E – Fichas Léxicográfico-toponímicas................................................................. 98
7

INTRODUÇÃO

O ato de nomear é uma característica essencialmente humana. Não é possível a

existência de referente ao qual não se atribua um significante e um significado, formadores do

signo lingüístico que Saussure (1970, p. 81) considera como unidades imotivadas. Isto

significa que a relação entre significante/significado e o referente não é direta nem natural e,

sim, convencionada.

Os signos lingüísticos, elementos fundamentais na constituição das línguas

representam simbolicamente o real e têm como função principal estabelecer a interação entre

os elementos de uma determinada comunidade lingüística. Sendo a língua a forma de

interação e constituição e transmissão das culturas, é por ela que a cosmovisão de um povo se

manifesta.

Assim, o ato de nomear passou a ser alvo de estudo dos que se interessavam pelo

tema da linguagem, dando origem ao ramo da lingüística denominado Onomástica. Mais tarde

esse ramo foi formalizado em dois sub-grupos: a Toponímia e a Antroponímia. A primeira se

dedica ao estudo dos nomes de lugares e iniciou-se na Europa, mais especificamente na

França, por volta de 1878, tendo como seu precursor Auguste Longnon, que introduziu os

estudos toponímicos na École Pratique des Hautes-Études e no Colégio de França. Das

pesquisas deste estudioso, resultou a obra Les Noms de Lieux de la France, publicada

postumamente em 1912, pelos seus alunos (DICK, 1992, p. 02).

A partir dessa obra, considerada clássica na área, muitas pesquisas teóricas têm

surgido para orientar pesquisas toponímicas. Dentre elas, destacamos os estudos de Albert

Dauzat (1922) que, retomando os estudos onomásticos de Longnon, realizou uma pesquisa

pormenorizada acerca da formação dos nomes de lugares da França dividindo-os em

categorias de nomes de acordo com suas causas históricas. Os resultados desses estudos estão
registrados no livro Les Noms de Lieux Origine et Evolution, obra que nos legou uma forma

mais sistematizada de pesquisa na área por traçar normas a serem seguidas por aqueles que se

propusessem a esse tipo de investigação (DICK, 1992, p. 02).

A segunda se dedica ao estudo dos nomes de pessoas e foi definida por Leite de

Vasconcelos, em 1887, em sua obra “Lições de Filologia Portuguesa” como estudo dos

nomes das pessoas e seres personificados.

Como o enfoque deste trabalho de investigação se limita aos topônimos do município

de Barra do Garças, a ênfase será para os conceitos toponímicos, embora se possam utilizar

outros, sempre que for necessário.

Apesar dos inúmeros trabalhos investigativos de cunho científico nessa área, há

muito a ser feito, devido às dimensões territoriais do Brasil, pois este país ainda apresenta

aspectos geo-lingüísticos não estudados, por exemplo, a influência das línguas não tupis nos

dialetos não oficiais.

Uma das regiões em que se nota essa falta de pesquisas lingüísticas é a Centro-Oeste,

mais especificamente o estado de Mato Grosso.

Levando em consideração que o ato de nomear acidentes geográficos ou humanos

vincula-se, na maioria dos casos, a fatores extralingüísticos, como por exemplo, fatores

históricos, sociais e até pessoais, estão espelhados na nomenclatura desse município, pois

segundo Dick:

É pela conjunção de várias condicionantes lingüísticas ou de diversos dialetos e


falares presentes em um determinado território, que se estrutura o léxico regional,
considerando não só as tendências normalizadoras da língua-padrão como presença
de minorias étnicas ainda participativas ou, mesmo, como dado documental, porque
já extintas. A Toponímia, principalmente serve-se dessas circunstâncias de base,
equivalente ou próxima de um substrato vocabular, para aí deitar suas raízes,
aproveitando-se do material lingüístico que seja compatível à configuração dos
conceitos que deve transmitir (1999, p. 120).
9

Busca-se pelo estudo dos topônimos, considerando a toponímia como um recorte do

léxico de uma língua, resgatar/restruturar aspectos da realidade sócio-histórica e cultural dos

povos que habitaram o município selecionado, bem como traçar o perfil e características do

-local, tanto de ordem física como de natureza antropo-cultural.

Assim, esta pesquisa tem como objetivo amplo assinalar quais os fatores naturais,

sociais e culturais que possam estar refletidos e, talvez, preservados nos nomes dos acidentes

físicos e humanos inseridos na toponímia da região. Já seu objetivo específico é:

1. Levantar e catalogar os topônimos da localidade selecionada como objeto de

estudo científico;

2. Analisar os topônimos pesquisados, segundo a taxionomia proposta por Dick

(1992), com vistas a buscar a possível motivação da toponímia da localidade

em seu conjunto, inserida num contexto amplo da lingüística toponímica;

3. Registrar a presença de línguas indígenas na nomenclatura geográfica do

recorte territorial em estudo;

4. Fazer o detalhamento da realidade toponímica da região.

O levantamento do corpus desta pesquisa teve como fonte básica as cartas

topográficas na escala 1: 100.000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),

fornecidas pelo Instituto de Terras do Estado de Mato Grosso. Também foi consultado o site

www.seplanmt.org.br, da Secretaria de Estado de Planejamento de Mato Grosso (SEPLAN)

para confirmação dos topônimos encontrados na primeira fonte.

Na coleta do corpus foram seguidas as orientações metodológicas do Atlas

Lingüístico do Brasil (ATB) e do Atlas Toponímico do Estado de São Paulo (ATESP),

projetos desenvolvidos por Dick (1989-1994).

O parâmetro utilizado para as orientações teórico-metodológicas foi o modelo de

classificação taxionômica proposto por Dick (1992), por ser um modelo elaborado para
realidade brasileira, o qual abrange dois planos de motivação dos topônimos: o de natureza

física e o de natureza antropo-cultural.

Este trabalho é composto por cinco capítulos. O primeiro apresenta a história do

município, o segundo reporta-se às teorias da lingüística toponímica de Lyons, Longnon,

Dauzat, Drumond e Dick que embasam o estudo. No terceiro descreve-se a metodologia e o

corpus. O quarto é referente à análise dos dados e o quinto apresenta as considerações finais.
CAPÍTULO I - UM POUCO DA HISTÓRIA

1.1 – O INÍCIO

Não se pode apresentar a história do município de Barra do Garças, sem antes nos

atermos à História do Brasil e seus reflexos na história de Mato Grosso.

Segundo Ferreira (sd), a vida humana em Mato Grosso data de quinze mil anos, com

a chegada, ao território, de povos indígenas de características étnicas diversificadas e por

caminhos tanto de Oeste para Leste, como de Norte para Sul, oriundos das Ilhas do Pacífico.

Para se falar na constituição do Estado de Mato Grosso é necessário reportar-se ao

processo de ocupação do espaço brasileiro, a partir do século XVI, com o estabelecimento das

Capitanias Hereditárias que garantiram a Portugal o domínio da região litorânea, evitando a

invasão estrangeira. Este fato levou ao povoamento disperso da região litorânea.

A necessidade de expansão para oeste, com a intenção de aprisionarem índios, levou

a capitania de São Paulo a organizar expedições, de caráter mercantil, que para conseguirem o

produto comercializável – índio – atiravam-se pelos sertões, ultrapassando a linha

demarcatória do Tratado de Tordesilhas.

As bandeiras tinham como função, até meados do século XVII, aprisionar índios para

vendê-los no mercado escravagista do nordeste e outras regiões brasileiras, e na segunda

metade do século XVII surgiu o bandeirismo prospector, cujo objetivo era descobrir ouro e

pedras preciosas no interior do Brasil.

Essas incursões prospectivas levaram as bandeiras a ultrapassarem o meridiano do

Tratado de Tordesilhas o que garantiu à coroa Portuguesa, pela posse (uti possidetis), a

incorporação de novas áreas. A ação dos bandeirantes, do ponto de vista demográfico, levou à

formação dos primeiros povoados no interior do país.


12

No entanto, o território ocupado por Mato Grosso no século XVII continuava

praticamente inalterado, pois não oferecia nenhum produto que pudesse ser comercializado na

metrópole portuguesa.

O nome Mato Grosso originou-se em 1730, quando os irmãos Paes de Barros,

exploradores, vindos das exauridas minas que originaram Cuiabá, chegaram à planície oposta

ao campo dos Pareci e depararam com matas muito espessas e altas. Embora este tipo de

vegetação não ocorra em toda a superfície do Estado, o nome foi mantido e oficializado pela

Carta Régia de 9 de maio de 1748.

Este território era ocupado, esporadicamente, por algumas expedições hispânicas que

construíram fortificações e por entradas e bandeiras que tinham como finalidade aprisionar

índios.

A ocupação efetiva dessa região se deu a partir da Fundação de Cuiabá, originada

pela descoberta de ouro pela bandeira chefiada por Paschoal Moreira Cabral, em 1719.

Em 1662, partiram de Piratininga, pelo sertão adentro do oeste brasileiro, duas

bandeiras, uma de Bartolomeu Bueno da Silva – o Anhanguera - e seu filho de 12 anos; e a

outra de Manuel de Campos Bicudo que também levava seu filho Antônio Pires de Campos

de 14 anos que mais tarde substituiu o pai na liderança de novas bandeiras.

Este, depois de meses de jornada, alcançou uma região de vegetação rala, e

divagando-se para o norte, encontrou um rio de águas caudalosas que denominou Porto do Rio

Grande, que mais tarde foi denominado de Registro do Araguaia ou Araguaiana.

Depois de atravessar o rio, percorreram por meses o território, alcançando um

chapadão quando desabava uma tempestade. Os homens abrigaram-se em grutas e à luz dos

relâmpagos viram umas formações rochosas com formas estranhas, parecendo Os Martírios de

Cristo no Calvário.

Segundo Pitaluga (sd, p. 15) nessa região, à beira do rio, os meninos filhos dos chefes

das bandeiras, brincavam com pedriscos redondos de ouro e escolheram alguns que levaram
consigo, embora desconhecendo seu valor, mas que depois foram reconhecidos como ouro.

Isto motivou a busca desenfreada do lugar.

Apesar de terem tomado todas as notas sobre a rota seguida pela bandeira de Campos

Bicudo, nunca mais nenhuma expedição encontrou a famosa Serra dos Martírios.

No entanto, a lenda sobre a existência de tal mina levou inúmeras expedições a

procurá-la, e conseqüentemente, a desbravar a região.

Foi nessa ânsia de busca de ouro e de mão de obra para obter lucro que as terras de

Mato Grosso foram palmilhadas. Sua importância, contudo, só foi reconhecida por parte da

coroa portuguesa, depois de conhecida a abundância de veios auríferos e diamantíferos, ali

existentes.

1.2 - BARRA DO GARÇAS: ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS

1.2.1 – Um pouco de história

A procura da Serra dos Martírios, ou Minas dos Martírios, ocasionou a descoberta e o

povoamento do território, hoje, município de Barra do Garças.

O primeiro bandeirante de que se tem notícia, que saiu à procura da lendária mina,

foi Amaro Leite Moreira. Ele seguia os roteiros deixados pelos primeiros bandeirantes. Saindo

de Caratinga, cidade de Porto Feliz, desceu vales e atravessou o Araguaia no local que

denominaram Porto Grande. Depois dele outros vieram, inclusive o filho de Anhanguera.

Segundo Ferreira e Moura e Silva (sd), durante a Guerra do Paraguai foram criados

três presídios na região do Araguaia: Ínsua, Passa Vinte e Macedina, que serviam também

como postos de registro fiscal.

Segundo Mendonça (1973), o povoamento efetivo da região, iniciou-se com a criação

do presídio de Ínsua, em 14 de maio de 1780, que mais tarde foi transferido para Porto do Rio

Grande.
14

Segundo o mesmo autor, a existência de grandes nações indígenas já havia sido

constatada na região, e uma das maiores era a Caiapó, conforme Curt Nimuendaju (apud

Varjão, 1985), pesquisador alemão que estudou as etnias indígenas do Brasil no século XVIII,

dando notícia sobre a extensão e densidade populacional dos Caiapós e Araés, na região

centro oeste, que a partir dessa época foram expulsos lentamente pelos colonizadores brancos.

Como bons guerreiros, os índios reagiram e cometeram “crueldades” contra os

invasores brancos, atacaram e mataram os colonos, e os sobreviventes brancos começaram a

debandar.

Para evitar o processo de despovoamento da região foi criado o presídio de Macedina

que, segundo matéria publicada no Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, em 22 de setembro,

servirá desde já como ponto de apoio, quer para comunicação quer para defesa das
duas províncias de Goiáz e Mato Grosso, podendo prestar importante auxílio à
catequese dos indígenas que povoam às margens do Araguaya e de seus afluentes
(apud VARJÃO, 1985).

O ponto obrigatório de parada dos militares que transitavam entre os presídios e a

capital da província era o Rio das Garças, em local assinalado por uma pedra chamada de

Pedra da Barra Cuiabana. Foi esta a primeira denominação da cidade.

Em 1897, Antonio Cândido de Carvalho encontrou diamantes no Rio das Garças o

que trouxe muita gente para a região do Araguaia, cuja economia se dividia entre garimpagem

e a extração do látex da mangabeira, que proliferava no cerrado.

Com o incremento da atividade garimpeira na região, foi necessária a criação de um

povoado de apoio, e Antonio Cristino Côrtes, que havia chegado à região por volta de 1914,

dedicou-se a formar a futura cidade de Barra do Garças.

A fase áurea do garimpo durou, apenas, até à década de 40. O povoamento, devido ao

intenso comércio na região, já se tinha desenvolvido bastante e estava em risco de decadência,


porém um acontecimento permitiu a continuação desse crescimento, a instalação da Fundação

Brasil Central.

Há dois fatos importantes que devem ser mencionados:

O primeiro é o sonho do presidente Getúlio Vargas. Ele pretendia integrar o Norte e

Sul do Brasil através da ocupação do Centro-Oeste. A chamada Marcha para o Oeste.

O segundo foi o fato de que em 1937, em Genebra, o representante japonês junto às

Sociedades das Nações, Barão Shudo, apresentou a idéia de que:

as nações que possuíssem áreas inexploradas e não utilizassem, as matérias primas


nelas contidas, deveriam ser compelidas a permitir seu racional aproveitamento por
nações capazes de explorá-las para o bem comum dos povos do mundo (VARJÃO,
1985, p. 28).

Por isso, o presidente incumbiu o ministro do governo, João Alberto de Barros de

providenciar uma expedição para abrir uma estrada de penetração nos sertões de Mato Grosso,

que deveria entrar na Bacia do Rio das Garças com o Araguaia, tomando rumo ao Xingu, que

foi denominada Expedição Roncador/ Xingu.

Essa expedição foi criada para materializar a Marcha para o Oeste. Com o sucesso da

primeira expedição, o então Governo Federal autorizou, pelo Decreto-lei nº. 5.878, de 4 de

outubro de 1943, a instituição da Fundação Brasil Central, órgão diretamente ligado à

Presidência da República, para organizar as expedições que iriam desbravar e colonizar as

áreas compreendidas entre os altos dos rios Araguaia e Xingu, e do Brasil Central e Ocidental.

A esta Fundação foi incorporado o acervo da Expedição Roncador/Xingu.

A partir dessa Marcha para o Oeste, novos municípios foram sendo criados e muitos

extintos, originando outros, na mesorregião do Médio Araguaia, Barra do Garças, Araguaiana

e Cocalinho e na mesorregião de Tesouro, Araguainha, Torixoréu, Pontal do Araguaia, Ponte

Branca, Guiratinga, General Carneiro, Poxoréo, Ribeirãozinho e Tesouro.


16

Note-se que, no estado de Mato Grosso, o município de Barra do Garças foi o mais

beneficiado pela ação da Fundação Brasil Central. A Fundação também criou escolas e centro

de atividades como os do Vale dos Santos e Xavantina.

Foi a Fundação, segundo Varjão (1985), a nossa Interland, que permitiu o

desenvolvimento a ponto de lançar uma bandeira de interiorização brasileira que possibilitou

o crescimento da região Centro-Oeste.

2.1.1 - A Localização Geográfica

O município de Barra do Garças está localizado ao Leste do Estado de Mato Grosso,

na microrregião 528, mesorregião 128, Médio Araguaia, cujas coordenadas são 15° 49’ 0”

latitude sul e 52° 0 9° 08” longitude oeste de Gr.

Sua extensão territorial é de 9.711.83 Km2. É limitado ao Norte pelo município de

Araguaiana, ao Sul pelo município de Pontal do Araguaia, ao Leste pelo Estado de Goiás, a

Oeste pelos municípios de General Carneiro e Novo São Joaquim, a Sudeste pelo Estado de

Goiás e a Nordeste pelos municípios de Nova Xavantina e Araguaiana, conforme se pode

observar na Figura1, Anexo A.

2.1.2 – A Criação do Município

Embora a história do desbravamento e ocupação seja relativamente antiga, a

fundação do município é recente.

Segundo Ferreira (1997), a criação do município de Barra do Garças veio a ser uma

encampação do município de Araguayana, ou seja, deu-se a mudança da sede do município de

Araguayana para Barra do Garças, passando Araguayana a distrito de Barra do Garças.

A primeira denominação do atual município foi Pedra da Barra Cuiabana, que passou

a fazer parte da Paróquia do Araguaia, criada pela Lei nº 211, de 10 de maio de 1889, passada
a Freguesia do Registro do Araguaia, pela Lei nº 387, de 12 de abril de 1904, sancionada pelo

presidente Antônio Paes de Barros.

O Decreto de nº.32, de 21 de dezembro de 1935 criou o Distrito de Paz de Barra do

Garças. Mas o município só foi implantado em 15 de setembro de 1948, através da Lei nº. 21

na qual se lê:

Artigo 1º - O município de Araguaiana passa a ter a denominação de


município de Barra do Garças.
Artigo 2º - Fica a sede do município transferida para Barra do Garças, que
é elevada à categoria de cidade.

O Fundador da cidade de Barra do Garças foi Antonio Cristino Côrtes. Foi ele que

alinhou as ruas, designou as primeiras pedras e distribuiu lotes. Este desbravador havia-se

mudado para a Barra Cuiabana em 1914.

Emiliano Costa abriu a primeira empresa comercial da cidade de Barra do Garças em

1924, e a primeira escola foi criada em 1932.

Por esse território passou a Coluna Prestes para incorporar-se aos garimpeiros do

Leste, mas não o fez.

A partir da década de 60, Barra do Garças tornou-se pólo regional de Mato Grosso,

pelo seu desenvolvimento e importância.

Varjão (1985) divide a evolução histórica do município em 4 fases: 1ª A Garimpeira,

a 2ª fase da Fundação Brasil Central (1943-1964), a 3ª fase Agropecuária com Incentivos

Fiscais (1964-1973) e a 4ª Contemporânea (os Gaúchos e a Agricultura).

É sobre a Toponímia desse município que se irá tratar nos próximos capítulos, tendo

como fundamentação a bibliografia citada.


CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para se organizarem no espaço e no tempo, os homens denominam seres e ações. Só

assim as sociedades primitivas conseguiram se comunicar com sucesso. Este ato lingüístico

cultural permite descobrir relações diversas entre os povos de outrora e os de hoje. Foi a

estratégia intelectual que permitiu ao homem apoderar-se, de forma simbólica, da realidade

que o cerca.

Nota-se também que, conforme Dick (1990, p. 06), nos diferentes sistemas culturais,

a denominação de seres ou acidentes geográficos se inscrevem em campos diversos das

ciências como geografia, antropologia, o que pode propiciar o conhecimento da mentalidade

do denominador, não apenas como elemento isolado, mas também como projeção de seu

grupo social.

Embora o ato de denominar seja comum a todas as línguas, ele não é aleatório, pois

cada povo tem suas especificações para realizar o ato de nomear, de “vivenciar os nomes

dados” o que, segundo Dick, (1992, p. 01), “os torna adequados a uma discussão acadêmica”

pois esse “vivenciar” os aproxima do meio ou fato motivador. Além de que o fato simples de

reconhecer e nomear um objeto supõe um aprofundamento explícito ou implícito (SANTOS,

1999, p. 53).

Assim, nasce à ciência que se ocupa dos estudos dos nomes próprios, a Onomástica.

Esta se divide em dois campos de investigação/pesquisa: 1) A Antroponímia, do grego

anthrópos (homem) mais o sufixo grego – onímia ou onimia (HOUAISS, 2001), a qual tem

por objeto de estudo os nomes próprios de pessoas, e que Dick (2000, p. 218) considera

“como um subsistema da onomástica”, uma vez que como forma lingüística permite distinguir

o indivíduo dentro de sua comunidade, além de estabelecer a forma parental que liga o

indivíduo pelos laços de sangue a um grupo familiar. Esta forma lingüística parental é

importante socialmente e hoje é chamada de sobrenome. O nome, propriamente dito ou


19

prenome individual, é o resultado do ato de desejo e escolha dos pais, de padrinhos ou da

família. 2) A Toponímia cujo objeto é o estudo dos nomes de lugares. Este ramo da

onomástica é definido por Houaiss como sendo à parte desta que estuda os nomes próprios de

lugares, lista ou relação de topônimos, e para Greimas (1979, p. 446) topônimo na qualidade

de designação dos espaços por meio de nomes próprios, fazem parte da onomástica,

subcomponente de figuratização. Juntamente com os antropônimos e os cronotôponimos

permitem uma ancoragem histórica a constituir o simulacro de um referente externo e a

produzir o efeito de sentido ‘ realidade’ ”.

A definição feita por Salazar – Quijada (1985, p.18) de toponímia “aquellea ramo de

la onomástica que ocupa del estúdio integral, em el espacio em el tiempo, de los aspectos:

geo-históricos, sócio-econômicos y antropo-linguísticos que permitieron e permitem o

nombre de lugar se origine e subsista” traduz de forma clara a importância da toponímia para

o estudo das relações geo-históricas e sociais do(s) povo(s) que habitam ou habitaram uma

determinada região.

Enquanto ciência, e como tal reconhecida, a Toponímia é bastante recente. Teve

início na França, por volta de 1878. Seu precursor foi o francês Auguste Longnon introdutor

dos estudos toponímicos na École Pratique dês Hautes-Études e no Colège de Françe.

Infelizmente Longnon não publicou sua obra em vida. Só depois de sua morte é que um grupo

de ex-alunos trouxe a público a obra, que se tornou clássica na área, Les Noms de Lieux de la

France, em 1912, (Dick, 1992, p.2).

