Relatório Final de Estágio

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ANA KAROLINE DAVID E SILVA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO:

NUTRIÇÃO SOCIAL

LAVRAS – MG
2018
ANA KAROLINE DAVID E SILVA

RELATÓRIO FINAL DE ETÁGIO SUPERVISIONADO:

NUTRIÇÃO SOCIAL

Relatório de estágio supervisionado


apresentado à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Curso
de Nutrição, para a obtenção do título de
Bacharel.

Prof. Dr Michel De Angelis Pereira


Orientador

LAVRAS – MG
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................1
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ...............................................................2
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .........................................3
4 DIFICULDADES ENCONTRADAS .......................................................................23
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................23
REFERÊNCIAS ............................................................................................................24
PROJETO DE ESTÁGIO ............................................................................................25
ANEXOS ........................................................................................................................36
1 INTRODUÇÃO

A Atenção Básica (AB) consiste em um conjunto de ações voltadas para a


população, no âmbito individual e coletivo, que visa promover a saúde e prevenir
doenças, realizando o diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e
manutenção da saúde. É considerada a principal porta de entrada e deve ser o contato
preferencial dos usuários ao sistema. De acordo com a Política Nacional de Atenção
Básica (PNAB), as Unidades Básicas de Saúde (UBS), com ou sem equipes de Saúde da
Família (ESF), desempenham papel principal na garantia de acesso da população a uma
atenção à saúde de qualidade (BRASIL, 2012).

O Ministério da Saúde, com objetivo de melhorar a qualidade da AB, ampliar a


abrangência e a diversidade das ações das ESF, criou os Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF), através da Portaria nº 154, de 24 de janeiro 2008. O NASF conta com
uma equipe multiprofissional de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar em
parceria com os profissionais das ESF locais e específicas, como Consultórios na Rua,
equipes Ribeirinhas e Fluviais, e Academia da Saúde, atuando diretamente no apoio
matricial e compartilhando, de forma prática e teórica, ações em saúde nos territórios sob
responsabilidade dessas equipes (BRASIL, 2012; MATTOS e DOS SANTOS, 2017).

Os NASF não possuem unidades físicas independentes ou especiais e os


atendimentos são realizados de acordo com as demandas identificadas no trabalho
conjunto com as equipes, que podem ser compostas por profissionais graduados na área
de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva, ou graduado diretamente em
uma dessas áreas, sendo um deles o nutricionista (BRASIL, 2012).

O nutricionista tem o importante papel de promover uma reeducação dos hábitos


alimentares da população fazendo a prevenção de doenças e a promoção da qualidade de
vida. Visando o Direito Humano à Alimentação Adequada, o nutricionista no NASF vem
pôr em prática o compromisso da integração de alimentação e nutrição com o setor saúde,
propondo ações como conhecer e estimular o consumo dos alimentos saudáveis
produzidos regionalmente, capacitar a ESF e participar de ações vinculadas aos
programas de controle e prevenção dos distúrbios nutricionais, elaborar em conjunto com
as ESF rotinas de atenção nutricional e atendimento para doenças relacionadas à
Alimentação e Nutrição (DE MELO et al, 2016; MATTOS e DOS SANTOS, 2017) .

1
O profissional deve atuar de acordo com os protocolos de AB e nos termos
prescritos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), cujo princípio busca
obedecer, preservar, desenvolver, e promover os direitos humanos à saúde e à
alimentação, bem como no trabalho interdisciplinar, intersetorial, ético, resolutivo,
longitudinal, acolhedor, com vínculo e responsabilização, se estruturando com base nos
seguintes eixos estratégicos (BRASIL, 2010):

1. Promoção de práticas alimentares saudáveis, em âmbito individual e coletivo,


em todas as fases do ciclo de vida;
2. Contribuição na construção de estratégias para responder às principais
demandas assistências quanto aos distúrbios alimentares, deficiências
nutricionais desnutrição e obesidade;
3. Desenvolvimento de projetos terapêuticos, especialmente nas doenças e
agravos não transmissíveis;
4. Realização do diagnóstico alimentar e nutricional da população, com a
identificação de áreas geográficas, segmentos sociais e grupos populacionais
de maior risco aos agravos nutricionais, bem como identificação de hábitos
alimentares regionais e suas potencialidades para promoção da saúde;
5. Promoção da segurança alimentar e nutricional fortalecendo o papel do setor
saúde no sistema de segurança alimentar e nutricional.

Desta forma, a vivência e participação do aluno de nutrição na AB é de extrema


importância em sua formação acadêmica, pois o capacita a receber um conhecimento
específico de um trabalho multiprofissional e sua integração na saúde básica, que lhe
permite ser o único profissional apto a desenvolver orientações dietéticas a partir dos
diagnósticos, valores socioculturais e da realidade de cada unidade familiar.

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL

O estágio foi realizado no município de Poços de Caldas, localizado na


mesorregião do Sul e Sudoeste de estado de Minas Gerais. Segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), o município possui uma área de 546,67 Km² e uma
população estimada em 166.111 no ano de 2018.

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Hoje, Poços de Caldas possui 37 UBS, sendo 35 com ESF, cadastradas no
Ministério da Saúde. Além da equipe básica, a Saúde da Família conta com equipe
multiprofissional do NASF distribuídos em três equipes, sendo elas NASF Centro-Oeste,
NASF Leste e NASF Sul. De acordo com o DataSUS, em 2015 a cobertura da ESF no
município era de 85.100 pessoas e 26.175 famílias cadastradas.

No período de 23 de julho à 14 de setembro de 2018, foi realizado estágio na área


de Nutrição Social no NASF Centro-Oeste, com carga horária de 30 horas semanais,
sendo um total de 240 horas. Este núcleo é formado por uma equipe de 7 profissionais de
diferentes áreas de conhecimento, são eles: 1 Assistente Social, 1 Educador Físico, 1
Farmacêutica, 1 Fisioterapeuta, 1 Nutricionista, 1 Psicólogo e 1 Terapeuta Ocupacional.
Atualmente, o NASF Centro-Oeste está vinculado à 5 ESF e 1 UBS, sendo elas ESF Caio
Junqueira, ESF Cascatinha, ESF Nova Aurora, ESF Santa Augusta, ESF Vila Nova e
UBS Flores.

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Instrução de preenchimento de fichas do sistema e-SUS e da Secretaria de Saúde do


Município de Poços de Caldas

No primeiro dia de estágio, foram apresentadas as fichas do sistema e-SUS e da


Secretaria de Saúde de Poços de Caldas, as quais devem ser preenchidas pelo profissional
nutricionista e como deve ser feito o preenchimento das mesmas, em todos os
atendimentos ou quando necessário. São elas:

1 - Fichas do Sistema e-SUS:

 Ficha de Atendimento Individual;


 Ficha de Procedimentos;
 Ficha de Atividade Coletiva;
 Ficha de Visita Domiciliar;

2 - Fichas da Secretaria Municipal de Saúde:

 Relatório de Visita Domiciliar;


 Ficha de Referência e Contra-Referência;

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 Formulário de solicitação de dietas, fórmulas, e suplementos orais para
crianças;
 Formulário de prescrição nutricional de dietas, fórmulas e suplementos
orais;
 Termo de responsabilidade do usuário ou responsável legal para
recebimento de dietas, fórmulas e suplementos orais;
 Solicitação de Exames Laboratoriais;
 Ficha de Prescrição (receituário).

Tempo aproximado para designação da atividade: 3:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

Realização de triagem nutricional

Durante todo o período de estágio, foram realizadas triagem nutricional, através


da avaliação antropométrica dos pacientes, anteriormente a todos os atendimentos
individuais.

