Apostila ELS - Americo Campos Filho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO EM ESTRUTURAS DE


CONCRETO ARMADO

AMÉRICO CAMPOS FILHO

2011
SUMÁRIO

1 – Determinação das tensões em seções de concreto armado nos estádios I e II ......................................................... 1

1.1 – Peças de concreto armado submetidas a solicitações de flexão ............................................................................ 1

1.2 – Determinação das tensões no concreto e nas armaduras no estádio Ia para um certo momento fletor ......... 3

1.3 – Determinação das tensões no concreto e nas armaduras no estádio II para um certo momento fletor ......... 4

1.4 – Exemplos ....................................................................................................................................................... 5

2 – Estados limites .................................................................................................................................................. 7

3 – Ações a considerar na verificação dos estados limites de serviço .................................................................... 8

3.1 – Valores de cálculo ......................................................................................................................................... 8

3.2 – Coeficientes de ponderação das ações nos estados limites de serviço .......................................................... 8

3.3 – Combinações de serviço ................................................................................................................................ 9

3.3.1 - Generalidades .............................................................................................................................................. 9

3.3.2 - Classificação ............................................................................................................................................... 9

3.3.3 – Combinações usuais de serviço .................................................................................................................. 9

4 – Deslocamentos limites ...................................................................................................................................... 10

5 - Controle da fissuração ............................................................................................................... 10

5.1 – Introdução ..................................................................................................................................................... 10

5.2 – Limites para a fissuração e proteção das armaduras à durabilidade .............................................................. 10

5.3 – Controle da fissuração quanto à aceitabilidade sensorial e utilização ........................................................... 13

6 – Momento de fissuração .................................................................................................................................... 14

7 – Estado limite de deformação excessiva ............................................................................................................ 14

7.1 – Avaliação aproximada da flecha em vigas .................................................................................................... 15

7.2 – Flecha imediata em vigas de concreto armado .............................................................................................. 15

7.3 – Cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado ............................................................ 15

8 – Estado limite de fissuração ............................................................................................................................... 16

9 – Exemplo de verificação do estado limite de deformações excessivas em uma viga ........................................ 18

10 – Exemplo de verificação do estado limite de abertura das fissuras em uma viga ............................................ 19

11 – Programa para a verificação dos estados limites de serviço em vigas de concreto armado .................................. 21

Referências bibliográficas ...................................................................................................................................... 21

Anexo – Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado (NBR7480:2007) 22


.................................
1 – Determinação das tensões em seções de concreto armado nos estádios I e II

1.1 – Peças de concreto armado submetidas a solicitações de flexão

Figura – Viga de concreto armado

Ao realizar-se um ensaio de uma viga de concreto armado, submetendo-a a um


carregamento de zero até a ruptura, observam-se quatro fases de comportamento distinto,
conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Fases de comportamento distinto de uma peça submetida à flexão


Fases Deformações Tensões Características

- Concreto não fissurado;


Estádio Ia - As tensões são proporcionais às deformações.

- Concreto não fissurado;


Estádio Ib - As tensões não são proporcionais às deformações na
zona tracionada.

- Formam-se as fissuras;
- O concreto não resiste à tração;
Estádio II - As tensões são proporcionais às deformações na zona
comprimida.

Estádio III - As tensões não são proporcionais às deformações.

As seções permanecem planas até a ruptura.

Departamento de Engenharia Civil - DECIV/UFRGS 1


d' εc
A's ε2

εy x
d h y

As
ε1
εt
Figura – Distribuição de deformações na seção

Seja uma seção de concreto armado, que está submetida à flexão simples normal.
Pode-se escrever que:
εc = εt = ε y = ε2 = ε1
x h−x y x − d' d − x

Estas relações são válidas do estádio I ao estádio III.

Multiplicando-se, cada uma das parcelas, por


Es = Es
Ec =
Es E c n
obtêm-se
Ec εc = Ec εt = Ec εy = Es ε2 = Es ε1
x h−x y n ( x − d ' ) n (d − x )

Se as tensões forem proporcionais às deformações:


σc = σt = σy = σ2 = σ1 Æ estádio Ia
x h−x y n ( x − d ' ) n (d − x )

σc = σ2 σ1
= Æ estádio II
x n ( x − d ' ) n (d − x )

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1.2 - Determinação das tensões no concreto e nas armaduras no estádio Ia para um certo
momento fletor
d' εc σc σc
A's A's σ 2
ε2

εy x σy x
dy
d h M
y y
by
LN
As
ε1
As σ 1
εt σt σt

DIAGRAMA DIAGRAMA DE ESFORÇOS ATUANTES


SEÇÃO TRANSVERSAL DE TENSÕES X
DEFORMAÇÕES NO CONCRETO ESFORÇOS RESISTENTES
Figura – Seção de concreto armado no estádio Ia

Æ Condição de equilíbrio à translação:

∫− ( h − x ) σ y b y dy + A's σ 2 − As σ 1 = 0
x

∫−( h− x ) y b y dy + A's (n − 1)( x − d ' ) − As (n − 1) (d − x) = 0


x

O primeiro termo desta equação corresponde ao momento estático da seção de


concreto em relação à linha neutra. O segundo e o terceiro termo correspondem ao momento
estático das armaduras em relação à linha neutra, aumentado “n” vezes, ou o momento
estático de áreas fictícias n.As’ e n.As de concreto em relação à linha neutra. Assim, o
momento estático da seção homogeneizada de concreto em relação à linha neutra é igual a
zero. Esta condição é empregada para determinar a posição da linha neutra (valor de x).