Este marco originou diversas perspectivas teóricas que têm orientado pesquisas

toponímicas. A mais conhecida é de Albert Dauzat (1922) que retomou os estudos de

Longnon, realizando uma pesquisa pormenorizada que deu origem à obra Les Noms de Lieux

Origine et Evolution, a qual proporcionou o conhecimento de um sistema de normas que até

hoje são seguidas pelos pesquisadores dessa área (Dick, 1992, p.02). Vale ressaltar que

Dauzat se preocupou com o estudo etimológico e a reconstituição histórica de cada um dos


topônimos, se preocupando, também com as transformações fonéticas dos nomes. Apesar

dessa restrição, cabe aos franceses Longnon e Dauzat o mérito de terem despertado o interesse

sobre o estudo deste campo da lingüística - toponímia em todo o mundo.

O pesquisador Teodoro Sampaio é o nome consagrado dos primeiros estudos

toponímicos de origem indígena do Brasil. Sua proposta de pesquisa era verificar a presença

da língua tupi na nomeação toponímica brasileira. Sua obra intitulada “O Tupi na Geografia

Nacional”, publicada em 1901, Teodoro Sampaio afirma que os estudos etimológicos e

históricos dos topônimos são bases que devem ser conhecidas/estudadas, pois há a

possibilidade do significado do signo toponímico refletir características físicas e históricas do

topônimo em que foi criado. Tal argumento era defendido tendo por base a constatação da

forma de nomear dos tupis que era baseada no caráter descritivo do ambiente em que o nome

se inseria, transformando “um topônimo em espécime simbólico de ícone”, uma vez que

demonstraria a vinculação dos topônimos aos traços ambientais, (DICK, 1992, p.41), porque

conforme Santos (1997), a associação entre objetos naturais, juntamente com objetos sociais -

fabricados pelo homem – assumem uma posição na configuração da paisagem e quase a

determina.

Além disso, através de estudos etimológicos dos topônimos de um determinado

espaço geográfico, pode-se obter informações sobre as diferentes, ou semelhantes, famílias

lingüísticas que o ocuparam, porque além de outras razões “... o homem modifica a natureza

primeira, a natureza bruta, a natureza natural, socializando dessa forma o que Teilhard de

Chardim chama de ‘ecossistema selvagem” Santos (1978).

3.1.1 – Da Europa Para a América: Uma Visão Toponímica

Os estudos toponímicos se expandiram pela Europa e América, em ordem sincrônica.

Na Europa citamos o filólogo português José Leite de Vasconcelos que, particularmente, em


21

sua obra Opúsculos – vol. III: Onomatologia, de 1931, obra pioneira da onomástica

portuguesa, apresenta a Glotologia como ramo da Onomatologia, a qual estuda os nomes

próprios. O autor português define toponímia como “estudo dos nomes de sítios, povoações,

nações (…) rios, montes, vales etc”.

A essência de seu estudo é tipicamente francesa, pois estuda a origem dos nomes por

línguas, analisa as transformações fonéticas e de formação gramatical do topônimo, além de

classificar por categorias segundo os eventos que originaram o nome, Vasconcelos (1931: 03).

Os trabalhos apresentados até agora se restringem ao estudo de natureza puramente lingüística

dos topônimos, dado o caráter essencialmente etimológico e histórico do signo. Há,

possivelmente, e devido ao pioneirismo das obras, uma incompletude nestes estudos. Os fatos

extralingüísticos, citados por Dick (1990, p.19) que considera a toponímia de um espaço

geográfico como “conservadora das tradições e dos costumes de um povo, ou das

características topográficas locais mais sensíveis”, podendo ser desvelados através da análise

dos elementos formadores dos signos toponímicos. Conforme se pode perceber, (DICK, 2000,

p.232) mostra a relevância dos elementos extralingüísticos para a construção do significado do

topônimo, especificamente os aspectos culturais do grupo, bem como dos aspectos físicos

característicos da geografia do lugar, os quais são preservados por mais tempo, dado o caráter

mais estático da toponímia em relação à língua falada.

Drumond (apud. DICK, 1990, p. 21) afirma que:

Aspectos importantes da análise dos fatos toponímicos, como a história das


transformações dos nomes dos lugares; a sua evolução fonética; as alterações de
diversas ordens; a sua relação com as migrações, a colonização, os estabelecimentos
humanos e o aproveitamento do solo, os nomes inspirados por crenças mitológicas
visando à proteção dos santos ou de Deus, seriam assim deixados de lado pelos
estudiosos.

Ambos os estudiosos, Dick e Drumond apresentam a mesma concepção de que a

toponímia de um dado espaço geográfico se relaciona intimamente com fatores lingüísticos –


visão francesa – e extralingüísticos – elemento acrescentado por eles com propriedade, porque

sendo a linguagem algo exclusivamente humano e que reflete a sua cosmovisão, pode-se

compreender melhor a relação entre acidentes naturais que juntamente com objetos sociais –

fabricados pelo homem assumem uma posição na configuração da paisagem. ( SANTOS,

1999).

Levando em conta a noção de Dolfuss (apud, DICK, 1990, p.63) sobre espaço

geográfico como “espaço percebido e sentido pelos homens em sua função tanto de sistemas

de pensamento como suas necessidades”, podemos perceber a importância dos fatores

extralingüísticos para a toponímia, os quais permitem que esta ciência se complete aliada a

outras como a Geografia, a História e as Ciências Sociais. Esta associação das diferentes

disciplinas não permite incorrermos em posturas unilaterais que impedirão atingir a plenitude

do fato toponomástico em seu conjunto que, conforme (DICK, 1992, p.16) considera

toponímia “antes de tudo […] um complexo linguo-cultural, em que os dados das demais

ciências se interseccionam necessariamente e, não, exclusivamente”.

Embora essa postura eclética tomada por Dick pareça ser contraditória à de outros

estudiosos que consideram a lingüística como princípio essencial da onomástica como, por

exemplo, (Charles Rostaing, 1958, apud DICK, 1992, p. 16), não o é, devido ao fato de Dick

(1992, p. 16) afirmar que “em sua função intrínseca a toponímia deve ser considerada como

um fato do sistema das línguas humanas”.

Segundo Dick, (ULLMANN, 196, p.161), afirma que o estudo dos nomes próprios já

se havia firmado como “um ramo da lingüística, quase independente, com congressos próprios

e revistas especializadas” ligado à onomástica, que se divide em Antroponímia e Toponímia.

O topônimo, enquanto fato da língua, apresenta várias interfaces que devem ser

analisadas pelo pesquisador, pois além de ser um signo lingüístico e, por isso, estar ligado à

lingüística, não se limita apenas à denominação do lugar, pois é um documento histórico que
23

vincula aspectos da natureza física e antropo-cultural de um determinado espaço geográfico e

social.

Já há estudos toponímicos que enveredam pelo caminho da multidisciplinariedade,

ligando História, Geografia e Antropologia aos signos lingüísticos estudados, proporcionaram

novas visões sobre os topônimos. Como exemplo do citado no período, elencam-se os casos

dos Estados Unidos da América e do Canadá onde lingüistas, historiadores e geógrafos

formam equipes para investigarem topônimos destes países.

Os Estados Unidos publicam o trabalho realizado por essas equipes na revista Names

que é órgão oficial de divulgação da América Name Society a qual tem por objetivo “o estudo

da etimologia, origem e significado, e aplicação de todas as categorias de nomes: geográfico,

pessoal, científico, comercial e popular.” George Stewart, autor das obras Name of the Land e

A classification of the Land (1954) é colaborador da revista americana. Este pesquisador

elaborou um modelo de classificação toponímica que distribuiu os nomes em noves

categorias. Apesar de seu modelo não atender a todas as taxes, ele foi o primeiro a considerar

a motivação semântica que pode estar relacionada a aspectos ambientais, sociais e culturais,

levada em consideração no ato de denominar um acidente físico ou humano, que ainda não

tinham sido considerados em trabalhos anteriores.

O Brasil e a Venezuela são os países da América Latina que mais têm feito

investigações toponímicas. No nosso país, destacam-se, em ordem sincrônica, Theodoro

Sampaio (O tupi na Geografia Nacional, 1987), de 1901, o estudo de Levi Cardoso sobre a

influência das línguas aruaque e caribe no topônimo amazonense que deu origem à obra

Toponímica Brasílica (1961), em que o autor evidencia a importância dos estudos

toponímicos para a compreensão das migrações e das questões étnicas e lingüísticas de um

determinado espaço geográfico (CARDOSO, 1961, p.20).

A essa obra seguiu-se outra de grande relevância para os estudos toponímicos do

Brasil, realizada por Carlos Drummond, Contribuição do Bororo à Toponímia Brasílica


(1965), que apresenta a contribuição do povo Bororo para a toponímia do Centro Oeste. Este

autor evidencia a falta de sistematização ocorrida em estudos anteriores da Toponímia

brasileira.

A lacuna apontada por Drumond foi sanada por Dick que é autora dos mais recentes

e representativos estudos toponímicos no Brasil, que propõe uma sistematização metodológica

para a orientação da toponímia. Dentre os vários estudos elaborados por Dick salientamos: A

Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira, publicado em 1990, Toponímia e

Antroponímia – coletânea de estudos publicada em 1987 e a Dinâmica dos Nomes na Cidade

de São Paulo – 1554 – 1897, publicado em 1997, além de artigos publicados em revistas

científicas.

Como podemos observar, a inserção da toponímia no meio científico europeu se deu

através da investigação lingüística dos nomes geográficos nos quais era possível fazer o

levantamento das transformações fonéticas sofridas pelos vocábulos, bem como as variações

ortográficas, a supressão de alguns componentes do topônimo, ou a manutenção de formas

consagradas, até porque a fonética e fonologia eram elementos fundamentais da lingüística da

época.

Porém, a questão primeira levantada por Dauzat, incide sobre o fenômeno

etimológico que deu origem à busca de um instrumento que permitisse vincular o onomástico

a uma filiação genética, uma vez que o povo que habitam um espaço geográfico, seja como

autóctones ou conquistadores, herdaram e receberam escalas de valores de grupos variados e

distintos.

Para Dick (1987, p.370) “descobrir o seu significado (do topônimo) seria como

conhecer o povo que o originou, e conseqüentemente, a sua língua, talvez até reconstituí-la

nos modelos originais”.

Para firmar a toponímia como possibilitadora de demonstração das características

sócio-histórico, econômicas e antropoculturais de um grupo, e


25

“traduzir verdadeiras áreas nomenclaturais e, por conseguinte, os principais motivos


que coordenam essa nomenclatura”, é que estudiosos se dedicaram a elaborar
modelos teóricos que pudessem ajudar na recuperação de fatores de ordem
semântica que poderiam ter influenciado na gênese do topônimo Dick (1992).

Para tanto, retomaremos, no item seguinte deste texto, propostas de modelos de

classificação toponímica, alguns elaborados por estudiosos de outros países e, no que se refere

ao Brasil, o modelo de Dick e de outros trabalhos que, além de contribuírem com a proposta

de inclusão de novas taxes ao modelo de Dick, que também registram recortes regionais de

nomenclaturas geográficas brasileiras.

3.1.2 - Classificação Toponímica: Modelos

Como os estudos toponímicos tiveram origem na Europa e forneceram a base para as

colocações do continente americano, iniciamos a revisão dos teóricos pelo europeu Dauzat

que estabeleceu o método de investigação toponímica ao criar duas faces investigativas para o

ato de nomear. Na primeira, apresentou as séries lógicas e, na segunda, as características

históricas e concebeu atenção especial às investigações dos topônimos, os quais classifica

segundo a ordem histórica de suas formações (Dauzat, 1928, p.10), enfatizando que a

classificação do designativo pode ser feita a partir do ponto de vista da formação externa ou

dos sentidos intrínsecos do nome. No primeiro caso, o ato de nomear pode ser espontâneo, e

pode ser atribuído a uma vontade mais ou menos inconsciente do grupo ou pode ser

sistemático, quando resulta de atos refletidos de uma autoridade, de um prefeito, de um

fundador da cidade, ou de um proprietário. Quanto ao caso dos sentidos intrínsecos, estes

englobam as denominações cujos nomes são emprestados da própria geografia física ou de

pessoas ilustres, como fundadores, proprietários, além de poderem ter origens nos diversos

caracteres abstratos ou de ordem histórica (DAUZAT, 1928, p.19-20).


Já o filólogo português José Leite de Vasconcelos (1931, p.139), ao estudar os nomes

de Portugal, propõe uma divisão de nomes geográficos que prevê três seções: classificação

dos nomes de lugares por línguas; modos de formação toponímica, e categorias de nomes

segundo as causas que os originaram. Cita, entre outras, a flora, a fauna, a natureza do solo, a

história e a religião. Segundo ele há, na toponímia portuguesa, a presença de várias línguas

que vão desde a pré-romana, romana, à germânica e à portuguesa, propriamente dita, desde as

fases de dominação da região pelos falantes destas línguas e pela consolidação da língua

materna. Quanto à forma de denominação toponímica, as investigações estão relacionadas aos

estudos gramaticais do sintagma nominativo, e às categorias que se relacionam às causas que

originaram como a história, a religião, a flora, a fauna, a natureza do solo.

Tanto Dauzat (1928) como Vasconcelos (1931) mostraram que os nomes geográficos

que estudaram recuperavam aspectos naturais do meio ambiente onde se encontravam

inscritos, além de aspectos sociais e culturais, postulando a importância de estudos históricos

e etimológicos no topônimo. Dauzat (1928) divide a natureza dos topônimos em dois campos

de influências, o da geografia física e o da geografia humana, conforme Dick (1999, p. 14).

as repartições no interior de cada um dos blocos referiam-se a ocorrências ou


recortes espaciais identificados pelos paradigmas hidrográficos ou geomorfológicos
[… ] a construção de vilas e cidades de acordo com as camadas étnicas constitutivas
do povo francês.

Stewart (1954), toponimista americano, modificou essa classificação, sendo o

primeiro a propor a distribuição dos nomes dos lugares em nove taxes baseadas em

mecanismos de nomeação; a saber: “descritiptive names, possessive names, incident names,

commemmorative names, euphemistic names, manufactured names, shift names, folk

etymologies e mistake names”. Como este modelo foi proposto para o contexto específico,

norte-americano, a única observação que pode ser feita é que os nomes descritivos e

comemorativos são mais abrangentes, podendo ser considerados protótipos de atividades de


27

nomeação, enquanto os outros são mais restritos, elaborados para o contexto citado, e valem

também para os estudos das nomeações procedentes das línguas indígenas do continente

norte-americano, na descrição lugares.

Conforme já citado por Dick. (1975), a mais atuante toponimista brasileira, elaborou

um modelo metodológico de classificação toponímica composto por dezenove taxes, o qual

foi reformulado pela própria autora e publicado em 1992, passando a ter vinte e sete taxes.

Destas, onze se relacionam ao ambiente físico – Taxionomias de natureza física, e 16 estão

ligadas às relações estabelecidas pelo homem inserido numa sociedade com seus aspectos

sócio-culturais e históricos peculiares, as Taxionomias de natureza antropo-cultural.

As Taxionomias de natureza físicas estão assim distribuídas: Astrotopônimos,

topônimos que emprestam o nome de corpos celestes: Fazenda Cruzeiro do Sul–AH/MT,

Cardinotopônimos, relativo às posições geográficas em geral: Fazenda da Divisa–AH/MT;

Cromotopônimos, que fazem referência a cores: Córrego Verde–AF/MT;

Dimensiotopônimos, que fazem referência às características do próprio acidente: Córrego

Fundo–AF/MT; Fitotopônimos, relativo a topônimos que recuperam nomes de vegetais:

Córrego Buriti Verde–AF/MT; Geomorfotopônimos, que fazem referência às formas

topográficas: Córrego Furna do Gato–AF/MT; Hidrotopônimos, resultantes de acidentes

hidrográficos em geral: Córrego Cachoeira da Matinha–AF/MT; Litotopônimos, nome de

índole mineral: Córrego da Prata–AF/MT; Metereotopônimos, relativo a topônimos que

recuperam fenômemos atmosféricos: Fazenda Alvorada–AF/MT; Morfotopônimos,

topônimos que se referem a formas geométricas: Córrego do Chapéu–AF/MT;

Zootopônimos, topônimos de índole animal: Morro do quero-quero (DICK, 1987, p.38-39).

Já as taxionomias de natureza antropo-cultural são classificadas em:

Animotopônimos ou Nootopônimos, topônimos que se relacionam à vida psíquica e a

cultura espiritual: Córrego Inveja–AF/MT; Antropotopônimo, topônimos que recuperam


nomes próprios e individuais: Morro do Lalau–AF/MT; Axiotopônimos, topônimos relativos

a títulos e a dignidades de que se fazem acompanhar os nomes: Ribeirão Dom Bosco–AF/MT;

Corotopônimos, topônimos que recuperam nomes de cidades, de países, de regiões e de

continentes: Fazenda Paranavaí–AH/MT; Cronotopônimos, topônimos que indicam tempo:

Fazenda Nova Aurora–AH/MT; Ecotopônimos, topônimos relativo as habitações de um

modo geral: Córrego Ranchão–AF/MT; Ergotopônimos, topônimos que se referem a

elementos da cultura: Córrego da Garrafa–AF/MT; Etnotopônimos, topônimos referentes a

elementos étnicos isolados: Córrego dos Índios–AF/MT; Dirrematotopônimos, constituído

por frases ou enunciados lingüísticos: Córrego Molha Pelego–AF/MT; Hierotopônimos,

topônimos que recuperam nomes sagrados: Fazenda Rosário–AH/MT; Hagiotopônimos,

topônimos relativos aos santos e santas do hagiológio romano: Fazenda São Bento–AF/MT;

Historiotopônimos, topônimos que se referem a movimentos de cunho histórico-social e a

seus membros: Rio das Mortes–AF/MT; Hodotopônimos, topônimos relativos às vias de

comunicação rural ou urbana: Ribeirão Ponte Queimada–AF/MT; Numerotopônimos,

topônimos relativos aos adjetivos numerais: Fazenda Dois Córregos–AH/MT;

Poliotopônimos, topônimos constituídos pelos vocábulos aldeia, vila, povoação, arraial:

Ribeirão Aldeia–AF/MT; Sociotopônimos, topônimos relativo às atividades profissionais ou

a ponto de encontros: Fazenda Estiva–AH/MT; Somatopônimos, topônimos empregados em

relação metafórica às partes do corpo humano ou de animal: Fazenda Olho d’Água – AH/MT

(DICK, 1987, p.39-40).1

Apesar dos vários estudos toponímicos realizados no Brasil, ainda há muito a ser

feito. É necessário que mais estudiosos se interessem pela pesquisa toponímica visto que

através dela podem se reconstituir aspectos etnolinguísticos, sociais e como os grupos que

habitam determinado local percebem o ambiente. Este resgate amplia a visão que se tem sobre

1
Os nomes de acidentes físicos e humanos utilizados como exemplos fazem parte do corpus desta pesquisa.
29

o país e sua história. No próximo item focalizaremos alguns princípios teórico-metodológicos

que têm orientado os estudos do signo lingüístico em função toponímica.

3.1.2.1 - A Motivação do Signo Lingüístico em Função Toponímica

Desde a antiguidade, os filósofos dedicaram-se aos estudos lingüísticos e uma das

questões relevantes foi à motivação ou arbitrariedade do signo lingüístico. Assim nasceram

duas correntes de pensamento: a naturalista, cujo maior representante foi Platão, que defendia

a existência de uma relação intrínseca entre a imagem acústica e o sentido; e a

convencionalista, cujo defensor foi Aristóteles, o qual sustentava ser a relação puramente

arbitrária (ULLMAN, 1964, p.07)

Embora estas posições sejam antagônicas, partem de um questionamento comum: “se

havia qualquer conexão necessária entre o significado de uma palavra e a sua forma”.

Segundo Lyons (1979, p. 04) a busca de respostas a essa questão deu origem a longo

trajeto de estudos etimológicos das palavras.

No início do século XX, Saussure, pai da lingüística Moderna, retoma o conceito

Aristotélico de arbitrariedade do signo lingüístico, composto por significante e significado, em

que a relação existente entre essas partes do signo não é natural, pois é produto de um contrato

social.

O signo, para Saussure, só se reveste de valor que é adquirido na teia das relações

com outros signos, definindo-se como tal no interior de um sistema de signos, o que é

traduzido na afirmação de DOSSÉ (1993, p. 65):

quando se diz que os valores correspondem a conceitos, subtende-se que são


puramente diferenciais, definidos não positivamente por seu conteúdo, mas
negativamente por suas relações com outros termos do sistema. Sua característica
mais exata é ser o que os outros não são.
No entendimento de Dossé, o valor do signo de Saussure é definido dentro do

sistema lingüístico onde se encontra inserido, reafirmando a idéia de arbitrariedade do signo

lingüístico, pois o signo:

une não uma coisa ao seu nome, mas um conceito a uma imagem acústica num
vínculo arbitrário que remete à realidade, o referente, para o exterior do campo do
estudo [...] O signo só envolve, portanto, a relação entre significado (o conceito) e o
significante (imagem acústica), com exclusão do referente (DOSSÉ, 1993, p.70).

A teoria da motivação lingüística não teve muita aceitação no percurso dos estudos

lingüísticos. A arbitrariedade do signo, retomada por Saussure, foi e ainda é a tônica das

pesquisas lingüísticas. Porém, no caso da Toponímia, em virtude do caráter particular deste

signo, deve-se rever a questão da arbitrariedade do signo, pois:

Muito embora seja o topônimo, em sua estrutura, como já se acentuou, uma forma de
língua, ou um significante animado por uma substância de conteúdo, da mesma
maneira que todo e qualquer outro elemento do código em questão, a funcionalidade
de seu emprego adquire uma dimensão maior, marcando-o duplamente: o que era
arbitrário, em termos de língua, transforma-se, no ato do batismo de um lugar , em
essencialmente motivado, não sendo exagero afirmar ser essa uma das principais
características do topônimo (DICK; 1990, p. 38) .

O signo toponímico, normalmente, tem como característica principal à motivação

semântica que pode estar relacionada a aspectos sociais, culturais ou ambientais, que

motivam, ou são levadas em consideração, no ato de nomear acidentes físicos ou humanos.