Em crianças maiores de 2 anos, adolescentes, adultos e idosos aferia-se o peso


corporal em balança digital ou mecânica; estatura através de um antropômetro vertical,
geralmente acoplado à balança; cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) a partir do
peso e estatura aferidos; circunferência da cintura com o auxílio de fita métrica inelástica
(exceto crianças); e no caso dos idosos, aferia-se circunferência da panturrilha esquerda
e do braço esquerdo quando necessário.

Em crianças menores de 2 anos, aferia-se o peso em balança digital pediátrica; o


comprimento era medido através de um antropômetro horizontal, onde a criança era
deitada na maca, conforme o plano de Frankfurt; calculava-se o IMC a partir do peso e
comprimento aferidos; e perímetro cefálico (PC) utilizando fita métrica inelástica.
Quando não era possível pesar a criança na balança pediátrica, aferia-se o peso com a
criança no colo do responsável e depois subtraía-se o peso apenas do responsável.

Em gestantes aferia-se peso em balança digital ou mecânica, estatura através do


antropômetro vertical e cálculo do IMC a partir do peso e estatura aferidos.

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Em pacientes domiciliados, aferia-se somente a circunferência da panturrilha e
circunferência do braço, em ambos os lados (direito e esquerdo), quando necessário. O
diagnóstico nutricional era dado com base na avaliação clínica, juntamente com a
antropométrica.

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: diariamente

Acompanhamento de atendimentos individuais

Os atendimentos individuais são efetuados pela nutricionista do NASF a partir de


encaminhamentos de médicos ou de outros profissionais das equipes. Estes foram
acompanhados durante todo o período de estágio. Neles foram realizados a avaliação
antropométrica, avaliação da condição clínica quando presente (dislipidemia, obesidade,
diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doenças renais, esquizofrenia, câncer -
em tratamento -, transtornos alimentares, entre outros), avaliação do consumo alimentar
através de marcadores do consumo alimentar e de recordatório 24h ou registro alimentar
habitual, diagnóstico, prescrição dietética e orientações nutricionais de acordo com as
necessidades individuais e respeitando o histórico cultural, familiar e socioeconômico de
cada paciente. Quando necessário, era realizado encaminhamento para acompanhamento
de outro profissional da equipe.

Tempo aproximado para designação da atividade: 4:00 h/dia

Período de designação: diariamente

Acompanhamento de consultas de puericultura

As consultas de puericultura, onde são avaliadas crianças de zero a 24 meses de


idade, podem ser realizadas apenas pela nutricionista, ou em conjunto com o médico (a)
e/ou enfermeiro (a) da unidade. Nas consultas, a nutricionista executa atividades como
triagem nutricional, avaliação dos índices nutricionais na Caderneta da Criança
(PC/Idade; Peso/Idade; Comprimento/Idade; Altura/Idade; IMC/Idade) para diagnóstico,
além da avaliação do aleitamento materno. Quando ausente, há orientações e, se
necessário, prescrição de leite de vaca (corrigido ou não) ou fórmulas infantis em caso de

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crianças menores de 6 meses de idade. E, em caso de crianças com 6 meses ou mais, há
introdução a alimentação complementar, orientações e acompanhamento da mesma até 2
anos completos. Além disso, é realizada a prescrição de suplementação de vitamina A +
D e sulfato ferroso de acordo com os critérios.

Durante todo o período de estágio foi possível acompanhar 6 consultas de


puericultura nas ESF: Cascatinha (2 dias), Vila Nova (1 dia), Santa Augusta (1 dia), Caio
Junqueira (1 dia), e UBS Flores (1 dia). A puericultura na ESF Caio Junqueira foi
realizada por mim em conjunto com a nutricionista supervisora, enfermeiro chefe da
unidade e com a terapeuta ocupacional.

Tempo aproximado para designação da atividade: 4:00h/dia

Período de designação: quinzenalmente

Acompanhamento de atendimentos domiciliares

As visitas domiciliares são realizadas em pacientes acamados, deambulantes ou


com dificuldades de deslocamento, de acordo com a necessidade, em caso de novos
pacientes e acompanhamento programado dos pacientes cadastrados na ESF.

Nas visitas são realizadas a avaliação nutricional, avaliação do consumo alimentar


(dieta oral ou enteral), e mediante o diagnóstico nutricional, são prescritos planejamento
alimentar, dieta enteral, suplementos ou complementos alimentares, de acordo com as
necessidades de cada paciente, e com a disponibilidade de fornecimento dos produtos
pela Secretaria Municipal de Saúde.

Dentre as condições avaliadas, foi possível acompanhar atendimentos de pacientes


em tratamento de AVC, infarto, paralisia cerebral, câncer (mama, linfoma, trato
gastrointestinal), Alzheimer, Insuficiência Renal Aguda, Insuficiência Renal Crônica,
Diabetes, pós cirúrgicos, entre outros.

Tempo aproximado para designação da atividade: 2:00h/dia

Período de designação: semanalmente

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Acompanhamento de atividades coletivas (atendimento em grupo)

Grupo Diabetes

Na ESF Vila Nova foi desenvolvido o Grupo de Diabetes, devido ao grande


número de diabéticos residentes na comunidade atendida pela unidade, visando atender a
demanda de uma maneira mais eficaz.

A princípio, todos os pacientes diagnosticados com Diabetes Mellitus tipo I ou II,


foram convidados a participar das atividades que seriam desenvolvidas. Os interessados
compareceram em consultas individuais agendadas para avaliação antropométrica,
avaliação do consumo alimentar, avaliação do nível de atividade física e o valor de
hemoglobina glicada (HbA1C), diagnóstico nutricional e posterior prescrição dietética e
orientações.

Os acompanhamentos foram realizados nas reuniões subsequentes que


aconteceram todas as quartas-feiras, às 8 horas, totalizando 5 encontros, no Salão
Paroquial da igreja católica do bairro. Durante o período de estágio, foram acompanhadas
4 reuniões, a primeira foi coordenada pelo psicólogo, a segunda foi coordenada pela
nutricionista, a terceira foi coordenada pelo médico e enfermeira chefe da ESF e a quarta
foi coordenada pelo educador físico e pela fisioterapeuta do NASF.

Na segunda reunião, foi desenvolvida uma atividade de Educação Alimentar e


Nutricional (EAN), um jogo da memória com alimentos, onde, a medida que os pacientes
iam completando os pares, a nutricionista fazia uma consideração da relação do alimento
em questão com a diabetes, desmistificando mitos e orientando o consumo dos mesmos.

Na quarta reunião, após as intervenções dos profissionais de educação física e


fisioterapia, conduzi o final da reunião e presenteei os participantes com um “Livro de
Receitas – Sem açúcar” com versões de receitas populares sem açúcar e sem adoçantes
que podem ser consumidos por diabéticos.

No final de cada reunião eram realizados e registrados a aferição do peso, CC e


glicemia dos participantes para acompanhamento.

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: 4 dias

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Grupos de Reeducação Alimentar

Devido à grande demanda de encaminhamento de pacientes com sobrepeso e


obesidade para nutricionista, foram desenvolvidos nas ESF Vila Nova, ESF Cascatinha e
UBS Flores, grupos de Reeducação Alimentar com o objetivo de atender a todos de
maneira eficaz.

Para esses grupos, foram selecionados aqueles pacientes que não apresentavam
outra desordem além do excesso de peso. Para isso, realizou-se a avaliação
antropométrica e nutricional (peso, altura, IMC, CC), avaliação de exames bioquímicos
(hemograma completo, colesterol total e frações, glicemia, entre outros), e nível de
atividade física. Todos os primeiros atendimentos foram individuais, e, além das
avaliações, cada paciente recebeu orientações e plano alimentar de acordo com a sua
necessidade.

Ao final do grupo, a nutricionista seleciona aqueles pacientes que não receberam


alta do tratamento e dá continuidade em consultas individuais agendadas na unidade de
saúde.