Æ Condição de equilíbrio à rotação em relação à linha neutra

∫−( h− x ) σ y b y y dy + A's σ 2 ( x − d ' ) + As σ 1 (d − x) = M


x

σy σ2 σ1
como = = = cons tan te = k I
y n ( x − d ' ) n (d − x)

⎧ x 2 ⎫
k I ⎨∫− ( h − x ) b y y dy + (n − 1) ⎡⎢ A 's ( x − d ') + A s (d − x) ⎤⎥ ⎬ = M
2 2
⎩ ⎣ ⎦⎭

A primeira parcela, entre as chaves, é o momento de inércia da seção de concreto em


relação à linha neutra. A segunda parcela é o momento de inércia das armaduras em relação à
linha neutra, aumentado “n” vezes. A soma destas duas parcelas é o momento de inércia da
seção homogeneizada de concreto em relação à linha neutra. Assim,
M
kI= H
Ix I ( )

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e, portanto,
M M
σc = σt =
(I Hx )I x
(I Hx )I (h − x)
M M
σ 2 =n (x − d ') σ1 =n
(I Hx )I (I Hx )I (d − x' )

1.3 - Determinação das tensões no concreto e nas armaduras no estádio II para um certo
momento fletor
d' εc σc σc
A's A's σ 2
ε2

εy x σy x
dy
d h M
y y
by
LN
As
ε1
As σ 1
εt

DIAGRAMA DIAGRAMA DE ESFORÇOS ATUANTES


SEÇÃO TRANSVERSAL DE TENSÕES X
DEFORMAÇÕES NO CONCRETO ESFORÇOS RESISTENTES
Figura – Seção de concreto armado no estádio II

Æ Condição de equilíbrio à translação:

∫ 0 σ y b y dy + A's σ 2 − As σ 1 = 0
x

∫ 0 y b y dy + A's (n − 1)( x − d ' ) − As n (d − x) = 0


x

O primeiro termo desta equação corresponde ao momento estático da seção


comprimida de concreto em relação à linha neutra. O segundo e o terceiro termo
correspondem ao momento estático das armaduras em relação à linha neutra, aumentado “n”
vezes. Assim, o momento estático da seção homogeneizada de concreto em relação à linha
neutra é igual a zero. Esta condição é empregada para determinar a posição da linha neutra
(valor de x).

Æ Condição de equilíbrio à rotação em relação à linha neutra

∫ 0 σ y b y y dy + A 's σ 2 ( x − d ' ) + A s σ 1 (d − x) = M
x

σy σ2 σ1
como = = = cons tan te = k II
y n ( x − d ' ) n (d − x)

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⎧ x 2 2 2 ⎫
k II ⎨∫ 0 b y y dy + (n −1) A 's ( x − d ') + n A s (d − x) ⎬ = M
⎩ ⎭

A primeira parcela, entre as chaves, é o momento de inércia da seção comprimida de


concreto em relação à linha neutra. A segunda parcela é o momento de inércia das armaduras
em relação à linha neutra, aumentado “n” vezes. A soma destas duas parcelas é o momento de
inércia da seção homogeneizada de concreto em relação à linha neutra.

Assim,
M
k II =
(I Hx )II
e, portanto,

M
σc =
(I Hx )II x
M M
σ 2 =n (x − d ') σ1 =n
(I Hx )II (I Hx )II (d − x' )
1.4 - Exemplos

Exemplo 1:

Determinar a distribuição de tensões e deformações em uma seção retangular de


concreto armado, que se encontra no estádio Ia. A seção está submetida a um momento fletor
de 11 kN.m e apresenta dimensões b = 20 cm, h = 50 cm, d = 45 cm e d’ = 5 cm. A armadura
tracionada é formada por três barras de 16 mm e a comprimida por duas barras de 8 mm. O
concreto é o C20.
- áreas de armadura:

As → 3φ 16 → As = 3 × 2 ,011 = 6 ,03 cm
2

A' s → 2φ 8 → A' s = 2 × 0 ,503 = 1,01 cm


2

- módulo de elasticidade secante do concreto:

E s = 0 ,85 × 5600 f ck = 0 ,85 × 5600 (20 ) = 21.287 MPa


1/ 2 1/ 2

21.000
n= Es = = 9 ,87
E c 2.128 ,7

- posição da linha neutra:


20 x2 20 (50 − x )
2
− + (9 ,87 − 1)[1,01 ( x − 5 ) − 6 ,03 (45 − x )]= 0
2 2
1.062 ,44 x = 27.451,67
x = 25 ,84 cm

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- momento de inércia da seção homogeneizada:
20 × 25 ,84 20 (50 − 25 ,84 )
( ) [ ]
3 3

x I= + + 8 ,87 1,01 (25 ,84 − 5 ) + 6 ,03 (45 − 25 ,84 ) = 232.565 cm


2 2 4
IH
3 3

- tensões e deformações:
1.100 −3
kI = = 4 ,7299 × 10
232.565
−3
σ c = 4 ,7299 × 10 × 25 ,84 = 0 ,122 kN / cm ; ε c = 0 ,0573 ‰
2

σ t = 4 ,7299 × 10 (50 − 25 ,84 ) = 0 ,114 kN / cm2 ;ε t = 0 ,0536 ‰


−3

σ 2 = 4 ,7299 × 10 × 9 ,87 (25 ,84 − 5 ) = 0 ,973 kN / cm ; ε 2 = 0 ,0463 ‰


−3 2

σ 1 = 4 ,7299 × 10 × 9 ,87 (45 − 25 ,84 ) = 0 ,894 kN / cm ;ε 1 = 0 ,0426 ‰


−3 2

Exemplo 2:

Determinar a distribuição de tensões e deformações em uma seção retangular de


concreto armado, que se encontra no estádio II. A seção está submetida a um momento fletor
de 40 kN.m e apresenta dimensões b = 20 cm, h = 50 cm, d = 45 cm e d’ = 5 cm. A armadura
tracionada é formada por quatro barras de 20 mm e a comprimida por duas barras de 10 mm.
O concreto é o C20.