Por esta perspectiva os topônimos - signos lingüísticos em função toponímica – são motivados

por fatores não lingüísticos podendo ser considerados como “verdadeiros testemunhos

históricos” os quais contêm “um valor que transcende o próprio ato da nomeação” (DICK,

1990, p 22). Argumenta ainda a mesma estudiosa, que

iconicamente simbólico, vai permitir, portanto, através de uma reconstituição de suas


características imanentes, a captação de elementos os mais diferenciadores da
própria mentalidade do homem, em sua época e em seu tempo, em face das
condições ambientais de vida, pelo menos de forma considerável (DICK, 1990,
p.22).
31

Assim, esta posição assumida pela toponimista sobre o caráter motivador do signo

lingüístico toponímico, contradiz o conceito de arbitrariedade lingüística de Saussure que é a

diferença entre o signo lingüístico e o topônimo a que este está ligado. Isto é, apesar de se

inscrever como parte do sistema de uma língua e, por isso, pertencer ao seu universo lexical,

ele é motivado por desejos pessoais ou eventos sócio-culturais e históricos, embora seja

similar a outros signos. Por se inscrever como parte do sistema da língua, ele nos fornece

dados sobre a relação língua – sociedade e cultura. Este fenômeno recobre o conceito de

léxico para Biderman

O léxico pode ser considerado como o tesouro vocabular de uma língua. Ele inclui a
nomenclatura de todos os conceitos lingüísticos e não-lingüísticos que se referem ao
mundo e ao universo cultural, criado por todas as culturas humanas atuais e do
passado. Por isso o léxico é o menos lingüístico de todos os domínios da linguagem.
Na verdade, é uma parte do idioma que se situa entre o lingüístico e o
extralingüístico (BIDERMAN, 1981, apud BIDERMAN, 2001, p.132).

Ao se juntarem às posições de Biderman (2001) – o léxico é o tesouro vocabular de

uma língua – e de Dick (1992) – a motivação semântica por elementos extralingüísticos do

topônimo é como uma fonte de pesquisa histórica de um povo – percebe-se como os

elementos de uma linguagem trazem, em sua essência, os conceitos elaborados pela

comunidade que quando os utiliza para nomear um acidente físico ou humano, passam a

refletir, de certa forma, mentalidade coletiva dessa comunidade.

Segundo Dick (1997, p.18) a motivação toponímica possui um duplo aspecto que

emerge em dois momentos: em primeiro lugar, na intencionalidade do denominador ao

selecionar o nome, na qual haveria circunstâncias de ordem objetiva ou subjetiva e,

a seguir, na própria origem semântica da denominação, no significado que revela, de


modo transparente ou opaco, o que pode envolver procedências as mais diversas" ,
quais podem “ guardar uma significação precisa de aspectos físicos ou
antropoculturais presente na denominação”“.
L. Wittgenstein, em sua obra Philosophical Investigations (1953, apud ULLMANN,

1964, p.134) recuperou a visão saussuriana em que a língua e seus conceitos são vistos como

instrumentos e as palavras como ferramentas, ou melhor, para se compreender a linguagem

humana deve-se levar em conta a linguagem em ação.

Ullmann (1964, p. 134-140) mostra que essa teoria, puramente operacional, se

completa com a teoria referencial, pois a primeira trata do significado ao nível de fala e a

segunda, em nível de língua.

Estudiosos como Ullmann e Wittgenstein, que se valeram da noção arbitrariedade

lingüística, evidenciaram a dificuldade de se elaborar uma teoria do significado, visto este não

se colocar na esfera concreta. Verifica-se em Saussure uma possibilidade de reconhecer que

pode haver graus de motivação entre significante e significado, que classifica como arbitrário

absoluto e arbitrário relativo:

O princípio fundamental da arbitrariedade do signo não impede distinguir, em cada


língua, o que é radicalmente arbitrário, vale dizer imotivado, daquilo que só o é
relativamente. Apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária: em outras,
intervém um fenômeno que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o
signo pode ser relativamente motivado (SAUSSURE, 1970, p. 152).

Dentre os vários estudiosos que se valeram da noção de arbitrariedade do signo,

conforme já citados, enfatizou-se a posição de Ullmann que afirma: de um lado, todos os

idiomas contêm certas palavras que são arbitrárias ou opacas, ou seja, sua característica

principal é não haver conexão entre o som e o sentido. Porém há outras que, pelo menos em

certo grau, são motivadas e transparentes e que tal motivação pode ocorrer no nível fonético,

as onomatopéias, por exemplo, no morfológico, palavras simples e compostas, sendo que nas

simples os componentes, os morfemas, veiculam um determinado significado, e as compostas

são formadas da mesma maneira que as simples, e quando há possibilidade de se resgatar a

origem dos significados de seus componentes são classificadas de transparentes. A motivação

semântica pode ocorrer por metáfora ou metonímia.


33

A posição assumida por Ullmann (1996), sobre a motivação do signo lingüístico,

permite justificar a motivação do signo toponímico com os aspectos sócio-históricos e

culturais ligados ao contexto de um grupo alocado em um determinado espaço geográfico.

A bibliografia citada permitiu a obtenção de subsídios teóricos para análise dos dados

que compõem o corpus deste trabalho, uma vez que a investigação toponímica valoriza

aspectos extralingüísticos, os quais, quando se apresentam no nome, revelam aspectos que

permitem entender numa visão contínua globalizante da história dessa região e dos povos que

aí habitaram, sua cosmovisão e sua língua.Dick (1992, p. 35) enfatiza que:

através das camadas onomásticas, revelam-se, numa perspectiva globalizante, as


feições características do local, sejam de ordem física quanto sócio-culturais.De tal
esses aspectos se corporificam nos topônimos que se pode, muitas vezes, estabelecer
a correlação entre o “nome” dos acidentes e o “ambiente” em que ele se acha
inscrito.(DICK, 1992, p.35).

No próximo capítulo será apresentado o corpus e a metodologia utilizada.


CAPÍTULO III - DA METODOLOGIA E DO CORPUS

Ao selecionar como objeto de estudo a toponímia do município de Barra do Garças,

microrregião do Médio Araguaia, levou-se em consideração a hipótese de que o nome

geográfico, em sua essência, poderia ter sido motivado por fatores extralingüístico os quais

refletiram as particularidades geográficas e sócio-histórico-culturais dos povos que habitaram

a região.

Para se concretizar este intento foram levantados e catalogados os topônimos do

recorte regional selecionado, aplicando a esses topônimos um tratamento científico que se

baseou na orientação teórico-metodológica de Dick (1992), com a finalidade de buscar a

motivação dos nomes em estudo, além de levantar possíveis influências de elementos

extralingüísticos, e também verificar a possível existência de estratos lingüísticos de outras

culturas.

Os dados da região foram levantados nos mapas cartográficos, escala 1:100 000, do

IBGE, fornecidos pelo Instituto de Terras de Mato Grosso.

Para o preenchimento do item ‘entrada lexical’ foram utilizadas as seguintes obras:

a) Dicionário Etimológico, Nova Fronteira, da Língua Portuguesa, CUNHA

(1977);

b) Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, CUNHA

(1978) que apresentam tanto a etimologia quanto algumas entradas de

várias lexias;

c) O Tupi na Geografia Nacional, SAMPAIO (1987). Sempre que a origem

etimológica não constava na obra anteriormente citada ou para confirmar a

etimologia tupi;

d) Quando a etimologia parecia ser Bororo, A Contribuição do Bororo à

Toponímica Brasílica, DRUMOND (1965).


35

e) Os dicionários gerais, FERREIRA (1975), HOUAISS (2001), FREIRE

(1954) e SILVA (1951), para escolha das entradas mais adequadas ao

contexto. Além destes também foi utilizado o Dicionário Geomorfológico

de Antonio Teixeira Guerra (1987).

Os dados estão organizados em quadros que contêm a localização, o topônimo, o

tipo de acidente, a etimologia, a classificação e a variação lexical. A organização dos quadros

foi baseada na ficha-lexicográfica-toponímica do Projeto ATESP – Atlas Toponímico do

Estado de São Paulo, sub área: Toponímia Geral e do Brasil.

Para os itens de classificação e variação lexical foi usado o modelo taxionômico

proposto por Dick (1992).

Na classificação do topônimo foi considerado o nome específico do sintagma

denominativo, segundo a terminologia técnica que Dick (1990, p.24) propôs. Neste modelo o

primeiro nome tem a finalidade de definir a classe genérica e o segundo constitui o elemento

específico, alvo do estudo toponímico. Assim, por exemplo, no topônimo Fazenda Alvorada –

fazenda é o elemento genérico e alvorada é o elemento portador da substância de conteúdo,

que o insere na categoria de acidente humano e na classificação Metereotopônimo.

Além do quadro 1, conforme Anexo B, também é apresentado o quadro 2,

resumo das categorias toponímicas-Anexo C. Foram ainda apresentados o gráfico 1 de

quantificação dos topônimos, Anexo D e o Modelo de Ficha Lexicográfico – toponímica,

anexo E.
CAPITULO IV - ANÁLISE DO CORPUS

A análise do corpus tem por base o conceito de arquilexema elaborado por Geckler

(1971), como o significado global de um campo léxico, que assim se apresenta como

denominador comum de uma base semântica de todos os elementos do campo mais a lexia

diferencial, e Dick (1990) que afirma que o topônimo se liga ao acidente geográfico que o

identifica, constituindo um conjunto ou relação binômica, a qual é passível de

desmembramento para melhor se distinguirem os seus termos formadores que ligados

produzem uma nova unidade semântica.

Nos dados coletados, os acidentes físicos são definidos pelo próprio termo comum.

Assim foram elencados os seguintes termos que podem ser desmembrados: barra, córrego e

sua variante corgo e corgão, furna(s), ilha, serra, porto, cachoeira, boqueirão, rio, lagoa,

ribeirão, grota e suas variações grotinha e grotão, vale. A estas bases estão ligadas as lexias

diferenciais que serão objeto desta análise. O mesmo acontece com os acidentes humanos,

cidade, fazenda estância, colônia, agropastoril, retiro e porto.

4.1 – ACIDENTES FÍSICOS

4.1.1 - A análise apresentada neste trabalho foi iniciada pelos termos genéricos dos acidentes

físicos. Assim, começamos pelo acidente físico Córrego - do latim corrugus s.m., ao qual se

agregaram diversas lexias, como as formadoras de HIDROTOPÔNIMOS: ÁGUA,

CACHOEIRA e CABECEIRA, seguidas de adjetivos caracterizadores de aspectos físicos

apresentados pelo acidente, bem como CORIXO, LAGOINHA, LAMBEDOR, PARANÁ.

Assim temos: Córrego Água Alta – do latim altus; Córrego Água Limpa – do latim

limpidus; Córrego Água Quente – do latim calentea. Estas lexias diferenciais individualizam

e classificam o substantivo e a unidade morfo/semântica é dada pela junção do substantivo

simples e do adjetivo que formam um substantivo composto.


37

A junçaõ da lexia Cachoeira – do latim coctiõ-onis – século XVI cachoeira – ‘queda

d’água’- ocorre nas seguintes situações: Córrego Cachoeira Comprida e Córrego da

Cachoeirinha. Pode-se verificar que a atribuição do nome ao córrego se fez pelo aspecto

físico do mesmo, ou seja, cursos com desníveis acentuados originando as cachoeiras, cujos

diferenciais são: o tamanho, comprida; e a pouca extensão da cachoeira, cachoeirinha. Exceto

cachoeirinha, todos estes topônimos são formados por substantivo + adjetivo. Este é derivado

de cachoeir + inh + a que se refere ao tamanho do acidente. ‘

A visão do denominador caracteriza as qualidades que o levaram, dentro de um

processo pragmático de possibilidades, a selecionar as que lhes pareceram mais adequadas

para a situação.

Outra ocorrência de junção de lexia na categoria de Hidrotôponimos é a lexia

Cabeceira - cabeça+eira, do latim vulgar capitia + ceira, séc. XVIII. Córrego Cabeceira

Comprida, Córrego Cabeceira Verde, Córrego Cabeceira Suja. Assim como nos

topônimos analisados anteriormente, à lexia cabeceira, substantivo, se ligam os adjetivos que

caracterizam o tipo de cabeceira: tamanho, comprida, cor, verde, aspecto, suja. Há também o

Córrego Corixo.

É é interessante notar que CUNHA (1997), não apresenta a etimologia desta

lexia. Porém tanto FERREIRA (1975) como HOUAISS (2001) se referem a ela como

específica de Mato Grosso e Goiás, e colocam que é de origem duvidosa ou obscura, mas

também afirmam que, para Nascentes, a origem é tupi. Só se pode afirmar que foi incorporada

ao português destes dois estados do Brasil para significar afluentes ou sub afluentes de

correntes hidrográficas.

Há também o Córrego Lagoinha – Lagoa do latim lacuna, séc XIII porção

de água cercada por terra. O sufixo inh+a permite afirmar que o nome foi dado, ou pelo

tamanho ou por outro fator como carinho ou depreciação do acidente.Além, destes


hidrotôponimos, registramos também a existência, dos Córregos: Lambedor – do latim

lambere, lamber – corroer, desgastar. A forma como as águas atuam nas margens, ou as

acariciam pode ter dado origem ao topônimo. Além disso, também pode ser levada em conta à

significação de terreno salobro que animais lambem para obter o sal de que necessitam.

Córrego Paraná – de origem tupi – Para’-nã – denominação dada aos grandes rios. Este

córrego deve ser maior do que os outros, pela característica semântica de sua denominação:

rio grande. Córrego Pulador – do latim pultare, pulo, s.m, pular+dor, sentido figurado

agitado, o que pula. Esta denominação se refere a aspectos físicos do córrego, que na visão

dos colonizadores era agitado e que deve ter um declive acentuado.

Quanto à categoria de FITOTOPÔNIMOS, temos

as seguintes lexias: Córrego Bacuri - de origem tupi – fruto contínuo, apressado, o que

frutifica de pronto. Isto nos leva a afirmar que na região cortada por esse córrego havia

bastantes arbustos de tal espécie, ou que a correnteza de tal acidente era muito rápida. Se

assim foi, este topônimo representa a visão de mundo do povo que o denominou. Córrego

Buriti Alegre – Buriti é de origem tupi e alegre de origem latina, portuguesa: tem-se um

topônimo híbrido. Esta ocorrência confirma uma primeira denominação em língua indígena,

complementada pela visão do colonizador, que não devia ter outra denominação para este tipo

de palmeira. Córrego Buriti Verde - conforme o anterior, mescla o tupi e o português. E este

acidente apresenta uma característica diferente dos anteriores, ou seja, o tipo de verde

apresentado pela palmeira. Este vegetal é importante tanto para alimentar a fauna da área,

como para as etnias indígenas que habitam ou habitavam a região, pois seu fruto tanto serve

de alimentação (polpa) como para a confecção de adornos usados pelos indígenas. Hoje os

brancos também os usam. Córrego Pitomba – do tupi pi’tomba –

planta da família das sapináceas cujo fruto tem sementes envolvidas por um amido

adocicado e abundante – A denominação deste córrego feita pelos bandeirantes é mantida até
39

à atualidade. Esta ocorrência pode ser vista de duas maneiras: a visão do nomeador sobre o

acidente, no caso os indígenas, e a incapacidade do colonizador para mudar a denominação,

visto este tipo de árvore não ser do universo botânico europeu e, portanto, teve de manter a

denominação dada pela etnia que habitava anteriormente a região. Córrego Pitombinha –

origem tupi: fruto da pitombeira, híbrido. Ao vocábulo tupi foi acrescentado o sufixo

português inh+a que, no caso, é formador do diminutivo, comprovando a existência de línguas

diferentes. É possível que a sufixação seja produto da visão dos colonizadores que se

apossaram da denominação indígena, acrescentando sua própria percepção do objeto

denominado. Nota-se que o diminutivo aqui está relacionado ao tamanho da árvore ou das

frutas. Córrego Buritizal - assim como em pitombinha, neste topônimo é formado pela

junção de estrutura vocabular do tupi, o radical buriti e a consoante de ligação z mais o sufixo

al, formador de lexias que designam lugar, no caso, de buritis, ou acúmulo de buritis. No caso

indica abundância daquele tipo de árvore. Córrego Pindaíba – origem tupi: Pindá-(a)iba, a

vara do anzol, ou a cana do anzol, ou anzol, pode também se referir à penúria, no uso atual

Neste caso predominou a designação indígena, até porque esta palavra foi incorporada ao

léxico português do Brasil. Córrego Cedro – árvore originária da Europa de caule reto e

copa cônica que fornece madeira resistente própria para marcenaria de luxo. O nome

atribuído ao acidente pode ter duas explicações: a semelhança entre a árvore da Europa e

alguma outra árvore da mesma família, existente na região, ou o saudosismo de seus

nomeadores europeus, que pretendiam ver na região algo que não fosse totalmente

desconhecido. Córrego da Mata – do latim tardio matto – terreno onde nascem árvores

silvestres, bosque, selva, séc. XIII. Como a vegetação de cerrado não é alta, porém,

emaranhada, deve ter sido o motivo de tal denominação. Córrego da Mata Seca – As lexias

diferenciais que compõem este topônimo são de origem portuguesa e descrevem a situação da

vegetação da região, o que é uma característica da denominação indígena, mostrando assim a


simbiose entre as duas etnias. Córrego Palmito – gomo terminal do caule das palmeiras,

longo, de consistência tenra e cor esbranquiçada, comestível em várias espécies; ou peixe

encontrado nos rios de Mato Grosso e Paraguai. Neste caso, a classificação deste topônimo

na taxe de Fitotopônimo fica duvidosa, pois não se sabe se a denominação foi atribuída pela

existência de palmeiras ou de peixe, porém, como a palmeira é mais conhecida, optou-se por

esta classificação. Córrego Palmitinho – Assim como no topônimo anterior, a classificação e

possível origem de tal denominação não pode ser feita com rigor, porém optou-se pela

inclusão nesta taxe. O sufixo inh refere-se ao tamanho da palmeira. Córrego Gameleira

designação comum a diversas árvores da família das moráceas, com madeira para a

confecção de gamelas e objetos domésticos. O córrego tinha em suas margens árvores dessa

família e os denominadores transferiram essa denominação para caracterizar melhor o

acidente.

Córrego Marmelada, séc. XVI, (marmelo) do latim memellum do grego melimelan,

doce pastoso de marmelo que passou às demais línguas da Europa numa acepção mais ampla,

designando todo e qualquer doce pastoso de frutas. Conforme sua etimologia indica, é uma

denominação dos colonizadores, mas se desconhece o motivo de tal denominação. Córrego

Taquaral – do tupi takuara-al: planta da família das gramíneas, taboca, bambus, também

pode ser ave coraciforme da família dos momotídeos. Híbrido, pois à sua raiz tupi foi

acrescentado o sufixo al que na língua portuguesa serve para indicar lugar ou onde se produz

algo, no caso, taquaras. Além desta classificação, também pode ser incluído como um

zootopônimo, pois devido à distância temporal não se sabe se foi pela existência de plantas ou

das aves que aconteceu a denominação, porém como a maior incidência é de vegetal, essa taxe

foi eleita para a classificação. Córrego Taquaralzinho - este denominativo se formou a partir

de taquaral, que já é híbrido, com a junção de outro sufixo inh que, neste caso parece se referir

à extensão do acidente, ao seu tamanho em relação ao outro. Como no anterior, este topônimo
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pode ser colocado em duas taxes. A colocação de ambos nesta taxe se deve ao fato de haver

mais ocorrências de taquara(l) como vegetal e menos como animal. Córrego Cambaúva –

Certa gramínea, comum em dois estados brasileiros. Este topônimo reflete o ambiente em que

o acidente está inserido. Córrego Melancia – origem incerta, planta de família das

cucurbitáceas ‘ o fruto dessa planta’. Ao que parece esta denominação foi feita pelo

colonizador e não se encontraram elementos que pudessem explicar tal relação.

Quanto à taxe dos GEOMORFOTÔNIMOS, temos: Córrego Campo Alegre - Do

lat campus-i – terreno plano; alegre do lat vulgar alicer/alicus/alecris, vivo. O topônimo é

formado por um substantivo e um adjetivo que, juntos, passam a idéia de um lugar aprazível,

pelo menos para os olhos do denominador. Córrego da Grota – do italiano, grota – abertura

produzida pela enchente na ribanceira, vale profundo. A existência de uma grota deve ter

sido o motivo para tal denominação dada ao acidente. Córrego da Grota Funda – Nesta

denominação as razões devem ter sido as mesmas da anterior, porém a característica funda

diferencia o primeiro acidente do segundo. Córrego Grotão – aumentativo – indica tamanho

grande da furna. Córrego da Grotinha – indica tamanho pequeno da cavidade existente nele.

Córrego da Grota da Serra Isolada – Neste caso parece que o córrego nasce na grota de

uma serra que não faz parte de uma cadeia de montanhas, pois está isolada. Córrego Grota

da Vargem – terreno plano ou baixo à margem de um rio ou ribeirão – origem

controvertida, porém há autores que atribuem sua origem à língua pré-românica. É

interessante notar neste topônimo a contradição entre grota e vargem, pois pela definição

apresentada é muito difícil haver grotas em terrenos planos. No entanto, é interessante

verificar a oposição entre grotão e grotinha, pois ambos refletem os parâmetros de

classificação de tamanho do denominador.

Para a taxe de ETNOTOPÔNIMOS foram encontradas as seguintes ocorrências:

Córrego dos Índios – Do topônimo Índia, os indígenas das Américas. Esta denominação é do
colonizador e deve referir-se a um acidente que atravessava alguma aldeia indígena bororo ou

xavante, ou por haver muitas aldeias em suas margens Córrego do Mineiro – adjetivo

relativo à mina, pertencente ou natural do estado de Minas Gerais. Neste caso, devido à

migração de pessoas de vários lugares do Brasil para este município optou-se pela inclusão do

topônimo nesta taxe.Córrego do Mineirinho – diminutivo. Talvez estas denominações

provenham do fato desses córregos terem sido denominados por naturais do Estado de Minas

Gerais, ou pela existência de minas nas suas margens ou leitos.

Classificados na taxe de Zoomorfotopônimos têm: Córrego das Antas – do árabe

hispânico.e africano, mamíferos da família dos tapirídeos. A motivação deste topônimo deve

estar ligada à existência desses animais nas imediações do acidente Córrego das Araras – do

tupi a’rara, nome comum a diversas aves de grande porte e da família dos psitorcidos.

Córrego dos Cavalos – do lat caballus. Animal mamífero da ordem dos perissodáctilos.