 UBS Flores

Na UBS Flores as reuniões aconteciam na própria unidade. Foram acompanhadas


2 reuniões. A primeira onde eu participei, foi coordenada pelo psicólogo do NASF em
conjunto com a nutricionista. O psicólogo abordou assuntos que podem estar relacionados
ao excesso de peso, como ansiedade, problemas familiares, entre outros e a nutricionista
aplicou a “Oficina 2: O que é saúde para você?” do material desenvolvido pelo Ministério
da Saúde intitulado “Instrutivo: metodologia de trabalho em grupos para ações de
alimentação e nutrição na atenção básica”, com objetivo de refletir sobre os fatores,
positivos e negativos, que interferem na saúde, discutir sobre a importância de uma
alimentação adequada e saudável para a manutenção e melhoria da saúde e construir
coletivamente o conceito de saúde.

Além dessas intervenções, eu desenvolvi uma atividade de EAN, a partir de um


cartaz elaborado por mim, que mostrava a quantidade de açúcar presente nos alimentos
industrializados mais consumidos pelos pacientes da UBS, segundo levantamento da

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nutricionista. Após a atividade o cartaz permaneceu exposto na recepção da unidade para
toda a população do bairro que frequenta a unidade ter acesso.

A segunda reunião em que participei foi coordenada por mim em conjunto com o
educador físico e a fisioterapeuta, ambos do NASF. Os profissionais abordaram assuntos
relacionados à atividade física, como a importância da mesma para a melhoria e
manutenção da saúde, além de ensinar exercícios de alongamento e promoverem uma
caminhada pelo bairro. Na volta da caminhada, foi oferecido um “Café com Frutas”, com
ingredientes doados pelo Banco de Alimentos do município, onde em uma roda de
conversa, eu discuti os “10 passos para uma alimentação saudável” desenvolvido pelo
Ministério da Saúde com os participantes.

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: 2 dias

 ESF Vila Nova

Na ESF Vila Nova os encontros dos grupos aconteceram no Salão Paroquial da


igreja católica do bairro. A reunião em que acompanhei foi coordenada pela terapeuta
ocupacional em conjunto com a fisioterapeuta e a nutricionista, ambas do NASF.

As profissionais realizaram uma roda de conversa, apresentaram um folder sobre


“Escolhas Alimentares”, além da “Oficina 4: Alimentação saudável: Por onde começar?
A balança das escolhas”, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre
alimentação, discutir os determinantes das escolhas alimentares e suas consequências
para a saúde, refletir sobre os obstáculos e os facilitadores para realizar escolhas
alimentares saudáveis.

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

 ESF Cascatinha

Na ESF Cascatinha as reuniões do grupo de Reeducação Alimentar foram


realizadas na biblioteca pública do bairro. As atividades tiveram início no mês de agosto

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com previsão de término em outubro, totalizando 7 reuniões todas coordenadas pela
nutricionista. O plano de ação desenvolvido para esse grupo incluiu desenvolver as 7
Oficinas do “Instrutivo: metodologia de trabalho em grupos para ações de alimentação e
nutrição na atenção básica”.

Durante o período de estágio foi possível acompanhar apenas as 4 primeiras


reuniões do grupo, onde foram desenvolvidas respectivamente as 4 primeiras Oficinas do
Instrutivo apresentadas no Quadro 1.

O quarto encontro foi conduzido por mim, sob supervisão da nutricionista. Nele
desenvolvi a “Oficina 4: Alimentação saudável: por onde começar? A balança das
escolhas” de acordo com as instruções do documento de referência, objetivando
desenvolver a autonomia dos participantes em relação às suas escolhas alimentares

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: 4 dias

Quadro 1 – Descrição das oficinas e respectivos objetivos

Oficinas Objetivos
Data: 23/08/2018  Conhecer os participantes e as expectativas
Oficina 1: Quem somos nós? em relação à promoção da alimentação
adequada e saudável.
 Apresentar aos participantes a ação proposta.
 Sensibilizar os participantes para a
possibilidade de mudanças.
Data: 30/08/2018  Refletir sobre os fatores que interferem
Oficina 2: O que é saúde para (positivos e negativos) na saúde.
você?  Discutir a importância da promoção da
alimentação adequada e saudável para a
manutenção/melhoria da saúde.
 Construir coletivamente um conceito de
saúde.

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Data: 06/09/2018  Discutir as dúvidas relativas à promoção da
Oficina 3: Tempestade de alimentação adequada e saudável.
Dúvidas  Refletir sobre a importância de buscar
informações de fontes seguras sobre
alimentação e nutrição.
 Discutir o conceito de promoção da
alimentação adequada e saudável para além
da ingestão de nutrientes e alimentos
específicos.
Data: 13/09/2018  Aprofundar o conhecimento sobre
Oficina 4: Alimentação alimentação.
saudável: por onde começar? A  Discutir os determinantes das escolhas
balança das escolhas alimentares e as consequências para a saúde.
 Refletir sobre os obstáculos e os facilitadores
para escolhas alimentares saudáveis.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Grupos de Tabagismo

O tabagismo é reconhecidamente uma doença crônica, e de acordo com o Instituto


Nacional do Câncer (INCA), é fator de risco para mais de 50 doenças. Sendo assim, o MS
criou o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) que visa o tratamento da
pessoa tabagista e apresenta ótimo custo‐efetividade nos cuidados em saúde,
principalmente relacionado às doenças crônicas.

O tratamento das pessoas tabagistas deve ser realizado prioritariamente nas UBS,
devido seu alto grau de descentralização e capilaridade, e considera uma abordagem
multiprofissional, onde a condução do grupo terapêutico é composta por uma dupla de
profissionais, de diferentes categorias. Entretanto, isso depende da organização dos
serviços de saúde e da habilidade de seus profissionais na abordagem ao tabagista,
podendo também ser conduzido por uma equipe ou por apenas um profissional.

A nutricionista do NASF Centro-Oeste foi convidada para participar da reunião


do grupo de Tabagismo da ESF Country Club no dia 21 de agosto de 2018, onde a auxiliei

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no desenvolvimento da “Oficina 3: Tempestade de Dúvidas” do Instrutivo com o objetivo
de sanar as dúvidas dos participantes e desmistificar mitos relacionados ao tabagismo e
Nutrição.

A ESF Caio Junqueira convidou-me para conduzir uma reunião do grupo de


Tabagismo da unidade, e no dia 27 de agosto de 2018 foi desenvolvida a mesma atividade
praticada na ESF Country Club visando o mesmo objetivo.

Tempo aproximado para designação da atividade: 1:00 h/dia

Período de designação: 2 dias

Preenchimento e lançamento de fichas de atendimento individual e de atividades


coletivas no sistema E-SUS

Durante o período de estágio, ao realizar-se a triagem nutricional de cada paciente,


ou durante o atendimento ou atividade, realizava-se o preenchimento da ficha de
atendimento e, ao final do expediente, realizava-se o lançamento das fichas de
atendimento individual, de procedimentos, de atividade coletiva e de visita domiciliar no
sistema E-SUS.

Tempo aproximado para designação da atividade: 2:00 h/dia

Período de designação: diariamente

Acompanhamento de reuniões matriciais

As reuniões matriciais são atividades atribuídas ao NASF e são realizadas uma


vez por mês em cada unidade de saúde em que o NASF Centro-Oeste encontra vinculado.

Durante o período de estágio foi possível acompanhar 6 reuniões de


matriciamento, sendo 2 na ESF Cascatinha, e uma em cada das outras ESF: Vila Nova,
Caio Junqueira, Santa Augusta e UBS Flores. As reuniões contam com a participação de
todos os funcionários da unidade, incluindo enfermeiro(a), médico(a), técnicas de
enfermagem, recepcionistas e ACS, além dos integrantes do NASF, onde são discutidos
alguns casos de pacientes em necessidade de atenção especial, além de ações de saúde a
serem desenvolvidas pelas unidades em conjunto com o NASF.