- áreas de armadura:

As → 4φ 20 → As = 4 × 3,142 = 12 ,57 cm
2

A' s → 2φ 10 → A' s = 2 × 0 ,785 = 1,57 cm


2

- módulo de elasticidade secante do concreto:

E s = 0 ,85 × 5600 f ck = 0 ,85 × 5600 (20 ) = 21.287 MPa


1/ 2 1/ 2

21.000
n= Es = = 9 ,87
E c 2.128 ,7

- posição da linha neutra:


20 x2
+ (9 ,87 − 1)1,57 ( x − 5 ) − 9 ,87 × 12 ,57 (45 − x ) = 0
2
10 x + 137 ,99 x − 5.652 ,6 = 0
2

⎧− 31,66 cm ×
x=⎨
⎩17 ,86 cm

- momento de inércia da seção homogeneizada:

( ) 20 × 17 ,86
3

x II = + 8 ,87 × 1,57 (17 ,86 − 5 ) + 9 ,87 × 12 ,57 (45 − 17 ,86 ) = 131.667 cm


2 2 4
IH
3

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- tensões e deformações:
4.000 −2
k II = = 3 ,0380 × 10
131.667
−2
σ c = 3,0380 × 10 × 17 ,86 = 0 ,543 kN / cm ;ε c = 0 ,255 ‰
2

σ 2 = 3,0380 × 10 × 9 ,87 (17 ,86 − 5 ) = 3,86 kN / cm ;ε 2 = 0 ,184 ‰


−2 2

σ 1 = 3,0380 × 10 × 9 ,87 (45 − 17 ,86 ) = 8 ,14 kN / cm ;ε 1 = 0 ,388 ‰


−2 2

2 - Estados limites

Para se projetar uma estrutura com um adequado grau de segurança é necessário que
se verifique a não ocorrência de uma série de estados limites.

Estes estados limites podem ser classificados em estados limites últimos (ELU) e estados
limites de serviço (ELS). Os estados limite últimos correspondem à máxima capacidade portante
da estrutura. O estados limites de serviço são aqueles relacionados à durabilidade das estruturas,
aparência, conforto do usuário e a boa utilização funcional da mesma, seja em relação aos
usuários, seja às máquinas e aos equipamentos utilizados.

Nas estruturas de concreto armado, devem ser verificados os seguintes estados limites
últimos:

a) estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;
b) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou
em parte, devido às solicitações normais e tangenciais;
c) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou
em parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
d) estado limite último provocado por solicitações dinâmicas.

Os estados limites de serviço, que devem ser verificados nas estruturas de concreto
armado, são:

a) estado limite de abertura das fissuras: estado em que as fissuras se apresentam com
aberturas iguais aos máximos especificados;
b) estado limite de deformações excessivas: estado em que as deformações atingem os
limites estabelecidos para a utilização normal da construção;
c) estado limite de vibrações excessivas: estado em que as vibrações atingem os limites
estabelecidos para a utilização normal da construção.

Neste trabalho, são discutidos os estados limites de serviço de abertura das fissuras (ELS-
W) e de deformações excessivas (ELS-DEF).

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3 – Ações a considerar na verificação dos estados limites de serviço
3.1 – Valores de cálculo
Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores representativos,
multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação γf. Este coeficiente de
ponderação é determinado pela expressão:
γf = γf1 γf2 γf3
onde:
γf1 considera a variabilidade das ações;
γf2 considera a simultaneidade de atuação das ações;
γf3 considera os desvios gerados nas construções, não explicitamente considerados, e as
aproximações feitas em projeto do ponto de vista das solicitações.
3.2 - Coeficientes de ponderação das ações nos estados limites de serviço
Em geral, o coeficiente de ponderação das ações, para estados limites de serviço, é
dado pela expressão:
γf = γf2

onde γf2 tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer (Tabela 2):

γf2 = 1 para combinações raras;


γf2 = ψ1 para combinações frequentes;
γf2 = ψ2 para combinações quase permanentes.

Tabela 2 - Valores do coeficiente γf2 (NBR6118:2007)


Ações γf2
ψo ψ11) ψ2
Locais em que não há predominância de
pesos de equipamentos que permanecem
fixos por longos períodos de tempo, nem de 0,5 0,4 0,3
elevadas concentrações de pessoas 2)
Cargas Locais em que há predominância de pesos
acidentais de de equipamentos que permanecem fixos por
edifícios longos períodos de tempo, ou de elevada 0,7 0,6 0,4
concentração de pessoas 3)

Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6


Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em
0,6 0,3 0
geral
Temperatura Variações uniformes de temperatura em
0,6 0,5 0,3
relação à média anual local
1)
Para os valores de ψ1 relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga, ver seção 23 (NBR6118:2007).
2)
Edifícios residenciais.
3)
Edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios públicos.