A escolha dessa denominação pode ser atribuída à função do córrego, que devia ser o

local onde os animais bebiam água. Córrego da Ema – de origem controvertida ‘ave

reiforme da família dos reídos – talvez essa denominação seja devida à abundância de tal ave

na região. Córrego Galheirinho – galho do latim galheus-is. ‘ Diz-se de ou veado de

galhada (cornos) grande’. No caso, o uso do diminutivo pode indicar a presença de um veado

de porte pequeno como a galharda formada, proporcional ao seu tamanho. Esta denominação

deve ter sido dada por haver animais desse tipo na região ou talvez pelo próprio desenho do

córrego, a partir de sua nascente.Córrego Jaguarzinho – jaguar do tupi ia’uara ‘nome

comum aos grandes mamíferos carníveros da família dos felídeos’.O diminutivo leva à

conclusão de tamanho pequeno do rio ou dos animais que aí habitavam. Córrego da Lontra

– do latim lutra, ‘ mamífero carnívoro da família dos mustelídeos’. Esta designação foi dada

por portugueses, pois caso fossem os tupis seria ariranha (irar-ana) que é a lontra dos rios do

sertão. Córrego do Marimbondo – do quimbundo. ‘


43

Nome comum a várias espécies de vespas’. Esta denominação comprova a existência de

negros na região, que podem ter vindo como integrantes das bandeiras, ou fugidos para formar

seus quilombos. É um dos termos africanos mais registrados no ATESP.

Córrego Matrinxã – tupi, ‘ a coisa que escapa da linha (anzol), a coisa avessa à

linha’. É o nome de um peixe. Talvez por não haver semelhança entre este peixe e outros dos

rios ou mares europeus a denominação foi mantida. Tendo em vista a origem tupi, pode-se

concluir no córrego havia abundância deste peixe. Córrego Mutum – tupi ‘comum às aves

galiformes da família dos cracídeos’. Como a visão do ambiente é que determina a

denominação do acidente, percebe-se a existência desse tipo de ave nas margens ou

redondezas do acidente. Córrego da Onça – do francês lonce, ‘ mamífero carnívoro da

família dos felídeos’. Mais uma vez, pode-se afirmar a origem francesa da denominação, pois

se fosse indígena, tupi, seria jaguar ya-guara que é a denominação dada a tais felídeos pelos

índios. Córrego - Papagaio – etmimologia obscura, parece derivar do árabe, ‘ ave da

família dos psitaciformes que imita a voz humana’ Pode-se deduzir que esta denominação

engloba as culturas indígenas e europeia, pois a existência de aves desse tipo deve ter sido a

razão de tal denominação. Córrego - Peixinho – peixe do latim piscis is – animal cordado,

gmastomado, aquático, com nadadeiras, com pele, geralmente, coberta de escamas, que

respira por brânquias. O diminutivo pode estar se referindo ao tamanho dos peixes

predominantes no córrego.Córrego Sucuri – do tupi suku-ri, réptil ofídio da família dos

boíceos, ao peçonhento. A abundância desses répteis na região pode ter originado a

denominadaórrego Tucano do tupi tu’Kana, ‘ ave da família dos ranfastídeos’, muito comum

no cerrado. É uma denominação indígena. Córrego do Veado – do latim venatus, mamífero

artiodaáctilo da família dos cervídeos. Esta denominação é do colonizador. A fauna existente

motivou a toponímia da região. Apesar das lexias pertencerem à língua do clonizador, branco,

a forma como este denominou é idêntica à maneira de dominar dos índios.


As ocorrências de CARDINOTOPÔNIMOS são: Córrego do Meio – forma

divergente popular de médio, do latim médius, ‘que está no meio, ou entre dois pontos’. Este

topônimo localiza o acidente entre outros dois que tanto podem ser idênticos ao nomeado

como divisa entre dois espaços, municípios ou estados. Córrego da Divisa – do latim

dividuus – separar em partes, possivelmente este córrego dividia/divide propriedades, bacias

hidrográficas ou territórios.

A seguir registramos as ocorrências de ECOTOPÔNIMOS: Córrego Mocambo –

do quimbundo um’Kambu, esconderijo, cumieira. Tendo em vista sua origem, africana, este

topônimo parece revelar três interpretações. A primeira é, talvez, a de localização geográfica,

escondido; a segunda remete à existência de um esconderijo de negros escravos fugidos e a

terceira é que, de alguma forma, esta lexia já estava incorporada à língua do colonizador na

época da denominação. Córrego Ranchão – do castelhano rancho mais sufixo ao que

caracteriza o aumentativo, em português, refeição para soldados ou presos. É possível que

tivesse sido às margens deste córrego que soldados, ou outro tipo de grupos exploradores,

fizessem as suas principais refeições.

Na taxe de SOMATOTOPÔNIMOS registramos Córrego da Caveira – do latim

calvária ‘cranio’ de ‘calvu’. Talvez a existência de caveiras nas margens do córrego tenha

sido a motivação toponímica. Córrego Merurinho – do bororo meru-ri – monte da raia.

Só registramos uma ocorrência de POLIOTOPÔNIMO: Córrego Aldeia – do árabe

ad-day’a, s.f, pequena povoação. No Brasil esta designação se aplica aos povoados indígenas,

o que leva a crer na existência ou proximidade de um povoado indígena nas mediações do

acidente.

Como exemplo de COROTOPÔNIMO, temos: Córrego Piauí – do tupi pi’awa +i,

relativo ao estado brasileiro, rio das piabas ou dos piaus. Neste caso, foi classificado como

corotopônimo, o que leva crer na possível homenagem do denominador ao seu estado de


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origem. Porém se for levada em conta à segunda opção, tem-se um zootopônimo em que o

acidente e a lexia diferencial se aglutinaram, constituindo um bloco único dos quais não se

distingue mais o que é de um ou de outro, adotando-se o reforço de um novo genérico. Neste

caso o primeiro termo genérico perdeu a função própria necessitando do reforço do segundo.

Para a taxe dos CROMOTOPÔNIMOS, registramos: Córrego Verde – do latim

virides, adj. Da cor mais comum nas ervas e nas folhas das árvores. Esta denominação foi

atribuída ao acidente pelos colonizadores e parece demonstrar duas coisas: a cor das árvores e

arbustos que se reflete nas águas, ou a existência de muitas algas no acidente. Córrego

Vermelho – do latim vermiculus, da cor do sangue. Assim como no anterior, este adjetivo

parece caracterizar a cor da água, que talvez por ter elementos ferrosos apresenta cor

avermelhada. Córrego Azul – [Do persa läzwärd, atr. Do ar.vulg. lãzur e do arc. Azur. ‘Da

cor do céu sem nuvens com o sol alto; da cor do mar profundo em dia claro’. Esta

denominação reflete a visão européia do conquistador.

Para a taxe dos CRONOTOPÔNIMOS, registramos: Córrego Nova Olinda – do

latim novus – ‘ original de pouco uso’. Segundo a tradição, a origem do topônimo Olinda

está ligada a uma expressão dita por um nobre da corte portuguesa que ao subir em um morro

do litoral de Pernambuco teria dito “Oh, linda paisagem para se ver”. Portanto este topônimo é

de responsabilidade de algum pernambucano, ou seja, de um colonizador.

Na taxe de METEOROTOPÔNIMOS, registramos: Córrego Alvorada - do latim

alvor.s.f ‘primeira claridade da manhã’. Esta denominação mostra a possibilidade das águas

serem claras, como o é a alvorada.

Como exemplo de NUMEROTOPÔNIMOS, temos: Córrego Dois Córregos – do

latim duo, do latim corregus – Esta denominação pode ser atribuída à junção de dois córregos

em um só, ou seja, esta denominação tem por base a descrição física do acidente. Córrego

Duas Pontes – do latim duo e põns, pontis s.f, construção destinada a estabelecer ligação
entre margens opostas de um curso de água ou de outra superfície líquida qualquer. Esta

designação parece se referir à existência de dois acidentes humanos sobre o mesmo acidente

físico. Aqui o ambiente humano é usado para denominar o físico. Córrego Sessenta - do

latim sexaginta, ‘ numeral’. Pela designação atribuída a este acidente pode–se inferir que este

seria o sexagésimo córrego que os exploradores haviam encontrado em suas viagens, ou

algum incidente que envolvesse pessoas. Córrego Três Marcos – do latim três, numeral, do

latim medieval Marcus, s.m, baliza, poste, limite, sinal de demarcação. Neste caso a

denominação permite inferir a existência de postes ou marcos ou algo a que eles se

assemelhassem, para assinalar o lugar.

Quanto a SOCIOTOPÔNIMOS, temos: Córrego Aruanã –. Denominação indígena.

do tupi arua’na, nome de festividade ritualista dos índios Carajás da ilha do bananal.

Tartaruga verde, esta denominação evidencia a presença da língua tupi nas bandeiras.

Córrego Colônia, s.f, grupo de migrantes, possessão, domínio. Este topônimo deve ter sido

criado a partir de algum grupo de colonos, que para ali se mudaram, ou pela proximidade de

alguma outra povoação. Córrego da Estiva –do italiano stiva “armação do tabuleiro duma

ponte de madeira. Córrego Fortaleza – do latim fortis, s.m, ‘ lugar fortificado’. Aqui se pode

depreender que havia alguma construção, forte, ou que o próprio acidente dificultava o acesso

a algum lugar, o que permitia segurança aos habitantes. Córrego Monjolo – provavelmente

de origem africana, engenho tosco movido à água empregado para pilar milho e, a princípio,

no descascamento do café. Devido à sua origem, este topônimo pode dar duas informações: os

negros faziam parte das bandeiras ou os brancos já tinham incorporado a palavra ao seu

léxico. Córrego Oficina – do latim officina-ar – ‘ lugar onde se exerce um ofício, ou lugar

onde se fazem consertos em veículos ou máquinas’. Há a possibilidade da existência de um

lugar onde se consertam os utensílios e veículos usados pelos colonizadores. Córrego

Porteiro – do latim portarius-ii, ‘ aquele que cobrava direitos reais’. ‘ Encarregado de porta
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ou portaria. Córrego Garrafa – do árabe garraf.s.f, ‘ vaso ordinariamente de vidro com

gargalo estreito e destinado a conter líquido’. Esta denominação pode ser derivado do

formato do acidente que em um de seus pontos pode sofrer um estreitamento. Córrego

Gordura – gordo, do latim gurdus, ‘ qualquer dos numerosos compostos do carbono e

oxigênio que são glicídeos e ácidos graxos, denominação dada a uma espécie de capim’.

Neste caso parece que a motivação deste topônimo talvez se deva ao tipo de capim existente

em suas margens”.

Na taxe de ANIMOTOPÔNIMOS, estão presentes: Córrego Capão Bonito –

origem tupi: Ka’a pan, porção de mata isolada em meio ao campo. Conforme já se viu

anteriormente é o adjetivo que caracteriza estado de seres racionais, mostrando assim que,

mais uma vez, a motivação do signo toponímico, e surge assim a junção de uma lexia

indígena a uma que pertence à língua do colonizador, mostrando a visão que este tinha do

aspecto do acidente. Córrego Bonitinho – provavelmente do castelhano ‘ bonito de Bueno’.

‘Suscita a prozer estético’, inh+o, sufixo formador de diminutivos, o que parece mostrar a

intensidade menor ou o carinho de denominar para com o acidente. Dick (1990), ao analisar a

ocorrência bonito (a) afirma que a forma feminina é menos freqüente na toponímia que a

masculina que é base usada tanto em acidentes físicos como em humanos. Estes topônimos

são compostos por base + substantivo + adjetivo, sendo este último o elemento de significação

específica que caracteriza o topônimo Córrego Alegre – do latim vulgar alecis, alecris ‘

animado vivo’. O topônimo conota a qualidade própria dos seres vivos, o que reflete a visão

do colonizador. Córrego Boa Sorte – do latim bônus, bona, do latim sorte – ‘ fado, destino,

bom resultado’. O topônimo composto parece mostrar que a intenção de seu denominador

expressa seus desejos e esperanças. Córrego Enjeitado – do latim ejectare. Enjeit+ado

recusar, rechaçar. A semântica desta palavra leva a possibilidade de, por motivos

desconhecidos, esse acidente ter provocado sentimentos negativos no seu nomeador, inclusive
ser evitado. Córrego Feliz – do latim - felix-icis ‘ afortunado, próspero’. Diferente do

anterior, este topônimo exprime sentimentos de felicidades, de bem estar. Córrego Inveja –

do latim invidia, desgosto ou pesar pelo bem dos outros. Aqui há duas possibilidades. Ser tão

bonito que desperta a inveja dos outros, ou ser tão mesquinho que até parece ser invejoso,

visão do desbravador. Córrego Maravilha – do latim mirabilia; ato, pessoa ou coisa

extraordinários, que causam admiração’. Nesta denominação percebem-se os sentimentos

positivos que as águas, ou o conjunto do córrego, despertaram em seu denominador. Córrego

Pensamento – do latim pensare, ‘ reflexão, mediação, raciocínio’. Assim como no anterior,

este topônimo reflete o sentimento que o córrego despertou em seu nomeador, talvez até

mesmo recordações. Córrego Providência – do latim providencia ‘medida ação concreta

para a consecução de algo; ação pela qual Deus conduz os acontecimentos e as criaturas

para o fim que lhes foi destinado’. Neste caso, a motivação pode estar ligada à necessidade de

água, embora a região tenha uma malha fluvial ampla, às vezes, as trilhas iniciais percorridas

pelos desbravadores, não levavam aos acidentes fluviais.

As ocorrências dos HAGIOTOPÔNIMOS são: Córrego Santo Antonio – do latim

sanctus-a-um – ‘ santo popular cuja festa se realiza a 13 de junho’. Conhecido como Santo

protetor dos namorados. A devoção entre os portugueses a este santo é muito grande, pois

segundo a história ele nasceu em Lisboa. Córrego São Bento do antropônimo Benedito.

Apesar de se apresentarem em número reduzido, marcam a religiosidade do povo que os

nomeou.

Só há uma ocorrência de HIEROTOPÔNIMOS neste tipo de acidente: Córrego

Santa Cruz – do latim crux, crucis, ‘ antigo instrumento de suplicio onde se pregavam os

condenados à morte’. Composto por Santa e Cruz, este topônimo reflete, assim como os

hagiotopônimos, a religiosidade do denominador. Também foi a primeira denominação do

Brasil e é comum em acidentes humanos.


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As ocorrências de MORFOTOPÔNIMOS são: Córrego do Chapéu - do francês

chapel (hoje chapeau) – ‘ Chapéu, peça destinada a cobrir a cabeça’. Esta denominação deve

ser conseqüência de algo acontecido lá, ou talvez devido à forma do córrego. Em ambos os

casos, evidenciam a visão do colonizador/denominador.

Quanto aos ANTROPOTOPÔNIMOS registramos os seguintes: Córrego Fogaça –

Substantivo do adjetivo latino focacius. ‘ Certa formação típica dos terrenos diamantinos’.

Esta denominação nos remete à existência de diamantes na área, conforme já foi descrito aqui.

O ambiente geográfico prevalece na denominação. Córrego do Pereirão – pereira - pera do

latim pirum. ‘ Árvore que dá pêras’. Como esse tipo de árvore não é da região, pode-se

afirmar que tal denominação é decorrente de algum acontecimento que teve como

protagonista alguém com este apelido. Córrego Valadâo valado – do latim vallus – i ‘

depressão entre duas elevações’. Nota-se que antropônimos que nos remetem a acidentes

físicos, à fauna ou à flora apareceram em Portugal, na época do Marquês de Pombal que

proibiu os judeus de usarem seus sobrenomes. Os que desejassem permanecer em Portugal

deveriam adotar outros nomes. Os chamados cristãos novos, ou judeus batizados escolheram

os nomes de família a partir deste leque de possibilidades, acidentes físicos, fauna e flora.

Os DIRREMATOTOPÔNIMOS estão presentes nos seguintes casos: Córrego

Atola Besta – Atola – de origem controvérsia - meter ou enterrar em lamaçal. Besta do

latim bestia, animal de carga. Esta expressão composta por forma verbal mais substantivo

parece indicar que no córrego os animais de carga ficavam atolados. Córrego Molha Pelego

– Molhar do latim molliare, embeber em líquido, banhar. Pelego – pele de carneiro com lã,

que pode ser colocada nos arreios para tornar o assento dos cavaleiros mais confortáveis.

Possivelmente esta expressão se refere à profundidade do córrego que ao ser atravessado pelos

cavaleiros, molhava as peles que lhes cobriam os assentos. Córrego Tomba Carro – Tombar

– de uma base expressiva tumbo que ‘indicaria o som causado pela pancada do objeto ao
cair’. Carro – do latim carrus, ‘veículo de transporte terrestre’. Neste caso a denominação

deve ter sido motivada pelo número de veículos que não conseguiram atravessar o córrego e

tombaram. Córrego Mortas de Fome – Não foi possível determinar os motivos que levaram

a esta denominação.

As ocorrências de DIMENSIOTOPÔNIMOS são as seguintes: Córrego Fundo – do

latim fundus – ‘ parte mais interior de um objeto, cavidade’. O aspecto físico do acidente,

deve ter sido o motivo de tal denominação. Córrego Grande – do latim grandis – ‘ vasto,

comprido, desmedido’.Aqui também está descrito o aspecto físico do acidente.

Talvez devido às características da região, as ocorrências da taxe de

LITOTOPÔNIMOS são numerosas. Temos, então: Córrego Areia – do latim arena s.f

‘conjunto de partículas finas de rochas em decomposição que se encontram nos rios, no mar

e nos desertos’. Córrego Areado – a mesma origem do anteriorórrego Areinha – a mesma

origem de areia. A motivação destas denominações parece ser a existência em menor escala

deste tipo de rocha no correórrego Barreiro – de barro – origem pré-românica, ‘ porção de

terreno salobro ou salgado em área situadas em zonas de clima árido ou semi-árido onde

ocorre eflorescência salina’. Córrego Barreirinho – diminutivo de barreiro. Estas duas

denominações devem estar ligadas a salobridade das margens e ao tamanho do acidente.

Córrego Barro Preto – origem pré-românica. ‘ Tipo de argila’; Preto – do. A denominação

deste acidente refere-se à existência do elemento barro, Preto do latim prettus – ‘ negro’ro e à

sua coloração. Assim “barro preto”, substantivo composto, é uma unidade semântica que

descreve o ambiente físico do acidente. Córrego Cristalino – do latim crystallum – do grego

Kry’stallos – ‘ o que tem qualidade de cristal, vidro construído de três partes de sílica, duas

de óxido de chumbo e uma de potássio, o vidro muito límpido e puro’. Esta denominação

descreve a aparência da água do acidente. Córrego Diamante – do latim tardio diamas. ‘

Mineral monoméleico, carbono puro, o mais duro e brilhante, pedra preciosa’. Haja vista a
51

relativa abundância deste mineral, na região, é provável que esta denominação seja resultado

da existência do mineral no pequeno rio. Córrego do Ouro – do latim aurum-i, s.m ‘ metal

precioso, amarelo, denso, muito apreciado pelas suas propriedades específicas e suas

qualidades’ Assim como no topônimo anterior é possível que abundância do metal neste

acidente tenha sido a motivação para o topônimo. Córrego Ouro fino – origem idêntica ao

anterior. Fino – do latim finis, ‘ delgado, afilado, apurado, refinado’, adjetivo fino caracteriza

o ouro existente no córrego que talvez fosse pó ou pepitas muito pequenas. Córrego

Lajeadinho – Laje, de origem controvérsia, ‘ pedra de superfície plana’, lousa, laje+inh,

lajeado+inh – diminutivo, o que contém laje. É possível que esta denominação se remeta à

aparência do leito ou das margens do córrego. Córrego da Lajinha – assim como o anterior,

o topônimo parece indicar as mesmas características. Córrego da Pedreira – do latim petra-

ae derivado do grego petra, ‘ lugar ou rocha de onde se extrai pedra’. Neste caso há

possibilidade da existência de uma pedreira nas proximidades do acidente, o que deve ter

originado esta denominação. Córrego da Prata – do latim vulgar platta – ‘elemento químico

de número atômico 47, metálico branco, brilhante, denso’. Esta designação tem a ver com a

cor da água, que com o reflexo do sol dá a ilusão de ter a cor do metal. Córrego Terra do Sol

– do latim vulgar terra – território, região, solo. Sol – do latim sol – solis. Centro do sistema

planetário em torno do qual giram a Terra e demais planetas. Esta denominação exprime o

caráter físico, luminosidade, clareza e o psíquico da promessa de coisas boas. Córrego

Varjão Comprido – Varjão – latim vargea, varj + ao – grande extensão de terra plana. Aqui

se percebe o tamanho do ambiente em que ocorre a denominação, pois além de ser uma

extensão grande de terra plana, seu comprimento deve ser maior do que o normal. Este

topônimo é composto por substantivo + adjetivo.

Nesta região e no acidente em análise há um caso de TOPONIMIZAÇÃO: Corgão –

Neste caso a entidade geográfica foi particularizada pelo aumentativo do termo genérico
córrego em vez de receber a lexia diferencial que particulariza. Talvez o tamanho, maior do

que um córrego e menor que um rio, tenha sido a motivação que deu origem a toponimização,

ou melhor, o acidente físico, córrego, pelas suas dimensões tornou-se topônimo.

Na taxe dos ERGOTOPÔNIMOS há: Córrego Avoadeira, avoar, voar (século XVI),

do latim volare. Designação comum aos peixes. Barquinho com motor de popa da região

amazonas teleósteos, caciformes, da fam. dos caracídeos. Têm a características de dar

grandes saltos, o que originou seu nome popular. A utilização dos barcos na região ou a

existência de tal tipo de peixes pode ter originado o topônimo. Córrego Avoadeira do Norte

– Neste topônimo a lexia Norte, acrescenta ao substantivo a localização ou a origem de

avoadeira. Córrego do Canivete – do cat ou do gascão – canivet – ‘ pequena faca de lâmina

movediça e que fecha sobre o cabo’. Este topônimo deve ter sua motivação em algum fato que

envolveu esse tipo de instrumento. Córrego do Capa – do latim tardio cappam, ‘ peça de

vestuário usada sobre toda a outra roupa como proteção’. Assim como o anterior, aqui a

motivação deve ter sido o uso de capa pelos peões boiadeiros. Córrego Carro Velho – carro

- do latim carrus, ‘ veículo de transporte terrestre’. ‘ Velho – remoto, antiquado, gasto pelo

uso’. Córrego Garrafa – do árabe garraf; vaso ordinariamente de vidro, com gargalo

estreito e destinado a conter líquido. Córrego Marmelada – marmelo – do latim

melimellum. Do port. ‘ Marmelada, doce patoso de marmelo que passou às demais línguas

européias numa acepção mais ampla designando todo e qualquer doce pastoso de frutas’.