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Além da discussão de casos, a nutricionista apresentou em todas as reuniões uma
proposta de projeto intitulado “Meu Bairro mais Saudável” a ser desenvolvido nas ESF
em conjunto com as escolas do bairro, e no caso de não haver escola no território, a
proposta é desenvolver junto com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Durante o
período de estágio o projeto foi implantado apenas na ESF Cascatinha.

Tempo aproximado para designação da atividade: 3:00 h/dia

Período de designação: semanalmente

Realização de atendimento individual

Durante o período de estágio foram realizados 17 atendimentos individuais, nas


ESF: Vila Nova, Nova Aurora, Santa Augusta, Cascatinha e na UBS Flores, incluindo 1
criança menor de 2 anos em uma puericultura, 3 crianças maiores de 2 anos, 2
adolescentes, 4 idosos e 7 adultos, que apresentavam patologias: Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT) como excesso de peso, diabetes, hipertensão arterial;
dislipidemia; transtornos emocionais; transtornos alimentares; entre outros.

Realizava-se a triagem nutricional, seguida das avaliações antropométrica e de


condições clínicas, além da anamnese, avaliação do consumo alimentar e diagnóstico
nutricional. A partir do diagnóstico realizava-se procedimentos clínicos, terapêuticos,
solicitação de exames e encaminhamento para outro profissional quando necessários, e
prescrição dietética, além das orientações nutricionais objetivando-se estimular a
autonomia do paciente.

Os retornos para cuidado continuado são agendados de acordo com a necessidade


de cada paciente, podendo variar entre intervalos de 1, 3 ou 6 meses, ou até atingir os
objetivos do tratamento.

Tempo aproximado para designação da atividade: 30 min/atendimento

Período de designação: semanalmente

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Projeto “Meu bairro mais saudável”

O Projeto de Saúde no Território (PST) é uma das estratégias de planejamento do


trabalho das equipes de saúde que se pauta a partir do entendimento ampliado de saúde e
sustenta-se nos pilares da promoção da mesma, incluindo participação social e
emancipação da população. Por meio de discussão coletiva intersetorial aponta-se as
prioridades e necessidades em saúde da comunidade e, a partir disso, são elaboradas ações
direcionadas à promoção de saúde e redução de agravos de um determinado território
(BRASIL, 2010).

O PST constitui-se em um movimento de coprodução e de cogestão em que as


ESF e NASF, articuladas com outros serviços de saúde procuram investir na qualidade
de vida de indivíduos e comunidades e no protagonismo dos sujeitos (BRASIL, 2010).

Desta forma, visando apoiar as ESF e as comunidades na construção de espaços


mais saudáveis, capazes de promover saúde de forma efetiva, deu-se início ao projeto
intitulado “Meu Bairro mais Saudável”, com objetivos de promover a saúde e autonomia
dos indivíduos, cogestão, corresponsabilização, fomento ao exercício da cidadania e
criação de ambientes favoráveis à uma boa qualidade de vida com maiores oportunidades
de escolha.

Contudo, a primeira etapa do projeto consiste em compreender o processo


histórico e social singular do território, definir os objetivos de cada ESF e estabelecer
ações efetivas para alcança-los utilizando os atores sociais e/ou instituições importantes
para o PST.

Ao decorrer do projeto serão levantadas informações como perfis demográfico,


socioeconômico, epidemiológico, familiar, territorial e marcadores de saúde envolvendo
as equipes de saúde e toda a população.

Visto isso, a nutricionista do NASF Centro-Oeste, em conjunto com a ESF do


bairro Cascatinha, implantaram o projeto na Escola Municipal Doutor Alvino Hosken de
Oliveira, na qual os alunos foram determinados como atores sociais, sendo os professores
e pais ou responsáveis os coautores.

Foram desenvolvidas ações com os alunos do 5º ao 9º ano nos dias 28, 29 e 30 de


agosto de 2018. A metodologia aplicada consistiu na “Oficina 2: O que é saúde para
você?” do Instrutivo do MS com o intuito de construir coletivamente um conceito de

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saúde, fazendo os alunos refletirem sobre os fatores positivos e negativos que interferem
na própria saúde.

O cronograma das ações foi estabelecido da seguinte forma:

 28 de agosto de 2018: alunos do 5º ano


 29 de agosto de 2018: alunos do 6º e 7º ano
 30 de agosto de 2018: alunos do 8º e 9º ano

De modo geral, inicialmente, realizou-se uma etapa de relaxamento com os alunos,


envolvendo uma sessão de alongamento e reconhecimento do próprio corpo com duração
de 10 minutos.

A segunda etapa teve duração de 20 minutos e consistiu na construção de um


autorretrato, onde cada aluno recebeu uma folha onde eles retrataram sua autoimagem
relacionando à percepção do próprio estado de saúde.

Em seguida, os alunos que se sentiram dispostos, voluntariamente mostraram seus


desenhos aos colegas e falaram sobre seu conceito de saúde. Ao final de cada ação, houve
uma discussão sobre a importância da promoção da alimentação adequada e saudável para
a manutenção/melhoria da saúde e cada turma recebeu uma “tarefa para casa”.

Os alunos do 5º ano elaboraram uma lista onde apontaram aquilo que eles acham que
precisa ser melhorado no bairro para promover uma qualidade de vida melhor à
população. Já os alunos do 6º ao 9º ano elaboraram uma redação com o mesmo objetivo.

Os desenhos, as listas e redações foram recolhidos e serão analisados pela


nutricionista conjuntamente com os outros profissionais do NASF, como psicólogo,
terapeuta ocupacional, educador físico para diagnósticos e elaboração de futuras ações a
serem desenvolvidas com toda população do bairro.

Visita ao Banco Municipal de Alimentos (BMA) de Poços de Caldas

O Banco de Alimentos é uma associação civil que atua com o objetivo de


minimizar os efeitos da fome e combater o desperdício de alimentos, permitindo que um
maior número de pessoas tenha acesso a alimentos básicos de qualidade, e em quantidade
suficiente, para uma alimentação saudável e equilibrada.

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O Banco Municipal de Alimentos (BMA) de Poços de Caldas fica localizado na
mesma área que o Ceasa municipal. Sua equipe de funcionários conta com uma
nutricionista que coordena as atividades desenvolvidas no âmbito do programa, além de
exercer a responsabilidade administrativa e técnica na operação dos serviços, fazendo a
captação de alimentos junto a doadores, como as centrais de abastecimento e rede de
produtores, fornecedores de alimentos e através de compras pelo Programa de Aquisição
de Alimentos.

Além disso, estão entre as atribuições da nutricionista o controle de qualidade e


processamento dos alimentos perecíveis e não perecíveis, desde a chegada até o
direcionamento dos alimentos recebidos às entidades da rede de proteção e promoção
social que servem refeições, e realiza atividades de EAN junto as pessoas beneficiadas.

O BMA conta com 39 unidades recebedoras da Rede Socioassistencial e


Hospitalar do município (CEI, APAE, Instituição Criança Feliz, lares de acolhimento para
idosos, entre outros), e poucas unidades de municípios vizinhos, além de fornecerem
doações de alimentos para eventos promovidos para a população através de um
documento de requisição formal e termo de compromisso.

Cada instituição recebe a quantidade de alimentos per capta baseada no número


de usuários e refeições servidas, a fim de evitar desperdícios e poder atender a todas as
instituições.

O BMA possui um programa intitulado “Cesta Verde”, onde são distribuídos


semanalmente uma cesta contendo frutas, verduras e legumes, a mais de 160 famílias com
baixa renda, em situação de insegurança alimentar do município ou portadores de alguma
doença mediante laudo médico ou da nutricionista da AB.

Além das atribuições citadas cima, a nutricionista também realiza ações de EAN
para as instituições e famílias beneficiadas pelo programa, ministra cursos e palestras para
os funcionários de modo a garantir a qualidade e segurança alimentar e nutricional dos
beneficiados.