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3.3 - Combinações de serviço
3.3.1 - Generalidades
Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não
desprezáveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período
preestabelecido. A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura e a verificação da segurança em
relação aos estados limites últimos e aos estados limites de serviço deve ser realizada em
função de combinações últimas e combinações de serviço, respectivamente.
3.3.2 - Classificação
As combinações de serviço são classificadas de acordo com sua permanência na
estrutura e devem ser verificadas como estabelecido a seguir:
a) quase-permanentes: podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura e
sua consideração é necessária na verificação do estado limite de deformações excessivas.
b) frequentes: se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura e sua
consideração é necessária na verificação dos estados limites de formação de fissuras, de
abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Devem também ser consideradas para
verificações de estados limites de deformações excessivas decorrentes de vento ou
temperatura que podem comprometer as vedações.
c) raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua consideração é
necessária na verificação do estado limite de formação de fissuras.
3.3.3 - Combinações usuais de serviço
As combinações usuais de serviço estão dispostas na Tabela 3.
Tabela 3 – Combinações de serviço (NBR6118:2007)
Combinações de Descrição Cálculo das solicitações
serviço (ELS)
Combinações Nas combinações quase-permanentes de
quase- serviço, todas as ações variáveis são Fd, ser = Σ Fgi,k + Σ ψ2j Fqj,k
permanentes de consideradas com seus valores quase-
serviço (CQP) permanentes ψ2 Fqk
Combinações Nas combinações frequentes de serviço, a
frequentes de ação variável principal Fq1 é tomada com Fd,ser = Σ Fgik + ψ1 Fq1k + Σ ψ2j Fqjk
serviço (CF) seu valor frequente ψ1 Fq1k e todas as
demais ações variáveis são tomadas com
seus valores quase-permanentes ψ2 Fqk
Combinações Nas combinações raras de serviço, a ação
raras de serviço variável principal Fq1 é tomada com seu Fd,ser = Σ Fgik + Fq1k + Σ ψ1j Fqjk
(CR) valor característico Fq1k e todas as demais
ações são tomadas com seus valores
frequentes Ψ1 Fqk
Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço
Fq1k é o valor característico das ações variáveis principais diretas
ψ1 é o fator de redução de combinação frequente para ELS
ψ2 é o fator de redução de combinação quase-permanente para ELS

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4– Deslocamentos limites

Deslocamentos limites são valores práticos utilizados para verificação em serviço do


estado limite de deformações excessivas da estrutura. Segundo a NBR6118:2007, os
deslocamentos limites são classificados nos quatro grupos básicos a seguir relacionados e
devem obedecer aos limites estabelecidos na Tabela 4

a) aceitabilidade sensorial: caracterizado por vibrações indesejáveis ou efeito visual


desagradável;
b) efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da
construção;
c) efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem ocasionar o mau
funcionamento de elementos que, apesar que não fazerem parte da estrutura, estão a ela
ligados;
d) efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o comportamento do
elemento estrutural, provocando afastamento em relação às hipóteses de cálculo adotadas.
Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento considerado, seus efeitos sobre as
tensões ou sobre a estabilidade da estrutura devem ser considerados, incorporando-as ao
modelo estrutural adotado.

5- Controle da fissuração e proteção das armaduras

5.1 - Introdução

A fissuração em elementos estruturais de concreto armado é inevitável, devido à baixa


resistência do concreto à tração. Mesmo sob as ações de serviço (utilização), a resistência à tração
do concreto é atingida. Visando obter bom desempenho relacionado à proteção das armaduras,
quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos usuários, deve-se controlar a abertura dessas
fissuras.

De maneira geral, a presença de fissuras com aberturas que respeitem os limites


fixados pela NBR6118:2007, em estruturas bem projetadas, construídas e submetidas às
cargas previstas na normalização, não representarão perda de durabilidade ou perda de
segurança.

As fissuras podem ainda ocorrer por outras causas, como retração plástica térmica ou
devido a reações químicas internas do concreto nas primeiras idades, devendo ser evitadas ou
limitadas por cuidados tecnológicos, especialmente na definição do traço e na cura do
concreto.

5.2 - Limites para fissuração e proteção das armaduras quanto à durabilidade

A abertura máxima característica wk das fissuras, desde que não exceda valores da
ordem de 0,2 mm a 0,4 mm, sob ação das combinações frequentes, não tem importância
significativa na corrosão das armaduras passivas.

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Tabela 4 - Limites para deslocamentos (NBR6118:2007)