Córrego Bateia – Provavelmente do cast. batea ou do árabe batya; gamela de madeira

usada no garimpo. Segundo Éster de Viveiros (apud MIGUEZ, 1996, p. 97) o relator da

viagem do Marechal Rondon quando percorria o espigão entre o Rio das Mortes e o Rio

Barreiro diz: “... daí percorreram cinco léguas até o ribeirão Bateia’assim chamada pelo

Marechal Rondon porque nele houvera mineração de diamantes”, ou seja, Rondon encontrou
53

vestígios efetivos de garimpagem antes de sua expedição chegar ao local, o que confirma as

versões das entradas e bandeiras na região. Portanto a motivação toponímica está clara.

Acidentes sem classificação: Córrego Panori.

4.1.2 - Passamos agora a analisar os topônimos referentes ao acidente físico RIBEIRÃO.

Iniciamos a análise pela taxe dos GEOMORFOTOPÔNIMOS. Assim, temos:

Ribeirão Boqueirão – do latim busccam, ‘ cavidade na parte interior da face pela qual os

homens e outros animais ingerem os alimentos’. A aparência do ribeirão deve ter levado o

nomeador a designar o acidente desta forma. Ribeirão Paredão Grande - do latim vulgar

paretem de paries – eles, ‘ obra de alvenaria ou de outro material que forma os vedos

extremos e as divisões internas dos edifícios’. Do latim grandis, ‘ vasto, comprido,

desmedido’. Esta denominação parece ser uma catacrese, pois atribui a uma elevação reta,

construída pela natureza o sentido de algo semelhante construído pelo homem. Ribeirão

Insula – do latim insula – ‘ pequena ilha’, a possível motivação é a existência de uma ilha no

ribeirão às margens do qual foi construído inicialmente o Presídio de Ínsua, o que não se sabe

é se foi o ribeirão que deu o nome ao presídio, ou este ao acidente.

Há apenas um HAGIOTOPÔNIMO. Ribeirão São Luís – Este topônimo revela a

religiosidade do povo, visão do europeu.

Também só registramos apenas uma ocorrência de DIRREMATOPÔNIMO:

Ribeirão Passa Vinte – do latim passare, atravessar, transpor, exceder. Do latim vigniti,

numeral. A motivação deste topônimo parece ser decorrente de algum fato acontecido nele.

Sabe-se que aqui foi implantado um presídio na época da guerra do Paraguai, mas apenas se

tem notícia de sua existência. O povoado homônimo da época, hoje é denominado General

Carneiro.
Classificados na taxe dos FITOTOPÔNIMOS estão: Ribeirão Pindaíba – do tupi –

Pinda-yba, a vara do anzol. Sendo a descrição do ambiente a motivação dos índios, este

acidente deveria possuir a forma da vara do anzol ou ter em suas margens o vegetal que

propicia a fabricação das mesmas. Ribeirão Taquaral – Esta lexia foi analisada no item

Córrego.

Como exemplo de HODOTOPÔNIMOS, temos: Ribeirão Ponte Queimada – A

motivação deste topônimo parece decorrente da existência de uma ponte que foi destruída

pelo fogo.

Já para a taxe dos ZOOTOPÔNIMOS, temos: Ribeirão Galheiro – esta lexia foi

analisada no item Córrego.

Para ANTROPOTOPÔNIMOS, temos: Ribeirão Zacarias – Como Zacarias é nome

bìblíco este topônimo é de origem européia.

Na taxe dos LITOTOPÔNIMOS, encontramos: Ribeirão Gorgulho – do latim

gorgulium, fragmento de rocha que contém ouro. Este topônimo deve espelhar a existência de

ouro na forma descrita, o que mostra a visão do colonizador.

Na taxe dos AXIOTOPÔNIMOS, temos: Ribeirão Dom Bosco – Devido à presença da

congregação salesiana, esta denominação pode ser atribuída a uma homenagem ao fundador

da congregação.

4.1.3 - Analisamos a seguir a seguir o acidente geográfico RIO.

As ocorrências da taxe de ZOOTOPÔNIMOS são: Rio Araguaia – do tupi Ará-

guaya, ‘ os papagaios mansos’. Há controvérsias sobre a redundância da lexia Rio, pois

Araguaia já contém em si o significado de rio, ou seja, rio das araras mansas, adota como a

base desta pesquisa a obra de Teodoro Sampaio, mas achamos necessário fazer referência a

esta nova interpretação, que difere da seguida pelo insigne toponimista. Conforme se pode

verificar a denominação dada ao rio se refere à abundância de aves da espécie psitaciformes


55

da família dos psitacídeos, que habitam a região do rio. Rio das Garças – conforme foi

analisado no item anterior, esta denominação é latino/portuguesa e reflete a simbiose entre as

culturas européia e indígena, pois retrata a maneira de ver, ou melhor, descreve o ambiente, o

que era a principal característica para nomear um acidente pelas diversas tribos que habitaram

a região, juntando a língua e a forma de nomear de duas culturas diferentes.

Na taxe dos HISTORIOTOPÔNIMOS registramos: Rio das Mortes – do latim mors,

mortis; s.f, fim da vida, falecimento, termo destruição.A denominação Mortes2 é resultado de

uma lenda que diz que no inicio do século XVII, partiu de Cuiabá um grupo de aventureiros

que se embrenharam no sertão, navegando pelo Rio Manso.

Em determinado ponto desse rio havia belíssimas cachoeiras e nesse ponto fincaram

acampamento. Escavando o solo nas margens encontraram ouro.

Havia ouro em abundância e, apesar da precariedade dos meios de transportes e

comunicação, a notícia espalhou-se e vieram de Cuiabá e outros lugares alguns aventureiros

que ali se estabeleceram. A discórdia provocada pela cobiça originou uma disputa violenta e a

facção vencedora exterminou os sobreviventes da rival. Como ficaram em número reduzido,

sofreram ataque das tribos indígenas e os sobreviventes acabaram sendo vítimas dos índios,

das feras e das doenças tropicais.

A história também conta que às margens deste rio, índios da tribo Xavante

assassinaram os integrantes da bandeira de Antonio Pires de Campos, e no século XX,

salesianos que estavam em missão de catequese. Parece que também o coronel inglês Fawcet

foi assassinado junto com sua comitiva às margens do rio. Portanto, a motivação toponímica

do nome é justificada. A história, ou lenda justifica a motivação toponímica desta designação.

2
O Rio das Mortes nasce na serra de São Vicente, Cuiabá, Mato Grosso, onde é chamado de Manso pelo aspecto
sereno de suas águas.
Há apenas um exemplo de FITOTOPÔNIMOS: Rio Pindaíba – esta lexia foi

analisada no item córrego. Pela semântica tupi esta denominação pode ser justificada pela

abundância da espécie vegetal de onde se fazem as varas para os anzóis ou pela forma do rio.

Pode ser também motivada pela forma do rio, que, na visão indígena, pode parecer uma vara.

Registramos apenas uma ocorrência dos DIRREMATOPÔNIMOS: Rio Passa Vinte -

Esta lexia já foi analisada no item córrego.

Na taxe dos HIDROTOPÔNIMOS existe apenas uma ocorrência: Rio Correntes - do

latim currens – entis, part de currere, ‘que corre’. A motivação que justifica essa

denominação é a velocidade das águas do rio.

Quanto à taxe dos HAGIOTOPÔNIMOS temos: Rio São Marcos – A presença da

religiosidade está patente neste topônimo, pois ele se repete em diversos outros acidentes, não

se sabendo se foi o rio que motivou a denominação dos outros acidentes.

4.1.4 - Quanto ao acidente FURNAS, denominação provavelmente criada a partir de forno

com influência do latim e mudança de gênero, s.f, ‘ caverna ou gruta, geralmente formada

por blocos de pedra, cova’, podemos dizer que é própria do colonizador europeu. Enquanto

acidente físico esta lexia aparece nas seguintes taxes: ETNOTOPÔNIMO Furnas do Mineiro

– Talvez a motivação deste topônimo se ache na naturalidade do primeiro denominador.

HIDROTOPÔNIMO Furnas Água Limpa – Nesta designação composta por um substantivo

e um adjetivo ligado à lexia geral pela preposição de e o artigo o percebe-se que a motivação

foi à qualidade e aparência da água existente no lugar.

4.1.5 - O acidente LAGOA – do latim lacuna de lacus, s.f, ‘ porção de água, estagnada,

cercada por terra está ligado às lexias diferenciais correspondentes às seguintes taxes:

ZOOTOPÔNIMOS: Lagoa dos Marimbondos – do quimbundo mari’mono, ‘ nome comum a

diversas espécies de vespas’. O significado da lexia diferencial permite deduzir a existência

de colméias dessas vespas no local, além de confirmar a existência, ou influência da etnia


57

negra na região. Lagoa das Éguas – do latim equa-ae ‘ fêmea do cavalo’. Pode-se atribuir

esta denominação a algum incidente ocorrido com esse animal, nessa lagoa. Lagoa dos

Veados – do latim venatus, ‘ mamífero da família dos artiodactilos’. Assim como no córrego

homônimo, esta denominação é do colonizador e revela a possível existência desses animais

perto ou às margens do acidente.

ANTROPOTOPÔNIMO: Lagoa Pereirão – Pereira – antropotopônimo usado pelos

cristãos novos, que no tempo de Pombal tiveram de renunciar aos nomes judeus para

poderem continuar em Portugal e suas Colônias. O aumentativo ão produz o sentido de

grande, no caso o homem ou proprietário da lagoa.

GEOMORFOTÔNIMO -Lagoa Pantanal – pântano – do italiano pântano –

pantanal 1813. Região inundada por águas estagnadas. A lexia diferencial descreve o

aspecto físico onde se situa o acidente. Pode-se deduzir que houve a junção de duas

cosmovisões – a descritiva do ambiente, dos índios, com a expressão lingüística do

colonizador.

Quanto aos SOMATOTOPÔNIMOS temos: Lagoa do Coveiro (do) – cova – do

latim vulgar cova. Coveiro 1813. Cova+ eir – profissão de quem faz covas. Pode-se deduzir a

existência de alguém que fazia covas, nas proximidades da lagoa, ou a existência de várias

covas que no linguajar regional significa “muitas covas”.

Para os FITOTOPÔNIMOS temos: Lagoa Lixeira – Nos estados de Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul lixeira é a denominação de cajueiro bravo, a casca e a folha desta árvore

servem para lixar. Esta denominação parece ser motivada pela existência de árvores deste

tipo nas imediações do acidente.

Há ainda ocorrências que não se enquadram em nenhuma das taxes propostas por Dick (l990).
Assim temos: Lagoa Escondida – do castelhano sconduda. ‘ Que se escondem’. Embora

ainda não haja uma taxe para tal topônimo, parece que ele se relaciona com a localização

geográfica ou com a vegetação ou acidentes que não permitem a sua fácil localização.

4.1.6 - O acidente MORRO está ligado à taxe dos: ZOOTOPÔNIMOS: Morro Quero-quero

- [T. onom.] s.m. Brás. Ave caradriiforme, da família dos caradriídeos, do gênero

Belnopterus, Vive nas várzeas, praias marítimas, me onrgens de rios, lagoas, brejos

pastagens do interior. Seu canto se assemelha à pronúncia da lexia “Quero-quero”. Esta

denominação parece ser portuguesa.

ANTROPOTOPÔNIMOS: Morro do Pereirão – Este topônimo foi analisado no

item córrego

Na taxe dos DIMENSIOTOPÔNIMOS temos: Morro Alto – do latim altus – ‘

grande dimensão vertical’. Esta designação descreve o aspecto físico do acidente, o que

mostra a inter-relação das culturas indígenas e européias.

4.1.7 - Para o acidente CACHOEIRA encontramos: ERGOTOPÔNIMOS: Cachoeira da

Bateia Esta designação foi analisada no item córrego.

Existe apenas um GEOMORFOTOPÔNIMO: Cachoeira das Furnas – esta

designação foi analisada no item Furnas. Percebe-se que o topônimo teve como motivação a

existência de várias cavernas de pedra.

Assim como no item anterior, há apenas uma ocorrência de FITOTOPÔNIMOS;

Cachoeira da Mata - Esta lexia foi analisada no item córregos.

Na análise das lexias ligadas à cachoeira, há algumas que não se enquadram na

taxionomia adotada para base da análise.Temos Cachoeira DNER – Esta sigla significa

Departamento de Estradas e Rodagens. A transformação em topônimo pode ter sido motivada

por haver um acampamento do referido órgão público nas imediações da cachoeira, ou porque

à área da cachoeira pertencesse a esse órgão.


59

4.1.8 - Quanto ao acidente LAGO apresentamos: CROMOTOPÔNIMOS - Lago Vermelho –

do latim vermicullus, da cor do sangue. A cosmovisão do denominador atribui a designação

da cor vermelha, talvez devido à cor da água do lago.

4.1.9 - Para o acidente SERRA temos: HIDROTOPÔNIMOS: Serra Córrego Fundo – estas

lexias foram analisadas no item córrego. Aqui a motivação está ligada a outro acidente, ou

seja, essa serra deve ser atravessada pelo córrego, ou ser a localização de sua nascente. Há,

assim, uma transposição denominativa. Serra do Roncador - Roncar – do latim rhontare

derivado do grego rhogkiao - ‘respirar ruidosamente durante o sono’. Este topônimo tem sua

origem nos barulhos parecidos com roncos que muitos dizem ouvir quando estão na serra.

Além disso, o acidente tem sua história marcada por aventuras, lendas e mistérios, dentre eles

a expedição do Coronel Fawcet que buscava uma entrada para a Atlântida, fato que ainda atrai

expedições do mundo inteiro.

Na taxe dos ERGOTOPÔNIMOS existe Serra do Facão – faca – origem

desconhecida, ‘ instrumento que serve para cortar’. O aumentativo é usado para designar

instrumento bem maior que as facas, e que servem para abrir caminho pelas matas. É difícil

inferir algo sobre o topônimo, mas é possível que tenha ocorrido um incidente que envolvesse

um facão.

Quanto à taxe dos SOCIOTOPÔNIMOS, temos: Serra Fazenda Duas Pontes – este

topônimo foi analisado no item córrego. Há assim a transposição do topônimo do acidente

físico para o acidente humano, que revela a proximidade este acidente em relação ao outro.

Já para os ANTROPOTOPÔNIMOS temos; Serra do Lalau – Este denomição foi

dada em homenagem a um perfeito da cidade.


Na classe dos FITOTOPÔNIMOS temos: Serra Taquaral – Este item já foi

analisado no item córrego e parece referir-se, assim como o outro, à existência de muitas

taquaras.

Classificados na taxe dos LITOTOPÔNIMOS têm: Serras Gerais – terreno extenso,

coberto por vegetação rasteira, especialmente no planalto central, descampado. A motivação

pode ser atribuída ao aspecto físico da região.

4.1.10 - Para o acidente ILHA temos as taxes: ANTROPOTOPÕNIMOS - Ilha Gasparina -

do Antropônimo Gaspar da Silveira Martius (1835 – 1901), Ministro da Fazenda do Império

do Brasil que autorizou o fracionamento dos bilhetes da loteria. Pela semântica do topônimo

é difícil perceber qual teria sido a motivação. A hipótese é que alguma moça ou senhora teve

seu nome ligado ao acidente.

4.1.11 - Sobre o acidente VALE temos: ANIMOTOPÔNIMOS – Vale dos Sonhos - do latim

somniare, ‘ seqüência de fenômenos psíquicos que involuntariamente ocorrem’. Tendo em

vista o misticismo que envolve a região do Roncador, que trouxe vários pesquisadores à

região, inclusive Fawcet, é possível que esta denominação seja motivada pelo fato de ter sido

encontrado um templo subterrâneo, de origem desconhecida, designada Mama ILLA, que os

esotéricos acreditam ter pertencido à civilização atlante que se situava, antes da submersão,

naquele lugar.

Outros acham que é o início de um túnel que liga a Serra do Roncador aos Andes, ou

melhor, os índios Xavantes aos índios dos Andes, descendentes dos Incas. Chegam até a

sugerir que o nome Xavante significa chave dos Andes, guardiãs dos Incas. MIGUEZ (1996 p.

275).
61

4.2 - ACIDENTES HUMANOS

4.2.1 -Iniciamos a análise destes acidentes pelo acidente CIDADE, por ser o mais importante.

Assim, temos apenas uma ocorrência, pertencente taxe dos HIDROTOPÔNIMOS:

Cidade de Barra do Garças - Cidade – do latim Civita, ’complexo demográfico formado

social e economicamente por uma concentração populacional não agrícola’. Barra – do

latim barr, ‘ pedaço ou desembocadura de rio’, ‘ bancos ou coroas de detritos carregados

pelos cursos d’água e depositados na foz dos rios’. Do – contração da preposição de+o, no

caso indica que pertence e traz implícita a lexia rio. Garças – do pré-romano e adaptado ao

latim lusitano ‘gartia’ que designa aves cicoformes, da família dos ardeídos que são

aquáticas, vivem em bandos e alimentam-se de peixes.

Neste caso, o município e sua sede são denominados pelo nome do curso da água que

corta o seu território. Morfologicamente é composto por dois substantivos, uma preposição e

um artigo masculino singular. Este tipo de topônimo, segundo a taxionomia de Dick (1997) é

classificado como um hidrotopônimo visto estar designando um acidente ligado à hidrografia,

e quanto à sua estrutura morfológica é um topônimo composto, pois apresenta mais de um

elemento formador, ou seja, Barra, termo genérico que engloba simultaneamente a categoria

de determinado e determinante (DICK: 1987 p. 14) e Garças que o diferencia de outros

semelhantes. O artigo masculino presente na contração remete à lexia Rio, implícita na

denominação.

É interessante notar que foi o acidente Rio que originou o nome do município e da

cidade, pois esta se localiza na foz ou barra do Rio das Garças e só passou a ter essa

denominação em 1948, enquanto que há notícias do Rio das Garças desde a chegada das

bandeiras.

O local que originou a cidade teve como primeira denominação, Pedra da Barra

Cuiabana. Esta denominação se deve ao fato da existência de uma pedra encontrada nesse

local na qual existia a seguinte inscrição ‘ SS. ARRAYA 1871’ que, segundo a lenda, era o
marco do lugar onde Simeão da Silva Arraya, ao regressar da guerra do Paraguai juntamente

com outros soldados, escondeu uma garrafa com diamantes, que nunca foi encontrada.

Assim a primeira denominação do povoado foi Pedra da Barra Cuiabana. Depois

vieram outras, como Registro do Araguaia, Santo Antônio do Amarante, Barra do Garças de

Mato Grosso e, por último, apenas Barra do Garças. Como é tradição na organização

administrativa Brasil, no município em análise existe apenas uma cidade, sede do município.

4.2.2 - No que concerne ao acidente FAZENDA - do latim facenda por facienda; propriedade

rural de grandes dimensões. Foram encontradas as seguintes ocorrências:

HIDROTOPÔNIMOS Fazenda Água Azul; Fazenda Água Bonita; Fazenda Água Limpa;

Fazenda Água Quente; Fazenda Córrego Fundo; Fazenda Córrego do Meio; Fazenda

Córrego Bateia: Fazenda Córrego dos Cavalos; Fazenda Cabeceira do Ouro Fino;

Fazenda Cabeceira da Ponte Queimada; Fazenda Cabeceira Bonita; Fazenda Cabeceira

do Prata; Fazenda Cabeceira Suja; Fazenda Corredeira Bonita; Fazenda Cachoeira;

Fazenda Lagoa Bonita; Fazenda Rio Bonito; Fazenda Rio Claro; Fazenda Rio Pindaíba.

Estes topônimos tiveram como motivação as denominações dos acidentes físicos que

os atravessam ou os circundam, houve, portanto, a transposição da designação do acidente

físico para o humano.

Também se verifica, mesmo havendo a descrição do meio físico, a predominância da

língua do branco, em detrimento da língua indígena. Fazenda Remanso – do latim remansus;

‘paz, tranqüilidade, porção mais ou menos considerável de água que, no mar ou num rio,

penetra em recorte curvo do litoral ou da margem e forma uma espécie de pequena enseada

tranqüila’.

Neste caso a motivação pode ser devida à existência de enseada tranqüila ou mesmo

à paz e tranqüilidade que tal denominação pode passar ao denominador.


63

Como ocorrência de GEOMORFOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Alcantilado;

Fazenda Furnas; Fazenda Campo Alegre; Fazenda Boqueirão; Fazenda Cova Funda;

Fazenda Grotão; Fazenda Paredão; Fazenda Vale do Barreiro; Fazenda Vale do

Araguaia; Fazenda Vale dos Sonhos.

As etimologias destas lexias já foram analisadas nos itens córrego e vale. O que se

verifica é que o meio físico, ou melhor, as denominações dadas aos acidentes físicos se

transferem para os humanos, o que parece revelar que, para muitos proprietários dessas

fazendas, é mais importante localizá-las no espaço, pois essa localização pode favorecer os

interesses dos mesmos. Fazenda Bocaína – Boca – do latim buccam, ‘depressão numa

serra. Aqui a forma do terreno foi à motivação que deu origem à denominação. Podemos

afirmar que aqui se fundem duas cosmovisões diferentes: a o índio, descrição do ambiente, e a

do colonizador. Fazenda Campo Bonito – do latim campus-i, planície, terreno plano. A

fazenda deve estar localizada em um lugar plano, e o denominador atribui-lhe a qualidade,

bonito, que acha que o campo tem. Fazenda Campo Formoso – Assim como no anterior esta

denominação descreve o ambiente em que está situado o acidente humano, assim como a

cosmovisão do denominador. Fazenda Campo Redondo – a forma do campo diferencia este

acidente humano de outros, cuja denominação se inicia por campo. Fazenda Monte Alegre –

do latim mons, montis, ‘ elevação considerável de terreno acima do solo’ que a rodeia. A

motivação deste topônimo parece estar ligada à existência de uma elevação que por motivos

especiais devia trazer sentimento de alegria ao seu denominador. Fazenda Morrinho - Assim

como no anterior, a existência de uma elevação menor deve ter originado a denominação.