Foi realizado um dia de estágio no BMA, onde foi possível acompanhar o trabalho
administrativo da nutricionista, montagem e entrega das Cestas Verdes às famílias,
distribuição de alimentos às instituições e recebimento, inspeção e seleção de alimentos
recebidos por doação.

16
Tempo aproximado para designação da atividade: 6:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

Visita ao Programa Materno Infantil

O Programa Materno Infantil é um programa totalmente gratuito promovido pelo


Departamento Municipal de Saúde. Seus principais objetivos são manter os pais bem
informados, proporcionar um pré-natal de qualidade e, principalmente, trabalhar em prol
de uma gestação sadia.

Visando atingir estas metas, o Materno Infantil oferece palestras regularmente


com psicóloga, nutricionista, odontopediatra e enfermeira; atendimento mensal com o
pediatra durante o primeiro ano de vida e atendimento trimestral durante o segundo ano
de vida do bebê; e acompanhamento com odontopediatra até o terceiro ano de vida do
bebê. Apesar de não realizar consultas de pré-natal, para integrar-se ao programa as
gestantes devem participar de todas as palestras promovidas pelo mesmo durante o
período de gestação. Além de participar das palestras, as gestantes podem receber um
vale transporte público gratuito válido do 4 mês até o último dia de gestação.

O programa de Poços de Caldas conta uma nutricionista que realiza atendimentos


nutricionais logo após o nascimento da criança (normalmente aos 5/7 dias de idade), para
avaliar o aleitamento materno; ao completar 2/3 meses de idade, para avaliação do
crescimento e desenvolvimento; aos 5/6 meses, para introdução da alimentação
complementar e avaliação do crescimento e desenvolvimento; e aos 12 meses, para
recebimento de alta.

Foi realizado um dia de estágio no Materno Infantil, onde foi possível acompanhar
auxílio de amamentação realizado pelas técnicas em enfermagem, além de uma palestra
ministrada pela nutricionista sobre aleitamento materno (AM) para as gestantes, onde a
mesma abordou assuntos acerca da importância e benefícios do AM.

Tempo aproximado para designação da atividade: 6:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

17
Visita ao Setor de Suplementos do município

Os usuários do SUS do município de Poços de Caldas contam com um Setor de


Suplementos que disponibilizam de forma gratuita suplementos alimentares e nutricionais
para aqueles pacientes que apresentam critérios necessários ou alguma necessidade
especial, como dieta enteral, disfagia, recém-nascido baixo peso, alergia a proteína do
leite de vaca, desnutrição, entre outros.

A aquisição do produto acontece perante a apresentação de um laudo e um


“Formulário de prescrição nutricional de dietas, fórmulas e suplementos orais” emitidos
por um nutricionista da rede de AB (ESF, NASF, hospitais municipais, atendimento
domiciliar) com a justificativa da prescrição do produto. Esse pedido é analisado pela
nutricionista responsável pelo Setor que verifica se a justificação é válida para liberação
do produto. O laudo e o formulário têm validade de 1 a 3 meses e, após esse prazo, o
paciente precisa ser avaliado novamente pelo nutricionista para alta ou nova prescrição
se necessário.

O Setor de Suplementos de Poços de Caldas dispõe dos seguintes produtos:


NeoAdvance, Nutren Jr, Modulen, Isosource 1.5, NutriEnteral SF, NutriDrink Compact,
Impact, Bem Vital MF, Carbofor, Sustain, Glucerna, Peptamen Junior, Isosource Soya,
Aptamil Soja, Nestogeno 1, Milupa 2, Total Nutrition Soy, Peptimax, Pregomin Pepti,
Pré Nan, Bem Vital Glutamina, Resource Protein e Nutilis.

Foi realizado um dia de estágio no Setor de Suplementos, onde foi possível


conhecer o funcionamento do local, os procedimentos necessários para a entrega, bem
como solicitação de produtos pelos usuários, entrega dos produtos, locais de
armazenamento, e documentação dos pacientes onde constam nome, idade e tempo de
tratamento do mesmo, o nome do produto e a quantidade de embalagens que ele irá
receber. Quando o produto é entregue, é necessário que o responsável assine a planilha
para comprovação e controle da administração.

Foi possível observar que o local contém algumas dificuldades relacionadas ao


armazenamento, como espaço insuficiente e inadequado, além de falta de fornecimento
de alguns produtos.

Tempo aproximado para designação da atividade: 6:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

18
Visita ao Serviço de Atendimento Domiciliar – “Melhor em casa”

O município de Poços de Caldas conta com o Serviço de Atenção Domiciliar


(SAD) – Melhor em Casa, cujo objetivo é atender pessoas acamadas ou com importante
dificuldade de locomoção, que necessitam de internação hospitalar, mas cujos cuidados
podem ser oferecidos no domicílio do paciente.

O SAD trabalha com a desospitalização para liberar leitos em hospitais, realizando


o tratamento diário que seria feito no hospital no domicílio dos pacientes, de modo a
oferecer um conforto maior para o paciente, família ou cuidadores, e para a equipe.

O serviço complementa a Rede de AB, atendendo a todas as faixas etárias, com


uma média de até 60 pessoas por mês. A equipe é formada por vários profissionais de
saúde que trabalham em conjunto, sendo eles: Médico, Enfermeiro, Assistente Social,
Técnicos de Enfermagem, Nutricionista, Fonoaudiólogo e Fisioterapeuta, que contam
com o apoio de Motoristas e Auxiliar Administrativo.

Os pacientes devem procurar os vários serviços de saúde do município, como a


Unidade de Pronto Atendimento, Hospitais e Unidades Básicas, para receber o primeiro
atendimento. Se a atenção domiciliar for indicada, o paciente será encaminhado ao SAD
e, a partir daí, receberá o tratamento necessário em casa. Todo o material e os
medicamentos necessários para o tratamento são fornecidos pela Prefeitura. A equipe de
atendimento tem os equipamentos básicos para examinar e tratar o paciente.

Foi realizado um dia de estágio no SAD – Melhor em Casa, onde foi possível
acompanhar o trabalho da nutricionista, que realiza as avaliações antropométricas e
nutricionais do paciente, além de procedimentos terapêuticos e prescrição dietética. Foi
possível acompanhar casos de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC), parada cardíaca em decorrência de choque anafilático e Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA).

Visita à Unidade de Pronto Atendimento do município

Foi realizado um dia de estágio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do


município de Poços de Caldas, onde foi possível conhecer a unidade e o trabalho realizado
pela nutricionista.

19
A UPA conta com as alas de recepção, administração, sala de espera, triagem,
consultórios, observação, pediatria, sala de curativos, área vermelha, copa e cozinha.
Além de dispor de 35 leitos de internação, onde os pacientes permanecem até serem
transferidos para algum hospital de acordo com as necessidades.

A nutricionista cumpre uma carga horária de 30h/semanais, e tem atribuições


como realizar avaliação nutricional e procedimentos terapêuticos dos pacientes da ala
vermelha, ou os que permanecem internados com alguma desordem (diabetes,
hipertensão, entre outros), além de orientações nutricionais para todos e prescrição
dietética em caso de dieta enteral.

A unidade não dispõe de cozinha adequada para a preparação e armazenamento


das refeições, desta forma, as refeições são terceirizadas, entregues todos os dias no
horário da distribuição para os pacientes e seus acompanhantes. São servidas quatro
refeições ao dia, sendo café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. O cardápio é criado
mensalmente pela nutricionista da empresa responsável pela alimentação, podendo
ocorrer imprevistos em caso de férias da mesma. Fato presenciado no dia da visita, onde
o cardápio oferecido era o mesmo há quase 60 dias. Outros problemas encontrados em
relação à alimentação são notificados à empresa para resolução dos mesmos.