Tipo de Razão da limitação Exemplo Deslocamento a Deslocamento


deslocamento considerar limite
Deslocamentos
Visual visíveis em Total l/250
Aceitabilidade elementos
sensorial estruturais
Outro Vibrações sentidas Devidos a cargas l/350
no piso acidentais
Superfícies que Coberturas e Total l/2501)
devem drenar água varandas
Pavimentos que Total l/350 + contra-
devem permanecer Ginásios e pistas de flecha2)
Estrutura em planos boliche Ocorrido após a l/600
serviço construção do piso
Elementos que Laboratórios Ocorrido após De acordo com
suportam nivelamento do recomendação
equipamentos equipamento do fabricante do
sensíveis equipamento
Alvenaria, caixilhos Após a construção l/5003) ou
e revestimentos da parede 10 mm ou
θ=0,0017 rad4)
Divisórias leves e Ocorrido após a l/2503) ou
caixilhos instalação da 25 mm
telescópicos divisória
Paredes Provocado pela ação H/2500 ou
Movimento lateral do vento para Hi/12505) entre
de edifícios combinação pavimentos6)
frequente (ψ1=0,20)
Movimentos Provocado por l/4007) ou
Efeitos em térmicos verticais diferença de 15 mm
elementos não temperatura
estruturais Movimentos Provocado por Hi/500
térmicos horizontais diferença de
temperatura
Forros Revestimentos Ocorrido após l/350
colados construção do forro
Revestimentos Deslocamento
pendurados ou com ocorrido após l/175
juntas construção do forro
Deslocamento
Ponte rolante Desalinhamento de provocado pelas H/400
trilhos ações decorrentes da
frenação
Efeitos em Afastamento em Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento
elementos relação às hipóteses considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a
estruturais de cálculo adotadas estabilidade da estrutura devem ser considerados,
incorporando-as ao modelo estrutural adotado.

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Tabela 4 - (NBR6118:2007) - continuação

Observações:

a) Todos os valores limites de deslocamentos supõem elementos de vão l suportados em


ambas as extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão
equivalente a ser considerado deve ser o dobro do comprimento do balanço.

b) Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos consideram que o valor l é o


menor vão, exceto em casos de verificação de paredes e divisórias, onde interessa a
direção na qual a parede ou divisória se desenvolve, limitando-se esse valor a duas vezes
o vão menor.

c) O deslocamento total deve ser obtido a partir da combinação das ações características
ponderadas pelos coeficientes de acompanhamento definidos na NBR6118:2007.

d) Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por contraflechas.

NOTAS:
1)
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto
compensado por contraflechas, de modo a não se ter acúmulo de água.
2)
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de
contraflechas. Entretanto, a atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um desvio
do plano maior que l/350.
3)
O vão l deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
4)
Rotação nos elementos que suportam paredes.
5)
H é a altura total do edifício e Hi o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
6)
Este limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos devido à
atuação de ações horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos devidos a
deformações axiais nos pilares. O limite também se aplica para o deslocamento vertical
relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de contraventamento,
quando Hi representa o comprimento do lintel.
7)
O valor l refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.

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Na Tabela 5, são dados valores limites da abertura limite característica wk das fissuras,
assim como outras providências visando garantir proteção adequada das armaduras quanto à
corrosão. Entretanto, devido ao estágio atual dos conhecimentos e da alta variabilidade das
grandezas envolvidas, esses limites devem ser vistos apenas como critérios para um projeto
adequado de estruturas.

Embora as estimativas de abertura de fissuras devam respeitar esses limites, não se deve
esperar que as aberturas de fissuras reais correspondam estritamente aos valores estimados, isto é,
fissuras reais podem eventualmente ultrapassar esses limites.

Tabela 5 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da


armadura, em função das classes de agressividade ambiental (NBR6118:2007)

Tipo de concreto Classe de agressividade Exigências relativas à Combinação de ações


estrutural ambiental (CAA) e tipo de fissuração em serviço a utilizar
proteção
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há --
CAA I ELS-W wk ≤ 0,4 mm
Concreto armado CAA II e CAA III ELS-W wk ≤ 0,3 mm Combinação frequente
CAA IV ELS-W wk ≤ 0,2 mm
Concreto protendido Pré tração com CAA I
nível 1 ou ELS-W wk ≤ 0,2 mm Combinação frequente
(protensão parcial) Pós tração com CAA I e II
Concreto protendido Pré tração com CAA II Verificar as duas condições abaixo
nível 2 ou ELS-F Combinação frequente
(protensão limitada) Pós tração com CAA III e IV ELS-D* Combinação quase
permanente
Concreto protendido Verificar as duas condições abaixo
nível 3 Pré tração com CAA III e IV ELS-F Combinação rara
(protensão completa) ELS-D* Combinação frequente
Para as classes de agressividade ambiental CAA-III e IV exige-se que as cordoalhas não aderentes tenham
proteção especial na região de suas ancoragens.
* A critério do projetista, o ELS-D pode ser substituído pelo ELS-DP com ap = 25 mm.

5.3 - Controle da fissuração quanto à aceitabilidade sensorial e à utilização

No caso das fissuras afetarem a funcionalidade da estrutura, como, por exemplo, no


caso da estanqueidade de reservatórios, devem ser adotados limites menores para as aberturas
das fissuras. Para controles mais efetivos da fissuração nestas estruturas é conveniente a
utilização da protensão.
Por controle de fissuração quanto à aceitabilidade sensorial, entende-se a situação em
que as fissuras passam a causar desconforto psicológico aos usuários, embora não
representem perda de segurança da estrutura. Limites mais severos de aberturas de fissuras
podem ser estabelecidos com o proprietário da obra, devendo, porém, ser considerado o
possível aumento significativo do custo da estrutura.