Fazenda Planalto – de plano+alto. Como o município está localizado numa região com

vários planaltos. Esta denominação pode ser atribuída à localização do acidente. Fazenda

Pontal – ponte – do latim – ‘extremidade. Esta denominação pode ter sido motivada pela

proximidade do município de Pontal, desmembrado há relativamente pouco tempo, do


município de Barra do Garças. Fazenda Serra Azul – a proximidade deste acidente físico

motivou o topônimo do acidente humano. Fazenda Vale do Ipê – Neste caso, assim como no

anterior, a motivação deve ter sido a localização do acidente humano, além da existência de

ipês. Fazenda Vale Dourado – O topônimo demonstra não só a riqueza e aparência do

acidente como também o desejo do eldorado. Fazenda Vale Rico – Assim como os

anteriores, este topônimo demonstra tanto a possível riqueza material já existente no lugar

como a que é possível produzir nele. Fazenda Vale Verde – Além da localização geográfica,

do acidente humano, a coloração também está presente neste topônimo.

A taxe dos CARDIOTOPÔNIMOS está representada nas seguintes ocorrências:

Fazenda da Divisa – Assim como o córrego, este acidente deve estar localizado na divisa de

duas propriedades, ou de duas áreas administrativas diferentes.

Para os ZOOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Arara – Esta lexia já foi analisada

anteriormente, no item rio. Fazenda Jandaia – [do tupi ñ’ndai]. s.f. Bras. Designação

comum às espécies das aves psitaciformes da família dos psitacídeos. Mais uma vez a visão

indígena está presente neste topônimo. Fazenda Beija-Flor – [beija+flor], S.m, Bras.

Designação comum às aves micropodiformes da família dos troquílideos, de vôo muito

rápido, e se alimentam de néctar de flores. Esta denominação parece ser motivada pela

existência, em quantidade considerável deste tipo de ave, designado também pela beleza de

seu vôo. Fazenda Jataí – do tupi – yata’i – Árvore da família das leguminosas (Hymenaea

courbaril), da Amaz. E nordeste. Abelha melipônida, da família dos meliponídeos (Trigona

jaty), de cabeça e tórax pretos, abdome escuro. Nidifica em árvores ocas, nos interstícios de

pedras, em rochas e muros. É possível que nome da abelha seja motivada pela árvore, ou

vice-versa. Fazenda Jaguarzinho – Híbrido – tupi+inho – ya-guara – ‘o que devora ou

dilacera’. Este topônimo parece indicar a existência de animais dessa espécie na área onde foi

edificado o acidente humano.


65

Na taxe dos FITOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Gameleira – esta lexia já está

analisada no item córrego. Há, porém, um acréscimo a fazer. O seu proprietário, autor

do livro Araguaia: De Rondon ao Discoporto (História de um pescador) (1996:230), afirma

que quando ele e seu sócio compraram 1296 hectares na região, resolveram dar o nome de

gameleira, porém não explica a razão de tal nomeação. Depreende-se que deve ter sido pela

existência das árvores do mesmo nome ou pela denominação do córrego que corta a fazenda.

Fazenda Bacuri – Esta lexia já foi analisada no item córregos. Fazenda Bacurizal – Híbrido

– tupi+al. Demonstra a visão do denominador na descrição do ambiente, e a não – Lugar

onde há muitas árvores de Bacuri existência de lexia para denominar esse tipo de vegetal

levou à manutenção da lexia indígena mais o sufixo al. Fazenda Buriti – já foi examinada no

item córrego. Fazenda Buriti alegre – Híbrido – tupi+alegre. Estes topônimos já foram

analisados no item córrego. Fazenda Tambori – Ta-mbo-ry – ‘tronco que faz mamar; tronco

escorrente’. Fazenda Taquaral – Híbrido. Taquara+al – ‘tronco ou haste furada’. Esta lexia

já foi analisada no item córrego. Fazenda Cambaúva – esta lexia já foi analisada no item

córrego. Fazenda Flamboyant – do francês. ‘Árvore com até 15 m, da família das

leguminosas, subfamília cesalpinoídeos, nativa de Madagascar’. Talvez pela beleza de suas

flores. Fazenda Florestal – do francês Forest – ‘referente ou próprio de floresta’. Fazenda

Jacarandá – do tupi iakará na. Nome comum a diversas plantas das famílias das

leguminosas e das bignoniáceas que formam excelente madeira para móveis. Assim como em

outros casos, o nome deve ter sido atribuído em virtude da abundância desse tipo de árvore na

região. Fazenda Pau-brasil – árvore da família das leguminosas, subfamília cesalpinoídea

que outrora habitava o litoral brasileiro e hoje é bastante raro. Possivelmente o denominador

pretendeu homenagear a árvore símbolo do país.

As ocorrências dos ETNOTOPÔNIMOS são: Fazenda dos Gaúchos – do esp. platino

gaúcho de origem incerta, habitante da zona rural do Rio Grande do Sul e por extensão de
todo o estado Rio Grandense. Fazenda Paraguaia – do tupi Paraguay, natural do Paraguai.

Este topônimo remete ao sentimento que seu denominador expressa em relação ao Paraguai,

possivelmente seu país de origem. Fazenda Paulistinha – do topônimo São Paulo, de ou

pertecente ao Estado de São Paulo. O sufixo confere ao topônimo um sentimento de carinho.

Fazenda Akegaua – esta variação não consta em nenhum dicionário consultado. Porém

Akegawa é de origem japonesa. Pode-se deduzir que por ignorância do idioma japonês,

alguém quis homenagear a família Akegawa e o fez, mas a escrita foi deformada.

Para a taxe dos METEREOTOPÔNIMOS temos: Fazenda Alvorada – alvor – do

latim albor-oris, ‘primeira claridade da manhã’. Esta denominação parece revelar a

esperança de um novo dia sempre melhor. Fazenda Primavera – ‘estação temperada e

amena que se situa entre o inverno o verão’. É tida como renovadora da vida, da esperança e

de juventude.

No caso dos NUMEROTOPÔNIMOS há as seguintes ocorrências: Fazenda Dois

Irmãos – Possivelmente esta denominação teve como origem o fato de seus proprietários

serem irmãos. Fazenda Duas Barras - Estas lexias já foram analisadas em outros itens. Há

uma observação a fazer quanto à motivação, possivelmente a existência de dois rios ou

córregos que deságuam num mesmo riacho. Fazenda Duas Cachoeiras – Este topônimo

parece ter motivação idêntica às primeiras. Fazenda Duas Pontes – estas lexias já foram

analisadas no item córregos. Fazenda Três Marcos – Assim como as anteriores, esta

denominação parece indicar a existência de marcos na região.

Há apenas uma ocorrência na taxe dos MITOTOPÔNIMOS: Fazenda Tupã – do tupi

tupã – ‘deus’, ‘ gênio do trovão e do raio’. Esta denominação parece motivada por crenças

religiosas não européias. Tanto pode ser uma homenagem aos índios através de seu Deus

como, apenas, uma referência aos raios que caiem na região.


67

Para a taxe dos ANTROPOTOPÔNIMOS temos: Fazenda Ari Dark; Fazenda

Camilo (do); Fazenda Daniella; Fazenda Jerônimo; Fazenda Juliana; Fazenda João

Firmino; Fazenda Luciana; Fazenda Montana; Fazenda Otacílio José dos Santos;

Fazenda Macalé; Fazenda Marta Rocha; Fazenda Marina; Fazenda Pereira; Fazenda

Pompeu; Fazenda Salgorino; Fazenda Sanarda; Fazenda Valadão que retratam a vontade

do denominador em colocar os nomes de afetos seus ou até mesmo o próprio nome. Há um

caso que merece atenção especial: Fazenda Pabreulândia – Esta denominação é a junção do

nome Paulo Abreu e o sufixo lândia de origem inglesa e significa “terra de origem”. Segundo

Miguez (1996, p.263) Paulo Abreu, então senador da República, em 30 de janeiro de 1970

organizou a Pabreulândia Cia Agropastoril do Brasil Central S/A. Note-se que para o senador,

nascido pobre, que começou a trabalhar com 15 anos como caixeiro-viajante, ver o seu nome

nas empresas que criou talvez lhe fizesse bem, pois o sentimento de autoconfiança é próprio

do ser humano, pois segundo Dick (1990, p.05) “[...] nos tempos históricos, sabe-se que os

lugares tomavam os nomes de seus possuidores, numa valorização do indivíduo sobre a terra e

o solo”.

Normalmente os topônimos de acidentes humanos nascem da vontade do

denominador que pode estar prestando homenagem a alguém de sua família ou convívio. E

colocar uma marca, no caso, o nome significa delimitar o espaço, para mostrar quem é o

proprietário. Porém no caso de Marta Rocha pode-se verificar que o denominador é admirador

da Miss Brasil de 1954, e que ficou em segundo lugar no concurso de Miss Universo no

mesmo ano, porém sua beleza continua sendo reverenciada até hoje.

Como exemplos da taxe dos LITOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Areia; Fazenda

Areado; Fazenda Barreirinho; Fazenda Barro Preto; Fazenda Brejão; Fazenda Gorgulho;

Fazenda Itarumã – do tupi; Fazenda Lajeadinho.Fazenda: Chão de Estrelas – Esta

denominação parece ser uma homenagem à Seresta Chão de Estrelas. Fazenda Ouro Fino –

Esta lexia já foi analisada no item córrego. Fazenda Ouro Verde – Neste caso a referência à
produtividade do solo está patente no substantivo ouro e no adjetivo verde, pos demonstra que

através da agricultura e com menor esforço humano se pode obter riquezas tão valorosas

quanto o ouro; Fazenda Pedra Branca; Fazenda Rochedo. Nestas denominações estão

presentes os elementos naturais: pedra e rocha, o que nos leva a deduzir que a existência

desses minerais motivou os topônimos.

O uso dos termos consagrados na Igreja Católica mostra, não só a visão do

denominador, mas também, a religiosidade, especialmente dos católicos que expressam seus

sentimentos através dos HIEROTOPÔNIMOS, como nas ocorrências a seguir: Fazenda

Cristo Rei; Fazenda Cristo Redentor; Fazenda Rosário; Fazenda Santo Reis.

Os sentimentos citados acima são comprovados na longa lista dos

HAGIOTOPÔNIMOS enlencados a seguir: Fazenda Nossa Senhora Aparecida – Sendo esta

Santa a padroeira do Brasil, a atribuição de seu nome ao acidente revela respeito e veneração

de seu proprietário à santa. Fazenda Nossa Senhora da Guia; Fazenda Santa Adélia;

Fazenda Santa Alice; Fazenda Santa Cândida; Fazenda Santa Clara; Fazenda Santa

Elisa; Fazenda Santa Eugênia; Fazenda Santa Gabriela; Fazenda Santa Maria; Fazenda

Santa Rosa; Fazenda Santa Tereza; Fazenda Santa Helena; Fazenda Santa Luzia;

Fazenda Santa Maria; Fazenda Santa Adelina; Fazenda Santo Antonio; Fazenda São

Bento; Fazenda São Benedito; Fazenda São Domingos; Fazenda São Jerônimo; Fazenda

São João; Fazenda São Joaquim; Fazenda São José; Fazenda São Judas; Fazenda São

Luiz; Fazenda São Manoel; Fazenda São Marcos; Fazenda São Miguel; Fazenda São

Sebastião.

O grande número de topônimos das taxes de Hierotopônimos e Hagiotopônimos, nos

acidentes humanos, demonstra a fé com que a maioria das famílias que mudou de outros

estados para este, que na época das grandes migrações tinha como lema ‘estado esperança’, se

entregou à proteção dos mesmos, para conseguir vencer longe de seu torrão natal.
69

Para a taxe dos HODOTOPÔNIMOS há apenas uma ocorrência: Fazenda Ponte

Queimada – Esta lexia foi analisada no item Ribeirão.

A taxe dos SOCIOTOPÔNIMOS apresenta as ocorrências: Fazenda Aruanã –

Nome de uma tribo indígena da ilha de Marajó. Possivelmente o denominador quis

homenagear a tribo. Fazenda Curralinho – De origem controvertida ‘ lugar onde se junta e

recolhe o gado’. Talvez tenha havido, ou haja, um pequeno curral na fazenda, o que levou a

essa denominação. Fazenda Recanto - do latim cantus. ‘Lugar retirado ou oculto’. Nesta

denominação percebe-se a necessidade de seu nomeador de ter paz, estar em um lugar

tranqüilo.

Para os HISTORIOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Bandeirante – Talvez do

castelhano bandera que deriva do gótico bandwo – Bras. Grupo de desbravadores do

território brasileiro. Este topônimo é, sem sombra de dúvida, uma homenagem aos inúmeros

grupos de homens que se aventuraram pelo Brasil para alcançarem seus sonhos, que

culminaram na ocupação do território.

Enquadrados na taxe dos COROTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Brasil – Esta

denominação demonstra o afeto de seu denominador para sua pátria. Fazenda Paranavaí –

do tupi paraná – uay – rio Paranaguá, topônimo do Paraná. Esta lexia demonstra o afeto que

o migrante teve com sua terra natal ao nomear o acidente humano, repetindo o nome da

cidade. Fazenda Samoa - Esta denominação deriva de outro topônimo, ilhas Samoa,

arquipélago do Centro-Sul do oceano Pacífico. O fato da existência de tal topônimo na região

pode indicar a existência natural de um descendente de tal ilha, que deve ser o dono da

fazenda. Fazenda Terra do Sol – Este topônimo composto descreve o ambiente físico do

lugar, bem como sugere uma vida melhor. Fazenda Vera Cruz – Primeira denominação da

terra brasileira. Parece ser uma homenagem àqueles que aqui chegaram e a denominaram.
Fazenda Panorama – pan+orama – cena, cenário, horizonte, paisagem. Este topônimo reflete

o ambiente em que está inserido o acidente, segundo a lógica de seu denominador.

Já para os ASTROTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Cruzeiro do Sul – Esta

constelação era orientadora dos navegantes, antes dos satélites, e ao mesmo tempo símbolo

do Hemisfério Sul, o que parece ser um motivo forte para esta denominação, numa mesma

região onde ainda há necessidade de orientação. Fazenda Estrela do Vale – do latim Stella, ‘

denominação comum aos astros luminosos que mantêm praticamente as mesmas posições

relativas na esfera celeste e que apresentam cintilação’. Sendo estrela astro luminoso, esta

denominação mostra que seu denominador espera ou esperava que esta fazenda fosse a mais

luminosa, próspera, do vale. Fazenda Sol Vermelho – Sendo o Sol um dos fatores

responsáveis pela vida apresentando coloração vermelha ao nascer e ao se pôr, esta

denominação parece refletir o maravilhoso espetáculo que se desfruta de tal acidente.

Como representantes da taxe dos ECOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Fortaleza -

do latim fortis. Esta denominação pode ter duas interpretações. A primeira diz respeito à

existência de uma edificação muito bem protegida, a segunda pode ser atribuída às condições

físicas e psicológicas de seus denominadores. Fazenda Mocambo – Esta lexia foi analisada

no item córregos. Fazenda Tapejara – do tupi tapi’yara, ‘ morador do lugar, conhecedor da

região, guia’. Esta denominação parece indicar que seu denominador foi um dos pioneiros,

por isso é conhecedor do lugar que pôde, como tal, servir de guia para os que vieram depois.

Fazenda Pousada das Garças – Conforme a designação indica, neste lugar as garças devem

se recolher para descansar durante a noite. Fazenda Ranchão – O aumentativo de rancho

parece indicar o tamanho do acidente.

Para os ERGOTOPÔNIMOS há as seguintes ocorrências Fazenda Avoadeira –

Esta lexia foi analisada no item córrego. Fazenda Bateia – Lexia analisada no item córrego.

Fazenda Espora de Prata – Pontade metal ajustada no tacão do calçado topônimopara


71

incitar a montaria; Prata – elemento, metal de transição. Neste topônimo podemos observar

a influência da literatura de cowboy americano, cujo desejo era ter esporas de prata, símbolo

de domínio sobre o cavalo. Fazenda Guararapes – do tupi – ‘ nos tambores’. A motivação

tanto pode ser indígena como do colonizador que pode ter desejado homenagear os

combatentes da Batalha de Guararapes. Fazenda Marmelada – Esta lexia já foi analisada no

item córrego.

Quanto aos ANIMOTOPÔNIMOS, há as seguintes ocorrências: Fazenda Boa Sorte

– O desejo de melhorar a situação está expresso neste topônimo formado por adjetivo

+substantivo. Fazenda Boa Vista – Este topônimo descreve o ambiente físico percebido pelo

denominador não indígena. Fazenda Bom Jardim – O substantivo jardim, ‘ local onde se

cultivam plantas que florescem’, adjetivado por bom, também demonstra a vontade de seu

denominador de colher ‘flores’ aqui no sentido conotativo do termo, para si e sua família.

Fazenda Chalon – Saudação dos judeus (Shallon) que significa “tudo de bom”. Assim ao

escolher esta lexia para nomear sua propriedade, o denominador expressa seus desejos, de

felicidade e utiliza a regra gramatical da grafia portuguesa. Fazenda Fama – No caso

‘favorável’, possibilidades de ser famosa por sua produção. Fazenda Formosa – ‘Forma ou

aparência agradável’. Esta lexia deve ser o desejo do denominador: a beleza de sua

propriedade. Fazenda Fortuna – Força a quem se atribui poder de influir no êxito ou

fracasso. ‘Bens materiais. Aqui também está presente o desejo do denominador. Fazenda

Maravilha – Esta lexia foi analisada no item córrego. Fazenda Marupiara - Do tupi

Marupi’ara, diz –se ‘ de ou pessoa que tem sorte na caça ou na pesca, pessoa que se sente

feliz, que foi favorecida pela sorte’. Este topônimo sintetiza a esperança de seu denominador.

Parece que a escolha do topônimo, embora seja indígena, não foi usada pelos índios e sim por

brancos que a desejam. Fazenda Sonho Alegre – Este topônimo expressa as esperanças e as

ilusões do seu denominador em relação à sua propriedade.


As ocorrências dos AXIOTOPÔNIMOS são: Fazenda CAPITÃO – Comandante de

número expressivo de combatentes. Esta denominação pode ser atribuída à patente obtida por

seu proprietário. Fazenda Dr. Ivan – Este topônimo parece homenagear o portador desse

título, ou perenizar a existência do proprietário, caso este seja seu nome. Fazenda Princesa

do Vale – O título de princesa atribuído à fazenda, mostra que esta é uma das mais

importantes da região. Fazenda Senhor Neguinho – do latim Senior, negro do latim niger,

nigro+inho. Neste topônimo há, aparente, uma contradição, os negros eram escravos e não

senhores e como tal não tinham o direito de usar esse tratamento. Porém como essa

denominação foi atribuída por volta de 1976 (Miguez, 1976, p. 230) a contradição não

apresenta tanta força. O proprietário da fazenda Manoel Borges, conhecido por Manoel Preto,

Manuel Negro por sua tez escura, viu sua fazenda denominada por Senhor Neguinho. Este

diminutivo parece ser carinhoso, pois ele defendia a distribuição de terra para quem nela

trabalhasse. Aqui, a cor da tez e a posição ideológica motivaram o topônimo.

Para a taxe dos CRONOTOPÔNIMOS, temos: Fazenda Nova Aliança. Esta

ocorrência parece revelar um pacto.Talvez seja uma nova sociedade ou uma promessa feita ao

Criador. Fazenda Nova Aurora – Sendo a aurora o começo do dia e, portanto, da esperança

este topônimo revela os anseios do denominador. Fazenda Nova Esperança – pode ser a

renovação das esperanças ou a repetição do nome de outra propriedade do denominador.

Fazenda Nova França – Há, neste caso, uma alusão específica à França, que durante o

Século das Luzes foi o símbolo da liberdade. Possivelmente o denominador quisesse, além de

homenagear o país, aludir à liberdade. Fazenda Nova Lima; Fazenda Nova Maravilha;

Fazenda Nova Olinda; Fazenda Nova Roma; Fazenda Nova Vieira.

Estes topônimos parecem ser resultado de homenagens que seus

proprietários fizeram a outros acidentes que tanto podem ser cidades ou até mesmo

propriedades particulares.
73

4.2. 3 - RETIRO

Devido à grande extensão das áreas ocupadas pelas fazendas em Mato Grosso,

existem construções, longe da sede, que são denominadas de retiro, cuja finalidade é dar

abrigo aos trabalhadores, possibilitando um descanso mais longo do que aquele que teriam se

fossem para a sede. Assim ocorrem as seguintes taxes ligadas ao acidente RETIRO –Origem

obscura – Lugar solitário; deserto; retraimento, ermo, solidão:

LITOTOPÔNIMOS: Retiro Areado - Esta lexia já foi analisada no item córrego.

Para os SOCIOTOPÔNIMOS, temos: Retiro Fazenda Duas Âncoras – âncora do

latim âncora, derivado do grego agkyra, peça que agüenta a embarcação no fundeadouro.

Este topônimo permite visualizar a necessidade de segurança do seu denominador. Retiro

Fazenda Duas Pontes – Esta lexia já analisada no item córrego. Retiro Fazenda Lajeado –

Lexia analisada no item córrego. Retiro Fazenda Madeira – do latim matéria – tronco de

árvores. Devido à grande quantidade de florestas da região, esta denominação deve ter sido

motivada por esse fato. Retiro Fazenda Nossa Senhora Aparecida. Retiro Pabreulândia –

Esta lexia já foi analisada no item fazendas. Retiro Fazenda Paraná – Esta lexia foi

analisada no córrego. Retiro Florestal da Fazenda Pau Brasil – Esta denominação pode

estar relacionada à existência de plantação dessa espécie ou vegetal, que foi responsável pelo

nome do país. Retiro Fazenda Pitomba – Esta lexia já foi analisada no item córregos. Retiro

Fazenda Santa Catarina – Esta lexia foi analisada no item fazendas. Retiro Fazenda São

Domingos – Analisada no item córrego. Retiro Fazenda Córrego – Esta lexia foi analisada

nos itens córregos e fazendas.

Quanto aos FITOTOPÔNIMOS, temos Retiro Taquaral – Esta lexia já foi analisada

no item córregos. Retiro Palmito – Esta lexia já foi analisada no item córregos.
Só existe uma ocorrência de ETNOTOPÔNIMO: Retiro Paulistinha – que se refere a o

topônimo São Paulo. Através do diminutivo reflete o sentimento de carinho, de seu

denominador para com o seu estado de origem.

4.2.4 - ESTÂNCIA

Sobre o acidente ESTÂNCIA – do italiano stanza – estabelecimento rural destinado

à cultura da terra e a criação de gado pode-se verificar que a finalidade da estância é

semelhante à da fazenda, mas talvez a origem de seu denominador tenha levado à escolha

desta lexia que, além de designar o tipo de acidente, se incorporou ao próprio nome.