Em relação à alimentação via enteral, a UPA dispõe de apenas duas opções:


NutriEnteral SF e NutriEnteral Soya, à base de soja, para pacientes que possuem alguma
alergia ou intolerância. Os médicos ou enfermeiros são responsáveis pela passagem da
sonda e a nutricionista realiza a prescrição e orientações em caso de alta hospitalar. O
paciente consegue adquirir através da Prefeitura no Setor de Suplementos, dietas,
fórmulas ou suplementos orais necessários para o primeiro mês depois da alta. Após esse
tempo, o paciente é encaminhado para a nutricionista da unidade de saúde responsável do
seu território, onde a mesma avalia, e em caso de continuação do tratamento, é realizada
nova prescrição.

No dia da visita foi possível acompanhar o caso de um paciente da ala vermelha,


onde o mesmo estava internado em decorrência de câncer de esôfago, o que impedia a
ingestão de alimentos via oral e a passagem da sonda nasogástrica, levando a um quadro
grave de jejum de 4 dias. Inicialmente, a conduta estabelecida pela equipe médica
consistiu em gastrostomia, entretanto, esse procedimento não é realizado na unidade e o
paciente encontrava-se na fila de espera para transferência de hospital, porém, não havia

20
vaga disponível em nenhum dos hospitais do município ou da região. A equipe sugeriu
dieta parenteral, todavia, a unidade não possui de recursos necessários para o
procedimento. O caso foi levado à outras unidades.

Tempo aproximado para designação da atividade: 6:00 h/dia

Período de designação: 1 dia

Reunião do Projeto Saúde na Escola (PSE)

O Programa Saúde na Escola (PSE) foi criado pelos Ministérios da Saúde e


Educação, e instituído em 2007 pelo Decreto Presidencial nº 6.286, com o intuito de
contribuir para o fortalecimento de ações na perspectiva do desenvolvimento integral e
proporcionar à comunidade escolar a participação em programas e projetos que articulem
saúde e educação, para o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno
desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens brasileiros (BRASIL, 2011).

A escola é considerada um espaço privilegiado para práticas de promoção de


saúde e de prevenção de agravos à saúde e de doenças e no âmbito do SUS, considera-se
a Saúde da Família como estratégia essencial para a reorganização da atenção básica.
Desta forma, a articulação entre escola e unidade de saúde é, portanto, uma importante
demanda do PSE (BRASIL,2011).

O PSE possui 12 ações obrigatórias. São elas:

 Ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti;


 Promoção da segurança alimentar e nutricional e da alimentação saudável;
 Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/AIDS;
 Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas;
 Promoção da Cultura de Paz, Cidadania e Direitos Humano;
 Promoção das práticas Corporais, da Atividade Física e do lazer nas
escolas;
 Prevenção das violências e dos acidentes;
 Identificação de educandos com possíveis sinais de agravo de doenças em
eliminação;
 Promoção e Avaliação de Saúde bucal e aplicação tópica de flúor;

21
 Verificação da situação vacinal;
 Promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis
sinais de alteração;
 Promoção da saúde ocular e identificação de educandos com possíveis
sinais de alteração.

Foram realizadas duas reuniões do PSE, com a presença de todas as escolas e suas
respectivas unidades de saúde em conjunto com os NASF do munícipio, nos dias 23 de
agosto e 11 de setembro de 2018, com o objetivo de estabelecer as ações conjuntas a
serem realizadas pelas escolas e ESF.

Tempo aproximado para designação da atividade: 3:00 h/dia

Período de designação: 2 dias

Reuniões do Projeto “Meu Bairro mais Saudável”

Com o intuito de implantar o projeto “Meu Bairro mais saudável” na escola do


bairro Cascatinha, foram realizadas reuniões com a diretoria, onde foram discutidos o
objetivo do projeto, o público a ser trabalhado e as atividades a serem realizadas.

Uma segunda reunião foi realizada com os professores para apresentar-lhes o


projeto, além de estabelecer a forma que o assunto seria tratado com os alunos. Após a
reunião de professores, houve uma reunião com os pais e responsáveis para convidá-los
a participar junto aos seus filhos.

Tempo aproximado para designação da atividade: 2:00 h/dia

Período de designação: 2 dias

Outras atividades desenvolvidas

Ao longo do estágio, foram realizadas atividades como confecção de materiais


para todas as ações desenvolvidas, como banner, folders, gráficos de diagnósticos
nutricionais, elaboração de livro de receitas, estudos de políticas públicas.

Tempo aproximado para designação da atividade: 2:00 h/dia

Período de designação: 6 dias

22
4 DIFICULDADES ENCONTRADAS

Durante o período de estágio foram encontradas dificuldades como estrutura de


algumas ESF que funcionam em imóveis alugados (casas) e falta de local apropriado nas
unidades de saúde para a realização de atendimentos individuais. Estes eram realizados
em salas avulsas que estivessem desocupadas, como sala de exames, sala de acolhimento,
sala do enfermeiro ou médico, o que, por diversas vezes, ocasionou atraso dos
atendimentos.

As ESF também não possuem lugares adequados para a realização das atividades
coletivas, o que faz com que estas sejam realizadas em locais públicos fora da ESF, como
a Biblioteca Pública, salão paroquial de Igrejas, praças, etc.

Outra dificuldade encontrada foi a falta de materiais necessários para a realização


do trabalho em algumas unidades, como fita métrica, ficha de prescrição do SUS, balança
digital portátil para atividades fora da ESF (grupos), entre outros.

5 CONCLUSÃO

O Estágio Obrigatório Supervisionado em Nutrição Social possibilitou uma


experiência, tanto profissional quanto pessoal, com pessoas de todos os ciclos da vida
dentro e fora das unidades de saúde. Foi possível interagir e presenciar a rotina dos
profissionais, as dificuldades enfrentadas diariamente e cada desafio superado, bem como
observar a importância do nutricionista dentro da equipe multidisciplinar.

O NASF Centro-Oeste proporcionou experiências fundamentais para meu


desenvolvimento profissional, como a interação com diferentes equipes diariamente,
além da interação com a comunidade – que foram retribuídos com interesse, receptividade
e agradecimento por parte dos envolvidos –, e o trabalho do nutricionista na AB, que vai
além de atendimentos e ações desenvolvidas.

Foi obtida toda a supervisão, correções e ensinamentos por parte da nutricionista


supervisora. O que reforça a importância do acompanhamento da profissional no
desenvolvimento das atividades.

23
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Diretrizes do NASF: núcleo de apoio à saúde da família. Ministério da Saúde,
2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Instrutivo PSE / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

BRASIL. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de


Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da
Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União, n. 204, 2011.

DE MELO, M. P. F., DE CASTRO BARBOSA, M. I., SCHOTT, E., MARTINS, M. L.


B. (2016). Núcleo de Apoio à Saúde da Família-NASF: práticas de um acadêmico de
nutrição. Rev. Eletrônica de Extensão – UFSC. v. 13. n. 25. Florianópolis. p.164-173.
2016.

Instituto Nacional do Câncer (INCA) – Brasil. Programa Nacional de Controle do


Tabagismo (PNCT): Tratamento do Tabagismo. [Citado em 2018 set 09]. Disponível
em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/tire_duvidas_pnct_2014.pdf.

MATTOS, P. F., DOS SANTOS NEVES, A. A importância da atuação do


nutricionista na Atenção Básica à Saúde. Revista Práxis, v. 1, n. 2. 2017.

24
ANA KAROLINE DAVID E SILVA

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE STRESS MENTAL DE


AGENTES COMUNUTÁRIOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO
DE POÇOS DE CALDAS-MG

LAVRAS – MG
2018
1 INTRODUÇÃO

Os agentes comunitários de saúde (ACS) constituem uma categoria profissional


numerosa, formada pela e para a própria comunidade, atuando e participando das ações
de saúde prestada nas localidades. Fazem parte da Atenção Básica (AB), e são peças
fundamentais nas engrenagens do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 1991, com a
criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) pelo Ministério da
Saúde, e, atualmente, integrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), é o primeiro
contato entre população e serviços de saúde (BRASIL, 2012; RESENDE et al 2011).