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6 – Momento de fissuração

Nos estados limites de serviço, as estruturas trabalham parcialmente no Estádio I e


parcialmente no Estádio II. A separação entre essas duas situações é definida pelo momento de
fissuração. Esse momento pode ser calculado pela seguinte expressão aproximada:

α f ct Ic
Mr =
yt

sendo α = 1,2 para seções T ou duplo T e α = 1,5 para seções retangulares;

onde:

yt é a distância do centro de gravidade à fibra mais tracionada;


Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
fct é a resistência à tração direta do concreto, conforme o item 8.2.5 da NBR6118:2007, com o
quantil apropriado a cada verificação particular. Para a determinação do momento de
fissuração deve ser usado o fctk,inf no estado limite de formação de fissura e o fctm no estado
limite de deformação excessiva.

Conforme o item 8.2.5 da NBR6118:2007, a resistência à tração direta pode ser


avaliada por meio das seguintes equações:

fctm = 0,3 fck2/3

fctk,inf = 0,7 fctm

fctk,sup = 1,3 fctm

onde fctm e fck são expressos em megapascais.

7 – Estado limite de deformação excessiva


A verificação dos valores limites, estabelecidos na Tabela 3, para a deformação da
estrutura, deve ser realizada através de modelos que considerem a rigidez efetiva das seções do
elemento estrutural. Assim, estas verificações devem levar em consideração a presença da
armadura, a existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as deformações
diferidas no tempo.

A deformação real da estrutura depende também do processo construtivo, assim como


das propriedades dos materiais (principalmente do módulo de elasticidade e da resistência à
tração) no momento de sua efetiva solicitação. Em face da grande variabilidade dos
parâmetros citados, existe uma grande variabilidade das deformações reais. Não se pode
esperar, portanto, grande precisão nas previsões de deslocamentos dadas pelos processos
analíticos a seguir prescritos.

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7.1 - Avaliação aproximada da flecha em vigas
O modelo de comportamento da estrutura pode admitir o concreto e o aço como
materiais de comportamento elástico e linear, de modo que as seções ao longo do elemento
estrutural podem ter as deformações específicas determinadas no Estádio I, desde que os
esforços não superem aqueles que dão início à fissuração, e no Estádio II, em caso contrário.
Deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de elasticidade secante Ecs, calculado
através da expressão:
Ecs = 0,85 Eci
onde, Eci é o módulo de deformação tangente inicial, que pode ser calculado pela expressão:
Eci = 5600 fck1/2
onde, Eci e fck são dados em megapascal.
É obrigatória a consideração do efeito da fluência na determinação da flecha das
vigas.

7.2 - Flecha imediata em vigas de concreto armado


Para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas, pode-se utilizar a
expressão de rigidez equivalente dada a seguir:

⎧ ⎫
⎪ 3 ⎡ ⎛ M ⎞3 ⎤ ⎪
E cs ⎪⎨⎜⎜ M r
⎛ ⎞
(EI)eq = ⎟

Ic + ⎢1−⎜⎜ r ⎟⎟ ⎥.I II ⎪⎬≤E cs.Ic
⎪⎝ M a ⎠ ⎢ ⎝ M a ⎠ ⎥ ⎪⎪
⎪⎩ ⎣ ⎦ ⎭
onde :

Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;


III é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II;
Ma é o momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no vão para
vigas biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços, para a combinação de
ações considerada nessa avaliação;
Mr é o momento de fissuração do elemento estrutural, cujo valor deve ser reduzido à metade
no caso de utilização de barras lisas;
Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto.

7.3 - Cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado


A flecha adicional diferida, decorrente das cargas de longa duração em função da
fluência, podem ser calculadas de maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata
pelo fator αf dado pela expressão:
∆ξ
αf =
1 + 50ρ′
sendo:
A' s
ρ' = e ∆ξ = ξ(t) − ξ(t0)
bd
O coeficiente ξ é função do tempo, que deve ser calculado pelas expressões seguintes:

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ξ(t) = 0,68.(0,996 t )t 0,32 para t ≤ 70 meses

ξ(t) = 2 para t > 70 meses


onde:
t é o tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida;
t0 é a idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração.
No caso de parcelas da carga de longa duração serem aplicadas em idades diferentes
pode-se tomar para t0 o valor ponderado a seguir:

ΣPi t 0i
t0 =
ΣPi
onde:
Pi são as parcelas de carga;
t0i é a idade em que se aplicou cada parcela i, em meses.

Alternativamente, o valor de ξ pode ser tirado da Tabela 6.

Tabela 6 – Valores do coeficiente ξ em função do tempo (NBR6118:2007)


Tempo (t) 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥ 70
meses
Coeficiente 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
ξ(t)

O valor da flecha total deve ser obtido multiplicando a flecha imediata por (1+αf).

8 - Estado limite de fissuração

Este item define os critérios para a verificação dos valores limites estabelecidos para a
abertura de fissuras, nos elementos estruturais lineares, analisados isoladamente e submetidos
à combinação de ações especificadas.

O valor da abertura das fissuras pode sofrer a influência de restrições às variações


volumétricas da estrutura difíceis de serem consideradas nessa avaliação de forma
suficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influência das condições
de execução da estrutura.

Por essas razões, os critérios, apresentados a seguir, devem ser encarados como
avaliações aceitáveis do comportamento geral do elemento, mas não garantem avaliação
precisa da abertura de uma fissura específica.
Para cada elemento ou grupo de elementos das armaduras passiva e ativa aderente
(excluindo-se os cabos protendidos que estejam dentro de bainhas), que controlam a
fissuração do elemento estrutural, deve ser considerada uma área Acr do concreto de
envolvimento, constituída por um retângulo cujos lados não distam mais de 7φ do contorno
do elemento da armadura.