4.2.5 - Quanto ao acidente PORTO – do latim portus-us.' lugar da costa ou em um rio, lagoa

etc. que, por oferecer às embarcações certo abrigo, lhes permite fundear e estabelecer

contato com a terra. A esta lexia está ligada apenas uma lexia diferencial, a qual não se

enquadra em nenhuma das taxes utilizadas neste estudo: Chipinga.

4.2.6 - O item COLÔNIA – do latim colônia. ‘ grupo de imigrantes, possessão, domínio’ na

região em estudo, esta lexia denomina também região habitada por índios. Assim temos:

HÁGIOTOPÔNIMO: Colônia São Marcos – Sendo uma reserva indígena, este topônimo

reforça a denominação da igreja católica sobre o índio. Esta reserva é de Xavantes, mas não é

denominada na língua indígena.

Como exemplos de GEOMORFOTOPÔNIMOS têm: Colônia Meruri – Bororo –

Monte da Arraia. Este é um dos poucos topônimos que ainda preservam a língua do povo que

ocupava a região.

4.2.7 - Há acidentes humanos que embora tenham características de fazendas, onde são

criados vários tipos de gado e também se dedicam à agricultura, não são denominados de

fazenda e têm os nomes das empresas que os possuem. Como exemplo temos a lexia

AGROPASTORIL, que é composta por dois morfemas lexicais – agro e pastoril e a lexia

agropecuária composta por agro +pecuária e do latim pecuaria-ae, relativo a gados. A origem
75

da primeira é grega, agros que passou para agri no latim e que significa campo e pastoril do

latim pastoridus. Estas lexias encontram-se ligadas a: HAGIOTOPÔNIMOS: Agropastoril

Nossa Senhora Aparecida – Este topônimo confirma a religiosidade do povo brasileiro.

Agropastoril Santo Antonio – Este topônimo também confirma a religiosidade do povo

brasileiro.

Como ANTROPOPÔNIMOS temos: Agropastoril Magri – O sobrenome do

proprietário parece ser a motivação do topônimo.

Como COROTOPÔNIMOS temos: Agropastoril Barra do Garças. Na escolha

desta denominação é evidente a homenagem que seu proprietário faz à cidade ou município

em se localiza o acidente.

[]
CONCLUSÃO

A quantificação dos topônimos desta região nos mostra os seguintes percentuais: a)

Acidentes Antropo-culturais, 59,28%, ou seja, 265 ocorrências num total de 447,

distribuídas pelas seguintes taxes: Animotopônimos, 23, 5,15%; Antropotopônimos, 27,

6,04%; Axiotopônimos, 7 , 1,57%;, 9 Corotopônimos, 2,01%; Cronotopônimos, 10, 2,24%;

Dirrematopônimos, 6, 1,34%; Ecotopônimos, 8, 1,79%; Ergotopônimos, 17, 3,80%;

Etnotopônimos, 10, 2,24%; Hagiotopônimos, 48, 10,74%; Hierotopônimos, 8, 1,79%;

Historiotopônimos, 2, 0,45%; Hodotopônimos, 4, 0,89%; Litotopônimos, 35, 7,83%;

Mitotopônimos, 1, 0,22%; Numerotopônimos, 10, 2,24%; Poliototopônimos, 1, 0,22%;

Sem Classificação, 10, 2,24%; Sociotopônimos, 25, 5,59%; Somatotopônimos, 3, 0,67%;

Toponimização, 1, 0,22%.

b) Acidentes Físicos, 40,72%, ou seja, 182 ocorrências num total de 447,

Astrotopônimos, 3, 0,67%; Cardinotopônimos, 4, 0,89%; Cromotopônimos, 4, 0,89%;

Dimensiotopônimos, 3, 0,67%; Fitotopônimos, 48, 10,74%; Geomorfotopônimos;43,

9,62%; Hidrotopônimos, 43, 9,62%; Metereotopônimos, 2, 0,45%; Morfotopônimos, 3,

0,67%; Zootopônimos, 29, 6,49%.

Pelos percentuais, podemos inferir que as ocorrências de natureza Antropo-cultural

predominam sobre os de natureza física. Além, disso, o corpus levantado demonstrou que as

ocorrências em língua tupi predominam sobre as de outras línguas indígenas da região.

Este fenômeno pode ser devido à mobilidade dos tupis, como também à presença dos

mesmos nas expedições que adentraram ao território do Centro Oeste. Além disso, o caráter

predatório das bandeiras que buscavam os indígenas para escravizar e a falta de respeito e

desconhecimento das línguas indígenas apagou, para sempre, as denominações atribuídas aos
77

acidentes físicos, substituindo-as por outras denominações que podiam ser na língua do

invasor ou na língua do guia/intérprete indígena.

Hoje, o que se tem em uso na toponímia é o resultado de denominação do povo

colonizador, pois assim como outros povos conquistadores da antiguidade os colonizadores

substituíram os topônimos das línguas autóctones por outros de sua própria língua,

representativos de sua cultura.

Em se tratando de acidentes físicos, os indígenas usavam elementos descritivos e os

associativos como base de sua denominação toponímica como, por exemplo, Pindaíba,

Araguaia, Arara, Bacuri, Buriti.

Os colonizadores parecem ter assimilado essa forma de nomear e denominaram na

taxe dos Hidrotopônimos, por exemplo, vários acidentes pelas suas características – Córrego

Água Limpa, Córrego Água Azul; Fitotopônimos: Córrego Cambaúva, Córrego Buriti,

Geomorfotopônimos: Córrego Campo Alegre, Córrego Grota Funda; Etnotopônimos:

Córrego dos Índios, Córrego do Mineiro; Zootopônimo: Ribeirão Galheiro;

Litotopônimo: Ribeirão Gorgulho; Axiotopônimo: Ribeirão Dom Bosco;

Historiotopônimo: Rio das Mortes; Hagiotopônimo; Rio São Marcos; Axiotopônimo:

Fazenda Senhor Neguinho; Antropotopônimo: Fazenda Pabreulândia, o que comprova

que, embora os nomes dados pelos indígenas, na sua maioria, se tenham perdido, a forma de

nomear dos primeiros habitantes da região permaneceu, continuando os colonizadores, assim,

a utilizarem globalmente os elementos descritivos e associativos que eram característica da

visão prática e objetiva dos indígenas.

As lexias indígenas que foram mantidas na toponímia barra-garcense sugerem que o

colonizador não tinha em seu plano de expressão, nenhum elemento capaz de representar o

conteúdo como, por exemplo, Bacuri, Taquara, Cambaúva e outras.


A maioria das denominações foi modificada seguindo a cultura dos colonizadores, e

embora a motivação propriamente dita seja analisada hipoteticamente, na base de conjecturas,

é interessante verificar que na nomeação do acidente córrego, num total de 133, há apenas

dois Hagiotopônimos o que parece refletir a falta de tempo daqueles que se embrenhavam

pelo sertão de se dedicar à religião. Assim as denominações que revelam essa faceta da cultura

do colonizador apresentam um percentual mínimo 2,66% em relação, por exemplo, aos

Hidrotopônimos que representam 23,94%.

Já no item Rios, essa taxe aparece apenas uma vez – São Marcos – levando a inferir

a existência de missionários que devem ter mudado a primeira denominação do acidente, que

devia ser na língua xavante, nomeando-o, segundo sua cultura religiosa, inclusive transpondo

a mesma denominação para outro tipo de acidente, no caso humano, Reserva Indígena São

Marcos. Este caso demonstra de forma categórica, a dominação e possível estrangulamento

sofrido pelos indígenas, não só quanto à sua língua, mas também enquanto seres humanos.

Conforme se pode deduzir pelas ocorrências levantadas, a toponímia dos acidentes

físicos se baseia na descrição do ambiente em que se localiza, por exemplo, Córrego Grota

Funda, Córrego Taquaral.

As ocorrências dos topônimos das taxes Hagio e Hiero são de apenas 12,53 % do

total dos acidentes físicos. Nota-se que, no caso dos Fitotopônimos, a lexia Buriti aparece

várias vezes. Esse tipo de vegetal é formador das matas ciliares que acompanham as baixadas

dos acidentes hidrográficos e que são fundamentais para a manutenção e preservação do

ecossistema existente. Denominar esses acidentes geográficos com essa lexia é, de certa

forma, cultuar a natureza e simultaneamente descrevê-la.

Os topônimos designativos dos acidentes humanos, freqüentemente, se apropriam da

denominação dos acidentes físicos que estão por perto ou cortam seus limites, por exemplo,

Fazenda do Rio Pindaíba, num evidente desejo de seus proprietários, no caso das fazendas
79

ou retiros, localizarem geograficamente o acidente que é quase sempre, relativamente jovem,

cerca de cinqüenta anos, enquanto a maioria dos acidentes físicos foi denominada há muito

mais tempo, alguns datam dos séculos XVII, XVIII, e XIX.

Há, porém, casos em que, como já faziam os povos conquistadores da antiguidade,

em que os nomes dados pelos primitivos habitantes, foram substituídos pelos dos invasores,

no caso, colonizadores. Como exemplo pode-se citar a denominação de duas fazendas:

Otacílio José de Campos e Pabreulândia.

Verifica-se também que quando as fazendas pertencem a grandes conglomerados

agropastoris ou pecuários a denominação adotada é a Razão Social ou o nome de Fantasia da

empresa, por exemplo, Agropastoril Magri, Agropastoril Barra do Garças.

Os Hagiotopônimos e Hierotopônimos representam 50,6% do total de 187

ocorrências das denominações dos acidentes humanos fazendas. Em conversas informais com

dois proprietários dessas fazendas Santa Elisa e Santo Antônio foi obtida a informação sobre a

motivação de tais denominações: a primeira foi homenagem à mãe do atual proprietário a sua

protetora, enquanto que a motivação da segunda está ligada à promessa feita pelo proprietário

atual a Santo Antonio, se conseguisse “plantar com pouco de chão só seu”.

Pelos exemplos citados deduz-se que a religiosidade e a gratidão levam à utilização

desse tipo de homenagem pela denominação.

Há ainda a utilização da lexia Nova seguida de nome de cidades, dos estados de

origem, ou de outras propriedades. Este tipo de ocorrência surge quando existe a necessidade

de relembrar o passado e, ao mesmo tempo, renová-lo.

Face aos dados apresentados pode-se afirmar que as línguas indígenas regionais estão

representadas apenas na denominação dos acidentes físicos: Córrego Merurinho e no

acidente humano Colônia Meruri.


A presença da língua tupi tanto em topônimos tupis ou híbridos é mais expressiva

nos acidentes físicos do que nos acidentes humanos.

Sendo estes mais recentes pode-se inferir que a toponímia da região sofreu perdas

irreparáveis, pois a substituição dos topônimos originais de línguas de povos extintos,

impossibilitou o registro de informações sobre sua visão de mundo.


81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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práticas. 5 ed., São Paulo: Atlas, 2002.

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83

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ANE XOS
85

ANEXO A

Figura 1 – Mapa de Mato Grosso


ANEXO B
-
Quadro 1 – Topônimos do Município de Barra do Garças
Qtd Acidente Tip Etimologia3 Classificação Lexical
1 Água Alta, Córrego o Português4
F Hidrotopônimo
2 Água Azul, Córrego F Português Hidrotopônimo
3 Água Azul, Fazenda H Português Hidrotopônimo
4 Água Bonita, Córrego F Português Hidrotopônimo
5 Água Bonita, Fazenda H Português Hidrotopônimo
6 Água Limpa, Córrego F Português Hidrotopônimo
7 Água Limpa, Fazenda H Português Hidrotopônimo
8 Água Limpa, Furnas do F Português Hidrotopônimo
9 Água Quente, Córrego F Português Hidrotopônimo
10 Água Quente, Fazenda H Português Hidrotopônimo
11 Akegaua, Fazenda H Português Etnotopônimo
12 Alcantilado, Córrego F Português Morfotopônimo
13 Alcantilado, Fazenda H Português Geomorfotopônim
14 Aldeia, Córrego F Português Poliotopônimo
15 Alegre, Córrego F Português Animotopônimo
16 Alvorada, Fazenda H Português Metereotopônimo
17 Antas, Córrego das F Português Zootopônimo
18 Araguaia, Rio F Tupi Zootopônimo
19 Arara, Córrego F Tupi Zootopônimo
20 Arara, Fazenda H Tupi Zootopônimo
21 Areado, Córrego F Português Litotopônimo
22 Areado, Fazenda H Português Litotopônimo
23 Areado, Retiro H Português Litotopônimo
24 Areia, Córrego da F Português Litotopônimo
25 Areia, Fazenda H Português Litotopônimo
26 Areia, Serra do F Português Litotopônimo
27 Areinha, Córrego F Português Litotopônimo
28 Ari Dark, Fazenda H Português Antropotopônimo
29 Aruanã, Fazenda H Tupi Sociotopônimo
30 Atola Besta, Córrego F Português Dirrematotopônim
31 Açude, Córrego do F Português Hidrotopônimo
32 Avoadeira do Norte, F Português Ergotopônimo
33 Avoadeira, Córrego F Português Ergotopônimo
34 Avoadeira, Fazenda H Português Ergotopônimo
35 Azul, Serra F Português Cromotopônimo
36 Bacuri, Córrego F Tupi Fitotopônimo
37 Bacuri, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
38 Bacurizal, Fazenda H Tupi Híbrido Fitotopônimo
3
Neste trabalho, nos propusemos a buscar a etimologia dos nomes, principalmente, os de origem indígena,
tomando como parâmetro a postura metodológica de SAMPAIO, para quem: “O estudo etimológico dos
vocábulos, para o fim de fixar-lhes o verdadeiro significado, foi sempre campo de larguíssimas proporções, onde
a imaginação, não raro, assumem papel preponderante, e as hipóteses mais ousadas, como as explicações mais
sugestivas, encontram guarida e se impõe ao senso comum”. (SAMPAIO, 1987, p. 173).
4
Considerou-se neste trabalho lexias de língua portuguesa aquelas que têm sua etimologia no Latim, pois para o
levantamento consideramos, apenas, aqueles de origem diversa à latina, já que o propósito é verificar traços
lingüísticos de outras línguas, que não a portuguesa, na localidade onde os topônimos foram registrados.
87

39 Bandeirantes, Fazenda H Português Historiotopônimo


40 Barra do Garça, Retiro H Português Corotopônimo
41 Barra do Garças, H Português Corotopônimo
42 Barra do Garças, Cidade de H Português Geomorfotopônim
43 Barreirinho, Córrego F Português Litotopônimo
44 Barreirinho, Fazenda H Português Litotopônimo
45 Barreiro, Córrego F Português Litotopônimo
46 Barreiro, Rio F Português Litotopônimo
47 Barro Preto, Córrego F Português Litotopônimo
48 Barro Preto, Fazenda H Português Litotopônimo
49 Bateia, Cachoeira da F Português Ergotopônimo
50 Bateia, Córrego F Português Ergotopônimo
51 Bateia, Fazenda H Português Ergotopônimo
52 Beija-flor, Fazenda H Português Zootopônimo
53 Bela Vista, Fazenda H Português Animotopônimo
54 Boa Sorte, Córrego F Português Animotopônimo
55 Boa Sorte, Fazenda H Português Animotopônimo
56 Boa Vista, Fazenda H Português Animotopônimo
57 Bocaina, Fazenda H Português Geomorfotopônim
58 Bom Jardim, Fazenda H Português Animotopônimo
59 Bonitinho, Córrego F Português Animotopônimo
60 Boqueirão, Fazenda H Português Geomorfotopônim
61 Boqueirão, Ribeirão F Português Geomorfotopônim
62 Brasil, Fazenda H Português Corotopônimo
63 Brejão, Fazenda H Português Litotopônimo
64 Buriti Alegre, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
65 Buriti Alegre, Fazenda H Tupi Híbrido Fitotopônimo
66 Buriti Quebrado, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
67 Buriti Verde, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
68 Buriti, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
69 Buritizal, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
70 Cabeceira Bonita, Fazenda H Português Hidrotopônimo
71 Cabeceira Comprida, F Português Hidrotopônimo
72 Cabeceira da Ponte H Português Hidrotopônimo
73 Cabeceira do Ouro Fino, H Português Hidrotopônimo
74 Cabeceira do Prata, Fazenda H Português Hidrotopônimo
75 Cabeceira Suja, Córrego F Português Hidrotopônimo
76 Cabeceira Suja, Fazenda H Português Hidrotopônimo
77 Cabeceira Verde,Fazenda F Português Hidrotopônimo
78 Cachoeira Comprida, F Português Hidrotopônimo
79 hoeira da Matinha, Córrego F Português Hidrotopônimo
80 Cachoeira, Fazenda H Português Hidrotopônimo
81 Cachoeirinha, Córrego F Português Hidrotopônimo
82 Cambaúva, Córrego F Tupi Fitotopônimo
83 Cambaúva, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
84 Camilo, Fazenda do H Português Antropotopônimo
85 Campo Alegre, Córrego F Português Fitotopônimo
86 Campo alegre, Fazenda H Português Fitotopônimo
87 Campo Bonito, Fazenda H Português Fitotopônimo
88 Campo Formoso, Fazenda H Português Geomorfotopônim
89 Campo Redondo, Fazenda H Português Geomorfotopônim
90 Canivete, Córrego F Português Ergotopônimo
91 Capa, Córrego do F Português Ergotopônimo
92 Capão Bonito, Córrego F Português Fitotopônimo
93 Capitão, Fazenda H Português Axiotopônimo
94 Carro Velho, Córrego F Português Ergotopônimo
95 Cavalos, Córrego dos F Português Zootopônimo
96 Caveira, Córrego F Português Somatotopônimo
97 Cedro, Córrego do F Português Fitotopônimo
98 Chalon, Fazenda H Português Animotopônimo
99 Chão de Estrelas, Fazenda H Português Litotopônimo
100 Chapéu, Córrego do F Português Morfotopônimo
101 Cipriano, Córrego F Português Antropotopônimo
102 Colônia, Córrego da F Português Sociotopônimo
103 Corgão F Português Toponimização
104 Corixo, Córrego F Português Hidrotopônimo
105 Corredeira Bonita, Fazenda H Português Hidrotopônimo
106 Córrego Bateia, Fazenda H Português Hidrotopônimo
107 Córrego do Meio, Fazenda H Português Cardinotopônimo
108 Córrego dos Cavalos, H Português Hidrotopônimo
109 Córrego dos Índios, Fazenda H Português Etnotopônimo
110 Córrego Fundo, Fazenda H Português Hidrotopônimo
111 Córrego Fundo, Serra F Português Hidrotopônimo
112 Correntes, Rio F Português Hidrotopônimo
113 Cova Funda, Córrego F Português Geomorfotopônim
114 Cova Funda, Fazenda H Português Geomorfotopônim
115 Coveiro, Lagoa do F Português Somatotopônimo
116 Cristalino, Córrego F Português Litotopônimo
117 Cristo Rei, Fazenda H Português Hierotopônimo
118 Cruzeiro do Sul, Fazenda H Português Astrotopônimo
119 Curralinho, Fazenda H Português Sociotopônimo
120 Daniella, Fazenda H Português Antropotopônimo
121 Desconhecida, Fazenda H Português SC5
122 Desconhecido, Córrego F Português SC
123 Diamante, Córrego F Português Litotopônimo
124 Divisa, Córrego da F Português Cardinotopônimo
125 Divisa, Fazenda da H Português Cardinotopônimo
126 DNER, Cachoeira do F Português SC
127 do Ouro, Córrego F Português Litotopônimo
128 Dois Córregos F Português Numerotopônimo
129 Dois Irmãos, Fazenda H Português Numerotopônimo
130 Dom Bosco, Ribeirão F Português Axiotopônimo
131 Doutor Ivan, Fazenda H Português Axiotopônimo
132 Doutor Rosicler, Fazenda H Português Axiotopônimo
133 Duas Barras, Fazenda H Português Numerotopônimo
134 Duas Cachoeiras, Fazenda H Português Numerotopônimo
135 Duas Pontas, Córrego F Português Numerotopônimo
5
Para SC – leia-se sem classificação.
89