Os ACS têm papel fundamental nas ESF, pois residem na área de atuação, o que
propicia o contato direto da população com a equipe de saúde, além conhecerem as
famílias, saberem as histórias de cada um, favorecendo o vínculo e aproximando os
usuários do SUS (DE JESUS, 2014).

Entre as principais atribuições do ACS, estão: (1) realizar mapeamento de sua


área; (2) cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro; (3) identificar
indivíduos e famílias expostos a situações de risco; (4) identificar área de risco; (5)
orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando-as e
até agendando consultas, exames e atendimento odontológico, quando necessário; (6)
realizar ações e atividades, no nível de suas competências, na área prioritária da Atenção
Básica; (7) realizar, por meio de visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as
famílias sob sua responsabilidade; (8) estar sempre bem informado, e informar aos demais
membros da equipe sobre a situação das famílias acompanhadas, particularmente aquelas
em situações de risco; (9) desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase
na promoção da saúde e na prevenção de doenças; (10) promover a educação e a
mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas de saneamento e melhoria
do meio ambiente, entre outras; (11) traduzir para a ESF a dinâmica social da
comunidade, suas necessidades, potencialidades e limites; (12) identificar parceiros e
recursos existentes na comunidade que possam ser potencializados pela equipe
(RESENDE et al 2011).

As extensas cargas de trabalho demandam processos de adaptação, o que atua


sobre o corpo do indivíduo podendo gerar danos físicos e psíquicos. Levando em
consideração o cotidiano dos ACS, nota-se um ambiente propício para acarretar

26
sentimentos de insatisfação, desânimo, cansaço e fadiga, podendo elevar o risco de
acidentes e de doenças impactando diretamente no trabalho desempenhado e na saúde do
trabalhador.

Na literatura, há estudos que apontam as condições de vida, trabalho, saúde e


exposições ocupacionais do ACS como fator de estresse, ansiedade, desgaste mental e
transtorno mental comum (TMC), devido a penosidade do trabalho, como andar longas
distâncias a pé, exposições a doenças infecciosas, precárias condições de higiene, tarefas
desenvolvidas em áreas de maior risco social, algumas em casos de miséria, violência,
uso e tráfico de drogas (SANTOS et al, 2017).

2 JUSTIFICATIVA

Diante do exposto, torna-se fundamental identificar o nível de stress mental dos


ACS, para que seja possível elaborar ações voltadas para melhora da qualidade de vida e
das condições de trabalho que tem gerado sofrimento e agravos à saúde desses
trabalhadores.

3 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é avaliar o sentimento de solidão, a satisfação com a


vida e o sentimento de felicidade, bem como a prevalência de TMC entre alguns dos ACS
do município de Poços de Caldas-MG, como subsídio para verificação da necessidade de
implementação de ações voltadas para a saúde deste grupo de trabalhadores.

4 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal descritivo sobre a saúde mental dos ACS do


município de Poços de Caldas-MG. A amostra foi constituída por 18 ACS de ambos os
sexos, sendo 5 da ESF Itamaraty III, 4 da UBS Regional Sul, 2 da UBS Regional Leste,
2 da ESF Ponto da Cascata, 2 da ESF Vila Menezes, 2 da ESF Santo André, 1 da ESF
Santa Augusta, os quais responderam a um questionário desenvolvido sobre condições de
saúde e satisfação com a vida, além de terem o peso, estatura, circunferência da cintura e
pressão arterial aferidos.

27
Foram incluídos na pesquisa os ACS cadastrados em 7 ESF do Município de
Poços de Caldas que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e que não
apresentaram problemas de memória ou de compreensão evidentes.

A pesquisa teve duração média de 2 semanas e foi realizada no local de trabalho


dos participantes. O preenchimento do questionário foi realizado pela equipe de campo,
e um estudo piloto foi conduzido para testar o questionário e as estratégias para
administração do mesmo. As questões de difícil compreensão foram reformuladas.

O grau de satisfação com a vida dos entrevistados de acordo com a sua auto
avaliação sobre a própria vida foi avaliado com a pergunta: “De um modo geral, o quanto
o (a) Sr. (a) está satisfeito com a sua vida? ”, com as seguintes opções de resposta: “nada
satisfeito”; “mais ou menos satisfeito” e “muito satisfeito” (ALBUQUERQUE et al,
2010).

Em relação ao sentimento de solidão, foram utilizadas para avaliação as seguintes


perguntas: “O sr (a) sente que tem alguém a quem recorrer quando precisa?”, com as
opções de resposta “sim” ou “não” e “Com que frequência acontece de sentir-se isolado
ou sozinho? ”, com quatro opções de resposta: “nunca” “poucas vezes” “muitas vezes” e
“sempre” (BARROSO et al, 2016).

Para avaliar o sentimento de felicidade, os participantes receberam a orientação


de responderem de acordo com o que ocorreu durante as últimas quatro semanas, a
seguinte pergunta: “Durante quanto tempo o Sr.(a) se sentiu feliz? ”, e cinco opções de
resposta: “sempre” “a maior parte do tempo” “alguma parte do tempo” “uma pequena
parte do tempo” e “nunca” (LIMA et al, 2012).

A presença de TMC será avaliada utilizando-se o instrumento Self Reporting


Questionnaire 20 (SRQ-20) desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para
detecção de TMC na população. O instrumento foi validado no Brasil por Mari &
Williams (1986). Esse questionário tem sido utilizado em inquéritos de saúde de base
populacional pelo fácil uso e custo reduzido. As questões (ANEXO II) são referentes aos
últimos trinta dias. O instrumento fez parte do questionário ISACamp e foi aplicado por
entrevistadores treinados. O instrumento SRQ-20 é composto por 20 questões. As
respostas são dicotômicas e para cada resposta afirmativa é atribuído um ponto,
totalizando-se 20 pontos no caso de todas as respostas serem positivas. A categorização

28
será feita da seguinte forma: 8 pontos ou mais TMC presente. Menos de 8 pontos TMC
ausente.

Os dados obtidos foram compilados em banco de dados, e analisados


estatisticamente com o auxílio do software Microsoft Excel®. Realizaram-se análises de
frequência absoluta e relativa, e tendência central (média).

5 RESULTADOS

A amostra do presente estudo representa 10,34% dos ACS atuantes no município


de Poços de Caldas segundo dados da secretaria municipal de saúde. Da amostra, 94,44%
(n = 17) eram do sexo feminino e 5,55% (n = 1) do sexo masculino.

A média de peso e estatura foi 74,54 Kg e 1,64 m respectivamente. O IMC médio


observado foi de 27,7Kg/m² e, de acordo com a classificação do estado nutricional,
verificou-se que 5 ACS (27,78%) estão eutróficos, 8 ACS (44,44%) estão com sobrepeso
e 5 ACS (27,78%) apresentaram obesidade.

Observou-se uma média de 92,01cm para CC entre as mulheres e 92,3cm para o


homem. E todos os agentes apresentaram pressão arterial entre os níveis de normalidade.

Ao verificar o grau de satisfação com a vida 61,11% (n = 11) afirmaram estarem


“muito satisfeitos”, 33,33% (n = 6) “mais ou menos satisfeitos”, e 5,56% (n = 1) “nada
satisfeitos”.

Dos avaliados, 88,89% (n = 16) afirmaram ter e 11,11% (n = 2) afirmaram não ter
a quem recorrer quando precisa. E a frequência de sentir-se isolado ou sozinho foi 61,11%
(n = 11) para “poucas vezes”, 27,77% (n = 5) para “nunca”, 5,56% (n = 1) para “muitas
vezes”, e 5,56% (n = 1) não soube responder.