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Figura - Concreto de envolvimento da armadura

É conveniente que toda a armadura de pele φi da viga, na sua zona tracionada, limite a
abertura de fissuras na região Acri correspondente.
A grandeza da abertura de fissuras, w, determinada para cada parte da região de
envolvimento, é a menor dentre as obtidas pelas expressões que seguem:
φiσ si 3σ si
w=
12,5ηi E si f ctm

φi σ si ⎛ 4 ⎞
w= ⎜ + 45 ⎟
12,5ηi E si ⎜ρ ⎟
⎝ ri ⎠
onde:
σsi, φi, Esi, ρri são definidos para cada área de envolvimento em exame;
Acri é a área da região de envolvimento protegida pela barra φi;
Esi é o módulo de elasticidade do aço da barra φi considerada;
φi é o diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;
ρri é a taxa de armadura passiva ou ativa aderente (que não esteja dentro de bainha) em
relação a área da região de envolvimento (Acri);
σsi é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada no Estádio
II. O cálculo no Estádio II (que admite comportamento linear dos materiais e despreza a
resistência à tração do concreto) pode ser feito considerando a relação αe entre os
módulos de elasticidade do aço e do concreto igual a 15.
ηi é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada, devendo ser adotados
os valores de η1 da tabela abaixo para as armaduras passivas.

Tabela 7 – Coeficiente de conformação superficial η1

Tipo de barra Lisa Dentada Alta aderência


η1 1,0 1,4 2,25

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9 - Exemplo de verificação do estado limite de deformações excessivas em uma viga
Seja uma viga simplesmente apoiada com vão de 5 m, submetida a uma carga
uniformemente distribuída p=25 kN/m. Estima-se que 60% desta carga é de natureza permanente
e 40%, variável. A seção transversal da viga é retangular com bw=25 cm e h=45 cm. A armadura
longitudinal inferior é composta por 7 barras de 12,5 mm (5 na primeira camada e 2 na segunda)
e a superior por 2 barra de 6,3 mm. A armadura transversal é composta por estribos de 6,3 mm de
diâmetro. O concreto é o C20 e o aço é CA50. O cobrimento da armadura é de 2,5 cm. A
verificação deve ser realizada para a situação de aceitabilidade sensorial (deslocamentos visíveis
em elementos estruturais). Considerar que a carga seja aplicada 2 meses após a concretagem.
Solução:
♦ áreas de armadura:
tracionada: 7 barras de 12,5 mm --> 7x1,227 = 8,59 cm2
comprimida: 2 barras de 6,3 mm --> 2x0,312 = 0,624 cm2
♦ valores de d e d’:
d= 45–[5x1,227(2,5+0,63+1,25/2)+2x1,227(2,5+0,63+1,25+2+1,25/2)]/8,59 = 40,32 cm
d’= 2,5+0,63+0,63/2 = 3,445 cm
♦ carregamento:
carga permanente: g = 0,60 x 25 kN/m = 15 kN/m
carga variável: q = 0,40 x 25 kN/m = 10 kN/m
total: p = 25 kN/m
♦ carga de serviço (combinação quase-permanente):
pd,serv = 15 + 0,3 x 10 = 18,0 kN/m
♦ momento de serviço:
Md,serv = 18,0 x 52 / 8 = 56,25 kN.m
♦ valor médio da resistência à tração do concreto:
fctm = 0,3 fck2/3 = 0,3 (20)2/3 = 2,21 MPa
♦ momento de fissuração:
Mr = 0,25 x 0,221 x 25 x 452 = 2797 kN.cm = 27,97 kN.m
como Md,serv>Mr, a seção mais solicitada da viga encontra-se no estádio II e a viga está fissurada.
♦ módulo de deformação longitudinal secante do concreto:
Ecs = 0,85 x 5600 (20)0,5 = 21.287 MPa
♦ relação entre os módulos de deformação do aço e do concreto:
n = 210.000 / 21.287 = 9,87
♦ determinação da posição da linha neutra (estádio II):
25 x2 / 2 + (9,87-1) [0,624(x-3,445)] – 9,87.8,59(40,32-x) = 0
ou

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12,5 x2 + 90,32 x – 3437,53 = 0
donde
x = 13,36 cm ou x = -20,58 cm (absurdo)
♦ momento de inércia da seção bruta de concreto (estádio I):
Ic = 25 x 453 / 12 = 189.844 cm4
♦ momento de inércia da seção homogeneizada (estádio II):
III = 25x13,363/3 + 8,87x0,624 (13,36-3,445)2 + 9,87 x 8,59 (40,32-13,36)2 = 82.040 cm4
♦ momento de inércia equivalente:
Ieq = (27,97/56,25)3 x 189844 + [1 – (27,97/56,25)3] x 82040 = 95.294 cm4
♦ flecha de curta duração:
f(t=0) = 5/384 pd,serv . l4 / (Ecs Ieq)
= 5/384 0,180 kN/cm (500cm)4 / (2128,7 kN/cm2 x 95294 cm4) = 0,722 cm
♦ fatores para determinação da flecha de longa duração:
ρ’ = 0,624/ (25 x 40,32) = 0,0619%
∆ξ = 2 – 0,84 = 1,16
αf = 1,16 / (1 + 50 x 0,000619) = 1,125
♦ flecha de longa duração:
f(t= ∞) = (1+1,125) x 0,722 = 1,534 cm
♦ flecha máxima admissível: l/250 vão teórico
fadm = 500/250 = 2,0 cm
Como a flecha da viga é inferior à flecha admissível, a rigidez da viga é adequada.