136 Duas Pontes, Fazenda H Português Numerotopônimo


137 Éguas, Lagoa das F Português Zootopônimo
138 Ema, Córrego da F Português Zootopônimo
139 Enjeitado, Córrego F Português Animotopônimo
140 Escondida, Lagoa F Português SC
141 Espora de Prata, Fazenda H Português Ergotopônimo
142 Espora de Prata, Retiro H Português Ergotopônimo
143 Estiva, Córrego da F Português Sociotopônimo
144 Estrela do Vale, Fazenda H Português Astrotopônimo
145 Facão, Serra do F Português Ergotopônimo
146 Fama, Fazenda H Português Animotopônimo
147 Fazenda Duas Âncoras, H Português Sociotopônimo
148 Fazenda Duas Pontes, H Português Numerotopônimo
149 Fazenda duas Pontes, Serra F Português Sociotopônimo
150 Fazenda Lajeado, Retiro da H Português Sociotopônimo
151 Fazenda Madeira, Retiro da H Português Sociotopônimo
152 Fazenda Nossa Senhora H Português Sociotopônimo
153 Retiro da H Português Sociotopônimo
154 Fazenda Paraná, Retiro da H Tupi Sociotopônimo
155 Fazenda Pau Brasil, Retiro H Portugës Sociotopônimo
156 Fazenda Pitomba, Retiro da H Tupi Sociotopônimo
157 Fazenda Santa Catarina, H Português Sociotopônimo
158 Fazenda São Domingos, H Português Sociotopônimo
159 Fazenda Taquaral, Retiro H Tupi Híbrido Fitotopônimo
160 Fazendinha, Córrego F Português Sociotopônimo
161 Fazendinha, Serra da F Português Sociotopônimo
162 Feliz, Córrego F Português Animotopônimo
163 Ferrugem, Córrego F Português Litotopônimo
164 Flamboyant, Fazenda H Português Fitotopônimo
165 Florestal, Fazenda H Português Fitotopônimo
166 Fogaça, Córrego F Português Antropotopônimo
167 Fogaça, Retiro H Português Antropotopônimo
168 Formosa, Fazenda H Português Animotopônimo
169 Fortaleza, Córrego F Português Sociotopônimo
170 Fortaleza, Fazenda H Português Ecotopônimo
171 Fortuna, Fazenda H Português Animotopônimo
172 Fumaça, Cachoeira da F Português SC
173 Fundo, Córrego F Português Dimensiotopônimo
174 Furna do Gato, Córrego F Português Geomorfotopônim
175 Furnas F Português Geomorfotopônim
176 Furnas, Cachoeira das F Português Geomorfotopônim
177 Furnas, Córrego das F Português Geomorfotopônim
178 Furnas, Fazenda H Português Geomorfotopônim
179 Furninha, Córrego F Português Geomorfotopônim
180 Galheirinho, Córrego F Português Zootopônimo
181 Galheiro, Retiro H Português Geomorfotopônim
182 Galheiro, Ribeirão F Português Zootopônimo
183 Galho do Galheiro F Português Zootopônimo
184 Gameleira, Córrego F Português Fitotopônimo
185 Gameleira, Fazenda H Português Fitotopônimo
186 Garças, Rio das F Português Zootopônimo
187 Garrafa, Córrego da F Português Ergotopônimo
188 Gasparina, Ilha F Português Antropotopônimo
189 Gaúchos, Fazenda dos H Português Etnotopônimo
190 Gerais, Serra dos F Português Litotopônimo
191 Gordura, Córrego F Português Ergotopônimo
192 Gorgulho, Fazenda H Português Litotopônimo
193 Gorgulho, Ribeirão F Português Litotopônimo
194 Grande, Córrego F Português Dimensiotopônimo
195 Grota da Serra Isolada, F Português Geomorfotopônim
196 Grota da Vargem, Córrego F Português Geomorfotopônim
197 Grota Funda, Córrego F Português Geomorfotopônim
198 Grota, Córrego da F Português Geomorfotopônim
199 Grotão, Córrego F Português Geomorfotopônim
200 Grotão, Fazenda H Português Geomorfotopônim
201 Grotinha, Córrego F Português Geomorfotopônim
202 Guararapes, Fazenda H Tupi Híbrido Ergotopônimo
203 Índios, Córrego dos F Português Etnotopônimo
204 Insula, Ribeirão F Português Geomorfotopônim
205 Inveja, Córrego F Português Animotopônimo
206 Itarumã, Fazenda H Tupi Litotopônimo
207 Jacarandá, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
208 Jaguarzinho, Córrego F Tupi Híbrido Zootopônimo
209 Jandaia, Fazenda H Tupi Zootopônimo
210 Jataí, Fazenda H Tupi Zootopônimo
211 Jerônimo II, Fazenda H Português Antropotopônimo
212 João Firmino, Fazenda do H Português Antropotopônimo
213 Juaguarzinho, Fazenda H Tupi Híbrido Zootopônimo
214 Juliana, Fazenda H Português Antropotopônimo
215 Lagoa Bonita, Fazenda H Português Hidrotopônimo
216 Lagoa Dourada, Fazenda H Português Hidrotopônimo
217 Lagoinha, Córrego F Português Hidrotopônimo
218 Lagoinha, Fazenda H Português Hidrotopônimo
219 Lajeadinho, Córrego F Português Litotopônimo
220 Lajeadinho, Fazenda H Português Litotopônimo
221 Lajinha, Córrego F Português Litotopônimo
222 Lalau, Serra do F Português Antropotopônimo
223 Lambedor, Córrego F Português Hidrotopônimo
224 Lixeira, Lagoa F Português Fitotopônimo
225 Lontra, Córrego da F Português Zootopônimo
226 Luciana, Fazenda H Português Antropotopônimo
227 Macalé, Fazenda H Português SC
228 Magri, Agropastoril H Português Antropotopônimo
229 Maravilha, Córrego F Português Animotopônimo
230 Maravilha, Fazenda H Português Animotopônimo
231 Marimbondo, Córrego F Quimbundo Zootopônimo
232 Marimbondo, Lagoa do F Quimbundo Zootopônimo
233 Marina, Fazenda H Português Antropotopônimo
91

234 Marmelada, Córrego F Português Fitotopônimo


235 Marmelada, Fazenda H Português Ergotopônimo
236 Marta Rocha, Fazenda H Português Antropotopônimo
237 Marupiara, Fazenda H Tupi Animotopônimo
238 Mata Rica, Retiro H Português Fitotopônimo
239 Mata Seca, Córrego F Português Fitotopônimo
240 Mata, Cachoeira da F Português Fitotopônimo
241 Mata, Córrego da F Português Fitotopônimo
242 Mata-burro, Córrego F Português Hodotopônimo
243 Matrinxã, Córrego F Tupi Zootopônimo
244 Matula, Córrego F Português Ergotopônimo
245 Meio, Córrego do F Português Cardinotopônimo
246 Melancia, Córrego F Português Fitotopônimo
247 Meruri, Colônia H Bororo SC
248 Merurinho, Córrego F Bororo SC
249 Mineirinho, Córrego F Português Etnotopônimo
250 Mineiro, Furnas do F Português Etnotopônimo
251 Mineiros, Córrego dos F Português Etnotopônimo
252 Mineiros, Lagoa dos F Português Etnotopônimo
253 Mocambo, Córrego F Quimbundo Ecotopônimo
254 Mocambo, Fazenda H Quimbundo Ecotopônimo
255 Molha Pelego, Córrego F Português Dirrematotopônim
256 Monjolo, Córrego F Quimbundo Sociotopônimo
257 Montana, Fazenda H Português Antropotopônimo
258 Monte Alegre, Fazenda H Português Geomorfotopônim
259 Morrinho, Fazenda H Português Geomorfotopônim
260 Morro Alto F Português Dimensiotopônimo
261 Morro Alto, Fazenda H Português Geomorfotopônim
262 Morro Alto, Fazenda H Português Geomorfotopônim
263 Mortas de Fome, Córrego F Português Fitotopônimo
264 Mortes, Rio das F Português Historiotopônimo
265 Mutum, Córrego F Tupi Zootopônimo
266 Agropastoril H Português Hagiotopônimo
267 Nossa Senhora Aparecida, H Português Hagiotopônimo
268 Nossa Senhora da Guia, H Português Hagiotopônimo
269 Nova Aliança, Fazenda H Português Cronotopônimo
270 Nova Aurora, Fazenda H Português Cronotopônimo
271 Nova Esperança, Fazenda H Português Cronotopônimo
272 Nova Franca, Fazenda H Português Cronotopônimo
273 Nova Lima, Fazenda H Português Cronotopônimo
274 Nova Maravilha, Fazenda H Português Cronotopônimo
275 Nova Olinda, Córrego F Português Cronotopônimo
276 Nova Olinda, Fazenda H Português Cronotopônimo
277 Nova Roma, Fazenda H Português Cronotopônimo
278 Nova Vieira, Fazenda H Português Cronotopônimo
279 Oficina, Córrego F Português Sociotopônimo
280 Oficina, Córrego F Português Sociotopônimo
281 Olho d´agua, Fazenda H Português Somatotopônimo
282 Onça, Córrego da F Português Zootopônimo
283 Otacílio José dos Santos, H Português Antropotopônimo
284 Ouro Fino, Córrego F Português Litotopônimo
285 Ouro Fino, Fazenda H Português Litotopônimo
286 Ouro Verde, Fazenda H Português Litotopônimo
287 Pabreulândia, Fazenda H Português SC
288 Palmitinho, Córrego F Português Fitotopônimo
289 Palmito, Córrego F Português Fitotopônimo
290 Palmito, Retiro H Português Fitotopônimo
291 Panorama, Fazenda H Português Corotopônimo
292 Panori, Córrego F Português SC
293 Pantanal, Lagoa do F Português Geomorfotopônim
294 Papagaio, Córrego F Tupi Zootopônimo
295 Paraguaia, Fazenda H Tupi Híbrido Etnotopônimo
296 Paraná, Córrego F Tupi Hidrotopônimo
297 Paranavaí, Fazenda H Tupi Corotopônimo
298 Paredão Grande, Ribeirão F Português Geomorfotopônim
299 Paredão, Fazenda H Português Geomorfotopônim
300 Passa Vinte, Fazenda H Português Dirrematotopônim
301 Passa Vinte, Ribeirão F Português Dirrematotopônim
302 Passa Vinte, Rio F Português Dirrematotopônim
303 Pau Brasil, Fazenda H Português Fitotopônimo
304 Paulistinha, Retiro H Português Etnotopônimo
305 Pedra Branca, Fazenda H Português Litotopônimo
306 Pedreira Córrego F Português Litotopônimo
307 Peixinho, Córrego F Português Zootopônimo
308 Pensamento, Córrego F Português Animotopônimo
309 Pereira, Fazenda H Português Antropotopônimo
310 Pereirão, Córrego do F Português Antropotopônimo
311 Pereirão, Lagoa do F Português Antropotopônimo
312 Pereirão, Morro do F Português Antropotopônimo
313 Piauí, Córrego F Tupi Corotopônimo
314 Pindaíba, Córrego F Tupi Fitotopônimo
315 Pindaíba, Ribeirão F Tupi Fitotopônimo
316 Pindaíba, Rio F Tupi Fitotopônimo
317 Pitomba, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
318 Pitomba, Serra do F Tupi Fitotopônimo
319 Pitombinha, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
320 Planalto, Fazenda H Português Geomorfotopônim
321 Pomar II, Fazenda H Português Fitotopônimo
322 Pompeu, Fazenda H Português Antropotopônimo
323 Pontal, Fazenda H Português Geomorfotopônim
324 Ponte Queimada, Fazenda H Português Hodotopônimo
325 Ponte Queimada, Ribeirão F Português Hodotopônimo
326 Portão, Córrego do F Português Hodotopônimo
327 Porteiro, Córrego F Português Sociotopônimo
328 Porto Alegre, Fazenda H Português Geomorfotopônim
329 Porto da Chipinga F Português Geomorfotopônim
330 Pousada das Garças, H Português Ecotopônimo
331 Prata, Córrego da F Português Litotopônimo
93

332 Primavera, Fazenda H Português Metereotopônimo


333 Princesa do Vale, Fazenda H Português Axiotopônimo
334 Princesa, Fazenda H Português Axiotopônimo
335 Providência, Córrego F Português Animotopônimo
336 Pulador, Córrego F Português Hidrotopônimo
337 Quero-Quero, Morro do F Português Zootopônimo
338 Ranchão, Córrego F Português Ecotopônimo
339 Ranchão, Fazenda H Português Ecotopônimo
340 Rancho Alvorada, Retiro H Português Ecotopônimo
341 Recanto, Fazenda H Português Sociotopônimo
342 Redentor, Fazenda H Português Hierotopônimo
343 Remanso, Fazenda H Português Hidrotopônimo
344 Retiro, Córrego F Português Sociotopônimo
345 Rio Bonito, Fazenda H Português Hidrotopônimo
346 Rio Claro, Fazenda H Português Hidrotopônimo
347 Rio Pindaíba, Fazenda H Português Hidrotopônimo
348 Roça, Córrego da F Português Sociotopônimo
349 Rochedo, Fazenda H Português Litotopônimo
350 Roncador, Fazenda H Português Hidrotopônimo
351 Rosário, Fazenda H Português Hierotopônimo
352 Salgorino, Fazenda do H Português Antropotopônimo
353 Salvador, Cachoeira F Português Hidrotopônimo
354 Samoa, Fazenda H Português Corotopônimo
355 Sanarda, Fazenda H Português Antropotopônimo
356 Santa Adélia, Fazenda H Português Hagiotopônimo
357 Santa Alice, Fazenda H Português Hagiotopônimo
358 Santa Cândida, Fazenda H Português Hagiotopônimo
359 Santa Catarina, Fazenda H Português Hagiotopônimo
360 Santa Clara, Fazenda H Português Hagiotopônimo
361 Santa Cruz, Córrego F Português Hierotopônimo
362 Santa Cruz, Fazenda H Português Hierotopônimo
363 Santa Elisa, Fazenda H Português Hagiotopônimo
364 Santa Eugênia, Fazenda H Português Hagiotopônimo
365 Santa Gabriela, Fazenda H Português Hagiotopônimo
366 Santa Helena, Fazenda H Português Hagiotopônimo
367 Santa Luzia, Fazenda H Português Hagiotopônimo
368 nta Maria Adelina, Fazenda H Português Hagiotopônimo
369 Santa Maria, Fazenda H Português Hagiotopônimo
370 Santa Maria, Fazenda H Português Hagiotopônimo
371 Santa Rosa, Fazenda H Português Hagiotopônimo
372 Santa Terezinha, Fazenda H Português Hagiotopônimo
373 Santana, Fazenda H Português Hagiotopônimo
374 Santo André, Fazenda H Português Hagiotopônimo
375 Santo Antonio, Agropastoril H Português Hagiotopônimo
376 Santo Antonio, Córrego F Português Hagiotopônimo
377 Santo Antonio, Córrego F Português Hagiotopônimo
378 Santo Antonio, Fazenda H Português Hagiotopônimo
379 Santo Antonio, Fazenda H Português Hagiotopônimo
380 Santo Bento, Córrego F Português Hagiotopônimo
381 Santo Reis, Fazenda H Português Hierotopônimo
382 São Benedito, Fazenda H Português Hagiotopônimo
383 São Bento, Fazenda H Português Hagiotopônimo
384 São Carlos, Fazenda H Português Hagiotopônimo
385 São Domingos, Estância H Português Hagiotopônimo
386 São Domingos, Fazenda H Português Hagiotopônimo
387 São Jerônimo, Fazenda H Português Hagiotopônimo
388 São João, Fazenda H Português Hagiotopônimo
389 São João, Fazenda H Português Hagiotopônimo
390 São Joaquim, Fazenda H Português Hagiotopônimo
391 São José, Fazenda H Português Hagiotopônimo
392 São José, Lagoa F Português Hagiotopônimo
393 São Judas, Fazenda H Português Hagiotopônimo
394 São Luis, Ribeirão F Português Hagiotopônimo
395 São Luiz, Fazenda H Português Hagiotopônimo
396 São Luiz, Fazenda H Português Hagiotopônimo
397 São Manoel, Fazenda H Português Hagiotopônimo
398 São Manoel, Retiro H Português Hagiotopônimo
399 São Marcos, Colônia H Português Hagiotopônimo
400 São Marcos, Fazenda H Português Hierotopônimo
401 São Marcos, Rio F Português Hagiotopônimo
402 São Marcos, Usina H Português Hagiotopônimo
403 São Miguel, Fazenda H Português Hagiotopônimo
404 São Sebastião, Fazenda H Português Hagiotopônimo
405 Senhor Neguinho, Fazenda H Português Axiotopônimo
406 Serra Azul, Fazenda H Português Geomorfotopônim
407 Sessenta, Córrego F Português Numerotopônimo
408 Sol Vermelho, Fazenda H Português Astrotopônimo
409 Sonho Alegre, Fazenda H Português Animotopônimo
410 Sonhos, Vale dos F Português Animotopônimo
411 Sossego, Fazenda H Português Animotopônimo
412 Sucuri, Córrego F Tupi Zootopônimo
413 Tambori, Fazenda H Tupi Fitotopônimo
414 Tambori, Retiro H Tupi Fitotopônimo
415 Tapejara, Fazenda H Tupi Ecotopônimo
416 Taquaral, Córrego do F Tupi Híbrido Fitotopônimo
417 Taquaral, Fazenda H Tupi Híbrido Fitotopônimo
418 Taquaral, Ribeirão F Tupi Híbrido Fitotopônimo
419 Taquaral, Serra do F Tupi Híbrido Fitotopônimo
420 Taquaralzinho, Córrego F Tupi Híbrido Fitotopônimo
421 Terra do Sol, Córrego F Português Litotopônimo
422 Terra do Sol, Fazenda H Português Corotopônimo
423 Tomba Carro, Córrego F Português Dirrematotopônim
424 Três Marcos, Córrego F Português Numerotopônimo
425 Três Marcos, Fazenda H Português Numerotopônimo
426 Tucano, Córrego F Tupi Zootopônimo
427 Tupã, Fazenda H Tupi Mitotopônimo
428 União, Fazenda H Português Animotopônimo
429 Valadão, Córrego F Português Antropotopônimo
95

430 Valadão, Fazenda H Português Antropotopônimo


431 Vale do Araguaia, Fazenda H Tupi Geomorfotopônim
432 Vale do Barreiro, Fazenda H Português Geomorfotopônim
433 Vale do Ipê, Fazenda H Português Geomorfotopônim
434 Vale do Sonho, Fazenda H Português Geomorfotopônim
435 Vale Dourado, Fazenda H Português Geomorfotopônim
436 Vale Rico, Fazenda H Português Geomorfotopônim
437 Vale Verde, Fazenda H Português Geomorfotopônim
438 Varjão Comprido, Córrego F Português Litotopônimo
439 Veados, Córrego dos F Português Zootopônimo
440 Veados, Lagoa dos F Português Zootopônimo
441 Vera Cruz, Fazenda H Português Corotopônimo
442 Vera Cruz, Retiro H Português Hierotopônimo
443 Verde, Córrego F Português Cromotopônimo
444 Vermelho, Córrego F Português Cromotopônimo
445 Vermelho, Lago F Português Cromotopônimo
446 Volta Grande, Fazenda H Português Morfotopônimo
447 Zacarias, Ribeirão F Português Antropotopônimo
ANEXO C

Quadro 2 - Quantificação dos topônimos do município de Barra do Garças


Taxionomia
Natureza Antropo-Cultural Natureza Física
Classificação Qtde % Classificação Qtde %
Animotopônimo 23 5,15% Astrotopônimo 3 0,67%
Antropotopônimo 27 6,04% Cardinotopônimo 4 0,89%
Axiotopônimo 7 1,57% Cromotopônimo 4 0,89%
Corotopônimo 9 2,01% Dimensiotopônimo 3 0,67%
Cronotopônimo 10 2,24% Fitotopônimo 48 10,74%
Dirrematotopônimo 6 1,34% Geomorfotopônimo 43 9,62%
Ecotopônimo 8 1,79% Hidrotopônimo 43 9,62%
Ergotopônimo 17 3,80% Metereotopônimo 2 0,45%
Etnotopônimo 10 2,24% Morfotopônimo 3 0,67%
Hagiotopônimo 48 10,74% Zootopônimo 29 6,49%
Hierotopônimo 8 1,79% 182 40,72%
Historiotopônimo 2 0,45%
Hodotopônimo 4 0,89%
Litotopônimo 35 7,83%
Mitotopônimo 1 0,22%
Numerotopônimo 10 2,24%
Poliotopônimo 1 0,22%
SC 10 2,24%
Sociotopônimo 25 5,59%
Somatotopônimo 3 0,67% Natureza Antropo-Cultural 265
Toponimização 1 0,22% Natureza Física 182
59,28 Total
265 % geral 447
97

ANEXO D

Figura 2

Quantificação das categorias toponímicas


do Município de Barra do Garças

60 Animotopônimo
Antropotopônimo
Astrotopônimo
50 Axiotopônimo
Cardinotopônimo
Corotopônimo
Cromotopônimo
40 Cronotopônimo
Dimensiotopônimo
Percentagem

Dirrematotopônimo
Ecotopônimo
30 Ergotopônimo
Etnotopônimo
Fitotopônimo
20 Geomorfotopônimo
Hagiotopônimo
Hidrotopônimo
Hierotopônimo
10 Historiotopônimo
Hodotopônimo
Litotopônimo
0 Metereotopônimo
Mitotopônimo
Classificação Morfotopônimo
Numerotopônimo
Poliotopônimo
SC
Sociotopônimo
Somatotopônimo
Toponimização
Zootopônimo
ANEXO E

Fichas lexicográficos-toponímicas

Ficha lexicográfico-toponímica

Orientadora: Profª.Drª. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (DLCV-DL/USP)

Localização – Mato Grosso Município: Barra do Garças

Topônimo: Rio Araguaia A.G.: Rio Tipo: Físico


Taxionomia: Zootopônimo

Etimologia: Rio – [do latim rivu (riu no latim vulgar).] S.m: Araguaia – do tupi Ará-guaya,

Entrada Lexical: “... Curso d’água natural, de extensão mais ou menos considerável, que desloca de
um nível mais elevado para outro mais baixo...”; “os papagaios mansos”.
Estrutura Morfológica:

Histórico:

Informações Enciclopédicas:
Contexto:
Fonte: SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. 5.ed. São Paulo: Editora Nacional, 1987. .
CUNHA, A G. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, 2ª ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1977.,

Pesquisador: Florisvaldo F. dos Santos – R evisor:Prof ªDrª Maria Vicentina de P.A Dick

Data da Coleta:
99

Ficha lexicográfico-toponímica

Orientadora: Profª.Drª. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (DLCV-DL/USP)

Localização – Mato Grosso Município: Barra do Garças


Topônimo: Rio das Mortes A.G.: Rio Tipo: Físico
Taxionomia: Historiotopônimo

Etimologia: Mortes – do latim mors, mortis; s.f.


Entrada Lexical: fim da vida, falecimento, termo destruição.
Estrutura Morfológica: TS = S+prep+art+s

Histórico: “A denominação mortes é resultado de uma lenda.... Como ficaram em número reduzido,
sofreram ataque das tribos indígenas e os sobreviventes acabaram sendo vítimas dos índios..."

Informações Enciclopédicas:
Contexto:
Fonte: CUNHA, A G. Dicionário Etimológico Nova Fronteira, 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1977. SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. 5.ed. São Paulo: Editora Nacional,
1987

Pesquisador: Florisvaldo .F dos Santos - Revisor: Prof ªDrª Maria Vicentina de P.A Dick

Data da Coleta:
Ficha lexicográfico-toponímica
Orientadora: Profª.Drª. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (DLCV-DL/USP)

Localização – Mato Grosso - Município: Barra do Garças


Topônimo: Cidade de Barra do Garças A.G.: cidade Tipo: Humano
Taxionomia:Hidrotopônimo
Etimologia: cidade - do latim civitas,; de – preposição; Barra – do latim barr,; do – de+o: cont da
prep de +o e Garças – do pré-romano e adaptado ao latim lusitano gartia

Entrada Lexical: Complexo demográfico formado social e economicamente por uma concentração
populacional não agrícola; Pedaço ou desembocadura de rio, bancos ou coroas de detritos carregados
pelos cursos d’água e depositados na foz dos rios; Designa aves cicoformes, da família dos ardeídos
que são aquáticas.

Estrutura Morfológica: TC = S+prep+s+prep+art+s

Histórico:
Informações Enciclopédicas:
Contexto:
Fonte: CUNHA, A G. Dicionário Etimológico Nova Fronteira, 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1977.

Pesquisador: Florisvaldo . dos Santos Revisor: Profª Drª Maria Vicentina de P. A . Dick

Data da Coleta:

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