A metade dos ACS (50%, n = 9) alegaram se sentir feliz pela maior parte do
tempo, 22,22% (n = 4) afirmaram estarem sempre felizes, 22,22% (n = 4) “alguma parte
do tempo” e 5,56% (n = 1) “uma pequena parte do tempo”.

Dos 18 agentes, apenas 3 (16,67%) apresentaram pontuação igual ou maior a 8


pontos, o que indica a presença de TMC. E 83,33% (n = 15) apresentaram pontuação
menor que 8 pontos.

29
6 DISCUSSÃO

Em concordância com a literatura, observou-se neste trabalho que a maioria dos


participantes era constituída por mulheres, resultado também encontrado por
Mascarenhas, Prado e Fernandes (2013), em um estudo com ACS de Jequié-BA, com
resultado de 84,5%. Em outro estudo realizado com ACS de Uberaba-MG em 2015, Paula
et al. também verificaram o mesmo resultado com uma porcentagem de 89%.

O presente estudo apresenta como limitação dos resultados o fato de que o desenho
metodológico do estudo seccional não permite inferir causalidade, uma vez que descreve
o fenômeno em um dado momento e em local específico. Uma outra limitação refere-se
à técnica de amostragem ser por conveniência.

Contudo, verificou-se nesta pesquisa uma frequência elevada de ACS com


sobrepeso e obesidade, representando 72,22% da amostra. Colombo e Derquin (2008)
realizaram um estudo com ACS de um município do interior do Mato Grosso, e
observaram, através do cálculo do IMC, que 51,5% dos agentes apresentaram algum grau
de excesso de peso. Barbosa e Lacerda (2017), também encontrou resultados semelhantes
ao do presente estudo em um trabalho realizado com ACS de João Pessoa-PB, onde
37,5% apresentaram sobrepeso, 33,7% dos ACS encontravam-se obesos e a minoria
(28,8%) encontrava-se com eutrofia.

No que se refere à CC, observou-se que a maioria das ACS do sexo feminino
(88,24%) encontravam-se em classificação de risco muito elevado para complicações
metabólicas, seguido por 11,76% que encontravam-se com risco elevado para
complicações metabólicas (OMS, 1998).

No estudo realizado por Freitas et al (2008) em São Paulo-SP, observou-se que


um total de 20,5% de ACS do sexo feminino encontravam-se com CC classificada como
risco elevado e 26,1% com risco muito elevado para complicações metabólicas, sendo o
valor desta última bem abaixo do encontrado no presente estudo. Barbosa e Lacerda, em
2017, realizaram uma pesquisa em João Pessoa-PB, onde foi verificado que 30,4% das
ACS do sexo feminino encontravam-se sem risco, 21,6% delas encontravam-se com risco
elevado e 48,0% delas encontravam-se com risco muito elevado para desenvolvimento

30
de complicações metabólicas, de acordo com a classificação da OMS para CC, para
mulheres.

Em relação aos ACS do sexo masculino, apesar de ser uma amostra extremamente
pequena, observou-se que o mesmo apresentou-se sem risco para complicações
metabólicas, de acordo com a classificação da CC (OMS, 2000).

Barbosa e Lacerda (2017) mostraram em sua pesquisa que 50% dos ACS do sexo
masculino encontravam-se sem risco, 18,4% com risco elevado e 31,6% encontravam-se
com risco muito elevado de desenvolvimento de complicações metabólicas, de acordo
com a classificação da OMS para CC, para homens.

Os autores ressaltaram a importância da avaliação da CC, visto que essa está


diretamente relacionada à quantidade de tecido adiposo visceral, sendo reconhecida como
fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemias e síndrome
metabólica, quando encontrada em valores elevados.

De acordo com Rezende et al. (2006), o excesso de peso e, especialmente, a


obesidade abdominal correlacionaram-se com a maioria dos fatores de risco
cardiovascular, principalmente com níveis elevados de triglicérides e reduzidos de HDL,
apresentando maior impacto sobre a elevação da pressão arterial, em concordância com a
literatura.

Não foram encontrados estudos semelhantes relacionados ao sentimento de


felicidade, solidão e satisfação com a vida, bem como a prevalência de TMC nesta
categoria profissional. Entretanto, foram encontrados estudos relacionados à qualidade de
vida desses profissionais.

Ao avaliar os graus de satisfação, apesar de ser um estado subjetivo e mutável, de


difícil definição, que pode variar de pessoa para pessoa, ao longo do tempo, circunstância
para circunstância, concluiu-se que a maioria estão muito satisfeitos com a vida, sentem
que tem com quem contar e apresentaram um baixo nível de solidão. De Figueiredo e
colaboradores (2009) em um estudo realizado com 42 ACS de um município do interior
paulista, concluiu que os ACS, de um modo geral, encontram-se moderadamente
satisfeitos m relação á sua qualidade de vida.

31
A satisfação está sujeita à influência de forças internas e externas ao ambiente de
trabalho imediato. Ela pode afetar a saúde física e mental do trabalhador, interferindo em
seu comportamento profissional e/ou social.

No estudo de Vasconcellos e Val (2008), foram avaliados 60 ACS no município


de Lagoa Santa – MG, onde a maioria dos participantes relatou não ter nenhum problema
de saúde que os perturbasse. Como se é conhecido na literatura, os problemas de saúde
interferem negativamente na qualidade de vida dos indivíduos, particularmente no que
diz respeito ao convívio social, no relacionamento interpessoal e na execução de
atividades cotidianas. Porém, há alguns fatores que interferem e fazem com que este
impacto seja variado e difícil de ser analisado, como as diferentes características
individuais e estilos de vida.

Foi possível concluir que uma minoria (16,67%) da amostra do presente estudo
apresentou prevalência de TMC. Porém, o número da amostra reduzido pode interferir
nos resultados.

Há alguns estudos na literatura onde o predomínio dos transtornos não psicóticos


variou de 28,7%, em uma comunidade de Santa Cruz do Sul; 29,9%, em Feira de Santana,
região nordeste; 39,44%, em Blumenau, região sul. A maior percentagem foi encontrada
em um estudo realizado no município de São João Del- Rei, região sudeste, com 43,70%
de prevalência entre os avaliados (GONÇALVES et al, 2008; HELENA et al, 2010;
ROCHA et al, 2010; MOREIRA et al, 2011).

Lucchese et al (2014), realizou uma pesquisa com 607 indivíduos em serviço de


atenção primária, onde 31,47% dos sujeitos entrevistados apresentaram maior
probabilidade para TMC e descreveu características relevantes das pessoas que
apresentaram escore ≥ a 8 para o instrumento SRQ-20, como sintomas referentes à
depressão, ansiedade e somatotrópicos, indicando assim as necessidades de melhor
organização da atenção primária e saúde da família no desenvolvimento de ações de
promoção à saúde mental da população.

Mesmo com a pesquisa apresentando bons resultados em relação ao nível de stress


dos ACS, é relevante afirmar a importância da investigação de TMC na atenção básica à
saúde, e o estabelecimento de cuidados específicos de saúde mental neste nível de
atenção. Não descartando a hipótese que o trabalho intervém no processo saúde-doença
proporcionalmente ao grau de exigência ao qual o trabalhador é submetido.

32
7 CONCLUSÕES

Concluiu-se que grande maioria dos entrevistados demonstraram estarem


satisfeitos com a vida, e uma pequena porcentagem apresentou sentimentos de solidão,
bem como indícios para TMC. Porém, devido ao número amostral, é precoce dizer que
este grupo de profissionais não apresentam risco para tal, pois é de conhecimento
científico que fatores como sobrecarga, falta de controle sobre o trabalho, distanciamento
entre grupos de comandos e de submissos, afastamento social no espaço de trabalho,
desordens interpessoais e ausência de apoio social podem ocasionar sofrimento físico e
mental.

33
REFERÊNCIAS

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ANEXO

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