10 – Exemplo de verificação do estado limite de abertura das fissuras em uma viga


Seja uma viga simplesmente apoiada com vão de 5 m, submetida a uma carga
uniformemente distribuída p=25 kN/m. Estima-se que 60% desta carga é de natureza permanente
e 40%, variável. A seção transversal da viga é retangular com bw=25 cm e h=45 cm. A armadura
longitudinal inferior é composta por 7 barras de 12,5 mm (5 na primeira camada e 2 na segunda)
e a superior por 2 barra de 6,3 mm. A armadura transversal é composta por estribos de 6,3 mm de
diâmetro. O concreto é C20 e o aço é CA50 (barras de alta aderência). O cobrimento da armadura
de 2,5 cm. A situação de exposição da viga corresponde à classe de agressividade ambiental I
(wk ≤ 0,4 mm).

Solução:
♦ áreas de armadura:
tracionada: 7 barras de 12,5 mm --> 7x1,227 = 8,59 cm2
comprimida: 2 barras de 6,3 mm --> 2x0,312 = 0,624 cm2

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♦ valores de d e d’:
d= 45–[5x1,227(2,5+0,63+1,25/2)+2x1,227(2,5+0,63+1,25+2+1,25/2)]/8,59 = 40,32 cm
d’= 2,5+0,63+0,63/2 = 3,445 cm
♦ carregamento:
carga permanente: g = 0,60 x 25 kN/m = 15 kN/m
carga variável: q = 0,40 x 25 kN/m = 10 kN/m
total: p = 25 kN/m
♦ carga de serviço (combinação frequente):
pd,ser = 15 + 0,4 x 10 = 19,0 kN/m
♦ momento de serviço:
Md,ser = 19,0 x 52 / 8 = 59,38 kN.m
♦ valor característico da resistência à tração do concreto:
fctm = 0,3 fck2/3 = 0,3 (20)2/3 = 2,21 MPa
fctk = 0,7 fctm =0,7 x 2,21 = 1,55 MPa
♦ momento de fissuração:
Mr = 0,25 x 0,155 x 25 x 452 = 1962 kN.cm = 19,62 kN.m
como Md,ser>Mr, a seção mais solicitada da viga encontra-se no estádio II e a viga está fissurada.
♦ relação entre os módulos de deformação do aço e do concreto:
n = 15
♦ determinação da posição da linha neutra (estádio II):
25 x2 / 2 + (15-1) [0,624(x-3,445)] - 15.8,59(40,32-x) = 0
ou
12,5 x2 + 137,59 x – 5225,3 = 0
donde
x = 15,67 cm ou x = -26,68 cm (absurdo)
♦ momento de inércia da seção homogeneizada (estádio II):
III = 25 x 15,673/3 + 14 x 0,624(15,67–3,445)2+ 15 x 8,59 (40,32-15,67)2 = 111.662 cm4
♦ tensão na armadura longitudinal tracionada:
σs = [15 x 5938/111662] (40,32-15,67) = 19,66 kN/cm2
♦ área de concreto junto à armadura tracionada (Acr):
vai ser uma área correspondente a uma altura de sete diâmetros acima das barras da segunda
camada
Acr = 25 x (2,5+0,63+1,25+2+1,25+7x1,25) = 409,50 cm2

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♦ taxa de armadura:
ρr = 8,59 / 409,50 = 2,098%
♦ coeficiente de conformação superficial das barras de armadura:
ηi = 2,25
♦ verificação da fissuração:
φ σs ⎛ 4 ⎞ 12,5 19 ,66 ⎛ 4x100 ⎞
⎜⎜ + 45 ⎟⎟ = ⎜ + 45 ⎟ = 0 ,098 mm < 0 ,4 mm OK
12 ,5η Es ⎝ ρ r
i ⎠ 12 ,5 x 2 ,25 21000 ⎝ 2,098 ⎠
φ σ s 3σ s 12,5 19 ,66 3x19 ,66
= = 0 ,111 mm < 0 ,4 mm OK
12 ,5ηi Es f ctm 12 ,5 x 2 ,25 21000 0,221
Atender uma das duas expressões já seria suficiente para se verificar que a situação está aquém
do estado limite de fissuração inaceitável.

11 – Programa para a verificação dos estados limites de serviço em vigas de concreto


armado

Referências bibliográficas
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento: NBR6118. Rio de Janeiro, 2007.
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas para o cálculo de
estruturas de edificações: NBR6120. Rio de Janeiro, 1980.
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ações e segurança nas
estruturas - Procedimento: NBR8681. Rio de Janeiro, 2003.

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ANEXO – AÇO DESTINADO A ARMADURAS PARA ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO (NBR7480:2007)

Tabela 1 – Características das barras


Diâmetro Área
(mm) (cm2)
6,3 0,312
8,0 0,503
10,0 0,785
12,5 1,227
16,0 2,011
20,0 3,142
22,0 3,801
25,0 4,909
32,0 8,042
40,0 12,566

Tabela 2 – Características dos fios


Diâmetro Área
(mm) (cm2)
2,4 0,045
3,4 0,091
3,8 0,113
4,2 0,139
4,6 0,166
5,0 0,196
5,5 0,238
6,0 0,283
6,4 0,322
7,0 0,385
8,0 0,503
9,5 0,709
10,0 0,785

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